Manejo de plantas daninhas em sistemas agroflorestais
A exemplo das monoculturas agrícolas e florestais, os sistemas agroflorestais
podem apresentar limitações, principalmente na fase de implantação, decorrentes da interferência das plantas daninhas, mesmo diante a menor disponibilidade de espaço disponível para seu estabelecimento em relação à monoculturas(Souza Et Al.,2003). Esta menor disponibilidade de espaço para desenvolvimento de plantas daninhas tem sido, inclusive, uma estratégia de manejo utilizada nos sistemas de produção florestal, ou seja, na fase inicial da cultura florestal é realizado o plantio de culturas agrícolas, compondo um sistema agroflorestal que, dependendo dos objetivos da produção, poderá ser mantido até a idade final de corte. Outra possibilidade foi analisada por Couto Et Al.(1994) que avaliaram um sistema alternativo de controle de plantas daninhas através de um sistema silvipastoril alternativo com eucalipto e pastoreio de bovinos e ovinos. Como parte dos resultados, os autores observaram que, apesar da condição física superficial do solo ser afetada em alguns tratamentos com maior carga animal, a presença de bovinos e ovinos foi eficaz no controle das plantas daninhas. Entretanto, mesmo com a ocupação mais eficaz dos espaços nos sistemas agroflorestais o aparecimento de plantas daninhas pode comprometer o estabelecimento do mesmo, bem como o crescimento de seus componentes (Silva Neto et al., 2004). Em sistemas agroflorestais o manejo das plantas invasoras vem sendo discutido através da habilidade das plantas cultivadas em competir em com as invasoras, da densidade e arranjo dos componentes arbóreos e não arbóreos nos sistemas, do efeito do sombreamento através do crescimento rápido das espécies cultivadas sobre as invasoras, do efeito do 'mulching" sobre a germinação do banco de sementes, da alelopatia prevenindo a germinação das sementes e inibindo o crescimento das invasoras e também, através da remoção das invasoras pelo pastejo de bovinos, ovinos e caprinos (PLUCKNETT & SMITH, 1986; OLADOKUN, 1989 e CARVALHO & TORRES,1994). Todos estes processos podem reduzir a densidade e biomassa das populações de plantas invasoras, em diferentes tipos de sistemas agroflorestais. Durante a implantação dos sistemas agroflorestais, os cultivos temporários (arroz, milho, feijão amendoim, batata doce, mandioca, etc,) necessitam de maiores cuidados e devem permanecer livres das plantas invasoras pelo menos nas 5 primeiras semanas após a semeadura. Superado este período, a densidade (maior número de plantas por área), combinação de plantio (consórcio ou rotação) e variedades bem adaptadas exercem importante papel no controle das invasoras através do sombreamento e a cobertura permanente do solo. A cultura do milho, milheto e feijão (caupi), inibem muito mais a ocorrência de invasoras do que a cultura do arroz, amendoim e mandioca, entretanto arroz e amendoim mais adensados poderão ter o mesmo efeito do milho e do feijão. Por outro lado, quando plantados juntos (consórcio) a ocorrência das plantas invasoras deverá variar de acordo com a proporção dos componentes (AKOBUNDU, 1980; (BANTILAN et al., 1974; SHETHY & RAO, 1981 e Y1H, 1982) citado por PLUCKNETT & SMITH, 1986). Outra observação importante nos consórcios são aquelas em que as espécies intercaladas com a cultura principal possuem o efeito de 1 a 3 capinas manuais. A Batata doce, melão, abóbora, caupi ou amendoim quando intercalados com milho, sorgo ou mandioca podem substituir as capinas geralmente usada nestas culturas (AK.OBUNDU, 1980; PLUCKNETT & SMITH, 1986 e OLADOKUN, 1989). A cobertura morta no solo provoca reduções significativas na ocorrência das plantas invasoras nos agroecossistemas através dos efeitos fisicos, químicos e biológicos. O bloqueio na penetração de luz e a manutenção do equilíbrio térmico no solo são efeitos fisicos que dificultam a germinação das sementes que necessitam de variações térmicas e presença de luz. Àquelas que conseguem germinar podem sofrer ação das substâncias alelopáticas da cobertura morta, reduzindo o seu crescimento e desenvolvimento e provocando sua morte na fase inicial. Quando a cobertura morta entra em processo de decomposição, aumenta as atividades biológicas no sistema, a predação e inviabilidade do banco de sementes do solo, reduzindo as emergências das plantas invasoras nas áreas cultivadas. Os restos culturais de milho ou arroz deixados na área como cobertura morta, são mais eficientes na redução do crescimento de invasoras da cultura subsequente (feijão, mandioca, entre outras) do que os restos culturais de feijão, mandioca ou amendoim, que decompõem-se mais rapidamente (SANCHEZ, 1976; SCHONINGH et al.,1986; PALM, 1988; OLADOKUN, 1989; SANCHEZ & BENÍTES, 1991; DEUBER, 1991 e CARVALHO & TORRES, 1994). A cobertura morta associada às outras formas de controle, deverão funcionar efetivamente como método alternativo de manejo das plantas invasoras em sistemas agroflorestais. O plantio de leguminosa nas entrelinhas dos consórcios arbóreos, na entre safra ou na fase de pousio é um outro tipo de cobertura do solo que pode funcionar como método de manejo das plantas invasoras nos sistemas agroflorestais inibindo a germinação do banco de sementes das invasoras no solo. As espécies mais usadas nestes casos seriam: mucuna preta e anã, guandu, tremoço, ervilhaca, calopogônio, puerária e caupi (PRIMA VESI, 1992 e DEUBER, 1992). Portanto a cobertura morta e verde destacam-se como métodos potencialmente viáveis e indicados para serem utilizados em sistemas agroflorestais.