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EDIÇÃO ESPECIAL
Editor Executivo: Sebastião Alves Ferreira - Fundação Jardim Botânico de Poços de Caldas
Ernesto de Oliveira Canedo Júnior - Universidade do Estado de Minas Gerais - Unidade Poços de
Caldas
Designer Gráfico: Rafael de Souza Mendes da Silva - Fundação Jardim Botânico de Poços de Caldas
Conselho Editorial:
Allan Arantes Pereira - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais
Anne Priscila Dias Gonzaga - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)
César Augusto Bronzatto Medolago - Universidade Federal de São Carlos - Campus Sorocaba
Evandro Luiz Evandro Luiz Mendonça Machado - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)
Gerson Oliveira Romão - Universidade de São Paulo / Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz
Mireile Reis dos Santos - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas
Rafael Hansen Madail - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas
Trimestral
1. Botânica 2.Zoologia
I. Título
CDD:580
CDU:58+59
Fotografia da capa:
Versão Eletrônica:
jardimbotanico.pocosdecaldas.mg.gov.br
Apresentação
Revista RegnelleaScientia
É um periódico científico da Fundação Jardim Botânico de Poços de Caldas, dedicado a
publicações em formato de artigo científico, resenha, nota técnica e revisão bibliográfica. O
nome “Regnellea” é uma homenagem ao botânico Anders Fredrik Regnell.
Missão
Incentivar a produção científica nas áreas ambientais.
Áreas de abrangência
Ecologia, Botânica, Zoologia, Agronomia, Educação Ambiental e Etnobiologia, Gestão
Ambiental, Geologia e Conservação da Natureza.
Submissão
Artigos científicos, resenhas, notas técnicas e revisões bibliográficas, podem ser envia- dos
em qualquer período do ano seguindo as diretrizes para autores. A avaliação é realizada aos
pares e as cegas, o trabalho original tem sua autoria removida antes de ser encaminhado para
um especialista.
Não é necessário que o autor ou coautores possuam vínculo com a Fundação Jardim
Botânico de Poços de Caldas.
Periodicidade
A revista Regnellea Scientia possui periodicidade trimestral eletrônica.
* Parte do epitáfio em monumento construído pelo governo sueco em 1901, homenageando Anders Fredrik Regnell no
município de Caldas, Minas Gerais, Brasil.
ISSN 2525-4936 (Versão eletrônica)
ISSN 2358-0178 (Versão impressa)
SCIENTIA
Revista Científica da Fundação Jardim Botânico de Poços de Caldas e do PPGCA/UNIFAL
Sumário / Contents
Danielle Piuzana Mucida, Bernardo Machado Gontijo, Marcelino Santos de Morais, Luciano
Cavalcante de Jesus França, Matheus Pereira Ferreira, Jussiara Dias dos Santos NARRANDO
A PAISAGEM DO SÉCULO XIX AOS DIAS ATUAIS: GEODIVERSIDADE E
BIODIVERSIDADE DO ESPINHAÇO................................................................................ 139
Anne Priscila Dias Gonzaga & Evandro Luiz Mendonça Machado PAISAGENS E
VEGETAÇÃO DA REGIÃO DO ESPINHAÇO MERIDIONAL.....................................162
Antônio Carlos de Godoy Silva Carneiro, Bianca Massula, Diego Tassinari, Carlos Victor
Mendonça Filho FENOLOGIA DE LEGUMINOSAE HERBÁCEO-ARBUSTIVAS EM
ÁREAS DE CAMPO RUPESTRE NO ESPINHAÇO MERIDIONAL............................186
Cristiane Fernanda Fuzer Grael, Mônica Maciel Guimarães, Thaísa Clara Ornelas Otoni
PESQUISAS COM PLANTAS MEDICINAIS NA REGIÃO DO ESPINHAÇO........... 201
Danielle Piuzana Mucida1, Bernardo Machado Gontijo2, Marcelino Santos de Morais3, Luciano Cavalcante de
Jesus França4, Matheus Pereira Ferreira5, Jussiara Dias dos Santos6
1
Professora Associada, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Curso de Geografia; Pós-
Graduação em Ciência Florestal, Diamantina, MG, danielle.piuzana@ufvjm.edu.br;
2
Professor Associado, Universidade Federal de Minas Gerais, Curso de Geografia; Pós-Graduação em Geografia
e Análise Ambiental, Belo Horizonte, MG, bmgontijo@yahoo.com.br;
3
Professor Adjunto, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Curso de Geografia;
Diamantina, MG, marcelino.morais@ufvjm.edu.br;
4
Doutorando em Engenharia Florestal, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Departamento de
Ciências Florestais, Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG, lucianocjfranca@gmail.com;
5
Estudante do curso de Geografia, bolsista PIBIC-CNPQ; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri, Diamantina, MG; matheus.ferreira@ufvjm.edu.br;
6
Bacharel em Humanidades, Geógrafa, estudante da Especialização em Ensino de Geografia, Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, MG; jussiara.santos@ufvjm.edu.br.
ABSTRACT The Espinhaço Range has an expressive relevance of natural and cultural
attributes. This work aimed to draw a parallel between the geological and ecological importance
of Espinhaço Range, a weaving between 19th-century travel literature and the relevance of the
region's geodiversity and biodiversity today. Bibliographical research-based study.
Geodiversity comprises a variety of natural geological and geomorphological aspects of the
potential of a region's geological heritage. Biodiversity encompasses species that develop in an
ecosystem and can eventually subsidize planning on protecting conservation and maintenance
of specific areas. A more holistic look at Espinhaço Range indicated natural resource richness
present in citations from naturalist books and by the listing of geodiversity sites. In addition,
the Biosphere Reserve confirms the importance of the region in terms of biodiversity.
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amplamente citado além de ser uma fonte Mata-mata: [...] “atravessando a aldeia
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Quadro 1 (Continuação)
NOME LOCAL DESCRIÇÃO CADASTRO FONTE
Chaves, Meneghetti
Conglomerado Espinhaço Marco histórico da
Filho (2002);
Diamantífero Meridional, mineração do diamante no SIGEP
Kuchenbecker et al.
Sopa Diamantina, MG Brasil
(2016).
Morro do Pai Chapada Pedreira; Bonfim,
Marco Morfológico SIGEP
Inácio Diamantina, Bahia (2002)
Espinhaço Feição geomorfológica Chaves, Benitez,
Canyon do
Setentrional, de travessia completa da SIGEP Andrade, Sartori
Talhado
Porteirinha, MG Serra do Espinhaço (2009)
Marco estrutural,
Pico de Itabira, Quadrilátero
histórico e geográfico SIGEP Rosière et al. (2009)
MG - Ferrífero, MG
do Quadrilátero Ferrífero
Da lenda do Sabarabuçu
Ruchkys et al.
Serra da Quadrilátero ao patrimônio histórico,
SIGEP (2009); Ruchkys,
Piedade Ferrífero, MG geológico, paisagístico e
Machado (2013)
religioso
Espinhaço Primeira jazida de Chaves, Benitez,
Morro da Pedra
Setentrional (Grão diamantes minerada em SIGEP Andrade, Sartori
Rica
Mogol) rocha no mundo (2009)
Serra do Chapada Registro de um deserto
SIGEP Pereira et al. (2017)
Tombador Diamantina, BA proterozoico
Gruta do Serra do Caraça, A maior e mais profunda
Dutra, Rubbioli,
Centenário, Pico Quadrilátero caverna quartzítica do SIGEP
Horta (2002)
do Inficionado Ferrífero, MG mundo
Imponente relevo
Serra do Espinhaço Chaves, Benitez
Pico do Itambé́ residual na superfície SIGEP
Meridional, MG Andrade (2013)
de erosão Gondwana
Fazenda Cristal, Estromatólitos Srivastava; Rocha
Bahia SIGEP
BA mesoproterozoicos (2013)
Bacia de Quadrilátero Registro fossilífero, e Mello, Bergqvist,
SIGEP
Fonseca Ferrífero, MG depósitos de canga Sant` Anna, (2002)
Serra da Água Joaquim Felício
Vestígios de glaciação SIGEP Karfunkel, Noce,
Fria e (sul), Dequitai (sul-
neoproterozoica GEOSSIT Hoppe, (2002)
Vizinhanças sudeste), (MG)
Mariana,
Mina de História da Mineração; Sítio com autores
Quadrilátero SIGEP
Passagem Metalogenético confirmados
Ferrífero, MG
Paleoambiental; Aprovado e
Bacia do Quadrilátero
Sedimentar; SIGEP disponível para
Gandarela, MG Ferrífero
Estratigráfico descrição
Chapada Espeleológico - gruta de
Gruta do Lapão SIGEP – em análise
Diamantina, BA quartzito
Morro da Santana do Riacho, Estrutural – dobras em
SIGEP – em análise
Pedreira MG bainha
– em análise
Ígneo - Tubo de lava
Morro da Onça Crucilândia, MG SIGEP Ruchkys et al.
komatiítica arqueana
(2011)
Tectônica, uma falha
transcorrente brasiliana
que controla um depósito
Falha da Cata de ouro no quartzito Cavalcanti, Freitas,
Itabirito (MG) GEOSSIT
Branca Paleoproterozoico da Filho, Lima, (2020)
Formação Moeda,
Quadrilátero Ferrífero-
MG.
(Continua)
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Quadro 1 (Continuação)
NOME LOCAL DESCRIÇÃO CADASTRO FONTE
Espeleologia, uma caverna em
A Gruta da Ouro Preto mármore dolomítico Teixeira-Silva
GEOSSIT
Igrejinha (MG) Paleoproterozoico da Bacia Minas, et al. (2020)
Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais
Mineralização de Metalogenia, 1ª Companhia Cavalcanti,
Mariana
Ouro da Mina da Mineradora do Brasil criada durante GEOSSIT Lima; Silva
(MG)
Passagem o Governo Imperial (2020)
Metalogenia , Mineralização de
Ouro Preto Ouro nas Rochas do Supergrupo Cavalcanti et
Mina do Chico Rei GEOSSIT
(MG) Minas do Paleoproterozoico, no al. (2020)
Centro Histórico de Ouro Preto-MG
Fontes: SIGEP, GEOSSIT.
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naturalistas do século XIX para a região do estudos e estratégias para a conservação dos
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Figura 4: (a) Fitofisionomias e (b) bacias hidrográficas no contexto da RBSE. Fonte: Andrade et al., 2018.
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PAISAGENS E VEGETAÇÃO DA REGIÃO DO ESPINHAÇO MERIDIONAL
RESUMO Rica região fitogeográfica, a Serra do Espinhaço Meridional (SdEM), intriga pesquisadores
com sua singularidade e complexidade fisiográfica. O objetivo deste trabalho foi descrever as
variações ambientais e suas decorrentes interações na paisagem. As relações entre os aspectos
fisiográficos e a vegetação foram analisadas por meio de perfis dos diferentes elementos. Na SdEM a
cobertura vegetal é formada pelo ecótone dos biomas Cerrado e Mata Atlântica, com predomínio do
Cerrado na porção à oeste, com grande influência das formações savânicas e campestres. Sendo que à
leste, a vegetação é substituída abrupta ou em gradiente para formações vinculadas à Mata Atlântica,
especialmente as Florestas Estacionais. Essa variação pode também estar relacionada às condições
climáticas, e não apenas aos contatos biogeográficos. Com este trabalho ficou clara a influência dos
aspectos fisiográficos na formação e distribuição da vegetação na paisagem da SdEM, assim como a
relevância da sua conservação e suas espécies da flora.
Abstract A rich phytogeographic region, the Serra do Espinhaço Meridional (SdEM), intrigues
researchers due its uniqueness and physiographic complexity. Our objective was to describe how
environmental variations and their interactions resulted in the landscape. The relationships between
physiographic aspects and vegetation were analyzed using profiles of the different elements. In SdEM,
the vegetation is formed by the ecotone of the Cerrado and Atlantic Forest biomes, with a
predominance of the Cerrado in the western portion (savanna and grassland formations). In the east,
the vegetation is replaced abruptly or in gradient to Atlantic Forest formations, especially the Seasonal
Forests. This variation may also be explained by climatic conditions, and not just biogeographic
contacts. This work showed the influence of physiographic aspects on the formation and distribution
of vegetation in the SdEM landscape was clear, as well as the relevance of the conservation of SdEM
and its species of flora.
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Regnellea Scientia 7(4):162-186, 2021 GONZAGA, A. P. D. & MACHADO, E. L. M.
Esta porção apresenta, como um 2005; PEDREIRA, 2005), e por essa razão,
dos seus aspectos geológicos mais importante na manutenção dos recursos
marcantes a presença dos afloramentos hídricos que abastecem esse território
quartzíticos, com marcas deixadas pelos (MUCIDA et al., 2019; PEREIRA et al.
movimentos neotectônicos, de origem 2015; VERDI et al., 2015). Além disso, as
sedimentar que compõem o Supergrupo cachoeiras existentes na região
Espinhaço (MUCIDA et al. 2019; representam relevante atrativo turístico e
PEREIRA et al., 2015). excelente possibilidade para alternativa de
Geomorfologicamente compõe uma faixa renda da sua população (VERDI et al.,
montanhosa com altitude média de 1.250 2015). Por outro lado, o turismo, se
m acima do nível do mar, tendo seu ponto realizado de forma desordenada, a
culminante em torno de 2.060 m no Pico potencial geração de energia hidrelétrica,
do Itambé, município de Serro (NEVES et aliados às atividades de mineração e
al., 2005; PEREIRA et al. 2015; SAADI, extração de areia, colocam a SdEM em
1995). situação de alto risco ambiental
A SdEM possui clima do tipo Cwb (FRANÇA, 2018; FRANÇA et al., 2018;
(subtropical de altitude) segundo a FRANÇA et al., 2019; VERDI et al.,
classificação de Köppen, com verões 2015).
brandos e úmidos e invernos frescos e Os primeiros indícios da ocupação
secos, porém este último podendo ser humana na SdEM remontam à pré-história,
influenciado pelo relevo. As precipitações e estes estão presentes nos diversos sítios
e temperaturas médias anuais variam entre arqueológicos, nas cavernas e suas pinturas
1.250 e 1.550 mm e 18° e 19°C, rupestres encontrados no Espinhaço
respectivamente (VERDI et al., 2015). Os Meridional (FAGUNDES et al., 2020;
solos da SdEM são, em virtude do seu FAGUNDES; GRECO, 2018;
material de origem, geralmente arenosos, FAGUNDES et al., 2017). Com a
rasos e pedregosos (BENITES et al., 2007; colonização dos bandeirantes, a partir do
PEREIRA et al. 2015; VERDI et al., século XVII, a atividade minerária foi a
2015), com presença marcante de principal fonte de recursos financeiros
afloramentos rochosos (PEREIRA et al. nesta região. Porém, com a decadência da
2015; VERDI et al., 2015). mineração no século XIX, a agricultura
A SdEM é um divisor fundamental ganhou espaço na economia da SdEM
entre as bacias dos rios São Francisco, (MARTINS, 2000; PEREIRA, 2005;
Doce e Jequitinhonha (FRAGA et al., VERDI et al., 2015). Atualmente,
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culturais e históricos), tanto que esta tem pesquisa bibliográfica e etapas de campo.
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Regnellea Scientia 7(4):162-186, 2021 GONZAGA, A. P. D. & MACHADO, E. L. M.
Nacional para a conservação da flora vai do sopé oeste da Serra do Cabral (17º
ameaçada de extinção da Serra do 47’ 34,13” S e 44º 30’ 3,87” W) até o sopé
Espinhaço Meridional (POUGY et al., leste do Pico do Itambé (18º 28’ 33,53” S e
2015). 43º 11’ 58,74” W). O segundo trecho
As pesquisas foram realizadas por escolhido (Figura 1) tem um total de 44
meio dos buscadores Scholar Google, Web Km, estendendo-se do sopé oeste da Serra
of Science e o Portal de Periódicos da do Intendente (19º 1’ 24,03” S e 43º 33’
Capes a partir das palavras chaves: 7,50” W), passando pela Cachoeira do
Vegetação da Serra do Espinhaço, Campos Tabuleiro até o sopé leste da Serra do Sapo
Rupestres, Serra do Espinhaço, Rupestrian (18º 59’ 15,70” S e 43º 21’ 8,31” W).
Fields, Espinhaço Range. Nesta busca foi Para cada um dos trechos foram
utilizada metodologia de associação de registrados os seguintes aspectos
todos os termos nas buscas dos artigos fisiográficos, a saber: (i) distribuição da
(CAPES, 2019; GONÇALVES et al., litologia predominante; (ii) aspectos
2020). Nesta revisão foram incluídos climáticos mais influentes; (iii)
trabalhos de dissertações e teses de distribuição das coberturas pedológicas; e
programas de Pós-Graduação brasileiros (iv) distribuição vegetal no contato
disponíveis nos repositórios institucionais fitogeográfico entre os biomas Cerrado e
e visitas in loco. Mata Atlântica. Para a realização destes
registros foram utilizadas bases
Relação entre aspectos fisiográficos e a
cartográficas de dados digitais vetoriais
vegetação
(formato shapefile), em sua maioria,
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Figura 2: Mapas com a distribuição dos aspectos litológicos (A), climáticos (B), pedológicos
(C) e fitofisionômicos (D) predominantes da região da Reserva da Biosfera da Serra do
Espinhaço (RDSE), com a localização dos dois trechos avaliados no presente estudo. Fonte:
os autores.
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VERDI et al., 2015), ambos considerados avança ao leste da SdEM, essa vegetação é
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Figura 6: Vista geral de áreas de formações florestais na Serra do Espinhaço Meridional: (A)
Floresta Estacional Semidecidual em encosta no município de Diamantina; (B) Mata Ciliar do
Rio Preto no Parque Estadual do Rio Preto; (C) Interior de um fragmento de Cerradão em
Felício dos Santos. Fonte: os autores.
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Figura 7: Vista geral de áreas de formações campestres sob influência rochosa na Serra do
Espinhaço Meridional: (A) Campo Rupestre Quartzítico na Área de Proteção Ambiental de
Uso Sustentável Rio Manso, em Couto de Magalhães de Minas; (B) Cerrado Rupestre em
Felício dos Santos; (C) Campo Rupestre Ferruginoso no Parque Estadual do Biribiri. Fonte:
os autores.
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Figura 9: Vista geral de áreas de formações florestais na Serra do Espinhaço Meridional: (A)
Floresta Ombrófila em Conceição do Mato Dentro; (B) Floresta Estacional Semidecidual sob
afloramento de quartzito (“Complexo Rupestre”) no Parque Nacional das Sempre Vivas; (C)
mosaico floresta-campo: Campos Limpos Úmidos (turfeiras) e das ilhas florestais (“Capões
de mata”) no Parque Nacional das Sempre Vivas. Fonte: os autores.
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JACOBI, C. M.; LEMOS-FILHO, J. P.; meridional. In: POUGY, N., VERDI, M.,
LE STRADIC, S.; MORELLATO, L. P. C; MARTINS, E., LOYOLA, R.,
NEVES, F. S.; OLIVEIRA, R. S.; MARTINELLI, G. Plano de ação
SCHAEFER, C. E.; VIANA, P. L.; nacional para a conservação da flora
LAMBERS, H. Ecology and evolution of ameaçada de extinção da serra do
plant diversity in the endangered campo Espinhaço Meridional Rio de Janeiro,
rupestre: a neglected conservation priority. Jardim Botânico do Rio de
Plant Soil, v. 403, p. 129–152, 2016. DOI: Janeiro/CNCFlora, p. 19- 34. 2015.
http://dx.doi.org/10. 1007/s11104-015-
2637-8. VIANA, P. L.; LOMBARDI, J. A.
Florística e caracterização dos campos
SOS MATA ATLÂNTICA - Relatório rupestres sobre canga na Serra da Calçada,
Técnico período 2017-2018. São Paulo: Minas Gerais, Brasil. Rodriguésia, v. 58,
Fundação SOS Mata Atlântica, 69p. 2019. p. 159-177, 2007.
186
FENOLOGIA DE LEGUMINOSAE HERBÁCEO-ARBUSTIVAS EM ÁREAS DE
CAMPO RUPESTRE NO ESPINHAÇO MERIDIONAL
Antônio Carlos de Godoy Silva Carneiro1, Bianca Massula2, Diego Tassinari3 & Carlos Victor Mendonça Filho4
1
Gerente da Área de Proteção Ambiental Estadual das Águas Vertentes (APAEAV), Instituto Estadual de
Florestas (IEF), Distrito de Milho Verde - Serro (MG), antonioyerab@gmail.com
2
Engenheira Florestal, Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Superintendência de
Licenciamento Ambiental, Contagem (MG), biancamassula@yahoo.com.br
3
Bolsista de Pós-Doutorado, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Pós-Graduação em
Produção Vegetal, Diamantina (MG), diego.tassinari@yahoo.com.br
4
Professor Titular, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Departamento de Ciências
Biológicas, Diamantina (MG), cvmendonca@gmail.com
188
CARNEIRO, A. C. G. S. et al. Regnellea Scientia 7(4):186-200, 2021
que foram comparados com as normais de 1961 a 1990 (INMET, 2021, Figura 2).
190
CARNEIRO, A. C. G. S. et al. Regnellea Scientia 7(4):186-200, 2021
Quadro 1. Lista das espécies de Leguminosae selecionadas para estudo fenológico nas áreas
de campos rupestres localizadas no campus JK da UFVJM, Diamantina-MG. As espécies
assinaladas com asterisco (*) foram também estudadas em campos rupestres ferruginosos no
Parque Estadual do Itacolomi (DUTRA et al., 2009).
Síndrome de
Subfamília/espécie Hábito Cor da flor Polinizadores
Dispersão
CAESALPINIOIDEAE
Chamaecrista choriophylla (Vogel) H.S. Irwin
Erva Amarela Abelhas Autocoria
& Barneby
*Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip Arbusto Amarela Abelhas Autocoria
Chamaecrista debilis (Vogel) H.S. Irwin &
Arbusto Amarela Abelhas Autocoria
Barneby
Senna rugosa (G.Don) H.S. Irwin & Barneby Arbusto Amarela Abelhas Zoocoria
CLADO MIMOSÓIDE
*Mimosa aurivillus Mart. Arbusto Amarela Mariposas Autocoria
Arbustivo-
Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville Amarela Abelhas Zoocoria
arbóreo
Abarema brachystachya (DC.) Barneby &
Arbusto Branca Mariposas Zoocoria
J.W.Grimes
PAPILIONOIDEAE
Arbustivo-
Andira cf. paniculata Benth. Roxa Abelhas Zoocoria
arbóreo
Centrosema venosum Mart. ex Benth. Erva Lilás Abelhas Autocoria
*Crotalaria micans Link Arbusto Amarela Abelhas Autocoria
Dalbergia miscolobium Benth. Arbóreo Branca Abelhas Anemocoria
Galactia martii DC. Trepadeira Rosa Abelhas Autocoria
*Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw. Erva Amarela Abelhas Autocoria
Zornia latifolia DC. Erva Amarela Abelhas Zoocoria
191
Regnellea Scientia 7(4):186-200, 2021 CARNEIRO, A. C. G. S. et al.
com algumas espécies perdendo folhas até provavelmente devido aos vários meses
outubro, no final da estação seca. Não foi com precipitação inferior à normal. Este
observada queda de folha no início da padrão de queda de folhas tem sido
estação úmida, de novembro de 2007 a extensivamente descritos para outras áreas
fevereiro de 2008 (Figura 2). Neste ano, o com estações secas pronunciadas, como
pico de queda de folhas foi bem maior, e reportado para a caatinga no nordeste do
atingiu seu máximo em agosto de 2008, Brasil (MACHADO et al., 1997).
193
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Figura 5. (A) Padrões de floração (B) Padrões de frutificação; e (C) síndromes de dispersão
de frutos de Leguminosae herbáceo-arbustivas em áreas de campo rupestre da Cadeia do
Espinhaço, Diamantina-MG.
195
Regnellea Scientia 7(4):186-200, 2021 CARNEIRO, A. C. G. S. et al.
Quadro 2 Fenograma das espécies de Leguminosae selecionadas para estudo fenológico nas áreas de Campos Rupestres localizadas no campus
JK da UFVJM, Diamantina-MG, monitoradas de Outubro de 2006 a fevereiro de 2009. Legenda: * Flores em antese ☼.
Espécies O N D J F M A M J J
A S O N D J F M A M J J A S O N D J F
* * * * * * * * * * *
Chamaecrista choriophylla
☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
Chamaecrista desvauxii
☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
Chamaecrista debilis
☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼
* * * * * * * * * * * * *
Senna rugosa
☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼
* * * * * * * * * * * * * *
Mimosa aurivillus
☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼
* * *
Stryphnodendron adstringens
☼ ☼ ☼
* * * * * * * *
Abarema brachystachya
☼ ☼ ☼ ☼
*
Andira cf. paniculata
☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼
* * * * * * * * * * * * *
Centrosema venosum
☼
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
Crotalaria micans
☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼ ☼
Dalbergia miscolobium
☼ ☼ ☼
* * * * * * * * * * * *
Galactia martii
☼
* * * * * * * * * * * * * * * * *
Stylosanthes guianensis
☼ ☼ ☼ ☼
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
Zornia latifolia
☼
Meses do ano O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F
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200
PESQUISAS COM PLANTAS MEDICINAIS NA REGIÃO DO ESPINHAÇO
Cristiane Fernanda Fuzer Grael1, Mônica Maciel Guimarães2, Thaísa Clara Ornelas Otoni3
1
Professora, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Departamento de Farmácia e
Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, Diamantina (MG), cris.grael@ufvjm.edu.br;
2
Discente de pós-graduação, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Programa
de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, Diamantina (MG), monica.guimaraes@ufvjm.edu.br;
3
Farmacêutica e Mestre em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri (UFVJM), Diamantina (MG), thaisa_clara@yahoo.com.br.
RESUMO Este artigo foi organizado de acordo com palestra proferida durante o “I
Workshop da Flora do Espinhaço”, promovido pelo Herbário Dendrológico Jeanine Felfili em
2017. O conteúdo da palestra foi atualizado e tem como objetivo indicar os principais
trabalhos de Etnofarmacobotânica, Etnofarmacologia e Fitoquímica com plantas medicinais
nativas do Espinhaço e adjacências que têm sido desenvolvidos na Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Os estudos são feitos por pesquisadores e
discentes de iniciação científica e de pós-graduação da UFVJM, sendo que alguns desses
trabalhos são realizados em parcerias com pesquisadores de outras instituições.
ABSTRACT This article was organized according to a lecture given during the “I Workshop
da Flora do Espinhaço”, promoted by the Jeanine Felfili Dendrological Herbarium in 2017.
The content of the lecture was updated and aims to indicate the main works of
Ethnopharmacobotany, Ethnopharmacology and Phytochemistry with medicinal plants native
to Espinhaço and surrounding areas that have been developed at the Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). The studies are carried out by researchers and
scientific initiation and graduate students at UFVJM, and some of these researches are carried
out in partnership with researchers from other institutions.
202
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203
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de pessoas mais jovens pela cultura local seu uso popular. Os ensaios in vivo e in
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chave nos trabalhos realizados. Imagens Ecologia, dentre outras. Vale destacar que,
das exsicatas de seis espécies são essas espécies vegetais carecem de estudos
apresentadas no Apêndice 1. fitoquímicos e etnofarmacológicos. Assim,
Há espécies que foram encontradas é imprescindível o incentivo e
e foram citados seus usos medicinais nas financiamento público para o
duas regiões: Serro (no Espinhaço) e desenvolvimento de pesquisas dessa
Araçuaí (adjacente ao Complexo do natureza. Outro fator importante que
Espinhaço); já, outras plantas eram justifica esse tipo de estudo é o seu
utilizadas somente em uma das regiões. relevante papel na valorização e,
Isso pode indicar conjuntos de saberes consequentemente, na preservação da flora
diferenciados entre as duas regiões, o que nativa local.
pode ser reflexo de diferenças culturais ou
Estudos Etnofarmacológicos e
do endemismo e da distribuição
Fitoquímicos e avaliação de outras
diferenciada das espécies (ocorrência mais
atividades biológicas
aparente em uma região em detrimento da
outra); porém, essa é uma hipótese que Na Tabela 2 estão selecionados e
ainda merece ser investigada. Nesses apresentados resumidamente alguns
levantamentos observou-se que os exemplos de estudos etnofarmacológicos e
informantes-chave (raizeiros, conhecedores fitoquímicos realizados na UFVJM com
de plantas nativas, benzedeiras) em sua espécies vegetais, bem como, exemplos de
maioria, eram pessoas idosas. Observa-se algumas pesquisas com extratos de plantas
que estas regiões tem sofrido com a medicinais com o objetivo de analisar
intervenção humana em sua paisagem outras atividades biológicas além das
natural, o que interfere na distribuição das atividades terapêuticas relatadas.
plantas medicinais. Dessa forma, esses são
alguns fatores que justificam essas
pesquisas que tem por objetivo registrar de
forma sistematizada o conhecimento
popular para que esses saberes não caiam
no esquecimento e sejam fonte para outras
pesquisas em diferentes áreas do
conhecimento, tais como Botânica,
Farmácia, Medicina, Antropologia,
208
Regnellea Scientia 7(4): 201-217, 2021 GRAEL, C. F. F. et al.
Cactaceae
Cereus jamacaru DC.
Mandacaru Anticaspa Araçuaí Cactácea endêmica
(Figura 1C)
Fabaceae
Copaifera langsdorffii Copaíba, Burton, D’Orbgni,
Cicatrizante Araçuaí e Serro
Desf. Pau d´óleo Martius, Saint-Hilaire
Problemas
Senna occidentalis (L.) Burton, Langsdorffii,
hepáticos,
Link Fedegoso Araçuaí e Serro Martius, Saint-Hilaire,
intestinais;
purgativo
Burton, Langsdorffii,
Stryphnodendron Cicatrizante;
Martius, Pohl, Saint-
adstringen (Mart.). Coville Barbatimão infecção Araçuaí e Serro
Hilaire
de garganta
Dom
Rubiaceae Palicourea Depurativo;
Bernando,
rigida Kunth diurético; Serro Martius, Saint-Hilaire
Douradinha
(Figura 1E) inflamação
do Campo
Remijia ferruginea (A.St.- Febre;
Hil.) DC. problemas Burton, Martius,
Quina Araçuaí e Serro
(Figura 1F) estomacais; Saint-Hilaire
vermífugo
* A indicação das citações feitas pelos naturalistas está de acordo com: Brandão et al. (2008b,
2012a, 2012b), Brandão (2015) e Saint-Hilaire (2009).
209
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Tabela 2: Estudos etnofarmacológicos, fitoquímicos e avaliação de atividades biológicas realizados na UFVJM com extratos de espécies
vegetais da Cadeia do Espinhaço.
Usos
Família/ Nomes populares Resultados de Estudos Outras atividades biológicas
Estudos Etnofarmacológicos
Espécie populares* relatados na Fitoquímicos avaliadas
literatura*
Cumarinas, mono-, sesqui- e
Asteraceae Diminuição da expressão
triterpenos (AVELAR-
Ageratum Analgésico; de citocinas pró-inflamatórias por
Enxota, FREITAS et al., 2015; Controle de insetos (AVELAR-
fastigiatum anti- linfócitos (AVELAR-FREITAS
Mata-pasto GONÇALVES FREITAS et al., 2013; TAVARES
(Gardner) R.M. inflamatório et al., 2015;
et al., 2011; et al., 2012)
King & H. Rob. SOUZA et al., 2019)
SOUZA et al., 2019)
Controle de insetos, alelopática
Derivados de ácido quínico,
Pseudobrickellia Arnica do Analgésico; (herbicida, inibição de germinação
Inibição da produção de citocinas flavonoides, mono-, sesqui-,
brasiliensis campo, anti- de sementes), antimicrobiana
pró-inflamatórias por linfócitos di- e triterpenos (ALMEIDA
(Spreng.) R.M. Arnica do inflamatório; (CARDOSO et al.,2020; RIBEIRO
(ALMEIDA et al., 2017) et al., 2017; AMORIM et al.,
King & H. Rob. mato cicatrizante et al., 2016; TAVARES et al.,
2016)
2012)
Digestivo; Controle de insetos, alelopático
Bignoniaceae
tratamento de (herbicida, inibição de germinação
Jacaranda Caroba, Compostos fenólicos,
doenças de sementes), antioxidante
caroba (Vell.) A. Carobinha --- esteroides (BENTO, 2013)
sexualmente (BENTO, 2013; TAVARES et al.,
DC.
transmissíveis 2012)
Burseraceae Almecegue
Protium ira, Anti-
heptaphyllum Almíscar inflamatório; Controle de insetos (SINCURÁ et
--- ---
(Aubl.) selvagem, cicatrizante al., 2017)
Marchand Breu
(Continua)
210
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Tabela 2 (Continuação)
Usos
Família/ Nomes populares Resultados de Estudos Outras atividades biológicas
Estudos Etnofarmacológicos
Espécie populares* relatados na Fitoquímicos avaliadas
literatura*
Erythroxylaceae
Galinha-
Erythroxylum Extração de Alcalóides, compostos
choca, Antioxidante (OLIVEIRA et al.,
suberosum A.St.- pigmento --- fenólicos, triterpenos
Mercúrio 2015)
Hil. (OLIVEIRA et al., 2015)
do campo
Fabaceae
Eriosema Anti- Atividade antiproliferativa de
campestre var. inflamatório; linfócitos associados a Flavonoides e terpenos
Pustemeira ---
macrophyllum tratamento de inflamação (SANTOS et al., 2016)
(Grear) psoríase (SANTOS et al., 2016)
Fortunato
Amarelinho Antídoto Antracenosídeos, compostos
Senna rugosa Antimicrobiana (antibacteriana,
, Raiz contra mordida --- fenólicos, esteroides,
(G. Don) Irwin antifúngica e antiprotozoária),
preta, Unha de cobra; triterpenos
& Barneby antitumoral (CUNHA et al., 2020)
de boi vermífugo (CUNHA et al., 2020)
* Nomes e usos populares têm como fonte as referências indicadas nessa tabela e/ou as seguintes referências: Brandão et al. (2008b, 2012a,
2012b, 2015) e Saint-Hilaire (2009).
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GRAEL, C. F. F. et al. Regnellea Scientia 7(4): 201-217, 2021
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Regnellea Scientia 7(4): 201-217, 2021 GRAEL, C. F. F. et al.
216
Regnellea Scientia 7(4): 201-217, 2021 GRAEL, C. F. F. et al.
Apêndice 1: Imagens das exsicatas das espécies (A) Achyrocline satureioides (Lam.) DC, (B)
Aristolochia gigantea Mart., (C) Cereus jamacaru DC., (D) Jacaranda caroba (Vell.) DC,
(E) Palicourea rigida Kunth e (F) Remijia ferruginea (A.St.-Hil.) DC. Fonte: acervo do
Herbário Dendrológico Jeanine Felfili.
217