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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Tecnologia e Geociências


Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica

Ademar Vieira de Carvalho Junior

Interação Transitória entre


Transformadores de Potencial
Capacitivos e Linhas de
Transmissão: Uma Contribuição
para Minimizar Falhas

Recife, Agosto de 2008.

1
Ademar Vieira de Carvalho Junior

Interação Transitória entre


Transformadores de Potencial
Capacitivos e Linhas de
Transmissão: Uma Contribuição
para Minimizar Falhas

Dissertação submetida ao Programa de


Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da
Universidade Federal de Pernambuco como
parte dos requisitos para obtenção do grau
de Mestre em Engenharia Elétrica

Orientador: Prof. Hélio Magalhães de Oliveira, Docteur

Recife, Agosto de 2008.

c
°Ademar Vieira de Carvalho Junior, 2008
C331i Carvalho Junior, Ademar Vieira de.
Interação transitória entre transformadores de potencial capacitivos
e linhas de transmissão: uma contribuição para minimizar falhas /
Ademar Vieira de Carvalho Junior. - Recife: O Autor, 2008.
224 folhas, il : grafs., tabs., figs.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco.
CTG. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, 2008.

Inclui bibliografia e Anexos.

1. Energia Elétrica. 2. Transformador de potencial capacitivo (TPC)


3. Linha de transmissão (LT). 4. Grau de compensação da LT 5.
Interação transitória. 6. Sobretensão. I. Título.

UFPE

621.3 CDD (22. ed.) BCTG/2007-192


Aos meus pais, Ademar e Neusa,
exemplos de perseverança e dedicação.
A minha esposa, Hereaclécea, verdadeira
companheira e amor da minha vida.
Agradecimentos

A Deus pelo dom da vida e pela renovação das forças para superar os momentos
difíceis.
A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) pelo aprendizado.
A Chesf pela oportunidade concedida de aperfeiçoamento.
Ao Departamento de Manutenção de Subestações da Chesf (DMS) pelo apoio ir-
restrito ao desenvolvimento deste trabalho, em especial, a Gilberto Moraes Pessoa e a
Valmir Pinheiro Costa.
Aos colegas da Divisão de Manutenção de Equipamentos de Transformação e Servi-
ços Auxiliares da Chesf (DOMA) pela compreensão e colaboração ao suprir atividades
atribuídas a mim, em especial, a Francisco Alexandre Filho, Jurandir Pontes de Oliveira
e Roberto Finizola Sobral.
Ao Centro de Reparo da Chesf (CORE) pela infraestrutura cedida para o trabalho.
Em especial, a José Valter Rodrigues Lima e a Ubiratan Fernandes Leão pelo apoio, a
Elias Menezes Cavalcanti pela atenção especial e preciosos ensinamentos e a Antônio
Pereira do Amaral Junior pela presteza em auxiliar-me nas atividades de desmontagem,
ensaios e transportes dos equipamentos.
Ao Centro de Ensaios da Chesf (COES) por permitir a utilização dos Laboratórios
de Alta Tensão. Em especial, a Tereza Cristina Leite Galindo pela atenção, organização
e apoio, a João Domingos Nascimento e a Jairo Figueiredo pela paciência e apoio técnico
às execuções dos ensaios e a Esdras Borba pela ajuda no reparo dos instrumentos de
medição.
Ao Centro de Pesquisa do Sistema Eletrobrás (CEPEL) pela cessão de instrumento
para ensaios. Em especial, a Helvio Azevedo Martins, a Walter Cerqueira, a Luiz
Eduardo e a Leonardo Torres pelas inúmeras gentilezas, estímulos e ensinamentos.
A doutoranda da UFPE, Andréa Araújo Sousa, por toda boa vontade, gentileza e
ajuda nas soluções das dificuldades encontradas no compilador e editor deste trabalho
(LATEX / WinEdit).
Aos professores Damásio Fernandes Júnior e Washington Luiz Araújo Neves e
ao mestrando Eubis Pereira Machado da Universidade Federal de Campina Grande
(UFCG) pela especial atenção, troca de experiência, colaboração e disposição em aju-
dar.
Ao colega de Empresa, Flávio Porto Dias, por todos ensinamentos, pela habitual
atenção e amizade.
Ao colega de mestrado e de Empresa, Leonardo Alves Heredia, pela sincera amizade,
pelo companheirismo e ensinamentos.
Ao meu chefe, Miguel Carlos Medina Pena, por todas atitudes nobres demonstradas
por meio de constantes ensinamentos, encorajamento, sugestões e benevolência.
Ao meu orientador, professor Hélio Magalhães de Oliveira, pela orientação, ensina-
mentos e postura humana, dignas de um verdadeiro facilitador.
Ao meu co-orientador e colega de trabalho, Antônio Roseval Ferreira Freire, pelos
sábios conhecimentos repassados sem medir esforços, pela dedicação, paciência, boa
vontade e por inúmeras outras atitudes de amizade que, somadas, viabilizaram a con-
clusão desta dissertação.
Aos meus pais, Ademar e Neusa, pelo amor, carinho e dedicação, essenciais em
minha vida.
A minha esposa, Hereaclécea, por toda ajuda, especialmente nos momentos mais
difíceis, sempre com carinho, compreensão e atenção, fundamentais para o desfecho
deste trabalho.
Enfim, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste
trabalho.

Ademar Vieira de Carvalho Junior

Universidade Federal de Pernambuco


22 de Agosto de 2008

5
Para os erros há perdão; para os
fracassos, chance; para os amores
impossíveis, tempo...
Não deixe que a saudade sufoque,
que a rotina acomode, que o medo
impeça de tentar. Desconfie do
destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que
sonhando, fazendo que
planejando, vivendo que
esperando. Porque, embora quem
quase morre esteja vivo, quem
quase vive já morreu.
Luís Fernando Veríssimo
Resumo da Dissertação apresentada à UFPE como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica

Interação Transitória entre Transformadores de


Potencial Capacitivos e Linhas de Transmissão:
Uma Contribuição para Minimizar Falhas
Ademar Vieira de Carvalho Junior

Agosto/2008

Orientador: Prof. Hélio Magalhães de Oliveira, Docteur


Área de Concentração: Processamento de Energia
Palavras-chaves: Transformador de Potencial Capacitivo (TPC), Linha de Trans-
missão (LT), grau de compensação da LT, interação transitória, sobretensão
Número de páginas: 224

Os Transformadores de Potencial Capacitivos (TPC) fornecem através dos seus enro-


lamentos secundários as informações do sinal de tensão do sistema elétrico de potência
para controle, proteção e medição. Falhas destes equipamentos podem causar saídas
intempestivas de linhas de transmissão (LT) que resultam em severas penalidades im-
postas pela regulamentação do setor elétrico. Este fato requer agilidade da manutenção
para recompor a função transmissão no menor tempo possível, bem como medidas pre-
ventivas no sentido de reduzir os desligamentos não programados. Neste contexto,
estudos têm sido realizados para modelar os TPC voltados para análises de transitó-
rios eletromagnéticos. Diante do estado da arte, o trabalho mostra que nas manobras
de abertura da LT podem ocorrer amplificações da tensão nos secundários do TPC
por um tempo sustentado, fruto da interação transitória que causa solicitações térmi-
cas e dielétricas impostas aos componentes do mesmo. Esta interação é influenciada
pelo projeto do equipamento e pelo grau de compensação da LT, comprovados neste
estudo através de levantamento da resposta em frequência, ensaios nos componentes
de diferentes projetos de TPC e simulações digitais. Além disto, o trabalho apresenta
registros oscilográficos do sistema de transmissão da Companhia Hidro Elétrica do São
Francisco como ilustração da existência deste fenômeno. Destaca-se ainda que a ex-
pansão do sistema interligado nacional pode exigir maior frequência de manobras das
LT, o que implica em majoração dos efeitos mencionados.
Abstract of Dissertation presented to UFPE as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master in Electrical Engineering

Transient Interaction between Coupling Capacitors


Voltage Transformers and Transmission Lines:
A Contribution to Reduce Failures
Ademar Vieira de Carvalho Junior

August/2008

Supervisor: Prof. Hélio Magalhães de Oliveira, Docteur


Area of Concentration: Energy processing
Keywords: Coupling Capacitor Voltage Transformer (CCVT), Transmission Line
(TL), degree of compensation of TL, transient interaction, overvoltage
Number of pages: 224

Coupling capacitor voltage transformers (CCVT) are widely used in power systems
for monitoring, protection relays and control aplications. Failure of this equipment
may cause unexpected outages of transmission lines (TL), which may result in severe
penalties as imposed by the regulatory agency of the government. This fact requires
speeding maintenance procedures so as to guarantee the reset of the lost operational
ability in the shortest possible time, as well as development of preventive techniques
to reduce the non-programmed outages. In this framework, studies have been con-
ducted to model the CCVT focused on electromagnetic transients analyses. In the
state-of-the-art, this study demonstrates that switching-off compensated TL may lead
to a sustained voltage amplification in secondary of the CCVT, product of a transient
interaction between the TL and CCVT, which causes thermic and dielectric stress to
its components. This interaction is chiefly influenced by the design of the CCVT and
the TL-compensation degree, as assessed in this work by the means of frequency res-
ponse mappings, measurements of important parameters of diferent designs of CCVT,
and computer simulations. Besides, this investigation presents oscillographic records of
the transmission systems of the Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF),
which illustrates the existence of such a phenomenon. It is worthwhile to emphasize
that the interconnection and expansion of the power system network may require more
switching-off TL to voltage control, which in turns mean an increase of the abovemen-
tioned phenomenon.
Lista de Figuras

2.1 Arranjo de dois condutores com retorno pelo solo. . . . . . . . . . . . . 33


2.2 Disposição horizontal de LT trifásica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.3 Disposição triangular de LT trifásica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.4 Arranjo básico de transposição total de LT. . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.5 Indutâncias e resistências de sequências positiva e zero de uma linha
trifásica [21]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.6 Parâmetros de seção incremental ∆x da Linha de Transmissão. . . . . . 37
2.7 Parâmetros distribuídos da Linha de Transmissão. . . . . . . . . . . . . 39
2.8 Parâmetros distribuídos da Linha de Transmissão desprezando perdas. . 40
2.9 Tensão U2 em função da carga P e do seu fator de potência [27]. . . . . 41
2.10 Geração e consumo de energia reativa Q pelas LT [24]. . . . . . . . . . 42
0
2.11 Impedância Z0 como função de Ksh e Kse [27]. . . . . . . . . . . . . . . 45
0
2.12 Potência P0 como função de Ksh e Kse [27]. . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.13 Abertura da linha em vazio com 100% de compensação shunt, ksh =1 [29]. 48
2.14 Abertura da linha em vazio com 50% de compensação shunt, ksh =0,5.[29] 49

3.1 Conexão série do TC ao SEP. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53


3.2 Conexão paralela do TP ao SEP. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.3 Transformador de Potencial Indutivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.4 Transformador de Potencial Capacitivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.5 Custo de TP em função da Tensão [36]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.6 Circuito Elétrico simplificado do TPC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.7 Exemplos de CSF: (a) a (c) Passivo. (d) Ativo. . . . . . . . . . . . . . 57
3.8 Caminho por onde fluem os sinais de onda portadora. . . . . . . . . . . 58
3.9 Ferrorressonância devido a curto-circuito no secundário do TPC [40]. . 59
3.10 Ferrorressonâncias: (a)Modo fundamental, (b) Modo subharmônico, (c)
Modo quase-periódico e (d) Modo caótico [39]. . . . . . . . . . . . . . . 60
3.11 Modelos de TPC com: (a) BC sendo um reator [43][12] (b) BC sendo
um transformador [13][14]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
3.12 Modelo Simplificado do TPC [43][12]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
3.13 Sensibilidade das curvas de amplitude e fase da relação de tensão do
TPC a alguns dos parâmetros mais importantes [43]. . . . . . . . . . . 66
3.14 Efeito dos parâmetros da BC, LBC e CBC , na resposta em frequência.[14] 67
3.15 Efeito da BD na resposta em frequência do TPC da Figura 3.11(b) [14]. 67
3.16 Influência da BD nas tensões transitórias do TPC da Figura 3.11(b) [14]. 67
3.17 Resposta transitória do TPC sob ferrorressonância [13]. . . . . . . . . . 69
3.18 Correntes no PRX e na LCSF durante ferrorressonância [13]. . . . . . . 69
3.19 Desempenho do TPC sob ferrorressonância para RX1 =6 Ω [13]. . . . . . 70
3.20 Desempenho do TPC sob ferrorressonância para RCSF2 =11,35 Ω [13]. . 70
3.21 Tensão transitória no secundário do TPC considerando a atuação e a
falha do circuito de proteção [43]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
3.22 Energia dissipada pelos pára-raios de SiC e ZnO quando eles atuam para
proteger o TPC contra sobretensões [43]. . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
3.23 Desempenho do TPC sob ferrorressonância com pára-raios de ZnO [14]. 72
3.24 Influência da carga na resposta em frequência do TPC da Figura 3.11(a)
[12]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
3.25 Influência da carga nas tensões transitórias do TPC da Figura 3.11(b)
[14]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

4.1 Circuito para medições de resposta em frequência dos TPC de 230 kV. 76
4.2 Circuitos equivalentes dos TPC: (a)Haefely CVE230 [44], (b) Haefely
CVE245 [46] e (c) ABB CPB245 [48]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
4.3 Circuitos equivalentes dos TPC: (a)Trench TEM230H [38],(b) Balteau
CCV245 [47] e (c) Arteche DFK245 [49]. . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
4.4 Resultados das medições de resposta em frequência dos TPC: (a)Haefely
CVE230, (b) Haefely CVE245 e (c)ABB CPB245. . . . . . . . . . . . . 81
4.5 Resultados das medições de resposta em frequência dos TPC: (a)Trench
TEM230H, (b) Balteau CCV245 e (c)Arteche DFK245. . . . . . . . . . 82
4.6 Medições de resposta em frequência dos seis TPC nas faixas de: (a) 1 a
100 Hz e (b) 100 Hz a 100 kHz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
4.7 Circuito detalhado dos: (a) TPC Haefely CVE230 e (b) TPC Trench
TEM230H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
4.8 (a) Circuito e (b) diagrama fasorial da capacitância e da resistência de
perdas da coluna capacitiva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
4.9 Circuito para medições da capacitância e do fator de dissipação das
colunas capacitivas dos TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H. . . 86
4.10 Circuito para medição das relações de transformação dos TPI. . . . . . 87
4.11 Circuito para medição das resistências dos secundários dos TPI. . . . . 88
4.12 Circuitos para levantamento das curvas de saturação: (a) dos TPI dos
TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H, (b) da BC do TPC Trench
TEM230H e (c) da BC do TPC Haefely CVE230 e dos reatores dos CSF
dos TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H. . . . . . . . . . . . . . 89
4.13 Curvas de saturação dos componentes do TPC Trench TEM230H: (a)
TPI, (b) BC e (c) reator do CSF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

10
4.14 Curvas de saturação dos componentes do TPC Haefely CVE230: (a)
TPI, (b) BC e (c) reator do CSF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
4.15 Circuito do ensaio em vazio: (a) dos TPI dos TPC Haefely CVE230 e
Trench TEM230H e (b) da BC do TPC Trench TEM230H. . . . . . . . 92
4.16 Circuito do ensaio de curto-circuito dos TPI dos TPC Haefely CVE230
e Trench TEM230H e da BC do TPC Trench TEM230H: (a) impedância
ZHX do TPI, (b) impedânciaZHY do TPI, (c) impedância ZXY do TPI
e (d) impedância ZBC12 da BC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

5.1 Circuito dos modelos adotados para simulações dos: (a) TPC Haefely
CVE230 e (b) TPC Trench TEM230H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
5.2 Comparação entre as respostas em frequência medida e simulada do TPC
Haefely CVE230, sendo (a) a relação da tensão secundária pela primária
e (b) a fase desta relação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
5.3 Comparação entre as respostas em frequência medida e simulada do
TPC Trench TEM230H, sendo (a) a relação da tensão secundária pela
primária e (b) a fase desta relação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
5.4 Janela entre 1 e 100 Hz da Figura 5.3, sendo (a) a relação da tensão
secundária pela primária e (b) a fase desta relação. . . . . . . . . . . . 104
5.5 Comparação entre as respostas em frequência simuladas do TPC Trench
TEM230H com e sem a BD, para dois conjuntos de valores das capaci-
tâncias CT P I1 e CBC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
5.6 Circuito para ensaio de ferrorressonância em TPC. . . . . . . . . . . . 108
5.7 Tensões no secundário do TPC Haefely CVE230 obtidas das simulações
de ferrorressonância com tensão primária igual a 1,2 pu. . . . . . . . . 109
5.8 Tensões e correntes no pára-raios PRT P I do TPC Haefely CVE230 para
(a) curto-circuito no zero da tensão e (b) no pico da tensão, obtidas das
simulações de ferrorressonância com tensão primária igual a 1,2 pu. . . 110
5.9 Tensões no secundário do TPC Haefely CVE230 obtidas das simulações
de ferrorressonância com tensão primária igual a 1,5 pu. . . . . . . . . 111
5.10 Tensões e correntes no pára-raios PRT P I do TPC Haefely CVE230 para
(a) curto-circuito no zero da tensão e (b) no pico da tensão, obtidas das
simulações de ferrorressonância com tensão primária igual a 1,5 pu. . . 112
5.11 Circuitos simplificados do TPC Haefely CVE230 estando a chave de
curto-circuito do secundário CHD fechada com (a) pára-raios PRT P I
sem disparar e com o (b) disparo do pára-raios PRT P I . . . . . . . . . . 113
5.12 (a) Tensões no pára-raios PRT P I do TPC Haefely CVE230 e na capa-
citância CT P I1 obtidas das simulações de ferrorressonância com tensão
primária igual a 1,5 pu e disparo do pára-raios a 22 kV, (b) ampliação
do gráfico (a) e (c) ampliação do gráfico (b). . . . . . . . . . . . . . . . 114

11
5.13 (a) Tensões no pára-raios PRT P I e na capacitância CT P I1 do TPC Ha-
efely CVE230 obtidas das simulações de ferrorressonância com tensão
primária igual a 1,5 pu e disparo do pára-raios a 23 kV, (b) ampliação
do gráfico(a) e (c) ampliação do gráfico (b). . . . . . . . . . . . . . . . 114
5.14 (a) Tensão no secundário do TPC Haefely CVE230 e corrente na chave
de curto-circuito obtidas das simulações de ferrorressonância com tensão
primária igual a 1,5 pu e disparo do pára-raios a 22 kV, (b) ampliação
do gráfico (a). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
5.15 (a) Tensão no secundário do TPC Haefely CVE230 e corrente na chave
de curto-circuito obtidas das simulações de ferrorressonância com tensão
primária igual a 1,5 pu e disparo do pára-raios a 23 kV, (b) ampliação
do gráfico (a). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
5.16 Tensão na BC do TPC Haefely CVE230 obtida da simulação de ferror-
ressonância com tensão primária igual a 1,2 pu. . . . . . . . . . . . . . 117
5.17 Tensões na BC, na capacitância CB e no secundário do TPC Haefely
CVE230 obtidas da simulação de ferrorressonância com tensão primária
igual a 1,2 pu. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
5.18 Tensões na BC, na capacitância CB e no secundário do TPC Haefely
CVE230 obtidas da simulação de ferrorressonância com pára-raios de
ZnO e tensão primária igual a 1,5 pu. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
5.19 Tensões no secundário do TPC Trench TEM230H obtidas das simulações
de ferrorressonância com tensão primária igual a 1,2 e 1,5 pu. . . . . . 121
5.20 Tensões e correntes no reator do CSF do TPC Trench TEM230H obtidas
das simulações de ferrorressonância com tensão primária igual a 1,2 e
1,5 pu. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
5.21 Tensões e correntes no pára-raios PRBC do TPC Trench TEM230H ob-
tidas das simulações de ferrorressonância com tensão primária igual a
1,2 pu. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
5.22 Tensões e correntes no pára-raios PRBC do TPC Trench TEM230H ob-
tidas das simulações de ferrorressonância com tensão primária igual a
1,5 pu. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
5.23 Tensões na derivação entre CA e CB do TPC Trench TEM230H obtidas
das simulações de ferrorressonância com tensão primária igual a 1,2 e
1,5 pu. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
5.24 Tensões na BC, na capacitância CB e no secundário do TPC Trench
TEM230H para não atuação do pára-raios PRBC . . . . . . . . . . . . . 126
5.25 Sistema de transmissão adotado nas simulações de manobras de abertura
da LT 04M2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
5.26 Tensões da LT 04M2 no terminal de Milagres com reatores de 5, 10 e 20
Mvar para manobra de abertura sem defeito. . . . . . . . . . . . . . . . 131
5.27 Tensões da LT 04M2 no terminal de Milagres com reatores de 5 Mvar,
10 Mvar e 20 Mvar para manobra de abertura com curto-circuito. . . . 132

12
5.28 Espectro de frequência da tensão da fase B da LT 04M2 no terminal da
subestação Milagres, calculado entre 0,1 e 1,1 s, para as manobras de
abertura da linha sem defeito e com curto-circuito na fase A, conside-
rando as compensações de 5, 10 e 20 Mvar. . . . . . . . . . . . . . . . . 133
5.29 Tensões na LT 04M2 e nos secundários dos TPC Haefely CVE230 vistas
do terminal da subestação Milagres com reator de 10 Mvar para o caso
de abertura sem defeito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
5.30 Tensões e correntes nos pára-raios dos TPC Haefely CVE230 instalados
no terminal da subestação Milagres com reator de 10 Mvar e abertura
da LT 04M2 sem defeito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
5.31 Tensões na LT 04M2 e nos secundários dos TPC Haefely CVE230 vistas
do terminal da subestação Milagres com reator de 10 Mvar para o caso
de abertura com curto-circuito na fase A. . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
5.32 Tensões e correntes nos pára-raios dos TPC Haefely CVE230 instalados
nas fases B e C do terminal da subestação Milagres com reator de 10
Mvar e abertura da LT 04M2 com curto-circuito na fase A. . . . . . . . 138
5.33 Tensões da fase B na LT 04M2 e nos secundários dos TPC Haefely
CVE230 vistas do terminal da subestação Milagres com reatores de 5,
10 e 20 Mvar para o caso de abertura sem defeito. . . . . . . . . . . . . 140
5.34 Tensões e correntes nos pára-raios dos TPC Haefely CVE230 da fase B
do terminal da subestação Milagres com reatores de 5, 10 e 20 Mvar e
abertura da LT 04M2 sem defeito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
5.35 Tensões da fase B na LT 04M2 e nos secundários dos TPC Haefely
CVE230 vistas do terminal da subestação Milagres com reatores de 5,
10 e 20 Mvar para o caso de abertura com curto-circuito na fase A. . . 144
5.36 Tensões e correntes nos pára-raios dos TPC Haefely CVE230 da fase B
do terminal da subestação Milagres com reatores de 5, 10 e 20 Mvar
para abertura da LT 04M2 com curto-circuito na fase A. . . . . . . . . 145
5.37 Tensões na LT 04M2 e nos secundários dos TPC Trench TEM230H vistas
do terminal da subestação Milagres com reator de 10 Mvar para manobra
de abertura sem defeito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148
5.38 Tensões na derivação entre CA e CB dos TPC Trench TEM230H ins-
talados no terminal da subestação Milagres com reator de 10 Mvar e
abertura da LT 04M2 sem defeito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
5.39 Correntes nos reatores dos CSF dos TPC Trench TEM230H instalados
no terminal da subestação Milagres com reator de 10 Mvar e abertura
da LT 04M2 sem defeito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150
5.40 Atuação do pára-raios PRBC do TPC Trench TEM230H na abertura da
LT04M2 sem defeito, com compensação de 10 Mvar. . . . . . . . . . . . 152
5.41 Efeito da atuação do pára-raios PRBC na tensão secundária do TPC
Trench TEM230H para manobra de abertura da LT 04M2 sem defeito,
com compensação de 10 Mvar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153

13
5.42 Tensões na LT 04M2 e nos secundários dos TPC Trench TEM230H vistas
do terminal da subestação Milagres com reator de 10 Mvar para o caso
de abertura com curto-circuito na fase A. . . . . . . . . . . . . . . . . . 154
5.43 Tensões e correntes nos reatores dos CSF dos TPC Trench TEM230H
instalados nas fases B e C do terminal da subestação Milagres para
abertura da LT 04M2 com curto-circuito na fase A e compensação de 10
Mvar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155
5.44 Atuação dos pára-raios PRBC dos TPC Trench TEM230H para abertura
da LT04M2 sem defeito, com compensação de 10 Mvar. . . . . . . . . . 156
5.45 Tensões na derivação entre CA e CB dos TPC Trench TEM230H insta-
lados no terminal da subestação Milagres para abertura da linha com
curto-circuito na fase A e compensação de 10 Mvar. . . . . . . . . . . . 157
5.46 Tensões na LT 04M2 e no secundário do TPC Trench TEM230H da fase
B vistas do terminal da subestação Milagres com reatores de 5, 10 e 20
Mvar para o caso de manobra de abertura sem defeito. . . . . . . . . . 158
5.47 Influência da alteração da curva de saturação do reator do CSF no de-
sempenho do TPC Trench TEM230H para manobra da LT 04M2 sem
defeito, com compensação de 10 Mvar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
5.48 Efeito do grau de compensação da LT na tensão intermediária do TPC
Trench TEM230H da fase B para manobra da LT 04M2 sem defeito e
com reatores de 5, 10 e 20 Mvar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
5.49 Tensões e correntes no reator do CSF do TPC Trench TEM230H da fase
B para abertura da LT 04M2 sem defeito com reatores de 5, 10 e 20 Mvar.162
5.50 Atuação do pára-raios PRBC do TPC Trench TEM230H da fase B na
abertura da LT04M2 sem defeito com compensação de 10 Mvar. . . . . 163
5.51 Efeito do grau de compensação da LT na tensão secundária do TPC
Trench TEM230H da fase B para abertura da linha com curto-circuito
na fase A e reatores de 5, 10 e 20 Mvar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
5.52 Efeito do grau de compensação da LT na tensão intermediária do TPC
Trench TEM230H da fase B para abertura da linha com curto-circuito
na fase A e reatores de 5, 10 e 20 Mvar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166
5.53 Tensões e correntes no reator do CSF do TPC Trench TEM230H da fase
B do terminal da subestação Milagres para abertura da LT 04M2 com
curto-circuito na fase A e reatores de 5, 10 e 20 Mvar. . . . . . . . . . . 167
5.54 Atuação do pára-raios PRBC do TPC Trench TEM230H da fase B na
abertura da LT04M2 com curto-circuito na fase A e reatores de 5, 10 e
20 Mvar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168
5.55 Tensões intermediária e no secundário do TPC Haefely CVE230 da fase
B para a não atuação do pára-raios PRT P I devido a queima do resistor
RP RT P I na abertura da LT04M2 sem defeito e com reator de 10 Mvar. . 170

14
5.56 Efeito da alteração do resistor do CSF do TPC Haefely CVE230 na
tensão secundária para manobra de abertura da LT 04M2 sem defeito,
com reator de 10 Mvar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172
5.57 Tensões intermediária, no secundário e corrente no reator do CSF do
TPC Trench TEM230H da fase B para a não atuação do pára-raios
PRBC para manobra de abertura da LT04M2 sem defeito e com reator
de 10 Mvar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174
5.58 Tensões intermediária e no secundário do TPC Trench TEM230H da fase
B considerando a alteração do valor da resistência RCSF2 para manobra
de abertura da LT04M2 sem defeito e com reator de 10 Mvar. . . . . . 176
5.59 Efeito da alteração do pára-raios do TPC Haefely CVE230 na tensão
secundária para manobra de abertura da linha. . . . . . . . . . . . . . . 178
5.60 Efeito da alteração do pára-raios do TPC Haefely CVE230 na tensão
intermediária para manobra de abertura da LT 04M2 sem defeito com
reator de 10 Mvar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179
5.61 Efeito da alteração do pára-raios do TPC Haefely CVE230 na tensão
sobre a BC para manobra de abertura da LT 04M2 sem defeito e com
reator de 10 Mvar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180
5.62 Efeito da carga no desempenho do TPC Haefely CVE230 para manobra
de abertura da LT 04M2 sem defeito e com reator de 10 Mvar. . . . . . 181
5.63 Efeito da aplicação do pára-raios de ZnO no desempenho do TPC Trench
TEM230H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183
5.64 Efeito da carga no desempenho do TPC Trench TEM230H com PR de
ZnO para manobra de abertura da LT 04M2 sem defeito e compensação
de 10 Mvar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
5.65 Registro oscilográfico da manobra de abertura da LT 04M2, sem defeito,
com grau de compensação de 18%, visto pelos secundários dos TPC
Haefely CVE230 (fase A) e TPC Trench TEM230H (Fases B e C) no
terminal da subestação Milagres (CHESF). . . . . . . . . . . . . . . . . 188
5.66 Espectro de frequência da tensão da LT 04M2 vista pelo secundário do
TPC Trench TEM230H da fase B no terminal da subestação Milagres,
obtido do registro oscilográfico da Figura 5.65 entre 0,5 e 1 s. . . . . . . 189
5.67 Registros oscilográficos das manobras de abertura da LT 05C4 sem de-
feito com graus de compensação de 62% e 25% vistos pelos secundários
dos TPC Trench TEHM500 no terminal da SE LGZ (CHESF). . . . . . 191
5.68 Espectro de frequência da tensão da LT 04M2 vista pelo secundário do
TPC Trench TEHM500 da fase C no terminal da subestação Milagres,
obtido do registro oscilográfico da Figura 5.67, entre 1 e 2 s, para com-
pensação de 62%. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192

15
5.69 Espectro de frequência da tensão da LT 04M2 vista pelo secundário do
TPC Trench TEHM500 da fase C no terminal da subestação Milagres,
obtido do registro oscilográfico da Figura 5.67, entre 1 e 2 s, para com-
pensação de 25%. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192

D.1 Respostas em frequência de dois TPC de mesmo tipo com e sem defeito
[17]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 222
D.2 Curvas de saturação de dois TPC de mesmo tipo com e sem defeito [17]. 222
Lista de Tabelas

2.1 Dados de LT 230 e 500 kV (CHESF). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37


2.2 Graus de Compensação e Frequências de Oscilação de LT 230 e 500 kV
(CHESF). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
2.3 Transitórios eletromagnéticos e respectivas faixas de frequências (valores
típicos) [30]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
2.4 Classificação das faixas de frequência [30] . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

4.1 Dados dos TPC de 230 kV submetidos às medições de resposta em


frequência (CHESF). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
4.2 Medições dos TPC com a chave de aterramento da BD (CH1 ) aberta e
fechada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
4.3 Capacitâncias, FD e resistências das colunas capacitivas. . . . . . . . . 87
4.4 Relações de transformação dos TPI e da BC dos TPC. . . . . . . . . . 88
4.5 Resistências dos componentes dos TPC. . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
4.6 Resistências de magnetização dos TPI e da BC dos TPC. . . . . . . . . 93
4.7 Indutâncias de dispersão dos TPI e da BC dos TPC. . . . . . . . . . . 95

5.1 Fluxo e corrente adotados nos modelos dos TPC Haefely CVE230 e
Trench TEM230H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
5.2 Parâmetros adotados nos modelos dos TPC Haefely CVE230 e Trench
TEM230H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
5.3 Comparação entre valores calculados e medidos das frequências resso-
nantes fr1 e fr2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
5.4 Tensão residual do pára-raios de 17,5 kV para impulso de corrente de
30/60 µs. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
5.5 Resultados das simulações de ferrorressonância do TPC Haefely CVE230.120
5.6 Resultados das simulações de ferrorressonância do TPC Trench TEM230H.127
5.7 Fluxo e corrente do ramo magnetizante do transformador. . . . . . . . 128
5.8 Dados do transformador, reatores e carga. . . . . . . . . . . . . . . . . 129
5.9 Dados das linhas de transmissão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
5.10 Dados dos equivalentes de Thevenin. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
5.11 Frequências de oscilação da LT 04M2 com 5, 10 e 20 Mvar de compensação.130
5.12 Resultados das simulações de abertura da LT 04M2 com TPC Haefely
CVE230. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
5.13 Resultados das simulações de abertura da LT 04M2 com TPC Trench
TEM230H. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
5.14 Efeito da carga e do pára-raios no desempenho do TPC Haefely CVE230
em simulações de manobra de abertura da LT 04M2 sem defeito com
reator de 10 Mvar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182
5.15 Tensão residual do pára-raios de 20 kV para impulso de corrente de 30/60
µs. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183
5.16 Efeito da carga e do pára-raios no desempenho do TPC Trench TEM230H
em simulações de manobra de abertura da LT 04M2 sem defeito com re-
ator de 10 Mvar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186

A.1 Levantamento das Curvas de saturação dos componentes não-lineares


dos TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H. . . . . . . . . . . . . . 204
A.2 Ensaio de Resposta em frequência dos TPC Haefely CVE230, Trench
TEM230H e Balteau CCV245. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205
A.3 Ensaio de Resposta em frequência dos TPC Haefely CVE245, ABB
CPB245 e Arteche DFK245. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 206

B.1 Fotos dos 06 TPC de 230 kV e de Ensaios Realizados. . . . . . . . . . . 208


B.2 Fotos de Componentes dos Tanques dos 06 TPC. . . . . . . . . . . . . 209

C.1 Dados da simulação de resposta em frequência do TPC Haefely CVE230. 211


C.2 Dados da simulação de resposta em frequência do TPC Trench TEM230H.212
C.3 Dados da simulação de ferrorressonância do TPC Haefely CVE230. . . 213
C.4 Dados da simulação de ferrorressonância do TPC Trench TEM230H. . . 214
C.5 Dados da simulação de interação do TPC Haefely CVE230 com a LT. . 215
C.6 Dados da simulação de interação do TPC Trench TEM230H com a LT. 218
Lista de Abreviaturas e Símbolos

Abreviaturas
ATP - Alternative Transients Program;
BB - Bobina de Bloqueio;
BC - Bobina de Compensação;
BD - Bobina de Drenagem;
CAR - saída para o sinal de onda portadora em alta frequência ou carrier ;
CH1 - chave de aterramento da BD;
CH2 - chave de aterramento do TPI;
CHA - chave introduzida para simulação de transitórios;
CHB - chave introduzida para simulação de transitórios;
CHC - chave introduzida para simulação de transitórios;
CHD - chave introduzida para simulação de transitórios;
CHESF - Companhia Hidro Elétrica de São Francisco;
CSF - Circuito Supressor de Ferrorressonância;
DC - Direct Current;
FD - fator de dissipação;
GIS - Gas Insulated Substation;
LT - Linha de Transmissão;
MCOV - Maximum Continuous Operating Voltage;
NBI - Nível Básico de Impulso ou Basic Impulse Level (BIL);
O&M - Operação e Manutenção;
PRBC - dispositivo de proteção da BC;
PRBD - dispositivo de proteção da BD;
PRT P I - dispositivo de proteção do TPI e da capacitância CB ;
PRX - dispositivo de proteção do secundário conectado em série com RX1 ,
SE - subestação;
SEP - Sistema Elétrico de Potência;
SiC - Carboneto de Silício;
SIL - Surge-Impedance Load ;
TC - Transformador de Corrente;
tgδ - tangente de delta;
TI - Transformador para Instrumento;
TP - Transformador de Potencial;

19
TPC - Transformador de Potencial Capacitivo;
TPI - Transformador de Potencial Indutivo;
TPR - Transformador de Potencial Resisitivo;
X1 , X 2 e X 3 - Terminais do secundário X do TPC;
Y1 , Y 2 e Y 3 - Terminais do secundário Y do TPC;
ZnO - Óxido de Zinco;

20
Símbolos
c - capacitância shunt distribuída da LT, em F/km;
C - capacitância, em F;
c0 - capacitância de sequência zero distribuída da LT, em F/km;
C0 - capacitância de sequência zero da LT, em F;
c1 - capacitância de sequência positiva distribuída da LT, em F/km;
C1 - capacitância de sequência positiva da LT, em F;
CA - capacitância superior do divisor de tensão capacitivo do TPC, em F;
CB - capacitância inferior do divisor de tensão capacitivo do TPC, em F;
CBC - capacitância parasita do primário da BC, em F;
cm - capacitância mútua distribuída da LT, em F/km;
Ce - capacitância equivalente (CA +CB ) do TPC , em F;
cs - capacitância própria distribuída da LT, F/km;
cse - capacitância de compensação série distribuída da LT, em F/km;
csh - capacitância de compensaçãoshunt distribuída da LT, em F/km;
Csh - capacitância do CSF, em F;
CCSF - capacitância do CSF, em F;
CT - capacitância total da coluna capacitiva do TPC, em F;
CT P I1 - capacitância parasita do primário do TPI, em F;
CT P I2 - capacitância parasita do secundário do TPI, em F;
CT P I12 - capacitância parasita entre primário e secundário do TPI, em F;
E - energia, em J ;
f - frequência, em Hz;
f0 - frequência de sequência zero em Hz;
f1 - frequência de sequência positiva em Hz;
f2 - frequência de sequência negativa em Hz;
f60 - frequência de 60 Hz;
fA - frequência A de oscilação da LT, em Hz;
fB - frequência B de oscilação da LT, em Hz;
fr1 - frequência ressonante do TPC em baixas frequências, em Hz;
fr2 - frequência ressonante do TPC em altas frequências, em Hz;
g - condutância shunt da LT, em S/km;
G(jw ) - função resposta em frequência;
GdB - amplitude da função resposta em frequência Gjw , em dB;
i - corrente instantânea da LT, em A;
I2 - corrente eficaz no receptor da LT, em A;
Icc - corrente eficaz de curto-circuito, em A;
IF - corrente eficaz, em A;
Iχ - corrente eficaz na distância χ da LT, em A;
Imedido1 - corrente do primeiro ponto da curva de saturação;
Imedidok - corrente do k-ésimo ponto da curva de saturação;
imodal - elemento do vetor de corrente instantânea da LT no domínio modal;

21
ik - pico da corrente no segmento linear k, em A;
Irmsk - corrente eficaz no segmento linear k, em A;
j - operador, j =1∠90o ;
k0sh - grau de compensação shunt de sequência zero da LT;
kse - grau de compensação série da LT;
ksh - grau de compensação shunt da LT;
l - indutância série distribuída da LT, em H/km;
l0 - indutância de sequência zero distribuída da LT, em H/km;
L0 - indutância de sequência zero da LT, em H;
l1 - indutância de sequência positiva distribuída da LT, em H/km;
L1 - indutância de sequência positiva da LT, em H;
LBC - indutância da BC, em H;
LBCl1 - indutância de dispersão do primário da BC, em H;
LBCl2 - indutância de dispersão do secundário da BC, em H;
LBCl12 - indutância de dispersão do primário e do secundário da BC, em H;
LBCm - indutância de magnetização da BC, em H;
LBD - indutância da BD, em H;
LCSF - indutância do reator dos CSF, em F;
Lef etivo - associação paralela das indutâncias lineares LT P Im e LCSF , em H;
Lk - indutância do segmento linear k, em H;
lm - indutância mútua distribuída da LT, em H/km;
ls - indutância própria distribuída da LT, em H/km;
lsh - indutância de compensação shunt distribuída da LT, em H/km;
LT P I1 - indutância de dispersão do primário do TPI, em H;
LT P I12 - indutância de dispersão do primário e do secundário do TPI, em H;
LT P I2X - indutância de dispersão total do enrolamento X, em H;
LT P I2X1 - indutância de dispersão dos terminais X1 e X2 do secundário X, em H;
LT P I2X2 - indutância de dispersão dos terminais X2 e X3 do secundário X, em H;
LT P I2Y - indutância de dispersão total do enrolamento Y, em H;
LT P I2Y 1 - indutância de dispersão dos terminais Y1 e Y2 do secundário X, em H;
LT P I2Y 2 - indutância de dispersão dos terminais Y2 e Y3 do secundário X, em H;
LT P Im - indutância de magnetização do TPI, em H;
nBC - relação de transformação da BC;
nT P I - relação de transformação do TPI;
P - potência ativa, em W;
P’0 - potência natural com a LT compensada, em kV;
P0 - potência natural ou Surge-Impedance Load (SIL) da LT, em MW;
Pvazio - potência ativa medida no ensaio em vazio, em W
Q - potência reativa, em Mvar;
Qc - potência reativa capacitiva, em Mvar;
Ql - potência reativa indutiva, em Mvar;
Qk - fator de qualidade;

22
r - resistência série da LT, em Ω/km;
R - resistência, em Ω;
r0 - resistência de sequência zero distribuída da LT, em Ω /km;
R0 - resistência de sequência zero, em Ω;
r1 - resistência de sequência positiva distribuída da LT, em Ω /km;
R1 - resistência de sequência positiva, em Ω;
RBC - resistência da BC, em Ω;
RBC1 - resistência do primário da BC, em Ω;
RBC2 - resistência do secundário da BC, em Ω;
RBC3 - resistência conectada ao secundário da BC, em Ω;
RBCm - resistência de magnetização da BC, em Ω;
RCA - resistência do capacitor CA , em Ω;
RCB - resistência do capacitor CB , em Ω;
RC - resistência do capacitor C, em Ω;
RCSF - resistência do reator do CSF, em Ω;
RCSF1 - resistência do CSF ligada em paralelo com o reator, em Ω;
RCSF2 - resistência do CSF ligada em série com o reator, em Ω;
R P RT P I - resistência em série com PRT P I , em Ω;
RT P I1 - resistência do primário do TPI, em Ω;
RT P I12 - resistência do primário e do secundário do TPI, em Ω;
RT P Im - resistência de magnetização do TPI, em Ω;
RT P I2X - resistência total do enrolamento X, em Ω;
RT P I2X1 - resistência de dispersão dos terminais X1 e X2 do secundário X, em Ω;
RT P I2X2 - resistência de dispersão dos terminais X2 e X3 do secundário X, em Ω;
RT P I2Y - resistência do enrolamento Y, em Ω;
RT P I2Y 1 - resistência de dispersão dos terminais Y1 e Y2 do secundário Y, em Ω;
RT P I2Y 2 - resistência de dispersão dos terminais Y2 e Y3 do secundário Y, em Ω;
RX1 - resistência conectada ao secundário X em série com PRX , em Ω;
RX2 - resistência conectada ao secundário X em série com a chave CHD , em Ω;
t - tempo, em s;
T - período, em s;
Ti - elemento da matriz de transformação [Ti ] do domínio fasorial para modal;
Tv - elemento da matriz de transformação [Tv ] do domínio fasorial para modal;
u - tensão instantânea da LT, em kV;
U - tensão nominal da LT, em kV;
U1 - tensão eficaz no transmissor da LT, em kV;
U2 - tensão eficaz no receptor da LT, em kV;
U T P C1 - tensão eficaz primária, em kV;
U’T P C1 - tensão eficaz de derivação entre CA e CB , em kV;
U T P C2 - tensão eficaz no secundário, em kV;
Uχ - tensão eficaz na distância χ da LT, em kV;
UC - tensão eficaz sobre o capacitor C, em V;
Ucc - tensão eficaz de curto-circuito, em V;

23
UF - tensão eficaz da fonte, em V;
Ue - tensão senoidal de entrada, em V;
Umedido1 - tensão do primeiro ponto da curva de saturação medida;
Umedidok - tensão do k-ésimo ponto da curva de saturação medida;
umodal - elemento do vetor da tensão instantânea da LT no domínio modal [umodal ];
URC - tensão eficaz sobre a resistência do capacitor RC , em V;
Urmsk - tensão eficaz no segmento linear k, em V;
Us - tensão senoidal de saída, em V;
Uth - tensão equivalente de Thevenin, em pu;
Uvazio - tensão medida no ensaio em vazio, em V
w - velocidade angular, em rad/s;
w0 - velocidade angular de sequência zero, em rad/s;
w1 - velocidade angular de sequência positiva, em rad/s;
χ - distância do ponto χ ao transmissor da LT, em km;
xc - reatância capacitiva shunt distribuída da LT, em Ω/km;
xl - reatância indutiva série distribuída da LT, em Ω/km;
X - reatância indutiva, em Ω;
X0 - reatância de sequência zero, em Ω;
X1 - reatância de sequência positiva, em Ω;
xse - reatância da compensação série distribuída da LT, em Ω/km;
xsh - reatância da compensaçãoshunt distribuída da LT, em Ω/km;
y - admitância shunt distribuída da LT, em Ω/km;
ymodal - elemento da matriz de admitância da LT no domínio modal;
Yk - inverso da indutância do segmento linear k ;
z - impedância série distribuída da LT, em Ω/km;
Z’0 - impedância natural da LT com compensação, em Ω;
Z0 - impedância natural da LT, em Ω;
ZBC12 - impedância total da BC, em Ω;
Zc - impedância característica da LT, em Ω;
Zcarga - impedância da carga no receptor da LT, em Ω;
ZHX - impedância do enrolamento H mais enrolamento X, em Ω;
ZHY - impedância do enrolamento H mais enrolamento Y, em Ω;
ZXY - impedância do enrolamento X mais enrolamento Y, em Ω;
ZH - impedância do enrolamento H, em Ω;
zmodal - elemento da matriz de admitância da LT no domínio modal;
ZX - impedância do enrolamento X, em Ω;
ZY - impedância do enrolamento Y, em Ω;
δ - ângulo de perdas dielétricas, em graus;
λ - comprimento da LT, em km;
ϕk - pico do fluxo no segmento linear k, em V.s;
4x - seção incremental x da LT;
φ - fase entre Us e Ue ;

24
Notações
~ - vetor;

= - aproximadamente igual;
≈ - da ordem de grandeza de;
[] - matriz;

25
Sumário

Lista de Figuras 9

Lista de Tabelas 17

Lista de Abreviaturas e Símbolos 19

1 Considerações Iniciais 29
1.1 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.2 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.3 Organização da dissertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

2 Características das Linhas de Transmissão 32


2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.2 Parâmetros das Linhas de Transmissão . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.3 Equações de Onda das Linhas de Transmissão . . . . . . . . . . 37
2.4 Operação da LT em Regime Permanente à Frequência Industrial 39
2.5 Compensação Reativa Série e Shunt das Linhas de Transmissão 42
2.6 Frequências Naturais de Oscilação das Linhas de Transmissão
Compensadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.7 Comportamento da LT em Regime Transitório: Modelo ATP . 50
2.8 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

3 Transformador de Potencial Capacitivo 52


3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.2 O Transformador de Potencial Capacitivo . . . . . . . . . . . . . 52
3.3 Componentes do TPC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.4 Ferrorressonância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
3.5 Resposta em Frequência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
3.6 Modelos Representativos para TPC . . . . . . . . . . . . . . . . 62
3.7 Fatores que Influenciam no Desempenho do TPC . . . . . . . . 65
3.7.1 Influência das capacitâncias e do CSF do TPC da Figura 3.11 . . 66
3.7.2 Influência das capacitâncias, da BC e da BD do TPC da Figura
3.11(b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
3.7.3 Influência do CSF do TPC da Figura 3.11 (b) . . . . . . . . . . . 68
3.7.4 Influência dos Dispositivos de Proteção dos TPC das Figuras 3.11(a)
e (b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
3.7.5 Influência da Carga dos TPC das Figuras 3.11(a) e (b) . . . . . . 72
3.8 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

4 Ensaios em Transformadores de Potencial Capacitivos 75


4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
4.2 Medição da Resposta em Frequência . . . . . . . . . . . . . . . . 75
4.3 Parâmetros dos TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H . . 84
4.3.1 Medição da Capacitância e Fator de Dissipação . . . . . . . . . . 85
4.3.2 Medição da Relação de Transformação do TPI e da BC . . . . . 87
4.3.3 Medição das Resistências dos Componentes do TPC . . . . . . . 88
4.3.4 Levantamento da Curva de Saturação . . . . . . . . . . . . . . . 89
4.3.5 Ensaio em Vazio do TPI e da BC . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
4.3.6 Ensaio em Curto-circuito do TPI e da BC . . . . . . . . . . . . . 93
4.4 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96

5 Simulações Digitais 97
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
5.2 Modelos dos TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H . . . . 98
5.3 Simulações do Ensaio de Ferrorressonância . . . . . . . . . . . . 107
5.3.1 Simulações de Ferrorressonância no TPC Haefely CVE230 . . . . 109
5.3.2 Simulações de Ferrorressonância no TPC Trench TEM230H . . . 120
5.4 Simulações de Manobras de Abertura de Linhas de Transmis-
são com Diferentes Graus de Compensação . . . . . . . . . . . . 127
5.4.1 Representação do Sistema de Transmissão e Casos Simulados . . 127
5.4.2 Simulações das Manobras de Abertura da LT com TPC Haefely
CVE230 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
5.4.3 Simulações das Manobras de Abertura da LT com TPC Trench
TEM230H . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
5.4.4 Influência de danos aos componentes dos TPC nos seus Desempe-
nhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170
5.4.5 Propostas para Melhorar o Desempenho dos TPC e Minimizar
Danos aos seus Componentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177
5.5 Registros Oscilográficos da Interação do TPC com a LT Com-
pensada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
5.6 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192

6 Conclusões e sugestões de novas pesquisas 194

Bibliografia 197

27
A Dados dos Levantamentos das Curvas de Saturação dos Com-
ponentes dos TPC e dos Ensaios de Resposta em Frequência203

B Fotos dos TPC, dos Ensaios e de Componentes dos Tanques


dos TPC 207

C Listagem dos arquivos de dados do ATP para Simulações de


Resposta em Frequência, Ferrorressonância e Interação do
TPC com a LT 210

D Diagnóstico do TPC pela Resposta em Frequência 222

Sobre o Autor 224


1 Considerações Iniciais

É mais importante educar que instruir,


formar pessoas que profissionais; ensinar a
mudar o mundo que a ascender à elite.

Frei Betto

1.1 Motivação

Os Transformadores de Potencial Capacitivos (TPC) fornecem através dos seus


enrolamentos secundários as informações do sinal de tensão do Sistema Elétrico de
Potência (SEP) para controle, proteção e medição [1, 2]. Problemas de desempenho
destes equipamentos podem levar a penalizações financeiras por indisponibilidades,
desproteger o sistema e ocasionar faturamento inadequado.
As falhas em TPC são causadas por perda de estanqueidade que permite a penetra-
ção de umidade e oxigênio, resultando em degradação dielétrica, por sobreaquecimento
e por alterações do sinal de tensão que levem a danos ou atuação indevida da proteção
[3].
As alterações impróprias do sinal de tensão ocorrem devido a vários fenômenos,
como faltas internas ao equipamento ou interação com o SEP que, durante manobras,
geram oscilações de tensão e ferrorressonância. O último é o resultado da interação
de capacitâncias com indutâncias não lineares, formadas por materiais ferromagnéti-
cos, que possibilitam diversas frequências ressonantes, podendo causar sobretensões
elevadas.
As sobretensões de manobra são intrínsecas ao sistema, dependem do arranjo físico,
30

das características dos equipamentos e de seus critérios operativos. Elas ocorrem em


ampla faixa de frequência, com diversos reacendimentos de arco e se propagam pelo
sistema podendo atingir valores elevados de tensões. Deste modo, resistores de pré-
inserção, pára-raios, graus de compensação série e shunt são alguns dos fatores que
alteram estas sobretensões e, consequentemente, influenciam no desempenho do TPC,
podendo levar ou não a sobretensões sustentadas em seus secundários de baixa e alta
frequência.
Diversos são os relatos de empresas nacionais e internacionais sobre falhas de TPC
que levaram a saídas intempestivas de linhas de transmissão (LT), além de queima de
equipamentos auxiliares de baixa tensão e danos irreparáveis a alguns TPC [4–8].
A regulamentação do setor elétrico impõe severas penalidades por indisponibilidades
não programadas de funções de transmissão [9], com ou sem interrupção do serviço de
energia, requer agilidade da manutenção para recompor a função no menor tempo
possível bem como medidas preventivas no sentido de reduzir os desligamentos não
programados.
Diante deste contexto, alguns trabalhos têm sido desenvolvidos para modelar ade-
quadamente os TPC a fim de se prever seu desempenho frente a sobretensões transi-
tórias [10–17]. Nesse sentido, faz-se necessário o estudo detalhado da interação deste
equipamento com as LT.

1.2 Objetivo

Esta dissertação tem como objetivo analisar as interações entre o TPC e a LT


utilizando-se de modelos computacionais existentes a fim de elaborar propostas de
soluções que minimizem falhas de desempenho deste equipamento.

1.3 Organização da dissertação

Este trabalho está organizado de acordo com a seguinte estrutura:

• O Capítulo 2 apresenta uma revisão dos conceitos básicos de LT, das equações de
onda e das compensações série e shunt. Indica as frequências naturais de oscilação
e, por fim, descreve e justifica o modelo adotado para simulações no programa
Alternative Transient Program (ATP) [18].
31

• O Capitulo 3 descreve os conceitos fundamentais do TPC e apresenta noções


sobre ferrorressonância e sobre resposta em frequência. Baseado em estudos no
domínio do tempo e de resposta em frequência, indica fatores que influenciam no
seu comportamento transitório.

• O Capítulo 4 apresenta a metodologia e os resultados das medições de resposta


em frequência realizadas em seis TPC selecionados do sistema de transmissão da
Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF) e descreve um conjunto de
ensaios realizados para obtenção dos parâmetros de duas das seis unidades.

• O Capítulo 5 descreve e justifica o modelo adotado do TPC e apresenta os re-


sultados das simulações da interação transitória entre TPC e LT. Os resultados
são comparados a registros oscilográficos obtidos do sistema de transmissão da
CHESF com a finalidade de ilustrar a existência desta interação.

• O Capítulo 6 enumera as principais conclusões e sugestões para trabalhos futuros.

• Após os capítulos, encontram-se as referências bibliográficas.

• O Apêndice A contém os dados dos ensaios de resposta em frequência dos seis


TPC de 230 kV e das curvas de saturação dos TPC Haefely CVE230 e Trench
TEM230H, apresentados no Capítulo 4.

• O Apêndice B ilustra os principais componentes dos TPC e ensaios apresentados


no Capítulo 4.

• O Apêndice C contém a listagem dos arquivos de dados utilizados nas simulações


realizadas no ATP, apresentados no Capítulo 5.

• O Apêndice D apresenta o ensaio de resposta em frequência como uma técnica


alternativa para auxiliar na detecção de defeitos em TPC.
2 Características das
Linhas de Transmissão

Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem


perder o bem que poderíamos conquistar, se
não fosse o medo de tentar.

William Shakespeare

2.1 Introdução

Para analisar a interação entre o TPC e o SEP é necessária uma revisão dos conceitos
básicos de LT com enfoque em seus parâmetros e desempenhos em regimes permanente,
à frequência industrial, e transitório.
Neste sentido, este capítulo trata das definições dos parâmetros elétricos, das equa-
ções de onda, da operação em regime permanente e das compensações serie e shunt
das LT. Apresenta suas frequências naturais de oscilação durante transitórios, como
manobra de abertura e fechamento, considerando as situações desde a vazio até plena
carga associadas ao grau de compensação.
Por fim, apresenta o modelo adotado para simulação das LT no ATP, justificando
sua representação com foco na análise da sua interação transitória com o TPC.

2.2 Parâmetros das Linhas de Transmissão

O potencial hidrelétrico existe de forma aleatória na natureza, muitas vezes distante


dos grandes centros de consumo. Assim, surge a necessidade de se transportar a energia
elétrica destas fontes até os consumidores.
33

Além desta finalidade, a LT permite a integração de grandes sistemas isolados, cujas


vantagens principais estão destacadas abaixo:

• Otimização no gerenciamento da energia disponível, ou seja, o excesso de energia


em um período do ano de um sistema pode ser fornecido a outro com escassez;

• Aumento da confiabilidade no fornecimento;

• Aumento na flexibilidade para manutenção, diminuindo os custos por indisponi-


bilidades;

• Redução dos custos de novos empreendimentos que, isoladamente, necessitariam


de maior infra-estrutura, inclusive de recursos humanos para o gerenciamento e a
execução da operação e manutenção (O&M);

As características físicas de uma LT ditam seu comportamento e influenciam no seu


desempenho em regimes permanente e transitório. Assim, a sua geometria e o meio
onde está inserida definem seus parâmetros elétricos que são indutância, capacitância,
resistência e condutância.
A Figura 2.1 mostra dois condutores A e B de raios ra e rb , suspensos a uma altura
ha e hb do solo, paralelos entre si e o solo. O retorno da corrente deste circuito é através
do solo ideal, ou seja, condutor perfeito e homogêneo. Os condutores abaixo do solo,
denominados condutores-imagem, estão diametralmente opostos aos condutores A e B
e representam o retorno pelo solo ideal cujas impedâncias próprias e mútuas são iguais
às do solo, acrescidas de um fator de correção [19].

Figura 2.1: Arranjo de dois condutores com retorno pelo solo.


34

As capacitâncias da Figura 2.1 são calculadas pela Equação 2.1 [20]:


 −1
ln 2h a
ln Ddab
ab

[C] = 2π²0 × 103 ×  ra  F/km, (2.1)


ln Ddab
ab
ln 2hrb
b

em que ²0 =8,859×10−12 A.s/V.m é a permissividade do vácuo.


Da mesma forma, as indutâncias da Figura 2.1 são calculadas pela Equação 2.2:
 
µ0 ln 2h
r0
a
ln Ddab
ab

[L] = × 103 ×  Da  H/km, (2.2)


2π ln dab
ab
ln 2h b
r0b

−7
em que µ0 =4π×10 V.s/A.m é a permeabilidade no vácuo e r’ é o raio médio
geométrico do condutor, equivalente a r’ =e1/4 ×r =0,7788r.
Os termos da diagonal representam as indutâncias próprias ou auto-indutância e
os termos fora da diagonal são as indutâncias mútuas. Observando-se as Equações 2.1
e 2.2, nota-se que a capacitância e a indutância dependem apenas do meio físico e da
geometria.
Numa linha de transmissão trifásica, as impedâncias das três fases devem ser iguais
para que o sistema seja equilibrado, o que é possível apenas quando os coeficientes
próprios e mútuos são iguais entre si. As Figuras 2.2 e 2.3 mostram dois possíveis
arranjos de LT trifásicas.

Figura 2.2: Disposição horizontal de LT trifá- Figura 2.3: Disposição triangular de LT trifá-
sica. sica.
35

Para que os campos próprios sejam iguais é preciso que os raios dos condutores e
as alturas h dos três condutores sejam iguais, caso mostrado na Figura 2.2.
Para que os campos mútuos sejam iguais é preciso que as distâncias d e D sejam
iguais para cada fase. A primeira parte, d, se obtém através do arranjo triangular,
como mostrado na Figura 2.3. Esta disposição, como qualquer outra, não satisfaz a
condição de igualdade dos termos da segunda parte, D. Portanto, considerando-se o
efeito do solo, há sempre um certo grau de desequilíbrio.
Quando os espaçamentos dos condutores de uma linha trifásica não são iguais, como
o caso da Figura 2.2, as indutâncias de cada fase assumem valores diferentes e tornam
o circuito desequilibrado. Estas características indesejáveis são superadas através da
transposição que consiste na troca de posição dos condutores de tal modo que a corrente
de uma fase seja transportada ao longo da terça parte do comprimento da linha em
cada uma das posições, como mostra a Figura 2.4. Esta construção equilibra as linhas
eletromagneticamente, considerando-se ou não a presença do solo ou de cabos pára-
raios.

Figura 2.4: Arranjo básico de transposição total de LT.

A linha trifásica de circuito simples pode ser considerada continuamente transposta


se o comprimento de um ciclo de transposição, como mostrado na Figura 2.4, é muito
menor que o comprimento de onda das frequências envolvidas num estudo particular.
Por exemplo, para 60 Hz o comprimento é de aproximadamente 160 km.
Numa linha de transmissão balanceada ou continuamente transposta, todos os ele-
mentos diagonais das matrizes [l ] e [c] são iguais entre si e todos os elementos fora da
diagonal também são iguais entre si [18], conforme indicam as Equações 2.3 e 2.4:
 
ls lm lm
 
[l] = 
 lm ls lm  H/km, (2.3)
lm lm ls
36

 
cs cm cm
 
[c] = 
 cm cs cm 
 F/km, (2.4)
cm cm cs
em que ls e cs são as indutâncias e capacitâncias próprias e lm e cm são as indutâncias
e capacitâncias mútuas.
Em linhas continuamente transpostas são identificados dois modos de propagação,
denominados sequência positiva e zero, com os parâmetros modais unitários calculados
conforme as Equações 2.5 e 2.6:

l1 = ls − lm
H/km, (2.5)
l0 = ls + 2lm

c1 = cs − cm
F/km, (2.6)
c0 = cs + 2cm
em que l1 e c1 são as indutâncias e capacitâncias de sequência positiva e l0 e c0 são
as indutâncias e capacitâncias de sequência zero.
Outro fator que se deve levar em consideração é o comportamento dos componentes
de sequências positiva e zero com a variação da frequência [21]. A Figura 2.5 mostra que
a indutância de sequência positiva é praticamente constante, enquanto que a resistência
de sequência positiva varia quando o efeito pelicular (skin) nos condutores e o efeito
de propagação no solo se tornam consideráveis.

Figura 2.5: Indutâncias e resistências de sequências positiva e zero de uma linha trifásica [21].
37

As indutância e resistência de sequência zero são mais dependentes da frequência


devido ao efeito skin no retorno pela terra. As capacitâncias podem ser consideradas
constantes para faixa de frequência de interesse dos estudos de sistemas de potência.
A título de exemplo, a Tabela 2.1 apresenta os valores dos componentes de sequên-
cias positiva e zero de duas LT da CHESF, sendo uma de 230 kV e a outra de 500 kV.
No sistema de transmissão desta Empresa, o comprimento médio das LT de 500 kV é
120 km e, das de 230 kV, é 76 km.

Tabela 2.1: Dados de LT 230 e 500 kV (CHESF).


Linha de Transmissão Milagres - Banabuiu Luiz Gonzaga - Sobradinho
Código Operacional 04M2 05C4
Comprimento (km) 225,1 319
Tensão (kV) 230 500
r1 (Ω/km) 0,0871 0,0244
l1 (mH/km) 0,9774 0,8538
c1 (nF/km) 12,1935 13,4945
r0 (Ω/km) 0,3892 0,3240
l0 (mH/km) 3,2541 3,6016
c0 (nF/km) 6.7562 7,3776
Potência Reativa Capacitiva Qc 0,2432 1,2718
2
Qc = wc1 U (Mvar/km)

2.3 Equações de Onda das Linhas de Transmissão

A Figura 2.6 mostra a representação monofásica de seção incremental de com-


primento ∆x de uma linha de transmissão. Os parâmetros elétricos r e g retratam
respectivamente as perdas nos condutores e nos dielétricos e l e c são a capacitância e
a indutância, todos definidos por unidade de comprimento. Eles são conhecidos como
parâmetros unitários da linha.

Figura 2.6: Parâmetros de seção incremental ∆x da Linha de Transmissão.


38

As equações diferenciais parciais que governam a tensão ~u e a corrente ~i ao longo


de uma linha de transmissão estão descritas nas Equações 2.7 e 2.8 [18]:

∂~u ∂~i
− = [l] + [r]~i, (2.7)
∂x ∂t

∂~i ∂~u
− = [c] + [g] ~u, (2.8)
∂x ∂t
em que [r ], [l ], [c] e [g] são as matrizes formadas pelas resistências r em Ω/km,
indutâncias l em H/km, capacitâncias c em F/km e condutâncias g em S/km da linha.
No domínio da frequência, as Equações 2.9 e 2.10 são expressas por:
· ¸ hi
∂~u
− = [~z] ~i , (2.9)
∂x
" #
∂~i
− = [~y ] [~u] , (2.10)
∂x
em que [~z] e [~y ] são as matrizes impedância e admitância da linha em Ω/km.
Como visto na seção 2.2, se a linha é continuamente transposta, então todas as
matrizes possuem apenas dois valores distintos: os da diagonal (próprios) e os fora da
diagonal (mútuos). Para linha não transposta, as impedâncias próprias, assim como as
mútuas, não são iguais entre si. Felizmente, as matrizes continuam simétricas e podem
ser diagonalizadas através de transformações modais, oriundas da teoria de autovalores
e autovetores da álgebra matricial [22, 23]. Esta teoria permite transformar duas
equações acopladas de quantidades fasoriais para modais de tal forma que se tornam
desacopladas (matrizes diagonais). As matrizes diagonais no domínio modal [zmodal ] e
[ymodal ] são obtidas das Equações 2.11 e 2.12:

[zmodal ] = [Tv ]−1 × [z] × [Ti ] , (2.11)

[ymodal ] = [Ti ]−1 × [y] × [Tv ] , (2.12)

em que [Ti ]−1 = [Tv ]t e as colunas de [Tv ] são os autovetores da matriz formada
pelo produto [z ]×[y].
39

Da mesma forma, os vetores das tensões e correntes em quantidades fasoriais [u] e


[i ] são obtidos das quantidades modais [umodal ] e [imodal ] conforme mostram as Equações
2.13 e 2.14:

[u] = [Tv ] × [umodal ] e (2.13)

[i] = [Ti ] × [imodal ] . (2.14)

As Equações 2.7 e 2.8 são denominadas equações de onda, cujas soluções podem
ser no domínio do tempo ou no domínio da frequência (Equações 2.9 e 2.10). Diversas
literaturas abordam os estudos destas equações, considerando as incidências, reflexões
e refrações de ondas sob várias formas de terminação da linha, como em vazio, em
curto ou com carga [24–26].

2.4 Operação da LT em Regime Permanente à Frequência In-


dustrial

Conforme tratado em 2.3, a LT é caracterizada por quatro parâmetros distribuídos:


dois elementos série, a resistência r e a indutância l, e dois elementos shunt, a condu-
tância g e a capacitância c. A Figura 2.7 mostra uma representação monofásica da
mesma.

Figura 2.7: Parâmetros distribuídos da Linha de Transmissão.

As expressões gerais de tensão e corrente para regime permanente senoidal equili-


brado em qualquer ponto χ ao longo de uma LT são uma solução particular das suas
equações de onda e estão apresentadas nas Equações 2.15 e 2.16 [24]:
40

p √ p √
~ ~ ~ 2 − I~2
~ χ = U2 + I2
U
~z/~y χ
e ~
z~y
+
U ~z/~y
e−χ ~
z~y
, (2.15)
2 2
p p
~ 2 + I~2 ~z/~y √
U ~ 2 − I~2 ~z/~y
U √
I~χ = p eχ ~z~y + p e−χ ~z~y , (2.16)
2 ~z/~y 2 ~z/~y
em que U~ χ e I~χ são as tensões em kV e correntes eficazes em A a uma distância
χ em km do transmissor; U ~ 2 em kV e I~2 em A são as tensões e correntes eficazes no
p
receptor e ~z/~y é a impedância característica Z ~ c da linha em Ω/km.
A impedância característica Z ~ c é expressa pela Equação 2.17:
s s
~c = ~z r + jwl
Z = , (2.17)
~y g + jwc

em que ~z é a impedância série da LT em Ω/km; ~y é a admitância shunt da LT em


Ω/km; j é operador, j =1∠90o , e w é a velocidade angular em rad/s.
Nas linhas reais de alta tensão e extra alta tensão, r e g são relativamente pequenos
quando comparados a wl e wc. A resistência r têm importante valor na determinação
das perdas e, para análises que não sejam de perdas, a Figura 2.7 pode ser simplificada
como mostra a Figura 2.8:

Figura 2.8: Parâmetros distribuídos da Linha de Transmissão desprezando perdas.

Desta forma, se considerar r =0 e g=0 na Equação 2.17, a expressão torna-se a


~ 0 da LT, apresentada na Equação 2.18:
impedância natural Z

r s
~c ∼ ~0 = l jwl √
Z =Z = = xl · xc , (2.18)
c jwc
em que xl é a reatância indutiva série e xc é a reatância capacitiva shunt da linha,
ambos em Ω/km.
41

~ carga influenciam substancialmente


O módulo e argumento da impedância da carga Z
na tensão terminal U2 da linha que possibilita duas situações distintas:

~ carga =Z
1. Z ~0
A linha se comporta como um circuito puramente resistivo e não precisa de energia
reativa externa para manutenção dos seus campos elétricos e magnéticos, ou seja,
a potência reativa gerada pela capacitância shunt é totalmente absorvida pela
indutância série. A única energia absorvida pela linha é a energia ativa destinada
a cobrir as perdas por efeito Joule e dispersão.
Nestas condições, a potência ativa transportada pela linha é denominada de po-
tência natural P0 ou Surge-Impedance Load (SIL) e é expressa pela Equação 2.19:
U22
P0 = , (2.19)
Z0
em que P0 está em MW.

~ carga 6=Z
2. Z ~0
A depender do fator de potência da carga, pode haver excesso de energia no campo
magnético ou excesso de energia no campo elétrico com conseqüente sobretensão.
Este fenômeno é conhecido como efeito Ferranti [27] e pode ser observado na
Figura 2.9, onde a tensão no receptor é 8,8% maior que no transmissor para linha
em vazio.

Figura 2.9: Tensão U2 em função da carga P e do seu fator de potência [27].


42

Constata-se ainda da Figura 2.9 que o fator de potência da carga tem forte influência
na tensão do receptor. Por exemplo, o fator de potência atrasado ou unitário tende a
reduzir a tensão U2 com o aumento da potência P.

2.5 Compensação Reativa Série e Shunt das Linhas de Trans-


missão

No sistema de potência ideal, a tensão e a frequência devem ser constantes, com


fator de potência unitário e livre de harmônicos em cada ponto de suprimento, inde-
pendentemente do tamanho e das características da carga.
Conforme visto no item 2.4, uma condição desejável de operação ocorre quando a
~ carga =Z
linha opera com a potência natural, Z ~ 0 , pois não há necessidade de se gerar ou
absorver energia reativa. Entretanto, o carregamento da linha depende da carga que,
por sua vez, varia ao longo do dia.
Quando a linha opera com potência P diferente de P0 , haverá fluxo de reativo que,
além de provocar perdas de energia ativa, solicita capacidade adicional dos equipamen-
tos terminais. A Figura 2.10 ilustra a potência reativa Q adicional que deve ser gerada
ou absorvida para linhas de diversas classes de tensão:

Figura 2.10: Geração e consumo de energia reativa Q pelas LT [24].


43

A influência da potência com que a linha opera em relação a P0 é determinante na


geração ou absorção da energia reativa [28]. Para potências inferiores a P0 , a linha gera
mais potência reativa que necessita para efetuar o transporte da potência ativa, sendo
que esta característica aumenta com o nível de tensão e com o comprimento, indicado
na região de potência reativa negativa (-Q) da Figura 2.10. Nesta condição, a linha
opera de forma capacitiva e, se esta energia excedente não for absorvida pelo próprio
sistema ou por compensação, a tensão ao longo da linha aumentará, podendo atingir
níveis proibitivos.
Da mesma forma, para transmissão de uma potência superior a P0 , a Figura 2.10
indica necessidade de receber potência reativa adicional àquela gerada por ela (+Q).
Nesta situação, a linha opera de forma indutiva e, se a potência reativa não for forne-
cida pelo próprio sistema ou por compensação, a tensão ao longo da linha diminuirá,
podendo causar mal funcionamento da carga.
A compensação modifica as características elétricas da LT com a finalidade de
aumentar a capacidade de transmissão e garantir a estabilidade e o nível de tensão.
Assim, a compensação ideal apresenta os seguintes objetivos:

• Manter o perfil de tensão próximo ao nominal ao longo da linha;

• Aumentar a estabilidade através do acréscimo da máxima potência transmissível;

• Prover meios econômicos de controlar o fluxo de potência reativa requerido para


a transmissão.

Os reatores shunt são utilizados para limitar a tensão com a linha operando em
vazio ou com pequena carga. Examinando as Equações 2.18 e 2.19, observa-se que eles
atuam no sentido de aumentar o valor da impedância natural equivalente e diminuir a
potência natural. De forma análoga, os bancos de capacitores shunt são utilizados para
elevar a tensão quando a linha opera com carga pesada, acima da potência natural.
Eles atuam no sentido de reduzir a impedância natural e aumentar a potência natural.
O banco de capacitores série é normalmente utilizado em linhas longas com a fina-
lidade de reduzir o efeito da sua indutância série, ou seja, traz o efeito de encurtá-las,
influenciando positivamente na estabilidade do sistema. Todas as três formas de com-
pensação citadas podem ser usadas juntas em uma linha de transmissão [27].
44

Admitindo, por simplificação, que uma indutância shunt lsh uniformemente distri-
buída é introduzida na linha de comprimento λ, o novo valor da admitância capacitiva
0
(jwc) da Equação 2.18 é indicado pela Equação 2.20:

1
(jwc)0 = jwc + = jwc · (1 − ksh ), (2.20)
jwlsh
em que lsh está em H/km e ksh é definido como grau de compensação shunt.
O fator ksh é expresso pela Equação 2.21:

1
xc
ksh = . = (2.21)
sh cw2 l
xsh
A potência do reator de compensação Ql e a potência reativa capacitiva da linha
Qc são definidas pelas Equações 2.22 e 2.23:

U2
Ql = , (2.22)
wlsh λ
Qc = U 2 wcλ, (2.23)

em que λ está em km e Ql e Qc , em Mvar.


Desta forma, pode-se expressar o grau de compensação shunt ksh também pela
equação 2.24:

Ql
ksh = . (2.24)
Qc
0 0
Substituindo (jwc) na Equação 2.18, o valor da nova impedância característica Z0
é descrito pela Equação 2.25:

0 Z0
Z0 = √ . (2.25)
1 − ksh
Se, ao invés de aplicar lsh , for adicionada uma capacitância shunt csh , então ksh é
negativo e tem o valor expresso pela Equação 2.26:

csh xc
ksh = = . (2.26)
c xsh
0
Portanto, a indutância de compensação shunt aumenta Z0 para Z0 , enquanto que a
capacitância shunt o reduz. Da mesma forma, o efeito da compensação capacitiva série
0
cse na reatância indutiva xl da linha altera o valor da impedância Z0 para Z0 , mostrado
na Equação 2.27:
45

0
p
Z0 = Z0 · 1 − kse , (2.27)

em que kse é definido como grau de compensação série.


O fator kse é expresso pela Equação 2.28:

1 xse
kse = . = (2.28)
w2 lc
se xl
Os parâmetros ksh e kse são úteis para indicar a potência reativa nominal requerida
para compensação. Combinando os efeitos das compensações série e paralelo, obtêm-se
0 0
as expressões de Z0 e P0 indicadas nas Equações 2.29 e 2.30:

0 1 − kse
Z0 = Z0 √ , (2.29)
1 − ksh

0 1 − ksh
P0 = P0 √ . (2.30)
1 − kse
Estas relações estão apresentadas através de gráficos nas Figuras 2.11 e 2.12:

0
Figura 2.11: Impedância Z0 como função de Ksh e Kse [27].
46

0
Figura 2.12: Potência P0 como função de Ksh e Kse [27].

Através das Figuras 2.11 e 2.12, observa-se que a compensação capacitiva série
0 0
(kse >0) traz o efeito de diminuir Z0 e aumentar P0 . De forma análoga, a compensa-
0 0
ção indutiva shunt produz o efeito contrário, ou seja, aumenta Z0 e diminui P0 . Por
exemplo, a Figura 2.12 indica que com a compensação shunt indutiva de aproximada-
mente 37% (Ksh ≈0,37), sem compensação série (Kse =0), se transmite 80% da potência
0
natural da linha (P0 ≈0,8P0 ).

2.6 Frequências Naturais de Oscilação das Linhas de Transmis-


são Compensadas

Para linha em vazio, quando o disjuntor opera no sentido de desligá-la, a corrente


capacitiva é interrompida ao passar pelo zero e a tensão neste momento está no seu
máximo que, consequentemente, deixa uma "carga residual" diferente nas três fases
devido ao acoplamento existente entre elas. Esta tensão residual permanece na linha
47

por muito tempo, a menos que seja drenada por um transformador, reator shunt ou
transformadores de potencial.
Quando a linha é compensada por reator shunt, o comportamento da carga residual
retida nas capacitâncias oscila com composição de frequências que dependem do grau
de compensação ksh . Para melhor compreensão destas frequências, está apresentada
a seguir a análise por componentes simétricas de uma linha totalmente transposta e
compensada por reatores shunt.
As frequências naturais de sequência positiva f1 , negativa f2 e zero f0 são expressas
pelas Equações 2.31 e 2.32:

1
f1 = f2 = √ , (2.31)
2π L1 C1
1
f0 = √ , (2.32)
2π L0 C0
em que
L1 = l1 × λ,
C1 = c1 × λ,
(2.33)
L0 = l0 × λ,
C0 = c0 × λ,
l1 , c1 e l0 , c0 são respectivamente as indutâncias e capacitâncias distribuídas de sequên-
cias positiva e zero do circuito formado pela LT mais os reatores shunt e λ é o com-
primento da LT, em km. Assim, L1 , C1 e L0 , C0 são respectivamente as indutâncias
e capacitâncias totais de sequências positiva e zero do circuito formado pela LT mais
os reatores shunt. As unidades das indutâncias totais L1 e L0 estão em H, das indu-
tâncias distribuídas l1 e l0 , em H/km, das capacitâncias totais C1 e C0 , em F, e das
capacitâncias distribuídas c1 e c0 , em F/km.
Para se determinar estas frequências de oscilação, a indutância da LT é ignorada
por ser muito menor que o valor da indutância do reator. Desta forma, através das
Equações 2.22 a 2.24, encontra-se o valor de L1 e C1 :

U2
L1 = , (2.34)
wksh Qc

Qc
C1 = . (2.35)
wU 2
48

Deste modo, aplicando as Equações 2.34 e 2.35 na Equação 2.31, obtém-se a ex-
pressão de f1 e f2 :

1 1 p w p
f1 = f2 = q = q = ksh · = ksh · f60 , (2.36)
2π U2
· Qc 2π 1 2π
wksh Qc wU 2 w ksh

em que f60 é a frequência a 60 Hz.


De forma análoga, obtém-se a expressão de f0 :

p
f0 = k0sh · f60 , (2.37)

em que

C1
k0sh = ksh · . (2.38)
C0
Para o caso de uma linha transposta totalmente compensada, ksh =1, a descarga
da carga residual ocorre na frequência de oscilação igual a 60 Hz com decaimento
exponencial, não ocorrendo excitação do modo de sequência zero, como mostra a Figura
2.13:

Figura 2.13: Abertura da linha em vazio com 100% de compensação shunt, ksh =1 [29].

Entretanto, quanto menor o grau de compensação shunt ksh , maior é a diferença


entre a frequência da fonte e a frequência natural do circuito formado pela LT mais o
reator shunt [29]. Consequentemente, o modo de sequência zero é excitado de forma a
surgir uma forma de onda oscilatória de dupla frequência expressa pela Equação 2.39:

u(t) = A · cos(w1 t) + B · cos(w0 t), (2.39)

em que w1 e w0 são as velocidades angulares de sequências positiva e zero, em rad/s,


e as constantes A e B são as amplitudes das ondas de frequências angulares w1 e w0 .
49

Através de relações trigonométricas, a Equação 2.39 pode ser expressa pela Equação
2.40:

µ ¶ µ ¶
w0 + w1 w0 − w1
u(t) = A · cos t · cos t + (B − A) · cos(w0 t). (2.40)
2 2
O termo (B-A) é muito pequeno se comparado a A. Assim, observa-se que a oscilação
final do sistema é composta de duas frequências fA e fB :

f0 +f1
fA = 2
,
f0 −f1
(2.41)
fB = 2
.
A Figura 2.14 ilustra a condição de oscilação composta por duas frequências devido
a abertura de linha a vazio com meia compensação:

Figura 2.14: Abertura da linha em vazio com 50% de compensação shunt, ksh =0,5. [29].

A componente de frequência f1 é aproximadamente igual a tensão de pico da fonte,


enquanto que f0 é desprezível na maioria dos casos. Desta forma, conclui-se que no
início da descarga transitória a componente de sequência zero leva a oscilações de
baixa frequência e, como seu amortecimento é maior do que o de sequência positiva,
tem-se logo após este período inicial o amortecimento da descarga transitória associado
somente à frequência f1 .
Para ilustrar, a Tabela 2.2 mostra os graus de compensação ksh associados às
frequências de oscilação fA e fB de três linhas da CHESF.
Observa-se na Tabela 2.2 que, quanto menor é o grau de compensação, menor é a
frequência de oscilação.
50

Tabela 2.2: Graus de Compensação e Frequências de Oscilação de LT 230 e 500 kV (CHESF).


Dados Linha de Transmissão
Linha Luiz Gonzaga - Sobradinho Messias - Recife II Milagres - Banabuiu
Código Operacional 05C4 05L7 04M2
Comprimento (km) 319 180 225
Tensão (kV) 500 500 230
C0 /C1 0,5467 0,5610 0,5541
Q da Linha (Mvar) 405,72 234,54 54,74
Q do Reator (Mvar) 250 100 10
ksh 0,62 0,43 0,18
fA (Hz) 55,40 45,74 30,05
fB (Hz) 8,30 6,56 4,40

2.7 Comportamento da LT em Regime Transitório: Modelo


ATP

Os fenômenos elétricos em sistemas de potência envolvem frequências de 0 (DC) a


50 MHz ou, em casos específicos, atingem valores superiores [30]. A Tabela 2.3 indica
os valores típicos de faixas de frequências associadas com fenômenos transitórios no
sistema elétrico de potência.

Tabela 2.3: Transitórios eletromagnéticos e respectivas faixas de frequências (valores típicos) [30].
Origem Faixa de frequência
Ferrorressonância na energização de transformador (DC) 0,1 Hz - 1 kHz
Rejeição de carga 0,1 Hz - 3 kHz
Eliminação de falta 50/60 Hz - 3 kHz
Inicialização de falta 50/60 Hz - 20 kHz
Energização de LT 50/60 Hz - 20 kHz
Religamento de LT (DC) 50/60 Hz - 20 kHz
Tensão de restabelecimento transitória
Faltas terminais 50/60 Hz - 20 kHz
Falta em LT curta 50/60 Hz - 100 kHz
Múltiplos reacendimentos do disjuntor 10 kHz - 1 MHz
Descargas atmosféricas, faltas em subestações 10 kHz - 3 MHz
Abertura de chave com uma reignição e faltas em Subestações 100 kHz - 50 MHz
Isoladas a Gás (GIS)

Obter uma representação de um circuito ou de seus componentes que seja válida de


0 (DC) a 50 MHz é praticamente impossível. Consequentemente, o modelo do elemento
51

de um circuito deve corresponder a uma faixa de frequência específica do fenômeno sob


interesse. Por esta razão, os transitórios da Tabela 2.3 são classificados em quatro
grupos que representam modelos específicos, conforme indicado na Tabela 2.4.

Tabela 2.4: Classificação das faixas de frequência [30].


Grupo Faixa de frequência Designação Origem típica
I 0,1 Hz - 3 kHz Oscilação de baixa frequência Sobretensões temporárias
II 50/60 Hz - 20 kHz Surtos de frente lenta Sobretensões de manobra
III 10 kHz - 3 MHz Surtos de frente rápida Sobretensões atmosféricas
IV 100 Hz - 50 MHz Surtos de frente muito rápida Sobretensões com reignição

Estudos similares classificam os fenômenos transitórios por faixas de frequência,


identificam os componentes do sistema com maior influência e fornecem guia para
simulações e análises [31].
Neste trabalho, a análise da interação transitória do TPC com a LT é focada no
desempenho frente as oscilações de baixa frequência, com frequências próximas da
industrial (60 Hz). Portanto, o modelo adotado considera que a linha é continuamente
transposta, com parâmetros distribuídos constantes, calculados para frequência de 60
Hz e com a utilização de matriz de transformação constante.

2.8 Conclusão

O capítulo abordou os princípios básicos da LT com foco nos regimes permanente


e transitório, ressaltando as influências dos seus parâmetros e do grau de compensação
e indicando o modelo adotado para simulação.
Estas análises são subsídios para entender a interação do TPC com a LT. Nesse sen-
tido, utilizando-se da mesma prática, o próximo capítulo é voltado para a compreensão
do funcionamento do TPC.
3 Transformador de
Potencial Capacitivo

Feliz aquele que transfere o que sabe, e


aprende o que ensina.

Cora Coralina

3.1 Introdução

Para analisar a interação entre o TPC e o SEP é necessário conhecer suas finalidades
e o seu princípio de funcionamento.
Neste sentido, este capítulo trata dos conceitos fundamentais, das definições e fi-
nalidades de cada componente do TPC e apresenta noções sobre ferrorressonância e
sobre resposta em frequência.
Por fim, ressalta as características que influenciam no seu desempenho com foco
nas oscilações de baixa frequência, próximas da industrial (60 Hz).

3.2 O Transformador de Potencial Capacitivo

Os Transformadores para Instrumento (TI) têm a finalidade de alimentar instru-


mentos elétricos de medição, controle ou proteção, transformando altas correntes e
tensões para níveis seguros e obtendo grandezas normalizadas, além de proporcionar
isolamento contra a alta tensão [32–34].
Os TI são classificados em dois tipos: Transformador de Corrente (TC) e Trans-
formador de Potencial (TP). O TC alimenta a bobina de corrente de instrumentos
53

elétricos de medição, controle ou proteção, sendo seu primário ligado em série com o
circuito elétrico de forma que seu secundário reproduz uma corrente proporcional à
do primário. Assim, este equipamento é um "redutor de corrente", pois a corrente no
secundário é normalmente menor que a do primário. O TP alimenta bobinas de po-
tencial de instrumentos elétricos de medição, controle ou proteção, sendo seu primário
ligado em derivação com o circuito elétrico de forma que seu secundário reproduz uma
tensão proporcional à do primário. Desta maneira, o TP é um "redutor de tensão",
pois a tensão no secundário é normalmente menor que a do primário [35]. As Figuras
3.1 e 3.2 ilustram a conexão dos mesmos ao SEP.

Figura 3.1: Conexão série do TC ao SEP. Figura 3.2: Conexão paralela do TP ao SEP.

As cargas conectadas ao TP possuem impedâncias elevadas, como voltímetros, bo-


binas de potencial de medidores de energia e relés de tensão. Portanto, em operação
normal, a corrente no secundário do TP é muito pequena e o mesmo se comporta de
forma similar a um transformador de potência operando em vazio.
Os TP podem ser de vários tipos: Indutivo (TPI), Capacitivo (TPC), Resistivos
(TPR) e Mistos. Os TP Resistivos e Mistos são utilizados em aplicações específi-
cas, como laboratórios. Já os TPI e TPC são amplamente aplicados nos sistemas de
transmissão, distribuição e indústrias. Como exemplo ilustrativo, as Figuras 3.3 e 3.4
mostram estes dois tipos de TP.
54

Figura 3.3: Transformador de Potencial Indu- Figura 3.4: Transformador de Potencial Ca-
tivo. pacitivo.

A escolha entre TPC e TPI para o sistema de transmissão depende basicamente


de dois fatores, o custo e a necessidade ou não do uso de transmissão de sinais pela
LT. Sob o primeiro aspecto, a Figura 3.5 apresenta uma relação comparativa de custo
versus tensão [36].

Figura 3.5: Custo de TP em função da Tensão [36].


55

Observa-se que, sob o aspecto de custo, é comum o uso de TPI até a classe de 145
kV e, acima desta tensão, aplica-se TPC. O segundo fator está associado a necessidade
de se transmitir sinais pela LT, como sinais de teleproteção. Neste caso, os elementos
capacitivos do TPC servem como caminho de entrada e saída dos dados que fluem pela
linha (sinais de onda portadora ou carrier ). Na seção 3.3 está descrito o caminho pelo
qual estes dados percorrem no SEP (LT e TPC).

3.3 Componentes do TPC

Descritas a finalidade e a escolha dos TP, a Figura 3.6 apresenta o esquema simpli-
ficado dos componentes internos do TPC.

Figura 3.6: Circuito Elétrico simplificado do TPC.

Em que

• CA = capacitância superior do divisor de tensão capacitivo,

• CB = capacitância inferior do divisor de tensão capacitivo,

• CAR = saída para o sinal de onda portadora em alta frequência ou carrier,

• BC = Bobina de Compensação,

• BD = Bobina de Drenagem,
56

• TPI = Transformador de Potencial Indutivo,

• CSF = Circuito Supressor de Ferrorressonância,

• CH1 = Chave de aterramento da BD,

• CH2 = Chave de aterramento do TPI,

• PRBD = Dispositivo de proteção da BD,

• PRT P I = Dispositivo de proteção do TPI e do capacitor CB ,

• RP RT P I = Resistor em série com PRT P I para dissipação de energia transitória,

• PRBC = Dispositivo de proteção da BC,

• RBC = Resistor da BC para dissipação de energia transitória,

• UT P C1 = Tensão no primário do TPC,

• UT P C2 = Tensão no secundário do TPC,

• U’T P C1 = Tensão na derivação entre CA e CB .

A finalidade das colunas capacitivas é fornecer uma tensão de derivação U’T P C1


entre CA e CB , normalmente na faixa de 10 a 20 kV, de forma a permitir utilizar um
TPI de dimensões reduzidas, com menor isolação. Este, por sua vez, baixa a tensão

para níveis normalizados de aproximadamente 110 V e 115/ 3 V [1, 2]. A Equação 3.1
mostra a expressão de U’T P C1 especificamente para o caso em que o divisor capacitivo
opera em vazio (sem carga):

CA
UT0 P C1 = × UT P C1 . (3.1)
CA + CB
Para que U’T P C1 independa da corrente de carga conectada aos secundários do TPI
e corrija o erro de fase existente entre UT P C1 e UT P C2 , o fabricante projeta a BC de
forma tal que tenha uma reatância wLBC que satisfaça a igualdade da Equação 3.2
[35]:

1
wLBC = , (3.2)
w(CA + CB )
em que LBC é a indutância da BC.
57

Assim, com a BC, a Equação 3.3 expressa a relação entre as tensões UT P C1 e UT P C2


que independe da corrente:

CA
U T P C2 = × UT P C1 . (3.3)
nT P I · (CA + CB )
A BC é normalmente um reator, único enrolamento, ou um transformador com dois
enrolamentos. Para o segundo caso, o secundário possui um dispositivo de proteção
PRBC em série com um resistor RBC . Durante condições de sobretensão, esta proteção
atua inserindo o resistor para dissipar a energia. Este dispositivo é normalmente um
centelhador ou uma chave semicondutora, como o TRIAC [37].
Nos terminais de um ou mais secundários do TPC são conectados os CSF. Eles têm
a finalidade de minimizar as oscilações de tensão que possam vir a ocorrer devido à
ferrorressonância. Ela consiste basicamente na interação entre capacitâncias e indu-
tâncias não-lineares, formadas por materiais ferromagnéticos, que possibilitam diversas
frequências ressonantes, podendo levar a sobretensões elevadas a ponto de danificar o
TPC e os equipamentos a ele conectados. A seção 3.4 descreve este fenômeno em
maiores detalhes.
Os CSF são denominados passivo, quando formados de resistores, capacitores ou
indutores e, ativos, quando possuem dispositivos semicondutores [10]. A Figura 3.7
ilustra exemplos destes circuitos.

(a) (b) (c) (d)

Figura 3.7: Exemplos de CSF: (a) a (c) Passivo. (d) Ativo.

Na Figura 3.7(a), LCSF é a indutância de um reator saturável projetado para sa-


turar antes do TPI. Quando saturado, ele insere o resistor RCSF2 para amortecer as
oscilações subharmônicas. Nas Figuras 3.7(b) e 3.7(c) os capacitores CCSF e CCSF1 e
as indutâncias LCSF1 e LCSF2 são sintonizados à frequência fundamental com alto fator
de qualidade Qk e os resistores RCSF3 e RCSF4 são dimensionados para amortecerem
58

as oscilações em qualquer frequência, exceto a fundamental [11]. Na Figura 3.7(d), os


resistores RCSF7 e RCSF8 representam uma carga estabilizadora e, em condições de so-
bretensão, o TRIAC dispara, insere o resistor RCSF6 , e o reator do CSF atua de forma
semelhante ao descrito na Figura 3.7(d)(a).
O dispositivo de proteção PRT P I pode ser um centelhador em série com o resistor
RP RT P I , apenas um centelhador ou um pára-raios de Carboneto de Silício (SiC) ou de
Óxido de Zinco (ZnO) e tem a finalidade de proteger CB e o TPI contra sobretensões.
O PRBC , além de proteger a BC contra sobretensões, serve também para auxiliar o
CSF a limitar as oscilações ferrorressonantes [38].
A chave CH1 deve ser fechada quando não se utiliza o TPC para transmissão de
sinais e a chave CH2 deve ser fechada quando se deseja isolar o TPI.
A bobina BD possui indutância da ordem de 10 a 45 mH, o que representa baixa
impedância para 60 Hz. Como o sistema de ondas portadoras trabalha na faixa de 30
kHz a 535 kHz, este sinal entra pelo ponto CAR, passa pelas capacitâncias CA e CB e
sai para LT. A Figura 3.8 mostra o caminho pelo qual o sinal de carrier percorre entre
um TPC e outro conectado na extremidade oposta de uma LT.

Figura 3.8: Caminho por onde fluem os sinais de onda portadora.

Nas saídas da subestações (SE) A e B existem Bobinas de Bloqueio (BB) que tem a
mesma finalidade da BD, isto é, proporcionam uma alta impedância ao sinal da onda
portadora.
59

3.4 Ferrorressonância

O termo ferrorressonância refere-se a todos fenômenos oscilatórios de circuitos elé-


tricos que contenham no mínimo uma indutância não-linear (material ferromagnético
e saturável), um capacitor, uma fonte de tensão (geralmente senoidal) e baixas perdas
[39].
Os SEP são compostos por várias indutâncias saturáveis (transformadores de força,
reatores, TPI), assim como capacitores (cabos, linhas longas, TPC, bancos de capaci-
tores série ou shunt) e, consequentemente, são factíveis de ocorrer a ferrorressonância.
Sobretensões oriundas de descargas atmosférica, de manobras de energização e religa-
mento de linhas de transmissão podem iniciar este fenômeno. A resposta pode mu-
dar abruptamente do regime permanente à frequência fundamental para outro estado,
ferrorressonante, caracterizado por elevadas sobretensões e níveis de harmônicos que
podem culminar em sérios danos aos equipamentos. A Figura 3.9 ilustra um exemplo
da ocorrência deste fenômeno envolvendo TPC.

Figura 3.9: Ferrorressonância devido a curto-circuito no secundário do TPC [40].

Neste caso, ocorre um curto-circuito no secundário do TPC e a tensão primária é


mantida, o que faz o disjuntor de proteção no secundário atuar para eliminar a falta.
Assim, as trocas de energias armazenadas entre os elementos capacitivos e indutivos
60

resultam em saturação das indutâncias do TPI e sobretensões oscilatórias na unidade


eletromagnética. Para suprimir estas oscilações, os resistores de amortecimento RCSF
dos CSF (vide Figura 3.7) dissipam a energia armazenada.
Uma das principais diferenças entre ressonância e ferrorressonância é que, no se-
gundo caso, pode ocorrer ressonância em ampla faixa de frequências devido a alteração
dos valores da indutância saturável formada por materiais ferromagnéticos.
Experiências de formas de onda nos SEP, experimentos em modelos reduzidos e
simulações permitiram classificar a ferrorressonância em quatro tipos diferentes: fun-
damental, subharmônico, quase-periódico e caótico [39]. A Figura 3.10 apresenta estas
classificações.

Figura 3.10: Ferrorressonâncias: (a)Modo fundamental, (b) Modo subharmônico, (c) Modo quase-
periódico e (d) Modo caótico [39].

No modo fundamental, Figura 3.10(a), as tensões e correntes são periódicas de


período T. O espectro é descontínuo e contém a frequência do sistema, f60 , e múltiplos
harmônicos (2f60 , 3f60 ,..., mf60 , onde m é um número inteiro). No modo subharmônico,
Figura 3.10(b), os sinais são periódicos com período mT. Este estado é conhecido como
subharmônico m ou harmônico 1/m e normalmente é composto de ordens ímpares. O
espectro contém a fundamental, f60 /m, e suas harmônicas (f60 faz parte do espectro).
O modo quase-periódico, Figura 3.10(c), não é periódico e seu espectro de frequência
é descontínuo, onde m e p são números inteiros e f1 /f2 é irracional.
61

O modo caótico, Figura 3.10(d), é não periódico e possui espectro contínuo.


A seção 3.7 apresenta alguns impactos que a ferrorressonância pode causar aos
componentes do TPC e às cargas a ele conectadas.

3.5 Resposta em Frequência

O termo resposta em frequência indica a resposta em regime estacionário de um


sistema com entrada senoidal [41]. Um sistema linear estável, invariante no tempo e
sujeito a uma entrada senoidal possui, em regime estacionário, uma saída senoidal com
mesma frequência de entrada. Porém, a amplitude e o ângulo de fase da saída, em
geral, são diferentes daqueles da entrada. A Equação 3.4 indica esta relação:

Us
G(jw) = ∠φ, (3.4)
Ue
em que G(jw ) é a função resposta em frequência, φ é o deslocamento de fase entre
a tensão senoidal de saída Us e a tensão senoidal de entrada Ue e w é a frequência
angular que é variada por toda faixa de frequência de interesse.
É comum expressar a amplitude da função G(jw ) em decibéis, conforme indica a
Equação 3.5 [10]:
µ ¶
Us
GdB = 20 × log10 , (3.5)
Ue
em que GdB é a amplitude da função resposta em frequência G(jw ), em dB.
A resposta em frequência do TPC geralmente apresenta pontos ressonantes em bai-
xas e altas frequências. Para o primeiro caso, normalmente abaixo de 60 Hz (subharmô-
nica), a indutância efetiva do TPI pode entrar em ferrorressonância com a capacitância
equivalente da coluna capacitiva, cuja frequência ressonante é estimada pela Equação
3.6 [42]:

1 LT P Im × LCSF
fr1 = p , Lef etivo = , Ce = CA + CB , (3.6)
2π Lef etivo × Ce LT P Im + LCSF

em que f r1 é a frequência ressonante para frequências subharmônicas, LT P Im e LCSF


são as indutâncias de magnetização do TPI e do reator CSF na região linear e C e é a
capacitância equivalente da coluna capacitiva do TPC.
62

Para o segundo caso, a interação da capacitância total da coluna capacitiva com a


indutância da bobina de drenagem pode levar a outro ponto de ressonância, estimada
pela Equação 3.7:

1 CA × CB
fr2 = √ , CT = , (3.7)
2π LBD × CT CA + CB
em que f r2 é a frequência ressonante para frequências da ordem de kHz, LBD é a
indutância da BD e CT é a capacitância total da coluna capacitiva do TPC.
No decorrer deste trabalho, a amplitude da resposta em frequência está descrita em
dB e em relação da tensão de entrada pela de saída, normalizada a 60 Hz. A segunda
opção é adotada para todos os casos que não sejam referências a outros estudos. O
Capítulo 4 apresenta resultados de ensaios de resposta em frequência em seis TPC de
230 kV, onde pode-se observar os modos ressonantes.

3.6 Modelos Representativos para TPC

Na busca de um modelo adequado para se avaliar o desempenho dos TPC, alguns


estudos analisaram a sensibilidade dos parâmetros para se definir quais são mais rele-
vantes na sua representação. Esta análise é realizada no domínio do tempo ou através
da resposta em frequência, simulados ou medidos, e os resultados são confrontados para
valores diferentes de cada parâmetro.
Deste modo, a fim de se verificar a influência destes parâmetros em projetos distintos
de TPC, foram selecionados dois modelos que representam uma considerável parcela
dos equipamentos atualmente comercializados. Em um deles, a BC é um reator (apenas
um enrolamento) que fica conectada entre a derivação das capacitâncias CA e CB e o
terminal de alta tensão do primário do TPI, além de possuir um dispositivo de proteção
contra sobretensão conectado na tensão intermediária, derivação entre CA e CB [12, 43].
No outro, a BC é um transformador de dois enrolamentos, conectado entre o terminal
de baixa tensão do primário do TPI e a terra [13, 14]. Neste caso, o dispositivo
de proteção contra sobretensões fica conectado em série a um resistor nos terminais
secundários da BC. Estudos indicam que a diferença do local onde a BC é conectada,
terminais de alta ou de baixa tensão do primário do TPI, não afeta as análises e os
resultados das simulações, lembrando que a finalidade deste componente é minimizar
a impedância equivalente da fonte à frequência de 60 Hz através da sintonização dele
63

com a capacitância equivalente, Ce =CA +CB . Assim, a corrente drenada pela carga no
secundário do TPC não causa queda de tensão significante a ponto de afetar a exatidão
do equipamento [11].
A Figura 3.11 apresenta os circuitos dos dois projetos de TPC selecionados.

Figura 3.11: Modelos de TPC com: (a) BC sendo um reator [12, 43] (b) BC sendo um transformador
[13, 14].

Em que:

• CA = capacitância superior do divisor de tensão capacitivo,

• CB = capacitância inferior do divisor de tensão capacitivo,

• CBC = capacitância parasita do primário da BC,


64

• CCSF = capacitância do CSF,

• CT P I1 = capacitância parasita do primário do TPI,

• CT P I2 = capacitância parasita do secundário do TPI,

• CT P I12 = capacitância parasita entre primário e secundário do TPI,

• LBC = indutância da BC,

• LBCl1 = indutância de dispersão do primário da BC,

• LBCl2 = indutância de dispersão do secundário da BC,

• LBCm = indutância de magnetização da BC,

• LBD = indutância da BD,

• LCSF e LCSF1 = indutâncias dos CSF,

• LT P I1 = indutância de dispersão do primário do TPI,

• LT P I2X , LT P I2X1 , LT P I2X2 = indutâncias de dispersão do secundário X do TPI,

• LT P Im = indutância de magnetização do TPI,

• PRBC = dispositivo de proteção da BC,

• PRT P I = dispositivo de proteção do TPI e da capacitância CB ,

• PRX = dispositivo de proteção do secundário conectado em série com RX1 ,

• RBC = resistência da BC,

• RBC1 = resistência do primário da BC,

• RBC2 = resistência do secundário da BC,

• RBC3 = resistência conectada ao secundário da BC,

• RBCm = resistência de magnetização da BC,

• RCSF1 , RCSF2 e RCSF3 = resistências do CSF,

• RT P I1 = resistência do primário do TPI,

• RT P Im = resistência de magnetização do TPI,


65

• RT P I2X , RT P I2X1 , RT P I2X2 = resistências do secundário X do TPI,

• RX1 = resistência conectada ao secundário X do TPI em série com PRX ,

• RX2 = resistência conectada ao secundário X do TPI em série com a chave CHD .

Para o circuito da Figura 3.11(b), as chaves CHA a CHD e a resistência RX2 não
pertencem ao circuito do TPC e foram introduzidos para simulação de transitórios. Os
elementos PRX e RX2 não são sempre utilizados e existem apenas em casos específicos
deste modelo de TPC. O dispositivo PRX pode ser um centelhador ou uma chave
semicondutora, como o TRIAC.
Os estudos referentes ao modelo da Figura 3.11(a) constataram que a influência das
capacitâncias CT P I12 e CT P I2 , da resistência RT P I2X e das indutâncias LT P I2X e LBD
são pequenas na faixa de frequências até 10 kHz [12, 43]. Assim, eles propuseram o
modelo simplificado indicado na Figura 3.12.

Figura 3.12: Modelo Simplificado do TPC [12, 43].

3.7 Fatores que Influenciam no Desempenho do TPC

Teoricamente, a tensão no secundário do TPC deve ser uma réplica perfeita do


primário para todas condições operacionais. Em regime permanente à frequência in-
dustrial, esta condição pode ser alcançada através de projeto adequado e do ajuste
dos componentes do TPC. Entretanto, sob condições transitórias, como faltas e ma-
nobras de energização e religamento de linhas, a tensão no secundário pode divergir
da primária devido a energia armazenada em seus elementos indutivos e capacitivos e
a não-linearidade da indutância de magnetização (saturação magnética do núcleo do
66

TPI) [13, 14]. Estas condições podem iniciar a ferrorressonância que, por sua vez, pode
causar estresse dielétrico, térmico ou ambos sobre os componentes do TPC e às cargas
a ele conectadas. Somados a estes fatores, os relés digitais, mais sensíveis à variação
da tensão, requerem maior fidelidade das respostas dos TPC.
Diante do exposto, é de fundamental importância conhecer e quantificar a fidelidade
da resposta transitória do TPC e os impactos térmicos e dielétricos desta resposta sobre
seus componentes. Nesse sentido, diversos trabalhos, incluindo medições em campo,
testes em laboratórios e simulações digitais, têm sido realizados [10–17].

3.7.1 Influência das capacitâncias e do CSF do TPC da Figura 3.11

A Figura 3.13 mostra a sensibilidade da resposta em frequência do modelo da Figura


3.11(a), onde as curvas de amplitude e fase são obtidas pela variação dos parâmetros
mais importantes do TPC [11, 43].

(a) Sensibilidade da amplitude. (b) Sensibilidade da fase.

Figura 3.13: Sensibilidade das curvas de amplitude e fase da relação de tensão do TPC a alguns dos
parâmetros mais importantes [43].

A Figura 3.13 revela que as capacitâncias parasitas da BC, CBC , e do primário


do TPI, CT P I1 , têm grande influência nas frequências mais elevadas, enquanto que a
capacitância equivalente, Ce =CA +CB , têm influência nas frequências menores.
O estudo verificou a importância de se considerar o CSF no modelo, pois sua ausên-
cia altera o comportamento do TPC praticamente em toda faixa de frequência, como
observa-se na Figura 3.13 [43].
67

3.7.2 Influência das capacitâncias, da BC e da BD do TPC da Figura 3.11(b)

O estudo da Figura 3.11(b) obteve as mesmas conclusões dos estudos do modelo da


Figura 3.11(a) quanto a influência da capacitância CT P I12 . Verificou também o efeito
da variação da indutância e da capacitância da BC, LBC e CBC , conforme mostra a
Figura 3.14 [14].

(a) Influência da indutância da BC. (b) Influência da capacitância da BC.

Figura 3.14: Efeito dos parâmetros da BC, LBC e CBC , na resposta em frequência [14].

Observa-se que a variação de ambos, LBC e CBC , possuem considerável influência


na resposta em frequência.
Da mesma forma, as Figuras 3.15 e 3.16 mostram, respectivamente, a influência da
indutância da BD por meio de simulações de resposta em frequência e no domínio do
tempo do referido modelo de TPC.

Figura 3.15: Efeito da BD na resposta em Figura 3.16: Influência da BD nas tensões


frequência do TPC da Figura 3.11(b) [14]. transitórias do TPC da Figura 3.11(b) [14].
68

O estudo indica que, para este modelo de TPC, acima de 600 Hz a indutância
da BD, LBD , afeta significativamente sua resposta em frequência. Para análise no
domínio do tempo, o circuito da Figura 3.11(b) inicialmente está com as chaves CHA
e CHC fechadas e CHD aberta. Quando se fecha a chave CHB , aparecem tensões
transitórias de alta frequência devido a troca de energia entre CT e LBD (Equação
3.7). A comparação entre as tensões no secundários da Figura 3.16(b) e (c) ilustra a
diferença de desempenho do TPC com e sem a indutância da BD. Observa-se que com
a BD, o efeito da tensão transitória no secundário é expressivamente amplificado e com
amortecimento mais lento.

3.7.3 Influência do CSF do TPC da Figura 3.11 (b)

Os CSF compostos por indutâncias e capacitâncias sintonizados à frequência fun-


damental, Figura 3.11(a), têm alto fator de qualidade e não exibem uma resposta em
frequência plana, enquanto que os formados por reatores saturáveis, Figura 3.11(b),
possuem resposta plana até centenas de Hz. Estudos indicam que o segundo tipo de
CSF apresenta pequeno efeito no desempenho transitório do TPC, onde a corrente
através do reator pode ser considerada desprezível, exceto quando ocorre ferrorresso-
nância, e o único componente que afeta sua resposta transitória é o resistor em paralelo
com o reator. Portanto, a resposta transitória do TPC para colapso da tensão primária
é menos distorcida quando se utiliza o CSF com reator saturável [13].
Para o circuito da Figura 3.11(b), o estudo analisou a resposta do TPC sob ferror-
ressonância com e sem os componentes PRX e RX1 [13]. Nos dois casos foram impostas
as condições a seguir. Inicialmente as chaves CHA e CHC estão fechadas, CHB e CHD
estão abertas e a carga no secundário consome 1 VA a 115 V com fator de potência
atrasado de 0,85. No segundo momento, a chave CHD é fechada e aberta após aproxi-
madamente sete ciclos. O fechamento e a abertura de CHD causa a saturação do núcleo
do TPI e resulta em ferrorressonância. Assim, a sobretensão nos terminais secundários
satura LCSF e dispara o dispositivo de proteção PRX (caso exista no modelo). Conse-
quentemente, a energia acumulada dissipa-se sobre RCSF2 e RX1 . A Figura 3.17 mostra
os resultados no domínio do tempo para as duas situações e a Figura 3.18 apresenta as
correntes no reator e no ramo dos elementos PRX e RX1 durante o processo de extinção
da ferrorressonância.
69

Figura 3.17: Resposta transitória do TPC sob Figura 3.18: Correntes no PRX e na LCSF
ferrorressonância [13]. durante ferrorressonância [13].

O estudo assumiu que, após a eliminação do curto-circuito, a ferrorressonância é


extinta quando o valor da tensão eficaz divergir em menos de 5% do valor nominal (115
V). No caso da Figura 3.17, ela é extinta em aproximadamente dez ciclos da frequência
industrial para o circuito sem PRX , enquanto que com PRX , ocorre em treze ciclos.
Esta comparação indica que a presença de PRX e RX1 traz efeito prejudicial na resposta
do TPC, cuja causa pode ser explicada com o auxílio da Figura 3.18. Quando a chave
CHD é aberta, ocorre sobretensão no secundário que satura o reator antes da tensão
atingir o valor de disparo do PRX . Então, o reator armazena energia durante o primeiro
semi-ciclo e retorna parte desta energia no próximo semi-ciclo. Quando PRX e RX1 não
estão no circuito, esta energia resultará em um pico de tensão de aproximadamente 500
V. Na outra situação, a presença deles limita o pico em torno de 400 V. O reator satura
novamente no segundo semi-ciclo e retorna parte desta energia no terceiro semi-ciclo.
Isto resulta em sobretensão no terceiro semi-ciclo, mas com valor de pico menor, se
comparado ao semi-ciclo anterior. Após o segundo semi-ciclo, o TPI não está saturado,
mas o transitório ainda permanece por alguns ciclos e sua duração depende basicamente
do nível da sobretensão durante o segundo semi-ciclo.
A ferrorressonância pode ser extinta de forma mais eficiente se os valores de RX1
e RCSF2 forem alterados para otimizar a distribuição de energia dissipada por eles, ou
seja, modificar a distribuição das correntes indicadas na Figura 3.18. Este efeito pode
ser observado nas Figuras 3.19 e 3.20 que mostram alterações, respectivamente, nos
valores de RCSF2 e RX1 .
70

Figura 3.19: Desempenho do TPC sob ferror- Figura 3.20: Desempenho do TPC sob ferror-
ressonância para RX1 =6 Ω [13]. ressonância para RCSF2 =11,35 Ω [13].

Observa-se da Figura 3.19 que o aumento de RCSF2 acima de um certo valor diminui
a eficiência do reator (LCSF ), pois ele pode limitar o valor da tensão no secundário a
um valor abaixo da tensão de disparo do PRX . A Figura 3.20 mostra que o fenômeno
da ferrorressonância é extinto em um ciclo quando RCSF2 = 11,35 Ω e RX1 = 6 Ω.

3.7.4 Influência dos Dispositivos de Proteção dos TPC das Figuras 3.11(a) e (b)

Como visto, os TPC apresentam diferentes dispositivos de proteção contra sobre-


tensões. Alguns possuem centelhadores ou pará-raios conectados na derivação entre
CA e CB , como o circuito do TPC da Figura 3.11(a), para proteger o capacitor CB
e o TPI contra surtos de tensão [44]. Em outros modelos, o dispositivo de proteção
é conectado aos terminais secundários da BC em série com um resistor de carga. Ele
pode ser um centelhador ou uma chave semicondutora, como no circuito do TPC da
Figura 3.11(b), e atua como se fosse um contato normalmente aberto que se fecha
quando a tensão sobe acima de um valor pré-estabelecido. Outra função é auxiliar o
CSF na limitação das oscilações ferrorressonantes, pois limita a corrente no secundário
em casos de sobretensões e curto-circuitos [38].
Para o circuito da Figura 3.11(a), o estudo analisou o desempenho do TPC nas
situações de atuação e falha do dispositivo de proteção, sendo que para o primeiro
caso, considerou dois tipos de pára-raios, SiC e ZnO [43]. As Figuras 3.21 e 3.22
mostram o desempenho da tensão no secundário do TPC sob as três situações e a
energia dissipada nos pára-raios.
71

Figura 3.21: Tensão transitória no secundário Figura 3.22: Energia dissipada pelos pára-
do TPC considerando a atuação e a falha do cir- raios de SiC e ZnO quando eles atuam para pro-
cuito de proteção [43]. teger o TPC contra sobretensões [43].

Nos três casos foram impostas as condições a seguir. Inicialmente o TPC opera
sem carga no secundário com tensão nominal. Após 125 ms, fecha-se uma chave que
curto-circuita o secundário do TPC e permanece fechada durante 6 ciclos, quando o
curto-circuito é eliminado. A tensão nominal adotada para os pára-raios é de 39 kV.
Observa-se na Figura 3.21 que, para o caso da falha de atuação, a sobretensão no
secundário chega a atingir mais de 2,5 kV e o amortecimento da tensão ocorre mais
rapidamente com os pára-raios de ZnO. A Figura 3.22 mostra que as energias dissipadas
pelos pára-raios de SiC e ZnO são, respectivamente, pouco superiores a 80 J e 130 J.
Elas são facilmente absorvidas por pára-raios com tensão nominal de 39 kV para o
tempo envolvido. Portanto, o estudo indica que o circuito de proteção é bastante
eficiente na limitação de sobretensões transitórias que podem aparecer nos terminais
secundários do TPC.
O estudo referente ao circuito da Figura 3.11(b), avaliou a alternativa de se substi-
tuir o PRX e RX1 por um pára-raios de Óxido de Zinco (ZnO). Este possui caracterís-
ticas mais estáveis, estrutura mais robusta e maior confiabilidade; entretanto, deve-se
atentar para a quantidade de energia que pode dissipar [13]. A Figura 3.23 mostra o
desempenho do TPC sob ferrorressonância ao se utilizar um pára-raios de ZnO com
tensão nominal de 130 V e energia nominal de 210 J em 2 ms. Na busca de um ajuste
melhor para o TPC operar com o ZnO, a resistência RX1 foi alterada para 3,35 Ω.
72

(a) Tensão no secundário do TPC. (b) Corrente no pára-raios e no reator.

Figura 3.23: Desempenho do TPC sob ferrorressonância com pára-raios de ZnO [14].

Observa-se na Figura 3.23(a) que a ferrorressonância é extinta em quatro ciclos,


sendo menos eficiente que o centelhador para mitigar este fenômeno. O estudo indica
também que a energia dissipada no pára-raios é de 93 J, bem menor que 210 J. Similar
a análise da Figura 3.18, a Figura 3.23(b) mostra a composição de correntes no reator
saturável e no pára-raios durante a ferrorressonância. O pára-raios conduz quando a
tensão no secundário é maior que 280 V e, portanto, dissipa energia somente durante
parte do segundo semi-ciclo. O reator continua ativo e fornece proteção durante o resto
do período transitório.

3.7.5 Influência da Carga dos TPC das Figuras 3.11(a) e (b)

Para avaliar a influência da carga conectada aos terminais secundários do TPC,


o estudo do modelo representado na Figura 3.11(a) realizou simulações no domínio
da frequência, enquanto que o modelo representado pela Figura 3.11(b) realizou as
simulações no domínio do tempo.
As Figuras 3.24 e 3.25 indicam, respectivamente, a influência das cargas no desem-
penho dos modelos dos TPC das Figuras 3.11(a) e (b).
73

Figura 3.24: Influência da carga na resposta Figura 3.25: Influência da carga nas tensões
em frequência do TPC da Figura 3.11(a) [12]. transitórias do TPC da Figura 3.11(b)[14].

Para o caso da Figura 3.24, o estudo avaliou o desempenho do TPC para três cargas
distintas e indica que a sua influência no comportamento do TPC é significante [12].
No outro estudo, Figura 3.25, foi avaliado o desempenho do TPC para duas situa-
ções, em vazio (CHC aberta) e com carga de 400 VA e fator de potência 0,8 atrasado
(CHC fechada). Em ambas foram impostas as condições a seguir. Inicialmente, a chave
CHA está fechada, CHB e CHD estão abertas. No segundo momento, a chave CHD é fe-
chada no pico da tensão e aberta após dez ciclos. Observa-se na Figura 3.25, tensão no
secundário sem carga, que a ausência da carga resulta em ferrorressonância subharmô-
nica [14]. Portanto, quando o TPC opera com carga reduzida é mais suscetível ao
aparecimento de oscilações de baixa frequência e ferrorressonância.

3.8 Conclusão

O capítulo aborda os princípios básicos de TPC e destaca as influências dos seus


parâmetros frente a transitórios.
Estas análises são fundamentais para se compreender o comportamento do TPC em
interação com a LT durante oscilações de baixa frequência, próximas da industrial (60
Hz).
Nesse sentido, o próximo capítulo descreve os ensaios realizados em TPC para obten-
ção de seus parâmetros e análises de desempenho. Estes dados servem como subsídios
para implementação dos modelos dos TPC utilizados nas simulações de interação com
a LT (Capítulo 5).
74

Contribuições Pessoais
4 Ensaios em
Transformadores de
Potencial Capacitivos
Nunca se afaste de seus sonhos, pois se eles
se forem, você continuara vivendo, mas terá
deixado de existir

Charles Chaplin

4.1 Introdução

O capítulo apresenta as medições de resposta em frequência realizadas em seis


TPC de projetos distintos com os objetivos de se verificar seus comportamentos com a
variação da frequência e de se validar os modelos utilizados nas simulações do Capítulo
5.
Descreve os ensaios realizados nos componentes de dois TPC para se obter os pa-
râmetros utilizados nos referidos modelos. Estes ensaios compreendem medições das
capacitâncias e dos fatores de dissipação, medições das relações de transformação, me-
dições das resistências, levantamentos de curvas de saturação, ensaios em vazio e em
curto-circuito.

4.2 Medição da Resposta em Frequência

Atualmente, existem duas técnicas de ensaio para se obter a resposta em frequência,


através de um impulso de tensão de baixa amplitude ou aplicação de sinais senoidais
na faixa de frequência desejada [45]. Na primeira, para se obter a função G(jw ) é
necessário transformar tanto o sinal aplicado quanto o medido para o domínio da
76

frequência.
Na segunda, varia-se a frequência do sinal de entrada em uma faixa de interesse e
estuda-se a resposta resultante.
As medições de resposta em frequência descritas a seguir são baseadas na segunda
técnica e foram realizadas com o TPC completo, sem carga e com chave de carrier CH1
aberta, conforme mostra a Figura 4.1:

Figura 4.1: Circuito para medições de resposta em frequência dos TPC de 230 kV.

Foram utilizados os seguintes instrumentos e acessórios:

• 01 amplificador de potência Fluke, modelo 5205A, no de série 6235005,

• 01 gerador de sinal clarke-lhes, modelo 743, no de série 80102,

• 01 calibrador universal Wavetec, modelo 9100, no de série 34033,

• 01 osciloscópio digital Tektronix, modelo 11401, no de série 8021153,

• 02 multímetros digitais HP, modelo 34401A, nos de série US36065833 e US36065825,

• 01 No-break de 1,4 kVA Data Energy, modelo Digital Net, no de série 0704220,
77

• 02 pontas de prova Tektronix, modelos P6015A e P6105A,

• fitas de cobre de aproximadamente 3 cm de largura e

• cabos para aterramento.

O conjunto amplificador mais gerador foi utilizado para as baixas frequências e o


calibrador para as demais. A Tabela 4.1 mostra os dados dos seis TPC submetidos às
medições de resposta em frequência:

Tabela 4.1: Dados dos TPC de 230 kV submetidos às medições de resposta em frequência (CHESF).
Dados Transformadores de Potencial Capacitivos (TPC)
Fabricante Haefely Haefely Trench Balteau ABB Arteche
[44] [46] [38] [47] [48] [49]
Modelo CVE230 CVE245 TEM230H CCV245 CPB245 DFK245

N de série 680101 850808 87300956 91327129 8731845 011118708
Ano Fabricação 1968 1987 1987 1991 1998 2001
Frequência (Hz) 60 60 60 60 60 60
NBI (kV) 1050 1050 1050 950 950 950
UT P C1 (kV) 230 230 230 230 230 230
UT P C2 (V) 115/66,4 115/66,4 115/66,4 110,66/66,4 110,66/66,4 110,66/66,4
Relações de 1155:1/ 1155:1/ 1155:1/ 1200:1/ 1200:1/ 1200:1/
transformação 2000:1 2000:1 2000:1 2000:1 2000:1 2000:1
CA (pF) 3560 4631 4400 4860 8200 9429
CB (pF) 37400 58079 38400 46200 73300 84865
CT (pF) 3250 4300 3800 4400 7400 8500
±10% +10% -5% +10% -5% +10% -5% +10% -5% +10% -5%
Ce (pF) 40960 62710 42800 51060 81500 94294
U’T P C1 (kV) 11541 9806 13651 12639 13361 13278
LBD (mH) sem BD 12 45 40 12 12
Potência tér- sem infor- 1064 1150 1150 216 216
mica (VA) mação
Carga total si- sem infor- 400 400 400 150 150
multânea (VA) mação
Classe de Exati- X=0,3% X=0,3% X=0,3% X=0,3% X=0,3% X=0,3%
dão Y=1,2% Y=1,2% Y=1,2% Y=1,2% Y=1,2% Y=1,2%
200 VA 400 VA 400 VA 400 VA 75 VA 75 VA
Peso (kg) 1150 400 397 600 540 684

A BC dos TPC Haefely CVE230, Haefely CVE245 e ABB CPB245 é um reator


(apenas um enrolamento), similar a do circuito da Figura 3.11(a), capítulo 3.
78

Da mesma forma, nos TPC Trench TEM230H, Balteau CCV245 e Arteche DFK245,
a BC é um transformador (dois enrolamentos), similar ao da Figura 3.11(b) do Capítulo
3. As Figuras 4.2 e 4.3 mostram os circuitos equivalentes dos seis TPC em dois grupos,
classificados pelas diferenças da BC.

Figura 4.2: Circuitos equivalentes dos TPC: (a)Haefely CVE230 [44], (b) Haefely CVE245 [46] e
(c) ABB CPB245 [48].
79

Figura 4.3: Circuitos equivalentes dos TPC: (a)Trench TEM230H [38],(b) Balteau CCV245 [47] e
(c) Arteche DFK245 [49].
80

Observa-se dos dados da Tabela 4.1 e dos circuitos das Figuras 4.2 e 4.3 que os
modelos dos seis TPC não se diferenciam apenas pela BC. Nos três TPC mais anti-
gos, o Nível Básico de Impulso (NBI) é maior em 100 kV, o que implica em projetos
distintos para proporcionar maior suportabilidade dielétrica. As diferenças nos valores
das capacitâncias CA e CB de cada modelo resultam em tensões de derivação U’T P I1
na faixa de 10 a 14 kV (Equação 3.1), impactam no valor da indutância LBC e podem
levar a diferentes pontos ressonantes. Sobre o primeiro aspecto, utilizam-se TPI com
diferentes relações de transformação para se obter a tensão padronizada no secundário
UT P C2 de cada TPC. No segundo aspecto, a indutância LBC é dimensionada de forma
tal que tenha uma reatância wLBC igual a reatância da capacitância equivalente 1/wCe
à 60 Hz (Equação 3.2), logo, assume valores diferentes para cada TPC. No terceiro
aspecto, para os pontos ressonantes de baixa frequência, a capacitância equivalente Ce ,
com valores entre 41000 e 94000 pF, interage com a indutância de magnetização LT P Im
do TPI (Equação 3.6). Nas altas frequências, ocorre a interação entre a capacitância
total CT , com valores entre 3250 e 8500 pF, e a indutância LBD , com valores entre 12 e
45 mH (Equação 3.6). Deste modo, as diferentes capacitâncias e indutâncias envolvidas
podem resultar em pontos ressonantes distintos para cada equipamento.
Os dispositivos de proteção contra sobretensão (PR) dos TPC são conectados em
paralelo a CB ou ao secundário da BC ou a um enrolamento exclusivo do TPI. A exceção
é o TPC ABB CPB245, Figura 4.2(c), que possui apenas o dispositivo de proteção da
BD. O TPC Haefely CVE230, Figura 4.2(a), tem o conjunto pára-raios PRT P I mais
resistor RP RT P I conectado em paralelo ao capacitor CB e é o único que não possui BD.
O TPC Haefely CVE245, Figura 4.2(b), possui um enrolamento exclusivo do TPI com
dispositivo de proteção PRCSF conectado aos seus terminais. Os circuitos dos TPC
Trench TEM230H, Balteau CCV245 e Arteche DFK245, Figuras 4.3(a) a (c), possuem
dispositivos de proteção PRBC no secundário da BC.
Os CSF também são diferentes para cada TPC, sendo utilizados cargas estabili-
zadoras (Figuras 4.2(a) e (b) e Figura 4.3(a)), reatores saturáveis em série com um
resistência (Figura 4.2(c) e Figuras 4.3(a) e (c)) e o conjunto formado por capacitância
e indutância paralelas, sintonizados à frequência de 60 Hz, em série com um resistor
(Figura 4.3(b)). Deve-se considerar que os dispositivos de proteção contra sobretensões
(PR) também auxiliam os CSF a limitar as oscilações ferrorressonantes.
81

Nas medições de resposta em frequência realizadas nos seis TPC, variou-se a frequên-
cia entre 5 Hz e 100 kHz e as relações da tensão de saída UT P C2 pela tensão de entrada
UT P C1 , normalizadas a 60 Hz, foram registradas para toda faixa de frequência. As
defasagens angulares destas tensões foram anotadas até 10 kHz para diminuir o tempo
de ensaio. As Figuras 4.4 e 4.5 apresentam os resultados das medições.

Figura 4.4: Resultados das medições de resposta em frequência dos TPC: (a)Haefely CVE230, (b)
Haefely CVE245 e (c)ABB CPB245.
82

Figura 4.5: Resultados das medições de resposta em frequência dos TPC: (a)Trench TEM230H, (b)
Balteau CCV245 e (c)Arteche DFK245.

As Figuras 4.4 e 4.5 mostram que o desempenho dos seis TPC frente a resposta em
frequência diferem significativamente um do outro em amplitude e fase da relação de
tensão. Assim, pode-se inferir que o modelo para simulação deve ser específico para
cada equipamento e para uma determinada faixa de frequência.
83

Todos os TPC possuem amplificação da tensão secundária em relação a primária


para frequências subharmônicas, abaixo de 60 Hz, e para frequências superiores a 10
kHz. A Figura 4.6 mostra o desempenho comparativo dos seis equipamentos em dois
gráficos, para frequências até 100 Hz e de 100 Hz a 100 kHz.

Figura 4.6: Medições de resposta em frequência dos seis TPC nas faixas de: (a) 1 a 100 Hz e (b)
100 Hz a 100 kHz.

Observa-se na Figura 4.6(a) que os picos de amplificação da tensão secundária ocorre


entre 4 e 30 Hz e as amplitudes podem passar de 3 pu. Por exemplo, o TPC Haefely
CVE230 possui pico de 2,5 pu na frequência próxima a 20 Hz. Isto significa que, se
durante manobras de abertura ou religamento de uma linha ocorrem oscilações em
torno de 20 Hz, a tensão no secundário é amplificada em aproximadamente 250% do
valor da tensão de 20 Hz na LT.
Nota-se na Figura 4.6(b) que para frequências entre 10 e 30 kHz surgem amplifica-
ções que chegam a quase 175 pu. Como nesta faixa de frequências há interação entre
84

a capacitância total CT e a indutância LBD , é de se esperar que as amplificações sejam


eliminadas se a chave de aterramento da BD, CH1 , for fechada. Isto é comprovado pelos
resultados das medições realizadas nos pontos em que ocorrem os picos de amplificação
em cada TPC, apresentados na Tabela 4.2.

Tabela 4.2: Medições dos TPC com a chave de aterramento da BD (CH1 ) aberta e fechada.
Dados Transformadores de Potencial Capacitivos (TPC)
Fabricante Haefely Trench Balteau ABB Arteche
Modelo CVE245 TEM230H CCV245 CPB245 DFK245
Frequência fr2 (Hz) 22500 11350 11300 19200 13030
UT P C2 /UT P C1 , normalizada a 60 28,4 72,3 170,1 2,8 24,97
Hz, com CH1 aberta (pu)
UT P C2 /UT P C1 , normalizada a 60 0,47 0,4 0,54 0,86 0,88
Hz, com CH1 fechada (pu)

O TPC Haefely CVE230 não está na Tabela 4.2 por não possuir BD. Neste caso,
observa-se que não ocorre amplificação da tensão secundária entre 10 e 30 kHz.
Nos ensaios foram observados outros pontos de ressonância resultantes da interação
entre capacitâncias e indutâncias presentes no circuito equivalente dos TPC.
O Apêndice A contém a listagem dos dados dos ensaios de resposta em frequência
dos seis TPC.

4.3 Parâmetros dos TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H

Para se analisar a interação transitória entre os TPC e a LT com foco nas oscilações
de baixa frequência, próximas da industrial (60 Hz), foram selecionados os TPC Haefely
CVE230 e Trench TEM230H. O circuito do primeiro TPC possui pára-raios paralelo
a CB e sua BC é um reator (apenas um enrolamento), similar ao modelo adotado
nos estudos da Figura 3.11(a). Da mesma forma, o circuito do segundo TPC possui
dispositivo de proteção no secundário da BC e o seu CSF é composto por uma carga
estabilizadora paralela ao conjunto formado por um reator saturável em série com um
resistor, similar ao modelo adotado nos estudos da Figura 3.11(b). Os circuitos dos
TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H estão representados em detalhes na Figura
4.7, cujas descrições das siglas de seus parâmetros podem ser examinadas na Lista de
Abreviaturas e Símbolos.
85

Figura 4.7: Circuito detalhado dos: (a) TPC Haefely CVE230 e (b) TPC Trench TEM230H.

Neste contexto, para se obter os parâmetros destes equipamentos, são apresentadas


as medições a seguir.

4.3.1 Medição da Capacitância e Fator de Dissipação

No capacitor ideal, a tensão atrasa de 90◦ da corrente. Entretanto, os dielétricos


possuem perdas que causam o desvio desta tensão de um ângulo δ cuja tangente é
denominada FD. A Figura 4.8 mostra o circuito e o respectivo diagrama fasorial que
representam a capacitância e a resistência de perdas da coluna capacitiva do TPC.
86

Figura 4.8: (a) Circuito e (b) diagrama fasorial da capacitância e da resistência de perdas da coluna
capacitiva.

Do diagrama fasorial da Figura 4.8(b), obtêm-se a expressão para cálculo dos valores
das resistências RCA e RCB , conforme mostra a Equação 4.1:

URC tgδ
F D = tgδ = = RC × w × C ⇒ RC = , (4.1)
UC w×C
em que UC e URC são, respectivamente, as tensões sobre o capacitor C e o resistor
RC e w é a frequência angular.
A Figura 4.9 mostra o circuito utilizado na medição da capacitância e do fator de
dissipação (FD) das colunas capacitivas:

Figura 4.9: Circuito para medições da capacitância e do fator de dissipação das colunas capacitivas
dos TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H.

Foram utilizados os seguintes instrumentos:

• 01 fonte de tensão variável Multi-amp, modelo 2150/ACTS-E, no de série 16013,

• 01 transformador elevador de 70 kV, 18 kVA, composto por 03 TPI de 72,5 kV em


paralelo,
87

• 01 divisor capacitivo de tensão para 75 kV, 10 A, composto por capacitor mais


impedor Biddle (Z ), modelo 17330-10, no de série 16013,

• 01 medidor Biddle, modelo 6611011, no de série 1235,

• 01 capacitor padrão Micafil de 100,01 pF, modelo SC200, no de série 77H194,

• 01 ponte de Schering para medição de capacitância e tangente de delta Messwandler-


Bau, modelo OIK76, no de série 25568.

Durante a realização dos ensaios, a temperatura e umidade relativa (UR) do ambi-


ente eram, respectivamente, de 20 ◦ C e de 58%. Os resultados obtidos à tensão de 50
kV estão na Tabela 4.3.

Tabela 4.3: Capacitâncias, FD e resistências das colunas capacitivas.


Dados TPC Haefely CVE230 TPC Trench TEM230H
CA (pF) 4050 4321
FD de CA (%) 0,377 0,255
RCA (Ω) 2469 1565
CB (pF) 42138 38820
FD de CB (%) 0,387 0,260
RCB (Ω) 243,6 177,6

4.3.2 Medição da Relação de Transformação do TPI e da BC

As relações de transformação dos TPI dos TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H
foram medidas com o instrumento da Multi-amp, modelo TR700, n◦ de série 5791, con-
forme indica a Figura 4.10:

Figura 4.10: Circuito para medição das relações de transformação dos TPI.
88

O enrolamento de alta tensão do TPI é alimentado pelo TR700 em 120 V, onde


os terminais de potencial eliminam possíveis erros de mau contato causados pela sua
corrente de magnetização. A tensão secundária do TPI é comparada com a tensão de
um divisor indutivo de alta precisão e, quando o detector de nulo indica zero, a relação
lida nos "diais"do instrumento é a relação de transformação do TPI.
Para a medição da BC do TPC Trench TEM230H, foi aplicado uma tensão de 100
V nos terminais de alta tensão, com leitura de 5,2 V no secundário. O instrumento
utilizado foi o multímetro Tektronix, modelo DMM157, n◦ de série 82040. Os resultados
das medições estão descritos na Tabela 4.4.

Tabela 4.4: Relações de transformação dos TPI e da BC dos TPC.


Dados TPC Haefely CVE230 TPC Trench TEM230H
nT P I (X1 -X3 ) 100,5 116,13
nT P I (X2 -X3 ) 173,27 201,1
nBC - 19,23

4.3.3 Medição das Resistências dos Componentes do TPC

As resistências dos componentes dos TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H


foram medidas com dois instrumentos, multímetro Tektronix, modelo DMM157, n◦
de série 82040 e Ohmímetro Nansen, modelo ODI10, n◦ de série 00165. O último foi
aplicado nas medições dos secundários dos TPI, conforme indica a Figura 4.11:

Figura 4.11: Circuito para medição das resistências dos secundários dos TPI.

Para as demais medições, utilizou-se o primeiro instrumento. Os valores medidos


das resistências, referentes aos circuitos da Figura 4.7, estão na Tabela 4.5.
89

Tabela 4.5: Resistências dos componentes dos TPC.


Dados TPC Haefely CVE230 TPC Trench TEM230H
RT P I2X1 (mΩ) 10,9 8,6
RT P I2X2 (mΩ) 37,6 11,8
RT P I2Y 1 (mΩ) 11,3 14
RT P I2Y 2 (mΩ) 37,4 26
RT P I1 (Ω) 446 343
RBC (Ω) 608 -
RBC1 (Ω) - 382
RBC2 (Ω) - 5,64
RBC3 (Ω) - 24,8
RCSF (Ω) 5,56 1,33
RCSF1 (Ω) 186 74,6
RCSF2 (Ω) - 2,1
RP RT P I (Ω) 68,8 -

4.3.4 Levantamento da Curva de Saturação

Os levantamentos das curvas de saturação dos componentes formados por material


ferromagnético foram realizados com a finalidade de se conhecer suas possíveis não
linearidades. A Figura 4.12 mostra os circuitos utilizados nestas medições.

Figura 4.12: Circuitos para levantamento das curvas de saturação: (a) dos TPI dos TPC Haefely
CVE230 e Trench TEM230H, (b) da BC do TPC Trench TEM230H e (c) da BC do TPC Haefely
CVE230 e dos reatores dos CSF dos TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H.

Foram utilizados os seguintes instrumentos e acessórios:

• 01 fonte de tensão variável de 0 a 220 V (variac),

• 01 transformador elevador de 1000 V, 2,5 kVA,


90

• 01 osciloscópio Tektronix, modelo TDS220, no de série B013981,

• 02 pontas de prova, Tektronix e Minipa, modelos (alicate) e modelo LF-101E,

• 01 alicate amperímetro Kyoritsu, modelo 2417, no de série 0914668,

• 01 voltímetro Tektronix, modelo DMM916 TRUE RMS, no de série TW144206.

As Figuras 4.13 e 4.14 mostram, respectivamente, os resultados das medições para


cada componente dos TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H.

Figura 4.13: Curvas de saturação dos compo- Figura 4.14: Curvas de saturação dos compo-
nentes do TPC Trench TEM230H: (a) TPI, (b) nentes do TPC Haefely CVE230: (a) TPI, (b)
BC e (c) reator do CSF. BC e (c) reator do CSF.
91

Observa-se que os projetos dos TPC são distintos em relação ao ponto de saturação
(joelho da curva de saturação). No TPI do TPC Trench TEM230H, o joelho ocorre
quando a tensão está próxima a 2,1 pu, enquanto que no TPC Haefely CVE230, ocorre
próximo a 1,75 pu (Figuras 4.13(a) e 4.14(a)). O inverso acontece com o reator do CSF
do TPC Haefely CVE230, pois seu joelho ocorre acima de 4,4 pu, enquanto que no
Trench TEM230H, ocorre próximo a 1,35 pu (Figuras 4.13(c) e 4.14(c)). O ponto de
saturação do reator do CSF do TPC Haefely CVE230 indica que ele desempenha mais a
função de carga estabilizadora que de um reator saturável. Nota-se nas Figuras 4.13(b)
e 4.14(b) que as BC não saturaram. Caso tivessem atingido a saturação, tirariam os
TPC de sintonia (Equação 3.2).
Nas simulações em ATP, os dados da curva de saturação são lançados em picos
de fluxo e corrente. Isto é obtido através do estudo desenvolvido para se converter os
valores eficazes de tensão e corrente para picos de fluxo e corrente [50]. Este estudo
divide a curva de saturação em k segmentos lineares. Para cada segmento, o valor de
pico do fluxo ϕk é dado pela Equação 4.2:

2 × Urmsk
ϕk = , (4.2)
w
em que Urmsk é o valor eficaz da tensão no segmento linear k e w é a frequência
angular.
Assume-se que o fluxo é uma função senoidal do tipo ϕk (θ)=ϕk ×sen(θ). Assim, o
valor de pico da corrente i1 do primeiro segmento, k =1, é dado pela Equação 4.3:


i1 = 2 × Irms1 (4.3)

em que Irms1 é o valor eficaz da corrente no primeiro segmento.


Para se obter os valores de pico da corrente ik dos demais segmentos, k>1, deve-se
encontrar a solução da Equação 4.4:
 
Rθ1 ³ ϕk ×senθ ´2 Rθ2 ³ ϕk ×senθ−ϕ1
´2
 L1
dθ + i1 + L2
dθ + ...+ 
2 2  0 θ1 
Irms =  π/2 , (4.4)
k
π  R ³ ´2 
ik−1 + ϕk ×senθ−ϕ
Lk
k−1

θk−1

em que Irmsk é o valor eficaz da corrente no segmento k e Lk é o valor da indutância


do segmento k.
92

O valor de Lk é o único desconhecido na Equação 4.4, pois seu valor depende de


ik que ainda será determinado. Assim, ao substituir os valores conhecidos na Equação
4.4, ela assume a forma:

ak Yk2 + bk Yk + ck = 0, (4.5)
em que ak , bk e ck são conhecidos e Yk =1/Lk é a variável a ser determinada pela
solução positiva da Equação 4.5.
Finalmente, o pico da corrente ik é obtido pela Equação 4.6:

ik = ik−1 + Yk × (ϕk − ϕk−1 ). (4.6)


Os valores das corrente e tensões eficazes medidos nos componentes dos TPC Haefely
CVE230 e Trench TEM230H e suas respectivas conversões para valores de pico de
corrente e fluxo estão no Apêndice A.

4.3.5 Ensaio em Vazio do TPI e da BC

Para se determinar as resistências equivalentes que representam as perdas no ferro,


(RT P Im e RBCm ), foram realizados ensaios em vazio nos TPI dos TPC Trench TEM230H
e Haefely CVE230 e na BC do primeiro TPC. O valor de RT P Im e RBCm é calculado
pela Equação 4.7:

2
Uvazio U2
RT P Im = , RBCm = vazio , (4.7)
Pvazio Pvazio
em que Pvazio é a potência ativa medida em W e Uvazio é a tensão medida em V.
A Figura 4.15 mostra os circuitos utilizados nestas medições.

Figura 4.15: Circuito do ensaio em vazio: (a) dos TPI dos TPC Haefely CVE230 e Trench
TEM230H e (b) da BC do TPC Trench TEM230H.
93

Foram utilizados uma fonte variável de tensão de 0 a 1 kV, 2,5 kVA e um Wattímetro
da Siemens, modelo 7KB 4306, no de série F166836LE. Os resultados estão na Tabela
4.6

Tabela 4.6: Resistências de magnetização dos TPI e da BC dos TPC.


Dados TPC Haefely CVE230 TPC Trench TEM230H
Pvazio (W) 15,12 16,06 2,95
Uvazio (V) 115,2 115,51 100,21
RT P Im vista pela 8,86 11,2 -
alta tensão (MΩ)
RBCm vista pela - - 1,26
alta tensão (MΩ)

4.3.6 Ensaio em Curto-circuito do TPI e da BC

Para se determinar as indutâncias de dispersão dos TPI dos TPC Trench TEM230H
e Haefely CVE230, foram realizados ensaios de curto-circuito, conforme mostra a Figura
4.16.

Figura 4.16: Circuito do ensaio de curto-circuito dos TPI dos TPC Haefely CVE230 e Trench
TEM230H e da BC do TPC Trench TEM230H: (a) impedância ZHX do TPI, (b) impedânciaZHY do
TPI, (c) impedância ZXY do TPI e (d) impedância ZBC12 da BC.

Foram utilizados os seguintes instrumentos:

• 01 fonte variável de tensão de 0 a 1 kV, 2,5 kVA,

• 01 alicate amperímetro Kyoritsu, modelo 2417, no de série 0914668,

• 01 voltímetro Tektronix, modelo DMM916 TRUE RMS, no de série TW144206.


94

Para se obter as indutâncias de dispersão dos TPI, inicialmente calcula-se o va-


lor das impedâncias dos enrolamentos HX, ZHX , dos enrolamentos HY, ZHY , e dos
enrolamentos XY, ZXY , conforme mostram as Equações 4.8:

Ucc
ZHX = Icc
Ucc , (4.8)
ZHY = Icc
Ucc
ZXY = Icc

em que Ucc e Icc são, respectivamente, as tensões e correntes das três medições
obtidas dos circuitos da Figura 4.16(a) a (c).
Em seguida, calcula-se as impedâncias dos enrolamentos H, X e Y, conforme Equa-
ções 4.9:

ZHX +ZHY −ZXY


ZHX = ZH + ZX ZH = 2
ZHX +ZXY −ZHY
ZHY = ZH + ZY ⇒ ZX = 2
, (4.9)
ZHY +ZXY −ZHX
ZXY = ZX + ZY ZY = 2

em que ZH é a impedância do enrolamento H, ZY é a impedância do enrolamento


Y e ZX é a impedância do enrolamento X.
Então, utilizando-se dos valores das medições das resistências do enrolamento H,
RT P I1 , do enrolamento X, soma de RT P I2X1 com RT P I2X2 , e do enrolamento Y, soma
de RT P I2Y 1 com RT P I2Y 2 , calcula-se as indutâncias de dispersão, de acordo com as
Equações 4.10:
q
2 −R2
ZH TPI
LT P I1 = w
1
q
2 −R2
ZX
LT P I2x =
TPI 2X
, (4.10)
q w
ZY2 −RT2
PI
LT P I2Y = w
2Y

em que LT P I1 é a indutância de dispersão do enrolamento H, LT P I2X é a indutância


de dispersão total do enrolamento X, soma de LT P I2X1 com LT P I2X2 , e LT P I2Y é a
indutância de dispersão total do enrolamento Y, soma de LT P I2Y 1 com LT P I2Y 2 .
De forma análoga, para se obter a indutância de dispersão da BC, utiliza-se os
valores medidos de corrente e tensão para calcular sua impedância total, conforme
Equação 4.11.
95

Ucc
ZBC12 = , (4.11)
Icc
em que ZBC12 é a indutância dos lados de alta e baixa tensão da BC.
Em seguida, utilizando-se dos valores das medições das resistências do enrolamento
de alta tensão da BC, RBC1 , e do enrolamento de baixa tensão, RBC2 , calcula-se as
indutâncias de dispersão, de acordo com as Equações 4.12:
q
2
ZBC −(RBC1 +n2BC ×RBC2 )2
LBCl12 = 12
w

LBCl1 = 0, 5 × LBCl12 , (4.12)


LBCl12
LBCl2 = 0, 5 × n2BC

em que LBCl12 é a indutância de dispersão dos enrolamentos de alta e baixa tensão


da BC, LBCl1 é a indutância de dispersão do enrolamento de alta tensão da BC e LBCl2
é a indutância de dispersão do enrolamento de baixa tensão da BC.
Nota-se que para o cálculo da indutância de dispersão dos enrolamentos de alta e
de baixa tensão da BC, foi considerado 50% de dispersão para cada lado.
Os resultados das medições e dos cálculos das indutâncias de dispersão dos TPI e
da BC estão descritos na Tabela 4.7.

Tabela 4.7: Indutâncias de dispersão dos TPI e da BC dos TPC.


Dados TPC Haefely CVE230 TPC Trench TEM230H
100,5×44,7 116,13×91,9
ZHX (Ω) 1,76 = 2552, 5 3,49 = 3058, 6
100,5×44,65 116,13×131
ZHY (Ω) 1,76 = 2549, 6 3,5 = 4346, 6
100,5×0,253 116,13×0,553
ZXY (Ω) 1,75/100,5 = 1460, 5 3,49/116,13 = 2137, 6
ZH (Ω) 1821 2633,8
ZX (Ω) 731,5 424,8
ZY (Ω) 728,7 1712,7
LT P I1 (H) 4,68 6,93
LT P I2X (mH) 0,143 0,064
LT P I2Y (mH) 0,141 0,32
100
ZBCl12 (Ω) - 0,0376 = 2659, 6
LBCl1 (H) - 1,32
LBCl2 (mH) - 3,56

O Apêndice B ilustra os principais componentes dos TPC e ensaios apresentados


neste capítulo.
96

4.4 Conclusão

O capítulo destaca os desempenhos de seis TPC distintos com a variação da frequên-


cia e apresenta os ensaios realizados para obtenção dos parâmetros de duas unidades.
Estas informações são fundamentais para se obter os modelos adequados destes equi-
pamentos que, utilizados em simulações, auxiliam no entendimento das suas interações
com a LT compensada.
Nesse sentido, o próximo capítulo descreve e justifica os modelos adotados para
os dois TPC e apresenta os resultados das simulações de interação com a LT durante
oscilações de baixa frequência, próximas da industrial (60 Hz).
5 Simulações Digitais

Não basta ensinar ao homem uma


especialidade, porque se tornará assim uma
máquina utilizável e não uma
personalidade. É necessário que adquira
um sentimento, senso prático daquilo que
vale a pena ser empreendido, daquilo que é
belo, do que é moralmente correto.

Albert Einstein

5.1 Introdução

O capítulo apresenta e justifica os modelos adotados para os TPC Haefely CVE230


e Trench TEM230H.
Descreve os resultados das simulações dos ensaios de ferrorressonância e de abertu-
ras de linha de transmissão com diferentes graus de compensação. No primeiro caso,
as finalidades são conhecer as solicitações sobre seus componentes e verificar, através
de simulações, se o desempenho destes equipamentos atendem as normas técnicas. No
segundo, os objetivos são verificar a possibilidade de interação transitória do TPC com
a LT compensada e comparar os resultados com os do primeiro caso para verificar se
os requisitos estipulados pelas normas atuais são suficientes para garantir desempenho
e vida útil satisfatórios dos TPC.
Por fim, apresenta sugestões para minimizar os efeitos da interação do TPC com a
LT compensada e mostra registros oscilográficos do sistema de transmissão da CHESF
com a finalidade de ilustrar a existência deste fenômeno.
98

5.2 Modelos dos TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H

Para compreender o comportamento dos TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H


em interação com a LT durante oscilações de baixa frequência, próximas da industrial
(60 Hz), e analisar as solicitações sobre os seus componentes, este trabalho optou por
utilizar os modelos apresentados na Figura 5.1, cujas descrições das siglas podem ser
examinadas na Lista de Abreviaturas e Símbolos.

Figura 5.1: Circuito dos modelos adotados para simulações dos: (a) TPC Haefely CVE230 e (b)
TPC Trench TEM230H.

Os valores das capacitâncias CT P I1 e CBC do TPC Haefely CVE230 não foram


medidas nos ensaios e, portanto, foram estimadas por meio da utilização do software
denominado TPCalc1.1 [51, 52], cujos valores obtidos são, respectivamente, 149,7 pF
e 144,78 pF. Para o TPC Trench TEM230H, as capacitâncias CT P I1 e CBC foram
99

estimadas, respectivamente, em 200 pF e 1500 pF de forma que a resposta em frequência


se aproxime da resposta medida até valores próximos a 1 kHz.
Os dispositivos de proteção dos dois TPC, PRT P I e PRBC , são centelhadores en-
capsulados. O PRT P I , tipo FKS-14, possui tensão nominal igual a 11,5 kV e tensão
disruptiva entre 19 kV e 29 kV, com valor médio de 24 kV (eficaz) [53]. Para o PRBC ,
é estimada uma tensão de disparo de 275 V (pico) [54].
Os dois TPC possuem secundários X e Y. Entretanto, para simplificar as simulações,
é considerado apenas o secundário X, utilizado nas medições de resposta em frequência.
Esta simplificação é razoável quando se considera que o secundário Y está operando sem
carga. Deste modo, o CSF conectado ao secundário Y do TPC Haefely CVE230 está
representado no secundário X. Isto pode ser observado na Figura 5.1(a), onde os valores
das resistências RCSF1 e RCSF e da indutância LCSF estão divididos pela metade. No
TPC Trench TEM230H, o CSF é conectado aos terminais X2 e X3 e as medições da
indutância de dispersão foram realizadas no secundário X completo, entre terminais
X1 e X3. Assim, o modelo considera que o TPI possui dois enrolamentos ligados em
série para compor o secundário X, onde a indutância de dispersão correspondente a
cada enrolamento é calculada pela proporção de suas resistências, conforme mostra a
Equação 5.1:

RT P I2X1
LT P I2X1 = RT P I2X
× LT P I2X ,
RT P I2X2
(5.1)
LT P I2X2 = RT P I2X
× LT P I2X ,
em que LT P I2X e RT P I2X são a indutância de dispersão total e a resistência total do
secundário X, LT P I2X1 e RT P I2X1 são a indutância de dispersão e a resistência equivalen-
tes à fração correspondente aos terminais X1 e X2 do secundário X e LT P I2X2 e RT P I2X2
são a indutância de dispersão e a resistência equivalentes à fração correspondente aos
terminais X2 e X3 do secundário X.
Como visto no Capítulo 4, o joelho curva de magnetização do reator do CSF do
TPC Haefely CVE230 ocorre acima de 4,4 pu. Portanto, optou-se por adotar o valor
da sua indutância LCSF na região linear, calculado através da Equação 5.2:
s· µ ¶¸2
1 Umedido1 P
m Umedidok −Umedidok−1 2
m
× Imedido1
+ Imedidok −Imedidok−1
− RCSF
k=2
LCSF = , (5.2)
w
100

em que Umedido1 e Imedido1 são a tensão e a corrente do primeiro ponto da curva


de saturação, Umedidok e Imedidok são a tensão e corrente do k-ésimo ponto da curva de
saturação e m é a quantidade de pontos correspondentes a parte linear da curva de
saturação.
De forma similar, calcula-se o valor da indutância da BC, LBC , dos dois TPC.
Basta substituir as variáveis LCSF e RCSF por LBC e RBC na Equação 5.2. A BC do
TPC Haefely CVE230 é representada por uma resistência em série a uma indutância,
enquanto que no TPC Trench TEM230H, é representada por um transformador sem
saturação e, para refletir o valor de LBC para o lado primário da BC, deve-se multiplicar
o resultado pela relação de transformação elevado ao quadrado. Neste caso, o valor de
LBC é expresso em picos de fluxo e corrente com valores de 0,3751 V.s e 0,00233 Apico ,
onde a relação fluxo por corrente representa a indutância LBC calculada pela Equação
5.2, refletida ao primário.
Os valores adotados de picos de fluxo e corrente que representam o efeito da satu-
ração das indutâncias de magnetização LT P Im dos dois TPC e da indutância LCSF do
TPC Trench TEM230H estão na Tabela 5.1.

Tabela 5.1: Fluxo e corrente adotados nos modelos dos TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H.
TPC Haefely CVE230 TPC Trench TEM230H
TPI TPI CSF
Corrente (Apico ) Fluxo (V.s) Corrente (Apico ) Fluxo (V.s) Corrente (Apico ) Fluxo (V.s)
0,00343 73,535 0,0042 96,691 1,337 0,26453
0,004668 77,6537 0,005435 108,0632 1,72886 0,30314
0,005875 81,4258 0,026216 128,9544 2,61222 0,34249
0,007907 84,8511 0,056527 147,6914 8,7442 0,38633
0,790712 1966,0534 5,652736 3513,43 874,42039 7,46552

Diante das considerações expostas nesta seção e dos resultados dos ensaios e cálculos
apresentados no Capítulo 4, a Tabela 5.2 sintetiza os valores dos parâmetros adotados
nos modelos dos TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H.
101

Tabela 5.2: Parâmetros adotados nos modelos dos TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H.
TPC Haefely CVE230 TPC Trench TEM230H
Parâmetro Valor Parâmetro Valor
CA (pF) 4050 CA (pF) 4321
CB (pF) 42138 CB (pF) 38820
CT P I1 (pF) 149,7 CT P I1 (pF) 200
CBC (pF) 144,78 CBC (pF) 1500
LT P I1 (H) 4,68 LT P I1 (H) 6,93
LT P I2X (mH) 0,143 LT P I2X1 (mH) 0,0268
LBC (H) 159,57 LT P I2X2 (mH) 0,0368
LCSF (H) 0,354 LBCl1 (H) 1,32
RCA (Ω) 2469 LBCl2 (mH) 3,56
RCB (Ω) 243,6 LBD (mH) 45
RT P I1 (Ω) 446 RCA (Ω) 1565
RT P I2X (mΩ) 48,5 RCB (Ω) 177,6
RBC (Ω) 608 RT P I1 (Ω) 343
RP RT P I (Ω) 68,8 RT P I2X1 (mΩ) 8,6
RT P Im (MΩ) 8,86 RT P I2X2 (mΩ) 11,8
RCSF (Ω) 5,56 RBC1 (Ω) 382
RCSF1 (Ω) 186 RBC2 (Ω) 5,64
nT P I (X1 -X3 ) 100,5 RBC3 (Ω) 24,8
- - RCSF (Ω) 1,33
- - RCSF1 (Ω) 74,6
- - RCSF2 (Ω) 2,1
- - RT P Im (MΩ) 11,2
- - RBCm (MΩ) 1,26
- - nT P I (X1 -X3 ) 116,13
- - nT P I (X2 -X3 ) 201,1
- - nBC 19,23

Para validar os modelos, foram realizadas simulações no ATP de resposta em


frequência com variação entre 1 Hz e 100 kHz e os resultados foram comparados aos
valores obtidos nas medições.
Nesse sentido, a Figura 5.2 apresenta as curvas de resposta medida e simulada para
o TPC Haefely CVE230.
102

Figura 5.2: Comparação entre as respostas em frequência medida e simulada do TPC Haefely
CVE230, sendo (a) a relação da tensão secundária pela primária e (b) a fase desta relação.

Da mesma forma, a Figura 5.3 apresenta as curvas de resposta medida e simulada


para o TPC Trench TEM230H.
103

Figura 5.3: Comparação entre as respostas em frequência medida e simulada do TPC Trench
TEM230H, sendo (a) a relação da tensão secundária pela primária e (b) a fase desta relação.

Como neste trabalho a análise da interação dos TPC com a LT está voltada para
as oscilações de baixa frequência, próximas da industrial (60 Hz) e tendo em vista que
a amplificação da tensão secundária do TPC Trench TEM230H na alta frequência,
104

próxima a 11 kHz, é muito superior a amplificação da baixa frequência, próxima a 10


Hz, a Figura 5.4 mostra uma janela entre 1 e 100 Hz da Figura 5.3 para permitir uma
melhor comparação entre os valores medidos e simulados.

Figura 5.4: Janela entre 1 e 100 Hz da Figura 5.3, sendo (a) a relação da tensão secundária pela
primária e (b) a fase desta relação.

Observa-se que os resultados das simulações apresentam satisfatória concordância


em relação a medição dos dois TPC, pelo menos até 1 kHz. Portanto, para estudar
a interação dos TPC com a LT durante oscilações de baixa frequência, próximas da
industrial (60 Hz), os modelos são considerados adequados. As maiores diferenças de
105

resultados entre as medições e as simulações das amplitudes das relações de tensão até
1 kHz são respectivamente da ordem de 13% e 19% para os TPC Haefely CVE 230 e
Trench TEM230H.
A Tabela 4.2 do Capítulo 4 mostra que com a chave da BD fechada, a amplificação
da tensão secundária do TPC Trench TEM230H na alta frequência, próxima a 11 kHz,
é eliminada. Neste sentido, foram realizadas simulações com e sem a BD para dois
conjuntos de valores das capacitâncias CT P I1 e CBC cujos resultados estão na Figura
5.5.

Figura 5.5: Comparação entre as respostas em frequência simuladas do TPC Trench TEM230H com
e sem a BD, para dois conjuntos de valores das capacitâncias CT P I1 e CBC .
106

Observa-se na Figura 5.5 que sem a BD a amplificação da tensão no secundário


do TPC desaparece para as altas frequências e a respectiva fase da relação de ten-
são é consideravelmente alterada. Além disto, os valores das capacitâncias CT P I1 e
CBC influenciam significativamente na resposta em frequência, em especial, no valor
da amplificação da tensão secundária na frequência próxima a 11 kHz, considerando a
presença da BD. Este fato mostra a importância de se escolher adequadamente os valo-
res destas capacitâncias para representar o desempenho do TPC nas altas frequências.
A Tabela 5.3 mostra a comparação entre os valores calculados (Equações 3.6 e 3.7) e
medidos para a ressonância de baixa frequência, fr1 , dos dois TPC e de alta frequência,
fr2 , do TPC Trench TEM230H.

Tabela 5.3: Comparação entre valores calculados e medidos das frequências ressonantes fr1 e fr2 .
Dados TPC Haefely CVE230 TPC Trench TEM230H
fr1 calculado (Hz) 18,2 10,0
fr1 medido (Hz) 19,4 8,4
fr2 calculado (Hz) - 12032
fr2 medido (Hz) - 11350

Observa-se na Tabela 5.3 que os valores estimados pelas Equações 3.6 e 3.7 indicam
razoável concordância com os resultados das medições.
O Apêndice C contém os arquivos das simulações de resposta em frequência.
Definidos os modelos dos TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H, as próximas
duas seções apresentam, respectivamente, os resultados das simulações dos ensaios de
ferrorressonância e das manobras de abertura de linhas de transmissão compensadas.
O ensaio de ferrorressonância é realizado em Fábrica para verificar se a resposta do
TPC frente a transitórios que incitem este fenômeno atende às especificações técnicas,
normalmente baseadas em normas como a ANSI C93.1/1999 [1] ou a IEC 60044-5/2004
[2]. Em seguida, é realizado ensaio de exatidão para verificar se houve danos aos com-
ponentes do equipamento, ou seja, para avaliar se o TPC foi projetado e fabricado
para responder e suportar adequadamente a ferrorressonância. Desta forma, compa-
rar os resultados da simulação do ensaio de ferrorressonância com os resultados da
simulação de interação transitória do TPC com a LT, permite avaliar se os requisitos
estipulados pelas normas atuais são suficientes para garantir o desempenho e a vida
útil satisfatórios dos TPC.
107

5.3 Simulações do Ensaio de Ferrorressonância

Para realização dos ensaios de ferrorressonância em TPC, a norma ANSI C93.1/1999


[1] não define critérios de aprovação, enquanto que a IEC 60044-5/2004 [2] estabelece
as seguintes condições:

• Para o TPC alimentado a 80%, a 100% e a 120% da tensão nominal, o tempo de


oscilação da ferrorressonância deve ser no máximo igual a 0,5 s. Após este tempo,
a tensão no secundário deve retornar a um valor que não difira do seu valor normal
por mais que 10%;

• Para o TPC alimentado a 150% da tensão nominal, o tempo de oscilação da


ferrorressonância deve ser inferior a 2 s. Após este tempo, a tensão no secundário
deve retornar a um valor que não difira do seu valor normal por mais que 10%.

A IEC 60044-5/2004, que substitui a IEC 186/1987 [55], é menos severa quanto a
duração da ferrorressonância, pois na primeira admitia-se apenas 10 ciclos na base de
60 Hz ao se aplicar 120 % da tensão nominal. Outra observação importante é que,
para este ensaio, nenhuma das normas citadas impõem restrições ao valor da tensão
secundária.
A Figura 5.6 mostra o circuito para ensaio de ferrorressonância de TPC. O equipa-
mento é energizado com o secundário em vazio e inicialmente a chave CHD está aberta.
Para impor o curto-circuito, fecha-se CHD e, após 0,1 s, o dispositivo de proteção,
disjuntor ou fusível, abre o circuito para excitar a ferrorressonância.
108

Figura 5.6: Circuito para ensaio de ferrorressonância em TPC.

Baseado nos procedimentos das referidas normas, foram realizadas simulações de


ferrorressonância dos TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H nas seguintes condi-
ções:

• tensões primárias antes do curto-circuito de 1,2 pu e 1,5 pu,

• sem carga conectada ao secundário (em vazio),

• tempo (t) de simulação de 3 segundos (s),

• aplicação de curto-circuito no secundário em t=0,1 s, momento em que a tensão


primária passa pelo pico, e em t=0,10417, quanto a tensão primária passa por
zero.

• comando de remoção do curto-circuito 0,1 s após sua aplicação.

Para aplicação do curto-circuito na simulação foi utilizada uma chave em série a


uma resistência RX2 de 0,1 Ω entre o terminal X1 e a terra.
109

5.3.1 Simulações de Ferrorressonância no TPC Haefely CVE230

Nas simulações de ferrorressonância do TPC Haefely CVE230 foi utilizado o modelo


justificado na seção 5.2, considerando a tensão de disparo do pára-raios PRT P I de 24
kV eficaz.
A Figura 5.7 mostra as tensões no secundário com aplicação do curto-circuito no
zero e no pico da tensão, quando alimentado a 1,2 pu do valor nominal.

Figura 5.7: Tensões no secundário do TPC Haefely CVE230 obtidas das simulações de ferrorresso-
nância com tensão primária igual a 1,2 pu.

Os resultados indicam que, para este caso, o TPC está aprovado, pois a tensão
secundária não difere do seu valor normal por mais de 10% após os 30 ciclos na base de
60 Hz. Isto ocorre porque a tensão na derivação entre CA e CB , U’T P C1 , é limitada pelos
disparos do pára-raios PRT P I . A Figura 5.8 mostra as respectivas tensões e correntes
no referido pára-raios.
110

Figura 5.8: Tensões e correntes no pára-raios PRT P I do TPC Haefely CVE230 para (a) curto-
circuito no zero da tensão e (b) no pico da tensão, obtidas das simulações de ferrorressonância com
tensão primária igual a 1,2 pu.

Observa-se na Figura 5.8(b) que os disparos do centelhador ocorrem em vários


momentos, com correntes de curta duração e picos inferiores a 120 A. Nos dois casos,
a maior parte dos disparos ocorrem durante o curto-circuito e, após sua eliminação,
ocorre uma única vez.
111

De forma análoga, a Figura 5.9 mostra as tensões no secundário quando o TPC é


alimentado com tensão primária igual a 1,5 pu.

Figura 5.9: Tensões no secundário do TPC Haefely CVE230 obtidas das simulações de ferrorresso-
nância com tensão primária igual a 1,5 pu.

Observa-se na Figura 5.9 que o equipamento é reprovado para o curto-circuito apli-


cado no pico da tensão secundária, pois, após sua remoção, o valor da tensão diverge
permanentemente em mais de 20% em relação ao normal. Nesta situação, o pára-raios
dispara continuamente, conforme indica a Figura 5.10.
112

Figura 5.10: Tensões e correntes no pára-raios PRT P I do TPC Haefely CVE230 para (a) curto-
circuito no zero da tensão e (b) no pico da tensão, obtidas das simulações de ferrorressonância com
tensão primária igual a 1,5 pu.

A causa deste fenômeno pode ser explicada com o auxílio das figuras a seguir.
A Figura 5.11 mostra de forma simplificada a representação do TPC Haefely CVE230
em dois momentos. O primeiro, refere-se ao momento em que a chave CHD está fechada
e o pára-raios PRT P I não dispara. O segundo, representa o curto espaço de tempo em
que o PRT P I dispara, levando a tensão na derivação entre CA e CB a zero Volts.
113

Figura 5.11: Circuitos simplificados do TPC Haefely CVE230 estando a chave de curto-circuito do
secundário CHD fechada com (a) pára-raios PRT P I sem disparar e com o (b) disparo do pára-raios
PRT P I .

Na Figura 5.11(a), LT P I12 e RT P I12 representam, respectivamente, as indutâncias de


dispersão e as resistências do primário e do secundário do TPI. Ao se fechar a chave
CHD , a energia armazenada no capacitor CT P I1 e na indutância LT P I12 descarrega-
se sobre a resistência RT P I12 , o que leva ao decaimento da tensão em CT P I1 até o
momento em que o pára-raios PRT P I dispara. Neste instante, o circuito do TPC pode
ser representado de forma simplificada pela Figura 5.11(b). Uma nova oscilação surge,
podendo resultar em elevação ou redução da tensão na capacitância CT P I1 . A pior
situação ocorre quando a tensão no pára-raios atinge o valor de disparo e a tensão
na capacitância CT P I1 está no máximo oposto, o que resulta na maior diferença de
potencial e, consequentemente, na maior elevação da tensão sobre CT P I1 . Para ilustrar
este fenômeno, foram realizadas simulações com o PRT P I disparando a 22 e 23 kV
eficaz, cujas tensões no pára-raios e na capacitância do primário do TPI são mostradas,
respectivamente, nas Figuras 5.12 e 5.13.
114

Figura 5.12: (a) Tensões no pára-raios PRT P I Figura 5.13: (a) Tensões no pára-raios PRT P I
do TPC Haefely CVE230 e na capacitância e na capacitância CT P I1 do TPC Haefely
CT P I1 obtidas das simulações de ferrorressonân- CVE230 obtidas das simulações de ferrorresso-
cia com tensão primária igual a 1,5 pu e disparo nância com tensão primária igual a 1,5 pu e
do pára-raios a 22 kV, (b) ampliação do gráfico disparo do pára-raios a 23 kV, (b) ampliação do
(a) e (c) ampliação do gráfico (b). gráfico(a) e (c) ampliação do gráfico (b).

O disparo do pára-raios a 22 kV ocorre no semi-ciclo negativo e, neste momento, a


tensão na capacitância CT P I1 está no máximo negativo, resultando numa diferença de
potencial de aproximadamente 20 kV, conforme mostra a letra A na Figura 5.12(c).
Entretanto, no disparo a 23 kV, em que a tensão no pára-raios está no semi-ciclo nega-
tivo e a tensão na capacitância CT P I1 está no máximo positivo, a diferença de potencial
115

é de aproximadamente 41 kV, conforme indica a letra B da Figura 5.13(c). Estas di-


ferenças de potenciais, 20 kV e 41 kV, resultam em diferentes tensões na capacitância
CT P I1 . Quando o arco no pára-raios é extinto, a tensão na derivação entre CA e CB
retorna ao valor imposto pela fonte. Recomeça então uma nova oscilação, representada
pelo mesmo circuito da Figura 5.11(a). Como resultado final, observa-se na Figura
5.13(a) que as tensões após a remoção do curto-circuito ficam diferentes em relação ao
regime permanente anterior ao curto-circuito, o que não ocorre com o caso da Figura
5.12(a).
Nota-se também nas Figuras 5.12(a) e 5.13(a) uma considerável diferença na du-
ração do curto-circuito. Isto se deve a tensão na capacitância CT P I1 que, refletida
no secundário do TPC, resulta numa corrente oscilatória com tempo de decaimento
diferente para os dois casos. Apesar do comando de abertura da chave CHD ocorrer
após 0,1 s do início do curto-circuito, ela de fato abre quando a corrente passa pelo
zero. As Figuras 5.14 e 5.15 mostram a tensão no secundário e a corrente na chave
de curto-circuito CHD para as duas condições, onde a indicação da letra A aponta o
momento em que a corrente na chave passa pelo zero.
116

Figura 5.14: (a) Tensão no secundário do Figura 5.15: (a) Tensão no secundário do
TPC Haefely CVE230 e corrente na chave de TPC Haefely CVE230 e corrente na chave de
curto-circuito obtidas das simulações de ferror- curto-circuito obtidas das simulações de ferror-
ressonância com tensão primária igual a 1,5 pu ressonância com tensão primária igual a 1,5 pu
e disparo do pára-raios a 22 kV, (b) ampliação e disparo do pára-raios a 23 kV, (b) ampliação
do gráfico (a). do gráfico (a).

Durante o curto-circuito, as oscilações de tensão na capacitância CT P I1 implicam em


solicitação dielétrica sobre a BC muito superior a de regime permanente à frequência
industrial. Como ilustração, a Figura 5.16 mostra a tensão na BC para aplicação do
curto-circuito no zero da tensão, quando alimentado a 1,2 pu do valor nominal e com
disparo do pára-raios a 24 kV eficaz, mesmo caso da Figura 5.7.
117

Figura 5.16: Tensão na BC do TPC Haefely CVE230 obtida da simulação de ferrorressonância com
tensão primária igual a 1,2 pu.

Com a alimentação a 120% da tensão nominal, a valor de pico na BC antes do


curto-circuito é da ordem de 2,3 kV, enquanto que durante o curto-circuito alcançou
aproximadamente 35 kV. Isto se deve a diferença de potencial existente entre a tensão
intermediária e as tensões transitórias do capacitor CT P I1 , mostradas nas Figuras 5.14 e
5.15, ao qual a BC fica submetida. É evidente que se sua isolação não for dimensionada
apropriadamente, ocorrerá falha precoce do equipamento.
Nesse sentido, os disparos do pára-raios, além de implicar em mudanças abruptas da
tensão intermediária refletida no secundário, ocasiona sobretensões de alta frequência
na BC e, em algumas situações, pode levar a não aprovação do TPC, como o caso
indicado pela Figura 5.9. Entretanto, para este TPC, a não atuação do pára-raios
causa grande elevação da tensão no secundário, na capacitância CB e na BC. A Figura
5.17 mostra as tensões sobre estes componentes para aplicação do curto-circuito no zero
da tensão, quando alimentado a 1,2 pu do valor nominal sem atuação do pára-raios.
118

Figura 5.17: Tensões na BC, na capacitância CB e no secundário do TPC Haefely CVE230 obtidas
da simulação de ferrorressonância com tensão primária igual a 1,2 pu.

Observa-se que as tensões na BC e na capacitância CB atingem valores superiores a


200 kV e, no secundário, superior a 2,5 kV. Uma opção para melhorar o desempenho do
TPC é substituir o conjunto composto pelo pára-raios PRT P I mais o resistor RP RT P I
por um pára-raios de ZnO. Para exemplificar, foi realizada simulação com um pára-
raios de ZnO com a menor tensão nominal que suporta o requisito de 1,5 pu durante
o tempo de 30 s [56]. Ele possui tensão nominal igual a 17,5 kV, máxima tensão de
operação contínua (MCOV) igual a 14 kV e com uma capacidade de energia de 50,4
kJ. Os valores de tensão residual considerados, para a forma de onda 30/60 µs, estão
na Tabela 5.4.

Tabela 5.4: Tensão residual do pára-raios de 17,5 kV para impulso de corrente de 30/60 µs.
Corrente Tensão residual
(Apico ) (kVpico )
125 36,3
250 37,5
500 38,8
119

A Figura 5.18 mostra o resultado das simulações com o pára-raios de ZnO para
aplicação do curto-circuito no pico da tensão e alimentado a 1,5 pu do valor nominal,
mesmas condições do caso onde o equipamento foi reprovado.

Figura 5.18: Tensões na BC, na capacitância CB e no secundário do TPC Haefely CVE230 obtidas
da simulação de ferrorressonância com pára-raios de ZnO e tensão primária igual a 1,5 pu.

A dissipação de energia no pára-raios de ZnO foi de 1,64 kJ, muito inferior a sua
suportabilidade e sua aplicação não apenas permitiu a aprovação do TPC, como apre-
sentou o menor tempo de restabelecimento da tensão secundária normal, aproximada-
mente 20 ms após comando de abertura da chave de curto-circuito. Para os outros
casos, o melhor desempenho ocorreu após aproximadamente 100 ms. Além destes be-
nefícios, o equipamento sofre menores solicitações dielétricas de alta frequência pelo
fato de não existir as mudanças abruptas na tensão intermediária ocasionadas pelos
disparo do pára-raios original. A BC ainda é bastante solicitada, com tensão de pico
da ordem de 45 kV.
120

A Tabela 5.5 apresenta uma síntese dos resultados das simulações com as tensões
primárias a 1,2 e 1,5 pu e a tensão de disparo do pára-raios PRT P I a 24 kV eficaz.
As grandezas monitoradas foram as maiores tensões de pico no capacitor CB e nos
terminais secundários X1 e X3, U’T P C1 pico e UT P C2 pico, as maiores correntes de pico
no reator do CSF e no pára-raios PRT P I , ILCSF pico e IP RT P I pico, e a energia dissipada
nos resistores do CSF e do PRT P I , ERCSF1 e ERP RT P I . Os valores eficazes adotados
como base são 132,79 kV para UT P C1 , 11,55 kV para U’T P C1 e 115 V para UT P C2 .

Tabela 5.5: Resultados das simulações de ferrorressonância do TPC Haefely CVE230.


UT P C1 Fechamento U’T P C1 UT P C2 ILCSF IP RT P I ERCSF1 ERP RT P I
pico da chave pico pico pico pico (J) (J)
(pu) (pu) (pu) (A) (A)
1,20 UT P C1 no zero 2,08 1,96 5,07 115,67 588,65 93,82
UT P C1 no pico 2,08 1,97 5,18 115,62 583,12 94,34
1,50 UT P C1 no zero 2,08 1,76 8,23 115,66 919,82 209,19
UT P C1 no pico 2,08 1,89 3,64 115,66 528,35 7980,06
com PR de ZnO 1,74 1,88 6,42 0,71 580,20 -

No caso da aplicação do pára-raios em que o TPC foi reprovado, a energia dissi-


pada no resistor RP RT P I é muito superior aos demais, pois o pára-raios dispara conti-
nuamente, mesmo após a aplicação do curto-circuito. Este fato pode levar a queima
do resistor e deterioração do pára-raios e, como visto, uma solução adequada seria
substituir o centelhador encapsulado por um pára-raios de ZnO.

5.3.2 Simulações de Ferrorressonância no TPC Trench TEM230H

Para as simulações de ferrorressonância do TPC Trench TEM230H foi utilizado o


modelo descrito na seção 5.2, considerando a tensão de disparo do centelhador PRBC
de 275 V de pico.
A Figura 5.19 mostra as tensões no secundário com aplicação do curto-circuito no
zero e no pico da tensão, quando alimentado a 1,2 e a 1,5 pu do valor nominal.
121

Figura 5.19: Tensões no secundário do TPC Trench TEM230H obtidas das simulações de ferrorres-
sonância com tensão primária igual a 1,2 e 1,5 pu.

Os resultados mostram que o desempenho do equipamento atende às normas vigen-


tes para todas as condições simuladas. Durante a ferrorressonância, o reator do CSF
e o pára-raios no secundário da BC atuam de tal maneira que após a eliminação do
curto-circuito, a tensão no secundário retorna ao valor normal em menos de 10 ciclos
na base de 60 Hz. As Figuras 5.20 a 5.22 mostram as tensões e correntes nos referidos
componentes.
122

Figura 5.20: Tensões e correntes no reator do CSF do TPC Trench TEM230H obtidas das simulações
de ferrorressonância com tensão primária igual a 1,2 e 1,5 pu.

Observa-se na Figura 5.20 que, após a abertura da chave de curto-circuito, quanto


maior a sobretensão transitória, maior é a corrente no reator que atua no sentido de
retornar a tensão no secundário para o seu valor normal.
123

Figura 5.21: Tensões e correntes no pára-raios PRBC do TPC Trench TEM230H obtidas das simu-
lações de ferrorressonância com tensão primária igual a 1,2 pu.
124

Figura 5.22: Tensões e correntes no pára-raios PRBC do TPC Trench TEM230H obtidas das simu-
lações de ferrorressonância com tensão primária igual a 1,5 pu.

Nas Figuras 5.21 e 5.22, o pára-raios PRBC atua no sentido de limitar as sobreten-
sões na derivação entre CA e CB , conforme ilustra a Figura 5.23.
125

Figura 5.23: Tensões na derivação entre CA e CB do TPC Trench TEM230H obtidas das simulações
de ferrorressonância com tensão primária igual a 1,2 e 1,5 pu.

Se o pára-raios não atuar, ocorre grande elevação da tensão no secundário, na


capacitância CB e na BC. A Figura 5.24 mostra as tensões sobre estes componentes
para aplicação do curto-circuito no zero da tensão, quando alimentado a 1,2 pu do
valor nominal sem atuação do pára-raios PRBC .
126

Figura 5.24: Tensões na BC, na capacitância CB e no secundário do TPC Trench TEM230H para
não atuação do pára-raios PRBC .

Similar ao resultado do TPC Haefely CVE230, observa-se que as tensões na BC e


na capacitância CB atingem valores superiores a 180 kV e, no secundário, próximo a 2
kV. Estas tensões elevadas podem ocasionar danos irreparáveis ao equipamento.
A Tabela 5.6 apresenta uma síntese dos resultados das simulações com alimentações
a 1,2 e 1,5 pu, onde as grandezas controladas foram as maiores tensões de pico no
capacitor CB e nos terminais secundários X1 e X3, U’T P C1 pico e UT P C2 pico, as maiores
correntes de pico no reator do CSF e no pára-raios PRBC , ILCSF pico e IP RBC pico, e
a energia dissipada nos resistores do CSF e do secundário da BC, ERCSF1 , ERCSF2 e
ERBC3 . Os valores eficazes adotados como base são 132,79 kV para UT P C1 , 13,65 kV
para U’T P C1 e 115 V para UT P C2 .
127

Tabela 5.6: Resultados das simulações de ferrorressonância do TPC Trench TEM230H.


UT P C1 Fechamento U’T P C1 UT P C2 ILCSF IP RBC ERCSF1 ERCSF2 ERBC3
pico da chave pico pico pico pico (J) (J) (J)
(pu) (pu) (pu) (A) (A)
1,20 UT P C1 no zero 2,67 2,70 43,16 8,15 246,11 34,93 79,11
UT P C1 no pico 2,32 2,37 37,83 15,94 245,91 30,43 81,89
1,50 UT P C1 no zero 3,37 3,24 58,72 10,15 385,92 80,39 123,66
UT P C1 no pico 3,02 2,96 48,85 19,97 385,75 73,56 128,61

A energia dissipada nas resistências RCSF1 , RCSF2 e RBC3 indicam o quanto o CSF
e o dispositivo de proteção atuaram para suprimir a ferrorressonância.
O Apêndice C contém a listagem dos arquivos de dados utilizados nas simulações
de ferrorressonância.
Verificados os desempenhos dos TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H e as
solicitações sobre os seus componentes nas simulações do ensaio de ferrorressonância, a
seção seguinte descreve os resultados das simulações de aberturas de linha de transmis-
são com diferentes graus de compensação. Os objetivos são verificar a possibilidade de
interação transitória do TPC com a LT compensada e comparar os resultados com os
obtidos nas simulações de ferrorressonância para verificar se os requisitos estipulados
pelas normas atuais são suficientes para garantir desempenho e vida útil satisfatórios
dos TPC.

5.4 Simulações de Manobras de Abertura de Linhas de Trans-


missão com Diferentes Graus de Compensação

5.4.1 Representação do Sistema de Transmissão e Casos Simulados

A Figura 5.25 apresenta o sistema de transmissão adotado nas simulações de ma-


nobras de abertura da linha de transmissão de 230 kV, LT 04M2, entre as subestações
Milagres, SE MLG, e Banabuiú, SE BNB.
128

Figura 5.25: Sistema de transmissão adotado nas simulações de manobras de abertura da LT 04M2.

Os equivalentes de Thevenin, representados nas barras das subestações Milagres e


Banabuiú, foram obtidos de um programa de cálculo de curto-circuito na frequência
de 60 Hz. Os reatores de linha no terminal de Banabuiú têm tensão nominal de 230
kV, potência nominal de 10 Mvar, neutro solidamente aterrado e uma relação estimada
X/R de 2000. Na barra da subestação Icó, SE ICO, é conectado um transformador
abaixador de 230/69 kV, ligado em estrela-delta, com potência nominal de 100 MVA.
Os disjuntores da LT 04M2 estão representados no ATP por chaves ideais.
Os módulos e ângulos das fontes equivalentes e a carga na barra de 69 kV da
subestação Icó foram ajustados para reproduzir o perfil de tensão máximo e o fluxo de
potência numa condição de carga média típica, que corresponde a uma tensão de 1,05
pu na subestação Icó com um fluxo de 40,6 MW - j 39,2Mvar na LT 04M2, saindo da
subestação Milagres. As Tabelas 5.7 a 5.10 contêm os parâmetros deste sistema.

Tabela 5.7: Fluxo e corrente do ramo magnetizante do transformador.


Corrente (Apico ) Fluxo (V.s)
0,522554797 498,137515
4,48599515 547,951267
22,6326143 597,765018
264,370386 697,392521
129

Tabela 5.8: Dados do transformador, reatores e carga.


Dados Transformador Reator Carga
(69 kV) (230 kV) (230 kV) (69 kV)
R (Ω) 0,09 0,34 2,645 182,89
X (Ω) 9,1918 34,041 5290 25,10

Tabela 5.9: Dados das linhas de transmissão.


Dados MLG - BNB MLG - ICO ICO - BNB
(04M1) (04M2) (04M3) (04M3)
r1 (Ω/km) 0,0975 0,0871 0,0868 0,0868
l1 (mH/km) 1,379 0,9774 0,943 0,943
c1 (nF/km) 8,461 12,1935 12,488 12,488
r0 (Ω/km) 0,4111 0,3892 0,3716 0,3749
l0 (mH/km) 3,64 3,2541 3,208 3,205
c0 (nF/km) 6,153 6,7562 6,671 6,679
λ (km) 225,9 225,1 102 123,1

Tabela 5.10: Dados dos equivalentes de Thevenin.


Dados MLG BNB
R1 (Ω) 1,426 5,3471
X1 (Ω) 12,485 31,716
R0 (Ω) 0,6538 4,5018
X0 (Ω) 9,2342 34,996
Uth (pu), base 230 kV 1,0237 1,0237

Para analisar a interação dos TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H com a LT
04M2, as simulações consideraram as seguintes condições:

• Abertura da linha sem defeito, por exemplo, para manutenção dos reatores ou
devido a uma falha da proteção, considerando as compensações de 5, 10 e 20
Mvar;

• Abertura da linha com defeito pela atuação correta da proteção devido a um curto-
circuito monofásico no meio da LT 04M2 no instante t=50 ms, considerando as
compensações de 5, 10 e 20 Mvar;
130

Os resultados são avaliados tanto para o TPC Haefely CVE230 quanto para o TPC
Trench TEM230H do terminal da subestação Milagres. Em todos os casos, abre-se
primeiro o disjuntor do terminal de Milagres no tempo t=100 ms com transferência de
disparo para o terminal de Banabuiú, que abre após 20 ms, em t=120 ms.
Pela utilização da Equação 2.24, é de se esperar que nas manobras de aberturas da
LT 04M2 com as compensações de 5, 10 e 20 Mvar apareçam diferentes frequências de
oscilação, conforme mostra a Tabela 5.11.

Tabela 5.11: Frequências de oscilação da LT 04M2 com 5, 10 e 20 Mvar de compensação.


Dados 5 Mvar 10 Mvar 20 Mvar
ksh 0,09 0,18 0,37
fA (Hz) 21,25 30,05 42,49
fB (Hz) 3,11 4,40 6,23

Para verificar, foram realizadas simulações de manobra de abertura da LT 04M2 sem


e com curto-circuito, considerando as compensações de 5, 10 e 20 Mvar. As Figuras
5.26 e 5.27 mostram as tensões da LT 04M2 no terminal de Milagres para as duas
condições.
131

Figura 5.26: Tensões da LT 04M2 no terminal de Milagres com reatores de 5, 10 e 20 Mvar para
manobra de abertura sem defeito.
132

Figura 5.27: Tensões da LT 04M2 no terminal de Milagres com reatores de 5 Mvar, 10 Mvar e 20
Mvar para manobra de abertura com curto-circuito.
133

As Figuras 5.26 e 5.27 mostram que a frequência e o amortecimento das tensões na


LT diminuem à medida que se reduz o grau de compensação da LT. Para determinar as
frequências dominantes da tensão da linha após as manobras de abertura, sem e com
curto-circuito, foi utilizada a técnica denominada Fast Fourier Transformer (FFT) [57]
para a tensão da fase B entre 0,1 e 1,1 s, cujos histogramas estão na Figura 5.28.

Figura 5.28: Espectro de frequência da tensão da fase B da LT 04M2 no terminal da subestação


Milagres, calculado entre 0,1 e 1,1 s, para as manobras de abertura da linha sem defeito e com curto-
circuito na fase A, considerando as compensações de 5, 10 e 20 Mvar.
134

Observa-se que as frequências dominantes para as manobras de abertura, sem e


com curto-circuito, foram de 18, 25 e 36 Hz para as compensações de 5, 10 e 20 Mvar
respectivamente. Além disto, as amplitudes das tensões das frequências dominantes
decaem à medida que se aumenta o grau de compensação da LT. As diferenças entre
os valores calculados, Tabela 5.11, e os encontrados nas simulações, Figura 5.28, se
justifica pelas simplificações adotadas na obtenção da Equação 2.24 que despreza a
indutância da linha e o segundo termo do membro direito da Equação 2.40. Além
disto, o espectro de frequências contém outros valores significativos para compor a
onda da tensão. O importante é destacar que quanto menor o grau de compensação,
menores são os valores das frequências de oscilação da linha. Isto traz o efeito de se
aproximar da faixa de frequência onde ocorrem os picos de amplificações das tensões nos
secundários dos TPC Haefely CVE230, próximo a 20 Hz, e Trench TEM230H, próximo
a 10 Hz. Além destes fatores, nota-se nas Figuras 5.26 e 5.27 que quanto menor o
grau de compensação, mais lento é o decaimento das tensões na linha. Por exemplo,
no instante próximo a 3 s, as tensões de pico da fase B são da ordem de 130, 100 e 48
kV para as compensações de 5, 10 e 20 Mvar respectivamente. Portanto, associando os
fatores tempo e frequência subharmônica, é de se esperar que as maiores solicitações
aos componentes dos TPC ocorram na compensação de 5 Mvar. Entretanto, deve-se
salientar que esta estimativa é baseada no comportamento da resposta em frequência
linear do TPC, ou seja, sem considerar o efeito da saturação de seus componentes.
Verificado o comportamento da linha de transmissão nas manobras de abertura com
a variação do grau de compensação, as duas próximas seções mostram, respectivamente,
o desempenho dos TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H nestas condições.

5.4.2 Simulações das Manobras de Abertura da LT com TPC Haefely CVE230

As análises de desempenho do TPC Haefely CVE230 em interação com a LT com-


pensada estão organizadas em três partes:

• Abertura da LT04M2 sem defeito e compensação de 10 Mvar;

• Abertura da LT04M2 com curto-circuito na fase A e compensação de 10 Mvar;

• Efeito do grau de compensação da LT, considerando as compensações de 5, 10 e


20 Mvar.
135

Desempenho dos TPC Haefely CVE230 para Manobras de Abertura da LT sem Defeito

A Figura 5.29 mostra as tensões na LT 04M2 e nos secundários dos TPC Haefely
CVE230 para o caso da manobra de abertura da linha sem defeito e com o reator de
10 Mvar. As tensões secundárias foram multiplicadas pela relação de transformação
para representar os valores na linha de transmissão.

Figura 5.29: Tensões na LT 04M2 e nos secundários dos TPC Haefely CVE230 vistas do terminal
da subestação Milagres com reator de 10 Mvar para o caso de abertura sem defeito.

As maiores sobretensões ocorrem na fase B, com valores da ordem de 1,73 pu e com


frequência dominante de 25 Hz. Este fenômeno excita os TPC de forma a reproduzir
em seus secundários uma amplificação destas sobretensões com amortecimento mais
lento que o da linha, fruto da ferrorressonância, indicado na Figura 5.29. Observa-se
que decorridos 2 s após a manobra de abertura, a tensão na fase B da linha tem valor
de pico em torno de 0,75 pu na base de 230 kV, enquanto que o secundário do TPC
136

correspondente indica valor da ordem de 1,83 pu, uma amplificação de mais de 240%.
As sobretensões nas fases A e C são menores que na fase B e, com o decaimento,
atingem valores inferiores à tensão de disparo do pára-raios do TPI com maior rapidez.
Para ilustrar, a Figura 5.30 mostra as tensões e correntes nos pára-raios dos TPC.

Figura 5.30: Tensões e correntes nos pára-raios dos TPC Haefely CVE230 instalados no terminal
da subestação Milagres com reator de 10 Mvar e abertura da LT 04M2 sem defeito.
137

Nota-se que a última atuação destes dispositivos ocorre aproximadamente em 0,56 e


0,9 s para as fases A e C respectivamente. Na fase B o efeito continua até 2 s, indicando
uma tensão intermediária no TPC da ordem de 2,08 pu sustentada até este instante.
Este efeito é refletido aos secundários dos TPC, indicado na Figura 5.29.

Desempenho dos TPC Haefely CVE230 para Manobras de Abertura da LT com curto-
circuito na fase A

A Figura 5.31 mostra as tensões na LT 04M2 e nos secundários dos TPC Haefely
CVE230 para manobra de abertura da linha com curto-circuito franco na fase A e
compensação de 10 Mvar. As tensões secundárias foram multiplicadas pela relação de
transformação para representar os valores na linha de transmissão.

Figura 5.31: Tensões na LT 04M2 e nos secundários dos TPC Haefely CVE230 vistas do terminal
da subestação Milagres com reator de 10 Mvar para o caso de abertura com curto-circuito na fase A.
138

Observa-se efeito similar ao apresentado na manobra de abertura da linha sem


defeito. Entretanto, as sobretensões ocorrerem nas fases B e C, atingindo valores da
ordem de 1,66 e 1,76 pu respectivamente. Por outro lado, o amortecimento das mesmas
é mais rápido, que resulta em menores dissipações de energia nos resistores do pára-
raios e do CSF. A Figura 5.32 mostra as tensões e correntes nos pára-raios dos TPC
das fases B e C.

Figura 5.32: Tensões e correntes nos pára-raios dos TPC Haefely CVE230 instalados nas fases B e C
do terminal da subestação Milagres com reator de 10 Mvar e abertura da LT 04M2 com curto-circuito
na fase A.

Observa-se na Figura 5.32 que o pára-raios atua até 1,5 s, enquanto no caso de
abertura da LT sem defeito, chegou a atuar por mais 500 ms (fase B).
139

Influência do Grau de Compensação da LT no desempenho do TPC Haefely CVE230

Aplicando a mesma abordagem adotada para compensação de 10 Mvar, a Figura


5.33 mostra o desempenho do TPC Haefely CVE230 da fase B mediante a alteração
do grau de compensação da linha. A tensão secundária foi multiplicada pela relação
de transformação para representar o valor na linha de transmissão.
140

Figura 5.33: Tensões da fase B na LT 04M2 e nos secundários dos TPC Haefely CVE230 vistas do
terminal da subestação Milagres com reatores de 5, 10 e 20 Mvar para o caso de abertura sem defeito.
141

A Figura 5.33 evidencia que quanto menor é o grau de compensação, menores são as
frequências de oscilação da linha e, consequentemente, maiores são as amplificações no
secundário do TPC, pois aproximam-se da frequência onde ocorre o pico de amplificação
da tensão secundária deste equipamento. Estes resultados corroboram com ensaios de
resposta em frequência deste TPC que apresentou amplificação da ordem de 2,5 pu na
frequência próxima a 20 Hz (Figuras 4.4 e 4.6).
O efeito do amortecimento da tensão na linha em relação ao grau de compensação
também implica em diferentes atuações do pára-raios, conforme mostra a Figura 5.34.
142

Figura 5.34: Tensões e correntes nos pára-raios dos TPC Haefely CVE230 da fase B do terminal da
subestação Milagres com reatores de 5, 10 e 20 Mvar e abertura da LT 04M2 sem defeito.
143

Quanto menor o grau de compensação, maior é o tempo de sobretensão que resulta


em mais atuação do pára-raios e, consequentemente, em maiores dissipações de energia
nos resistores deste dispositivo e do CSF.
Para as simulações de manobra de abertura da LT 04M2 com curto-circuito franco
na fase A, a influência do grau de compensação da LT no desempenho do TPC Haefely
CVE230 é similar ao descrito para abertura sem defeito, porém, o efeito é verificado em
duas fases. Neste sentido, a Figura 5.35 mostra as tensões da linha e do secundário do
TPC na fase B e a Figura 5.36 mostra as tensões e correntes no pára-raios deste equi-
pamento. As tensões secundárias foram multiplicadas pela relação de transformação
para representar os valores na linha de transmissão.
144

Figura 5.35: Tensões da fase B na LT 04M2 e nos secundários dos TPC Haefely CVE230 vistas
do terminal da subestação Milagres com reatores de 5, 10 e 20 Mvar para o caso de abertura com
curto-circuito na fase A.
145

Figura 5.36: Tensões e correntes nos pára-raios dos TPC Haefely CVE230 da fase B do terminal da
subestação Milagres com reatores de 5, 10 e 20 Mvar para abertura da LT 04M2 com curto-circuito
na fase A.
146

A Tabela 5.12 apresenta uma síntese dos resultados das simulações de manobras de
abertura da LT 04M2 com o TPC Haefely CVE230, sem e com defeito, com reatores de
5, 10 e 20 Mvar. As grandezas monitoradas foram as maiores tensões de pico da linha
na fase B e nos terminais secundários X1 e X3, UT P C1 pico e UT P C2 pico, as maiores
correntes de pico no reator do CSF e no pára-raios PRT P I , ILCSF pico e IP RT P I pico, e
a energia dissipada nos resistores do CSF e do PRT P I , ERCSF1 e ERP RT P I . A tensão
de pico intermediária, U’T P C1 pico, foi limitada pela tensão de disparo do pára-raios
PRT P I em 2,08 pu na base de 11,55 kV eficaz. Os valores eficazes adotados como base
são 132,79 kV para UT P C1 e 115 V para UT P C2 .

Tabela 5.12: Resultados das simulações de abertura da LT 04M2 com TPC Haefely CVE230.
Reator Abertura UT P C1 UT P C2 ILCSF IP RT P I ERCSF1 ERP RT P I
(Mvar) da LT pico pico pico pico (J) (J)
(pu) (pu) (A) (A)
5 sem defeito 1,81 1,90 16,58 114,55 869,02 1336,35
com defeito 1,57 1,90 15,57 114,56 895,74 921,61
10 sem defeito 1,73 1,89 13,59 114,56 699,91 922,02
com defeito 1,66 1,88 15,03 114,57 656,76 553,11
20 sem defeito 1,58 1,88 12,07 100,85 316,70 161,31
com defeito 1,78 1,81 12,73 86,76 272,35 46,12

Os dados da Tabela 5.12 confirmam que quanto menor é o grau de compensação,


maiores são as solicitações sobre os componentes do TPC. Em especial, nota-se que as
energias dissipadas pelos resistores, ERCSF1 e ERP RT P I , são superiores àquelas obtidas
nas simulações de ferrorressonância, excluindo o caso onde o equipamento foi reprovado
(Tabela 5.5). Para analisar este fato, foram escolhidos o caso da ferrorressonância com
fechamento da chave no zero da tensão, alimentado a 1,2 pu, e o caso da manobra
de abertura da linha sem defeito, com reator de 10 Mvar. No primeiro, a tensão
primária é mantida a 1,2 pu durante os 3 segundos, o que implica em dissipação de
energia pelo resistor RCSF1 por quase todo tempo, exceto durante o curto-circuito de
duração inferior a 200 ms. No segundo, após a manobra de abertura da linha, há
uma sobretensão inicial que é amortecida ao longo do tempo, chegando a 0,5 pu do
valor da amplitude da tensão antes da manobra. Mesmo com o amortecimento, a
energia dissipada pelo resistor RCSF1 é superior em aproximadamente 19% em relação
ao primeiro caso. Esta diferença é explicada pelo fato da fonte de tensão que alimenta
147

o TPC no ensaio de ferrorressonância permanecer essencialmente senoidal à frequência


industrial, 60 Hz, enquanto que para a manobra de linha, a frequência subharmônica
dominante da tensão se aproxima dos valores onde há amplificação no secundário do
TPC, o que leva a uma sobretensão nos terminais secundários por um tempo sustentado
superior ao imposto pela fonte no ensaio de ferrorressonância. No resistor RP RT P I , a
dissipação acontece apenas durante os momentos de disparos do pára-raios. Assim,
na simulação do ensaio de ferrorressonância este dispositivo atua apenas durante o
curto-circuito, menos que 200 ms. Na simulação de manobra de abertura da LT,
o PRT P I atua até aproximadamente 2 s, cujo resultado é uma diferença na energia
dissipada superior a 980%. Se esta energia for capaz de queimar o resistor do pára-
raios RP RT P I , o centelhador passará a não atuar e, como consequência, as sobretensões
serão substancialmente amplificadas, como visto anteriormente (Figura 5.17). Além
disto, durante as manobras de LT compensadas, o TPC Haefely CVE230 não reproduz
com fidelidade o que ocorre na linha de transmissão, podendo, além de ter sua vida
útil reduzida, dificultar o religamento ou provocar atuação indevida da proteção.
Analisado o desempenho do TPC Haefely CVE230 na manobra de LT compensada,
a próxima seção apresenta o desempenho do TPC Trench TEM230H.

5.4.3 Simulações das Manobras de Abertura da LT com TPC Trench TEM230H

As análises de desempenho do TPC Trench TEM230H em interação com a LT com-


pensada estão organizadas de mesma forma da apresentação do TPC Haefely CVE230.

Desempenho dos TPC Trench TEM230H para Manobras de Abertura da LT sem Defeito

A Figura 5.37 mostra as tensões na LT 04M2 e nos secundários dos TPC Trench
TEM230H para manobra de abertura sem defeito com o reator de 10 Mvar. Para repre-
sentar os valores na linha de transmissão, as tensões secundárias foram multiplicadas
pela relação de transformação.
148

Figura 5.37: Tensões na LT 04M2 e nos secundários dos TPC Trench TEM230H vistas do terminal
da subestação Milagres com reator de 10 Mvar para manobra de abertura sem defeito.

Similar ao desempenho do TPC Haefely CVE230, ocorrem amplificações das tensões


nos secundários em relação aos valores da linha. Após 2 s da manobra, a tensão de
pico da linha na fase B é da ordem de 0,7 pu, enquanto que no secundário ela é vista
como 1,2 pu, mais de 50% de amplificação. A Figura 5.38 mostra o mesmo efeito nas
tensões intermediárias dos TPC.
149

Figura 5.38: Tensões na derivação entre CA e CB dos TPC Trench TEM230H instalados no terminal
da subestação Milagres com reator de 10 Mvar e abertura da LT 04M2 sem defeito.

Enquanto a maior tensão de pico na linha é de 1,73 pu, na tensão intermediária


este valor é amplificado para 2,57 pu.
A Figura 5.39 mostra as correntes e tensões nos reatores dos CSF.
150

Figura 5.39: Correntes nos reatores dos CSF dos TPC Trench TEM230H instalados no terminal da
subestação Milagres com reator de 10 Mvar e abertura da LT 04M2 sem defeito.
151

As correntes do reator do CSF acompanham as alterações das tensões, entretanto,


não conseguem produzir o mesmo efeito verificado nas simulações dos ensaios de fer-
rorressonância, resultando em sobretensões no secundários com erros superiores ao
estabelecido por norma.
A Figura 5.40 mostra as tensões e correntes no pára-raios PRBC .
152

Figura 5.40: Atuação do pára-raios PRBC do TPC Trench TEM230H na abertura da LT04M2 sem
defeito, com compensação de 10 Mvar.
153

Os disparos dos pára-raios nos secundários das BC provocam o surgimento de os-


cilações de alta frequência sobrepostas às formas de onda das tensões secundárias de
baixa frequência. Para ilustrar este fenômeno, a Figura 5.41 mostra as tensões no
pára-raios PRBC e no secundário do TPC entre 0,9 e 1 s.

Figura 5.41: Efeito da atuação do pára-raios PRBC na tensão secundária do TPC Trench TEM230H
para manobra de abertura da LT 04M2 sem defeito, com compensação de 10 Mvar.

Observa-se na Figura 5.41 que quando a tensão no secundário da BC atinge o valor


de disparo, 275 V, o pára-raios PRBC atua de forma a produzir o efeito mencionado
na tensão do secundário do TPC.

Desempenho dos TPC Trench TEM230H para Manobras de Abertura da LT com curto-
circuito na fase A

A Figura 5.42 mostra as tensões na LT 04M2 e nos secundários dos TPC Trench
TEM230H para manobra de abertura da linha com curto-circuito na fase A e com-
pensação de 10 Mvar. As tensões secundárias foram multiplicadas pela relação de
transformação para representar os valores na linha de transmissão.
154

Figura 5.42: Tensões na LT 04M2 e nos secundários dos TPC Trench TEM230H vistas do terminal
da subestação Milagres com reator de 10 Mvar para o caso de abertura com curto-circuito na fase A.

O amortecimento mais rápido das sobretensões nas fases B e C, comparado a aber-


tura da linha sem defeito, resulta em menores dissipações de energia nos resistores do
CSF.
A Figura 5.43 mostra as tensões e correntes nos reatores dos CSF das fases B e C.
155

Figura 5.43: Tensões e correntes nos reatores dos CSF dos TPC Trench TEM230H instalados nas
fases B e C do terminal da subestação Milagres para abertura da LT 04M2 com curto-circuito na fase
A e compensação de 10 Mvar.

O desempenho dos reatores são similares ao caso da abertura da linha sem defeito,
considerando agora as sobretensões nas fases B e C.
Os disparos dos pára-raios PRBC nas fases B e C ocorrem de forma similar ao
observado na manobra de abertura da linha sem defeito, conforme mostra a Figura
5.44.
156

Figura 5.44: Atuação dos pára-raios PRBC dos TPC Trench TEM230H para abertura da LT04M2
sem defeito, com compensação de 10 Mvar.
157

Na fase A, o pára-raios da BC atua desde o início do curto-circuito até a manobra


de abertura da LT 04M2 pelo terminal da subestação Milagres. Após este tempo, a
tensão da linha decai de forma oscilatória que, refletida no secundário da BC, atinge
valores menores da tensão de disparo do referido pára-raios.
As sobretensões iniciais nas derivações entre CA e CB dos TPC das fases B e C
atingem valores de pico superiores a 4 pu, conforme mostra a Figura 5.45.

Figura 5.45: Tensões na derivação entre CA e CB dos TPC Trench TEM230H instalados no terminal
da subestação Milagres para abertura da linha com curto-circuito na fase A e compensação de 10 Mvar.

Influência do Grau de Compensação da LT no desempenho do TPC Trench TEM230H

Para comparar o desempenho do TPC Trench TEM230H com a variação do grau


de compensação, a Figura 5.46 mostra as tensões da linha e do secundário do TPC da
fase B para manobras de aberturas da linha sem defeito e com reatores de 5, 10 e 20
Mvar. As tensões secundárias foram multiplicadas pela relação de transformação para
representar os valores na linha de transmissão.
158

Figura 5.46: Tensões na LT 04M2 e no secundário do TPC Trench TEM230H da fase B vistas do
terminal da subestação Milagres com reatores de 5, 10 e 20 Mvar para o caso de manobra de abertura
sem defeito.
159

A princípio, esperava-se que com o reator de 5 Mvar houvesse a maior amplificação


das tensões no secundário, o que não ocorre. Este fato é explicado pela não lineari-
dade da indutância LCSF que apresenta níveis de saturação diferentes em função da
frequência e do nível de tensão envolvidos na manobra, fatores estes que dependem
do grau de compensação. Os ensaios e as simulações de resposta em frequência não
permitem verificar este fenômeno. No primeiro, a tensão aplicada é muito inferior à
tensão do joelho da curva de saturação do reator do CSF. No segundo, a utilização da
rotina FREQUENCY SCAN no ATP considera o valor da indutância em regime per-
manente senoidal [18]. Para ilustrar o efeito dessa não linearidade no desempenho do
equipamento, a Figura 5.47 mostra o resultado da simulação de manobra de abertura
da LT 04M2 sem defeito, com reator de 10 Mvar, considerando alteração da curva de
saturação do reator do CSF.
160

Figura 5.47: Influência da alteração da curva de saturação do reator do CSF no desempenho do


TPC Trench TEM230H para manobra da LT 04M2 sem defeito, com compensação de 10 Mvar.

Multiplicando o fluxo por 0,7, que representa uma redução de 30% no valor da
indutância linear e do joelho da curva de saturação do reator do CSF, a resposta do
TPC Trench TEM230H altera no sentido de diminuir a amplificação da tensão no seu
secundário, conforme mostra a Figura 5.47. No caso da abertura da linha com reatores
de 5, 10 e 20 Mvar, indicado na Figura 5.46, as sobretensões atingem valores diferentes,
1,81, 1,73 e 1,58 pu de pico, respectivamente. Deste modo, para compensação de 5
Mvar, o aumento da sobretensão somado à diminuição da frequência de oscilação faz
com que o reator trabalhe num ponto da curva de saturação de tal forma a diminuir a
tensão no secundário. As variações da frequência e das sobretensões na linha tornam as
análises mais complexas para os circuitos não lineares, como o reator do CSF do TPC
Trench TEM230H. No caso do TPC Haefely CVE230, o reator é considerado linear.
161

A Figura 5.48 mostra que o efeito nas tensões intermediárias do TPC Trench
TEM230H da fase B é similar ao encontrado nos secundários para as manobras de
aberturas da linha sem defeito com reatores de 5, 10 e 20 Mvar.

Figura 5.48: Efeito do grau de compensação da LT na tensão intermediária do TPC Trench


TEM230H da fase B para manobra da LT 04M2 sem defeito e com reatores de 5, 10 e 20 Mvar.
162

A Figura 5.49 mostra as tensões e correntes nos reatores dos CSF da fase B para
manobra de abertura da LT 04M2 sem defeito com compensações de 5, 10 e 20 Mvar.

Figura 5.49: Tensões e correntes no reator do CSF do TPC Trench TEM230H da fase B para
abertura da LT 04M2 sem defeito com reatores de 5, 10 e 20 Mvar.

O fato da linha de transmissão com compensação de 5 Mvar apresentar um decai-


163

mento mais lento, implica em atuação tanto do reator do CSF quanto do pára-raios da
BC por mais tempo. A Figura 5.50 mostra a atuação do pára-raios PRBC na fase B
para manobra de abertura da LT 04M2 sem defeito com compensações de 5, 10 e 20
Mvar.

Figura 5.50: Atuação do pára-raios PRBC do TPC Trench TEM230H da fase B na abertura da
LT04M2 sem defeito com compensação de 10 Mvar.
164

Para as simulações de manobra de abertura da LT 04M2 com curto-circuito na fase


A e compensações de 5, 10 e 20 Mvar, o desempenho dos TPC é similar ao observado na
fase B dos casos de manobra de abertura da LT 04M2 sem defeito com compensações
de 5, 10 e 20 Mvar, tendo agora sobretensões em duas fases, B e C. Nesse sentido, as
figuras a seguir mostram os resultados destas simulações.
A Figura 5.51 mostra as tensões da linha e do secundário do TPC Trench TEM230H
da fase B. As tensões secundárias foram multiplicadas pela relação de transformação
para representar os valores na linha de transmissão.
165

Figura 5.51: Efeito do grau de compensação da LT na tensão secundária do TPC Trench TEM230H
da fase B para abertura da linha com curto-circuito na fase A e reatores de 5, 10 e 20 Mvar.
166

A Figura 5.52 mostra as tensões intermediárias do TPC Trench TEM230H (fase B).

Figura 5.52: Efeito do grau de compensação da LT na tensão intermediária do TPC Trench


TEM230H da fase B para abertura da linha com curto-circuito na fase A e reatores de 5, 10 e 20
Mvar.

A Figura 5.53 mostra as tensões e correntes nos reatores dos CSF do TPC Trench
167

TEM230H da fase B para manobra de abertura da LT 04M2 com curto-circuito na fase


A e compensações de 5, 10 e 20 Mvar.

Figura 5.53: Tensões e correntes no reator do CSF do TPC Trench TEM230H da fase B do terminal
da subestação Milagres para abertura da LT 04M2 com curto-circuito na fase A e reatores de 5, 10 e
20 Mvar.
168

A Figura 5.54 mostra a atuação do pára-raios PRBC do TPC Trench TEM230H


na fase B para manobra de abertura da LT 04M2 com curto-circuito na fase A e
compensações de 5, 10 e 20 Mvar.

Figura 5.54: Atuação do pára-raios PRBC do TPC Trench TEM230H da fase B na abertura da
LT04M2 com curto-circuito na fase A e reatores de 5, 10 e 20 Mvar.
169

A Tabela 5.13 apresenta uma síntese dos resultados das simulações de manobras de
abertura da LT 04M2 com o TPC Trench TEM230H, sem e com defeito, com reatores
de 5, 10 e 20 Mvar. As grandezas monitoradas foram as maiores tensões de pico da
linha na fase B, na derivação entre CA e CB e nos terminais secundários X1 e X3,
UT P C1 pico, U’T P C1 pico e UT P C2 pico, as maiores correntes de pico no reator do CSF e
no pára-raios PRBC , ILCSF pico e IP RBC pico, e a energia dissipada nos resistores do CSF
e da BC, ERCSF1 , ERCSF2 e ERBC3 . Os valores eficazes adotados como base são 132,79
kV para UT P C1 , 13,65 kV para U’T P C1 e 115 V para UT P C2 .

Tabela 5.13: Resultados das simulações de abertura da LT 04M2 com TPC Trench TEM230H.
Reator Abertura UT P C1 U’T P C1 UT P C2 ILCSF IP RBC ERCSF1 ERCSF2 ERBC3
(Mvar) da LT pico pico pico pico) pico (J) (J) (J)
(pu) (pu) (pu) (A) (A)
5 sem defeito 1,81 1,73 1,75 40,06 4,53 221,52 1606,18 128,96
com defeito 1,57 4,11 2,52 39,41 4,06 195,46 1334,33 82,17
10 sem defeito 1,73 2,57 2,41 56,50 7,20 341,50 2082,12 294,64
com defeito 1,66 4,11 2,51 53,53 6,82 270,54 1495,44 197,60
20 sem defeito 1,58 2,29 2,28 42,09 4,65 134,64 273,24 31,98
com defeito 1,77 4,10 2,54 50,68 5,88 116,68 241,63 33,86

De forma similar ao ocorrido com os TPC Haefely CVE230, os TPC Trench TEM230H
apresentam maiores dissipações nos resistores para manobra de abertura da LT com-
pensada em comparação aos resultados das simulações de ferrorressonância. Por exem-
plo, para o resistor em série com o reator do CSF, RCSF2 , a dissipação de energia é
aproximadamente 26 vezes maior na manobra de linha de transmissão que no ensaio
de ferrorressonância. Além disto, durante as manobras de LT compensadas, o equipa-
mento não reproduz com fidelidade o que ocorre na linha de transmissão, podendo, além
de ter sua vida útil reduzida, dificultar o religamento ou provocar atuação indevida da
proteção.
O Apêndice C contém arquivos de dados utilizados nas simulações de interação do
TPC com a linha de transmissão.
Visto através de simulações que as solicitações aos componentes dos TPC Haefely
CVE230 e Trench TEM230H são maiores nas manobras de abertura de LT compensa-
das que nos ensaios de ferrorressonância, a próxima seção mostra que danos aos seus
componentes podem causar considerável influência no desempenho destes TPC.
170

5.4.4 Influência de danos aos componentes dos TPC nos seus Desempenhos
Alteração no desempenho do TPC Haefely CVE230 devido a danos nos seus componentes

A seção 5.4.2 mostrou que a energia dissipada no resistor RP RT P I pode ser quase
10 vezes maior na manobra de abertura da LT compensada comparado ao ensaio de
ferrorressonância. Caso ocorra a queima deste resistor, o pára-raios não atuará, produ-
zindo sobretensões internas e no secundário do TPC. A Figura 5.55 mostra as tensões
no secundário e intermediária do TPC Haefely CVE230 para não atuação do pára-
raios, considerando a simulação da manobra de abertura da LT 04M2 sem defeito e
com reator de 10 Mvar.

Figura 5.55: Tensões intermediária e no secundário do TPC Haefely CVE230 da fase B para a não
atuação do pára-raios PRT P I devido a queima do resistor RP RT P I na abertura da LT04M2 sem defeito
e com reator de 10 Mvar.
171

A tensão no secundário sem o pára-raios é amplificada em quase 30% a mais em


comparação ao caso com atuação pára-raios. Na tensão intermediária, o valor amplifica
mais de 2 vezes, chegando a tensão de pico de aproximadamente 3,7 pu.
Similar as considerações do resistor do pára-raios, se o acréscimo de quase 20% de
dissipação do resistor do CSF for suficiente para danificá-lo no sentido de aumentar o
valor da sua resistência ou mesmo rompê-lo, a resposta do secundário do TPC muda.
Para ilustrar, foi realizada simulação de manobra de abertura da linha sem defeito
com reator de 10 Mvar, considerando o valor do resistor do CSF igual a 10 kΩ. A
Figura 5.56 mostra o resultado das tensões da linha e nos secundários dos casos com
resistor original e alterado. As tensões secundárias foram multiplicadas pela relação de
transformação para representar os valores na linha de transmissão.
172

Figura 5.56: Efeito da alteração do resistor do CSF do TPC Haefely CVE230 na tensão secundária
para manobra de abertura da LT 04M2 sem defeito, com reator de 10 Mvar.
173

Observa-se na Figura 5.56, janela entre 0,1 e 0,3 s, que com o resistor alterado,
aparece uma componente de alta frequência na tensão secundária após o disparo do
pára-raios.

Alteração no desempenho do TPC Trench TEM230H devido a danos nos seus compo-
nentes

De forma similar a análise do TPC Haefely CVE230, se ocorrer a não atuação do


pára-raios da BC do TPC Trench TEM230H, seja por queima do resistor RP RBC ou
por falha de atuação do próprio pára-raios PRBC , a tensão no secundário e na tensão
intermediária será amplificada, além de solicitar maiores atuações do resistor RCSF2 e
do reator do CSF no sentido de limitar a tensão secundária. Para ilustrar, a Figura
5.57 mostra os resultados das simulações de manobra de abertura da LT 04M2 sem
defeito, com reator de 10 Mvar, considerando a não atuação do pára-raios PRBC .
174

Figura 5.57: Tensões intermediária, no secundário e corrente no reator do CSF do TPC Trench
TEM230H da fase B para a não atuação do pára-raios PRBC para manobra de abertura da LT04M2
sem defeito e com reator de 10 Mvar.
175

A amplificação da tensão intermediária sem a atuação do pára-raios PRBC passa


de 30% em relação ao caso com atuação do pára-raios, chegando a mais de 3,2 pu da
tensão de pico antes da manobra de abertura da LT. No secundário, a amplificação da
tensão é da ordem de 23% devido a maior atuação do CSF. Isto pode ser observado na
Figura 5.57, onde a corrente no reator é maior quando não há atuação do pára-raios
PRBC . Além disto, a energia dissipada no resistor RCSF2 muda de 2082,1 J para 2821,7
J, uma elevação superior a 35%. Em relação ao caso do ensaio de ferrorressonância, a
dissipação neste componente supera a 35 vezes.
Desta forma, caso ocorra danos a resistência RCSF2 , a amplificação da tensão no
secundário aumenta consideravelmente. Para ilustrar, a Figura 5.58 mostra os resul-
tados das simulações de manobra de abertura da LT 04M2 sem defeito, com reator de
10 Mvar, considerando a alteração da resistência RCSF2 de 2 para 20 Ω.
176

Figura 5.58: Tensões intermediária e no secundário do TPC Trench TEM230H da fase B conside-
rando a alteração do valor da resistência RCSF2 para manobra de abertura da LT04M2 sem defeito e
com reator de 10 Mvar.

A alteração na resistência RCSF2 faz com que a elevação da tensão no secundário


do TPC Trench TEM230H alcance valor superior a 4,7 pu em comparação ao valor
antes da manobra de abertura da LT, o que representa uma amplificação de 2 vezes
em relação ao valor de pico do caso com o resistor original (2 Ω). Observa-se também
que a tensão intermediária atinge valores de pico superior a 4,8 pu, enquanto que com
a resistência de 2 Ω, este valor não chega a 2 pu. Este fato mostra a importância
da atuação do CSF, além de evidenciar que se houver solicitações do sistema sobre o
177

equipamento a ponto de danificar o referido resistor no sentido de aumentar o valor


da sua resistência ou até causar o seu rompimento total, as tensões intermediária e no
secundário do TPC Trench TEM230H serão substancialmente amplificadas.
Visto que danos aos componentes dos TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H
afetam consideravelmente o desempenho dos mesmos, a próxima seção apresenta pro-
postas para minimizar danos aos seus componentes e melhorar o desempenho dos alu-
didos TPC.

5.4.5 Propostas para Melhorar o Desempenho dos TPC e Minimizar Danos aos seus
Componentes
Propostas para Melhorar o Desempenho e Minimizar Danos aos Componentes do TPC
Haefely CVE230

As simulações de ferrorressonância mostraram que com a substituição do centelha-


dor original por pára-raios de ZnO, o TPC Haefely CVE230 apresenta uma melhora
de desempenho. Para verificar o efeito desta alteração nas manobras de abertura de
linha, foi simulado o caso de manobra de abertura da LT 04M2 sem defeito, com com-
pensação de 10 Mvar, aplicando-se o mesmo pára-raios de ZnO utilizado na simulação
de ferrorressonância do TPC Haefely CVE230. A Figura 5.59 mostra a tensão na linha
e no secundário do TPC para duas situações, com pára-raios original e de ZnO. As ten-
sões secundárias foram multiplicadas pela relação de transformação para representar
os valores na linha de transmissão.
178

Figura 5.59: Efeito da alteração do pára-raios do TPC Haefely CVE230 na tensão secundária para
manobra de abertura da linha.

Com pára-raios de ZnO as mudanças abruptas de tensão são extintas, além de


diminuir as amplificações das sobretensões no secundário do TPC Haefely CVE230,
com valor máximo de 1,66 pu. Entretanto, a medida que a tensão na linha decai, sua
atuação diminui, resultando em erro da tensão no secundário em relação a tensão na
linha superior ao estabelecido em norma. Por exemplo, decorridos 2 s, a tensão de pico
na linha é da ordem de 0,76 pu, enquanto que no secundário indica 1,36 pu, erro superior
a 78%, resultado da interação do TPC com a LT compensada (ferrorressonância). A
energia dissipada no pára-raios de ZnO foi de 1,25 kJ, muito inferior a sua capacidade.
179

A Figura 5.60 mostra as tensões e correntes intermediárias do TPC Haefely CVE230


para os casos com pára-raios original e de ZnO.

Figura 5.60: Efeito da alteração do pára-raios do TPC Haefely CVE230 na tensão intermediária
para manobra de abertura da LT 04M2 sem defeito com reator de 10 Mvar.

Similar à resposta secundária, a tensão intermediária com o pára-raios de ZnO


não sofre mais os cortes abruptos ocasionados pelos disparos do pára-raios original.
Observa-se que a corrente do pára-raios de ZnO acompanha a oscilação da tensão na
linha de forma a limitar a tensão intermediária.
A Figura 5.61 mostra que o pára-raios de ZnO também traz o efeito de diminuir as
solicitação dielétrica sobre a BC, comparado ao caso com o pára-raios original.
180

Figura 5.61: Efeito da alteração do pára-raios do TPC Haefely CVE230 na tensão sobre a BC para
manobra de abertura da LT 04M2 sem defeito e com reator de 10 Mvar.

Entretanto, a dissipação de energia do resistor do CSF com pára-raios de ZnO é


superior ao caso com o pára-raios original em aproximadamente 13%.
Uma alternativa utilizada para reduzir o erro da tensão no secundário do TPC
Haefely CVE230 e diminuir a dissipação de energia sobre o resistor RCSF1 é aplicar a
carga plena nos secundários do equipamento. Nesse sentido, foi simulada a manobra de
abertura da LT 04M2, sem defeito, com reator de 10 Mvar, considerando o TPC Haefely
CVE230 operando com plena carga nos secundários X e Y que, por simplificação,
foi representada como uma carga única de 400 VA no secundário X. A Figura 5.62
mostra os resultados desta simulação comparada a atuação do pára-raios ZnO com
181

o TPC Haefely CVE230 sem carga no secundário. As tensões no secundário foram


multiplicadas pela relação de transformação para representar a tensão na linha de
transmissão.

Figura 5.62: Efeito da carga no desempenho do TPC Haefely CVE230 para manobra de abertura da
LT 04M2 sem defeito e com reator de 10 Mvar.

Para melhor ilustração, a Tabela 5.14 mostra os valores das amplificações das ten-
sões de pico no secundário do TPC Haefely CVE230 em relação as tensões de pico
na LT 04M2 no instante t=2 s, UT P C2 pico/UT P C1 pico, e as energias dissipadas pela
carga, pelo ZnO e pela resistência RCSF1 , Ecarga , ERP RT P I e ERCSF1 , em simulações de
manobra de abertura da LT 04M2, sem defeito, com reator de 10 Mvar, considerando o
182

TPC Haefely CVE230 operando com pára-raios original sem carga no secundário, com
pára-raios de ZnO sem carga e com cargas de 200 e 400 VA no secundário.

Tabela 5.14: Efeito da carga e do pára-raios no desempenho do TPC Haefely CVE230 em simulações
de manobra de abertura da LT 04M2 sem defeito com reator de 10 Mvar.
Dados PRT P I original PRT P I de ZnO
(sem carga) (sem carga) (com 200 VA) (com 400 VA)
UT P C2 pico/UT P C1 pico (t=2 s) 2,32 1,79 1,7 1,32
Ecarga (J) - - 961,55 1591,1
EP RT P I (J) - 1250,1 750,93 403,56
ERCSF1 (J) 699,91 790,59 683,69 565,67

Observa-se que a carga auxilia o CSF do TPC Haefely CVE230 na supressão da fer-
rorressonância, diminuindo a energia dissipada nos demais componentes e contribuindo
com a diminuição do erro da tensão no secundário em relação a tensão da LT. Entre-
tanto, mesmo com carga plena e pára-raios de ZnO, o TPC Haefely CVE230 ainda
apresenta erro superior a 30% na tensão secundária após 2 s da manobra de abertura
da LT. Nesta situação, se utilizar o critério do ensaio de ferrorressonância, significa que
o equipamento está reprovado. De qualquer forma, observa-se que com a carga de 400
VA, a energia dissipada pelo resistor RCSF1 diminui.

Propostas para Melhorar o Desempenho e Minimizar Danos aos Componentes do TPC


Trench TEM230

Similar ao realizado com o TPC Haefely CVE230, foi simulado o caso de manobra
de abertura da LT 04M2 sem defeito, com compensação de 10 Mvar, aplicando-se o
pára-raios de ZnO na derivação entre CA e CB do TPC Trench TEM230H no lugar
do centelhador no secundário da BC. O critério de escolha da tensão do pára-raios de
ZnO foi a menor tensão nominal que suporta o requisito de 1,5 pu durante o tempo de
30 s. Assim, foi adotado o pára-raios de ZnO de tensão nominal igual a 20 kV, tensão
máxima de operação contínua igual a 16 kV e com uma capacidade de energia de 57,6
kJ [56]. Os valores de tensão residual do ZnO, para a forma de onda 30/60 µs, estão
na Tabela 5.15
183

Tabela 5.15: Tensão residual do pára-raios de 20 kV para impulso de corrente de 30/60 µs.
Corrente Tensão residual
(Apico ) (kVpico )
125 41,5
250 42,9
500 44,3

A Figura 5.63 mostra a tensão na linha e no secundário do TPC para duas situações,
com pára-raios na BC e com pára-raios de ZnO na derivação entre CA e CB . As tensões
secundárias foram multiplicadas pela relação de transformação para representar os
valores na linha de transmissão.

Figura 5.63: Efeito da aplicação do pára-raios de ZnO no desempenho do TPC Trench TEM230H.
184

Com o pára-raios, ocorre redução das sobretensões no secundário e na energia dissi-


pada pelo resistor RCSF2 de aproximadamente de 35%. Entretanto, a forma de onda da
tensão no secundário continua deformada, não representando exatamente o que ocorre
no primário. A energia dissipada no pára-raios de ZnO foi de 1,02 kJ, muito inferior a
sua capacidade.
De forma similar ao estudo com o TPC Haefely CVE230, foram realizadas simula-
ções para verificar o efeito da carga no desempenho do TPC Trench TEM230H. Assim,
foi simulada a manobra de abertura da LT 04M2, sem defeito, com reator de 10 Mvar,
considerando o TPC Trench TEM230H operando com plena carga no secundário X de
400 VA. A Figura 5.64 mostra os resultados da simulação comparada a atuação do pára-
raios PRBC sem carga no secundário. As tensões no secundário foram multiplicadas
pela relação de transformação para representar a tensão na linha de transmissão.
185

Figura 5.64: Efeito da carga no desempenho do TPC Trench TEM230H com PR de ZnO para
manobra de abertura da LT 04M2 sem defeito e compensação de 10 Mvar.
186

O efeito da carga, similar ao caso com o TPC Haefely CVE230, é auxiliar o CSF a
diminuir o erro da tensão no secundário do TPC Trench TEM230H, além de diminuir
as dissipações nas resistências RCSF1 e RCSF2 e no PR de ZnO.
A Tabela 5.16 mostra os valores das amplificações das tensões de pico no secundário
do TPC Trench TEM230H em relação as tensões de pico na LT 04M2 no instante t=2
s, UT P C2 pico/UT P C1 pico, e as energias dissipadas pela carga, pelo ZnO e pelas resis-
tências RCSF1 e RCSF2 , Ecarga , ERP RT P I , ERCSF1 e ERCSF2 , em simulações de manobra
de abertura da LT 04M2, sem defeito, com reator de 10 Mvar, considerando o TPC
Trench TEM230H operando com pára-raios original PRBC sem carga no secundário,
com pára-raios de ZnO na derivação entre CA e CB sem carga e com cargas de 200 e
400 VA no secundário X.

Tabela 5.16: Efeito da carga e do pára-raios no desempenho do TPC Trench TEM230H em simula-
ções de manobra de abertura da LT 04M2 sem defeito com reator de 10 Mvar.
Dados PRBC original PRT P I de ZnO
(sem carga) (sem carga) (com 200 VA) (com 400 VA)
UT P C2 pico/UT P C1 pico (t=2 s) 1,63 1,52 1,44 1,09
Ecarga (J) - - 770,06 1312,3
EP RT P I (J) - 1014,40 596,51 332,16
ERCSF1 (J) 341,50 263,23 227,18 193,60
ERCSF2 (J) 2082,1 1306,9 1039,3 795,03

Mesmo com carga plena e pára-raios de ZnO, o TPC Trench TEM230H apresenta
erro da ordem de 9% na tensão secundária após 2 s da manobra de abertura da LT,
valor inferior ao erro do TPC Haefely CVE230. Observa-se também que a redução
de dissipação de energia no RCSF2 é significativa quando o equipamento opera com
carga plena (400 VA), apesar de ainda ser muito superior aos resultados obtidos nas
simulações dos ensaios de ferrorressonância (Tabela 5.6).
Diante do exposto, pode-se concluir que mesmo apresentando erros na tensão se-
cundária, os TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H possuem melhor desempenho e
menores solicitações sobre seus componentes quando operam com carga plena em seus
secundários. Além disto, o pára-raios de ZnO traz grande melhoria no desempenho do
TPC Haefely CVE230, se comparado ao original (centelhador).
A próxima seção mostra registros oscilográficos do sistema de transmissão da CHESF
para ilustrar a interação transitória do TPC com a LT.
187

5.5 Registros Oscilográficos da Interação do TPC com a LT


Compensada

A fim de ilustrar a interação transitória entre TPC e LT descritos neste trabalho,


as Figuras 5.65 e 5.67 mostram, respectivamente, registros oscilográficos do sistema de
transmissão de 230 e 500 kV da CHESF. Nos dois casos, os oscilográficos possuem taxa
de amostragem de 256 pontos por ciclo na frequência de 60 Hz.
A Figura 5.65 apresenta os registros das tensões da LT 04M2 vistas pelos TPC
do terminal da subestação Milagres durante manobra de abertura sem defeito e com
reator de 10 Mvar. Trata-se da mesma linha de transmissão utilizada nas simulações.
O TPC da fase A é de fabricação Haefely, tipo CVE230, e os TPC das fases B e C são
de fabricação Trench, tipo TEM230H.
188

Figura 5.65: Registro oscilográfico da manobra de abertura da LT 04M2, sem defeito, com grau
de compensação de 18%, visto pelos secundários dos TPC Haefely CVE230 (fase A) e TPC Trench
TEM230H (Fases B e C) no terminal da subestação Milagres (CHESF).
189

A tensão da fase A da LT 04M2, vista pelo secundário do TPC Haefely CVE, indica
sobretensão sustentada por aproximadamente 2 s, similar ao resultado da simulação da
Figura 5.29. Além disto, observa-se na forma de onda da fase A entre 0,2 e 0,8 s da
Figura 5.65 que há fortes indícios de danos ao resistor do CSF, RCSF1 , do TPC Haefely
CVE230 devido as oscilações de alta frequência após o disparo no pára-raios, similar
ao resultado da simulação mostrado na Figura 5.56.
Os gráficos das fases B e C da Figura 5.65, relativos aos TPC Trench TEM230H,
mostram deformação da onda de tensão e oscilações de alta frequência devido a atuação
do pára-raios no secundário da BC, similar ao resultado da simulação da Figura 5.41.
É importante destacar a semelhança entre as formas de onda obtidas nas simulações
e os registros da manobra da linha de transmissão.
Para identificar a frequência dominante das tensões apresentadas na Figura 5.65,
após a manobra de abertura da LT, a Figura 5.66 mostra o histograma da fase B,
calculado entre 0,5 e 1 s através da técnica FFT.

Figura 5.66: Espectro de frequência da tensão da LT 04M2 vista pelo secundário do TPC Trench
TEM230H da fase B no terminal da subestação Milagres, obtido do registro oscilográfico da Figura
5.65 entre 0,5 e 1 s.

O histograma mostra uma frequência dominante medida de 26 Hz, enquanto na si-


mulação, o valor obtido foi de 25 Hz (Figura 5.28. Deste modo, os resultados simulados
mostram significativa concordância com os registros oscilográficos.
190

Outro exemplo ilustra a influência do grau de compensação da linha de transmissão


no desempenho do TPC conforme mostra a Figura 5.67. Esta Figura apresenta dois
registros oscilográficos das tensões da linha de transmissão de 500 kV, LT 05C4, entre
a subestação de Luiz Gonzaga e a subestação de Sobradinho. O primeiro mostra as
tensões da LT 05C4 para manobra de abertura sem defeito, com reatores de 150 Mvar
no terminal da subestação Luiz Gonzaga e de 100 Mvar no terminal da subestação
Sobradinho, equivalente a um grau de compensação de 62%. O segundo mostra a
mesma manobra, entretanto sem os reatores do terminal da subestação Luiz Gonzaga, o
que representa uma compensação de 25%. Os dados da LT 05C4 podem ser examinados
nas Tabelas 2.1 e 2.2 e as tensões registrados são dos secundários dos TPC Trench
TEHM500 no terminal da subestação Luiz Gonzaga.
191

Figura 5.67: Registros oscilográficos das manobras de abertura da LT 05C4 sem defeito com graus
de compensação de 62% e 25% vistos pelos secundários dos TPC Trench TEHM500 no terminal da
SE LGZ (CHESF).

A Figura 5.67 torna evidente a abrupta diferença de desempenho do mesmo TPC,


192

mostrando a influência do grau de compensação na interação transitória do TPC com


a linha de transmissão.
Para identificar a frequência dominante após a manobra de abertura da LT nos
dois registros da Figura 5.65, as Figuras 5.68 e 5.69 mostram, respectivamente, os
histogramas da fase C para os graus de compensação de 62% e 25%, calculados entre
1 e 2 s através da técnica FFT.

Figura 5.68: Espectro de frequência da ten- Figura 5.69: Espectro de frequência da ten-
são da LT 04M2 vista pelo secundário do TPC são da LT 04M2 vista pelo secundário do TPC
Trench TEHM500 da fase C no terminal da su- Trench TEHM500 da fase C no terminal da su-
bestação Milagres, obtido do registro oscilográfico bestação Milagres, obtido do registro oscilográfico
da Figura 5.67, entre 1 e 2 s, para compensação da Figura 5.67, entre 1 e 2 s, para compensação
de 62%. de 25%.

Os histogramas mostram que as frequências dominantes são de 47 Hz para compen-


sação de 62% e, de 29 Hz, para compensação de 25%. Mais uma vez, observa-se que
quanto menor é o grau de compensação, menor é a frequência de oscilação da tensão
na LT. Este fato pode levar a sobretensões sustentadas nos TPC.

5.6 Conclusão

Os resultados das simulações realizadas com os modelos dos TPC Haefely CVE230
e Trench TEM230H e os registros oscilográficos comprovam a existência da interação
transitória do TPC com a linha de transmissão compensada. Esta interação ocorre
devido a aproximação da frequência natural de oscilação da linha de transmissão com-
pensada com a frequência de amplificação da resposta em frequência do TPC. Este
casamento resulta em saturação magnética dos componentes não lineares do TPC, ge-
193

rando ferrorressonância com sobretensões nos componentes internos e nos terminais


secundários do TPC.
As manobras de abertura de linhas de transmissão com diferentes graus de compen-
sação resultam em oscilações com frequências e valores de sobretensões distintos. Para
o modelo do TPC Haefely, sem elementos não lineares no CSF, o efeito de amplificar
as sobretensões aumenta a medida que diminui o grau de compensação. Para o modelo
do TPC Trench TEM230H, com reator saturável no CSF, a resposta do equipamento
depende da atuação deste componente que é influenciado pelo grau de compensação.
A frequência e valor da sobretensão da linha de transmissão no instante posterior a
manobra de abertura levam a diferentes níveis de saturação do reator do CSF que pode
amplificar ou reduzir o valor da tensão na linha.
O centelhador instalado na derivação entre as capacitâncias CA e CB não apresentou
resultados satisfatórios para o TPC Haefely CVE230. Uma alternativa de dispositivo de
proteção é a utilização do pára-raios de ZnO. Entretanto, apesar de melhorar o desem-
penho do equipamento, sua aplicação pode não ser suficiente para garantir fidelidade
na resposta do TPC.
A norma ANSI C93.1/1999 [1] estabelece que após todos ensaios de ferrorressonân-
cia deve ser feita uma verificação da exatidão no secundário de menor impedância à
tensão nominal de operação. Entende-se que este procedimento é uma forma de veri-
ficar se houve danos aos componentes do equipamento. Os resultados das simulações
mostraram que as dissipações de energia dos resistores dos CSF dos dois TPC e o
tempo da sobretensão sobre os componentes internos destes equipamentos podem ser
maiores nas manobras de abertura de linha que nos ensaios de ferrorressonância. Além
disto, em vários casos, os equipamentos apresentaram erros superiores a 10% da tensão
secundária em relação a primária, após 2 s da manobra de abertura da linha de trans-
missão. Portanto, há forte indicação que o ensaio de ferrorressonância realizado em
Fábrica não reproduz as solicitações impostas aos componentes do TPC decorrentes
da sua interação transitória com a linha de transmissão compensada.
Os TPC Haefely CVE230 e Trench TEM230H quando operam com carga plena
em seus secundários apresentam melhora no desempenho e menores solicitações sobre
seus componentes, apesar de ainda apresentar erros em relação a tensão na linha de
transmissão, mesmo após 2 s da manobra de abertura da LT.
6 Conclusões e sugestões
de novas pesquisas

Tudo que está no plano da realidade já foi


sonho um dia.

Leonardo da Vince

O trabalho comprovou a possibilidade de ocorrer interação transitória entre o TPC


e a linha de transmissão compensada. Esta interação pode causar solicitações mais
severas aos componentes do TPC que as aplicadas nos ensaios de ferrorressonância
realizados em Fábrica durante aceitação, regidos pelas normas atuais.
A amplificação da tensão nos secundários do TPC por um tempo sustentado devido
a ferrorressonância, fruto da interação com a linha de transmissão, causa solicitações
térmicas e dielétricas impostas aos componentes do mesmo. Além disto, nesta situação,
os secundários não representam fielmente o que acontece no sistema. Assim, se for
necessário efetuar um religamento da linha, pode resultar em retardo na recomposição
do sistema devido a atuação da proteção de sobretensão. O resultado final são perdas
financeiras por indisponibilidades da função transmissão e pela redução da vida útil
dos equipamentos.
É importante destacar que a expansão do sistema de transmissão pode levar a uma
maior frequência de manobras de linhas de transmissão para controle de tensão. Isto
implica em majoração dos efeitos mencionados, tanto para o equipamento quanto para
o sistema.
O estudo constatou que os TPC de projetos distintos apresentam significativa di-
ferença de desempenho na resposta em frequência. Assim, o modelo para simulação
195

deve ser específico para cada equipamento e para uma determinada faixa de frequência.
Além disto, os tipos de dispositivos de proteção (PR) e de circuito supressor de ferror-
ressonância (CSF) utilizados no TPC influenciam substancialmente no desempenho do
mesmo e nas solicitações sobre seus componentes.
Outra constatação foi a influência da carga no desempenho dos TPC que, operando
com carga nominal, apresentam melhor desempenho e menores solicitações sobre seus
componentes durante a interação transitória com a linha de transmissão compensada.
Entretanto, continuam apresentando erros na tensão secundária em relação a tensão
da linha, mesmo após 2 s de manobra de abertura.
Na grande maioria dos casos, os TPC do sistema elétrico de potência operam com
carga muito inferior a nominal devido a evolução dos sistemas de proteção que pas-
saram da tecnologia convencional para estática e, posteriormente, para digital. Deste
modo, além de amplificar os erros da tensão secundária em relação a primária, há
um significativo aumento das dissipações dos resistores do CSF. Este fato pode causar
aquecimento no óleo isolante com formação de bolhas que, associado às sobretensões
sustentadas, pode resultar na falha do equipamento. Além disto, caso as solicitações
térmicas ou dielétricas forem suficientes para danificar os componentes do CSF ou o
dispositivo de proteção de TPC com circuitos elétricos correspondentes ao dos TPC
Haefely CVE230 e Trench TEM230H, surgirão sobretensões muito elevadas sobre a
capacitância inferior do divisor de tensão capacitivo (CB ), sobre a bobina de compen-
sação (BC) e sobre o transformador de potencial indutivo (TPI) do TPC, podendo,
mais uma vez, culminar na falha do equipamento.
Nesse contexto, recomenda-se para a aquisição de novos TPC que o Fabricante
forneça o equipamento com fácil ponto de acesso às conexões dos componentes do
CSF. Este medida permite averiguar o estado dos referidos componentes. Além disto,
o Fabricante deve considerar o efeito da interação transitória do TPC com a linha
de transmissão compensada de tal forma a garantir o desempenho e a vida útil deste
equipamento nesta condição de operação.
Da mesma forma, recomenda-se que os ajustes da proteção de linhas de transmissão
compensadas levem em consideração os erros introduzidos pelas alterações de sinal dos
TPC, em especial, as que têm religamento automático.
Para possibilitar avanços na avaliação do desempenho do TPC em linhas de trans-
196

missão, recomenda-se a especificação técnica que requeira do Fabricante o circuito


equivalente do TPC, contendo os valores de cada componente, inclusive as curvas de
saturação dos componentes não lineares, como o TPI e o reator do CSF. Deve também
solicitar a resposta em frequência com a chave de carrier aberta e fechada até 1MHz,
faixa de frequência típica dos fenômenos transitórios em sistemas com subestações
isoladas a ar.
Para trabalhos futuros, sugere-se estudar outras alternativas para melhorar o desem-
penho e diminuir as solicitações sobre os componentes de TPC com circuitos similares
ao do Haefely CVE230 e Trench TEM230H. Uma opção é inserir cargas adicionais
em série com dispositivos de proteção, como varistores, conectados aos secundários do
TPC até o limite da potência térmica do equipamento.
Sugere-se também estudar o desempenho dos TPC de diferentes projeto, como
aqueles que não possuem dispositivos de proteção contra sobretensões e aqueles com
enrolamento adicional (exclusivo) no TPI para conexão do CSF.
Outra sugestão é avaliar qual a influência que o desempenho do TPC em interação
com linhas de transmissão compensadas causa na aplicação da técnica de chaveamento
controlado.
Por fim, sugere-se avançar nos estudos indicados pelo Apêndice D, onde é mencio-
nado que a resposta em frequência é sensível à variação dos componentes internos do
TPC, podendo detectar degradação de componentes ou alterações de projeto. Assim,
ela pode ser utilizada como mais uma técnica para auxiliar na detecção de defeitos em
TPC.
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[51] GRUPO DE SISTEMAS ELÉTRICOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE


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[52] GRUPO DE SISTEMAS ELÉTRICOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE


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[57] OLIVEIRA, H. M. de. Análise de Fourier e Wavelets: Sinais Estacionários e não


Estacionários. Recife: UFPE, 2007.
A Dados dos Levantamentos
das Curvas de Saturação
dos Componentes dos
TPC e dos Ensaios de
Resposta em Frequência
204

Tabela A.1: Levantamento das Curvas de saturação dos componentes não-lineares dos TPC Haefely
CVE230 e Trench TEM230H.
205

Tabela A.2: Ensaio de Resposta em frequência dos TPC Haefely CVE230, Trench TEM230H e
Balteau CCV245.
206

Tabela A.3: Ensaio de Resposta em frequência dos TPC Haefely CVE245, ABB CPB245 e Arteche
DFK245.
B Fotos dos TPC, dos
Ensaios e de Componentes
dos Tanques dos TPC
208

Tabela B.1: Fotos dos 06 TPC de 230 kV e de Ensaios Realizados.


209

Tabela B.2: Fotos de Componentes dos Tanques dos 06 TPC.


C Listagem dos arquivos de
dados do ATP para
Simulações de Resposta
em Frequência,
Ferrorressonância e
Interação do TPC com a
LT
211

Tabela C.1: Dados da simulação de resposta em frequência do TPC Haefely CVE230.


212

Tabela C.2: Dados da simulação de resposta em frequência do TPC Trench TEM230H.


213

Tabela C.3: Dados da simulação de ferrorressonância do TPC Haefely CVE230.


214

Tabela C.4: Dados da simulação de ferrorressonância do TPC Trench TEM230H.


215

Tabela C.5: Dados da simulação de interação do TPC Haefely CVE230 com a LT.
216
217
218

Tabela C.6: Dados da simulação de interação do TPC Trench TEM230H com a LT.
219
220
221
D Diagnóstico do TPC pela
Resposta em Frequência

A resposta em frequência é sensível à variação dos componentes internos de equi-


pamentos, como transformadores [45] e TPC [17]. Portanto, além de contribuir no
desenvolvimento de modelos para simulações digitais e permitir análises de perfor-
mance dos TPC, a resposta em frequência pode detectar degradação de componentes
e alterações de projeto.
A Figura D.1 mostra os resultados dos ensaios de resposta em frequência realizados
em dois TPC de mesmo tipo, sendo um sem defeito e, o outro, com defeito [17].

Figura D.1: Respostas em frequência de dois Figura D.2: Curvas de saturação de dois
TPC de mesmo tipo com e sem defeito [17]. TPC de mesmo tipo com e sem defeito [17].

Medições complementares foram realizadas para identificar a localização do defeito


e foi constatado que a curva de saturação (V×I) do equipamento sem defeito difere do
223

outro, como mostra a Figura D.2. Salienta-se ainda que a relação de transformação do
TPC com defeito estava inalterada. O problema era localizado no núcleo do TPI que
causava grandes perdas.
Diante do exposto, o ensaio de resposta em frequência pode ser utilizado como mais
uma técnica para auxiliar na detecção de defeitos em TPC. O importante é obter a
medição no comissionamento para referência ("assinatura").
Sobre o Autor

Possui graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Uberlândia


(1999). Atualmente é engenheiro eletricista da Companhia Hidro Elétrica do São
Francisco (CHESF). Trabalha como engenheiro especialista em procedimentos norma-
tivos de manutenção com ênfase em ensaios, diagnósticos e análises de desempenho em
transformadores para instrumento de 69 a 500 kV. Representa a CHESF na comissão
de estudos de viabilidade de revitalização de transformadores de corrente do Grupo
de Trabalho de Subestações da Eletrobrás (GTMS). Possui trabalhos publicados em
seminários nacionais da Doble e internacional, ERIAC, além de artigo publicado na
revista Eletroevolução do Cigre Brasil.

Endereço: Companhia Hidro Elétrica do São Francisco - CHESF


Rua Delmiro Gouveia, 333
Ed. André Falcão - DOMA - Bloco C - Sala 330
CEP: 50.761-901
Recife - PE - Brasil

e-mail : ademarj@chesf.gov.br

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