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RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo principal apontar as mudanças principais entre a versão de
2010 da NBR 6122 – Projeto e execução de fundações e a sua versão mais atual, do ano de 2019, no que tange
o uso do coeficiente de segurança. A metodologia utilizada para execução do artigo foi a de pesquisa
bibliográfica, através da consulta das normas e artigos de periódicos, com o objetivo de expor importantes
informações quanto as mudanças ocorridas nos últimos anos, de forma a garantir melhor conhecimento e
domínio dos requisitos normativos trazendo assim maior segurança e qualidade às futuras obras. A última
atualização estabeleceu novas definições e critérios para o dimensionamento das estruturas sob ação de cargas
de vento, fundações profundas, para análise da interação entre fundação e estrutura e ainda com relação ao
fator de segurança global. Estudar as atualizações das normas técnicas é de suma importância para o
engenheiro civil e para acadêmicos de engenharia, possibilitando a otimização do processo de construção.
1 Introdução
A NBR 6122 é a norma regulamentadora de projetos e execução de fundações, criada em 1986, a norma
já passou por duas modificações, a sua versão de 2010 e a mais atual, a de 2019. Todas as normas técnicas que
englobam o meio da construção civil estão sujeitas a alterações que visam adapta-las para novas exigências do
mercado quanto a qualidade, segurança e economia.
As ações do ambiente e as cargas agem-nas construções, provocando tensões e deformações, de cada
parte componente do conjunto, o que gera às linhas de estado nas peças estruturais e nos elementos compõem
maciço de solos. A estrutura de um edifício pode ser subdividida em superestrutura e subestrutura e, o solo,
em várias camadas.
Quando se fala em carga admissível, refere-se a carga suportada por todo o conjunto de elementos da
obra de fundação. Define-se como elemento isolado de fundação o sistema composto por um elemento isolado
da subestrutura e o maciço de solo que o envolve. Logo, o coeficiente de segurança em fundações implica na
existência das funções solicitação e resistência, aplicadas ao conjunto de elementos da fundação (AOKI,
MENEGOTTO, & CINTRA, 2012).
Para garantir a segurança de uma obra é de suma importância que sejam seguidas as recomendações e
exigências normativas, por isso se faz-se mister a análise das mudanças apresentadas pela NBR 6122 de 2019,
quanto a aplicação do coeficiente de segurança.
Universidade Federal do Acre – UFAC
Centro de Ciências Exatas e Tecnológicos – CCET
Curso de Bacharelado de Engenharia Civil
Fundações
2 Objetivo
O presente trabalho tem como objetivo revisar o conteúdo das versões da NBR 6122 do ano de 2010 e
2019 projeto e execução de fundações, destacando as alterações relacionadas ao uso do coeficiente de
segurança.
3 Metodologia
O artigo consiste de uma revisão bibliográfica da norma NBR 6122 em suas duas versões mais
recentes, a de 2010 e 2019, foram também consultados outros materiais como artigos de periódicos que
falavam sobre o conteúdo.
4 Justificativa
A atualização de uma norma técnica é fundamental para adequação as novas exigências que surgem no
mercado de trabalho. Portanto, é indispensável que o engenheiro civil conheça e se atualize sobre as mudanças
nas normas. O trabalho se faz importante para aprendizado e fornecimento de informação para os estudantes
de engenharia civil e profissionais atuantes na área.
Segundo a NBR 6122:2010, nas estruturas cuja a deformabilidade das fundações pode influenciar na
distribuição dos esforços, é necessário estudar a interação entre solo e estrutura ou entre fundação e estrutura
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010).
Já segundo NBR 6122:2019 esse estudo só se faz obrigatório em casos de: estruturas nas quais a carga
variável é significativa, quando relacionada a carga total, tais como os silos e reservatórios; estruturas com
mais de 55 m de altura, medidas do térreo até a laje da cobertura do último piso habitável; relação altura/largura
(menor dimensão) superior a quatro; e quando forem fundações ou estruturas não convencionais
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2019).
Conforme a NBR 6122:2010, em casos específicos de estacas escavadas, a carga admissível pode ser
no máx. 1,25 vezes a resistência do atrito lateral calculado na ruptura, em outras palavras, um limite de 20%
da carga admissível pode ser suportado pela ponta da estaca. Se superior a esse valor, o processo de limpeza
da ponta deverá ser especificado pelo projetista. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2010).
𝑃𝑎𝑑𝑚 ≤ 1,25 ∗ 𝑃𝑎𝑡−𝑙𝑎𝑡
𝑃𝑎𝑑𝑚 : carga admissível da estaca;
𝑃𝑎𝑡−𝑙𝑎𝑡 : carga devida exclusivamente o atrito lateral na ruptura.
A NBR 6122:2019 recomenda que no projeto de estacas escavadas com estabilização das paredes
auxiliadas por fluido estabilizante, e também o de estacas hélice contínuas deve-se sempre que considerar a
resistência de ponta ser feito a menção a esse item. Na execução deve ser assegurado precisamente que serão
cumpridos os procedimentos executivos mínimos, de maneira que se obtenha o contato efetivo da ponta da
estaca com o solo ou rocha. Nessas condições, quando for realizada a verificação do ELU a resistência da
ponta deverá ter como limite superior o valor da resistência de atrito lateral:
𝑅𝑃 < 𝑅𝑙 e 𝑃𝑎𝑑𝑚 = (𝑅𝑝 + 𝑅𝑙 )/2.
Universidade Federal do Acre – UFAC
Centro de Ciências Exatas e Tecnológicos – CCET
Curso de Bacharelado de Engenharia Civil
Fundações
Em casos que o contato entre o concreto e o solo firme não possa ser assegurado pelo responsável da
execução, o projeto deve ser revisto quanto: ao comprimento das estacas e à condição de resistência nula na
ponta (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2019):
𝑅𝑃 = 0 e 𝑃𝑎𝑑𝑚 = 𝑅𝑙 /2
𝑅𝐿 : carga devida ao atrito lateral na ruptura;
𝑅𝑃 : Resistência de ponta.
Esta alteração na norma se deve principalmente à queda de qualidade executiva, principalmente devido
a ampliação da concorrência e a falta de mão de obra qualificada para manuseio dos equipamentos, pois muitas
das obras onde foram executadas este tipo de estaca, ao serem realizados testes de prova de carga, observou-
se que haviam deficiência na carga de ponta (ALONSO, 2019).
De acordo com a NBR 6122:2010, é vetado o uso de estaca de diâmetro ou bitolas inferiores a 30cm,
sem travamento. Tratando-se de estacas metálicas, o diâmetro considerado seria aquele do círculo circunscrito
na seção da estaca.
A NBR 6122:2019, no entanto, não contém a restrição imposta pela versão de 2010, não havendo
determinação de valor mínimo para dimensão da estaca. Porém, especifica-se que estacas isoladas e estacas
dispostas segundo um único alinhamento devam ser projetadas de modo que resistam aos momentos
introduzidos por excentricidades executivas consideradas pelo projetista, conforme especificado no item 8.4.2,
considerando o comportamento gerado por esforços horizontais ou momentos no dimensionamento das
fundações, pois estes podem gerar em estacas e tubulões a plastificação do solo ou do elemento estrutural.
Na NBR 6122:2010, referente ao cálculo em termos de valores característicos para o efeito do vento em
fundações é especificado que quando a verificação das solicitações for feita considerando-se as ações nas quais
o vento não é a ação principal, os valores de tensão admissível de sapatas e tubulões e cargas admissíveis em
estacas podem ser majorados em até 30%.
Segundo a NBR 6122:2019, quando se tratar de solicitações obtidas de combinações de ações nas quais
o vento é a ação variável principal, os valores de tensão admissível de sapatas e tubulões e as cargas admissíveis
em estacas podem ser majorados em até 15 %, ou seja, uma redução pela metade do coeficiente de majoração.
No entanto, no caso de galpões industriais, torres de linhas de transmissão, reservatórios elevados, silos
graneleiros, torres eólicas, torres de telecomunicações e tanques de produtos químicos, nos quais o vento é a
ação variável principal, a majoração dos valores de tensão admissível de sapatas e tubulões e de cargas
admissíveis em estacas podem ainda ser de até 30%.
Para o caso de estacas ou tubulões em que ocorre ação do atrito negativo, a carga admissível deve ser
determinada pela fórmula (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010):
(𝑃𝑝 + 𝑃𝑙 )
𝑃𝑎𝑑𝑚 = [ ] − 𝑃𝑎𝑛
𝐹𝑆𝑔
𝑃𝑎𝑑𝑚 : carga admissível;
𝑃𝑝 : parcela correspondente à resistência de ponta na ruptura;
𝑃𝑙 : parcela correspondente à resistência por atrito lateral positivo, na ruptura;
𝑃𝑎𝑛 : parcela correspondente ao atrito lateral negativo na ruptura. O ponto onde ocorre a mudança de
atrito negativo para positivo é chamado de ponto neutro;
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Fundações
O cálculo do fator de segurança global sofreu uma alteração na versão de 2019 da norma
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2019):
𝑃𝑎𝑑𝑚 = (𝑅𝑝 + 𝑅𝑙𝑝 ) − 𝐹𝑆𝑔
𝑃𝑎𝑑𝑚 : carga admissível;
𝑅𝑙𝑝 : parcela de força resistente característica de atrito lateral positivo, na ruptura;
𝑅𝑃 : parcela de força resistente característica de ponta, na ruptura;
𝐹𝑆𝑔 : fator de segurança global.
O critério de segurança é expresso por:
𝑃ú𝑡𝑖𝑙 ≤ 𝑃𝑎𝑑𝑚 + 𝑃𝑎𝑛
𝑃ú𝑡𝑖𝑙 : carga admissível sobre o elemento de fundação, excluídas, para esta verificação, as cargas
admissíveis efêmeras (carga proveniente do atrito negativo).
O conceito de coeficiente de segurança global baseia-se na crença, muito difundida no meio técnico, de
que o valor esperado mais provável de ocorrência é o valor médio da variável em estudo. A carga admissível
𝑃𝑎𝑑𝑚 , trata-se da máxima solicitação que pode ser aplicada com segurança à uma fundação, para um dado
coeficiente de segurança global em relação à ruptura. A NBR 6122 prescreve um coeficiente de segurança
global de 2,0 para obras sem provas de carga e 1,6 para obras com provas de carga (AOKI, MENEGOTTO, &
CINTRA, 2012).
Segundo a NBR 6122 de 2010 a resistência característica do concreto 𝑓𝑐𝑘 usado nas estacas deve ser
aplicado um coeficiente de redução de 0,85, que considera a diferença entre os resultados de ensaios rápidos
de laboratório e a resistência sob a ação de cargas de longa duração. Os parâmetros para dimensionamento
devem seguir o disposto na Figura 1. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010).
A norma de 2019 afirma que a resistência de cálculo do concreto 𝑓𝑐𝑑 , deve ser calculada segundo a
fórmula:
𝑓𝑐𝑘
𝑓𝑐𝑑 =
𝑦𝑐
O coeficiente de ponderação das ações, a ser adotado para todos os tipos de estacas moldadas in loco, é
𝑦𝑓 = 1,4. Aplicado quando disponível apenas o valor característico das ações, contudo, se fornecido o valor de
cálculo, não se aplica nenhum coeficiente. Os parâmetros para dimensionamento devem seguir o disposto na
Figura 2 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2019).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS