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Governo do Estado do Rio de Janeiro

Secretaria de Estado de Educação


Coordenadoria Metropolitana IV
CE Leopoldina da Silveira

História – Professor Alexandre Carvalho


História Antiga - Parte 5
Pérsia
Durante muito tempo
os persas viveram na
região onde hoje
encontramos o país Irã.
Compartilharam com os
povos medos (leia-se
“médos”) o seu idioma e
a sua cultura. A maioria
desses povos é originária
da Ásia Central e do
território onde hoje está
situada a Rússia.
Migraram desses locais
com o objetivo de
acharem terra fértil para
a agricultura e para a
criação de animais de
pasto.

A origem do nome Pérsia remete a uma região do sul do Irã chamada de Parsa ou Persis. Com
o passar do tempo, o termo Pérsia começa a ser usado pelos gregos da era clássica e pelos
ocidentais para se referir a toda planície do Irã. Apesar disso, o povo que habitava a região a
denominava como Irã (terra dos ários). Apenas no ano de 1935 da nossa era o governo do país
começou a utilizar o nome Irã oficialmente. Porém, em 1959 os dois nomes passaram a ser aceitos
para se referirem à região. Esta complicação quanto à utilização dos nomes tem a ver com fatores
históricos que ocorreram naquela área. Apesar de não ser utilizado pelos habitantes do local, o
nome Pérsia faz referência direta ao Império Persa. Este império foi fundado pelos persas na
cidade de Anshan, atualmente é a província Fars (Irã), e foi, posteriormente, liderado por uma
sucessão de dinastias, tanto persas, quanto estrangeiras, que governavam a região e os territórios
do entorno.

Voltando agora nossas atenções à história mais remota, no ano de 1500 a.C. a planície do Irã foi
ocupada pelas tribos árias, que tinham os medos como a etnia mais importante. Os medos
ocuparam a parte do noroeste e dominaram os persas. A partir do século VIII a.C. os povos medos
passaram a cobrar altos impostos dos persas. Afinal, contavam com uma forte estrutura política e
um grande número de homens no exército. Já no ano de 558 a.C., Ciro, o Grande, rei da
Pérsia, organizou um movimento de resistência contra os medos, além de decidir que iria dominar
toda a Mesopotâmia. Após vencer a batalha contra os medos, Ciro conquistou o reino da Lídia,
região da porção ocidental da antiga Anatólia (atual Turquia) e a Babilônia. Ciro saiu em
campanha militar e conquistou toda a região do Egito e parte da Grécia, dominando também
os povos semitas e hititas que habitavam a região da Mesopotâmia central. Apesar de sua ambição
expansionista, Ciro respeitava a cultura dos seus inimigos e não impunha nenhuma restrição à
língua ou costumes dos vencidos.
O Império Persa,
como ficou conhecido
o domínio iniciado
por Ciro, iniciou-se
por volta do ano 550
a.C. abrangendo,
agora, toda a Ásia
Menor (à época
conhecida como
Anatólia, e hoje,
Turquia), além de
parte do Oriente
Médio (Fenícia, Síria
e Palestina).

Tendo agora um amplo domínio de territórios mesopotâmicos, os persas queriam conquistar


também a Grécia completamente. Assim, em 521 a.C. Dario I deu continuidade às conquistas de
Ciro, expandindo as fronteiras persas e derrotando os jônios (ou jônicos - povo estabelecido na
Península do Peloponeso, Grécia). Dario foi o grande responsável por grandes construções,
principalmente a Estrada Real, cujo objetivo era manter a hegemonia dos povos conquistados.

Dario I dá início à chamada, Primeira Guerra Medo-Persa (ou Guerra


Médica), tentando mais uma investida contra os gregos, porém tendo sido
derrotado por Atenas. Tinha como objetivos a óbvia expansão territorial
sobre os demais domínios gregos, e com isso, o total controle do comércio no
mar Egeu. Em 490 a.C., Dario sofre uma grande derrota na Batalha de
Maratona, onde, mesmo com número bastante inferior ao exército persa
(alguns autores estimam cerca de 50 mil persas), os gregos, com
aproximadamente 10 mil homens comandados pelo general Milcíades,
saíram vitoriosos.
Dario I da Pérsia

Após a derrota de Dario, seu filho, Xerxes I, além de manter a política de


expansão territorial de seu pai, também tentou vingança invadindo a Grécia em
480 a.C. na Segunda Guerra Medo-Persa. Um fato marcante dessa segunda
invasão foi a famosa Batalha das Termópilas, local ao sul da Tessália e ao
norte da Grécia Central, onde um pequeno grupo de soldados espartanos
liderados pelo Rei Leônidas deteve, por três dias, o imenso exército persa.
Acredita-se que, só no primeiro dia, a tropa espartana tenha aniquilado cerca de
20 mil persas, sem ter tido, porém, perdas significativas.
Localização das Termópilas no detalhe em vermelho Xerxes I
Ao final desses dias de intensas batalhas, Leônidas e seus homens foram traídos por um
residente local de nome Efialtes, que indicou a passagem pela retaguarda para o monstruoso
exército persa que continha cerca de 300 mil soldados comandados por Xerxes. Percebendo o
grande problema, Leônidas determina a saída de cerca de 6 mil soldados espartanos para um local
seguro, ficando apenas com sua guarda pessoal de 300 homens altamente treinados e mais um
pequeno grupo de guerreiros selecionados, totalizando apenas 2 mil homens. Os persas trucidaram
os espartanos e decapitaram Leônidas.

Dias após a derrota nas Termópilas, um vendaval afundou um grande número de embarcações
persas facilitando aos gregos a vitória contra a marinha inimiga na batalha de Artemisium, em
agosto de 480 a.C.. Xerxes avançou pela Grécia, tomando e incendiando Atenas. Temístocles, um
Arconte (magistrado – juiz – na antiga Grécia, também com poder de legislar e dignidade vitalícia
próxima à realeza, mas que também era um general) de Atenas estava decidido a tentar uma
estratégia para reconquistar sua cidade: atrair a marinha persa para um estreito canal com apenas 2
quilômetros de largura, entre a ilha de Salamina e o continente e, assim poder vencer a armada
inimiga. Os espartanos resistiram em aceitar tal plano, pois queriam uma fortificação no istmo
(estreita faixa de terra que liga duas áreas de terra maiores, unindo uma península a um continente
ou separando dois mares) de Corinto para defender a Península do Peloponeso, situada ao sul da
Grécia.

Como Xerxes acreditava que várias embarcações gregas bateriam em retirada, ordenou que a
experiente armada egípcia esperasse ao longe, o que piorou em muito sua situação. Cerca de 360
embarcações gregas enfrentaram mais de 600 persas na Batalha de Salamina, em setembro de
480 a.C. Considerada a mais mortal das batalhas navais de toda História, a força persa não tinha
espaço para se locomover, enquanto os gregos manobravam rapidamente e atacavam os persas
com seus aríetes (saliência reforçada da roda de proa de um navio para avariar o casco da
embarcação inimiga).

Embarcação grega golpeando com seu aríete o navio persa


Depois de, aproximadamente, oito horas de combate, o mar estava coberto por destroços de
navios e corpos em pedaços. Estima-se que 40 mil homens, do total de 120 mil persas, morreram
afogados. Xerxes, que assistiu sua derrota sentado num trono sobre uma elevação montanhosa,
poucos dias depois voltou à Pérsia, deixando seu sobrinho, o general Mardônio, como responsável
pela retirada de suas tropas para a Tessália.

O objetivo agora era se reorganizar e tentar nova investida contra os gregos no ano seguinte.
Mardônio se refugiou na Tessália e em poucos meses marchou novamente em direção ao sul,
acampando em Plateia, na Boécia, com seus 250 mil homens. Do outro lado, sob a liderança de
Pausânias, general espartano, e Aristides, general ateniense, 70 mil gregos montaram
acampamento próximo aos persas. E por vários dias esperaram o combate .

A decisiva Batalha de Plateia

Dessa vez o território era aberto e os gregos não poderiam contar com proteções naturais como
tinham feito nas outras batalhas. Mas os persas também estavam em desvantagem: além de seus
melhores homens terem morrido em Salamina, também não poderiam contar com nenhum auxílio.
A batalha de Plateia (julho de 479 a.C.) iniciou-se quando Mardônio ordenou o ataque, pois
acreditou que uma das falanges gregas estava se retirando, quando na realidade estava somente
fazendo uma mudança de posição.

O general espartano Pausânias, comandando o maior


contingente militar que a Grécia reuniu em toda sua
história, aniquilou os inimigos. Os espartanos atacaram
impiedosamente os persas. Cerca de 50 mil persas foram
mortos, inclusive o próprio general Mardônio. O inúmeros
que saíram em retirada foram perseguidos e atacados, tendo
sido mortos muitos outros milhares durante essa fuga.
Batalha de Plateia
Com navios gregos partindo em direção à Ásia Menor (atual Turquia), em agosto do mesmo
ano, aconteceu a Batalha de Micale, na qual os gregos destruíram a armada persa e libertaram as
cidades jônicas, pondo fim à ameaça do Império Persa sobre os gregos. Xerxes desistiu de seus
planos imperialistas sobre o Ocidente. O pequeno
contingente militar grego venceu o imenso exército
formado por vários povos submetidos aos persas. As
Guerras Médicas entraram para a história militar
exatamente por que a vitória grega parecia impossível. A
determinação política e militar deu ao exército grego sua
unidade e seu motivo para o combate. Mas foi a forma
extremamente violenta dos gregos travarem seus
combates, que lhes rendeu a vitória final. Um banho de
sangue marcou a derrota da Pérsia. Essa maneira de
combater, a "batalha decisiva" serve de modelo aos exér-
Batalha de Micale citos do mundo até os dias de hoje.

A Pérsia sob o domínio de Alexandre, o Grande

Em 332 a.C. Alexandre, o Grande, Imperador da Macedônia que já havia tomado a Grécia,
aproveitou o momento de fraqueza dos inimigos persas e empreendeu uma grande batalha para
dominar todo o território outrora conquistado por eles, suscitando no fim da hegemonia persa no
Oriente Médio. Paralelamente, inúmeras guerras civis foram também surgindo nas províncias
dominadas, contribuindo para o declínio de civilização persa.
Economia persa

Os persas viviam da agropecuária, da mineração, do artesanato e dos impostos cobrados aos


povos subjugados. A construção da Estrada Real propiciou o desenvolvimento do comércio, pois
tornou as viagens mais rápidas e seguras. A fim de poder negociar com todas as regiões do seu
vasto império, os persas instituíram uma moeda, o dárico.
Engenharia e Arquitetuta Persa

A arquitetura persa teve, contudo, caráter bastante original na harmoniosa combinação dos
elementos estrangeiros no luxo da decoração e na grandiosidade das estruturas, porém não
podemos considerar a arquitetura persa como uma
arte popular.
Os persas construíram grandes obras
arquitetônicas e seus palácios, além de grandes,
eram bastante luxuosos. Os mosaicos e as pinturas
retratam os feitos dos imperadores assim como os
deuses. A arquitetura persa foi uma criação dos
reis para a sua própria exaltação. Um exemplo de
tamanha glorificação é a cidade de Persépolis,
distante cerca de 70 km da cidade de Xiraz no Irã,
que foi construída em 520 a.C., e que foi uma das
capitais do Império Persa. Ruínas de Persépolis

A construção de Persépolis foi iniciada por Dario I e continuou ao longo de dois séculos, até a
conquista do Império persa por Alexandre Magno. No entanto, a primeira capital do Império
Aquemênida foi Passárgada até que o rei Dario I empreendeu a construção deste massivo
complexo suntuoso, ampliado posteriormente por seu filho Xerxes I e seu neto Artaxerxes I. A
cidade de Persépolis manteve a função de capital cerimonial, onde se celebravam as festas de ano
novo. Construída em uma região remota e montanhosa, Persépolis era uma residência real pouco
conveniente e era visitada principalmente na primavera.
Dois séculos mais tarde, em 330 a.C., Alexandre, o Grande, em sua campanha no oriente,
ocupou e saqueou Persépolis, incendiando o palácio de Xerxes, para simbolizar o fim da guerra
vingativa pan-helênica contra os persas. Em 316 a.C., Persépolis era a capital de Pérsis, uma
província do novo Império Macedônico. A cidade decaiu gradualmente durante o Império
Selêucida e em épocas posteriores.

Ruínas de Passárgada Tumba de Ciro em Passárgada Passárgada nos dias de hoje


Imagem em pintura do palácio em Persépolis

Cultura e Arte na Pérsia


A arte persa recebeu grande contribuição dos
estilos mesopotâmicos e egípcios. Ainda hoje, a
cultura persa é famosa pelos belos tapetes persas
reconhecidos em todo o mundo. Seus desenhos
elaborados formam um labirinto geográfico ou com
elementos da natureza.

Religião na Pérsia
Os persas acreditavam em vários deuses, mas com o
tempo o Zoroastrismo prevaleceria. O zoroastrismo
era uma religião dualista, pois via a representação do Tapete persa
bem em Ahura-Mazda ou Ormuz e a representação
do mal em Aritmã. Para eles, quando os dois deuses
se enfrentarem haverá um Juízo Final, onde todos os
homens serão julgados por seus atos.
O zoroastrismo é uma ramificação das
religiões indo-iranianas da mesma forma que o
budismo partiu do hinduísmo. Zoroastro é a
transliteração do nome persa Zaratustra, para o
grego. Zaratustra foi o profeta quem revelou
Ahura-Mazda aos homens. A menção mais
antiga conhecida de Zoroastro nos textos
gregos foi por volta de 450 a.C., sendo assim,
anterior a Jesus. De acordo com os gregos, o
zoroastrismo era a religião oficial da Dinastia
Aquemênida da Pérsia.

Aritmã Ahura-Mazda ou Ormuz


Mais imagens sobre a Pérsia

Esfinges aladas (gênios protetores decoram o palácio de Susa, uma das


capitais do Reino Aquemênida)

Exército Persa (Imortais)

Palácio de Tachara de Dario em Persépolis Ruínas de Persépolis


Localização de Persépolis no detalhe em vermelho

Referências Bibliográficas

https://pt.wikipedia.org/wiki/persia
https://ohistoriante.com.br/guerras-medicas.html
https://www.infoescola.com/historia/civilizacao-persa/
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-persa.htm
https://www.infoescola.com/civilizacoes-antigas/persia/
https://www.suapesquisa.com/geografia/asia_menor.htm
https://www.mitoselendas.com.br/2021/09/principais-deuses-e-deusas-persas.html
https://quem-escreveu-torto.blogspot.com/2019/02/ahura-mazda-era-o-deus-dos-judeus.html
https://en.wikipedia.org/wiki/Ahura_Mazda#/media/File:Naqshe_Rostam_Darafsh_Ordibehesht_9
3_(35).JPG
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/segunda-guerra-medica-as-batalhas-de-termopilas-
salamina-e-plateia.htm

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