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Revista

Portuguesa
de Educação

Escala de avaliação das estratégias


de aprendizagem (ensino
profissionalizante): Adaptação
e estudos psicométricos

RESUMO

O objetivo deste estudo foi investigar as propriedades psicométricas da Carla Priscila da Silva
Escala de Avaliação das Estratégias de Aprendizagem para alunos do Ensino Pereirai
Universidade São
Profissionalizante (EAVAP-EP). Esta escala foi adaptada do contexto do en- Francisco, Campus de
sino fundamental para o ensino profissionalizante por meio de um estudo Campinas/SP, Brasil
focal com cinco professores e 11 alunos. A evidência de validade de con-
Acácia Aparecida Angeli
teúdo da EAVAP-EP foi investigada mediante a análise de seis juízes espe- dos Santosii
cialistas e estudo piloto com 24 alunos que indicaram a representatividade Universidade São
e a compreensão dos itens adaptados. A evidência de validade baseada na Francisco, Campus de
Campinas/SP, Brasil
estrutura interna da EAVAP-EP foi obtida com uma amostra de 401 alunos. A
análise de componentes principais indicou a variância explicada de 31,37% Adriana Satico Ferraziii
da escala. Os 28 itens foram distribuídos em três dimensões: cognitivas, me- Universidade São
Francisco, Campus de
tacognitivas e metacognitivas disfuncionais, com cargas fatoriais acima de Campinas/SP, Brasil
0,30. Verificou-se, ainda, a estimativa de fidedignidade da EAVAP-EP (escala
total: α = 0,86). Sugere-se a utilização da EAVAP-EP no contexto do ensino
profissionalizante e a continuidade das pesquisas com o instrumento.

Palavras-chave: Estratégias cognitivas; Estratégias


metacognitivas; Avaliação psicoeducacional.

1. INTRODUÇÃO

O Ensino Profissionalizante (EP) tem por objetivo formar o aluno para o


desempenho de profissões de nível técnico. Esta modalidade de ensino vem
ganhando visibilidade no Brasil como uma política que busca atender às
demandas socioeconómico-ambientais. O EP é muito procurado devido à sua
duração ser mais breve e os custos mais baixos em comparação a um curso de
nível superior. Para os alunos mais jovens, o EP pode ser uma alternativa para
conseguir um emprego, enquanto que, para os alunos mais velhos, cursar
este tipo de ensino configura-se como meio de melhorar as suas qualificações
profissionais e de reinserção no mercado de trabalho (Brasil, 2012, 2018).
Diferente do que ocorre com os níveis de Ensino Básico e Superior,
a grelha curricular desta modalidade de ensino confere maior ênfase ao

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desenvolvimento de habilidades específicas de profissões técnicas, a partir da


execução de tarefas práticas. A interdisciplinaridade do EP exige da Instituição
de Ensino o desenvolvimento e a aplicação de estratégias pedagógicas que
possibilitem a compreensão dos alunos acerca da proposta desta modalida-
de de ensino, centralizada na integração dos aspetos teóricos com a prática
profissional (Slaats et al., 1999). Por sua vez, é exigida do aluno uma certa
flexibilidade para que se faça a sua adaptação às situações de aprendizagem,
que o aproximam da realidade do exercício profissional e que costumam ocor-
rer num curto período de tempo (Brasil, 2012, 2018; Jossberger et al., 2019;
Slaats et al., 1999).
Uma forma de lidar com as demandas inerentes às especificidades do
EP é agregar aos recursos pedagógicos o uso de estratégias de aprendizagem
cognitivas e metacognitivas. Estas estratégias são definidas como sequências
integradas de procedimentos ou atividades que visam otimizar a aquisição, o
armazenamento e a utilização do conteúdo transmitido ao aluno (Jossberger
et al., 2019; Pozo, 1996). As estratégias cognitivas são utilizadas pelos alunos
de modo intencional na execução das atividades académicas, ajudando-os a
procurar pela informação, o que envolve o ensaio, a elaboração e a organização
(ex.: anotar o conteúdo das aulas) (Boruchovitch, 1999; Cash, 2016; Dembo &
Eaton, 2000; Jossberger et al., 2019; Liu, 2009; Oliveira et al., 2010). Por sua
vez, as estratégias de aprendizagem metacognitivas estão relacionadas com
a regulação dos aspetos cognitivos e afetivos. São procedimentos que o aluno
aplica para planear, organizar, monitorizar e regular o próprio pensamento e
a habilidade de aprender a aprender sobre as diversas possibilidades de rea-
lizar com êxito as tarefas do curso profissionalizante (ex.: simular situações
para recriar o conteúdo aprendido) (Boruchovitch,1999; Cash, 2016; Dembo
& Eaton, 2000; Flavell,1979; Oliveira et al., 2010; Pozo, 1996).
Especialmente no que diz respeito ao processo de ensino e aprendi-
zagem, conjetura-se que o uso adequado destas estratégias pode auxiliar os
alunos de cursos profissionalizantes na sua rotina de estudos. Isto porque,
nos diversos níveis de ensino, quando as estratégias de aprendizagem são
bem aplicadas pelos alunos, tendem a facilitar a realização das atividades e
contribuir para o bom desempenho académico (Costa & Boruchovitch, 2015;
Kikas & Jõgi, 2015; Jossberger et al., 2019; Santos & Alliprandini, 2017). A tí-
tulo de exemplo, intervenções com o objetivo de desenvolver as estratégias de
aprendizagem na educação básica em vários domínios e disciplinas (ex.: es-
crita e biologia) resultaram num aumento no repertório de estratégias, acres-
cida da eficácia na sua utilização constatada na elevação do desempenho dos
alunos (Costa & Boruchovitch, 2015; Santos & Alliprandini, 2017). O estímulo
à utilização de estratégias de aprendizagem também foi preditor do bom de-
sempenho em leitura, compreensão de leitura e em matemática ao longo dos
anos escolares (Kikas & Jõgi, 2015).
Ao fazer uma comparação com os alunos do Ensino Superior, Slaats
et al. (1999) já indicavam a existência de diferenças nos tipos de estratégias
de aprendizagem empregadas pelos alunos do EP em decorrência das parti-
cularidades desse público, bem como pelas distinções desses ambientes edu-
cacionais. Esses autores observaram que os alunos do EP eram menos esti-
mulados a refletir sobre o próprio comportamento, o que pode ter impactado

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na verbalização de um número menor de estratégias, em relação aos alunos


do Ensino Superior. Ao analisar os tipos de estratégias utilizadas na aprendi-
zagem teórica e prática exigidas no EP, os alunos desta modalidade de ensino
apresentaram tanto o uso de procedimentos mais superficiais (ênfase cogni-
tiva), centralizados na reprodução literal dos conteúdos das aulas (ex.: reler
a matéria), como o emprego de métodos mais profundos (ênfase metacogni-
tiva), que exigiam a compreensão e a elaboração sobre o tema abordado (ex.:
parafrasear os textos).
No EP existem indícios de que os alunos utilizam mais as estratégias
cognitivas de aprendizagem, direcionadas à organização do tempo e à mo-
bilização de recursos para realizar as tarefas do curso. As estratégias meta-
cognitivas tendem a ser aplicadas pelos alunos para automonitorizar as suas
ações com foco no alcance de bons resultados (Jossberger et al., 2019). Num
sentido mais amplo, as estratégias metacognitivas são preditivas da satisfação
do aluno com o curso profissionalizante. Ao comparar alunos matriculados e
egressos, essa relação é maior para os alunos que finalizaram o curso, suge-
rindo que as estratégias de aprendizagem, voltadas para a automonitorização
e autorregulação, estão relacionadas com a qualidade da formação e quanto
ela os capacita para a atuação profissional (Oliveira, Teixeira, & Santos, 2019).
Posto isto, o presente estudo teve por objetivo a adaptação e a inves-
tigação das propriedades psicométricas da Escala de Avaliação das Estratégias
de Aprendizagem para o Ensino Fundamental (EAVAP-EF; Oliveira et al., 2010)
para o contexto do Ensino Profissionalizante no Brasil. A EAVAP-EF é um ins-
trumento de autorrelato que avalia as estratégias cognitivas e metacognitivas
de alunos do Ensino Fundamental em situações de estudo e aprendizagem.
Os estudos realizados com a EAVAP-EF têm ampliado o entendi-
mento sobre a adoção de estratégias de aprendizagem nos níveis de Ensino
Fundamental e Médio. No Ensino Fundamental, alunos com bom desempe-
nho em Língua Portuguesa e Matemática apresentaram um repertório maior
de estratégias de aprendizagem quando comparados àqueles com desempe-
nho inferior (Cruvinel & Boruchovitch, 2004). A incidência do uso de estra-
tégias de aprendizagem também parece variar entre os sexos – as meninas
afirmaram utilizar mais estratégias do que os meninos – e entre os ciclos do
Ensino Fundamental – os alunos do primeiro ciclo apresentaram maior uso
de estratégias do que os alunos do segundo ciclo (Oliveira et al., 2011). Ainda
no Ensino Fundamental, os alunos que possuem a perceção de que o uso de
estratégias cognitivas e metacognitivas está relacionado com as caracterís-
ticas de bons estudantes apresentaram um número maior de estratégias de
aprendizagem em comparação aos alunos que não conseguiam realizar essa
associação (Gomes & Boruchovitch, 2005). Por sua vez, a EAVAP-EF acrescida
de itens adaptados para o EP aplicada em alunos do Ensino Médio, permitiu
verificar a ausência de estratégias metacognitivas disfuncionais. Este resul-
tado tende a ser positivo, tendo em vista que a presença destas estratégias
poderia prejudicar os alunos na preparação e realização das tarefas escolares.
Estes alunos também utilizavam as estratégias cognitivas e metacognitivas de
modo equiparável (Oliveira et al., 2017).

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No tocante ao EP, Scacchetti, Oliveira, e Moreira (2015) realizaram a


adaptação da EAVAP-EF para esta modalidade de ensino. No entanto, o estudo
psicométrico inicial com a versão adaptada indicou baixo índice de consis-
tência interna no fator Estratégias Metacognitivas (α = 0,57), possivelmente
pela dificuldade de aquilatar os aspetos da regulação, autoperceção e planea-
mento desta dimensão teórica. Perante este resultado, as autoras ponderam
sobre a presença de eventuais problemas na adaptação da escala para a rea-
lidade do EP na dimensão das estratégias metacognitivas, visto que este tipo
de ensino prioriza as estratégias cognitivas (ex.: repetição). Mediante o ex-
posto, Scacchetti et al. (2015) apontam para a continuidade de estudos com
a proposta de adaptar a EAVAP-EF para o EP, a fim de obter uma medida mais
apropriada para a avaliação das estratégias de aprendizagem nessa modali-
dade de ensino, com especial atenção para as especificidades das estratégias
metacognitivas.
Os estudos supracitados enfatizam o papel das estratégias no proces-
so de aprendizagem e indicam a necessidade de investigá-las no EP. Enfatiza-
se que instrumentos de medida apropriados a esse contexto de ensino podem
fornecer apoio pedagógico às demandas específicas de aprendizagem dos
alunos, sendo um recurso a ser utilizado, por exemplo, por psicólogos escola-
res (Titon & Zanella, 2018). Estes aspetos reforçam a potencial contribuição
do presente estudo, centralizada na adaptação dos itens da EAVAP-EF para o
EP (Estudo 1), bem como na investigação das suas propriedades psicométri-
cas iniciais, essenciais para que o instrumento seja aplicado em alunos desta
modalidade de ensino (American Educational Research Association, American
Psychological Association, & National Conuncil on Measurement in Education
[AERA, APA, & NEME], 2014). Deste modo, pretende-se conferir a evidência
de validade de conteúdo (Estudo 2), e a evidência de validade de consistên-
cia baseada na estrutura interna acrescida da investigação das estimativas de
precisão para a versão adaptada da EAVAP-EF (Estudo 3).

2. ESTUDO 1: MÉTODO, RESULTADOS E DISCUSSÃO

Participaram da etapa de adaptação da EAVAP-EF cinco docentes do Ensino


Profissionalizante, sendo 60% (n = 3) do sexo masculino e 40% (n = 2)
do sexo feminino. Também compuseram a amostra 11 alunos de cursos
profissionalizantes, a saber: Técnico em Enfermagem 18% (n = 2), Logística
9% (n = 1), Estética 18% (n = 2), Massoterapia 27% (n = 1), e Podologia 28%
(n = 3). A maior parte da amostra era do sexo feminino (n = 10; 91%). Quanto
à escolaridade, 64% (n = 7) dos alunos tinham o Ensino Médio completo, 18%
(n = 2) possuíam o Ensino Superior completo e 18% (n = 2) o Ensino Superior
incompleto.
Neste estudo foram usados quatro instrumentos de coleta de dados,
nomeadamente:
• Ficha de identificação (Pereira, 2016) – Teve por objetivo coletar as
informações sociodemográficas dos participantes. Estas informa-
ções referiam-se ao nome, idade e sexo (docentes e alunos); tipo de
curso profissionalizante e escolaridade (somente alunos);

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• Escala de Avaliação de Estratégias de Aprendizagem para o Ensino


Fundamental (EAVAP-EF; Oliveira et al., 2010) – Esta escala pos-
sui 37 itens divididos em três fatores - Ausência de Estratégias
Metacognitivas Disfuncionais, Estratégias Cognitivas e Estratégias
Metacognitivas. A chave de resposta é tipo Likert de 3 pontos (“2
= sempre”, “1 = às vezes” e “0 = nunca”). Os itens do fator Ausência
de Estratégias Metacognitivas Disfuncionais devem ter a pontuação
invertida. O instrumento pode ser aplicado de forma individual ou
coletiva. A pontuação mínima da escala é de 0 pontos e a máxima de
74 pontos. A EAVAP-EF possui evidência de validade de consistência
interna (31,14% da variância explicada total) e estimativas de pre-
cisão - escala total e Fator Ausência de Estratégias Metacognitivas
Disfuncionais, α = 0,80; Estratégias Cognitivas, α = 0,74; Estratégias
Metacognitivas, α = 0,62; e evidência de validade de critério concor-
rente, tendo como variável de critério o rendimento escolar repre-
sentado pelo desempenho nas disciplinas de Língua Portuguesa e
Matemática;
• Roteiro para a entrevista com os professores (Pereira, 2016) –
Composto por quatro itens referentes às sugestões dadas pelo pro-
fessor aos alunos, sobre o uso de estratégias de aprendizagem, a fim
de auxiliá-los no curso; apresentação da EAVAP-EF aos professores;
avaliação da compatibilidade do conteúdo dos itens da escala para os
alunos do ensino profissionalizante; e sugestões dos professores de
estratégias de aprendizagem utilizadas pelos alunos e que não cons-
tavam nos itens da escala;
• Roteiro para a discussão do grupo focal com os alunos (Pereira, 2016)
– Possui 6 itens que visam o acesso às estratégias de aprendizagem
utilizadas pelos alunos do ensino profissionalizante. O conteúdo des-
tes itens abarca os aspetos teóricos e práticos do curso.

Mediante a autorização para a realização da presente pesquisa por


uma Instituição de Ensino Privada do interior de São Paulo que oferece o
Ensino Profissional Técnico de Nível Médio, a proposta de pesquisa foi en-
caminhada e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade à
qual está vinculada (CAAE: 41689415.2.00005514; Parecer de aprovação nº
971.269). Na recolha de dados, seguiram-se todos os procedimentos éticos
para pesquisas com seres humanos previstas pela Resolução CNS 510/2016
do Conselho Nacional de Saúde (Brasil, 2016). O procedimento de recolha de
dados com os professores englobou o convite, o agendamento daqueles que
aceitaram participar da pesquisa e a autorização do docente por meio da sua
assinatura no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Aplicou-se a Ficha de Identificação e o Roteiro para a entrevista
com os professores. Em seguida, solicitou-se que os professores avaliassem
a adequação dos itens da EAVAP-EF em relação às estratégias que os alunos
utilizam ou deveriam utilizar no processo de aprendizagem. Os profissionais
foram convidados a sugerir outras estratégias utilizadas no ensino profissio-
nalizante que não estivessem contempladas na escala, observando principal-
mente o conteúdo prático que é característico desta modalidade de ensino.

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Por fim, foi-lhes perguntado a respeito da compreensão dos itens, indagando


se a forma como estavam descritos favorecia o entendimento pela população
à qual se destina.
As entrevistas foram gravadas com autorização dos participantes, e
ao final cada professor indicou dois alunos para participar do grupo focal. O
procedimento de recolha de dados com os alunos abarcou a assinatura destes
no TCLE. Realizaram-se três grupos focais com cerca de quatro alunos cada.
A duração de cada grupo foi de 30 minutos e as discussões foram conduzidas
seguindo o Roteiro para a discussão do grupo focal com os alunos. A EAVAP-
EF não foi apresentada aos alunos para não interferir nas suas sugestões de
estratégias.
Após a transcrição das entrevistas com os professores e alunos, os
dados foram avaliados qualitativamente, por meio de análise do seu conteú-
do. Todos os comentários que sugeriram o uso de estratégias de aprendiza-
gem foram organizados numa planilha de dados, item a item.
As entrevistas com os professores resultaram em 65 sugestões de es-
tratégias de aprendizagem. Após a exclusão das estratégias repetidas, perma-
neceram 41 sugestões. No tocante à EAVAT-EF, não houve objeções dos pro-
fessores aos itens da escala. Todavia, os profissionais sugeriram o acréscimo
de itens relacionados com a execução prática de procedimentos, devido ao
facto de as aulas do EP serem focadas em metodologias ativas que proporcio-
nam a ação-reflexão-ação (Brasil, 2018). Alguns exemplos de itens sugeridos
pelos professores foram: “pesquisar aplicações dos conteúdos para a prática
profissional”; “praticar em casa as técnicas que aprendem em sala de aula”; e
“observar atentamente as práticas realizadas em sala de aula”.
Por sua vez, os relatos do grupo focal totalizaram 51 estratégias de
aprendizagem (já com a exclusão dos itens repetidos). Foram exemplos de
estratégias listadas pelos alunos: “reescrever em casa o conteúdo de sala de
aula” e “fazer projetos que aplique o conteúdo teórico em situações práticas
reais ou simuladas”.
As estratégias de aprendizagem indicadas por professores e alunos
foram comparadas e organizadas numa única lista. Com a unificação dos itens
semelhantes contidos nas duas listas, foram identificadas 52 estratégias de
aprendizagem, que foram comparadas com o conteúdo da EAVAP-EF. Com
base nesta comparação, foram excluídas as sugestões de estratégias que apre-
sentavam conteúdo análogo aos itens da escala, tais como “Estudar em cima
da hora”; “Anotar a explicação”; “Verificar se errou”; “Ler sobre o assunto que
o professor explicou”; “Ler e sublinhar o que é importante no texto”; “Fazer
resumos”; “Elaborar questões sobre o conteúdo a ser aprendido”; “Fazer rela-
ções do conteúdo com outros vistos anteriormente”. No final, permaneceram
42 sugestões de estratégias de aprendizagem que fundamentaram a elabo-
ração de 13 novos itens para compor a EAVAP-EF na versão para o Ensino
Profissionalizante - EAVAP-EP. Esses itens são apresentados na Tabela 1.

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Tabela 1

Itens Elaborados para Compor a EAVAP-EP


Tabela 1
Itens Elaborados para Compor a EAVAP-EP
Itens Classificação
Para aprender mais você costuma revisar as técnicas
1 Cognitiva
assistindo vídeo-aulas online?
Durante as aulas práticas, você anota o passo a passo
2 Cognitiva
dos procedimentos ?
Para memorizar uma técnica você costuma fazer
3 Cognitiva
desenhos?
Para aprender mais, você costuma fazer treino mental
4 Metacognitiva
das situações práticas?
Você costuma confrontar as práticas que você mesmo
5 Metacognitiva
pesquisa com os que lhes foram ensinados em aula?
Você costuma procurar por ilustrações e desenhos
6 Cognitiva
quando está revisando as técnicas aprendidas?
Você se distrai enquanto o professor ou os colegas Metacognitiva
7
repetem uma técnica? disfuncional
Você cria situações simuladas para treinar as técnicas
8 Metacognitiva
aprendidas?
Para aprender melhor você pratica em casa as técnicas
9 Metacognitiva
que aprende na escola?
Você procura relacionar o conteúdo aprendido com
10 Metacognitiva
situações reais?
Ao fazer projetos para aplicar o conteúdo teórico à
Metacognitiva
11 prática você costuma ignorar as orientações do
disfuncional
professor quanto ao passo a passo a ser realizado?
Você elabora checklist ou roteiros para as atividades
12 Cognitiva
práticas que vai desenvolver?
Você costuma acessar páginas de mídias sociais e Metacognitiva
13
aplicativos como o Whatsapp durante as aulas? disfuncional

Com base na Tabela 1, observa-se que tanto os itens relacionados


com as estratégias de aprendizagem cognitivas, como metacognitivas refle-
tem as especificidades do EP por se referir à transferência do conteúdo apren-
dido nas aulas e às habilidades que são desenvolvidas para o contexto prático
(Jossberger et al., 2019; Oliveira et al., 2019; Slaats et al., 1999). O uso efetivo
destas estratégias de aprendizagem por parte dos alunos tende a favorecer o
seu bom desempenho no curso (Santos & Alliprandini, 2017; Scacchetti et al.,
2015). Em contrapartida, os itens das estratégias metacognitivas disfuncio-
nais refletem comportamentos que prejudicam o processo de ensino e apren-
dizagem no EP, principalmente a falta de atenção nas aulas e o acesso às redes
sociais (Ganda & Boruchovitch, 2016).

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3. ESTUDO 2

Neste estudo, os 13 itens elaborados no Estudo 1 para compor a EAVAP-EP


foram submetidos à verificação de evidência de validade de conteúdo. Os
31 itens selecionados da EAVAP-EF não foram avaliados nem pelos juízes e
nem no estudo piloto, por já possuírem esse tipo de validação reportada no
manual do instrumento (Oliveira et al., 2010). Este estudo teve duas fases,
nomeadamente a da análise dos juízes e a do estudo piloto.

FASE 1 – ANÁLISE DOS JUÍZES: MÉTODO, RESULTADOS E


DISCUSSÃO
Participaram desta fase do estudo de adaptação da EAVAP-EP seis juízes.
Todos os juízes possuíam Doutoramento, sendo quatro com especialidade em
Psicometria e conhecimento sobre as estratégias de aprendizagem. Os outros
dois eram doutores com experiência em estratégias de aprendizagem.
Nesta fase do estudo 2 foi usado um instrumento de coleta de da-
dos, nomeadamente o Formulário de juízes (Pereira, 2016) – Os 13 itens
construídos no Estudo 1 para compor a EAVAP-EP foram avaliados pelos juí-
zes segundo a adequação da linguagem ao público-alvo (alunos do Ensino
Profissionalizante), a adequação ao objetivo do instrumento (avaliar as estra-
tégias de aprendizagem) e a indicação de novos itens. No formulário os juízes
também classificaram os itens como pertencentes a uma das seguintes cate-
gorias: (a) estratégia cognitiva, (b) estratégia metacognitiva ou (c) estratégia
metacognitiva disfuncional. Além disso, poderiam sugerir uma nova forma de
estruturar a questão, caso o conteúdo lhes fosse incompreensível.
O convite de participação da pesquisa e o formulário de avaliação
dos itens foi enviado para os juízes por e-mail. A participação dos juízes deu-
-se mediante o seu consentimento no TCLE. As respostas dos juízes foram
analisadas com base na sua concordância e conteúdo. A comparação das res-
postas foi feita item a item. Excluíram-se os itens cuja concordância entre os
juízes apresentasse um percentual inferior a 80 (Pasquali, 1999).
De entre os itens avaliados, 3 foram excluídos por apresentarem con-
cordância abaixo de 80% por parte dos juízes (itens 4, 6 e 10 da Tabela 1).
Outros três itens foram reformulados, dada a relevância que detinham nas
descrições dos grupos focais e nas entrevistas com os professores enquanto
estratégias específicas para o EP (itens 6, 7 e 9 da Tabela 2). Três itens que
obtiveram concordância dos juízes superior a 80% também foram reformu-
lados para melhor se adequarem ao aporte teórico, contexto e público-alvo
avaliado, conforme indicam Scacchetti et al. (2015) quanto à necessidade de
abordar as estratégias de aprendizagem o mais próximo possível da realidade
do EP (itens 1, 4 e 10 da Tabela 2). Estes itens foram classificados pelos juízes
de acordo com a compatibilidade teórica das estratégias de aprendizagem.
Na classificação final, 4 itens foram alocados na dimensão cognitiva, 3 na di-
mensão metacognitiva e 3 na dimensão metacognitiva disfuncional. Os itens
resultantes da análise de juízes são expostos na Tabela 2.

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Tabela 2de Avaliação das Estratégias de Aprendizagem
Escala 83

Itens para a EAVAP-EP após a Análise de Juízes


Tabela 2
Itens para a EAVAP-EP após a Análise de Juízes

Itens Classificação
Para reforçar a aprendizagem você costuma assistir
1 Cognitiva
vídeos online?
Durante as aulas práticas, você anota o passo a passo
2 Cognitiva
dos procedimentos ?
Para memorizar uma técnica você costuma fazer
3 Cognitiva
desenhos?
Você costuma confrontar os procedimentos técnicos
4 que você mesmo pesquisa com os que lhes foram Metacognitiva
ensinados em aula?
Você se distrai enquanto o professor ou os colegas Metacognitiva
5
repetem uma técnica? disfuncional
Você faz simulações para treinar as técnicas
6 Metacognitiva
aprendidas?
Você pratica em casa as técnicas que aprende na
7 Cognitiva
instituição de ensino?
Ao fazer projetos para aplicar o conteúdo teórico à
Metacognitiva
8 prática, você costuma ignorar as orientações do
disfuncional
professor quanto ao passo a passo a ser realizado?
Você elabora roteiros para as atividades práticas que vai
9 Cognitiva
desenvolver?
Durante a aula você costuma acessar páginas de mídias
Metacognitiva
10 sociais e aplicativos como o WhatsApp, mesmo sem
disfuncional
relação com o conteúdo estudado?

A partir da análise de juízes especialistas foi concluída a primeira


etapa do presente estudo, respeitante à análise da evidência de validade de
conteúdo da EAVAP-EP. Os resultados desta avaliação indicam que o conteúdo
dos novos itens reflete as estratégias de aprendizagem cognitivas e metacog-
nitivas para o Ensino Profissionalizante (AERA, APA, & NMCE, 2014; Borsa &
Seize, 2017).

FASE 2 – ESTUDO PILOTO: MÉTODO, RESULTADOS E DISCUSSÃO


A amostra foi composta por 28 alunos dos Ensino Profissionalizante,
matriculados nos últimos módulos do curso de técnico em Enfermagem,
sendo 96,5% (n = 27) do sexo feminino. Todos os alunos tinham o Ensino
Médio completo. Os participantes apresentavam tempo médio de pausa entre
o ensino regular e o curso profissionalizante de 4,05 anos, variando de zero a
12 anos de pausa entre o curso anterior e o atual.
Nesta fase do estudo 2 foi usado um instrumento de coleta de dados,
nomeadamente o Formulário de Estudo Piloto contendo os novos itens elabo-
rados na Fase 1 (vide Tabela 2) para compor a EAVAP-EP – Os alunos foram
orientados a examinar a clareza e a compreensão da redação das sentenças e
conteúdo dos itens, bem como dar sugestões de reescrita de itens e de subs-
tituição de palavras.

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Escala de Avaliação das Estratégias de Aprendizagem 84

A pesquisa ocorreu em sala de aula mediante a autorização dos do-


centes. Os alunos responderam ao Formulário de Estudo Piloto mediante a
assinatura ao TCLE.
As respostas dos alunos ao Formulário de Estudo Piloto foram anali-
sadas de forma quantitativa e qualitativa.
Os 10 itens avaliados pelos alunos apresentaram uma compreen-
são de 100%, sugerindo que eles não tiveram dificuldades em compreendê-
-los. Este resultado indica que os alunos consideraram que as estratégias de
aprendizagem cognitivas e metacognitivas nesses itens representam a rotina
de estudos do EP, consoante com os estudos de Scacchetti et al. (2015). Estas
estratégias também são compatíveis com as especificidades identificadas no
processo de aprendizagem desta modalidade de ensino, centralizada no de-
senvolvimento e utilização de meios que possibilitem que o aluno consiga ar-
ticular os aspetos teóricos com a prática (Brasil, 2018).
Os itens avaliados pelos alunos no estudo piloto foram somados aos
31 itens da EAVAP-EF para compor a EAVAP-EP, que ficou com 41 itens. Os re-
sultados obtidos no estudo piloto acrescidos aos achados da análise de juízes
indicam a evidência de validade de conteúdo à EAVAP-EP (AERA et al., 2014).

4. ESTUDO 3: MÉTODO, RESULTADOS E DISCUSSÃO

Participaram do estudo de evidência de validade de consistência interna 401


alunos de uma escola profissionalizante do interior paulista. Estes alunos
eram dos cursos técnicos em Enfermagem, n = 164 (40,9%); Turismo, n = 23
(5,7%); Farmácia, n = 80 (20%); Administração, n = 42 (10,5%); Estética, n =
56 (14%), Moda, n = 10 (2,5%); Logística, n = 16 (2,5 %) e Recursos Humanos,
n = 16 (4%). Destes alunos, 87,8% eram do sexo feminino (n = 352), com
idade variando entre 18 e 67 anos com (M = 27,29; DP = 9,04). Quanto à
escolaridade, 89,5 % (n = 359) tinham Ensino Médio, 7,2% (n = 29) Ensino
Superior completo e 2,5% (n = 10) Ensino Superior incompleto. O tempo de
pausa nos estudos variou de 0 a 27 anos (M = 4,69; DP = 5,64).
Nesta fase do estudo 3 foi usado um instrumento de coleta de dados,
nomeadamente a Escala de Avaliação de Estratégias de Aprendizagem para
o Ensino Profissionalizante (EAVAP-EP; Pereira & Santos, 2016) – A versão
adaptada da EAVAP-EF, a EAVAP-EP, possui 41 itens voltados para a avalia-
ção das estratégias de aprendizagem de alunos do Ensino Profissionalizante.
Estas estratégias referem-se às dimensões teóricas Ausência de Estratégias
Metacognitivas Disfuncionais (16 itens), Estratégias Cognitivas (16 itens) e
Estratégias Metacognitivas (9 itens). A chave de resposta é tipo Likert de três
pontos - “2 = sempre”, “1 = às vezes” e “0 = nunca”. Nos itens da dimensão teó-
rica Ausência de Estratégias Metacognitivas Disfuncionais a pontuação deve
ser invertida. No tocante à interpretação da escala, altas pontuações indicam
maior uso de estratégias adequadas de aprendizagem e vice-versa. A pontua-
ção mínima é de 0 pontos e máxima de 82 pontos.

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Escala de Avaliação das Estratégias de Aprendizagem 85

Seguiram-se todos os procedimentos éticos mencionados no Método


do Estudo 1. Após os alunos assinarem o TCLE, a EAVAP-EP foi aplicada cole-
tivamente e em horário de aula. O tempo médio de resposta ao instrumento
foi de 15 minutos.
Os dados foram analisados por meio do software Statistical Package
for Social Sciences (SPSS) - versão 22.0. Aplicaram-se as seguintes análises
estatísticas: teste de Esfericidade de Barttlet; examinou-se o índice Kaiser-
Meyer-Olklin (KMO); a análise de componentes principais - rotação Varimax,
e a análise de consistência interna por meio do coeficiente alfa - índices inter-
pretados com base em Murphy e Davidsholder (1988).
Anteriormente à análise fatorial exploratória, verificou-se a existên-
cia de correlação entre os itens da EAVAP-EP, por meio do teste de Esfericidade
de Barttlet = 3472,186 (p < 0,001). A adequação da amostra foi averiguada
pelo índice de KMO = 0,840. Por conseguinte, os 41 itens da EAVAP-EP foram
submetidos à análise fatorial exploratória, por meio de diferentes métodos
de extração, encontrando na análise de componentes principais com rotação
Varimax a melhor solução.
Inicialmente, foram sugeridos 12 fatores com autovalores acima de
1,0 capazes de explicar 56,54% da variância total. Com a finalidade de confir-
mar a determinação do número de componentes a serem extraídos, foi utili-
zada a análise paralela, que indicou 5 componentes que explicaram 36% da
variância da EAVAP-EP. Foram realizadas análises forçadas para 5 e 4 compo-
nentes; no entanto, os resultados encontrados não foram satisfatórios devido
a falta de compatibilidade teórica dos itens nos dois componentes adicionais.
Desse modo, a solução foi elaborada com três componentes conforme pressu-
posto teórico da escala original (EAVAP-EF).
Posteriormente, foi realizada uma nova análise de componentes
principais com rotação Varimax forçada para três componentes que explica-
ram 28,98% da variância, obtendo a distribuição dos itens por componentes.
A partir dos índices obtidos com esta análise excluíram-se os itens cuja carga
fatorial foi inferior à 0,30 (4 itens) e também os itens que carregaram fora do
fator esperado, levando-se em conta o aporte teórico da escala (2 itens). Após
a exclusão destes itens, realizou-se nova análise de componentes principais
forçada para três fatores, que explicaram 31,47% da variância da EAVAP-EP.
Com base nos índices desta análise, 1 item foi excluído por apresentar car-
ga fatorial inferior a 0,30. A partir da exclusão deste item, efetuou-se outra
análise de componentes principais, cuja variância explicada da escala foi de
31,37% e a distribuição dos itens por componentes permaneceram dentro
da composição teórica esperada e com cargas fatoriais acima de 0,30. Estes
índices são apresentados nas Tabelas 3, 4 e 5.

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Tabelade3 Avaliação das Estratégias de Aprendizagem
Escala 86

Distribuição de itens que carregam no Componente Ausência de estratégias


Tabela 3
metacognitivas disfuncionais
Distribuição de itens que carregam no Componente Ausência de estratégias
metacognitivas disfuncionais

Nº. do
Cargas
item Itens
Fatoriais
original
25 Você costuma esquecer-se de fazer as coisas que seu professor
0,68
(a) pede?
26 Você costuma se distrair ou pensar em outra coisa quando está
0,63
lendo ou fazendo o dever de casa?
28 Você costuma se esquecer de fazer o dever de casa? 0,60
36 Você se distrai enquanto o professor ou os colegas repetem
0,55
uma técnica?
12 Você se sente cansado quando lê, estuda ou faz o dever de
0,54
casa?
15 Você costuma ficar pensando em outra coisa quando o professor
0,50
(a) está dando explicações?
41 Durante as aulas você costuma acessar páginas de mídias
sociais e aplicativos, mesmo sem relação com o conteúdo 0,50
estudado?
8 Quando o seu professor (a) está explicando uma matéria nova,
0,50
você costuma ficar pensando em outra coisa
23 Depois que você senta para fazer a lição de casa, costuma ficar
0,48
se levantando toda hora para pegar algum material?
21 Quando você está fazendo uma tarefa difícil, costuma ficar
0,47
muito nervoso?
3 Você costuma estudar ou fazer o dever de casa na “última
0,44
hora”?
7 Você costuma desistir quando uma tarefa é difícil ou chata? 0,43

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Tabelade4 Avaliação das Estratégias de Aprendizagem
Escala 87

Distribuição dos itens que carregam no Componente Estratégias Cognitivas


Tabela 4
Distribuição dos itens que carregam no Componente Estratégias Cognitivas
Nº. do
Cargas
item Itens
Fatoriais
original
10 Quando você termina de estudar para uma prova, costuma fazer
0,65
questões para si próprio para ver se entendeu bem o que estudou?
11 Quando você lê um texto, procura escrever com suas palavras o
0,63
que entendeu da leitura, para poder estudar depois?
20 Você cria perguntas e respostas sobre o assunto que está
0,60
estudando?
38 Você pratica em casa as técnicas que aprende na instituição de
0,59
ensino?
5 Você costuma ler outros textos e livros sobre o assunto que o (a)
0,57
professor (a) explicou em aula?
9 Você costuma fazer um esquema usando as ideias principais do
0,55
texto?
17 Você resume os textos que o professor (a) pede para estudar? 0,54
34 Para memorizar uma técnica você costuma fazer desenhos? 0,53
4 Quando você está assistindo a uma aula, costuma anotar o que o
professor (a) está falando, mesmo quando ele (a) não manda ou 0,51
não escreve nada na lousa?
32 Para reforçar a aprendizagem você costuma assistir vídeos online? 0,48
33 Durante as aulas práticas, você anota o passo a passo dos
0,46
procedimentos?
16 Quando você aprende uma coisa nova, costuma relacionar aquilo
0,46
que está aprendendo com alguma coisa que você já sabia?
40 Você elabora roteiros para as atividades práticas que vai
0,45
desenvolver?
1 Você costuma grifar as partes do texto para aprender melhor? 0,44
14 Quando você estuda, lê a matéria e depois fecha o caderno e fala
0,43
em voz alta tudo o que entendeu?
Tabela
2 5Quando você está fazendo uma redação, costuma fazer uma lista
0,41
de ideias antes de começar a escrever?
Distribuição dos itens que carregam no Componente Estratégias Metacognitivas – 3ª
Tabela 5
análise
Distribuição dos itens que carregam no Componente Estratégias
Metacognitivas – 3ª análise

Nº. do Cargas
item Itens Fatoriai
original s
22 Quando você estuda, percebe se não está conseguindo
0,75
aprender?
13 Você percebe quando está com dificuldade para aprender
0,75
determinados assuntos ou matérias?
29 Você percebe quando não entende o que está lendo? 0,68
6 Quando você estuda, costuma perceber que não esta
0,46
entendendo aquilo que está estudando?
27 Quando percebe que não entendeu o que leu, costuma parar
0,33
para ler novamente?

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Escala de Avaliação das Estratégias de Aprendizagem 88

Após análise da estrutura interna dos itens da EAVAP-EP, foram es-


timados os índices de precisão da escala por meio do coeficiente alfa. Para
o fator Ausência de Estratégias Metacognitivas Disfuncionais, α = 0,78, fator
Estratégias Cognitivas, α = 0,83 e para o fator Estratégias Metacognitivas, α =
0,62. A EAVAP-EP total obteve α = 0,86.
A variância explicada dos fatores que compõem a presente versão
adaptada da EAVAP-EP foi consoante a escala original (Oliveira et al., 2010).
Os itens da EAVAP-EP dispostos nas Tabelas 3, 4 e 5 são condizentes com o
aporte teórico que fundamenta o instrumento e com a rotina de aprendizagem
vivenciada pelos alunos do Ensino Profissionalizante (Brasil, 2018; Oliveira et
al., 2019; Pozo, 1996; Scacchetti et al., 2015; Titon & Zanella, 2018). O fator
Estratégias Cognitivas representa o conteúdo referente ao ensaio, à elabora-
ção e a organização utilizados pelos alunos durante os estudos e/ou atividades
práticas. Do mesmo modo, os fatores Ausência de Estratégias Metacognitivas
Disfuncionais e Estratégias Metacognitivas são condizentes com os compo-
nentes das estratégias metacognitivas, relativas ao planejamento, o monito-
ramento e a regulação do comportamento (Dembo & Eaton, 2000; Oliveira
et al., 2019; Oliveira et al., 2010). Em especial no que diz respeito ao fator
Estratégias Metacognitivas, observou-se que a presente adaptação da EAVAP-
EF para o Ensino Profissionalizante obteve um índice de consistência interna
ligeiramente maior (α = 0,62) em comparação à versão adaptada do instru-
mento por Scacchetti et al. (2015), cujo coeficiente alfa foi de 0,57. Apesar
de o índice de consistência interna ser igual ao da escala original (EAVAP-
EF; Oliveira et al., 2010), reconhece-se que este valor é considerado baixo,
o que requer novas investigações deste índice em futuras pesquisas com a
EAVAP-EP.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo promoveu a adaptação da EAVAP-EF para o EP - EAVAP-EP, e a


averiguação das propriedades psicométricas deste instrumento, relativas à
sua evidência de validade de conteúdo, evidências de validade baseada na
estrutura interna e as estimativas de fidedignidade. Estes resultados sugerem
que a EAVAP-EP pode ser utilizada por psicólogos, coordenadores pedagógicos
e professores, entre outros profissionais envolvidos na Educação, para avaliar
quais os tipos de estratégias de aprendizagem que os alunos do EP possuem
mais ou menos desenvolvidas. Conjetura-se que os resultados dessa avaliação
podem subsidiar a elaboração ou a revisão de práticas pedagógicas com a
finalidade de desenvolver nos alunos a habilidade de empregar as estratégias
cognitivas e metacognitivas para facilitar a aprendizagem do conteúdo das
disciplinas, assim como aplicar o que é aprendido. Nesse sentido, o uso das
estratégias de aprendizagem pode favorecer o desempenho dos alunos em
atividades que envolvem a simulação dos exercícios práticos aplicados em
sala de aula ou extra-aula, e também nos estágios, onde o aluno precisa
utilizar os conhecimentos adquiridos durante a formação profissionalizante
para exercer a profissão técnica.

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Escala de Avaliação das Estratégias de Aprendizagem 89

Apesar de o tempo de formação do EP ser mais curto quando com-


parado ao Ensino Superior, sugere-se que o desenvolvimento das estratégias
de aprendizagem, principalmente as metacognitvas, além de contribuir para
o desempenho académico dos alunos, também se traduz num meio de promo-
ver a sua autonomia. Neste sentido, aponta-se para a articulação entre o con-
texto do ensino com o trabalho, ao pressupor que os alunos que conseguem
utilizar estratégias de aprendizagem compatíveis com aquilo que é solicitado
nas atividades do curso também sejam mais conscientes sobre as habilidades
que devem ser desenvolvidas para exercer a profissão. Assim sendo, o uso
intencional das estratégias de aprendizagem e a autonomia pode contribuir
para a inserção do aluno no mercado de trabalho, visto que é exigido cada vez
mais a flexibilidade e a contínua capacitação dos profissionais.
Como sugestão de estudos futuros, sugere-se a investigação acerca
do uso de estratégias de aprendizagem por parte dos alunos do EP, acresci-
da de outros construtos e habilidades ligados tanto ao ambiente académico
como organizacional, como, por exemplo, a motivação, a adaptação ao curso
e os motivos da evasão e permanência no EP. Uma vez que a EAVAP-EP apre-
sentou propriedades psicométricas iniciais adequadas, aponta-se para a sua
potencial contribuição para ampliar o conhecimento acerca do uso de estra-
tégias de aprendizagem nessa modalidade de ensino. À vista disto, recomen-
da-se a continuidade das investigações das propriedades psicométricas deste
instrumento, com o propósito de elevar a sua qualidade, o que beneficiará
tanto a comunidade científica como os profissionais da prática, ambos atuan-
tes no âmbito do EP. A divulgação dos resultados deste estudo, bem como
a execução de futuras pesquisas com a EAVAP-EP denotam a relevância da-
quilo que é produzido no campo da Avaliação Psicológica e Educacional para
a consolidação da Psicologia Escolar e Educacional como uma ciência, cujo
conteúdo deve ser utilizado pelos profissionais da Psicologia para nortear e
fundamentar a sua atuação no contexto do EP.

AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (capes) - Código de
Financiamento 001.

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Informação dos autores:

i Universidade São Francisco, Campus de Campinas/SP, Brasil.


https://orcid.org/0000-0003-4911-3471

ii Universidade São Francisco, Campus de Campinas/SP, Brasil.


https://orcid.org/0000-0002-8599-7465

iii Universidade São Francisco, Campus de Campinas/SP, Brasil.


https://orcid.org/0000-0002-9856-0094

Toda a correspondência relativa a este artigo deve ser enviada


para:

Adriana Satico Ferraz


Rua Engenheiro Augusto de Figueiredo, 707, Apto 52 Bl H,
Vila Progresso
Campinas, São Paulo, 13045-603, Brasil
adrianasatico.as@gmail.com

Recebido em 20 de dezembro de 2019


Aceite para publicação em 29 de abril 2020

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Escala de Avaliação das Estratégias de Aprendizagem 92

Learning strategies assessment scale for vocational education:


Adaptation and psychometric studies

ABSTRACT

This study aimed to investigate the psychometric properties of the Learning


Strategies Assessment Scale for students in Vocational Education (EAVAP-
EP). We adapted this scale from Middle School to vocational education
through a focal study with five teachers and 11 students. Through the ex-
pert judge’s analysis and a pilot study with 24 students that evaluated the
representativeness and comprehension of the adapted items of EAVAP-EP,
we obtained the content validity of the EAVAP-EP. Afterwards, 401 students
participated in the search for validity evidence based on EAVAP-EP internal
structure. Principal component analysis indicated the explained variance
of 31.37% of the instrument. EAVAP-EP presented 28 items divided into
three dimensions: cognitive, metacognitive, and dysfunctional metacogni-
tive. Factor loadings were above 0.30. The EAVAP-EP reliability estimate
was also verified (total scale: α = 0.86). We suggest the use of EAVAP-EP in
the context of vocational education and the continuity of research with the
instrument.

Keywords: Cognitive strategies; Metacognitive


strategies; Psychoeducational assessment.

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Escala de Avaliação das Estratégias de Aprendizagem 93

Escala de evaluación de estrategias de aprendizaje para la


educación vocacional: Adaptácion y estudios psicométricos

RESUMEN

Este estudio tuvo como objetivo investigar las propiedades psicométricas


de la Escala de Evaluación de Estrategias de Aprendizaje para estudiantes
de Educación Vocacional (EAVAP-EP). Adaptamos la escala del contexto de
la educación básica a la educación vocacional a través de un estudio focal
con cinco maestros y 11 estudiantes. A través del análisis de seis jueces
expertos y un estudio piloto con 24 estudiantes que evaluó la representa-
tividad y la comprensión de los elementos adaptados de EAVAP-EP, obtuvi-
mos la validez de contenido del EAVAP-EP. Posteriormente, 401 estudian-
tes participaron en la investigación de evidencia de validez basada en la
estructura interna EAVAP-EP. El análisis del componente principal indicó
la varianza explicada del 31,37% del instrumento. EAVAP-EP presentó 28
ítems divididos en tres dimensiones, a saber, cognitiva, metacognitiva y
metacognitiva disfuncional. Las cargas factoriales fueran superiores a 0,30.
También se verificó la estimación de fiabilidad EAVAP-EP (escala total: α =
0,86). Sugerimos el uso de EAVAP-EP en el contexto de la educación voca-
cional y la continuidad de la investigación con el instrumento.

Palabras clave: Estrategias cognitivas; Estrategias


metacognitivas; Evaluación psicoeducativa.

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