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Apresentação da Disciplina e Conceitos Básicos

de Contabilidade

Conteudista: Prof. Me. Ezequiel Bonifácio Leite


Revisão Textual: Esp. Laís Otero Fugaitti

Objetivo da Unidade:

Objetiva-se criar o nivelamento dos conhecimentos contábeis necessários à


análise das demonstrações contábeis. Pretendemos iniciar com os princípios
mais simples do surgimento da contabilidade e caminhar até o entendimento
das demonstrações contábeis.

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Formação do Pensamento Contábil


O registro contábil surgiu há milênios, segundo se tem notícia. O povo fenício já tinha moeda
cunhada e registro das transações contábeis e financeiras séculos antes de Cristo.

Em 1494, no período das Grandes Navegações, o frade Luca Pacioli criou um método
denominado partidas dobradas, visando facilitar o processo existente à época. As expedições
partiam para o mar levando a bordo das naus os guarda-livros, que tinham como função anotar
tudo que acontecia envolvendo o patrimônio da embarcação. As riquezas compradas, ganhadas,
roubadas e tomadas eram anotadas nesse livro-diário de forma sequencial. Cada nau levava dois
ou mais guarda-livros para garantir a contraprova da informação, e muitos não voltavam ao
porto de origem.

Percebe-se que esse processo era caro e com muitas controvérsias que levavam a incertezas e
falta de exatidão.

Na obra “Matemática, Geometria, Proporção e Proporcionalidade”, Pacioli propôs que em cada


transação acontecida se utilizasse o seguinte roteiro:

1 Identificar a natureza dos elementos envolvidos;

2 Atribuir um nome contábil para cada elemento (nome da conta);

3 Creditar as contas de origem e debitar as contas em que o recurso foi colocado;


4 Após os lançamentos ou por período, apurar o saldo das contas (balancete);

5 Separar as contas de origem de recurso das contas de aplicação de recursos após um


período (balanço patrimonial e demonstração de resultados do exercício). No
balanço patrimonial ficarão as contas que representam patrimônio – bens, direitos
e obrigações –; na demonstração de resultado do exercício, as contas que
representam os resultados – ganhos e perdas.

Lançamentos Contábeis

1 Alguns amigos se juntaram para fundar uma empresa


distribuidora de água mineral. Cada um deles contribuiu com $
20.000, totalizando $ 100.000.

Contabilmente, essa operação é denominada integralização de capital. Quando a empresa abre o


capital, significa que ela está recebendo novos sócios do público em geral.

Origem do recurso: o recurso vem dos amigos, doravante


denominados sócios. Para a contabilidade, a conta será capital
social ou nome semelhante;

Aplicação do recurso: o recurso será entregue a um funcionário recém-contratado.


Para a contabilidade, a conta será caixa.
Importante!
A soma do valor das origens será sempre igual à soma dos valores das

aplicações.

O lançamento contábil será:

Caixa

a Capital social

Pela integralização de capital            $ 100.000

A letra “a” antes do nome da conta indica que ela está sendo creditada.

2 O responsável pelo caixa levou parte do dinheiro e fez um depósito bancário no


Banco do Brasil, no montante de $ 60.000.

Bancos conta movimento

a Caixa
Pelo depósito de abertura de conta no Banco do Brasil       $ 60.000

3 Compra, para revenda, de 10.000 copos de água por $ 20.000 (em dinheiro).

Estoque de mercadorias

a Caixa

Pela compra de 10.000 copos de água          $ 20.000

Operação sem impostos a compensar

4 Compra, para pagamento em trinta dias, de 5.000 copos de água por $ 10.500,00 D >
Estoques c > Fornecedores.

Estoque de mercadorias

a Fornecedores (ou duplicatas a pagar)

Pela compra de 5.000 copos de água, para pagamento a prazo        $


10.600
5 Venda de 6.000 copos de água por $ 9.000, à vista.

Caixa

Venda de mercadorias

Pela venda de 6.000 copos de água   $ 27.000

Custo da mercadoria vendida

a Estoque de mercadorias

Pelo custo de aquisição da mercadoria         $ 12.240

6 Pagamento de frete para entrega da mercadoria vendida.

Despesas com frete

a Caixa

Pelo pagamento de frete para envio da mercadoria  $ 200


7 Provisão da folha de pagamento do funcionário com salário de $ 1.500.

Despesas com salários

a Salários a pagar

Pelo valor do salário nominal do funcionário           $ 1.500

Salários a pagar

a Guia do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) a recolher

Pelo valor descontado do funcionário referente à previdência social  


       $ 150

Despesas com previdência social

a INSS a recolher

Pela despesa patronal com previdência social          $ 427,50


Importante!
Não foi feita a provisão para férias, décimo-terceiro salário, Fundo de

Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e verbas rescisórias, entre


outras.

8 A empresa assinou um contrato de locação de galpão já mobiliado, que custará $


2.500 por mês, a ser pago a cada dia 5 do mês vencido.

Despesas com aluguel

Aluguéis a pagar

Pela provisão de aluguel do mês       $ 2.500

9 Os sócios decidiram não fazer retirada de pró-labore no primeiro ano.

Apuração dos Saldos

Tabela 1
Tabela 2

Tabela 3
Tabela 4

Tabela 5

Obs.: tabelas conhecidas como “razão em T”.

Tabela 6 – Apresentação do balancete de verificação 


Conta Débito Crédito

Caixa 46.800,00

Capital social 100.000,00

Bancos conta movimento 60.000,00 

Estoque de mercadorias 18.360,00

Fornecedores 10.600,00

Venda de mercadorias 27.000,00

Custo da mercadoria vendida 12.240,00

Despesas com frete 200,00

Salários a pagar 1.350,00

Despesas com salários 1.500,00

INSS a recolher 577,50

Despesas com previdência social 427,50

Despesas com aluguéis 2.500,00 

Aluguéis a pagar 2.500,00


Conta Débito Crédito

Totais 142.027,50 142.027,50

Figura 1 – Balanceando os saldos das contas


Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: foto de um balancete sendo preparado sobre uma mesa com


fitas de soma, rascunho do balancete e calculadora comum. Fim da descrição.

Nesse balancete, já podemos fazer uma primeira análise.

A empresa iniciou as operações com $ 100.000 vindos dos sócios (capital próprio). Teve
financiamento de terceiros de $ 42.027,50, de recursos vindos de fornecedores em forma de
mercadorias, recursos vindos das vendas efetuadas, recurso vindo do trabalho do funcionário
(que só vai receber no mês seguinte), recursos vindos do governo (a quem vai pagar imposto no
mês seguinte) e recursos vindos do proprietário do imóvel utilizado no mês (cujo pagamento só
acontecerá no próximo). Foi respeitado o regime da competência do exercício, que reconhece a
cada mês as receitas e despesas a ele referentes.

Balanço Patrimonial
O balanço patrimonial é um retrato do patrimônio da empresa em determinada data. Ele será
dividido em grandes grupos, grupos e subgrupos, para facilitar a análise e a tomada de decisões
pelo leitor.

Grupos: Ativo Circulante (AC), Ativo Não Circulante (ANC), Passivo Circulante (PC), Passivo Não

Circulante (PNC) e Patrimônio Líquido (PL).

Subgrupos: disponibilidades, realizáveis, estoques e despesas antecipadas no AC; realizáveis a


longo prazo, investimentos, imobilizado e intangíveis no ANC; exigíveis a longo prazo no PNC;
capital social, reservas de capital, ajustes e avaliações patrimoniais, reservas de lucros, ações em
tesouraria e prejuízos acumulados no PL.

Disposições legais: Lei 6.404/1976, artigos 178 a 184; Lei 11.638/2007; Lei 11.941/2009; e Lei
12.973/2014.

Lei 6.404/1976:

“Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do

patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a


análise da situação financeira da companhia.
§ 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez

dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos:

I – Ativo circulante; e

II – Ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo prazo,

investimentos, imobilizado e intangível.

§ 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos:

I – Passivo circulante;

II – Passivo não circulante; e

III – Patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de

avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos

acumulados.

§ 3º Os saldos devedores e credores que a companhia não tiver direito de

compensar serão classificados separadamente.”

- BRASIL, 1976, n.p.

“Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:

Ativo circulante
I – No ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do

exercício social subsequente e as aplicações de recursos em despesas do exercício

seguinte.”

- BRASIL, 1976, n.p.

“Ativo não circulante

II – No ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o término do

exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou

empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (artigo 243), diretores,

acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios

usuais na exploração do objeto da companhia;

III – Em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os

direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se

destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa;

IV – No ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos

destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos


com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à

companhia os benefícios, riscos e controle desses bens;

VI – No intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados

à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo

de comércio adquirido.

Parágrafo único. Na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver


duração maior que o exercício social, a classificação no circulante ou longo prazo

terá por base o prazo desse ciclo.”

- BRASIL, 1976, n.p.

“Passivo

Passivo Exigível

Art. 180. As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de

direitos do ativo não circulante, serão classificadas no passivo circulante, quando

se vencerem no exercício seguinte, e no passivo não circulante, se tiverem

vencimento em prazo maior, observado o disposto no parágrafo único do art. 179

desta Lei.”

- BRASIL, 1976, n.p.

“Patrimônio líquido

Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante subscrito e, por

dedução, a parcela ainda não realizada.

§ 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas que registrarem:


a) A contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte

do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância

destinada à formação do capital social, inclusive nos casos de conversão em ações

de debêntures ou partes beneficiárias;

b) O produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição;

c) (Revogada);

d) (Revogada).

§ 2º Será ainda registrado como reserva de capital o resultado da correção

monetária do capital realizado, enquanto não-capitalizado.

§ 3º Serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não

computadas no resultado do exercício em obediência ao regime de competência, as

contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuídos a elementos do

ativo e do passivo, em decorrência da sua avaliação a valor justo, nos casos

previstos nesta Lei ou, em normas expedidas pela Comissão de Valores

Mobiliários, com base na competência conferida pelo § 3º do art. 177 desta Lei.

§ 4º Serão classificados como reservas de lucros as contas constituídas pela

apropriação de lucros da companhia.

§ 5º As ações em tesouraria deverão ser destacadas no balanço como dedução da

conta do patrimônio líquido que registrar a origem dos recursos aplicados na sua
aquisição.”

- BRASIL, 1976, n.p.


O balanço patrimonial foi apresentado pela primeira vez no Brasil pela Lei 2.627/1943, que
determinou o uso das partidas dobradas. Essa lei foi aperfeiçoada pela Lei 6.404/1976 e
alterações, que sacramentaram as contas redutoras ou retificadoras, retiraram o grupo de
compensação oficialmente, e as despesas antecipadas passaram a existir no ativo (pagamentos
antecipados de despesas).

Tabela 7 – Balanço patrimonial

AC PC

Disponibilidades

Caixa 46.800,00 Fornecedores 10.600,00

Bancos conta Salários a


60.000,00 1.350,00
movimento pagar

INSS a
Realizáveis 577,50
recolher

Aluguéis a
Estoques 2.500,00
pagar

Estoque de
18.360,00
mercadorias

Despesas
PNC
antecipadas

ANC Exigíveis a
AC PC

longo prazo

Realizáveis a
longo prazo

Investimentos PL

Imobilizado Capital social

Diferido Capital social 100.000,00

Reservas de
capital

Ajustes e
avaliações
patrimoniais

Reservas de
10.132,50
lucros

Ações em
tesouraria

Prejuízos
acumulados
AC PC

Total 125.160,00 Total 125.160,00

Fonte: Acervo do conteudista

Figura 2 – Preparando o balanço patrimonial


Fonte: Getty Images 

#ParaTodosVerem: foto de uma mesa de trabalho com o rascunho de um


balanço, uma calculadora comum e uma lapiseira. Fim da descrição.

Demonstração do Resultado do Exercício


Esse demonstrativo tem a função de apresentar o resultado obtido em determinado período
(exercício). Normalmente, os balancetes são mensais, enquanto o balanço patrimonial e a
demonstração de resultado do exercício são demonstrativos apresentados semestralmente e
anualmente. Para as empresas em geral, esses demonstrativos são anuais e apresentados para o
exercício correspondente ao ano civil. São apresentados demonstrativos de dois anos para
permitir a comparação.

A estrutura é definida pela Lei 6.404/1976, a saber:

“Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará:

I – A receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e

os impostos;

II – A receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços

vendidos e o lucro bruto;

III – as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas,

as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;

IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas;

(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)

V – O resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o

imposto;

VI – As participações de debêntures, empregados, administradores e partes

beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou


fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem

como despesa; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)

VII – o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital

social.

§ 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados:

a) As receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua

realização em moeda; e

b) Os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a

essas receitas e rendimentos.

§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.638, de 2007) (Revogado pela Lei nº

11.638, de 2007).”

- BRASIL, 1976, n.p.

Tabela 8 – Demonstração de resultados do exercício

Discriminação

Vendas de mercadorias 27.000,00

Deduções de vendas –

Abatimentos –
Discriminação

Vendas canceladas –

Impostos –

Receita líquida de vendas 27.000,00

Custo das mercadorias e


–12.240,00
serviços

Lucro bruto 14.760,00

Despesas com vendas –200,00

Despesas financeiras –

Despesas gerais e
– 4.427,50
administrativas

Outras despesas operacionais –

Lucro ou prejuízo operacional 10.132,50

Receitas não operacionais –

Despesas não operacionais –

Lucros antes de IRPJ e CSLL 10.132,50


Discriminação

Provisão IR e CSLL –

Lucro antes das participações 10.132,50

Participações –

Lucro líquido do exercício 10.132,50

Lucro por ação (1.000 ações) 10,13

Estoque inicial –

Compras 30.600,00

Estoque final 12.240,00

Custo da mercadoria vendida 18.360,00

Obs.: IRPJ = Imposto de Renda Pessoa Jurídica; CSLL = Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.
Figura 3 – Gráficos demonstrativos da situação
patrimonial
Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: foto de uma mesa de trabalho com monitor de computador,


calculadora simples e gráficos impressos; aparece uma mão de uma mulher. Fim
da descrição.

Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados


(DLPA)

“Art. 186. A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados discriminará:

I – O saldo do início do período, os ajustes de exercícios anteriores e a correção

monetária do saldo inicial;


II – As reversões de reservas e o lucro líquido do exercício;

III – As transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros

incorporada ao capital e o saldo ao fim do período.

§ 1º Como ajustes de exercícios anteriores serão considerados apenas os

decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro

imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a

fatos subsequentes.

§ 2º A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante

do dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das

mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia.”

- BRASIL, 1976, n.p.

Essa demonstração tem a função de apresentar a movimentação das contas que representam os
lucros e prejuízos nos últimos dois anos. Os lucros estarão contabilizados em contas do
subgrupo reservas de lucros, e os prejuízos em contas do subgrupo prejuízos acumulados,
ambos pertencentes ao grupo PL.

Visando facilitar a apresentação desse demonstrativo, o art. 186, § 2º, permite que ele possa
estar contido na demonstração de mutações do patrimônio líquido, que trataremos adiante. Essa
demonstração é obrigatória às sociedades, inclusive limitadas, por força do art. 274 do
Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999) vigente.

Você perceberá que as demonstrações a seguir dependem da confecção anterior do balanço


patrimonial e da demonstração dos resultados do exercício.
Estrutura para Apresentação da DLPA para o Ano X2

(+) Lucro acumulado no ano X0;

(+) Ajuste de exercícios anteriores (nota 1);

(-) Transferências para reservas (nota 2);

(+) Reversões de reservas de lucros (nota 3);

(-) Dividendos pagos e adiantamentos de dividendos (nota 4);

(-) Lucros incorporados ao capital social (nota 5);

(+) Lucro do exercício X1 (nota 6);

(=) Saldo em 31/12/X1;

(+) Ajuste de exercícios anteriores;

(-) Transferências para reservas;

(+) Reversões de reservas de lucros;

(-) Dividendos pagos e adiantamentos de dividendos;

(-) Lucros incorporados ao capital social;

(=) Saldo em 31/12/X2.

O que Considerar?
Nota 1: ajuste de exercícios anteriores – efeitos de mudanças de critérios contábeis
ou retificação de erro material. Exemplo: utilização de alíquota ou critério incorreto
para lançamento da depreciação em exercício anterior ou cálculo de juros de
contrato internacional com cotação do dólar à cotação de compra;

Nota 2: transferências para reservas – retenção de parte dos lucros para guardar
recursos (não pagar dividendos) em função de uma situação adversa com impacto
nos resultados futuros. Exemplo: diminuição dos lucros futuros em função de uma
pandemia;

Nota 3: reversões de reservas de lucros – retorno para lucros acumulados de


retenção de lucros não utilizadas. Exemplo: retorno do valor de perda previsto para
contingências de uma enchente que não veio a acontecer;

Nota 4: dividendos pagos e adiantamentos de dividendos – remuneração dos


acionistas e participantes nos lucros. Exemplo: quando se apura o resultado, o valor
líquido dos lucros é transferido para a conta de lucros do exercício. Qualquer
destinação desse lucro será abatida de tal conta;

Nota 5: lucros incorporados ao capital social – integralização de capital com lucros


acumulados. Exemplo: a empresa bonifica os acionistas com novas ações
decorrentes do aumento de capital com utilização de lucros acumulados;

Nota 6: lucro do exercício X1 – o saldo final apurado na demonstração do resultado


do exercício é transferido para a conta de reserva de lucros.

Essa demonstração é de grande interesse para os acionistas no que se refere ao comparativo dos
últimos anos do lucro líquido e do lucro por ação. Aquele gráfico que sempre aparece nos filmes
de cunho empresarial se refere à comparação desses valores.

Por outro lado, o grande atrativo para o investidor está no viés de crescimento dos lucros e
dividendos. Ele compara os ganhos das várias opções de investimentos buscando manter e fazer
crescer seus capitais.
Figura 4 – Análise do orçamento financeiro
Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: foto do tampo de uma mesa de trabalho sobre a qual estão


uma lapiseira, uma calculadora comum e alguns gráficos impressos de barra e
linhas. Não aparecem pessoas na foto, que é colorida. Fim da descrição.

Com a globalização do mercado, os investidores espalhados pelo mundo dependem dessas


informações geradas com o mesmo modelo e critério. Os investidores corporativos, como os
fundos de pensões, têm determinados índices mínimos apurados com base nos demonstrativos.
📄 Material Complementar
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Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

  Livros  

Finanças Corporativas e Valor


ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2014.

Administração Financeira: Decisões de Curto Prazo, Decisões


de Longo Prazo, Indicadores de Desempenho
MORANTE, A. S.; JORGE, F. T. Administração financeira: decisões de curto prazo, decisões de
longo prazo, indicadores de desempenho. São Paulo: Atlas, 2012.

Introdução à Administração Financeira


PADOVEZE, C. L. Introdução à administração financeira. São Paulo: Cengage Learning, 2013.
Fundamentos de Administração Financeira
ROSS, S. et al. Fundamentos de administração financeira. Porto Alegre: AMGH, 2013.
📄 Referências
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BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Diário
Oficial da União, Brasília, p. 1, 17/12/1976. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm>. Acesso em: 07/03/2023.

BRASIL. Leis ordinárias. Portal da legislação, Brasília, 11/10/2016. Disponível em:


<http://www4.planalto.gov.br/legislacao/portal-legis/legislacao-1/leis-ordinarias>. Acesso

em: 07/03/2023.

MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial. Livro texto. 7.


ed. São Paulo: Atlas, 2012.

MARION, J. C. Contabilidade básica. 11. Ed. São Paulo: Atlas, 2015.

MARION, J. C. Contabilidade empresarial: livro texto. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2015b.

ZANLUCA, J. C. Demonstração do Valor Adicionado – DVA. Portal de Contabilidade, [S.l.],


27/12/2014. Disponível em:
<http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/demonstracaodovalor.htm>. Acesso em:

11/12/2022.

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