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Salientam-se:
as frases curtas e incisivas, que refletem a tensão vivida entre pai e filha;
o uso de reticências a sugerir a pausa no discurso, para reflexão, provando o confronto
de ideologias antagónicas;
as frases exclamativas de Tadeu ou as de Teresa, mostrando estas a exasperação da
jovem perante a presença de Baltasar;
o recurso a um registo cuidado, adequado à posição social das personagens, marcando
a distância geracional.
O ESTILO
Amor de perdição é classificada pelos críticos como uma novela passional. Em novelas
passionais, Camilo Castelo Branco apresentou três fases: a 1 foi à fase melodramática, de
grande pobreza psicológica onde predominaram temas como ódio, vingança e crimes. Produziu
novelas criadas basicamente para o entretenimento.Na 2 fase (onde se insere Amor de
Perdição) é representado o melhor de sua obra. A linguagem apresenta-se mais direta e por
vezes irônica. A leitura é estimulada através de um suspense bem dosado e de um enredo
conciso aproximando mais o leitor da obra que passa a acompanhar as jornadas das
personagens. O tema amor reina absoluto. Na 3 fase as novelas passam a constituir romances e
modificam-se apresentando características realistas como as sátiras, críticas sociais e as
observações minuciosas da realidade. Temas como o adultério passam a ser explorados. A
linguagem torna-se mais popular. Na novela passional Amor de Perdição, o amor funciona
como uma espécie de destino e de fatalidade que domina e orienta tanto o a vida quanto a
morte das personagens que passam a seguir cegamente os seus impulsos amorosos. Não
podemos esquecer que a novela se enquadra no período literário do Romantismo
apresentando-se como ótimo exemplo de literatura da época. O amor é o tema central.
Apresenta-se desenfreado, profundo, além das forças e dos limites, trazendo consigo o
sofrimento por chocar-se frontalmente com as necessidades e convenções sociais. A paixão
passa a justificar toda sorte de condutas, até mesmo o enlouquecimento num tom
profundamente trágico e passional. Existe toda uma luta por parte das personagens para
alcançar a felicidade amorosa, que em contrapartida apresenta-se em vão contra a sociedade
injusta da época. A ideia de que o sentimento deve sobrepor-se a razão é levada até as ultimas
consequências nesta história. A presença de "mártires do amor" demonstra a angustiosa
procura pelo sofrimento como razão de viver, característica marcadamente ultra-romântica. O
casal luta, sofre todo o tipo de provação onde permanece a ideia de que o amor só será
conquistado através do sofrimento e da morte. As personagens possuem a consciência de que
não deveriam se apaixonar, porém não conseguem abdicar de sua paixão. Enfrentam tudo e
todos mesmo quando a felicidade apresenta-se cada vez mais longínqua até que o destino
realmente lhes fala mais alto. Chegando a morte, ocorre também a sublimação do amor das
personagens através dela. O destino trágico do protagonista já nos é apresentado pelo autor
logo na introdução do livro: "Amou, perdeu-se e morreu amando". Funcionou como uma
espécie de Romeu e Julieta lusitano (apresentando vários traços Shakespereanos, como o
drama de Romeu e Julieta, a obra focaliza dois apaixonados que têm como obstáculo para a
realização amorosa a rivalidade entre as famílias.) muito bem recebido pela sociedade
portuguesa da época..
O próprio autor justifica o sucesso de seu romance: "Rapidez das peripécias, a derivação
concisa do dialogo para pontos essenciais do enredo, a ausência de divagações filosóficas, a
Ihaneza de linguagem e o desartifício das locuções".