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FERNANDA SAMARINI MACHADO

CONSUMO, DIGESTIBILIDADE APARENTE, PARTIÇÃO DE ENERGIA E


PRODUÇÃO DE METANO EM OVINOS ALIMENTADOS COM SILAGENS
DE SORGO EM DIFERENTES ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO

Tese apresentada ao Departamento de


Zootecnia da Escola de Veterinária da
Universidade Federal de Minas Gerais, como
requisito parcial para obtenção do grau de
Doutor em Zootecnia.

Área de Concentração: Nutrição Animal

Orientador: Prof. Norberto Mario Rodriguez

Belo Horizonte – Minas Gerais


Escola de Veterinária – UFMG
2010

1
2
Tese defendida e aprovada em 19 de julho de 2010 pela comissão examinadora constituída por:

____________________________________________
Prof. Norberto Mario Rodríguez
(Orientador)

______________________________________________
Dr. José Avelino Santos Rodrigues

______________________________________________
Dr. Roberto Guimarães Junior

______________________________________________
Dr. Diogo Gonzaga Jayme

______________________________________________
Dra. Eloísa Simões de Oliveira Saliba

3
Branco

4
DEDICATÓRIA

MENSAGEM

5
Branco

6
AGRADECIMENTOS

7
branco

8
SUMÁRIO
RESUMO........................................................................................................................12
ABSTRACT....................................................................................................................13
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO GERAL......................................................................14
CAPÍTULO II – REVISÃO DE LITERATURA............................................................16
I. UTILIZAÇÃO DO SORGO PARA PRODUÇÃO DE SILAGEM............................16
2.1.1. A cultura do sorgo............................................................................................16
2.1.2. Produtividade.....................................................................................................18
2.1.3. Valor nutritivo de silagens de sorgo e resposta animal.....................................19
II – CONSUMO E DIGESTIBILIDADE APARENTE..................................................22
2.2.1. Consumo ...........................................................................................................22
2.2.2. Regulação do consumo......................................................................................23
2.2.3 Fatores que interferem no consumo de silagens.................................................25
2.2.4. Digestibilidade aparente....................................................................................26
III – PARTIÇÃO DA ENERGIA DOS ALIMENTOS...................................................28
2.3.1. Utilização da energia dos alimentos..................................................................28
2.3.2. Calorimetria indireta..........................................................................................32
2.3.3. Eficiência de utilização da energia....................................................................33
IV – EMISSÃO DE METANO ENTÉRICO POR RUMINANTES..............................35
2.4.1. Formação do metano entérico e seu papel no ecossistema ruminal..................36
2.4.2. Perdas energéticas através do metano entérico.................................................38
V – TANINOS CARACTERÍSTICAS E EFEITOS......................................................39
2.5.1. Considerações gerais.........................................................................................39
2.5.2. Efeito dos taninos sobre o valor nutritivo dos alimentos..................................40
2.5.3. Efeito dos taninos sobre os microrganismos ruminais......................................41
CAPÍTULO III – CONSUMO E DIGESTIBILIDADE APARENTE, EM OVINOS,
DOS NUTRIENTES DAS SILAGENS DE SORGO EM DIFERENTES ESTÁDIOS
DE MATURAÇÃO.........................................................................................................43
3.1 RESUMO..................................................................................................................43
3.2 INTRODUÇÃO ........................................................................................................44
3.3. MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................44
3.3.1. Considerações gerais.........................................................................................44
3.3.2. Descrição dos híbridos......................................................................................45
3.3.3. Procedimento experimental...............................................................................45
3.3.4. Análises laboratoriais........................................................................................46
3.3.5. Cálculos.............................................................................................................47
3.3.6. Procedimentos estatísticos.................................................................................48
3.4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................48
3.4.1. Composição química das silagens.....................................................................48
3.4.2. Consumo e digestibilidade aparente da matéria seca........................................53
3.4.3. Consumo e digestibilidade aparente da proteína bruta e balanço de nitrogênio
.....................................................................................................................................56
3.4.4. Consumo e digestibilidade das frações fibrosas................................................61
3.5. CONCLUSÃO..........................................................................................................68

9
CAPÍTULO IV – PARTIÇÃO DA ENERGIA E PRODUÇÃO DE METANO
ENTÉRICO EM OVINOS ALIMENTADOS COM SILAGENS DE SORGO EM
DIFERENTES ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO............................................................69
4.1 RESUMO..................................................................................................................70
4.2 INTRODUÇÃO ........................................................................................................70
4.3 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................71
4.3.1 Ensaio de Respirometria.....................................................................................71
4.3.2. Análises laboratoriais........................................................................................73
4.3.3. Cálculos.............................................................................................................73
4.3.4 Procedimentos estatísticos..................................................................................75
4.4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................75
4.4.1. Consumo de energia..........................................................................................75
4.4.2. Perdas de energia...............................................................................................78
4.4.3. Eficiência de utilização da energia....................................................................82
4.4.4. Teores de energia...............................................................................................85
4.4.5. Respirometria....................................................................................................87
4.4.6. Produção de metano entérico.............................................................................89
4.5. CONCLUSÕES........................................................................................................92
CAPITULO V – CONSIDERAÇÕES FINAIS E IMPLICAÇÕES PRÁTICAS...........93
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................94

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO III
Tabela 1 - Idades de corte (dias após o plantio) dos híbridos de sorgo em cada estádio de
maturação avaliado....................................................................................................... 45
Tabela 2 - Composição química (% na MS) das silagens dos híbridos de sorgo BRS 610, BR
700 e BRS 655 em três estádios de maturação (leitoso, pastoso e
farináceo)...................................................................................................................... 49
Tabela 3 - Valores médios de consumo de matéria verde (CMV) em Kg/dia, consumo de 53

10
matéria seca (CMS) em gramas por dia, consumo de matéria seca por peso
metabólico (CMS-PM) em gramas por Kg 0,75 por dia, digestibilidade aparente da
matéria seca (DAMS) em porcentagem (%) e consumo de matéria seca digestível
por peso metabólico (CMSD-PM) em gramas por Kg 0,75 por dia das silagens dos
híbridos de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655 em três estádios de maturação
(leitoso, pastoso e farináceo)........................................................................................
Tabela 4 - Valores médios de consumo de proteína bruta (CPB) em g/dia, consumo de
proteína bruta por peso metabólico (CPB-PM) em gramas por Kg 0,75 por dia,
digestibilidade aparente da PB (DAPB) em porcentagem e consumo de proteína
digestível por peso metabólico (CPD-PM) em gramas por Kg 0,75 por dia das
silagens dos híbridos de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655 em três estádios de
maturação (leitoso, pastoso e farináceo)..................................................................... 57
Tabela 5 - Nitrogênio (N) ingerido, N fecal, N urinário e balanço de nitrogênio (N retido) em
gramas por dia, N retido por peso metabólico (N retido-PM), em gramas por Kg 0,75
por dia, e relação N retido / N ingerido (N ret/N ing), em porcentagem, das silagens
dos híbridos de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655 em três estádios de maturação
(leitoso, pastoso e farináceo)........................................................................................ 60
Tabela 6 - Valores médios de consumo de fibra em detergente neutro (CFDN) em g/dia,
consumo de fibra em detergente neutro por peso metabólico (CFDN-PM) em
gramas por Kg 0,75 por dia, digestibilidade da fibra em detergente neutro (DAFDN),
em porcentagem, consumo de fibra em detergente neutro digestível (CFDND) em
gramas por dia e consumo de fibra em detergente neutro digestível por peso
metabólico (CFDND-PM), em gramas por Kg 0,75 por dia, das silagens dos híbridos
de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655 em três estádios de maturação (leitoso,
pastoso e farináceo)...................................................................................................... 62
Tabela 7 - Valores médios de consumo de fibra em detergente ácido (CFDA) em g/dia,
consumo de fibra em detergente ácido por peso metabólico (CFDA-PM) em gramas
por Kg 0,75 por dia, digestibilidade da fibra em detergente ácido (DFDA), em
porcentagem, consumo de fibra em detergente ácido digestível (CFDAD) em
gramas por dia e consumo de fibra em detergente ácido digestível por peso
metabólico (CFDAD-PM), em gramas por Kg 0,75 por dia, das silagens dos híbridos
de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655 em três estádios de maturação (leitoso,
pastoso e farináceo)...................................................................................................... 63
Tabela 8 - Valores médios de consumo de hemiceluloses (CHCEL) em g/dia, consumo de
hemiceluloses por peso metabólico (CHCEL-PM) em gramas por Kg 0,75 por dia,
digestibilidade das hemiceluloses (DHCEL), em porcentagem, consumo de
hemiceluloses digestíveis (CHCELD) em gramas por dia e consumo de
hemiceluloses digestíveis por peso metabólico (CHCELD-PM), em gramas por Kg
0,75
por dia, das silagens dos híbridos de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655 em três
estádios de maturação (leitoso, pastoso e farináceo)................................................... 65
Tabela 9 - Valores médios de consumo de celulose (CCEL) em g/dia, consumo de celulose por
peso metabólico (CCEL-PM) em gramas por Kg 0,75 por dia, digestibilidade da
celulose (DCEL), em porcentagem, consumo de celulose digestível (CCELD) em
gramas por dia e consumo de celulose digestível por peso metabólico (CCELD-
PM), em gramas por Kg 0,75 por dia, das silagens dos híbridos de sorgo BRS 610,
BR 700 e BRS 655 em três estádios de maturação (leitoso, pastoso e farináceo)..... 66
Tabela 10 - Valores médios de consumo de lignina (CLIG) em g/dia, consumo de lignina por
peso metabólico (CLIG-PM), em gramas por Kg 0,75 por dia, das silagens dos
híbridos de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655 em três estádios de maturação
(leitoso, pastoso e farináceo)........................................................................................ 67

CAPÍTULO IV
Tabela 11 - Valores médios de consumo de energia bruta (CEB), de energia digestível (CED), 76
de energia metabolizável (CEM) e de energia líquida (CEL), em Kcal por Kg de

11
peso metabólico por dia (Kcal/ Kg 0,75/ dia) das silagens dos híbridos de sorgo BRS
610, BR 700 e BRS 655 em três estádios de maturação (leitoso, pastoso e
farináceo)......................................................................................................................
Tabela 12 - Valores médios de perda diária de energia nas fezes, na urina, no metano e na
forma de incremento calórico, em Kcal por Kg de peso metabólico (Kcal/PM/d) e
como porcentagem da energia bruta ingerida (% da EB) das silagens dos híbridos
de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655 em três estádios de maturação (leitoso,
pastoso e farináceo)...................................................................................................... 79
Tabela 13 - Valores médios de digestibilidade aparente da energia bruta (DAEB), em
porcentagem, metabolizabilidade (qm), eficiência de uso da energia metabolizável
para mantença (Km) e razão entre energia líquida e energia bruta, em porcentagem,
das silagens dos híbridos de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655 em três estádios de
maturação (leitoso, pastoso e farináceo)...................................................................... 82
Tabela 14 - Valores médios de energia bruta (EB), de energia digestível (ED), de energia
metabolizável (EM) e de energia líquida (EL), em Mcal por Kg de matéria seca
consumida (Mcal/ Kg de MS) das silagens dos híbridos de sorgo BRS 610, BR 700
e BRS 655 em três estádios de maturação (leitoso, pastoso e farináceo).................... 86
Tabela 15 - Consumo diário de oxigênio (O2), produção diária de dióxido de carbono (CO2) e
de metano (CH4), em litros por Kg de peso metabólico (L/PM), produção diária de
calor (PC) em Kcal por Kg de peso metabólico (Kcal/PM) e coeficiente respiratório
(CR) das silagens dos híbridos de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655 em três
estádios de maturação (leitoso, pastoso e farináceo)................................................... 88
Tabela 16 - Valores médios de produção de metano por ovinos alimentados com as silagens dos
híbridos de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655 em três estádios de maturação
(leitoso, pastoso e farináceo), em litros por dia (L/d), em gramas por dia (g/d), em
gramas por Kg de matéria seca ingerida (g/Kg de MS) e perda de energia na forma
de metano (ECH4) em Kcal por Kg de MS ingerida (Kcal / Kg MS).......................... 90

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO II
Figura 1 - Partição de energia. Fonte: Adaptado de Chwalibog (2004)................. 29

RESUMO

Objetivou-se com este trabalho estudar a ingestão voluntária, digestibilidade aparente, partição
da energia e produção de metano em ovinos consumindo as silagens dos híbridos de sorgo BRS
610, BR 700 e BRS 655 colhidos em três estádios de maturação dos grãos: leitoso, pastoso e
farináceo. E a partir da análise desses dados, estabelecer uma comparação entre os três híbridos
e determinar o momento de ensilagem ideal para cada um deles. Inicialmente realizou-se o
ensaio de consumo voluntário e digestibilidade aparente dos nutrientes das silagens avaliadas.

12
Os valores de consumo de matéria seca, em gramas por quilograma de peso metabólico (CMS-
PM), variaram de 45,90 g/PM/dia a 59,99 g/PM/dia e não diferiram com o avanço do estádio de
maturação para todos os híbridos (P>0,05). No estádio pastoso, o BRS 655 apresentou menor
CMS-PM em relação aos demais híbridos (P<0,05), que foram semelhantes entre si (P>0,05).
Foram observados menores consumos de proteína digestível para os híbridos com tanino (BR
700 e BRS 655) em relação ao BRS 610, com significância estatística nos estádios pastoso e
farináceo. Todos os tratamentos apresentaram balanço de nitrogênio levemente positivo, com
valores entre 0,02 g/PM/dia e 0,20 g/PM/dia. Não foi observada influência dos taninos sobre o
aproveitamento da fibra das silagens. No segundo experimento, as silagens foram avaliadas
quanto à partição da energia e produção de metano, em ovinos com consumo à mantença,
utilizando-se câmaras respirométricas de circuito aberto. Os consumos de energia bruta (CEB),
energia digestível (CED), energia metabolizável (CEM) e de energia líquida (CEL), em Kcal
por Kg de peso metabólico (PM), variaram de 192,94 a 248,31 Kcal/PM/dia, de 100,14 a 138,68
Kcal/PM/dia, de 89,72 a 125,46 Kcal/PM/dia e de 47,68 Kcal/PM/dia a 76,09 Kcal/PM/dia,
respectivamente. Os híbridos BRS 610 e BRS 655 mostraram maior consumo de energia líquida
no estádio pastoso, já o BR 700 não apresentou variação entre os estádios de maturação. A
produção fecal representou a principal perda de energia (48% a 52% da EB ingerida), seguida
pelo incremento calórico (10% a 19% da EB ingerida), emissão de metano entérico (4% a 6%
da EB ingerida) e urina (1% a 2% da EB ingerida). Os valores de metabolizabilidade (q m)
variaram de 0,42 a 0,52, sendo que não houve diferenças estatísticas entre todos os tratamentos
(P>0,05). Os valores de eficiência de uso da energia metabolizável para mantença (Km)
oscilaram entre 0,53 e 0,78. Nos estádios leitoso e pastoso, não houve diferenças (P>0,05) entre
os híbridos estudados, mas no estádio farináceo o BRS 655 mostrou valor inferior de Km. Os
teores de energia (ED), metabolizável (EM) e energia líquida (EL) das silagens, em Mcal por
Kg de matéria seca, variaram de 1,98 a 2,44 Mcal/Kg, de 1,76 a 2,20 Mcal/Kg e de 0,94 a 1,69
Mcal/Kg. No estádio farináceo a silagem do híbrido BRS 655 apresentou teor de EL inferior
(P<0,05) aos demais híbridos, que foram semelhantes entre si (P>0,05). De forma geral, os
tratamentos apresentaram balanço de energia negativo, com exceção para o BRS 610 no estádio
pastoso e BR 700 no estádio leitoso. A emissão diária de metano entérico não diferiu entre os
tratamentos (P>0.05). Para a obtenção de melhores balanços de nitrogênio e de energia, o BR
700 e BRS 655 devem ser colhidos no estádio leitoso. A silagem do híbrido BRS 610 no
estádio pastoso mostrou-se superior em relação aos demais tratamentos quanto às
quantidades de nitrogênio e de energia retidas pelos animais. Portanto, recomenda-se a
utilização da sua silagem, colhida no estádio pastoso.

Palavras-chave: calorimetria indireta, energia líquida, valor nutricional

ABSTRACT

The aim of this work was to study the voluntary intake, apparent digestibility, energy
partitioning and methane production by sheep feeding the silages of the hybrids BRS 610, BR
700 and BRS 655 harvested at three maturation stages of the grains: milk, soft dough and
floury, and establish a comparison between the three hybrids defining the ideal moment of
ensilage for each one. Firstly it was accomplished the voluntary intake and digestibility trial.
The dry matter intake, in grams per metabolic weight (DMI-MW), ranged from 45.90 to 59.99

13
g/MW/day and didn’t change with the maturity (P>0.05) for all the hybrids. At the soft dough
stage, the BRS 655 showed lower DMI-MW (P<0.05) than the other hybrids, that were similar
(P>0.05). The hybrids with tannin (BR 700 and BRS 655) had lower intakes of digestible
protein than the BRS 610 at the stages soft dough and floury (P<0.05). All the treatments
showed slight positive nitrogen balance which varied from 0.02 g/MW/d to 0.20 g/MW/d. It
was not observed influence of tannins on fiber utilization. The silages were also evaluated
through an energy partitioning and methane production experiment, by sheep feed at
maintenance, using an open-circuit respiration chamber. The intakes of gross energy (GEI),
digestible energy (DEI), metabolizable energy (MEI) and net energy (NEI), in Kcal per Kg of
metabolic weight (MW), varied from 192.94 to 248,31 Kcal/MW/d, from 100,14 to 138,68
Kcal/MW/d, from 89,72 a 125,46 Kcal/MW/d and from 47.68 Kcal/MW/d to 76.09
Kcal/MW/d, respectively. The hybrids BRS 610 and BRS 655 showed higher NEI at soft dough
stage, but the NEI of BR 700 didn’t vary among harvest periods. The feces represented the
major loss of energy (48% to 52% of GEI), followed by heat increment (10% to 19% of GEI),
enteric methane production (4% to 6% of GEI) and urine (1% to 2% of GEI). The values of
metabolizability (qm) ranged from 0.42 to 0.52 and didn’t change among treatments (P>0.05).
The efficiency of metabolizable energy utilization (Km) varied from 0.53 to 0.78. At the milk
and soft dough stage there weren’t differences among the hybrids, but at the floury stage, the
BRS 655 showed lower value of Km than the others. The contents of digestible energy (ED),
metabolizable energy (ME) and net energy (NE) of the silages, in Mcal per Kg of dry matter,
ranged from 1.98 to 2.44 Mcal/Kg, from 1.76 to 2.20 Mcal/Kg and from 0.94 to 1.69 Mcal/Kg.
At the floury stage the BRS 655 had lower NE content (P<0.05) than the others hybrids which
were similar (P>0.05). Generally, the treatments had negative energy balances, except the BRS
610 at soft dough stage and BR 700 at milk stage of maturation. The enteric methane daily
production didn’t vary among the treatments (P>0.05). To obtain better nitrogen and energy
balances, the BR 655 and BR 700 should be harvested at milk stage. The silage of the BRS 610
was higher than the others treatments on the quantities of nitrogen and energy retained by the
animals. Therefore, the use of the BRS 610 is recommended and it should be ensilage at soft
dough stage.

Key words: indirect calorimetry, net energy, nutritional value

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO GERAL

O crescimento da população mundial e do aumentar de 229 milhões de toneladas em


seu poder aquisitivo tem promovido 2001 para 465 milhões de toneladas em
aumento acentuado da demanda por 2050, e a produção de leite de 580 milhões
alimentos de origem animal. A produção de toneladas para 1.043 milhões de
mundial de carne está projetada para toneladas nesse mesmo período (FAO,

14
2006). Essa crescente demanda impõe ensilagem bem como o seu ponto ótimo de
novos desafios para os setores agrícola e colheita.
pecuário, que deverão intensificar cada vez
mais o uso da terra e a produtividade O consumo representa a maior parte das
animal, levando em consideração a variações na qualidade de um alimento,
segurança na produção de alimentos, pois dele vai depender a quantidade total de
agroenergia e os impactos ambientais dos nutrientes que o animal recebe, enquanto
sistemas de produção. que a quantidade de nutrientes absorvidos
dependerá da interação entre o consumo e a
A intensificação dos processos produtivos digestibilidade. Entretanto, os alimentos
na pecuária de corte e de leite nacional devem ser avaliados não só quanto a sua
promoveu aumento das necessidades capacidade de promoverem a absorção de
quantitativas e qualitativas de alimentos nutrientes, mas também quanto à eficiência
para os animais, principalmente nos com que a energia química presente nesses
períodos de escassez de pastagens. Nesse nutrientes é retida no corpo do animal ou
aspecto, a produção de silagem de alta produtos úteis, como leite e carne.
qualidade torna-se uma alternativa viável à
manutenção dos sistemas de forrageamento, Portanto, a determinação dos valores de
restringindo os períodos de carência energia líquida mostra-se mais adequado
alimentar, além de contribuir a melhoria por quantificar a energia do alimento que
dos índices zootécnicos do rebanho bovino será realmente utilizada para os processos
nacional, como redução da idade de abate e metabólicos envolvidos na mantença,
aumento da taxa de prenhez. gestação e/ou produção animal. Diante da
carência absoluta de estudos voltados à
O sorgo mostra grande flexibilidade para determinação do conteúdo de energia
ser utilizado em diferentes sistemas de líquida dos alimentos no Brasil, a Escola de
produção de forragem: apresenta maior Veterinária da Universidade Federal de
amplitude de época de plantio, custo de Minas Gerais vem conduzindo
produção menor, possibilidade de experimentos, utilizando a técnica de
aproveitamento da rebrota e, por ser mais calorimetria indireta, visando à elaboração
resistente ao déficit hídrico e às altas de um banco de dados com os teores de
temperaturas, pode ser cultivado com energia líquida de diversas forrageiras
vantagens em regiões inadequadas para o utilizadas nas regiões tropicais, bem como a
cultivo de milho. determinação das exigências energéticas
dos animais das raças mais adotadas no
A sustentabilidade dos sistemas de país.
produção, muitas vezes, pode ser
influenciada por características particulares Apesar da reconhecida importância da
do tipo de sorgo utilizado na produção de agropecuária na produção de alimentos e
silagem, pois a diversidade genética dentro geração de renda, nos últimos anos tem
da espécie é acentuada, determinando ocorrido aumento das discussões sobre o
diferentes produtividades e valores impacto ambiental das atividades pecuárias
nutricionais. Por isso, novos híbridos, que e agrícolas, principalmente relativas ao
são lançados freqüentemente no mercado, aquecimento global. O levantamento do
precisam ser avaliados pelas instituições de potencial de emissão de metano pelos
pesquisa para o avanço dos programas de diferentes sistemas agropecuários, bem
melhoramento genético, e para que os como a avaliação de estratégias
produtores e técnicos possam ser orientados mitigatórias, devem ser realizados sob uma
na escolha do material mais adequado para visão holística, levando-se em consideração

15
a dinâmica do fluxo de carbono em todo o
sistema de produção. As instituições de
pesquisa nacionais têm papel fundamental
no desenvolvimento de inventários sobre a
emissão de gases de efeito estufa no Brasil,
possibilitando o questionamento dos dados
apresentados pelas organizações
internacionais e o desenvolvimento de
soluções sustentáveis para os sistemas de
produção. Diante disso, torna-se necessário
o planejamento de Projetos de pesquisa
multidisciplinares e interinstitucionais que
atendam a essa demanda da sociedade.
Como parte integrante desse objetivo, a
quantificação da emissão de metano por
ruminantes alimentados com diferentes
forragens tropicais tem sido realizada pela
Escola de Veterinária da UFMG nos
últimos anos.

O presente trabalho visou a dar


continuidade à parceria estabelecida entre o
Departamento de Zootecnia da Escola de
Veterinária da Universidade Federal de
Minas Gerais e a EMBRAPA Milho e
Sorgo, contribuindo para o melhoramento
genético do sorgo, bem como prover
resultados a serem utilizados na elaboração
do banco de dados dos teores de energia
líquida e da produção de metano por
ruminantes consumindo forrageiras
tropicais. Dessa forma, este trabalho teve
como objetivos específicos comparar os
valores nutricionais e determinar o
momento ideal de ensilagem dos híbridos
de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655
através de ensaio de consumo,
digestibilidade aparente e partição de
energia.

CAPÍTULO II – REVISÃO DE LITERATURA

I. UTILIZAÇÃO DO SORGO PARA


PRODUÇÃO DE SILAGEM O sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] é
uma gramínea tropical, de ciclo anual,
2.1.1. A cultura do sorgo sendo utilizada sob diversas formas na
alimentação animal. Os grãos são

16
largamente utilizados na formulação de presença ou ausência de taninos, e outras
rações para aves, suínos e bovinos. A planta características (Garcia et al., 1979; Coelho,
inteira é utilizada sob a forma de silagem, 1979; Nussio, 1993; Carvalho, 1996).
rolão (pé inteiro seco) ou corte verde (Zago,
1991). Em função da região de origem, África e
parte da Ásia, e da seleção natural, o sorgo
Os cultivares de sorgo podem ser apresenta resistência a seca e requer menor
classificados em granífero, forrageiro, quantidade de água para se desenvolver,
duplo-propósito, sacarino ou tipo vassoura. quando comparado a outras culturas. O
A diferença entre eles está na altura e sorgo é muito resistente à desidratação
proporção de colmo, folhas e panícula, o devido ao seu sistema radicular fibroso e
que reflete na produtividade, na muito extenso (podendo atingir 1,5 metro
composição bromatológica e no valor de profundidade), ao ritmo de transpiração
nutritivo da planta. Os híbridos graníferos eficaz (retardamento do crescimento) e a
são cultivados com a finalidade de características foliares que minimizam a
produção de grãos e a estatura geralmente perda de água, como a cerosidade, ausência
não ultrapassa 1,50 metros, sendo esta de pilosidade, menor superfície foliar e
característica selecionada para facilitar a presença de células que fecham os
colheita mecanizada. Quando utilizados estômatos e que permitem à folha enrolar-
para a produção de silagem, a produção de se em condições de estresse hídrico
massa verde é muito baixa, geralmente (Dogget, 1970). Desta forma, em regiões
inferior a 30 t ha -1, mas com elevada áridas e semi-áridas, o sorgo tem sido
qualidade devido à grande proporção de cultivado como primeira cultura, já em
grãos na matéria seca. Os sorgos do tipo regiões com melhor distribuição de chuvas,
forrageiro apresentam altura entre 2 e 3 essa cultura vem apresentando boa
metros, sendo adaptados à produção de adaptação ao cultivo de safrinha (Dermachi
silagem e ao corte verde. Ao utilizar tais et al., 1995, Pedreira et al., 2003)
cultivares o produtor deve considerar que as
mesmas, por seu porte elevado, são O ciclo da planta varia de 90 a 190 dias e
propensas ao acamamento, dificultando a requer pluviosidade de 450 mm anuais para
colheita mecanizada. Além disso, a crescimento completo. Entretanto, com o
qualidade da silagem é inferior, devido à desenvolvimento de híbridos de maturação
reduzida produção de grãos, não devendo precoce (ciclo de 80 dias), é necessário
ser indicada para animais de elevada cerca de 380 mm de chuva. Apesar da
produção leiteira, porque haverá a resistência à seca o sorgo tem dois períodos
necessidade de suplementar a dieta com críticos de dependência hídrica, que
maior quantidade de ração concentrada. Na ocorrem em torno de 20-25 dias após
produção de silagem com qualidade germinação e aos 50-60 dias, período
comparável à do milho, podem ser próximo ao florescimento (Antunes, 1979).
utilizadas variedades de duplo propósito
(produção de grãos e de forragem). São Outra característica peculiar do sorgo é a
híbridos de porte médio, com altura sua capacidade de rebrota após a colheita, o
variando de 2,0 a 2,5 metros, produção de que possibilita produção de até 60%
matéria verde entre 40 e 55 t ha -1 no daquela obtida no primeiro corte (Zago,
primeiro corte, e produção de grãos entre 4 1991), podendo ser manejada para fornecer
e 6 t ha -1, o que confere alta qualidade à corte verde, pastejo ou silagem
silagem. As plantas ainda diferem dentro de suplementar. Além disso, o sorgo tem sido
cada categoria, de acordo com a suculência recomendado para cultivo próximo a
do colmo (colmo seco ou suculento), centros urbanos, onde a cultura de milho

17
está sujeita à retirada de espigas, seca variaram de 11,65 t/ha para o BRS 655
acarretando enormes prejuízos à a 17,70 t/ha para o BRS 610, ambos
produtividade da cultura. colhidos no estádio leitoso. Oliveira et al.
(2005) avaliaram quatro híbridos de sorgo
A seleção de híbridos de sorgo para forrageiro de porte médio a alto, entre eles
produção de silagem tem-se baseado o BRS 610 e o BR 700, com o corte
principalmente na altura da planta, realizado entre o estádio pastoso e
produtividade de matéria seca, produção de farináceo. O BRS 610 apresentou produção
grãos, equilíbrio entre as partes da planta de matéria verde (PMV) de 63,9 t/ha,
(folhas, colmo e panícula), resistência ao superior a PMV do BR 700 de 45,87 t/ha.
acamamento, melhor digestibilidade das Entretanto, as produções de matéria seca
partes vegetativas, tolerância a seca, (PMS) desses híbridos foram semelhantes,
resistência a pragas e doenças, bem como a sendo 14,22 t/ha e 14,69 t/ha para o BRS
qualidade fermentativa das silagens (Brito 610 e BR 700, respectivamente.
et al., 2000; Faria Jr., 2008).
Segundo Zago (1991) e Corrêa (1996), há
2.1.2. Produtividade aumento do teor de matéria seca (MS) da
forragem com o avanço da idade de corte, o
O comportamento produtivo de uma que foi confirmado por Romero et al.
forrageira destinada à produção de silagem (2000), que obtiveram médias de produção
é uma das principais características a serem de 5,44, 12,55 e 20,96 t MS/ha para sorgos
utilizadas na avaliação econômica da forrageiros cortados em crescentes idades
atividade. Segundo Valente (1992), de corte. Entretanto, Araújo (2002) não
produções de matéria verde inferiores a 40 relatou alterações significativas na PMS
toneladas por hectare tornariam a atividade com o avanço do estádio de maturação,
economicamente inviável. Os rendimento sendo as médias dos três híbridos estudados
de massa verde referidos pela Embrapa são de 6,55; 6,89; 5,59; 5,88 e 6,48 t MS/ha
de 50 a 60 t/ha para o BRS 610 e BRS 655 para os estádios de grãos leitoso,
(Rodrigues et al., 2004 e Rodrigues et al., leitoso/pastoso, pastoso, farináceo e duro,
2008) e 30 a 40 t/ha para o BR 700 respectivamente. Já Faria Júnior (2008)
(Embrapa, 2009). Devido aos mais variados encontrou produção estável desde o
tipos de sorgo e de cultivares disponíveis, enchimento dos grãos até o estádio
associado à grande variedade de condições pastoso/farináceo, ocorrendo queda da PMS
climáticas e de fertilidade do solo, a no estádio farináceo, sendo a produtividade
literatura apresenta uma ampla variação nos média de 9,34 t MS/ha.
dados de produtividade.
A produção de matéria seca digestível
Pereira et al. (1993) obtiveram produções (PMSD) é um parâmetro que agrega e inter-
de matéria seca de 18,0; 16,6 e 14,6 relaciona produtividade e valor nutritivo da
toneladas por hectare para cultivares de forragem. Apesar de apresentar grande
sorgo de porte alto, médio e baixo, utilidade na avaliação do potencial
respectivamente. Machado (2009), forrageiro de uma cultura, poucas são as
avaliando as características agronômicas pesquisas que exploram esse parâmetro.
dos híbridos BRS 610, BR 700 e BRS 655 Cândido (2000) encontrou valores entre
em três estádios de maturação, observou 6,93 e 8,81 t/ha para cinco híbridos de
produção de matéria verde (PMV) entre sorgo colhidos no estádio farináceo.
31,10 t/ha para o BR 700 no estádio Ferreira (2005), avaliando seis híbridos de
farináceo e 68,71 t/ha para o BRS 610 no sorgo no estádio leitoso-pastoso, encontrou
estádio leitoso. As produções de matéria variação nos valores de PMSD de 5,83 a

18
10,76 t/ha. Faria Jr. (2008), avaliando o identificação de híbridos de sorgo
híbrido BRS 610, obteve valores de PMSD apropriados ao processo de ensilagem
semelhantes entre os estádios leitoso e depende das características agronômicas da
pastoso, de 5,87 t/ha e 6,23 t/ha, planta, as quais devem estar relacionadas ao
respectivamente, mas inferior no estádio processo de fermentação, visando a redução
farináceo, de 4,85 t/ha. Machado (2009) de perdas de matéria seca e dos nutrientes
observou que as PMSD (t/ha) de híbridos durante a ensilagem, assim como a
de sorgo em três estádios de maturação manutenção dos coeficientes de
demonstraram comportamento semelhante à digestibilidade, consumo de forragem e
produção de matéria seca, com variação de desempenho animal.
6,52 a 9,84 t/ha.
Com o avanço do estádio de maturação,
2.1.3. Valor nutritivo de silagens de ocorre aumento do teor de amido na planta
sorgo e resposta animal de sorgo, decorrente da conversão de
carboidratos solúveis, armazenados
O entendimento dos mecanismos que temporariamente no colmo, em amido,
propiciam a manutenção do valor nutritivo depositado nos grãos. A redução do
da forragem, minimizando as perdas de conteúdo de carboidratos solúveis no colmo
nutrientes, ou mesmo alterações que é acompanhada por um aumento nos teores
resultem no desequilíbrio entre os de FDN, FDA e lignina. Desta forma, no
nutrientes, é de fundamental importância estádio de grão leitoso, a fração fibrosa é
para aumentar a eficiência da utilização de mais digestível do que no estádio de grão
silagens, uma vez que nos sistemas de farináceo. Entretanto, no estádio de grão
produção intensiva há limitações farináceo, o acúmulo de matéria seca nos
acentuadas para a produção de forragem de grãos pode compensar a redução de matéria
alta qualidade durante o ano todo (Reis e seca digestível do colmo. Dependendo da
Silva, 2006). participação de grãos na planta total, os
teores de FDN e FDA da planta total
Pereira et al. (1993), comparando híbridos estabilizam-se ou podem decrescer à
de milho e sorgo, evidenciaram medida que a planta evolui para o estádio
similaridades nos parâmetros de de maturação fisiológica. Segundo
produtividade (produção de matéria seca Carvalho et al. (1992), com a maturidade, a
por unidade de área) e de valor nutritivo planta do sorgo apresentava uma redução
(coeficientes de digestibilidade “in vitro” da nas proporções de colmo na planta,
matéria seca, teor de proteína bruta e tendência de aumentar a proporção de
consumo voluntário). No entanto, os dados folhas e um aumento significativo nas
da literatura demonstram que a silagem de proporções de panícula.
sorgo representa de 70 a 90% do valor
nutritivo da silagem de milho, devido a Pizarro (1979), trabalhando com híbridos
aspectos relacionados à grande diversidade de sorgo de caráter forrageiro e granífero,
genética da cultura do sorgo (Zago, 1991). demonstraram que o efeito do avanço do
estádio de maturação da planta decresce
Segundo Silva et al. (1999), vários fatores acentuadamente os coeficientes de
atribuem variações à qualidade final da digestibilidade da matéria seca em silagens
silagem, entre eles, a escolha da cultivar ou de híbridos de baixo conteúdo de grãos
híbrido, o estádio de maturação na colheita, (forrageiros), com relação a silagens de
o tipo de solo e as condições climáticas da híbridos de alta produção de grãos
área de cultivo. Demarchi et al. (1995) e (graníferos), sendo esse aspecto
Pesce et al. (2000) enfatizam que a

19
determinante em relação à análise do valor mais precocemente com a maturação. O
nutritivo da silagem. desenvolvimento de híbridos com essa
característica pode contribuir para a
O teor de matéria seca da forragem no produção de silagem com melhor valor
momento da ensilagem é um dos principais nutritivo, com menores perdas durante o
determinantes do processo fermentativo e, processo de ensilagem e melhor consumo
conseqüentemente, da qualidade da silagem voluntário pelos animais (Zago, 1991).
produzida. A ensilagem de forrageiras com
baixo teor de matéria seca promove perdas, A planta de sorgo é relativamente pobre em
tanto pela multiplicação de bactérias proteína bruta, com teores entre 7 e 10 % na
indesejáveis, como pela produção de matéria seca, ocorrendo mudanças na
efluentes. Assim como a alta umidade composição desta fração durante a
prejudica a obtenção de silagem de ensilagem (Zago, 2001). Gaggiotti et al.
qualidade, altos teores de matéria seca (1992) afirmam que os teores de proteína
também não são desejáveis. Silagens com bruta (PB) da silagem de sorgo dependem
teores de matéria seca acima de 45% da associação de diversos fatores, dentre
apresentam dificuldade de compactação e eles, do comportamento agronômico da
expulsão do oxigênio, levando ao aumento cultivar, estádio de maturação e condições
da fase aeróbica no processo de ensilagem, edafoclimáticas da área de cultivo. Silva et
com perdas na qualidade ocasionada pela al. (1999), trabalhando com silagem de
deterioração por fungos, leveduras e híbridos de sorgo de porte baixo, médio e
enterobactérias (Muck, 1988). Segundo alto, com diferentes proporções do
Mcdonald et al.(1991) as silagens devem componente panícula na massa ensilada,
apresentar teores de matéria seca superiores observaram aumento progressivo do teor de
a 25% para evitar maiores perdas por PB na silagem com o aumento da
efluentes e fermentações indesejáveis. participação da panícula na estrutura física
Contudo, silagens de sorgo de boa da planta. Os mesmos autores também
qualidade podem ser obtidas com teores de observaram que a silagem da planta inteira
matéria seca variando de 20 a 35% do híbrido de sorgo granífero apresentou
(Meeskee et al., 1993, Bernadino et al., maior teor de PB (8,31%) que os híbridos
1997, Brito et al., 2000, Rocha Jr. et al., duplo propósito (7,45%) e forrageiro
2000, Pires et al., 2006). Para Van Soest (6,22%).
(1994) os valores de MS das silagens
deveriam estar em torno de 30%, pois assim Nas forragens frescas, o nitrogênio protéico
é garantido o maior consumo animal. representa 75 a 90% do nitrogênio total, o
restante consiste principalmente de
Nussio (1993) retrata que a participação aminoácidos livres, peptídeos, aminas,
percentual de grãos na matéria seca total na nucleotídeos e nitratos. A quantidade de
planta de milho e sorgo não só assegura o amônia livre é usualmente inferior a 1%
maior valor nutritivo original das plantas, (McDonald et al., 1991). Depois de
mas condiciona um maior teor de matéria ensilada, a proteína é rapidamente
seca à silagem, fato esse considerado como degradada por enzimas da planta e pela
o responsável por maiores consumos pelos ação de bactérias láticas, entéricas e por
animais. A presença ou ausência de clostrídios (Van Soest, 1994). Silagem de
suculência no colmo das plantas de sorgo sorgo geralmente contém ao redor de 50%
(colmo seco x colmo suculento) tem de nitrogênio protéico, dependendo do
controle genético simples e conhecido. conteúdo de matéria seca no momento da
Híbridos de sorgo de colmo seco ensilagem. A outra fração é composta por
geralmente elevam o teor de matéria seca peptídeos, aminas e uma fração de

20
nitrogênio amoniacal, que raramente A avaliação das frações fibrosas é muito
ultrapassa 10% (Wilkinson, 1983). importante na determinação do valor
nutritivo e energético dos alimentos.
A baixa eficiência de utilização do Segundo Minson (1990), os teores de FDN,
nitrogênio das silagens é conseqüência de FDA e lignina são negativamente
dois fatores: a solubilização da proteína em correlacionados com a digestibilidade e o
decorrência da ação das proteases da planta valor energético das forrageiras. Além
no início da fase de ensilagem e a disso, Van Soest (1994) citou que a fração
fermentação de carboidratos solúveis, FDN se correlaciona negativamente com o
resultando na produção de ácidos graxos consumo das mesmas.
voláteis (AGV) e ácido lático. Deve-se ter
em mente que a energia advinda da Tem sido relatado na literatura e por
utilização de AGV e do ácido lático pelos produtores, que utilizam silagem de sorgo
microrganismos do rúmen é menor do que como volumoso, elevada perda de grãos
aquela proveniente dos carboidratos íntegros nas fezes. Cummins (1981) citou
solúveis. Assim, a eficiência de utilização que a taxa de passagem de sementes inteiras
da matéria orgânica fermentada para a aumentou cerca de 9% em animais
síntese de proteína microbiana é de somente alimentados com silagens de sorgo com
60% a 70% da energia proveniente de grãos no estádio duro em relação ao estádio
alimentos não fermentados (ARC, 1984). de grãos leitosos. Entretanto, houve
De acordo com Van Soest (1994), a aumento no consumo de matéria seca em
utilização de açúcares solúveis durante o função do maior teor de matéria seca no
processo de fermentação no silo pode estádio de maturação mais avançado,
comprometer a síntese de proteína resultando em desempenho animal similar.
microbiana, acarretando diminuição na A taxa de passagem de grãos inteiros,
utilização da fração de nitrogênio não normalmente, é negativamente
protéico (NNP) disponível no rúmen. correlacionada com o tamanho do grão.
Assim, híbridos com sementes maiores
Apesar dos ruminantes terem a capacidade apresentam menor taxa de perda de grãos
de reciclar nitrogênio via saliva, esta é nas fezes (Zago, 1992).
relativamente dependente da quantidade
ingerida e, normalmente não é suficiente A qualidade da forragem está estreitamente
para atender as necessidades da flora relacionada com o consumo voluntário do
microbiana ruminal. Van Soest (1994) alimento, sua digestibilidade e eficiência
sugere uma concentração mínima de 10 mg com a qual os nutrientes digeridos são
N-NH3 / dL de fluido ruminal para utilizados pelo animal (Valente, 1977). O
promover adequado crescimento consumo de alimento pelo animal é
microbiano, o que tornou clássica a considerado um índice de fundamental
recomendação de que as dietas fornecidas a importância na avaliação do valor nutritivo
ruminantes deve apresentar um mínimo de dos alimentos, tendo em vista que o volume
7% de PB. Entretanto, trabalhos recentes de nutrientes ingeridos e o desempenho
têm mostrado que ovinos recebendo dietas animal dependem da quantidade e
com níveis protéicos abaixo desse limite qualidade de alimentos consumidos.
apresentaram balanço de nitrogênio Existem na literatura vários trabalhos
positivo, o que sugere maior eficiência na comparando o desempenho de animais
reciclagem de nitrogênio quando os níveis alimentados com silagem de milho e sorgo.
de proteína na dieta são baixos.
Alves Filho et al. (2000), que não
observaram diferenças no ganho de peso

21
médio diário (GMD) e na conversão (R$1,327 contra R$1,276 /animal/ dia) e
alimentar (CA) de novilhos confinados por kg de ganho de peso (R$1,038 contra
alimentados com dietas contendo silagem R$0,979) em dietas alimentares com
de sorgo AG-2005E (1,207 kg dia-1 e 7,21 silagem de milho, em relação ao sorgo,
kg de MS kg-1 de PV) ou de milho AG- utilizando relação volumoso:concentrado
5011 (1,134 kg dia-1 e 7,17 kg de MS kg-1 média de 55:45%, respectivamente.
de PV), respectivamente, com relação Portanto, a inclusão de silagem de sorgo de
volumoso :concentrado de 60:40. No caráter duplo propósito, com alta
entanto, Silva et al. (1991) comparando três participação de grãos na massa, na dieta de
tipos de volumoso na dieta de novilhos bezerros propiciou uma maior receita
Charolês, com relação volumoso líquida por animal confinado.
:concentrado de 65:35, observaram menor
GMD em animais alimentados com silagem
de sorgo forrageiro (0,98 kg dia-1) em II – CONSUMO E
relação aos alimentados com silagens de DIGESTIBILIDADE
sorgo granífero (1,12 kg dia-1) e de milho APARENTE
(1,11 kg dia-1), enquanto que a conversão
alimentar (CA) não diferiu entre os 2.2.1. Consumo
tratamentos, com valores de 6,5; 6,9 e 6,5
kg de MS kg-1 de PV respectivamente. A capacidade dos animais de consumir
Restle et al. (1996) verificaram maior GMD alimentos em quantidades suficientes para
(0,75 contra 0,56 kg) e melhor CA (8,80 alcançar suas exigências de mantença e
contra 10,86) na comparação de dietas com produção é um dos fatores mais importantes
relação volumoso: concentrado de nos sistemas de produção. Segundo
72,5:27,5, contendo silagem de milho ou Mertens (1994), o desempenho animal é
silagem de sorgo forrageiro, dependente da ingestão de nutrientes
respectivamente, justificando os resultados digestíveis e metabolizáveis, sendo 60% a
obtidos pelo maior consumo de matéria 90% do desempenho animal explicado
seca (6,59 contra 6,00 kg/dia) e maior valor pelas variações no consumo, e somente
nutritivo da silagem de milho frente à 10% a 40% são creditados à digestibilidade
silagem de sorgo.
Os ruminantes possuem reconhecida
Neumann et al. (2004), estudando os capacidade seletiva de alimentos que
efeitos do uso de silagens de sorgo ou afetam em diferente intensidade o
milho na produção de novilhos comportamento de animais confinados ou
superprecoces, verificaram que a silagem de em regime de pastejo. Nos dois casos, a
sorgo caracterizou-se como de menor valor seleção pode ser dependente da forragem
nutritivo, frente à silagem de milho, devido utilizada e manejo adotado, sendo que em
à menor digestibilidade in vitro da matéria regime de confinamento, características
orgânica (58,63% e 62,64%), teor de PB como tamanho de partícula e quantidade de
(6,60% e 8,93%) e menor concentração de sobras proporcionadas no cocho e a
energia digestível (2,55 contra 2,76 freqüência de fornecimento são fatores
Mcal/kg de MS), respectivamente. relevantes.
Entretanto, os autores relataram que a
inclusão de silagem de sorgo ou de milho O controle da ingestão de matéria seca
na dieta de bezerros, foram equivalentes no (IMS) está correlacionado com a regulação
consumo de matéria seca, ganho de peso e da energia corporal, que mantém um
conversão alimentar. Além disso, foram balanço entre a entrada e a saída de energia
obtidos maiores custos totais de dieta do corpo. Porém, em certas circunstâncias,

22
o sistema de regulação pode ser alterado e sanguínea (Da Silva e Sarmento, 2003).
resultar em ganhos ou perdas excessivas de Diversas teorias tentam explicar os
peso (NRC, 1987) que, subseqüentemente, mecanismos fisiológicos que controlam o
poderiam conduzir a perturbações consumo, dentre elas as teorias
metabólicas e produção ineficiente. O glicostáticas, lipostáticas, termogênese,
entendimento dos mecanismos envolvidos entre outras, estando ligadas direta ou
na sinalização da ingestão de alimento pode indiretamente ao sistema nervoso central
induzir melhorias nas técnicas de produção (Forbes, 1995; Fonseca e Dias da Silva,
animal. 2001).

2.2.2. Regulação do consumo A utilização dos produtos finais da digestão


difere amplamente entre ruminantes e
De acordo com Conrad et al (1964) a animais monogástricos. Os ácidos graxos
importância da determinação do consumo é voláteis (AGV) são a fonte primária de
dependente da digestibilidade da dieta ou energia em ruminantes, sendo que durante e
do alimento ingerido. Para forragens com após a alimentação suas concentrações no
digestibilidade da matéria seca inferior a fluido ruminal e sangue aumentam
66,7%, o fator enchimento exerce maior Portanto, dentre os produtos do
influência sobre o consumo; enquanto que metabolismo nos ruminantes, os AGV
para forragens muito digestíveis (acima de despertam maior interesse em relação ao
66,7%) o mecanismo fisiológico passa a controle fisiológico do consumo, devido à
assumir o papel principal no controle da importância dos mesmos no metabolismo
ingestão de alimento. Portanto, a demanda energético desses animais (Van Soest,
energética do animal define o consumo em 1994). O acetato e o propionato parecem
dietas de alta densidade energética, ao exercer importante função no controle do
passo que a capacidade física do trato tamanho das refeições. Infusões intra-
gastrointestinal determina o consumo de ruminais desses metabólitos deprimem a
dietas de baixo valor nutritivo e baixa ingestão de alimentos em bovinos, ovinos e
densidade energética (Van Soest, 1994). caprinos (NRC, 1987). De acordo com
Allen (2000), a infusão de propionato na
Existem vários sistemas receptores no veia mesentérica de novilhos reduziu a
Sistema Nervoso Central e, provavelmente, ingestão de alimento, mas o acetato
também no sistema nervoso periférico, que infundido a taxas semelhantes não
fornecem informação sobre o estado provocou o mesmo resultado. Grovum
metabólico do animal, coordenando o (1995) sugeriu que os efeitos da infusão de
comportamento alimentar. Porém a propionato na IMS são decorrentes do
compreensão de como o consumo aumento na secreção de insulina. Isso
voluntário de alimentos é controlada ainda poderia explicar os maiores efeitos do
não é clara, uma vez que o controle da propionato em relação ao acetato, e efeitos
ingestão não pode ser explicado por um de infusões na veia porta comparada com
único fator isoladamente (Forbes, 1995). infusões na veia jugular (Da Silva e
Sarmento, 2003).
Fatores químicos e metabólicos
Deve-se considerar que a pressão osmótica
O sinal de saciedade é o reflexo do excesso no fluido do retículo-rúmen também pode
de um ou mais metabólitos que aparecem influenciar os sinais de saciedade e, às
na corrente sanguínea em uma taxa maior vezes ser confundida com os efeitos dos
do que eles podem ser removidos, AGV’s. Segundo Da Silva e Sarmento
resultando em elevação na concentração (2003), a depressão na ingestão de alimento

23
por infusão de acetato de sódio no retículo- sistema portal; e por hormônios, como
rúmen provavelmente deve-se a seu efeito insulina, leptina, glucagon e
em osmolalidade, já que a injeção da glicocorticóides. Consequentemente pode-
mesma quantidade de acetato de sódio na se considerar bastante sustentável que o
veia jugular não teve nenhum efeito sobre a sistema nervoso envolvido balanceia
ingestão de matéria seca. adequadamente a ingestão de alimentos e os
gastos corporais, resultando em peso
Em ovinos, o fornecimento de alimento corporal estável durante períodos
concentrado rico em grãos pode reduzir a prolongados (Steffens e Benthem, 1999).
ingestão pela alta concentração duodenal de
lactato e ácido láctico. Receptores no Segundo Forbes (1995), para o organismo
duodeno de ovinos são particularmente regular o balanço de energia corporal ele
sensitivos a esse tipo de metabólito. Essa necessita de mecanismos capazes de
redução da ingestão de alimento pode ser monitorar o status do conteúdo da energia
resultado de diminuição da motilidade do corporal, ingestão de energia e sua
estômago ou devido ao efeito de feedback utilização, bem como dos demais nutrientes
no SNC (Silva, 2006). e enviar sinais a um centro integrador que
determina os sinais de fome ou o conduz
Fatores neuro-hormonais para comer. O SNC é o responsável pela
integração das informações oriundas dos
O hipotálamo é a área encefálica receptores espalhados pelo corpo, e associá-
diretamente associada ao controle dos los com as conseqüências alimentares
sistemas relacionados com o conteúdo de previamente aprendidas.
energia do corpo. Estudos sobre excitação
hipotalâmica ou sobre lesões feitas no Fatores físicos
hipotálamo permitiram identificar a
existência de pelo menos dois centros que Nos ruminantes, tem sido mantida a
controlam a ingestão de alimentos: o hipótese de que a quantidade de forragem
hipotálamo lateral (LH), que, quando ingerida em uma refeição poderia ser
estimulado, ativa a ingestão de alimento limitada pela capacidade do rúmen
levando à hiperfagia; e a região (Campling, 1970). Os fatores físicos estão
ventromedial (VMH), que, quando associados à qualidade do alimento
estimulada, cessa a ingestão de alimentos oferecido e à capacidade deste em distender
em ratos em jejum (Da Silva e Sarmento, a parede ruminal, independente do
2003). Muitos outros trabalhos atendimento das necessidades energéticas
identificaram o LH e outras estruturas do do animal (Fonseca e Dias da Silva, 2001).
SNC como sendo o centro que regula o Evidências indicam que a distensão,
comportamento alimentar, definindo o causada por volume e peso da digesta, é
tamanho da refeição. O VMH parece ser um detectada por receptores de tensão
centro de integração que regula o nível de localizados na parede ruminal.
reservas lipídicas e o peso do corpo (Da
Silva e Sarmento, 2003). A digestibilidade dos alimentos consumidos
está relacionada à cinética da digestão e sua
As informações para ajustarem passagem pelo rúmen (NRC, 1987),
adequadamente o metabolismo são havendo estreita associação,
derivadas do sistema periférico, tais como principalmente, com a degradação ruminal
níveis de glicose e ácidos graxos de cadeia da fibra, a qual limita a taxa de
longa, que são modificados em vários desaparecimento da digesta no trato
locais, como o fígado, trato digestório, digestório. Experimentos conduzidos por

24
Allen (2000) compararam forragens com está associado ao aumento na proporção de
teores de proteína e de FDN semelhantes, caule e tecidos lignificados, bem como à
porém com diferentes digestibilidades da redução dos teores de proteína.
fibra, para vacas leiteiras em lactação.
Constataram-se aumentos significativos na 2.2.3 Fatores que interferem no
ingestão de matéria seca e produção de leite consumo de silagens
quando a digestibilidade da FDN era maior.
O conteúdo de FDN da forragem está O consumo é o componente de maior
altamente relacionado com a IMS de influência na determinação da qualidade de
ovinos, quando comparada a outras uma forragem, que é definida como o
substâncias analisadas nos alimentos. Allen resultado do produto do valor nutritivo e
(2000) relatou que o conteúdo de FDN é o consumo voluntário potencial. De acordo
melhor componente do alimento para a com Nussio et al. (2003), a ingestão
predição do consumo em ruminantes. potencial de MS da silagem é determinada
pelo tipo de forragem, composição química
Segundo Mertens (1992), a IMS mostra-se e digestibilidade no momento da colheita,
positivamente correlacionada com a mas a extensão na qual esse potencial é
concentração de FDN quando a energia alcançado depende das modificações das
limita a ingestão, mas negativamente frações carboidratos e de compostos
correlacionada com a concentração de FDN nitrogenados durante a fermentação, bem
quando o enchimento ruminal limita a como da deterioração durante a fase de
ingestão. Dessa forma, a FDN pode ser exposição ao oxigênio.
utilizada para caracterizar os mecanismos
físicos e fisiológicos de controle de De acordo com Charmley (2001), de
consumo em uma mesma escala, por estar maneira geral o consumo das silagens é
relacionada diretamente ao efeito de menor do que o da forragem original que
enchimento ruminal e inversamente à não sofreu processo de fermentação. Van
concentração energética da dieta. Soest (1994) descreveu três hipóteses
associadas ao baixo consumo de silagens:
A estrutura anatômica da forragem também
tem sido apontada como fator que pode Presença de substâncias tóxicas, como
influenciar a ingestão de matéria seca aminas produzidas durante o processo de
(Wilson e Kennedy, 1996). Fatores fermentação;
relacionados à taxa de passagem incluem Alto conteúdo de ácidos nas silagens
aqueles que afetam a redução no tamanho extensivamente fermentadas, causando
de partícula pela mastigação e a capacidade redução na aceitabilidade e;
de retenção de gases (CO2 e CH4). Diminuição na concentração de
Gramíneas apresentam maiores proporções carboidratos solúveis e, consequentemente,
de fibra potencialmente degradável e na disponibilidade de energia para o
menores taxas de degradação do que crescimento de microrganismos do rúmen.
leguminosas, o que faz com que partículas
das gramíneas estejam mais associadas aos A ingestão de matéria seca por carneiros
gases produzidos e, consequentemente, consumindo gramíneas frescas varia
flutuem por mais tempo, aumentando o normalmente entre 40 e 100 gramas de MS
período de retenção ruminal (Smith et al., por unidade de tamanho metabólico (UTM),
1972). De acordo com Van Soest (1994), e para silagens de 20 gramas a 75 gramas
com o avanço do estádio fisiológico da por UTM.
forragem, há redução da capacidade de
ingestão de matéria seca pelo animal, o que

25
Segundo Weiss et al. (2003), têm sido frescas, as silagens apresentam maior
estabelecidas numerosas relações capacidade tamponante. Dessa forma, a
estatísticas entre o consumo das silagens e elevação do pH da silagem no rúmen para
suas características químicas, destacando-se valores próximos a 6,0 pode requerer
o conteúdo de umidade, concentração de maiores quantidades de substâncias
ácidos orgânicos, concentração de etanol e tamponantes do que as dietas a base de
de compostos nitrogenados. forragens frescas . Além disso, a acidez das
silagens e conseqüente abaixamento do pH
Estudos avaliando a relação entre os ácidos ruminal pode reduzir a atividade de
orgânicos e a ingestão de matéria seca bactérias celulolíticas, diminuído a
evidenciaram que o ácido butírico foi o digestibilidade da fração fibrosa e a taxa de
primeiro composto associado à inibição do passagem (Weiss et al., 2003). Contudo, de
consumo das silagens (Charmley, 2001). acordo com Rooke (1995), não há relação
Posterior mente constatou-se que outros entre os valores de pH da silagem e do
ácidos graxos voláteis e o ácido lático estão rúmen, uma vez que a saliva pode
envolvidos na redução de consumo de neutralizar a acidez proveniente da
silagens. Entretanto, estudos mais recentes forragem consumida.
têm demonstrado pequena correlação entre
a concentração de ácidos orgânicos das Se as silagens contêm excesso de amônia,
silagens e o consumo voluntário (Nussio et valor acima da capacidade de utilização do
al., 2003, Weiss et al., 2003). rúmen, ocorre gasto de energia para
excretar o excesso de NH 3 absorvido
Segundo Da Silva e Sarmento (2003, a através da parede ruminal acarretando
redução no consumo de silagem em relação decréscimo no desempenho animal (Van
ao feno pode ser ocasionada pela tonicidade Soest, 1994). De acordo com Reis e Silva
do componente fluido que, em um estudo, (2006), a alta concentração de amônia
variou de 951 a 1.213 mOsmol / Kg. A ruminal após o consumo de silagem não
adição de 2,25 L desse suco ao rúmen de está relacionado ao teor de N amoniacal da
ovelhas reduziu o consumo e a motilidade silagem, mas sim à quantidade e
do rúmen e elevou a tonicidade do fluido solubilidade da fração protéica da silagem.
ruminal para 551 mOsm / Kg. Ovelhas que Segundo Charmley (2001), a concentração
consumiam grande quantidade de silagem de amônia no rúmen acima de 25 mg/dL
voluntariamente, pararam de comer quando pode causar diminuição no consumo de
a tonicidade do rúmen alcançou 360-380 silagem.
mOsm/Kg. Injeções de menores quantidade
de suco de silagem no rúmen também 2.2.4. Digestibilidade aparente
reduziram o consumo. Entretanto, Grovum
(1995) também relatou trabalhos em que o A digestão de alimentos pode ser definida
suco de silagem de milho não teve efeito como a degradação de macromoléculas a
sobre a IMS. compostos simples. Na digestão desses
alimentos participam fenômenos de
De acordo com Rooke (1995), o ácido natureza química e física. Os processos
lático tem efeito pronunciado sobre a físicos compreendem a motilidade do trato
aceitabilidade da silagem em decorrência de gastrointestinal, mistura do conteúdo,
seu sabor ácido. Além de afetar a mastigação, deglutição e ruminação. Os
palatabilidade, a presença dos ácidos fatores químicos envolvem as secreções
orgânicos pode alterar as condições do enzimáticas e glandulares do animal e a
ambiente ruminal. Além de apresentar atividade das enzimas bacterianas.
valores de pH inferiores às forragens

26
As partículas alimentares que compõem as um dos principais parâmetros a ser avaliado
dietas dos ruminantes possuem em volumosos (Minson, 1990). É
componentes solúveis que se misturam à importante salientar que a determinação
fase líquida e são rapidamente fermentados desse parâmetro só deve ser iniciada
pelos microrganismos, rendendo células quando os animais estiverem adaptados à
microbianas e compostos derivados de seu dieta, considerando que o resíduo
metabolismo, os quais irão nutrir o animal. indigestível nas fezes seja proveniente da
Ao mesmo tempo, possuem um dieta a ser testada. Normalmente o período
componente estrutural que preenche o de 10 a 15 dias é suficiente para que tal
interior do rúmen e, por sua mais difícil adaptação ocorra (Berchieli et al., 2006).
degradação, resiste ao escape,
permanecendo maior tempo no órgão, o que As plantas possuem várias substâncias que
representa uma barreira física para que o causam resistência à degradação pelos
animal venha a se alimentar novamente. O microrganismos ruminais. Dentre estas
desaparecimento dos componentes substâncias podem ser citados os
alimentares do rúmen ocorre por ação da fenilpropanóides que incluem as ligninas,
digestão e a conseqüente absorção dos flavonas, cumarinas, taninos e isoflavonas
produtos derivados desse processo e por (Jung e Allen, 1995). A lignina é a
ação dos mecanismos que resultam na principal fração da parede celular
remoção física das partículas alimentares do reconhecida por limitar o aproveitamento
rúmen. Esses dois processos, digestão e nutricional de forragens. Segundo Jung e
passagem, competem entre si (Rodrigues e Deetz (1993), a lignificação da parede
Vieira, 2006). celular limita a fermentação microbiana,
reduzindo a degradação das forragens por
Digestibilidade aparente de um alimento é três mecanismos: efeito tóxico dos
considerada a proporção do ingerido que componentes da lignina aos
não foi excretado nas fezes, não microrganismos; hidratação superficial
considerando a matéria metabólica fecal, causada pelas ligações da lignina aos
representada principalmente pelas secreções polissacarídeos, o que limita o acesso das
endógenas, contaminação por enzimas fibrolíticas aos carboidratos; e
microrganismos e descamações do epitélio. através da criação de um ambiente
Esta matéria metabólica fecal está hidrofóbico pelo polímero da lignina, o que
relacionada ao consumo, variando de 0,098 impede a ação de enzimas hidrofílicas com
a 0,129 g/g de matéria seca ingerida função em meio aquoso. Os compostos
(Minson, 1990). No entanto, no caso da fenólicos, destacando-se os taninos,
porção fibrosa do alimento, os valores de provocam redução na digestão e utilização
digestibilidade aparente e verdadeira são metabólica da proteína e das hemiceluloses
iguais, uma vez que não há produção (Saliba, 1998).
endógena desse composto no organismo
(Berchielli, et al, 2006). Enquanto o teor de FDN das forragens está
altamente correlacionado com o consumo
O objetivo de experimentos in vivo de voluntário, a fibra em detergente ácido e a
digestibilidade é obter de forma acurada a lignina estão correlacionadas negativamente
quantidade de alimento fornecida e a com a digestibilidade in vitro da matéria
quantidade de excreta em determinado seca.
período de tempo (Merchen, 1988). O
coeficiente de digestibilidade indica a
porção do alimento que está apta a ser
utilizada pelo animal, sendo considerado

27
III – PARTIÇÃO DA ENERGIA DOS (alimento consumido). A segunda lei da
ALIMENTOS termodinâmica e a Lei de Hess consideram
que todas as formas de energia podem ser
2.3.1. Utilização da energia dos convertidas a calor, e que a perda de calor
alimentos em uma reação química independe dos
caminhos da conversão. Dessa forma, pode-
A utilização da energia da dieta tem sido se considerar, por exemplo, que quando a
alvo de pesquisa desde os tempos de glicose é totalmente oxidada em uma
Leonardo da Vinci (1452-1519), Joseph bomba calorimétrica, a quantidade de
Priestly (1733-1804) e Antonie-Laurent energia liberada é a mesma se ela fosse
Lavoisier (1743-1794). A descoberta de que oxidada na célula (Ferrel e Oltjen, 2008).
o uso dos nutrientes do alimento para a
manutenção da vida dos animais e de suas A bomba calorimétrica adiabática,
funções produtivas é um processo de desenvolvida por Berthelot (1827-1907),
combustão proveu a base para o permitiu a determinação precisa da
entendimento do uso da energia dietética quantidade total de energia de diferentes
pelos animais (Johnson et al., 2003). amostras, como alimentos, fezes e urina. A
partir da determinação da energia contida
A energia não é considerada um nutriente, em um alimento, procurou-se desenvolver
sendo liberada do alimento pelos sistemas de avaliação que refletissem a
complexos processos metabólicos, uma vez capacidade do mesmo em prover uma
que todos os constituintes orgânicos de uma resposta produtiva dos animais. Para tanto,
dieta são susceptíveis à oxidação. Dessa a determinação dos gastos energéticos dos
forma, os carboidratos, proteínas e lipídeos animais tem sido foco de pesquisa há anos.
dos alimentos atuam como combustíveis A habilidade de quantificar todas as perdas
para os processos vitais dos seres vivos, e de energia pelos ruminantes só foi possível
cada um desses nutrientes é considerado após a descoberta do metano nos gases
pelo se potencial em produzir energia na respiratórios e compreensão dos fatores que
combustão (Resende et al., 2006). influenciam a perda de calor (Van Soest,
1994).
As leis da termodinâmica e a lei de Hess
foram fundamentais para o estudo da A partição da energia bruta do alimento em
transformação da energia no meio suas principais subdivisões está apresentada
biológico. A primeira lei estabelece que a na Figura 1.
energia não pode ser criada ou destruída,
apenas transformada de uma forma para
outra (lei da conservação da energia). Essa
lei tem sido aplicada nos estudos de
nutrição animal: se a quantidade de energia
encontrada em um local (corpo do animal) é
aumentada, a mesma quantidade de energia
tem que ser removida de outro local

28
FIGURA 1. Partição de energia. Fonte: Adaptado de Chwalibog (2004)

Energia Bruta (EB) ou calor de combustão representa não a proteína indigestível do


é a energia química presente nos alimentos alimento, mas sim as proteínas das
obtida através da combustão completa a bactérias, e muitos dos carboidratos
CO2 e H2O. Representa a energia liberada presentes são polissacarídeos de origem
na forma de calor quando uma substância microbiana (Blaxter, 1962). A energia bruta
orgânica é completamente oxidada, sendo contida nas fezes pode ser subtraída a
mensurada em laboratório utilizando-se energia bruta ingerida, originado a energia
bomba calorimétrica. Apesar da quantidade aparentemente digestível (ED). A palavra
total de energia contida no alimento ser aparente significa que a perda fecal não é
facilmente mensurada, a energia bruta constituída unicamente de material
guarda pouca relação com o que está indigestível, contendo também substâncias
disponível para o animal, devido às perdas de origem endógena.
variáveis no processo de digestão e
metabolização (Chwalibog, 2004).
As limitações da digestibilidade aparente
não implicam que a perda fecal de energia
A produção de fezes é a primeira evidência não seja importante. Para as dietas
de que nem todos os constituintes da dieta comumente oferecidas para os ruminantes,
consumida são utilizados pelo animal as fezes representam desde o mínimo de
(Resende et al., 2006). As fezes de um 10% até o máximo de 70% da energia bruta
animal são constituídas pelos resíduos do alimento ingerido. Essa ampla variação
indigestíveis dos alimentos, pelo material indica que a perda fecal de energia é o fator
celular desprendido durante a passagem do mais importante que determina o valor
alimento e pelas secreções glandulares do nutritivo relativo dos diferentes alimentos
trato gastrointestinal. Bactérias vivas e como fontes de energia (Blaxter, 1962).
mortas também aparecem em grande
número. Grande parte da proteína das fezes

29
Avaliando-se a composição química de absorvidos e não utilizados, os produtos
diferentes alimentos e as respectivas perdas finais dos processos metabólicos e os
fecais de energia, pode estabelecer uma produtos finais de origem endógena.
relação entre ambos. Perdas fecais Quando essas perdas de energia (urina e
pequenas estão associadas com altas gases) são subtraídas da energia
concentrações de carboidratos não fibrosos, aparentemente digestível, o balanço é
como açúcares, amido e frutosanas. E chamado de Energia Metabolizável.
maiores perdas fecais estão associadas com
a presença de grandes quantidades de
A Energia Metabolizável representa a
carboidratos fibrosos, como celulose e
energia efetivamente disponível para o
hemiceluloses, e ligninas (Van Soest,
metabolismo do animal (mantença,
1994). Entretanto, deve ser enfatizado que a
crescimento, produção), ou seja, capaz de
digestibilidade de determinado nutriente
ser transformada em outras formas de
varia com o tipo de alimento em que o
energia no organismo. Inicialmente a
mesmo está contido. A digestibilidade da
Energia Metabolizável é utilizada para
celulose pura, tal como aparece no algodão,
atender a exigência basal de energia. O
é alta. Entretanto, a celulose presente em
metabolismo basal reflete a mínima
forragens em avançado estádio de
produção de calor necessária para que
maturação mostra-se pouco digestível. Ou
ocorram os processos vitais de um animal
seja, a digestibilidade dos carboidratos
saudável, em jejum e em repouso. Ou seja,
fibrosos depende da estrutura
advém do uso da energia para manter a
organizacional da parede celular vegetal e
atividade celular, o que inclui a energia
das interações estabelecidas entre as
gasta com a bomba de sódio-potássio e
moléculas de celulose, hemiceluloses e
outros sistemas que mantêm o gradiente
ligninas. A lignificação e avanço do estádio
eletroquímico das membranas celulares e a
de maturação dos vegetais, invariavelmente
energia necessária para o funcionamento
conduzem a uma redução da digestibilidade
dos sistemas cardiovascular e respiratório
aparente dos constituintes da parece celular
(Diener, 1997).
(Nussio et al., 2006).

A mensuração da taxa metabólica basal é


A diferença entre a energia bruta do
feita em animais em estado pós-absortivo,
alimento ingerido e a energia bruta do
em repouso (mas conscientes) e mantidos
material excretado nas fezes não fornece
em ambiente termoneutro. Para determinar
uma medida do valor energético dos
quando o ruminante está em estado
nutrientes absorvidos no trato intestinal.
absortivo, um dos critérios utilizados é a
Parte da energia aparentemente absorvida
ausência de produção de metano, o que
pelo animal é perdida na forma de gases
geralmente acontece de 48 a 144 horas após
provenientes da fermentação dos alimentos
a última refeição. Nesse estado o quociente
pelos microrganismos ruminais, e outra
respiratório mostra-se próximo a 0,7, o que
parte é perdida na urina (Chawlibog, 2004).
reflete o catabolismo das reservas de
Celulose e outros carboidratos fibrosos,
gordura corporal (Resende et al., 2006).
indigestíveis para monogástricos, podem
ser convertidos a produtos finais digestíveis
através dos processos fermentativos À taxa de metabolismo basal deve ser
realizados pela microbiota ruminal, o que adicionado a gasto energético extra que
resulta na perda de energia na forma de ocorre após a ingestão de alimentos
metano (McLean e Tobin, 1987). Uma (Incremento Calórico) e qualquer energia
parte da energia absorvida é perdida na adicional necessária para atividade,
urina, incluindo a energia dos compostos

30
termorregulação ou outro trabalho muscular
(McLean e Tobin, 1987). Fazem parte do Incremento Calórico:

Assim, a Energia Metabolizável para - calor de digestão e absorção, resultado da


mantença representa a produção de calor do ação enzimática, e usado para mover a
animal, mantido em ambiente termoneutro, digesta no trato, bem como para absorver os
quando a ingestão de energia metabolizável nutrientes;
está em balanço com a perda de calor
(Resende et al., 2006). Ou seja, reflete a - calor de fermentação, resultado a ação
produção de calor de um animal microbiana. Representa a maior fração do
alimentado, mas que não apresenta ganho IC em ruminantes;
de peso e modificações na sua composição
corporal, incluindo: - calor de formação de produto, o qual é
produzido nos processos anabólicos a partir
- Calor de regulação térmica: é o calor dos metabólitos absorvidos;
adicional necessário para manter a
temperatura corporal quando a temperatura - calor de excreção, associado à síntese e
do ambiente está acima ou abaixo da zona excreção de produtos finais, como por
termoneutra. exemplo, a síntese de uréia a partir da
amônia.
- Calor de atividade: produção de calor
resultante da atividade muscular. Finalmente, se restar alguma energia
metabolizável disponível após o
- Calor despendido: necessário para a atendimento das demandas de mantença e
realização da circulação, respiração, incremento calórico, poderá ocorrer então
processos metabólicos básicos, incluindo a retenção de energia na forma química pelo
renovação tecidual. animal, como crescimento de tecidos ou na
forma de um produto, como leite (McLean
- Incremento Calórico (IC): da produção de e Tobin, 1987). Dessa forma, parte da
calor decorrente do consumo de um Energia Metabolizável do alimento é retida
alimento nos tecidos ou produtos (leite, feto, lã) e
pêlos. Outra parte pode ser utilizada para
A magnitude do incremento calórico produzir calor. A perda de energia
depende da quantidade de alimento ingerido metabolizável na forma de calor pode ser o
e da composição da dieta. O IC aumenta resultado de uma variedade de funções,
com o incremento do consumo porque os incluindo o metabolismo basal, atividades,
processos de digestão e transporte da digestão e absorção, fermentação, formação
digesta no trato digestivo requerem energia. de produtos metabólicos, regulação térmica,
Por exemplo, quando são fornecidos 30 MJ formação e excreção de resíduos. A Energia
de energia metabolizável para bovinos, o IC Retida, também denominada Balanço de
representa cerca de 20% desse valor, e Energia (BE), é calculada pela subtração da
quando o suprimento de EM é de 90MJ, o produção de calor total pelo animal da
IC passa para cerca de 30%. O IC também Energia Metabolizável. A energia retida nos
depende da composição da dieta. Para tecidos é principalmente através da síntese
alimentos concentrados, o IC varia de 15% de proteína e gordura, enquanto que no
a 25% da EM, enquanto que para forragens, leite, grande quantidade da energia é retida
a variação situa-se entre 35% a 60% da EM como carboidrato (Chwalibog, 2004).
(Chwalibog, 2004).

31
A Energia Líquida (EL) equivale à energia será a temperatura crítica. Se o animal
utilizada para a realização de diferentes estiver em um ambiente com temperatura
funções, sejam essas funções a retenção de abaixo da crítica, o teor de energia liquida
substâncias nos tecidos e produtos ou a do alimento não pode ser determinado,
produção de calor liberado durante os porque a produção de calor do animal
processos de mantença. Ou seja, cada mensurada, suposta ser devido ao consumo
unidade de EL do alimento equivale a uma do alimento, pode ser oriunda da oxidação
unidade de EL empregada em determinada das próprias reservas a fim de manter-se
função do organismo. O conteúdo de EL de aquecido.
um mesmo alimento varia em função da
espécie animal para a qual o alimento é 2.3.2. Calorimetria indireta
fornecido, e em função da finalidade para a
qual a energia será utilizada (Chwalibog, Calorimetria é a mensuração de calor,
2004). através da qual os gastos energéticos dos
animais podem ser estimados. O calor pode
A Energia Líquida total pode ser dividida ser mensurado diretamente através de
entre: métodos físicos (Calorimetria Direta) ou
pode ser inferido através das mensurações
quantitativas de alguns dos subprodutos do
 Energia Líquida retida em substâncias, metabolismo animal (Calorimetria Indireta)
isto é, a soma da energia armazenada nas (Diener, 1997). Essas alternativas são
proteínas, carboidratos e gordura, e; possíveis graças às restrições impostas às
 Energia Liquida associada à mantença, ou transformações de energia pelas Leis da
seja, a quantidade de calor produzido para Termodinâmica e de Hess (McLean e
os processos de mantença do corpo. Tobin, 1987).

Por causa da complexidade dos


De acordo com Forbes (1927), alguns
calorímetros diretos, especialmente para
fatores devem ser levados em consideração
uso com grandes ruminantes, a maioria dos
na mensuração dos teores de energia
métodos calorimétricos utilizados a partir
líquida. A digestibilidade dos alimentos é
da segunda metade do século XX tem sido a
afetada pelo nível de consumo e
calorimetria indireta (Resende et al. , 2006).
composição da dieta, os quais também
A calorimetria indireta é um método não-
afetam os valores de energia líquida, já que
invasivo que determina as necessidades
essa faz parte da energia digestível. Dessa
nutricionais e as taxa de utilização dos
forma, torna-se interessante determinar o
substratos energéticos a partir do consumo
teor de energia líquida em condições mais
de oxigênio e da produção de gás carbônico
próximas possíveis daquelas em que os
e metano pelos animais, além do nitrogênio
resultados serão aplicados. Outro fator que
contido na urina.
deve ser considerado nas mensurações da
energia líquida é a temperatura ambiente a
Esse método baseia-se no principio de que a
que o animal está submetido. A temperatura
produção de calor metabólico é resultado da
crítica para determinado animal é aquela na
oxidação de compostos orgânicos. Dessa
qual a produção de calor é mínima. Abaixo
forma, se fossem oxidados completamente
da temperatura crítica, a produção de calor
todos os compostos, a produção de calor
deve aumentar para manter o animal
poderia ser calculada pela quantidade de
aquecido. Os valores da temperatura crítica
oxigênio consumida e a quantidade de
variam entre animais: quanto mais espessa
dióxido de oxigênio produzida. Entretanto,
a pelagem ou mais obeso o animal, menor
outras formas de perda de calor devem ser

32
consideradas: a oxidação incompleta da
proteína, a qual determina a formação de Nas câmaras de circuito aberto, o ar externo
compostos nitrogenados combustíveis que passa através delas sendo ele amostrado na
são excretados com a urina, sendo a uréia o entrada e sua composição analisada.
principal composto; e a fermentação Conhecendo-se a quantidade de ar que
anaeróbica, a qual produz gases passa através da câmara e a composição dos
combustíveis, principalmente, o metano, gases, pode-se calcular as quantidades de
devendo dessa maneira, ser também CO2 e CH4 produzidas e a quantidade de O2
computada no cálculo (Resende et al., consumida (Resende et al., 2006). A
2006). câmara de circuito aberto foi planejada por
Pettenkoffer e Voit em 1875, em embora
A relação entre a quantidade de oxigênio naquela época apenas o volume de ar e seu
consumido e a quantidade de gás carbônico teor de dióxido de carbono podiam ser
produzido é referida como quociente mensurados. Com o desenvolvimento de
respiratório (QR) e pode ser empregada métodos químicos para análise de oxigênio,
para conhecer o tipo de substrato que está esse método tornou-se amplamente
sendo oxidado pelo animal. Os coeficientes utilizado para mensuração dos gastos
respiratórios de carboidratos, proteína e energéticos dos animais. Entretanto, esse
gorduras são 1,0; 0,8 e 0,7, respectivamente sistema caiu em desuso devido à
(Diener, 1997). dificuldade de se analisar grande número de
amostras com acurácia e praticidade.
Existem diversas técnicas para medir as Assim, o desenvolvimento de analisadores
trocas gasosas na respiração e todas elas de gases eletrônicos, com alta precisão,
levam em consideração o consumo de O2 e despertou novamente o interesse pelo
produção de CO2 por unidade de tempo, método (McLean e Tobin, 1987).
sendo que as câmaras podem ser de circuito
aberto ou fechado (Resende et al., 2006). Descrições de sistemas convencionais de
No sistema de circuito fechado, a mesma respirometria de circuito aberto podem ser
quantidade de ar é recirculada, passando encontradas nos trabalhos de Yong et al.
através de absorventes de CO 2 e umidade. (1975), Bryant et al. (1977); McLean e
Há também adição de novas quantidades de Tobin (1987) e Miller e Koes (1988). Já
O2 puro, substituindo o que foi utilizado versões mais modernas desse sistema são
pelo animal, a fim de manter a composição descritas por Grainger et al. (2007),
do ar em níveis normais. O total de CO 2 Odongo et al. (2007) e Rodríguez et al
produzido é encontrado diretamente pela (2007).
diferença de peso dos absorventes antes e
depois do experimento. O total de O 2 2.3.3. Eficiência de utilização da
consumido pelo animal é determinado pela energia
mensuração volumétrica da adição de gás
no sistema. (Chwalibog, 2004). O metano é A partir das mensurações das perdas da
determinado pela retirada de amostras de ar energia inicialmente presente no alimento,
sobre caulin platinizado aquecido ao rubro, que ocorrem ao longo dos processos de
podendo ser estimado por meio de fórmulas digestão e no metabolismo pós-absortivo, é
matemáticas. Sistemas de circuito fechado possível avaliar a eficiência do fluxo de
foram usados extensivamente para humanos energia no animal. Dessa forma, novos
e pequenos animais, sendo pouco utilizados conceitos foram estabelecidos, como a
em grandes animais. Ainda assim, sua metabolizabilidade (q) e eficiência de
aplicação foi bem menor que os sistemas de utilização (K).
circuito aberto (Resende et al., 2006).

33
(1980) prediz não ocorrer depressão na
Metabolizabilidade (q) metabolizabilidade.
A metabolizabilidade representa a relação
entre a energia metabolizável e a energia O decréscimo da metabolizabilidade da
bruta do alimento: q = (EM/EB) x 100. dieta, quando o nível de consumo é alto,
Quando o animal está consumindo no nível pode ser atribuído ao aumento na taxa de
de mantença, a metabolizabilidade é passagem, diminuindo a digestão dos
referida como qm; e quando está carboidratos, com conseqüente diminuição
consumindo acima da mantença qL, sendo da digestibilidade e aumento das perdas
L nível de ingestão dado em múltiplos da fecais (Geay, 1984). A ausência de queda
mantença. na digestibilidade nos dados britânicos,
para dietas a base de forragem e
concentrado, provavelmente se deve ao fato
Vários trabalhos foram conduzidos na
de as observações terem sido feitas
tentativa de estabelecer a relação entre o
principalmente para milho floculado e/ou
nível de consumo e a metabolizabilidade da
cevada finamente moída, os quais têm alta
dieta, e os resultados obtidos pelos
taxa de degradação ruminal do amido.
pesquisadores americanos e britânicos
mostraram-se contrastantes.
Eficiência de utilização da Energia
Metabolizável para mantença (Km)
O Sistema ARC (1980), a partir de um
grande número de experimentos com
bovinos e ovinos, estabeleceu que para Eficiência é usualmente expressa como o
dietas usualmente utilizadas em balanço entre entrada e saída. Para se
confinamento ou para vacas leiteiras (EM > conhecer a proporção da energia fornecida
2,75 Kcal/g), há pouca ou nenhuma no alimento que foi retida no corpo animal,
depressão da metabolizabilidade à medida pode-se usar a relação:
que o nível de consumo aumenta. Quedas
significativas da metabolizabilidade
Eficiência bruta = Total de energia retida
poderiam ocorrer apenas para dietas
no produto x 100 / Total de energia
baseadas exclusivamente em forragens,
consumida
particularmente aquelas de baixa qualidade.

A partir dessa fórmula, obtêm-se a


Essa premissa do sistema britânico
eficiência bruta do uso da energia
contrasta com os trabalhos dos
alimentar. Esse método de avaliação
pesquisadores americanos. Reid et al.
mostra-se limitado, porque com o aumento
(1980), estudando ruminantes em geral,
do consumo observa-se aumento da
encontraram pouca ou nenhuma depressão
eficiência devido à diluição da exigência de
na digestibilidade para dietas baseadas em
mantença. Dessa forma, tem sido utilizado
forragens com o aumento do consumo,
o conceito de Eficiência parcial:
exceto para volumosos finamente picados
ou peletizados. Tyrrel e Moe (1975),
trabalhando com vacas de leite, observaram Eficiência parcial = Total de energia retida
acentuada depressão na digestibilidade e q no produto x 100 / Energia ingerida usada
para dietas baseadas em forragem e para produção
concentrado, particularmente aquelas com
60 a 75% de grãos. Essas dietas são A maioria dos sistemas nutricionais
exatamente as mesmas para as quais o ARC utilizam como ponto de partida para o

34
cálculo da eficiência a Energia suprir a energia necessária para manter o
Metabolizável. A eficiência de utilização da animal. Todos os sistemas utilizam a
EM para mantença pode ser expressa como produção de calor em jejum como base para
Km: estimar a exigência de energia líquida para
mantença (ELm = PC jejum)
Km = ELm x 100
E a Energia metabolizável para mantença é
EMm definida como o consumo de EM no qual a
não há retenção de energia (ER=0). Ou seja,
Enquanto que a eficiência de utilização da toda a EM ingerida equivale à produção de
energia no tecido ou produto pode ser calor do animal, não ocorrendo ganho
expressa como Kg: (EM=PC). Assim, a eficiência de uso da
energia metabolizável para mantença é
Kg = ELg x 100 estimada como a razão entre a produção de
EM-EMm. calor em jejum (EL) e a produção de calor
em mantença (EMm) ou pelo coeficiente de
Os valores de energia líquida ou eficiência regressão da Energia Retida x EM ingerida,
parcial de utilização não são constantes, quando o balanço de energia é negativo
sendo influenciados pelo nível de ingestão (ER<0) (Van Soest, 1994).
no qual a mensuração é feita (Garret e
Johnson, 1983). Desta forma, a relação
Dados da literatura indicam que a eficiência
entre a ingestão de energia e balanço de
do uso da EM para mantença é
energia mostra-se curvilínea. Para
relativamente constante e independe da
determinar a eficiência parcial da EM, ou
composição do alimento. Armstrong e
valores de EL, é necessário utilizar mais de
Blaxter (1957; 1961) demonstraram que o
um nível de consumo. Generalizou-se então
incremento calórico de misturas de AGV’s
a idéia de separar os custos energéticos para
era influenciado pela razão
produção dos custos energéticos para
acetato:propionato em ovinos em engorda,
mantença.
mas teve pouco efeito para ovinos em
mantença. Alguns sistemas estimam o
Dessa forma, o conceito de exigência para
valor do Km a partir da metabolizabilidade.
mantença tem sido amplamente adotado
O AFRC (1993) adota a fórmula: Km = 0,35
pelos nutricionistas, apesar da dificuldade
qm + 0,503. Como a metabolizabilidade dos
de definir corretamente o que é mantença,
alimentos varia em torno de 35% a 80%, os
bem como de mensurá-la. O grande
valores de Km encontram-se entre 65% a
problema do uso do Sistema de Energia
78%.
Líquida para descrever o balanço energético
tem sido para animais em mantença, porque
não há um produto a ser mensurado, além
da produção de calor. Assim, as perdas de IV – EMISSÃO DE METANO
calor resultantes de reações bioquímicas ENTÉRICO POR
ineficientes não podem ser diferenciadas do RUMINANTES
uso da energia para funções de mantença
(Van Soest, 1994). Atualmente, o aquecimento global sido o
foco de preocupação da sociedade política e
Esse problema é parcialmente resolvido a científica, devido ao impacto negativo
partir da mensuração da produção de calor sobre a biodiversidade e economia mundial.
(PC) em jejum, o qual é resultado da Dentre os vários gases de efeito estufa, a
metabolização dos tecidos corporais para agropecuária contribui de forma

35
significativa com a emissão de três deles: produção de gases (CO2 e CH4), eliminados
dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. através da eructação (Martin et al., 2009).

O gás metano apresenta potencial de A fermentação é um processo oxidativo,


aquecimento global 25 vezes maior que o durante o qual ocorre a formação de co-
CO2 e tempo de vida na atmosfera de 9 a 15 fatores reduzidos (NADH, NADPH e
anos, sendo sua taxa de crescimento anual FADH). Para que o processo fermentativo
de 7,0% (IPCC, 2006). O metano é não seja paralisado, esses co-fatores são
resultado da fermentação anaeróbica da então re-oxidados (NAD+, NADP+ e FAD+)
matéria orgânica em ambientes alagados, através de reações de desidrogenação,
campos de arroz cultivados por irrigação de liberando hidrogênio no rúmen. Como
inundação, fermentação entérica, processo aceptor de elétrons, a
tratamento anaeróbico de resíduos animais metanogênese remove continuamente o H 2
e queima de biomassa. do meio. Dessa forma, a formação de
metano é essencial para o ótimo
Entre as fontes antrópicas de emissão de desempenho do ecossistema ruminal porque
metano, a produção desse gás por evita o acúmulo de H2 no rúmen, o que
fermentação entérica dos ruminantes poderia levar à inibição da atividade
contribui com 22% da produção mundial, desidrogenase, envolvida na re-oxidação
representando 3,3% do total dos gases de dos co-fatores reduzidos.
efeito estufa (USEPA, 2000). O metano,
além de ser caracterizado como um Todo o metano produzido é derivado da
importante gás de efeito estufa, (15% do atividade das Archaea metanogênicas, um
aquecimento global), tem relação direta grupo microbiano distinto das Eubactérias,
com a eficiência da fermentação ruminal possuindo co-fatores (coenzima M, F420 e
em virtude da perda de carbono e, F 430) e lipídeos (ésteres de isopranil
conseqüentemente, perda de energia, glicerol) únicos. Cinco espécies já foram
influenciando o desempenho animal identificadas no rúmen, sendo que apenas
(Cotton e Pielke, 1995). duas (Methanobrevibacter ruminantium e
Methanosarcina sp.) têm sido encontradas
Assim, é de grande importância o em populações acima de 1 x 106 UFC/mL
conhecimento dos mecanismos de síntese (McAllister et al., 1996).
de metano, assim como os fatores que
afetam sua produção. O grande desafio no As vias metabólicas envolvidas na
sistema produtivo de ruminantes é formação de hidrogênio, bem como as
desenvolver dietas e sistemas de manejo relações interespécies da população
que minimizem a produção de metano, metanogênica com os demais
possibilitando maior eficiência produtiva e microrganismos do ecossistema ruminal,
redução da contribuição da pecuária para o são importantes fatores que devem se
aquecimento global. considerados no desenvolvimento de
estratégias para o controle da emissão de
2.4.1. Formação do metano entérico e metano por ruminantes.
seu papel no ecossistema ruminal
Vias metabólicas de formação do metano
A fermentação dos nutrientes alimentares entérico
pela microbiota ruminal (bactérias,
protozoários e fungos) resulta na formação Os substratos mais importantes para
de ácidos graxos voláteis, usados pelo metanogênese são o H2 e o CO2. O ciclo de
ruminante como fonte de energia, e formação do metano pela Archaea

36
metanogênica a partir do dióxido de
carbono envolve a captação de quatro CH4 = 0,45 Acetato – 0,275 Propionato +
moléculas de hidrogênio: 0,40 Butirato

CO2 + 4 H2 CH4 + 2 H2O Através da estequiometria pode-se perceber


o efeito negativo do propionato sobre a
As achaebactérias são também capazes de metanogênese devido à competição pelo
utilizar o H2 na redução de moléculas de mesmo substrato.
formato, acetato, metilamina e metanol para
a produção de metano (Moss, 1993; Wolin Relações interespécies
et al., 1997).
No rúmen, as Archaea metanogênicas são
Os diferentes produtos finais formados encontradas intimamente associadas aos
durante a fermentação ruminal (ácidos protozoários ciliados e em justaposição com
graxos voláteis) não são equivalentes em bactérias, não sendo essa, no entanto, uma
termos de liberação de hidrogênio. localização obrigatória (Finlay et al., 1994).
Portanto, a quantidade de H2 livre liberado Os protozoários contribuem para a
no rúmen depende da concentração e metanogênese através do fornecimento de
proporções relativas de acetato, propionato H2 produzido durante a fermentação dos
e butirato produzidos (Owens e Goetsch, carboidratos, servindo de hospedeiros para
1988; Eun et al., 2004; Martin et al., 2009). cerca de 30% das bactérias metanogênicas
(Jouany et al., 1988). A associação
A produção de acetato e butirato, somática das metanogênicas com esses
predominante durante a fermentação de ciliados indica uma relação simbiótica, em
carboidratos fibrosos, resulta em liberação que as metanogênicas, por utilizarem o
líquida de hidrogênio e favorece a hidrogênio produzido pelos ciliados,
metanogênese. Já a formação de propionato favorecem a manutenção de um ambiente
é uma via competitiva de utilização de ruminal adequado ao desenvolvimento
hidrogênio no rúmen, reduzindo a desses microrganismos (Pedreira et al.,
disponibilidade de substrato para a 2005).
metanogênese. Portanto, produção de
metano, que depende do balanço de O metabolismo de duas espécies ruminais
hidrogênio no rúmen, é influenciada pelas importantes na degradação de carboidratos
taxas de produção de acetato e propionato fibrosos (Ruminococcus albus e
(Hegarty, 2001), como descrito por Van Rumicoccus flavefasciens) é influenciado
Soest (1994): pela pressão parcial de hidrogênio no
rúmen e, portanto, pela atividade das
 Glicose  2 acetato + 2 CO2 + 8H+ metanogênicas.

 Glicose  1 butirato + 2 CO2 + 4 H+ O sistema de “transferência de H2


interespécies” acopla a reação oxidativa da
 Glicose + 4 H+  2 propionato + 2 H2O espécie celulolítica R. albus com a reação
redutora da comunidade Archaea
 CO2 + 8H+  CH4 + H2O
metanogênica. Em monocultura as bactérias
R. albus produzem etanol, acetato, H2 e
A produção de metano pode ser calculada a CO2. Quando em co-cultura com
partir da estequiometria dos principais metanogênicas, o NADH é usado para
ácidos graxos produzidos durante a reduzir prótons a H2, dando origem a
fermentação ruminal (Moss et al., 2000): acetato e CH4 como produtos finais. Dessa

37
forma, a formação de etanol é evitada,  Dietas com mais 90% de concentrado:
levando a maior produção de ATP por taxa de conversão de CH4 de 3% da EB
unidade de hexose fermentada (Wolin e ingerida e;
Miller, 1988).  Dietas com menos de 90% de
concentrado: taxa de conversão de CH 4 de
Os fungos também são reconhecidos como 6,5% da EB ingerida.
um grupo funcional de microrganismos
ruminais que, ao fermentarem carboidratos, Avaliando a produção de CH4 em novilhos
produzem formato, acetato, lactato, etanol, de corte alimentados com dietas exclusivas
CO2 e H2. A produção de H2 pelos fungos de forragem ou com 80% de concentrado,
ocorre em organelas especializadas Harper et al. (1999) verificaram que 8,1% e
denominadas “hidrogenossomas”. Dessa 2,1% da energia bruta ingerida foram
forma, esses microrganismos formam co- perdidas como metano, respectivamente.
culturas estáveis com metanogênicas. Segundo Kaharabata et al. (2000) uma vaca
de leite pesando aproximadamente 600 kg
2.4.2. Perdas energéticas através do pode apresentar uma produção total
metano entérico variando de 375 a 630 litros de CH4/dia,
sendo que energia perdida na forma de
A produção de metano entérico representa metano (13,344 Kcal/g) seria suficiente
uma significativa perda de energia pelos para produzir 4,55 e 7,65 Kg de leite com
ruminantes, sendo tipicamente encontrados 4% de gordura, respectivamente. Johnson
valores de 5,5% a 6,5% da energia bruta et al., (1994) observaram produção de CH4
ingerida (Johnson e Ward, 1996). de 256 litros/dia em novilhos (9,1% da EB
Entretanto, mensurações realizadas em ingerida), 193,9 litros/dia para novilhas
câmaras respirométricas (calorimetria (5,6% da EB) e 548,2 litros/dia (5,7% da
indireta) mostraram grande variação na EB) para vacas em lactação. Murray et al.
emissão de metano, de 2% a 12% da (1976) encontraram taxas de produção de
energia bruta ingerida (Johnson e Johnson, metano de 21 mL/minuto para ovinos,
1995). sendo 87% da produção originária no
rúmen e 13% no intestino grosso.
Geralmente, à medida que a digestibilidade
da dieta aumenta ocorre maior variação na Dentre as formas de se expressar a
produção de metano. Segundo Johnson e produção de metano entérico, é importante
Johnson (1995), existem duas causas considerar a produção por unidade de
principais desta variação na produção de produto animal formado (Kg de leite, carne,
metano: quantidade de carboidrato lã). Diante desse parâmetro pode ser
fermentado no rúmen e proporções relativas estabelecido um equilíbrio entre a
de propionato e de acetato produzidos. necessidade de produção de alimento para a
crescente população e a emissão de gases
Embora seja reconhecido que a composição de efeito estufa, além de evitar que sistemas
da dieta afeta a contribuição dos ruminantes de produção eficientes sejam penalizados.
para a produção de gases de efeito estufa, o Portanto, a redução da produção de metano
Painel Intergovernamental de Mudanças entérico sem alterar a produtividade animal
Climáticas, responsável pelo é desejável, tanto como uma estratégia de
desenvolvimento de metodologias para mitigar a emissão total de gases de efeito
estimar inventários de emissão global, estufa, como também de melhorar a
apenas faz diferenciação entre duas dietas eficiência de conversão alimentar dos
(IPPC 2006): ruminantes.

38
De acordo com Martin et al. (2009), as vias indisponíveis (Van Soest, 1994; Reed,
metabólicas envolvidas na formação e 1995).
utilização do H2, bem como a população
metanogênica são importantes fatores que Os taninos têm sido classificados, de acordo
devem ser levados em consideração no com suas estruturas e reatividades a agentes
desenvolvimento de estratégias para hidrolíticos, em taninos condensados
controlar a emissão de metano por (mistura de polímeros flavonóides) ou
ruminantes. Qualquer estratégia adotada taninos hidrolisáveis (presença de
deve ter como foco um ou mais dos carboidrato central com ligações de ácidos
seguintes objetivos: fenólicos carboxílicos). O ácido tânico
constitui o exemplo típico dos taninos
 Redução da produção de hidrogênio sem hidrolisáveis e a sua hidrólise, espontânea
prejudicar a digestão dos alimentos; ou enzimática, libera glicose e ácido gálico.
 Estimulação da utilização do hidrogênio Os taninos condensados são resistentes a
através de vias de produção de produtos degradação enzimática, sendo constituídos,
alternativos benéficos para o ruminante; principalmente, de proantocianidinas, assim
 Inibição das Archaebactérias chamadas por originarem, sob tratamento
metanogênicas (número e/ou atividade), ácido, antocianidinas (Strumeyer e Malin,
como concomitante estímulo de vias que 1975).
consomem hidrogênio para evitar os efeitos
negativos do aumento da pressão parcial de A maior parte do tanino presente na planta
H2 no rúmen de sorgo encontra-se no grão, sob a forma
de proantocianidinas, estando concentrado
na testa da semente. A testa é um tecido
A quantificação do potencial de emissão de altamente pigmentado, localizado logo
metano por ruminantes consumindo abaixo do pericarpo, e sua existência é fator
diferentes alimentos disponíveis nas regiões determinante da presença de tanino no
tropicais, como a silagem de sorgo, sorgo. Não há evidência de grandes
possibilita a geração de dados a serem quantidades de tanino hidrolisável no sorgo
utilizados para o desenvolvimento de (Watterson e Butler, 1983; Magalhães et
inventários sobre a emissão de gases de al., 1997). A presença do tanino no grão de
efeito estufa pelos sistemas de produção sorgo depende da constituição genética do
agropecuários, bem como para a avaliação material, sendo que os genótipos que
de estratégias de mitigação. apresentam os genes dominantes B1 e B2
são considerados sorgo com presença de
tanino. No passado, era comum a
V – TANINOS classificação de híbridos de sorgo em
CARACTERÍSTICAS E grupos com baixo, médio e alto teores de
EFEITOS tanino. Atualmente considera-se que o
tanino está presente (níveis acima de 0,7%)
2.5.1. Considerações gerais ou ausente (níveis abaixo de 0,7%) no grão
(Magalhães et al., 1997), quando utiliza-se
Os taninos são compostos fenólicos de alto o método Azul da Prússia para quantificar
peso molecular (500 a 3.000 daltons) e com este composto.
suficientes grupos hidroxifenólicos para
formarem efetivos e fortes complexos com Os taninos compreendem metabólitos
proteínas e outras macromoléculas secundários das plantas superiores,
(celulose, amido, minerais), tornando-as protegendo-as contra predadores naturais
(Jean-Blain, 1998). Devido ao fato de não

39
apresentar proteção para as sementes, como Entretanto a associação é irreversível sob
a palha de milho ou as glumas do trigo e condições em que os polifenóis são
cevada, a planta de sorgo produz vários oxidados em quinonas, com subseqüente
compostos fenólicos, os quais servem como condensação com um grupo nucleofílico da
uma defesa química contra pássaros, proteína (Kumar e Singh, 1984; Reed,
patógenos e outros competidores. 1995). A especificidade a reação tanino-
proteína é função do tamanho, conformação
Sob o ponto de vista agronômico, as e mudanças da molécula de proteína.
principais vantagens do tanino são: Proteínas ricas em prolina têm alta
resistência a pássaros, devido ao efeito afinidade por taninos, devido à sua
adstringente; resistência aos fungos conformação aberta e capacidade de formar
causadores da podridão dos grãos; redução fortes pontes de hidrogênio (Van Hove e
na germinação de grãos na panícula e Furstenburg, 1992).
resistência a insetos no período inicial de
crescimento do sorgo. Desta forma, o Os taninos podem prejudicar o consumo de
tanino no sorgo tem causado controvérsias forragens pela redução da palatabilidade ou
uma vez que, apesar de algumas vantagens por afetar negativamente os processos de
agronômicas, ele causa reduções na digestão. Adstringência é a sensação
palatabilidade e digestibilidade, por formar causada pela formação de complexos entre
complexos com proteínas (Magalhães et al., taninos e glicoproteínas salivares e pode
1997). aumentar a salivação e reduzir a
palatabilidade. Waghorn et al. (1994)
2.5.2. Efeito dos taninos sobre o valor sugeriram que a queda na taxa de passagem
nutritivo dos alimentos e reciclagem do rúmen foi mais importante
do que a palatabilidade na redução do
Os taninos tendem a diminuir o valor consumo de ovinos recebendo dietas a base
nutritivo das forragens para os ruminantes de Lotus pedunculatus em comparação a
através da redução do seu consumo e dietas com a mesma forragem
digestibilidade (McLeod, 1974). A suplementada com polietileno glicol (PEG)
habilidade dos taninos em formar para “inativar” os taninos.
complexos fortes com as proteínas é o
aspecto mais importante relacionado aos Dessa forma, taninos em altas
seus efeitos tóxicos e antinutricionais. Os concentrações na dieta reduzem o consumo,
taninos também são conhecidos por a digestibilidade de proteínas e carboidratos
interagir com carboidratos, particularmente e o desempenho animal (Reed et al., 1990).
com o amido. Entretanto, essa afinidade Entretanto, os efeitos de baixas a
parece ser menor do que pelas proteínas. A moderadas concentrações de taninos podem
redução da digestibilidade para dietas ricas ser benéficos, reduzindo a susceptibilidade
em taninos pode também ser explicada pela ao timpanismo e ao parasitismo intestinal, e
inibição das enzimas digestivas (Jasman, aumentando fluxo de nitrogênio não
1993). amoniacal e aminoácidos totais para o
abomaso e intestinos (McNabb et al.,1993).
Quatro tipos de ligações têm sido sugeridos Waghorn et al. (1995) avaliaram os efeitos
na formação do complexo tanino-proteína: dos taninos condensados no metabolismo
pontes de hidrogênio, ligações iônicas, ruminal do nitrogênio, encontrando menor
ligações covalentes e interações proteólise e aumento no fluxo de nitrogênio
hidrofóbicas. Quando pontes de hidrogênio não amoniacal para o abomaso, elevando a
e interações hidrofóbicas participam da quantidade de proteína disponível para
formação do complexo, este é reversível. absorção no intestino delgado.

40
manifestam menor susceptibilidade aos
De acordo com Reed (1995) há vários taninos em relação às Gram positivas.
mecanismos pelos quais os taninos das
forragens podem aumentar a eficiência de A ação dos taninos condensados sobre os
utilização das proteínas pelos ruminantes. microrganismos do rúmen é controversa.
Os taninos podem complexar proteínas no Salawu et al (1999), observaram uma
rúmen e protegê-las do ataque das enzimas redução na contagem total de protozoários
microbianas. Esses complexos são instáveis mas não encontraram diferenças na
no pH ácido do abomaso e as proteínas contagem total de bactérias viáveis quando
tornam-se então disponíveis para a digestão compararam dietas com ou sem tanino de
(Barry e Manley, 1984). Embora o tanino quebracho. Já Makkar e Becker (1995)
pareça proteger a proteína da degradação notaram uma diminuição tanto de
microbiana no rúmen, o seu efeito posterior protozoários, quanto de bactérias ao
na digestão dos ruminantes depende da sua incluírem 0,4 mg/mL de tanino condensado
disponibilidade para o animal (Marinho, de quebracho em um simulador de rúmen.
1984). Já Chiquette et al. (1989) observaram maior
número de protozoários em ovelhas
Os taninos podem aumentar a eficiência de alimentadas com forrageiras contendo
uso da uréia reciclada no rúmen, segundo taninos.
Reed (1995), por reduzirem a taxa de
degradação protéica no rúmen e, A atividade antimetanogênica dos taninos
conseqüentemente, a concentração de presentes nas plantas tem sido atribuída
amônia no meio. As concentrações de principalmente ao grupo de taninos
nitrogênio uréico no plasma e de amônia no condensados. Taninos hidrolisáveis, embora
rúmen e as perdas de nitrogênio urinário também afetem a metanogênese, são
forma menores para ovinos e caprinos considerados mais tóxicos para os animais
consumindo leguminosas contendo taninos (Field et al, 1989). A ação dos taninos
(Woodward, 1988). Os taninos podem condensados na metanogênese pode ser
aumentar o teor de glicoproteínas e a atribuída a um efeito indireto, pela redução
secreção de saliva, o que poderia levar a na produção de H2, como conseqüência da
maior quantidade de nitrogênio reciclado no redução na digestibilidade da fibra, e por
rúmen (Robbins et al., 1987). efeito inibitório direto na população
metanogênica (Woodward et al., 2001).
2.5.3. Efeito dos taninos sobre os
microrganismos ruminais Tiemann et al. (2008) observaram que a
inclusão de leguminosas com altos teores
O efeito dos taninos sobre os de tanino (Callinadra calothyrsus e
microrganismos ruminais é extremamente Fleminga macrophylla) reduziu a emissão
variável, sendo alguns altamente de metano por carneiros em até 24%, mas
susceptíveis e outros resistentes e capazes esse efeito foi associado à redução na
de degradá-los (Marinho, 1984). Scalbert digestibilidade da matéria orgânica e da
(1991) identificou três mecanismos de fibra. Oliveira et al. (2006), avaliando o
toxicidade do tanino aos microrganismos efeito de dietas contendo silagens de sorgo
ruminais: inibição enzimática e deprivação com baixo e alto teor de taninos, fornecidas
de substrato, ação sobre as membranas e para bovinos de corte, não observaram
deprivação de íons metálicos. Marinho efeito desses compostos sobre a
(1984) sugeriu que a parede celular metanogênese. Carneiros recebendo
constitui o principal alvo da ação dos “gamberin”, um produto contendo 49% de
taninos e que as bactérias Gram negativas tanino condensado (extrato solidificado das

41
folhas de Uncaria gambir), apresentaram
significativa redução na perda de energia
como metano (% da EB) e queda de 75%
no número de protozoários (Sarvan, 2000).
Vacas leiteiras mostraram menor emissão
de metano (26,90 g CH4/ Kg de MS
ingerida e 378 g CH4/ Kg de sólidos do
leite) quando alimentadas com Lotus
corniculatus do que quando alimentadas
com silagem de azevém (35,23 g CH 4/ Kg
de MS ingerida e 434 g CH 4/ Kg de sólidos
do leite) (Woodward et al., 2001).

42
CAPÍTULO III – CONSUMO E DIGESTIBILIDADE APARENTE, EM OVINOS,
DOS NUTRIENTES DAS SILAGENS DE SORGO EM DIFERENTES
ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO

3.1 RESUMO

Foram avaliados os consumos voluntários e digestibilidades aparentes da matéria seca e dos


nutrientes (proteína bruta e frações fibrosas), em ovinos, das silagens de três híbridos de sorgo
(BRS 610, BR 700 e BRS 655) colhidos em três estádios de maturação dos grãos. O
delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado em desenho fatorial 3x3,
sendo três híbridos e três estádios de maturação (idades de corte) e cinco repetições (carneiros).
Os valores de consumo de matéria seca, em gramas por quilograma de peso metabólico (CMS-
PM), variaram de 45,90 g/PM/dia a 59,99 g/PM/dia. Não houve influência do estádio de
maturação sobre o CMS-PM para todos os híbridos (P>0,05). Comparando os materiais em um
mesmo corte, no estádio pastoso, o BRS 655 apresentou menor valor em relação aos demais
híbridos (P<0,05), que foram semelhantes entre si (P>0,05). Já nos estádios leitoso e farináceo,
não houve diferença estatística entre os materiais, apesar da superioridade numérica do BRS
610. Para as digestibilidades aparentes da matéria seca (DAMS), não houve variação entre
híbridos, dentro do mesmo estádio de maturação, e entre idades de corte, para o mesmo híbrido
(P>0,05). Os valores encontrados variaram de 48,53% a 56,67%. Para o consumo de proteína
bruta por peso metabólico (CPB-PM), os valores variaram de 2,26 g/PM/dia a 3,83 g/PM/dia.
Nos estádios leitoso e pastoso, o híbrido BRS 655 obteve menores CPB-PM do que o BRS 610
e BR 700, que foram semelhantes entre si. Já no terceiro corte, não houve diferenças entre os
materiais avaliados com relação ao CPB-PM (P>0,05). Para a digestibilidade aparente da
proteína bruta (DAPB), os valores oscilaram entre 38,78% e 45,69% para o BRS 610, entre
27,25% e 39,56% para o BR 700 e entre 19,19% e 35,42% para o BRS 655. Foram observados
menores consumos de proteína digestível para os híbridos com tanino (BR 700 e BRS 655) em
relação ao BRS 610, com significância estatística nos estádios pastoso e farináceo. Todos os
tratamentos apresentaram balanço de nitrogênio positivo. Nos estádios pastoso e farináceo, a
silagem do híbrido BRS 610 apresentou maiores valores de nitrogênio retido do que os demais
materiais. O avanço do estádio de maturação não alterou significativamente os balanços de
nitrogênio dos híbridos avaliados. Para o nitrogênio retido em relação ao peso metabólico, os
valores variaram de 0,02 g/PM/dia a 0,20 g/PM/dia. Os consumos de FDN e FDA não diferiram
(P>0,05) entre os tratamentos, sendo a variação encontrada de 521,26 a 629,11 g/dia e 276,78
g/dia e 35,08 g/dia, respectivamente. Não houve diferenças nos valores de digestibilidade da
FDN e FDA entre os híbridos com tanino (BR 700 e BRS 655) e sem tanino (BRS 610). Para o
consumo de lignina, em gramas por dia, a variação observada situa-se entre 40,80 g/dia e 65,38
g/dia. Comparando-se os estádios de maturação para um mesmo híbrido, não houve diferenças
significativas no consumo de lignina para os três materiais avaliados. Não foi observada
influência dos taninos sobre o aproveitamento da fibra das silagens.

Palavras chaves: frações fibrosas, proteína, ruminantes, valor nutricional

43
3.2 INTRODUÇÃO seca, que é intimamente correlacionado
com o consumo de energia (Rodriguez et
A produção de silagem de boa qualidade é al., 2006).
um dos processos mais difundidos entre os
produtores que buscam a intensificação dos Os ensaios “in vivo” envolvendo produção
sistemas de produção de leite ou carne, animal e digestibilidade são os métodos
através da maximização da expressão do mais precisos para determinar o valor
potencial genético dos animais. As nutricional dos alimentos. A avaliação da
forrageiras destinadas à ensilagem devem digestibilidade de uma forrageira torna-se
apresentar elevado potencial de produção, importante, baseada na necessidade de se
adequação à mecanização, ser boa fonte de comparar diferentes forrageiras e cultivares,
energia para os ruminantes, além de possuir considerando-se que as mais digestíveis
características que permitam uma apresentarão melhor retorno
fermentação adequada dentro do silo. As econômico/produtivo pelos animais que as
culturas de milho e sorgo são as mais consumiram (Molina, 2000).
indicadas, pois produzem silagens de boa
qualidade sem a necessidade de práticas O objetivo deste experimento foi avaliar o
como a pré-murcha e uso de aditivos. O consumo e a digestibilidade aparente dos
sorgo se destaca por apresentar maior nutrientes das silagens dos híbridos de
amplitude de época de plantio, menor custo sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655,
de produção, possibilidade de visando o estabelecimento de uma
aproveitamento da rebrota e, por ser mais comparação entre os híbridos e a
resistente ao déficit hídrico e às altas determinação do melhor momento de
temperaturas, podendo ser cultivado com colheita para cada um.
vantagens, em locais marginais ou
impróprios para o cultivo do milho.
3.3. MATERIAL E MÉTODOS
Conforme Van Soest (1994), os alimentos
não são iguais em sua capacidade de dar 3.3.1. Considerações gerais
suporte às funções de mantença,
crescimento, reprodução e lactação. Três híbridos de sorgo (BRS 610, BR 700 e
Segundo Russell et al. (1992), além das BRS 655) foram plantados nas
características peculiares das frações dependências da EMBRAPA Milho e
nutritivas constituintes, os alimentos Sorgo, localizada no município de Sete
consumidos pelos ruminantes são Lagoas, região metalúrgica de Minas
transformados pelos microrganismos Gerais. A semeadura foi realizada em nove
ruminais, impedindo a predição do de dezembro de 2006, adotando-se
desempenho somente a partir dos espaçamento entre linhas de 70 cm. A
componentes dietéticos. adubação foi realizada de acordo com a
análise do solo, sendo utilizados 350 kg ha-1
Em uma eficiente e completa avaliação do da fórmula 08-28-16 (N-P-K) no plantio e
valor nutritivo dos alimentos, a simples 100 kg ha-1 de uréia como adubação de
determinação da composição química não é cobertura. Para o controle de plantas
suficiente, devendo ser considerados invasoras, como gramíneas e dicotiledôneas
também os efeitos dos processos de anuais, utilizou-se o herbicida Atrazina.
consumo, digestão, absorção e metabolismo
animal. Uma possível maneira de definir a Cada híbrido de sorgo foi colhido em três
qualidade da dieta seria o produto da idades de corte com diferentes estádios de
digestibilidade pelo consumo de matéria maturação dos grãos: leitoso, pastoso e

44
farináceo. Para determinação dos estádios cortes de cada híbrido realizados de acordo
de maturação, avaliaram-se os grãos com a Tabela 1.
localizados no meio da panícula, sendo os

Tabela 1. Idades de corte (dias após o plantio) dos híbridos de sorgo em cada estádio de
maturação avaliado
Estádio de maturação
Híbridos
Leitoso Pastoso Farináceo
BRS 610 100 108 114
BR 700 100 108 114
BRS 655 94 100 108

Os híbridos foram cortados rente ao solo e com tanino. É um material resistente ao


picados, com auxílio de ensiladeira, e acamamento, com a alta sanidade de folhas
imediatamente ensilados em tambores e de grãos e apresenta resistência a
metálicos com capacidade para 200 litros cercosporiose, helmintosporiose e mancha
cada, revestidos internamente com sacos zonada.
plásticos O material foi compactado sob
pisoteio e os tambores foram vedados com O BRS 655, obtido do cruzamento dos
auxílio de travas nas tampas. Foram materiais CMSXS 222 A x CMSXS 235 R,
utilizados 15 tambores para cada híbrido é um híbrido de porte alto, colmo seco,
em cada estádio de maturação, totalizando panícula semi-aberta, grãos marrons,
135 tambores. Os tambores foram endosperma semiduro, com tanino. Outras
conduzidos às dependências do características importantes são a resistência
departamento de Zootecnia da Escola de ao acamamento, a alta sanidade foliar e a
Veterinária da UFMG onde permaneceram resistência ao míldio (Peronosclerospora
em repouso à temperatura ambiente até a sorghi).
abertura durante o procedimento
experimental e as análises laboratoriais. 3.3.3. Procedimento experimental

3.3.2. Descrição dos híbridos O ensaio de consumo e digestibilidade


aparente foi conduzido nas dependências do
Os híbridos utilizados no experimento departamento de Zootecnia da Escola de
pertencem ao programa de melhoramento Veterinária da UFMG, em Belo Horizonte –
genético do Centro Nacional de Pesquisa do MG.
Milho e Sorgo da EMBRAPA.
Para a avaliação das silagens dos três
O BRS 610, obtido do cruzamento dos híbridos de sorgo (BRS 610, BR 700 e BRS
materiais CMSXS 232 A x CMSXS 234 R, 655) em três estádios de maturação (leitoso,
é um híbrido de porte alto, colmo seco, pastoso e farináceo) foram utilizados
panícula semi-aberta, grãos vermelhos, quarenta e cinco carneiros adultos, machos,
endosperma semiduro e sem tanino. castrados, sem raça definida, com peso
Destaca-se pela resistência à médio de 47,5 Kg, sendo cinco carneiros
helmintosporiose e ao acamamento por tratamento.

O BR 700 é um híbrido de porte alto, colmo Os animais foram pesados, vermifugados e


seco, panícula semi-aberta, grãos de casqueados antes de serem alojados
coloração castanha, endosperma semiduro, individualmente em gaiolas metabólicas

45
localizadas em uma sala, com ventilação totalizando cinco dias de coleta, de acordo
lateral e exaustores, do Laboratório de com o esquema a seguir:
Metabolismo e Calorimetria Animal -
LAMCA da Escola de Veterinária da Dias Silagens Sobras Fezes Urina
UFMG. Cada gaiola recebeu uma etiqueta 1º X
de identificação do tratamento a ser 2º X X
fornecido e do número do animal, escolhido 3º X X X X
aleatoriamente. As gaiolas eram 4º X X X
confeccionadas em cantoneira de ferro, nas 5º X X
dimensões de 1,50m x 0,80m, com piso
ripado de madeira e telas laterais, dispondo
de comedouro e bebedouro de aço Para o material oferecido, foram coletados
inoxidável e saleiro de PVC. Diariamente a aproximadamente 300 gramas por
sala e as gaiolas foram higienizadas. tratamento por dia. As sobras foram
recolhidas pela manhã, pesadas e
Durante o período de adaptação, as silagens armazenadas. Para coleta de urina foram
de sorgo foram fornecidas ad libitum, como utilizados funis acoplados às gaiolas e
único alimento, duas vezes ao dia (6:00 e baldes cobertos com telas metálicas e, para
17:30). Diariamente a água era trocada pela a coleta de fezes, caixas plásticas dispostas
manhã e reabastecia-se o saleiro com sal abaixo dos funis. Para se evitar a perda de
mineral específico para ovinos. As sobras nitrogênio da urina, diariamente foram
foram pesadas diariamente antes do trato da adicionados 100 mL de HCl 2N aos baldes
manhã para que o consumo de silagem coletores. As fezes foram recolhidas pela
pelos animais fosse registrado e manhã, pesadas, coletadas amostras de 20%
monitorado. A quantidade de alimento do total mensurado e armazenadas. A urina
oferecido era ajustada para proporcionar foi coletada no período da manhã, com a
15% de sobras no cocho. Após 20 dias de amostragem de 10% do total mensurado e
adaptação às dietas, o consumo estabilizou- armazenado.
se, possibilitando o início do período
experimental. Ao final do período de coleta, os materiais
coletados nos três dias foram
Ensaio de consumo e digestibilidade homogeneizados para se obter as amostras
aparente compostas de sobras, fezes e urina (para
todos os carneiros) e oferecido (para os
Durante esta fase, a quantidade de silagem nove tratamentos). As amostras foram
de sorgo a ser fornecida aos animais foi devidamente identificadas e congeladas a
calculada para proporcionar consumo à -15ºC.
mantença (60 a 80 gramas de matéria seca
por quilo de peso metabólico). Além da 3.3.4. Análises laboratoriais
silagem, ofertada duas vezes ao dia (6:00 e
17:30), os animais receberam água e As análises laboratoriais foram realizadas
mistura mineral ad libitum. Os animais no Laboratório de Nutrição Animal da EV-
foram pesados no início e no final do UFMG, em Belo Horizonte. As amostras
período experimental. diárias de alimento oferecido, sobras, fezes
e urina foram descongeladas durante um
Foram realizadas amostragens das silagens período de 14 horas.
oferecidas, das sobras no cocho, das fezes e O teor de matéria pré-seca das amostras de
das urinas durante três dias consecutivos, oferecidos, sobras e fezes foi determinado
em estufa de ventilação forçada a 55ºC por

46
72 horas. Posteriormente as amostras pré- de matéria seca (%MS) do oferecido e das
secas foram moídas em moinho sobras.
estacionário do tipo Willey, utilizando-se
peneira de 1 mm e estocadas à temperatura CMS = [(Kg Oferecido (MN) x %MS
ambiente em frascos de polietileno com Oferecido)/100] – [(Kg Sobras (MN) x %MS
tampa. Sobras)/100]

As amostras compostas de alimento Os consumos de proteína bruta (CPB), de


oferecido, sobras e fezes foram analisadas fibra em detergente neutro (CFDN), de
em duplicatas. Foram determinados os fibra em detergente ácido (CFDA), de
teores de matéria seca em estufa a 105°C celulose (CCEL) de hemiceluloses
(AOAC, 1980), proteína bruta (PB) a partir (CHCEL) e de lignina (CLIG) foram
da determinação do conteúdo de nitrogênio determinados segundo a equação:
(N) pelo método de Kjeldahl (AOAC
Consumo = [(kgOF x %OF)/100] – [(kgSB x
International, 1995) utilizando-se aparelho
%SB)]/100
da marca Büchi para destilação e titulação e
frações fibrosas, as quais foram
Onde:
determinadas pelo método seqüencial de
Van Soest et al. (1991), com adição 2 mL
 kgOF = quantidade de dieta oferecida, em kg
de amilase termo-resistente no aparelho de MS;
Fiber analyser ANKOM 220, utilizando
saquinho F-57 ANKOMR. Os valores de  %OF = concentração do nutriente na dieta
celulose foram obtidos pela diferença entre oferecida, em % da MS;
as frações de FDA e lignina e cinzas
insolúveis. E os valores de hemiceluloses  kgSO = quantidade de sobras retiradas, em kg
foram obtidos pela diferença entre FDN e de MS;
FDA. As amostras de urina foram
analisadas para determinação nitrogênio  %SO = concentração do nutriente nas sobras,
total conforme metodologias já em % da MS.
mencionadas.

3.3.5. Cálculos Digestibilidade aparente

Avaliação do consumo Para a determinação dos coeficientes de


digestibilidade foram utilizados os dados de
Os pesos diários das dietas oferecidas e das consumo e produção fecal. As
sobras, registrados durante o período digestibilidades aparentes da matéria seca
experimental e os resultados das análises (DAMS) e da proteína bruta (DAPB), e
laboratoriais foram utilizados para o cálculo digestibilidades da fibra em detergente
de consumo de matéria seca e dos neutro (DFDN), da fibra em detergente
nutrientes. ácido (DFDA), da celulose (DCEL) e das
hemiceluloses (DHCEL) foram obtidas
A avaliação do consumo de matéria seca conforme metodologia utilizada por
(CMS) das silagens foi determinada pela Maynard et al. (1984), segundo a equação:
diferença entre a quantidade de alimento
fornecido aos animais e quantidade de DA= OF – SB - FZ x 100
OF – SB
sobras no cocho, em Kg de matéria natural
(MN), considerando separadamente o teor
Onde:

47
 OF = [quantidade de alimento oferecido (Kg Yij= µ + Hi + Cj + (H*C)ij + eij
de MS)] x [teor do nutriente no oferecido (% da
MS)]/100 em que,
 SB = [quantidade de sobras retiradas (Kg de
 Yij = observação da variável resposta do
MS)] x [teor do nutriente nas sobras (% da
híbrido “i” no estádio de maturação “j”
MS)]/100
 µ = média geral
 FZ = [quantidade de fezes coletadas (Kg de
MS)] x [teor do nutriente nas fezes (% da
MS)]/100  Hi = efeito do híbrido; i= BRS 610, BR 700 e
BRS 655

Balanço de nitrogênio  Cj = efeito do estádio de maturação; j= leitoso,


pastoso e farináceo
Para o cálculo do balanço de nitrogênio, ou
nitrogênio retido, foram utilizados os  (H*C)ij = efeito da interação híbrido x estádio
valores de nitrogênio (N) consumido, de maturação
nitrogênio fecal e nitrogênio urinário,
através da equação:  eij = erro aleatório do híbrido “i” no estádio de
maturação “j”
N retido = N ingerido – (N fecal + N
urinário) Os dados obtidos foram submetidos à
análise de variância utilizando-se o pacote
estatístico SAEG (2007) e as médias
O nitrogênio ingerido foi obtido pela comparadas pelo teste SNK ao nível de 5%
diferença entre a quantidade de nitrogênio de probabilidade (P<0,05).
na silagem oferecida e a quantidade de
nitrogênio nas sobras.
3.4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.3.6. Procedimentos estatísticos 3.4.1. Composição química das


silagens
O delineamento experimental utilizado foi
inteiramente casualizado em desenho Na Tabela 2 estão apresentados os valores
fatorial 3x3, sendo três híbridos e três de matéria seca (MS), proteína bruta (PB),
estádios de maturação (idades de corte) e fibra insolúvel em detergente neutro (FDN),
cinco repetições (carneiros), utilizando-se o fibra insolúvel em detergente ácido (FDA),
seguinte esquema de análise de variância: celulose (CEL), hemiceluloses (HCEL),
ligninas (LIG) e energia bruta (EB) das
Graus de silagens dos híbridos de sorgo BRS 610,
Fontes de variação
liberdade BR 700 e BRS 655 em três estádios de
Total 44 maturação (leitoso, pastoso e farináceo).
Híbridos (H) 2
Estádios de maturação (E) 2 Teores de matéria seca
HxE 4
Erro 36 No sorgo a porcentagem de MS varia com a
idade de corte, com a natureza do colmo e
Modelo estatístico: com a proporção dos vários constituintes da

48
planta (colmo, folha e panícula) (Silva, considerável nos teores de MS entre cortes
1997). Os teores de MS obtidos variaram de para o híbrido BR 700 indicam que o
22,31% a 38,06%. A silagem do híbrido BR intervalo de colheita deste material no
700 foi a que apresentou maior teor de ponto ideal de ensilagem é bastante
matéria seca em todos os estádios de reduzido. Já os híbridos BRS 610 e BRS
maturação avaliados, o que pode estar 655 apresentam um período de colheita
relacionado ao menor teor de umidade do mais amplo, pelo fato de o acúmulo de MS
colmo, à desidratação mais intensa das com o avanço da maturidade da planta ser
folhas e/ou à maior proporção de panícula e mais gradativo.
menor de colmo na planta. A elevação

Tabela 2. Composição química (% na MS) das silagens dos híbridos de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS
655 em três estádios de maturação (leitoso, pastoso e farináceo)
Parâmetros
Híbridos
MS (%) PB (%) FDN (%) FDA (%) CEL (%) HCEL (%) LIG (%)
Leitoso
BRS 610 22,31 6,89 61,57 36,20 30,99 25,37 5,21
BR 700 29,45 6,69 60,29 33,40 27,37 26,89 6,03
BRS 655 22,57 6,42 63,66 37,72 31,83 25,94 5,89
Pastoso
BRS 610 23,89 6,67 59,54 35,29 29,39 24,25 5,90
BR 700 32,12 6,21 61,38 34,63 28,23 26,75 6,40
BRS 655 25,03 6,07 63,85 35,27 29,92 28,58 5,35
Farináceo
BRS 610 27,01 6,38 54,99 31,19 25,86 23,80 5,33
BR 700 38,06 6,13 63,90 34,96 29,16 28,95 5,80
BRS 655 25,05 6,76 61,35 33,51 27,20 27,85 6,31

Segundo Paiva (1976), silagens de boa voláteis durante a secagem em estufa,


qualidade devem ter de 30% a 35% de MS. podendo subestimar o conteúdo de MS da
Para Pizarro (1978) essa faixa seria mais silagem (Van Soest, 1994).
ampla, variando de 28 a 38% de MS. Já
McDonald et al. (1991) afirmam que Machado (2009), avaliando as silagens,
quando há adequada quantidade de obtidas em silos experimentais de PVC, dos
carboidratos solúveis, teores de MS de 20% mesmos híbridos colhidos nos mesmos
são suficientes para garantir boa estádios de maturação avaliados no presente
fermentação. Para Van Soest (1994) os experimento, encontrou teores de MS entre
valores de MS das silagens deveriam estar 22,86% e 41,27%, sendo os acúmulos de
em torno de 30%, pois assim é garantido o MS entre o estádio leitoso e farináceo de
maior consumo animal. Entretanto, quando 29%, 47% e 18% para o BRS 610, BR 700
o teor é superior a 45%, a compactação é e BRS 655, respectivamente. Faria Jr.
dificultada, propiciando condições para o (2008), avaliando o híbrido BRS 610 em
aquecimento e desenvolvimento de fungos. diferentes idades de corte, obteve variação
no teor de MS de 18,36% a 29,84% entre os
É importante lembrar que a estimativa do estádios leitoso e farináceo. Araújo et al.
conteúdo de água em produtos fermentados (2007) observaram aumento gradativo dos
tem como limitação a perda de substâncias teores de MS das silagens dos híbridos BR

49
700, BR 701 e MASSA 03 com o avanço
do estádio de maturação, sendo as médias Gontijo Neto et al. (2004) observaram que
dos híbridos de 39,03%, 36,78% e 39,91%, as variações nas proporções de partes da
respectivamente. Esse autor encontrou para planta, principalmente as porcentagens de
o BR 700 teores de MS de 30,46%, 39,35% colmo e panícula, exerceram maior
e 44,43%, para os estádios leitoso, pastoso influência sobre o teor de MS da planta
e farináceo, respectivamente, valores inteira do que o teor de umidade de cada
superiores aos observados nesse trabalho uma dessas frações. Esses autores
para os mesmos períodos. Pires et al. confirmaram essa tendência pelo estudo das
(2006), avaliando três híbridos de sorgo em correlações (P<0,01) entre o teor de MS da
oito idades de corte, também observaram planta inteira e as proporções de colmos (r
elevação da MS das silagens com a = -0,72) e panículas (r = 0,68). Os
maturidade (20,78% a 41,89%), resultados obtidos por Machado (2009)
encontrando para o BR 700 valores de também apontaram nesse sentido, havendo
25,31%, 32,52% e 39,74% para os estádios correlação significativa (P<0,05) entre o
leitosos, pastoso e farináceo, teor de MS da planta e as porcentagens de
respectivamente. Já Molina et al. (2002) panícula (r = 0,74) e de colmo (r = -0,79).
encontraram teores de MS para o BR 700 e Entretanto também foi observada alta
BR 601 de 27,6% e 20,8% no estádio correlação entre o teor de MS da planta e o
leitoso, 39,3% e 26,2% no pastoso e 44,9% das folhas (r = 0,82), indicando a grande
e 28,2% no farináceo, respectivamente. influência da desidratação das folhas, com o
Cummins (1971) estudou o efeito do avanço da idade de corte, sobre o teor de
estádio de maturação dos grãos sobre a MS da planta. Rocha Jr. et al. (2000)
elevação do teor de MS e encontrou valores também encontraram correlação positiva
de 22,3%; 24,6%; 27,2% e 32,9% para as entre a porcentagem de panícula e o teor de
silagens com grãos nos estádios leitoso, MS da planta (r = 0,78; P<0,01).
leitoso-farináceo, farináceo e farináceo-
duro, respectivamente. As variações observadas entre os teores de
matéria seca encontrados neste experimento
Ibrahim (2007) observou teores médios de e nos citados acima podem ser em função
MS para o BRS 610 de 28,53% e para o BR das diferenças nos tipos de sorgo utilizados
700 de 39,49%. Ferreira (2005) observou (forrageiros, duplo-propósito ou
28,53% de MS para o BRS 610 ensilado no graníferos), estádios de maturação,
estádio leitoso-pastoso, valor superior ao condições edafo-climáticas, ocorrência de
encontrado nesse trabalho para estádio de pragas ou doenças, ataque de pássaros,
maturação semelhante. Neumann et al. entre outros.
(2004), obtiveram valores médios de MS de
32,65% para híbridos forrageiros colhidos Teores de proteína bruta
no estádio farináceo-duro e 34,80% para
híbridos de duplo-propósito colhidos no Os valores de proteína bruta variaram de
estádio pastoso-farináceo, evidenciando que 6,07% a 6,89%. Dessa forma, nenhum
a panícula foi a fração que mais contribuiu material apresentou concentrações
para a elevação do teor de MS da planta e superiores a 7,0% de PB, o qual é
da respectiva silagem. O mesmo considerado por Van Soest (1994) como o
comportamento foi observado por Silva et mínimo necessário para o adequado
al. (1999) que mostraram valores de MS desenvolvimento dos microrganismos
inferiores para híbridos forrageiros ruminais, garantindo boa degradação do
(25,27%) comparados aos de duplo- alimento ingerido. Deve-se interpretar com
propósito (30,13%) e graníferos (31,02%). critério as concentrações de PB nas

50
silagens, pois este parâmetro não leva em O comportamento dessa fração nas silagens
consideração as alterações na fração variou entre os híbridos com o avanço da
nitrogenada, que podem ser significativas maturação. O hibrido BRS 610 apresentou
ao final do processo fermentativo valores decrescentes de FDN entre o
(McDonald et al., 1991). estádio leitoso e farináceo. Por outro lado, o
BR 700 apresentou aumento dos teores de
Os valores de PB observados por Ferreira FDN com o avanço da idade de corte. No
(2005) foram de 5,60% a 7,45%, por estádio leitoso, o BR 700 apresentou menor
Molina et al. (2002), de 5,7% a 7,8%, por teor de FDN do que os demais híbridos,
Neumann et al. (2004), de 5,55% para entretanto, no estádio farináceo essa relação
híbridos forrageiros e 5,85% para híbridos se inverteu.
de duplo-propósito, e por Silva et al.
(1999), de 5,7% a 6,8%. A variação entre Machado (2009) observou valores de FDN
os teores de PB encontrados nesse trabalho oscilando entre 52,85% e 59,32%, sendo
com os observados na literatura pode estar que para os híbridos BRS 610 e BRS 655 o
relacionada à influência de fatores como estádio leitoso mostrou maior teor de FDN
adubação, tipo de solo, luminosidade e do que o pastoso e o farináceo, que foram
condições climáticas no ano do plantio. semelhantes entre si. Já o BR 700
apresentou maior porcentagem de FDN no
Machado (2009) observou valores entre estádio leitoso do que no farináceo, oposto
5,71% e 6,81% para os teores de proteína ao que foi mostrado no presente trabalho.
bruta (PB) das silagens dos híbridos de Araújo et al. (2007) obtiveram valores
sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655, em médios de FDN de 62,6%, 61,5% e 59,1%
diferentes estádios de maturação dos grãos, para os híbridos BR 700, BR 701 e MASSA
não ocorrendo variação significativa com o 03, respectivamente. Estes autores não
avanço da idade de corte. Faria Jr. (2008) observaram diferenças significativas nesses
encontrou variação nos valores percentuais teores entre épocas de corte. Molina et al.
de PB de 5,99% a 7,27%. Araújo et al. (2002) também não verificaram influência
(2007) citaram teores de PB de 6,07% a do estádio de maturação sobre a
7,84%, ocorrendo influência do estádio de porcentagem de FDN, sendo o valor médio
maturação devido à redução dos níveis de de 41,2%, 49,4% 50,5% para híbridos
PB das frações folha e colmo, em razão da graníferos, forrageiros e de duplo-
mobilização de nitrogênio e carboidratos propósito, respectivamente. Já Pires et al.
solúveis para a formação das panículas. (2006) observaram reduções nos níveis de
Pires et al. (2006) observaram reduções FDN à medida que avançou o estádio de
significativas das porcentagens de PB com maturação (64,98% a 50,52%),
o avanço do estádio de maturação (8,52% a provavelmente devido ao aumento da
6,38%) para os três híbridos de sorgo participação das panículas e redução da
avaliados. De acordo com Corrêa (1996), proporção de colmos e folhas no material
apesar da redução de proteína bruta ensilado. Os valores de FDN encontrados
observada com o avanço do estádio de por Faria Jr. (2008) oscilaram de 53,14% a
maturação, esse parâmetro é pouco 61,19%, valores próximos aos observados
relevante na determinação do ponto de neste experimento. Esse autor encontrou
colheita do sorgo para a ensilagem. menores teores de FDN nos estádios
leitoso-pastoso e pastoso-farináceo, com
Frações fibrosas aumento nos cortes subseqüentes, o que
indica que o aumento da participação da
Os teores de FDN das silagens deste panícula não foi suficiente para compensar
experimento variaram de 54,99% a 63,90%. as elevações das frações fibrosas no colmo

51
e folha em estádios mais avançados de
maturação do sorgo. Os teores de celulose variaram de 25,86% a
31,83%. Os híbridos BRS 610 e BR 700
Existe uma tendência de se associar a altura apresentaram queda nos teores de celulose
do híbrido a maior ou menor porcentagem com o avanço do estádio de maturação, o
de grãos na massa ensilada e, que não ocorreu para o BR 700. Os valores
conseqüentemente, ao maior ou menor nível observados foram semelhantes aos obtidos
de fibra na silagem. Neumann et al. (2004) por Machado (2009), de 26,82% a 31,88%;
observaram valores médios de FDN de superiores aos observados por Faria Jr.
73,66% para híbridos forrageiros e 66,62% (2008) (24,2% a 29,7%) e por Molina
para híbridos de duplo-propósito. Essa (2000) (15,69% a 26,50%); mas inferiores
diferença foi significativa e reflete as aos valores relatados por Araújo (2002), de
características fenotípicas da planta, como 27,92% a 35,69%, sendo que esses autores
menor porte e maior porcentagem de não observaram variação no teor de
panícula, que conferem aos híbridos de celulose das silagens entre diferentes
duplo-propósito menor teor de FDN. estádios de maturação da planta.

Os teores de FDA encontrados neste Os teores de hemiceluloses variaram de


experimento variaram de 31,19% a 37,72%, 23,80% a 28,95%, sendo superiores à
sendo o comportamento dessa fração, entre variação observada por Machado (2009), de
híbridos e entre estádios de maturação, 19,13% a 22,91%, e por Faria Jr. (2008), de
semelhante ao observado para os teores de 22,74% a 25,31%, mas semelhantes aos
FDN. valores obtidos Araújo (2006) (20,03% a
33,51%), Ibrahim (2007) (26,29%) e
No trabalho de Machado (2009), os valores Ribeiro (2005) (30,35%). Pires et al. (2006)
de FDA oscilaram de 32,89% a 37,45%, observaram redução no teor de
sendo esta variação de acordo com as hemiceluloses com a maturidade da planta,
observadas por Faria Jr. (2008) (30,40% a de 25,03% no estádio leitoso a 22,31% no
35,89%) e por Araújo et al. (2007) (34,48% farináceo. Já no trabalho de Molina et al.
a 38,67%). Neumann et al. (2004) (2002) não houve diferenças no teor de
obtiveram valores médios de 35,19% e hemiceluloses entre cortes nos estádios
31,84% para híbridos forrageiros e de leitoso (22,1%), pastoso (21,5%) e
duplo-propósito, respectivamente. Molina farináceo (22,4%).
et al. (2002) observaram teores médio de
23,85%, 29,9% e 31,15% para híbridos Com relação às ligninas, suas
graníferos, forrageiros e de duplo- concentrações nas silagens oscilaram entre
propósito, respectivamente. Ferreira (2005) 5,21% e 6,40%. Machado (2009) não
observou valores de FDA para híbridos encontrou influência do estádio de
forrageiros de 26,79% a 28,82%, sendo maturação sobre os teores de lignina para
inferiores aos deste experimento. todos os híbridos, com variação nos valores
médios de 6,05% a 6,22%. Faria Jr. (2008)
Com relação ao efeito do estádio de observou concentrações de lignina entre
maturação sobre os teores de FDA, Araújo 5,21% e 7,72%, sendo que os valores foram
et al. (2007) e Molina et al. (2002) não semelhantes entre os estádios de grãos
observaram variações nos teores de FDA leitosos e duros, ocorrendo aumento no
com o avanço da maturidade da planta. Já estádio da planta seca. Araújo et al. (2007)
Corrêa (1996) obteve queda nessa fração encontraram valores de lignina entre 4,16%
entre o estádio leitoso (35,15%) e farináceo e 6,91% e não relataram variação
(31,06%). significativa entre estádios de maturação,

52
em razão da compensação entre a tendência O consumo de matéria verde (CMV) variou
de aumento da participação da panícula e de 2,54 Kg a 4,56 Kg por dia. No estádio
redução da participação do colmo. Pires et leitoso o híbrido BRS 610 proporcionou
al. (2006) observaram aumento na maior CMV do que o BR 700, enquanto
porcentagem de lignina com o avanço da que o BRS 655 mostrou valores
maturidade para dois dos três híbridos intermediários e semelhantes aos demais
avaliados. materiais. No estádio farináceo não houve
diferença no CMV entre os híbridos, mas
3.4.2. Consumo e digestibilidade no estádio farináceo o BR 700 apresentou
aparente da matéria seca valores inferiores ao BRS 610 e ao BRS
655, que foram semelhantes entre si. Não
Os valores médios de consumo de matéria houve influência do estádio de maturação
verde, consumo de matéria seca, consumo sobre o CMV para todos os materiais. O
de matéria seca por peso metabólico, parâmetro consumo de matéria verde
digestibilidade aparente da matéria seca e apresenta importância na transferência de
consumo de matéria seca digestível por informações para os produtores rurais, mas
peso metabólico das silagens dos híbridos não permite comparação adequada entre os
de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655 em alimentos, principalmente volumosos, já
três estádios de maturação (leitoso, pastoso que há grande variação nos teores de
e farináceo) estão apresentados na Tabela 3. umidade entre cultivares e entre estádios de
maturação.

Tabela 3. Valores médios de consumo de matéria verde (CMV) em Kg/dia, consumo de matéria seca
(CMS) em gramas por dia, consumo de matéria seca por peso metabólico (CMS-PM) em gramas por Kg
0,75
por dia, digestibilidade aparente da matéria seca (DAMS) em porcentagem (%) e consumo de matéria
seca digestível por peso metabólico (CMSD-PM) em gramas por Kg 0,75 por dia das silagens dos híbridos
de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655 em três estádios de maturação (leitoso, pastoso e farináceo)
Parâmetros
Híbridos
CMNa CMSb CMS-PMc DAMSd CMSD-PMe
Leitoso
BRS 610 4,56 Aa 987,81 Aa 54,46 Aa 49,58 Aa 26,88 Aa
BR 700 3,17 Ba 948,49 Aa 52,53 Aa 56,02 Aa 29,26 Aa
BRS 655 3,90 ABa 843,33 Aa 46,18 Aa 53,65 Aa 24,64 Aa
Pastoso
BRS 610 4,17 Aa 991,86 Aa 56,73 Aa 56,67 Aa 32,19 Aa
BR 700 3,07 Aa 1012,29 Aa 56,53 Aa 48,59 Aa 27,40 ABa
BRS 655 3,40 Aa 822,23 Aa 45,90 Ba 51,76 Aa 23,85 Ba
Farináceo
BRS 610 4,11 Aa 1104,86 Aa 59,99 Aa 50,58 Aa 30,43 Aa
BR 700 2,54 Ba 997,82 Aa 55,12 Aa 51,45 Aa 28,42 Aa
BRS 655 3,71 Aa 918,44 Aa 51,20 Aa 48,53 Aa 24,72 Aa
Médias seguidas por letras maiúsculas iguais, na mesma coluna e no mesmo estádio de maturação,
indicam igualdade estatística entre os híbridos pelo teste SNK (p>0,05). Letras minúsculas na mesma
coluna comparam o mesmo híbrido entre os estádios de maturação, sendo que letras minúsculas iguais
indicam igualdade estatística pelo teste SNK (p>0,05); aCV = 21,45%; bCV = 20,75%; cCV = 11,02%;
d
CV = 12,22%; eCV = 14,55%.

53
Dessa forma, o consumo de matéria seca 655 os consumos observados nos estádios
(CMS) apresenta-se mais adequado. Os leitoso e pastoso (45,90 e 46,18 g /PM/dia)
valores de CMS variaram entre 843,33 mostraram-se no limite inferior da
gramas e 1104,86 gramas por dia. Não recomendação do AFRC (1993), estando
houve interação entre híbrido e estádio de acima apenas no estádio farináceo (51,20
maturação, sendo que todos os híbridos g /PM/dia). A variação obtida para o BR
proporcionaram CMS semelhantes em 700 de 52,53 a 56,53 g /PM/dia também
todas as idades de corte (P>0,05). O maior encontra-se próxima às necessidades de
teor de matéria seca da silagem do BR 700 mantença dos animais.
justifica o CMS semelhante aos demais
híbridos apesar do menor CMV. O O menor consumo do BRS 655 em relação
consumo de matéria seca, em gramas por aos demais híbridos no estádio pastoso
dia, é influenciado pela espécie do animal, pode estar relacionado ao maior teor de
bem como pelo porte do mesmo, já que há FDN desse material nesse ponto de corte.
diferenças na capacidade do trato Apesar de não haver diferença estatística, o
gastrointestinal, taxa de passagem, BRS 655 apresentou menores valores
metabolismo, entre outros. numéricos de consumo também no estádio
leitoso e farináceo. As sobras dos animais
Assim, a expressão do consumo de matéria alimentados com silagem desse híbrido
seca, bem como de outros parâmetros, por mostravam-se como um “emaranhado de
peso metabólico (PM), o qual é dado pelo fibras”, sendo seus teores de FDN (66,90%)
peso vivo elevado a 0,75, é útil na superiores aos das sobras do BRS 610
comparação de taxas metabólicas de (63,01%) e BR 700 (62,05%).
animais em diferentes tamanhos corporais
uma vez que o PM é relativo à área de O BRS 610 mostrou maiores valores
superfície corporal. Os valores de consumo numéricos para o CMS-PM do que os
de matéria seca por PM (CMS-PM) outros híbridos, em todos os corte, apesar
variaram de 45,90 gramas/PM/dia a 59,99 da semelhança estatística (P>0,05)
gramas/PM/dia. Não houve influência do observada. Assim, a ausência de taninos
estádio de maturação sobre o CMS-PM nesse material, bem como os menores
para todos os híbridos (P>0,05). teores de FDN em relação aos demais nos
Comparando os materiais em um mesmo estádios pastoso e farináceo, podem ter
corte, no estádio pastoso, o BRS 655 colaborado para os maiores valores
apresentou menor valor (45,90 g/PM) em numéricos de consumo, mas as diferenças
relação aos demais híbridos (P<0,05), que não foram suficientes para promoverem
foram semelhantes entre si (P>0,05). Já nos diferença estatística. Pires (2006),
estádios leitoso e farináceo, não houve comparando os consumos voluntários de
diferença estatística entre os materiais, MS de silagens de sorgo, não observou
apesar da superioridade numérica do BRS diferença entre linhagens isogênicas de
610. sorgo granífero, uma com e outra sem
tanino. Da mesma forma, o autor obteve
Considerando a necessidade de consumo CMS semelhantes entre os híbridos BR
mínimo para mantença de ovinos adultos de 601, sem tanino, e o BR 700, com tanino.
46 g/dia por kg0,75, pelo AFRC (1993) e de
53,19 g/dia por kg0,75, pelo NRC (1985), Gomide et al. (1987) observaram maior
podem ser observados valores acima dos CMS para sorgos graníferos (62 g/PM/dia)
recomendados para o BRS 610 nos três em relação a variedades forrageiras (32
pontos de corte avaliados, com consumo g/PM/dia). Pereira et al. (1993)
entre 54,46 e 59,99 g /PM/dia. Para o BRS encontraram valores médios consumo de

54
matéria seca de 61,3 g/PM/dia, 81,7 apresentaram variação no CMSD-PM com
g/PM/dia e 74,6 g/PM/dia para sorgos de o avanço dos estádios de maturação
porte alto, médio e baixo, respectivamente. (P>0,05). No estádio pastoso, o BRS 655
Martins (2000) obteve maior CMS para o mostrou menor valor do que o BRS 610,
BR 700 (65,0 g/PM/dia) do que o enquanto que o BR 700 apresentou valor
observado no presente trabalho. Pires intermediário e semelhante aos demais. O
(2003) observou menores consumos de menor consumo de matéria seca digestível
matéria seca para sorgos forrageiros (entre para o BRS 655 nesse estádio de maturação
28,16 e 33,54 g/PM/dia) do que para sorgos deve-se ao menor consumo de matéria seca,
graníferos (entre 50,85 e 51,24 g/PM/dia). já que a digestibilidade aparente da matéria
seca desse tratamento foi semelhante ao
Os resultados de consumo obtidos na demais híbridos. Nos outros estádios de
comparação de silagens de sorgo com maturação não houve diferenças entre os
outros volumosos são variados. Mizubuti et CMSD-PM dos híbridos avaliados
al. (2002), observaram que os valores de (P>0,05).
CMS das silagens de milho (63,24
g/PM/dia) e de girassol (62,25 g/PM/dia) Pires (2006) obteve valores de DAMS para
não diferiram entre si (P>0,05), mas foram duas linhagens de sorgo granífero de
significativamente maiores (P<0,05) que as 72,67% e 64,94%, enquanto que para o
encontradas para a silagem de sorgo (48,06 BR601 e BR 700, os valores foram 67,06%
g/PM/dia). O CMS de silagens de milho, e 49,79%, respectivamente. Os valores de
sorgo e girassol em carneiros, também foi CMSD-PM observado por esse autor para o
estudado por Almeida et al., (1995), que BR 700 (20,75 g/PM/dia) foi inferior ao
não encontraram diferença significativa observado no presente trabalho para o
(P>0,05) para o consumo de matéria seca mesmo híbrido (27,40 a 29,26 g/PM/dia).
entre as silagens de milho (61,0 g/PM/dia) e Entretanto, Martins (2000) mostrou maiores
girassol (61,0 g/PM/dia). Entretanto, valores de DAMS (52,16%) e CMSD-PM
relataram que estes foram (33,86 g/PM/dia) para o BR 700.
significativamente (P<0,05) superiores ao
consumo de MS da silagem de sorgo (56,7 O efeito do avanço da maturidade sobre a
g/PM/dia). Pereira et al. ( 1993) digestibilidade é variável entre diferentes
trabalharam com silagens de milho e sorgo materiais devido às variações nas
de porte médio em carneiros e observaram proporções das partes da planta (folhas,
que não houve diferença no CMS entre as colmo e panícula) e pelas diferenças nos
silagens de milho (79,9 g/PM/dia) e de valores nutricionais dessas frações, o que
sorgo (81,7 g/PM/dia) (P>0,05). interfere na qualidade final das silagens de
sorgo. Zago (1992) encontrou aumentos na
Para as digestibilidades aparentes da DIVMS de silagens de sorgo com o avanço
matéria seca (DAMS), não houve variação da idade, em decorrência do aumento da
entre híbridos, dentro do mesmo estádio de participação da panícula na MS da planta,
maturação, e entre idades de corte, para o que é a fração com maior digestibilidade.
mesmo híbrido (P>0,05). Os valores Entretanto, Hart (1990) e Andrade e
encontrados variaram de 48,53% a 56,67%. Carvalho (1992) não encontraram
A partir desse parâmetro, podem ser obtidos diferenças na digestibilidade quando a
os dados de consumo de matéria seca proporção de grãos era aumentada. No
digestível por peso metabólico (CMSD- presente trabalho, o avanço do estádio de
PM), que oscilaram no presente maturação não promoveu variação na
experimento entre 23,85 g/PM/dia e 32,19 DAMS, o que sugere que o acúmulo de
g/PM/dia. Os três híbridos não amido nos grãos de sorgo compensou a

55
queda na qualidade da parte vegetativa das Zago, 1991). Entretanto, no presente
plantas. Carvalho et al.(1992) encontrou trabalho não houve diferença estatística
para o BR 506 (sorgo forrageiro e de colmo (P>0,05) na DAMS entre o BRS 610,
doce) valores de digestibilidade aparente da híbrido sem tanino, e o BRS 655 e BR700,
MS de 61,37%, 63,70% e 61,97%, para os ambos com tanino. Da mesma forma,
estádios leitoso, farináceo e duro, Borges (1995), avaliando híbridos com e
respectivamente. sem tanino, não observou redução da
DIVMS pela presença de taninos, ao
Machado (2009), avaliando a qualidade de contrário do que se esperava. Além disso, o
silagens de sorgo, confeccionadas em silos autor mostrou que a ensilagem provocou
laboratoriais de PVC, observou valores de redução significativa nos teores de tanino,
digestibilidade in vitro da matéria seca apesar dessa diminuição não ter resultado
(DIVMS) entre 50,73% e 55,55% para o em aumento na DIVMS. Já Pires (2006)
BRS 610, entre 51,69% e 53,38% para o relatou menor digestibilidade aparente da
BR 700 e de 52,11% a 55,32% para o BRS MS para a silagem do híbrido BR 700, com
655. Nesse experimento, o BRS 6010 tanino, em relação ao BR 601, sem tanino,
apresentou aumento da DIVMS com o evidenciando o efeito desse composto sobre
avanço do estádio de maturação, enquanto a DAMS.
que o BRS 655 mostrou queda desse
parâmetro. Já o BR 700 não apresentou Mizubuti et al. (2002) obtiveram DAMS da
variação na DIVMS entre os pontos de silagem de girassol (59,28%) superior a da
corte avaliados. Faria Jr. (2008), avaliando silagem de sorgo (48,50%), enquanto que a
o híbrido BRS 610 em oito estádios de silagem de milho apresentou DAMS
maturação, obteve teores de DIVMS entre intermediária (55,87%), sendo semelhante a
45,05% e 60,52%, ocorrendo reduções ambos. Esses dados concordam com os
significativas dos valores a partir do estádio obtidos por Pereira et al., (1993), Pimentel
pastoso. Araújo et al.(2007) não et al. (1998) e Nichols et al. (1998), que não
observaram variações na DIVMS com o encontraram diferenças (p>0,05) entre as
avanço da idade de corte, sendo as médias digestibilidades das silagens de milho e
de 47,2%, 50,7% e 52,2% para os híbridos sorgo.
BR 700, BR 701 e MASSA 03, avaliados
em cinco estádios de maturação. Nos 3.4.3. Consumo e digestibilidade
trabalhos de Corrêa (1996) e Pires et al. aparente da proteína bruta e balanço
(2006) o efeito do estádio de maturação de nitrogênio
sobre a digestibilidade no sorgo apresentou
comportamento variável para os diferentes Os valores médios de consumo de proteína
híbridos avaliados. bruta, consumo de proteína bruta por peso
metabólico, digestibilidade aparente da
Além do estádio de maturação, proporção proteína bruta e consumo de proteína
de grãos na massa ensilada e qualidade da digestível por peso metabólico das silagens
fibra, a digestibilidade da silagem de sorgo dos híbridos de sorgo BRS 610, BR 700 e
pode ser influenciada pela presença de BRS 655 em três estádios de maturação
taninos, que são conhecidamente inibidores (leitoso, pastoso e farináceo) estão
da digestibilidade dos alimentos (Saba et apresentados na Tabela 4.
al., 1972; Nunez-Hernandez et al., 1991;

56
Tabela 4. Valores médios de consumo de proteína bruta (CPB) em g/dia, consumo de proteína bruta por
peso metabólico (CPB-PM) em gramas por Kg 0,75 por dia, digestibilidade aparente da PB (DAPB) em
porcentagem e consumo de proteína digestível por peso metabólico (CPD-PM) em gramas por Kg 0,75 por
dia das silagens dos híbridos de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655 em três estádios de maturação
(leitoso, pastoso e farináceo)
Parâmetros
Híbridos
CPBa CPB-PM b
DAPBc CPD-PMd
Leitoso
BRS 610 68,96 Aa 3,81 Aa 41,26 Aa 1,57 Aa
BR 700 65,56 Aa 3,64 Aa 39,56 Aa 1,42 ABa
BRS 655 53,21 Aa 2,91 Bb 35,42 Aa 1,03 Ba
Pastoso
BRS 610 66,37 Aa 3,79 Aa 45,69 Aa 1,74 Aa
BR 700 63,35 Aa 3,54 Aa 27,25 Ba 0,95 Ba
BRS 655 49,29 Aa 2,76 Bb 19,19 Bb 0,58 Ba
Farináceo
BRS 610 70,69 Aa 3,83 Aa 38,78 Aa 1,50 Aa
BR 700 61,76 Aa 3,42 Aa 31,10 Aa 1,07 Ba
BRS 655 61,94 Aa 3,45 Aa 26,45 Aab 0,90 Ba
Médias seguidas por letras maiúsculas iguais, na mesma coluna e no mesmo estádio de maturação,
indicam igualdade estatística entre os híbridos pelo teste SNK (p>0,05). Letras minúsculas na mesma
coluna comparam o mesmo híbrido entre os estádios de maturação, sendo que letras minúsculas iguais
indicam igualdade estatística pelo teste SNK (p>0,05); aCV = 20,65%; bCV = 10,93%; cCV = 28,44%;
d
CV = 28,30%.

Os consumos de proteína bruta (CPB) proteína bruta por peso metabólico para o
variaram de 49,29 a 61,94 gramas por dia BRS 655 parece estar relacionado ao menor
para o BRS 655, de 61,76 a 65,56 gramas consumo de matéria seca observado para
por dia para o BR 700 e de 66,37 a 70,69 sua silagem nesses estádios de maturação.
gramas por dia para o BRS 610. Não houve Já no terceiro corte, não houve diferenças
diferença entre os híbridos para todos os entre os materiais avaliados com relação ao
estádios de maturação e o avanço da idade CPB-PM (P>0,05).
de corte não influenciou o CPB (P>0,05).
Para a digestibilidade aparente da proteína
Para o consumo de proteína bruta por peso bruta (DAPB), os valores oscilaram entre
metabólico (CPB-PM), os híbridos BRS 38,78% e 45,69% para o BRS 610, entre
610 e BR 700 não mostraram diferenças 27,25% e 39,56% para o BR 700 e entre
entre os estádios de maturação (P>0,05). Já 19,19% e 35,42% para o BRS 655. Para os
o BRS 655 apresentou maior CPB-PM no híbridos BRS 610 e BR 700 não ocorreram
estádio farináceo do que nos estádios alterações na DAPB com o avanço da idade
leitoso e pastoso (P<0,05). Os valores de corte. Já a silagem do BRS 655 mostrou
variaram de 2,26 g/PM/dia a 3,83 g/PM/dia. menor coeficiente de digestibilidade da
Nos estádios leitoso e pastoso, o híbrido proteína bruta no estádio pastoso e maior
BRS 655 obteve menores CPB-PM do que coeficiente no estádio leitoso, sendo o
o BRS 610 e BR 700, que foram terceiro corte semelhante aos dois
semelhantes entre si. O menor consumo de primeiros. Comparando-se os híbridos

57
dentro de um mesmo corte, nos estádios respectivamente. Entretanto, o autor relatou
leitoso e farináceo não houve diferenças menores valores para a digestibilidade
entre os materiais, mas no estádio pastoso, aparente da PB e consumo de proteína
o BRS 610 apresentou maior digestibilidade digestível para o BR 700 (38,61% e 0,76
do que o BR 700 e BRS 655 (P<0,05), que g/PM/dia) em relação ao BR 601 (63,03% e
foram semelhantes entre si (P>0,05). Com 1,38 g/PM/dia). O autor justificou o baixo
relação ao consumo de proteína digestível, valor de digestibilidade aparente da
por peso metabólico, no estádio leitoso, a proteína bruta para o BR 700 pelo avançado
silagem do BRS 610 proporcionou maior estádio de maturação em que esse híbrido
valor do que a do BRS 655, sendo o BR foi colhido (farináceo-duro), o que levou a
700 semelhante aos demais. Nos estádios perda de grãos nas fezes. Martins (2000)
pastoso e farináceo, os CPD-PM obtidos obteve consumo de proteína bruta para o
para o BRS 610 foram superiores (P<0,05) BR 700, colhido no estádio leitoso-pastoso,
aos do BR 700 e BRS 655, que foram de 5,53 g/PM/dia, digestibilidade aparente
semelhantes entre si. Para todos os híbridos da PB de 37,37% e consumo de proteína
avaliados não houve diferença (P<0,05) no digestível de 2,07 g/PM/dia.
CPD-PM entre os estádios de maturação.
Nenhuma das silagens avaliadas no Pereira et al. (1993) avaliando a
presente experimento foi capaz de suprir a produtividade de três variedades de sorgo e
exigência de proteína digestível o valor nutritivo de suas silagens
recomendada pelo AFRC (1993) para encontraram valores de consumo de
ovinos em mantença, que é de 2,46 proteína bruta variando de 5,4 a 7,5
g/PM/dia, o que indica a necessidade de g/PM/dia e digestibilidade aparente da
suplementação com fontes protéicas. De proteína bruta entre 46,6% e 52,3% para
qualquer forma, a digestibilidade aparente sorgos de porte alto e baixo,
da proteína é um parâmetro de valor respectivamente. Alvarenga (1993)
relativo; frequentemente subestima a avaliando o consumo e a digestibilidade
digestibilidade verdadeira devido à aparente de silagens de sorgo em três
presença do nitrogênio fecal metabólico, momentos de corte e dois tamanhos de
particularmente elevado quando o animal partícula, obteve valores de consumo de
consome dietas fibrosas que aumentam a proteína digestível de 2,07 g/PM/dia a 3,08
descamação das células da mucosa g/PM/dia, valores superiores aos
intestinal (Van Soest, 1994). observados neste trabalho.

Sabe-se que os taninos têm a capacidade de Mizubuti et al. (2002) observaram


formar complexos com compostos consumos de proteína bruta semelhantes
orgânicos, principalmente com proteínas, entre silagens de girassol (9,05 g/PM/dia) e
reduzindo o aproveitamento das mesmas no milho (8,83 g/PM/dia), mas superiores
trato gastrointestinal. Esse fato pode (P<0,05) a silagem de sorgo (5,39
justificar os menores consumos de proteína g/PM/dia). Pereira et al. ( 1993),
digestível observados para os híbridos com trabalhando com carneiros, observaram que
tanino (BR 700 e BRS 655) em relação ao não houve diferença entre o CPB entre as
BRS 610, principalmente nos estádios silagens de milho (6,5 g/PM/dia) e de sorgo
pastoso e farináceo. Pires (2003) não de porte médio (7,5 g/PM/dia). Almeida et
observou diferenças no consumo de al. (1995) encontraram valores de consumo
proteína bruta por peso metabólico entre de proteína bruta de 7,1 g/PM/dia, 3,5
híbridos de sorgo com taninos (BR 700) e g/PM/dia, 4,8 g/PM/dia e 5,1 g/PM/dia para
sem taninos (BR 601), sendo os valores de silagens de girassol, sorgo em estádio
2,19 g/PM/dia e 1,97 g/PM/dia, leitoso, sorgo em estádio semi-duro e

58
milho, respectivamente. Alguns dados de observados para o consumo de N para a
consumo de proteína digestível observados silagem do BRS 655 estão relacionados ao
na literatura para silagens de sorgo, milho e menor consumo de matéria seca observado
milheto variaram de 0,76 a 3,25 g/PM/dia, para esse material (r Ning x CMS = 0,97;
4,24 a 5,19 g/PM/dia e 2,54 a 3,17 P<0,001), já que os teores de proteína bruta
g/PM/dia, respectivamente (Pires, 2003; foram próximos entre os híbridos.
Freitas et al. 2002; Guimarães Júnior,
2006). Com relação à excreção de nitrogênio fecal
não foram observadas diferenças entre
Segundo Van Soest (1994) para otimizar as híbridos nos três períodos de colheita
condições ruminais é necessário sinergismo avaliados, assim como entre estádios de
entre a degradação da proteína, o nível de maturação para todos os híbridos (P>0,05),
amônia e a fermentação de carboidrato no estando os valores entre 5,57 g/dia e 7,34
rúmen para se obter máxima eficiência de g/dia. Também não houve diferenças
síntese de proteína microbiana no rúmen. estatísticas entre os tratamentos quanto à
No entanto, quando a velocidade de excreção de nitrogênio urinário, com
produção de amônia excede sua utilização, valores entre 0,90 g/dia e 1,78 g/dia.
há aumento da excreção de nitrogênio e do
custo energético de síntese de uréia, Todos os tratamentos apresentaram balanço
resultando em redução da disponibilidade de nitrogênio positivo. No estádio leitoso
de proteína. Dessa forma, o balanço de não houve diferença estatística entre os
nitrogênio pode ser indicativo do híbridos, apesar do menor valor observado
metabolismo protéico animal, sendo para o BRS 655 (1,84 g/dia). No estádio
importante na avaliação nutricional de pastoso a silagem do híbrido BRS 610
alimentos, pois evidencia se há perda ou apresentou maior valor de nitrogênio retido
não de proteína pelo organismo (3,51 g/dia) do que os demais materiais, que
(Andrigueto et al., 1990). foram semelhantes entre si (1,83 g/dia para
o BR 700 e 0,29 g/dia para o BRS 655). No
Na tabela 5 estão apresentados os valores estádio farináceo o BRS 610 mostrou-se
de nitrogênio ingerido, nitrogênio superior ao BRS 655, enquanto que o BR
eliminado nas fezes, nitrogênio eliminado 700 apresentou valor intermediário e
na urina, nitrogênio retido (diferença entre semelhante aos demais híbridos. O avanço
nitrogênio retido e excretado) e a relação do estádio de maturação não alterou
entre o nitrogênio retido e nitrogênio significativamente os balanços de
ingerido. nitrogênio dos híbridos avaliados. Para o
nitrogênio retido em relação ao peso
Para a ingestão de nitrogênio (g/dia), os metabólico, os valores variaram de 0,02
híbridos avaliados não diferiram (P>0,05) g/PM/dia a 0,20 g/PM/dia. Foi observada
entre si nos três estádios de maturação superioridade para o BRS 610 em relação
avaliados. O avanço da idade de corte ao BRS 655 nos estádios pastoso e
também não promoveu alteração nos farináceo. Apesar de a silagem do BRS 655
valores de nitrogênio ingerido para os mostrar valores positivos de balanço de
híbridos avaliados (P>0,05). A ingestão de nitrogênio no estádio pastoso (0,29 g/dia e
N variou de 10,62 g/dia a 11,31 g/dia para o 0,02 g/PM/dia), três dos cinco carneiros que
BRS 610, de 9,88 g/dia a 10,49 g/dia para o receberam esse tratamento apresentaram
BR 700 e de 7,89 g/dia a 9,91 g/dia para o valores negativos.
BRS 655. Os menores valores numéricos

59
Tabela 5. Nitrogênio (N) ingerido, N fecal, N urinário e balanço de nitrogênio (N retido) em gramas por
dia, N retido por peso metabólico (N retido-PM), em gramas por Kg 0,75 por dia, e relação N retido / N
ingerido (N ret/N ing), em porcentagem, das silagens dos híbridos de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655
em três estádios de maturação (leitoso, pastoso e farináceo)
Parâmetros
Híbridos a
N ingerido N fecal b
N urinárioc N retidod N retido -PMe N ret/N ing (%)f
Leitoso
BRS 610 11,03 Aa 6,51 Aa 1,49 Aa 3,03 Aa 0,17 Aa 26,87 Aa
BR 700 10,49 Aa 6,47 Aa 0,90 Aa 3,12 Aa 0,18 Aa 30,61 Aa
BRS 655 8,52 Aa 5,47 Aa 1,21 Aa 1,84 Aa 0,10 Aa 21,68 Aa
Pastoso
BRS 610 10,62 Aa 5,73 Aa 1,38 Aa 3,51 Aa 0,20 Aa 32,65 Aa
BR 700 10,13 Aa 7,34 Aa 0,97 Aa 1,83 Ba 0,10 Ba 17,91 Ba
BRS 655 7,89 Aa 6,23 Aa 1,36 Aa 0,29 Ba 0,02 Ca 1,38 Cb
Farináceo
BRS 610 11,31 Aa 6,77 Aa 1,10 Aa 3,44 Aa 0,18 Aa 28,65 Aa
BR 700 9,88 Aa 6,79 Aa 1,21 Aa 1,88 ABa 0,11 ABa 18,96 ABa
BRS 655 9,91 Aa 7,19 Aa 1,78 Aa 0,95 Ba 0,05 Ba 8,86 Bab
Médias seguidas por letras maiúsculas iguais, na mesma coluna e no mesmo estádio de maturação,
indicam igualdade estatística entre os híbridos pelo teste SNK (p>0,05). Letras minúsculas na mesma
coluna comparam o mesmo híbrido entre os estádios de maturação, sendo que letras minúsculas iguais
indicam igualdade estatística pelo teste SNK (p>0,05); aCV = 20,65%; bCV = 21,38%; cCV = 38,87%;
d
CV = 56,06%; eCV = 50,38%; fCV = 53,37%.

Apesar da ausência de significância híbrido BR 700, e sugeriu que os taninos


estatística (P>0,05) no balanço de têm influência sobre o balanço de N, dado a
nitrogênio das silagens avaliadas com o maior excreção de N fecal.
avanço da maturidade, o híbrido BR 700
apresentou uma queda de 41% no valor de Alvarenga (1993) avaliando o consumo e a
N retido entre o estádio leitoso e pastoso digestibilidade aparente de silagens de
(de 3,12 g/dia para 1,83 g/dia) e para o BRS sorgo obteve balanço de nitrogênio positivo
655 essa queda foi de 84% (de 1,84 g/dia em todos os tratamentos, variando de 3,22 a
para 0,29 g/dia). A maior oscilação no 6,9 g/dia e consumo de N entre 7,75 e 12,67
balanço de nitrogênio dos híbridos BR 700 g/dia. Martins (2000) obteve balanço de N
e BRS 655 com o avanço da idade de corte entre 2,47 e 4,80 g/dia, sendo que para o
pode estar relacionada à presença de taninos BR 700 no estádio leitoso-pastoso o valor
nesses materiais, o que comprometeu o obtido foi de 4,51 g/dia, superior ao
aproveitamento da proteína dietética pela alcançado no presente trabalho.
formação de complexos. Pires (2003), ao
comparar os híbridos BR 601 (sem tanino)
Van Soest (1994) sugere uma concentração
e BR 700 (com tanino), observou consumos
mínima de 10 mg N-NH3 / dL de fluido
de nitrogênio semelhantes (P>0,05),
ruminal para promover adequado
evidenciando que a presença de taninos não
crescimento microbiano, o que tornou
afetou o consumo de N dessas silagens. No
clássica a recomendação de que as dietas
entanto, comparando-se os balanços de N, o
fornecidas a ruminantes deve apresentar um
autor verificou menor retenção de N para o

60
mínimo de 7% de PB. Entretanto, trabalhos maior valor do que o BRS 655, enquanto o
recentes têm mostrado que ovinos BR 700 mostrou-se intermediário e
recebendo dietas com níveis protéicos semelhante aos demais híbridos. Assim,
abaixo desse limite apresentaram balanço pode-se sugerir que a presença dos taninos
de nitrogênio positivo, o que sugere maior comprometeu a absorção do nitrogênio
eficiência na reciclagem de nitrogênio ingerido pelo animal, reduzindo a
quando os níveis de proteína na dieta são quantidade de proteína digestível e,
baixos. Segundo Santos (2006), a conseqüentemente, a retenção de nitrogênio
quantidade de N reciclado para o rúmen é pelo organismo (r CPD x NR = 0,945; P<0,001).
equivalente a 10% a 15% do N ingerido
pelo animal. No presente trabalho foram Martins (2000) encontrou valores de
obtidos balanços de nitrogênio positivos, Nret/Ning entre 24,60% e 44,28% para
apesar de os valores de proteína bruta das silagens de sorgo. Pires (2003) observou
silagens avaliadas variarem de 6,07% a valores de Nret/Ning de 33,53% para o BR
6,89%. Fato semelhante também foi 700 (com tanino) e 60,88% para o BR 601
observado por Mizubuti et al. (2002), que (sem tanino), o que, segundo o autor,
encontraram balanço de nitrogênio positivo comprovou o efeito prejudicial dos taninos
para ovinos recebendo silagem de sorgo ao se ligarem ao N, impedindo que este seja
com teor de proteína de 5,14%. Campos absorvido pelo animal. A variação obtida
(2007) observaram teores de PB de 1,82% e por Freitas et al. (2002) foi de 46,73% a
5,17% para dietas de cana-de-açúcar e 51,91% para silagens de milho.
cana-de-açúcar mais 0,33% de mistura de
uréia e sulfato de amônio, respectivamente. 3.4.4. Consumo e digestibilidade das
Ambos os tratamentos proporcionaram frações fibrosas
balanços de nitrogênio positivo. Teixeira
(2009) também relatou balanço de Na Tabela 6 são verificados os consumos
nitrogênio positivo (2,38 g/dia) para o de fibra em detergente neutro (FDN),
capim-elefante verde cortado aos 112 dias consumo de FDN digestível e
(5,05% de PB). digestibilidade da FDN.
Os consumos de FDN não diferiram
Para a relação N retido / N ingerido no (P>0,05) entre os tratamentos, sendo a
estádio leitoso não houve diferença entre as variação encontrada de 521,26 a 629,11
silagens (P>0,05). Entretanto, no corte gramas por dia. Os valores de consumo de
subseqüente o BRS 655 apresentou queda FDN por peso metabólico também não
acentuada na retenção de nitrogênio em variaram entre híbridos e entre estádios de
relação ao nitrogênio ingerido (de 21,68% maturação, oscilando entre 29,04 g/PM/dia
para 1,38%). O híbrido BR 700 também e 34,72 g/PM/dia (P>0,05). Apesar dos
mostrou queda numérica na relação N teores de FDN mais baixos para as silagens
retido / N ingerido entre o estádio leitoso e do híbrido BRS 610, os maiores valores
pastoso (de 30,61% para 17,91%), apesar numéricos de consumo de MS para esse
dessa variação não ser significativa material proporcionou mesmo CFD que os
estatisticamente (P>0,05). Para o BRS 610 demais híbridos. As digestibilidades da
a relação N retido / N ingerido variou FDN foram semelhantes entre os híbridos
apenas de 26,87% a 32,65%. Assim, no para todos os estádios de maturação. Os
estádio pastoso o BRS 610 apresentou híbridos BR 700 e BRS 655 não mostraram
maior valor para a razão entre nitrogênio variação significativa na DFDN entre os
retido e ingerido do que o BR 700, que por pontos de corte. Já o BRS 610 apresentou
sua vez foi superior ao BRS 655. No DFDN superior no estádio pastoso em
estádio farináceo o BRS 610 apresentou

61
relação ao farináceo, enquanto estádio superior para o BRS 610 no estádio pastoso
leitoso mostrou-se semelhante aos outros em relação aos demais híbridos. No estádio
dois cortes. Para o consumo de FDN leitoso e farináceo não houve diferença
digestível (CFDND), em gramas por dia, significativa (P>0,05) entre as silagens.
não houve diferença estatística (P>0,05) Assim como foi observado para
entre os tratamentos, sendo a variação de digestibilidade da FDN, o CFDND-PM do
225,30 g/dia a 289, 37 g/dia. Mas quando híbrido BRS 610 foi maior (P<0,05) no
expresso por Kg de peso metabólico, o estádio pastoso (16,67 g/PM/dia) em
consumo de FDN digestível mostrou-se relação ao farináceo (11,49 g/PM/dia).

Tabela 6. Valores médios de consumo de fibra em detergente neutro (CFDN) em g/dia, consumo de fibra
em detergente neutro por peso metabólico (CFDN-PM) em gramas por Kg 0,75 por dia, digestibilidade da
fibra em detergente neutro (DAFDN), em porcentagem, consumo de fibra em detergente neutro digestível
(CFDND) em gramas por dia e consumo de fibra em detergente neutro digestível por peso metabólico
(CFDND-PM), em gramas por Kg 0,75 por dia, das silagens dos híbridos de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS
655 em três estádios de maturação (leitoso, pastoso e farináceo)
Parâmetros
Híbridos a
CFDN CFDN-PM b
DFDNc CFDNDd CFDND-PMe
Leitoso
BRS 610 606,21 Aa 33,46 Aa 41,41 Aab 246,32 Aa 13,74 Aab
BR 700 571,54 Aa 31,66 Aa 45,51 Aa 254,35 Aa 14,24 Aa
BRS 655 533,37 Aa 29,21 Aa 46,65 Aa 251,17 Aa 13,54 Aa
Pastoso
BRS 610 593,24 Aa 34,00 Aa 48,88 Aa 289,37 Aa 16,67 Aa
BR 700 615,96 Aa 34,39 Aa 38,60 Aa 239,36 Aa 13,16 Ba
BRS 655 521,26 Aa 29,04 Aa 43,34 Aa 227,09 Aa 12,58 Ba
Farináceo
BRS 610 599,12 Aa 32,45 Aa 35,03 Ab 217,14 Aa 11,49 Ab
BR 700 629,11 Aa 34,72 Aa 41,89 Aa 265,45 Aa 14,58 Aa
BRS 655 561,10 Aa 31,29 Aa 39,49 Aa 225,30 Aa 12,22 Aa
Médias seguidas por letras maiúsculas iguais, na mesma coluna e no mesmo estádio de maturação,
indicam igualdade estatística entre os híbridos pelo teste SNK (p>0,05). Letras minúsculas na mesma
coluna comparam o mesmo híbrido entre os estádios de maturação, sendo que letras minúsculas iguais
indicam igualdade estatística pelo teste SNK (p>0,05); aCV = 20,85%; bCV = 11,43%; cCV = 18,56%;
d
CV = 28,15%; eCV = 18,71%.

Na Tabela 7 são verificados os consumos maturação. Com relação ao consumo de


de fibra em detergente ácido (FDA), FDA por peso metabólico, nos estádios
consumo de FDA digestível e leitoso e farináceo os híbridos mostraram-se
digestibilidade da FDA. semelhantes entre si (P>0,05), mas no
estádio farináceo, o BRS 655 apresentou
menor valor (P<0,05) do que os demais
Para o consumo de FDA foram observados
materiais, que foram semelhantes entre si.
valores entre 276,78 g/dia e 35,08 g/dia,
O menor consumo de FDA observado para
sendo que não houve diferença significativa
o BRS 655 no estádio pastoso está
(P>0,05) entre híbridos e entre estádios de

62
relacionado ao menor consumo de matéria segundo cortes não observou-se diferença
seca obtido nesse corte (45,90 g MS/ Kg de significativa entre os híbridos, mas no
PM). Para a digestibilidade da FDA, não estádio pastoso o BRS 610 foi superior ao
houve oscilação significativa entre os BRS 655, enquanto o BR 700 mostrou-se
tratamentos (P>0,05), estando os valores semelhante a ambos. Assim como foi
entre 31,43% e 45,52%. Para o consumo de observado para o consumo de FDN
FDA digestível, em gramas por dia, não digestível por peso metabólico, o CFDAD-
ocorreu diferença significativa (P>0,05) PM do híbrido BRS 610 foi maior (P<0,05)
entre híbridos e entre estádios de no estádio pastoso (8,95 g/PM/dia) em
maturação, estando os valores entre 98 relação ao farináceo (5,77 g/PM/dia),
g/dia e 157,36 g/dia. Considerando-se o enquanto estádio leitoso mostrou-se
consumo de FDA digestível por peso semelhante aos outros dois cortes (8,07
metabólico (CFDAD-PM), no primeiro e g/PM/dia).

Tabela 7. Valores médios de consumo de fibra em detergente ácido (CFDA) em g/dia, consumo de fibra
em detergente ácido por peso metabólico (CFDA-PM) em gramas por Kg 0,75 por dia, digestibilidade da
fibra em detergente ácido (DFDA), em porcentagem, consumo de fibra em detergente ácido digestível
(CFDAD) em gramas por dia e consumo de fibra em detergente ácido digestível por peso metabólico
(CFDAD-PM), em gramas por Kg 0,75 por dia, das silagens dos híbridos de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS
655 em três estádios de maturação (leitoso, pastoso e farináceo)
Parâmetros
Híbridos
CFDAa CFDAPM b
DFDAc CFDADd CFDADPMe
Leitoso
BRS 610 353,08 Aa 19,38 Aa 41,64 Aa 148,51 Aa 8,07 Aab
BR 700 295,58 Aa 16,31 Aa 36,50 Aa 106,44 Aa 5,88 Aa
BRS 655 298,67 Aa 16,36 Aa 38,76 Aa 117,71 Aa 6,36 Aa
Pastoso
BRS 610 341,54 Aa 19,49 Aa 45,52 Aa 157,36 Aa 8,95 Aa
BR 700 339,05 Aa 18,92 Aa 34,45 Aa 118,78 Aa 6,48 ABa
BRS 655 276,78 Aa 15,34 Ba 33,75 Aa 98,00 Aa 5,29 Ba
Farináceo
BRS 610 335,44 Aa 18,16 Aa 31,43 Aa 108,63 Aa 5,77 Ab
BR 700 338,98 Aa 18,74 Aa 34,98 Aa 120,60 Aa 6,58 Aa
BRS 655 305,88 Aa 17,02 Aa 32,75 Aa 105,06 Aa 5,48 Aa
Médias seguidas por letras maiúsculas iguais, na mesma coluna e no mesmo estádio de maturação,
indicam igualdade estatística entre os híbridos pelo teste SNK (p>0,05). Letras minúsculas na mesma
coluna comparam o mesmo híbrido entre os estádios de maturação, sendo que letras minúsculas iguais
indicam igualdade estatística pelo teste SNK (p>0,05); aCV = 23,18%; bCV = 13,53%; cCV = 29,62%;
d
CV = 40,80%; eCV = 30,38%.

Pires (2003) observou consumo de FDN e presente experimento. Os valores de


FDA variando, respectivamente, de 14,27 digestibilidade da FDN e FDA observados
g/PM/dia e 8,01 g/PM/dia (BR 700) a 24,47 pelo autor para o híbrido BR 700 foram de
g/PM/dia e 13,54 g/PM/dia (linhagem 40,95% e 39,26%, respectivamente.
granífera), valores inferiores aos obtidos no Martins (2000) obteve consumo e

63
digestibilidade de FDN variando de 34,0 comparar as digestibilidades aparentes de
g/PM/dia a 40,59 g/PM/dia e de 32,83% a duas linhagens isogênicas de sorgos
54,94%, respectivamente, e consumo e graníferos, verificou menores valores para
digestibilidade da FDA de 24,18 g/PM/dia a aquela com tanino. Contudo, no presente
35,15 g/PM/dia, e de 39,65% a 53,55%, experimento não houve diferenças nos
respectivamente. Esses valores foram valores de digestibilidade da FDN e FDA
superiores aos observados no presente entre os híbridos com tanino (BR 700 e
experimento. Alvarenga (1993) avaliando o BRS 655) e sem tanino (BRS 610).
consumo e a digestibilidade aparente de
silagens de sorgo em três momentos de Segundo Mertens (1973), o consumo de
corte e dois tamanhos de partícula, obteve FDN por ovinos, para forragens com teores
maiores valores de digestibilidade aparente de FDN entre 35% e 75%, é de 35
da FDN e FDA (variando de 62,09% a g/PM/dia, o que está próximo ao observado
76,75% e 53,74% a 67,23%, no presente trabalho. Dessa forma, a
respectivamente) do que os obtidos neste quantidade de FDN consumida pode ter
experimento. Também Pimentel et al. sido um dos fatores responsáveis pela
(1996), avaliando silagens de sorgo, obteve regulação do consumo de matéria seca deste
maiores valores de digestibilidade da FDN experimento, o que está de acordo com a
(entre 51,75% e 68,39%) do que os observação de Conrad et al. (1964) de que
encontrados neste estudo. Bezerra et al. para forragens com digestibilidade da
(1993), analisando o valor nutricional de matéria seca abaixo de 66,7%, o fator físico
silagens de rebrotas de sorgo, obtiveram de enchimento ruminal exerce maior
maior valor médio de digestibilidade influência sobre o consumo voluntário.
aparente da FDN (60,9%) frente aos
híbridos utilizados neste trabalho, enquanto Na Tabela 8 estão apresentados os valores
que para a digestibilidade da FDA de consumo e de digestibilidade de
encontraram valor médio de 40,2%, hemiceluloses das silagens estudadas.
superior aos presentes tratamentos, com
exceção para o BRS 610 nos estádios Os valores de consumo de hemiceluloses
leitoso e pastoso. A diferença frente aos oscilaram de 234,69 g/dia a 290,24 g/dia,
dados da literatura podem estar sendo que não houve diferença significativa
relacionadas ao tipo de sorgo utilizado, entre os tratamentos, apesar de o híbrido
estádio de maturação na colheita, BR 700 apresentar os maiores valores
composição química das silagens, numéricos em relação aos demais materiais,
condições climáticas, relação em todos os estádios de maturação. Para o
folha:colmo:panícula das plantas, variações consumo de hemiceluloses por Kg de peso
entre os animais experimentais, entre metabólico, no estádio leitoso o BR 700
outros. (15,32 g/PM/dia) foi superior ao BRS 655
(12,85 g/PM/dia), enquanto o BRS 610
Sabe-se que os taninos apresentam maior (14,08 g/PM/dia) foi intermediário e
afinidade por proteínas, prejudicando de semelhante a ambos. Nos cortes
forma mais acentuada o aproveitamento subseqüentes não houve diferença
desses nutrientes. Entretanto, esses estatística, apesar da superioridade
compostos fenólicos também são capazes numérica do BR 700. Com relação a
de se complexar a carboidratos, sendo que digestibilidade das hemiceluloses, no
alguns experimentos evidenciaram menores estádio leitoso o BRS 610 mostrou menor
valores de digestibilidade da fibra para valor do que os demais híbridos, que foram
híbridos de sorgo com taninos em relação a semelhantes entre si. Nos estádios pastoso e
híbridos sem taninos. Pires (2003), ao farináceo, as digestibilidades das

64
hemiceluloses foram semelhantes entre os variação encontrada foi de 5,72 g/PM/dia a
tratamentos. Para o consumo de 8,35 g/PM/dia. Nos estádios leitoso e
hemiceluloses digestíveis, não houve farináceo, o BR 700 mostrou maior valor
diferenças significativas entre as silagens do que o BRS 610 e o BRS 655 mostrou-se
nos estádios pastoso e farináceo, mas, no semelhantes aos dois. Já no estádio pastoso
estádio leitoso, o BR 700 foi superior ao não houve diferenças estatísticas. Para
BRS 610, enquanto o BRS 655 foi todos esses parâmetros de consumo e
intermediário e semelhante aos mesmos. digestibilidade das hemiceluloses, não
Quanto ao consumo de hemiceluloses houve influência do avanço do estádio de
digestíveis por Kg de peso metabólico, a maturação nos três híbridos avaliados.

Tabela 8. Valores médios de consumo de hemiceluloses (CHCEL) em g/dia, consumo de hemiceluloses


por peso metabólico (CHCEL-PM) em gramas por Kg 0,75 por dia, digestibilidade das hemiceluloses
(DHCEL), em porcentagem, consumo de hemiceluloses digestíveis (CHCELD) em gramas por dia e
consumo de hemiceluloses digestíveis por peso metabólico (CHCELD-PM), em gramas por Kg 0,75 por
dia, das silagens dos híbridos de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655 em três estádios de maturação
(leitoso, pastoso e farináceo)
Parâmetros
Híbridos
CHCELa CHCELPM b
DAHCELc CHCELDd CHCELDPMe
Leitoso
BRS 610 253,13 Aa 14,08 ABa 40,25 Ba 97,81 Ba 5,66 Ba
BR 700 275,96 Aa 15,35 Aa 54,79 Aa 147,91 Aa 8,35 Aa
BRS 655 234,69 Aa 12,85 Ba 56,29 Aa 133,46 ABa 7,19 ABa
Pastoso
BRS 610 251,69 Aa 14,51 Aa 52,85 Aa 132,00 Aa 7,72 Aa
BR 700 276,90 Aa 15,47 Aa 43,52 Aa 120,58 Aa 6,68 Aa
BRS 655 244,49 Aa 13,71 Aa 52,31 Aa 129,09 Aa 7,28 Aa
Farináceo
BRS 610 263,68 Aa 14,29 Aa 39,67 Aa 108,52 Aa 5,72 Ba
BR 700 290,24 Aa 16,00 Aa 50,05 Aa 144,97 Aa 8,01 Aa
BRS 655 255,33 Aa 14,27 Aa 47,15 Aa 120,34 Aa 6,74 ABa
Médias seguidas por letras maiúsculas iguais, na mesma coluna e no mesmo estádio de maturação,
indicam igualdade estatística entre os híbridos pelo teste SNK (p>0,05). Letras minúsculas na mesma
coluna comparam o mesmo híbrido entre os estádios de maturação, sendo que letras minúsculas iguais
indicam igualdade estatística pelo teste SNK (p>0,05); aCV = 18,87%; bCV = 10,69%; cCV = 18,02%;
d
CV = 24,31%; eCV = 20,39%.

Na Tabela 9 estão apresentados os valores de maturação para todos os híbridos. Para o


de consumo e de digestibilidade de celulose consumo de celulose em relação ao peso
das silagens estudadas. metabólico, a variação obtida foi entre
12,77 g/PM/dia e 16,43 g/PM/dia. No
Os consumos de celuloses variaram de estádio leitoso o BRS 610 mostrou-se
229,77 g/dia a 298,98 g/dia, sendo que não superior ao BR 700, sendo o BRS 655
houve diferença entre híbridos em todos os semelhante a ambos. Já no estádio pastoso
estádios de maturação e nem entre estádios o BRS 610 apresentou maior CCEL-PM do

65
que o BRS 655, sendo o BR 700 respectivamente. Já para o consumo de
intermediário. No terceiro corte não houve celulose digestível por Kg de peso
diferença significativa entre os híbridos. O metabólico, no estádio pastoso, o BRS 610
avanço do estádio de maturação não foi superior aos demais híbridos, que se
influenciou os consumos de celulose. mostraram semelhantes entre si. Nos outros
Quanto à digestibilidade das celuloses, estádios de maturação não houve diferenças
assim como para o consumo de celulose significativas. Os híbridos BR 700 e BRS
digestível (gramas por dia), não houve 655 apresentaram CCECD-PM semelhantes
diferença significativa entre os tratamentos, entre as idades de corte avaliadas, mas o
estando os valores entre 38,34% e 55,11%, BRS 6010 mostrou maior valor no estádio
e entre 91,80 g/dia e 146,30 g/dia, pastoso, em relação ao farináceo.

Tabela 9. Valores médios de consumo de celulose (CCEL) em g/dia, consumo de celulose por peso
metabólico (CCEL-PM) em gramas por Kg 0,75 por dia, digestibilidade da celulose (DCEL), em
porcentagem, consumo de celulose digestível (CCELD) em gramas por dia e consumo de celulose
digestível por peso metabólico (CCELD-PM), em gramas por Kg 0,75 por dia, das silagens dos híbridos de
sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655 em três estádios de maturação (leitoso, pastoso e farináceo)
Parâmetros
Híbridos a
CCEL CCELPM b
DACELc CCELDd CCELDPMe
Leitoso
BRS 610 298,98 Aa 16,43 Aa 48,55 Aa 146,30 Aa 7,97 Aab
BR 700 237,43 Aa 13,08 Ba 45,65 Aa 106,44 Aa 5,88 Aa
BRS 655 250,69 Aa 13,73 ABa 46,30 Aa 117,71 Aa 6,36 Aa
Pastoso
BRS 610 282,33 Aa 16,10 Aa 55,11 Aa 157,36 Aa 8,95 Aa
BR 700 273,67 Aa 15,27 ABa 42,69 Aa 118,78 Aa 6,48 Ba
BRS 655 229,77 Aa 12,77 Ba 38,34 Aa 91,80 Aa 5,01 Ba
Farináceo
BRS 610 277,06 Aa 15,00 Aa 39,30 Aa 113,12 Aa 5,97 Ab
BR 700 282,05 Aa 15,60 Aa 42,04 Aa 120,60 Aa 6,58 Aa
BRS 655 242,23 Aa 13,55 Aa 39,57 Aa 98,85 Aa 5,23 Aa
Médias seguidas por letras maiúsculas iguais, na mesma coluna e no mesmo estádio de maturação,
indicam igualdade estatística entre os híbridos pelo teste SNK (p>0,05). Letras minúsculas na mesma
coluna comparam o mesmo híbrido entre os estádios de maturação, sendo que letras minúsculas iguais
indicam igualdade estatística pelo teste SNK (p>0,05); aCV = 23,51%; bCV = 14,64%; cCV = 28,60%;
d
CV = 39,30%; eCV = 29,59%.

Na Tabela 10 podem ser verificados os híbrido, não houve diferenças significativas


valores de consumo de lignina das silagens para os três materiais avaliados.
estudadas. Comparando-se os híbridos dentro de um
mesmo corte, no estádio pastoso o BRS 655
Para o consumo de lignina, em gramas por mostrou-se inferior aos demais híbridos,
dia, a variação observada situa-se entre que foram semelhantes entre si, enquanto
40,80 g/dia e 65,38 g/dia. Comparando-se que nos estádios leitoso e farináceo não
os estádios de maturação para um mesmo houve diferença estatística entre as silagens.

66
Para o consumo de lignina em relação ao entre os materiais. Para o BR 700 não
peso metabólico, os valores variaram de houve influência do estádio de maturação
2,28 g/PM/dia a 3,65 g/PM/dia. No estádio sobre o consumo de lignina por peso
leitoso, o BR 700 apresentou maior CLIG- metabólico. Para o BRS 610, foi observado
PM do que o BRS 655, sendo o BRS 610 maior valor no estádio pastoso em relação
semelhante a ambos. No estádio pastoso o ao leitoso, sendo o terceiro corte
BRS 655 mostrou menor CLIG-PM em intermediário. Para o BRS 655, o estádio
relação aos híbridos BRS 610 e BR 700, farináceo proporcionou maior CLIG-PM do
que foram semelhantes entre si. No estádio que os dois primeiros cortes, que foram
farináceo não houve variação significativa semelhantes entre si.

Tabela 10. Valores médios de consumo de lignina (CLIG) em g/dia, consumo de lignina por peso
metabólico (CLIG-PM), em gramas por Kg 0,75 por dia, das silagens dos híbridos de sorgo BRS 610, BR
700 e BRS 655 em três estádios de maturação (leitoso, pastoso e farináceo)
Parâmetros
Híbridos a
CLIG CLIGPMb
Leitoso
BRS 610 51,89 Aa 2,85 ABb
BR 700 58,15 Aa 3,22 Aa
BRS 655 47,99 Aa 2,63 Bb
Pastoso
BRS 610 59,22 Aa 3,39 Aa
BR 700 65,38 Aa 3,65 Aa
BRS 655 40,80 Ba 2,28 Bb
Farináceo
BRS 610 58,38 Aa 3,16 Aab
BR 700 56,93 Aa 3,14 Aa
BRS 655 58,29 Aa 3,24 Aa
Médias seguidas por letras maiúsculas iguais, na mesma coluna e no mesmo estádio de maturação,
indicam igualdade estatística entre os híbridos pelo teste SNK (p>0,05). Letras minúsculas na mesma
coluna comparam o mesmo híbrido entre os estádios de maturação, sendo que letras minúsculas iguais
indicam igualdade estatística pelo teste SNK (p>0,05); aCV = 21,01%; bCV = 11,05%.

Sabe-se que o consumo de nutrientes das frações fibrosas em relação aos demais
depende da ingestão de matéria seca, bem híbridos, com exceção daqueles estádios de
como da composição química do alimento. maturação em que a concentração do
Assim, esses dois parâmetros devem ser nutriente foi alta na sua silagem,
avaliados para que se possa comparar os compensando o menor consumo de matéria
valores de consumo de hemiceluloses, seca, como o teor de lignina no estádio
celulose e lignina das silagens. Como já farináceo e teor de celulose no estádio
discutido, o híbrido BRS 655 apresentou leitoso. De forma geral, não houve
valores mais baixos de consumo de matéria diferença significativa entre os híbridos
seca, apesar de haver diferença significativa quanto às digestibilidades das
apenas no estádio pastoso. Assim, esse hemiceluloses e celulose, com exceção para
material proporcionou menores consumos a menor digestibilidade das hemiceluloses

67
para o BRS 610 no estádio leitoso. Assim,
pode-se considerar que não houve Freitas et al. (2002) avaliando o consumo e
influência dos taninos sobre o digestibilidade aparente das silagens de
aproveitamento da fibra das silagens. Além cinco genótipos de milho obteve consumo
disso, os valores de digestibilidade das de celulose entre 12,30 e 15,62 g/PM/dia,
hemiceluloses e celulose mantiveram-se consumo de celulose digestível entre 4,71 e
inalterados com o avanço do estádio de 8,03 g/PM/dia, consumo de hemiceluloses
maturação das plantas, apesar dos menores entre 11,28 e 13,78 g/PM/dia, consumo de
valores numéricos observados no estádio hemiceluloses digestíveis entre 4,18 e 6,51
farináceo em relação ao estádio leitoso. g/PM/dia, digestibilidade aparente da
Dessa forma, o processo de lignificação que celulose entre 37,90% e 49,10%
ocorre nas folhas e colmo com o avanço da digestibilidade aparente das hemiceluloses
idade de corte não foi suficiente para entre 37,26% e 48,88%. Os valores
comprometer a digestibilidade da fibra. Isso referentes a celulose foram próximos aos
pode ter acontecido porque, concomitante obtidos neste trabalho, enquanto que os
com a queda da qualidade das partes obtidos para consumo e digestibilidade das
vegetativas da planta de sorgo, ocorre o hemiceluloses foram inferiores aos obtidos
acúmulo de nutrientes, principalmente de no presente experimento. Guimarães Jr.
amido, nos grãos, o que garantiu maior (2006) observou para silagens de milheto
aporte energético para os microrganismo valores médios de digestibilidade de
ruminais, beneficiando a degradação da hemiceluloses e celulose de 43,53% e
fibra. 38,89%, respectivamente.

Pires (2003), avaliando o consumo e


digestibilidade de silagens de linhagens de 3.5. CONCLUSÃO
sorgo graníferas e dos híbridos BR 601 e
BR 700, observou menores valores para os A silagem do híbrido BRS 655 apresentou
consumos de hemiceluloses (entre 6,26 e menor consumo de matéria seca do que os
10,93 g/PM/dia), celulose (entre 6,31 e 9,08 demais híbridos, mas essa diferença
g/PM/dia) e lignina (entre 1,70 e 2,97 mostrou-se significativa apenas no estádio
g/PM/dia) do que os observados no pastoso. As digestibilidades da matéria seca
presente experimento, sendo os limites não diferiram entre híbridos e não foram
inferiores referentes ao híbrido BR 700. O influenciadas pelo avanço do estádio de
autor justifica os baixos valores de maturação.
consumo das frações fibrosas para esse
híbrido pelo avançado estádio de maturação O consumo de proteína bruta digestível,
em que o mesmo foi colhido (farináceo- bem como o balanço de nitrogênio,
duro), levando a maiores concentrações de mostraram-se inferiores para os híbridos
lignina. Pires (2003) também verificou que com tanino (BR 700 e BRS 655) nos
a presença de tanino pode ter sido estádio pastoso e farináceo, sugerindo o
responsável pelos menores valores de efeito prejudicial desses compostos
digestibilidade das hemiceluloses e celulose fenólicos sobre o aproveitamento do
dos materiais com tanino, o que não nitrogênio dietético. Nenhuma das silagens
ocorreu neste experimento. Martins (2000), foi capaz de suprir a exigência de proteína
avaliando silagens de sorgo, obteve maiores digestível para ovinos em mantença, o que
consumos de celulose (de 20,26 a 727,76 indica a necessidade de suplementação com
g/PM/dia) e de lignina (3,92 a 7,39 fontes protéicas. Entretanto, todos os
g/PM/dia), mas menores consumos de tratamentos apresentaram balanço de
hemiceluloses do que o presente trabalho. nitrogênio positivo, sugerindo que para

68
dietas com baixos teores de proteína, há
aumento da capacidade de reciclagem do
nitrogênio pelos ruminantes.

As digestibilidades das frações fibrosas não


variaram entre os híbridos avaliados e com
o avanço do estádio de maturação das
plantas. Assim, o acúmulo de amido nos
grãos proporcionou aporte energético para
os microrganismos ruminais, beneficiando a
degradação da fibra, o que compensou a
queda na qualidade da mesma com o
avanço da idade de corte. Não houve
influência dos taninos sobre o
aproveitamento da fibra das silagens.

CAPÍTULO IV – PARTIÇÃO DA ENERGIA E PRODUÇÃO DE METANO


ENTÉRICO EM OVINOS ALIMENTADOS COM SILAGENS DE SORGO EM
DIFERENTES ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO

69
4.1 RESUMO

A partição da energia e a produção de metano foram avaliadas em ovinos com consumo à


mantença, utilizando-se câmaras respirométricas de fluxo aberto, para as silagens de três
híbridos de sorgo (BRS 610, BR 700 e BRS 655) colhidas em três estádios de maturação dos
grãos (leitoso, pastoso e farináceo). O delineamento experimental utilizado foi inteiramente
casualizado em desenho fatorial 3x3, sendo três híbridos e três estádios de maturação (idades de
corte) e cinco repetições (carneiros). Os consumos de energia bruta (CEB), energia digestível
(CED), energia metabolizável (CEM) e de energia líquida (CEL), em Kcal por Kg de peso
metabólico (PM), variaram de 192,94 a 248,31 Kcal/PM/dia, 100,14 a 138,68 Kcal/PM/dia, de
89,72 a 125,46 Kcal/PM/dia e de 47,68 a 76,09 Kcal/PM/dia, respectivamente. Os híbridos BRS
610 e BRS 655 mostraram maior CEL no estádio pastoso, já o BR 700 não apresentou variação
no CEL entre os estádios de maturação. A produção fecal representou a principal perda de
energia (48% a 52% da EB ingerida), seguida pelo incremento calórico (10% a 19% da EB
ingerida), emissão de metano entérico (4% a 6% da EB ingerida) e urina (1% a 2% da EB
ingerida). A digestibilidade aparente da EB variou de 48,0% a 57,97%, sendo que o avanço do
estádio de maturação não influenciou esse parâmetro para todos os híbridos avaliados (P>0,05).
Com relação aos dados de metabolizabilidade (q m), a variação observada situou-se entre 0,42 e
0,52, sendo que não houve diferenças estatísticas entre todos os tratamentos (P>0,05). Para os
valores de eficiência parcial de uso da energia metabolizável para mantença (Km), os valores
oscilaram entre 0,53 e 0,78. Nos estádios leitoso e pastoso, não houve diferenças (P>0,05) entre
os híbridos estudados, mas no estádio farináceo o BRS 655 mostrou valor inferior de Km. Os
valores de energia líquida, como porcentagem da energia bruta ingerida, variaram de 22,58% a
40,12%. Os teores de energia (ED), metabolizável (EM) e energia líquida (EL) das silagens, em
Mcal por Kg de matéria seca, variaram de 1,98 a 2,44 Kcal/Kg, de 1,76 a 2,20 Kcal/Kg e de
0,94 a 1,69 Kcal/Kg. No estádio farináceo a silagem do híbrido BRS 655 apresentou teor de EL
inferior (P<0,05) aos demais híbridos, que foram semelhantes entre si (P>0,05). Os valores de
produção de calor encontrados variaram de 105,82 Kcal/PM/dia a 127,98 Kcal/PM/dia. De
forma geral, os tratamentos apresentaram balanço de energia negativo, com exceção para o BRS
610 no estádio pastoso e BR 700 no estádio leitoso, os quais apresentaram balanço de energia
positivo, mas com valores próximos a zero (2,21 Kcal e 19,02 Kcal por dia, respectivamente). A
emissão diária de metano entérico, não diferiu entre os tratamentos e representou entre 3,87% e
5,54% da energia bruta ingerida.

Palavras-chave: calorimetria indireta, energia líquida, metabolizabilidade,


respirometria

4.2 INTRODUÇÃO

A maturação da planta de sorgo envolve o


acúmulo de constituintes da parede celular
na parte vegetativa da planta e,
simultaneamente, a elevação da proporção
de panícula. Dessa forma, para que se possa

70
definir o momento de colheita, é necessário entretanto, carência de estudos voltados à
conhecer o comportamento de cada híbrido determinação da emissão de metano por
em diversas condições de manejo e definir ruminantes alimentados com volumosos
até que ponto o acúmulo de amido nos tropicais utilizados no Brasil, a qual pode
grãos compensa a diminuição na ser fortemente influenciada por fatores
digestibilidade da fração fibrosa da planta. como clima, solo, espécie forrageira, entre
outros (Fontes et al, 2005).
A composição química dos alimentos
determina o potencial de energia disponível O grande número de híbridos e variedades
nas ligações químicas dos seus nutrientes. de sorgo colocados em ensaios de avaliação
Esse total de energia pode ser mensurado no mercado nacional demonstra a grande
em bombas calorimétricas para obtenção variabilidade genética dessa espécie para
dos valores de energia bruta. Entretanto, características nutricionais, o que permite o
depois que o alimento é ingerido, suas avanço do programa de melhoramento
propriedades químicas e físicas, como genético para o desenvolvimento de
composição, presença de fatores materiais que atendam as novas demandas
antinutricionais, tamanho de partícula, da sociedade, permitindo maior eficiência
passam a influenciar a capacidade do de uso da energia da dieta pelos animais.
animal em extrair a energia potencial
presente no mesmo. Assim, tanto as O objetivo deste experimento foi avaliar a
características do alimento, como do partição da energia das silagens dos
animal, bem como o destino do uso da híbridos de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS
energia, determinarão a eficiência do seu 655, bem como mensurar a emissão de
fluxo no organismo. metano entérico por ovinos alimentados
com as mesmas, visando o estabelecimento
Assim, a partir da determinação da energia de uma comparação entre os híbridos e a
contida em um alimento, procurou-se determinação do melhor momento de
desenvolver sistemas de avaliação que colheita para cada um.
refletissem a capacidade do mesmo em
prover uma resposta produtiva dos animais. 4.3 MATERIAL E MÉTODOS
Para tanto, torna-se necessário a
quantificação das perdas energéticas na As silagens dos híbridos BRS 610, BR 700
forma de fezes, urina, metano e calor. A e BRS 655 em três estádios de maturação
constante busca pela compreensão e dos grãos (leitoso, pastoso e farináceo)
mensuração dos processos de intercâmbio foram obtidas conforme descrito na
energético que ocorrem no animal tem metodologia do Capítulo 2.
como objetivo o desenvolvimento de
sistemas de alimentação que permitam a Após o ensaio de consumo e digestibilidade
aplicação prática dos conceitos de iniciou-se o ensaio de respirometria, com
bioenergética, visando o aumento da duração de 24 horas por animal alimentado
eficiência do uso da energia para a e em jejum. Foram utilizados os mesmos
conversão de nutrientes em produtos úteis, quarenta e cinco carneiros adultos, machos,
como carne e leite. castrados, sem raça definida, com peso
médio de 47,5 Kg, sendo cinco carneiros
Sabe-se que o metano, além de representar por tratamento. Os carneiros permaneceram
uma significativa perda de energia pelos no mesmo tratamento em todo o período
ruminantes, refletindo a ineficiência do experimental.
processo de fermentação ruminal, também é
um importante gás de efeito estufa. Há, 4.3.1 Ensaio de Respirometria

71
quantidade de silagem de sorgo a ser
Após o término da 1º fase do período fornecida aos animais foi calculada para
experimental, os carneiros continuaram proporcionar consumo à mantença (60 a 80
recebendo uma vez por dia as silagens de gramas de matéria seca por quilo de peso
sorgo correspondentes aos seus tratamentos metabólico). As sobras eram pesadas e o
(consumo à mantença). A cada dia um consumo registrado. Além da silagem os
animal era direcionado para o ensaio de animais receberam água e mistura mineral
calorimetria indireta. ad libitum.

A determinação da produção de metano Na segunda etapa foi calculada a produção


pelos ovinos e do conteúdo de energia de calor dos carneiros em jejum. Após um
metabolizável e energia líquida das silagens período de 48 horas em jejum, os animais
dos três híbridos de sorgo em três estádios permaneceram dentro da câmara
de maturação foram realizadas pela técnica respirométrica por um período de 24 horas
de respirometria. Utilizou-se câmara onde receberam apenas água. Após a
respirométrica de fluxo aberto, abertura da câmara, o volume de urina
confeccionada com placas de acrílico excretado foi mensurado e armazenado.
transparente (6 mm de espessura), com
dimensões externas de 1,2 m (largura) x 2,0 Funcionamento da câmara respirométrica
m (altura) x 2,1 m (comprimento), de fluxo aberto da EV-UFMG
localizada nas dependências do Laboratório
de Metabolismo e Calorimetria Animal – Para o procedimento de calorimetria
LAMCA - da Escola de Veterinária da indireta, foram utilizados os equipamentos
UFMG. e a metodologia descritos por Rodriguez et
al. (2007).
Cada um dos animais permaneceu por um
período de 24 horas em uma gaiola Utilizou-se o sistema de curcuito-aberto
metabólica localizada no interior da câmara sendo a entrada de ar do sistema situada no
respirométrica. Os pesos dos animais foram ambiente externo ao laboratório. O fluxo de
registrados nos momentos de entrada e ar foi ajustado para entrar na câmara a uma
saída da câmara. Para evitar excesso de taxa constante de 50 litros por minuto
amônia no interior da câmara, foi (cerca de 1L de ar para cada Kg de peso
adicionado 100 mL de HCL 2N dentro do vivo do animal).
balde coletor de urina, situado abaixo da
gaiola metabólica. Do lado de fora da O ar contido no interior da câmara era
câmara também foi colocada uma gaiola aspirado com auxílio de uma bomba,
metabólica alojando outro carneiro, para passando por um tubo de PVC (3,6 cm de
evitar o estresse dos animais por diâmetro) a um fluxo constante, controlado
isolamento. por um fluxometro de massa, que corrigiu
automaticamente o volume de ar para
O ensaio de respirometria foi realizado em condições padrões de pressão, temperatura
duas etapas. Na primeira etapa foram e umidade.
mensuradas as trocas gasosas e calculou-se
a produção de calor (calorimetria indireta) Na saída da câmara havia um filtro para
dos animais alimentados. Durante esta reter as sujidades. Com o auxílio de um
etapa a silagem de sorgo foi fornecida uma ventilador acoplado ao sistema, o ar no
vez ao dia, no período da manhã, antes do interior da câmara, era misturado,
fechamento da câmara e início das possibilitando uma amostragem mais
mensurações das trocas gasosas. A precisa.

72
em duplicatas. Foram determinados os
As amostras de ar, tanto externo como do teores energia bruta (EB) por combustão em
interior da câmara, eram coletadas bomba calorimétrica adiabática modelo
alternativamente a cada 5 minutos para a PARR 2081 (AOAC International, 1995).
determinação das concentrações de As amostras de urina dos animais
oxigênio (O2), dióxido de carbono (CO2) e alimentados foram analisadas para
metano (CH4) de acordo com metodologia determinação de energia bruta e nitrogênio
proposta por Chwalibog (2004). Antes de total. As amostras de urina dos animais em
atingir os analisadores de gases, montados jejum foram analisadas para determinação
em série, o ar passava por um do teor de nitrogênio total.
desumidificador (tubo com capacidade de
1L contendo sílica). 4.3.3. Cálculos

No interior da câmara, a temperatura e Avaliação do consumo de energia


umidade do ar foram controladas com o uso
de ar-condicionado e registradas em Os pesos diários das dietas oferecidas e das
momentos pré-estabelecidos (durante a sobras, registrados durante o ensaio de
primeira e última leitura). digestibilidade aparente (Capítulo 3) e os
resultados das análises laboratoriais foram
Diariamente, antes de iniciar o período de utilizados para o cálculo de consumo de
mensuração das trocas gasosas do animal, energia bruta, digestível, metabolizável e
era realizada a calibração dos analisadores líquida, segundo a equação:
de O2, CO2 e CH4, utilizando-se gases de
concentrações conhecidas, contidos em Consumo = [(kgOF x %OF)/100] – [(kgSB x
cilindros, e o ar externo. %SB)]/100

4.3.2. Análises laboratoriais Onde:

As análises laboratoriais foram realizadas  kgOF = quantidade de dieta oferecida, em kg


no Laboratório de Nutrição Animal da EV- de MS;
UFMG, em Belo Horizonte. As amostras
diárias de alimento oferecido, sobras, fezes  %OF = concentração de energia na dieta
e urina, coletadas durante o ensaio de oferecida, em % da MS;
consumo e digestibilidade aparente
(Capítulo 3) foram descongeladas durante  kgSO = quantidade de sobras retiradas, em kg
de MS;
um período de 14 horas.
 %SO = concentração de energia nas sobras,
O teor de matéria pré-seca das amostras de em % da MS.
oferecidos, sobras e fezes foi determinado
em estufa de ventilação forçada a 55ºC por
72 horas. Posteriormente as amostras pré- Respirometria
secas foram moídas em moinho
estacionário do tipo Willey, utilizando-se
Os resultados das concentrações dos gases e
peneira de 1 mm e estocadas à temperatura
fluxo de ar eram automaticamente
ambiente em frascos de polietileno com
registrados por um software específico, que
tampa.
por diferença entre a composição do ar que
entrou na câmara e do que saiu, calculou o
As amostras compostas de alimento
oferecido, sobras e fezes foram analisadas

73
volume (L) de O2 consumido e de CO2 e
CH4 produzidos pelos animais. IC = Hal – Hjj

O cálculo da produção de calor foi Onde,


realizado de acordo com a equação de
Brouwer (1965):  IC = incremento calórico

H (kj) = 16,18 x O2 (L) + 5,02 x CO2 (L) –  Hal = Produção de calor pelo animal
5,88 x Nu (g) – 2,17 x CH4 (L) alimentado

Onde,  Hjj = produção de calor pelo animal em jejum

Os valores de energia líquida (EL) foram


 H = é a produção de calor; obtidos a partir da diferença entre energia
 Nu = é o nitrogênio urinário metabolizável e perdas de energia como
incremento calórico.
Para a transformação dos dados em
calorias, utilizou-se como referência o valor
de 1 joule correspondente a 0,239 calorias. Eficiência de utilização da energia

O coeficiente respiratório (CR) foi Para a determinação dos coeficientes de


calculado como a razão entre CO 2 digestibilidade aparente da energia bruta
produzido (L) e O2 consumido (L): foram utilizados os dados de consumo e
produção fecal, conforme metodologia
CR = CO2 (L) produzido utilizada por Maynard et al. (1984),
O2 (L) consumido segundo a equação:

DAEB= OF – SB - FZ x 100
OF – SB
Partição de energia
Onde:
Os valores de energia digestível (ED) foram
obtidos a partir da diferença entre a EB dos
 OF = [quantidade de alimento oferecido (Kg
alimentos, das sobras no cocho e das fezes. de MS)] x [teor de EB no oferecido (% da
MS)]/100
Os valores de energia metabolizável (EM)
foram obtidos a partir da diferença entre  SB = [quantidade de sobras retiradas (Kg de
energia digestível e perdas de energia sob a MS)] x [teor de EB nas sobras (% da MS)]/100
forma de metano e urina.
FZ = [quantidade de fezes coletadas (Kg de
Para o cálculo da energia perdida na forma MS)] x [teor de EB nas fezes (% da MS)]/100
de metano, considerou-se o valor de 13,334
Kcal/grama e densidade de 0,7143 O valor de metabolizibilidade da energia
gramas/litro. bruta (qm) foi obtido a partir da seguinte
fórmula:
Dos valores de produção de calor
observados para o animal alimentado, qm = CEM x 100
foram descontados os valores observados CEB
para o mesmo animal em jejum, para o
cálculo do incremento calórico: Onde,

74
Graus de
 CEM = Consumo de energia metabolizável Fontes de variação
liberdade
(Kcal/dia); Total 44
Híbridos (H) 2
 CEB = Consumo de energia bruta (Kcal/dia). Estádios de maturação (E) 2
HxE 4
O valor de eficiência de utilização de Erro 36
energia metabolizável (km) foi obtido a
partir da seguinte fórmula:
Modelo estatístico:
km = EL x 100
EM Yij= µ + Hi + Cj + (H*C)ij + eij

Onde, em que,

 EL = Teor de energia líquida (Kcal/kgMS)  Yij = observação da variável resposta do


híbrido “i” no estádio de maturação “j”
 EM = Teor de energia metabolizável
(Kcal/kgMS)  µ = média geral

 Hi = efeito do híbrido; i= BRS 610, BR 700 e


Correção dos dados de respirometria BRS 655

O consumo de matéria seca dos animais  Cj = efeito do estádio de maturação; j= leitoso,


pastoso e farináceo
durante o Ensaio de respirometria foi
registrado e, como esperado, não se  (H*C)ij = efeito da interação híbrido x estádio
mostrou idêntico ao consumo ocorrido de maturação
no período de coleta do Ensaio de
digestibilidade aparente. Dessa forma,  eij = erro aleatório do híbrido “i” no estádio de
os dados obtidos no ensaio de respirometria maturação “j”
(trocas gasosas, produção de calor,
incremento calórico) foram ajustados para o Os dados obtidos foram submetidos à
consumo observado no ensaio de análise de variância utilizando-se o pacote
digestibilidade aparente. Isso foi necessário estatístico SAEG (2007) e as médias
já que, nos cálculos de partição de energia, comparadas pelo teste SNK ao nível de 5%
os teores de energia bruta foram de probabilidade (P<0,05).
determinados nas amostras de sobras, fezes
e urina coletadas na primeira fase
experimental (Capítulo 3). 4.4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.3.4 Procedimentos estatísticos 4.4.1. Consumo de energia


O delineamento experimental utilizado foi Na Tabela 11 podem ser observados os
inteiramente casualizado em desenho valores de consumo de energia bruta,
fatorial 3x3, sendo três híbridos e três digestível, metabolizável e líquida por
estádios de maturação (idades de corte) e ovinos alimentados com as silagens dos
cinco repetições (carneiros), utilizando-se o híbridos BRS 610, BR 700 e BRS 655
seguinte esquema de análise de variância: colhidos em três diferentes estádios de
maturação dos grãos.

75
Tabela 11. Valores médios de consumo de energia bruta (CEB), de energia digestível (CED), de energia
metabolizável (CEM) e de energia líquida (CEL), em Kcal por Kg de peso metabólico por dia (Kcal/ Kg
0,75
/ dia) das silagens dos híbridos de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655 em três estádios de maturação
(leitoso, pastoso e farináceo)
Parâmetros
Híbridos a
CEB CED b
CEMc CELd
Leitoso
BRS 610 225,58 Aa 113,94 Aa 99,00 Ab 68,80 Ab
BR 700 218,60 Aa 120,89 Aa 109,08 Aa 74,42 Aa
BRS 655 192,94 Aa 104,21 Aa 90,14 Aa 55,54 Aab
Pastoso
BRS 610 238,61 Aa 138,68 Aa 125,46 Aa 96,17 Aa
BR 700 233,42 Aa 111,60 Ba 100,19 Ba 72,69 Ba
BRS 655 193,52 Ba 100,14 Ba 89,72 Ba 70,38 Ba
Farináceo
BRS 610 248,31 Aa 128,34 Aa 114,77 Aab 78,08 Aab
BR 700 233,55 Aa 121,90 Aa 106,21 ABa 76,09 Aa
BRS 655 213,65 Aa 104,31 Aa 89,38 Ba 47,68 Bb
Médias seguidas por letras maiúsculas iguais, na mesma coluna e no mesmo estádio de maturação,
indicam igualdade estatística entre os híbridos pelo teste SNK (p>0,05). Letras minúsculas na mesma
coluna comparam o mesmo híbrido entre os estádios de maturação, sendo que letras minúsculas iguais
indicam igualdade estatística pelo teste SNK (p>0,05); aCV = 11,21%; bCV = 14,30%; cCV = 15,38%;
d
CV = 20,64%.

Para o consumo de energia bruta (CEB), em Martins (2000) obteve CEB variando de
Kcal por Kg de peso metabólico (PM), 222,95 Kcal/PM/dia a 280,29 Kcal/PM/dia
observou-se variação entre 192,94 para silagens de sorgo. Pires (2003)
Kcal/PM/dia e 248,31 Kcal/PM/dia. observou valores de CEB entre 221,17
Nenhum híbrido avaliado apresentou Kcal/PM/dia e 222,07 Kcal/PM/dia para
variação no CEB entre os estádios de linhagens de sorgo granífero e entre 120,41
maturação (P>0,05). Nos estádios leitoso e e 141,05 Kcal/PM/dia para híbridos de
farináceo não houve diferenças sorgo. Guimarães Júnior (2006) relatou
significativas (P>0,05) entre os híbridos, CEB médio para silagens de milheto de
apesar do menor valor numérico 246,16 Kcal/PM/dia. Ribas (2006),
apresentado pelo BRS 655. Já no estádio avaliando as silagens de quatro híbridos de
pastoso, a silagem do BRS 655 mostrou milho, obteve consumo de EB médio de
menor CEB (P<0,05) do que os demais 280,36 Kcal/PM/dia. Jayme (2007)
materiais, que foram semelhantes entre si observou CEB para silagens de girassol
(P>0,05). A menor ingestão de energia variando de 252 Kcal/PM/dia a 402
bruta pelos animais que receberam as Kcal/PM/dia. Castro (2008) relatou CEB
silagens do BRS 655 deve-se ao menor entre 264,26 Kcal/PM/dia e 315,86
consumo voluntário de matéria seca, o que Kcal/PM/dia para silagens de capim
está de acordo com a alta correlação entre o Tanzânia cortado em diferentes idades.
consumo de energia bruta e o consumo de Ribas (2010), avaliando híbridos de sorgo
matéria seca por Kg de peso metabólico (r com capim-sudão, observou consumo
CMS x CEB= 0,997; P<0,0001). médio de energia bruta de 357,54
Kcal/PM/dia, para ovinos alimentados ad

76
libitum, e 297,07 Kcal/PM/dia, para superiores aos do presente experimento.
consumo restrito a mantença. As diferenças Pires (2003) obteve CED entre 59,18
entre os consumos de energia bruta estão Kcal/PM/dia, para o BR 700, e 161,54
relacionados ao teor energético dos Kcal/PM/dia, para uma linhagem de sorgo
alimentos avaliados, bem como ao consumo granífero.
de matéria seca proporcionado por cada um
deles. Freitas et al. (2003) avaliando silagens de
cinco genótipos de milho obteve valores de
Com relação ao consumo de energia consumo de energia digestível entre 149,30
digestível (CED), seus valores serão Kcal/PM/dia e 190,33 Kcal/PM/dia,
determinados não apenas pelo consumo de superiores aos valores obtidos neste
matéria seca e densidade energética do experimento. Ribas (2006) observou CED
alimento, mas também pela extensão da variando de 173,83 Kcal/PM/dia a 195,76
perda de energia nas fezes. Isso justifica o Kcal/PM/dia. Os valores médios de
fato de a correlação entre consumo de consumo de energia digestível observados
matéria seca e consumo de energia para silagens de girassol, de milheto e de
digestível (r CMS x CED= 0,689; P<0,0001) ser capim Tanzânia foram de 166 Kcal/PM/dia,
menor do que aquela observada entre o 109,6 Kcal/PM/dia e 147,5 Kcal/PM/dia
CMS e o CEB . Assim, as propriedades (Jayme, 2008; Guimarães Júnior, 2006 e
inerentes a cada alimento que influenciam Castro, 2008). Ribas (2010), relatou CED
seu aproveitamento no trato gastrointestinal médio para híbridos de sorgo com capim-
devem ser consideradas. Por isso houve alta sudão de 241,39 Kcal/PM/dia (consumo ad
correlação entre o CED e o consumo de libitum) e 206 Kcal/PM/dia (consumo a
matéria seca digestível (r CMSD x CED= 0,979; mantença), valores bem superiores aos
P<0,0001) relatados para os principais volumosos
utilizados na alimentação de ruminantes.
O avanço do estádio de maturação não Com relação ao consumo de energia
influenciou (P>0,05) o consumo de energia metabolizável (CEM), os valores obtidos
digestível das silagens avaliadas. variaram de 89,72 Kcal/PM/dia a 125,46
Comparando-se os híbridos, nos estádios Kcal/PM/dia. No estádio leitoso não houve
leitoso e farináceo, não houve diferenças diferença significativa entre os híbridos
significativas entre os mesmos, mas no estudados (P>0,05). No estádio pastoso, o
estádio pastoso o BRS 610 mostrou maior BRS 610 mostrou maior CEM do que o BR
consumo de energia digestível (P<0,05) do 700 e BRS 655 (P<0,05), que foram
que o BRS 655 e BR 700, que foram semelhantes entre si (P>0,05). Já no estádio
semelhantes entre si (P>0,05). farináceo, a silagem do BRS 655 foi
inferior (P<0,05) ao BRS 610, enquanto o
Valente et al. (1984) encontraram consumos BR 700 mostrou-se intermediário e
de energia digestível entre 84,3 semelhante a ambos. O avanço da idade de
Kcal/PM/dia e 132,1 Kcal/PM/dia para corte não influenciou (P>0,05) o consumo
silagens de sorgo. Alvarenga (1993), de energia metabolizável das silagens dos
avaliando o valor nutritivo de silagens de híbridos BR 700 e BRS 655. Já o BRS 610
sorgo, obteve valores de consumo de apresentou maior CEM (P<0,05) no estádio
energia digestível variando de 153,16 pastoso, em relação ao leitoso.
Kcal/PM/dia a 206,50 Kcal/PM/dia.
Martins (2000), estudando as silagens de Na comparação dos dados de consumo de
quatro genótipos de sorgo, obteve energia metabolizável obtidos no presente
consumos de energia digestível entre experimento com os relatados na literatura,
161,66 Kcal/PM/dia e 215,71 Kcal/PM/dia, deve ser enfatizado que a maioria dos

77
trabalhos utiliza a fórmula de Blaxter & proporcionou maior consumo de EL do que
Clapperton (1965) para o cálculo das perdas quando colhida no estádio leitoso. Já o BRS
energéticas na forma de metano, a partir dos 655 mostrou maior consumo de EL quando
valores de digestibilidade aparente da EB. colhido no estádio pastoso em relação ao
Já neste experimento, a emissão de metano estádio farináceo. Para o BR 700 não houve
foi mensurada em câmara respirométrica, influência da idade de corte sobre esse
com descrito no item Material e métodos. parâmetro.

Martins (2000) mostrou consumo de EM Castro (2008) relatou consumo de energia


entre 107,03 Kcal/PM/dia e 160,13 líquida de 77,92 Kcal/PM/dia, para silagem
Kcal/PM/dia para silagens de híbridos de de capim Tanzânia cortado aos 63 dias e de
sorgo, valores superiores aos do presente 95,40 Kcal/PM/dia, quando cortado aos 107
trabalho. Pires (2003) obteve consumo de dias. Os valores foram superiores aos
energia metabolizável entre 48,50 observados no presente experimento. Ribas
Kcal/PM/dia e 66,77 Kcal/PM/dia para (2010) obteve consumo de EL médio de
híbridos de sorgo, valores inferiores aos 149,84 Kcal/PM/dia.
deste experimento. Para as linhagens
graníferas o autor observou CEM Foram observados valores decrescentes
superiores, de 121,69 Kcal/PM/dia a 138,20 para as correlações entre o consumo de
Kcal/PM/dia. Os valores de consumo de matéria seca e os consumos de energia
energia metabolizável para silagens de bruta (r CMS x CEB= 0,997; P<0,0001), energia
girassol variaram de 90 Kcal/PM/dia a 192 digestível (r CMS x CED= 0,689; P<0,0001),
Kcal/PM/dia (Jayme, 2008), enquanto que metabolizável (r CMS x CEM= 0,655; P<0,0001)
para silagens de milheto a variação obtida e líquida (r CMS x CEL= 0,492; P<0,0006). Isso
foi de 79 Kcal/PM/dia a 99 Kcal/PM/dia aconteceu porque à medida que as perdas
(Guimarães Júnior, 2006). Castro (2008), de energia na forma de fezes, urina, metano
avaliando as silagens de capim Tanzânia em e incremento calórico vão sendo
diferentes idades de corte observou CEM consideradas, a quantidade de energia
entre 106 Kcal/PM/dia, para 107 dias, e 132 disponível passa a depender não apenas da
Kcal/PM/dia, para o corte aos 63 dias. quantidade total consumida, mas também
Ribas (2010) relatou CEM médio de 232,35 da eficiência do fluxo de energia no animal.
Kcal/PM/dia e 196,45 Kcal/PM/dia para
híbridos de sorgo com capim-sudão, 4.4.2. Perdas de energia.
oferecidos ad libitum e no nível de
mantença, respectivamente. Na Tabela 12 podem ser avaliados os
valores das perdas diárias de energia, em
Com relação aos valores de consumo de Kcal por Kg de peso metabólico e como
energia líquida (CEL), a variação observada porcentagem da EB ingerida, na forma de
foi de 47,68 Kcal/PM/dia a 76,09 fezes, urina, metano e incremento calórico.
Kcal/PM/dia. No estádio leitoso não houve
diferença (P>0,05) entre os híbridos
estudados. No estádio pastoso, o BRS 610
mostrou maior CEL (P<0,05) do que os
demais híbridos que não diferiram entre si
(P>0,05). No estádio farináceo, o híbrido
BRS 655 apresentou menor CEL (P<0,05)
do que os demais materiais, que se mostram
semelhantes (P>0,05). A silagem do BRS
610 colhida no estádio pastoso

78
Tabela 12. Valores médios de perda diária de energia nas fezes, na urina, no metano e na forma de incremento calórico, em Kcal por Kg de peso metabólico
(Kcal/PM/d) e como porcentagem da energia bruta ingerida (% da EB) das silagens dos híbridos de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655 em três estádios de
maturação (leitoso, pastoso e farináceo)
Parâmetros
Híbridos Fezes Urina Metano Incremento Calórico
a c
Kcal/PM % EB b Kcal/PM % EBd Kcal/PMe % EBf Kcal/PMg % da EBh
Leitoso
BRS 610 111,64 Aa 49,20 Aa 4,35 Aa 1,98 Aa 10,59 Aa 4,62 Aa 30,20 Aa 13,50 Ba
BR 700 97,71 Aa 44,23 Aa 2,42 Ba 1,12 Aa 9,38 Aa 4,22 Aa 34,66 Aa 15,90 ABa
BRS 655 88,73 Aa 45,67 Aa 2,80 Bb 1,48 Aa 11,28 Aa 5,83 Aa 34,60 Aa 18,03 Aa
Pastoso
BRS 610 99,93 Aa 42,03 Ba 2,86 Ab 1,21 Aab 10,37 Aa 4,32 Aa 29,29 Aa 12,32 Aa
BR 700 121,82 Aa 52,00 Aa 2,58 Aa 1,10 Aa 8,83 Aa 3,78 Aa 27,50 Aa 11,73 Ab
BRS 655 93,39 Aa 48,32 ABa 3,14 Aab 1,72 Aa 7,27 Aa 3,87 Ab 19,34 Bb 10,10 Ab
Farináceo
BRS 610 119,97 Aa 48,46 Aa 2,35 Bb 0,95 Bb 11,22 Aa 4,46 Aa 36,70 ABa 14,68 Ba
BR 700 111,64 Aa 47,93 Aa 2,74 Ba 1,17 Ba 12,95 Aa 5,54 Aa 30,13 Ba 12,88 Bb
BRS 655 109,34 Aa 50,84 Aa 4,48 Aa 2,15 Aa 10,44 Aa 4,95 Aab 41,70 Aa 19,48 Aa
Médias seguidas por letras maiúsculas iguais, na mesma coluna e no mesmo estádio de maturação, indicam igualdade estatística entre os híbridos pelo teste
SNK (p>0,05). Letras minúsculas na mesma coluna comparam o mesmo híbrido entre os estádios de maturação, sendo que letras minúsculas iguais
indicam igualdade estatística pelo teste SNK (p>0,05); aCV = 18,48%; bCV = 13,42%; cCV = 34,53%; dCV = 43,21%; eCV = 28,84%; fCV = 26,37; gCV =
19,32%; hCV = 15,87%.
Com relação às perdas de energia nas fezes, fibrosas e a energia fecal (% da EB) (r DFDN x
os valores variaram de 88,73 Kcal/PM/dia a Efezes= -0,922; r DFDA x Efezes= -0,839;
121,82 Kcal/PM/dia, sendo que não houve P<0,0001). Dessa forma o avanço do
diferença estatística entre os tratamentos estádio de maturação não promoveu
(P>0,05). Quando expressa como aumento de perda de energia nas fezes
porcentagem da energia bruta ingerida, os porque não ocorreu alteração significativa
valores de perdas energéticas nas fezes da digestibilidade das frações celulose e
oscilaram de 42,03% a 52,0%. Não houve hemiceluloses das silagens.
influência do avanço do estádio de
maturação sobre esse parâmetro. Nos Para as perdas de energia na urina, os
estádios leitoso e farináceo os híbridos valores foram de 2,35 Kcal/PM/dia a 4,48
mostraram-se semelhantes quanto a perda Kcal/PM/dia. No estádio leitoso o BRS 610
de energia fecal como % da EB, mas no mostrou maior valor (P<0,05) do que os
estádio pastoso, o BRS 610 mostrou menor demais híbridos, que foram semelhantes
valor do que o BR 700, enquanto o BRS entre si (P>0,05). Já no estádio farináceo, o
655 foi intermediário e semelhante a BRS 655 levou a maior perda de energia na
ambos. urina (P<0,05) do que o BRS 610 e BR 700,
que não diferiram entre si (P>0,05). Já no
Para as dietas comumente oferecidas para estádio pastoso não houve diferenças
os ruminantes, as fezes representam desde o significativas (P>0,05) entre os materiais
mínimo de 10% até o máximo de 70% da avaliados. Quando expressa como
energia bruta do alimento ingerido. Essa porcentagem da EB ingerida, os valores
ampla variação indica que a perda fecal de variam de 0,95% a 2,15%, sendo que não
energia é o fator mais importante que há diferença significativa entre os híbridos
determina o valor nutritivo relativo dos nos estádios leitoso e pastoso. Já no estádio
diferentes alimentos como fontes de energia farináceo, o BRS 655 apresenta maior valor
(Blaxter, 1962). do que as demais silagens, que foram
semelhantes entre si. O híbrido BRS 610
mostra queda gradativa na perda de energia
Avaliando-se a composição química de
na urina (% da EB) com o avanço do
diferentes alimentos e as respectivas perdas
estádio de maturação, passando de 1,98%
fecais de energia, pode estabelecer uma
no primeiro corte a 0,95% no terceiro corte.
relação entre ambos. Perdas fecais
Os demais híbridos não mostram alteração
pequenas estão associadas com altas
desse parâmetro com o avanço da
concentrações de carboidratos não fibrosos,
maturidade da planta. Segundo Blaxter e
como açúcares, amido e frutosanas. E
Wainman (1964), as perdas de energia pela
maiores perdas fecais estão associadas com
urina nunca devem superar 5% do valor
a presença de grandes quantidades de
energético da dieta consumida pelos
carboidratos fibrosos, como celulose e
animais. Deve ser observado que os
hemiceluloses, e ligninas (Van Soest,
coeficientes de variação para as perdas de
1994). Foram observadas correlações entre
energia na urina estão acima dos valores
as perdas de energia nas fezes, como
adequados para experimentação animal, de
Kcal/PM, e os consumos de FDN (r CFDN x
20% a 30%, de acordo com Sampaio (2002)
Efezes= 0,728; P<0,0001), de FDA (r CFDA x
Efezes= 0,667; P<0,0001) e de lignina (r CLIG x
A diferença entre a energia bruta do
Efezes= 0,614; P<0,0001).
alimento ingerido e a energia bruta do
material excretado nas fezes e na urina não
Como esperado, houve altas correlações fornece uma medida do valor energético
negativas entre a digestibilidade das frações dos nutrientes absorvidos no trato intestinal.
Nos ruminantes ocorrem perdas de Para as perdas de energia como incremento
quantidades significativas de energia na calórico, são observados valores entre 19,34
forma de metano e calor. Kcal/PM/dia e 41,70 Kcal/PM/dia, o que
corresponde a valores entre 10,10% da EB e
Quanto às perdas de energia na forma de 19,48% da EB consumida. No estádio
metano entérico, a variação observada é de leitoso, não há diferenças significativas
8,83 Kcal/PM/dia a 12,95 Kcal/PM/dia, e entre os híbridos para os valores de IC
de 3,78% da EB a 5,83 % da EB. Não expressos como Kcal/PM, mas, como % da
houve diferenças significativas entre os EB, o BRS 655 mostra valor superior ao
híbridos e entre os estádios de maturação BRS 610. No estádio pastoso, o BRS 655
avaliados (P>0,05). Quando expresso como mostra menor IC em Kcal/PM, devido ao
% da EB ingerida, o híbrido BRS 655 menor consumo de matéria seca para esse
mostra menor perda de energia como tratamento, mas quando expresso em % da
metano no estádio pastoso em relação ao EB os híbridos apresentam-se semelhantes.
leitoso, sendo o estádio farináceo No estádio farináceo, o BRS 655 mostra
intermediário. maior perda de energia como IC.

O gás CH4 é produzido principalmente O incremento calórico corresponde ao


quando o substrato é fermentado a acetato e aumento da produção de calor decorrente
butirato (Sarwar et al., 1992; Getachew et do consumo de um alimento. Portanto, a
al., 1998), sendo que a fermentação de magnitude do incremento calórico depende
carboidratos fibrosos resultam em maior da quantidade de alimento ingerido, bem
proporção de acetato do que carboidratos como da sua composição. O IC aumenta
não fibrosos (Moss, 1994; Wilkerson et al., com o incremento do consumo porque os
1995). Dessa forma, o consumo de fibra processos de digestão e transporte da
deve influenciar a perda de energia como digesta no trato digestivo requerem energia.
metano (r ECH4 x CFDN= 0,591; r ECH4 x CFDA= O IC também depende da composição da
0,605; P<0,0001), o que justifica a ausência dieta. Para alimentos concentrados, o IC
de variações significativas para ambos os varia de 15% a 25% da EM, enquanto que
parâmetros com o avanço da idade de corte. para forragens, a variação situa-se entre
35% a 60% da EM (Johnson et al., 2003).
A produção de metano entérico representa No presente experimento o IC variou de
uma significativa perda de energia pelos 23,70% a 31,82% da EM para o BRS 610;
ruminantes, sendo tipicamente encontrados de 28,07% a 31,74% da EM para o BR 700
valores de 5,5% a 6,5% da energia bruta e de 22,22% a 46,81% da EM para o BRS
ingerida (Johnson e Ward, 1996). 655. O maior valor de IC para o BRS 655
Entretanto, mensurações realizadas em no estádio pastoso não está relacionado ao
câmaras respirométricas (calorimetria maior consumo de silagem, já que o CMS
indireta) mostraram grande variação na para esse tratamento foi não diferiu dos
emissão de metano, de 2% a 12% da demais híbridos (P>0,05). Assim, a baixa
energia bruta ingerida (Johnson e Johnson, correlação entre o consumo de matéria seca
1995). Avaliando a produção de CH4 em e o incremento calórico (r CMS x IC= 0,363;
novilhos de corte alimentados com dietas P<0,001) indica que outros fatores podem
exclusivas de forragem ou com 80% de ter influenciado a perda de energia na forma
concentrado, Harper et al. (1999) de calor. Além disso, as diferenças entre os
verificaram que 8,1% e 2,1% da energia níveis de consumo dos tratamentos podem
bruta ingerida foram perdidas como não ter sido suficientes para provocar
metano, respectivamente. alterações no IC, já que todas as silagens
apresentaram consumo abaixo de 60 gramas
de MS por Kg de PM, ou seja, dentro do maiores limitações do fluxo de energia no
limite considerado como mantença (60 a 80 animal.
g/Kg0,75).
4.4.3. Eficiência de utilização da
Avaliando-se as perdas energéticas a partir energia
da energia bruta consumida, pode-se
generalizar que a produção fecal A partir dos dados de consumo de energia e
representou a principal perda de energia perdas energéticas, é possível elaborar
(48% a 52%), seguida pelo incremento índices que reflitam a eficiência de
calórico (10% a 19%), emissão de metano aproveitamento da energia pelos animais.
entérico (4% a 6%) e urina (1% a 2%). Na Tabela 13 estão apresentados os valores
Portanto, torna-se interessante o de digestibilidade aparente da energia bruta
desenvolvimento de tecnologias e (DAEB), metabolizabilidade (qm),
estratégias nutricionais que permitam a eficiência parcial de uso da energia
obtenção de dietas com maior metabolizável para mantença (Km) e a
digestibilidade e menor incremento relação entre a energia líquida e a energia
calórico, já que os mesmos representam as bruta ingerida.

Tabela 13. Valores médios de digestibilidade aparente da energia bruta (DAEB), em porcentagem,
metabolizabilidade (qm), eficiência de uso da energia metabolizável para mantença (Km) e razão entre
energia líquida e energia bruta, em porcentagem, das silagens dos híbridos de sorgo BRS 610, BR 700 e
BRS 655 em três estádios de maturação (leitoso, pastoso e farináceo)
Parâmetros
Híbridos
DAEBa qmb
kmc EL (%EB)d
Leitoso
BRS 610 50,80 Aa 0,44 Aa 0,69 Aa 30,71 Aa
BR 700 55,77 Aa 0,50 Aa 0,68 Aa 34,51 Aa
BRS 655 54,33 Aa 0,47 Aa 0,61 Ab 28,98 Aab
Pastoso
BRS 610 57,97 Aa 0,52 Aa 0,76 Aa 40,12 Aa
BR 700 48,00 Ba 0,43 Aa 0,72 Aa 31,38 Aa
BRS 655 51,68 ABa 0,46 Aa 0,78 Aa 35,99 Aa
Farináceo
BRS 610 51,54 Aa 0,46 Aa 0,68 Aa 31,46 Aa
BR 700 52,07 Aa 0,45 Aa 0,71 Aa 32,49 Aa
BRS 655 49,16 Aa 0,42 Aa 0,53 Bc 22,58 Bb
Médias seguidas por letras maiúsculas iguais, na mesma coluna e no mesmo estádio de maturação,
indicam igualdade estatística entre os híbridos pelo teste SNK (p>0,05). Letras minúsculas na mesma
coluna comparam o mesmo híbrido entre os estádios de maturação, sendo que letras minúsculas iguais
indicam igualdade estatística pelo teste SNK (p>0,05); aCV = 12,21%; bCV = 13,29%; cCV = 8,57%; dCV
= 19,03%.

A digestibilidade aparente da EB variou de parâmetro para todos os híbridos avaliados


48,0% a 57,97%, sendo que o avanço do (P>0,05). Isso está de acordo com as perdas
estádio de maturação não influenciou esse fecais (% da EB), que se mantiveram
inalteradas entre as idades de corte. menor disponibilidade da energia para o BR
Comparando-se os híbridos, no estádio 700. No presente trabalho não foi observada
pastoso, o BR 700 mostrou menor DAEB diferenças significativas nos valores de
(P<0,05) do que o BRS 610, sendo o BRS DAEB entre os híbridos com tanino e sem
655 semelhante a ambos (P>0,05). Já nos tanino. Também não houve influência do
estádios leitoso e farináceo não houve avanço da idade de corte sobre esse
diferenças entre as silagens (P>0,05). O parâmetro. Assim, o aumento da
valor da DAEB pode ser considerado participação dos grãos na planta com a
bastante semelhante ao do NDT e até maturidade podem ter compensado as
possivelmente mais preciso pelo fato de ser alterações na composição e nos teores dos
a soma do calor de combustão dos constituintes da parede celular.
verdadeiros nutrientes digestíveis (proteína,
lípides e carboidratos). Assim, o valor de Com relação aos dados de
DAEB apresenta menor interferência dos metabolizabilidade (qm), a variação
componentes não lipídicos do extrato etéreo observada situou-se entre 0,42 e 0,52, sendo
(ceras, pigmentos, terpenos etc.), como que não houve diferenças estatísticas entre
também dos erros decorrentes do manuseio todos os tratamentos (P>0,05). Castro
laboratorial nas várias análises químicas (2008) relatou valor médio de q m para
necessárias para estimar o NDT. silagens de capim Tanzânia de 0,45. Já
Ribas (2010), avaliando híbridos de sorgo
Martins (2000) observou digestibilidades da com capim-sudão, observou valor superior
EB entre 57,27% e 59,20% para silagens de para qm, de 0,62.
sorgo, valores superiores aos do presente
trabalho. Pires (2003) obteve valores de Como a metabolizabilidade representa a
DAEB entre 48,89% e 66,77% para relação entre a energia metabolizável e
híbridos de sorgo, e entre 64,55% e 72,56% energia bruta, espera-se que as perdas de
para linhagens de sorgo granífero. Valente energia na forma de fezes, urina e metano
et al. (1984), avaliando silagens de sorgo, determinem seu valor. Dada a grande
encontraram valores de DAEB entre 51,3% participação da produção fecal na soma as
e 59,9%. Alvarenga (1993) relatou valores perdas de energia pelo animal, existe alta
de DAEB oscilando de 65,14% a 75,45% correlação entre a digestibilidade aparente
para silagens de sorgo. Freitas et al (2003), da energia bruta e metabolizabilidade (r
avaliando as silagens de cinco genótipos de DAEB x qm= 0,97; P<0,001). No presente
milho, obteve valores de DAEB entre experimento, os baixos valores de DAEB e
59,14% e 63,59%. Ribas (2006), estudando qm podem estar associados à perda de grãos
as silagens de quatro híbridos de milho, nas fezes, o que foi observado durante o
observou valor médio de DAEB de 66,88%. processamento das mesmas para posteriores
Guimarães Júnior (2006) relatou valores de análises. Entretanto, a perda fecal de grãos
DAEB para silagens de milheto entre não foi quantificada, impedindo o
42,05% e 47,67%, valores inferiores aos estabelecimento preciso dessa relação.
deste experimento.
Tem sido relatado na literatura decréscimo
Pires (2003), ao comparar as silagens dos da metabolizabilidade da dieta quando o
híbridos BR 601 (sem tanino) e BR 700 nível de consumo é alto, o que pode ser
(com tanino), sugeriu que os taninos atribuído ao aumento na taxa de passagem,
reduzem a digestibilidade aparente da EB, diminuindo a digestão dos carboidratos,
mas que outros fatores, como o estádio de com conseqüente diminuição da
maturação mais avançado e os maiores digestibilidade e aumento das perdas fecais
teores de lignina poderiam contribuir para a (Geay, 1984). No presente trabalho a
ingestão voluntária das silagens pelos composição do alimento. Armstrong e
animais não superou os limites do consumo Blaxter (1957; 1961) demonstraram que o
para mantença. Para alimentos que incremento calórico de misturas de AGV’s
apresentam alto consumo voluntário torna- era influenciado pela razão
se necessário a realização do ensaio de acetato:propionato em ovinos em engorda,
digestibilidade em pelo menos dois níveis mas teve pouco efeito para ovinos em
de consumo (mantença e ad libitum) para mantença. Alguns sistemas estimam o
que os efeitos da taxa de passagem sobre o valor do Km a partir da metabolizabilidade.
aproveitamento dos nutrientes possam ser
avaliados. A eficiência de uso da energia
metabolizável para mantença é estimada
Para os valores de eficiência parcial de uso como a razão entre a produção de calor em
da energia metabolizável para mantença jejum (EL para mantença) e a produção de
(Km), os valores oscilaram entre 0,53 e calor em mantença (EMm) ou pelo
0,78. Nos estádios leitoso e pastoso, não coeficiente de regressão da Energia Retida
houve diferenças (P>0,05) entre os híbridos x EM ingerida, quando o balanço de energia
estudados. Mas no estádio farináceo, o BRS é negativo. O AFRC (1993) adota a
655 mostrou valor inferior aos observados fórmula: Km = 0,35 qm + 0,503. Como a
para as demais silagens, que foram metabolizabilidade dos alimentos varia em
semelhantes entre si. Os híbridos BR 700 e torno de 35% a 80%, os valores de Km
BRS 610 não apresentaram variação nos encontram-se entre 65% a 78%. De acordo
valores de Km com o avanço do estádio de com Fox et al. (2003), a km varia de
maturação. Já o BRS 655 mostrou menor 57,6% para dietas com EM de 2,0 Mcal/Kg
Km no estádio farináceo (0,53) do que no (típica para gramíneas temperadas no
leitoso (0,61), que foi inferior ao estádio estádio de final de florescimento), a 65,1%
pastoso (0,78) (P<0,05). para EM de 2,6 Mcal/Kg (típica para
silagem de milho) até 68,6 para EM de 3,2
Como a Km expressa a relação entre Mcal/Kg (grãos de milho).
energia líquida e metabolizável para
mantença, seus valores são influenciados Os valores de energia líquida, como
apenas pela perda de energia como porcentagem da energia bruta ingerida,
Incremento Calórico, o que justifica a alta variaram de 22,58% a 40,12%.
correlação entre esses parâmetros (r Km x IC = Comparando-se os híbridos, não houve
-0,85; P<0,001). diferença significativa (P>0,05) entre os
mesmos nos estádios leitoso e pastoso. Já
Castro (2008) relatou valores de Km para no estádio farináceo a silagem do BRS 655
silagens de capim Tanzânia semelhantes mostrou-se inferior em relação ao BR 700 e
aos deste experimento, com variação entre BRS 610, que foram semelhantes entre si.
0,57, para o capim cortado aos 63 dias, e Isso ocorreu devido à redução da razão
0,74, para o corte aos 107 dias. Ribas EL/EB que ocorreu para o BRS 655 do
(2010), avaliando híbridos de sorgo com estádio pastoso (35,99%) para o farináceo
capim-sudão, também obteve valores de (22,58%). Dessa forma, a silagem do
Km próximos aos deste experimento, com híbrido BRS 655 colhida no estádio pastoso
oscilação de 0,57 a 0,69. A proximidade apresentou maior incremento calórico, o
entre os valores de Km obtido nos que comprometeu seus valores de Km e
diferentes experimentos está de acordo com EL/EB (%).
os dados da literatura, que indicam que a
eficiência do uso da EM para mantença é A relação entre energia líquida e energia
relativamente constante e independe da bruta, reflete a eficiência de todo o fluxo de
energia no animal, desde a ingestão do 3,86 Mcal/Kg para silagens de milheto,
alimento, o qual apresenta determinada Jayme (2007) encontrou de 4,70 Mcal/Kg a
quantidade de energia disponível nos seus 5,00 Mcal/Kg para silagens de girassol e
nutrientes, até a quantidade de energia que Teixeira (2009) mostrou valores de 4,03
realmente estará disponível, após os Mcal/Kg para capim elefante verde.
processos de digestão, absorção e
metabolismo desses nutrientes, para o Os teores de energia digestível (ED) das
animal se manter vivo e realizar suas silagens variaram de 1,98 Mcal/Kg de MS a
funções produtivas e atividades físicas. 2,44 Mcal/Kg de MS. Nos estádio leitoso e
Dessa forma, os valores de EL/EB (%) são farináceo não houve variação entre os
influenciados pela perda de energia nas híbridos (P>0,05). Já no estádio pastoso, o
fezes (r EL/EB x DAEB = 0,80; P<0,001), na urina BRS 610 apresentou maior teor de ED do
e gases de fermentação (r EL/EB x qm = 0,87; que o BR 700, sendo o BRS 655
P<0,001), bem como pelo IC (r EL/EB x Km = intermediário e semelhante a ambos. Para
0,831; P<0,001). nenhum híbrido houve influência do avanço
do estádio de maturação sobre os valores de
4.4.4. Teores de energia ED das silagens. Para os valores de energia
metabolizável (EM), observou-se
Na Tabela 14 estão apresentados os teores comportamento semelhante aos teores de
de energia bruta (EB), energia digestível ED entre os tratamentos. A variação foi de
(ED), energia metabolizável (EM) e energia 1,76 Mcal/Kg de MS a 2,20 Mcal/Kg de
líquida (EL), em Mcal por Kg de matéria MS.
seca, das silagens dos híbridos BRS 610,
BR 700 e BRS 655 em três estádios de Com relação aos teores de energia líquida
maturação dos grãos. (EL), foram obtidos valores entre 0,94
Kcal/Kg de MS e 1,69 Kcal/Kg de MS. Nos
As concentrações de energia bruta das estádios leitoso e pastoso não houve
silagens variaram de 4,13 Mcal/Kg de MS a diferenças significativas entre os híbridos
4,24 Mcal/Kg de MS. A oscilação mostrada (P>0,05). Entretanto, no estádio farináceo a
no teor de energia bruta dos materiais é silagem do híbrido BRS 655 apresentou
pequena, dessa forma, a quantidade teor de EL inferior (P<0,05) aos demais
consumida e a eficiência de utilização dessa híbridos, que foram semelhantes entre si
energia disponível que determinará o valor (P>0,05). Avaliando-se os efeitos do
nutricional desses alimentos. Pires (2006) avanço do estádio de maturação, para o BR
relatou teores de EB entre 4,21 Mcal/Kg e 700, os teores de EL das silagens
4,37 Mcal/Kg, sendo os maiores valores mantiveram-se inalterados entre os cortes
obtidos para as linhagens de sorgo (P>0,05). Para o BRS 610, foi alcançado
granífero. Martins (2000) obteve valores de maior teor de EL no estádio pastoso
EB entre 4,14 Mcal/Kg e 4,21 Mcal/Kg (P<0,05), sendo os estádios leitoso e
para silagens de sorgo. Com relação a farináceo semelhantes entre si (P>0,05).
outros volumosos, Ribas (2006) encontrou Para o BRS 655, a silagem colhida no
valores entre 4,30 Mcal/Kg e 4,36 Mcal/Kg estádio pastoso também foi superior à
para silagens de milho, Guimarães Júnior colhida no estádio farináceo, enquanto o
(2006) obteve teores entre 3,79 Mcal/Kg e estádio leitoso mostrou valor intermediário
e semelhante aos outros cortes.
Tabela 14. Valores médios de energia bruta (EB), de energia digestível (ED), de energia metabolizável
(EM) e de energia líquida (EL), em Mcal por Kg de matéria seca consumida (Mcal/ Kg de MS) das
silagens dos híbridos de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655 em três estádios de maturação (leitoso,
pastoso e farináceo)
Parâmetros
Híbridos a
EB ED b
EMc ELd
Leitoso
BRS 610 4,14 2,11 Aa 1,83 Aa 1,27 Ab
BR 700 4,16 2,32 Aa 2,10 Aa 1,43 Aa
BRS 655 4,17 2,26 Aa 1,96 Aa 1,21 Aab
Pastoso
BRS 610 4,20 2,44 Aa 2,20 Aa 1,69 Aa
BR 700 4,13 1,98 Ba 1,78 Ba 1,30 Aa
BRS 655 4,22 2,18 ABa 1,94 ABa 1,52 Aa
Farináceo
BRS 610 4,14 2,14 Aa 1,91 Aa 1,30 Ab
BR 700 4,24 2,21 Aa 1,92 Aa 1,38 Aa
BRS 655 4,17 2,05 Aa 1,76 Aa 0,94 Bb
Médias seguidas por letras maiúsculas iguais, na mesma coluna e no mesmo estádio de maturação,
indicam igualdade estatística entre os híbridos pelo teste SNK (p>0,05). Letras minúsculas na mesma
coluna comparam o mesmo híbrido entre os estádios de maturação, sendo que letras minúsculas iguais
indicam igualdade estatística pelo teste SNK (p>0,05); adados descritivos; bCV = 11,94%; cCV = 13,09%;
d
CV = 18,88%.

De forma geral, a partir da avaliação dos tratamentos. Como o IC também


dados de metabolismo energético representou perda significativa de energia,
apresentados pode-se observar que os teores os teores de energia líquida das silagens não
de energia bruta presente nas silagens são diferiram entre os híbridos no estádio
muito próximos. Entretanto, as pastoso, já que o maior valor numérico para
características inerentes de cada tratamento o IC do BRS 610 compensou sua menor
podem influenciar a extensão com que a perda fecal. Apenas no estádio farináceo
energia do alimento poderá ser utilizada houve diferença entre os híbridos, sendo
pelo animal. Destaca-se que as perdas de que o BRS 655 mostrou-se inferior devido
energia pelas fezes diferiu entre os híbridos ao seu alto valor de IC nesse ponto de corte.
apenas no estádio pastoso, apresentando Avaliando-se a influência do estádio de
níveis crescentes para o BRS 610, BRS 655 maturação sobre os teores de energia das
e BR 700. Dessa forma, nesse momento de silagens, pode-se observar que a ausência
colheita foram obtidos teores de energia de variação na perda de energia pelas fezes
digestível crescentes para BR 700, BRS 655 entre as idades de corte para todos os
e BRS 610. Como as fezes representam a híbridos, determina teores de energia
maior proporção das perdas energéticas, os digestível e metabolizável também
teores de energia metabolizável semelhantes com o avanço do estádio de
apresentaram o mesmo comportamento da maturação. Entretanto, devido ao aumento
energia digestível. Isso porque as diferenças do incremento calórico da silagem do BRS
entre os tratamentos nas perdas de energia 655 no estádio farináceo, o teor de energia
na urina e metano não foram suficientes líquida desse híbrido mostrou-se inferior
para alterar as comparações entre os
nesse ponto de corte em relação ao estádio oxigênio para o BRS 610. Para a produção
pastoso. de dióxido de carbono, houve variação
entre 17,15 L/PM/dia e 25,46 L/PM/dia. No
Pires (2003) obteve teores de ED e EM estádio farináceo não houve diferenças
variando de 2,79 a 3,17 Mcal/Kg de MS e significativas entre os híbridos (P>0,05),
de 2,38 a 2,71 Mcal/Kg de MS, mas nos estádios leitoso e pastoso, o BRS
respectivamente, para linhagens de sorgo 610 foi superior ao BR 700. Apenas o
granífero. Para híbridos de sorgo, o autor híbrido BRS 655 mostrou variação no
relatou teores de ED e EM de 2,09 a 2,81 consumo de O2 e produção de CO2 entre os
Mcal/Kg de MS e de 1,71 a 2,34 Mcal/Kg cortes, com menores valores (P<0,05) no
de MS, respectivamente. Martins (2000), estádio pastoso. Esse fato está relacionado
avaliando silagens de sorgo, obteve valores ao menor consumo de matéria seca
de ED entre 2,94 e 3,18 Mcal/Kg de MS, e observado para esse tratamento.
de EM entre 1,93 e 2,36 Mcal/Kg de MS,
valores superiores aos obtidos no presente Para a produção de metano não foram
trabalho. Guimarães Júnior (2006) relatou observados variações significativas entre os
teores médios de ED de 2,51 Mcal/Kg de tratamentos (P>0,05), com oscilação entre
MS e de EM de 1,98 Mcal/Kg de MS para 0,99 L/PM/dia e 1,36 L/PM/dia. Castro
silagens de milheto. Jayme (2008) obteve (2008), avaliando silagens de capim
para silagens de girassol teores médios de Tanzânia, relatou decréscimo na produção
ED e EM de 2,4 Mcal/Kg e 2,0 Mcal/Kg de de metano com o avançar da idade de corte,
MS, respectivamente. de 0,79 L/PM/dia, para o corte aos 63 dias,
até 0,72 L/PM/dia, para o corte aos 107
Castro (2008), estudando silagens de capim dias. Os valores mostraram-se inferiores
Tanzânia, observou valores médios de ED, aos obtido neste experimento. Ribas (2010)
EM e EL de 2,1 Mcal/Kg de MS, 1,8 descreveu produções de metano entre 1,06
Mcal/Kg de MS e 1,3 Mcal/Kg de MS, L/PM/dia e 1,57 L/PM/dia para híbridos de
respectivamente, valores próximos aos sorgo com capim-sudão oferecidos no nível
deste experimento. Ribas (2010), avaliando de mantença.
híbridos de sorgo com capim-sudão, obteve
teores médios de ED, EM e EL 2,92 O total de energia produzido por um animal
Mcal/Kg de MS; 2,78 Mcal/Kg de MS e na forma de calor pode ser calculado a
1,65 Mcal/Kg de MS, respectivamente. partir das medições de consumo de O 2 e
produção de CO2 e CH4, associado com os
4.4.5. Respirometria valores de excreção de nitrogênio pela urina
(Chwalibog, 2004). Os valores de produção
Na Tabela 15 estão apresentadas as trocas de calor encontrados variaram de 105,82
gasosas mensuradas em câmara Kcal/PM/dia a 127,98 Kcal/PM/dia. Nos
respirométrica, a produção de calor e o estádios leitoso e pastoso a silagem do BRS
coeficiente respiratório em ovinos 610 mostrou maior PC (P<0,05) que os
alimentados com as silagens avaliadas. demais híbridos, que foram semelhantes
entre si (P>0,05). Já no estádio farináceo
Para o consumo de oxigênio, observam-se não houve diferença entre os materiais
valores entre 20,85 L/PM/dia e 28,74 (P>0,05). Os híbridos BRS 610 e BR 700
L/PM/dia. Nos estádios leitoso e farináceo não apresentaram alterações significativas
os animais que receberam a silagem do BR na PC com o avanço da maturidade
700 consumiram menos oxigênio (P<0,05) (P>0,05). Já o BRS 655 mostrou menor PC
do que os demais tratamentos. No estádio no estádio pastoso do que no farináceo,
pastoso, foi observado maior consumo de sendo o estádio leitoso semelhante a ambos.
Tabela 15. Consumo diário de oxigênio (O 2), produção diária de dióxido de carbono (CO 2) e de metano
(CH4), em litros por Kg de peso metabólico (L/PM), produção diária de calor (PC) em Kcal por Kg de
peso metabólico (Kcal/PM) e coeficiente respiratório (CR) das silagens dos híbridos de sorgo BRS 610,
BR 700 e BRS 655 em três estádios de maturação (leitoso, pastoso e farináceo)
Parâmetros
Híbridos a b
O2 (L/PM) CO2 (L/PM) CH4 (L/PM)c PC (Kcal/PM)d CR e
Leitoso
BRS 610 28,74 Aa 25,46 Aa 1,11 Aa 127,98 Aa 0,89 Aa
BR 700 21,60 Ba 19,16 Ba 0,99 Aa 107,83 Ba 0,88 Ab
BRS 655 24,87 ABa 21,99 ABa 1,18 Aa 113,90 Bab 0,89 Aa
Pastoso
BRS 610 26,80 Aa 23,47 Aa 1,09 Aa 125,72 Aa 0,88 Aa
BR 700 20,85 Ba 18,74 Ba 0,93 Aa 105,82 Ba 0,90 Ab
BRS 655 18,37 Bb 17,15 Bb 0,76 Aa 106,49 Bb 0,93 Aa
Farináceo
BRS 610 27,58 Aa 24,63 Aa 1,18 Aa 130,68 Aa 0,89 Ba
BR 700 22,39 Ba 21,71 Aa 1,36 Aa 118,56 Aa 0,97 Aa
BRS 655 28,04 Aa 25,36 Aa 1,10 Aa 126,68 Aa 0,91 Ba
Médias seguidas por letras maiúsculas iguais, na mesma coluna e no mesmo estádio de maturação,
indicam igualdade estatística entre os híbridos pelo teste SNK (p>0,05). Letras minúsculas na mesma
coluna comparam o mesmo híbrido entre os estádios de maturação, sendo que letras minúsculas iguais
indicam igualdade estatística pelo teste SNK (p>0,05); aCV = 14,58%; bCV = 14,55%; cCV = 28,80%;
d
CV = 14,46%; eCV = 4,81%.

A produção de calor dos animais para o metabolismo oxidativo envolve a


alimentados inclui tanto o calor produzido liberação de grupos aminas, que precisam
nos processos de mantença do organismo, ser transformados em uréia. A formação e
bem como o incremento calórico. Dessa excreção de uréia representam custo
forma, torna-se necessária a mensuração da energético para os animais, levando a maior
produção de calor pelos animais em jejum exigência para mantença. Essa suposição
(PC0), a qual corresponde a sua exigência baseia-se no valor médio de coeficiente
de energia líquida para mantença. Neste respiratório encontrado para os animais em
trabalho, foi encontrado para PC 0 o valor jejum, de 0,74 (valor intermediário entre o
médio de 77,72 Kcal/PM. São relatados metabolismo de gorduras e proteínas), além
valores de PC0 em ovinos variando de 54,62 de ter sido encontrada concentração mais
a 67,33 Kcal/PM (Blaxter e Wainman, alta de nitrogênio na urina dos mesmos
1964). As maiores exigências de EL (0,19%).
observadas no presente experimento podem
estar relacionadas à mobilização de proteína A Energia Retida, também denominada
tecidual como fonte de energia pelos Balanço de Energia (BE), é calculada pela
animais em jejum. Isso porque as reservas subtração da produção de calor total da
de tecido adiposo podem não ter sido energia metabolizável consumida. De forma
suficientes para atender a demanda geral, os tratamentos apresentaram balanço
energética dos animais em jejum. O de energia negativo, com exceção para o
catabolismo de aminoácidos para que os BRS 610 no estádio pastoso e BR 700 no
mesmos forneçam esqueletos de carbono estádio leitoso, os quais apresentaram
balanço de energia positivo, mas com ruminais. Dessa forma, são necessários
valores próximos a zero (2,21 Kcal e 19,02 mais estudos para caracterizar os
Kcal por dia, respectivamente). Castro coeficientes respiratórios obtidos no
(2008) relatou balanços de energia entre metabolismo oxidativo dos ácidos graxos
54,25 Kcal/dia para a silagem de capim voláteis. Os valores de CR do presente
Tanzânia cortado aos 63 dias e 227,27 trabalho foram abaixo de 1,0 para todos os
Kcal/dia para o corte aos 107 dias. tratamentos. Como os animais mostraram-
se em balanço energético negativo, de
Para a obtenção de energia durante os forma geral, pode-se supor que os valores
processos metabólicos ocorre consumo de de CR obtidos podem caracterizar que os
O2 com produção de CO2, sendo que tal animais estavam mobilizando reservas de
relação é expressa pelo coeficiente energia corporais para complementar a
respiratório (CR) (Chwalibog, 2004). Este energia disponibilizada pela dieta a fim de
valor é uma referência ao substrato atender suas exigências de energia.
metabólico utilizado, sendo que valores de
CR próximo a 1,0 seriam para carboidratos, 4.4.6. Produção de metano entérico
0,8 para proteína e 0,7 para gorduras
(Kleiber, 1972). Os CR observados no Na Tabela 16 estão apresentados os dados
presente experimento variaram de 0,88 a de emissão de metano entérico pelos ovinos
0,97. Nos estádios leitoso e pastoso não alimentados com as silagens de sorgo
houve diferenças entre os híbridos avaliadas neste estudo, bem como a perda
(P>0,05). Já no estádio farináceo o BR 700 de energia na forma de metano com relação
apresentou maior CR do que os demais ao consumo de matéria seca.
híbridos (P<0,05), que foram semelhantes
entre si (P>0,05). Para as silagens do BRS As produções de metano não variaram
610 e BRS 655 não houve diferenças significativamente entre híbridos e entre
significativas (P>0,05) no CR com o estádios de maturação (P>0,05). A variação
avanço da idade de corte. Para o BR 700, o observada foi de 13,64 litros ou 9,74
estádio farináceo apresentou maior CR do gramas por dia a 22,44 litros ou 16,03
que os demais cortes (P<0,05). gramas por dia. Extrapolando essas
produções diárias, teria-se uma emissão
Ribas (2010) relatou que todos os híbridos anual entre 3,6 Kg e 5,8 Kg de metano por
de sorgo com capim-sudão avaliados animal.
apresentaram CR entre 0,9 e 1,0 que são
considerados normais para animais em Carboidratos fibrosos resultam em maior
mantença tendo carboidratos como proporção de acetato durante a fermentação
principais substratos energéticos. Castro do que carboidratos não fibrosos, fato que
(2008) observou valores de CR para está diretamente relacionado à produção de
silagens de Tanzânia entre 1,03 e 1,14, o metano (r CFDN x CH4 (L) = 0,766; r CFDNA x CH4 (L)
que o autor considerou ser característico de = 0,769; P<0,001).
animais consumindo volumosos ad libitum,
tendo como principal substrato energético Com relação à produção de metano por Kg
carboidratos. de matéria seca ingerida, foram obtidos
valores entre 11,70 g/Kg de MS e 17,60 Kg
Sabe-se que a principal fonte de energia de MS. Não houve diferenças entre os
metabolizável para os ruminantes são os híbridos em todos os estádios de maturação
ácidos graxos voláteis, sendo que os (P<0,05). A silagem do BRS 610 não
carboidratos dietéticos são, na realidade, mostrou alteração da produção de metano
fonte de energia para os microrganismos (g/Kg MS) entre as idades de corte
avaliadas. Já o BRS 655 mostrou menor metano, expressas em Kcal por Kg de
valor no estádio pastoso em relação ao consumo de matéria seca, foi observado o
leitoso, enquanto o BR 700 apresentou mesmo comportamento entre os
menor produção de metano no estádio tratamentos, sendo a variação entre 156
pastoso em relação ao farináceo. Com Kcal/KgMS e 243 Kcal/KgMS.
relação às perdas de energia na forma de

Tabela 16. Valores médios de produção de metano por ovinos alimentados com as silagens dos híbridos
de sorgo BRS 610, BR 700 e BRS 655 em três estádios de maturação (leitoso, pastoso e farináceo), em
litros por dia (L/d), em gramas por dia (g/d), em gramas por Kg de matéria seca ingerida (g/Kg de MS) e
perda de energia na forma de metano (ECH4) em Kcal por Kg de MS ingerida (Kcal / Kg MS)
Parâmetros
Híbridos a
CH4 (L/d) CH4 (g/d) b
CH4 (g/Kg MS)c ECH4 (Kcal/Kg MS) d
Leitoso
BRS 610 20,93 Aa 14,95 Aa 14,34 Aa 191,23 Aa
BR 700 18,01 Aa 12,87 Aa 13,18 Aab 175,76 Aab
BRS 655 22,28 Aa 15,91 Aa 18,24 Aa 243,25 Aa
Pastoso
BRS 610 19,15 Aa 13,68 Aa 13,63 Aa 181,81 Aa
BR 700 16,71 Aa 11,93 Aa 11,70 Ab 156,00 Ab
BRS 655 13,64 Aa 9,74 Aa 12,24 Ab 163,18 Ab
Farináceo
BRS 610 22,44 Aa 16,03 Aa 13,84 Aa 184,51 Aa
BR 700 24,46 Aa 17,47 Aa 17,60 Aa 234,65 Aa
BRS 655 20,32 Aa 14,52 Aa 15,49 Aab 206,57 Aab
Médias seguidas por letras maiúsculas iguais, na mesma coluna e no mesmo estádio de maturação,
indicam igualdade estatística entre os híbridos pelo teste SNK (p>0,05). Letras minúsculas na mesma
coluna comparam o mesmo híbrido entre os estádios de maturação, sendo que letras minúsculas iguais
indicam igualdade estatística pelo teste SNK (p>0,05); aCV = 37,97%; bCV = 37,98%; cCV = 26,24%;
d
CV = 26,24%.

Diversos trabalhos na literatura atribuem silagem do híbrido BRS 610 (sem tanino) e
aos taninos atividade antimetanogênica, aqueles que consumiram silagens do BR
principalmente ao grupo de taninos 700 e BRS 655 (com tanino). Da mesma
condensados (Sarvan, 2000 ; Woodward et forma, Oliveira et al. (2006), avaliando o
al., 2001 ; Tiemann et al.,2008). A ação dos efeito de dietas contendo silagens de sorgo
taninos condensados na metanogênese pode com baixo e alto teor de taninos, fornecidas
ser atribuída a um efeito indireto, pela para bovinos de corte, não observaram
redução na produção de H2, como efeito desses compostos sobre a
conseqüência da redução na digestibilidade metanogênese.
da fibra, e por efeito inibitório direto na
população metanogênica (Woodward et al., De acordo com Beauchemin et al. (2008) a
2001). No presente trabalho não foi metanogênese é influenciada pelo método
verificado diferenças na produção de de conservação e processamento, sendo que
metano entre os ovinos que receberam tende a ser menor quando a forragem é
ensilada do que quando é desidratada, e Castro et al. (2009) determinaram, por
quando ela é finamente moída ou peletizada respirometria calorimétrica, a produção de
do que quando é grosseiramente picada. A metano em ovinos consumindo silagem de
utilização de silagem de milho e de outros capim Tanzânia cortado aos 63, 84 e 107
cereais, em substituição a silagens de dias; silagem de capim Andropogon cortado
gramíneas, pode reduzir a emissão de aos 56, 84 e 112 dias; o capim Elefante
metano por ruminantes. Isso se deve a três cortado aos 56, 84 e 112 dias; e Brachiaria
fatores: presença de amido dos grãos, o que decumbens cortada aos 56, 84 e 112 dias, e
favorece a produção de propionato; sua relação com o consumo e
aumento do consumo voluntário e digestibilidade da matéria seca. As
conseqüente redução do tempo de retenção produções de metano variaram de 12,08
da digesta no rúmen, o que restringe a L/dia a 37,80 L/dia. Apesar de altos
fermentação ruminal e favorece a digestão coeficientes de correlação com consumo e
pós-ruminal; aumento do desempenho digestibilidade, o consumo de matéria seca
animal devido à associação entre digestível foi a única variável que
incremento do consumo e digestão pós- apresentou correlação com a produção de
ruminal (energeticamente mais favorável do metano descrita por uma equação linear
que a fermentação microbiana no rúmen), significativa e com alto coeficiente de
reduzindo, portanto, a emissão de metano determinação. Os autores não observaram
por produto animal (O’ Mara et al., 1998). alta correlação entre produção de metano e
Entretanto, comparando-se os dados de idade ao corte das forrageiras verde ou
emissão de metano deste experimento com conservada. No entanto, quando a avaliação
os obtidos por Castro (2008), observa-se foi realizada separadamente para cada
menor produção de metano (8,34 L/dia a volumoso, observou-se correlação entre
10,89 L/dia) para as silagens de capim idade ao corte e produção de metano,
Tanzânia em relação às silagens de sorgo indicando que a influência da idade ao corte
(13,64 L/dia a 24,46 L/dia). da forrageira na produção de metano é uma
característica especifica da mesma. Para os
Magalhães et al. (2009) quantificaram, por animais consumindo capim elefante a maior
meio da técnica do gás traçador interno produção de metano ocorreu para o capim
SF6, a emissão de metano em novilhos cortado aos 56 dias, sendo este tratamento o
zebuínos alimentados exclusivamente com que apresentou o maior valor de
forrageiras tropicais (cana-de-açúcar, digestibilidade aparente da matéria seca.
silagem de milho e feno de capim tifton
85). O maior consumo de nutrientes pelos No presente experimento foram observadas
animais alimentados com o feno de tifton correlações entre a produção de metano (em
ocasionou a maior emissão de CH 4, quando litros por dia) e o consumo de matéria seca
comparado aos demais tratamentos e de matéria seca digestível (r CMS x CH4 (L) =
(P>0,05), principalmente pelo maior 0,753; r CMSD x CH4 (L) = 0,694; P<0,001).
consumo de celulose. Apesar da emissão do
gás CH4 ter sido superior pelos novilhos Segundo Pedreira & Primavesi (2006), as
alimentados com o feno, os animais que indicações para a redução das emissões de
receberam a cana-de-açúcar na dieta CH4 pela pecuária estão ligadas à melhoria
perderam mais energia ingerida na forma de da dieta, à melhoria de pastagens, a
CH4 (12,6% da EB ingerida) do que os que suplementação alimentar, ao aumento da
foram alimentados com feno de tifton capacidade produtiva dos animais e a outras
(11,9% da EB ingerida) e silagem de milho medidas que refletem na melhor eficiência
(9,8% da EB ingerida). produtiva, resultando em ciclos de
produção mais curtos. As conseqüências do
aumento da densidade energética das dietas,
pela utilização de concentrados, devem ser De forma geral, os tratamentos
analisadas sob uma visão sistêmica. A apresentaram balanço de energia negativo,
emissão de gases de efeito estufa, como com exceção para o BRS 610 no estádio
dióxido de carbono e óxido nitroso, pastoso e BR 700 no estádio leitoso.
proveniente dos processos de produção,
colheita e transporte dos grãos pode superar A emissão diária de metano entérico, não
a redução da emissão de metano entérico diferiu entre os tratamentos e representou
causada pela inclusão desses alimentos na entre 3,87% e 5,54% da energia bruta
dieta de ruminantes. ingerida. A presença de taninos não
interferiu na metanogênese.
São necessários estudos que avaliem a
dinâmica do fluxo de carbono em todo o
sistema de produção. Assim, associada à
mensuração da emissão de metano entérico
por ruminantes, deve ser quantificado o
carbono incorporado às forragens e ao solo.
Dessa forma, poderão ser realmente
determinados os sistemas de produção com
maior sustentabilidade.

4.5. CONCLUSÕES

Os teores de energia bruta foram


semelhantes entre os tratamentos. Assim, as
diferenças no consumo voluntário e nas
perdas energéticas durante a digestão,
absorção e metabolismo que determinaram
a quantidade de energia disponível para o
animal. O menor consumo voluntário da
silagem do BRS 655 no estádio pastoso
levou ao menor consumo de energia bruta
em relação aos demais materiais.

As perdas de energia nos processos de


digestão e metabolismo, principalmente na
forma de fezes para o BR 700 no estádio
pastoso, e como urina e incremento calórico
para o BRS 655 no estádio farináceo,
tornaram o BRS 610 superior quanto ao
consumo de energia líquida nos estádios
pastoso e farináceo.

Os híbridos BRS 610 e BRS 655


apresentaram teores de energia líquida
superiores no estádio pastoso. Já o BR 700
não mostrou diferenças nos seus teores de
EL entre as idades de corte.
CAPITULO V – CONSIDERAÇÕES FINAIS E IMPLICAÇÕES PRÁTICAS

O menor consumo voluntário observado para as silagens do híbrido BRS 655,


provavelmente relacionado a fatores físicos de enchimento ruminal, comprometeu seu
valor nutricional e energético. Quando utilizado, recomenda-se sua colheita no estádio
leitoso, no qual, apesar de apresentar maior incremento calórico do que no estádio
pastoso, garante melhor aporte de proteína digestível para os animais.

O híbrido BR 700 deve ser colhido no estádio leitoso a fim de garantir a obtenção de
silagens com melhores balanços de nitrogênio e de energia.

A silagem do híbrido BRS 610 no estádio pastoso mostrou-se superior em relação aos
demais tratamentos quanto às quantidades de nitrogênio e de energia retidas pelos
animais. Portanto, recomenda-se a utilização da sua silagem, colhida no estádio pastoso.

O valor médio estimado de NDT das silagens foi de 53%, com exceção do BR 700
colhido no estádio pastoso, que apresentou menor valor (48%).

Nenhum dos híbridos avaliados destacou-se pela menor emissão de metano entérico.
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