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Comunicações serial e paralela

Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer as particularidades das comunicações dos tipos serial


e paralela.
 Descrever comunicação serial.
 Definir o que é comunicação paralela.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar sobre as comunicações serial e paralela.
A comunicação indica a transmissão de informação entre um transmissor
e um receptor. Na computação, a comunicação existe para que os siste-
mas se comuniquem com elementos externos, isto é, para que possam
trocar dados. Existem diversos modos para transmitir dados entre uma
origem e um destino.

Os sistemas e os tipos de comunicação


Os diversos tipos de dispositivos que podem ser conectados em um computador
são classificados em três categorias:

1. Os que transmitem/recebem informações inteligíveis para o ser humano:


são adequados para estabelecimento de comunicação com o usuário.
É o caso de impressoras, monitores de vídeo e teclados.
2. Os que transmitem/recebem informações inteligíveis apenas para a má-
quina: são adequados para comunicação máquina a máquina ou interna-
mente a uma máquina. É o caso dos dispositivos magnéticos e sensores.
3. Os que transmitem/recebem de/para outros dispositivos remotamente
instalados, tais como os modems e regeneradores digitais em redes de
comunicação de dados.
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Há duas maneiras básicas de se realizar transmissão/recepção de dados


entre os periféricos/interfaces e o barramento e processador/MP, bem como
entre dispositivos interconectados entre si, local ou remotamente. Podemos
dizer que quanto ao número de vias de transmissão, essa comunicação pode
ser serial e paralela, ou seja:

 A informação pode ser transmitida/recebida, bit a bit, um em seguida ao ou-


tro (isso caracteriza o tipo de transmissão denominado transmissão serial).
 A informação pode ser transmitida/recebida em um grupo de bits de
cada vez, isto é, um grupo de bits é transmitido simultaneamente de
cada vez (este tipo chamamos de transmissão paralela).

A escolha de um desses tipos para interligar os elementos de entrada e


saída (E/S) aos sistemas Unidade de Processamento e Memória Principal
(UCP/MP) depende de vários fatores, tais como:

 tipo e natureza do periférico;


 custo de implementação;
 velocidade de transmissão desejada.

Comunicação serial
Na comunicação serial, o periférico é conectado ao dispositivo controlador ou
interface de E/S por uma única linha de transmissão de dados, de modo que a
transferência de dados é realizada por um bit de cada vez, embora o controlador
possa ser conectado à UCP por meio de barramento com várias linhas (Figura 1).
A comunicação serial é feita de maneira mais simples, pois ela utiliza apenas
um canal de comunicação e, inicialmente, era mais lenta que a paralela. Ela
é de baixo custo e não tem limites de distância.
Cada bit da mensagem é enviado para o receptor, um bit de cada vez,
usando uma linha de comunicação. A maioria das comunicações é realizada
usando dados seriais. A comunicação serial requer menos fios e eletrônica
menos complexa, mas para comparar dados paralelos que deve transmitir em
um ritmo mais rápido.
A transmissão serial veio crescendo ao longo do tempo. Foram desenvol-
vidas várias tecnologias que aumentaram consideravelmente a velocidade
de comunicação. Dentre essas tecnologias, podemos citar: USB, USB 2.0,
FIREWIRE, SATA, ESATA e THUNDERBOLT.
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Dentre as vantagens da tecnologia serial, podemos destacar claramente a


escalabilidade e a simplificação dos conectores e cabos que ajudam também
na refrigeração interna dos gabinetes.
Apesar de atualmente a comunicação serial superar a comunicação para-
lela, a comunicação paralela já teve seu auge, quando a IBM padronizou as
portas a fim de que qualquer dispositivo (inicialmente impressoras) pudesse
se conectar por meio dessas portas.

De-serialização
Barramento Bits 7, 6, 5, 4,

Serialização
Interface Dispositivo
UCP Memória
de sistema 3, 2, 1, 0

dos bits

dos bits
principal de E/S (periférico)
de E/S
Buffer

Subsistema de Interface Subsistema


processamento de E/S de E/S

Figura 1. Comunicação serial.

Com os problemas que surgem na ligação paralela, a ligação em série é a


mais utilizada. Contudo, já que apenas um fio transporta a informação, existe
um problema de sincronização entre o emissor e o receptor, ou seja, o receptor
não pode, a priori, distinguir os caracteres (ou, de maneira mais geral, as
sequências de bits) porque os bits são enviados sucessivamente.

Vantagens e desvantagens da comunicação serial:


 transmissão de dados mais simples;
 utiliza apenas um canal de comunicação;
 menor velocidade de transmissão.

Existem, então, dois tipos de transmissão que permitem remediar o


problema de velocidade: síncrona e assíncrona, as quais serão descritas
a seguir.
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Síncrona
Na transmissão síncrona, o intervalo de tempo entre dois caracteres subsequen-
tes é fixo e os dois dispositivos (transmissor e receptor) são sincronizados, ou
seja, têm clock único ou sincronizado todo o tempo (Figura 2).

CLOCK CLOCK
DATA DATA

idle or
idle next byte

CLOCK
0 1 2 3 4 5 6 7

DATA
1 1 0 0 1 0 1 0
0 x 53 = ASCII ‘S’

Figura 2. Transmissão síncrona.

Quando não há caracteres a serem transferidos, o transmissor continua en-


viando caracteres especiais de forma que o intervalo de tempo entre caracteres
se mantém constante e o receptor se mantém sincronizado. No início de uma
transmissão síncrona, os clocks dos dispositivos transmissor e receptor são
sincronizados por meio de uma string de sincronização e, então, se mantêm
sincronizados por longos períodos de tempo (dependendo da estabilidade
dos relógios), podendo transmitir dezenas de milhares de bits antes de terem
necessidade de sincronizar novamente. Outra forma de manter o sincronismo
é a utilização de uma linha (condutor) específica para o clock.
Em resumo, na transmissão síncrona, é fundamental que cada dispositivo
comande seu clock para geração e recepção dos bits de forma sincronizada o
tempo todo, isso pode ser garantido com:

 Ter clocks independentes no transmissor e no receptor, sendo que a fre-


quência e a fase desses clocks é garantida e está em sincronia pelo uso de
osciladores precisos e o envio de transmissão periódica de uma string de
sincronização que mantém os clocks funcionando como se fossem um só.
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 Utilizar o gerador de clock somente no transmissor e enviar o clock para


o receptor por meio de uma linha (condutor) específica para o clock (é o
método mais confiável, mas gasta uma linha de comunicação para tal).

Cada bit ou conjunto de bits enviado depende de um pulso do clock, tendo


como principal vantagem sua velocidade de transmissão de dados, em con-
trapartida, é necessário um fio extra para o clock.

Assíncrona
Na transmissão assíncrona, o intervalo de tempo entre os caracteres não é
fixo. Podemos exemplificar com um digitador operando um terminal, não
havendo um fluxo homogêneo de caracteres a serem transmitidos (Figura 3).

Transmissão assíncrona
A S S I N C
Tempo entre caracteres variáveis Tempo

Transmissão síncrona
esp. esp. S Í N C R O N A esp. esp.
Tempo entre caracteres constante Tempo

Figura 3. Transmissão assíncrona.

Como o fluxo de caracteres não é homogêneo, não haveria como distinguir


a ausência de bits sendo transmitidos de um eventual fluxo de bits zero e o
receptor nunca saberia quando viria o próximo caractere. Portanto, não teria
como identificar o que seria o primeiro bit do caractere. Para resolver esses
problemas de transmissão assíncrona, foi padronizado que, na ausência de
caracteres a serem transmitidos, o transmissor deve manter a linha sempre no
estado 1, isto é, transmitir ininterruptamente bits 1, o que distingue também
de linha interrompida (estado chamado idle).
Quando for transmitir um caractere, para permitir que o receptor reco-
nheça o início do caractere, o transmissor insere um bit de partida (start bit)
antes de cada caractere. Convenciona-se que esse start bit será um bit zero,
interrompendo assim a sequência de bits 1 que caracteriza a linha livre (idle).
Para maior segurança, ao final de cada caractere, o transmissor insere
um (ou dois, dependendo do padrão adotado) bit de parada (stop bits), con-
vencionando-se serem bits 1 para distingui-los dos bits de partida (Figura 4).
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Mark
0 1 2 3 4 5 6 7 0 1 2 3 4 5 6 7
Space
idle Data bits Data bits idle
Start Stop Start Stop
Mark = nível lógico ‘1’, space = nível lógico ‘0’
Figura 4. Fluxo de caracteres.

Os bits de informação são transmitidos em intervalos de tempo uniformes


entre o start bit e o(s) stop bit(s). Portanto, transmissor e receptor somente
estarão sincronizados durante o intervalo de tempo entre os bits de start e stop.
A transmissão assíncrona também é conhecida como start-stop.
A taxa de eficiência de uma transmissão de dados é medida como a relação
de número de bits úteis dividido pelo total de bits transmitidos. No método
assíncrono, a eficiência é menor que no método síncrono, uma vez que há
necessidade de inserir os bits de partida e parada, de forma que a cada caractere
são inseridos de 2 a 3 bits que não contêm informação.
Pode ser considerado o modo mais simples de se fazer uma transmissão
de dados. Cada vez que for acessado o meio físico, são transmitidos de 8 a 12
bits de cada vez. O PC usa esse modo. Tal método não precisa de um sinal de
clock, portanto, o número de fios necessários é menor. Contudo, o envio dos
dados é mais complicado e susceptível a erros (Figura 5).

TX RX

Data bits
Start Stop
bit 0 1 2 3 4 5 6 7 bit idle or
idle next byte

1 1 0 0 1 0 1 0
0 x 53 = ASCII ‘S’
Figura 5. Transmissão de dados pelo método assíncrono.
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Quanto ao sentido de transmissão, a comunicação serial pode ser (Figuras 6 e 7):


 Full-duplex: indica que o dispositivo pode transmitir e receber dados ao mesmo
tempo.
 Half-duplex: dispositivo com comunicação de envio e recebimento, mas não
executa essas funções simultaneamente.
 Simplex: trata-se de dispositivos com comunicação unidirecional, ou seja, apenas
efetua o envio ou o recebimento.

Transmissor Receptor
10110101

Figura 6. Comunicação serial.

Transmissão simplex

Transmissor Receptor

Transmissão half-duplex
Transmissor/ Transmissor/
Receptor Receptor

Transmissão full-duplex
Transmissor/ Transmissor/
Receptor Receptor

Figura 7. Sentidos de transmissão.

Comunicação paralela
Na comunicação paralela, um grupo de bits é transmitido de cada vez, cada
um sendo enviado por uma linha separada de transmissão. Vale mencionar
que a sua utilização é mais comum para transmissão interna no sistema de
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computação e para ligação de alguns periféricos a curta distância, visto que


o custo de transmissão paralela é maior em face da quantidade de linhas
utilizadas (Figuras 8 e 9).
A comunicação paralela requer mais de um canal de comunicação e maior
velocidade de transmissão e é limitada pela distância, ou seja, não funciona
bem em redes de computadores em razão do alto custo com o cabeamento
e a dificuldade de sincronização e tem um custo maior do que o sistema de
comunicação serial.
É natural que, em circunstâncias normais e sem maiores considerações a
respeito, se imagine que a transmissão paralela seja mais rápida que a trans-
missão serial, permitindo, assim, maiores taxas de transmissão de dados.
Porém, no caso dos bits, para que o receptor capte o dado enviado em paralelo
é necessário que todos os N sinais caminhem e cheguem ao mesmo instante.
Se houver atraso em um ou mais sinais, o receptor não capta o dado.
Na comunicação paralela, pode ocorrer de os bits de uma transmissão não
chegarem ao destino exatamente no mesmo instante, em razão de pequenas
diferenças de comprimento dos cabos que constituem os canais. Esse problema
surge com mais facilidade em velocidades maiores, como na transmissão de
dados nos discos rígidos.
A solução para evitar esse tipo de problema foi retornar à transmissão em
série, pois, transmitindo um bit de cada vez, deixa de existir o problema de
desvio e, assim, se pode obter velocidades muito maiores. Em consequência,
surgiu, em 1995, o padrão USB (Universal Serial Bus), reduzindo, assim, o
uso de transmissão paralela.

Bit 0
Barramento Bit 1
Interface Bit 2 Dispositivo
UCP Memória
de sistema
de E/S Bit 3 (periférico)
principal Bit 4
Bit 5 de E/S
Buffer Bit 6
Bit 7
Subsistema de Interface Subsistema
processamento de E/S de E/S
Figura 8. Comunicação paralela.
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Vantagens e desvantagens da comunicação paralela:


 transmissão de dados mais custosa e complexa;
 requer mais de um canal de comunicação;
 maior velocidade de transmissão.

Existem três meios de acesso à porta paralela do PC (SPP):

1. Por meio do DOS: utilizando a função 5 da INT 21H.


2. Por meio da BIOS: utilizando a INT 17H.
 Função 0: saída para a impressora.
 Função 1: inicializa porta de impressão.
 Função 2: status da impressora.
3. Diretamente no hardware: por meio de instruções IN e OUT nos en-
dereços relativos às portas.

Transmissor Receptor
D7 1 D7
D6 0 D6
D5 1 D5
D4 1 D4
D3 0 D3
D2 1 D2
D1 0 D1
D0 1 D0

Figura 9. Comunicação paralela.


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 Clock: intervalo de tempo utilizado para transmitir caractere por caractere.


 String de sincronização: serve para ajustar o clock do transmissor com o clock
do receptor.

Conversões
A transformação paralelo-série é feita graças a um registro de desfasamento
(desencontro, discordância, disparidade). O registro de desfasamento permite,
por meio de um relógio, deslocar o registro (o conjunto dos dados presentes
em paralelo) para uma posição bem à esquerda e depois emitir o bit de peso
forte (o mais à esquerda), e assim sucessivamente (Figura 10).

Parallel data transfer


b7 b6 b5 b4 b3 b2 b1 b0

0 0 1 1 0 1 0 0
Clock Serial
transmission
Figura 10. Transformação paralelo-série.

A transformação série-paralelo é realizada quase da mesma maneira, graças


ao registro de desfasamento. O registro de desfasamento permite deslocar o
registro de uma das posições para à esquerda a cada recepção de um bit e
depois emitir a totalidade do registro em paralelo quando este está cheio, e
assim sucessivamente (Figura 11).

Parallel data transfer


b7 b6 b5 b4 b3 b2 b1 b0

Serial
data 0 0 1 1 0 1 0 0
reception
Figura 11. Transformação série-paralelo.
Comunicações serial e paralela 11

O modo de transmissão designa o número de unidades elementares de informações


(bits) que podem ser transmitidas simultaneamente pelo canal de comunicação. Um
processador (o computador) nunca trata (no caso dos processadores recentes) só um
bit de cada vez, ele trata vários ao mesmo tempo (na maior parte do tempo 8, ou seja,
um byte). É por isso que a ligação básica em um computador é chamada de paralela.

Como exemplo, citamos a comunicação entre um computador e uma impressora.


Os bits da informação são enviados por meio de vários caminhos simultaneamente
(Figura 12).

Figura 12. Exemplo de comunicação paralela entre um computador e uma impressora.

Leituras recomendadas

CAPRON, H. L.; JOHNSON, J. A. Introdução à Informática. 8. ed. São Paulo: Pearson, 2004.
MONTEIRO, M. A. Introdução à organização de computadores. 5. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2007.
TANENBAUM, A. S. Organização estruturada de computadores. 5. ed. São Paulo: Pe-
arson, 2006.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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