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Estudo de Impacte Ambiental do projeto de

ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Volume II - Relatório Síntese

DOCUMENTO PREPARADO POR PERITOS COMPETENTES EM AIA:


CONSULTOR COORDENADOR NÍVEL 2
CONSULTOR ESPECIALISTA NÍVEL 2 (CLIMA E ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS)

R082.23-21/06.12

MAIO 2023
Estudo de Impacte Ambiental do projeto de
ampliação da unidade industrial da
FLEX2000
Volume II – Relatório Síntese

Relatório elaborado para:


FLEX2000 – Produtos Flexíveis S.A.

R082.23-21/06.12

MAIO 2023

Instituto do Ambiente e Desenvolvimento | Campus Universitário 3810-193 AVEIRO | tel: 234.400.800 | fax: 234.400.819 | email: sec@idad.ua.pt
Ficha técnica

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da


Designação do Projeto: Unidade Industrial da FLEX2000
Volume II – Relatório Síntese

Cliente: FLEX2000 – Produtos Flexíveis S.A.

Nº do Relatório: R082.23-21/06.12

Tipo de Documento: Relatório Final

Data de Emissão: 5 de maio de 2023

Validação Aprovação

_______________
_______________
(Fernando Leão, Dr.)
(Miguel Coutinho, Doutor)
Secretário Geral

Pág. ii de vi Relatório Síntese


Índice

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 7
1.1 IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO .................................................................................................................................. 7
1.2 IDENTIFICAÇÃO DO PROPONENTE ............................................................................................................................ 7
1.3 ENQUADRAMENTO LEGAL ...................................................................................................................................... 7
1.4 IDENTIFICAÇÃO DA ENTIDADE LICENCIADORA E DA AUTORIDADE DE AIA .......................................................................... 9
1.5 ANTECEDENTES ................................................................................................................................................. 10
1.5.1 Antecedentes do projeto ..................................................................................................................... 10
1.5.2 Antecedentes do procedimento de AIA ............................................................................................... 11
1.6 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO EIA .................................................................................................................... 11
1.6.1 Metodologia Geral .............................................................................................................................. 11
1.6.2 Estrutura.............................................................................................................................................. 12
1.6.3 Equipa Técnica..................................................................................................................................... 14
1.6.4 Período de elaboração do EIA ............................................................................................................. 15
2. LOCALIZAÇÃO DO PROJETO .........................................................................................................................17
2.1 LOCALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA ............................................................................................................................ 17
2.2 BREVE ENQUADRAMENTO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO .............................................................................. 17
2.3 ÁREAS SENSÍVEIS................................................................................................................................................ 17
2.4 CONFORMIDADE COM OS INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL E SERVIDÕES CONDICIONANTES .................................. 19
2.4.1 Instrumentos de Gestão Territorial ..................................................................................................... 19
2.4.2 Servidões condicionantes e equipamentos e infraestruturas .............................................................. 20
2.5 RELAÇÃO DO PROJETO COM OUTRO(S) PROJETO(S) DE DESENVOLVIMENTO EXISTENTE(S) OU PROPOSTO(S) NA VIZINHANÇA .... 20
3. DESCRIÇÃO DO PROJETO E DAS ALTERNATIVAS CONSIDERADAS ................................................................21
3.1 OBJETIVOS E JUSTIFICAÇÃO DO PROJETO ................................................................................................................ 21
3.2 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO ESTABELECIMENTO EXISTENTE ........................................................................................ 22
3.3 DESCRIÇÃO DO PROJETO DE AMPLIAÇÃO ................................................................................................................. 24
3.4 CONSTRUÇÃO DA UNIDADE .................................................................................................................................. 32
3.4.1 Faseamento construtivo ...................................................................................................................... 32
3.4.2 Preparação do terreno e edificação .................................................................................................... 33
3.5 CAPACIDADES INSTALADAS................................................................................................................................... 35
3.6 PRODUTOS ....................................................................................................................................................... 36
3.7 MATÉRIAS-PRIMAS, RECURSOS, EMISSÕES GASOSAS, EFLUENTES LÍQUIDOS E RESÍDUOS GERADOS ...................................... 39
3.7.1 Lista dos principais materiais e energia utilizados ou produzidos....................................................... 39
3.7.2 Lista dos principais tipos de efluentes, resíduos e emissões previsíveis .............................................. 44
3.8 SUBSTÂNCIAS PERIGOSAS NA ACEÇÃO DO REGIME SEVESO........................................................................................ 59
3.8.1 Identificação das substâncias/alterações ........................................................................................... 59
3.8.2 Condições de armazenagem e medidas de prevenção e de mitigação ............................................... 61
3.8.3 Descrição das atividades de movimentação das substâncias ............................................................. 63
3.8.4 Sistemas de instrumentação e controlo .............................................................................................. 63
3.9 PROJETOS ASSOCIADOS OU COMPLEMENTARES ........................................................................................................ 64
3.10 REGIME DE FUNCIONAMENTO DA UNIDADE ........................................................................................................ 66
3.11 RECURSOS HUMANOS .................................................................................................................................... 67
3.12 VOLUME DE TRÁFEGO GERADO ........................................................................................................................ 67
3.13 ALTERNATIVAS.............................................................................................................................................. 68
3.14 IDENTIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS RISCOS E MEDIDAS PREVENTIVAS DO PROJETO ........................................................... 68
3.15 AÇÕES SUSCETÍVEIS DE CAUSAR IMPACTES .......................................................................................................... 69
4. CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE AFETADO PELO PROJETO ........................................................................71

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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4.1 CLIMA E ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS ........................................................................................................................ 71
4.1.1 Política Climática ................................................................................................................................. 71
4.1.2 Enquadramento climático ................................................................................................................... 72
4.1.3 Projeções climáticas ............................................................................................................................ 75
4.2 GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E RECURSOS MINERAIS .............................................................................................. 76
4.2.1 Enquadramento geomorfológico ........................................................................................................ 76
4.2.2 Litologia e características estruturais ................................................................................................. 76
4.2.3 Sismicidade .......................................................................................................................................... 80
4.2.4 Valores geológicos de interesse .......................................................................................................... 82
4.3 RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS .................................................................................................................... 83
4.3.1 Caracterização do sistema aquífero .................................................................................................... 83
4.3.2 Inventário dos pontos de água ............................................................................................................ 84
4.3.3 Caracterização hidrogeoquímica......................................................................................................... 87
4.3.4 Vulnerabilidade à contaminação ........................................................................................................ 89
4.4 RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS ......................................................................................................................... 90
4.4.1 Enquadramento................................................................................................................................... 90
4.4.2 Rede hidrográfica ................................................................................................................................ 90
4.4.3 Qualidade da água .............................................................................................................................. 91
4.5 QUALIDADE DO AR............................................................................................................................................. 93
4.5.1 Metodologia ........................................................................................................................................ 93
4.5.2 Condições de dispersão de poluentes atmosféricos ............................................................................ 93
4.5.3 Recetores sensíveis .............................................................................................................................. 94
4.5.4 Emissões de poluentes atmosféricos ................................................................................................... 95
4.5.5 Caracterização da Qualidade do Ar................................................................................................... 101
4.6 AMBIENTE SONORO.......................................................................................................................................... 103
4.6.1 Metodologia ...................................................................................................................................... 103
4.6.2 Identificação das principais fontes sonoras e recetores .................................................................... 103
4.6.3 Medições de ruído ............................................................................................................................. 103
4.6.4 Mapas de Ruído................................................................................................................................. 105
4.7 SOLOS E USO DO SOLO ..................................................................................................................................... 107
4.7.1 Enquadramento................................................................................................................................. 107
4.7.2 Tipos de solos e aptidão da terra ...................................................................................................... 108
4.7.3 Uso do solo ........................................................................................................................................ 109
4.8 ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO ......................................................................................................................... 110
4.8.1 PNPOT ............................................................................................................................................... 110
4.8.2 PROF-CL ............................................................................................................................................. 113
4.8.3 Plano Diretor Municipal de Ovar ....................................................................................................... 115
4.9 BIODIVERSIDADE.............................................................................................................................................. 134
4.9.1 Metodologia ...................................................................................................................................... 134
4.9.2 Áreas classificadas ............................................................................................................................ 138
4.9.3 Biótopos presentes na área de estudo .............................................................................................. 139
4.9.4 Flora e vegetação .............................................................................................................................. 140
4.9.5 Fauna................................................................................................................................................. 148
4.9.6 Espécies exóticas invasoras ............................................................................................................... 155
4.10 PAISAGEM ................................................................................................................................................. 156
4.10.1 Metodologia ................................................................................................................................. 156
4.10.2 Caracterização biofísica – Estrutura fisiográfica da paisagem..................................................... 156
4.10.3 Ocupação do solo – uso do solo/humanização ............................................................................ 159
4.10.4 Caracterização e classificação paisagística ....................................................................................... 160
4.11 PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO, ARQUITETÓNICO E ETNOGRÁFICO......................................................................... 173
4.11.1 Metodologia ................................................................................................................................. 173
4.11.2 Resultados .................................................................................................................................... 174
4.12 POPULAÇÃO E SAÚDE HUMANA ...................................................................................................................... 175
4.12.1 Metodologia ................................................................................................................................. 175
4.12.2 Povoamento e sistema urbano ..................................................................................................... 176
4.12.3 Estrutura demográfica.................................................................................................................. 177
4.12.4 Emprego ....................................................................................................................................... 178

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4.12.5 Poder de Compra .......................................................................................................................... 182
4.12.6 Acessibilidades e mobilidade ........................................................................................................ 183
4.12.7 Comunidade local ......................................................................................................................... 186
4.12.8 Saúde humana .............................................................................................................................. 187
4.13 EVOLUÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA SEM PROJETO ...................................................................................... 189
5. ANÁLISE DE IMPACTES ..............................................................................................................................195
5.1 METODOLOGIA GERAL ...................................................................................................................................... 195
5.1.1 Ações suscetíveis de causar impacte ................................................................................................. 195
5.1.2 Características dos impactes ............................................................................................................. 198
5.2 CLIMA E ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS ...................................................................................................................... 199
5.2.1 Metodologia ...................................................................................................................................... 199
5.2.2 Classificação de impactes .................................................................................................................. 200
5.3 GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E RECURSOS MINERAIS ............................................................................................ 206
5.3.1 Metodologia ...................................................................................................................................... 206
5.3.2 Classificação de impactes .................................................................................................................. 207
5.4 RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS .................................................................................................................. 208
5.4.1 Metodologia ...................................................................................................................................... 208
5.4.2 Classificação de impactes .................................................................................................................. 209
5.5 RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS ...................................................................................................................... 213
5.5.1 Metodologia ...................................................................................................................................... 213
5.5.2 Classificação de impactes .................................................................................................................. 214
5.6 QUALIDADE DO AR ........................................................................................................................................... 215
5.6.1 Metodologia ...................................................................................................................................... 215
5.6.2 Classificação de impactes .................................................................................................................. 215
5.7 AMBIENTE SONORO ......................................................................................................................................... 218
5.7.1 Metodologia ...................................................................................................................................... 218
5.7.2 Classificação de impactes .................................................................................................................. 219
5.8 SOLOS E USO DO SOLO ..................................................................................................................................... 221
5.8.1 Metodologia ...................................................................................................................................... 221
5.8.2 Classificação de impactes .................................................................................................................. 222
5.9 ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO ......................................................................................................................... 224
5.9.1 Metodologia ...................................................................................................................................... 224
5.9.2 Classificação de impactes .................................................................................................................. 225
5.10 BIODIVERSIDADE ......................................................................................................................................... 232
5.10.1 Metodologia ................................................................................................................................. 232
5.10.2 Classificação de impactes ............................................................................................................. 233
5.11 PAISAGEM ................................................................................................................................................. 236
5.11.1 Enquadramento e metodologia .................................................................................................... 236
5.11.2 Classificação de impactes ............................................................................................................. 237
5.12 PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO, ARQUITETÓNICO E ETNOGRÁFICO......................................................................... 240
5.12.1 Metodologia ................................................................................................................................. 240
5.12.2 Classificação de impactes ............................................................................................................. 241
5.13 POPULAÇÃO E SAÚDE HUMANA ..................................................................................................................... 241
5.13.1 Metodologia ................................................................................................................................. 241
5.13.1 Classificação de Impactes ............................................................................................................. 244
5.14 IMPACTES CUMULATIVOS .............................................................................................................................. 250
5.14.1 Metodologia ................................................................................................................................. 250
5.14.2 Avaliação dos efeitos cumulativos................................................................................................ 251
5.15 SÍNTESE DOS IMPACTES DO PROJETO ............................................................................................................... 252
6. ANÁLISE DE RISCO .....................................................................................................................................255
6.1 SUBSTÂNCIAS PERIGOSAS................................................................................................................................... 255
6.2 ANÁLISE PRELIMINAR DE PERIGOS........................................................................................................................ 256
6.2.1 Identificação de fontes de perigo ...................................................................................................... 256
6.2.2 Pontos Perigosos e Pontos Nevrálgicos ............................................................................................. 259
6.3 IDENTIFICAÇÃO DOS POTENCIAIS CENÁRIOS DE ACIDENTE ......................................................................................... 260

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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6.4 ESTIMATIVA DA FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIA DOS ACIDENTES .................................................................................. 261
6.5 SELEÇÃO DE CENÁRIOS ...................................................................................................................................... 262
6.6 MODELAÇÃO DOS CENÁRIOS E ALCANCES DOS EFEITOS LETAIS E DOS EFEITOS IRREVERSÍVEIS ............................................ 263
6.7 SUBSTÂNCIAS PERIGOSAS PARA OS ORGANISMOS AQUÁTICOS ................................................................................... 264
6.8 DETERMINAÇÃO DAS ZONAS DE PERIGOSIDADE ...................................................................................................... 265
6.9 VULNERABILIDADE DA ENVOLVENTE ..................................................................................................................... 267
6.10 CONCLUSÃO SOBRE O RISCO .......................................................................................................................... 268
7. MEDIDAS DE MITIGAÇÃO E RECOMENDAÇÕES .........................................................................................271
7.1 LISTA DE MEDIDAS PROPOSTAS ........................................................................................................................... 271
7.1.1 Projeto ............................................................................................................................................... 272
7.1.2 Pré-construção .................................................................................................................................. 272
7.1.3 Construção ........................................................................................................................................ 273
7.1.4 Funcionamento.................................................................................................................................. 276
7.1.5 Fase de desativação .......................................................................................................................... 277
7.2 EFICÁCIA DAS MEDIDAS PROPOSTAS E IMPACTES RESIDUAIS ...................................................................................... 277
8. MONITORIZAÇÃO ......................................................................................................................................283
8.1 QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ............................................................................................................... 283
9. LACUNAS TÉCNICAS OU DE CONHECIMENTO ............................................................................................287
10. CONCLUSÕES ............................................................................................................................................289
11. BIBLIOGRAFIA ...........................................................................................................................................291

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1. Introdução

1.1 Identificação do Projeto


O presente relatório contém o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do projeto de ampliação da
FLEX2000 – Produtos Flexíveis S.A., em fase de estudo prévio.

1.2 Identificação do proponente


O proponente do projeto é a empresa FLEX2000 – Produtos Flexíveis S.A. a qual está integrada
num Grupo Familiar denominado CORDEX que foi fundado em outubro de 1969. Este Grupo
iniciou a produção de espuma flexível de poliuretano em 1976 na unidade industrial na época
localizada em Esmoriz.
Devido ao forte crescimento desta atividade durante as décadas de 80 e 90, em 1999 foi tomada a
decisão de se investir de raiz numa fábrica dedicada exclusivamente à produção de espuma de
poliuretano. Foi assim constituída a FLEX2000, em 3 de maio de 1999, iniciando-se no ano de
2000 a produção na unidade industrial de Ovar.
Entretanto a empresa tornou-se Líder do Mercado Ibérico e uma das maiores fábricas da Europa
de produção de espumas flexíveis de poliuretano, estando presente em mercados de exportação
espalhados um pouco por todo o Mundo.
Apesar da empresa se encontrar a uma distância geográfica considerável dos mercados do centro
da Europa e do mercado norte-americano e a espuma de poliuretano, decorrente do seu baixo
peso relativo face ao volume, não suportar de forma economicamente eficiente o transporte a
longas distâncias, FLEX2000 conseguiu uma posição de destaque nos mercados externos,
juntamente com a liderança no mercado ibérico. Esta posição competitiva é resultado de diversos
fatores, dos quais se destacam:
 Investimento contínuo em novos processos de fabrico e aumento da capacidade
produtiva instalada, que asseguram a qualidade dos produtos e o serviço diferenciador
de atendimento aos clientes;
 Adoção das melhores práticas de segurança e cumprimento escrupuloso das normas
internacionais;
 Adoção de uma política sustentada de Investimento em I&D&I que permite o
desenvolvimento de produtos, serviços e processos inovadores de acordo com as
necessidades do mercado;
 Verticalização da cadeia de valor;
 Aposta na valorização profissional e pessoal dos colaboradores da empresa.
A sede social da empresa é em Ovar com os seguintes contactos:
 Endereço Postal: Rua Eng. Ferreira Dias, S/N – Zona Industrial de Ovar, Fase III. 3880-327
Ovar;
 Telefone: 256 579 610.

1.3 Enquadramento legal


A instalação encontra-se atualmente licenciada pelo IAPMEI para o exercício da sua atividade,
possuindo o Título de Exploração nº 15200/2017-1 de 29 de maio 2017 (Anexo I no Volume III).

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Tendo em conta a Classificação Portuguesa das Atividades Económicas (Decreto-Lei n.º 381/2007,
de 14 de novembro) a unidade industrial da FLEX2000 em termos de atividade económica, insere-
se no CAE REV3 22210 ‘Fabricação de chapas, folhas, tubos e perfis de plástico’, processo: fabrico
de espumas e reciclagem de espumas.
O projeto de ampliação consiste no aumento da capacidade de produção e de armazenagem ao
nível da atividade de fabrico e processamento de espuma, estando assim enquadrado no CAE
22210.
Contudo tendo em atenção a proposta de instalar uma unidade de produção para autoconsumo
fotovoltaica passará a existir também o CAE 35113.
De acordo com o regime jurídico que regula o exercício da atividade industrial e aprova o SIR -
Sistema da Indústria Responsável1 (Decreto-Lei n.º 169/2012, de 1 de agosto que revoga o
Decreto-Lei n.º 209/2008, de 29 de outubro), a alteração do estabelecimento industrial em causa
enquadra-se na tipologia de estabelecimentos industriais do Tipo I na medida em que se encontra
abrangido por, pelo menos, um dos seguintes regimes jurídicos (conforme n.º 1 do Artigo 11.o do
Anexo ao Decreto-Lei n.º 169/2012, de 1 de agosto que aprova o SIR) (Quadro 1.1):
 Prevenção e Controlo Integrados da Poluição;
 Prevenção de Acidentes Graves que envolvam Substâncias Perigosas;
 Avaliação de Impacte Ambiental.
Neste caso, o projeto de ampliação encontra-se abrangido pelo regime jurídico da avaliação de
impacte ambiental e pelo regime jurídico de prevenção de acidentes graves (Quadro 1.1).

Quadro 1.1- Articulação com os regimes jurídicos de acordo com o Regime Jurídico do Sistema da Indústria
Responsável.
Regime Jurídico Abrangido

Decreto-Lei n.º 152-B/2017de 11 de dezembro, relativo à Avaliação de Projeto abrangido pelo Anexo II, n.º 6
Impacte Ambiental alínea a)
Decreto-Lei n.º 150/2015 de 5 de agosto relativo à Prevenção de Acidentes Enquadrado no Nível Superior de
Graves que envolvam substâncias perigosas (SEVESO) Perigosidade – alteração substancial
Decreto-Lei n.º 127/2013, de 30 de agosto relativo ao regime de emissões
Projeto não abrangido
industriais aplicável à prevenção e ao controlo integrados da poluição

No que respeita em concreto ao regime jurídico da Avaliação de Impacte Ambiental (RJAIA) o qual
justifica a realização do presente EIA, o projeto em avaliação encontra-se enquadrado pelo
Decreto-Lei n.º 152-B/2017, de 11 de dezembro que alterou e republicou o Decreto-Lei n.º 151-
B/2013, de 31 de outubro.
De referir que projeto não se localiza em áreas qualificadas como sensíveis no âmbito do RJAIA
(alínea a) do artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 152-B/2017, de 11 de dezembro.
Em termos de enquadramento no RJAIA, a ampliação que se pretende realizar ao
estabelecimento industrial existente, tendo em conta que se trata de um estabelecimento de
fabrico de espumas e valorização de resíduos, está prevista no n.º 6 do anexo II do Decreto-Lei n.º
152-B/2017 de 11 de novembro, no caso geral ‘’indústria química’’ alínea a) ‘tratamento de
produtos intermediários e fabrico de produtos químicos’.

1
Aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 169/2012, de 1 de agosto, o Sistema de Indústria Responsável vem regular o exercício da atividade
industrial, a instalação e exploração de Zonas Empresariais Responsáveis (ZER), e o processo de acreditação de entidades intervenientes no
âmbito do seu domínio de aplicação.

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Com o projeto de ampliação em causa pretende-se aumentar a área do atual estabelecimento
para um terreno contíguo com cerca de 20 ha, no qual se procederá à construção de novas naves
industriais. Esta ampliação ultrapassa o limiar fixado para a tipologia de projeto em causa em
termos de ‘Área de instalação’ cujo limiar, segundo a alínea a) do ponto 6 do Anexo II acima
referido, se encontra fixado como ≥ 3 ha.
Assim, considera-se ser aplicável ao projeto de ampliação o previsto na subalínea i), alínea b) do
n.º 4 do artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 152-B/2017, de 11 de dezembro, ou seja, está sujeito a AIA
«qualquer alteração ou ampliação de projetos enquadrados nas tipologias do anexo I ou dpo anexo II, já
autorizados, executados ou em execução e que não tinham sido anteriormente sujeitros a AIA, quando:
tal alteração ou ampliação, em si mesma, corresponda ao limiar fixado para a tipologia em causa».
Relativamente ao regime de prevenção de acidentes graves (PAG), o estabelecimento atual
encontra-se abrangido por este regime, nomeadamente no nível superior de perigosidade, pelo
facto de armazenar substâncias perigosas em quantidades superiores ao limiar de aplicabilidade
do RPAG previsto no Anexo I (partes 1 e 2) do Decreto-lei nº 150/2015.
O projeto de alteração em causa, pelo facto de incluir dois novos tanques de Isocianato de
Tolueno (TDI), um deles com capacidade de 1220 t (1000 m3), constitui, no âmbito do regime de
PAG, uma alteração substancial, atendendo ao aumento de perigos de acidente grave, pelo que se
deverá dar cumprimento ao disposto no artigo 25.º do Decreto-Lei n.º 150/2015, de 5 de agosto.
De acordo com a alínea a) do n.º 9 do artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 150/2015, de 5 de agosto, «No
caso de projetos de estabelecimento ou de alteração sujeitos ao Regime de AIA, aprovado pelo
Decreto-Lei n.º 151-B/2013, de 31 de outubro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 47/2014, de 24 de
março: o procedimento de avaliação de compatibilidade de localização, nomeadamente o pedido
e a emissão de parecer, bem como a consulta pública, são integrados no procedimento de AIA,
aplicando-se os prazos previstos nesse regime».
Além dos regimes acima mencionados cabe ainda destacar que o estabelecimento industrial, tal
como consta do respetivo título de exploração, exerce também a atividade CAEVER.3 38322
‘valorização de resíduos não metálicos’. Na atividade, nomeadamente no processo de fabrico de
espuma reciclada, é efetuada a substituição de matérias-primas virgens por resíduos, sendo
utilizados resíduos de aparas de espuma do tipo não perigoso para o fabrico de aglomerado de
espuma, em bloco e em rolo, pelo que o projeto tem enquadramento na alínea a) do nº1 do
artº86º do Decreto-Lei nº 102-D/2020 na sua atual redação. O projeto em avaliação implicará
alterações a este nível na medida em que será desenvolvida uma nova operação de valorização de
resíduos de aparas de espuma, que permitirá recuperar e posteriormente substituir, em parte,
uma das principais matérias-primas utilizada atualmente para a produção de espumas, o poliol.
Ao abrigo da presente avaliação não se considera o CAE 38322 na medida em que, face ao
entendimento atual, a valorização industrial de resíduos (utilização de resíduos como matéria-prima),
para o fabrico de novos produtos, deve ser enquadrada na CAE setorial”.

1.4 Identificação da entidade licenciadora e da autoridade de AIA


A entidade competente para autorização do projeto é o IAPMEI I.P. - Agência para a
Competitividade e Inovação, I.P..
De acordo com o previsto pelo Artigo 8.⁰ do Decreto-Lei n.º 152-B/2017, de 11 de dezembro, a
Autoridade de AIA é a Agência Portuguesa do Ambiente (projeto tipificado na subalínea iii) da
alínea a) do ponto 1), ou seja, trata-se de um estabelecimento abrangido pelo regime de
prevenção de acidentes graves).

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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1.5 Antecedentes
1.5.1 Antecedentes do projeto
A atividade de produção de espumas foi iniciada em meados da década de 70 nas instalações
industriais da CORDEX em Esmoriz. Devido ao forte crescimento desta atividade durante as
décadas de 80 e 90 do séc. XX, em 1999, foi tomada a decisão de se investir de raiz numa fábrica
dedicada exclusivamente à produção de espuma de poliuretano.
Essa nova fábrica, denominada FLEX2000, foi implantada na zona industrial de Ovar tendo sido
planeada para abarcar os grandes desafios do mercado ibérico. Nesse sentido, a nova unidade
industrial foi dotada de uma grande capacidade de produção, capaz de produzir uma vasta gama
de qualidades e tipos de espumas que respondessem à demanda de todos os segmentos do
mercado. A exportação, concretamente para o mercado espanhol foi naquela altura o objetivo
número um da empresa.
A construção da unidade em Ovar iniciou-se em março do ano 2000 e a produção de espuma
iniciou-se em setembro de 2001. Fruto de uma política comercial expansionista e estruturada, o
crescimento do negócio foi ao longo dos últimos anos uma realidade sustentada por uma política
de constante investimento nas últimas tecnologias, aumento da capacidade de produção,
melhoria de processos que conduziram ao aumento da eficiência e competitividade da FLEX2000.
Desde o início da atividade comercial e industrial, a FLEX2000 tem apresentado um crescimento
excecional, tendo o volume de negócios ultrapassado os 131 milhões de euros em 2020 e os 180
milhões em 2021 o que traduz (com base nos valores de 2021) numa taxa de crescimento médio
anual de 18,9%.
Desde o inico da atividade a empresa tem adotado uma política de investimento contínuo,
alcançando os 62,4 milhões de euros desde o início de atividade e tendo ultrapassado os 8
milhões de euros nos últimos 5 anos.
Nos últimos 16 anos a empresa tornou-se Líder do Mercado Ibérico e uma das maiores fábricas da
Europa de produção de espumas flexíveis de poliuretano. Atualmente, a FLEX2000 tem uma
capacidade de produção licenciada de 184 ton/dia de espuma, estando presente em mercados de
exportação espalhados um pouco por todo o Mundo
Nos anos recentes, a FLEX2000, face a alterações ocorridas ao nível dos players deste mercado,
identificou a necessidade de ampliar as instalações fabris de forma a reduzir acentuadamente os
tempos de entrega. Contudo esta situação só é ultrapassável através de um aumento de área das
instalações que permita produções mais longas de blocos e a sua armazenagem intermédia até à
necessidade de transformação.
Assim, no início de 2017 foram efetuados os primeiros contactos com a Câmara Municipal de
Ovar (CMO) no sentido aferir a possibilidade de ampliação da área de implantação da FLEX2000.
Em março de 2017, de acordo com parecer dos serviços técnicos da CMO, essa ampliação seria
possível para terrenos contíguos à atual unidade industrial da FLEX2000, pertença da CMO,
estando, contudo, a sua utilização industrial vedada devido a incompatibilidade com o PDM. É
desde logo apontada com possível a regularização dessa ampliação ao abrigo do Regime
Extraordinário de Regularização das Atividades Económicas (RERAE), patente no Decreto-Lei
n.º 165/2014, em vigor à data.
O procedimento iniciou-se com o Reconhecimento do Interesse Público Municipal do projeto o
qual foi emitido pela Assembleia Municipal em 7 de julho de 2017.

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Em 24 de julho de 2017 foi submetido na plataforma digital do IAPMEI (consola IAPMEI) o pedido
de regularização, com todos os elementos instrutórios requeridos pelo diploma legal do RERAE.
Após alguns esclarecimentos foi efetuada uma primeira conferência decisória em 9 de janeiro de
2019, tendo sido adiada uma decisão final, devido ao facto da CCDR-C ter exigido um parecer do
LNEG relativamente à utilização da área prevista para a ampliação na medida em que a mesma se
encontra em zona dunar. Esse parecer foi emitido a 25 janeiro de 2019.
Em 1 de fevereiro de 2019 foi efetuada a Conferência Decisória, tendo o processo do pedido
regularização (Proc. IAPMEI/DPR – DpN n.º 2015200) obtido deliberação favorável condicionada.
No Anexo II.A do Volume III apresenta-se a ‘Ata de Reunião’ da Conferência Decisória. Entretanto,
conforme apresentado no documento do Anexo II.B do Volume III, o prazo para submissão do
pedido de alteração foi prorrogado.

1.5.2 Antecedentes do procedimento de AIA


O presente procedimento de AIA não foi precedido de Proposta de Definição do Âmbito.

1.6 Metodologia e Estrutura do EIA


1.6.1 Metodologia Geral
O EIA foi realizado e estruturado tendo em conta a legislação em vigor sobre Avaliação de
Impacte Ambiental, nomeadamente o previsto no anexo V do Decreto-Lei n.º 152-B/2017, de 11
de dezembro que altera e republica o Decreto-Lei n.º 151-B/2013 de 31 de outubro, que refere
como conteúdo mínimo do EIA:
 Descrição do projeto incluindo a localização, características físicas, processo produtivo,
identificação da natureza e quantidade de materiais e recursos naturais utilizados bem
como estimativa dos tipos e quantidades de resíduos e emissões previstos;
 Descrição do estado do local dos fatores ambientais suscetíveis de serem afetados pelo
projeto bem como da evolução previsível do ambiente na ausência de projeto;
 Descrição dos efeitos do projeto no ambiente e hierarquização dos impactes;
 Descrição das medidas mitigadoras;
 Descrição dos programas de monitorização;
 Identificação de lacunas técnicas ou de conhecimentos;
 Resumo Não Técnico.
Foram também tidos em consideração os ‘Critérios para a fase de conformidade em AIA’
constantes do Despacho do Secretário de Estado do Ambiente de 2008 (Informação SEA n.º 10 de
18-02-2008), bem como a Portaria n.º 399/2015 de 5 de novembro que estabelece os elementos
que devem instruir os procedimentos ambientais previstos no regime de Licenciamento Único de
Ambiente (LUA).
O EIA tem em atenção as especificidades do projeto, a fase em que se encontra e as
características gerais da área de implantação do mesmo, tendo-se procedido à caracterização do
estado atual do ambiente e respetiva avaliação de impactes ao nível das seguintes componentes:
 Clima e alterações climáticas;
 Geologia, Geomorfologia e Recursos Minerais;
 Recursos Hídricos Subterrâneos;
 Recursos Hídricos Superficiais;

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 Qualidade do ar;
 Ambiente sonoro;
 Solo e uso do solo;
 Biodiversidade;
 Paisagem;
 Ordenamento do Território;
 Património Arqueológico, Arquitetónico e Etnográfico;
 População e Saúde Humana.
Com base na caracterização do estado atual do ambiente da área de estudo, nas características
do projeto e nas atividades desenvolvidas pelo mesmo, procedeu-se à identificação e avaliação
dos impactes positivos e negativos do projeto sobre cada uma das componentes acima listadas. A
avaliação tem em consideração a produção efetiva, de acordo com o regime de laboração
proposto, e a capacidade instalada. Nesta avaliação tem-se em conta o território enquanto
suporte físico ou área a que corresponde uma característica importante ou que foi delimitada
com o propósito de nela ser definida uma atividade ou lhe ser atribuído um uso e, assim,
desempenhar uma dada função ou conjunto de funções2. Neste âmbito, a avaliação dos efeitos do
projeto sobre o território, sendo transversal ao conjunto de componentes avaliadas e abordada
com maior detalhe no capítulo do ordenamento do território, será sumarizada de forma integrada
no capítulo das conclusões.
De salientar que a unidade industrial em avaliação encontra-se abrangida pelo regime de
prevenção de acidentes graves envolvendo substâncias perigosas (Diretiva Seveso). Segundo o
regime jurídico de AIA, no que respeita à sua articulação com outros regimes, «sempre que o
projeto respeite a um estabelecimento abrangido pelo regime de prevenção de acidentes graves
envolvendo substâncias perigosas, o procedimento de avaliação de compatibilidade de localização
é integrado no procedimento de AIA, conforme o disposto no n.º 9 do artigo 9.º do Decreto-Lei n.º
150/2015, de 5 de agosto».
O projeto de alteração traduz-se numa alteração substancial envolvendo substâncias perigosas
integrando-se no EIA a avaliação da compatibilidade de localização. Neste quadro, o EIA
contempla a análise de risco.
Com base na avaliação dos impactes e riscos identificados, são propostas medidas cujo objetivo é
evitar e minimizar os impactes negativos previstos.
Complementarmente, com o objetivo de possibilitar a avaliação da eficácia das medidas propostas
e/ou detetar eventuais problemas associados ao funcionamento da instalação foi avaliada a
possibilidade de se propor a monitorização de determinados fatores ambientais. De referir, no
entanto, que apenas se propõe a monitorização para as situações ainda não abrangidas por outra
legislação específica distinguindo-se aqui claramente a monitorização ambiental do autocontrole
de emissões.
Os estudos ambientais foram efetuados com a colaboração do promotor tendo, para o efeito,
sido disponibilizado total acesso ao local onde o projeto será implantado e facultada a informação
quer processual quer técnica afeta ao seu funcionamento.

1.6.2 Estrutura
A estrutura do EIA tem em consideração o previsto no Anexo V do Decreto-Lei n.º 152-B/2017, de
11 de dezembro bem como no módulo X.i da Portaria n.º 399/2015, de 5 de novembro que

2
In ‘’A paisagem na Revisão dos PDM’’ DGOTDU, 2011.

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estabelece os elementos que devem instruir os procedimentos ambientais previstos no regime do
Licenciamento Único Ambiental (LUA).
O presente EIA é apresentado em 4 volumes:
 Volume I - Resumo Não Técnico;
 Volume II – Relatório Síntese;
 Volume III – Anexos;
 Volume IV – Elementos Adicionais.
O Volume I contém o Resumo Não Técnico (RNT) o qual tem como papel sumariar e traduzir em
linguagem simples o conteúdo do estudo, permitindo que o público em geral se familiarize com as
principais questões relacionadas com o projeto. Este documento segue os “Critérios de Boa
Prática para a elaboração e Avaliação de Resumos Não Técnicos de Estudos de Impacte
Ambiental” publicados em 2008 pela Associação Portuguesa de Avaliação de Impactes e pela
Agência Portuguesa do Ambiente.
O Volume II inclui a descrição do projeto e a análise dos vários fatores ambientais, sociais e
patrimoniais passíveis de serem afetados pelo projeto. A estrutura geral do Volume II é a
seguinte:
 Capítulo 1: Introdução – identifica o projeto, a fase em que se encontra, o
proponente, a entidade licenciadora, a autoridade de AIA, os antecedentes, o
enquadramento legal do projeto e a metodologia geral e estrutura do EIA;
 Capítulo 2: Localização do projeto – posiciona o projeto à escala local, regional e
nacional, principais características da área envolvente e identifica os instrumentos de
gestão do território e classes de espaço afetadas, condicionantes, servidões
administrativas e de utilidade pública aplicáveis à área de implantação do projeto,
efetuando uma análise à conformidade do projeto com esses instrumentos;
 Capítulo 3: Descrição do projeto e das alternativas consideradas – Apresenta os
objetivos e aspetos que justificam a implementação do projeto e descreve as
principais características do projeto relevantes para a avaliação de impactes e
respetivas alternativas se consideradas;
 Capítulo 4: Caracterização do ambiente afetado pelo projeto – identifica e descreve
os aspetos relevantes dos vários fatores considerados passíveis de serem afetados
pelo projeto;
 Capítulo 5: Análise de impactes – identifica e avalia os potenciais impactes
decorrentes da implementação do projeto incluindo os impactes cumulativos;
 Capítulo 6: Análise de risco – identifica e avalia os riscos associados ao projeto no
contexto da Prevenção de Acidentes Graves;
 Capítulo 7: Medidas de mitigação e impactes residuais – apresenta as medidas que
devem ser adotadas para prevenir, minimizar e compensar os impactes negativos do
projeto e potenciar os positivos. Identifica os impactes que permanecem após a
implementação das medidas de mitigação (impactes residuais);
 Capítulo 8: Monitorização – Identifica e descreve os programas de monitorização que
devem ser implementados;
 Capítulo 9: Lacunas técnicas ou de conhecimento – Identifica eventuais aspetos que
limitaram a análise apresentada no EIA;
 Capítulo 10: Conclusões – apresenta as conclusões do EIA;

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 Capítulo 11: Bibliografia.
O Volume III contém os Anexos que correspondem a informação relativa a estudos sectoriais
específicos preparados durante a realização do EIA e elementos complementares que sendo
pertinentes serviram de base e/ou apoio à informação presente no Relatório Síntese. No Quadro
1.2 apresenta-se a lista de Anexos constante do Volume III.
Quadro 1.2- Lista de Anexos constantes no Volume III.
N.º do Anexo Título

I Título de Exploração Industrial

II Antecedentes

III Alvará de Utilização

IV Plantas de Projeto

V Lista de matérias-primas

VI Recursos Hídricos

VII Ambiente Sonoro

VIII Biodiversidade

IX Paisagem

X Património

XI Avaliação da Compatibilidade de Localização

XII Estudo de dimensionamento das chaminés

O Volume IV contém os ‘Elementos Adicionais’ solicitados pela autoridade de AIA à FLEX2000 para
efeitos da conformidade do EIA de acordo com o oficio com referência S016173-202303-
DAIA.DAP DAIA.DAPP.00312.2022. A resposta aos elementos adicionais solicitados, sempre que
relevante, foi incorporada nos restantes volumes do EIA.

1.6.3 Equipa Técnica


O presente EIA foi elaborado pelo Instituto do Ambiente e Desenvolvimento (IDAD) englobando
uma Equipa Técnica multidisciplinar com vasta experiência na elaboração de Estudos de Impacte
Ambiental (Quadro 1.3).
De referir que o coordenador do EIA é reconhecido como perito competente na qualidade de
Consultor Coordenador: Nível 2 e Consultor Especialista em Clima e Alterações Climáticas Nível 2
no âmbito do Sistema de Qualificação de Peritos Competentes em Avaliação de Impacte
Ambiental promovido pela APAI - Associação Portuguesa de Avaliação de Impactes. Miguel
Coutinho é possuidor do certificado n.º 001/02/2019 com validade até 30/05/2022.
Quadro 1.3- Equipa técnica do EIA.
Identificação Área de responsabilidade
Coordenação Geral
Miguel Coutinho
Clima e Alterações Climáticas
Doutor em Ciências Aplicadas ao Ambiente
Qualidade do Ar
Coordenação Técnica
Fernando Leão
Biodiversidade
Licenciado em Biologia
Solo e Uso do Solo

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Identificação Área de responsabilidade

Rosa Pinho
Biodiversidade (Flora e Vegetação)
Mestre em Ciências das Zonas Costeiras
Alexandra Passos Silva
Recursos Hídricos Superficiais
Licenciada em Engenharia do Ambiente
Eduardo Anselmo Ferreira da Silva
Professor Catedrático em Geoquímica Ambiental Geologia e geomorfologia
Nuno Durães Recursos Hídricos subterrâneos
Doutor em Geociências
Clara Ribeiro Ambiente Sonoro
Mestre em Poluição Atmosférica Qualidade do Ar

Adelaide Pinto
Património Arqueológico e Arquitetónico
Licenciada em História (ramo arqueologia)

Cristina Robalo
Paisagem
Licenciada em Arquitetura Paisagista

Sérgio Bento Ordenamento do Território;


Licenciado em Planeamento Regional e Urbano População e Saúde Humana

Mário Magalhães Macedo


Análise de Risco
- Licenciado em Engenharia de Segurança

1.6.4 Período de elaboração do EIA


O EIA foi desenvolvido entre junho de 2021 e junho de 2022.
Após a submissão do EIA para avaliação por parte da autoridade de AIA, em 7 de março de 2023 a
autoridade de AIA, com base na apreciação ao EIA efetuada pela Comissão de Avaliação (CA),
considerou necessária a apresentação de um conjunto de elementos adicionais. Os elementos
adicionais (Volume IV) foram reunidos durante o mês de março e abril de 2023.

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(Página intencionalmente deixada em branco)

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2. Localização do Projeto

2.1 Localização administrativa


A área de implantação do projeto situa-se, segundo a nomenclatura de unidades territoriais para
fins estatísticos (Regulamento UE nº 868/2014 da Comissão, de 8 de agosto) e administrativa
(Figura 2.1):
 NUT II - Centro;
 NUT III – Região de Aveiro;
 Distrito - Aveiro;
 Concelho – Ovar;
 Freguesia – União das Freguesias de Ovar, São João, Arada e São Vicente de Pereira
Jusã3.

2.2 Breve enquadramento da área de implantação do projeto


O projeto de ampliação será implantado num terreno florestal adjacente às atuais instalações
industriais da FLEX2000, esta inserida na Zona Industrial de Ovar.
A Zona Industrial de Ovar apresenta excelentes acessibilidades rodoviárias possuindo uma ligação
direta a partir da A29. A FLEX2000, instalada na zona industrial, dista 4,6 km do nó de acesso à
A29.
A envolvente poente, norte e sul da futura área de implantação do projeto é ocupada por
povoamento florestal de pinheiro-bravo em areias dunares, enquanto a nascente se localiza a
unidade industrial da FLEX2000 em laboração e a restante área industrial ocupada por um
conjunto diversificado de empresas.
Em termos de recetores sensíveis, todos eles se encontram a uma distância superior a 1,1 km do
local de implantação do projeto.
De salientar a presença, a norte do local, da base aérea de Maceda oficialmente designada de
Aeródromo de Manobra n.º 1.

2.3 Áreas sensíveis


Na aceção do Artigo 2º do Decreto-Lei n.º 152-B/2017, de 11 de dezembro, são consideradas
como áreas sensíveis:
i) Áreas protegidas, classificadas ao abrigo do Decreto-Lei, n.º 142/2008, de 24 de Julho;
ii) Sítios da Rede Natura 2000, Zonas Especiais de Conservação e Zonas de Proteção
Especial, classificadas nos termos do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril4 no âmbito das
Diretivas 79/409/CEE e 92/43/CEE;
iii) Zonas de proteção dos bens imóveis classificados ou em vias de classificação definidas
nos termos da Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro.
Perante este contexto legal, a área na qual o projeto está localizado não se encontra abrangida
por nenhuma das áreas sensíveis enumeradas.

3
De acordo com a Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro que procedeu à reorganização administrativa do território das freguesias.
4
Alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro.

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Fonte: Extrato da Folha n.º 153 da Carta Militar Portuguesa.
Figura 2.1– Localização da área de implantação do projeto.

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2.4 Conformidade com os Instrumentos de Gestão Territorial e Servidões Condicionantes

2.4.1 Instrumentos de Gestão Territorial


No âmbito da presente análise destaca-se o Plano Diretor Municipal de Ovar (PDM-O). A análise
detalhada da conformidade do projeto com o PDM é apresentada nos capítulos 4.8
(enquadramento) e 5.9 (análise de conformidade).
O PDM de Ovar atualmente em vigor foi publicado a 26 de agosto de 2015, no Diário da República
n.º 166, 2.ª série, através do Aviso n.º 9622/2015, tendo posteriormente sido objeto de duas
correções materiais e uma alteração ao PDM, através dos avisos n.º 14565/2016, de 21 de
novembro, n.º 3846/2018, 22 de março e n.º 12490/2018, de 30 de agosto.
Ao abrigo do PDM de Ovar e do ponto de vista da qualificação do solo para efeitos de ocupação,
uso e transformação do solo, a área onde a FLEX2000 está atualmente instalada insere-se em
‘Solo Urbano – Espaço de Atividades Económicas’ enquanto a área de ampliação se encontra
classificada em ‘Solo Rural - Espaço Florestal de Conservação’. De acordo com o regulamento do
PDM-O, os espaços florestais de conservação integram áreas de uso ou vocação florestal
sensíveis, por nelas ocorrerem fatores de risco de erosão ou de incêndio ou por exercerem
funções de proteção prioritária da rede hidrográfica, integrando, ou não, áreas sujeitas a regime
florestal, ao regime da REN, da RAN ou da Rede Natura, englobando, ainda, incultos e áreas
agropecuárias.
Ainda segundo o regulamento do PDM, nesta categoria de espaços são interditos um conjunto de
ocupações, utilizações e ações, das quais se destacam, as mobilizações de solo, alterações do
perfil dos terrenos, técnicas de instalação e modelos de exploração suscetíveis de aumentar o
risco de degradação dos solos.
Ao abrigo do regulamento do PDM em vigor a edificabilidade só é considerada para edificações de
apoio à atividade florestal e pecuária, edificações para habitação do agricultor, unidades
industriais de carácter florestal e instalações pecuárias, pelo que, em matéria de classificação do
solo e do regime de edificabilidade, o projeto não se compatibiliza com o estipulado no
regulamento do PDM de Ovar.
Face a essa incompatibilidade, no decurso do processo que se iniciou há cerca de 5 anos, foi
apontada a possibilidade de regularização da ampliação ao abrigo do Regime Extraordinário de
Regularização das Atividades Económicas (RERAE), patente no Decreto-Lei n.º 165/2014 à data
em vigor, tendo a FLEX2000 submetido o referido processo de regularização em 2017.
Na sequência da conferência decisória realizada ao abrigo do processo do pedido regularização
(Proc. IAPMEI/DPR – DpN n.º 2015200), em que estiveram envolvidas as entidades IAPMEI,
Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento
Regional do Centro, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e Câmara Municipal de
Ovar (Anexo II.A do Volume III), em fevereiro de 2019 foi emitida deliberação favorável
condicionada.
Atendendo à referida deliberação favorável condicionada a CMO deverá promover a adequação do
PDM e alteração da delimitação da REN (alteração à Planta de Ordenamento e Planta de
Condicionantes). No primeiro caso com a alteração da classificação da área em análise, de ‘solo
Rural – Espaço Florestal de Conservação’ para ‘solo Urbano – Solo Urbanizado – Espaço de
Atividades Económicas, aplicando-se os parâmetros urbanísticos previstos para essa classe de
espaço e, no segundo caso, pela exclusão da área da Reserva Ecológica Nacional.
Após a referida adequação, aplicam-se as regras de ocupação do solo relativas aos ‘Espaços de
Atividades Económicas’. Nesse contexto, em matéria em matéria do regime de edificabilidade, o
projeto estará em conformidade com o estipulado no regulamento do PDM de Ovar.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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2.4.2 Servidões condicionantes e equipamentos e infraestruturas
Do ponto de vista da planta de condicionantes do PDM, constata-se que ao nível das restrições de
utilidade pública o projeto de ampliação da FLEX2000 se insere totalmente em duas tipologias de
REN, ‘Dunas’ e ’Áreas de máxima infiltração’. Considerando o novo regime jurídico da REN (RJREN)
(Decreto-Lei n.º 124/2019 de 28 de agosto) as tipologias de REN em causa correspondem a ‘Dunas
Costeiras Interiores’ e ‘Áreas estratégicas de infiltração e de proteção e recarga de aquíferos’, não
estando assim o projeto de ampliação compatível com esta condicionante.
De referir no entanto que o artigo 21.º do RJREN determina que nas áreas de REN podem ser
realizadas ações de relevante interesse público que sejam reconhecidas como tal por despacho do
membro do Governo responsável pelas áreas do ambiente e do ordenamento do território e do
membro do Governo competente em razão da matéria, desde que não se possam realizar de
forma adequada em áreas não integradas na REN e que, de acordo com o estipulado no ponto n.º
7 do artigo 16º-A do Decreto-Lei n.º 124/2019 de 28 de agosto, estão «sujeitas a um regime
procedimental simplificado as alterações de delimitação da REN decorrentes de projetos públicos
ou privados objeto de procedimento de que resulte a emissão de declaração de impacte ambiental
ou decisão de incidências ambientais favorável ou condicionalmente favorável.»
No entanto, tendo em conta o parecer favorável condicionado emanado da conferência decisória
realizada no âmbito do RERAE, a entidade competente deverá promover o respetivo processo de
alteração, neste caso de alteração aos limites da REN do concelho de forma a adequar a
pretensão.
A área de implantação do projeto de ampliação da FLEX2000 é abrangida pela servidão militar do
Aeródromo de Manobra nº 1 (AM1) e está totalmente inserida em Regime Florestal.
Relativamente à servidão militar, no âmbito do procedimento de regime extraordinário de
regularização das atividades económicas anteriormente referido, a Direção-Geral de Recurso da
Defesa Nacional determinou que há compatibilidade com a servidão militar.
Quanto à servidão do regime florestal (Perímetro Florestal das Dunas de Ovar afeto ao regime
florestal parcial), no âmbito do procedimento de regime extraordinário de regularização das
atividades económicas anteriormente referido, com deliberação favorável condicionado, foi
solicitado parecer ao ICNF tendo o mesmo pronunciado o seguinte: «…a Câmara Municipal de
Ovar, como proprietária do terreno, e caso assim o entenda, deverá dar início ao processo de
concertação entre as duas entidades (ICNF e Câmara Municipal de Ovar) para procedimento de
exclusão da parcela do Regime Florestal, dada a necessidade do cumprimento estrito de todos os
procedimentos e normas aplicáveis».

2.5 Relação do projeto com outro(s) projeto(s) de desenvolvimento existente(s) ou


proposto(s) na vizinhança
O projeto de ampliação da FLEX2000 será realizado em estreita relação com a instalação industrial
já existente.

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3. Descrição do projeto e das alternativas consideradas

3.1 Objetivos e Justificação do Projeto


Desde o início da sua atividade, a FLEX2000 tem adotado uma política de investimento contínuo
que totaliza já 62,4 milhões de euros desde o início de atividade, sendo que nos últimos cinco
anos ultrapassou os 8 milhões de euros. Tendo começado por produzir 3 mil toneladas de
espuma/ano, em 2020 produziu mais de 46 mil toneladas.
O investimento em novos equipamentos e processos que foram acompanhados do aumento da
capacidade, permitem hoje à empresa ter uma oferta de produtos inovadores, com custos
competitivos.
O crescimento da atividade tem tido um efeito indireto muito significativo de arrastamento nas
empresas da região, nomeadamente ao nível dos fornecedores, normalmente pequenas e médias
empresas de setores tão diversos como químico, metalomecânico, construção, tecnologias de
informação, hotelaria, equipamentos industriais, segurança e outros.
Apesar da FLEX2000 pretender continuar a investir e a expandir-se, considerando o plano
estratégico para os próximos dez anos, a respetiva execução está fortemente condicionada pela
inexistência de área disponível, própria ou de outras entidades privadas, para a concretização do
referido plano.
No plano estratégico para os próximos dez anos, a empresa prevê, numa perspetiva
conservadora, crescer à taxa de 5% ao ano. O principal motor deste crescimento será o
lançamento de espumas inovadoras e de elevado valor acrescentado para os mercados atuais em
que a empresa se encontra presente (colchoaria, conforto, puericultura, saúde, higiene e
automóvel) e para novos mercados altamente competitivos como, por exemplo, a indústria
aeronáutica.
As espumas a produzir com este investimento resultam de diversos projetos de I&D&I realizados
internamente e/ou em colaboração com instituições pertencentes ao Sistema Científico e
Tecnológico Nacional e incluem novas espumas viscoelásticas, espumas de polyester e espuma
técnica.
O investimento a realizar prevê o aumento significativo da capacidade de cura, duplicando a
capacidade atual, que na produção de espuma é a fase mais demorada do processo.
A espuma, para obter as características pretendidas, após a produção química, necessita de
repousar entre 24 a 72 horas, período que depende do tipo de espuma produzida. A ausência de
capacidade de cura é o principal constrangimento que, caso não seja resolvido, impede a
FLEX2000 de responder à dinâmica de crescimento do mercado, quer via produtividade, quer via
inovação pela introdução de novas gamas de espumas.
Para além do aumento da capacidade de cura, o plano de ampliação da FLEX2000 prevê o
aumento da capacidade de armazenamento, tanto de espuma por transformar (espuma em
blocos de 60 m ou em blocos mais pequenos) como de espuma já transformada, com especial
incidência da espuma em rolo, que é um produto de maior valor acrescentado. Essa capacidade
de armazenamento será caracterizada por um elevado grau de automatização, que permitirá
ganhos significativos na gestão da logística das operações. Consequentemente, está também
planeado o aumento da capacidade de corte de espuma em rolo, com a aquisição de três novas
“looper” (atualmente o estabelecimento existente possui duas).

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Este aumento de capacidade é imprescindível para satisfazer, a custos competitivos, as
necessidades da indústria automóvel, aeronáutica, colchões, sofás e restante indústria de
mobiliário. Saliente-se que estes sectores integram importantes clusters nacionais, sendo
previsível que Portugal aumente o seu peso relativo no mercado mundial.
Para maximizar a eficiência da operação logística, para além da área de armazenamento já
referida, será necessário aumentar a área de circulação e parqueamento de viaturas pesadas,
facilitando o movimento logístico e libertando a via pública da zona. Saliente-se que, atualmente,
por vezes devido à falta de espaço para parqueamento no interior do perímetro da instalação, as
viaturas pesadas tendem a acumular-se na via pública, causando algum constrangimento no
tráfego local. Este projeto visa também eliminar este problema.

3.2 Caracterização geral do estabelecimento existente


O estabelecimento atual situa-se na Zona Industrial de Ovar – Fase III, ocupando vários pavilhões
industriais num lote com uma área total de 111 380 m2. A área de ocupação da FLEX2000 é de
106 765 m2, em que 50% é área coberta. O edificado possui Alvará de Utilização nº 11/2019 para
indústria, emitido pela CM Ovar em 13 de fevereiro (Anexo III no Volume III).
O processo produtivo desenvolvido neste estabelecimento consiste essencialmente na mistura de
duas substâncias químicas (poliol e isocianato) conjuntamente com determinados catalisadores e
aditivos. A reação química resultante da mistura destes produtos, denominada polimerização por
adição, dá origem à formação de um polímero sólido de características alveolares - a espuma.
As duas matérias-primas principais utilizadas neste processo fabril, poliol e isocianato,
encontram-se armazenadas em tanques de grande capacidade localizados em ambiente
climatizado no interior de um pavilhão. Estas matérias-primas chegam à unidade através de
camião cisterna. As restantes matérias-primas encontram-se armazenadas em tanques /
depósitos de menor dimensão também localizados no interior de pavilhão.
As matérias-primas, após determinação das proporções definidas por uma formulação para cada
tipo de espuma, são bombeadas dos tanques para uma cabeça misturadora de alta pressão. A
mistura líquida assim homogeneizada é orientada para uma calha de onde abastece um túnel de
secção retangular revestido por papel e plástico.
A mistura líquida rapidamente inicia um processo de expansão, com aumento progressivo da sua
viscosidade, sendo transportada através de tapete rolante para manutenção da sua dispersão.
No final do tapete a mistura, já sob a forma sólida, é cortada transversalmente em blocos de
acordo com as especificações do produto final.
Segue-se uma primeira fase de armazenagem, designada por cura, onde os blocos são mantidos
durante 24 a 72 horas. Posteriormente a esta fase, os blocos são armazenados em lotes,
consoante a sua especificação, estando prontos a serem processados para darem lugar a
produtos de espuma nas mais variadas formas.
Na Figura 3.1 apresenta-se a área edificada do estabelecimento da FLEX2000. No Anexo IV.A
(Volume III) apresenta-se a Peça Desenhada do estabelecimento atual.

Pág. 22 de 294 Relatório Síntese


Nota: O polígono a roxo, embora no interior do perímetro industrial da FLEX2000, pertence a outra empresa do grupo -
a FLEXPUR. Trata-se de uma entidade jurídica distinta e independente, embora a estrutura societária seja comum às duas
empresas. Algumas das estruturas são partilhadas entre as duas empresas.
Figura 3.1 – Estabelecimento atual da FLEX2000.

Os blocos de espuma podem seguidamente sofrer diferentes tipos de corte, de acordo com o
perfil do produto final. Isto é, podem ser laminados (corte horizontal) nas espessuras pretendidas,
cortados verticalmente para obterem a dimensões necessárias aos cortes subsequentes, ou
cortes especiais, curvilíneos e dimensionais.
Depois das peças de espuma se encontrarem finalizadas em termos de corte, são embaladas em
filme plástico transparente para preservação contra poeiras e humidade.
Alguns produtos, nomeadamente peças de espuma branca, são embalados em plástico preto para
proteção contra raios UV.
Após a etiquetagem e armazenamento, as peças de espuma estão preparadas para expedição.
Na Figura 3.2 sintetiza-se o fluxo básico do processo de fabrico existente.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 23 de 294
Figura 3.2 – Fluxo básico de produção de espuma.

No estabelecimento existente, promove-se a reciclagem de aparas de espuma que resultam do


processo principal e que na prática seriam um resíduo. Neste processo de reciclagem da espuma
as aparas começam por ser trituradas aleatoriamente num equipamento específico dando origem
ao floco de espuma. Este floco é de imediato ensilado através de transporte pneumático desde o
triturador, após o que é alimentado via pneumática a um equipamento de mistura e
aglomeração. Neste equipamento (Máquina de Aglomeração) a espuma é misturada com um pré
polímero (substância química aglutinante). Em seguida a mistura é prensada e vaporizada com
vapor de água dando origem ao bloco de aglomerado. Este bloco fica depois em repouso (cura)
no armazém, estando pronto para expedição e/ou transformação (placas, coxins, rolo, etc.).
A operação de gestão de resíduos desenvolvida neste estabelecimento é do tipo R3 – reciclagem
de substâncias orgânicas / plástico (R3E), e não será alterada pelo projeto de ampliação.

3.3 Descrição do projeto de ampliação


O novo projeto não terá qualquer implicação no processo de produção de espumas, não
aportando novos processos, com a exceção de um novo tipo de reciclagem de espuma com base
no processo de poliólise. As alterações mais significativas serão ao nível da armazenagem e
transformação de espumas, com o aumento de capacidade de fabrico de produto final.
No diagrama da Figura 3.3 assinalam-se as operações que serão alteradas (incrementadas) com o
projeto de ampliação, assim como a nova operação de reciclagem interna.

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Figura 3.3 – Operações que serão alteradas com o projeto de ampliação.

Este projeto de ampliação das instalações será implementado numa parcela de 20 ha adjacente
ao atual estabelecimento industrial, a qual será ocupada da seguinte forma
 Zonas de Cura;
 Rampas da Cura;
 Nave de Armazenagem de Blocos;
 Naves de Corte e Armazenagem de Espumas;
 Áreas de Arruamentos e Parqueamento (Pesados e Ligeiros);
 Utilidades Industriais (tanques sistema incêndio, outras);
 Espaços verdes.
Os processos tecnológicos e os diagramas de fabrico mantêm-se inalterados. Contudo, existirão
mais instalações de cura, corte e embalamento, e mais área de armazenagem a localizar na área
de ampliação, mas que em termos tecnológicos são similares às atualmente existentes. Será
assim aumentada a capacidade de produção e armazenagem da atividade de fabrico e
processamento de espuma e instalada uma nova operação de valorização de resíduos de aparas
de espuma. Na nova parcela não ocorrerá fabrico de espuma.
O projeto de ampliação na nova parcela será implementado de forma faseada tal como consta da
secção 3.4.1. Previamente ao desenvolvimento da ampliação (Fases 1, 2 e 3) será necessário
proceder a algumas alterações construtivas no seio do estabelecimento industrial existente de

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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forma a compatibilizá-lo com a ampliação prevista. Essa é denominada a Fase 0 do processo de
ampliação. No Quadro 3.1 identificam-se as principais construções a realizar em cada uma das
fases e no Quadro 3.2 os respetivos índices de construção.

Quadro 3.1- Principais construções em cada uma das fases.


Fase Construções

Curas VI e VII (237,5m2 + 237,5m2)(*)


Sala Cisternas IV (510m2)
Fase 0
Posto de Abastecimento Combustíveis (77m2)
Laboratório (315 m2 x 2 pisos)
Curas VI e VII (380m2 + 380m2)
Rampas (7453m2 + 13073m2)
Fase 1
Armazém Blocos 60m (21544m2)
Armazém Corte Blocos (19000m2)

Fase 2 Armazém Transformação de Placas e Coxins (19000m2)

Fase 3 Armazém de transformação de espuma em rolo (35150m2)


(*) Área da cura no terreno atual sendo a restante na área de ampliação.

No Anexo IV.B do Volume III apresenta-se peça desenhada com implantação do projeto de
ampliação da FLEX2000 (alterações no estabelecimento atual e implantação na nova parcela). Na
Figura seguinte apresenta-se um layout simplificado relativo à implantação do projeto na nova
parcela.

Figura 3.4 – Layout geral do projeto de ampliação na nova parcela adjacente ao estabelecimento atual.

As futuras construções terão afastamentos aos limites da propriedade superiores a 5 m, mais


concretamente 14 m ao limite norte, 7 m ao limite sul e 98 m ao limite poente. Estes
afastamentos proporcionam a criação de um anel de circulação de segurança, emergência e
acessibilidade em todo o perímetro do terreno.

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Quadro 3.2- Quadro sinóptico.
Fase I Fase II Fase III
Área total do Terreno: 200 000,00 m²
Área de Implantação 40.744,00 m² 59.948,00 m² 95.302,00 m²
Área total de construção 40.806,00 m² 60.072,00 m² 95.488,00 m²
Cércea 15,0 m 15,0 m 15,0 m
N.º pisos acima da cota de soleira 2 2 2
N.º de Pisos abaixo da cota de soleira 0 0 0
Superfície Impermeabilizada 64.008,00 m² 86.454,00 m² 127.982,00 m²
Áreas permeáveis (Verdes e Pavês ecológicos) 135.992,00 m² 113.546,00 m² 72.018,00 m²
Índice de Impermeabilização 0,32 0,43 0,64
Índice de ocupação do solo 0,20 0,30 0,48
Índice de utilização 0,20 0,30 0,48

Na Figura seguinte e no Anexo IV.B (Volume III) apresenta-se a localização das principais
alterações realizadas no âmbito da fase 0 na área do estabelecimento atual.

Figura 3.5 – Localização das alterações a realizar no estabelecimento atual (a vermelho)- Fase 0.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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No Anexo IV.C (Volume III) apresentam-se as Peças Desenhadas do projeto de arquitetura
referente à área de ampliação e os respetivos perfis longitudinais e transversais.
Nas Figuras seguintes apresenta-se simulação visual das fases 1, 2 e 3 (vista do canto nordeste da
parcela da área de ampliação).

Figura 3.6 – Fase 1.

Figura 3.7 – Fase 2.

Figura 3.8 – Fase 3.

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No Quadro 3.3 identificam-se os novos edifícios a construir e as respetivas áreas de construção.

Quadro 3.3- Edificado a construir.


Área Bruta Área de
Altura Volumetria
Edifício Função Construção Implantação
(m) (m3)
(m2) (m2)

Cura VI Estágio de cura do bloco de espuma 9 5557,5 617,5 617,5


estabelecimento atual

Cura VII Estágio de cura do bloco de espuma 9 5557,5 617,5 617,5


Área do

Sala Cisternas IV Tanques de Armazenagem de Poliol e TDI 17 9180 540,0 540,0

Laboratório Laboratório Industrial. Sala de Formação 8 2492 623 312,0

Nave 12 (Nave 1
Armazém de blocos 15 323160 21544 21544
– Fase I)
Área de ampliação

Nave 13 (Nave 2
Armazém e corte de blocos 15 285000 19062 19000
Fase I)
Nave industrial de transformação de placas e
Nave 14 (Fase II) 15 285000 19062 19000
coxins (tratamento dimensional de espuma)
Nave industrial de transformação de espuma
Nave 15 (Fase III) 15 527250 35212 35150
em rolo

Operação de valorização de resíduos de aparas de espuma


Na atividade atualmente desenvolvida, nomeadamente no processo de fabrico de espuma
reciclada, é efetuada a substituição de matérias-primas virgens por resíduos, sendo utilizados
resíduos de aparas de espuma (resíduo do tipo não perigoso) para o fabrico de aglomerado de
espuma, em bloco e em rolo.
Com o projeto de alteração serão instaladas:
 uma nova linha de produção de espuma aglomerado similar à atual;
 uma nova unidade de recuperação interna de resíduos de aparas de espuma com recurso a
uma nova tecnologia.
Esta nova unidade permitirá recuperar parte das substâncias químicas de base usadas no seu
fabrico (o poliol), em detrimento das utilizações atuais para este tipo de resíduos, que é a
produção de aglomerado. Esta operação permitirá reduzir o consumo da principal matéria-prima
utilizada em massa. Associada a esta redução do consumo de uma matéria existe a redução do
impacte associado ao seu transporte e armazenagem intermédia.
As aparas de espuma representam cerca de 10% do total da espuma produzida e a sua
valorização e reciclagem permitirá uma diminuição dos impactes ambientais associados à
produção. Para além das aparas de espuma de origem interna serão também recicladas aparas de
espuma de origem externa. Este processo de reciclagem permite produzir uma matéria-prima
nuclear à produção de espumas de poliuretano flexíveis, como é o caso do poliol, a partir das
aparas e desperdícios de espuma de poliuretano. Assim, os resíduos produzidos darão origem ao
poliol reciclado que será reintroduzido novamente como matéria-prima na produção de espumas
de poliuretano reduzindo a quantidade de poliol convencional utilizado. Este processo de
reciclagem pretende gerar valor acrescentado e potenciar a economia circular na medida em que,
são utilizados resíduos de espumas de poliuretano, para produzir uma matéria-prima nuclear à
sua produção (poliol), e reintroduzi-la novamente no processo produtivo reduzindo o consumo de
poliol convencional entre 20 a 25%.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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O método utilizado será pioneiro em Portugal e consiste num processo maturado e estável à
pressão ambiente, baseado na poliólise de resíduos de espuma de poliuretano moídos, com uma
base de poliol e aditivos. O procedimento envolve adições de poliol base (poliólises), de ácidos, de
catalisadores, de glicol (glicólises) e resíduos de espuma. As reações ocorrem num reator e
envolvem temperaturas até 220°C e tem um ciclo de produção de aproximadamente 10 h. O
produto final é um poliol reciclado, que pode substituir parte do poliol convencional utilizado na
produção de espumas flexíveis, sem que estas percam qualidade. O diagrama seguinte ilustra o
processo de recuperação de poliol.

Figura 3.9 – Diagrama do processo de recuperação de poliol.

A instalação envolve um tanque de ativação para ativar a mistura dos reagentes, um reator para
gerar a recuperação do poliol, um tanque de arrefecimento para acondicionamento e filtração do
poliol recuperado e um tanque para armazenar o poliol recuperado. Para além disso serão
necessários alguns equipamentos periféricos, como sistemas de alimentação e dosagem, sistemas
de destilação, sistemas de ventilação e unidades de controlo.
De uma forma sintética:
 O processo começa com a moagem dos desperdícios de espuma em pequenos
fragmentos, separando devidamente quaisquer impurezas, como plástico, papel, etc.;
 A espuma triturada é adicionada a um tanque com agitação e com controlo de
temperatura contendo poliol poliéter básico;
 Ao poliol é adicionado Anidrido Ftálico e a mistura é feita à temperatura ambiente,
durante cerca de 90 minutos;
 Posteriormente, é feita a adição de um catalisador Peróxido de Hidrogénio a 50%;
 A espuma triturada e o poliol permanecem em agitação contínua durante cerca de duas
horas;

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 Depois, esta mistura é transferida para um reator onde é aquecida a cerca de 190ºC.
 Após 3 horas de reação, é adicionado ácido fosfórico. O objetivo é baixar o pH;
 Seguidamente é adicionado um glicol que tem como função reduzir a acidez provocada
pela adição do ácido;
 Do reator são extraídos destilados, através de uma coluna de destilação e de um
condensador;
 Estes destilados são filtrados devidamente;
 Depois da reação completa, a mistura passa para um tanque de arrefecimento com
agitação;
 Do tanque de arrefecimento a mistura é transferida para um tanque de
armazenamento, passando através de um sistema de filtração de resíduos sólidos, onde
são recolhidas, por exemplo, impurezas que não foram devidamente separadas durante
o processo de moagem da espuma.
Finalmente, o poliol reciclado está pronto a ser incorporado na produção de espumas.
Esta nova operação de valorização de resíduos de aparas de espuma será realizada na Nave 14
(Fase II do projeto de ampliação), junto à área que potencialmente gera maior desperdício, o
processamento dimensional de espuma.
Na imagem seguinte apresenta-se o esquema tridimensional da instalação.

Figura 3.10 - Planta 3D do equipamento.

A implementação do processo da reciclagem de espuma para recuperação do poliol significará


uma redução de consumo anual de poliol convencional de 7200 ton para a capacidade a instalar.
No caso da espuma reciclada a redução de matéria-prima será referente à que seria necessária
para a produção de quantidade igual de espuma flexível estimando-se, na capacidade instalada
futura, a redução anual de consumo de 1910t de poliois e de 875 ton de isocianatos.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Máquinas e equipamentos
O projeto de ampliação implicará a instalação de um conjunto diversificado de máquinas e
equipamentos (Quadro 3.4).

Quadro 3.4- Máquinas e Equipamentos.


Quantidade
Setor Máquinas
Atual Futura

Geradores de vapor 45 55
Caldeira de Fluído Térmico 1 1
Estabelecimento atual

Utilidades
Central Ar Comprimido (compressores RAC) 4 5
Reservatório de CO2 (substituição do atual de
1 1
11 m3 por novo de 20 m3
Empilhador Elétrico 15 30
Armazém Stacker / Porta Paletes 50 100
Balanças 10 20
Pontes Rolantes -- 2
Centro de Corte -- 1
CNC -- 4
Carrosel -- 1
Projeto Fase 1
Linha de Compressão de Blocos e Embalagem -- 2
(Centro de Corte)
Prensa -- 1
Linha Colagem Colchões -- 1
Máquina de Embalar -- 1
Máquina Paletizar -- 1
Área de Ampliação

Máquina Embalar -- 3
Carrosel -- 3
Projeto Fase 2
Linhas Corte Automática -- 3
(Placas e Coxins)
Unidade de Produção de Aglomerado -- 1
Moinhos -- 2
Loopers -- 3
Máquina Embalar -- 3
Armazém Automático -- 1
Projeto Fase 3
(Transformação Espuma Linhas Corte Automático -- 3
Rolo)
Prensa -- 1
Equipamento Produção Espuma Reticulada -- 1
Linha de Flocking -- 1

3.4 Construção da unidade


3.4.1 Faseamento construtivo
O projeto de ampliação da FLEX2000 na parcela de terreno adjacente será realizado em 3 fases
sendo que a fase I será executada imediatamente após aprovação do projeto de acordo com o
apresentado no Quadro 3.5 e nas plantas apresentadas do Anexo IV.D (Volume III). Previamente à

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ampliação propriamente dita ocorrerá a denominada fase 0 que consiste num conjunto de
alterações no interior do estabelecimento atual de forma a compatibilizar o seu funcionamento
de forma adequada com a área de ampliação. Algumas das alterações enquadradas na fase 0
foram entretanto realizadas de acordo com as notas de rodapé do Quadro 3.5.

Quadro 3.5- Faseamento construtivo.


Áreas (m2)
Ano de
Fase Construções
execução Implantação Construção

Curas VI e VII (237,5m2 + 237,5m2) (Nota 1)


Sala Cisternas IV (510m2) (Nota 2)
Fase 0 2021-2023 1.377 1.692
Posto Abastecimento Combustíveis (77m2) (Nota 3)
Laboratório e Data Center (315 m2 x 2 pisos) (Nota 4)
Curas VI e VII (167,5m2 + 167,5m2)
Rampas (7 453m2 + 13 073m2)
Fase I 2023-2024 40 744 40 806
Armazém blocos 60m (21 544m2)
Armazém Corte Blocos (19 000m2)
Armazém Transformação de Placas e Coxins
Fase II 2025-2026 59 948 60 072
(19 000m2)
Armazém de transformação de espuma em rolo
Fase III 2027-2028 95 302 95 488
(35 150m2)
Notas: Nota 1 – A iniciar em finais de 2022; Nota 2 – iniciou em abril de 2021 com conclusão prevista em junho de 2022;
Nota 3- iniciou em fevereiro de 2021 com conclusão prevista em maio de 2021; Nota 4 – iniciou em fevereiro de 2021
com conclusão em dezembro de 2021.

Na primeira fase será mantida a massa arbórea de 115 466,0 m2. Serão construídos 2 pavilhões e
o anel de circulação em todo o perímetro da área de intervenção. Nesta fase será construída toda
a área destinada ao funcionamento dos transportadores da matéria-prima. Essa área
(20 526,0 m2) a céu aberto, será revestida em pavês ecológico. No final desta fase, o conjunto da
área florestal com a área revestida a pavês corresponde a uma área permeável de 135 992,0 m2.
Na segunda fase a massa arbórea será reduzida em cerca de 24 839,0 m2 para implantar um novo
pavilhão. Mantêm-se a área de pavês ecológico para funcionamento dos transportadores da
matéria-prima. A área total permeável no final desta fase será de 113 546,0 m2.
Na terceira e última fase reduz-se a massa arbórea em mais 41 056,0m2 para implantar o quarto e
último pavilhão. Mantêm-se a área de pavês ecológico para funcionamento dos transportadores
da matéria-prima. No final a área permeável será de 72 018,0 m2 (com cerca de 70% a
corresponder a área florestal).

3.4.2 Preparação do terreno e edificação


O desenvolvimento do projeto de ampliação para a parcela de terreno adjacente teve como
requisitos manter a maior área verde possível, quer na morfologia do terreno, quer no abate do
pinhal a conservar, e minimizar a movimentação de terras necessárias para a construção,
garantindo que a movimentação realizada será toda usada dentro dos limites da obra a construir.
As principais atividades associadas à preparação do terreno são:
 Desmatação;
 Terraplenagem.
Um aspeto importante a referir é a construção estar prevista em 3 fases. Nesse contexto as
etapas associadas à preparação do terreno que precedem a construção do edificado também

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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serão realizadas de acordo com esse faseamento. Todas as áreas não necessárias à implantação
dos pavilhões e circulações de veículos serão mantidas no seu estado primitivo.
A fase de construção será apoiada pela implantação de um estaleiro de obra o qual ficará em local
já impermeabilizado na área do estabelecimento atualmente existente (canto sudoeste).
O desenvolvimento da obra, nomeadamente no que se prende às operações de terraplenagem,
será apoiado pelo uso de maquinaria e veículos pesados nomeadamente escavadoras giratórias
de rastos, bulldozers, motoniveladoras e camiões. Serão utilizados camiões basculantes no
transporte interno de terras. Durante a fase de obra, que decorrerá por etapas, esta maquinaria
circulará no interior da parcela de implantação do projeto não existindo necessidade de circular
no seu exterior. No entanto, nesta fase, desconhece-se o número de veículos que estará persente
na obra, estando tal situação dependente do empreiteiro que vier a ser contratado.
Após as movimentações de terras a circulação de maquinaria está associada à circulação de
viaturas de transporte de materiais e equipamentos dos locais de origem (fornecedores) para a
obra, assim como de veículos associados aos operários envolvidos. Durante o processo
construtivo poderão também ser utilizadas gruas móveis.
O acesso à obra será realizado pela via interna alcatroada da zona industrial que circunda por
norte o atual estabelecimento a FLEX000 e que permite acesso direto à área de expansão.

Desmatação
A área na qual o projeto será implementado é atualmente ocupada por pinhal-bravo sendo o
corte da massa arbórea realizado de acordo com o faseamento proposto. No âmbito dos
trabalhos de desmatação proceder-se-á ao corte do revestimento vegetal existente na área que
será intersetada pela terraplenagem, fase a fase.
Destes trabalhos constam o corte dos pinheiros bem como a remoção dos arbustos presentes no
subcoberto do pinhal. As árvores serão cortadas e aproveitadas para madeira no mercado.

Terraplenagem
Da análise às características topográficas do terreno onde o projeto será implementado verifica-
se que na sua generalidade este apresenta-se aplanado com pequenas variações altimétricas. O
terreno da área de ampliação apresenta uma tendência de caimento natural de nascente para
poente com cotas em geral na ordem dos 15 a 16 m na zona nascente e cotas na ordem dos 11 a
12 m na zona poente. O Anexo IV.C (Volume III) apresenta as cotas e perfis atuais do terreno de
implantação do projeto, a partir dos quais é possível verificar as áreas onde será realizada
escavação e onde serão realizados aterros.
No Anexo IV.E (Volume III) apresenta-se a planta com as cotas finais de implantação do projeto
verificando-se que o edificado ficará à cota de 14,95 m e a plataforma do cais de carga no
extremo poente da parcela ficará à cota 13,85 m.
O planeamento das cotas de implantação do edificado e dos arruamentos foi delineada de forma
a garantir que a movimentação de terras realizada será toda usada dentro dos limites da obra a
construir não sendo necessário recorrer a áreas de empréstimo nem a áreas de depósito, pelo
que em termos de balanço das movimentações de terras prevê-se que este seja nulo.

Construção do edificado
A superestrutura de um armazém de logística é constituída por fundações, pilares e vigas de piso
ou de cobertura.
O material escolhido para a estrutura dos pavilhões será o betão pré-fabricado, considerado o
material mais favorável em termos de impacto ambiental em todas as 4 fases da vida útil dos

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pavilhões (fabrico dos materiais, a construção da obra, exploração/manutenção e na reutilização
em fim de vida).

3.5 Capacidades instaladas


A capacidade instalada teórica de fabrico de espuma atualmente licenciada é de 184 t/dia (de
acordo com Titulo Digital de Exploração de 29 de maio de 2017), calculada com base na
capacidade de produção e processamento média diária de 51 blocos de espuma com uma
densidade média de 25 kg/m3.
Esta realidade foi, todavia, ultrapassada nos últimos anos, não por modificações operadas no
processo, equipamento ou instalação, mas por alterações no mercado alvo da organização. De
facto, o foco da atividade comercial em mercados mais sofisticados e de maior valor
acrescentado, implicou um incremento na produção da gama das espumas de maior densidade,
motivando uma alteração da densidade média do mix produtivo (+ 16%). Significa tal facto que a
capacidade atual de fabrico, só por essa via, se situa na realidade em 215 t/dia.
Uma das vertentes do projeto é o aumento da capacidade instalada do fabrico de espumas, em
resultado da redução do atual estrangulamento produtivo - a operação de cura. Em termos
processuais nada se altera, apenas o número de instalações de cura que passa das atuais 5 para 7
e que serão complementadas com um novo armazém intermédio de blocos de 60 m. Estas
alterações, aliadas ao aumento de capacidade de transformação, permitirão atingir uma
capacidade de produção e processamento média diária de 67 blocos de espuma.
Nesses termos a capacidade teórica de fabrico, admitindo a manutenção da densidade média
atual de 29 kg/m3, passará para 280 t/dia de espuma. Saliente-se que este valor leva em
consideração aspetos relacionados com o tempo médio de cura, cuja extensão depende do tipo
de espuma, com as necessárias paragens para “setup” do equipamento e com a capacidade de
armazenagem e processamento a jusante, que se configura como o atual e futuro
estrangulamento do processo.
Com esta alteração da instalação, a capacidade máxima, para um período de laboração médio de
240 dias por ano, permitirá efetivar uma produção de cerca de 67 200 t de espuma no ano
cruzeiro do projeto, considerando as premissas atuais de laboração.
Ao nível da unidade de produção de aglomerado de espuma, a situação foi similar à exposta
anteriormente, ou seja, sem que tivesse ocorrido qualquer modificação no equipamento ou
processo, por via do aumento da produtividade e densidade média da espuma tratada (+17%), a
capacidade de produção foi incrementada no mesmo sentido, cifrando-se agora, em termos reais,
nas 840 t/ano (3,5 t/dia). De facto, devido a pequenas ações de otimização do processo de
reciclagem, ao nível da operação de aglutinação e vaporização, em que a utilização de pré
polímeros especialmente concebidos é uma vertente importante, tem-se observado ganhos de
produtividade significativos, que em média ascenderam a 15% da produção. Saliente-se que este
processo também envolve uma etapa de cura e transformação, pelo que a capacidade também se
encontra restringida a jusante, seja por limitações de espaço de armazenagem (cura e stock) seja
por limitação do equipamento de corte dimensional.
Com este projeto, como referido, será instalada uma nova linha de produção de espuma
aglomerado, similar à atual, mas de maior capacidade, o que mais que duplicará a capacidade de
reciclagem de apara, sendo expectável que a produção, no limite, possa atingir 11,5 t/dia, no
conjunto das duas linhas.
Finalmente, e no que respeita à unidade de recuperação de poliol, o equipamento projetado terá
uma capacidade instalada de recuperação de poliol de 30 t/dia, correspondente à operação de 3
batch diários de 8 h. A produção a efetivar anualmente, nas condições previstas de laboração para

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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este setor, será de 10 t/dia, ou seja, 2400 t/ano, correspondente a operação do equipamento em
1 turnos (1 batch diário).
De seguida sintetizam-se as capacidades instaladas nas principais etapas do processo, antes e
após projeto, assinalando-se também, e onde aplicável, os processos estranguladores de
capacidade.

Figura 3.11 – Capacidades instaladas.

3.6 Produtos
A FLEX2000 produz espumas de vários tipos e densidades, com utilizações e mercados alvo
específicos exportando cerca de 66% da produção. Os principais mercados de destino são
Espanha, França, Itália, EUA, Bélgica, Holanda, Alemanha, Arábia Saudita, República Checa,
Marrocos, Israel e Polónia.
Ao longo da sua história, a empresa foi dando ‘vida’ a diversas marcas de espuma, que estão
destinadas a esses mercados e utilizações específicas.

Pág. 36 de 294 Relatório Síntese


Figura 3.12 – Marcas de espuma da FLEX2000.

Entre os principais tipos de utilização ou mercado alvo destaca-se:


 Corte e Transformação - produção e fornecimento de blocos de espuma de eter, ester e
aglomerado para corte e transformação. A produção abrange uma grande variedade de
qualidades, densidades, medidas e durezas para todas as aplicações (ex. indústria de
conforto);
 Embalagens - produção de bases e estruturas de espuma para embalagens de todo o
tipo de produtos que necessitem de proteção e acondicionamentos especiais (ex.
cerâmica, porcelana, cristal e equipamentos eletrónicos);
 Isolamento Acústico - produção de espuma e aglomerado para as mais exigentes
aplicações no campo da acústica;
 Indústria Automóvel - produção de espumas de eter e ester para as mais diversas
funções e aplicações no sector automóvel, desde peças para insonorização, anti
vibráticas, peças para interiores, juntas e vedações. As espumas podem ser fornecidas
com tratamento de Flame Retardant, com tratamento anti-estático, para corte e ou
estampagem nas mais diversas densidades e durezas;
 Têxtil Lar - produção de espumas para aplicações têxtil, como pequenas almofadas e
enchimentos em placa ou em rolo.
 Colchoaria - produção de espumas para o mercado dos produtores de colchões através
da disponibilização de uma variedade de referências e densidades de espumas cortadas
e transformadas de todas as formas e apresentações, nomeadamente, espuma em rolo
para acolchoar, placas, coxins, rolos perfilados, núcleos simples e compostos, núcleos
perfurados, espuma em rolo para faixas e espuma perfilada com várias zonas de
conforto;
 Estofos - produção de espumas para aplicações específicas de estofo, com várias opções
em termos de qualidade, densidade e dureza. Produção de espuma CME (Combustion
Modified Ether) e CMHR (Combustion Modified High Resilience) para aplicações onde
seja exigido retardante de chama;

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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 Lazer e Desporto - produção de espumas para colchões de campismo e tatamis para
judo;
 Indústria do calçado - Produção de uma vasta gama de espumas para aplicação em
componentes de calçado. Fabrico de espumas de alta dureza, diferentes densidades nas
mais diversas apresentações e tratamentos em eter e ester;
 Indústria da Saúde - produção de colchões hospitalares, apoios em espuma e toalhetes
de espuma para higiene de doentes acamados;
 Puericultura - produção de diversas gamas de espuma para esta indústria, desde as
referências mais básicas até espumas técnicas muito sofisticadas de absorção de choque
para melhorar o conforto e segurança das cadeiras de bebés;
 Higiene e Limpeza - produção de espumas para fabrico de esfregões e espumas de
limpeza "mar" para os mais diversos campos de utilização doméstica e industrial.
No Quadro 3.6 especifica-se o histórico das produções efetivadas nos últimos anos (2018 a 2020),
a capacidade licenciada atual e a capacidade do projeto de alteração a efetivar considerando um
período de laboração normal (2 turnos no setor de produção de espumas e 1 turno nos restantes)
durante 240 dias/ano de acordo com o descrito na secção 3.5.

Quadro 3.6- Produtos fabricados.


Produção efetiva (ton/ano) Capacidade (ton/dia)

Atual Atual
Produtos (Designação) 2018 2019 2020 Futura
licenciada Efetiva
Espuma flexível 44555 45249 45621 184 (Nota 1) 215 280

Blocos 16299 17384 18375 77 90 107

Rolos 9278 9892 9174 38 44 54

Transformado 11605 10791 11246 47 55 66

Aparas (subproduto) 5398 5771 5220 22 26 30

Variação stock 313 39 6 -- -- --

Espuma aglomerado 831 686 800 2,63 3,5 11,5


Nota 1 – Valor autorizado de acordo com Título de Exploração n.º 15200/2017-1.

No Quadro 3.7 apresentam-se as capacidades de armazenamento relativamente aos produtos.

Quadro 3.7- Capacidades de armazenamento.


Capacidade de Capacidade de
Produtos (Designação)
Armazenamento atual(t) Armazenamento futura (t)

Espuma flexível 850 2557

Espuma aglomerado 15 150

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3.7 Matérias-primas, recursos, emissões gasosas, efluentes líquidos e resíduos gerados

3.7.1 Lista dos principais materiais e energia utilizados ou produzidos

3.7.1.1 Matérias-primas e subsidiárias


Com o projeto de ampliação não se prevê a alteração de forma significativa da tipologia das
matérias-primas e subsidiárias utilizadas nos processos de fabrico. Apenas se antecipa o aumento
do seu consumo para os novos objetivos de produção.
Excetua-se a redução da utilização do Cloreto de Metileno como agente expansor, por
substituição pelo CO2. De facto, apesar de o equipamento de produção de espumas estar
preparado para a utilização desta tecnologia mais limpa, aquela apenas se mostra viável em
produções longas, o que apenas será possível de atingir com o projeto de ampliação. Estima-se
um prazo de transição de 3 anos, para a substituição integral do cloreto de metileno pelo CO2.
As principais matérias-primas utilizadas no processo serão as seguintes:
 Poliois;
 Isocianatos;
 Pré polímero;
 Aditivos: Aminas, Silicones, Estabilizantes, Pigmentos e Antioxidantes, Retardadores de
Chama e Expansores5, Outros aditivos.
As principais matérias subsidiárias são constituídas por:
 Papel Kraft;
 Colas;
 Tecidos;
 Tubos Cartão e Outro Material de Embalagem.
No Quadro 3.8 apresenta-se o histórico dos consumos para as produções efetivadas nos últimos
anos, e a capacidade instalada para um período de laboração normal (16h) durante 240 dias por
ano.

Quadro 3.8- Consumos de matérias-primas e subsidiárias.


Consumo na capacidade
Consumo efetivo (ton/ano)
Designação instalada (ton/dia)
2018 2019 2020 atual Futura
Polióis 30702 31360 31647 148,77 193,75
Isocianatos 14230 14421 14544 68,58 89,31
Aminas e catalisadores 295 301 299 1,42 1,85
Silicones, Emulsionantes e Dispersantes 349 357 355 1,68 2,19
Estabilizadores e Reticulantes 41 44 42 0,20 0,26
Diluentes, Solventes e Cargas 2 4 2 0,01 0,02
Pigmentos e Antioxidantes 47 56 51 0,24 0,32
Retardadores de Chama 201 207 192 0,95 1,24
Agentes, Expansores e Gases 732 747 691 3,45 4,49

5 Atualmente cloreto de metileno, futuramente CO2

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Consumo na capacidade
Consumo efetivo (ton/ano)
Designação instalada (ton/dia)
2018 2019 2020 atual Futura
Outros aditivos 12 11 14 0,06 0,08
Papel Kraft 499 482 468 2,30 3,00
Pré-polimero (reciclado) 105 74 93 0,43 0,56
Colas 58 56 58 0,27 0,36
Tecidos 5 7 4 0,03 0,03
Material de Embalagem 826 828 910 4,07 5,30

Quadro 3.9 - Armazenamento das matérias-primas.


Capacidade de Armazenagem Local de armazenamento
Armazenagem (tipo
Designação Estado físico
Atual (t) Futura (t) recipiente) Atual futuro

Sala cisternas I, Sala cisternas I,


Polióis Líquido 3072 4672 Tanque e IBC
II, III II, III e IV

Sala cisternas I,
Sala cisternas I,
Isocianatos Líquido 774 2020 Tanque e bidões metal II, III e IV,
II, III
Nave 14
Pré-polímero
Líquido 30 50 IBC Nave 7
(reciclado)

Tanque, bidões metálicos Nave 1 e 2, armazém


Aminas e catalisadores Líquido 35 35
e big-bag sub. Perigosas e sala misturas

Silicones,emulsionantes Tanque, bidões metálicos


Líquido 50 50 Sala cisternas II, nave 1 e 2
e dispersante e IBC

Estabilizadores e
Líquido 20 20 Tanque e IBC Nave 1 e 2
reticulantes
Diluentes, solventes e Tanque, IBC e bidões
Líquido 2,2 2,2 Nave 1 e 2
cargas metálicos
Pigmentos e Tanque, IBC e bidões
Líquido 43 43 Nave 1 e 2
antoioxidantes plástico

Retardadores de chama Líquido 71 71 Tanque, IBC Sala cisternas II, nave 1 e 2

Retardadores de chama Sólido 28 28 big-bag Sala misturas

Agentes, expansores e
gases (Cloreto de Líquido 57 57 Tanque Sala cisternas I e II
Metileno)
Agente Expansor (CO2) Líquido 8,25 15 Tanque Exterior

Tanque, bidões plástico e


Outros aditivos Líquido 7 7 Nave 1 e 2
metal
Papel kraft Sólido 50 50 Palete madeira Nave 2

Colas Líquido 20 30 Bidões metálicos e IBC Nave 5, 7 e 10

Os produtos químicos apresentam classificações de perigosidade diversas nos termos do


regulamento CLP, subsistindo vários que não apresentam qualquer perigosidade para o ambiente
ou saúde humana. No Anexo V do Volume III são detalhadas as características dos principais
produtos de cada família elencada no Quadro 3.9.
No Anexo IV.L do Volume III apresenta-se o layout dos tanques de armazenamento de matérias-
primas nas salas de cisternas I, II, III e IV.

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Entre o projeto atualmente existente e o projeto de ampliação ocorrerá o incremento da
capacidade de armazenagem das matérias-primas: polióis, isocianatos, pré-polímero (reciclado) e
CO2 e a diminuição da armazenagem do Cloreto de Metileno.
O incremento da capacidade de armazenagem destas 4 matérias-primas será realizado da
seguinte forma:
 Polióis - instalação de um novo tanque (TK16) com uma capacidade de 1600 ton numa
nova sala de cisternas a construir para o efeito: sala de cisterna IV;
 Isocianatos - Instalação de dois novos tanques:
o T13 com uma capacidade de 24,4 ton na sala de cisternas III (sala já existente) a
que acresce 615 kg em tubagens e sistemas de filtragem;
o TK17 com uma capacidade de 1220 ton numa nova sala de cisternas a construir
para o efeito: sala de cisterna IV, a que acresce 1,74 ton em tubagens e sistemas
de filtragem;
 Pré-polímero reciclado - Armazenado em IBC junto à área de produção do reciclado
(Nave 7);
 CO2 - Armazenado em tanque no exterior. Será substituído o tanque atualmente
existente por um novo de maior capacidade.
Prevê-se ainda o aumento de capacidade de armazenagem de algumas matérias subsidiárias, para
acautelar a variação de produção, embora sem grande expressão e sem impacte nas condições
infraestruturais dos armazéns.

3.7.1.2 Energia
No estabelecimento são utilizadas três fontes de energia: elétrica, gás natural e gasóleo (Quadro
3.10).
A empresa é abastecida em regime de média tensão pela Iberdrola, SA, com uma linha aérea de
15 kV sendo a potência elétrica a contratar de 995 kVA. A potência instalada é de 1260 kVA com
dois transformadores 15 kV/400v com potência unitária de 630 kVA.
Com o projeto de ampliação será instalado um novo PT com dois novos transformadores, com as
mesmas caraterísticas e potência do atual passando a potência instalada a ser de 2520 kVA
(variação de +100%).
Quadro 3.10- Energia utilizada no estabelecimento.

Fonte de Energia Utilizações

Energia elétrica Força motriz, iluminação


Gás natural
Energia Térmica (caldeiras) produção de vapor (Nota 2) e água quente
(anteriormente Gás Propano
sanitária. O vapor é utilizado na climatização de reservatórios.
Liquefeito) (Nota 1)
Gasóleo Viaturas de transporte
Nota 1 - Atualmente desativado e removido
Nota 2 - Uma parte significativa do vapor produzido é atualmente cedido a uma empresa do grupo (Flexpur).

Antes da disponibilização no local de gás natural (GN) para produção de energia térmica, era
utilizado gás propano (GPL) existindo para o efeito um depósito com capacidade de 4,48m3. Este
depósito instalado em 2002, teve uma utilização frequente até meados de 2008, ano quem que
foi instalado gás natural fornecido através de posto de regulação e medida (PRM). Embora sem
utilização, manteve-se o sistema de GPL instalado como alternativa ao GN, acabando o sistema
por ser desativado em 2019, com a remoção física do reservatório.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Com o projeto de ampliação está prevista a instalação de uma unidade de produção para
autoconsumo (UPAC) fotovoltaica nas coberturas dos novos pavilhões da área de ampliação. A
potência será de 4 MW e será instalada por etapas, coincidentes com o faseamento do projeto.
Esta unidade será suportada nas coberturas dos novos pavilhões (Fase 1 -> + 1 MW, Fase 2 -> +
1 MW, Fase 3 - > +2 MW).
Para o gasóleo das viaturas de transporte, existe um Posto de Abastecimento de Combustível
(PAC) para consumo interno com um reservatório enterrado de 20 m3 localizado próximo das
salas de cisternas. Com o projeto de ampliação, tendo em conta que na área do estabelecimento
atual, adjacente ao atual PAC, será realizada a ampliação da zona de cisternas para
armazenamento de matérias-primas (sala IV: isocianato e poliol), o PAC será relocalizado
(conforme se apresenta na secção 3.9).
No Quadro 3.11 apresentam-se os consumos energéticos.
Quadro 3.11- Consumo energético.
Consumo efetivo Consumo na capacidade instalada
Fonte
Atual Atual
2018 2019 2020 Futura
licenciada efetiva
Energia elétrica (kwh) 3 567 591 3 356 349 3 365 500 3 345 850 3 917 311 5 226 069

Gás natural (m3) 112 574 102 743 84 633 97 536 114 194 152 346

Gasóleo (t) 120 114 97 107 126 168

Total (tep) 998 937 904 923 1081 1442

Os consumos médios anuais de energia rondam os 941tep. A instalação encontra-se abrangida


pelas disposições do SGCIE – Sistema de Gestão dos Consumos Intensivos de Energia (Decreto-Lei
n.º 71/2008, de 15 de Abril na sua atual redação).
Deve-se salientar que 85% do consumo de gasóleo se destina ao abastecimento da frota de
veículos pesados da empresa.
A unidade tem um Plano de Racionalização dos Consumos de Energia (PREn) em curso para o
período de 2018-2025, estando previstas as seguintes medidas de racionalização para uma
poupança global de 44 tep/ano (4,6% do consumo do ano de referência):
 Substituição Chiller- Poupança 17,3 tep/ano;
 Substituição iluminação Nave 6 (VSOP para LED) - Poupança 17,9 tep/ano;
 Substituição Iluminação Nave 7 (VSOP para LED) - Poupança 8,6 tep/ano.
É expectável que 25% dos consumos de energia elétrica sejam endógenos, provenientes da UPAC
fotovoltaica a instalar.
Em todo o caso, são aplicadas voluntariamente na instalação várias medidas de racionalização dos
consumos energéticos, entre os quais se destacam: controlo mensal dos consumos para deteção
de eventuais desvios; utilização de lâmpadas de baixo consumo; implementação de luzes com
sensor de movimento; sensibilização dos trabalhadores.

3.7.1.3 Água
Na instalação é utilizada água proveniente da rede pública e de uma captação subterrânea (furo)
cuja licença (TURH – A001763.2019.RH3) se apresenta no Anexo VI.A (Volume III).

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A água da rede pública é utilizada nas instalações sanitárias, balneários, cantina e higienização
enquanto a água proveniente do furo é utilizada no processo industrial (produção de espuma),
central de vapor (caldeira), rede de incêndio e rega.
A água da captação subterrânea é utilizada no consumo industrial. Após captação, a água é alvo
de um tratamento prévio de desferrização, desmineralização e desinfeção (cloragem) antes da
disponibilização na rede interna. Para o processo industrial de fabrico de espuma a água passa
ainda por uma central de tratamento por osmose inversa para remoção de sais.
A rede interna de água do processo industrial possui um tanque de água para tratar (R1 – 8 m3) e
um tanque de reserva de água tratada (R2 - 20 m3), cujas capacidades e utilizações não serão
alteradas com o projeto de ampliação.
Para minimização do consumo de água na instalação, estão implementadas as seguintes medidas:
 Recuperação de água pluvial das coberturas para rede de incêndio e rega;
 Registo mensal dos consumos no contador de entrada para deteção de eventuais fugas
ou perdas.
Com a implementação do projeto de ampliação prevê-se o reforço da captação de água pluvial
das coberturas para rede de incêndio e rega na área de ampliação e a instalação de uma rede
independente para águas das sanitas, proveniente da rede pluvial (telhados).
No Quadro seguinte apresentam-se os consumos de água na instalação.

Quadro 3.12- Consumo anual de água.


Consumo na capacidade instalada
Consumo efetivo (m3)
(m3)
Origem
Atual Atual
2018 2019 2020 Futura
licenciada efetiva
Água da rede pública 470 0 148 2952 3456 2310
Água da captação
10931 14801 16609 10755 12592 16799
subterrânea
Águas pluviais
-- -- -- -- -- 2310 (1)
(recuperadas nos telhados)
Nota 1 – Para o cálculo considerou-se que o consumo de água nas sanitas será de 25 litros / dia por habitante
equivalente (385 trabalhadores X 25 litros X 240 dias)

Deve-se salientar que, no ano de 2019, extraordinariamente, não ocorreram consumos efetivos
da água da rede pública. Esta situação foi devido à existência de uma fuga na rede, cuja deteção
foi complexa e demorada, tendo implicado, durante o período dos trabalhos, a suspensão do
abastecimento da água da rede pública6. Devido a esse facto, e à irrealidade dos consumos
registados da água da rede pública, no cálculo dos consumos para a capacidade atual e instalada
utilizaram-se os seguintes pressupostos:
Consumo Anual da Água Rede Pública = Nº de Trabalhadores x 50 lts/hab7 x 240 dias
Os valores apurados foram deduzidos ao consumo da água da captação subterrânea, de modo a
ter uma estimativa mais aproximada dos consumos globais reais. Na capacidade instalada futura,
efetuou-se o mesmo exercício de cálculo, tendo neste caso, devido à previsão de criação de uma

6
Os consumos da água da captação subterrânea também foram afetados por esta fuga, tendo-se registado perdas estimadas de 8% (1215m3) e
12% (1954m3) do total extraído em 2019 e 2020, respetivamente.
7
Apesar de normalmente se usar um fator maior (75 a 100) é conhecida a pouca utilização dos balneários pela população laboral da Flex2000,
muito pelo facto de serem trabalhadores que habitam nas imediações do estabelecimento.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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rede de abastecimento de sanitas independente, alocado 50% do consumo por habitante, à água
originária da rede pluvial (a utilizar nas sanitas).
No Anexo IV.F (Volume III) apresenta-se peça desenhada das redes de abastecimento de água.

3.7.2 Lista dos principais tipos de efluentes, resíduos e emissões previsíveis


3.7.2.1 Efluentes líquidos
No Quadro 3.13 identificam-se os efluentes líquidos gerados na instalação atual. Com o projeto de
ampliação a tipologia de efluentes líquidos gerados será a mesma alterando-se no entanto os
volumes produzidos (Quadro 3.14).
Contudo,

Quadro 3.13- Tipologia e origem dos efluentes líquidos.


Tipo de efluente Origem Destino

Águas Residuais Equiparadas a Instalações sanitárias, balneários, Coletor municipal seguida de ETAR
Domésticas cantina, higienização (AdRA)
Processo Industrial (produção
aglomerado), purgas caldeiras vapor,
Águas Residuais Industriais rejeitado osmose inversa, lavagens Descarga Solo (Lagoa Infiltração)
pavimentos e infraestruturas
industriais
Águas Pluviais Telhados Solo
Águas Pluviais Potencialmente Pavimentos, parques outras vias de Descarga Solo (Lagoa Infiltração).
Contaminadas circulação TURH - L020886.2021.RH3

Quadro 3.14- Volumes de efluentes líquidos gerados.


Descarga na Capacidade
Descarga Efetiva (m3 /ano)
Instalada (m3 /ano)
Origem
Atual Atual
2018 2019 2020 Futura
licenciada efetiva
Águas residuais equiparadas a domésticas 2745 2723 2969 2745 3214 4297

Águas residuais industriais 2032 3005 3391 2749 3209 4298

Águas pluviais 55095 68363 73601 92737 92737 261434


Águas pluviais potencialmente
50123 62194 66959 84369 84369 134112
contaminadas
Nota: Para o cálculo do volume de águas pluviais gerado utilizaram-se os dados da pluviosidade da estação
meteorológica do Porto para os anos respetivos e dados das áreas cobertas e impermeabilizadas. No cálculo da
capacidade instalada, atual e futura, para além das respetivas áreas, utilizou-se como referência o valor máximo anual
da pluviosidade verificada na estação do Porto, para a série 2000-2020.

Efluentes líquidos domésticos


Os efluentes líquidos domésticos são gerados nos sanitários, balneários e restantes áreas sociais.
Estes efluentes são na sua totalidade encaminhados para a rede de drenagem interna de águas
residuais equiparadas a domésticas que serve todo o estabelecimento e daí encaminhadas para o
coletor municipal gerido pela AdRA (Águas da Região de Aveiro).
Devido à cota a que se situa a rede pública, a rede atual é dotada de duas estações elevatórias em
linha que, devido à sua configuração, permitem também a filtração, por segurança, de sólidos
grosseiros que possam afluir ao sistema e sua retenção antes da descarga na rede pública. Estes
poços de bombagem são periodicamente limpos (hidroaspirados) por empresa especializada.

Pág. 44 de 294 Relatório Síntese


O edificado a construir no âmbito do projeto de ampliação, incluindo o novo edifício do
laboratório na área do estabelecimento atual, serão também interligadas com esta rede, tendo os
efluentes o mesmo destino (coletor municipal). A rede de drenagem da área de expansão estará
também servida por uma estação elevatória (poço de bombagem), que se situará na vertente
oeste, funcionando em linha com as existentes e mantendo o ponto de descarga.
Em termos quantitativos, terão sensivelmente a mesma expressão dos consumos de água nestas
utilizações, considerando-se que 93% da água consumida dá origem a efluente.
No Anexo IV.G (Volume III) apresenta-se a peça desenhada com a rede de drenagem de águas
residuais domésticas e respetivo ponto de entrega.

Efluentes líquidos industriais


O processo de fabrico de espumas não é gerador de efluentes líquidos com exceção da operação
de fabrico de aglomerado, devido à etapa de vaporização. O efluente gerado nesta etapa, água de
vapor de escorrência aquando da prensagem de bloco, é encaminhado por calhas de pavimento
para um sistema de filtração de sólidos, após o que é encaminhado para a rede de águas pluviais
potencialmente contaminadas onde sofre tratamento antes da descarga.
O mesmo destino e pré-tratamento antes da descarga, com exceção de filtração de sólidos, têm
as águas residuais geradas nas purgas das caldeiras de vapor. Estima-se que cada purga
corresponda a cerca de 20 litros de água, para uma média de 5 purgas diárias.
Com o objetivo de minimizar eventuais escorrências potencialmente poluentes para as águas
pluviais, a área de armazenagem de resíduos (PA1), que é coberta, é servida por um sistema de
segurança. Escorrências desta área são recolhidas em calhas de pavimento, existentes nos limites
da plataforma de armazenagem, e conduzidas a um sistema autónomo de pré-tratamento
constituído por caixa de filtração de sólidos e separador de hidrocarbonetos com uma capacidade
de tratamento de 3l/s. O efluente tratado, é depois encaminhado para a rede de águas pluviais
potencialmente contaminadas onde sofre ainda um tratamento similar antes da descarga.
Este mesmo sistema é utilizado na zona de carregamento de baterias dos equipamentos de
movimentação e parque de armazenagem de resíduos de baterias (PA2), situada junto à nave 6,
que também possui uma calha de pavimento para coletar quaisquer escorrências, estando ligada,
pelos mesmos motivos de segurança, a um sistema autónomo de pré-tratamento constituído por
caixa de filtração de sólidos e separador de hidrocarbonetos com uma capacidade de tratamento
de 1,5l/s. As águas tratadas são depois encaminhadas, pela rede de águas pluviais, para a lagoa de
infiltração.
O tratamento da água para o processo (osmose inversa), também gera águas residuais que são
encaminhadas para a rede de águas pluviais potencialmente contaminadas. O sistema de osmose
instalado, o qual não será alterado, tem uma taxa de recuperação média de 75% da água afluente.
No Quadro seguinte apresentam-se os resultados dos ensaios físico-químicos realizados ao
efluente gerado neste processo de tratamento.

Quadro 3.15- Dados analíticos ao efluente resultante da osmose inversa.


Parâmetro Unidades Resultado VLE (1)

Condutividade μS/cm a 20ºC Electrometria 1461


Cádmio μg/l Cd <2
Chumbo μg/l Pb <10
Crómio μg/l Cr <2
Níquel μg/l Ni <5

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Parâmetro Unidades Resultado VLE (1)

Arsénio μg/l As <10


Cianetos μg/l CN <5
Cobre μg/l Cu <2
Manganês μg/l Mn 170
Crómio Hexavalente mg/l Cr VI 0.00142 0.1
Ferro mg/l Fe 0.0117 2
Cloro Residual Total mg/l Cl2 <0.02
Temperatura ºC Termometria 22
Azoto amoniacal mg/l NH4 <0.04 10
Sulfatos mg/l SO4 208 2000
Nitratos mg/l NO3 38 50
Alumínio μg/l Al <10
Cheiro Fator diluição 25ºC <1 20
Cor Diluição 1:20 Não visível
Azoto Total mg/l N 14.2 15
Detergentes (lauril-sulfato) mg/l <0.02 2
Hidrocarbonetos totais mg/l <0.1 15
Boletim Análises 00309450 // 071584 (Aquimisa – Lab L0398) de 14/10/2016
Nota 1 - Anexo XVIII do Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de agosto

Embora na generalidade das ocasiões se utilizem sistemas de aspiração e limpeza a seco de


pavimentos e infraestruturas industriais, admite-se, em situações específicas e pontuais, a
possibilidade de utilização de água. Nestes casos, estima-se que o efluente gerado possa ascender
a 1 m3 por semana, antes de projeto, sendo expectável a duplicação deste valor após projeto,
devido ao incremento de área das instalações.
No Quadro 3.16 apresentam-se os volumes de efluente líquido industrial produzido.

Quadro 3.16- Produção de efluente líquido industrial em função da origem (m3).


Produção anual efetiva Produção na capacidade instalada
Efluente Atual
2018 2019 2020 Atual efetiva Futura
licenciada
Produção de aglomerado 0,8 0,7 0,8 0,6 0,8 2,8
Águas de lavagem 48 48 48 48 48 96
Purgas das caldeiras 24 24 24 24 24 24
Osmose inversa 1983 2956 3342 2677 3136 4176
Total 2056 3029 3415 2749 3209 4298

Para minimização da contaminação do efluente industrial, estão implementadas as seguintes


medidas:
 Sistema de filtração de sólidos nas calhas de recolha das águas residuais do aglomerado;
 Humidificar e varrer pavimento antes da lavagem.
Com o projeto de ampliação, e devido ao previsível aumento de produção de espuma de
aglomerado, serão ainda promovidas as seguintes ações:

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 Reformulação da área de prensagem de aglomerado atual (localizada na nave 7) para
encaminhamento do efluente recolhido nas calhas para a rede de drenagem municipal
de águas residuais (AdrA), tal como representado no Anexo IV.G do Volume III;
 Criação de calhas e sistema de recolha de efluente da nova linha de aglomerado para
encaminhamento de efluente para a rede de drenagem municipal de águas residuais.
No Anexo IV.H (Volume III) apresenta-se a peça desenhada com a rede de drenagem de águas
residuais industriais.

Águas pluviais
Na instalação são geradas dois tipos de águas pluviais, cujo tipo e origem não serão alterados com
o projeto de alteração:
 águas pluviais não contaminadas, provenientes das coberturas;
 águas pluviais potencialmente contaminadas provenientes dos pavimentos e vias de
circulação.
As águas pluviais não contaminadas das coberturas são encaminhadas para caixas de infiltração
no solo, existindo várias por pavilhão. Com o projeto de ampliação o sistema de recolha de
pluviais das coberturas será replicado na área das novas edificações, ou seja, estas águas serão
encaminhadas para um sistema de infiltração no solo existente nos pontos de queda, sendo o
excedente encaminhado por tubagem dedicada para o tanque de reaproveitamento de águas
pluviais (Peça Desenhada no Anexo IV.I do Volume III).
Na área do estabelecimento atual, as águas pluviais potencialmente contaminadas de pavimentos
e vias de circulação são recolhidas em rede independente de águas pluviais, e em parte ligadas a
um separador de hidrocarbonetos. De seguida são encaminhadas para um tanque de 1000 m3 que
constitui uma reserva adicional de água. Os excedentes deste tanque são encaminhados para uma
lagoa de infiltração (descarga no solo). Esta lagoa, com uma área de 272 m2, é servida por um
separador de hidrocarbonetos do tipo lamelar com uma capacidade para tratar um caudal de
ponta de 150l/s. Parte destas águas pluviais (~25%) são reutilizadas em humidificação e lavagens
de pavimentos e na rede de incêndio.
O estabelecimento possui Licença de utilização n.º L020886.2021.RH3) para descarga destas águas
através de lagoa de infiltração (Anexo VI.B no Volume III).
As águas pluviais potencialmente contaminadas são sujeitas a monitorização periódica tal como
estipulado no título de descarga, sendo realizadas análises trimestrais ao efluente (amostras
compostas para 24 h), na caixa de recolha de amostras à saída do separador de hidrocarbonetos.
No Quadro 3.17 apresenta-se os valores médios anuais relativos ao autocontrolo realizado. No
Anexo VI.C do Volume III apresentam-se os boletins analíticos relativos a cada um dos trimestres
do ano 2020.

Quadro 3.17- Dados de autocontrolo das águas pluviais potencialmente contaminadas (média anual).
Parâmetro Unidades 2018 2019 2020 VLE (1)
pH Escala de Sorensen 6,6 5,6 5,7 6.0-9.0
Sólidos Suspensos Totais
mg/L 17,8 10 18,8 60
(SST)
Carência Química de
mg O2/L 75 15 59,3 150
Oxigénio (CQO)
Hidrocarbonetos Totais mg/L 0,05 0,1 0,3 15
Carência Bioquímica de
mg O2/L 22 10 81,0 40
Oxigénio (CBO5) (2)
Azoto Total (2) mg O2/L 0,3 3 3 --

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Parâmetro Unidades 2018 2019 2020 VLE (1)
Fósforo Total (2) mg O2/L 0,3 0,5 0,5 --
Nota (1) Os VLE para descarga de Águas Residuais são os constantes da Licença de Utilização dos Recursos Hídricos
L020886.2021.RH3 (valores do Anexo XVIII do Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de agosto). Nota 2 – Monitorização anual para
efeitos de cálculo da TRH, nos termos do DL n.º 97/2008 de 11/06.

Quadro 3.18- Dados de autocontrolo das águas pluviais potencialmente contaminadas (ano 2020).
Parâmetro Unidades 3/fev 11/mai 3/set 9/nov VLE (1)
Escala de
pH 6,1 5,7 5,4 5,5 6.0-9.0
Sorensen
Sólidos Suspensos Totais
mg/L <10 <10 22 33 60
(SST)
Carência Química de
mg O2/L 140 <15 67 <15 150
Oxigénio (CQO)
Hidrocarbonetos Totais mg/L <0,1 <0,1 0,79 <0,1 15
Carência Bioquímica de
mg O2/L 81 - - - 40
Oxigénio (CBO5)
Azoto Total mg O2/L <3 - - - --
Fósforo Total mg O2/L <0,5 - - - --
Nota (1) Os VLE para descarga de Águas Residuais são os constantes da Licença de Utilização dos Recursos Hídricos
L020886.2021.RH3 (valores do Anexo XVIII do Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de agosto). Nota 2 – Monitorização anual para
efeitos de cálculo da TRH, nos termos do DL n.º 97/2008 de 11/06.

No Anexo IV.H (Volume III) apresenta-se peça desenhada com a rede de drenagem águas pluviais
dos pavimentos (potencialmente contaminadas).
Com este projeto, e em particular com a relocalização do PAC (posto de abastecimento e
combustíveis) será reforçada a capacidade de tratamento das águas pluviais potencialmente
contaminadas oriundas da ilha de abastecimento, com a instalação de um sistema autónomo de
recolha e pré-tratamento destas águas. O sistema será constituído por uma caixa de retenção de
areia e separador de hidrocarbonetos do tipo lamelar com a capacidade de depuração de 3l/s. O
efluente tratado será posteriormente encaminhado para o ponto de descarga de águas pluviais já
licenciado (lagoa de infiltração).
De igual modo, e para melhoria do sistema de proteção, as águas pluviais dos pavimentos junto às
naves 3, 4, 5, 6, 7 e 8 serão também encaminhadas para um novo SH antes da descarga no tanque
de 1000m3 . Este separador será similar ao atual, do tipo lamelar com uma capacidade para tratar
um caudal de ponta de 150l/s. O ponto de descarga manter-se-á inalterado (lagoa).
A gestão das águas pluviais a implementar na área de ampliação, será similar à da instalação
atual, ou seja, as águas pluviais potencialmente contaminadas (vias de circulação e pavimentos),
serão encaminhadas para sistemas depuradores de HC e de seguida para um tanque de 2700 m3 ,
que permitirá o seu reaproveitamento, à semelhança do existente, para humidificação e lavagens
de pavimentos e rede de incêndio e rega. O excedente, será encaminhado para uma lagoa de
infiltração com 1800 m2 (60 m de comprimento de base e 30 m de largura de base). A
profundidade será de 1,70m.
O projeto de ampliação implicará um novo ponto de descarga de águas pluviais potencialmente
contaminadas no solo, após pré-tratamento em separadores de hidrocarbonetos. O novo
equipamento depurador, do tipo lamelar como o existente, será constituído por 2 separadores de
hidrocarbonetos com uma capacidade para tratar um caudal de ponta de 200l/s cada, servindo
áreas distintas.
Com o projeto de ampliação não se esperam alterações significativas na qualidade do efluente
descarregado, uma vez que as origens e tipo não sofrerão alterações relevantes. Será, contudo,

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promovida a atualização e clarificação do TURH tendo em conta todas as origens de águas pluviais
potencialmente contaminadas. É, contudo, de salientar que o efluente industrial da produção de
aglomerado, pese embora a sua pequena expressão quantitativa, tal como anteriormente
referido, passará a ser encaminhado para a rede de drenagem municipal em detrimento da rede
pluvial interna.

3.7.2.2 Emissões gasosas


Na unidade industrial são emitidos efluentes gasosos com origem em fontes fixas, pelo que a
instalação encontra-se abrangida pelas disposições do Decreto-Lei n.º 39/2018, de 11 de junho,
que estabelece o regime da prevenção e controlo das emissões de poluentes para o ar (REAR).

Quadro 3.19- Fontes fixas existentes.


Código
Altura Combustível Regime de Potência
da Equipamento associado
(m) utilizado funcionamento (kWth)
Fonte
C1 F 15,83 Caldeira 1 Gás Natural 16h/dia 1360
C2 F 15,83 Caldeira 2 Gás Natural 16h/dia 1745
Esporádico /
C3 F 15,83 Caldeira 3 Gás Natural 445
Reforço C1F (1)
C1 16,3 Produção de espuma-início processo Não Aplicável 16h/dia -
C2 16,3 Produção de espuma-final processo Não Aplicável 16h/dia -
Produção de espuma-corte final da
C3 17,1 Não Aplicável 16h/dia -
espuma
C4 12,82 Cozinha Não Aplicável 8h/dia -
C5 9,4 Hotte laboratorial Não Aplicável 8h/dia -
C6 15,6 Exaustão colagem Não Aplicável 8h/dia -
C7 16,3 Processo de reciclagem Não Aplicável 16h/dia -
C8 15,6 Caldeira a gás 1 Gás Natural 8h/dia 440
C9 13,2 Caldeira a gás 2 Gás Natural 16h/dia 280
Hotte laboratorial-teste de
C10 9,24 Não Aplicável 16h/dia -
combustibilidade
C11 15,93 Exaustão lavagem de peças Não Aplicável 8h/dia -
C13 11,9 Aquecedor a gás Gás Natural 21,44
C14 11,9 Aquecedor a gás Gás Natural 21,44
C15 11,9 Aquecedor a gás Gás Natural 21,44
C16 11,9 Aquecedor a gás Gás Natural 21,44
C17 8,4 Aquecedor a gás Gás Natural 21,44
C18 8,4 Aquecedor a gás Gás Natural 21,44
C19 8,4 Aquecedor a gás Gás Natural 21,44
C20 8,4 Aquecedor a gás Gás Natural 21,44
C21 8,4 Aquecedor a gás Gás Natural 21,44
C22 8,4 Aquecedor a gás Gás Natural 21,44
C23 8,4 Aquecedor a gás Gás Natural 21,44
C24 8,4 Aquecedor a gás Gás Natural 21,44
C25 8,4 Aquecedor a gás Gás Natural 21,44

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Código
Altura Combustível Regime de Potência
da Equipamento associado
(m) utilizado funcionamento (kWth)
Fonte
C26 8,4 Aquecedor a gás Gás Natural 21,44
C27 11,9 Aquecedor a gás Gás Natural 21,44
Exaustão do processo de soldadura na
C28 11,01 Não Aplicável 8h/dia -
oficina
C29 16,26 Exaustão da calandra Não Aplicável 16h/dia -
C30 13,76 Caldeira 3 Não Aplicável 24/dia 511
C31 4,7 Gerador de emergência Não Aplicável -
Gerador do sistema de incêndio-bomba
C32 3,7 Não Aplicável -
1
Gerador do sistema de incêndio-bomba
C33 3,7 Não Aplicável -
2
C34 16,25 Exaustão mistura MP produção química Não Aplicável 16h/dia -
C35 15,4 Exaustão Serra - Produção Química Não Aplicável 16h/dia -
C36 4,7 Gerador de emergência nº 2 Não Aplicável
Gerador do sistema de incêndio-bomba
C37 1,9 Não Aplicável
3
Nota: As fontes destacadas com “F”, são partilhadas com a unidade da Flexpur; (1) em caso de necessidade ou manutenção.

Até ao momento, a monitorização das fontes C1F, C2F e C3F era realizada pela FLEXPUR. Com o
presente projeto, a FLEX2000 para a ser responsável pela gestão, operação e monitorização
destas fontes, ainda que partilhadas com a Flexpur.
As fontes C1F e C2F estão associadas a instalações de combustão com potência térmica nominal
superior a 1 000 KW e inferior a 50 000 kW, sendo por essa via consideradas ‘Médias Instalações
de Combustão’ (MIC).
No que concerne à altura das chaminés em sede de desenvolvimento do estudo prévio, não se
efetuou o cálculo de acordo com a Portaria n.º 190- A/2018, que estabelece as regras para o
cálculo de altura de chaminés, ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 26.º do Decreto-Lei n.º
39/2018, de 11 de junho, devido ao facto de a área estar sujeita a servidão militar nos termos do
Decreto n.º 11/2014. Nesses termos, e para as novas fontes, aplicou-se a regra de a cota de saída
da chaminé estar 3 m acima da cota máxima do edifício de implantação (obstáculo próximo mais
desfavorável).
Contudo, na sequência do pedido de elementos adicionais por parte da autoridade de AIA,
procedeu-se à realização do estudo de dimensionamento das chaminés o qual se apresenta no
Anexo XII (Volume III).
Tal como consta da informação apresentada no Anexo XII, face à altura atual, as fontes C6 e C7
não carecem de qualquer correção na altura. As fontes C1 F, C2 F, C1, C2, C3, C11, C28, C29, C34 e
C35 deveriam ser aumentadas conforme a correção indicada no estudo.
Tendo em conta as condições da instalação e o tipo de efluentes e as caraterísticas do local,
entende-se, no entanto, justificável a manutenção da sua altura nos valores atuais. A unidade
industrial encontra-se inserida em zona industrial onde o número de obstáculos na área
circundante (raio de 300 metros) é muito reduzido. Sendo que os obstáculos próximos mais
desfavoráveis a todas as fontes são os próprios edifícios da Flex2000. Estes são na sua maioria
edifícios industriais constituídos na sua maioria por equipamentos, onde não existem
trabalhadores em permanência, com exceção das Nave 5 (Corte e Transformação), Nave 7
(Aglomerado/Armazém), naves futuras de Transformação Espuma-Rolo (Fase III) e Corte Blocos.
Além disso, os edifícios são isolados, não apresentando janelas/aberturas ou pontos angulosos

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que dificultem a dispersão de poluentes. É de referir que a diferença de cotas entre o topo das
chaminés e a mais elevada das cumeeiras dos telhados do edifício em que estão implantadas é
superior a 3 metros, cumprindo assim o disposto no ponto 3 da Parte 2 do Anexo I da Portaria nº
190-A/2018, de 2 de julho. Assim sendo, o edifício não causa perturbações à boa dispersão dos
efluentes destas fontes.
Quanto às fontes a novas a instalar, face à altura prevista na fase de estudo prévio, a fonte:
 C40 não carece de qualquer correção na altura prevista;
 C41 e C42 deverão ser aumentadas em 0,4 e 0,7 m, respetivamente.
Salienta-se que, nos termos das recomendações emanadas pelo estudo constante do Anexo XII
(Volume III) será intenção da FLEX2000, em fase de licenciamento, solicitar à entidade
coordenadora do licenciamento um parecer prévio de manutenção das alturas nos termos
propostos, de acordo com o nº 3 do artº 26º do Decreto-Lei nº 39/2018.
No Quadro 3.20 são apresentados os resultados do autocontrolo realizado nos anos de 2018,
2019, 2020 e 2021 das diversas fontes existentes na FLEX2000.
Quadro 3.20- Dados de autocontrole das emissões gasosas.
Concentração de Poluentes
Ano de Caudal
Fonte Poluente Concentração VLE(2) Limiar Mássico[Kg/h](3)
Campanha Mássico
[mg/Nm³](1) [mg/Nm3]
[Kg/h] Mínimo Médio Máximo
CO 2,4* - 0,007 1 5 100
C1F (MIC) NOx 64,4* 250** 0,18 0,5 2 30
COVT 6,3* 200** 0,018 1 2 30
CO 27* - 0,032 1 5 100
C2F (MIC) NOx 101,2* 250** 0,12 0,5 2 30
COVT 11,6* 200** 0,014 1 2 30
CO 422,2* - 0,53 1 5 100
2018
C3F NOx 97,1* 300 0,12 0,5 2 30
COVT 4,3* 200 0,0054 1 2 30
CO 24,2 200 0,81 2 - 30
C1
COVT 14,5 200 0,7 1 2 30
C29 COVT 38,6 200 0,37 1 2 30
CO 14,5 200 0,017 2 - 30
C34
COVT 3,2 200 0,0042 1 2 30
CO 6,5* - 0,15 1 5 100
C1F (MIC) NOx 57,1* 250** 0,13 0,5 2 30
COVT 29,8* 200** 0,067 1 2 30
CO 5,4* - 0,0092 1 5 100
C2F (MIC) NOx 116,8* 250** 0,2 0,5 2 30
COVT 108,6* 200** 0,19 1 2 30
2019
140,1 200 0,43 1 2 30
C11 COVT
141,7 200 0,41 1 2 30
17,7 200 0,01 1 2 30
C34 COVT
40,3 200 0,051 1 2 30
29,0 200 0,62 1 2 30
C6 COVT
22,5 200 0,49 1 2 30

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Concentração de Poluentes
Ano de Caudal
Fonte Poluente Concentração VLE(2) Limiar Mássico[Kg/h](3)
Campanha Mássico
[mg/Nm³](1) [mg/Nm3]
[Kg/h] Mínimo Médio Máximo
25,8 200 0,55 1 2 30
C2 COVT
43,5 200 0,94 1 2 30
101,4 200 4,7 1 2 30
C1 COVT
114,3 200 5,7 1 2 30
16,1 200 0,25 1 2 30
C3 COVT
27,4 200 0,46 1 2 30
16,1 200 0,17 1 2 30
C35 COVT
19,3 200 0,2 1 2 30
C7 COVT 33,8 200 0,64 1 2 30
C29 COVT 41,9 200 0,19 1 2 30
2020 C1 COVT 46,7 200 2,2 1 2 30
2021 C1 COVT 25,8 200 1,2 1 2 30
(1) Valores determinados sem correção do teor de oxigénio | Portaria n.º 190-B/2018 de 2 de julho.
(2) VLE = Valor Limite de Emissão | Portaria n.º 190-B/2018 de 2 de julho.
(3) LM = Limiar Mássico | Decreto-Lei n.º 39/2018 de 11 de junho.
* Valores determinados com correção do teor de oxigénio (O2ref = 3%) | Decreto-Lei n.º 39/2018, de 11 de junho
** VLE = Valor Limite de Emissão | Decreto-Lei n.º 39/2018 de 11 de junho para MIC.

Pode-se observar que as concentrações, em mg/Nm³, dos poluentes medidos em cada fonte
estão todas abaixo dos VLEs estabelecidos. No que respeita aos resultados obtidos para os
caudais mássicos, com a exceção dos resultados das campanhas de 2019, 2020 e 2021 para a
fonte C1, para as restantes fontes os valores obtidos apresentam-se todos abaixo do limiar
mássico mínimo. Saliente-se que a fonte C1 está associada à instalação do início do processo de
produção de espuma e apresentou caudal mássico acima do limiar mássico médio, mas abaixo do
limiar mássico máximo em ambas as campanhas do ano de 2019. Na campanha de 2020, o
mesmo se sucedeu. Já em 2021 o caudal mássico baixou para um valor entre o limiar mássico
mínimo e o médio.
Espera-se no futuro uma melhoria nas emissões de COV associadas à Fonte C1 devido à utilização
do CO2 como agente expansor, em detrimento do cloreto de metileno.
No âmbito do projeto de ampliação as fontes fixas C5 e C9 serão desativadas.
No Quadro seguinte apresenta-se as emissões de poluentes atmosféricos calculadas tendo em
conta as capacidades instaladas.
Quadro 3.21- Emissões de poluentes atmosféricos (Kg/ano).
Capacidade Capacidade Capacidade
Fontes Poluentes (kg/ano)
instalada licenciada licenciada atual instalada futura
Dióxido de Carbono (CO2) 211662,2990 247323,4655 322095,2733
Metano (CH4) 5,2618 6,1483 8,0071
Convencionais

Monóxido de Carbono (CO) 75,1682 87,8326 114,3865


Óxido Nitroso (N2O) 5,2618 6,1483 8,0071
Compostos Orgânicos Voláteis Não
7,5168 8,7833 11,4387
Metanicos (COVNM)
Óxidos de Azoto (NOx/NO2 263,0886 307,4141 400,3528

Partículas (PTS/PM10) 1,8792 2,1958 2,8597

Pág. 52 de 294 Relatório Síntese


Capacidade Capacidade Capacidade
Fontes Poluentes (kg/ano)
instalada licenciada licenciada atual instalada futura
PCDD + PCDF (Dioxinas + Furanos 0,0000 0,0000 0,0000

Arsénio e seus compostos (As) 0,0004 0,0004 0,0005


Cádmio e seus compostos (Cd) 0,0020 0,0023 0,0030

Mercúrio e seus compostos (Hg) 0,0009 0,0010 0,0013

Níquel e seus compostos (Ni) 0,0037 0,0043 0,0056


Crómio e seus compostos (Cr) 0,0025 0,0029 0,0038

Cobre e seus compostos (Cu) 0,0015 0,0018 0,0023

Zinco e seus compostos (Zn) 0,0511 0,0597 0,0778

Chumbo e seus compostos (Pb) 0,0000 0,0000 0,0000


Hidrocarbonetos Aromáticos 0,0000 0,0000 0,0000
Policíclicos (PAH)
Óxidos de Enxofre (SOx/SO2) 0,1369 0,1600 0,2084
Outros Compostos Orgânicos Voláteis 20767,4533 24266,3177 16424,8686

Ao nível das emissões globais, estima-se que a medida de substituição de Cloreto de Metileno na
produção de espuma implique uma redução de cerca de 21% nas emissões de COV das fontes não
convencionais, ou seja, passe de 20,7 t/ano na capacidade licenciada para 16,4 t/ano após
projeto.
As emissões diretas de CO2 atingirão, após projeto, 322,1 ton/ano, o que constitui um incremento
de 52% face à capacidade atualmente licenciada.
Tendo em conta os resultados dos dados de autocontrolo apresentados, no Quadro 3.22 reporta-
se a periodicidade de monitorização que as fontes fixas deverão seguir.
Quadro 3.22- Periodicidade de monitorização das fontes fixas existentes.
Periodicidade de Monitorização
Fonte Próxima
CO NOx COVT SO2, PTS, H2S
Campanha
C1F - 2024
Quinquenal Quinquenal Quinquenal
C2F - 2024
(2024) (2024) (2024)
C3F - 2024
C1 - - Bianual - 2021
Quinquenal
C2 - - - 2024
(2024)
Quinquenal
C3 - - - 2024
(2024)
Exclui-se do âmbito de aplicação do DL39/2018, de acordo com a alínea e) do n. º1 do art. º2
C4
(fornalhas e queimadores das atividades industriais, com uma potência térmica inferior a 1 MW)
Exclui-se do âmbito de aplicação do DL39/2018, de acordo com n.º 8 do art.º 26
(no caso das hottes laboratoriais que não estão sujeitas a VLE, deve a cota máxima das respetivas
C5
chaminés ser sempre superior, em pelo menos um metro, à cota máxima do edifício onde estão
instaladas)
Quinquenal
C6 - - - 2024
(2024)
Quinquenal
C7 - - - 2024
(2024)
Exclui-se do âmbito de aplicação do DL39/2018, de acordo com a alínea e) do n. º1 do art. º2
C8
(fornalhas e queimadores das atividades industriais, com uma potência térmica inferior a 1 MW)
Exclui-se do âmbito de aplicação do DL39/2018, de acordo com a alínea e) do n. º1 do art. º2
C9
(fornalhas e queimadores das atividades industriais, com uma potência térmica inferior a 1 MW)

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Exclui-se do âmbito de aplicação do DL39/2018, de acordo com n.º 8 do art.º 26
(no caso das hottes laboratoriais que não estão sujeitas a VLE, deve a cota máxima das respetivas
C10
chaminés ser sempre superior, em pelo menos um metro, à cota máxima do edifício onde estão
instaladas)
Quinquenal
C11 - - - 2024
(2024)
excluem-se do âmbito de aplicação do DL39/2018, de acordo com alínea g) do nº2 do art.º 2
C13 –
(são instalações de combustão em que os produtos gasosos resultantes da combustão são utilizados
C27
em equipamentos de aquecimento a gás destinados a aquecer espaços interiores)
Quinquenal
C28 - - - 2023
(2023)
Quinquenal
C29 - - - 2024
(2024)
Quinquenal Quinquenal Quinquenal
C30 - 2023
(2023) (2023) (2023)

C31 excluem-se do âmbito de aplicação do DL39/2018, de acordo com alínea a) do nº 2 do art.º 2, que
remete para a alínea z) do art.º nº3
C32 (os geradores de emergência, na aceção da alínea z) do artigo seguinte, sem prejuízo do disposto na
alínea h) do artigo 8.º, indica que deve manter e comunicar um registo do número de horas de
C33 funcionamento dos geradores de emergência)

Quinquenal
C34 - - - 2024
(2024)
Quinquenal
C35 - - - 2024
(2024)

No âmbito do projeto de ampliação será desativada uma hotte laboratorial (Fonte C5) que será
substituída por duas novas hottes laboratoriais (C38 e C39) e a caldeira a gás 2 (C9).
Adicionalmente, serão instaladas 3 novas fontes fixas de emissão associadas ao processo (Quadro
3.23).
Quadro 3.23- Novas fontes fixas propostas.
Código
Altura Combustível Regime de Potência
da Equipamento associado Local
(m) utilizado funcionamento (kWth)
Fonte
C38 8,8 Hotte laboratorial nº1 Novo laboratório 8h/dia
C39 8,5 Hotte laboratorial nº2 Novo laboratório 8h/dia
Exaustão da Unidade de Nave 7
Não
C40 16,3,0 Produção de Espuma (Estabelecimento 16h/dia -
Aplicável
Reciclada atual)
Exaustão da Unidade de Área de
Não
C41 17,0 Produção de Espuma ampliação/Fase 16h/dia -
Aplicável
Reticulada III
Área de
Exaustão da Unidade de Não
C42 17,0 ampliação/Fase 16h/dia -
Recuperação de Poliol Aplicável
II

No quadro seguinte apresenta-se a previsão das emissões para cada uma das novas fontes.
Quadro 3.24- Emissões previsíveis das novas fontes.
Concentração de Poluentes

Fonte Poluente Caudal Limiar Mássico[Kg/h](3)


Concentração VLE(2)
Mássico
[mg/Nm³](1) [mg/Nm3]
[Kg/h] Mínimo Médio Máximo
PTS <50 150 -- 0,1 0.5 5
C40
COVT <50 200 -- 1 2 30
PTS <50 150 -- 0,1 0.5 5
C41
COVT <50 200 -- 1 2 30

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Concentração de Poluentes

Fonte Poluente Caudal Limiar Mássico[Kg/h](3)


Concentração VLE(2)
Mássico
[mg/Nm³](1) [mg/Nm3]
[Kg/h] Mínimo Médio Máximo
PTS <50 150 -- 0,1 0.5 5
C42
COVT <50 200 -- 1 2 30
(1) Valores determinados sem correção do teor de oxigénio | Portaria n.º 190-B/2018 de 2 de julho.
(2) VLE = Valor Limite de Emissão | Portaria n.º 190-B/2018 de 2 de julho.
(3) LM = Limiar Mássico | Decreto-Lei n.º 39/2018 de 11 de junho.

A previsão das emissões das novas fontes é apresentada sob a forma de concentração. Trata-se
de fontes de exaustão que não utilizam combustível, desconhecendo-se ainda os volumes
mássicos de emissão, razão pela qual os mesmos não se apresentaram, tendo-se optado por
apresentar as concentrações dos poluentes por elas emitidos como sendo inferiores ao que será
exigível legalmente e que deverá ser cumprido. Note-se que só em fase de projeto de execução se
determinarão em concreto quer a dimensão da conduta (secção) quer o tipo e potência de
ventilador a usar, os quais dependerão da localização final do equipamento emissor.
No Anexo IV.J (Volume III) apresenta-se peça desenhada com a localização das fontes fixas de
emissão (atuais e futuras).
De modo a minimizar os impactes das emissões, encontram-se implementadas as seguintes
medidas:
 Manutenção preventiva de todos os equipamentos emissores de modo que funcionem
sempre de acordo com as recomendações dos fabricantes;
 Afinação periódica dos sistemas de queima de combustível para manutenção da
eficiência térmica e redução das emissões;
 Manutenção e substituição periódica dos sistemas de filtragem (aglomerado);
 Monitorização periódica das emissões para controlo de qualidade.
Com o projeto de ampliação, para além da manutenção e reforço das medidas enunciadas
anteriormente será aplicada uma ação da qual se esperam resultados bastante positivos ao nível
das emissões de COV associadas às fontes C1, C2 e C3:
 Utilização do CO2 como agente expansor no fabrico da espuma, em detrimento do
cloreto de metileno (-21% emissões de COV).

3.7.2.3 Ruído
A atividade gera ruído, existindo um conjunto de fontes de emissões que estão devidamente
identificadas, nomeadamente:
 Caldeira Vapor- -potência sonora não disponível devido antiguidade do equipamento;
 Corte em Rolo - Loopers - 90 dB(A);
 Trituração de Espuma (fabrico de aglomerado) – potência sonora não disponível devido
antiguidade do equipamento);
 Apoio (Compressores - 4). – 68dB(A);
 Geradores Emergência (2) – 98 dBA(A).
No que respeita aos compressores estarão confinados no seu funcionamento a uma secção,
afastada dos postos de trabalho, de modo a limitar as emissões, salientando-se que a sua
operação não será contínua. O mesmo acontece com os geradores de emergência.

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Aos trabalhadores nestes postos de trabalho será fornecida, em caso de necessidade, proteção
auricular para utilização durante o funcionamento do equipamento e/ou operações mais
ruidosas. Periodicamente, no âmbito da organização dos SST, serão promovidas avaliações da
exposição ao ruído de cada trabalhador, nos termos do Decreto-Lei nº 182/2006 de 6 de
setembro.
A nível de vibrações a situação é similar, sendo as Looper a principal fonte de vibrações
identificada, pelo que se adotaram as seguintes medidas preventivas de modo a limitar a sua
propagação e dar integral cumprimento ao Decreto-lei nº 46/2006 de 4 de fevereiro:
 Fixação do equipamento ao pavimento com apoios anti vibração;
 Manutenção e verificação periódica do equipamento.
O projeto de ampliação não aportará alterações significativas, pese embora o aumento do
número de “looper” a instalar e operar. Na instalação deste equipamento, que estará confinado a
uma nave, replicar-se-ão as medidas de prevenção já adotadas na instalação existente.

3.7.2.4 Resíduos
Atualmente, a instalação possui uma atividade de valorização interna de resíduos – R3 (produção
de aglomerado) recebendo, para a mesma operação, resíduos de terceiros para tratamento
(operação de gestão de resíduos). No Quadro seguinte identificam-se os resíduos recebidos e a
sua origem.
Quadro 3.25- Resíduos recebidos na instalação.
Capacidade Capacidade Capacidade
Origem/Resíduo 2018 2019 2020 instalada instalada instalada
licenciada atual futura
Interna
LER 120105 - Aparas de matérias 827 681 790
plástica
630 840 2760
Externa
LER 120105 - Aparas de matérias 3,64 5,02 9,29
plásticas

Este resíduo é utilizado como matéria-prima no processo de fabrico de espuma de aglomerado,


tendo como origem externa, normalmente, unidades fabris da indústria do conforto.
O projeto de ampliação aportará alterações significativas nesta área, sendo expectável que a
capacidade de tratamento de resíduos de aparas de espuma aumente significativamente, quer via
aumento de capacidade de valorização no fabrico de aglomerado, quer via projeto de
recuperação de poliol.
Atualmente, a capacidade de valorização deste tipo de resíduos é de 3,5t/dia, com o projeto será
aumentada em mais de 1000% para as 41,5t/dia, sendo que destas cerca de 73% são do projeto
de recuperação de poliol.
Esta capacidade instalada de tratamento de resíduos de aparas de espuma, tornará a FLEX2000
praticamente autónoma na valorização interna. Todavia, e uma vez que é expectável que a
empresa mantenha a atividade de comercialização de subprodutos de apara espuma que vende
no mercado nacional e internacional, existe um potencial de crescimento da operação de
valorização com origem externa.
Da atividade industrial desenvolvida resultarão normalmente vários tipos de resíduos (Quadro
3.26).

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Quadro 3.26- Resíduos produzidos na instalação (t/ano).
Capacidade Capacidade Capacidade
LER Descrição Origem 2020 instalada instalada instalada
atual efetiva futura
Suspensões aquosas contendo
tintas ou vernizes, contendo Colagem Espumas
080119* 4,2 4,0 4,7 6,3
solventes orgânicos ou outras Técnicas
substâncias perigosas
Resíduos de colas e vedantes, Colagem Espumas
080410 0,3 0,3 0,3 0,4
não abrangidos em 080409 Técnicas
Aparas e limalhas de metais
120101 Manutenção 20,4 19,7 23,0 30,7
ferrosos
Outros óleos de motores,
130208* Manutenção 1,0 1,0 1,2 1,6
transmissões e lubrificação
Outros solventes e misturas de Manutenção /
140603* 1,5 1,4 1,7 2,3
solventes Laboratório
Produção Espuma
150101 Embalagens de papel e cartão 457,5 441,5 516,9 689,5
/ Armazém
150102 Embalagens de plástico Armazém 69,1 66,6 78,0 104,1
150103 Embalagens de madeira Armazém 70,5 68,1 79,7 106,3
150104 Embalagens de metal Armazém 7,1 6,8 8,0 10,7
150105 Embalagens compósitas Armazém 23,3 22,5 26,4 35,2
Embalagens contendo ou
150110* contaminadas por resíduos de Armazém 1,1 1,1 1,3 1,7
substâncias perigosas
Embalagens de metal, incluindo
recipientes vazios sob pressão,
150111* contendo uma matriz porosa Manutenção 0,2 0,2 0,3 0,4
sólida perigosa (por exemplo,
amianto)
Equipamento fora de uso não
160214 Manutenção 0,2 0,2 0,2 0,3
abrangido em 160209 a 160213
Resíduos orgânicos contendo
160305* Produção Espuma 10,3 9,9 11,6 15,5
substâncias perigosas
Resíduos orgânicos não
160306 Produção Espuma 0,3 0,3 0,4 0,5
abrangidos em 160305
160601* Acumuladores de chumbo Manutenção 13,4 12,9 15,1 20,2
Resíduos líquidos aquosos não
161002 Produção Espuma 55,3 53,4 62,5 83,4
abrangidos em 161001
Lâmpadas fluorescentes e outros
200121* Manutenção 0,1 0,1 0,1 0,2
resíduos contendo mercúrio
Misturas de resíduos urbanos
200301 Limpeza / Cantina 112,2 108,3 126,8 169,1
equiparados
200304 Lamas de fossas séticas Manutenção 17,8 17,2 20,2 26,9

Estes resíduos serão temporariamente armazenados no Parque de Resíduos da instalação até


serem encaminhados para operadores de tratamento devidamente autorizados. Excetuam-se a
misturas de RSU que são colocadas em contentor para recolha municipal.
Em todas as naves existem pequenos contentores para separar resíduos de papel/cartão e
resíduos de plástico. Posteriormente estes resíduos são encaminhados para o parque de resíduos,
onde são acomodados em contentor.
Os resíduos de papel não contaminado produzidos na instalação são prensados em prensas
específicas próprias, para posterior encaminhamento para operadores de tratamento
devidamente autorizados.

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O papel kraft é o resíduo produzido em maior quantidade. Este resíduo é encaminhado
diretamente para o parque de resíduos e é acondicionado num contentor metálico. E devido à sua
elevada produção é expedido com maior periodicidade (quase semanal) para o devido
tratamento.
No Quadro seguinte apresenta-se o sistema de acondicionamento temporário dos resíduos
gerados na atividade, não sujeitos a valorização interna.

Quadro 3.27- Acondicionamento e Operação de Gestão dos resíduos produzidos.


Forma de Destino/Operação de
acondicionamento Gestão de Resíduos
LER Descrição Operador de gestão
temporária dos Eliminação
resíduos (D)/Valorização (R)
Suspensões aquosas contendo R12
Carmona - Sociedade de
tintas ou vernizes, contendo
080119* IBC Limpeza e Tratamento de
solventes orgânicos ou outras R13 combustíveis, S.A.
substâncias perigosas
Carmona - Sociedade de
Resíduos de colas e vedantes, não
080410 IBC D13 Limpeza e Tratamento de
abrangidos em 080409
Combustíveis, S.A.
Aparas e limalhas de metais Contentor Melos Global Metais -
120101 R12
ferrosos metálico Valorização de Metais Lda.
Outros óleos de motores,
130208* IBC R12 Correia & Correia, Lda
transmissões e lubrificação
R12 Carmona - Sociedade de
Limpeza e Tratamento de
R13 Combustíveis, S.A.
Outros solventes e misturas de
140603* IBC
solventes SISAV- Sistema Integrado
R12 de Tratamento e
Eliminação de Resíduos, SA
Carlos Alexandre Marinho
R12
Contentor Dias
150101 Embalagens de papel e cartão
metálico SAICA NATUR PORTUGAL,
R12
Lda.
R3 Miguel & Sousa, Lda
Contentor
150102 Embalagens de plástico SAICA NATUR PORTUGAL,
metálico R12
Lda.
EXPORPAL - COMERCIO DE
R3 MADEIRAS, UNIPESSOAL.
Contentor LDA.
150103 Embalagens de madeira
metálico LUSO FINSA - INDÚSTRIA E
R13 COMÉRCIO DE MADEIRAS,
SA
Empilhados/
150104 Embalagens de metal R4 Miguel & Sousa, Lda
granel
EXPORPAL - COMERCIO DE
R13 MADEIRAS, UNIPESSOAL.
150105 Embalagens compósitas Granel LDA.
R13
Miguel & Sousa, Lda
R3
Embalagens contendo ou R12 Carmona - Sociedade de
150110* contaminadas por resíduos de IBC Limpeza e Tratamento de
substâncias perigosas R13 Combustíveis, S.A.
Embalagens de metal, incluindo R13
recipientes vazios sob pressão, Carmona - Sociedade de
150111* contendo uma matriz porosa Contentor Limpeza e Tratamento de
sólida perigosa (por exemplo, R12 Combustíveis, S.A.
amianto)
Equipamento fora de uso não HappyGreen Unipessoal
160214 IBC R12
abrangido em 160209 a 160213 LDA
160305* Resíduos orgânicos contendo IBC D15 Carmona - Sociedade de

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Forma de Destino/Operação de
acondicionamento Gestão de Resíduos
LER Descrição Operador de gestão
temporária dos Eliminação
resíduos (D)/Valorização (R)
substâncias perigosas Limpeza e Tratamento de
D13
Combustíveis, S.A.
SISAV- Sistema Integrado
D9 de Tratamento e
Eliminação de Resíduos, SA
SISAV- Sistema Integrado
Resíduos orgânicos não
160306 IBC R12 de Tratamento e
abrangidos em 160305
Eliminação de Resíduos, SA
Nanofluxo - Ambiente e
160601* Acumuladores de chumbo Caixas Contentor R13
Energia, Lda
Carmona - Sociedade de
D13 Limpeza e Tratamento de
Resíduos líquidos aquosos não Combustíveis, S.A.
161002 IBC
abrangidos em 161001 SISAV- Sistema Integrado
R12 de Tratamento e
Eliminação de Resíduos, SA
SISAV- Sistema Integrado
Lâmpadas fluorescentes e outros
200121* Caixas R12 de Tratamento e
resíduos contendo mercúrio
Eliminação de Resíduos, SA
Misturas de resíduos urbanos Contentor
200301 R12 Separanort, Lda.
equiparados metálico
(Hidroaspirado dos Pressão Fluída -
200304 Lamas de fossas séticas poços de R13 Manutenção Industrial,
bombagem) Lda.
Nota (1): Eliminação (D); Valorização (R);

A FLEX2000 dispõe de um parque de resíduos geral centralizado que serve toda a instalação, não
se prevendo qualquer alteração a este nível no projeto mantendo-se a sua localização e área. Os
resíduos de baterias usadas (código LER 160601*) são armazenados no parque de Resíduos 2
localizado na Nave 6, sendo daí encaminhadas para operador de gestão de resíduos devidamente
licenciado para eliminação, não passando assim pelo Parque de Resíduos Geral.
No Quadro 3.28 apresentam-se as características dos Parques de Resíduos acima mencionados. No
Anexo IV.K (Volume III) apresenta-se Peça Desenhada com a localização dos Parques de Resíduos.

Quadro 3.28- Parque de Resíduos.


Área (m2) Sistema Bacia
Vedado Resíduos
Parque drenagem retenção
(S/N) armazenadaos
Total Coberta Imp. (S/N) (S/N)

PA1 270 270 270 S S S Todos exceto baterias

PA2 10 10 10 S N N Baterias

3.8 Substâncias perigosas na aceção do regime SEVESO


3.8.1 Identificação das substâncias/alterações
No presente subcapítulo identificam-se as substâncias perigosas cuja classificação se enquadra
nas categorias definidas no Anexo I do Decreto-lei nº 150/2015 de 5 de Agosto e que de alguma
forma estão associadas à alteração em avaliação.

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No contexto do projeto de ampliação estão previstas alterações ao nível das substâncias perigosas
com destaque para a alteração à capacidade de armazenagem de Diisocianato de Tolueno (TDI),
substância designada que integra a lista de substâncias da parte 2 do Anexo I do Decreto-Lei
n.º 150/2015, que consubstancia uma alteração substancial.
A alteração ocorrida ao nível destas substâncias assenta exclusivamente na atividade de
armazenagem, incluindo as operações de receção de produtos a partir de cisterna (exceto o gás
natural que é recebido por tubagem, através de um posto de regulação e medida - PRM), a
armazenagem (exceto o gás natural que não tem armazenagem) e expedição para o processo.
A expedição do TDI para o processo é efetuada por bombas que enviam o produto através de
tubagem dedicada para o processo. No caso do gasóleo, associado ao novo tanque será instalado
um equipamento com dispensadores para abastecimento dos veículos do processo,
essencialmente equipamentos mecânicos de movimentação de cargas. No que diz respeito ao gás
natural, este será transportando por tubagens de diâmetro e comprimento variáveis até aos
equipamentos utilizadores.
Assim, com o presente projeto de ampliação, os processos tecnológicos e os diagramas de fabrico
mantêm-se inalterados, existindo alterações à capacidade de armazenagem de substâncias
relevantes para o regime de prevenção de acidentes graves.
Neste âmbito está prevista:
 A instalação de um novo tanque de TDI, com uma capacidade de 1220 toneladas, em
edifício próprio a construir e respetivo cais de descarga;
 A instalação de um novo tanque de TDI, com uma capacidade de 24,4 toneladas, no
edifício existente, junto de outros tanques;
 A eliminação do posto de abastecimento de gasóleo e respetivo tanque subterrâneo;
 A instalação de um novo posto de abastecimento de gasóleo num outro local e com um
tanque aéreo de 17,1 toneladas;
 A eliminação do reservatório de GPL;
 Alimentação do estabelecimento através de um PRM de gás natural da rede pública.

Quadro 3.29- Substâncias perigosas associadas à ampliação prevista.


Condições (pressão e Categoria perigo/ substância Quantidade
Substância Equipamento
Temperatura) designada (ton)

Tanque TK 17 1220
Pmax = atmosférica T = Categoria: H1/ Designada
Desmodur T80 (TDI)
ambiente (26)
Tanque TK 13 24,4

Pmax = atmosférica T = Categoria: P5c/ Designada


Gasóleo Tanque de gasóleo 17,1
ambiente (34c)

Tubagem de gás Pmax = 3 barg T =


Gás natural Categoria: P2/ Designada (18) 0,0055
natural ambiente

De referir que antes do uso de gás natural, o estabelecimento usava GPL existindo para o efeito
um tanque de armazenamento, o qual entretanto já foi desmantelado.
No Quadro seguinte sintetizam-se as alterações nas capacidades de armazenagem das
substâncias em causa.

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Quadro 3.30- Armazenamento das substâncias perigosas associadas à ampliação prevista.
Capacidade de
Local de armazenamento
Armazenagem Armazenagem (tipo
Designação Estado físico recipiente e volume)
Atual (t) Futura (t) Atual Futuro
Sala Sala
Desmodur T80 Tanques e bidões de
Líquido 774 2020 cisternas I, cisternas I,
(TDI) meta
II, III II, III e IV
Gasóleo Líquido 17,1 17,1 Tanque PAC
Gás natural Gasoso 0,000056 0,000059 Tubagem --

No Anexo IV.L do Volume III apresenta-se peça desenhada com a localização das substâncias
abrangidas pelo regime Seveso no estabelecimento, com indicação dos locais de armazenamento do
TDI (n.ºs 1 e 2 da legenda) e do gasóleo (n.º 13 da legenda). No Anexo IV.M (Volume III) apresenta-se
Peça Desenhada com o layout dos diversos tanques de armazenamento nas salas de cisternas (I, II, III e
IV), identificando-se os tanques de armazenamento de TDI (salas III e IV).

3.8.2 Condições de armazenagem e medidas de prevenção e de mitigação


Isocianato
Serão instalados dois novos tanques de TDI: tanques TK13 e TK17. Esses tanques serão mantidos
com uma ligeira sobrepressão por azoto e serão instalados nas salas de cisternas III (sala
existente) e IV (sala a construir), respetivamente, e estão equipados com válvulas de pressão e
vácuo. Em caso de aumento da pressão no interior do tanque (normalmente por uma subida do
nível durante um abastecimento), a válvula de pressão abre aliviando e descarrega para o interior
da sala de cisternas parte da almofada de azoto. No caso de baixa pressão no interior do tanque
(normalmente por diminuição do nível, por consumo no processo), a válvula de vácuo introduz
azoto na parte superior do tanque, de modo a manter uma pressão de alguns milibares no
tanque, prevenindo, assim, danos no tanque por entrar em vácuo.
Os tanques serão equipados com instrumentação de controlo, incluindo transmissores de nível
para a sala de controlo, evitando assim que o operador tenha de se deslocar ao interior das salas
de cisternas para obter esta informação (nível, pressão e temperatura).
Para efeitos do controlo do nível, todos os reservatórios apresentam um sistema constituído por 4
células de carga localizadas na base dos depósitos.
As células de carga estão ligadas a um conversor de sinal (Sartorius Ref. MP20), que converte o
sinal analógico (4 a 20 mA) em quantidade de produto nos depósitos. Todas estas informações
são visualizadas no sistema de supervisão (WinCC) instalado no computador da produção química.
O indicador de nível terá configurado alarmes de nível alto e de nível baixo de modo a alertar a
operação quando os valores limite forem atingidos.
Para além desta instrumentação de controlo, os tanques serão equipados com sensores
independentes de nível muito alto e nível muito baixo que, ao serem ativados param
imediatamente o processo em curso comandando bombas e fecho de válvulas, de acordo com o
cenário em curso.
A sala de cisternas III, onde será instalado o tanque TK 13, é um edifício existente (Figura 3.9) e
aloja uma série de outros tanques dos produtos necessários ao processo produtivo, incluindo o
TDI. O edifício é uma construção hermética concebido de modo a conter os vapores que possam
ser gerados com origem num eventual derrame que possa ocorrer, de modo a impedir a formação
de atmosferas perigosas no exterior, nomeadamente a formação de uma nuvem tóxica.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Figura 3.13 -Interior da sala de cisternas III.

A sala de cisternas IV, onde será instalado o tanque TK 17, seguirá a filosofia das salas de cisterna
existentes, isto é, será uma construção hermética de modo a prevenir a libertação para o exterior
de vapores gerados no seu interior originados, por exemplo, num eventual derrame. Neste
mesmo edifício (sala de cisternas IV) será também instalado o novo tanque TK16 com uma
capacidade 1600 toneladas de poliol (substância não abrangida pelo regime de prevenção de
acidentes graves).
As salas de cisternas III e IV formam igualmente uma bacia de retenção impermeabilizada
constituída por um muro em betão. Em caso de derrame, o produto derramado é encaminhado
para duas fossas (uma para receber TDI, outra para receber Poliol, cada uma com uma capacidade
de 27 m3).
Gasóleo
Existirá um posto de abastecimento de combustível para reabastecimento da frota de
equipamentos de movimentação mecânica de cargas. Por questões de segurança, a área do posto
de abastecimento, encontrar-se-á deslocada das áreas de produção e de circulação de outros
veículos e de outros locais onde seja suscetível, em termos da operação normal do
estabelecimento, a aglomeração de um número elevado de pessoas, materiais e veículos.
Os principais riscos associados à existência da utilidade são o derrame de gasóleo por rotura de
mangueira de descarga/envio, reservatório e/ou tubagem de transporte para consumidor com
contaminação de solos e/ou recursos hídricos e, caso esteja presente uma fonte de ignição
suficientemente forte, incêndio do derrame com potenciais efeitos em equipamento e/ou
instalações na envolvente próxima.
No que se refere à armazenagem, esta será efetuada em reservatório instalado em bacia de
retenção com uma capacidade de retenção superior a 10 m3, cumprindo com a exigência de
capacidade para líquidos combustíveis de 2ª categoria nos termos do art.º 5º do Regulamento de
segurança das instalações para armazenagem e tratamento industrial de petróleo bruto, seus
derivados e resíduos, publicado pelo Decreto n.º 36 270, de 9 de maio de 1947;
Os derrames provenientes da área de armazenagem serão recolhidos por caneletes e
encaminhados para uma caixa separadora de hidrocarbonetos passando por uma caixa de
retenção de areias e um separador de hidrocarbonetos. A fase aquosa é encaminhada para a
bacia de infiltração das águas pluviais passando por uma zona de recolha de amostras.
Cais de descarga no interior de um caixão impermeável, sendo muito pouco provável que possa
constituir uma fonte de perigo. O cais de descarga e abastecimento de gasóleo está circundado
em todo o seu perímetro por caleiras de recolha tendo o piso, que é impermeabilizado, uma
pendente para a zona de recolhas.

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Gás natural
No que se refere ao gás natural, a sua distribuição pelos consumidores do estabelecimento é feita
com recurso a tubagem metálica de vários diâmetros de que resulta a quantidade de gás natural
suscetível de se encontrar em qualquer momento no estabelecimento da FLEX2000 de 2,4 m3, ou
seja 5,5 kg.
As ligações entre os diferentes troços de tubagem são soldadas, eliminando praticamente as
ligações flangeadas o que reduz significativamente a probabilidade de ocorrência de fugas.

3.8.3 Descrição das atividades de movimentação das substâncias


As atividades de descarga dos produtos perigosos no estabelecimento consistem no
abastecimento dos reservatórios a partir de cisternas próprias para o transporte de cada um dos
produtos existentes. Os locais de descarga estão claramente definidos para cada produto, são
nivelados e impermeabilizados de modo a evitar a movimentação acidental de uma cisterna
durante a operação ou a contaminação de solos em caso de derrame acidental. Adicionalmente,
estes locais formam bacias de retenção constituídas por caleiras de recolha dispostas em todo o
perímetro de modo a permitir a recolha e retenção de eventuais derrames e/ou águas de lavagem
para posterior encaminhamento para destino final adequado.
A ligação das cisternas aos pontos de abastecimento é feita através de mangueiras flexíveis que
são objeto de verificações periódicas.
O sistema de descarga de TDI é efetuado com braços de carga que encaixam na parte superior das
cisternas rodoviárias e através da sua pressurização com azoto.
Todos os processos de descarga encontram-se devidamente procedimentados.
Relativamente à movimentação interna de substâncias perigosas ela é em regra realizada através
de tubagens.
O TDI 65 é “transportado” por uma tubagem em inox, de diferentes diâmetros conforme o caudal
aplicado. Todas as válvulas utilizadas na tubagem e na cisterna são em inox.
O sistema dos reservatórios de armazenamento está localizado numa bacia de retenção com
ligação a uma fossa, evitando qualquer fuga para a rede de esgotos ou águas pluviais.
Os novos reservatórios de TDI serão instalados no interior de naves (nave de cisternas III e nave
de cisternas IV) que envolvem os reservatórios de modo a impedir a propagação de nuvens
tóxicas resultantes de eventuais derrames de produto na bacia de retenção confinando assim a
nuvem formada e impedindo a sua propagação para a envolvente.
O TDI 80 é “transportado” por uma tubagem em inox, de diferentes diâmetros conforme o caudal
aplicado. Todas as válvulas utilizadas na tubagem e na cisterna são em inox.
O sistema dos reservatórios de armazenamento está localizado numa bacia de retenção evitando
qualquer fuga para a rede de esgotos ou águas pluviais.
Os reservatórios de armazenagem do TDI65 e TDI80 estão situados na mesma zona, separadas
das cisternas de Poliol e delimitadas por caneletes em todo o seu perímetro, para que, em caso de
derrame, não haja contacto entre os dois produtos.

3.8.4 Sistemas de instrumentação e controlo


A instrumentação e controlo relevante sob o ponto de vista da segurança abrange principalmente
a armazenagem de produtos perigosos, sendo que o processo de formação da espuma e o seu
posterior tratamento (cura, corte e moldagem) não é suscetível de medidas de controlo
particulares com exceção do controlo da temperatura da espuma na cura que é assegurado por
sondas instaladas em diversos pontos dos blocos e controladas por sistemas de segurança.

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Assim, todos os reservatórios apresentam um sistema constituído por 4 células de carga
localizadas na base dos depósitos para controlo de níveis bem como uma sonda de nível máximo.
As células de carga estão ligadas a um conversor de sinal (Sartorius Ref. MP20), que converte o
sinal analógico (4 a 20 mA) em quantidade de produto nos depósitos. Todas estas informações
são visualizadas no sistema de supervisão (WinCC) instalado no computador da produção química.
Os reservatórios das salas de cisternas possuem sondas hidrostáticas (marca E+H), que nos
indicam diretamente o peso no interior do reservatório.
Todos os reservatórios possuem válvulas de segurança de pressão e vácuo.

3.9 Projetos associados ou complementares


Para além da ampliação física propriamente dita, serão realizadas algumas alterações no seio do
perímetro da atual área fabril com o intuito de melhorar as condições de funcionamento geral, de
abastecimento energético e de segurança do estabelecimento.
Estas intervenções são consideradas como complementares ao projeto que justifica a realização
do procedimento de avaliação de impacte ambiental, e consistem em:
 Relocalização do posto de Abastecimento de Combustível;
 Instalação de novos tanques de armazenamento de matérias-primas;
 Substituição do GPL por gás natural;
 Instalação de painéis fotovoltaicos.

Posto de Abastecimento de Combustível (PAC)


O PAC será deslocalizado para um novo local, mais afastado de zonas de circulação e zonas de
armazenagem e manuseamento de produtos químicos conforme representado na Figura 3.14.
O novo reservatório de gasóleo com o mesmo volume do existente será aéreo e atmosférico, situado
na zona poente do estabelecimento. Será instalado no interior de uma bacia de retenção
impermeabilizada com pendente para uma zona de recolha de eventuais derrames que serão
encaminhados para a caixa separadora. A capacidade de retenção da bacia é superior a 10 m3,
cumprindo com a exigência de capacidade para líquidos combustíveis de 2ª categoria nos termos
do art.º 5º do Regulamento de segurança das instalações para armazenagem e tratamento
industrial de petróleo bruto, seus derivados e resíduos, publicado pelo Decreto n.º 36 270, de 9
de maio de 1947.
O grupo de medição, bombagem e dispensadores será instalado igualmente no interior da bacia de
retenção de modo a conter um eventual derrame que possa ocorrer.
Os derrames provenientes da área de abastecimento serão recolhidos por caneletes e
encaminhados para uma caixa separadora de hidrocarbonetos passando por uma caixa de
retenção de areias. Este equipamento tem uma capacidade de tratar até 3 litros/segundo.

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Figura 3.14 - Relocalização do Posto de Abastecimento de Combustível (Localização atual: polígono vermelho;
Localização futura: polígono azul)

Tanques de armazenamento de matérias-primas


Tal como referido na secção 3.7.1, está previsto o incremento da capacidade de armazenagem de
algumas matérias-primas.
O incremento da capacidade de armazenagem destas matérias-primas será realizado através da
instalação de novos tanques de armazenagem e construção de uma nova sala de cisternas na área
do estabelecimento atual, da seguinte forma:
 Polióis - instalação de um novo tanque (TK16) com uma capacidade de 1600 ton numa
nova sala de cisternas a construir para o efeito: sala de cisterna IV;
 Isocianatos - Instalação de dois novos tanques:
o TK13 com uma capacidade de 24,4 ton na sala de cisternas III (sala já existente);
o TK17 com uma capacidade de 1220 ton numa nova sala de cisternas a construir
para o efeito: sala de cisterna IV.
A sala de cisternas III, onde será instalado o tanque TK 13, é um edifício existente e aloja uma
série de outros tanques dos produtos necessários ao processo produtivo, incluindo o TDI. O
edifício é uma construção hermética concebido de modo a conter os vapores que possam ser
gerados com origem num eventual derrame que possa ocorrer, de modo a impedir a formação de
atmosferas perigosas no exterior, nomeadamente a formação de uma nuvem tóxica.
A sala de cisternas IV, onde será instalado o tanque TK 17, seguirá a filosofia das salas de cisterna
existentes, isto é, será uma construção hermética de modo a prevenir a libertação para o exterior
de vapores gerados no seu interior originados, por exemplo, num eventual derrame. Neste

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mesmo edifício (sala de cisternas IV) será também instalado o novo tanque TK16 com uma
capacidade 1600 toneladas de poliol (substância não perigosa).
A área de implantação da nova sala de cisternas (sala IV) é igual à área de construção com uma
área de 540 m2. Saliente-se que este edifício encerra uma bacia de retenção bipartida com
2100 m3 de capacidade.
Na Figura 3.15 apresenta-se a localização das referidas áreas de armazenagem.

Figura 3.15 – Localização dos novos tanques a instalar.

As salas de cisternas III e IV formam uma bacia de retenção impermeabilizada constituída por um
muro em betão. Em caso de derrame, o produto derramado é encaminhado para duas fossas
(uma para receber TDI, outra para receber Poliol, cada uma com uma capacidade de 27 m3).
O aumento de capacidade de armazenagem destas substâncias é indispensável para a
competitividade e sobrevivência da empresa no mercado internacional, onde se encontra
fortemente empenhada. O TDI é um produto químico essencial para a produção de espuma de
poliuretano. Não é fabricado em Portugal, sendo adquirido na Europa, e transportado em camião
especial, estando muito sujeito a interrupções de fornecimento (via greves de transporte, de
fabricantes, de alfândegas, etc.) e a variações de preço.
É neste contexto que o projeto contempla o aumento da capacidade de armazenagem de
Diisocianato de Tolueno (TDI), que passará das 774 ton para 2020 ton.

Substituição de GPL por Gás Natural


Esta alteração já foi realizada em 2008 implementando-se a tubagem metálica para distribuição
do gás natural no estabelecimento a partir do PRM de gás natural da rede pública. O tanque de
GPL, por questões de segurança de abastecimento apenas foi retirado e abatido em 2019.

Instalação de painéis fotovoltaicos.


Com este projeto está prevista a instalação de uma UPAC fotovoltaica com uma potência de
4 MW que será instalada por fases, coincidentes com as fases do projeto, pois será instalada nas
coberturas dos novos pavilhões (Fase 1, + 1 MW; Fase 2, + 1 MW; Fase 3, +2 MW).

3.10 Regime de funcionamento da unidade


No que respeita ao regime de funcionamento, o estabelecimento labora atualmente 24 horas por
dia de segunda a sexta-feira, em regime de dois turnos rotativos e 7 turnos fixos. Contudo a
produção de espuma apenas ocorre em dois turnos (16 horas).

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Os períodos pré-determinados de paragem anual da atividade ocorrem no mês de agosto e nas
épocas de Natal e Ano Novo, assim como, de forma móvel, em feriados e eventuais pontes. Em
termos médios, a unidade encontra-se sem atividade produtiva durante 125 dias/ano.
É de salientar que o setor de produção de espumas apenas opera 16h/dia, devido à
impossibilidade de sustentar indefinidamente uma operação diária de 24h, como consequência
das já referidas limitações de espaço (cura e armazém). Anualmente e em média a instalação
opera 240 dias.
O projeto de ampliação não aportará qualquer alteração ao nível do regime de funcionamento da
unidade.

3.11 Recursos Humanos


No Quadro 3.31 apresenta-se a distribuição do número de colaboradores tendo em conta o
histórico a produção efetiva ente 2018 e 2020 e a previsão nos cenários de capacidade instalada
atual e após a ampliação.
Quadro 3.31- Recursos Humanos.
Capacidade Capacidade Capacidade
Função 2018 2019 2020 Instalada Instalada Instalada
licenciada atual futura
Administração/Direção 8 8 9 8 10 13
Técnicos administrativos/Comerciais 28 28 29 28 32 43
Técnicos fabris 186 183 205 187 219 292
Outros Técnicos 24 25 23 23 27 37
Total 246 244 266 246 288 385

3.12 Volume de tráfego gerado


No Quadro 3.32 apresenta-se o tráfego gerado pela atividade atual e futura da FLEX2000.
Quadro 3.32- Volume de tráfego pesado gerado (veículos/ano).
Capacidade Capacidade Capacidade
Fluxo Tipo substância 2018 2019 2020 instalada instalada instalada
licenciada atual futura

Entradas Matérias primas 2382 2434 2439 2359 2762 3685

Produtos 19163 19653 19447 18946 22181 29592


Saídas
Resíduos 184 163 190 175 204 273

Total 21729 22250 22076 21480 25147 33550

De referir que cerca de 62% do movimento de viaturas pesadas com produtos tem como destino
o mercado externo, sendo que 98% do volume de espuma é expedido por via rodoviária e os
restantes 2% em contentor, por via marítima, sobretudo através do porto de Leixões.
Quadro 3.33- Movimentação de viaturas pesadas (veículos/ano).
Capacidade
Capacidade Capacidade
2018 2019 2020 Instalada
instalada atual instalada futura
licenciada

Mercado Nacional 7523 7410 6937 7112 8326 11108

Mercado externo 11640 12243 12510 11834 13855 18484

Total 19163 19653 19447 18946 22181 29592

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3.13 Alternativas
Apesar de ter sido ponderada a possibilidade da ampliação se concretizar em local não adjacente
às atuais instalações, não foi considerada uma solução economicamente viável devido às
características que própria espuma apresenta (elevado volume para um peso baixo e
consequente custos de transporte elevado) e ao processo produtivo em linha que, para ser
eficiente, obriga que seja em contínuo. Atente-se ainda, que mesmo que penalizável a nível
económico, a instalação de parte do processo em outro local originaria, em termos ambientais,
um impacto negativo em virtude do recurso em larga escala ao transporte rodoviário de espuma
da atual unidade industrial da FLEX2000 para a eventual unidade de transformação a ser instalada
em outra localização.
Desta forma, o EIA não considerará na avaliação quaisquer alternativas nem de localização nem
de processo tecnológico.

3.14 Identificação dos principais riscos e medidas preventivas do projeto


Tendo em conta a atividade desenvolvida, os principais riscos associados ao projeto prendem-se
com a ocorrência de potenciais derrames/fugas de substâncias presentes no estabelecimento,
entre as quais se destacam as que se enquadram no regime jurídico da Prevenção de Acidentes
Graves, nomeadamente o TDI cuja capacidade de armazenamento será incrementada no âmbito
do presente projeto.
No entanto, com o objetivo de prevenir e mitigar os efeitos resultantes de eventuais acidentes
que provoquem a fuga dessas substâncias, o projeto de alteração prevê um conjunto de medidas
mitigadoras ao nível das zonas de descarga/armazenagem, linhas de transporte, e equipamentos,
entre outras. Os riscos e respetivas medidas mitigadoras previstas pelo projeto, encontram-se
genericamente descritas na secção 3.8, apresentando-se de forma detalhada na secção 6.2
(Análise Preliminar de Perigos) do presente relatório.
Entre as medidas preventivas implementadas destacam-se:
 As zonas de manipulação, armazenagem e transvase de substâncias químicas do
processo são zonas impermeabilizadas e que contém bacias de contenção devidamente
dimensionadas e estanques;
 A nave de produção de espuma, está instalada sobre laje de betão devidamente
dimensionada, possuindo fosso técnico estanque que atua como sistema de contenção
de derrames;
 As salas de cisternas existentes estão construídas sobre laje de betão devidamente
dimensionada e paredes laterais em betão, constituindo o conjunto uma bacia de
retenção, cujo dimensionamento obedeceu critérios de volume, em função das
capacidades máximas de armazenagem;
 A unidade dispõe de uma rede separativa de águas pluviais e de águas residuais
industriais, sendo que todas as águas drenadas na instalação são encaminhadas para
separador de hidrocarbonetos antes da descarga no meio;
 As bacias de contenção associadas aos reservatórios são estanques, não possuindo
sistema de drenagem, dado que se encontram em local coberto;
 Qualquer válvula, filtro ou qualquer outro equipamento auxiliar do reservatório está
situado dentro da bacia de contenção;
 As tubagens e acessórios que ligam os reservatórios e conduzem os produtos químicos
no seu processo de tratamento são em aço.

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3.15 Ações suscetíveis de causar impactes
Em processo de avaliação de impacte ambiental, a avaliação é realizada tendo em conta as ações
associadas às fases de construção, funcionamento e posterior desativação do projeto.
Relativamente à fase de desativação deste projeto, não é expectável que esta venha a ocorrer a
médio prazo na medida em que se trata de um projeto de grande dimensão física e estrutural que
constitui uma infraestrutura de extrema importância para a sustentabilidade da empresa com
atividade a nível internacional. Neste contexto, a desativação da instalação não está considerada
num horizonte temporal palpável. Contudo, quando tal vier a acontecer, deverá ser objeto de um
plano prévio que contemple as operações de descontaminação de reservatórios, tanques,
equipamentos e bacias de retenção, desmantelamento de equipamento e instalações (caso sejam
demolidas), gestão de resíduos da operação (principal fator indutor de impacte), recuperação
paisagística da área (caso aplicável).
Neste contexto, de seguida identificam-se as principais atividades potencialmente suscetíveis de
causar impacte pelo projeto de ampliação:
 Fase de Construção
o Desmatação
o Terraplenagens: escavação e aterro
o Movimentação de máquinas e veículos pesados
o Atividades construtivas, infraestruturação e instalação de equipamentos
o Instalação/operação e desativação do estaleiro
 Fase de Funcionamento
o Operação/presença do estabelecimento
o Circulação de veículos pesados
 Fase de Desativação
o Desmantelamento de equipamentos e infraestruturas
Estas atividades traduzem-se num conjunto de aspetos socioambientais potencialmente indutores
de impactes, que no contexto do presente estudo serão detalhados e avaliados no Capítulo 5, no
qual cada uma destas atividades será descrita com o devido pormenor (Quadro 5.1), de forma a
suportar a avaliação realizada.

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(Página intencionalmente deixada em branco)

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4. Caracterização do ambiente afetado pelo projeto

A caracterização do ambiente afetado pelo projeto tem como objetivo estabelecer um ponto de
referência relativamente ao estado atual do ambiente, de forma a permitir a análise dos impactes
do projeto. Neste contexto, os dados e as análises a apresentar devem ser proporcionais à
importância dos potenciais impactes os quais estão associados às ações de projeto relacionadas
com a ampliação da unidade industrial da FLEX2000.
As componentes alvo de caracterização, de acordo com o regime jurídico de AIA em vigor, são as
seguintes:
 Clima e alterações climáticas;
 Geologia e geomorfologia;
 Recursos Hídricos Subterrâneos;
 Recursos Hídricos Superficiais;
 Qualidade do ar;
 Ambiente sonoro;
 Solo e uso do solo;
 Biodiversidade;
 Paisagem;
 Património Arqueológico, Arquitetónico e Etnográfico;
 População e Saúde Humana.

4.1 Clima e Alterações Climáticas


4.1.1 Política Climática
Os desafios associados aos efeitos das alterações climáticas tem determinado uma resposta
política a nível internacional e comunitária tendencialmente mais abrangente e exigente. Em linha
com estas orientações, Portugal tem vindo a implementar políticas para as alterações climáticas
que garantiram com sucesso o cumprimento dos objetivos estabelecidos no âmbito do primeiro
período de cumprimento do Protocolo de Quioto. Exemplo disso é o Quadro Estratégico para a
Política Climática (QEPiC) que estabelece um quadro integrado, complementar e articulado de
instrumentos de política climática no horizonte 2030. O QEPiC tem como visão o desenvolvimento
de uma economia competitiva, resiliente e de baixo carbono estabelecendo um novo paradigma
de desenvolvimento para Portugal num contexto de Crescimento Verde. Dos nove objetivos em
que assenta a concretização da visão estabelecida para o QEPiC, destacam-se três com relevância
face ao projeto em avaliação: i) promover a transição para uma economia de baixo carbono,
gerando mais riqueza e emprego, contribuindo para o crescimento verde; ii) assegurar uma
trajetória sustentável de redução das emissões de gases com efeito de estufa (GEE); e iii) reforçar
a resiliência e as capacidades nacionais de adaptação.
O QEPiC inclui, nas vertentes de mitigação e adaptação às alterações climáticas, os principais
instrumentos da política nacional, destacando-se o Programa Nacional para as Alterações
Climáticas 2020/2030 (PNAC 2020/2030) (revogada a 1 de janeiro de 2021, pelo PNEC 2030), o
Roteiro Nacional de Baixo Carbono 2050 (RNC2050), o Comércio Europeu de Licenças de Emissão
(CELE), e a Estratégia Nacional para as Alterações Climáticas 2020 (ENAAC 2020). A ENAAC 2020

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constitui a primeira abordagem nacional à temática da adaptação às alterações climáticas, tendo
sido norteada por três objetivos principais: melhorar o nível de conhecimento sobre as alterações
climáticas; implementar medidas de adaptação, e promover a integração da adaptação em
políticas setoriais. O trabalho realizado no contexto da ENAAC 2020 foi sistematizado no
Programa de Ação para a Adaptação às Alterações Climáticas (P-3AC), aprovada em 2019, estando
este centrado na implementação de medidas de adaptação. O P-3AC elenca nove linhas de ação
de intervenções direta e transversal no território e infraestruturas que visam dar resposta aos
principais impactos e vulnerabilidades identificadas a nível nacional, nomeadamente o uso
eficiente da água, prevenção das ondas de calor, proteção contra inundações, e a prevenção de
incêndios rurais.
É ainda de salientar que, e em consonância com o Pacote legislativo europeu “Energia Limpa para
todos os Europeus”, Portugal submeteu à Comissão Europeia em dezembro de 2019 o seu Plano
Nacional Energia e Clima 2030 (PNEC 2030). O PNEC 2030, aprovado pela Resolução de Conselho
de Ministros (RCM) n.º 53/2020, de 10 de julho, foi desenvolvido em articulação com os objetivos
do RNC2050 e constitui o principal instrumento de política energética e climática nacional para a
próxima década, rumo a um futuro neutro em carbono em 2050. O PNEC 2030 estabelece metas
ambiciosas, mas exequíveis, para o horizonte 2030, nomeadamente, uma redução de emissões de
GEE, entre -45% a -55%, em relação a 2005, uma incorporação de 47% de energias renováveis nos
diferentes setores de atividade e um aumento da eficiência energética (35%).
Mais recentemente, e em resultado do reconhecimento da situação de emergência climática,
Portugal aprovou a Lei de Bases do Clima (entrou em vigor a 1 de fevereiro de 2022), a qual define
e formaliza as bases da política do clima, reforçando a urgência de se atingir a neutralidade
carbónica, traduzindo-a em competências atribuídas a atores-chave de diversos níveis de atuação,
onde se incluem as empresas. A Lei de Bases do Clima destaca ainda um conjunto de metas de
redução de GEE, em relação aos valores de 2005, nomeadamente:
 uma redução de, pelo menos, 55% até 2030;
 uma redução de, pelo menos, 65 a 75% até 2040;
 uma redução de, pelo menos, 90% até 2050; e
 um sumidouro líquido de carbono equivalente (CO2eq) do setor do uso do solo e florestas
(LULUCF) de pelo menos 13 milhões toneladas, entre 2045 e 2050.
Estes instrumentos visam o cumprimento do Acordo de Paris alcançado em 2015 e ratificado por
Portugal em 2016, que estabeleceu objetivos de longo prazo de contenção do aumento de
temperatura média global a um máximo de 2°C, com o compromisso da parte da comunidade
internacional de prosseguir todos os esforços para que esse aumento não ultrapasse 1,5°C,
valores que a ciência define como máximos para garantir a continuação da vida no planeta como
a conhecemos sem alterações demasiado disruptivas.

4.1.2 Enquadramento climático


No concelho de Ovar, o clima é classificado como Csb de acordo com a classificação climática de
Köppen-Geiger. Ocasionalmente chamado de “clima mediterrânico de verão morno”, esse subtipo
do clima mediterrâneo (Csb) é a forma menos comum do clima mediterrâneo. As correntes
oceânicas frias do Oceano Atlântico e a ressurgência costumam ser a razão para esse tipo de clima
mediterrâneo ser mais frio. Como dito anteriormente, regiões com este subtipo de clima
mediterrânico experimentam verões mornos (mas não quentes) e secos, sem temperaturas
médias mensais acima de 22°C durante seu mês mais quente e uma média no mês mais frio entre
18 e −3 °C. Além disso, pelo menos quatro meses devem ter uma média de temperatura superior
a 10 °C. Os invernos são chuvosos e podem ser de amenos a frios. A precipitação ocorre nas
estações mais frias, mas há uma série de dias ensolarados, mesmo durante as estações mais
húmidas.

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Não havendo registos climatológicos em Ovar, o enquadramento climático é estruturado sobre as
normais climatológicas registadas em Aveiro, na estação meteorológica localizada na
Universidade (nº102) para o período entre 1981 e 2000. Esta estação localiza-se a cerca de 27 km
a sul da área de intervenção e apresenta características topográficas e uma proximidade à linha
de costa muito semelhantes a Ovar para poder servir para a sua caracterização climática.
A temperatura média (Figura 4.1) é da ordem de 15,4°C. Julho e Agosto são os meses mais
quentes do ano com temperaturas médias de 20,2°C. Em Janeiro, a temperatura média é 10,2°C
sendo a temperatura média mais baixa de todo o ano. A média da temperatura máxima diária
regista o seu valor máximo no mês de agosto (24,4°C). Pelo contrário, a média mais baixa da
temperatura mínima regista-se nos meses de dezembro e janeiro com -3,0°C.

Figura 4.1 - Médias mensais de temperatura registadas em Aveiro (Universidade) (1981-2000).


Nos meses de inverno existe muita mais pluviosidade do que no verão (Figura 4.2). De facto entre
os meses de outubro e janeiro observam-se níveis de pluviosidade médios superiores a 100 mm.
Os valores mínimos, próximos de 15 mm de precipitação total mensal, registam-se nos meses de
julho e agosto. No entanto, a avaliação dos níveis de maior precipitação diária revela uma certa
homogeneidade com a ocorrência de valores superiores a 40 mm diários durante praticamente
todos os meses do ano, com exceção dos meses de fevereiro, março e agosto com valores
máximos diários entre 20 e 30 mm. Tal como seria esperado face à caracterização climática
atribuída a este local, a evaporação máxima ocorre entre março e setembro com valores mensais
de evaporação próximos de 80 mm.

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Figura 4.2 - Níveis de precipitação e evaporação (em mm) registados em Aveiro (Universidade) (1981-2000).
As médias mensais de insolação revelam valores superiores a 200 horas mensais entre os meses
de março e setembro (Figura 4.3). Valores mínimos inferiores a 150 horas registam-se entre
novembro e fevereiro.

Figura 4.3 - Médias mensais de insolação em número de horas registadas em Aveiro (Universidade) (1981-
1982, 1984-1985, 1987-1988, 1990-1991).
Na Figura 4.4 apresenta-se a distribuição da direção de vento em Ovar. No período do inverno,
durante 1,1 meses entre 9 de janeiro e 11 de fevereiro e durante 1,7 meses, entre 6 de novembro
e 29 de dezembro, a direção de vento mais frequente é de leste. Entre 11 de fevereiro e 18 de
outubro, o vento mais frequente vem do sector norte, com especial ênfase para vento de NW
durante os meses mais quentes.

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Figura 4.4 - Direção de vento em Ovar de acordo com o site WeatherSpark.com©.
Os valores médios da intensidade de vento são bastante homogéneos variando entre 8,2 km/h
(em novembro) e 12,0 km/h (em abril).

4.1.3 Projeções climáticas


As alterações climáticas são uma realidade evidente demonstradas pela ocorrência de tendências
diversas: as temperaturas estão a aumentar, os padrões da precipitação estão a mudar, os
glaciares e a neve estão a derreter e o nível médio das águas do mar está a subir. É de esperar que
estas alterações prossigam e que se tornem mais frequentes e intensos os fenómenos climáticos
extremos que acarretam perigos como inundações e secas. Na Europa, os impactes e as
vulnerabilidades no que respeita à biodiversidade, à economia, ao território e à saúde humana
diferem entre regiões, territórios e setores económicos. Torna-se assim da maior relevância
adicionar ao processo de tomada de decisão informação sobre as tendências climáticas
antecipadas para a área de estudo.
Para tal utiliza-se a Ficha Climática de Ílhavo produzida no âmbito do projeto ClimAdaPT.Local. O
local de implantação do projeto, no concelho de Ovar, localiza-se sensivelmente a 31 km de
Ílhavo, pelo que a informação constante destas fichas representa a melhor projeção disponível
face às características do território em causa e ao seu enquadramento geográfico. Para tal deve
ser considerado a ampla representatividade espacial das projeções climáticas.
As principais alterações climáticas projetadas para Ílhavo até ao final do século XXI são as
seguintes:
 Temperatura:
o Média anual e sazonal: Subida da temperatura média anual, entre 1°C e 4°C, no final
do século. Aumento acentuado das temperaturas máximas no outono e verão (entre
1°C e 5°C);
o Dias muito quentes: Aumento do número de dias com temperaturas muito altas
(≥ 35°C), e de noites tropicais, com temperaturas mínimas ≥ 20°C;
o Ondas de calor: Ondas de calor mais frequentes e intensas;
o Dias de geada: Diminuição acentuada do número de dias de geada;
o Média da temperatura mínima: Aumento da temperatura mínima, entre 1°C e 3°C no
inverno, e entre 2°C e 5°C no outono e verão.
 Precipitação:
o Média anual: Diminuição da precipitação média anual, sendo mais acentuada no final
do séc. XXI, e podendo variar entre 6% e 30% nesse período;

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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o Precipitação sazonal: Nos meses de inverno não se verifica uma tendência clara
(podendo variar entre -31% e +17%), projetando-se uma diminuição no resto do ano,
que pode variar entre 15% e 35% na primavera e entre 8% e 31% no outono;
o Secas mais frequentes e intensas: Diminuição do número de dias com precipitação,
entre 11 e 30 dias por ano. Aumento da frequência e intensidade das secas no sul da
Europa.
 Fenómenos extremos:
o Aumento dos fenómenos extremos, em particular de precipitação intensa ou muito
intensa (projeções nacionais);
o Tempestades de inverno mais intensas, acompanhadas de chuva e vento forte
(projeções globais).

4.2 Geologia, Geomorfologia e Recursos Minerais


4.2.1 Enquadramento geomorfológico
No que se refere à geomorfologia, a região de Ovar é caracterizada pela ocorrência de relevos
muito suaves com declives inferiores a 2% em quase metade da área do concelho (PDM, 2015).
Estes regimes orográficos pouco acidentados resultam de grande parte deste território se inserir
na Orla Ocidental Mesocenozoica, onde, no caso, dominam terrenos sedimentares detríticos não
consolidados, designadamente no sentido da faixa costeira (Figura 4.5) onde o projeto em análise
(FLEX2000) se insere. Assim, a maioria das cotas do concelho de Ovar variam entre os 0 e os
150 m (CMO, 2015), sendo que na área mais próxima ao local de implantação do projeto as cotas
são quase sempre inferiores a 30 m.

4.2.2 Litologia e características estruturais


Genericamente, a região onde a FLEX2000 se insere e área adstrita destinada à ampliação da
empresa pertence à unidade geomorfológica da Orla Ocidental Mesocenozoica (Figura 4.5). Neste
domínio ocorrem terrenos sedimentares de idade mesozoica, maioritariamente constituídos por
rochas carbonatadas e detríticas, e de idade cenozoica, com predomínio de rochas detríticas
pouco consolidadas.

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Figura 4.5 - Unidades geomorfológicas com representação no território continental português (fonte: SNIRH
- APA).
A Orla Ocidental Mesocenozoica corresponde a uma bacia sedimentar, a Bacia Lusitaniana,
desenvolvida durante o Mesozoico. A formação desta bacia está relacionada com a abertura do
oceano Atlântico que provocou uma distensão crustal (Kullberg et al., 2006) e permitiu, assim, a
deposição dos sedimentos.
A estruturação desta bacia, assim como de outras criadas ao longo da Margem Ocidental Ibérica e
também relacionadas com a abertura do Atlântico, foi também largamente condicionada pela
existência de falhas decorrentes de eventos tectónicos tardi-Variscos, com direções NNE-SSW a
NE-SW (Figura 4.6), as quais marcaram o seu seccionamento (Ribeiro et al., 1979). Para além
destas, um outro conjunto de acidentes tectónicos Variscos, como o caso da Falha Porto-Tomar,
de direção N-S, e outras com direções NW-SE, foi igualmente importante na estruturação da bacia
(Kullberg et al., 2006).

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Figura 4.6 - Distribuição das bacias sedimentares da Margem Ocidental Ibérica (extraído de Kullberg et al.,
2006).

A coluna de sedimentos depositados na Bacia Lusitaniana é bastante espessa, podendo, em


alguns locais, atingir uma espessura de 5 000 m (Ribeiro et al., 1979). Este grande volume de
sedimentos assenta discordantemente sobre as unidades paleozoicas da Zona de Ossa Morena e,
provavelmente, também da Zona Sul Portuguesa (Dias & Ribeiro, 1995) e a sua deposição terá
ocorrido ao longo de aproximadamente 135 m.a. (Wilson et al., 1996), pese embora o ainda
desconhecimento acerca da idade dos sedimentos da base da bacia. Assim, estima-se que estes
depósitos terão uma idade que irá do Triásico Médio (?) a Superior (Ladiniano(?)-Carniano; Rocha
et al., 1996) até ao Cretácico Inferior (Aptiano Superior; Rey, 1999), o que está associado
essencialmente a quatro processos de rifting a que a bacia foi sujeita (Kullberg et al., 2006). Já
numa fase pós-rift, o enchimento da bacia fica registado em duas fases principais, uma entre o
Cenomaniano-Turoniano e outra entre o Campaniano Superior e o Maastrichtiano (Kullberg et al.,
2006). A primeira etapa é caraterizada pela instalação gradual de uma plataforma carbonatada
que nas fases finais, designadamente no Turoniano, recebe já influência de sedimentação
detrítica aluvial. A segunda fase, restrita ao setor setentrional da bacia (limitado pelas falhas de
Aveiro e de Nazaré; Figura 4.6 - Rocha & Soares, 1984), manifesta-se pelo desenvolvimento de um
extenso sistema aluvial meandriforme, marcado por uma sedimentação essencialmente lutítica
(Kullberg et al., 2006).
Note-se que o setor setentrional da Bacia Lusitaniana, nomeadamente as camadas sedimentares
associadas com os últimos eventos geodinâmicos operados na bacia, é o que maior importância
tem no contexto deste projeto, visto que o mesmo de localiza no extremo norte deste setor.
Com maior detalhe, a geologia da região onde se insere o projeto de ampliação da FLEX2000, está
representada na folha 13 C – Ovar, da Carta Geológica de Portugal à escala 1:50.000 (Figura 4.7).
Conforme se pode verificar, no mapa da Figura 4.7 destacam-se claramente dois domínios: a Este,
as formações metamórficas do Paleozoico, que fazem parte do Maciço Ibérico e constituem o

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soco hercínico, e a Oeste, os depósitos sedimentares detríticos do Cenozoico. É possível visualizar
que os depósitos Plio-Plistocénico, designadamente, os depósitos de praias antigas e terraços
fluviais, assentam diretamente sobre o substrato cristalino paleozoico.

Figura 4.7 - Excerto da Carta Geológica de Portugal na escala 1:50.000, Folha 13 C - Ovar (Teixeira & Torre
de Assunção, 1963), com demarcação da área de implantação do atual edificado da Flex2000 (polígono
azul) e do projeto de ampliação da instalação (polígono rosa).

A área de implantação do projeto está situada sobre depósitos de areias dunares (Figura 4.7), ou
seja, materiais não consolidados e bem calibrados (Figura 4.8a), dado que o agente de transporte
é o vento. De notar que nestes sedimentos existe um extenso pinhal, ao qual se associa alguma
vegetação mais rasteira Figura 4.8b), mas que impõem o desenvolvimento de um coberto vegetal
no solo/sedimentos muito incipiente (Figura 4.8c).

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Figura 4.8 - (a) Aspeto das areias dunares da zona de implantação do projeto da FLEX2000; (b) Exemplo da
vegetação desenvolvida na área do projeto; (c) Camada de manta morta desenvolvida sobre as areias
dunares.

4.2.3 Sismicidade
Considerando a divisão territorial em quatro zonas distintas para fins de construção de edifícios e
estruturas de engenharia, sob o ponto de vista da resposta à ação sísmica, estabelecida pelo
Decreto-Lei 235/83 de 31 de maio, a região de Ovar insere-se na zona C (Figura 4.9a), que é a
segunda menos critica no território continental, correspondendo um valor do coeficiente de
sismicidade (α) de 0,7.
De acordo com as intensidades sísmicas máximas observadas até à presente data, o concelho de
Ovar encontra-se abrangido pelas zonas com grau de intensidade máximo VI, na parte mais
interior e litoral norte do concelho, e VII, na maioria da região litoral do concelho (Figura 4.9b;
CMO 2015).
A área de ampliação da FLEX2000, encontra-se situada muito próximo da transição entre as zonas
sísmicas referidas, embora seja mais representativa a zona de grau VII que corresponde a sismos
com um impacto muito forte e danificante, de acordo com a escala de Mercalli Modificada (1956)
e a escala macrossísmica europeia (1998), respetivamente.

Figura 4.9 - (a) Mapa do zonamento do território continental como resposta à ação sísmica (Decreto-Lei
235/83; retirado de www.prociv.pt); (b) Mapa de intensidades sísmicas máximas para Portugal (retirado de
http://esg.pt/seismic-v/portuguese-historical-seismicity/).

Em território nacional aplicam-se, ao projeto de edifícios ou obras de engenharia civil em zonas


sísmicas, as disposições que constam na norma portuguesa NP EN 1998-1:2010, a qual constitui a
Parte 1 do Eurocódigo 8, que estabelece regras para a quantificação da ação sísmica e regras
gerais de projeto aplicáveis a edifícios construídos em diferentes materiais. Este documento tem

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por finalidade assegurar a proteção de vidas humanas, a limitação dos danos e a operacionalidade
de estruturas importantes para a proteção civil em caso da ocorrência de um sismo.
Por conseguinte, de acordo com o Anexo Nacional NA da NP EN 1998-1:2010, são considerados
para Portugal dois tipos de ação sísmica, de acordo com os dois possíveis cenários de geração de
sismos:
 Ação sísmica Tipo 1 - para um cenário de sismo “afastado” com epicentro na região
Atlântica;
 Ação sísmica Tipo 2 - para um cenário de sismo “próximo” com epicentro no território
continental ou no arquipélago dos Açores.
O zonamento sísmico em Portugal, considerando os dois tipos de ação sísmica, é feito por
concelho (Figura 4.10). Para o município de Ovar, as zonas sísmicas consideradas são 1,6 e 2,4 para
a ação sísmica Tipo 1 e Tipo 2, às quais corresponde uma aceleração máxima de referência (agR)
de 0,35 e 1,1 m/s2, respetivamente (Anexo Nacional NA da NP EN 1998-1:2010).

Figura 4.10 - Zonamento sísmico para Portugal continental, se acordo com a ação sísmica Tipo 1 e Tipo 2
(Anexo Nacional NA da NP EN 1998-1:2010).

Como expectável, a ação sísmica é também condicionada pela tipologia e condições dos terrenos,
sendo considerados 7 tipos principais de terrenos de acordo com os perfis estratigráficos e, para
os quais, estão definidos diferentes valores de parâmetros com interesse para a caracterização
geotécnica dos terrenos (Quadro 4.1). Considerando a descrição geológica da área de implantação
do projeto da FLEX200 anteriormente apresentada, as formações presentes enquadram-se em
terrenos do Tipo E.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Quadro 4.1- Tipos de terreno e respetivos valores de parâmetros geotécnicos (NP EN 1998-1:2010).
Parâmetros
Tipos de
Descrição do perfil estratigráfico
terreno
νs,30 (m/s) NSPT Cu (kPa)
Rochas ou formação geológica de tipo rochosos, que
A inclua, no máximo, 5 m de material mais fraco à > 800 - -
superfície.
Depósitos de areia muito compacta, de seixo (cascalho)
ou de argila muito rija, com uma espessura de, pelo
B menos, várias dezenas de metros, caracterizados por um 360 – 800 > 50 > 250
aumento gradual das propriedades mecânicas com a
profundidade.
Depósitos profundos de areia compacta ou
medianamente compacta, de seixo (cascalho) ou de
C 180 - 360 15 - 50 70 - 250
argila rija, com uma espessura de várias dezenas e
muitas centenas de metros.
Depósitos de solos não coesivos de compacidade baixa a
média (com ou sem alguns estratos de solos coesivos
D < 180 < 15 < 70
moles), ou de solos predominantemente coesivos de
consistência mole a dura.
Perfil de solo com um estrato aluvionar superficial com
E valores dE Vs do tipo C ou D e uma espessura entre - - -
cerca de 5 e 20 m, situado sobre um estrato mais rígido.
Depósitos constituídos ou contendo um estrato com
pelo menos 10 m de espessura de argilas ou siltes moles < 100
S1 - 10 - 20
com elevado índice de plasticidade (PI>40) e um elevado (indicativo)
teor em água
Depósitos de solos com potencial de liquefação, de
S2 argilas sensíveis ou qualquer outro perfil de terreno não - - -
incluído nos tipos A - E ou S1
Vs,30 - Valor médio da velocidade de propagação das ondas S nos 30 m superiores de solo para deformações por corte
iguais ≥10-5; NSPT- Número de pancadas do ensaio de penetração dinâmica; CU – Resistência ao corte não drenada do
solo.

Um outro aspeto de especial relevância em qualquer obra de engenharia está relacionado com a
existência de falhas ativas no local ou nas suas imediações. O documento que sintetiza os dados
da atividade tectónica para o Quaternário é a Carta Neotectónica de Portugal à escala 1:1.000.000
(Cabral & Ribeiro, 1988-1989), cuja escala tem pouco detalhe. Não obstante, é possível verificar
na Figura 4.11, num excerto da referida carta, que o local de implantação do projeto da FLEX2000
se localiza nas imediações de uma falha ativa, entenda-se, falha que registou algum tipo de
atividade nos últimos 2 m.a. (Cabral & Ribeiro, 1989), com uma direção aproximada N-S.

4.2.4 Valores geológicos de interesse


Na área de implantação do projeto não foi identificado património geológico relevante e também
nenhum local nas imediações deste projeto está assinalado como Ponto de Interesse Geológico pelo
Roteiro das Minas e Pontos de Interesse Mineiro e Geológico de Portugal
(http://www.roteirodeminas.pt/). Também carta geológica (Teixeira & Torre de Assunção, 1963), assim
como no Plano Diretor Municipal de Ovar não está descrito qualquer tipo de património geológico ou
geomineiro de interesse (CMO, 2015).

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Figura 4.11 - Excerto da Carta Neotectónica de Portugal na escala 1:1.000.000 (Cabral & Ribeiro, 1988), com
demarcação (a cor azul) da área de implantação do projeto da FLEX2000.

4.3 Recursos Hídricos Subterrâneos


4.3.1 Caracterização do sistema aquífero
Do ponto de vista hidrogeológico, a área de estudo localiza-se na denominada Unidade Hidrogeológica
Orla Mesocenozoica Ocidental, abreviadamente designada por Orla Ocidental (Figura 4.5). Esta unidade
é formada por terrenos do Mesozoico (carbonatados e detríticos) e do Cenozoico, maioritariamente
constituídos por materiais de natureza detrítica, que albergam alguns sistemas aquíferos importantes,
nomeadamente aquíferos porosos, suportados pelas formações detríticas, e aquíferos cársicos,
instalados nas formações carbonatadas (Almeida et al., 2000). Na Orla Ocidental estão individualizados
27 Sistemas Aquíferos (Figura 4.12a), da qual faz parte o Sistema Aquífero Quaternário de Aveiro (O1)
onde se insere a área de estudo (Figura 4.12b).
O Sistema Aquífero Quaternário de Aveiro está instalado em formações detríticas do Cenozoico e
constitui, no seu todo, um aquífero multicamada (Almeida et al., 2000; Condesso de Melo & Marques
da Silva, 2008), poroso, moderadamente produtivo e ocupa uma área aproxima de 931 km2 (APA,
2016).
De modo geral, este sistema aquífero está distribuído por três unidades sedimentares detríticas, sendo
elas, da base para o topo: os Terraços Fluviais e Praias Antigas, o manto dunar (também referido como
a unidade das Areias Eólicas) e as Aluviões (Almeida et al., 2000). Dada a idade relativamente recente
destes depósitos, não se evidenciam processos tectónicos (fraturação e deformação) que tenham
afetado significativamente estas sequências sedimentares.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Figura 4.12 - (a) Distribuição espacial dos sistemas aquíferos definidos para a unidade hidrogeológica da
Orla Ocidental; (b) Projeção da área do projeto da FLEX2000 no Sistema aquífero Quaternário de Aveiro
(Fonte: SNIRH – Agência Portuguesa do Ambiente).

No que se refere à hidrogeologia, são reconhecidas três unidades aquíferas neste sistema,
nomeadamente, um aquífero freático instalado em depósitos de Terraços Fluviais e Praias Antigas do
Plio-Pleistocénico, um aquífero confinado a semi-confinado albergado pelos depósitos de Terraços
Fluviais e Praias Antigas pleistocénicos (base do Quaternário) e um aquífero freático superficial
instalado nas Areias Eólicas e as Aluviões do Holocénico (Almeida et al., 2000; Condesso de Melo &
Marques da Silva, 2008). Para o conjunto das três unidades aquíferas foi estimada entre 200 a
250 hm3/ano (Peixinho de Cristo, 1985) e uma recarga média anual a longo prazo de 225 hm3/ano
(APA, 2016), ou seja, 252 mm/ano tendo em conta a área ocupada pelo mesmo.
No caso em análise, tem particular interesse o aquífero freático superficial. Este aquífero está instalado
em materiais arenosos que lhe conferem grande permeabilidade, apesar dos gradientes de
transmissividade da água serem relativamente moderados (Condesso de Melo & Marques da Silva,
2008). A elevada permeabilidade e a sua localização permitem que a recarga ocorra por infiltração
direta através da precipitação. No entanto, esta posição e características físicas também o tornam mais
vulnerável a contaminações.

4.3.2 Inventário dos pontos de água


A Figura 4.13 representa a distribuição espacial de todas as captações particulares licenciadas pela
Agência Portuguesa do Ambiente (ARH Centro) na área envolvente ao local de implantação do projeto
da FLEX2000, apresentando-se no Anexo VI.D do Volume III informação detalhada acerca das
características e fins a que se destinam as captações referenciadas para o período mais recente (2012-
2021). Essa informação foi solicitada pela equipa técnica à ARH-Centro no decurso da realização do
presente EIA.

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Figura 4.13 - Localização das captações de água subterrânea na área envolvente à FLEX2000 (Fonte: ARH
Centro - Agência Portuguesa do Ambiente).

Estas captações correspondem a estruturas verticais (furos e poços), com profundidades que variam
entre os 10 m e os 180 m. Das captações existentes na envolvente à FLEX2000 e com licenciamento
ativo, ou seja, as que estão assinaladas para o período 2012-2021 (Figura 4.13), apenas uma
corresponde a um poço (10 m de profundidade), sendo que as restantes são furos, com profundidades
a variarem entre os 80 e os 150 m. É importante salientar que a espessura das areias dunares situa-se
frequentemente em torno dos 10 m (Almeida et al., 2000) e, na zona em análise, estas assentam sobre
o substrato hercínico, isto é, sobre as rochas do Paleozoico. Por conseguinte, a água extraída destas
captações não será do aquífero Quaternário, mas antes das rochas do Paleozoico (Orla Ocidental
Indiferenciado).
No que diz respeito ao uso a que se destinam as captações com licenciamento ativo na região em
análise, este distribui-se pela rega (42,8 %), uso industrial (28,6 %) e uso misto (industrial e rega com
28,6%).
Em termos dos volumes captados, as captações com licenciamento ativo representam um volume de
consumo anual máximo licenciado de 54 180 m3, sendo a rega o setor que possui o maior volume
licenciado de água (considerando as captações destinadas unicamente à rega e ao uso combinado para
rega e indústria) (Figura 4.14).

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Figura 4.14- Distribuição do volume de água licenciado por sector de consumo na área onde se enquadra o
projeto de ampliação da FLEX2000 (Fonte: ARH Centro – Agência Portuguesa do Ambiente).

Na Figura 4.15 apresenta-se o posicionamento dos furos de captação destinados ao abastecimento


público mais próximos do local do projeto (polo de captação do Carregal – furos JK1, JK2, JK3, JK4, JK5,
JK6 e JK7), com a delimitação dos perímetros de proteção publicados pela Portaria n.º 16/2022 de 5 de
janeiro, de acordo com o Decreto-Lei n.º 382/99, de 22 de setembro.

Figura 4.15- Perímetros de proteção da captações de água subterrânea do polo de captação do Carregal
(Fonte: Portaria n.º 16/2022, de 5 de janeiro).

Verifica-se que a zona de proteção alargada se estende para nordeste da localização dos furos
aproximando-se do perímetro do estabelecimento industrial da FLEX2000. De acordo com a Portaria
n.º 16/2022 de 5 de janeiro, nesta zona de proteção alargada são interditas as seguintes atividades e
instalações:

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 Transporte de hidrocarbonetos, de materiais radioativos e de outras substâncias perigosas;
 Depósitos de materiais radioativos, de hidrocarbonetos e de resíduos perigosos;
 Canalizações de produtos tóxicos;
 Refinarias e indústrias químicas;
 Lixeiras e aterros sanitários, incluindo quaisquer tipos de aterros para resíduos perigosos, não
perigosos ou inertes;
 Sistemas autónomos de águas residuais domésticas, tipo fossa, em zonas onde estejam
disponíveis sistemas públicos de saneamento de águas residuais, bem como a rejeição e
aplicação de efluentes no solo e na água;
 Cemitérios;
 Pedreiras e explorações mineiras, bem como quaisquer indústrias extrativas;
 Infraestruturas aeronáuticas.
É importante salientar que, no que diz respeito ao Sistema Aquífero Quaternário de Aveiro, que é
aquele cujas unidades geológicas afloram na área do projeto, o ‘Estado Quantitativo’ isto é, o estado do
meio hídrico subterrâneo em que o nível piezométrico é tal que os recursos hídricos subterrâneos
disponíveis não são ultrapassados pela taxa média anual de captação a longo prazo (Decreto-Lei n.º
77/2006) é considerado ‘bom’. Considera-se, portanto, que para este sistema aquífero, a taxa média
anual de captações a longo prazo é inferior a 90% da recarga média anual a longo prazo, conforme
definido pela Portaria 1115/2009, de 29 de setembro.

4.3.3 Caracterização hidrogeoquímica


De modo geral, as águas subterrâneas do Sistema Aquífero do Quaternário de Aveiro são
medianamente mineralizadas com valores de condutividade elétrica médios de 627 μS/cm, valores de
pH próximos da neutralidade (valor médio 6,7), sendo que os demais parâmetros químicos avaliados no
Plano de Gestão de Região Hidrográfica dos Rios Vouga, Mondego e Lis (RH4) também se encontram
abaixo dos limiares de qualidade estabelecidos pelo Decreto-Lei n.º 306/2007 que estabelece o regime
da qualidade da água destinada ao consumo humano (APA, 2012).
De acordo com a metodologia adotada pelos Planos de Gestão de Região Hidrográfica (APA, 2016),
considera-se que uma massa ou grupo de massas de água subterrâneas apresentam um bom estado
químico sempre que:
(a) os dados resultantes da monitorização demonstrem que as condições definidas no n.º 2.3.2
do anexo V do Decreto-Lei n.º77/2006, de 30 de março, estão a ser cumpridas; o
(b) os valores das normas de qualidade da água subterrânea, referidos no anexo I do Decreto-Lei
n.º208/2008, de 28 de outubro, e os limiares, estabelecidos em conformidade com o artigo
3.º e o anexo II do mesmo decreto-lei, não sejam excedidos em nenhum ponto de
monitorização na massa de água subterrânea.
Considerando os dados de monitorização química das águas subterrâneas para as massas de água
subterrâneas da Região Hidrográfica do Vouga, Mondego e Lis, mais de 90 % destas águas apresentam
um estado químico bom (APA, 2016). No entanto, a zona onde se insere o projeto de ampliação da
FLEX2000 enquadra-se numa região abrangida por águas subterrâneas com estado químico medíocre
(Figura 4.16).

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Figura 4.16- Mapa do estado de qualidade química das massas de água subterrâneas da Região Hidrográfica
do Vouga, Mondego e Lis (RH4) (APA, 2016). A zona onde se insere o projeto de ampliação da FLEX2000
encontra-se assinalado com um círculo preto.

Com vista a obter uma caracterização mais pormenorizada das águas subterrâneas do local de
implantação do projeto, foi recolhida uma amostra de água para medição dos parâmetros físico-
químicos (pH, condutividade elétrica e temperatura) e para análise química de vários parâmetros
químicos (orgânicos e inorgânicos) e microbiológicos (Boletins analíticos no Anexo VI.E do Volume III). A
amostragem foi efetuada no dia 28 de junho de 2021 num furo localizado no perímetro da FLEX2000
(ilustrado na Figura 4.13 com o n.º 2 de 2012-2021) com licença de Utilização dos Recursos Hídricos –
Captação Subterrânea n.º 450.10.02.02.016464.2016.RH3 (Anexo VI.A do Volume III).
Os valores dos parâmetros determinados em campo são apresentados no Quadro 4.2. Como é possível
verificar, os valores de temperatura e condutividade elétrica respeitam os limiares de qualidade
estabelecidos quer pelo Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Vouga, Mondego e Lis para
avaliação do estado químico das massas de água subterrâneas (APA 2016), quer pelos Decretos-Lei
236/98 e 152/2017 para águas destinadas ao consumo humano. O pH apresenta um valor que se
encontra cerca de uma unidade abaixo dos limiares de qualidade estabelecidos pela legislação (DL n.º
236/98 e DL nº 152/2017) e está praticamente no limite mínimo (ainda assim abaixo uma décima) do
valor mínimo estabelecido no Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Vouga, Mondego e Lis (APA,
2016).
Dos diferentes parâmetros químicos analisados, pode-se constatar que a grande maioria apresenta
valores abaixo dos limites de quantificação dos métodos de análise usados nas respetivas
determinações. Algumas exceções verificam-se para: os metais B, Ba, Cu, Fe, Hg, Mg e Zn; para os
aniões SO42-, Cl- e NO3-; e para o Carbono Orgânico Total. Também os parâmetros microbiológicos
analisados foram todos nulos e, portanto, respeitando os limites de qualidade exigidos para águas
destinadas ao consumo humano (Boletins analíticos no Anexo VI.E no Volume III).

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Quadro 4.2 - Resultados dos parâmetros físico-químicos determinados no local de amostragem.
DL 236/98 DL 152/2017
Parâmetro/
Valor Limiar1 Anexo I- classe A1 Anexo I
Unidade
VMR VP2
pH 5,4 5,5 – 9,0 6,5-8,5 ≥ 6,5 e ≤ 9,5
Temperatura
18 - 22 -
(°C)
CE
300 2500 1000 2500
(µS/cm)
Nota: VMR - Valor Máximo Recomendável; VP - Valor Paramétrico;
1-Valores dos limiares a nível nacional e normas de qualidade estabelecidos no Plano de Gestão da Região Hidrográfica do
Vouga, Mondego e Lis para avaliação do estado químico das massas de água subterrâneas (PGRH, 2016); VMA - Valor máximo
admissível;
2- Valor Paramétrico estabelecidos para efeitos de verificação da conformidade da qualidade da água destinada ao consumo
humano fornecida por redes de distribuição, por fontanários não ligados à rede de distribuição, por pontos de entrega, por
camiões ou navios-cisterna, por reservatórios não ligados à rede de distribuição, utilizada numa empresa da indústria alimentar.

No Quadro 4.3 apenas se apresentam os dados relativos aos parâmetros que ultrapassam os limiares
de concentração estabelecidos (Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Vouga, Mondego e Lis para
avaliação do estado químico das massas de água subterrâneas (APA, 2016), os valores máximos
recomendados do Decreto-Lei n.º 236/98 (Anexo I, classe A1) e/ou valores paramétricos do Anexo I do
Decreto-Lei n.º 152/2017). Verifica-se que apenas o Mn excede ligeiramente os limiares de
concentração recomendados.
Quadro 4.3 - Resultados das análises químicas realizadas.
DL 236/98 DL 152/2017
Parâmetro Unidade Valor Limiar1 Anexo I- A1 Anexo I
VMR VP2
Manganês mg/L 0,0602 - 0,05 0,05
Nota: VMR - Valor Máximo Recomendável; VP - Valor Paramétrico;
1-Valores dos limiares a nível nacional e normas de qualidade estabelecidos no Plano de Gestão da Região Hidrográfica do
Vouga, Mondego e Lis para avaliação do estado químico das massas de água subterrâneas (PGRH, 2016); VMA - Valor máximo
admissível;
2- Valor Paramétrico estabelecido para efeitos de verificação da conformidade da qualidade da água destinada ao consumo
humano fornecida por redes de distribuição, por fontanários não ligados à rede de distribuição, por pontos de entrega, por
camiões ou navios-cisterna, por reservatórios não ligados à rede de distribuição, utilizada numa empresa da indústria alimentar.

4.3.4 Vulnerabilidade à contaminação


De acordo com o que foi anteriormente referido, a qualidade da água subterrânea no Sistema Aquífero
Quaternário de Aveiro, designadamente na região onde se insere o projeto em análise, tem um
qualificativo medíocre no que ao estado químico diz respeito (APA, 2016). Importa ainda referir que os
dados de qualidade química das massas de água deste aquífero indicam ainda uma melhoria deste
estado de avaliação efetuada em 2012 para 2016 (APA, 2016).
Também os dados das análises físico-químicas, químicas e microbiológicas efetuadas no furo situado na
FLEX2000, corroboram estes dados, mostrando que as águas subterrâneas apresentam padrões de
qualidade compatíveis com um uso destinado ao consumo humano. Contudo, deve-se salientar que,
com exceção dos poços que têm pouca profundidade, todas as demais captações, incluído a que foi
alvo de amostragem no âmbito do presente estudo, têm profundidades elevadas, pelo que estarão já a
captar águas no substrato cristalino das formações do Paleozoico, sobre as quais assentam as camadas
do Quaternário. Não obstante, pode-se inferir que as atividades industriais desenvolvidas nesta área,
que são as principais atividades desenvolvidas nas imediações do projeto em análise, não parecem
estar a afetar a qualidade das águas subterrâneas destas formações mais profundas.
Importa por isso sublinhar que o Sistema Aquífero Quaternário de Aveiro, em particular, no que à área
de implantação e extensão da FLEX2000 diz respeito, é um aquífero pouco profundo, instalado em

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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formações sedimentares detríticas e pouco consolidadas (areias), as quais afloram à superfície. Estas
caraterísticas, permitem, como já foi referido, que a recarga seja feita de modo direto e tornam este
aquífero bastante vulnerável a contaminações. De facto, apesar do estado químico das águas ser bom
para a maiorias das massas de água subterrâneas da RH4, é na área reservada ao Sistema Aquífero
Quaternário de Aveiro que a qualidade química das águas é considerada medíocre. A isto acresce o
facto das areias que constituem as camadas aflorantes na área em estudo serem bem calibradas e
maioritariamente constituídas por quartzo e com pouca quantidade de material argiloso, o que permite
a fácil dispersão dos contaminantes por ausência de materiais com elevada capacidade sorptiva.

4.4 Recursos hídricos superficiais


Para a caracterização dos recursos hídricos superficiais na área de influência do projeto foi
consultada a bibliografia disponível, nomeadamente informação constante do Plano de Gestão de
Região Hidrográfica do Vouga, Mondego e Lis (PGRH4, APA 2016), do Plano Diretor Municipal de
Ovar (CM Ovar, 2013) e do Relatório Ambiental da Avaliação Ambiental Estratégica do PDM Ovar
(CM Ovar, 2013).
4.4.1 Enquadramento
A Lei da Água (Lei n.º 58/2005 de 29 de dezembro alterada e republicada pelo Decreto-Lei
nº 130/2012, de 22 de junho) transpõe para a ordem jurídica nacional a Diretiva n.º 2000/60/CE,
do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de outubro, estabelecendo as bases e o quadro
institucional para a gestão sustentável das águas.
No âmbito da Lei nº 58/2005, define-se como estado das águas superficiais, a expressão global do
estado em que se encontra uma massa de águas superficial, determinado em função do pior dos
seus estados, ecológico ou químico. Sendo o estado ecológico, a expressão da qualidade
estrutural e funcional dos ecossistemas aquáticos associados às águas superficiais, classificada nos
termos de legislação específica, enquanto o estado químico expressa a presença de substâncias
químicas nos ecossistemas aquáticos que em condições naturais não estariam presentes ou
estariam presentes em concentrações reduzidas.
4.4.2 Rede hidrográfica
A zona de implantação do projeto encontra-se na zona de influência da bacia hidrográfica do Rio
Vouga inserindo-se assim na RH4 (Região Hidrográfica do Vouga, Mondego e Lis) com uma área
total de 12 144 km2, integrando as bacias hidrográficas dos rios Vouga, Mondego e Lis e as bacias
hidrográficas das ribeiras de costa, incluindo as respetivas águas subterrâneas e águas costeiras
adjacentes (APA, 2016).
O rio Vouga nasce na Serra da Lapa, a cerca de 930 m de altitude e percorre 148 km até desaguar
na Barra de Aveiro. A sua bacia hidrográfica situa-se na zona de transição entre o Norte e o Sul de
Portugal.
Segundo o PGRH 4 «Esta bacia não constitui, no seu conjunto, uma bacia “normal”, com um rio
principal bem diferenciado e respetivos afluentes. Com efeito, trata-se de um conjunto
hidrográfico de rios que atualmente desaguam muito perto da foz do Vouga, numa laguna que
comunica com o mar, a Ria de Aveiro, havendo ainda uma densa rede de canais mareais e de delta
relacionados com a mesma laguna. Os rios principais deste conjunto são o próprio Vouga (e seus
afluentes até à confluência com o rio Águeda), o Águeda e o seu afluente Cértima, podendo
acrescentar-se-lhe o Cáster e o Antuã, na parte Norte, e o Boco e a ribeira da Corujeira, a Sul,
todos desaguando na Ria de Aveiro mas hidrograficamente independentes do Vouga, o Braço
Norte da Ria de Aveiro (que inclui os rios Antuã, Fontão, Negro e a ribeira de Cáster), e o Braço da
Gafanha (que inclui a zona superior da bacia do rio Boco)» (APA2016).

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Em termos de rede hidrográfica a área de implantação da FLEX2000 não é atravessada por
nenhuma linha de água, sendo a massa de água mais próxima o Rio Cáster que desemboca na Ria
de Aveiro. O troço final do Rio Cáster é também conhecido como Esteiro da Vagem e tem o código
de massa de água PT04VOU0508. A sul da implementação da FLEX2000 encontra-se ainda a
massa de água Ria de Aveiro - WB5, com o código de massa de água PT04VOU0514 (Figura 4.17).

Base cartográfica: Extrato da Folha Nº 153 da Carta Militar à Escala 1: 25 000.


Figura 4.17- Massas de água superficiais na área envolvente à FLEX2000 (Fonte APA, 2016).

4.4.3 Qualidade da água


Na bacia hidrográfica do Vouga, Mondego e Lis estão identificadas 150 massas de água superficial
(rios) com estado “Bom e Superior” e 53 massas de água (rios) com estado “Inferior a Bom”.
Percentualmente e considerando a totalidade das massas de água superficial existentes na RH4,
verifica-se que cerca de 67% apresenta um estado global Superior a Bom, 30% um estado global
Inferior a Bom e apenas 3% não foram classificadas (APA 2016).
As pressões significativas que incidem sobre as massas de água com estado ‘inferior a bom’ são
essencialmente associadas aos setores industrial, agrícola, pecuário e urbano, sendo também
significativas as pressões hidromorfológicas nesta região (APA 2016).
Segundo o PDM de Ovar «o concelho possui cursos de água superficial em número significativo,
que embora apresentem nome de rios na sua maior parte são ribeiros de caudal permanente que
no verão é muito reduzido. Na zona sul do concelho de Ovar, onde se localiza a FLEX2000,
destacam-se as ribeiras de Mangas e Cortegaça e a Vala de Maceda, que dada a proximidade a
zonas industriais apresentam níveis elevados de poluição, sendo de salientar que que muitas das
linhas de água nomeadamente o rio Cáster, a ribeira de São João e a ribeira de Cortegaça já
chegam ao concelho de Ovar com poluição industrial do concelho vizinho (Santa Maria da Feira)»
(CM Ovar, 2013).

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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A massa de água Esteiro da Vagem, troço final do rio Cáster, com o código PT04VOU0508, é uma
massa de água natural da tipologia ‘rios do norte de pequena dimensão’, com uma extensão de
39,9861 km e com área de bacia de 71,6822 km2. A rede de monitorização da qualidade da água
desta massa de água é constituída por 1 estação monitorização, incluída na rede operacional.
Conforme estabelecido no anexo V da DQA, a rede operacional prevê a monitorização do estado
das massas de água em risco de incumprimento dos objetivos ambientais e a monitorização das
alterações decorrentes dos planos de medida propostos.
A massa de água Esteiro da Vagem apresenta estado ‘Bom’ quanto aos elementos biológicos e
‘Razoável’ para os elementos físico-químicos gerais com os seguintes parâmetros a recuperar:
NH4, NO3 e P Total, sendo ‘Desconhecido’ o seu estado quanto aos elementos hidromorgológicos
e aos poluentes específicos. O estado químico é ‘Bom’ no que se refere às substâncias prioritárias
e outros elementos (APA 2016).
A consulta da Ficha de caracterização da massa de água constante do PGRH indica que a massa de
água Ribeira da Vagem se encontra sujeita a pressões quantitativas e qualitativas por setor de
atividade conforme se apresenta no Quadro 4.4.
Quadro 4.4 - Pressões quantitativas e qualitativas por setor de atividade na massa de água Esteiro da
Vagem (APA 2016).
Cargas (Kg/ano)
Sector Pressão significativa
CBO5 CQO Ntotal Ptotal

Indústria 1 615.185 3 230,37 -- -- Sim

Agrícola -- -- 16 371,667 2 255,071 Sim

Pecuária -- -- 79 334, 547 3 688,4 Sim

A análise do quadro anterior permite verificar que as cargas de Azoto total e Fósforo total provêm
maioritariamente do setor de atividade pecuária e do setor da atividade agrícola. O setor de
atividade industrial, é responsável pelas maiores cargas no que respeita aos parâmetros CQO e
CBO5.
A massa de água Ria de Aveiro-WB5, com o código PT04VOU0514, é uma massa de água de
transição, natural, com tipologia ‘estuário mesotidal homogéneo com descargas irregulares de
rio’, com uma área de massa de água de 21,1455 km2 e com área de bacia de 85,9642 km2. A rede
de monitorização da qualidade desta massa de água é constituída por 2 estações de vigilância.
Nesta rede não se encontra incluída nenhuma estação operacional.
A rede de monitorização de vigilância, tal como estipulado no anexo V da DQA, tem como
objetivo completar e validar o processo de avaliação do impacto descrito no Anexo II, conceber
futuros programas de monitorização, avaliar, a longo prazo, as alterações condições naturais, e as
alterações resultantes do alargamento da atividade antropogénica.
De acordo com o especificado na Ficha de Caracterização de Massa de Água Superficial (APA
2016) a massa de água Ria de Aveiro-WB5 apresenta estado global ‘Inferior a Bom’. O estado
global da massa de água provém da conjugação do estado químico e do estado ecológico que, no
caso presente, estão identificados, respetivamente, como ‘Bom’ e ‘Medíocre’. O nível de
confiança na atribuição do estado global atrás referido é ‘Elevado’, quer para o estado químico
quer para o estado ecológico.
A massa de água Ria de Aveiro-WB5 apresenta estado ‘Bom’ quanto aos elementos
hidromorfológicos e físico-químicos gerais, ‘Medíocre’ para os elementos biológicos sendo os
peixes o parâmetro a recuperar. O seu estado é ‘Desconhecido’ quanto aos poluentes específicos.

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O estado químico é “Bom” no que se refere às substâncias prioritárias e outros elementos (APA
2016).
No Quadro 4.5 apresenta-se as pressões, por sector de atividade, a que a massa de água Ria de
Aveiro-WB5 se encontra sujeita. As cargas de Azoto total e Fósforo total a que massa de água está
sujeita provêm maioritariamente do setor de atividade pecuária. O setor de atividade aquicultura,
é responsável pelas maiores cargas de CBO5 e a indústria pela maior carga de CQO.

Quadro 4.5- Pressões significativas por setor de atividade ma massa de água Ria de Aveiro-WB5 (APA,
2016).
Cargas (Kg/ano)
Sector Pressão significativa
CBO5 CQO Ntotal Ptotal

Aquicultura 1 866,705 327,414 2 457,17 307,204 Sim

Indústria 1 615,185 3 230,37 -- -- Sim

Agrícola -- -- 16 371,667 2 255,0 Sim

Pecuária -- -- 79 334,547 3 688,4 Sim

4.5 Qualidade do Ar
4.5.1 Metodologia
A caracterização da situação de referência é realizada com base na caracterização das condições
de dispersão de poluentes atmosféricos da região, na caracterização das fontes e das emissões
dos principais poluentes atmosféricos, na identificação dos recetores sensíveis que possam ser
afetados pelas emissões atmosféricas do projeto e, finalmente, na avaliação da qualidade do ar
atual através da análise dos valores medidos nas estações de monitorização mais próximas da
área em estudo.

4.5.2 Condições de dispersão de poluentes atmosféricos


A dispersão dos poluentes na atmosfera é baseada no conceito de advecção 8 e deve-se
essencialmente aos movimentos turbulentos devido às forças térmicas e/ou mecânicas. A
concentração destes poluentes na atmosfera depende das emissões, da difusão e transporte, das
reações químicas na atmosfera e dos mecanismos de remoção. A altura de emissão dos poluentes
é também um parâmetro que influencia as concentrações ao nível do solo.
Estes processos dependem da interação dos mecanismos que ocorrem na atmosfera, tais como,
estratificação térmica e regime de vento, dos efeitos provocados pela topografia e emissões dos
poluentes.
A estratificação térmica da atmosfera condiciona principalmente a dispersão vertical dos
poluentes, enquanto que o vento predomina nos padrões de transporte horizontal. A intensidade
do vento influencia a extensão da área atingida e a sua direção determina quais os locais mais
afetados pelas emissões.
Para analisar as condições de dispersão de poluentes na área de implantação do projeto teve-se
em consideração as Normais Climatológicas referentes à estação E702 (Lat.: (Latitude: 40°38’;
Longitude: 08°40’) do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), localizada na
Universidade de Aveiro para o período entre 1971 e 2000 (ver capítulo 4.1).

8
Transporte de uma propriedade da atmosfera devido ao movimento do ar (por exemplo, advecção de temperatura).

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Verifica-se, durante todo ano, uma predominância dos ventos de noroeste e norte com uma
velocidade média anual de 10 km/h. No Inverno, há uma importância decrescente de ventos de
Sul, Norte e Sudeste. Na Primavera, são predominantes os ventos de noroeste e, menos
acentuados, os de Norte, situação que se repete no período de Verão. No Outono, a
predominância de noroeste vai diminuindo, aumentando, progressivamente, a influência dos
ventos de Sudeste e Sul.
Dada a sua localização geográfica, esta região é particularmente afetada pela ocorrência de brisas
costeiras, ressaltando a ação da brisa de mar, de forte intensidade, persistência e de grande
frequência. A brisa de terra, que se manifesta durante a noite, surge menos definida e
provavelmente terá efeitos menos marcados nos padrões de transporte atmosférico.

4.5.3 Recetores sensíveis


Os recetores sensíveis mais próximos do projeto (habitações) localizam-se a sudeste da unidade
(estabelecimento atual) a cerca de 1 km de distância.
Numa escala mais alargada é de salientar os recetores sensíveis referentes à povoação de Arada a
nordeste (a 2,8 km da unidade), a povoação de Sobral a este (a 2,1 km da unidade), Ponte Reada a
sudeste (a 1,5 km da unidade), Ovar a sul (a 2,5 km da unidade) e Furadouro a Sudoeste (a 2,0 km
da unidade (Figura 4.18).
Tal como se referiu anteriormente, de acordo com o regime de ventos predominante (NW), as
concentrações dos poluentes emitidos na área de implantação do projeto afetarão
essencialmente os recetores sensíveis localizados no quadrante sudeste, nomeadamente nas
habitações e escolas localizadas a pouco mais de 1 km para sudeste da unidade.

Figura 4.18- Recetores sensíveis na envolvente da área de implantação do projeto.

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4.5.4 Emissões de poluentes atmosféricos
4.5.4.1 Enquadramento
De modo a compreender o grau de afetação à poluição atmosférica do local de implantação do
projeto desenvolveu-se uma análise do seu enquadramento geográfico em múltiplas escalas
espaciais:
 O concelho de Ovar localiza-se no litoral norte do distrito de Aveiro (a cerca de 20 km de
Aveiro), possuindo uma área de 148 km2. Ovar tornou-se gradualmente num concelho
industrializado, passando o sector secundário da economia a ocupar uma parte
significativa da população ativa, sendo que atualmente no concelho é desenvolvido um
leque muito variado de atividades industriais, destacando-se a indústria têxtil e
vestuário, a metalurgia e produtos metálicos, a produção de material elétrico e ainda a
montagem de automóveis e fabrico de componentes. O concelho de Ovar localiza-se
ainda a sul da Área Metropolitana do Porto, zona geográfica de elevada densidade
demográfica e grande centro de produção e consumo do país. Refira-se que Ovar se
encontra a cerca de 35 km do Porto. Este enquadramento geográfico de larga escala
poderá resultar em valores de fundo de vários poluentes atmosféricos resultantes dos
setores dos transportes, indústria e do setor dos serviços e residencial tais como NO2,
SO2, O3 e partículas;
 Numa menor escala espacial, há que considerar as potenciais emissões de poluentes
atmosféricos das atividades industriais em funcionamento num raio de proximidade da
FLEX2000 até 10 km. Nesta escala, encontram-se várias unidades de tratamento de
superfícies, do ramo automóvel, de rações e ainda a base aérea de Maceda e diversas
vias rodoviárias de grande tráfego nomeadamente A29 e A1, com potenciais emissões
atmosféricas de NO2, SO2, O3 e partículas e outros poluentes específicos de cada
unidade (como metais pesados);
 A FLEX2000 localiza-se na Zona Industrial de Ovar, na União das Freguesias de Ovar, São
João, Arada e São Vicente de Pereira Jusã. A envolvente é constituída,
predominantemente, povoamento florestal e área industrial ocupada por um conjunto
diversificado de unidades industriais. A proximidade à EN109 deverá resultar em ciclos
diários e semanais de poluição atmosférica marcados pela variabilidade do tráfego
automóvel.

4.5.4.2 Emissões de poluentes atmosféricos do concelho de Ovar


A inventariação das emissões atmosféricas tem como principais objetivos a identificação das
fontes emissoras de poluentes atmosféricos e a quantificação das emissões. É uma ferramenta
essencial para o conhecimento da qualidade de um determinado local e das consequências que a
atividade humana tem na atmosfera.
Em Portugal, o inventário de emissões de poluentes atmosféricos mais atual com desagregação
aos concelhos é reportado ao ano de 2019 e foi desenvolvido pela Agência Portuguesa do
Ambiente (APA).
Este inventário tem por base os dados do inventário nacional submetido, em 2019, no âmbito dos
compromissos comunitários e internacionais assumidos por Portugal, designadamente a
Convenção sobre Poluição Atmosférica Transfronteira a Longa Distância (CLRTAP, 1979), a
Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (UNFCCC, 1992), a Diretiva
2001/81/CE relativa aos Tetos de Emissão Nacionais (transposta pelo Decreto-Lei n.º 193/2003) e
a Convenção de Estocolmo sobre poluentes orgânicos persistentes (APA, 2021).
Os poluentes considerados relevantes na presente análise são os seguintes:

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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 Compostos de enxofre (SOx), expressos como dióxido de enxofre (SO2);
 Óxidos de azoto (NOx), expressos como dióxido de azoto (NO2);
 Compostos orgânicos voláteis não-metânicos (COVNM);
 Monóxido de carbono (CO);
 Partículas de diâmetro inferior a 2,5 μm (PM2,5);
 Partículas de diâmetro inferior a 10 μm (PM10);
 Chumbo (Pb);
 Cádmio (Cd);
 Mercúrio (Hg);
 Dioxinas e Furanos (PCDD/PCDF);
 Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs);
 Metano (CH4);
 Óxido nitroso (N2O);
 Dióxido de carbono (CO2).
Neste contexto, no Quadro 4.6 apresentam-se as emissões totais dos poluentes com relevância
para a avaliação da qualidade do ar na área envolvente ao local de implantação do projeto
(concelho de Ovar, ano de 2019).

Quadro 4.6- Emissões de poluentes atmosféricos geradas no concelho de Ovar em 2019 (Fonte: APA, 2021).
Peso das emissões de Ovar
Poluente Concelho de Ovar Portugal
em relação a Portugal

NOX (expresso em NO2) (kt) 0,575 148,5 0,39%

COVNM (kt) 0,697 166,6 0,42%

SOX (expresso em SO2) (kt) 0,020 44,6 0,04%

PM2.5 (kt) 0,154 51,3 0,30%

PM10 (kt) 0,179 72,0 0,25%

CO (kt) 1,269 327,2 0,39%

Pb (t) 0,066 25,3 0,26%

Cd (t) 0,004 1,8 0,22%

Hg (t) 0,002 1,3 0,17%

PCDD/PCDF (g I-Teq) 0,194 55,8 0,35%

PAHs (t) 0,078 16,7 0,47%

CO2 (kt) 162,912 48226,8 0,34%

CH4 (kt) 1,033 370,8 0,28%

N2O (kt) 0,044 11,0 0,40%

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Analisando os valores apresentados, observa-se que para o ano de 2019, face às estimativas
efetuadas a nível nacional, o peso das emissões do concelho de Ovar varia entre 0,01% (para o
SOX e 0,47% (para PAHs).
Estes valores deverão ser avaliados tendo em consideração que o concelho de Ovar apresenta
uma população residente que representa cerca de 0,2% da população nacional. Por sua vez, a
área do território deste município é 0,5% da área geográfica de Portugal Continental. Nesta
perspetiva sobressaem as emissões de PCDD/PCDF e COVNM cuja representatividade nacional
está ligeiramente acima da representatividade demográfica ou de área.
Segundo o inventário de emissões consultado e apresentado (Figura 4.19, 4.20 e 4.21), a
contribuição dos diferentes setores económicos para as emissões de poluentes atmosféricos, no
concelho de Ovar ocorre da seguinte forma:
 O sector dos ‘transportes’ tem um grande contributo nas emissões de NOX,CO, Pb e CO2;
 O sector ‘outra combustão estacionária’ é o que mais contribui para as emissões de
PM10/PM2.5, CO, Cd, dioxinas e furanos e PAHs;
 Os sectores ‘indústria’ e ‘solventes’ são os mais contribuem para as emissões de
COVNM, SOX e Hg;
 O setor da ‘agricultura’ é o que mais contribui para as emissões de CH4 e N2O.

Figura 4.19 - Contribuição dos diferentes setores económicos para a emissão de NOX, SOX, COVNM, PM2.5,
PM10 e CO no concelho de Ovar (Fonte: APA, 2021).

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Figura 4.20 - Contribuição dos diferentes setores económicos para a emissão de metais, Dioxinas e Furanos
e PAHs no concelho de Ovar (Fonte: APA, 2021).

Figura 4.21 - Contribuição dos diferentes setores económicos para a emissão de gases com efeito de estufa
(GEE) no concelho de Ovar (Fonte: APA, 2021).

De salientar que neste concelho se localizam grandes fontes industriais emissoras de poluentes
atmosféricos, sendo que as emissões de poluentes atmosféricas se encontram incluídas no
inventário anteriormente apresentado.
As fontes emissoras selecionadas são fontes inseridas na Diretiva PCIP, possuidoras de Licença
Ambiental (LA) e com reporte no Protocolo PRTR (“Registo de Emissões e Transferências de
Poluentes”). O Regulamento PRTR prevê a aplicação do Protocolo PRTR e abrange as atividades
enumeradas no anexo I da Diretiva IPPC. Neste sentido, os estabelecimentos que é oportuno
referir individualmente e que se encontram no interior de um raio de 8 km em torno da
FLEX2000, dizem respeito aos setores:

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 Indústria de Tratamento de superfícies:
o Toyota Caetano Portugal SA Divisão Fabril de Ovar;
 Criação de animais e Fabricação de alimentos para animais
o Cargill II, Nutrição Animal, S.A.;
o SORGAL - Sociedade de Óleos e Rações, S.A.;
o Avicita - Comércio de Aves, Lda.;
o Aviário Ovorocha.

4.5.4.3 Emissões atmosféricas da FLEX2000


As fontes emissoras de poluentes atmosféricos da FLEX2000 referem-se a emissões com origem
no processo industrial (emissões pontuais) e emissões com origem no volume de tráfego gerado.
A FLEX2000 possui 37 fontes fixas de emissão para a atmosfera, sendo que nem todas se
encontram abrangidas pelo Decreto-Lei n.º 39/2018, de 11 de junho, que estabelece o regime da
prevenção e controlo das emissões de poluentes para o ar (REAR).
A partir dos resultados calculados para o PRTR (Quadro 3.21) apresentam-se as emissões totais
para a capacidade licenciada instalada das fontes pontuais da FLEX2000 (Figura 4.22) referentes
aos poluentes mais relevantes (CO, NOx, COVNM e COVT e PM10).

Figura 4.22 - Emissões de poluentes atmosféricos referentes às fontes fixas da FLEX2000.

O volume de tráfego gerado pelo atual funcionamento da unidade pode variar de acordo com
diversos fatores de otimização logística (tamanho de carga/descarga). Há ainda de considerar os
veículos ligeiros afetos aos trabalhadores da FLEX2000.
Assim para os veículos ligeiros, dado que não se conhece o modo de transporte e a distancia
média percorrida diariamente por cada trabalhador, considerou-se que cada um dos
trabalhadores tem o seu próprio veículo e que se deslocada para FLEX2000 num raio de 10 km
(ida e volta = 20 km) e período de laboração médio de 240 dias por ano.
Para o cálculo das emissões associadas ao tráfego de veículos pesados por ano consideraram-se
os valores referentes à capacidade instalada licenciada (Quadro 3.32 e Quadro 3.33).
Como, também nesta situação, não se conhece a distancia média percorrida diariamente por cada
veículo pesado foram assumidos os seguintes pressupostos:

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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 Considerou-se a distância média percorrida dentro dos limites do concelho de Ovar para
norte e sul da FLEX2000;
 Os veículos de matérias primas e resíduos distribuem-se de igual forma para norte e sul
do concelho;
 Os veículos de produtos para o mercado nacional distribuem-se de igual forma para
norte e sul do concelho;
 Os veículos de produtos para o mercado internacional deslocam-se 2% para norte e 98%
para sul do concelho.
A estimativa das emissões atmosféricas foi efetuada aplicando fatores de emissão adequados à
situação rodoviária.
Relativamente aos fatores de emissão para o tráfego rodoviário, estes foram determinados em
função do tipo de combustível consumido, categorias de ligeiros e pesados, e ano de construção
do parque automóvel do distrito de Aveiro adaptando a metodologia apresentada pelo
EMEP/CORINAIR (Atmospheric Emission Inventory Guidebook, 2019).
É de referir que quando não existe toda a informação necessária para a utilização da metodologia
referida se recorre a dados estatísticos que permitem realizar aproximações de forma a conseguir
aplicar os fatores de emissão existentes em documentos referenciados. Este trabalho teve em
conta dados estatísticos provenientes da Autoridade de Supervisão de Seguros e de Fundos de
Pensões (ASF) e do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Através da ASF, foi possível distribuir os veículos pelas classes EURO (constantes no EMEP, 2019)) a
partir do ano de construção dos veículos, neste caso para o distrito de Aveiro (Quadro 4.7).

Quadro 4.7 - Classes Euro para Veículos ligeiros, a partir do ano de construção dos veículos, para o distrito
de Aveiro, ano base de 2018. (Fonte: ASF, 2019)
Classe segundo ano de
%
construção
EURO 3 69
EURO 4 19
EURO 5 3
EURO 6 10

Os valores referentes à classe EURO 3 contêm outras classes (como EURO 2, EURO 1, etc.), mas
como não existe discretização do número de veículos por ano (apenas veículos com mais de 10
anos) optou-se por colocar todos estes veículos na categoria EURO 3. De referir, que para os
veículos pesados se consideraram os fatores de emissão referentes a EURO 3, dado que, segundo
o INE, a idade média dos veículos pesados em Portugal ronda os 18 anos.
Assim, considerando o tráfego anual anteriormente referido, as estatísticas anteriormente
referidas e os fatores de emissão do inventário de emissões Europeu, calcularam-se as emissões
apresentadas no Quadro 4.8.

Quadro 4.8- Emissões de poluentes atmosféricos geradas pelo volume de tráfego, para a situação atual.
Poluente Emissões (t/ano)

CO 0,99

COVNM 0,32

NOX 2,05

PM10 0,07

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Na Figura 4.23 apresentam-se as emissões de poluentes atmosféricos totais da FLEX2000.

Figura 4.23 - Emissões de poluentes atmosféricos referentes às fontes fixas da FLEX2000.

Analisando a Figura anterior e comparando os valores obtidos para as emissões totais da


FLEX2000, com as emissões (sem as emissões naturais) do concelho de Ovar, constata-se que as
emissões de CO, NOX, COVNM e PM10 são inferiores a 0,1% das emissões totais do concelho.
Neste sentido, considera-se que a unidade é um fonte emissora pouco relevante, no concelho de
Ovar, apresentado uma maior contribuição no caso dos COVT (com um contribuição de 1% para
as emissões totais).

4.5.5 Caracterização da Qualidade do Ar


A avaliação da qualidade do ar atual é efetuada através da análise dos valores medidos nas
estações de monitorização mais próximas da área em estudo e comparação com a legislação de
qualidade do ar em vigor.
A legislação aplicável para os poluentes atmosféricos monitorizados em ar ambiente é o Decreto-
Lei nº 102/2010, de 23 de setembro (alterado pelo Decreto-Lei nº 43/2015 de 27 de junho), onde
constam os critérios de validação para a agregação de dados e para o cálculo dos parâmetros
estatísticos.
No que diz respeito à qualidade do ar na área evolvente ao local de implantação do projeto,
apresenta-se de seguida uma análise de carácter amplo através do índice de qualidade do ar para
a zona Litoral Noroeste do Baixo Vouga para os últimos 3 anos (Figura 4.24).

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Figura 4.24 - Índice da Qualidade do ar para a zona Litoral Noroeste do Baixo Vouga, para os anos de 2018 a
2020. (Fonte: https://qualar.apambiente.pt/indices).
Pela análise dos dados medidos para zona Litoral Noroeste do Baixo Vouga, observa-se que a
qualidade do ar na zona em estudo é na generalidade boa a muito boa. O índice ‘médio’, em
2018, 2019 e 2020 foi respetivamente de 9%, 10% e 15% enquanto o índice de ‘fraco’ foi de 3%
em 2019 e 2020.
No que diz respeito à monitorização da qualidade do ar na região de implantação do projeto, as
estações de monitorização da qualidade do ar mais próximas são Anta-Espinho (Comissão de
Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte) e Estarreja Comissão de Coordenação e
Desenvolvimento Regional do Centro
As estações de Anta-Espinho e Estarreja são ambas estações suburbanas de fundo e pretende-se
que a monitorização da qualidade do ar seja referente à exposição média da população aos
fenómenos de poluição atmosférica de fundo nos centros suburbanos. Anta localiza-se 13,5 km a
norte da unidade do local de implantação da FLEX2000 e Estarreja localiza-se 14,5 km a sul da
unidade.
A estimativa do raio de representatividade para este tipo de estações pode ir de algumas dezenas
de quilómetros quadrados (urbana de fundo) a algumas centenas de quilómetros quadrados
(rural de fundo), segundo o Decreto-Lei nº 102/2010 de 23 de setembro, apresentando essas
áreas características equivalentes. O local de implantação do projeto encontra-se dentro de uma
área industrial, sendo que não apresenta características equivalentes às dos locais onde se
localizam as estações mencionadas. Neste sentido, considera-se que a monitorização da
qualidade do ar nestas estações não é representativa da região em estudo.

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4.6 Ambiente sonoro
4.6.1 Metodologia
O ruído constitui uma causa de incómodo, um obstáculo às comunicações verbais e sonoras,
podendo provocar fadiga geral e, em casos extremos, trauma auditivo e alterações fisiológicas
extra-auditivas. Do ponto vista físico pode definir-se o ruído como toda a vibração mecânica
estatisticamente aleatória de um meio elástico. Do ponto de vista fisiológico será todo o
fenómeno acústico que produz uma sensação auditiva desagradável e/ou incomodativa.
A prevenção do ruído e o controlo da poluição sonora visando a salvaguarda da saúde humana e o
bem-estar das populações é assegurada pelo Decreto-Lei nº 9/2007 de 17 de janeiro.
Para a realização desta componente ambiental, foram também consultados os documentos ‘Nota
técnica para avaliação do descritor Ruído em AIA - Versão 2’ e ‘Guia Prático para medições de
ruído ambiente, publicados na Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
A metodologia assentou na identificação das fontes sonoras e recetores sensíveis na envolvente
do local de implantação do projeto em estudo e na análise de medições de ruído realizadas em
estudo anterior (dBwave.i, 2019) cujo Relatório de Ensaio se apresenta no Anexo VII do Volume
III. Foi também consultado o Mapa de Ruído do concelho de Ovar.

4.6.2 Identificação das principais fontes sonoras e recetores


A FLEX2000 e o local da sua ampliação localiza-se na Zona Industrial de Ovar. A envolvente é
constituída, predominantemente, por povoamento florestal e área industrial ocupada por um
conjunto diversificado de unidades industriais. Como outras fontes sonoras refere-se a
proximidade aos eixos ferroviário e rodoviário EN109/IC1 (a mais de 1,5 km a este do projeto), a
base aérea de Maceda (a cerca de 2,5 km a norte do projeto) e ainda um campo de tiro (a 0,4 km
a sul do projeto) (Figura 4.25).
Em termos de recetores sensíveis mais próximos do local de implantação do projeto, identificam-
se:
 a sudeste: a proximidade de habitações e escolas (1,2 e 1,4 km respetivamente);
 a sudoeste: Pousada da Juventude (a 0,9 km).

4.6.3 Medições de ruído


A caracterização do ambiente sonoro no local de implantação da FLEX2000 baseou-se na
avaliação acústica realizada pelo laboratório dBWave em janeiro de 2019. O Relatório de Ensaio é
apresentado no Anexo VII (Volume III) e servirá de base à caracterização do ambiente sonoro
efetuada neste EIA.
Para verificação da conformidade legal da avaliação acústica efetuada, os resultados obtidos
foram analisados com base no Regulamento Geral do Ruído, aprovado pelo Decreto-Lei n.º
9/2007, de 17 de janeiro.
A instalação e o exercício de atividades ruidosas permanentes em zonas mistas, nas envolventes
das zonas sensíveis ou mistas ou na proximidade dos recetores sensíveis isolados estão sujeitos
ao cumprimento dos valores limite fixados no artigo 11º (valores limite de exposição) e ao
cumprimento do critério de incomodidade fixado no artigo 13º do DL 9/2007 de 17 de janeiro.
No Decreto-Lei n.º 9/2007, artigo 11º, definem-se os valores limite de exposição ao ruído para
zonas sensíveis e zonas mistas, sendo que os indicadores de ruído a avaliar são o Lden e Ln.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Figura 4.25- Identificação das fontes sonoras e recetores sensíveis e localização do ponto de medição de
ruído na envolvente próxima à área do projeto.

No PDM da Câmara Municipal de Ovar, a área onde se localizam os recetores sensíveis mais
próximos encontra-se classificada como zona mista. Assim, para efeitos de verificação do valor
limite de exposição, aplicam-se aos recetores sensíveis os valores limite de Lden e Ln apresentados
no Quadro 4.9.
De salientar que, no interior das zonas industriais (local onde se insere a unidade atualmente
existente) não existem limites para os níveis sonoros nem classificação de zonamento acústico.

Quadro 4.9- Valores limite de exposição (Artigo 11º do DL 9/2007 de 17 de janeiro).


Lden (dB(A)) Ln (dB(A))

Zonas Mista ≤ 65 ≤ 55

De acordo com o Artigo 13º - Atividades Ruidosas Permanentes do Decreto-Lei n.º 9/2007 de 17
de Janeiro, a diferença entre o valor do nível sonoro contínuo equivalente, ponderado A, LAeq, do
ruído ambiente determinado durante a ocorrência do ruído particular da atividade ou atividades
em avaliação e o valor do nível sonoro contínuo equivalente, ponderado A, LAeq, do ruído
ambiente a que se exclui aquele ruído ou ruídos particulares, designado por ruído residual, não

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poderá exceder 5 dB(A) no período diurno, 4 dB(A) no período do entardecer e 3 dB(A) no período
noturno, consideradas as respetivas correções.
Assim, tendo em conta o funcionamento da unidade, e após correção dos valores, a FLEX2000
deverá obedecer aos seguintes critérios de incomodidade:
 LAr - LAeqrr ≤ 5 dB(A), para o período diurno;
 LAr - LAeqrr ≤ 4 dB(A), para o período entardecer;
 LAr - LAeqrr ≤ 5 dB(A), para o período noturno.
As medições de ruído efetuadas pela dBWave em 2019, foram realizadas nos limites da zona
industrial a aproximadamente a 300 m a Sul da FLEX2000 na direção dos recetores sensíveis mais
próximos que se encontram a mais de 1 000 m de distância da fonte em avaliação.
A partir dos níveis de ruído medidos, apresentados no Relatório de Ensaio da dBWave calcularam-
se os indicadores de ruído Ln e Lden, e o critério de incomodidade para posterior comparação com
a legislação (Quadro 4.10 e Quadro 4.11). Analisando os resultados apresentados conclui-se que os
valores dos indicadores Ln e Lden e do critério de incomodidade cumprem legislação em vigor.

Quadro 4.10- Valores limite de exposição. Fonte. dBWave, 2019.


Lden (dB(A)) Ln (dB(A))
Pontos de medição
RA RR RA RR

1 63 62 55 55

Quadro 4.11- Critério de incomodidade. Fonte. dBWave, 2019.


LAeqra (dB(A))- LAeqrr (dB(A))
Pontos de medição
Diurno Entardecer Noturno

1 5 1 0

4.6.4 Mapas de Ruído


A avaliação do ambiente sonoro do local de implantação do projeto teve também por base os
Mapas de Ruído do concelho de Ovar os quais contemplam os indicadores de ruído Lden e Ln
referidos no Decreto-Lei nº 9/2007 de 17 de janeiro.
Pela observação dos extratos dos Mapas de Ruído (Figura 4.26 e Figura 4.27) pode constatar-se
que na área de implantação da FLEX2000 os indicadores Lden e Ln são inferiores aos valores de 65 e
55 dB(A). De referir que é na proximidade das vias rodoviárias que os níveis sonoros são mais
elevados. De facto, a principal fonte de ruído do concelho de Ovar, e também na área em estudo,
é o tráfego rodoviário.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Figura 4.26 - Extrato do Mapa de Ruído do Concelho de Ovar – Situação Existente 2012 – Indicador Lden.

Figura 4.27- Extrato do Mapa de Ruído do Concelho de Ovar – Situação Existente 2012 – Indicador Ln.

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4.7 Solos e Uso do Solo
Na presente caracterização teve-se em conta o tipo de solo presente na área de estudo e a
respetiva aptidão agrícola. Para o efeito recorreu-se à cartografia disponível nomeadamente à
Carta de Solos e de Capacidade de Uso do Solo do Atlas do Ambiente9, disponibilizada pela
Agência Portuguesa do Ambiente, e ao ‘Esboço de uma carta de solos da Região de Aveiro’ na
escala 1/100000’ disponibilizada on-line pela DRAP-Centro10.
Além disso procede-se ainda à caracterização e descrição do uso atual do solo utilizando-se a
cartografia COS2018 disponibilizada on line pela Direção Geral do Território 11 a qual foi
complementada com levantamento de campo realizado em julho de 2021, o que permitiu validar
os usos constantes da COS2018.
Definiu-se como área de estudo toda a área de implantação do projeto e a área envolvente,
considerando um buffer de 250 m. Esta área permite enquadrar a nível local as características
pedológicas existentes bem como as principais tipologias de uso do solo que resultaram de uma
determinada dinâmica de desenvolvimento e ocupação do território.

4.7.1 Enquadramento
O solo constitui um recurso vital com vasto leque de funções constituindo a base para a produção
de alimentos e matérias primas, reciclagem e armazenamento de nutrientes, filtragem e efeito
tampão relativamente à proteção das águas subterrâneas, suporte e habitat de muitos seres
vivos, sumidouro de carbono global.
A proteção/valorização destas funções estão consagradas na Lei n.º 31/2014 de 30 de maio
(alterada pela Lei n.º 74/2017 de 16 de agosto), que estabelece as bases gerais da política pública
de solos, de ordenamento do território e de urbanismo que estipula como fins da política pública
de solos, entre outros (Artigo 2º):
 Valorizar as potencialidades do solo, salvaguardando a sua qualidade e a realização das
suas funções ambientais, económicas, sociais e culturais, enquanto suporte físico e de
enquadramento cultural para as pessoas e suas atividades, fonte de matérias -primas e
de produção de biomassa, reservatório de carbono e reserva de biodiversidade;
 Aumentar a resiliência do território aos efeitos decorrentes de fenómenos climáticos
extremos, combater os efeitos da erosão, minimizar a emissão de gases com efeito de
estufa e aumentar a eficiência energética e carbónica;
 Evitar a contaminação do solo, eliminando ou minorando os efeitos de substâncias
poluentes, a fim de garantir a salvaguarda da saúde humana e do ambiente;
 Salvaguardar e valorizar a identidade do território nacional, promovendo a integração
das suas diversidades e da qualidade de vida das populações;
Contudo os solos estão sujeitos a pressões crescentes resultantes direta ou indiretamente das
atividades humanas. Estas pressões originam a degradação do solo ou, até, a sua desertificação
pelo que a capacidade do solo para fornecer serviços ecossistémicos (produção de alimentos,
reserva de biodiversidade. regulador de gases, água e nutrientes) está sob pressão.
A impermeabilização, compactação, salinização, erosão, diminuição da matéria orgânica e a
contaminação no solo reduzem a sua resiliência e a sua capacidade para absorver as mudanças a
que está sujeito, acarretando consequências ao nível da sua estrutura, qualidade e fertilidade.

9
http://siniamb.apambiente.pt
10
https://www.drapc.gov.pt/base/documentos/carta_solos_aveiro.htm
11
http://mapas.dgterritorio.pt

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Ao longo do tempo de duração de uma vida humana, o solo pode ser considerado um recurso
não-renovável, pelo que o mesmo deve ser usado e gerido de forma sustentável. É nesse sentido
que a nível europeu surge a Estratégia Temática de Proteção do Solo12 a qual estabelece um
quadro de proteção do solo e de preservação da capacidade do solo para desempenhar as suas
funções.

4.7.2 Tipos de solos e aptidão da terra


Na caracterização dos solos considera-se o tipo de solos presentes na área de estudo e a sua
capacidade de uso. O tipo de solo refere-se às características físicas do solo como sejam os seus
horizontes pedológicos, enquanto a capacidade de uso se refere ao potencial que os solos têm
para diversas utilizações humanas tendo por base de comparação o uso agrícola.
A área de estudo, inserida na faixa litoral arenosa, caracteriza-se por uma extensa zona de areias
que vai alargando progressivamente de Espinho para sul, atingindo a maior largura no paralelo de
Mira. Os materiais arenosos são normalmente de granulometria média e uniforme, embora os das
areias de praia possam ser mais grosseiros.
Com base na Carta de Solos do Atlas do Ambiente, a generalidade da faixa litoral do concelho de Ovar
caracteriza-se pela presença de ‘Solos incipientes’ da sub-ordem ‘Regossolos’.
De acordo com a Classificação e Caraterização de Solos de Portugal (a classificação S.R.O.A.) os
‘Solos Incipientes’ correspondem a solos não evoluídos e sem horizontes genéticos claramente
diferenciados. De facto, estes solos são praticamente reduzidos ao material originário, ou seja, o
horizonte C, formado pelos minerais detríticos desagregados (Figura 4.28) provenientes da
desagregação/erosão das rochas e que não está praticamente afetado por processos
pedogenéticos – ‘Regossolos psamíticos’ (Cardoso, 1980; Cerqueira, 2001). No presente caso, estes
solos são constituídos por areias de dunas, que constituem materiais muito permeáveis, de
elevada porosidade e bem calibrados. O horizonte O (formado pela acumulação de matéria
orgânica), quando presente, constitui uma fina camada que raramente ultrapassa os 5 cm de
espessura.

Figura 4.28- Aspeto dos solos locais (regossolos psamíticos), formados por areias de dunas e praticamente
sem horizonte orgânico (O).

12
COM(2006)231

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Uma vez que estes solos correspondem a areias de dunas, um material que resultou de intenso
transporte, previamente pela ação da água e, posteriormente pelo vento, que ocasionou a
formação dos cordões dunares litorais, a sua composição mineralógica é dominantemente
quartzo-feldspática, mas com domínio do quartzo. Ora, a ausência de horizontes genéticos é, por
um lado, devida à escassez de tempo para estes se desenvolverem, designadamente o horizonte
O, mas também porque o material detrítico quartzoso é muito resistente à meteorização e não
gera minerais secundários que promoveriam o desenvolvimento de horizontes A e B. Por este
mesmo motivo, estes solos apresentam muito baixa fertilidade, o que permite apenas o
aparecimento de uma fraca vegetação xerófita. Para além disso, a sua elevada permeabilidade e
reduzida quantidade de matéria orgânica também não facilitam a retenção de água em níveis
mais superficiais, facto que também não contribui para o desenvolvimento vegetativo, cujo
fornecimento de água é providenciado preferencialmente pela humidade do ar e pela subida do
nível freático até próximo da superfície em períodos de elevada pluviosidade.
O conceito de capacidade de uso do solo está associado essencialmente às potencialidades
agrícolas do solo, tendo em conta a determinação do seu valor produtivo e respetiva aptidão
agrícola. A classificação tem como variáveis analíticas de ponderação a espessura do terreno, a
sua porosidade e a possibilidade de exploração do solo, dela resultando o escalonamento dos
solos, de acordo com a sua capacidade de uso.
Assim, e de acordo com o que foi anteriormente descrito, a capacidade de uso do solo na área de
estudo e área envolvente, considerando a potencialidade agrológica insere-se na classe F – sem
aptidão agrícola (Florestal), ou seja, de uso não agrícola.

4.7.3 Uso do solo


O uso do solo, na generalidade, reflete a aptidão acima referenciada, na medida em que a área de
estudo, bem como a envolvente mais ampla, é ocupada por floresta de pinheiro-bravo (Figura 4.29) e
indústria (zona industrial de Ovar). Na Figura 4.30 apresenta-se o uso do solo presente na área de
estudo tendo como fonte a Carta de Ocupação do Solo (COS’18).

Figura 4.29- Pinhal no local de implantação do projeto.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Fonte: COS 2018 (DGT)
Figura 4.30- Uso do Solo na área de estudo.

4.8 Ordenamento do Território


A caracterização do ordenamento do território foi elaborada tendo em conta a localização da área
de implantação do projeto face aos instrumentos de gestão territorial com relevância para a área
de implantação do projeto.
No âmbito da presente análise apresenta-se uma análise ao Programa Nacional da Política de
Ordenamento do Território (PNPOT), Programa Regional de Ordenamento Florestal do Centro
Litoral (PROF-CL) e ao Plano Diretor Municipal (PDM) de Ovar. Esta análise centra-se nos aspetos
mais relevantes para o enquadramento do projeto e do território em análise.

4.8.1 PNPOT
O PNPOT, aprovado pela Lei n.º 99/2019, de 5 de setembro, constitui o referencial territorial
orientador na definição da Estratégia Portugal 2030, bem como para a elaboração do Programa
Nacional de Investimentos 2030, no âmbito do qual serão concretizados os projetos estruturantes

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que servem de base às opções estratégicas e modelo territorial do PNPOT e detalhada a
programação operacional dos investimentos a realizar.
O PNPOT baseia a sua estratégia no conceito da ‘Coesão Territorial’, tendo identificado cinco
grandes desafios a que a politica de ordenamento do território deve dar reposta:
 Gerir os recursos de forma sustentável;
 Promover um sistema urbano policêntrico;
 Promovera inclusão e valorizar a diversidade territorial;
 Reforçar a conetividade interna e externa;
 Promover a governança territorial.
O modelo territorial do PNPOT tem como objetivo estabelecer o compromisso de organização do
território tendo em conta o valor dos recursos e da diversidade territorial e antevendo a
necessidade de adaptação às mudanças críticas emergentes.
Com base neste propósito, o PNPOT, procedeu ao mapeamento dos perigos atuais e à
cenarização da sua expressão futura em contexto de alterações climáticas. Neste sentido,
relevam-se os perigos de erosão costeira, inundação, movimentos de massa em vertente,
incêndio rural, escassez de água, ondas de calor, desertificação do solo e sismos. Através do
mapeamento macro dos perigos naturais o PNPOT visa dar especial expressão às situações em
que a perigosidade conflitua com a ocupação e usos do solo.
Perante o diagnóstico das mudanças críticas e vulnerabilidades, o PNPOT estabelece um modelo
territorial com a tradução espacial da estratégia de desenvolvimento do País, correspondendo a
um conjunto de sistemas territoriais que irão informar o ordenamento do território, com vista a
enfrentar as mudanças críticas com resiliência, capacidade adaptativa e geração de novas
oportunidades, e induzir respostas aos desafios que se colocam ao País, no quadro dos princípios
da coesão territorial.
Desta forma, o Modelo Territorial definido no PNPOT estabelece o modelo de organização
espacial, considerando 5 Sistemas e respetivos propósitos:
 Sistema Natural – Um País que conhece e compreende os seus recursos naturais valoriza
os serviços prestados pelos ecossistemas em prol do bem-estar social e procura afirmar a
sua diversidade territorial e construir estratégias de atratividade e de competitividade
diferenciadoras, retirando partido da especificidade dos seus recursos, da sua cultura e
das identidades socioterritoriais;
 Sistema Social – Um país que valoriza as pessoas, a igualdade de oportunidades e a
igualdade de direitos aos cidadãos, em matéria de habitação, saúde, educação, apoio
social, justiça, cultura, desporto e lazer, independentemente da sua situação
socioeconómica e geográfica, da nacionalidade, idade, género, etnia ou situação de
deficiência, eleva a qualidade de vida e o bem-estar social;
 Sistema Económico - Um país que valoriza a diversidade e as especificidades territoriais
como elementos de desenvolvimento e competitividade baseia-se num sistema territorial
que procura retirar partido dessa variedade, apoiando o potencial de articulação entre
distintos tipos de territórios, as estratégias estruturadas em clusters e com base em
lógicas de especialização inteligente e, ainda, a importância dos ativos dos territórios
urbanos e rurais;
 Sistema de Conetividades – Um país bem conectado em infraestruturas verdes, azuis e
cinzentas, que tira proveito da sua posição geográfica e da facilidade de relação com
outros povos, reconhece e valoriza as ligações e interconexões territoriais no espaço

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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nacional e para além dele, assumindo a relevância da gestão dos ecossistemas e das
redes naturais, viárias e digitais;
 Sistema Urbano - Um país que reconhece a importância da coesão e da equidade
territorial afirma a sua estratégia de organização territorial num sistema urbano mais
policêntrico, promovendo os centros urbanos enquanto âncoras do desenvolvimento
regional e competitividade externa, e dinamizando subsistemas territoriais capazes de
gerar massas críticas que favoreçam ganhos de sustentabilidade e acessibilidade em
relação aos serviços de interesse geral.
O modelo de desenvolvimento sustenta-se numa abordagem de valorização económica, social e
ambiental do território e dos seus ativos, que privilegia os recursos e as capacidades económicas
de cada espaço e as redes de interação entre diferentes atores e escalas, numa crescente
proximidade relacional (local e global).
O PNPOT, no seu programa de ação, identifica 10 compromissos para o território os quais
traduzem as ideias fortes das apostas de política pública para a valorização do território e para o
reforço da consideração das abordagens territoriais, nomeadamente:
1. Robustecer os sistemas territoriais em função das suas centralidades;
2. Atrair novos residentes e gerir a evolução demográfica;
3. Adaptar os territórios e gerar resiliência;
4. Descarbonizar acelerando a transição energética e material;
5. Remunerar os serviços prestados pelo capital natural;
6. Alargar a base económica territorial com mais conhecimento, inovação e capacitação;
7. Incentivar os processos colaborativos para reforçar uma nova cultura do território;
8. Integrar nos IGT novas abordagens para a sustentabilidade;
9. Garantir nos IGT a diminuição da exposição a riscos;
10.Reforçar a eficiência territorial nos IGT.
Os 10 Compromissos para o Território operacionalizam-se em 5 ‘Domínios de Intervenção’ os
quais, no global, enquadram 50 medidas de políticas (Figura 4.31).
1) Domínio Natural, que concorre para a otimização e a adaptação, dinamizando a
apropriação e a capitalização dos recursos naturais e da paisagem;
2) Domínio Social, que concorre para a educação, qualificação e a inclusão da população e
o acesso aos serviços públicos e de interesse geral;
3) Domínio Económico, que concorre para a inovação, a atratividade e a inserção de
Portugal nos processos de globalização e aumentando a circularidade da economia;
4) Domínio da Conetividade, que concorre para o reforço das interligações, aproximando
os indivíduos, as empresas e as instituições, através de redes e serviços digitais e de uma
mobilidade que contribui para a descarbonização;
5) Domínio da Governança Territorial, que concorre para a cooperação e a cultura
territorial, capacitando as instituições e promovendo a descentralização e a
desconcentração e uma maior territorialização das políticas.

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Figura 4.31- Medidas de politicas por domínio de intervenção (Fonte: PNPOT, Lei n.º 99/2019).

4.8.2 PROF-CL
O Programa Regional de Ordenamento Florestal do Centro Litoral (PROF-CL) foi revisto e
aprovado pela Portaria n.º 56/2019, de 11 de fevereiro. Trata-se de um instrumento de política
setorial de âmbito nacional, nos termos estabelecidos pela Lei n.º 31/2014, de 30 de maio, na sua
redação atual, e desenvolvido pelo Decreto-Lei n.º 80/2015, de 15 de maio, que definem para os
espaços florestais o quadro estratégico, as diretrizes de enquadramento e as normas específicas
quanto ao uso, ocupação, utilização e ordenamento florestal, à escala regional, por forma a

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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promover e garantir a produção de bens e serviços e o desenvolvimento sustentado destes
espaços.
Este programa concretiza, no seu âmbito e natureza o Programa Nacional da Política de
Ordenamento do Território, e compatibiliza-se com os demais programas setoriais e com os
programas especiais, assegurando a contribuição do setor florestal para a elaboração e alteração
dos restantes instrumentos de gestão territorial (ponto 3 do artigo 1.º).
O PROF Centro Litoral está alinhado com a visão definida pela Estratégia Nacional para as
Florestas, adotando como referências os anos de 2030 e 2050 para as suas metas e objetivos,
prosseguindo os seguintes objetivos estratégicos (Ponto 3 do artigo 4.º):
a. Minimização dos riscos de incêndios e agentes bióticos;
b. Especialização do território;
c. Melhoria da gestão florestal e da produtividade dos povoamentos;
d. Internacionalização e aumento do valor dos produtos;
e. Melhoria geral da eficiência e competitividade do setor;
f. Racionalização e simplificação dos instrumentos de política.
O PROF-CL compreende um conjunto de sub-regiões homogéneas, estando a área de implantação
da FLEX2000 integrada na sub-região de entre Vouga e Mondego, e estabelece um conjunto de
objetivos comuns, nomeadamente (artigo 10.º):
a. Reduzir o número médio de ignições e de área ardida anual;
b. Reduzir a vulnerabilidade dos espaços florestais aos agentes bióticos nocivos;
c. Recuperar e reabilitar ecossistemas florestais afetados;
d. Garantir que as zonas com maior suscetibilidade à desertificação e à erosão
apresentam uma gestão de acordo com as corretas normas técnicas;
e. Assegurar a conservação dos habitats e das espécies da fauna e flora protegidas;
f. Aumentar o contributo das florestas para a mitigação das alterações climáticas;
g. Promover a gestão florestal ativa e profissional;
h. Desenvolver e promover novos produtos e mercados;
i. Modernizar e capacitar as empresas florestais;
j. Aumentar a resiliência dos espaços florestais aos incêndios — DFCI;
k. Aumentar o rendimento potencial da exploração florestal;
l. Diminuir a perigosidade de incêndio florestal;
m. Contribuir para a conservação do solo e da água em geral e em particular para a
conservação da água nas bacias das albufeiras de águas públicas;
n. Contribuir para a conservação da natureza e da biodiversidade, em particular para os
objetivos de conservação das áreas classificadas;
o. Aumentar a superfície média das áreas de gestão florestal, aumentando a superfície
sob gestão conjunta;
p. Promover sistemas de exploração florestal articulados com o ordenamento cinegético e
silvopastoril em sistemas de produção, numa lógica de aumento de rendimento, defesa
da floresta contra incêndio e promoção da biodiversidade;

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q. Promover de outros recursos silvestres, no quadro dos sistemas de exploração florestal;
r. Aumentar o apoio técnico aos proprietários gestores florestais, com base no
desenvolvimento da extensão florestal.
Para a sub-região de entre Vouga e Mondego, o PROF-CL visa a implementação e o
desenvolvimento das seguintes funções gerais dos espaços florestais (artigo 22.º):
 Função geral de produção;
 Função geral de proteção;
 Função geral de silvopastorícia, da caça e da pesca nas águas interiores.
Nesta sub-região são privilegiadas espécies florestais distribuídas por dois grupos. No grupo 1, são
privilegiadas as seguintes espécies: carvalho-alvarinho (Quercus robur), carvalho-português
(Quercus faginea), castanheiro (Castanea sativa), eucalipto (Eucalyptus globulus), medronheiro
(Arbutus unedo), nogueira (Juglans regia), pinheiro -bravo (Pinus pinaster) e sobreiro (Quercus
suber).
No grupo 2, são privilegiadas as espécies: azinheira (Quercus rotundifolia), carvalho-americano
(Quercus rubra), cedro-do-Buçaco (Cupressus lusitanica), cerejeira-brava (Prunus avium), choupos
(Populus sp.), cipreste -comum (Cupressus sempervirens), freixo (Fraxinus angustifolia), nogueira -
preta (Juglans nigra), pinheiro-manso (Pinus pinea).
Ao nível do programa são definidos corredores ecológicos, os quais constituem uma orientação
macro e tendencial para a região em termos de médio/longo prazo, com o objetivo de favorecer o
intercâmbio genético essencial para a manutenção da biodiversidade, incluindo uma adequada
integração e desenvolvimento das atividades humanas, encontrando-se identificados na Carta
Síntese (artigo 9.º).
Na área envolvente à FLEX2000 existe um corredor ecológico, correspondente ao rio Cáster, o
qual não sofre interferência pelo projeto em avaliação.

4.8.3 Plano Diretor Municipal de Ovar


O Plano Diretor Municipal estabelece a estratégia de desenvolvimento territorial, a política
municipal de ordenamento do território e de urbanismo e as demais políticas urbanas, integra e
articula as orientações estabelecidas pelos instrumentos de gestão territorial de âmbito nacional
e regional e estabelece o modelo de organização espacial do território municipal.
O PDM de Ovar (PDM-O), atualmente em vigor, foi publicado a 26 de agosto de 2015, no Diário da
República n.º 166, 2.ª série, através do Aviso n.º 9622/2015, tendo posteriormente sido objeto de
duas correções materiais e uma alteração ao PDM, através dos seguintes avisos:
 Aviso n.º 14565/2016, de 21 de novembro, procede à primeira correção material, que
consistiu na alteração da redação dos itens i) a iii) da alínea g) do artigo 69.º do
Regulamento do PDM-O, conformando este instrumento de planeamento com as
conclusões ínsitas no seu Relatório de Ponderação da Discussão Pública;
 Aviso n.º 3846/2018, 22 de março, procede à primeira alteração, por adaptação, na
sequência da entrada em vigor do Programa da Orla Costeira Ovar-Marinha Grande
(POC-OMG);
 Aviso n.º 12490/2018, de 30 de agosto, procede à segunda correção material do
Regulamento do Plano Diretor Municipal de Ovar para inclusão de disposições do POC-
OMG, nomeadamente, nos artigos 3.º, 4,º, 6,º, 15.º-B, 15.º-D, 15.º-E, 15.º-F e 15.º-G.
Os elementos fundamentais do PDM, e que serviram de base à presente análise, foram os
seguintes:

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 Regulamento;
 Planta de Ordenamento (1: 25.000);
 Planta de Condicionantes (1: 25.000).

4.8.3.1 Planta de Ordenamento


O PDM-O visa concretizar um modelo de desenvolvimento territorial sustentável, assente nos
seguintes objetivos estratégicos (artigo 2.º do regulamento):
a. Reforço das condições de atratividade e competitividade económicas concelhias pela
qualificação e consolidação das áreas empresariais existentes e criação de novas;
b. Qualificação Ambiental da Ria de Aveiro e da Barrinha de Esmoriz protegendo e
promovendo as funções associadas à diversidade de habitats presentes, com vista à
recuperação e promoção de vivências e atividades lúdicas, educativas, entre outras;
c. Reforço das condições de acessibilidade e mobilidade municipais prosseguindo o
objetivo da sua maior sustentabilidade e equilíbrio ecológico;
d. Valorização e qualificação da oferta turística dada pela expressão concelhia do valor
natural decorrente da condição costeira — praias, da presença da Laguna — Ria, dos
valores patrimoniais e das atividades culturais;
e. Consolidação urbana através da qualificação e contenção do crescimento urbano dos
aglomerados de praia e consolidação/qualificação dos restantes aglomerados
concelhios;
f. Reabilitação urbana da cidade de Ovar pela promoção dos valores patrimoniais
isolados e de conjunto, bem como pela qualificação dos seus espaços públicos.
Para a concretização da estratégia e dos objetivos, a Planta de Ordenamento encontra-se
desdobrada em:
 Planta de Ordenamento (que contem a classificação e qualificação do solo
municipal);
 Planta de Ordenamento - Zonamento Acústico;
 Planta de Ordenamento - Áreas edificadas consolidadas;
 Planta de Ordenamento - Património Arquitetónico e Arqueológico.

Planta de Ordenamento - classificação e qualificação do solo


Do ponto de vista da classificação do solo para efeitos de ocupação, uso e transformação do solo,
observa-se que:
 a atual unidade industrial da FLEX2000, se insere na classe ‘espaço de atividades
económicas’, pertencente à tipologia de solo urbano;
 a área de ampliação da FLEX2000 (projeto alvo de AIA), insere-se numa área de ‘espaço
florestal de conservação’, pertencente à tipologia de solo rural (Figuras 4.32 e 4.33).

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Figura 4.32- Extrato da Planta de Ordenamento - classificação e qualificação do solo municipal, do PDM de
Ovar.

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Figura 4.33- Legenda da Planta de Ordenamento - classificação e qualificação do solo municipal, do PDM de
Ovar.

De acordo com o artigo 80.º os ‘espaços de atividades económicas’ são ‘áreas específicas de
ocupação industrial, de armazenagem e de serviços existentes, sem prejuízo da possibilidade de
novas instalações industriais ou de outros usos, nomeadamente comerciais, de equipamento e
serviços, os quais apenas se poderão instalar em parcelas autónomas das instalações industriais e
desde que daí não resultem condições de incompatibilidade nos termos do artigo 22.º’.

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Segundo o ponto 2 do artigo 80.º ‘São usos compatíveis com os usos dominantes desta categoria
de espaço a instalação de superfícies comerciais, de estabelecimentos hoteleiros, de
estabelecimentos de restauração e bebidas, de locais de diversão e outros serviços e
equipamentos não admitidos nos espaços urbanos, bem como atividades de gestão de resíduos
levadas a cabo nos termos da lei’.
O regime de edificabilidade nos espaços de atividades económicas (artigo 81.º do regulamento do
PDM) devem dar cumprimento aos seguintes critérios:
 Índice máximo de ocupação do solo: 75 %;
 Índice máximo de utilização do solo: 1;
 Índice máximo de impermeabilização do solo: 90 %;
 Altura máxima da fachada: 12 m, ou superior para a instalação de equipamentos
industriais que pela sua especificidade necessitem de maior altura;
 Recuo: 10 m;
 Afastamento lateral: 6 m, exceto as situações de unidades geminadas ou em banda;
 Afastamento posterior: igual ou superior a 6 m;
 Sempre que um lote ou parcela confronte com Solo Urbano não classificado como
Espaços de Atividades Económicas, deve ser prevista uma faixa de proteção de 15 m,
com cortina arbórea densa e com folhagem predominantemente persistente e, no caso
do Solo Urbanizável - Espaços de Atividades Económicas, deverá ser prevista uma faixa
de proteção de 30 m.
Relativamente aos ‘espaços florestais de conservação’, e de acordo com o artigo 54.º, estes “(…)
integram áreas de uso ou vocação florestal sensíveis, por nelas ocorrerem fatores de risco de
erosão ou de incêndio ou por exercerem funções de proteção prioritária da rede hidrográfica,
integrando, ou não, áreas sujeitas a regime florestal, ao regime da REN, da RAN ou da Rede
Natura, englobando, ainda, incultos e áreas agropecuárias”.
No que concerne ao regime de edificabilidade nos espaços florestais de conservação “de modo a
manter e ou promover o estado de conservação favorável dos valores naturais de Interesse
comunitário e sem prejuízo do disposto no PROF, no PMDFCI, rede natura 2000 e demais
legislação em vigor aplicável, são interditas as seguintes ocupações, utilizações e ações” (artigo
55.º do regulamento do PDM):
a. As edificações nos terrenos classificados pelo PMDFCI com risco de incêndio elevado ou
muito elevado, sem prejuízo das infraestruturas definidas nas redes regionais de defesa
da floresta contra incêndios;
b. A florestação/reflorestação com espécies de crescimento rápido;
c. A alteração do uso atual dos terrenos das zonas húmidas, bem como as alterações à sua
configuração e topografia, com exceção das ações que visem a sua recuperação;
d. A drenagem de zonas húmidas e/ou áreas contíguas;
e. A descarga direta de poluentes nas águas subterrâneas;
f. A deposição de dragados ou outros aterros;
g. A implantação de vedações rematadas no topo com arame farpado;
h. A deposição de sucatas e de resíduos sólidos e líquidos;
i. A extração de inertes e dragagens;

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j. A introdução de espécies animais ou vegetais não autóctones;
k. As mobilizações de solo, alterações do perfil dos terrenos, técnicas de instalação e
modelos de exploração suscetíveis de aumentar o risco de degradação dos solos.
No entanto, de acordo com o ponto 2 do artigo 55.º, são condicionadas e dependentes de
autorização das entidades competentes, as seguintes ocupações, utilizações e ações:
a. As atividades cinegética e de pesca nas águas interiores;
b. O controlo da vegetação espontânea (estrato herbáceo e arbustivo), de acordo com o
descrito nas Boas Práticas Florestais;
c. A alteração do uso atual do solo e modificações de coberto vegetal resultantes de
alteração entre tipos de uso florestal, em áreas contínuas superiores a 5 ha,
considerando-se continuidade as ocupações similares que distem entre si menos de 500
metros;
d. O alargamento de estradas e de caminhos, limpeza de bermas e taludes, que deverá
evitar a degradação e a destruição dos valores naturais;
e. As intervenções nas margens e leito de linhas de água, que deverão manter as condições
ecológicas, promovendo a infiltração e a prevenção de incêndios;
f. O estabelecimento de zonas balneares, de recreio fluvial, de parques de merendas, que
deverão evitar a degradação e a destruição dos valores naturais.
Apesar das interdições e das autorizações necessárias, nos ‘espaços florestais de conservação’
que estejam integrados em REN e em Rede Natura 2000, a edificabilidade fica sujeita ao respetivo
regime legal e ao definido no regulamento do PDM de Ovar para os espaços florestais de
produção (ponto 3 do artigo 55.º), nos quais, a edificabilidade, sem prejuízo de legislação
específica em vigor e das ações interditas no regulamento do PDM, são permitidas as operações
urbanísticas de edificações de apoio à atividade florestal e pecuária, e as edificações para
habitação do agricultor, unidades industriais de carácter florestal e instalações pecuárias (artigo
53.º).
Contudo, as ações a desenvolver ficam sujeitas à concordância do Município, independentemente
do cumprimento das condicionantes legalmente aplicáveis, não podendo em caso algum
perturbar o equilíbrio estético, patrimonial ou ambiental da paisagem, seja pela sua volumetria,
pelas suas características arquitetónicas ou ainda pelo impacte das respetivas infraestruturas
(ponto 4 do artigo 55.º).
Nestes espaços são admitidas as ações e utilizações que tenham por objetivo a proteção e
conservação ambiental, ecológica e paisagística, bem como o recreio, o enquadramento e a
estética da paisagem, sem prejuízo do disposto em sede de Rede Natura 2000 (ponto 5 do artigo
55.º).

Planta de Ordenamento - Zonamento Acústico


Para efeitos de zonamento acústico o PDM de Ovar, identifica zonas mistas e sensíveis, e as zonas
de conflito para efeito de aplicação do regime legal do Regulamento Geral do Ruído (artigo 11.º)
(Figura 4.34). Observa-se que a área de implantação da FLEX2000 e respetiva área de ampliação
não estão abrangidas por qualquer tipo de zonamento acústico.

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Figura 4.34- Extrato da Planta de Ordenamento – Zonamento Acústico, do PDM de Ovar

Planta de Ordenamento - Área Edificada Consolidada


De acordo com o disposto no Decreto Regulamentar nº 9/2009, de 29 de maio, a área edificada
consolidada é uma área de solo urbanizado que se encontra estabilizada em termos de
morfologia urbana e de infraestruturação e está edificada em, pelo menos, dois terços da área
total do solo destinado a edificação.
Através da análise à planta de ordenamento, constata-se que a atual unidade industrial da
FLEX2000 está integrada em área consolidada. A área de ampliação da FLEX2000, desenvolve-se
em área não consolidada (Figura 4.35).

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Figura 4.35- Extrato da Planta de Ordenamento – Áreas Edificadas Consolidadas, do PDM de Ovar.

Planta de Ordenamento - Património Arquitetónico e Arqueológico


O Sistema Patrimonial constante da Planta de Ordenamento, integra o património cultural e
natural municipal, constituído pelos elementos construídos e naturais que, pelas suas
caraterísticas, se assumem como valores de reconhecido interesse histórico, arqueológico,
arquitetónico, artístico, cientifico, técnico ou social (Artigo 12.º).
Da análise da Figura 4.36 é possível verificar que área de implantação do projeto em avaliação
não interfere com nenhum valor patrimonial, pelo que as disposições regulamentares do PDM
referentes aos valores patrimoniais não se aplicam.

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Figura 4.36- Extrato da Planta de Ordenamento – Património Arquitetónico e Arqueológico, do PDM de Ovar

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Figura 4.37- Legenda da Planta de Ordenamento - Património Arquitetónico e Arqueológico, do PDM de Ovar.

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4.8.3.2 Planta de Condicionantes
A planta de condicionantes do PDM de Ovar encontra-se desdobrada em:
 Planta de Condicionantes - Reserva Ecológica Nacional;
 Planta de Condicionantes - Reserva Agrícola Nacional;
 Planta de Condicionantes - Áreas Florestais Percorridas por Incêndios;
 Planta de Condicionantes - Risco de Incêndio;
 Planta de Condicionantes - Outras Condicionantes.

Reserva Ecológica Nacional (REN)


De acordo com o extrato da planta de condicionantes, constata-se que ao nível da Reserva
Ecológica Nacional (REN), a área de ampliação da FLEX2000, se desenvolve em área inserida na
REN.
A REN do concelho de Ovar foi aprovada pela Portaria n.º 126/2016 de 6 de maio, alterada pelo
Aviso n.º 3592/2019, de 7 de maio, tendo posteriormente sido alvo de correção material através
do despacho n.º 2738/2021, de 11 de maio.
De acordo com a carta de condicionantes do PDM em vigor a área de ampliação da FLEX2000
integra as seguintes tipologias de REN:
 ‘Dunas’;
 ‘Áreas de Máxima Infiltração’.
Considerando o novo regime jurídico da REN (RJREN) (Decreto-Lei n.º 124/2019 de 28 de agosto)
as tipologias de REN em causa correspondem a ‘Dunas Costeiras Interiores’ e ‘Áreas estratégicas
de infiltração e de proteção e recarga de aquíferos’, pelo que as tipologias de REN acima
designados terão uma outra nomenclatura.
O RJREN estabelece que na tipologia ‘Dunas Costeiras Interiores’ podem ser realizados os usos e
as ações que não coloquem em causa, cumulativamente, as seguintes funções:
 Continuidade dos sistemas dunares, no que respeita aos aspetos geológicos,
morfológicos, ecológicos e paisagísticos;
 Reserva de biodiversidade florística e faunística e respetivos serviços dos ecossistemas
associados as essas formações bióticas;
 Prevenção e redução do risco, garantindo a segurança de pessoas e bens.
No âmbito das ‘Áreas estratégicas de infiltração e de proteção e recarga de aquíferos’, só podem
ser realizados os usos e as ações que não coloquem em causa, cumulativamente, as seguintes
funções:
 Garantir a manutenção dos recursos hídricos renováveis disponíveis e o aproveitamento
sustentável dos recursos hídricos subterrâneos;
 Contribuir para a proteção da qualidade da água;
 Assegurar a sustentabilidade dos ecossistemas aquáticos e da biodiversidade
dependentes da água subterrânea, com particular incidência na época de estio;
 Prevenir e reduzir os efeitos dos riscos de cheias e inundações, de seca extrema e de
contaminação e sobrexploração dos aquíferos;
 Prevenir e reduzir o risco de intrusão salina, no caso dos aquíferos costeiros e estuarinos;

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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 Assegurar a sustentabilidade dos ecossistemas de águas subterrâneas, principalmente
nos aquíferos cársicos, como por exemplo assegurando a conservação dos invertebrados
que ocorrem em cavidades e grutas e genericamente a conservação de habitats naturais
e das espécies da flora e da fauna.
 Assegurar condições naturais de receção e máxima infiltração das aguas pluviais nas
cabeceiras das bacias hidrográficas e contribuir para a redução do escoamento e da
erosão superficial.
De acordo com o RJREN em vigor (ponto 1 do artigo 20.º, Decreto-Lei n.º 124/2019, de 28 de
agosto), nas áreas incluídas na REN são interditos os usos e as ações de iniciativa pública ou
privada que se traduzam em:
a) “Operações de loteamento;
b) Obras de urbanização, construção e ampliação;
c) Vias de comunicação;
d) Escavações e aterros;
e) Destruição do revestimento vegetal, não incluindo as ações necessárias ao normal e
regular desenvolvimento das operações culturais de aproveitamento agrícola do solo e
das operações correntes de condução e exploração dos espaços florestais.”
Apesar das interdições da REN, de acordo com o ponto 2 do artigo 20.º, excetuam-se os usos e as
ações que sejam compatíveis com os objetivos de proteção ecológica e ambiental e de prevenção
e redução de riscos naturais de áreas integradas em REN.
São considerados compatíveis os usos e ações que, cumulativamente (ponto 3 do artigo 20.º):
a. Não coloquem em causa as funções das respetivas áreas, nos termos do anexo I; e
b. Constem do anexo II do Decreto-Lei n.º 124/2019, nos termos dos artigos seguintes,
como:
i. Isentos de qualquer tipo de procedimento; ou
ii. Sujeitos à realização de comunicação prévia;
Ora tendo em conta que a FLEX2000 se encontra classificada como fabricação de chapas, folhas
tubos e perfis de plástico (CAE-Rev.3 22210), esta tipologia de projeto não configura uma ação
compatível ao abrigo da REN.
No entanto, de acordo o artigo 21.º do RJREN, nas áreas de REN podem ser realizadas ações de
relevante interesse público que sejam reconhecidas como tal por despacho do membro do
Governo responsável pelas áreas do ambiente e do ordenamento do território e do membro do
Governo competente em razão da matéria, desde que não se possam realizar de forma adequada
em áreas não integradas na REN.
De salientar ainda, de acordo com o estipulado no ponto n.º 7 do artigo 16º-A do Decreto-Lei n.º
124/2019 de 28 de agosto, estão «sujeitas a um regime procedimental simplificado as alterações
de delimitação da REN decorrentes de projetos públicos ou privados objeto de procedimento de
que resulte a emissão de declaração de impacte ambiental ou decisão de incidências ambientais
favorável ou condicionalmente favorável.»

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Figura 4.38- Extrato da Planta de Condicionantes – Reserva Ecológica Nacional, do PDM de Ovar.

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Reserva Agrícola Nacional (RAN)
No que diz respeito à RAN, de acordo com a planta de condicionantes, constata-se que a área de
implantação da ampliação da FLEX2000 não interfere com estra restrição de utilidade pública
(Figura 4.39).

Figura 4.39- Extrato da Planta de Condicionantes – Reserva Agrícola Nacional, do PDM de Ovar

Áreas florestais percorridas por incêndios


Relativamente às áreas florestais percorridas por incêndios constata-se que quer a área de
implantação da FLEX2000, quer a área de ampliação, não foram afetadas por incêndios desde
pelo menos, o ano de 2005 (Figura 4.40).

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Figura 4.40- Extrato da Planta de Condicionantes – Áreas Florestais Percorridas por Incêndios, do PDM de
Ovar.

Risco de incêndio
Ao nível do risco de incêndio, a área de implantação da ampliação da FLEX2000, está classificada
como risco de incêndio médio (Figura 4.41).
De acordo com o artigo 25.º do regulamento do PDM, a construção de edificações para habitação,
comércio, serviços e indústria fora das áreas edificadas consolidadas é proibida nos terrenos
classificados no Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios (PMDFCI) com risco de
incêndio das classes alta ou muito alta, sem prejuízo das infraestruturas definidas nas Redes de
Defesa da Floresta Contra Incêndios (RDFCI). Para efeito de aplicação do Decreto-Lei n.º
124/2006, de 28 de junho, na redação em vigor, considera-se que o perímetro urbano
corresponde às áreas edificadas consolidadas definidas nos termos deste regime, indicadas na
Planta de Ordenamento — Áreas Edificadas Consolidadas.
De salientar, que até a data, o PMDFCI não se encontra aprovado. Contudo, atendendo à ‘Planta
de Condicionantes - Risco de Incêndio’, o risco de incêndio na área de implantação da ampliação
da FLEX2000 e sua envolvente está classificada por um risco de incêndio médio.

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Figura 4.41- Extrato da Planta de Condicionantes – Risco de Incêndio, do PDM de Ovar.

De acordo com o artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 124/2006, de 28 de junho, na redação em vigor, ‘a
classificação e qualificação do solo definidas no âmbito dos instrumentos de gestão territorial
vinculativos dos particulares devem considerar a cartografia de perigosidade de incêndio rural
definida em PMDFCI a integrar, obrigatoriamente, na planta de condicionantes dos planos
municipais e intermunicipais de ordenamento do território’.
A construção de novos edifícios ou a ampliação de edifícios existentes apenas são permitidas fora
das áreas edificadas consolidadas, nas áreas classificadas na cartografia de perigosidade de
incêndio rural definida em PMDFCI como de média, baixa e muito baixa perigosidade, desde que
se cumpram, cumulativamente, os seguintes condicionalismos (ponto 3 do artigo 16.º do Decreto-
Lei n.º 124/2006):
a. Garantir, na sua implantação no terreno, a distância à estrema da propriedade de uma
faixa de proteção nunca inferior a 50 m, quando confinantes com terrenos ocupados
com floresta, matos ou pastagens naturais, ou a dimensão definida no PMDFCI
respetivo, quando inseridas, ou confinantes com outras ocupações;
b. Adotar medidas relativas à contenção de possíveis fontes de ignição de incêndios no
edifício e nos respetivos acessos;
c. Existência de parecer vinculativo do ICNF, solicitado pela câmara municipal.
Contudo esses condicionalismos não se aplicam às edificações que se localizem dentro das áreas
previstas nos n.ºs 10 e 13 do Artigo 15º, ou seja: aglomerados populacionais, parques de

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campismo, parques e polígonos industriais, plataformas de logística e aterros sanitários inseridos
ou confinantes com espaços florestais (n.º 9 do Artigo 16º).
O abrigo do nº 13: «Nos parques de campismo, nos parques e polígonos industriais, nas
plataformas de logística e nos aterros sanitários inseridos ou confinantes com espaços florestais
previamente definidos no PMDFCI, é obrigatória a gestão de combustível, e sua manutenção, de
uma faixa envolvente com uma largura mínima não inferior a 100 m, competindo à respetiva
entidade gestora ou, na sua inexistência ou não cumprimento da sua obrigação, à câmara
municipal realizar os respetivos trabalhos, podendo esta, para o efeito, desencadear os
mecanismos necessários ao ressarcimento da despesa efetuada.»

Outras Condicionantes
No que concerne às restantes condicionantes, nomeadamente, servidões administrativas
constata-se que a área de implantação da FLEX2000 e respetiva ampliação estão abrangidas pela
‘Servidão militar aeronáutica da base aeronaval do Norte de Portugal (Ovar) presentemente
denominada ‘Aeródromo de Manobra n.º 1 (AM1)’.
A área de ampliação alvo da presente avaliação está ainda inserida no ‘Perímetro Florestal -
Dunas de Ovar (Figura 4.42).
A área do Perímetro Florestal das Dunas de Ovar, está submetida a Regime Florestal Parcial desde
1920, por força dos Decretos de 24 de dezembro de 1901 e de 1903 (e demais legislação
complementar), estando sob a gestão direta do Instituto da Conservação da Natureza e das
Florestas (ICNF), diretamente sob a tutela do Departamento da Conservação da Natureza e das
Florestas do Centro.
O ‘Perímetro Florestal’ compreende o conjunto de disposições destinadas não só à criação,
exploração e conservação da riqueza silvícola, sob o ponto de vista da economia nacional, mas
também o revestimento florestal dos terrenos cuja arborização seja de utilidade pública, e
conveniente ou necessária para o bom regime das águas e defesa das várzeas, para a valorização
das planícies áridas e benefício do clima, ou para a fixação e conservação do solo, nas montanhas,
e das areias no litoral marítimo.
Relativamente à ‘servidão militar aeronáutica AM1’, esta encontra-se formalizada pelo
Decreto n.º 11/2014, de 14 de abril. A área de ampliação da FLEX2000, encontra-se abrangida
pela ‘Servidão Militar Terrestre - 2.ª zona de proteção’.
Na 2ª zona de proteção, estão sujeitas a autorização as seguintes atividades:
a. Trabalhos de levantamento topográfico, fotográfico ou hidrográfico;
b. Plantação de árvores e arbustos constituindo bosques ou matas;
c. Sobrevoos de aviões, balões ou outras aeronaves a altitudes inferiores a 1 000 m;
d. Construções decorrentes de operações urbanísticas;
e. Outros trabalhos ou atividades que possam inequivocamente prejudicar a segurança
da organização ou das instalações, ou a execução das missões que competem à Força
Aérea.
Estão dispensadas da autorização as obras de conservação de edificações já existentes.
A servidão militar estabelece zonas de superfície de desobstrução, para efeitos de controlo da
altura dos obstáculos fixos ou móveis nela existentes, constituída por zonas cujas cotas limites.
Neste âmbito, a área de ampliação da FLEX2000 está abrangida pelo Zona D que estipula uma
altura limite de 58,4 m e pelo corredor de acesso H2, que fixa uma altura limite de 167,07 m.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 131 de 294
A servidão militar aeronáutica AM1 inclui ainda uma servidão radioelétrica, que abrange as áreas
de proteção relativas às ajudas à navegação Tactical Air Navigation (TACAN) (UHF Ultra High
Frequency Band) e ILS e os sistemas de radar designados por Airport Surveillance Radar (ASR) e
Precision Approach Radar (PAR) (artigo 8.º do decreto n.º 11/2014).
A área de implantação da FLEX2000 e respetiva ampliação, estão inseridas na área de ASR, na
área definida como sensível. Nesta área não são permitidos elementos que ultrapassem em altura
a superfície de limitação definida para cada sistema, sem autorização de autoridade militar
competente.
No interior da área sensível, está sujeita a autorização a existência (artigo 9.º do Decreto
n.º 11/2014):
a. Ainda que temporária, de depósitos de materiais explosivos ou perigosos, ou a
montagem e funcionamento de aparelhagem elétrica que não seja destinada a uso
doméstico, de comércio ou de serviços;
b. Ainda que temporária, de quaisquer estruturas, fios, cabos aéreos e outros obstáculos,
fixos ou móveis;
c. De linhas aéreas de transporte de energia em alta tensão, agregados de mais de quatro
linhas telefónicas aéreas (oito fios), hangares, armazéns e pavilhões de grande vão com
estrutura ou cobertura metálicas, torres para antenas, vedações em rede metálica de
comprimento superior a 20 m ou altura superior a 2,5 m e depósitos de sucata ou de
materiais metálicos, cujas alturas excedam a superfície de limitação definida.

Figura 4.42- Extrato da Planta de Condicionantes – Outras Condicionantes, do PDM de Ovar

Pág. 132 de 294 Relatório Síntese


Figura 4.43- Legenda da Planta de Condicionantes – Outras Condicionantes, do PDM de Ovar.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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4.9 Biodiversidade
4.9.1 Metodologia
Para efeitos da caracterização da biodiversidade, em junho e julho de 2021 procedeu-se à
realização de trabalho de campo na área de implantação do projeto e área adjacente. Os dados
de campo foram complementados através de pesquisa e análise bibliográfica de publicações que
possuem informação fidedigna relativa aos valores naturais potencialmente presentes na área de
implantação do projeto. Para o efeito, consideraram-se, entre outros, os atlas de distribuição de
espécies a nível nacional e os relatórios de aplicação das Diretivas Habitats(Artigo 17º) e Aves
(Artigo 12º) 2013-2018, baseados em sistemas de quadrículas 10 ×10 km (Quadro 4.12).

Quadro 4.12- Bibliografia e webgrafia consultada.


Escala de
Bibliografia/Webgrafia apresentação dos Taxa
dados
Flora, Peixes,
Quadrículas
ICNF. Relatório de Aplicação da Diretiva Habitats 2013-2018’13 Anfíbios, Répteis e
10 km X 10 km
Mamíferos
ICNF. Relatório de Aplicação do Artigo 12º da Diretiva Aves 2013-
2018’14
Quadrículas
Equipa Atlas (2008). Atlas das Aves Nidificantes em Portugal. Aves
10 km X 10 km
Equipa Atlas (2018). Atlas das Aves Invernantes e Migradoras de
Portugal 2011-2013.

Flora-On: Flora de Portugal Interactiva (2014). Sociedade Portuguesa de Quadrículas


Flora
Botânica. www.flora-on.pt15. 10 km X 10 km

Quadrículas Anfíbios
Loureiro et al. 2010. Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal.
10 km X 10 km Répteis
Bencatel et al. (2017). Atlas de mamíferos de Portugal. Quadrículas
Rainho L. et al (2013). Atlas dos morcegos de Portugal Continental 10 km X 10 km

ICNF (2014). Análise dos dados do programa de Monitorização de


Abrigos subterrâneos de importância nacional de morcegos (1988- Mamíferos
2012). Por abrigo
Palmeirim, J.M. & Rodrigues, L. 1992. Plano Nacional de Conservação
dos Morcegos Cavernícolas.

A área de estudo é constituída pelo local de implantação do projeto e pela área envolvente
(250 m) ao local de implantação do projeto.
O local de implantação do projeto corresponde à área de intervenção direta, ou seja, é nessa área
que ocorrerão as principais ações associadas à construção e funcionamento do projeto. A área
envolvente consiste numa área que não será intervencionada mas que permite complementar o
enquadramento ecológico do local, podendo, face à proximidade do projeto, vir a ser afetada pelo
funcionamento do mesmo.
Tendo em conta que no local de implantação do projeto não se identifica qualquer linha de água o
trabalho de campo realizado não contemplou a prospeção da ictiofauna no terreno. Assim, os
grupos de fauna alvo da presente caracterização foram os anfíbios, répteis, aves e mamíferos.
Com base na informação recolhida foram elaboradas listagens das espécies presentes na área de
estudo as quais se apresentam no Anexo VIII do Volume III. Estas listagens incluem as espécies
cuja ocorrência foi confirmada no decorrer dos trabalhos de campo e as espécies que, não tendo

13
https://sig.icnf.pt/portal/home/item.html?id=3aefff2169744f9184e9f951cd2a4f2b, 22 de junho de 2021
14 https://sig.icnf.pt/portal/home/item.html?id=54e9945bc9ba47ddb60a8aa9a04a25d1, 22 de junho de 2021.
15 Consulta efetuada em 23 de junho de 2021

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sido confirmadas nos levantamentos de campo, de acordo com as informações e elementos
bibliográficos recolhidos e tendo por base as características dos biótopos presentes na área de
estudo, poderão ser de ocorrência potencial de acordo com os critérios constantes no Quadro
4.13.

Quadro 4.13- Critérios de definição dos tipos de ocorrência considerados para as espécies de fauna
inventariadas para a área de estudo.
Ocorrência

Potencial Confirmada

A espécie ocorre na quadrícula 10×10 km e o biótopo preferencial de


ocorrência está presente na área de estudo.
A espécie foi inventariada no
Embora a espécie não ocorra na quadrícula 10×10 km, o respetivo Atlas dá a decurso do trabalho de campo
espécie como presente em pelo menos uma das quadrículas adjacentes e, realizado no âmbito do EIA
no decorrer do trabalho de campo confirmou-se a existência de habitat
favorável para a espécie na área de estudo

A recolha e tratamento da informação tem como objetivo global determinar o valor e importância
da área de estudo no contexto da conservação da biodiversidade pelo que existe aqui um foco em
relação às espécies e habitats com especial interesse conservacionista. Para o efeito, consideram-
se espécies com interesse conservacionista aquelas que possuem estatuto de ameaça segundo o
livro vermelho dos vertebrados de Portugal (Cabral et al, 2006) ou segundo a lista vermelha da
flora vascular de Portugal Continental (Carapeto et al, 2020)), as protegidas por legislação
específica, as constantes no Anexo II e/ou IV da Diretiva Habitats e as constantes do Anexo I da
Diretiva Aves).
Pretende-se assim inferir acerca do valor e importância dos biótopos presentes na área de
implantação do projeto e delimitar, caso existam, áreas de interesse conservacionista (habitats
naturais ou seminaturais do Anexo I da Diretiva Habitats e/ou áreas que concentrem espécies
com especial valor conservacionista).
O levantamento de campo abrangeu amostragens de flora e fauna em todos os biótopos
presentes no local de implantação do projeto.

Delimitação dos Biótopos


Previamente ao trabalho de campo para inventariação das espécies procedeu-se à delimitação
dos biótopos presentes na área de estudo.
O biótopo corresponde a uma área geográfica de dimensões variáveis com características
uniformes em termos de condições ambientais que permitem a presença de um conjunto de
espécies de fauna e flora (biocenose) adaptadas a essas condições.
O mapeamento dos biótopos foi, numa primeira fase, realizado com base no COS2018 e nas
imagens de satélite disponibilizadas online pelo Bing maps e pelo Google Earth procedendo-se à
delimitação dos polígonos que definem cada um dos biótopos. Após essa fase procede-se então à
validação no terreno da delimitação previamente realizada, caracterizando-se cada um dos
biótopos. A validação é realizada através de prospeção realizada a pé.
De salientar que um biótopo pode ser constituído por um ou mais Habitats da Rede Natura 2000.
Esses habitats, a existirem, serão delimitados com base no trabalho de campo, após inventariação
da flora existente, de acordo com a metodologia apresentada no tópico seguinte.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 135 de 294
Levantamento de campo de flora e vegetação
A área de implantação do projeto foi totalmente percorrida a pé com o intuito de identificar as
comunidades vegetais existentes e mapear os habitats naturais e seminaturais constantes do
Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril com redação dada pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de
fevereiro e pelo Decreto-Lei n.º 156-A/2013, de 8 de novembro, que transpôs para a ordem
jurídica interna a Diretiva Habitats.
Tendo em atenção a distribuição dos biótopos na área de intervenção procedeu-se à
inventariação in situ das espécies da flora. Para o efeito foram definidas 10 áreas de amostragem
consideradas representativas da área que será diretamente afetada pela implantação do projeto.
As áreas de amostragem têm uma dimensão aproximada de 30 ×30 m. Para essas áreas foi
utilizado um índice de abundância específica tendo por base a escala Braun-Blanquet através da qual
se determina a abundância de cada espécie presente tendo em conta classes de percentagem de
cobertura (r: << 1 %; +: < 1%; 1: 1 a 5%; 2: 5 a 25%;3: 25 a 50%; 4:- 50 a 75% e 5: 75 a 100%).
A áreas de amostragem para determinação do índice de abundância específica localizam-se no mesmo
local utilizado como ‘ponto de escuta’ para o censo das aves (Figura 4.44). A deslocação entre as
estações de amostragem de flora foi efetuada a pé. Ao longo da realização desses percursos a pé
procedeu-se à elaboração de uma listagem de espécies de flora representativa de toda a área de
implementação do projeto.
As espécies de flora foram, na maioria dos casos, identificadas no local. Nos casos em que não foi
possível identificar in situ a espécie, procedeu-se à recolha e etiquetagem do espécime por local
de amostragem para posterior identificação em laboratório com recurso a bibliografia técnica
especializada e ao Herbário da Universidade de Aveiro.
Com base nos inventários realizados procedeu-se à identificação dos habitats naturais do Anexo I
da Diretiva Habitats (tipos de habitats naturais de interesse comunitário cuja conservação exige a
designação de zonas especiais de conservação). A metodologia para identificação/caracterização
destes habitats teve por base as ‘Fichas de Caracterização dos Habitats’ constantes do Plano
Setorial da Rede Natura 2000 as quais foram elaboradas pela ALFA - Associação Lusitana de
Fitossociologia (ALFA, 2004).

Levantamento de campo de fauna


As amostragens para inventariação da fauna de vertebrados basearam-se em dois tipos de
métodos: pontos de escuta (com raio de 25 m) para identificação da abundância específica de
aves e transeptos (sem limite de distância).
Nos pontos de escuta para determinação da abundância específica de aves foi também realizada
prospeção exaustiva do terreno no interior do círculo com 25 m de raio para identificação de
espécies pertencentes aos restantes grupos de vertebrados terrestres.
Os transeptos mencionados correspondem aos percursos realizados a pé na área de estudo,
sendo que a generalidade dos pontos de escuta mencionados se encontram interligados por
transeptos. Ao longo dos transeptos aplicaram-se diferentes métodos de prospeção em função do
grupo alvo. Os transeptos marcados serviram para prospeção simultânea de anfíbios, répteis e
mamíferos. A inventariação das aves nos transeptos foi realizada de forma independente dos
restantes grupos (Quadro 4.14).

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Figura 4.44- Locais de amostragem para determinação de abundâncias das espécies de flora e avifauna.

Quadro 4.14- Metodologias utilizadas no levantamento de campo da fauna.


Taxa Metodologia

Prospeção no período diurno através do levantamento de troncos ao longo dos transeptos. A área foi
Anfíbios propsetada de forma a detetar locais detentores de maior humidade nomeadamente eventuais
depressões dunares com nível freatico superficial, favoráveis à presença/reprodução deste grupo

Transeptos a pé para identificação de exemplares expostos ao sol em locais mais solarengos. Procedeu-
Répteis
se ao levantamento de troncos para identificação de exemplares potencialmente abrigados

Pontos de escuta com a duração de 5 minutos (raio de 25 m) com contabilização dos indivíduos
Aves detetados. Transeptos a pé para identificação visual e auditiva das espécies presentes (sem
contabilização).

Transeptos a pé para observação direta, identificação de indícios de presença (pegadas, tocas, dejetos) e
Mamíferos
identificação de eventuais abrigos.

Áreas classificadas
No âmbito do presente estudo procedeu-se à identificação das áreas classificadas incorporadas
no sistema nacional de áreas classificadas (SNAC) presentes na área envolvente. Ao abrigo do
Decreto-lei n.º 142/2008, de 24 de julho, o SNAC engloba a rede nacional de áreas protegidas, as
áreas classificadas que integram a Rede Natura 2000 e as demais áreas classificadas ao abrigo de
compromissos internacionais assumidos pelo Estado Português. Para verificação do
enquadramento da área de estudo relativamente ao SNAC consultou-se o sítio da internet do
Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF)16.

16
https://geocatalogo.icnf.pt/catalogo.html.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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4.9.2 Áreas classificadas
A área de implantação do projeto não se encontra inserida em nenhuma área classificada do
ponto de vista da conservação da natureza, quer seja da Rede Nacional de Áreas protegidas quer
seja da Rede Natura 2000. As áreas mais próximas são a Zona de Proteção Especial (PTZPE004)17 e
a Zona Especial de Conservação18 da Ria de Aveiro, localizadas a sul do local de implantação do
projeto. O limite mais próximo entre estas áreas e a área do projeto dista cerca de 1,8 km. A
poente da área do projeto, a cerca de 2,5 km de distância, localiza-se o sítio PTCON0063
Maceda/Praia da Vieira da Lista Nacional e a norte, a 8,2 Km a ZEC da Barrinha de Esmoriz (Figura
4.45).

Figura 4.45- Posicionamento do projeto face às áreas classificadas mais próximas.

17
Diploma de classificação: Decreto-Lei n.º 384-B/99, de 23 de setembro.
18
Diploma de classificação: Decreto Regulamentar n.º 1/2020, de 16 de março..

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4.9.3 Biótopos presentes na área de estudo
Na área estão presentes biótopos artificiais (área industrial) e seminaturais (povoamentos
florestais – pinhal) (Figura 4.46). No presente caso, a atividade industrial implantada na zona
industrial de Ovar, localizada a nascente do local de futura implantação do projeto, constitui o
principal fator perturbador da biodiversidade presente na área de estudo. Nessa área,
amplamente artificializada, desenvolvem-se diversas atividades de índole industrial às quais se
associa a emissão de ruído e a presença intensa quer de pessoas quer de veículos (ligeiros e
pesados) cuja circulação constitui um fator de perturbação sobretudo da fauna.
Na área de implantação do projeto ocorre o pinhal (povoamento monoespecífico) cujo sub
coberto em areias de duna é constituído por um estrato arbustivo característico deste tipo de
sistemas florestais na região, onde as espécies mais frequente são os tojos, as urzes e as
camarinheiras (Figura 4.47).
Neste biótopo a biodiversidade apenas é ‘afetada’ pela circulação esporádica de veículos todo-o-
terreno e máquinas florestais nos caminhos e aceiros existentes, operações culturais e pelo corte
de vegetação arbustiva na área afeta à faixa de gestão de combustível adjacente à zona industrial.
Parte das parcelas adjacentes ao local de implantação do projeto encontram-se afetas à
exploração de resina o que periodicamente exige a presença de pessoas (resineiros). Em algumas
áreas também se observa a recolha de caruma (ainda que muito pontual). Nestas situações, a
presença de pessoas, ainda que muito pontualmente, constituem o fator de perturbação mais
relevante, embora insignificante, no seio desse biótopo.

Figura 4.46- Carta de biótopos da área de estudo.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Figura 4.47- Imagem representativa do biótopo florestal (pinhal) presente na área de implantação do projeto.

4.9.4 Flora e vegetação


4.9.4.1 Enquadramento biogeográfico e fitossociológico
A biogeografia é um ramo da geografia que tem por objetivo estabelecer uma tipologia ou
sistemática da superfície do planeta, com base na distribuição das comunidades vegetais. De
acordo com Costa et al (1998), a área de estudo insere-se na Região Eurosiberiana, Sub-região
Atlântica-Medioeuropeia, Superprovíncia Atlântica, Província Cantabro-Atlântica, Setor Galaico-
Português, Subsector Miniense.
A Região Eurosiberiana é caracterizada por uma aridez estival nula ou muito ligeira, nunca
superior a 2 meses secos, sendo o território da Superprovíncia Atlântica aquele onde o efeito
amenizante do oceano Atlântico no clima é mais significativo na medida em que a amplitude
térmica anual (continentalidade) é pouco acentuada: O clima deste território permite a presença
de plantas da denominada "flora atlântica" como sejam o carvalho-roble (Quercus robur), o
vidoeiro (Betula pubescens subsp. celtiberica), a faia (Fagus sylvatica), os bordos (Acer spp.), os
tojos (Ulex europaeus s.l., U. minor), algumas urzes (Erica ciliaris, E. cinerea, Daboecia cantabrica)
e outras plantas como: Lithodora prostrata subsp. prostrata, Centaurium scilloides, Allium
ericetorum, etc. Os tojais, urzais / tojais e urzais alcançam a sua máxima extensão e diversidade
neste território.
O Setor Galaico-Português é o setor mais meridional e de maior influência mediterrânica (no
sentido bioclimático do termo) de toda a região Eurosiberiana. Numerosas plantas mediterrânicas
como Arbutus unedo, Corema album, Daphne gnidium, Laurus nobilis, Ruscus aculeatus, ou Smilax
aspera coexistem com plantas tipicamente atlânticas como Quercus robur, Ulex europaeus subsp.
lactebracteatus, Ulex minor, entre outras. A paisagem é dominada por giestais, tojais, e urzais-
tojais que resultam da degradação de carvalhais primitivos de Quercus robur.
No Subsetor Miniense, a vegetação climácica é constituída pelos carvalhais mesotemperados e
termotemperados do Rusco aculeati-Quercetum roboris quercetosum suberis que sobrevivem em
pequenas bolsas seriamente ameaçadas. As orlas costeiras, por oposição a outros territórios
litorais continentais portugueses, têm uma vegetação característica. São exemplos a vegetação
dunar atlântica do Otantho-Ammophiletum e Iberidetum procumbetis; a vegetação de salgados do
Limonio-Juncetum maritimi, Puccinellio maritimae-Arthrocnemetum perennis e Inulo crithmoides-
Elymetum pycnanthi; e a vegetação de arribas do Crithmo-Armerietum pubigerae, Sagino
maritimae-Cochlearietum danicae e Cisto salvifolii-Ulicetum humilis (tojal aero-halófito).

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Tendo em conta a formação muito recente desta orla costeira na qual a área de estudo se insere,
por efeitos da deriva litoral, a vegetação em presença mantém grande parte das características
originais, as quais em parte foram fomentadas pela própria atividade humana na medida em que
sobre as areias de duna originalmente de vegetação muito escassa foram implantados os
povoamentos de pinheiro-bravo com o objetivo de conter o avanço das areias litorais sobre o
interior. A estes povoamentos associam-se, no sub-bosque, as espécies xeropsamófilas dos
sistemas litorais.
4.9.4.2 Vegetação atual
A diversidade florística de uma determinada região é o resultado da interação dos vários fatores
bióticos e abióticos e é um bom indicador da ação antrópica aí existente, sendo o estado de
conservação de um habitat muito importante para a preservação de espécies florísticas com
estatuto de proteção.
Na área de estudo estão presentes comunidades vegetais que se podem considerar características
da região de onde se destaca o povoamento de pinheiro-bravo (Pinus pinaster) plantado pelo
sobre as areias de duna.
No início do seculo XX, os serviços florestais intervencionaram a área dunar não ocupada entre a
praia de Esmoriz e Ovar/Furadouro, correspondente à parte do anterior sistema dunar com o
objetivo de plantar resinosas de forma a atenuar os efeitos da dinâmica eólica evitando o avanço
das areias litorais sobre o interior. Tratando-se de solos arenosos, pobres em nutrientes e com
fraca capacidade de retenção de água, as espécies que espontaneamente acabaram por se
desenvolver no sub-bosque do pinhal plantado são espécies de características essencialmente
xeropsamófilas, muitas deles ocorrendo inclusivamente muito próximo do sistema dunar frontal
junto ao mar.
O estrato arbustivo é constituído por matos de camarinheira (Corema album), Rubio longifoliae-
Coremetum albi, e matos de tojo-chamusco (Stauracanthus gernistoides) com Ulex europaeus
subsp. latebracteatus, Stauracantho genistoidis-Coremetum albi.
Em termos de espécies, as mais abundantes são Corema album, Calluna vulgaris, Stauracanthus
genistoides e Ulex europaeus. Em menor abundância mas, com grande frequência surgem Cytisus
striatus e Erica umbellata.
Seja pelo elevado ensombramento, características do solo ou elevada cobertura pela caruma dos
pinheiros as espécies herbáceas são residuais estando, em geral, remetidas para a periferia do
pinhal em zonas mais alteradas pela atividade humana a qual fomenta a presença de espécies
ruderais.
Na área afeta ao uso industrial (zona industrial) a qual foi implantada sobre o anterior sistema
dunar, tendo em conta que a maior parte dessa área se encontra impermeabilizada a pouca
vegetação que aí subsiste é vegetação herbácea que surge nas brechas de pavimentos, nas
bermas dos caminhos e em espaços/lotes ainda não ocupados. Essa vegetação, denominada
vegetação ruderal, consiste em espécies herbáceas muito comuns na generalidade do território e
bem adaptadas às intervenções no meio. Esta vegetação, que em geral ocupa áreas artificializadas
(como sejam bermas de caminhos, campos abandonados sujeitos a intervenção humana,
escombreiras), podendo mesmo prosperar com a intervenção humana, não apresentam um valor
relevante.
No âmbito do presente estudo procedeu-se à determinação do índice de abundância específico
em 18 áreas de amostragem distribuídas pelo biótopo pinhal (13 no interior da área de
implantação do projeto e 5 nas imediações dessa área) (Quadro 4.15).

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 141 de 294
Quadro 4.15- Descrição das áreas de amostragem de flora.
Descrição Foto

Área de amostragem 1
Pinhal com sub-bosque arbustivo média
a alto dominado por Corema album e
Stauracanthus genistoides

Área de amostragem 2
Pinhal com sub-bosque arbustivo baixo a
médio dominado por Corema album e
Stauracanthus genistoides. A baixa altura da
vegetação deve-se presumivelmente ao
corte na faixa de gestão de combustível.

Área de amostragem 3
Pinhal com sub-bosque arbustivo baixo
dominado por Calluna vulgaris, Corema
album, Erica umbelata.

Área de amostragem 4
Pinhal com sub-bosque arbustivo médio
a alto dominado por Calluna vulgaris,
Corema album, Erica umbelata e Ulex
europaeus

Área de amostragem 5
Pinhal com sub-bosque arbustivo médio
a alto dominado por Corema album e
Erica umbelata.

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Descrição Foto

Área de amostragem 6
Pinhal com sub-bosque arbustivo baixo e
de muito baixa densidade onde a espécie
mais abundante é Stauracanthus
genistoides.

Área de amostragem 7
Pinhal com sub-bosque arbustivo denso
médio a alto dominado por Calluna
vulgaris, Corema album e Ulex europaeus.

Área de amostragem 8
Pinhal com sub-bosque arbustivo denso
e baixo dominado por Calluna vulgaris.

Área de amostragem 9
Pinhal com sub-bosque arbustivo denso
médio a alto dominado por Calluna
vulgaris e Corema album.

Área de amostragem 10
Pinhal com sub-bosque arbustivo denso
e baixo dominado por Calluna vulgaris.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Descrição Foto

Área de amostragem 11
Pinhal com sub-bosque arbustivo denso
médio a alto dominado por Calluna
vulgaris, Corema album e Erica umbellata.

Área de amostragem 12
Pinhal com sub-bosque arbustivo escasso
e de baixa altura onde as espécies mais
abundantes são Calluna vulgaris e
Corema album. A baixa altura da vegetação
deve-se ao corte na faixa de gestão de
combustível.

Área de amostragem 13
Pinhal com sub-bosque arbustivo escasso
e de baixa altura onde a espécie
arbustiva mais abundante é Corema
album. A baixa altura da vegetação deve-se
ao corte na faixa de gestão de combustível.
Neste local ocorrem mais de 10 espécies
herbáceas essencialmente de características
ruderais. Esta situação deve-se ao facto do
local se localizar muito próximo de um
caminho confluente com a zona industrial.
É também neste local que ocorre o maior
número de espécies invasoras (4 espécies) o
que reflete uma forte alteração das
caracteristicas do local.

Exterior da área de implantação do projeto

Área de amostragem 14
Pinhal com sub-bosque arbustivo denso
médio a alto dominado por Calluna
vulgaris, Corema album e Stauracanthus
genistoides.

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Descrição Foto

Área de amostragem 15
Pinhal a resinagem com sub-bosque
arbustivo denso médio a alto dominado
por Corema album e Ulex europaeus.

Área de amostragem 16
Pinhal a resinagem com sub-bosque
arbustivo médio a alto dominado por
Calluna vulgaris, Corema album e
Stauracanthus genistoides.

Área de amostragem 17
Pinhal com sub-bosque arbustivo denso,
médio a alto dominado por Calluna
vulgaris, Corema album e Stauracanthus
genistoides.

Área de amostragem 18
Pinhal com sub-bosque arbustivo baixo e
pouco denso sendo Calluna vulgaris e
Ulex europaeus as espécies com maior
abundância.

No conjunto das estações de amostragem identificaram-se 30 espécies. Contudo, 13 destas


espécies são exclusivas de uma única estação de amostragem (estação de amostragem 13) a qual
é influenciada pela proximidade de uma via rodoviária da zona industrial existindo nesse local um
elevado número de espécies herbáceas ruderais, embora com reduzida cobertura. Esse local
concentra todas as espécies invasoras identificadas no conjunto da área de estudo.
Nas restantes estações de amostragem (dentro e fora da área de implantação do projeto), o
número de espécies é muito reduzido resumindo-se a 8 espécies que apresentam uma
distribuição bastante regular na área de estudo nomeadamente: Calluna vulgaris, Corema album,
Erica umbellata, Stauracanthus genistoides e Ulex europaeus. De referir ainda a presença
relativamente frequente, embora com reduzida abundância, de Acacia dealbata.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Na Figura 4.48 apresenta-se o índice de abundância das espécies mais frequentes na área de
estudo. No Quadro C2 do Anexo VIII (Volume III) apresenta-se o índice de abundância para todas
as espécies identificadas no conjunto das 18 estações de amostragem.

Figura 4.48- Abundâncias das espécies mais comuns no interior da área de implantação do projeto.

Espécies e Habitats classificados no âmbito das Diretivas Comunitárias


No âmbito da presente caracterização consideram-se espécies com interesse conservacionista aquelas
que, de acordo com a Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental se inserem numa das
categorias de ameaça (espécies criticamente em perigo, em perigo, vulneráveis) ou e as constantes do
Anexo II e/ou IV da Diretiva Habitats.
Tendo em conta bibliografia disponível, nomeadamente a Flora On, e o trabalho de campo
realizado, na área de estudo não se identificam quaisquer espécies de flora com especial interesse
conservacionista.
Relativamente aos habitats naturais inscritos no Anexo I da Diretiva Habitats, segundo informação
constante do Relatório de Implementação da Diretiva Habitats (2013-2018) na quadrícula 10 × 10 km
na qual o projeto se insere ocorrem 8 habitats naturais, nomeadamente:
 2170 - Dunas com Salix repens ssp. argentea (Salicion arenariae)
 6410 - Pradarias com Molinia em solos calcários, turfosos e argilo-limosos (Molinion
caeruleae);
 6430 - Comunidades de ervas altas higrófilas das orlas basais e dos pisos montano a
alpino;
 91E0 Florestas aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior (Alno-Padion, Alnion
incanae, Salicion albae);
 1310 Vegetação pioneira de Salicornia e outras espécies anuais das zonas lodosas e
arenosas;
 1330 Prados salgados atlânticos (Glauco-Puccinellietalia maritimae);
 1420 Matos halófilos mediterrânicos e termoatlânticos (Sarcocornetea fruticosi);
 3270 Cursos de água de margens vasosas com vegetação da Chenopodion rubri p.p. e
da Bidention p.p..

Pág. 146 de 294 Relatório Síntese


Contudo, de acordo com o trabalho de campo realizado, no decurso do qual se percorreu toda a
área de implantação do projeto, tendo em conta as características encontradas no terreno,
nenhum destes habitats ocorre na área de estudo.
Tendo por base a vegetação presente, identifica-se a possibilidade de ocorrência de dois habitats
que justificam uma análise mais aprofundada de forma a esclarecer a sua potencial presença
nomeadamente:
 2150 ‘Dunas fixas descalcificadas atlânticas (Calluno-Ulicetea)’ subtipo pt2 ‘Dunas fixas
com tojais psamófilos com Ulex europaeus subsp. latebracteatus’;
 2270 ‘Dunas com florestas de Pinus pinea ou Pinus pinaster subsp. atlantica’.
O habitat 2150, bastante comum no litoral dos setores Galaico-Português e Divisório Português e
frequentemente sob coberto dos pinhais, nomeadamente nos representados pelo habitat 2270
com os quais estabelecem mosaicos nas paisagens litorais, tem como bioindicadores a
dominância absoluta de Ulex europaeus subsp. latebracteatus e a presença de Carex arenaria,
Agrostis stolonifera var. pseudopungens bem como outras plantas típicas do litoral (ICNB, 2008).
Na área de estudo, embora se verifique a presença de Ulex europaeus subsp. latebracteatus este
é pouco abundante no contexto dos matos presentes. Por outro lado, não se identifica na área de
estudo nenhuma das restantes espécies bioindicadoras. Não se confirma assim a presença deste
habitat na área de estudo.
O Habitat 2270 corresponde aos pinhais-bravos (de Pinus pinaster subsp. atlântica) ou pinhais
mansos (de Pinus pinea) adultos, com origem em arborizações ou de regeneração natural com
vegetação sob coberto dominada por vegetação arbustiva espontânea, evoluída e sem uma
história de perturbação recente (não sujeita a mobilizações ou roça).
De acordo com o ‘Anexo às fichas dos habitats de pinhal’ (ICNB 2008) os critérios para
classificação do habitat são, no caso de dunas costeiras terciárias, a presença de sub-bosque com
ericáceas e outros elementos de Calluno-Ulicetea, a ausência de mobilizações de solo ou roça da
vegetação do sub-bosque nos últimos 20 anos, e o coberto arbóreo, se resultante de plantações
ter mais de 80 anos de idade e se resultante de regeneração natural ter mais de 30 anos. Em
qualquer dos casos o grau de cobertura do estrato arbóreo deve ser superior a 70%.
No presente caso, em geral, o coberto arbóreo é superior a 70% e identifica-se, ao nível arbustivo,
a presença de elementos Calluno-Ulicetea. Contudo, segundo informação do Plano de Gestão
Florestal (PGF) do Perímetro Florestal das Dunas de Ovar (2016-2026), as parcelas do perímetro
florestal intersetadas pela área de implantação do projeto possuem pinheiro-bravo jovem na
parcela 79BN (que ocupa grande arte da área do projeto) e pinheiro-bravo adulto (nas parcelas
78, 79AN e 79CN) (Figura 4.48). No entanto, no caso do pinhal adulto, de acordo com o PGF a
idade do povoamento rondará os 70 anos. De referir ainda que na parcela 78AN (pinhal adulto)
grande parte da mesma, estando na adjacência da zona industrial, é alvo da roça da vegetação
arbustiva (faixa de proteção aos incêndios) pelo que esta comunidade além de possuir um grau de
cobertura muito baixo, encontra-se muito degradada. Noutras áreas, quer das parcelas do talhão
78 quer 79, observou-se alguns locais em que foi realizado o corte da vegetação arbustiva com o
intuito de recolher a caruma. Assim, tendo em consideração a idade do povoamento e a
degradação do estrato arbustivo considera-se que na área de implantação do projeto não ocorre
qualquer habitat do Anexo I da Diretiva Habitats.
De referir, no entanto, que o perímetro Florestal das Dunas de Ovar apresenta grande potencial
para a ocorrência quer do habitat 2150 quer 2270, dependendo a mesma da gestão que a prazo
vier a ser realizada no mesmo, nomeadamente no que respeita à manutenção do estrato arbóreo
mais antigo com elevada densidade e à gestão do sub-bosque. Contudo, ao abrigo do PGF está
prevista a realização de um conjunto de cortes finais em alguns locais, entre os quais em parte da

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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parcela 78 (pinhal adulto), bem como em outras parcelas na adjacência da área proposta para a
implantação do projeto, tal como se descreve mais adiante na secção 4.13.

Figura 4.49- Delimitação das parcelas do perímetro florestal na área de implantação do projeto (Fonte: PFG
das dunas de Ovar, ICNF & CMO, 2016).

4.9.5 Fauna
A comunidade faunística presente na área de estudo é composta por espécies comuns à
generalidade da região onde se insere, nomeadamente espécies florestais características de
pinhais dunares litorais e espécies em geral bem adaptadas a meios antropogeneizados.
No Anexo VIII do Volume III apresentam-se as listas de espécies dos diversos grupos faunísticos
inventariados. No total, tendo em conta os dados oriundos dos levantamentos de campo
realizados e das pesquisas bibliográficas efetuadas, na área de estudo ocorrerão 64 espécies de
vertebrados das quais 59 estarão presentes na área de implantação direta do projeto (Quadro
4.16). Não ocorrem espécies exclusivas do local de implantação do projeto, ou seja todas as
espécies referenciadas para o local de implantação direta do projeto também ocorrem na área
envolvente. Este equilíbrio entre a presença de espécies no seio da área de implantação do
projeto e na área envolvente deve-se ao facto do biótopo em causa (pinhal) apresentar uma
grande extensão na região. As espécies que se diferenciam entre ambas as áreas são as espécies
que evitam povoamentos florestais contínuos e que estão adaptadas à presença humana

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ocorrendo assim na área de uso industrial (Passer domesticus, Motacilla alba e no caso dos
mamíferos as três espécies de roedores da família Muridae).

Quadro 4.16- Informação síntese relativa aos grupos faunísticos presentes na área de estudo.
Área de estudo Local implantação do projeto
Grupo
faunístico
Confirmado Potencial Total Confirmado Potencial Total

Anfíbios 0 6 6 0 6 6

Répteis 0 5 5 0 5 5

Aves 22 20 42 20 20 40

Mamíferos 2 9 11 2 6 8

As aves constituem o grupo faunístico mais abundante, com 42 espécies referenciadas para a área
de estudo, 22 das quais foram confirmadas no decurso do levantamento de campo. Predominam
as espécies de passeriformes florestais e/ou bem adaptadas à presença humana nomeadamente
a áreas urbanas, industriais e proximidade de caminhos (áreas com algum grau de
perturbação/presença diária de pessoas).
Para determinação de abundâncias das espécies de aves, realizaram-se contagens com recurso a
pontos de escuta (com limite de distância de 25 m). Nos Quadros seguintes apresenta-se
informação relativa às contagens realizadas em junho de 2021. O trabalho de campo realizado
confirma a presença de um número reduzido de indivíduos por espécie.

Quadro 4.17- Abundância das espécies de aves identificadas com base nos pontos de escuta no interior do
ponto (até aos 25 m).
Área implantação do projeto Área envolvente
Espécie
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Columba palumbus
Dendrocopus major
Troglodytes 1 1 1
Erithacus rubecula
Saxicola torquatus 2
Turdus merula
Phoenicurus ochruros 1
Sylvia atricapilla
Phylloscopus ibericus
Regulus ignicapilla
Lophophanes cristatus 5 2
Periparus ater 2 2
Parus major 2
Certhia brachydactyla
Fringilla coelebs 1 1 1
Serinus serinus
Carduelis chloris 1

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Quadro 4.18- Abundância das espécies de aves identificadas com base nos pontos de escuta na área
exterior ao ponto (para lá dos 25 m).
Área implantação do projeto Área envolvente
Espécie
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Columba palumbus 1

Dendrocopus major 1

Troglodytes troglodytes 1 1
Erithacus rubecula 1 1 1
Saxicola torquatus

Turdus merula 1

Phoenicurus ochruros

Sylvia atricapilla 1

Phylloscopus ibericus 1

Regulus ignicapilla 2 2

Lophophanes cristatus 2 2
Periparus ater 2
Parus major 1

Certhia brachydactyla 1

Fringilla coelebs 2 3 2 1 1 1 2 2 4 2

Serinus serinus 1

Carduelis chloris

Observa-se uma reduzida diversidade quer de espécies quer de abundância de indivíduos por
espécie. Em 30% dos pontos de escuta não foi identificada qualquer espécie no interior da área
de censo (<25m). No conjunto dos pontos de escuta realizados foi confirmada a presença de 17
espécies de aves (77% do total de espécies de aves confirmado na área de estudo). Apenas 5
espécies confirmadas na área de estudo não foram identificadas através dos pontos de escuta
realizados sendo que a maior parte são espécies não características do biótopo florestal
nomeadamente: Apus apus, Hirundo rustica, Passer domesticus, Motacilla alba.

Espécies com interesse conservacionista


No âmbito da presente caracterização consideram-se espécies com interesse conservacionista aquelas
que, de acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral et al. 2006), se inserem
numa das categorias de ameaça (espécies criticamente em perigo, em perigo, vulneráveis) ou ‘quase
ameaçadas’, as constantes no Anexo II e/ou IV da Diretiva Habitats e as constantes do Anexo I da
Diretiva Aves.
Com base no levantamento de campo (focalizado na área de implantação direta do projeto e área
adjacente) e na pesquisa bibliográfica realizada, constata-se que a área de estudo, face às suas
características, tem potencial para albergar 14 espécies com especial interesse conservacionista. Este
valor corresponde a 6,2% das espécies com interesse conservacionista que ocorrem em Portugal
continental. A distribuição entre classes, em termos absolutos, com exceção das aves (com 6 espécies)
é muito semelhante (Quadro 4.19 e Figura 4.50).

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Quadro 4.19- Número de espécies com interesse conservacionista na área de estudo e a nível nacional.
Área de estudo Portugal Continental
Classe Diretiva Diretiva
LVVP (1) Total LVVP (1) Total
Habitats/Aves (2) Habitats/Aves (2)
Anfíbios 0 3 3 3 10 11
Répteis (3) 1 1 2 9 10 15
Aves 3 4 6 99 80 124
Mamíferos (3) 1 1 2 16 31 33
Total 5 10 13 151 148 211
Notas (1): LVVP Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal: Categorias CR, EN, VU e NT. (2): Diretiva Habitats: Anexos II e/ou
IV; Diretiva Aves: Anexo I. (3) exceto marinhos.

Figura 4.50- Representatividade de espécies com interesse conservacionista na área de estudo face a
Portugal Continental.

No Quadro 4.20 descrevem-se as espécies com interesse conservacionista que potencialmente


ocorrem na área de estudo verificando-se que todas as 12 espécies referenciadas poderão estar
presentes no local de implantação direta do projeto (apesar de apenas uma ter sido confirmada). Esta
situação permitirá concluir que a área de estudo apresenta pouca relevâcia para este conjunto de
espécies que serão de ocorrência esporádica na área de implantação do projeto. Salienta-se que destas,
apenas 4 (Lagartixa de Carbonelli, Açor, Noitibó e Coelho) apresentam, segundo o Livro Vermelho dos
Vertebrados de Portugal (Cabral et al. 2005) estatuto de conservação desfavorável.
A área de implantação do projeto, ocupada por biótopo florestal de pinheiro-bravo, apresenta do ponto
de vista da conservação dos valores faunísticos um baixo valor. Apesar de aí poderem ocorrer algumas
espécies com interesse conservacionista estas encontram condições favoráveis à sua presença e
reprodução noutros locais da região.
De referir ainda que, de acordo com o Plano Nacional de Conservação dos Morcegos Cavernícolas
(Palmeirim & Rodrigues 1992) e com os dados de programa de monitorização de abrigos subterrâneos
de importância nacional de morcegos (1988-2012) ICNF (2014), na região onde o projeto se insere não
existem abrigos de importância nacional cuja proteção seja recomendada para garantir a sobrevivência
de espécies de morcegos cavernícolas. De referir ainda que a prospeção realizada, para além dos
edifícios/estruturas construídas existentes na zona industrial onde eventualmente algumas das espécies
de morcegos mais comuns possam encontrar refúgio, não se identificou na área de estudo abrigos
especialmente favoráveis a estas espécies pelo que a ocorrência destas espécies nesta área embora
possível será pouco relevante em termos conservacionistas.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Quadro 4.20- Espécies da fauna com especial interesse conservacionista que ocorrem (ou potencialmente
ocorrem) na área de estudo.
Ocorrência

Área do projeto
Espécie LVVP DH DA Análise

envolvente
Área
Anfíbios
Ocorre na generalidade do território continental sendo uma
espécie flexível do ponto de vista ecológico frequentando
uma elevada diversidade de biótopos desde que próximos
de corpos de água adequados à sua reprodução (charcos,
tanques, rios de pequeno caudal). Fora da época
reprodutora apresenta hábitos terrestres, especialmente
Tritão-marmorado durante a noite.
(Triturus LC IV × × Constituem ameaças à espécie a destruição de charcos
marmoratus) temporários, a expansão urbanística, a predação por
espécies invasoras (lagostim-da-Louisiana, perca-sol).
Face à inexistência de corpos de água no local de
implantação do projeto, a presença desta espécie deverá ser
pouco provável neste local podendo ocorrer sobretudo
durante o período em que não se encontra dependente das
massas de água para se reproduzirem.

Sapinho-de-unha-
negra Face à inexistência de corpos de água permanentes na área
LC IV × ×
de estudo, estas espécies de anfíbios serão aí pouco comuns.
(Pelobates cultripes)
Deverão utilizar depressões húmidas existentes na área
florestal envolvente aquando dos meses de maior
pluviosidade (onde se reproduzirão) em que o nível freático
de encontra mais próximo da superfície, e a partir das quais
Sapo-corredor
LC IV × × dispersarão pela área envolvente
(Bufo calamita)
Ocorrência potencial no biótopo florestal

Répteis
Espécie ‘Vulnerável’ que constitui um endemismo ibero-
atlântico que ocorre sobretudo na orla litoral a Sul do rio
Douro ocupando, entre outros, os pinhais do sistema litoral
arenoso com coberto arbustivo dunar. É frequente nesta
zona da Beira Litoral (Loureiro et al. 2010). Nesta zona de
Lagartixa de distribuição as alterações climáticas globais poderão a
Carbonell (Podarcis VU × × médio-longo prazo levar à extinção local das populações
carbonelli) devido à previsível quebra no limite inferior de tolerância
climática (em termos relativos de humidade e temperatura)
que, aparentemente explica a persistência regressiva e
fragmentada desta espécie na região.
Ocorrência potencial no biótopo florestal
Espécie recente para a ciência que corresponde ao
morfotipo 2 anteriormente atribuído a Podarcis hispanica.
Apesar de não oficialmente incluída na Diretiva Habitats
Lagartixa-ibérica assume-se essa possibilidade (anexo IV da DH) na medida
NE IV × × em que Podarcis hispanica está inserida nesse anexo. Ocorre
(Podarcis virescens)
na generalidade do território nacional a sul do Douro. A
profunda intervenção humana em amplas zonas do
território poderá eventualmente, à semelhança do que se
prevê para Podarcis hispanica, provocar a extinção local de

Pág. 152 de 294 Relatório Síntese


Ocorrência

Área do projeto
Espécie LVVP DH DA Análise

envolvente
Área
algumas populações
Tem potencial para ocorrer na generalidade da área de
estudo.
Aves
Espécie estival frequente na generalidade do território
nacional continental. Sem estatuto de ameaça mas
constante do Anexo I da Diretiva Habitats.
É muito comum na zona envolvente à Ria de Aveiro/Baixo
Vouga onde ocorre uma das mais importantes populações a
Milhafre-preto nível nacional.
LC I × ×
(Milvus migrans) Foi realizada uma prospeção de ninhos de rapinas nas copas
do pinhal da área de implantação do projeto não tendo sido
identificado qualquer ninho. Apesar de não ter sido
observado na área de estudo a espécie ocorre nas
imediações.
Ocorrência potencial na área de estudo.
Espécie residente com distribuição preferencial a norte do
rio Tejo onde tem como habitat preferencial povoamentos
de pinheiro-bravo e bosques e bosquetes de folhosas
autóctones. Por vezes também ocorre em eucaliptais. O
estatuto de ‘vulnerável’ justifica-se pelo facto de possuir uma
população nacional reduzida.
Tem como principal ameaça os incêndios florestais que
Açor
VU × × destroem vastas áreas de pinhal e a reconversão de pinhal
(Accipiter gentilis) para eucaliptal.
Tratando-se de uma ave de rapina, que assim possui
territórios mais ou menos vastos considera-se de ocorrência
potencial no biótopo florestal.
Foi realizada uma prospeção de ninhos de rapinas nas copas
do pinhal da área de implantação do projeto não tendo sido
identificado qualquer ninho.
Estival nidificante sobretudo na região norte e centro, tem
como habitat áreas de arvoredo disperso com clareiras e
áreas marginais de bosques de folhosas ou coníferas.
Noitibó
Tem como principais fatores de ameaça a densificação das
Caprimulgus VU I × ×
áreas de povoamentos extremes de eucalipto, a
europaeus intensificação agrícola com o uso de agroquímicos e os
atropelamentos em rodovias.
Ocorrência potencial no biótopo florestal.
Espécie residente frequente na generalidade do território
nacional continental. Tem como biótopos preferenciais as
Cotovia-dos-bosques áreas florestais pouco densas em mosaico com áreas
LC I × × abertas. Apesar de inscrita no Anexo I da, em Portugal
(Lullula arborea)
continental é uma espécie comum.
Presença confirmada no biótopo florestal.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Ocorrência

Área do projeto
Espécie LVVP DH DA Análise

envolvente
Área
Espécie residente frequente na generalidade do território
nacional continental. Tem como biótopo preferencial
matagais densos surgindo também com frequência em áreas
de pinhal e por vezes de eucaliptal desde que o sub-bosque
Toutinegra-do-mato seja constituído por áreas de matagal que lhe forneça
LC I © ©
condições de abrigo e reprodução. Apesar de inscrita no
(Sylvia undata)
Anexo I da Diretiva Aves, em Portugal é uma espécie
comum.
Ocorrência potencial no biótopo florestal, sobretudo nos
locais com vegetação arbustiva mais densa.

Mamíferos

As espécies de morcegos deste género ocorrem numa


grande diversidade de habitats entre os quais os meios
urbanos e áreas rurais humanizadas, sendo frequente
abrigarem-se em estruturas artificiais nomeadamente em
edifícios.
Trata-se de uma espécie com ampla distribuição a nível
nacional e adaptada a habitats com perturbação humana. Os
Morcego-anão abrigos abarcam todo o tipo de fissuras em edificações
(Pipistrellus LC IV × × (placas de revestimentos, debaixo de telhas), em pontes,
pipistrellus) minas, grutas, etc. Tem como zonas de caça as zonas
urbanas (junto a pontos de iluminação os quais atraem
insetos noturnos), zonas agrícolas, bosques, galerias
ripícolas.
Tem como ameaças o uso de pesticidas na agricultura, a
instalação de parques eólicos, a destruição/perturbação de
abrigos.
Presença potencial na generalidade da área de estudo.
Espécie residente com estatuto de ‘quase ameaçado’ devido
ao facto da população ter atingido uma forte redução nas
últimas décadas por causas que ainda não cessaram,
nomeadamente devido à mixomatose e à doença
hemorrágica.
Coelho Ocorre numa grande diversidade de habitats em todo o
(Orytolagus NT © © território continental preferindo no entanto áreas mistas
cuniculus) (mosaicos) com abrigos (matos e bosques) e zonas abertas
(pastagens e terrenos agrícolas).
Além das doenças, constituem ameaças à espécie a redução
das áreas de mosaico devido à agricultura intensiva, e à
produção florestal em grande escala.
Presença potencial no biótopo florestal.
Legenda: LVVP - Classificação segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral et al., 2006) - LC - Pouco
preocupante; VU- Vulnerável; NT- Quase Ameaçado; NE – Não Avaliado. © - Espécie observada no levantamento de
campo realizado; × - espécie de ocorrência potencial.

Em resumo conclui-se que:


 Tanto pela informação bibliográfica consultada como pelos dados obtidos nos trabalhos
de campo, verifica-se que além da reduzida diversidade faunística, a maioria das
espécies presentes apresenta hábitos generalistas de cariz florestal;

Pág. 154 de 294 Relatório Síntese


 Tendo em consideração as características da área de estudo e o seu enquadramento
local, o local de implantação do projeto em avaliação não apresenta relevância
conservacionista para a fauna.

4.9.6 Espécies exóticas invasoras


As espécies exóticas invasoras constituem uma das principais ameaças à biodiversidade e aos
serviços dos ecossistemas sendo consideradas, a nível mundial, após a destruição direta dos
habitats pelo Homem, a segunda maior causa de perda de biodiversidade. As invasões biológicas,
ao interferirem com os habitats e os serviços dos ecossistemas, afetam o bem-estar humano e
causam prejuízos económicos elevados, devendo assim ser alvo de uma abordagem cuidada.
Em Portugal, a introdução na natureza de espécies não indígenas, bem como o seu controlo e a
sua detenção, são regulamentadas pelo Decreto-Lei n.º 92/2019, de 10 de julho o qual apresenta
no seu Anexo II a ‘Lista Nacional de Espécies Invasoras’.
Na área de implantação do projeto identificou-se a presença de várias espécies de flora exótica
invasora sendo que o foco de invasão destas espécies na área de estudo é na generalidade muito
baixo a baixo (Quadro 4.21).

Quadro 4.21- Espécies de flora exótica invasora identificadas na área de implantação do projeto.
Gravidade do foco de
Espécie Nível de risco (1)
invasão na área

Acacia longifolia Acácia-de-espigas Baixo

Carpobrotus edulis Chorão-das-areias Muito Baixo

Conyza canadensis Avoadinha-canadá Muito Baixo

Cortaderia selloana Erva-das-pampas Baixo


(1) adaptado de Marchante et al. 2014. Quanto maior o nº de árvores maior o nível de risco associado à
espécie. A escala varia entre uma árvore (risco baixo) e três árvores (risco elevado).

A espécie acácia-de-espigas é a que ocorre com maior frequência na área de estudo, embora com
um reduzido número de indivíduos. De acordo com o levantamento realizado no conjunto de
estações de amostragem, o índice de abundância em geral é ‘r’ ou ‘+’. Note-se, no entanto, que
nesta região de areias dunares, a acácia-de-espigas se apresenta com focos de invasão muito
intensos nomeadamente no sub-bosque do pinhal. Desse ponto de vista, a área de estudo ainda
se encontra bem preservada.
A erva-das-pampas foi identificada em 4 das 18 áreas de amostragem existindo em cada uma
deles apenas um exemplar de pequenas dimensões. Trata-se assim de um foco de invasão
considerado baixo na área mas que, tendo em atenção as características da espécie, terá uma
tendência de aumentar significativamente o foco de invasão.
Na área de implantação do projeto, o chorão-das-areias e a avoadinha apenas foram identificadas
num pequena área adjacente a um arruamento da zona industrial. Trata-se no entanto de
espécies comuns na generalidade da área envolvente.

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4.10 Paisagem
4.10.1 Metodologia
No presente capítulo apresenta-se a caracterização da paisagem da área de implantação do
projeto e da sua zona de influência paisagística e visual (área de estudo), tendo sido considerados
os seguintes aspetos:
 Estrutura da paisagem, integrando as suas componentes biofísica e estética;
 Unidades da paisagem e suas unidades espácio-visuais;
 Qualidade cénico-paisagística (qualidade visual e capacidade de absorção visual da
paisagem);
 Sensibilidade visual da paisagem.
A caracterização da paisagem foi realizada em duas fases:
 Fase 1: Caracterização biofísica - Estrutura fisiográfica da paisagem;
 Fase 2: Caracterização e classificação paisagística.
A área de estudo definida para a caracterização da paisagem corresponde à área de localização do
projeto em estudo, acrescida da sua envolvente mais próxima, num raio de aproximadamente
3,0 km.
A caracterização biofísica baseou-se na identificação e análise dos elementos morfológicos, com
um caráter estruturante e funcional na paisagem e da ocupação do território. A análise e
representação gráfica foi realizada no programa AutoCAD Civil 3D, (Desenho Auxiliado por
Computador Civil 3D), com número de série n.º 392-39948647, tendo como base as curvas de
nível, dos pontos cotados e a rede hidrográfica da Carta Militar n.º 153 (Ovar, 2011), à escala
1:25.000 (IGeoE, 1998). Também se fez recurso ao programa ArqGIS.
Também se teve em consideração a informação de caracterização biofísica do estudo “Plano de
Gestão Florestal do Perímetro Florestal das Dunas de Ovar, 2016 – 2026”, elaborado pelo ICNF e
Câmara Municipal de Ovar, em 201.
Foram também considerados outros fatores importantes na estrutura da paisagem,
nomeadamente, a geologia e geomorfologia, o solo, os sistemas ecológicos e os recursos hídricos,
que se encontram descritos ao longo do presente estudo.

4.10.2 Caracterização biofísica – Estrutura fisiográfica da paisagem


4.10.2.1 Análise fisiográfica área de estudo
A análise do relevo pretendeu representar os elementos estruturais e físicos que definem e
descrevem a paisagem, e sua representação cartográfica à escala 1:25.000, nomeadamente:
 Hipsometria – análise da altimetria da área de estudo através da qual é possível obter
uma primeira perceção da estrutura do modelado do relevo (Carta nº 1 no Anexo IX do
Volume III);
 Festos e talvegues – perceção da morfologia da paisagem quanto à inter-relação da
estrutura de drenagem e zonas de cumeada (Carta nº 2 no Anexo IX do Volume III);
 Declives – traduz a inclinação do terreno, o que permite a caracterização mais
pormenorizada e objetiva do relevo fornecendo uma informação quantificada, de
acordo com a classe de declives adotada coerente com o território em análise. Esta
informação é relevante na determinação do grau de erodibilidade a que este território
está sujeito (Carta nº 3 no Anexo IX do Volume III);

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 Orientação de encostas – traduz a orientação das encostas, permitindo caracterizar o
conforto climático de cada espaço de território (Carta nº 4 no Anexo IX do Volume III);
 Estrutura paisagística do território – síntese da estrutura do relevo da paisagem em
análise, resultante da construção integrativa das linhas de festo e de talvegue
estruturantes, altimetria e declive do modelado, e sua relação com a orientação de
encostas (Carta nº 5 no Anexo IX do Volume III).
A análise baseou-se não só na interpretação da carta militar da área de estudo, quanto aos
diferentes parâmetros biofísicos acima identificados, bem como pela interpretação da cartografia
elaborada no âmbito do estudo do ‘Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal das Dunas de
Ovar, 2016 – 2026’ (ICNF & CMO, 2016).
Segundo o descrito no Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal das Dunas de Ovar “A
área do Perímetro Florestal das Dunas de Ovar caracteriza-se por um cordão dunar litoral
contínuo, cujo relevo (regra geral) não ultrapassa os 30m de altitude, formando uma planície de
substrato arenoso. (…), o terreno é relativamente plano e de baixa altitude, apesar da presença de
algumas dunas de razoável altura (na ordem dos 10m). Em termos de declive a classe com maior
representatividade é a de declive inferior a 5%. Em termos de altitude, no polígono norte domina
claramente a classe de altitude dos 10m - 20m, logo seguida da classe dos 5m - 10m, as cotas
abaixo dos 5m apresentam uma frequência baixa, assim como as cotas acima dos 30m. Em
relação ao polígono sul as classes mais representadas são dos 0m – 5m e dos 5m – 10m.”
A morfologia da área de estudo quanto à sua altimetria tem um comportamento crescente da
linha de costa para o interior, ou seja, perpendicular à linha de costa. Na área de estudo ocorre
uma ampla faixa de relevos de planície dunar com altimetria maioritariamente com valores
inferiores a 20 m, representando 63,72% da área de estudo, progredindo para Este para valores
altimétricos entre 20 m a 40 m (30,57%), e ainda altimetria de 40 m a 60 m numa faixa interior
sem expressão, de 0,02% (Carta nº 1 no Anexo IX do Volume III).

Quadro 4.22- Classes de altimetria e sua representatividade na área de estudo.


Classes de altimetria Características do Relevo Área (ha) Valor percentual (%)
0 – 20 Fisiografia Plana 2 443 63,72
20 – 40 Fisiografia muito Suave 1 172 30,57
40 – 60 Fisiografia Suave 218 5,69
60 – 70 Fisiografia Suave a Moderado 1 0,02

Relativamente à interpretação cartográfica de Festos e Talvegues (Carta nº 2 no Anexo IX do


Volume III), não existe uma definição clara no terreno da bacia hidrográfica, pois a área de estudo
encontra-se inserida na costa litoral em relevos de planície, de baixa a suave altitude, tendo
representação da linha de festo com notoriedade mas ao nível cartográfico. É claro que esta
representação cartográfica, apesar de pouco notória no terreno é ela a responsável pela divisão
das águas no território e, uma das influências para as características das bacias hidrográficas que
se encontram em cada bacia hidrográfica. Quanto à linha de cumeada que define a Este a bacia
hidrográfica desta área, localiza-se bastante afastada da área de estudo e tem sensivelmente
orientação Norte-Sul. Os festos e talvegues que derivam da mesma, e se direcionam para Oeste
da linha de costa, em direção ao Oceano Atlântico, são muito poucos em número e em
expressividade no terreno, perdendo-se, por infiltração, nas areias da planície do cordão dunar,
sensivelmente a partir da linha férrea que atravessa a área de estudo. Esta linha férrea (Linha do
Norte), marca a fronteira entre a zona de planície costeira e a transição para relevos com
fisiografia suave. Nesta bacia hidrográfica dominam as bacias hidrográficas das ribeiras de costa.
Quanto à bacia hidrográfica definida no quadrante Este-Sul da área de estudo, a mesma é
constituída por linhas de águas de regime permanente, tendo como talvegue principal a Ribeira

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de Cáster e os afluentes Ribeira de São João e Ribeira da Senhora da Graça. Com orientação NE-
SW, este talvegue principal, e os seus afluentes, percorrem o território a Sul do núcleo urbano de
Ovar e conflui para o Esteiro da Vagem, este afluente da Ria de Aveiro. Por este enquadramento
fisiográfico a estrutura de festos e talvegues apenas é marcante na bacia hidrográfica da Ribeira
de Cáster, mas localiza-se na extrema Este-Sul da área de estudo e fora da bacia visual da área de
projeto, pelo que festos e talvegues não têm representatividade na área de projeto (Carta nº 2 no
Anexo IX do Volume III).
Pela interpretação da Carta de Declives (Carta nº 3 no Anexo IX do Volume III), verifica-se que a
área de estudo tem um expressivo domínio dos declives inferiores a 2%, representando 77% da
área de estudo e nas classes entre 2% a 8%, representa 21%, como esperado pela morfologia de
terreno de planície dunar.

Quadro 4.23- Classes de declives e sua representatividade na área de estudo.


Classes de Declives Características do Relevo Área (ha) Valor percentual (%)
0 – 2% Zonas Planas 29.467.479 77 %
2 – 8% Declive muito Suave 8.020.112 21 %
8 – 16% Declive Suave 654.394 2%
>16% Declive Suave a Moderado 200.294 1%

Da interpretação da Carta de Orientação de Encostas (Carta nº 4 no Anexo IX do Volume III),


verifica-se que a exposição de encosta predominante e por ordem decrescente de frequência
relativa são é a SW (23 %), Oeste (16%) e Sul (20%), ou seja, 59% da área de estudo apresenta
excelentes condições de conforto climático, relativo à incidência solar, de bons índices de
conforto, sendo estas encostas quentes e muito iluminadas.
Estas encostas solarengas dominam na área de estudo não se conseguindo precisar uma zona
preferencial de localização na paisagem, e alternam com as encostas de orientação NW (8%),
norte (10%) e NE (6%) de menor representatividade, das encostas frias a muito frias. Ou seja, 59%
da área de estudo apresenta boas condições de conforto climático, e com menor cobertura de
território, 24% da área de estudo as encostas de menor conforto climático. As encostas com
índices moderados de conforto climático representam 17% do território da área de estudo,
nomeadamente as encostas Este (7%) e SE (10%).

Quadro 4.24- Classes de Orientação de Encostas/Conforto Climático e sua representatividade na área de


estudo.
Área (ha) Valor percentual (%)
Classes de
Classes de Classes de
Orientação de Conforto climático Conforto Conforto
orientação de orientação de
climático climático
Encostas encosta encosta
Orientação N 388 10 %
Encostas frias pouco
Orientação NE 239 926 6% 24 %
iluminadas
Orientação NW 299 8%
Orientação SW 867 23 %
Encostas quentes
Orientação W 627 2.254 16 % 59 %
muito iluminadas
Orientação S 760 20 %
Orientação E Encostas temperadas 266 7%
medianamente 654 17 %
Orientação SE iluminadas 388 10 %

Da interpretação dos fatores fisiográficos acima mencionados e da análise das respetivas cartas
verifica-se que a área de estudo se insere numa área de relevos de planície dunar de altimetria
suave, inferior a 20 m e declives muito suaves, inferiores a 2% na sua maioria. A área de estudo

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apresenta-se repartida em duas bacias hidrográficas, ou seja duas bacias visuais, percetível
cartograficamente por uma linha de festo principal que percorre de Este no sentido Sul, definindo
2 tipologias destintas quanto às bacias hidrográficas, uma na parte Norte de Ovar, e outra no
quadrante NE-SW. A bacia hidrográfica da zona a Norte de Ovar tem como característica as várias
bacias hidrográficas das ribeiras de costa, ou seja, linhas de água que se se desenvolvem de Este
para Oeste, e que se perdem por infiltração no terreno arenoso de dunas, enquanto a bacia
hidrográfica no quadrante Este a Sul de Ovar tem características de linhas de água permanentes,
tais como a linha de água principal, a Ribeira de Cáster e seus afluentes diretos, que afluem para a
Ria de Aveiro (bacia hidrográfica do Rio Vouga). Quanto ao conforto climático apresenta bons
índices de conforto climático (encostas quentes muito iluminadas de orientação SW, Oeste e Sul,
que representam 59% da área de estudo). Em suma, e quanto à área de projeto esta insere-se
numa área de relevos planos (declives < 2%), de cotas altimétricas baixas, inferior a 20 m, sendo
uma planície solarenga (Carta nº 4 no Anexo IX do Volume III).

4.10.3 Ocupação do solo – uso do solo/humanização


4.10.3.1 Ocupação do uso do solo da área de estudo
Em relação à ocupação do solo, a sua caracterização é determinante enquanto expressão das
ações humanas sobre o território. Constitui uma unidade mutável, cuja sustentabilidade depende
necessariamente do equilíbrio dinâmico das interações operadas sobre esse sistema, da qual
resulta uma paisagem mais ou menos artificializada.
A ocupação do solo na área de estudo foi analisada com base na cartografia da COS’2018,
disponibilizada pelo IGP, nas cartas militares, e em imagens de satélite do Google Earth e do Bing
Maps. Esta informação foi atualizada com recurso a trabalho de campo.
A área de estudo insere-se numa zona de planície de solos arenosos, abrangendo território
extremamente artificializado (composto por elementos construídos relativos ao espaço industrial
– Zona Industrial de Ovar, e urbano de Ovar, rede de infraestruturas ferroviária - linha do Norte -
e rodoviária - EN109 que liga Esmoriz a Estarreja e EN327 que liga a Zona Industrial de Ovar à
Torreira) e território ocupado por povoamento florestal de onde se destaca o perímetro florestal
das Dunas de Ovar que ocupa grande parte da zona poente da área de estudo.
O povoamento florestal tem a maior expressão quanto à ocupação da área de estudo. O território
mais artificializado predomina na parte Este e sul da área de estudo. Na extrema SE da área de
estudo, com pouca representatividade, ocorre ocupação agrícola na envolvente das linhas de
água.
Ainda há a registar o espaço urbano da povoação de Furadouro, a Oeste e a Norte a infraestrutura
da Base Aérea de Maceda.
4.10.3.2 Ocupação do uso do solo na área de projeto
A ocupação do solo na área de projeto distribui-se entre o uso industrial, onde o lote do atual
estabelecimento da FLEX2000 se enquadra e a ocupação por povoamentos de pinheiro-bravo,
coincidente com os terrenos de ampliação da mesma para Oeste.
De acordo com o “Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal das Dunas de Ovar, 2016 –
2026”, a área de projeto localiza-se em parte dos talhões nº 78 (ocupação com povoamento puro
de pinheiro bravo) e 79 (ocupação com povoamento puro de pinheiro bravo adulto e jovem).

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4.10.4 Caracterização e classificação paisagística
A paisagem constitui um sistema complexo e dinâmico, onde os diferentes fatores naturais e
culturais se influenciam uns aos outros e evoluem em conjunto ao longo do tempo, determinando
e sendo determinados pela estrutura global. A compreensão da paisagem implica o conhecimento
de fatores como a litologia, o relevo, a hidrografia, o clima, os solos, a flora e a fauna, a estrutura
ecológica, o uso do solo e todas as outras expressões da atividade humana ao longo do tempo,
bem como a compreensão da sua articulação, constituindo por isso uma realidade multifacetada.
A expressão visual desta articulação, num determinado momento, constitui a paisagem que pode
ser vista por cada observador, segundo a sua perceção e os seus interesses específicos (Abreu e
Correia, 2001).
Para Forman e Godron (1986), paisagem é "uma área heterogénea de território composta por um
conjunto de ecossistemas interactuantes que se repetem através dela de forma semelhante" e,
considerando Pitte (1983), a “resultante da combinação entre a natureza, as técnicas e a cultura
do homem”.
Para além das suas características e complexidade intrínsecas, a paisagem tem também uma
componente percetiva e emotiva19, que fundamenta o seu papel na construção da identidade
local, tal como salientado na Convenção Europeia da Paisagem20.
Como unidade de paisagem considera-se "uma área que pode ser cartografada, relativamente
homogénea em termos de clima, solo, fisiografia e potencial biológico, cujos limites são
determinados por alterações em uma ou mais dessas características" (Naveh e Lieberman, 1994).
Neste contexto procede-se à caracterização das unidades de paisagem e à definição de unidades
espácio-visuais de paisagem (subunidades de paisagem) para a área de estudo, ao que se segue a
classificação da paisagem na área de estudo.

4.10.4.1 Unidades de paisagem


A caracterização da paisagem teve como base as unidades de paisagem (UP) definidas por Abreu
et al. (2004) em “Contributos para a identificação e caracterização da paisagem em Portugal
Continental”. De acordo com estes autores, as UP são áreas com características relativamente
homogéneas, com um padrão específico que se repete no seu interior e que as diferencia das suas
envolventes.
Assim, a área de projeto insere-se no Grupo de Unidade de Paisagem da Beira Litoral, e na
unidade de paisagem a UP56 – “Ria de Aveiro e Baixo Vouga”, e abrange ligeiramente na direção
Este da área de estudo, o Grupo de Unidade de Paisagem da Área Metropolitana do Porto, e na
unidade de paisagem a UP31 – “Espinho - Feira - São João da Madeira” (Figura 4.51 e Figura 4.52).

19 Saraiva citado por Abreu e Correia, 2001.


20 Aprovada pelo Decreto n.º 4/2005, de 14 de fevereiro.

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Figura 4.51- Paisagem Geográfica e Unidades de Paisagem, (Fonte: Abreu et al., 2004).
http://www.dgterritorio.pt/sistemas_de_informacao/snit/cup/

Figura 4.52- Unidade de Paisagem 56 – UP56, (Fonte: Abreu et al., 2004).

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A Paisagem da Beira Litoral é um “Conjunto de unidades que se singulariza pela presença de
situações planas, adjacente a terras altas a nascente, e por extensos areais banhados de
humidade, penetrados de vida marítima, a poente. Os grandes contrastes associam-se
especialmente à presença das principais zonas húmidas, da frente litoral, das extensas manchas
de pinhal e dos campos mais abertos a sul do Mondego, situações que se traduzem na
diferenciação de várias “sub-regiões”: “Lis, Mondego Litoral, Gândara, Bairrada, Ria de Aveiro,
Terras de Ovar e de Cambra, Ribeira do Vouga, Entre Lousã – e – Alva”21 , agora agrupadas em
cinco unidades de paisagem.
No estudo “Contributos para a Identificação e Caracterização da Paisagem em Portugal
Continental”, volume III, as sub-regiões acima mencionadas deram origem a cinco unidades de
paisagem, de entre elas a da Ria de Aveiro e Baixo Vouga, onde se insere a área do projeto.
“Trata-se de uma paisagem húmida, plana e aberta. Como exceção a este carácter amplo que
resulta dos escassos elementos verticais, há que mencionar significativas zonas agrícolas
intensamente compartimentadas, bem como as dunas e pinhais ao longo do extenso cordão
arenoso que separa a ria do oceano.”
Da leitura dos atributos citados na publicação “Contributos para a Identificação e Caracterização
da Paisagem em Portugal Continental”, volume III, pp. 141 a 146, a descrição centra-se nas
situações mais emblemáticas desta paisagem, tais como a Ria de Aveiro, o rio Vouga e Águeda.
A área de estudo localiza-se numa zona de enclave entre a paisagem da Ria de Aveiro a Sul e a
paisagem da Barrinha de Esmoriz a Norte, ambas integradas na Natura 2000, mas que não são
presentes na paisagem da área de estudo.
A paisagem da área de estudo apresenta características da paisagem de Gândara pela sua extensa
planície dunar de areias e plantação, para exploração, de povoamento florestal de pinheiro bravo.
Esta é a subunidade de paisagem com maior representatividade no contexto da área de estudo. A
restante área divide-se em área urbana e industrial, e algum espaço agrícola nas linhas de água já
referidas.

4.10.4.2 Unidade espácio-visual da paisagem


Após o enquadramento da unidade de paisagem UP56– “Ria de Aveiro e Baixo Vouga”, na qual a
área de estudo se insere na sua maioria, procede-se à definição das suas unidades espácio-visuais
da paisagem (UEVP), tentando identificar e conhecer os padrões específicos de organização do
território à escala da área de estudo.
A Unidade Espácio-Visual da Paisagem é determinada / definida pela conjugação das
características fisiográficas, e pela matriz de ocupação do solo, as quais definem os atributos /
características da unidade espácio-visual da paisagem de um determinado espaço, o qual é
definido pelas linhas de festo da bacia visual onde se insere a área de projeto.
A análise paisagística resultou da conjugação da caracterização biofísica, nomeadamente do
cruzamento da fisiografia e da ocupação do solo, permitindo a definição das UEVP na área de
estudo.
Foram definidas duas UEVP (Carta nº 6 no Anexo IX do Volume III), sendo que o projeto se
implanta na UEVP1:
 UEVP1: Relevo de planície dunar com ocupação florestal e urbano-industrial;
 UEVP2: Relevo de vale aberto com ocupação agrícola e urbana.
De seguida descrevem-se as principais características das UEVP.

21 Citado por Sant`Anna Dionísio, em “Guia de Portugal”, Vol.III, Tomo I, in “Contributos para a Identificação e

Caracterização da Paisagem em Portugal Continental”, 2004, Vol. III, p. 135.

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A UEVP1 – Relevo de planície dunar com ocupação florestal e urbano-industrial, caracteriza-se
por uma estrutura morfológica de extenso relevo aplanado dunar, possuindo uma área de
3146 ha (82% da área de estudo), na faixa costeira com uma ocupação regrada e bem planeada
por talhões de povoamentos florestais monoculturais de pinheiro bravo. Esta UEVP1 é a que tem
maior representatividade ocupando mais de metade da área de estudo a Oeste, com limite na
costa do Oceano Atlântico. Também é parte integrante deste UEVP1 a ocupação de espaço
industrial e urbano do concelho de Ovar com ocupação na envolvente Norte, Este e Sul. Esta
UEVP1 não apresenta rede hidrográfica por ser zona costeira de areias, sendo designada de bacias
hidrográficas das ribeiras de costa, e consequentemente não possui uma bacia visual delimitada
visualmente no território da área de estudo. No que respeita aos recursos naturais, a área da
UEVP1 (bacia visual) apenas tem representatividade nas zonas limite da bacia visual, tais como a
Oeste a frente litoral de dunas e a zona de massa de água lagunar do braço norte da ria de Aveiro
que pontua esta bacia visual a SW. A riqueza florística e faunística são assim limitados a estes
habitats. Nesta UEVP 1, a industria tem uma forte expressão pela ocupação concentrada na Zona
Industrial de Ovar, e continuidade com o tecido urbano de Ovar. Resumindo, esta UEVP1 não tem
uma leitura visual relevante pelas características do seu relevo aplanado, ou seja, de
características marcadamente horizontais, fruto de uma baixa altimetria maioritariamente <20 m,
e declives maioritariamente <2%, com exceção da frente dunar com declives superiores, apenas
com introdução de elementos de ocupação do uso do solo que introduzem verticalidade como o
do povoamento florestal monocultural e tecido industrial e urbano. Os atributos fisiográficos não
são expressivos.
A UEVP1 é constituída por um mosaico de subunidades de paisagem (SUP), que são “áreas
homogéneas” resultantes da repetição dos padrões paisagísticos, considerando-se como
principais elementos estruturantes na área em estudo, os fatores fisiográficos e de ocupação do
solo.
Na área da UEVP1 identifica-se a ocorrência das seguintes subunidades de paisagem (SUP) (Carta
nº 7 no Anexo IX do Volume III):
 SUP 1 – Aglomerado industrial: Zona Industrial de Ovar. O estabelecimento industrial
atual da FLEX2000 insere-se no Zona Industrial de Ovar e incide numa unidade industrial
pré-existente;
 SUP 2 – Aglomerados urbanos: na área de estudo ocorre o mais importante núcleo
urbano, o da cidade de Ovar, onde a Zona Industrial de Ovar lhe é adjacente a NW, a
Base Aérea, no limite Norte, Furadouro na extrema Oeste;
 SUP 3 – Povoamentos Florestais: floresta de pinheiro bravo em regime de monocultura
e explorado por talhões. Ou seja, devidamente gerido tendo em vista a função de
produção sobre dunas;
 SUP 4 – Plano de Água da Ria de Aveiro: uma pequena parte do braço a Norte da Ria de
Aveiro, cria um massa de água alargada, mas sem grande expressão na área de estudo;
 SUP 5 – Faixa litoral dunar e Oceano Atlântico: Praia, dunas e vegetação dunar.
Quanto a infraestruturas ferroviárias e rodoviárias destaca-se na UEVP1 a Linha do Norte, a
EN109 (ambas com orientação N/S) e a EN327, sendo a N327 a rodovia com maior proximidade à
área de projeto. Também percorre esta UEPV a Avenida da Nato, a Oeste, com orientação N/S.
De seguida apresenta-se algumas imagens representativas de cada uma das SUP.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Figura 4.53- Imagem representativa da SUP1 na UEPV1.

Figura 4.54- Imagem representativa da SUP2 na UEPV1.

Figura 4.55- Imagem representativa da SUP3 na UEPV1.

Figura 4.56- Imagem representativa da SUP4 na UEPV1.

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Figura 4.57- Imagem representativa da SUP5 na UEPV1.

A UEVP2: Relevo de vale aberto com ocupação agrícola e urbana, ocupa na área de estudo uma
área muito reduzida (18 % - 688 ha). Caracteriza-se por uma paisagem fisiográfica de relevos
suaves, na classe de altimetria inferior a 20 m, com alguma área entre os 20 m e os 40 m e
residualmente, a Este, a classe de 40 m a 60 m. Na UEVP2 e na extrema da área de estudo,
quadrante Este a Sul, ocorrem as únicas linhas de água, a da Ribeira de Cáster e seus afluentes,
Ribeira de São João e Ribeira de Ribeira da Senhora da Graça, todas caracterizadas por se
inserirem em vale aberto, consequência da morfologia do terreno e marginadas por galeria
ripícola. Estes dois fatores influem fortemente na diversidade de declives que se encontram nesta
UEVP2, com declives mais elevados, entre 8 a 16% e > 16%, nas zonas de altimetria superior e nas
zonas adjacentes às linhas de água. Toda a restante área encontra-se na área de relevos < 20 m, e
repartida entre declives < 2% e entre 2% a 8%. Relativamente ao espaço construído, este abrange
parte do tecido urbano da cidade de Ovar, e habitações em meio rural, que se dispõem
linearmente às vias secundárias que irradiam do centro da cidade de Ovar para a periferia. Nesta
UEVP2 encontram-se as linhas de água, em contexto fisiográfico de planícies aluvionares, onde se
pratica o uso agrícola.
Concluindo, esta UEVP2 não tem uma leitura visual relevante pelas características do seu relevo
aplanado, ou seja, de características marcadamente horizontais, fruto de uma baixa altimetria
maioritariamente de 20 m, e declives maioritariamente <2%. É o uso do solo, em algumas
subunidades de paisagem que introduz verticalidade a esta paisagem, tais como algum
povoamento florestal monocultural e tecido urbano. Os atributos fisiográficos mais uma vez não
são expressivos.
Na área da UEVP2 – “Relevo de vale aberto com ocupação agrícola e urbana” identifica-se a
ocorrência das seguintes subunidades de paisagem (SUP) (Carta nº 7 no Anexo IX do Volume III):
 SUP 2 – Aglomerados urbanos: na área de estudo está presente núcleo urbano, o da
cidade de Ovar, o antigo e o novo, casas de 1 a 2 pisos, por vezes com terreno na
envolvente alinhadas nas vias secundárias de Ovar para a periferia;
 SUP 6 – Povoamentos Florestais: floresta de eucalipto;
 SUP 7 – Linhas de água com galeria ripícola: vale do rio Cáster e afluentes;
 SUP 8 – Vale aberto com uso agrícola: na envolvente das povoações circundantes a
Ovar.
Quanto a infraestruturas ferroviárias e rodoviárias nesta UEVP2 destaca-se a Linha ferroviária do
Norte e a EN109, ambas muito próximas uma à outra, com orientação N/S, situando-se na
extrema Este da área de estudo.
De seguida apresenta-se algumas representativas de cada uma das SUP da UEPV2.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Figura 4.58- Imagens representativas da SUP2 na UEPV2.

Figura 4.59- Imagens representativas da SUP6 na UEPV2.

Figura 4.60- Imagens representativas da SUP7 na UEPV2.

Figura 4.61- Imagens representativas da SUP8 na UEPV2.

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No Quadro seguinte sintetizam-se as principais características das UEVP presentes na área de
estudo, sendo que a UEVP1 representa 82% da área de estudo.

Quadro 4.25- Descrição das unidades espácio-visuais da paisagem da área de estudo.


Unidades Espácio-Visuais da Paisagem Descrição geral
Predomina o uso urbano-industrial e povoamento florestal de
UEVP1 –- Relevo de planície dunar com
pinhal, numa zona fisiográfica de relevos planos e arenosos,
ocupação florestal e urbano-industrial
correspondendo ao cordão dunar.
Predomina o uso urbano e agrícola, em relevos suaves, de vale
UEV2P – Relevo de vale aberto com
aberto, onde se localizam as únicas linhas de água da área de
ocupação agrícola e urbana
estudo.

4.10.4.3 Classificação paisagística


A classificação paisagística tem como objetivo o estabelecimento de diferentes níveis de
qualidade paisagística e capacidade de absorção visual das UEVP definidas, como forma de
determinar o seu grau de sensibilidade visual. Esta análise recorre a uma metodologia qualitativa
que incorpora atributos biofísicos, humanizados e estéticos, que apesar da sua subjetividade,
pretendem avaliar as características visuais da paisagem.
A qualidade visual da paisagem (QVP) é o resultado da conjugação das características do local,
resultante dos principais elementos do território juntamente com a perceção do observador em
termos visuais e estéticos. A QVP foi avaliada de modo a refletir a variabilidade espacial de cada
uma das UEVP introduzida pelos diferentes atributos da paisagem, abaixo representados, que
determinam valores cénicos distintos.
Aos diversos atributos (biofísicos, humanos e estéticos), foi dada uma valoração entre 1 a 3,
sendo 1, o valor do atributo com menor contributo para a qualidade visual da paisagem, e 3, o de
maior contributo (Quadro 4.26).

Quadro 4.26- Descrição dos atributos que contribuem para a qualidade visual da paisagem da área em
estudo.
Valoração
Tipologia
Atributos
Atributos Baixa Média Elevada

Atributos Fisiografia aplanada: 0-40m e <8% 1


biofísicos: Fisiografia muito suave: 40-60 m e 8-16% 2

1 - Aglomerado industrial 1

2 - Aglomerados urbanos 1

3 - Povoamentos Florestais
(pinheiro bravo sobre 3
dunas)
4 - Plano de Água da Ria de
Atributos 3
SUP Aveiro
humanizados:
5 - Faixa litoral dunar e
3
Oceano Atlântico
6- Povoamentos Florestais
1
(eucalipto)
7 - Linhas de água com
3
galeria ripícola
8 - Vale aberto com uso
2
agrícola

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Valoração
Tipologia
Atributos
Atributos Baixa Média Elevada

Valores visuais, Praia 3


Atributos
singularidade ou
estéticos e
raridade, harmonia e
percecionais: Ria 3
identidade

Tendo como base os métodos mais objetivos e interpretação técnica e cientifica adquirida para a
caracterização da qualidade visual, valorando os diferentes atributos e procedendo ao seu
somatório resultou a ‘Carta de Qualidade Visual da Paisagem’ (Carta n.º 8 no Anexo IX do Volume
III).

Quadro 4.27- Valoração e Quantificação da Qualidade Visual da Paisagem.


Valoração Classes de Qualidade Visual da Paisagem Área (ha) Valor percentual (%)
≤3 Baixa 1 432 37
4–7 Média 2 198 57
≥8 Elevada 204 5

Pela análise da carta de Qualidade Visual da Paisagem, é possível concluir que as áreas de elevada
qualidade visual (5%) são pontuais e localizam-se na zona da faixa litoral dunar e braço da ria de
Aveiro. As zonas identificadas com baixa qualidade visual, abrangem na sua maioria as áreas de
aglomerados urbanos e industrial, e representam cerca de 37% da área de estudo. As áreas de
média qualidade visual são aquelas com maior representatividade na área de estudo (57%) e
apresentam uma distribuição na paisagem relacionada com o uso florestal.
A capacidade de absorção visual da paisagem (CVP) é uma medida para verificar a maior ou
menor capacidade da UEVP de suportar o impacte visual. A CVP está estritamente relacionada
com a visibilidade, que por sua vez está dependente da morfologia do território e
desconsiderando a ocupação do solo, a qual exerce uma influência no grau de exposição das
componentes da paisagem aos observadores sensíveis. No entanto, pretende-se que a avaliação
da frequência de observação seja independente do uso do solo.
A capacidade de absorção visual indica a capacidade que uma paisagem tem para absorver
visualmente modificações ou alterações ao seu uso, sem prejudicar a sua qualidade visual.
Quando a paisagem possui baixa capacidade de absorção, diz-se que é visualmente mais
vulnerável. Na determinação da Capacidade de Absorção da Paisagem foram utilizados
indicadores de acessibilidade visual. Não foram escolhidos pontos na zona industrial, uma vez que
fazem parte da área onde esta industria se localiza. Foram assim escolhidos pontos potenciais de
observação, permanentes e temporários, representativos da presença humana no território em
análise (aglomerados urbanos, vias ferroviárias e rodoviárias e aeródromo), e para cada ponto
potencial de observação foi gerada a sua bacia visual (raio de 3 km e 360º de ângulo de visão) à
altura média de um observador (1,60 m). Os pontos selecionados, a partir dos quais foram
elaboradas as respetivas bacias visuais, encontram-se assinalados na Carta n.º 9 – Capacidade de
Absorção Visual da Paisagem (Anexo IX do Volume III). A carta da Capacidade de Absorção Visual
foi, assim, obtida por cruzamento dos potenciais pontos de observação com o relevo da área
estudada (modelada e representada em Modelo Digital do Terreno (MDT)), considerando-se a
situação mais desfavorável (sem vegetação). O resultado para cada célula/pixel do MDT traduz a
informação/somatório do número de bacias visuais que se sobrepõem/intersectam nesse mesmo
ponto. A carta expressa, assim, graficamente para cada pixel, de quantos pontos de observação o
mesmo é visível, e essa informação é que determina se essa área está visualmente muito ou

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pouco exposta e por isso se revela menor ou maior capacidade de absorção, respetivamente. Ou
seja, o campo visual é inversamente proporcional à capacidade de absorção visual. Em termos de
classificação, foram consideradas três classes (Baixa, Média e Elevada).
Assim, ressalva-se que as bacias visuais geradas correspondem à visibilidade potencial, uma vez
que não foi considerada a ocupação atual do solo, elemento da paisagem com forte presença
neste território, e consequente com influência na amplitude e alcance visual dos observadores
presentes no território. Esta cartografia não tem assim em conta as características extrínsecas da
paisagem, isto é, a presença de obstáculos visuais determinados por volumetrias associadas a
manchas florestais, edificadas, entre outros.
A avaliação da maior ou menor frequência de observação, que se tem a partir desses potenciais
observadores (permanentes e temporários), são os relativos aos atributos fisiográficos e aos
elementos construídos que estão associados à permanência ou ao fluxo, ao nível da observação
da pessoa para com o território da área de estudo. Outro fator relevante é a distância do
observador, a partir destes pontos para com a área de projeto, pois que quanto mais afastado da
área de estudo menos foco visual tem o observador sobre a área de projeto, porque a amplitude
visual nos 360º, na horizontal, e 180º na vertical é proporcional à distância do observador à área
de projeto, ou seja, maior afastamento da área de projeto, maior amplitude visual na horizontal e
na vertical e consequentemente menor perceção do objeto em estudo.
No caso em particular são as infraestruturas rodoviárias e ferroviárias e os aglomerados urbanos,
que promovem a maior frequência de observação. Pois a fisiografia de planície dunar não
contribui para a existência de pontos notáveis na paisagem.
Dos atributos, a visibilidade, ou seja, a exposição visual ou campo visual, e não considerando as
unidades e subunidades de paisagem, para a metodologia a aplicar, apresenta um campo aberto a
360º de todos os potenciais pontos de observação que foram considerados dentro do território
da área de estudo, dada a fisiografia de relevo plano. Com isto são identificados apenas os
moradores na periferia urbana da Cidade de Ovar, e da povoação de Furadouro, e outras, com
direção para a área de intervenção, assim como a zona Sul da Base Militar de Monte Real. Quanto
aos observadores temporários, são os usuários das infraestruturas rodoviárias, sendo a estrada
EN327, a que poderá proporcionar visualizações para a área do projeto da FLEX2000 pela
proximidade à área de projeto.
A EN109, EN327 e Linha ferroviária do Norte, são presentes na área de estudo e são de hierarquia
principal, pelo número de observadores que afluem diariamente, sendo a EN327 a de maior
proximidade ao local de projeto, e consequentemente a que contribui com elevada frequência de
observadores sensíveis. A EN109 e a Linha ferroviária, apesar de serem hierarquicamente vias
principais, encontram-se mais afastadas da área de projeto. Ambas têm um traçado de Norte para
Sul, a Este da área de projeto, com afastamento desta, no ponto de maior proximidade,
respetivamente de 1000 m e de 1100 m, pelo que apesar de serem estruturas com elevada
frequência de observadores sensíveis, não são visualizações que contribuam para a visualização
da área de projeto pela distância à mesma, ou seja, pelo amplo campo visual que abarcam. Por
último, a Av. da Nato, que percorre o espaço florestal litoral entre Outeiral e Furadouro, com
orientação Norte/Sul, a Oeste da área de projeto, com afastamento desta, aproximadamente de
2000 m, é uma via secundária com baixa frequência de observadores sensíveis. A esta baixa de
observadores sensíveis sobrepõem-se ainda a distância à área de projeto que condiciona em
muito qualquer possibilidade de visibilidade conclusiva do objeto em apreço. A distância das vias
à área de projeto e a frequência de observadores sensíveis de cada uma, contribuem apenas para
que seja a EN327 a via com elevada frequência de observação.

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Quadro 4.28- Localização dos observadores sensíveis na paisagem - Carta de Absorção Visual da Paisagem.
Distribuição de Observadores na Paisagem

Observadores Permanentes Distância entre observadores

Aglomerados Limite da Cidade de Ovar 600 m em 600 m


urbanos Limite de outros aglomerados 1.000 m em 1.000 m

Observadores Temporários

Estradas principal – N327 e N109 600 m em 600 m


Infraestrutura
Estrada secundária – Av. da Nato 1.000 m em 1.000 m
ferroviária,
rodoviárias e
Linha ferroviária do Norte 600 m em 600 m
aeródromo:
Pontos no limite do aeródromo 2 pontos

A área de projeto, de acordo com a interpretação da Carta de Absorção Visual da Paisagem tem
visualização apenas numa faixa da área de ampliação. Recorde-se que esta cartografia foi
elaborada com a situação menos favorável, ou seja, sem contar com o uso do solo.
Os “trabalhadores residentes” nas industrias adjacentes ao lote da FLEX2000, são efetivamente os
que terão visualizações diárias sobre esta área. Mas estes estão dentro do tecido urbano
industrial.

Quadro 4.29- Valoração e Quantificação da Capacidade de Absorção Visual da Paisagem.


Sobreposição de
Classes de Capacidade de Absorção
Visibilidades ou Campo Área (ha) Valor percentual (%)
da Paisagem
Visual
0a4 Elevada 2 234 58
5–7 Média 378 10
>7 Baixa 1 222 32

Assim, da análise da carta de Capacidade de Absorção Visual da Paisagem (Carta n.º 9 no Anexo IX
do Volume III) é possível concluir que58% da área de estudo possui uma elevada capacidade para
absorver novos elementos na paisagem. Na restante área de estudo a capacidade de absorção visual da
paisagem é baixa a média (32% e 10%, respetivamente). Tal facto, é decorrente desta paisagem ser
fortemente humanizada mas ainda assim existir um forte domínio dos povoamentos florestais na
paisagem, concretamente na zona entre a faixa dunar e a zona industrial de Ovar.
Por último, a avaliação da sensibilidade visual da paisagem (SVP) traduz-se na capacidade que a
paisagem tem em acolher alterações à sua estrutura, sem alterar a sua qualidade visual,
resultando da conjugação da QVP com a CAVP. A SVP (Carta nº 10 no Anexo VIII do Volume III), é
tanto mais elevada quanto mais elevada for a QVP e quanto mais baixa a CAVP. No Quadro 4.30
apresenta-se a matriz para obtenção da SVP.

Quadro 4.30- Matriz para determinação da Sensibilidade Visual da Paisagem.


CAVP CAVP. Alta CAVP. Média CAVP. Baixa
QVP
QVP. Baixa Baixa Média Elevada
QVP. Média Média Média Elevada
QVP. Alta Média Elevada Muito Elevada

Da análise da carta de sensibilidade visual da paisagem (Carta n.º 10 no Anexo IX do Volume III),
elaborada de acordo com a metodologia descrita, as áreas de classes muito elevada e baixa, são

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as que têm a menor expressão na área de estudo, respetivamente 1%, correspondendo no
território à zona litoral dunar e ao braço norte da ria de Aveiro, e 17% as áreas de aglomerado
industrial, e algum aglomerado urbano. As áreas de maior sensibilidade visual na paisagem da
área de estudo correspondem à classe média e elevada, respetivamente a 51% e a 31%. No
território da paisagem em estudo a classe média ocupa maioritariamente espaços com ocupação
florestal e a zona do Oceano Atlântico, sendo a classe elevada aquela que abrange de modo
pontual quase todas as SUP, sendo mais expressivo a Sul da área de estudo, e concretamente na
área urbana e envolvente agrícola em zona de vale aberto.

Quadro 4.31- Valoração e Quantificação da Sensibilidade Visual da Paisagem.


Classes de Sensibilidade Visual da Paisagem Área (ha) Valor percentual (%)
Muito Elevada 38 1
Elevada 1 175 31
Média 1 968 51
Baixa 653 17

Relativamente à área de projeto da FLEX2000 a área das atuais instalações tem baixa
sensibilidade visual da paisagem. Em relação à área de ampliação, e apesar de toda a área
integrar a mesma SUP3, a diferença é que existe um troço da EN327 que se desenvolve próximo a
essa área e que, considerado o cenário mais desfavorável - sem vegetação, permite a visualização
para a mesma. Contudo, tendo em conta o uso do solo atualmente existente, nas imagens
seguintes apresenta-se a visibilidade para o estabelecimento atual da FLEX2000 e para a área de
ampliação a partir das vias rodoviárias mais próximas.

Figura 4.62- Localização dos pontos de visibilidade cujas imagens se apresentam nas Figuras seguintes.

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Figura 4.63- Visibilidade para a área de ampliação a partir do ponto 1 localizado 450 m a sul da área de
ampliação.

Figura 4.64- Visibilidade para a área do estabelecimento atual a partir do ponto 2 localizado 150 m a
sudeste.

Figura 4.65- Visibilidade para a área do estabelecimento atual a partir do ponto 3 localizado na via de
acesso direto ao estabelecimento.

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4.11 Património Arqueológico, Arquitetónico e Etnográfico
4.11.1 Metodologia
Considerações gerais
No âmbito do presente estudo a pesquisa realizada procurou identificar as ocorrências
patrimoniais que de alguma forma se integram na área potencial de afetação do projeto e para as
quais possa advir algum tipo de impacte.
Neste âmbito são abordados todos os vestígios, edificações, imóveis classificados e outras
ocorrências de valor patrimonial, enquanto testemunhos materiais, que permitem o
reconhecimento da história local.
De salientar que nos termos da Lei (Decreto-Lei n.º 164/2014 de 4 de Novembro – Regulamento
dos Trabalhos Arqueológicos) os trabalhos de prospeção arqueológica foram autorizados pela
DGPC, IP.
No Anexo X.A (Volume III) apresenta-se o Relatório Técnico referente à componente do
Património Arqueológico, Arquitetónico e Etnográfico, apresentando-se de seguida uma síntese
dos aspetos mais relevantes relativos à caracterização da situação de referência.
De referir que o ‘Relatório Técnico’ obteve parecer favorável da Direção Regional de Cultura do
Centro, apresentando-se o respetivo parecer no Anexo X.B do Volume III.
A elaboração do estudo de caracterização das ocorrências patrimoniais envolveu três etapas
essenciais:
 Pesquisa documental;
 Trabalho de campo de prospeção arqueológica e reconhecimento de elementos
construídos de interesse arquitetónico e etnográfico;
 Sistematização e registo sob a forma de inventário.
Consideram-se relevantes os materiais, os sítios e as estruturas integrados nos seguintes âmbitos:
 Elementos abrangidos por figuras de proteção, nomeadamente, os imóveis classificados
ou outros monumentos e sítios incluídos nas cartas de condicionantes dos planos
diretores municipais e planos de ordenamento territorial;
 Elementos de reconhecido interesse patrimonial ou científico, que não estando
abrangidos pela situação anterior, constem em trabalhos de investigação, em
inventários da especialidade e ainda aqueles cujo valor se encontra convencionado
 Elementos singulares de humanização do território, representativos dos processos de
organização do espaço e da exploração dos recursos naturais em moldes tradicionais
Como resultado, analisa-se um amplo espectro de realidades ao longo do presente estudo:
 Vestígios arqueológicos em sentido estrito (achados isolados, manchas de dispersão de
materiais, estruturas parcial ou totalmente cobertas por sedimentos);
 Vestígios de rede viária e caminhos antigos;
 Vestígios de mineração, pedreiras e outros indícios materiais de exploração de recursos
naturais;
 Estruturas hidráulicas e industriais;
 Estruturas defensivas e delimitadoras de propriedade;
 Estruturas de apoio a atividades agro-pastoris;
 Estruturas funerárias e/ou religiosas.

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4.11.2 Resultados
Pesquisa documental
O concelho de Ovar, implanta-se numa área onde as condições naturais, como a proximidade do
mar, a ria e a fertilidade dos solos, são fatores que proporcionam a fixação das comunidades
humanas.
Os vestígios documentais mais antigos conhecido para esta região, são a referência ao “Porto de
Obar”, em 922 num documento laudatório, nesta época Ovar era já um porto salineiro e de pesca
com importância. Em 1251, constitui-se concelho e em 1541 é-lhe atribuída Carta de Foral por D.
Manuel.
No que diz respeito aos testemunhos arqueológicos o conhecimento atual é manifestamente
reduzido, encontrando-se inventariadas no Endovélico, apenas 3 ocorrências e no PDM cinco.
Certo é que já na pré-história este território seria ocupado, tal como nos indica o arqueossítio
“Amieira”, onde foram identificados vestígios de espólio lítico e cerâmico, que embora de
cronologia indeterminada, apontam para o período pré-histórico (PINTO, ALVES, 2004).
Da Idade do Ferro e época Romana, não se conhecem vestígios arqueológicos, embora no
território envolvente se conheçam indícios desta ocupação, com grande interesse científico, como
é o caso do “Castro de Ovil” ou “Castro de Ul”.
Para a Idade Média, será de referir a “Necrópole do Chão do Grilo”, onde nos anos 30 do séc. XX
foram intervencionadas 24 sepulturas de inumação abertas no substrato, sem espólio funerário.
Em época recente foram realizados trabalhos arqueológicos de salvaguarda neste local, que
vieram confirmar os dados anteriormente recolhidos (www.dgpc.pt). Trabalhos de
acompanhamento arqueológico, realizados na Alameda Padre Manuel Dias da Silva, em 2017,
levaram à identificação junto da Igreja de Cortegaça, de estruturas e níveis arqueológicos, que
podem estar relacionados com a “igreja velha”, bem como uma área de necrópole. Esta
ocorrência encontra-se denominada como “Alameda” e é atribuída à Idade Média, embora com
continuidade de ocupação até época contemporânea (www.dgpc.). Será ainda de referir três
outras eventuais ocorrências arqueológicas, que constam do PDM, embora sem confirmação
arqueológica. São elas: “Tumulo Medieval de S. João de Ovar”, “Necrópole de Valegia” e
“Cemitério antigo de Válega” (PDM).
No que diz respeito ao património arquitetónico classificado, ocorrem no concelho diversos
monumentos classificados como Imóvel de Interesse Público e Imóvel de Interesse Municipal, e
ainda outros que embora não classificados, são qualificadores e estruturantes do território.
Nenhuma das ocorrências patrimoniais descritas anteriormente, quer arqueológicas, quer
arquitetónicas se localizam num raio inferior a 1 quilómetros da área do projeto em análise.

Prospeção Arqueológica
Os trabalhos de campo iniciaram-se pela observação da paisagem envolvente, permitindo o
enquadramento espacial da área do projeto e o tipo de impacte associado.
A totalidade da área em estudo, corresponde a uma extensa área de pinhal, atravessado por
alguns caminhos, com um coberto vegetal rasteiro, mais ou menos denso. A topografia do terreno
facilitou a realização dos trabalhos de prospeção, no entanto a cobertura vegetal condicionou a
observação do solo, ocorrendo assim áreas onde a visibilidade do solo, foi classificada como
reduzida.
A prospeção arqueológica desenvolvida não levou à identificação de qualquer ocorrência
patrimonial.

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4.12 População e saúde humana

4.12.1 Metodologia
A área de implantação da FLEX2000, localiza-se a cerca de 2 km a noroeste da cidade de Ovar, e a
poente da Zona Industrial de Ovar.
A inserção ao nível da divisão administrativa do território é a seguinte:
 Região Centro (NUT II);
 Sub-região ‘Região Aveiro’ (NUT III);
 Concelho de Ovar;
 União das freguesias de Ovar, São João, Arada e São Vicente de Pereira Jusã.
Pretende-se conhecer a população nas vertentes sociais e económicas que caracterizam a área,
direta ou indiretamente afetadas pelo projeto de ampliação da FLEX2000. Esta caracterização é
fundamental para a compreensão e explicitação das características e dinâmicas do ambiente
humano suscetíveis de serem afetadas pelo projeto em avaliação.
A análise adotada para este estudo tem por base os dados do INE e IEFP, nomeadamente,
recenseamentos gerais da população de 2001, 2011 e resultados provisórios de 2021 disponíveis,
e estatísticas de desemprego de 2020, sendo realizada, sempre que possível, à escala da freguesia
e do concelho, efetuando-se igualmente, quando pertinente, um enquadramento à escala da
região de Aveiro.
Na definição da área de estudo consideram-se duas escalas de análise:
 A escala sub-regional (Região de Aveiro) – em que a caracterização da situação atual se
centra num conjunto de dimensões, cuja análise desagregada permite, por um lado,
obter elementos relevantes para o enquadramento e contextualização da área mais
restrita de intervenção do projeto e, por outro lado, perspetivar os impactes que a
existência e funcionamento do projeto poderá proporcionar no contexto concelhio. As
dimensões analisadas são as seguintes:
o Povoamento e sistema urbano;
o Estrutura demográfica;
o Emprego;
o Poder de compra;
o Acessibilidades e mobilidade.
 Escala local a qual corresponde à área de intervenção direta do projeto e sua envolvente
próxima, na qual se farão sentir os impactes diretos e alguns dos impactes indiretos
mais relevantes sobre a população e a sua vivência quotidiana, tendo em conta a
ocupação e uso do território.
Ao nível da saúde humana, a caracterização é realizada com base num conjunto de indicadores
constantes do Perfil Local de Saúde que, no âmbito do presente estudo, se considera serem os mais
adequados.
Os Perfis Locais de Saúde foram desenvolvidos no âmbito dos Observatórios Regionais de Saúde dos
Departamentos de Saúde Pública das cinco Administrações Regionais de Saúde de Portugal
Continental. O município de Ovar, no qual o projeto se localiza, insere-se no Agrupamento de Centros
de Saúde (ACeS) do Baixo Vouga.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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4.12.2 Povoamento e sistema urbano
A estruturação do sistema urbano caracteriza-se por uma variedade de formas complexa, com
uma lógica de crescimento baseada na fixação de construção, inicialmente ao longo do rio Cáster
devido à sua navegabilidade e à proximidade das terras de cultivo. Posteriormente, com o
aparecimento das infraestruturas de comunicação, via férrea e acessibilidades rodoviárias,
constituíram novas atrações para fixação da população, contribuindo de forma significativa para
um desenvolvimento crescente de Ovar (CMO, 2013).
Neste contexto, as formas de povoamento do concelho de Ovar podem caracterizar-se em dois
tipos: o povoamento linear, com a ocupação urbana estruturada ao longo das vias de
comunicação, e o povoamento nucleado que se caracteriza por nucleações e malhas urbanas
relativamente densificadas e contidas no território.
O concelho de Ovar é constituído atualmente por 5 freguesias. De acordo com os resultados
preliminares dos censos 2021, Ovar possui uma população de 54 976 habitantes, apresentando
uma densidade populacional bastante elevada (372,2 hab./km2), valor este que é
significativamente superior ao conjunto dos concelhos que integram a região de Aveiro
(217,1 hab./km2). Face às densidades populacionais (Quadro 4.32), constata-se que se está
perante unidades territoriais de cariz urbano, com maior relevância no concelho de Ovar e união
de freguesia.

Quadro 4.32- Densidades populacionais.


Unidade territorial Hab./km2

Região de Aveiro 217,1

Ovar 372,2

União Freguesias 340,7


Fonte: (INE, resultados preliminares 2021)

Em 2011, a maioria da população residente no concelho (64,5 %) residia em lugares com menos
de 2 mil habitantes, exceituando-se a cidade de Ovar que concentrava 19,9% população residente
e com características claramente urbanas (Quadro 4.33).
A concentração da população na cidade de Ovar, não é alheia à concentração da maioria dos
equipamentos e serviços de nível superior, das unidades industriais e também devido à
proximidade dos principais eixos de acessibilidades com destaque para a EN 109 e A29.

Quadro 4.33- Distribuição percentual da população residente segundo a dimensão dos lugares (2011).
Unidade 10.000 a
Até 1.999 2.000 a 4.999 5.000 a 9.999 >= 100.000
Isolados 99.999
territorial habitantes habitantes habitantes habitantes
habitantes
Região de Aveiro 1,4 61,5 15,0 1,4 20,7 0,0

Ovar 0,2 64,5 15,5 0,0 19,9 0,0


Fonte: (INE, 2011).

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4.12.3 Estrutura demográfica
A análise de alguns indicadores demográficos permite concretizar melhor alguns dos aspetos
referidos anteriormente. O Quadro 4.34 apresenta a variação do volume de população residente
registada entre 2001 e 2021.

Quadro 4.34- Evolução da população residente (2001 a 2021).


2001-2011 2011-2021 2001-2021
Unidades territoriais 2001 2011 2021
(%) (%) (%)

Região de Aveiro 364 973 370 394 367 455 1,5 -0,8 0,7

Ovar 55 198 55 398 54 976 0,4 -0,8 -0,4

União Freguesias 29 710 29 765 29 442 0,2 -1,1 -0,9

Da leitura do quadro ressaltam os seguintes aspetos principais:


 Com base nos dados preliminares dos censos 2021, observa-se um decréscimo da
população na última década censitária em todas as unidades territoriais;
 Decréscimo da população residente em Ovar pouco significativo;
 Ligeiro decréscimo populacional da união de freguesias.
As razões da evolução populacional podem ser explicadas através do resultado conjunto das
variáveis demográficas: saldo de crescimento natural e saldo migratório. O saldo de crescimento
natural é a relação entre os nascimentos e os óbitos. O saldo migratório é a relação entre os
fluxos de entrada e saída da população.
Entre os anos de 2011 e 2020, registaram-se no concelho de Ovar saldos de crescimento natural
negativos, embora tenham vindo a diminuir nos últimos dois anos (Figura 4.66).
No que concerne ao saldo migratório, entre 2011 e 2018, a diferença entre o número de entradas
e saídas por migração, tem sido negativa. Nos anos de 2019 e 2020 o município registou entrada
de população com maior expressão no ano de 2020.

Figura 4.66- Saldo de crescimento natural e migratório no concelho de Ovar.

Desta avaliação constata-se que o decréscimo da população residente registada no concelho de


Ovar se deve ao menor número de nascimentos, mas também à migração da população para
outros municípios.
Relativamente à estrutura etária da população residente constata-se que, em 2011, mais de
metade da população residente se encontrava em idade ativa (Quadro 4.35).

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Quadro 4.35- Estrutura etária e Índice de Envelhecimento (2011) (Fonte: (INE, 2011).
Unidades territorial 0-14 anos 15-24 anos 25-64 anos ≥ 65 anos IE
(%) (%) (%) (%) (%)
Região de Aveiro 14,7 10,9 55,7 18,7 126,9

Ovar 15,5 11,3 57,3 15,9 102,6

União de freguesias 15,3 11,4 56,8 16,5 108,1


Fonte: (INE, 2011)

Ambas as unidades territoriais em análise evidenciam uma tendência para o envelhecimento da


população com a faixa etária com mais de 65 anos a representar um peso importante face às
restantes faixas etárias, com destaque para a região de Aveiro.
O envelhecimento é bem patente pelo índice de envelhecimento em que para cada jovem (0 aos
14 anos) existem cerca de 1,3 idosos na região de Aveiro. Ao nível do concelho e união de
freguesia registam um menor índice de envelhecimento.

4.12.4 Emprego
Em 2011, a taxa de atividade no concelho Ovar (50,1%), era superior à média dos concelhos da
região de Aveiro (48,7%). Na década censitária de 2001-2011 observou-se uma alteração
importante na dinâmica económica das unidades territoriais em análise, devido à diminuição da
taxa de atividade (Quadro 4.36).

Quadro 4.36- População economicamente ativa, taxas de atividade e desemprego (2001 e 2011).
Desempregada 2011
Taxa de Taxa de
atividade desemprego Empregada Procura 1º Procura de
Unidade Territorial Total
2011 emprego novo emprego
2001 2011 2001 2011 N.º N.º % N.º %
Região de Aveiro 49,2 48,7 5,2 12,8 159 862 20 416 3 609 17,7 16 807 82,3
Ovar 51,4 50,1 6,4 14,8 23 646 4 132 688 16,7 3 444 83,3
União de freguesias 51,3 49,5 6,7 14,0 12 670 2 058 327 15,9 1 731 84,1
Fonte: (INE, 2001, 2011);

Relativamente à taxa de desemprego registou-se um aumento, de forma muito significativa, em todas


as unidades territoriais analisadas entre 2001 e 2011, destacando-se a união de freguesias com menor
acréscimo, apresentando valores (14,0 %) abaixo da média das freguesias do concelho de Ovar
(14,8 %). Este facto foi essencialmente devido ao efeito da crise económica de 2008 que conduziu o
País a um período de assistência financeira.
Em 2011, observou-se uma clara tendência para o desemprego associado à população em idade ativa
mais envelhecida, facto constatado, quer pela maior percentagem de população em idade ativa à
procura de novo emprego (acima dos 80 % em todas as unidades territoriais analisadas).
Com o fim do período de assistência financeira, o país tem vindo a registar uma evolução positiva dos
indicadores económicos, inclusivamente ao nível do emprego.
Efetivamente, tendo em conta os dados mais recentes (2020) do emprego/desemprego do Instituto do
Emprego e Formação Profissional (IEFP), constata-se que a população desempregada registou um
decréscimo face a 2011. Segundo os dados do centro de emprego (CE) de Ovar, em 2020, em média, o
total de desempregados registados no CE foi de 2019 desempregados dos quais 90,5 % (1828
desempregados) estavam à procura de novo emprego e 9,5 % (190 desempregados) procuravam o
primeiro emprego.

Pág. 178 de 294 Relatório Síntese


Em 2011, o número de desempregados no CE de Ovar era de 3525, pelo que, comparando os dados de
2020 com os de 2011 (do CE de Ovar) verificou-se uma redução de cerca de 43% do número de
desempregados (menos 1506 desempregados). A diminuição do número de desempregados não se
registou apenas no município de Ovar, tendo sido transversal à região de Aveiro.
O efeito do envelhecimento populacional, apesar de pouco expressivo, coloca um desafio,
nomeadamente na garantia da substituição da população ativa. O índice de renovação da
população ativa mede a relação entre a população que está a entrar (20 a 29 anos) e a sair do
mercado de trabalho (55 a 64 anos).
O concelho de Ovar apresentava, em 2011, um índice de renovação da população ativa de cerca
de 96, o que significa que existem 96 jovens, entre os 20 e 29 anos por cada 100 indivíduos dos 55
aos 64 anos, demonstrando que o concelho está abaixo do limite para conseguir renovar a sua
população ativa (Quadro 4.37).

Quadro 4.37- índice de renovação da população ativa.


Índice de renovação da população
Unidade Territorial ativa
2001 2011
Região de Aveiro 150,2 94,5

Ovar 178,3 95,6

União freguesias 160,9 94,4

Esta constatação é transversal às unidades territoriais em análise, tendo todas registado uma
redução considerável no índice de renovação da população ativa, face a 2001.
Relativamente à população residente ativa empregada por sector de atividade, observa-se, em
2011, que o setor terciário é o setor que mais população emprega, seguido do setor secundário,
situação inversa ao que se observada em 2001, quer no concelho de Ovar quer na união de
freguesias (Figura 4.67). Em 2011, o setor terciário empregava mais de metade da população ativa
de todas as unidades territoriais analisadas. O setor secundário apresentava um maior peso na
empregabilidade da população ativa do concelho de Ovar (40,6%), sendo superior à registada
para a média dos concelhos que integram a região de Aveiro (38,0%).
Ao nível do setor primário a empregabilidade é diminuta, representando sensivelmente 1% da
população ativa do concelho de Ovar e união de freguesias.

Figura 4.67- População residente ativa empregada em 2001 e 2011, segundo os sectores de atividade.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 179 de 294
Em termos evolutivos, constata-se que apenas o setor terciário aumentou a empregabilidade,
tendo o concelho de Ovar registado a maior subida (21,9%).
Nos restantes setores (primário e secundário), registaram-se decréscimos significativos (Figura
4.68). Ao nível do setor primário, o decréscimo mais significativo registou-se na união de
freguesias (49,5%).
Relativamente ao setor secundário, a maior decida da empregabilidade verificou-se no concelho
de Ovar (35,1%) seguido da união de freguesias (34,1%). O decréscimo registado no setor
secundário dever-se-á fundamentalmente ao efeito da crise económica de 2008 que conduziu o País
a um período de assistência financeira.

Figura 4.68- Variação da população ativa entre 2001 e 2011, por sector de atividade.

Analisando a distribuição da população empregada pelos ramos de atividade que integram os três
sectores de atividade (Figura 4.69), observa-se que, em 2011, a indústria transformadora (C) e o
comércio por grosso e a retalho (G) foram os ramos de atividade de maior empregabilidade no
concelho de Ovar, empregando um total de 51,9% da população ativa. Este cenário é o espelho da
empregabilidade na região de Aveiro, observando-se um cenário semelhante na união de
freguesias.
De destacar, a importância da indústria transformadora, como o ramo de maior empregabilidade
em todas unidades territoriais analisadas, empregando 30% ou mais da população ativa.

Figura 4.69- População ativa empregada, segundo a classificação das atividades económicas (CAE-
Rev.3)(2011).

Pág. 180 de 294 Relatório Síntese


Legenda da Classificação segundo o CAE-Rev.3:
A - Agricultura, Produção animal, caça, floresta e pesca
B – Indústrias extrativas
C – Indústrias Transformadoras
D - Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio
E – Captação, tratamento e distribuição de água; saneamento, gestão de resíduos e despoluição
F – Construção
G - Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos
H – Transportes e armazenagem
I – Alojamento, restauração e similares
J – Atividades de informação e comunicação
K - Atividades financeiras e seguros
L – Atividades imobiliárias
M – Atividades de consultadoria, científicas, técnicas e similares
N – Atividades administrativas e dos serviços de apoio
O - Administração pública, defesa e segurança social
P – Educação
Q – Atividades de saúde e apoio social
R – Atividades artísticas, de espetáculos, desportivas e recreativas
S – Outras atividades de serviços
T – Atividades familiares empregadoras de pessoal doméstico e atividades de produção das famílias para uso próprio
U - Atividades dos organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais

Sendo a indústria transformadora o ramo de atividade importante em matéria de emprego, quer


no concelho de Ovar quer na união de freguesias, importa avaliar as respetivas subsecções deste
ramo de atividade.
No concelho de Ovar destaca-se a ‘Fabricação de veículos automóveis, reboques, semi-reboques e
componentes para veículos automóveis’, como a atividade com maior peso na empregabilidade
do ramo da indústria transformadora, a qual empregava 15,9% da população empregada, o que,
em conjunto com os ramos da ‘Fabricação de produtos metálicos’, ‘Indústria do vestuário’ e
Fabricação de têxteis’ empregava 47,4% da população empregada (Figura 4.70).

Fonte: INE, Recenseamento Geral da População, 2011.


Figura 4.70- População ativa empregada segundo a classificação das atividades económicas, nas subsecções
da Indústria Transformadora (CAE-Rev.3) (2011).

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 181 de 294
Ao nível dos ramos de atividade no qual a FLEX2000 se classifica (22 – Fabricação de artigos de
borracha e de matérias plásticas), em 2011, constata-se que é pouco significativo ao nível da
união de freguesias e concelho, empregando, 3,6 % e 3,0% da população empregada,
respetivamente.
De acordo com os dados do INE, Fabricação de artigos de borracha e de matérias plásticas (Ramo
22), em 2011, empregavam 237 pessoas no concelho de Ovar, dos quais 143 exerciam a sua
atividade na união de freguesias. Em 2020, a FLEX2000 empregava 266 pessoas.

4.12.5 Poder de Compra


Para análise do poder de compra, toma-se como referência o Indicador de Poder de Compra per
Capita (IPC), construído pelo Instituto Nacional de Estatística. Este indicador é construído com
base na análise de 20 variáveis, incluindo contribuições fiscais, rendimento coletável, valores de
movimentos financeiros, indicadores de conforto, nível de instrução, equipamentos, número e
dimensão das empresas, densidade populacional, entre outros.
O Indicador compara as regiões e os concelhos com um padrão de referência (Portugal = 100),
sendo que em 2017, os concelhos com maior IPC eram Lisboa (219,6), Porto (157,8) e Oeiras
(156,5).
Tendo em conta a sua composição, pode considerar-se, de forma mais ampla, o IPC como um
indicador geral do “desenvolvimento” socioeconómico e, em certa medida, sociocultural, dos
concelhos e um indicador da posição relativa de cada um na escala de desenvolvimento.
O concelho de Ovar apresentava, em 2017, um valor de IPC (88,9) abaixo do padrão de referência
(100,0) ocupando a septuagésima nona posição (Figura 4.71). De 1993 a 2017, que o IPC do concelho
tem registado uma tendência de crescimento.

Fonte: PORDATA (2021)


Figura 4.71- Poder de Compra per capita (1993 a 2017).

Relativamente, à evolução dos gastos com os colaboradores, a FLEX2000 tem vindo a aumentar o
valor médio por colaborador de acordo com a Figura abaixo.

Pág. 182 de 294 Relatório Síntese


Fonte: Flex2000.
Figura 4.72- Evolução de gastos com pessoal na FLEX2000 (Euros).

4.12.6 Acessibilidades e mobilidade


Acessibilidades
O concelho de Ovar, localizado a cerca de 26 km de Aveiro e cerca de 36 km do Porto, é servido
por acessos rodoviários e ferroviários. Em termos de rede rodoviária, o concelho de Ovar, apoia-
se na rede que foi planeada para servir o litoral do país. Trata-se de uma rede linear que ao longo
do seu percurso permite o acesso a eixos estruturantes a partir dos quais se estabelece a ligação a
todas as regiões do País e à rede internacional.
Tem uma localização geográfica privilegiada, pelo facto de estar inserido numa região com uma
excelente rede de acessibilidades tão diversificada, das quais se destacam (Figura 4.73):
 A1 - Auto-Estrada 1 pertencente à rede fundamental, que estabelece a ligação do Porto
a Lisboa;
 A29 - pertencente à rede fundamental, que estabelece a ligação do Porto à A25 próximo
de Aveiro;
 EN223 - Estrada Nacional pertencente à rede complementar que estabelece a ligação
entre a EN109 e Canedo;
 EN 109 - Estrada Nacional, pertencente à rede complementar de estradas, estabelece a
ligação Leiria ao Porto, passando por Ovar;
 ER 327 – Estrada Regional, pertencente à rede complementar de estradas, estabelece a
ligação Ovar a São João da Madeira.
Os eixos rodoviários, pertencentes à rede fundamental de estradas (Auto-Estradas), são vias de
comunicação com maior interesse nacional, uma vez que servem de apoio a toda a rede
rodoviária nacional assegurando a ligação entre os centros urbanos com influência supra-distrital
e destes com os principais portos, aeroportos e fronteiras.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 183 de 294
Figura 4.73- Rede de acessibilidades.

Na região em análise a rede fundamental de estradas apresenta um perfil transversal de 2x2 vias,
com separador central. Contudo, em alguns dos troços apresentam perfis superiores. Na A1, no troço
Sta. Maria da Feira - Porto, o perfil transversal é de 2x4 vias e no troço Sta. Maria da Feira - Estarreja o
perfil transversal é de 2x3 vias. A A1 e a A29 são vias que apresentam um bom estado de conservação
do pavimento betuminoso e são de elevada capacidade, dado que foram dimensionadas para um nível
de serviço B, isto é, asseguram correntes de tráfego estáveis e permitem uma razoável circulação aos
condutores.
A EN109 e a EN223 integram a rede complementar de estradas, e tem como função assegurar a
ligação entre a rede nacional fundamental e os centros urbanos de influência concelhia ou supra
concelhia.

Pág. 184 de 294 Relatório Síntese


A EN109 apresenta um perfil transversal de 2x1 via, apresentando um bom estado de
conservação do pavimento betuminoso. Contudo, uma vez que nesta região o povoamento é
disperso, registam-se traçados bastantes condicionados, devido à travessia de aglomerados
populacionais, com obstruções laterais (cruzamentos e entradas/saídas de urbanizações),
sobretudo no troço Porto – Aveiro, o que que limita a velocidade de circulação.
A EN223, entre a EN109 e o nó da A1 (em Santa Maria da Feira) possui um perfil transversal de
2x2 vias (perfil de autoestrada) e apresenta um bom estado de conservação do pavimento
betuminoso. A partir do nó da A1 em direção a Canedo o perfil transversal é de 2x1 via.
A ER 327, integra a rede complementar de estradas, e tem como função assegurar as ligações
com interesse supramunicipal e complementar. Trata-se de uma estrada com perfil transversal de
2x1 via, apresentando um bom estado de conservação do pavimento betuminoso. Esta via
possibilita o acesso direto à zona industrial de Ovar.
De acordo com o Decreto-lei n.º 222/98 de 17 de julho, que regulamenta o PRN de 2000, os eixos
que constituem a rede complementar de estradas devem assegurar um nível de serviço C, ou seja,
condições de circulação relativamente estáveis, embora com restrições quanto à velocidade e a
ultrapassagens.
A área de implantação da unidade industrial da FLEX2000 situa-se a cerca de 4,0 km do nó de
acesso à A29 (através da ER327) e a cerca de 10 km do acesso à A1 (através da ER327, da EN109 e
da A47).
A rede viária nas imediações da área de implantação da unidade Industrial da FLEX2000 apresenta
boas características técnicas, um bom estado de conservação, e o dimensionamento delas
confere-lhes uma grande reserva de capacidade, conferindo um largo período de
operacionalidade.
Além da rede de estradas, a região é servida pela rede ferroviária, nomeadamente pela Linha do
Norte a qual permite o acesso a toda a faixa litoral de Lisboa-Porto, à linha da Beira Alta na
Pampilhosa; à linha da Beira Baixa no Entroncamento; e à linha do Sul em Lisboa. É uma linha de
via dupla, encontrando-se eletrificada em toda a sua extensão.
Em suma, a área de implantação da unidade Industrial da FLEX2000 apresenta uma localização
privilegiada face à rede de acessibilidades, que proporcionam uma grande proximidade às
principais interfaces de mercadorias e passageiros da região.
Mobilidade
A caracterização da mobilidade é efetuada com base no estudo das deslocações pendulares da
população residente no concelho de Ovar. A análise das deslocações pendulares, nomeadamente
através da informação relativa ao tempo gasto e os meios de transporte utilizados nos percursos
casa-escola e casa-trabalho, assume um papel importante na avaliação das condições de vida da
população.
De acordo com os censos de 2011, a percentagem da população residente em Ovar que trabalha
ou estuda noutro município é de 33,6%, correspondendo a 18 613 habitantes da população
residente.
Face às deslocações pendulares da população para outros municípios, os fluxos no interior do
município de Ovar são da ordem dos 66%.
A duração média das deslocações pendulares da população residente (empregada ou estudante)
do concelho de Ovar, não ultrapassa os 18 minutos. Ao nível da união de freguesias a duração das
deslocações é ligeiramente menor fixando-se, em 2011, em 16,8 minutos.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 185 de 294
As deslocações pendulares, no concelho de Ovar, são maioritariamente efetuadas através do uso
do automóvel ligeiro como condutor ou como passageiro (64,1%), sendo que 44,7% das
deslocações em automóvel ligeiro são efetuadas como condutor (Figura 4.74).

Figura 4.74 - Principal meio de transporte utilizado nos movimentos pendulares.

Quanto à união de freguesias, a utilização o transporte ligeiro nas deslocações pendulares é


ligeiramente inferior (62,6%), sendo que 44,1% das deslocações em automóvel ligeiro são
efetuadas como condutor.
De destacar as deslocações realizadas a pé como a forma mais utilizada quer no município (16,1%)
quer na união de freguesias (17,4%), logo a seguir ao uso do transporte individual.
O uso de transportes coletivos públicos (autocarro e comboio) ou da empresa ou da escola, é
responsável por 14,0% das deslocações pendulares do município e 14,2% das deslocações da
união de freguesias. O transporte coletivo mais utilizado é o autocarro, quer no município quer na
união de freguesias. O comboio é utilizado por 5,3% da população nas deslocações pendulares do
município e 5,1% na união de freguesias.
No município de Ovar o serviço público de transporte de passageiros, é assegurado pelas
empresas CP-comboios de Portugal, Transdev, Auto Viação do Souto - Inácio, Auto Viação
Feirense e União de Transportes dos Carvalhos.
A CP permite a ligação de Ovar a outros municípios por via ferroviária. Com a CP a ligação é
estabelecida através da linha do Norte existindo no município de Ovar 4 estações e apeadeiros:
Válega, Ovar, Maceda e Cortegaça.
As empresas transporte coletivo rodoviário, efetuam o transporte por via rodoviária, dispondo de
várias carreiras que operam no interior do município e que permitem, também, a ligação de Ovar
a outros municípios.

4.12.7 Comunidade local


Nos pontos anteriores procurou-se desenvolver uma análise de enquadramento da área de
implantação FLEX2000 nas dinâmicas socioeconómicas e socio territoriais da região de Aveiro. De
seguida, procede-se, a uma análise mais localizada referente à área de intervenção do projeto e
sua envolvente próxima.
A área de intervenção direta do projeto em análise, caracteriza-se por uma significativa ocupação
industrial a nascente e florestal a poente da FLEX2000.
Na envolvente próxima encontram-se algumas áreas urbanas destacando-se as mais próximas a
sudeste, que correspondem à cidade de Ovar, a qual dista cerca de 1,4 km da FLEX2000.

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De acordo com os dados provisórios disponíveis dos censos de 2021 nas unidades territoriais de
menor dimensão (subsecção estatística) que confinam com a área de implantação da FLEX2000
residiam 14 habitantes, distribuídos por 9 edifícios e 9 alojamentos (Figura 4.75).

Figura 4.75 - População residente nas subsecções estatísticas em torno da FLEX2000, em 2021.

De salientar, que a unidade industrial da FLEX2000 se situa numa subsecção onde residem 9
habitantes, em edifícios que se encontram próximo do aglomerado populacional do Furadouro a
mais de 2 km do local de implantação do projeto.

4.12.8 Saúde humana


O ACeS Baixo Vouga abrange uma população residente de 364 313 habitantes, representando cerca de
21,6% da população da região Centro.
Entre os censos de 2001 e 2011 a população do ACeS aumentou 1,5%. O índice de
envelhecimento tem vindo a aumentar, mas com valores inferiores ao da Região Centro e
próximo do Continente. A esperança de vida à nascença tem vindo a aumentar em ambos os
sexos e é próxima do valor da Região Centro e do Continente, sendo de 78,2 anos para os homens
e 84,4 anos para as mulheres. A taxa de natalidade, tem acompanhado a tendência decrescente
da região Centro e do Continente, apresentando valores superiores aos da Região Centro (ACeS
Baixo Vouga, 2016).
Os indicadores de saúde considerados no presente estudo são os seguintes:

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 187 de 294
 Proporção de nascimentos pré-termo - (Nº de nados vivos de gestações com menos de 37
semanas / Nº total de nados vivos, numa determinada área geográfica e num determinado
período de tempo) x 100;
 Taxa de mortalidade infantil - (Nº total de óbitos de crianças com menos de um ano de idade /
Nº de nados vivos) x 1000;
 Mortalidade proporcional por grandes grupos de causas de morte (todas as idades) - (Nº de
óbitos por grandes causas / Nº total de óbitos, numa determinada área geográfica e num
determinado período de tempo) x 100;
 Taxa de mortalidade padronizada pela idade (< 75 anos) - Valor que permite a comparação de
mortalidade por grupos de causas de morte entre diferentes regiões, retirando o efeito que a
variável idade tem sobre a mortalidade, num determinado período de tempo;
 Morbilidade nos Cuidados de Saúde Primários - Nº de utentes com diagnóstico ativo na lista de
problemas, de acordo com a classificação ICPC-2 /Nº total de utentes com inscrição cativa no
ACeS(Região) na data de referência do indicador) x 100;
A proporção de nascimentos pré-termo foi de 7,9%, tendo estabilizado nos últimos triénios, com
valores idênticos aos da região Centro e do Continente. A proporção de crianças com baixo peso à
nascença (8,5%) tem mantido a tendência de aumento com valores próximos à região e ao
Continente.
A mortalidade infantil registada no ACeS do Baixo Vouga (2,3‰ nados vivos) tem apresentando
tendência de evolução decrescente, com valores inferiores à região e ao Continente,
acompanhando a evolução da região e do Continente (Figura 4.76).
No triénio 2012-2014, a taxa de mortalidade prematura (<75 anos) padronizada pela idade
apresenta, para a maioria das causas de morte, valores inferiores à região, mas sem significância
estatística. De referir o tumor maligno do estômago no sexo masculino e a diabetes mellitusno
sexo feminino, com valores significativamente superiores à região (ACeS Baixo Vouga, 2016).
Na mortalidade proporcional por grandes grupos de causas de morte, para todas as idades e
ambos os sexos, destacam-se, pelo seu maior peso relativo, as doenças do aparelho circulatório
(30,2%), seguidas dos tumores malignos (23%), com valores superiores ao da região. Já para a
população com idade <75 anos, ambos os sexos, a ordem inverte-se e os tumores malignos
(38,7%) assumem o grupo de causa de morte com maior expressão, registando valor superior ao
da região.

Figura 4.76- Evolução da taxa de mortalidade infantil (/1000 nados vivos), 1996-2015 (média anual por
triénios) (Fonte: ACeS Baixo Vouga, 2016).

Pág. 188 de 294 Relatório Síntese


Na mortalidade proporcional por grandes grupos de causas de morte, para todas as idades e
ambos os sexos, destacam-se, pelo seu maior peso relativo, as doenças do aparelho circulatório,
seguidas dos tumores malignos e das doenças do aparelho respiratório (Figura 4.77).

Figura 4.77- Mortalidade proporcional por grandes grupos de causas de morte no triénio 2012-2014 para
todas as idades e ambos os sexos (Fonte: ACeS Baixo Vouga, 2016).

Na morbilidade nos Cuidados de Saúde Primários, medida pela proporção de inscritos com
diagnóstico ativo de ICPC-2 (Classificação Internacional de Cuidados de Saúde Primários),
destacam-se os problemas: de alterações do metabolismo dos lípidos e hipertensão (acima dos
20% em ambos os sexos), perturbações depressivas (proporção três vezes superior nas mulheres),
obesidade e diabetes (Figura 4.78).

Figura 4.78- Proporção de inscritos (%) por diagnóstico ativo no ACeS Baixo Vouga, por sexo (dezembro
2015) (Fonte: ACeS Baixo Vouga, 2016)

4.13 Evolução da situação de referência sem projeto


A evolução da situação de referência de uma determinada área encontra-se muito dependente
dos instrumentos de gestão territorial em vigor a que se associam fatores exógenos difíceis de
controlar e prever, entre os quais se destacam, entre outros, as alterações nas dinâmicas
macroeconómicas, a capacidade que os próprios municípios têm de influenciar a captação de
investimentos e a existência ou não de restrições legais condicionadoras de alterações ao uso do
solo.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 189 de 294
No caso em análise, o instrumento de gestão territorial que de forma mais significativa influência
o desenvolvimento futuro do território é o PDM de Ovar e o próprio Plano de Gestão Florestal do
Perímetro Florestal das Dunas de Ovar.
Salienta-se que a área adjacente ao local de implantação do projeto (lado nascente) está
vocacionada para a atividade industrial, estando aí implantadas várias indústrias importantes no
panorama industrial nacional.
Tendo em conta o PDM em vigor, a área proposta para a ampliação da unidade industrial, em
termos de qualificação do solo, insere-se em área de ‘solo rural’ no ‘espaço florestal de
conservação’.
De acordo com o artigo 54.º do regulamento do PDM de Ovar, os “espaços florestais de
conservação integram áreas de uso ou vocação florestal sensíveis, por nelas ocorrerem fatores de
risco de erosão ou de incêndio ou por exercerem funções de proteção prioritária da rede
hidrográfica, integrando, ou não, áreas sujeitas a regime florestal, ao regime da REN, da RAN ou
da Rede Natura, englobando, ainda, incultos e áreas agropecuárias”.
Acresce ainda que a área em causa está submetida a Regime Florestal Parcial e inserida na
Reserva Ecológica Nacional, servidões estas que condicionam fortemente alterações às
características biofísicas da área.
Neste contexto, não ocorrendo a ampliação da FLEX2000 para o local proposto, os usos
atualmente existentes nessa área manter-se-ão inalterados.
Contudo, é de ressalvar que a área de implantação do projeto está abrangida pelo Plano de
Gestão Florestal (PGF) do Perímetro Florestal das Dunas de Ovar. O PGF estipula para esta área a
implementação e incrementação das funções de:
 Produção;
 Recreio, enquadramento e estética da paisagem;
 Proteção.
Com a elaboração do Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal das Dunas de Ovar
pretendeu-se desenvolver para este espaço florestal e recursos associados os modelos de
organização territorial e de silvicultura adequados, de modo a alcançar os seguintes objetivos:
 Conservação dos valores fundamentais “solo” e “água” e regularização do regime
hidrológico, nomeadamente através da identificação das zonas mais suscetíveis à
erosão, do desenvolvimento de modelos de organização territorial e dos modelos de
silvicultura adaptados às formações dunares;
 Proteção da diversidade biológica e da paisagem, nomeadamente através da
implementação de regras de gestão para zonas que integrem habitats com interesse
para a conservação, e do desenvolvimento de modelos de organização territorial e de
silvicultura adequados a cada tipo de habitat ou de espécie protegida.
O Perímetro Florestal das Dunas de Ovar ocupa uma área aproximada de 2584 ha, estando
dividido em 16 talhões no Polígono Sul (479 ha) e 89 talhões no Polígono Norte (2105 ha) dos
quais 12 talhões estão totalmente afetos à área da base militar AM1 e 18 talhões parcialmente
afetos a essa mesma base (515 ha). À exceção dos talhões limítrofes que têm formas e dimensões
diversas, os talhões possuem forma retangular com cerca de 28 ha cada encontrando-se
delimitados pelo esquema típico de arrifes (sentido Norte – Sul) e aceiros (sentido Este – Oeste),
característicos destas áreas florestais do litoral português (Figura 4.79) (ICNF & CMO, 2016).

Pág. 190 de 294 Relatório Síntese


Figura 4.79 -Talhões do Perímetro Florestal das Dunas de Ovar.

O projeto de ampliação da unidade industrial insere-se em parte dos talhões 78 e 79 cuja idade
aproximada será, atualmente de cerca de 70 anos (ICNF & CMO, 2016).

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 191 de 294
De acordo com o estipulado pelo PGF, em 2020, cerca de 28,3 ha do talhão 78 seriam submetidos
a ´Resinagem’. No entanto, na sequência do trabalho de campo realizado, essa situação ainda não
se concretizou. Findo o processo de resinagem, em 2024 proceder-se-ia ao corte final desses
28,3 ha (Figura 4.80).

Figura 4.80 - Extrato da carta de cortes finais (Fonte ICNF, 2016).

O PGF define um plano de cortes culturais que se aplica a toda a área do Perímetro Florestal,
sendo estabelecidas 5 áreas distintas de ‘cortes culturais’. A cada ano será alvo de corte cultural
uma das áreas estabelecidas, devendo cada uma destas ser percorrida de cinco em cinco anos.
A totalidade dos talhões 78 e 79, bem como vários outros talhões adjacentes, serão alvo de cortes
culturais entre o período de (2018 a 2023) (ICNF & CMO, 2016).

Pág. 192 de 294 Relatório Síntese


Refere-se ainda as operações previstas para o talhão 70 e 80, adjacentes ao talhão 79, com áreas
de resinagem previstas em 2017 e 2019, e cortes finais previstos em 2021 e 2023, respetivamente
(Figura 4.80). No talhão 70 existe atualmente uma área em resinagem.
O conjunto destas atividades de gestão, não alterando o uso do solo existente, implicam a
introdução de perturbação na área e alteração da estrutura florística na sequência da realização
destas atividades. Nesse âmbito ocorrerá a movimentação de maquinaria pesada afeta às
operações planeadas bem como a presença de pessoas. Além do corte de árvores ocorrerá a
destruição de coberto vegetal arbustivo e a compactação do solo nos locais de circulação da
maquinaria pesada.
Face a esta dinâmica de gestão/intervenção prevista para a área de estudo, no Quadro 4.38
apresenta-se o que se perspetiva ser a possível evolução da situação de referência caso a unidade
industrial da FLEX2000 não seja ampliada para o terreno em avaliação.

Quadro 4.38- Evolução da situação de referência sem projeto.


Fator Área Evolução previsível da situação de referência sem fábrica de lixívias

Alterações climáticas em consonância com o que dão as projeções para esta


Local do projeto área geográfica. Sendo de natureza global não encontram fronteira entre a
Clima e área de implantação do projeto e a área envolvente: subida da temperatura
Alterações média anual; aumento do número de dias muito quentes com maior
Climáticas frequência de ondas de calor; diminuição da precipitação média anual; secas
Área envolvente mais frequentes e intensas; aumento dos fenómenos extremos em particular
de precipitação intensa ou muito intensa.

Local do projeto Sem alteração

Geologia e Poderão ocorrer alterações geomorfológicas na sequência de intervenções


geomorfologia relativas à implementação de novas indústrias/áreas de armazenagem na
Área envolvente zona industrial. Estas alterações face à geomorfologia local não serão
significativas.

Local do projeto Sem alteração


Recursos
Hídricos Presumível aumento a prazo do número de captações (furos) para
Subterrâneos abastecimento de água de novas unidades industriais e para rega. Nesse
Área envolvente
cenário caso venham a ser licenciadas novas captações ocorrerá um aumento
da pressão sobre o aquífero

Recursos Local do projeto Sem alteração (não existem linhas de água)


Hídricos Sem alteração na medida em que na área adjacente não se identificam linhas
superficiais Área envolvente
de água.

Local do projeto
Solos e uso do
Sem alteração significativa
solo
Área envolvente

Local do projeto Sem alteração


Ambiente
sonoro
Área envolvente Sem alteração (mantém-se a classificação de uso industrial).

Local do projeto Sem alteração

Qualidade do Existindo instalação de novas unidades industriais na zona industrial será


ar expectável um incremento das emissões de poluentes atmosféricos
Área envolvente associados quer aos processos industriais que aí se vierem a instalar, quer ao
tráfego rodoviário por via do potencial aumento do tráfego associado
(pesado e ligeiro) que circulará nas vias de acesso aos espaços industriais.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 193 de 294
Fator Área Evolução previsível da situação de referência sem fábrica de lixívias

Alterações associadas à dinâmica da gestão florestal prevista ao abrigo do


PGF. Aos ciclos culturais previstos (cortes culturais, resinagem, corte final)
está associado algum grau de perturbação ocorrendo no limite o corte de
pinheiros e a degradação da vegetação arbustiva. No decurso dessas
Local do projeto atividades ocorrerá a perturbação da fauna. Na área onde será efetuado o
corte final haverá uma tendência de regeneração da vegetação com as
mesmas características.
Biodiversidade Existe o risco de incremento do foco de invasão por Acácias (atualmente com
presença ainda residual).

O biótopo florestal está assujeito à dinâmica da gestão florestal acima


descrita. Na área industrial continuará a desenvolver-se a atividade
Área envolvente económica, podendo ocorrer a instalação de novas atividades industriais nos
lotes ainda disponíveis, não se prevendo no entanto a afetação de valores
naturais.

Apesar das operações de gestão florestal previstas ao abrigo do PGF, algumas


das quais envolverão o corte de árvores, face ao enquadramento da parcela
Local do projeto
no seio de uma extensa área florestal não se prevê que ocorram alterações
relevantes ao nível das características da paisagem
Paisagem
O espaço industrial adjacente é de grande dimensão e sem valor paisagístico
pelo que qualquer alteração que aí ocorra, nomeadamente ao nível da
Área envolvente eventual instalação de novas industrias nas parcelas ainda disponíveis, não
afetará a qualidade da paisagem nem é expectável que venha a constituir
intrusão visual relevante
Sem alteração. No local não foi identificada a presença de valores
Local do projeto
patrimoniais

Sem alteração previsível, na medida em que nas proximidades do local do


Arqueologia
projeto não existem registos de ocorrências patrimoniais quer sejam
Área envolvente arqueológicas quer sejam arquitetónicas, pelo que não é expectável que num
cenário de maior ocupação industrial dos espaços remanescentes venham a
ser afetados valores patrimoniais.
Local do projeto Sem alteração
Potencial redução da Taxa de Desemprego derivado da implantação de novas
empresas na zona industrial.
População e
saúde humana Aumento do tráfego nas vias de acesso da área envolvente à zona industrial
Área envolvente
Afetação da qualidade de vida da população residente em torno dos acessos
e na adjacência da área industrial devido à crescente ocupação da área por
novas empresas com eventuais incrementos de emissões para a atmosfera

Assim, no global, tendo em consideração as características atuais da área de estudo e as


estratégias preconizadas nos instrumentos de gestão do território, caso a unidade industrial não
venha a ser implementada no local previsto, não se perspetivam alterações relevantes ao nível do
território nomeadamente do território afeto ao uso florestal. Na área da zona industrial será de
esperar uma tendência de ocupação dos espaços destinados à implantação das atividades
económicas, tal como já preconizado pelo PDM.

Pág. 194 de 294 Relatório Síntese


5. Análise de Impactes

5.1 Metodologia Geral


5.1.1 Ações suscetíveis de causar impacte
De seguida identificam-se as principais ações suscetíveis de causarem impacte no âmbito da
implementação do projeto em avaliação. Estas ações serão adiante objeto de análise em cada
uma das componentes ambientais consideradas neste estudo.
São consideradas com detalhe as atividades relacionadas com a fase de construção e com o
funcionamento/presença do projeto.
Relativamente à fase de desativação deste projeto, não é expectável que esta venha a ocorrer a
médio prazo na medida em que se trata de um projeto que será de muito longo prazo, uma vez
que este se constituirá como uma infraestrutura de extrema importância quer ao nível de
produção quer ao nível logístico da empresa, com atividade a nível nacional e internacional. A sua
desativação, a ocorrer, deverá ser objeto de um plano prévio a desenvolver para o efeito mas cujo
detalhe das atividades a implementar não é possível identificar com rigor, na medida em que,
mesmo procedendo à desativação do projeto, grande parte das infraestruturas poderão ser
reaproveitadas para outras atividades económicas. Destacam-se como ações desta fase aquelas
que se relacionam com a descontaminação e desmantelamento de equipamentos específicos da
atividade.
No Quadro 5.1 apresenta-se uma descrição sumária das atividades suscetíveis de causar impacte
que estão associadas ao projeto de ampliação. Esta descrição suporta-se na informação
apresentada com maior detalhe no Capítulo 3, pelo que a leitura do presente Quadro não
dispensa a consulta ao referido Capítulo.
Quadro 5.1- Atividades do projeto suscetíveis de causar impacte.
Atividade Descrição

Fase de Construção

Previamente às operações de movimentação de terras proceder-se-á ao corte das


árvores, remoção das toiças e limpeza da vegetação existente na área de
intervenção na qual ocorrerão as operações de terraplenagem. A vegetação
Desmatação arbustiva e arbórea nas áreas não atingidas por movimentos de terras será
mantida.
Esta desmatação será realizada por etapas de acordo com o faseamento de
implementação do projeto

Na área de ampliação do estabelecimento, tendo em conta as cotas do terreno


atual será necessário proceder à terraplenagem para alcançar as plataformas
de aterro definidas para a implantação do projeto.
As operações de escavação localizam-se maioritariamente na zona nascente da
parcela enquanto os aterros serão realizados na zona poente. As zonas de
aterro na zona poente terão em média 1 a 2 m acima da cota atual. As
Terraplenagens: escavações mais altas serão na zona nascente/norte da parcela onde numa
Escavação e Aterro zona muito localizada atingirão os 2,8 m.
Os excedentes das escavações realizadas na parte nascente da parcela serão
transportados por camiões basculantes para a zona poente onde será
necessário aumentar a cota.
O planeamento das cotas de implantação do edificado e dos arruamentos foi
delineada de forma a garantir que a movimentação de terras realizada será
toda usada dentro dos limites da obra a construir não sendo necessário

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 195 de 294
Atividade Descrição
recorrer a áreas de empréstimo nem a áreas de depósito.
À semelhança da desmatação também a terraplenagem será realizada por
etapas de acordo com o faseamento de implementação do projeto.

Na fase de obra as máquinas e veículos pesados estão associados sobretudo à


operações de terraplenagem nas quais se utilização meios mecânicos pesados
(lâmina, balde) nomeadamente escavadoras giratórias de rastos, bulldozers,
motoniveladoras. Serão utilizados camiões basculantes no transporte interno
de terras. Durante a fase de obra, que decorrerá por etapas, esta maquinaria
Movimentação de circulará no interior da parcela de implantação do projeto não existindo
máquinas e veículos necessidade de circular no seu exterior.
pesados
Após as movimentações de terras a movimentação de maquinaria está
associada à circulação de viaturas de transporte de materiais e equipamentos
dos locais de origem (fornecedores) para a obra, assim como de veículos
associados aos operários envolvidos. Durante o processo construtivo poderão
também ser utilizadas gruas móveis.

Construção do edificado Após a realização das operações de terraplenagem serão construídos os


infraestruturação e edifícios e proceder-se-á à colocação das infraestruturas e equipamentos
instalação dos associados, inserindo-se aqui as típicas atividades de construção civil. O
equipamentos edificado previsto será construído de forma faseada.

No início da fase de construção será instalado um estaleiro de apoio à obra, o qual


Instalação/operação e
será instalado no canto sudoeste da área do estabelecimento atual. Na fase final da
desativação do estaleiro
obra esse estaleiro será desativado.

Fase de Funcionamento

O funcionamento da nova instalação no que respeita à globalidade do processo será


idêntico ao atualmente existente, nomeadamente no que respeita ao regime de
funcionamento e ao processo produtivo de fabrico de espuma.
Resumidamente há que referir que:
 A ampliação da unidade industrial introduz novas fontes fixas de emissão
para a atmosfera (2 na área de ampliação e 3 na área do
estabelecimento atual) procedendo no entanto à eliminação de duas
fontes;
 Ocorrerá um incremento de 519 tep no consumo energético da
instalação (energia elétrica, gasóleo, gás natural). De referir, no entanto,
que o projeto prevê a instalação de uma unidade de produção
fotovoltaica para autoconsumo a implementar nas coberturas dos
Funcionamento/presença edifícios, a qual permitirá suprimir cerca de 25% do consumo de
da unidade eletricidade da rede;
 Ocorrerá um incremento no consumo de água do furo de 6044 m3/ano,
prevendo-se uma diminuição de 642m3/ano do consumo de água da
rede pública devido ao reaproveitamento que será realizado das águas
pluviais oriundas das coberturas dos armazéns para uso nos autoclismos;
 Ocorrerá um incremento da produção de águas residuais domésticas
(devido ao incremento do número de funcionários) de 1552 m3/ano que
serão entregues no coletor municipal;
 Ocorrerá um incremento de 1549m3/ano de efluente industrial sendo
que 97% deste volume provém do processo de osmose inversa e será
encaminhado para a rede de águas pluviais potencialmente
contaminadas;
 Face ao incremento de área impermeabilizada ocorrerá um aumento do

Pág. 196 de 294 Relatório Síntese


Atividade Descrição
volume de águas pluviais limpas e potencialmente contaminadas. Em
ambos os casos o destino é o solo, sendo que no caso das águas
potencialmente contaminadas (oriundas dos pavimentos de circulação
viária) antes da entrega no solo estas passam por um separador de
hidrocarbonetos. Salienta-se que na área de ampliação não ocorrerá
armazenamento de substâncias perigosas;
 Ocorrerá um aumento da capacidade de armazenagem de substâncias
perigosas (no interior do perímetro do estabelecimento existente) em
área devidamente preparada para o efeito (salas de cisternas);
 Embora o regime de laboração não se altere, prevê-se a contratação de
mais colaboradores. Para o máximo da capacidade instalada prevê-se a
contratação de mais 139 colaboradores.
A própria presença do projeto de ampliação possui um conjunto de
características que importa ter em atenção na avaliação a realizar, entre as
quais se destacam a presença de uma extensa área impermeabilizada e do
edificado.

A ampliação do estabelecimento terá associada a circulação de mais veículos


Circulação de veículos pesados (transporte de matérias-primas, produtos e resíduos). Para o máximo
pesados da capacidade instalada prevê-se o incremento de 12070 veículos
pesados/ano.

Desativação

Os equipamentos que armazenam ou transportam substâncias perigosas,


Descontaminação de
nomeadamente o novo depósito de TDI serão alvo de descontaminação após o
equipamentos
desmantelamento.

Os equipamentos e infraestruturas que têm uma utilização muito especifica


Desmantelamento de deste tipo de processo produtivo deverão ser desmantelados, triados o
equipamentos resíduos e efetuada a devida gestão em conformidade com a legislação em
vigor

Poderão existir demolições de partes de edificados/estruturas mas nesta fase


não é possível dimensionar com rigor o que será realizado na medida em que a
Demolições
maior parte do edificado poderá/deverá ser reaproveitado para acolher outras
atividades económicas.

A análise de impactes em cada uma das componentes em avaliação será desenvolvida, de um


modo geral, considerando as seguintes etapas:
 Referência às atividades/ações com potencial impacte sobre a componente em
avaliação;
 Identificação dos impactes associados às atividades consideradas;
 Determinação das características dos impactes;
 Determinação da significância dos impactes provocados pelas ações ou atividades
consideradas.
Para a determinação dos impactes da fase de funcionamento tem-se em consideração, além da
presença da estrutura física do estabelecimento, as cargas ambientais e o consumo de recursos
do projeto de ampliação. Para tal, considera-se o diferencial entre a situação futura considerando
o máximo da capacidade instalada e a situação correspondente à capacidade instalada licenciada.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 197 de 294
5.1.2 Características dos impactes
São considerados impactes todas as modificações relevantes à situação de referência atual e
perspetivas de evolução futura, direta ou indiretamente associadas à construção e funcionamento
do projeto.
As características dos impactes identificados contempladas na análise de cada componente
apresentam-se no Quadro 5.2.

Quadro 5.2- Características dos impactes propostas para avaliação.


Características do impacte Descrição
Efeito Quando a ação introduz efeitos benéficos num determinado aspeto ou fator
Positivo
(refere-se aos efeitos ambiental
benéficos ou Quando a ação introduz efeitos adversos num determinado aspeto ou fator
adversos) Negativo
ambiental
Quando o impacte decorre de atividades ou ações realizadas no âmbito do
Natureza Direta
projeto. Corresponde a uma simples relação causa-efeito
(refere-se à origem
do impacte) Quando o impacte decorre de uma reação secundária ou quando é parte de
Indireta
uma cadeia de reações
Probabilidade Certo O impacte ocorre com toda a certeza
(refere-se à
possibilidade do
impacte ocorrer) Possível Não existe certeza que o impacte possa ocorrer

Quando o impacte ocorre num determinado período de tempo cessando


Temporário
com o término da ação origem do impacte
Duração (refere-se ao Quando o impacte ocorre em intervalos de tempo não regulares em função
tempo de atuação do Ocasional das condições ambientais/operacionais do projeto não sendo possível
impacte) definir qualquer periodicidade.
Quando o impacte se faz sentir de forma contínua durante todo o tempo de
Permanente
vida do projeto e/ou para lá deste

Extensão Isolado Quando apenas ocorre no local em que a ação decorre


(Refere-se à
distribuição e Restrito Quando ocorre no local em que a ação decorre e área adjacente
dimensão da área
afetada) Quando ocorre muito para lá do local de ocorrência da ação alcançando
Abrangente
assim uma abrangência regional ou até mesmo nacional.

Muito baixo Traduz o grau de modificação do meio ambiente ou seja reflete a


interferência da ação sobre o aspeto ou fator ambiental em análise,
Baixo relacionando-se estritamente com a relevância da perda/afetação
Intensidade ambiental em causa. É definido de forma individual para cada um dos
fatores ambientais em análise. Os critérios de avaliação são apresentados
Médio nas secções respeitantes à avaliação de impactes de cada um dos fatores
ambientais.
Alto

Reduzida
Refere-se à grandeza em escala espacial (extensão) e temporal (duração) e é
Magnitude Moderada
obtida de acordo com a matriz apresentada no Quadro 5.3.
Elevada

A magnitude do impacte é obtida através da matriz apresentada no Quadro 5.3.

Pág. 198 de 294 Relatório Síntese


Quadro 5.3- Critérios de avaliação da magnitude de um impacte.
Extensão
Duração
Isolado Restrito Abrangente

Permanente Moderada Moderada Elevada

Ocasional Reduzida Moderada Moderada

Temporário Reduzida Reduzida Moderada

A avaliação da significância de cada um dos impactes identificados é realizada de acordo com a


combinação entre os níveis de magnitude do impacte e a sua intensidade. Os impactes poderão
ser classificados em quatro níveis: insignificante (I), pouco significativo (PS), significativo (S) e
muito significativo (MS) de acordo com a matriz apresentada no Quadro 5.4.

Quadro 5.4- Critérios de avaliação da significância de um impacte e identificação da matriz de cores a


utilizar posteriormente na apresentação da síntese dos impactes.
Intensidade
Magnitude
Muito baixa Baixa Média Alta

Elevada PS S MS MS

Moderada I PS S MS

Reduzida I I PS S

Após a descrição e avaliação da significância dos impactes apresenta-se uma síntese dos impactes
do projeto.
É ainda apresentada uma avaliação dos efeitos cumulativos do projeto tendo em conta as
alterações causadas pelo projeto em combinação com outras ações humanas, passadas,
presentes ou futuras. Trata-se de impactes de natureza aditiva, iterativa, sinergética ou irregular
(imprevisível), gerados por ações que individualmente possam ser insignificantes, mas
coletivamente significativas que se acumulam no espaço e no tempo.

5.2 Clima e Alterações Climáticas


5.2.1 Metodologia
A avaliação dos impactes nas alterações climáticas de qualquer projeto inclui duas perspetivas
distintas:
 Qual o contributo do projeto para a mitigação das alterações climáticas, e;
 De que modo as características do projeto estão adaptadas às alterações climáticas
estimadas para a sua área geográfica de implantação.
A dimensão da mitigação centra-se na identificação de como a implementação do projeto
contribuirá para o balanço global de carbono. Este balanço será equivalente ao diferencial de
CO2eq antes e depois da implementação do projeto em avaliação tendo em conta as emissões
atmosféricas dos gases de efeito de estufa (GEE), assim como, a variação do estoque e do fluxo de
carbono eventualmente existente devido a mudanças no uso do solo.
Os impactes resultantes da implementação do projeto na mitigação das alterações climáticas são
analisados e avaliados segundo o seu nível de significância. Essa avaliação é efetuada com base

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 199 de 294
nas atividades e ações previstas com o seu funcionamento, assim como no grau de afetação do
projeto no âmbito das previsões climáticas futuras.
Para o efeito os impactes negativos/positivos são avaliados de acordo com os seguintes graus de
intensidade:
 Muito baixa - quando ocorrem aumentos/diminuições dos níveis de emissão de GEE
expressos em CO2eq inferiores a 5 kton por ano;
 Baixa – quando ocorrem aumentos/diminuições dos níveis de emissão de GEE expressos
em CO2eq entre 5 e 50 kton por ano;
 Média – quando ocorrem aumentos/diminuições dos níveis de emissão de GEE
expressos em CO2eq entre 50 e 500 kton por ano;
 Alta – quando ocorrem aumentos/diminuições dos níveis de emissão de GEE expressos
em CO2eq superiores a 500 kton por ano.
A diminuição é considerada como um impacte positivo enquanto que o aumento das emissões
deve ser interpretado como um impacte negativo.

5.2.2 Classificação de impactes


5.2.2.1 Fase de construção
As ações suscetíveis de causarem impactes no balanço global de carbono na sequência da
construção da nova unidade industrial da FLEX2000 são as seguintes:
 Desmatação;
 Instalação/operação e desativação do estaleiro;
 Movimentação de máquinas e veículos pesados;
 Terraplenagens: escavação e aterro;
 Construção do edificado, infraestruturação e instalação de equipamentos.
As emissões de gases de efeitos de estufa resultantes das ações de desmatação, instalação,
operação e desativação do estaleiro, construção do edificado, infraestruturação e instalação de
equipamentos, estão diretamente relacionadas com o tipo de máquinas e veículos pesados
utilizados, e da intensidade do seu uso. Na fase de estudo prévio em que se encontra o projeto
em análise, não se sabe com exatidão a maquinaria que existirá em obra e as respetivas horas de
funcionamento, pelo que não é possível determinar com o devido rigor as emissões de GEE
associadas a estas atividades. É de notar que a maquinaria a usar dependerá do empreiteiro a
quem for adjudicada a empreitada de construção e da sua estratégia no momento de execução da
obra.
No que diz respeito à operação de veículos pesados, não se verificará o transporte de terras para
fora da área do projeto pelo que não ocorrem emissões de GEE associadas a esta atividade.
Por sua vez, o transporte de materiais para a obra não é contabilizado uma vez que, nesta fase,
não se conhece a sua origem.
Finalmente, o consumo de eletricidade na fase de construção será assegurado por geradores e/ou
por ligação à rede elétrica, sendo tal situação definida em sede de projeto de execução. Uma vez
que, por um lado, se desconhece a fonte de eletricidade, e, por outro, caso a eletricidade venha a
ser fornecida por geradores, não se conhece o modelo e o número de geradores a ser utilizados,
nesta fase não é possível quantificar a emissão associada a este consumo.
Apesar da existência inegável de emissões de GEE durante a fase de construção, considera-se que a
duração e quantitativo das emissões de GEE geradas pelos veículos e maquinaria bem como pelo

Pág. 200 de 294 Relatório Síntese


consumo de energia elétrica terão uma intensidade muito baixa. Para além da sua baixa
expressão, trata-se de emissões cuja minimização e/ou mitigação, no caso dos transportes, é
extraordinariamente difícil num projeto com estas características.
Adicionalmente, interessa estimar o balanço de carbono provocado pela alteração do uso do solo.
De facto, a concretização do projeto levará à antropogenização do território devido a uma
redução da área com coberto vegetal. A área de implantação da nova unidade industrial ocupará
200 000 m2, obrigando, apesar de gradual, e fase a fase, à desmatação parcial da área florestal.
No final da fase III, 127 982 m2 serão ocupados por estruturas físicas e o restante será ocupado
por áreas verdes e pavês ecológico 72 018 m2.
O cálculo do stock de carbono será desenvolvido considerando que toda a área florestal está
ocupada por pinheiro. O 5º Inventário Florestal Nacional publicado em 2010 pelo ICNF apresenta,
para o stock de carbono, um valor médio de 83,1 ton C/ha para áreas ocupadas com pinhal. Com
base neste valor admite-se uma redução do stock de carbono local de 1.662 ton C. Importante
referir que esta massa de Carbono não deve ser considerada como uma emissão direta de CO2
pois a biomassa florestal resultante da desmatação poderá ter usos que não impliquem a sua
combustão. De referir que, mesmo se esta biomassa florestal vier a ser utilizada para valorização
energética o seu contributo para o aquecimento global deve ser considerado como nulo.
Considera-se assim, atendendo aos níveis de intensidade definidos, que o contributo do projeto
nas emissões de CO2 durante a fase de construção apesar de negativo, direto, certo, temporário,
abrangente será de magnitude elevada, mas de intensidade muito baixa, o que se traduz num
impacte pouco significativo.

5.2.2.2 Fase de funcionamento


Mitigação
Para desenvolver um exercício de estimativa de emissões de GEE para a fase de funcionamento
destacam-se as emissões devidas ao sistema de transportes, energia, matérias primas (agente
expansor) e eventuais alterações na capacidade de sequestro de carbono devido à
implementação/funcionamento do projeto de ampliação.
Contudo, para além destas, há ainda a referir as emissões potencialmente associadas aos
equipamentos de climatização a instalar bem como as emissões relacionadas com os gases
fluorados com efeito de estufa utilizados nos comutadores elétricos dos painéis fotovoltaicos
(projeto complementar). Contudo nestes casos, e estando o projeto em avaliação em fase de
estudo prévio, não é possível definir com o devido rigor o número de equipamentos a instalar, e
respetiva quantificação da carga de gases fluorados com efeito de estufa a utilizar. Trata-se de
componentes de projeto que face à sua especificidade apenas serão definidos em sede de
‘Projeto de execução’.

Sistema de transportes
O funcionamento de qualquer unidade industrial está dependente de um sistema de transportes
que possibilite a deslocação diária dos trabalhadores desde a residência até ao local de trabalho,
e vice-versa, assim como o abastecimento das matérias-primas necessárias à produção e o
posterior escoamento para o mercado dos produtos.
Com a implementação do projeto de ampliação da FLEX2000, o número total de trabalhadores
aumentará em 139 pessoas, passando de 246 para 385. Desconhece-se o modo de transporte e a
distância média percorrida diariamente por cada trabalhador. Porém, desenvolveu-se uma
abordagem conservativa na estimativa das emissões de CO2 provocadas pelo transporte dos
trabalhadores:

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 201 de 294
 Considerou- se que cada um dos trabalhadores adicionais se deslocará em veículo ligeiro
próprio durante 240 dias por ano;
 Considerou-se que a mão-de obra será maioritariamente local com deslocações diárias
totais de 20 km (10 km ida e 10 km volta);
 O total de quilómetros anuais adicionais será de 667 200;
 Aplicando um fator de emissão22 de 0,20419 kg CO2eq/km resulta numa emissão anual de
CO2eq de 136,2 ton.
A estimativa das emissões de CO2eq associadas ao transporte das matérias-primas e dos produtos
revela-se bastante incerta dado a diversidade de origens e destinos:
 É sabido que o aumento da capacidade instalada se traduzirá no aumento do número
total de veículos pesados, passando de 21 480 para 33 550 veículos por ano, o que
corresponde a um acréscimo de 56,2%.
 Considerou-se que os veículos percorrerão uma distância média de cerca 400 km (2 x
200 km);
 O valor total de quilómetros percorridos adicionalmente será de 4 828 000.
Com base num fator de emissão para um veículo pesado (TIR)22 de 0,57269 kg CO2eq/ km resulta
uma emissão anual de 2 764,9 ton CO2eq.

Energia
A produção industrial da FLEX2000 é sustentada pelo consumo de energia elétrica (força motriz e
iluminação) e pelo consumo de gás natural (para produção de vapor e água quente sanitária). O
projeto em avaliação prevê a instalação de uma Unidade de Produção para Auto-Consumo (UPAC)
fotovoltaica, a qual deverá assegurar cerca de 25% do consumo de energia elétrica.
O aumento da capacidade instalada da FLEX2000 provocará um acréscimo no consumo anual de
energia elétrica de 3 346 para 5 226 MWh. Antecipa-se que a instalação da UPAC fotovoltaica
permitirá a produção de cerca 1 300 MWh/ano. Assim, e apesar desta produção interna, conclui-
se que haverá um aumento no consumo de energia elétrica produzida no exterior da unidade
industrial. Tendo como base de cálculo, um fator de emissão23 de 0,257 ton CO2eq/MWh,
correspondente à média móvel dos últimos 5 anos (2016-2020) para Portugal Continental,
conclui-se que haverá um aumento anual de 147,4 ton CO2eq devido ao consumo de energia
elétrica.
No que diz respeito à quantificação da carga de gases fluorados com efeito de estufa presente nos
comutadores elétricos dos painéis fotovoltaicos a instalar na UPAC (usualmente o hexafluoreto
de enxofre, SF6), uma vez que o projeto em análise se encontra em fase de estudo prévio (não
tendo o projeto fotovoltaico ainda sido desenvolvido na medida em que ainda não foi realizada
consulta ao mercado), não é possível identificar e apresentar dados de carga nem estimar as
emissões passíveis de ocorrer.
É, no entanto, de salientar que a carga de SF6 presente neste tipo de equipamentos é reduzida, e
que os equipamentos são estanques e por isso sem fugas de SF6, pelo que dificilmente ocorrerão
fugas deste gás. Não obstante, durante as operações de exploração e manutenção dos painéis
fotovoltaicos, poderão ocorrer, acidentalmente, danos nos disjuntores com libertação de SF6,
pelo que existe um potencial risco (com probabilidade baixa, mas com uma severidade média)
que deve ser valorizado. Este gás, nas condições normais de pressão e temperatura, é um gás não
inflamável, incolor, inodoro, não venoso, quimicamente instável e funciona em circuito fechado.

22
https://apambiente.pt/sites/default/files/_Clima/Inventarios/20221025NIR2022JulyCorrigendum.pdf
23 https://apambiente.pt/sites/default/files/_Clima/Inventarios/2022FEGEEEletricidade.pdf

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Para além disso, é um gás com um elevado potencial de aquecimento global (é 22 800 vezes
superior ao do CO2), pelo que, mesmo que se encontre em pequenas quantidades e que apenas
seja libertado em caso de acidente, este impacte deve ser destacado.
Apesar da existência deste risco, é de notar que a produção de energia a partir de uma fonte
renovável, ainda que não acautele a totalidade do consumo anual de energia elétrica do projeto,
permitirá evitar a emissão de 335,8 ton CO2eq/ano (associado à produção de eletricidade de cerca
de 1300 MWh/ano), traduzindo-se num impacte positivo. Esta promoção da produção de energia
elétrica sem recurso à emissão de gases com efeito de estufa, está em linha com os objetivos
assumidos por Portugal na vertente da mitigação das alterações climáticas.
Relativamente ao consumo de gás natural, este passará de 97 536 para 152 346 Nm3/ano. Devido
à combustão incompleta do gás natural poderão ocorrer emissões vestigiais de CH4. Porém os
dados de autocontrole revelam que a queima de gás natural se traduz na emissão de cerca de
99,998% de dióxido de carbono e de apenas 0,002% de metano. Nesta perspetiva consideram-se
como nulas as emissões de metano. Nestas circunstâncias, aplicando-se um fator de emissão24 de
2,187 kg CO2eq/Nm3, estima-se que as emissões correspondentes de GEE sofrerão um acréscimo
anual de 119,8 ton CO2eq.
Matérias-primas
Como resultado do aumento da capacidade instalada haverá um aumento correspondente de
consumo de agente expansor o qual crescerá de 3,45 para 4,49 t/dia. Em simultâneo, prevê-se
que no prazo de 3 anos ocorrerá uma transição na substância utilizada como agente expansor
passando do uso atual do cloreto de metilo (CH3Cl) para dióxido de carbono (CO2). Esta opção de
alteração tecnológica tem importantes consequências ao nível da mitigação das alterações
climáticas dado substituir uma substância com um potencial de aquecimento global (GWP) de 9,0
com outra com GWP de 1,0.
No quadro seguinte apresenta-se a estimativa da evolução das emissões de GEE ao longo do
processo de transição de agente expansor. Neste cálculo admitiu-se uma transição gradual em
três anos. Desta estimativa conclui-se que no final do período de transição haverá uma redução
das emissões de GEE de cerca 6,6 kt CO2eq/ano.
Quadro 5.5- Emissões de GEE, expressas em tCO2eq/ano para o uso do agente expansor
ANO 0 ANO 1 ANO 2 ANO 3
CH3CL 7762,5 6735,0 3367,5 0
CO2 0 374,2 748,3 1122,5
7762,5 7109,2 4115,8 1122,5
Diferencial face ao ano 0 -653,3 -3646,7 -6640

Coberto vegetal
O sequestro de carbono consiste no processo de remoção do dióxido de carbono da atmosfera.
Tal processo ocorre naturalmente nas florestas através da fotossíntese. O sequestro de carbono
pode ser entendido como uma emissão de sentido negativo.
A capacidade de sequestro de carbono pela floresta é a quantidade de CO2 que é fixado pela
vegetação e que pode ser acumulado a longo prazo no ecossistema (biomassa perene, matéria
orgânica do solo). À quantidade de CO2 fixado pelas plantas através da fotossíntese
(Produtividade Primária Bruta), é necessário descontar a respiração das plantas resultando na
Produtividade Primária Líquida (PPL). Finalmente, após subtrair a respiração dos organismos
heterotróficos, que na floresta é representada essencialmente pelos microrganismos do solo,

24
https://apambiente.pt/sites/default/files/_Clima/CELE/Tabelas_Fatores_Calculo/tabela_PCI_FE_FO_2013.pdf

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 203 de 294
obtém-se a Produtividade Líquida do Ecossistema (PLE), que representa o balanço anual de
carbono do ecossistema.
A PLE depende de diversos fatores, dos quais o mais relevante será o tipo de espécie florestal. O
valor de PLE para o pinheiro-bravo é estimado em 20,5 ton C/ano/ha (Pereira da Silva, 2010)25.
Tendo em conta a dimensão da área que será desmatada (15 ha) mostra-se que a variação de
potencial de sequestro de carbono resultante da implementação do projeto se reduzirá em 307,5
ton C/ano, o que corresponde a 1 127,5 ton CO2eq/ano.

Balanço de carbono
A adição das emissões associadas ao transporte das matérias primas e dos produtos, do consumo
de energia e da perda da capacidade de sequestro revelam que da implementação deste projeto
poderá resultar um acréscimo anual de emissões de GEE próximo de 4,30 kton CO2eq. De notar
que este balanço não considerada as emissões de gases fluorados, que apesar de se encontrarem
em pequenas quantidades nos equipamentos de climatização e nos comutadores elétricos dos
painéis fotovoltaicos, apresentam um elevado potencial de aquecimento global.
A Figura 5.1 permite visualizar os contributos das várias temáticas abordadas no balanço de
carbono. Observa-se que quase três quartos das emissões de CO2eq resultam do transporte das
matérias-primas e dos produtos. Considera-se este impacte como não minimizável dado
depender de opções tecnológicas de operadores logísticos, externos à FLEX2000.

Figura 5.1 -Contributo das várias ‘subatividades’ consideradas no balanço de carbono.

O balanço de carbono deve ser completado com a redução de emissões esperadas com a
alteração do tipo de agente expansor. No final, e no horizonte temporal de três anos antecipa-se
uma redução na emissão anual de GEE de cerca 2,34 kt CO2eq (4,30-6,64).

25
Pereira da Silva: Balanço de Dióxido de Carbono em Áreas Urbanas: Emissão e Sequestro, Departamento de Ambiente e
Ordenamento, Universidade de Aveiro, 2010.

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Apesar da forte incerteza existente nesta estimativa conclui-se que o impacte será de sinal
positivo, direto, certo, permanente, abrangente e de magnitude elevada e de intensidade muito
baixa, o que se traduz num impacte pouco significativo.
Adaptação às alterações climáticas
No capítulo relativo ao clima incluído no presente EIA (capítulo 4.1) descrevem-se as principais
alterações que se esperam poder acontecer num futuro como resultado do aquecimento global.
Interessa aqui avaliar como é que o projeto em estudo está preparado para reagir às alterações
climáticas que se esperam vir a acontecer. Tendo em conta a escala temporal das alterações
climáticas este exercício será desenvolvido apenas para a fase de funcionamento.
De entre as tendências observadas destacam-se as seguintes com relevância para o projeto da
FLEX2000:
 Subida da temperatura média anual:
o O aumento da temperatura média poderá originar ligeiros acréscimos de
consumo de energia elétrica para refrigeração de alguns espaços industrial e de
uso social. Não se considera este potencial aumento de consumo de energia
elétrica como relevante para o contexto da avaliação dos impactes do projeto de
ampliação da unidade industrial da FLEX2000.
 Aumento do número de dias com temperaturas muito altas e ocorrência de ondas de
calor mais frequentes e intensas:
o Uma das principais consequências que se perspetiva tendo por base este cenário
climático centra-se no aumento do risco de incêndio florestal. Este risco ganha
especial relevância no caso da FLEX2000 dado o enquadramento geográfico das
instalações da unidade industrial. A unidade industrial dispõe de uma rede de
incêndio suportada em água da rede pública e por um tanque onde ocorre a
recolha de água de origem pluvial. Com a implementação do projeto de
ampliação prevê-se a extensão da rede de incêndio para a área de ampliação do
projeto e o reforço da captação de água pluvial das coberturas dos edifícios.
Tendo por base estas medidas considera-se que o projeto de ampliação não induz
acréscimo do risco de incêndio florestal ou das suas consequências.
 Diminuição da precipitação média anual e possibilidade de existência de períodos de
seca mais frequentes e intensos:
o A existência de situações de seca mais frequentes e prolongadas poderão induzir
situações de stress hídrico às operações da unidade industrial. Importante referir
que com o projeto de ampliação da unidade industrial se antecipa uma redução
em 22% do consumo da água de rede pública. Esta redução é resultado da
implementação de medidas de eficiência hídrica como, por exemplo, o
aproveitamento das águas pluviais para uso nos sanitários. Porém, com a
implementação do projeto ocorrerá um aumento anual de 6 044 m3 (+36%) nos
volumes de água subterrânea captada. A captação da FLEX2000 corresponde a
um furo, com profundidade próxima de 100 m.
 Aumento dos fenómenos extremos, em particular de precipitação intensa ou muito
intensa:
o A FLEX200 localiza-se numa zona de depósitos de areias dunares de grande
capacidade de infiltração. As águas pluviais não contaminadas são encaminhadas
para caixas de infiltração no solo. Ao contrário de outras situações não ocorre a
entrega em coletores municipais. Com a implementação do projeto haverá um
aumento do volume de águas pluviais captadas nas coberturas dos edifícios. Face

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 205 de 294
às caraterísticas geológicas dos terrenos antecipa-se que a capacidade de
infiltração no solo arenoso não será ultrapassada mesmo em condições
excecionais de pluviosidade.
 Tempestades de inverno mais intensas, acompanhadas de chuva e vento forte:
o Os pavilhões industriais da FLEX2000 serão de linhas escorreitas e, apesar de
terem uma cércea máxima de 15 m, apresentarão um caráter iminentemente
horizontal. Com base neste princípio, assume-se que os edifícios não representam
obstáculos a ventos de grande intensidade e que possuem o aerodinamismo
adequado para não serem afetados de forma gravosa em situação de
tempestade;
o Na zona de estudo, as tempestades de inverno manifestam-se frequentemente
através da ocorrência de situações de grande ondulação marinha podendo
ampliar os fenómenos de erosão costeira. As atuais e futuras instalações da
FLEX2000 situam-se a cerca de 2 500 m da linha de costa. Deste modo considera-
se que estes episódios apesar de graves e originadores de situações críticas não
apresentam qualquer sobreposição com o projeto em avaliação.
Face à análise acima realizada não se antecipa que as alterações climáticas induzam riscos
particularmente relevantes para o projeto.

5.3 Geologia, Geomorfologia e Recursos Minerais

5.3.1 Metodologia
A análise dos impactes e riscos ambientais na componente geológica é efetuada tendo em
atenção, principalmente, a hipótese de destruição do património ou recursos geológicos
existentes, sendo também consideradas as alterações introduzidas a nível geomorfológico e
geotécnico. Neste sentido, o grau de intensidade de natureza negativa dos impactes na geologia é
atribuído da seguinte forma:
 Intensidade muito baixa – Quando não é reconhecido na área património/recurso
geológico com relevância museológica ou económica. Quando o volume escavado é
inferior a 25.000 m3 e/ou se verifica conservação parcial das formas de relevo naturais
ou afetação pouco sensível numa área já previamente artificializada. Quando o risco de
instabilidade do terreno é nulo ou residual face às características geológicas (tipo de
formação rochosa e/ou grau de alteração) e geotécnicas do terreno (atitude e
preenchimento das fraturas);
 Intensidade baixa – Quando o risco de destruição do património/recurso geológico na
área do projeto atinge áreas mínimas (<10 %) e insignificantes face à distribuição e
abundância deste mesmo património. Quando o volume escavado está compreendido
entre 25.000 m3 e 100.000 m3 e/ou ocorre destruição de formas de relevo naturais com
alturas de escavação ou aterro inferiores a 8 m ou quando ocorre afetação sensível
numa área já previamente artificializada (alturas de escavação ou aterro superiores a
8 m numa extensão linear de mais de 500 m). Quando o risco de instabilidade do
terreno é reduzido face às características geológicas (tipo de formação rochosa e/ou
grau de alteração) e geotécnicas do terreno (atitude e preenchimento das fraturas);
 Intensidade média - Quando o risco de destruição do património geológico atinge áreas
importantes no local do projeto (10-30 %) face à distribuição e abundância deste mesmo
património. Quando o volume escavado está compreendido entre 100.000 m3 e
500 000 m3 e/ou ocorre destruição de formas de relevo naturais com alturas de
escavação ou aterro superiores a 8 m numa extensão linear de mais de 500 m. Quando o

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risco de instabilidade do terreno é moderado face às características geológicas (tipo de
formação rochosa e/ou grau de alteração) e geotécnicas do terreno (atitude e
preenchimento das fraturas);
 Intensidade alta - Quando o risco de destruição do património geológico atinge grande
parte da área onde ele se encontra disponível (>30 %) face à distribuição e abundância
deste mesmo património. Quando o volume escavado é superior ou igual a 500 000 m3
e/ou ocorre destruição de formas de relevo naturais com alturas de escavação ou aterro
superiores a 8 m numa extensão linear de mais de 500 m. Quando o risco de
instabilidade do terreno é elevado face às características geológicas (tipo de formação
rochosa e/ou grau de alteração) e geotécnicas do terreno (atitude e preenchimento das
fraturas).

5.3.2 Classificação de impactes


5.3.2.1 Fase de construção
Conforme foi referido anteriormente, não existe na área (quer descrito, quer observável após
inspeção local) património geológico (didático, cultural ou museológico) de interesse que exija a
sua preservação. Portanto, os impactes neste domínio são de intensidade muito baixa com um
grau de impacte associado de nível insignificante.
Sob o ponto de vista da morfologia, na área de ampliação estão previstas terraplenagens que
envolverão trabalhos de escavação e aterro para nivelamento do terreno destinado à implantação
do novo edificado. Estas intervenções não serão muito relevantes, desde logo porque na região
dominam relevos muito aplanados, com ligeira inclinação no sentido E-W (cotas de 15 a 16 m na
zona nascente e de 11 a 12 m na zona poente), mas também porque os materiais não
consolidados que aqui ocorrem não promoveriam a estabilidade de taludes elevados (note-se que
tais estruturas não serão criadas neste projeto).
Assim, as escavações relacionadas com as terraplenagens atingirão no máximo os 2,8 m, numa
secção nordeste da parcela, enquanto os aterros alcançarão cotas que em média serão de 1 a 2 m
acima da cota atual. Em suma, o nivelamento do terreno passará a ter uma cota sensivelmente
intermédia entre as cotas máximas e mínimas atuais do terreno, ou seja, cerca de 13,85 m (cota
da plataforma do cais de carga no extremo poente da parcela).
Importa ainda ressalvar que o balanço de mobilização de terras na área em análise será nulo, uma
vez que o volume escavado servirá para a criação dos aterros na zona poente.
Na área do estabelecimento atual, as ações a implementar na denominada fase 0 do projeto, em
que se prevê a construção de uma nova sala de cisternas ou a deslocalização do posto de
abastecimento de combustível, entre outras pequenas intervenções serão realizadas em zonas já
intervencionadas (terraplenadas) não se prevendo aí quaisquer impactes
geológicos/geomorfológicos.
Por conseguinte, atendendo a que: (a) não haverá destruição de património geológico e/ou
recursos geológicos com valor museológico ou económico; (b) que a mobilização de terras será
baixa e sem afetar de forma expressiva os relevos naturais já naturalmente aplanados; (c) que o
saldo entre os volumes escavados e de aterro será nulo; e (d) que não serão criados taludes
passíveis de causar instabilidade geotécnica, os impactes associados ao descritor da geologia e
geomorfologia, embora considerados negativos, diretos, certos, permanentes, isolados e de
magnitude moderada, terão uma intensidade baixa que no global resultará num impacte pouco
significativo.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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5.3.2.2 Fase de funcionamento
Na fase de funcionamento não ocorrem novos impactes sobre a geologia/geomorfologia. Os
impactes provocados pelas atividades construtivas anteriormente descritas, nomeadamente os
respeitantes às alterações geomorfológicas, sendo permanentes, prolongam-se em definitivo.
Não existindo a criação de taludes de grande dimensão não são esperados quaisquer riscos de
instabilidade geotécnica.
No Quadro seguinte apresenta-se uma síntese dos impactes do projeto sobre a
geologia/geomorfologia.
Quadro 5.6- Significância dos impactes sobre a geologia/geomorfologia.
Fase Impacte Magnitude Intensidade Significância

Alterações geológicas Moderada Muito Baixa Insignificante


Construção
Alteração geomorfológica Moderada Baixa Pouco significativo

5.4 Recursos Hídricos Subterrâneos


5.4.1 Metodologia
Em áreas industriais, a vulnerabilidade a que os sistemas hídricos subterrâneos estão expostos
são essencialmente ao nível da sobre-exploração, da diminuição das zonas de recarga e da
contaminação.
Por conseguinte, são considerados impactes sobre as águas subterrâneas todas as modificações
relevantes à situação de referência atual que afetem a disponibilidade do recurso (quantidade de
água captada) ou causem alterações aos usos existentes (alteração da qualidade da água).
O grau de intensidade de natureza negativa dos impactes sobre as águas subterrâneas é atribuído
da seguinte forma:
 Muito baixo - Alteração muito reduzida na quantidade dos recursos de água subterrânea
disponíveis (<0,01 % da taxa de recarga do aquífero). Sem alteração previsível na
qualidade de fundo geoquímico da água subterrânea;
 Baixo - Alteração reduzida na quantidade dos recursos de água subterrânea disponíveis
(<0,1 % da taxa de recarga do aquífero). Alteração previsível na qualidade de fundo
geoquímico da água subterrânea, mas não excedendo os limiares de concentração
definidos para as massas de água subterrâneas no âmbito do Plano de Gestão da Região
Hidrográfica do Vouga, Mondego e Lis (RH4) (APA, 2016);
 Médio - Alteração na quantidade dos recursos de água subterrânea disponíveis (<1 % da
taxa de recarga do aquífero). Alteração previsível na qualidade de fundo geoquímico da
água subterrânea excedendo num máximo de 10 % os limiares de concentração
definidos para as massas de água subterrâneas no âmbito do Plano de Gestão da Região
Hidrográfica do Vouga, Mondego e Lis (RH4) (APA, 2016);
 Alto - Alteração importante na quantidade dos recursos de água subterrânea disponíveis
(>1 % da taxa de recarga do aquífero). Alteração previsível na qualidade de fundo
geoquímico da água subterrânea excedendo em mais de 10 % os limiares de
concentração definidos para as massas de água subterrâneas no âmbito do Plano de
Gestão da Região Hidrográfica do Vouga, Mondego e Lis (RH4) (APA, 2016).

Pág. 208 de 294 Relatório Síntese


5.4.2 Classificação de impactes
Tendo em conta as características do projeto em avaliação, os potenciais impactes a considerar
sob o ponto de vista hidrogeológico são:
 Risco de diminuição da recarga aquífera;
 Risco de sobre-exploração das águas subterrâneas;
 Risco de contaminação das águas subterrâneas.

5.4.2.1 Fase de construção


Na fase de construção, tendo em conta as características geológicas da área de intervenção e as
atividades de projeto, a eventual ocorrência de impactes sobre as águas subterrâneas ficará a
dever-se à potencial ocorrência de derrames devido a acidentes associados à circulação de
camiões e máquinas (combustíveis, óleos), ou a derrames provenientes da operação do estaleiro,
derrames esses que possam alcançar o nível freático, contaminando as águas subterrâneas.
Contudo, trata-se de atividades temporárias. No caso concreto do estaleiro prevê-se que o
mesmo venha a ser instalado na área poente do atual perímetro industrial em zona
impermeabilizada, limitando assim o contacto dos derrames com o meio hídrico.
Eventuais derrames de hidrocarbonetos a partir dos veículos associados à obra serão pouco
prováveis e, a ocorrer, constituirão eventos pontuais envolvendo pequenas quantidades de
substâncias que serão absorvidas pelo solo no local do derrame, pelo que certamente não
induzirão excedências dos limiares de concentração definidos para as massas de água
subterrâneas, sobretudo, se após o derrame os solos envolvidos forem de imediato recolhidos.
Portanto, a eventual ocorrência de derrames de substâncias poluentes em fase de obra
constituirá, para as águas subterrâneas, um impacte negativo, direto, possível, temporário,
restrito, de magnitude reduzida e intensidade baixa, considerando-se assim insignificante.

5.4.2.2 Fase de funcionamento


Na fase de funcionamento, as principais ações com potenciais implicações no recursos hídricos
subterrâneos são a existência de uma extensa área impermeabilizada (presença das estruturas
físicas do projeto: edifícios, arruamentos), o consumo de água, a presença de substâncias
perigosas e a circulação de um elevado número de veículos pesados. Estas atividades poderão ter
repercussões nos recursos hídricos subterrâneos, nomeadamente ao nível da diminuição da
recarga aquífera, da eventual sobre-exploração das águas subterrâneas e do risco de
contaminação das águas subterrâneas. De seguida procede-se a uma análise detalhada de cada
uma das situações.
A - Risco de diminuição da recarga aquífera
O risco decorrente da redução da recarga aquífera está, essencialmente, associado à
impermeabilização do terreno com a implantação dos edificados e zonas de circulação exterior,
numa área que é, atualmente, desprovida de qualquer tipo de construção. Conforme referido
anteriormente (Capítulo 4.3), a recarga aquífera neste tipo de terrenos faz-se por infiltração
direta da precipitação.
A impermeabilização superficial do terreno, designadamente na parcela proposta para a
ampliação do estabelecimento industrial, levará a uma redução da infiltração nesta área. De
acordo com o projeto, a área impermeabilizada abrangerá 127 982,00 m², ou seja,
aproximadamente 64% da parcela destinada à ampliação da FLEX2000.
Aos 931 km2 de área ocupada pelo Sistema Aquífero Quaternário de Aveiro (APA, 2016),
corresponde um valor de recarga de 225 hm3/ano, pelo que a impermeabilização de uma área de

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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127 982,00 m2 deveria implicar uma redução da recarga de cerca de 0,031 hm3/ano. Contudo,
esta diminuição na recarga será fortemente minimizada pelo próprio projeto, uma vez que as
águas pluviais que atingem as zonas impermeabilizadas (telhados e pavimentos) serão
reencaminhadas para diretamente para o solo e para uma lagoa de infiltração a qual permite a
recarga no solo destas águas. Não obstante, cerca de 0,00231 hm3/ano das águas pluviais que
caem sobre os telhados dos edifícios será recuperada para a rede doméstica (destinada às
sanitas), enquanto uma outra parte será destinada à rede de rega e de incêndio. Desta última,
apesar de não estar estimado um volume, julga-se que este será relativamente baixo.
Interessa ainda salientar que a diminuição da recarga direta vai ser compensada por mais recarga
indireta, designadamente das águas residuais industriais, num volume estimado de 4 274 m3/ano.
Apesar destes efluentes terem a sua origem em água subterrânea captada num furo (já existente)
e, portanto, representar a um impacte neste recurso, no que se refere unicamente à recarga
aquífera, esta descarga no solo corresponde a um input na recarga. Por conseguinte, a diminuição
real da recarga no Sistema Aquífero Quaternário de Aveiro será apenas de 0,02439 hm3/ano
(0,011 %).
O impacte resultante do risco de diminuição da recarga aquífera é considerado negativo, direto,
certo, permanente, isolado, de magnitude moderada e intensidade baixa, no que resulta um
nível de significância para este impacte classificado como pouco significativo.
B - Risco de sobre-exploração das águas subterrâneas
Associado à ampliação do estabelecimento industrial da FLEX2000, as necessidades de água
reportam-se a: (a) água potável para consumo doméstico (instalações sanitárias, balneários,
cantina e higienização); (b) água para o processo industrial; (c) água para a central de valor; (d)
água para rega; e (e) rede de incêndio. As fontes de abastecimento de água serão duas: a rede
pública destinada à utilização doméstica (a) e captação local subterrânea (captação em furo da
fábrica que já existe atualmente) para os demais tipos de consumo (b-e).
Na presente avaliação importa considerar o incremento do consumo a partir da captação do furo.
Assim, o consumo de água para fins não domésticos, cujo abastecimento é efetuado pelo furo
existente na fábrica, terá um incremento de 6044 m3/ano, passando dos atuais 10755 m3/ano da
capacidade instalada licenciada para 16799 m3/ano. Este valor corresponde sensivelmente a
0,003 % da taxa de recarga do Sistema Aquífero Quaternário de Aveiro.
Atendendo ao valor de 1L/s para o caudal máximo instantâneo deste furo, ou seja, 0,001 m3/s, a
quantidade máxima de água extraível por ano é de aproximadamente 31536 m3. Este valor é
consideravelmente superior ao volume de 16799 m3/ano que se prevê extrair no futuro após
implementação do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX 2000, pelo que não são
previsíveis problemas relacionados com os volumes a serem captados.
Assim, de acordo com os critérios de avaliação adotados, considera-se que o impacte associado à
exploração das águas subterrâneas seja negativo, direto, possível, ocasional, restrito, de
magnitude moderada e intensidade muito baixa, no que resulta um grau de significância tido
como insignificante.
Não obstante, importa, contudo, salientar que o consumo atual da unidade industrial ultrapassa
já o volume máximo anual de 2460 m3/ano de acordo com a autorização de utilização dos
recursos hídricos para esta captação emitido pela APA. Tal situação, carece de um novo pedido de
licenciamento tendo em conta o volume anual estimado que consta neste relatório, ou seja,
16799 m3/ano.”

C - Risco de contaminação das águas subterrâneas


O risco de contaminação das águas subterrâneas é um aspeto de elevada relevância a nível dos
impactes sobre as águas subterrâneas. Na fase de funcionamento o risco de contaminação das

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águas subterrâneas advém de descargas dos efluentes líquidos produzidos ou de alguma das
substâncias químicas utilizados no processo de fabricação que possa ser derramada.
Em relação ao conjunto de efluentes líquidos, têm interesse nos processos de contaminação as
águas pluviais potencialmente contaminadas, as águas residuais equiparadas a domésticas e as
águas residuais industriais.
A descarga de águas pluviais potencialmente contaminadas com origem nos pavimentos/ vias de
circulação será feita para o solo através de uma nova lagoa de infiltração, a construir, sendo que haverá
um aumento de cerca de 1,6 vezes no volume produzido deste tipo de águas, que passará de
84369 m3/ano para 134112 m3/ano, ou seja, mais 49743 m3/ano. Estas águas são denominadas
potencialmente contaminadas na medida em que podem com elas arrastar escorrências e/ou
derrames de óleos/hidrocarbonetos dos veículos que circulam no perímetro da unidade fabril.
Para acautelar possíveis casos de contaminação associados aos hidrocarbonetos, visto que os
veículos automóveis serão as principais fontes de contaminação, estas águas são recolhidas em
rede independente de águas pluviais, ligada a um separador de hidrocarbonetos com capacidade
para tratar um caudal 150 L/s. Após tratamento as águas serão enviadas para um tanque de 1000
L de capacidade, que também permite decantação de algum material particulado, passando o
excedente para a lagoa de infiltração.
De referir que este sistema de drenagem ‘replica’ o modus operandi do sistema de drenagem
atualmente existente na área do estabelecimento industrial existente, sendo que a FLEX2000,
para essa área, possui uma Licença de Utilização dos Recursos Hídricos para rejeição de águas
residuais ao abrigo da qual deverá cumprir as condições de descarga estipuladas. De acordo com
os dados de autocontrolo apresentados no Capítulo 3, em 2020 apenas ocorreu uma excedência
ao nível do parâmetro CBO5, estando os restantes parâmetros, nomeadamente os
hidrocarbonetos, bastante abaixo do valor estipulado.
Espera-se assim que as características dos efluentes pluviais recolhidos pela futura rede de
pluviais potencialmente contaminadas sejam idênticas aos que atualmente são recolhidos na rede
do estabelecimento atual.
Quanto às águas residuais resultantes dos usos domésticos, estas serão encaminhadas para o
coletor municipal, sendo posteriormente tratadas em ETAR. Assim, estas águas residuais não
terão qualquer impacte nos recursos hídricos subterrâneos locais.
As águas residuais industriais oriundas das purgas das caldeiras de vapor, dos rejeitados do
processo de tratamento da água por osmose inversa e das lavagens de pavimentos continuarão a
ser encaminhadas (tal como atualmente sucede) para lagoa de infiltração. Contudo, antes desta
última etapa estas águas residuais são encaminhados para sistemas de filtração de sólidos,
passando depois para o sistema de águas pluviais, seguindo, a partir deste ponto, o circuito
anteriormente descrito. O maior volume deste efluente (cerca de 97%) provém do processo de
osmose inversa. Antes da entrada na lagoa as águas residuais passam pelo separador de
hidrocarbonetos. Segundo os dados do controlo analítico realizado a este efluente (Capítulo 3) os
resultados analíticos apontam para valores muito baixos em relação aos potenciais VLE, não
sendo expectável que esta situação se altere com o projeto de ampliação.
Com o projeto de ampliação, o efluente líquido industrial proveniente da produção de
aglomerado (cuja produção atual é de 0,6 m3/ano e que passará a ser 2,8 m3/ano), pese embora a
sua pequena expressão quantitativa, passará a ser encaminhado para a rede de drenagem
municipal.
Em relação às substâncias perigosas, na área de ampliação do projeto não existirá qualquer
armazenamento de substâncias. Na área do atual estabelecimento as substâncias
(nomeadamente o TDI cuja capacidade de armazenagem será aumentada), encontram-se
armazenadas em condições de segurança adequadas para o tipo de substância. Genericamente,

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 211 de 294
todos os locais de carga/armazenamento possuem pavimento impermeável e nivelado, com
calhas para recolha dos possíveis derrames, os quais são depois encaminhados para bacias/fossas
de retenção para posterior recolha e tratamento adequado. Todos estes depósitos encontram-se
no interior de edifícios (salas de cisternas), pelo que não se antecipam impactes decorrentes de
eventuais derrames.
Na sequência do projeto de ampliação, não são esperadas alterações na qualidade do efluente
atualmente descarregado, uma vez que as origens e tipo, para além de um incremento do volume
a descarregar e da proposta de um novo ponto de descarga (lagoa sumidoura), não sofrerão
alterações.
Um dos locais de especial necessidade de proteção nas imediações da FLEX2000 são os furos de
captação do Carregal destinados ao abastecimento público (JK1, JK2, JK3, JK4, JK5, JK6 e JK7) e
cujos perímetros de proteção (imediata, intermédia e alargada) se encontram assinalados na
Figura 4.15 no sub-capítulo 4.3. Apesar do perímetro de proteção alargada se localizar nas
proximidades da área ocupada pelas atuais e futuras instalações da FLEX2000, as áreas não se
sobrepõem.
Conforme consta no Decreto-Lei 382/99, a delimitação dos perímetros de proteção para
captações de águas subterrâneas destinadas ao abastecimento público “[…] obedece a critérios
geológicos, hidrogeológicos e económicos estabelecidos em função das características do aquífero
[…]”. No caso das captações do Carregal, o perímetro de proteção alargado define um polígono,
localizado sensivelmente a sul da área da FLEX2000, e com uma orientação (eixo maior do
polígono) NE-SW, localizando-se os furos na extremidade SW desse mesmo polígono. Claramente,
este formato e extensão são o reflexo do escoamento subterrâneo que terá, no caso, um sentido
e NE para SW.
Considerando que na área ocupada pela FLEX2000 o escoamento também se fará em sentido
igual ao do perímetro de proteção alargado para as captações do Carregal, dada a sua estreita
proximidade, um evento de contaminação grave com foco na FLEX2000 e que atingisse áreas não
impermeabilizadas poderia afetar as captações de abastecimento público do Carregal, por
dispersão da pluma de contaminação e visto que estas se encontram a SW da respetiva unidade
fabril. Contudo, este cenário apresenta-se pouco provável, em virtude das várias medidas de
proteção relativamente às condições de armazenamento e de utilização das substâncias no
processo. Acresce ainda que na área de ampliação da FLEX2000 não ocorrerá manuseamento nem
armazenamento de substâncias perigosas. Por outro lado, o escoamento subterrâneo deverá
seguir na zona da fábrica uma trajetória paralela à do perímetro de proteção, pelo só uma grande
dispersão da pluma atingiria as captações públicas. Para além disso, há ainda a contabilizar os
efeitos de diluição promovidos pela massa de água subterrânea e o facto de, muito
provavelmente, estas captações não se localizarem nas formações Quaternárias, cujo aquífero é
bastante vulnerável e suporta águas com qualidade química medíocre, mas antes em unidades
geológicas mais antigas e profundas, o que favorece processos de filtração natural.
Nesse sentido, prevê-se que o impacte do projeto de ampliação da FLEX2000 sobre a qualidade
das águas subterrâneas, embora potencialmente negativo, direto, possível, permanente, restrito
e de magnitude moderada apresenta uma intensidade baixa e seja pouco significativo.
É, contudo, de salientar que a licença de utilização do recurso hídrico – rejeição de águas residuais
atualmente existente, apenas permite a rejeição de águas pluviais potencialmente contaminadas
e não de efluentes industriais pelo que esta situação deverá ser devidamente regularizada.

5.4.2.3 Fase de desativação


A fase de desativação, a ocorrer, corresponderá expectavelmente ao processo de remoção dos
equipamentos que foram colocados no âmbito do presente projeto e a eventuais demolições de
estruturas que sendo tão especificas desta atividade não possam ser reaproveitadas para outras

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atividades industriais que venham a ocupar a parcela em causa. No decurso deste processo
deverá ocorrer a limpeza dos equipamentos que armazenavam substâncias perigosas. Contudo,
esses equipamentos localizam-se em área edificada e impermeabilizada com bacias de retenção,
pelo que caso nessa operação ocorra algum derrame, é expectável que fique contido no interior
dos referidos edifícios não se prevendo que essa fase provoque impactes sobre as águas
subterrâneas.
No Quadro seguinte apresenta-se uma síntese dos impactes do projeto sobre os recursos hídricos
subterrâneos.

Quadro 5.7- Significância dos impactes sobre a hidrogeologia.


Fase Impacte Magnitude Intensidade Significância
Risco de contaminação das
Construção Reduzida Baixa Insignificante
águas subterrâneas

Diminuição da recarga aquífera Moderada Baixa Pouco significativo

Consumo de água/afetação da
Funcionamento Moderada Muito baixa Insignificante
disponibilidade do recurso
Risco de contaminação das
Moderada Baixa Pouco significativo
águas subterrâneas

5.5 Recursos Hídricos Superficiais


5.5.1 Metodologia
São considerados impactes sobre as águas superficiais todas as modificações relevantes à situação
de referência atual que causem alterações aos usos existentes.
O grau de Intensidade de natureza negativa dos impactes é atribuído da seguinte forma:
 Muito Baixo - Quando existe uma potencial degradação da qualidade da água sem
ultrapassagens dos valores paramétricos relativos aos usos existentes. Ocorre afetação
da rede hidrográfica local cujo regime hidráulico é temporário não existindo
artificialização nem alteração do traçado da rede hidrográfica;
 Baixo – Quando existe uma potencial degradação da qualidade da água prevendo-se
ultrapassagens em pelo menos 1 parâmetro relativamente ao valor máximo
recomendável (VMR) para o uso existente. Ocorre afetação da rede hidrográfica local
cujo regime hidráulico é temporário podendo ocorrer desmatação da vegetação ripícola,
artificialização e/ou alteração do traçado da rede hidrográfica;
 Médio – Quando existe uma potencial degradação da qualidade da água prevendo-se
ultrapassagens em pelo menos 1 parâmetro relativamente ao valor máximo admissível
(VMA) para o uso existente. Ocorre afetação da rede hidrográfica local cujo regime
hidráulico é permanente podendo ocorrer desmatação da vegetação ripícola,
artificialização e/ou alteração do traçado da rede hidrográfica numa extensão inferior a
100 m;
 Alto – Quando existe uma potencial degradação da qualidade da água que poderá
conduzir a uma alteração do estado da massa de água. Ocorre afetação da rede
hidrográfica local cujo regime hidráulico é permanente podendo ocorrer desmatação da
vegetação ripícola, artificialização e/ou alteração do traçado da rede hidrográfica numa
extensão superior a 100 m.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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5.5.2 Classificação de impactes
5.5.2.1 Fase de construção
Em termos de rede hidrográfica a área de implantação do projeto não é atravessada por nenhuma
linha de água, sendo a massa de água mais próxima a do Rio Cáster a mais de 1,5 km de distância
a qual desemboca na Ria de Aveiro localizada a sul da área de implantação do projeto.
Neste sentido, as atividades construtivas não terão qualquer interferência direta ou indireta sobre
a rede hidrográfica, pelo que não ocorrerão quaisquer impactes sobre os recursos hídricos
superficiais.
5.5.2.2 Fase de funcionamento
Em geral, no âmbito do funcionamento de unidades industriais, as ações suscetíveis de causar
impactes diretos sobre os recursos hídricos superficiais são as decorrentes da entrega de
efluentes líquidos ao meio recetor (industriais, domésticos ou pluviais potencialmente
contaminados), o que se poderá traduzir numa alteração da qualidade das massas de água
recetoras afetando quer os seres vivos que aí ocorrem quer os potenciais usos que o homem faz
do recurso. Contudo, como sumariamente de seguida se descreve, o projeto em avaliação não
efetua qualquer descarga de efluentes líquidos industriais, domésticos ou pluviais, em massas de
água superficiais.
Os efluentes líquidos domésticos são na sua totalidade encaminhados para a rede de drenagem
interna de águas residuais equiparadas a domésticas a qual serve todo o estabelecimento, sendo
daí encaminhadas para o coletor municipal gerido pela AdRA (Águas da Região de Aveiro). O
edificado a construir no âmbito do projeto de ampliação, será interligado ao coletor municipal no
qual os efluentes produzidos serão entregues.
Não existe efluente líquido gerado pelo processo industrial com exceção do efluente gerado na
etapa de vaporização da operação de operação de fabrico de aglomerado. Este efluente líquido,
após filtração dos sólidos é encaminhado para a rede de águas pluviais potencialmente
contaminadas passando pelo separador de hidrocarbonetos. Para esta rede de águas pluviais
potencialmente contaminadas são também encaminhadas as águas geradas nas purgas das
caldeiras de vapor e as águas residuais geradas no processo de osmose inversa.
As águas pluviais são de duas tipologias: não contaminadas provenientes das coberturas e
potencialmente contaminadas provenientes dos pavimentos/vias de circulação. As águas pluviais
não contaminadas são encaminhadas para caixas de infiltração no solo enquanto as
potencialmente contaminadas são recolhidas na rede independente de águas pluviais
potencialmente contaminadas e conduzidas a um separador de hidrocarbonetos, após o que
serão descarregadas no solo e/ou reutilizadas em lavagens de pavimentos.
Conclui-se assim que o projeto em avaliação não possui ações indutoras de impactes sobre as
águas superficiais na medida em que, na proximidade não existe nenhuma massa de água
superficial e não existe qualquer descarga de efluentes líquidos em massas de água superficial.

5.5.2.3 Fase de desativação


Tendo em consideração que na área de implantação do projeto e na área adjacente não existem
massas de água superficiais passíveis de serem afetadas por eventuais efluentes/derrames de
substâncias, a desativação do mesmo não apresenta qualquer impacte sobre os recursos hídricos
superficiais.

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5.6 Qualidade do ar
5.6.1 Metodologia
A avaliação dos impactes sobre a Qualidade do Ar é efetuada com base nas atividades e ações
desenvolvidas no decurso da fase de construção e durante a fase de funcionamento.
Os impactes negativos sobre a qualidade do ar são avaliados de acordo com os seguintes graus de
intensidade:
 Muito baixa – O projeto induz aumentos da emissão de poluentes atmosféricos. As
concentrações estimadas representam um acréscimo inferior a 10% dos valores limite
definidos na legislação de qualidade do ar. Não ocorre qualquer excedência aos valores
limite;
 Baixa – O projeto induz aumentos da emissão de poluentes atmosféricos. As concentrações
estimadas representam um acréscimo entre 10 e 45% dos valores limite definidos na
legislação de qualidade do ar. Não ocorre qualquer excedência aos valores limite;
 Média – O projeto induz aumentos da emissão de poluentes atmosféricos. As concentrações
estimadas representam um acréscimo entre 45 e 75% dos valores limite definidos na
legislação de qualidade do ar. Não ocorre qualquer excedência aos valores limite;
 Alta – O projeto induz aumentos da emissão de poluentes atmosféricos. As concentrações
estimadas representam um acréscimo superior a 75% dos valores limite definidos na
legislação de qualidade do ar. Ocorre pelo menos uma excedência aos valores limite.

5.6.2 Classificação de impactes


5.6.2.1 Fase de construção
As ações suscetíveis de causar impacte na qualidade do ar durante a construção do projeto,
incluem: desmatação, terraplenagens, movimentação de máquinas e veículos pesados,
construção do edificado infraestruturação e instalação dos equipamentos.
A emissão de vários poluentes atmosféricos, nomeadamente de partículas (poeiras), está
associada às ações atrás referidas quer no local de implantação do projeto, quer na área
envolvente.
A emissão de partículas, decorrente das ações de construção da obra propriamente dita resulta
da ressuspensão de partículas do solo devido à movimentação de terras e à circulação de veículos
pesados. As emissões de partículas resultantes da circulação de viaturas nas áreas de obra
dependem das características do solo, do volume e tipo de tráfego, da distância percorrida e da
velocidade a que os veículos circulam. A suspensão de partículas do solo pela ação do tráfego
existente assume um papel mais significativo durante os meses mais secos, uma vez que estas
condições meteorológicas facilitam a erosão dos solos.
O impacte das emissões fugitivas de partículas na qualidade do ar depende da quantidade e do
tipo de partículas. A extensão da dispersão de partículas na atmosfera é regulada pela sua
densidade e dimensão, pela sua velocidade de deposição terminal e pela turbulência atmosférica
e velocidade média do vento.
As partículas de menores dimensões, nomeadamente as de diâmetro aerodinâmico inferior a
10 µm (PM10), têm velocidades de deposição baixas e a sua taxa de deposição é normalmente
retardada pela turbulência atmosférica, podendo permanecer em suspensão e serem arrastadas
para locais afastados da origem da emissão. A emissão de elevadas concentrações de partículas e
a sua posterior deposição nas folhas das plantas poderá resultar numa redução na atividade
fotossintética, originando a queda prematura das folhas, perdas de crescimento e menor
imunidade a doenças e a pragas.

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De acordo com o regime de ventos predominante (NW), as concentrações dos poluentes emitidos
na área de implantação do projeto afetarão essencialmente os recetores sensíveis localizados no
quadrante sudeste.
Para além dos impactes associados às emissões de partículas PM10, esperam-se também
impactes associados à emissão de NOX, COV e CO, resultantes dos escapes dos diversos veículos e
máquinas envolvidos na construção do projeto.
Contudo, é referido que esta operação decorrerá no interior da parcela de implantação do
projeto não existindo necessidade de circular no seu exterior, pelo que se considera que as
emissões previstas sejam insignificantes quando comparados com os valores atualmente
existentes no concelho e não afetem recetores sensíveis.
No global, as emissões destes poluentes terão uma duração temporária, uma vez que os
principais responsáveis por este impacte incluem a circulação de veículos pesados utilizados na
obra. Neste sentido, ocorrerão incrementos na emissão dos poluentes provenientes do
funcionamento/circulação dos veículos. Estes incrementos prevêem-se baixos e após a sua
dispersão na atmosfera não se antecipa que causem problemas nos níveis de qualidade do ar. Ou
seja, estimam-se acréscimos das concentrações dos poluentes atmosféricos claramente inferiores
a 10% dos valores limite definidos na legislação de qualidade do ar e sem qualquer excedência dos
valores limite de qualidade do ar. Assim, o impacte sobre a qualidade do ar resultante da
circulação dos veículos afetos à obra, embora negativo, certo e direto será temporário, restrito
(na medida em que ocorrerá essencialmente dentro da área de implantação) de magnitude
reduzida e de intensidade muito baixa pelo que no global será insignificante.
5.6.2.2 Fase de funcionamento
A fase de funcionamento corresponde ao projeto em operação propriamente dito incluindo a
circulação de veículos pesados, presença de operários e operação dos equipamentos. Em termos
de emissão de poluentes atmosféricos, o funcionamento da instalação será semelhante ao
atualmente existente, apenas com o incremento de 3 fontes fixas.
Considerando a situação futura, na Figura 5.2 apresentam-se as emissões previstas dos poluentes
atmosféricos CO, NOX, COVNM, COVT e PM10 (das fontes pontuais), onde se pode observar um
aumento das emissões de CO, NOx e PM10 e uma diminuição das emissões de COVT e COVNM.

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Figura 5.2 - Emissões de poluentes atmosféricos para as fontes pontuais, para a situação futura.
Tendo em conta as alterações a realizar, estima-se um incremento anual no volume de tráfego
(Quadro 3.32 e Quadro 3.33). De acordo com os dados do projeto na totalidade estima-se um
incremento de 139 veículos ligeiros por ano e 12070 veículos pesados por ano.
À semelhança do efetuado para a situação atual, a estimativa das emissões atmosféricas foi
efetuada aplicando fatores de emissão adequados à situação rodoviária, adaptando a
metodologia apresentada pelo EMEP/CORINAIR (Atmospheric Emission Inventory Guidebook,
2019).
Assim, considerando o volume de tráfego futuro e os fatores de emissão do inventário de emissões
Europeu, calcularam-se as emissões apresentadas no Quadro 5.8 para a situação futura.
Conclui-se que, o projeto provocará um acréscimo de 0,46, 0,11, 0,74 e 0,03 t/ano de CO,
COVNM, NOX e PM10, respetivamente, como uma gama de variação de 33% para COVNM e 47%
para CO.
Considera-se que, estes incrementos nas emissões são baixos (inferiores a 1 % das emissões totais
do concelho) quando comparados com os valores atualmente existentes no concelho de Ovar
referentes aos transportes. Com estes incrementos ao nível das emissões e contabilizando ainda
com a dispersão na atmosfera, antecipa-se que os níveis de qualidade do ar não excedam os
valores limite definidos na legislação de qualidade do ar.

Quadro 5.8- Emissões de poluentes atmosféricos geradas pelo volume de tráfego, para a situação futura.
Emissões (t/ano)
Poluente
Situação Atual Situação Futura
CO 0,99 1,45
COVNM 0,32 0,42
NOX 2,05 2,79
PM10 0,07 0,10

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Figura 5.3 - Emissões de poluentes atmosféricos (fontes pontuais + tráfego) da FLEX2000, para a situação
futura.
Em suma, prevê-se que, face à situação atual, na situação futura ocorrerá um ligeiro aumento dos
valores para os poluentes atmosféricos (CO, COVNM, NOX e PM10) e uma diminuição de COVT.
Neste sentido, prevê-se que as concentrações na atmosfera representem um acréscimo inferior a
10% dos valores limite definidos na legislação de qualidade do ar, sem qualquer excedência aos
valores limite.
Neste âmbito, considera-se que a emissão dos poluentes decorrente do funcionamento futuro da
FLEX2000 se traduz num impacte negativo, direto, certo, permanente, abrangente, de
magnitude elevada e de intensidade muito baixa pelo que no global o impacte poderá ser pouco
significativo.

5.6.2.3 Fase de desativação


A fase de desativação, a ocorrer, corresponderá a as ações suscetíveis de causar impacte na
qualidade do ar que incluem movimentação de máquinas e veículos pesados e demolição de
edificado.
Essas atividades correspondem a uma típica atividade de construção/demolição ocorrendo
emissão de vários poluentes atmosféricos, nomeadamente de partículas (poeiras). Contudo, face
à localização do projeto (afastado de recetores sensíveis) não são expectáveis alterações dos
níveis de qualidade do ar junto aos recetores sensíveis atualmente existentes.
No Quadro 5.9 sintetizam-se os principais impactes decorrentes da eventual afetação da
componente Qualidade do Ar.

Quadro 5.9- Significância dos impactes negativos sobre a Qualidade do Ar.


Fase Impacte Magnitude Intensidade Significância

Construção Reduzida Muito Baixa Insignificante


Alteração dos níveis de
qualidade do Ar
Funcionamento Elevada Muito Baixa Pouco Significativo

5.7 Ambiente Sonoro


5.7.1 Metodologia
Os critérios de avaliação dos impactes para a componente do ambiente sonoro baseiam-se nas
regras estabelecidas para atividades ruidosas no Decreto-Lei nº9/2007, de 17 de Janeiro.
As operações contabilizadas para a fase de construção serão de carácter temporário e deverão
estar em conformidade com o Artigo 14º - Atividades Ruidosas Temporárias do Regulamento
Geral do Ruído (RGR).
Este artigo refere que é proibido o exercício de atividades ruidosas temporárias na proximidade:
a) Edifícios de habitação, aos sábados, domingos e feriados e nos dias úteis entre as 20 e as
8 horas;
b) Escolas, durante o respetivo horário de funcionamento;
c) Hospitais ou estabelecimentos similares.
O exercício destas atividades ruidosas temporárias previsto no artigo anterior pode ser
autorizado, em casos excecionais e devidamente justificados, mediante emissão de licença
especial de ruído pelo respetivo município, que fixa as condições de exercício da atividade

Pág. 218 de 294 Relatório Síntese


relativas aos aspetos referidos nos números 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 do artigo 15º. A licença especial de
ruído, quando emitida por um período superior a um mês, fica condicionada ao respeito nos
recetores sensíveis do valor limite do indicador LAeq do ruído ambiente exterior de 60 dB(A) no
período do entardecer e de 55 dB(A) no período noturno.
Em fase de funcionamento, o funcionamento da FLEX2000 está sujeito ao cumprimento dos
valores limite fixados no artigo 11º (valores limite de exposição) e ao cumprimento do critério de
incomodidade fixado no artigo 13º do DL 9/2007 de 17 de Janeiro.
A aplicação dos valores limite de exposição (alínea a) do n.º 1 do artigo 13º do Regulamento Geral
do Ruído, que remete para o seu artigo 11º) obriga ao cumprimento de valores limite de ruído
ambiente exterior de acordo com as seguintes situações:
 zona mista e sensível - valores limite de Lden igual ou inferior a 65/55 dB(A) e Ln igual ou
inferior a 55/45 dB(A);
A aplicação do critério de incomodidade (alínea b) do n.º 1 do artigo 13º do RGR) exige que:
 a diferença entre o valor do indicador LAeq do ruído ambiente determinado durante a
ocorrência do ruído particular da atividade ou atividades em avaliação e o valor do
indicador LAeq do ruído residual, não poderá exceder 5 dB(A) no período diurno (7h-20h),
4 dB(A) no período entardecer (20h-23h) e 5 dB(A) no período noturno (23h-7h).
Assim, em termos da avaliação de impactes da componente ambiente sonoro, a análise terá em
consideração o grau de intensidade do impacte, tendo por base a legislação em vigor. O grau de
intensidade de natureza negativa é atribuído da seguinte forma:
 Muito Baixa – quando não existe alteração dos níveis sonoros existentes na situação de
referência junto a recetores sensíveis;
 Baixa – quando existe alteração dos níveis sonoros existentes na situação de referência,
mas não existe ultrapassagem dos critérios de avaliação (critério de incomodidade e
valores limite de exposição) junto a recetores sensíveis;
 Média – quando existe alteração dos níveis sonoros existentes na situação de referência
e ultrapassagem de um dos critérios de avaliação (critério de incomodidade e valores
limite de exposição) junto a recetores sensíveis;
 Alta– quando existe alteração dos níveis sonoros existentes na situação de referência e
ultrapassagem dos 2 critérios de avaliação (critério de incomodidade e valores limite de
exposição) junto a recetores sensíveis.

5.7.2 Classificação de impactes


5.7.2.1 Fase de construção
Na fase de construção, os principais impactes previstos referem-se essencialmente as seguintes
ações:
 Desmatação
 Terraplenagens: Escavação e Aterro
 Movimentação de máquinas e veículos pesados
 Construção do edificado infraestruturação e instalação dos equipamentos
As atividades ruidosas referentes à construção são especialmente sentidas a pouca distância
devido aos mecanismos de dispersão da energia sonora e dado tratar-se de fontes pontuais.
Numa fonte sonora pontual a energia sonora propaga-se de forma mais ou menos idêntica em
todas as direções, através de ondas sonoras esféricas, sendo a atenuação do ruído da ordem dos
6 dB(A) por duplicação da distância à fonte.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Os níveis sonoros expressos em LAeq, gerados por algumas operações e equipamentos de
construção encontram-se indicados no Quadro 5.10.
A 100 m de distância, estes valores decrescem para um intervalo de 62 a 65 dB(A) (escavação).
Este intervalo não excederá os 55 dB(A) a partir dos 500 m de distância das operações e a cerca
de 1 000 m de distância os níveis expectáveis não excederão os 40 dB(A). Os valores referidos
referem-se à propagação em espaço livre (em linha de vista).

Quadro 5.10- Níveis sonoros gerados por operações e equipamentos e atenuação com a distância à fonte.
LAeq (dB(A))
Atividades
até 50 m 100 m 1000 m
Movimentação de terras e escavação 72-75 (30 m) 62-65 40
Cilindro betuminoso 70-75 (20 m) 56-61 42-39
Cilindro betuminoso vibratório 80 (20 m) 66 44
Martelo pneumático 80-84 (20 m) 66-70 44-48
Fontes: U.S. Department of Transportation, 2006 - Construction Noise Handbook. Research and Innovative
Technology Administration. John A. Volpe National Transportation Systems Center. Environmental Measurement
and Modeling Division, Acoustics Facility. Cambridge, MA 02142
OSHA , 2003 - Kim Nipko, Charlie Shields. OSHA's Approach to Noise Exposure in Construction
European Agency for Safety and Health at Work, 2005 – Noise in Figures. Risk Observatory

Sendo assim, o ruído associado à construção poderá afetar de forma significativa apenas as zonas
da imediata vizinhança ao local de implantação da obra. Os recetores sensíveis mais próximos
localizam-se a cerca de 1 km, prevendo-se que os níveis sonoros não excedam os valores de 65
dB(A).
Não estando prevista a solicitação uma licença especial de ruído, não existem limites sonoros na
legislação definidos para este tipo de operações. Salienta-se que deverá ser respeitado o Artigo
14º - Atividades Ruidosas Temporárias do Regulamento Geral do Ruído (descrito na metodologia
de avaliação de impactes).
Em suma, prevê-se que os recetores sensíveis não sejam afetados pelas atividades ruidosas afetas
às obras de construção civil previstas, pelo que as operações associadas à fase de construção
provocarão um impacte negativo, direto, certo, temporário, restrito, com magnitude reduzida e
de muito baixa intensidade, não se prevendo incumprimento legislativo, pelo que no global o
impacte da fase de construção é insignificante.

5.7.2.2 Fase de funcionamento


A fase de funcionamento corresponde ao funcionamento/presença da unidade e circulação de
veículos pesados com as respetivas operações de carga e descarga.
O projeto de ampliação terá um conjunto de fontes de emissão de ruído nomeadamente que a
FLEX200 refere que estarão confinados no seu funcionamento a uma única secção e que a sua
operação não será contínua.
Neste sentido, tendo em consideração a distância aos recetores sensíveis mais próximos e face ao
ruído ambiente já existente no local, não se prevê que os níveis sonoros junto aos recetores sejam
alterados pelo projeto.
Assim, tendo em conta a análise anteriormente efetuada, prevê-se que o impacte associado à
fase de funcionamento seja negativo, direto, certo, permanente, restrito, com magnitude
moderada e de muito baixa intensidade, o que no global se reflete num impacte insignificante.

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5.7.2.3 Fase de desativação
A fase de desativação, a ocorrer, corresponderá ao processo de remoção dos equipamentos que
foram colocados no âmbito do presente projeto e a eventuais demolições de estruturas que
sendo tão especificas desta atividade não possam ser reaproveitadas para outras atividades
industriais que venham a ocupar a parcela em causa. A essas atividades associa-se o trafego de
veículos para transporte dos equipamentos/resíduos gerados.
Essas atividades correspondem a uma típica atividade de construção/demolição ocorrendo
emissão de ruído. Contudo, face à localização do estabelecimento industrial (afastado de
recetores sensíveis) e à natureza das vias rodoviárias que dão acesso direto ao estabelecimento
(atualmente sem recetores sensíveis à face da estrada), não são expectáveis alterações dos níveis
sonoros junto aos recetores sensíveis atualmente existentes.
No Quadro seguinte apresenta-se uma síntese dos impactes do projeto sobre o ambiente sonoro.

Quadro 5.11- Significância dos impactes negativos sobre o ambiente sonoro.


Fase Impacte Magnitude Intensidade Significância

Construção Reduzida Baixa Insignificante


Alteração dos níveis sonoros
Funcionamento Moderada Muito Baixa Insignificante

5.8 Solos e Uso do Solo


5.8.1 Metodologia
São considerados impactes sobre os solos e respetivos usos todas as modificações relevantes à
situação de referência atual e perspetivas de evolução futura, direta ou indiretamente associadas
à implementação do projeto.
Para a avaliação de impactes nos solos e respetivo uso considera-se o tipo de solo e a respetiva
aptidão para a agricultura bem como a própria afetação das suas funcionalidades ecossistémicas,
valorizando-se os solos com aptidão agrícola e/ou que suportam comunidades florestais
indígenas.
No que respeita ao uso do solo propriamente dito, a avaliação é efetuada com base nas
alterações previstas no uso e ocupação atual do solo, podendo-se considerar negativo quando
ocorre uma artificialização da área a ocupar e positivo quando se prevê uma requalificação de
uma área degradada.
A avaliação da intensidade dos impactes negativos baseia-se nos critérios de seguida
apresentados:
 Muito baixa - quando apesar de poderem ocorrer alterações às características morfológicas
do solo, o seu perfil natural não é alterado; sem alteração do uso, ou podendo ocorrer uma
alteração do uso a artificialização será menor que 1 ha; possibilidades de contaminação em
solos sem aptidão para uso agrícola;
 Baixa - quando ocorrem alterações ao perfil de um solo que não possui qualquer aptidão
agrícola. Ocorre uma artificialização do local de intervenção mas sem ocupar solos com
aptidão agrícola/artificialização de área florestal indígena <10 ha; possibilidades de
contaminação em solos com aptidão agrícola marginal;
 Média - quando ocorre a destruição do perfil de um solo com aptidão para a agricultura.
Ocorre uma artificialização do local de intervenção em solos com aptidão para a agricultura/

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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artificialização de área florestal indígena entre 10 e 50 ha; possibilidades de contaminação em
solos com aptidão agrícola;
 Alta - Quando ocorre a destruição do perfil de um solo inserido na RAN. Ocorre a
artificialização de áreas de RAN/artificialização de área florestal indígena em mais de 50 ha;
possibilidades de contaminação em solos de RAN.

5.8.2 Classificação de impactes


5.8.2.1 Fase de construção
Na fase de construção os impactes sobre os solos resultam das seguintes ações:
 Desmatação;
 Movimentação de terras (escavação e aterro);
 Movimentação de máquinas;
 Construção do edificado infraestruturação.
Os impactes sobre os solos e respetivo uso ocorrerão sobretudo na área de ampliação da unidade
industrial. Estes impactes estão bem localizados no espaço e no tempo, fazendo-se sentir nas
seguintes perspetivas:
 Desmatação – O corte/arranque da vegetação e a limpeza do terreno implicará a circulação
de maquinaria pesada na área de intervenção, o que que levará à compactação dos solos.
Considerando a geomorfologia local e natureza geológica na qual ocorrerá a desmatação não
se prevê qualquer risco de erosão na sequência de precipitação intensa. No decurso desta
atividade os horizontes superficiais do solo serão alterados;
 Movimentação de terras (escavações e aterros) – Na área de ampliação, a realização de
escavações conduzirá à destruição do perfil natural do solo nomeadamente do seu horizonte
superficial, enquanto que a realização do aterro embora sem a destruição direta do perfil
existente nesse local, inviabilizará as funções que essa estrutura do solo atualmente
desempenha no ecossistema. De acordo com o projeto, as mobilizações de terras ocorrerão
numa área de cerca de 15 ha. Após a consolidação do aterro (compactação) inicia-se a
construção do edificado e a infraestruturação. Ocorrerá assim uma alteração dos solos na
área de ampliação do projeto induzindo alterações na sua funcionalidade e uso actual;
 Construção do edificado e infraestruturação – a construção do edificado e a
infraestruturação da área culmina com a impermeabilização de uma parte da área de
implantação do projeto alterando sua funcionalidade e uso actual, nomeadamente devido à
artificialização;
 Movimentação de máquinas – Para a realização da obra, e, em especial durante a fase de
preparação do terreno (limpeza vegetação e movimentações de terras) será utilizada
maquinaria pesada na área de intervenção (escavadoras, niveladoras e camiões
basculantes). Esta maquinaria, além da compactação que causará aos solos, poderá causar
poluição devido ao risco de perda de óleos/combustíveis na sequência de incidentes com
máquinas em funcionamento. Contudo, face à movimentação de terras realizada (destruição
permanente do perfil natural do solo) a movimentação de máquinas no local acaba por ser
pouco relevante.
 Instalação do estaleiro – o estaleiro será localizado numa área do atual estabelecimento
industrial em zona já impermeabilizada não ocorrendo assim qualquer afetação de solos.
Deste conjunto de ações, a movimentação de terras e a impermeabilização são as ações mais
impactantes na medida em que daí resultará a destruição definitiva do atual perfil do solo e das
suas funções sendo que atualmente esse solo suporta 20 ha de povoamento florestal indígena.

Pág. 222 de 294 Relatório Síntese


Na área interna da instalação atualmente existente, na qual ocorrerão algumas alterações
associadas à fase 0 do projeto, tendo em conta a natureza maioritariamente artificial dos locais de
intervenção, considera-se que estas ações não apresentam especial relevância sobre os solos.
Na área de ampliação as movimentações de terras/circulação de máquinas levarão à destruição
do perfil do solo e à sua compactação devido à pressão mecânica exercida pelo uso de máquinas,
reduzindo-se o espaço poroso entre as partículas do solo, deteriorando a estrutura do mesmo, o
arejamento, a fertilidade e a atividade biológica. Em teoria, na sequência de episódios de intensa
precipitação após a remoção da vegetação e compactação do solo aumenta a escorrência
superficial em detrimento dos processos de infiltração potenciando a ação erosiva sobre os solos
nas zonas de declive mais acentuado devido ao facto das águas não se conseguirem infiltrar,
aumentando os riscos de erosão. No entanto, no presente caso, tratando-se de solos arenosos e
sem declives acentuados o efeito de compactação dificilmente diminuirá a infiltração da água no
solo não se perspetivando quaisquer efeitos erosivos.
Considerando que, posteriormente, 64 % da parcela será impermeabilizada, eventuais derrames
de substâncias poluentes (risco de contaminação do solo devido a eventuais derrames de óleos
provenientes da maquinaria pesada que será utilizada no decurso da obra), embora negativos não
são relevantes face às alterações estruturais decorrentes da fase de mobilização de terras a que
se seguirá a sua impermeabilização, considerando-se assim que a contaminação de solos na fase
de construção (devido ao funcionamento da maquinaria pesada) será um impacte negativo,
direto, possível, temporário, isolado, de magnitude reduzida, de intensidade muito baixa e
insignificante.
Em toda a área de movimentação de terras (escavações e aterros) ocorrerá destruição do valor
pedológico dos solos, reduzindo o potencial e função que a respetiva estrutura pedológica
atualmente apresenta, nomeadamente a capacidade de suporte do solo como um ecossistema.
Serão afetados ‘Solos Incipientes’, ou seja, solos sem horizontes genéticos claramente
identificados, praticamente reduzidos ao material originário, sendo o material originário, neste
caso, as ‘areias do litoral’, mas que no presente caso suporta vegetação indígena.
Estas intervenções serão realizadas de forma faseada. No final, quando todo o projeto estiver
implementado, a geomorfologia e o coberto vegetal ter-se-á mantido em cerca de 5 ha da
parcela.
Relativamente à capacidade de uso do solo, ou seja, à sua classificação considerando a
potencialidade agrológica, verifica-se que toda a área de estudo e área envolvente se implanta em
solos da classe F – sem aptidão agrícola (Florestal), ou seja, de uso não agrícola.
Assim do ponto de vista das características morfológicas/aptidão dos solos tendo em conta o
ecossistema florestal que suporta, considera-se que na área de ampliação do projeto a
artificialização corresponderá a um impacte negativo, direto, certo, permanente, isolado de
magnitude moderada e de intensidade média pelo que, nesta vertente, o impacte sobre os solos
será significativo.

5.8.2.2 Fase de funcionamento


Os impactes relacionados com os solos e respetivo uso tornam-se permanentes com a finalização da
obra. Dessa forma, a fase de funcionamento, correspondendo à presença física da infraestrutura,
assume como ponto de partida os impactes permanentes da fase de construção, nomeadamente a
artificialização. A operação em si não constituirá impactes relevantes sobre as características
morfológicas dos solos aí presentes.
O impacte sobre os solos, a ocorrer, estará relacionado com o risco de eventuais contaminações que
eventualmente possam ocorrer na sequência de derrames de substâncias perigosas que possam atingir
os solos da área envolvente.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 223 de 294
Salienta-se no entanto que os locais onde ocorrerá armazenamento de substâncias perigosas com
potencial de contaminar os solos estão concentrados na área do estabelecimento industrial já
existente, em edifícios dedicados para o efeito no interior dos quais estão os tanques de
armazenamento e respetivas bacias de retenção, pelo que eventuais derrames ficarão aí contidos.
Nesta fase considera-se ainda a existência de águas pluviais potencialmente contaminadas oriundas das
vias de circulação que serão encaminhadas para ponto de descarga no solo à semelhança do que
atualmente sucede no estabelecimento industrial existente. Essas águas poderão possuir
hidrocarbonetos provenientes de eventuais pingos de óleos dos veículos pesados que caindo no
pavimento poderão posteriormente ser arrastados pela água da chuva para o ponto de descarga.
Segundo o autocontrolo que atualmente é realizado os valores de hidrocarbonetos são historicamente
muito reduzidos, pelo que perspetivando-se situação semelhante no futuro para a área de ampliação, o
impacte, embora negativo, direto, certo, permanente, isolado e de magnitude moderada será de
intensidade muito baixa e insignificante.

5.8.2.3 Fase de desativação


A fase de desativação, a ocorrer, corresponderá ao processo de remoção dos equipamentos que
foram colocados no âmbito do presente projeto e a eventuais demolições de estruturas que
sendo tão especificas desta atividade não possam ser reaproveitadas para outras atividades
industriais que venham a ocupar a parcela em causa. Não é expectável que venha a ocorrer
remoção de pavimentos pois estando a área artificializada o previsível é que seja ocupada por
outra atividade industrial.
No decurso deste processo deverá ocorrer a limpeza dos equipamentos que armazenavam
substâncias perigosas. Contudo, esses equipamentos localizam-se em área edificada e
impermeabilizada com bacias de retenção, pelo que caso nessa operação ocorra algum derrame,
é expectável que fique contido no interior dos referidos edifícios não se prevendo que essa fase
provoque impactes sobre os solos.
Neste contexto não se prevê que a fase de desativação introduza novos impactes sobre os solos.
No Quadro 5.12 apresenta-se a significância dos impactes do projeto sobre os solos.

Quadro 5.12- Significância dos impactes sobre os solos.


Fase Impacte Magnitude Intensidade Significância
Destruição das características
morfológicas/aptidão dos solos Moderada Média Significativo
Construção Artificialização dos solos
Contaminação de solos Reduzida Muito Baixa Insignificante

Funcionamento Contaminação dos solos Moderada Muito Baixa Insignificante

5.9 Ordenamento do Território


5.9.1 Metodologia
A avaliação dos impactes é feita qualitativamente com base na articulação das características do
projeto de ampliação da FLEX2000 com as estratégias preconizadas nos instrumentos de gestão
territorial descritos no Capítulo 4.8 e nos efeitos sobre a dinâmica urbana e territorial.
Neste contexto, os impactes poderão ser positivos, quando ocorre uma integração e/ou
compatibilidade do projeto com as estratégias preconizadas e/ou servidões
administrativas/restrições de utilidade pública presentes na área, ou negativos, quando não se

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verifica uma integração e/ou compatibilidade com as estratégias preconizadas e/ou servidões
administrativas/restrições de utilidade pública presentes na área.

5.9.2 Classificação de impactes


5.9.2.1 Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território
A unidade industrial da FLEX2000, encontra-se instalada em Ovar desde 2001, servindo uma
grande variedade de setores, nomeadamente os setores embalagens, isolamento acústico,
indústria automóvel, têxtil lar, colchoaria, estofos, lazer e desporto, indústria do calçado,
indústria da saúde, puericultura e higiene e limpeza.
A FLEX2000 tem registado um crescimento assinalável, que tem contribuído para a dinamização
de outras empresas da região, nomeadamente ao nível dos fornecedores, normalmente
pequenas e médias empresas de setores tão diversos como químico, metalomecânico,
construção, tecnologias de informação, hotelaria, equipamentos industriais, segurança e outros.
Com a implementação do projeto de ampliação será aumentada a capacidade de
armazenamento, para satisfazer, a custos competitivos, as necessidades da indústria automóvel,
aeronáutica, colchões, sofás e restante indústria de mobiliário. Saliente-se que estes sectores
integram importantes clusters nacionais, sendo previsível que Portugal aumente o seu peso
relativo no mercado mundial.
Em face do leque de serviços prestados pela FLEX2000, considera-se que se trata de uma unidade
de elevado nível de especialização, e, por conseguinte, com um quadro de recursos humanos
especializados, contribuindo para os domínios social e económico do PNPOT.
As espumas a produzir resultam de diversos projetos de I&DI realizados internamente e/ou em
colaboração com instituições pertencentes ao Sistema Científico e Tecnológico Nacional e
incluem novas espumas viscoelásticas, espumas de polyester e espuma técnica.
Desta forma, considera-se que o projeto em avaliação concorre para a inovação, para a eficiência
energética e circularidade da economia, pelo que o projeto contribui de forma relevante para a
prossecução dos objetivos do PNPOT, nos domínios social e económico.
5.9.2.2 Plano Regional de Ordenamento Florestal do Centro Litoral (PROF-CL)
Relativamente ao PROF-CL o projeto de ampliação da FLEX2000 não contribui para a
concretização dos objetivos aí preconizados, sendo importante referir que não interfere com
nenhum dos corredores ecológicos definidos ao abrigo deste Plano.
5.9.2.3 Plano Diretor Municipal - Ordenamento
Ao abrigo do PDM de Ovar, do ponto de vista da qualificação do solo para efeitos de ocupação,
uso e transformação do solo, a área de implantação do projeto de ampliação da FLEX2000
encontra-se classificada, em solo rural ‘Espaço Florestal de Conservação’. De acordo com o
regulamento do PDM, os espaços florestais de conservação integram áreas de uso ou vocação
florestal sensíveis, por nelas ocorrerem fatores de risco de erosão ou de incêndio ou por
exercerem funções de proteção prioritária da rede hidrográfica, integrando, ou não, áreas sujeitas
a regime florestal, ao regime da REN, da RAN ou da Rede Natura, englobando, ainda, incultos e
áreas agropecuárias.
Ainda segundo o regulamento do PDM, nesta categoria de espaços são interditos um conjunto de
ocupações, utilizações e ações, das quais se destacam, as mobilizações de solo, alterações do
perfil dos terrenos, técnicas de instalação e modelos de exploração suscetíveis de aumentar o
risco de degradação dos solos.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 225 de 294
No entanto, existem exceções, as quais são condicionadas e dependentes de autorização das
entidades competentes, as seguintes ocupações, utilizações e ações:
 As atividades cinegética e de pesca nas águas interiores;
 O controlo da vegetação espontânea (estrato herbáceo e arbustivo), de acordo com o
descrito nas Boas Práticas Florestais;
 A alteração do uso atual do solo e modificações de coberto vegetal resultantes de
alteração entre tipos de uso florestal, em áreas contínuas superiores a 5 ha,
considerando-se continuidade as ocupações similares que distem entre si menos de 500
metros;
 O alargamento de estradas e de caminhos, limpeza de bermas e taludes, que deverá
evitar a degradação e a destruição dos valores naturais;
 As intervenções nas margens e leito de linhas de água, que deverão manter as condições
ecológicas, promovendo a infiltração e a prevenção de incêndios;
 O estabelecimento de zonas balneares, de recreio fluvial, de parques de merendas, que
deverão evitar a degradação e a destruição dos valores naturais.
Apesar das interdições e das autorizações necessárias, nos espaços de floresta de conservação
que estejam integrados em REN e em Rede Natura 2000, a edificabilidade fica sujeita ao respetivo
regime legal e ao definido no regulamento do PDM de Ovar para os espaços florestais de
Produção (ponto 3 do artigo 55.º).
Ora, de acordo com o artigo 53.º do regulamento do PDM, nos ‘espaços florestais de produção’ e
sem prejuízo de legislação específica em vigor e das ações interditas no regulamento do PDM, a
edificabilidade só é considerada para edificações de apoio à atividade florestal e pecuária,
edificações para habitação do agricultor, unidades industriais de carácter florestal e instalações
pecuárias.
Face ao exposto, constata-se que o projeto de ampliação da FLEX2000, em matéria de
classificação do solo e do regime de edificabilidade, não é compatível com o estipulado no
regulamento do PDM de Ovar.
Para que a implantação da ampliação da FLEX2000 possa ocorrer será necessário proceder à
alteração do PDM.
De salientar no entanto, conforme referido no capítulo dos antecedentes do presente relatório
(Capítulo 1.6), que em 2017 a FLEX2000 iniciou os contatos com a Câmara Municipal Ovar, no
sentido aferir a possibilidade de ampliação da área de implantação da FLEX2000.
De acordo com parecer dos serviços técnicos da CMO, essa ampliação seria possível para terrenos
contíguos à atual unidade industrial da FLEX2000, pertença da CMO, estando, contudo, a sua
utilização industrial vedada devido a incompatibilidade com o PDM. Todavia, foi apontada a
possibilidade de regularização dessa ampliação ao abrigo do Regime Extraordinário de
Regularização das Atividades Económicas (RERAE), patente no Decreto-Lei n.º 165/2014, em vigor
à data.
Neste contexto, o procedimento iniciou-se com o Reconhecimento do Interesse Público Municipal
do projeto o qual foi emitido pela Assembleia Municipal em julho de 2017, tendo ainda durante
esse mês sido submetido o pedido de regularização com todos os elementos instrutórios
requeridos pelo diploma legal.
Após alguns esclarecimentos foi efetuada a conferência decisória em fevereiro de 2019, tendo o
processo do pedido regularização (Proc. IAPMEI/DPR – DpN n.º 2015200) obtido deliberação
favorável condicionada, conforme consta do Anexo II.A do Volume III.

Pág. 226 de 294 Relatório Síntese


Atendendo à referida deliberação favorável condicionada a CMO deverá promover a adequação do
PDM e alteração da delimitação da REN (alteração à Planta de Ordenamento e Planta de
Condicionantes). No primeiro caso com a alteração da classificação da área em análise, de ‘solo
Rural – Espaço Florestal de Conservação’ para ‘solo Urbano – Solo Urbanizado – Espaço de
Atividades Económicas, aplicando-se os parâmetros urbanísticos previstos para essa classe de
espaço e, no segundo caso, pela exclusão da área da Reserva Ecológica Nacional.
Após a referida adequação aplicam-se as regras de ocupação do solo relativas aos ‘Espaços de
Atividades Económicas’. Nesse contexto, em matéria em matéria do regime de edificabilidade a
ampliação da FLEX2000 passa a estar sujeita aos parâmetros urbanísticos referidos no artigo 81.º
do regulamento do PDM de Ovar, ficando a construção sujeita ao cumprimento dos seguintes
critérios:
 Índice máximo de ocupação do solo: 75 %;
 Índice máximo de utilização do solo: 1;
 Índice máximo de impermeabilização do solo: 90 %;
 Altura máxima da fachada: 12 m, ou superior para a instalação de equipamentos
industriais que pela sua especificidade necessitem de maior altura;
 Recuo: 10 m;
 Afastamento lateral: 6 m, exceto as situações de unidades geminadas ou em banda;
 Afastamento posterior: igual ou superior a 6 m;
 Sempre que um lote ou parcela confronte com Solo Urbano não classificado como
Espaços de Atividades Económicas, deve ser prevista uma faixa de proteção de 15 m,
com cortina arbórea densa e com folhagem predominantemente persistente e, no caso
do Solo Urbanizável - Espaços de Atividades Económicas, deverá ser prevista uma faixa
de proteção de 30 m.
O projeto de ampliação da FLEX2000 incidirá sobre uma parcela com 20 ha. O projeto será
implantado de forma faseada. De acordo com informação do projeto, a conclusão do processo
construtivo ocupará uma área total de 95 302,0 m2. Perante os dados do projeto o índice máximo
de ocupação do solo será de cerca de 48%, encontrando-se bastante abaixo do limite imposto no
regulamento do PDM (75%).
Relativamente ao índice máximo de utilização, e considerando a área total de construção da
ampliação da FLEX2000 (95 488,0 m2), constata-se que no fim do processo construtivo a utilização
máxima do solo será de cerca de 0,48, bastante abaixo do limite imposto no regulamento do
PDM.
No que concerne ao Índice máximo de impermeabilização, o projeto irá impermeabilizar
127 982,0 m2, que corresponderá a 64% da parcela de terreno sujeito à ampliação, dando
cumprimento ao disposto no regulamento do PDM.
A altura máxima constante do projeto de ampliação, devido às especificidades da unidade
industrial, será de 15 m, em cada fase do processo de construção, pelo que o projeto se adequa
ao regulamento do PDM.
No que diz respeito aos afastamentos, as futuras instalações terão afastamentos aos limites da
propriedade superiores a 6 m, mais concretamente 14 m ao limite norte, 7 m ao limite sul e 98 m
ao limite poente. Estes afastamentos proporcionam a criação de um anel de circulação de
segurança, emergência e acessibilidade em todo o perímetro do terreno.
A parcela de terreno onde o projeto de ampliação se pretende desenvolver, irá confrontar com
solo rural, a norte, sul e poente e a nascente com ‘Solo urbano’ classificado de espaço de

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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atividades económicas. Neste contexto, de acordo com o artigo 81.º do regulamento (acima
apresentado) o projeto não necessita de prever faixa de proteção.
Com base nesta avaliação constata-se que o projeto de ampliação, em matéria do regime de
edificabilidade, estará em conformidade com o estipulado no regulamento do PDM de Ovar para
os espaços de atividades económicas.

5.9.2.4 Plano Diretor Municipal - Condicionantes


Do ponto de vista da planta de condicionantes, constata-se que ao nível das restrições de
utilidade pública o projeto em avaliação não colide com área de RAN. Ao nível da REN, constata-
se que na área de ampliação da FLEX2000, existem duas tipologias de REN: ‘Dunas’ e ’Áreas de
máxima infiltração’. Considerando o novo regime jurídico da REN (RJREN) (Decreto-Lei n.º
124/2019 de 28 de agosto) as tipologias de REN em causa correspondem a ‘Dunas Costeiras
Interiores’ e ‘Áreas estratégicas de infiltração e de proteção e recarga de aquíferos’ (AEIPRA).
Estas tipologias de REN ocorrem na totalidade da área de implantação da ampliação da FLEX2000
(20 ha).
De acordo com o RJREN em vigor (ponto 1 do artigo 20.º, Decreto-Lei n.º 124/2019, de 28 de
agosto), nas áreas incluídas na REN são interditos os usos e as ações de iniciativa pública ou
privada que se traduzam em:
 “Operações de loteamento;
 Obras de urbanização, construção e ampliação;
 Vias de comunicação;
 Escavações e aterros;
 Destruição do revestimento vegetal, não incluindo as ações necessárias ao normal e
regular desenvolvimento das operações culturais de aproveitamento agrícola do solo e
das operações correntes de condução e exploração dos espaços florestais.”
Apesar das interdições da REN, de acordo com o ponto 2 do artigo 20.º, excetuam-se os usos e as
ações que sejam compatíveis com os objetivos de proteção ecológica e ambiental e de prevenção
e redução de riscos naturais de áreas integradas em REN.
São considerados compatíveis os usos e ações que, cumulativamente (ponto 3 do artigo 20.º):
a) Não coloquem em causa as funções das respetivas áreas, nos termos do anexo I; e
b) Constem do anexo II do presente decreto-lei (DL 124/2019), que dele faz parte
integrante, nos termos dos artigos seguintes, como:
i. Isentos de qualquer tipo de procedimento; ou
ii. Sujeitos à realização de comunicação prévia;
De acordo com o RJREN, nas áreas classificadas de ‘Dunas Costeiras Interiores’, podem ser
realizados os usos e ações que não coloquem em causa, cumulativamente:
 Continuidade dos sistemas dunares, no que respeita aos aspetos geológicos, morfológicos,
ecológicos e paisagísticos;
 Reserva de biodiversidade florística e faunística e respetivos serviços dos ecossistemas
associados as essas formações bióticas;
 Prevenção e redução do risco, garantindo a segurança de pessoas e bens.

Pág. 228 de 294 Relatório Síntese


Na ‘Áreas estratégicas de infiltração e de proteção e recarga de aquíferos’ só podem ser
realizados os usos e as ações que não coloquem em causa, cumulativamente, as seguintes
funções:
 Garantir a manutenção dos recursos hídricos renováveis disponíveis e o aproveitamento
sustentável dos recursos hídricos subterrâneos;
 Contribuir para a proteção da qualidade da água;
 Assegurar a sustentabilidade dos ecossistemas aquáticos e da biodiversidade dependentes
da água subterrânea, com particular incidência na época de estio;
 Prevenir e reduzir os efeitos dos riscos de cheias e inundações, de seca extrema e de
contaminação e sobrexploração dos aquíferos;
 Prevenir e reduzir o risco de intrusão salina, no caso dos aquíferos costeiros e estuarinos;
 Assegurar a sustentabilidade dos ecossistemas de águas subterrâneas, principalmente nos
aquíferos cársicos, como por exemplo assegurando a conservação dos invertebrados que
ocorrem em cavidades e grutas e genericamente a conservação de habitats naturais e das
espécies da flora e da fauna.
 Assegurar condições naturais de receção e máxima infiltração das águas pluviais nas
cabeceiras das bacias hidrográficas e contribuir para a redução do escoamento e da erosão
superficial.
Ora tendo em conta que a FLEX2000 se encontra classificada como fabricação de chapas, folhas
tubos e perfis de plástico (CAE-Rev.3 22210), consistindo o projeto, genericamente na
artificialização de uma área dunar precedida de desmatação e alteração geomorfológica, esta
tipologia de projeto não configura uma ação compatível ao abrigo da REN.
No entanto, o artigo 21.º do RJREN, determina que nas áreas de REN podem ser realizadas ações
de relevante interesse público que sejam reconhecidas como tal por despacho do membro do
Governo responsável pelas áreas do ambiente e do ordenamento do território e do membro do
Governo competente em razão da matéria, desde que não se possam realizar de forma adequada
em áreas não integradas na REN.
De salientar ainda, de acordo com o estipulado no ponto n.º 7 do artigo 16º-A do Decreto-Lei n.º
124/2019 de 28 de agosto, estão «sujeitas a um regime procedimental simplificado as alterações
de delimitação da REN decorrentes de projetos públicos ou privados objeto de procedimento de
que resulte a emissão de declaração de impacte ambiental ou decisão de incidências ambientais
favorável ou condicionalmente favorável.»
Nos Quadros seguintes apresenta-se uma avaliação do potencial impacte resultante da
implementação do projeto sobre os ecossistemas de REN.

Quadro 5.13- Avaliação dos impactes do projeto sobre as funções do ecossistema de REN ‘Dunas Costeiras
Interiores’.
Função: Continuidade dos sistemas dunares no que respeita aos aspetos geológicos, morfológicos,
ecológicos e paisagísticos

O projeto será implantado no extremo nascente do sistema dunar de Ovar correspondente aos depósitos
sedimentares detríticos do Cenozóico. Apesar de implantado em depósitos de areias dunares está na
adjacência da extensa área urbanizada que corresponde à zona industrial de Ovar pelo que, apesar de
‘entrar’ no sistema dunar, não interfere de forma significativa com a sua continuidade, nomeadamente
geológica, ecológica ou paisagística. Ocorrerá, fruto das operações de terraplenagem, uma
descontinuidade morfológica nomeadamente por efeitos das operações de escavação e aterro que
‘cortarão’ o relevo natural, mas que face às cotas em causa também não será significativa.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Função: Reserva de biodiversidade florística e faunística e respetivos serviços dos ecossistemas
associados as essas formações bióticas

As dunas costeiras são importantes reservatórios de biodiversidade, sobretudo florística, pelas condições
edafo-climáticas que as caracterizam. Esta situação é particularmente relevante nas dunas costeiras
litorais.
Na área de implantação do projeto, correspondente a uma duna costeira interior arborizada, não se
identificaram elementos de biodiversidade particularmente distintivos da generalidade da área do
perímetro florestal das dunas de Ovar.
Ocorrerá no entanto a supressão de cerca de 15 ha de vegetação adaptada a estes sistemas dunares. Em
termos de biodiversidade o impacte será pouco significativo (Capítulo 4.10). Na presente área os serviços
de ecossistema associados à biodiversidade que será suprimida serão sobretudo o aprovisionamento
(madeira, resina) e a regulação climática.

Função: Prevenção e redução do risco, garantindo a segurança de pessoas e bens

Tendo em conta o afastamento do projeto à linha de preia-mar (a cerca de 2,5 km), em zona de duna
costeira interior, não existe o risco do projeto afetar a segurança de pessoas e bens na medida em que o
mesmo não interfere com o sistema dunar litoral/linha de costa, ou seja, o projeto não tem potencial
para interferir com a ‘prevenção e redução do risco’ nomeadamente em cenários de fenómenos
extremos.

Quadro 5.14- Avaliação dos impactes do projeto sobre as funções do ecossitema de REN ‘Áreas estratégicas
de infiltração e recarga de aquíferos’.
Função: Garantir a manutenção dos recursos hídricos renováveis disponíveis e o aproveitamento
sustentável dos recursos hídricos subterrâneos

A área de implantação do projeto corresponde a uma área de máxima infiltração. Atualmente toda a
precipitação se infiltra no solo. A artificialização de uma parte significativa da parcela contribuirá para a
geração de um elevado volume de águas pluviais. Contudo, o projeto, nomeadamente a rede de coleta
de pluviais, foi delineada de forma a que as águas oriundas da precipitação sejam encaminhadas para o
solo no seio da própria parcela contribuindo assim para manter a recarga do aquífero.
Uma parte das águas pluviais recolhidas será armazenada num tanque para ser utilizada na rega e na
rede de combate a incêndios. Contudo, trata-se de um volume que não será significativo e que não
constituirá qualquer risco para a manutenção dos recursos hídricos disponíveis. Estima-se que a redução
da recarga aquífera no sistema quaternário de Aveiro seja de apenas 0,011% (conforme capítulo 5.4.2).

Função: Contribuir para a proteção da qualidade da água

Um dos objetivos deste ecossistema de REN é a proteção da qualidade da água.


O projeto gerará efluentes pluviais potencialmente contaminados que serão entregues em bacia
sumidoura, ‘alimentando’ assim o sistema aquífero, nomeadamente o sistema Quaternário, atualmente
classificado com uma qualidade ‘Medíocre’.
De acordo com os dados de autocontrolo à águas pluviais geradas na instalação atual (Capítulo 3), em
2020 apenas ocorreu uma excedência ao nível do parâmetro CBO5, estando os restantes parâmetros,
nomeadamente os hidrocarbonetos (poluentes gerados nos pavimentos/tráfego rodoviário), bastante
abaixo do valor estipulado.
Espera-se assim que as características dos efluentes pluviais recolhidos pela futura rede de pluviais
potencialmente contaminadas sejam idênticas aos que atualmente são recolhidos na rede do
estabelecimento atual.
Contudo, o projeto prevê a entrega de efluente industrial (tal como atualmente acontece) no ponto de
entrega das pluviais. Esse efluente provirá maioritariamente do processo de osmose inversa para

Pág. 230 de 294 Relatório Síntese


tratamento da água que é captada no furo existente. Segundo os dados do controlo analítico realizado a
este efluente (Capítulo 3) os resultados analíticos apontam para valores muito baixos em relação aos
potenciais valores limite de emissão, não sendo expectável que esta situação se altere com o projeto de
ampliação.
Esta situação deverá no entanto ser devidamente acompanhada através de monitorização da qualidade
das águas subterrâneas para identificar eventuais desvios e permitir assim propor assim medidas
adequadas.

Função: Assegurar a sustentabilidade dos ecossistemas aquáticos e da biodiversidade dependentes da


água subterrânea

O projeto de ampliação não interfere com a sustentabilidade dos ecossistemas aquáticos/biodiversidade


dependentes da água subterrânea. Apesar da ocupação de um espaço natural (pinhal), a vegetação é de
natureza xeropsamófila, não ocorrendo aqui sistemas dependentes da água subterrânea.
De referir que nesta área não se identificou qualquer massa de água superficial em conectividade com as
águas subterrâneas, nomeadamente depressões húmidas dunares muito dependentes da variação do
nível freático (capítulo 4.9).

Função: Prevenir e reduzir os efeitos dos riscos de cheias e inundações, de seca extrema e de
contaminação e sobrexploração dos aquíferos

A artificialização da área não promove quaisquer riscos de cheias ou inundações - as águas pluviais
geradas continuarão a ser infiltradas na área da parcela intervencionada evitando-se a sua descarga
noutros locais exteriores com eventuais consequências de cheia nesses locais.
A questão da ‘contaminação’ foi já analisada ao abrigo do objetivo ‘proteção da qualidade da água’
Quanto à sobre-exploração dos aquíferos, o projeto de ampliação fomentará um incremento do
consumo de água captada no furo atualmente existente em 6044 m3/ano. Tal como analisado no
Capítulo 5.4 esse impacte será insignificante.

Função: Prevenir e reduzir o risco de intrusão salina, no caso dos aquíferos costeiros e estuarinos

O projeto não interfere com este objetivo. O local de implantação do projeto encontra-se a cerca de
2,5 km da linha de preia-mar. O movimento de terras será superficial não ocorrendo escavações a grande
profundidade que provoquem alterações nos escoamentos subterrâneos.

Função: Assegurar a sustentabilidade dos ecossistemas de águas subterrâneas, principalmente nos


aquíferos cársicos, como por exemplo assegurando a conservação dos invertebrados que ocorrem em
cavidades e grutas e genericamente a conservação de habitats naturais e das espécies da flora e da
fauna

O projeto não interfere com este objetivo. A natureza geológica em presença é diferente.

Função: Assegurar condições naturais de receção e máxima infiltração das águas pluviais nas cabeceiras
das bacias hidrográficas e contribuir para a redução do escoamento e da erosão superficial

O projeto não interfere com este objetivo. Na área em causa não ocorrem cabeceiras de linhas de água.
Não ocorrerá escoamento superficial. Não ocorrerá erosão superficial.

Não obstante a avaliação acima realizada é de referir que o projeto em causa, ao abrigo do regime
de regularização extraordinário das atividades económicas (RERAE) obteve decisão favorável
condicionada pelo que deverá ser promovida a redefinição dos limites da REN na área em causa
em conformidade.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 231 de 294
Em matéria de risco de incêndio, o projeto de ampliação desenvolve-se numa área classificada de
risco médio de incêndio. Segundo o PDM, a construção ou ampliação de edifícios pode ocorrer em
áreas definidas com risco de incêndio médio, baixo ou muito baixo, desde que cumpram
cumulativamente com:
 Garantir a distância à estrema da propriedade de uma faixa de proteção nunca inferior
a 50 m, quando confinantes com terrenos ocupados com floresta, matos ou pastagens
naturais, ou a dimensão definida no PMDFCI respetivo, quando inseridas, ou
confinantes com outras ocupações;
 Adotar medidas relativas à contenção de possíveis fontes de ignição de incêndios no
edifício e nos respetivos acessos;
 Existência de parecer vinculativo do ICNF, solicitado pela câmara municipal.
No entanto, na sequência da decisão acima tomada em sede de reunião de conferência decisória
do RERAE, deverá ser promovida pela CMO a alteração de classificação do solo pelo que a área de
implantação da ampliação da FLEX2000 passará a ser integrada em espaço urbano, e como tal o
risco de incêndio será nulo, não se aplicando os condicionalismos referido a acima.
Ao nível das servidões administrativas, segundo a planta de condicionantes do PDM de Ovar,
verifica-se que a área de implantação da ampliação da FLEX2000 se encontra abrangida pela
segunda zona de proteção da servidão militar aeronáutica da base aeronaval do norte de Portugal
e pelo perímetro florestal das dunas de Ovar. Nesta zona de proteção, a servidão estabelece que
as intervenções nesta zona estão sujeitas à devida autorização.
A autorização foi, entretanto, solicitada ao abrigo do procedimento de regime extraordinário de
regularização das atividades económicas (RERAE) tendo a Direção-Geral de Recurso da Defesa
Nacional determinado que há compatibilidade com a servidão militar (Anexo II.A do Volume III).
A área de ampliação da FLEX2000 está ainda abrangida pela servidão regime florestal,
nomeadamente no perímetro florestal das dunas de Ovar afeto ao regime florestal parcial. Dado
o enquadramento legal do regime florestal, este processo carece de procedimento de retirada da
servidão do regime florestal, com a desafetação da área de ampliação e proposta de permuta
(terrenos de valor e superfície equivalente) para sujeitar ao regime florestal de acordo com a lei
de bases da política florestal.
No âmbito do procedimento de regime extraordinário de regularização das atividades económicas
(RERAE), foi solicitado parecer ao ICNF tendo o mesmo pronunciado o seguinte:«…a Câmara
Municipal de Ovar, como proprietária do terreno, e caso assim o entenda, deverá dar início ao
processo de concertação entre as duas entidades (ICNF e Câmara Municipal de Ovar) para
procedimento de exclusão da parcela do Regime Florestal, dada a necessidade do cumprimento
estrito de todos os procedimentos e normas aplicáveis» (Anexo II.A do Volume III).
Neste contexto, é possível obter a compatibilidade do projeto desde que cumpridas as condições
do ICNF.

5.10 Biodiversidade
5.10.1 Metodologia
A avaliação da importância dos impactes é realizada com base no grau de afetação da fauna e
flora locais, considerando para o efeito o seu valor conservacionista determinado na situação de
referência. Para tal, teve-se em consideração essencialmente o valor e funcionalidade dos
diversos habitats e a importância da área para a conservação dos habitats e populações de
espécies com interesse conservacionista (ameaçadas e/ou constantes nas Diretivas Aves e/ou
Habitats).

Pág. 232 de 294 Relatório Síntese


O grau de intensidade de natureza negativa é atribuído da seguinte forma:
 Muito Baixo – Quando, apesar de ocorrer destruição de comunidades vegetais e/ou
afetação de populações de espécies, estas mantêm sensivelmente a mesma abundância
e área de ocorrência local. Não existe afetação de habitats e/ou espécies com estatuto
de ameaça;
 Baixo - Quando há um efeito prejudicial ao nível dos habitats/espécies que resulta numa
redução da sua abundância ou da área de ocorrência local, não sendo no entanto
afetados de forma relevante espécies/habitats com especial interesse conservacionista;
 Médio - Quando há um efeito prejudicial ao nível dos habitats/espécies que resulta na
redução da abundância ou da área de ocorrência de espécies/habitats com especial
interesse conservacionista;
 Alta - Quando há um efeito prejudicial ao nível dos habitats/espécies que resulta na
redução da abundância ou da área de ocorrência de espécies/habitats considerados
prioritários no âmbito das Diretivas Habitats ou Aves.

5.10.2 Classificação de impactes


Previamente à análise que de seguida se apresenta é de ressalvar que, face à localização e
condições de funcionamento do projeto, não ocorrerá a afetação de qualquer área de
reconhecido interesse conservacionista nomeadamente área do sistema nacional de áreas
classificadas. A área classificada mais próxima (Ria de Aveiro) encontra-se muito afastada do local
de implantação do projeto.

5.10.2.1 Flora e Vegetação


Na fase de construção os impactes sobre a flora e vegetação resultam sobretudo das seguintes
ações:
 Desmatação;
 Movimentação de terras (escavação e aterros);
 Movimentação de máquinas na área de intervenção.
Nesta fase, a primeira etapa de intervenção consiste na limpeza do terreno que se iniciará pelo corte e
arranque da vegetação presente na área de intervenção direta. Após a retirada da vegetação arbórea e
arbustiva segue-se a mobilização de terras (escavações e aterros) para atingir as cotas de implantação
do projeto. Estas ações serão realizadas com o auxílio de maquinaria pesada e abrangerão cerca
de 75% da área da parcela que será afeta à implantação do projeto, a qual no total possui 20 ha. A
zona não intervencionada (25% da parcela) corresponde às futuras áreas verdes as quais
manterão a geomorfologia e vegetação atuais.
Ocorrerá uma afetação direta e permanente das comunidades vegetais através das operações de
desmatação nas áreas de implantação dos arruamentos, edifícios e áreas nas quais é efetuado o
transporte da matéria-prima.
Estas intervenções serão realizadas de forma faseada ao longo de cerca de 4 anos. No final,
quando todo o projeto estiver implementado, a área de pinhal que será mantido na parcela será
de aproximadamente 5 ha.
Na restante área da parcela ocorrerá a destruição permanente do biótopo florestal (pinhal e da
respetiva comunidade arbustiva que constitui o respetivo sub-bosque). A área desmatada
corresponde a 0,7% da totalidade da área do polígono norte do perímetro florestal das dunas de
Ovar.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Apesar da comunidade em causa ser uma comunidade representativa do ecossistema dunar
florestado, é uma comunidade comum em toda a região, nomeadamente na generalidade da área
do perímetro florestal (com exceção dos talhões mais próximos do mar que se encontram muito
invadidos por acácias) bem como noutras áreas adjacentes não submetidas ao regime florestal.
Na área de intervenção não ocorre qualquer espécie de elevado interesse conservacionista nem
habitats do Anexo I Diretiva Habitats.
Neste contexto, o impacte desta destruição de flora/vegetação será negativo, direto, certo,
permanente (destruição da flora) e isolado o que se reflete numa magnitude moderada. Face ao
valor conservacionista da vegetação em presença e da sua distribuição na região considera-se que
o impacte sobre a flora e vegetação é de baixa intensidade e pouco significativo.
Há no entanto que ter especial atenção no decurso do processo de obra do destino a dar à
vegetação arbustiva removida na medida em que alguma dessa vegetação corresponde a espécies
invasoras sobretudo acácia-de-espigas. Caso a desmatação ocorra no período de frutificação das
acácias e as ramadas e/ou raízes removidas venham a ser depositadas em áreas onde ainda não
existe presença dessas espécies, os impactes sobre os valores naturais desses locais poderão vir a
ser muito significativos. Há assim que ter em atenção forma como a gestão global desse material
é realizada s de forma a evitar novos focos de invasão com impactes negativos sobre as
comunidades de outros locais.
A movimentação de terras com recurso a maquinaria pesada que circulará no interior da área de
intervenção poderá ainda conduzir ao levantamento de poeiras e consequente deposição sobre a
vegetação da área envolvente, o que implica a redução da taxa fotossintética das plantas
podendo originar perdas de crescimento, queda prematura das folhas e menor imunidade a
doenças. Ressalva-se no entanto as características destes solos (areias dunares) com
granulometria que não facilita a dispersão a grande distância. Considera-se que este impacte,
embora negativo, é indireto, possível, temporário, restrito e de muito baixa intensidade pelo
que no global é insignificante.
Na fase de funcionamento, a qual corresponde à presença do edificado, das infraestruturas e da
circulação dos veículos não são esperados quaisquer impactes negativos sobre a flora e
vegetação.

5.10.2.2 Fauna
Na fase de construção os principais impactes da obra sobre a fauna encontram-se associados às
seguintes ações:
 Desmatação;
 Movimentação de terras (escavação e aterros);
 Movimentação de máquinas na área de intervenção;
 Infraestruturação e edificação;
 Presença dos operários afetos às atividades construtivas.
As etapas relacionadas com a preparação do terreno, nomeadamente no que se relaciona com a
desmatação e a subsequente movimentação de terras, provocam a destruição de habitat, morte de
indivíduos que estão alojados nos seus abrigos (enterrados/abrigados em galerias no solo), sobretudo
espécies de menores dimensões e com menor capacidade de mobilidade que encontram abrigo
ao nível do solo e que não conseguirão fugir a tempo (herpetofauna e micromamíferos). As aves e os
mamíferos de maior porte tenderão a afastar-se de imediato procurando abrigo no biótopo
florestal contíguo da área envolvente.

Pág. 234 de 294 Relatório Síntese


A circulação de máquinas e veículos pesados afetos sobretudo às operações de escavação e
aterro a realizar na área da parcela, bem como as atividades de infraestruturação e edificação que
se seguem e que são realizadas com o apoio de operários da construção civil, introduzirão nesta
área um elevado grau de perturbação da fauna. Como consequência, após o início da obra, a fauna
que atualmente ocorre na área de intervenção e área imediatamente adjacente afastar-se-á para as
áreas vizinhas (efeito de exclusão) cujo habitat é semelhante.
Na área de estudo ocorrem potencialmente 12 espécies da fauna de vertebrados com interesse
conservacionista (espécies do Anexo I da Diretiva Aves, espécies dos Anexos II/IV da Diretiva Habitats e
espécies com estatudo de conservação desfavorável) sendo que a totalidade destas 12 espécies têm
ocorrência potencial na área de implantação direta do projeto. Com o desenrolar das obras estas
espécies deixarão de marcar presença na generalidade da parcela de implantação do projeto. Contudo,
considerando as características do biótopo atualmente presentes na área que será ocupada pelo
projeto e que qualquer uma destas espécies encontra habitat favorável à sua ocorrência (áreas de
alimentação, abrigo e reprodução) em toda a área envolvente, estas manterão a sua distribuição global.
Acresce ainda a área de implantação do projeto não apresenta relevância como área de reprodução
das espécies de interesse conservacionista e em especial das espécies com estatuto de ameaça, não
existindo aí, por exemplo, charcas/depressões húmidas que favoreçam a comunidade anfíbia.
Tendo em conta as características atuais do biótopo em presença e as espécies que serão afetadas pela
obra estes impactes, durante a fase de construção, serão negativos, diretos, certos, temporários e
restritos (magnitude reduzida) no que respeita à perturbação da fauna e permanentes e isolados
(magnitude moderada) no que respeita à destruição do habitat dessas espécies. Embora com a
existência de episódios de mortalidade no decurso da obra (sobretudo de herpetofauna), não são
expectáveis alterações relevantes de abundância e/ou da área de ocorrência das espécies na área em
causa pelo que o impacte deverá ser de intensidade baixa e pouco significativo.
A fase de funcionamento corresponde ao projeto em operação ocorrendo aí a circulação de veículos
pesados com as respetivas operações de carga e descarga, presença de operários e operação dos
equipamentos que constituirão uma perturbação que tenderá a afetar de forma permanente as
espécies de fauna presentes na área adjacente. De salientar, no entanto, que grande parte das espécies
de fauna tenderão a adaptar-se à presença da atividade tal como sucede atualmente nas áreas de
pinhal adjacentes à zona industrial existente.
À área de cariz florestal sucede-se uma área maioritariamente artificializada de natureza industrial que
inclui no seu seio cerca de 5 ha de área verde constituida pelo pinhal original. Desses 5 ha, cerca de 2 ha
estarão em continuidade com o povoamento florestal da área envolvente. Os restantes distribuem-se
por quatro polígonos, dois dos quais com mais de 1 ha cada (Anexo IV.B do Volume III). Esses polígonos
de pinhal, mantendo a vegetação arbustiva, constituirão um elemento mitigador da intervenção
permitindo a manutenção nesta área de um vasto conjunto de espécies, sobretudo de espécies de de
passeriformes e afins.
A iluminação do novo espaço contituirá um novo fator de perturbação na área com impactes sobre a
fauna que utiliza a zona florestal adjacente, tendo potencial para alterar comportamentos, afetando
espécies de hábitos noturnos.
De uma forma global, a perturbação causada pela presença/funcionamento do projeto sobre a fauna,
tendo em conta as características das comunidaes em presença e as atividades indutoras de impactes,
serão negativos, diretos, certos, permanentes e restritos, de magnitude moderada, de baixa
intensidade e pouco significativos.
Ao impacte relacionado com a perturbação sobre as espécies que ocorrerá na área adjacente ao local
de implantação do projeto, acresce ainda o incremento do risco de potenciais atropelamentos/colisões
(mortalidade de fauna) causado pelo aumento do número de veículos pesados que circulará nas vias
rodoviárias. Não sendo possível avaliar o efeito real desse impacte a grandes distâncias (de referir que o
tráfego em causa circulará a nível internacional), na via rodoviária mais próxima ao local do projeto e na

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 235 de 294
qual se concentra todo o tráfego que entra e sai da FLEX2000 (ER327) apesar de poder ocorrer um
incremento de mortalidade (sobretudo de anfíbios, répteis e passeriformes), face às caracteristicas do
ecossistema envolvente e da comuniddae presente, esse impacte embora negativo, direto, possível,
permanente, restrito de magnitude moderada, será de baixa intensidade e pouco significativo.
Na fase de desativação, durante a qual ocorrerão algumas operações de remoção de equipamentos e,
potencialmente, de demolição de infraestruturas, não se espera que a perturbação daí proveniente
seja superior à do projeto em funcionamento pelo que não se prevêem impactes adicionais sobre a
biodiversidade.
No Quadro 5.15 apresenta-se uma síntese dos impactes do projeto sobre a biodiversidade.
Quadro 5.15- Significância dos impactes negativos sobre a biodiversidade.
Fase Impacte Magnitude Intensidade Significância

Pouco
Destruição da flora/vegetação Moderada Baixa
significativo

Deposição de poeiras sobre a vegetação Reduzida Muito baixa Insignificante

Pouco
Destruição de habitat da fauna Moderada Baixa
Construção significativo

Pouco
Mortalidade de espécimes Moderada Baixa
significativo

Incremento da perturbação sobre as


Reduzida Baixa Insignificante
espécies/efeito de exclusão

Perturbação/efeito de exclusão/alteração de Pouco


Moderada Baixa
comportamentos sobre as espécies de fauna significativo
Funcionamento
Mortalidade de espécimes Pouco
Moderada Baixa
(atropelamento/colisão) significativo

5.11 Paisagem

5.11.1 Enquadramento e metodologia


De um modo geral, a instalação de um determinado projeto poderá induzir à ocorrência de impactes
negativos e/ou positivos na paisagem, dependendo da fase e da tipologia de intervenção. Na fase de
construção são expectáveis essencialmente impactes negativos, em consequência dos trabalhos
desenvolvidos, tais como desmatação, aterros e escavações, movimentação de máquinas e veículos
pesados, trabalhos de infraestruturação da área, trabalhos de construção de edificado, e utilidades
industriais, arruamentos, assim como a instalação/operação do estaleiro.
Na fase de funcionamento os impactes relacionam-se com a presença em definitivo das estruturas
implantadas no terreno modelado para o efeito, sobre o qual se implantará uma estrutura
espacialmente organizada e funcional, com edificado de linhas escorreitas e de cércea máxima de 15 m
sobre terreno aplanado. De referir que no seio da parcela serão mantidas áreas com o atual uso
(pinheiro-bravo) proporcionando garantias mínimas de integração na paisagem e redução de impactes.
Acresce ainda que a zona de ampliação é adjacente ao atual estabelecimento da FLEX2000 inserido na
extensa mancha da zona industrial de Ovar.
A avaliação a realizar tem em consideração a sensibilidade visual da paisagem anteriormente descrita.
Relativamente à sensibilidade, na área de ampliação existe uma faixa com sensibilidade média a
elevada, em consequência de, no âmbito do processo metodológico de classificação, não se ter

Pág. 236 de 294 Relatório Síntese


considerado o elemento florestal existente em toda a envolvente da área de ampliação. Caso tivesse
sido considerado o uso do solo toda a área de ampliação teria a classificação de baixa sensibilidade de
paisagem.
Tal como descrito com maior detalhe no Capítulo 3 referente à descrição do projeto, o mesmo irá
implicar alterações ao uso atual do solo, uma vez que serão implementadas infraestruturas várias de
suporte à atividade funcional da unidade industrial da FLEX2000, envolvendo a implantação de
elementos edificados do tipo naves, área de circulação automóvel e de parqueamento de veículos
pesados em cais (área impermeabilizada) e área não impermeabilizada relativa às áreas com pavê
ecológico e áreas de espaços verdes dispersa na área de construção.
A avaliação dos impactes sobre a paisagem tem em conta a metodologia geral apresentada no capítulo
5.1 e as seguintes classes de intensidade:
 Muito baixa – Quando, apesar de existir intervenção no local, a paisagem da área de projeto
mantém a sua integridade visual, o seu carácter, independentemente da sensibilidade visual
da paisagem;
 Baixa - Quando ocorrem alterações na estrutura visual da área de projeto por desmatação,
com alteração ligeira da geomorfologia, e artificialização, por implantação de infraestruturas
de geometria regular e de altura ≤ 15 m e/ou alterações na permeabilidade em área ≤ a 20%
da área total, em contexto de paisagem com sensibilidade visual baixa a média;
 Média - Quando ocorrem alterações na estrutura visual da área de projeto por desmatação,
com alteração ligeira da geomorfologia, e artificialização, por implantação de infraestruturas
de geometria regular e de altura ≤ 15 m e/ou alterações na permeabilidade em área ≥ a 20%
da área total, em contexto de paisagem com sensibilidade visual da paisagem média a alta;
 Alta - Quando ocorrem alterações na estrutura visual da área de projeto por alteração da
geomorfologia e/ou construções, ocorrendo artificialização por edificação/colocação de
infraestruturas independentemente da sua dimensão e numa extensão superior a 20 ha, em
contexto de paisagem com sensibilidade visual da paisagem alta a muito alta.

5.11.2 Classificação de impactes


5.11.2.1 Fase de construção
Esta fase é a etapa de maior distúrbio na paisagem. É uma fase que se caracteriza pela desorganização
visual do território da paisagem existente, estando as perturbações relacionadas com a introdução de
elementos “estranhos”, destacando-se entre as atividade com maior potencial de causar impacte ao
nível da paisagem a limpeza do terreno/desmatação, as operações de escavação e aterro, a presença
do estaleiro, a circulação de maquinaria pesada e a construção do edificado.
Contudo, os impactes visuais introduzidos por estas atividades são sentidos essencialmente na área de
projeto, e muito pouco na sua envolvente próxima, consequência da sua integração em área adjacente
ao tecido industrial existente, do uso do solo com espaço florestal de pinheiro-bravo, e da existência de
apenas uma via rodoviária na sua proximidade, a EN327 (ver Carta n.º 9 no Anexo VII do Volume III).
Estas premissas garantem uma baixa amplitude visual.
Relativamente à área com maior proximidade à parcela de implantação do projeto e com baixa
capacidade de absorção visual, esta situa-se no troço da EN237 entre o campo de tiro e a zona
industrial, uma vez que este espaço é plano. Tendo em conta que a Carta nº9 foi realizada com
ausência de vegetação (pinhal), efetivamente sem esta vegetação a área de ampliação terá alguma
visualização a partir dos observadores que percorrem a via. Contudo, tendo em conta o uso do solo
atualmente existente e o distanciamento da parcela à via em causa, tal como desenvolvido no capítulo
4.10.4 do presente EIA, a visibilidade efetiva para a parcela de ampliação do projeto é praticamente

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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nula, passando, nesse contexto a considerar-se que a capacidade de absorção visual da paisagem é
elevada em toda a área de ampliação.
De seguida apresenta-se uma imagem da visibilidade obtida a partir da EN327 para a área de ampliação
localizada a pouco mais de 400 m de distância da referida via.

Figura 5.4- Visibilidade para a área de ampliação a partir do ponto 1 localizado 450 m a sul da área de
ampliação.

A ampliação da FLEX2000 será realizada de modo faseado, em 3 fases, pelo que a desmatação será
igualmente realizada em fases. A desmatação irá modificar muito o espaço da área de implantação do
projeto, dado que este é totalmente coberto por uma massa arbórea de pinheiro-bravo o qual será
gradualmente substituído pelos elementos construídos descritos no Capítulo 3. A desmatação ocorre
em 75% da área dos 200 000 ha.
Na área desmatada serão realizadas terraplanagens as quais irão modificar muito pouco o relevo da
área de implantação do projeto, uma vez que atualmente o mesmo é aplanado, oscilando entre a cota
17,50 m no limite superior NE do perímetro do terreno de ampliação (próximo rotunda da R. Família
Malaquias) e a cota altimétrica de 12,00 m no limite superior NW. No limite inferior NE da propriedade
a cota altimétrica é de 14,50 m, progredindo no sentido do limite inferior NW da propriedade para a
cota mínima de 13,00 m. Analisando esta morfologia, a proposta de intervenção de modelação, foi a de
encontrar uma cota média, e regularizar o terreno de forma a que aterro e escavação se anulassem. A
altura de aterro mais elevada é de 2,45 m, e a de escavação 2,86 m, sabendo que estas são as cotas
mais elevadas, e pontuais na área de 20 ha da área de propriedade. A média de altura com terras de
aterro e de escavação é de cerca de 1,50 m. São assim esperadas movimentações de terras ligeiras, não
comprometendo a qualidade visual do local, devido ao acima mencionado.
O volume de terras de aterro e escavação anulam-se, evidenciando modelações ligeiras do terreno,
possíveis de visualizar nos perfis longitudinais e transversais do projeto.
No âmbito das operações de terraplenagem ocorrerá o aumento da circulação de veículos pesados
associados ao transporte e deposição de terras apenas dentro da área de ampliação, e consequente
diminuição de visibilidade provocada pelo aumento de poeiras no ar, nomeadamente no período de
menor precipitação. Esta situação não será tão intensa pelo facto da remoção, transporte e deposição
das terras ser efetuado dentro do perímetro de ampliação e pela presença de uma envolvente de
pinheiro-bravo adulto, capaz de deter as poeiras que muito dificilmente serão visíveis a partir das vias
envolventes.
Após a preparação do terreno dar-se-á inicio à infraestruturação e à construção do edificado com uma
altura de 15 m. No entanto, mais uma vez, considerando a envolvente ocupada pelo povoamento de
pinheiro-bravo adulto com altura superior a 15 m a visualização para esta área em obra, encontra-se
minimizada.

Pág. 238 de 294 Relatório Síntese


Face ao descrito, os impactes associados ao conjunto de atividades construtivas que decorrerão ao
longo de aproximadamente 5 anos, de modo faseado, contribuirão para a alteração do uso do solo e
para a existência de algum caos local típico de uma intervenção desta dimensão e que em algumas
etapas da obra pode ser mais ou menos intenso. Apesar da alteração do uso do solo e geomorfologia
ser definitiva, o caos relacionado com a atividade construtiva será temporário. No global, a alteração
paisagística que no decurso da obra ocorrerá nesta área representa um impacte negativo, direto, certo,
restrito, de magnitude moderada, baixa intensidade e pouco significativo.

5.11.2.2 Fase de funcionamento


Os impactes na paisagem na fase de funcionamento estão associados às alterações definitivas no
ambiente visual na área de implantação do projeto. As atividades com potencial de causar impacte
sobre a paisagem nesta fase estão relacionados com a presença física dos novos edifícios, as quais
apresentam potencial para introduzir alterações definitivas no ambiente visual desta área.
Na atualidade, a área de implantação do projeto é dotada de médio carácter visual devido à ocupação
com pinheiro-bravo. No entanto, a área é adjacente ao tecido industrial de Ovar, concretamente à
unidade industrial existente da FLEX2000, pelo que será integrada em contexto de uma paisagem
humanizada com construções/estruturas industriais.
Não se podendo dissociar a observação e interpretação visual das novas construções das pré-existentes
em contiguidade, as novas edificações seguem a mesma tipologia das atuais, ou seja, são naves
retilíneas e de altura constante e igual às existentes, pelo que não se irão destacar neste contexto.
A eventual visualização para este conjunto edificado, poderá ocorrer, eventualmente, pelos
observadores que utilizam a EN327, no troço em que esta é mais próxima à área de projeto, como já
mencionado anteriormente. No entanto, a barreira de pinheiro-bravo com uma extensão mínima de
400 m entre esta via e o limite sul da área de projeto, protege a visualização para as novas edificações.
A presença do novo edificado, ao nível da paisagem, representa um impacte negativo, direto, certo,
restrito, permanente e de magnitude moderada. Se se analisasse este cenário numa perspetiva
isolada, sem atender às pré-existências contíguas da zona industrial e sem a presença do povoamento
de pinhal-bravo envolvente, a intensidade do impacte do projeto de alteração seria médio a alto, pelo
facto de se situar numa zona de modelado plano, e de capacidade de absorção visual variável entre
baixa, média e alta, e consequentemente o impacte seria significativo a muito significativo.
No entanto, as novas infraestruturas a implementar têm de ser interpretadas de acordo com a sua
localização face à envolvente, nomeadamente à zona industrial de Ovar, precisamente no
prolongamento do perímetro oeste do atual estabelecimento da FLEX2000. A integração faz-se pela
proximidade/prolongamento da industria existente e pela manutenção da mesma altura de cérceas,
assim como pela presença de uma envolvente nos restantes quadrantes de povoamento florestal de
pinheiro-bravo. Resumindo-se, a implantação das novas construções alteram a estrutura visual da
paisagem da área de projeto, com a transformação do maciço arbóreo de pinheiro-bravo por
edificações em nave. Contudo esta alteração, beneficia da proximidade ao espaço de cariz industrial,
pelo que, no global, o impacte do projeto de alteração sobre a paisagem local será de baixa
intensidade e pouco significativo.

5.11.2.3 Fase de desativação


Na fase de desativação ocorrerão algumas operações de remoção de equipamentos e, potencialmente,
de demolição de infraestruturas. Tendo em conta a localização do projeto no seio de área florestal e
área industrial, não é expectável que ocorram impactes sobre a paisagem decorrentes das operações
de desativação do projeto.
No quadro seguinte apresenta-se uma síntese dos impactes do projeto sobre a paisagem.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 239 de 294
Quadro 5.16- Significância dos impactes sobre a paisagem
Fase Impacte Magnitude Intensidade Significância

Construção Reduzido Baixa Pouco significativo


Alteração paisagística
Funcionamento Moderado Baixa Pouco significativo

5.12 Património Arqueológico, Arquitetónico e Etnográfico

5.12.1Metodologia
Com base no estudo de caracterização realizado é estabelecido o potencial patrimonial da área de
incidência do Projeto, que contribuiu para definir eventuais áreas de maior sensibilidade e
determinar o grau de risco considerando a presença/ausência de vestígios arqueológicos.
A intensidade do impacte é determinada a partir de uma valoração dos elementos patrimoniais
estipulada de acordo com os seguintes critérios:
 Potencial científico.
 Significado histórico-cultural.
 Interesse público.
 Raridade / singularidade.
 Antiguidade.
 Dimensão / monumentalidade.
 Padrão estético.
 Estado de conservação.
 Inserção paisagística.
A partir destes critérios, foram definidos os seguintes três patamares de valor atribuíveis que se
traduzem na intensidade do impacte caso ocorra:
 Reduzido: contempla as ocorrências com fracos indícios de valor patrimonial, elementos de
valor etnográfico muito frequentes e os sítios arqueológicos definidos por achados isolados
ou os sítios escavados nos quais foi verificado um interesse muito limitado;
 Médio: atribuído a sítios e estruturas com grandes potencialidades de revelar pertinência
científica, sem que tenham sido alvo de investigação profunda e a vestígios de vias de
comunicação enquanto estruturantes do povoamento;
 Elevado: atribuído ao património classificado, ao património construído de valor
arquitectónico e etnográfico e os sítios arqueológicos únicos.
Para avaliar os potenciais impactes do Projeto, para além do valor atribuído aos elementos
patrimoniais, que determinam a magnitude do impacte são ainda consideradas as distâncias
relativamente aos limites do projeto definindo a probabilidade de ocorrência dos impactes, a qual
é tanto maior quanto menor for a distância.
Definiu-se assim uma matriz de avaliação de impactes tendo por base estes parâmetros e as
seguintes escalas de gradação:
 Magnitude do Impacte:
o Valor patrimonial reduzido - reduzido (1);
o Valor patrimonial médio - média (3);
o Valor patrimonial elevado - elevada (5).

Pág. 240 de 294 Relatório Síntese


 Probabilidade:
o 0 m (área do projecto) - impacte certo (5);
o 0 m a 10 m - impacte provável (3);
o 10 m a 50 m - impacte pouco provável (2);
o Superior 50 m - impacte anulável (1).
A significância dos impactes é obtida pelo produto dos parâmetros definidos, considerando-se
que os limites são:
 Insignificante - quando Magnitude x Probabilidade < 3;
 Pouco Significativos - quando Magnitude x Probabilidade ≥ 3 e < 9;
 Significativos - quando Magnitude x Probabilidade ≥ 9 e <25;
 Muito Significativos - quando Magnitude x Probabilidade ≥ 25.

5.12.2 Classificação de impactes


Genericamente, as intervenções a executar potencialmente geradoras de impactes no âmbito
desta componente são, na fase de construção, as seguintes: desmatação, terraplanagem
(escavação e aterro), movimentação de máquinas e veículos, construção de infraestruturas,
instalação do estaleiro (o estaleiro será instalado no perímetro da área prospetada).
Contudo, a prospeção arqueológica desenvolvida não levou à identificação de ocorrências
patrimoniais passiveis de afetação, não sendo assim considerados quaisquer impactes
decorrentes da implementação do projeto.

5.13 População e Saúde Humana


5.13.1 Metodologia
Para a fase de construção a análise dos impactes centra-se nos seguintes aspetos:
 Emprego e atividades económicas: Influência das atividades construtivas no emprego e na
economia local;
 Áreas urbanas e habitacionais: Afetação do bem-estar dos habitantes locais devido às
atividades construtivas e à perturbação nas acessibilidades e circulações locais;
 Saúde humana
Para a fase de funcionamento a análise dos impactes considera os seguintes aspetos:
 Emprego e atividades económicas: Influência do funcionamento da unidade industrial
FLEX2000 no emprego e nas atividades económicas;
 Áreas urbanas e habitacionais;
 Mobilidade local e regional
 Saúde humana
De referir que os impactes decorrentes das operações de construção estão relacionados com os
indicadores socioeconómicos, mas também com outras componentes ambientais que poderão
condicionar o bem-estar da população local, mais concretamente, qualidade do ar e ambiente
sonoro, cujos impactes estão devidamente analisados nos capítulos próprios (capítulos 5.6 e 5.7,
respetivamente).
A determinação da natureza dos impactes do projeto poderá ter dois sentidos: negativo ou
positivo. Os impactes positivos resultam da importância que o projeto tem na diminuição do

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 241 de 294
número de desempregados inscritos no centro de emprego e na dinamização da atividade
económica. Os impactes negativos resultam dos efeitos sobre as condições de circulação dos
residentes locais devido ao acréscimo de veículos pesados associados FLEX2000 e aos potenciais
efeitos adversos sobre o bem-estar da população.
Os impactes de natureza positiva são classificados segundo a seguinte escala de intensidade:
 Muito Baixa – o projeto tem reflexos residuais na economia local. O Projeto contribui
para diminuir o número de desempregados inscritos no centro de emprego até 0,5%;
 Baixa – o projeto tem reflexos na economia local. O projeto contribui para diminuir o
número de desempregados inscritos no centro de emprego entre 0,5% e 2%;
 Média – o projeto tem reflexos na economia regional. O projeto contribui para diminuir
o número de desempregados inscritos no centro de emprego entre e 2% a 5%;
 Alta - o projeto tem reflexos na economia nacional. O projeto contribui para diminuir o
número de desempregados inscritos no centro de emprego em mais de 5%.
Os impactes de natureza negativa são classificados de acordo com as seguintes classes de
intensidade:
 Muito Baixa - quando volume de tráfego gerado não provoca sobrecarga da rede de
infraestruturas. A alteração do bem-estar de população é impercetível;
 Baixa - quando o volume de tráfego gerado provoca uma ligeira sobrecarga da rede de
infraestruturas rodoviárias existentes, mas não coloca em causa a liberdade de
circulação da população local. A alteração do bem-estar de população é pouco
percetível;
 Média - quando o volume de tráfego gerado provoca uma sobrecarga da rede de
infraestruturas rodoviárias colocando em causa a liberdade de circulação da população
local. A alteração do bem-estar de população é percetível;
 Alta - o volume de tráfego gerado provoca uma sobrecarga significativa da rede de
infraestruturas rodoviárias constituindo um obstáculo à circulação da população local. A
alteração do bem-estar de população ocorre numa área envolvente mais afastada da
FLEX2000.
Ao nível da saúde humana, a “Organização Mundial de Saúde” (OMS) define a saúde como “um
estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afeções e
enfermidades”.
A Avaliação de Impactes na Saúde (AIS) pretende identificar de que modo o projeto induz
alterações não intencionais nos determinantes da saúde e as consequentes alterações nos
resultados em saúde (Quigley et al., 2006). A AIS estabelece a base para uma apreciação pró-ativa
dos riscos associados aos perigos para a saúde. Mas a AIS também considera a melhoria nas
oportunidades para a saúde geradas pelos processos de desenvolvimento. Os perigos, riscos e
oportunidades para a saúde podem ainda ser explicitamente considerados na avaliação
ambiental.
Para facilitar a compreensão dos determinantes da saúde tem sido frequente agrupá-los nas
seguintes categorias: fixos ou biológicos (idade, sexo, fatores genéticos); sociais e económicos
(pobreza, emprego, posição socioeconómica, exclusão social); ambientais (habitat, qualidade do
ar, qualidade da água, ambiente social); estilos de vida (alimentação, atividade física, tabagismo,
álcool, comportamento sexual); acesso aos serviços (educação, saúde, serviços sociais,
transportes, lazer). Todos os determinantes mencionados influenciam, num ou noutro sentido, o
estado de saúde individual, familiar ou comunitário.

Pág. 242 de 294 Relatório Síntese


Existem dois modelos complementares de saúde: um modelo bioquímico focado na doença, e nos
seus mecanismos causais, e um modelo social, ou socioambiental, que incide sobre os
determinantes que influenciam a saúde e o bem-estar. Paralelamente têm sido desenvolvidos
esforços para relacionar os modelos socioambiental e bioquímico de saúde com os serviços dos
ecossistemas.
A metodologia utilizada no presente estudo para identificar e triar (screening) os potenciais
impactes de um projeto sobre a saúde baseiam-se no cruzamento entre as várias áreas de saúde
ambiental e as alterações nos ecossistemas induzidas pelo projeto, tendo presente os serviços
providenciados por esses mesmos ecossistemas.
As áreas de saúde ambiental a considerar na avaliação de impactes na saúde são elencadas no
Quadro 5.17.

Quadro 5.17 – Áreas de saúde ambiental e determinantes sociais.


Doenças relacionadas com Malária, esquistossomose, dengue, oncocercose, filariose linfática, febre amarela,
1
vetores (DRVs) entre outras.
Questões habitacionais e Infeções respiratórias agudas (bacterianas e virais), pneumonias, tuberculose;
2
respiratórias Efeitos da habitação, superlotação e inflação dos custos com habitação
Medicina veterinária e
3 Brucelose, raiva, tuberculose bovina, gripe aviária, entre outras
zoonoses
Doenças transmissíveis
4 VIH/SIDA, sífilis, gonorreia, clamídia, hepatite B
sexualmente (DTS)
Doenças relacionais com
5 Giardíase, vermes, acesso e qualidade da água, gestão de esgotos e de resíduos
saneamento básico e solos
Atraso no crescimento, desperdício, anemia, doenças micronutrientes (incluindo
Questões relacionadas com deficiências de vitaminas, ferro, iodo); mudanças nas práticas agrícolas, de caça,
6
os alimentos e nutrição pesca e coleta de subsistência; gastroenterite (bacteriana e viral); inflação dos
produtos alimentares
Tráfego rodoviário, cheias e derramamentos, construção (relacionada com a
7 Acidentes e ferimentos
habitação e com o projeto) e afogamentos
Pesticidas, fertilizantes, poeiras rodoviárias, poluição do ar (interior e exterior,
relacionados com veículos, cozimento, aquecimento ou outras formas de
Exposição a substâncias
8 combustão ou incineração), recargas de aterro ou cinzas de incineração e
potencialmente perigosas
quaisquer outros solventes, tintas, óleos ou produtos de limpeza relacionados
com os projetos, subprodutos ou descargas ambientais
Incluindo:
 psicossocial, depressão,
 violência e preocupações de segurança
 abuso de substâncias (drogas, álcool, tabagismo), e
Determinantes sociais de  mudanças na coesão social,
9
saúde
 produção social de doenças, política económica de saúde e questões
socioeconómicas como reassentamento ou deslocalização,
 questões de género, educação, rendimento económico, emprego, classe
social, raça ou etnia,
 entre outros tópicos.
Papel da medicina tradicional, medicamentos indígenas e práticas culturais de
10 Práticas culturais de saúde
saúde únicas
Infraestrutura física, níveis de pessoal e de competências, capacidades técnicas
Infraestrutura e capacidade das instalações locais de saúde; competências de gestão de programas e
11
dos serviços de saúde coordenação e alinhamento do projeto ao nível nacional e local com os
programas de saúde existentes e os planos futuros
Hipertensão arterial, diabetes, acidente vascular cerebral, distúrbios
12 Doenças não transmissíveis
cardiovasculares, cancro e saúde mental

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 243 de 294
A seleção das questões de saúde consideradas como relevantes no âmbito da presente avaliação
é estruturada considerando as atividades de projeto potencialmente indutoras de provocar risco
de afetar a saúde humana. Nesse contexto, surgem como particularmente relevantes para análise
as seguintes áreas:
 Acidentes e ferimentos;
 Exposição a substâncias potencialmente perigosas.

5.13.1 Classificação de Impactes


5.13.1.1 Fase de construção
Na fase de construção os impactes sobre a população e saúde humana, resultam das operações e
atividades construtivas nomeadamente: da desmatação, das terraplanagens (escavações e
aterros), da movimentação de máquinas e veículos pesados e da construção do edificado. O
desenvolvimento destas atividades poderá refletir-se nas seguintes áreas: emprego e atividades
económicas; áreas urbanas e habitacionais.

Emprego e atividades económicas


Face à dimensão e características das obras a efetuar, é de prever o aumento do emprego a nível
local, com necessidade de recorrer a um conjunto diversificado de operadores de equipamentos e
especialidades, prevendo-se o envolvimento de um elevado número de operários entre os quais:
motoristas, condutores manobradores, serventes e operadores de máquinas, etc. Tendo presente
o faseamento construtivo, o número de operários não estará presente em simultâneo ao longo de
todo o período de construção oscilando em função dos trabalhos que forem sendo desenvolvidos.
Apesar de nesta fase se desconhecer as necessidades de mão-de-obra, bem como quantos destes
empregos serão novos empregos, pois parte destes empregos já pertencerão aos quadros das
empresas contratadas para a construção, considera-se que o impacte é positivo, direto, certo e
temporário, podendo ser abrangente na medida em que a mão-de-obra poderá provir de uma
área mais alargada do concelho ou de concelhos vizinhos pelo que a magnitude será moderada.
Quanto à intensidade do impacte, assumindo como base para o cálculo o número total de
desempregados registados, em 2020, no Centro de Emprego de Ovar (2019 desempregados), que os
empregos serão gerados no concelho, e considerando nesta análise o cenário mais positivo que
corresponderia a que todos os empregos seriam novos empregos, o emprego proporcionado pela
construção da ampliação da FLEX2000 contribuiria de forma relevante para a redução do número de
desempregados inscritos no centro de emprego.
Contudo, num cenário mais realista é de esperar que a empresa ou empresas que vierem a ser
contratadas para a execução das obras contarão com o seu quadro de pessoal efetivo pelo que parte
dos empregos necessários à obra serão assegurados pelo próprio quadro de pessoal das empresas.
Neste sentido, a diminuição do número de desempregados será naturalmente menor estimando-se
assim que o impacte seja de baixa intensidade e pouco significativo neste indicador.
Por outro lado, o investimento do projeto e a presença de trabalhadores terão um impacte
positivo nas atividades económicas a nível local, nomeadamente ao nível do comércio e
restauração e a nível regional por força das subcontratações e fornecimento de materiais de
construção e equipamentos. Neste contexto é de esperar que o impacte nas atividades
económicas seja positivo, certo, direto, temporário, de extensão abrangente, de magnitude
moderada e média intensidade resultando num impacte significativo.

Pág. 244 de 294 Relatório Síntese


Áreas urbanas e habitacionais
Pela sua natureza, as operações de construção podem potencialmente levar ao surgimento de
impactes negativos sobre as áreas urbanas e habitacionais, com consequências na degradação
ambiental devido às emissões de ruído e poeiras e na segurança e perturbação da circulação com
potencial para afetar o bem-estar da população.
Embora alguns destes aspetos sejam analisados no âmbito de outras componentes, conforme referido
na metodologia, eles fazem-se sentir de uma forma conjunta e sinergética, pelo que devem ser
perspetivados do ponto de vista do bem-estar das populações.
O aglomerado populacional mais próximo da obra é a cidade de Ovar, a cerca de 1,4 km a sudeste da
FLEX2000. Na envolvente da FLEX2000, de acordo com os dados disponíveis do INE de 2011 para as
unidades territoriais de menor dimensão (subsecção estatística), que confinam com a área de
implantação da FLEX2000 residiam 14 habitantes, distribuídos por 9 edifícios e 9 alojamentos. De
salientar, que a unidade industrial da FLEX2000 se situa numa subsecção onde residem 9 habitantes,
em edifícios que se encontram nas imediações da ER 327.
Contudo, nenhum estes habitantes/alojamentos se situa a menos de 1 km do local da obra.
Durante a execução das operações de construção da ampliação da FLEX2000, nomeadamente no
decurso da desmatação e terraplanagens (escavações e aterros) a que se associa a circulação de
veículos pesados, perspetiva-se uma degradação da qualidade ambiental no local de obra devido à
emissão de poeiras e ruído. No entanto, em termos de uso do solo, a envolvente imediata da área de
implantação do projeto de ampliação é ocupada por área industrial a nascente e florestal nos
restantes quadrantes. Face à distância da obra aos alojamentos mais próximos, e tendo em conta que
a movimentação de terras apresenta um balanço nulo (não existindo tráfego associado ao transporte
de terras no exterior da obra), o impacte da obra sobre as populações locais estará sobretudo associado
ao uso das infraestruturas rodoviárias adjacentes pelos veículos que acedem à obra para transportar
quer os operários quer os materiais e equipamentos necessários, desconhecendo-se no entanto o
número de veículos envolvido.
Contudo, tendo em conta as características técnicas da rede de acessibilidades, a localização
privilegiada da FLEX2000 face à rede de acessibilidades o impacte da obra sobre as condições de
circulação nas vias locais, embora negativo, certo, temporário, de extensão abrangente, de
magnitude moderada será de baixa intensidade, constituindo um impacte pouco significativo.
Acresce que ao longo da ER327 que permite o acesso à FLEX2000 a partir do nó da A29 não
existem recetores sensíveis à face da estrada.

5.13.1.2 Fase de funcionamento


Na fase de funcionamento os impactes sobre a população e saúde humana, resultam da atividade
diária da FLEX2000 no local de implantação bem como da circulação dos veículos pesados para
transporte de matérias-primas e expedição da produção.
Emprego e atividades económicas
A FLEX2000, iniciou a sua atividade em 1999, altura em que o promotor tomou a decisão de
investir de raiz numa fábrica dedicada exclusivamente à produção de espuma de poliuretano. A
produção teve início em 2001 a qual, em função do crescimento que se registou desde o início da
produção, conduziu à necessidade de investimento no aumento da capacidade, com
implementação de novas tecnologias melhoria de processos proporcionou o aumento da
eficiência e competitividade da FLEX2000.
Desde o início da atividade que a FLEX2000 tem apresentado um crescimento excecional, tendo o
volume de negócios ultrapassado os 180 milhões de euros em 2021 o que se traduz numa taxa de
crescimento médio anual de 18,9% desde o primeiro ano de atividade.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 245 de 294
Do total da produção anual registada na FLEX2000, cerca de 66% destina-se à exportação. Os
produtos resultantes da atividade da FLEX2000 têm vários tipos de utilizações ou mercados alvo,
nomeadamente: embalagens, isolamento acústico, indústria automóvel, têxtil lar, colchoaria,
estofos, lazer e desporto, indústria do calçado, indústria da saúde, puericultura e higiene e
limpeza.
A atividade económica da FLEX2000 tem um efeito significativo no tecido empresarial do concelho
e da região, pelas relações comerciais com fornecedores e prestadores e serviços, com
repercussões em diversas tipologias de empresas, nomeadamente, o químico, metalomecânico,
construção, tecnologias de informação, hotelaria, equipamentos industriais, segurança, etc.
Esse efeito de arrastamento também se faz sentir ao nível dos clientes, em que o fornecimento de
espumas e serviços, de acordo com as necessidades dos mesmos (habitualmente pequenas e
médias empresas), permite que ofereçam no mercado produtos muito competitivos.
Este efeito indutor do crescimento, tanto a montante como a jusante, tem um importante
impacte na criação de riqueza e crescimento do emprego, com especial ênfase na região em que
se insere.
Considerando apenas o contributo direto da FLEX2000, desde que foi constituída até final de
2021, a empresa já pagou aos seus colaboradores 81,2 milhões de euros de remunerações.
De referir ainda que desde a sua constituição que a FLEX2000 aposta no desenvolvimento de
novos produtos, processos e serviços tendo nos últimos três anos investido em I&D&I mais de
2,4 milhões de euros, tendo realizado diversos projetos em parceria/participação com Entidades
do Sistema Científico Nacional.
Neste contexto, a ampliação da FLEX2000, inclusivamente com um novo laboratório, fomentará
ainda mais as dinâmicas no tecido empresarial, incrementando o volume de negócios. Neste
contexto cabe ainda referir que ao nível de impostos, a empresa já pagou, em termos
acumulados, 48,1 milhões de euros de IRC e 2,4 milhões de euros de Derrama Municipal.
No plano estratégico para os próximos dez anos a FLEX2000 prevê, numa perspetiva
conservadora, crescer à taxa de 5% ano.
Assim, a ampliação da unidade industrial conduzirá a um incremento das dinâmicas acima
referidas, o que constituirá um impacte positivo, certo, direto e permanente nas atividades
económicas, de extensão abrangente, magnitude elevada e de intensidade média, pelo que o
impacte será muito significativo.
Em matéria de emprego, verifica-se que o crescimento da empresa tem sido acompanhado do
aumento do número de colaboradores. Se no ano 2000 eram 12, em 2020 eram mais de 260, dos
quais 20% correspondem a quadros superiores qualificados.
Segundo informações do projeto de ampliação, no máximo da capacidade instalada serão criados
139 novos postos de trabalho face ao que é a capacidade instalada atualmente licenciada.
De acordo com o descrito no Capítulo 4.12 (caracterização da situação de referência) constatou-
se que com base nos dados do Centro de Emprego de Ovar, em 2020, em média, o total de
desempregados registados no Centro de Emprego foi de 2019 indivíduos, dos quais 90,5% (1828
desempregados) estavam à procura de novo emprego e 9,5% (190 desempregados) procuravam o
primeiro emprego.
Assumindo os dados de desemprego referentes a 2020 e que as necessidades e mão-de-obra são
supridas através do recrutamento no concelho, o emprego gerado pelo projeto de ampliação
FLEX2000 (139 empregos) contribuirá para reduzir 6,8% do número de desempregados inscritos
no Centro de Emprego. Deste modo, considera-se que no que diz respeito à geração de emprego,

Pág. 246 de 294 Relatório Síntese


a ampliação da FLEX2000 terá um impacte positivo, certo, direto, permanente de extensão
restrita, de magnitude moderada e de intensidade média, que no global será significativo.
Considerando ainda as sinergias da FLEX2000 com as outras atividades económicas, o impacte
indireto no emprego da região também será significativo, na medida em que a atividade
contribuirá para a dinamização de outras atividades económicas com quem a FLEX2000 tem
relações económicas.

Mobilidade local e regional


Com a entrada em funcionamento do projeto de ampliação da FLEX2000 o tráfego rodoviário na
região registará um acréscimo do número de movimentos de veículos pesados e veículos ligeiros.
De acordo com a capacidade instalada licenciada, o volume de trafego total gerado entre
entradas e saídas será de 21 480 veículos. Com o aumento da capacidade instalada, estima-se que
o volume de tráfego gerado seja de 33 550 veículos ano (3685 entradas de matérias-primas,
29592 saída de produtos e 273 para transporte de resíduos).
Do total de movimentos para transporte de produtos, cerca de 62% do movimento de viaturas
pesadas tem como destino o mercado externo. Deste movimento, 98% é expedido por via
rodoviária para o mercado internacional e os restantes 2% em contentor, por via marítima a partir
de Leixões.
Tendo em conta que a atividade de produção da FLEX2000 se realiza durante 240 dias/ano, e, por
conseguinte, os movimentos ocorrem nesses dias, na atual capacidade instalada licenciada a
circulação de veículos pesados resulta num tráfego médio diário anual de cerca de 90 veículos.
Com o aumento da capacidade estima-se que o tráfego médio diário anual associado à
globalidade da FLEX2000 seja de 140 veículos, registando-se assim um acréscimo de 50 veículos
pesados/dia por efeito da ampliação do estabelecimento industrial.
No que diz respeito ao tráfego ligeiro, desconhece-se com rigor o volume de tráfego anual. Contudo,
considerando o cenário de que os atuais 246 funcionários presentes na FLEX2000 se deslocam em
viaturas individuais, e que a atividade da FLEX2000 se realiza durante 24h, os funcionários não se
deslocam todos em simultâneo para a unidade industrial. O efeito do tráfego ligeiro será sentido nos
períodos de inicio e fim dos turnos, que corresponderá a cerca de 82 veículos ligeiros, no pior cenário.
Com o funcionamento do projeto de ampliação da FLEX2000 serão contratados mais 139 funcionários
(no máximo da capacidade instalada) o que, no pior cenário, ou seja cada funcionário circular em
veículo próprio, se reflete num incremento de 46 veículos ligeiros/turno.
A área de implantação da unidade industrial da FLEX2000 situa-se a cerca de 4,0 km do nó de acesso à
A29 (através da ER327) e a cerca de 11 km do acesso à A1. Para aceder à A1 este percurso é efetuado
pela ER 327 até à A29 seguindo para norte até ao nó com a A47 que permite a ligação ao nó da A1 em
Santa Maria da Feira.
Neste contexto, a rede viária nas imediações da área de implantação da unidade Industrial da FLEX2000
apresenta boas características técnicas, um bom estado de conservação, e o seu dimensionamento
confere-lhes uma grande reserva de capacidade, conferindo um largo período de operacionalidade.
Assim, face às características técnicas da rede viária envolvente à FLEX2000, não são expectáveis
alterações ou perturbações relevantes nos níveis de serviço das vias utilizadas. De acordo com o Plano
Rodoviário Nacional, a EN 109 e a ER 327, foram dimensionadas para um nível de serviço C, ou seja,
existem condições de circulação relativamente estáveis, embora com restrições quanto à velocidade e
a ultrapassagens. Em termos práticos este nível de serviço significa que a via suporta uma densidade
máxima de 16 veículos por km por via. As autoestradas foram dimensionadas para um nível de serviço
B que significa que a autoestrada suporta uma densidade de 11 veículos por km por via.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 247 de 294
Os impactes negativos da movimentação de camiões e veículos ligeiros prendem-se com a potencial
sobrecarga da rede rodoviária condicionando a liberdade de circulação de veículos e peões. Este facto é
particularmente importante na união de freguesias, na medida em que cerca de 62% da população
utiliza o transporte individual nas suas deslocações.
No entanto, tendo em conta a ausência de ocupação urbana na envolvente à ER327 no troço que liga a
área de implantação da FLEX2000 ao nó da A29, o nível de serviço da ER327 (nível C) e que a média de
duração das deslocações pendulares da população residente é de cerca de 18 minutos, não são
expectáveis alterações significativas ao nível da mobilidade local.
Neste contexto, o impacte da circulação dos veículos pesados e ligeiros associado ao projeto de
ampliação na mobilidade, embora negativo, direto, certo, permanente possui uma extensão
restrita fazendo-se sentir sobretudo na ER327, de magnitude moderada e uma intensidade baixa
pelo que no global o impacte do volume de tráfego gerado pelo projeto em avaliação sobre a rede
de infraestruturas rodoviárias e mobilidade será pouco significativo.

Áreas urbanas e habitacionais


A presença e funcionamento da unidade industrial, face ao distanciamento a que se encontra das áreas
urbanas e habitacionais e à ampla envolvente florestal e industrial que a circunda, não afetará o bem-
estar das populações nos locais de residência (áreas urbanas e habitacionais).
O incremento de circulação de veículos pesados poderá levar ao surgimento de impactes negativos
ao longo das vias rodoviárias, com eventuais consequências na degradação do bem-estar da população
devido à emissão de poluentes atmosféricos, incremento dos níveis de ruído e perturbação geral
causada pelo tráfego. Embora alguns destes aspetos sejam analisados no âmbito de outras
componentes, conforme referido na metodologia, eles fazem-se sentir de uma forma conjunta e
sinergética, pelo que devem ser perspetivados do ponto de vista do bem-estar das populações. Neste
caso, derivado do incremento do tráfego rodoviário ocorrerão incrementos de poluentes atmosféricos
e de níveis sonoros ao longo das vias rodoviárias utilizadas nomeadamente na ER327 em direção à A29.
Contudo, no troço da ER327 em causa não existem recetores sensíveis na proximidade da via, pelo que
desse ponto de vista não se perspetiva a ocorrência de impactes relevantes sobre as áreas urbanas e
habitacionais.

Saúde humana
Relativamente aos potenciais efeitos do projeto sobre a saúde humana, o screening realizado tem
em consideração, entre outros, as ações de projeto suscetíveis de afetar a saúde humana bem
como a localização dos recetores sensíveis face ao projeto, nomeadamente, as habitações na
envolvente à área de implantação.
Tendo por base a metodologia acima apresentada e tendo em conta as características territoriais
da área de estudo (amplamente descritas nos vários descritores do capítulo da caracterização da
situação atual - Capítulo 4), na área de influência do projeto poderão antecipar-se potenciais
alterações com repercussões na saúde ambiental e determinantes sociais, associadas a:
 Acidentes;
 Exposição a substâncias potencialmente perigosas.
A área de implantação da ampliação da FLEX2000, ocorre sobre uma área de características rurais,
onde existe maioritariamente floresta de pinheiro-bravo. De destacar, a nascente da área de
implantação do projeto, a ocupação industrial e a ausência de aglomerados populacionais,
encontrando-se o mais próximo (cidade de Ovar) a cerca a mais de 1 km de distância.
No âmbito do processo construtivo, as áreas de saúde ambiental potencialmente afetadas
relacionam-se com:

Pág. 248 de 294 Relatório Síntese


 Exposição a substâncias potencialmente perigosas, das quais se destacam neste
contexto:
o Emissão de poeiras devido à movimentação de terras e de poluentes atmosféricos
a partir do tráfego – Contudo, tal como avaliado na componente de qualidade do
ar verificou-se que face à dimensão do projeto, poluentes em causa e localização
dos principais recetores sensíveis as alterações ao nível da qualidade do ar serão
pouco significativas, pelo que dessa forma não será expectável a alteração os
dados estatísticos referentes às doenças do aparelho respiratório;
o Eventuais descargas de cargas poluentes para o meio hídrico ou para os solos -
Neste âmbito existe a possibilidade de, na sequência de acidentes, ocorrerem
derrames de óleos para o solo a partir da maquinaria utilizada ou dos
equipamentos instalados no estaleiro. No entanto, a acontecer, serão episódios
pontuais não se perspetivando alterações ao nível da qualidade da água na zona
de estudo não se esperando reflexos negativos na população da área envolvente,
pelo que a este nível não se esperam quaisquer impactes.
 Acidentes e ferimentos
o Aumento do tráfego rodoviário – No decurso da obra ocorrerá um incremento do
tráfego rodoviário, sobretudo de veículos pesados para transporte dos materiais
de construção. O incremento de tráfego poderá interferir com o risco de
acidentes rodoviários. Esta situação será mais provável no troço da ER327 que
permite o acesso direto à zona industrial.
No decurso do funcionamento do projeto existe a possibilidade de se incrementarem
determinados fenómenos que poderão induzir riscos acrescidos em termos de saúde ambiental.
Neste contexto destaca-se:
 Exposição a substâncias potencialmente perigosas:
o Presença de substâncias perigosas – no âmbito do projeto de ampliação da
FLEX2000 contempla destaca-se a alteração da capacidade de armazenamento de
Diisocianato de Tolueno (TDI), substância designada que integra a lista de
substâncias da parte 2 do anexo I do Decreto-Lei n.º 150/2015, que consubstancia
uma alteração substancial. Os cenários de risco envolvendo os acidentes com o
TDI (roturas totais de tubagens, roturas parciais de tubagens para o processo)
extravasam os limites do perímetro industrial podendo alcançar, em função das
condições meteorológicas, o Centro Comercial existente a sul do
estabelecimento. De referir, no entanto, que nenhum dos cenários estudados (ver
Capítulo 6) alcançam zonas habitacionais e que os cenários em causa apresentam
uma probabilidade de ocorrência muito baixa, não se esperando que ocorram
durante a vida útil da instalação;
o Exposição a poluentes oriundos dos veículos (poluição rodoviária) - O acréscimo
na circulação de veículos pesados poderá provocar efeitos negativos sobre as
populações que residem nos aglomerados populacionais adjacentes às vias
rodoviárias utilizadas pelos veículos pesados. Prevê-se um incremento, face à
situação atual, das emissões de gases poluentes provenientes dos escapes com
destaque para as partículas bem como dos níveis sonoros que poderão provocar
incomodidade ao nível dos recetores sensíveis existentes nas proximidades das
estradas. Contudo, a via rodoviária que permite o acesso direto à FLEX2000 a
partir do nó da autoestrada A29 não possui quaisquer recetores sensíveis à face
da estrada não se perspetivando qualquer alteração ao bem-estar/saúde por

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 249 de 294
efeito do incremento do ruído ou do incremento da emissão de poluentes
atmosféricos a partir dos escapes dos veículos sobre os aglomerados urbanos;
o Emissão de poluentes atmosféricos oriundos das chaminés - No que respeita às
emissões atmosféricas, de referir que a FLEX2000 possui várias fontes de emissão
para a atmosfera procedendo ao seu autocontrolo. As estimativas de emissão
obtidas e apresentadas pela descrição do projeto indicam um aumento pouco
relevante ao nível dos parâmetros CO, NOx e PM10 e uma diminuição importante
ao nível dos compostos orgânicos voláteis.
O incremento de veículos pesados e ligeiros afetos ao funcionamento do projeto poderão
incrementar o risco de:
 Acidentes e ferimentos
o Aumento do tráfego rodoviário - O projeto de ampliação terá associada uma
circulação adicional de veículos pesados (50 veículos pesados/dia). Existe assim a
possibilidade de aumentar o risco de acidente rodoviário associado ao
incremento do tráfego ao longo das vias por onde este circula, nomeadamente na
ER 327, e posteriormente a A29 e A1.

5.13.1.3 Fase de desativação


A fase de desativação corresponderá à retirada de equipamentos e eventuais demolições de
infraestruturas. Este tipo de atividades, por tudo o que foi já descrito quer para a fase de
construção quer para a fase de funcionamento, não apresentam impactes relevantes ao nível da
população e da sua saúde.
No Quadro seguinte sintetizam-se os principais impactes decorrentes da eventual afetação da
componente População e Saúde Humana.

Quadro 5.18 – Significância dos impactes sobre a População e Saúde Humana.


Fase Impacte Efeito Magnitude Intensidade Significância

Fomento do emprego + Moderada Baixa Pouco Significativo


Fomento da atividade
Construção + Moderada Média Significativo
económica
Perturbações no tráfego
- Reduzida Média Pouco Significativo
(obra/circulação de
veículos pesados)
Fomento do emprego + Moderada Média Significativo
Fomento da atividade
Funcionamento + Elevada Média Muito Significativo
económica
Perturbações na
- Moderada Baixa Pouco Significativo
mobilidade

5.14 Impactes cumulativos


5.14.1 Metodologia
Entende-se por efeitos cumulativos as alterações causadas pelo projeto em combinação com
outras ações humanas, passadas, presentes ou futuras. Trata-se de impactes de natureza aditiva,
iterativa, sinergética ou irregular (imprevisível), gerados por ações individualmente
insignificantes, mas coletivamente significativas que se acumulam no espaço e no tempo.
A metodologia aplicada na avaliação dos efeitos cumulativos baseia-se em 6 passos (Canter &
Ross, 2008):

Pág. 250 de 294 Relatório Síntese


 Seleção das componentes ambientais significativas que se encontram já degradadas ou
potencialmente em stress, nas quais também se incluem as questões socioeconómicas;
 Identificação das ações passadas, presentes e razoavelmente previsíveis no futuro que
possam contribuir para efeitos cumulativos numa dessas componentes;
 Recolha de informação da componente ambiental significativa;
 Relacionar os efeitos do projeto com os provocados por outras ações para cada
componente ambiental significativa;
 Avaliação da significância dos efeitos cumulativos;
 Caso se justifique, identificar medidas de minimização.

5.14.2 Avaliação dos efeitos cumulativos


Seguindo a sequência de passos proposta na metodologia, a avaliação dos efeitos cumulativos de
um projeto inicia-se com a identificação das componentes ambientais significativas presentes no
território. De acordo com a metodologia adotada, as componentes ambientais significativas são
selecionadas tendo em conta os aspetos ambientais já degradados ou que se prevejam em stress,
a existência de espécies ou habitats protegidos e as atividades humanas presentes ou previstas
que afetem essas mesmas componentes. Na inexistência de componentes ambientais
significativas não há lugar a efeitos cumulativos.
De acordo com o descrito detalhadamente no Capítulo 4 do presente relatório, o projeto não
interfere com quaisquer áreas classificadas. As atuais instalações industriais da FLEX2000 inserem-
se numa área classificada no PDM de Ovar como ‘Solo Urbano – Espaço de Atividades
Económicas’ e a parcela para a qual está prevista a ampliação da unidade industrial implanta-se
em ‘Solo Rural – Espaço Florestal de Conservação’.
A zona industrial de Ovar apresenta excelentes acessibilidades rodoviárias possuindo uma ligação
direta a partir da A29, através da ER327.
A envolvente poente, norte e sul da área de implantação do projeto de ampliação é ocupada por
povoamento florestal de pinheiro-bravo em areias dunares, enquanto a nascente se localiza a
unidade industrial da FLEX2000 atualmente existente e a restante área da zona industrial de Ovar
ocupada por um conjunto diversificado de empresas.
Nas proximidades do local de implantação do projeto, de relevo aplanado, não existem recetores
sensíveis. Os mais próximos encontram-se a uma distância superior a 1,1 km do local do projeto.
Através das medições de ruído realizadas nas proximidades da unidade industrial existente
verifica-se que nessa área não existem incumprimentos dos valores legais não sendo afetados
quaisquer recetores.
Na área de estudo não se identificaram quaisquer linhas de água. Ao nível das águas
subterrâneas, apesar do sistema aquífero do Quaternário (que aflora à superfície da área de
estudo) se apresentar com um estado de qualidade ‘medíocre,’ as análises realizadas à água do
furo utilizado pela FLEX2000 mostram que estas águas apresentam padrões de qualidade
compatíveis com um uso destinado ao consumo humano. Contudo, deve salientar-se que se trata
de uma captação que possui profundidade elevada, pelo estará a captar no substrato cristalino
das formações do paleozoico sobre as quais assentam as camadas do Quaternário. Não se
identificam também quaisquer problemas ao nível da quantidade, existindo, segundo a
informação disponibilizada, um reduzido número de captações subterrâneas na área de estudo.
Tendo em conta a extensa caracterização socioambiental desenvolvida ao longo do Capítulo 4 do
presente EIA, não se identificam quaisquer dimensões ambientais que devam ser consideradas
como componentes ambientais significativas.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 251 de 294
Ao nível das ações passadas, presentes e razoavelmente previsíveis no futuro que pudessem
contribuir para efeitos cumulativos sobre eventuais componentes ambientais significativas
apenas se identifica a zona industrial de Ovar propriamente dita (ação passada) e a colmatação de
parcelas/lotes ainda não ocupados por novas indústrias/armazéns (ação futura), mas cuja
qualificação do solo é compatível com tal uso.
Não se prevê que projeto em avaliação, conjugado com outras ações passadas e futuras (Zona
Industrial de Ovar como um todo) e desconhecendo-se a previsão de grandes projetos para esta
área, possa à partida ter algum contributo cumulativo significativo que importe analisar no
contexto da presente avaliação.

5.15 Síntese dos impactes do projeto


A ampliação da unidade industrial, durante a fase de obra, introduz um conjunto diversificado de
impactes negativos, a maioria dos quais temporários dado que ocorrem apenas enquanto as
ações construtivas estiverem a decorrer. Há, no entanto, um conjunto de impactes relacionados
com as alterações físicas que ocorrerão no território, nomeadamente ao nível da geomorfologia,
solos, vegetação e paisagem que serão permanentes. A maioria dos impactes desta fase são
insignificantes e pouco significativos (Quadro 5.19).
Quadro 5.19- Síntese dos impactes decorrentes da ampliação da unidade industrial da FLEX2000 – fase de
construção.
Impacte Atividade Duração Magnitude Intensidade Significância
Desmatação
Pouco
Alterações Climáticas Circulação de Temporário Elevada Muito Baixa
significativo
veículos pesados

Alterações geológicas Terraplenagens Permanente Moderada Muito Baixa Insignificante

Pouco
Alteração geomorfológica Terraplenagens Permanente Moderada Baixa
significativo
Risco de contaminação das Circulação de
Temporário Reduzida Baixa Insignificante
águas subterrâneas veículos pesados
Terraplenagens
Alteração dos níveis de
Circulação de Temporário Reduzida Muito Baixa Insignificante
qualidade do ar
veículos pesados
Terraplenagens
Alteração dos níveis sonoros Circulação de Temporário Reduzida Baixa Insignificante
veículos pesados
Destruição das características
Terraplenagens
morfológicas/aptidão dos Permanente Moderada Média Significativo
Pavimentação
solos/artificialização
Circulação de
Contaminação de solos Temporário Reduzida Muito Baixa Insignificante
veículos pesados
Pouco
Destruição da flora/vegetação Desmatação Permanente Moderada Baixa
significativo
Pouco
Destruição de habitat da fauna Desmatação Permanente Moderada Baixa
significativo
Deposição de poeiras sobre a
Temporário Reduzida Muito baixa Insignificante
vegetação
Desmatação,
Terraplenagens, Pouco
Mortalidade de espécimes Temporário Moderada Baixa
Circulação de significativo
Perturbação sobre as veículos pesados
Temporário Reduzida Baixa Insignificante
espécies/efeito de exclusão

Pág. 252 de 294 Relatório Síntese


Impacte Atividade Duração Magnitude Intensidade Significância
Desmatação, Pouco
Alteração paisagística Terraplenagens, Permanente Reduzido Baixa
significativo
Circulação de
Atividades Pouco
Fomento do emprego Temporário Moderada Baixa
construtivas Significativo
Fomento da atividade Atividades
Temporário Moderada Média Significativo
económica construtivas
Perturbações no tráfego
Circulação de Pouco
(obra/circulação de veículos Temporário Moderada Baixa
veículos Significativo
pesados)
Legenda de cores:
Impactes positivos insignificantes Impactes negativos insignificantes
Impactes positivos pouco significativos Impactes negativos pouco significativos
Impactes positivos significativos Impactes negativos significativos
Impactes positivos muito significativos Impactes negativos muito significativos

Na fase de funcionamento não ocorrem impactes negativos significativos. Ao nível dos impactes
positivos destacam-se os impactes significativos a muito significativos associados à promoção de
um elevado número de postos de trabalho e à dinamização da atividade económica. Refere-se
ainda o impacte positivo pouco significativo associado às alterações climáticas na medida em que
se prevê uma diminuição global das emissões de gases com efeito de estufa.
No Quadro 5.20 apresenta-se uma síntese dos impactes associados à fase de funcionamento.
Quadro 5.20- Síntese dos impactes decorrentes da ampliação da unidade industrial da FLEX2000 – fase de
funcionamento.
Impacte Atividade Duração Magnitude Intensidade Significância

Funcionamento da Pouco
Alterações Climáticas Permanente Elevada Muito Baixa
instalação significativo

Diminuição da recarga Pouco


Permanente Moderada Baixa
aquífera significativo
Consumo de água/afetação da
Permanente Moderada Muito baixa Insignificante
disponibilidade do recurso
Risco de contaminação das Pouco
Permanente Moderada Baixa
águas subterrâneas significativo

Alteração dos níveis de Funcionamento/ Pouco


Permanente Elevada Muito Baixa
qualidade do Ar Presença da Significativo
instalação
Alteração dos níveis sonoros Permanente Moderada Muito Baixa Insignificante

Contaminação dos solos Permanente Moderada Muito Baixa Insignificante

Perturbação/efeito de
exclusão/alteração de Pouco
Permanente Moderada Baixa
comportamentos sobre as significativo
espécies de fauna
Mortalidade de espécimes Circulação de Pouco
Permanente Moderada Baixa
(atropelamento/colisão) veículos significativo

Presença da Pouco
Alteração paisagística Permanente Moderado Baixa
instalação significativo

Fomento do emprego Funcionamento/ Permanente Moderada Média Significativo


Presença da
instalação Permanente Elevada Média
Fomento da atividade Muito

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 253 de 294
Impacte Atividade Duração Magnitude Intensidade Significância
económica Significativo

Circulação de Pouco
Perturbações na mobilidade Permanente Moderada Baixa
veículos Significativo
Legenda de cores:
Impactes positivos insignificantes Impactes negativos insignificantes
Impactes positivos pouco significativos Impactes negativos pouco significativos
Impactes positivos significativos Impactes negativos significativos
Impactes positivos muito significativos Impactes negativos muito significativos

Na fase de desativação as operações que é possível antecipar não introduzem impactes na área
de estudo para além dos já identificados na fase de construção e de funcionamento, mas com
muito menor intensidade e significância, sobretudo tendo em consideração que o edificado e
partes da infraestruturação poderá vir a ser ocupada por outras atividades industriais.

Pág. 254 de 294 Relatório Síntese


6. Análise de Risco

No presente capítulo apresenta-se uma síntese da análise realizada no contexto do projeto de alteração
tendo em consideração o enquadramento da FLEX2000 no regime de prevenção de acidentes graves.
Tal como referido anteriormente, a FLEX2000 encontra-se abrangida pelo regime de prevenção de
acidentes graves envolvendo substâncias perigosas (Diretiva Seveso), implicando que o procedimento
de avaliação da compatibilidade de localização é integrado no procedimento de avaliação de impacte
ambiental (artigo 45, DL n.º 152-B/2017 e artigo 9 do DL n.º 150/2015).
No Anexo XI do Volume III apresenta-se o Formulário de Avaliação da Compatibilidade de
Localização com informação detalhada relativa à análise que de seguida se apresenta.
O estudo relativo à análise de risco no contexto SEVESO incidiu sobre:
 A instalação de um novo tanque de TDI, com uma capacidade de 1220 toneladas, em edifício
próprio a instalar e respetivo cais de descarga;
 A instalação de um novo tanque de TDI, com uma capacidade de 24,4 toneladas, no edifício
existente, junto de outros tanques;
 A eliminação do posto de abastecimento de gasóleo atual e respetivo tanque subterrâneo;
 A instalação de um novo posto de abastecimento de gasóleo num outro local e com um
tanque aéreo de 17,1 toneladas;
 A eliminação do reservatório de GPL;
 Alimentação do estabelecimento através de um PRM de gás natural da rede pública.

6.1 Substâncias perigosas


No que se refere a substâncias perigosas associadas à alteração, abrangidas pela parte 1 e ou pela parte
2 do Anexo II, do Decreto-lei n.º 150/2015, de 5 de agosto, no estabelecimento da FLEX2000 que são
recebidas, processadas e armazenadas são as indicadas no quadro abaixo onde se indica, igualmente, a
sua caracterização, localização, condições de pressão e temperatura, designação, categorias de perigo e
quantidade máxima suscetível de se encontrar presente.
Quadro 6.1- Substâncias perigosas associadas à alteração prevista.
Condições (pressão e Categoria perigo/ Quantidade
Substância Equipamento
Temperatura) substância designada (ton)

Tanque TK 17 1220
Desmodur T80 Pmax = atmosférica T Categoria: H1/ Designada
(TDI) = ambiente (26)
Tanque TK 13 24,4

Tanque de Pmax = atmosférica T Categoria: P5c/ Designada


Gasóleo 17,1
gasóleo = ambiente (34c)

Tubagem de gás Pmax = 3 barg T = Categoria: P2/ Designada


Gás natural 0,0055
natural ambiente (18)

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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6.2 Análise preliminar de perigos
A análise preliminar de perigos tem como objetivo identificar os perigos genéricos que podem ocorrer
no estabelecimento com origem nas alterações previstas tendo em conta os equipamentos e
substâncias que serão instaladas e que podem representar acidentes industriais graves, durante o
funcionamento do estabelecimento.
Para tal foram identificadas as zonas/equipamentos críticos do ponto de vista da segurança,
considerando as fontes de perigo internas, relacionadas com a presença de substâncias perigosas,
externas, naturais e sociais

6.2.1 Identificação de fontes de perigo


As fontes de perigo internas podem ter origem em falhas mecânicas ou falhas humanas. Foi efetuada a
análise das fontes de perigo internas associadas às alterações objeto do presente estudo com origem
nas falhas mecânicas aos seguintes equipamentos e zonas:
 Zonas de descarga;
 Armazenagem;
 Linhas de transporte;
 Equipamentos de impulsão: bomba.
Zonas de descarga/armazenagem
As principais causas que podem dar origem a fugas de produtos são as seguintes:
 Deficiências nas mangueiras/braços de descarga utilizados para a descarga de produto;
 Corrosão interna, relacionada com as características químicas das substâncias transportadas,
características do material do reservatório;
 Corrosão externa, relacionada com as condições atmosféricas do local;
 Falhas por fadiga ou por defeito do material;
 Rotura de juntas que se encontram nas uniões entre as tubagens e equipamentos;
 Fugas por falhas na operação (má ligação, erro na abertura de válvulas, etc.);
 Deficiências nas cisternas com formação de orifício;
 Derrames por transbordo de substância/preparação;
 Explosão interna provocada por impacto de raios;
 Roturas por sobrepressão ou vazio no interior do reservatório;
 Impacto de cisterna contra superfície sólida provocando perda de contenção
 Sabotagens;
 Falha no controlo de nível das condições de armazenamento.
Como medidas mitigadoras refira-se:
 A seleção de materiais adequados aos produtos a processar (quer no que se refere a
mangueiras e braços de carga, quer no que diz respeito a tubagens fixas);
 A existência de delimitação da área máxima de um eventual derrame com encaminhamento
do produto eventualmente derramado para tanques de recolha de derrames dedicados;
 A inspeção por entidades acreditadas e testes periódicos aos equipamentos utilizados no
processo de movimentação de produtos incluindo juntas e vedantes;

Pág. 256 de 294 Relatório Síntese


 A formação e treino dos operadores que executam estas operações que inclui a sensibilização
para os riscos envolvidos bem como os procedimentos de atuação em caso de falha;
 As cisternas que operam com substâncias perigosas são cisternas com certificação ADR, o que
implica que sejam submetidas às inspeções e ensaios previstos no regulamento de modo a
permitir a sua operação;
 Os motoristas das cisternas que transportam substâncias perigosas são acreditados com
certificação ADR o que implica a frequência (com sucesso) de curso específico ministrado por
entidade acreditada para o efeito;
 Os caminhos de circulação dos veículos cisterna encontram-se definidos de forma clara e
devidamente sinalizados. A portaria controla o número de veículos que podem operar em
simultâneo no estabelecimento. Os excedentes terão de aguardar no exterior;
 Os reservatórios de destino encontram-se instalados em salas estanques com capacidade
para conter eventuais derrames e para impedir a libertação de gases e vapores decorrentes
de um derrame ou perda de contenção;
 O acesso ao estabelecimento é vedado em todo o perímetro e controlado por sistema
fechado de vídeo (CCTV). O acesso ao estabelecimento faz-se através de portaria ocupada em
permanência. Os edifícios que alojam as substâncias perigosas estão instalados em locais de
não caracterizados e sem fácil acesso a partir do exterior.
Linhas de transporte
A perda de contenção no transporte por tubagens pode surgir como consequência dos seguintes
efeitos:
 Corrosão interna, relacionada com as características químicas das substâncias transportadas,
características do material da tubagem;
 Corrosão externa, relacionada com as condições atmosféricas do local;
 Falhas por fadiga ou por defeito do material;
 Rotura ou deformação devido a tensões térmicas;
 Roturas por sobrepressões provocadas por fecho rápido de válvulas;
 Rotura de juntas que se encontram nas uniões entre as tubagens e equipamentos;
 Mau aperto de flanges;
 Falhas operacionais, manutenção, etc.
Como medidas mitigadoras refira-se:
 A seleção de materiais adequados aos produtos a processar;
 A impermeabilização dos traçados das linhas com recolha de eventuais derrame e
encaminhamento dos mesmo para tanques de recolha dedicados;
 A não coexistência no mesmo plano das linhas de transporte ou proteção física com as vias
de circulação de veículos e equipamentos;
 A inspeção por entidades acreditadas e testes periódicos aos equipamentos utilizados no
processo de movimentação de produtos incluindo juntas, mangueiras, braços e vedantes;
 A formação e treino dos operadores que executam as operações de transferência que
incluem a sensibilização para os riscos envolvidos bem como os procedimentos de atuação
em caso de falha;

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 257 de 294
 Os reservatórios de destino encontram-se instalados em salas estanques com capacidade
para conter eventuais derrames e para impedir a libertação de gases e vapores decorrentes
de um derrame ou perda de contenção;
 O acesso ao estabelecimento é vedado em todo o perímetro e controlado por sistema
fechado de vídeo (CCTV). O acesso ao estabelecimento faz-se através de portaria ocupada em
permanência. Os edifícios que alojam as substâncias perigosas estão instalados em locais de
não caracterizados e sem fácil acesso a partir do exterior.
Equipamentos de Impulsão: bombas
Os equipamentos de impulsão representam fontes potenciais de fugas e de variações de pressão ou de
fluxo, como tal são considerados elementos críticos.
Os riscos que apresentam estes equipamentos podem ser provocados por:
 Falhas/ruturas no veio das bombas;
 Perda de contenção nos empanques mecânicos;
 Falhas na operação: cavitação; válvula de compressão fechada (sobreaquecimento/falta de
caudal).
Como medidas mitigadoras refira-se:
 Utilização do tipo de equipamentos adequados aos produtos com que trabalham e respetiva
segregação (i.e. equipamentos dedicados ao produto, sem recurso à utilização de
equipamentos multiproduto);
 A instalação das bombas em bacia de retenção dedicada e impermeabilizada com
encaminhamento de eventuais derrames para tanques (fossas) de recolha para espaços
dedicados;
 A inspeção por entidades acreditadas e testes periódicos aos equipamentos utilizados no
processo de movimentação de produtos incluindo juntas e vedantes;
 A formação e treino dos operadores que executam as operações de transferência que
incluem a sensibilização para os riscos envolvidos bem como os procedimentos de atuação
em caso de falha.
Serviços e Utilidades: rede elétrica
A rede elétrica poderá estar na origem de fontes de ignição ou de falhas de operacionalidade de
equipamentos e sistemas relevantes sob o ponto de vista da segurança. Os principais riscos da rede
elétrica são:
 Origem de incêndio;
 Falha no sistema de fornecimento elétrico produzirá o não funcionamento de equipamentos
necessários para o funcionamento normal das instalações, como alarmes, etc.
Para a alimentação dos diversos consumidores existem quadros elétricos de baixa tensão parciais em
todos os setores e áreas adjacentes das instalações do estabelecimento. Todos os quadros elétricos de
força motriz de média ou de baixa tensão são metálicos. A alimentação normal de energia elétrica dos
edifícios e equipamentos de processo encontra-se assegurada através de rede de média tensão da
entidade distribuidora a centros de consumo que serão equipados com um posto de transformação.
Como medidas mitigadoras refira-se:
 Dimensionamento e instalação dos componentes da rede por técnicos e entidades
credenciadas;
 Inspeções regulares à rede elétrica e seus componentes com recurso a termografia;

Pág. 258 de 294 Relatório Síntese


 Política de exploração da rede elétrica que proíbe a sobre-exploração de circuitos.
Gás
A remoção do tanque de GPL constituiu um significativo impacto em termos da redução de risco. A
substituição do combustível dos consumidores internos para gás natural constituiu, pelos mesmos
motivos, um enorme benefício no risco de acidente envolvendo este tipo de substância perigosa
porquanto:
 Reduz a quantidade de substância perigosa presente;
 Deixa de existir a presença de gás liquefeito no estado líquido no estabelecimento;
 Elimina a quase totalidade das ligações flangeadas nas tubagens, reduzindo, de forma
significativa, a probabilidade de fugas e, sobretudo, a sua dimensão.
Armazenamento e abastecimento de gasóleo
Existirá um novo posto de abastecimento de combustível para reabastecimento da frota de
equipamentos de movimentação mecânica de cargas. Por questões de segurança, a área do posto de
abastecimento, encontrar-se-á deslocada das áreas de produção e de circulação de outros veículos e de
outros locais onde seja suscetível, em termos da operação normal do estabelecimento, a aglomeração
de um número elevado de pessoas, materiais e veículos.
Os principais riscos associados à existência da utilidade são o derrame de gasóleo por rotura de
mangueira de descarga/envio, reservatório e/ou tubagem de transporte para consumidor com
contaminação de solos e/ou recursos hídricos e, caso esteja presente uma fonte de ignição
suficientemente forte, incêndio do derrame com potenciais efeitos em equipamento e/ou instalações
na envolvente próxima.
No que se refere à armazenagem, esta será efetuada em reservatório instalado em bacia de retenção
com capacidade para conter a totalidade do conteúdo do tanque.
O cais de descarga e abastecimento de gasóleo está circundado em todo o seu perímetro por caleiras
de recolha sendo o piso impermeabilizado. Os derrames recolhidos são enviados para caixa separadora
de hidrocarbonetos sendo muito pouco provável que possa constituir uma fonte de perigo.

6.2.2 Pontos Perigosos e Pontos Nevrálgicos


Consideram-se pontos perigosos, todos os espaços ou atividades desenvolvidas nesses mesmos
espaços suscetíveis de causarem algum dano, quer às pessoas, ao ambiente e que em caso de dano
prejudiquem o normal funcionamento da fábrica.
Estes são locais de risco acrescido, seja pela concentração de materiais combustíveis ou inflamáveis. Os
locais considerados como perigosos pela alteração objeto do presente estudo são:
 Sala de cisternas III (instalação do tanque TK 13 de TDI);
 Sala de cisternas IV (instalação do tanque TK 17 de TDI);
 Armazenagem e posto de abastecimento de gasóleo.
Existem também locais ou instalações que devido à sua importância é necessário em caso de acidente,
mantê-los operacionais, designando-se assim estes locais por pontos nevrálgicos. No estabelecimento
em questão os pontos nevrálgicos, sob o ponto de vista da segurança de pessoas e bens, da proteção
ambiental e/ou da continuidade das operações são:
 Centro médico;
 Central do grupo de bombagem do serviço de incêndio;
 Portaria.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 259 de 294
Estes locais são os primeiros a preservar em caso de acidente, ou a recuperar em primeiro lugar se
forem atingidos.

6.3 Identificação dos potenciais cenários de acidente


Tendo em conta as substâncias envolvidas, no Quadro 6.2 identificam-se os diferentes cenários de
acidente que poderão ocorrer e para os quais será efetuada a estimativa da frequência de ocorrência
de acidentes.
Quadro 6.2- Eventos críticos e fenómenos perigosos associados.
Evento Crítico Eventos propagadores Fenómenos perigosos

Derrame de TDI
Colapso de cisterna abastecedora de TDI Vaporização de TDI Formação de nuvem tóxica
Dispersão de TDI
Derrame de TDI
Rotura (100 mm) de cisterna abastecedora de
Vaporização de TDI Formação de nuvem tóxica
TDI
Dispersão de TDI
Derrame de TDI
Rotura (100 mm) de cisterna abastecedora de
Vaporização de TDI Formação de nuvem tóxica
TDI
Dispersão de TDI
Derrame de TDI
Rotura total do braço de descarga de TDI Vaporização de TDI Formação de nuvem tóxica
Dispersão de TDI
Derrame de TDI
Rotura parcial (10%) do braço de descarga de
Vaporização de TDI Formação de nuvem tóxica
TDI
Dispersão de TDI
Derrame de TDI
Colapso do tanque TK 17 (TDI) Vaporização de TDI Formação de nuvem tóxica
Dispersão de TDI
Derrame de TDI
Rotura (100 mm) do tanque TK 17 (TDI) Vaporização de TDI Formação de nuvem tóxica
Dispersão de TDI
Derrame de TDI
Rotura (10 mm) do tanque TK 17 (TDI) Vaporização de TDI Formação de nuvem tóxica
Dispersão de TDI
Derrame de TDI
Rotura total de tubagem de envio de TDI para o
Vaporização de TDI Formação de nuvem tóxica
processo (Φ < 75 mm)
Dispersão de TDI
Derrame de TDI
Rotura parcial (10%) de tubagem de envio de
Vaporização de TDI Formação de nuvem tóxica
TDI para o processo (Φ < 75 mm)
Dispersão de TDI
Derrame de gasóleo Formação Contaminação de recursos hídricos
Rotura catastrófica de reservatório de gasóleo
de atmosfera inflamável Incêndio de derrame
Derrame de gasóleo Formação Contaminação de recursos hídricos
Rotura 100 mm de reservatório de gasóleo
de atmosfera inflamável Incêndio de derrame
Derrame de gasóleo Formação Contaminação de recursos hídricos
Rotura 10 mm de reservatório de gasóleo
de atmosfera inflamável Incêndio de derrame

Pág. 260 de 294 Relatório Síntese


Evento Crítico Eventos propagadores Fenómenos perigosos

Derrame de gasóleo Formação Contaminação de recursos hídricos


Rotura total de cisterna de gasóleo
de atmosfera inflamável Incêndio de derrame
Derrame de gasóleo Formação Contaminação de recursos hídricos
Rotura 100 mm de cisterna de gasóleo
de atmosfera inflamável Incêndio de derrame
Contaminação de recursos hídricos
Rotura 10 mm de cisterna de gasóleo Derrame de gasóleo
Incêndio de derram
Derrame de gasóleo Contaminação de recursos hídricos
Rotura total de mangueira de abastecimento de
Formação de atmosfera Incêndio de derrame
gasóleo
inflamável
Derrame de gasóleo Contaminação de recursos hídricos
Rotura parcial de mangueira de abastecimento
Formação de atmosfera Incêndio de derrame
de gasóleo
inflamável

6.4 Estimativa da frequência de ocorrência dos acidentes


De seguida apresenta-se a estimativa da frequência de ocorrência dos cenários de acidentes acima
identificados. São tidos em consideração os valores obtidos nas publicações de referência consultadas
para probabilidade de ocorrência dos eventos iniciadores considerados.
Para a caracterização, e posterior estimativa de frequência de ocorrência dos cenários, seguiram-se as
orientações constantes nas publicações Reference Manual Bevi Risk Assessments, versão 3.2, 2009
(National Institute of Public Health and the Environment - RIVM - Holanda), ARAMIS D1C – Appendix 10,
Generic frequencies data for the critical events, produzida pela Faculté Polytechnique de Mons – Major
Risk Centre, Bélgica - edição julho 2009 e Guidelines for Quantitative Risk Assessments produzida pelo
TNO edição de 2005, vulgarmente conhecida como Purple Book.
Quadro 6.3- Frequência de ocorrência dos acidentes.
Valor usado (por
Evento Frequência Fonte e Comentários
ano)

Considerado 240 abastecimentos-


/ano com duração de 1 hora
Colapso de cisterna abastecedora de TDI 1,00E-05/ano 2,74E-07
BEVI 3.2 - Secção C. Tabela 42,
cenário 1
Considerado 240 abastecimentos-
Rotura (100 mm) de cisterna /ano com duração de 1 hora
1,20E-05/ano 3,29E-07
abastecedora de TDI ARAMIS - Apêndice 10, secção 10.
Tabela 13, nota 9
Considerado 240 abastecimentos-
Rotura (10 mm) de cisterna abastecedora /ano com duração de 1 hora
5,10E-05/ano 1,39E-06
de TDI ARAMIS - Apêndice 10, secção 10.
Tabela 13, nota 9
Considerado 240 abastecimentos-
/ano com duração de 1 hora
Rotura total do braço de descarga de TDI 3,00E-08/h 7,20E-06
BEVI 3.2 - Secção C. Tabela 50,
cenário 1
Considerado 240 abastecimentos-
Rotura parcial (10%) do braço de /ano com duração de 1 hora
3,00E-07/h 7,20E-05
descarga de TDI BEVI 3.2 - Secção C. Tabela 50,
cenário 2
Considerado 1 tanque atmosférico
de contenção total na sala de
Colapso do tanque TK 17 (TDI) 1,00E-08/ano 1,00E-08 cisternas IV
BEVI 3.2 - Secção C. Tabela 20

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Valor usado (por
Evento Frequência Fonte e Comentários
ano)

Considerado 1 tanque atmosférico


de contenção total na sala de
Rotura (100 mm) do tanque TK 17 (TDI) 1,10E-08/ano 1,10E-08 cisternas IV
ARAMIS - Apêndice 10, secção 7.
Tabela 9, nota 4
Considerado 1 tanque atmosférico
de contenção total na sala de
Rotura (10 mm) do tanque TK 17 (TDI) 1,25E-07/ano 1,10E-08 cisternas IV
ARAMIS - Apêndice 10, secção 7.
Tabela 9, nota 4
Considerado 20 metros de
Rotura total de tubagem de envio de TDI tubagem DN80 exposta
3,00E-07/m.ano 6,00E-06
para o processo (Φ < 75 mm)
BEVI 3.2 - Secção C. Tabela 27

Rotura parcial (10%) de tubagem de Considerado 20 metros de


envio de TDI para o processo (Φ < 75 2,00E-06/m.ano 4,00E-05 tubagem DN80 exposta
mm) BEVI 3.2 - Secção C. Tabela 27

Rotura catastrófica de reservatório de BEVI 3.2 - Secção C. Tabela 17,


5,00E-06/ano 5,00E-06
gasóle cenário 1

Rotura 100 mm de reservatório de ARAMIS - Apêndice 10, secção 7.


1,20E-05/ano 1,20E-05
gasóleo Tabela 9, nota 4

BEVI 3.2 - Secção C. Tabela 17,


Rotura 10 mm de reservatório de gasóleo 1,00E-04/ano 1,00E-04
cenário 3
Considerado 24 abastecimentos
Rotura total de cisterna de gasóleo 1,00E-05/ano 2,74E-08 anuais com a duração de 1 hora
BEVI 3.2 - Secção C. Tabela 42
Considerado 24 abastecimentos-
/ano com duração de 1 hora
Rotura 100 mm de cisterna de gasóleo 1,20E-05/ano 3,29E-08
ARAMIS - Apêndice 10, secção 10.
Tabela 13, nota 9
Considerado 24 abastecimentos-
/ano com duração de 1 hora
Rotura 10 mm de cisterna de gasóleo 5,10E-05/ano 1,39E-07
ARAMIS - Apêndice 10, secção 10.
Tabela 13, nota 9
Considerado 24 abastecimentos-
Rotura total de mangueira de /ano com duração de 1 hora
4,00E-06/ano 9,60E-05
abastecimento de gasóleo BEVI 3.2 - Secção C. Tabela 50,
cenário 1
Considerado 24 abastecimentos-
Rotura parcial de mangueira de /ano com duração de 1 hora
4,00E-05/ano 9,60E-04
abastecimento de gasóleo BEVI 3.2 - Secção C. Tabela 50,
cenário 2

6.5 Seleção de cenários


Tendo em conta os resultados obtidos nos pontos anteriores e o critério de apenas serem considerados
os cenários cuja probabilidade de ocorrência seja igual ou superior a 1,00E-06/ano consideram-se
representativos da alteração ao estabelecimento da Flex2000, os cenários seguintes:

Pág. 262 de 294 Relatório Síntese


Quadro 6.4- Cenários selecionados.
Cenário Evento iniciador Fenómenos perigosos associados

Rotura (10 mm) de cisterna abastecedora de TDI (P =


A Formação de atmosfera tóxica (P = 1,39E-06/ano).
1,39E-06/ano).

Rotura (total) de braço de descarga de TDI (P = 7,20E-


B Formação de atmosfera tóxica (P = 7,20E-06/ano).
06/ano).

Rotura (10%) de braço de descarga de TDI (P = 7,20E-


C Formação de atmosfera tóxica (P = 7,20E-05/ano).
05/ano).

Rotura (total) de tubagem de envio de TDI para o


D Formação de atmosfera tóxica (P = 6,00E-06/ano).
processo (P = 6,00E-06/ano).

Rotura (10%) de tubagem de envio de TDI para o


E Formação de atmosfera tóxica (P = 4,00E-05/ano).
processo (P = 4,00E-05/ano).

Rotura (total) de reservatório de gasóleo (P = 5,00E-


F Derrame sem ignição (P = 4,55E-06/ano).
06/ano

Rotura (100 mm) de reservatório de gasóleo (P = 1,20E- Derrame sem ignição (P = 1,09E-05/ano)
G
05/ano). Incêndio de derrame (P = 1,08E-06/ano).

Rotura (10 mm) de reservatório de gasóleo (P = 1,00E- Derrame sem ignição (P = 9,10E-05/ano);
H
04/ano). Incêndio de derrame (P = 9,00E-06/ano).

Rotura (total) de mangueira de abastecimento de Derrame sem ignição (P = 8,74E-05/ano);


I
gasóleo (P = 9,60E-05/ano). Incêndio de derrame (P = 8,64E-06/ano).

Rotura (10%) de mangueira de abastecimento de Derrame sem ignição (P = 8,74E-04/ano);


J
gasóleo (P = 9,60E-04/ano). Incêndio de derrame (P = 8,64E-05/ano).

6.6 Modelação dos cenários e alcances dos efeitos letais e dos efeitos irreversíveis
Para os cenários identificados no Quadro anterior procedeu-se à modelação recorrendo aos modelos
matemáticos incluídos no package Effects 11.4.0, desenvolvido pela GEXCON (Holanda), utilizando os
valores de sobrepressão, radiação térmica e toxicidade indicados no quadro seguinte. Na modelação
dos cenários foram consideradas as condições meteorológicas mais frequentes na área de implantação
do projeto e um tempo de libertação da substância perigosa de 10 ou 60 minutos, consoante o cenário
e os sistemas de segurança associados a cada um deles. No Anexo XI do Volume III encontram-se
disponíveis as condições adotadas na modelação e os relatórios das modelações.
Quadro 6.5- Limiares dos efeitos dos acidentes.
Limiar da possibilidade de ocorrência
Limiar da possibilidade de ocorrência
de efeitos irreversíveis na saúde
de letalidade
humana
Dose tóxica AEGL 3* (60 min) AEGL 2* (60 min)
Radiação térmica
7 kW/m2 5 kW/m2
(Exposição de 30 s)
50% Limite Inferior de
Inflamabilidade -
Inflamabilidade (LII)
Sobrepressão 0,14 bar 0,05 bar
* AEGL: Acute Exposure Guideline Levels, Environment Protection Agency, EUA. No caso de não existir AEGL para a substância em
causa, poderá optar-se pelo uso de ERPG (Emergency Response Planning Guidelines, American Industrial Hygiene Association, EUA).

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 263 de 294
Na operação de descarga de cisternas (cenários B e C) foi adotada uma abordagem conservadora ao
considerar que o tempo necessário para atuação do operador no isolamento dos circuitos, seria no
máximo 10 minutos, sendo que a automação do sistema desencadeia o fecho automático das válvulas
de fundo da cisterna, no caso de ser excedido o caudal máximo previsto (situação em que é assumido a
ocorrência de uma rotura a jusante) sem intervenção humana, isto é, de forma instantânea. No que diz
respeito aos cenários de rotura de tubagem de envio da armazenagem para o processo (cenários D e E)
foi utilizado o mesmo tempo no pressuposto de que a engenharia de base ou engenharia de detalhe
(ainda não desenvolvidas, nesta fase de evolução do projeto) irá adotar uma medida de limitação da
quantidade libertada (com recurso, p.e. a válvulas de excesso de caudal ou válvulas automáticas,
acionadas por deteção igualmente automática) cujo tipo e desempenho será definido no
desenvolvimento da engenharia de detalhe.
O quadro seguinte resume os principais resultados obtidos na modelação dos diversos cenários.
Quadro 6.6- Alcances dos efeitos relevantes dos cenários considerados.
Dispersão Distância Distância incêndio Distância de Distância
Distância
nuvem Sobrepressão de derrame Jato AEGL-3
AEGL-2 (m)
Cenário de Acidente (LII/2) (m) (m) (m) (m) (m)
5,0
C L 50 mbar 140 mbar 5,0 kW/m2 7,0 kW/m2 7,0 kW/m2 C L C L
kW/m2

Cenário A - Rotura (10 mm)


-- -- -- -- -- -- -- -- 377 24 112 12
de cisterna de TDI
Cenário B - Rotura (total)
-- -- -- -- -- -- -- -- 132 13 NA NA
de braço descarga de TDI
Cenário C - Rotura (10%)
-- -- -- -- -- -- -- -- 154 14 NA NA
de braço descarga TDI
Cenário D - Rotura (total)
de tubagem TDI p/ -- -- -- -- -- -- -- -- 427 28 115 17
processo
Cenário E - Rotura (10%)
de tubagem TDI p/ -- -- -- -- -- -- -- -- 460 28 147 11
processo
Cenário F - Colapso tanque
NA NA -- -- -- -- -- -- -- -- -- --
gasóleo
Cenário G - Rotura (100
NA NA -- -- 12 11 -- -- -- -- -- --
mm) tanque gasóleo
Cenário H - Rotura (10
NA NA -- -- 12 11 -- -- -- -- -- --
mm) tanque gasóleo
Cenário I - Rotura (total) de
NA NA 14 13
mangueira gasóleo
Cenário J - Rotura (10%) de
NA NA 14 13
mangueira gasóleo

6.7 Substâncias perigosas para os organismos aquáticos


Relativamente aos cenários de libertação de «substâncias perigosas» para os organismos aquáticos, de
entre as substâncias relevantes em termos de quantidade presentes no estabelecimento, apenas o
gasóleo apresenta características que os classificam como perigosos para os organismos aquáticos
sendo enquadrado na categoria de perigo E2 sendo que este produto se enquadra igualmente em
outras categorias de perigo, nomeadamente inflamáveis (P5c).
De referir que todos o gasóleo é armazenado num reservatório aéreo instalado em bacia de retenção
em betão com uma capacidade para contar a capacidade máxima do reservatório (20 m3) num local
francamente aberto e de pouco movimento de veículos, sendo que apenas os equipamentos utilizados

Pág. 264 de 294 Relatório Síntese


na movimentação mecânica de cargas acedem com regularidade ao local para reabastecer. Acresce
que na envolvente próxima não existem cursos ou mananciais de água relevantes.
O cais de descarga constitui igualmente uma plataforma impermeável circundada em todo o perímetro
por dispositivos de recolha de eventuais derrames ligados às bacias de recolha. Assim, tendo em conta
os recursos hídricos existentes na envolvente e as suas características e os meios de recolha e
contenção existentes no estabelecimento, considera-se como sendo muito pouco provável a
ocorrência de contaminação de recursos hídricos como consequência de perda de contenção de
produtos classificados como perigosos para os organismos aquáticos no estabelecimento de Ovar da
FLEX2000.

6.8 Determinação das zonas de perigosidade


Tendo em conta os resultados obtidos na modelação dos cenários selecionados e os limiares definidos
no Quadro 6.6, identificam-se as zonas de perigosidade representadas nas figuras abaixo. Para a
definição das zonas de perigosidade foram os representados os maiores alcances de cada um dos
efeitos de referência obtidos na modelação dos cenários, nomeadamente os valores correspondentes
ao limiar da possibilidade de ocorrência de letalidade e o limiar da possibilidade de ocorrência de
efeitos irreversíveis na saúde humana, que se designam, respetivamente por: zona de letalidade e por
zona de efeitos irreversíveis.
Quadro 6.7- - Resumo das zonas de perigosidade
Limiar de Efeitos
Limiar da Letalidade
Cenário Irreversíveis
(m)
(m)
Cenário A - Rotura (10 mm) de cisterna de TDI 377 112

Cenário B - Rotura (total) de braço descarga de TDI 132 --

Cenário C - Rotura (10%) de braço descarga TDI 154 --

Cenário D - Rotura (total) de tubagem TDI p/ processo 427 115

Cenário E - Rotura (10%) de tubagem TDI p/ processo 460 147

Cenário F - Colapso tanque gasóleo -- --

Cenário G - Rotura (100 mm) tanque gasóleo 12 11

Cenário H - Rotura (10 mm) tanque gasóleo 12 11

Cenário I - Rotura (total) mangueira gasóleo 14 13

Cenário J - Rotura (10%) mangueira gasóleo 14 13

As figuras seguintes representam as áreas potencialmente afetadas pelos efeitos correspondentes aos
efeitos irreversíveis (Figura 6.1) e aos efeitos letais (Figura 6.2) dos cenários considerados cujas
referências (A a J) constam do Quadro anterior.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 265 de 294
Figura 6.1- Áreas potencialmente afetadas pelo limiar de efeitos irreversíveis (Cenários referenciados no
Quadro 6.7).

Figura 6.2- Áreas potencialmente afetadas pelo limiar de efeitos letais irreversíveis (Cenários referenciados
no Quadro 6.7).

Pág. 266 de 294 Relatório Síntese


6.9 Vulnerabilidade da envolvente
Como se pôde verificar na secção anterior, as zonas de perigosidade obtidas, com exceção de alguns
cenários envolvendo o TDI, ficam, em regra, confinadas ao perímetro do estabelecimento da Flex2000.
Dos alcances obtidos nas modelações efetuadas, para os cenários de acidente considerados
representativos, conclui-se para estes acidentes que não afetam qualquer infraestrutura relevante na
envolvente próxima pelo que não é previsível que venham a ocorrer danos pessoais, materiais ou
ambientais relevantes pelos referidos efeitos dos cenários de acidente.
No que se refere aos cenários envolvendo a armazenagem de TDI verifica-se que os eventos
considerados têm o potencial para afetar áreas para além dos limites físicos do estabelecimento, sendo
que as áreas potencialmente afetadas são outros estabelecimentos industriais instalados na zona
industrial, não afetando áreas residenciais.
Há, no entanto, que ter em conta que, por uma lado, as áreas efetivamente perigosas (afetadas por
concentrações AEGL-3) ficarão dentro do perímetro do estabelecimento ou a curtas distâncias depois
deste limite e que, por outro, a determinação da probabilidade de ocorrência destes cenários e dos seu
eventos perigosos foi efetuada tendo em conta a pior situação possível, sem ter em conta eventuais
características específicas dos equipamentos envolvidos, maximizando a probabilidade de ocorrência
dos eventos iniciadores e, consequentemente, dos eventos perigosos associados.
O estabelecimento está implantado numa zona classificada na Carta de Ordenamento do Plano Diretor
Municipal de Ovar como sendo espaços de atividades económicas, onde se implanta um vasto conjunto
de unidades industriais.
No que diz respeito a habitações permanentes não existe qualquer ocupação deste tipo dentro da área
determinada pelas zonas de perigosidade do estabelecimento (raio de 460 m).
Dentro desta área existem alguns estabelecimentos industriais.
Em termos de outros equipamentos identificam-se a sul os seguintes a sul/sudeste da FlEX2000:
 Centro Comercial Dolce Vita Ovar (a cerca de 460 m);
 Arena de Ovar (pavilhão desportivo, a cerca de 320 m);
 Centro de formação de futebol da Associação Desportiva de Ovar (a cerca de 440 m).
Não existem na envolvente próximas outras ocupações de relevo, nomeadamente escolas, creches,
estabelecimentos de saúde, lares, quarteis de bombeiros, instalações de forças de segurança ou
instalações de administração local ou repartições públicas.
No que se refere a vias de circulação rodoviária, alguns dos cenários considerados envolvendo o TDI
apenas têm o potencial para afetar a via rodoviária de acesso à zona industrial onde se encontra o
estabelecimento da Flex2000. Acresce que os efeitos da exposição a concentrações se referem a uma
hora de exposição ou a tempos de exposição de, no mínimo, 30 segundos e que as zonas
potencialmente afetadas são vias de circulação rodoviária em que em que os utilizadores se encontram
em circulação sem paragens, pode concluir-se que os efeitos potenciais sobre os ocupantes de veículos
que transitem nos troços afetados venham a sofrer qualquer tipo de efeito nocivo, uma vez que o
tempo de exposição é de apenas alguns segundos.
Acresce ainda que na zona envolvente não existem linhas de água/massas de água superficiais. Grande
parte da zona envolvente ao perímetro industrial assenta sobre areias de duna pelo que está inserida
na Reserva Ecológica Nacional (REN), tal como ilustrado e descrito no subcapítulo 4.8.3 e 5.9 do
presente relatório.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


Pág. 267 de 294
6.10 Conclusão sobre o risco
Da análise da estimativa da frequência dos eventos iniciadores, importa realçar que o projeto referente
à alteração prevista para o estabelecimento da FLEX2000 em Ovar não tem impacte significativo em
termos do risco para a envolvente, destacando-se:
 Os potenciais cenários de acidente associados a perdas de contenção dos químicos presentes
que são relevantes para o regime de prevenção de acidentes graves, incluindo os
reservatórios das cisternas rodoviárias que operarão no estabelecimento apresentam
frequências de ocorrência de incidentes bastante baixos, em que os eventos iniciadores são
da ordem de 10-4 ou inferior;
 Os cenários potencialmente mais gravosos envolvendo a armazenagem de Diisocianato de
tolueno (TDI) apresentam probabilidades de ocorrência da ordem de 10-8, sobretudo devido à
opção de instalar tanques de armazenagem de contenção total (estanques à libertação de
líquidos e de vapores). Esta é uma abordagem muito segura tornando muito pouco credível
que uma perda de contenção de um reservatório possa originar a formação de uma nuvem
tóxica no ambiente exterior, o que implicaria a falha em simultâneo da contenção secundária;
 Com exceção dos cenários envolvendo o TDI, o impacte decorrente dos cenários de perda de
contenção dos produtos perigosos (total/parcial) de reservatório/contentor, tubagem e/ou
mangueira ou braço de carga/descarga são limitados e não afeta qualquer ponto sensível na
envolvente.
Tendo como base a análise de riscos realizada, conclui-se que apenas a rotura de tubagem de envio de
TDI para o processo apresentam um valor de probabilidade de ocorrência mais elevado, devido ao
comprimento das tubagens. Ainda assim, este evento iniciador tem uma probabilidade de ocorrência
de 1,00E-06 e 1,00E-07/ano (para o evento iniciador), o que significa que se trata de um evento
classificável como de probabilidade de ocorrência muito baixa, não se esperando que ocorra durante a
vida útil da instalação, sendo que os eventos perigosos associados a este evento iniciador apresentam,
ainda, valores de frequência inferiores, normalmente na ordem de 10E-05 /ano ou inferiores.
No que concerne à vulnerabilidade da envolvente, verifica-se que:
 A área de implantação do estabelecimento da FLEX2000 apresenta uma envolvente terrestre
caracterizada por uma ocupação industrial e rural, sem condicionantes, sobretudo sensíveis;
 No que se refere à área de ampliação onde se desenvolve o novo projeto, esta insere-se em
Solo Rural – Espaço Florestal de Conservação, nos termos do mesmo regulamento do PDM.
Está totalmente inserida em Regime Florestal e em Regime da REN (Reserva Ecológica
Nacional), como área de máxima infiltração e dunas, e classificada como Risco de Incêndio
Médio. Saliente-se, no entanto, que a localização do projeto foi viabilizada por via do RERAE,
estando a Câmara Municipal de Ovar a promover, nos termos do seu art.º 12º, a necessária e
competente alteração do regulamento do PDM, para acomodar a pretensão;
 As zonas de perigosidade não têm impacte em habitações, edifícios escolares, edifícios
públicos, infraestruturas, linhas elétricas de alta tensão ou património arquitetónico e
arqueológico;
 No que diz respeito a estabelecimentos que recebem público (comerciais, desportivos) o
centro comercial (Dolce Vita Ovar) e o pavilhão multiusos “Arena João Gonçalves” presentes
a sul do estabelecimento poderão ser afetados por efeitos irreversíveis decorrentes de uma
rotura (total ou parcial) de tubagem de envio de TDI para o processo, em determinadas
condições meteorológicas. De salientar que no segundo caso a ocupação do espaço é
bastante mais irregular, considerando-se a situação mais gravosa aquela em que, na ocasião
esteja a ocorrer um evento com a presença de público;

Pág. 268 de 294 Relatório Síntese


 Os elementos construídos abrangidos ficam, em regra, confinados no interior do perímetro
da instalação ou em estabelecimentos industriais na envolvente próxima, não se
identificando outros estabelecimentos potencialmente afetados pelo que não é espectável a
ocorrência de danos pessoais fora do estabelecimento;
 As zonas de perigosidade decorrentes da alteração prevista não têm impacte sobre recetores
ambientalmente sensíveis, nomeadamente REN, cursos de água e respetivos leitos e
margens;
 Os acidentes graves suscetíveis de ocorrer estão associados à perda de contenção de
produtos, não se prevendo a ocorrência de contaminação do ambiente.
Em conclusão, tendo em consideração o exposto, considera-se que o projeto em estudo,
nomeadamente a alteração prevista para o estabelecimento da FLEX2000, em Ovar, tem um reduzido
impacte no nível de risco de acidentes graves.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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(Página intencionalmente deixada em branco)

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7. Medidas de Mitigação e Recomendações

Segundo os Princípios da Melhor Prática em Avaliação de Impacte Ambiental (IAIA/IEA, 199926) “o


processo de AIA deve providenciar a mitigação e a gestão de impactes - para estabelecer as medidas
necessárias para evitar, minimizar ou compensar os impactos adversos previstos e, quando adequado,
para incorporar estas medidas num plano ou num sistema de gestão ambiental”.
"Mitigação" inclui:
 Evitar o impacte através da não realização de determinada ação ou partes de uma ação;
 Minimizar os impactes através da limitação do grau ou magnitude da ação ou da sua
concretização;
 Retificar o impacte através da reparação, reabilitação ou restauro do ambiente afetado;
 Reduzir ou eliminar o impacte ao longo do tempo através de operações de preservação ou
manutenção durante o tempo de vida da ação;
 Compensar o impacte através da relocalização ou da criação de recursos ou ambientes de
substituição.
De acordo com esta definição, as medidas de mitigação incluem medidas preventivas (que pretendem
evitar um impacte), medidas minimizadoras (que pretendem reduzir um impacte) e medidas
compensatórias (que pretendem compensar um impacte não evitável).
Face à avaliação de impactes realizada no capítulo anterior apresenta-se de seguida um conjunto de
medidas de mitigação que incluem medidas preventivas e medidas minimizadoras dos impactes
negativos.
Salienta-se no entanto que com exceção do impacte ao nível das alterações climáticas os restantes
impactes negativos apresentam baixo grau de significância, pelo que as medidas propostas são
essencialmente medidas de boa prática de obra e gestão.
As medidas preventivas e de minimização serão apresentadas de acordo com as seguintes fases, sendo
que a fase de funcionamento é a mais relevante:
 Medidas de projeto;
 Pré-construção;
 Construção;
 Funcionamento;
 Desativação.
Complementarmente, far-se-á a correspondência de cada uma das medidas propostas com o fator
ambiental correspondente.

7.1 Lista de medidas propostas


Todas as medidas de minimização dirigidas à fase de preparação prévia à obra e à fase de execução da
obra bem como as que vierem a resultar do processo de decisão nomeadamente da Declaração de
Impacte Ambiental, deverão ser incorporadas no Plano de Acompanhamento Ambiental de Obra
(PAAO), o qual deverá integrar o caderno de encargos da empreitada.

26
IAIA – International Association for Impact Assessment / IEA - Institute of Environmental Assessment 1999 Environmental Impact Assessment
Best Practice Principles. Fargo, USA: International Association for Impact Assessment (disponível em www.iaia.org). Tradução portuguesa
disponível em www.redeimpactos.org.

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7.1.1 Projeto
Ao nível de projeto devem ser implementadas as seguintes medidas:
 O equipamento de iluminação a utilizar na área de ampliação deve assegurar a
existência de difusores de vidro plano e fonte de luz oculta para que o feixe de luz se
faça segundo a vertical e direcionado para o interior da instalação. Contemplar a
instalação de equipamento normalizado adequado ao local, atendendo às melhores
práticas em termos de eficiência energética e tendo ainda em vista a prossecução dos
objetivos definidos no âmbito do Roteiro para a Neutralidade Carbónica. Não instalar luz
LED branca (temperatura de cor igual ou superior a 2700 K). No caso de se optar pelos
LED, utilizar LED de tonalidade laranja ou amarela (e.g. LED pc-âmbar, LED branco com
filtro amarelo ou alternativas equivalentes, onde os comprimentos de onda abaixo dos
500 nanómetros, correspondentes ao azul, estão ausentes ou são residuais);
 Os efluentes líquidos industriais devem ser encaminhados para o coletor municipal,
procedendo-se ao pedido de autorização de descarga à entidade gestora;
 Solicitar ‘Autorização de Utilização dos Recursos Hídricos – Rejeição de Águas Residuais’
para a nova bacia sumidoura;
 Solicitar a alteração à ‘Autorização de Utilização dos Recursos Hídricos – Captação de
água’ no que respeita ao volume máximo anual autorizado na medida em que
atualmente o volume captado já ultrapassa o estabelecido na autorização de utilização
dos recursos hídricos – captação de água subterrânea;
 Selecionar equipamentos de climatização que utilizem fluídos naturais ou gases
fluorados com menor potencial de aquecimento global.
 Desenvolver projeto de intervenção e gestão dos espaços verdes conducente à sua
manutenção e valorização ambiental;
 Elaborar o Plano de Acompanhamento Ambiental da Obra tendo em conta as medidas
emanadas da DIA que for emitida no âmbito da presente avaliação. O PAAO deverá
integrar o Caderno de Encargos da Obra.

7.1.2 Pré-construção
No período que antecede o início das obras propriamente ditas devem ser implementadas as
seguintes medidas:
 Divulgar o cronograma de execução da obra às populações da área envolvente ao
projeto (através da União de Freguesia). A informação disponibilizada deve incluir o
objetivo, as principais ações a realizar, a respetiva calendarização (início e fim previsível
da obra) e contactos (telefónico, email) do responsável da obra para obtenção de
esclarecimentos de dúvidas e envio de eventuais reclamações por parte da população.
Esta divulgação poderá ser realizada através de documento informativo (cartaz,
folhetos) a disponibilizar na Junta de Freguesia e na Câmara Municipal;
 Implementar um mecanismo de atendimento ao público para esclarecimento de dúvidas
e atendimento de eventuais reclamações recebidas no decurso da obra;
 Realizar ações de formação/sensibilização ambiental para os trabalhadores e
encarregados envolvidos na obra, relativas às normas e cuidados a ter no decorrer dos
trabalhos, às ações suscetíveis de causarem impactes e às medidas de minimização a
implementar, designadamente normas e cuidados a ter no decurso dos trabalhos. Estas

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ações deverão ser realizadas por um Técnico de Ambiente sempre que há entrada de
novos funcionários e/ou subempreiteiros na obra e, no mínimo, deverão abranger os
seguintes conteúdos:
o Apresentação das medidas de mitigação emanadas da DIA e constantes do PAAO;
o Procedimentos ambientais a executar nas diferentes fases de obra;
o Normas de utilização do espaço de obra e do estaleiro;
o Controlo da produção de resíduos;
o Procedimentos de separação e armazenamento temporário de resíduos no estaleiro;
o Forma de atuação em situações de ocorrência de derrames acidentais de combustíveis
e óleos.
 Proceder à delimitação e balizamento do perímetro da área a intervencionar e assegurar
a sua manutenção durante toda a fase de construção. O balizamento deverá incluir o
perímetro exterior da parcela, os perímetros das áreas internas que corresponderão aos
futuros espaços verdes e o próprio faseamento da obra (3 fases);

7.1.3 Construção
As medidas propostas para implementar na fase de construção encontram-se organizadas de
acordo com a ação de projeto suscetível de causar impacte, facilitando desta forma a sua
implementação no terreno. Estas medidas devem ser incorporadas no Programa de
Acompanhamento Ambiental de Obra. As ações consideradas para efeitos de implementação das
medidas são:
 Desmatação;
 Terraplenagens: escavação e aterro;
 Circulação de máquinas e veículos;
 Estaleiro;
 Gestão de resíduos.
Para além das medidas que se podem organizar em função da atividade desenvolvida propõe-se
um conjunto de medidas que são transversais ao desenvolvimento da obra e que se denominam
por medidas de caráter geral bem como as medidas correspondentes à fase final de obra onde se
incluirá a limpeza da área e a implementação do projeto de integração paisagística.
Medidas de caráter geral
Como medidas de minimização de carácter geral apontam-se as seguintes:
 Assegurar a manutenção da limitação da área afeta ao projeto, garantindo que não
ocorre qualquer afetação de solos e vegetação fora da área de intervenção;
 Os trabalhos de construção na área de ampliação devem decorrer apenas no período
diurno, das 8 às 20 horas em dias úteis;
 Nos períodos secos e ventosos deve proceder-se à aspersão regular e controlada de
água nas zonas de trabalho não pavimentadas onde ocorre mobilização de terras e
circulação de veículos pesados;
 Garantir a presença em obra unicamente de equipamentos que apresentem
homologação acústica nos termos da legislação aplicável e que se encontrem em bom
estado de conservação/manutenção;

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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 Garantir a presença em obra apenas de veículos com manutenção e revisão periódica
em dia, de forma a manter as normais condições de funcionamento;
 Em fase de obra o fornecimento de energia elétrica deve ser assegurado, sempre que
possível, por ligação à rede elétrica em detrimento da utilização de geradores a
combustíveis fósseis;
 As operações de manutenção de veículos, nomeadamente as operações de mudanças
de óleos devem ser efetuadas em oficinas próprias devidamente licenciadas para o
efeito;
 Assegurar o acompanhamento arqueológico presencial da obra - os trabalhos de
acompanhamento devem ser realizados durante a desmatação do terreno e de todas as
etapas que consistam na mobilização de sedimentos (escavação, revolvimento e aterro).
Estes trabalhos devem ser desenvolvidos, de acordo com o número de frentes, por um
arqueólogo ou uma equipa devidamente credenciada para o efeito pela DGPC, e com
experiência em trabalhos semelhantes;
 Quaisquer estragos que venham a ocorrer no decurso da obra ao nível de bens
imobiliários, muros, vedações e serviços afetados, devem ser de imediato reparados
com o devido acompanhamento e acordo do proprietário;
 Projetar de forma pouco intrusiva a iluminação da obra sobre o espaço envolvente.
Nesse sentido, deve ser dirigida, o mais possível, segundo a vertical do lugar, e apenas
sobre os locais em que efetivamente seja exigida;
 Dar preferência à contratação de empresas e de mão de obra local;

Desmatação
 A desmatação deve ser limitada às zonas estritamente indispensáveis para a execução
da obra, tendo em conta o faseamento e as áreas de espaços verdes propostos;
 Considerando que no local de ampliação ocorrem algumas espécies de flora invasora
(sobretudo Acacia longifolia) todos os restos de vegetação provenientes da desmatação
(juntamente com as ramadas provenientes do abate dos pinheiros) devem ser trituradas
no local (no seio da parcela) e transportadas por camião com a carga acondicionada e
coberta para valorização em central de biomassa;

Terraplenagens: escavação e aterro


 As movimentações de terras devem ser limitadas às zonas estritamente indispensáveis
para a execução do projeto, tendo em conta o faseamento proposto;
 Nos casos em que ocorra movimentação de terras durante o período de estio ou em
períodos de fraca pluviosidade, deve proceder-se com alguma frequência ao
humedecimento racional das áreas de intervenção de modo a evitar o levantamento de
poeiras que afetam quer as comunidades vegetais quer as populações presentes na área
vizinha;
 Considerando que no local de ampliação ocorrem algumas espécies de flora invasora,
podendo assim existir sementes no solo, deve ser estritamente cumprido o previsto em
projeto de que não ocorrerá qualquer transporte de solos para outros locais externos à
obra;

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Circulação de máquinas e veículos pesados
 Assegurar o correto cumprimento das normas de segurança e sinalização de obras na via
pública junto ao acesso à obra, tendo em consideração a segurança rodoviária e a
minimização das perturbações na atividade da população local;
 A circulação de máquinas e equipamentos deve ser restringida ao interior da área de
implantação do projeto;
 O acesso à obra deve ser realizado através do arruamento da zona industrial que limita a
FLEX2000 por norte
 Assegurar que os caminhos e acessos à obra não fiquem obstruídos ou em más
condições, possibilitando a sua normal utilização por parte dos utentes da zona
industrial;
 A velocidade de circulação dos veículos na zona de intervenção (via de acesso direta e
área de intervenção) deverá ser baixa (< 30 km/h);
 O transporte de materiais de construção como areias e britas, deverá ser efetuado em
veículos adequados utilizando uma lona de cobertura;
Estaleiro
 Controlo adequado dos materiais armazenados e implementação de medidas de gestão
do estaleiro;
 Assegurar o destino final adequado para os efluentes domésticos provenientes do
estaleiro, colocando instalações sanitárias amovíveis com reservatórios estanques e em
número adequado ao efetivo de operários presentes na obra;
 Todos os locais de depósito e manuseamento de substâncias poluentes (combustíveis,
lubrificantes ou outras substâncias) deverão localizar-se no estaleiro em locais próprios
impermeabilizados e com drenagem para tanques de retenção adequadamente
dimensionados para poderem reter o volume máximo de contaminante suscetível de ser
derramado;
 O estaleiro deve dispor de formas/meios de contenção de eventuais derrames de óleos,
lubrificantes ou outros produtos perigosos, que possam causar poluição dos solos e/ou
águas, devendo os produtos derramados e/ou utilizados para a recolha dos derrames
ser tratados como resíduos;
 O estaleiro deve contemplar um espaço devidamente coberto para instalação de um
Ecoponto para recolha e armazenagem seletiva dos diversos tipos de resíduos
produzidos na obra.

Gestão de Resíduos
Os resíduos são uma vertente que ao nível da fase de construção não deverão ser menosprezados
pois caso sejam geridos incorretamente poderão influenciar a qualidade do ambiente local. A fim
de garantir uma boa gestão de resíduos gerados no estaleiro e na frente de obra, sugere-se o
seguinte conjunto de medidas:
 Proceder a uma correta gestão dos resíduos produzidos, no que respeita ao seu
armazenamento temporário e destino final, com base num Plano de Gestão de Resíduos
a integrar no PAAO, assegurando que são tratados, valorizados ou eliminados em
instalações devidamente licenciadas/autorizadas para o efeito. O armazenamento
temporário deverá ser feito em recipientes próprios e em local apropriado no estaleiro,
devendo ser prevista a contenção/retenção de eventuais escorrências derrames;

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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 Eventuais óleos, lubrificantes, tintas, colas e resinas usadas devem ser armazenados em
recipientes adequados e estanques, para posterior envio a destino adequado,
preferencialmente a reciclagem;
 Os resíduos perigosos devem ser atempadamente encaminhados para operadores
devidamente licenciados não permitindo o armazenamento local de elevadas
quantidades destes resíduos;
 Assegurar o destino final adequado para os efluentes domésticos provenientes das
instalações sanitárias afetas à obra;
 Sempre que ocorra um derrame de produtos poluentes no solo deve proceder-se à
recolha do solo contaminado e ao seu encaminhamento para destino final adequado por
operador licenciado;
 Deve ser garantida a recolha periódica dos resíduos produzidos assegurando destino
final adequado a cada um dos resíduos recolhidos de acordo com as disposições legais
aplicáveis.

Fase final de obra


 Assegurar que o acesso utilizado na fase de obra apresenta adequadas condições de
circulação;
 Proceder à limpeza de todos os locais intervencionados, assegurando a desobstrução e
limpeza de todos os elementos hidráulicos de drenagem que possam ter sido afetados
pelas obras, nomeadamente ao longo da via de acesso;
 Recuperação da área de estaleiro removendo todas as estruturas do mesmo
encaminhando os resíduos gerados para destino adequado;
 Nas zonas de enquadramento paisagístico/espaços verdes deve ser efetuado o controlo
de espécies exóticas invasoras que entretanto possam eventualmente ter regenerado.
Devem ser aplicadas as melhores técnicas disponíveis sobre esta matéria
nomeadamente as que constam da plataforma ‘invasoras.pt’

7.1.4 Funcionamento
Para a fase de funcionamento propõem-se as seguintes medidas:
 Proceder ao controlo de espécies de flora invasora nomeadamente de Cortaderia selloana,
Acacia longifolia e outras que entretanto possam surgir nas áreas dos espaços verdes. O
controlo deve ser realizado tendo em consideração as orientações constantes da
plataforma ‘invasoras.pt’.
 Proceder a uma correta gestão dos resíduos produzidos, no que respeita ao seu
armazenamento temporário e destino final, com base num Plano de Gestão de Resíduos,
assegurando que são tratados, valorizados ou eliminados em instalações devidamente
licenciadas/autorizadas para o efeito. O armazenamento temporário deverá ser feito em
recipientes próprios e em local devidamente impermeabilizado, devendo ser prevista a
contenção/retenção de eventuais escorrências derrames;
 No caso de acidente e libertação de substâncias no pavimento, devem ser tomadas
medidas imediatas para a sua retirada/limpeza/contenção antes da sua entrada na rede de
pluviais pelo que deve ser garantida a existência e operacionalidade de kits de
derrames/material absorvente adequado em todos os locais onde existe manuseamento de
substâncias perigosas. Os resíduos resultantes da limpeza devem ser temporariamente

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armazenados no parque de resíduos e posteriormente encaminhados para operador
licenciado;
 Assegurar a manutenção da impermeabilização dos pavimentos, bacias de retenção e
sistemas de drenagem existentes na zona de armazenamento de substâncias perigosas;
 Garantir que o manuseamento dos equipamentos que detém SF6 é realizado por técnicos
qualificados para o efeito;
 Recomenda-se que, tanto quanto possível, se promova a contratação de mão-de-obra local.

7.1.5 Fase de desativação


Tendo em conta o horizonte de tempo de vida útil do projeto e não sendo expectável a sua
desativação num horizonte temporal facilmente alcançável à escala da avaliação de impactes
(dificuldade de prever as condições ambientais locais e instrumentos de gestão territorial e legais
então em vigor), deverá o proponente, caso venha a efetuar a desativação da instalação,
apresentar um plano de desativação do projeto para aprovação junto da Autoridade de AIA. O
plano de desativação deverá contemplar:
 A solução final de requalificação da área a qual deve ser compatível com os instrumentos
de gestão territorial e com o quadro legal então em vigor;
 As ações de desmantelamento e obra a ter lugar, respetivos impactes e medidas de
mitigação associadas - garantindo que essas ações são executadas com o mínimo
prejuízo ambiental;
 O destino a dar a todos os elementos retirados promovendo uma gestão eficaz dos
resíduos gerados de acordo com a sua tipologia e garantindo o encaminhamento
adequado para operadores autorizados.

7.2 Eficácia das medidas propostas e impactes residuais


No Quadro 7.1 apresentam-se os objetivos e âmbito de atuação de cada uma das medidas
propostas para a fase de funcionamento o que permitirá avaliar a sua eficácia e identificar os
impactes residuais relevantes.
Quadro 7.1- Âmbito de atuação das medidas de mitigação propostas.
Fator ambiental
Medida Objetivos/Âmbito de aplicação
mitigado/potenciado
Medidas para a fase de projeto

O equipamento de iluminação a utilizar na área de


ampliação deve assegurar a existência de difusores Diminuir a poluição luminosa mitigando
de vidro plano e fonte de luz oculta para que o feixe alterações comportamentais sobre a Biodiversidade
de luz se faça segundo a vertical e direcionado para o fauna
interior da instalação

Os efluentes líquidos industriais devem ser


encaminhados para o coletor municipal, Prevenir o risco de eventuais
Águas subterrâneas
procedendo-se ao pedido de autorização de contaminações das águas subterrâneas
descarga à entidade gestora
Definir os critérios de descarga e o
Solicitar ‘Autorização de Utilização dos Recursos respetivo autocontrolo permitindo
Hídricos – Rejeição de Águas Residuais’ para a nova identificar eventuais situações de Águas subterrâneas
bacia sumidoura; emissão de carga poluente, permitindo
tomar medidas para a sua mitigação
Solicitar a alteração à ‘Autorização de Utilização dos
Regularizar a situação de captação de
Recursos Hídricos – captação de água’ da captação Águas subterrâneas
água
existente no que respeita ao volume máximo anual

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Fator ambiental
Medida Objetivos/Âmbito de aplicação
mitigado/potenciado
Selecionar equipamentos de climatização que
Reduzir a emissão de gases com efeito de
utilizem fluídos naturais ou gases fluorados com Alterações climáticas
estufa
menor potencial de aquecimento global.

Desenvolver projeto de intervenção e gestão dos Preservar a essência dos valores naturais Solos e uso do solo
espaços verdes persentes Biodiversidade

Tem como objetivo garantir a aplicação


adequada das medidas de mitigação
preconizadas pela DIA contribuindo para
Prevenir a ocorrência de impactes
Elaborar o Plano de Acompanhamento Ambiental da
associados às atividades construtivas e
Obra tendo em conta as medidas emanadas da DIA.
minimizar a extensão e intensidade Todos
O PAAO deverá integrar o Caderno de Encargos da
aqueles que não é possível prevenir.
Obra.
Permitirá ainda estabelecer relações
entre a componente ambiental, os
adjudicatários dos trabalhos e o dono da
obra.

Medidas para a fase de pré-construção

Esta medida pretende informar a


população sobre o início dos trabalhos
Divulgar o cronograma de execução da obra às
bem como da sua calendarização
populações da área envolvente ao projeto (através População
permitindo a tomada de medidas
das Junta de Freguesia)
preventivas por parte da própria
população face ao decurso da obra

Implementar um mecanismo de atendimento ao Esta medida disponibiliza à população


público para esclarecimento de dúvidas e uma forma desta poder apresentar e
População
atendimento de eventuais reclamações recebidas no justificar eventuais reclamações as quais
decurso da obra poderão ser geridas pelo dono da obra

Tem como objetivo formar e sensibilizar


Realizar ações de formação/sensibilização ambiental
todos os envolvidos na obra para as boas
para os trabalhadores e encarregados envolvidos na Todos
práticas ambientais a implementar em
obra
função dos impactes previstos
Previne a afetação de solos e vegetação
Proceder à delimitação e balizamento do perímetro Solos
fora da área de intervenção durante a
da área a intervencionar Biodiversidade
fase de construção
Fase de construção
Medidas de Caráter Geral
Assegurar a manutenção da limitação da área afeta Previne a afetação de solos e vegetação Solos
ao projeto fora da área de intervenção Biodiversidade
Os trabalhos de construção na área de ampliação Previne a perturbação sobre populações Ambiente sonoro
deverão decorrer apenas no período diurno, das 8 às vizinhas bem como sobre a fauna Biodiversidade
20 horas em dias úteis noturna População
Nos períodos secos e ventosos deve proceder-se à
Minimiza a ressuspensão de poeiras nas Qualidade do ar
aspersão regular e controlada de água nas zonas de
áreas onde existe circulação de Biodiversidade
trabalho não pavimentadas onde ocorre mobilização
maquinaria e mobilizações de terras População
de terras e circulação de veículos pesados
Garantir a presença em obra unicamente de
Ambiente sonoro
equipamentos que apresentem homologação Minimiza a emissão de ruído
População
acústica
Garantir a presença em obra apenas de veículos com Ambiente sonoro
Minimiza a emissão de ruído e de gases
manutenção e revisão periódica em dia, de forma a Qualidade do ar
poluentes
manter as normais condições de funcionamento População

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Fator ambiental
Medida Objetivos/Âmbito de aplicação
mitigado/potenciado
Em fase de obra o fornecimento de energia elétrica
deve ser assegurado, sempre que possível, por Reduzir as emissões de poluentes Alterações Climáticas
ligação à rede elétrica em detrimento da utilização atmosféricos e GEE Qualidade do Ar
de geradores a combustíveis fósseis
As operações de manutenção de veículos,
Previne potenciais derrames de Solos
nomeadamente as operações de mudanças de óleos
hidrocarbonetos Águas subterrâneas
devem ser efetuadas em oficinas próprias
Previne potenciais afetações sobre
Assegurar o acompanhamento arqueológico da obra valores patrimoniais eventualmente Património
presentes na área
Quaisquer estragos que venham a ocorrer no
decurso da obra ao nível de bens imobiliários, Minimiza a afetação de bens e direitos
População
terrenos agrícolas, muros, vedações e serviços dos proprietários
afetados, devem ser de imediato reparados
Projetar de forma pouco intrusiva a iluminação da
obra sobre o espaço envolvente. Nesse sentido, deve Minimiza a intrusão luminosa no espaço Biodiversidade
ser dirigida, o mais possível, segundo a vertical do natural envolvente com perturbações no Paisagem
lugar, e apenas sobre os locais em que efetivamente ciclo noturno. População
seja exigida

Desmatação
Previne destruição de flora/vegetação e Solos e Uso de Solo
A desmatação deve ser limitada às zonas
respetivos Habitats nas áreas exteriores Biodiversidade
estritamente indispensáveis para a execução da obra
ao local do projeto. Paisagem
Todos os restos de vegetação provenientes da
desmatação (juntamente com as ramadas
Previne a invasão de áreas exteriores ao
provenientes do abate dos pinheiros) devem ser
local de implantação do projeto por
trituradas no local (no seio da parcela) e Biodiversidade
espécies exóticas invasoras presente no
transportadas por camião com a carga
local.
acondicionada e coberta para valorização em central
de biomassa
Terraplenagens: escavação e aterro

As movimentações de terras devem ser limitadas às


Previne destruição de flora/vegetação e Solos e Uso de Solo
zonas estritamente indispensáveis para a execução
degradação do solo Biodiversidade
do projeto, tendo em conta o faseamento proposto

Nos casos em que ocorra movimentação de terras


durante o período de estio ou em períodos de fraca Minimiza o levantamento de poeiras que
Qualidade do Ar
pluviosidade, deve proceder-se com alguma após deposição afetam as comunidades
Biodiversidade
frequência ao humedecimento racional das áreas de vegetais da área envolvente
intervenção.

Circulação de máquinas e veículos pesados


Assegurar o correto cumprimento das normas de Previne situações de acidente rodoviário
segurança e sinalização de obras na via pública junto e minimiza perturbações na atividade da População
ao acesso à obra população
A circulação de máquinas e equipamentos deve ser
Previne e minimiza perturbações sobre a Solos
restringida ao interior da área de implantação do
fauna, flora e solos Biodiversidade
projeto.
Assegurar que o acesso à obra não fique obstruído
Previne a obstrução das acessibilidades
ou em más condições, possibilitando a sua normal População
evitando incómodos comunidade
utilização por parte da comunidade
Minimiza a ocorrência de ressuspensão
A velocidade de circulação dos veículos na zona de de poeiras que afetam a população e a Qualidade do ar
intervenção (via de acesso e área de intervenção) vegetação. Minimiza o atropelamento de Fauna e flora
deverá ser baixa (< 30 km/h) fauna de pequenos vertebrados e o risco População
de acidentes no local

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Fator ambiental
Medida Objetivos/Âmbito de aplicação
mitigado/potenciado
O transporte de materiais de construção como areias
Previne a emissão de material Qualidade do ar
e britas, deverá ser efetuado em veículos adequados
particulado a partir das cargas População
utilizando uma lona de cobertura
Estaleiro
Previne situações de risco relacionadas Solos e uso do solo
Controlo adequado dos materiais armazenados e
com as condições de armazenamento Recursos Hídricos
implementação de medidas de gestão do estaleiro
das substâncias Subterrâneos
Assegurar o destino final adequado para os efluentes
domésticos provenientes do estaleiro, colocando Solos e uso do solo
Previne situações de contaminação dos
instalações sanitárias amovíveis com reservatórios Recursos Hídricos
solos e águas
estanques e em número adequado ao efetivo de Subterrâneos
operários presentes na obra
Todos os locais de depósito e manuseamento de
substâncias poluentes (combustíveis, lubrificantes ou
outras substâncias) deverão localizar-se no estaleiro
Previne que em situações de derrame Solos e uso do solo
em locais próprios impermeabilizados e com
acidental as substâncias entrem em Recursos Hídricos
drenagem para tanques de retenção
contacto com o meio recetor Subterrâneos
adequadamente dimensionados para poderem reter
o volume máximo de contaminante suscetível de ser
derramado
O estaleiro deve dispor de formas/meios de
contenção de eventuais derrames de óleos,
Minimiza os efeitos de eventuais
lubrificantes ou outros produtos perigosos, que Solos e uso do solo
derrames sobre o meio recetor
possam causar poluição dos solos e/ou águas, Recursos Hídricos
nomeadamente sobre os solos e águas
devendo os produtos derramados e/ou utilizados Subterrâneos
subterrâneas
para a recolha dos derrames ser tratados como
resíduos
Promove medidas de boa prática de
O estaleiro deve contemplar um espaço gestão de resíduos contribuindo para a
Solos e Usos do Solo,
devidamente coberto para instalação de um prevenção de situações de deposição de
Recursos Hídricos
Ecoponto para recolha e armazenagem seletiva dos resíduos no ambiente e/ou minimização
Subterrâneos
diversos tipos de resíduos produzidos na obra de impactes associados à gestão de
resíduos
Gestão de Resíduos
Proceder a uma correta gestão dos resíduos
produzidos, no que respeita ao seu armazenamento
temporário e destino final, com base num Plano de
Promove medidas de boa prática de
Gestão de Resíduos, assegurando que são tratados,
gestão de resíduos contribuindo para a
valorizados ou eliminados em instalações Solos e Usos do Solo,
prevenção de situações de
devidamente licenciadas/autorizadas para o efeito. Recursos Hídricos
derrames/deposição de resíduos no
O armazenamento temporário deverá ser feito em Subterrâneos
ambiente e/ou minimização de impactes
recipientes próprios e em local apropriado no
associados à gestão de resíduos
estaleiro, devendo ser prevista a
contenção/retenção de eventuais escorrências
derrames
Eventuais óleos, lubrificantes, tintas, colas e resinas
Previne a ocorrência de situações de
usadas devem ser armazenados em recipientes
risco associadas a derrames e a gestão de
adequados e estanques, para posterior envio a
substâncias perigosas na área da obra.
destino adequado, preferencialmente a reciclagem
Solos e Uso do solo
Os resíduos perigosos devem ser atempadamente Recursos Hídricos
Previne a ocorrência de situações de
encaminhados para operadores devidamente Subterrâneos
risco associadas a derrames e a gestão de
licenciados não permitindo o armazenamento local Ordenamento do
substâncias perigosas na área da obra.
de elevadas quantidades destes resíduos Território
Assegurar o destino final adequado para os efluentes
Previne a ocorrência de poluição pela má
domésticos provenientes das instalações sanitárias
gestão desses efluentes
afetas à obra

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Fator ambiental
Medida Objetivos/Âmbito de aplicação
mitigado/potenciado
Sempre que ocorra um derrame de produtos Minimiza os efeitos de eventuais
poluentes no solo deve proceder-se à recolha do derrames sobre o meio recetor
solo contaminado e ao seu encaminhamento para nomeadamente sobre os solos e águas
destino final adequado por operador licenciado subterrâneas

Deve ser garantida a recolha periódica dos resíduos Facilita a gestão do espaço no estaleiro
produzidos assegurando destino final adequado a prevenindo situações de risco associadas
cada um dos resíduos recolhidos de acordo com as ao excessivo armazenamento temporário
disposições legais aplicáveis de resíduos
Fase final de execução das obras
Restabelece boas condições de
Assegurar que o acesso utilizado na fase de obra
circulação nos caminhos utilizados pela População
apresenta adequadas condições de circulação
obra
Proceder à limpeza de todos os locais Assegura o escoamento normal nos
intervencionados, assegurando a desobstrução e elementos de drenagem prevenindo
Risco
limpeza de todos os elementos hidráulicos de potenciais situações de
drenagem que possam ter sido afetados pelas obras entupimento/inundação
Nas zonas de enquadramento paisagístico/espaços Previne a expansão de espécies invasoras
verdes deve ser efetuado o controlo de espécies na área potenciando a biodiversidade Biodiversidade
exóticas invasoras local

Medidas para a fase de funcionamento


Previne a expansão de espécies invasoras
Proceder ao controlo de espécies de flora invasora na área potenciando a biodiversidade Biodiversidade
local
Promove medidas de boa prática de
gestão de resíduos contribuindo para a
Solos e Usos do Solo,
Proceder a uma correta gestão dos resíduos prevenção de situações de
Recursos Hídricos
produzidos derrames/deposição de resíduos no
Subterrâneos
ambiente e/ou minimização de impactes
associados à gestão de resíduos
No caso de acidente e libertação de substâncias no
pavimento, devem ser tomadas medidas imediatas
para a sua retirada/limpeza/contenção antes da sua
entrada na rede de pluviais pelo que deve ser
Minimiza os efeitos de eventuais
garantida a existência e operacionalidade de kits de Solos e Usos do Solo,
derrames sobre o meio recetor
derrames/material absorvente adequado em todos Recursos Hídricos
nomeadamente sobre os solos e águas
os locais onde existe manuseamento de substâncias Subterrâneos
subterrâneas
perigosas. Os resíduos resultantes da limpeza devem
ser temporariamente armazenados no parque de
resíduos e posteriormente encaminhados para
operador licenciado
Prevenção: Previne que em caso de
Assegurar a manutenção da impermeabilização dos
ocorrência de derrames as substâncias Recursos Hídricos
pavimentos e sistemas de drenagem existentes nas
de infiltrem evitando alterações à Subterrâneos
áreas de parqueamento de substâncias perigosas
qualidade da água subterrânea
Garantir que o manuseamento dos equipamentos
Minimizar o risco de emissão de gases
que detém SF6 é realizado por técnicos qualificados Alterações climáticas
com efeito de estufa
para o efeito;
Potencia os efeitos positivos na
economia local.
Alterações climáticas
Recomenda-se que, tanto quanto possível, se Minimiza efeitos adversos sobre os
Qualidade do ar
promova a contratação de mão-de-obra local recursos nomeadamente os dependentes
População
das deslocações para o trabalho com
recurso a viatura própria

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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A implementação atempada e eficiente das medidas anteriormente propostas previne e minimiza a
ocorrência da grande maioria dos impactes e riscos relacionados com as atividades do projeto. Embora,
pela natureza das atividades construtivas, seja muito difícil eliminar por completo os impactes
previstos, os que permanecem após a implementação da medidas (impactes residuais) na maior parte
dos casos serão insignificantes.
No entanto, alguns dos impactes, nomeadamente os que se relacionam com a ocupação direta do
espaço - realização da terraplenagem com a consequente destruição de vegetação no local, ocupação
definitiva do solo natural seguida da sua impermeabilização e alteração da geomorfologia não serão de
todo mitigáveis e serão permanentes. Relativamente aos restantes impactes identificados, globalmente
pouco significativos e insignificantes, o conjunto de medidas de boa prática a implementar de forma
transversal no decurso da obra poderão minorar alguns dos efeitos previstos.
Durante a fase de funcionamento também existem alguns impactes que não serão, ou dificilmente
serão mitigáveis à escala do presente projeto. São disso exemplo os impactes que se relacionam com a
circulação de veículos pesados associados ao funcionamento da instalação, mas que circulam nas vias
rodoviárias da região e do país. Estes veículos emitirão gases poluentes para a atmosfera e gases com
efeito de estufa. A circulação desses veículos também poderá provocar mortalidade de espécies de
fauna, acidentes rodoviários ou alterações pontuais ao nível a mobilidade local, dependendo das
características das vias em causa.

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8. Monitorização

A monitorização, de acordo com a redação dada pelo Decreto-Lei n.º 151-B/2013, de 31 de


outubro, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 152-B/2017, de 11 de dezembro, é definida
como o “processo de observação e recolha sistemática de dados sobre o estado do ambiente ou
sobre os efeitos ambientais de determinado projeto e descrição periódica desses efeitos por meio
de relatórios com o objetivo de permitir a avaliação da eficácia das medidas previstas na DIA e na
decisão de verificação de conformidade ambiental do projeto de execução para evitar, minimizar
ou compensar os impactes ambientais significativos decorrentes da execução do respetivo
projeto” (artigo 2.º, alínea l).
Como critérios base para a proposta de Programas de Monitorização referem-se:
a) Existência de lacunas de informação relevantes e impactes incertos;
b) Relevância para a gestão ambiental do projeto nomeadamente com inputs na mitigação
de efeitos significativos que estejam a ocorrer (introdução de novas medidas ou
aferição/correção das já adotadas);
c) Relevância para a avaliação da eficácia de medidas de mitigação ou soluções de projeto
preconizadas
Existindo um incremento de águas pluviais potencialmente contaminadas geradas pelo projeto, as
quais serão descarregadas no solo através de bacia sumidoura, propõe-se a realização da
monitorização das águas subterrâneas nos termos de seguida descritos.

8.1 Qualidade das águas subterrâneas


O plano de monitorização apresentado tem como principal objetivo monitorizar/identificar
eventuais alterações da qualidade da água provocadas pela descarga das águas pluviais
potencialmente contaminadas oriundas dos pavimentos do estabelecimento. Esta avaliação deve
ser realizada em complemento ao autocontrolo que se perspetiva ser realizado na sequência da
atribuição da nova licença de descarga.

i) Parâmetros a monitorizar
 No campo:
o pH, temperatura (T), Condutividade Elétrica (CE), nível freático dos piezómetros.
 Em laboratório:
o cádmio, cobre, crómio, chumbo, níquel, ferro, zinco, Hidrocarbonetos de petróleo
C10-C40, óleos e gorduras, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP),
Tetracloroeteno e Tricloroeteno.

ii) Locais de amostragem


Piezómetros a construir e furo existente.
Deverão ser construídos 3 piezómetros: um no limite nascente do estabelecimento atual, outro
imediatamente a poente da bacia sumidoura atualmente existente e o terceiro no limite poente
da nova instalação, próximo da bacia sumidoura a construir.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Figura 8.1- Locais propostos para amostragem de água subterrânea através de piezómetros.

iii) Frequência de amostragem


A amostragem deve ser realizada trimestralmente.

iv) Métodos de amostragem


A medição do nível freático nos piezómetros será efetuada em condições de repouso, ou seja, na
ausência de bombagem, e utilizando uma sonda elétrica.
A amostragem nos piezómetros será realizada após bombagem prolongada para renovação da
água e observação da estabilização dos seguintes parâmetros: temperatura (T), condutividade
elétrica (CE) e pH, medidos numa célula de fluxo em campo e em condições de ausência de
contacto direto com o ar.
As análises deverão ser efetuadas em laboratórios que garantam a qualidade dos respetivos
resultados analíticos e que sejam supervisionados regularmente pela autoridade competente ou
por uma entidade independente em que esta delegue, enquanto não tiver meios próprios.

v) Critérios de avaliação
Os critérios de avaliação dos resultados obtidos serão os estabelecidos nos DL 83/2011, de 20 de
junho, no DL nº 236/98 de 1 de agosto, no DL nº 103/2010, de 24 de setembro e, no DL nº
218/2015 de 7 de outubro.

vi) Relação entre o fator ambiental a monitorizar e os parâmetros caracterizadores do projeto


A decisão de propor o programa de monitorização prende-se com a possibilidade das águas
pluviais que são descarregadas através de bacia sumidoura poderem estar contaminadas devido à
circulação do tráfego rodoviário no interior do estabelecimento e à ocorrência de eventuais
derrames no pavimento que não sejam removidos atempadamente.

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vii) Tipo de medidas de gestão ambiental a adotar na sequência dos resultados obtidos
Em função dos resultados obtidos poderá ser necessário ajustar a forma de gestão das águas
pluviais provenientes da unidade e/ou dos sistemas de contenção/tratamento existentes.

viii) Relatórios de monitorização


Os relatórios de monitorização, os quais devem obedecer à estrutura do disposto no Anexo V da
Portaria n.º 395/2015, de 4 de novembro devem ser apresentados semestralmente à autoridade
de AIA.

ix) Critérios para a decisão de revisão do programa de monitorização


O programa proposto deverá decorrer durante primeiros 5 anos de funcionamento do projeto.
Caso os resultados obtidos pela monitorização determinem que não ocorrem alterações à
qualidade das águas subterrâneas, propõe-se a revisão do programa de monitorização a qual
poderá passar pela alteração da frequência de amostragem ou mesmo pela sua suspensão.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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(Página intencionalmente deixada em branco)

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9. Lacunas Técnicas ou de Conhecimento

Em termos gerais, tendo em conta a fase do procedimento de avaliação em que o projeto é


submetido – fase de estudo prévio - não existem lacunas relevantes ao nível da descrição do
projeto e das características do ambiente local que afetem a análise e conclusões apresentadas
no presente relatório.
Desta forma, tendo terminado os trabalhos para a realização do presente EIA e após a análise dos
dados e avaliação dos impactes resultantes da construção e funcionamento da unidade,
considera-se que não existem lacunas que coloquem em causa identificação e avaliação de
impactes anteriormente apresentada.

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10. Conclusões

O presente Estudo de Impacte Ambiental identifica e avalia os impactes resultantes da


implementação do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000, em fase de estudo
prévio, cuja instalação atual se implanta na Zona Industrial de Ovar.
O projeto proposto contempla algumas alterações ao nível do armazenamento de substâncias no
interior do estabelecimento atualmente existente (aumento do volume armazenado) e a
ampliação do estabelecimento industrial para uma parcela adjacente com uma área de 20 ha,
atualmente afeta ao regime florestal na medida em que se encontra no Perímetro Florestal das
Dunas de Ovar.
Desse ponto de vista, em termos da qualificação do solo de acordo com o PDM de Ovar em vigor,
o projeto de ampliação não é compatível com a classe de uso dessa zona que corresponde a
‘espaço florestal de conservação’.
Contudo, face a essa incompatibilidade, no decurso de um processo que se iniciou há cerca de 5
anos, foi apontada a possibilidade de regularização da ampliação ao abrigo do Regime
Extraordinário de Regularização das Atividades Económicas (RERAE), patente no Decreto-Lei
n.º 165/2014, em vigor à data, tendo a FLEX2000 submetido o referido processo de regularização
em 2017. Entretanto, foi emitido o Reconhecimento do Interesse Público Municipal do projeto
pela Assembleia Municipal.
Na sequência da conferência decisória realizada ao abrigo do processo do pedido regularização,
em que estiveram envolvidas as entidades IAPMEI, Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional,
Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Instituto da Conservação da
Natureza e das Florestas e Câmara Municipal de Ovar, em fevereiro de 2019 foi emitida
deliberação favorável condicionada.
Atendendo à referida deliberação favorável condicionada a CMO deverá promover a adequação do
PDM e alteração da delimitação da REN (alteração à Planta de Ordenamento e Planta de
Condicionantes). No primeiro caso com a alteração da classificação da área em análise, de ‘solo
Rural – Espaço Florestal de Conservação’ para ‘solo Urbano – Solo Urbanizado – Espaço de
Atividades Económicas, aplicando-se os parâmetros urbanísticos previstos para essa classe de
espaço e, no segundo caso, pela exclusão da área da Reserva Ecológica Nacional.
Após a referida adequação, aplicam-se as regras de ocupação do solo relativas aos ‘Espaços de
Atividades Económicas’. Nesse contexto, em matéria em matéria do regime de edificabilidade, o
projeto estará em conformidade com o estipulado no regulamento do PDM de Ovar.
Durante a fase de construção, nomeadamente na parcela para a qual está prevista a ampliação do
estabelecimento industrial, ocorrerá um conjunto diversificado de impactes negativos, muitos dos
quais serão permanentes e não mitigáveis, como sejam os relacionados com a
desmatação/destruição de habitats, alteração geomorfológica devido ao nivelamento do terreno
e impermeabilização/artificialização do solo. Verifica-se que a maioria dos impactes que ocorrem
durante a fase de construção, embora negativos, são insignificantes ou pouco significativos.
Destaca-se, no entanto, a existência de um impacte negativo significativo relacionado com a
artificialização de uma extensa área florestal. Os impactes positivos, pouco significativos a
significativos estão relacionados com o emprego e dinamização da atividade económica.
Como resultado da alteração proposta será incrementada a capacidade instalada, a qual se
refletirá no incremento da emissão de um conjunto de cargas ambientais e no consumo de
recursos.

Estudo de Impacte Ambiental do projeto de ampliação da unidade industrial da FLEX2000


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Na fase de funcionamento todos os impactes identificados têm caráter permanente na medida em que
ocorrerão enquanto o projeto estiver em funcionamento. Nesta fase não se prevê a existência de
impactes negativos significativos sendo a maioria pouco significativos.
Tendo em conta que o estabelecimento se encontra abrangido pelo regime de prevenção de acidentes
graves, de acordo com a análise de risco realizada verificou-se que o projeto em estudo tem um
reduzido impacte no nível de risco de acidentes graves, tendo o estudo de avaliação de compatibilidade
de localização concluído que o projeto de ampliação da unidade industrial é compatível com a
envolvente.
O funcionamento na nova unidade, após ampliação, terá impactes positivos significativos e muito
significativos ao nível do emprego (postos de trabalho criados) e da dinamização da atividade
económica. Neste contexto, é de referir que a FLEX2000 ao longo dos anos tem contribuído de
forma significativa para a criação de riqueza e de emprego, prevendo para os próximos dez anos,
crescer à taxa de 5% ano. Este crescimento, alavancado pelo projeto de ampliação terá um
importante impacte na criação de riqueza e crescimento do emprego, com especial ênfase na
região em que se insere. Refere-se ainda a existência de um outro impacte positivo, ainda que
pouco significativo, relacionado com a mitigação das alterações climáticas devido à substituição,
no processo produtivo, do agente expansor cloreto de metilo pelo dióxido de carbono.
Relativamente aos impactes negativos identificados, o EIA propõe um conjunto diversificado de
medidas de mitigação a desenvolver em fase de projeto de execução as quais permitirão prevenir
ou minimizar os efeitos de alguns desses impactes, nomeadamente dos impactes associados às
atividades construtivas. Há, no entanto, impactes que face à sua natureza e/ou ação que lhe está
associada, tal como já referido, não serão mitigáveis.
O EIA propõe ainda a implementação de um plano de monitorização ao nível da qualidade da
água subterrânea. Face aos resultados que se vierem a obter será possível, se necessário, ajustar
ou propor novas medidas de mitigação relacionadas com a gestão das águas pluviais e efluentes
gerados.

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