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Organizadores
Manuel Haimovici
Belém
2006
ISBN: 85-247-0345-8
Comissão Editorial
Victoria Judith Isaac, UFPA
Agnaldo Silva Martins, UFES
Manuel Haimovici, FURG
José Milton Andriguetto Filho, UFPR
Patrocínio:
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT)
Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A. (EPAGRI)
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
Universidade Federal do Pará (UFPA)
Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)
Inclui bibliografia
AGRADECIMENTOS
A coordenação do Projeto RECOS, através do Grupo Temático Modelo Gerencial da Pesca, agradece ao
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela concessão de bolsas de
estudo e ao Ministério de Ciência e Tecnologia pelo apoio financeiro ao Projeto RECOS do Programa
Institutos do Milênio. Pela sua contribuição no fornecimento e coleta de dados, o Projeto RECOS agradece
também às seguintes instituições:
Síntese do estado de conhecimento sobre a pesca marinha e estuarina do Brasil ................................. 181
Victoria Judith Isaac Nahum, Agnaldo Silva Martins, Manuel Haimovici, Jorge Pablo Castello
& José Milton Andriguetto
PREFÁCIO
A zona costeira brasileira, que se estende por mais de 8.500 km, concentra uma grande diversidade de recursos
renováveis e cerca de 70% da população do país. Zona costeira, aqui, é entendida como uma larga faixa, que
inclui o litoral emerso, águas estuarinas e o domínio das águas marinhas de largura variável, conforme a extensão
da plataforma continental. A progressiva ocupação dessa zona, particularmente acelerada ao longo das últimas
décadas, tem gerado conflitos entre a necessidade de preservação e de desenvolvimento, como também vem
acontecendo em diversas partes do mundo. O acesso e a extração dos recursos pesqueiros têm-se intensificado
aceleradamente, contribuindo para a sobreexplotação, depleção e até colapso da pesca de vários estoques.
Com quase 200 milhões de habitantes, o Brasil enfrenta hoje o desafio de atender a uma demanda crescente no
consumo de proteínas de origem marinha. A geração dessas proteínas encontra-se ameaçada pela degradação
dos habitats costeiros e, particularmente, pela crescente pressão pesqueira, evidenciada pelo aumento do número
de pescadores, maior quantidade de embarcações e avanços nos recursos tecnológicos, que se refletem tanto na
pesca de pequena como de grande escala.
Tradicionalmente, as pesquisas pesqueiras no Brasil estiveram focalizadas em recursos pesqueiros individuais,
abordando questões como sua biologia, ecologia, dinâmica populacional e dimensionamento de sua abundância,
com escassa ou nenhuma consideração pelas outras variáveis bióticas e abióticas do ecossistema, assim como pelos
componentes sociais, tecnológicos e econômicos. Também as medidas de manejo respondiam a uma visão de
desenvolvimento da pesca, com pouca atenção para a sustentabilidade da produção. Entretanto, a ratificação da
Convenção do Mar pelo Congresso Brasileiro, em 1988, e os compromissos nacionais e internacionais gerados por
esse instrumento jurídico levaram o governo brasileiro a adotar uma política mais incisiva em relação a esses recursos,
o que se refletiu nas determinações do IV Programa Setorial para Recursos do Mar, em 1994, mantidas nos planos
seguintes. Como conseqüência, numa parceria entre vários ministérios, foi lançado o Programa Avaliação do Potencial
Sustentável de Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva (REVIZEE), que inicia um novo momento na pesquisa
pesqueira nacional, de abordagem mais integrada e voltada à sustentabilidade do desenvolvimento da pesca.
Concomitantemente, na década de 90, a visão desenvolvimentista foi evoluindo, dando lugar a uma concepção
mais preocupada com a conservação, a recuperação dos estoques e com os fundamentos do manejo da pesca.
Essa mudança de enfoque é destacada no documento produzido pela CNIO - Comissão Nacional Independente
dos Oceanos (1998) e, mais tarde e de maneira mais explícita, no documento do Ministério de Ciência e Tecnologia
“Política Nacional de C&T Marinha” (2001), que reconhece o imperativo de assegurar a sustentabilidade dos
sistemas marinhos costeiros brasileiros. Esses antecedentes fundamentaram a inclusão da temática sobre recursos
do mar na chamada do edital do Programa “Institutos do Milênio” (MCT/PADCT/CNPq). Em resposta, um grupo
de pesquisadores de diferentes regiões do país formulou o projeto intitulado: “Uso e Apropriação de Recursos
Costeiros” (RECOS), estruturado no formato de uma rede interinstitucional, que foi aprovado em 2001.
Fazendo uso das capacidades existentes, o trabalho em rede, premissa básica do projeto, promoveu a cooperação
e incrementou as interações entre pesquisadores de diversas regiões do Brasil, o que melhorou o fluxo de
conhecimento, alargando a caracterização e entendimento dos problemas e abrindo novas oportunidades para
formação e capacitação de recursos humanos.
O presente livro reúne artigos produzidos por uma equipe de mais de 50 pesquisadores e representa o primeiro
produto formatado no marco das atividades do Grupo Temático Modelo Gerencial da Pesca - MGP do RECOS. Está
estruturado em oito capítulos, um capítulo para cada um dos sete estados do litoral brasileiro incluídos no projeto e
um capítulo final, no qual são sintetizados dados sobre os estoques explorados, a produção total, a sazonalidade e o
padrão de distribuição geográfica das pescarias, as artes de pesca e as frotas utilizadas, a descrição e quantificação
do esforço e outros aspectos tecnológicos e econômicos da atividade. Foram incluídas também informações sobre a
organização dos pescadores, os sistemas de ordenamento vigente e as políticas públicas implementadas pelo governo,
bem como a descrição dos sistemas de manejo existentes e os conflitos entre os diversos atores envolvidos.
É com muita satisfação, como coordenador do Projeto RECOS, que apresento esta obra, que acredito ser de
utilidade não somente para a comunidade científica e acadêmica, como também para as instituições de gestão,
tomadores de decisão e organizações ambientalistas na busca de melhores soluções para assegurar a sustentabilidade
da pesca no país.