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Obra
Ficção- narrativa dos Realidade- Sugestão de relato histórico e familiar verídico. Com base num
amores contrariados e documento oficial (livro de registos de entradas na cadeia da Relação do
correspondidos de Porto referente a Simão Botelho, tio de Camilo Castelo Branco, que havia
Teresa e Simão, em que sido degredado para a Índia e de que se mantinha na família um maço de
abundam peripécias cartas de amor trocadas com Teresa Albuquerque).
narrativas, culminando
Verosimilhança: aproximação da verdade biográfica- relação entre o
em desfecho trágico
autor/narrador e a ação narrada
Novela romântica
Herói romântic0:
Personagem que acredita em valores elevados e «humanos» e se move por ideais grandes e,
regra geral, inalcançáveis: o amor, a justiça, a liberdade, a construção de um mundo melhor,
etc. A grandeza do herói romântico decorre também do facto de entrar em conflito com a
sociedade, numa luta desigual, por recusar as regras e convenções que esta impõe. A rebeldia
termina geralmente em desgraça ou frustração profunda.
Simão dedica a vida a um amor idealizado e sem limites, por ele enfrenta a autoridade dos pais
e as regras sociais e, por não ser possível realizá-lo, acaba por morrer. Mas a elevação de
carácter da personagem reside também noutros nobres sentimentos e atitudes que o animam:
a coragem que revela nos seus atos, a determinação, o seu conceito de honra, o respeito pelos
que não são da sua condição social (como Mariana ou João da Cruz). Por exemplo, é sem
hesitação que se entrega à justiça depois de matar Baltasar ou que, no cárcere, recusa ser
tratado com privilégios.
O herói romântico é também uma personagem que se define pelo seu isolamento existencial:
individualista e egocêntrico, Simão distingue-se e demarca-se das demais personagens e existe
num mundo que é só seu e diferente do dos outros homens.
Personagens
Constituição do herói romântico:
1) Herói romântico
Simão Botelho
− Estatuto nobre;
− Sentimentos fortes: a) antes de amar - rebelde, marginal e violento; b) ao amar (amor-
paixão) - apaixonado, sincero, fiel, obstinado na defesa da sua honra de amante
perseguido, excessivo no amor e no ódio; veia poética(cf. cartas escritas na prisão); morre
de amor.
− Transformação pela paixão
2) Heroínas românticas
Teresa de Albuquerque
− Estatuto nobre;
− Jovem, pura e frágil (mulher-anjo);
− Sentimentos fortes - amor-paixão (vive o amor intensamente e morre de amor);
− Obstinação na recusa de aceitar a autoridade paterna (de casar com o seu primo Baltasar);
− Dada a impossibilidade de ficarem juntos na terra ficarão juntos num outro plano
transcendente;
− É mais passiva.
Mariana
1) Simão e Teresa:
Ódio e rivalidade. Denúncia de uma sociedade marcada pelo ódio e pela violência.
4) Mariana e Simão:
Autor-narrador
É subjetivo (pois comenta os acontecimentos e toma partido sobre o que narra),
heterodiegético (relata a história na 3ª pessoa, não participando na ação) e omnisciente (com o
total conhecimento da ação). É interventivo (coloca-se sempre do lado do amor e dos amantes,
e pelo seu narratário).
Estrutura externa
Introdução
Capítulo I-XX : desenvolvimento
Conclusão
intriga amorosa
− Introdução
O narrador apresenta os motivos que o levaram a escrever Amor de Perdição. Assim, refere que
encontrou na Cadeia da Relação do Porto antigos registos de entrada dos prisioneiros, num dos
quais havia uma nota sobre a prisão de Simão Botelho onde é possível encontrar algumas
informações sobre esse prisioneiro, nomeadamente a filiação e a fisionomia. Atesta-se nesse
documento que Simão Botelho partiu para o degredo na Índia em 17 de março de 1807.
Através da história desse familiar e do seu percurso, sintetizado na frase «Amou, perdeu-se, e
morreu amando.» e o diálogo estabelecido pelo narrador com o narratário (“a minha leitora”),
Camilo parece querer promover a empatia relativamente à sua própria situação, uma vez que,
tal como Simão, se encontrava preso na Cadeia da Relação do Porto, condenado por se ter
envolvido com uma mulher casada.
O detalhe notável é a constante referência de Camilo ao fato de escrever para viver, e de ter,
assim, de dar ao público o que ele quer comprar. A novela passional é originada pelo clima
emocional da época que foi absorvido pelo mundo novelístico de Camilo e nessa atmosfera
satura de paixão e lágrimas, de grandezas e misérias, as personagens movem-se, tal como
acontece com o seu criador, não só pelos impulsos próprios, mas também pela estimulação do
meio mórbido em vivem.
− Capítulo 1
Serve para enquadrar o protagonista, estabelecendo os antecedentes da intriga amorosa. De
facto, ele resume-se ao relato da vida pessoal, familiar e profissional de Domingos Botelho, pai
de Simão, e à caracterização deste último já na parte final.
O 1º capítulo retrata os modos de vida e as relações sociais da época da ação: a vida na corte
vs. a vida na província, as relações familiares e o exercício do poder social, sendo, a fim ao
cabo, uma crítica social à sociedade da época.