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25/04/2015 - 07h32min
Atualizada em 25/04/2015 - 07h32min
ALESSANDRA NOAL
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:: ONG promove feira para adotar 80 cães deixados por mulher que morreu em Santa
Maria
A contadora Maria Dorilda Hallberg, 65 anos, tinha uma paixão: os animais. Tanto que
dedicou boa parte de sua vida a cuidar de cães abandonados, que recolhia em sua
residência, no bairro Rosário, em Santa Maria. Solteira, tratava os animais como filhos
- que depois lhe deram netos, bisnetos... Conhecida como "cuidadora", não recusava
abrigo aos cachorros, grandes e pequenos, que eram abandonados em sua porta.
a máscara do amor.
psicólogos explicam que cada caso é único e precisa ser avaliado em busca de outros
diagnósticos subjacentes ao comportamento.
Uma das características desse quadro é que o portador segue abrigando mais e mais
Carmem Maria Benevides Fellippa, 52 anos, reconhece que sua criação passou dos
limites. Moradora de Itaara, ela abriga 80 cachorros em casa. Ela reconhece ter
adoecido devido ao acumulo de animais e, agora, está procurando ajuda para doá-los:
- Já fui denunciada. Mas meus animais são bem cuidados e eu quero que eles sejam
Há 10 anos, Carmen Maria Benevides Fellippa, 52 anos, trocou uma casa própria em
Santa Maria por uma alugada, em Itaara. O motivo? No novo endereço, havia mais
espaço para os seus 80 cães. O amor pelos companheiros caninos, porém, já rendeu
incômodos com vizinhos, além de outros transtornos. Ela agora quer conseguir novos
lares para os animais.
é ir embora para Caxias do Sul, onde moram seus dois filhos. Antes, porém, é preciso
dar um destino para os animais, que ocupam boa parte de seu dia.
ração por dia, o que, no final do mês, representa uma despesa de R$ 1,2 mil. É um
Carmen lembra que a criação começou após o fim do casamento e da partida dos filhos
para longe. Ela foi recolhendo um, dois, cinco, 10... Como os animais foram se
reproduzindo entre si, a matilha foi aumentando, junto com os custos e o tamanho do
Para pagar as despesas, ela conta com a pensão e com a venda de artesanato que
produz. Uma vizinha a ajuda a limpar o pátio, dar comida, separar as brigas do bichos.
Segundo Carmen, quando alguém colabora com um saco de ração, geralmente ele vem
acompanhado de um cachorrinho.
- Muitas das pessoas que me julgam deixaram os animais delas aqui no meu portão -
desabafa.
HOJE NOS ESPORTES17:30 - 18:50
É preciso procurar ajuda
Quando se fala em acumuladores de animais é preciso ter bem claro uma coisa: ter
muitos bichos não significa que a pessoa é um colecionador. A patologia ainda é pouco
conhecida dos profissionais da saúde e da população, diz Aristides Volpato Cordioli,
pelos animais ou do papel de salvar os que estão doentes ou machucados, mas perde o
senso da própria capacidade, do tamanho do problema. É um impulso sem freios.
Como outros acumuladores, eles têm dificuldade de dar suas coisas, no caso, doar os
animais - avalia o especialista.
extremos, tem até animais mortos em casa. O transtorno leva à criação em péssimas
condições e também provoca impactos no ambiente.
O psiquiatra Marcos Ferreira explica que existem relatos que mostram a associação
desse comportamento com depressão, transtorno de ansiedade social e,
- As obsessões podem ser diferentes de pessoa para pessoa, mas as levam a fazer
a continuidade do problema.
animais acabam sofrendo maus tratos, mesmo que esta não seja a intenção do doente.
Em geral, o colecionador não percebe que os animais estão com fome, doentes ou com
pouco espaço.
Estar do Conselho de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul, chama a atenção para
o pouco caso que se faz deste tema. Ela lembra que o poder público pouco atua para
evitar o acumulo de animais, o que pode proporcionar o maior número de
acumuladores.
- Muitas pessoas acreditam que a missão delas na terra é salvar os animais e acabam
perdendo o controle e abrigando-os de forma exagerada. O poder público precisa agir
para tratar estes casos - explica Céres.
gatos sem raça definida, em detrimento ao dos animais de raça. Segundo a Marlene
Nascimento, isso é estimulado pelo comércio, que oferta animais de tamanhos e
pedigrees ao gosto do freguês. Essa possibilidade de escolha não é ofertada pelos
HOJE NOS ESPORTES17:30 - 18:50
animais de raça indefinida, impiedosamente desprezados por muitos e objeto de
adoração de pessoas como Carmen e Maria Dorilda.
Por isso, as organizações que defendem os animais têm uma campanha permanente:
não compre, adote.
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