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Machismo

O censo populacional da China recentemente divulgado confirma a persistência do alarmante


excesso de homens no país em relação ao padrão global. Esse desequilíbrio numérico desde o
nascimento tem várias implicações econômicas significativas — e não apenas para a China.
Como as mulheres, em média, vivem mais do que os homens, as populações da maioria dos países
têm mais mulheres do que homens. Nos Estados Unidos, por exemplo, havia 96 homens para cada
100 mulheres em 2020. A China, em contraste, tem 105 homens para cada 100 mulheres, de
acordo com o último censo. As mulheres chinesas vivem, em média, cerca de três anos a mais do
que os homens chineses; então o “excesso de homens” é totalmente o resultado de uma
proporção excepcionalmente alta de meninos para meninas no nascimento.
Embora a proporção de homens e mulheres na China ao nascer fosse próxima dessa taxa natural
na década de 1970, uma combinação de fatores alimentou esse constante aumento. Os mais
significativos foram a preferência por filhos homens, a disponibilidade de ultrassom e outras
tecnologias que permitem que os futuros pais saibam o sexo do feto e a imposição do governo, em
1980, de uma política de planejamento familiar estrita que impedia a maioria das famílias de ter
tantos filhos quanto desejassem.
Alguns pais optaram por abortos seletivos por sexo. O governo tentou proibir a prática, mas é
difícil evitá-la, desde que o aborto seja usado como forma de cumprir os limites de
natalidade. Como resultado, a proporção de sexos ao nascer aumentou de forma constante,
chegando a cerca de 121 meninos para 100 meninas em 2009. De acordo com o recente censo
populacional, essa proporção caiu para 111, 3 meninos para cada 100 meninas — mais equilibrado
do que antes, mas ainda maior do que seria na ausência de abortos seletivos por sexo.
O machismo se reflete no resto da cultura, já que lá ainda é senso comum que homens devem
trabalhar e mulheres serem donas de casa. Algo que vem mudando de forma discreta com o
passar dos anos, com as mulheres respondendo por 43,5% do emprego no país atualmente. Ainda
assim, por muito tempo, as mulheres chinesas não tinham direito a muitos trabalhos — e até a
certos cursos de ensino superior.

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