Número: 24 Série: PJD2BM Era uma noite fria, o vento soprava forte já avisando sobre o temporal que estava por vir, às 19:37 finalmente uma notícia boa, a central de polícia estava bem agitada, um homem alto, utilizando um terno preto e luvas da mesma cor porém manchadas com sangue e mancava com sua perna esquerda coberta de sangue, o mesmo era arrastado por dois guardas enquanto suas mãos estavam presas, um olhar vazio e inexpressivo era a principal coisa a se notar, no rosto do homem que por sua vez nem abria a boca para falar. Os policiais carregaram o homem para a sala de interrogatório mais próxima e deixaram o mesmo lá por longos minutos, até entrar o inspetor daquele caso, uma figura imponente, com uma expressão de desgosto encara o homem preso, suas roupas simples não podem deixar enganar pois o homem era extremamente posturado em sua forma de agir e falar, logo o inspetor inicia a fala: - Dentre todas as pessoas, você era a que eu menos esperava, por quê você fez isso, Leo? Então eu apenas encarei o inspetor com um sorriso no rosto mesmo com um olhar morto: - De o que você está reclamando? Eu apenas matei alguns insetos que estavam em meu caminho. Então se segurando para não socar o rosto de Leonardo o inspetor exclama: - Você é insano, chamar de insetos seu único amigo e mais de 4 inocentes sem nenhum motivo?! Porque entregou evidências para a polícia te achar?! Rindo baixo com um olhar desvanecido respondo: - Pois eu queria escrever uma história mais emocionante para meu livro. Arthur não se contém em dar um soco em meu rosto. Com isso você deve estar se perguntando o que me levou a estar sentado nesta cadeira e falando tais coisas, para isso precisamos voltar um pouco no passado, há exatamente 2 dias atrás, dia 13 de setembro de 2033. Naquela manhã eu estava a dormir no sofa da minha casa, o qual divido com meu melhor amigo Gabriel, um homem alto, com a pele parda e longos cabelos marrons cacheados, de madrugada havíamos “maratonado” toda a saga de John Wick, aquela é a minha saga de filmes favoritos. Logo eu acordei com ele me cutucando pois já era hora de trabalhar, nós dois trabalhamos juntos na Polícia araçariguama, uma cidade pequena, quase no interior de São Paulo, aqui é normalmente calmo porém ultimamente um furdúncio tem ocorrido, um assassino não identificado matou 2 pessoas durante a madrugada do dia 10, estamos esperando os resultados da investigação forense chegar, por conta desta cidade ser bem afastada mal possui polícias por aqui, a equipe deve no máximo conter uns 10 policiais, eu e Gabriel chegamos aqui faz pouco tempo também. Gabriel sempre esteve comigo, desde que me conheço por pessoa, seguimos a mesma profissão então decidimos trabalhar juntos e por alguns motivos começamos a morar juntos, Gabriel sempre briga comigo quando deixo as coisas bagunçadas ou sujas, poderia classificar ele como um maníaco por limpeza. Ele me lembra dos meus tempos na escola, tinha um professor nosso de história que provavelmente foi ele que deixou Gabriel assim, ele sempre nos cobrava arrumação e prontidão para cuidar de nossas coisas, ele marcou a gente bastante pois pegava muito no nosso pé mas ajudou muito quando tínhamos dificuldade em alguma matéria. Logo após o café nós fomos para o escritório, esperar alguma resposta sobre a investigação forense e novamente procurar algum tipo de pista, o local está limpo, os corpos na análise e nenhuma evidência da arma utilizada no crime, aparentemente foi uma faca de cozinha comum, conversamos com os familiares das vítimas, por enquanto há apenas um suspeito, seu nome é Joaquim batista, as vítimas são Fatima Andrade e Henrique Batista, o casal aparentemente possuía uma dívida de jogo com Joaquin, então novamente é hora de fazer uma visita para este homem e ver se consigo algumas respostas. Obviamente eu não vou sozinho, fui junto de Gabriel e uma boa quantia de café, não fico acordado sem isso, chegando por lá reparei que diferente de ontem a porta da casa estava aberta, poderia significar que o aquele homem esteja em casa, Gabriel me pediu para que ele pudesse ir na frente, portanto assim seguimos, eu indo atrás com alguns documentos e ele na frente, quando fazemos tal dinâmica aquele que vai na frente interroga e o de trás anota. Batemos a porta e vimos 2 homens sentados em um sofá, a casa era extremamente humilde e bem suja, sem contar o cheiro de bebida alcoólica extremamente forte, eu odeio esse cheiro. Gabriel disse aos homens que gostaria de falar com um homem chamado Joaquim Batista, em seguida saiu do quarto dos fundos um terceiro homem com pouco cabelo na cabeça, utilizando uma regata branca suja de óleo e extremamente sujo, aparentemente bêbado, ele se pronunciou dizendo ser aquele que fomos consultar, por conta dos arquivos bem arcaicos da cidade não havia foto de registro deste homem na polícia por mais que já tenha sido preso 2 vezes. Assim se iniciou um diálogo de interrogação com gabriel perguntando: - O senhor conhecia Fatima Andrade e Henrique Batista? logo Joaquim respondeu: - Ah, os calotero Conhecia sim, os dois pegaram mais de 2 mil emprestado e não me pagaram até hoje. Eu apenas anotava as informações enquanto Gabriel dizia: - Além de ter emprestado dinheiro a eles, o senhor possuía mais alguma relação com os mesmos? Joaquim soluçou e respondeu: - Não, a única vez que eles me procuraram foi porque precisavam de dinheiro, eles não me retornaram até hoje, inclusive porque dessas perguntas? Eles bateram as bota? Gabriel apenas afirmou com a cabeça deixando Joaquim com uma cara de desgosto enquanto ele sussurrava: - E quem vai pagar meu dinheiro agora? Gabriel me encarou por alguns segundos com um olhar de desconfiança, eu apenas terminei de anotar o que havia sido dito e então esperei pela próxima ação de Gabriel. Após isso ele apenas agradeceu a Joaquim por ajudar com a investigação e voltamos ao carro, Gabriel estava visivelmente incomodado com aquele homem, não julgo, eu também fiquei, apenas decidimos retornar a delegacia, poderia haver algo que estamos deixando passar e poderia ser que o resultado pesquisa forense tivesse chego. Chegando na delegacia nós nos encontramos com o inspetor de polícia Arthur Cervero, ele era o mais velho e mais experiente do local. Ele veio em nossa direção e com sua “aura” de superioridade ele contou que havia chego as informações a pesquisa, o resultado foi que os dois corpos haviam diversas marcas de luta, mas não aparentava ser alguém tão forte assim pois nenhuma marca era tão forte mas evidentemente a causa da morte era os diversos cortes nos corpos, mais precisamente 7 facadas na mulher e 10 no homem, a mulher foi apunhalada pelas costas e o homem pela frente, dado a entender que o assassino pegou eles desprevenidos, atacando primeiro o homem, foi encontrado no corpo da mulher uma marca de choque no meio da coluna, claramente vindo de um taser ou algo capaz de desferir um choque bem forte. Tais registros provaram que o culpado evidentemente era um psicopata e sem um motivo plausível para matar, diversos cortes no mesmo local, só comprova minha fala. Junto de Arthur estava Chris, um novo recruta porém foi ele quem encontrou os corpos e vem se mostrando bem competente, Athur também relatou que nada foi encontrado na casa das vítimas. Todo esse caso lembra bastante os motivos de eu ter adentrado ao departamento de polícia, um deles é que eu e Gabriel adoramos os livros de Sherlock Holmes, isto até me lembra de um caso bem parecido, onde um assassino em série matava por prazer e Sherlock foi obrigado a ver as coisas como o assassino para entender sua mente e como acha-lo, eu adoro escrever e pretendo algum dia escrever um livro com todos os casos mais cabulosos que eu encontrar. Entrando no escritório eu comecei a analisar cada parte do dossiê da autópsia dos corpos, o resto da tarde daquele dia foi análise e procura, nenhuma arma, um suspeito que ou não sabia sobre o crime ou é um mestre de manipulação, chegamos um ponto de ficar sem nada para fazer que Gabriel até parou para ler e eu vi o livro que ele lia, aquele livro era bem ruim, se não me engano o nome era “o estranho caso do cachorro morto” ou coisa assim, eu genuinamente não gosto daquele livro, eu já me distraio fácil e vem o protagonista e a cada 2 segundos joga uma tonelada de informações inúteis sem contexto ou motivo algum para o leitor, ele se distrai muito fácil, por outro lado eu tenho quase hiperfoco em investigações, só terminei de ler aquele livro pois uma pessoa muito legal pediu. Eu já peguei diversos casos mas este está sendo uma loucura, nunca tinha me deparado com uma barreira deste tamanho à minha frente. Logo após anoitecer retornei para o apê que compartilho com Gabriel, eu até teria minha própria casa mas só agora consegui um trabalho oficial na polícia e receber um salário. Entrando em casa comentei com ele o como eu estava me sentindo, a confusão de pela primeira vez parece que não sobrou por onde ir, como se essa pessoa tivesse desaparecido, com tanto café na veia eu não iria dormir nem tão cedo, então propus a ele assistir mais alguma coisa juntos, eu estava tão confuso que precisava aliviar a mente. Ele de primeira aceitou mas logo olhou o celular e recusou, disse que havia marcado um encontro então estaria fora hoje, então o desejei sorte, logo em seguida o abracei e agradeci por ter me ajudado por tanto tempo, quando meu pai morreu baleado e nunca encontraram o culpado, apenas Gabriel ficou do meu lado, minha mãe se afastou de mim supostamente por eu estar obcecado com uma ideia irreal, então dês dos meus 17 anos eu não tenho contato com ninguém, nem mesmo meus irmãos falam comigo. Esta noite foi sozinha porém reconfortante mas no meio da noite, às 02:54 eu recebi uma mensagem em meu celular de um número desconhecido, a mensagem informava algumas coordenadas, eu coloquei google maps e as coordenadas paravam no meio de uma rua estranha, bem afastada da cidade, aquele número não me respondia e alguns minutos depois a mensagem foi apagada, eu estranhei mas salvei a localização para levar até o departamento de polícia no dia seguinte. Acordei em torno das meio dia e meia, com diversas chamadas perdidas de Arthur, assim que retornei ele parecia desesperado gritando mandando eu ir para a delegacia instantaneamente, eu apenas obedeci e ao chegar lá me deparei com ele gritando em voz alta sobre como eu estava demorando, Gabriel já estava lá completamente arrumado com um olhar sério e atordoado. Arthur extremamente bravo me xingou por me atrasar e em seguida contou que nessa manhã foi na casa de Chris se deparando com uma cena atordoante,a casa completamente virada do avesso, diversos documentos haviam desaparecido, junto de seu celular e alguns pertences. A situação acabará de ficar bem pior, provavelmente ele havia descoberto algo e talvez tenha ido investigar sozinho, mas a questão era o que ele descobriu, com isso me veio à memória sobre o número de telefone desconhecido, eu mostrei a Arthur e Gabriel o número e a localização, Arthur tinha certeza, aquele número era do Chris, ele queria nos contar algo, gabriel estava muito tenso com aquela situação, ele disse que deveríamos primeiro analisar a faca antes de irmos até este lugar pois pode ser uma armadilha. Mas tanto eu quanto Arthur estávamos determinados a ir agora, poderia ser a chance perfeita para pegar o culpado, além do que está história com certeza entraria para meu livro, nós decidimos partir, juntamos os policiais e fomos em direção ao local, a viagem durou em torno de 2 horas, demoramos bastante tempo para chegar, por algum motivo a resolução deste caso me causava uma ansiedade estranha, como se isso fosse mudar minha vida para sempre. Chegando no local a estrada não aparentava possuir nada de anormal, era uma estrada comum que levava para fora da estrada ou a algumas fazendas mas havia uma pequena estrada de terra perto de algumas árvores e no exato ponto demarcado e do outro lado uma fazenda abandonada. Arthur tinha certeza que era aquela estrada de terra, mas aquela fazenda que deveria estar abandonada estava com suas portas abertas, como se alguém tivesse ido até lá recentemente. Então decidimos nos separar, eu e Gabriel iríamos juntos para uma fazenda abandonada mais afastadas enquanto o resto iria para a estrada de terra, assim que nós nos separamos Gabriel se mostrava visivelmente preocupado e muito atento a toda a situação, aquela fazenda abandonada possuía uma casa e um celeiro, nós adentramos o celeiro e claramente havia movimentação naquele lugar, marcas de rodas de carro recentes. Começamos a investigar e observar o local envolta mas não encontramos muita coisa, porém decidi entrar na casa e ela estava trancada, mas não há portas velhas de madeira que com bons chutes não abram, entrando a casa estava bem limpa por dentro, quase nenhuma poeira, comecei a investigar e gabriel estava muito tenso com toda essa situação, esse era nosso primeiro caso onde alguém da polícia era desaparecido e não havia muitas evidências do culpado. Andando até o porão da casa nós encontramos uma cena perturbadora, algo que eu nunca presenciei antes, o corpo de Chris com um Furador de coco cravado em sua cabeça, bastante sangue espalhado e os documentos do caso que haviam sumido de sua casa, vários dele eu já havia analisado com Gabriel mas havia outros ali, diversas informações, uma espécie de triangulação entre cidades, todas elas eram cidades onde tanto eu quanto Gabriel havíamos passado, todos aqueles crimes que nós havíamos resolvido. Logo Gabriel chamou pela rádio avisando que havia encontrado o culpado junto de evidências, eu estava desesperado e tremendo, ele ainda poderia estar ali, claramente havia algo a mais nessa história, foi então que olhei para o rosto de Gabriel, em seu rosto o sorriso sórdido de uma genuína felicidade, foi aí então que eu percebi, aquela pessoa que estava ao meu lado a tantos anos não era tão inocente quanto eu pensava, então somente senti o perfurar de uma bala em minha perna, me jogando em cima da mesa ao lado do corpo.Ele me encarava enquanto sorria e dizia “Você viu algo que não deveria, você sabe de mais, então agora você deve ficar por aqui”. Eu a beira de um colapso estava gritando de dor e desespero, como poderia a única pessoa que eu confiava chegar a esse pontos, quem realmente era a pessoa que eu estive ao lado?! Suas risadas e a maneira que me encarava era bizarra, era como se eu pudesse entendê-lo, em desespero peguei o abridor de coco e me joguei em cima dele cravando o mesmo em sua jugular, ele apenas ficou parado, evidentemente poderia desviar disso mas ele apenas ficou parado. Ele queria que eu o acertasse, ele queria mostrar para mim quem era o assassino, fazia sentido, eu matei meu melhor amigo, eu matei a única coisa que eu tinha, todas aquelas pessoas morreram pq eu as matei, não foi?? Sim, eu tenho certeza disso, tudo foi culpa minha, eu causei isso. Naquele momento eu percebi no meu próprio reflexo pelo sangue do meu amigo quem eu era, quem eu sempre fui, a pessoa que matou todos aqueles inocentes. Neste exato momento Arthur encontra o porão e se depara com aquela cena, eu em cima de gabriel com o furador de coco cravado em seu pescoço, com isso os policiais me prenderam e eu nem pude fazer nada, apenas fui algemado, levado para uma cena que você já viu. Assim eu acho que escrevi a melhor história para meu livro, o melhor mistério, porque quem suspeitaria que o escritor é o assassino, não é emocionante, no final de tudo quem cometeu esse crime, foi eu.