Antes da evolução do rádio, do jornal e da televisão no nordeste do Brasil, as
pessoas ficavam sabendo dos acontecimentos históricos, das notícias, dos romances e até das fofocas por meio dos versos populares impressos em pequenos livros pendurados em barbantes vendidos nas feiras e mercados populares. Nascia, assim, a literatura de cordel. O cordel chegou ao Brasil como poesia oral trazida pelos portugueses. Os temas principais desse tipo de literatura no país eram (e ainda são): o cangaço, a religiosidade, as catástrofes, os contos de fada e as grandes histórias de amor. Até hoje, esse gênero literário é bastante difundido no nordeste, especialmente nos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará, Alagoas e Piauí. Os poemas, geralmente vendidos pelos próprios autores, ainda narram fatos do cotidiano local, como acontecimentos políticos, festas, desastres, disputas, milagres, enchentes, secas etc. São muitas vezes impressos em formato de 11 x 15 cm, geralmente com oito páginas e 28 a 32 estrofes. São ilustrados com a técnica de xilogravura, e seus versos são declamados ou contados ao público, com acompanhamento de violas sertanejas ou pandeiros. O cordel também está presente em outras regiões do país. Há traços de cordel no samba de roda, comum no Rio de Janeiro, na tirana, modalidade muito cantada na Bahia, e no cururu e no catira, comuns em São Paulo e Minas Gerais. O paraibano Manoel d'Almeida Filho (1914-1995), um dos mais respeitados poetas da literatura de cordel, não gostava do verbete "cordel". Segundo ele, literatura popular seria o nome mais indicado. Mário Souto Maior era outro que criticava duramente esse vocábulo. Achava que essa arte deveria se chamar literatura popular em versos ou poesia nordestina. Grandes escritores como Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Cora Coralina, Rachel de Queiroz, Carlos Drummond de Andrade, Ariano Suassuna e João Cabral de Melo Neto também foram influenciados por essa forma de literatura popular.