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Assunção – Paraguai
2017
ERIZANE NUNES DA MOTA
Assunção – Paraguai
2017
M917f Mota, Erizane Nunes da.
Formação do professor de música nas Escolas de Ensino Fundamental da
rede Estadual e Municipal de Cáceres-MT, Brasil./Erizane Nunes da Mota -
Assunção/Paraguai, 2017.
173f.; 30cm.
CDU: 78:37(817.2)
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu pai (saudades eternas); à minha mãe, que, pelo amor,
me mostrou a direção correta e me ensinou a ter fé na vida; à minha esposa, Onice
Queiroz Mota; aos meus filhos, Jane Nunes Mota, Elaine Nunes Mota, Jorge Thiago
Gonzaga Mota e Rannyelle Gonzaga Mota; às minhas netas, Ana Luiza Gonzaga de
Freitas e Isis Rafaela Gonzaga Colarino; e à minha amiga Ana Lúcia Artioli, pela
confiança, companheirismo, amizade e motivação incondicional que sempre me
impulsionaram em direção às vitórias dos meus desafios. Sem eles nada disso seria
possível.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me dado sabedoria na escolha dos melhores caminhos, força para
lutar, coragem para acreditar, ânimo para não desistir e proteção para me amparar.
À Prof.ª Dr.ª Maria Aparecida Monteiro da Silva, agradeço imensamente por suas
orientações na pesquisa. Você foi maravilhosa e serei eternamente grato, pois estou
conseguindo vencer as barreiras.
O ser humano que não conhece arte tem
uma experiência de aprendizagem
limitada, escapa-lhe a dimensão do sonho,
da força comunicativa dos objetos à sua
volta, da sonoridade instigante da poesia,
das criações musicais, [grifo nosso] das
cores e formas, dos gestos e luzes que
buscam o sentido da vida (PARÂMETROS
CURRICULARES NACIONAIS - ARTE,
1997, p. 19).
RESUMO
1
Assessoria Pedagógica é, segundo a Portaria 956/95-SEDUC-MT, uma unidade de
administração regional desconcentrada da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso,
com sede na capital do estado, Cuiabá..
estaduais de educação apresentam as demandas de formação de professores
de cada rede e as instituições de ensino superior (IES) expõem suas
possibilidades de oferta. Ou seja, o levantamento da demanda é realizado em
conjunto pelas secretarias municipais e estaduais de educação.
Em relação à Cáceres, segundo a Plataforma Freire (2014), houve a
previsão do curso de Licenciatura em Artes, com início previsto para o primeiro
semestre de 2010, que ofereceria, pelo PARFOR, cinquenta vagas, ainda que a
solicitação fosse de apenas quarenta. Entretanto, em 2016 o curso ainda não foi
criado, o que permite afirmar que não é dada prioridade à formação de
professores na área de música, nem à implementação da disciplina nas escolas
da educação básica.
Nesse contexto questiona-se: É importante oferecer um curso de
formação musical a docentes da rede pública de ensino de Cáceres-MT? O
curso de formação musical para os professores contribuirá com a aprendizagem
de conhecimentos musicais para o ensino de música nas escolas de ensino
fundamental da rede estadual e municipal de Cáceres-MT?
1.2 Justificativa
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo geral
2
Lane (1995) define as mediações como “categorias dialéticas, responsáveis pelos processos
de comunicação que irão constituir as relações entre o indivíduo e a sociedade através da qual
ele ganha identidade: pessoa, cidadão, indivíduo” (p.23). As mediações propiciam na relação
entre os sujeitos, a internalização pelo ser em desenvolvimento da construção social feita pelo
homem na trajetória histórica e, por essas razões, a sua constituição enquanto pessoa.
comportamento superior com referência à combinação entre o
instrumento e o signo na atividade psicológica. (VYGOTSKY,
2003, ps. 71, 72, 73).
3
A metalinguagem é usada quando se deseja falar da própria linguagem presente na
comunicação, ou seja, quando a preocupação do emissor está voltada para o próprio código ou
linguagem. O dicionário e a gramática são um exemplo. O uso do termo, no entanto, foi ampliado
para outras linguagens, como a música e o cinema, por exemplo. Para exemplificar, quando uma
música fala de si mesma está usando a metalinguagem.
http://www.estudopratico.com.br/metalinguagem/ Acesso no dia 9-9-2016.
pensamentos, sentimentos e emoções (MENHUIN; DAVIS, 1990; VICTÓRIO,
2008).
Na sociedade primitiva, a música sempre esteve em destaque e
era considerada um canal de comunicação importante entre as
comunidades e os que quisessem manifestar seus estados de
ânimo e acompanhar, por conseguinte, o trabalho, os cultos
religiosos e as festividades sociais (JOLY; GOHN; SANTIAGO,
2010, p. 9).
MI SOL SI RÉ FÁ FÁ LÁ DÓ MI
Figura 1 - Pentagrama e notas musicais.
Fonte: http://geasemello.blogspot.com.br/2011/04/aula-02-introducao-
leitura-e-
escrita.htm
Pesquisadores em educação musical, como Fonterrada (2005, p. 38),
afirmam que o intento de D’Arezzo era “educar o cantor de maneira mais rápida
possível, até que este atingisse a habilidade de cantar canções desconhecidas
a partir da notação escrita”.
No decorrer da Idade Média, pela influência da igreja católica no
pensamento filosófico, a educação musical ficou sob a responsabilidade dos
monges, nos mosteiros, organizando-se, a posteriori, nas catedrais,
expressando a alma religiosa desse momento histórico. Seguindo o movimento
de transformação social, no decorrer do Renascimento, durante o período da
Reforma, o ensino da música tornou-se popular com o surgimento das escolas
públicas, dando condições para que um número maior de pessoas pudesse ter
acesso ao conhecimento e à prática musical. De certa forma, quando luteranos
e calvinistas concordaram em projetar uma educação musical que atendesse
todas as crianças e jovens, houve um movimento de retorno aos ideais gregos.
No século XV, período das grandes viagens marítimas para a conquista
de novas terras, os portugueses chegaram ao Brasil trazendo consigo a música,
a qual contribuiu para que os jesuítas se aproximassem e sensibilizassem o povo
indígena. Segundo Amato (2013, p. 146), a música trazida pelos jesuítas era
muito simples, o cantochão4, cuja forma de tocar comoveu os indígenas, que,
desde a primeira celebração missal, deixaram-se envolver por tais melodias. Não
se trata de tecer maiores comentários sobre a deculturação provocada pelos
portugueses que aqui chegaram, mas, sim, de analisar a utilização da música
como instrumento de educação, ainda que coercitiva e a serviço do poder
vigente.
Destaca-se que, de acordo com a autora, quando D. João VI, rei de
Portugal, chegou ao Brasil, deu especial valor à música, levando-a, inclusive,
para fora dos limites da igreja, quando iniciou a construção e inaugurou o Teatro
São João, em 1813, no Rio de Janeiro.
Depois de D. João VI, projetou-se larga sombra sobre a música
brasileira. Nesse período, só uma figura zelou pela conservação
do patrimônio musical: Francisco Manuel da Silva, compositor do
Hino Nacional, que fundou o Conservatório de Música do Rio de
4
“Canto litúrgico da Igreja Católica do Ocidente, essencialmente monódico (canto a uma só voz
sem acompanhamento), e cujo ritmo ou ausência de ritmo se baseia apenas na acentuação e
nas divisões do fraseado; canto gregoriano”. (FERREIRA, A.B.H. Novo Aurélio Século XXI: o
dicionário da língua portuguesa. 3 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999, p. 394).
Janeiro, em 1841, padrão de todas as instituições congêneres
no Brasil, como relata Almeida (1942) (AMATO, 2013, p.147).
5
Segundo Bona (2002, p.1), “Em 3 de novembro de 1816 em Cerignola (Apulias), Itália, nasceu Paschoal
Bona. Foi compositor e lecionou canto no Conservatório de Milão. Faleceu em 2 de dezembro de 1878”.
Afirma Gainza (1988, p. 22) que “a música e o som, enquanto energia
estimula o movimento interno e externo no homem, impulsionando-o a ação e
promovem nele uma multiplicidade de condutas de diferentes qualidades e
graus”.
Para realizar as atividades com música não importa a idade, o que importa
é a forma como serão direcionadas tais ações, servindo como elemento de
aproximação entre professor, bebês, jovens e adultos, facilitando a relação
interpessoal. Vale ressaltar que, através da interação social, acontece a
sistematização do saber, onde aprendemos com tudo aquilo que nos rodeia.
Uma das recomendações do MEC, quanto ao ensino de música, refere-se
às noções básicas de música, isto é, o aluno deve saber os cantos cívicos
nacionais, identificar sons de instrumentos de orquestra, instrumentos regionais,
folclóricos, enfim, todas as diversidades culturais do Brasil.
A LDB nº 9394/96 privilegia a flexibilidade do ensino. Para atender esse
aspecto, o professor deverá trabalhar a coordenação motora, a sensibilidade
rítmica e melódica, a percepção dos movimentos internos e corporais, as noções
musicais e os gêneros - clássico, erudito, folclórico e popular - para, assim,
contribuir com a formação integral do indivíduo, reverenciando os valores
culturais, difundindo o senso estético e promovendo a sociabilidade e a
expressividade.
Como em outras disciplinas, no ensino de música, os professores
deverão partir dos conhecimentos dos alunos, priorizando a cultura trazida por
eles, ampliando-a. Isso significa desenvolver a cultura regional, trabalhando em
uma perspectiva antropológica, envolvendo pais, alunos e comunidade dentro do
seu contexto sociocultural. Assim, é possível socializar a cultura musical dentro
de sala de aula.
Interpretar, recriar, criar, apreciar e reproduzir músicas são práticas que
devem constituir o fundamento das aulas de música. Certamente, tais
parâmetros precisam ser realizados e inter-relacionados a partir de objetivos
claros, cuidando para que nenhuma atividade seja aplicada aleatoriamente, fora
do seu contexto social. É preciso também ter consciência de que o prazer de
brincar envolvendo atividade dessa natureza é requisito, muitas vezes,
fundamental para que o professor obtenha sucesso na sua proposta educativa.
Nesse sentido, Victório (2011, p. 31) afirma que proporcionar ao indivíduo
a oportunidade de expressar com espontaneidade os mais variados sons,
usando a sua criatividade musical, é o papel da educação musical. É importante
que toda atividade realizada seja amplamente explorada, buscando sempre o
aprofundamento em distintas dimensões musicais.
A música assim trabalhada pode ser base para outro trabalho, somando à
melodia já aprendida outros elementos, como um acompanhamento rítmico ou
uma base rítmico-corporal, bem como desenvolvendo parâmetros como
coordenação, percepção rítmico-sensorial, etc. Há de se considerar que, ao
entrar em contato com a música, a criança expressa sentidos e emoções que
não consegue expressar através de palavras.
Desde 2008, quando a música se tornou disciplina obrigatória, mas não
exclusiva, nas escolas brasileiras, é possível observar que se trata de um
elemento enriquecedor para o desenvolvimento humano, proporcionando bem-
estar e colaborando para a ampliação de novos horizontes, contribuindo, assim,
para a formação integral da criança.
De acordo com Rodrigues e Rosin (2014), o caráter interdisciplinar que
envolve a educação musical busca ampliar o conhecimento cultural das crianças
e jovens, contribuir para o desenvolvimento no ensino-aprendizagem escolar,
despertar a sensibilidade musical, o desenvolvimento motor, psíquico, a
afetividade e as relações interpessoais, dando a eles oportunidade de
conhecimento e valorização da vida. Referem-se, os autores, a uma prática
bastante habitual, ou seja, os educandos ouvem músicas e, após a experiência
sonora vivenciada, discutem o conteúdo, momento em que eles têm a
oportunidade de mostrar sua criatividade e conhecimentos adquiridos.
A música, se trabalhada de forma correta, com profissionais da área ou
capacitados, desenvolverá habilidades que ajudarão o aluno a criar e inovar,
além de proporcionar momentos de descontração e desenvolvimento cognitivo.
Armazenar, memorizar informações, conhecimentos estáticos e
descontextualizados não são mais situações possíveis nos dias
atuais. O momento atual requer a valorização da intuição, da
criatividade e da livre expressão do aluno para que ele possa
encarar as diversas situações do seu cotidiano e lidar com elas,
seja dentro ou fora do contexto escolar (LOUREIRO, 2010, p.
147).
Segundo Rodrigues e Rosin (2014), vários estudiosos afirmam “que
ensinar música na escola, não significa necessariamente o ensinar a tocar um
instrumento especifico, mas, sim, apresentá-la como área do conhecimento e
suas especificidades”. Da mesma maneira, segundo a Lei n° 11.769/2008, o
objetivo não é formar músicos, mas desenvolver o espírito crítico, conhecer as
raízes da música brasileira e despertar o gosto musical.
Assim, a música tem seu papel fundamental para o desenvolvimento e a
aprendizagem das crianças. Sendo linguagem de caráter lúdico, é fundamental
que o professor utilize desses elementos sonoros para tornar o ensino mais
atrativo. Ademais, a “exploração sonora, livre e prazerosa se apresenta como
parte de um processo ativo que visa à integração do fazer com o sentir e o
conhecer, pilares de uma educação comprometida com a construção de um
indivíduo autônomo” (VICTÓRIO, 2011, p. 1).
Dessa forma, a educação musical pode ser uma chave no processo de
construção do saber, no fazer pedagógico, na comunicação e socialização dos
alunos.
Retoma-se aqui o século XX, marcado por extraordinárias mudanças
sociais, momento em que surgiram novos pensadores, tais como: John Dewey,
Jerome Bruner e Jean Piaget, com novas propostas pedagógicas que
influenciaram a educação musical. Nesse cenário, destacam-se: Emile Jaques-
Dalcroze, Carl Orff, Zoltán Kodály, Shinichi Suzuki, Edgar Willems e Keith
Swanwick.
Na concepção de Émile Jacques-Dalcroze (Suíça, 1865-1950), a
educação musical deveria partir de uma escuta consciente, onde haveria a
participação de todo o corpo, pois, para o educador, além do ouvido, os sons são
percebidos por outras partes do organismo humano. Pondera que é pelo
movimento corporal que os elementos sonoro-musicais sentidos e pensados
internamente são expressos, ampliando e aperfeiçoando a consciência musical
(SANTOS, 2001). Em sua opinião, a apreensão dos conceitos musicais ocorre a
partir do movimento corporal e da exploração dos espaços.
6
O compositor alemão Carl Orff nasceu em Munique, em 10 de julho de 1895. Estudou na
academia de Munique e, mais tarde , em 1920, com Kaminski. Fundou uma escola de ginástica
e dança e foi a partir dela que desenvolveu sua atividade posterior, incentivando a criança
pequena a fazer música usando suas vozes e instrumentos de percussão.
O legado de Orff inclui um conjunto de peças infantis didáticas - práticas
musicais -, distribuídas em cinco volumes, e o Instrumental Orff, um conjunto de
instrumentos de percussão, cordas e flautas doces.
Em contrapartida, o método que Zoltán Kodály7 (Hungria, 1882-1967)
desenvolveu enfatiza o canto coletivo como um meio de expressão musical e
também como um exercício para o desenvolvimento emocional e intelectual.
Acreditava o educador que, por meio da vivência do canto coral, as crianças
teriam contato com parâmetros musicais como a pulsação, o ritmo, a forma e
a melodia de maneira prazerosa, e seriam estimuladas a buscar outras formas
de expressão musical, como outros tipos de canto ou a vivência de uma música
instrumental (GOULART, 2012).
A evolução de Kodály deu-se nas escolas húngaras com o objetivo de
tornar a música constante no cotidiano de seus compatriotas, de modo a resgatar
e assegurar a cultura de sua pátria através dessa arte. Ademais, sua principal
intenção era ensinar o amor à música.
Seu método apresentava alguns pontos distintos: toda pessoa que fala
uma língua é capaz de dominar a linguagem musical; a técnica musical mais
apropriada é o canto; quanto mais nova a criança aprende música, mais chance
de desenvolver suas habilidades musicais; a linguagem musical materna deve
ser a base para toda a instrução posterior. Com esse pensamento, desenvolveu
a metodologia do manossolfa e do solfejo relativo, a partir da escala pentatônica,
ambas voltadas para o ensino coletivo do canto e do instrumento. Assim, a
grande contribuição de Kodály ao ensino da música reside na premissa de que
a leitura, a escrita e o treinamento auditivo do ritmo e da melodia devem ser
sempre ensinados em conjunto e de maneira sensível, alegre e cativante
(GOULART, 2012).
Outro método que muito se destacou foi o do autor Shinichi Suzuki8
(Japão, 1898-1998). Segundo Borges (2005), o método Suzuki foi desenvolvido
9Edgar Willems, pedagogo musical, nasceu na Bélgica, em 13 de outubro de 1890, mas foi na
Suíça que desenvolveu o seu trabalho musical e pedagógico através de pesquisa e experiência
no campo sensorial da criança com relação à música e às relações da psique humana. Sua
metodologia propõe uma educação musical ativa e criadora, seguindo as etapas do
desenvolvimento psicológico da criança.
de aprendizagem batizado por ele de “C.L.A.S.P.”, que foi traduzido para o
português com a sigla “T.E.C.L.A.” (técnica, execução, composição, literatura e
apreciação), objetivando o trabalho dos conteúdos musicais de forma integrada
e respeitando o universo sociocultural e afetivo do aluno (SWANWICK, 2003).
Violeta de Gainza, na Argentina (1929), movida pelo pensamento de
Willems, defendeu uma práxis em educação musical que integrasse todos os
aspectos do fazer musical: fazer, sentir e pensar. Afirmava que o objetivo
específico da educação musical é musicalizar, ou seja, instrumentalizar com
eficácia os processos espontâneos e naturais necessários para que o homem se
vincule à música, “abrindo canais de expressão e comunicação a nível
psicofísico, induzindo, através de suas próprias estruturas internas, modificações
significantes no aparelho mental dos seres humanos.” (GAINZA, 1988, p. 42).
Após essas reflexões sobre o ensino de música, passar-se-á a enfocar a
legislação que dá suporte à educação musical.
10Na década de 1970, Lei 5692/71, pareceres e resoluções do Conselho Federal de Educação
(CFE). Na década de 1990, Lei 9394/ 96 e Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).
A Constituição Brasileira diz que:
Os PCN estão organizados por conteúdos que, por sua vez, estão
organizados e separados por modalidade artística, assim como as demais áreas.
Nesse sentido, aconselha-se deixar a critério das escolas e professores a
responsabilidade de construir sua proposta de trabalho na medida em que forem
trabalhadas artes visuais, dança, música ou teatro (BRASIL, 1997).
Entretanto, é preciso citar, apesar de longa, a reflexão de uma
pesquisadora da área sobre a educação musical brasileira na
contemporaneidade:
3. METODOLOGIA
Fonte:http://ibge.gov.br/cidadesat/painel/educacao.php?lang=&codmun=510250&search
=mato-grosso|caceres|infograficos:-escolas-docentes-e-matriculas-por-.
Fonte:http://ibge.gov.br/cidadesat/painel/educacao.php?lang=&codmun=510250&sea
rch=mato-grosso|caceres|infograficos:-escolas-docentes-e-matriculas-por-
Fonte:http://ibge.gov.br/cidadesat/painel/educacao.php?lang=&codmun=510250&sea
rch=mato-grosso|caceres|infograficos:-escolas-docentes-e-matriculas
Além desses:
Apenas para citar alguns ritmos mais próximos, ou seja, alguns
ritmos da América do Sul, no repertório cacerense já constava a
guarânia e a polca de procedência paraguaia, o chamamé, as
milongas e tangos argentinos, sem contar as variações que
estas fusões musicais provocavam nas síncopes rítmicas dos
vários “rasqueados” que aqui houveram/há (SOUZA, 2016, p. 3).
11
Laurence Bardin, professora-assistente de Psicologia na Universidade de Paris V.
No documento entregue à direção constava que o curso seria realizado
aos sábados, no Campus Universitário “Jane Vanini”, em Cáceres-MT, da
UNEMAT, como também o cronograma das atividades, conforme quadro 2.
1) IDENTIFICAÇÃO
2) EMENTA
3) OBJETIVOS DO CURSO
3.1 Geral
Contribuir com a formação em educação musical do professor do ensino
fundamental das redes estadual e municipal de ensino.
3.2 Específico
Proporcionar aos docentes conhecimentos sobre iniciação musical e seus
elementos constitutivos a fim de auxiliá-los no desenvolvimento das suas
atividades em educação musical em sala de aula.
4) CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
4.1 MÓDULO I
Notação Musical
Música
Sons: naturais, produzidos, musicais e não musicais
4.2 MÓDULO II
Principais elementos constitutivos da música: melodia, harmonia, ritmo.
4.4 MÓDULO IV
Quadro comparativo das figuras
Figuras de som e de silêncio
Clave de sol e de fá
Fórmulas de compassos simples
Atividades
5) RECURSOS DIDÁTICOS
Lousa, giz, data show, notebook, caixa de som, apostilas
7) BIBLIOGRAFIA
BENNETT, Ruy. Uma breve história da música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
1986.
P1E, P3E, P4E, P6M, P7M, É o ensino de música de maneira formal, utilizando-se
P9M de uma linguagem própria.
P2E É o campo de estudo que se refere ao ensino e
aprendizagem da música.
Os específicos foram:
1 - Desenvolver, a partir de uma ação interventiva, um curso de capacitação
em educação musical para professores do ensino fundamental das escolas
estaduais e municipais de Cáceres-MT - com ou sem formação em música - a
partir das suas necessidades nos aspectos de conteúdo musical e metodológico.
2 - Comparar o conhecimento musical dos professores, antes e depois da
ação interventiva, no sentido de melhoria da qualidade do ensino de música nas
escolas do ensino fundamental da rede estadual e municipal de Cáceres-MT.
Geradora dos objetivos propostos para a pesquisa, sua questão
norteadora buscou saber: Até que ponto e em que medida um curso de
capacitação em educação musical, para professores com ou sem formação em
música, contribuirá com a melhoria da qualidade do ensino de música nas
escolas de ensino fundamental da rede estadual e municipal de Cáceres-MT,
no que diz respeito aos aspectos de conteúdo musical e metodológico?
Os dados da pesquisa foram recolhidos via questionário com perguntas
abertas e uma questão fechada, enquanto a técnica para a análise dos dados
qualitativos foi a de análise de conteúdo, de Bardin (2011).
Segundo a autora, trata-se de um conjunto de técnicas de análise das
comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de
descrição do conteúdo das mensagens, indicadores, quantitativos ou não, que
permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção das mensagens
Dessa forma, obedeceram-se às regras propostas pela autora, que são:
a) exaustividade – considerou-se todo o conteúdo das respostas dos
questionários como material de análise;
b) homogeneidade – os questionários aplicados trataram do mesmo tema, com
roteiros semelhantes, sendo registrados por meio de uma única técnica e feitos
pelo mesmo pesquisador;
c) pertinência – as perguntas dos questionários foram organizadas e aplicadas
considerando os objetivos da pesquisa.
13
A grelha é um instrumento bastante importante porque permitiu fazer uma leitura mais
sistemática e objetiva de todas as questões do questionário onde estão expressas as respostas
dos pesquisados, bem como os indicadores e unidades de registro das respostas em cada bloco
de categorias e respetivas subcategorias.
de aulas ou mesmo como recreação, sem a valorização que deveria ter como
disciplina própria, com métodos e técnicas pedagógicas capazes de contribuir
para o processo ensino-aprendizagem do aluno e sua formação integral.
Considerando essa realidade, o pesquisador, que é maestro e professor de
música, dando continuidade ao seu estudo, desenvolveu, no seu doutoramento,
a partir de uma ação interventiva, um curso de capacitação em educação
musical para professores, com ou sem formação em música, do ensino
fundamental das escolas estaduais e municipais de Cáceres-MT, a partir das
suas necessidades nos aspectos de conteúdo musical e metodológico.
8
78%
7
5
Certo
4
Não respondeu
3 Errado
2
11% 11%
1
0
1ª aplicação
Fonte: Produzido pelo pesquisador
Na reaplicação, sete professores responderam corretamente, ou seja, que
música é a arte de manifestar os diversos afetos de nossa alma mediante o som
(BONA, 2002).
P7M e P9M responderam de maneira parcialmente correta e com as
próprias palavras, mas em se considerando a resposta dada por ambos na
primeira aplicação do questionário, o conceito de música ampliou-se. Essa
análise pode ser observada na grelha 2.
Observa-se que na reaplicação, P1E, P2E, P3E, P4E, P5E, P6M e P8M
responderam corretamente, de acordo com a teoria musical. Destaca-se que
isso representa 78% de acerto. Somente dois sujeitos, P7M e P9M, responderam
a questão de forma parcialmente correta, representando 22%. Essa reflexão em
percentuais pode ser observada no gráfico 5.
Gráfico - 5 Análise percentual das respostas à 1ª pergunta na 2ª aplicação do questionário.
8
78%
7
6 78%
4 Correta
Parcialmente correta
3
22%
2
22%
1
0
2ª aplicação
Fonte: Produzido pelo pesquisador
4 Correta
Parcialmente Correta
3
22%
22% Errada
2
0
1ª Aplicação 2ª Aplicação
Conhecimento Conhecimento dos P1E, P2E, P3E, P4E, P6M, P8M e P9M, ou
Musical elementos musicais seja, sete professores assinalaram que não
sabiam.
P5E e P7M assinalaram que sim.
10 100%
9
8 78%
7
6
SIM
5
NÃO
4
3 22%
2
1
0
1ª APLICAÇÃO 2ª APLICAÇÃO
Fonte: Produzido pelo pesquisador
Desse modo, pode-se dizer que, dos nove sujeitos, apenas dois - P5E e
P7M - souberam dizer quais são os principais elementos da música e somente
um - P9M – conhecia-os parcialmente. Os demais - P1E, P2E, P3E, P4E, P6M
e P8M – desconheciam o conceito. Os dados em percentuais podem ser
observados no gráfico 8.
Gráfico - 8 Análise percentual das respostas à pergunta 2A na 1ª aplicação do questionário.
80%
70% 67%
60%
50% Correta
40%
Parcialmente Correta
30%
22% Não Respondeu
20%
11%
10%
0%
1ª Aplicação
Fonte: Produzido pelo pesquisador
7 67%
6 CORRETA
5
PARCIALMENTE CORRETA
4
22% NÃO RESPONDERAM
3
2 11%
0
1ª APLICAÇÃO 2ª APLICAÇÃO
Fonte: Produzido pelo pesquisador
Pode-se observar a diferença significativa após a ação interventiva, ou
seja, todos os professores souberam dizer, de acordo com Med (1996), quais
são os principais elementos que constituem a música.
Se a definição de Bona (2002) afirma que é por meio dos sons que
compõem a música que se pode manifestar os diversos afetos da nossa alma, o
colorido do nosso cotidiano pode ser ampliado se soubermos ouvi-la, reproduzi-
la ou compô-la. Nesse sentido, quanta beleza sonora poderá ser produzida se
nossos alunos aprenderem a combinar os sons sucessivamente, um após o
outro ou vários ao mesmo tempo (melodia); associando diferentes velocidades
(ritmo) àqueles que se apresentam como mais graves ou mais agudos aos
nossos sentidos; produzindo-os ora mais fortes, ora mais fracos (intensidade);
quer por uma flauta, um violão, um violino, um piano ou um teclado (timbre)!
Quanta arte criada, quantos comportamentos orquestrados, quanta alegria
contagiante o cenário escolar orquestrará. Aí é que se encontram os principais
elementos constitutivos da música e a linguagem musical.
Assim, quando Vygotsky (1991) afirma que a linguagem é que faz a
mediação entre a sociedade e o sujeito na apropriação da cultura produzida
socialmente e a constituição do sujeito ativo, esse mesmo processo se dá pela
linguagem musical na composição do sonho, da sensibilidade, da criatividade e
poesia humana.
A terceira questão tinha a finalidade de verificar o conhecimento do
professor cursista sobre a percepção dos diferentes ritmos existentes. Assim,
indagava: Vamos imaginar que você esteja caminhando na Rua das Maravilhas.
Na classificação dos ritmos, você saberia dizer qual é o ritmo dessa caminhada?
Ao analisar as respostas, observou-se que apenas P5E e P7M
responderam corretamente à pergunta, como se pode ver na grelha 5.
3,5
3 33%
2,5 CORRETA
22% ERRADA
2
NÃO RESPONDEU
1,5
0,5
0
1ª aplicação
Fonte: Produzido pelo pesquisador
8
CORRETA
7
6
PARCIALMENTE CORRETA
5
55%
4 ERRADA
33%
3
NÃO RESPONDEU
2 11%
11%
1
0
1ª APLICAÇÃO 2ª APLICAÇÃO
4 CORRETA
PARCIALMENTE CORRETA
3
22% 22% ERRADA
2 NÃO RESPONDEU
11% 11%
1
0
1ª APLICAÇÃO 2ª APLICAÇÃO
.
Verifica-se que dois sujeitos responderam de maneira suficiente (P1E,
P2E), correspondendo a 22%; três responderam superficialmente (P5E, P8M,
P9M), ou seja, 33%; e quatro, de maneira fundamentada teoricamente (P3E,
P4E, P6M, P7M), representando 55%.
A análise percentual realizada pode ser observada no gráfico 15.
Gráfico - 15 Análise percentual das respostas à 8ª pergunta na 2ª aplicação do questionário.
4,5
55%
4
3,5
33%
3
2,5 SUPERFICIAL
22%
2 SUFICIENTE
FUNDAMENTADA
1,5
0,5
0
Respostas sobre a contribuição do curso à prática pedagógica
Fonte: Produzido pelo pesquisador
5.1 CONCLUSÃO
14
Pode ser observado nos gráficos comparativos: 5- pag.111; 6 –pág.11; 7 – pág.113; 9 – pág. 115; 11 –
pág.117; e 12 – pág.119. 13 – pág.122; 14 – pág.125; 15 – pág.130.
5.2 RECOMENDAÇÕES
Eu queria aprender
O idioma das árvores
Saber as canções do vento
Nas folhas da tarde
Eu queria apalpar os perfumes do sol
Sentado sobre uma pedra
No mais alto do rochedo
Aquele gavião
Se achava principal
Mais principal do que todos
Tem gente assim
ALVES, Rubem. Estórias de quem gosta de ensinar. 2. ed. São Paulo: Cortez:
Autores Associados, 1984.
_______. Lei n°. 5.692, de 11 de agosto de 1971. Brasília, 1971. Disponível em:
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http://www.uab.ufscar.br/em/projeto-pedagogico-2010. Acesso em: 22 out. 2013.