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RAIMUNDO, L. M. B. Et Al 2014
RAIMUNDO, L. M. B. Et Al 2014
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XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
1. Introdução e justificativa
O Brasil apresenta um dos maiores rebanhos comercial de bovinos do mundo, contando com
cerca de 209,5 milhões de cabeças em 2010 (FAO). Do montante produzido de carne bovina,
cerca de 80% da carne bovina são absorvidos pelo mercado doméstico, o qual se expandiu em
10 anos a uma taxa média anual de 1% (USDA, 2011). Vale lembrar que os patamares do
consumo de carnes no Brasil se assemelham aos observados nas nações mais ricas. O
consumo anual per capita de carne no Brasil ultrapassa os 85 quilos, dos quais 38
correspondem ao consumo de carne bovina.
De acordo com Barcellos (2002), mesmo que a carne bovina seja considerada um produto
caro, o aumento do seu consumo está condicionado, nas classes de maior poder aquisitivo, à
presença de diferenciais de qualidade do produto. Nessa linha, Wilkinson e Rocha (2005)
acreditam que o poder aquisitivo limite o consumo de carne bovina de grande parte dos
brasileiros, sendo que os produtos acessíveis do mercado interno muitas vezes carecem de
padrão de qualidade e inspeção sanitária.
sobre os anseios e desejos do cliente ou sobre a visão que o consumidor final tem de empresas
ou produtos (RAIMUNDO, 2013).
2. Objetivos
Shepherd e Sparks (1999) afirmam que a escolha alimentar consista numa preocupação
primária para os produtores de alimentos, tendo em vista que para vender produtos
alimentares é preciso conhecer o perfil dos consumidores e os processos pelos quais suas
escolhas são feitas. Os fatores determinantes das escolhas alimentares se inter-relacionam, e
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Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Como mostra a Figura 1, esse modelo leva em consideração fatores elementares do consumo,
relacionados ao indivíduo consumidor, ao ambiente onde o alimento é comprado e consumido
e as características intrínsecas ao alimento.
BEZERRA et al., 2007; FARIA et al., 2006; MARTINS et al., 2009) são geralmente feitos
através de surveys de caráter probabilístico, acompanhados pelo levantamento do perfil
socioeconômico da população estudada, sendo que a maioria utiliza critérios de
proporcionalidade ao universo como forma de estratificação inicial da amostra.
Quanto à escolha do produto, Mazzuchetti e Batalha (2004) observaram que, para as classes A
e B, valem mais suas qualidades organolépticas, seguidas de validade e aparência. No caso da
classe C, a ordem se dá por aparência, validade e preço, enquanto para a classe D, a sequência
se constitui de preço, validade e aparência. Velho (2009) observou que o principal influente
na compra é a cor, seguida da maciez e do preço. Já no estudo de Souki (2003), demonstrou-
se que a ordem de importância inclui primeiramente a higiene, que precede o odor e a
aparência da carne.
Os estudos de Francisco et al. (2007), Buso (2000), Mazzuchetti e Batalha (2004), Velho
(2009), Porto (2004) e Bezerra et al. (2007) indicam que a carne bovina é a preferida da
população, seguida pela carne de frango. Ao terceiro lugar ficam delegadas as carnes suína
(BEZERRA et al., 2007; MAZZUCHETTI E BATALHA, 2004) e de peixe (BUSO, 2000),
variando conforme as diferentes faixas de renda. Bezerra et al. (2007) indicam que a ordem de
preferência das carnes se dá principalmente pelo preço, seguido do sabor, aparência e valor
nutritivo.
5. Métodos
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Fonte: IBGE 2009 - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Elaborada pelos autores
6. Resultados
Ao todo, foram abordadas 413 pessoas no município de São Paulo, das quais 13 se declararam
não consumidoras de produtos cárneos, o que corresponde a 3,15% dos entrevistados. Os
demais respondentes compuseram a amostra efetivamente analisada, totalizando 400
consumidores efetivos.
A amostra foi estratificada em termos do gênero e da renda mensal familiar dos entrevistados.
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Em acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE,
a distribuição amostral se deu conforme apresentado na Erro! Fonte de referência não
encontrada.. Foram abordadas 209 mulheres e 191 homens, distribuídos em diferentes níveis
de renda.
Sobre a idade dos respondentes, 80% dos respondentes declararam ter entre 21 e 50 anos em
termos gerais.
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Sobre a composição familiar, a maioria das famílias é composta por três ou quatro pessoas,
como mostra a Figura 2.
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Sobre a frequência de consumo, notou-se que a carne bovina é consumida uma ou duas vezes
na semana pela maior parte dos entrevistados (44%), em contraste com o obtido por Porto
(2004), cujo estudo revelou um consumo do produto de três a quatro vezes semanais pela
maioria dos consumidores.
Dentre os que consomem a carne bovina três ou mais vezes na semana, 58% são homens.
Observou-se ainda que a maior parte dos declarantes dessa frequência de consumo tem renda
mensal de três a cinco salários mínimos. Tais resultados se apresentam em consoante com os
obtidos por Mazzuchetti e Batalha (2004), que apontam que o produto é majoritariamente
consumido ao menos duas vezes por semana pelos estratos A, B, C e D da população. A
Tabela 3 apresenta as frequências observadas para o consumo de carne bovina por renda
mensal familiar dos entrevistados.
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Quase 60% dos que consomem carne bovina uma vez ou menos por mês declararam renda de
até um salário mínimo, o que inicialmente sugere uma relação direta entre renda e consumo.
Contudo, ao observar-se o montante de indivíduos que declarou consumir a carne três ou mais
vezes na semana, os mais abastados não compõe a maior parte, a qual se concentra nos
indivíduos que recebem de três a cinco salários mínimos mensais. Dessa forma, salienta-se
que o crescimento da renda aumenta o consumo de carne bovina ate certo ponto, a partir do
qual fatores extra-preço (como a preocupação com a saúde, a segurança alimentar e a
propaganda) são mais influentes no consumo, podendo freá-lo.
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Sobre a imagem da carne bovina para a saúde, observou-se a maior parte dos respondentes
(29%) a vê como boa para a saúde e, dentre esses, a maioria conhece parcialmente seu valor
nutricional. Já dentre os que consideram a carne ótima para a saúde, a maior parte dos
entrevistados (31%) desconhece totalmente sua composição nutricional, o que reforça o valor
subjetivo do consumo do produto.
Acerca dos cortes bovinos mais consumidos, observou-se que a carne de segunda ou de
terceira são as mais compradas pela maioria dos entrevistados, seguidas pelo coxão-mole,
pelo contrafilé e pela alcatra. Em relação ao gênero, afirma-se que cortes como a picanha e a
maminha, tradicionais de churrasco, são majoritariamente adquiridos por homens, enquanto
mulheres são maioria na compra de filé mignon e contrafilé. Dessa forma, reforça-se a
diferença existente na finalidade da compra de carne para homens e mulheres, fato que pode
direcionar apelos publicitários. A compra de embutidos é levemente maior no caso dos
homens, o que traduz a maior procura por praticidade nas refeições, e corrobora os resultados
obtidos por Velho (2009), como mostra a Tabela 3.
Afirma-se ainda que os responsáveis pela aquisição de quase 80% das carnes de segunda ou
terceira têm renda mensal de até um, ou de um ou dois salários mínimos. Essas duas faixas de
renda juntas também detém 69% do consumo de embutidos, graças ao menor preço destes
produtos em relação à carne em si. O consumo de picanha se concentra na faixa de renda
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mensal de acima de dez salários mínimos, que detém 45% do consumo total. Já cortes como a
maminha e o coxão-mole são os mais consumidos pelas famílias com faixa salarial de três a
cinco salários mensais, com frequência de 50% e 31%, respectivamente. A alcatra é mais
consumida por aqueles que recebem entre cinco e dez salários (40%). Dessa forma, salienta-se
que famílias de renda mediana consumam cortes menos nobres, entretanto com maior
frequência que as mais abastadas.
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Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Este trabalho buscou identificar o perfil do consumidor final de carne bovina no município de
São Paulo, o maior centro consumidor do país, visando obtenção de informações úteis para
subsidiar estratégias mercadológicas nas empresas do setor.
A análise descritiva da amostra estudada aponta a carne bovina como preferida pela maior
parte dos entrevistados na capital paulista, seguida pela de frango, cabendo à carne suína o
terceiro lugar na ordem de preferência dos consumidores.
Afirma-se que a nobreza dos cortes bovinos consumidos cresce conforme aumenta a renda
dos consumidores. Este fato indica que a renda é fator determinante de muitas das escolhas
alimentares atuais, influenciando diretamente o aporte nutritivo obtido pelos consumidores.
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Foi constatado que o supermercado é o local de compra preferido e mais frequentado pela
maioria da população estudada, seguido pelo açougue. Isso confirma o crescimento
vertiginoso dos supermercados nas ultimas décadas, o qual acarreta uma tendência de
centralização das compras dos consumidores.
Empresas do setor produtivo e do setor varejista do município de São Paulo podem dispor das
informações resultantes deste trabalho para a construção de conhecimento estratégico, uma
vez que conhecer o perfil do consumidor, saber o que é prioridade em suas escolhas e o que
ele reconhece como valor agregado, pode ser vital para a sobrevivência de uma empresa.
Para trabalhos futuros, sugerem-se pesquisas que busquem aprofundar o conhecimento sobre
o consumidor de carne bovina, os quais investiguem a preferência sobre os atributos do
produto, a relação entre consumo e status social, as percepções sobre local de compra e
também sobre as novas tendências produtivas.
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