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Enunciado

FICHA INFORMATIVA
DISCIPLINA: Português| ANO DE ESCOLARIDADE: 11º ano ANO LETIVO: 2021-22

ASSUNTO: Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco – sistematização


Amor de Perdição: as personagens

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Simão- herói romântico
Simão (paradigma do herói romântico), vivendo apaixonadamente a sua vida, sacrifica-se aos seus ideais de fidelidade
à honra e ao amor com tal entrega que acaba por morrer vítima deles. Ao longo de toda a narração é evidente o privilégio
de tratamento que o autor lhe concede, mediante os elementos que acerca dele o narrador proporciona ao leitor, e
mediante a valorização das cenas em que ele, fazendo naturalmente progredir a ação romanesca, completa ou ilustra as
características da sua personalidade por comportamentos diretamente reconstituídos através do diálogo, de modo a
causarem no leitor uma impressão mais profunda e direta.
O primeiro traço que define esta personagem é o da revolta e do desafio às leis de uma organização social e familiar, a
cujo poder a natural rebeldia do seu caráter não se molda.

Aníbal Pinto de Castro, «Prefácio» a Camilo Castelo Branco, Amor de perdição, Porto, Edições Caixotim, 2006, p. 41 (texto adaptado)

A obra tem vários sentidos, segundo os ângulos de que a encararmos. E um conflito entre o amor e os preconceitos de
pais inflexíveis, desumanos no seu orgulho. Um caso de rivalidade que, gerando o ódio e a fome de vingança, conduz ao
crime. Um exemplo romântico do poder transfigurador do amor: desordeiro, dado às piores companhias, Simão toma-se um
homem digno, com uma sensibilidade de poeta. Simão sabe-se marcado por um Destino, luta sem esperança, recusa
complacências, avança com altivez para o abismo, cumpre-se como herói, voluntário na aceitação: daí o sentido trágico da
novela.

Jacinto do Prado Coelho, «Amor de Perdição», in Jacinto do Prado Coelho (dir.), Dicionário de literatura, volume 1, Porto, Figueirinhas, pp. 50-51
(texto adaptado)

Teresa – heroína romântica


A atitude de Teresa face à clausura imposta por seu pai é eminentemente romântica: «- Estou mais livre do que nunca.
A liberdade de coração é tudo.» (Capítulo VII).
É a liberdade de sentir que se reivindica; o amor é um valor, o valor mais importante para a personagem - e para o
narrador.
Sabendo Simão preso, e estando ela própria presa num convento, Teresa refugia -se no desejo da morte, única via para
o encontro pleno dos dois amantes.
Teresa não é só a mulher por quem Simão se perdeu - ela é também a mulher que por ele se perdeu.

Maria Isabel Rocheta, «Introdução» a Amor de perdição, de Camilo Castelo Branco, Lisboa, Editorial Comunicação, 1983, pp. 36-39
(texto adaptado)

Mariana
A personagem de Mariana, caracterizada por uma profunda sensibilidade, aparece marcada por um sentido de
dignidade muito próprio, a servir também de expressiva manifestação de amor.
Mariana atinge a grandeza das personagens da tragédia antiga pela sua humildade e, sobretudo, pela abnegação com
que se dispõe a favorecer, sem um queixume, as relações da rival com o homem por ela igualmente amado.
Mariana surge dotada de uma espécie de capacidade divinatória, muitas vezes patente nos lexemas preferidos pelo
narrador: adivinhar, coração, futurar, etc.
Mariana ficará como símbolo do amor-sacrifício, nascido à revelia das convenções sociais que nem sequer por isso lhe
levantam obstáculo, para se sublimar numa autoimolação sem esperança.

Aníbal Pinto de Castro, "Prefácio» a Camilo Castelo Branco, Amor de perdição, Porto, Edições Caixotim, 2006, pp. 57-61 (texto adaptado)

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