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Plano de Aula

Apresentação dos atores pedagógicos


Conteúdo:
A relação da psicologia e educação.
As diferentes abordagens: perspectiva histórico-cultural,
psicologia genética
Competências
1-Compreender a importância dos estudos do
desenvolvimento humano.
2-Entender as principais teorias do desenvolvimento
humano para compreensão das teorias atuais de
desenvolvimento infantil.
Breve exposição – introdução ao componente
curricular
Estudo de caso
Psicologia
da
Educação
- O que é psicologia?
Psicologia

Ciência
Estudo o comportamento humano
Estuda os processos psíquicos superiores
Atenção
Imaginação
Emoção/Sentimentos
Memória
Pensamento
Linguagem
Breve contextualização histórica

Primórdios da Psicologia (século 16)


Filosofia – busca pela compreensão dos fenômenos da mente e do espírito (sonhos,
comportamentos, impulsos dos seres humanos)
Filósofos gregos - Aristóteles, Platão e René Descartes
Século 18 – século das luzes – das grandes descobertas científicas – Psicologia nasce
como ciência.
1879, com a criação do instituto de Psicologia por Wilhelm Wundt – na Alemanhã
Diferentes abordagens

Psicanálise – Sigmund Freud (1856-1939) – Médico austríaco


Behaviorismo (Comportamentalismo) - John B. Watson (1878-1958), Skinner (1904-
1990) – psicólogos americanos
Funcionalismo - William James (1842-1910) – filósofo e psicólogo, John Dewey (1859-
1952) - filósofo
Estruturalismo - Edward Titchener (1867–1927) – psicólogo britânico
Psicologia Histórico-Cultural – Lev Vigotski (1896-1934) – psicólogo russo.
Teoria das Emoções - Henri Wallon (1879-1962) - médico, professor e psicólogo
francês.
As diferentes perspectivas ajudam a entender a complexidade humana e seus
eventos, considerando fatores biológicos, psicológicos e socioculturais que
impactam o comportamento e o pensamento das pessoas.
Psicologia da Educação

Psicologia educacional: um dos fundamentos científicos da educação e da prática


pedagógica.
Psicologia escolar: modalidade de atuação profissional que tem no processo de
escolarização seu campo de ação, com foco na escola e nas relações que aí se
estabelecem.
a relação entre psicologia e educação, sobretudo em suas mediações com as teorias
de conhecimento, é algo que acompanha a própria história do pensamento
humano e constitui-se como complexo e extenso campo de estudo. (Antunes, 2008)
Processos de Ensino e Aprendizagem
Temas da Relação entre Aprendizagem e
psicologia da Desenvolvimento
Relação afeto e cognição
educação Temáticas atuais: diversidade, inclusão,
preconceito, violência (em todas as formas),
bullying, patologização e medicalização da
educação, entre outros.
Quem é o aluno da sociedade atual?
Relações com a tecnologia – novo homem?
Questões para debate:
Após conhecer o caso de Vinícius, o
menino do Borel, apresentado a seguir,
Estudo de caso respondam:
Quais seriam as possíveis causas da
‘dificuldade de aprendizagem’
apresentada por Vinícius.
Essas causas são de ordem biológica
(algo nele não vai bem) ou social?
O menino do Borel
• Morro do Borel é uma favela localizada no bairro da
Tijuca, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, no
Brasil.
Personage
ns
Cena 1:

(É uma tarde morna de outubro. Vinícius, menino de dez anos, está


pensando na “novela das oito”; pergunta-se quem teria explodido o
shopping? – o grande mistério do folhetim da Globo. Por um momento,
esquece esse assunto e vaga, em pensamento, pelas vitrines de um
shopping Tijucano: seu cérebro vê o tênis, os brinquedos, as roupas, a
bola e a camisa do Flamengo, a TV imensa de 29 polegadas. Corta! Volta-
se, então para a questão inicial e começa a lembrar os personagens da
novela: quem seria o criminoso? Detém-se, não sabe bem o porquê, no
personagem que esteve preso, um ex-presidiário; e imediatamente uma
“voz sem som” repete-lhe obsessivamente: seu pai também foi
presidiário...seu pai foi um presidiário...Imediatamente fecha os olhos e
sente um aperto no estômago – um aperto diferente do que sente
quando está com fome.)
Cena 2

(Uma outra voz vai surgindo de algum lugar e, primeiro, o tira do


“transe”, para então, tornar-se uma ordem.)
Cleir: Vinícius! Vá sentar com esta tia, naquela mesa, junto com o Paulo e
Caco! Leve seu livro que ela vai ajudar vocês a “juntar pedacinhos para
formar palavras”.
(Automaticamente, V. levanta e caminha no espaço entre as cadeiras e
mesas, tropeça, sem querer, na perna de um colega – ou teria sido o
colega que colocou a perna de propósito para ele cair? Não importa,
não iria revidar agora, estava pensando na novela: hoje é o último dia,
“demorou!”, não vou dormir cedo! Que raiva, eu sempre durmo no meio
da novela, que mer...Não chega a concluir o pensamento “em voz
baixa”, pois a nova estagiária – “a tia” indicada pela professora – o
interrompe”.)
Maria: Olá! Como é o nome de vocês?
Vinícius: (A vontade de V. era de não responder, pois queria ser outra pessoa: morar no
melhor lugar da favela – na parte de baixo, queria já saber ler e escrever, ser branco, bonito,
ter dinheiro igual aos bacanas da novela. Não gostaria é de estar numa turma de reforço,
repetindo pela terceira vez a primeira série, ele não ia ser presidiário ou morrer como o pai,
mas, a sensação ruim no estômago voltara. Acostumado a ceder, V., finalmente, entrega seu
nome, sem resistência aparente: afinal essa “tia” vai ajudá-lo a aprender.) O meu é Vinícius.
Caco, Paulo: (Os colegas o acompanham, como um jogral ensaiado): O meu é Paulo. O meu
é Caco.
Maria: O meu nome, ninguém quer saber?
Todos: Você é tia!
Maria: Tia nada, eu tenho nome como todo mundo.
Vinícius: E qual é, tia?
Maria: É Maria.
Cena 3

Maria: (Para os meninos) O que nós vamos fazer?


(os meninos ficam atônitos. O que nós vamos fazer? A resposta é óbvia.
Por que será que aqui na escola todas as professoras fazem perguntas
que já sabem as respostas?)
Vinícius: (Conformado) Ué! A gente tem que juntar pedacinho prá
formar palavras prá vê se nós aprende.
Maria: Quem aqui já sabe ler?
Vinícius: (direto) Eu não sei.
Caco: (Respira fundo, como se buscasse ar para encher o balão de sua
auto-estima, mas fica no meio do caminho.) Eu sei algumas palavras,
outras não.
Paulo: Às vezes, eu consigo.
Vinícius: (Para Paulo, impaciente). Como às vezes? Ou sabe ou não
sabe!
Paulo: (para todos). Às vezes eu consigo.
Vinicíus: (para Paulo, com autoridade) Sabe nada, você é burro, por isso a tia Cleir te
mandou sentar aqui com essa tia aqui!
(Agitação. V. lembra que certa vez uma professora, aconselhou sua avó a leva-lo para
fazer um “elétrico” da cabeça. Lá no posto de Saúde, ouviu quando a avó disse para o
médico que seu pai também não tinha cabeça para o estudo. Todo mundo ali era
burro mesmo, burro de nascença.)
Maria: (Com voz firme, corta o pensamento de V. e a agitação dos alunos.)
Ninguém aqui é burro, além do mais a gente nunca sabe tudo, tem sempre coisas
novas e diferentes para aprender.
(Vinícius, por algum motivo, aquecera seu coração, queria aprender, mudar de vida.
Era uma leve sensação de esperança e bem estar, há muito não se sentia assim – e
não era ‘tini’ nem cola de sapateiro...)
Vinícius: (impaciente.) Então vamo’ logo, vamo’ trabalhar!
Cena 4

(os alunos movimentam-se: pegam a cartilha (tradicional) e começam a


juntar sílabas de forma mecânica, formando palavras – algumas sem
nenhum significado como salema, mas ele, labo, lalame.)
Maria: V., leia as palavras que você formou?
Vinícius: Foi esse pedaço (mostra a sílaba ma) com esse (mostra a sílaba
la)
Maria: Então, lê pra mim.
Vinícius: (Para Caco) Que pedaço é esse?
Caco: (Para Vinícius) Ma.
Vinícius: E esse?
Caco: La.
Vinícius: (Lendo para M.) Ma – la.
• Paulo: (dando risada espalhafatosa) Ai, assim até eu. Tá colando, tia!
• Vinícius: (Furioso) Eu vou te dar um porradão, moleque...
• Maria: Agora vamos parar com isso. Ninguém vai bater em ninguém. Porrada
nunca resolveu nenhum tipo de problema.
• Paulo: Resolve sim, tia.
• Maria: Se resolve, não deveria. Paulo, deixa o V. estudar em paz. V., vamos
fazer o seguinte. Você pensa numa palavra legal que você quer escrever e
depois a gente tenta escrever junto, ok?
• Vinícius: Tá bom. Tia, e se for uma palavra difícil a senhora sabe?
• Maria: Se eu não souber, a gente tenta descobrir junto.
• Vinícius: (abrindo um largo sorriso). É claro que a senhora sabe.
• Maria: E você também sabe muita coisa.
• Vinícius: Ih! É ruim, heim? Vamos trabalhar. Tia, escreve uma palavra aqui que
eu vou ver a sua letra.
Maria: Qual palavra você quer?
Vinícius: Borel (Maria escreve a palavra “Borel”.) Sua letra é bonitona, a senhora deve
ter estudado muito para ficar assim.
Maria: Agora você escreve.
Vinícius: O quê?
Maria: O que você quiser.
Vinícius: Tá bom (V. escreve alguma coisa e rabisca tudo em seguida.) (V. desanimado)
Ah! Eu não sei, não. Eu tenho que trabalhar muito para conseguir. (V. diminuindo o
tom de voz) Tia, eu acho que eu sou burro também.
Maria: (em voz baixa) Burro nada, quem falou isso?
Vinícius: (No mesmo tom de desânimo) Ah! Tia, todo mundo. Meu padrasto, a minha
avó. A tia da escola falou prá minha vó que eu sou preguiçoso, não demora que um
dia eu vou aprender muito para mudar pra parte de baixo (do morro).
Cena 5

(Caco e Paulo estão distraídos. Vinícius e Maria continuam dialogando. Do


lugar onde se encontram, dá para ter uma visão do morro, como um
quadro emoldurado pela janela.)
Maria: (Para V.) Qual parte você mora agora?
Vinícius: (Apontando para fora) Ih! Tia, tá pensando que eu moro lá no alto?
Na Chácara? É ruim, heim? Eu moro na parte do meio.
Maria: (Fazendo-se de desentendida) Qual o problema de morar no alto?
Vinícius: Lá tem bandido ruim! É porque você nunca foi lá...
Maria: Engano seu. Na semana passada eu fui na Chácara.
Vinícius: (Com espanto) Tia, que horror! Você não pode ir lá, não. É perigoso.
Maria: Perigo tem em todo o lugar. Aqui no morro ou fora dele, qualquer
um corre perigo.
Cena 6
(Uma ventania levanta nuvem de poeira lá fora, parece que vai chover. Vinícius muda o
rumo da conversa.)
Vinícius: (Para Maria) Tia, é verdade que hoje é feriado?
Maria: É sim, hoje é feriado no comércio.
Vinícius: (Alegre) Oba, Caco! Não disse?
Caco: É mesmo, tia? A senhora viu se o mercado está funcionando?
Maria: Vi sim, C., o mercado está fechado.
(Os meninos se agitam contentes.)
Maria: Por que vocês ficaram tão felizes?
Vinícius: É que hoje não vamo’ ter que trabalhar!
Maria: Vocês trabalham em que horário?
Vinícius: À noite, quando a gente sai daqui.
Maria: E vocês fazem o quê?
Vinícius: A gente carrega compras no mercado.
Maria: Até que horas?
Vinícius: Até a hora da novela das oito.
Maria: (Para V.) Você gosta da novela?
Vinícius: Eu gosto, sabe? Mas eu não sei o que acontece. Eu chego em caso, pego o prato
para comer e tem vez que eu nem consigo acabar de comer, o meu olho vai fechando. (A
fisionomia de V. vai se transformando.) Aí eu fico com raiva de mim mesmo!
Maria: Seu olho fecha porque você está cansado. Olha só. Você acorda cedo, vai para a
escola pela manhã, à tarde vem pra turma do reforço e ainda trabalha à noite. Qualquer
pessoa ficaria cansada, ainda mais uma criança de sua idade...
Vinícius: mas eu gosto de ver a novela.
Maria: E, por quê?
Vinícius: Porque tem gente bonita!
Maria: Na vida da gente, também tem gente bonita.
Vinícius: Tem nada. Aqui no morro nós somos tudo feio.
Maria: Você é que pensa. O que não falta é gente bonita aqui no morro.
Vinícius. Tem não, tia. Aqui no morro é tudo preto.
Maria: Preto, nada. O que você tá querendo dizer é que as pessoas pertencem à raça negra. Preto é nome de cor e
não de raça.
Vinícius: Dá tudo no mesmo. É a mesma porcaria.
Maria: Porcaria nada. Você deveria ter muito orgulho de sua raça. Os negros foram os principais colaboradores na
construção de nossa cidade, para além de serem pessoas que tiveram muita coragem para suportar o tipo de vida
que levaram por muito tempo.
(A merendeira entra na sala para avisar que está na hora do lanche.)
Vinícius: (Levantando-se eufórico.) Oba! A melhor hora do dia!
(Apagam-se as luzes)
Fim do primeiro ato.
(O “menino do Borel” representa um fragmento da situação cotidiana vivida por milhares de alunos oriundos das
favelas e periferias das grandes cidades – que de maneira geral, corresponde à clientela da escola pública brasileira.)
Extraído do livro Saúde & Educação, do psiquiatra Jairo Werner (2005).
Síntese
Psicologia do Desenvolvimento Humano
– diferentes abordagens
Concepção mecânica – Homem é uma
máquina – se uma peça falha, a máquina
não funciona direito.
Teoria Comportamental – Psicólogo
americano - Skinner.
Problema da aprendizagem escolar: está
na criança (algo biológico/orgânico)
Síntese
Concepção organicista –
Homem é uma planta –
precisa crescer desde a
semente
(amadurecimento).
Teoria construtivista – Jean
Piaget
Problema de
aprendizagem escolar: está
na criança que não
amadureceu, não
desenvolveu as estruturas
cognitivas.
Concepção Histórico-Cultural –
Homem é um ser social, interativo,
simbólico.
Teoria Histórico-cultural – Lev
Vigotski
Problema de aprendizagem
escolar – fruto das condições
concretas de vida – a questão das
dificuldades de aprendizagem
dizem mais respeito às condições
desiguais de vida e às questões de
ordem afetivo-emocional.
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encontro: desenvolvimento com a
aprendizagem.
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aprendizagem.
A contribuição da psicologia
para o desenvolvimento do
trabalho pedagógico

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