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História de Rondonópolis

Prof. Dr. Tiago Alinor Hoissa C. Benfica Rondonópolis, maio de 2023


Índice
Localização Geográfica de Rondonópolis
Cronologia da História de Rondonópolis
Biografia do patrono
A escolha do nome de Rondonópolis
Aldeia Indígena Tadarimana
Para chegar no povoado
Com as rodovias sendo construídas…
1ª Fase da Colonização
2ª Fase da Colonização
3ª Fase da Colonização: agronegócio
Patrimônio Histórico de Rondonópolis
Bibliografia
Localização Geográfica de Rondonópolis Mesorregiões de Mato Grosso
- Meso Norte
- Meso Nordeste
- Meso Sudoeste
- Meso Centro-Sul (Cuiabá)
- Meso Sudeste (Rondonópolis)

Figura 1: Localização de Rondonópolis no Mato Grosso.


Fonte: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Rondon%C3%B3polis#/media/ Figura 2: Regiões de Mato Grosso e a Região Sul, na qual se situa
Ficheiro:MatoGrosso_Municip_Rondonopolis.svg>. Acesso: mar. Rondonópolis.
2023. Fonte: <https://acrimat.org.br/portal/mapa-de-atuacao-e-representantes1/>.
Acesso: mar. 2023.
Cronologia da História de
Rondonópolis

- Final do século XIX: território bororo, próximo às margens do rio Poguba (Rio Vermelho).
- A partir de 1875: trânsito de militares (Ponte de Pedra), atividades de garimpo e extrativistas. Em seguida,
fixação das primeiras famílias às margens do rio Poguba, datado a partir de 1902.
- 1915: criação do povoado do Rio Vermelho
- 1920: elevação do povoado a Distrito de Paz, da Comarca de Cuiabá, que depois foi desmembrada para o
atual município de Santo Antônio do Leverger, com o nome de Rondonópolis.
- 1922 (ou 1924?): inauguração da Estação Telegráfica.
- A partir de 1924, houve a emigração da população devido à descoberta dos garimpos de diamante em
Poxoréo.
- 1938: o povoado passa a ser Distrito de Poxoréo
- 1953: emancipação e criação do município de Rondonópolis.
- 1955: posse do primeiro prefeito eleito.
- 1959: posse da primeira legislatura (Câmara de Vereadores)
- Anos 1960: consolidação da atividade agrícola na modalidade policultura (arroz, feijão, milho, mandioca,
algodão)
- Anos 1970: plantio e adoção da soja ao cerrado: início da atividade agrícola monocultura (soja, milho ou
algodão)
Cidade de Rondon
Biografia do patrono
● 1- Cândido Mariano da Silva Rondon nasceu em 05 de maio de 1865, Mimoso, então
distrito de Santo Antônio de Leverger
● 2- Criou o SPILTN (Serviço de Proteção aos Índios e Trabalhadores Nacionais) em 1910
● 3- Entrou para escola militar em Cuiabá e estudou na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro.
Diplomou-se Engenheiro Militar, com bacharelado em Matemática e Ciências Físicas e Naturais.
● 4- Aderiu à filosofia positivista, tendência dos militares na República Velha
● 5- Chefiou os Telégrafos e implementou linhas telegráficas no antigo Mato Grosso, chegando ao Acre e Amazonas.
● 6- Foi protagonista na Expedição Roosevelt-Rondon (1913-1914)
● 7- Participou da repressão à Coluna Prestes, (1924).
● 8- Encaminhou Projeto de Lei para a criação do Parque Nacional do Xingu (1952).
● 9- Recebeu o título de MARECHAL Honorário do Exército Brasileiro, em 05 de maio de 1955, concedido pelo
Congresso Nacional.
● 10- Faleceu em 19 de janeiro de 1958, no Rio de Janeiro.
A escolha do nome de
Rondonópolis

● Instalação do telégrafo: 1922

● Nome em homenagem: Tenente Pitaluga foi o responsável pela alteração de nome do povoado para
Rondonópolis, em 1918 - uma homenagem a Rondon que passa, então, a ser considerado o patrono do
lugar.
● E um pequeno desentendimento:
○ “Pelo projeto original, a linha telegráfica não deveria passar por ROO. (…) Acontece que, enquanto
a Comissão esteve acampada próximo ao São Lourenço, Rondon adoeceu e foi para o Rio de
Janeiro se recuperar, e Pitaluga assumiu o comando dos trabalhos, quando então alterou o projeto
[…] (em troca [os moradores do povoado] passaram a ser o mais fiel reduto eleitoral de Pitaluga).
[…] Para evitar complicações, Pitaluga, que nessa época era deputado, apresentou um novo
projeto incluindo o Rio Vermelho e o submeteu à aprovação da Assembléia, [e o Rondon] se foi
forçado a concordar”. (TESORO, 1988, p. 73)
● Para tentar desfazer o mal-estar com Cândido Rondon: “Então, tentando contornar o problema, foi que
Otávio Pitaluga mudou o nome do povoado para Rondonópolis, em homenagem a Rondon” (TESORO,
1988, p. 74). Assim, às margens do rio Poguba, um lugar quase despovoado, passou a contar com um
Posto Telegráfico.
Aldeia Indígena Tadarimana
Rondonópolis-MT

● Até a década de 1960, os bororo moravam próximos à


cidade, ao lado do córrego Arareau.
● Os bororo foram forçados a mudar o seu costume,
como, por exemplo, a usar roupas.
● Com o crescimento da cidade, os conflitos aumentaram,
e os bororo se retiraram para a aldeia.
Para chegar no povoado
● 1º Caminhos improvisados:
○ Início do século XX: trilhas e picadas feitas pela Comissão Rondon e
pelo destacamento militar de Ponte de Pedra foram aproveitadas por
expedições de faiscadores de diamantes e de ouro.
● 2º Construção de rodovias:
○ 1930: Construção da estrada Cuiabá-Coxim, futura BR-163.
■ Década de 1940: Construção da rodovia Cuiabá-Campo Grande
(pavimentada em 1974).
○Anos 1960: início da construção da BR-364, que ligava a região ao
estado de Goiás (pavimentada em 1972).
- Após a construção das estradas e o paulatino melhoramento das mesmas
(cascalho e asfalto), Rondonópolis tornou-se uma das cidades mais
importantes do MT.
Com as rodovias sendo
construídas…
● O povoado começa a
crescer no final da década
de 1940, com o sistema de
colônias e abertura e
cascalhamento de
rodovias, o que possibilitou
a criação de linha de
ônibus, como o Expresso
Baleia
● A Companhia Estadual de
Estradas e Rodagens/CER,
implantada em 1947, teve
grande participação na
abertura de estradas.

Fonte: <https://www.facebook.com/CoximDeCoracao/photos/a.450776794933144/1810883038922506/?type=3&theater>. Acesso: mar. 2023.


O caminho para conseguir a terra
e sua valorização

● CER (Companhia de Estradas de Rodagem) + CODEMAT (Companhia de Desenvolvimento do Estado


de Mato Grosso)

= estradas + terras. Esta foi a fórmula para a ocupação de Rondonópolis!


- O governo militar, com sua política modernizadora, acelerou o
asfaltamento, com programas específicos, como, por exemplo, o
PRODOESTE (Programa de Desenvolvimento do Centro-Oeste).
● O Código de Terras de Mato Grosso autorizava o Estado a efetuar doação
de terras, de 10 a 50 hectares, àqueles que cultivassem a terra após três
anos
− Era necessário efetuar pagamento para despesas com medição e advogado
− Alguns proprietários venderam as terras logo que as recebiam
FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/BR-364#/media/Ficheiro:BR-364.jpg.
Acesso: abril 2023
Caminhos para
Rondonópolis

Ponte de concreto sobre o Rio Vermelho, inaugurada na década de 1950.


FONTE: <https://estradas.com.br/ponte-do-rio-vermelho-na-br-163-em-rondonopolis-mt-e-interditada-por-tempo-indeterminado/>.
Acesso: abril 2023
Fonte: <https://www.viamichelin.pt/web/Trafego?geoboundaries=
-17.9205226,-56.5481096:-14.8911932,-53.1941257> Acesso: mai. 2023
Entroncamentos das BR 163, 364 e da MT 130
1ª Fase da Colonização
No início do século XX ocorreu a fixação de famílias procedentes de Goiás, Cuiabá e de
outras regiões do estado. Ribeirinhos e posseiros de terras foram os “desbravadores” e
“pioneiros” da região.
Comissão Construtora das Linhas
Telegráficas (1907/1909): sob o
comando do então primeiro tenente
Cândido Mariano Rondon, que iria
interligar o estado de Mato Grosso e
Amazonas ao resto do país, uma nova
passagem era criada.

Auxiliando os pioneiros estavam os


indígenas, para fazer a travessia do rio,
sobretudo em momentos de desespero
quando a balsa afundava.

Foto Rio Vermelho. Fonte: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/fotografias/GEBIS%20-%20RJ/mt50610.jpg>. Acesso: abril 2023.


Patrimônio histórico de
Rondonópolis: Correios e
Telégrafos
A fundação da estação de Correios e Telégrafos
ocorreu em 10 de dezembro de 1924, instalado na
então rua principal da cidade, Av. Marechal Rondon,
esquina com a rua Poxoréu, local onde funcionou a
primeira casa de comércio de propriedade de José
Rodrigues.

Os Correios permaneceram em Rondonópolis


Prédio onde se localizava o 1º Correio da cidade. mesmo em sua pior fase, após o despovoamento
Fonte: ALVES, 2018, p. 72. motivado por epidemias, enchentes, carência de
alimentos e o achado de pedras preciosas em
Poxoréu. Rondonópolis chegou a ter somente três
casas: a casa da Missão Protestante, a casa do
balseiro (provavelmente a do Casario), e a casa do
Correio.

É importante lembrar que a presença dos Correios


ocorreu com a passagem da rede de telégrafos,
uma desavença entre o Major Pitaluga e o então
General Rondon, e a mudança do nome do
povoado de Rio Vermelho para Rondonópolis.
2ª Fase da Colonização

● Final da década de 1940 e início da década de 1950, grande fluxo


migratório, por meio do sistema de colônias.
− Origem dos migrantes: SP; MG, GO, CE, BA.
● Perfil nordestino: até meados de 1950, a população era de
predominância nordestina, de garimpeiros da região.
● No final da década de 1960, começa a chegar levas sulistas, assim
como permanece a migração de regiões do sudeste e nordeste.
− 22.300 habitantes, sendo que ¼ dos moradores residiam na cidade
− Criação da Comarca de Rondonópolis em 1959, para agilizar o processo
de titulação de terras.
Sistema de colônias
● Sítios de 20 a 50 hectares, terras que eram devolutas do Estado.
● Rondonópolis recebeu a denominação jurídica de colônia para poder receber do Estado 10.000 hectares para assentar
migrantes sem condições financeiras que afluíam para o povoado. No entanto, muitas delas rapidamente se
despovoaram.
● Na década de 1950 foi extinta a política de doação de terras, a fim de concentrar mão de obra.

∙ Nome das colônias


Lageadinho
Mata Grande
Paulista
Campo Limpo
Naboreiro
Macaco
Rondonópolis
Fonte <https://climaonline.com.br/rondonopolis-mt/foto/casa-de-colono-na-colonia-mata-grande-em-rondonopolis-mt-9-26989>.
Acesso: abril 2023. Casa de colono na Colônia Mata Grande, em Rondonópolis (MT). Ano do registo: 1953
Problemas na 2ª fase da
colonização

● Venda fraudulentas de terras (1946)


− Colonizadora Noterama vendeu terras que não eram suas;
− Venda de terras dos índios bororo;
− Algumas terras não haviam sido minimamente formadas, apenas
mato e terreno impróprio para a agricultura:
− “fazia três meses que a gente tinha chegada aqui e a comida já
estava acabando. (…) nós chegamos até mesmo a passar fome. (…)
[após telegrafar para Cuiabá] como um milagre, escoou aqui dois
caminhões de mercadorias mandadas pelo governador Arnaldo
Estevão de Figueiredo. [foram distribuídas comida, sementes, pás,
foices, enxadas, roupas e remédios…]. (TESORO, 1988, p. 47)
Evolução institucional de
Rondonópolis
● Década de 1950: prefeitura e câmara de vereadores
● Assistência religiosa:
− Igreja Católica (padres provenientes de São Lourenço de Fátima)
− Missão Metodista (mais antiga)
● Educação: Escola Sagrado Coração de Jesus (1949) e Grupo Escolar
Major Otávio Pitaluga (1950)
● Saúde:
● Década de 1960: bancos: BEMAT; FINANCIAL; BRASIL; BRADESCO;
AGROPECUÁRIO
● Pesquisa: EMBRAPA: atuou na implantação da braquiária na década de
1970
3ª Fase da Colonização
Rondonópolis no agronegócio

● Na década de 1970 começa a


ser plantado soja de maneira
experimental, por produtores
sulistas. O arroz foi plantado,
também, para preparar o solo
ao subsequente plantio da
soja. Naquele momento, as
terras foram conseguidas a
baixo preço, pois o cerrado era
considerado terra pouco Fonte:
produtiva. <https://www.agroolhar.com.br/imgsite/noticias/Foto-Roo-Marcos-Car
dial.jpeg>
Patrimônio Histórico de Rondonópolis

Bens tombados e Bens tombados e não


cuidados pelo poder conservados pelo

Casario
público: poder público:
- Casario “Marechal - 1º Cinema: Cine
Rondon” Meridional/Rondon
- Museu “Rosa Bororo” - Correios e
- Praça Brasil Telégrafos
“Patrimônio Cultural é definido como um
conjunto de bens móveis e imóveis existentes Tombamento: é o instrumento de
no País e cuja conservação é de interesse reconhecimento e proteção do
público, quer por sua vinculação a fatos patrimônio cultural mais conhecido,
memoráveis da história do Brasil, quer por seu
excepcional valor arqueológico ou etnográfico, e pode ser feito pela administração
bibliográfico ou artístico.” federal, estadual e municipal.
Casario “Marechal Rondon”
Também conhecido por Casario do Rio Vermelho e Vila do Sr.
Moisés, é um conjunto de casas que serviu como hotel, “kit-net”;
mercearia (bolicho), etc.

Era a primeira construção que as pessoas vindas do sul se


deparavam. Situa-se próprio ao cais do porto do Rio Vermelho.

No total, eram “24 casas feitas de adobe. Esse adobe, era uma
mistura de barro retirado do Rio Vermelho com estrume de vaca,
que tinha a função de cimento e o telhado das casas era de
palha, sendo substituído por telhas de barro e as portas e
janelas eram de madeira, não apresentando uma simetria
específica e o piso de barro seco, foi trocado por cimento
queimado” (ALVES, 2018, p. 191).

CRONOLOGIA

1930: Início da construção (1ª casa, construída pelo balseiro


Inácio Pereira):

1950: Moisés Cury Mussy começa a construção das demais


casa para alugar. As casas paralelas a avenida Marechal
Rondon foram concluídas em 1958.

1970: Construção das casas paralelas a avenida 15 de


novembro.
Casario “Marechal Rondon”

Casario Marechal Rondon visto do alto. Fonte: ALVES, 2018, p. 133

FONTE:
<https://primeirahora.com.br/fotos-historicas-de-rondonopolis-ganham-as-re
des-sociais-e-viram-sucesso-na-internet/ >.
Acesso: abril 2023.
Museu Rosa Bororo
O prédio do Museu Rosa
Bororo foi construído logo
após a criação do
município de
Rondonópolis (1953) para
ser a sede da prefeitura.
No final da década de
1960, o prédio passa a
abrigar a Câmara de
Vereadores. Desde 1997,
ano que foi tombado, é a
sede do Museu (que foi
criado em 1988).
Alunos no Museu Rosa Bororo
Interior do Museu Rosa Bororo. Ano 2018.

Fonte: ALVES, 2018, p. 147-147.


Cine Meridional e Cine Rondon O primeiro Cinema de Rondonópolis foi
inaugurado em dezembro de 1953,
entre a rua principal Marechal Rondon
e a rua Afonso Pena.

“O cinema passou a ser um dos


principais divertimentos da população,
pois até então não havia outros meios
de diversão a não ser os festejos da
igreja e alguns eventos populares nos
bares e o uso do rádio nas casas. E
tem até a participação dos índios
bororos assistindo os filmes” (ALVES,
2018, p. 75).

Rondonópolis também já teve outros


dois cinemas que ficaram para a
história:

- Cine Theatro Ipê


- Cine Avenida.
Prédio onde se localizava o Cine Meridional/Cine Rondon.
Fonte: ALVES, 2018, p. 74.
Praça Brasil

Ipê Amarelo que se situava na Praça Brasil.


https://www.flickr.com/photos/26612046@N06/
8040365176

Praça Brasil na década de 1970. Foto de Cartão Postal.


FONTE: ALVES, 2018, p. 89 e 130
Outros patrimônios históricos
tombados
BIBLIOGRAFIA
ALVES, Sandro Ambrósio. Patrimônio histórico e cultural de Rondonópolis-MT: orientações
didáticas no ensino de história. Dissertação (Mestrado Profissional em História). Universidade
Federal de Mato Grosso. Cuiabá, 2018.
ARRUDA, Juliana Ramos de. Os lugares de memória da cidade de Rondonópolis-MT:
ensino de história nos anos iniciais, cultura e patrimônio. Dissertação (mestrado profissional).
Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso, 2018.
SILVA, Jocenaide Maria R. Patrimônio cultural de Rondonópolis: cadê a casa que estava aqui?
a ponte? a árvore? o museu? e o poder público com isso?! Revista do Instituto Histórico e
Geográfico de Mato Grosso. n. 70. Cuiabá, 2012, p. 47-71.
SIQUEIRA, Elizabeth; MACHADO, Fernanda; ÁVILA; Luciwaldo. O Brasil pelos brasileiros:
relatórios científicos da Comissão Rondon. Cuiabá: Carlini Caniato Editorial, 2016.
TESORO, Luci Lea Lopes Martins. Rondonópolis-MT: um entroncamento de mão única –
lembrança e experiências dos pioneiros. São Paulo; Rondonópolis, USP-UFMT, 1993.

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