Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CONHECIMENTO,
CONHECIMENTO,
CONHECIMENTO,
TECNOLOGIA
TECNOLOGIA
TECNOLOGIA
TECNOLOGIA
E
E
EINOVAÇÃO
INOVAÇÃO
INOVAÇÃO
E INOVAÇÃO
AGRICULTURA FAMILIAR
FAMILIAR
DA AGRICULTURA
CONTRIBUIÇÕES
CONTRIBUIÇÕES
CONTRIBUIÇÕES
CONTRIBUIÇÕES
DAS
DAS
DASORGANIZAÇÕES
ORGANIZAÇÕES
ORGANIZAÇÕES
DAS ORGANIZAÇÕES
ESTADUAIS
ESTADUAIS
ESTADUAIS
ESTADUAIS
DE
DE
DEPESQUISA
PESQUISA
PESQUISA
DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA
AGROPECUÁRIA
AGROPECUÁRIA
AGROPECUÁRIA
FORTALECIMENTO DA
O FORTALECIMENTO
PARA O
mda.gov.br
mda.gov.br
mda.gov.br
mda.gov.br
TECNOLOGIA E
CONHECIMENTO, TECNOLOGIA INOVAÇÃO PARA
E INOVAÇÃO
Hur Ben
Hur
HurCorrêa
Ben
Ben Corrêa
Corrêa
daHur
Silva
da
da
Ben
Silva
Silva
e Flaviane
Corrêa
ee Flaviane
Flaviane
dadeSilva
Carvalho
de
deeCarvalho
Carvalho
Flaviane
Canavesi
Canavesi
de
Canavesi
Carvalho
Org's Canave
CONHECIMENTO,
Ministério
Ministério
Ministérioda
da
da Ministério da
Ministério
Ministério
Ministériodo
do
do Ministério do
Ciência,
Ciência,
Ciência,Tecnologia
Tecnologia
Tecnologia
Ciência, Tecnologia
Desenvolvimento
Desenvolvimento
Desenvolvimento
Desenvolvimento
Agrário
Agrário
Agrário Agrário
eeeInovação
Inovação
Inovação e Inovação
Conhecimento, tecnologia e inovação
para o fortalecimento da agricultura familiar
CONTRIBUIÇÕES DAS ORGANIZAÇÕES ESTADUAIS DE PESQUISA AGROPECUÁRIA
Hur Ben Corrêa da Silva
Flaviane de Carvalho Canavesi
(Organizadores)
1ª Edição
Brasília
Ministério do Desenvolvimento Agrário
2014
DILMA ROUSSEFF Copyright 2014 MDA
Presidenta da República
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO
MIGUEL S. ROSSETTO AGRÁRIO (MDA)
www.mda.gov.br
Ministro de Estado do Desenvolvimento Agrário
1ª Edição
Tiragem: 2.000 exemplares
Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que
citada a fonte.
Ficha catalográfica
Elaborada pelo Centro de Documentação Ivan Otero Ribeiro/CPDA/UFRRJ
C749
Conhecimento, tecnologia e inovação para o fortalecimento da agricultura familiar: contribuições das
organizações estaduais de pesquisa agropecuária / Hur Ben Corrêa da Silva, Flaviane de Carvalho
Canavesi (organizadores). – Brasília: Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2014.
267 p.
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-8354-004-5
CDD - 630.
Valter Bianchini
Secretário de Agricultura Familiar
Siglas
Agerp – Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e de Extensão Rural do Maranhão
Agraer/MS – Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural
do Mato Grosso do Sul
APTA/SP – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios
ATER – Assistência Técnica e Extensão Rural
CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Consepa – Conselho Nacional dos Sistemas Estaduais de Pesquisa Agropecuária
Dater – Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural
Dipap-PI – Diretoria de Pesquisa Agropecuária e Desenvolvimento Rural
EBDA – Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A.
Emater/AL – Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável
de Alagoas
Emater/GO – Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural
e Pesquisa Agropecuária
Emdagro/SE – Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe
Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Emepa/PB – Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba
Empaer/MT – Empresa Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural
Emparn – Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte
Epagri/SC – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina
Epamig – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais
Fepagro/RS – Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária
FNDCT – Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Incaper/ES – Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
Iapar – Instituto Agronômico do Paraná
IPA/PE – Instituto Agronômico de Pernambuco
MCTI – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário
Oepas – Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária
Pesagro/Rio – Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro
Pnater – Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural
SAF – Secretaria de Agricultura Familiar
Secis – Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social
Unitins/TO – Fundação Universidade do Tocantins
Sumário
15 Apresentação
17 Prefácio
- 15 -
Prefácio
A extensão rural brasileira, no pós-período de declínio na década de 1990,
passou por uma efervescente reconstrução participativa que culminou na
Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pnater) tornada
lei em 2010. A extensão rural então, debilitada por mais de uma década, pas-
sou a contar com estruturas e orçamento respondendo às demandas cres-
centes para o desenvolvimento rural baseado no fortalecimento da agricul-
tura familiar. Tal fato demandou repensar o modelo difusionista, bastante
marcante no nascimento e desenvolvimento da extensão no Brasil, passando
a considerar as metodologias participativas e a perspectiva do desenvolvi-
mento rural sustentável como princípios. Este novo contexto fez com que
houvesse a necessidade de aportes de recursos tanto para a formação dos
agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural quanto para a geração e dis-
ponibilização de conhecimentos conectados a essa nova realidade, sob ino-
vações metodológicas distantes do marco referencial difusionista.
- 17 -
Esse edital teve como objeto apoiar projetos voltados para a produção de
tecnologias, de conhecimentos apropriados e de inovação tecnológica para
a agricultura familiar que pudessem contribuir para a promoção da susten-
tabilidade econômica, ambiental e social, por meio da adoção de produtos,
processos e gestão tecnológicos para a conquista de melhores condições de
inserção nos mercados e na geração de rendas agrícola e não agrícola.
Esses projetos também foram submetidos a uma avaliação ex post por parte
da Coordenação de Inovação e Sustentabilidade para mensurar os princi-
pais resultados do ponto de vista da disponibilização de conhecimentos,
das mudanças institucionais, da estruturação e do fortalecimento das Oe-
pas para a geração de conhecimento que fortaleça a agricultura familiar e
integre ATER e pesquisa.
Valter Bianchini
Secretário de Agricultura Familiar
- 18 -
1
PA R T E
1. Introdução
A agricultura brasileira, principalmente a realizada em estabelecimentos
familiares, tem contribuído substancialmente para o mercado domésti-
co, produzido alimentos a preços relativamente baixos, colaborando para
o controle da inflação (GONÇALVES, 2002; ALVES et al., 2013). Esse papel,
aliás, assemelha-se ao exercido em outros períodos históricos, como na in-
dustrialização e urbanização do país durante a fase desenvolvimentista do
século passado. Aliada à produção de alimentos para o autoconsumo, tal
contribuição da agricultura familiar guarda elevada importância estratégi-
ca nas políticas de segurança alimentar. Daí a necessidade de incluí-la, com
seu devido protagonismo, na agenda de pesquisa agropecuária, a fim de
incorporar ganhos de produtividade e qualidade permitidos pela inovação
tecnológica, bem como oferecer eficiência econômica e adequada perfor-
mance ambiental.
- 21 -
lidade dos sistemas produtivos. E, para tornar ainda mais complexo esse
contexto, as peculiaridades culturais e socioeconômicas das regiões geo-
gráficas – em que diferentes processos de colonização podem determinar
distintas necessidades de inovação por parte dos produtores rurais – e a
estratificação fundiária requerem o desenvolvimento de soluções viáveis
para os diferentes segmentos de produtores (DALBERTO; PELLINI, 2013).
É justamente nesse contexto que está a essência da missão das Oepas, ou
seja, atuar em P&D e na validação de tecnologia agropecuária no âmbito
local e regional, por meio de uma estrutura de bases físicas, equipes e proje-
tos com suficiente capilaridade para permitir sua maior proximidade com
usuários específicos.
- 22 -
2. A importância econômica e social da Agricultura Familiar
A agricultura familiar, segundo o Censo Agropecuário de 2006 (IBGE, 2006),
emprega quase 75% da mão de obra no campo e detém pouco menos de
85% dos estabelecimentos agropecuários. Embora ocupe menos de 25% da
área total, responde por 38% do valor da produção agropecuária nacional.
Destaca-se na produção de feijão (70%), mandioca (87%), leite (58%) e milho
(46%) e possui expressiva participação nos rebanhos de suínos (59%) e aves
(50%), produtos importantes para garantir a segurança alimentar do País.
Suínos 59 41 2,6
Leite 55 45 6,4
Outros pecuária 49 51 3,1
Aves 48 52 7,8
Bovinos 28 72 5,8
Fumo 96 2,3
Mandioca 82 18 4,3
Feijão 59 41 2,7
Trigo 43 57 1,0
Milho 43 57 1,3
Arroz 41 59 3,0
Frutas e hortaliças 37 63 7,3
Café 31 69 2,3
Soja 28 72 2,6
Outros cultivos 23 77 1,8
Cana 13 87 2,0
Algodão 8 92 0,4
0% 50% 100% 0 5 10
PIB - Familair Bilhoes de reais
PIB - Patronal (valores de 2005)
- 23 -
3. A pesquisa agropecuária numa perspectiva histórica
Numa perspectiva histórica, é útil dividir a pesquisa agropecuária no Brasil
em dois períodos distintos, um anterior à década de 1970 e, outro, a partir
dos anos 1970 (BEINTEMA et al., 2001). O primeiro período inicia-se tendo
como protagonistas os institutos imperiais do final do século XIX. Também
naquele século é que se materializaram as estruturas estaduais que evo-
luíram para uma rede de unidades de pesquisa agropecuária. Assim, em
1859-60 o imperador criou cinco Institutos de Pesquisa nas províncias da
Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Sergipe, tendo êxi-
to os Institutos Imperiais de Agricultura no Rio de Janeiro (IIFA) e na Bahia
(IIBA), concentrando-se no trabalho com café e cana-de-açúcar. No final do
século XIX a produção de café foi deslocada do Rio de Janeiro para o estado
de São Paulo e, por pressão dos cafeicultores, foi criada em 1887 a Estação
Imperial Agronômica de Campinas, renomeada em 1891 como Instituto
Agronômico de Campinas (IAC), denominação que permanece até hoje.
- 24 -
atividades na promoção das exportações de produtos agrícolas brasileiros.
Após avaliações realizadas pelo Ministério da Agricultura no DNPEA, deci-
diu-se em 1972 pela criação de uma empresa pública, a Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que assumiu os Institutos de Pesqui-
sa e as Estações Experimentais que estavam sob a coordenação do DNPEA.
- 25 -
4. As principais contribuições das Oepas
à agropecuária brasileira
As Oepas têm uma diversificada agenda de pesquisa, que envolve uma am-
pla gama de áreas do conhecimento, com destaque para as seguintes:
- 26 -
uniformidade de plantas e de tamanho de grão, comparativamente à tradicio-
nal, possuem período de colheita diferenciado – precoce, médio e tardio –, per-
mitindo, assim, melhor utilização da mão de obra familiar na colheita e maior
oferta do produto. Elas têm contribuído para um aumento médio de cerca de
200% na produtividade e na qualidade do produto brasileiro, bem como têm
permitido a expansão da cultura nos estados do norte e nordeste do país.
- 27 -
citros. Foram os resultados do trabalho das organizações estaduais de pes-
quisa que permitiram manter a potencialidade produtiva nacional, e nos
laboratórios estaduais é que foram desenvolvidos os projetos genomas que
colocam o Brasil na liderança mundial da fronteira do conhecimento ge-
nético. O complexo citrícola brasileiro é líder em termos de competitivida-
de no mercado internacional – tanto assim que os norte-americanos, para
proteger a produção da Flórida de sucos cítricos, precisam manter elevadas
barreiras tarifárias ao suco brasileiro – graças à capacidade de inovação da
pesquisa estadual, associada à capacidade empresarial e à ação proativa na
construção do mercado externo para seus produtos.
- 28 -
de zebuínos das organizações estaduais de pesquisa formam um patrimô-
nio de inestimável valor estratégico para a pecuária nacional. O fato de o
Brasil ter o maior rebanho comercial do mundo decorre da qualidade das
pastagens disponíveis em termos de variedades e técnicas de manejo e da
qualidade genética do rebanho. A produtividade e qualidade da produção
de carne advêm da interação derivada de cruzamentos com raças europeias
de carne marmorizada, propiciando ao Brasil a posição de liderança tecno-
lógica mundial da produção de carne a pasto, uma vantagem competitiva
para ampliação das exportações brasileiras. Ainda, em sanidade animal,
existe uma inestimável estrutura de pesquisa e desenvolvimento de mé-
todos avançados de diagnoses e diagnóstico das organizações estaduais
de pesquisa agropecuária que são uma garantia da inserção competitiva
brasileira no mercado internacional de produtos de origem animal. Pelo
padrão de suas unidades laboratoriais de referência, com qualidade com-
patível com as exigências internacionais, além do desenvolvimento de es-
tudos em zoonoses e problemas fitossanitários limitantes, as organizações
estaduais de pesquisa agropecuária alicerçam o complexo produtor de pro-
teína animal no Brasil.
- 29 -
Por outro lado, nos plantios de sequeiro e de várzea úmida, a superioridade
dos materiais e das inovações resultantes da pesquisa agropecuária estadu-
al está presente em todas as zonas de produção nacionais.
- 30 -
produção (tipologia, diagnóstico, validação de tecnologias e validação de
sistemas), o PSP adotou as Redes de Propriedades de Referências, desenvol-
vidas pelo Institut l’Élevage desde 1981, aproveitando um programa de coo-
peração entre o Brasil e a França que vigorava em 1988. Houve a instalação
de duas Redes de propriedades em regime experimental em 1994, seguida
da implantação de uma proposta mais abrangente em 1998, envolvendo o
Iapar e o Instituto Emater-PR, no Projeto Paraná 12 Meses, com aporte de
recursos financeiros do Banco Mundial.
- 31 -
Figura 2 – Metodologia de trabalho na Rede de Referência
S
Diagnóstico U
B
D S
I Í
F D
U Planejamento I
S O
à S
O
• Políticas públicas
Referências • Pesquisa
(Sistemas e Modulares) • Extensão
- 32 -
5. As organizações estaduais no contexto do SNPA
O surgimento da Embrapa foi uma decorrência das realidades político-eco-
nômica e institucional dos anos 1970 no país, em que prevalecia a abundân-
cia de recursos financeiros e centralização decisória das políticas públicas.
Durante os anos 1970 e 1980 a Embrapa estimulou a criação de empresas
estaduais de pesquisa agropecuária seguindo o seu modelo organizacio-
nal, as quais constituíram, com ela e sob sua coordenação, inicialmente o
Sistema Cooperativo de Pesquisa Agropecuária (SCPA) e, posteriormente, o
Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA).
No final dos anos 1980 e no início dos 90, como consequência das mudan-
ças na Constituição de 1988, que deu aos estados e municípios maior par-
ticipação na distribuição dos recursos arrecadados pelo governo federal,
o montante de recursos financeiros que a Embrapa repassava às empre-
sas estaduais foi reduzido substancialmente. Isso foi exacerbado em de-
corrência da crise fiscal brasileira, e os problemas dos sistemas estaduais
acirraram-se nos anos 1990, levando ao desaparecimento de várias dessas
entidades. À medida que a crise do SNPA se aprofundava, as Oepas que
conseguiram sobreviver sofreram processos de rearranjos institucionais,
uma vez que os estados tiveram dificuldades em manter as instituições es-
taduais, ante a escassez de recursos. De um total de 21 sistemas estaduais
especializados em pesquisa agropecuária, que existiam no final dos anos
1970, permanecem atualmente 18 entidades, sendo apenas seis delas vol-
tadas exclusivamente à pesquisa agropecuária, com as demais formando
parte de sistemas mais amplos, que englobam atividades de extensão rural,
fomento, ensino ou fiscalização agropecuária.
- 33 -
de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas (Ema-
ter-AL); Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA); Empresa
Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer-MT);
Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina
(Epagri); Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA); Instituto Capixaba de
Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper); Agência Estadu-
al de Pesquisa Agropecuária e de Extensão Rural do Maranhão (Agerp) e
Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural de Mato Grosso do
Sul (Agraer).
A
OL
Í
C
R
AG
Pesquisa e Desenvolvimento
EMDAGRO
EMPRESA DE DESENVOLVIMENTO
AGROPECUÁRIO DE SERGIPE
Pesagro-Rio
Fonte: Consepa.
- 34 -
O Quadro 1 apresenta, em termos quantitativos, informações sobre a infra-
estrutura de pesquisa compreendida pelo conjunto das Oepas.
Obs.: O sistema APTA, de SP, compreende o Instituto Agronômico (IAC), o Instituto de Zootecnia (IZ), o Ins-
tituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), o Instituto Biológico (IB), o Instituto de Economia Agrícola (IEA)
e o Instituto de Pesca (IP).
- 35 -
Contudo, diferentemente da Embrapa, cuja estratégia de atuação é prin-
cipalmente por centros com atuação e resultados de alcance nacional, as
estruturas estaduais de pesquisa atuam em proximidade com as questões
locais e regionais. Possuem maior capilaridade, o que as habilita a uma ar-
ticulação estreita com entidades e aderência à realidade local. Essa forma
de atuação também resulta em maior competência para promover o de-
senvolvimento local e para gerar modelos tecnológicos próprios. Resulta,
ainda, em capacidade de envolver os segmentos que fazem parte do setor
agrícola na priorização dos programas de pesquisa e adoção do enfoque
sistêmico na condução da pesquisa.
- 36 -
na capacidade de gerar modelos tecnológicos próprios, que garantam a
autonomia tecnológica dos estados.
6. Considerações finais
O conhecimento local e a reconhecida competência dos seus quadros tor-
nam as Oepas especialmente habilitadas para detectar e solucionar os pro-
blemas das atividades agropecuárias. Dada a diversificação da agricultura
familiar brasileira, em termos sociais, culturais e ambientais, essa capaci-
dade de suplantar um paradigma setorial e trabalhar localmente, de forma
multidisciplinar, é uma virtude das Oepas. Essas organizações se diferen-
ciam por não realizar pesquisa apenas de forma prescritiva, mas também
por avaliar a adaptabilidade das tecnologias levando em conta a realidade
dos agricultores nas suas diversas dimensões, tal como foi ressaltado na
introdução deste trabalho.
- 37 -
Com a criação, pela Lei nº 12.897, de 18 de dezembro de 2013, da Agência Na-
cional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) – organização em
âmbito federal com a missão de: i) realizar assistência técnica ao produtor
rural em todas as etapas da produção e ii) atuar de forma integrada com a
pesquisa para a transferência de tecnologia –, o espaço para a aplicabilida-
de da pesquisa das Oepas se torna maior e mais relevante, ou seja, em fun-
ção da sua dimensão, capilaridade e aparato de transferência tecnológica
já estruturado e consolidado, e da sua inerente sinergia com os serviços de
assistência técnica e extensão rural, as Oepas terão papel fundamental na
operacionalização da Anater.
Referências
ALVES, Eliseu Roberto de Andrade; SOUZA, Geraldo Silva e; GOMES, Eliane
Gonçalves (Ed.). Contribuição da Embrapa para o desenvolvimento da agrope-
cuária no Brasil. Brasília: Embrapa, 2013. 291p.
- 38 -
GONÇALVES, J. S. Benefícios da pesquisa agrícola estadual. São Paulo: IEA,
2002. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out//LerTexto.php?codTex-
to=325>. Acesso em: 12 mar. 2014.
- 39 -
Itinerários de produção e socialização do conhecimento na pes-
quisa agropecuária e extensão tecnológica para a agricultura de
base familiar1
Joaquim A. P. Pinheiro2
1. Introdução
O presente trabalho analisa um instrumento de política pública cujo objetivo
é motivar processos de produção do conhecimento, por meio de projetos de
pesquisa e extensão tecnológica para o fortalecimento da agricultura de base
familiar, importante setor socioeconômico para o desenvolvimento rural.
1
Este artigo é resultado parcial da consultoria realizada para o Projeto de Cooperação Técnica BRA/11/009 – PNUD/
SAF firmado entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e a Secretaria da Agricultura Familiar do
Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA
2
Engenheiro agrônomo, doutorando em Sociologia pela Universidade de Brasília – UNB. Pesquisador da área de
Estudos Sociais de Ciência e Tecnologia – ESCT.
- 41 -
O artigo analisa resultados de projetos de pesquisa e extensão tecnológica
e itinerários de produção de tecnologias, de conhecimentos apropriados e
de inovação tecnológica para a agricultura de base familiar. Esses projetos
foram apoiados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), em
parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e com
o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),
por meio de edital público.
- 42 -
mento para a pesquisa pelos governos estaduais ao longo dos anos 2001 a
2006 e da ausência de política de ciência e tecnologia em muitos Estados. O
estudo revelou ainda um descompasso entre a missão de pesquisa e o aten-
dimento a duas clientelas diferenciadas: a agricultura de base familiar e o
agronegócio. A avaliação dos resultados dos projetos apoiados constatou a
permanência desse quadro.
- 43 -
Gráfico 1 – Distribuição dos projetos por Oepas e Unidade da Federação apoiados pelo Edital MDA/SAF/
MCT/SECIS/FNDCT/Ação Transversal I/CNPq – nº 24/2008
INCAPER (ES)
EPAGRI (SC)
6% AGRAER (MS)
6%
4%
EBDA (BA)
6%
IPA (PE)
10%
IAPAR (PR)
10%
IAPAR (PR)
11%
IAC/APTA (SP) EMEPA (PB)
6% 4%
- 44 -
Gráfico 2 – Titulação de coordenadores de projetos de pesquisa
GRADUAÇÃO
2%
MESTRADO
36%
DOUTORADO
62%
- 45 -
apresentar aqueles que articulam a validação e a transferência de tecnolo-
gias num mesmo projeto.
22%
Transferência de tecnologia
35%
Validação/Transferência
Validação de tecnologia
43%
- 46 -
ecológica (27%) e Mais Alimentos3 (33%). Em agroecologia e agriculturas de
base ecológica destacaram-se trabalhos de manejo e transição agroecoló-
gica, agricultura orgânica e controle biológico de doenças. Na Linha Mais
Alimentos destacaram-se cadeias produtivas como a do leite, perfazendo
a metade dos projetos apresentados, seguido de frutas, café e mandioca.
Houve ainda apresentação de projetos na Linha de sistema produtivos
(12%) e sistemas agroflorestais (8%). Nas demais Linhas o número foi me-
nor: recursos hídricos, com 2%, e mudas, sementes e variedades, também
com 2% dos projetos.
Percebeu-se, pela análise dos objetos dos projetos e suas metodologias, que
o objetivo do Edital foi alcançado – qual seja, fomentar projetos de pes-
quisa e extensão tecnológica com foco na sustentabilidade ambiental e na
agricultura familiar –, tanto pelos projetos com abordagem agroecológica e
agricultura orgânica, como pelos projetos direcionados para a agricultura
de base familiar.
Linhas temáticas N° %
Agroecologia e agriculturas de base ecológica 13 27%
Agregação de valor 2 4%
Convivência com o semiárido 1 2%
Gestão de sistemas produtivos 6 12%
Alternativas energéticas 2 4%
Mais Alimentos 16 33%
Manejo sustentável 2 4%
Sistemas agroflorestais 4 8%
Recursos hídricos 1 2%
Mudas, sementes e variedades 1 2%
Sem identificação 1 2%
Total 49 100%
3
Política pública criada pelo Governo Federal para estimular ganhos de produção e produtividade nas
cadeias produtivas.
- 47 -
Participação de técnicos de Ater e de agricultores nos projetos
2%
Mobilização e seleção
8% de agricultores
Apoio á pesquisa
14% Acompanhamento e
execução da pesquisa
35%
Execução técnica
Desenvolvimento da
6% pesquisa
Capacitação de técnicos
2%
Não especificado
8%
Unidade de treinamento
25%
- 48 -
Quanto à participação de agricultores familiares, a análise dos projetos
realizou-se a partir de duas categorias: como beneficiários e como atores.
A atuação como beneficiários reconhece os agricultores como público ao
qual a pesquisa é direcionada, no entanto os agricultores não intervieram
na elaboração e execução da pesquisa como sujeitos do processo, nem seus
conhecimentos resultantes da prática de trabalho foram reconhecidos no
projeto. Sua atuação foi a cessão de áreas experimentais, como mão de obra
ou beneficiários dos resultados da pesquisa por meio de acesso à informa-
ções geradas. Compõem o grupo majoritário de projetos. Observou-se que
a maior parte foi de capacitação de agricultores (39%), nas quais estavam
inclusos cursos, intercâmbios, dias de campo ou outras formas de repas-
se do conhecimento produzido. Outro tipo de participação foi a cessão de
áreas para implantação de unidades demonstrativas/experimentais (20%).
A conjugação dos dois grupos, capacitação e cessão de áreas, representa-
ram 21% do total de projetos. O gráfico abaixo apresenta a distribuição per-
centual das formas de participação dos agricultores familiares no projeto.
2%
8%
Capacitação
10%
Capacitação e cessão de área
39%
Cessão de área
Não especificado
Desenvolvimento da pesquisa
20%
Entrevistas
21%
- 49 -
A participação de agricultores como atores destaca a intervenção ativa,
a participação com poder decisório na elaboração e no desenvolvimento,
por meio da análise crítica dos processos e resultados. Representou 8% dos
projetos. Nessas formas de participação, os saberes do agricultor foram
reconhecidos e incorporados no trabalho de pesquisa e extensão tecnoló-
gica, por meio da definição da demanda de pesquisa, de poder intervir no
desenvolvimento, da atuação na análise de dados gerados, na avaliação e
apropriação dos resultados e na recriação de conhecimento a partir das
informações produzidas pelos projetos.
Itinerários de pesquisas
- 50 -
do projeto de pesquisa. Tal problema interferiu no levantamento de dados,
fazendo com que duas safras fossem avaliadas no experimento, e não três,
como proposto no projeto. Outra dificuldade foi a indisponibilidade de im-
plementos agrícolas adaptados aos cultivos no momento necessário, o que
provocou atraso nos tratamentos experimentais, além da dificuldade de
acesso às propriedades que tinham unidades experimentais. Relata ainda
que houve desinteresse de agricultores em implantar o experimento em
suas propriedades, apesar da mediação de técnicos da Empresa de Pesqui-
sa Agropecuária e Extensão Rural de Minas Gerais (EmAter-MG). Informa
a pesquisadora que durante o desenvolvimento da pesquisa surgiram al-
guns problemas, como a desistência de agricultores, sendo necessária a sua
substituição por outros com interesse em participar, e ataque de pássaros a
plantas do experimento. A pesquisa foi concluída, apesar das dificuldades
relatadas para o seu desenvolvimento em condições de campo.
- 51 -
de Referências, modalidade de pesquisa de validação e transferência de
tecnologias, realizada em propriedades estudadas e acompanhadas com
enfoque sistêmico. O pesquisador e sua equipe de trabalho realizaram a
seleção dos sistemas produtivos para análise e de agricultores participan-
tes da pesquisa, com apoio da EmAter-PR, caracterizaram e tipificaram os
sistemas de produção, elaboraram diagnósticos das unidades de produção
e produziram o planejamento de atividades para o desenvolvimento das
propriedades analisadas. A implementação dessas proposições seriam
posteriormente acompanhadas por técnicos de Ater e seriam referências
técnicas, econômicas e ambientais para os agricultores circunvizinhos. A
metodologia de Redes de Referência requer uma estreita e contínua relação
com a Extensão Rural. No entanto, observou-se um comprometimento da
metodologia, dada a não participação no projeto da unidade técnica local
da EmAter-PR, que teria a responsabilidade de acompanhar os planos de
melhoria do sistema de produção elaborados na pesquisa para proprieda-
de familiares participantes das Redes de Referência. Os motivos foram a
reduzida equipe local e a grande demanda de acompanhamento dos agri-
cultores por Ater.
- 52 -
fortalecimento da Indicação Geográfica4 da erva-mate, a socialização dos
conhecimentos produzidos com os agricultores participantes da pesquisa
por meio de uma viagem de intercâmbio às unidades experimentais im-
plantadas no Paraná e um seminário de apresentação dos principais resul-
tados da pesquisa para agricultores, técnicos e pesquisadores. Observou-se
a qualificação da produção e o fortalecimento da agricultura familiar com
produção diferenciada e de qualidade superior de erva-mate, bem como a
incorporação do conhecimento produzido pelos técnicos de Ater, que reali-
zaram a transferência de tecnologias por iniciativa própria.
4
Indicação Geográfica é a apropriação coletiva por uma população dos atributos geográficos de um
produto. A Lei 9279/96 considera Indicação Geográfica a procedência, a denominação de origem que
se tornou conhecida como centro de produção, fabricação ou extração de determinado produto ou
prestação de determinado serviço.
- 53 -
Nos trabalhos de Alex Fabian Rabelo Teixeira e Maria da Penha Angelet-
ti, os agricultores e técnicos de Ater participaram intensivamente, com a
apropriação, pelo agricultor, do processo de pesquisa, delineada pelos pes-
quisadores a partir de modelo experimental, mas com participação intensi-
va do agricultor na discussão dos resultados experimentais. Os resultados
de pesquisa e a apropriação do conhecimento foram imediatamente incor-
porados ao processo produtivo do agricultor, visto que os experimentos fo-
ram implementados em sua unidade de produção familiar.
- 54 -
O reconhecimento de saberes de agricultores e técnicos de Ater deu-se pela
discussão e análise dos resultados de pesquisa, reconhecidos como coau-
tores do trabalho e incluídos seus nomes em artigos e resumos divulgados
por meio de comunicações e publicações apresentadas em eventos científi-
cos, resultantes da pesquisa.
Considerações finais
- 55 -
de acesso das famílias rurais ao conhecimento, aos resultados da pesqui-
sa agropecuária e a políticas públicas em geral, o que contribui para am-
pliar a diferenciação a exclusão social no campo” (PNATER, 2004, p. 5).
O trabalho de Francisco Paulo Chaimsohn aponta o potencial de pesquisas
para a agricultura familiar surgidas de demandas de agricultores e com ga-
rantia de socialização de resultados com a participação da extensão rural.
O trabalho de Jacimar Luis de Souza mostra possibilidades de socialização
de resultados de pesquisa, mesmo conduzida em estações experimentais.
Os trabalhos de Alex Fabian Rabelo Teixeira e Maria da Penha Angeletti
inovam ao desenvolverem estratégias de pesquisa experimental participa-
tiva e socialização de conhecimento que incorporam a premissa da PnAter
de que “deverão ser privilegiadas atividades de pesquisa-ação participati-
vas, investigação-ação participante e outras metodologias e técnicas que
contemplem o protagonismo dos beneficiários e o papel de agricultores-ex-
perimentadores” (PNATER, 2004, p. 11).
- 56 -
Referências
DERETI, R. M. Transferência e validação de tecnologias agropecuárias a
partir de instituições de pesquisa. Desenvolvimento e Meio Ambiente, Curiti-
ba: UFPR, n. 19, p. 29-40, 2009.
- 57 -
2
PA R T E
Algumas experiências
- 59 -
Formulação de estratégias para o desenvolvimento da piscicultura
no Território da Cidadania do Sertão do Apodi/RN, com base em uma
Unidade Padrão de Produção de Tilápias em Gaiolas
Ana Célia Araújo Barbosa1
Metodologia
1. Capacitação
Com um efetivo de 217 pescadores, 12 municípios participaram desses even-
tos, sendo oito deles do Território do Apodi. Nos dias de campo foram apre-
sentadas aos participantes as principais técnicas envolvidas na atividade
de cultivo, para que eles tivessem uma visão geral do sistema produtivo:
peixamento, transferências, biometrias, arraçoamento e despesca.
- 61 -
aplicou-se um questionário aos participantes, com o intuito de caracterizar
o perfil socioeconômico deles. Verificou-se que eles são profissionalmente
ativos, e a maior parcela tem renda mensal de até um salário mínimo.
Grande parte exerce atividades paralelas numa tentativa de complementa-
ção da renda mensal. Com relação à escolaridade, 42,8% são analfabetos e
a maioria possui apenas o ensino fundamental incompleto.
2. Expansão da atividade
Em função do desenho geográfico da região e considerando as distâncias
entre os municípios, constituiu-se uma microrregião formada por 3 (três)
municípios – Campo Grande, Upanema e Caraúbas – para dar sequência
à implantação de novas unidades de produção de tilápia. O Município de
Caicó, apesar de não estar situado no Território do Apodi, solicitou asses-
soria técnica para uma unidade de produção e, com recursos próprios, está
com seu primeiro cultivo em andamento.
- 62 -
mento, bancadas para pesagem e embalagem do produto, com capacida-
de para o trabalho de seis pessoas e produção de 1.500 kg num período de
três horas. Uma máquina de fabricar gelo, com capacidade para produzir
150 kg/dia, constitui mais uma fonte de renda para a associação.
Resultados alcançados
A implementação do projeto para os pequenos produtores e pescadores
permitiu, após capacitados técnica e gerencialmente, a viabilização da pis-
cicultura de forma contínua, além de incentivar a atividade nas diferentes
regiões e fortalecer a economia local. A Aquapo, foco principal do projeto,
conta com um efetivo de onze membros, produz atualmente 4.800 kg/mês
de tilápias, com uma previsão de produção de mais de 7.000 kg/mês para o
ano de 2014. Parte da sua produção é beneficiada em forma de filé e comer-
cializada (200 kg/mês) com a prefeitura local para a alimentação escolar.
Com a instalação da sala de processamento, todo o processo de acabamen-
to do produto foi substancialmente melhorado, permitindo também o trei-
namento e a inserção da mão de obra feminina. Abastece, além do mercado
local, alguns municípios vizinhos. A associação entrou para o programa
da Incubadora do Agronegócio de Mossoró, em Mossoró/RN, em parceria
com a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), e terá toda a sua
produção rastreada com dados precisos sobre o seu manejo e qualidade. O
projeto em apreço foi apresentado à sociedade, pela mídia local, por meio
de entrevistas em rádio e jornal televisivo e, na mídia nacional, no progra-
ma “Globo Rural”.
Considerações finais
Ao concluir o projeto, podem-se tecer as seguintes considerações:
- 63 -
e passaram a desenvolver a atividade em diferentes níveis de produção.
- 64 -
Desempenho produtivo de espécies florestais nas regiões semiári-
da e litorânea do Rio Grande do Norte
Manoel de Souza Araujo1
RESUMO: Neste estudo, várias espécies florestais foram avaliadas nos di-
versos ecossistemas do RN. Em clones de híbridos de eucalipto estabeleci-
dos em Parnamirim, registraram-se, aos nove anos de idade, índices de so-
brevivência variando de 85 a 100% e a maior produtividade de 656,5 m³/ha
no clone 16. Vários clones ultrapassaram o DAP mínimo considerado para
serraria, 17 cm. O sabiá expressou melhor seu potencial produtivo no lito-
ral, com volumes de madeira de 332,6 m3/ha e 285,5 m³/ha, em Canguareta-
ma e Parnamirim, respectivamente, no espaçamento de 1 x 1 m. Nesses lo-
cais obtiveram-se até 9.722 troncos/ha e 8.611 troncos/ha com DAP≥5,0 cm,
aptos para estacas. No semiárido registraram-se volumes de madeira abai-
xo de 100 m³/ha e produção de estacas inferior a 5.300 unidades/ha, regis-
trando-se as maiores produtividades na Chapada do Apodi. Em ambiente
degradado pela atividade ceramista, no município de Cruzeta, a algarobei-
ra foi a mais produtiva, destacando-se das outras espécies com produção de
madeira de 516,4 m³/ha e IMA de 43,0 m³/ha.ano-1, aos 12 anos de idade. Na
espécie nim indiano obtiveram-se índices de sobrevivências ≥ 95%, tanto
no semiárido quanto no litoral úmido. A maior produtividade volumétri-
ca, 200,0 m³.ha-1, foi registrada em São Gonçalo do Amarante e a menor,
93,0 m³.ha-1, na região semiárida de Caicó. Em função dos resultados alcan-
çados com essas espécies florestais, já se observam iniciativas de recompo-
sição de áreas degradadas e produção de madeira para fins diversos nas pe-
quenas e médias propriedades familiares nos diversos ecossistemas do RN.
Introdução
A necessidade de racionalizar o uso dos recursos naturais exige um melhor
aproveitamento dos ag roecossistemas. Nesse contexto, a identificação e
seleção de espécies de usos múltiplos é estratégia preponderante na sus-
tentabilidade dos sistemas de produção (GOLFARI; CASER, 1977; ARAÚJO,
1
Engenheiro Florestal, M. Sc. Pesquisador da Emparn. Contato: Av. Elisa Branco Pereira dos Santos, s/n –
Parque das Nações (Coophab) – Cx. Postal 188 – CEP 59158-160 – Parnamirim (RN). E-mail: emparn@rn.gov.
br – site: www.emparn.rn.gov.br – Tel. (84)3232-5858 – Fax (84) 3232-5868.
- 65 -
1993). Atualmente, o eucalipto é a essência florestal mais plantada no Bra-
sil, graças ao seu rápido crescimento, ao elevado rendimento e à multiplici-
dade de usos de sua madeira. Desde que seja utilizada a espécie ou material
genético bem adaptado, não existem limitações ao seu cultivo (GOMES,
1977). O sabiazeiro, por sua vez, é leguminosa de uso múltiplo, produzindo
estacas, lenha, forragem, e encontra-se adaptada aos diversos ecossistemas
do Nordeste brasileiro (MENDES, 1989). Desde a época colonial que o ativo
florestal nativo do RN vem sendo explorado como lenha, carvão, estacas,
moirões, escoras, produtos não madeireiros e abertura de espaços para
empreendimentos rurais e urbanos. É expressivo o consumo de madeira
como energia nos setores caieiro, salineiro, cerâmico, fábricas de confeitos,
padarias, indústrias de sabão, margarina, doces, queijeiras, churrascarias,
e no uso domiciliar rural e urbano, assumindo destacado papel na matriz
energética potiguar, chegando a 31,4% do consumo do Estado.
Resultados e discussão
Conforme o Gráfico 1, nos clones de eucalipto avaliados na região de Parna-
mirim (RN), aos 9 anos de idade, foram registrados valores de sobrevivên-
cia variando de 85 a 100%, e a maior produtividade obtida foi no clone 16,
com 656.5 m³/ha. Nessa idade, vários clones ultrapassaram o DAP (Diâme-
tro a Altura do Peito) mínimo exigido para serraria, 17 cm.
- 66 -
Gráfico 1 – Médias de produtividade madeireira de clones de híbridos de
eucalipto aos 9 anos de idade na região de Parnamirim (RN)
700
600
500
200
100
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 111213 141516171819 20
- 67 -
Quadro 1 – Rendimento volumétrico de madeira de sabiá em diferentes
localidades e espaçamentos de plantio aos 7 anos de idade no Semiário RN
IMA
Sobrev. Altura DAP ABP V. Sol. Rendimento
Espécie (m³/
(%) (m) (cm) (m²/ha) (m³/há) Relativo (%)
ha.ano )
-1
- 68 -
Quadro 3 – Dados de sobrevivência, de crescimento, produtividade e de rendimento relativo de nim
indiano em diferentes localidades do Rio Grande do Norte, aos 7 anos de idade
Rend.
Sobrev. Altura DAP ABP V.Sólido IMA m³/
Local Relativo
(%) (m) (cm) m²/ha m³/ha ha/ano
%
São Gonçalo
100 11,0 19,0 36,3 200,0 28,5 215,0
do Amarante
Pedro
95 8,5 11,3 32,6 130,2 18,6 140,0
Avelino
Cruzeta 100 9,0 16,4 24,3 119,5 17,1 128,5
Caicó 100 7,0 13,0 26,4 93,0 13,3 100
Média 98,6 8,7 15,1 28,1 125,2 17,9 -
Conclusões
Pelos resultados auferidos nos diversos ensaios, o eucalipto pode ser culti-
vado em áreas degradadas do litoral úmido do RN para recobertura flores-
tal e atendimento da demanda por produtos madeireiros da região. O sabiá
e o nim indiano podem ser plantados nas diversas regiões edafoclimáticas
do estado, sendo que o seu melhor desempenho foi observado no litoral
úmido. A algarobeira mostrou-se apta para restauração de áreas degrada-
das e fins madeireiros na região semiárida do Seridó potiguar.
Esses resultados vêm sendo divulgados pela Emparn por meio de publicações
e em seus eventos de difusão de tecnologias, bem como mediante programas
de distribuição de mudas das espécies avaliadas, junto à agricultura familiar,
para recomposição de áreas degradadas e produção de madeira para uso na
propriedade rural e obtenção de renda adicional. Nesse contexto, observa-se
expressivo interesse dos proprietários rurais por sementes, técnicas de pro-
dução de mudas, plantio e manejo de povoamentos florestais.
- 69 -
Referências
ARAÚJO, M. de S. Avaliação de espécies de eucalipto na região de Umbuzeiro,
PB. 1993. 65p. Dissertação (Mestrado)–UFV, Viçosa, 1993.
PNUD; FAO; IBAMA. Diagnóstico florestal do Rio Grande do Norte. Natal: Go-
verno do Estado do Rio Grande do Norte, 1993. 51p. Projeto PNUD/FAO/
Ibama/RN.
- 70 -
Uso de mudas micropropagadas de cultivares de bananeira (Musa
spp.) resistentes ao Mal-da-Sigatoka e Mal-do-Panamá para transi-
ção agroecológica na agricultura familiar do Rio Grande do Norte
Maria Cléa Santos Alves1
Ana Julia Rebouças Pereira de Medeiros2
Edilma da Costa Pereira3
Maria de Fátima Batista Dutra4
Introdução
O cultivo da banana configura uma importante atividade agrícola no RN, já
apropriada pela agricultura familiar, sendo um instrumento para o desen-
volvimento sustentável dessa modalidade agrícola. O Estado do Rio Grande
do Norte possui uma área de 5.311 hectares com cultivos de banana, com
uma produtividade média de 27,7 t/ha (IBGE, 2012). A adoção de princípios
agroecológicos em ações de pesquisa e extensão focadas na agricultura fa-
miliar é o meio mais eficiente para a promoção da equidade socioeconô-
mica, tendo por base, também, o uso sustentável dos recursos naturais e a
manutenção das características sociais regionais. Assim, esses princípios
podem ser empregados à bananicultura na agricultura familiar, visando
alcançar a diversidade, produtividade, estabilidade, resistência, adaptabi-
lidade, equidade e autonomia. O uso de cultivares elites de bananeira pode
contribuir para a fitossanidade das lavouras, pois evita o emprego inten-
sivo de defensivos químicos, sem perdas de produtividade, e com isso res-
tringe o impacto do manejo do agroecossistema no ambiente. Atualmente,
existem diversas cultivares de bananeira resistentes a doenças registradas
no Ministério da Agricultura. Em 2007, a Empresa de Pesquisa Agropecuá-
ria do Rio Grande do Norte S.A. (Emparn) implantou um jardim clonal com
sete cultivares resistentes às duas doenças da bananeira de maior ocorrên-
cia no RN, a saber: o Mal-do-Panamá e o Mal-da-Sigatoka Amarela. No Rio
Grande do Norte, o uso de mudas de cultivares resistentes é pouco difundi-
do na agricultura familiar. Portanto, procurou-se promover a apropriação
de mudas micropropagadas como prática de manejo agroecológico adapta-
da às condições do Rio Grande do Norte, a fim de fomentar a bananicultura
pelos agricultores familiares.
1
Pesquisadora da Emparn e coordenadora do projeto. Contato: emparn@rn.gov.br.
2
Técnico de nível superior.
3
Técnico de nível superior.
4
Técnico de nível superior.
- 71 -
Metodologia
O uso de mudas micropropagadas resistentes a doenças (SOUZA; JUN-
GHANS, 2006) na agricultura familiar foi adotado como padrão, a fim de
permitir o acesso do agricultor a novas tecnologias. Foram empregadas me-
todologias que uniram análise e experiência dos agroecossistemas familia-
res, por meio de um diagnóstico participativo, utilizando levantamento de
dados socioambientais e econômicos em três territórios regionais do RN:
Açu-Mossoró, Chapada do Apodi e Mato Grande. Por meio desse levanta-
mento foram selecionadas as unidades produtivas para implantação de
uma nova variedade de bananeira originada de um programa de melhora-
mento genético. A variedade Pacovan Ken foi selecionada por apresentar
boa aceitação por parte dos agricultores. Essa variedade tem como princi-
pal característica resistência às doenças: Sigatoka-Negra, Sigatoka-Amare-
la e Mal-do-Panamá.
- 72 -
des demonstrativas e produtivas. A realização de eventos de transferência
de tecnologia (dias de campo, visitas, feiras) proporcionou ao agricultor o
conhecimento do material genético e a apropriação das práticas de mane-
jo, adaptando-as às condições locais, além de sensibilizar grupos poucos
familiarizados com essa tecnologia.
Resultados e conclusões
A partir da obtenção de mudas micropropagadas de bananeira em unida-
des demonstrativas, foram obtidos os dados que se encontram no Quadro 1.
A produtividade superou, no caso de Apodi, a média estadual, bastante im-
portante quando se trata de um material avaliado com manejo diferencia-
do, permitindo assim uma atuação continuada em busca de informações
por parte do agricultor.
- 73 -
Figura 1 – Dia de campo Figura 2 – Multiplicação in vitro
de mudas de bananeira
Referências
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Produção agrícola
municipal 2012: culturas permanentes. Brasília: IBGE, 2012.
- 74 -
Controle biológico da mosca-minadora do melão, Liriomyza trifolii
(Diptera: Agromyzidae), em áreas de agricultores familiares no Rio
Grande do Norte
José Robson da Silva1
José Roberto Postali Parra2
Tiago Cardoso da Costa Lima3
André Luiz Guedes de Sousa4
Elton Lúcio de Araújo5
Evilásio Dantas de Faria6
Fernanda Aspazia Rodrigues de Araújo7
Francisco Cipriano de Paula Segundo 8
1. Introdução
As moscas-minadoras do gênero Liriomyza são pragas de grande relevância
para a indústria de olericultura e plantas ornamentais. Três espécies do
gênero se destacam por sua alta polifagia e capacidade de conquistar novas
áreas: L. trifolii (Burgess, 1880), L. sativae (Blanchard, 1938) e L. huidobren-
sis (Blanchard, 1926), todas com origem no continente americano, mas que
atualmente causam prejuízos econômicos em todo o mundo (MURPHY;
LASALLE, 1999). Em razão de sérios problemas de seleção de populações re-
sistentes de Liriomyza a vários inseticidas e do impacto desses produtos aos
inimigos naturais das moscas-minadoras (HOSSAIN; POEHLING, 2006),
cresce o interesse pela aplicação de um manejo que minimize o desequilí-
brio gerado por práticas tradicionais, sendo o controle biológico umas das
opções a ser integrada (LIU et al., 2009).
- 75 -
Resultados e discussão
a) Implantação do sistema de criação do parasitoide de mosca-mi-
nadora, O. scabriventris
O sistema de criação do parasitoide O. scabriventris sobre L. sativae foi insta-
lado na sede da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte
S.A. (Emparn) na cidade de Parnamirim (RN).
Tabela 1 – Razão sexual, peso de 50 pupas e viabilidade pupal de L. sativae ao se iniciar a criação
em laboratório e após 1,5 ano1
1
Não houve diferença estatística a P < 0,05 (Regressão logística).
2
Não houve diferença estatística a P < 0,05 (Anova).
- 76 -
com pesquisadores de todo o país. Foi uma excelente oportunidade para o
grupo poder aprender com profissionais de diversas áreas da entomologia
em um mesmo local.
- 77 -
Figura 1 – Liberação de parasitoides, O. scabriventris, com uso de recipiente plástico sob manta de
“TNT” em meloeiro, Baraúna (RN)
- 78 -
Referências
ETZEL, L. K.; LEGNER, E. F. Culture and colonization. In: BELLOWS, T. S.;
FISHER, T. W. Handbook of biological control. London: Academic Press, 1999.
chap. 7, p. 125-197.
LIU, T. X.; KANG, L.; HEINZ, K. M.; TRUMBLE, J. Biological control of Liriomy-
za leafminers: progress and perspective. CAB Reviews, v. 4, p. 1-16, 2009.
- 79 -
Eficiência do uso da terra na associação de culturas para produ-
ção de biodiesel em sistemas de produção familiar
José Simplício de Holanda1
Flávio de Oliveira Basílio2
Miguel Ferreira Neto3
Tarcísio Batista Dantas4
Objetivos
Avaliar a viabilidade técnico-econômica da associação de coqueiro híbrido
com girassol, mamona, pinhão manso, amendoim e soja.
Material e método
Um experimento foi conduzido em pomar de coqueiro híbrido com doze
anos de idade, em Neossolo Quartzarênico do Município de Nísia Floresta
(RN), localizado nas coordenadas 06°06’19,3’’ de latitude sul, 035°09’14,9’’ de
longitude oeste do meridiano de Greenwich e a 59 m de altitude.
1
Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte EMPARN. Contato: simplicioemparn@rn.gov.br.
2
Universidade Federal Rural do Semi-Árido/Ufersa.
3
Universidade Federal Rural do Semi-Árido/Ufersa.
4
Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn).
- 81 -
O delineamento experimental foi de blocos casualizados com seis trata-
mentos em consórcio (coqueiro híbrido + girassol – C1; coqueiro híbrido +
mamona – C2; coqueiro híbrido + amendoim – C3; coqueiro híbrido + soja–
C4; coqueiro híbrido + pinhão-manso – C5 e pinhão-manso + girassol – C6) e
seis cultivos solteiros (girassol – S1; mamona – S2; amendoim – S3; soja – S4;
pinhão-manso – S5 e coqueiro híbrido solteiro– S6) com três repetições. As
parcelas dos tratamentos em cultivos consorciados foram constituídas por
uma área de 768 m² com 12 coqueiros espaçados de 8,0 x 8,0 m em quadrado.
Foram realizadas oito colheitas de coco maduro por ano e registrados o equi-
valente em noz, copra e rendimento de óleo, e calculada a eficiência do uso
da terra (EUT). Os resultados de bio-óleo acumulados por sistema foram ava-
liados e submetidos a análise de variância com teste F (P<0,05) seguido do
contraste de médias pelo Tukey ao nível de (P<0,05) de probabilidade.
Resultados e discussão
Não houve diferença considerável nas produções de óleo de coco, o que
confirma que o consórcio não traz prejuízo para a produção do coqueiro.
Nos cultivos isolados, a produtividade média do óleo de amendoim foi su-
perior às demais; não houve diferença significativa entre as produtivida-
des de óleo de mamona, girassol e pinhão/girassol, que por sua vez foram
maiores que as de óleo de soja e pinhão-manso (Tabela 1).
- 82 -
Figura 1 – Amendoim isolado Figura 2 – Consórcio Figura 3 – Consórcio
coqueiro x amendoim coqueiro x girassol
- 83 -
Tabela 1 – Eficiência do uso da terra na produção de óleo no cultivo de
oleaginosas em sistemas isolados ou consorciados. Nísia Floresta (RN), 2011
- 84 -
Conclusões
Não houve diferença significativa na produção de óleo de coco entre os sis-
temas testados, o que favorece a associação das oleaginosas sem prejuízo
para o coqueiro.
Referências
BIODIESEL BRASIL. O que é Biodiesel? 2005. Disponível em: <http://www.
biodiesel BR.com>. Acesso em: 18 nov. 2009.
- 85 -
Utilização de fungos entomopatógenos para o controle da Traça
das Crucíferas em áreas com uso abusivo de defensivos e em
sistemas de cultivo de base ecológica
Elizabeth Araújo de Albuquerque Maranhão1
1
Pesquisadora IPA/PE. Contato: bethmaranhao@gmail.com.
- 87 -
entomopatógenos como parte de um programa visando o uso racional das
práticas de controle fitossanitário e a preservação ambiental.
- 88 -
Figura 1. Patogenicidade de isolados de Metarhizium anisopliae (A) e Beauveria bassiana (B) para
larvas de segundo e terceiro estádios de Plutella xylostella em condições de laboratório. Vitória de
Santo Antão (PE), 2009-2010
A
100,00 C.V(%)=14.60
90,00
80,00 a a
70,00 ab
60,00
Mortalidade (%)
50,00 bc
40,00 cd cd cd
cd
30,00 d
Ma001/09-So
Ma004/09-So
Ma006/09-So
Ma003/09-So
Bb012/08-So
Ma002/09-So
IPAMa-207
IPAMa-216
20,00
Ma005/09-So
e
T
10,00
0,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Isolados de Metarhizium anisopliae
B
100,00 C.V(%)=13.35
90,00
80,00 a
ab a
70,00
60,00
Mortalidade (%)
bc
50,00 c c cd
40,00 cd
30,00 d
Bb001/09-So
Bb002/09-So
Bb003/09-So
Bb004/09-So
Bb006/09-So
Bb012/08-So
IPABb-205
IPABb-226
20,00
Bb005/09-So
e
T
10,00
0,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Isolados de Beauveria bassiana
- 89 -
A eficácia (E%) de inseticidas biológicos, calculada a partir da fórmula de
Abbott, para o controle de P. xylostella em plantas de couve cultivadas em
ambiente protegido, demonstrou que tanto as formulações comerciais
(Boveril®, Metarril SC® e Xentari®) quanto os isolados fúngicos utilizados
(IPABb-205 e IPAMa-207) apresentaram eficácia de controle acima de 50%.
O tratamento considerado padrão (Xentari® – B. thuringiensis var. aizawai)
apresentou o melhor desempenho (E% = 72,44) não diferindo estatisticamente
(P<0,05) dos demais inseticidas biológicos que apresentaram eficácias que
variaram de 64,74% a 68,30% (Tabela 1; Figura 2).
- 90 -
Figura 2 – Evolução da população de Plutella xylostella em plantas de couve
da cultivar Manteiga da Georgia sob condições de telado. Vitória de Santo Antão (PE), 2010
10,0
9,0
8,0
Número médio de larvas
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
1 2 3 4
Amostragens
- 91 -
Figura 3 – Agricultores familiares da comunidade de Palmeiras durante o curso sobre práticas
agroecológicas (A) e participação de agricultora durante curso de capacitação na comunidade de
Palmeiras (B)
- 92 -
Sistemas de cultivo agroecológicos para produção de inhame
na Paraíba
Elson Soares dos Santos1
Edson Cavalcante Matias2
Maildon Martins Barbosa3
José Teotônio de Lacerda4
1. Introdução
O inhame (Dioscorea spp.) é uma planta de clima tropical que apresenta bom
desenvolvimento vegetativo e produtivo nas mesorregiões da Mata Parai-
bana e do Brejo, sendo cultivada, no Brasil, principalmente nos estados da
Paraíba, de Pernambuco, da Bahia, de Alagoas e do Maranhão, que são os
maiores produtores (SANTOS et al., 2011; SANTOS, 2012). A exploração dessa
dioscoreácea, no Nordeste brasileiro, é secular e constitui uma alternativa
econômica muito promissora e aceitável pelos agricultores familiares.
1
Coordenador do Projeto. Eng. Agrônomo, MSc. Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.
Contato: elsonsoares.santos@yahoo.com.br.
2
Eng. Agrônomo, MSc. Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.
Contato: edsoncmatias@yahoo.com.br.
3
Eng. Agrônomo, Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.
Contato: maildon@bol.com.br.
4
Eng. Agrônomo, MSc. Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.
Contato: joseteotonio@gmail.com.
- 93 -
Essa espécie produz grande quantidade de tubérculos de alta qualidade
nutritiva, ricos em vitaminas do complexo B, carboidratos (amido princi-
palmente), que constituem alimentos básicos para a população. Todavia,
sua produtividade continua baixa em função de diversos fatores, como
baixa fertilidade dos solos, manejo inadequado, uso de tecnologias em-
píricas e falta de um sistema de cultivo eficiente que proporcione maior
produtividade e qualidade dos tubérculos produzidos e maior retorno
econômico (SANTOS, 1996).
O objetivo deste trabalho foi validar quatro sistemas de cultivo visando dis-
ponibilizar técnicas agronômicas e tecnologias agroecológicas para o cul-
tivo do inhame, como suporte básico para o fortalecimento da agricultura
familiar, nos territórios da Mata Paraibana e do Brejo.
Material e métodos
Os campos experimentais (Unidades Demonstrativas) foram instalados
nos municípios de Sapé e Mari (PB), nos anos de 2009 e 2010, em área de
10.000 m2, em LUVISSOLOS CRÔMICOS, com horizonte moderado, de tex-
tura média.
O preparo do solo foi realizado por meio de aração e gradagem com ante-
cedência ao plantio, em torno de 60 a 90 dias, incorporando plantas dani-
nhas e restos de culturas que servem para melhorar as características de
fertilidade do solo.
O controle de plantas daninhas foi efetuado por meio de capinas com enxa-
da. Não ocorreu incidência de pragas e doenças em nível significativo, dis-
- 94 -
pensando-se o controle fitossanitário. A ocorrência de manchas irregulares
e circulares nas folhas e hastes da cultura do inhame não provocou danos
na folhagem nem na produção.
Resultados e discussão
Os resultados de produtividade comercial (PC), comprimento (CT) e diâme-
tro (DT) de tubérculos, produtividade de sementes (PS) e produtividade to-
tal (PT) de inhame em diferentes sistemas de cultivo, no Município de Sapé
(PB), nos anos de 2009 e 2010, estão apresentados na Tabela 1. No primeiro
ano, as médias de produtividade comercial foram estatisticamente seme-
lhantes nos sistemas de cultivo avaliados, cuja média foi de 16.869 kg/ha.
Entretanto, as quantidades de sementes obtidas nos sistemas de cultivo 1 e
2, com a cultivar São Tomé (5.527 e 5.064 kg/ha), superaram significativa-
mente as obtidas com a cultivar Da Costa (1.678 e 2.054 kg/ha). Esse resulta-
do foi atribuído à qualidade da semente de inhame Da Costa utilizada, em
função de sua indisponibilidade em quantidade e qualidade superior na
época de plantio.
- 95 -
cultivar Da Costa, registrou-se alta incidência de nematóide da casca-preta
(41,67% e 31,25%, respectivamente) e meloidoginoses (14,38% e 9,17%, res-
pectivamente), fato atribuído à qualidade da semente utilizada no plantio.
Portanto, recomenda-se seleção rigorosa no momento de aquisição da se-
mente destinada ao plantio.
- 96 -
Tabela 1 – Produtividade comercial (PC), comprimento (CT) e diâmetro (DT) de tubérculos, produti-
vidade de sementes (PS) e produtividade total (PT) de inhame em diferentes sistemas de cultivo, no
Município de Sapé (PB), nos anos de 2009 e 2010
Sistemas PC CT DT PS PT
Ano
de cultivo (kg/ha) (cm) (cm) (kg/ha) (kg/ha)
1 14.265 a 27,27 c 10,29 a 5.527 a 19.792 a
2 13.889 a 26,10 c 9,64 ab 5.064 a 18.953 a
2009
3 12.992 a 36,07 a 9,05 bc 1.678 b 14.670 b
4 12.008 a 31,43 b 8,45c 2.054 b 14.063 b
Média 13.288 30,21 9,36 3.581 16.869
F 1,04 ns
17,81**
20,77 **
26,25 **
9,09**
CV(%) 25,72 12,28 6,41 37,66 19,89
DMS 3.775 4,10 0,66 1.489 3.706
1 16.562 30,70 9,48 3.819 20.381
2 22.153 31,18 9,94 5.278 27.431
2010(*)
3 18.611 31,29 9,64 5.625 24.236
4 25.069 31,66 9,88 3.854 28.923
Média 20.599 31,21 9,74 4.644 25.243
CV(%) 18,30 1,27 2,19 20,31 14,99
- 97 -
favoravelmente o sistema tradicional praticado pelo agricultor familiar, é
ecologicamente aceitável e economicamente viável, devendo ser imediata-
mente adotado pelos agricultores envolvidos com essa atividade.
Tabela 2 – Produtividade comercial (PC), comprimento (CT), diâmetro (DT) de tubérculos e produti-
vidade de sementes (PS) de inhame em diferentes sistemas de cultivo, em Mari (PB), no ano de 2009
Sistemas de PC CT DT PS
cultivo (kg/ha) (cm) (cm) (kg/ha)
1 16.602 ab 26,08 b 8,57 a 4.716 a
2 14.627 b 28,58 a 8,45 a 4.319 a
3 18.866 a 28,78 a 8,43 a 1.794 b
4 16.088 b 25,93 b 8,38 a 1.678 b
Média 16.546 27,35 8,46 3.127
F 8,22** 8,89** 0,16ns 44,03**
CV(%) 12,84 6,57 8,16 26,96
DMS 2.346 1,99 0,76 931
Nas colunas, médias seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre si, pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade.
- 98 -
Conclusão
Os sistemas de cultivo do inhame em camalhões, com espaçamentos mais
adensados, como 0,80 m x 0,50 m (25.000 plantas/ha), 0,80 m x 0,40 m
(31.250 plantas/ha), 1,00 m x 0,50 m (20.000 plantas/ha), 1,00 m x 0,40 m
(25.000 plantas/ha), e tutoramento alternativo com espaldeira com um fio
de arame e adubação orgânica constituem uma alternativa viável e susten-
tável para o cultivo do inhame.
Referências
GOMES, F. P. Curso de estatística experimental. 11. ed. rev. e ampl. Piracicaba:
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”; Nobel, 1985. 466p.
- 99 -
Sistema alternativo para tutoramento da cultura do inhame
(Dioscorea cayennensis)
Elson Soares dos Santos1
Edson Cavalcante Matias2
Maildon Martins Barbosa3
José Teotônio de Lacerda4
Introdução
As modificações provocadas pelo homem no ambiente estão acarretando
desastre ecológico, com progressivo desaparecimento de espécies vegetais
e extinção de animais que vivem nas matas e florestas. Nesse contexto, tor-
na-se necessária a conscientização do homem sobre a importância dos re-
cursos naturais e do ambiente como fatores de produção, geração de ame-
1
Coordenador do Projeto. Eng. Agrônomo, MSc. Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.
Contato: elsonsoares.santos@yahoo.com.br.
2
Eng. Agrônomo, MSc. Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.
Contato: edsoncmatias@yahoo.com.br.
3
Eng. Agrônomo, Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.
Contato: maildon@bol.com.br.
4
Eng. Agrônomo, MSc. Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.
Contato: joseteotonio@gmail.com.
- 101 -
nidades e de equilíbrio ecológico. A intensidade do processo de destruição
das reservas florestais é resultado da ação direta do homem e de sua má
utilização. De acordo com Carvalho & Viana (1998), a extensão dos efeitos
negativos, resultantes desse processo, aponta para a necessidade de uma
política de preservação e conservação dos recursos naturais, de forma a
assegurar às futuras gerações a utilização dos mesmos recursos potenciais
hoje em disponibilidade.
Material e métodos
O campo experimental (Unidade Demonstrativa) foi desenvolvido em
uma área de 4.968 m2 de inhame São Tomé, em sistemas de camalhões, no
- 102 -
espaçamento de 1,20 x 0,60 m, com uma densidade populacional de
6.900 plantas, distribuídas em 15 camalhões de 460 plantas.
Resultados e discussão
Na Tabela 1, verifica-se que as médias de produtividade, nas quinze amos-
tras, variaram de 4.167 a 25.000 kg/ha, com uma média geral de 8.148 kg/
ha. As amostras 3, 4, 7 e 11 apresentaram médias de produtividade acima de
16.000 kg/ha, consideradas satisfatórias nas condições em que o trabalho
foi realizado. O comprimento dos tubérculos variou de 21,00 a 30,66 cm,
com uma média de 24,84 cm, e o diâmetro, de 7,10 a 10,26 cm, com uma
média de 8,83 cm. Esses resultados indicam que em condições climáticas
normais e plantio com sementes de boa qualidade genética, física e fitos-
sanitária, associado ao manejo adequado da cultura, se obtêm altas produ-
tividades de inhame em sistema alternativo de tutoramento das plantas,
utilizando espaldeira com um fio de arame, conforme recomendado por
Santos et al. (2011). É importante relatar que o sistema de espaldeira com
estaca ou similar e com um fio de arame ou similar pode substituir com
- 103 -
inúmeras vantagens o sistema de varas tradicionalmente utilizado pelos
agricultores. A utilização de varas é contraditória à preservação ambiental,
devendo-se, portanto, adotar o sistema alternativo sugerido (Figura 1).
Foto A Foto B
- 104 -
Tabela 1 – Produtividade (PROD), comprimento (COMP) e diâmetro (DIAM) de tubérculos comerciais
e de sementes e produtividade total (PRODT) de inhame cultivar São Tomé em base agroecológica
- 105 -
Considerando que no período de setembro a dezembro o déficit hídrico na
região é o principal fator limitante da produtividade de inhame, a Unida-
de Demonstrativa recebeu uma irrigação “salvação”, que foi indispensável
para a obtenção dos resultados e para possibilitar aos agricultores familia-
res conhecimentos sobre o manejo de água e de alternativas agronômicas
para diminuir os riscos decorrentes de estiagens prolongadas.
Conclusões
1. Os resultados obtidos são considerados satisfatórios no âmbito da agri-
cultura familiar em base agroecológica. Para o tutoramento da cultura
do inhame recomenda-se o sistema alternativo com espaldeira, com um
fio de arame em substituição ao uso de varas tradicionalmente utilizado
pelos agricultores.
- 106 -
Referências
CARVALHO, O.; VIANA, O. Ecodesenvolvimento e equilíbrio ecológico: algu-
mas considerações sobre o Estado do Ceará. Revista Econômica do Nordeste,
Fortaleza, v. 29, n. 2, p. 129-141, abr./jun. 1998.
- 107 -
Características de crescimento e produtivas de cultivares de man-
dioca em base agroecológica na Paraíba
Elson Soares dos Santos1
Edson Cavalcante Matias2
Maildon Martins Barbosa3
José Teotônio de Lacerda4
1
Coordenador do Projeto. Eng. Agrônomo, MSc. Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.
Contato: elsonsoares.santos@yahoo.com.br.
2
Eng. Agrônomo, MSc. Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.
Contato: edsoncmatias@yahoo.com.br.
3
Eng. Agrônomo, Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.
Contato: maildon@bol.com.br.
4
Eng. Agrônomo, MSc. Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.
Contato: joseteotonio@gmail.com.
- 109 -
Introdução
A cultura da mandioca (Manihot esculenta Crantz) apresenta importância
social e econômica marcante como fonte de carboidratos para mais de
700 milhões de pessoas, essencialmente nos países em desenvolvimento,
podendo ser destinada também para a indústria e proporcionar renda bá-
sica para os agricultores. Esta planta é cultivada extensivamente no Brasil,
principalmente, na Região Nordeste, por pequenos produtores rurais. Des-
taca-se pela rusticidade e adaptabilidade aos diferentes ecossistemas, o que
possibilita seu cultivo em todas as regiões brasileiras (SANTOS et al., 2011;
SANTOS, 2012). Assim, é muito importante avaliar suas características de
crescimento e produtivas para auxiliar na seleção de variedades ideais
para os agroecossistemas produtores.
Material e métodos
O campo experimental (Unidade Demonstrativa − UD) foi desenvolvido
nos municípios de Sapé e Mari (PB), situados na mesorregião da Mata Pa-
raibana, em LUVISSOLOS CRÔMICOS, de textura média, no período de
2009 a 2011.
- 110 -
correspondente a uma densidade populacional de 13.888 plantas/ha. As va-
riedades de mandioca foram provenientes de regiões produtoras da Paraíba.
Resultados e discussão
As características de crescimento de plantas de seis cultivares de mandio-
ca foram organizadas na Tabela 1. Foram significativas as diferenças en-
tre cultivares sobre altura de plantas, em todas as idades avaliadas. Aos
210 dias de idade, a cultivar Rama-Verde apresentou maior crescimento e
desenvolvimento vegetativo do que as demais, em termos de altura de plan-
ta, seguida das cultivares Rosinha e Verde-Rosa.
- 111 -
Quanto ao comprimento do caule, aos 120, 150 e 180 dias, houve compor-
tamento diferente entre cultivares. Aos 210 e 240 dias, todas as cultivares
foram semelhantes, com médias variando de 0,88 a 1,22 m. Esse resultado
é atribuído à estabilização do crescimento da planta a partir dessas idades.
Para diâmetro do caule, houve diferenças significativas entre cultivares em
todas as idades até os 240 dias após o plantio.
O número de ápice por planta variou entre cultivares. Aos 240 dias, o núme-
ro de ápice por planta da cultivar Rama-Verde superou o das demais culti-
vares, expressando sua força genética na característica produção de ramos
vegetativos e produção de forragem para uso na alimentação de bovinos.
- 112 -
Tabela 1 − Características de crescimento de plantas de seis cultivares de mandioca em sistema
de cultivo agroecológico nas condições ambientais do Município de Sapé (PB), na mesorregião da
Mata Paraibana
- 113 -
Tabela 1 − Características de crescimento de plantas de seis cultivares de mandioca em sistema
de cultivo agroecológico nas condições ambientais do Município de Sapé (PB), na mesorregião da
Mata Paraibana
Continuação
Idade da planta (dias após o plantio)
Características Cultivar
120 150 180 210 240
Toninha 1,00 b 1,30 c 1,50 b 2,10 b 1,90 c
Landy 1,00b 1,50 bc 1,70 b 4,10 b 5,40 bc
Pitangueira 2,20 a 3,20 ab 4,00 b 4,90 b 6,20 bc
NA/P
Rosinha 1,00 b 1,90 bc 2,80 b 2,70 b 2,90 bc
Verde-Rosa 1,00 b 2,10 bc 3,90 b 6,80 b 8,10 b
Rama-Verde 1,80 a 4,30 a 8,70 a 14,30 a 16,60 a
AP – Altura de planta; CC – Comprimento do caule; DC – Diâmetro do caule; DCo – Diâmetro da copa; PCo –
Profundidade da copa; NA/P - Número de ápices/planta.
Para cada variável, as médias, nas colunas, não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a
5% de probabilidade.
O número médio de raízes foi de 7,3, o diâmetro médio de raiz foi de 6,70 cm
e a produtividade de raiz por planta foi de 3,48 kg. Embora sem diferenças
significativas, as cultivares apresentaram altas produtividades de raízes,
variando de 41.088 a 57.292 kg/ha, aos 12 meses de idade, e tolerância à
podridão-radicular, a principal doença verificada na região, uma vez que
não foi detectada incidência de podridão-radicular nos genótipos testados.
- 114 -
Tabela 2 − Número de raízes/planta (NR/P), comprimento de raiz (CR), diâmetro de raiz (DR),
produtividade raiz/planta (PR/P), produtividade raiz (PR), peso médio de raiz (PMR) e podridão
radicular (PRadic) de cultivares de mandioca no Município de Sapé (PB), na mesorregião
da Mata Paraibana
Nas colunas, as médias seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre si, pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade (** Significativo a 1% de probabilidade, ns Não significativo).
Conclusões
As cultivares Toninha, Landi, Pitangueira, Rosinha e Verde-Rosa apresen-
tam características de crescimento e produtivas expressivas, demonstran-
do sua potencialidade genética para produção de partes aéreas e raízes.
- 115 -
Referências
GOMES, F. P. Curso de estatística experimental. 11. ed. rev. e ampl. Piracicaba:
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”; Nobel, 1985. 466p.
- 116 -
Características morfológicas de seis cultivares de mandioca culti-
vadas em sistema agroecológico na Paraíba
Elson Soares dos Santos1
Introdução
A mandioca (Manihot esculenta Crantz), da família Euphorbiaceae, é cultivada
extensivamente no Brasil, principalmente na Região Nordeste, em função de
sua rusticidade e papel social que representa para as populações de baixa
renda, tendo grande adaptabilidade aos diferentes ecossistemas, o que possi-
bilita seu cultivo praticamente em todas as regiões brasileiras. É uma planta
produtora de raízes e parte aérea em abundância (ramos e folhas) de alto
valor nutritivo. As raízes são ricas em carboidratos e na sua quase totalidade
são transformadas em farinha para o consumo humano e aproximadamen-
te 20% da parte aérea é aproveitada para os novos plantios.
1
Coordenador do Projeto. Eng. Agrônomo, MSc. Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.
Contato: elsonsoares.santos@yahoo.com.br.
- 117 -
Apesar da importância da mandioca como fonte alimentar para a população
humana e animal, sua produtividade continua baixa em função de vários
fatores, dentre eles materiais genéticos produtivos e resistentes à podridão
radicular (SANTOS, 2012; GUEDES et al., 2007). Então são fundamentais es-
tudos de seleção e melhoramento de novas cultivares de mandioca que apre-
sentem características morfológicas, de crescimento e produtivas comprova-
das para a obtenção de altas produtividades de raízes e partes aéreas.
Material e métodos
O campo experimental (Unidade Demonstrativa) foi desenvolvido no Mu-
nicípio de Sapé (PB), situado na mesorregião da Mata Paraibana, em LU-
VISSOLOS CRÔMICOS, com horizonte moderado, de textura média, no
período de 2009 a 2011.
- 118 -
O plantio foi realizado no período de 6 a 14 de março 2009 utilizando mani-
vas-sementes rigorosamente selecionadas, com tamanho de 20 cm. Foram
efetuadas adubações orgânicas utilizando esterco de curral. Os tratos cul-
turais foram efetuados por meio de capinas manuais. Não houve registro
de pragas e doenças, dispensando os tratamentos fitossanitários. Durante
o crescimento e desenvolvimento vegetativo das plantas foram efetuadas
inspeções sistemáticas e realizadas as observações fenológicas necessárias
à obtenção dos dados experimentais.
Resultados e discussão
As características morfológicas dos seis materiais genéticos avaliados estão
apresentadas na Tabela 1, cujos dados podem ser utilizados em futuros tra-
balhos de seleção e melhoramento de genótipos de mandioca, na Paraíba.
- 119 -
Tabela 1 − Características morfológicas de seis variedades de mandioca avaliadas para os territórios produtores paraibanos
- 120 -
Destaque da película da raiz Fácil Fácil Fácil Fácil Fácil Fácil
Cintas nas raízes Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente
Cor do ramo terminal Verde Verde-róseo Verde-claro Verde Verde-róseo Verde
Proeminência da cicatriz foliar Mediana Mediana Mediana Mediana Mediana Mediana
Cor da polpa Branca Branca Branca Branca Branca Branca
Forma da raiz Cilíndrica Cilíndrica Cilíndrica Cilíndrica Cilíndrica Cilíndrica
Cor do caule Branco-verde Purpúreo Purpurina Cinza Cinza Verde cinza
Altura de planta 1,56 1,47 1,67 1,91 2,13 2,75
Diâmetro do caule (cm) 3,6 3,7 4,0 2,7 3,5 3,7
Diâmetro da copa (m) 0,69 0,56 0,79 0,81 1,01 2,22
Profundidade da copa (m) 0,29 0,34 0,65 0,52 0,70 1,50
Número de ápice/planta 5,4 1,9 6,2 2,9 8,1 16,6
Peso da raiz 0,667 0,409 0,449 0,497 0,562 0,381
Os aspectos visuais das plantas avaliadas de cada cultivar podem ser obser-
vados na Figura 1. A cultivar Rama-Verde apresenta altura de planta, diâ-
metro de copa e profundidade de copa e número de ápices/planta superio-
res às demais cultivares avaliadas, demonstrando uma superabundância
de ramos vegetativos e folhas, bem como alta produção de raízes, podendo
ser utilizada integralmente na alimentação de bovinos, principalmente na
época seca do ano, quando se registram altos índices de escassez de pasta-
gens na região.
- 121 -
Conclusões
As cultivares Toninha, Landi, Pitangueira, Rosinha, Verde-Rosa e Rama-Ver-
de avaliadas, em função de suas excelentes características morfológicas,
podem ser utilizadas em futuros trabalhos de seleção e melhoramento de
variedades de mandioca para produção simultânea de raízes e parte aérea,
visando à alimentação humana e animal.
Referências
BORGES, M. de F.; FUKUDA, W. M. G.; ROSSETTI, A. G. Avaliação de varieda-
des de mandioca para consumo humano. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Brasília, DF, v. 37, n. 11, p. 1559-1565, nov. 2002.
- 122 -
Cultivo agroecológico da mandioca cultivar Toninha para
produção de forragem no Agreste Paraibano
Elson Soares dos Santos1
Valdemir Ribeiro Cavalcante2
Selma Soares dos Santos3
1
Coordenador do Projeto. Eng. Agrônomo, MSc. Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.
Contato: elsonsoares.santos@yahoo.com.br.
2
Eng. Agrônomo, MSc. Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.
Contato: cavalcante@hotmail.com.
3
Zootecnista da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A. – (Emepa-PB).
Contato: selmasoares2003@ya.hoo.com.br.
- 123 -
Introdução
No Nordeste brasileiro um dos problemas que limita o sucesso da explo-
ração de bovinos é a sazonalidade da produção forrageira das pastagens,
durante a estação seca. Nessa época a escassez de forragens, associada ao
seu baixo valor nutritivo, compromete o desenvolvimento corporal dos
animais; dessa forma, a alimentação passa a depender da disponibilidade
de volumosos conservados, fenos, silagens, capim picado e restos de cultu-
ras. Durante o período chuvoso há alimento em abundância e de boa qua-
lidade, mas durante a seca o alimento é escasso e de qualidade inferior,
com conteúdo de proteína bruta na forragem insuficiente para atender às
exigências nutricionais dos animais em pleno crescimento.
Material e métodos
Foi realizada Unidade Demonstrativa com a cultura da mandioca para pro-
dução de forragem na Estação Experimental de Alagoinha, pertencente à
Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A. (Emepa-PB),
no Agreste Paraibano. Foram implantados e conduzidos 6 hectares de man-
dioca divididos em 6 lotes de 1 hectare para produção de forragem e utili-
zação em dias de campo.
- 124 -
O preparo do solo foi realizado por aração e gradagem. O plantio foi reali-
zado em covas com 0,20 m de profundidade, usando-se manivas-sementes
dos diferentes materiais de 20 cm de comprimento, plantadas horizontal-
mente, no espaçamento de 1,00 m x 0,60 m, em sistema de fileiras simples,
correspondente a uma densidade populacional de 16.667 plantas/ha. A va-
riedade de mandioca plantada foi a Toninha, proveniente da Paraíba.
Resultados e discussão
Na Tabela 1 encontram-se os dados fenológicos da cultura da mandioca
cultivar Toninha em sete idades distintas da planta. Nas idades de 90 a 270
dias, a cultura apresentou crescimento e desenvolvimento vegetativo su-
perior a todas as plantações dos agricultores familiares da região, que vêm
sendo afetadas por diversos fatores. Para a obtenção de resultados satisfa-
tórios alguns fatores devem ser controlados, como baixa fertilidade do solo,
manejo inadequado praticado pelos agricultores familiares, utilização de
sementes não selecionadas, plantio de sementes fora do padrão recomen-
dado, baixo nível técnico dos agricultores, preparo do solo inadequado, en-
tre outros. Os resultados obtidos foram atribuídos aos efeitos positivos do
manejo agroecológico adequado, associado ao bom preparo do solo, área
em repouso durante três anos, seleção rigorosa do material propagativo e
às condições de solo e clima apropriadas durante o ciclo da cultura.
- 125 -
crescimento e desenvolvimento das raízes, pois em idades posteriores foram
obtidas produtividades superiores, em torno de 30 a 35 t/ha de raízes.
- 126 -
Neste estudo, a mandioca cultivar Toninha atingiu uma altura estimada de
2,05 m na idade de 253 dias após o plantio. O coeficiente de determinação
R2 indica que 99,5% da variação da altura da planta são explicadas pela
função quadrática e somente 0,5% é atribuído a fatores do acaso (Figura 1).
2,5
2,0
Altura de plantas (m)
1,5
1,0
0,0
90 120 150 180 210 240 270
Idade da planta (dias após o plantio)
- 127 -
Tabela 2 − Produtividade de raízes e parte aérea de mandioca cultivar Toninha em cultivo agroecoló-
gico. Alagoinha, PB, 2009/2010. (Médias de cinco repetições)
Conclusões
A mandioca cultivar Toninha, em função de suas excelentes características
de crescimento e produtivas, deve ser plantada pelos agricultores familia-
res paraibanos, em escala comercial, visando à produção de forragem para
uso na alimentação animal.
- 128 -
Referências
CARVALHO, O.; VIANA, O. Ecodesenvolvimento e equilíbrio ecológico: algu-
mas considerações sobre o Estado do Ceará. Revista Econômica do Nordeste,
Fortaleza, v. 29, n. 2, p. 129-141, abr./jun. 1998.
- 129 -
Desempenho de zebuínos submetidos à alimentação com mandioca
no Agreste Paraibano
Elson Soares dos Santos1
Valdemir Ribeiro Cavalcante2
Selma Soares dos Santos3
Paulo Leonardo Correia Guedes4
Introdução
A atividade pecuária no Agreste Paraibano vem sendo bastante afetada
pelos efeitos da sazonalidade das pastagens na época seca. Nessa época,
caracterizada pelos baixos índices pluviométricos, a escassez de forragens
associada ao seu baixo valor nutritivo tem comprometido o crescimento e
1
Coordenador do Projeto. Eng. Agrônomo, MSc. Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.
Contato: elsonsoares.santos@yahoo.com.br.
2
Eng. Agrônomo, MSc. Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.
Contato: cavalcante@hotmail.com.
3
Zootecnista da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A. (Emepa-PB).
Contato: selmasoares2003@ya.hoo.com.br.
4
Zootecnista da Embrapa/Emepa-PB. Contato: emepa@emepa.org.br.
- 131 -
o desempenho dos bovinos, com reflexo na produtividade de carne e leite
para alimentação e nutrição humana.
Material e métodos
O experimento foi desenvolvido na Estação Experimental de Alagoinha, no
Município de Alagoinha (PB), no ano de 2010. Foram utilizadas bezerras da
raça Guzerá e Sindi submetidas à alimentação com o uso parcial e integral
da mandioca.
- 132 -
tradicional. A ração tradicional foi composta de 70% de capim-elefante pi-
cado + 29,5% de cana-de-açúcar + 0,5 kg de farelo de trigo.
Resultados e discussão
Na Tabela 1 verifica-se que os teores de matéria seca da parte aérea e raízes
da mandioca foram de 91,80% e 91,64%, respectivamente, semelhantes aos
obtidos por Sampaio (1995). Os teores de proteína bruta, fibra em detergen-
te neutro e fibra em detergente ácido da parte aérea da planta foram supe-
riores aos determinados nas raízes, e os demais constituintes foram bem
próximos. O teor de proteína bruta obtido nas raízes de mandioca foi de
2,61%, inferior ao obtido por Guedes et al. (2007), que encontraram teores
de 3,38 a 5,72% em diferentes variedades de mandioca, mas foi superior aos
encontrados por Sampaio (1995), que relatou teores entre 1 e 2,5%.
- 133 -
fibra em detergente ácido o teor encontrado nas raízes de mandioca dessa
variedade foi de 8,45% e da parte aérea de 33,98%, com uma média de 21,22%.
- 134 -
Tabela 2 − Matéria seca (MS), umidade (UD), cinzas (CZ), matéria orgânica (MO), proteína bruta
(PB), gordura bruta (GB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) das
dietas à base de mandioca utilizadas na alimentação dos bovinos Guzerá e Sindi
54,47
3 91,42 a 8,59 a 5,64 bc 94,36 ab 3,93 ab 0,49 b 27,91 b
ab
Médias seguidas da mesma letra, nas colunas, não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a
5% de probabilidade (* e ** Significativo a 5% e 1% de probabilidade, respectivamente).
Neste trabalho (Tabela 3), os animais que receberam dietas com 50% de man-
dioca integral (parte aérea e raiz) + 50% ração básica (70% capim-elefante
picado + 29,5% cana-de-açúcar + 0,5% farelo de trigo) e 25% mandioca inte-
gral + 75% ração básica apresentaram melhor ganho de peso, em ambas as
raças. Esses resultados apontam que a parte aérea e as raízes da mandioca
constituem excelente alternativa para a alimentação dos bovinos no Agres-
te Paraibano, principalmente, na época seca. A raiz da mandioca é rica em
energia, porém pobre em proteínas, devendo ser oferecida aos ruminantes
suplementada com outras fontes proteicas, como farelos de soja, farelos de
algodão, feno de leguminosas, a parte aérea da mandioca. Entretanto, para
uma boa eficiência alimentar e maior ganho de peso corporal é de extrema
importância o balanceamento proteico, energético e mineral da ração. Os
animais devem ter acesso ao volumoso de boa qualidade.
- 135 -
Tabela 3 − Ganho de peso médio diário de bezerras desmamadas Guzerá
e Sindi submetidas a diferentes rações com mandioca
Conclusões
A parte aérea e as raízes de mandioca constituem uma excelente alternati-
va para a alimentação de bovinos, em função do seu alto valor nutritivo e
energético, principalmente em época de escassez de pastagens de boa qua-
lidade e em quantidade para atender à necessidade alimentar dos bovinos.
- 136 -
Referências
ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS (AOAC). Official me-
thods of analysis of the Association of Official Analytical Chemists. 11th edition.
Washington, DC: Association of Official Analytical Chemists, 1970.
- 137 -
Capacitação técnica para produção de inhame e mandioca em base
agroecológica na Mata Paraibana e no Agreste1
Elson Soares dos Santos1
Valdemir Ribeiro Cavalcante2
Selma Soares dos Santos3
Paulo Leonardo Correia Guedes4
Rômulo Pontes Freitas de Albuquerque5
Saulo Vilarim de Farias Leite6
Nielson Gonçalves Chagas7
Maria do Carmo dos Santos Lima8
- 139 -
Introdução
No Estado da Paraíba, as culturas do inhame e da mandioca apresentam
grande importância socioeconômica como fontes alimentares para a po-
pulação e de renda para os agricultores familiares e pessoas envolvidas
nos negócios dessas lavouras. Entretanto, suas produtividades continuam
baixas. Mesmo com a disponibilidade dos avanços tecnológicos e da assis-
tência técnica, o baixo nível técnico dos agricultores tem contribuído for-
temente para a fragilidade dos sistemas produtivos, que insistem nos siste-
mas de cultivo tradicionais, resultando em baixa produtividade, qualidade
inferior do produto, fluxo negativo de comercialização e baixo retorno eco-
nômico, provocando desmotivação dos agricultores da atividade agrícola
(SANTOS et al., 2011a; SANTOS et al., 2011b; SANTOS, 2012).
Material e métodos
A capacitação dos agricultores familiares foi realizada por meio das se-
guintes ações: dias de campo com apresentações dos avanços tecnológicos
- 140 -
disponíveis, orientações em visitas técnicas in loco, cursos e palestras téc-
nicas realizadas. Para auxiliar nessas ações foram distribuídas publicações
técnicas sobre inhame e mandioca elaboradas de forma objetiva, estrutu-
rada, em linguagem simples e acessível, para maior compreensão pelos
agricultores familiares dos territórios de abrangência do projeto.
Resultados e discussão
Com a execução deste projeto, mais de 800 pessoas − entre agricultores,
técnicos da extensão rural de empresas públicas e privadas, professores e
alunos universitários e pesquisadores − participaram dos eventos de capa-
citação técnica realizados no período de 2009 a 2010 na Paraíba.
- 141 -
os quais se destacaram: Cultivo do inhame na base da agricultura familiar;
Cultivo da mandioca na base da agricultura familiar; Uso da mandioca na ali-
mentação de bovinos. Os resultados obtidos são positivos e causaram im-
pactos importantes nessas regiões, principalmente com os treinamentos
efetivados e a distribuição gratuita de manivas-sementes para o início de
uma plantação de mandioca em base agroecológica de 15 hectares no pri-
meiro ano e perspectiva de 60 hectares no segundo ano, para beneficiar 128
famílias no Assentamento “Maria Preta” no Agreste Paraibano.
Palestra sobre o uso de mandioca na alimenta- Palestra sobre o uso de mandioca na alimenta-
ção animal para técnicos e agricultores ção animal para técnicos e agricultores
do Agreste Paraibano do Agreste Paraibano
Mais de 500 produtores rurais, técnicos, pesqui- Dia de campo no Agreste Paraibano.
sadores, intermediários e políticos participam Difusão e transferência de tecnologias
de capacitação sobre manejo agroecológico na agroecológica para agricultores da região.
produção familiar de inhame
- 142 -
Durante a execução do projeto foram beneficiados diretamente trabalha-
dores rurais, agricultores familiares e fornecedores de material de consu-
mo (Tabela 1). O número de famílias e de pessoas beneficiadas no primeiro
momento é pequeno, mas com a melhoria dos sistemas de produção em
base agroecológica das culturas do inhame e da mandioca nas mesorregi-
ões da Mata Paraibana e do Agreste, com abrangência do Brejo e Borbore-
ma, esse número será aumentado significativamente, ao longo dos anos.
Por esses motivos, ações serão implementadas na agricultura familiar des-
sas regiões, mesmo após o encerramento do projeto.
Itens Quantidade
Número de famílias beneficiadas diretamente 128
Número de pessoas diretamente beneficiadas 512
Número de famílias indiretamente beneficiadas 10
Número de pessoas indiretamente beneficiadas 40
Número de comunidades tradicionais beneficiadas 2
Número de municípios atingidos ou atendidos pelo projeto 21
Número de emprego sem vínculo empregatício gerado 20
Número de pessoas que participaram de capacitação técnica 850
- 143 -
Conclusões
A difusão e transferência tecnológica, a capacitação e atualização dos agri-
cultores familiares são ferramentas fundamentais para o desenvolvimento
sustentável da agricultura familiar nos territórios da Mata Paraibana, do
Brejo, do Agreste e de parte da Borborema.
Referências
SANTOS, E. S. dos. Manejo agroecológico na produção familiar de inhame e
mandioca para uso na alimentação humana e animal. João Pessoa: Emepa-PB,
MCT/CNPq/MDA/SAF/FNDCT, 2012. 94p. il. (Relatório Final).
- 144 -
Difusão e transferência de tecnologias agroecológicas de inhame
e mandioca na Paraíba
Elson Soares dos Santos1
Edson Cavalcante Matias2
Maildon Martins Barbosa3
José Teotônio de Lacerda4
Introdução
Os conhecimentos adquiridos e as tecnologias geradas pela pesquisa, ao
longo dos anos, só terão sentido se disponibilizados a outros de forma su-
ficientemente eficaz. Nesse contexto, a difusão de tecnologia constitui a
força e a responsabilidade na transmissão das tecnologias geradas. O papel
que exerce a difusão e transferência tecnológica na agricultura familiar é
incontestavelmente importante. Normalmente, quando o produtor rural
se encontra desassistido da extensão rural, é evidente o desagregamento
1
Coordenador do Projeto. Eng. Agrônomo, MSc. Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.
Contato: elsonsoares.santos@yahoo.com.br.
2
Eng. Agrônomo, MSc. Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.
Contato: edsoncmatias@yahoo.com.br.
3
Eng. Agrônomo, Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.
Contato: maildon@bol.com.br.
4
Eng. Agrônomo, MSc. Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.
Contato: joseteotonio@gmail.com.
- 145 -
dos cultivos praticados por cada um, manifestando um desconhecimento
total; mas, quando procura ou se integra ao sistema de extensão rural, é
significativa a intensidade das culturas plantadas e o incremento da produ-
tividade, proporcionando maior retorno econômico e melhoria do padrão
de vida dos agricultores familiares, motivando-os a continuarem na ativi-
dade (SANTOS, 2012; FRANCO, 2002).
- 146 -
isso, acredita-se estar contribuindo para o fortalecimento da agricultura
familiar paraibana e estimulando maiores negócios de mercado.
Material e métodos
A difusão e transferência de tecnologias agroecológicas foram realizadas
por meio de dias de campo, visitas in loco, noticiários em meio eletrônico,
publicações para ampla difusão dos avanços tecnológicos disponibilizados
para uso direto pelos agricultores familiares, cursos técnicos, palestras téc-
nicas e pelo programa Prosa Rural da Embrapa.
Resultados e discussão
Dentro do enfoque de sustentabilidade da agropecuária paraibana, essen-
cialmente das mesorregiões da Mata Paraibana, do Brejo, do Agreste e da
Borborema, foram validadas mais de dez tecnologias agroecológicas para
as culturas do inhame e da mandioca, e o sistema alternativo de alimenta-
ção para bovinos leiteiros, que foram disponibilizados para os agricultores
familiares e criadores dessas regiões.
- 147 -
que os agricultores dessas regiões estão satisfeitos e motivados para con-
tinuar na atividade agrícola com essas culturas. Mas eles pedem mais as-
sistência técnica, capacitação e contribuições tecnológicas capazes de pro-
porcionar incrementos de produtividade e melhores retornos econômicos
para a melhoria da sua qualidade de vida.
- 148 -
Quadro 1 − Tecnologias apropriadas para o cultivo do inhame (Dioscorea spp.)
- 149 -
Título da tecnologia Descrição resumida Beneficiários
Incorporação de Crotalaria
spectabilis, mucuna-preta
(Stizolobium aterrimum),
feijão-de-porco (Canavalia
ensiformis), cravo-de-
defunto (Tagetes erecta)
e manipueira promove
Controle alternativo de Agricultores
controle eficiente de
nematoides do inhame familiares
fitonematoides do solo e
infecção nas raízes. Cortar
as plantas na floração com
roçadeira e incorporar com
grade, ao solo. Realizar o
plantio do inhame 30 dias
depois.
Plantar tubérculos-
sementes sadios de 50
a 100 g da cultivar Da
Costa, no espaçamento
20 m x 20 cm
(250.000 plantas/
Sistema alternativo
ha) ou 25 m x 25 cm
para produção de Agricultores
(160.000 plantas/ha), em
semente de inhame por familiares
canteiros de 1,20 m de
superadensamento
largura e comprimento
variável. Realizar adubação
orgânica uniforme nos
canteiros. O ponto de
colheita ocorre de seis a
oito meses.
Em condições favoráveis
o sistema de cultivo em
camalhão é mais rápido e
econômico em relação ao
plantio em matumbos, e
protege a cultura contra os
efeitos provocados pelas
erosões e encharcamentos
Indicação de sistema de
do solo ocasionado pelas
camalhão para o cultivo Agricultores
chuvas. Os camalhões
do inhame (Dioscorea familiares
devem ser construídos em
spp.) em áreas adequadas
direção perpendicular ao
declive do terreno, para
evitar a erosão e perda de
solo. Este método melhora
a drenagem superficial do
solo e permite um rápido
movimento das águas
superficiais.
- 150 -
Título da tecnologia Descrição resumida Beneficiários
O controle da lagarta-da-
folhagem (Pseudoplusia
oo) é recomendado logo no
início do aparecimento da
praga (no primeiro estágio
larval). Pode ser feito com
Manejo adequado de a aplicação de 0,3 a 0,5 l/
Agricultores
pragas na cultura do ha do inseticida biológico
familiares
inhame de sequeiro Bacillus thuringiensis, que
atua de forma seletiva e
não afeta o meio ambiente.
Repetir a aplicação a
intervalo de 15 dias,
dependendo do nível de
reinfestação.
A queima-da-folhagem
ou “pinta-preta” causada
pelo fungo Curvularia
eragrostidis provoca
formação de manchas
mais ou menos circulares
e necróticas nas folhas
da planta. No início do
ciclo vegetativo, sua
infecção pode destruir a
folhagem e comprometer
Controle alternativo
a produção. O uso de
de doenças fúngicas Agricultores
plantas medicinais com
da cultura do inhame familiares
propriedades antibióticas
(Dioscorea spp.)
desponta como alternativa
ecológica potencial de
aplicação em um programa
integrado de controle
de doenças de plantas.
Extratos de alho Allium
sativum foram testados
na forma de pulverizações
semanais na concentração
de 5% no controle dessa
doença.
- 151 -
Quadro 2 − Tecnologias apropriadas para o cultivo de mandioca (Manihot esculenta Crantz)
- 152 -
Título da tecnologia Descrição resumida Beneficiários
A cortadeira manual
de manivas-sementes
apresenta muitas
vantagens em relação ao
método tradicional com
uso de objetos cortantes,
como facas e facões.
Suas vantagens: reduzir
os riscos de acidentes;
Indicação de uma rendimento operacional
cortadeira manual superior aos métodos
de manivas- convencionais; padroniza
sementes de as manivas-sementes; não Agricultores
mandioca com esmaga os lados cortados, familiares
rendimento e propiciando melhor
segurança para o enraizamento; pode ser
operador deslocada facilmente
para qualquer lugar,
visto pesar em torno de
10 kg e ser desmontável;
não necessita de energia
elétrica; baixo custo de
fabricação e excelente
rendimento operacional;
montagem e desmontagem
fáceis.
Os genótipos Rama
Verde e Verde-Rosa
Indicação de são promissores para
genótipos de produção de forragem
mandioca (Manihot no Agreste Paraibano, Agricultores
esculenta Crantz) em termos de tolerância familiares
para produção de às podridões radiculares
forragem e produção de forragem
simultânea de raízes e
parte aérea.
- 153 -
Título da tecnologia Descrição resumida Beneficiários
No Agreste Paraibano, na
falta de forragens verdes
ou conservadas, existe a
possibilidade do uso de
culturas alternativas de
elevados teores proteicos
e energéticos, como a
mandioca. O uso da
mandioca na alimentação
de bovinos apresenta
grande potencial,
pela sua facilidade de
cultivo, adaptabilidade
a diversos tipos de solo
e relativa resistência a
Sistema alternativo
períodos de estiagem. As
de alimentação de
raízes contêm 1 a 6% de
bovinos leiteiros Agricultores
proteína e 20 a 30% de
com mandioca familiares
amido, e a parte aérea, 13
integral no Agreste
a 25% de proteína. Para
Paraibano
a mantença dos bovinos
pode ser recomendada
a dieta composta de
mandioca integral (raízes
e parte aérea), capim-
elefante picado, cana-
de-açúcar e farelo de
trigo. Para boa eficiência
alimentar e ganho de
peso é importante o
balanceamento proteico,
energético e mineral da
ração. Os animais devem
ter acesso a volumoso de
boa qualidade.
- 154 -
As ações participativas (produtores rurais, técnicos da extensão, técnicos de
empresas privadas, pesquisadores, associações de agricultores, assentamen-
tos) de difusão e transferência de tecnologias são importantes para a melho-
ria dos sistemas agropecuários, proporcionando meios eficientes e eficazes
para promover aumento de produtividade das culturas e maiores lucros
para os agricultores, bem como contribuir para a preservação ambiental.
Referências
FRANCO, C. F. de O. Dinâmica da difusão de tecnologia da agricultura bra-
sileira. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE AS CULTURAS DO INHAME E
DO TARO, 2., 2002, João Pessoa. Anais..., João Pessoa, PB: Emepa-PB, 2002.
v. 2, p.199-209.
- 155 -
Inseminação artificial em bovinos para fortalecimento
da agricultura familiar
Paula Fernanda Barbosa de Araújo Lemos1
Introdução
Nos últimos anos houve o fortalecimento da produção agrícola familiar,
caracterizada pela participação direta da família na organização e execu-
ção das atividades locais, sendo que, em algumas regiões, essa atividade
constitui a base do desenvolvimento do agronégocio.
O leite tem uma grande importância para o Brasil, não só do ponto de vis-
ta econômico como também do ponto de vista social. A atividade leiteira
tem um importante papel na sustentabilidade das propriedades agrícolas
familiares, tanto no autoconsumo como na geração de renda. Além disso, a
consolidação de uma bacia leiteira pode proporcionar uma série de melho-
rias para a qualidade de vida das famílias, como manutenção das estradas,
facilidade de transporte, acesso à saúde e educação, consolidação dos co-
mércios locais, emergências de pequenos núcleos urbanos, valorização da
terra e fixação das famílias no campo.
- 157 -
está, por sua vez, ligada diretamente a fatores relacionados com a nutri-
ção, a dificuldade de detecção do estro e, também, as enfermidades puer-
perais e metabólicas.
Objetivos
Estimular o desenvolvimento da bovinocultura leiteira, pela produção e disse-
minação de animais de elevado padrão zootécnico, incrementando produtivi-
dade e viabilizando a rentabilidade econômica, bem como ampliar a relevante
função social, em especial na melhoria do padrão alimentar das famílias.
Metodologia
O projeto foi realizado nos municípios de Umbuzeiro, Gado Bravo, Santa
Cecília, Aroeiras e Natuba, na Estação Experimental João Pessoa, localizada
no município de Umbuzeiro-PB, pertencente à Empresa Estadual de Pes-
quisa Agropecuária da Paraíba (Emepa-PB).
- 158 -
ções; participação do produtor em atividades associativistas e cooperati-
vas; utilização de mão de obra; qualidade do leite, do suporte forrageiro e
dos recursos hídricos. além do nível de aceitação do produtor pelas inova-
ções tecnológicas.
Resultados e discussão
Foram selecionadas 111 unidades de produção que foram beneficiadas com
as biotécnicas reprodutivas, nos municípios de Aroeiras, Gado Bravo, San-
ta Cecíla e Umbuzeiro.
- 159 -
Os municípios estão inseridos no Vale do Paraíba e possuem grande po-
tencial na produção de leite, porém os produtores ainda não despertaram
para as novas tecnologias que agregam maior valor, qualidade e melhor
produtividade do leite. A grande maioria dos produtores de leite trabalha
com as pastagens convencionais, com gado tradicional, sem seleção e com
monta natural.
- 160 -
movimento espermático, a integridade da membrana plasmática e a dose
inseminante praticada.
Considerações finais
O projeto incluiu um conjunto de ações que visaram multiplicar rapida-
mente a genética do zebu no Estado da Paraíba. Tal ação foi realizada pela
democratização de recursos genéticos, por meio da inseminação artificial
em tempo fixo, com sêmen de reprodutores pertencentes à Emepa-PB, pro-
movendo aos produtores o acesso à inseminação artificial e o melhoramen-
to genético, além de contribuir para acelerar a disseminação de animais
geneticamente superiores, no âmbito das comunidades rurais que vislum-
bram ser inseridas no agronegócio paraibano do leite.
Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que quaisquer ações que
visem à melhoria da família rural brasileira resultam na melhoria da quali-
dade de vida. O ponto de estrangulamento da agricultura familiar no nosso
país é a falta de ações, e também de educação continuada. A solução está
na validação de tecnologias acessíveis e adaptadas aos níveis tecnológicos
encontrados em cada propriedade rural, respeitando a individualidade e a
experiência de cada produtor. Para isso é necessário interagir com a família,
procurando, por meio do diálogo, estimulado pelo profissional extensionis-
ta, resolver os pontos divergentes, sejam eles no âmbito técnico ou no social.
- 161 -
Referências
BÓ, G.; CUTAIA, L.; CHESTA, P.; BALLA, E.; PICINATO, D.; PERES, L.; MA-
RAÑA, D.; AVILÉS, M.; MENCHACA, A.; VENERANDA, G.; BARUSELLI, P.
Implementación de programas de inseminación artificial em rodeos de
cría de Argentina. In: SIMPOSIO INTERNACIONAL DE REPRODUCIÓN
ANIMAL, 6., 2005. Proceedings, IRAC, Argentina, p. 97-128, 2005. Colégio
Brasileiro de Reprodução Animal, Belo Horizonte.
MIES FILHO, A. Inseminação artificial. 6. ed. Porto Alegre: Sulina, 1987. 750 p.
- 162 -
Desenvolvimento e validação de um modelo de produção orgânica de
leite, para agricultura familiar, em bases agroecológicas, resguardando
a biodiversidade local
Farouk Zacharias1
O projeto teve como principal referência norteadora para suas ações a Es-
tação Experimental de Aramari (EEA) da Empresa Baiana de Desenvolvi-
mento Agrícola S.A. (EBDA), localizada no Município de Aramari, que abri-
ga um modelo de produção orgânica de leite, atualmente já certificado pelo
Instituto Biodinâmico (IBD).
1
Pesquisador EBDA. Contato: faroukzacharias@yahoo.com.br.
- 163 -
Foto: Reunião com os pesquisadores integrantes do projeto para
definição das comunidades a serem diagnosticadas e os critérios de seleção
- 164 -
Este SAF serviu também como unidade didática para treinamento da equi-
pe do projeto, tendo resultado na instalação de unidades adicionais nos
Territórios da Cidadania do Litoral Sul e Baixo Sul, de acordo com as de-
mandas e interesses discutidos com as comunidades.
- 165 -
alimentação). Esses resultados são indicativos de que o búfalo é um animal
importante para a produção de leite a pasto pelos agricultores familiares
dos Territórios de Cidadania citados.
Trata-se de ações de pesquisa que não se esgotam com este projeto, mas que
deixam como principal produto uma metodologia para a construção e avalia-
ção de modelos de produção autossustentáveis, em produção de base familiar.
- 166 -
Identificação dos pontos de contaminação do leite, com vistas
à elaboração de procedimentos-padrão de higiene para propriedades
de agricultura familiar localizadas nos Territórios
da Cidadania do Rio Grande do Sul
Cristine Cerva1
- 167 -
enorme interesse por parte dos produtores em aderir ao projeto, sendo ne-
cessário ampliar o número de propriedades originalmente planejadas.
A bactéria Salmonella spp. foi a espécie mais detectada com 21,03%, segui-
da da Escherichia coli patogênica, com 12,99%, Campylobacter jejuni, com
2,48%, e Listeria monocytogenes, com 1,9%. Comparando as duas regiões do
Rio Grande do Sul, não houve diferença na frequência de Campylobacter
jejuni e Listeria monocytogenes. Entretanto, a frequência de amostras com
Salmonella sp e Escherichia coli patogênica foi mais alta na região norte.
- 168 -
Os fatores de risco de contaminação do leite foram avaliados. Análise de
regressão múltipla demonstraram diferenças entre as duas regiões. Na
região sul, onde o índice de contaminação foi mais baixo, quatro fatores
foram incluídos na equação, que contribuíram com 86% do risco, sen-
do eles: frequência de limpeza da ordenhadeira (limpeza semanal como
fator de risco quando comparado a limpeza diária), área de estocagem
do leite (área sem azulejo na parede como fator de risco comparado com
área com azulejo), sistema de manejo das vacas (semi-intensivo como fa-
tor de risco quando comparado a sistema extensivo) e produção de leite
(produção menor que 10.000 litros de leite por mês como fator de risco).
Na região Noroeste Colonial, um fator contribuiu com 10,69% do risco,
sendo a não realização de desinfecção dos tetos antes da ordenha como
fator de risco.
- 169 -
as doenças que podem ser contraídas com a ingestão de leite contaminado,
e orientadas a realizarem procedimentos de higiene durante a produção,
para que essa possível contaminação fosse reduzida.
- 170 -
microbiológica de seu produto e de como melhorar essa qualidade, criando
oportunidades de competitividade de inserção no mercado local, possibili-
tando aumento de renda familiar.
- 171 -
Referências
CERVA, C. Manual de boas práticas na produção de leite em propriedades de
agricultura familiar estabelecidas no Rio Grande do Sul. Fepagro-RS, 2013.
Disponível em: <http://www.fepagro.rs.gov.br/upload/20130730144014ma-
nual__boas_praticas_leite.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2014.
- 172 -
Sanidade animal de rebanhos leiteiros em propriedades de agricultura
familiar localizadas em Territórios da Cidadania do Rio Grande do Sul
Alexander Cenci1
1. Introdução
A bovinocultura de leite é uma atividade tradicional e de grande importância
social e econômica para a agricultura familiar, tendo em vista a capacidade de
ocupação da força de trabalho da família e a geração de renda permanente.
1
Médico veterinário, Mestre em Extensão Rural, Pesquisador da Fundação Estadual de Pesquisa
Agropecuária (Fepagro), no Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF) em Eldorado
do Sul (RS). Contato: alexander-cenci@fepagro.rs.gov.br.
- 173 -
O RS possui condições naturais favoráveis ao desenvolvimento da bovi-
nocultura de leite. Esse aspecto, somado à expansão da cana-de-açúcar no
Centro-Oeste brasileiro – que vem provocando a saída de muitos produto-
res da atividade leiteira nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás –,
está incentivando várias empresas processadoras de leite a se instalarem
no Estado do RS, fazendo com que as que já existem ampliem ainda mais
suas bases industriais (BREITENBACH, 2008).
- 174 -
Cabe ressaltar, também, que o gado leiteiro é susceptível a diversas doenças
infectocontagiosas e parasitárias, muitas das quais com potencial zoonó-
tico, como a brucelose, tuberculose, leptospirose, raiva, entre outras, que
merecem a devida atenção, para evitar prejuízos à saúde animal e humana.
Nesse sentido, o presente projeto teve por objetivo verificar aspectos rela-
cionados à sanidade animal de rebanhos leiteiros de propriedades de agri-
cultura familiar localizadas em Territórios da Cidadania do RS. O levan-
tamento e a análise do perfil sanitário desses animais visaram avaliar a
ocorrência de enfermidades que acometem o rebanho das propriedades e
sugerir ações para seu adequado manejo sanitário.
2. Metodologia
A pesquisa teve como público beneficiário agricultores familiares vincula-
dos às cooperativas de produtores dos municípios de São Lourenço do Sul
e Santa Vitória do Palmar, localizadas no Território Sul (RS), e às coopera-
tivas de produtores localizadas nos municípios de Tenente Portela, Barra
do Guarita, Vista Gaúcha, Derrubadas e Miraguaí, localizadas no Território
Noroeste Colonial do RS.
- 175 -
bem como os respectivos materiais coletados deles, foram registradas em
planilha específica.
3. Resultados e discussões
A pesquisa constatou que entre as atividades desenvolvidas nas proprieda-
des analisadas, a atividade leiteira foi citada como principal fonte de renda
para a sustentação da família em 63% dos casos; 20% informaram que a
- 176 -
atividade leiteira é uma importante fonte de renda, pois contribui com cerca
de 50% da renda da família; 11%, que a família possui outras fontes de renda
principais, sendo o leite apenas uma atividade secundária; e 6%, que a renda
do leite não é importante, pois contribui muito pouco para a renda da família.
- 177 -
Na realização dos exames sorológicos, os resultados dos exames laborato-
riais revelaram que em 61% das propriedades foram encontrados anticor-
pos contra BoHV-1 e BVDV nos rebanhos. Das amostras processadas, 27%
foram positivas para anticorpos contra BoHV-1 e BVDV.
A Diarréia Viral Bovina (BVD) é uma doença viral que afeta os rebanhos e é
causada pelo Vírus da Diarréia Viral Bovina (BVDV). A doença pode causar
diarréia e problemas respiratórios. Nas fêmeas, pode causar problemas re-
produtivos, como retorno ao cio, aborto e nascimento de terneiros fracos.
Se uma fêmea se infectar entre o 2º e o 4º mês da gestação, pode transmitir
o vírus para o feto, que nascerá persistentemente infectado (PI), transmi-
tindo o vírus pelo resto da vida. Esses animais PI são os principais dissemi-
nadores da doença no rebanho e podem desenvolver uma outra enfermida-
de chamada Doença das Mucosas.
A Diarréia Viral Bovina pode ser transmitida pelo contato entre os animais,
através das secreções, pela monta natural por touro contaminado ou pela
inseminação artificial com sêmen contaminado.
- 178 -
A leptospirose afeta diversas espécies de animais, incluindo os bovinos, e
também pode ser transmitida aos seres humanos. Nos bovinos o aborto é
o principal problema causado pela leptospirose. A infecção ocorre princi-
palmente pelo contato em ambiente contaminado pela urina de diversos
animais domésticos ou selvagens, em especial onde existe a presença de
ratos. Ressalta-se também que animais contaminados podem disseminar a
Leptospira no ambiente por longo tempo.
- 179 -
5% apresentaram contagem acima de 250. Praticamente todas as proprieda-
des visitadas indicaram fazer uso periódico de endectocida em todas as cate-
gorias de bovinos e não remeter amostras para diagnóstico de endoparasitos.
Nesse levantamento, foi verificado que 17% dos animais testados podem ser-
vir como fonte de excreção e contaminação de nematódeos gastrointestinais.
É sabido que, por serem naturalmente mais resistentes, vacas adultas não
são alvos tradicionais de monitoramentos de endoparasitos, no entanto,
esta categoria pode servir como reservatório ou fonte de infecção para ou-
tras mais susceptíveis, principalmente em pequenas propriedades, onde
não existe manejo específico por categoria.
- 180 -
das amostras, identificados como Streptococcus sp., bacilos Gram-positivos e
bacilos Gram-negativos.
4. Considerações finais
Entre as constatações realizadas durante o desenvolvimento do trabalho,
cabe reforçar a importância da atividade de bovinocultura de leite nos
sistemas de produção de base familiar para a geração de renda da ampla
maioria das famílias residentes no meio rural das regiões pesquisadas.
- 181 -
Cabe destacar também a importância do papel das cooperativas para a or-
ganização dos agricultores familiares. Tendo em vista que, muitas vezes, o
sistema de base familiar na atividade leiteira não é atrativo para as grandes
indústrias, devido ao volume relativamente baixo de leite produzido, as co-
operativas são fundamentais para estabelecer o papel de mediadoras dos
interesses dos produtores.
- 182 -
as condições financeiras para ressarcimento do valor dos animais que ve-
nham a ser descartados.
Referências
BONADIO, L. F. et al. Impacto social de inovações tecnológicas na agricultura
familiar: tecnologias para produção de leite. São Carlos: Embrapa Pecuária
Sudeste, 2005. 44p.
- 183 -
GOMES, A. T.; LEITE, J. L. O relacionamento na cadeia agroindustrial do lei-
te para os novos tempos. In: GOMES, A. et al. O agronegócio do leite no Brasil.
Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2001.
SOUZA, U.; WEBSTER, A.; CENCI, A.; CERVA, C.; DASSO, M.; MARTINS, J.
R.; RECK, J. Frequência de nematódeos intestinais e Eimeria spp. em bovi-
nos leiteiros do Noroeste Colonial do Rio Grande do Sul. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE PARASITOLOGIA VETERINÁRIA, 17., 2012, São Luís, MA.
Anais... São Luís, 2012 (a). Trabalho PH021, p. 95.
SOUZA, U.; WEBSTER, A.; CENCI, A.; CERVA, C.; DASSO, M.; MARTINS, J. R.;
RECK, J. Pesquisa de trematódeos em fezes de bovinos leiteiros em duas re-
giões fisiogeográficas do Rio Grande do Sul. In: CONGRESSO BRASILEIRO
DE PARASITOLOGIA VETERINÁRIA, 17., 2012, São Luís, MA. Anais... São
Luís, 2012 (b). Trabalho PH038, p. 99.
VILELA, D.; BRESSAN, M.; CUNHA, A. S. (Ed.). Cadeia de lácteos no Brasil: res-
trições ao seu desenvolvimento. Brasília: MCT/CNPq; Juiz de Fora: Embrapa
Gado de Leite, 2001. 484p.
- 184 -
Condicionantes, estratégias, organização e agroindustrialização nos
sistemas de produção familiares com a cadeia do leite no Território
Sudoeste do Paraná
Norma Kiyota1
1. Introdução
A relevância da atividade leiteira para o Território Sudoeste do Paraná é
indiscutível, tanto para a melhoria de renda das famílias rurais, quanto
para o desenvolvimento do território como um todo.
- 185 -
agroindustrialização, confere ao agricultor maior independência e flexibi-
lidade econômica, oriundas do ajuste entre as atividades.
Para atingir tal objetivo, o Projeto Ipode propôs diversos estudos de casos
nas regiões Sul e Nordeste do Brasil; desse modo, a coordenadora deste pro-
jeto também coordenou um dos subgrupos do Projeto Ipode responsável
pelo tema “Inovação, agregação de valor e empreendedorismo: o caso das
agroindústrias familiares”.
- 186 -
Assim, a complementariedade dos esforços oriundos das diferentes insti-
tuições permitiu que ocorresse a potencialização dos resultados espera-
dos originalmente no projeto, ampliando a atuação tanto na difusão de
tecnologia quanto na produção científica.
- 187 -
Sudoeste do Paraná –, que foram entregues para os agricultores e técnicos
que participaram desses cursos e dias de campo e em outros processos de
formação que ocorreram posteriormente.
- 188 -
publicado na Revista Informe GEPEC, v. 16, n. 1, de 2012, e o artigo “A agroin-
dústria familiar como uma estratégia de produção de novidades na agricul-
tura: uma análise comparativa entre Sul e Nordeste do Brasil” está no prelo,
como capítulo do livro Sementes e brotos da transição: inovação, poder e desen-
volvimento em áreas rurais do Brasil a ser publicado pela Editora da UFRGS.
- 189 -
Referências
KIYOTA, Norma. Condicionantes, estratégias, organização e agroindustriali-
zação nos sistemas de produção familiares com a cadeia leite no Território Su-
doeste do Paraná. 2007. (Edital MDA/SAF/MCT/SECIS/FNDCT/Ação Trans-
versal I/CNPq – Nº 24/2008).
- 190 -
Caracterização de sistemas de produção tradicionais e agroecológicos
de erva-mate de agricultores familiares, nas regiões Centro-Sul do
Paraná e Norte Catarinense
Francisco Paulo Chaimsohn1
1. Introdução
A erva-mate (Ilex paraguariensis, St. Hil.) é uma espécie nativa do sul do
Brasil, do Uruguai e do Paraguai, de grande importância socioeconômica
para essas regiões. A indústria ervateira produz vários tipos de chimarrão,
chá-mate verde, chá-mate preto, chá-mate queimado e várias formas de
chá-mate solúvel instantâneo, todos de propriedades tonificantes e estimu-
lantes, devido à presença de cafeína, teobromina e teofilina.
1
Pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Contato: Rod. Celso Garcia Cid, km 375 – Caixa
Postal 481 – CEP 86001-970 – Londrina-Paraná-Brasil – Fone: 55 (43) 3376-2418 – FAX: 55 (43) 3376-2107 –
www.iapar.br.
- 191 -
2. Desdobramentos
A partir dos resultados e processos de discussão do projeto, iniciou-se um
estudo para promover ações de apoio à estruturação da Indicação Geográfi-
ca (IG) – Indicação de Procedência (IP) no Planalto Norte Catarinense para
produtos derivados da erva-mate. O projeto “Ações de apoio à estruturação
da Indicação Geográfica Planalto Norte Catarinense para produtos da erva-
-mate” é coordenado pela Epagri (SC) e tem apoio do MAPA.
- 192 -
trapolação de resultados para sistemas de produção similares (no aspecto
socioeconômico e biofísico).
- 193 -
7. Outras informações relevantes
Além de reuniões periódicas, foram realizadas as seguintes atividades de
difusão e transferência de informações, com a participação de técnicos e
agricultores parceiros e outros convidados:
- 194 -
• Apresentação do trabalho “Sistemas tradicionales y agroforestales de
yerba mate (Ilex paraguarienses) en Paraná y Santa Catarina, Brasil”,
no Terceiro Congresso Latino- Americano de Iufro (Unión Internacional
de Organizaciones de Investigación Forestal), Iufro/Centro Agronómico
Tropical de Investigación y Enseñanza (Catie), San José, Costa Rica, 12 a
15 de junho de 2013.
- 195 -
Sistema de produção de leite de búfala em base agroecológica
José Lino Martinez1
Introdução
A bovinocultura leiteira é um sistema predominante na região Centro-Sul
do Estado do Paraná, que em função da forte demanda do mercado consu-
midor da região metropolitana de Curitiba chega a importar leite de outros
estados e até de outros países.
Material e métodos
O trabalho foi conduzido na Estação Experimental da Lapa, pertencente ao Ins-
tituto Agronômico do Paraná. O período avaliado foi de janeiro de 2010 a de-
zembro de 2011. O local apresenta clima Cfb (Köeppen) e o solo é classificado
como cambissolo álico. A área destinada ao experimento era formada por 15 ha
de pastagens, 8 ha para produção de silagem e 2 ha para a produção de grãos. As
pastagens eram formadas por pastagens perenes de verão, manejadas em paste-
jo rotativo. Para a manutenção da fertilidade das áreas destinadas à produção de
milho foram cultivados e incorporados ao solo adubos verdes de inverno.
1
Pesquisador Iapar. Contato: jlino@iapar.br.
- 197 -
O rebanho constituiu-se de um touro e quinze vacas da raça Murrah ma-
nejados em regime de semiestabulação. Durante o período de lactação, de
maio a dezembro, além de acesso às pastagens os animais receberam sila-
gem de milho, e durante a ordenha foi fornecido milho moído com mistura
mineral. As vacas foram ordenhadas manualmente uma vez por dia, pela
manhã, sendo deixado um teto para a mamada dos bezerros.
Resultados e discussão
Os resultados são apresentados contemplando os aspectos relacionados ao
solo, à produção, às plantas forrageiras, ao desempenho animal e à avalia-
ção econômica da atividade.
- 198 -
50% ao longo do trabalho. No último ano de avaliação colhemos ao redor
de 10.000 kg/ha de forragem verde de milho. Apesar do uso da adubação
verde e dos dejetos obtidos do rebanho, essas ferramentas não foram sufi-
cientes para a manutenção da produtividade das áreas.
- 199 -
dade da terra e da mão de obra para sistemas de produção de leite de buba-
linos em base convencional, podemos inferir que houve redução desses
parâmetros no sistema orgânico de produção de leite de bubalinos pelos
dados obtidos. No que tange à produtividade da terra, acreditamos que o
advento de novas tecnologias que possibilitem a manutenção da fertilidade
de solos eleve a produtividade das áreas de pastagens e de lavoura, possi-
bilitando trabalhar com uma taxa de lotação maior, melhorando a produ-
tividade do sistema e, consequentemente, a sustentabilidade agronômica,
ecológica e econômica.
Conclusões
No período avaliado e para as condições edafoclimáticas da unidade expe-
rimental onde as atividades foram conduzidas podemos concluir que:
- 200 -
Nos centros consumidores de maior porte, como as capitais das regiões Sul
e Sudeste, tem sido observado um crescente interesse por laticínios produ-
zidos a partir de leite de bubalinos. Nesses locais, também tem aumentado
o interesse de alguns segmentos da sociedade por alimentos orgânicos. Isto
posto, observa-se que a exploração da bubalinocultura leiteira, particular-
mente empregando-se o manejo orgânico, é uma atividade com potencial
elevado como alternativa de renda para a agricultura familiar, o que justi-
ficaria as iniciativas de fomento a essa atividade, ressaltando-se que a pro-
dução de alimentos orgânicos muitas vezes possibilita uma melhor remu-
neração aos produtores. Por outro lado, cabe destacar que a manutenção
da produção agropecuária para atender a uma população crescente, sem
contribuir para a elevação da degradação ambiental, deve ser encarada
como prioridade por todos que atuam no meio rural.
- 201 -
será imprescindível. Reforçamos tal afirmação, tendo em conta que, para a ob-
tenção de resultados satisfatórios nas propriedades orgânicas, o conjunto de
técnicas e processos muitas vezes excedem o que é demandado por unidades
convencionais. Outro ponto a destacar é a racionalização da mão de obra, uma
vez que a demanda muitas vezes aumenta em uma unidade orgânica.
- 202 -
Referências
AROEIRA, L. J. M; STOCK, L. A.; ASSIS, A. G.; MORENS, M. J. F; ALVES, A. A.
Viabilidade da produção orgânica de leite no Brasil. In: REUNIÃO ANU-
AL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 43., 2006, João Pessoa.
Anais... João Pessoa, 2006. CD-ROM.
- 203 -
Melhorias dos sistemas de produção e da base genética da cultura
da mandioca no Paraná
Mário Takahashi1
1
Pesquisador da área de fitotecnia. Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Contato: Rod. Celso Garcia
Cid, km 375 – Caixa Postal 481 – CEP 86001-970 – Londrina-Paraná-Brasil – Fone: 55 (43) 3376-2418 – Fax: 55
(43) 3376-2107 – www.iapar.br.
- 205 -
As mudas também foram encaminhadas para vários municípios fora do
Paraná. Esta ação poderá identificar a adaptação dessas cultivares e poste-
riormente ampliar a difusão.
- 206 -
Instalação de redes de inovação tecnológica para a melhoria
de sistemas de produção familiares no Território Norte Pioneiro
do Paraná
Dimas Soares Junior1
1
Pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Contato: Rod. Celso Garcia Cid, km 375 − Caixa
Postal 481 − CEP 86001-970 − Londrina-Paraná-Brasil − Fone: 55 (43) 3376-2418 − FAX: 55 (43) 3376-2107 −
www.iapar.br .
- 207 -
O alumínio trocável ocorre em todos os sistemas e deve ser neutralizado,
principalmente no sistema Leite + Café, onde é mais restritivo. No sistema
Grãos + Leite devem-se manter os níveis de nutrientes e nos outros sistemas
devem-se estabelecer estratégias para repor os nutrientes extraídos, erodi-
dos e lixiviados ao longo dos anos. Os resultados obtidos fundamentaram
o planejamento das propriedades no tocante aos seus aspectos de manejo
de solo e são indicativos das restrições nos padrões de fertilidade aparente
observados nos sistemas familiares de produção praticados no Território.
- 208 -
1
Tabela 1 – Caracterização dos sistemas estudados e indicadores econômicos
obtidos. Território Norte Pioneiro. Safra 2009/2010
SISTEMA ESTUDADO
Leite morango Olericult. Grãos
café + + + +
café café café leite
DIMENSÃO DA EXPLORAÇÃO
área toral 5,26 17,73 9,81 8,75 40,53
superfície agrícola útil
4,57 14,57 8,49 6,75 33,90
(SAU)
TRABALHO
UTH Familiar 2,3 2,9 3,2 2,3 3,0
UTH Assalarida 0,3 0,0 0,6 0,3 0,3
UTH Total 2,6 2,9 3,8 2,6 3,3
SAu/UTH 1,77 4,95 2,23 2,59 10,16
MEDIDAS DE PERFORMANCE GLOBAL
Renda da operação
2033 473 4235 3024 868
agrícola (SAU)
Remuneração MO/
320 123 1003 656 358
mês/UTH
Remuneração MO
218 111 678 580 340
Familiar/mês/UTH
Remuneração Capital
20 15 27 39 11
Próprio (%)
Lucro/SAU 1419 290 3297 2559 391
1
Valores monetários expressos em reais deflacionados para julho/2011 pelo IGP/DI.
2
O cômputo geral das medidas de performance global foi feito ranqueando-se o desempenho de cada
sistema no tocante a cada um dos cinco indicadores considerados na análise. Feito tal ranking, atribuiu-se
então entre cinco e um pontos para o sistema de melhor e pior desempenho, respectivamente, calculando-
se ao final a soma dos pontos obtidos.
- 209 -
O sistema leite + café é claramente aquele de desempenho econômico mais
fragilizado, apresentando os piores resultados em todos os indicadores
apurados, exceto na remuneração do capital próprio, quando fica quatro
pontos percentuais acima do sistema grãos + leite.
Uma vez que o café é o produto comum em quatro dos cinco sistemas es-
tudados, o aumento de renda em tais sistemas é em maior ou menor grau
dependente da qualidade do produto, de tal sorte que a melhoria dos pro-
cessos de colheita e pós-colheita foi uma das ações propostas nos planos de
propriedade, melhoria essa que passa por identificar em detalhe as causas
do problema da baixa qualidade diagnosticado.
- 210 -
Tabela 2 – Classificação das bebidas e tipo dos cafés avaliados
N°
Amostra Tipo Bebida Amostra N° Defeitos Tipo Bebida
Defeitos
1 19 4 Dura 13 240 7 Rio
2 65 5 Dura 14 29 4 Dura
3 410 8 Dura verde 15 35 4 Dura
4 292 7 Dura verde 16 97 6 Dura
5 68 5 Rio 17 144 6 Dura Verde
6 61 5 Rio 18 213 7 Dura Verde
7 307 7 Rio 19 85 5 Rio
8 19 3 Dura 20 61 5 Dura Verde
9 71 5 Rio 21 21 3 Dura
10 15 3 Dura 22 46 4 Rio
11 257 7 Dura Verde 23 98 6 Dura
12 96 6 Rio 24 61 5 Dura
25 90 6 Rio
- 211 -
Observou-se grande variabilidade na presença de defeitos e na composição
dos cafés nas amostras das propriedades de agricultores familiares. Várias
amostras apresentaram boa granulometria, tipo e boa qualidade de bebida.
No entanto, foram encontrados defeitos (preto, verde e ardido) em gran-
de número de amostras. Pela determinação dos compostos indicadores de
maturação, constatou-se a presença de grãos imaturos, e a qualidade de
bebida refletiu a composição química do café.
Assim sendo, acredita-se que o projeto em questão, com seus erros, acertos,
produtos e lacunas, constituiu mais uma etapa de um longo processo de
aprendizado institucional.
- 212 -
Avaliação de fruteiras de clima temperado em unidades de difusão
tecnológica situadas em diferentes regiões de Santa Catarina
Marco Antonio Dalbó1
1. Objetivos
• Observar o comportamento de diferentes cultivares e seleções dos pro-
gramas de melhoramento genético de videira, pessegueiro e ameixeira
em diferentes regiões climáticas de Santa Catarina para fins de indica-
ção de cultivares para plantio e avaliações básicas para lançamento de
novas cultivares.
• Instalar unidades de observação para apoio às atividades de difusão e
treinamento de produtores rurais na área de fruticultura.
2. Metodologia
Foram instaladas unidades de observação e difusão de tecnologias para a
produção de fruteiras de clima temperado em cinco regiões de Santa Ca-
tarina: Meio-Oeste (Videira), Oeste (Coronel Freitas), Planalto Norte (Ca-
noinhas), Planalto Sul (Lages) e Litoral Sul (Urussanga). Em cada unidade
(0,5 ha) foi implantada uma coleção de variedades de uva, sendo duas rús-
ticas para mesa, quatro finas de mesa e 12 rústicas para suco/vinho. Parte
do vinhedo consiste numa unidade de produção com uma única variedade,
de escolha do produtor onde existe um experimento de teste de porta-en-
xertos para cada região. Já as coleções de variedades de pêssego e ameixa
são diferentes em cada local, selecionando-se as que se adaptam ao clima
da região, incluindo tradicionais e variedades oriundas de programas de
melhoramento genético.
3. Resultados principais
Em 2009 foi plantada a maior parte das mudas nas unidades selecionadas,
sendo que o restante foi plantado em 2010. Apesar de certo atraso, pode-se
dizer que todas as unidades foram implantadas sem comprometimentos
sérios para a obtenção de resultados. Houve a oportunidade também de
1
Pesquisador Epagri-SC, coordenador do projeto. contato: dalbo@epagri.sc.gov.br
- 213 -
instalar uma unidade adicional, não prevista no projeto, na propriedade do
senhor Agenor Zilli, no município de Descanso (SC). Nesse caso houve ape-
nas fornecimento de mudas para teste, sem outros investimentos do projeto.
- 214 -
Outro resultado importante, embora preliminar, veio dos ensaios com
porta-enxertos. Nesses ensaios, foram avaliados alguns porta-enxertos tro-
picais que se mostraram resistentes ao declínio da videira, causado pela
pérola-da-terra e por fungos de solo, que é um problema muito grave na
Região Sul. Embora os resultados sejam de apenas dois anos, não houve
antecipação da brotação da cultivar copa pelo uso de um porta-enxerto
tropical, como o IAC 572, em relação ao porta-enxerto Paulsen 1103, tradi-
cionalmente utilizado. Esse era um fator de preocupação, pelo fato de que
aumentaria os riscos de danos por geadas, de modo que os produtores esta-
vam esperando esses resultados antes de decidir pela sua utilização. Dessa
maneira, viabiliza-se o controle do declínio e morte de plantas de videira,
problema bastante sério em algumas regiões do sul do país.
4. Perspectivas futuras
Será dada continuidade a todas as unidades do projeto, algumas por serem
incluídas em projetos específicos (SC Rural) e outras pelas atividades nor-
mais dos técnicos da Epagri. As unidades montadas pelo projeto constitu-
íram instrumentos preciosos para auxiliar atividades de difusão de tecno-
logias e treinamento de produtores. Portanto, está prevista a continuidade
na obtenção de dados e também o uso das unidades para capacitação de
técnicos e agricultores de cada região. Dessa maneira, os objetivos do pro-
jeto serão totalmente atingidos, mesmo que num prazo mais longo que a
duração deste projeto.
- 215 -
Envolvimento, validação, geração e difusão no processo de
desenvolvimento tecnológico da agricultura orgânica de
base familiar do Espírito Santo
Jacimar Luis de Souza1
Introdução
No âmbito do subprograma de Agroecologia do Incaper, mantém-se uma
área experimental de agricultura orgânica, implantada no Centro Regio-
nal de Desenvolvimento Rural, município de Domingos Martins (ES), desde
1990. A relação dessa área com os agricultores familiares e suas representa-
ções, ao longo desses 23 anos, dá-se de uma forma estreita e muito interati-
va, sendo atualmente considerada Unidade de Referência em Agroecologia
(URA) para o Estado do Espírito Santo e para todo o Brasil.
1
Pesquisador do Incaper, Coordenador do projeto. Contato: jacimarsouza@yahoo.com.br
- 217 -
Figura 1: Vista parcial da área experimental de agricultura orgânica
Domingos Martins, Incaper, 2013.
Metodologias e resultados
Este projeto permitiu conduzir ações experimentais, tanto de continuidade
como ações novas, inseridas em 9 subprojetos conduzidos no período de
2009 a 2011, conforme relatados a seguir:
- 218 -
antes do preparo de solo de cada plantio comercial. A Figura 2 mostra a
área do experimento com um campo de repolho cultivado em alamedas de
leucena. Melhoraram-se a fertilidade do solo e a nutrição das plantas, com
aumento do rendimento comercial das espécies cultivadas em alamedas
formadas por leucena, aumentando o teor de K do solo acima de 20% e
fixando mais de 50 kg de N ha-1.
Este trabalho foi implantado no Talhão 05, numa área de 624 m2, e os
tratamentos foram aplicados em faixas de solo de 78 m2, com 4 m de lar-
gura e 19,5 m de comprimento, distribuídas em 2 repetições espaciais. A
Figura 3 mostra imagens da área experimental, com campo de repolho,
do consórcio de aveia e tremoço para formação de palhada e colheita de
pontos amostrais para avaliação de repolho. Comprovou-se parcialmente
a eficiência do Sistema Plantio Direto em cultivo orgânico, elevando a
produtividade, com redução de custo com capinas, entretanto sem alte-
rar o estoque de carbono no solo nos 3 anos, devido à adubação de base
com composto orgânico.
- 219 -
Figura 3 − Imagens da área experimental do Talhão 05, com cultivo de repolho sobre palhada de
aveia/tremoço, do subprojeto de Sistema Plantio DiretoIncaper, 2010.
- 220 -
Figura 4 − Imagens da área experimental do Talhão 07, com palhada
de crotalária recém-roçada, cultivo de repolho, palhada de tremoço e parcelas com plantas de repo-
lho com diferenciados tons de verde, indicando variações de níveis de N foliarIncaper, 2010.
- 221 -
Figura 5 − Biofertilizante enriquecido, recém-preparado, para uso
nos tratamentos de adubação em coberturaIncaper, 2010.
- 222 -
Experimento 2: Biofertilização líquida, via solo, no cultivo orgânico do pepino
japonês em estufa
- 223 -
Figura 8: Marcação das parcelas no campo
experimental de gengibre – Talhão 03, 2010
Incaper, 2011.
- 224 -
Figura 9 − Imagens de sementes e propágulos orgânicos, multiplicados e distribuídos na Unidade
de Referência em Agroecologia do Incaper, de 2009 a 2011
- 225 -
de palha não interferiu na eficiência dos tipos de plantadeira, sendo que o
plantio com matraca mostrou-se muito eficaz, comparado às plantadeiras
de microtrator e trator com 1 e 2 linhas. A plantadeira de 2 linhas mostrou-
-se mais adequada, por reduzir o tempo de trabalho e a mão de obra, em
relação ao sistema manual com matraca e com plantadeira de 1 linha.
- 226 -
Figura 10 − Imagens do dia de campo realizado no ano de 2009 Incaper, 2011.
- 227 -
Figura 12 − Imagens de logomarcas, placas, selos e rótulos utilizados
no projetoIncaper, 2011.
- 228 -
Figura 13 − Acima: Livro sobre os 20 anos de pesquisa e tecnologias, lançado
em 2011. Abaixo: Cartilha para técnicos e agricultores, lançada em 2012,
mostrando o apoio do CNPq na contracapa
Incaper, 2012.
Conclusões
Os resultados indicaram o alcance da grande maioria das metas previstas,
que podem ser resumidas assim:
- 229 -
6) O uso de compostos com maiores teores de nitrogênio e o emprego da
adubação verde em pré-cultivo aumentam o rendimento comercial das cul-
turas do milho verde e repolho.
- 230 -
Estratégia de desenvolvimento tecnológico e social local para
melhoria nos agroecossistemas produtores de hortaliças
e grãos da Região Centro-Serrana do Espírito Santo
Maria da Penha Angeletti1
Introdução
Na Região Centro-Serrana do Espírito Santo, os agrossistemas produtores
de olerícolas estão em estabelecimentos familiares que, em sua maioria,
adotam as práticas convencionais de agricultura, com uso intensivo do
solo, da água, de tecnologias de produto e de máquinas para preparo do
solo. Há pouco uso de práticas conservacionistas e/ou recuperadoras do
solo, da água, da qualidade do ar e da biodiversidade. O arraste de terras
de cultivo morro abaixo, as lavouras em monocultivo com solo descoberto,
são parte da paisagem rural regional. Nesses sistemas, os custos de pro-
dução são elevados e a sustentabilidade da agricultura familiar pode ser
comprometida, o que é agravado pelas incertezas tecnológicas diante do
quadro atual de mudanças climáticas.
- 231 -
É um sistema que concilia uma produção economicamente viável com a
preservação e recuperação do ambiente; além do alcance social, uma vez
que seu conceito é aplicável em todos os sistemas de produção agropecuá-
ria e nas mais variadas realidades fundiárias. Este resultado positivo só é
alcançado quando se adotam todos os conceitos envolvidos no SPD (RALIS-
CH et al., 2010). O SPD reduz perdas de solo por erosão, mantém os orga-
nismos do solo protegidos da incidência direta de sol e de variações extre-
mas de temperatura e umidade, aumentando a biodiversidade funcional e
diminuindo a intensidade do trabalho dos agricultores (DAROLT e NETO,
2004, citado por BITTENCOURT, 2008). Em Unaí (MG), a introdução do uso
do SPD possibilitou a valorização da terra e da mão de obra familiar, além
do aumento de produtividade (OLIVEIRA et al., 2009).
- 232 -
Metodologia
O projeto foi executado nos municípios de Santa Maria de Jetibá, Laranja
da Terra, Domingos Martins e Afonso Cláudio e contou com a parceria das
seguintes entidades: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Maria de
Jetibá; Escola Municipal Agrícola de Afonso Cláudio; Secretaria de Desen-
volvimento Rural de Domingos Martins; Associação dos Pequenos Produ-
tores Rurais de Laranja da Terra; Centro de Educação Técnica Fé e Alegria, e
em colaboração com a Escola Família Agrícola São João do Garrafão.
- 233 -
Quadro 1 − Metas realizadas
- 234 -
Foram realizados experimentos no Centro de Educação Técnica Fé e Ale-
gria (Cetefa), município de Laranja da Terra, e em propriedade familiar na
comunidade Barcelos, Aracê, Domingos Martins, para estudo de sistemas
de manejo e rotação de culturas em SPD; estudo de plantas de cobertura
de primavera/verão em cultivo solteiro (Crotalaria juncea, Crotalaria spec-
tabilis, Crotalaria ochroleuca, Canavalia ensiformis, Cajanus cajan, Dolichos
lablab, Pennisetum glaucum); estudo de plantas de cobertura de outono/in-
verno em cultivo solteiro (Avena strigosa variedade Iapar 61 e 2 variedades
de agricultores familiares; Raphanus sativus, Lollium multiflorum, Vicia Sa-
tiva, Helianthus annuus, Pisum sativum subesp. Arvense, Secale cereale, Avena
sativa, Lupinus angustifolius).
Como estratégia para formação de palhada optou-se por milho verde + fei-
jão de porco ou milho grão + feijão de porco, no caso de primavera/verão,
sendo o feijão de porco de conhecimento comum, devido ao uso pelos agri-
cultores. Para a formação de palhada em rotação de outono/inverno usou-
-se as recomendações de SP e MG, enquanto não se tem as recomendações
da pesquisa local/regional.
- 235 -
passar do tempo, a formação da cobertura de palha e consequente dimi-
nuição da ocorrência e da competição do mato, o agricultor pode se tornar
independente desses insumos.
- 236 -
de equipamentos e máquinas para trabalhar o SPD em região de topogra-
fia acentuada; dificuldade de se encontrar serviços de preparo de solo com
uso de subsolador, além dos desafios técnicos e operacionais normais no
estabelecimento do SPD. Semelhante ao que afirma Darolt (1998, citado por
MAPA, 2009), observou-se, como entraves do plantio direto encontrados
por “pequenos agricultores” do Brasil, a dificuldade em adaptar-se ao sis-
tema pela tradição cultural no uso da aração (mudança de mentalidade),
além da falta de conhecimento e informação, bem como a falta de recursos
financeiros para investimentos e custeio.
- 237 -
Considera-se que um desafio tão importante quanto a continuidade das
ações de pesquisa é a formação de novas referências na agricultura fami-
liar local/regional, a partir da identificação de agricultores familiares/li-
deranças que, como sinaliza Sabourin (2001), apresentam capacidade para
alterar as normas de produção utilizadas e transmitidas no seio da família
e com facilidade para exercer influência sobre a comunidade e os demais
agricultores do entorno.
Referências
AHRENS, D. C.; SKORA NETO, F.; RIBEIRO, M. de F. S.; COSTA, A.; PEIXO-
TO, R. T. G.; MILLÉO, R. D. S.; BENASSI, D. A.; CAMPOS, A. C.; GOMES, E. P.;
OLIVEIRA, C. F. de. Reflexões sobre a pesquisa participativa. Resumos do II
Congresso Brasileiro de Agroecologia. Passo Fundo. Rev. Bras. Agroecologia,
v. 2, n. 1, p. 89-92, fev. 2007.
- 238 -
EPAGRI. Sistema de plantio direto de hortaliças: o cultivo do tomateiro no
Vale do Rio do Peixe, SC, em 101 respostas dos agricultores. Florianópolis:
Epagri, 2004. 53 p. (Boletim Didático, 57).
SÁ, J. C. de M.; CANALLI, L. B.; SANTOS, J. B. dos; TIVET, F.; BRIEDIS, C.; FER-
REIRA, A. de O. Sistema plantio direto como estratégia para acumular car-
bono no solo e reduzir as emissões de gases do efeito estufa. In: ENCONTRO
NACIONAL DE PLANTIO DIRETO NA PALHA, 12., 2010. Resumos... Ponta
Grossa: FEBRAPDP, 2010. p. 59-68.
- 239 -
o caso da inovação na agricultura familiar da Paraíba. Estudos Sociedade e
Agricultura, v. 16, p. 37-61, abr. 2001.
- 240 -
Desenvolvimento sustentável e vigilância ambiental em proprieda-
des rurais de agricultura familiar, com a equação de situações de risco
da ocorrência de doenças infectocontagiosas no noroeste do Estado
do Rio de Janeiro
C. H. C. Costa1
P. C. Romijn
J. G. Pinheiro
L. M. S. Kimura
R. F. Nascimento
H. Magalhães
W. M. Gonçalves
L. M. P. Bruno
A. M. P. Bruno
L. Carvalho
M. W. Santos
A. S. Lopes
Objetivo
Identificar rebanhos e criações de propriedades de agricultura familiar
afetados por enfermidades infectocontagiosas e fatores que interferem no
controle sanitário, fornecendo subsídios aos criadores para a adoção de
medidas sanitárias cabíveis, promovendo a redução de perdas econômicas
e o desenvolvimento sustentável.
1
Pesquisador da Pesagro-Rio, coordenador do Projeto. Contato: chcampello@yahoo.com.br.
- 241 -
Metodologia
A primeira fase constituiu-se de entrevistas com agricultores familiares nos
municípios escolhidos (Miracema, Santo Antônio de Pádua, Laje do Muriaé
e Itaperuna), e a montagem de um protocolo de monitoramento e coleta
de materiais nas propriedades participantes e matadouro. A segunda fase
envolveu a realização de exames laboratoriais das amostras biológicas co-
letadas. Por fim, a última etapa correspondeu à orientação técnica quanto
a prevenção, controle e tratamento dos agravos diagnosticados. Durante
todo o período foram desenvolvidas ações de vigilância quanto ao risco da
ocorrência de Raiva e o controle populacional do morcego hematófago Des-
modus rotundus quando necessário. Todas as atividades foram mapeadas,
com georreferenciamento do local das enfermidades.
Resultados
Tendo em vista a pequena quantidade de materiais oriunda dos produtores
familiares monitorados, expandiu-se a coleta de amostras para outros pro-
dutores familiares dos municípios estudados, como também para mata-
douros de Miracema, Santo Antonio de Pádua e Itaperuna. No total, foram
coletadas 227 amostras, oriundas de 145 animais, sendo 145 materiais para
exames histopatológicos (peças de necropsias e de matadouro), 45 mate-
riais para o diagnóstico de Raiva, 15 amostras para exame bacteriológico,
15 amostras para pesquisa de Babesia bovis (em encéfalos negativos para o
diagnóstico de Raiva) e 7 amostras para exame parasitológico.
- 242 -
Discussão
Desde a sua criação, em 1976, a Pesagro-Rio vem colaborando em proje-
tos de pesquisa que visam à melhoria das condições de vida do pequeno
produtor, desenvolvendo, adaptando e introduzindo tecnologias próprias
para o desenvolvimento sustentável local. Pelo grande número de zoono-
ses identificadas, os possíveis desdobramentos do trabalho ora realizado se
aplicam a uma maior integração dos serviços de Medicina Veterinária com
a Saúde Pública municipal e regional, e direcionada à agropecuária fami-
liar. As orientações quanto a prevenção das zoonoses devem ser levadas à
população em geral, com ênfase aos alunos das escolas.
- 243 -
Vale destacar que a identificação de mais de 30% dos animais apresen-
tando Fasciolose não foi surpreendente. A importância da realização de
exames periódicos para detectar a presença de parasitoses em geral, mas
em especial a Fasciolose, que em muito prejudica o desempenho do gado
leiteiro, aponta para a necessidade da continuidade das pesquisas. A Fas-
ciolose vem aumentando dramaticamente sua prevalência na Região Noro-
este Fluminense. Em 2010, no Matadouro Municipal de Miracema, foram
condenados 19% dos fígados dos animais abatidos, devido ao parasitismo
por Fasciola hepatica. No Brasil, estudos indicaram a ocorrência de casos
confirmados em humanos no Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas
Gerais, Mato Grosso do Sul, Bahia, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Portanto, faz-se necessária a execução de estudos epidemiológicos em hu-
manos, principalmente nas propriedades foco da doença, e a realização de
campanhas sanitárias junto aos pequenos produtores, que são os mais ex-
postos devido à sua convivência direta com os animais parasitados e com o
ambiente contaminado.
- 244 -
Conclusões
• As enfermidades detectadas de maior interesse econômico e de saúde pú-
blica foram a Fasciolose, Tuberculose, Raiva, Cisticercose e Varíola Bovina.
- 245 -
Referências
BAMBERG, A. C. et al. Levantamento de fasciolose hepática em bovinos abatidos
na região sul do Rio Grande do Sul em 2004 e 2005. Congrega URCAMP, 2007.
- 246 -
Sistemas de produção de morango para agricultores familiares
para diversificação da produção e como nova alternativa de renda
na região central de Minas Gerais
Juliana Carvalho Simões1
Introdução
A região central de Minas Gerais tem demonstrado resultados extremamen-
te promissores para o cultivo do morangueiro, apresentando bons níveis de
produtividade e adaptabilidade às condições ambientais da região. Alguns
trabalhos foram conduzidos na região pela Epamig, avaliando-se variedades,
época de plantio, tipos de cobertura do solo e sistemas de irrigação. Os tra-
balhos demonstraram a viabilidade técnica e econômica da cultura, o que
possibilita sua produção por pequenos agricultores familiares.
1
Pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais. Contato: jcsimoes@epamig.br.
- 247 -
O manejo da cultura do morangueiro, desde a implantação até a pós-colhei-
ta, com normas e técnicas sustentáveis, procurando equacionar os diferen-
tes problemas mediante uma visão multidisciplinar, poderá proporcionar
o manejo equilibrado da cultura, mudando o atual cenário de produção,
no qual se utiliza um grande número de defensivos químicos. O cultivo do
morango em sistema orgânico tem obtido produções competitivas, com-
paradas ao sistema convencional. Os custos no sistema orgânico são sig-
nificativamente menores, fazendo com que o retorno econômico final seja
superior, sem contar a melhoria das características biológicas do sistema
produtivo e a possibilidade de o agricultor familiar utilizar recursos dispo-
níveis em sua propriedade e/ou em sua comunidade.
- 248 -
ração econômica; de outro, os consumidores levam para suas casas frutos
in natura ou produtos alimentícios industrializados, cujas qualidade e sani-
dade são significativamente maiores. Nesse processo, o ambiente como um
todo é beneficiado, contribuindo para a preservação da qualidade da água e
do solo e também mantendo as populações dos inimigos naturais das pragas
e dos organismos antagonistas de doenças em níveis adequados para a sua
manutenção nos ecossistemas agrícolas.
Metodologia
Uma Unidade demonstrativa (UD) de cultivo do morangueiro foi implan-
tada na Fazenda Experimental de Santa Rita, pertencente à Epamig, em
Prudente de Morais (MG), em maio de 2009. Durante a safra de 2009, essa
UD gerou oportunidades aos pequenos agricultores do entorno de Sete La-
goas de visitarem e receberem informações relativas ao cultivo do moran-
go. Nessas mesmas oportunidades a participação desses agricultores foi de
grande importância para a troca de experiências, para enriquecer o projeto
e dar novas alternativas para a solução de problemas identificados no dia a
dia do acompanhamento da cultura.
- 249 -
Paralelamente à implantação da UD na Fazenda Experimental da Epamig,
outra UD foi implantada na propriedade rural pertencente à Associação
Comunitária do Bonfim e Adjacências (Asbon), localizada no Município de
Três Marias (MG). Todas as etapas contaram com a participação dos atores
envolvidos no projeto, cuja tomada de decisões envolveu o grupo familiar,
desde o plantio dos adubos verdes, em outubro de 2008, a incorporação
desses, em abril de 2009, até maio de 2009, quando foi realizado o plantio
das mudas de morangueiro. Todas essas atividades foram realizadas em
eventos, como dias de campo e visitas de outros produtores das comunida-
des agrícolas da região. Um desses eventos foi realizado no dia 29 de maio, e
constou da programação da “V Semana do Alimento Orgânico”, promovida
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), sendo
divulgado em todo o Estado de Minas Gerais, com a explanação da coor-
denadora do presente projeto, sobre o cultivo do morangueiro em sistema
orgânico de produção e os objetivos do trabalho. Na mesma oportunidade,
a técnica da Emater, Érika Carvalho, que acompanha também as UDs da
Fazenda Experimental da Epamig, em Prudente de Morais, e os agriculto-
res da região, explanou sobre as caldas utilizadas para controle de pragas
e doenças, enquanto realizou o seu preparo em atividade prática. Na sequ-
ência, o técnico agrícola Dalton César, da Epamig, demonstrou, na prática,
a técnica para colocação do muching sobre os canteiros, com o objetivo de
proteger os frutos do contato direto com o solo. Em outro dia de campo,
realizado em 17 de setembro de 2009, em pleno pico de produção, o técnico
da Emater de Três Marias e a coordenadora Juliana Simões, da Epamig,
apresentaram a relação entre o custo e a produção da UD instalada na As-
bom, como pode ser observado na Tabela 1.
- 250 -
Principais resultados obtidos
O desenvolvimento do projeto possibilitou a agregação de novas regiões
produtoras de morangos. A Região Centro-Oeste, anteriormente conheci-
da como uma bacia leiteira, tentou reerguer-se no setor agropecuário, mas
infelizmente passou a ser considerada como “região do vazio econômico”.
Atualmente, vem crescendo, ainda que timidamente, um arranjo produtivo
local de agricultura orgânica, com conscientização gradativa, de produto-
res e consumidores, em aspectos socioculturais e ecológicos. A introdução
da cultura do morango foi adotada como um produto diversificador da pro-
dução orgânica da região, onde está localizada a Fazenda Experimental da
Epamig em Prudente de Morais.
- 251 -
Tabela 1 − Relação entre o custo e a produção do morangueiro cultivado em 500m2 na propriedade rural
pertencente à Associação Comunitária do Bonfim e Adjacências (Asbon), localizada no Município de Três
Marias (MG) no ano de 2010
C − Reserva Técnica
Valor % 2,0 1 125,40 1,96 Maio/Set.
TOTAL GERAL
6.395,37 100,00 xxxxxxx
(A+B+C)
- 252 -
INVESTIMENTOS (R$)
SISTEMA DE IRRIGAÇÃO SISTEMA ELÉTRICO TOTAL
R$ 1.187,27 R$ 180,00 R$ 1.367,27
Referências
ABREU, A. C. Cultivo orgânico: relatório final do projeto Terra Viva. In: SIM-
PÓSIO NACIONAL DO MORANGO SOBRE TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO
E PROCESSAMENTO, 1., 1999, Pouso Alegre. Anais... Caldas: EPAMIG, 1999.
p. 113-114.
- 253 -
Desenvolvimento de um sistema silviagrícola em uma comunidade
de agricultores familiares da Zona da Mata de Minas Gerais
Flávio Pereira Silva1
Descrição do problema
O Estado de Minas Gerais possui excelente comércio de produtos florestais
e agrícolas; concentra o maior parque siderúrgico brasileiro alimentado
por carvão vegetal, possui cerca de 13.500 indústrias de base florestal, em
que a madeira de reflorestamento é produto de extrema importância so-
cioeconômica. O estoque de madeira disponível em MG é insuficiente para
o abastecimento do seu parque industrial, e algumas indústrias operam
abaixo de sua capacidade produtiva, por falta de madeira. A Zona da Mata
Mineira é constituída, em sua maioria, por pequenas propriedades rurais
de economia familiar e apresenta condições ecológicas propícias ao culti-
vo de eucalipto e da Acacia mangium, mas carece de sistemas de produção
agrícola compatível com as características dessas propriedades. O déficit
de madeira existente no estado poderá ser amenizado por meio do plan-
tio das citadas espécies florestais em propriedades de economia familiar
da Zona da Mata, com o emprego do sistema silviagrícola, resultando na
produção de madeira, diminuição da pressão sobre as florestas naturais
remanescentes, ocupação de áreas marginalizadas e aumentando a renda
das comunidades carentes dessa região.
1
Coordenador do projeto EPAMIG. Contato: flaviopereira@epamig.br.
- 255 -
Objetivos do projeto
O projeto objetivou sensibilizar agricultores familiares do Território da
Serra do Brigadeiro, técnicos da Emater e Sindicato dos Trabalhadores Ru-
rais do Município de Ervália para os benefícios econômicos e ambientais
do sistema silviagrícola; desenvolver o sistema demonstrativo em uma pro-
priedade de agricultura familiar; avaliar as produtividades de diferentes
clones de eucalipto Acacia mangium, arroz e feijão; comparar os teores de
nutrientes do solo, antes e após o estabelecimento do sistema e transferir
os conhecimentos gerados aos pequenos produtores rurais, por meio de
um dia de campo e de dezenas de artigos publicados em jornais impressos
daquela região e na mídia nacional, via internet.
Metodologia empregada
O projeto foi desenvolvido na propriedade de um pequeno agricultor de ele-
vada liderança regional, em uma área de 11.956 m2, situada na comunidade
rural de Caatinga, localizada às margens da antiga estrada Ervália-Muriaé. O
sistema silviagrícola contemplou o consórcio de quatro clones de eucalipto
Acacia mangium com uma safra de arroz de sequeiro e duas safras de feijão
carioquinha (feijão das águas e da seca). As espécies florestais foram planta-
das em parcelas de 9 m de largura e comprimento variável, constituídas por
4 fileiras de plantas no espaçamento de 3 x 3 metros.
Resultados obtidos
A safra de arroz apresentou produtividade de 2.819,07 kg de grãos e incorporou
ao solo 33.670,39 kg/ha de biomassa verde, enquanto a safra de feijão das águas
apresentou produtividade de 536,50 kg de grãos e incorporou 4.643,62 kg/
ha de biomassa verde. A safra de feijão da seca apresentou produtividade de
838,91 kg de grãos e incorporou 2.613,99 kg/ha de biomassa verde.
- 256 -
Sistema silviagrícola com os componentes florestal e agrícola (arroz), em desenvolvimento
Conclusões e recomendações
Os resultados obtidos durante os 36 meses de cultivos do sistema silviagrí-
cola permitiram concluir que:
- 257 -
viável para os pequenos agricultores familiares do Território da Serra do
Brigadeiro, proporcionando-lhes melhor aproveitamento, rentabilidade e
diversificação da sua produção agrícola, melhoraria na fertilidade natural
dos solos da sua propriedade; maior agregação de valor aos seus produtos;
produção de um maior número de produtos por unidade de área cultiva-
da; maior flexibilização na venda dos seus produtos, além de garantir o
emprego de sua mão de obra familiar durante todo o ano;
- 258 -
Variedades de abacaxi cultivadas em diferentes espaçamentos
por produtores familiares do Projeto Jaíba e Gorutuba
Maria Geralda Vilela Rodrigues1
Justificativa
As dificuldades enfrentadas pelos fruticultores do Norte de Minas têm le-
vado os produtores a procurarem alternativas em um movimento salutar
de quebra da monocultura. As instituições de pesquisa e extensão têm-se
mobilizado para levar aos produtores opções que viabilizem principalmen-
te as pequenas propriedades rurais, como o cultivo do abacaxi. Apesar do
avanço das pesquisas na multiplicação in vitro e na aclimatização (ambien-
te protegido) das mudas do abacaxizeiro, são raros os estudos na fase de
aclimatação (enviveiramento), a qual pode comprometer qualquer resul-
tado obtido nas etapas anteriores, sendo especialmente crítica para novas
cultivares (BERILLI et al., 2011).
Este trabalho foi implantado no Norte de Minas Gerais, sob irrigação, obje-
tivando avaliar o rendimento e a qualidade dos frutos de diferentes varie-
dades de abacaxi, cultivadas em diferentes densidades de plantio, visando
a indústria e o mercado in natura. As unidades de avaliação e validação fo-
ram instaladas em áreas de pequenos produtores, assentados nos períme-
tros irrigados da Codevasf, com repasse direto da tecnologia de produção.
Metodologia
O trabalho constituiu-se da avaliação de três variedades de abacaxi (Im-
perial, Vitória, Pérola), em três densidades de plantio (D1, D2 e D3), que
resultou em nove tratamentos, com quatro repetições, em DBC. A “Pérola”
foi utilizada como referência, a “Imperial” e a “Vitória” são variedades
lançadas pela Embrapa e pelo Incaper, respectivamente, resistentes à fu-
sariose. As densidades de plantio D1 (90 x 40 x 30 cm), D2 (90 x 40 x 35 cm)
e D3 (90 x 40 x 40 cm) resultaram em 51.282, 43.956 e 38.462 plantas por
ha, respectivamente.
1
Pesquisadora coordenadora do projeto Epamig. Contato: magevr@hotmail.com.
- 259 -
mudas provenientes de cultura de tecidos resultou em perdas e foram ins-
taladas quatro. Uma dessas foi instalada em área da Epamig e as outras três
em áreas de produtores familiares definidos pela Emater, sendo duas no
Projeto Jaíba e uma no Projeto Gorutuba.
Resultados e discussão
A desuniformidade das mudas inviabilizou a instalação das unidades em
um mesmo momento. Em maio de 2011 (11 meses após enviveiradas) fo-
ram implantadas as três unidades do Projeto Jaíba. No plantio, a “Pérola”
apresentou maior altura, seguida pela “Vitória” e pela “Imperial” (Tabela 1).
Segundo Berilli et al. (2011), as diferenças de crescimento inicial das mudas
refletem no desenvolvimento durante a aclimatação, sendo que as meno-
res apresentam crescimento inferior, com amplificação das diferenças no
decorrer do período da aclimatação.
Tabela 1 – Altura das plantas (cm) no momento do transplantio (maio de 2011) e oito meses após o
transplantio (janeiro de 2012)
1 Lote 136, Área D do Projeto Jaíba, produtora Júlia. 2 Lote 735, Área A do Projeto Jaíba, produ-
tor Elieser. 3 Lote 068, Área D do Projeto Jaíba, área da Epamig.
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey (5%).
- 260 -
Em janeiro de 2012 (oito meses após o transplantio) avaliou-se a altura das
plantas das três áreas do Projeto Jaíba e observou-se efeito apenas de varie-
dade (Tabela 1). A “Pérola” manteve a superioridade observada no plantio,
com plantas mais altas nas três áreas, sendo essa diferença ampliada de
14% para 36%. Nos lotes do produtor 2 e da Epamig as plantas apresenta-
ram mais de 80 cm, portanto aptas para a indução floral. A “Pérola” do pro-
dutor 1, assim como a “Imperial” e a “Vitória” nas três áreas, tinham entre
30 e 56 cm, não aptas à indução. Portanto, a “Pérola” de cultura de tecidos
apresentou crescimento mais rápido que as demais no viveiro, e manteve
esse padrão após o transplantio. O tempo entre o plantio e o ponto de indu-
ção floral foi semelhante ao gasto pelas mudas convencionais. O reduzido
crescimento da “Vitória” e da “Imperial” em relação à “Pérola” deve-se a
diferenças entre os genótipos, já a “Pérola” foi mais vigorosa nas três áreas.
Como a “Pérola” foi induzida quatro meses antes das demais, foi colhida
também antes (Tabela 2). Assim como superou as demais em crescimento
(Tabela 1), superou em produção de mudas (Tabela 2). O objetivo dessa pri-
meira geração é a produção de mudas (são matrizes).
- 261 -
Tabela 2 − Resumo da análise de variância para ciclo de produção
(meses entre o transplantio e a colheita) e produção de mudas das variedades de abacaxizeiro plan-
tadas em diferentes espaçamentos – Epamig
Variedades
1 – Pérola 17,01 B 2,82 A (7,49)2 1,79 A (2,73)2 1,04 A (0,64)2
2 – Imperial 20,87 A 2,33 B (4,92)2 1,25 B (1,07)2 1,20 A (1,01)2
3 - Vitória 20,74 A 1,63 C (2,30) 2
1,03 C (0,62) 2
0,71 B (0,00)2
Teste F 272,453** 54,497** 56,874** 12,254**
Densidades
Teste F 0,492NS 0,795NS 0,423NS 0,190NS
Var x Dens
Teste F 1,815NS 0,846NS 1,465NS 0,368NS
Média 19,49 2,25 (4,90)2 1,38 (1,53)2 0,96 (0,50)2
Desvio 2,00 0,58 0,37 0,28
CV (%) 2,273 12,422 12,832 24,261
1 Dados transformados por raiz (x+0,5) uma vez que havia muitas leituras com valor zero.
2 Médias não transformadas. Médias seguidas pelas mesmas letras nas colunas não diferem entre si pelo
teste Tukey (5%).
A “Pérola” produziu frutos com pedúnculo mais longo e com maior diâme-
tro, o que favorece a sustentação dos frutos, já que estes também apresen-
taram maior massa (Tabela 3). Os frutos de “Pérola” foram mais compridos,
porém não foram os de maior diâmetro, o que lhes conferiu formato me-
nos esférico que o das demais variedades, confirmado pela maior relação
comprimento/diâmetro. A maior coroa (massa e comprimento) do fruto foi
observada na “Vitória”.
Para o rendimento (t/ha) da cultura houve efeito dos dois fatores. Por pro-
- 262 -
Tabela 3 − Resumo da análise de variância para caracterização dos frutos e rendimento (t/ha) da produção das variedades
(1 – Pérola, 2 – Imperial, 3 – Vitória) de abacaxizeiro plantadas em diferentes espaçamentos
1-P 55,41 A 22,33 A 1,12 A 19,64 A 9,56 B 2,11 A 56,91 B 12,34 B 11,04 C 4,07 AB 49,41 A
2-I 42,29 B 18,83 C 0,56 C 10,02 B 9,04 C 1,12 B 53,62 B 13,31 B 14,34 B 4,16 A 23,68 C
3-V 39,70 C 20,87 B 0,79 B 10,82 B 10,21 A 1,03 B 103,28 A 19,05 A 16,27 A 4,00 B 35,46 B
Teste F 153,33** 16,35** 40,92** 175,22** 24,46** 168,92** 42,37** 17,54** 27,99** 9,36** 40,473**
40,49 A
35,61 AB
- 263 -
32,44 B
NS NS NS NS NS NS NS NS NS NS
Teste F 2,04 1,81 2,04 0,73 0,92 0,22 1,08 0,76 0,97 0,01 4,145*
Teste F 1,61NS 0,65NS 1,61NS 0,70NS 1,34NS 0,36NS 2,41NS 1,33NS 1,36NS 0,50NS 0,488NS
Média 46,05 20,80 0,84 13,75 9,64 1,44 73,53 15,19 13,88 4,08 37,32
Desvio 7,63 1,96 0,27 4,71 0,62 0,53 27,47 4,16 2,65 0,09 12,42
CV (%) 5,02 6,45 5,02 9,74 3,862 10,82 19,32 19,39 10,79 1,89 17,540
Médias seguidas pelas mesmas letras nas colunas não diferem entre si pelo teste Tukey (5%).
duzir frutos com a maior massa, o rendimento da “Pérola” foi 52% superior
ao da “Imperial” e 28% superior ao da “Vitória” (Tabela 3). O menor espaça-
mento (D1) também resultou em maior rendimento (Tabela 3).
Conclusões
• Alguns produtores preferem permanecer na atividade que já conhecem.
- 264 -
Referências
BERILLI, S. da S. et al. Crescimento de mudas de abacaxizeiro cv. Vitória
durante a aclimatação em função do seu tamanho inicial. Revista Brasileira
de Fruticultura, Jaboticabal, Volume Especial, E. 632-637, 2011.
- 265 -
CONHECIMENTO,
CONHECIMENTO,
CONHECIMENTO,
CONHECIMENTO,
TECNOLOGIA
TECNOLOGIA
TECNOLOGIA
TECNOLOGIA
E
E
EINOVAÇÃO
INOVAÇÃO
INOVAÇÃO
E INOVAÇÃO
AGRICULTURA FAMILIAR
FAMILIAR
DA AGRICULTURA
CONTRIBUIÇÕES
CONTRIBUIÇÕES
CONTRIBUIÇÕES
CONTRIBUIÇÕES
DAS
DAS
DASORGANIZAÇÕES
ORGANIZAÇÕES
ORGANIZAÇÕES
DAS ORGANIZAÇÕES
ESTADUAIS
ESTADUAIS
ESTADUAIS
ESTADUAIS
DE
DE
DEPESQUISA
PESQUISA
PESQUISA
DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA
AGROPECUÁRIA
AGROPECUÁRIA
AGROPECUÁRIA
FORTALECIMENTO DA
O FORTALECIMENTO
PARA O
mda.gov.br
mda.gov.br
mda.gov.br
mda.gov.br
TECNOLOGIA E
CONHECIMENTO, TECNOLOGIA INOVAÇÃO PARA
E INOVAÇÃO
Hur Ben
Hur
HurCorrêa
Ben
Ben Corrêa
Corrêa
daHur
Silva
da
da
Ben
Silva
Silva
e Flaviane
Corrêa
ee Flaviane
Flaviane
dadeSilva
Carvalho
de
deeCarvalho
Carvalho
Flaviane
Canavesi
Canavesi
de
Canavesi
Carvalho
Org's Canave
CONHECIMENTO,
Ministério
Ministério
Ministérioda
da
da Ministério da
Ministério
Ministério
Ministériodo
do
do Ministério do
Ciência,
Ciência,
Ciência,Tecnologia
Tecnologia
Tecnologia
Ciência, Tecnologia
Desenvolvimento
Desenvolvimento
Desenvolvimento
Desenvolvimento
Agrário
Agrário
Agrário Agrário
eeeInovação
Inovação
Inovação e Inovação