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A PERCEPÇÃO DOS STAKEHOLDERS DA MODA EM RELAÇÃO AO

PROFISSIONAL MAQUIADOR

Clediani Kuhnen1
Marina Cinelli2
Fabiana Thives3

Resumo: Observou-se que há diversas maneiras para o profissional atuar numa


produção de moda, em editoriais, passarela ou afins. Com a evolução do conceito
de produção de moda para desfile shows houve a necessidade de um
aprimoramento técnico e conceitual urgente dos profissionais atuantes na
maquiagem direcionada à moda. O profissional que atua na moda se difere de
outras categorias de maquiadores por utilizar maquiagem profissional e também
fazer uso do instrumento aerógrafo mais conhecido como air brush que é uma nova
técnica cuja função, é proporcionar uma melhor definição de maquiagem. Sendo
assim, objetivamos com este artigo, controverter com os Stakeholders4 da Moda,
sobre a percepção dos mesmos em relação ao profissional maquiador nas
produções de moda. Neste artigo a metodologia caracteriza-se pela pesquisa
bibliográfica, qualitativa e descritiva. A coleta de dados foi feita através da aplicação
de questionário, indagando aos Stakeholders da Moda a percepção dos mesmos em
relação aos maquiadores de produção de moda, para descrever as características
que são pertinentes a estes profissionais da moda, sendo que estas foram
realizadas sem interferência do pesquisador para que os dados levantados através
delas fossem transcritos, analisados e interpretados de forma ética. Conclui-se que a
percepção dos Stakeholders sobre o maquiador na área da produção de moda é
positiva e promissora.

Palavras-chave: Produção de Moda. Maquiagem. Tecnólogo em Cosmetologia e


Estética. Tendências de maquiagem.

1
Acadêmica Clediani Kuhnen do Curso de Cosmetologia e Estética da UNIVALI. Email: clediani@hotmail.com
2
Acadêmica Marina Cinelli do Curso de Cosmetologia e Estética da UNIVALI. Email: marinacinelli@hotmail.com
3
Orientadora Fabiana Thives do Curso de Cosmetologia e Estética da UNIVALI. Email: fabianathives@univali.br
4
Stakeholders são subgrupos do público que, de alguma forma, interagem com a profissão. No presente estudo
serão considerados como stakeholders da Moda: produtores de moda, coordenadores de curso, maquiadores
atuantes, alunos dos cursos de Moda, professores do curso de moda, fotógrafos atuantes na área,
cabeleireiros, modelos e manequins, estilistas dentre outros. (MENDES, 2008).
2

1 INTRODUÇÃO

No tocante das profissões mais almejadas da pós modernidade encontram-se


os profissionais tecnólogos, estes em uma condição histórica não muito recente só
eram mencionados quando não se tinha o perfil de outro. No momento os
tecnólogos são solicitados pelo mercado justamente por agregarem conhecimentos
empíricos à prática da sua área. As características que descrevem o perfil dos
Tecnólogos na atualidade são de profissionais com aptidões tanto para atividades
operacionais como para gestão e consultoria profissional.
Enquanto Tecnólogas em Cosmetologia e Estética deslumbramos um
mercado de possibilidades de atuação tão diversas quanto às disciplinas ofertadas
no curso. A escolha da atuação profissional está diretamente ligada então, a sua
aptidão, as suas competências e ao seu gosto.
Devido a estas características escolhemos a área da moda que foi uma das
vertentes mencionadas nas disciplinas de estética e moda, maquiagem e produção
de moda como opção para desempenho profissional, assim diversificando a área
onde a maioria dos profissionais direciona suas carreiras a estética facial, que
geralmente são voltados para promover cuidados e a recuperação cutânea, onde
busca atribuir cosméticos para o tratamento da pele em busca do bem estar do
cliente. São cuidados que devem ser tomados diariamente com o rosto, colo e
pescoço que poucas pessoas dão a devida importância. Estes cuidados devem se
estender às visitas regulares ao profissional esteticista, para aplicação de técnicas,
equipamentos e produtos específicos para cada tipo de pele.
Outra área muito procurada pelos alunos de Cosmetologia e estética, é
também, a estética corporal, que é o tratamento que auxilia em melhorar os
contornos corporais através da redução de medidas, combate à celulite, flacidez,
gordura localizada e todos os transtornos que comprometem a silhueta, sempre em
busca de melhorias no processo do tratamento estético, visando principalmente a
saúde e o bem estar através de técnicas relaxantes, drenantes, vasodilatadoras,
termoterápicas e cosméticos avançados, melhorando a circulação de retorno
venoso, drenar líquidos estagnados, diminuir medidas, além de amenizar graus de
celulites, aliviar tensões e estresse.
3

Entrando no universo da moda observou-se que há diversas maneiras para o


profissional atuar, desde a simples composição de um look, até uma elaborada
produção de moda, em editoriais, passarela ou afins. Sendo assim, objetivamos com
este artigo, controverter com os Stakeholders5 da Moda, sobre a percepção dos
mesmos em relação ao profissional maquiador nas produções de moda.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Conceitos da Moda e sua Evolução Histórica

Indiscutivelmente a moda é um acontecimento cultural desde os seus


primórdios. Inevitavelmente a roupa que um indivíduo usa, costuma seguir
determinações do tempo e do lugar em que ele habita.
A palavra moda vem do latim modus que, em línguas neolatinas, como é o
caso do português, significa modo, maneira. Originou-se no fim da Idade Média e
início da Idade Moderna, de acordo com algumas situações e características
simbólicas como acometer-se a um diferenciador social e de sexo, pois homens e
mulheres usavam de uma aparência muito idêntica até aquele momento, por isso o
resultado foi a busca pela personalidade individual. (BRAGA, 2006a.).
Joffily (1991, p. 09) aponta que moda “É um dos sensores de uma sociedade.
Diz respeito ao estado de espírito, aspirações e costumes de uma população.”
Já na visão de Carli (2002, p. 45-46):

A moda organiza um sistema indissociável de uma única


necessidade: a mudança. A moda é por natureza desassossegada,
inquieta é acelerada pelo modo contínuo da novidade, da
temporalidade breve da obsolescência programada. [...] A renovação
da moda é um drible ao tempo que passa.

Até a alguns séculos, a roupa era confeccionada de maneira bastante sólida,


para durar a vida inteira e passar de uma geração para outra. Os fripiers, palavra
que vem do Frances e está ligada a noção de desperdício, foram vendedores de

5
Stakeholders são subgrupos do público que, de alguma forma, interagem com a profissão. No presente estudo
serão considerados como stakeholders da Moda: produtores de moda, coordenadores de curso, maquiadores
atuantes, alunos dos cursos de Moda, professores do curso de moda, fotógrafos atuantes na área,
cabeleireiros, modelos e manequins, estilistas dentre outros. (MENDES, 2008).
4

roupas já usadas que tiveram licença para comercializar suas peças no século XVI.
(JOFFILY, 1991).
Pode-se começar a falar de moda, à medida que a roupa já não tem que
atender a objetivos meramente práticos ou simbólicos.
Na primeira metade do século XIX Charles Frederick Worth foi o primeiro
estilista da história da moda. Não se limitava a desenvolver os modelos que suas
clientes pediam. Criava seus próprios modelos, promovia desfiles com manequins e
recolhia encomendas. Nesse sentido, ele foi o precursor da alta costura. Paul Poiret,
que foi seu assistente, mudou a concepção de beleza que até então era
arredondada, volumosa para um tipo longilíneo baseado em sua esposa. Foi ele o
criador do sutiã, porque o espartilho não era apropriado para as roupas que criava.
(JOFFILY, 1991).
Pode-se então deduzir que foi a partir deste período que iniciou a projeção
dos profissionais que atuam diretamente com o backstage da produção de moda.
A moda tornou-se sinônimo de mudança, mutação, incorporando aspectos de
contextualização à sua época e a cada identidade cultural e se ela é sinal de um
tempo ou indicadora de uma época, ela se torna uma identidade e,
consequentemente, motivo de estudo e reflexão, já que não se pode produzir moda
sem conhecimento, sem cultura, sem referências e obviamente sem sensibilidade e
criatividade. Por esse motivo a moda é de grande valia, pois sua natureza é difundir
o novo ou a novidade em detrimento ao que já existe.

2.2 A Influência do Estilo na Concepção da Moda

Não é novidade na moda combinações de cores, formas, texturas entre outras


características. Tudo sugestiona uma volta ao passado, no experimento de
encontrar novas soluções, a moda se mescla, se renova, havendo lugar, assim, para
todas as possibilidades estéticas de releitura, criando, com o fator tempo, pelo
menos algo de novidade. Fazendo que os profissionais atuantes neste contexto
desenvolvam capacidade altamente criativa para observarem estilos e elaborarem
produções espetaculosas.
O retrato deste tempo é revelado pela história, pela investigação. Nova, de
fato, é a forma como tudo isso é combinado e recombinado, como tudo isso se faz
5

presente na moda com o aspecto do nosso próprio tempo, e este mesmo tempo nos
traz um verdadeiro museu de grandes novidades. (BRAGA, 2006a.).
A característica básica da moda é a amplitude de um fenômeno entranhado
na vida social, a estética do dia-a-dia, a criatividade em cada um de nós
possibilitando ao indivíduo expressar o que é ou o que sonha ser no simples ato de
ter um estilo. Braga (2006a, p.16) trabalha com a seguinte idéia, diferenciando moda
de estilo.

Moda é um processo que abrange a questão da criação por


excelência, tangenciando a arte e a estética, o que também lhe dá a
condição de estratificadora social. Na realidade, não seria bem a
moda nesse momento de maior qualificação, e, sim, o estilo, uma vez
que moda é uma espécie de diluição, de aceitação, de assimilação
de um determinado estilo. Então, o estilo teria um caráter mais
seletivo, ao passo que a moda um aspecto mais popular.

Moda está muito além daquilo que se refere somente às roupas. É tudo o que
está em vigência como gosto predominante baseado em padrões estéticos e
comportamentais, e que será suplantado por um outro valor futuro mais novo,
atingindo várias áreas da produção material, em especial as artes visuais, mas que
também chega a universos ideológico-conceituais.
Para lançamentos, talvez fosse mais acertado usar a palavra estilo, que em
sua origem etimológica está ligada às questões de pura subjetividade, pois stilus era
o objeto pontiagudo com o qual os romanos escreviam sobre superfícies enceradas.
(BRAGA, 2006b.)
Quando uma coleção é lançada, o que se tem é o resultado do desejo de um
novo padrão sugerido pelo seu criador como algo que ele gostaria que fosse usado
como uma nova possibilidade estética de um determinado gosto, que é o seu
próprio. Em vista disso, o lançamento de uma coleção de roupas deveria ser um
desfile de estilo e não um desfile de moda como é conhecido esse evento, pois só
será moda se houver uma aceitação coletiva, uma popularização daquelas
sugestões feitas por um criador que se propõe a sugerir formas, volumes, cores,
tecidos e complementos em geral. Dessa forma, quem vai mesmo legitimar um estilo
para a moda é o povo. Portanto, uma proposta de estilo está fadada ou não a ser
aceita popularmente. (BRAGA, 2006b.)
Seguindo esse conceito, Joffily (1991. p. 141) esclarece que
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Estilo é a forma de se expressar. Maneira de exprimir cores, formas e


silhueta. Numa foto, é o clima dado às roupas e/ou acessórios. Numa
coleção, o estilo define a maneira como o criador de moda (leia-se
estilista) interpretou as tendências de uma estação.

Neste mesmo pensamento, Braga (2006b, p. 23) vai ainda mais a fundo
afirmando que

Estilo está mais ligado a aspectos de subjetividade, portanto, mais


próximo a uma realidade individual e que poderá se tornar estilo de
época e/ou estilo do povo ao ser verdadeiramente aceito, e com isso
pode vir a ser moda que é de realidade mais coletiva, mais
sociológica.

Para poder destacar bem o estilo, a passarela desempenha uma função de


divulgação de idéias e também tem a necessidade de criar o jato jornalístico para
poder estar na mídia. É por isso que frequentemente os desfiles são verdadeiros
espetáculos e aproveitam a produção para que assim consigam atingir com mais
facilidade a sensibilidade do espectador. Normalmente as roupas não são usadas na
passarela como se vê no dia-a-dia. O exagero causado intencionalmente será
interpretado por formadores de opinião para que só após, possam ser transformadas
em realidades comerciais. Esse é o caminho para a consolidação do estilo que se
tornará a verdadeira moda. (BRAGA, 2006a).
Para que esses desfiles se tornem cada vez mais glamorosos, conta-se
também com o profissionalismo e dedicação, para estarem sempre dentro dos
padrões exigidos, das modelos de passarela. Essa profissão tão cobiçada nos dias
de hoje e que é sinônimo de prestígio, fama e dinheiro teve como antecessora a
modelo de artista que era anônima e servia de referência para pintores e escultores.
(JOFFILY, 1991).

2.3 Ícones Precursores da Produção de Moda

Na história da moda o estilista sempre foi o profissional central para que a


moda acontecesse, mas o impacto necessário para o reconhecimento e sucesso da
sua coleção depende de uma equipe multidisciplinar que transforme a criação do
estilista em um conceito desejável. Com isto percebe-se a contribuição que
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profissionais como manequins, fotógrafos, maquiadores, cabeleireiros, assistentes


de imagem, produtores, enfim, todos os profissionais envolvidos em uma produção
de moda.
A manequim de moda, por exemplo, ainda não profissional, surgiu na
segunda metade do século XIX, como produto da Revolução Industrial. Ela não
existia porque ainda não havia a comercialização de roupas prontas propriamente
ditas. (BRAGA, 2006b.).
Charles Frederick Worth, mencionado anteriormente neste artigo, é o
responsável pela criação da manequim de moda onde Marie Vernet exibia as
criações de seu marido para uma clientela privilegiada.
Chega a década de 1920 e nas revistas de moda, as ilustrações ainda
predominavam, porém logo as fotografias são adotadas onde as mulheres que se
deixavam fotografar eram consideradas audaciosas. Nos anos 1930 existem, na
Europa, agências de modelos que estão associadas às escolas de etiqueta. Em
1946 Eileen Ford, ex manequim, funda aquela que seria a mais célebre agência a
Ford Models. Finalmente na década de 1950 a manequim torna-se um símbolo para
as divulgações públicas e privadas da moda, ganha respeito e torna-se celebridade.
Nos anos 1960, as manequins joviais se sobre saem, com seu visual ingênuo e
olhos com aspecto de boneca. O padrão de beleza agora é ser extremamente
magra. Twiggy é a primeira manequim a ganhar fama internacional. (BRAGA,
2006b.)
Em todas as décadas, observa-se o quanto a manequim foi fundamental para
o sucesso das produções dos estilistas. Até os dias atuais existe uma relação direta
e fundamental entre grandes estilistas e grandes Top Models.
Os anos 1980 chegam e vários estilos estão em evidência e os desfiles são
cada vez mais inovadores e muitas vezes são chamados de desfiles-espetáculo ou
desfiles-show. Criadores renomados fazem verdadeiros acontecimentos,
espetáculos disputadíssimos entre profissionais do setor, personalidades,
consumidores e curiosos da moda. Ainda na década de 1980 surge o termo Top-
Model que em 1990 se solidifica e estas agora, são de fato as grandes estrelas,
sobrepondo-se às do cinema e da música. Nesta mesma época, o estilista francês
Thierry Mugler, em comemoração aos 20 anos de sua marca e lançar o seu
perfume, faz o mais caro desfile que já houve na historia da moda, no qual inúmeras
Top-Models e personalidades se mesclam na passarela. (BRAGA, 2006b.)
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Com a evolução do conceito de produção de moda para desfiles show houve


a necessidade de um aprimoramento técnico e conceitual urgente dos profissionais
atuantes no backstage, incluindo o maquiador direcionado à moda.

2.4 Os Profissionais da Estética na Moda

No mercado da moda os profissionais da estética podem atuar de várias


formas desde que tenham conhecimento e técnicas especificas na área, justamente
por ter uma visão aguçada da linguagem visual, da harmonia estética e do
visagismo. Estas características permitem que esse perfil de profissional atue como
o produtor de moda que dentro do fluxograma de um trabalho na área da moda, tem
uma importância crucial para o bom desenvolvimento do evento. Joffily (1991,
p.103), comenta mais especificamente que “[...] uma produção de moda é uma
composição que organiza elementos na busca de um estilo, ou, mais
concretamente, de um certo clima global da foto que traduza um estilo.”
É tarefa do produtor a organização desses elementos. Logo, ele/ela da
estética precisa ter uma formação suficiente para conseguir atingir essa composição.
Isso não é fácil. Fala-se aqui de uma formação ampla e abrangente, que engloba um
esforço constante de atualização e, paralelamente, uma razoável cultura de caráter
geral. Os produtores tradicionalmente escolhem e reúnem as roupas e acessórios
que irão compor o look. Para o destinado trabalho que é sempre feito em
antecipação às estações do ano, por esse motivo as lojas de varejo comum não
servem de fonte, mas sim as lojas de departamento que dispõem de peças para
divulgação. (JOFFILY, 1991).
Todavia o produtor de moda proveniente da estética tem um diferencial a ser
explorado que é a habilidade em criar looks específicos de beleza, ou seja,
consultor, personal beautiful e styling. Podendo ainda atuar como maquiador e ou
cabeleireiro, conforme a sua especialidade.
Também é do produtor a responsabilidade daqueles detalhes que possam
comprometer um trabalho como fotos. Claro que são detalhes que quando estão em
harmonia com o conjunto dificilmente são lembrados. Mas é um ponto que difere na
escolha do profissional. Fica a cargo dele também a devolução das roupas e
acessórios emprestados para as confecções e lojas, em bom estado.(BUEST, 2005).
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Cada produção deve ter uma identidade própria buscando expressar alguma
coisa, dentro de uma economia de recursos ou elementos utilizados que devem ser
coerentes entre si na mesma língua. Neste sentido, ele precisa se preocupar com
elementos como cor, forma, textura e coisas do gênero, de um jeito que venha a
compor essa produção dentro de um estilo, de forma a escolher a modelo mais
adequada, a que mais bem interpreta o objetivo pretendido, e selecionar tendências
de cabelos e maquiagens que mais comuniquem a idéia da produção. (BUEST,
2005).
O profissional que almejar atuar em produções de desfiles deverá entender
como o impacto de cena e jogos de luz interferem diretamente na maquiagem que
caracteriza-se sendo forte e marcante. O tom de pele muda podendo tender mais
para o rosado ou para o acobreado, dependendo do tipo de luz que será usado na
passarela: se é amarela, se é fria, se virá de cima ou de baixo, e coisas do gênero.
Tudo isso deve ser discutido antes entre o maquiador e o organizador do evento. O
maquiador profissional que trabalha em um desfile tem que saber expressar o
conceito da marca através das cores, harmonizando-as nas modelos. (REIS;
SCHNEIDER, 2010.).
Em produções de passarela, mais do que deixar o rosto das manequins lindas
e reluzentes, a tarefa do maquiador é juntar-se aos outros profissionais stakeholders
da moda e criar um make conceitual. A maquiagem e o cabelo, neste mundo, andam
mais ligados do que nunca. Tanto o maquiador como o cabeleireiro devem conhecer
as roupas que as manequins vão vestir. Até porque é fundamental para o processo
criativo e harmonioso dos looks de cabelo e maquiagem sejam funcionais com estilo
da roupa e ou acessórios utilizados na produção. Não adianta fazer um penteado
muito sofisticado ou colocar cílios gigantescos em uma manequim, se ela vai tirar o
macacão de gola alta e apertada. Em resumo, as limitações nos decotes e nas
aberturas das peças podem sugerir looks mais simples para o cabelo e a
maquiagem. (MOLINOS, 2000).
Já a maquiagem para fotos, sendo eles editoriais, catálogos, revistas e sites é
completamente diferente da maquiagem dos desfiles. É um contexto mais comercial
onde as expressões corporais e faciais das modelos fotográficas bem como a
maquiagem precisam priorizar o embelezamento. Buscar conhecimentos
específicos da fotografia como se a foto será em preto-e-branco, colorida e outros
detalhes. O maquiador trabalha em sintonia com o fotógrafo, tem que entender um
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pouco de fotografia e iluminação de fotos. É importante ainda saber que produto vai
ser vendido no caso de uma foto publicitária. Se for uma jóia, por exemplo, a
maquiagem não pode chamar mais a atenção do que o produto se for uma roupa,
pode até ser mais marcante, mas os editoriais de moda não costumam usar
maquiagem muito carregada. (REIS; SCHNEIDER, 2010).

2.5 Os Elementos que Caracterizam o Profissional Maquiador na Moda

A importância do maquiador dentro do mundo das produções fotográficas e


de desfiles está na concepção do look para deixar a produção harmônica com
influências da história da moda e com olhar voltado para o lançamento de novas
tendências. O bom resultado se dá pela harmonização e coerências das idéias com
a proposta de produção. Por esse motivo se faz tão necessária a interação entre os
diversos profissionais de uma produção. (PRUNER; MICHELS, 2010).
O profissional maquiador que atua no ramo da moda se difere de outras
categorias de maquiadores por utilizar material de melhor qualidade, maquiagem
profissional e também fazer uso do instrumento aerógrafo mais conhecido como air
brush que é uma nova técnica cuja função, é proporcionar uma melhor definição de
maquiagem, possibilitando aplicações incrivelmente uniformes e velozes, assim
como transições de cores sutis e delicadas, que garantem um visual perfeito para
fotografia.
Os principais produtos para aplicação dessa técnica são: primes, corretivos
de diferentes cores, pós faciais, bases à base de álcool, água e de silicone. O
equipamento do air brush é composto de um compressor de ar e uma pistola
aerógrafo, tornando-se uma ferramenta muito delicada que deve ser desmontada,
limpa e montada, evitando que produtos sequem dentro do aparelho danificando-o.
As pistolas de dois tempos são as mais utilizadas para a técnica de air brush, ela
possui em seu gatilho dupla função como saída de ar com calibragem dosada que
vem do compressor e saída de pigmentos na quantidade desejada para o efeito
desejado. (REIS; SCHNEIDER, 2010).
Além de fazer uso de diferentes tipos de materiais de trabalho, o profissional
maquiador da moda, conta também com diversos aprimoramentos em diferentes
áreas, tais como fotografia, cenografia, tendências de moda, visagismo, dentre
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outros. Infelizmente, no Brasil, existe uma insuficiência de cursos preparatórios para


profissionais que desejam atuar nessa área.
Luiz Carlos Mufato, maquiador da Shiseido do Brasil há seis anos, diz: “Hoje
em dia faltam no mercado cursos especializados para maquiadores que desejam
seguir uma carreira voltada para a moda. Há somente um curso básico, o resto do
processo fica a critério do profissional que tem que buscar sozinho essa
experiência.” (REIS; SCHNEIDER, 2010).

3 METODOLOGIA

Metodologia é, conforme afirma Macedo (1995, p. 11) “[...] o modo como o


método científico (indução, dedução, elaboração de hipóteses variáveis...) mostra
uma dada relação entre fatos ou fenômenos, com o fito de submeter a teste
determinada hipótese.” É o processo de obter soluções fidedignas para um
determinado problema, por meio de coleta planejada e sistemática, análise e
interpretação de dados.
Neste artigo a metodologia caracteriza-se pela pesquisa bibliográfica,
qualitativa e descritiva.
Pesquisa bibliográfica é a busca de informações bibliográficas, seleção de
documentos que se relacionam com o problema de pesquisa e o respectivo
fichamento das referências para que sejam posteriormente utilizadas. Segundo
Macedo (1995, p. 13), na pesquisa bibliográfica “Procura-se identificar, localizar e
obter documentos pertinentes ao estudo de um tema bem delimitado, levantando-se
a bibliografia básica.” O material bibliográfico para extrair o conteúdo bibliográfico
faz-se o uso de livros e artigos científicos.
Classifica-se como descritiva que para Santos (1999, p.26) “[...] é um
levantamento das características conhecidas, componentes do
fato/fenômeno/problema. É normalmente feita na forma de levantamentos ou
observações sistemáticas do fato/fenômeno/problema escolhido.”
A coleta de dados foi feita através da aplicação de questionário, indagando
aos Stakeholders da Moda a percepção dos mesmos em relação aos maquiadores
de produção de moda, para descrever as características que são pertinentes a estes
profissionais da moda, sendo que estas foram realizadas sem interferência do
12

pesquisador para que os dados levantados através delas fossem transcritos,


analisados e interpretados de forma ética.

4 ANÁLISE DE DADOS

A transcrição dos dados coletados através do questionário aplicado aos


Stakeholders da moda foi feito de forma metodológica individual. Na concepção de
Godoi, Mello e Silva (2006, p. 137) “A análise de dados inclui uma atividade reflexiva
que resulta num conjunto de notas que guia o processo ajudando o pesquisador a
mover-se dos dados para o nível conceitual.”

 Análise dos Stakeholders da Moda: (1 Produtor de moda, 1


Coordenador do Curso de Graduação Design de Moda, 1
Fotógrafo, 1 Cabeleireiro, 1 Aluno do Curso de Graduação Design
de Moda).

Questão 1 - Você acredita que a maquiagem de salão de beleza e a de


produção de moda tem diferença?
R: SIM. Todos confirmaram que acreditam que à diferença da maquiagem
de salão de beleza á maquiagem de produção de moda.

Questão 2 - Você considera que o profissional maquiador precisa de algum


tipo de aprimoramento para trabalhar com maquiagem de produção de moda?
R: SIM. Todos consideraram que é necessário.

Questão 3 - O profissional maquiador de produção de moda deve ter algum


tipo de conhecimento em outras áreas?
R: SIM. Todos confirmaram que deve ter.

Questão 4 - Que conhecimentos este maquiador deve adquirir?


R: Para o Fotógrafo e Cabeleireiro os conhecimentos são: fotografia,
cenografia, tendências de moda, estilismo, produção de moda e visagismo
Para o Produtor de Moda: produção de moda
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Para Coordenador de Moda: tendências de moda, estilismo, produção de


moda e visagismo.
Para Aluna: Tendências de moda.

Questão 5 - Faltam no mercado cursos especializados para maquiadores


que desejam seguir uma carreira voltada para a moda?
R: SIM. Todos acreditam que falta.

Questão 6 - A personalidade, a imagem pessoal e o seu estilo, podem ser


considerados características fundamentais para distinguir um maquiador de
produção de moda de um não?
R: NÃO. Todos consideraram que não distingui.

Questão 7 - Você considera importante para o maquiador de produção de


moda utilizar produtos diferentes do maquiador de salão?
R: SIM. Todos consideraram importante utilizar produtos diferentes.

Questão 8 - O uso do instrumento aerógrafo (air brush) é muito solicitado


nas produções de moda?
R: A Coordenadora, a Produtora e a Aluna consideraram que SIM.
O Fotógrafo, e o Cabeleireiro consideraram que NÃO.

Questão 9 - Você está satisfeito com o trabalho dos profissionais


maquiadores que você tem trabalhado?
R: O fotógrafo, a Cabeleireira, o Produtor de Moda disseram que
SIM.
A Aluna NÃO.
A Coordenadora MAIS ou MENOS.

Questão 10 - Você acha que o mercado local já tem suficientes


maquiadores para atender a demanda da produção de moda?
R: Todos responderam que NÃO.
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 CONCLUSÃO DA ANÁLISE DE DADOS

Pela análise percebemos que o maquiador, para atuar no mercado da moda,


deve se aperfeiçoar na sua área e buscar conhecer áreas que circundam a produção
de moda. Para os Stakeholders entrevistados de forma geral acreditam que existe
sim uma grande diferença entre a maquiagem de salão e a de produção de moda, e
elas são distintas, pois a maquiagem de salão é a comercial e focada para o
embelezamento, já a de produção de moda, que é a “maquiagem conceito”, que
necessita comunicar de forma criativa o desejo dos estilistas e criadores do seu
produto. Da mesma forma, os Stakeholders acreditam que há uma distinção técnica
e de produtos do maquiador de salão para o de produção de moda bem como
consideraram por unanimidade que ainda é insuficiente o número de profissionais
atuantes na área da produção de moda e os que atuam no mercado, na percepção
dos entrevistados não respondem 100% de forma satisfatória.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O artigo apresentado continha como finalidade discutir com os Stakeholders


da moda, sobre a percepção dos mesmos em relação ao profissional maquiador nas
produções de moda.
Foi utilizado um questionário de perguntas fechadas a cinco desses
mencionados Stakeholders dentre eles o coordenador do curso de moda, produtor
de moda, fotógrafo que atua na área da moda, cabeleireiro e aluno do curso de
moda no que se chegou a conclusão de que o profissional maquiador de salão de
beleza é diferente do profissional maquiador atuante na produção de moda pelos
fatos de utilizarem maquiagem profissional e o equipamento aerógrafo conhecido
como air brush .
Concluiu-se também, pelo resultado das entrevistas, que é de extrema
importância que os profissionais maquiadores da moda adquiram conhecimentos
variados para que assim, consigam um melhor resultado nas produções de moda
através da maquiagem, mas que no Brasil existe uma carência de cursos destinados
a esses profissionais.
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Optou-se por essa pesquisa pelo fato de existir material bibliográfico


insuficiente e por a profissão do maquiador da moda ser mais prática do que teórica,
sendo assim a necessidade da realização de entrevistas com os Stakeholders da
moda para dispor de mais informações sobre o maquiador e a sua importância para
produção de moda.
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REFERÊNCIAS

BRAGA, João. Reflexões sobre moda. 3 ed. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2006a.

______. Reflexões sobre moda. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2006b.

BUEST, Andreana. Conceito de moda fora das passarelas. uma análise de dados.
2005. Trabalho acadêmico (pós graduação) – Centro Federal de Educação
Tecnológica do Paraná, Curitiba, 2005. Disponível em:
<http://74.125.155.132/scholar?q=cache:ZSYfdbcMk9IJ:scholar.google.com/&hl=pt-
BR&as_sdt=0,5>. Acesso em: 03 de abr. 2011.

CARLI, Ana Mery Sehbe De. O sensacional da moda. Caxias do Sul: EDUCS,
2002.

GODOY, Christiane Kleinübing; BANDEIRA-DE-MELLO, Rodrigo; SILVA, Anielson


Barbosa da. Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais: paradigmas,
estratégias e métodos. São Paulo: Saraiva, 2006.
JOFFILY, Ruth. O jornalismo e produção de moda. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1991.

MACEDO, Neusa Dias de. Iniciação à pesquisa bibliográfica: guia do estudante


para a fundamentação do trabalho de pesquisa. 2 ed. Revisada. São Paulo: Edições
Loyola, 1994.

MENDES, Renata Livramento. Marketing na Psicologia: um estudo exploratório


sobre a imagem profissional. 2008. Trabalho acadêmico (pós-graduação) –
Universidade FUMEC Faculdade de Ciências Empresariais, Belo Horizonte, 2008.

MOLINOS, Duda. Maquiagem Duda Molinos. 5 ed. São Paulo: Senac São Paulo,
2000.

PRUNER, Diandra Luiza; MICHELS, Elisa Alessandra Schwanke. Tendências de


beleza e padrões estéticos utilizados nas produções de moda. Trabalho
acadêmico (graduação) – Universidade do Vale de Itajaí, Balneário Camboriú, 2010.

REIS, Mariana; SCHNEIDER, Estela Maris. Tendência do mercado da


maquiagem: Conceito da arte e da tecnologia. 2010. Trabalho acadêmico
(graduação) – Universidade do Vale de Itajaí, Balneário Camboriú, 2010.

SANTOS, Antonio Raimundo dos. Metodologia Científica: a construção do


conhecimento. Rio de Janeiro: DP&A editora, 1999.
17

APÊNDICE A – Questionário aplicado aos Stakeholders da Moda

1. Você acredita que a maquiagem de salão de beleza e a de produção de moda tem


diferença?

( ) sim ( ) não

2. Você considera que o profissional maquiador precisa de algum tipo de aprimoramento


para trabalhar com maquiagem de produção de moda?

( ) sim ( ) não

3. O profissional maquiador de produção de moda deve ter algum tipo de conhecimento em


outras áreas?

( ) sim ( ) não

4. Que conhecimentos este maquiador deve adquirir?

( ) fotografia ( ) cenografia ( ) tendências de moda ( ) estilismo ( ) produção de moda


( ) visagismo

5. Faltam no mercado cursos especializados para maquiadores que desejam seguir uma
carreira voltada para a moda?

( ) sim ( ) não
.
6. A personalidade, a imagem pessoal e o seu estilo, podem ser considerados
características fundamentais para distinguir um maquiador de produção de moda de um
não?

( ) Sim ( ) não

7. Você considera importante para o maquiador de produção de moda utilizar produtos


diferentes do maquiador de salão?

( ) sim ( ) não

8. O uso do instrumento aerógrafo (air brush) é muito solicitado nas produções de moda?

( ) sim ( ) não

9. Você esta satisfeito com o trabalho dos profissionais maquiadores que você tem
trabalhado?

( ) sim ( ) não
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10. Você acha que o mercado local já tem suficientes maquiadores para atender a demanda
da produção de moda?

( )Sim ( )não

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