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CAMPO GRANDE-MS
2006
HAMILTON DOMINGOS
CAMPO GRANDE-MS
2006
i
Domingos, Hamilton
Efeitos metabólicos associados à terapia anti-retroviral potente em pacientes
com AIDS.
xii. 87 p
é melhor tentar, ainda que em vão, que se sentar fazendo nada até o final.
ii
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, cujo amor e apoio foram fundamentais em toda a minha
vida e me fizeram perseverar ....
iii
AGRADECIMENTOS
iv
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS..........................................................................vii
LISTA DE TABELAS........................................................................viii
RESUMO...............................................................................................xi
ABSTRACT..........................................................................................xii
1. INTRODUÇÃO................................................................................. 1
1.6. Tratamento....................................................................................18
1.6.1. Dislipidemia...........................................................................18
1.6.2. Resistência à insulina e diabetes mellitus............................20
1.6.3. Lipodistrofia..........................................................................21
2. OBJETIVOS....................................................................................24
2.1. Geral............................................................................................24
2.2. Específicos...................................................................................24
v
3. CASUÍSTICA E MÉTODOS.......................................................25
3.1. Divulgação.................................................................................25
3.2. Seleção dos pacientes...............................................................25
3.2.1. Critérios de inclusão..........................................................25
3.2.2. Critérios de exclusão..........................................................25
3.3. Métodos......................................................................................26
4. RESULTADOS...............................................................................30
5. DISCUSSÃO...................................................................................57
6. CONCLUSÃO................................................................................66
7. PERSPECTIVAS...........................................................................68
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................70
9. ANEXOS........................................................................................81
vi
LISTA DE FIGURAS
vii
LISTA DE TABELAS
viii
LISTA DE ABREVIATURAS, NOMENCLATURAS E
SÍMBOLOS
ABC..................................Abacavir
AGL..................................Ácidos graxos livres
AIDS.................................Acquired immunodeficiency syndrome
ALECS…………………..Antiretroviral-Associated Lipodystrophy
European Comparative Study
ATP III..............................Adult Treatment Panel III
ATV..................................Atazanavir
AZT..................................Zidovudina
CRABP-1..........................Citoplasmic retinoic-acid binding protein 1
D:A:D……………………Data Collection on Adverse Events of
Anti- HIV Drugs
ddI.....................................Didanosina
DEXA...............................Dual-energy x-ray absorptiometry
dl…………………………decilitro
DNA..................................Desoxirribonucleic acid
D4T………………………Estavudina
EFZ………………………Efavirenz
GLUT 4.............................Glucose transporter 4
HAART.............................Highly active antiretroviral therapy
HDL……………………...High density lipoprotein
HIV....................................Human immunodeficiency virus
IDV………………………Indinavir
IL-6………………………Interleucina-6
ix
IMC....................................Índice de massa corpórea
IP…………………………Inibidor da protease
IPA.....................................Inibidor da protease atazanavir
IPI.......................................Inibidor da protease indinavir/ritonavir
IPL......................................Inibidor da protease lopinavir/ritonavir
IPN......................................Inibidor da protease nelfinavir
IPS.......................................Inibdor da protease saquinavir/ritonavir
ITR......................................Inibidor da transcriptase reversa
ITRN.................................. Inibidor da transcriptase reversa nucleosídeo
ITRNN............................... Inibidor da transcriptase reversa
não nucleosídeo
LDL.....................................Low density lipoprotein
LPV.....................................Lopinavir
LRP……………………….Low density lipoprotein receptor
mg.......................................miligrama
NCEP..................................National Cholesterol Education Project
NFV....................................Nelfinavir
NVP....................................Nevirapina
PAI-1..................................Plasminogen activator inhibitor-1
PCR....................................Proteína C reativa
PPAR-alfa..........................Peroxisome-proliferator-activated
receptor type alfa
PPAR-gama.......................Peroxisome-proliferator-activated
receptor type gama
SREBP-1...........................Sterol regulatory element-binding protein-1
3TC………………………Lamivudina
TDF………………………Tenofovir
TNF-alfa………………….Tumoral necrosis factor – alfa
SQV....................................Saquinavir
x
RESUMO
Este estudo teve como objetivo avaliar as anormalidades metabólicas -
dislipidemia , resistência à insulina e lipodistrofia – que constituem a Síndrome
Lipodistrófica, associada à terapia anti-retroviral potente (HAART) em pacientes com a
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) tratados em Campo Grande, Mato
Grosso do Sul, Brasil. Inicialmente, para comparar as diferentes classes de
antiretrovirais, os pacientes foram distribuídos em cinco diferentes grupos: Grupo I,
HIV-infectados sem anti-retroviral; Grupo II, com zidovudina, lamivudina e efavirenz
ou nevirapina; Grupo III, com zidovudina, lamivudina e inibidor da protease; Grupo
IV, com estavudina, lamivudina e efavirenz ou nevirapina; e Grupo V, com estavudina,
lamivudina e inibidor da protease. Numa segunda fase da avaliação, para comparar
tais efeitos metabólicos entre as drogas da classe de inibidores da protease, os
pacientes foram redistribuídos em cinco novos grupos de HAART, associando dois
nucleosídeos inibidores da transcriptase reversa (excluindo-se a estavudina) e um
inibidor da protease: nelfinavir, atazanavir, lopinavir/ritonavir, indinavir/ritonavir ou
saquinavir/ritonavir. O perfil lipídico, a glicose e a presença de lipodistrofia foram
avaliados, e comparação estatística foi realizada. Os achados deste estudo
mostraram elevações estatisticamente significativas dos níveis de colesterol total e de
triglicérides e prevalências mais elevadas de lipodistrofia nos pacientes dos grupos
III, IV e V, quando comparados aos pacientes dos grupos I e II. Diferenças
estatisticamente significativas não foram observadas entre os grupos nos outros
parâmetros avaliados: glicose, HDL colesterol e LDL colesterol. Na segunda fase da
avaliação, comparando os diferentes inibidores da protease, foram encontradas
diferenças significativas, sendo demonstrados menos efeitos metabólicos adversos no
grupo atazanavir, porém com menor duração de tratamento e com menor eficácia nos
controles imunológico e virológico quando comparado aos demais inibidores da
protease avaliados. Estes achados sugerem que combinações incluindo inibidores da
protease (excluindo-se o atazanavir) e/ou estavudina ocasionam mais efeitos
metabólicos adversos associados à HAART , e se possível, devem ser evitadas em
pacientes com outros fatores de risco cardiovascular já presentes, para prevenir a
aterosclerose precoce em pacientes com AIDS recebendo a terapia anti- retroviral.
xi
ABSTRACT
xii
xiii
1
1. INTRODUÇÃO
IPs
EXPRESSÃO SREBP-I
GENE APO C-III
TRIGLICÉRIDES ADIPÓCITOS
c HDL
LIPOATROFIA
INIBIÇÃO DO
GLUT 4
CAPTAÇÃO DE LDL- RECEPTORES
GLICOSE CAPTAÇÃO HEPÁTICA
DE QUILOMICRON
VLDL E TRIGLICÉRIDES
INIBIÇÃO CRABP-I
PPAR-GAMA- APO B
CITOCROMO P450 3 A
APOPTOSE ADIPÓCITOS
O curso da doença vascular pode ser acelerado nos pacientes com AIDS devido
à aterogênese estimulada pelos macrófagos monócitos HIV infectados, possivelmente
via adesão leucocitária alterada ou arterite. Uma relação entre inflamação crônica e
aterosclerose tem sido postulada. Neste raciocínio, a infecção crônica pelo HIV com a
ocorrência de co-infecções (oportunistas ou não) poderia sujeitar os pacientes a
distúrbios aterogênicos. Em adição, resistência à insulina, hipercolesterolemia e a
lipodistrofia associados com a HAART poderiam exacerbar estes fatores de risco
aterosclerótico associados ao HIV83-86.
Especialmente os IPs são conhecidos por interferirem com o metabolismo de
lipídeos e de glicose resultando em resistência à insulina com hiperglicemia,
hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia, e com redução do HDL colesterol82,87.
Entretanto, as alterações lipídicas têm sido também observadas em pacientes cuja
HAART inclui efavirenz, um ITRNN. Por outro lado, os ITRNs podem ter um papel
significante por um efeito sinérgico nestas alterações metabólicas. Ainda há dados
conflitantes sobre os efeitos cardiovasculares da HAART.
A idéia de que as complicações metabólicas associadas com o HIV e com a
HAART podem levar à doença arterial coronária acelerada está sendo avaliada em
grandes “trials” prospectivos com longo período de seguimento. Até que os resultados
estejam disponíveis, é necessária a monitorização dos tradicionais fatores de risco
cardiovascular associados com a HAART, tais como dislipidemia, hiperglicemia e
gordura visceral, em pacientes com AIDS86-90.
1.6.3. Lipodistrofia
O tratamento da lipodistrofia geralmente tem sido desapontador. A abordagem
depende das manifestações fenotípicas.
Lipoatrofia tem sido freqüentemente tratada pela remoção das possíveis causas
(em geral descontinuação da terapia com NRTIs) ou cirurgia plástica109.
A retirada ou a substituição do IP por um NNRTI não foram consistentemente
úteis em corrigir a lipodistrofia, embora a dislipidemia parecesse melhorar depois destes
tipos de intervenções109,110. Deve ser tomado cuidado para evitar a falha virológica com
tais substituições.
A substituição da Estavudina ou da Zidovudina pelos NRTIs alternativos tais
como Abacavir e o Tenofovir conduziu a alguma melhora, especificamente na
lipoatrofia periférica. Particularmente nos indivíduos em regimes contendo Estavudina,
a mudança para um NRTI mais “mitocôndria-amigável” tal como o Abacavir ou o
Tenofovir, ou a mudança para um regime sem incluir NRTIs podem ser consideradas,
embora os estudos até o momento sugiram que a melhora na composição de gordura
corporal, na melhor das hipóteses, é modesta111,112.
22
2. Objetivos
2.1. Geral
Avaliar os efeitos metabólicos (dislipidemia, resistência à insulina e
lipodistrofia) em pacientes com AIDS submetidos à HAART, comparando a
prevalência e a magnitude de tais anormalidades entre as diferentes
combinações terapêuticas, visando estabelecer quais drogas ou combinações
estariam mais associadas a estes efeitos adversos.
2.2.Específicos
Comparar possíveis diferenças no potencial causador destes efeitos adversos
metabólicos, entre as drogas atualmente disponíveis do grupo dos Inibidores
da Protease, considerado o mais associado a tais efeitos ;
Demonstrar a prevalência de lipodistrofia nesta população, correlacionando- a
com o regime de HAART e com as características epidemiológicas da
amostra;
Comparar as freqüências dos efeitos metabólicos nos pacientes submetidos à
HAART com as freqüências de tais efeitos nos pacientes HIV infectados
sem indicação para HAART, tentando demonstrar a possibilidade de que tais
efeitos tenham também correlação com a infecção viral e não estejam somente
associados à HAART.
25
3. Casuística e Métodos
3.1. Divulgação
Foi realizada divulgação sobre a pesquisa nos meses de janeiro e fevereiro de
2005, junto aos profissionais envolvidos no atendimento aos pacientes com AIDS nos
centros ambulatoriais e hospitalares de Campo Grande-MS.
Foram adotadas medidas de divulgação e de esclarecimento, através de palestras
e de contatos pessoais com os coordenadores e responsáveis destes centros, com os
quais foi abordada a importância de tal avaliação frente à magnitude e gravidade de tais
efeitos metabólicos adversos relacionados à HAART, até então já conhecidos, porém
pouco valorizados devido ao prognóstico de baixa sobrevida relacionado à AIDS, antes
do advento da HAART, em 1996.
3.2. Seleção dos pacientes
3.2.1. Critérios de inclusão
Foram incluídos pacientes adultos HIV infectados sem a indicação para o uso da
HAART (linfócitos CD4 > 200, carga viral <100 mil e ausência de manifestações
clínicas da AIDS) e pacientes com AIDS iniciando ou já em uso da HAART,
acompanhados nos ambulatórios de infectologia do Hospital Universitário da UFMS e
do Centro de Doenças Infecto-Parasitárias do município de Campo Grande, Mato
Grosso do Sul, Brasil, para avaliação dos possíveis efeitos metabólicos adversos
relacionados à esta terapia e/ou à própria infecção pelo HIV.
Na primeira consulta foi realizada a leitura e assinatura do termo de
consentimento livre e esclarecido, após explicação detalhada sobre a pesquisa.
(anexo1) Este termo foi revisado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com
Seres Humanos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. (anexo 2)
3.2.2. Critérios de exclusão
Foram excluídos pacientes com os seguintes diagnósticos ou situações prévios
à HAART: dislipidemia genética, diabetes mellitus, usuários de drogas ou de álcool,
presença de disfunção tireoideana, insuficiência renal ou hepática, em uso de
medicamentos corticosteróides, andrógenos, estrógenos, diuréticos tiazídicos ou beta-
bloqueadores, situações estas associadas a alterações do perfil lipídico e glicêmico.
Também foram excluídos pacientes que tiveram seu esquema de HAART
modificado ou interrompido no decurso da avaliação.
26
3.3. Métodos
Foi realizado um estudo de coorte longitudinal misto, sendo a maior parte dos
pacientes avaliados prospectivamente, e apenas 57 retrospectivamente. A casuística
foi dividida em três diferentes amostras:
1ª. Amostra: 292 pacientes distribuídos entre diferentes regimes de HAART;
2ª. Amostra: 156 pacientes com HAART incluindo IPs e sem estavudina;
3ª. Amostra: 361 pacientes nos quais foi avaliada presença de lipodistrofia.
Foi preenchido um protocolo delineado para esta pesquisa (anexo 3) , onde
constaram dados de identificação do paciente, utilizando-se as iniciais do nome e o
número do prontuário para identificação, além dos índices antropométricos, sexo, idade,
datas do diagnóstico e do início do tratamento, dados clínicos e resultados de exames
laboratoriais.
A seleção dos pacientes iniciou-se em março de 2005 com o estudo dos casos
retrospectivos, através da análise de prontuários, após o consentimento do Comitê de
Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFMS. (anexo 4)
A partir da liberação deste mesmo Comitê, em junho de 2005 – Parecer no.
510/2005 (anexo 2), foram iniciadas as inclusões de pacientes na fase prospectiva da
pesquisa.
Dentre os pacientes avaliados retrospectivamente (n=57) foram incluídos
somente aqueles com pelo menos uma dosagem prévia e no mínimo duas dosagens
consecutivas após o início da HAART.
Os 292 pacientes elegíveis na 1ª. Amostra eram adultos com dosagens do perfil
lipídico e da glicemia prévios e posteriores à HAART, distribuídos em cinco grupos:
GRUPO I (n=23) HIV infectados sem indicação para HAART;
4. Resultados
Nestes cinco grupos inicialmente avaliados para comparação entre os diferentes
regimes de HAART (n= 292), a faixa etária variou de 18 a 75 anos com média =
41,13+1,86 anos (média + erro padrão da média). A idade média dos pacientes dos
grupos I, II, III, IV e V foi de 41,39±2,58 anos, 39,20±1,16 anos, 40,90±1,02 anos,
40,21±2,94 anos e 43,94±1,59 anos, respectivamente. Na comparação entre os
esquemas de tratamento não houve diferença significativa na idade entre eles (Kruskal-
Wallis, p=0,172).
Dentre os pacientes estudados 175 (59,9%) eram do sexo masculino e 117
(40,1%) do sexo feminino, distribuídos entre 101 (34,6%) brancos, 170 (58,2%) pardos
e 21 (7,2%) negros. Apresentavam diagnóstico de HIV infecção ou AIDS com duração
média de 46,6+6,03 meses e, dentre os pacientes em HAART, a duração média da
terapia foi de 40,41+5,29 meses.Tabela 1. A duração da terapia para os pacientes dos
grupos II, III, IV e V foi de 32,27±2,56 meses, 35,12±3,08 meses, 55,33±11,40 meses e
38,93±4,11 meses, respectivamente. Na comparação entre os esquemas de tratamento
não houve diferença significativa no tempo de tratamento entre eles (Kruskal-Wallis,
p=0,127).
O índice de massa corpórea (IMC) em Kg/m2 dos pacientes dos grupos I, II, III,
IV e V foi de 24,94±0,98, 23,67±0,37, 24,79±0,39, 22,36±0,60 e 24,09±0,42,
respectivamente. Na comparação entre os esquemas de tratamento não houve diferença
significativa no IMC entre eles (Kruskal-Wallis, p=0,082); o índice de massa corpórea
(IMC) médio encontrado para o total de pacientes avaliados foi de 23.97+0,55 .
A prevalência de sobrepeso ou obesidade (IMC acima de 25) foi de 9 casos
(39,0%) para o grupo I, 27 casos (29,3%) para o grupo II, 44 casos (40,4%) para o
grupo III, 2 casos (13,3%) para o grupo IV e 16 casos (30,2%)para o grupo V.Tabela 3.
Considerando os demais fatores de risco para doença aterosclerótica, a prevalência de
hipertensão arterial sistêmica foi de 14,75% (43 casos), de tabagismo foi de 15,41% (45
casos), de sedentarismo foi de 65,75% (192 casos), de história familiar positiva para
aterosclerose foi de 4,11% (12 casos).
No grupo estudado foram diagnosticados 6 casos (2,23%) de insuficiência
coronária nos pacientes submetidos à HAART, confirmados por
cineangiocoronariografia.
31
Dentre estes pacientes, uma do sexo feminino e cinco do sexo masculino; a faixa
etária variou de 42 a 69 anos (média=54 anos), 5 apresentavam dislipidemia e 2
resistência à insulina de início após a HAART, 5 eram sedentários, 2 tabagistas e apenas
a mulher tinha história familiar de doença aterosclerótica coronária.Tabela 1
Tabela 1. Aspectos epidemiológicos e clínicos dos pacientes submetidos
aos diferentes regimes de HAART (1ª. Amostra n=292)
Variáveis Freqüência
250
* **
120
90
60
30
0
500 ***
Triglicérides
400
300 **
200
100
0
Glicem ia de jejum
120
90
60
30
0
G-I G-II G-III G-IV G-V
Grupos
Figura 8: Gráfico ilustrando o nível sérico médio (mg/dl) dos parâmetros avaliados nos
diversos grupos estudados. As colunas representam os valores médios e as barras o erro
padrão da média. * Diferença significativa em relação ao esquema de tratamento I (G-I);
** Diferença significativa em relação aos esquemas de tratamento I e II (G-I e G-II).
*** Diferença significativa em relação aos esquemas de tratamento I, II e III (G-I, G-II
e G-III). ANOVA de uma via, seguida de pós-teste de Tukey, p<0,05.
36
50 *
LDL colesterol HDL colesterol Colesterol total
40
* *
elev ado
30
20
10
abaixo do normal 0
60
40
20
Percentual de pacientes (%)
0
40
30
elev ado
20
10
0
80
** **
Glicemia de j ej um Triglicérides
60
elev ado
40
20
0
40
30
elev ada
20
10
0
60
***
Lipodistrofia
40
20
** **
0
G-I G-II G-III G-IV G-V
Grupos
Figura 9: Gráfico ilustrando o percentual de pacientes com parâmetros
analisados alterados para os diversos esquemas de tratamento estudados. As colunas
representam os valores percentuais. * Diferença significativa em relação ao esquema de
tratamento I, para a mesma variável. ** Diferença significativa em relação ao esquema
de tratamento II, para a mesma variável. *** Diferença significativa em relação aos
esquemas de tratamentos II e III, para a mesma variável. (Teste z, p<0,05).
37
Primeira mensuração
* *
Colesterol total (mg%)
200
* *
150
100
50
0
G-I G-II G-III G-IV G-V
Grupos
60 Primeira mensuração
Mensurações subseqüentes
50
HDL colesterol (mg%)
40
30
20
10
0
G-I G-II G-III G-IV G-V
Grupos
Primeira mensuração
150 Mensurações subseqüentes
*
*
LDL colesterol (mg%)
120
90
60
30
0
G-I G-II G-III G-IV G-V
Grupos
Primeira mensuração
600
*
Mensurações subseqüentes
500
Triglicérides (mg%)
400
300
200
*
100
0
G-I G-II G-III G-IV G-V
Grupos
O nível de glicemia de jejum para os pacientes dos grupos I, II, III, IV e V foi de
92,74±6,61 mg/dl (média±erro padrão da média), 89,06±1,37 mg/dl, 96,39±3,93 mg/dl,
94,79±3,73 mg/dl e 92,93±2,10 mg/dl, respectivamente. Tabela 2 Na comparação entre
os grupos não houve diferença significativa. (ANOVA de uma via, p=0,537) Figura 8
Os percentuais de pacientes que apresentaram níveis de glicemia de jejum acima
do normal nos grupos I, II, III, IV e V foram de 22%, 15%, 16%, 36% e 25%,
respectivamente. Tabela 3 Não houve diferença significativa no percentual de
pacientes com níveis de glicemia de jejum acima do normal entre os grupos. (teste Z,
p>0,05) Figura 9
Na primeira dosagem, o nível de glicemia para os pacientes dos grupos I, II, III,
IV e V foi de 106,30±19,87 mg%, 90,74±1,94 mg%, 98,51±5,56 mg%, 95,57±4,20
mg% e 88,75±1,93 mg%, respectivamente. Nas dosagens subseqüentes, o nível de
glicemia dos pacientes dos grupos I, II, III, IV e V foi de 102,00±8,93 mg%,
90,49±1,79 mg%, 99,91±6,27 mg%, 91,43±3,66 mg% e 92,65±2,56 mg%,
respectivamente. Na comparação entre a primeira dosagem e a média das dosagens
subseqüentes, não houve diferença significativa no nível de glicemia para os grupos I,
II, III, IV e V (teste t-student pareado, I: p=0,84; II: p=0,89; III: p=0,66; IV: p= 0,48; e
V: p=0,27). Figura 14
A variação percentual do nível de glicemia para os pacientes dos grupos I, II,
III, IV e V foi de -4,05%, -0,28%, 1,12%, -4,33% e 4,39%, respectivamente.
43
Primeira mensuração
140 Mensurações subseqüentes
105
Glicemia (mg%)
70
35
0
G-I G-II G-III G-IV G-V
Grupos
A lipodistrofia foi avaliada numa amostra maior, incluindo 361 pacientes, pois
os dados puderam ser obtidos numa única consulta, diferente dos dados laboratoriais
que dependiam de vários retornos dos pacientes para serem concluídos.Nesta amostra,
representada por 137 mulheres (37,95%) e 224 homens (62,05%), 129 eram brancos
(35,73%), 207 pardos (57,34%) e 25 negros (6,93%), distribuídos entre os quatro
diferentes regimes de HAART.
A prevalência global de lipodistrofia foi de 28,53% (103 casos), dentre os quais,
12 eram do grupo II (9,76% do grupo de 123 pacientes), 47 do grupo III (32,19% do
grupo de 146 pacientes), 6 do grupo IV (30,00% do grupo de 20 pacientes) e 38 do
grupo V (52,78% do grupo de 72 pacientes). O percentual de pacientes com
lipodistrofia dos grupos III, IV e V foi significativamente maior do que aquele do
grupo II (teste z, p variando de 0,001 a 0,030). Além disso o percentual de pacientes
com lipodistrofia do grupo V foi significativamente maior do que aquele do grupo III
(teste z, p=0,005). Tabela 3
44
427,67 1.218,26
IPN (Nelfinavir) 46 73,91%
+173.35 +4.052,98
280,39 119.852,83
IPL(Lopinavir/r) 46 58,70%
+146,24 +408.931,45
318,28 36.055,75
IPA(Atazanavir) 32 37,50%
+174,49 +134.066,00
379,48 5.301,60
IPI (Indinavir/r) 25 68,00%
+189,46 +22.377,62
338,00 47.225,71
IPS(Saquinavir/r 7 71,4%
+190,23 +124.691,75
250
Colesterol total (mg%)
200
*
150
100
50
0
Nelfinavir Indinavir Atazanavir Lopinavir Saquinavir
Inibidores de protease
Figura 15: Gráfico ilustrando o nível de colesterol total para os pacientes tratados
com os diversos inibidores da protease. As colunas representam os valores médios e as
barras o erro padrão da média. * Diferença significativa em relação ao grupo de
pacientes tratado com Indinavir, Nelfinavir e Lopinavir. ANOVA de uma via, p=0,002,
seguida de pós-teste de Tukey, p<0,05.
comparação entre os inibidores da protease não houve diferença significativa entre eles
(ANOVA de uma via, p=0,67). Figura 16
O percentual de pacientes que apresentaram níveis de HDL colesterol abaixo do
normal e que receberam Nelfinavir, Indinavir, Atazanavir, Lopinavir ou Saquinavir, foi
de 60,87% (n=28), 64,00% (n=16), 62,50% (n=20), 69,57% (n=32) e 71,43% (n=05),
respectivamente. Não houve diferença significativa no percentual de pacientes com
níveis de HDL colesterol abaixo do normal entre os pacientes que receberam inibidores
da protease. (teste z, p>0,05)
50
HDL colesterol (mg%)
40
30
20
10
0
Nelfinavir Indinavir Atazanavir Lopinavir Saquinavir
Inibidores de protease
Figura 16: Gráfico ilustrando o nível de HDL colesterol para os pacientes tratados
com os diversos inibidores da protease. As colunas representam os valores médios e as
barras o erro padrão da média. ANOVA de uma via, p=0,67
160
LDL colesterol (mg%)
120
80
40
0
Nelfinavir Indinavir Atazanavir Lopinavir Saquinavir
Inibidores de protease
Figura 17: Gráfico ilustrando o nível de LDL colesterol para os pacientes tratados
com os diversos inibidores da protease. As colunas representam os valores médios e as
barras o erro padrão da média. ANOVA de uma via, p=0,03, pós-teste de Tukey,
p>0,05).
600
500
Triglicérides (mg%)
400
300
200
*
100
0
Nelfinavir Indinavir Atazanavir Lopinavir Saquinavir
Inibidores de protease
Figura 18: Gráfico ilustrando o nível de triglicérides para os pacientes tratados com os
diversos inibidores da protease. As colunas representam os valores médios e as barras o
erro padrão da média. * Diferença significativa em relação ao grupo de pacientes tratado
com Lopinavir. ANOVA de uma via, p=0,048, seguida de pós-teste de Tukey, p<0,05.
120
Glicemia de jejum (mg%)
90
60
30
0
Nelfinavir Indinavir Atazanavir Lopinavir Saquinavir
Inibidores de protease
Figura 19: Gráfico ilustrando o nível de glicemia de jejum para os pacientes tratados
com os diversos inibidores da protease. As colunas representam os valores médios e as
barras o erro padrão da média. ANOVA de uma via, p=0,76.
Não houve relação entre o sexo dos pacientes que recebiam saquinavir e a
presença ou não de lipodistrofia (teste exato de Fisher, p=1,00).
Dos 46 pacientes tratados com nelfinavir, 32,60% (n=15) eram da raça branca,
sendo que destes, 73,33% (n=11) não apresentavam lipodistrofia e 26,67% (n=04)
apresentavam. Entre os pacientes da raça parda (58,70% - n=27), 81,48% (n=22) não
apresentavam lipodistrofia e os demais (18,52% - n=05) apresentavam. Entre os
pacientes da raça negra (8,70% - n=04), 100,00% (n=04) não apresentavam lipodistrofia
e nenhum apresentava lipodistrofia. Não houve relação entre a raça dos pacientes que
recebiam nelfinavir e a presença ou não de lipodistrofia (teste do qui-quadrado, p=0,48).
Dos 25 pacientes tratados com indinavir, 48,00% (n=12) eram da raça branca,
sendo que destes, 41,67% (n=05) não apresentavam lipodistrofia e 58,33% (n=07)
apresentavam. Entre os pacientes da raça parda (48,00% - n=12), 66,67% (n=08) não
apresentavam lipodistrofia e os demais (33,33% - n=04) apresentavam.
Entre os pacientes da raça negra (4,00% - n=01), 100,00% (n=01) não
apresentavam lipodistrofia e nenhum apresentava lipodistrofia. Não houve relação entre
a raça dos pacientes que recebiam indinavir e a presença ou não de lipodistrofia (teste
do qui-quadrado, p=0,31).
Dos 32 pacientes tratados com atazanavir, 31,25% (n=10) eram da raça branca,
sendo que destes, 60,00% (n=06) não apresentavam lipodistrofia e 40,00% (n=04)
apresentavam. Entre os pacientes da raça parda (62,50% - n=20), 80,00% (n=16) não
apresentavam lipodistrofia e os demais (20,00% - n=04) apresentavam.
Entre os pacientes da raça negra (6,25% - n=02), 50,00% (n=01) não
apresentavam lipodistrofia e 50,00% (n=01) apresentava. Não houve relação entre a
raça dos pacientes que recebiam atazanavir e a presença ou não de lipodistrofia (teste do
qui-quadrado, p=0,40).
Dos 46 pacientes tratados com lopinavir, 30,43% (n=14) eram da raça branca,
sendo que destes, 57,14% (n=08) não apresentavam lipodistrofia e 42,86% (n=06)
apresentavam. Entre os pacientes da raça parda (54,35% - n=25), 60,00% (n=15) não
apresentavam lipodistrofia e os demais (40,00% - n=10) apresentavam. Entre os
pacientes da raça negra (15,22% - n=07), 71,43% (n=05) não apresentavam lipodistrofia
e 28,57% (n=02) apresentavam. Não houve relação entre a raça dos pacientes que
recebiam lopinavir e a presença ou não de lipodistrofia (teste do qui-quadrado, p=0,81).
55
Dos 7 pacientes tratados com saquinavir, nenhum era da raça branca ou negra.
Entre os pacientes da raça parda (100,00% - n=07), 57,14% (n=04) não apresentavam
lipodistrofia e os demais (42,86% - n=03) apresentavam. Não houve relação entre a raça
dos pacientes que recebiam saquinavir e a presença ou não de lipodistrofia (teste do qui-
quadrado, p=1,00).
56
5. Discussão
As alterações dos lipídios séricos – dislipidemias - surgiram como um problema
importante após a introdução da terapia anti-retroviral potente (HAART), no ano de
1996 para o tratamento da AIDS, em virtude da aterosclerose prematura e doença
coronariana. O risco dessa complicação com acompanhamento em tempo relativamente
curto parece discreto, porém real127.
Estudos na era pré- HAART mostraram que a progressão do HIV estava
associada a altos níveis de triglicérides e redução dos níveis de HDL- colesterol128. Com
a HAART contendo IP existe em geral aumento nos níveis séricos de triglicérides, de
colesterol total e de LDL colesterol129.
Os níveis de triglicérides podem elevar-se acima de 1.000 mg/dl , níveis esses
associados a aumento do risco de pancreatite e de aterosclerose. Os níveis de colesterol
total e de LDL-colesterol aumentam em média 30 mg/dl, mas existe uma importante
variação individual, ainda mal compreendida130.
Distúrbios no metabolismo de carboidratos, como resistência à insulina e
diabetes mellitus secundários à HAART também têm importância prática, pois
desempenham importante papel no risco de aterosclerose, especialmente quando
acompanhados de dislipidemia, acúmulo de gordura visceral e hipertensão arterial
sistêmica, que são os demais componentes da Síndrome Metabólica95.
A Síndrome Metabólica é um transtorno complexo representado por um
conjunto de fatores de risco cardiovascular, usualmente relacionados à deposição central
de gorduras, à dislipidemia e à resistência à insulina. É importante detectar a
associação de tal síndrome com a doença cardiovascular, aumentando a mortalidade
geral em cerca de 1,5 vezes e a cardiovascular em cerca de 2,5 vezes115.
A prevalência desta síndrome na população sem HIV infecção, utilizando o
critério diagnóstico do NCEP / ATP III (National Cholesterol Education Program /
Adult Treatment Panel III)95, foi estimada em 23,7 % entre adultos americanos,
chegando a mais de 43% naqueles com mais de 60 anos109. Mais recentemente,
encontrou-se uma prevalência de 32% na população americana adulta, estabelecendo
claro crescimento naquela população124.
58
Dubé et al. encontraram que o uso de IP está associado com dislipidemia mais
severa, e mais comumente do que a observada antes do advento da HAART. Sessenta e
dois pacientes (47,00%) de cento e trinta e três recebendo IP apresentavam
anormalidades lipídicas conforme critérios da NCEP128.
No coorte suíço HIV, hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia foram 1,7 a 2,3
vezes mais comuns nos pacientes recebendo HAART que continha um IP129. Tsiodras
et al. observaram hipercolesterolemia (acima de 240 mg/dl) e severa
hipertrigliceridemia (acima de 500 mg/dl) em 60,00% e em 75,00 %,
respectivamente, dos pacientes recebendo IPs90.
Em um estudo prospectivo randomizado com pacientes em início da HAART
incluindo a associação de duas drogas do grupo dos NRTIs e um IP ( Estavudina +
Lamivudina + Nelfinavir) foi demonstrado significativo aumento no colesterol total, no
LDL colesterol e nos triglicérides, comparado com o grupo que usou Zidovudina +
Lamivudina + Nelfinavir130.
Elevações nos níveis de triglicérides foram mais comuns em regimes de
HAART com Estavudina + Didanosina + Indinavir do que com Zidovudina +
Lamivudina + Indinavir, em um estudo randomizado publicado133. O inibidor da
transcriptase reversa nucleosídeo (ITRN) Tenofovir foi associado com menor elevação
de colesterol e triglicérides do que foi a Estavudina, conforme publicação recente 134.
Dubé et al. concluem que dados adicionais são necessários antes de se definir
sobre a relativa tendência deste ITRN (Estavudina) a alterar o perfil lipídico128.
Em relação aos níveis lipídicos observados no grupo II deste estudo, com a
HAART incluindo duas drogas ITRNs associadas a uma droga do grupo ITRNN
(Zidovudina + Lamivudina + Nevirapina ou Efavirenz), também houve concordância
com os dados da literatura, que mostram menor grau de repercussão sobre os níveis de
colesterol e de triglicérides, quando comparados com regimes contendo IPs e/ou
Estavudina .
O grupo dos anti-retrovirais ITRNNs (inibidores da transcriptase reversa não
nucleosídeos) causa alterações no perfil lipídico, embora geralmente em menor grau do
que o observado com os IPs (Inibidores da protease). O uso dos ITRNNs está
associado com substancial elevação nos níveis de HDL colesterol para um grau
geralmente não observado com os IPs135.
60
Por outro lado, estudos preliminares têm mostrado que o atazanavir não está
associado com aumentos nos níveis de colesterol total, de LDL-colesterol e de
triglicérides142. Em um coorte de 212 pacientes que iniciaram HAART com um novo
regime baseado em IP foram encontradas incidências de hipertrigliceridemia e de
hipercolesterolemia de 38,2% e 25%, respectivamente, após 12 meses de seguimento.
A freqüência na elevação dos níveis de triglicérides foi significativamente
maior nos pacientes tratados com ritonavir ou lopinavir/ritonavir, em conformidade
com estudos prévios143. Figura 20
6. Conclusões
Conforme os resultados obtidos e discutidos nos capítulos anteriores, pôde-se
concluir que:
6.3. Do grupo dos NRTIs, a estavudina, e do grupo dos IPs, todos , porém o atazanavir
em menor magnitude, são anti-retrovirais potencialmente causadores da síndrome
lipodistrófica, e devem ser evitados de início em pacientes já portadores de outros
fatores de risco cardiovascular;
6.5. Dentre os IPs atualmente disponíveis, o atazanavir parece ter o menor potencial
causador de efeitos metabólicos adversos, quando usado isoladamente, porém parece
perder em eficácia terapêutica e, na prática clínica atual, já se observa freqüentemente
sua associação com ritonavir;
6.8. Embora nesta pesquisa não tenha sido possível correlacionar a infecção viral, na
ausência de HAART, com alterações metabólicas, não se pode tirar conclusões a
respeito da participação do HIV na gênese da síndrome lipodistrófica, pois neste caso a
amostra no grupo controle foi pequena;
6.9. Diante da modificação do curso da doença e de sua história natural após o advento
da HAART, a AIDS deve ser conduzida como as outras doenças crônicas, com
responsabilidade e dedicação por parte dos profissionais envolvidos, tentando expressar
ao paciente a importância de medidas preventivas, visando maior sobrevida e com
melhor qualidade;
6.10. Apesar do baixo risco relativo de doença circulatória atribuído à HAART, este
risco é real, e pode ser reduzido se medidas preventivas forem adotadas.
68
7. Perspectivas
Após esta avaliação dos efeitos metabólicos associados à HAART nos pacientes
com AIDS , além da obtenção dos perfis lipídico e glicêmico mais freqüentes em cada
regime de HAART, foram estabelecidos aspectos epidemiológicos e clínicos desta
população, os quais servirão de linha de base, para o seguimento da morbi-mortalidade,
a longo e a curto prazo, relacionada à terapia anti-retroviral.
A avaliação cardiovascular longitudinal destes pacientes poderá ser realizada,
a longo prazo, uma vez que foram determinados os parâmetros basais clínico-
epidemiológicos, através do exame clínico e de métodos gráficos como
eletrocardiograma, ecocardiograma e ergometria, principalmente nos casos com
múltiplos fatores de risco para aterosclerose. Com estes dados, e utilizando o Escore
de Framinghan, que estima o percentual de risco para eventos cardiocirculatórios em
10 anos, poder-se-á realizar estimativas de risco cardiovascular para este grupo
específico de pacientes. E assim, reconhecendo o risco, medidas preventivas precoces
poderão ser adotadas.
Considerando a elevada prevalência destas importantes complicações
metabólicas (dislipidemia, lipodistrofia e diabetes) nos pacientes submetidos à
HAART, uma abordagem terapêutica multidisciplinar se faz necessária, incluindo as
avaliações cardiológica, endocrinológica e psicológica, possibilitando assim o adequado
manejo terapêutico destes efeitos adversos da HAART.
Atualmente, com a emergência da síndrome lipodistrófica secundária à
HAART, tem havido grande preocupação em se controlar tais efeitos adversos,
porém ainda não existem diretrizes amparadas pela medicina baseada em evidências,
para se conduzir de maneira eficaz e segura estas complicações. Assim sendo, as
pesquisas envolvendo as diferentes formas de abordagem terapêutica são de grande
interesse, pois a HAART mudou o curso da doença e o prognóstico de suas vítimas em
relação às complicações específicas da AIDS, porém já existem dados demonstrando
óbitos por aterosclerose acelerada e precoce em pacientes jovens submetidos à terapia
anti-retroviral.
69
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