Programa de Fluência de Leitura Oral em grupo: tradução e adaptação
Perante a crise vivida na educação brasileira demonstrada pelos baixos índices de
desempenhos em leitura dos escolares nos sistemas de avaliações tanto nacionais quanto internacionais1-5 e as evidências científicas demonstradas por meio de revisões da literatura sobre a importância da fluência para uma boa compreensão na leitura traz um alerta para a importância de programas interventivos que podem auxiliar no desenvolvimento da fluência e compreensão da leitura6-8. Desta forma, o objetivo do estudo foi de traduzir e adaptar um programa de fluência de leitura para escolares 3º ao 5º ano do Ensino Fundamental I para aplicação em grupo. Este estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa e foi realizado após a aprovação do mesmo sob o número 3.490.290, CAAE 14642819.2.0000.5406. Foi realizada a tradução e adaptação do manual do programa9 e de seus materiais de implementação com base em propostas de pesquisadores que apresentam técnicas para guiar a adaptação de instrumentos psicológicos de uma cultura para outra a fim de diminuir os vieses da cultura da qual o instrumento original provém10. Foram realizados os seguintes procedimentos: tradução inicial; síntese; retro-tradução; revisão por um comitê e realização de um pré-teste (estudo piloto). Os escolares participantes do estudo piloto foram selecionados por meio de um rastreio com a avaliação da fluência de leitura oral e foi utilizada a tabela de referência proposta pelo programa de fluência. Os escolares verificados como de risco no rastreio foram divididos em quatro grupos, de acordo com o desempenho, para aplicação do programa: Grupo “Rosa”: dois escolares do 3° ano, Grupo “Verde”: dois escolares do 4° ano, Grupo Amarelo: três escolares do 4° ano e Grupo “Laranja”: três escolares do 5° ano. O Programa HELPS-PB para grupos foi implementado por aproximadamente três vezes por semana com duração de 35 a 45 minutos por sessão, por dez sessões de intervenção. O programa traduzido e adaptado foi implementado por aproximadamente três vezes por semana com duração de 35 a 45 minutos por sessão. Todos os grupos receberam dez sessões de intervenção (duração média de um mês de aplicação). Cada participante da aplicação do programa respondeu, de forma independente, uma escala de aceitabilidade de três itens. Após o estudo piloto, pôde-se concluir que houve viabilidade de implementação em 3 vezes na semana; o tempo previsto de uma sessão completa foi de 45 a 50 minutos; a aplicação do piloto também demostrou que os escolares não apresentaram nenhuma dificuldade de compreensão quanto aos comandos e instruções das atividades; e os escolares demonstraram contentamento e divertimento frente aos prêmios que ganharam, com o ganho de bônus de estrelas e até mesmo com o uso do cronômetro. Com a aplicação do estudo piloto, foi possível traduzir e adaptar um programa de fluência de leitura para escolares 3º ao 5º ano do Ensino Fundamental I, sendo a intervenção viável para aplicação em grupo dentro da rotina escolar.
REFERÊNCIAS
1. Brasil. Ministério da Educação. Avaliação nacional da alfabetização (ANA):
documento básico, Brasília, DF: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. 2013; 20 p. 2. ______. Ministério da Educação. Relatório 2013-2014, Vol. 2. Análise dos resultados, Brasília, DF: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. 2015; 124 p. 3. ______. Ministério da Educação. Resultados. Sistema de Avaliação da Educação Básica. Edição 2015, Brasília, DF: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. 2016; 49 p. 4. ______. Ministério da Educação. Cartilha SAEB 2017, Brasília, DF: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. 2017; 18 p. 5. OCDE-Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Brasil no PISA 2015: análises e reflexões sobre o desempenho dos estudantes brasileiros. São Paulo: Fundação Santillana. 2016. 6. Kostewicz DE et al. A review of fixed fluency criteria in repeated reading studies. Reading Improvement. 2016; 53(1): 23-41. 7. Stevens EA, Walker MA, Vaughn S. The effects of reading fluency interventions on the reading fluency and reading comprehension performance of elementary students with learning disabilities: a synthesis of the research from 2001 to 2014. J Learn Disab. 2017; 50(5): 576-590. 8. Lee J, Yoon SY. The effects of repeated reading on reading fluency for students with reading disabilities: a meta-analysis. J Learn Disab. 2017; 50(2): 213-224. 9. Cassepp-Borges V, Balbinotti MAA, Teodoro MLM. Tradução e validação de conteúdo: uma proposta para a adaptação de instrumentos. In: Pasquali L. Instrumentação psicológica: fundamentos e práticas. Porto Alegre: Artmed; 2010: 506-520. 10. Begeny JC et al. Initial evidence for using the Helps Reading Fluency Program with small instructional groups. SPF. 2012; 6(3):50-63.
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