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DIREITO PENAL DIREITO PÚBLICO

A pedofilia e os efeitos psicossomáticos na sociedade

7 de fevereiro de 2013

Zaqueu Rodrigues Freitas

Bacharelando do Curso de Direito da Faculdade de Imperatriz – FACIMP

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Artigo científico apresentado ao curso de Direito da Faculdade de Imperatriz – FACIMP, como pré-
requisito para elaboração de trabalho de conclusão de curso e conseguinte cumprimento das exigências
para obtenção do grau de bacharel.

Professor Orientador: Victor Hugo Almeida Lima

Não basta ensinar ao homem uma especialidade, porque se tornará assim uma máquina utilizável e não
uma personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um senso prático, daquilo que é belo, do
que é moralmente correto. (Albert Einstein)

RESUMO
Neste artigo, cujo assunto desenvolvido tem como tema principal os efeitos psicossomáticos da
pedofilia na sociedade, pesquisaremos as diversas implicações que poderão ser emanadas da pratica
deste crime, destacando ainda, que a transferência desses sintomas para o meio social, inclui-se na
esteira dos mais pervertidos, tendo em vista que, os efeitos do abuso sexual para a estrutura psicológica
da criança e do adolescente , perquire-se numa densidade estapafúrdia e sem precedentes , comparado
ao que ocorre quando somos acometidos por uma doença incurável. Vamos mostrar ainda, que a
pedofilia é um assunto que deve ser tratado com grande seriedade, responsabilidade e mecanismos
eficientes, não só pelas famílias das crianças e adolescentes vitimas deste crime, mas por autoridades
engajadas na responsabilidade de trazer às nossas leis, uma nova roupagem, incluindo a sociedade, que
sem mais delongas, precisa mobilizar-se em prol desta causa que, como vitima, há sempre um sujeito
privado de anuência.

Vamos expor ainda, a realidade da pedofilia, e os meios passiveis de utilização para prevenção,
repressão e erradicação deste crime, em detrimento dos direitos e garantias fundamentais prevista na
Constituição Federal de 1988, juntamente com as leis que já foram elaboradas, na tentativa, de prevenir
e reprimir o evento danoso, como exemplo o projeto de lei 250/2008 de iniciativa da CPI da pedofilia e
a recente alteração do Código Penal vigente com a introdução da lei 12650/12 – também conhecida
como lei Joana Maranhão, bem como o estatuto da criança e do adolescente.

Destarte, este crime é uma realidade em nossas vidas, e que a cada dia o mundo infantil e juvenil é
acometido por acontecimentos dos mais variados tipos.

Mostraremos também, que esses crimes são praticados, muitas vezes, por pessoas das mais diferentes
profissões e classes sociais, as quais, se imaginássemos o óbvio, não levantaríamos nenhuma suspeita.
Esses pedófilos possuem muitas faces, e estão por todas as partes, num universo bastante diversificado,
que vão desde os professores em escolas, em paróquias com os padres, em igrejas com pastores, e
lamentavelmente ate dentro do próprio lar onde moram com os pais e responsáveis, lugar onde
justamente a criança deveria receber a mais imensurável proteção.

Palavras-Chave: Pedofilia. Prostituição. Infantil. Crime. Efeitos psicossomáticos. Sociedade.

ABSTRACT
In this article, the subject of which has developed as its main theme the psychosomatic effects of
pedophilia in society, will research the various implications that can be derived from the practice of this
crime, noting also that the transfer of these symptoms to the social environment, including in the wake
of more perverted, considering that the effects of sexual abuse to the psychological structure of child
and adolescent perquire on a preposterous and unprecedented density, compared to what happens
when we are suffering from an incurable disease. Let’s show yet that pedophilia is an issue that should
be treated with great seriousness, responsibility and efficient mechanisms, not only for the families of
children and adolescents victims of this crime, but authorities engaged in the responsibility of bringing
our laws ace, a new look including society, without further ado, must be mobilized in support of this
cause that, as a victim, there is always a subject of private agreement.

We will expose even the reality of pedophilia, and liable to use the means to prevent, suppress and
eradicate this crime at the expense of fundamental rights and guarantees provided in the Constitution of
1988, along with the laws that have been developed in an attempt, to prevent and suppress the
damaging event, such as the bill 250/2008 CPI initiative of pedophilia and the recent amendment of the
Penal Code with the introduction of Law 12650/12 – also known as Joana Maranhao law.

Thus, this crime is a reality in our lives, and every day the world’s children and youth affected by events
of all kinds.

We also show that these crimes are committed, often by people from different professions and social
classes which, if we imagine the obvious, not levantaríamos no suspicion. These pedophiles have many
faces, and they are everywhere, in a universe quite diverse, ranging from teachers in schools, parishes
with priests in churches with pastors, and unfortunately even inside the home where they live with their
parents and responsible, precisely where the child should receive more protection immeasurable.

Keywords: Pedophilia. Prostitution. Children. Crime. psychosomatic effects. Society.

1. Introdução

As diversas nuances de práticas pedofílicas que permeiam nossas crianças, tem se tornado uma
incógnita em nosso dias, principalmente quando tentamos identificar os sinais de abuso sexual na vida
desses menores. Entretanto, o que constitui, ainda, uma perspicácia ao nosso favor, esta na análise
minuciosa que fazemos em relação ao comportamento destes. O pedófilo por sua vez, pode valer-se de
diversos artifícios ludibriosos, dificultando sua identificação, porém logo que identificado, deve ser
tratado como uma pessoa doente, portadora de um distúrbio psicológico, e que precisa de
acompanhamento médico.

O pedófilo pode agir desde aproximação, em virtude de um parentesco, por laços de religião, por meio
da internet, e ate por outros meios , cujo contato, chega ao cúmulo da relação forçada pela violência
física, a qual muitas vezes resulta na morte da vítima. Sendo que as vítimas desses crimes são crianças e
adolescentes, os quais não tem capacidade de reagir contra tais abusos, por isso a necessidade de muita
proteção ao menor. Desse modo a família é o principal abrigo de proteção da criança, porém, é
exatamente na família a grande maioria dos casos registrados.

Assim sendo, no primeiro capítulo deste trabalho, será apresentado as origens históricas da pedofilia,
sendo exposta a realidade fática deste crime, mostrando que este problema é enfrentado em diversas
culturas, assim como os atos pederastas e as formas de atuação dos mesmos. Descrevendo esses atos
sob a ótica do comportamento no passado, os como isso tem mudado em nossos dias através de
legislações.

No capítulo dois, falaremos sobre o pedofilo, suas formas de atuação, e as sutilezas constantes
hodiernamente utilizadas por esses criminosos. Vamos analisar ainda o perfil desses agressores, e
entender um pouco mais um prototípico aproximado da personalidade desses indivíduos.

No capítulo três abordaremos assuntos pertinentes a prostituição infantil, ondecrianças e adolescentes


são aliciadas de maneira inescrupulosa, e nesta mesma esteira analisaremosa legislação aplicável a esses
crimes, e os meios legais que podemos utilizar para erradicá-lo. A pedofilia na internet também merece
destaque, pois após o surgimento da tecnologia, se tornou o principal meio de aliciamento, divulgação e
propagação dos atos de pedofilia.

No Capítulo quatro vamos falar sobre as consequências da prática pedofílica para o menor, o trauma e a
comoção que isso pode causar, quando se eterniza no subconsciente da pessoa, gerando atrito em
todos os atos subsequentes de sua vida.

No capítulo cinco falaremos de como combater a prostituição infantil. Estratégias precisam ser traçadas
e concretizadas em favor desses menores, envolvendo família, estado e sociedade.
No capítulo seis analisaremos a pedofilia como um problema social e a importância do lar e da família
para o menor, mostrando os princípios que deveriam ser seguidos, juntamente com o que dispõe nossa
carta magna a respeito do tema, e por ultimo, fecharemos o capitulo falando de um termo
relativamente moderno , e que tem gerado controvérsias nos lares de todo mundo, que é a família
disfuncional, e por fim a conclusão deste trabalho.

Quanto à metodologia trabalhada foi narrativo-argumentativa em sua grande parte, visto necessitar de
dados dos vultos históricos inseridos. Para tanto, se fez necessário utilizarmos, sites da internet,
estatuto da criança e do adolescente e leis relacionada ao tema. Foram feitos também
aprofundamentos bibliográficos de obras que discutem assuntos relacionados esse tão complexo
fenômeno que envolve o ser humano; bem como pesquisa bibliográfica realizada através da compilação
dos dados escritos em livros, e artigos de revistas especializadas que opinam sobre a veemente
exposição, que em sua grande maioria clamam pela efetiva aplicação da legislação no tocante a
proteção a criança e ao adolescente.

2. Origem histórica da pedofilia

A pedofilia é um problema enfrentado em diversas culturas. Em tempos passados os atos pederastas


eram aceitos como algo necessário ao desenvolvimento do adolescente, sendo uma prática normal uma
jovem ser iniciado sexualmente por um homem mais velho, as quais tinham como normal, o
relacionamento sexual com adolescentes, inclusive com pessoas do mesmo sexo. Na Grécia Antiga, estas
praticas eram aceitas como cerimônias religiosas ,pedagógica, magia e medicina, onde a prática sexual
entre uma pessoa mais velha e um jovem, era encarada de forma natural pela família destes
adolescentes. Funcionava com a iniciação do jovem à fase adulta, o jovem de sexo masculino era
iniciado sexualmente por um homem mais velho.

“Em Atenas, teria sido o rei lendário Cecrope a tê-la proibido, como o fez antes na China, o Imperador
Fu-Hi. (…) Mais tarde, no século XIX Engels manifestava-se contra a liberdade sexual, declarando que na
Grécia antiga, os homens se entregavam a pederastia e outras práticas, na época deploráveis e
castigadas pelos “deuses” (SONENREICH, p.113.)

José Roberto Paiva, p.46 expõe que;


“O pedófilo pode ser homem ou mulher, e eles não são tão incomuns como se pensa, contudo é sabido
que houve alguns famosos na história mundial, sexualmente adoradores de crianças e um deles era
Platão”. (PAIVA, José Roberto. Pedofilia).

Com o desenvolvimento da sociedade e a integração das culturas, as pessoas foram saindo da ignorância
e vendo que essa prática era algo prejudicial aos filhos e que esses homens usavam da inocência e
ignorância para abusarem dos menores.

A promiscuidade, ou melhor, relações sexuais sem norma alguma, era liberada apenas em culturas
muito antigas, como (França), entre 1294 e 1324 havia uma relativa liberdade de costumes” e que
somente no século XVIII se firmou os costumes religiosos de castidade e o controle policial por meio dos
padres. (SONENREICH, Carol; BASSITT, William. Sexualidade e repressão sexual, p. 4.)

Diante disto, atendendo ao um clamor da humanidade, sucessivos tratados foram elaborados e que
culminaram com a aprovação pela ONU em 1989 , da Convenção Internacional sobre os Direitos da
Criança que em seu art. 34, expressamente obriga aos estados a medidas de adoção de medidas que
protejam a infância e adolescência do abuso, ameaça ou lesão à sua integridade sexual.

Art. 34: “Os Estados Partes se comprometem a proteger a criança contra todas as formas de exploração
e abuso sexual. Nesse sentido, os Estados Partes tomarão, em especial, todas as medidas de caráter
nacional, bilateral e multilateral que sejam necessárias para impedir: a) o incentivo ou a coação para que
uma criança se dedique a qualquer atividade sexual ilegal; b) a exploração da criança na prostituição ou
outras práticas sexuais ilegais; c) a exploração da criança em espetáculos ou materiais pornográficos.”

O Brasil como signatário foi um dos primeiros países a aderir ao pacto, visto que já possuía bases através
da sua constituição um ano antes.

3. O Pedófilo

Pesquisas comprovam que o comportamento pedófilo é mais comum em pessoas do sexo masculino.
Percebe-se, pelos relatos nos noticiários do dia a dia, denúncias e prisões escandalosas envolvendo
homens de todas as categorias profissionais e classes sociais , que conforme já demonstrado vai desde o
jardineiro, ao pai, o professor, até ao padre da paróquia frequentada pela criança e adolescente.
Como diz Almeida:

“É difícil definir um perfil do abusador. Ao contrário do que se possa pensar, o abuso sexual não se
esgota nos pedófilos. Os pedofilos são, geralmente, homens adultos ou jovens aparentemente normais
mas com graves problemas de socialização e que carecem de valores sociais. Os agressores comuns
tanto podem ser heterossexuais como bissexuais ou homossexuais. São retraídos e bastante insensíveis
e não sabem seduzir os seus pares. Só uma percentagemmuito pequena emprega a violência física; a
maioria utiliza estratégias como a surpresa, o suborno, a ameaça, a chantagem psicológica, entre
outras.” (Almeida et al. apud DREC, 2001,b)

Pedófilo é um adulto que sente atração por crianças, é um distúrbio na sexualidade do adulto, ou
perversão na mentalidade de alguns. O verdadeiro pedófilo é aquele que não consegue sentir atração
por pessoas adultas, ele tem verdadeira obsessão por crianças, assim como o homossexual que não
consegue se relacionar com o sexo oposto. A partir do momento em que ocorre o aliciamento ou o
contato sexual com a criança, a pedofilia passa a se tornar abuso sexual.

Maria Alves Muller, esclarece a pedofilia como: “uma atração sexual particular por crianças masculinas
ou, mais frequentemente, femininas. (…) A atração sexual pode ser exclusiva ou não, pode visar
crianças pequenas, até recém-nascidos, ou pré- adolescentes” (MULLER, Maria Alves. O problema da
pedofilia, p.23-24.)

O Abuso sexual é qualquer atitude, caricias nos órgãos sexuais, olhar com demonstração de desejo
sexual por uma criança. Estes comportamentos inadequado é o maior crime que um adulto pode
cometer contra esses indefesos.

Papalia e Olds (2000) citam consequências do abuso sexual sofrido por crianças. Entre elas estão os
atrasos de linguagem, déficit cognitivo, agressividade, rejeição por parte de outros grupos, abuso de
álcool e drogas, e, até mesmo, tendência a tornarem-se delinquentes quando adultos.

Em relação ao abuso sexual das crianças e dos adolescentes:


“Os encarregados pelas investigações policiais e pelas decisões judiciais encontram, nesse tema, ainda
maior dificuldade para desvincular a análise da lei e dos fatos de seus próprios preconceitos. De outro
lado, falta uma percepção mais aguda da especial relação existente entre sexualidade e
desenvolvimento humano. É comum que os juízes focalizem detalhes relativos à maior ou menor adesão
das vítimas à situação de exploração sexual em que se encontram enquanto nenhuma palavra é
dedicada aos danos dificilmente reparáveis causados por essa mesma situação ao desenvolvimento da
criança, danos que se estendem para muito além do momento da injúria”. (BRASIL. Congresso Nacional.
Relatório final – CN comissão parlamentar mista de inquérito, p. 158.)

Ospedófilos, por terem vários perfis e varias maneiras de agir contra a criança, torna-se necessário que
os investigadores ajam com cautela e precisão, pois o crime se expande rapidamente quando publicados
pela internet, e os pedófilos estão em toda parte, na vizinhança, nas escolas, dentro de casa e como dito
antes, até mesmo nas Igrejas.

4. Prostituição infantil

A prostituição infantil é um crime que não conhece fronteiras e tem merecido destaque no nosso
ordenamento jurídico no que se diz respeito ao seu combate. Porem é um crime que, como já falamos,
se expande pelo mundo a fora numa velocidade sem precedentes, principalmente após a globalização
da internet.

A CPI da pedofilia através da lei 250/2008, implementou no ECA alguns tipos de crime em relação ao
mercado da pornografia infantil na internet, que vão desde a aquisição de imagens, passando pelo
armazenamento de fotos, exposição ate a comercialização dos produtos, que segundo pesquisas
realizadas pelo setor de investigação da policia federal movimenta cerca de 3 bilhões de dólares por
ano, só no Brasil. Entretanto o projeto de lei inda encontra dificuldades no enfrentamento que reside na
variada possibilidade de camuflagem do delito. Isso significa dizer que o nosso sistema leis ainda não
tem a perspicácia, a capacidade de perceber a complexidade do tema.

O Brasil ainda caminha em passos lentos no que tange o combate à pedofilia. E para agravar ainda mais
a questão, a tecnologia possibilita o aprimoramento de meios cada vez mais insidiosos sobre o tema que
sobrepujam a inércia do legislador e atentam contra as crianças brasileiras.
A CRFB constituiu normas severas nesse sentido para proteger à criança e ao adolescente desse crime
infame que persistir em rodear desses menores. Dessa forma, o § 4º do art. 227 estatuiu:

Art. 227.

§ 4º – A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.

Recentemente, ou melhor em maio de 2012, o legislador foi introduzido em nosso código penal uma lei
que levou o nome de sua protagonizante, Joana Maranhão, lei 12650/12, essa lei trouxe avanços
significativos em relação a prescrição do crime de pedofilia, alterando o prazo de contagem que
somente terá inicio quando a vitima completar 18 anos, salvo ação penal tiver sido iniciada
anteriormente.

Vejamos o que diz:

Lei 12.650/12

“Nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em
legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já
houver sido proposta a ação penal”

Não se trata, aqui, obviamente, de uma caso de imprescritibilidade, ate porque não há bases na
constituição, o que se buscou, na realidade, foi ampliar o espectro punitivo do estado, aumentando a
eficiência na punição do agressor e corrigindo, naturalmente, uma proteção deficiente do estado.

A pedofilia pelas suas peculiaridades e dimensões merece resposta a altura do nosso sistema de leis ,
não só na repressão mais também na sua prevenção, necessários se faz que as nossas leis ganhem nova
roupagem na mesma velocidade em que esses crimes acontecerem em suas sofisticações.

5. As consequências das práticas pedofílicas para o menor


Criança é um ser humano no início de seu desenvolvimento, e como tal gosta de brincar, sentir-se
protegida, e de algo mais que a idade lhe permite, e é justamente neste mundo inocente e puro que o
pedófilo se insere para prática do crime. Uma vez alojados e estruturados, oferecem “proteção”,
entretenimento e tudo o quanto possa atrair o sentimento de uma criança. Logo após inseridos neste
contexto infantil, o pedófilo passa a realizar suas mais extremas fantasias sexuais. Sombrio é imaginar,
que organismo de uma criança não está programado para as práticas sexuais, pois seus órgãos genitais
estão ainda em desenvolvimento. E quando a criança é abusada sexualmente, além de seu organismo
não está preparado para tal ato, torna-se um abuso de extrema violência contra seu corpo. De todos os
maus tratos ao menor, o abuso sexual é o mais danoso, pois afeta tanto seu corpo quanto seu
psicológico. Portanto, são várias as consequências trazidas a uma criança em desenvolvimento, quando
abusadas sexualmente, pois de acordo com estudiosos, o trauma psicológico nasce de uma dor íntima,
uma comoção interna, um constrangimento gerado naquele que sofre e que repercutiria de igual forma
em outras pessoas se submetidas às mesmas circunstancias.

As criança abusada sexualmente tem maior dificuldade de aprendizagem, sofrem de insônia, tem
pesadelos, fobias de contatos e até mesmo rejeição a carinhos, são retraídas, se tornam agressivas,
tímidas, deprimidas, impacientes, desconfiadas etc. O trauma de ter passado pelo abuso sexual afeta em
todo seu desenvolvimento físico, psíquico, emocional e em seu poder de aprendizagem.

“O trauma gera uma fuga da vida, quando se entra num retraimento tão profundo que leva a pessoa a
viver numa quase completa reclusão, pois a pessoa, tentando evitar tudo que possa lembrar o trauma
acaba por quase não viver’’ (TEIXEIRA, 2002, p. 3).

Segundo Wolf (1986, p.220) ‘’No trauma de infância, alguns dos nossos músculos esqueletais se
contraem e não voltam a relaxar, mas retém a memória corporal, da mesma forma como a mente retém
a memória mental do trauma. Quando o músculo se fixa numa posição e não consegue relaxar, pode-se
dizer que há uma lembrança guardada no músculo’’.

Uma criança vítima desse tipo de abuso terá problemas de se relacionar com outras pessoas, o que afeta
gravemente seu bom desenvolvimento e equilíbrio de maneira geral. O abuso faz da criança medrosa,
principalmente, se pessoas da própria família é justamente o abusador.
Deveríamos sempre examinar o ambiente doméstico e o relacionamento dos pais, e, nestes, quase sem
exceção, haveríamos de encontrar as únicas e verdadeiras razões que explicassem as necessidades dos
filhos. O modo de ser perturbador dessas crianças é muito menos expressão do interior delas mesmas
do que reflexo das influências perturbadoras de seus pais. (JUNG,1981, p.58)

A família tem a principal missão de proteger a criança, e a criança ao nascer já em seus primeiros meses
de vida, instintivamente tem essa confiança nos pais. Esse é o instinto infantil da confiança e da
necessidade da proteção. Porem essa segurança se decompõe a partir do momento em que elas
passam a ser agredidas em vez de receber cuidados especiais, medo em vez de carinho, e o meio
familiar em que vive tem grande influencia no desenvolvimento positivo ou negativo da criança . Se
vivem em um ambiente agressivo e violento instiga o comportamento no desenvolvimento das crianças
e tonificam traços típicos patologicamente doentio, pois para o seu bom desenvolvimento necessita de
cuidados, proteção e de uma infância saudável recebido da família no ambiente em que vive.

“As crianças serão, dentro de alguns anos, adolescentes que depois serão cidadãos das nossas
sociedades. Eles pedirão conta aos seus governos e aos Estados […] Rebelar-se-ão. Assim, uma bomba
de força explosiva […] e com razão nossa geração será julgada sobre como soube proteger, o
crescimento, a educação e o direito dos filhos.” Trujillo (2002, p. 233)

O abuso sexual que uma criança venha a sofrer traz consequências irreparáveis, incuráveis, e que as
acompanharão para o resto de suas vidas. E que quando adulta às vezes revidam contra esses
agressores, seja eles da sua própria família ou fora dela.

“As coisas parecem mais horríveis quando consideramos o assustador potencial de violência presente
numa geração de crianças quando abusadas na infância e que logo estarão adultas.’’ (LEVINE, 1999,
p.191)

As lembranças concentradas e alojadas no consciente ou subconsciente de uma criança em virtude dos


tormentos e traumas causados pelos abusos sexuais e agressões, eternizam-se na mente de uma
criança e refletem em todos as subsequências e aspectos de sua vida. Porque esse trauma afeta o
desenvolvimento saudável da criança tornando seu comportamento diferente daquela criança que teve
sua infância em vias normais. Pois ao passar por forte choque emocional, sente-se desprotegida,
oprimido, abusada, rejeitada e abandonada. Os traumas emocionais sofridos, geram transtornos
comportamentais em sua personalidade.
“Pessoas que foram repetidamente traumatizadas quando eram crianças pequenas com frequência
adotam a dissociação como modo predileto de estar no mundo. Elas dissociam fácil e habitualmente
sem ter consciência disso. Mesmo as pessoas que habitualmente não dissociam irão dissociar quando
ativadas ou quando começarem a associar imagens ou sensações traumáticas desconfortáveis”.
(LEVINE.1999,p.124).

Pesquisas revelam que a maioria dos casos ocorrem dentro do próprio lar onde vive a criança. Muitas
das farsas e acobertamento são elaborados pela própria genitora, que em muitos casos sabem do abuso
que a criança esta sofrendo, porém por vergonha ou medo do companheiro, mantêm-se no anonimato.
O parceiro por sua vez, se utiliza de meios violento para garantir a continuação do ato, cuja prática
incestuosa torna se um dos crimes mais nefastos e pervertidos que a humanidade já experimentou.

Padilha afirma que: “Por ser praticado por pessoas ligadas afetivamente à criança, o abuso incestuoso
pode ter consequências mais sérias do que o abuso extra-familiar” (PADILHA, 2002, p. 122).

6. Como combater a pedofilia e a prostituição infantil

A pedofilia e a prostituição infantil necessita ser combatida com grandes estratégias traçadas por parte
da Família, Estado e sociedade, impedindo que nossas crianças fiquem a mercê desses criminosos. Os
mecanismos de combate, em suas aspirações, devem levar em conta a proteção integral da criança e do
adolescente como reza o Estatuto e os demais Direitos Constitucionais assegurados a criança em toda
sua plenitude.

A família que tem maior responsabilidade , precisa educar e vigiar suas crianças no uso da internet e
demais meios de comunicação. Também faz parte da educação das mesmas o dialogo franco e aberto
sobre tudo aquilo que lhes rodeia.

“É importante que a criança fale sobre seus pensamentos e sentimentos para que o profissional possa
ajudá-la a corrigir quaisquer pensamentos errôneos e também ajudá-la a enfrentar qualquer angústia
emocional que esteja experimentado.” (DATÌLIO, FREEMAN,1995, p.244).
O uso da internet e os meios de comunicação precisam ser fiscalizados pelos pais ou responsáveis pelo
menor. O uso de site como Orkut, e-mail e facebook e outros mais, precisam ter o acesso racionalizado.
Um controle maior na efetividade de entrada e saída destes sites deve ser aprimorado. E um exemplo
disso seria a utilização do numero do cadastro de pessoa física como identificação, desta forma inibiria
a ação desses criminosos facilitando com isso ate mesmo a identificação destes indivíduos, num espaço
mais curto de tempo.

“a internet e os aparelhos de TV da atualidade podem ter controle dos pais na forma de tecnologias
avançadas, incluindo os softwares (os chamados chip V) que bloqueiam determinados conteúdos. Mas o
melhor controle de filhos ainda são os pais. (…) as mães e os pais devem estar de acordo entre si e
definir limites para os filhos quantos aos meios de comunicação. Isto é, deve haver um limite para o
tempo que uma criança pode passar diante da TV ou do computador.” DATILO FREEMAN ,1995,9 p. 85)

A internet em nossos dias, é a forma mais usada pelos pedófilos para atrair as crianças. As investidas
desses criminosos com o uso de tecnologias de ultima geração, quase sempre resultam em sucesso. E às
vezes, na maioria dos casos, quando os pais tomam conhecimento o relacionamento já esta muito
avançado.

Por isso mesmo a CPI da pedofilia, através do projeto de lei 250/2008, implementou no ECA, maior
severidades no que diz respeito a pornografia infantil na internet.

Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de
2008)

Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio,
inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei
nº 11.829, de 2008)

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou imagens de que trata
o caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às fotografias, cenas ou imagens
de que trata o caput deste artigo.(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 2º As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1º deste artigo são puníveis quando o responsável legal
pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de
que trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade o material a que se
refere o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar às autoridades


competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a
comunicação for feita por: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades institucionais, o
recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste parágrafo;
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço prestado por
meio de rede de computadores, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade
policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão manter sob sigilo o material ilícito referido.
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica
por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de
representação visual: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, pública
ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na forma do caput
deste artigo. (Incluído pela Lei nº11.829, de 2008)

Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o
fim de com ela praticar ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com
o fim de com ela praticar ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança a se exibir de forma
pornográfica ou sexualmente explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou
pornográfica” compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais
explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins
primordialmente sexuais. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008).

A referida lei ainda encontra muitas dificuldades no seu enfrentamento. É necessário que a família,
estado e sociedade se mobilizem a favor desses menores, preconizando o que foi instituído pela nossa
carta magna no art. 227.
7. A pedofilia como um problema social e a importância do lar para o menor

Cumpre ressaltar, que primeiramente o plano de Deus foi perfeito em relação á primeira família criada.
A família foi um projeto de Deus para o primeiro casal e consequentemente para a humanidade.
Primeiro Ele criou o homem, depois sua companheira e em seguida vieram os filhos. Estes seguiram
naturalmente no mundo ate então tido como perfeito, porque povoar a terra e multiplicar os filhos fazia
parte do plano original de Deus para os seres que Ele havia criado á sua imagem e semelhança. (Gn 1.
27, 28). Deixou também importantíssimos ensinamentos de como os pais educarem seus filhos e
também mandamentos de como filhos se portarem perante seus pais. Tudo seria perfeito se tão
somente seguíssemos esse modelo registrado na Bíblia Sagrada. Porém, a história da humanidade está
repleta de consequências trágicas da má criação de filhos, reflexo de péssima educação dos pais. Difícil
imaginar como a humanidade tem se distanciado desses mandamentos e andado na contramão do
obvio. Onde os pais erram?

Ed Young no seu livro “Os Dez Mandamentos da criação dos filhos” fala:

“Durante anos afirmei a minha crença de que o problema número um em nossos dias é o colapso da
família. Sempre que digo isso, inevitavelmente alguns oferecem uma indicação diferente para o
problema mais aflito. Eles não levam muito tempo, porém, para ver que na raiz fundamental do
problema que citam está a deterioração da família”. ( Young, 2007, p.18)

Portanto, a família ao enfrentar tarefas de educar seus filhos, precisa seguir o modelo universal, que é
zelar pela educação dos filhos. Quando se fala em educação, não tratamos apenas de formação escolar,
mas de princípios que possam enobrecer o filho diante de sua trajetória de vida.

Nos anos recentes, a difícil situação de nossas famílias tem sido descrita por um termo relativamente
novo: disfuncional. Com isso em mente podemos afirmar que o problema numero um em nossos dias é
a família disfuncional. E visto que o problema principal da sociedade são as famílias disfuncionais, a
nossa maior prioridade deve ser edificar famílias funcionais.

Como bem falou Young:


“Edificar família saudáveis e funcionais deveria ser a maior paixão de qualquer povo e sua cultura- não a
defesa nacional ou a economia nacional; não os assuntos estrangeiros ou a reforma tributária. O
governo não pode edificar famílias funcionais. Na verdade, suas políticas às vezes atrapalham o
desenvolvimento de lares saudáveis”. (Young,2007 p.58)

Não é nosso objetivo condenar ou criticar o divórcio, mas a vulnerabilidade que hoje são o casamento,
a quantidade de divorcio é preocupante, e a irresponsabilidade com que os filhos são trazidos ao
mundo.

Willian Bennett em sua obra assegura que:

“Em primeiro lugar, a paternidade está decomposta, fragmentada em seus vários elementos. Aqui,
fazendo um filho. Ali, criando um filho. Então os fragmentos da paternidade podem ser espalhados para
diferentes pessoas.. como resultado, a palavra pai deixa de ser um substantivo. Não existe algo que
possa ser classificado como legitimo pai”. (Bennett, 2011 p. 27)

O resultado são famílias divididas sofrendo um desenvolvimento limitado, com membros de apoio que
deveriam estar saudáveis, mas que estão atrofiados. E muitas dessas famílias consistem de lares com
ambos os pais presentes, mas em níveis variados de disfunção. Eles mancam pela vida espiritual,
emocional e mental. O resultado trágico é que seus pequenos “filhotes” tropeçam atrás deles.

Young, na mesma obra, na página 21, fala:

“Um estudo descobriu que os filhos de pais divorciados têm problemas de comportamento, acham mais
difícil se adaptar e tiram notas mais baixa na escola. Também tem uma taxa mais elevada de desistência
na escola e uma taxa elevada de gravidez fora do casamento”.

Veremos que William Bennett está certo quando chama a família de “a unidade fundamental da
civilização”. Se a família é realmente a unidade fundamental da civilização, então toda vez que uma
família cai na disfunção há uma ameaça para o bem-estar da nação.
Diante de tais circunstâncias, consectariamente, a criança passou a ser o centro da gravidade no nosso
ordenamento de muitas legislações, e é por isso que a aplicação da lei, qualquer que seja o ramo da
ciência onde se deva operar a concreção jurídica, deve perpassar por esse tecido normativo-
constitucional, que suscita a reflexão axiológica de como devemos agir com esses menores. E como um
pilar de sustentação a Constituição Federal estabeleceu em seu art. 227 as seguintes diretrizes:

“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta


prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura,
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo
de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”

Podemos observar que no rol de responsabilidades a família é o primeiro a integrar o elenco. Porem a
missão de proteção e de educador tem se fragmentado nos últimos tempos. A vulnerabilidade
manifestada pela ausência do pai ou da mãe, coloca essas em situação de desvantagem perante esses
pedófilos. E a configuração deste crime poderá trazer consequências irreversíveis, como já falamos,
refletindo em toda sua estrutura de sua vida, causando sérios desequilíbrios na conjuntura familiar, e
por tabela que podemos ter mais tarde é uma sociedade a procura de sua identidade, doentia e
sofrendo os efeitos psicossomáticos decorrentes desta anomalia.

8. Conclusão

Conclui-se no final desta pesquisa que a pedofilia é um crime sem precedentes, sem fronteiras e
irreparável, e os efeitos causados na sociedade tem caráter psicossomático. As pessoas que a praticam
são indivíduos perigosos, impiedoso, dissimulados e que estão por toda parte. Um grande desafio está
para a família, estado e sociedade, que sem mais delongas precisam desenvolver mecanismos eficientes
no combate a esse crime, tanto no que diz respeito a prevenção quanto a repressão. O perigo que
rodeia nossas crianças tem trazido á baila uma pergunta ainda sem resposta: quem poderá dar a maior
parcela de contribuição na defesa desses inocentes?

Observou-se durante o trabalho que a pornografia e a pedofilia após o surgimento da tecnologia como a
internet, e com a grande liberdade que a criança tem de acessar, muitas vezes sem a fiscalização dos
pais, se tornou o principal meio de contato e aliciamento dos pedófilos, e que a divulgação e propagação
dos atos de pedofilia se expande de maneira gigantesca.
Durante a pesquisa concluímos que a ineficiência do Estado e a negligência dos familiares contribui
muito para a exploração e a prática do abuso sexual contra menores. Observamos que as crianças
vítimas de violação sexual, muitas vezes, acontecem por negligência da genitora, já que noventa por
cento desses crimes são cometidos por homens, em sua grande maioria pelos próprios familiares.
Exemplo de casos como o cometido por um pedófilo na cidade do Espírito Santo, onde o próprio pai
abusou sexualmente de seu filho de 6 meses, introduzindo um cabo de vassoura na criança, cuja mesma
veio a óbito logo após dar entrada no hospital da cidade. Em seguida houve a confissão da mãe
afirmando que o criminoso teria sido o próprio pai.

Dessa forma conclui-se, que as mães, na maioria das vezes, sabem do crime e não denunciam, por medo
ou vergonha de se expor, chegando ao ponto de ocultar o delito para proteger o companheiro, que em
muitas vezes também usa de violência para garantir a continuação. Tamanha é a agressão sofrida por
essas crianças que às vezes é percebida por vizinhos, e que muitas vezes nem dá tempo de denunciar a
atitude do pedófilo, visto que em muitos casos a morte é precoce.

Percebeu-se que, independentemente da classe social, esses crimes acontecem com crianças em todo
mundo.

Observou-se também, que as crianças em virtude do grau de inocência, se tornam uma presa fácil para
os criminosos. seja por meio da internet, contato pessoal, ou outros meios de aliciamento.

E mais triste ainda é ter que afirmar que embora a família tenha a principal responsabilidade de
proteger essas crianças, é exatamente na família a grande maioria dos casos de violência e abusos
registrados.

Verificou -se que a importância deste trabalho está na informação para as famílias e a sociedade. E que
há necessidade de urgência em reforços a proteção da criança e do adolescente. Além disso, sugere-se
palestras educativas para os pais sobre como proteger e evitar que suas crianças sejam vitima de
pedófilos. Bem como elaboração de projeto de lei que visem identificar acesso de pessoas a redes
sociais como: facebook, Orkut ,e-mails e outros mais, através da impressão digital. Com isso a atuação
do Estado poderá ganhar nova roupagem no que diz respeito a agilidade e rapidez.
Enfim, se não adotarmos, em caráter de urgência, boas praticas em relação a prevenção e repressão da
pratica pedofílica em nosso meio, o que teremos mais tarde é uma sociedade doentia e traumatizada
pelos efeitos psicossomáticos decorrentes deste crime que a cada dia permeia nossas crianças.

REFERÊNCIAS

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PAIVA, José Roberto. Pedofilia. [s.l.], 1999. Disponível em: <www.prosex.com.br>. Acesso em: 20
outubro 2012.

BIBLIA SAGRADA. Tradução da Vulgata Latina Pelo Padre Matos Soares. São Paulo: Edições Paulinas,
1989.

SONENREICH, Carol; BASSITT, William. Sexualidade e Repressão Sexual. São Paulo: Manole, 1980.

MILLER, G. O ato falho por excelência é o ato sexual. In: (org.) Lacan. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,
2000.

MULLER, Maria Alves. O problema da pedofilia. Cultura e Fé – Revista. Porto Alegre: Instituto de
Desenvolvimento, 2002. v. 25.

TEIXEIRA, Antonio Ricardo. Estresse Pós Traumático: Perguntas e Respostas. Instituto Brasileiro de
Estresse Pós Traumático. ARTIGOS EMDR. Editado em 2002. http://www.emdr.com.br/art_estresse.htm.
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JUNG,Carl Gustavo. O Desenvolvimento da Personalidade,Vol. XVII, Rio De Janeiro Editora Vozes,1981

LEVINE, A. Peter, FREDERICK Ann. O Despertar do Tigre. Vol.57 São Paulo, Summer Editorial, 1999
TRUJILLO, Alfonso López-cardeal. Lexicon Pontifício Conselho para a Família. 1ª Ed.São Paulo, Gráfica das
Escolas Profissionais Salesianos, 2004

DATÌLIO, F.M & FREEMAN, A. Estratégia Cognitivo-Comportamentais para Intervenção em Crises.


((Volume II),Campinas:Editorial Psy, 1995

William Bennett. Livro das Virtudes II – O Compasso Moral- Edição: 15ª. 1996

Young, Ed, “ Os 10 mandamentos da Criação dos Filhos” . CPAD, Rio de Janeiro, 2007

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