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Relatório de Produção artística de: Expressões Estéticas e Processos de Subjetivação

Essa é a expressão estética da qual eu fui encarregado de representar alguns signos. Uma pessoa veio
até mim e me disse: "Rady, quero uma encomenda sua! Nessa encomenda deverá ter um cardume de
peixes, e um peixe somente nadando em direção oposta ao cardume. O peixe que nada em direção
oposta precisa ser amarelo e estar em sentido para a esquerda." e me deixou livre para que colocasse
nesse roteiro o que a minha criatividade permitisse. Pois bem, achei uma referência de uma fotografia
na internet e investi artísticamente em cima dessa estrutura.

Nos primeiros esboços, tentei ser o mais fiel a referencia possível, não deixando os peixes todos com
formatos exatos de peixes. Durante a constução me vinham alguns pensamentos, como: "rady esses
peixes ai tão parecendo espermatozóides, não ta legal, muda!". Mas não mudei, pois racionalmente me
contradizendo, decidi ser fiel a referência.

Está arte mexeu muito comigo, pois uma pessoa confiou em mim pra reproduzir algo que fosse
simbólico a ele, e de fato isso pra mim é uma responsabilidade muito grande. Decidi então usar o
pontilhismo nos peixes (técnica da qual eu me sinto muito confortável em utilizar) e pra coloração
resolvi investir em um grande desconhecido que é a tecnica de pintura aquarela. Esse novo investimento
me trouxe muitas frustações, pois acostumado com uma ponta super fina e rígida como os materias do
pontilhismo, usar um pincel com a ponta super flexível, tinta e água foram meu extremo oposto. Para
além de novo, me frustrei muito na utilização dessa técnica, pois além de ser uma bagunça pra pintar, o
papel enruga, a agua em consequencia desse enrugamento muda de lugar e a tinta vai junto e o
desenho vai se "deformando". De fato, aquarela é um modo de pintura muito imprevisível, mas que no
final consegui chegar a um bom resultado. Curiosamente, a técnica da qual eu estava confortável em
utilizar acabou que me deixando um pouco triste, pois o pontilhado ficou muito escuro e acabou que
não dando constrate pro "claro e escuro" do desenho, além de ser algo que não da pra voltar atrás. Não
queria entregar algo que não passasse pelo meu filtro de aprovação primeiro e assim, deixei ela parada
até que chegasse a alguma conclusão que fosse satisfatória.

Passados então algumas semanas e muitas conclusões de conflitos gerados pela não correspondência as
minhas expectativas, investi em um material novo, do qual consegui repintar todos os peixes de branco
e assim consegui consertar o pontilhismo (a imagem em referencia não está pronta, no canto inferior
direito ainda não terminei o pontilhado). Porém sigo seguro, pois o contraste ficou harmônico agora e,
para além do constraste, os peixes não desenhados exatamente no formato de peixes, deixaram eles
em um aspecto de movimento, o que é muito interessante. Com excessão dessa estrutura trazida,
também pensei em produzir algum cardume com efeito de aspiral, pois tem alguma questões na
fotografia, que quando colocado as imagens dentro da sequencia fibonacci, isso a torna mais harmônica.

E por ultima observação, quis também trazer um pouco desses aspectos regressivos que fiz (partindo de
uma teoria psicanalítica), da qual pensei nos peixes formando um espematozóides: Me vi naquele peixe
que ia "contra correnteza" e, fazendo um paralelo aos peixes sendo espermatozóides, como se fosse
uma tentativa de voltar ao últero: Um espaço do nosso desenvolvimento que só prazer e nada de
conflitos, uma tentativa de voltar a esse colo materno. O que se encaixa muito nesse movimento de vida
que estou, da qual sai da casa dos meus pais e me encontro nesse processo de "descolar" dessa figura
materna pra atingir essa independencia. Trazendo aspectos regressivos também, na minha infância eu
não fui aquela criança que socializava, que tinha amigos, tampouco confiança alguma pra interagir no
mundo, mas nos primeiros anos de escola, meus desenhos foram notados, professores pediam pra eu
desenhar na lousa e colegas pediam pra eu desenhar em seus cadernos. De alguma forma eu percebi
que tinha um poder em minhas mãos. Os anos se passaram e devido a conflitos, eu larguei a arte. Há
dois anos atrás eu comecei a investir nessa minha produção artística e hoje, entro em contato com essa
criança que ficou adormecida. Para além disso, eu vivo atualmente vendendo a minha arte, e de alguma
forma isso me faz ficar vivo e me da prazer em investir nesse mundo.

Obs.: Prof você é incrível, obrigado pela oportunidade de ser seu aluno, pelas reflexões e pelo espaço de
escuta artística. Sem dúvidas essa aula de ontem (24/09) foi uma das mais reflexivas de todo o curso.
Pra quem diz que é só apreciadora de arte, eu te contradizo dizendo que suas aulas são arte pura, e você
é a protagonista disso tudo!

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