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PALESTRA A CRUZEIRO
EDIÇÃO
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DE PALESTRA A CRUZEIRO
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DE PALESTRA A CRUZEIRO
BELO HORIZONTE
2022
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A P R E S E N TA Ç Ã O
Superação. Se fosse preciso escolher uma palavra
para resumir os 100 anos desse Clube, essa seria a
mais apropriada. Desde 1921, quando fomos fundados
por imigrantes italianos e defendíamos a camisa
tricolor do Palestra Itália, nossa trajetória foi marcada
pela resiliência, por conseguir superar toda sorte de
obstáculos e seguir em frente, dentro e fora de campo.
Nos corredores do Barro Preto, em décadas passadas,
alguns dirigentes cogitaram acabar com o futebol
profissional. Em épocas recentes, apostaram que o
Cruzeiro não teria como seguir em frente. Em todas
elas, o Clube azul celeste se reinventou.
No Centenário, uma realidade muito delicada estava
posta. Porém, com muito empenho de grandes
cruzeirenses, conseguimos, novamente, mudar o
rumo dessa instituição, criando a primeira Sociedade
Anônima do Futebol do Brasil. Renascemos, mais
uma vez. E um dos nossos maiores ídolos e cria da
Toca Ronado Nazário, o Fenômeno aceitou o
desafio de assumir a SAF.
É um orgulho enorme ter nascido Cruzeirense e ter
me tornado presidente do clube. Maior ainda ter
sido testemunha de tantos títulos inesquecíveis e
presenciado dezenas de craques e ídolos em campo.
Este livro nos lembra desse privilégio. Agradeço a
todos os jornalistas e profissionais que fizeram o
resgate, reunindo e contando esta linda história.
Que nossas cinco estrelas brilhem cada vez mais!
SÉRGIO SANTOS RODRIGUES
Presidente
junho2020 | dezembro2023
HOMENAGEM
De Palestra a Cruzeiro:
exposição aos cruzeirenses do futuro sobre a grandeza de um
um duplo centenário clube que nasceu dos braços e dos pés de imigrantes italianos
e de seus filhos, pessoas que atravessaram o Oceano Atlântico
O Cruzeiro acabara de se tornar bicampeão da Copa Liberta para viver uma terra prometida. Foram os operários da constru
dores, em 1997. Plínio Barreto, meu pai, foi intimado a escrever ção civil, os policiais, os motoristas e motorneiros de bonde, os
a história do clube e me fez o convite para ajudálo nessa mis artesãos dos macarrões e das padarias, que, aqui chegando, se
são. Foram mais de dois anos de entrevistas com dirigentes e transformaram na principal mão de obra da então jovem capital
exatletas; uma vasta pesquisa em arquivos de Minas Gerais e de Minas Gerais.
viagens a Gênova e a Roma, na Itália, para mostrar a realidade
dos fatos que envolviam o Cruzeiro e seu nascedouro, como So O livro “De Palestra a O torcedor do século XXI, ao se deparar com a história do Cruzei
Cruzeiro” na sua primeira
cietà Sportiva Palestra Italia. O livro “De Palestra a Cruzeiro” foi edição, em 2000, escrito ro, vai entrar no túnel do tempo e poderá comprovar que o seu
por Plínio Barreto e
lançado no ano de 2000. Luiz Otávio Tropia Barreto.
time sempre dividiu as preferências dos apaixonados pelo fute
bol, em igualdade de condições até a década de 1970, quando,
Desde então, continuamos como um papatítulos. Por isso mes O jornalista, cronista e escritor enfim, nós, palestrinos/cruzeirenses, nos tornamos a maior tor
Plínio Barreto foi o maior
mo, havia muito para se contar de uma história que nunca terá pesquisador da história do cida de Minas Gerais, bem à frente da segunda força do Estado.
um final. Veio o convite do Instituto Palestra Italia e do Cruzeiro Palestra/Cruzeiro.
LUIZ OTÁVIO TROPIA BARRETO
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MARCUS VINÍCIUS TROPIA BARRETO e LUIZ OTÁVIO TROPIA BARRETO,
filhos de Plínio Barreto.
P R E FÁ C I O
“O Palestra era a agremiação dos que arrega Ao legado deixado por Plínio Barreto e por seu
Plínio Barreto, Na adolescência, tornouse um dos primeiros
gandulas do estadinho do Barro Preto, ficando çavam as mangas nas indústrias da panificação, filho Luiz Otávio – também coautor desta nova
um patrimônio atrás da meta defendida pelos arqueiros Geraldo
Cantini e Catalano durante os treinamentos. De
nos andaimes das construções civis, nas oficinas
de calçados, nas serrarias, nas marcenarias e nas
edição, pudemos acrescentar outros detalhes,
como, por exemplo, o registro do primeiro esta
palestrino e moleque, Plínio foi a rapazote. O Palestra passou
a dividir seu coração com uma moça chamada
serralherias, na condução de carroças. Onde hou
vesse um setor cuja mão de obra – especializada
tuto do Palestra Italia, de 28 de janeiro de 1921,
que já se colocava como uma agremiação des
GUSTAVO NOLASCO
SUMÁRIO 1
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CENTENÁRIO.
1893_1920 _ 1921_1930 _ 1931_1940 _ 1941_1950 _ 1951_1960 _ 1961_1970 1971_1980 _ 1981_1990 _ 1991_2000 _ 2001_2010 _ 2011_2022
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Nasce uma cidade, um povo,
um esporte e a paixão que As primeiras partidas no Rio de Janeiro foram entre o time de Oscar Cox e outro formado
por jogadores do Rio Cricket. Cox foi, também, um dos líderes no trabalho de fundação do
iria unir todos eles Fluminense Futebol Clube, o tricolor das Laranjeiras (1902).
A última década do século XIX foi o palco de uma confluência extraordinária entre uma Belo Horizonte teria o seu Charles Muller, o seu Oscar Cox, na pessoa do desportista ca
cidade a nascer, um povo a se formar e um esporte a se importar da Europa. Desse en rioca Victor Serpa. Em 1904, ele chegou à então jovem capital mineira para ingressar na
contro, cresceu um desejo. Esse, por sua vez, gerou uma paixão, que se transformaria Escola Livre de Direito. Filho de uma família bem situada economicamente, Victor Serpa
em um dos maiores patrimônios históricos, culturais e sociais de Minas Gerais: o Cruzeiro estudara na Suíça, onde aprendera a gostar do futebol. A paixão dele pelo esporte conta
Esporte Clube. giou alguns jovens da elite de Belo Horizonte - acadêmicos, filhos de comerciantes e de
altos funcionários públicos. O resultado foi a criação do Sport Club, o primeiro time de fu
Tudo começa em 1893, quando o então presidente de Minas Gerais, Afonso Pena, encomen tebol da capital das Alterosas.
da um estudo técnico para a construção de uma nova capital para o Estado, substituindo
a cidade de Ouro Preto. Após relatórios da equipe do engenheiro Aarão Reis e votações Os treinos iniciais do Sport Club aconteceram em um campo improvisado, localizado entre
entre políticos, em 17 de dezembro daquele ano um decreto foi baixado, determinando a a Rua Sapucaí e a Estação da Central do Brasil, no Bairro da Floresta. Ali, no dia 3 de outu
localidade de Curral Del Rei como o território onde seria erguida a nova sede do governo. bro de 1904, foi realizado o primeiro jogo oficial do Sport Club.
O início das obras da nova capital de Minas Gerais provocou um fluxo de trabalhadores,
principalmente de negros ex-escravizados e de italianos. Esses últimos, vindos como imi
grantes diretamente da Europa, chegaram após passarem por outros estados do país ou Praça da Estação
por lavouras de outras cidades mineiras. Foram dos negros e dos italianos os braços que Por ela chegaram os imigrantes italianos, que se juntaram aos exescravizados, para construir Belo Horizonte.
construíram Belo Horizonte, inaugurada em 1897, de forma inacabada.
Pouco antes disso, um fato: pesquisadores citam 1894 como sendo o ano da introdução oficial
do futebol no Brasil. O responsável por esse feito foi Charles Muller, filho de pai inglês e de
mãe brasileira - natural de São Paulo, nascido no bairro do Brás, em 1874. Depois de concluir
o ensino primário, foi estudar em Southampton, na Inglaterra. Ali, ficou até 1894, onde conhe
ceu de perto a prática do futebol. Jogava como centroavante e chegou a comandar o ataque
de uma seleção do condado de Hampshire contra o então já famoso Corinthians de Londres.
De volta ao Brasil naquele mesmo ano, Charles Muller trouxe consigo duas bolas. Estava
disposto a introduzir, no Brasil, de forma oficial, a prática do foot-ball association.
Ainda de acordo com historiadores, o resultado da novidade apresentada pelo
moço do Brás surtiu efeito em 1900. Naquele ano, surgiram vários clubes pau
listas dispostos a adotar as regras futebolísticas introduzidas por Muller.
Outro registro histórico esclarece que o futebol surgiu no Rio de Janeiro, então
capital da República, no início da primeira década do século XX. O Charles Muller
carioca foi Oscar Cox. Ele também passou por uma temporada de estudos na Eu
ropa, mais precisamente na Suíça, e trouxe material esportivo para jogar futebol.
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O adversário foi um time formado por Oscar Americano. A partida terminou A febre pelo futebol havia se espalhado pela cidade.
com a vitória do Sport Club, por 2 a 1, com gols de José Mariano de Sales e Surgiram outros times no mesmo ano da morte de
Victor Serpa, contra um gol de Joaquim Brasil para os desafiantes. Arthur Haas Victor Serpa: o Estrada, o Brasil, o Yale, o Juvenil e
foi o árbitro da partida. o Viserpa, em homenagem ao introdutor do futebol
em Belo Horizonte. Todos eles tiveram vida curta (a
O novo esporte começou a fazer sucesso em Belo Horizonte, e logo surgiram não ser o Yale, que sobreviveu até 1925, no bairro
outros times. O Plínio fundado por estudantes de Direito – e o Club Athletico operário e fabril do Barro Preto). Nesse período, a
Mineiro (não o atual), formado por estudantes do Ginásio Mineiro. elite rica, a oligarquia e o alto escalão do funcionalis
mo público da nova capital também formaram seus
Os três clubes resolveram criar uma associação para organizar campeonatos. clubes em bairros mais abastados da cidade, como
Tudo isso em 1904. Os jogadores do Sport, como eram muitos, dividiram-se o de Santa Efigênia e o de Lourdes. Dessas castas,
em dois times: o Vespúcio e o Colombo. O Athletico se desmembrou também: nasceram o América e o Atlético que, anos depois,
o primeiro time ficou com o mesmo nome, e o segundo com o de Mineiro. O se fundiria ao Hygienicos.
Plínio resolveu disputar o campeonato com apenas uma equipe.
Somente em 1921 surgiria, entre operários, jogado
res, pequenos comerciantes e imigrantes italianos,
no Barro Preto, o clube mineiro de futebol que hoje
detém os mais expressivos títulos nacionais e inter
nacionais. Uma glória esportiva das Minas Gerais. Ele,
que nasceu Palestra, hoje é Cruzeiro.
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Ao lado: Cartaz e notícia de jornal relatando e incentivando a imigração italiana para o Brasil.
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Eram os Miraglia, os Costa, Savassi, Ranieri, Falci, Gaetani, Ferreti, Magnavacca, Peluso, Pe
razzo Nocchi, Spitalli, Martini, Moterani, Bossi, Lambertucci, Rossi, Tropia, Volpini, Volponi,
Lodi, Vanucci, Trota, Scalabrini, Terlizi, Mancini, Sachetto, Calicchio, Marquesotti, Marcheti,
Impronta, Marota, Purri, Baroni, Brandi, Tamieto, Grecco, Triginelli, Viola, Marteletti, Cantini,
Rizzo, Fantoni, Fantini, Pieri, Fratezzi, Riccio, Ruffolo, Piancastelli, Morandi, Ceschiatti, Gros
so, Luciola, Gallo, Pianetti, Vone, Perrella, Vanni, Pelegrini, Gasparini, Protta, Zolini, Armanelli,
Morici, Pampolini, Izoni, De Paoli, Perozzi, Abramo, Amantea, Belizario, Bagno, Boscarejo,
Chiarei, Ferri, Granida, Garimpei, Gatona, Plantei, Bonomia, Silvestrini, Saco, Taranto, Tena
glia, Prosdocimi e tantos outros ítalos natos e oriundi. Citar todos seria um nunca acabar.
Acima: Cartaz de companhia de navegação que fazia o traslado de imigrantes italianos para o Brasil.
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Até hoje, podemos sentir a contribuição dada pelo povo da península à cidade. As marcas
estão nas padarias, nas velhas construções, no comércio, na indústria e nos grandes pré
dios públicos do final do século XIX e do início do século XX. Os italianos trouxeram a de
dicação à agricultura, a exaltação da nonna e da mamma, os prazeres por uma mesa farta,
a alegria de viver, o jeito característico de falar e de discutir, sempre em bom som e repleto
de gestos com as mãos – o italiano interpreta o que fala. Eles ajudaram no surgimento de
Belo Horizonte com os braços dos operários da construção civil, com as mãos dos arte
sãos, com a inteligência dos arquitetos e com o bom gosto pela música.
Tão identificados ficaram os italianos com Belo Horizonte e, por extensão, com o Estado,
que até mesmo o hino popular Oh! Minas Gerais! originouse de uma conhecida música
napolitana composta por Aniello Califano: Vieni Sul Mare.
Praça da Liberdade em 1921 e em 2021. Construída para ser o centro do Governo de Minas
Gerais, teve seus prédios construídos pelas mãos dos imigrantes italianos.
Acima:
Casamento de Joana Chiari e Piorra
Pieri, no Barro Preto, bairro operário
de Belo Horizonte, que seria a futura
casa do Palestra/Cruzeiro.
Ao lado:
Jogadores de bocha, entre eles,
fundadores do Palestra Italia, nos
primórdios da cidade de Belo
Horizonte. Esporte muito popular
dentro da comunidade italiana que é
praticado, até os tempos atuais, no
Cruzeiro Esporte Clube.
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Em Belo Horizonte, a primeira colônia a se mobilizar para criar
um clube que a representasse foi, justamente, a italiana. Em 1907,
fundou o Americano Foot Ball Club. O acesso ao novo time não
estava restrito aos italianos os brasileiros também podiam jogar,
desde que demonstrassem habilidade com a bola. O campo do
Americano se localizava onde hoje está o Edifício JK. Sua existên
cia, porém, foi curta, desaparecendo em pouco menos de um ano.
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A presença de filhos de famílias italianas era marcante em quase todos os clu
bes de Belo Horizonte. Mas era, sobretudo, no Yale que estava a preferência da
colônia naquele instante. O campo do Yale localizava-se no Barro Preto, onde
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hoje está o Fórum Lafayette (na Avenida Augusto de Lima, então chamada de
Paraopeba). Essa região periférica, ligada aos bairros Carlos Prates e Lagoinha,
formava o principal núcleo da colônia italiana na nova capital mineira.
1904
• Chega a Belo Horizonte o carioca Victor Serpa, que havia estudado na Suíça. De família
rica, Serpa tinha aprendido a jogar futebol na Europa e era um entusiasta do esporte. Ao
lado de outros jovens da capital mineira, criou o Sport Club, primeiro time da cidade. O
Sport realizou sua primeira partida no dia 3 de outubro, em um campo improvisado no
bairro da Floresta.
1910
• Fundação do Yale, primeiro clube de origem operária da cidade. O Yale tinha em seu qua
dro vários jogadores italianos. Dele, 11 anos depois, saíram 16 atletas que fizeram parte do
primeiro plantel palestrino.
1914
É construído o estádio do Prado Mineiro, onde também funcionava o hipódromo de Belo
Horizonte.
Balsamo, Nani Lazzarotti
e Ricardoni, trio dianteiro 1916
do Yale Club em 1920,
no campo do clube,
Um grupo de jogadores de origem italiana organizou uma equipe, que foi chamada de
no Barro Preto. Nani Scratch Italiano, para disputar dois amistosos em Belo Horizonte: empate em 2 a 2 com o
se transferiria para o
Palestra Italia. Além de Villa Nova e, já em março de 1917, derrota por 2 a 1 para o América.
marcar o primeiro gol
da história do clube,
também participou da
construção do Estadinho
do Barro Preto.
1920
Apesar de os jovens da colônia italiana estarem espalhados por diversos clu
No mês de dezembro, o Consulado da Itália em Belo Horizonte apoia a criação de um
bes, fossem eles os das periferias de Belo Horizonte, como o próprio Yale, e clube para representar a colônia italiana da cidade. Alguns jogadores do Scratch Italiano
outros tantos de regiões como a da Lagoinha, e até mesmo nos das elites, que costumavam se reunir na loja da família Ranieri, na rua dos Caetés, unemse aos ir
o primeiro título do Palestra de São Paulo, em 1920, acelerou o incendiar de mãos Aurélio e Aureliano Noce. O encontro, na véspera do Natal, contou com mais de 100
uma fagulha: a colônia italiana e os operários, ou seja, a maioria do povo da participantes. Ficou acordado que uma reunião para a fundação definitiva do clube seria
capital mineira iria criar um clube para chamar de seu. realizada no dia 2 de janeiro do ano seguinte.
Escaneie este
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Società Sportiva Palestra Italia: uma
escola elevada, por nós, consagrada
A Società Sportiva Palestra Italia nasceu no dia 2 de ja
neiro de 1921, como um clube do povo. Enquanto espor
tistas ligados às tradicionais famílias mineiras se reuniam
em torno dos dois grandes rivais regionais, o Palestra foi
a agremiação daqueles que arregaçavam as mangas na
construção civil, nas indústrias da panificação, nas oficinas
de calçados, nas serrarias, no comércio de peças e na con
dução do transporte, enfim, onde qualquer mão de obra
– especializada ou não – fosse exigida. Eram os italianos
que haviam deixado a Itália para construir a nova Capital
de Minas Gerais, Belo Horizonte, e seus descendentes.
No dia 28 de janeiro de 1921, foi dada a entrada do
estatuto do Palestra no Cartório de Registro Civil de
Pessoas Jurídicas de Belo Horizonte. Ele já anuncia
va a chegada de um clube do povo: a agremiação
se destinava ao “cultivo do espírito associativo entre
italianos, brasileiros e outras nacionalidades”, referin
dose às atividades físicas e ao futebol. Ao contrá
rio de outros clubes da elite belohorizontina, o time
fundado por imigrantes italianos nascia para ser de
todas e de todos.
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Com apenas um ano de vida, o Palestra já tinha o seu hino, composto em
maio de 1922 por Arrigo Buzzachi e por Tolentino Miraglia. A letra mostrava
o espírito olímpico do novo clube:
No campo da luta/ entramos contentes/
Escaneie para
sentindo frementes/as almas vibrar/ escutar uma
e deste entusiasmo/ nos nasce a pujança/ versão do hino. >>
na firme esperança/de sempre ganhar/
REFRÃO
Que seja o Palestra/escola elevada por nós consagrada/
À força e ao valar (bis)
Saindo do campo da nossa vitória/sabemos a glória no peito guardar/
Não vá nosso orgulho ferir, quem contente conosco valente soubera jogar
REFRÃO
Que seja o Palestra escola elevada por nós consagrada à força e ao valor (bis)
Porque se de fato na luta renhida tão bela partida soubermos ganhar/
Não temos conosco razão que nos há de cortar a amizade e os ódios gerar.
(refrão com bis)
E se, porventura, na luta perdermos é justo sabermos sorrindo calar/
Fazendo desporto não temos em mira nem ódio, nem ira/
Mas sim prosperar
(Refrão com bis)
E sejam as iras no peito guardadas, tremendas, sagradas se a pátria chamar/
E com a pujança do força educada, a pátria adorada saibamos honrar.
No mesmo ano, o clube já tinha comprado, da Prefeitura, um quarteirão in
teiro, por cerca de 50 mil réis. A ideia era erguer o próprio estádio, no Barro
Preto, que ficaria pronto naquele ano mesmo, depois que outros investi
mentos totalizaram a marca de 28 mil réis.
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A presença de diversos italianos com as habilidades da construção civil e da arquitetura
marcou o sonho do estádio. Vários projetos foram doados por associados do clube, mas
os recursos escassos definiram por uma construção um pouco mais modesta - o que não
apagou a sua beleza e importância.
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Nesses primeiros anos de existência do Palestra Itália, além de América e Atlético, o Yale No retorno a Belo Horizonte, a Liga suspendeu o Palestra por
também foi um dos seus principais rivais por diversas razões: por estarem no mesmo bair seis meses o que excluía o time tricolor do campeonato da ci
ro da cidade o Barro Preto , pela migração de jogadores para o plantel palestrino e por dade. A resposta dos dirigentes do Palestra foi imediata. Numa
terem a mesma origem operária. O Yale acabou encerrando suas atividades em 1925, mas manobra política, o clube reuniu outras equipes insatisfeitas
os dois clubes promoveram grandes embates durante quase quatro anos. com a entidade e criou uma nova Liga de futebol a Asso
ciação Mineira de Esportes Terrestres – AMET. A organização
O destaque precoce do time nascido da colônia italiana e dos operários da cidade incomo surgiu com sete times: Palestra, Minas Gerais, Avante, Olimpic,
dou os poderosos. Fato marcante no início das atividades do Palestra foi a má vontade dos Fluminense, Grêmio Ludopédio e Santa Cruz. Já a LMDT ficou
dirigentes da Liga Mineira para com o clube. Em abril de 1926, uma equipe de Caçapava, com seis clubes: América, Atlético, Sete de Setembro, Gua
interior de São Paulo, de nome Caçapavense, excursionou a Belo Horizonte e venceu amis rany, Sírio Horizontino e Calafate.
tosos contra os três grandes da capital mineira. Dirigentes do Palestra e do clube paulista
fizeram contato e acertaram jogos em Caçapava. A atitude do Palestra surpreendeu a Liga Mineira, que endure
ceu e ameaçou o Palestra de expulsão. A diretoria palestrina
O convite do clube paulista ao Palestra deixou dirigentes rivais com ciúme e, como eles não se intimidou e filiou a AMET à Confederação Brasileira de
dominavam a Liga, vetaram a viagem do Palestra, alegando que a ausência do time do Bar Desportos (CBD). Belo Horizonte passou a ter duas entidades
ro Preto iria atrasar o início do campeonato. Os palestrinos não aceitaram a interferência oficiais responsáveis pela organização de competições do fu
autoritária da Liga, e o time viajou para São Paulo. tebol. O dissídio perdurou e, em agosto de 1926, a LMTD cas
sou o registro do Palestra.
A AMET contra-atacou e organizou um calendário próprio para o ano: Torneio Início, Tor
neio da BoaImprensa e o Campeonato da Cidade. O Palestra venceria todos eles.
A base do Palestra no seu primeiro ano de multicampeão foi formada por Carvalho, Rizzo e
Pararaios; Cicarelli, Porfírio e Nininho; Piorra, Bidim, Ninão, Bengala e Armandinho.
Ao final de 1926, Belo Horizonte conheceria então dois campeões: pela AMET, o Palestra,
e pela LMDT, o Atlético. As duas competições foram tratadas como oficiais pela imprensa
da capital. A entidade máxima do futebol brasileiro – a CBD – também reconheceu as duas
equipes como campeãs daquele ano.
A situação das duas entidades oficiais dirigindo o futebol de Belo Horizonte só foi definida
em 1927. As divisões no futebol brasileiro se acirraram. A AMET recebeu a adesão de outros
clubes da capital e de cidades vizinhas. Os jogos dos seus times começaram a ganhar mais
público e interesse de cobertura da imprensa. Isso causou um furacão entre os dirigentes da
LMDT. Por ironia do destino, exatamente os grandes rivais do Palestra, que haviam articulado
para a sua expulsão em 1926, foram os mesmos a pressionarem a Liga Mineira a reintegrálo,
assim como os demais clubes da AMET. A paz foi selada, com os direitos de todos os clubes
da AMET assegurados.
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Uma das primeiras formações do Palestra Italia. O clube viria a conquistar o seu primeiro título em 1926.
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Morgantinho, Carazzo e Osti. Para treinar o time, foi
contratado Matturio Fabbi, um técnico experiente,
com passagens pelas seleções paulista e nacional.
O título foi marcado por um recorde que perdura imbatível até os dias atuais. Ninão Fanto
ni, primeiro ídolo da história do Palestra, foi o artilheiro do certame com 43 gols.
No ano seguinte, o Palestra se reforçou ainda mais. Formouse o lendário “timepoesia”.
Os Tricampeões em traje de gala. Em pé: Piorra, Ninão, Carazo, Bangala e Armandinho (ataque).
Sem perder ou empatar sequer uma partida, o time sagrouse bicampeão, aplicando um 5 Meio: Nininho, Pires, Bento. Sentados: Rizzo, Geraldo Cantini e Nereu.
a 2 sobre o Atlético.
A taça deveria ter ido para o Barro Preto de forma definitiva, mas isso não aconteceu. Ne
O esquadrão comandado por Matturio Fabbi continuou jogando com arte. O Palestra não es garam ao Palestra o que lhe era de direito. Para compensar tamanho recalque dos rivais,
banjava somente categoria. Era também um time vigoroso. No campeonato de 1930, foi der um sócio teve a feliz ideia de expor, na vitrine da sede do clube, a bola do último jogo da
rubando seus oponentes um a um. O título do tricampeonato também veio de forma invicta. campanha de 1929, com o placar assinalado: Palestra 5 x 2 Athletico. Pura poesia.
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Belo Horizonte teve, a partir da década de 1920, o Abrigo de Bondes como o
seu cartão-postal. Era o único na cidade, satisfazendo plenamente às exigên
cias do progresso que chegava. Naquela mesma década, nascia o Palestra Itália.
Situado em pleno coração da cidade, junto ao Parque Municipal e à Rua da
Bahia já então sua principal artéria, o Abrigo de Bondes era o local preferido
pela população.
Durante todo o dia e grande parte da noite, ali fervilhava a gente belohori
zontina. Eram políticos comentando os resquícios da Primeira Grande Guerra,
poetas discutindo rimas, meninas dos colégios e da Escola Normal chamando
a atenção de jovens conquistadores, esportistas procurando saber das últimas
envolvendo o Atlético, o América e, notadamente, o Palestra, o mais novo e já
o mais consagrado, partindo para um tricampeonato.
Firme em seus alicerces, o Abrigo de Bondes parecia se orgulhar de ser o tea
tro das manifestações políticas, culturais e esportivas.
O Abrigo de Bondes já não existe mais, mas justiça seja feita: não houve car
tãopostal mais sugestivo para uma cidade que vivia o seu primeiro quarto
de século.
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O clube compra, da prefeitura de Belo Horizonte, por 50 mil réis, um terreno na Avenida
Paraopeba (hoje Augusto de Lima), no Barro Preto. No dia 2 de janeiro, data do primeiro
aniversário do Palestra Itália, foi lançada a pedra fundamental de construção do estádio.
1921 Jogadores, sócios do clube e torcedores foram os responsáveis pela obra do Estadinho
• Fundação da Società Sportiva Palestra Italia, no dia 2 de janeiro. O evento oficial foi rea do Barro Preto. Antes da inauguração oficial, ele foi usado para jogos da Série B do Cam
lizado na Casa de Itália, localizada na Rua Tamoios, centro de Belo Horizonte, e teve a peonato da Cidade. Para essas partidas, não era preciso ter muros nem bilheterias. O
participação de 95 desportistas de origem italiana. Palestra não constrói um estádio só para si, mas também para todo o futebol mineiro o
Estadinho passou a ser um dos campos de disputas oficiais da Liga Mineira.
O estatuto do Palestra Itália de São Paulo, que havia sido solicitado pelos criadores do
Palestra Mineiro, foi apresentado e aprovado como o estatuto do novo clube. Traduzido
Criação do Hino do Palestra Itália, em maio, de autoria de Arrigo Buzzacchi e Tolentino
do italiano para o português, ele foi registrado no dia 28 de janeiro. Miraglia.
• A primeira diretoria do clube foi eleita no dia 23 de maio, com a seguinte formação:
No dia 12 de setembro, nasce Plínio Bossi Barreto, jornalista palestrino e cruzeirense, maior
Aurélio Noce (presidente), Tolentino Miraglia (vicepresidente), Giuseppe Perona (pri cronista esportivo de Minas Gerais e mais importante pesquisador da história do Cruzeiro.
meiro-secretário), J. B. Zolini (segundo-secretário), Hamleto Magnavacca (tesourei
ro), Aristóteles Lodi (segundotesoureiro) e Antônio Falci (administrador). Fizeram
Pela primeira vez na história do Campeonato da Cidade, um time provoca a disputa de
parte da primeira comissão de esportes do clube João Ranieri, Domingos Spagnuolo uma partida final de desempate. Era o Palestra Itália. O jogo, que aconteceu no dia 5 de
e Antônio Pace. novembro, terminou em 2 a 1 para o América. Time mais novo da cidade, o Palestra ficou
com o vicecampeonato estadual.
• Primeiro jogo da história do Palestra Itália, no dia 3 de abril. Vitória por 2 a 0 sobre um
combinado do Villa Nova e do Palmeiras, no estádio Prado Mineiro. Nani (João Lazzarotti)
fez os dois primeiros gols do clube. O time jogou na formação WM, a mais usada na épo
ca, e teve a seguinte escalação: Nullo, Polenta e Ciccio; Checchino, Américo e Bassi; Lino,
1923
Inauguração do Estadinho do Barro Preto. O primeiro jogo do novo palco palestrino foi
Spartaco, Nani, Henriqueto e Armandinho.
um pomposo amistoso contra o Flamengo, então bicampeão do Rio de Janeiro. O jogo
terminou empatado por 3 a 3. O time carioca ficou com a Taça XX de Setembro, por ser
No dia 17 de abril, também no Prado Mineiro, acontece o primeiro clássico contra o Atléti
visitante (20 de setembro é o dia nacional da Itália). Nenhuma autoridade compareceu
co o Palestra venceu por 3 a 0, com dois gols de Atílio e um de Nani. O clube conquistou
à inauguração do estádio havia grande tensão entre imigrantes italianos e o governo
o primeiro prêmio de sua história: a Medalha de Ouro da Associação Mineira de Cronistas
brasileiro, devido à organização de greves e de sindicatos.
Desportivos (AMCD).
• Vitória palestrina sobre o Morro Velho, time formado por ingleses que trabalhavam na
mina de Nova Lima, por 2 a 0, em 29 de maio. Mesmo sem disputar campeonatos oficiais, 1924
a equipe do Morro Velho era considerada a mais forte de Minas Gerais. Tinha esse respei
O Campeonato da Cidade foi esvaziado. Devido às exigências da Liga Mineira, Atlético,
to por ser formada, em sua totalidade, por jogadores que já haviam atuado em clubes da Guarany, Progresso, Sport Calafate, Lusitano, Ipanema e Cristóvão Colombo não dispu
Inglaterra (que na época tinha o melhor futebol do mundo). Até então, a GrãBretanha taram a competição. Com isso, o certame contou apenas com Palestra Itália, América,
havia conquistado três medalhas de ouro em cinco edições dos Jogos Olímpicos (que Yale, Sete de Setembro e Palmeiras. O título ficou com o América. O Palestra sagrou-se
tiveram o futebol dentre as modalidades disputadas). Nas Olimpíadas, a Inglaterra com vicecampeão.
pete como Grã-Bretanha, ao lado de Escócia, do País de Gales e da Irlanda do Norte.
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_ 1921_1930
1925
No dia 17 de junho, durante o Campeonato da Cidade, o Palestra Itália goleou o Alves No
• Mais uma vez, o Campeonato da Cidade foi esvaziado. Dois clubes importantes, Yale e gueira por 14 a 0, na maior goleada da história do clube e da competição. Ninão Fantoni
Cristóvão Colombo, foram extintos antes do início da competição. Pouco depois, o Lusi fez 10 gols, outro recorde do clube e do futebol nacional. A marca de Ninão seria igualada
tano também anunciou o fim de suas atividades. Além dessas dificuldades, a convocação em 1976, por Dadá Maravilha, em uma partida do Sport contra o Santo Amaro, pelo Cam
da Seleção Mineira fez com que o campeonato fosse parado para a disputa do Brasileiro peonato Pernambucano.
de Seleções.
• Em junho, após uma vitória por 2 a 1 sobre o Sport, de Juiz de Fora, o Palestra Itália ficou 1929
com a Taça Aurélio Noce. • A confirmação do título do campeonato do ano anterior veio no dia 6 de janeiro, com a
goleada de 6 a 1 sobre o Villa Nova e o empate por 3 a 3 do Atlético com o Alves Nogueira.
• O Palestra Itália, ao bater o Atlético por 5 a 3, ficou com a Taça XX de Setembro.
• Com 43 gols no certame de 1928, Ninão Fantoni é, até hoje, o maior artilheiro de uma só
edição do Campeonato Mineiro. Bengala, outro ídolo do clube, marcou 27 gols.
1926
No dia 2 de maio, o Palestra Itália disputa a primeira partida de sua história fora de Minas
No dia 11 de outubro, o Palestra Itália disputou sua primeira partida no Rio de Janeiro, que
Gerais: derrota por 2 a 1 para o Caçapavense, em Caçapava/SP. No dia seguinte, empa também foi seu primeiro jogo noturno. Derrota por 3 a 1 para o Vasco, em São Januário.
taria por 1 a 1 com a seleção da cidade paulista. As duas partidas foram usadas pela Liga
Mineira de Desportos Terrestres (LMDT) para suspender o clube por seis meses, já que a
No dia 17 de novembro, o Palestra Itália goleia o Atlético por 5 a 2 e conquista o bicampeonato.
viagem ao interior paulista não foi autorizada.
• No dia 24 de novembro, o Palestra Itália vence o Sete de Setembro por 5 a 0, confirman
• O Palestra Itália e outros seis clubes fundaram a Associação Mineira de Esportes Ter do a conquista de forma invicta. A campanha teve momentos marcantes e um festival de
restres (AMET) e realizam diversos campeonatos - entre eles o Campeonato da Cidade. gols, como os 12 a 0 sobre o Alves Nogueira no turno e os 11 a 0 no returno; os 10 a 2 sobre
O Palestra venceu a competição de forma invicta. É o primeiro título de Campeonato o Santa Cruz; os 8 a 0 sobre o Palmeiras e os 8 a 1 sobre o Guarany.
Mineiro do clube.
1930
1927
No dia 10 de agosto, o Palestra vence o Sete de Setembro, por 8 a 0, e conquista o tri
Em maio, o Palestra é convidado a se reintegrar aos quadros da LMDT e tem todos os seus campeonato.
feitos de 1926 reconhecidos. A Liga reconheceu o esforço do Palestra na organização de
outra liga e de outro campeonato. • A segunda conquista consecutiva de forma invicta foi confirmada no dia 31 de agosto,
com a vitória por 2 a 0 sobre o América. Mais uma vez, várias e implacáveis goleadas fo
• O Palestra Itália contratou seu primeiro jogador: o meio-campista Osti, que pertencia ao ram aplicadas durante toda a competição. As vítimas foram o Palmeiras (11 a 0 no turno e
Palestra Itália de São Paulo, hoje Palmeiras. 12 a 0 no returno), o Sete de Setembro (8 a 0), o Guarany (8 a 0) e o Sport Calafate (6 a 0).
1928
• O Palestra traz outros três jogadores do seu homônimo de São Paulo: Morganti, Morgan
tinho e o espanhol Carazzo.
Matturio Fabbi foi contratado como primeiro treinador do Palestra Itália. Até então, as
escalações da equipe eram decididas por uma comissão formada pelo capitão do time e
pela diretoria do clube.
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1931 _ 1940
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_ 1931_1940
1 9 3 1 - 1 9 4 0
Da “fila” à glória: a academia
palestrina das superações
Superar dificuldades sempre esteve no espírito dos imigrantes, dos
operários, do Palestra e se manteria, mais à frente, no do Cruzeiro.
O período de 1931 a 1940 foi um desses longos calvários, para que,
transposto, levasse à merecida glória.
A idade avançada de alguns atletas, a debandada dos ídolos para
outros clubes do além montanhas de Minas Gerais e a chegada
em 1933 - do profissionalismo ao futebol brasileiro, com seus altos
custos, provocaram o desmonte da máquina palestrina, tricampeã
de 1928, de 1929 e de 1930.
Os primos Otávio Fantoni, o Nininho, e João Fantoni, o Ninão, fo
ram as primeiras baixas. Gênios da bola e ídolos da torcida pales
trina, eles foram os primeiros atletas nascidos no Brasil a serem
cooptados pelas liras italianas. Logo no início de 1931, saíram da
Academia do Barro Preto para jogar na Lazio, clube de Roma. Em
MELANCOLIA
conversa com Plínio Barreto, o próprio Ninão relatou como se deu Na tarde de Quintafeira Santa a cidade [...] A cada instante, mais gente. Parecia até
a considerada primeira transação internacional de um clube do despediuse de Nininho, o melhor embarque do próprio Palestra.
futebol brasileiro: jogador brasileiro de sua posição. Nininho! Nininho! Nininho!
Quinta-feira Santa. Quasi seis horas da tarde.
[...] Nininho! Os jogos da victória em que
Os torcedores do Palestra encheram a Esta
ele nos deslumbrou. Os dias em que subiu
“No final de 1930, um Italiano de origem portuguesa, Raul Cam ção Central. Principalmente as torcedoras [...]
Escaneie para de campo nos braços dos torcedores. Os
pos, assistiu a alguns jogos do Palestra e gostou do futebol do A resposta que a moça de vestido vermelho
saber mais sobre domingos em que o povo, dividido pela ri
os Fantoni. >> Nininho e do meu. Como nós éramos filhos de italianos, a entra deu ao namorado que a proibhiu ante-hon
validade, aplaudiu e temeu a energia mara
da no futebol de lá não seria difícil. Ele nos procurou e foi logo tem de ir à Estação Central foi esta: Nem que
vilhosa de Nininho.
perguntando se nós aceitaríamos uma proposta para ir jogar na você pedisse hoje em casamento.
Itália. Fiquei assustado e respondi que dependia do financeiro. A Palmas. Hurras. Vivas. Nininho e Ninão, os
A Estação da Central enchendo-se. O dr. Lo
dois cracks do Palestra, agradecem o último
princípio, desconfiei. A conversa do homem era de que ele era re renzo Nicolai, o nosso grande amigo Antônio
alvoroço da grande torcida de seu club. E o
presentante do filho do ditador Benito Mussolini e que, também, Falci, Antônio Scarpelli [...] A princípio eram
sorriso de cada um deles é um sorriso força
era dirigente da Lazio. Eu e Nininho discutimos muito e fizemos realmente os sócios do Palestra que rodea
do, o sorriso que todos usam para esconder
nossas exigências. Três meses depois, no início de 1931, já estáva vam Nininho na Estação. Mas os athleticanos
os nossos pesares principaes.
mos desembarcando no porto de Gênova com mulher e filhos”. foram chegando. Os americanos. Jogadores
e torcedores de todos os nossos clubs, gran O trem de bitola larga corria levando parte
des e pequenos. das glórias do Palestra.
Ao lado:
Time da Lazio já com os expalestrinos Ninão (segundo em pé) e Nininho (terceiro ajoelhado). (Trecho, em grafia original, de reportagem do Jornal Diário da Tarde, de 4 de abril de 1931).
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_ 1931_1940
Ninão foi o maior artilheiro da história do Palestra, mantendo um re
corde difícil de ser igualado. No campeonato mineiro de 1928, marcou
43 gols. Em 127 jogos com a camisa verde, venceu os goleiros 160 ve
zes média 1,2 gols a cada partida. Na passagem pelo futebol italiano,
em cinco temporadas, marcou 39 gols.
Nininho, considerado o primeiro grande craque da história do futebol
mineiro, já não teve a sorte de voltar a Belo Horizonte. No auge de sua
carreira, teve um fim trágico na Itália. Assim conta Plínio Barreto:
No Brasil, o desmonte do time tricampeão continuava. Os com
panheiros de Nininho no meio-campo também se foram: Bento
faleceu e Pires voltou para a sua cidade, Nova Lima. O espanhol
Carazo e Armandinho também deixaram o time do Barro Preto. A
dupla de zaga, Nereu e Rizzo, se aposentou. O lendário treinador
Matturio Fabbi, o Cappuccino Rosso, também trocou o Palestra
Ninão, Niginho e Nininho durante suas passagens
para treinar os aspirantes da Lazio. pela Lazio, na Itália. Os dois primeiros retornaram
ao Palestra Italia.
Alguns remanescentes ainda seguraram o pavilhão palestrino, como o goleiro Geraldo Can
tini e o atacante Piorra, até que se tentasse a montagem de um novo time titular. Mas um
deles foi o símbolo maior da resistência nos anos difíceis vindouros: Ítalo Fratezzi, o Bengala.
Não é exagero dizer que, durante dez anos, o Palestra se aguentou esportivamente graças
à liderança, à experiência, ao comando e ao amor de Bengala pelo clube. Titular absoluto do
primeiro tricampeonato, ele ficou. Acabou por dedicar uma vida inteira ao Palestra/Cruzeiro.
Novamente, é Plínio Barreto quem nos apresenta mais um gênio do Barro Preto:
“Ítalo Fratezzi, conhecido como Bengala, foi uma legenda do Palestra nos primeiros
vinte anos do clube, peça essencial no tricampeonato de 1928-29-30. Antes de vestir
a camisa verde, brincava na ponta-esquerda do Yale. Com a formação do time, a Ben
gala bastou atravessar a rua Ouro Preto, já que o campo do Yale ficava ao lado. No
estadinho cercado por eucaliptos, o jovem canhoto foi aprimorando as qualidades na
meia-esquerda. Com Alcides, formou a ala esquerda do Palestra, famosa na década de
1930. A dupla ganhou o apelido de ‘a ala do amor e do barulho’. Do amor, pelo enten
dimento e harmonia das ações com que os dois mestres se aproximavam e se reuniam
nas tardes dos jogos contra os grandes rivais. Do barulho, quando atacavam e levavam
com eles uma trepidante algazarra da torcida palestrina. Foi titular de todas as sele
ções mineiras até 1939. Encostou as chuteiras quando surgiu no Barro Preto, vindo do
bairro Santa Efigênia, um certo atleta que jogava com os militares do quinto batalhão
da PM. Era ele, Efigênio de Freitas Baiense, o Geninho. Era o que Bengala esperava e,
para não abandonar o futebol, assumiu o comando técnico em 1940, armando uma
equipe que encantava o torcedor: Geraldo II, Caieira e Bibi; Souza, Juca e Caieirinha;
Nogueirinha, Geraldino, Niginho, Geninho e Alcides. Na época, a imprensa dizia que
o esquadrão jogava por música, compacto e regular. Foi o campeão da temporada.” Geraldo I, Souza, Chiquito, Juca, Caieira e Montovani. Carlos Alberto, Geninho, Laerte, Zezé Papatela e Alcides.
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_ 1931_1940
A caminhada espinhosa de 1931 até a glória de 1940, “A circunstância de ter eu nascido no bairro da Lagoinha fez de mim um tor
como dito, iniciouse dolorosamente com o desmon cedor do Guarany, clube conhecido como ‘alvinegro lacustre’ e, também, ‘bu
te do time tricampeão. Mas a “fila” de dez anos teve gre’. Acompanhei a carreira do então jovem Souza na época – 1932. Jogava
também outro ingrediente recorrente na história do no meio-de-campo, meia-direita. Em 1933, desapareceram os chamados times
Palestra/Cruzeiro, assim como são as superações: pequenos. Não tinham como manter os melhores valores, perdendo-os para os
trata-se das dificuldades financeiras. chamados clubes grandes. Para o Palestra e os outros grandes, bandearam-se
os jogadores do Fluminense e do Guarany.
Em 1933, surge o profissionalismo no futebol. Se hoje
esse fato soa como algo positivo, à época essa novi Souza foi para o Palestra e lá deixou de ser meia-direita. O técnico Matturio
dade fez desaparecer diversos times e colocou todos Fabbi viu nele talento para jogar na ala direita. Se deu tão bem que virou titular
em apuros. Não havia muitas formas de arrecadar absoluto até encerrar a carreira, vestindo sempre a camisa palestrina. Nunca
recursos para arcar com salários e outras despesas. deixou o clube, por lá trabalhando mais de 30 anos. Ao encostar as chuteiras,
No Palestra, clube da periferia, dos imigrantes e dos foi treinador e dirigiu o time principal várias vezes. Quando se aposentou, pas
operários, isso tornou tudo ainda mais difícil. sou a treinar o Raposão, antiga equipe de veteranos que vestia o manto tricolor
e azul e branco.”
Como montar um novo time sem dinheiro? Enquanto
os clubes da elite e da oligarquia de Belo Horizonte
eram socorridos com recursos públicos, ao Palestra
restou os préstimos da torcida, dos sócios e de imi
grantes Italianos que prosperavam em seus negó
cios. No entanto, tudo isso ainda era insuficiente para
trazer peças de reposição à altura dos tricampeões.
A solução teria que ser “caseira”. A primeira foi por
sorte: o velho comandante Matturio Fabbi retornou
de duas temporadas na Itália. Para o plantel, restou
apostar na promoção de jovens promessas do se
gundo quadro do próprio Palestra, como Orlando
Fantoni, Zezé Papatela e Alcides. Também vieram
atletas de destaque em clubes de bairros de Belo Ho
rizonte - como Souza, outra legenda. Em uma crônica
publicada no jornal O Estado de Minas, em 2010, o
jornalista Plínio Barreto homenageou o amigo:
_ 1931_1940
Em 1935, os vespertinos de Belo Horizonte trouxeram uma notícia que encheu as casas, as Mesmo tornandose ídolo do time carioca e chegando a disputar a Copa do Mundo de 1938,
fábricas e as ruas do Barro Preto de profunda alegria. Convocado para a guerra da Itália o coração de Niginho falou mais alto. No ano seguinte, anunciou o “retorno para casa”. Em
na Abissínia, região da África, Niginho resolve deixar a Lazio e retornar ao Brasil. Na sua Belo Horizonte, dos remanescentes do primeiro tricampeonato, encontrou apenas Carazo
chegada, foi questionado sobre os interesses de clubes do Rio de Janeiro e também do - que havia também regressado - e Bengala. Esse último não mais como companheiro de
Peñarol, do Uruguai, em contratálo. Anunciou estar a caminho de Belo Horizonte, pois “o ataque, mas como treinador de um time finalmente renovado e pronto para ser campeão.
Palestra era a extensão dos Fantoni”.
Plínio Barreto, palestrino fervoroso, tinha em Niginho o seu grande ídolo. Assim ele o descreveu:
Uma multidão foi receber Niginho na estação ferroviária da capital mineira. Carregado nos
braços dos torcedores, voltou para tentar ajudar a reerguer o Palestra Itália. “Foi, sem dúvida, o grande ídolo do Palestra e do Cruzeiro nos anos 1940. Antes dos 20 anos,
surgira como um fenômeno e, em 1931, seguiu para a Lazio, a exemplo do irmão e do primo.
Nesse período, Niginho foi convocado para a Seleção Brasileira, sendo o primeiro jogador de Jogou três temporadas no clube de Roma, e, em 1935, retornou ao Palestra. A saída intempes
um clube mineiro a conquistar tal feito. Um fantasma, porém, continuava a rondar o Barro Pre tiva do clube italiano traria consequências na carreira do jogador, o que não o impediria de
to: a penúria financeira. Segurar um dos maiores craques do futebol brasileiro, em contraponto brilhar novamente nos estádios brasileiros não só com a camisa tricolor do Palestra e a azul
ao assédio dos times dos grandes centros sobre ele, tornouse impraticável. Niginho já havia do Cruzeiro. Seria destaque também na Seleção Brasileira, no Palmeiras e no Vasco da Gama.
jogado por empréstimo no Palestra Itália de São Paulo e acabou negociado com o Vasco.
Niginho deixou a Lazio em represália a uma convocação para servir ao exército italiano na
Guerra da Abissínia. O jogador não aceitou a convocação por ser brasileiro nato, não reno
vou o contrato com a Lazio e deixou a Itália. Por isso mesmo, foi considerado um desertor
Niginho na Seleção Brasileira (abaixo, último à direita); na página ao lado, primeiro agachado. do exército fascista. Na época, a situação não impediu que o jogador continuasse a jogar
no Brasil, sendo contratado pelo Palestra em 1936. No ano seguinte, o Palestra de São Pau
lo contratou o atacante por empréstimo para disputar as finais do campeonato paulista.
No mesmo ano, foi para o Vasco da Gama e fez parte da seleção brasileira que disputou a
Copa do Mundo de 1938. Retornou em 1939 ao Palestra em definitivo. A partir daí, durante
10 anos, foi o maior ídolo da torcida cruzeirense, quando encerrou a carreira para se tornar
treinador. Nessa função, participou do tricampeonato de 1959-60-61.”
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_ 1931_1940
1 9 3 1 _ 1 9 4 0 > FAT O S M A R C A N T E S
1931
Resultado do Concurso
Viscardi para eleger “o mais sympatico de Bello Horizonte”, publi
cado no Jornal Estado de Minas, mostra que o Palestra, com apenas dez anos de existên
cia, já tinha a segunda maior torcida da cidade, com 38% dos votos. O primeiro colocado
ficou com 44%. O América, terceiro colocado, teve apenas 10%.
Transferência de dois jogadores palestrinos para a Lazio, da Itália. Otávio Fantoni, o Nini
nho, e João Fantoni, o Ninão, foram os primeiros mineiros a jogarem fora do país.
Goleada
histórica sobre o América pelo Campeonato da Cidade: 8 a 1, com quatro gols de
Niginho. Um dia após a partida, o América abandonou a competição.
1932
• O Palestra não conquistou títulos oficiais na temporada, mas aplicou algumas goleadas
históricas, como os 7 a 2 sobre o América (15 de abril), os 8 a 1 sobre o Sete de Setem
bro (5 de junho), os 10 a 1 sobre o Grêmio (10 de julho) e os 8 a 2 sobre o Vespasiano
(16 de outubro).
No dia 29 de dezembro de 1940, foi disputada a primeira partida da decisão do campeo
nato. Belo Horizonte, literalmente, parou para acompanhar o embate entre o Palestra Itá 1933
lia e o Atlético de Belo Horizonte, local onde aconteceu o jogo. Seria o primeiro de uma • O profissionalismo passa a ser adotado no futebol brasileiro. No primeiro jogo após a
“melhor de três”. decisão, o clássico com o Atlético de Belo Horizonte terminou com a vitória do Palestra
Itália por 2 a 1. A conquista valeu ao clube a Taça Cronistas Esportivos.
Alcides abriu o placar. Niginho marcou mais dois. O gol de honra do Atlético não incomo
dou a torcida palestrina. A vitória era um prenúncio. A superação da dolorosa década sem • Com o profissionalismo, foram unificados alguns torneios tradicionais. O Campeonato da
títulos estava por vir. Cidade passou a ser denominado Campeonato Mineiro.
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_ 1931_1940
1934 1937
O Palestra montou uma equipe jovem para a disputa do Campeonato Mineiro. Os mais
• Vários amistosos interestaduais foram disputados na temporada. A Confederação Brasi
experientes do elenco eram Geraldo Cantini, Piorra e Bengala. O time era composto, em leira de Desportos (CBD) não se entendia com a Federação Mineira, o que fez com que
sua maioria, por atletas franzinos e de baixa estatura. o Campeonato Mineiro só começasse em novembro. Os adversários foram Palmeiras (à
época, Palestra Itália de São Paulo), Madureira e São Cristóvão (ambos do Rio de Janeiro).
Pela primeira vez, uma partida do futebol mineiro recebe a alcunha de “clássico”. Foi o
jogo entre Palestra e Atlético, em novembro. O time do Barro Preto venceu por 4 a 3. dificuldades financeiras extremas do Palestra fazem com que a diretoria palestrina
As
aceite negociar o craque Niginho com o Vasco. O valor arrecadado salvou a vida do clube
na temporada.
1935
• Otávio Fantoni, o Nininho, morre na Itália por septicemia, no dia 8 de fevereiro. Ele havia
sofrido um choque com um adversário durante um jogo da Lazio contra o Torino e fratu 1938
rado o nariz, 20 dias antes. Milhares de pessoas acompanharam o velório de Nininho, no • Ao longo do ano, amistosos disputados em cidades como São João del Rei, Varginha e
Cemitério de Verano, em Roma. Três Corações fazem a popularidade do Palestra Itália crescer também no interior do Es
tado de Minas Gerais.
• Volta de Niginho, após três anos na Itália. O craque havia sido convocado pelo exército
Italiano para a Guerra da Abissínia, mas desertou e retornou ao Brasil. Quando chegou,
Fim da era Matturio Fabbi no Palestra Itália. No dia 28 de agosto, no empate por 2 a 2
recebeu vários convites do futebol italiano, mas preferiu voltar para o Palestra Itália. Na com o Sete de Setembro, o técnico, que foi o primeiro contratado da história palestrina,
partida de regresso – 3 a 0 sobre o Siderúrgica , teve a oportunidade de atuar ao lado do comandou o time pela última vez em uma partida oficial. O Capuccino Rosso estava com
irmão Orlando pela primeira vez. problemas de saúde. Em fevereiro do ano seguinte, Fabbi dirigiria o Palestra na goleada
por 4 a 0 sobre o Atlético de Belo Horizonte em um amistoso.
Ninão também deixa a Lazio e volta ao Palestra. Num amistoso contra o Atlético, pela
primeira vez atua ao lado dos irmãos Niginho e Orlando.
Apesar da década sem títulos dos campeonatos da Cidade e Mineiro, o Palestra disputa a
1939
Primeira grande divisão política da história do clube. A chamada “Ala Renovadora” que
Taça Securitas, numa disputa de três jogos contra o América, e sagrase campeão.
ria nacionalizar o clube e passar a chamálo de Palestra Mineiro, como já era informal
mente chamado fora de Minas (pela existência do Palestra Paulista, hoje Palmeiras). A
justificativa era de que mais de 90% das pessoas ligadas ao clube eram brasileiras. Por
1936 outro lado, o “Conselho dos Natos”, formado por fundadores do clube, não considerava
Após uma série de desentendimentos com a Federação, o Palestra abandonou o Cam tais mudanças necessárias. Os italianos tinham mais peso na votação, mesmo com me
peonato Mineiro durante o segundo turno. Prova de que o clube estava certo é que Amé nor número de integrantes. A reforma dos estatutos, no entanto, fez com que o peso dos
rica e Villa Nova também tomaram a mesma decisão. O certame continuou apenas com votos ficasse mais equilibrado.
Atlético, Siderúrgica e Retiro.
• No dia 8 de setembro, Palestra e Vasco se enfrentam em um amistoso em Belo Horizonte.
Niginho foi convocado para a Seleção Brasileira, o que fez dele o primeiro jogador de um Niginho defendeu o time carioca. A partida terminou em 2 a 1 para os palestrinos. Dias
clube mineiro a defender as cores nacionais. Ele também foi o primeiro jogador mineiro a depois, o ídolo retornaria para o time do Barro Preto.
marcar com a camisa da Seleção.
A campanha no Campeonato Mineiro não foi boa. O Palestra terminou em quinto lugar,
Num amistoso contra o Botafogo, terminado em 3 a 3, o Palestra bate o recorde de público e entre seis times. O time que dominaria o Estado, entretanto, começava a ser montado ali,
de bilheteria do futebol mineiro, com cerca de 10 mil presentes no estadinho do Barro Preto. tendo Bengala como treinador e Niginho como líder do grupo.
• Niginho é emprestado ao Palestra Itália de São Paulo para a disputa das finais do Cam
peonato Paulista. Tornase campeão.
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_ 1893_1920
1940
O Palestra disputou amistosos contra tradicionais clubes do país, como Flamengo, Bota
fogo e Corinthians prova de que, já nesta época, era um dos maiores times brasileiros.
Substituição da tradicional camisa verde por uma com listras horizontais verdes, verme
lhas e brancas.
Geraldo Cantini e Piorra, os últimos remanescentes do primeiro tricampeonato, na dé
cada de 1920, se aposentam. Apesar da volta de Niginho e Carazo, novos candidatos a
ídolos começam a despontar: Geraldo II, Caieira, Bibi, Juca, Caieirinha, Souza, Nogueiri
nha e Alcides.
Na primeira partida da “melhor de três” da decisão do Campeonato Mineiro, em 29 de de
zembro, vitória por 3 a 1. O jogo foi anunciado como “o clássico das multidões”. No início
do ano seguinte, o Palestra confirmaria o título de 1940.
Escaneie para
saber mais sobre
Niginho. >>
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De Palestra a Cruzeiro: a resistência
palestrina de uma raposa
O período de 1941 a 1950 ficou marcado pela entrada do
Brasil na Segunda Guerra Mundial. O ingresso no conflito
ao lado dos Aliados (Inglaterra, França, Estados Unidos
e, posteriormente, União Soviética) no enfrentamento
aos países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) provocou
reflexos por todos os cantos. O país - que recebera imi
grantes vindos de todas as partes do mundo viase, en
tão, envolvido em uma guerra que acirraria o ódio e a ira
entre nacionalidades.
Do perigo de morte e de extinção à resistência por amor. Da pe
núria de títulos ao segundo tricampeonato. Das arquibancadas
de madeira ao estádio de concreto. Do periquito à raposa. Do
tricolor ao azul celeste. De Palestra a Cruzeiro. Tão magnífica
em fatos, a década vindoura ainda teve a missão de coroar a
anterior. O ano de 1941 teve início sob a expectativa das duas
partidas finais do Campeonato Mineiro de 1940, entre o Palestra
Itália e o Atlético de Belo Horizonte.
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Os palestrinos passaram o réveillon otimistas. Afinal de contas, a
vitória por 3 a 1 sobre o Atlético, no primeiro jogo da final, dispu
tado em dezembro de 1940, era o assunto mais comentado nas
macarronadas de Ano Novo.
A euforia logo se transformou em apreensão. No dia 5 de janeiro,
três dias após o aniversário do clube, o Palestra foi derrotado em
pleno estádio do Barro Preto, por 2 a 1. O resultado provocou a
disputa do terceiro jogo, em campo neutro.
Uma semana depois, o estádio da Alameda pulsava. Palestrinos,
atleticanos e amantes do futebol em geral lotaram as dependên
cias para assistir ao embate no clássico das multidões, que teria
arbitragem do carioca Mário Vianna.
No banco de reservas do Palestra estava Bengala, o ídolo que
segurou o comando do clube durante toda a “fila” da década de
1931 a 1940. Seu time entrou em campo sob aplausos. Entre os jo
Niginho, Nogueirinha e os demais jogadores do Pales
gadores, o fenômeno Niginho estava pronto para desequilibrar e
tra foram carregados pela torcida do bairro Santa Efi
se tornar protagonista em mais uma partida a lhe cacifar o apelido
gênia, onde ficava o estádio da Alameda, até a sede do
pelo qual ficou conhecido: Menino Metralha.
clube, no Barro Preto.
Alcides abriu o placar para o tricolor do Barro Preto. Festa na Ala
Um ano depois da conquista, o Palestra viuse mer
meda, coroada ainda com um segundo gol, anotado exatamente
gulhado em polêmicas internas. Boa parte de seus as
pelo Menino Metralha. O Palestra Itália era o campeão de 1940,
sociados e torcedores também estavam apreensivos
com Geraldo II, Caieira e Bibi; Souza, Juca e Caierinha; Nogueiri
por conta da Segunda Guerra Mundial. No início de
nha, Orlando, Niginho, Carazo e Alcides (depois Djardes).
1942, um decreto-lei do governo federal estabeleceu
a nacionalização dos nomes, e o Palestra trocou o Itá
A cada jogo, a imprensa da época saudava essa formação como
lia por Mineiro.
uma orquestra afinadíssima em um concerto. Não poderia ter ou
tro destino senão o de campeão estadual, naquele que seria o
Em agosto, submarinos alemães afundaram navios bra
último título na era Palestra Itália.
sileiros. Getúlio Vargas, então presidente da República,
anunciou a entrada do Brasil na guerra. Entre as medi
O ponta direita Nogueirinha era o mais novo do time. Jogador
das adotadas, estava a proibição do uso de quaisquer
aplicado e intelectualmente desenvolvido, foi o último jogador do
símbolos (idioma, cores e bandeiras) que remetessem
Palestra Itália a falecer, em 2019. Nunca foi expulso em toda a sua
à Alemanha, à Itália ou ao Japão. Essa decisão acabou
carreira. Quando criança, tinha Niginho como ídolo e sonhava em
incentivando uma onda sanguinária de xenofobia con
jogar ao seu lado um dia. Naquele dia 12 de janeiro de 1941, não só
tra imigrantes que viviam no país e não tinham absolu
jogou como foi campeão.
tamente nenhuma ligação com a guerra.
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“Aos sete dias do mês de outubro de 1942, às 20h30, em nossa sede social, à
rua Rio de Janeiro, presentes dez conselheiros, foi pelo sr. Presidente aberta
a sessão.
O presidente que propusera o nome desprezado renunciou ao cargo e
a decisão sobre a mudança ficou sob a responsabilidade do Conselho, pre
sidido por Oswaldo Pinto Coelho. Este sugeriu o nome de Cruzeiro, home
nageando a principal constelação do hemisfério sul e presente na bandeira
nacional. A sugestão foi aceita por unanimidade no Conselho Deliberativo e
Ata da reunião do Conselho Deliberativo do Palestra Mineiro
foi, assim, oficializada em ata: quando aconteceu a mudança do nome para Cruzeiro Esporte Clube.
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Coube ao então presidente, João Fantoni (o Ninão), conduzir as mu
danças que, na verdade, só se concretizaram totalmente em 1943.
Era preciso ir além do nome Cruzeiro: o escudo, as cores e o unifor
me, tricolores como a bandeira da Itália, também seriam alterados.
Para as autoridades brasileiras foi apresentada a história fantasio
sa de que o azul era a cor do céu, “onde estavam as cinco estrelas
do Cruzeiro do Sul”. No fundo, o azul representava a resistência
palestrina, o amor incondicional de uma torcida pelo time criado
por ela própria em 1921. O azul, em tom celeste, era exatamente o
mesmo da camisa da Seleção Italiana. Essa era a verdade não dita.
O escudo teria as cinco estrelas “presas” num círculo.
A primeira vitória com o novo nome foi contra o América de Belo
Horizonte: 1 a 0, gol de Ismael. O time jogou com Rui, Gerson e
Azevedo; Rizão, Juca e Caieirinha; Nogueirinha, Orlando Fantoni,
Niginho, Ismael e Zezé Papatela.
O uniforme usado continuou sendo o antigo. Montar um jogo de camisas era
caro e demandou doações de sócios e de torcedores. Somente no início de
1943, em um amistoso contra o São Cristóvão, do Rio de Janeiro, as novas
cores foram mostradas à torcida. Era uma camisa azul com gola branca e as
cinco estrelas dentro do círculo. As meias, por falta de recursos financeiros e
de tempo, ainda foram as antigas, com as cores do Palestra.
Fato natural e cíclico na história do Cruzeiro, nascido do povo e não da elite,
como é o caso dos demais grandes clubes de Minas Gerais, a falta de dinheiro
já tinha provocado o desmonte do time campeão de 1940. Quase meio qua
dro celeste se transferiu para o Botafogo. A renovação foi buscada no fute
bol de várzea de Belo Horizonte e nos times do interior do Estado. Bengala
passou a batuta para Ninão. Esse, por sua vez, tornou-se o único na história
do Palestra/Cruzeiro a desempenhar os papéis de jogador, ídolo, artilheiro,
presidente e treinador.
A campanha de 1943 foi marcada por jogos duros. O time ainda se entrosava.
América, Atlético e Siderúrgica, valente time da cidade histórica de Sabará,
eram os principais adversários. Mas o Cruzeiro tinha Niginho.
Na penúltima rodada, o Menino Metralha anotou o gol da vitória no clássico
contra o time do bairro de Lourdes. Bastava apenas um triunfo simples na úl
tima rodada para a conquista do título.
O campeonato de 1944 foi ainda mais competitivo. O Cruzeiro viveu uma troca intensa de
treinadores: Ninão, Bengala, Ari Martini, até se firmar com Chico Trindade. Mesmo assim,
chegou à penúltima rodada podendo ser campeão de forma invicta.
O jogo, novamente contra o Siderúrgica, ficou para o final de janeiro de 1945. Dessa vez,
no campo da Alameda, em Belo Horizonte. Ismael e Alcides fizeram os gols da vitória por
2 a 1. O Cruzeiro sagravase bicampeão, e a esperança por um segundo tricampeonato em
sua história passou a povoar os sonhos da torcida, o que se tornaria realidade nos meses
seguintes. Mas, antes disso, outro sonho, ainda mais épico, foi concretizado.
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O estadinho de madeira do Barro Preto já não com
portava a torcida gigante do clube. O desejo por
modernizálo precisava de dinheiro para sair do
campo da ideia. Uma nova campanha de arrecada
ção de recursos foi feita pela diretoria do Cruzeiro.
O projeto era caro. Foi criada uma espécie de pro
grama de sóciotorcedor. Foram abertas cotas de
“sócio remido”. Quem doasse mil cruzeiros para a
construção do novo estádio teria uma cota vitalícia.
Geraldo II foi um dos maiores goleiros da história do Palestra/Cruzeiro.
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Essa foi a realização de um sonho de muitos anos dos velhos palestrinos e novos cruzei
renses. Uma filosofia dominava os dirigentes: o gramado teria que ser o melhor de Belo
Horizonte, com uma drenagem perfeita. Era uma maneira de não deixar a chuva interferir
na prática do futebol rápido e rasteiro do Cruzeiro.
Os jogadores tiveram participação destacada na construção do novo estádio. Bibi e Caieiri
nha, dois craques dentro de campo, eram hábeis na marcenaria. O goleiropedreiro Geraldo
II levantava paredes. Hermetério cuidava do gramado. Com a boa vontade de todos, em ape
nas quatro meses foi possível derrubar as velhas arquibancadas de madeira do estadinho do
Barro Preto e levantar as novas dependências de cimento, além de uma praça de esportes.
No dia 1º de julho de 1945, um clássico nacional inaugurou o novo Estádio Juscelino Ku
bitschek, então prefeito de Belo Horizonte. O Cruzeiro de Niginho recebia o Botafogo de
Heleno de Freitas, considerado o maior jogador brasileiro daquela época.
O confronto levou uma multidão ao Barro Preto. Todo o espaço do estádio foi ocupado. Era
um confronto entre o melhor futebol jogado em Minas Gerais contra a sensação carioca.
O equilíbrio marcou toda a partida. O Botafogo jogou melhor no primeiro tempo, dando
trabalho para Geraldo II, Azevedo, Bituca, Adelino, Hemetério e Juvenal, mas foi o ataque
cruzeirense que levou vantagem. Niginho, na sua característica, fez 1 a 0.
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No segundo tempo, a história seria outra. O time mi
neiro voltou melhor e exigiu que o goleiro Oswaldo
se transformasse numa barreira, impedindo um pla
car maior. Mas foi a habilidade de Heleno de Freitas
que falou mais alto, e o Botafogo conseguiu o empa
te. O jogo seria considerado pela imprensa mineira
como o melhor daquele ano.
Em 1991, numa de suas crônicas em formato de documento histórico, Plínio Barreto relem
brou a partida entre Cruzeiro e Botafogo, em 1945, época da inauguração do estádio JK.
Fez isso para celebrar sua amizade com o exzagueiro Azevedo, que, por sua vez, dedicou
mais de 50 anos de sua vida ao clube fosse como jogador do período do Palestra Itália,
depois envergando a camisa azul e branca, e, por fim, como funcionário de diversos depar
tamentos administrativos do Cruzeiro.
Entre os legados deixados por Azevedo, estão dezenas de livros onde anotava as fichas
técnicas de todas as partidas do Cruzeiro, com comentários e curiosidades sobre cada uma
delas. Essa sua obra serviu de base para jornalistas, pesquisadores e escritores produzirem
diversos livros, documentários e reportagens sobre a história do clube.
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Por outro lado, o esforço financeiro para reformar o estádio pesou no futebol, e as difi
culdades econômicas falaram forte. Em busca de reformulação, a saída encontrada foi
aproveitar uma política do governo federal de incentivo ao esporte especializado. Os clu
bes que formassem equipes de vôlei, basquete, natação e ginástica ganhariam incentivo
financeiro para bancar a formação de atletas, pagar técnicos, uniformes e equipamentos.
Os anos finais da década de 1940 também foram marcados por muita turbulência por con
ta do futebol: renúncia e afastamentos de presidentes; revolta de jogadores e de técnicos
contra a diretoria. De 1945 a 1956, a torcida cruzeirense passaria pelo mais longo jejum de
títulos de toda a história do clube.
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A primeira vitória com o nome Cruzeiro foi em um clássico com o América, no dia 11 de
1 9 4 1 _ 1 9 5 0 > FAT O S M A R C A N T E S outubro. Vitória do Cruzeiro por 1 a 0, gol de Ismael. O time ainda usava o uniforme do
Palestra Mineiro.
• Mário Grosso foi eleito o primeiro presidente do Cruzeiro Esporte Clube. Sua posse acon
1941 teceu no ano seguinte.
• No dia 12 de janeiro, Palestra Itália e Atlético disputaram a terceira partida da final do
campeonato de 1940. Vitória palestrina por 2 a 0. Aquela foi a última conquista sob o
nome de Società Sportiva Palestra Italia.
1943
• Acontecem as primeiras partidas com o nome Cruzeiro Esporte Clube - registrado oficial
• Gol histórico de Niginho. Em um jogo contra o Siderúrgica, no estadinho da Praia do Ó,
mente e o novo uniforme – azul e branco em dois amistosos com o São CristóvãoRJ,
em Sabará, o Palestra venceu por 3 a 2, com três gols do craque. O terceiro foi marcado
no Barro Preto.
no último lance da partida e ficou conhecido como ‘o gol da campainha’. Isso porque uma
campainha tocava no estádio quando faltavam 30 segundos para o fim do jogo. Ao ouvir
• O time vinha sendo renovado desde o desmonte do escrete campeão de 1940. Isso se
o tilintar, Niginho pegou a bola, passou por quatro adversários e pelo goleiro do Siderúr
consolidou em 1943. Nesse período, o Cruzeiro buscou jogadores no Villa Nova (Bituca),
gica antes de concluir para as redes.
no Pedro Leopoldo (Adelino) e no BonsucessoRJ (Selado). Além deles, chegaram vários
jogadores oriundos do futebol de várzea de Belo Horizonte (Gérson dos Santos, Lazza
• Primeiro jogo contra um time nordestino na história. Empate em 0 a 0 com o Sport Recife,
rotti e Remídio), de Nova Lima (Fuinha e Ismael) e de Santa Luzia (Gabriche).
no estádio do Barro Preto, em Belo Horizonte.
Para o último jogo do campeonato contra o Siderúrgica, em Sabará um trem especial
As competições no Brasil passaram a ser disputadas com as regras da Fifa. Os jogos pas
levou a torcida do Cruzeiro até a cidade vizinha de Belo Horizonte, além de caminhões
saram de 80 para 90 minutos; deixaram de contar com árbitros de fundo e as substitui
fretados e centenas de automóveis.
ções foram extintas.
No dia 19 de dezembro, o Cruzeiro venceu o Siderúrgica por 5 a 1, em Sabará, sagrandose
campeão mineiro pela sexta vez.
1942
• Em fevereiro, o Conselho Deliberativo mudou o nome do time de Palestra Itália para
Palestra Mineiro, numa tentativa de “nacionalizar” o clube publicamente, já que o Brasil
havia rompido relações com os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) por conta da
1944
• O clube continuava com dificuldades financeiras. Por isso, a torcida criou a ‘Campanha do
Segunda Guerra Mundial.
Gol’. Cada participante doava ao clube a quantia de Cr$ 1,00 a cada gol marcado.
• Em setembro, o Brasil declara guerra aos países do Eixo. Um decreto-lei de Getúlio Var
• O Campeonato Mineiro de 1944 foi disputado em três turnos e só terminou em janeiro de
gas proíbe todas as organizações e entidades de usarem nomes ligados à Itália, à Alema
1945. Por isso, o último jogo de 1944 foi um empate com o América, em 3 a 3. As duas
nha e ao Japão.
rodadas finais seriam disputadas no ano seguinte.
• No dia 2 de outubro, de forma unilateral, o então presidente, Ennes Poni, tenta mudar o
nome do clube de Palestra Mineiro para Ipiranga. O esboço de ata, assinado por apenas
duas pessoas, foi anulado pelo Conselho Deliberativo e esse nome nunca foi oficializado. 1945
No dia 21 de janeiro, numa partida no estádio Alameda, em Belo Horizonte, na penúltima
• O dia 7 de outubro de 1942 ficaria marcado com o Dia da Resistência Palestrina. Nele, por rodada, o Cruzeiro venceu por 5 a 1 o Siderúrgica e tornouse bicampeão mineiro.
sugestão de Oswaldo Pinto Coelho, presidente do Conselho Deliberativo, o clube passou
a se chamar Cruzeiro Esporte Clube. Uma
curiosidade interessante sobre o tricampeonato: a confirmação do título veio pela
terceira vez seguida após uma vitória sobre o Siderúrgica. O jogo, disputado em Sabará,
No mesmo dia, o clube passou a ser dirigido por uma junta governativa uma espécie de con
foi vencido pelo Cruzeiro por 3 a 2 (com o terceiro gol, marcado por Ismael, saindo ape
selho gestor. Ela foi presidida por João Fantoni, o Ninão, primeiro ídolo do Palestra/Cruzeiro. nas aos 40 minutos do segundo tempo).
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º
No dia 1
de julho, após quatro meses de esforços de jogadores, dirigentes, sócios e tor O
Cruzeiro teve três presidentes no ano. Uma crise política e econômica fez com que
cedores, foi inaugurado o Estádio JK, no Barro Preto, em Belo Horizonte. O estádio tinha Mário Grosso e Fernando Tamietti renunciassem.
novos vestiários, arquibancadas, gerais, tribuna de honra, tribuna de imprensa e túnel
para os jogadores irem do vestiário para o gramado sem contato com a torcida. Alguns
jogadores também participaram da obra, como Bibi, Caieirinha, Hemetério e Geraldo II.
1948
Apesar da turbulência nos bastidores do clube, o time fez bom papel dentro de campo,
A primeira partida no novo estádio foi contra o Botafogo, de Heleno de Freitas, e termi
terminando o Campeonato Mineiro na terceira colocação, apenas três pontos atrás do
nou empatada em 1 a 1 (gols de Niginho e de Heleno).
campeão América e a dois pontos do vicecampeão Atlético de Belo Horizonte.
1946
O Cruzeiro disputou seus dois primeiros jogos internacionais no mês de janeiro, ambos no
Estádio JK. No dia 3, empatou em 2 a 2 com o Libertad, do Paraguai, e, no dia 17, venceu 1950
o Rosário Central, da Argentina, por 1 a 0. Pela
primeira vez, o Cruzeiro jogou uma partida todo vestido de branco. O uniforme
“dois” teve sua estreia em um amistoso com o Sete de Setembro, vencido pelo Cruzei
• Em julho, acontece a primeira excursão para o Nordeste, com três jogos em Salvador. Amis ro por 4 a 1, no Estádio JK. O time do “uniforme branco” jogou com Geraldo II, Duque,
tosos contra Guarani, Vitória e Bahia. Um incidente marcou o jogo com o Vitória. O presidente Bené, Adelino, Vicente, Ceci, Nonô II, Guerino, Bororó (Áureo), Paulo Florêncio e Sabu.
da Federação Baiana, Carlos Alberto Godinho, impugnou o árbitro da partida e se ofereceu O treinador era o exjogador Souza. Guerino marcou o primeiro gol do Cruzeiro com a
para apitar. O Cruzeiro se recusou e ficou no vestiário do estádio da Graça, em Salvador. A PM camisa branca.
baiana invadiu o espaço e fez o time ir para o campo à força. Após a partida, Bibi, Ismael e o
técnico Chico Trindade foram detidos e passaram a noite em uma delegacia da capital baiana. • Primeira partida no Estádio Independência, construído para a Copa do Mundo de 1950.
No dia 15 de outubro, o Cruzeiro venceu o Sete de Setembro por 2 a 0 (gols de Nonô e
Pela primeira vez na história, os jogadores deixaram de se concentrar nos dormitórios do
de Guerino).
Barro Preto e passaram a dormir em um hotel no Centro de Belo Horizonte.
• As dificuldades financeiras obrigavam o Cruzeiro a ser criativo. O clube passou a inves
tir em esportes olímpicos como vôlei, basquete e atletismo. Ainda assim, com a falta
de repasse de verbas da Loteria Mineira, a existências dessas modalidades no clube
1947 estava comprometida.
Após vários anos como protagonista do Campeonato Mineiro, o Cruzeiro fez campanha muito
ruim na temporada, terminando em quinto lugar na competição que tinha sete participantes.
Pela primeira vez na história, o Cruzeiro entrou em campo com camisas numeradas. Foi
na abertura do Campeonato Mineiro, no dia 28 de maio, na vitória por 2 a 1 sobre o Meta
O elenco tricampeão havia sofrido muitas baixas. Para compensar, o Cruzeiro fez a maior
lusina, de Barão de Cocais. O time jogou com Geraldo II, Duque, Bené, Adelino, Vicente,
contratação do futebol mineiro até então. Comprou, junto ao Villa Nova, o passe do vo
Ceci, Nonô II, Paulo Florêncio, Bororó, Guerino e Sabu.
lante Ceci, por Cr$ 45 mil.
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Houve vários projetos arquitetônicos para a construção do novo estádio do Cruzeiro, na década de 1940. Diversos
jogadores e dirigentes participaram das obras. Após sua inauguração, ele foi palco não só de jogos de futebol, mas
também de solenidades do clube, como a entrega de um barco para a equipe de remo.
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1 9 5 1 _ 1 9 6 0 As obras se iniciaram. Com a perspectiva da
inauguração de um parque esportivo onde
haveria possibilidade de se ampliar a prá
No campo de jogo, tanto as discórdias in
ternas quanto a prioridade de investimentos
nas obras patrimoniais geraram reflexos di
tica de esportes especializados e do lazer, retos. O time de futebol continuou a amar
o número de sócios crescia. Porém, não em gar desilusões. Nos três primeiros anos da
Contra tudo e contra todos, as cinco velocidade e volume suficientes para trazer década, a melhor colocação obtida foi o ter
calmaria. O reforço nos cofres era insufi ceiro lugar no Campeonato Mineiro de 1951.
estrelas se soltam por Minas Gerais ciente para cobrir os altos custos tanto da
obra quanto da razão principal do Cruzeiro Apesar dos resultados negativos e de uma
O ano de 1951 iniciou-se em clima de velório sem fim para os amantes do fu
Esporte Clube existir desde a sua fundação, “fila” que iria se mostrar ainda mais doloro
tebol. O Maracanazo, como ficou marcado o fatídico jogo no qual a Seleção
em 1921: o futebol. sa do que a vivida na década de 1930, havia
Brasileira perdeu a Copa do Mundo por 2 a 1 para o Uruguai, no Rio de Janeiro,
uma chama acesa. Assim como a turma li
ainda provocava desalento, mesmo seis meses depois.
Anos mais tarde, uma ala chegou ao dispa derada por Bengala naquele período, o time
rate de sugerir a extinção do futebol profis dos primeiros anos da década de 1950 con
Em Belo Horizonte não era diferente. O estádio Independência, construído
sional. Tal proposta foi rechaçada veemen tou com outro exjogador do Palestra Itália
exatamente para abrigar três partidas da Copa do Mundo no Brasil, marcaria
te, para a sorte do destino de Minas Gerais e para evitar o pior: o valente Souza. Coube
uma nova era no futebol das Alterosas. No entanto, o clima na capital também
do Brasil, pois poderia ter aniquilado o sur a ele montar um time modesto, mas reple
era de tristeza, pois o time querido pelo povo, o Cruzeiro, já amargava cinco
gimento de um multicampeão. to de atletas que tinham como característi
anos sem conquistar o título do Campeonato Mineiro.
ca principal jogar com a mesma paixão de
O conflito foi se amainando à medida que a monstrada pela torcida cruzeirense. Se não
conclusão da obra da sede social se aproxi figurou em academias campeãs, essa gera
mava, o que ocorreu oficialmente em 1956. O ção entrou para a galeria de outros escretes
número de sócios saltou de 200 para 2.000. dignos de reverências: aqueles dedicados à
Nos bastidores, a política do clube fervia. Por alguns anos, o embate entre duas
alas tornou tudo ainda mais difícil. As discussões iniciadas na década anterior so
bre a construção de uma sede social, no Barro Preto, adentraram 1951 reforçando
as diferenças internas. De um lado, os que defendiam a prioridade para os espor
tes especializados. De outro, o grupo fervorosamente apaixonado pelo futebol.
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superação. Nesse período, consagraramse jogadores como Pampolini, Gue
rino, Gesuíno, Paulo Florêncio, Gérson dos Santos, Nilo, Nívio, Sabu e Rai
mundinho, dentre outros. Plínio Barreto eternizou em palavras a trajetória do
seu amigo Pampolini:
Guerino Isoni é outro nome que merece destaque nos anos de 1950 no clube do Barro
Preto. Nascido no bairro, começou a jogar no juvenil estrelado. Durante treze anos,
defendeu a camisa cruzeirense, atuando no meiocampo e no ataque. Foi titular da
Seleção Mineira até se transferir para o futebol venezuelano, em 1959.
Plínio Barreto também celebrou Guerino, a quem deu a alcunha de o “Craque Galã”,
enfatizando não só sua habilidade e amor ao Cruzeiro, mas também sua desenvoltura
como exímio dançarino e amante da boemia:
O momento era de transição entre craques como Adelino, “O Pracinha”, Abelardo
“Flecha Azul” e uma nova geração. Nesse ínterim, uma lenda sagrada do Barro Pre
to, tanto do período de Palestra Itália quanto do Cruzeiro Esporte Clube, deixaria os
gramados: Geraldo II, o goleiro-pedreiro.
O início da década de 1950 foi marcada pela despedida de velhos ídolos e pela
formação de um time modesto, mas aguerrido, que muito honrou a camisa cruzeirense.
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O regulamento estabelecia que a disputa seria dada em 3 turnos distintos, com
pontos corridos e uma inusitada contagem geral da pontuação. Os campeões
dos dois primeiros turnos decidiriam uma final. O terceiro turno, denomina
do “neutro”, contou com as seis melhores equipes nos dois turnos anteriores.
A vida toda, ele se dedicou à dupla jornada entre os can Os campeões ganhariam 10 pontos por turno conquistado, pontos esses que
teiros de obra (inclusive do próprio estádio JK, em 1945) seriam levados para a final. Nesta, a cada vitória conseguida seriam somados
e o campo de jogo. Assumiu a meta na segunda metade mais 5 pontos. O empate valia 2,5 pontos.
da década de 1930 e permaneceu por lá até o início dos
anos de 1950. Deixoua pouquíssimas vezes. Foi campeão O Cruzeiro venceu o segundo turno e o neutro, que se arrastou até meados de
como Palestra Itália e tricampeão como Cruzeiro. Sempre 1955. O primeiro turno ficara com o Atlético de Belo Horizonte. Os rivais foram
alegre antes das partidas, bastava o início das pelejas para para a disputa do título, com o time do Barro Preto tendo larga vantagem e
se transformar num paredão, capaz de defesas incríveis. necessitando apenas de uma vitória e de um empate em quatro partidas.
Muitas delas perigosíssimas para sua integridade física, o
que lhe rendeu o apelido de “louco”. O grito de “campeão” estava pronto para ser ecoado por todos os cantos peri
féricos de Belo Horizonte, mas ficou preso após duas derrotas seguidas. No ter
Como se sabe, no início do século XX não havia transmis ceiro jogo, empate. Era vencer o último confronto e sair da “fila”. Não foi o que
Escaneie para
são de jogos pela TV, tampouco publicidade, internet e conhecer mais sobre aconteceu. Nova derrota e o sonho de retomar o trilho dos títulos estava adiado.
redes sociais. Caso contrário, certamente, hoje Geraldo II o goleiropedreiro
seria reconhecido como o maior goleiro do Cruzeiro por Geraldo II. >>
um período mais extenso do seu primeiro centenário.
Mesmo sem Geraldo II e com um time no máximo me
diano (mas com jogadores acima da média, como Adeli
no, Raimundinho, Guerino e Sabu), em 1954, tendo o ídolo
Niginho como treinador, o impossível esteve próximo de
acontecer. Iniciavase um novo período de superação do
Cruzeiro Esporte Clube.
O ano de 1954 marcaria a volta da Seleção Brasileira à Copa do Mundo após o (SUGESTÃO DE FOTO:
desastre da final de 1950. Os traumas e os medos ainda estavam presentes, mas, - IMAGEM DO TIME DE 1954
como é natural aos filhos dessa terra, a esperança de voltar a sorrir era maior.
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1 9É5C1A_ D1 9A6 01 9 2 1 _ 1 9 3 0
No campeonato seguinte, o desempenho foi um fiasco. O time ficou fora das
fases decisivas e penava para pagar os salários dos atletas. Porém, o “quase”
de 1954 manteve aceso o ímpeto por superar mais um longo período de di
ficuldades. Afinal de contas, infelizmente, o time já tinha até batido um triste
recorde ao completar uma sequência de dez anos sem o título mineiro.
Em meados de 1956, ainda era cedo para imaginar que o Cruzeiro se tornaria,
definitivamente, o maior amor do interior de Minas Gerais, com a Academia
Celeste de 1966. Mas já havia um desejo muito grande em assistir ao time de
perto, para além das notícias do rádio e dos jornais. O clube iniciou uma série
de amistosos por cidades das regiões Sul, Centro-Oeste, Vale do Rio Doce e
Zona da Mata. Era uma forma de conseguir recursos para manter o time e, ao
mesmo tempo, entrosálo para a disputa do Campeonato Mineiro. Deu certo.
O clima de otimismo aumentou com a inauguração da sede social. Mesmo per
dendo a final do primeiro turno, torcida e jogadores estavam obstinados pela
glória. Foi assim que entraram, em 1957, para a disputa do segundo turno do
certame do ano anterior. A conquista veio e, com ela, o direito de disputar a
grande finalíssima numa melhor de três partidas. Foi quando um velho adver
sário do Cruzeiro entrou em ação: a FMF e seus apadrinhados, os clubes das
famílias da oligarquia de Belo Horizonte.
No terceiro jogo, como prova de culpa, o time de Lourdes não esca
lou o atleta irregular. Venceu a partida, mas, no Rio de Janeiro, lon
ge da influência dos coronéis de Belo Horizonte, o Superior Tribunal
de Justiça Desportiva (STJD) arbitrou sobre o caso: houve “má fé”
por parte do Atlético, e os pontos das duas primeiras partidas de
veriam ser dados para o Cruzeiro. Isso confirmaria o título do clube
estrelado, mas a FMF não deixou seus protegidos na mão.
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Uma quarta partida decisiva foi marcada em meados de 1958, mas, aí, quem correu da dispu
ta foi o Atlético de Belo Horizonte, que se negou a comparecer ao campo de jogo. O imbró
glio se arrastou por dois anos e, somente em 1959, o Cruzeiro foi reconhecido oficialmente
pelo STJD como campeão mineiro de 1956. Porém, para beneficiar os seus protegidos, a FMF
não aceitou a decisão superior e resolveu dividir o título também com o Atlético.
Não houve grito de campeão nas arquibancadas nem no Barro Preto. No entanto, parte da
justiça foi feita a uma geração marcada por suportar as adversidades e carregar o Cruzeiro
a um novo momento histórico de superação: Genivaldo (Mussula e Rossi), Vavá, Gérson
(Nozinho), Adelino, Lazzarotti, Pireco, Chiquinho, Nilo, Pelau, Guerino e Raimundinho (Sabu
e Cabelinho). Graças a eles, a redenção estava próxima.
(SUGESTÃO DE FOTO:
Na temporada seguinte, o time deu demonstrações de que necessitava de uma reformu
lação. O avanço da idade de alguns atletas pedia a chegada de outros. Isso foi ocorrendo
gradativamente, mas não em tempo suficiente para impedir um desempenho pífio em 1957.
No ano seguinte, o time começou a ser mesclado com caras novas, garimpadas na catego
ria juvenil e no interior de Minas Gerais.
Por excesso de clubes, o campeonato de 1958 precisou de um torneio inicial eliminatório. O
Cruzeiro viveu um martírio, e só conseguiu a oitava e última vaga para a fase de disputa em
turnos após uma partida extra com o Renascença.
Fora de campo, a paz voltava a reinar entre as alas políticas divergentes do clube. Isso
também teve reflexo em campo, pois o “quase eliminado” acabou por engrenar. Como de
praxe, na primeira metade do século XX, o campeonato se estendeu para o ano seguinte.
Na última rodada do segundo turno, o Cruzeiro venceu o Atlético e, com um empate entre
América e Uberaba, classificou-se para a finalíssima contra o clube do bairro de Lourdes.
Mas, novamente, a FMF se tornou o décimo segundo jogador de clubes adversários do es
crete estrelado do povo, dessa vez acatando uma das manobras mais surreais da história
do futebol mineiro.
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América e Uberaba entraram com recurso para anu
lar o próprio jogo, sob a alegação de diferença de
tamanho nas traves. O Tribunal de Justiça mineiro
acatou o absurdo. Novo jogo foi marcado, e o Amé (SUGESTÃO DE FOTO:
rica venceu, provocando, assim, uma final do turno - IMAGEM DO TIME CAMPEÃO DE 1959, EXISTE UMA NA PÁGI
contra o Cruzeiro, tirando do time estrelado a chan NA 87 DO DE PALESTRA A CRUZEIRO, MAS TAMBÉM EXISTEM
ce de ir à final do certame de 1958. DIVERSAS OUTRAS NO ACERVO DO CRUZEIRO E DO DIRCEU
PANTERA, QUE PODE SER EXCLUSIVO
Nos bastidores, em 1959, o então presidente, Anto
nino Pontes, abriu oportunidade para a renovação
dentro do clube. Uma dupla de diretores – Felício
Brandi e Carmine Furletti surgiu para iniciar uma
fase em que o Cruzeiro Esporte Clube conquistaria
um novo tricampeonato e, mais à frente, apresenta
ria o futebol mineiro ao Brasil e ao mundo.
Coube a Felício e a Furletti comandarem um grupo
de olheiros de confiança para observar e fazer con
tatos com jogadores, tanto no futebol do interior
quanto da várzea. Era um caminho que havia dado
certo em 1940, quando o clube ainda era Palestra.
O processo de renovação do time, iniciado em 1957 e
1958, se concretizou em 1959. Para comandar o time,
um ídolo estava de volta: Niginho, contestado por
parte da diretoria, mas bancado por Felício Brandi,
então diretor de futebol. Afinal de contas, nos dois
primeiros tricampeonatos (28/29/30 e 43/44/45)
havia representantes da família Fantoni no grupo
campeão. Por que não daria certo mais uma vez?
O título de 1959 garantiu ao Cruzeiro a disputa da Taça Brasil de 1960, recen
Repleto de jogadores jovens e talentosos, o time do temente criada. Depois de passar pelo Rio Branco, do Espírito Santo, o time
Cruzeiro voava em campo. Na última rodada, disputa enfrentou o forte Fluminense e acabou desclassificado.
da já no início de 1960, uma multidão lotou o estádio
JK. Bastaria vencer o Democrata de Sete Lagoas para Esse fato não abalaria o clube. No Campeonato Mineiro de 1960, as cinco es
soltar o grito preso na garganta há mais de uma déca trelas continuavam a brilhar, soltas na camisa azul. Na última partida do ano,
da. O jovem ponteiro Hilton Oliveira abriu o placar, e o vitória por 2 a 1 sobre o Pedro Leopoldo. A torcida cruzeirense passaria o ré
craque da geração, Emerson, anotou mais dois. A vi veillon à espera das três rodadas finais, marcadas para janeiro de 1961. O grito
tória por 3 a 1 pintou Belo Horizonte de azul e branco. de bicampeão estava bem próximo de ecoar pelas montanhas de Minas Gerais.
Na década de 1950, o ídolo Niginho voltou ao clube e assumiu o posto
de treinador. Era o início de uma nova superação na história do Cruzeiro.
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1 9 5 1 _ 1 9 6 0 > FAT O S M A R C A N T E S 1955
• Conquista do terceiro turno e classificação para a final do campeonato do ano anterior.
Bastava ao clube uma vitória e um empate em quatro jogos para conquistar o título, mas
isso não aconteceu.
1951
• Mesmo com poucos investimentos e com a crise financeira que ainda tomava conta do
A saída do técnico Niginho, durante o Campeonato Mineiro, fez com que alguns treinado
clube, o Cruzeiro fez um bom Campeonato Mineiro, ficando apenas um ponto atrás do
res se oferecessem para treinar o time. Foi o caso do argentino Filpo Nuñes, que traba
campeão, Villa Nova, e do vice, Atlético.
lhou de graça, apenas para mostrar seu valor no Brasil.
O
clube investiu praticamente todos os recursos do ano na construção da sede social,
• Cruzeiro e Atlético fizeram um acordo e passaram a disputar os clássicos no estádio
que tinha como objetivo principal aumentar o número de sócios do clube. Anos depois, a
Independência.
estratégia se revelaria correta.
A campanha no Campeonato Mineiro de 1955 foi melancólica, com o Cruzeiro eliminado
do turno final.
1952
Sem condições de arcar com os salários dos jogadores, o Cruzeiro dispensou o elenco • Com a crise financeira ainda presente no clube, uma solução inusitada foi encontrada
profissional. Dessa forma, montou o time para a disputa do Campeonato Mineiro com para pagar os salários dos jogadores Nilo e Pelau. Uma sala na sede social era alugada
jogadores do time de juniores. A imprensa apelidou a equipe de “Time dos Brotos”. O para sócios jogarem baralho. O dinheiro arrecadado era suficiente para quitar os venci
desempenho do jovem time foi apenas mediano. mentos mensais dos dois.
Primeira excursão do Cruzeiro ao Sul do Brasil. No dia 15 de agosto, a Raposa empatou • Em maio, foram disputados os jogos finais do campeonato do ano anterior. A federação
com o Lavoura, em 2 a 2, em Arapongas, interior do Paraná. Dois dias depois, nova parti puniu o goleiro Chico e o tirou do jogo final, contra o Atlético. Com isso, Geraldo II, que
da, com vitória cruzeirense por 5 a 1. havia encerrado a carreira há dois anos, foi chamado às pressas para entrar em campo.
1953 1956
Uma vez mais, o time faz campanha ruim no Campeonato Mineiro, terminando na quinta
No dia 8 de abril, em um amistoso com o América, no estádio Alameda, o Cruzeiro usou
colocação entre 10 participantes. um uniforme com listras horizontais azuis e brancas, que não caiu no gosto da torcida e
acabou em desuso.
Para tentar arrecadar algum dinheiro, o time fez vários jogos no interior, o que acabou
aumentando a popularidade do Cruzeiro em toda Minas Gerais. • Em novembro, foi inaugurada a sede social do Barro Preto. Com isso, o clube passou de
200 para 2 mil sócios. As festividades contaram com a participação do então presidente
• Agravamento da crise financeira. A situação era tão precária que o Conselho Deliberativo da República, o cruzeirense Juscelino Kubitschek.
se reunia no vestiário do time de futebol. Não havia sequer uma sala para reuniões.
• O Cruzeiro foi o campeão mineiro de 1956, mas o título só foi reconhecido oficialmente
em 1959.
1954
• A crise financeira chegou ao seu ápice. Os salários dos jogadores eram tão baixos que
o clube praticamente voltava ao amadorismo. No começo do ano, os jogadores iam aos 1957
treinos motivados pela amizade com o técnico Niginho, um dos maiores ídolos do clube.
O Campeonato Mineiro de 1957 talvez tenha sido o mais surpreendente da história. Amé
rica, Democrata de Sete Lagoas e Siderúrgica foram os protagonistas, com Cruzeiro e
• Conquista do segundo turno do Campeonato Mineiro - o Cruzeiro se aproximou da final. Atlético fazendo papel de coadjuvantes. O título ficou com o América.
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• Nesta temporada, a grande novidade foi a transmissão dos jogos pela TV. A responsável 1960
foi a extinta TV Itacolomi. Os clubes não ganhavam um centavo pelas transmissões. Pelo • Em junho, Cruzeiro e Atlético reataram as relações esportivas dois anos após o rompi
contrário, a renda dos jogos ficava menor, já que muitos torcedores preferiam ver os jo mento. Para celebrar o ato, disputaram um amistoso em Brasília, recéminaugurada ca
gos de casa a ir aos estádios. pital federal. O jogo, que teve a presença do presidente Juscelino Kubitschek, terminou
empatado em 2 a 2. Foi a primeira partida do Cruzeiro no Distrito Federal.
• Primeiras partidas do Cruzeiro no Espírito Santo, onde tem grande número de torcedores.
Foram três partidas, em dezembro, contra Desportiva, Rio Branco e um combinado entre
Primeira participação do Cruzeiro em uma competição nacional. O jogo inaugural foi con
os dois times capixabas. tra o Rio Branco, do Espírito Santo, no dia 23 de agosto, no estádio JK, com vitória dos
capixabas por 1 a 0. Dois triunfos cruzeirenses no Espírito Santo garantiram a Raposa na
segunda fase do torneio, quando encarou o Fluminense. O Cruzeiro foi eliminado com um
empate no Independência e uma derrota no Rio de Janeiro.
1958
Para a disputa do Campeonato Mineiro, 16 clubes se inscreveram, número considerado
alto para a época. Com isso, a Federação organizou o Torneio Classificatório, que definiria
os oito classificados para o certame. O Cruzeiro terminou na oitava colocação, empatado
com o Renascença de forma surpreendente. Esse resultado obrigou a realização de um
jogodesempate, vencido pela Raposa por 5 a 0.
Uma reunião do Conselho Deliberativo, no dia 28 de outubro, determinou o rompimento
das relações esportivas com o Atlético, devido ao clube ter se negado a acatar a decisão
do STJD para uma partida decisiva em relação ao campeonato de 1956. Vários dirigentes
que haviam se afastado do clube nos últimos meses somaram forças, e todas as correntes
políticas do clube se uniram.
1959
O título estadual, décimo da história cruzeirense, só foi comemorado no ano seguinte, já
que a competição se estendeu até março de 1960.
A conquista do Campeonato Mineiro valeu a participação na Taça Brasil do ano seguinte.
A competição era o Campeonato Brasileiro da época.
No jogo contra o Renascença, no dia 19 de setembro, o Cruzeiro usou, pela primeira vez,
as “estrelas soltas” na camisa, sem o círculo que antes as limitava. O uniforme fez sucesso
imediato com a torcida, e a camisa é uma das mais bonitas do mundo até hoje.
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A imagem do Cruzeiro resplandece
Os anos de 1960 vieram para sacudir o Brasil e o mundo. Os jovens ocuparam Mas ainda existiam muitas esquinas para o clube dobrar antes de atingir esse status de re
as ruas, motivados pela rebeldia contra o conservadorismo sociocultural da presentante máximo de um estado perante o mundo do futebol brasileiro, principalmente
primeira metade do século XX e, também, pela luta por mais direitos e contra no eixo RJSP. A primeira delas seria se consolidar como o maior clube e de maior torcida
governos autoritários e sanguinários. dentro de Minas Gerais, o que não seria difícil, pois o clube já era adorado no seio do seu
nascedouro – as zonas periféricas de Belo Horizonte –, por uma parcela dos mais abasta
O acirramento político e bélico trazia novamente os temores da violência, da dos e, principalmente, nos quatro cantos deste estado gigantesco.
opressão e dos conflitos entre nações. O xadrez pela maior influência no mun
do, iniciado pós Segunda Guerra Mundial, entrou em uma fase de extrema ten ***
são. O Muro de Berlim, erguido em agosto de 1961 para separar a Alemanha
Oriental da Ocidental, foi o símbolo máximo da chamada Guerra Fria entre os O título mineiro de 1959 devolveu a confiança à torcida do Cruzeiro, e, principalmente, aos
Estados Unidos e a União Soviética. Ela se acirraria a partir dali, com reflexos jogadores. O time foi mantido e o desempenho do ano seguinte reforçou o clima de am
intensos no resto do mundo, inclusive no Brasil, que mergulharia – após o Gol bição por mais conquistas.
pe de 1964 – num período sombrio e longo de ditadura militar.
O prenúncio de um voo sem precedentes, simbolicamente, já vinha estampado na camisa.
Definitivamente, o período de 1961 a 1970 foi de profunda transformação e, no O azul celeste, em homenagem disfarçada às suas origens italianas, já possuía um tom mais
meio dela, o futebol se equilibrava. A recente conquista da Copa do Mundo de
forte. As estrelas no peito, antes presas numa redoma, como uma cidade em meio a um
1958, disputada na Suécia, e a devoção planetária por um meninogênio cha
belo horizonte de montanhas a lhe cercar, passaram a ser costuradas soltas na imensidão.
mado Pelé viraram os olhos do mundo para o Brasil. Mas nem todo o Brasil.
Sob esse manto sagrado, o mês de janeiro de 1961 chegou para sacramentar o novo ciclo
de conquistas do Cruzeiro.
Minas Gerais ainda era um distante e inexpressivo centro exportador de joga
dores para os clubes de São Paulo e do Rio de Janeiro. Tinha seus lampejos
Líder do campeonato do ano anterior, para conquistar o bicampeonato, o time precisava
de despontar na crônica esportiva nacional, com desempenhos medianos no
apenas manter a distância de pontos para o Siderúrgica, segundo colocado. Poderia ter
Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais. Viria a conquistar seu único títu
sido campeão contra o Sete de Setembro, mas o empate adiou a possibilidade exatamente
lo no certame de 1962, mas seus clubes não tinham qualquer força para romper
para o clássico contra o Atlético de Belo Horizonte, na penúltima rodada. O estádio Inde
as montanhas e fazer o nome do Estado brilhar no cenário nacional.
pendência estava completamente lotado a imensa torcida cruzeirense ocupava a maior
parte. Nada de gols, mas um novo empate garantiu o título antecipado.
Por tudo isso, a história escrita pelo Cruzeiro no período de 1961 a 1970 vai mui
to além de um capítulo da sua própria trajetória centenária. A era de vitórias Fogos de artifício estouraram por toda a cidade. Essa foi a primeira volta olímpica azul e
esportivas, de ampliação de patrimônios e de modernização de gestão levaria branca no estádio Independência. O gramado foi se enchendo de homens e crianças vesti
o time do povo mineiro, dos imigrantes e dos operários de Belo Horizonte a dos de azul e branco. Exaustos, jogadores como o zagueiro Procópio, o maestro Amauri de
se tornar o embaixador de Minas Gerais no futebol brasileiro e no mundial. A Castro e o ídolo Rossi foram carregados nos braços e envoltos em bandeiras do Cruzeiro.
camisa azul com cinco estrelas se tornaria referência simbólica da mineiridade. A alegria do povo vencia mais uma vez.
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As constantes vendas de passes de jogadores, com a dupla Fe
lício e Furletti, não se resumiam mais a estancar a sangria dos
Era o primeiro título do novo presidente do clube. Felício Brandi sucedeu Antonino Pontes, cofres do clube. Passou a ser uma arte digna de honrar a astúcia
de quem foi diretor de futebol. Para essa função, trouxe seu companheiro Carmine Furletti. da mascote, a raposa. Em uma de suas crônicas, Plínio Barreto re
A razão e a emoção. O diálogo e a rigidez. A astúcia e a malemolência. As gestões financei velou um episódio do qual ele próprio foi personagem: a inusitada
ra e de boleiros. A sintonia fina da maior dupla de dirigentes de toda a história do futebol tentativa do Flamengo de contratar Procópio por meio do com
brasileiro se formava ali. positor Ary Barroso, torcedor fanático do time carioca, que foi até
Belo Horizonte para se reunir com Felício Brandi.
Nesse período, o palestrinocruzeirense Plínio Barreto já não era apenas um dos maiores cro
nistas esportivos do Brasil. Ele estava diariamente no Barro Preto, assistindo a treinos e a jo Se havia astúcia para não deixar os destaques se transferirem por
gos, conversando com jogadores, estudando os métodos de cada técnico e, corriqueiramen valores baixos, o Cruzeiro também mantinha a estratégia de sem
te, acompanhando Felício e Furletti na busca por novos talentos para o futebol. Era comum pre buscar reforços para manter o padrão de jogo esse que tam
consultálo nos bastidores das negociações de idas e vindas de nomes do elenco cruzeirense. bém teve, nos anos de 1960, uma profunda transformação simbó
lica. O “Cruzeiro Duro” como era chamado o time pela imprensa
Tanto brilho do time bicampeão de 1959/1960 chamou a atenção dos grandes clubes brasi e pela torcida, devido ao seu jogo de força física aos poucos iria
leiros. Seria difícil manter alguns jogadores o clube, como sempre, equilibravase na corda migrando para o futebolarte, fato que lhe renderia a nova alcu
bamba das dificuldades financeiras. Procópio partiu para o futebol paulista. Hilton Oliveira, nha de “Academia Celeste”.
para o carioca.
O campeonato de 1961 estava se iniciando. Novos jogadores chega
ram do juvenil do próprio clube e de outras equipes do interior e da
capital como Geraldino, que o próprio Plínio Barreto chamava de
“um dos melhores laterais esquerdos já surgidos no futebol mineiro”.
O início da disputa foi confuso para o Cruzeiro. Aconteceram diver
sos tropeços que custaram, ao fim, a saída do técnico Niginho. O
diretor Carmine Furletti dirigiu o time por um bom período até ser
substituído por Geninho. A equipe engrenou e partiu para se recu
perar na tabela, ao ponto de não desistir de mais um tricampeonato.
O campeonato se arrastou para os primeiros meses de 1962, com
Cruzeiro e América rivalizando na ponta da tabela. A três rodadas do
fim, os dois se encontraram, e o time alviverde da elite venceu. Res
tava ao clube estrelado ganhar o clássico contra o Atlético de Belo
Horizonte na penúltima rodada para seguir sem novos sobressaltos:
2 a 0, com gols de uma dupla adorada pela torcida: Elmo e Orlando.
Já era abril de 1962 quando os times entraram em campo para a
última rodada do torneio do ano anterior. No estádio Independên
cia, o Cruzeiro receberia o Bela Vista, de Sete Lagoas. Com novo
show de Elmo e Orlando, o time venceu por 3 a 0. As cinco es
trelas brilhavam novamente. O terceiro tricampeonato da história
do clube estava garantido. Dessa alegria viria a semeadura para o
brotar de um gigante.
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A essa altura, os feitos extrapolavam as quatro li
nhas. Um sonho antigo e adormecido há duas dé
cadas se concretizou. O terreno do clube na região
da Pampulha finalmente foi transformado na Sede
Campestre. O número de sócios explodiu, chegando
a 4.000 naquela época.
A sede campestre do Cruzeiro é erguida em terreno
doado pelo exprefeito Américo Renné Giannetti.
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O genial Tostão
Sobre a ida de Tostão para o Barro Preto, sempre houve
uma polêmica de como isso teria ocorrido. O jogador, atle
ta do futebol de salão cruzeirense, aos 15 anos despontava
como craque. A diretoria do América o levou para o fute
bol de campo juvenil e aí criouse a confusão. É o próprio
Tostão quem revela como tudo aconteceu:
Dos 16 aos 18 anos, Tostão se firmou como craque, jogando sempre pelo time
azul estrelado. Foi convocado para a seleção brasileira e disputou a Copa do
Mundo de 1966. Jogador de rara habilidade, canhoto, frio nos momentos de
decisão e técnica apurada no toque de bola, ele foi considerado o novo Pelé do
futebol brasileiro. Com Tostão, o Cruzeiro tinha uma jogada mortal: ele, o late
ral Neco e Hilton Oliveira faziam a triangulação pela esquerda e o lançamento
sempre saía para a exploração da velocidade do ponta, que chegava à linha de
fundo e batia cruzado. Essa jogada quase sempre resultava em gols, pegando o
ataque cruzeirense de frente.
Tostão foi cinco vezes campeão da artilharia do campeonato mineiro, nos anos
de 65, 66, 67, 68 e 70. Presença garantida em todas as seleções brasileiras que
se formaram a partir de 1966, foi tricampeão do Mundo, na Copa do México.
Em 1972, transferiu-se para o Vasco, onde encerrou prematuramente a carreira
devido a um descolamento da retina. Divide com Dirceu Lopes a condição de
maior jogador dos tempos modernos do Cruzeiro.
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O incomparável Dirceu Lopes
O baixinho de Pedro Leopoldo o mais célebre camisa 10 do clube era um gigante no
meio de campo. Elogios a ele foram feitos por alguns dos maiores craques do futebol bra
sileiro, como Rivellino, tricampeão mundial em 70, e o incomparável Garrincha. O goleiro
Raul disse uma vez que, numa excursão do Cruzeiro pela América Central, houve um en
contro com o time do Corinthians, clube onde Garrincha jogava na época. Hospedados no
mesmo hotel, Dirceu Lopes foi procurado pelo maior pontadireita de todos os tempos.
Ele bateu à porta do quarto onde estávamos eu e o Dirceu. Quando abri, Garrincha se dirigiu
ao Dirceu, apertou-lhe a mão, enquanto dizia: Tenho o prazer de conhecer o maior jogador
brasileiro da atualidade. O famoso Mané saiu logo em seguida, e o Dirceu, boquiaberto, fi
cou sem reação.
O então garoto de Pedro Leopoldo tinha uma habilidade incrível para driblar em velocida
de e chutar forte e colocado tanto com a perna direita quanto com a esquerda. Suas arran
cadas levantavam a torcida cruzeirense e faziam tremer as adversárias.
Durante toda sua carreira, foi dito que ele não jogava bem em seleções, o que é uma in
justiça. Na realidade, ele só teve chances com o técnico João Saldanha, em 1969, quando
preparava a equipe para o Mundial de 70. O inferno astral vivido pelo “Príncipe” começou
quando Saldanha foi substituído por Zagalo na direção técnica da seleção brasileira. O
novo treinador não assimilava a grandeza do futebol de Dirceu Lopes mostrado no Cru
zeiro e, embora tivesse o pedroleopoldense feito uma grande exibição no último jogo da
seleção, o treinador preferiu convocar o centroavante Roberto, do Botafogo.
Sobre Dirceu Lopes, o meia Rivelino, especialista na posição, disse um dia, em
um programa de TV: ‘Na minha época, foi um dos maiores, e poucos faziam
como ele a ligação do meio de campo com o ataque’.
Quis o destino que a estreia de Tostão como titular no time profissional do Cru
zeiro acontecesse pelas mãos do primeiro grande ídolo da história do Cruzeiro/
Palestra, Niginho Fantoni, num amistoso contra o Siderúrgica, em 1963. Rapida
mente, por sua habilidade e inteligência tática, tornouse absoluto na equipe.
Já a história de Dirceu Lopes também tem o dedo de outro exjogador da Rapo
sa. Juca, seu parente longínquo, foi o responsável por convencer Felício Brandi
a contratálo e Furletti a ir até a sua cidade fazer o convite para o garoto e para
os seus pais. Dirceu Lopes foi se firmar no time principal somente um ano de
pois de Tostão, após uma temporada no juvenil e nos aspirantes.
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Eles estavam nervosos, e o problema era encontrar um nome. Entrei na
No mesmo período, outro jovem promissor chegava ao conversa e disse: ‘o técnico que vocês querem está lá em cima. Acabei de
Cruzeiro, vindo do Renascença. Wilson Piazza, o eterno conversar com o Airton Moreira agora e ele apontou um problema que
capitão de uma camisa só, já que, depois de vestir o man eu acho pertinente. O posicionamento do Tostão e do Dirceu’. Os dois
to sagrado pela primeira vez, até o fim de sua carreira só ficaram me olhando como se eu estivesse perdendo a razão. Tive que
defendeu o time do Barro Preto e a Seleção Brasileira. apresentar argumentos.”
Apesar de ter sido o responsável por lançar o tripé Piazza/ Na rodada seguinte, Airton Moreira já estava treinando o time que se tor
Tostão/Dirceu Lopes durante o campeonato mineiro da naria a Academia Celeste sob seu comando. A equipe ainda contaria com
quele ano, o técnico Mário Celso, o Marão, não conseguia a chegada paulatina de uma nova leva de reforços entre 1964 e 1966 - en
dar um padrão de jogo à equipe. Após uma derrota em tre eles o goleiro Raul; os zagueiros William, Cláudio e Procópio; os volan
Sabará, para o Siderúrgica, que viria a ser o campeão do tes Hilton Chaves e Zé Carlos; o lateral Neco; os atacantes Marco Antônio
ano, ele foi dispensado. e Evaldo, além do surgimento de jovens como Pedro Paulo e Natal.
“O time do Marão não convencia. O Felício e o Furletti não se aguen
tavam de tanta ansiedade e decepção com os investimentos e os re
sultados dentro de campo. A saída do Marão estava definida, só não se
chegavam a uma decisão sobre o nome do substituto. Eu, há um tempo,
só assistia aos treinamentos do time da janela da sede social, ao lado
do Airton Moreira, então gerente administrativo do Cruzeiro. No bate
papo sobre o desempenho do conjunto, o Airton fez um comentário
que eu achei muito pertinente. Ele dizia que ‘o time parecia jogar en
tortado. O Tostão, canhoto, jogava como um meia direita, e o Dirceu
Lopes, destro, atuava como meia esquerda. Eu inverteria a posição dos
dois’. Por uns minutos, fiquei olhando para o Airton e concordei com
ele. Bom, terminou o treino e eu desci para fazer uma matéria com o Fe
lício e o Furletti sobre o futuro do time. A queixa maior era sobre o bai
xo rendimento de Tostão e de Dirceu, considerados como promessas.
Evaldo (esquerda) e Natal (direita, abaixo) também se juntaram a Tostão e a Dirceu Lopes para o
início da formação de um dos maiores times da história do futebol mundial, assim como Zé Carlos
(direita, acima), ídolo e segundo jogador que mais vestiu a camisa do Cruzeiro (633 jogos).
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O campeonato de 1965 começou no início de julho, dois meses
antes de o Mineirão abrir as portas ao público. Bastou o estádio
ser entregue ao futebol que a máquina azul se fez presente. No
primeiro clássico do Gigante da Pampulha, jogo contra o Atlético
de Belo Horizonte. Vitória por 1 a 0, gol de Tostão. A partida não
terminou devido à agressão dos jogadores alvinegros ao árbitro.
Foi a primeira confusão dentro de campo no Mineirão – e mais
uma vez na história que o Atlético recorria ao extracampo para
não aceitar a superioridade do Cruzeiro.
As goleadas tornaramse frequentes. Tostão, seguidamente arti
lheiro do time, já era cogitado para a Seleção Brasileira. O título
de campeão mineiro de 1965, o primeiro no Mineirão, veio com so
bras, com os últimos jogos sendo disputados já no ano seguinte.
A construção do Estádio Mineirão, na década de 1960, foi o grande acontecimento do esporte nacional.
O então presidente do Cruzeiro, Felício Brandi, acompanhou tudo de perto, com o intuito de transformálo no palco
para o grande time que estava sendo formado no clube. Na inauguração, ele mandou colocar uma enorme bandeira com a
mascote do Cruzeiro – a raposa – do lado da arquibancada onde queria ver sua torcida (página seguinte).
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A estreia do Cruzeiro seria contra o campeão do Rio de Janeiro,
o Americano, da cidade de Campos, em setembro. A primeira
partida foi suficiente para mostrar como o time mineiro havia se
tornado uma verdadeira Academia de futebolarte. Uma golea
da por 4 a 0. Na partida de volta, no Mineirão, outro espetáculo:
6 a 1, mesmo sem o “menino passarinho”, Dirceu Lopes, que es
tava contundido.
A solicitação, feita em tom apelativo, foi imediatamente atendida. Para surpresa do repór
ter, Pedro Paulo dividiu os papeluchos, colocouos no fundo de suas chuteiras, abriu um
sorriso e exclamou: “Pronto, tá tudo preso!”. Mesmo com uma pressão ininterrupta do tri
color, o jogo terminou em 0 a 0; uma vitória, devido às circunstâncias.
Jogo de volta, no Mineirão. Dentro de campo, um verdadeiro clássico. O gol do Grêmio no
segundo tempo acordou o Cruzeiro. Apoiado por uma arquibancada repleta de torcedores
fanáticos, o time lutou até virar o placar. O público comemorou e vibrou naquele que foi um
dos mais emocionantes jogos acontecidos no Mineirão até então.
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O adversário nas semifinais seria o poderoso Fluminense. Novamente, o Mineirão estava 30 de novembro de 1966. Cabia ao Cruzeiro dar ao Mineirão e a Belo
cheio para assistir à Academia Celeste. Mais de 60.000 pessoas estavam presentes na vi Horizonte o presente de sediarem ao primeiro jogo da finalíssima do
tória por 1 a 0. A torcida estrelada reafirmava a condição de que era a que mais crescia em campeonato nacional de futebol pela primeira vez. As filas nas bilhe
Minas Gerais e no Brasil. O Cruzeiro já levava multidões para assistir aos espetáculos por ele terias eram quilométricas. Ingressos esgotados. A bilheteria registrou
propiciados. um recorde nacional: 223 milhões, 314 mil e 600 cruzeiros.
O time das cinco estrelas atingia um nível absurdo de entrosamento entre os seus jogado Cerca de 100.000 pessoas entraram no Gigante da Pampulha, soman
res. O Maracanã, palco da partida de volta das semifinais, assistiu a mais uma exibição de do-se os 77.325 pagantes, os convidados, os profissionais de imprensa
gala. Vitória por 3 a 1 sobre o tricolor carioca. O Cruzeiro estava na final da Taça Brasil. Do de todo o país e os outros milhares de cruzeirenses, que, sem dinheiro
outro lado, o Santos, à espera do adversário para – como toda a mídia esportiva cravava – para o ingresso, pularam as roletas e os muros do estádio como um
sacramentar o sexto título consecutivo na competição nacional. garoto chamado Joãozinho, que, dez anos depois, seria coroado ali
mesmo, no gramado do Mineirão, como o “Bailarino da Toca”.
Os times alinhados. O Cruzeiro defenderia o chamado gol da Lagoa
da Pampulha, formando com Raul, Pedro Paulo, William, Procópio e
Neco; Piazza e Dirceu Lopes; Natal, Tostão, Evaldo e Hilton Oliveira. O
Santos veio com Gilmar, Carlos Alberto, Mauro, Oberdan e Zé Carlos;
Zito e Lima; Doval, Toninho, Pelé e Pepe.
A surpresa começou com um minuto de jogo. Hilton Oliveira deixara
Carlos Alberto para trás, indo até a linha de fundo e cruzando forte.
O lateral santista Zé Carlos, na tentativa de defesa, marcou contra.
Cruzeiro 1 a 0. Quatro minutos depois, quando a torcida ainda festeja
va, Piazza desarmou Pelé e passou para Dirceu Lopes. Contraataque
fulminante. Dirceu Lopes tabelou com Evaldo, a bola chegou a Natal,
o chute do ponteiro foi indefensável. Gilmar nada poderia fazer. 2 a 0.
Aos 20 minutos, o terceiro gol. Obra do inconfundível Dirceu Lopes. O
Mineirão era todo uma festa.
Dezenove minutos haviam se passado e Dirceu Lopes levava o Santos
ao desespero. Um corte rápido em Zito para a direita, outro à esquer
da. O chute certeiro no ângulo de Gilmar. Na tentativa de defesa, o
goleiro bicampeão do mundo não teve outra opção senão abraçar a
trave: 4 a 0. O quinto gol seria do genial Tostão. O time do Santos,
abatido, não acreditava no que estava acontecendo. Nem o público,
diante daquele placar elástico de 5 a 0.
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Paulista de Futebol, ganha o interior do vestiário, convocando a presença do então presi
dente Felício Brandi. Prontamente atendido, o emissário paulista faz ver ao dirigente estre
Na descida para o vestiário, Dirceu Lopes olhou para o lado a necessidade de comparecer à presença de Mendonça Falcão e de Athié Jorge Cury,
placar, atônito. Chamou Natal antes de descer o túnel então dirigente máximo santista. A providência era tratar da realização da terceira partida.
para o vestiário e, com voz baixa, perguntou ao compa
nheiro: “É isso mesmo?” Nem os jogadores do Cruzeiro Talvez para levantar o ânimo de seus jogadores, o presidente rechaçou a proposta e, a al
estavam acreditando no que acontecia no Mineirão. tos brados, para melhor ser ouvido pelos craques, deu o recado curto e grosso, mandando
dizer a Mendonça Falcão que aquele placar de 2 a 0 nada representava, as passagens aé
Veio o segundo tempo, e o time de Pelé esboçou rea reas de volta a Belo Horizonte já estavam adquiridas e que, na pior das hipóteses, o placar
ção. Toninho fez dois gols em três minutos. Mas ficou final seria o empate de 2 a 2.
só nisso. Com o placar em 5 a 2, o Cruzeiro passou a
tocar a bola, colocando o Santos na roda. A noite seria Não se sabe o quanto a reação de Felício Brandi possa ter influenciado no ânimo dos jogado
mesmo de Dirceu Lopes. res, mas o time voltou bem diferente para o tempo final. Piazza colou em Pelé; Tostão e Dir
ceu Lopes inverteram seus lados de jogo e a chuva parou. Logo, aos 12 minutos, Evaldo é der
Evaldo, lançado em profundidade, partira para o gol rubado dentro da área. Pênalti. Mas Tostão não aproveitou, propiciando a defesa de Cláudio.
de Gilmar, chocandose com o goleiro. Dirceu Lopes
estava lá para encerrar o placar: 6 a 2. Foguetes, is Sete minutos depois, Natal é derrubado fora da área. Tostão se prepara e, mesmo sem ângulo
queiros acesos, bandeiras e os gritos da vitória tomam favorável, de curva, coloca a bola no canto direito do goleiro santista, diminuindo o marcador.
conta do cenário.
Nove minutos depois, Dirceu Lopes, que havia sido a sensação nos 6 a 2 no Mineirão, aplica
Uma semana se passou. A torcida do Cruzeiro come finta desconcertante em Joel e o chute sai certeiro: 2 a 2. O Cruzeiro já era ali o detentor da
morou o resultado, mas a quartafeira, dia 7 de dezem Taça Brasil. Quando restava apenas um minuto para o término do grande jogo, Natal, apro
bro, chegara. Era o dia do segundo jogo. O respeito veitando uma jogada magistral de Tostão, estabeleceu 3 a 2. O Cruzeiro era o legítimo e
pelo time de Pelé era grande, e muitos perguntavam se incontestável campeão brasileiro.
a equipe comandada por Airton Moreira, aquele time
de garotos, aguentaria a pressão dentro do Pacaembu.
Tudo conspirava contra o time mineiro. Noite chuvosa, gramado pesado o pior
para um time leve como o Cruzeiro. O Santos entrou em campo para decidir
logo. Caso vencesse, seria necessária uma terceira partida. A goleada por 6 a 2
não dizia muito. Bastava ao time praiano uma vitória simples para que houvesse
um terceiro jogo extra.
Com o uniforme branco, o Cruzeiro entrou em campo. A defesa resistiu até os
23 minutos, quando Pelé passou por William e chutou no canto de Raul. Dois
minutos depois, Toninho tabela com Pelé, recebe na frente e faz 2 a 0. Os san
tistas tinham sede de vingança. Queriam devolver a goleada do Mineirão. Na
primeira metade do jogo, só deu Santos. Ao final do primeiro tempo, o resulta
do de 2 a 0 era o que mostrava o placar do Pacaembu.
Em Belo Horizonte, a festa durou uma semana. A chegada dos jogadores no aeroporto O mundo inteiro queria ver a Academia
da Pampulha foi uma apoteose. A massa, vestida de azul, acompanhou o desfile dos cam Celeste, o time da torcida mineira que
peões feito em carro aberto do Corpo de Bombeiros, desde a Pampulha até a Praça Sete, havia desbancado o Santos de Pelé. Os
no centro da capital, dali rumando para a sede social da Rua Guajajaras, no Barro Preto. primeiros a terem essa oportunidade fo
ram os venezuelanos e os peruanos, pois
o Cruzeiro estreou contra eles na sua pri
meira participação da Taça Libertadores
da América, em 1967.
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Mas um tabu também parecia ser intransponível: romper a sequên
cia de três títulos mineiros consecutivos. O campeonato de 1968
passou a ser uma questão de honra para o time. E ele fez por onde.
Atropelou todos os adversários, e, de forma invicta, finalmente
pôde dar ao torcedor o direito de colocar a faixa de tetracampeão
no peito. Nessa campanha se destacou outro gênio da história do
Cruzeiro - o meio-campo Zé Carlos, a quem Plínio Barreto descre
via como “um jogador para ser inscrito na galeria do futebol-arte.
Batia na bola como se usasse chuteiras de pelica, tal era o carinho
com que a tratava”.
A torcida do Cruzeiro batia recordes de média de público no cam
peonato brasileiro, que tinha o nome de Roberto Gomes Pedro
sa, popularmente chamado de “Robertão”. Em campo, o time en
trou para a última rodada do quadrangular final com a chance de
conquistar o bicampeonato nacional. Mais de 60.000 cruzeirenses
presentes no Mineirão vibraram com a vitória por 2 a 1 sobre o Co
rinthians, mas o grito não saiu. O Palmeiras também vencera o Bo
tafogo por 3 a 1, e, por um gol a mais de saldo, sagrouse campeão.
O Cruzeiro e todo o futebol brasileiro adentraram o ano de 1970 em clima
de amistosos e expectativas. Atenções e esforços estavam voltados para a
Copa do Mundo no México. Do elenco estrelado era esperada a convocação de
quatro atletas para o escrete brasileiro: o zagueiro Fontana, Piazza, Tostão e
Dirceu Lopes, apelidado de “Príncipe”, por jogar ao lado do “Rei” Pelé. No en
tanto, com a saída de João Saldanha do comando da Seleção Brasileira, Dirceu
perdeu espaço. O novo treinador, Zagallo, não o levou para o México.
A Academia Celeste de 1966 teve seus representantes na Seleção Brasileira. O próprio
time do Cruzeiro chegou a representar o selecionado nacional no final daquela década.
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9 de julho. Pela primeira vez o meiocampo cruzeirense foi formado por Piazza, Dirceu
Lopes e Tostão, três dos maiores craques da história do clube. Foi na partida contra o
Uberaba, no estádio JK, pelo Campeonato Mineiro. O Cruzeiro venceu por 3 a 0.
1961
30 de agosto. O jogo contra o América, pelo Campeonato Mineiro, marcou a estreia do
22 de janeiro, estádio Independência. O Cruzeiro empata com o Atlético e conquista an
técnico Airton Moreira, que comandaria a Academia Celeste.
tecipadamente o Campeonato Mineiro de 1960, tornandose bicampeão.
O Campeonato Mineiro daquele ano foi o último da história com o Cruzeiro e AtléticoMG
• 2 de fevereiro. Primeiro jogo contra um time europeu. Empate com o Dínamo Bucareste, simultaneamente fora dos dois primeiros lugares. O título ficou com o Siderúrgica e o vice
da Romênia, por 1 a 1, no estádio Alameda, em Belo Horizonte. com o América. O Cruzeiro, com uma campanha que alternou bons e maus momentos,
ficou em terceiro lugar.
• Cerca de 300 sócios do clube que contribuíam financeiramente, inclusive pagando salá
rios de atletas, promoveram a maior contratação do futebol mineiro até então. O lateral
esquerdo Geraldinho deixou o Siderúrgica e foi para o Cruzeiro. 1965
O maestro Jadir Ambrósio, palestrino e cruzeirense de coração, ao participar de um con
Na Taça Brasil, o campeonato brasileiro daquela época, o Cruzeiro eliminou o Santo An
curso da Rádio Inconfidência, compõe o hino do Cruzeiro Esporte Clube.
tônio-ES na primeira fase, mas deixou a competição na etapa seguinte, ao ser eliminado
pelo AméricaRJ, campeão carioca.
5 de setembro. Foi inaugurado o estádio José Magalhães Pinto, o Mineirão, com capaci
dade para 120.000 pessoas, tornandose o segundo maior do mundo.
• 15 de setembro. Primeiro jogo do Cruzeiro no Mineirão. Vitória por 3 a 1 contra o Villa
1962 Nova. Dalmar marcou o primeiro gol cruzeirense no Gigante da Pampulha. Um público
• Em abril, o Cruzeiro conquista o terceiro tricampeonato de sua história. A partida que presente de 105 mil pessoas acompanhou o amistoso, que teve como preliminar um jogo
confirmou o troféu foi diante do Bela Vista, de Sete Lagoas, no Independência. entre Seleção Brasileira e Santos.
O Cruzeiro foi eliminado da Taça Brasil pelo Internacional, no dia 17 de outubro, após uma • No dia 24 de outubro, Cruzeiro e Atlético disputaram o primeiro clássico no Mineirão. Vi
derrota por 2 a 1, em Porto Alegre, uma partida em que a própria imprensa gaúcha admi tória cruzeirense por 1 a 0, gol de Tostão, aos 35 minutos do primeiro tempo.
tiu que a arbitragem teve influência decisiva.
1966
• 26 de janeiro. O Cruzeiro vence um amistoso contra o Rapid Viena, da Áustria, por 5 a 4.
1963
Essa partida é considerada uma das mais fantásticas da história do Mineirão.
• 4 de abril. Primeira partida de Tostão com a camisa do Cruzeiro. Um amistoso contra o
Siderúrgica, no estádio JK, vencido por 2 a 1. Ele se tornaria o maior artilheiro da história
• 12 de fevereiro. A vitória por 6 a 0 sobre o Uberlândia garantiu ao Cruzeiro o título do
do clube.
Campeonato Mineiro de 1965. O clube se tornava o primeiro campeão do Mineirão.
20 de outubro. Primeira partida de Dirceu Lopes pelo Cruzeiro. Um amistoso contra o Pa
• 29 de março. O Cruzeiro vence o Santos de Pelé por 4 a 3, no Mineirão. Um prenúncio do
raense, em Pará de Minas. Ele entrou no lugar de Tostão, aos cinco minutos do segundo
que iria acontecer ao final daquele ano.
tempo, e, 18 minutos depois, marcou seu primeiro gol com a camisa azul estrelada.
• Feriado de 7 de setembro. O Cruzeiro estreia na Taça Brasil com uma vitória por 4 a 0
sobre o Americano, campeão do Rio de Janeiro.
1964
Além de Tostão e Dirceu Lopes, um grande time começou a ser formado de maneira si 30 de novembro. O Cruzeiro vence o Santos, bicampeão mundial e da Libertadores e pen
lenciosa, com jogadores das categorias de base, de clubes do interior e alguns craques já tacampeão brasileiro, na primeira partida da final da Taça Brasil, por 6 a 2, no Mineirão. A
consagrados que voltavam ao Cruzeiro, como Procópio Cardoso e Hilton Oliveira. goleada é uma das maiores exibições de um time de futebol na história mundial do esporte.
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Antecipadamente, o Cruzeiro conquista o Campeonato Mineiro, chegando ao
bicam 1969
peonato. • 4 de maio. O Cruzeiro venceu o Atlético por 1 a 0, gol de Natal, pelo Campeonato Mi
neiro, quando foi estabelecido o recorde de público pagante da história do Mineirão:
7 de dezembro. Com uma virada épica, quando perdia por 2 a 0 para o Santos no pri
123.351 torcedores.
meiro tempo e tendo desperdiçado um pênalti, o Cruzeiro venceu a partida por 3 a 2,
no Pacaembu, em São Paulo. A equipe mineira conquistou a Taça Brasil, seu primeiro
Novamente, o título mineiro foi conquistado de forma invicta (30 jogos) e com três roda
campeonato brasileiro. das de antecedência, na vitória por 1 a 0 sobre o Uberaba, em 25 de junho, no Mineirão. O
goleiro Raul chegou a ficar 1.016 minutos sem levar gol durante a competição. A novidade
na escalação foi o quadrado no meiocampo criado pelo técnico Gérson dos Santos para
1967 abrigar os craques Piazza, Zé Carlos, Dirceu Lopes e Tostão.
19 de fevereiro. O Cruzeiro iniciou sua bela trajetória na história da Copa Libertadores, ao
derrotar o Galícia, da Venezuela, por 1 a 0, em Caracas - esse também foi o primeiro jogo • 24 de setembro. No jogo contra o Corinthians, pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, no
do clube no exterior. O gol foi de Evaldo. Naquela edição, que ainda se chamava Taça Pacaembu, Tostão levou uma bolada no olho esquerdo. O impacto provocou um desco
Libertadores, a equipe foi até a fase semifinal, sendo eliminada por apenas um ponto. lamento de retina, problema que viria a causar o encerramento prematuro da carreira
do craque.
5 de março. A estreia no Torneio Roberto Gomes Pedrosa marcou a primeira vez que os
jogadores se concentraram no sítio adquirido por Felício Brandi, na Pampulha, que viria
7 de dezembro. O Cruzeiro vence o Corinthians por 2 a 1, no Mineirão, pela última rodada
a se tornar a Toca da Raposa. O local deu sorte: o Cruzeiro goleou o Atlético por 4 a 0. do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o campeonato brasileiro da época. Com o mesmo
número de pontos na tabela geral, mas com um gol a menos de saldo que o Palmeiras, o
• A torcida celeste já mostrava sua força, ao atingir a média de 34 mil pagantes nos sete time perdeu a chance de ser bicampeão brasileiro.
jogos disputados pelo Cruzeiro no Mineirão, no Torneio Roberto Gomes Pedrosa.
• Com um time misto, reforçado por Tostão, o Cruzeiro jogou pela primeira vez nos Estados 1970
Unidos, perdendo um amistoso para o Eintracht Frankfurt, da Alemanha, em Washington. • Pela primeira vez na Era Mineirão, o Cruzeiro não foi campeão mineiro. Terminou em se
gundo lugar na competição. Uma derrota para o América interrompeu a série invicta de
70 partidas pelo Estadual. Também foi a primeira vez que a equipe perdeu para o Atlético
1968 pelo Campeonato Mineiro no Mineirão.
• Em janeiro, com duas vitórias incontestáveis sobre o Atlético (3 a 1 e 3 a 0), o Cruzeiro
conquistou o tricampeonato mineiro. Mas o destaque da campanha foi o empate por 3 a
O Cruzeiro cedeu três jogadores para a Seleção Brasileira que conquistaria o tricampeo
3 no clássico, em novembro do ano anterior, depois de estar perdendo por 3 a 0 mesmo nato mundial no México: Tostão, Piazza e Fontana. Ainda em 1970, o clube contratou o
com Tostão saindo machucado logo no começo da partida e Procópio Cardoso sendo zagueiro Brito, outro tricampeão mundial.
expulso ainda no primeiro tempo. O resultado foi o início de uma reação que levou à de
cisão do título.
O primeiro tetracampeonato da história do clube foi conquistado com muita facilidade. O
Cruzeiro liderou a competição desde o início, não perdeu nenhum dos 22 jogos e garantiu
o título por antecipação ao derrotar o Villa Nova por 1 a 0, em 1º de setembro. Outro des
taque foi a goleada por 10 a 0 sobre o Independente, de Uberaba a primeira com dois
dígitos no Mineirão.
• Em dezembro, o Cruzeiro disputou três amistosos em Manaus, no Amazonas. Era a pri Assista a íntegra do filme Assista a íntegra do filme “Em
meira vez que o clube atuava no norte do país, completando, assim, sua presença em “Em busca da História do Busca da História do Cruzeiro”
Cruzeiro”. >> em versão com Libras. >>
todas as regiões brasileiras.
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Soy loco por ti, Cruzeiro
Existia um grande clube na cidade. A torcida do Cruzeiro
crescia junto com Belo Horizonte. O êxodo para a capital
de Minas trazia milhares de famílias do interior do estado,
que iam ocupando suas áreas periféricas e as outras cida
des do seu entorno metropolitano. Gente como os imigran
tes italianos do final do século XIX e do início do século XX.
Operários, trabalhadores e sonhadores de dias melhores.
Esse povo carregava também o desejo de estar perto do
time capaz de gerar tanta vaidade, pois se reconheciam na
história de lutas, de superações e na arte de vencer com as
próprias pernas todas as dificuldades e obstáculos da vida.
No interior de Minas Gerais, as cidades, aos poucos, iam se
pintando de azul e branco. A preferência pelos times de
São Paulo e do Rio de Janeiro, provocada pela influência
das ondas do rádio, perdia força, pois interioranos, agora,
também tinham um time mineiro para chamar de seu.
Ir ao encontro desses cruzeirenses pelas cidades do interior ou nas escolas de
Belo Horizonte também se tornou uma missão implantada pelo então presidente
Felício Brandi. Ao lado da relações públicas Inês Helena de Abreu, uma das per
sonagens mais importantes da centenária história do Cruzeiro, ele colocou em
prática um projeto para aproximar os ídolos dos times das crianças e dos jovens.
Foi também a época de o clube se transformar em fenômeno de massa. A Chi
na Azul tomara o Mineirão, transformando o maior estádio do futebol de Minas
Gerais no quintal exclusivo do time estrelado. Foram anos que consagraram o
futebolarte jogado pelos brasileiros, assim reconhecido por um dos grandes
historiadores do século XX, Eric Hobsbawm, no livro A Era dos Extremos. E den
tro desse futebolarte estava a equipe do Cruzeiro.
Além de cuidar para que a sua torcida fosse se tornando a maior força do eixo
RJSP, presencialmente no Mineirão ou mesmo na paixão espalhada pelas “vá
rias Minas”, a diretoria do clube tinha outra obrigação quase cívica: os brasi
leiros de estados longínquos e os amantes do futebol espalhados pelo mundo
também queriam ver de perto o time do Cruzeiro.
Por tradição, o Cruzeiro teve grandes mulheres à frente de ações revolucionárias junto à sua torcida.
Na décadas de 1960 e de 1970, Inês Helena de Abreu coordenava os projetos educativos, sociais
e de divulgação do clube, criados pelo então presidente Felício Brandi.
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A partir de 1971, o Cruzeiro intensifica a agenda de
amistosos pelo interior de Minas Gerais e por outros
estados brasileiros. Também vai em busca de dóla
res para aliviar o alto custo para manter o time cheio
de jogadores cobiçados por outros grandes clubes.
Então, parte para uma série de excursões pelo exte
rior. Por isso, passou a ser carinhosamente chamado
de “Cruzeiro Exportação”.
Alguns titulares da conquista de 1966 já não estavam
no clube no início dos anos de 1970. Outros meda
lhões chegaram, como os zagueiros Brito – tricam
peão no México e o argentino Roberto Perfumo,
considerado o melhor do mundo na sua posição. Do
juvenil também surgiram jovens promessas, como
Palhinha, Eduardo “Rabo de Vaca” e Roberto Bata
ta. Pouco tempo depois, para as laterais, chegaram
Nelinho e Vanderlei. Eram apenas apostas da direto
ria, mas logo teriam seus nomes escritos na história
do Cruzeiro como soberanos de suas posições.
O Cruzeiro praticamente abandonou o Campeonato
Mineiro de 1971, relegando a ele uma equipe reserva
ou mista. Mas até mesmo seus rivais – como a Fede
ração Mineira de Futebol – o queria por perto. Após
uma notificação feita pelo Conselho Nacional do
Desporto (CND) exigindo a volta do time ao Brasil,
a diretoria resolveu acatar e ordenou que o Cruzeiro
Exportação regressasse a Belo Horizonte.
Em 1972, durante nova excursão, dando uma volta ao mundo por mais de dois
meses, a diretoria tomou uma decisão com um efeito colateral bombástico den
tro do elenco. Ao anunciar a contratação do treinador Yustrich – conhecido por
seus métodos enérgicos e agressivos com os jogadores, Tostão, a estrela máxi
ma da companhia, afirmou que, ao voltar ao Brasil, não jogaria sob o comando
do novo técnico. Pouco tempo depois, o atleta teve o passe comprado pelo
Vasco, em uma transação de cifras fantásticas para o futebol brasileiro à época.
O início da década de 1970 foi marcado pela transição do elenco do Cruzeiro. Grandes ídolos, como Tostão, deixaram o
clube. Outros, como os zagueiros Brito (Seleção Brasileira) e Roberto Perfumo (Seleção Argentina), chegaram.
Novas promessas também vieram de times de outros estados, como Nelinho, e das categorias de base, como Joãozinho.
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Dentro das cercanias de Minas Gerais, o Cruzeiro continuava soberano. De
1972 a 1975, o clube conquistou o tetracampeonato mineiro, quebrando recor
des de bilheteria e de público, revelando craques que, imediatamente, iam se
transformando em ídolos, como foi o caso de Joãozinho.
Fã de Dirceu Lopes e de Tostão, Joãozinho chegou a realizar o sonho de trei
nar com os dois. Destro, jogava pela ponta direita, mas, orientado a buscar um
espaço no time, passou a jogar pela esquerda, pois Hilton Oliveira estava pró
ximo de se aposentar. Foi assim que o craque se tornou o “Bailarino da Toca”,
um dos maiores ponteiros esquerdos do mundo.
Parte do apelido de Joãozinho – a Toca da Raposa também surgiu em 1973.
A Toca é fruto do sonho do então presidente, Felício Brandi, em aumentar o
patrimônio do clube e, mais uma vez, revolucionar o futebol brasileiro, cons
truindo o mais moderno centro de treinamentos do país.
Nesse período, já sem Tostão, Dirceu Lopes passou a liderar a renovação do
elenco ao lado de Piazza, Raul e Zé Carlos, remanescentes da Academia de
1966. Com Minas Gerais pintada de azul e branco, os objetivos já eram outros,
como voltar a vencer o campeonato nacional.
Nas temporadas de 1970 e 1971, o time não foi bem no Campeonato Brasilei
ro, exatamente por priorizar os amistosos, que lhes rendiam bons resultados Em 1973, a Toca da Raposa era inaugurada. Era o centro de treinamento mais moderno do futebol
brasileiro e foi casa da Seleção Brasileira nas preparações para as Copas do mundo de 1982 e 1986.
financeiros. Já em 1973, o Cruzeiro mostrou novamente a sua força. Chegou
em terceiro lugar, empatado em pontos com o São Paulo. No ano seguinte,
aconteceria o maior escândalo da história dos torneios nacionais de futebol. Apesar do absurdo contra o Vasco, dias de à praia. Mesmo em menor número entre os
pois, como era esperado, o Cruzeiro venceu mais de 112.000 pagantes, os cruzeirenses
Em 1974, o time já estava entrosado. Voava em campo. Ia passando com faci a última rodada contra o Santos e, por um faziam a festa nas arquibancadas do maior
lidade por todos os adversários até chegar ao quadrangular final contra Inter empate em pontos, disputaria o título numa estádio do mundo. O Vasco não seria capaz
nacional, Santos e Vasco. Na penúltima rodada, enfrentaria o time carioca no partida extra, novamente contra o Vasco. de parar uma linha ofensiva formada por Dir
Mineirão. Vencendo, dependeria apenas de si – na rodada final contra o Santos Alegando uma brecha no regulamento con ceu Lopes, Roberto Batata, Palhinha e Eduar
– para sagrarse campeão. fuso da competição, o time carioca entrou do. Mas o árbitro Armando Marques, sim.
na Justiça pedindo a transferência da parti
Bater o Vasco não seria o maior problema, pois a superioridade técnica do da do Mineirão para o Maracanã. Após dias Surpreendentemente, o time carioca se des
Cruzeiro era incontestável, mas, nesse caso, não era só futebol. Existia uma de disputa nos bastidores, o Cruzeiro entrou dobrou em campo e ia levando o título em
força oculta contra os mineiros. em acordo com os cariocas, e a final foi para uma vitória parcial por 2 a 1, mas o Cruzeiro
o Rio de Janeiro. passou a amassar o Vasco no campo de de
Mais de 80.000 estavam no Mineirão. O jogo caminhava para terminar empa fesa. O gol de empate era questão de tempo.
tado em 1 a 1, mas o endiabrado Palhinha partiu para fazer o gol da vitória. Foi A rodovia que liga Belo Horizonte à capital E ele veio em um cruzamento quase da linha
claramente derrubado dentro da área. Pênalti! Mas não para o juiz Sebastião fluminense se pintou de azul e branco. Os de fundo para dentro da área, que Zé Carlos
Rufino, deixando atônitos todos os presentes. Até mesmo os jogadores do carros e os ônibus com as bandeiras estre cabeceou para o fundo das redes. Armando
Vasco. Uma enorme confusão se formou no gramado, tamanha era a indigna ladas desceram a Serra de Petrópolis, como Marques anulou, de forma incompreensível,
ção pela atitude do juiz. se a constelação do Cruzeiro do Sul fosse dando o título para os cariocas.
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O sonho estava adiado para 1975. Novamente, o Cruzeiro foi atropelando os
adversários no Campeonato Brasileiro. Na semifinal, contra o Santa Cruz, em
Recife, um jogo duríssimo, decidido no último minuto, com o gol de Palhinha
decretando 3 a 2. O time estava na final contra o Internacional, que, por melhor
campanha, teria o direito de mandar o jogo em Porto Alegre.
O estádio Beira Rio e os mais de 82.000 torcedores assistiram a um espetáculo
de futebol, em que brilhou Manga, o goleiro colorado, ao impedir as bombas
mortíferas do lateral Nelinho. Esse, por sua vez, tentou de todas as formas co
locar o Cruzeiro em vantagem. Chutou de direita, de esquerda, bolas no ângu
lo, rasteiras, meia altura, todas em curvas mirabolantes. Mas lá estava Manga,
com as mãos e os dedos tortos, a desviar todas para escanteio.
Porém, nos primeiros minutos do segundo tempo, o castigo. Falta na entrada
da área e Raul não consegue segurar a cabeçada fulminante do zagueiro Fi
gueroa. 1 a 0, Internacional campeão. Anos depois, o árbitro do jogo, Dulcídio
Boschilla, teria confessado ao eterno capitão Piazza que errou ao marcar a
falta originária do gol anotado pelos gaúchos.
No ano anterior, assim como na sua estreia no torneio sulameri
cano, em 1967, o Cruzeiro deixou de chegar à final por um ponto.
Dentro da Toca da Raposa, esse novo “quase” fez o foco de 1976
ficar todo na terceira participação cruzeirense na Libertadores.
Para evitar um novo revés por pequenos detalhes, o caminho era A competição começou em março de 1976. Em campo, Cruzeiro e Inter
tentar dar mais tarimba e malícia àquela equipe. Numa reunião entre nacional revivendo a final do Brasileirão, naquele que é lembrado como o
os dirigentes Brandi e Furletti com o técnico Zezé Moreira, a solução maior jogo de todos os tempos do Mineirão. Era um domingo à tarde, dia 7,
foi encontrada – a contratação de Jairzinho, o “Furacão da Copa”. A fim de verão no hemisfério sul. Os números oficiais divulgaram a venda de
sugestão do treinador assustara os dirigentes devido à fama do joga mais de 65.000 ingressos, mas a lotação superava os 100.000 presentes.
dor, mas Zezé garantiu que Jairzinho era o que o Cruzeiro precisava.
Foi um jogo eletrizante, duas equipes jogando para a frente, um espetáculo
Feito isso, já no início de 1976, Jairzinho chegou e participou da do futebol, disputado do primeiro ao último minuto, proporcionando um pla
final do Campeonato Mineiro de 1975. A conquista do tetra foi o car raro: 5 a 4. Nove gols, uma média de um gol a cada 10 minutos de jogo.
cartão de visitas do atacante, que se mostrou em forma para iniciar
a Libertadores. O Cruzeiro entrara em campo para provar que era melhor que o campeão
brasileiro, e cumpriu. Joãozinho fez uma de suas maiores apresentações.
Ao lado: Jairzinho, o “Furacão da Copa”, foi a aposta da diretoria para
completar o elenco que viria a conquistar a Copa Libertadores de 1976. Bailou, serviu aos companheiros e fez gols.
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O clima na volta a Belo Horizonte era de festa. Bastaria um ponto nas duas
partidas contra os mesmos adversários, no Mineirão, para o Cruzeiro chegar à
final. Por outro lado, esse “quase” era um fantasma sul-americano na trajetória
dos mineiros, por isso toda concentração seria pouca.
(SUGESTÃO DE FOTO:
- IMAGEM DE CRUZEIRO E INTER, 5 A 4 No Aeroporto da Pampulha, a torcida não se continha. Foi abraçar seus ídolos
mesmo com a madrugada fria. Um deles, pela última vez.
Logo depois do desembarque, o ponteiro Roberto Batata correu para casa.
Bateu à porta do seu vizinho, Dirceu Lopes, e o chamou para uma viagem. Ele
iria para Três Corações, onde estavam a mulher e o filho de apenas 11 meses.
Dirceu tentou demovêlo da ideia, por conta do avançado da hora e do cansa
ço. Não conseguiu. O querido “Batatinha” não chegou ao destino. No quilôme
tro 182, da rodovia Fernão Dias, o carro saiu da pista e o atleta perdeu a vida. A
emoção tomou conta da nação azul-estrelada. O velório, um dia depois, 14 de
maio, foi na sede do clube, na rua Guajajaras. Milhares de cruzeirenses acom
panharam o cortejo, que seguiu da sede ao cemitério do Bonfim.
O pontapé inicial na competição, da forma como aconteceu, criou a sintonia fina entre os
comandados por Zezé Moreira. A equipe mostrava uma força ofensiva e uma variação de
jogadas fora do comum. O experiente Jairzinho cumpria a função imaginada pelo treinador.
Além de marcar muitos gols, tornouse fundamental como ponto de respeito frente aos
adversários, ainda mais com a ausência de Dirceu Lopes, contundido.
O Cruzeiro passou com facilidade e maestria pelo Internacional e pelos paraguaios Lu
queño e Olimpia na primeira fase. Teria a LDU, do Equador, e o Alianza, do Peru, como os
adversários nas semifinais.
Maio de 1976, dia 9. O Cruzeiro entra no estádio Atahualpa e vence a LDU sem dificuldade,
ao abrir 3 a 0. Palhinha (2) e Joãozinho marcaram. O time peruano descontou aos 30 mi
nutos do segundo tempo. Três dias depois, em Lima, a equipe azul celeste goleia o Alianza
no estádio El Mamute. Gols de Roberto Batata, Joãozinho (2) e Jairzinho.
Ao lado: O jovem ponta direita Roberto Batata faleceu em 1976, após disputar uma partida
da Copa Libertadores. Seu cortejo fúnebre reuniu milhares de pessoas em Belo Horizonte.
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A perda, que poderia afetar o Cruzeiro, deu mais força ao time para conquistar Aos 29 minutos, Joãozinho rouba a bola de JJ Lopes e tabela com Palhinha. Deixa Perfumo
o título. Não houve muito tempo para as lamentações e, no dia 20 de maio, o para trás e cruza. Palhinha só consegue raspar na bola e ela chega a Eduardo. O atacante
Alianza entrou no Mineirão e sofreu uma goleada, de 7 a 1. Para o cruzeirense, dribla Hector López e cruza na cabeça de Palhinha. 2 a 0.
simbolizou a presença de Batata, originalmente um ponta direita, o camisa 7. A
homenagem ao companheiro saudoso estava completa por ora. O jogo ficou complicado para o River depois que Fillol teve que ser substituído, após um
choque com Palhinha. Aos 40 minutos, com os argentinos dominados, o centroavante re
cebeu lançamento livre e ampliou a festa azul e branca nas arquibancadas. Os argentinos
ainda diminuíram com um pênalti, mas Valdo voltou a marcar para o Cruzeiro e deu núme
ros finais à partida: 4 a 1.
Novamente, o fantasma do “um ponto” rondava o caminho cruzeirense na América do Sul.
No jogo de volta em Buenos Aires, ele precisaria apenas de um empate para, finalmente,
conquistar o continente. O estádio Monumental de Nuñez recebia 90.000 pessoas. O pla
car em 1 a 1 até os 30 minutos do segundo tempo dava o título ao Cruzeiro, mas veio o
“quase”: em lance polêmico na área estrelada, González desempatou.
Apenas dois dias separaram o segundo jogo na Argentina da decisão, em partida extra, no
estádio Nacional, em Santiago, no Chile. Centenas de cruzeirenses que haviam percorrido
dias de viagem entre Belo Horizonte e Buenos Aires, por falta de recursos financeiros ou
de tempo, não conseguiram seguir para o país andino. Por outro lado, foram representados
pelos chilenos. Do público de 40.000 pessoas, a maioria apoiava o Cruzeiro.
Dentro de campo, o time mostrava que estava mais confiante e dominou o jogo no toque
de bola. Nelinho, aos 24 minutos de jogo, colocou o Cruzeiro na frente. Na segunda etapa,
No final de maio, dia 30, já classificado para fazer a final, o Cruzeiro recebeu a
logo aos 10 minutos, Eduardo ampliou: 2 a 0.
LDU e aplicou outra goleada: 4 a 1. A decisão seria contra os argentinos do River
Plate, time em que atuava um craque muito conhecido do elenco e da torcida
O que parecia fácil começou a se complicar. Aos 14 minutos, o River diminuiu com Más
cruzeirense: Roberto Perfumo.
cobrando pênalti. Cinco minutos depois, o empate veio da malícia argentina na cobrança
de uma falta na entrada da área do Cruzeiro, antes do apito do árbitro. O time cruzeirense
Cruzeiro e River começaram a decisão no dia 21 de julho, no Mineirão. Pelo Cru
zeiro, Raul, Nelinho, Moraes, Darci e Vanderlei; Piazza, Eduardo e Zé Carlos; Jair ameaçou uma reclamação, mas, naqueles tempos, a manobra não era – de toda maneira
zinho, Palhinha e Joãozinho. Do outro lado, uma formação que seria a base da proibida. Isso custaria caro aos próprios argentinos.
seleção argentina campeã mundial de 1978: Fillol, Comelles, Perfumo, Lonardi e
Hector Lopez; JJ López, Merlo e Sabella; Pedro González, Luque e Oscar Más. O jogo seguiu disputado e, quando tudo indicava que a decisão iria para os pênaltis, uma
falta na meialua do River. Os olhares dos torcedores, dos jogadores argentinos e dos
O Cruzeiro começou como sempre fazia com os adversários: partiu para cima, a próprios cruzeirenses recaíram sobre Nelinho. Afinal, o lateral direito era um dos maiores
fim de resolver o jogo nos primeiros minutos. O River, desfalcado de Daniel Pas cobradores de falta do mundo.
sarella e de Beto Alonso, apelava para as faltas. Na primeira delas, Fillol não quis
barreira e teve que se esticar para evitar o gol de Nelinho. Aos 20 minutos, num O capitão Piazza se aproximou da bola, como forma de protegêla de uma possível catimba ar
lançamento magistral de Zé Carlos, Palhinha ganhou de Perfumo na velocidade gentina. Nelinho estudava a formação da barreira pelo goleiro Landaburu. Virou-se para tomar
e foi derrubado na entrada da área. Fillol colocou seis jogadores na barreira. A distância. Era a última chance do jogo. O artilheiro Palhinha foi quem contou o que aconteceu
bomba de Nelinho saiu indefensável e estufou a rede. depois disso, antes que o juiz apitasse para a cobrança – como os argentinos também haviam
feito: “Os jogadores do River estavam montando a barreira, a bola no chão. O Piazza estava per
to e Nelinho se aproximando. Eu pedi ao Piazza para tocar rápido para mim. Foi quando o João
Por mais de uma década, Felício Brandi e Carmine Furletti formaram
a maior dupla de dirigentes de um clube do futebol brasileiro. zinho entrou na frente dos dois e bateu a falta. Uma irresponsabilidade que virou a salvação”.
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O gol da molecagem deu números finais à partida: 3 a 2. No vestiário em festa, o técnico
Zezé Moreira, atônito, ainda xingava Joãozinho. Ameaçava não deixá-lo voltar ao Brasil.
Mas tudo não passava de um jeito enérgico do comandante dizer “obrigado”. Se, em San
tiago, os jogadores não puderam comemorar até muito tarde por causa das leis marciais da
ditadura sanguinária de Augusto Pinochet, em Belo Horizonte não havia um canto da cida
de sem um cruzeirense – ou mesmo torcedores de clubes rivais – celebrando a conquista
nas ruas. O Cruzeiro apresentava Minas Gerais à América Latina.
Depois da conquista sulamericana, aumentaram os convites para excursões no exterior.
O mundo queria conhecer o campeão da América do Sul. O Cru
zeiro Exportação seguiu para uma série de jogos na França e na
Espanha, contra clubes como o Real Madrid, o PSV e o Sevilha.
Era o preparativo para o time representar Minas Gerais e o Brasil
num embate histórico. Ter vencido a Libertadores levava o Cru
zeiro à disputa do Mundial de Clubes contra o campeão europeu,
o Bayern de Munique.
O primeiro jogo aconteceu no dia 23 de novembro, com um frio
abaixo de zero. O campo estava coberto de neve e de gelo. O
Cruzeiro mal tinha roupas adequadas para jogar sob aquelas con
dições climáticas. Para complicar ainda mais, o time alemão era
a base da seleção campeã mundial em 1974, com craques como
Beckenbauer, Sepp Maier, Rummenigge, Muller e Breitner.
Mas o Cruzeiro não temia nenhum adversário. Fosse ele um rival
regional ou mundial. Encarou o Bayern e, até meados do segundo
tempo, levava o empate para o jogo de volta em Belo Horizonte.
Foi quando, na sequência de duas boas jogadas dos alemães, veio
o castigo: 2 a 0.
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Em Belo Horizonte, não se falava em outro assunto, senão a partida de volta
entre Cruzeiro e Bayern. A quatro dias do Natal, todo o povo mineiro pedia o
mesmo presente: uma vitória sobre os europeus e o título mundial.
O Cruzeiro tentou, de todas as formas, abrir o placar, mas esbarrava num muro
alemão. O goleiro Maier foi um gigante em campo. Apesar de uma apresenta
ção digna de um dos maiores times do futebol mundial, o Cruzeiro não conse
guiu tirar o 0 a 0 do placar.
No terceiro e decisivo jogo, a torcida do clube da elite belohorizontina estava
sedenta por vencer o campeão da América. Cerca de 122.000 pessoas foram
ao Mineirão. Assistiram a mais um show de Revetria e ao Cruzeiro ser campeão,
ao vencer por 3 a 1.
No ano seguinte, uma disputa política interna do clube foi o primeiro sinal do
fim de um ciclo de bonança. Dívidas, resultados ruins e a despedida de ídolos
eternos, como Piazza e Dirceu Lopes, se sucederam. Vinha aí mais um período
de dificuldades para o time mais querido de Minas Gerais. Levaria tempo para
superálo, mas era o Cruzeiro.
Em 1976, o Cruzeiro apresentava o futebol de Minas Gerais ao mundo. O clube disputava a final do Mundial
Interclubes com o Bayern de Munique, base da Seleção da Alemanha, campeã do mundo dois anos antes.
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1 9 7 1 _ 1 9 8 0 > FAT O S M A R C A N T E S extra em casa. No entanto, após pressão da CBD, os dirigentes celestes aceitaram jogar
no Maracanã, acreditando na força da equipe. Com ajuda do árbitro Armando Marques, o
Vasco venceu por 2 a 1.
1971
A
temporada começou com uma longa excursão pela América do Sul e pela América 15 de dezembro. O tricampeonato mineiro foi conquistado na última partida do ano, após
Central. Era o surgimento do “Cruzeiro Exportação”. O clube ainda viajaria para a Ásia, a vitória por 2 a 1 sobre o Atlético, com show do ponta esquerda Joãozinho.
mas o CND (Conselho Nacional do Desporto) exigiu que a equipe voltasse para disputar
o Campeonato Mineiro com os titulares.
1975
• Ílton Chaves foi o técnico que mais dirigiu a equipe do Cruzeiro: 362 partidas. Em junho,
1972 ele foi demitido, depois de mais de três anos seguidos no cargo, após a eliminação na
O Cruzeiro voltou a conquistar a hegemonia estadual, numa vitória por 2 a 1 sobre o Atlé Copa Libertadores, com duas derrotas na Argentina, quando bastava um empate para o
tico, com destaque para o jovem Palhinha, autor dos dois gols. Era o início da renovação time chegar à final da competição.
do elenco, que atingiria o auge com a conquista da Copa Libertadores, em 1976.
9 de agosto. O Cruzeiro jogou pela primeira vez em gramados europeus, quando estreou
Novamente, a temporada começou com jogos no exterior. Durante 70 dias, o Cruzeiro disputou no famoso Torneio Teresa Herrera, derrotando o Stoke City, da Inglaterra, por 3 a 0, em
18 jogos em três continentes: América, Oceania e Ásia, estreando nesses dois últimos. Numa La Coruña, na Espanha.
partida em Jacarta (Indonésia), o público foi de 102 mil pessoas. Durante a excursão, Tostão
tomou conhecimento da contratação do técnico Yustrich e anunciou que deixaria o clube. • 14 de dezembro. O título brasileiro escapou por pouco. Na decisão contra o Internacional,
no BeiraRio, o Cruzeiro parou no goleiro Manga, que fez defesas incríveis em chutes de
9 de abril. Tostão disputou sua última partida com a camisa celeste no amistoso contra o Nelinho. O time gaúcho venceu por 1 a 0.
Goiás (0 a 0), no Serra Dourada. O craque foi vendido ao Vasco.
27 de agosto. Ao vencer o Atlético de Três Corações, o Cruzeiro estabelece sua maior
série invicta num ano: 43 partidas. Essa série só foi interrompida no jogo seguinte, contra
1976
22 de fevereiro. O Cruzeiro venceu o Atlético por 1 a 0, gol de Palhinha, conquistando o
o América, quando perdeu por 1 a 0.
Campeonato Mineiro do ano anterior, sagrandose tetracampeão.
7 de março. Pela primeira rodada da Taça Libertadores, o Cruzeiro venceu o Internacional
1973 por 5 a 4, jogo considerado o melhor de todos os tempos do Mineirão.
• 3 de fevereiro. Inauguração oficial da Toca da Raposa. A concentração, que já vinha sen
do utilizada pelo clube, era uma das mais modernas do futebol mundial. De 1982 a 1986, a 13 de maio. O ponta direita Roberto Batata morre em um acidente automobilístico. Seu
Seleção Brasileira usou a Toca como base para se preparar para a Copa do Mundo. velório foi realizado na sede social do clube, no Barro Preto.
19 de agosto. O bicampeonato mineiro foi conquistado com vitória por 1 a 0 sobre o Atlé 20
de maio. O Cruzeiro volta a disputar uma partida após a morte de Roberto Batata.
tico, na última rodada da fase final. O gol foi de Dirceu Lopes. Vence o Alianza, do Peru, por 7 a 1, no Mineirão.
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1977
• O Cruzeiro Exportação voltou a entrar em ação. No início da temporada, a equipe jogou
em vários países das Américas do Sul, Central e do Norte. Foram 17 jogos em 60 dias.
29 de junho. O eterno capitão Wilson Piazza disputou a última de suas 556 partidas com
a camisa celeste, na vitória por 2 a 0 sobre o Esab, no Mineirão, pelo Campeonato Mineiro.
9 de outubro. O Cruzeiro voltou a ser campeão mineiro. O herói da conquista foi o uru
guaio Revetria, autor de quatro dos seis gols marcados contra o Atlético nas três par
tidas decisivas.
1978
• No meio da temporada, a equipe viajou para a Europa e para as Américas do Norte e Cen
tral. Jogou pela primeira vez na Itália (1 x 1 contra o Torino).
1979
• 16 de dezembro. A última partida do ano foi a despedida do craque Dirceu Lopes. Em
amistoso em Uberlândia, ele jogou com a camisa celeste no primeiro tempo e, por 25 mi
nutos, pelo Verdão, então sua equipe. O Cruzeiro venceu por 2 a 1.
1980
30 de janeiro. A África foi o último continente a ver o Cruzeiro jogar. A convite da Fifa,
que promovia um intercâmbio com o futebol africano, a equipe disputou quatro jogos na
Nigéria, no início da temporada.
6 de abril. Na vitória por 3 a 1 sobre o Fluminense, no Mineirão, pelo Campeonato Brasi
leiro, o ponta esquerda Joãozinho marcou um dos mais belos gols do estádio, ao arrancar
do meiocampo e driblar três adversários, incluindo o goleiro, antes de empurrar a bola
para o gol vazio.
Julho e agosto. O Cruzeiro disputa uma série de amistosos pelas Américas do Sul, Central
e do Norte, inclusive contra as seleções nacionais do Chile, do Peru, do Equador, da Co
lômbia, da Guatemala e do México.
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_ 1 9 8 1 _ 1 9 8 2 _ 1 9 8 3 _ 1 9 8 4 _ 1 9 8 5 _ 1 9 8 6 _ 1 9 8 7 _ 1 9 8 8 _ 1 9 8 9 _ 1 9 9 0 _
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A falta de dinheiro e os seguidos revezes com os times monta
dos com jogadores medianos vindos de outros estados deram ao
Cruzeiro uma única saída. As categorias de base deveriam voltar
A retomada da autoestima a ser a fonte de bons jogadores. Aos poucos, esses talentos foram
ganhando espaço, e a esperança voltou a brilhar no céu estrelado.
para alicerçar um novo
caminho de glórias O Cruzeiro iniciou a temporada de 1984 com a marca de seis anos
sem um título, mas, dentro da Toca da Raposa, as lições com os
erros de formação do elenco surtiram efeito. Um time foi montado
As duas décadas (19601970) de sucesso inscreveram o Cruzeiro entre os gran com jogadores experientes e talentosos, como Joãozinho, Palhi
des do futebol internacional e garantiram a conquista de títulos e o crescimento nha, Tostão II e Carlos Alberto Seixas, e uma enxurrada de jovens
constante de torcedores. Contudo, houve um custo, e a conta foi cobrada nos bons de bola vindos dos juniores, como os zagueiros Geraldão e
anos 1980. Para alguns, eles ficaram registrados na história como “a década per Eugênio, o volante Douglas, o meia Eduardo “Lobinho” e os pon
dida”. No período entre 1981 e 1986, Cruzeiro e cruzeirenses padeceram diante teiros Carlinhos Sabiá e Edu Lima. O time encaixou e encantou.
de mais um pico da falta de dinheiro e de investimentos, provocando, inclusive,
a fuga dos principais talentos. Os dois últimos remanescentes do timaço de Com 11 vitórias, o Cruzeiro conquistou com facilidade o primeiro
1976 se ausentaram: Joãozinho quebrou a perna e Nelinho deixou o clube. turno. A imprensa esportiva mineira considerava o time do Atlé
tico como franco favorito, mas os gols de Carlos Alberto Seixas
A desorganização na busca por novos jogadores desaguou no que ficou co e de Tostão e a genialidade do volante Douglas, um dos maiores
nhecido como “tempos do Bendelack e do Tobi”. O primeiro foi um lateral “camisas 5” de toda a história cruzeirense, já começavam a des
direito sem destaque; o segundo, um misto de volante e armador mediano. pertar a curiosidade dos cronistas e a atenção dos rivais.
Pejorativamente e injustamente, os dois atletas representaram uma época de
contratações equivocadas que resultaram em equipes muito aquém do futebol A disputa pelo título foi antecipada, na decisão do returno contra
jogado pelo Cruzeiro. Até parecia que o fantasma das longas filas sem títulos, o Atlético, então poderoso time da elite de Belo Horizonte e, à
como nos anos de 1930 e 1950, voltara. Nunca o Cruzeiro havia sofrido tantos época, hexacampeão mineiro. O regulamento previa a vantagem
revezes, até goleadas, para times sem nenhuma expressão. de dois resultados iguais para o Atlético, por ter feito mais pon
tos, mas aquele Cruzeiro estava determinado a mudar o rumo da
O ponto alto do clube continuou sendo a torcida cruzeirense. Seu crescimen história recente do Campeonato Mineiro.
to exponencial, tanto em Belo Horizonte quanto por todo o interior de Minas
Gerais, era um fenômeno de alegria. Mas também irritava os clubes da elite Na primeira partida, um verdadeiro massacre esportivo. O Cru
econômica e seus aliados do poder político. zeiro venceu por 4 a 0. Um Mineirão perplexo. De um lado, a
China Azul, em uma explosão de alegria. Do outro, os atleticanos,
No primeiro clássico da fase final do Estadual de 1981, contra o Atlético de Belo que não acreditavam no que assistiam: o regresso triunfante do
Horizonte, disputado no dia 8 de novembro, a Administração dos Estádios do seu maior terror.
Estado de Minas Gerais (Ademg) decidiu lançar uma campanha para apurar
qual era a maior e a mais apaixonada torcida da capital mineira. Mandou con Foi quando, novamente, o Cruzeiro voltou à realidade de que, em
feccionar ingressos com layout diferenciados para os cruzeirenses e para os Minas Gerais, contra ele nem sempre é só o futebol. O Atlético
atleticanos. O jogo terminou empatado em 1 a 1. O público total foi de 112.919 alegava que bastaria uma vitória simples na segunda partida, e
pagantes, sendo que a “China Azul” (apelido criado pelo cronista Roberto não devolver o 4 a 0. Ele até venceu por 1 a 0, e, rancorosamen
Drummond para a gigante torcida do Cruzeiro) foi a maior, vitória alcançada te, conseguiu impedir a cessão do carro do Corpo de Bombeiros
exatamente por sua superioridade no setor da geral. O episódio foi classificado para a festa azul e branca. Os jogadores estrelados, no entanto,
como a vitória do povão cruzeirense, que teve maior presença justamente no subiram na caçamba de um caminhão e foram abraçar o povão
setor onde os ingressos tinham preços mais populares. cruzeirense. O título só foi reconhecido pela FMF seis anos depois.
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Mesmo com a conquista genuína de 1984 - mas não reconhecida de prontidão, a situação
financeira do Cruzeiro continuava crítica. Tecnicamente, o time sobrevivia graças aos jovens
das categorias de base, que já tinham se tornado realidade. Se alguns precisaram ter seus
passes vendidos para conseguir pagar até as contas administrativas básicas em atraso, como
o zagueiro Geraldão para o futebol português, outros foram surgindo, entre eles, Careca, um
meia atacante explosivo e de uma habilidade encantadora, que soube honrar a camisa 10 cru
zeirense com gols e seguidas convocações para a Seleção Brasileira. Ele e Douglas se torna
riam os símbolos de uma geração responsável pela maior conquista dos anos de 1980, que foi
a retomada da autoestima por parte da Nação Azul.
As campanhas que se seguiram mostraram um time determinado a afastar o fantasma da
crise. O ano de 1987 foi o ponto de virada. Ainda em fevereiro, Cruzeiro e Atlético se enfren
taram pelas quartas de final do Campeonato Brasileiro do ano anterior. Comandado por uma
exibição magistral de Douglas, o time estrelado esteve próximo de se classificar, o que não
ocorreu, pois o adversário tinha a vantagem dos dois empates. Mesmo desclassificado, o
Cruzeiro deixou o gramado do Mineirão ovacionado por sua torcida.
A luta serviu de estímulo para o Campeonato Mineiro
vindouro. O Cruzeiro chegou à final contra o mesmo
Atlético. Primeiro jogo, 0 a 0. No segundo, ainda no
primeiro tempo, numa entrada criminosa de um ad
versário, o atacante Wanderley, a joia do time, teve
o tornozelo quebrado. A revolta pelo lance não ter
rendido ao menos um cartão amarelo ao agressor in
cendiou o time cruzeirense. No segundo tempo, mar
cado por brigas e pontapés dos atleticanos, o craque
Careca e o ponteiro Róbson marcaram os gols do tí
tulo. O campeão estava de volta.
Para Plínio Barreto, a conquista passou pela força do
trabalho de base desenvolvido pelo clube. “O time
estrelado era praticamente construído nas categorias
de base. Fruto de um trabalho de pés no chão inicia
do pelo presidente Benito Masci. O goleiro Gomes, o
zagueiro Eugênio, o meia Careca e o atacante Wan
derley eram pratas da casa. O lateral direito Balu fora
descoberto no interior paulista. Na lateral esquerda,
Genilson, trazido do Valério. No meio de campo, a ex
periência de Ademir, volante revelado no Internacio
nal, e Heriberto, comprado do São Paulo. No ataque,
Róbson, um mineiro que se revelara no futebol baia
no, Hamilton e Édson, tarimbado ponta com passa
gens pelo Flamengo e pelo futebol do Sul do Brasil.”
Acima: Douglas, ídolo e símbolo da resiliência da geração da década que recuperou a autoestima da torcida cruzeirense.
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O ano de 1987 ainda traria de volta o respeito nacional ao Ainda nesse ano, veio a primeira conquista de uma série incrível.
Cruzeiro. Na Copa União, nome daquela edição do campeo O Cruzeiro passeou pelo Campeonato Mineiro. Venceu o primeiro
nato brasileiro, o time se classificou para as semifinais e com turno com um baile sobre o Atlético de Belo Horizonte. Deixou a
pletou uma sequência invicta de 15 jogos. Só não disputou conquista antecipada escapar na última rodada do segundo turno e
o título contra o Flamengo pela infelicidade de uma derrota foi à disputa numa final contra o time alvinegro da elite econômica.
por 1 a 0 para o Internacional, sofrendo o gol na prorroga
ção, dentro do Mineirão. Cerca de 100.000 pessoas foram ao Mineirão. O time estrelado
já era um misto da geração de reconquista da autoestima, com o
Se a autoestima estava de volta, restava ainda ao Cruzeiro embrião do multicampeão prestes a nascer. Paulo César Borges,
se reposicionar no cenário mundial. Em 1988, a Confede Balu, Gilson Jader, Adílson e Paulo César Carioca; Ademir, Paulo
ração SulAmericana de Futebol (Conmebol) anunciou a Isidoro e Careca; Heyder, Hamilton e Édson entraram em campo.
criação da Supercopa dos Campeões da Libertadores. Só Se Careca representava a primeira turma, a segunda tinha no co
13 times tinham o direito de disputála; destes, quatro bra mando da equipe o seu ponto alto, o lendário treinador Ênio An
sileiros: Santos, Cruzeiro, Grêmio e Flamengo. drade, um dos maiores da história do Cruzeiro.
A primeira edição da Supercopa pegou o Cruzeiro em fran O jogo começou tenso. Várias chances para ambos os lados no pri
ca recuperação econômica e técnica. Sua estreia aconte meiro tempo. Mas a explosão veio no início da etapa final. Ela con
ceu contra o Indepiendente, da Argentina. Duas vitórias. sagraria definitivamente o maior ídolo cruzeirense desse período
Nas quartas-de-final, passou pelo Argentinos Juniors, com de retomada da autoestima e eterno carrasco do Atlético de Belo
mais dois triunfos em 1 a 0. A semifinal, contra o Nacional, Horizonte. Após um escanteio, Careca cabeceou para marcar o gol
do Uruguai, mostrou o maior público já registrado em um do título. Minas Gerais voltava a ser pequena para o Cruzeiro.
jogo do Cruzeiro em competições sul-americanas: 90.900
Ao lado: Ademir e Careca, ídolos da década de 1980.
pessoas pagaram ingresso (o público geral foi superior a
Acima: Careca se emociona ao comemorar o gol do título mineiro de 1990.
100.000). Eles viram a classificação celeste para a finalís
sima chegar com um gol antológico do ponteiro Róbson. Abaixo: Time vice-campeão da Supercopa Libertadores de 1988.
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1 9 8 1 _ 1 9 9 0 > FAT O S M A R C A N T E S O elenco formado por jogadores como Balu, Gilmar Francisco, Ademir, Hamilton e Édson,
sob o comando do técnico Carlos Alberto Silva, chegou às quartas de final do torneio.
1987
1981
O técnico Carlos Alberto Silva foi anunciado como técnico da Seleção Brasileira. Foi o pri
• 25 de janeiro. Em grande fase, o ponta esquerda Joãozinho fraturou a perna num lance meiro treinador do Cruzeiro a assumir esse posto. O preparador físico Odilon Guimarães,
com o zagueiro Darci Munique, do Sampaio Corrêa, no empate por 1 a 1, no Mineirão, pelo o médico Ronaldo Nazaré e o enfermeiro Teotônio também fizeram parte da comissão
Campeonato Brasileiro. Foram nove meses longe dos gramados. técnica brasileira. O zagueiro Geraldão e o volante Douglas foram convocados.
• 8 de novembro. A Ademg promoveu o concurso “Desafio das torcidas” no jogo entre o Cruzeiro
2 de agosto. O Cruzeiro conquista o Campeonato Mineiro com uma vitória por 2 a 0 sobre
e o Atlético, vendendo ingressos em cores diferentes para os cruzeirenses e para os atleticanos. o Atlético. O herói foi o jovem Careca, de 18 anos, que abriu o placar com um belo chute
A China Azul foi a maioria, em um público de 112.919 pagantes. A vitória do povão cruzeirense de fora da área. As categorias de base, de novo, revelavam ídolos para a torcida celeste.
veio graças à sua maioria esmagadora nos setores mais populares do estádio, como a geral. Nos acréscimos, Róbson marcou o segundo gol cruzeirense.
No reformulado Campeonato Brasileiro, que levou o nome de Copa União, com apenas
16 equipes, o Cruzeiro chegou às semifinais, sendo eliminado pelo Internacional, numa
1982
prorrogação no Mineirão.
• Com a contratação do técnico Yustrich, o lateral-direito Nelinho, assim como Tostão em
1972, anunciou que não continuaria no clube. Ele já havia sido emprestado ao Grêmio em
1980 e disputou sua última partida na derrota por 1 a 0 para o Anapolina, em 20 de março.
1988
primeira edição da Supercopa dos Campeões da Libertadores, o Cruzeiro terminou
Na
como vice-campeão. Na final, perdeu para o Racing por 2 a 1, na Argentina, e empatou em
1984 1 a 1, no Mineirão. Quem também deu show na competição foi a China Azul. Na semifinal
• 05 de dezembro. Na primeira partida da final do Campeonato Mineiro, o Cruzeiro aplica contra o Nacional, do Uruguai, foram mais de 90.000 pagantes.
uma goleada memorável sobre o Atlético, por 4 a 0.
09 de dezembro. Mesmo com a derrota por 1 a 0, o Cruzeiro sagravase campeão dentro de
1989
campo. Fora dele, o Atlético alegou que o termo “resultados iguais” escrito no regulamento
Na primeira edição da Copa do Brasil, que viria a conquistar por seis vezes, o Cruzeiro
não envolvia saldo de gols. A decisão definitiva nos tribunais saiu somente em 1990. Nesse parou nas oitavas de final, eliminado pelo Bahia.
dia, após ter sido impedido de desfilar no carro do Corpo de Bombeiros, os jogadores do
Cruzeiro subiram na caçamba de um caminhão para festejar com a China Azul.
Surge “La Bestia Negra”. Com a obrigação de reverter a desvantagem de dois gols diante
do Olímpia, do Paraguai. Nas oitavas de final da Supercopa, o Cruzeiro venceu por 3 a 0,
no Mineirão, e passou a criar a fama de algoz de adversários sul-americanos.
1985
O Cruzeiro conquistou o torneio comemorativo dos 20 anos do Mineirão. Derrotou o Boca
Juniors por 2 a 0, e o River Plate por 1 a 0, em setembro. 1990
• 3 de junho. O Cruzeiro conquista o título do Campeonato Mineiro sobre o Atlético: 1 a 0.
• O clube se despediu definitivamente do Estádio JK, que serviu à equipe desde os seus Mais uma vez, o atacante Careca foi o herói da conquista, marcando o gol de cabeça. Logo
primeiros anos de vida. Parte das arquibancadas foi demolida, e o espaço se tornou o em seguida, seu passe foi negociado com o Sporting, de Portugal. A conquista do campeo
Parque Esportivo do Barro Preto. nato marcou o início de uma sequência de 15 anos consecutivos com títulos do clube.
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Não por menos, o Cruzeiro foi eleito “O Melhor Clube
Brasileiro do Século XX” pela Federação Internacional
de História e Estatística do Futebol (IFFHS). Esse feito
Uma nova teve milhares de responsáveis. Das arquibancadas aos
época de ouro gramados. Dos bastidores do clube ao campo de trei
namento na Toca da Raposa. E, nesse último, esteve
A sequência de conquistas, iniciada uma das figuras centrais para o começo da caminhada
com o Campeonato Mineiro de 1990 gloriosa do início da década de 1990: o treinador gaú
e construída de 1991 a 2000, trans cho Ênio Andrade.
formou o Cruzeiro no maior vence
dor de competições desse período. “Seu Ênio”, como era carinhosamente chamado o se
Cinco títulos do Campeonato Mineiro nhor de cabelos brancos, semblante turrão, mas ex
(1992/1994/1996/1997/1998), dois da tremamente educado e agradável com os jogadores,
Supercopa dos Campeões da Améri jornalistas e torcedores. Muitos de seus atletas o ti
ca (1991/1992), dois da Copa do Brasil nham como um segundo pai. Alguns deles lembram
(1993/1996) e a Libertadores de 1997. de suas preleções na Toca da Raposa, quando usava
O Campeonato Brasileiro de 1998 fi um tamborete para montar uma espécie de quadro
cou no quase ou, no melhor estilo fu tático para mostrar como queria o time atuando.
Ênio Andrade foi um dos maiores técnicos
tebolês, bateu na trave, na decisão da história do Cruzeiro e, entre seus títulos
contra o Corinthians. A chegada do treinador foi o reencontro do Cruzeiro à frente do clube, o levou à conquista da
Supercopa Libertadores de 1991.
com o futebol competitivo campeão sulamericano de
Quinze conquistas e seis disputas de 1976. A sua filosofia de jogo foi decisiva dentro de cam
finais. Um período marcado por gran po para iniciar a década de ouro. Ênio Andrade foi um
des nomes, como os de Marco Antô colecionador de títulos. Comandou o time nas conquis
nio Boiadeiro, Renato Gaúcho, Luizi tas de dois campeonatos mineiros (1990/1994), uma
nho, Nonato, Dida, Marcelo Ramos, Copa dos Campeões Mineiros (1991), a Supercopa da Li
Palhinha, Ricardinho, Fábio Júnior, bertadores (1991), a Copa Ouro (1995) e uma Copa Mas
Sorín e a maior revelação já surgida ter da Supercopa (1995).
no clube no final do século XX: Ronal
do Nazário, o Fenômeno. Tudo começou com uma mexida geral no elenco, pro
movida pela diretoria sob orientação de Ênio Andrade.
A crônica de Plínio Barreto, publicada Com muita estratégia e cuidado, a partir de 1991 foi ini
no jornal Estado de Minas no dia 19 de ciada uma renovação gradativa, em que se mesclou a
março de 1994, revela o estado de es manutenção de alguns líderes, como o goleiro Paulo
pírito de todo o cruzeirense na época: César Borges, o volante Ademir e o ponteiro Édson; o
olhar atento nos destaques de clubes de menor expres
são, de onde vieram futuros ídolos, como o defensor
Adílson e o lateral esquerdo Nonato; a promoção de
“pratas da casa”, como o zagueiro Paulão; e a aposta
em jogadores tarimbados e ídolos em outros grandes
clubes, como os meias Marco Antônio Boiadeiro e Luís
Fernando Flores e os atacantes Charles e Mário Tilico.
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Com Ênio Andrade, o Cruzeiro virou especialista em disputas de véspera, fomos reconhecer o gramado do jogo e não deixaram. Então, antes do jogo, o ‘seu
torneios matamata, o que valeria ao clube a condição de colecio Ênio’ abriu as portas do campo e soltou um monte de bola no gramado. Mandou a gente sentir
nador de títulos, fazendo do torcedor cruzeirense o maior festeiro as condições que iríamos enfrentar. Serviu muito para encarar o clima do jogo e segurarmos a
e soltador de foguetes das noites de Minas Gerais nos anos 1990. nossa vantagem até o final”.
Numa delas, após uma partida épica no Mineirão, em 1991, o Cru
zeiro coroou o seu regresso ao posto de embaixador do futebol As semifinais contra o Olimpia, do Paraguai, foram dramáticas. Um empate no Mineirão, em
mineiro no mundo. A Supercopa dos Campeões da Libertadores 1 a 1, e outro em Assunção, 0 a 0, levaram a decisão para os pênaltis. Brilhou a estrela do
daquele ano teve esse papel na história do clube. goleiro Paulo César Borges. Cruzeiro 5 a 3 nas cobranças.
O início da temporada de 1991, que voltaria a colocar o Cruzei A finalíssima contra o River Plate trouxe a lembrança da campanha vitoriosa na Libertadores de
ro como o maior gigante das Américas, teve semelhanças com 1976. As duas equipes eram, agora, grandes rivais internacionais. Quinze confrontos, sete de
1976, quando da conquista da sua primeira Copa Libertadores. Lá les decisivos. Os portenhos eram comandados pelo excapitão da Seleção Argentina e um dos
atrás, o clube ainda sofria com a perda de Tostão e a contusão maiores zagueiros da história do futebol, Daniel Passarella. Tinham no time jogadores do nível de
de Dirceu Lopes. Em 1991, as saídas dos ídolos Douglas e Care Ramón Diaz, Comizzo, Hernan Diaz, Ramon Medina Bello e Leonardo Astrada em início de carrei
ca também refletiram no elenco. Mas uma solução se repetiu: a ra. Uma equipe competitiva, campeã argentina de 1990 e campeã do Torneio Apertura, de 1991.
aposta em jogadores já consagrados. Na primeira, veio o tricam
peão mundial Jairzinho e, na segunda, o ponta direita Mário Tilico Considerado favorito, o River Plate pressionou o Cruzeiro em Buenos Aires durante toda a parti
e o centroavante Charles, ambos ídolos de seus clubes anteriores, da. Um caldeirão nas arquibancadas do estádio Monumental de Nuñez. O time argentino venceu
São Paulo e Bahia, respectivamente. por 2 a 0 e, assim, garantiu uma enorme vantagem para a partida de volta, em Belo Horizonte.
A prova de fogo para o novo time seria na competição que já havia caído nas Toda a imprensa latina dava como certa a conquista do título pelo River Plate, tanto pela
graças da Nação Azul: a Supercopa dos Campeões da América. Os quatro qualidade do elenco quanto pelo resultado obtido no primeiro jogo. Mas “seu Ênio” não
vencedores brasileiros da Libertadores até então Cruzeiro, Santos, Flamen deixou o desânimo contaminar seus jogadores nem os torcedores. Ainda na Argentina, ele
go e Grêmio disputaram a edição do torneio de 1991. Os três últimos foram deu uma declaração surpreendente: “É lógico que as coisas ficaram difíceis, mas, com o
eliminados, sendo que o time paulista saiu nas semifinais para o Peñarol, do apoio da nossa torcida, temos condições de conseguir o mesmo em Belo Horizonte. Fazer
Uruguai, que, por sua vez, foi eliminado pelo River Plate, da Argentina, que o resultado de 2 a 0 ou 3 não vai ser nenhum absurdo”.
chegou à final.
Em 20 de novembro, cerca de 70 mil torcedores foram ao Mineirão empurrar o time para igua
Na outra ponta, o Cruzeiro iniciou sua trajetória contra o Colo Colo, que lar a situação com o campeão argentino. E ela, a torcida, literalmente “entrou em campo” junto
ganhara a Libertadores quatro meses antes. Dois empates em 0 a 0 marca com o Cruzeiro. Na busca pelo gol inicial, o torcedor embalou o time e a pressão foi total... até
ram o confronto, e a decisão foi para a cobrança de pênaltis, vencida pelo aos 33 minutos, quando Ademir fez o Mineirão explodir pela primeira vez.
Cruzeiro por 4 a 3. Em seguida, o adversário foi o já velho conhecido Na
cional de Montevideo. No primeiro jogo, no Mineirão, o time fez 4 a 0, com Na volta para o segundo tempo, a pressão continuou e, logo aos seis minutos, o rápido Mário
três gols de Charles e um de Boiadeiro. O time voava nas decisões e impunha
Tilico aumentava para 2 a 0, igualando tudo e levando a decisão para os pênaltis. Só que a torci
o ritmo para fazer o máximo de gols possíveis no primeiro jogo. Na volta, na da, ensandecida, de pé, não parou de cantar. Queria o terceiro gol. Aos 29 minutos, Charles, que
capital uruguaia, o resultado foi administrado e, até o final do jogo, o time se normalmente atuava centralizado no ataque, em jogada individual, arrancou pela ponta direita
gurou uma derrota de 3 a 0, sendo que o terceiro gol veio aos 45 do segundo e, da linha de fundo, tocou para Mário Tilico marcar o seu segundo gol, o terceiro do Cruzeiro.
tempo. A vantagem alcançada no Mineirão fora decisiva. O zagueiro Adílson
Batista, na época com 23 anos, foi peça importante na conquista. Um relato, O que se seguiu até o apito final da partida nunca havia acontecido no Mineirão. Milhares
anos depois, mostrou como aquele jogo deixou o elenco com a “casca gros de torcedores invadiram o campo para comemorar com os jogadores. Dezenas deles cru
sa” para uma competição sul-americana: “A gente achou que a vaga já estava zaram todo o gramado de joelhos. Eufóricos, os cruzeirenses romperam a madrugada afora
assegurada. No Uruguai, desde a chegada do ônibus, uma pressão tremenda. nas ruas de Belo Horizonte e nas estradas que ligam a capital ao interior do estado, para
Empurra-empurra, bombas, morteiros, foguetes. Aquilo tudo nos assustou. Na onde uma multidão retornava após o jogo. Era a reafirmação continental do Cruzeiro.
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Ao conquistar a Supercopa Libertadores de 1991, o Cruzeiro iniciava uma trajetória
vitoriosa na década que o levaria a se tornar o único multicampeão de Minas Gerais.
Aquela conquista fechou o ano de 1991. Não houve acerto para a permanência de Mário
Tilico – que, em pouco tempo, conquistou a admiração da torcida e o time sentiu a falta
dele no Brasileirão de 1992. A competição teve início em janeiro para terminar antes da rea
lização das Olimpíadas de Barcelona. O Cruzeiro disputou a fase semifinal do campeonato
e foi eliminado, o que valeu a saída precipitada de Ênio Andrade.
A chegada do novo treinador, Jair Pereira, trazia também jogadores com muita história e
que inscreveriam o nome na relação dos grandes campeões. As contratações sacudiram o
torcedor cruzeirense. Luizinho, zagueiro que se destacara no rival Atlético nos anos 1980,
na Seleção Brasileira de 1982 e no Sporting, de Portugal; Douglas, que retornava do mesmo
clube português; o meiaatacante Betinho, consagrado no Palmeiras e na Portuguesa, e os
atacantes Renato Gaúcho e Roberto Gaúcho.
Jair Pereira deu liberdade para aos três jogadores do ataque não guardarem posições defini
das, e esse estilo não encontrou adversário na disputa do Campeonato Mineiro. A campanha
do Cruzeiro foi marcada por goleadas incríveis, como um 8 a 1 sobre o Rio Branco e um 7 a 0
sobre o Uberlândia. Sem perder um único jogo, o time decidiu o título em dois jogos contra o
América. Duas vitórias (3 a 2 e 2 a 0), com um show particular da dupla Renato e Roberto, os
gaúchos. Tudo isso foi um ensaio para o que viria na disputa da Supercopa da Libertadores.
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O entrosamento dentro de campo era perfeito. Boia Nas semifinais, um embate duríssimo contra na torcida que já antevia o bi, incrementado
deiro, Luís Fernando e Betinho armavam um arsenal o Olímpia. Vitória por 1 a 0 no Paraguai e um aos 25 minutos, quando Luís Fernando fez o
de jogadas. Roberto Gaúcho, além do faro de gol, empate por 2 a 2 no Mineirão, com mais de terceiro gol.
era um verdadeiro garçom para o oportunismo de 90.000 torcedores presentes. Na finalíssi
Renato Gaúcho. Jair Pereira contava com um elenco ma, o Cruzeiro enfrentou o Racing, em uma O resultado tranquilizava para o jogo de vol
tarimbado não só dentro de campo, mas também revanche da primeira Supercopa em 1988, ta, mas o torcedor queria mais e pedia mais
no banco de substituições. A base tinha Paulo César quando os argentinos foram campeões den um ao ídolo Marco Antônio Boiadeiro. O gol
Borges, Paulo Roberto, Luizinho, Célio Lúcio e No tro do Gigante da Pampulha. veio em uma pintura. Um corte para a perna
nato; Douglas, Boiadeiro, Luís Fernando e Betinho; esquerda e a bola entrou no ângulo. Ao Ra
Renato Gaúcho e Roberto Gaúcho. O sorteio marcou o primeiro jogo da decisão cing, caberia vencer em Avellaneda por 5 gols
para Belo Horizonte, e a massa cruzeirense de diferença. Para o torcedor cruzeirense, o
Dessa vez, o Cruzeiro entrou para a disputa da Su ocupou o Mineirão com mais de 100.000 impossível, e, por isso, já se sentia bicampeão.
percopa como um dos favoritos e defendendo o presentes, que cantaram e pularam do iní
título de 1991. A estreia foi na Colômbia, contra o cio ao fim do jogo, debaixo de muita chuva. E foi o que ocorreu na Argentina. O Racing
Nacional de Medelín: empate em 1 a 1. No jogo de A primeira explosão veio aos 31 minutos, no venceu por 1 a 0, insuficiente para impedir
volta, com mais de 70.000 pessoas presentes no Mi chute de Roberto Gaúcho, que desviou no mais um título internacional do maior clu
neirão, uma goleada histórica de 8 a 0, com cinco zagueiro e entrou no gol. Emoções maiores be de Minas Gerais, La Bestia Negra para os
gols de Renato Gaúcho. Nas arquibancadas, a torci estavam reservadas para o segundo tempo adversários sulamericanos. A conquista al
da proporcionou um espetáculo inesquecível, quan e, aos 12 minutos, Roberto Gaúcho subiu e cançada de forma magistral valeu ao clube
do ficou quase o segundo tempo inteiro fazendo o marcou de cabeça. Carnaval em novembro a alcunha de “time copeiro”.
movimento da “ola”, que só se interrompia para os
cruzeirenses comemorarem os gols.
Nas quartas de finais, um velho conhecido, mordido com a perda do título da mesma Su
percopa no ano anterior e da Libertadores de 1976. O River Plate foi a Belo Horizonte dis
posto a despachar o Cruzeiro, mas voltou a perder: 2 a 0. A partida de volta, em Buenos
Aires, foi dos jogos mais difíceis e sangrentos da história do clube mineiro.
Antes mesmo da partida, o ônibus da delegação foi apedrejado e alguns jogadores foram
atingidos por estilhaços. Estranhamente, a transmissão do jogo pela TV para o Brasil foi
proibida. No entanto, tão logo o juiz apitou o início da partida, pôdese perceber o motivo
de tanto desejo em esconder algo.
Na bola, os argentinos não conseguiam furar a defesa do Cruzeiro, até que o árbitro iniciou
os trabalhos quando faltavam dez minutos para o fim do jogo. Em menos de cinco minutos,
expulsou Luizinho e Boiadeiro. O jovem Adílson, que entrara no decorrer da partida, após
seis meses se recuperando de uma fratura na perna, foi agredido covardemente e quebrou
a tíbia novamente.
Aos 42 minutos do segundo tempo, o árbitro marca um pênalti inexistente. Já nos acrésci
mos, outra penalidade favorecendo o River Plate. Com o 2 a 0, a decisão da vaga foi para
as cobranças de pênaltis. Heroicamente, o Cruzeiro se classificou ali, enquanto a torcida
argentina destruía o estádio.
A conquista da Supercopa Libertadores de 1992 foi marcada por goleadas e
pelo recorde mundial de média de público numa mesma competição.
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A comprovação veio no primeiro semestre de 1993, na disputa da Copa do Brasil. O time Vindo para o lugar de Paulo César Borges, Dida logo se tornou unani
não contava com Renato Gaúcho e Betinho. A contrapartida foi apostar na volta do ídolo midade da torcida. Com 1,96m de altura, o gigante se destacava nas
Ademir – que estava emprestado ao Racing e na contratação dos atacantes Éder Aleixo e cobranças de pênalti, e mostrou isso nas duas competições do pri
Cleisson, então uma jovem promessa do modesto clube Santa Tereza. meiro semestre de 1994 – o Campeonato Mineiro e a Supercopa dos
Campeões da Libertadores. Nas duas grandes conquistas de 1996 e
O Cruzeiro eliminou a Desportiva, do Espírito Santo, o Náutico, o São Paulo e o Vasco antes 1997, a Copa do Brasil e a Libertadores, Dida seria a segurança do time
da final contra o Grêmio. No primeiro jogo da decisão, em Porto Alegre, empate em 0 a 0. para chegar aos títulos. Mas, antes disso, outro fenômeno surgiria no
No Mineirão, no dia 3 de junho, mais de 70.000 cruzeirenses foram ao estádio com o obje Cruzeiro: um menino chamado Ronaldo Nazário.
tivo de levar o time à conquista de mais um título nacional. Comandando o time estava o
técnico Pinheiro. Roberto Gaúcho abriu o placar e Pingo empatou para o Grêmio. O gol do O garoto chegou ao Cruzeiro ainda em 1993, vindo do São Cristóvão, do
título saiu depois de um cruzamento de Paulo Roberto e a subida de Cleisson para testar Rio de Janeiro. Tinha 16 anos e foi para a equipe de base. A qualidade do
e marcar o gol da comemoração. O jovem garoto, definitivamente, iniciava sua trajetória atacante chamou a atenção, e, quando o técnico Pinheiro precisou colo
de ídolo da torcida, e o Cruzeiro conquistava a sua Copa do Brasil, torneio que, décadas car uma equipe reserva para jogar contra a Caldense pelo Campeonato
depois, o teria como hexacampeão. Mineiro, escalou Ronaldo. Dois meses depois, o garoto foi levado em uma
excursão a Portugal, já com o treinador Carlos Alberto Silva, e participou
de três jogos. No primeiro, entrou no segundo tempo; no segundo jogo,
contra o Belenenses, marcou um dos gols na vitória celeste por 2 a 0. No
jogo seguinte, contra o Peñarol, Ronaldo conquistou a posição em defini
tivo. O Cruzeiro venceu por 3 a 0. Ele marcou um gol que deixou o está
dio em pé, aplaudindo, depois de passar por cinco defensores uruguaios.
O tempo de Ronaldo no Cruzeiro foi curto – entre o segundo semes
tre de 1993 e o primeiro de 1994. Em 58 jogos, atuando em 55 como
titular, marcou 56 gols. Foi artilheiro da Supercopa da Libertadores e
do Campeonato Mineiro de 1993 e convocado para disputar a Copa
do Mundo de 1994. Em tão pouco tempo, alcançou marcas difíceis de
serem alcançadas. Foi o atacante com a melhor média de gols no Mi
neirão: 32 em 27 jogos – 1,19 por partida.
Sua rapidez e sua habilidade encantavam o mundo. A maestria com a qual
jogava fez com que ele marcasse gols épicos com a camisa azul e branca.
No Brasileirão de 1993, o Cruzeiro goleou o Bahia por 6 a 0. Ronaldo mar
cou cinco gols. Num deles, o goleiro uruguaio Rodolfo Rodríguez, depois
Em 1993, ao vencer o Grêmio na final, o Cruzeiro conquistava sua primeira de praticar uma defesa difícil e reclamar da marcação, deixou escapar a
Copa do Brasil, competição da qual se tornou hexacampeão.
bola perto de Ronaldo, que não titubeou e a empurrou para as redes.
O Brasileirão de 1993 revelou um jovem e gigante
goleiro que defendia o Vitória, da Bahia, vice-cam No Campeonato Mineiro de 1994, o garoto marcou os três gols na
peão da competição. Com defesas milagrosas, Dida vitória por 3 a 1 sobre o Atlético, com dribles desconcertantes. Ronal
foi um dos principais fatores pelo time baiano ter do também deixou a sua marca em gramados sulamericanos contra
chegado à disputa do título. Ao final do campeona adversários tradicionais, como o Boca Juniors. Inesquecível foi o gol
to, os dirigentes do Cruzeiro surpreendiam a máxi marcado na vitória de virada, por 2 a 1, na Libertadores de 1994. Ro
ma do futebol que sempre desvalorizava a posição naldo partiu com a bola do meio de campo, driblou quatro adversários
de goleiro e anunciavam a troca do meia Ramon Me e o goleiro Navarro Montoya antes de marcar. Ele próprio considera
nezes, revelado na base do clube, pelo goleiro Dida. esse gol um dos mais bonitos de toda a sua carreira.
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_ D E PA L E S T R A A C R U Z E I R O _ 209
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nacional contra o poderoso Corinthians, que contava com craques como Edmundo e Marceli
nho Carioca. Eles não impediram outra goleada mineira: 4 a 0 no estádio Independência. Com
tarimba e prudência, o time segurou a derrota magra de 3 a 2 e se classificou para as semifinais
contra outro gigante, o Flamengo. Dois empates, sendo um por 1 a 1 no Maracanã, levaram o
Cruzeiro à sua segunda decisão na Copa do Brasil. Dessa vez, contra o mais temido time do
Brasil naquela época: o poderoso e rico Palmeiras, patrocinado pela multinacional Parmalat.
O time paulista contava com uma verdadeira Seleção Brasileira, com jogadores de qualida
de reconhecida no mundo do futebol: Rivaldo, Djalminha, Luizão, Cafu, Cléber, Júnior, Flá
vio Conceição. O favoritismo do Palmeiras aumentou ainda mais depois do primeiro jogo
das finais. No Mineirão, um empate por 1 a 1 dava aos paulistas o direito de serem campeões
até com um 0 a 0 no jogo da volta, em São Paulo.
Mas, nos vestiários, um líder tratou de deixar os companheiros de cabeça erguida. O lateral
esquerdo Nonato, um dos maiores jogadores da história centenária do Cruzeiro e capitão
daquele time, dirigiuse a cada um dos jogadores e começou a questionálos em relação aos
jogadores do Palmeiras: “Perguntei a todos os jogadores: Dida, você é pior que o Veloso?
Vitor, o Cafu joga mais que você? E assim foi. Não nos desesperamos”.
Logo após a Copa do Mundo de 1994, foi anunciada a transferência de Ronaldo para o PSV,
da Holanda. Uma transação envolvendo 6 milhões de dólares. Sobre ele, o comentarista e
ex-jogador Tostão, ícone da história centenária do clube, disse certa vez: “Foi, com certeza
absoluta, o maior jogador que passou pelo Cruzeiro, pois ficou pouco tempo, mas deixou
sua marca, como eu, o Dirceu Lopes e outros que brilharam com a camisa do clube”.
A Copa do Brasil de 1996 foi uma das mais disputadas de toda a história dessa competição.
O Cruzeiro se preparou para vencêla, e tinha no comando o técnico Levir Culpi e Palhinha
como maestro.
Após passar pelo Juventus, do Acre, na primeira fase, o Cruzeiro goleou o Vasco por 6 a 2,
no Rio de Janeiro, e se classificou com um empate no Mineirão. Na sequência, outro clássico
Ao lado: Numa virada histórica, o Cruzeiro vence o Palmeiras e conquista a sua segunda Copa do Brasil, em 1996.
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No dia 19 de junho, 30.000 palmeirenses foram ao Parque Antártica certos de
comemorar a conquista da Copa. Antes do jogo, no salão nobre do clube, uma
festa já estava sendo preparada, e as faixas de campeão já estavam prontas.
Tudo ficou ainda mais real para os paulistas, quando, logo aos 5 minutos de
jogo, o Palmeiras marcou 1 a 0. Mas o que eles não esperavam era uma atuação
divina do goleiro Dida e um entrosamento impecável do Cruzeiro.
O time não se assustou e, ainda no primeiro tempo, Roberto Gaúcho deixou
tudo igual. No segundo tempo, a pressão paulista foi total, mas insuficiente
para vencer Dida. Por três vezes, o goleiro fez defesas inacreditáveis de chutes
próximos à pequena área. Certamente, foi uma das maiores atuações de um
goleiro na história do futebol mundial.
Se Dida operava milagres na defesa, no ataque, Palhinha e Roberto Gaúcho
deixavam o poderoso Palmeiras em estado de alerta. Mas não o suficiente para
impedir o gol da virada, marcado por Marcelo Ramos. O Cruzeiro conquistava
a sua segunda Copa do Brasil, e o centroavante baiano iniciava sua idolatria
como jogador celeste. Na volta do time a Belo Horizonte, milhares de torce
dores acompanharam o desfile do Aeroporto da Pampulha até o centro da ci
dade, na maior festa já vista na capital mineira proporcionada por uma torcida Parou a cidade: Chegada do time do Cruzeiro a Belo Horizonte, após a conquista da Copa do Brasil de 1996.
de futebol.
A preocupação e a ansiedade em disputar o Mundial Interclubes contra o campeão da No Campeonato Brasileiro, os rivais disputaram palmo a palmo em toda a competição e fo
Champions Ligue, o Borussia, por pouco não levaram o time para a segunda divisão do ram às finais para definirem o título, em uma das disputas mais equilibradas da competição.
Campeonato Brasileiro de 1997. A diretoria do clube resolveu acreditar em jogadores com Se o Cruzeiro apresentava um time preparado para vencer qualquer torneio, o adversário
boas passagens por times europeus, caso do lateral direito Alberto, do zagueiro Gonçalves não era diferente: o elenco paulista contava com Marcelinho Carioca, Rincón, Ricardinho,
e dos atacantes Bebeto e Donizete Pantera. A derrota por 2 a 0 acabou mostrando o deses Vampeta, Dinei e Edilson Capetinha, treinado por Vanderlei Luxemburgo.
pero da manobra, que, inclusive, foi marcada pela injustiça com alguns heróis da conquista
da Libertadores, que sequer jogaram contra o time alemão, como Gottardo e Nonato. No primeiro jogo da decisão, um resultado amargo no Mineirão. O Cruzeiro vencia por 2 a
0, mas cedeu o empate. Em São Paulo, as duas equipes ficaram igualadas novamente, dessa
Para a temporada seguinte, reformulação geral no elenco. O time campeão da Libertadores vez em 1 a 1. Houve a necessidade do terceiro jogo, marcado também para a capital paulista.
foi desfeito e chegaram nomes consagrados do futebol, como o meia Valdo, o atacante Vitória do Corinthians e, novamente, o Cruzeiro via o sonho de ganhar o Campeonato Brasi
Müller, o zagueiro Marcelo Djian, o volante Djair, o lateral esquerdo Gilberto e as revelações leiro escapar no último jogo, como em 1974 e 1976.
Marcos Paulo e Fábio Júnior. O técnico Levir Culpi assumiu o comando técnico com o ob
jetivo de levar o time novamente às alturas. Depois de uma temporada muito irregular em 1999, o time entrou o ano de 2000 sob des
confiança. Até mesmo a contratação mais cara da história do Cruzeiro, a do lateral esquerdo
A temporada foi marcada pelos confrontos entre Cruzeiro e Corinthians. No campo regio argentino Juan Pablo Sorín, vindo do River Plate por 5 milhões de dólares, não era unanimidade
nal, o Cruzeiro conquistou mais um tricampeonato mineiro, sequência de 1996/1997/1998, entre os torcedores e nem mesmo para o novo técnico, Marco Aurélio. Apesar disso, o elenco
e revelava o atacante Fábio Júnior. Na Copa do Brasil, as duas equipes se enfrentaram na contava com um misto de jogadores extremamente experientes, como os zagueiros Cléber e
semifinal e o Cruzeiro levou a melhor, se classificando para enfrentar o Palmeiras na final, Cris e os atacantes Oséas e Müller, além de jovens talentosos como Ricardinho, Fábio Júnior e a
em decisão vencida pelos paulistas. revelação Geovanni. Assim, o Cruzeiro foi se firmando na temporada inaugural da nova década.
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O ponto alto estava por vir na disputa da Copa do Brasil. A campanha começou com a eli
minação do Gama, do Distrito Federal, e de três adversários da região Sul: Paraná, Caxias e
Athletico Paranaense. Nas quartas de final, o Botafogo. No primeiro jogo, em Belo Horizon
te, o que parecia uma goleada tranquila – 3 a 0 ainda no primeiro tempo – se transformou
em drama. O time carioca fez dois gols e quase arrancou o empate. No jogo de volta, no
Rio de Janeiro, bastava uma vitória simples ao Botafogo, mas o goleiro cruzeirense, André,
se destacou e segurou o empate em 0 a 0.
No primeiro jogo, empate por 0 a 0, no Morumbi. Para o jogo de volta, a torcida do Cruzeiro
promoveu um mar azul e branco pelas esquinas de Belo Horizonte. As filas para a compra de
ingressos davam voltas nos quarteirões do Barro Preto e do centro da cidade.
Como esperado, o jogo foi duríssimo, e se tornou dramático aos 20 minutos do segundo
tempo, quando Marcelinho Paraíba marcou 1 a 0 para o São Paulo, após uma cobrança de
falta pela ponta direita. Um empate daria o título ao time paulista. Estava praticamente
acabado para o Cruzeiro.
Em desespero, o técnico Marco Aurélio sacou os dois laterais – Rodrigo e Sorín – e o meia
Jackson para a entrada do colombiano Viveros e mais dois atacantes – Müller e Fábio Jú
nior. E foi do jovem centroavante o gol do empate aos 34 minutos. O Mineirão se transfor
mou em um caldeirão.
O jogo caminhava para o fim, e o São Paulo prendia a bola no ataque para
gastar o tempo e segurar o empate. Foi quando, nos minutos finais, Gio
vanni rouba a bola e arranca em disparada rumo à área dos paulistas. Foi
parado com falta pelo zagueiro Rogério Pinheiro. Seria a última chance,
e ela se transformou em um momento épico, que jamais será esquecido
pelos 85.841 pagantes daquela noite.
Próximo à meialua, o próprio Geovanni ajeitou a bola, se ajoelhou e a to
cou com as mãos. O experiente Müller correu até ele e, ao pé do ouvido,
lhe indicou a forma de bater. Quando todos esperavam uma cobrança
clássica, por sobre a barreira, Geovanni bateu rasteiro, no meio dos joga
dores da parede do São Paulo. Um gol inesquecível. Um tricampeonato
da Copa do Brasil que fechou com chave do ouro um dos períodos mais
importantes da gloriosa história cruzeirense.
Com gols de Fábio Júnio e Geovanni, no Mineirão, Cruzeiro virou contra
o São Paulo e conquistou sua terceira Copa do Brasil no ano 2000.
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1 9 9 1 _ 2 0 0 0 > FAT O S M A R C A N T E S 1994
O Cruzeiro voltou a disputar a Copa Libertadores depois de 17 anos. Apesar de ter sido
eliminado nas oitavas de final pelo Unión Española, do Chile, a equipe obteve duas vitó
rias marcantes sobre o Boca Juniors, por 2 a 1. A primeira em La Bombonera, com grande
1991 atuação do goleiro Dida. A segunda, no Mineirão, com um golaço de Ronaldo.
16 de junho. O clube ganhou a Copa dos Campeões Mineiros, disputada no Independência,
no meio da temporada. Derrotou o Villa Nova e o América, ambos nos pênaltis.
6 de março. No clássico contra o Atlético, pelo turno do Mineiro, Ronaldo se tornou um
dos poucos jogadores a marcar três gols na história do confronto. Em um deles, deixou
• 20 de novembro. O Cruzeiro retomou as conquistas internacionais. Enfrentou o River Pla o zagueiro uruguaio Kanapkis caído no chão. O volante Toninho Cerezo estreou com a
te na decisão da Supercopa da Libertadores. Perdeu o primeiro jogo por 2 a 0, em Buenos camisa celeste nesse clássico.
Aires. Com uma atuação brilhante e fundamental apoio da torcida, fez 3 a 0 no jogo da
volta, no Mineirão, em 20 de novembro. O atacante Mário Tilico foi o destaque, com dois de maio. O Cruzeiro venceu com extrema facilidade o Campeonato Mineiro, com 10
11
gols. Era o início da fama de time copeiro. pontos de vantagem sobre o vice. E de forma invicta. O título por antecipação veio na
vitória por 5 a 3 sobre a Caldense, em Poços de Caldas.
• 7 de agosto. Após sagrar-se campeão mundial com a Seleção Brasileira nos Estados Uni
1992
dos, Ronaldo, vendido ao PSV Eindhoven, da Holanda, por US$ 6 milhões, despediu-se do
de outubro. O Cruzeiro venceu o Nacional de Medellín por 8 a 0 pela Supercopa. A
15
Cruzeiro no amistoso com o Botafogo, no Mineirão. Ele fez o gol do empate por 1 a 1, o
maior goleada da história do clube em competições internacionais.
último de seus 56 com a camisa celeste.
Cruzeiro conquista o bi da Supercopa da Libertadores de forma épica. Passou por
O
Nacional de Medellín, River Plate, Olimpia e o Racing. A média de público da torcida cru
zeirense nos jogos em casa foi de 73.000 mil torcedores por jogo, um recorde mundial. 1995
O Cruzeiro conquistou dois torneios promovidos pela Conmebol neste ano. O primeiro
• 20 de dezembro. A final do Campeonato Mineiro foi contra o América, algo inédito no foi a Copa Master. Cruzeiro e Olimpia disputaram o título em duas partidas. No Paraguai,
Mineirão. Campeão invicto, o clube voltava a ficar à frente no número de títulos estaduais houve empate em 0 a 0. No Mineirão, o time celeste venceu por 1 a 0, gol de Marcelo
na era Mineirão. Ramos.
• A segunda conquista foi a Copa Ouro. Cruzeiro e São Paulo fizeram a disputa. No Minei
rão, o tricolor paulista venceu por 1 a 0, jogo encerrado no início do segundo tempo, após
1993
quatro jogadores celestes terem sido expulsos, e Luiz Fernando Gomes ter se contundido
25 de maio. O jogo pouco valia, tanto que o técnico Pinheiro escalou um time reserva para
depois das três alterações permitidas. No Pacaembu, o Cruzeiro ganhou por 1 a 0 e levou
enfrentar a Caldense, em Poços de Caldas, pelo Campeonato Mineiro. Entre os titulares,
a melhor nos pênaltis, graças ao goleiro Dida.
estava o garoto Ronaldo, atacante de apenas 16 anos, que vinha se destacando entre os
juniores. Foi a estreia do Fenômeno pelo Cruzeiro.
27 de agosto. Na vitória por 2 a 0 sobre o Corinthians, no Mineirão, pelo Brasileiro, o ata
cante Marcelo Ramos marcou o gol mais rápido do clube na história da competição: aos
de junho. O Cruzeiro conquistou a primeira de suas seis Copas do Brasil. Depois de
3
12 segundos.
eliminar Desportiva/ES, Náutico, São Paulo e Vasco, enfrentou o Grêmio na final. Sob o
comando do técnico Pinheiro, o time segurou o 0 a 0 no Olímpico e venceu por 2 a 1, no
Mineirão.
1996
• 5 de agosto. Em excursão pela Europa, o Cruzeiro venceu o Belenenses, de Portugal, por
7 de abril. Com a reforma no gramado do Mineirão, o clássico contra o Atlético, pelo turno
2 a 0. Gols de Roberto Gaúcho e de Ronaldo, o primeiro dele pelo time profissional do do Campeonato Mineiro, aconteceu no Ipatingão. Foi o primeiro confronto disputado no
Cruzeiro. interior do estado. O Cruzeiro perdeu por 2 a 1.
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A conquista do segundo título da Copa do Brasil foi espetacular. O Cruzeiro eliminou Ju
• 12 de maio. Com o título da Copa dos Campeões Mineiros, o Cruzeiro se classificou para
ventus (na primeira vez em que jogou no Acre), Vasco, Corinthians e Flamengo para che disputar a Copa Centro-Oeste contra o Vila Nova, de Goiás. Depois de ganhar o primeiro
gar à final contra o supertime do Palmeiras. Depois do empate por 1 a 1 no Mineirão, todos jogo no Mineirão, por 3 a 0, veio a derrota no Serra Dourada, por 2 a 1. Na terceira partida,
davam como certo o título palmeirense. Porém, a equipe de Levir Culpi surpreendeu no também em Goiânia, o empate por 0 a 0 garantiu o título para o time celeste.
Parque Antártica, vencendo por 2 a 1, de virada. Marcelo Ramos e Roberto Gaúcho, auto
res dos gols, e Dida, com defesas espetaculares, foram os destaques. de setembro. Campeão da Libertadores de 1997, o Cruzeiro disputou com o River
23
Plate, campeão da Supercopa, a Recopa SulAmericana de 1998. Por falta de datas, os
21
de julho. O título mineiro também veio de forma surpreendente. O Cruzeiro contou jogos ficaram para 1999. A equipe celeste venceu os dois: 2 a 0 no Mineirão e 3 a 0 no
com tropeços do Atlético contra o Uberlândia, na última rodada, para levantar o caneco Monumental de Nuñez. Era o 17º título conquistado nos anos 1990, o que fez do clube o
com uma vitória por 1 a 0 sobre o América, no Mineirão. A expectativa da torcida era tão maior campeão da década.
pequena que apenas 5.215 torcedores assistiram à volta olímpica dos campeões.
3 de novembro. Pelo Campeonato Brasileiro, o atacante Paulinho McLaren marcou o gol
da vitória, por 2 a 1, contra o Atlético. Na comemoração, ele imitou um frango batendo
2000
• 4 de março. Em um amistoso no sábado de Carnaval, no Mineirão, com o time misto,
asas, para delírio da torcida cruzeirense.
contra o Universal (RJ), equipe mantida pela Igreja Universal do Reino de Deus, o goleiro
Fábio iniciou sua longa e vitoriosa trajetória que o tornaria o jogador que mais vezes usou
a camisa celeste.
1997
22 de junho. A torcida celeste, mais uma vez, provou sua força. Na decisão do Campeo • 9 de julho. O terceiro título da Copa do Brasil foi conquistado de forma magnífica sobre
nato Mineiro contra o Villa Nova, o público foi de 132.834 torcedores, sendo 52.950 mu o São Paulo. No Mineirão, o tricolor paulista saiu na frente. Fábio Júnior, com passe de
lheres e crianças. Graças às mulheres e seus filhos, o Cruzeiro tem o eterno e imbatível re Müller, empatou. Os dois haviam entrado na equipe no decorrer da partida. Nos minutos
corde de público da história do estádio Mineirão. O time venceu por 1 a 0, gol de Marcelo finais, em cobrança de falta orientada por Müller, Geovanni virou, para delírio da torcida
Ramos, e sagrouse campeão mineiro. cruzeirense. Ainda houve tempo para o goleiro André e o zagueiro Cléber evitarem o gol
de empate do São Paulo. O técnico Marco Aurélio comandou o time sabendo que seria
13 de agosto. O bicampeonato da Libertadores foi conquistado de forma épica. Depois de substituído por Luiz Felipe Scolari.
perder os três primeiros jogos na primeira fase, o Cruzeiro iniciou uma reação sensacional, que
culminou na vitória sobre o Sporting Cristal, com gol de Elivélton e milagres do goleiro Dida.
30 de setembro. O clássico contra o Atlético, pela Copa João Havelange, o Brasileiro de
2000, registrou uma virada sensacional. Depois de estar perdendo por 2 a 0, o Cruzeiro
2 de dezembro. O Cruzeiro voltou a disputar o Mundial Interclubes, em dezembro, contra venceu por 4 a 2, com apoio maciço da torcida celeste. O argentino Sorín, contratação
o Borussia Dortmund, em Tóquio. Os reforços Bebeto, Donizete e Gonçalves não deram mais cara da história do clube, até então questionado pela torcida, marcou o gol da virada
certo, e a equipe perdeu por 2 a 0. e, ali, conquistou de vez a Nação Azul.
1998
• 7 de junho. Mais um tricampeonato mineiro. A final foi contra o Atlético, tendo como herói
o jovem atacante Fábio Júnior. Na primeira partida, ele marcou, em meia hora de jogo, os
três gols da vitória por 3 a 2. O empate por 0 a 0 na segunda partida garantiu o tri.
1999
• 4 de abril. O Cruzeiro conquistou a Copa dos Campeões Mineiros. O destaque foram as
duas goleadas sobre o Atlético: por 3 a 0, na primeira fase, e por 5 a 1 na decisão. Até
então, esse foi o maior placar da história dos clássicos no Mineirão.
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A primeira e a mais brilhante
tríplice coroa do futebol brasileiro
(SUGESTÃO DE FOTO:
Ao melhor clube do século XX, lamentar os infortúnios sempre foi apenas com - IMAGEM DO TIME CAM
bustível para ir em busca de superações e de títulos. Com as próprias pernas PEÃO DA COPA SUL MI
e contra tudo e contra todos. Por isso, a tristeza pela derrota improvável para NAS DE 2001
o Vasco, na última partida da semifinal do torneio nacional de 2000, foi rapi
damente superada com a virada do ano, e dela sobrou uma nova obsessão en
tre jogadores, diretoria e torcida: vencer o Campeonato Brasileiro. Até então,
como a CBF ainda não havia reconhecido os vencedores dos campeonatos
nacionais anteriores a 1971 como “campeões brasileiros” (isso só ocorreria em
2010), em 2001 ainda se tinha o Cruzeiro como o único clube – dos considera
dos “grandes” ainda sem um título de Campeonato Brasileiro.
Felipão, mesmo com a proximidade cada vez maior da Copa do Mundo de
2002, foi mantido no comando do time. O garoto Geovanni, destaque abso
luto da temporada anterior, também. O argentino Sorín se firmou como novo
ídolo da torcida e, em pouco tempo, entrou para o hall dos melhores laterais/
alas esquerdos da história do Cruzeiro, onde já figuravam Nininho Fantoni,
Vanderlei e Nonato. Se o time terminou forte a temporada passada, era assim
que se manteria para o novo certame.
O Campeonato Brasileiro de 2001 ainda demoraria alguns meses para ini
ciar, e o Cruzeiro já mostrava muita força coletiva, tanto na defesa, com
a dupla Cris e Luisão, quanto no ataque, com Geovanni, Oséas e Marcelo
Ramos, tendo ainda um tripé rápido no meiocampo – Ricardinho, Jack
son e Jorge Wagner a conectar esses setores. Isso levou o time a sonhar
Os dois Palestras eram os favoritos ao título. A imprensa tratava o embate como uma final
novamente com voos mais altos. O time avançava com folga na Copa
antecipada. O primeiro jogo, em São Paulo, foi alucinante. O Cruzeiro vencia até o último
Libertadores. Após sete vitórias e um empate, ele viveria – nas quartas de
minuto da partida, mas os paulistas conseguiram igualar em 3 a 3.
final – a reedição de um clássico dos anos de 1990: Cruzeiro e Palmeiras
se cruzaram.
Uma semana depois, mais de 80.000 cruzeirenses transformaram o Mineirão em um mar
de ondas azuis. Em campo, o time respondia ao balanço das arquibancadas e, assim como
no primeiro jogo, ia garantindo a vitória - e a classificação - até os minutos finais. Mas levou
No início da década de 2000, o Cruzeiro conquistou – por duas vezes – a Copa
Sul Minas e travou épicos embates contra o Palmeiras no cenário continental. o empate em 2 a 2. Nos pênaltis, o Palmeiras se classificaria.
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O jogo marcou o início de uma mudança. O técnico Felipão se
despediu. O passe de Giovanni foi negociado com o Barcelona por
US$ 18 milhões, a maior venda da história do Cruzeiro. A diretoria,
na tentativa de recompor o elenco, cometeu erros na montagem
do time, e passou o resto do ano com grandes decepções. Até
mesmo o badalado meia Alex, quando de sua primeira passagem
pelo clube, não correspondeu em campo e deixou o Cruzeiro sem
despertar nenhuma saudade na torcida.
do Athletico Paranaense. Os dois clubes foram para as finais. Abaixo: A Toca da Raposa II foi inaugurada em 2002.
Já em clima de préCopa e com a iminente despedida de seus sele
cionáveis – Edílson e Sorín, o Cruzeiro se preparou para mais uma
conquista. Vitória nas duas partidas, com direito a uma apoteótica
atuação do argentino no jogo do título. Ainda no primeiro tempo,
em uma jogada dividida, Sorín cortou a cabeça e, ensanguentado,
precisou usar uma faixa nos longos cabelos. Ficou em campo e, ao
receber um passe do lateral Ruy, marcou o gol do título. Ao fim do
jogo, no centro do gramado, ele se despediu, emocionado, prome
tendo voltar um dia ao clube – o que cumpriu alguns anos depois.
O ano de 2002 ainda foi coroado com o título do Supercampeo
nato Mineiro sobre a Caldense. Essa conquista marcou um gran
de feito para um dos maiores jogadores da história do clube: o
volante Ricardinho chegaria a 15 títulos com a camisa estrelada,
um recorde.
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Em 2003, o time a ser batido no Brasil era cas tinham a certeza de que iriam conquis
o Santos. De lá, Luxemburgo fez a diretoria tar uma vitória e abrir vantagem para o títu
buscar o lateral direito Maurinho, reforçando lo, mas o que se viu foi um jogo parelho. O
a Raposa e enfraquecendo o Peixe. Nesse empate em 1 a 1 consolidou nacionalmente e
meiotempo, outras estrelas foram chegan dentro da torcida do Cruzeiro a genialidade
do, como os atacantes Deivid e Aristizábal e do meia Alex, logo apelidado pelo lendário
o volante Maldonado. narrador Alberto Rodrigues de “Alex, o Ta
lento”. Ele anotou para o Cruzeiro de forma
O time respondeu rapidamente em campo à magistral, num “gol de letra” indefensável.
filosofia de Luxemburgo, muito afeita à tra
dição do próprio Cruzeiro. O treinador pedia O jogo de volta foi um passeio de futebol
a seus atletas para jogarem com habilidade ao estilo de Luxemburgo, decidido logo no
e intensidade, num ritmo capaz de resolver a início da partida. Com 28 minutos jogados, o
vitória ainda nos primeiros minutos de jogo. Cruzeiro já vencia por 3 a 0. O gol de honra
Atuando assim, chegou à primeira conquista dos cariocas saiu quando já se soltava o gri
em 2003: campeão invicto do Campeonato to de tetracampeão da Copa do Brasil nas
Mineiro, após uma vitória sobre o rival regio arquibancadas.
nal por 4 a 2 e uma goleada por 4 a 0 na URT,
O volante Ricardinho é o recordista em Patos de Minas. O Cruzeiro jogava por música, e Alex era o
Por outro lado, após perder a Copa dos de títulos com a camisa do Cruzeiro.
regente. Com essa intensidade, o time tam
Campeões para o Paysandu e uma estreia
Em paralelo, o time ia avançando na Copa do bém disputava o Campeonato Brasileiro,
catastrófica no Campeonato Brasileiro dian
Brasil. Do Rio Branco, do Espírito Santo, ao que trazia uma novidade em 2003. Pela pri
te do Fluminense, a diretoria anunciou uma
Goiás, o Cruzeiro derrubou todos os adver meira vez, seria disputado por pontos cor
contratação que fez a mídia nacional vol
sários até chegar à final contra o Flamengo. ridos, aos moldes dos torneios nacionais da
tar a se surpreender com a ousadia cruzei
A primeira partida foi no Maracanã. Os cario Europa e do restante da América do Sul.
rense. Vanderlei Luxemburgo, considerado
o maior treinador do Brasil à época, era o
novo técnico do Cruzeiro.
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O Brasileirão foi marcado pela quebra de recordes. O Cruzeiro terminou com 100 pontos
ganhos, 31 vitórias e 102 gols. Na última rodada, aplicou uma goleada histórica de 7 a 0 so
bre o Bahia, em Salvador, com cinco gols de Alex, o Talento. Além disso, a Raposa liderou
a competição em 39 das 46 rodadas disputadas.
Veio 2005, trazendo um marco negativo. Sem conquistar nenhum campeonato, o Cruzeiro
quebrou uma série incrível de 15 anos seguidos ganhando ao menos um título.
Para voltar a trilhar o caminho das conquistas, o time teria que voltar a vencer no seu ter
reiro. A aposta foi em um exjogador da década de 1990, que até então não havia treinado
nenhum clube: o zagueiro Adílson, campeão das Supercopas de 1991 e 1992.
Deu certo, e o Cruzeiro conquistou os campeonatos regionais de 2008 e 2009, com vitó
rias de 5 a 0 sobre o Atlético de Belo Horizonte, numa humilhação jamais vista na história
do maior jogo de Minas Gerais.
Página ao lado:
O campeonato foi avançando, e uma disputa se desenhava. Cruzei Alex marca um gol de placa, contra o Flamengo, na final da Copa do Brasil de 2003.
ro e Santos, como previsto por Luxemburgo ainda no início da tem Abaixo:
Elenco do Cruzeiro campeão brasileiro de 2003.
porada, passaram a brigar pela liderança. Eles se enfrentariam na 31a
rodada do retorno, empatados na liderança. Quase 70.000 cruzei
renses foram ao Mineirão para aquela decisão antecipada. Um show
do colombiano Aristizábal e uma vitória contundente por 3 a 0.
Uma baixa. Alex estava suspenso pelo terceiro cartão amarelo. O
destino reservou a condução da orquestra azul ao veterano Zi
nho, tetracampeão do mundo e um reserva de luxo do time de
Luxemburgo. Com um Mineirão lotado por quase 80.000 pessoas,
foi de Zinho o gol que abriu a vitória para o título. Mota, reserva
xodó da torcida, faria o segundo, e o Paysandu ainda descontaria:
2 a 1. Quando o juiz apitou o final do jogo, Alex corria em volta
do gramado segurando uma enorme estrela dourada. O Cruzeiro,
finalmente, era campeão brasileiro.
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Nesse período, aconteceu a maior série invicta contra o rival regional (12 jogos), só que
brada por uma derrota por 1 a 0, pelo Campeonato Mineiro, quando, sem nenhum apoio
da Federação Mineira de Futebol, o Cruzeiro foi obrigado a jogar com o time reserva no
intervalo entre as partidas finais de uma disputa infinitamente mais importante, a Copa
Libertadores, contra o Estudiantes.
O Cruzeiro foi para a Argentina como favorito. O jogo foi tenso para o time mineiro, que
segurou o placar em 0 a 0 após uma atuação magistral do goleiro Fábio. A decisão ficaria
para Belo Horizonte, e a esperança do tricampeonato era real.
Novamente, a maior torcida de Minas Gerais fez o seu papel. Lotou o Mineirão e vibrou
com o gol do volante Henrique logo no início do segundo tempo. Porém, por um apagão
geral do time, o Estudiantes conquistou a virada e o título. Essa foi uma das derrotas mais
amargas da história do clube.
Em 2010, o casamento mais duradouro e feliz da história do futebol mineiro precisou dar um
tempo. Cruzeiro e Mineirão se separaram temporariamente. O estádio foi fechado para uma
reforma, visando à Copa do Mundo de 2014, que seria disputada no Brasil. A nova casa estre
lada foi a Arena do Jacaré, na cidade de Sete Lagoas. Nela, o Cruzeiro chegou ao vicecam
peonato brasileiro e conquistou sua quarta participação consecutiva na Copa Libertadores,
mas a saudade do estádio construído para ser palco da Academia Celeste batia mais forte.
Após a Tríplice Coroa, o elenco passou por reformulação. O boliviano Marcelo Moreno se tornou um dos ídolos dessa transição.
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Na primeira edição do Campeonato Brasileiro por pontos corridos, o domínio celeste foi
2002 total. Recorde de pontos ganhos (100), vitórias (31), gols marcados (102) e rodadas na
A Toca da Raposa II foi inaugurada em março, oferecendo aos jogadores modernas ins liderança (38). A festa da torcida celeste explodiu na vitória por 2 a 1 sobre o Paysandu
talações para treinamento e para concentração. A parceria com o fundo de investimento (gols de Zinho e Mota), no Mineirão, em 30 de novembro, mesma data da goleada por 6
dos Estados Unidos Hicks, Muse, Tate and Furst, que foi fundamental para a construção a 2 sobre o Santos, na final de 1966.
do novo centro de treinamento e da Sede Administrativa no Barro Preto, foi encerrada
em abril, depois de 27 meses.
Para fechar o ano com chave de ouro, a goleada por 7 a 0 sobre o Bahia, na Fonte Nova,
com cinco gols de Alex, que passou a ser o maior artilheiro do clube numa edição de Bra
• A temporada começou com mais um título: o bicampeonato da Copa Sul-Minas. Ainda sileiro, com 23 gols.
na primeira fase, o Cruzeiro goleou o América por 7 a 0, com uma atuação brilhante do
atacante Edílson. Na semifinal, mais uma vez eliminou o Atlético. Na final, novamente
duas vitórias contra um time paranaense, agora o Athletico: 2 a 1 em Curitiba e 1 a 0 no 2004
Mineirão, com gol de Sorín, que se despedia do clube pela primeira vez. contratação de Rivaldo, pentacampeão mundial com a Seleção Brasileira dois anos
A
antes, agitou a torcida cruzeirense no início da temporada. O jogador, no entanto, não
O Cruzeiro não disputou o Campeonato Mineiro, e, sim, o Supercampeonato, com Atléti conseguiu engrenar e deixou o clube no dia seguinte à demissão do técnico Vanderlei
co, América, Mamoré e Caldense. O título foi conquistado com a goleada por 4 a 0 sobre Luxemburgo. Foram apenas 11 partidas e um único gol.
o time de Poços de Caldas. Era o 15º título do volante Ricardinho, o jogador que mais ve
zes foi campeão pelo Cruzeiro. • 18 de abril. O Atlético chegou à final com a vantagem de dois resultados iguais, mas, logo
no primeiro jogo, a equipe celeste fez 3 a 1 e, mesmo perdendo por 1 a 0 na segunda par
• O atacante Edílson “Capetinha” foi o sétimo jogador da história do Cruzeiro convocado tida, ficou com o título, sob o comando do técnico Paulo César Gusmão.
para disputar uma Copa do Mundo pela Seleção Brasileira. Os demais foram Tostão (1966
e 1970), Piazza (1970 e 1974), Fontana (1970), Nelinho (1974 e 1978), Ronaldo (1994) e
Dida (1998). A lista se completaria com o lateral Gilberto (2002).
2005
• O técnico Vanderlei Luxemburgo estreou na terceira rodada do Campeonato Brasileiro.
O caso de manipulação de resultados por um árbitro manchou o Campeonato Brasileiro.
Por causa do saldo de gols, não classificou o Cruzeiro para as fases decisivas da compe Onze jogos foram remarcados, entre eles as vitórias do Cruzeiro sobre o Paysandu e so
tição, mas iniciou o trabalho que levaria à conquista da Tríplice Coroa em 2003, inclusive bre o Botafogo. Nas novas partidas, o time empatou com os cariocas e perdeu para os
com o respaldo para a recontratação do meia Alex. paraenses.
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_ 2001_2010
• Contra o Vélez Sarsfield, nas oitavas de final da Copa Sul-Americana, o Cruzeiro disputou
O ano terminou com mais uma “vitória” sobre o rival. Na última rodada do Brasileiro, o
sua 200ª partida internacional oficial. A equipe venceu por 2 a 1, no Mineirão. Cruzeiro derrotou o Santos por 2 a 1, na Vila Belmiro, e garantiu classificação para a Liber
tadores, ocupando a vaga que vinha sendo mantida pelo Atlético. A torcida não perdeu
Depois de 15 temporadas consecutivas conquistando títulos, o Cruzeiro encerrou o ano
a chance de agradecer ao “flanelinha” no primeiro clássico de 2010, fazendo um mosaico
sem ser campeão de nenhuma competição. nas arquibancadas do Mineirão.
2006 2010
No Campeonato Mineiro, o Cruzeiro deu o troco no Ipatinga, que havia vencido o torneio • 3 de fevereiro. O Cruzeiro aplicou a maior goleada de suas participações em Libertadores:
em 2005. Após eliminar, novamente, o Atlético nas semifinais, a Raposa enfrentou o time 7 a 0 sobre o Real Potosí, no Mineirão. Os gols foram de Marquinhos Paraná, Thiago Ribei
do Vale do Aço na decisão, em desvantagem. O primeiro jogo, no Mineirão, terminou em ro, Kléber, Jonathan, Eliandro, Bernardo e Guerrón. Era uma resposta à maior goleada so
patado por 1 a 1. No Ipatingão, o Cruzeiro venceu por 1 a 0, gol de Wagner. frida pela equipe na competição: para o mesmo Real Potosí, por 5 a 1, em 2008, na Bolívia.
O Cruzeiro foi vicecampeão brasileiro em 2010. Um erro do árbitro Sandro Meira Ricci, na
2007 partida contra o Corinthians, no Pacaembu, foi decisivo. Ele marcou um pênalti inexisten
2 de dezembro. Com a vitória por 2 a 0 sobre o América, do Rio Grande do Norte, na te do zagueiro Gil no atacante Ronaldo, que converteu e deu a vitória ao Timão por 1 a 0.
última rodada do Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro conquistou uma vaga para a Copa Na última rodada, o time, sob o comando do técnico Cuca, ainda tinha chance de título,
Libertadores do ano seguinte. Seria a primeira participação de uma sequência de quatro. mas dependia de um tropeço do Fluminense, que não ocorreu.
• 02 de junho. O Cruzeiro empatou em 0 a 0 com o Santos. Esse foi o último jogo do clube
no Mineirão antes do fechamento do estádio para reformas, visando à Copa do Mundo
2008 de 2014.
No Campeonato Mineiro, o Cruzeiro se vingou da goleada sofrida no ano anterior para
o Atlético. Na primeira partida decisiva, venceu por 5 a 0, até então a maior goleada na
1 º de agosto. Por causa do fechamento do Mineirão e do Independência para reformas
história dos clássicos na era Mineirão. Os gols foram de Marcelo Moreno, Guilherme, Wag
devido à Copa do Mundo, o clássico Cruzeiro e Atlético passou a ser disputado no inte
ner, Ramires e um contra. No segundo jogo, nova vitória: 1 a 0, gol de Marcelo Moreno. O
rior do estado, com torcida única. O primeiro foi na Arena Jacaré, em Sete Lagoas, pelo
técnico Adilson Batista começava a mostrar sua estrela no principal confronto estadual.
turno do Brasileiro, apenas com torcedores adversários, e a Raposa venceu por 1 a 0, gol
de Wellington Paulista.
2009
17 de janeiro. O clássico Cruzeiro e Atlético foi disputado pela primeira vez no exterior.
As duas equipes foram convidadas para um torneio em Montevidéu e fizeram o primeiro
confronto da competição. A equipe de Adilson Batista venceu por 4 a 2 e, na sequência,
foi campeã, com a vitória por 4 a 1 sobre o Nacional.
• No Campeonato Mineiro, uma cena repetida: nova goleada por 5 a 0 sobre o Atlético no
primeiro jogo da final. Era a sétima vitória seguida de Adilson Batista nos clássicos. Os gols
foram de Jonathan (2), Leonardo Silva (2) e Kléber. O empate por 1 a 1 na segunda partida
apenas confirmou o bicampeonato mineiro para o Cruzeiro. E sem perder nenhum jogo.
O tricampeonato da Copa Libertadores escapou por pouco. O Cruzeiro eliminou São Pau
lo e Grêmio, respectivamente, nas quartas de final e nas semifinais. Na primeira partida
decisiva, arrancou empate por 0 a 0 com o Estudiantes, em La Plata. Mas, no Mineirão,
perdeu por 2 a 1, de virada.
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2 0 1 1
Nas boas e nas más, No Campeonato Mineiro, o time chegou fa
cilmente à final, também com muitas golea
No Campeonato Brasileiro, a campanha
foi medíocre. O Cruzeiro flertou perigosa
sempre Cruzeiro das. Numa delas, aplicou 8 a 1 sobre o Amé mente com a segunda divisão. Tanto que
rica, de Teófilo Otoni, em uma apresentação chegou à última rodada seriamente amea
Esse foi o período em que o Cruzeiro viveu a maior magistral de Montillo. Mas o fantasma da çado pelo rebaixamento. Para escapar, pre
montanha russa de sua história. Dentro de campo, zebra da Libertadores ainda perambulava a cisaria vencer o rival citadino, no dia 4 de
o time se consolidou como o único multicampeão Toca da Raposa. No primeiro jogo da fina dezembro, novamente na Arena do Jacaré,
de Minas Gerais, ao conquistar quatro torneios na líssima, o Atlético venceu por 2 a 1, por isso em Sete Lagoas.
cionais, dois Brasileiros (2013/2014) e duas Copas jogaria a última partida podendo empatar
do Brasil (2017/2018), além de quatro Campeonatos (SUGESTÃO DE FOTO: para ficar com o título. Como cumprir essa missão nunca foi pro
Mineiros (2011/2014/2018/2019). Mas terminou so MONTILLO blema para o Cruzeiro, a torcida manteve o
frendo o inédito rebaixamento no Brasileirão. Fora COMEMORANDO GOL Sem Montillo, expulso no primeiro jogo, cou otimismo e lotou o estádio. Por sua peque
de campo, o clube amargou denúncias de má admi PELO CRUZEIRO be à torcida do Cruzeiro ser o reforço para nez, a diretoria do Atlético tratava o jogo
nistração e acúmulo de dívidas, mas se reorganizou reverter a desvantagem. A Nação Azul lotou como “o mais importante da história” da
para se manter gigante. a Arena do Jacaré e empurrou o time o tem quele clube fundado pela elite econômica e
po todo. Apesar disso, até os minutos finais, o pela oligarquia de Belo Horizonte. O então
O ano de 2011, por si só, foi marcado pelos altos e Atlético administrava o empate sem gols, mas presidente, Alexandre Kalil, foi à imprensa
baixos. O elenco era forte. Contava com grandes jo tudo mudou quando o goleiro Fábio fez uma dizer que o seu sonho de vida era “destruir
gadores, como o goleiro Fábio, o lateral esquerdo defesa incrível, tirando o gol dos pés do ata o Cruzeiro”. O ódio escorria pelo canto da
Gilberto, uma trinca de volantes polivalentes – Mar cante Magno Alves. Na sequência, Wallyson e boca dos atleticanos, que se espalharam pe
quinhos Paraná, Fabrício e Henrique, o meia Roger Gilberto marcaram os gols do título. 2 a 0, e o los bairros nobres de Belo Horizonte à espe
Flores, os atacantes Wellington Paulista e Thiago Ri grito de campeão ecoou nas arquibancadas. ra de uma queda do Time do Povo Mineiro.
beiro e o craque argentino Montillo como maestro.
Praticamente o mesmo time que havia chegado ao
vicecampeonato brasileiro no ano anterior. Assim,
o Cruzeiro iniciou a disputa da Copa Libertadores de
Acima: O argentino Montillo foi ídolo do clube no
maneira fulminante. Passou pela primeira fase com
início da década de 2010.
cinco vitórias, sendo duas delas por sonoras golea
Ao lado: Com a reforma do Mineirão para a Copa
das: 5 a 0 contra o Estudiantes e 6 a 1 sobre o Tolima. do Mundo de 2014, a Arena do Jacaré, em Sete
Lagoas, foi a casa do Cruzeiro entre 2010 e 2012.
Tudo caminhava para uma campanha consagradora.
Na fase seguinte, jogando na Colômbia, o time ven
ceu o Once Caldas por 2 a 1, e bastava um empate
na partida de volta para avançar. Mas o time acabou
desclassificado ao perder por 2 a 0 na Arena do Ja
caré, em Sete Lagoas.
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Antes mesmo de começar, a partida já tinha contornos dramáticos
para o Cruzeiro. Assim como na final do Campeonato Mineiro, o
craque Montillo estava suspenso e desfalcaria o time, que também
não contaria com o goleiro Fábio. Mas, novamente, o povão cru
zeirense fez a sua parte nas arquibancadas. Os 18.850 cruzeirenses
presentes no jogo tiveram a dádiva de assistir a um dos episódios
mais bonitos de uma vitória do amor sobre o ódio. O resultado
está gravado eternamente na história do clube: uma sonora golea
da por 6 a 1, que não só livrou o time da degola, mas causou uma
humilhação inesquecível para o rival regional.
Em 2013, a diretoria reformulou o elenco e apostou em jovens promessas do futebol brasileiro, como
Ricardo Goulart e Éverton Ribeiro. Eles comandaram o time bicampeão brasileiro de 2013/2014.
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Três dias depois, em Salvador, o Cruzeiro ganhou do Vitória por Com os títulos de 2013 e 2014, o Cruzeiro fez o que apenas um clube fora do eixo
3 a 1 e confirmou o título com quatro rodadas de antecipação. A Rio-São Paulo havia feito na história: conquistou o Brasileirão por duas vezes con
recepção ao time, na volta a Belo Horizonte, foi apoteótica. Os secutivas, façanha que só o Internacional havia conseguido, em 1975 e 1976. A dife
jogadores percorreram as avenidas centrais da cidade arrastan rença é que a proeza azul foi no formato de pontos corridos, ou seja, o Cruzeiro teve
do uma multidão de pessoas vestidas de azul e branco a cantar: que enfrentar e superar todos os rivais nacionais para ficar com as taças.
“Nós somos Cruzeiro. Tricampeão Brasileiro. Nada mais interes
sa. Nós somos a festa.” Após um breve hiato, em 2015 e 2016, sem conquistas e campanhas relevantes,
o Cruzeiro voltou a ser protagonista do futebol brasileiro em 2017. Dessa vez,
Em 2013, o Cruzeiro terminou com 11 pontos à frente do vice não com um estilo de jogo rápido e vistoso. O técnico Mano Menezes imprimiu
-campeão, o Grêmio. Em 2014, a tranquilidade se repetiu. O uma característica nova ao clube, até mesmo criticada por muitos. O seu time era
elenco foi praticamente o mesmo, tendo o reforço de um outro pragmático e tinha no jogo defensivo a sua principal força. Vieram novos títulos
grande ídolo, o boliviano Marcelo Moreno. A equipe encerrou sua nacionais e a consagração de um dos maiores jogadores da história do clube: o
participação com 10 pontos de distância do São Paulo, segundo goleiro Fábio, que brilhava em campo e quebrava todos os recordes de partidas
colocado. O Cruzeiro assumiu a liderança na sexta rodada do disputadas com o manto sagrado do Cruzeiro.
Brasileirão e não saiu mais da primeira colocação. O tetracam
peonato foi confirmado com uma vitória por 2 a 1 sobre o Goiás, Reformulado, o time iniciou a temporada de 2017 tendo no zagueiro Leo, no meia
com três rodadas de antecipação. Nem um dilúvio que caía sobre uruguaio Arrascaeta e no atacante Rafael Sóbis suas principais referências. Ma
Belo Horizonte naquele dia impediu a festa da torcida pelas ar chucado, Fábio, o Paredão Azul, desfalcou o time nos primeiros jogos, inclusive da
quibancadas, pelas ruas e pelas avenidas. Copa do Brasil, que seria a grande vitrine para o estilo de jogo de Mano Menezes.
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A campanha na competição nacional teve início com uma vitória magra e pouco convin
cente contra o Volta Redonda, por 2 a 1, na casa do adversário. Na fase seguinte, também
em jogo único, o Cruzeiro enfrentou o São Francisco, do Pará. Dessa vez, a goleada por 6 a
0 encantou a torcida, tendo Sóbis como o grande nome da partida, ao marcar quatro gols.
Na terceira fase, o adversário foi o Murici, de Alagoas. No primeiro jogo, o resultado de 2 a
0 para o Cruzeiro não foi o grande destaque, mas sim a campanha feita pelo clube naquele
8 de março, Dia Internacional da Mulher. Os jogadores entraram em campo vestindo cami
sas que estampavam dados tristes e revoltantes da violência contra as mulheres no Brasil.
Na partida de volta, em Belo Horizonte, nova vitória sobre os alagoanos – 3 a 0 – e a clas
sificação para a disputa contra o São Paulo na fase seguinte. No primeiro jogo, na capital
paulista, um resultado surpreendente: vitória azul e branca por 2 a 0. Começava a surgir
um novo campeão.
O jogo de volta, em Belo Horizonte, foi dramático, mesmo com a vantagem de dois gols
conquistada em São Paulo. O Tricolor Paulista começou a partida com pressão total e abriu
o placar logo aos 15 minutos de partida. O alívio só veio no segundo tempo, com o empate.
O adversário ainda marcou mais um, mas a derrota por apenas 2 a 1 garantiu ao Cruzeiro a
passagem para as oitavas de final da Copa do Brasil. O goleiro Fábio, ídolo e jogador que mais vestiu a camisa do Cruzeiro em toda a história do clube,
levou o time a vencer o Flamengo nos pênaltis e a conquistar a quinta Copa do Brasil, em 2017.
O adversário da fase seguinte foi a Chapecoense, time catarinense que ainda se recuperava
do desastre do ano anterior, quando o avião que levava o elenco para a final da Copa Sul Em Porto Alegre, o Grêmio partiu para cima do Cruzeiro. Que
Americana caiu na Colômbia, deixando 71 mortos. ria abrir logo uma vantagem. Fábio começava a fazer a dife
rença no gol, com defesas incríveis, mas, numa delas, acabou
Para ter um time para a temporada de 2017, a Chapecoense contou com a solidariedade de soltando a bola nos pés do atacante Barrios. O time gaúcho
vários clubes brasileiros, que cederam atletas por empréstimo. Do Cruzeiro mesmo saíram venceu por 1 a 0, e foi para Belo Horizonte com a intenção de
os zagueiros Fabrício Bruno e Douglas Grolli para a equipe de Chapecó. segurar um empate.
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rompeu a marca de 1.000 jogos. Conquistou dois Brasileiros (2013/2014), três Copas do Brasil
(2000/2017/2018) e sete Mineiros (2006/2008/2009/2011/2014/2018/2019), além de influen
ciar milhares de torcedores a se apaixonarem ainda mais pelo maior clube de Minas Gerais.
Nas semifinais da Copa do Brasil, o Cruzeiro enfrentaria um velho conhecido, o Palmeiras, mor
dido pela desclassificação da edição do ano anterior. No primeiro jogo, em São Paulo, brilhou
a estrela do argentino Barcos, contratado para a temporada de 2018. Foi dele o gol da vitória.
Na volta, em Belo Horizonte, empate em 1 a 1 – novamente gol de Barcos. O Cruzeiro estava
classificado para a segunda final consecutiva da Copa do Brasil. Teria pela frente o Corin
thians, campeão brasileiro.
Na volta, no Mineirão, novo show da Nação Azul nas arquibancadas e outro empate, dessa
vez em 0 a 0. O título seria decidido na cobrança de pênaltis, e o Cruzeiro tinha Fábio. Diego,
o craque do Flamengo, foi para a batida, mas parou nas mãos do arqueiro celeste. Ao final, 5
a 3 para o time da casa, pentacampeão da Copa do Brasil.
Em 2018, o caminho foi complicado novamente, apesar de mais curto. O Cruzeiro entrou na
Copa do Brasil já nas oitavas de final, por ter sido o campeão de 2017. O primeiro adversá
rio foi o Athletico Paranaense. Vitória de virada na Arena da Baixada por 2 a 1 e um empate
O Cruzeiro conquista a sua sexta Copa do Brasil, em 2018, ao vencer o Corinthians, em São Paulo.
em 1 a 1, no Mineirão. Brilhava a estrela de dois atacantes, que se tornariam protagonistas
ao longo da competição: o jovem Raniel e o uruguaio Arrascaeta. A primeira partida aconteceu no Mineirão. Era preciso abrir uma boa vantagem para con
seguir ir a São Paulo enfrentar o caldeirão de Itaquera. Porém, a vitória foi magra – 1 a 0.
Nas oitavas de final, o adversário foi o Santos, que tinha no ataque Bruno Henrique, Rodry Apesar de derrotado, o Corinthians deixou o campo satisfeito com o resultado e certo de
go e Gabriel “Gabigol”. Mas o gol na Vila Belmiro foi mesmo de Raniel: 1 a 0 para o Cruzeiro. que reverteria a vantagem no jogo de volta.
Na partida de volta, um dia histórico para o goleiro Fábio. Depois de tomar uma virada e No dia 17 de outubro, Cruzeiro e Corinthians decidiram a Copa do Brasil no Itaquerão. O time mi
perder por 2 a 1, o Cruzeiro precisou decidir as vagas nas cobranças de pênaltis. Fábio foi neiro faria uma grande operação de logística para conseguir ter o uruguaio Arrascaeta na parti
implacável. Defendeu três, e o time mineiro avançou. da, já que ele havia defendido a seleção do seu país num amistoso contra o Japão. Valeu a pena.
Não só por esse jogo, mas por toda a sua trajetória grandiosa, Fábio está entre os maiores Logo no início da partida, quando a torcida do Corinthians ensaiava pressionar nas arqui
goleiros da história do Cruzeiro. Além disso, é o jogador que mais vestiu a camisa do clu bancadas, o Cruzeiro abriu o placar com um gol do meia Robinho, após grande jogada de
be. De 4 de março de 2000, quando estreou pelo time, até 2022, quando se transferiu para Barcos. Como o gol fora de casa era fator de desempate, àquela altura, ao time paulista só
o Fluminense, ele jogou 976 partidas pelo Cruzeiro. Somadas às que esteve como suplente, restava marcar três gols para conseguir o título.
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Aquela decisão foi a primeira no Brasil a contar com o VAR (Video Aos 24 minutos, o estádio explodiu em vibração. De fora da área,
Assistant Referee; em português, Árbitro Assistente de Vídeo), e Pedrinho marcava o segundo gol corintiano. A pressão seria imensa
ele foi acionado. Logo aos sete minutos do segundo tempo, o e, dificilmente, o Cruzeiro conseguiria segurar o placar de 2 a 1, que
árbitro foi chamado para revisar um lance de falta dentro da área lhe daria o título. Foi quando o VAR voltou a ser acionado e o árbi
do Cruzeiro. Ao rever pelo monitor, marcou pênalti. O Corinthians tro pôde ver o lance irregular no gol, que foi prontamente anulado.
converteu e empatou o jogo.
O Corinthians não desistia e continuava em busca de mais dois gols,
mas a estrela de Arrascaeta brilhou. Num contraataque, Raniel, que
Abaixo: O capitão Henrique ergue a taça da sexta Copa do Brasil conquistada pelo Cruzeiro. havia acabado de entrar, lançou para o uruguaio. Ele disparou pela
Ao lado: A torcida do Cruzeiro parou Belo Horizonte para receber os hexacampeões da Copa do Brasil. ponta esquerda e, na saída do goleiro Cássio, deu um toque leve e
saiu para festejar o gol do título com a imensa torcida do Cruzeiro,
que estava logo à sua frente, no canto da arquibancada do Itaquerão.
O capitão Henrique foi o responsável por erguer a taça da Copa
do Brasil de 2018. Ali, com o sexto título, o Cruzeiro passou a ser
o maior campeão de todos os tempos. Belo Horizonte parou para
receber os campeões no dia seguinte.
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Maior torcedora do mundo: Maria Salomé da Silva, a Dona Salomé,
torcedorasímbolo do Cruzeiro, faleceu em 2019.
O episódio deixou toda a Nação Azul de luto. Dois dias após a
queda, Maria Salomé da Silva, a Dona Salomé, torcedorasímbolo
do Cruzeiro, faleceu, aos 86 anos.
Os dois anos seguintes foram de reconstrução. Sem receitas e com
uma dívida bilionária, o clube amargou resultados medíocres dentro
de campo. Fora dele, a busca era pela sobrevivência da instituição.
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O Cruzeiro foi pioneiro ao criar a sua SAF ao final de 2021. Alguns dias
depois, uma notícia sacudiria o futebol mundial. Vinte e oito anos após
vestir, pela primeira vez, a camisa do Cruzeiro como atleta, Ronaldo
Nazário, um dos maiores jogadores do futebol mundial de todos os
tempos, se cobria com o manto sagrado novamente. Ali, anunciava o
acordo para encaminhar a sua volta ao Cruzeiro, dessa vez como sócio
majoritário da SAF: “Tenho muito a retribuir ao Cruzeiro.”
O Cruzeiro é a primeira Sociedade Anônima do Futebol do Brasil. Na foto, a diretoria celeste com
o novo mandatário do futebol, Ronaldo Nazário de Lima, o Fenômeno, uma das crias da Toca.
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2 0 1 1 _ 2 0 2 2 > FAT O S M A R C A N T E S
O quarto título brasileiro foi conquistado de maneira ainda mais incontestável que o ante
rior. Com outra bela campanha, o Cruzeiro teve aproveitamento de 70%, ganhou 24 dos
38 jogos, somou 80 pontos e marcou 67. A liderança foi alcançada ainda na sexta rodada
e não foi mais perdida. A confirmação matemática da conquista veio com duas rodadas
2011 de antecedência, na vitória por 2 a 1 sobre o Goiás.
15 de maio. O Cruzeiro voltou a ser campeão mineiro ao derrotar o Atlético por 2 a 0. Foi
o único título do Cruzeiro na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas. • O atacante boliviano Marcelo Moreno terminou a temporada totalizando 45 gols com a
camisa celeste e tornouse o maior artilheiro estrangeiro da história do clube, superando
• 4 de dezembro. Após uma campanha desastrosa, o Cruzeiro chegou à última rodada do Carazzo e Montillo.
Brasileiro ameaçado por um inédito rebaixamento. Por sorte, o adversário era um freguês.
Com uma atuação exuberante, principalmente do meia Roger, a Raposa goleou o Atlético
por 6 a 1 maior placar de uma vitória celeste na história do clássico. Os gols foram de Roger, 2015
Leandro Guerreiro, Anselmo Ramon, Fabrício, Wellington Paulista e Éverton. A inesquecível • 13 de junho. Na vitória por 3 a 1 sobre o Vasco, em São Januário, pelo Campeonato Bra
escalação foi esta: Rafael, Leo, Naldo, Victorino e Diego Renan; Fabrício, Leandro Guerreiro, sileiro, o goleiro Fábio passou a ser o jogador que mais vezes atuou pelo clube, com
Charles (Farías) e Roger (Ortigoza); Wellington Paulista e Anselmo Ramon (Everton). O 634 partidas.
técnico era Vágner Mancini. O goleiro Fábio e o meia Montillo estavam suspensos.
• 24 de outubro. Após lutar contra uma longa doença, o jornalista Plínio Barreto faleceu.
De torcedor e gandula do Palestra Italia, ele se tornou conselheiro do clube e um de seus
maiores ícones.
2013
3 de fevereiro. Depois de passar por uma ampla reforma, o estádio Mineirão foi reaberto
com um clássico entre Cruzeiro e Atlético, pelo Campeonato Mineiro. Vitória celeste por
2 a 1. Dagoberto fez um dos gols. O outro foi contra. 2017
• 27 de setembro. Depois de 14 anos, o Cruzeiro volta a conquistar a Copa do Brasil, ao ven
Uma campanha memorável levou o Cruzeiro ao seu terceiro título brasileiro. Nenhum ad cer o Flamengo nos pênaltis, após um empate em 0 a 0, no Mineirão. Além disso, a China
versário escapou de ser derrotado pela equipe celeste, que obteve uma sequência de oito Azul voltou a mostrar a sua grandeza, ao estabelecer o recorde de público presente no
vitórias seguidas ainda no turno e foi líder desde a 16a rodada. A campanha terminou com novo Mineirão: 61.017 pessoas.
23 vitórias, sete empates e oito derrotas. Foram 77 gols marcados e apenas 37 sofridos.
A conquista foi garantida matematicamente, com quatro rodadas de antecedência, no
intervalo do triunfo sobre o Vitória por 3 a 1, na Bahia, em 13 de novembro, com o tropeço 2018
do principal concorrente, o Athletico Paranaense. • 8 de abril. O título mineiro foi conquistado de forma espetacular numa final contra o Atlé
tico. Depois de perder o primeiro jogo por 3 a 1, no Independência, o Cruzeiro venceu a
segunda partida, no Mineirão, por 2 a 0. Como tinha melhor campanha, ficou com a taça.
2014 Foi a conquista sobre a arrogância dos atletas adversários, que haviam provocado de
• O título mineiro foi conquistado numa final contra o Atlético. Os dois jogos, no Indepen forma covarde os cruzeirenses na partida anterior.
dência e no Mineirão, terminaram sem gols, e o Cruzeiro foi campeão (invicto) por ter
feito melhor campanha na primeira fase.
26 de abril. Pela fase de grupos da Copa Libertadores, o Cruzeiro goleou o Universidad de
Chile por 7 a 0, no Mineirão. Assim, igualou o maior placar que conseguiu na competição
• 7 de julho. Numa excursão aos Estados Unidos, durante a Copa do Mundo do Brasil, o ao da vitória sobre o Real Potosí, em 2010.
meia Ricardo Goulart fez um gol do meio de campo, antes da linha divisória, na vitória por
2 a 0 sobre o Chivas Guadalajara, do México.
17 de outubro. O Cruzeiro se tornou o maior ganhador da Copa do Brasil. O sexto título
veio com a vitória sobre o Corinthians, por 2 a 1, gols de Robinho e de Arrascaeta. Foi a
• 27 de agosto. A goleada por 5 a 0 sobre o Santa Rita, de Alagoas, pelas oitavas de final primeira final nacional com o uso do VAR.
da Copa do Brasil, foi a milésima vitória do Cruzeiro no Mineirão.
260
_ D E PA L E S T R A A C R U Z E I R O _ 261
_ 2011_2022
Com os 15 gols que fez na temporada, o uruguaio Arrascaeta passou a ser o estrangeiro
que mais marcou com a camisa celeste: 50 vezes, superando o boliviano Marcelo Moreno.
Um dos gols, inclusive, foi indicado ao prêmio Puskas da Fifa, na categoria de gol mais bo
nito do ano. Ele marcou de voleio na vitória por 1 a 0 sobre o América, em 4 de fevereiro.
2019
• 3 de abril. O gol de Rodriguinho, na vitória por 1 a 0 sobre o Emelec, em Guayaquil, no
Equador, pela fase de grupos, foi o 300º do Cruzeiro em Copas Libertadores.
de abril. O Cruzeiro conquista o bicampeonato mineiro ao empatar em 1 a 1 com o
20
Atlético, no Independência. O gol do título foi marcado por Fred.
11 de julho. Com dois gols contra o Botafogo, Marcelo Moreno chegou à marca de 51 gols
pelo Cruzeiro, voltando a ser o maior artilheiro estrangeiro do clube.
10 de dezembro. Dois dias após o rebaixamento do clube, Maria Salomé da Silva, torcedo
rasímbolo do Cruzeiro, faleceu.
2021
11 de abril. No único clássico disputado na temporada, o Cruzeiro venceu o Atlético por 1
a 0, gol do atacante Airton. A partida foi válida pelo Campeonato Mineiro.
2 de janeiro. O único grande clube de Belo Horizonte de origem popular, o Cruzeiro, com
pletou 100 anos de existência.
• 30 de julho. O Instituto Palestra Italia lança o filme “Em busca da história do Cruzeiro”,
obra oficial do clube em comemoração ao seu primeiro centenário.
6 de dezembro. O Cruzeiro tornouse a primeira Sociedade Anônima do Futebol (SAF)
do Brasil.
2022
• 14 de abril. Ronaldo Nazário, ex-jogador do clube e um dos maiores jogadores de todos
os tempos do futebol mundial, oficializa a sua entrada como sócio majoritário da SAF
Cruzeiro.
_ 2011_2022
IMAGENS | CRÉDITOS FICHA TÉCNICA INSTITUTO PALESTRA ITALIA
PROJETO GRÁFICO E
Acervo Cruzeiro Esporte Clube Acervo Diários Associados – Estado de Acervo Família Miraglia REALIZAÇÃO: DIAGRAMAÇÃO: CONSELHO CURADOR:
(guarda, páginas 3, 1213, 1516, 21, 23, Minas/Jorge Gontijo (páginas 191, 215, (páginas 33 e 34). Instituto Palestra Itália e Instituto Vivas Nemer Fornaciari Design Anísio Ciscotto Filho, Gilson de
26-27, 32, 35-39, 42, 43, 48-51, 56-57, 220 e 244). Oliveira Carvalho, Guilherme Caldeira
59, 62, 6769, 75, 77, 7983, 9091, 96 Acervo Família Nani Lazzarotti COORDENAÇÃO GERAL: REVISÃO: Brant, Luca Medioli, Mauro Silva Reis,
102, 105, 107, 109111, 113, 118123, 128, Acervo Diários Associados – Estado de (páginas 24, 29 e 33). Alexandre Horta e Deis Chaves Érica Aniceto Nilson Luiz Labruna, Roberto Dias de
130-131, 149, 156-163, 165, 167, 169, 171, Minas/Marcos Michelin (página 225). Andrade, Sandro de Castro Gonzalez e
173, 176-177, 179, 183, 188-189, 194-197, Acervo Família Pieri (página 21). COORDENAÇÃO EDITORIAL: PRODUÇÃO EXECUTIVA: Umberto Casarotti.
202203, 205206, 212213, 215, 220 Acervo Diários Associados – André Amparo Jeane Júlia
223, 225, 229 e 231233). Estado de Minas/Mauro Zallio Acervo Lúcio Souza SUPLENTES:
(página 188). (páginas 57, 59, 67, 73, 9697, 103). EDIÇÃO: ASSISTENTE DE PRODUÇÃO: Celso Fernandes Tolentino Filho e
Acervo Cruzeiro Esporte Clube – Gustavo Nolasco Gabriela Gomes de Aquino Sérgio Murilo Diniz Braga
Equipe Assessoria de Comunicação/ Acervo Diários Associados – Estado de Acervo Rede Globo (página 179).
Vinnicius Silva/Bruno Haddad/Igor Minas/Paulo de Deus (páginas 190191). TEXTOS: IMPRESSÃO: PRESIDENTE:
Sales/Gustavo Aleixo (páginas 249- Coleção Linhares – Cruzeiro em Foco Gustavo Nolasco, Luiz Otávio Tropia Rona Editora Lidson Faria Potsch Magalhães
254, 256-257, 262-263, 268-269, Acervo Diários Associados – (página 105). Barreto, Marco Antônio Astoni e
guarda). Estado de Minas/Paulo Filgueiras Alexandre Horta *** DIRETORES:
(páginas 202 e 215). Coleção Linhares – Folha da Tarde Deis Emilia Chaves Jardim (Diretoria
Acervo Cruzeiro Esporte Clube – Osmar (página 67). PESQUISA: PATROCINADORES PESSOA FÍSICA Executiva), Daniel Jardim Pardini
Ladeia (páginas 228229, 232233 e Acervo Dirceu Lopes Joanita Silva, Luiz Otávio Tropia LEI FEDERAL DE INCENTIVO À (Diretoria Administrativa) e Tiago
238239). (páginas 131, 135, 137, 151 e 167). Coleção Linhares – O Diário Esportivo Barreto e Marco Antônio Astoni CULTURA: Fantini Magalhães (Diretoria Jurídica)
(página 82). Alexandre Corsino, Arli Parreira de
Acervo Cruzeiro Esporte Clube – Acervo Dirceu Pantera REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E Morais, Edimar Antônio Nunes Júnior, COMITÊ DE COMPLIANCE E
Vipcomm/Washington Alves (páginas (páginas 113 e 118121). Cruzeiro/Hamilton Flores AUDIOVISUAIS: Fabiano Parreira de Morais, Fabrizia AUDITORIA:
238-241 e 245-247). (página 227). Almanaque do Cruzeiro (Henrique de Pinho Nicolai, Jacques Simão de Gil Guilherme Tadeu de Paiva, Luciano
Acervo Evaldo (página 137). Ribeiro); De Palestra a Cruzeiro (Plínio Siqueira, João Evangelista Cruz, Paulo Santos Lopes e Hudson Fernando Couto
Acervo Diários Associados – Estado de Filme “Em busca da história do Barreto e Luiz Otávio Tropia Barreto); Henrique Tadeu Coelho e Rubiane
Minas (páginas 0, 8385, 110112, 118121, Acervo Evandro Oliveira Cruzeiro”/Marcelo Araújo Em busca da história do Cruzeiro Aparecida Pires. COMITÊ CULTURAL E DESPORTIVO:
126-127, 131, 133, 139-141, 143-144, 147- (páginas 98 e 176). (páginas 20 e 23). (André Amparo e Gustavo Nolasco); Antônio Gonzaga Almeida, Demétrius
148, 158-161, 167, 169, 172-174, 176, 179, Futebol no embalo da Nostalgia (Plínio PATROCINADORES LEI FEDERAL DE Granata Pereira, Jacques Simão
183-185, 188, 190-191, 194, 199, 202-204, Acervo Família Azevedo Filme “Em busca da história do Barreto); Jornal Estado de Minas INCENTIVO À CULTURA: de Siqueira, Luís Gustavo Vieira de
206, 208, 211213, 215, 220221, 227 (páginas 48, 73, 82, 88-89 e 96-97). Cruzeiro”/Marcelo Borja (crônicas de Plínio Barreto); Nossa Sala Cemig Distribuição S.A., Construtora Almeida, Rafael Sanzio da Silva Brandi
230, 233, 238-239, 242-247, 249, 255, (páginas 28, 40 e 41). de Troféus (Alexandre Horta, Gustavo Uni Ltda. e Extrativa Mineral Ltda. e Túlio Márcio Furletti
261263). Acervo Família Bengala Nolasco e Sérgio Santos Rodrigues);
(páginas 48 e 55). Hemeroteca – Folha de Minas O Palestra e os Palestrinos (Alexandre CONSELHO FISCAL:
Acervo Diários Associados – Estado de (páginas 48, 67 e 75). Horta e Sérgio Santos Rodrigues); O Herones Márcio Amaral Lima, Jarbas
Minas/Alexandre Guzanshe (páginas Acervo Família de Plínio Barreto time do povo mineiro (org. Gladstone Matias dos Reis e Matheus Damasceno
244 e 255). (páginas 4 e 79). NITRO/Leo Drumond (páginas 6 e 7). Leonel Júnior e autores diversos); Rocha
Páginas Heroicas (Jorge Santana) e
Acervo Diários Associados – Estado de Acervo Família Fantoni Pedro Vale Revista do Cruzeiro (coleção completa) ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO:
Minas/Auremar de Castro (página 230). (páginas 5051, 53, 55, 57, 6062, 7071). (páginas 252, 262 e 268269). Andreia Santos
ASSISTENTE DE PROJETOS:
O Cruzeiro Esporte Clube agradece especialmente aos Diários Associados, pela parceria no resgate desta história e por não medir
Gabriela Gomes de Aquino
esforços em ceder parte de seu riquíssimo acervo para compor esta obra.
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_ 1893_1920
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Para composição deste livro foram utilizadas as famílias
tipográficas Gotham e Apex MK3. O papel utilizado na
impressão do miolo foi o Couché Fosco 150g/m2. Impresso
na gráfica Rona, com uma tiragem de 650 exemplares.
Belo Horizonte, junho de 2022.
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DE PALESTRA A CRUZEIRO
EDIÇÃO
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DE PALESTRA A CRUZEIRO
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