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GRANDE - FURG
ESCOLA DE ENGENHARIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
EMPRESARIAL
ENUNCIADO DO TEMA:
PROBLEMA:
• Por que a maioria das cidades brasileiras começaram ao redor de uma estrutura
militar?
• Quais as importâncias atribuídas ao engenheiro do século XVIII?
• Qual o papel social de uma fortificação?
• Como a cultura de um povo é influenciada por suas construções?
• Como a engenharia moderna se espelha nas construções militares?
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Artigo solicitado como avaliação do 2º Semestre da Disciplina de Metodologia Científica, ministrada pelo
Prof. Dr. Vilmar Alves Pereira, na Universidade Federal do Rio Grande – FURG.
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Acadêmico do Curso de Engenharia Civil Empresarial, sob número de matrícula 116839.
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• Como as construções militares influenciaram o desenvolvimento da cidade de Rio
Grande RS?
OBJETIVOS:
JUSTIFICATIVA:
HIPÓTESES:
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• O aumento das exportações e importações traz consigo imigrantes que formam uma
estrutura urbana entorno das construções militares, criando uma identidade única para
cada local.
• No atual cenário global, as aglomerações urbanas nascem com a necessidade de morar
próximo ao trabalho, próximo aos grandes empreendimentos.
• A cultura do povo brasileiro é voltada para a falsa ilusão de que grandes
empreendimentos comerciais e estruturas militares são fontes de segurança, isso
explica a construção dos grandes “elefantes brancos”3 no período da Ditadura Militar
(1964-1985).
• A grande maioria dos projetos desenvolvidos e nomeados como modernos no Brasil,
ainda são conservadores e se baseiam em obras muito antigas.
MARCO TEÓRICO:
Durante boa parte de sua história, o Brasil se preocupou em proteger seu território de
possíveis invasores. Diante dessa necessidade construções militares foram estrategicamente
posicionadas, servindo não só como instrumento de defesa territorial, mas também, como
suporte a população local. Tomando como exemplo a cidade de Rio Grande no estado do Rio
Grande do Sul, tal fato é confirmado na dissertação “Cem anos do Porto do Rio Grande?
Memória e esquecimento de um Porto Velho e de uma Barra Diabólica” de Gladis Rejane
Moran Ferreira.
"Durante os primeiros anos de fixação de seu povoamento e de sua história, a
cidade foi sede de um reduto militar, iniciando a partir da fundação do Forte
Presídio Jesus Maria José, localizado em um atracadouro natural que abrigou
oficialmente o Porto da população." (FERREIRA, 2016, p. 26).
Em cidades mais afastadas, ilhas e penínsulas tais fortalezas se desenvolviam na
forma de pequenas comunidades (freguesias), contando com hospitais, igrejas, prisões e
estocagem de alimento. Na cidade de Rio Grande, primeira do Estado do Rio Grande do Sul,
há relatos da construção de aproximadamente 47 fortificações, distribuídas ao longo da Lagoa
dos Patos. Mas, afinal, o que define uma fortificação? De acordo com o livro Fortificações do
Brasil escrito pelo Coronel Anibal Barreto em 1958, fortificação é a denominação genérica de
obras de defesa militar. No período colonial a terra era a detentora de riquezas, matéria prima
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Termo usado para caracterizar grandes obras realizadas no período da Ditadura Militar, as quais possuíam
tamanho, mas nem sempre usabilidade.
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era plantada, mineirada e exportada, já nos tempos atuais o conceito de riqueza muda, e
consequentemente o foco a ser protegido também (BARRETO, 1958).
Empresas de tecnologia e informação representam a riqueza de um país e a imagem
de uma economia forte, com isso, surge um novo modelo de construção civil- “fortificações
corporativas.” Profissionais da área de construção civil se empenham para construir edifícios
fortes, diferenciados e seguros. As imagens a seguir mostram a relação de funcionalidade e
formato da estrutura de duas construções com perfis e finalidades opostas.
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A Figura 1 trata do projeto para o Forte de Caçapava em 1861 e a Figura 2 é o projeto
do primeiro andar do complexo Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos Estados
Unidos, localizado no condado de Arlington, Virgínia, obras iniciadas em 1941 e entregues
em 1943. É possível notar uma grande semelhança entre as disposições das plantas baixas dos
dois projetos.
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Envolvidos por diferentes contextos, percebemos acontecimentos ligados às
construções militares influenciando a evolução de cidades, em uma relação de
interdependência e troca, um diálogo de culturas e necessidades de cada época que se projeta
para o futuro. Olhando para este futuro e a formatação cultural até então estabelecida, fica
evidente –portanto- a relação de dependência entre pessoas e estruturas, desta vez não
somente para proteção militar e estocagem de alimentos, mas agora, também para moradia e
proximidade com os polos de trabalhos, fator que explica as grandes aglomerações nos
centros urbanos e consequentemente a verticalização de estruturas.
O Brasil hoje, vive um período de consolidação das áreas urbanas, isto é, indústrias e
complexos habitacionais se difundem cada vez mais, além disso, cidades já consideradas
grandes continuam seu processo de expansão.
“[...], lançada hoje pelo IBGE, mostram o retrato de um país que vem consolidando
seu processo de urbanização. Prova disso é a predominância de áreas caracterizadas
por uma ocupação contínua, com pouco espaçamento entre as construções.”
(BENEDICTO, 2018)
A falta de espaços horizontais e a necessidade de construir uma arquitetura que venha
para marcar a época em que vivemos trouxe consigo edificações peculiares, e que estão
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presentes no nosso dia a dia mesmo que imperceptíveis. Além disso, o fato de que pessoas
passam mais tempo em seu trabalho do que em suas próprias casas, faz com que empresas de
grande porte como a Google, por exemplo, se preocupem em construir suas sedes da forma
mais acolhedora possível, melhorando assim o desempenho de seus funcionários.
A maioria das pessoas não percebe a influência social que a disposição de elementos
estruturais e cômodos promovem. Em hospitais, por exemplo, a localização das janelas
influencia diretamente na recuperação dos pacientes internados, bem como nas antigas
fortificações a posição das janelas era crucial para a vigilância, estas possuíam chanfras nas
paredes verticais para impedir a passagem de pelouros (balas de canhões).
METODOLOGIA:
A forma com que este trabalho foi elaborado é puramente bibliográfica e com base em
pesquisas de campo e visitas históricas a algumas fortificações citadas no texto acima. Visto
que:
Além disso, uma intensa pesquisa nas bibliotecas históricas da cidade de Rio Grande
foi feita com o objetivo de relatar acontecimentos passados de forma mais precisa e fidedigna
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possível. Houve também, diálogo com especialistas e escritores da área, pessoas as quais
ajudaram a organizar os acontecimentos aqui descritos.
Diante do abordado, podemos analisar que a maioria das cidades brasileiras nasceram
ao redor de uma estrutura militar porque havia a necessidade de proteger o território de povos
invasores, por exemplo, os espanhóis. O engenheiro do século XVIII era aquele que
desempenhava papel de militar, construtor e mão da Coroa, portanto, era aquele que
determinava como a estrutura urbana deveria ser organizada. Neste período, a fortificação era
a estrutura que desempenhava múltiplos papeis, defendia a região, auxiliava na estocagem de
alimentos e medicamentos, servia como enfermaria e prisão.
Caminhando pela história retratada nos livros, podemos perceber como as construções
influenciam na cultura e em diversos âmbitos sociais, sendo assim, determinante e fator
explicativo para o período atual. Estudando antigas estruturas foi possível perceber como a
engenharia moderna se espelha em construções militares, não só no fator estético que busca
imponência, mas também em fatores estruturais, por exemplo, a dispersão de janelas e
setores. A cidade de Rio Grande, não foge à regra, sua criação a partir de 47 fortificações ao
longo da Lagoa dos Patos, aproximadamente, reflete em sua economia portuária e sua cultura.
Pouco se estuda sobre tamanha influência e legado, reforçando o peso deste pequeno trabalho
sobre o tema.
CONSIDERAÇÕES PARCIAIS:
Inicialmente, este trabalho tinha por objetivo mostrar a relação existente entre
fortificações e desenvolvimento urbano, pesquisar a origem do desenvolvimento urbano e
social iniciado a partir de construções militares, exibir por meio de imagens projetos ao redor
do globo, mostrando o avanço na engenharia e construção civil e suas semelhanças com
estruturas históricas, exemplificar por meio da cidade de Rio Grande a urbanização e
desenvolvimento social através das ocupações militares.
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Contudo, a pesquisa e leitura sobre o tema resultou numa análise mais social sobre o
impacto das construções, tanto no passado, quanto hoje. Além disso, buscando embasamento
em outros artigos pude perceber a dificuldade e a necessidade de escrever sobre um tema
antes não abordado. É de extrema importância para a FURG- Universidade Federal do Rio
Grande que a história de sua cidade seja revista com um olhar mais social, para que a cultura
local, economia e dispersão urbana sejam entendidas e vistas com outros olhos. Ao
desenvolver o tema foi possível destacar também, que ser engenheiro civil vai muito além de
projetar e desenvolver soluções, a importância social e histórica dessa profissão pode ser
ressaltada neste trabalho, mostrando que estruturas são muito mais do que construções
materiais, e que a forma com que se constrói diz muito a respeito da sociedade e da época em
que vivemos.
CRONOGRAMA:
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REFERÊNCIAS:
FERREIRA, Gladis Rejane Moran. Cem anos do Porto do Rio Grande? Memória e
esquecimento de um Porto Velho e de uma "barra diabólica". UFPEL: Pelotas, 2016.
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RANGEL, José Corrêa. Defesa da Ilha de Santa Catarina e do Rio Grande de São Pedro.
1786.
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