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Cantigas de amigo

Papel da natureza:

Representação dos sentimentos: A Natureza representa frequentemente os sentimentos da


donzela, no sentido em que o cenário natural está em sintonia com o seu estado de alma. Por
exemplo, a alegria e a juventude das donzelas encontram-se em consonância com os espaços
verdes e primaveris, em que despontam flores; a inquietação espelha-se na agitação das ondas
e a tristeza do amor não correspondido, nas fontes secas e nas aves sedentas.

Os elementos naturais são, em certos poemas, interlocutores da donzela, quando, por


exemplo, se dirige às ondas ou às flores para expressar um lamento ou para pedir que lhe
deem informações sobre o paradeiro ou o estado do amigo.

Características de cantigas de amigo: As cantigas de amigo originam-se do sentimento


popular. Nelas, o eu poético é feminino. Esta é a principal característica que as diferencia das
cantigas de amor, onde o eu lírico é masculino.

Sentimentos da donzela:

Felicidade amorosa- A donzela sente-se feliz no amor e pretende celebrar a sua alegria, por
exemplo, dançando sedutoramente perante o seu amigo. Antes do reencontro com o Jovem
por quem está enamorada, ela rejubila com a ideia de voltarem a estar juntos.

Noutros casos, depois de uma separação (quando o amigo partiu para servir o rei, por
exemplo), a donzela expressa a sua grande alegria quando o amado regressa. Em todas estas
situações, ela sente o prazer de amar e ser amada e acredita na firmeza da relação e nos
sentimentos do amigo.

Saudade- Na ausência do amigo, a jovem sente saudades, que a inquietam e a deixam em


«gram coidado». O amado, que é um jovem mancebo, pode ter partido para a guerra. Não
raro, a demora do amado ou o comportamento deste são responsáveis pelo ciúme que a
atormenta.

Ansiedade- Quando o amigo está ausente, a personagem feminina fica ansiosa e preocupada.
Se ele se atrasa ou falta a um encontro, teme que algo lhe tenha acontecido.

Sofrimento, ciúme e desespero- Se a donzela suspeita de que o amigo já não a ama ou que o
amor foi atraiçoado, cai numa angústia que lhe provoca ciúme ou outro tipo de sofrimento. Em
algumas composições, chega a um estado de enfurecimento e revela o intento de exercer uma
retaliação.

Amor de Perdição

“Amou, perdeu-se e morreu amando”: A frase “Amou, perdeu-se e morreu amando” sintetiza
toda a vida da personagem principal. Deste modo “amou” remete para o amor fatal entre
Simão e Teresa. “Perdeu-se amando” dirige-se a Simão quando matou Baltasar Coutinho, este
foi preso e condenado ao degredo. “Morreu amando” alude a que a sua infelicidade não o
impediu de se deixar morrer continuando a amar Teresa. Neste sentido, a obra amor de
perdição, internamente apresenta uma estrutura tripartida (introdução onde são fornecidas
informações sobre Simão, desenvolvimento, o crime que cometeu e a conclusão a morte de
Simão.
Paralelismo entre Simão e Camilo: O paralelismo que existe entre Camilo e Simão tem a ver
com as vivencias amorosa. Simão comete um homicídio e Camilo comete adultério. Por amor,
são presos na prisão da Relação do Porto.

Caracterização de Simão: Simão é um jovem de 18 anos bonito e de sentimentos fortes. Ates


de amar é um jovem rebelde, impulsivo, violento e marginal. Mas depois, transformado pelo
amor torna-se sincero, fiel, corajoso, determinado e honrado. Este homem acredita no amor e
morre por amor.

Caracterização de Teresa: Teresa é uma jovem de 17 anos, aparentemente frágil. Demonstra


um carácter forte e varonil (devido ao amor) e mostra-se determinada e assertiva, uma vez
que vai contra a autoridade de seu pai, não querendo casar com Baltasar Coutinho, mas sim
com Simão. É uma mulher mártir, uma vez que prefere a clausura e a morte a ceder a um
casamento forçado pelo pai.

Relação entre Tadeu e Teresa: Acreditando que o casamento de sua filha com o Baltasar é o
melhor (pois não aceita o amor entre Teresa e Simão), quando Teresa recusa-se a casar com o
seu primo, Tadeu reage de uma forma negativa e impulsiva. Ameaçando Teresa a ser mandada
para um convento, por ela não ter aceitado a sua proposta.

Importância das cartas: As cartas assumem um papel importantíssimo na relação entre Simão
e Teresa. Funciona com um meio de comunicação entre Simão e Teresa em que eles
expressam os seus sentimentos (linguagem sentimentalista) que se sentem um pelo outro.

Narrador: Na obra “Amor de perdição” o narrador classifica-se como omnisciente, uma vez
que tem conhecimento total dos acontecimentos, das personagens, dos seus pensamentos e
das suas emoções. O narrador é heterodiegético, pois não participa na história, narrando-a na
terceira pessoa. O narrador intervém na história com um discurso paralelo, presentificando-se
como sujeito concreto e apresenta a sua opinião (narrador subjetivo), tira conclusões sobre
episódios da intriga e desenvolve reflexões e críticas sobre comportamentos sociais.

Apelo ao leitor: Em vários momentos, este narrador dirige-se diretamente a um narratário,


que ele designa por «a leitora» ou «o leitor». Desta forma cúmplice, envolve os leitores na
avaliação do mundo e das personagens da intriga e veicula as ideias centrais da obra.

 A verossimilhança da narrativa é, assim, obtida por meio da inclusão desses


documentos probatórios dos fatos: as cartas, que os marujos do trágico navio
recolheram junto aos corpos de Simão e Mariana.

Caracterização do herói romântico: Simão Botelho encarna a figura do herói romântico. O


protagonista de Amor de perdição dedica a vida a um amor idealizado e sem limites, por ele
enfrenta a autoridade dos pais e as regras sociais e, por não ser possível realizá-lo, acaba por
morrer. Outro traço de Simão que faz dele um herói romântico é a oposição que se estabelece
entre ele e a sociedade, oposição que evolui para um conflito. A personagem opõe-se com
todas as suas forças às convenções, regras e ideias-feitas da sociedade, mas acaba por
sucumbir nesse ato rebelde e heroico.

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