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FORTE DE SÃO FRANCISCO XAVIER DA BARRA:

ANÁLISE DA TIPOLOGIA ARQUITETÔNICA A PARTIR DE MATRIZES


TEÓRICAS DA ENGENHARIA MILITAR.
Pessotti, Luciene
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), luciene.pessotti@terra.com.br

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo apresentar as recentes reflexões teóricas acerca da tipologia arquitetônica
adotada no projeto do Forte de São Francisco Xavier da Barra, conhecido também como Forte de Piratininga. O
estudo aprofunda o tema de nossas pesquisas sobre a atuação dos agentes modeladores atuantes na América
Portuguesa, notadamente os engenheiros militares, com ênfase na capitania do Espírito Santo. Assim, os estudos têm
uma importante contribuição, pois, a partir do aprofundamento das pesquisas sobre a tratadística militar será
possível avaliar a excepcionalidade da tipologia do único forte ainda existente no Espírito Santo. Serão investigados
os princípios teóricos da Engenharia Militar, utilizados na elaboração do projeto do Forte São Francisco Xavier da
Barra (c. Século XVII), e as possíveis influências dos projetos do Forte de São Lourenço da Cabeça Seca, ou do
Bugio (c. Século XVI, Oieiras, Portugal); Forte de Nossa Senhora das Mêrces, em Belém, Brasil (Século XVII); do
Forte de São Marcelo, ou de Nossa Senhora do Pópulo, em Salvador, Bahia, Brasil (Século XVII). A historiografia
atribui o projeto do Forte do Bugio, elaborado em 1590, ao engenheiro militar e arquiteto italiano frei Giovanni
Vicenzo Casale, que adotou a forma circular em sua planta. O Forte de Piratininga foi um dos principais elementos
defensivos da capitania do Espírito Santo, tendo sua construção se iniciado ainda no Século XVI, como uma
pequena bateria edificada em taipa. Sua construção em formato circular teria começado no Século XVII, e seu
projeto poderia ter sofrido influência maior dos fortes do Bugio e de São Marcelo. No Século XVIII foi reformado
várias vezes. No Século XX foi reformulado e abriga ainda hoje funções associadas às atividades do 380 Batalhão de
Infantaria do Exército Brasileiro e configura-se como um bem cultural relevante para a história da Engenharia
Militar no Brasil.

Palavras-Chaves: engenharia militar; tipologia arquitetônica; construções militares; fortificação; tratadística.

ABSTRACT

The present article aims to present the recent theoretical reflections about the architectural typology adopted in the
Fort Francisco de Xavier da Barra project, also known as Forte de Piratininga. The study explores the theme of our
research on the role of modeling agents in Portuguese America, especially military engineers, with an emphasis on
the Espírito Santo captaincy. Thus, the studies have an important contribution, since, from the deepening of the
researches on the military tratadística, it will be possible to evaluate the exceptionality of the typology of the only
strong one still existing in the Holy Spirit. The theoretical principles of Military Engineering used in the elaboration
of the São Francisco Xavier da Barra Fort (17th century) project will be investigated, as well as the possible
influences of the projects of the Fort of São Lourenço da Cabeça Seca or Bugio (c. XVI, Oieiras, Portugal); Fort of
Nossa Senhora das Mêrces, in Belém, Brazil (17th century); the Fort of São Marcelo, or Our Lady of Pópulo, in
Salvador, Bahia, Brazil (17th century). Historiography attributes the project of the Forte do Bugio, elaborated in
1590, to the military engineer and Italian architect frei Giovanni Vicenzo Casale, who adopted the circular form in
his plant. The Piratininga Fort was one of the main defensive elements of the Espírito Santo captaincy, and its
construction began in the 16th century as a small battery built in mud. Its construction in a circular format would
have begun in Century XVII, and its project could have undergone greater influence of the forts of Bugio and São
Marcelo. In the 18th century it was renovated several times. In the twentieth century was redesigned and still houses
functions associated with the activities of the 380th Infantry Battalion of the Brazilian Army and is configured as a
cultural asset relevant to the history of Military Engineering in Brazil.
Keywords: military engineering; architectural typology; military constructions; fortification; treaties.

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1. A ATUAÇÃO DOS ENGENHEIROS MILITARES NA CAPITANIA DO ESPÍRITO SANTO:
NOVOS PROBLEMAS, NOVAS ABORDAGENS.
Inicialmente agradecemos ao Prof. Dr. Mário Mendonça de Oliveira (UFBA) por aceitar supervisionar
esta pesquisa, e ao Prof. Dr. Nelson Pôrto Ribeiro (UFES) por ter nos motivado a aprofundar os estudos
sobre o tema. Este artigo apresenta os recentes estudos1 que visam aprofundar o entendimento da atuação
dos agentes modeladores na Capitania do Espírito Santo, notadamente, os engenheiros militares,
representantes da Coroa Portuguesa. O tema da pesquisa aborda a atuação da Engenharia Militar no
Espírito Santo, notadamente no Século XVII e XVIII, com ênfase no projeto do Forte de São Francisco
Xavier da Barra. O estudo da atuação destes profissionais na defesa da capitania e na elaboração do
projeto de fortificações demonstra, segundo nossa hipótese, o investimento da Coroa Portuguesa nesta
porção do território para a defesa da região das minas gerais, através da elaboração de novos projetos de
fortificações. Estes projetos teriam um apuro e rigor da tratadística renascentista. A participação destes
profissionais na América Portuguesa foi ressaltada por Reis Filho (1968), ao afirmar que a partir de
meados do século XVII, iniciou-se uma nova fase de investimento na política urbanizadora com
participação de um corpo técnico, os “[...] mestres de obras Del’Rei” (p. 494), que anos depois, são
substituídos pelos engenheiros militares. Em nossas pesquisas (Souza, 2005), demonstramos que,
inicialmente, nos Séculos XVI e XVII, a atuação da Igreja Católica, em especial dos jesuítas, foi
determinante para a consolidação da vida urbana na Capitania do Espirito Santo. A partir do Século XVIII
a atuação dos engenheiros militares é maior (Souza, 2008; 2014), pois, é preciso militarizar o território
espírito-santense, tendo como cabeça-de-ponte a Vila de Nossa Senhora da Vitória.
O entendimento da atuação da Igreja Católica e dos engenheiros militares na Capitania do Espírito Santo
foi possível com o emprego da noção de agentes modeladores do espaço, que foi proposto por
Vasconcelos (1997; 2000), para entender a organização e o funcionamento do espaço das cidades
coloniais, a partir da necessidade de “[...] adaptar, ou mesmo criar novos conceitos e noções, pois aqueles
utilizados para a compreensão das cidades atuais, não correspondem satisfatoriamente às especificidades
e à complexidade das sociedades pretéritas” (Vasconcelos, 2000). Logo, as transformações ocorridas em
nossas iniciais formações urbanas, ao longo de mais de três séculos de colonização, pode ser melhor
analisado através do exame dos agentes modeladores que atuaram de forma preponderante na
conformação da cidade no recorte temporal supra citado, “[...] e que não poderiam corresponder,
evidentemente, aos atuais agentes da produção da cidade atual” (Vasconcelos, 2000). O Estado é um dos
agentes modeladores identificados por Vasconcelos (1997; 2000), e os engenheiros militares, funcionários
da Coroa Portuguesa representavam, portanto, a atuação deste agente no território da América
Portuguesa.
Constatamos, assim, no bojo de nossas investigações, que a Coroa Portuguesa investiu pouco na
Capitania do Espírito Santo nos dois primeiros séculos de colonização, deixando a cargo dos donatários e
da Igreja Católica, em especial a ordem religiosa dos jesuítas, o fardo maior da empreitada. Somente
quando houve ameaça importante relacionada ao contrabando do ouro e as invasões na região das minas
gerais é que ocorreram investimentos na defesa da capitania. Tornou-se, assim, dogma da administração
portuguesa na América: “[...] quanto mais caminho houver, mais descaminhos haverá” (Martins, 1993, p.
65). O Espírito Santo, sofreu as consequências mais desastrosas do ciclo do ouro no Brasil Colônia, visto
o isolamento que sofreu e influenciou em seu desenvolvimento socioeconômico (Derenzi, 1995).
Segundo Bueno (2011b), 247 engenheiros militares atuaram no Brasil no período colonial, número abaixo
da demanda existente, mas, ainda sim, demonstra o investimento da Coroa Portuguesa em levantamentos,
obras e projetos, notadamente os de defesa. Dentre suas funções estavam elaborar projetos e acompanhar
as obras de sistemas de fortificações. Os projetos desenvolvidos pelos engenheiros e,

1
A pesquisa que integra as atividades do Estudo Programado será realizada durante Licença Capacitação
(setembro/novembro) neste ano de 2019. A pesquisa será supervisionada pelo Prof. Dr. Mário Mendonça de Oliveira
(FAUFBa). Para a elaboração destes estudos estão previstas atividades a serem realizadas em cidades do Brasil
(Salvador) e de Portugal (Lisboa). Trata-se de um aprofundamento dos estudos sobre a atuação da Engenharia
Militar no Espirito Santo, tema que já abordamos em diferentes pesquisas deste 2005.
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[…] uma vez aprovados pelos superiores hierárquicos, orientavam o trabalho dos
mestres dos mais variados ofícios, fundamentando a arrematação de cada uma das
partes da obra e permitindo supervisionar-lhes o andamento. Ao mesmo tempo, estas
folhas de papel atreladas a ofícios manuscritos permitiam alinhavar conversas de longa
de distância, num império de proporções planetárias cuja gestão emanava de Lisboa
(Bueno, 2011b, p.2).
Durante os dois primeiros séculos de colonização a Coroa Portuguesa dependeu da contratação de
engenheiros estrangeiros, com ênfase nos profissionais italianos. Somente a partir do século XVIII
Portugal conquistará relativa autonomia, pois, os referenciais teóricos ainda eram oriundos de fora. Foi
durante a União das Coroas Ibéricas, e depois deste período, que iniciou-se uma “[…] política progressiva
de implantação de ‘Aulas Régias’ ou ‘Academias Militares’ tanto no reino como nas conquistas
ultramarinas para formar quadros técnicos nacionais” (Bueno, 2011b, p.4). A tradução e o ensino em
língua vernácula aos membros da estrutura do exército permitiu que novos profissionais fossem formados
dentro de Portugal e, posteriormente, na América Portuguesa. O sargento-mor José Antônio Caldas,
natural de Salvador, formou-se na Academia Militar soteropolitana. Atuou como professor e foi um dos
principais engenheiros militares da Bahia. Caldas foi enviado para a Capitania do Espírito Santo, em
1767, onde levantou a planta e perspectiva da Vila da Vitória, além do território onde a vila estava
implantada.
Foi no durante o Século XVIII que os engenheiros militares portugueses atuaram de forma mais
contundente na Capitania do Espírito Santo. Em 1726, o Conde de Sabugosa envia o engenheiro militar
Nicolau de Abreu para fortificar a vila, que se transformou em “[...] verdadeira praça de guerra” (Derenzi,
1995, p.73). Em um percurso de pouco mais de um quilômetro foram erguidos cinco bastiões artilhados.
A Vila da Vitória, em 1726, sob a supervisão do engenheiro Nicolau de Abreu, transforma-se, então, em
área militarizada, importante ponto de defesa da costa marítima sul. Em 1776 o engenheiro militar José
Antônio Caldas foi designado para rever o sistema defensivo da capitania, notadamente, das duas
principais vilas, a Vila da Vitória e a Vila Velha (Caldas, 1951).
Durante o período de atuação do tenente-coronel Nicolau de Abreu e do sargento-mor José Antônio
Caldas o Forte de São Francisco Xavier da Barra sofreu intervenções. Conjecturamos em nossa pesquisa
se os investimentos na criação de Aulas Régias ou Academias Militares na Colônia e, a influência de
matrizes teóricas de fora de Portugal, conforme demonstrou Bueno (2011a, 2011b) em suas pesquisas,
teriam influenciado a elaboração do projeto do Forte de São Francisco Xavier da Barra, com tipologia
semelhante a do Forte de São Marcelo, localizado em Salvador, Bahia; e a do Forte de Nossa Senhora das
Mêrces, em Belém, ambos construídos no Século XVII. Oliveira (2008) afirma que o Forte de São
Marcelo teve referências do projeto do Forte de São Lourenço da Cabeça Seca, ou do Bugio (c. Século
XVI, Oieiras, Portugal), que teria sido elaborado em 1590, pelo engenheiro militar e arquiteto italiano frei
Giovanni Vicenzo Casale, que adotou a forma circular em sua planta, conforme abordaremos adiante.
Neste sentido, considerando a circulação de ideias e conhecimentos científicos durante o Renascimento,
que deram origem a tratadística da Engenharia Militar, assim como, a formação de uma corpo técnico em
Portugal e, posteriormente, na América Portuguesa, conjecturamos se o projeto do Forte de São Francisco
Xavier da Barra teve influência da mesma matriz teórica do forte de São Marcelo (c.1623) e,
possivelmente, do Forte de Nossa Senhora das Mêrces2 (c.1686).
Nossa pesquisa fundamenta-se, portanto, na abordagem teórica da formação dos engenheiros militares e
seu campo de atuação, notadamente nos projetos e obras de sistemas de fortificações. No âmbito
metodológico aprofundaremos as pesquisas nas fontes primárias para que possamos relacionar os eventos
históricos com o contexto cientifico que os agentes modeladores – engenheiros militares - atuaram.

2
No que tange a esta fortificação, não se pode afirmar, no momento, sua influência no projeto do Forte de
Piratininga, tendo em vista que a data de sua construção é cerca de 1686. A historiografia pesquisada até agora sobre
o Forte de Piratininga indica que sua construção pode ter se dado no final no Século XVII. Assim sendo, as duas
fortificações podem ser contemporâneas.
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Desta forma, ao formularmos novas questões sobre as concepções que nortearam a elaboração do projeto
do Forte de São Francisco Xavier da Barra propomos novas abordagens ao tema e ao objeto de estudo da
pesquisa. Um aprofundamento no estudo das matrizes teóricas que orientaram a definição da tipologia
arquitetônica adotada no projeto da fortificação espírito-santense tem relação direta, conjectura-se, com
os conceitos e conteúdos científicos das Aulas Militares e da tratadística da Engenharia Militar, seja em
Portugal, seja na Colônia. Tais conceitos somados a atuação dos engenheiros militares nos projetos e
obras para a Capitania Espírito Santo auxilia-nos a formular hipóteses e encontrar possíveis respostas para
identificar o autor do projeto e as matrizes teóricas que o orientaram.

1.1. FORTE DE SÃO FRANCISCO XAVIER DA BARRA: SÍNTESE HISTÓRICA


Para se compreender a importância do Forte de São Francisco Xavier da Barra para a Engenharia Militar
portuguesa é preciso relacionar sua origem a história da Vila do Espírito Santo, primeira sede da capitania
de mesmo nome, em virtude de sua função defensiva para o local.
O forte encontra-se localizado no município de Vila Velha/ES, a primitiva Vila do Espírito Santo. Para a
fundação da sede da capitania em 1535 adotou-se a lógica da primeira decisão fundadora que procurava
adequar ao desígnio, i.e., aos objetivos da missão colonizadora, a escolha do sítio (Portas, 2000). A
empreitada realizada por Vasco Fernandes Coutinho confirma, pela escolha do local da fundação da Vila
do Espírito Santo, a predominância de sítios localizados na confluência de baías e percursos de água de
fácil penetração, com implantações seguindo as referências vernaculares. Tal escolha favorecia a defesa
da vila através dos elementos que constituíam a geomorfologia do território e sua associação com os
elementos defensivos a serem construídos.
Na capitania do Espírito Santo, a Coroa Portuguesa designou a terceiros, os capitães donatários, a
fundação de vilas, e sua posterior organização. Logo, a sede da capitania de Fernandes Coutinho não teve
função especificamente militar, as cabeças-de-ponte. Tão pouco, teve como objetivo ser uma importante
cidade, com função de ser o centro de uma rede urbana e de uma zona produtiva. Tratou-se de garantir
minimamente a posse e defesa de uma porção do território da América Portuguesa (Souza, 2005).
A lógica da escolha do sítio e os parcos investimentos para a fundação da Vila do Espírito Santo explica o
aspecto rudimentar nas estruturas edilícias do novo governo, em especial as de defesa, no primeiro século
de colonização (Souza, 2005).
A construção de um primeiro fortim foi na praia de Piratininga. Souza (1885), afirma que a construção do
forte se deu em 1702. Daemon (1879), afirma que tratava-se de inicialmente de uma paliçada de madeira,
que posteriormente foi substituída por um pequeno fortim. A primeira estrutura foi mencionada por Jean
de Léry no início de 1557, quando estava a caminho da França Antártica e se deparou “[...] com um
fortim português denominado Espírito Santo” (Léry, 1971, p.45). No decorrer do século XVI é possível
que tenha se arruinado, pois, embora seja citado em diferentes momentos nesse período, o Fortim de
Piratininga não consta do mapa de Albernaz, datado de 1631. No final do século XVII e, início do XVIII,
tem-se a construção de um forte, que veio a ser denominado de São Francisco Xavier da Barra. Não se
pode precisar até o momento se o local escolhido foi o mesmo do antigo fortim. Tal obra iniciou-se,
segundo a historiografia, na administração de Francisco Gil de Araújo (1675-1685) (Lamego, 1913, vol.
I).
Em 1703 tem-se registro de obras na fortificação através da atuação do Capitão-mor Francisco Ribeiro.
Em 1705 estava em novamente em obras, pois, a historiografia registra a investidas de corsários ingleses
e holandeses (Freire, 1945). No século XVIII têm-se inúmeros registros sobre obras na fortificação. Em
1709, Manuel Correia de Lemos, Alferes da Ordenança e Capitão da Fortaleza de São João, atuou no
reparo de suas ruínas (Prata, 2010)
Em 1724, o capitão-mor Dionísio Carvalho de Abreu, informou ao Rei D. João V a situação geral das
fortalezas militares do Espírito Santo, dentre as quais a Fortaleza da Barra de São Francisco Xavier,
informando danos na muralha. Nesta época, conforme citado, a região geográfica da capitania passou a
ter uma importância estratégica na defesa das minas gerais, com militarização da porção territorial onde

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estavam implantadas as duas primitivas vilas. Tal fato fez com que a Coroa Portuguesa enviasse para a
capitania engenheiros militares (Oliveira, 1951).
Em abril de 1734 o tenente-coronel Nicolau Abreu de Carvalho fez inspeção no forte informando ao
Vice-Rei Conde de Sabugosa as obras e reparos realizados (Prata, 2010). Em 1766, o sargento-mor José
Antônio Caldas coordena reformas no forte e elabora sua planta (Caldas, 1951).
O forte consta do Mapa das Fortificações do Império de 1857, e em 1862 foi cedida ao Ministério da
Marinha (Souza, 1885). No Século XX sediou a Escola de Aprendizes-Marinheiros do Espírito Santo
(1909), e o 30 Batalhão de Caçadores do Exército brasileiro (Garrido, 1940; Barretto, 1958). Atualmente o
forte integra o 380 Batalhão de Infantaria do Exército.

2. O FORTE DO BUGIO: A MATRIZ PROJETUAL E SUAS INFLUÊNCIAS NA AMÉRICA


PORTUGUESA
A autoria do projeto do Forte do Bugio nos é apresentada por diferentes autores, dentre os quais
destacamos Almeida e Pinto (2004), Vilhena (2017), e Bueno (2011a). Pudemos observar que os autores
atribuem a autoria do projeto a engenheiros distintos. Almeida e Pinto3 (2004), pesquisadores da Cátedra
de Estudos Sefarditas, Alberto Benveniste, da Universidade de Lisboa, que organizam o projeto
Dicionário dos italianos estantes em Portugal, demonstram no verbete João Vicente Casale, que este teria
sido o autor do projeto. Vilhena4 (2007), também afirma que o projeto seria de autoria de Casale. Bueno5
(2011a), entretanto, apresenta Tiburcio Spanochi como autor do projeto. Entretanto, o que constata-se
com a atribuição distinta de autores do Forte do Bugio, como veremos a seguir, (1) é a prática do
intercâmbio de conhecimento entre portugueses e italianos6, que já vinham atuando conjuntamente,
conforme abordaremos melhor adiante; e (2), a importância do projeto da fortaleza, tendo em vista o
investimento técnico-cientifico em seu projeto.
De acordo com o Dicionário dos italianos estantes em Portugal, resultado da pesquisa cientifica iniciada
em 2004 e, coordenada por pesquisadores portugueses, A. A. Marques de Almeida e Paulo Mendes Pinto,
João Vicente Casale tornou-se religioso em 1566. Casale foi discípulo do escultor florentino Giovanni

3
Os autores apresentam as seguintes obras para atribuir a autoria do projeto a Casale:
Eugenio Battisti e Mazzino Fossi, “Casali (Casale), Giovanni Vincenzo”, Dizionário Biográfico degli Italiani, vol.
21, Roma, Istituto della Enciclopedia Italiana, 1978, pp. 90-92.
Fernando de Pamplona, “Cazali (João Vicente)”, Dicionário de Pintores e Escultores Portugueses ou que
trabalharam em Portugal, vol. I, Lisboa, [s.n.], 1954, p. 209.
Joaquim Manuel Ferreira Borça e Maria de Fátima Rombouts de Barros, O Forte e Farol do Bugio. São Lourenço
da Cabeça Seca, Lisboa, Fundação Marquês de Pombal, 2004, pp. 45-64.
L. A. Maggiorotti, “Architetti militari italiani in Portogallo”, Relazioni storiche fra l’Italia e il Portogallo, Roma,
Reale Accademia d’Italia, 1940, p. 425.
Orietta Lanzarini, “Il codice cinquecentesco di Giovanni Vincenzo Casale e i suoi autori”, Annali di architettura, n.º
10-11, 1998-99, pp. 183-202.
Paulo Varela Gomes, “«Se eu cá tivera vindo antes...». Mármores italianos e barroco português”, Artis, n.º 2, 2003,
p. 189.
Rafael Moreira, “As máquinas fantásticas de Leonardo Turriano: a tecnologia do Renascimento na barra do
Tejo”, Nossa Senhora dos Mártires: a última viagem, Lisboa, Pavilhão de Portugal – Expo 98, 1998, p. 52.
4
Vilhena (2017), se baseia na obra de Boiça, J. M., & Barros, M. d., O Forte e o Farol do Bugio. São Lourenço da
Cabeça Seca. Publicado pela Fundação Marques de Pombal, em 2004.
5
Bueno (2011a), se baseia na obra de Alícia Camara, Fortificación y Ciudad en los Reinos de Felipe II, publicada
em 1998.
6
Vilhena (2017), afirma que em 1580, Felipe Terzi teria elaborado um planta para o Forte do Bugio, que na ocasião
já era engenheiro-mor de Portugal. Segundo o autor, “Ergue-se na ponta do areal virada a nascente um forte de
madeira que tinha por função defender o estreito canal da Trafaria. Porém não chegou a cumprir a sua função,
tendo sido nula a sua participação nas acções que se desencadearam para deter a progressão do invasor
castelhano, tanto por terra como por mar” (Vilhena, 2017, p. 5).

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Angelo Montorsoli. Juntamente com seu mestre atuou na decoração da capela e altar-mor da
Basilica della Santissima Annunziata, Florença. Atuou depois disto em diversas obras artísticas em
Florença e teve contato com os Médicis. Quando se tornou arcebispo, Guillemus d’Avançon de San
Marcel esculpiu estátuas fora dos claustros e suas atividades ampliaram-se para além do campo de
escultor, abrangendo os campos da arquitetura, da engenharia hidráulica e militar. Executou projetos e
obras em Roma, Nápoles e na Espanha. Sabe-se que depois de 1579 recebeu o título de engenheiro e
arquiteto régio por Filipe II, e possivelmente, em 1585 já atuava na Espanha. Em 1589, Felipe II o envia a
Portugal como engenheiro militar, com a função de fortificar Lisboa, perante a ameaça de um ataque
inglês.
Segundo o Dicionário dos italianos estantes em Portugal,
A 2 de Dezembro de 1589, Casale enviava a Filipe II uma carta em que abordava as
primeiras alterações a serem feitas à Torre de Belém e falava de Cabeça Seca como o
local mais apropriado para a construção do forte que o monarca pretendia ver
erigido entre S. Julião e Cascais. Filipe II fez desta obra a prioritária do engenheiro,
em colaboração com Tibúrcio Spannochi. Porém, as dificuldades colocadas pelas
características do local atrasaram-na. Casale despendeu cerca de três meses, entre
Dezembro e Fevereiro, a observar o local para avaliar as características naturais,
sobretudo, a violência das vagas. Posteriormente, colocou dois projectos para o forte à
consideração de Filipe II: um com uma planta circular e outro em forma de estrela.
Porém, ele revelava as maiores vantagens que se teria na escolha do primeiro, mais
resistente à força das marés e mais eficaz em termos militares. De facto, seria esse o
projecto realizado (Almeida e Pinto, 2004). (grifo nosso)
Percebe-se que Casale, antes de se tornar engenheiro militar, teve contato com o ambiente cultural de
Florença, berço do Renascimento, e depois atuou em Espanha, na ocasião da União Ibérica. Conforme
citamos neste período houve uma grande investimento na formação de um quadro técnico nacionais
(Bueno, 2011a; 2011b).
Cita-se, ainda, que Casale, neste projeto e obra, trabalhou com Tibúrcio Spannochi, engenheiro militar
que fundou em 1582, com Juan Herera, a Cátedra de Matemáticas e Arquitetura Militar de Madrid.
Spannochi era conhecido por sua competência, atuou em diversas obras, como a defesa da cidade de
Cádiz, e recebeu em 1601, do rei Felipe III, o título de Engenheiro Maior dos Reinos de Espanha. Passou
então atuar como superintendente e inspetor de todas as fortificações da Metrópole e de Ultramar (Los
Ingenieros Del Rey7 , 2019).
Vilhena (2017), apud Boiça & Barros (2004), defende que a traça seria de autoria de Casale, sendo que,
A ideia adquire forma sob responsabilidade do arquitecto italiano, Vicencio Casale, que
traça para o local uma arrojada construção circular. No entanto, tudo se revelaria bem
diferente, pois as obras em concreto, não avançavam ao ritmo pretendido, não obstante
o empenho colocado e a força de braços de vários homens, à força destes opunha-se o
mar, que umas vezes desfazia o que se havia construído, outras impedia que a obra
prosseguisse. A natureza do local e o facto de apenas nas estações de Primavera e Verão
se poder trabalhar foram factores condicionantes no processo de fortificação da Cabeça
Seca. Todos estes factores levaram a que a obra tivesse uma grande demora e que
ocasionalmente fossem questionados os planos construtivos. (Vilhena, 2017, p.6)
Bueno (2011a), informa que Tiburcio Spanochi teria feito as traças e o engenheiro Casale teria ficado
responsável pela obra. Entretanto, as soluções de projeto do Forte do Bugio teriam fomentado discussões

7
As informações foram obtidas no sitio do Los Ingenieros del Rey (17 De Abril De 1711, Antigüedad Del Arma De
Ingenieros), que data de 2014. Para a elaboração do texto foram citadas as seguintes fontes:
Estudio histórico del Cuerpo de Ingenieros del Ejército. Edición facsímil de la Inspección de Ingenieros. Madrid,
1987. Tomo II, páginas 3-9.
Juan Carrillo de Albornoz. Historia del Arma. Imprenta de la Academia de Ingenieros. Hoyo de Manzanares, 2002.
Pág. 12-17.
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entre Spanochi e Casale. Vilhena (2017), conforme observa-se na citação anterior, afirma que fatores
diversos atrasaram a obra e levaram a questionamento sobre o planejamento da obra, e não do projeto.
Segundo Bueno (2011a), o projeto da fortificação da Ilha da Cabeça Seca tem uma importância na prática
da Engenharia Militar do período, pois, “[...] os tratados de Arquitetura Militar [...] mesclavam teoria e
prática e, ao contrário do que se poderia supor, muitas vezes a segunda condicionava a primeira” (p.86).
Antes da decisão final do projeto foram efetuados disparos de canhão para se verificar de onde vinham os
ataques inimigos, visando eliminar possíveis pontos cegos. Podemos conjecturar, portanto, que durante a
obra do Forte do Bugio o projeto foi sofrendo ajustes, prática que demonstra que experiência e teoria
eram adotadas nas soluções empregados pelos portugueses em suas obras de defesa.
No que tange a influência do projeto do Forte do Bugio na América Portuguesa, salientamos que, segundo
Silva Nigra (1945), é atribuído a Tibúrcio Spannochi a autoria do projeto do Forte de São Marcelo, em
Salvador. O autor ressalta que Spannochi atuava à distância, e que o projeto teria sido feito sem o
engenheiro militar conhecer o sítio, pois, não há registro de nenhuma visita ao Brasil. O autor cita a carta
de D. Diogo de Menezes, datada de 22 de abril de 1609, para confirmar a autoria do projeto. No
documento há referência a uma planta que teria sido elaborada por Spanoqui, para uma fortaleza sobre
uma laje. O projeto não teria sido executado, pois, estava em desacordo com o sítio. O Engenheiro-mor
do Brasil, Francisco de Frias da Mesquita foi incumbido, também, de elaborar nova planta, c. 1622, para o
Forte da Laje (Silva Nigra, 1945). Oliveira (2008) afirma que muitos historiadores confundiram o Forte
da Laje com o Forte de São Marcelo, e que este teria sido construído em meados do Século XVII.
Conforme demonstrou Bueno (2011a), em sua vasta pesquisa, no período da União Ibérica, entre 1580 e
1640, houve um grande investimento da Espanha na formação de engenheiros militares e, em virtude
disto, uma importante atuação destes nos territórios de Ultramar. No que tange ao território da América
Portuguesa é possível constatar que os engenheiros militares que atuavam no local, agiam tanto à
distância, como no local, e mantinham contato com outros profissionais dos reinos de Portugal e Espanha,
agora unidos sob o governo de um só rei. Ressalta-se, ainda, que neste período houve um intercâmbio
com os teóricos e com engenheiros militares italianos.
Rossa (2000, p.16), afirma que em meados dos quinhentos, os obstáculos enfrentados nos processos de
conquistas e explorações em Além-mar, foram importantes elementos catalisadores da “[...] formulação
de uma estratégia e da militarização do sistema”. Nesta estratégia se originou a comunhão de uma práxis,
“[...] na qual o múnus da rotina era a adaptabilidade às conjunturas” (p.16), importante momento que a
Coroa Portuguesa se abriu às influências formais da Europa: “[...] a arquitetura reformada e o urbanismo
dos tratados (as cidades ideais) eram então observados em Portugal com uma interpretação/filtro
próprio” (p.16) (grifo nosso). Em 1680, deu-se a publicação do Methodo Lusitanico, tratado de autoria de
Luís Serrão Pimentel, engenheiro-mor do Reino. Em 1728 tem-se a publicação do O Engenheiro
Portuguez, de autoria de Azevedo Fortes. A publicação desses tratados sinaliza a adaptabilidade dos
novos conceitos técnico-científicos do Renascimento com a práxis de sistemas de defesa desenvolvidos e
utilizados anteriormente pelos portugueses. Os tratados elaborados pelos engenheiros militares
portugueses passam, então, a orientar os projetos e obras na Metrópole e em Além-mar.
Retomando a questão das datas de elaboração dos projetos, ao compará-las, vemos que Casale, que era
italiano, estava atuando a partir de 1589 no Forte do Bugio. Tibúrcio Spannochi teria atuado no forte de
São Marcelo em 1609, conforme Silva Nigra (1945). Ou seja, há um intervalo muito pequeno de tempo
entre os projetos do Forte do Bugio e o de São Marcelo. Provavelmente, utilizavam-se os mesmos
princípios da tratadística italiana8 para a elaboração dos projetos. Ainda que Spannochi não tenha
participado do projeto, é quase certo que ele não foi elaborado na Colônia, pois,

8
Foram difundidos pelos principais centros da Europa teorias e desenhos criados pelos arquitetos e artistas
renascentistas, muitos destes italianos, através de cópias manuscritas, que continham desenhos de cidades, muitas
vezes abordando com ênfase as questões de defesa, tema em voga à época. Destacam-se os tratados de Leone
Battista Alberti (1404-1472), o De Re Aedificatoria, publicado em 1485; de António Filarete (1404-1472), o
Trattato d’ Architettura, escrito entre 1457 e 1464, só publicado no século XIX, e em parte, sendo divulgado
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Luiz Monteiro da Costa atribui as plantas do Forte de São Marcelo ao Engenheiro
Militar de origem francesa Pedro Garcim (ou Garim), que viveu algum tempo em
Salvador, no século XVII. Já Carlos Ott, outro estudioso da história da cidade, é menos
enfático, preferindo atribuir com segurança a esse engenheiro somente a execução
inicial da construção, o que se considera mais judicioso (Oliveira, 2008, p 115).
Com essa assertiva o autor (Oliveira, 2008, p.116), pondera acerca da autoria do projeto e afirma que o
“[...] fato de um engenheiro ter iniciado a obra não quer dizer, necessariamente, que seja autor do seu
projeto. No caso do Forte de São Marcelo, é mais provável que as ‘traças tenham vindo do Reino”.
Oliveira (2008, p. 117), afirma que o Forte de São Marcelo teria tido como referência o Forte de São
Lourenço da Cabeça Seca, cujos desenhos, segundo seus estudos, são de 1646, mas, cuja construção teria
se iniciado no final do Século XVI. Segundo o autor, o desenho do Forte do Bugio é anterior a Carta
Régia que autoriza o Conde Castelo Melhor a construção do forte em Salvador, que afirma ser datada de
1650. Logo, é bastante provável que o projeto do Forte do Bugio tenha influenciado o projeto do Forte de
São Marcelo.
Nossa hipótese, conforme abordado, fundamenta-se, na circulação de informações e conteúdos
científicos. Alguns conteúdos – formulado a partir das matrizes teóricas renascentistas – estavam contidos
em mapas, projetos, relatórios e documentos sobre cidades, fortes, e vilas. Estas informações e conteúdos
circulavam entre a Metrópole e a Colônia, interligando e articulando, conforme afirma Bueno (2009),
mundos distantes, permitindo a gestão dos territórios de Além-mar. A partir desta práxis Oliveira (2004,
p.209), e Silva Nigra (1945), conjecturaram, conforme citado acima, que o projeto do Forte de São
Marcelo não teria sido desenvolvido na Colônia, onde já se tinha a experiência da construção do Forte de
São Lourenço, ou do Bugio, onde atuou o padre Engenheiro João Vicente Casale. Esta práxis pode nos
ajudar a elucidar, senão a autoria do projeto de São Francisco Xavier da Barra, mas sua matriz projetual.
As situações e fatos, estudados até o momento, que envolvem a atuação dos engenheiros militares durante
a União Ibérica no projeto do Forte do Bugio e de São Marcelo, nos permite afirmar que houve uma troca
de conteúdos científicos entre os autores do projeto. A tipologia arquitetônica adotada por Casale no Forte
do Bugio, considerada por ele mais inexpugnável, foi adotada também no Forte de São Marcelo, sob o
mesmo argumento.
O formato circular adotado na planta dos fortes, pouco usual na América Portuguesa, conforme afirma
Oliveira (2008, p.115), não era muito comum, porém, não chega ser inusitado, e cita outro exemplar, o
Forte de Nossa Senhora das Mêrces, em Belém, construído no Século XVII, pelo engenheiro militar José
Velho de Azevedo.
Cabe ressaltar que o Forte de Nossa Senhora das Mêrces, em Belém, localizava, segundo Barreto (1958),
em ilhota de pedra na Baia do Guajará. Ou seja, em condições semelhante ao Forte do Bugio e do Forte
de São Marcelo.
Assim, pode-se afirmar que para a América Portuguesa, durante o Século XVII, foram projetados dois
fortes com formato circular, ambos tendo como referência projetual o Forte de São Lourenço da Cabeça
Seca. Não podemos afirmar, por hora, que foram elaborados na Colônia.

anteriormente na Europa através de cópias manuscristas; o de Giogio Martini (1429-1502), o Trattato d’


Architettura, escrito em 1495; de Pietro Cataneo, o Quatro Libri de Architettura, escrito e publicado em 1554; de
Buionaiuto Lorini, Delle Fortificatione Libre Cinque; de Vicenzo Scamozzi (1551-1616), que teve sua proposta de
cidade realizada através da construção de Palma Nuova e, em 1615, publicou L’ Idea dell Architettura Universale; e
de Francisco de Hollanda (1517-1584), Da Fábrica que Falece á Cidade de Lisboa, escrito em 1571, em Portugal
(Souza, 2005).
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Figura 01: Planta do Forte de Nossa Senhora das Mêrces, Figura 02: Planta do Forte de São Marcelo, Salvador,
em Belém, Pará. Bahia.
Fonte: Acervo do historiador Adler Homero Fonseca de Fonte: Caldas (1764?)
Castro.

2.1. FORTE DE SÃO FRANCISCO XAVIER DA BARRA: INTERCÂMBIO CIENTÍFICO E


TIPOLOGIA ARQUITETÔNICA
Para analisarmos a influência do projeto do Forte de São Lourenço da Cabeça Seca na América
Portuguesa, e em especial, na Capitania do Espírito Santo, é preciso analisar o contexto histórico das
obras. Confrontado as datas podemos observar que o Forte de São Francisco Xavier da Barra foi erigido
após 1674, posterior a data do início da construção do Forte do Mar, que teria se dado cerca de 1650.
Assim, podemos conjecturar que o Forte de São Francisco Xavier pode ter tido influência do desenho do
Forte do Bugio e do Forte do Mar, e talvez até, do Forte de Nossa Senhora das Mêrces.
Até o presente momento não encontramos fontes historiográficas que indiquem a atuação de engenheiros
militares na elaboração de projetos de fortificações na Capitania do Espírito Santo, nos Séculos XVI e
XVII. Conforme constatamos em nossas pesquisas, a organização do espaço territorial da capitania e
físico-espacial da Vila da Vitória adotou princípios da tradição vernacular portuguesa (Souza, 2005).
Entretanto, cabe, nesse momento, um aprofundamento das questões que envolvem os desenhos das
fortificações militares da Capitania do Espírito Santo.
Nessa primeira abordagem temos como hipótese que o Forte de Piratinga teve seu desenho elaborado por
um engenheiro militar atuante na Colônia ou na Metrópole, e que seu projeto tenha chegado a capitania
no final do Século XVII.

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Conforme já citado, na segunda metade do Século XVII, mais precisamente, em 1674, Francisco Gil de
Araújo, interessado na exploração do ouro, investe na compra da Capitania do Espírito Santo e manda
“[...] fundar o forte S. Francisco Xavier a entrada da Barra em sítio muito conveniente” (Lamego, 1913,
vol. I, p.148).
Souza (1885), afirma que a Fortaleza de São Francisco Xavier de Piratininga, foi construída em 1702, por
determinação do governador-geral D. Rodrigo da Costa (1702-1705). Em 1734, cabe mencionar
novamente, Nicolau Abreu de Carvalho o encontra em seu formato circular e menciona seu precário
estado de conservação.
Para entender melhor a questão da matriz projetual, retomaremos a questão do item anterior, ou seja, o
investimento da Coroa Portuguesa na formação de um novo quadro técnico e a circulação de novos
conteúdos científicos. Bueno (2011a), afirma que o intercâmbio com as cortes italianas no Século XVI,
pode ser avaliado pelo legado de Francisco de Holanda9. O sucesso do programa modernizador iniciado
por D. João III deu-se pelo “[...] intercâmbio de indivíduos”, e, “[...] foi responsável pela consolidação
dos novos métodos de fortificação” (Bueno, 2011a, p.70). O projeto e obra da fortaleza de Mazagão, em
1541, é considerado “[...] o marco inaugural do abandono definitivo do sistema medieval de defesa em
territórios de além-mar” (2011a, p.70).
A mudança na metodologia na elaboração do projetos e, das construções de obras em além-mar, ocorre
portanto, pelo intercâmbio dos profissionais lusitanos com os italianos. Esse intercâmbio,
[...] com o principal centro divulgador dos modelos – seja através da convivência de
profissionais locais com engenheiros militares estrangeiros, seja através do envio de
portugueses à Itália – contribuiu não apenas para o amadurecimento definitivo do novo
sistema de defesa do solo português, como também para a introdução de uma nova
metodologia de trabalho compatível com os padrões italianos nos canteiros das
Províncias do Reino e Conquistas (Bueno, 2011a, p.72).
O relacionamento entre Miguel de Arruda (português) e Benedeto de Ravena (italiano) é um dos mais
importantes exemplos. Miguel de Arruda, provavelmente, segundo Bueno (2011a, p.73), iniciou o “[...]
processo de difusão sistemática da ciência do desenho [...], como instrumento de trabalho, nos canteiros
portugueses”. Através de sua pioneiras função de Mestre das obras dos muros e das fortificações do
Reino, Luguares d’Álém [i.e., África] e India, orientou e supervisionou obras e instruiu profissionais. Esta
medida representa a,
[...] primeira iniciativa régia de centralização das obras das Províncias do Reino e
Conquistas nas mãos de um único profissional, responsável pelos desenhos das obras de
fortificação e pela formação de um conjunto de discípulos – seus funcionários de atelier
e canteiro (Bueno, 2011a, p.73).
Esta iniciativa da Coroa Portuguesa permitiu que Miguel de Arruda concebesse à distância as traças e
amostras das cidade de Salvador, e confiasse a Luís Dias, mestre pedreiro, a função de implantar e
fortificar a capital da América colonial, a partir de 1549 (Bueno, 2011a). Constata-se, portanto, que desde
a implantação da cidade de Salvador, com um projeto concebido a priori, a Coroa Portuguesa adotou a
prática da elaboração dos projetos na Metrópole, sendo desenvolvidos, inicialmente por mestres de
ofícios, profissão de raiz medieval, e posteriormente, por engenheiros militares, profissão que surgem
com as renovações técnico-cientificas do Renascimento.
Durante a União Ibérica (1580-1640) vários engenheiros militares italianos foram contratados para atuar
na colônia americana. Leonardo Turriano foi o primeiro engenheiro-mor do Reino (1598), Baccio da
Filicaia, o primeiro engenheiro-mor do Brasil (1597-c.1602), ambos italianos e, Francisco de Frias da

9
Segundo Vilhena (2017, p.5), Holanda teria sido o primeiro a refletir na possibilidade do fogo cruzado no projeto
do Forte de São Julião da Barra. Uma fortaleza poderia ser construída no imenso areal próximo, pouco a frente, a
Cabeça Seca. Logo, Holanda pensou na possibilidade desta fortificação e teve “[...] a ideia de fortificá-lo” – no caso,
o Forte da Barra – “[...] de modo a tornar possível o cruzamento de fogo sobre os canais de navegação a partir da
acção combinada de duas fortalezas encaradas”.
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Mesquita, português, o segundo ou terceiro (c.1616-1635). No período filipino foram produzidos centenas
de desenhos de arquitetura por italianos que atuaram em Portugal (Bueno, 2011a).
Moreau (2011), afirma, baseado nos estudos de Rafael Moreira, que
Não há dúvida de que a idéia do forte de planta circular em Salvador, no meio do mar,
teve origem na concepção do Forte do Bugio, ou São Lourenço da Cabeça Seca, que
desde o fim do século XVI se construía na barra do Tejo em Portugal, também apoiado
em uma coroa. Do mesmo modo, o trabalho de engenharia não foi simples: as
dificuldades encontradas na construção do forte do Bugio é que podem ter levado a
sucessivos adiamentos no início das obras do São Marcelo (que também demorou,
mesmo assim, mais de meio século para ser concluído) (Moreau, 2011, p.187).
Sobre a matriz projetual do projeto da Cabeça Seca há referências da adoção dos princípios da “[...]
tradição italiana (a começar por Vitrúvio), a forma circular do Forte do Bugio teria se inspirado no
Castelo Sant’ Angelo, em Roma” (Moreau, 2011, p.189). Baseado nos estudos de Rafael Moreira10,
Moreau afirma que,
Spanoqui, ao que parece, foi quem criou o partido de uso da tipologia do forte redondo
para ser assentada em rochas no meio do mar, que seria repetido sem grandes variações
até o século XVIII [...]. Faria assim também na barra de Viana do Castelo e, nas
palavras de Rafael Moreira, daria os desenhos para o Castelo do Mar no Recife e o
Forte do Mar em São Salvador da Baía (Moreau, 2011, p.189).
No que tange a tipologia arquitetônica do Forte de São Marcelo, seu anel externo não é perfeitamente
redondo (de cerca de 160 m de diâmetro). O anel interno (de cerca de 70 m de diâmetro), é perfeitamente
circular), e, segundo Moreau (2017, p.190) “[...] é comparável à muralha externa do Forte do Bugio
(diâmetro de 62 m por 6 de altura, com alambor)”. A experiência do projeto e das dificuldades da obra do
forte de São Lourenço da Cabeça Seca teriam auxiliado nas soluções técnicas do Forte de São Marcelo. O
projeto, em especial, com partido circular, segundo o autor teria sido elaborado na Metrópole e, seria de
autoria de Spanoqhi, como “[...] parte do plano de defesa discutido por ele, Turriano e Frias de Mesquita”
(Moreau, 2017, p.191).
Considerando que, para a defesa de Salvador, capital à época, foi elaborado um projeto à distância,
conjecturamos, portanto, que o mesmo teria se dado para a Capitania do Espírito Santo, especificamente,
para o Forte de Pirantinga.
Segundo Bueno (2011b), houve depois da União Iberica um número crescente de engenheiros militares
enviados ao Brasil. Entre 1580 e 1640, teriam sido enviados 10 profissionais; entre 1640-1656, no reinado
de D. João IV, 7 profissionais; entre 1656-1667, no reinado de D. Afonso IV, 2 profissionais; e, entre
1667-1706, no reinado de D. Pedro II, 19 profissionais, perfazendo um total de 38 profissionais. Como
vimos Leonardo Turriano, e Baccio da Filicaia e, Francisco de Frias da Mesquita foram engenheiros-mor
do Reino e do Brasil, respectivamente, no período da União Ibérica, e estiveram a frente dos projetos para
Salvador.
Logo, é possível conjecturar que os fortes de partido circular construídos no Brasil no Século XVII
tiveram como matriz projetual o Forte do Bugio, considerando que os engenheiros militares que atuaram
nos projetos e obras da fortaleza de Lisboa mantinham contato entre si e atuaram, também,
principalmente, nos projetos de defesa para Salvador, em destaque, o Forte de São Marcelo.
Nesse contexto, devemos ressaltar a atuação da Engenharia Militar na Capitania do Espírito Santo.
Segundo as pesquisas de Beatriz Picolotto Siqueira Bueno aturaram no local, Diogo de Campos Moreno,
português, no Século XVII; Nicolau Abreu de Carvalho, português, Século XVIII; Padre Diogo Soares,

10
Rafael Moreira, segundo Moreau (2011, p.189-190) “[...] também cita uma interessante polêmica entre Spanoqui
e Leonardo Turriano, que em meio à grande erudição, evidencia ser do primeiro a autoria do projeto para o Forte do
Bugio (e eventualmente da idéia do São Marcelo). Spanoqui defendia para a construção militar a ‘superioridade da
forma circular sobre a oval’, enquanto Turriano elogiava a oval”.

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português, Século XVIII; João de Abreu Gorjão, origem desconhecida, Século XVIII; João Afonso
Bittencourt, origem desconhecida, Século XVIII; José Antônio Caldas, brasileiro, Século XVIII (Bueno,
2011a).
Constata-se, assim, que poucos foram os engenheiros militares que atuaram na capitania do Espírito
Santo. Em 1726, o Vice-Rei Conde de Sabugosa envia o engenheiro Nicolau de Abreu para reforma das
edificações militares, obras que foram relatadas em 1734 pelo próprio engenheiro (Prata, 2010, p.108). O
engenheiro militar que atuou de forma mais decisiva na Vila da Vitória foi o sargento-mor José Antônio
Caldas, que recebeu a incumbência de rever o estado de conservação dos fortes, levantar a planta e
perspectiva, i.e., perfil, sendo este realizado com câmara escura, instrumento tecnológico avançado à
época, relatando informações importantes sobre o lugar, tendo atuado na região na segunda metade do
século XVIII (Souza, 2005; 2014).
Cabe aqui algumas considerações sobre a dimensão do Forte de Piratininga11: o diâmetro de 80 palmos
corresponde a 17,60m e, a circunferência de 240 palmos, corresponde a 52,80m, o que nos demonstra que
a fortaleza não possui dimensões avantajadas, mas, também, não se trata de uma estrutura militar sem
expressão para as condições da Capitania do Espírito Santo na época. A sua muralha teria doze palmos,
ou seja, 2,64m de altura, por 1,98m de largura (nove palmos), com dez ameias.
Pela tipologia arquitetônica do Forte de São Francisco Xavier sabe-se que ele não possui o torreão central,
tal qual na feição inicial do Forte do Mar (Oliveira, 2008). Mas, sua forma circular é marcante como nos
demais fortes. Deve se considerar, ainda, que o Forte do Mar não teve em sua forma final o torreão,
mantendo apenas a muralha circular (Oliveira, 2008).
Embora, o Forte de Piratininga não esteja situado no mar como o do Bugio e o Forte de São Marcelo, sua
localização possui intima ligação com o oceano pela implantação na entrada da Baía de Vitória. Situado
na base do Morro da Penha, defendia o lado sul da entrada da baía. Sobre a importância estratégia da
localização do forte escreveu Manoel de Moraes, Provedor-mor da Capitania, a Francisco Gil de Araújo,
ressaltando que o sítio era muito conveniente, pois, as embarcações inimigas enfrentariam risco ao tentar
entrar na Baía de Vitória (Prata, 2010, p.136).
Pelo exposto, constata-se que o Forte de Piratininga é um dos exemplares mais significativos da
arquitetura militar no Espírito Santo. Além disto, o forte é o único exemplar edificado. Todas as demais
estruturas militares foram demolidas. Apesar das alterações sofridas ao longo do tempo a fortificação
ainda preserva parte de sua tipologia circular original.

Figura 03 – Planta do Forte de São Francisco Xavier


Fonte: Plano..., 1799.

11
Baseamo-nos na referência de medidas adotadas por Mendonça (2009), sendo um palmo cerca de 20 cm.
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3. CONCLUSÃO
Conforme demonstrado pelos estudos recentes sobre a tipologia arquitetônica do Forte do Bugio, de São
Marcelo, e consequentemente, do Forte de São Francisco Xavier da Barra, observa-se a relação do partido
arquitetônico com a tratadística renascentista. Constatamos, ainda, neste primeiro momento de nossos
estudos, que os engenheiros militares que atuaram no Forte do Bugio e no Forte de São Marcelo atuavam
conjuntamente.
Considerando que a base de conhecimentos científicos eram as mesmas, ou seja, os tratados
renascentistas, notadamente a produção italiana, temos como a principal matriz projetual o Castelo de
Sant’Angelo, em Roma, que teria influenciado a tipologia arquitetônica do Forte do Bugio.
Seguindo a tradição clássica pode-se remontar a importância do tratado de Vitrúvio e a sua menção as
formas circulares. Esses temas foram reapropriados pelos teóricos italianos e sabe-se que a forma circular
influenciou também o projeto de cidades ideias no Renascimento.
Sabendo que havia a circulação de conteúdos e profissionais, e que Portugal e Espanha investiram na
formação de um corpo técnico nacional é possível, então, afirmar que o intercâmbio entre esses
profissionais aperfeiçoou os conhecimentos que os lusitanos tinham da prática de construir.
Tais considerações indicam alguns rumos sobre a tipologia do Forte de Piratininga. Em primeiro lugar, é
possível afirmar que o engenheiro que elaborou o seu projeto, no Século XVII, o fez na Metrópole, tendo
este sido enviado a Colônia. A tipologia adotada certamente teve influência na larga experiência adquirida
na construção dos fortes do Bugio e de São Marcelo.
Tal hipótese pode ser formulada, considerando que, no Século XVII e XVIII há um grande investimento
para a defesa da região das minas gerais. Conforme informações históricas, obtidas de fontes primárias, o
Espirito Santo assume uma função importante para a defesa da porção sul do território da América
Portuguesa.
Logo, justifica-se o investimento realizado em novos projetos para a região, assim como, na reforma e
melhoria do seus sistema defensivo. Este investimento inclui o envio de oficiais militares para atuarem
em diagnósticos, levantamentos e planos para o local onde estavam implantadas a duas vilas, na entrada e
adentro da Baía de Vitória.
Logo, conclui-se que o Forte de São Francisco Xavier da Barra é um expoente exemplar da Engenharia
Militar portuguesa no Brasil. O aprofundamento de nossos estudos trará nova luz às questões referentes a
atuação dos engenheiros militares no Espírito Santo e, também, a relação da produção destes profissionais
nos Séculos XVII e XVIII com os conhecimentos científicos do Renascimento.

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REFERÊNCIAS
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(Capítulo de Livro)
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