Você está na página 1de 47

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

GABRIELA MAIA DANIELSKI

BIOPROSPECÇÃO DE RIZOBACTÉRIAS COM POTENCIAL PARA


DESENVOLVIMENTO DE BIOINSUMOS

CURITIBA
2022
GABRIELA MAIA DANIELSKI

BIOPROSPECÇÃO DE RIZOBACTÉRIAS COM POTENCIAL PARA


DESENVOLVIMENTO DE BIOINSUMOS

TCC apresentada ao curso de Graduação em


Agronomia, Setor de Ciências Agrárias,
Universidade Federal do Paraná, como requisito
parcial à obtenção do título de Bacharel em
Agronomia.

Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Lygia Vitória Galli


Terasawa

CURITIBA
2022
TERMO DE APROVAÇÃO

GABRIELA MAIA DANIELSKI

BIOPROSPECÇÃO BACTERIANA COM POTENCIAL PARA DESENVOLVIMENTO


DE BIOINSUMOS

TCC apresentado ao curso de Graduação em Agronomia, Setor de Ciências


Agrárias, Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial à obtenção do
título de Bacharel em Agronomia.

______________________________________
Prof(a). Dr(a). Lygia Vitória Galli Terasawa
Orientador(a) – Departamento de Ciências Agrárias, UFPR

______________________________________
Prof(a). Dr(a)./Msc. ____________
Departamento ____________, INSTITUIÇÃO

______________________________________
Prof(a). Dr(a)./Msc. ____________
Departamento ____________, INSTITUIÇÃO

Curitiba, __ de ____________ de 2022.


Este trabalho é dedicado à minha família que depositou em mim confiança,
paciência e apoio. É por vocês e para vocês que agora concluo mais uma etapa na
minha jornada.
AGRADECIMENTOS

Á Universidade Federal do Paraná por proporcionar a estrutura, ensino e


valores profissionais que irei carregar durante toda minha caminhada profissional. Á
minha orientadora, Doutora Lygia Vitória Galli Terasawa, por ser uma profissional
incrível e uma pessoa mais incrível ainda. O carinho e atenção prestado aos seus
orientados é imensurável e de grande valor, e com certeza nos dá o desejo de ir
além e seguir seus passos.
Aos amigos e colegas que tive a oportunidade de conhecer e conviver
durante esses anos. Aos amigos antigos que permaneceram e apoiaram a
empreitada. Ao meu namorado que muitas vezes me ofereceu apoio, palavras
amigas e motivacionais que me fizeram seguir acreditando na minha trajetória.
Á minha família, simplesmente a base de toda minha existência e a qual
dedico todo e qualquer sucesso do passado, presente e futuro.
“Quanto mais aumenta nosso conhecimento, mais evidente fica nossa
ignorância” (John F. Kennedy)
RESUMO

O uso de insumos, como fertilizantes e agroquímicos, é um dos principais


pilares para a alta produtividade agrícola demandada pela sociedade moderna. O
nitrogênio é um macronutriente essencial para o desenvolvimento das plantas e um
dos maiores custos na agricultura. Sua má utilização também traz consequências
ambientais e impacta em processos como lixiviação, eutrofização e liberação de
N2O. Esse gás é um dos importantes contribuidores para as mudanças climáticas
drásticas observadas nos últimos anos, como os grandes períodos de seca
monitorados em diversas regiões do globo. A demanda por novas soluções para o
desenvolvimento de uma agricultura mais sustentável se torna, então de grande
relevância nesse cenário. Sob essa problemática, o desenvolvimento de bioinsumos
vem tomando espaço e protagonismo na cadeia do agronegócio. Visando
desenvolver novos bioinsumos foram realizadas duas bioprospecções de isolados
bacterianos a partir de ambientes potenciais, de alta produtividade agrícola ou sob
diferentes estresses bióticos ou abióticos de diferentes estados do Brasil. Para o
isolamento de rizobactérias, foi utilizada uma planta isca de feijão e para o
isolamento de actinomicetos foram utilizadas amostras de solo. A partir dessas
bioprospecções foram obtidos 150 isolados de rizobactérias e 78 isolados de
atinomicetos, com alta diversidade morfológica. O isolamento de materiais
microbiológicos a partir de ambientes de interesse pode potencialmente fornecer
isolados com características desejáveis para uso como bioinsumo no mercado
agrícola, o que torna esta, uma importante etapa para posteriores estudos e
potenciais aplicações.

Palavras-chave: Rizobactérias; Actinomicetos; Feijoeiro, Solo, Restrição hídrica.


ABSTRACT

The use of inputs, such as fertilizers and agrochemicals is a main basis for the high
agricultural productivity demanded by the modern society. Nitrogen is an essential
macronutrient for plant development, and a very cost demanding input. Its misuse
can cause environmental problems including leaching, eutrophication and N2O
release. N2O is a gas that contributes to global warming and the drastic climate
changes occurring, such as large periods of drought in several regions of the world.
The demand for new solutions aiming a sustainable agriculture becomes of great
relevance in this scenario. Taking in account this problematic, the development of
bioinputs becomes protagonist in the agribusiness. To initiate new products to
overcome this challenge, two bioprospecting of bacterial isolates were carried out
from potential environments, with high yield or under abiotic or biotic stresses in
different states of Brazil. The isolation of rhizobacteria was carried out using a
common bean bait plant while the actinomycetes isolation was carried out using soil
samples. The bioprospections resulted in 150 and 78 isolates respectively, with high
morphological diversity. Isolation of microbiological materials from interest spots can
potentially provide isolates with desirable features for use as bioinputs in the
agricultural market, which makes this, an important step for further studies and
potential applications.

Keywords: Rhizobacteria; Actinomycetes; Common bean, Soil, Drought stress.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Localidades de coletas de amostras para bioprospecção .......................... 30


Figura 2. Isolados considerados do gênero Rhizobium.............................................35
Figura 3. Isolado com capacidade de mudar a coloração do meio YMA-vermelho
congo à direita, e isolado considerado do gênero Rhizobium à esquerda.................36
Figura 4. Exemplo de isolados capazes de absorver o corante vermelho congo......36
Figura 5. Isolado incapaz de realizar a mudança de cor do meio YMA- azul de
bromotimol..................................................................................................................37
Figura 6. Isolado produtor de substâncias alcalinas, mudança de coloração do meio
para azul.....................................................................................................................37
Figura 7. Isolado produtor de substâncias ácidas, mudança de coloração do meio
para amarelo..............................................................................................................38
Figura 8. Observação de isolado gram-negativo sob microscopia com morfologia
coco-bacilar............................................................................................................... 39
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Principais características morfológicas dos isolados bacterianos


proveniente de planta isca de feijão. ........................................................................ 34
Tabela 2. Número de isolados de actinomicetos de acordo com a localidade..........40
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16
1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 16
1.1.1 Objetivo geral ................................................................................................... 17
1.1.2 Objetivos específicos........................................................................................ 17
1.2 METODOLOGIA ......................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 18
2.1 BIOINSUMOS ..................................................................................................... 18
2.2 ASSOCIAÇÃO MICRORGANISMO E PLANTA .................................................. 19
2.3 BIOFERTILIZANTES ........................................................................................... 21
2.4 BIOESTIMULANTES ........................................................................................... 23
2.5 BIOPESTICIDAS ................................................................................................. 25
2.6 BIOPROSPECÇÃO E CARACTERÍSTICAS DESEJÁVEIS DE UM BIOINSUMO
28
3 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 30
3.1 MATERIAL BIOLÓGICO ..................................................................................... 30
3.2 ISOLAMENTO BACTERIANO ............................................................................. 31
3.3 PH DO SOLO ...................................................................................................... 31
3.4 ISOLAMENTO DE ACTINOMICETOS ................................................................ 31
3.5 CARACTERIZAÇÃO MORFOFISIOLÓGICA BACTERIANA .............................. 32
3.6 CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE ACTINOMICETOS ........................... 33
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 34
4.1 ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO BACTERIANA ........................................ 34
4.2 ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE ACTINOMICETOS ........................... 40
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 42
5.1 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS . ERRO! INDICADOR NÃO
DEFINIDO.
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 44
16

1 INTRODUÇÃO

A agricultura moderna é baseada principalmente em dois pilares, o uso de


fertilizantes e de agrodefensivos. O uso desses dois tipos de insumos permite a alta
produtividade, produção em grandes e diversas áreas e monocultivos. Porém o uso
excessivo desses insumos vai na contramão de seus objetivos: utilizar fertilizantes
em altas quantidades pode gerar degradação do solo e poluição de corpos hídricos,
enquanto o uso em larga escala de defensivos pode gerar resistência de pragas e
agentes causadores de doenças, o que acarreta justamente a perda de áreas
cultiváveis e de produtividade (DIETZ; SHWOM; WHITLEY, 2020).
Outra grande problemática são as mudanças climáticas que o planeta vem
passando de forma cada vez mais intensa. O aumento da temperatura global
acarreta em acidificação dos oceanos, aumento do nível do mar e mudanças nos
padrões de temperaturas e precipitações ao redor de todo o planeta (DIETZ;
SHWOM; WHITLEY, 2020).
O maior desafio da agricultura é ser capaz de aumentar sua produção,
atendendo a uma demanda crescente de alimentos para uma população mundial em
expansão, sem aumentar a área agricultável do mundo e ao mesmo tempo diminuir
o consumo de insumos e o impacto no meio ambiente, bem como reduzir os custos
de produção (DIETZ; SHWOM; WHITLEY, 2020).
Aliado a esses desafios, o consumidor está se tornando cada vez mais exigente
em relação ao sistema de produção e possíveis impactos ambientais gerados.
Apresenta-se então o conceito da agricultura “verde”, que conta com segmentos de
produção alternativos, como a produção orgânica, sistemas de integração da
produção e uso de insumos alternativos. É importante também que esses insumos
possuam a capacidade de serem efetivos mesmo sob condições climáticas adversas
visando auxiliar a competitividade agrícola do futuro (DIETZ; SHWOM; WHITLEY,
2020).

1.1 OBJETIVOS

O intuito da realização desse trabalho foi o de colaborar no desenvolvimento de


uma agricultura sustentável, considerando o atual cenário econômico e ambiental
em que o setor agronômico se encontra inserido.
17

1.1.1 Objetivo geral

Realizar a bioprospecção de microrganismos de diferentes origens do país, a


partir de amostras de nódulos de feijoeiro e solos, sob diferentes ambientes e
condições, buscando construir uma coleção diversa de bactérias com potencial uso
para desenvolvimento de futuros bioinsumos.

1.1.2 Objetivos específicos

Realizar a bioprospecção de bactérias a partir de uma amostra de nódulo de


feijoeiro e de 5 amostras de solo, utilizando diferentes meios de cultivo;
Purificar os microrganismos isolados a partir de técnica de esgotamento em meio
de cultivo microbiológico;
Caracterizar morfologicamente os isolados purificados e relacionar cada isolado
com seu material de origem;
Estabelecer duas coleções morfologicamente diversas para futuros estudos e
aplicações.
18

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 BIOINSUMOS

A produção sustentável é uma, das importantes vias para o desenvolvimento e


sustento da agropecuária brasileira. Também é uma grande oportunidade de
mercado e pode ajudar a contornar grandes desafios da agricultura moderna, como
as mudanças climáticas e os impactos ambientais causados pelos grandes
monocultivos. Esse cenário propicia o desenvolvimento de novas técnicas e
ferramentas para a agricultura, sendo uma delas os bioinsumos, que apresentam um
alto crescimento no mercado mundial (SINGH, Joginder et al., 2018).
Esse tipo de produto é caracterizado de acordo com o Programa Nacional de
Bioinsumos, decreto nº 10.375 de 26 de maio de 2020 como, “bioinsumo sendo todo
produto, processo ou tecnologia de origem vegetal, animal ou microbiana, destinado
ao uso na produção, no armazenamento e no beneficiamento de produtos
agropecuários, nos sistemas de produção aquáticos ou de florestas plantadas, que
interfiram positivamente no crescimento, no desenvolvimento e no mecanismo de
respostas de animais, de plantas, de microrganismos e de substâncias derivadas e
que interajam com os produtos e os processos físico-químicos e biológicos”.
No Brasil, a partir dos anos 2000, observou-se um aumento da bioindustria, e um
boom no desenvolvimento de novos produtos biológicos, desenvolvimento que ainda
está em franca ampliação. Observa-se na última década o investimento nesse
segmento de multinacionais, o que alavanca ainda mais esse nicho do mercado
agrícola. Além disso, esses produtos possuem menor custo de produção e de
comercialização em comparação aos insumos químicos, o que valoriza ainda mais o
desenvolvimento desse segmento (GINDRI; MOREIRA; VERÍSSIMO, 2020;
GOULET, 2021).
Através do estímulo criado pelo Programa Nacional de Bioinsumos, observou-se
que só no ano de 2020, o mercado desses produtos movimentou cerca de R$ 1,2
bilhão no país, e estima-se que o uso desses insumos gerou nesse mesmo ano uma
economia de R$ 15 bilhões na compra de fertilizantes, somente na cultura da soja.
Os bioinsumos também visam sanar o problema da resistência e perda de eficácia
de moléculas químicas, bem como a falta de novas moléculas desse tipo no
19

mercado que atendam as demandas dos produtores (GINDRI; MOREIRA;


VERÍSSIMO, 2020; GOULET, 2021).
Com isso, observa-se que o Brasil já é o maior mercado produtor e consumidor
deste segmento, ocupando uma posição importante na chamada terceira revolução
da agricultura tropical. Essa posição de destaque é justificada pela importância da
atividade agrícola no país e por possuir a maior biodiversidade do planeta,
possibilitando o desenvolvimento desse tipo de tecnologia em grandes escalas e
com alta qualidade (GINDRI; MOREIRA; VERÍSSIMO, 2020; GOULET, 2021).
Esses bioinsumos podem ser classificados em três diferentes categorias,
biopesticidas, bioestimulantes ou biofertilizantes. Eles atuam através de diferentes
mecanismos de ação e possuem diferentes objetivos, atuando na defesa, aumento
de produtividade e nutrição das culturas, respectivamente (SINGH, Dhananjaya
Pratap; GUPTA; PRABHA, 2019).
Os biopesticidas atuam alternativamente aos biocidas convencionais, podendo
ter ação contra fungos, insetos e plantas daninhas. Apesar de efetivos, esses
produtos possuem um espectro de ação muito restrito, atingindo normalmente
apenas espécies específicas de um grupo de organismos maléficos às culturas.
Porém uma ação biocida específica apresenta vantagem, pois não causa a morte de
inimigos naturais das pragas, presentes naturalmente no ambiente (KUMAR,
Jitendra et al., 2021).
Bioestimulantes agem principalmente combatendo agente abióticos, como seca,
dsalinidade, frio ou calor intenso, dentre outros. Tem como objetivo manter ou
aumentar a produção de biomassa ou atividade fotossintética das plantas sob esse
tipo de estresse. Já os biofertilizantes disponibilizam nutrientes para as plantas e
potencializam a capacidade da planta de obter determinado nutriente do solo
(MITTER et al., 2021; XU; GEELEN, 2018).

2.2 ASSOCIAÇÃO MICRORGANISMO E PLANTA

Microrganismos podem colonizar todos os tipos de tecidos vegetais, criando


associações tão fortes que em algumas funções esses dois organismos podem ser
considerados um só. Através do desenvolvimento principalmente das ciências
ômicas, se estabeleceu que a associação entre microrganismo e plantas
(microbioma das plantas) auxilia os vegetais em diversos aspectos, influenciando
20

direta ou indiretamente na fisiologia das plantas, proteção contra agentes


patogênicos, estimulação do seu desenvolvimento e crescimento, promoção de
resistência a estresses bióticos e abióticos, influencia na qualidade e produtividade
das culturas e ocupar espaço na rizosfera, o que impede o desenvolvimento de
microrganismos maléficos (TRIVEDI et al., 2020).
O solo é o maior reservatório de microrganismos do planeta, sendo a rizosfera a
porção mais ativa e importante quando se trata da microbiota do solo. Essa porção
também é imprescindível para a nutrição, saúde e qualidade das plantas,
características diretamente relacionadas com a população e diversidade microbiana
da rizosfera e do funcionamento geral do ecossistema (TRIVEDI et al., 2020).
Esse ecossistema microbiano da rizosfera, é composto por bactérias, chamadas
de rizobactérias, fungos, dentre estes as micorrizas, e actinomicetos e é único,
variando de acordo com cada planta, tipo de solo, clima e diversas outras variáveis
do local. Porém, apesar das maiores interações entre esses organismos ocorrem
nas raízes, essas associações também ocorrem em outras partes do vegetal, como
caules e principalmente folhas, compondo assim o microbioma total das plantas
(COMPANT et al., 2019).
Não somente a presença direta do microrganismo tem a capacidade de interagir
com as plantas, como também a liberação de exsudatos e moléculas probióticas
produzidas por esses microrganismos possuem habilidades de regular a
comunidade microbiana presente no ecossistema (quorum sensing), além de
promover mudanças na morfologia, anatomia, fisiologia, desenvolvimento e
imunidade da planta associada (ORTIZ-CASTRO; LÓPEZ-BUCIO, 2019).
Existem diferentes tipos de associações entre microrganismos e plantas,
podendo estas ser de característica neutra, que não interfere no desenvolvimento da
planta, de característica maléfica, que são aqueles microrganismos que causam
doenças às culturas e as relações benéficas, que ocorrem com organismos
promotores de crescimento vegetal (DASTOGEER et al., 2020).
Promotores de crescimento vegetal podem atuar através da fixação de
nitrogênio, solubilização de fostato, produção de fitormônios, ou como promotoras da
saúde do solo, reativando e promovendo o crescimento de microrganismos da flora
natural do solo e trazendo diversos benefícios às plantas, tanto direta quanto
indiretamente (COMPANT et al., 2019).
21

Os microrganismos utilizados como promotores de crescimento podem ser


divididos em duas categorias, microrganismos simbióticos, que geram relações de
mutualismo com plantas, e microrganismos de vida livre, que podem estimular direta
ou indiretamente o crescimento dos vegetais (SINGH, Dhananjaya Pratap; GUPTA;
PRABHA, 2019).
Esses microrganismos podem desempenhar diferentes funções em um
microbioma, dependendo das suas habilidades e dos compostos que são capazes
de produzir. De acordo com isso, pode-se categorizar cada organismo como um
biofertilizante, bioestimulante ou biopesticida, como será explorado no texto a seguir.

2.3 BIOFERTILIZANTES

Biofertilizantes são resultados de fermentações de compostos orgânicos, que


contém nutrientes e microrganismos benéficos. Com foco nesse microbioma, as
espécies que o compõe podem auxiliar as plantas de diversas formas,
principalmente atuando na melhor disponibilidade de nutrientes, atuam na melhoria
da condição do solo, como na sua textura, pH e outras propriedades, promovendo a
saúde deste. Devido a degradação acelerada desse recurso, observa-se uma maior
salinidade e acidificação de solos agricultáveis. O uso dos bioferilizantes também
podem auxiliar na regeneração deles (MITTER et al., 2021).
Alguns mecanismos que os biofertilizantes podem utilizar em benefícios às
plantas serão descritos a seguir.

a) Fixação biológica do nitrogênio (FBN)


A fixação de nitrogênio a partir do nitrogênio atmosférico ocorre através de
bactérias que possuem o complexo enzimático chamado nitrogenase. Esse
complexo enzimático é capaz de transformar nitrogênio atmosférico (N2) em amônia
(NH3), composto nitrogenado disponível para as plantas. Essa capacidade é a base
para o metabolismo desse elemento em todo o ecossistema, sendo de suma
importância. Gêneros como, Azorhizobium, Azotobacter, Azospirrilum, Bacillus,
Bradyrhizobium, Clostridium, Frankia, Mesorhizobium, Rhizobium e Sinorhizobium
possuem essa capacidade e são largamente utilizadas para esse propósito e
desenvolvimento de bioinsumos (SOUMARE et al., 2020).
22

b) Solubilização de fósforo
Bactérias solubilizadoras de fósforo possuem vários mecanismos de
solubilização e mineralização desse nutriente, tornando-o assim disponível para as
plantas. Além disso, esses microrganismos são capazes de transformar o fósforo
insolúvel em solúvel, disponibilizando-o na solução do solo e tornando o nutriente
prontamente disponível para as plantas. Alguns mecanismos para a solubilização
são a produção de ácidos orgânicos, gás carbônico, íons hidroxílicos e compostos
quelantes. Enzimas como fosfatases e fitases também podem ajudar na quebra de
compostos orgânicos com fósforo em sua composição. Os gêneros Acinetobacter,
Pseudomonas, Bacillus, Pantoea, Stenotrophomonas e Enterobacter são alguns que
apresentam essa atividade (BILLAH et al., 2019; WAN et al., 2020).

c) Solubilização de potássio
A solubilização desse composto ocorre similarmente á solubilização do fosfato.
Da mesma forma, microrganismos especializados são capazes de transformar a
forma insolúvel (mineral) do potássio em forma solúvel (trocável) e disponível para
as plantas. Essa solubilização também pode ocorrer devido a produção de ácidos
orgânicos (ácido oxálico, ácido tartárico, ácido acético, ácido málico) e agentes
quelantes (polissacarídeos) (BAHADUR et al., 2019). Os gêneros bacterianos que
possuem tal atividade são, Bacillus, Pseudomonas, Burkholderia, Acidothiobacillus e
Paenibacillus. (PRAMANIK et al., 2019).

d) Oxidação de enxofre
Algumas bactérias são capazes de oxidar formas reduzidas de enxofre para
sulfatos, tornando-o disponível para as plantas. Alguns gêneros capazes de realizar
essa oxidação são, Thiobacillus, Beggiatoa, Thiothrix, Desulphuromonas,
Achromatium e Pseudomonas. Os mecanismos de oxidação pelas bactérias é
através da produção de ácidos e pela passagem de rotas bioquímicas como a do
politionato (CHAUDHARY et al., 2019).
23

e) Solubilização de micronutrientes
Assim como os processos descritos acima, muitos estudos estão sendo
realizados a fim de buscar microrganismos que sejam capazes de auxiliar na
solubilização e disponibilidade de micronutrientes às plantas. Uma biofortificação
variada de microrganismos no ambiente pode auxiliar nesse processo
(UPADHAYAY, 2022).

2.4 BIOESTIMULANTES

Os bioestimulantes tem como função principal estimular um melhor


desenvolvimento e promover o crescimento das plantas. Além disso, os
bioestimulantes podem promover melhorias na fisiologia, biomassa e no rendimento
da cultura, aumentando a altura das plantas, o número de ramos e a área superficial
de raízes e folhas. Podem conferir também proteção contra fatores de estresse tanto
bióticos quando abióticos (XU; GEELEN, 2018).

a) Produção de fitormônios
As auxinas são um grupo de hormônio que está relacionado à regulação do
crescimento das plantas, pela ação na elongação de tecidos, e no estímulo a de
primórdios radiculares. Alguns microrganismos são capazes de produzir esse
hormônio, por diferentes vias, como por exemplo, a via da decarboxilase
fenilpiruvato, via da decarboxilase indol-3-piruvato, via indol-acetamida, dentre
outras. Gêneros bacterianos como Azospirrilum e Bradyrhizobium já são descritos na
literatura como produtores de auxinas (GRUET et al., 2022). Outras espécies dos
gêneros Azobacter, Pseudomonas, Bacillus, Paenibacillus, Burkholderia e
Rhizobium também possuem a capacidade de produzir hormônios do grupo das
auxinas (ÇAKMAKÇI et al., 2020). A produção de auxinas por microrganismos é um
importante sinalizador para o aumento do crescimento das plantas e interação entre
elas e os organismos, além de modificar as funções morfofisiológicas da planta e
estimular uma maior interceptação e absorção de nutrientes (SONI; KEHARIA,
2021).
A citocinina, outro fitormônio, promove a expansão do tecido, pelo aumento das
células e pelo estímulo da divisão e diferenciação celular além de inibir a
24

senescência prematura das folhas. A produção de citocininas microbianas pode


estimular o crescimento radicular, aumentar a capacidade de retenção da água
pelas plantas e a resistência a condições ambientais de seca. Algumas espécies do
gênero Bacillus apresentam essa habilidade (SONI; KEHARIA, 2021).
O ácido abscísico atua principalmente nas sementes, promovendo sua
germinação, desenvolvimento e dormência. Além disso, atua no controle de água da
planta quando em ambiente com estresse hídrico. A giberelina atua no estímulo da
elongação da raiz primária e na extensão das raízes secundárias. Espécies dos
gêneros Achromobacter, Acinetobacter, Azospirillum, Azotobacter, Herbaspirillum,
Bacillus e Rhizobium já foram descritos como produtores desses hormônios (SONI;
KEHARIA, 2021).

b) Produção de sideróforos
Diversos bioprocessos no ecossistema dependem dos sideróforos, que são
proteínas de baixo peso molecular capazes de quelar e reduzir o ferro. São diversos
e possuem diferentes grupos funcionais. Esse processo de absorção é utilizado
largamente em diversos ambientes. Algumas bactérias, pertencentes aos gêneros
Enterobacter, Aeromonas, Mycobacterium, Pseudomonas dentre outros, bem como
fungos dos gêneros Penicillium, Rhizopus, dentre outros, são capazes de sintetizar
esse tipo de proteína (SEENIVASAGAN et al., 2021). A planta pode então absorver
o ferro quelado juntamente com essa proteína, através de permeases, e assim suprir
a necessidade por esse nutriente (OROZCO-MOSQUEDA et al., 2021).

c) Produção de ACC deaminase


O composto aminociclopropano-1-carboxilato (ACC) é um precursor direto do
fitormônio etileno. A produção da enzima ACC deaminase por microrganismos pode
diminuir a atividade do etileno, causando assim uma elongação de raízes, mesmo
com alta concentração de auxinas. Em leguminosas, essa enzima também
promoveu uma melhora na nodulação. Espécies do gênero Enterobacter já foram
descritas como produtoras de ACC deaminase (GROVER et al., 2021).

d) Resistência a estresses abióticos


Alguns fatores abióticos como seca, salinidade e presença de metais pesados
podem influenciar negativamente o estabelecimento e desenvolvimento das plantas
25

do local. A associação com alguns microrganismos pode diminuir os efeitos


maléficos provocados por esses fatores. Espécies do gênero bacteriano Bacillus são
capazes de produzir exopolissacarídeos que tornam a absorção de água mais
eficiente e promovem um balanço iônico na rizosfera, impedindo que íons metálicos
e Na+ prejudiquem o desenvolvimento das raízes. Cepas do gênero Psedumonas
também podem auxiliar no desenvolvimento das plantas sob condições de presença
de metais pesados (KHAN et al., 2020).

e) Antibiose
Os microrganismos produzem uma alta diversidade de metabólitos que podem
ter ações de antibiose, como enzimas que podem ser empregadas em funções que
auxiliam no desenvolvimento das plantas, como por exemplo, atuar no controle
biológico ou em biorremediação (SMOLIŃSKA; KOWALSKA, 2018).
A produção de compostos voláteis orgânicos por microrganismos é muito diversa
e complexa, e pode ser explorada devido a sua versatilidade de uso e propriedades
antimicrobianas contra fitopatógenos, atividades herbicidas, nematicidas,
capacidade de promover o crescimento e ativar mecanismos de resistência das
plantas. Dentre as espécies voláteis produzidas, pode-se citar, dentre outros, dióxido
de carbono, monóxido de carbono, gás hidrogênio, gás oxigênio, gás nitrogênio e
ácido cianídrico (TILOCCA; CAO; MIGHELI, 2020).
A produção do chamado volatiloma dos microrganismos, conjunto de metabólitos
voláteis orgânicos produzidos por determinado organismo, varia de acordo com a
espécie, ambiente e interações que ocorrem nesse ambiente. Espécies do gênero
Serratia, Stenotrophomonas, Pseudomonas, Bacillus, Muscodor e Cinnamomum já
foram descritas como produtoras de voláteis com propriedades antifúngicas
(TILOCCA; CAO; MIGHELI, 2020).

2.5 BIOPESTICIDAS

Diferentemente dos pesticidas convencionais, que atuam principalmente de


forma neurotóxica contra as pragas, os biopesticidas atuam como fatores anti-
alimentares, sufocantes, dessecantes e causadores de distúrbios no comportamento
de acasalamento das pragas. São compostos produzidos de formas naturais e suas
vantagens englobam maior seletividade, maior segurança biológica, maior eficácia
26

mesmo em pequenas doses e rápida decomposição no ambiente (KUMAR, Jitendra


et al., 2021).
Os biopesticidas podem ter como princípio ativo alguns minerais,
microrganismos, compostos bioquímicos (óleos essenciais), compostos
semioquímicos (feromônios, reguladores de crescimento dos insetos), fitormônios,
além das plantas incorporadas com protetores, as chamadas PIPs, que são culturas
modificadas geneticamente com inserção de genes que decodificam proteínas que
auxiliam na proteção da planta contra pragas, como é o caso do milho Bt
(KRISHNAMURTHY; VEERASAMY; KARRUPPAYA, 2020; LIU et al., 2021).

a) Biopesticidas microbiológicos
O uso de microrganismos é a forma mais estudada e utilizada para desenvolver
um novo biopesticida. (KUMAR, Jitendra et al., 2021). Dentro deste grupo podemos
encontrar bactérias, fungos, vírus e nematóides que são capazes de causar doenças
nos insetos, produzir toxinas e controlar pragas por vias não patogênicas, como por
exemplo, competição e parasitismo (RUIU, 2018).
Diversos microrganismos apresentam patogenicidade a diferentes espécies de
pragas. A invasão pelo patógeno pode ocorrer através da pele ou trato
gastrointestinal do hospedeiro, no caso de bionseticidas. Uma vez instalado, o
patógeno se multiplica e causa a morte do hospedeiro (ABDOLLAHDOKHT et al.,
2022; SEENIVASAGAN et al., 2021; WERRIE et al., 2020).
A letalidade desses patógenos se dá, geralmente, pela produção de toxinas,
moléculas de natureza proteica que atuam contra pragas de maneira altamente
seletiva. Porém, outros modos de ação, como competição e antagonismo, também
são efetivos no controle biológico de pragas (ABDOLLAHDOKHT et al., 2022;
SEENIVASAGAN et al., 2021; WERRIE et al., 2020).
Biopesticidas de composição bacteriana correspondem a 74% dos produtos
dessa categoria no mercado, enquanto os de origem fúngica correspondem a 10%,
mesma proporção dos de composição viral, 8% do mercado desses produtos é
formado por produtos compostos por predadores naturais (ABDOLLAHDOKHT et al.,
2022; SEENIVASAGAN et al., 2021; WERRIE et al., 2020).
Exemplos de bactérias biopesticidas, já utilizadas na agricultura são algumas
espécies dos gêneros Pseudomonas e Bacillus. Fungos com comprovada atividade
biopesticida pertencem aos gêneros Streptomyces, Trichoderma e Beauveria. Já
27

espécies do gênero Phytophthora são capazes de controlar plantas daninhas.


Diversos produtos e estudos englobando esses dois grupos principais de
microrganismos existem no âmbito dos biopesticidas (ABDOLLAHDOKHT et al.,
2022; SEENIVASAGAN et al., 2021; WERRIE et al., 2020).
Outros microrganismos que embora não tão usualmente utilizados como
biopesticidas, mas com alto potencial, são os nematóides e protozoários. Do
primeiro grupo, espécies do gênero Steinernema e Heterorhabditis são inimigos
naturais de outros nematóides causadores de doenças em plantas. Já do grupo dos
protozoários pode-se citar os gêneros Vairimorpha e Nosema (ABDOLLAHDOKHT
et al., 2022; SEENIVASAGAN et al., 2021; WERRIE et al., 2020).
Os vírus também podem ser aplicados como biopesticidas, sendo a família
Baculoviridae uma importante e potencial fonte de biopesticidas, como por exemplo,
os gêneros Nucleopolyhedro e Granulovirus, que causam doenças em algumas
espécies da família Lepidoptera (ABDOLLAHDOKHT et al., 2022; SEENIVASAGAN
et al., 2021; WERRIE et al., 2020).

b) Biopesticidas bioquímicos
Esse tipo de biopesticida é originário de compostos naturais, ou de compostos
sintetizados artificialmente a partir deles, que atuam de forma não tóxica no combate
a praga. Alguns exemplos são ferormônios, que atuam de forma repelente, atrativa
ou desordenam o ciclo reprodutivo de pragas específicas. Óleos essenciais
provenientes de plantas também possuem comprovada atividade antibacteriana,
antifúngica, inseticida, acaricida, nematicida e herbicida. Porém a maioria dos
compostos estudados apresentam características fitotóxicas a culturas agronômicas,
tornando inviável sua aplicação e uso em campo, com exceção de alguns
compostos derivados de neem, tabaco e cítricos (ABDOLLAHDOKHT et al., 2022;
SEENIVASAGAN et al., 2021; WERRIE et al., 2020; KUMAR, Vinod et al., 2022).

c) Protetores incorporados às plantas (PIPs)


Compostos que possuem capacidade pesticida são inseridos no genoma da
planta de interesse, conferindo a ela a habilidade de se proteger de pestes ao
expressar esse gene “protetor” e matar determinada praga. Esse é o caso do milho
transgênico com tecnologia Bt e das proteínas Cry. (ABDOLLAHDOKHT et al., 2022;
SEENIVASAGAN et al., 2021; WERRIE et al., 2020). Outra ferramenta de destaque
28

no âmbito das PIPs é o uso de RNA de interferência (RNAi), tecnologia já utilizada


para gerar cultivares resistentes a algumas doenças virais, como é o caso de
cultivares de mamão e ameixa. O uso dessa molécula gera a degradação do RNAm
da praga atuante na planta, causando a morte dela. Essa tecnologia além de poder
ser utilizada através da incorporação na planta, também pode ser usada por
aplicação em forma de spray, tratamento foliar, tratamento de sementes ou
tratamento de solo (BRAMLETT; PLAETINCK; MAIENFISCH, 2020).

O uso de nanomateriais e nanotecnologia também vem sendo explorada como


uma solução alternativa aos desafios da produção agrícola. Essa tecnologia permite
o uso de materiaisposteriormente utilizados na agricultura e que acabaram perdendo
sua eficiência devido ao mal manejo de uso. Nanomateriais desses compostos
trazem modificações físicas, como, uma maior área de superfície, aumentando
assim sua capacidade biocidas. Além disso, o encapsulamento de alguns
ingredientes ativos, naturais ou não, por nanomateriais evita a degradação desses
compostos, perdas por volatilização ou lixiviação e ainda auxilia na liberação da
dose de uma forma controlada (KUMARI; SINGH, 2020).

2.6 BIOPROSPECÇÃO E CARACTERÍSTICAS DESEJÁVEIS DE UM BIOINSUMO

Microrganismos são capazes de se desenvolver e colonizar os mais diversos


ambientes. Essa capacidade de prosperar em ambientes extremos pode indicar que
esses microrganismos possuem uma fisiologia adaptada para diferentes condições
ambientais, despertando assim interesse nas suas características e possíveis
metabólitos produzidos (CHEN et al., 2019).
Plantas e microrganismos em ambientes naturais, principalmente de áreas
conservadas, são potencialmente mais ricos na diversidade genética desses
organismos, e consequentemente na riqueza de espécies associadas ao microbioma
das plantas. Essa capacidade representa uma fonte muito rica e diversa para
aplicação desses organismos e/ou compostos em diversas atividades humanas
(CHEN et al., 2019). Essa diversidade pode ser pesquisada e aplicada para a
produção de bioinsumos com aplicação na agricultura.
Critérios como competição efetiva contra outros microrganismos do solo e
nutrientes, estabilidade genética e resistência a diversos fatores bióticos e abióticos
29

são desejáveis para a seleção de estirpes bacterianas com potencial de uso como
bioinsumos. Além disso, os microrganismos prospectados devem ser de fácil cultivo
e com capacidade de manutenção dos seus metabólitos de interesse (SINGH,
Dhananjaya Pratap; GUPTA; PRABHA, 2019).
Com relação ao produto, para que estes bioinsumos sejam considerados efetivos
e seguros para uso em campo algumas características são necessárias. No caso de
um biopesticida ideal, ele não pode apresentar toxicidade para outros organismos,
fora aqueles que ele deve combater, não deixar resíduos no ambiente, ser seguro
para uso, ser produzido a partir de tecnologia verde, não apresentar uso restrito e
ocorrer de forma natural (BAPAT et al., 2022).
Para um biofertilizante, além de apresentar estabilidade e confiabilidade em suas
funções, busca-se a produção de uma grande quantidade de biomassa, de alta
qualidade e que mantenha sua viabilidade durante os processos de produção,
formulação, armazenamento e transporte. No campo, esses produtos devem ser
efetivos e persistentes e atender as legislações vigentes no país de comercialização.
Com relação a bioestimulantes, características similares são buscadas (SINGH,
DHANANJAYA PRATAP; GUPTA; PRABHA, 2019).
30

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 MATERIAL BIOLÓGICO


O material biológico foi coletado de diferentes regiões do país. Os ambientes de
coleta foram selecionados a fim de englobar uma alta diversidade de habitats.
Alguns desses ambientes apresentavam fatores bióticos e abióticos de condições
desfavoráveis ao desenvolvimento das plantas.
Uma amostra de planta de feijão de corda (Vigna unguiculata L. Walp), utilizada
como planta isca, foi coletada na cidade de Luís Eduardo Magalhães-BA. Esse
ambiente apresentava restrição hídrica. Outras 5 amostras de solo foram coletadas
de diferentes locais do sudeste e centro-oeste do país, sendo que 3 dessas
amostras foram provenientes das cidades de Piracicaba-SP, Jataí-GO e Querência-
MT, buscando uma variedade de locais, sendo originadas de solo de floresta nativa,
cultivo de soja e cultivo de milho, respectivamente.
Outras duas amostras também foram coletadas na cidade de Piracicaba-SP, em
áreas de cultivo de soja, sendo uma amostra originária de uma parcela da área de
cultivo que estava acometida por doença foliar e outra de uma parcela saudável da
cultura.

Figura 1. Localidades de coletas de amostras para bioprospecção

Fonte: O autor, 2022.


31

3.2 ISOLAMENTO BACTERIANO

A partir da amostra originária do estado da Bahia, a planta de feijão de corda


coletada teve suas raízes destacadas, lavadas em água destilada separadamente, e
seus nódulos foram retirados com cuidado a fim de que eles estivessem
completamente fechados por uma parte da raiz, não expondo assim as bactérias ao
meio externo ao nódulo, para este procedimento foram utilizados pinça e bisturi
esterilizados.
Foram isolados nove nódulos provenientes de três raízes principais da planta.
Os nódulos foram escolhidos baseado na sua aparência e coloração, escolhidos
aqueles com cor marrom. Em uma placa de Elisa (contendo 96 poços) cada nódulo
passou por um processo de desinfestação onde cada linha da placa continha uma
solução, sendo estas: álcool comercial PA por 1 minuto, hipoclorito de sódio a 3%
por 3 minutos, e oito lavagens em água destilada autoclavada (VINCENT, 1970).
Após a última lavagem os nódulos foram macerados e transferidos com o auxílio de
uma alça de Drigalski estéril para uma placa contendo meio YMA (Yeast, Manitol
Agar) com adição de rosa de Bengala. As bactérias plaqueadas foram cultivadas em
BOD a 28 °C. Após aproximadamente 4 - 5 dias as bactérias já crescidas foram
transferidas para novas placas pela técnica de esgotamento em placa de Petri até
obtenção de colônias puras (HUNGRIA e ARAUJO, 1994).

3.3 PH DO SOLO

Das amostras de solo coletadas, procedeu-se a medição do pH de cada uma.


Para isso, 10g do solo seco foram pesadas e adicionadas de 25mL de água
destilada. A amostra foi agitada durante 60s com auxílio de bastão de vidro e
deixada em repouso durante 1 hora. Após esse período o pH foi medido com auxílio
de pHmetro pela inserção do eletrodo na amostra após breve homogeneização
delas (TEIXEIRA, 2017).

3.4 ISOLAMENTO DE ACTINOMICETOS

Amostras de solo foram coletadas na camada da rizosfera (5-20cm de


profundidade) para realização desse isolamento. Elas foram pesadas (10g) e
32

submetidas a extração com solução salina (90mL) durante 1 hora, sob agitação
constante de 150rpm e temperatura de 28 ºC. Após esse processo, a amostra foi
diluída seriadamente (1:100), e as diluições correspondentes as concentrações 10-2,
10-3, 10-4 e 10-5 foram inoculadas em quadruplicata em 3 diferentes meios de cultivo,
sendo eles: ágar ácido húmico e vitaminas, HVA (Hayakawa e Nonomura, 1987),
ágar amido-caseína, ACA (Kuster e Williams, 1964) e ágar SM3 (Tan et. al., 2006).
As placas foram incubadas em BOD a 30 ºC por 14 dias ou até crescimento das
colônias.
Aquelas colônias que apresentaram morfologia semelhante a actinomicetos
foram selecionadas e purificadas utilizando o método de esgotamento por estria em
ágar extrato de malte e extrato de levedura, ISP-2 (International Streptomycez
Project, Shirling e Gottlieb, 1966). As colônias passaram por esse processo de
repique até obtenção de material isolado e puro. Esse processo ocorreu no
laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa Gênica Inovação
Biotecnológica, localizada na cidade de Piracicaba-SP.

3.5 CARACTERIZAÇÃO MORFOFISIOLÓGICA BACTERIANA

Os isolados foram caracterizados de acordo com as caraterísticas morfológicas


de suas colônias, como cor, mucosidade, transparência, diâmetro, forma, borda e
elevação. Eles foram então transferidos para placas com meio YMA – Vermelho
Congo. Os isolados que não absorveram o corante vermelho congo e assim
apresentaram uma coloração rosada difusa foram pré considerados como
semelhantes ou pertencentes ao gênero Rhizobium (MARTINS et al. 1997).
Além do meio YMA – Vermelho Congo, os isolados foram mantidos em tubos
contendo meio YMA inclinado com um indicador de pH (azul de bromotimol 0,5%)
para visualizar se eles acidificam o meio apresentando assim uma coloração mais
amarelada ou alcalinizam o meio, apresentando uma coloração mais azulada.
Rizóbios de crescimento rápido tendem a acidificar o meio de cultura (HUNGRIA e
ARAUJO, 1994). Cada isolado puro também foi visualizado sob microscopia. A partir
de culturas frescas crescidas em ágar YMA, procedeu-se a fixação do material
biológico em lâmina e corado a partir da técnica de Gram. O material foi visualizado
e sua morfologia foi identificada. Esse processo ocorreu no Laboratório de Genética
de Microrganismos (LABGEM) da UFPR.
33

3.6 CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE ACTINOMICETOS

Os isolados foram caracterizados de acordo com a textura da colônia,


aparência, coloração da superfície e subsuperfície, hábito de crescimento em ágar,
produção ou não de pigmentos e presença de micélio aéreo. Cada estirpe também
foi relacionada a cada uma das 5 localidades de onde foram isoladas. Essa
caracterização e descrição foi realizada em dois diferentes meios, ISP-2 e meio
aveia e ágar, ISP-3 (Shirling e Gottileb, 1966).
34

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO BACTERIANA

Foram obtidos 150 isolados bacterianos a partir dos nódulos esterilizados de


planta isca de feijão, do estado da Bahia, que apresentaram diversas morfologias
em meio YMA. Algumas características observadas foram, colorações variando de
amarelas a brancas, formas circulares, irregulares ou puntiformes, de elevação
plana ou circular, com bordas inteiras, denteadas ou lobuladas, de superfície lisa ou
rugosa, opacas ou translúcidas e com ou sem a presença de brilho.
De forma geral, a maioria dos isolados apresentaram morfologia similar, sendo
ela circular, de coloração creme, borda inteira, plana, lisa, opaca e com um leve
brilho. Essas características morfológicas concordam com os resultados de outros
estudos, que similarmente utilizaram amostras de nódulos de feijão para obter seus
isolados, como os descritos por Koskey et al., 2018, Ibny et al., 2019, Stella et al.,
2021, Simbine et al., 2021 e Yesmin et al., 2021.

Tabela 1. Principais características morfológicas dos isolados bacterianos proveniente de planta isca
de feijão.

Características morfológicas Observação


Forma Circular
Cor Creme
Bordas Inteiras
Superfície Lisa
Elevação Plana
Opacidade Opacas
Brilho Com brilho

Fonte: O autor (2022).

Quando cultivadas em meio YMA com adição de vermelho congo, pode-se


perceber que a maioria dos isolados não foram capazes de absorver o corante,
sendo considerados como do gênero Rhizobium, corroborando com estudos como
Dhiman et al., 2019 e Hossain et al., 2019. O gênero Rhizobium, pertence à família
Rhizobiaceae, e é composto por organismos em forma de bacilos e de característica
35

gram-negativa que são capazes de formar uma relação de simbiose estreita com
leguminosas, formando nódulos, e promover a fixação biológica de nitrogênio, que
pode chegar a níveis de até 300kg N/ha/ano (NOSHEEN; AJMAL; SONG, 2021).
Porém já se sabe que nos nódulos estabelecidos existe uma população variada
e diversa de micorganismos que podem co-habitam e interagem entre si nessas
estruturas. Essa diversidade desempenha diferentes e importantes papeis no
desenvolvimento da planta. O grupo de bactérias rizóbias é complexo e diverso,
podendo viver no solo em associação com as plantas ou de forma saprófita,
podendo formar biofilmes na rizosfera (FRANCESQUINI-OLIVIERA, 2014;
MENÉNDEZ; PAÇO, 2020).
Além disso, não apenas o gênero Rhizobium é capaz de habitar o interior da
planta (endofítico), estabelecer a simbiose e realizar a FBN, outros gêneros como,
Bradyrhizobium, Ensifer, Phyllobacterium, Mesorhizobium, Devosia, Azorhizobium,
Allorhizobium e Microvirga também promovem a fixação de nitrogênio (FERCHICHI
et al., 2019). Outros organismos, não reconhecidos como endofíticos, também
podem ser encontrados nos nódulos simbiontes de plantas, como o caso de
Pseudomonas, Microbacterium e Pantoea (MURESU et al., 2019).
O uso das rizobactérias em plantas não leguminosas também demonstra
vantagens, como o aumento da altura da planta, melhoria na germinação das
sementes, aumento dos teores de clorofila das folhas e de nitrogênio na planta, além
da produção de fitormônios e inibição de fitopatógenos (NOSHEEN; AJMAL; SONG,
2021).
36

Figura 2. Isolados considerados do gênero Rhizobium.

Fonte: O autor (2022).


Alguns isolados particulares foram capazes de causar mudanças mais
acentuadas nesse meio de cultivo, como exemplificados nas figuras abaixo.

Figura 3. Isolado com capacidade de mudar a coloração do meio YMA-vermelho congo à direita, e
isolado considerado do gênero Rhizobium à esquerda.

Fonte: O autor (2022).


37

Figura 4. Exemplo de isolados capazes de absorver o corante vermelho congo.

Fonte: O autor (2022).

Apesar de serem considerados como diferentes do gênero Rhizobium, os


isolados que absorveram o corante vermelho congo do meio YMA foram mantidos
na coleção para posteriores análises e experimentos.
Quando semeadas em meio YMA adicionado com o corante azul de bromotimol,
percebeu-se que a maioria dos isolados não foi capaz de acidificar ou basificar o
meio, não mudando a coloração dele.

Figura 5. Isolado incapaz de realizar a mudança de cor do meio YMA- azul de bromotimol.

Fonte: O autor (2022).


38

Figura 6. Isolado produtor de substâncias alcalinas, mudança de coloração do meio para azul.

Fonte: O autor (2022).

Figura 7. Isolado produtor de substâncias ácidas, mudança de coloração do meio para amarelo.

Fonte: O autor (2022).


39

O uso do azul de bromotimol além de indicar o tipo de substância que os


isolados são capazes de produzir, também indicam se estes possuem taxas de
crescimento rápidas ou lentas. Isolados que produzem substâncias ácidas, e por
consequência tornam o meio amarelo, são considerados de crescimento rápido,
enquanto que, isolados que tornam o meio azul, por produzirem substâncias
básicas, são considerados de crescimento lento (Koskey et al., 2018). Os isolados
que não mudam a coloração do meio YMA-azul de bromotimol são considerados de
crescimento moderado (Purwaningsih; Agustiyani; Antonius, 2021).
Sob visualização ao microscópio, a maior parte dos isolados apresentou
morfologia de coco-bacilos e apresentaram coloração rosa indicando serem gram-
negativas.

Figura 8. Observação de isolado gram-negativo sob microscopia com morfologia coco-bacilar.

Fonte: O autor (2022).

O uso de bactérias do gênero Rhizobium além de fixarem nitrogênio, podem


também atuar na solubilização do fosfato e produção da enzima ACC desaminase
bem como do fitormônio AIA, podendo atuar na promoção do crescimento de plantas
de formas alternativas ao seu uso comercial mais comum, como inoculantes.
Resultados de incremento na produtividade e crescimento de outras leguminosas,
como o grão de bico foram alcançados com o uso de Rhizobium por REHAN, 2018 e
ASLAM AVAIS et al., 2017.
40

4.2 ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE ACTINOMICETOS


Actinomicetos são bactérias gram-positivas que pertencem a um grupo muito
diverso. Possuem algumas características em comum como, alta porcentagem de G-
C em seu material genético, são aeróbios, e produzem filamentos ou hifas e esporos
assexuais, caracteres esses que são similares a morfologia dos fungos (TANDALE
et al., 2018).
A partir das 5 amostras de solo coletadas de diferentes localidades do país,
mediu-se os valores de pH e foram obtidos 78 isolados, que foram originados de
acordo com a tabela abaixo.

Tabela 2. Número de isolados de actinomicetos de acordo com a localidade

Localidade Número de isolados pH do solo


Piracicaba 1 10 6,5
Piracicaba 2 19 6,0
Piracicaba 3 13 6,0
Jataí 24 6,2
Querência 12 6,1

Fonte: O autor (2022).

Actinomicetos são bactérias que podem ser encontradas em diversos


habitats, desde ambientes aquáticos a terrestres. Constituem uma parte significativa
da comunidade microbiana do solo. Nesse local desempenham funções como
decomposição da matéria orgânica, fixação de nitrogênio e solubilização de fosfatos.
São microrganismos muito conhecidos e estudados pela capacidade de produzir
compostos antimicrobianos, atuando como agentes de controle biológico e
capacidade de produzir substâncias promotoras de crescimento vegetal
(ABDELGAWAD et al., [s. d.])
Dos 78 isolados obteve-se uma alta diversidade morfológica, com diferentes
hábitos de crescimento no ágar, crescimento superficial ou subsuperficial, produção
de pigmentos, presença de micélio aéreo, aspecto do micélio do substrato,
apresentando características como consistência dura ou pulvurulenta e sem brilho, e
colorações diversas.
41

A riqueza e diversidade dos actinomicetos presente no solo dependem de


diversas características desse habitat, como por exemplo, tipo e características
intrínsecas do solo, localização geográfica, matéria orgânica e uso do solo
(SHIVABAI; GUTTE, 2019). A rizosfera é o habitat com maior potencial para
isolamento desses microrganismos, pois a produção de exsudatos pelas plantas
fornece nutrientes e estimula o crescimento desses organismos. Porém essa
diversidade ainda é pouco explorada e portanto, subestimada (WAHYUDI et al.,
2019).
Características similares e grande diversidade também foram encontradas e
descritas por diferentes autores, como DAQUIOAG; PENULIAR, 2021, SINGH,
Laishram Shantikumar; SHARMA; SAHOO, 2019, MOHAMED; EL-REWAINY, 2018,
HAN; WANG; LUO, 2018, ASTUTI, 2019, HAN; WANG; LUO, 2018 e ASTUTI, 2019.
O maior número de isolados foi encontrado nas amostras de solo
provenientes dos locais onde havia culturas anuais estabelecidas. Resultado similar
foi obtido por BUDHATHOKI; SHRESTHA; CAMPUS, 2020, que isolaram um maior
número de actinomicetos a partir de solos de agricultura em comparação a solos de
floresta, terras úmidas e terra de margem de rio. De acordo com o mesmo autor, a
diversidade de actinomicetos decai conforme o aumento da umidade do solo, e
aumenta em solos com características de pH neutro ou alcalino, como é o caso dos
solos utilizados nesse estudo, mostrado na tabela 2.
Actinomicetos são um grupo de microrganismos muito pesquisados e
estudados devido à sua capacidade de inibição de fitopatógenos, sendo por
competição ou pela produção de metabólitos. Diversos antifúngicos e
antibacterianos já foram identificados como produtos do metabolismo dos
actinomicetos, podendo ser importantes e potenciais agentes de biocontrole. Cepas
do gênero Streptomyces foram capazes de diminuir a manifestação da doença
causada por Botrytis (EL-SHATOURY et al., 2020), Fusarium graminearum (LI et al.,
2020) e Valsa mali. Além dessa ação antagonista, os actinomicetos também podem
estimular o sistema de resistência induzida das plantas (DAI et al., 2019), como foi
reportado por Chaurasia et.al., 2018 em plantas de tomate contra o fitopatógeno
Rhizoctonia solani e Ralstonia solanacearum. Resultados promissores foram
encontrados in vitro contra Sclerotinia sclerotiorum, Phytium ultimum e Phytophthora.
Esse grupo de bactérias também possui a capacidade de atuarem como
bioestimulantes, através da produção de auxinas, giberelinas, vitaminas e
42

sideróforos que auxiliam no desenvolvimento das plantas. A produção de enzimas e


ácidos orgânicos, também observada, melhora a qualidade do solo pela quebra de
compostos e aumento da disponibilidade de nutrientes no ambiente, favorecendo
mais uma vez o crescimento dos vegetais. O uso de Streptomyces em Trifolium
pratense aumentou o ganho de massa verde pela planta (ANDJELKOVIC, 2021).
AYED et al., 2021 também observou aumento no crescimento das plântulas e
aumento da massa aérea seca de plantas de tomate quando inoculados com
isolados de actinomicetos originados de compostagem orgânica.
O uso dessas bactérias em plantios também pode auxiliar no combate a
efeitos de estresses abióticos, como condições salinas e de seca. Plantas de milho
se mostraram tolerantes a seca em experimento de casa de vegetação quando co-
inoculadas com dois diferentes isolados de actinomicetos, como observado por
CHUKWUNEME et al., 2020. DJEBAILI et al., 2021 reportaram que a aplicação de
isolados de Streptomyces e Nocardiopsis conferiram uma alta tolerância a salinidade
em plantas de Triticum durum na presença de até 1,5M de NaCl. Outra aplicação
emergente dos actinomicetos é a habilidade de degradar pesticidas e herbicidas
(ANDJELKOVIC, 2021).
Apesar de serem abundantes e, até mesmo maioria em solos, actinomicetos
são, em comparação, muito menos explorados do que outros grupos de
microrganismos para uso na agricultura, mesmo com altos potenciais de aplicação.
Mesmo com muitas pesquisas relacionadas ao gênero Streptomyces, que pode ser
utilizado com diferentes finalidades, muitos outros gêneros desse grupo ainda
podem ser estudados e utilizados em diferentes bioprocessos relacionados a
agricultura, como Saccharopolyspora, Micromonospora, Actinoplanes, Amycolatopsis
e Nocardiopsis.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A bioprospecção de materiais biológicos é uma etapa de suma importância


para a obtenção de isolados com possíveis potencialidades, por isso deve ser
realizada de forma objetiva e organizada, buscando locais que possam oferecer uma
43

riqueza e diversidade de isolados, bem como visando locais que forneçam


características desejáveis às cepas obtidas.
Nesse estudo foram obtidos, em ambos os processos de bioprospecção,
uma alta diversidade de isolados bacterianos, a partir de locais com alta
potencialidade agrícola ou sob diferentes tipos de estresses, abióticos ou bióticos,
gerando assim duas coleções de isolados com possíveis características desejáveis
para conceber bioinsumos.

5.1 PERSPECTIVAS FUTURAS

Os isolados obtidos nesse estudo podem ser pesquisados em etapas futuras


sobre possíveis habilidades e potencialidades para aplicação como biofertilizantes,
bioestimuladores ou biopesticidas.
44

REFERÊNCIAS

ABDELGAWAD, Hamada; ABUELSOUD, Walid; MADANY, Mahmoud M Y;


SELIM, Samy. Actinomycetes Enrich Soil Rhizosphere and Improve Seed Quality as
well as Productivity of Legumes by Boosting Nitrogen Availability and Metabolism. ,
p. 1–19, [s. d.]. .
ABDOLLAHDOKHT, Danial; GAO, Yunhao; FARAMARZ, Sanaz;
POUSTFOROOSH, Alireza; ABBASI, Mojtaba; ASADIKARAM, Gholamreza;
NEMATOLLAHI, Mohammad Hadi. Conventional agrochemicals towards nano-
biopesticides: an overview on recent advances. Chemical and Biological
Technologies in Agriculture, vol. 9, no. 1, p. 1–19, 2022. DOI 10.1186/s40538-021-
00281-0. Available at: https://doi.org/10.1186/s40538-021-00281-0.
ASLAM AVAIS, Muhammad; AHMAD, Nisar; RAFIQUE, Muhammad;
SHAFIQUE, Muhammad; MUSHTAQ, Muhammad Zaighum; AFZAL ZAHID,
Muhammad; AHMAD, Zubair. Effectiveness of bacterial inoculation for improving
grain yield and quality of chickpea. Soil and Environment, vol. 36, no. 2, p. 190–
196, 2017. https://doi.org/10.25252/SE/17/20979.
ASTUTI, Rika. Plant Growth Promoting Activity of Actinomycetes Isolated from
Soybean Plant Growth Promoting Activity of Actinomycetes Isolated from Soybean
Rhizosphere. no. January, 2019. https://doi.org/10.3844/ojbsci.2019.1.8.
AYED, Fakher; AYDI, Rania; ABDALLAH, Ben; JABNOUN-KHIAREDDINE,
Hayfa; DAAMI-REMADI, Mejda. Selection of compost-derived actinomycetes with
plant-growth promoting and tomato stem rot biocontrol potentialities. vol. 8, no. 1, p.
79–91, 2021. .
BAHADUR, Indra; MAURYA, Ragini; ROY, Pratiti; KUMAR, Ashok.
Potassium-Solubilizing Bacteria (KSB): A Microbial Tool for K-Solubility, Cycling, and
Availability to Plants. Plant Growth Promoting Rhizobacteria for Agricultural
Sustainability, , p. 257–265, 2019. https://doi.org/10.1007/978-981-13-7553-8_13.
BAPAT, Malini S.; SINGH, Hema; SHUKLA, Sudheesh K.; SINGH, Prabal
Pratap; VO, Dai Viet N.; YADAV, Alpa; GOYAL, Abhineet; SHARMA, Ajit; KUMAR,
Deepak. Evaluating green silver nanoparticles as prospective biopesticides: An
environmental standpoint. Chemosphere, vol. 286, no. P2, p. 131761, 2022. DOI
10.1016/j.chemosphere.2021.131761. Available at:
https://doi.org/10.1016/j.chemosphere.2021.131761.
BILLAH, Motsim; KHAN, Matiullah; BANO, Asghari; HASSAN, Tamoor Ul;
MUNIR, Asia; GURMANI, Ali Raza. Phosphorus and phosphate solubilizing bacteria:
Keys for sustainable agriculture. Geomicrobiology Journal, vol. 36, no. 10, p. 904–
916, 2019. DOI 10.1080/01490451.2019.1654043. Available at:
https://doi.org/10.1080/01490451.2019.1654043.
BRAMLETT, Matthew; PLAETINCK, Geert; MAIENFISCH, Peter. RNA-Based
Biocontrols—A New Paradigm in Crop Protection. Engineering, vol. 6, no. 5, p. 522–
527, 2020. https://doi.org/10.1016/j.eng.2019.09.008.
BUDHATHOKI, Shailesh; SHRESTHA, Anima; CAMPUS, Tri-chandra
Multiple. Screening of Actinomycetes From Soil for Antibacterial Activity. vol. 8, no. 3,
p. 102–110, 2020. .
ÇAKMAKÇI, Ramazan; MOSBER, Goltay; MILTON, Ada Hazal; ALATÜRK,
Fırat; ALI, Baboo. The Effect of Auxin and Auxin-Producing Bacteria on the Growth,
Essential Oil Yield, and Composition in Medicinal and Aromatic Plants. Current
45

Microbiology, vol. 77, no. 4, p. 564–577, 2020. DOI 10.1007/s00284-020-01917-4.


Available at: https://doi.org/10.1007/s00284-020-01917-4.
CHAUDHARY, Suman; NVI, Ta; DHANKER, Rinku; GOYAL, Sneh. Different
Applications of Sulphur Oxidizing Bacteria: A Review. International Journal of
Current Microbiology and Applied Sciences, vol. 8, no. 11, p. 770–778, 2019.
https://doi.org/10.20546/ijcmas.2019.811.091.
CHEN, Qing Lin; CUI, Hui Ling; SU, Jian Qiang; PENUELAS, Josep; ZHU,
Yong Guan. Antibiotic Resistomes in Plant Microbiomes. Trends in Plant Science,
vol. 24, no. 6, p. 530–541, 2019. DOI 10.1016/j.tplants.2019.02.010. Available at:
https://doi.org/10.1016/j.tplants.2019.02.010.
CHUKWUNEME, Chinenyenwa Fortune; BABALOLA, Olubukola Oluranti;
KUTU, Funso Raphael; OJUEDERIE, Omena Bernard. Characterization of
actinomycetes isolates for plant growth promoting traits and their effects on drought
tolerance in maize. Journal of Plant Interactions, vol. 15, no. 1, p. 93–105, 2020.
https://doi.org/10.1080/17429145.2020.1752833.
COMPANT, Stéphane; SAMAD, Abdul; FAIST, Hanna; SESSITSCH, Angela.
A review on the plant microbiome: Ecology, functions, and emerging trends in
microbial application. Journal of Advanced Research, vol. 19, p. 29–37, 2019.
https://doi.org/10.1016/j.jare.2019.03.004.
DAI, Pengbo; ZONG, Zhaofeng; MA, Qing; WANG, Yang. Isolation ,
evaluation and identification of rhizosphere actinomycetes with potential application
for biocontrol of Valsa mali. , p. 119–130, 2019. .
DAQUIOAG, Jann Eldy L; PENULIAR, Gil M. Isolation of Actinomycetes with
Cellulolytic and Antimicrobial Activities from Soils Collected from an Urban Green
Space in the Philippines. vol. 2021, 2021. .
DASTOGEER, Khondoker M.G.; TUMPA, Farzana Haque; SULTANA, Afruja;
AKTER, Mst Arjina; CHAKRABORTY, Anindita. Plant microbiome–an account of the
factors that shape community composition and diversity. Current Plant Biology, vol.
23, no. June, p. 100161, 2020. DOI 10.1016/j.cpb.2020.100161. Available at:
https://doi.org/10.1016/j.cpb.2020.100161.
DHIMAN, Meenakshi; DHIMAN, Vinay Kumar; RANA, Neerja; DIPTA,
Bhawna. Isolation and Characterization of Rhizobium Associated with Root Nodules
of Dalbergia sissoo. International Journal of Current Microbiology and Applied
Sciences, vol. 8, no. 03, p. 1910–1918, 2019.
https://doi.org/10.20546/ijcmas.2019.803.227.
DIETZ, Thomas; SHWOM, Rachael L.; WHITLEY, Cameron T. Climate
change and society. Annual Review of Sociology, vol. 46, p. 135–158, 2020.
https://doi.org/10.1146/annurev-soc-121919-054614.
DJEBAILI, Rihab; PELLEGRINI, Marika; ROSSI, Massimiliano; FORNI, Cinzia;
SMATI, Maria; DEL GALLO, Maddalena; KITOUNI, Mahmoud. Characterization of
plant growth-promoting traits and inoculation effects on triticum durum of
actinomycetes isolates under salt stress conditions. Soil Systems, vol. 5, no. 2,
2021. https://doi.org/10.3390/soilsystems5020026.
EL-SHATOURY, Sahar A; AMEEN, Fuad; MOUSSA, Heba; WAHID, Omar
Abdul; DEWEDAR, Ahmed; ALNADHARI, Saleh. Biocontrol of chocolate spot
disease ( Botrytis cinerea ) in faba bean using endophytic actinomycetes
Streptomyces : a field study to compare application techniques. 2020.
https://doi.org/10.7717/peerj.8582.
FERCHICHI, Nouha; TOUKABRI, Wael; BOULARESS, Mouna; SMAOUI,
Abderrazak; MHAMDI, Ridha; TRABELSI, Darine. Isolation , identification and plant
46

growth promotion ability of endophytic bacteria associated with lupine root nodule
grown in Tunisian soil. Archives of Microbiology, vol. 201, no. 10, p. 1333–1349,
2019. DOI 10.1007/s00203-019-01702-3. Available at:
https://doi.org/10.1007/s00203-019-01702-3.
FRANCESQUINI-OLIVIERA, Josiele Polzin de. CARACTERIZAÇÃO
MORFOFISIOLÓGICA, MOLECULAR E SIMBIÓTICA DE RIZÓBIOS E
BACTÉRIAS PRESENTES EM NÓDULOS DE FEIJOEIRO COMUM (Phaseolus
vulgaris L.) EM DIFERENTES SISTEMAS DE CULTIVO. 2014. 1–94 f. 2014.
GINDRI, Diego Medeiros; MOREIRA, Patricia Almeida Barroso; VERÍSSIMO,
Mario Álvaro Aloisio. Sanidade Vegetal: uma estratégia global para eliminar a
fome, reduzir a pobreza, proteger o meio ambiente e estimular o
desenvolvimento econômico sustentável. [S. l.: s. n.], 2020.
GOULET, Frédéric. Biological inputs and agricultural policies in South
America: between disruptive innovation and continuity. Pespective, no. May, 2021. .
GROVER, Minakshi; BODHANKAR, Shrey; SHARMA, Abha; SHARMA,
Pushpendra; SINGH, Jyoti; NAIN, Lata. PGPR Mediated Alterations in Root Traits:
Way Toward Sustainable Crop Production. Frontiers in Sustainable Food
Systems, vol. 4, no. January, p. 1–28, 2021.
https://doi.org/10.3389/fsufs.2020.618230.
GRUET, Cécile; OUDOT, Andréa; ABROUK, Danis; MOËNNE-LOCCOZ,
Yvan; MULLER, Daniel. Rhizophere analysis of auxin producers harboring the
phenylpyruvate decarboxylase pathway. Applied Soil Ecology, vol. 173, no.
December 2021, p. 5–10, 2022. https://doi.org/10.1016/j.apsoil.2021.104363.
HAN, Dandan; WANG, Lanying; LUO, Yanping. Isolation , identi fi cation , and
the growth promoting e ff ects of two antagonistic actinomycete strains from the
rhizosphere of Mikania micrantha Kunth. Microbiological Research, vol. 208, no.
58, p. 1–11, 2018. DOI 10.1016/j.micres.2018.01.003. Available at:
https://doi.org/10.1016/j.micres.2018.01.003.
HOSSAIN, Akbar; GUNRI, Sunil Kumar; BARMAN, Manashi; SABAGH,
Ayman El; TEIXEIRA DA SILVA, Jaime A. Isolation, characterization and purification
of Rhizobium strain to enrich the productivity of groundnut (Arachis hypogaea L).
Open Agriculture, vol. 4, no. 1, p. 400–409, 2019. https://doi.org/10.1515/opag-
2019-0040.
IBNY, Fadimata Y.I.; JAISWAL, Sanjay K.; MOHAMMED, Mustapha;
DAKORA, Felix D. Symbiotic effectiveness and ecologically adaptive traits of native
rhizobial symbionts of Bambara groundnut (Vigna subterranea L. Verdc.) in Africa
and their relationship with phylogeny. Scientific Reports, vol. 9, no. 1, p. 1–17,
2019. https://doi.org/10.1038/s41598-019-48944-1.
KHAN, Naeem; BANO, Asghari; ALI, Shahid; BABAR, Md Ali. Crosstalk
amongst phytohormones from planta and PGPR under biotic and abiotic stresses.
Plant Growth Regulation, vol. 90, no. 2, p. 189–203, 2020. DOI 10.1007/s10725-
020-00571-x. Available at: https://doi.org/10.1007/s10725-020-00571-x.
KOSKEY, Gilbert; MBURU, Simon W.; KIMITI, Jacinta M.; OMBORI, Omwoyo;
MAINGI, John M.; NJERU, Ezekiel M. Genetic characterization and diversity of
Rhizobium isolated from root nodules of mid-altitude climbing bean (Phaseolus
vulgaris L.) varieties. Frontiers in Microbiology, vol. 9, no. MAY, p. 1–12, 2018.
https://doi.org/10.3389/fmicb.2018.00968.
KRISHNAMURTHY, Saranya; VEERASAMY, Manivasagan; KARRUPPAYA,
Gopi. A Review on Plant Sources for Nano Biopesticide Production. Letters in
Applied NanoBioScience, vol. 9, no. 3, p. 1348–1358, 2020.
47

https://doi.org/10.33263/lianbs93.13481358.
KUMAR, Jitendra; RAMLAL, Ayyagari; MALLICK, Dharmendra; MISHRA,
Vachaspati. An overview of some biopesticides and their importance in plant
protection for commercial acceptance. Plants, vol. 10, no. 6, p. 1–15, 2021.
https://doi.org/10.3390/plants10061185.
KUMAR, Vinod; DESHWAL, Basant; THALLURI, Revanth; MEENA, Sharad.
Biopesticides as Promising Alternatives to Traditional Approaches. no. 6, 2022. .
KUMARI, Rima; SINGH, Devendra Pratap. Nano-biofertilizer: An Emerging
Eco-friendly Approach for Sustainable Agriculture. Proceedings of the National
Academy of Sciences India Section B - Biological Sciences, vol. 90, no. 4, p.
733–741, 2020. DOI 10.1007/s40011-019-01133-6. Available at:
https://doi.org/10.1007/s40011-019-01133-6.
LI, Yulong; GUO, Qiao; HE, Fei; LI, Yunzhou; XUE, Quanhong. Biocontrol of
Root Diseases and Growth Promotion of the Tuberous Plant Aconitum carmichaelii
Induced by Actinomycetes Are Related to Shifts in the Rhizosphere Microbiota.
Microbial Ecology, , p. 134–147, 2020. DOI 10.1007/s00248-019-01388-6.
Available at: http://dx.doi.org/10.1007/s00248-019-01388-6.
LIU, Xiaoman; CAO, Aocheng; YAN, Dongdong; OUYANG, Canbin; WANG,
Qiuxia; LI, Yuan. Overview of mechanisms and uses of biopesticides. International
Journal of Pest Management, vol. 67, no. 1, p. 65–72, 2021. DOI
10.1080/09670874.2019.1664789. Available at:
https://doi.org/10.1080/09670874.2019.1664789.
MENÉNDEZ, Esther; PAÇO, Ana. Is the application of plant probiotic bacterial
consortia always beneficial for plants? Exploring synergies between rhizobial and
non-rhizobial bacteria and their effects on agro-economically valuable crops. Life,
vol. 10, no. 3, p. 1–18, 2020. https://doi.org/10.3390/life10030024.
MITTER, Eduardo K.; TOSI, Micaela; OBREGÓN, Dasiel; DUNFIELD, Kari E.;
GERMIDA, James J. Rethinking Crop Nutrition in Times of Modern Microbiology:
Innovative Biofertilizer Technologies. Frontiers in Sustainable Food Systems, vol.
5, no. February, p. 1–23, 2021. https://doi.org/10.3389/fsufs.2021.606815.
MOHAMED, H M; EL-REWAINY, Hamdia M. Isolation and Characterization of
Phosphate Solubilizing Actinomycetes from Rhizosphere Soil. vol. 2018, no. 49, p.
125–137, 2018. https://doi.org/10.21608/ajas.2018.28381.
MURESU, Rosella; PORCEDDU, Andrea; SULAS, Leonardo; SQUARTINI,
Andrea. Nodule-associated microbiome diversity in wild populations of Sulla
coronaria reveals clues on the relative importance of culturable rhizobial symbionts
and co-infecting endophytes. Microbiological Research, vol. 221, no. January, p.
10–14, 2019. DOI 10.1016/j.micres.2019.01.004. Available at:
https://doi.org/10.1016/j.micres.2019.01.004.
NOSHEEN, Shaista; AJMAL, Iqra; SONG, Yuanda. Microbes as biofertilizers,
a potential approach for sustainable crop production. Sustainability (Switzerland),
vol. 13, no. 4, p. 1–20, 2021. https://doi.org/10.3390/su13041868.
OROZCO-MOSQUEDA, Ma del Carmen; FLORES, Aurora; ROJAS-
SÁNCHEZ, Blanca; URTIS-FLORES, Carlos A.; MORALES-CEDEÑO, Luzmaria R.;
VALENCIA-MARIN, María F.; CHÁVEZ-AVILA, Salvador; ROJAS-SOLIS, Daniel;
SANTOYO, Gustavo. Plant growth-promoting bacteria as bioinoculants: Attributes
and challenges for sustainable crop improvement. Agronomy, vol. 11, no. 6, p. 1–
15, 2021. https://doi.org/10.3390/agronomy11061167.
ORTIZ-CASTRO, Randy; LÓPEZ-BUCIO, José. Review: Phytostimulation and
root architectural responses to quorum-sensing signals and related molecules from
48

rhizobacteria. Plant Science, vol. 284, no. April, p. 135–142, 2019. DOI
10.1016/j.plantsci.2019.04.010. Available at:
https://doi.org/10.1016/j.plantsci.2019.04.010.
PRAMANIK, P.; GOSWAMI, A. J.; GHOSH, S.; KALITA, C. An indigenous
strain of potassium-solubilizing bacteria Bacillus pseudomycoides enhanced
potassium uptake in tea plants by increasing potassium availability in the mica waste-
treated soil of North-east India. Journal of Applied Microbiology, vol. 126, no. 1, p.
215–222, 2019. https://doi.org/10.1111/jam.14130.
PURWANINGSIH, Sri; AGUSTIYANI, Dwi; ANTONIUS, Satjiya. Diversity,
activity, and effectiveness of rhizobium bacteria as plant growth promoting
rhizobacteria (Pgpr) isolated from dieng, central java. Iranian Journal of
Microbiology, vol. 13, no. 1, p. 130–136, 2021.
https://doi.org/10.18502/ijm.v13i1.5504.
REHAN, Wazir. Effect of phosphorous, rhizobium inoculation and residue
types on chickpea productivity. Pure and Applied Biology, vol. 7, no. 3, 2018.
https://doi.org/10.19045/bspab.2018.700140.
RUIU, Luca. Microbial biopesticides in agroecosystems. Agronomy, vol. 8,
no. 11, p. 1–12, 2018. https://doi.org/10.3390/agronomy8110235.
SEENIVASAGAN, Renganathan; BABALOLA, Olubukola Oluranti;
ALEXANDRE, Ana; WIPPEL, Kathrin. biology Utilization of Microbial Consortia as
Biofertilizers and Biopesticides for the Production of Feasible Agricultural Product.
2021. DOI 10.3390/biology10111111. Available at:
https://doi.org/10.3390/biology10111111.
SHIVABAI, Chandwad; GUTTE, Sudhakar. ISOLATION OF
ACTINOMYCETES FROM SOIL SAMPLE USING DIFFERENT PRETREATMENT
METHODS AND ITS COMPARATIVE STUDY. IJPAR- International Journal of
Research and Analytical Reviews, vol. 6, no. 2, p. 697–702, 2019. .
SIMBINE, Margarida G.; MOHAMMED, Mustapha; JAISWAL, Sanjay K.;
DAKORA, Felix D. Functional and genetic diversity of native rhizobial isolates
nodulating cowpea (Vigna unguiculata L. Walp.) in Mozambican soils. Scientific
Reports, vol. 11, no. 1, p. 1–15, 2021. DOI 10.1038/s41598-021-91889-7. Available
at: https://doi.org/10.1038/s41598-021-91889-7.
SINGH, Dhananjaya Pratap; GUPTA, Vijai Kumar; PRABHA, Ratna. Microbial
interventions in agriculture and environment: Volume 1: Research trends,
priorities and prospects. [S. l.: s. n.], 2019. vol. 1, . https://doi.org/10.1007/978-981-
13-8391-5.
SINGH, Joginder; SHARMA, Deepansh; KUMAR, Gaurav; SHARMA, Neeta
Raj. Microbial Bioprospecting for Sustainable Development. [S. l.: s. n.], 2018.
https://doi.org/10.1007/978-981-13-0053-0.
SINGH, Laishram Shantikumar; SHARMA, Hemant; SAHOO, Dinabandhu.
Actinomycetes from Soil of Lachung , a Pristine High Altitude Region of Sikkim
Himalaya , Their Antimicrobial Potentiality and Production of Industrially Important
Enzymes. , p. 750–773, 2019. https://doi.org/10.4236/aim.2019.98046.
SMOLIŃSKA, Urszula; KOWALSKA, Beata. Smolińska-
Kowalska2018_Article_BiologicalControlOfTheSoil-bor.pdf. Journal of Plant
Pathology, , p. 1–12, 2018. .
SONI, Riteshri; KEHARIA, Hareshkumar. Phytostimulation and biocontrol
potential of Gram-positive endospore-forming Bacilli. Planta, vol. 254, no. 3, p. 1–24,
2021. DOI 10.1007/s00425-021-03695-0. Available at:
https://doi.org/10.1007/s00425-021-03695-0.
49

SOUMARE, Abdoulaye; DIEDHIOU, Abdala G.; THUITA, Moses; HAFIDI,


Mohamed; OUHDOUCH, Yedir; GOPALAKRISHNAN, Subramaniam; KOUISNI,
Lamfeddal. Exploiting biological nitrogen fixation: A route towards a sustainable
agriculture. Plants, vol. 9, no. 8, p. 1–22, 2020.
https://doi.org/10.3390/plants9081011.
STELLA, Margaret; SHARMA, Radheshyam; NEMA, Sushma;
RAMAKRISHNAN, R. S.; KUMAR, Ashish. Genetic characterization and diversity of
Rhizobia isolated from root nodules of green gram (Vigna radiata L.) found in central
plateau of India. Legume Research, vol. 44, no. 3, p. 353–361, 2021.
https://doi.org/10.18805/LR-4258.
TANDALE, Anjali; KHANDAGALE, Mayuri; PALASKAR, Rutuja; KULKARNI,
Snehal. ISOLATION OF PIGMENT PRODUCING ACTINOMYCETES FROM SOIL
AND SCREENING THEIR ANTIBACTERIAL ACTIVITIES AGAINST DIFFERENT
MICROBIAL ISOLATES. International Journal of Current Research in Life
Sciences, vol. 07, no. 06, p. 2397–2402, 2018. .
TEIXEIRA, Paulo César. Manual de Métodos de Análise de Solo 3a edição
revista e ampliada. 2017. .
TILOCCA, Bruno; CAO, Aocheng; MIGHELI, Quirico. Scent of a Killer:
Microbial Volatilome and Its Role in the Biological Control of Plant Pathogens.
Frontiers in Microbiology, vol. 11, no. February, 2020.
https://doi.org/10.3389/fmicb.2020.00041.
TRIVEDI, Pankaj; LEACH, Jan E.; TRINGE, Susannah G.; SA, Tongmin;
SINGH, Brajesh K. Plant–microbiome interactions: from community assembly to plant
health. Nature Reviews Microbiology, vol. 18, no. 11, p. 607–621, 2020. DOI
10.1038/s41579-020-0412-1. Available at: http://dx.doi.org/10.1038/s41579-020-
0412-1.
UPADHAYAY, Viabhav Kumar. Bacterial Based Biofortification. no. 4, p. 99–
101, 2022. .
WAHYUDI, Aris T R I; PRIYANTO, Jepri Agung; FIJRINA, Hanifa N U R;
MARIASTUTI, Hima Dewi. Streptomyces spp . from rhizosphere soil of maize with
potential as plant growth promoter. vol. 20, no. 9, p. 2547–2553, 2019.
https://doi.org/10.13057/biodiv/d200916.
WAN, Wenjie; QIN, Yin; WU, Huiqin; ZUO, Wenlong; HE, Huangmei; TAN,
Jiadan; WANG, Yi; HE, Donglan. Isolation and Characterization of Phosphorus
Solubilizing Bacteria With Multiple Phosphorus Sources Utilizing Capability and Their
Potential for Lead Immobilization in Soil. Frontiers in Microbiology, vol. 11, no.
April, p. 1–15, 2020. https://doi.org/10.3389/fmicb.2020.00752.
WERRIE, Pierre Yves; DURENNE, Bastien; DELAPLACE, Pierre;
FAUCONNIER, Marie Laure. Phytotoxicity of essential oils: Opportunities and
constraints for the development of biopesticides. A review. Foods, vol. 9, no. 9, p. 1–
24, 2020. https://doi.org/10.3390/foods9091291.
XU, Lin; GEELEN, Danny. Developing biostimulants from agro-food and
industrial by-products. Frontiers in Plant Science, vol. 871, no. October, p. 1–13,
2018. https://doi.org/10.3389/fpls.2018.01567.
YESMIN, Most; RASHID, Md; PROSUN, Tanjila; ALI, Md; HAIDER, Md;
PAUL, Swapan. Isolation and characterization of rhizobium strains from root nodules
of faba bean (Vicia faba L.). Journal of Bangladesh Agricultural University, vol.
19, no. 3, p. 302, 2021. https://doi.org/10.5455/jbau.86499.
50
51

Você também pode gostar