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Agosto 2022

Herpetologia
Brasileira

volume 11 número 2
ISSN: 2316-4670
1
Herpetologia
B rasileira
Uma publicação da Sociedade
Brasileira de Herpetologia

Sociedade Brasileira de Herpetologia


www.sbherpetologia.org.br

Presidente: Denise de Cerqueira Rossa-Feres


1° Secretária: Paula Hanna Valdujo
2° Secretária: Bianca von Muller Berneck
1° Tesoureira: Karina Rodrigues da Silva Banci
2° Tesoureira: Ariadne Fares Sabbag

Conselho: Christine Strussmann, Délio Baêta, Hélio R. da Silva, José P. Pombal


Jr., Luciana B. Nascimento, Márcio Martins, Mariana L. Lyra, Taran Grant e Thais
Condez.

Membros Honorários: Augusto S. Abe, Carlos Alberto G. Cruz, Ivan Sazima,


Luiz D. Vizzoto, Thales de Lema.

Diagramação: Isadora Puntel de Almeida

Brachycephalus pitanga
São Luís do Paraitinga, SP
@ Taynara M Machado

ISSN: 2316-4670
volume 11 número 2
Agosto de 2022
Boana crepitans
Flores de Goiás, GO
@ André T. C. Nascimento
Erythrolamprus viridis
Russas, CE
@ Maria Letícia Silva-Santos
Informações Gerais

A revista eletrônica
Herpetologia Brasileira
é quadrimestral (com números em abril, agosto e dezembro) e
publica textos sobre assuntos de interesse para a comunidade
herpetológica brasileira.
Ela é disponibilizada em formato PDF apenas online, na pá-
gina da Sociedade Brasileira de Herpetologia (http://www.
sbherpetologia.org.br/publicacoes/herpetologia-brasileira),
ou seja, não há versão impressa em gráfica. Entretanto, qual-
quer associado pode imprimir este arquivo.
Seções
Notícias da Sociedade Brasileira de Herpetologia:
Esta seção apresenta informações diversas sobre a SBH e é de responsabilidade da
diretoria da Sociedade.

Notícias Herpetológicas Gerais:


Esta seção apresenta informações de interesse para nossa comunidade. A seção
também inclui informações sobre grupos de pesquisa, instituições, programas de
pós-graduação, etc.

Notícias de Conservação:
Esta seção apresenta informações sobre a conservação da herpetofauna brasileira.

História da Herpetologia Brasileira:


Esta seção apresenta entrevistas e curiosidades sobre a história da herpetologia
Brasileira (e.g. congressos, histórias de campo, etc), buscando resgatar um pouco d
nossa história para os dias atuais.

Trabalhos Recentes: Esta seção apresenta resumos breves de trabalhos publica-


dos recentemente sobre espécies brasileiras, ou sobre outros assuntos de interesse
para a nossa comunidade, preferencialmente em revistas de outras áreas.

Dissertações & Teses:


Esta seção é publicada anualmente no último volume do ano (dezembro) e apresen-
ta as informações sobre as dissertações e teses em qualquer aspecto da herpetologia
brasileira defendidas no ano anterior. Qualquer egresso ou orientador pode entrar
em contato diretamente com o editor da seção informando os seguintes dados refe-
rentes a dissertação ou tese defendida: (1) universidade e departamento/instituto;
(2) graduação; (3) data da defesa/aprovação; (4) programa de pós-graduação; (5)
aluno; (6) título; (7) orientador.
Seções
Métodos em Herpetologia:
Esta seção trata dos métodos clássicos e de vanguarda referentes a herpe-
tologia. São abrangidos revisões e descrições de novos métodos empíricos
relacionados aos diversos métodos de coleta e análise de dados, represen-
tando a multidisciplinaridade da herpetologia moderna.

Ensaios & Opiniões:


Esta seção apresenta opiniões sobre assuntos de interesse geral em herpe-
tologia.

Resenhas:
Esta seção apresenta textos que resumem e avaliam o conteúdo de livros,
filmes, jogos ou aplicativos de interesse para nossa comunidade.

Notas de História Natural & Distribuição Geográfica:


Esta seção apresenta artigos que, preferencialmente, resultam de observa-
ções de campo, de natureza fortuita, realizadas no Brasil ou sobre espécies
que ocorrem no país.

Obituários:
Esta seção apresenta artigos avisando sobre o falecimento recente de um
membro da comunidade herpetológica brasileira ou internacional, conten-
do uma descrição de sua contribuição para a herpetologia.
Corpo
Editorial
Editores Gerais: História da Herpetologia
Délio Baêta Brasileira
José P. Pombal Jr. Bianca Berneck
Jessica Fratani Teresa Cristina Ávila-Pires

Editor de língua inglesa: Trabalhos Recentes:


Ross D. MacCulloch Adriano Oliveira Maciel
Daniel S. Fernandes
Notícias da SBH: Daniela Pareja Mejia
Paula H. Valdujo Diego G. Cavalheri

Karina R. S. Banci
Dissertações & Teses:

Notícias Herpetológicas Gerais:


Cinthia Aguirre Brasileiro Divulgação:

Mirco Solé Daniela Pareja Mejia


Diego G. Cavalheri

Notícias de Conservação: Giovanna F. Rodrigues

Cybele Lisboa John Andrade

Débora Silvano Luiz Paulino

Ibere F. Machado Mariana R. Pontes

Luis Fernando Marin Fonte Quezia Ramalho

Mariana R. Pontes Rafaella Roseno


Raíssa Rainha
Corpo
Editorial
Métodos em Herpetologia:
Alexandro Tozetti

Ensaios & Opiniões:


Julio Cesar de Moura-Leite
Luciana B. Nascimento
Teresa Cristina Ávila-Pires

Resenhas:
José P. Pombal Jr.
Quezia Ramalho

Notas de História Natural &


Distribuição Geográfica:
Henrique C. Costa - Répteis
Ariadne Fares Sabbag - Anfíbios

Obituários:
Entrar em contato com os editores gerais
Bothrops atrox
Ilustração em nanquim, pontilhismo
@ John A. Andrade

10
Caiman yacare
Corumbá, MS
@ Diego G Cavalheri

11
Sumário

Nota dos Editores 13


Notícias da Sociedade Brasileira
de Herpetologia 14
Trabalhos Recentes 23
Resenhas 31
Notas de História Natural &
Distribuição Geográfica 47
H erpetologia B
Herpetologia Brasileira
rasileira vol.
vol. 11
11 n.
n.oo22--Nota
Notados
dosEditores
Editores

Notas dos Editores


Herpetologia Brasileira: 10 anos

D
ando continuidade as come- A SBH e a Herpetologia Brasileira agra-
morações de 10 anos da Her- decem imensamente a contribuição da:
petologia Brasileira conti-
nuamos com as resenhas sobre livros, e • Larissa Mendes – Equipe HB nas
monografias clássicos em Herpetologia Redes
do Brasil e Sul Americana. Livros estes
que marcaram gerações de herpetólo- Também damos boas-vindas aos novos
gos e são referência até os dias atuais. integrantes da equipe de divulgação:
Neste volume trazemos as resenhas so-
bre os clássicos Evolution of the genus • Giovanna F. Rodrigues– Equipe HB
Bufo de W. Frank Blair, e o Catalogue nas Redes
of the Neotropical Squamata: Part I.
• Raíssa N. Rainha – Equipe HB nas
Snakes de autoria de James A. Peters e
Redes
Bráulio R. Orejas-Miranda. Esperamos
que apreciem mais estas duas resenhas.

MUDANÇAS NO CORPO EDITORIAL


E SEÇÕES
A produção das revistas da SBH só é
possível graças à dedicação dos mem-
bros dos corpos editoriais que dedicam
inúmeras horas à editoração. Devido a
outras exigências profissionais e pesso-
ais, às vezes os editores são obrigados a
renunciar aos cargos para poder aten-
der a outras demandas e permitir que
outros pesquisadores passem a fazer
parte da construção da revista.

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Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Notícias da S. B. H.

Notícias da Sociedade
Brasileira de Herpetologia
A Sociedade Brasileira de Herpe- Sociedade Brasileira de Herpeto-
tologia apresenta seu novo site! logia no Herpeto sem Fronteiras

N
o mês de junho, foi lançado o No dia 17 de junho a diretoria da Socie-
novo site da Sociedade Brasi- dade Brasileira de Herpetologia (SBH)
leira de Herpetologia (SBH). participou da live “Novo site e progra-
Nele, será possível acessar todos os vo- ma institucional: SBH para todos!”,
lumes da revista Herpetologia Brasi- do canal Herpeto Sem Fronteiras, me-
leira (HB), nossas tão utilizadas listas diada por Iberê Machado (Instituto
de anfíbios e répteis, Anais dos Con- Boitatá) e Rodrigo Lingnau (UTFPR).
gressos Brasileiros de Herpetologia, Participaram da live as integrantes da
e ficar por dentro das novidades e no- diretoria da SBH, Denise Rossa-Feres
tícias da herpetologia brasileira. Além (Presidente), Paula Valdujo (Secretá-
disso, será possível filiar-se à SBH di- ria), Ariadne Sabbag e Karina Banci
retamente pelo site por valores super (Tesoureiras), além de Jussara Goyano
acessíveis! Lembrando que os sócios da (desenvolvedora do novo site). Duran-
SBH terão acesso a conteúdos exclusi- te a transmissão foram apresentados o
vos, tais como edições da South Ame- novo layout e novidades do site, bem
rican Journal of Herpetology (SAJH), como os projetos da atual gestão da
cursos, vídeos, palestras e outras pro- SBH. Dentre eles, destacamos a oferta
duções importantes na área. Corra lá de diversos cursos pela sociedade, bem
no nosso site (sbherpetologia.org.br) como a institucionalização de nossas
veja nossa cara nova, e associe-se! comissões especiais que desenvolvem
abordagens e projetos para divulgar o
conhecimento e estimular pesquisas
em herpetologia. Confira abaixo infor-
mações sobre os cursos e as comissões!

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Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Notícias da S. B. H.

Workshop - SiBBr

Entre os dias 5 e 7 de Julho, a Socie- ções e conhecimento sobre a herpeto-


dade Brasileira de Herpetologia (SBH) fauna brasileira para profissionais e
ofereceu gratuitamente o Workshop para o público leigo, além de divulgar
“Publicação de dados no Sistema de eventos, documentos, e ações da SBH e
Informações sobre a Biodiversidade de outras instituições da área. Ou seja,
Brasileira – SiBBr”. O evento, que foi além de ajudar a divulgar notícias da
oferecido para curadores de coleções e SBH, essa Comissão produz material
pesquisadores que trabalham com ba- de divulgação sobre diversos temas,
ses de dados, foi ministrado por Keila alimentando nosso Instagram, Face-
Juarez e Clara Baringo Fonseca (RNP/ book e Twitter com conteúdos de alta
SiBBr), e contou com cerca de 160 parti- qualidade! Conheça os membros da
cipantes. No curso, foram transmitidos Comissão de Divulgação:
conhecimentos sobre o SiBBr, e sobre
o Sistema Global de Informação sobre
a Biodiversidade (GBIF). Foi abordado
o padrão Darwin Core para comparti-
lhamento de dados de ocorrência de
espécies, bem como boas práticas na
estruturação, organização e publicação
de dados. Ainda em data a definir, esse
workshop será oferecido novamente,
porém, dessa vez, para o público em
geral. Contamos com sua participação!

COMISSÕES ESPECIAIS DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE
HERPETOLOGIA

Comissão de Divulgação

A Comissão de Divulgação substituiu


a antiga Comissão de Redes Sociais da
SBH. A Comissão tem como objetivo
divulgar a Sociedade Brasileira de Her-
petologia (SBH) e disseminar informa-

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Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Notícias da S. B. H.

Figura 1. Membros da comissão de Divulgação (esquerda para direita): Danusy Lopes


Santos – UNESP; Fabiano Morezi de Andrade – USP/ Instituto Butantan; Marcos Jorge
Matias Dubeux – UFPE; Mariana Retuci Pontes – UNICAMP; Natália Dallagnol Vargas –
UFRGS; e Yasmim Mossioli – UNESP.

Curtam, comentem e compartilhem:

@sbherpetologia Sociedade Brasileira de


Herpetologia
@sbherpetologia
divulgaSBH@gmail.com

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Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Notícias da S. B. H.

Comissão de História
Natural de Anfíbios

Essa nova comissão tem como obje- disponibilizada no site da Sociedade


tivo construir uma base de dados de Brasileira de Herpetologia (SBH). A
história natural de anfíbios, em forma- Comissão conta atualmente com os se-
to DarwinCore, que será futuramente guintes membros:

Figura 2. Membros da comissão de História Natural de Anfíbios (esquerda para direi-


ta): Carolina C. Santos – UNESP; Cinthia A. Brasileiro – UNIFESP; Cynthia P.A. Prado
– UNESP; Denise C. Rossa-Feres – UNESP; Fausto Nomura – UFG; Jorge L.O.P. de An-
drade – UNESP; Núbia C.S. Marques – Instituto Tecnológico Vale; Wanessa F. Carvalho
– UFG.

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Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Notícias da S. B. H.

Comissão de Educação e
Divulgação Científica

A Comissão de Educação tem como O curso “Serpentes, biodiversidade e


objetivo expandir as ações da Socieda- pensamento científico no Ensino Fun-
de Brasileira de Herpetologia (SBH) damental”, coordenado pelo ex-pre-
no campo da educação e comunicação sidente da SBH Otavio Marques, será
pública da ciência, e promover a apro- oferecido para Professores do Ensino
ximação entre a pesquisa em herpeto- Fundamental de dez escolas da rede
logia com os diferentes setores da so- municipal da cidade de Itanhaém, em
ciedade, com uma especial atenção à formato presencial. Este, é resultado
Educação Básica, aos espaços de edu- de uma parceria entre a Comissão de
cação não formal e divulgação científica Educação e a Secretaria de Educação
e aos contatos de elaboração de políti- de Itanhaém/SP.
cas públicas. Em vista disso, já ofere-
cemos um curso no primeiro semestre Confira quem são os integrantes da Co-
de 2022, ministrado por membros da missão de Educação da SBH:
própria Comissão. O curso, “Ecologia
e Conscientização Ambiental por meio
dos girinos de anfíbios do Brasil”, coor-
denado pela presidente da SBH Denise
Rossa-Feres, foi realizado em parceria
com a Secretaria de Educação de São
José do Rio Preto/SP e foi oferecido em
formato online aos Professores do En-
sino Fundamental da Rede Municipal
da cidade, durante os meses de março
a julho de 2022. Lembramos que os sli-
des e vídeos deste curso estarão dispo-
níveis aos sócios da SBH em sua área
do associado.

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Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Notícias da S. B. H.

Figura 3. Membros da comissão de História Natural de Anfíbios (esquerda para direita):


Alessandra F. Bizerra – USP; Ariadne F. Sabbag – UNESP; Bianca V.M. Berneck – Cogna
Educação; Celi R.C. Dominguez –USP; Fabíola A.C. Meirelles; Otavio A.V. Marques – Ins-
tituto Butantan; Karina R.S. Banci – Instituto Butantan.

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Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Notícias da S. B. H.

Comissão de Diversidade e
Inclusão (D&I)

A Comissão de Diversidade e Inclusão A nova iniciativa da Comissão foi ela-


da Sociedade Brasileira de Herpeto- borar um questionário, para que a
logia (SBH) foi criada em 2021, e tem SBH possa conhecer melhor a comu-
como objetivo promover a inclusão, nidade herpetológica, e, inclusive, sua
para o fortalecimento da herpetologia diversidade e possíveis demandas. As
brasileira, gerando diversidade, equi- respostas servirão como um guia para
dade de oportunidades e visibilidade às nortear propostas e planejamentos de
minorias sociais. Neste sentido, a Co- eventos da SBH, como por exemplo, o
missão de D&I ajuda a garantir que a X Congresso Brasileiro de Herpetolo-
SBH esteja sempre atenta às questões, gia. Neste sentido, temos uma repre-
dificuldades e demandas nesse assunto. sentante da Comissão de Diversidade
e Inclusão atuando diretamente na
Recentemente, integrantes da comis- organização do CBH. Por este motivo,
são elaboraram um documento com contamos com sua ajuda, para respon-
uma proposta às publicações da SBH, der e divulgar o questionário!
visando a valorização de grupos de pes-
quisa inclusivos. Tal proposta foi publi- Acesse pelo link ou QR Code abaixo:
cada na Herpetologia Brasileira, volu-
me 2022(1). https://bit.ly/3RXj1m3

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Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Notícias da S. B. H.

Figura 4. A Comissão de D&I conta atualmente com 11 integrantes (esquerda para direi-
ta): Beatriz D. Vasconcelos – UFMS; Fernanda Paiva – UFSCar; Hélio Ricardo da Silva
– UFRRJ; Karina R.S. Banci – Instituto Butantan; Luciana Barreto Nascimento – PUC
Minas; Luis Fernando Marin da Fonte – ASG Brasil; Luisa M. Diele-Viegas – UFBA; Maria
Cristina dos Santos-Costa – UFPA; Natália F. Torello-Viera – UFMT; Paula H. Valdujo –
The Biodiversity Consultancy; Quezia Ramalho – UERJ.

21
Phyllomedusa burmeisteri
Sabará, MG
@ Nathane Q Costa

22
Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Trabalhos Recentes

Trabalhos recentes
Brum P.H.R., Gonçalves S.R.A., Strüssmann C., Teixido A.L. 2022. A global
assessment of research on urban ecology of reptiles: patterns, gaps, and future
directions. Animal Conservation. DOI: 10.1111/acv12799.

A
expansão urbana é um pro- mente à urbanização, apenas 278 des-
cesso que resulta em modifi- tes trabalhos foram considerados. Tais
cações significativas da pai- estudos compreendem o período entre
sagem natural, gera desequilíbrios nos os anos de 1993 e 2019, foram realiza-
mais variados tipos de ecossistemas e, dos em 45 países e incluíram um total
consequentemente, ocasiona a perda de 493 espécies. Os temas mais comuns
da biodiversidade. O campo multidis- foram ecologia da paisagem e de popu-
ciplinar da ecologia urbana visa jus- lações, comportamento e ecologia de
tamente abordar esses aspectos com comunidades. A grande maioria dos
o objetivo de aliar o desenvolvimento estudos foi realizado em zonas tempe-
urbano à conservação da natureza. In- radas (e.g. Europa e Estados Unidos) e,
felizmente, a grande maioria destes es- considerando regiões tropicais, a região
tudos foram desenvolvidos em países Neotropical foi dominante - incluindo
ditos mais desenvolvidos e localizados trabalhos no Brasil – apesar da região
fora das zonas tropicais do planeta. No australiana também merecer desta-
presente artigo os autores realizaram que. Estudos com lagartos foram glo-
um minucioso levantamento em es- balmente bem distribuídos, enquanto
cala global sobre estudos de ecologia aqueles relacionados aos Testudines se
urbana com foco particularmente nos concentraram nas costas leste e oeste
répteis, um grupo megadiverso e espe- dos Estados Unidos, além da Austrália.
cialmente sensível a mudanças nas pai- Serpentes possuem poucos estudos nos
sagens naturais. A pesquisa resultou trópicos, enquanto crocodilianos foram
inicialmente em 1258 publicações que estudados apenas no México e Austrá-
avaliaram as respostas ecológicas de di- lia. Os grupos de répteis menos diver-
ferentes grupos de répteis (tanto espé- sos (Crocodylia e Testudines) foram
cies nativas quanto exóticas) em áreas taxonomicamente melhor amostrados.
urbanas. Entretanto, após um critério Dentre os Squamata, as serpentes fo-
de seleção considerando estudos que ram melhor representadas em relação
incluíam aspectos ligados exclusiva- às anfisbenas e lagartos, apesar deste
23
Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Trabalhos Recentes

último ser o grupo mais comum nos es- tamente nos países em desenvolvimen-
tudos, servindo como principal modelo to. Desta forma, é fundamental que os
biológico. esforços sejam voltados para diminuir
esta diferença através do incremento
Os autores concluem que os estudos dos recursos financeiros e estruturais
de ecologia urbana de répteis apresen- para as pesquisas científicas nesses paí-
tam um viés geográfico, taxonômico e ses, o que se traduziria na melhoria das
ecológico e que, apesar dos resultados estratégias de conservação dos répteis
apontarem para uma concentração dos no mundo todo.
mesmos em países economicamente
mais estáveis, os índices de crescimento
populacional e urbano aumentam jus- Editor: Daniel Silva Fernandes

Oxybelis aeneus
Boqueirão da Onça, BA
@ Diego G. Cavalheri.
Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Trabalhos Recentes

Burmeister, S. 2022. Ecology, Cognition, and the Hippocampus: A Tale of Two


Frogs. Brain, Behavior and Evolution 97:211-224. DOI: 10.1159/000522108.

A
hipótese subjacente que moti- ras, além daquelas com seus vizinhos.
va a pesquisa sobre a relação Por exemplo, as fêmeas de Dendrobates
entre ecologia, cognição e hi- auratus exibem guarda e cortejo enga-
pocampo é que a seleção para resolver noso enquanto as fêmeas de Ranitomeya
problemas na natureza molda a cogni- imitator são monógamas com o cuidado
ção através de mudanças no hipocampo. contínuo dos girinos que depende da in-
Esta hipótese tem sido explorada qua- teração entre os pais ao longo dos meses.
se que exclusivamente em mamíferos e As interações sociais das rãs-leopardo
pássaros. Entretanto, se alguém estiver do norte, ao contrário, são transitórias,
interessado nos princípios que moldam pois acasalam em agregações em forma
a evolução da cognição dos vertebrados, de leque e não oferecem nenhum cuida-
o trabalho em anfíbios é essencial. Para do parental. Espacialmente, o comporta-
preencher esta lacuna, foi desenvolvido mento das rãs-leopardo do norte inclui
um programa de pesquisa contrastando migração para lagos natais de locais de
habilidades cognitivas e neurobiologia inverno e acasalamento preciso após a
hipocampal em duas espécies de anfíbios translocação, uma habilidade que é apa-
com ecologias sociais e espaciais distin- rentemente independente de sinais vi-
tas. suais. Enquanto os sinais e estratégias
cognitivas que as rãs-leopardo usam na
As rãs-flecha (família Dendrobatidae) busca de casa são desconhecidos, pode-
são principalmente diurnas e ocupam riam incluir orientação direta para uma
habitats terrestres em florestas tropicais. sinal próxima, aprendizagem de rotas
Os pais destas espécies de sapo têm de- (por exemplo, seguindo uma seqüência
senvolvido cuidados parentais comple- de pistas ou pontos de referência distal),
xos, incluindo o atendimento de ninhos e/ou integração de caminhos baseado
que se pensa ter promovido a evolução em sinais auto-gerados. Em conjunto,
da territorialidade. Uma vez que os gi- os autores argumentaram que a ecologia
rinos eclodem, os pais devem transpor- social e espacial das rãs venenosas, em
tá-los para fontes de água onde podem contraste com espécies como a rã-leo-
completar o desenvolvimento. Todos os pardo do norte, sugere que a cognição
três traços – transporte de girinos, terri- hipocampo dependente pode ser melho-
torialidade e diuturnidade – podem ter rada neste grupo.
contribuído à evolução das habilidades
de diferenciação cognitiva neste grupo. Para ajudar a colocar seus estudos de
cognição de rãs-flecha em contexto, os
Além dessas complexas interações com pesquisadores decidiram contrastar o
seu ambiente físico, muitas rãs-flecha se desempenho de rãs-flecha verdes e pre-
envolvem em interações sociais duradou- tas (D. auratus) com a das rãs-tungaras
Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Trabalhos Recentes

(Physalaemus pustulosus) usando labi- consistente com a ideia de que D. aura-


rintos e protocolos de treinamento idên- tus, com a sua ecologia social e espacial
ticos. mais complexa, melhorou as capacida-
des cognitivas dependentes do hipocam-
As rãs eram soltas em uma câmara de po em comparação com P. pustulosus.
partida e podiam escolher um dos dois
braços para localizar uma saída que con- O hipocampo é uma das regiões do cé-
duzisse a um abrigo e retornar à uma rebro mais estudadas em vertebrados.
gaiola. Em uma primeira iteração, o labi- No entanto, ainda temos dificuldade em
rinto foi construído com tijolos pintados, compreender como a evolução da sua es-
e as rãs podiam usar sinais de posição trutura se relaciona com a evolução da
nos tijolos para escolher a saída correta. sua função. No entanto, em última aná-
Em uma segunda iteração, o labirinto foi lise, se estamos interessados na evolução
construído com placas de fibra uniformes do hipocampo dos vertebrados, estudos
e somente sinais de posição nas paredes sobre os anfíbios não são apenas neces-
da câmara de partida foram fornecidas. sários, mas imperativos. Pesquisadores
acreditam que contrastar as relações
Este grupo de pesquisadores contrastou estrutura-função do hipocampo em an-
duas espécies de sapos que diferem na fíbios pode dar uma visão da história
ecologia espacial e social e descobriram evolutiva do hipocampo dos vertebrados
que eles diferem na cognição hipocam- que não é possível através do trabalho
po-dependente. Eles verificaram que a noutros grupos.
rã-flecha (Dendrobates auratus), uma
espécie diurna cujas interacções com o
ambiente físico e social são complexas, é
mais hábil e flexível na aprendizagem es- Editora: Daniela Pareja Mejía.
pacial e na inibição da aprendizagem do
que a rã-túngara (Physalaemus pustulo-
sus), uma espécie nocturna que carece de
interacções complexas com o ambiente
espacial e social. Como a aprendizagem
espacial e a inibição da aprendizagem
estão estreitamente associadas à função
hipocampal noutros vertebrados, eles
usaram sequências de RNA para carac-
terizar as diferenças moleculares no hi-
pocampo das duas espécies. Verificaram
que D. auratus tem maiores níveis de ex-
pressão de genes associados à neurogê-
nese, plasticidade sináptica, e atividade
celular, e menores níveis de expressão de
genes associados à apoptose, em compa-
ração com P. pustulosus. Este estudo é

26
Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Trabalhos Recentes

Carvalho P.S., Zaher H., Silva Jr N.J., Santana, D.J. 2020. A morphological and
molecular study of Hydrodynastes gigas (Serpentes, Dipsadidae), a widespre-
ad species from South America. PeerJ 8:e10073. DOI: 10.7717/peerj.10073.

A
taxonomia integrativa, utilizan- não se tratar de espécies distintas, e sim
do diferentes tipos de dados, uma população melânica de H. gigas. Nas
como morfologia, sequências análises moleculares, H. melanogigas fi-
de DNA, comportamento, feromônios, cou agrupada dentro de H. gigas com
entre outros, contribuem para tomada de baixa distância genética. Por fim, por não
decisões e testar esquemas taxonômicos. encontrar diferenças moleculares e morfo-
O gênero Hydrodynastes corresponde a lógicas, os autores optaram por considerar
serpentes semiaquáticas de grande porte Hydrodynastes melanogigas sinônimo
e de ampla distribuição pela América do júnior de Hydrodynastes gigas. Desta for-
Sul. Neste trabalho os autores realizaram ma, Hydrodynastes passa a possuir ape-
uma revisão taxonômica de Hydrodynas- nas duas espécies, H. bicinctus e H. gigas,
tes gigas e H. melanogigas, utilizando da- e esta última com ocorrência cisandina,
dos qualitativos (coloração e hemipênis), nas bacias hidrográficas Amazônica, Leste
quantitativos (morfométricos e folidose), do Brasil, La Plata, Nordeste Sul-America-
e moleculares (dois genes mitocondriais na, Parnaíba, e tem sua distribuição am-
e dois nucleares). O trabalho reconheceu pliada para a Bacia Tocantins-Araguaia.
Hydrodynastes como monofilético, com
alto valor de suporte, corroborando traba-
lhos anteriores, formando duas principais
linhagens, uma correspondendo a H. bi- Editor: Diego G. Cavalheri
cinctus, e outra a H. gigas e H. melano-
gigas. Os dados qualitativos e quantitati-
vos mostraram sobreposição em todos os
caracteres entre H. gigas e H. melanogi-
gas. A característica mais relevante para a
diagnose de H. melanogigas era a colora-
ção melânica (excesso de melanina), que
a diferenciava de H. gigas, no entanto,
diferentes gradientes de melanismo foram
observados em ambas as espécies. Além
disso, apenas H. melanogigas ocorria na
bacia Tocantins-Araguaia, com distribui-
ção alopátrica em relação a H. gigas, po-
rém, dois juvenis dessa última espécie fo-
ram encontrados na localidade tipo de H.
melanogigas. Essa variação de melanismo
encontrado em ambas as espécies sugere
27
Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Trabalhos Recentes

Moraes L.J.C.L., Werneck F.P., Réjaud A., Rodrigues M.T., Prates I., Glaw F.,
Kok P.J.R., … Fouquet A. 2022. Diversification of tiny toads (Bufonidae: Ama-
zophrynella) sheds light on ancient landscape dynamism in Amazonia. Biological
Journal of the Linnean Society 136:75-91. DOI: 10.1093/biolinnean/blac006.

M
udanças climáticas e geomor- a maioria das UTOs, foi obtido o genoma
fológicas ocorridas ao longo mitocondrial completo, utilizado para
do Cenozóico são reconheci- construir uma filogenia datada.
das por terem dirigido a diversificação e os
padrões atuais de distribuição da biota ao Os resultados apontaram dois grandes
longo da Amazônia. No entanto, relacionar clados dentro de Amazophrynella, um do
com o máximo de precisão possível esses Oeste e outro do Leste da Amazônia. A di-
eventos históricos à diversificação das li- vergência inicial entre esses dois grandes
nhagens dos diferentes grupos de organis- grupos foi estimada para 23 milhões de
mos é uma tarefa desafiadora. A maioria anos atrás, na transição Oligoceno-Mio-
dos estudos de Biogeografia na região ti- ceno. Divergências sucessivas se deram
veram como modelo as aves, que possuem nos dois grandes clados (Oeste e Leste),
divergências entre suas linhagens relativa- com eventos de dispersão a partir do Sul
mente recentes. Os autores deste trabalho da Amazônia, anteriormente ao estabele-
escolheram como objeto de estudo os sa- cimento do rio Amazonas transcontinen-
pos diminutos do gênero Amazophrynella, tal. Isso demonstra a importância do rio
amplamente distribuídos na Amazônia, Amazonas apenas como barreira geográ-
com capacidade de dispersão limitada, e fica secundária, impedindo a dispersão e
com características ecológicas e morfoló- fluxo genético entre linhagens do Norte e
gicas altamente conservadas. Até a déca- do Sul, depois do Mioceno médio. Além
da de 1990 apenas uma espécie do gênero disso, uma análise de reconstrução da dis-
era considerada como ocupante de toda a tribuição ancestral mostrou que provavel-
Amazônia. Na última década a taxonomia mente o ancestral comum a todas espécies
avançou rapidamente, e hoje, 13 espécies de Amazophrynella ocupava uma área
são reconhecidas para o gênero. correspondente às atuais áreas de ende-
mismo, Inambari e Rondonia, no sudoes-
O estudo baseou-se inicialmente em uma te da Amazônia. Em seguida, eventos de
análise de delimitação de espécies com dispersão e vicariância levaram à diver-
sequências do gene mitocondrial 16S, que gência entre as duas grandes linhagens do
resultou na definição de 35 unidades ta- gênero. O ancestrais dessas duas grandes
xonômicas operacionais (UTOs), 22 delas linhagens ocupavam, respectivamente, o
sem nome atualmente. Quanto à distribui- sopé oriental dos Andes e o escudo bra-
ção geográfica, foram encontradas poucas sileiro ocidental, e teriam sido separadas,
sobreposições de distribuição entre UTOs por ecossistemas lacustres no oeste da
filogeneticamente próximas, e essas so- Amazonia formados pelo soerguimento da
breposições são mais observadas na re- cordilheira dos Andes e depressão da pla-
gião Leste da Amazônia. Em seguida, para ca continental, ainda no Mioceno.
28
Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Trabalhos Recentes

Além de recuperar o padrão de diversifi- o uso de abordagens integrativas deve ser


cação e distribuição geográfica de Ama- considerado como preferencial. Também
zophrynella, o trabalho também se mostra apontam lacunas amostrais geográficas
importante para a sua taxonomia, já que importantes a serem vencidas futuramen-
aponta uma diversidade pelo menos três te, para melhor compreender a diversifica-
vezes maior que a reconhecida atualmen- ção e a distribuição de Amazophrynella.
te. No entanto, os autores recomendam
cautela na interpretação da análise da de-
limitação das espécies e deixam claro que Editor: Adriano O. Maciel

Corythomantis greeningi (imago)


PARNA de Ubajara, CE
@ Déborah Praciano

29
Bolitoglossa paraensis
Nova Timboteua, PA
@ Jordana Guimarães Ferreira

30
Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Resenhas

Resenhas
Evolution in the Genus Bufo — W. Frank Blair (editor).
1972. University of Texas Press, Austin and London. 459 pp.

Martín O. Pereyra
Laboratorio de Genética Evolutiva, Instituto de Biología Subtropical, Universidad
Nacional de Misiones, Posadas, Misiones, Argentina.
E-mail: mopereyra@gmail.com
DOI: 10.5281/zenodo.6867864

31
Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Resenhas

P
ublicado hace medio siglo, este y Sudamérica). La monofilia de Bufo
libro presentó los avances en el fue dada como premisa central (y poco
conocimiento de la biología y sis- cuestionada) del libro y la mayoría de
temática del antiguo género de sapos los resultados de los diferentes capítu-
Bufo. En ese momento, el mismo con- los fueron interpretados en el marco
sistía de aproximadamente 200 espe- de una hipótesis evolutiva pre-cladís-
cies distribuidas casi cosmopolitamen- tica propuesta exclusivamente en base
te (excepto en Antártida y gran parte a caracteres osteológicos (capítulo 4,
de Oceanía). A pesar de esta enorme “Evidence from Osteology”), la cual
diversidad taxonómica y de habitar las planteaba una división temprana del
más diversas ecorregiones del mundo, género en especies con cráneo delgado
la mayoría de sus especies presentaban (“narrow-skull line”) y cráneo ancho
una marcada uniformidad morfológi- (“broad-skull line”). De estos capítulos
ca, mientras que en otras ocurría una resultan particularmente destacables
aparente convergencia de morfologías los de Henryk Szarski (capítulo 5, “In-
inusuales, lo cual dificultaba notable- tegument and Soft Parts”) sobre sis-
mente la diagnosis de los grupos de temas de caracteres pocos conocidos
especies de Bufo y la comprensión de del tegumento y anatomía interna de
su historia evolutiva. De esta manera, Bufo y grupos relacionados; Robert F.
la revisión de este género tan grande Inger (capítulo 8, “Bufo of Eurasia”)
y ampliamente distribuido planteó un sobre análisis de caracteres morfológi-
enorme desafío que fue afrontado de cos y relaciones de los Bufo de Eurasia;
manera notable por W. Frank Blair y Mills Tandy y Ronalda Keith (capítulo
varios colegas especialistas en anato- 9, “Bufo of Africa”) sobre diversos as-
mía, bioacústica, genética y taxonomía pectos de la biología y relaciones de los
del grupo en “Evolution in the Genus Bufo de África; y de William F. Martin
Bufo” (Blair 1972). (capítulo 15, “Evolution of Vocalization
in the Genus Bufo”) sobre estructura
El libro se organizó en varios capítulos del aparato vocal en Bufo y su relación
que indagaban sobre aspectos morfoló- con la diversidad acústica del grupo.
gicos y no morfológicos generales (e.g.,
anatomía del tegumento y partes blan- El abordaje multidisciplinario e in-
das, citogenética, hibridación, osteolo- clusivo planteado en el libro fue único
gía, paleontología, secreciones, vocali- para un grupo de vertebrados tan espe-
zaciones) y en capítulos que abordaban cioso como Bufo y tuvo en su momen-
el conocimiento de la diversidad de to una excelente recepción (ver Due-
áreas geográficas concretas (i.e., Áfri- llman, 1972; Lynch, 1973). La síntesis
ca, Centro- y Norteamérica, Eurasia del conocimiento taxonómico del géne-
32
Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Resenhas

ro y de sus grupos de especies, la des- registros detallados de cruzamientos


cripción, revisión y utilidad de diferen- de hibridación interespecífica experi-
tes sistemas de caracteres fenotípicos mental (capítulo 11, “Evidence from
para elucidar la evolución del grupo y Hybridization”). El desarrollo de estu-
el planteo de diferentes hipótesis filo- dios basados en esta evidencia permi-
genéticas, biogeográficas y evolutivas tió comprender de manera acabada los
estimularon el desarrollo de numero- patrones de aislamiento genético en la
sos trabajos subsecuentes en la familia familia y discutir sus posibles impli-
Bufonidae. Desde el punto de la siste- cancias biológicas (Malone & Fontenot,
mática y del entendimiento de las re- 2008; Colliard et al., 2010; Brandvain
laciones evolutivas de Bufo, esta obra et al., 2014; Pereyra et al., 2016; Ger-
orientó el desarrollo de estudios filoge- chen et al., 2018).
néticos empleando técnicas inmunoló-
gicas (e.g., Maxson, 1984; Hass et al., Finalmente, esta obra contribuyó en
1995), secuencias de ADN (Graybeal, gran medida al entendimiento más
1997; Cunningham & Cherry, 2004; comprehensivo de la comunicación
Pauly et al., 2004; Pramuk et al., 2008; acústica tanto en Bufonidae como en
van Bocxlaer et al., 2010; Liedtke et al., todo Anura (ver Gerhardt, 1994; Co-
2016) y evidencia fenotípica y molecu- croft et al., 1995; Köhler et al., 2017).
lar combinada (Frost et al., 2006; Pra- Por un lado, proveyó una revisión de-
muk, 2006; Pereyra et al., 2021). Como tallada y notablemente discutida del
resultado de varios de estos trabajos conocimiento de la mecánica de la vo-
filogenéticos, se ha demostrado que el calización y del rol de estructuras mor-
género Bufo era parafilético respecto a fológicas implicadas en la generación
la mayoría de los otros géneros de Bu- de la diversidad acústica (capítulo 15,
fonidae y por tanto ha sufrido una pro- “Evolution of Vocalization in the Genus
funda redefinición con la partición en Bufo”), así como también del impor-
numerosos géneros, cuyas diagnosis y tante valor de las vocalizaciones en
composición fueron en parte propues- estudios sistemáticos y especialmente
tas en este libro. taxonómicos (capítulo 9 y 16, “Bufo of
Africa” y “Male Release Call in the Bufo
Los sapos son un grupo particular por americanus Group” respectivamente).
presentar altas tasas de hibridación e
introgresión de material genético. En Luego de cinco décadas de su publi-
este sentido, este libro también gene- cación, “Evolution in the Genus Bufo”
ró una gran influencia en el estudio de continúa siendo una referencia insos-
las características genéticas de Bufo- layable en diferentes disciplinas de la
nidae, debido a la enorme cantidad de biología de anuros y es una fuente de
33
Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Resenhas

inspiración para los biólogos que pre- Duellman W.E. 1972. Review “Evolu-
tendemos indagar en los patrones y tion in the genus Bufo” by W. Frank
procesos evolutivos de la extraordina- Blair. Systematic Zoology 21:447–450.
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34
Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Resenhas

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Pereyra M.O., Baldo D., Blotto B.L.,
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C.F.B., ... Faivovich J. 2016. Phylogene- Editor: José P. Pombal Jr.
35
Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Resenhas

Catalogue of the Neotropical Squamata: Part I. Snakes

Francisco Luís Franco


Laboratório de Coleções Zoológicas, Instituto Butantan, 05503-900 São Paulo, SP,
Brasil.
E-mail: francisco.franco@butantan.gov.br
DOI: 10.5281/zenodo.6867871

36
Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Resenhas

P
eters J.A. & Orejas-Miranda B.R. O Programa Biológico Internacional
Catalogue of the Neotropical (IBP) teve seu embrião originado de
Squamata: Part I. Snakes. 1970. um grande evento acadêmico, o Ano
Bulletin of the United States National Geofísico Internacional de 1957-1958.
Museum, No. 297: viii + 347pp, 50 figs. Motivados por esse evento, em 1959,
Com colaboração de Roberto Donoso- os pesquisadores Sir Rudolph Peters,
-Barros. Brochura, 29,5 cm x 23,5 cm. presidente do International Council of
Scientific Unions (ICSU), Paris, Fran-
Este foi um dos mais importantes ar- ça (Conselho Internacional de Uniões
tigos referentes à ofiofauna neotropi- Científica) e Giuseppe Montalenti, pre-
cal na sua época, e ainda hoje é essen- sidente da International Union of Bio-
cial aos pesquisadores e estudantes da logical Sciences (IUBS), Paris, França
área. Apresenta um cuidadoso inven- (União Internacional de Ciências Bio-
tário sobre as serpentes ocorrentes nos lógicas), começaram a discutir possibi-
neotrópicos, abrangendo desde o nível lidades de um programa internacional
genérico ao subespecífico, com chaves de estudos biológicos, ecológicos e am-
ou quadros comparativos para identifi- bientais em larga escala, com foco na
cação, distribuição geográfica, além de produtividade dos recursos biológicos,
listas sinonímicas resumidas. Suas cha- nas mudanças ambientais e na adap-
ves são bilíngues (inglês e espanhol), o tabilidade humana a essas mudanças.
que aumenta a acessibilidade para pes- Como resultado dessas discussões, o
quisadores e estudantes. A introdução Conselho Internacional de Uniões Cien-
e as chaves foram organizadas em duas tíficas (ICSU), em sua nona Assembleia
colunas, sendo a da direita em inglês e Geral, realizada em 1961, estabeleceu
a da esquerda em espanhol. um Comitê de Planejamento para ela-
borar o Programa Biológico Internacio-
nal. O IBP foi oficializado durante As-
A publicação foi financiada pela Smith-
sembleia Geral do ICSU, realizada em
sonian Researcher Award, por meio de
Paris, entre os dias 23 e 25 de julho de
seu autor sênior, Dr. James A. Peters,
1964, durante a qual foi estabelecido o
agraciado com verba. Este catálogo fi-
Comitê Especial para o Programa Bio-
gura como projeto no. 2 da parte dos
lógico Internacional (SCIBP), encarre-
Estados Unidos da América (E.U.A) da
gado de dirigir o programa. Sete áreas
seção de Conservação Terrestre do In-
de atuação foram constituídas como
ternational Biological Program (IBP)
foco das atividades do IBP, cada qual
(Programa Biológico Internacional).
representada por um subcomitê. Essas
sete áreas eram: Conservação de Co-
munidades Terrestres; Adaptabilidade
37
Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Resenhas

Humana; Produtividade das Comuni- Bulletin of the United States National


dades de Água Doce; Produtividade das Museum, No. 297, o Catalogue of the
Comunidades Marinhas; Processos de Neotropical Squamata em duas par-
Produção; Produtividade das Comuni- tes: Part I: Snakes e Part II Lizards
dades Terrestres e Uso e Gestão de Re- and Amphisbaenians. A parte I foi pro-
cursos Biológicos. Nos Estados Unidos, duzida em co-autoria entre Peters e
a participação no IBP foi facilitada pela Orejas-Miranda, com a colaboração de
National Academy of Sciences e pelo Donoso-Barros e a parte II, por Peters
National Research Council. (National e Donoso-Barros, com colaboração de
Academy of Sciences (http://www. Orejas-Miranda.
nasonline.org/about-nas/history/ar-
chives/collections/ibp-1964-1974-1. A região neotropical estabelecida pelos
html), 25 de maio de 2022.) autores do Catálogo abrange o sul do
México, na sua fronteira com a Guate-
Neste contexto, o Dr. James A. Peters mala, até o extremo sul da América do
(1922-1972), enquanto era curador das Sul continental, e todas as ilhas costei-
coleções de Anfíbios e Répteis do Na- ras dentro da plataforma continental.
tional Museum of Natural History, As Ilhas Galápagos e do Caribe foram
Smithsonian Institution, Washing- excluídas.
ton, D.C., conseguiu financiamento da
Smithsonian Researcher Award, para No tocante às serpentes, portanto a
desenvolver o Catálogo no escopo da Parte I do Catálogo, os autores inven-
área de Conservação Terrestre do Pro- tariaram nove famílias, 118 gêneros,
grama Biológico Internacional (IBP). 698 espécies, e 233 subespécies de ser-
Ele agregou esforços com o Dr. Brau- pentes ocorrentes na área delimitada.
lio R. Orejas-Miranda (1933-1985), do O Catálogo apresenta, após a introdu-
Museu Nacional de História Natural, ção, uma chave dicotômica bilíngue
Montevidéu, Uruguai, e Dr. Roberto (inglês e espanhol) para determina-
Donoso-Barros (1922-1975), Univer- ção dos gêneros, com figuras que au-
sidade do Chile, Santiago, assim como xiliam a interpretação dos caracteres
contou com colaborações pontuais de morfológicos usados. Em seguida, os
outros 41 herpetólogos renomados que gêneros são apresentados em ordem
atuavam com esquamatas ocorrentes alfabética. Cientes dos muitos proble-
na região neotropical. O objetivo deste mas taxonômicos e das deficiências de
catálogo era possibilitar a identifica- estudos de qualidade, na primeira li-
ção de serpentes e lagartos (incluindo nha da página inicial de cada gênero,
anfisbenídeos) desta região biogeográ- os autores atribuíram quatro graus de
fica. Assim, em 1970, foi publicado no confiança e qualidade das informações
38
Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Resenhas

utilizadas, indicados por uma a quatro dicotômica bilíngue das subespécies


estrelas. Para 17 gêneros cujas fontes ocorrentes na região neotropical, estas
bibliográficas inspiravam pouca con- são citadas em ordem alfabética, e os
fiança, foram conferidas uma estrela; dados seguem a mesma estrutura apre-
duas estrelas foram atribuídas a 35 gê- sentada para as espécies. Alguns táxons
neros que possuíam confiança mode- dos diferentes níveis hierárquicos apre-
rada, três estrelas para 35 gêneros com sentam comentários sobre taxonomia,
boa confiança e quatro estrelas para 31 distribuição geográfica ou confiabilida-
gêneros com muita confiança na segu- de das informações.
rança e qualidade das informações uti-
lizadas. Também junto a cada gênero, Os autores assumiram a responsabi-
ainda na primeira linha da página ini- lidade por algumas propostas taxonô-
cial, há a família na qual está alocado. micas controversas na época. Porém,
Logo abaixo, temos a lista sinonímica destaca-se que seria impossível sinteti-
do gênero de forma abreviada, autor, zar esse volume imenso de informações
referência bibliográfica e espécie tipo e posturas taxonômicas, muitas delas
de cada gênero da lista, quando possí- instáveis e controversas, sem tomar
vel. Em seguida, encontramos a distri- decisões. Atualmente, essas decisões
buição geográfica dos representantes seriam ainda mais numerosas e con-
do gênero e o número de espécies nele flituosas, tendo em vista a velocidade
incluídas e, quando pertinente, aquelas imensa em que propostas taxonômicas
não registradas em nossa região neo- se multiplicam e se sobrepõem.
tropical. Posteriormente, apresentam
as chaves dicotômicas bilíngues (inglês
Alguns gêneros foram preparados por
e espanhol) das espécies ocorrentes
pesquisadores especialistas convida-
na região neotropical. Após as chaves,
dos, estando o nome e a instituição do
as espécies são apresentadas em or-
pesquisador citados abaixo da primeira
dem alfabética. As informações sobre
linha da primeira página da apresenta-
as espécies seguem a ordem e conteú-
ção do gênero. Vemos, em seguida, os
do apresentados nos gêneros, ou seja,
pesquisadores que contribuíram pon-
autor, lista sinonímica abreviada, loca-
tualmente para um ou mais gêneros e
lidade tipo de cada sinônimo, quando
os respectivos gêneros aos quais fize-
disponível, distribuição geográfica e, se
ram suas contribuições:
for o caso, as suas subespécies. Tam-
bém os dados das subespécies seguem - Braulio R. Orejas-Miranda:
o mesmo padrão das espécies, citando Leptotyphlops;
aquelas não ocorrentes nos neotrópi-
- Douglas A. Rossman: Helicops
cos, quando necessário. Após a chave
e Thamnophis;
39
Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Resenhas

- Edmund D. Keiser Jr. (citado como ocorrentes no território Brasilei-


na introdução como Edward ro. Ou seja, quase 40% da diversidade
Keiser, mas no gênero como de espécies neotropicais conhecida na-
E.D. Keiser, da University of quela época.
Southwestern Louisiana, La-
fayette, Louisiana, local onde Esse catálogo foi republicado em 1986,
trabalhava Edmund D. Keiser em edição fac-simile, em volume úni-
Jr., que publicava sobre Oxybe- co, acrescido de adenda e corrigenda
lis nos anos logo anteriores ao elaborada pelo Dr. Paulo E. Vanzolini
Catálogo): Oxybelis; (1924-2013) do Museu de Zoologia da
- Howard K. Gloyd: Agkistrodon; Universidade de São Paulo, São Paulo.
Era imperativo que uma obra de tama-
- Janis A. Roze: Micrurus; nha importância fosse atualizada, me-
- Joseph R. Bailey: Clelia, Dre- diante as muitas alterações acumula-
panoides, Oxyrhopus, Phimo- das entre os quase 16 anos que separam
phis, Pseudoboa, Pseudotomo- as publicações. Também, alguns erros
don, Siphlophis e Tripanurgos. e omissões são esperados em obras de
tamanho porte e complexidade, sendo
Ao término do último gênero, os auto- que, a grande maioria deles, foi perce-
res apresentam uma lista de 16 espécies bida e corrigida por Vanzolini.
Incertae sedis, com lista sinonímica
reduzida, distribuição geográfica e co- Focando apenas na diversidade das es-
mentários. Em seguida encontramos o pécies de ocorrência em território bra-
Index, que fecha o catálogo. sileiro, Vanzolini (1986) arrolou as se-
guintes alterações:
Smith (1971) publicou uma resenha de-
talhada sobre o Catalogue of the Neo- Número de gêneros com espécies re-
tropical Squamata, abrangendo tanto gistradas no Brasil: 74
a Part I. Snakes, quanto a Part II. Li-
Número de gêneros descritos ou reva-
zards and Amphisbaenian. Destacou
lidados: 6
a importância desta obra monumental
para o desenvolvimento das diversas Número de gêneros sinonimizados:
áreas da história natural e taxonomia Número de espécies com espécimes
de Squamata. registrados no Brasil: 275

Número de espécies descritas ou reva-


Peters & Orejas-Miranda (1970) citam
lidadas: 41
oito famílias, 72 gêneros e 261 espécies

40
Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Resenhas

Número de espécies sinonimizadas: 27 da ofiologia Brasileira. Neste minucioso


inventário, foram registrados 10 famí-
A Sociedade Brasileira de Herpetolo- lias, 77 gêneros e 412 espécies. Entre o
gia (SBH) vem publicando a Lista de trabalho de Peters & Orejas-Miranda
Répteis do Brasil, desde 2005 até 2018, (1970), no qual há o registro de 261 es-
totalizando 18 publicações, disponíveis pécies no território nacional, e a publi-
no site da SBH (http://sbherpetologia. cação de Nogueira et al. (2020), houve
org.br/listas/repteis). As 13 primei- o acréscimo de 151 espécies, que repre-
ras, de 2005 a outubro de 2011 foram senta quase 95% a mais. Ou seja, o nú-
organizadas pelo Dr. Renato Silveira mero está perto do dobro! Creio que já
Bérnils, Universidade Federal do Espí- o tenhamos alcançado, considerando as
rito Santo, Centro Universitário Norte frequentes descrições de espécies no pe-
do Espírito Santo, Departamento de ríodo entre 2020 e maio de 2022, quan-
Ciências Agrárias e Biológicas. As três do esta resenha estava sendo redigida.
listas posteriores, de dezembro de 2011
a 2012, foram organizadas por R.S. São raros os catálogos com chaves de
Bérnils e Dr. Henrique Caldeira Cos- identificação, distribuição geográfica e
ta, Universidade Federal de Minas Ge- listas sinonímicas de répteis que con-
rais, Instituto de Ciências Biológicas, templem áreas geográficas tão amplas.
Departamento de Zoologia, Programa Assim, o catálogo com essas caracterís-
de Pós-Graduação em Zoologia. Após ticas, anterior ao catálogo do Peters &
essas, as três últimas listas publicadas Orejas-Miranda (1970), foi o Catalogue
entre 2014 e 2018, foram organizadas of Snakes in the British Museun (Na-
por H.C. Costa e R.S. Bérnils. A última tural History), organizado por George
lista agrega as subespécies e o registro Albert Boulenger, publicado em três
de ocorrência por estado. Estas listas volumes, entre 1893 e 1896. Embora
foram e são muito úteis para pesquisa- abrangesse as serpentes do British Mu-
dores e estudantes. seum, a magnífica coleção deste museu
permitiu que este catálogo fosse a base
O último levantamento das serpentes para estudo das espécies de serpentes
ocorrentes no Brasil foi publicado por do mundo. E não poderia deixar de
Nogueira et al. (2020), que apresen- ser o pilar para os estudos ofiológicos
ta mapas de distribuição das espécies no Brasil. Após mais de 70 anos de sua
com vouchers depositados em coleções. publicação, a chegada do catálogo de
Representa um esforço conjunto de 32 Peters & Orejas-Miranda (1970) permi-
herpetólogos, o que possibilitou a elabo- tiu uma renovação no estado da arte da
ração de um trabalho de síntese extre- ofiologia neotropical, impulsionando
mamente útil para o desenvolvimento publicações e estimulando a formação
de novos profissionais. 41
Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Resenhas

Mais 52 anos se passaram desde a pu- AGRADECIMENTOS


blicação desta obra basilar. Novos es-
forços para a catalogação das serpentes Agradeço à Maria Tereza Osório Mall-
do mundo e das Américas foram feitos mann Franco pela leitura crítica e su-
como McDiarmid et al. (1999) Snakes gestões.
Species of the World, Vol. 1, Tipton
(2005) Snakes of Americas – Check-
REFERÊNCIAS
list and Lexicon, Wallach et al. (2014)
Snakes of the World – A catalogue of
National Academy of Sciences Dispo-
living and extinct species. Outros apre-
nível em http://www.nasonline.org/
sentam abordagens em determinados
about-nas/history/archives/collec-
grupos taxonômicos como: Campbell
tions/ibp-1964-1974-1.html. Data de
& Lamar (1989) The Venomous Repti-
acesso: 25 de maio de 2022.
les of Latin America; Campbell & La-
mar (2004) The Venomous Reptiles of
the Western Hemisphere (2 Vol.); Sil- Bérnils R.S. (org.). Março de 2005.
va Jr. et al. (2021) Advances in Coral- Lista de espécies de répteis do Brasil.
snake Biology: with an emphasis on Sociedade Brasileira de Herpetologia.
South America. Também, não podemos Disponível em http://www.sbherpe-
deixar de citar o The Reptile Database tologia.org.br/. Data de acesso: 26 de
(Uetz et al. 2022). Este banco de dados maio de 2022.
vem sendo alimentado desde 1995. Mas,
nenhum deles foi tão útil para os estu- Bérnils R.S. (org.). Junho de 2005.
dos das serpentes neotropicais quanto Lista de espécies de répteis do Brasil.
o Catálogo de Peters & Orejas-Miran- Sociedade Brasileira de Herpetologia.
da (1970) o foi em sua época. Os jovens Disponível em http://www.sbherpe-
herpetólogos anseiam por alguma ini- tologia.org.br/. Data de acesso: 26 de
ciativa que produza algo com a mesma maio de 2022.
utilidade e usabilidade. Temos mais re-
cursos hoje em dia do que dispunham Bérnils R.S. (org.). 2006. Lista de espé-
os autores do século passado e os nos- cies de répteis do Brasil. Sociedade Bra-
sos representantes certamente não são sileira de Herpetologia. Disponível em
menos competentes. Será que teremos http://www.sbherpetologia.org.br/.
hepetólogos com a iniciativa necessária Data de acesso: 26 de maio de 2022.
para realizar tamanha odisseia?
Bérnils R.S. (org.). 2007. Lista de es-
pécies de répteis do Brasil. Sociedade
Brasileira de Herpetologia. Disponível
42
Herpetologia Brasileira vol. 11 n.o 2 - Resenhas

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dae, Ilysiidae, Uropeldidae, Xenopel- dia V., Azevedo J.A., Barbo F.E., Bér-
tidae, and Colubridae, Aglyphae, part. nils R.S., ... Martins M.C.M. 2019. Atlas
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London. cality maps to mitigate the Wallacean
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J. (eds.). 2022. The Reptile Database. Editor: José P. Pombal Jr.

Bothrops billineatus
Serra do Divisor, AC
@ Rafael Benetti
45
Eurolophosaurus nanuzae
Serra do Cipó, MG
@ Luiz Paulino

46
HB vol. 11
10 n.o.21 -- Notas
Notas de
de História
História Natural
Natural &
& Distribuição
Distribuição Geográfica
Geográfica

Notas de História Natural


& Distribuição Geográfica
Fisiologia térmica de Epictia borapeliotes
(Vanzolini, 1996)
Anny Caroliny Santos Loz1, Tamí Mott1, Luisa M. Diele-Viegas2,*
1 Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de Alagoas,
57072-700, Maceió, AL, Brasil.
2 Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia, 40170-115 Salvador, BA,
Brasil.
* Autora correspondente. E-mail: luisa.mviegas@gmail.com
DOI: 10.5281/zenodo.6867782

A
s mudanças climáticas atual- tofauna fossorial neotropical têm sido
mente são uma das princi- desenvolvidos. Especificamente para
pais ameaças à biodiversi- Scolecophidia, um grupo de serpentes
dade. Animais ectotérmicos, como os fossoriais de tamanho diminuto (Vitt &
répteis, tendem a ser especialmente Caldwell, 2014), não só não há dados de
vulneráveis a estas e outras mudanças ecofisiologia disponíveis como apenas
nas condições ambientais, uma vez que sete espécies foram avaliadas quanto
dependem da temperatura do ambien- aos possíveis impactos das mudanças
te para regular a sua temperatura cor- climáticas no grupo, nenhuma delas na
pórea e manter seu metabolismo ativo região neotropical (Diele-Viegas et al.,
(Pough et al., 2003). Estudos visando 2020). Dentre as cinco famílias aloca-
entender a relação da fisiologia das es- das nesta infraordem, Leptotyphlopi-
pécies com as condições climáticas e dae inclui 142 espécies e 13 gêneros,
ambientais de seus habitats (i.e., eco- sendo Epictia o mais numeroso com 43
fisiologia térmica) são essenciais para espécies (Uetz et al., 2022) nenhuma
que seja possível avaliar os impactos espécie do gênero teve sua ecofisiologia
das mudanças climáticas nas espécies termal descrita ou foi avaliada a respei-
(Diele-Viegas et al., 2021). Apesar de to dos possíveis impactos das mudan-
sua importância, pouquíssimos estudos ças climáticas.
de ecofisiologia térmica para a herpe-
47
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

Epictia borapeliotes, espécie endêmica seu hábito fossorial. Vale ressaltar que
do Brasil, é distribuída no bioma Caa- a variação de temperatura em ambien-
tinga (Nogueira et al., 2019) e apesar tes subterrâneos é menos acentuada do
de apresentar ampla distribuição, os que na superfície e por serem ectotér-
encontros com estes animais são ra- micos e fossoriais, a ação da tempera-
ros e pouco se sabe sobre sua biologia. tura do substrato tem influência maior
Desta forma, apresentamos aqui o pri- na temperatura corpórea desses ani-
meiro registro da temperatura prefe- mais (Closel & Kohlsdorf, 2012).
rencial (Tpref) e da margem de segu-
rança térmica de um indivíduo de E. Antes de iniciar o teste, o indivíduo
borapeliotes (Laboratório de Biologia passou por um período de aclimata-
Integrativa – LABI 1785; comprimento ção de 30 minutos dentro do gradiente.
rostro-cloacal (CRC) 115 mm; Fig. 1), o Em seguida, sua temperatura corpó-
qual foi coletado na caatinga alagoana rea foi aferida a cada minuto durante
no município de Mata Grande, Brasil uma hora, utilizando um termômetro
(9°07′07.3″ S 37°43′53.1″ W). O CRC digital infravermelho e totalizando 60
do indivíduo foi aferido com o auxílio aferições. As aferições foram feitas com
de uma fita métrica e um paquímetro o termômetro posicionado na parte su-
digital com precisão de 0,01 mm. Para perior da caixa, focando em capturar a
a coleta de dados termais, um gradien- temperatura do meio do corpo do ani-
te térmico variando de 15 a 35 °C foi mal. Consideramos a média desses va-
criado em laboratório utilizando uma lores como a Tpref; o primeiro quartil
caixa de papelão com aproximadamen- como a temperatura voluntária míni-
te 60 cm de comprimento por 10 cm ma (Vtmin) e o terceiro quartil como
de largura e 30 cm de altura, com gelo a temperatura voluntária máxima (Vt-
numa extremidade e uma aquecedor max). A margem de segurança térmica
por indução na outra (Fig. 2). Para fins do indivíduo foi considerada como a di-
de controle em relação ao gradiente, as ferença entre a Vtmax e a Vtmin.
temperaturas do ar e a umidade relati-
va do ar foram aferidas através de um
O bioma Caatinga apresenta tempera-
HoboU23 e a temperatura do substra-
tura média anual variando entre 25ºC
to foi aferida por meio de Termopares
e 30ºC (Associação Caatinga). O in-
(Fig. 3). A média de temperatura do ar
divíduo apresentou Tpref de 29,8 °C,
foi 29,5 ºC, a média de temperatura do
com uma margem de segurança térmi-
substrato, 30,45 ºC e a umidade rela-
ca de 2,2° C (Vtmin = 28,6 °C, Vtmax
tiva, 71,5 %. Uma fina camada de terra
= 30,8 °C), indicando uma preferência
foi colocada no gradiente visando mi-
por temperatura similar à encontrada
nimizar o estresse do animal, devido ao
na Caatinga. Este padrão pode indicar
48
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

potencial vulnerabilidade da espécie a Diele-Viegas L.M., Figueroa R.T., Vi-


alterações climáticas que ultrapassem lela B., Rocha C.F.D. 2020. Are repti-
esta variação de 2,2 °C na temperatu- les toast? A worldwide evaluation of
ra. Entretanto, para testar a hipótese Lepidosauria vulnerability to climate
de que a espécie pode estar vulnerável change. Climatic Change 159:581–599.
frente às mudanças climáticas, mais DOI: 10.1007/s10584-020-02687-5.
estudos são necessários para ampliar
a amostragem de dados de ecofisiolo- Diele-Viegas L.M., Vilela B., Rocha C.
gia térmica, de modo que seja possí- F.D. 2021. Mudanças climáticas e Le-
vel mensurar a amplitude da variação pidosauria: uma avaliação global. Pp.
intraespecífica da preferência térmica. 139–151, in Toledo L. (Ed.) Herpetolo-
Apesar da limitação da nossa amostra, gia Brasileira Contemporânea. Socie-
os resultados encontrados para este dade Brasileira de Herpetologia, São
primeiro Scolecophidia avaliado de- Paulo.
monstram a necessidade de novos es-
tudos acerca de sua ecofisiologia, uma
IPCC. 2021. Summary for Policymaker.
vez que os cenários preditivos mais
Pp. (in press), in Masson-Delmotte V.,
recentes de mudanças climáticas pre-
Zhai P., Pirani A., Connors S.L., Péan
veem uma variação de 1,5 a 4,5°C na
C., Berger S., ... Zhou B. (Eds.) Clima-
temperatura média global (IPCC 2021),
te Change 2021: The Physical Science
o que poderia ultrapassar a margem de
Basis. Contribution of Working Group
segurança térmica da espécie e torná-la
I to the Sixth Assessment Report of the
vulnerável às mudanças climáticas.
Intergovernmental Panel on Climate
Change. Cambridge University Press,
REFERÊNCIAS Cambridge.

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Disponível em https://www.acaatin- dia V., Azevedo J.A., Barbo F.E., Bér-
ga.org.br/sobre-a-caatinga/. Acesso nils R.S., ... Martins M. 2019. Atlas of
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49
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

Pough H., Janis C.M., Heiser J.B. 2003. Vitt L.J., Caldwell J.P. 2014. Herpeto-
A Vida dos Vertebrados. Atheneu, São logy: An Introductory Biology of Am-
Paulo. phibians and Reptiles. Academic Press,
San Diego.
Uetz P., Freed P., Aguilar R., Hošek J.
2021.The Reptile Database. Disponí-
vel em http://www.reptile-database.
org/. Acesso em 03/03/2022. Editor: H. C. Costa

Figura 1. Exemplar de Epictia borapeliotes (LABI 1785) coletado no município de


Mata Grande, Alagoas, Brasil.

50
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

Figura 2. Gradiente termal criado em laboratório utilizando uma caixa de papelão


com gelo numa extremidade e um aquecedor por indução na outra.

Figura 3. Círculo vermelho mostrando o exemplar de Epictia borapeliotes dentro


da caixa de papelão e círculo amarelo indicando o HoboU23 que aferiu a tempera-
tura e a umidade relativa do ar.
51
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

Reproductive ecology of Adelphobates quinque-


vittatus (Steindachner, 1864) in the southwest-
ern Brazilian Amazon (Anura, Dendrobatidae)
Raul Afonso Pommer-Barbosa1*, Welington da Silva Paula do Nascimento1,2, André
Luiz da Cruz Prestes2, Jessica Teodoro Fernanda Reis2, Jaína Rodrigues Evangelis-
ta2, Brendo Barros de Souza2, Marcela Alvares Oliveira3

1 Clube de Astronomia e Ciências de Rondônia, Universidade Federal de Rondônia,


76801-059 Porto Velho, RO, Brazil.
2 Centro Universitário São Lucas, 76805-846 Porto Velho, RO, Brazil.
3 Curso de Ciências Biológicas, Centro Universitário Aparício Carvalho (FIMCA),
76811-678 Porto Velho, RO, Brazil.

*Corresponding author. E-mail: raulpommer@hotmail.com


DOI: 10.5281/zenodo.6867791

T
he Rio Madeira Poison Frog, found to commonly occur in other den-
Adelphobates quinquevitta- trobatids (Mebs et al., 2010).
tus (Steindachner, 1864), is
an amphibian belonging to the family Many amphibians breed during rainy pe-
Dendrobatidae. It occurs in restricted riods in bodies of water with the pres-
areas in Brazil, in the southern part of ence of vegetation, which decreases
the Amazon rainforest in the Brazilian the amount of sunlight. Consequently,
state of Rondônia and adjacent Amazo- evaporation is reduced, and a constant
nas, along the Madeira River drainage, temperature and humidity are main-
and can possibly be found in adjacent tained (Caldwell & Myers, 1990; Cam-
localities in Bolivia (Caldwell & My- argo & Kapos, 1995; Chen et al., 1999;
ers, 1990; Medeiros et al., 2021; Frost, Egan & Paton, 2004; Williams et al.,
2022). Like other dendrobatids, they 2008). Adelphobates spp. use empty
possibly feed on small and abundant fruit shells for egg-laying, have large
prey, such as ants and termites (Parme- tadpoles, and feed on any invertebrate
lee, 1999). Ad. quinquevittatus produc- or tadpole of another species that is de-
es toxic alkaloids of the histrionicotox- posited in the same place (Caldwell &
in and pumiliotoxin-A class (Caldwell Myers, 1990). The use of vegetation is
& Myers, 1990). which can possibly be linked to the reproductive mode of the
related to such a specific diet, as it was
52
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

species, which require various climat- florescence) of Attalea speciosa (Mart.


ic conditions to achieve reproductive ex Spreng.) (Fig. 1A). Upon careful
success, such as rainfall, drought, and analysis, it was found that there were
humidity of the rainforest (Pombal & tadpoles of Ad. quinquevittatus depos-
Haddad, 2005). ited on the spadix of the Attalea specio-
sa palm tree, a thick and highly resis-
This study reports on the reproductive tant structure (Linhares, 2016). It was
behavior of Ad. quinquevittatus, an observed that in this one location there
amphibian of the family Dendrobati- were five tadpoles of Ad. quinquevitta-
dae endemic to the Madeira River ba- tus (Fig. 1B), three of which were rel-
sin, in the Brazilian Amazon. Any new atively larger in size than the others,
information about the species is ex- about approximately 1,5 cm (e.g., Fig.
tremely important for preservation and 1C). The total size of the At. speciosa
its reproductive behavior is still insuf- spadix used as a nest was approximate-
ficiently known. We also report the use ly 77 cm long and was filled with water
of Attalea speciosa (Mart. ex Spreng.) and leaves.
spatix as a reproductive reservoir.
In another field trip to the Military Jungle
We conducted field observations at the Police Base, on January 6, 2021, at 08:57
“Base de Treinamento da Polícia Mili- AM, several Brazil nut fruits Bertholletia
tar” (Military Jungle Police Base) in the excelsa (Humb. & Bonpl.) were found
municipality of Porto Velho, state of near a Brazil Nut Tree (It has a hard,
Rondônia, Brazil, in the southwestern woody shell) being used as nests for Ad.
Brazilian Amazon. During a herpeto- quinquevittatus tadpoles (Fig. 1D). One
faunal survey, specimens of Adelpho- adult was spotted, but not photographed
bates quinquevittatus were found in a due to its agility in hiding under leaves
typical terra firme Amazon rainforest on the forest floor. There were 22 brazil
substrate. Identification was done by nut fruits on the ground, and they could
approaching diagnostic morphological be grouped in six distinct points. Figure
characteristics such as orange back- 2 shows the representative map of B. ex-
ground color with black spots on the celsa fruits present at the breeding site
limbs, and dorsal black coloration with of the dendrobatid Ad. quinquevittatus,
five longitudinal and generally white where the configuration of each point in
stripes, typical of the species (Cald- the breeding area is described.
well & Myers, 1990). On November 13,
2020, at 04:32 AM a specimen was ob- Point 1: it could be observed that at Point
served (-9.1014º, -64.0259º WGS84) 1 there was one nut open at the top with
on a spadix (structure protecting the in- the presence of water.
53
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

Point 2: distant 6,73 m from Point 1. At the same site, a Trap Camera, mod-
There were seven nuts, and only four el HC900A, was installed to observe
of them contained water. Among them, which animals were visiting the breed-
three had an upper opening and one ing site of Ad. quinquevittatus (Fig.
had a lateral opening. There was only 3A). On January 9, 2021, one individ-
one nut of the first type containing a ual of Dasyprocta fuliginosa (Wagler,
tadpole, with leaves forming its sub- 1832), commonly locally known as
strate. In the case of nuts without wa- “Cutia”, was recorded at the site (Fig.
ter, one had a lateral opening and two 3B). Cutias are one of the main dis-
had an upper opening. persers of Bertholletia excelsa, being
responsible for opening and removing
Point 3: 1,36 m distant from Point 2. the fruits, moving them away from the
Four nuts were located, all of them with mother tree (Haugaasen et al., 2012;
an upper opening, and three of them Oliveira Wadt et al., 2018). This rodent
had water inside. species is a hunting target in the state
of Rondônia (Belfort et al., 2020; Ra-
mos et al., 2020) and his overhunting
Point 4: 1,90 m distant from Point 3.
can directly impact fruit dispersal and
Three nuts were located, two without
consequently, the availability of local
water, one with a lateral opening and
breeding sites for Ad. quinquevittatus.
two with an upper opening. Of those
with an upper opening, one contained a
tadpole and there were leaves forming Little is known about the reproductive
its substrate. behavior of Ad. quinquevittatus, al-
though its family, Dendrobatidae, usual-
ly lays two to six eggs and during the de-
Point 5: distant 0,66 m from Point 4.
velopment period the male of the species
Three nuts were located, where one had
stays close to the nest (Caldwell & Myers,
a lateral opening and contained water,
1990). Tadpoles, in general, develop in
one had an upper opening and con-
denser vegetation, which creates an ef-
tained water, and the other had a later-
fective barrier against solar radiation
al opening and contained no water.
and the action of predators, thus increas-
ing the chances of survival (Heyer, 1969;
Point 6: distant 1,23 m from Point 5.
Toft, 1980; Babbit & Tanner, 1998; Har-
Four nuts were located, two containing
tel et al., 2007). Habitat loss due to hu-
water and two without water, all with
man actions is a problem for amphibians
upper opening. One tadpole was found,
since many species depend on specific
with the nut substrate being formed
climatic conditions and plants for their
mainly by leaves.
reproduction (Verdade, 2010).
54
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

From what was exposed in this study, impact the reproductive success of an-
it can be pointed out that frogs of the uran dendrobatids, such as Ad. quin-
species Ad. quinquevittatus places quevittatus. Our observations increase
a larger number of tadpoles on sub- the knowledge of the reproduction of
strates such as Attalea speciosa spadix this species in a little-studied area of
in the study area, possibly because they the Brazilian Amazon, but we reinforce
have larger size, water storage capaci- that it is still necessary that future re-
ty compared to the previously reported search give more focus on this subject
B. excelsa nut. However, the observed as very little is currently known.
distribution of tadpoles, as illustrated
on the descriptive map (Fig. 2), direct- ACKNOWLEDGEMENTS
ly impacts the reproductive success of
the species. If any problems occur in a
We thank the military police of
spadix of At. speciosa, all offspring will
Rondônia State, Brazil, and the Batal-
be lost, and other problems such as in-
hão de Operações Especiais for logis-
terspecific predation and cannibalism
tical support and for authorizing the
can also occur if tadpoles are distribut-
research (CODE 0011882179 and CRC
ed on a single substrate. This decreas-
F6DFCD02). We thank the Conselho
es the probability of tadpoles reaching
Nacional do Desenvolvimento Científ-
adulthood, but with the distribution in
ico e Tecnológico for the financial
several nuts of B. excelsa, the species
support. We thank the Clube de As-
can reduce the risk of total loss of the
tronomia e Ciências de Rondônia for
offspring and annul the chances of in-
financial support.
traspecific predation, thus increasing
the chances of more tadpoles reaching
REFERENCES
adulthood. Hence, it is plausible to in-
fer that Brazil nut reservoirs may have
an important role in Ad. quinquevitta- Babbit K.J., Tanner G.W. 1998. Effects
tus reproductive ecology on the study of cover and predator size on survival
site. Consequently, threats such as de- and development of Rana utricularia
forestation and overhunting of its dis- tadpoles. Oecologia 114:258–262.
persal vectors in the area can probably
affect this species population dynamics Belfort M.J.S., Barbosa G.S., Silva C.P.,
and possibly its conservation. Oliveira, M.A. 2020. Perception of sub-
sistence hunters in Lower Madeira on
Finally, this study reinforces the impor- the impact of the Santo Antônio Hydro-
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57
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

Figure 1. Photographic record. A) Individual of Adelphobates quinquevittatus;


B) Tadpole of Adelphobates quinquevittatus on Attalea speciosa spadix;
C) Tadpole of Adelphobates quinquevittatus; D) Tadpole of Adelphobates quinque-
vittatus in the nut of Bertholletia excelsa.

58
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

Figure 2. Map of the breeding site of Adelphobates quinquevittatus in Bertholletia


excelsa nuts.

Figure 3. A) Adelphobates quinquevittatus at the breeding site;


B) Dasyprocta fuliginosa individual.
59
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

First record of constriction behavior during


predation by an Echinantherini snake (Dipsadi-
dae: Xenodontinae)
Henry Miller Carneiro Alexandre, Lucas Machado Botelho*, Matheus de Toledo
Moroti, Mariana Pedrozo, Edelcio Muscat

Projeto Dacnis, Estrada do Rio Escuro 4754, Sertão das Cotias, 11680-000 Ubatuba,
SP, Brazil

* Corresponding author. E-mail: lucasbotelho77@gmail.com


DOI: 10.5281/zenodo.6867806

V
ertebrates have developed adults (Marques et al., 2001; Mou-
various behaviors to subdue ra-Leite et al., 2003; Pontes & Rocha,
and kill dangerous prey to 2008), and even earthworms (Marques,
minimize their own risks during pre- 1996; Lucas et al., 2011). While some
dation (Boback et al., 2015). As legless Echinantherini may be diet specialists,
predators, snakes developed toxins and such as Echinanthera cephalostria-
constriction as forms of immobiliza- ta Di-Bernardo, 1996, Echinanthera
tion to reduce their exposure to injury melanostigma (Wagler in Spix, 1824),
and the chance of prey escape (Shine & Echinanthera undulata (Wied, 1824)
Schwaner, 1985; Boback et al., 2015). (anurans), and Sordellina punctata
When using constriction, the snake (earthworms), species of Taeniophallus
applies two or more turns of its body, Cope, 1895 are generalists (Marques et
immobilizing its prey while exerting al., 2001) although they feed mainly on
strong pressure (Mehta & Burghardt, lizards (Gomes, 2012). This type of prey
2008). can injure the predator due to its bite,
muscle strength, and claws (Abdala &
The snakes in the Echinantherini tribe Moro, 1996; Herrel et al., 1997; Gomes,
are non-venomous aglyphous species 2012). Therefore, it would be reasona-
that prey on small lizards (Marques ble to kill the prey before consuming it
et al., 2001; Gomes, 2012), snakes (Willard, 1977). However, we are una-
(Marques et al., 2001; Balestrin & ware of published records on how the
Di-Bernardo, 2005), anuran eggs and species of Taeniophallus subdue their
prey, especially lizards.
60
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

Here we present the first document- & Marques, 2003; Zacariotti & Gomes,
ed use of constriction by an Echinan- 2010; Gomes et al., 2012).
therini snake. On 03 February 2022,
at 12:05h, we observed a Taeniophal- We found the animals in the leaf litter.
lus affinis (Günther, 1858) preying on The snake had already caught the liz-
a Placosoma glabellum (Peters, 1870), ard: its mouth was attached to the liz-
a lizard species endemic to the Brazil- ard’s belly, close to the pelvic region,
ian Atlantic Forest (Tozetti et al., 2017). and its body constricted the lizard’s en-
The event happened in the Projeto tire thorax, upper limbs, and head (Fig.
Dacnis private reserve (23°27′56.2″ S, 1). The lizard resisted with erratic tail
45°07′38.3″ W; WGS-84; 139 m above movements, flexion and tension of the
sea level), located in the municipality of fingers and hind limbs, while its body
Ubatuba, north coast of the state of São spasmed. According to the standards
Paulo, Brazil. The area consists mostly established by Heinrich & Klaassen
of secondary lowland Atlantic Forest, (1985), the constriction had a counter-
with some primary forest patches with clockwise pattern and dorsal coil with
steep terrain. The air temperature was the right side contacting the prey. The
27° C, with relative humidity of 95%, prey stopped moving after 14 minutes
data measured with a Hikari HTH-913 of constriction. The snake then moved
thermo-hygrometer. through the leaf litter dragging the prey
with its mouth until it reached a fallen
Taeniophallus affinis is a dipsadid tree trunk, where it began the process
snake endemic to the Atlantic Forest of ingestion, beginning with the lizard’s
and widely distributed in the south- head. The snake pressed the lizard
eastern and southern regions of Brazil; against the substrate to position it for
it also occurs in the Northeast, espe- ingestion (de Queiroz, 1984; Sazima &
cially in Atlantic Forest enclaves in the Haddad, 1992). Complete ingestion of
Caatinga (Nogueira et al., 2019). Like the prey required 20 minutes, and the
most species of Echinantherini, T. af- entire encounter took 34 minutes. We
finis has a slender body, large eyes with recorded the predation event on video
round pupils, and a total length be- and deposited it at the Fonoteca Neo-
tween 16,6 and 75,8 cm (Di-Bernardo tropical Jacques Vielliard under vouch-
& Lema, 1988; Gomes, 2012). The ers ZUEC-VID 984-985.
species has diurnal habits and is often
found in the leaf litter (Gomes, 2012), We did not collect the individuals, nor
where it forages for small prey such as took biometric measurements to avoid
amphibians, lizards, amphisbaenians, interfering with predation, but we were
and occasionally small rodents (Barbo able to reliably identify both taxa with
61
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

the help of specialized literature. Ac- ACKNOWLEDGEMENTS


cording to Nogueira (2019), three spe-
cies of Taeniophallus (T. affinis, T. We thank Elsie Rotenberg for the Eng-
persimilis, and T. bilineatus) occur in lish revision and considerations in the
Ubatuba. We used the identification manuscript. We also thank Arthur D.
key proposed by Di-Bernardo (1992) Abegg for the snake’s identification and
to determine the species: the snake ex- Simone Dena from Fonoteca Neotrop-
hibited a bright line over the canthus ical Jacques Vielliard for the voucher
rostralis, in a broad and diffuse form numbers.
exclusive to T. affinis (Di-Bernardo,
1992). Three species of Placosoma are
REFERENCES
present in the state of São Paulo (Za-
her et al., 2011): P. champsonotus, P.
Abdala V., Moro S. 1996. Cranial muscu-
cordylinum, and P. glabellum. Only P.
lature of South American Gekkonidae.
glabellum is found in the study area,
Journal of Morphology 229:59–70.
and has been identified in previous
work (Muscat et al., 2016). The iden-
tification was confirmed following the Balestrin R.L., Di-Bernardo M. 2005. Ophi-
diagnoses proposed by Uzzell (1959), ophagy in the colubrid snake Echinanthera
especially the brown lateral coloration occipitalis (Jan, 1863) from southern Bra-
and cream belly. zil. Salamandra 41:221–222.

Species of Taeniophallus have a great- Barbo F.E., Marques O.A.V. 2003. Do


er number of vertebrae than other aglyphous colubrid snakes prey on live
Echinantherini (Gomes, 2012). As amphisbaenids able to bite? Phyllome-
previously hypothesized by Gomes dusa 2:113–114.
(2012), this should, in theory, favor
constriction, since more vertebrae give Boback S.M., McCann K.J., Wood K.A.,
the snake more flexibility and great- McNeal P.M., Blankenship E.L., Zwem-
er ability to engage prey (Jayne, 1982; er C.F. 2015. Snake constriction rapidly
Lindell, 1994). However, there was no induces circulatory arrest in rats. Jour-
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Our record of constriction by Taenio-
phallus affinis reinforces the hypothe- Di-Bernardo M. 1992. Revalidation of
sis that a greater number of vertebrae the genus Echinanthera Cope, 1894,
may be related to the immobilization and its conceptual amplification (Ser-
strategy of the genus. pentes, Colubridae). Comunicações do
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HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

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HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

Figure 1. Taeniophallus affinis preying on Placosoma glabellum by con-


striction in Ubatuba, São Paulo, Brazil.

65
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

Predation of Rhinella granulosa (Anura: Bu-


fonidae) by the fish Oligosarcus argenteus
(Osteichthyes: Characidae)
João Eduardo V. Carvalho1*, Frederico B. Almeida1,2, Eduarda M. A. Vieira3,4, Clodo-
aldo L. Assis3,5, Patrícia Giongo1, Wagner M. S. Sampaio1

1 Instituto de Pesquisa em Fauna Neotropical, 36572-148 Viçosa, MG, Brazil.


2 Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária, Departamento de Veter-
inária, Universidade Federal de Viçosa, 36570-000 Viçosa, MG, Brazil.
3 Museu de Zoologia João Moojen, Departamento de Biologia Animal, Universi-
dade Federal de Viçosa, 36570-900 Viçosa, MG, Brazil.
4 Programa de Pós-graduação em Zoologia, Instituto de Ciências Biológicas, Uni-
versidade Federal de Minas Gerais, 31270-901 Belo Horizonte, MG, Brazil.
5 Programa de Pós-graduação em Biologia Animal, Departamento de Biologia Ani-
mal, Universidade Federal de Viçosa, 36570-900 Viçosa, MG, Brazil.

*Corresponding author. E-mail: joaoeduardo.vc@gmail.com


DOI: 10.5281/zenodo.6867816

A
nurans can be considered 2009; Toledo et al., 2007), reptiles (Ol-
potential prey for a wide di- iveira et al., 2017), amphibians (Cos-
versity of vertebrates and in- ta-Pereira et al., 2015; Toledo et al.,
vertebrates (Toledo, 2005). Even bufo- 2007), fishes (Zocca et al., 2017), and
nids, medium and large-sized anurans even arthropods (Yves et al., 2018; Sil-
which are capable of producing lethal va-Silva et al., 2013; Zina et al., 2012).
toxins in their skin, are susceptible to
predation (Toledo et al., 2007; Barbosa Fishes, especially species with gen-
et al., 2009). Amphibians of the bufonid eralist feeding habits, are potential
genus Rhinella Fitzinger, 1826 can be predators of anuran eggs and larvae
preyed upon by over 70 animal species (Semlitsch & Gibbons, 1988; Stauffer
(Oliveira et al., 2017). Rhinella granu- & Semlitsch, 1993), but there is little
losa (Spix, 1824), distributed through- information regarding predation upon
out northeast and part of southeastern adult anurans. Such events are usual-
Brazil (Narvaes & Rodrigues, 2009, ly considered opportunistic (Toledo et
Frost, 2022), is part of the diet of sev- al., 2007), and within Rhinella, there
eral groups such as birds (Mesquita, are only five records for this interaction
66
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

between the two groups (Almeida et al., We also conducted a literature search
2009; Oliveira et al., 2017; Severo-Ne- of predation events of fishes upon the
to & Sugai, 2014; Zocca et al., 2017; genus Rhinella. We searched through
Xiong, 2021). In this study, we report Google Scholar’s database, using com-
the first predation record of Rhinella binations of “Rhinella”, “Chaunus”,
granulosa by the “lambari-bocarra” “Bufo”, “fish”, “predation” and “feed-
fish, Oligosarcus argenteus Gunther, ing”. The journals Herpetologia Bra-
1864 (Characidae). sileira, Herpetological Review and
Herpetology Notes were also searched.
During a field survey on August 14th We found five records (Tab. 1), three of
2020, a specimen of Oligosarcus ar- which were previously cited in Oliveira
genteus (22 cm total length; Fig. 1C) was et al. (2017).
collected in the Casca river, part of the
Rio Doce basin in Pedra do Anta mu- Our study is the sixth record of fishes
nicipality, Minas Gerais state, south- preying upon Rhinella (Oliveira et al.,
eastern Brazil (-20.573° S, -42.633° W, 2017; Zocca et al., 2017; Xiong, 2021),
650 m a.s.l.). Oligosarcus are bentonic and the second for R. granulosa (Zocca
predators and prefer fishes and insects et al., 2017). This small number of re-
(Nunes & Hartz, 2006). After collec- ports may be explained by the difficulty
tion, the stomach contents of the fish of observing this kind of event during
were analyzed and a partially digest- field surveys since the attack occurs in
ed specimen of an adult R. granulosa aquatic environments. Also important
was found (Fig. 1A–B). The amphibian is the resistance of O. argenteus to the
was identified based on its geographi- toad’s toxin, as it remained normal in
cal location, morphological aspects ac- its physical and behavioral aspects af-
cording to Narvaes & Rodrigues (2009) ter digesting the anuran. This obser-
and comparison with R. granulosa vation increases understanding of the
specimens from nearby regions. The role played by amphibians and fishes in
specimen was deposited at Museu de the trophic web, which is important for
Zoologia João Moojen of Universidade species conservation.
Federal de Viçosa (MZUFV 20580).
The predator did not exhibit any signs REFERENCES
of intoxication from the toad’s toxin in
its physical appearance or behavior,
Almeida S.C. 2009. Rhinella ornata
nor in its internal organs when dissect-
(NCN). Predation. Herpetological Re-
ed. The toad exhibited signs of partial
view 40:210.
digestion of the skin, while its organs
had been completely digested.

67
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

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69
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

Figure 1. (A) Preserved specimen of Rhinella granulosa (MZUFV 16592), (B) par-
tially digested specimen (MZUFV 20580) consumed by Oligosarcus argenteus and
(C) predator O. argenteus. The arrow indicates the R. granulosa specimen inside
the stomach of the predator.

70
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

Table 1. Records of predation by fish on the genus Rhinella.

Prey species Predator species Reference


Rhinella ornata Hoplias malabaricus Toledo et al. (2007)
Salminus brasiliensis Almeida et al. (2009)
Rhinella scitula Rhamdia quelen Severo-Neto & Sugai (2014)
Rhinella granulosa Hoplias malabaricus Zocca et al. (2017)
Oligosarcus argenteus This study
Rhinella marina Anguilla marmorata Xiong (2021)

71
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

On the sexual behavior of Urostrophus vautieri


(Squamata: Leiosauridae): attempted forced
copulation
Andréa Coeli Gomes de Lucena Costa1,3*, Débora dos Santos Pereira1,3, Francisca Beatriz Araújo1,3,
Júlia Andrada Machado de Paiva2, Samuel C. Gomides1

1 Programa de Pós-graduação em Biodiversidade, Universidade Federal do Oeste do


Pará, 68040-255 Santarém, PA, Brazil.
2 Arboreto Consultoria e Pesquisa Ambiental, 30120-901 Belo Horizonte, MG, Brazil.
3 Authors contributed equally to this work.

*Corresponding author. E-mail: andreacoeligomes@hotmail.com


DOI: 10.5281/zenodo.6867830

T
he genus Urostrophus is com- rify the natural history of this species.
posed of two species, Urostro- Herein, we describe the first record of
phus vautieri Duméril & Bi- an attempted copulation behavior in U.
bron, 1837 and Urostrophus gallardoi vautieri.
Etheridge & Williams, 1991, both from
southern South America (Etheridge & On 02 November 2020, from 5:07 p.m.
Williams, 1991; Santos et al., 2009). to 6:04 p.m., J.A.M.P. observed an at-
Urostrophus vautieri is endemic to tempted copulation between two U.
Brazil, occurring in the Atlantic Forest vautieri on the ground, in a fragment of
(Etheridge & Williams, 1991; Pellegrino Atlantic Forest (20.261°S, 43.954°W)
et al., 1999) and Cerrado (Santos et al., near a residential area in the municipa-
2009) domains in all southern and sou- lity of Itabirito, state of Minas Gerais,
theastern states of the country (Costa et Brazil. The fragment is characterized
al., 2022). Courtship and reproductive as seasonal semideciduous forest in
behaviors have not yet been reported advanced regeneration, with trees for-
for U. vautieri, other than a report by ming a continuous canopy, presence
Hudson et al. (2019) of a female with of epiphytes (bromeliads and ferns),
seven well-developed eggs in January. a well-developed understory, and few
Understanding the factors involved in herbaceous and woody vines. A portion
reproductive behaviors can help to cla- of the fragment has suffered anthropo-
72
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

genic interference from nearby homes We observed that the pelvic girdle and
(J.A.M.P. personal observations). The hind limbs of both lizards were far
attempted copulation was recorded apart and misaligned, preventing he-
using a Samsung S9 cell phone. mipenis insertion. We did not observe
hemipenis eversion (Fig. 1D–F), sug-
During the attempted copulation the gesting that copulation did not occur.
male grasped the female’s abdominal The lizards separated after nearly an
region with his forelegs while biting her hour, were captured by hand and taken
on the back (Fig. 1A–F). Male and fe- to a safe place in the forest fragment,
male remained together during the en- to protect them from nearby domestic
tire period of observation. The female animals.
attempted to avoid copulation, shaking
her body constantly and vigorously, al- Among Leiosauridae, the behavior of
ternating with periods of immobility males biting females during copula-
(Fig. 1C–F). The female also made slow tion has been reported in captivity for
(ca. 30–40s), wavy, and crosswise mo- Enyalius catenatus (Grantsau, 1966)
vements of her tail tip. The observation and Enyalius perditus (Barreto-Lima &
lasted approximately 60 minutes. Sousa, 2006), and in the wild for Enya-
lius boulengeri (Barreto-Lima et al.,
When the female attempted to escape, 2020), Enyalius bilineatus (Novelli et
the male bit her neck and held her with al., 2015), and Enyalius leechii (Vitt et
his forelimbs. After approximately five al., 1996), suggesting that this is a wides-
minutes, the couple rolled into a venter- pread behavior in this family, especially
-to-venter position, but the female con- in Enyalius. In study of Vitt & Lacher
tinued attempting to escape, remaining (1981), biting the neck during copula-
in the supine position (Fig. 1C–F). This tion was also observed in the polychro-
“flip-over” behavior consists of the fe- tid lizard Polychrus acutirostris.
male rotating her body when resisting
copulation (Olsson, 1995), because she The attempted copulation and rejec-
is not in the fertile period, is already fer- tion by the female of Urostrophus vau-
tilized by another male, or does not ac- tieri lasted about 60 min., much longer
cept males who lose ritual combats (Jes- than reported in the literature for other
sop et al., 2009; Gogliath et al., 2010; species, between 25 to 31 seconds (Mi-
McLean et al., 2016). Females of ano- tchell, 1973; Olsson, 1995). In Enya-
ther leiosaurid species, Enyalius perdi- lius, successful copulations have been
tus Jackson, 1978, may reject mating by reported between 15–45 min., with an
aggressively biting the male on his mou- average of 24 min. (Barreto-Lima &
th (Barreto-Lima & Sousa, 2006). Sousa, 2006; Novelli et al., 2015; Bar-
73
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

reto-Lima et al., 2020). The attempted Enyalius (Barreto-Lima et al., 2020).


copulation in this study occurred in late For Urostrophus vautieri nothing was
spring, as in Enyalius (Barreto-Lima et known about its mating behavior un-
al., 2020). One pregnant female of U. til now. Additional observations in the
vautieri was reported in January (Hud- field and in captivity would help better
son et al., 2019), suggesting that the re- understand the reproductive period
productive period of the species begins of U. vautieri, the factors that lead to
in spring and extends until summer. successful or failed courtship and co-
pulation, and how this set of behavioral
Color change (darkening) during copu- repertoires may have evolved in Leio-
lation has been reported for some Leio- sauridae.
sauridae, in males of Enyalius perditus
(Barreto-Lima & Sousa, 2006) and E. ACKNOWLEDGEMENTS
bilineatus (Novelli et al., 2015), and it
may be a defensive camouflage strate- We thank the reviewer André Barreto-
gy against predators, since individuals -Lima and the editor Henrique Costa
become particularly vulnerable while for useful comments and suggestions
mating during daylight (Barreto-Lima on the manuscript, and Erik Wild for
& Sousa, 2006; Barreto-Lima et al., English review.
2020). We did not observe any color
change by either individual of U. vau-
REFERENCES
tieri, as in E. boulengeri (Barreto-Li-
ma et al., 2020). Further observations
Barreto-Lima A.F., Sousa B.M. 2006.
are needed to investigate whether the
Court and copulation behaviors of
attempted mating during early eve-
Enyalius perditus Jackson, 1978
ning was related to the absence of color
(Squamata, Leiosauridae) in captivity
change (Barreto-Lima et al., 2020) or
conditions. Revista Brasileira de Zoo-
whether such behavior does not occur
ciências 8:193–197.
in U. vautieri.

Barreto-Lima A.F., Ornellas I.S., Nó-


For the first time, the behavior of at-
brega Y.C., Silva-Soares. T. 2020. Ma-
tempted forced copulation for U. vau-
ting behaviour of Enyalius boulengeri
tieri was reported. The male bit and held
Etheridge, 1969 (Squamata, Leiosauri-
the female with the forelimbs and the
dae). Herpetology Notes 13:241–244.
female shook herself and bit the male
to disentangle from him. Reproducti-
ve behavior is still poorly investigated Costa H.C., Guedes T.B., Bérnils R.S.
in Leiosauridae, mostly reported for 2022 “2021”. Lista de répteis do Bra-
74
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

sil: padrões e tendências. Herpetologia interactions generate mutually reinfor-


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Figure 1. Forced copulation attempt in Urostrophus vautieri (Leiosauridae), in the


Atlantic Forest of Itabirito, state of Minas Gerais, southeastern Brazil. The female is
below the male, who is biting the female. (A-B) Male biting the female in her head.
(C-F) Female in supine position trying to escape the male.
76
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

A tarantula Lasiodora sp. (Araneae, Therapho-


sidae) feeding on a groundsnake Atractus pan-
tostictus (Squamata, Dipsadidae)
Paola A. Moura1, Gabriel C. Jacques2, Gabriel S. Teofilo-Guedes3, Marcos M. Souza1*

1 Laboratório de Zoologia, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do


Sul de Minas, 37576-000 Inconfidentes, MG, Brazil.
2 Laboratório de Biologia, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Minas Gerais, Rodovia Bambuí/Medeiros Km 5, 38900-000 Bambuí, MG, Brazil.
3 Programa Pós-Graduação em Geologia, Departamento de Geologia e Recursos
Naturais, Instituto de Geociências, Universidade Estadual de Campinas, 13083-970
Campinas, SP, Brazil.

*Corresponding author. E-mail: marcos.souza@ifsuldeminas.edu.br


DOI: 10.5281/zenodo.6867834

A
mong terrestrial inverte- There are over 300 records of preda-
brates, spiders are one of tion (or attempts) by spiders on snakes
the main predators of ver- around the world, 33% published in
tebrates (von May et al., 2019; Val- scientific journals (Nyffeler & Gibbons,
dez, 2020), preying on fishes (Nyffe- 2021). In Brazil, there are 10 published
ler & Pusey, 2014), anurans (Nyffeler records (Tab. 1). Here we report the first
& Altig, 2020), lizards (Bauer, 1990; occurrence of Lasiodora sp. (Araneae,
O’Shea & Kelly, 2017; Bates & Josling, Theraphosidae) feeding on Atractus
2021; Reyes-Olivares et al., 2020), pantostictus Fernandes & Puorto, 1993
snakes (Nyffeler & Gibbons, 2021), (Squamata, Dipsadidae).
birds (Brooks, 2012), and mammals
(Nyffeler & Knörnschil, 2013). This is This record was made on 25 Novem-
possible due to the ability of most spi- ber 2021, approximately 10:35 a.m.
ders to inoculate paralyzing neurotox- among cactuses in a deciduous forest
ins into their prey (Foelix, 2011; Garb & near a calcareous outcrop, in the Par-
Hayashi, 2013), and the ability of some que Estadual da Mata Seca (14.869ºS,
spiders to build strong webs to capture 44.001ºW; 450 m elevation), Minas
prey (Brooks, 2012; Nyffeler & Knorn- Gerais, Brazil. A female Lasiodora sp.
schild, 2013). (ca. 100 mm leg span) was observed
77
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

climbing up the base of an Imburana Atractus pantostictus is endemic to


tree (Commiphora leptophloeos) hold- Brazil (Costa et al., 2022), most often
ing a dead groundsnake (Atractus pan- found in Cerrado and transitional are-
tostictus; 400 mm total length) by the as to other biomes (Passos et al., 2010),
posterior portion of the body (Fig. 1). and there is no information on this
As in this case, most records of spiders species as a food source of spiders. La-
eating snakes report only the feeding siodora comprises some of the largest
process, making it impossible to de- known tarantulas (Nyffeler & Gibbons,
termine whether active predation oc- 2021). In Brazil, 23 species are known
curred or whether the predator simply for this genus (Brescovit et al., 2022),
benefited from an opportunistic situa- but there are no records of them feeding
tion (Nyffeler & Altig, 2020). However, on snakes (Nyffeler & Gibbons, 2021).
theraphosids are known to actively prey
on snakes (Nyffeler & Gibbons, 2021). Theridiidae and Theraphosidae are
the spider families best known to feed
The event occurred during the rainy on snakes (McCormick & Polis, 1982;
season, the period of greatest activity Nyffeler & Gibbons, 2021). The Ther-
of A. pantostictus (Sawaya et al., 2008; aphosidae, known as tarantulas or ca-
Tollero-Vieira et al., 2017) and Lasiodo- ranguejeiras, are mostly large-sized
ra spp. (Vieira et al., 2012; Ferreira et errant spiders, reaching up to 20 cm of
al., 2004), increasing the chance of in- leg span, hunting without webs, most-
teractions between these species. Both ly on trees and on the ground (Pérez-
specimens were photographed, collect- Miles, 2020). In Brazil, the theraphosid
ed, stored in 70% alcohol, and identi- genera Acanthoscurria, Grammostola,
fied by taxonomists. The spider could Pachistopelma, Theraphosa have been
not be identified to the species level, recorded feeding on snakes (Tab. 1).
because Lasiodora presents taxonomic Our record of a Lasiodora preying on A.
problems and requires revision (Adal- pantostictus increases to five the num-
berto J. Santos, personal information). ber of spider genera reported to feed on
The snake was deposited in the Biolog- snakes in Brazil and is also the second
ical Collection of Instituto Federal de record of Lasiodora feeding on a snake
Educação, Ciência e Tecnologia do Sul (Nyffeler & Gibbons, 2021), probably
de Minas, Campus Inconfidentes (cat- the first in natural conditions.
alog number 64466/2021). The spider
was deposited in the arachnid collec-
tion of Centro de Coleções Taxonômi-
cas, Universidade Federal de Minas
Gerais (catalog number UFMG 26186).
78
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

ACKNOWLEDGEMENTS Bates M.F., Josling N. 2021. First re-


cord of a pholcid spider (Arachnida:
We are grateful to SISBio and IEF-MG Araneae) feeding on a reptile in South
for providing the required permits and Africa. African Journal of Ecology
also to the Dry Forest State Park, in the 59:521–523. DOI:10.1111/aje.12835
persons of the Manager José Luiz Vie-
ira and collaborators, for the reception Bauer A.M. 1990. Gekkonid lizards as
and field support, and to all the students prey of invertebrates and predators of
who worked at the field. Also we thank vertebrates. Herpetological Review
the herpetologists Ana Bárbara Barros 21:83–87.
(Vale do Sapucaí University) and Die-
go Henrique Santiago (Paraná Federal Bilce T.M., Monteiro L.B., Coêlho T.A.,
Institute, Campus Umuarama), and the Souza D.C. 2021. Predation of the
spider taxonomist, Dr. Adalberto J. San- snake Drymoluber dichrous (Peters,
tos (Minas Gerais Federal University). 1863) (Serpentes: Colubridae) by the
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80
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

O’Shea M., Kelly K. 2017. Predation on (Squamata: Colubridae) by the spider


a Weasel Skink (Saproscincus mustel- Latrodectus geometricus (Araneae:
inus) (Squamata: Scincidae: Lygosom- Theridiidae) in Central Brazil. Herpe-
inae) by a Redback Spider (Latrodec- tology Notes 10:647–650.
tus hasselti) (Araneae: Araneomorpha:
Theridiidae), with a review of other La- Sawaya R.J., Marques O.A.V., Mar-
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HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

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forest. Amphibian & Reptile Conserva-
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Editor: H. C. Costa

Table 1. Records of spiders preying on snakes in Brazil.

SPIDER SNAKE SOURCE

Theraphosidae
Bothrops moojeni Hoge, Avila & Porfirio
Acanthoscurria sp.
1966 (Viperidae) (2008)
Drymoluber dichrous Barbosa et al.
Acanthoscurria sp.
(Peters, 1863) (Colubridae) (2021)
Grammostola quirogai
Erythrolamprus almadensis
Montes De Oca, D'Elía & Borges et al. (2016)
Wagler, 1824 (Dipsadidae)
Pérez-Miles, 2016
Atractus pantostictus Fer-
Lasiodora sp. nandes & Puorto, 1993 (Dipsa- This study
didae)
Pachistopelma rufonigrum Micrurus ibiboboca Merrem,
Nunes et al. (2010)
Pocock, 1901 1820 (Elapidae)
Atractus torquatus (Duméril,
Theraphosa blondi
Bibron & Duméril, 1854) Jorge et al. (2016)
(Latreille, 1804)
(Dipsadidae)
Theraphosa blondi Drymoluber dichrous
Bilci et al. (2021)
(Latreille, 1804) (Peters, 1863) (Colubridae)
Theraphosa blondi Leptodeira annulata Da Silva et al.
(Latreille, 1804) (Linnaeus, 1758) (Dipsadidae) (2019)
Theraphosa stirmi Rudloff Bothrops atrox Almeida et al.
& Weinmann, 2010 (Linnaeus, 1758) (Viperidae) (2019)
Theraphosidae unidentified Oxyrhopus sp. (Dipsadidae) Pinto et al. (2017)
Theridiidae
Latrodectus geometricus Tantilla melanocephala
Rocha et al. (2017)
(Koch, 1841) (Linnaeus, 1758) (Colubridae)

82
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

Figure 1. Lasiodora sp. (Araneae, Theraphosidae) feeding on Atractus pantostictus


(Squamata, Dipsadidae). A) Overall view; B) detail; C) Head of A. pantostictus in dor.

83
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

A clutch of Polychrus marmoratus (Linnaeus,


1758) from the Atlantic Forest of southeastern
Brazil
Jorge Antônio L. Pontes1*, Rafael Cunha Pontes2

1 Programa de Pós-Graduação em Ensino, Ambiente e Sociedade, Departamento de


Ciências, Faculdade de Formação de Professores, Universidade Estadual do Rio de
Janeiro. Rua Dr. Francisco Portela 1470, 24435-005 São Gonçalo, RJ, Brasil.
2 Departamento de Vertebrados, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de
Janeiro. Quinta da Boa Vista s/n, São Cristóvão, 20940-040 Rio de Janeiro, RJ,
Brasil.

* Corresponding author. E-mail: pontesjal@hotmail.com


DOI: 10.5281/zenodo.6867844

T
he description of life tables nest site, clutch size, egg size, incuba-
for many organisms has been tion duration, hatchling size and mass,
hampered by the unavaila- and hatchling behavior of Polychrus
bility of data on natural history, clutch marmoratus from an Atlantic Forest
size in natural conditions, and hatch- fragment in the state of Rio de Janeiro,
ling size. The Neotropical lizard Poly- Brazil.
chrus marmoratus (Linnaeus, 1758)
(Iguania, Polychrotidae) is an arbore- Serra do Mendanha is a portion of the
al species widely distributed along the Gerinó-Mendanha mountain range, in
Brazilian Atlantic Forest and Amazonia the metropolitan region of the state of
(e.g., Ribeiro-Junior, 2015; Torres-Car- Rio de Janeiro, southeastern Brazil.
vajal et al., 2017). However, available This area corresponds to a large forest
reproductive information for this spe- fragment of 3,300 ha. Annual rainfall
cies is scarce, especially in natural en- ranges from 1,200–2,000 mm, and
vironments (O’Shea, 1989; Rand, 1982; mean monthly temperatures range
Carvalho-Junior & Campello, 2008; from 18–24 °C. The rainy season oc-
Vitt et al., 2008; Arteaga et al., 2021). curs from October to March and the
Herein, we provide information on dry season from April to September.

84
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

The vegetation is composed of a matrix eraged 51.8 ± 6.2 mm and hatchling


of secondary dense ombrophilous for- mass 1.4 ± 0.1 g, R2 = 0.3414 and p =
est in different stages of regeneration, 0.128 (Fig. 3). One hatchling was eu-
anthropic areas, and banana monocul- thanized, preserved, and deposited in
tures (Pontes & Rocha, 2008; Pontes et the reptile collection of the Museu Na-
al., 2009; Pontes et al., 2015) (Fig. 1). cional, Universidade Federal do Rio de
Janeiro (voucher MNRJ 17837). The
On 21 May 2008, during a herpeto- other hatchlings were released two
faunal survey, we found a clutch of ten months after hatching, on a tree trunk
squamate eggs 63 mm below the leaf near the site where the eggs were found
litter (Fig. 2A), at the edge of a trail (Fig. 2C). As they climbed the tree, all
in a secondary ombrophilous forest juveniles used their prehensile tails as
(22°49′51.1″S, 43°30′02.2″ W ca. 180 support. They also exhibited a variety
m elevation). The eggs were ellipsoid, of movements and changes in color
light cream-colored, and hydrated. We patterns, possibly as defense. Our ob-
measured (mean length = 26.0 ± 0.7 servations improve the knowledge of
mm; mean width = 12.9 ± 0.4 mm), col- the natural history of P. marmoratus,
lected, and placed the eggs horizontally show the importance of leaf litter for
in a box with moist vermiculite, where the reproduction of this species, and
they were kept at a humidity of approx- contribute to a broader comprehension
imately 90% and temperature of 28 °C, of the reproductive habits of Neotropi-
controlled using a thermohygrometer, cal lizards.
water spray and keeping the box closed
(Fig. 2B). ACKNOWLEDGEMENTS

After 241 days of incubation, eight


We are grateful to Davor Vrcibradic for
Polychrus marmoratus hatched from
valuable comments on an earlier version
the eggs. One of the remaining eggs be-
of this manuscript. We also thank the
came desiccated, and the other failed
Critical Ecosystem Partnership Fund
to develop to term. Clutch size and egg
(CEPF) at Conservation International
size were similar to those described for
and the Conselho Nacional de Desen-
P. acutirostris and other populations
volvimento Científico e Tecnológico –
of P. marmoratus (Garda et al., 2012;
CNPq. The latter also provided research
Winck & Rocha, 2012; Arteaga et al.,
grants to C.F.D. Rocha (Processes No.
2021), although eggs from this Atlan-
304791/2010-5 and 470265/2010-8),
tic Forest clutch were larger than those
who also benefited from a grant from
from Amazonia (Vitt et al., 2008).
the “Cientistas do Nosso Estado” Pro-
Hatchling snout-vent length (SVL) av-
gram from Fundação Carlos Chagas
85
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

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HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

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Figure 1. Location map of Serra do Mendanha (red circle), in Rio de Janeiro state,
southeastern Brazil.

87
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

Figure 2. Eggs of Polychrus marmoratus (Linnaeus, 1758) on the forest floor of


Serra do Mendanha (A). Eggs placed in a box with vermiculite for incubation (B).
Hatchling P. marmoratus released at Serra do Mendanha, Rio de Janeiro state,
southeastern Brazil (C). Photos: Jorge Pontes.

88
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

Figure 3. Relationship between snout-vent length (SVL) and body mass of hatchling
Polychrus marmoratus (R2 = 0.3414, p = 0.128) from Serra do Mendanha, Rio de
Janeiro state, southeastern Brazil.

89
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

First record of predation of the leopard tree frog Bo-


ana pardalis (Anura: Hylidae) by the water snake
Erythrolamprus miliaris (Squamata: Dipsadidae)
Lucas J. A. O. S. Ferreira*, Elsie Laura Rotenberg, Edelcio Muscat, Matheus de Toledo Moroti.

Projeto Dacnis. Estrada do Rio Escuro, 4754, Sertão das Cotias, 11680-000 Ubatu-
ba, São Paulo, Brazil.

*Corresponding author. E-mail: lucasaosf@gmail.com


DOI: 10.5281/zenodo.6867850

F
eeding is one of the key com- 2017). Erythrolamphrus miliaris is
ponents in snake natural his- often found near water bodies, habitat
tory, directly influencing ac- used by many anurans during their re-
tivity periods, behavior, and habitat productive season (Sazima & Haddad,
use (Toft, 1985). Snakes can be con- 1992; Marques & Sazima, 2004).
sidered the main predators of anurans,
which are an important food source for On 5 October 2020, during routine fau-
the group (Vitt, 1983; Vitt & Vangilder, na monitoring at 19:53 h, we observed
1983; Sazima & Haddad, 1992; Strüss- a predation event on a small, muddy
mann & Sazima, 1993; Toledo et al., streambank located in a study area of
2007). Factors such as the gregarious the NGO Projeto Dacnis (22º53′44,7″
behavior of anurans during reproduc- S, 45º56′29,4″ W), in the sub-district
tive periods (greater food availability of São Francisco Xavier, municipality of
for their predators) may be responsible São José dos Campos, state of São Pau-
for this (Wells, 2007). lo, Brazil. The snake had already begun
ingesting its prey, an adult leopard tree
The water snake Erythrolamphrus frog Boana pardalis (Spix, 1824), by
miliaris (Linnaeus, 1758) is a general- the head (Fig. 1A–1B). The anuran was
ist feeder. Prey recorded for it include moving its hind legs, and inflating its
small mammals, reptiles, and fish, but body to try to escape the snake’s grasp,
overwhelmingly amphibians, mostly but its efforts were unsuccessful. From
Hylidae, which comprise 77% of list- the time we arrived, the snake com-
ed prey (van den Burg, 2020). There pletely ingested the frog in 10 minutes
are also reports of necrophagy (Sazi- (Fig. 1C–D).
ma & Strüssmann, 1990; Gomes et al.,
90
HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

This event includes another novelty: it 2007). Conversely, predators may also
is the first report of the defense mech- have evolved to suppress antipreda-
anism of body inflation in B. pardalis. tion mechanisms, generating cycles
The mechanism’s purpose is to enlarge in which one evolves to overcome the
the body, making capture and/or inges- other’s adaptation (Brodie & Brodie,
tion by a predator more difficult (Tole- 1999a,b; Geffeney et al., 2002; Toledo
do et al., 2007; Caro, 2014). Six types et al., 2007). Therefore, the mainte-
of defense mechanisms have been re- nance of a specific defensive behavior
ported for Hylidae (Alves et. al., 2018), theoretically depends on its contribu-
but puffing up the body (sensu Toledo tion to the species’ survival (Greene,
et al., 2011) in the leopard tree frog had 1988). Likewise, a successful predation
not been recorded until now. strategy means that the predator over-
came its prey’s defensive mechanisms
Boana pardalis is considered a large (e.g., Muscat & Moroti, 2018).
anuran (Rocha-Lima et al., 2018), and
body inflation could pose a problem for Although predation events are seldom
E. miliaris. It is an aglyphous snake observed (Pombal, 2007), the number
with undifferentiated dentition (iso- of records has increased recently. For E.
donty) (Guedes et al., 2018), and does miliaris, despite the significant variety
not have elongated posterior teeth to of reported prey, its wide distribution
perforate an inflated frog’s body as does range and shortage of records suggest
Xenodon merremii (Wagler, 1824). that many prey species are as yet un-
Xenodon merremii is also aglyphous, known (van den Burg & Miguel, 2020).
but has differentiated dentition (heter- We can now include Boana pardalis on
odonty) (Amaral, 1934; Vanzolini et al., this list, highlighting the snake’s feed-
1980; Duellman & Trueb, 1994; Jor- ing success while lacking any morpho-
dão, 1996; Greene, 1997; Guedes et al., logical adaptation to counter the frog’s
2018) that facilitates puncturing inflat- inflation defense mechanism.
ed prey. Nonetheless, despite the pred-
ator/prey size ratio, inflated prey body, REFERENCES
and the lack of differentiated teeth, E.
miliaris was successful in its predation.
Alves I.A.M., Zocca C., Ferreira R.B.
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The defensive repertoire of a species
tipredação de Anfíbios Anuros na
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the constant and intense pressure ex-
Simpósio sobre a Biodiversidade da
erted by its natural predators (Greene,
Mata Atlântica – Santa Teresa/ES - 07
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HB vol. 11 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica

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Figure 1. Erythrolamprus miliaris preying on Boana pardalis. The snake began in-
gestion from the head (A and B), then the body (C), and after approximately 10 min-
utes, ingested the prey completely (D). The predation event took place in a stream
in an open area, in São Francisco Xavier, state of São Paulo, on 5 October 2020
at 19:53. Boana pardalis was calling in the same environment at night. Photos:
Matheus T. Moroti.

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Instruções
para Autores
Para informações sob preparacão e submissão de ma-
nuscritos entre em contato com os editores gerais.
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Boana crepitans (juvenil)


Belo Horizonte, MG
@ Luiz Paulino

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