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FORTIFICAÇÕES PORTUGUESAS
NO BRASIL: CONTRIBUIÇÕES PARA
A BASE FÍSICA NACIONAL. UMA
PROPOSTA DE PRESERVAÇÃO
Rio de Janeiro
2003
Ten Cel Eng ANTONIO PROCÓPIO DE CASTRO GOUVÊA
Rio de Janeiro
2003
G 719 Gouvêa, Antonio Procópio de Castro.
Fortificações portuguesas no Brasil: contribuições
para a base física nacional. Uma proposta de
preservação / Antonio Procópio de Castro Gouvêa. –
Rio de Janeiro, 2003.
308 f. : il. ; 30 cm.
Dissertação (Mestrado)– Escola de Comando e
Estado-Maior do Exército, 2003.
Bibliografia: f. 240-245.
1. Fortificações. 2. Defesa Territorial. 3. Fronteiras. 4.
Patrimônio Cultural - Preservação. I. Título.
CDD 355.7
Ten Cel Eng ANTONIO PROCÓPIO DE CASTRO GOUVÊA
Aprovado em
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________
FERNANDO ANTONIO NOVAES D’ÂMICO – Cel Art – Dr Presidente
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
_________________________________________
MÁRIO LUIZ ROSSI MACHADO – Cel Art – Dr Membro
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
_________________________________________
MARCOS JOSÉ PUPIN – Ten Cel Eng – Dr Membro
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
À minha amada esposa e filhas, uma
justa homenagem pela compreensão
conferida e horas de lazer renunciadas
em favor da efetivação desta dissertação.
AGRADECIMENTOS
A formação territorial do Brasil tem uma relação direta com a história das fortificações
portuguesas construídas na América no Período Colonial. A visão geopolítica dos lusitanos
do Século XVI ao Século XIX, a par de visar inicialmente ao comércio das Índias, deixou
aos brasileiros um imenso território, muito maior do que a limitação inicial de Tordesilhas. O
gigantesco trabalho que a Engenharia Militar Portuguesa empreendeu no Brasil, durante o
Período Colonial, revela a grandiosidade e o heroísmo dos seus integrantes, sendo um dos
principais responsáveis pela defesa territorial, construção e destino da Colônia Ultra-
Marinha. Mais de três centenas de estratégicas fortificações foram erigidas e nortearam ao
longo do tempo os limites que, posteriormente foram ratificados por tratados, destacando-
se dentre eles, o Tratado de Madri (1750), base do contorno do continente chamado Brasil
sendo alinhavado sobre a faixa de fortificações portuguesas construídas desde o litoral até
o extremo oeste do Mato Grosso e da Amazônia. Pelo Tratado de Madri, Portugal deixou
como herança ao Brasil, salvo pequenas modificações, como por exemplo, a anexação do
Acre, em 1903, a atual configuração geográfica, constituindo-se no mais importante
instrumento político de reconhecimento à estratégia diplomática expansionista portuguesa.
A relevância de tal acervo, concita a sociedade brasileira a preservar e a conhecer o seu
passado glorioso, por intermédio de seus fortes. A legislação sobre preservação vigente, e
as organizações sistêmicas existentes, amplamente citadas neste trabalho monográfico,
apontam a direção a tomar para deixar às gerações futuras um passado cheio de glórias.
Mas esse futuro depende das ações do presente. Foi com essa preocupação que se
inseriu uma Seção, abordando uma proposta de preservação. Alguns exemplos bem-
sucedidos demonstram a viabilidade de execução de projetos consistentes. Em meio a
tudo isso aparecem sugestões de como incentivar a participação dos vários segmentos da
sociedade nesse processo de preservação cultural. Como extensão da pesquisa procurou-
se evidenciar a Cultura como instrumento transformador dos valores da sociedade. A
parceria indubitavelmente é o caminho para se atingir os objetivos de preservação das
fortificações.
The territorial formation of Brazil has a straight relation with the history of the Portuguese
fortification that was built in the America in the Colonial Period. The geopolitic vision of the
Portuguese of the Century XVI to the Century XIX, up to date with aim at initially to the
commerce of the Indias, left the Brazilians an immense territory, very bigger than the initial
limitation of Tordesilhas. The gigantic work that the Military Engineering Portuguese
enterprisinged in Brazil, during the Colonial Period, reveals the grandeur and the heroism of
his members, being one of the main responsible one by the territorial defense, construction
and fate from the Ultra Marine Colony. More of three hundreds of fortification strategic were
erected and conducted to the long one of the time the limits, that subsequently they were
ratified by treated, detaching themselves among they, the Madrid Treaty (1750), base of the
contour of the continent called Brazil being basted about the streak of Portuguese
fortifications built since the coastline to the extreme West of Mato Grosso and Amazonia. By
the tried Madrid, Portugal left like inheritance to Brazil, save small modifications, as by
example, the annexation of the Acre, in 1903, to present geographical configuration,
constituting itself in the more important recognition politician instrument to the Portuguese
diplomatic strategy of expansion. The relevance of such collection, drives the Brazilian
society to preserve and to know its glorious past, through his fortresses. The legislation
about preservation in force, and the systemic organizations, broadly cited in this
monograph, they aim the direction it take to leave to the future generations a full past of
glories. But that future depends on the actions of the present. Through the worry, that a
Seccion was inserted, approaching a proposal of preservation. Some successful examples
show the execution of consistent projects. Amid everything, the suggestions appear of as
encourage the participation of the several segments from the society in that cultural trial of
preservation. As stretch from the research found show up the Culture as instrument
transformer of the values from the society, the co-owner undoubtedly is the road to himself
reach the objectives of preservation of the fortifications.
1 INTRODUÇÃO .......................................................................... 17
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................... 17
1.1.1 Tema .......................................................................................... 17
1.1.2 Problema ................................................................................... 19
1.1.3 Justificativa .............................................................................. 20
1.1.4 Contribuição da Pesquisa ....................................................... 20
1.2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS .................................................. 21
1.3 OBJETIVOS .............................................................................. 23
1.4 QUESTÕES ............................................................................... 23
1.5 PROCEDIMENTOS E METODOLOGIA .................................... 25
2 NOÇÕES BÁSICAS SOBRE DEFESA, FRONTEIRAS E
FORTIFICAÇÕES ...................................................................... 26
2.1 PRINCÍPIOS SOBRE DEFESA PASSIVA ................................. 27
2.2 PRINCIPIOS SOBRE FRONTEIRAS ......................................... 27
2.3 PRINCÍPIOS QUE GOVERNAM A ARTE DA FORTIFICAÇÃO . 29
2.3.1 Relação da fortificação com a arte da guerra ........................ 29
2.3.1.1 Estratégia ................................................................................... 30
2.3.1.2 Tática .......................................................................................... 31
2.3.1.3 Logística militar ........................................................................... 31
2.3.1.4 Fortificação ................................................................................. 31
2.4 CLASSIFICAÇÃO GENÉRICA DE FORTIFICAÇÕES ............... 34
2.4.1 Fortificações de campanha ..................................................... 34
2.41.1 Fortificações improvisadas ......................................................... 35
2.4.1.2 Fortificações preestabelecidas ................................................... 35
2.4.2 Fortificações permanentes ...................................................... 35
2.4.3 Fortificações estratégicas ....................................................... 35
2.4.4 Organização do terreno ........................................................... 35
2.5 HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DAS FORTIFICAÇÕES ATÉ 1815 37
2.5.1 Nos primórdios da Idade Média .............................................. 37
2.5.1.1 Flanqueamento por meio do traçado .......................................... 41
2.5.1.1.1 Traçado escalonado ................................................................... 41
2.5.1.1.2 Traçado tenalhado ...................................................................... 42
2.5.1.1.3 Traçado baluartado .................................................................... 43
2.5.1.2 Flanqueamento por meio de obras especiais ............................ 44
2.5.2 O Período de Vauban (Sec XVII e XVIII) .................................. 45
2.5.3 O Sistema de fortificação de Montalembert ........................... 48
2.5.3.1 Artilharia de grosso calibre e longo alcance ............................... 48
2.5.3.2 Linha de defesa fora do perímetro ............................................. 48
2.5.3.3 Linha de defesa descontínua ..................................................... 49
2.5.3.4 Substituição do traçado .............................................................. 50
3 A ESTRATÉGIA PORTUGUESA NA DEFESA TERRITORIAL
DO BRASIL ............................................................................... 52
3.1 INTRODUÇÃO ........................................................................... 52
3.2 GEOPOLÍTICA DE TORDESILHAS ........................................... 53
3.3 FRONTEIRA POLÍTICA INICIAL ................................................ 55
3.4 A ESTRATÉGIA DE OCUPAÇÃO .............................................. 56
3.4.1 Os Reconhecimentos Gerais ................................................... 56
3.4.2 As Capitanias Hereditárias ...................................................... 57
3.4.3 O Governo Geral ....................................................................... 58
3.5 A ESTRATÉGIA DA EXPANSÃO ............................................... 59
3.5.1 A União Ibérica ......................................................................... 59
3.5.2 As Entradas e Bandeiras ......................................................... 61
3.5.3 A fundação da Colônia de Sacramento .................................. 62
3.5.4 A Administração Pombalina .................................................... 63
3.6 A ESTRATÉGIA DIPLOMÁTICA ................................................ 65
3.6.1 Tratado de Utrecht (1713 – 1715) ............................................ 65
3.6.2 Tratado de Madri (1750) ........................................................... 65
3.6.3 Tratado de El Pardo (1761) ...................................................... 66
3.6.4 Tratado de Santo Ildelfonso (1777) ......................................... 66
3.6.5 Tratado de Badajoz (1801) ....................................................... 67
3.7 A ESTRATÉGIA TERRITORIAL NO BRASIL REINO ................ 68
3.7.1 A ocupação da Guiana Francesa ............................................ 68
3.7.2 A conquista da Cisplatina ........................................................ 68
3.7.3 A unidade política e territorial ................................................. 69
4 FORTIFICAÇÕES PORTUGUESAS CONSTRUÍDAS NO
BRASIL NO PERÍODO COLONIAL ........................................... 70
4.1 INTRODUÇÃO ........................................................................... 70
4.2 FORTIFICAÇÕES PORTUGUESAS NO BRASIL ...................... 71
4.2.1 Na Região Norte ........................................................................ 71
4.2.1.1 Fortificações costeiras ................................................................ 72
4.2.1.2 Fortificações marginais ............................................................... 75
4.2.1.3 Fortificações mistas .................................................................... 92
4.2.2 Na Região Nordeste ................................................................. 92
4.2.2.1 Fortificações costeiras ................................................................ 93
4.2.2.2 Fortificações marginais ............................................................... 145
4.2.2.3 Fortificações mistas .................................................................... 147
4.2.3 Na Região Centro-Oeste .......................................................... 147
4.2.3.1 Fortificações costeiras ................................................................ 148
4.2.3.2 Fortificações marginais ............................................................... 148
4.2.3.3 Fortificações mistas .................................................................... 148
4.2.4 Na Região Sudeste ................................................................... 153
4.2.4.1 Fortificações costeiras ................................................................ 153
4.2.4.2 Fortificações marginais ............................................................... 186
4.2.4.3 Fortificações mistas .................................................................... 186
4.2.5 Na Região Sul ........................................................................... 186
4.2.5.1 Fortificações costeiras ................................................................ 187
4.2.5.2 Fortificações marginais ............................................................... 187
4.2.5.3 Fortificações mistas .................................................................... 187
4.3 CONCLUSÃO PARCIAL ............................................................ 210
5 POR QUE E COMO PRESERVAR ESSE PATRIMÔNIO
CULTURAL? ............................................................................. 213
5.1 INTRODUÇÃO ........................................................................... 213
5.2 PRINCIPAIS ÓRGÃOS DE PRESERVAÇÃO EXISTENTES ..... 215
1 INTRODUÇÃO
Ao tratar sobre assunto tão relevante para a História e formação territorial do Brasil, é
justo inicialmente, render uma homenagem aos destemidos descobridores portugueses,
ao homem obstinado que se superou, no tempo e no espaço, para assentar uma nova
civilização no continente americano, e à Engenharia Militar Portuguesa, que sempre
esteve presente e atuante nos três séculos da história colonial brasileira, no trabalho
ingente de demarcar, defender e construir o Brasil.
Ainda hoje, todo aquele que estuda os sítios ocupados pelas fortificações construídas
pelos portugueses no Brasil fica impressionado com a sábia localização dos seus fortes,
quer do ponto de vista tático, quer do estratégico; pela perfeição do trabalho executado;
e pelo esforço ciclópico para erguer alguns deles em locais longínquos e desprovidos
de vias de comunicação.
1.1.1 Tema
Muitas das velhas fortalezas ainda se mantêm de pé, como um desafio lançado por
nossos antepassados, nos incitando a defender e preservar o nosso território com o
mesmo esforço, audácia e determinação, com que o fizeram.
1.1.2 Problema
1.1.3 Justificativa
Durante o processo histórico do Brasil, de quase cinco séculos, ele foi protegido
por um cinturão de cerca de 350 fortificações militares que terminaram por
transformá-lo numa imensa fortaleza, que integrou muralhas artificiais com as
naturais. Elas foram construídas progressivamente, ao longo das grandes
batalhas travadas pelo Brasil para preservar fundamentalmente sua Integridade
e por vezes sua Unidade, Soberania Independência e Democracia, sob
ameaças.
[...]
O cinturão de fortalezas brasileiras foi essencial, durante quase quatro séculos,
na defesa contra índios, piratas, corsários, aventureiros, invasores estrangeiros
e nas guerras internas e externas e pela Independência e, assim, para a
definição e preservação das dimensões continentais do Brasil, até hoje
balizadas em seus extremos por algumas delas (BENTO, 1982, p. 1).
O Cel Inf QEMA Manuel Soriano Neto publicou na Revista do Exército Brasileiro, (2001,
p. 69), um artigo intitulado "Fortificações Históricas do Brasil. Ontem, e hoje a
benemérita ação da Força Terrestre". Dentre outras coisas, o autor desse artigo afirma:
Suas atenções estavam voltadas mais para o controle e a exploração da rota comercial
das índias e de suas especiarias. Com o aumento das incursões de corsários no litoral
do Brasil, Portugal decidiu iniciar a colonização e a defesa da sua colônia na América.
As notáveis obras realizadas pelo homem, desde a Antiguidade, até mesmo as mais
audaciosas, eram baseadas, quase integralmente, em regras práticas e empíricas e
22
Como a Engenharia moderna nasceu dentro dos exércitos, segundo o Prof. Pedro
Carlos da Silva Telles no seu livro “A História da Engenharia no Brasil”, é perfeitamente
compreensível que o seu aprendizado, em bases científicas, tenha também começado,
visando o seu emprego militar. Dessa forma, desde o século XVI eram ministrados
cursos de matemática aplicada à navegação, à artilharia e às fortificações. Em Portugal,
esses cursos eram ministrados em academias conhecidas como “Aulas”, e nelas se
formaram muitos dos Engenheiros Militares que vieram trabalhar no Brasil colonial,
onde também funcionaram algumas “Aulas” até que o ensino regular de Engenharia
fosse estabelecido.
O Exército Brasileiro por meio do Departamento de Ensino e Pesquisa (DEP) a aprovou a Portaria nº
30 de 5 de junho de 2000, que dispõe sobre as Normas para Elaboração, Aprovação e Execução de
Programas de Projetos Culturais, que trata sobre procedimentos relativos á elaboração, aprovação e
execução de Programas e Projetos Culturais do Exército. Consta no Capítulo 3-Introdução que:
A Política Cultural aprovada pela Port. Min nº 068, de 31 de jan. 96, estabelece
os objetivos gerais e particulares a serem perseguidos pela Força Terrestre no
campo da atividade cultural, bem como fixa os princípios operacionais e os
procedimentos gerenciais necessários à conquista e á manutenção de tais objetivos.
Todas as ações dos órgãos do sistema cultural e das organizações militares
que vierem, por qualquer razão, a atuar na área cultural, devem ser planejadas
de forma a obterem-se os melhores resultados com os menores custos. Devem
também ter em mente a importância das parcerias, em particular as que
poderão advir por meio da Fundação Cultural do Exército Brasileiro.
23
Verifica-se claramente que, o Exército Brasileiro, ocupando boa parte das fortificações
construídas pelos portugueses, preocupa-se com o aspecto de preservação desses
fortes.
1.3 OBJETIVOS
1.4 QUESTÕES
Desta sorte, as riquezas do Brasil foram disputadas por outros povos, cujos navios se
orientavam para o comércio de pirataria o para a tentativa de ocupação, aportando com
freqüência nas praias de mais fácil acesso, onde procuravam estabelecer-se.
Surgiram, assim, nesses pontos, praças fortes portuguesas, com defesa organizada
para enfrentar, navios artilhados, e reprimir hostilidade dos selvagens, possuidores das
terras conquistadas, que forçaram, em regiões agreste e desconhecidas, a ação de
represália e amplas medidas de defesa.
Na fortificação se baseava a segurança dos núcleos sociais, das cidades, das vilas e
dos pontos importantes do país, contra as constantes ameaças de invasão. Um porto
era considerado bem defendido quando dispunha de uma boa proteção das defesas
móveis - as forças navais e as tropas de terra; e as defesas fixas - as fortificações.
27
Define-se defesa passiva como a forma de defesa que, utilizando medidas estratégicas
práticas, e isentas do imperativo da ação ofensiva militar, organizada para assegurar o
êxito, visa a impedir o ataque inimigo, por terra, mar e ar (RICE, 1948, p. 1).
Os diferentes tipos de fronteiras foram estudados pelos principais autores sob vários
ângulos, quer estrutural, quer funcional. No que se refere à natureza da linha limite
escolhida tem-se as fronteiras naturais e artificiais. A primeira definida por acidentes
naturais (rios, montanhas, desertos, lagos, mar). A segunda, traçada por linhas
imaginárias, astronômicas, geodésicas, ou matemáticas. Nesta, inclui-se a linha do
Tratado de Tordesilhas que será abordado posteriormente.
Quanto ao seu grau de ocupação podem ser consideradas como fronteiras ocupadas,
quando habitadas, ou como fronteiras vazias, quando desabitadas.
Serão esboçados em traços sucintos a evolução dos princípios que governaram a arte
da fortificação, e o isso será feito para mostrar como as aplicações desses princípios se
modificaram periodicamente, graças à aquisição de conhecimentos dos princípios da
estratégia, ao aperfeiçoamento introduzido nas organizações táticas e na mobilidade
das tropas; através do desenvolvimento de armas militares ofensivas ou defensivas e
mediante a aplicação à arte da fortificação ao progresso dos conhecimentos humanos.
É hora de voltar a atenção por alguns momentos, às relações da fortificação com a arte da guerra.
Segundo Sun Tzu (1996, p. 7), “A arte da guerra é de importância vital para o Estado. É
uma questão de vida ou morte, um caminho tanto para a segurança como para a ruína.
Assim, em nenhuma circunstância deve ser negligenciada”.
A guerra pode ser definida como a luta organizada entre os homens. Esta última é
tão antiga como a própria vida humana. Na verdade desde o começo, a existência
30
humana deve ter sido um combate contínuo contra as forças da natureza, contra outros
animais, e contra os seres humanos. À proporção que o domínio do homem sobre o
mundo animal foi sendo assegurado e seu conhecimento das leis da natureza
aumentou, a luta pela existência tornou-se menos aguda. O homem se tornou capaz de
produzir mais do que consumia e logo aprendeu a vantagem da cooperação com seus
vizinhos em benefício mútuo, ao invés de lutar contra eles (RICE, 1948, p.8). Em outras
palavras o homem aprendeu a conhecer as bênçãos da paz.
Porém, os bens acumulados, cedo se tornaram pomo de discórdia. A história da humanidade foi
sempre uma alternativa entre guerra e paz. O acúmulo das utilidades vitais por parte de uns
despertou a cobiça dos outros; e uma vez mais houve o recurso à força, de um lado para
apresar os bens alheios e, de outro, para conservar o que possuíam. Dados de dezembro de
2002, da Academia Norueguesa de Ciências indicam que, em 5.500 anos de história conhecida,
ocorreram 14.533 conflitos, com cerca de 4 bilhões de mortos, e apenas 292 anos de paz.
2.3.1.1 Estratégia
T É a arte de preparar e aplicar o poder para, superando óbices de toda ordem, alcançar
e manter os objetivos fixados pela política (ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-
MAIOR DO EXÉRCITO, 2002, p. 98). Em outras palavras, é a arte e a ciência de
elaborar planos e usar as forças e equipamentos militares com o fim de conquistar e
conservar vantagens sobre o inimigo em operações de combate.
2.3.1.2 Tática
2.3.1.4 Fortificação
É a arte e a ciência de modificar o terreno a fim de aumentar o seu valor estratégico, tático ou
logístico. Ela inclui as obras realizadas para aumentar o poder combativo, especialmente a
capacidade de resistência, de um corpo de tropa em uma determinada posição. É um meio
de combate à disposição do comando, tal como o são as tropas e o armamento.
Encontram-se tão intimamente ligados, que o efeito de um sobre os outros deve ser sempre
tomado em consideração. O sucesso local é impossível sem eficiência tática; o efeito máximo de
um êxito local só pode ser obtido por meio de uma aplicação apropriada dos princípios de guerra.
A formação e distribuição apropriadas das forças militares para assegurar o êxito tático ou
estratégico são possíveis somente mediante aplicação conveniente da logística. Portanto, os
objetivos táticos e estratégicos, os rendimentos logísticos máximos, só podem ser obtidos quando
se fizer o emprego mais eficiente dos princípios de guerra, neles incluída, indiretamente, o que se
pode chamar de a arte da fortificação, pela segurança e economia de forças que proporciona.
Tem-se dito algumas vezes que a Fortificação é meramente a tática escrita no terreno,
e que, por isso, a arte da fortificação deveria ser considerada como um ramo da tática.
Isso se aplicava com mais propriedade, ainda, entre 1500 e 1882.
Por certo o emprego mais extenso da arte da fortificação se situava no campo da tática,
onde seu uso era subordinado às necessidades táticas, embora devesse, até certo ponto,
controlar as disposições táticas. Mas os mesmos princípios de fortificação, ampliados ao
escopo da aplicação, se estendem por além do campo da tática e reaparecem junto com a
estratégia, subordinados a ela, ainda que influindo enormemente nas exigências que a ela
cabem. E não é só isso. Visto que as disposições táticas e estratégicas são bastante
dependentes das condições logísticas, a arte da fortificação, no que afeta a logística, diz
respeito diretamente aos problemas de abastecimentos e manutenção.
É evidente que a arte da fortificação não pode ser considerada como um ramo da tática,
da estratégia, ou da logística – e sim que constitui por si mesma outro ramo da arte e
ciência da guerra para o período considerado neste trabalho dissertativo.
É de esperar que esta sucinta exposição sobre a arte e ciência da guerra e seus ramos principais
deixará claro que um estudo pormenorizado de qualquer ramo da arte e ciência da guerra deveria
incluir um estudo geral de todos, e que nenhum estudo, por mais extenso e minucioso que seja,
pode ser considerado particularmente completo ou especialmente proveitoso a menos que inclua
freqüentes referências aos outros ramos. A modificação do terreno, isto é, a
33
Primeiro, facilitando o movimento de tropas e víveres, isto é, pela construção dos meios
de comunicação, destinados quer ajudando na ação ofensiva, permitindo a
movimentação rápida e conveniente de tropas e suprimento ou sua concentração em
pontos favoráveis, quer auxiliando na ação defensiva, habilitando as forças o
movimento rápido de um lado para o outro dentro de uma área defensiva.
Quarto, modificando o terreno de tal modo que o poder ofensivo das armas
aumentasse.
Além disso, essas muralhas aumentavam muito o moral dos defensores. Assim, pela
sensação de proteção que davam aos mesmos, pelo comando e facilidade de ação
que proporcionavam às armas de defesa e pelo conhecimento de sua eficiência
34
Contudo, somente uma ação ofensiva é decisiva, e a ação defensiva pode apenas
retardar. Por essa razão a fim de que a resistência a um assédio seja producente, é
geralmente necessário que haja uma resistência ativa e que se recorra a surtidas
periódicas, de modo a interferir nos planos inimigos, a danificar suas obras e a
desgastá-lo, conservando-o em constante alerta.
Ensinaram alguns que quanto mais bem projetadas as obras defensivas; quanto maior
a proteção elas conferissem aos defensores, tanto maior dificuldade se teria em
persuadir as tropas a abandonarem a segurança comprovada de suas obras para
enfrentar os riscos ignotos de uma surtida em campo aberto. Acredita-se que isso seja
um erro, porque quanto mais elevado for o moral de uma tropa, mais pronta ela estará
para qualquer ação; e quanto maior a proteção conferida aos defensores por suas
obras defensivas, quanto maior a confiança que tiverem em sua inexpugnabilidade,
tanto mais elevado será o seu moral.
A Fortificação foi um fator poderoso para a economia de forças. Esse aforismo é tirado
de sua própria definição, pois aumentando ela a capacidade de resistência de uma
posição, permite realizar economia do número de seus defensores, permanecendo
constantes os outros fatores.
Assim, pode-se conceituar fortificação como sendo a arte de aumentar por meio de dos
recursos da engenharia, o poder combativo das tropas que ocupam uma posição.
São as que se constroem com todo os recursos de engenharia que se pode lançar mão
no campo de batalha para aumentar ou prolongar a capacidade combativa das tropas.
Caracteriza-a, também, o aspecto tático, de ser ela construída em contato com o
inimigo ou sob a ameaça de iminente contato ou mesmo sob o fogo inimigo.
São tanto fortificações preestabelecidas como permanentes, cuja existência influi sobre
os planos estratégicos de uma campanha.
Durante a II Guerra Mundial (II GM) o termo “Organização do Terreno” foi usado muitas vezes no
sentido de fortificação. Ele tem acepção mais ampla, porque compreende não somente as obras de
fortificação, como todas as disposições tomadas pelo comando. Organizar o terreno é a arte de
modificar as condições do terreno, ou aproveitar as condições já existentes, de tal forma, que dela
decorra o melhor emprego possível para uma dada missão, quer ofensiva quer defensiva.
36
Uma fortificação para dar por bem cumprida a sua missão deveria satisfazer a algumas
condições. Deveria permitir ao defensor que utilizasse da melhor maneira possível o
armamento e os meios à sua disposição; deveria impedir que o inimigo tomasse cedo,
contato com o defensor dando a esse o tempo necessário para preparar seu dispositivo
para o combate; deveria também, proteger, tão eficazmente quanto possível o defensor,
seu material e suprimentos contra os golpes do inimigo.
1
A Guerra da Criméia ocorreu no período de 1884-1885, entre a Rússia de um lado, e a Turquia, a
França, a Inglaterra e o Piemonte de outro. Terminou com o Tratado de Paris, em 1856.
37
Durante muitos anos o objetivo único da fortificação foi proteger habitações ou cidades
de certa importância. As obras antigas eram bem simples. Consistiam normalmente de
um único obstáculo contínuo: muralha ou fosso e algumas vezes a combinação de
ambos (Figura 1).
Durante a Idade Média, época em que o atacante teve à sua disposição engenhos de
guerra rudimentares e de pequeno poder (balista, catapulta, e outros), a fortificação
constava de muralhas de alvenaria, com altura e espessura variáveis, que ligavam as
torres salientes e, às vezes dotadas de um fosso fronteiro (Figura 2).
Desde a época em que se iniciou o emprego da artilharia, tal escolha foi, em grande
parte, influenciada pelo requisito de flanqueamento dos fossos.
Os homens em trânsito no fundo do fosso não podiam ser vistos nem atingidos pelos
defensores do interior da obra ou da crista de fogo. O fosso se achava em ângulo
morto.
Bastava que o atacante ocupasse o fosso para que lograsse são e salvo, demolir a
muralha de escarpa, abrir uma brecha e galgar o parapeito para o assalto final.
No qual cada flanco se incluía entre duas cristas principais – os dois flancos DE e FG
se contrapunham, proporcionando-se flanqueamento recíproco. A parte compreendida
entre os dois flancos, AB e DE denominava-se baluarte; a parte EF, situada entre os
dois baluartes, cortina.
Nos dois primeiros traçados (escalonado e tenalhado) havia sempre nos ângulos
reentrantes um espaço em ângulo morto. No traçado baluartado havia flanqueamento
perfeito, quando as diferentes partes do traçado estivessem localizadas corretamente
uma em relação às outras.
Figura 8 – Capoeira
Fonte: Rice (1948, p. 28 i).
45
Do ponto de vista militar, esse período se assinalou pela relativa imobilidade dos
efetivos e pelas armas de pequeno alcance. A artilharia desprovida de qualquer poder
para agir à distância, impotente para produzir o menor efeito sobre a alvenaria
desenfiada do seu tiro de trajetória horizontal.
2
Vauban, Sébastien Le Prestre. Nascido em 15 de maio de 1633, em Saint-Léger-saint-Léger-de-
Foucherest-Foucherest (atual Saint-Léger-Léger Vauban-França). Foi um coordenador militar francês
que revolucionou a arte do ofício de fortificações defensivas. Lutou em todas as guerras da França
durante o reinado de Luís XIV (1643-1715).Disponível em <http: //www.google.com.br> / search =
Vauban. Acesso em: 8 mar. 2003.
46
Mais tarde, nos sistemas chamados 2º e 3º sistemas de Vauban, foi aplicado um novo
princípio: o da separação de obras de defesa aproximada das destinadas à defesa à
distância (Figura 11).
Cada praça forte era circundada por duas linhas de obras com funções muito bem
diferenciadas: Uma linha protetora destinada ao combate aproximado, formada pela
cortina; e uma linha de combate destinada ao combate à distância e formada pelos
baluartes destacados e obras externas.
Os homens e as armas operavam a céu aberto, protegidos, tão somente, pela massa
cobridora do parapeito. Essa causa de debilidade mais se evidenciou com o
aperfeiçoamento da artilharia.
Para manter a artilharia inimiga à distância, a linha de defesa foi colocada além do
perímetro externo da cidade, o que relegou a linha contínua de Vauban à função de
mera linha de proteção.
49
A linha de defesa, de extensão considerável, já não podia mais ser feita contínua.
Passou a constituir-se de pequeno número de pontos de apoio ou de fortes destacados,
destinados a proteger as grandes baterias de artilharia assestadas atrás dos fossos.
Entre esses fortes, simples reminiscências dos antigos baluartes, havia grandes
intervalos livres (Figura 12).
Depois de 1815, a maioria das potências européias, desejando por cobro às novas
invasões, construiu ou planejou as praças fortes, segundo a concepção de
Montalembert, quer dizer, circundando-a com uma cinta de fortes. Deram a essa cinta
uma extensão considerável, julgando assim, impedir o assédio. Além disso, era idéia
corrente que um exército, se necessário, poderia refugiar-se nessas amplas áreas
fortificadas para, mais tarde, sair. Isso marca o advento dos campos entrincheirados.
52
3.1 INTRODUÇÃO
Portugal iniciou sua estratégia expansionista ultramarina em 1385 com o término da Revolução
de Avis1. Durante a guerra, o mestre de Avis, foi aclamado Regedor e Defensor do Reino. Em
1385, com a vitória em Aljubarrota2, foi oficialmente coroado rei, com o nome de D. João I.
O Tratado de Tordesilhas foi o instrumento legal para que Portugal expandisse seu
domínio ultramarinho pelas terras do novo continente, dando início à sua estratégia
para as fronteiras brasileiras, desencadeando o processo histórico da defesa territorial
do Brasil, que é o objeto de estudo do presente capítulo desta dissertação.
Observando-se o Atlântico e os litorais por ele banhados, nota-se que esse oceano
forma um “S” na direção norte-sul, envolvendo a Europa, África e América no
54
O objetivo geopolítico, tanto espanhol, quanto português, era o de atingir as Índias a fim
de manter o monopólio do tráfico oriental na rota de especiarias. No entanto, a linha de
Tordesilhas entregava não só o Atlântico-Sul como também o Índico aos portugueses,
deixando na prática, apenas o Pacífico para os espanhóis.
55
Repartindo litorais, o Tratado de Tordesilhas traçou uma fronteira esboçada sem o prévio
conhecimento do terreno, seccionando as duas grandes vias de penetração do
subcontinente sul-americano. Ao entregar a foz do rio do Prata aos espanhóis,
proporcionava-lhes maior oportunidade de expansão pelos Pampas e Chaco; concedendo
a embocadura do Amazonas aos portugueses, coincidentemente, o braço Sul, o melhor
para a navegação, permitiu que se apossasse da maior parte da Planície amazônica.
A linha de Tordesilhas amputava uma vasta unidade geográfica e econômica que tinha
seus limites naturais nos rios Madeira e Paraguai. Disso resultaria que, ou os
espanhóis, baixando pelos Andes, pelo Amazonas ou subindo o Paraná,
restabeleceriam essa unidade, expulsando os portugueses da exígua e incompleta
56
faixa territorial que lhes conferiu, ou estes, subindo pelo Amazonas ou baixando pelo
Paraná, buscariam expandir-se até os limites naturais dessa unidade geográfica,
configurando a grande formação insular platino-amazônica.
Este período, que vai de 1500 a 1532, caracterizou-se pelo abandono a que foi
relegada a terra descoberta. Aventureiros de outras nações, principalmente franceses,
começaram a afluir em busca das especiarias e do pau-brasil. As expedições
portuguesas que vieram reconhecer a costa, até 1515, pouco ou quase nada fizeram. O
tráfego de navios piratas chegava ao seu desenvolvimento em 1511, quando os
franceses exerciam seu comércio com os Tupinambás, os Tamoios e os Potiguares.
Em 1530, Martin Afonso de Souza organizou uma expedição, tendo como finalidades
reconhecer e explorar a costa, policiar o litoral, combater a pirataria francesa e fundar
outras povoações. Nesta oportunidade, fez o reconhecimento do litoral, do Rio Gurupi,
ao Norte, até o Rio da Prata, ao Sul.
57
Essa foi a solução estratégica encontrada por Portugal para a ocupação e manutenção
das terras descobertas. Eram cedidas grandes extensões de terra a altos funcionários
do reino e a fidalgos da Casa Real. Essas pessoas recebiam alguns direitos régios,
como ministrar justiça, distribuir terras, arrecadar dízimos e fundar povoações. Essas
medidas visavam a povoar o extenso litoral brasileiro e impedir os ataques estrangeiros
aos nossos portos e praias (Mapa 3).
Algumas regiões não tiveram nem um esboço de povoamento, como foi o caso do
Rio de Janeiro, Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Maranhão. Nesses
58
Dessa forma, o regime de capitanias não pode ser julgado somente por suas falhas, mas
também pelos benefícios que trouxe ao Brasil nos dois séculos e meio em que vigorou,
até sua total extinção devida à política centralizadora do Marquês de Pombal5. Pode-se
destacar como pontos favoráveis, proporcionados por esse sistema à estratégia territorial
portuguesa no Brasil: a fundação de povoações ao longo do litoral, que se tornaram
irradiadores da conquista do interior, principalmente São Vicente, Bahia e Pernambuco; o
início do cultivo da cana-de-açúcar e da criação de gado, como propulsores econômicos
da ocupação territorial; o estabelecimento das concessões de Sesmarias6, contribuindo
para fixação do homem a terra e para a defesa às investidas estrangeiras.
Com sede na Bahia, na cidade de Salvador, 1549, Tomé de Souza, foi o primeiro
governador e teve como principais desafios a edificação da cidade de Salvador, a
pacificação dos indígenas e a regulamentação dos negócios da justiça e da fazenda.
Mem de Sá foi o terceiro governador e eliminou o sonho francês de uma França
Antártica7. Fundou a segunda cidade real no Brasil – São Sebastião do Rio de Janeiro
em 1565.
5
Ministro de Negócios estrangeiros no governo de D. José II (1714-1777)
6
Grande extensão de terras cedida à nobreza, pelo Rei de Portugal, para ocupação e cultivo.
7
Os franceses tinham como objetivo fundar uma colônia de exploração econômica e abrigar os
protestantes perseguidos pelas guerras de cunho religioso.
59
Em 1578 o trono português fica sem herdeiros, gerando uma luta de bastidores em que
se envolveram as coroas da Inglaterra (Isabel I), da França (Catarina de Médicis) e da
Espanha (Felipe II), cabendo a este, com o apoio da nobreza portuguesa, sujeitar a
Coroa Lusa, tendo como reflexo, inicialmente involuntário, uma nova estratégia
portuguesa para a sua colônia ultramar, a de expansão territorial.
Com a aclamação de Felipe II como Rei de Portugal passaram a ser inimigos desse
país todos os que eram adversários da Espanha, destacando-se a França, a Inglaterra
e a Holanda. Estes dois últimos, bons e antigos compradores de mercadorias
portuguesas, inclusive do açúcar brasileiro. Em 1585, Felipe II mandou confiscar navios
holandeses ancorados nos portos ibéricos, além de determinar o fechamento dos
portos do Brasil ao comércio que não fosse português ou espanhol.
O Sul da Colônia, em 1580, era um ponto inteiramente isolado do resto do Brasil. Essa
região, pela bacia hidrográfica do Prata tinha maior facilidade de ligação com as
colônias espanholas do que com o restante do Brasil.
Fortes laços comerciais foram consolidados durante o período da União Ibérica entre o
Sul do Brasil e a Região do Prata com reflexos futuros para a consolidação das
fronteiras brasileiras naquela área.
8
Nova tentativa francesa de estabelecer uma colônia na América do Sul. Desta feita invadiram o
Maranhão onde fundaram a França Equinocial e a povoação de São Luis, em homenagem ao Rei Luís
XIII.
61
De acordo com sua atividade mais importante, as bandeiras são divididas em ciclos. O
do ouro de lavagem processou-se principalmente na zona litorânea e só raramente
penetrou além da Serra do Mar. O ciclo da caça ao índio, para atender a demanda de
mão-de-obra na lavoura estimulou o avanço populacional nas missões jesuíticas na
direção Sul. Mas foi o ciclo do ouro e do diamante que mais reflexo trouxe para a
estratégia da expansão territorial no período da união luso-espanhola. As descobertas
de ouro e diamante nas Minas Gerais transformaram o panorama econômico e social
do Brasil, provocando um rápido deslocamento de grandes contingentes populacionais
para o interior. Em seguida, descobriu-se ouro em Mato Grosso e Goiás, provocando
novos deslocamentos rumo ao Oeste (Mapa 5).
Essa estratégia de dilatação das fronteiras para o Sul chocou-se com os interesses
espanhóis, pois nessa região a Espanha desenvolvia uma intensa atividade mercantil.
De Buenos Aires, centro comercial, eram distribuídas mercadorias até para as zonas
mineradoras do Peru. Várias lutas e tratados sucederam-se entre lusos e hispânicos
pela posse da Colônia do Sacramento que esteve ora em poder dos portugueses, ora
em poder dos castelhanos, resultando na posse definitiva pelos espanhóis, pelo
Tratado de Madri de 1750 (Mapa 6)
A despeito do domínio final por parte da Espanha, a fundação dessa colônia e as lutas
em torno da mesma apresentaram muitas contribuições para a estratégia expansionista
portuguesa. Possibilitou o povoamento do território brasileiro ao Sul da Ilha de Santa
Catarina; proporcionou a criação da Capitania do Rio Grande de São Pedro,
transformada em base militar para a conquista e a ocupação do atual Rio Grande do
Sul; permitiu a Portugal, por ocasião da assinatura do Tratado de Madri, negociar com
os espanhóis a troca da Colônia de Sacramento pela região dos Sete Povos das
Missões, incorporando-a, definitivamente.
Portugal não conseguiu estender seus domínios até o rio da Prata, porém anexou, ao
Sul, territórios muito afastados da linha inicial de Tordesilhas e de relevância geo-
estratégica, como as Bacias hidrográficas do rio Paraná e do rio Paraguai.
Quem quer que se debruce sobre a estrutura das fronteiras brasileiras ao final do
século XVIII, não poderá conter sua admiração ante ao dispositivo de fortificações
militares plantadas nos confins do território, balizando a linha estratégica que permitia a
Portugal e, depois, ao Brasil erguer os marcos da soberania territorial.
Vários dos impulsos expansionistas reportados até aqui, no presente trabalho monográfico, foram
limitados por tratados e negociações posteriores. Entretanto, é mister reconhecer que esses
movimentos criaram um fato consumado de ocupação territorial, que representava o trunfo a favor
da posição de Portugal nas negociações posteriores. Daí enfatizar, dentro deste capítulo a estratégia
diplomática caracterizada ao longo do tempo pelos diversos tratados a seguir comentados.
Esse tratado representou uma grande vitória da diplomacia portuguesa. Nas negociações destacou-
se a figura de Alexandre de Gusmão, que habilmente conduziu as discussões com os hispânicos,
conseguindo o reconhecimento e a incorporação para Portugal de todas as terras conquistadas
além dos limites de Tordesilhas, revogando o que estava em vigor desde 1494.
Pelo Tratado de Madri, Portugal deixou como herança ao Brasil, salvo pequenas
modificações, como por exemplo, a anexação do Acre, em 1903, a atual configuração
geográfica, constituindo-se no mais importante instrumento político de reconhecimento
à estratégia diplomática expansionista portuguesa.
Pelo tratado de Madri, a Espanha cedeu os Sete Povos das Missões a Portugal.
Entretanto, os jesuítas espanhóis não aceitaram a autoridade portuguesa, em função
das próprias cláusulas do acordo – segundo eles, as populações indígenas deveriam
ser transferidas para o Ocidente do Uruguai, o que significaria a ruína e a destruição
dos Sete Povos das Missões.
Deu-se início às Guerras Guaraníticas que duraram até 1767. O Marquês de Pombal, temendo
o aumento do poderio dos jesuítas, decretou em 1759, a expulsão dos jesuítas de Portugal e de
seus domínios coloniais. Daí resultou a assinatura do Tratado de El Pardo, anulando as
disposições do Tratado de Madri. Pombal negou-se a entregar a Colônia do Sacramento,
enquanto a região dos Sete Povos das Missões não fosse ocupada pelos portugueses.
Esse Tratado não teve grandes repercussões nas fronteiras do Brasil, visto que, no ano
seguinte, Portugal e Espanha voltaram à guerra.
Desde 1756 estavam em luta, na chamada “Guerra dos Sete Anos”, a Inglaterra e a
França. Portugal aliou-se à Inglaterra, ficando contrário à Espanha, que se aliou à
França. Em conseqüência, a Espanha invadiu Portugal em 1762, enquanto a Colônia
do Sacramento era novamente atacada e o Rio Grande do Sul invadido.
67
Apesar do Tratado de Paz assinado em Paris (1763), pondo fim à guerra na Europa, e
determinando a devolução da Colônia do Sacramento a Portugal, a guerra continuou
acirrada pela disputa do Rio Grande do Sul. A Espanha ocupou a Ilha de Santa Catarina,
prosseguiu para Montevidéo e, em seguida, destruiu a Colônia do Sacramento.
A reação portuguesa não se efetivou, porque logo a seguir foi assinado o Tratado de
Santo Ildelfonso que restituía a Ilha de Santa Catarina para os portugueses, ficando a
Colônia do Sacramento e a Região dos Sete Povos das Missões para os espanhóis.
Essa luta trouxe reflexos para a América. Caudilhos riograndenses ocuparam em ato de
guerra, a Região dos Sete Povos das Missões, incorporando-a definitivamente ao
território brasileiro. O tratado pondo fim à guerra não ratificou o de Santo Ildelfonso,
permitindo que Portugal ficasse de posse dos territórios confiscados.
A única perda foi no extremo Norte, onde a fronteira recuou do rio Oiapoque para o rio
Araguari. Entretanto, não foi definitivo, pois Dom João VI, ao chegar ao Brasil, declarou
nulos todos os tratados com a França.
O sonho francês de fixar uma colônia na América do Sul, após os insucessos da França
Antártica (1555) e da França Equinocial (1612), no Rio de Janeiro e Maranhão,
respectivamente, resultou finalmente na fundação de Caiena (futura Guiana Francesa),
em 1626.
Como já mencionado, a Região Platina, foi objeto de intensa disputa entre Portugal e
Espanha, sobretudo no tocante à Colônia do Sacramento, também conhecida como
Banda Oriental. O domínio napoleônico na Península Ibérica desencadeou o
movimento de independência na América Espanhola, do qual resultaram países como a
Argentina, o Paraguai, que se tornaram soberanos em 1810 e 1811, respectivamente.
Até o século XIX, o Brasil estava dividido em unidades dispersas, sem vínculos entre si,
cada qual obedecendo diretamente a Lisboa. A unidade política e territorial existia,
quase que exclusivamente, do ponto de vista da administração metropolitana. A
conversão do Brasil em sede da monarquia portuguesa teve o mérito de transferir para
a Colônia, o conceito de unidade de que carecia.
9
Período entre 1808 e 1821, no qual o Brasil foi governado por D. João VI.
70
Serão apresentadas muitas das fortalezas construídas no Brasil, entre 1500 e 1822, e
observados alguns dos seus impactos políticos, econômicos e culturais, bem como as
contribuições para a base física do Brasil.
4.1 INTRODUÇÃO
Essas construções podem ser apreciadas no seu aspecto tanto geográfico quanto
político-estratégico e defensivo, não desprezando os aspectos econômicos, militares,
religiosos e urbanísticos de tais obras.
Segundo Stella (1999, p. 81, 107, 112), as fortificações portuguesas no Brasil podem ser
classificadas em três tipos: fortificação costeira, marginal e mista. Para essa autora,
fortificação costeira é definida como aquela fortificação localizada junto ao litoral, em pontos
estratégicos, visando a posse e a defesa da terra. Por outro lado, define uma fortificação
marginal como sendo a fortificação localizada às margens dos cursos de água, cujas
finalidades principais eram impedir a penetração estrangeira via rotas fluviais, defender a
desembocadura dos rios, permitir e consolidar a fixação das populações. Finalmente,
fortificação mista, é caracterizada como aquela que tinha a finalidade de defender os limites
do Brasil com as possessões espanholas e de resguardar as zonas de riquezas minerais.
Essa classificação valoriza muito mais a finalidade para qual foi construída a
fortificação, do que propriamente a posição geográfica da obra defensiva. Daí a razão
de ter-se nessa concepção, fortificações mistas, somente nas Regiões Centro-Oeste e
Sul; as fortificações marginais estarem concentradas na Região Norte, exceto uma no
Maranhão; e as fortificações costeiras somente nas Regiões Sudeste, Nordeste e Norte,
sendo nessa última, apenas no Pará.
1697 - SANTARÉM
Localizada na Ilha Grande de Gurupá, na confluência do Rio Xingu com o delta do Rio
Amazonas, sobre um rochedo em posição dominante daquele canal de navegação.
73
Por Aviso Ministerial de 16 de dezembro de 1841, foi autorizada a sua demolição, que
impunha devido à necessidade de construção do cais, obra iniciada no governo de
Souza Franco.
74
Localizada na entrada do Porto de Belém, do lado esquerdo de quem fica para o Sul,
caracterizada por uma ilhota de pedra.
A fortaleza continha duas ordens de baterias: uma em baixo, permitindo atirar ao lume da água,
e outra superior, na plataforma. Essas baterias foram armadas com trinta e cinco canhões.
Verificou-se, então, que era necessário construir outras fortificações para proteger a entrada
na barra, sendo construído um fortim na ilha fronteira à Barra da Ilha das Periquitas, uma
Bateria na Ilha dos Periquitos, o Reduto de Santo Antônio e a Bateria de São José.
Em 1738 foi construído um forte estacado de forma regular, com 20 braças de frente e
armado com cinco peças de artilharia. Essa obra teve pouca duração e foi destruída
pelas marés. Em 1738 foi instalada uma bateria na Ilha dos Periquitos, que fica ao norte
da fortaleza da Barra. Em 1793 foi substituída por um forte. Esse novo forte tinha a
forma de um paralelogramo e estava armado com quatro canhões voltados para o
canal. Posteriormente foi desarmado e abandonado, quase não se vendo hoje vestígios
do mesmo.
75
Localizada em Belém, foi construída, na Ponta de Val de Cans, na segunda metade do século
XVIII, armada com quatro obuses de 6 a 9 libras. Em 1863 foi desarmada e abandonada.
Localizada entre o Reduto de São José e o Forte de São Pedro Nolasco, com os quais
trabalhava, dominando a praia.
Localizado no rio Araguari, entre os rios Maiacaré e Cassiporé foi construído pelos
holandeses, mas logo abandonado.
76
Levantado por ordem do rei D. Pedro II (1667-1705), a partir de 1686 sobre o local onde
foi erguido o Forte de Cumaú, construído pelos ingleses no início do século XVII,
destruído na ofensiva portuguesa e espanhola de 1613. Em alvenaria de pedra e cal,
sua planta foi de autoria do Sargento-mór de Batalha Engenheiro Manuel Augusto
Fortes, tendo sido artilhado com sessenta peças - número impressionante para a época
e para a região.
Em maio de 1697, esta fortificação e o Forte do Araguari são invadidos pelos franceses
comandados pelo Marquês de Ferroles, Governador de Caiena (Guiana), que arrasa o
Forte de Araguari.
O Forte de Santo Antônio de Macapá será reconquistado por forças portuguesas sob o
comando de Francisco de Souza Fundão, após violento combate em junho do mesmo ano.
Em ruínas, em 1738, foi substituído em local próximo pela Fortaleza de São José de Macapá.
Localizado na foz do rio Bataboute, afluente da margem esquerda do rio Araguari foi
construído, em 1688, em forma de estrela. Pouco tempo depois foi abandonado e
destruído.
77
O recinto era um quadrado perfeito, onde foram construídos oito edifícios diversos:
paiol, enfermaria, capela, praça de armas, depósitos, todos a prova de bombas,
circundados por um fosso pelo lado sudoeste (Figura 14).
Erguido a partir de 1670 por ordem do Governador do Maranhão e Grão Pará, Antônio
de Albuquerque Coelho de Carvalho, é um dos quatro fortes erguidos por Francisco da
Mota Falcão. Deu origem à cidade de Manaus. Em 1783 foi desarmada.
1
Forte de faxina é o nome dado a fortes mistos, isto é, construídos de madeira e terra.
79
O curso do Alto Rio Negro foi atingido pelos portugueses desde 1759. O Forte de São
José de Marabitanas foi erguido no contexto das demarcações decorrentes do Tratado
de Madrid (1750), artilhado com algumas peças de ferro.
Localizado na foz do Rio Uaupés, afluente da margem direita do alto Rio Negro, atual
Estado do Amazonas.
Erguido por ordem do Governador da Capitania do Alto Rio Negro, Coronel Gabriel de
Souza Filgueira, que determina guarnecer o curso do Rio Negro, da Cachoeira de
Cajubim para cima. A fortificação é levantada a partir de 1763, sendo artilhada com 16
peças de diversos calibres. Nada mais resta da mesma atualmente.
Localizado na margem direita do alto Rio Negro, afluente da margem esquerda do Rio
Amazonas, atual Estado do Amazonas.
Erguido por ordem do Governador da Capitania do Alto Rio Negro, Coronel Gabriel de
Souza guarnecia o curso do rio Negro, da Cachoeira de Cajubim para cima.
A fortificação, com quatro baluartes sob as invocações de São Pedro, São Luiz, São Simão e São
Miguel foi levantada a partir de 1763, sendo artilhada com 19 peças de ferro de diversos calibres.
Três dessas peças eram pedreiros aproveitados do posto militar espanhol de San Juan Baptista,
que lhe era fronteiro, tomado por tropas portuguesas. Nada mais resta da mesma atualmente.
A fortificação não sobreviveu aos séculos de abandono: dois dos canhões que a
artilhavam encontram-se no Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro, e o restante,
no fundo do Rio Solimões, para onde foi conduzida pela erosão das suas margens.
mais sólida, de taipa de pilão e esta, por sua vez, em 1621, por uma terceira, agora
com um baluarte artilhado com quatro peças e alojamento para 60 praças. Esta última
foi batizada de Forte Castelo do Senhor Cristo, mais tarde conhecida como Castelo de
São Jorge, e finalmente Forte do Castelo, como até hoje é denominada.
Arruinada pelo tempo e pelo clima, sofre reparos em 1632 e 1712. A Carta Régia de 30
de maio de 1721 autoriza os seus reparos e de outras fortificações da região, sendo
contratado para tal em Lisboa o pedreiro Francisco Martins. Poucos anos mais tarde,
em 1728, o Sargento-mor Carlos Varjão Rolim, engenheiro de fortificações, é trazido de
São Luiz do Maranhão para dirigir os trabalhos de reconstrução do Forte. Novos
reparos são efetuados em 1759 e em 1773.
Em 1978, tentou-se negociar a retirada do Círculo Militar e seu restaurante, para uma
intervenção de restauração no imóvel. Em 1980, com as muralhas parcialmente
82
Erguida em torno de 1740 por Luiz de Moura, às próprias expensas em troca de uma
patente de Capitão de Infantaria com o soldo de soldado (que nunca lhe foram pagos).
Desse estabelecimento originou a Vila e atual cidade de Ourém, no Pará.
83
Localizado na confluência do Rio Toheré com o Rio Xingu, afluente da margem direita
do Rio Amazonas. Remonta à primeira metade do Sec. XVII.
Concluído em 1697 por Manoel da Mota Siqueira, filho natural do maranhense Francisco
da Mota Falcão, que havia proposto e iniciado, às próprias expensas, quatro fortificações
em troca do comando vitalício de uma delas, tendo sido a que Manoel da Mota Siqueira
escolheu para comandar face ao falecimento do pai. Sofreu reformas e melhorias em 1740,
em 1782 (quando é reedificado), em 1803, e em 1867. Foi mais tarde desarmada e
desguarnecida, dela nada mais restando atualmente, exceto algumas ruínas.
de defesa estratégica, essa estrutura atendeu à fiscalização para cobrança dos dízimos
da Coroa Real, das embarcações que percorriam o grande rio, de ou para as
Capitanias de Mato Grosso ou de São José do Rio Negro.
Já em 1749, sob o comando do Capitão Balthazar Luiz Carneiro, carecia de reparos mais
sérios. Segundo o Relatório do Capitão de Ordenanças José Miguel Ayres acerca do estado
das fortificações mantidas ao longo do Amazonas de 04 de janeiro de 1749: "suposto tenha
só a cortina da parte do mar arruinada e que só desta reedificação careça, e de emboço e
reboco; contudo esta Fortaleza se acha edificada sobre uma alta ribanceira, a qual o tempo
tem demolido, de sorte que dificilmente pode passar qualquer homem entre a beirada da dita
ribanceira e a Fortaleza, e achando-se assim esta no princípio de cair nas primeiras
invernadas, parece que seria mais acerto fazer-se a dita Fortaleza de novo, por se não pôr
no perigo de perder-se o dispêndio, recuando-a para dentro, o que fosse necessário”.
Jaguaribe, abalroada e afundada na Baia Itacoatiara pelo vapor Ingá com forças
legalistas a bordo. Atualmente o Forte dos Pauxis está aberto ao público no centro de
Óbidos, bem como as ruínas do Forte Gurjão na Serra da Escama.
Erguido na segunda metade do Sec. XVII por Manoel da Mota Siqueira (um dos quatro
fortes projetados por seu pai Francisco da Mota Falcão), foi reconstruído e ampliado
(1745), sendo o aldeamento do Parú elevado à categoria de Vila com o nome de
Almeirim em 1748. Em ruínas, foi abandonado em 1838.
Localizado à margem esquerda do Rio Tocantins, no Pará. Foi erguido a partir de 1780
pelo Major Engenheiro João Vasco Manoel de Brum, conforme instruções do Governador e
Capitão-general do Grão-Pará e Rio Negro João Nápoles Teles de Menezes, que ordenara
a fundação da Vila de Alcobaça, dotando-a de uma fortificação. Esta última será artilhada
com seis peças de pequeno calibre, com a incumbência de repelir as incursões de
indígenas das tribos Apinagés, Carajás, Gaviões, Timbira e outros, de impedir a fuga de
escravos de Cametá, e reprimir o contrabando de ouro por aquela via fluvial. Foi demolido
em 1797 pelo Alferes Joaquim Máximo (vide Forte da Cachoeira de Itaboca).
A Fortaleza do Príncipe da Beira, ou Real Forte Príncipe da Beira, foi assim nomeada,
em homenagem a D. José, neto de D. João V (1705-1750), e futuro Rei de Portugal.
Teve a sua pedra fundamental lançada em 20 de junho de 1776, sob a orientação do
adjunto de infantaria e engenheiro Domingos Sambuceti.
2
Parte da fortificação que avança e forma ângulo saliente, permitindo vigiar a face externa da muralha e
atirar contra os assaltantes que tentam escalá-la. Também chamada de bastião;
3
Revelim, construção angular, externa e saliente, para defesa de ponte, cortina (muro que liga dois
baluartes) etc.
88
foram saqueadas tanto por brasileiros quanto por bolivianos, tragada pela selva
amazônica, que dela se apoderou.
Rondon redescobre as suas ruínas em 1914, mas seria necessário aguardar até 1930
para que o Exército Brasileiro a voltasse a guarnecer, ali instalando o Contingente
Especial de Fronteira do Forte Príncipe da Beira, que em 1954 teve sua designação
mudada para 7º Pelotão de Fronteira, e em 1977, para 3º Pelotão Especial de Fronteira,
subordinado ao atual 6º Batalhão Infantaria de Selva.
Localizado na margem direita do Rio Tacutú, na sua confluência com o Rio Uraricoera,
onde se forma o Rio Branco, ao norte da atual cidade de Boa Vista, Estado de Roraima.
índios Paraviana, por exemplo, foram encontrados com “armas, pólvora e balla”,
conforme o Ouvidor-mór da Capitania do Rio Negro Lourenço Pereira da Costa ao
Governador da Capitania em 1762), por mais de vinte anos nada foi concretizado
(Figura 18).
Uma ação efetiva só foi levada a efeito pela Coroa portuguesa, quando em 1775 um
desertor holandês atinge Barcelos, sede da Capitania do Rio Negro, com notícias de
um estabelecimento espanhol no Rio Branco. Esse estabelecimento remontava a
expedições efetuadas nos anos de 1771-1773, em busca da lendária Serra Dourada do
lago Parime, que expedições anteriores, portuguesas já haviam descartado. O dado
mais importante era o de que os espanhóis oficialmente enviados pelo governo da
Guiana espanhola, com o fim declarado de anexação da região, estavam aquartelados
no Rio Uraricoera, tendo já formado no curso do mesmo, dois aldeamentos indígenas, o
de Santa Rosa e o de São João Batista de Caya-Caya.
91
Frente à ameaça concreta de ocupação espanhola da região do alto Rio Branco, que
desarticulava toda a estratégia tático-defensiva portuguesa na bacia amazônica, uma
tropa de guerra é formada e enviada para combatê-los no mesmo ano, com ordens de
expulsá-los e de iniciar a construção de uma fortaleza, bem como de promover o
aldeamento de índios na região. O processo de expulsão das forças espanholas levou
algum tempo, consolidando a presença portuguesa na região. Entre os anos de 1775 e
1776 inicia-se finalmente a construção do Forte de São Joaquim dominando
estrategicamente, do ponto de formação do Rio Branco, o acesso ao Rio Tacutú ao Rio
Uraricoera, afastando definitivamente as ameaças de invasão espanhola ou holandesa
por aquela via.
De acordo com a divisão feita pelo IBGE, a Região Nordeste é formada pelos Estados
de: Alagoas (AL), Bahia (BA), Ceará (CE), Maranhão (MA), Paraíba (PB), Pernambuco
(PE), Piauí (PI), Rio Grande do Norte (RN) e Sergipe (SE). Serão abordadas, a seguir,
algumas características das principais fortificações, de cada estado, quando for o caso,
de acordo com a sua posição geográfica.
T - 07
Localizada junto à foz do Rio Manguaba, atual Porto Calvo foi a primeira obra de
fortificação construída no território do atual Estado de Alagoas.
Erguida antes de 1634 em faxina e terra, por ordem do Conde de Bagnuolo, no contexto da Guerra
Holandesa (1630-1654), é tomada por tropas holandesas (1634), que a reforçam e a ampliam.
Novamente ocupada por forças portuguesas e espanholas, em 1638 é retomada pelos holandeses
após um cerco de treze dias. Estes realizam nova ampliação e melhorias. Reconquistada por forças
portuguesas e espanholas em 1645 após 42 dias de cerco é ocupada e posteriormente destruída.
Nada mais resta da mesma atualmente, entretanto o local onde se ergueu ainda é
conhecido como Alto do Forte.
Erguido em época anterior a 1822, por Sebastião Francisco de Melo e Póvoas, primeiro governador
da Capitania de Alagoas, no local onde um contingente de tropa portuguesa e espanhola de 1.500
homens desembarcou na campanha de 1635, foi artilhado com 21 peças de diversos calibres,
sendo o seu nome uma homenagem ao Príncipe Regente, posteriormente Imperador D. Pedro I
(1822-1831). Encontrava-se em ruínas já em 1828. Em 1832 conservava apenas nove peças,
sendo desarmado em 1834. Rearmado em 1837 com quatro peças, conservava-as em 1841, já
quase completamente arruinado. Demolido em 1847, no local onde o antigo Forte se erguia, em
meados do século XX localizava-se a sede da Capitania dos Portos de Alagoas.
Espécie de castelo senhorial ainda ao estilo manuelino em uso por Portugal nas suas
possessões ultramarinas no início do século XVI, é erguido por Garcia D'Ávila a partir
de 1551 para sede dos seus domínios, cumprindo o Regimento passado pelo rei D.
João III (1521-1557). Dominado por uma torre que lhe deu o nome, vigiando o mar por
um lado e o sertão pelo outro, em 1587 contava com sólidas defesas, inclusive
baluartes, aos quais foram sendo acrescentadas muralhas de pedra e cal, visando a
resistir aos ataques de corsários que procediam razias4 no litoral.
4
Razias: Invasão predatória em território inimigo; saque, destruição, devastação, assolação.
95
No século XIX, quando da independência, serviu de base ao "Exército Libertador" (1823), tendo o
Império recompensado os seus morgados5 pelos importantes serviços prestados como: Joaquim
Pires de Carvalho e Albuquerque, agraciado com o título de Visconde de Pirajá; Francisco Elesbão
Pires de Carvalho e Albuquerque, agraciado com o título de Barão de Jaguaripe; e Antônio Joaquim
Pires de Carvalho e Albuquerque, agraciado com o título de Barão da Torre de Garcia D' Ávila.
Com os recursos reduzidos após a Guerra, e a extinção dos morgadios no Brasil a partir
de 1835, a “Casa da Torre” foi abandonada, transformando-se em ruínas.
O imóvel, em mãos da empresa privada, originou a Fundação Garcia D’Ávila, com vistas a proteger
a edificação tombada, restaurando-a e transformando-a em Centro Cultural e Museu Histórico.
5
Morgado: Filho primogênito ou herdeiro de possuidor de bens vinculados.
96
colonizadores, diminuíram a importância social e econômica do Morro de São Paulo, que distante
cerca de 64 Km ao Sul de Salvador, em posição privilegiada pelo regime dos ventos e correntes
marítimas, mantiveram-lhe o valor estratégico indiscutível no acesso a Salvador, enquanto
predominou a navegação à vela.
A Vila de Cairú e a povoação (velha) de Boipeba, representaram no século XVII, importante centro
produtor de farinha de mandioca consumida pela cidade de Salvador, a quem salvaram, em 1638,
durante o cerco do Conde Johan Maurits Van Nassau-Siegen6 (1604-1679), tendo chegado a
produzir 1200 alqueires/ano.
A guarnição das fortificações, que se dedicava a reprimir populações indígenas e auxiliar a carga de madeiras
nobres para o reino, montava de 100 a 200 homens, recrutados nas imediações de Cairú e Boipeva (velha),
povoações essas que, em troca do sustento das guarnições, estavam dispensadas do serviço militar.
Apesar de entre 1699 e 1704 existirem registros de trabalhos de reparos no Morro de São Paulo, a
fortificação atual ("forte novo") é obra do 4º. Vice-rei, Vasco Fernandes César Menezes - Conde de
Sabugosa -, Capitão de Mar e Terra do Estado do Brasil (1720-1735).
6
Conde Johan Maurits Van Nassau-Siegen : mais citado no compêndios como Maurício de Nassau.
97
Os soldados residiam em suas casas fora dos muros, uma vez que o Forte possuía
apenas dois quartéis, um para o capitão e outro para o capelão. Uma planta de João de
Abreu e Carvalho datada de 1759 aponta 51 peças de ferro e bronze, no Morro de São
Paulo.
O Príncipe Regente, em 1809, reduz a guarnição aos 30 soldados mais idosos para que
nela passem os últimos dias, sob o comando de um oficial subalterno, até que
finalmente, durante reparos efetuados em 1815, as melhores pedras de cantaria das
muralhas arruinadas, dispersas na Praia do Morro, foram aproveitadas para a
construção do edifício da Associação Comercial de Salvador.
O conjunto era integrado no total pela Bateria de Santo Antônio, o Forte de São Paulo
propriamente dito, o Forte do Zimbeiro no alto do morro em posição dominante, e a
meia encosta, o Forte de São Luiz.
Sua forma atual data provavelmente do início do século XVIII, erguido sobre uma
estrutura anterior, remontando à primeira metade do século XVII.
Não existe consenso dos estudiosos quanto aos seus construtores, dividindo-se as
opiniões que os atribuem aos holandeses ou aos portugueses e espanhóis.
Fortificação tipicamente de marinha, era flanqueada por água em três dos seus lados.
Desenhada na forma de um polígono hexagonal com um só ângulo reentrante à
barbeta8, foi levantada em alvenaria de pedra com guaritas em tijolos. Estava artilhado
com sete peças.
Em conjunto com o Fortim da Forca, na margem oposta do rio, com quem cruzava
fogos, tinha a função de impedir o acesso de invasores ao sertão do Iguape e seus
engenhos e às Vilas de Maragogipe e Cachoeira.
7
Hippye: Membro de um grupo não-conformista, caracterizado pelo rompimento com a sociedade
tradicional, especialmente no que respeita à aparência pessoal e aos hábitos de vida, e por um enfático
ideal de paz e amor universais.
8
Barbeta: Plataforma de terra, bastante elevada, para que os canhões, nela colocados, possam atirar por
cima do parapeito.
99
9
Terrapleno: Terreno resultante da terraplenagem; aterrado; terreno aplainado.
100
Localizado à margem direita do rio Paraguaçú, de cuja foz dista cerca de 16 Km. Existiu um
outro forte com o nome Forte do Paraguaçu (ou Forte do Alemão). Erguido com tijolos,
constituía-se numa bateria retangular, artilhada com sete peças. Era apoiado por um
entrincheiramento à sua frente, na margem esquerda do rio. Erguido por forças portuguesas e
espanholas à época da invasão holandesa de São Salvador (1624-1625), entrincheiramento
esse que se constituía num parapeito de terra artilhado também com sete peças.
Com a finalidade de defesa da enseada de Porto Seguro, essa posição era artilhada
com cinco peças de ferro de 5, sob o comando de um capitão. Em meados do século
XX, restavam apenas ruínas, com dois canhões, e um terceiro perto da praia.
de pedraria” Luiz Dias, chega com o Governador e com o Padre Manuel da Nóbrega em
1549, retornando a Portugal em 1553. Próxima a Vila Velha (Povoação do Pereira),
protegida pela montanha, cercada por pântanos, dominando a Baia de Todos os
Santos, a nova capital imediatamente começou a ser fortificada: protegendo o seu
ancoradouro foram levantados dois baluartes de madeira, um no local da atual Escola
de Aprendizes Marinheiros e outro na atual Praia da Preguiça. Posteriormente a nova
capital é cercada por uma muralha de taipa e barro, com dois baluartes voltados para o
mar e quatro para o interior, artilhados, o suficiente para resistir às armas indígenas.
Desse modo, já no século XVII era respeitada a linha de defesa integrada pelos Forte
de Santo Antônio da Barra, Forte de São Marcelo (ou do Mar), Forte de Santo Alberto,
Forte de Nossa Senhora de Mont Serrat, Forte de Itapagipe e pelas Baterias da Ribeira
das Naus.
Apesar de seu poder de fogo e resistência heróica, essa mesma linha cederá frente ao
ataque holandês de 1624, impotente para conter as 26 naus equipadas com 500
canhões e 1.500 homens em armas.
Essa mesma estrutura defensiva é que, no século XIX, tornará tão cruenta a Guerra de
Independência, uma vez que as tropas portuguesas de Madeira de Melo ali
entrincheiradas, somente puderam ser vencidas pelo Bloqueio Naval e terrestre que
lhes foi imposto pelas tropas brasileiras, numa autêntica campanha de sítio.
10
Palamenta: Instrumental necessário ao serviço de uma boca-de-fogo, isto é, a uma peça de
artilharia.
104
Sofreu reparos em 1883 e em 1915, bem como restauração no governo Góes Calmon. O sítio
histórico de Monte Serrat / Boa Viagem (Igreja e Forte) é tombado pelo Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional desde 1957. Administrado pelo Exército, e novamente restaurado, desde 1993
abriga o Museu da Armaria, aberto ao público dentro do projeto de revitalização das Fortalezas
Históricas de Salvador, da Secretaria de Cultura e Turismo em parceria com o Exército.
Sua construção remonta a 1638, quando o pernambucano Luiz Barbalho Bezerra, mandou
construir trincheiras no local com o objetivo de defender a cidade das investidas holandesas.
Contava à época da sua inauguração com seis peças de ferro de diferentes calibres.
Em 1883 seu número elevava-se a oito peças de 24. Ocupado pelos revoltosos durante
a Sabinada (1837), ao abandoná-lo os rebeldes levaram 12 de suas peças para
combater as tropas imperiais em outras partes de Salvador. Após o conflito, foi
desarmado. De propriedade da União, o imóvel foi tombado como Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional a partir de 1938 (Figura 21).
O Brasão Imperial, sobre a entrada, sobreviveu à República, sendo digno de nota, bem
como a fachada Sul da Casa de Comando, recoberta de telhas, tratamento
impermeabilizante da região soteropolitana11 comum à época colonial.
Sua edificação remonta a 1590, com a construção da antiga Torre de São Tiago, cujos
vestígios arqueológicos foram recentemente descobertos. Concluída em 1610, foi
ocupada pelos holandeses nas invasões de 1624 e de 1638. A planta dessa época,
figurada no Mapa da Baía de Todos os Santos de Albernaz (1631), exibe um polígono
quadrangular regular com 30 palmos de lado e dois baluartes circulares nos vértices
pelo lado de terra, artilhado com duas peças.
11
Soteroplolitana: helenização do nome da cidade de Salvador; salvadorenho.
107
Erguido numa colina, defendendo a entrada norte da cidade de Salvador, no lugar de outra, mais
antiga, de faxina, que remontava ao Governo Geral de Diogo Luís de Oliveira (1626-1635), e que
havia sido reformada em 1659 no de Francisco Barreto de Menezes (1657-1663).
Uma nova estrutura no local foi erguida durante o Governo Geral de Manuel Telles
Barreto (1583-1587). Provavelmente de faxina e terra, foi reconstruída a partir de 1596
durante o Governo Geral de D. Francisco de Souza (1591-1602) em pedra e cal, com o
formato de um polígono octogonal regular, artilhada com oito peças de bronze e
dezessete de ferro, de diferentes calibres.
Ocupado pelos holandeses na ofensiva de 1624 após uma resistência de três dias,
foi reconquistado por tropas portuguesas e espanholas no ano seguinte, que nele
concentram o foco do contra-ataque para a reconquista da cidade, até à chegada da
esquadra espanhola de D. Fradique de Toledo. Foi ao abrigo do fogo dos canhões
do Forte de Santo Antônio da Barra, que 4.000 homens desembarcam para a
108
Datado do início do século XVII, colaborava com o Forte de São Filipe na defesa da
Enseada de Itapagipe, onde se localizavam os estaleiros coloniais. Possuía planta no
formato de um polígono octogonal, artilhado com nove peças de diferentes calibres. Em
1841 conservava dois dos antigos canhões, tendo sido demolido em 1900.
Protegido pelo Morro de Santo Antônio, do lado direito da Praia do Porto da Barra, junto à
Santa Casa de Misericórdia, o Forte de São Diogo visava impedir, com o apoio do Forte de
Santa Maria, o desembarque inimigo naquele acesso ao Sul de Salvador, na Cidade Baixa.
Sofre alterações na estrutura e no traçado a partir de 1704, que lhe conferem a atual
estrutura orgânica: um meio reduto circular (o seu terrapleno acompanha a linha da
base do morro, cortado para a sua edificação), abrigando Quartéis para tropas e a Casa
do Comandante pelo lado do mar, sendo inaugurado em 1722, quando passa a abrigar
uma bateria de 7 peças de artilharia.
Também conhecido como Forte de Nossa Senhora Del Populo. Localizado sobre uma ilhota
rochosa a cerca de 300m da costa no porto de Salvador, fronteiro ao Centro Histórico.
12
Cantaria: esquadrejamento de pedra para construção, feito com arte, dividindo e cortando com rigor os
materiais de construção.
13
Arenito: rocha constituída predominantemente de grãos de areia consolidados por um cimento.
112
Sobre o portal de entrada, o escudo de armas do Império foi mutilado após a proclamação
da República, quando a coroa monárquica foi substituída por uma estrela de cinco pontas.
Durante anos, as baterias do Forte do Mar foram o relógio oficial de Salvador. Nas
primeiras horas da manhã e da noite, as suas salvas de canhão, ouvidas até 80 Km de
distância, anunciavam a hora de levantar e de trancar as portas das casas de família.
O Forte esteve envolvido na maioria dos conflitos em Salvador, e serviu como prisão
política a partir do século XIX, recolhendo o líder farroupilha Bento Gonçalves que após
ter sido vítima de uma tentativa de envenenamento, de lá escapou (1837); os
implicados na Federação dos Guanais (1832-1833); na Insurreição dos Malês (1835), e
o líder da Sabinada (1837), o médico Sabino Vieira (1838), entre os mais ilustres. Em
1863 contava com 30 peças. De 1912 a 1915 foi artilhado com canhões Krupp e
Withworth, guarnecido por um destacamento do 4º Batalhão de Posição.
Após a restauração (1978-1983) efetuada pelo IPHAN, abriga o Museu do Mar, voltado
para o modelismo naval e a arqueologia, com acervo do Serviço de Documentação
Geral da Marinha e o apoio do II Distrito Naval.
Remonta a uma Bateria erguida a partir de 1646 sobre uma gamboa ou vala, na base
de uma colina, próxima à praia. No primeiro quartel do século XVIII foi reconstruído
dentro do plano de defesa de Salvador, de autoria do francês Brigadeiro Engenheiro
João Massé, que estendia até o mar as obras suplementares do vizinho Forte de São
Pedro.
113
A nova estrutura, no formato de um polígono retangular irregular, em alvenaria de pedra e cal, foi
concluída em 1720, comunicando-se por uma cortina com o Forte de São Pedro. Em conjunto,
fechavam a defesa do setor Sul de Salvador: o Forte de São Pedro pelo lado de terra, e o Forte de
São Paulo da Gamboa, pelo lado de mar, armado com 19 peças de ferro de diferentes calibres.
Em 1875 foi classificada como fortificação de 2ª Classe. Sofreu reparos em 1886 e em 1906. Em
1915 contava 15 peças de alma lisa e um canhão Armstrong de calibre 150. De propriedade da
União, o Forte foi tombado como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a partir de 1938.
Encontrava-se invadido ilegalmente por famílias de baixa renda em maio de 1987, que ali residiam.
Foi erguido a partir das trincheiras das antigas portas de Vila Velha na Cidade Alta de
Salvador, em local escolhido pelos holandeses desde 1624 para uma fortificação.
Responsável pela defesa do acesso Sul por terra a Salvador, era apoiado pelo Forte de
São Paulo da Gamboa que visava restringir o acesso ao Porto da Barra.
Suas obras foram iniciadas a partir de 1627, no Governo de Diogo Luís de Oliveira (1626-
1635). De faxina e terra, artilhado com 35 peças, a partir de 1646, no Governo Geral de
Antônio Teles da Silva (1642-1647), foi refeito em alvenaria de pedra e cal, na forma de um
polígono quadrangular com baluartes pentagonais nos vértices em estilo Vauban, com sua
artilharia aumentada para 45 peças de ferro e bronze, de diferentes calibres.
Foi no Forte de São Pedro que os militares brasileiros se rebelaram pela primeira
vez contra o governo colonial português em 1822, iniciando a Guerra pela
114
Localizado no Porto da Ribeira de Salvador, foi erguido para defesa dos flancos do
Forte de São Marcelo. Contava com 31 peças de ferro de diferentes calibres, nada mais
restando do mesmo atualmente.
É anterior a 1777. Construído entre o Forte de Santo Alberto e o Forte de São Filipe de
Monte Serrat, em Salvador. Tinha a forma de um quadrilátero.
Foi construído no início do século XVII, próximo ao Forte de Santo Alberto ou Forte
Lagartixa. Em 1637 foi ocupado pelos holandeses e arrasado pelos mesmos.
116
Foi construído entre 1626 e 1635. Localizado próximo da entrada da barra de Salvador,
no sopé da colina de Santo Antônio, junto ao Forte Santa ária.
Localizado à margem esquerda da foz do rio Jaguaribe, entre os rios Paripuera e São
Lourenço, no local conhecido como Passagem das Pedras, no Siará Grande, no litoral
do atual Estado do Ceará.
Tendo sido o primeiro estabelecimento português na região, foi erguido a partir de 1603 pela
expedição do Capitão-mór Pêro Coelho de Souza de passagem para Ibiapaba, e teve
duração efêmera, constituindo-se provávelmente de um simples entrincheiramento de faxina.
Com planta de autoria do Tenente Coronel de Engenharia Antônio José da Silva Paulet,
que dirigiu a sua construção, apresentava forma de um quadrado com 90 metros de
lado, com baluartes nos vértices.
14
Patronato: Instituição de assistência onde se abrigam e educam menores; ou ainda, estabeleci- mento
oficial ou particular, que se destina a proporcionar aos liberados condicionais os meios necessários à
sua readaptação à vida social. Pensionato.
117
Sofreu obras de reparo em 1847, tendo sido classificada como fortificação de 2ª Classe
(1857), que conservou até 1880. Nesta época conservava 26 peças de alma lisa de
calibres diversos e 06 canhões de bronze calibre 12, sistema La Hite.
Foi desarmada em 1910, para ser guarnecida à época da 1ª Guerra pela 1ª Bateria
Independente do 3º Distrito de Artilharia da Costa (1917-1918). Atualmente está aberta
à visitação.
Também conhecido como Forte da Tartaruga. Localizado sobre uma colina à margem
esquerda da foz do atual Rio Pajeú, local denominado pelos indígenas de "Marujaitiba",
atual cidade de Fortaleza, no Estado do Ceará.
118
À sua sombra, ergue-se, no começo do século XVIII, a Vila de São José de Ribamar, a
primeira do Ceará, que se transformará na capital, Fortaleza.
Uma planta apresentada pelo Sargento-mor Engenheiro Diogo da Silveira Velloso para nova
edificação do Forte não é aprovada (1708), o mesmo ocorrendo anos mais tarde (1729)
quando uma comissão de Engenheiros, integrada pelo mesmo Diogo da Silveira Velloso se
manifesta contrária à edificação de uma obra de pedra e cal, optando por pequenos reparos
a serem feitos, substituindo a carnaubeira por outra madeira mais resistente.
Em 1799, artilhado com uma peça de bronze e sete de ferro, de diferentes calibres,
todas em mau estado, o Governador da Capitania do Ceará, Bernardo de Manoel de
119
Localizado à margem do Rio Jaguaribe, 14 léguas (cerca de 73 Km) acima de sua foz,
atual Estado do Ceará.
Erguido pelo Capitão Pedro Lelou, que por ordem do Governador de Pernambuco
Caetano de Mello Castro, parte do Forte de Nossa Senhora. da Assunção (1695) à
testa de um contingente de 50 homens para estabelecer um Presídio no curso do baixo
Rio Jaguaribe.
Esse estabelecimento, batizado com o nome de Forte Real de São Francisco Xavier da
Ribeira do Jaguaribe, deveria oferecer apoio para a pacificação dos indígenas, sendo
artilhado com duas peças e guarnecido com 20 homens sob o comando do Ajudante
João da Mota, efetivo aumentado para 50 homens em 1697.
Reconstruído, em 1700, por ordem do Tenente Coronel João de Barros Braga, foi
incendiado pelos indígenas revoltados em 1705.
Seus muros eram tão baixos, que do mar podiam se divisar os soldados ali postados.
Dessa estrutura e de outras que lhe foram complementares na defesa do porto, nada
mais resta atualmente.
121
Localizado junto à foz na margem direita do Rio Ceará, no litoral do atual Estado do
Ceará.
Caiçara simples, à moda indígena, possuía formato quadrangular e, em vértices opostos, dois
baluartes também quadrangulares, artilhado com duas peças de ferro. No seu interior abrigava
alojamento “capaz de 200 homens, soldados e moradores”. Ao final do ano encontrava-se
guarnecido com um capitão, um sargento e 16 homens armados de mosquetes.
Uma revolta dos indígenas (1644), conduz ao assalto da fortificação, e morte de seus
ocupantes, entre os quais Gedeon Morris, Governador holandês do Ceará.
Localizado junto à foz na margem direita do Rio Ceará, no litoral do atual Estado do
Ceará.
Anos mais tarde, em 1656, o Governador do Maranhão, André Vidal de Negreiros, manda
artilhar o Camocim com quatro peças de seis, guarnecendo-o com 25 homens e um
ajudante, com a mesma função do Fortim de Jericoaquara: apoiar e proteger as
comunicações por terra do Ceará com o Maranhão. Em 1687, nada mais restava da praça.
Localizado à margem direita da foz do Rio Munim, cerca de 70Km a Leste de São Luís,
atual Vila Icatú.
123
Também chamado de Forte da Ponta de João Dias. Localizado na Ponta de João Dias,
atual Ponta da Areia, a Sudoeste de onde se ergueria o Forte de São Marcos,
dominando o canal de acesso ao Porto de São Luís.
Erguido em 1614 pelos franceses, possuía planta de formato circular, e estava artilhado
com 22 peças de diversos calibres.
Ignora-se a data em que o Forte foi reconstruído em alvenaria de pedra e cal. Em 1824,
o Tenente de Artilharia Manuel Joaquim Gomes liderou revolta contra o governo
provincial do Presidente Bruce, formando uma "Junta Temporária", que se instalou na
fortificação. O motim foi imediatamente sufocado pelos fogos da Fortaleza de São Luís
e do Forte de São Marcos, que causaram o incêndio do Paiol afugentando os
revoltosos.
Desarmado à época da Regência, em 1870 encontrava-se cercado por uma muralha de pedra,
com terrapleno calçado de pedra e plataforma de lajes trazidas do reino como lastro de navios.
O Aviso Ministerial de 1871 dispensou o seu comando, ordenando que fosse vigiado
pelo funcionário encarregado do Laboratório Pirotécnico do Exército que ali funcionava.
Atualmente restam apenas vestígios de sua estrutura, que está tombada pelo
Patrimônio Histórico Nacional desde 1975.
124
au) Forte de São Francisco, Fortaleza dos Santos Cosme e Damião (MA)
Remonta a uma estrutura reformada em 1616 pelo Engenheiro Francisco de Frias da Mesquita.
Reconstruído em 1720. Em 1762 encontrava-se artilhado com 21 peças. Em 1880 ainda eram
visíveis os seus alicerces e parte das suas muralhas. Nada mais resta do mesmo atualmente.
Erguido pelos franceses em 1613, artilhado com duas peças, foi ocupado pela ofensiva
portuguesa e espanhola em 1615. Bento Maciel Parente, que o comandará, procedem-
lhe reparos sob orientação de Francisco de Frias da Mesquita, que integrava a
expedição. Nada mais resta da estrutura atualmente.
Localizado a Noroeste da Ilha de São Luiz, sobre uma colina, em posição dominante.
Erguida por colonos franceses, foi assim batizada em homenagem ao seu soberano,
Luís XIII. De faxina e terra, constituía-se de dois semí-círculos ligados por uma cortina,
estando artilhado com doze peças.
Novamente à beira da ruína, é reconstruída uma vez mais em 1829, sendo considerada
fortificação de 2ª Classe em 1850, quando se encontrava artilhada com 28 peças de
diferentes calibres. Desarmada em 1879, será reformada em 1889. Encontra-se
atualmente em ruínas.
Erguido a partir de 1694, em seu interior, a partir de 1831, passou a operar um farol,
ainda hoje em funcionamento. Reparado em 1874, em 1880 suas muralhas
encontravam-se completamente em ruínas, abrigando além do farol, quartel e telégrafo
para anunciar a entrada de navios na barra.
Pelos Avisos Ministeriais de março e julho de 1880, a estrutura passa para a administração do
Ministério da Agricultura, para servir de posto da Repartição dos Telégrafos Elétricos.
Erguido em 1763 por ordem do Governador Joaquim de Melo e Póvoas para defesa daquele
porto e cidade. Ao final do Século XVIII, em precárias condições de conservação é
reconstruído e rebatizado como Forte do Apóstolo São Matias, sendo artilhado com oito peças.
Desarmado em 1880, restam apenas os seus vestígios. A cidade de Alcântara
encontra-se tombada e preservada como Patrimônio Cultural da Humanidade pela
UNESCO15.
15
UNESCO; Organização das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura. Tem como meta elevar
os padrões educacionais do mundo. Seu objetivo principal é reduzir o analfabetismo.
126
Localizado na Ilha de São Luís, foi construído na mesma época da construção, pelos
franceses, do Forte de Itaporé – 1613 – por ordem de Alexandre de Moura, então
Governador Geral do Brasil. Seu primeiro comandante foi Bento Maciel Parente. Não
existe mais.
16
Atalaia: vigia, guarda, sentinela, ponto alto de onde se vigia, torre de vigia.
127
Localizada na Baía de Lucena, a Norte do Cabedelo, atual Estado da Paraíba. Erguida em 1583
pelo Almirante Diogo Flores Valdez, protegendo aquele ancoradouro. O Mapa das Fortificações
de 1847 assinala-a em precárias condições de conservação, artilhada com 1 peça.
Na forma de um polígono quadrangular regular de 33 metros de lado, com dois baluartes, foi artilhado
inicialmente com oito peças. O seu primeiro comandante foi o Capitão Francisco de Morales.
Ainda sob o comando do Capitão João de Matos Cardoso, em 1631, já com a invasão
holandesa em progresso, o forte tem suas defesas reforçadas, resistindo ao ataque de 1631 (16
navios, 1300 homens sob o comando do Coronel Hartmann Gottfried von Stein Callenfels). A
praça estava artilhada na ocasião com 18 peças de 10 libras. Após os ataques holandeses de
1634 (24 navios, 1200 homens sob o comando de Sigismund van Schkoop), sofre melhorias sob
a orientação do Engenheiro Diogo Paes, passando a ser artilhada 06 peças de bronze e 12 de
ferro. Nova frota holandesa sob o comando de Schkoop chega à Paraíba (1634), e no ataque ao
forte perece o Capitão Matos, substituído no comando pelo Capitão Jerônimo Pereira, que
perecendo também, é substituído por Gregório Souto Maior.
17
Taipa: parede feita de barro ou de cal e areia com pedaços de madeira compridos e estreitos; ripas de
madeira;
18
Taipa de pilão. Taipa de cascalho e saibro socados.
129
A 19 de dezembro de 1634, uma frota holandesa vinda de Recife bloqueia a barra do rio Paraíba,
alvejando o Forte de Santa Catarina, sitiado em seguida por tropas de terra. Ao mesmo tempo, em
23 de dezembro, é conquistado o Forte de Santo Antônio que o apoiava cruzando fogos da margem
oposta na foz do rio Paraíba. A praça resiste por quinze dias, mas sem munição e com a artilharia
destruída, a guarnição baixa as armas, rendendo-se com honras militares e entregando João
Pessoa aos holandeses. A luta custara aos defensores 82 mortos e 103 feridos.
Sua reconstrução é ordenada pelas Cartas Régias de 1689 e de 1697, reiterada por
ordens a esse respeito datadas de 28 de agosto de 1699. A planta inicialmente
desenhada pelo Sargento-mor Pedro Correia Rebello, será mais tarde revisada e
ampliada pelo Engenheiro Luiz Francisco Pimentel.
Possui formato de um polígono irregular, com dois bastiões e quatro pontas. Tem fosso com
entrada pelo mar, dotado de contra-muralha20 até a ponte. A entrada se faz através de
portada em arco pleno e colunas de pedra regular, encimada por brasão.Com as obras ainda
incompletas em 1702, a Carta Régia de 1709 ordena a construção de dois baluartes e de
duas cortinas, com cantaria vinda do reino como lastro de navios. Nesta ocasião a estrutura
conta com Casa do Governador, Casa do Comandante, Casa da Pólvora, Quartéis para a
tropa, Capela e cacimba de água, estando artilhada com 42 peças de ferro e bronze de
diversos calibres. No ano seguinte toma parte na Guerra dos Mascates.
Em 1718 ainda são expedidas ordens reiterando a conclusão das obras iniciadas.
Um relatório completo do Engenheiro José da Silva Paes (1722), relaciona as obras
19
Tenalha: pequena obra com duas faces e um ângulo reentrante para o lado do campo
20
Contra-muralha: muro pequeno, para defesa de outro.
130
Durante a Revolução Liberal de 1817, morto o seu comandante José de Mello Muniz,
que aderira aos revoltosos, é utilizada como presídio político, recebendo entre outros
José Peregrino Xavier de Carvalho. Toma parte na Revolução Republicana (1824). Em
1846, arruinadas as suas dependências conservava em suas muralhas 46 peças.
Recebe a visita do Imperador D. Pedro II (1841-1889), sob festas e regozijo popular
(1859).
Remonta a um simples Reduto, erguido em 1631 em frente ao Forte do Cabedelo, com quem
cruzava fogos. Comandado pelo Capitão Duarte Gomes da Silveira, em 1633 é transformado
em Forte pelo Engenheiro Diogo Paes, passando a contar com dois baluartes, com os quais
resiste aos ataques holandeses de dezembro desse ano. Ainda incompleto em fevereiro do ano
seguinte, sob ataques holandeses, recebe reforço na artilharia e melhorias na sua defesa,
guarnecido com 60 homens. Capitula sob maciço ataque holandês (1634) sendo ocupado e
mais tarde demolido, em 1637, por ordem do Conde Johan Maurits Van Nassau-Siegen.
Também conhecido como Bateria de São Bento. Localizado na Ilha da Gamboa, mais
tarde denominada Ilha da Conceição (atual Ilha da Restinga), na foz do rio Paraíba, na
costa do atual Estado da Paraíba.
Erguido em 1579 por João Tavares, em madeira e terra, foi atacado e destruída pelos
indígenas (1591). Posteriormente reconstruído e guarnecido, caiu em poder dos
holandeses (1634), que aprisionaram o seu comandante, Capitão Pedro Ferreira de
Barros e a guarnição de quarenta homens que o defendia.
bk) Fortim de Inhobim, Fortim do Rio Verde, Fortim do Rio Azul (PB)
Localizado à margem esquerda do Rio Paraíba, após a foz do Rio da Guia, na costa do atual
Estado da Paraíba. Erguido em 1634, foi desarmado pelos holandeses em dezembro desse ano.
Erguido em 1630 para proteção do Porto de Tamandaré, teve existência efêmera, nada
mais restando atualmente.
Foi denominado Fortaleza da Barra Grande. Ocupado por forças holandesas sob o
comando do Almirante Lichhardt, que o reforçam. É recuperado por tropas portuguesas
e espanholas em 1646.
Retomado em 1984, foi repassado ao Ministério da Cultura (1998). Hoje sob a guarda
da Universidade Federal de Pernambuco.
134
Atacado por uma tropa holandesa de 600 homens (1633), o Forte, sob o comando do
Capitão Pedro de Almeida Albuquerque com 20 homens, repeliu quatro assaltos,
sucumbindo quando dezoito dos seus defensores estavam mortos e seu capitão ferido.
Os atacantes computaram 80 baixas. Nada mais resta do mesmo atualmente.
Também chamado de Forte Van der Dussen. Localizado no Pontal de Nazaré, extremo Sul do
Cabo de Santo Agostinho (cerca de 28 Km de Recife). Erguido no contexto da Guerra Holandesa
(1630-1654) por forças portuguesas e espanholas sob as ordens do Conde de Bagnuolo, foi
artilhado com cinco peças de bronze e guarnecido por 14 homens (1630). Resistiu com sucesso
ao ataque holandês de 1634, tendo capitulado ante um segundo, após heróica resistência, em
1635. Ocupado pelas tropas holandesas, é batizado como Forte Van der Dussen. Quando
comandado por Hoochstraten, foi retomado por tropas portuguesas e espanholas (1645).
Também conhecido como Forte do Queijo. Localizado na atual Praia de São Francisco
em Olinda, sua primitiva fortificação remonta a um reduto de faxina erguido por Matias
de Albuquerque (1590-1647) em 1629. Ocupado no ano seguinte por forças
holandesas, é ampliado recebendo a forma de um polígono retangular, sendo artilhado
com duas peças de bronze.
Localizado na margem direita do rio Tapado, cerca de 5 Km a Norte de Olinda. Erguido em 1630 por
Matias de Albuquerque (1590-1647) com a finalidade de se opor à marcha dos holandeses
desembarcados na Praia do Pau Amarelo. Sem tempo hábil para o desenvolvimento dos trabalhos,
o Forte não passou de um entrincheiramento, sendo evacuado ante a superioridade dos invasores.
Aparentemente existiu no local onde se ergue o Mosteiro de São Bento (que remonta a
1582). Teria sido tomado por forças portuguesas e espanholas em 1645.
bz) Casa Forte de Dona Ana Paes, Engenho de Dona Ana Paes (PE)
Localizado na planície de Boa Vista, no continente, em frente a Maurits Stadt (a cidade Maurícia,
atual Recife). Este engenho de açúcar, fortificado em 1630 pelos seus moradores, foi ocupado pelo
remanescente das forças holandesas derrotadas no Monte das Tabocas (1645). No que ficaria
conhecido como Batalha da Casa-forte, foi retomado por forças portuguesas e espanholas (1645),
que derrotaram as forças holandesas, aí sendo aprisionado o General Huss.
ca) Forte de Santo Antônio Novo, Fortim Alternar, Casa da Asseca (PE)
Localizado sobre uma ilha que existia no Rio Capibaribe, próximo à sua confluência com o rio
Biberibe, frente ao Forte de São Jorge (Velho) no istmo que liga Olinda a Recife. Erguido em 1629
por forças portuguesas e espanholas, recebeu o formato de um polígono quadrangular regular,
com baluartes nos vértices. Foi tomado pelos holandeses após a retirada de Diogo Esteves
137
Pinheiro que o comandava (20 de abril de 1648), voltando posteriormente à posse de forças
portuguesas e espanholas (19 de dezembro de 1653). Tanto a fortificação, quanto a Ilha na
qual se situava, desapareceram em virtude de um aterro que a ligou ao continente.
cb) Forte de São Francisco da Barra, “Arx Maritima”, Castelo do Mar (PE)
Ocupado pelos holandeses (1630), figura no mapa da Ilha de Antônio Vaz (Recife) de
Franz Post (1612-1680) como “Arx Maritima” (1637). Recebe obras de recuperação em
1638 a cargo dos Engenheiros holandeses Vasser e Castell, para ser reconquistado por
tropas portuguesas e espanholas em 1654.
cc) Forte de São João Batista do Brum, “Ars Brunonis”, Forte Bruyne (PE)
21
Arrecifes: rochedo ou série de rochedos situados próximos à costa ou a ela diretamente ligados,
submersos ou a pequena altura do nível do mar.
138
Com o nome de Forte Diogo Paes, sua construção iniciou-se a partir de 1629 a cargo do
Sargento-mor Engenheiro Pedro Correia da Gama, na expectativa de uma possível invasão
holandesa, que se concretiza no início do ano seguinte. Ainda em obras, é o primeiro forte tomado
pelos holandeses, que a partir dele, em quinze dias conquistam a cidade de Recife.
cd) Forte de São Jorge Novo, “S. Georgÿ Arx”, Forte Sanct Jori (PE)
Velho. Atacado pelas tropas holandesas, resiste por dez dias, caindo ante a
superioridade do inimigo em 1635, com suas muralhas arrasadas pelo fogo inimigo.
Comandava o Forte o Capitão Antônio de Lima, que capitula com honras militares.
Ocupado, é batizado pelos holandeses de Forte Sanct Joris, figurando no mapa da Ilha
de Antônio Vaz (Recife) de Franz Post (1612-1680) como “S. Georgÿ Arx” (1637).
Abandonado, em seu local foi erguida a Igreja de Nossa Senhora do Pilar.
Erguido em 1590 pelos portugueses no istmo que liga Olinda a Recife, artilhado com
oito peças de ferro. Em ruínas às vésperas da invasão holandesa, foi demolido por
ordem de Matias de Albuquerque (1590-1647) e seu material e armamento
aproveitados para a construção do Forte de São Jorge Novo (1629). No mesmo local os
holandeses ergueram, a partir de 1630 o Forte de Santo Antônio do Buraco.
Erguido no Istmo que liga Olinda a Recife, no local conhecido à época como Gargantão,
próximo ao Forte de São João Batista do Brum sobre o Arco do Bom Jesus, acesso
para quem demandava Recife vindo de Olinda. Era artilhado com 12 peças de bronze,
e sua guarnição composta por um Sargento e seis praças.
ch) Fortaleza de Nossa Senhora dos Remédios, Forte dos Remédios (PE)
Principal estrutura de defesa da Baía de Santo Antônio, mais importante ancoradouro da Ilha
de Fernando de Noronha, em posição dominante, numa elevação a 45 metros acima do
nível do mar. Erguida a partir de 1737 sobre as ruínas da antiga posição holandesa de 1630,
recebeu a forma de um polígono estrelado com 12 ângulos (dois agudos e 10 obtusos), sob
a direção do Engenheiro Militar Diogo da Silveira e do Tenente Coronel João Lobo de
Lacerda. Foi guarnecida por um Capitão e 32 praças. Recebeu seis peças de artilharia. Sua
140
defesa era complementada pelo Reduto de São José do Morro com quem cruzava
fogos.
Tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1961, vem sofrendo
intervenções de restauro, entre as quais uma nova iluminação patrocinada pela
iniciativa privada.
cm) Reduto de São João, Fortim de São João, Reduto Dois Irmãos (PE)
uma colina, a partir de 1757. Com a forma de um polígono trapezoidal com três
baterias, foi guarnecido com um 1º Sargento e 13 praças, e artilhado com seis peças de
ferro. Cruzava fogos com o Reduto de São Pedro do Boldró, na defesa da Praia de
Quixaba.
co) Reduto de São José do Morro, Fortim de São José do Morro (PE)
cq) Reduto do Bom Jesus, Fortim do Bom Jesus, Reduto do Leão (PE)
Integrava a defesa do setor Sul da Ilha de Fernando de Noronha. Artilhado com oito
peças em forma de um quadrado. Foi reparado em 1846. Atualmente está em ruínas.
cs) Forte dos Reis Magos, Fortaleza da Barra do Rio Grande (RN)
Localizada no lado direito da barra do rio Potengi, sobre o costão de pedra dos recifes
encobertos na preamar, atual cidade de Natal, no Estado do Rio Grande do Norte.
A paliçada inicial de estacada e taipa em formato circular, é levantada junto à praia pela
expedição do Capitão-mór da Capitania de Pernambuco Manoel Mascarenhas Homem, nos
primeiros dias de 1598, protegendo o seu acampamento, enquanto se procede à escolha do
local definitivo para a fortificação ordenada pela Coroa: um recife, à entrada da barra, ilhado na
maré alta e que permitia a comunicação com terra firme na vazante. Sua planta, de autoria do
jesuíta Gonçalves de Samperes, arquiteto e engenheiro militar na Espanha e no Brasil,
apresentava a forma clássica do forte marítimo: um polígono estrelado, com o ângulo reentrante
voltado para o Norte, construído em “taypa, estacada e areia solta entulhada” (Figura 26).
O seu primeiro comandante foi João Rodrigues Colaço, e a obra estava em condições de
defesa já no início de 1602, quando foi guarnecida com duzentos homens e artilhada. A
partir de 1614 foi reconstruído em pedra e cal, adquirindo a planta definitiva com a autoria
do Engenheiro-mór e dirigente das obras de fortificação do Brasil Francisco de Frias da
Mesquita (1603-1634). Este reforça-lhe as muralhas, com contrapiso e contrafortes de
reforço pelo lado do mar, bem como as obras internas de habitação, que foram concluídas
em 1628. As grossas muralhas eram formadas por paredes duplas preenchidas com areia,
reforçando a resistência e neutralizando os impactos dos tiros de artilharia. As pedras
utilizadas eram extraídas dos recifes próximos, ligadas com a argamassa de cal, areia e
óleo de baleia. As lajes da cortina eram presas umas às outras por peças de bronze,
furtadas ao longo dos anos no Séc. XX, pelos moradores da vizinhança e vendidas no
ferro-velho do bairro das Rocas em Natal. No terrapleno da fortaleza erguem-se ao abrigo
das muralhas internamente, a Casa de Comando com três pavimentos, a capela, e ao
centro, a Casa de Pólvora, de formato quadrado, apresentando vãos em arco pleno,
escada em dois lances para o compartimento superior, com porta de acesso de verga reta
e cobertura em cúpula piramidal. Nos cantos e na ponta da cúpula há cunhais22, cornija23 e
pináculo24. O acesso ao Forte é feito por uma passarela ou ponte, da praia ao passadiço e,
a partir daí, através da arcada25 à direita, saindo para um corredor. Outra escada dá
acesso ao terrapleno e portão para praça. Nessa altura, a praça foi artilhada com 9 peças
de ferro e guarnecida com 40 homens.
Após uma tentativa frustrada em 1631, em 1633 inicia-se a invasão holandesa: vindos
de Recife com 15 navios, uma tropa de 800 soldados desembarca na Ponta Negra sob
o comando do Tenente-coronel Byma, cercando o forte, numa operação combinada
terrestre e naval. Guarnecido por 85 homens, e artilhado por nove peças de bronze e
22 de ferro, após uma semana de assédio, ferido o comandante da praça, à revelia
deste é negociada a rendição por alguns ocupantes, entre os quais Domingos
Fernandes Calabar (1600-1635).
22
Cunhal: ângulo saliente formado por duas paredes convergentes; esquina;
23
Cornija: ornato que assenta sobre o friso de uma obra. Molduras sobrepostas que formam saliências
na parte superior da parede, porta;
24
Pináculo: o ponto mais alto de um edifício;
25
Arcada: abertura, em parede ou muralha, com forma de arco.
144
Localizado na altura do Cabo de São Roque, no atual Estado do Rio Grande do Norte,
nada mais resta dessa estrutura. Sua construção antecede a 1777.
Localizado na Praia da Ponta Negra, cerca de 10Km a Oeste da Fortaleza da Barra do Rio
Grande, em Natal, Estado do Rio Grande do Norte. Erguido em 1808, no local onde tropas
holandesas haviam desembarcado quando da conquista de Natal (1633). Desarmado durante
o período Regencial, provavelmente em 1831, nada mais resta da estrutura atualmente.
Tendo resistido com sucesso, suas defesas foram reparadas e sua guarnição reforçada,
sendo novamente assaltado no final do mesmo mês, e uma vez mais repelindo os
atacantes. O forte foi finalmente tomado em uma operação naval e terrestre combinada,
sob o comando do capitão polonês Crestofle d'Artischau Arciszewski, na noite de 22
para 23 de outubro de 1634, sendo arrasado.
Localizado numa pequena ilha na barra do rio Açu, atual Rio Piranhas, próximo à cidade de
Macau, no Estado do Rio Grande do Norte. Existem controvérsias quando à sua real existência.
Localizada junto à foz do Rio Carnaúbinha, atual cidade de Touros, Estado do Rio Grande do Norte.
Erguido no início do século XIX para defesa do ancoradouro e povoação na Baía de Touros, pelo
Tenente-coronel José Francisco de Paula Cavalcante, nada mais resta da estrutura atualmente.
Erguido em 1590 por Cristóvão de Barros, sob a invocação de São Cristóvão, para
defesa da povoação de mesmo nome, que funda simultâneamente. Simples paliçada
em faxina e terra, é artilhado na ocasião com seis peças de pequeno calibre.
Foi construído, em 1712, por Antônio da Cunha Souto Maior. Nada mais resta hoje.
Apesar de resistir com sucesso ao ataque holandês de 1633 (do qual Calabar participou), cai em 6
de junho de 1635, após um cerco de três meses, ao mesmo tempo em que o Forte de Nazaré,
últimos focos da resistência portuguesa e espanhola em Pernambuco. Todas as estruturas (fossos
e muralhas) foram arrasadas após a rendição, não tendo sido reedificadas. No mesmo local teria
existido o Forte do Quebra-Pratos, de duração efêmera.
Erguido a partir de 1645 sob as ordens de João Fernandes Vieira, numa colina cerca de
8 Km a Oeste de Recife e Olinda. Inaugurado em 1646, estava artilhado com oito peças
vindas de Porto Calvo e de Penedo. Desse Arraial foi coordenado o assédio à atual
cidade do Recife. Foi desativado com o fim da Campanha (1654).
26
Apiloada: terra batida com pilão.
147
No local onde se ergueu este Fortim, foi erigida uma coluna comemorativa em 1872,
restaurada em 1917 por iniciativa do General Joaquim Inácio Batista Cardoso.
Restavam à época vestígios das suas muralhas.
De acordo com a divisão feita pelo IBGE, a Região Centro-Oeste é formada pelos
Estados de Goiás (GO), Mato Grosso (MT) e Mato Grosso do Sul (MS), além do Distrito
Federal (DF) (Mapa 11).
MS
Por ser uma região mediterrânea, não há, obviamente, fortificações costeiras a citar.
Também chamado de Forte de Nossa Senhora do Carmo de Nova Coimbra, Forte Novo
de Coimbra, Forte Porto Carrero. Localizado na margem esquerda do rio Paraguai, em
posição dominante sobre o Estreito de São Francisco Xavier, cerca de 100Km ao Sul
da atual cidade de Corumbá, no Estado de Mato Grosso do Sul.
As estruturas que integram o conjunto da atual fortificação remontam ao Presídio (ou Estacada) de Nova
Coimbra. O 4º Governador e Capitão-general da Capitania de Mato Grosso, Luiz de Albuquerque de
Melo Pereira e Cáceres, visando dar suporte à ocupação portuguesa da região ante a crescente
presença espanhola, bem como controlar as razias dos índios Paiguá que interrompiam as
comunicações fluviais com os distritos auríferos, ordena uma fortificação no curso do médio rio Paraguai.
Para esse fim, o capitão Mathias Ribeiro da Costa parte de Cuiabá (1775), à testa de uma expedição de
245 homens, distribuídos em 15 canoas, divididas em três grupamentos, guiada por um índio velho.
Apesar de instruções para se dirigir a um local conhecido como Fecho dos Morros, a 20 dias de canoa
de Cuiabá, próximo à atual cidade de Porto Murtinho, 292 Km ao Sul da atual posição do forte, Ribeiro da
149
Costa erige, no estreito de São Francisco Xavier, à margem esquerda do rio Paraguai, o
Presídio de Nova Coimbra, a partir de 13 de setembro de 1775, incorreção que lhe
custaria o posto, e sobre a qual nasceriam algumas lendas locais: uma delas reza que
São Tomé passou por Fecho-dos-Morros em direção ao Peru, tendo por isso o local
sido considerado como solo consagrado, e lhe vedada qualquer intenção bélica; outra
conta que o Capitão foi inspirado pela santa padroeira do forte, Nossa Senhora do
Carmo, que lhe iluminou o local do Forte.
Após 1791, iniciam-se obras para reconstrução do Forte em pedra e cal (o Forte Novo
de Coimbra). Em 1795 assume o comando o Capitão Francisco Rodrigues do Prado,
substituído pelo Tenente Coronel Ricardo Franco de Almeida Serra, engenheiro e
geógrafo, que prossegue as obras de reconstrução (1797), comandando o forte por dez
anos.
Uma planta, da autoria deste último, mostra a primitiva estacada ao lado da qual é
erguida a nova estrutura, com traçado de um polígono estrelado irregular, adaptado ao
terreno.
27
Seteirado: que tem seteiras, ou aberturas a elas semelhantes.
150
Obras de reforma e de ampliação são executadas entre 1855 e 1856. Seis décadas
após o primeiro ataque de tropas paraguaias, a fortaleza entrou novamente em
combate: cinco batalhões de infantaria, dois regimentos de cavalaria a pé, num total de
3.200 homens, doze canhões raiados, uma bateria de foguetes, protegidos por dez
embarcações de guerra sob o comando do Coronel paraguaio Vicente Barrios, intimam
o forte a se render (1864).
Artilhada com onze peças de bronze de alma lisa em bateria, e mais vinte sem reparos,
guarnecido por 125 oficiais e soldados de artilharia a pé, reforçados por cerca de 30
guardas nacionais, alguns guardas de alfândega, meia dúzia de prisioneiros e duas
dezenas de índios mansos. Durante dois dias, os combates foram intensos.
Erguido por ordem do Governador de São Paulo, Brigadeiro D. Luiz Antônio de Souza Botelho
e Mourão (Morgado de Mateus), de 1765 a 1770, pelo Capitão João Martins de Barros.
Erguido a partir de 1778 para defesa daquele porto fluvial, por ordem do Governador e
Capitão-general da Capitania de Mato Grosso, Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e
Cáceres, compunha-se de três baterias.
153
De acordo com a divisão feita pelo IBGE, a Região Sudeste é formada pelos Estados
do Espírito Santo (ES), Minas Gerais (MG) Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP).
T - 09
Descoberta em 1501 por João da Nova, quando a caminho da Índia, a sua posse para a
Coroa portuguesa seria confirmada em 1503 por Afonso de Albuquerque, que fazia a
mesma rota.
A partir de 1700 a Ilha foi ocupada por E. Hellay em nome da Coroa britânica, artilhada
com 20 peças, tendo ali aportado o Capitão James Cook. Um mapa português da Ilha,
sem maiores especificações além da data de 1782, atualmente na mapoteca do
Itamaraty no Rio de Janeiro, aponta duas fortificações: a Fortaleza do Alto e a Fortaleza
da Praia, em extremidades opostas, associando a última a um regimento português. A
partir de 1783, uma expedição colonizadora portuguesa comandada por Mello Brayner,
ocupa a Ilha e reafirma a sua posse como pertencente à Coroa portuguesa. Na época,
as lavouras de colonos açoreanos são mal recebidas pelo solo da Ilha, iniciando um
sério problema de erosão. Com a retirada dos seus ocupantes em 1797 rumo a Santa
Catarina, a Ilha volta a ficar abandonada.
Após a Independência, em 1825 a Corveta Itaparica é enviada para a Ilha com a missão
de ocupá-la em nome do novo Império do Brasil. Outras Corvetas serão remetidas em
1846, 1871 e em 1873, confirmando a soberania brasileira sobre a mesma.
Localizado em Vila Velha na base do Morro da Penha, para defesa da barra da Baía de
Vila Velha. Erguido a partir de 1702 por ordem do Governador Geral D. Rodrigo da
Costa (1702-1705), foi artilhado com dez peças.
Em 1767 passou por reformas que lhe conferiram forma circular, aumentando-lhe a
artilharia para quinze peças. Em 1857 recebeu a classificação de 3ª Classe, tendo
passado posteriormente para a responsabilidade do Ministério da Marinha, servindo de
Armazém. Desarmada, no século XX abrigou a Escola de Aprendizes Marinheiros do
Estado do Espírito Santo (Figura 28).
Localizado em Vila Velha entre o Cais Grande e a Praia do Peixe. Erguida a partir de
1730, no formato de um polígono estrelado, estava artilhada com quatro peças e quatro
morteiros (ou trabucos). Encontrava-se em ruínas em 1841, nada mais restando da
mesma atualmente.
Localizado na Ilha de Vitória numa ponta próxima ao atual Clube Náutico Social e
Desportivo Saldanha da Gama na cidade de Vitória.
Erguido a partir de 1726 por ordem do Vice-rei Vasco César Fernandes de Menezes,
Conde de Sabugosa (1720-1735), possuía o formato de polígono heptagonal irregular,
sendo artilhado com 11 peças.
Localizado na Ilha de Vitória, nos limites urbanos da Vila de Nossa Senhora da Vitória.
Erguido a partir de 1726 por ordem do Vice-rei Vasco César Fernandes de Menezes,
sofreu reparos em 1764. Abandonado, nada mais restava do mesmo em 1865.
Atualmente nada mais resta da mesma, a não ser a paisagem descortinada do Adro28
da Igreja.
Mandado erguer pelo Vice-rei D. José Luís de Castro (1790-1801) entre 1793 e 1795, em
terras que haviam pertencido aos Jesuítas, (antiga Fazenda das Palmeiras, mais tarde
Colégio dos Padres), é um dos últimos pequenos fortes que foram erguidos no final do
século XVIII no seu governo, para completar a defesa da cidade do Rio de Janeiro por terra.
28
Adro: terreno em frente e/ou em volta da igreja, plano ou escalonado, aberto ou murado; períbolo, átrio.
158
Essa primitiva fortificação, erguida por ordem do Capitão-mor da Capitania de Cabo Frio,
Constantino de Menelau, a partir de 1613 na Enseada das Conchas (frente à Ilha de Santana),
foi restaurada e artilhada por ordem do Governador do Rio de Janeiro Francisco de Castro
Morais (1699-1702) com cinco peças de diferentes calibres. Sofreu reparos sob o governo do
Vice-rei D. Antônio Álvares da Cunha (1763-1767), passando a contar com sete peças de calibre
16. Desarmada durante o Segundo Império por determinação ministerial (1859).
Um novo forte será erigido, ao final do século XIX, pela nascente República. No ano de
1900, as obras do novo forte, de formato octogonal, ainda não estavam concluídas,
sendo inauguradas apenas em 15 de abril de 1910. No ano seguinte seria denominado
Forte Marechal Hermes. Foi considerado fora de serviço em 1954.
artilhado com sete peças, sendo a mais importante das fortificações que protegiam o
acesso por terra a Santa Cruz, onde por vezes residia o novo Imperador. Desarmado a
partir de 1831, em 1852 passa a abrigar o Laboratório Pirotécnico do Exército.
Esta fortificação existiu entre 1605 e 1632, com a função de defesa do porto do Rio de
Janeiro setecentista. Ante a ruína do forte, a sua guarnição solicita ao Governador
Martim de Sá a construção de uma ermida que servisse de cemitério aos militares.
Ergueu-se desse modo a Capela da Vera Cruz, a cargo da Irmandade da Santa Cruz,
criada em 1623. Ampliada com o risco do Brigadeiro Jose Custódio de Sá e Faria, foi a
sede do Bispado do Rio de 1734 a 1737. A atual Igreja de Santa Cruz dos Militares
guarda como troféus três bandeiras de batalhas tomadas ao inimigo, na Batalha de
Avaí, durante a Guerra do Paraguai.
A presença francesa em Cabo Frio na barra do Canal Itajurú, acesso à Lagoa de Araruama,
intensifica-se a partir de 1540 pela facilidade de extração de pau-brasil então abundante na
região. Em 1548 registravam-se oito viagens de embarcações francesas no ano, carregando
pau-brasil naquele ancoradouro, capaz de abrigar cinco navios de 200 tonéis. Em 1556.
Em 1841, conservava quatro canhões, sendo instalados mais quatro em uma Bateria na
Praia dos Anjos (Luneta do Sururu) em Arraial do Cabo, como defesa complementar. O
Imperador D. Pedro II (1841-1889), ao visitar a Cidade de Cabo Frio em 1847,
inspeciona o Forte de São Matheus, "onde foi recebido com uma salva imperial de
artilharia" e recepcionado pelo Tenente Francisco José da Silva.
A partir de 1703, foram erguidos sete fortes para a proteção do porto e da Vila de
Paraty, onde se concentravam importantes engenhos de açúcar e início do caminho
antigo das Minas Gerais, contra o ataque de corsários. Dessas estruturas restam
apenas o atual Forte e o Quartel da Patitiba, atual Secretaria de Cultura e Turismo.
162
Dos demais, arruinados pelo tempo, restam apenas vestígios na Ilha do Mantimento, na
Ponta Grossa, em Iticupê e na Ilha das Bexigas.
A estrutura do atual Forte remonta à sua reconstrução em 1822, quando recebeu o nome de Defensor
Perpétuo, em homenagem ao então Imperador D. Pedro I (1822-1831). Por não possuir muralhas
defendendo o seu perímetro, tecnicamente é considerado apenas uma bateria. Foi artilhado nessa
época com seis peças de diversos calibres. A estrutura é integrada ainda por uma Casa da Pólvora,
Alojamento de Soldados e Cadeia. Foi desarmado e desguarnecido entre 1828 e 1831.
Tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1957, foi desapropriado
por Utilidade Pública pelo Decreto Presidencial nº 68.481 (6 de abril de 1971) assinado
pelo então Presidente da República, Emílio G. Médici, passando a pertencer à União.
Restaurado, é administrado pela Prefeitura Municipal de Paraty, que abriga o Museu de
Artes e Tradições Populares, conservando alguns canhões.
Com a construção do Forte de Santa Cruz (Forte da Cruz), que existiu no Rio de
Janeiro entre 1605 e 1632, a Fortaleza passa a ser denominada de Fortaleza de Santa
Cruz da Barra. As suas defesas são reforçadas no final do século XVII.
Conta com 135 peças em 1730 e mais 24 na Bateria da Praia de Fora (ou da Praia
da Vargem), que batiam a costa atlântica e se lhe subordinavam. Por ordem do Vice-
163
rei Antônio Álvares da Cunha (1763-1767) - o seu poder de fogo é ampliado, visando
proteger o embarque do ouro e diamantes de Minas Gerais no porto do Rio de Janeiro.
Novos acréscimos são introduzidos em 1793, conforme planta no Arquivo do Exército.
Passa a ser guarnecida pelo 1º Grupo de Artilharia de Posição (1910), sucedido pelo 1º
Grupo de Artilharia da Costa (1917).
164
O Reduto original em faxina e taipa (uma dupla estacada de madeira preenchida com terra
socada) foi erguido defendendo o lado de terra contra os assaltos indígenas, sob a
invocação de São Martinho (1565). Essa defesa foi reforçada no governo de Salvador
Correia de Sá com a adição da Bateria ou Reduto de São Teodósio (1572), sobre a Ponta de
mesmo nome, batendo a entrada da Baía da Guanabara, cruzando fogos com as primitivas
baterias que darão origem ao Forte da Laje e a Fortaleza de Santa Cruz. No segundo
governo de Salvador Correia de Sá foi levantado o Reduto de São José (1578). Com a
conclusão do Reduto de São Diogo (1618), o conjunto entra em serviço oficialmente, com o
nome Fortaleza de São João da Barra do Rio de Janeiro, cruzando fogos com a Fortaleza de
Santa Cruz da Barra e com o Forte da Laje. Contava com 30 peças de artilharia de diversos
calibres, que conservava a época do Governador do Rio de Janeiro Duarte Correia Vasques.
Suas defesas são reforçadas pelo Governador Sebastião de Castro Caldas, que
reaparelhou as fortificações do Rio de Janeiro por temer represálias das suas
instruções às autoridades da Ilha Grande, Ilha de São Sebastião e Vila dos Santos,
negando acolhida a navios franceses na costa ao Sul do Rio de Janeiro. Desse
165
modo, repele com sucesso, com o apoio da Fortaleza de Santa Cruz da Barra, a
esquadra do corsário francês Jean-François Duclerc (1710). Desguarnecida após esse
sucesso, por ordem do Governador Francisco Castro Morais (1710-1711), pouco pode
fazer ante a invasão do corsário francês René Duguay-Trouin (1711). Uma planta da
Fortaleza de São João e das baterias que defendem a barra, datada de 1794, no
Arquivo do Exército, mostra a Fortaleza de São João, a Bateria de São Tadeu e a de
São José, além de assinalar os vestígios de uma tenalha construída em 1777, que
fechava a chamada Praia Brava de São João.
A Figura 31, a seguir, mostra Fortaleza de São João, Rio de Janeiro (RJ), ao fundo com
o Forte de São José à direita, e a Fortaleza de Santa Cruz no lado oposto; tudo visto do
Forte São Luís, em Niterói.
Ali foi iniciada a instalação da Escola Militar, com o nome de Escola de Aplicação do
Exército (1855), até ser decidida a edificação na Praia Vermelha de um prédio
específico para este fim (1857).
É guarnecida a partir de 1920 por vários Grupos de Artilharia até janeiro de 1991,
quando é extinto o 2º Grupo de Artilharia da Costa e criado o Centro de Capacitação
Física do Exército.
Também chamado de Bateria da Praia de Fora, Forte do Rio Branco, Forte do Pico.
29
Questão Christie: navios ingleses bombardeiam o Rio de Janeiro em represália à detenção de dois
marinheiros britânicos.
167
Sob o governo do Vice-rei D. Luís de Almeida Portugal (1769-1779), essa posição será
transformada em bateria quando da construção do Forte de São Luis, a quem se
subordinará.
O conjunto tem acesso pelo Forte Barão do Rio Branco, sucessor da primitiva Bateria
da Praia de Fora (ou da Praia da Vargem), que em 1711 contava com seis peças,
elevadas para vinte e quatro em 1730 (Figura 32).
O Forte de São Luís, remonta a uma fortificação iniciada em 1769-1770, por ordem do
Vice-rei D. Luís de Almeida Portugal (1769-1779). Concluída em 1775, visava defender
o acesso ao Morro do Pico, e o seu comando teve curta existência.
168
Com a Questão Christie (1862-1865), tem a sua estrutura remodelada a partir de 1863,
com a construção de novos quartéis, e Casa de Comando.
Em 1938 o conjunto recebe a designação atual de Forte Barão do Rio Branco Desse
conjunto tem-se uma vista extraordinária do Rio de Janeiro, Niterói, e da Baía de
Guanabara, destacando-se as muralhas, merlões e guaritas bem como o portão de
entrada, remontando ao século XVII, o portão de acesso à Praia de Fora bem como as
ruínas da Casa de Comando e dos Quartéis remontando ao século XIX, consolidadas
por trabalho de limpeza e restauração, e coroando o conjunto a estrutura do Forte de
São Luís, com seus obuseiros, do início do século XX, em harmoniosa convivência.
Ilha rochosa à entrada da barra da Baía da Guanabara, fortificada por Nicholas Durand
de Villegaignon que ali faz instalar uma pequena bateria denominada “Ratier” (1555),
artilhada com duas peças. A posição logo seria abandonada, devido às tempestades e
às marés que varrendo a ilha, constantemente colocavam em perigo sua guarnição e
armamento.
Obras complementares são efetuadas em 1906, 1907 e 1909. Pelo Decreto Lei nº
34.152 de 1953 o Forte da Laje passa a denominar-se Forte Tamandaré, como
homenagem do Exército à Marinha de Guerra. Esteve em serviço até 1997,
subordinado à Fortaleza de São João, quando foi desativado.
169
Erguida na Praia Vermelha anteriormente a 1710, quando repele em agosto uma coluna
de assalto do corsário francês Jean-François Duclerc provinda da Estrada do Desterro
(Santa Teresa), constituía-se num baluarte de pedra voltado para o mar com dois meio
bastiões levantado entre os morros da Babilônia e da Urca. Um muro simples fechava o
seu contorno pelo interior, onde se abrigava quartel para praças e residências para
oficiais. Estava artilhada em 1711 com 12 peças.
Atualmente a sua área é ocupada pela Escola de Comando e Estado Maior do Exército,
pela Escola Técnica do Exército, o Monumento aos Heróis da Retirada da Laguna,
tendo o Exército aberto ao público, na década de 80, a pista Cláudio Coutinho. Da
antiga fortaleza atualmente restam apenas os bastiões com as guaritas vigiando o mar.
Construído em forma de casamata, com 12m de espessura em suas paredes externas, o Forte
contava com três canhões alemães Krupp, de 305, 190 e 75 mm alojados em cúpulas
encouraçadas e móveis, e uma bateria de projetores. Dotado de usina elétrica própria, depósitos de
víveres e munição, refeitório, cozinha, alojamentos e enfermaria, serviu como unidade de Artilharia e
foi palco de acontecimentos importantes de nossa história, como o levante dos "Dezoito do Forte"
(1922), tendo os revoltosos ali isolados sofrido o bombardeio da Fortaleza de Santa Cruz.
Localizado numa ponta de terra dominando a Praia das Flechas em Niterói, no Estado
do Rio de Janeiro.
Artilhada com 10 peças de ferro e bronze de diferentes calibres e recebe seu batismo
de fogo ante a invasão do Rio de Janeiro pelo corsário francês René Duguay-Trouin
(1711). Capitula após esgotada a munição. Sofre reparos e melhorias durante o
governo do Vice-rei D. Luís de Almeida Portugal (1769-1779).
Remonta a uma Bateria instalada a partir de 1696, pelo Governador do Rio de Janeiro
Sebastião de Castro Caldas (1695-1697). Essa Bateria, em posição dominante sobre um
rochedo, cruzava fogos com a Bateria da Boa Viagem e com a Bateria da Ilha de Villegaignon.
Devido à grave crise econômica atravessada pela primeira regência de Diogo Antônio
Feijó, o Decreto de 1831 manda desarmá-la. Reartilhado mais tarde, conservava oito
peças em Relatório de 1838, com uma guarnição de 70 homens.
Localizado no alto do Morro do Vigia, atual Morro do Leme, no Rio de Janeiro, aproximadamente
a 100m do nível do mar, o atual Forte Duque de Caxias foi erguido no local do antigo Forte do
Vigia (ou do Espia), do qual conservou o portal de cantaria, no Mirante da Bandeira.
As obras do atual forte, conforme projeto de Augusto Tasso Fragoso de 1913, foram
concluídas em 1919. Ao contrário do Forte de Copacabana, o então Forte do Leme
não recebeu canhões, e sim obuses (canhões de trajetória curva), cujos tiros
30
Merlão: Intervalo dentado nas ameias de uma fortaleza.
173
Em 1922, o Forte do Leme foi atingido por dois tiros de canhão de 305mm, disparados
pelo Forte de Copacabana, quando este último se revoltou. Um dos tiros atingiu o
refeitório dos oficiais, matando quatro praças e ferindo outros quatro. Dois anos mais
tarde, o Forte do Leme dispara contra o Cruzador São Paulo, que, amotinado, tentava
atingir mar alto pela barra da Baia da Guanabara.
Em 1930, participará da interceptação do navio alemão "Baden", que abandona o porto do Rio
de Janeiro sem permissão. Pelo Decreto 305 de 22 de agosto de 1935 recebe de Getúlio
Vargas o nome de Forte Duque de Caxias. Desativado em 1965, abriga hoje o Centro de
Estudos de Pessoal do Exército, tendo seus obuseiros recebido tubos de redução de 105mm.
Erguida no alto do Morro da Conceição, no local onde o corsário francês René Duguay-
Trouin postara uma Bateria (1711). Suas obras iniciam-se no mesmo ano, sendo
complementadas em 1733.
Ao tempo das Regências é desarmada (1831). Em 1838 está artilhada com 14 peças e
guarnecida por um contingente de 196 praças. Em 1885 abriga oficinas da Fábrica de
Armas, subordinadas ao Arsenal de Guerra. À época da República Velha serviu de prisão.
ab) Fortaleza de São José da Ilha das Cobras, Forte Margarida (RJ)
Fortaleza de São José, orago31 da capela ali existente. Na Ilha das Cobras foram
recolhidos os inconfidentes (1789).
A fortaleza foi remodelada com a Questão Christie (1862-1865), estando artilhada com
34 canhões (1880), e subordinando-se ao Ministério da Guerra (1894-1895). Durante a
Questão Eclesiástica, os bispos D. Macedo Costa e D. Vital de Oliveira aí foram
detidos, apenas libertados quando o Duque de Caxias exigiu o perdão imperial dos
mesmos como condição para aceitar o Cargo de Presidente do Conselho de Ministros.
31
Orago: o santo da invocação que dá o nome a uma capela ou templo.
176
de São Tiago, depois Calabouço. Nessa cortina é que serão abertas as Portas da
Cidade, na altura da Rua da Misericórdia.
Esta fortificação na forma de um polígono retangular com dois baluartes nos vértices
protegendo o portão de acesso, um pequeno revelim externo defronte desse portão e outro, de
maiores proporções cobrindo a vertente da Praia do Cotovelo (final da Rua da Misericórdia),
desaparece com o desmonte do Morro do Castelo (1920-1922), obra promovida pelo Prefeito
Carlos Sampaio para dar lugar aos pavilhões da Exposição Internacional, que comemorou no
Rio de Janeiro, o Centenário da Proclamação da Independência.
Em 1885 estava artilhado com sete peças, sendo abandonado posteriormente. À época
do desmonte do Morro do Castelo para as comemorações do Centenário (1922), o
conjunto ao qual o Forte pertencia dá lugar ao Palácio das Grandes Indústrias na
Exposição Internacional, sendo os últimos remanescentes de suas muralhas demolidos
em 1939. Um pequeno trecho dessa muralha foi conservado na restauração do edifício
da Casa do Trem, atual Museu Histórico Nacional.
Em 1711, os monges beneditinos construíram um forte no Morro de São Bento, cujo comandante,
na época, foi Gaspar de Ataíde. Esse forte foi bombardeado pelos franceses de Duguay-Trouin a
partir de sua posição na Ilha das Cobras, projetís que os frades ainda em 1958, conservavam.
Localizava-se onde se encontra hoje, a Igreja de Santa cruz dos Militares, na Rua 1º de Março. No
governo de Martin Correia de Sá, em 1632 foi considerado obsoleto e nada mais resta atualmente.
Foram construídas duas baterias em 1818, junto à foz do rio Itaguaí. Artilhadas na
época com quatro peças. Hoje nada mais resta.
Construído em 1820, próximo à Parati, na Ilha das Bexigas. Foi ampliado em 1822 e
desarmado durante o Governo da Regência. Hoje nada mais resta.
178
Construído na Ilha de Parati, em 1820. Foi melhorado em 1822 e armado com duas
peças. Durante o Governo Regencial foi desarmado. Atualmente nada mais resta.
32
Morgado de Mateus: segundo Santos (1998), na implementação desse plano de restauração da antiga
Capitania de São Paulo, Morgado de Mateus valeu-se da rede de estradas bandeiristas e articulou
sobre elas e com as bacias hidrográficas, fundações de freguesias e elevações a vilas das seguintes
localidades e cidades atuais: Campinas (SP), Piracicaba (SP), Atibaia, Botucatu (SP), Guararema (SP),
São José dos Campos (SP), Caraguatatuba (SP), Paraibuna (SP), São Luís do Paraitinga (SP),
Sabaúna (SP), Guaratuba (SP), Araripa (SP) (Cananéia), Apiaí (SP), Itapeva (SP), Itapetininga (SP),
Lages (SC), Lapa (PR), Castro (PR) e Iguatemi (MS).
Morgado de Mateus montou e instalou 19 localidades e cidades a partir do desenho estratégico onde
cada uma delas era uma peça geopoliticamente articulada com as demais.
Um exemplo dessa articulação foi a cidade de Campinas, pela importância nacional que essa cidade
adquiriu, constituindo-se como exemplo da política pombalina, através da ação de Morgado de Mateus,
particularmente na grandeza de sua obra de planejamento de ocupação rural e urbana.
Um fato interessante, dentro desse plano de restauração da antiga Capitania de São Paulo, está
relacionado entre a fundação da cidade de Campinas e o sítio militar histórico da Fortaleza do Iguatemi
(MS). É que as duas vilas tinham a mesma dimensão: duas quadras de 60 ou 80 varas cada uma (vara
= antiga unidade de medida de comprimento, equivalente a cinco palmos, ou seja, 1,10 m), e as ruas
60 palmos de largura.
Esse fato denota no século XVIII, a influência do urbanismo iluminista francês, não só em Portugal, à
época da reconstrução de Lisboa por Pombal, mas, também, no Brasil, através da administração
planejada de Morgado de Mateus.
Do ponto de vista brasileiro, foi essencial a ação de Morgado de Mateus, incidindo exatamente sobre a
Região Centro-Sul do Brasil, mote do desenvolvimento da nação brasileira.
179
Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande. Sua construção foi dirigida pelo Capitão
Fernando Leite, Comandante daquela fortaleza (1766-1768).
A Bateria da Praia do Góes constitui-se de uma cortina de três faces com dois ângulos, parapeitos
e guaritas, originalmente artilhada com 18 peças de ferro e bronze de diversos calibres.
Localizado na Ilha de São Sebastião, no litoral Norte do Estado de São Paulo. Erguido
em 1820, pelo Governador Militar de São Paulo, Major Maximiliano Augusto Penido, foi
artilhado com duas peças de diferentes calibres, cruzando fogos com a Bateria de Vila
Bela. Nada mais resta dessa estrutura atualmente.
Localizado ao Norte da Ilha de São Sebastião, no litoral Norte do Estado de São Paulo. Erguido
em 1820 pelo Governador Militar de São Paulo, o Major Maximiliano Augusto Penido foi artilhado
com três peças de diferentes calibres. Nada mais resta dessa estrutura atualmente.
Localizado numa ilhota no Canal da Ilha de São Sebastião, no litoral Norte do Estado
de São Paulo. Erguido em 1820 pelo Governador Militar de São Paulo, Major
Maximiliano Augusto Penido foi artilhado com nove peças de diferentes calibres,
cruzando fogos com a Bateria de Santa Cruz. Nada mais resta dessa estrutura
atualmente.
180
Localizado ao Norte da Ilha de São Sebastião, no litoral Norte do Estado de São Paulo.
Erguido em 1820 pelo Governador Militar de São Paulo, Major Maximiliano Augusto
Penido, foi artilhado com quatro peças de diferentes calibres. Nada mais resta dessa
estrutura atualmente.
Erguida a partir de 1584, após o ataque do corsário inglês Edward Fenton (1583). Rechaçado
por Andrés Higino, sob o comando do Almirante espanhol Diogo Flores Valdez, sua planta
original é atribuída ao italiano Giovanni Batista Antonelli, integrante da armada de Valdez.
Cruzando fogos com o Forte da Estacada, para complemento desse sistema defensivo,
manda edificar a Bateria da Praia do Góis, que serve como posto avançado à Fortaleza
de Santo Amaro.
Ao longo da sua história, suas instalações foram utilizadas como presídio político.
Durante a Revolta da Armada (1893), a Fortaleza disparou contra o Cruzador
República. Em 1889, passou à jurisdição do Ministério da Marinha, tendo sido
desarmada em 1905.
181
Foi desativada em 1911 e parte do seu armamento foi transferido para o Forte de Itaipu
em Praia Grande. Convertida em sede do Círculo Militar de Santos (1960), o imóvel de
propriedade da União foi tombado em 1967, passando aos cuidados do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Figura 33).
O Forte foi edificado sobre a única rocha do lado esquerdo do estuário, dentro de
extensas áreas de várzeas, que hoje é o Distrito de Vicente de Carvalho (Figura 34).
O Forte foi levantado em cima das rochas, com blocos grandes de pedras unidas por
óleo de baleia, com o intuito de defender a margem oriental do estuário; de sua muralha
avista-se toda a Vila de Santos, protegendo-a dos invasores.
Também conhecido como Forte da Estacada por se tratar de uma estacada de madeira
e terra apiloada.
Foi levantado a partir de 1734 por João de Castro Oliveira, cruzando fogos com a Fortaleza
de Santo Amaro da Barra Grande e mais tarde com a Bateria da Praia do Góis.
Em 1770, bastante deteriorado pelo tempo e pelo mar, foi reformado ganhando
estrutura de forma tenalhada com dois flancos em ângulo definido reentrante para o
183
lado de terra, numa extensão de cerca de 40 metros. Estava artilhado à época com
nove canhões.
Localizado junto à Vila dos Santos, atual cidade de Santos na Ilha de São Vicente, no
litoral do Estado de São Paulo.
Também conhecido com Forte de Nossa Senhora do Monte Serrat, foi erguido em 1543
por Brás Cubas para defesa ante as incursões dos índios Tamoios.
Por ordem do Governador de São Paulo, Brigadeiro D. Luís Antônio de Souza Botelho e
Mourão, Morgado de Mateus é reconstruído e ampliado a partir de 1770, com cinco peças
de ferro e quatro de bronze de diversos calibres, em baterias casamatas.Suas ruínas são
demolidas para dar lugar às obras de melhoramento do Porto de Santos, em 1905.
Remonta a 1552, no local onde existia uma paliçada para defesa dos ataques
indígenas. Erguida ou restaurada pelo fidalgo português Jorge Ferreira, que
acompanhou Estácio de Sá na campanha do Rio de Janeiro (1565-1567), participando
da fundação da cidade (1567), e mais tarde de combates aos franceses no litoral de
Cabo Frio, onde se radicou com a família e escravos.
184
aw) Forte de São João da Bertioga, Forte de São Tiago da Bertioga (SP)
Remonta a uma paliçada que Martim Afonso de Souza manda erigir sob a invocação
de São Tiago (1532). Essa fortificação sustenta e repele um ataque dos índios
Tamoios apoiado por 70 canoas e mais de um milhar de flecheiros (1547), ante os
185
quais veio a cair em 1554, sendo incendiada e aprisionado o alemão Hans Staden, que
aí servia como artilheiro.
Cativo de Cunhambebe por sete meses, Staden convence os Tamoio de que é francês,
e escapa de ser devorado. Retornando a seu país (1555), publica dois anos mais tarde
a "Descrição Verdadeira de um País de Selvagens Nus, Ferozes e Canibais, Situado no
Novo Mundo América", que se torna um sucesso literário da época.
Seu desenho era no formato de um polígono retangular com guaritas nos vértices, e a
partir de 1765, cruzando fogos com o Forte de São Felipe da Bertioga recebe a atual
denominação: São João da Bertioga.
Em 1847 o seu armamento estava reduzido a seis peças, tendo sido posteriormente
desarmada. Em 1908 o conjunto passou para o Ministério da Industria e Comércio,
tendo sido restaurado como Monumento Histórico (1920), e tombado como Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional em 1940 (Figura 36).
Figura 36 - Forte de São João da Bertioga, Forte de São Tiago da Bertioga (SP)
Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 107).
186
De acordo com a divisão feita pelo IBGE, a Região Sul é formada pelos Estados do
Paraná (PR), Rio Grande do Sul (RS) e Santa Catarina (SC) (Mapa 13).
Ilh a d e
S ta. C a ta rin a
T - 10
Originalmente artilhada com duas peças de calibre 24, duas de 18 e duas de 12, é
mandada desarmar em 1800. Durante o primeiro Império (1822-1831), é rearmada com
doze peças de 18 e devidamente guarnecida em 1825.
Para piorar, na década de 80 do Século XX, foi palco de uma “caça ao tesouro”,
alimentada pela descoberta de um cofre contendo papéis velhos e moedas de pouco
valor, nas suas dependências.
Localizado às margens do rio Negro, próximo à foz do rio Piraizinho, atual município de
Bagé. No contexto da invasão espanhola de 1763-1776, o Governador da Província de
Buenos Aires, D. Juan José de Vertiz y Salcedo, lidera uma coluna espanhola em 1773
com destino à Coxilha Grande.
No início de 1774, atingem Santa Tecla, posto avançado da estância de São Miguel das
Missões. Nesse local, estratégico para o controle do trânsito das tropas que cruzavam a
região, é ordenado ao Engenheiro Bernardo Lecocq a construção de uma fortificação.
Em que pese esse forte ter sido construído pelos espanhóis, julga-se a pertinência de
sua inclusão no acervo desta dissertação, pois o mesmo foi palco de lutas históricas na
chamada “fronteira do vai-e-vem”, e hoje suas marcas encontram-se em território
brasileiro.
Atualmente restam vestígios das antigas fundações em pedra. Está tombado pelo
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1970, em terreno pertencente à
Prefeitura do Município de Bagé.
191
Sólidas plataformas construídas internamente ao longo das muralhas serviam tanto para
plano de manobras dos canhões como para proteção a um amplo pátio interno. Para o
deslocamento das peças de artilharia, os diversos planos eram ligados por rampas.
Até hoje, ainda não foi descoberto onde estava localizado o poço de água indispensável ao
abastecimento no caso de a fortaleza estar sitiada. Tudo indica que o projeto da fortificação e o
início de sua construção sejam espanhóis. Com a tomada posterior do mesmo por tropas
portuguesas, o encarregado de sua conclusão foi o Cabo-de-esquadra João Gomes de Melo.
33
Lanceolado: cujo feitio é semelhante ao da lança.
192
Localizado à margem esquerda do rio Jacuí, na altura da atual Santo Amaro. Erguida a
partir de 1735 pelo Governador Brigadeiro José da Silva Paes, cobria a linha de limites
Taquari – rio Pardo, visando dar suporte à ocupação do sul do Continente,
principalmente às povoações do Rio Grande de São Pedro, no atual Estado do Rio
Grande do Sul e da Colônia do Sacramento, hoje em território do Uruguai. Nada mais
resta do mesmo atualmente.
Também denominado Forte de São José da Barra do Rio Grande de São Pedro.
Apresentava uma planta de um polígono quadrangular irregular, destruído pelos espanhóis
quando os mesmos foram expulsos da Província do Rio Grande em 1776, Até agora não
foi possível fazer a constatação documental do arquiteto responsável pela obra primitiva,
porém as evidências apontam para o Brigadeiro José da Silva Paes, em 1736.
Localizado próximo à Vila de São José do Norte, na barra do Rio Grande, na entrada da
Lagoa dos Patos.
Erguido a sudoeste do Reduto de São Caetano, cruzava fogos com o Forte de São
Gonçalo. Juntos, tinham como objetivo dar suporte à ocupação do sul do Continente.
193
De menores proporções que o Forte de Santa Teresa, o de São Miguel também recebeu
um acabamento mais acurado devido à existência no local de pedras de granito.
Dadas as suas reduzidas dimensões, não foi possível construir rampas que unissem os planos
superiores, de manobra dos canhões, e o do pátio interno. Em conseqüência, os canhões
devem ter sido transportados por força humana sobre as escadarias para as suas operações.
Pelo Tratado de 1852, que estabeleceu a demarcação pela embocadura do Arroio Chuí,
essa fortificação permaneceu em território Uruguaio.
Remonta a 1763, quando após a tomada de Rio Grande pelos espanhóis, é projetado
pelo Governador Brigadeiro José Custódio de Sá e Faria para defesa da povoação de
Taquari e daquele ponto de travessia ("passo") do rio Tebiquari.
Localizado na margem direita da barra da Lagoa dos Patos, atual cidade de Rio
Grande.
195
Este forte, erguido pelo Brigadeiro José da Silva Paes em 1737, em área fortificada
provisoriamente pelo Coronel de Ordenanças Cristóvão Pereira de Abreu, que o
aguardava em terra, destinava-se a servir de alojamento à tropa de 1ª Linha da
expedição.
Constituiu o núcleo da Colônia do Rio Grande de São Pedro (Colônia de São Pedro),
consoante as ordens recebidas do Governador do Rio de Janeiro e Minas Gerais
Gomes Freire de Andrade.
A escolha de seu local permitia apoiar as comunicações por terra entre Laguna e a
Colônia do Sacramento, bem como oferecia ancoradouro seguro às comunicações
marítimas naquele trecho da costa, particularmente hostil à navegação.
n) Forte Jesus, Maria e José do Rio Pardo, Forte do Rio Pardo (RS)
Localizado à margem esquerda do Rio Jacuí, na altura da foz do rio Pardo, no local
conhecido como Alto da Fortaleza, na atual cidade de Rio Pardo, limite da região das
Missões jesuíticas.
Núcleo da Vila de São José do Rio Pardo, este forte foi construído durante a
demarcação de 1752.
Localizado ao Norte da barra da Lagoa dos Patos, na então Vila de São José do Norte,
defendendo aquele canal. Erguido a partir de 1764 por ordem do Governador Brigadeiro
José Custódio de Sá e Faria, foi levantado em faxina de taipa, e artilhado com nove
peças de ferro. Foi comandado pelo Sargento-mor Pinto Bandeira.
197
Erguida por Francisco José da Rocha (ou da Rosa) em 1765, por ordem do Governador
Coronel Francisco Antônio Cardoso de Menezes e Souza em complemento à defesa do
flanco leste da Fortaleza de São José da Ponta Grossa. Artilhada à época com seis
peças, nada mais resta da mesma atualmente.
da Serra. Artilhada à época com seis peças, foi demolida por volta de 1923 ante as
obras da Ponte Hercílio Luz, que lhe exigiram o local estratégico.
Iniciada em meados 1742 e terminada, segundo se crê, cerca de dois anos mais tarde,
foi dedicada à Conceição da Virgem, e artilhada com dez peças de ferro e bronze,
portuguesas e holandesas, de diversos calibres. Nela se destaca a bateria circular de
canhões, coroando o conjunto.
Novo levantamento é feito em 1786 pelo Alferes José Correia Rangel, quando recebe
reforço na artilharia. É mencionada por Saint-Hillaire, no curso de sua viagem à
Província de Santa Catarina (1820) (Figura 41).
Ainda sob jurisdição do Ministério da Defesa (Marinha), desde 1975 está integrada ao
Parque da Serra do Tabuleiro criado por Decreto Estadual. Tombado em 1980, o
200
conjunto das edificações e seu entorno sofreu trabalhos de consolidação das ruínas,
existindo atualmente estudos visando a restauração.
De formato poligonal, sua construção teve início em 1739, empregando a mão de obra
de 150 escravos e de duzentos soldados. Concluída em 1744, foi artilhada com 57
canhões.
Um novo levantamento da praça é efetuado em 1786 pelo Alferes José Correia Rangel,
que registra as modificações ocorridas no seu desenho, nos legando importante
material iconográfico.
Em 1893, durante a Revolução Federalista (1892-1895), foram ali sido fuzilados 185
presos políticos contrários ao Marechal Floriano Peixoto, sob as ordens do Presidente da
Província Coronel Moreira César, entre os quais os nomes ilustres do Marechal de Campo
Manoel de Almeida Gama Lobo D'Eça, Barão de Batovi, que fora Presidente da Província
de Mato Grosso e herói da Guerra do Paraguai, e o Capitão-de-Mar-e-Guerra Frederico
Guilherme de Lorena, que chefiara o Governo Provisório instalado em Santa Catarina.
Tombada pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (atual IPHAN) desde
1938, somente na década de 70 a Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim sofreu as
primeiras intervenções do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Por ele a UFSC assumiu a guarda e tutela da Ilha de Anhatomirim e sua Fortaleza,
acelerando os trabalhos de restauração das ruínas históricas, e desenvolvendo
estudos de infra-estrutura e logística para a Ilha. Previa-se ainda a implantação de
203
A ilha de Raton Grande - maior das duas ilhas denominadas "Ratones" pelo explorador
espanhol D. Álvar Núñes Cabeza de Vaca (1541) - localiza-se no canal norte da Ilha de
Santa Catarina, entre a Ponta da Gamboa e a do Sambaqui. Dentre as fortalezas
projetadas e erguidas pelo Brigadeiro José da Silva Paes, a de Santo Antônio é a que
menos sofreu modificações posteriores, embora seja também a de mais escassa
documentação.
Sua construção teve início em 1740, tendo sido concluída cerca de quatro anos após.
Guarnecida por soldados do Regimento de Infantaria de Linha da Ilha de Santa
Catarina, como as irmãs, também foi abandonada sem luta quando da invasão
espanhola de 1777, embora se afirme que ela disparou chegou a disparar quatro tiros
de canhão contra a esquadra inimiga.
Foi inspecionada pelo Tenente-Coronel José Custódio de Sá Faria (1760), que dela fez um
levantamento completo, tendo sofrido reparos posteriores e reforço na artilharia, contando
com 12 peças de ferro e duas de bronze de diversos calibres. Em 1786 encontrava-se
praticamente em ruínas, tendo o Governador de Santa Catarina, João Alberto de Miranda
Ribeiro proposto em 1793 a sua reconstrução à Coroa, o que não ocorreu.
A Fortaleza de São José está localizada no alto do Morro da Ponta Grossa, entre as atuais
praias do Forte e de Jurerê, cerca de 25 km de Florianópolis, e defronte da Fortaleza de
Santa Cruz de Anhatomirim, dominando o canal Norte da Ilha de Santa Catarina.
Em 1987, ao ser cadastrada como sítio arqueológico protegido por lei federal, foram
realizados os primeiros trabalhos de prospecção arqueológica por técnicos do
IPHAN/Fundação Pró-Memória, e que tiveram seqüência em 1990 com a equipe do
Museu Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina.
Erguida sobre uma formação rochosa, a pouca distância da Praia do Canto com a qual
se comunicava por uma ponte de pedra sobre arcadas, visava à proteção da Vila de
Nossa Senhora do Desterro pelo lado da Baía Sul da Ilha de Santa Catarina.
Desconhece-se o ano de sua construção, bem como o autor do seu projeto, embora
alguns o atribuam ao Tenente-Coronel José Custódio de Sá e Faria, que em seu
levantamento de 1760 apontara as deficiências da defesa do acesso Norte da Vila,
preconizado as estruturas defensivas correspondentes (Forte de Sant'Ana, Bateria de
São Francisco Xavier e Bateria de São Luís). Nesse sentido, a construção de Santa
Bárbara pode ser contemporânea do Forte de Sant'Ana, na segunda metade do século
XVIII. O certo é que a estrutura já existia em 1786, e integra o levantamento feito na
ocasião pelo Alferes José Correia Rangel para a Coroa portuguesa.
Para esse fim, o local foi descaracterizado com a demolição do Quartel da Tropa e o
acréscimo de um pavimento em parte da edificação restante. Em 1893, durante a
Revolução Federalista, é utilizada como sede do Governo do Estado.
Tombada pelo IPHAN desde 1984, e abrigando a Agência da Capitania dos Portos de
Santa Catarina em Florianópolis, a Prefeitura e o Instituto Brasileiro de Pesquisas e
Ciências (IBPC), estudaram projetos objetivando a recuperação, restauro e revitalização
da Fortaleza para atividades culturais (teatro, museu, escola de arte, área de
exposições, com restaurante, bar, parque infantil).
Esse oficial foi enviado em 1760 a Santa Catarina pelo Governador do Rio de Janeiro,
Gomes Freire de Andrade, por ordens do Marquês de Pombal para fazer o
levantamento das fortificações da região, dentro do clima de tensão que se agravara
entre Portugal e a Espanha após a assinatura do Tratado de Madri (1750).
Concluiu, após examinar as defesas erguidas pelo Brigadeiro José da Silva Pais, que
se as Fortalezas da barra Norte da Ilha fossem ultrapassadas ou contornadas, a Vila de
Nossa Senhora do Desterro ficaria sem defesa ante o invasor.
209
Propôs desse modo à ereção de dois fortins ou baterias na Praia de Fora, ao Norte da
Vila, e hoje inexistentes - São Francisco Xavier e São Luís -, e de um Forte na ponta da
Ilha mais próxima ao Continente - Sant'Ana do Estreito.
Essa posição, que no século XVIII lhe permitia controlar o acesso das embarcações
que demandavam a Vila de Nossa Senhora do Desterro, passagem entre as baías do
Norte e do Sul da Ilha, foi projetada para cruzar fogos com o Forte ou Bateria de São
João, que lhe seria fronteiro, na margem oposta, no Continente.
Seu primeiro comandante conhecido foi o Alferes baiano Rodrigo José Brandão.
Artilhado originalmente com nove peças, conservava dez de diferentes calibres, quando
de levantamento feito em 1786 pelo Alferes José Correia Rangel, seis de ferro e quatro
de bronze, em estado de conservação precário.
Em 1880, estando o forte abandonado, foi ali sediada a Polícia Marítima. Em 1895,
suas muralhas receberam armamento eventual, para em caso de necessidade fazer
frente à Esquadra Revolucionária.
Sob a atual Ponte Hercílio Luz, que desde a década de 20 liga a Ilha ao Continente, o
Forte de Sant'Ana de propriedade da União e sob administração do governo estadual, é
restaurado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional na década de 70, quando
passa a abrigar o Museu de Armas Major Lara Ribas, da Polícia Militar do Estado de
Santa Catarina (Figura 45).
210
Foi construído de pau a pique e terra por volta de 1700. À época era armado com duas
peças. Não há vestígios atualmente. Em seu local foi construído o Forte Marechal Luz,
que está desativado e com algumas instalações desmoronadas.
34
Restauração portuguesa: Portugal reassumiu o controle do seu território, após 60 anos de unificação
com a Espanha. A restauração iniciou em 1640, quando ascendeu ao trono luso o primeiro monarca da
Casa de Bragança, com o nome de D. João IV.
211
Uma linha de fortificações mais tardia, durante o reinado de D. José I, foi construída no
interior do Brasil; esse conjunto de fortificações serviu para solidificar as fronteiras do
território a Oeste e garantir a soberania contra os espanhóis a partir dos seus territórios
limítrofes. A bacia do rio Amazonas foi igualmente fortificada com um número
considerável de construções militares (Mapa 14).
T - 04
5.1 INTRODUÇÃO
Mas, não se pode esquecer, que é muito difícil para qualquer manifestação cultural sobreviver
estimulada apenas por esta relação, nem sempre harmônica, entre turismo e cultura.
A classe social alta, tradicional, quase sempre, tem seu prestígio herdado, e para isso
costuma recuperar as provas materiais de sua origem, como árvore genealógica,
nacionalidade, posses materiais, origem étnica.
têm uma visão global do problema constituído pela defesa da memória e de seus bens
representativos.
Em 1990, por meio da Lei nº 8.028, de 12 de abril daquele ano, o Ministério da Cultura
foi transformado em Secretaria da Cultura diretamente vinculada à Presidência da
República. Essa situação foi revertida pouco mais de dois anos depois, pela Lei nº
8.490, de 19 de novembro de 1992.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) foi criado pelo Decreto-
Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937 e é o órgão responsável pela identificação,
documentação, fiscalização, preservação e promoção do patrimônio cultural brasileiro.
1
Mecenato: condição, título ou papel de pessoa patrocinadora generosa, protetora das artes, letras e
ciências, ou dos artistas e sábios.
217
Etnográfico e Paisagístico; Livro do Tombo Histórico; Livro do Tombo das Belas Artes e
Livro das Artes Aplicadas2.
2
Livro de Tombo: Registro formal de um bem posto sob a guarda do Estado (ato de tombar,
tombamento), para o conservar e proteger (bem móvel e imóvel cuja conservação e proteção seja do
interesse público, por seu valor histórico, ou artístico, ou arqueológico, ou etnográfico, ou paisagístico
ou bibliográfico).
218
3
Figura 46 – Estrutura Organizacional do Exército Brasileiro
Fonte: Brasil. Disponível em: <http://www.Exercito.gov.br/>.
3
Significado das siglas: MD (Ministério da Defesa); Cmt Ex (Comandante do Exército); ACE (Alto
Comando do Exército); CONSEF (Conselho Superior de Economia e Finanças); FHE (Fundo
Habitacional do Exército); IMBEL (Indústria de Material Bélico do Brasil); Fund Osório (Fundação
Osório); GAB CMT EX (Gabinete do Comandante do Exército); CIE (Centro de Inteligência do
Exército); CCOMSEX (Centro de Comunicação Social do Exército); CJCEX (Consultoria Jurídica do
Comando do Exército); SEGEX (Secretaria Geral do Exército); EME (Estado-Maior do Exército); DGP
(Departamento Geral do Pessoal); DEC (Departamento de Engenharia e Construção); STI (Secretaria
de Tecnologia e Informação), DEP (Departamento de Ensino e Pesquisa); COTER (Comando de
Operações Terrestres); SCT (Secretaria de Ciência e Tecnologia); SEF (Secretaria de Economia e
Finanças); D Log (Departamento Logístico); (DSM) Diretoria de Serviço Militar; D MOV (Diretoria de
Movimentação); DA Prom (Diretoria de Avaliação e Promoções); DIP (Diretoria de Inativos e
Pensionistas); D Sau (Diretoria de Saúde); DAS (Diretoria de Assistência Social); DOM(Diretoria de
Obras Militares); D PATR (Diretoria de Patrimônios); DOC (Diretoria de Obras e Cooperação); CDS
(Centro de Desenvolvimento de Sistemas); CITEX (Centro Integrado de Telemática do Exército);
DMCEI (Diretoria de Material de Comunição e Eletrônica e Informática); DSG (Diretoria Serviço
Geográfico); CIGE (Centro Integrado de Guerra Eletrônica); DFA (Diretoria de Formação e
Aperfeiçoamento); DEE (Diretoria de Especialização e Extenção); DEPA (Diretoria de Ensino
Preparatório e Assistencial); DAC (V); DPEP (Diretoria de Pesquisas e Estudos de Pessoal); CTEx
(Centro Tecnológico do Exército); IME (Instituto Militar de Engenharia); CAEx (Centro de Avaliações do
Exército); IPD (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento); CPrM (Campo de Provas da Marambaia);
DAF (Diretoria de Administração Financeira); D Cont (Diretoria de Contabilidade); D Aud (Diretoria de
Auditoria); CPEx (Centro de Pagamento do Exército); ICEFEx (Inspetoria de Contabilidade e Finanças
do Exército); DS (Diretoria de Suprimento); D Mnt (Diretoria de Manutenção); D Trnp Mob (Diretoria de
Transporte e Mobilização); D MAvEx (Diretoria de Material de Aviação do Exército); DFR (Diretoria de
Fabricação e Recuperação); DFPC (Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados); CMA
(Comando Militar da Amazônia); CMNE (Comando Militar do Nordeste); CMO (Comando Militar do
Oeste); CML (Comando Militar do Leste); CMP (Comando Militar do Planalto); CMSE (Comando Militar
do Sudeste); CMS (Comando Militar do Sul); RM (Região Militar); RM/DE (Região Militar/Divisão de
Exército).
219
Atualmente a DAC está estruturada em quatro setores. Todos estão localizados no Rio de
Janeiro: O Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial (MNM 2ª GM), no
Aterro do Flamengo; a Biblioteca do Exército (BIBLIEx), fundada em 1881 e reorganizada
em 1937; o Museu Histórico do Exército, instalado no Forte de Copacabana (MHEx/FC) e o
Arquivo Histórico do Exército (AHEx), instalado no palácio Duque de Caxias.
A Fundação Cultural Exército Brasileiro (FunCEB) é uma entidade civil, criada em 2000,
com personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, dispondo de
autonomia administrativa, financeira e patrimonial.
Dentre as muitas finalidades dessa Fundação, as que estão mais direcionadas para o
assunto em estudo, são as seguintes: recuperar e preservar o patrimônio histórico e
artístico do Exército Brasileiro; e divulgar a história, o patrimônio artístico militar e outros
aspectos da cultura militar brasileira.
4
Terceiro setor: qualquer organização que não integra o Estado nem está diretamente ligada ao
Governo, e cujas atividades, de natureza não-empresarial, estão voltadas para a esfera pública,
especialmente a prestação de serviços considerados relevantes para o desenvolvimento social. Pode
ser definida, também, como a designação genérica das entidades jurídicas de caráter privado, sem fins
lucrativos, e voltadas para questões tais como movimentos populares, ecologia, políticas de saúde,
direitos humanos, população de rua, minorias. Seu propósito básico é gerenciar o exercício da
cidadania e da autonomia dos grupos que compõem a sociedade. Geralmente representado pelas
organizações não governamentais (ONG).
221
A seguir, serão citadas, na íntegra, quando for o caso (ver anexos), ou abordadas
parcialmente, as principais legislações, no âmbito internacional e nacional, pertinentes
ao assunto dessa dissertação.
Nesse documento, aprovado em maio de 1964, ficou expresso claramente ser essencial
que os princípios que devem presidir à conservação e ao restauro dos monumentos
sejam elaborados em comum e formulados num plano internacional, se bem que se
deixe sempre a cada nação o cuidado de assegurar a sua aplicação dentro do quadro
da sua própria cultura e das suas tradições.
5
ICOMOS: International Council of the Monuments and Ranches
222
No tocante à cultura e aos bens culturais, nunca antes um texto constitucional brasileiro
lhes dedicou tanto espaço.
Artigo 5° - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
................................................................................................................................
LXXIII -- qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe,
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
ônus da suculência (BRASIL, 1988, p.7).
Nota-se que, a ação popular tem explicitado, no novo texto, seu papel na defesa do
patrimônio cultural e do meio ambiente.
Segundo a CF, em seu Artigo 23, é de competência comum da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico,
artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos.
Acrescenta, ainda, no artigo 24, que compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal
legislar concorrentemente sobre: proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico,
turístico e paisagístico; responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
Promulgado por Getúlio Vargas, então Presidente dos Estados Unidos do Brasil, trata sobre a
organização da proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, bem como das regras de
tombamento6 e da criação do SPHAN e suas atribuições. (Decreto na íntegra no Anexo B).
6
Tombamento: ato ou efeito de tombar.
224
Para beneficiar-se dos incentivos fiscais nas diversas áreas culturais os interessados
devem dirigir-se ao Ministério da Cultura para maiores informações.
Seus objetivos são: regular as ações de natureza mais permanente relacionadas com a
Política Cultural do Exército, por intermédio de programas culturais; normatizar a
elaboração de projetos culturais; regular a sistemática de encaminhamento e as
atribuições de cada órgão envolvido na apreciação desses projetos culturais;
estabelecer a ligação com a FunCEB, para o apoio aos projetos culturais e estabelecer
condições para o acompanhamento e o controle dos programas e projetos culturais.
A Política Cultural aprovada pela Port. Min nº 068, de 31 de Jan 96, estabelece
os objetivos gerais e particulares a serem perseguidos pela Força Terrestre no
campo da atividade cultural, bem como fixa os princípios operacionais e os
procedimentos gerenciais necessários à conquista e á manutenção de tais
objetivos.
Todas as ações dos órgãos do sistema cultural e das organizações militares
que vierem, por qualquer razão, a atuar na área cultural, devem ser planejadas
de forma a obterem-se os melhores resultados com os menores custos. Devem
também ter em mente a importância das parcerias, em particular as que
poderão advir por meio da Fundação Cultural do Exército Brasileiro.
O planejamento das ações culturais deve considerar dois instrumentos
fundamentais: os Programas e os Projetos Culturais (BRASIL, 2000, p. 1).
O Apêndice “B” contém a maioria dessas fortificações e cita qual instituição está com a
posse dessas áreas.
Em decorrência dessa Portaria foram criados dez Programas Culturais. Dentro dos
Programas Culturais criados, existe o Programa Cultural nº 1, cujo título é “Espaços
Culturais”. Os objetivos principais desse Programa são: restauração de fortes e
fortalezas; preservação de sítios históricos; criação de parques históricos;
aproveitamento turístico de fortes, fortalezas, sítios e parques históricos; abertura ao
público; criação de monumentos e memoriais; revitalização de áreas e a criação de
espaços culturais.
A palavra chave para que os objetivos desse programa cultural sejam atingidos é
“parceria”! Aliás, ela está expressa com clareza no texto citado que abre este tópico. A
importância da parceria não se resume apenas no aspecto econômico. Preservar custa
muito e o Exército, bem como o Estado, carecem de recursos orçamentários para
financiar com exclusividade a preservação do acervo histórico nacional.
226
Parceria é um longo e difícil caminho a percorrer. O Exército já tem feito isso, porém de
uma maneira tímida e acanhada. Das poucas experiências colhidas contou e conta
ainda hoje, com a inestimável colaboração de empresas privadas, de órgãos públicos,
de associações comunitárias e de profissionais.
O terceiro setor é a resposta que o país está encontrando para superar os óbices
orçamentários para por em execução, ou dar continuidade aos programas de governo.
Esse setor pode mobilizar a iniciativa privada para ser parceira do Exército e do Estado.
O Exército é uma das Instituições com maior credibilidade junto à opinião pública. Tem
presença nacional e é permeado por pessoas de todos os seguimentos da sociedade.
Um projeto de divulgação das necessidades e atrativos decorrentes, junto ao 3º setor e
à iniciativa privada, certamente terá retorno em parcerias.
Algumas ações em busca desse incremento de parceria estão em execução, porém são
tímidas, ainda. A criação da FunCEB é um passo rumo a esse objetivo, mas falta um
maior engajamento em toda a cadeia sistêmica cultural do Exército. Empresas públicas
e privadas, entidades filantrópicas, fundações, Organizações Não Governamentais
(ONG), organismos nacionais e internacionais, governos estaduais e municipais, em
parceria com o Exército devem ser convidados a assumir sua parcela de
responsabilidade na recuperação e conservação do patrimônio histórico.
A Lei Federal de Incentivo à Cultura, conhecida como Lei Rouanet, criou incentivos fiscais para
doações e patrocínios a projetos culturais previamente aprovados pelo Ministério da Cultura. As
doações ou patrocínios são limitados a 4% do valor do imposto de renda devido por pessoa jurídica
e a 6% por pessoa física. Existem também, outras legislações já citadas neste trabalho, que se
divulgadas e exploradas com oportunidade, facilitarão a formação de parcerias.
7
Parceiros do Programa Acorda, Brasil. Está na Hora da Escola! (está disponível para maiores con-
sultas no site http://www.educacao.gov.br/acs/acorda/default.shtm).
228
A Cultura tem que ser vista como um instrumento transformador dos valores da
sociedade. Destacar os valores que foram defendidos em cada uma das fortificações
construídas no Brasil é algo importantíssimo. Cultura é instrumento de poder. Tem que
haver conscientização de que há uma deficiência na formação do militar. Falta uma
melhor visão holística para a leitura de livros de história militar voltada para valorizar a
cultura de preservação.
Outra sugestão é desenvolver uma política que estimule a sociedade como um todo,
particularmente ao militar, o gosto pela história militar, buscando uma mudança de
comportamento interno e uma nova postura da sociedade quanto assunto preservação.
O Apêndice “B” apresenta uma fotografia dessa ação de tombamento. Apenas, cerca de
40% das fortificações de posse do Exército são tombadas. Completar esse trabalho de
tombamento contribuirá para melhor conhecer o acervo, além de evidenciar os principais
problemas. Em decorrência disso tudo virão os projetos e as parcerias para a preservação.
Esse Projeto tem como objetivos: proporcionar melhores condições para a abertura das
fortificações dessa área à visitação pública; obter recursos para a restauração e a
conservação dessas fortificações; desenvolver projetos de educação e preservação
ambiental; realizar pesquisas voltadas para a evolução do sistema de defesa da baía,
para a arquitetura e para a armaria das fortificações, bem como, atrair setores
representativos da sociedade civil, particularmente de universidades e associações de
moradores, para a defesa da preservação do patrimônio histórico representado pelas
áreas dos fortes e fortalezas. O Projeto está em execução.
A Fortaleza de São João foi palco da fundação da cidade. Tem muralhas e construções
de imenso valor histórico, tombado pelo IPHAN. Nele está localizado o morro Cara de
Cão, considerado pelo IBAMA, uma área de conservação ecológica.
Ao lado do Pão de Açúcar, o local abriga ainda o Forte São José, uma das mais antigas
construções da história do Brasil. O Projeto é dividido em várias fases. A primeira é a
construção de uma praça exatamente no local onde Estácio de Sá fundou a cidade de
São Sebastião do Rio de Janeiro em 1565. O piso dessa praça contém o símbolo de
uma Cruz da Ordem de Cristo em fibra ótica.
Uma terceira fase do projeto é a restauração do Forte São José. O Reduto do Forte
São José, por sua localização estratégica, teve um importante papel na defesa da
cidade, quando da Invasão Francesa, guardando a entrada da Baía da Guanabara.
8
Art Deco: O Art Deco constituiu uma das manifestações da "modernidade" na arte da segunda década
do século passado. O empenho na renovação dos símbolos artísticos relacionados com a cultura do
capitalismo industrial e financeiro, então em seu auge, foi uma ambição dos criadores que concorreram
à famosa Exposição de Paris em 1925. Ela marcou um antes e um depois nesta história, e de suas
mostras se derivou uma forma peculiar no desenho: a Arte Decorativa.
231
Outra fase do Projeto prevê a recuperação do paiol do Forte São José. Nesse local será
criado o Espaço Cultural da Fundação da Cidade do Rio de Janeiro. Fica no nível
superior do Forte com bela vista para a entrada da Baía da Guanabara. Nele serão
realizadas exposições multimídia sobre a história da cidade.
A Sala de Projeção é outra fase desse projeto. Será um espaço adequado para
palestras, cursos, convenções e outras atividades culturais. Os efeitos de projeção
terão a qualidade de cinema. A especificação dos equipamentos foi selecionada
tanto para projeção como para cursos e palestras, utilizando tecnologia de 1º
mundo, oferecendo assim aproveitamento do local para múltiplas funções
educacionais.
Todas as fases desse Projeto anteriormente descritas foram aprovadas pela Lei Federal
de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura (Lei Rouanet). Isto significa que o
patrocinador pode aplicar parte do seu imposto de renda em projetos culturais, podendo
ainda lançar este investimento como despesa operacional.
O Forte São José foi tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional). Processo de tombamento nº 101-t-38, nº 155-t-38 e nº 827-t-70 - Forte São
José, Reduto São Teodósio e muralhas dos Redutos São Diogo e São Martinho.
O Projeto concebido em 1995 pelo arquiteto Roberto Tonera, possui atualmente três
eixos de atuação: a manutenção pela Internet de sites9 de informação e estudo sobre
as fortificações; a implantação de quiosques multimídia em forma de terminais de
consultas , a serem instalados nas fortificações e em outros locais públicos e a edição
de uma coleção de CD-ROM sobre fortificações.
As fortificações da Ilha de Santa Catarina são bens imóveis pertencentes à União, sob
a jurisdição do Exército ou da Marinha. Foram tombadas como Patrimônio Histórico
Nacional, em 1938, com exceção da Fortaleza de Araçatuba e do Forte de Santa
Bárbara, tombados, respectivamente, em 1980 e 1984.
9
Sites: http://www.fortalezasmultimidia.com.br e http://www.fortalezas.com.br
233
6 CONCLUSÃO
A seguir, foram apresentados os recursos, legislação e cadeia sistêmica, para que isso
ocorra, bem como alguns exemplos de projetos bem sucedidos e algumas sugestões
para estimular a preservação dos fortes.
Dentre as mais de 350 fortificações que se estima terem sido construídas no Período
Colonial do Brasil, somente algumas resistiram à ação do tempo, existindo hoje
vestígios de pouco mais de uma centena destas construções defensivas, das quais 43
se encontram tombadas como Patrimônio Histórico Nacional.
Nas questões de limites travadas até o início do Século XX, o argumento da presença de uma
fortificação portuguesa, erguida nas mais remotas regiões do Brasil, foi largamente utilizado na
demarcação dos limites das fronteiras do País, como sinônimo de possessão brasileira.
Entre as fortificações ainda existentes, destacam-se no litoral: o Forte dos Reis Magos, em Natal,
RN; o conjunto de fortificações de Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e da Ilha de Santa
Catarina. No interior, os fortes Príncipe da Beira (RO), Coimbra (MS) e São José de Macapá
(AP), todos tombados pelo IPHAN.
É importante ressaltar, mais uma vez, a estratégica construção das fortificações. Dentro dessa
estratégia destacam três complexos defensivos: o de Salvador, no Nordeste; o da Baía da
Guanabara no Rio de Janeiro e o complexo originado pelo Plano de Restauração da Antiga
Capitania de São Paulo, implementado por Morgado de Mateus.
Morgado de Mateus monta e instala 19 localidades e cidades sobre uma rede de estradas,
articulando terra e águas das bacias hidrográficas do grande rio Paraná e do Prata, com um
objetivo geopolítico estratégico notável dentro do contexto do Governo Iluminista do Marquês de
Pombal.
Seu trabalho produziu significativas conseqüências no período de 1777 a 1808 e culmina com a
transferência da Família Real para o Rio de Janeiro.
Ressalte-se ainda que São Paulo teve um papel de destaque, na época das Bandeiras e das
Monções1, na ampliação das fronteiras do país e na consolidação da unidade nacional.
1
Monções: Qualquer das expedições que desciam e subiam rios das capitanias de SP e MT, nos
séculos. XVIII e XIX, pondo-as em comunicação.
237
O termo preservar deve ser aplicado, com toda a amplitude de seu significado, ao
ambiente, aos bens culturais e ao conhecimento (saber fazer). Será mais fácil a
manutenção de nossa identidade cultural se soubermos controlar os processos de evolução,
entendendo a preservação como condição imprescindível para o desenvolvimento e como
indicador de uma boa qualidade de vida, e não como um conceito antagônico ao progresso.
Este controle pode ser feito, por exemplo, através de levantamentos, mapeamentos e
inventários, preservando, por meio destes registros, referências culturais que não têm
garantias de permanência, como os modos de falar, as rezas, as histórias regionais, as
lendas, os bens materiais em desaparecimento, as paisagens e os sítios em
degradação.
Destaca-se mais uma vez a necessidade do tombamento. A primeira norma de conduta para
preservar as construções, chamadas bens imóveis, quando ainda não estão descaracterizadas,
é manter o edifício ou conjunto urbano em uso constante e, sempre que possível, satisfazendo a
programas originais.
O bem tombado não pressupõe desapropriação, mas não pode ser destruído e qualquer
intervenção por que necessite passar, deve ser analisada e autorizada.
Esta pesquisa, na sua abrangência, não esgota o estudo sobre as fortificações portuguesas no
Brasil e tão pouco finaliza a política cultural de preservação das mesmas.
Assim, a sua importância sobressai-se com a abertura desse novo e necessário leque de
providências que advirão. É um grande desafio! Com certeza não é maior do que o foi para os
nossos antepassados.
__________________________________________________
REFERÊNCIAS
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SUN TZU. A arte da guerra. 17. ed. Adaptação e prefácio de James Clawell; tradução
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TELLES, Pedro Carlos da Silva. História da Engenharia no Brasil, século XVI a XIX.
2. ed. Rio de Janeiro: Clube de Engenharia, 1994.
GLOSSÁRIO
Baluarte - obra de fortificação avançada com dois flancos e duas faces. O mesmo que
bastião.
Barbeta - plataforma onde se colocam as peças para atirarem por cima do parapeito.
Bastião – o mesmo que baluarte. Obra de fortificação avançada com dois flancos e
duas faces.
Capoeira - caminho no fosso, que liga a Tenalha à Meia-Lua e, em geral, nele são
instaladas casamatas, devidamente artilhadas para flanquearem duas direções opostas
do fosso.
Flibusteiro - Pirata dos mares da América nos Sec. XVII e XVIII; aventureiro,
trapaceiro.
Muralha - muro que guarnece e fecha uma fortificação. A largura da muralha variava de
5 a 20 metros, e sua altura, de 5 a 8 metros ou mais.
Porta - posto de vigilância com finalidade militar e comercial, instalado nas entradas
principais das cidades, normalmente, protegidas por um fosso com uma ponte levadiça.
Praça – Forte - fortaleza de grande extensão ou uma cidade fortificada, defendida por
diversas obras ou fortificações.
Reduto - pequeno forte isolado no exterior, ou no interior de uma fortaleza. É uma obra
fechada de 4 a 5 faces. No Brasil-Colônia eram, normalmente, construídos com terra
apiloada, portanto, bastante frágeis.
Tenalha – parte de uma face do Baluarte ou Bastião que forma um ângulo reentrante
para a parte de fora.
Seção
Fortificação UF Pág. Ilustrações Observações Σ
Alínea fortes
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Fortificação UF Pág. Ilustrações Observações Σ
Alínea fortes
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Fortificação UF Pág. Ilustrações Observações Σ
Alínea fortes
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Fortificação UF Pág. Ilustrações Observações Σ
Alínea fortes
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Alínea fortes
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Fortificação UF Pág. Ilustrações Observações Σ
Alínea fortes
Seção
Fortificação UF Pág. Ilustrações Observações Σ
Alínea fortes
Definições
Conservação
Restauro
Artº 13 - As acumulações não podem ser toleradas a não ser que respeitem todas as
partes interessantes do edifício, o seu quadro tradicional, o equilíbrio da sua
composição e as suas relações com o meio envolvente.
Sítios Monumentais
Escavações
Documentação e Publicação
O Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, usando da atribuição que lhe
confere o art. 180 da Constituição, decreta:
CAPÍTULO I
§ 2º - Equiparam-se aos bens a que se refere o presente artigo e são também sujeitos a
tombamento os monumentos naturais, bem como os sítios e paisagens que importe
conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados pela Natureza
ou agenciados pela indústria humana.
2º) que adornem quaisquer veículos pertencentes a empresas estrangeiras, que façam
carreira no País;
3º) que se incluam entre os bens referidos no art. 10 da Introdução ao Código Civil, e
que continuam sujeitas à lei pessoal do proprietário;
6º) que sejam importadas por empresas estrangeiras expressamente para adorno dos
respectivos estabelecimentos.
CAPÍTULO II
Do Tombamento
4º) no Livro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras que se incluírem na categoria das
artes aplicadas, nacionais ou estrangeiras.
2º) no caso de não haver impugnação dentro do prazo assinado, que é fatal, o diretor
do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mandará por simples despacho
que proceda à inscrição da coisa no competente Livro do Tombo;
3º) se a impugnação for oferecida dentro do prazo assinado, far-se-á vista da mesma,
dentro de outros quinze dias fatais, ao órgão de que houver emanado a iniciativa do
tombamento, a fim de sustentá-la. Em seguida, independentemente de custas, será o
processo remetido ao Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico Nacional,
que proferirá decisão a respeito, dentro do prazo de sessenta dias, a contar do seu
recebimento. Dessa decisão não caberá recurso.
Artigo 10º - O tombamento dos bens, a que se refere o art. 6º desta lei, será
considerado provisório ou definitivo, conforme esteja o respectivo processo iniciado
pela notificação ou concluído pela inscrição dos referidos bens no competente Livro do
Tombo.
Parágrafo único - Para todos os efeitos, salvo a disposição do art. 13 desta lei, o
tombamento provisório se equipará ao definitivo.
CAPÍTULO III
Artigo 14 - A coisa tombada não poderá sair do País, senão por curto prazo, sem
transferência de domínio e para fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho
Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Artigo 15 - Tentada, a não ser no caso previsto no artigo anterior, a exportação para
fora do País, da coisa tombada, será esta seqüestrada pela União ou pelo Estado em
que se encontrar.
Artigo 19º - O proprietário de coisa tombada, que não dispuser de recursos para
proceder às obras de conservação e reparação que a mesma requerer, levará ao
conhecimento do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e necessidade
das mencionadas obras, sob pena de multa correspondente ao dobro da importância
em que for avaliado o dano sofrido pela mesma coisa.
Artigo 21 - Os atentados cometidos contra os bens de que trata o art. 1º desta lei são
equiparados aos cometidos contra o patrimônio nacional.
CAPÍTULO IV
Do direito de preferência
§ 1º - Tal alienação não será permitida sem que previamente sejam os bens oferecidos,
pelo mesmo preço, à União, bem como ao Estado e ao Município em que se
encontrarem. O proprietário deverá notificar os titulares do direito de preferência a usá-
lo, dentro de trinta dias, sob pena de perdê-lo.
pronunciada, na forma da lei, pelo juiz que conceder o seqüestro, o qual só será
levantada, depois de paga a multa e se qualquer dos titulares do direito de preferência
não tiver adquirido a coisa no prazo de trinta dias.
CAPÍTULO V
Disposições gerais
Artigo 28 - Nenhum objeto de natureza idêntica à dos referidos no art. 26 desta lei
poderá ser posto à venda pelos comerciantes ou agentes de leilões, sem que tenha
sido previamente autenticado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
ou por perito em que o mesmo se louvar, sob pena de multa de cinqüenta por cento
sobre o valor atribuído ao objeto.
Parágrafo único - Só terão prioridade sobre o privilégio a que se refere este artigo os
créditos inscritos no registro competente antes do tombamento da coisa pelo Serviço
Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
O Presidente da República,
CAPÍTULO I
Disposições Preliminares
I - contribuir para facilitar, a todos, os meios para o livre acesso às fontes da cultura e o
pleno exercício dos direitos culturais;
III - apoiar, valorizar e difundir o conjunto das manifestações culturais e seus respectivos criadores;
Parágrafo Único. Os incentivos criados pela presente Lei somente serão concedidos a
projetos culturais que visem a exibição, utilização e circulação públicas dos bens
culturais deles resultantes, vedada a concessão de incentivo a obras, produtos, eventos
ou outros decorrentes, destinados ou circunscritos a circuitos privados ou a coleções
particulares.
Art. 3º Para cumprimento das finalidades expressas no artigo 1º desta Lei, os projetos
culturais em cujo favor serão captados e canalizados os recursos do PRONAC
atenderão, pelo menos, a um dos seguintes objetivos:
artísticos;
fornecimento de passagens;
c) ações não previstas nos incisos anteriores e consideradas relevantes pelo Ministro
de Estado da Cultura, consultada a Comissão Nacional de Apoio à Cultura.
CAPÍTULO II
Art. 4º Fica ratificado o Fundo de Promoção Cultural, criado pela Lei nº 7.505, de 2 de
julho de 10 1986, que passará a denominar-se Fundo Nacional da Cultura - FNC, com o
objetivo de captar e destinar recursos para projetos culturais compatíveis com as
finalidades do PRONAC e de:
§ 1° O FNC será administrado pelo Ministério da Cultura e gerido por seu titular, para
cumprimento do Programa de Trabalho Anual, segundo os princípios estabelecidos nos
artigos 1º e 3º.
PR, nos termos do parágrafo anterior, ficarão inabilitadas pelo prazo de três anos ao recebimento de
novos recursos, ou enquanto a SEC/PR não proceder a reavaliação do parecer inicial.
Art. 5º O FNC é um fundo de natureza contábil, com prazo indeterminado de duração, que
funcionará sob as formas de apoio a fundo perdido ou de empréstimos reembolsáveis, conforme
estabelecer o regulamento, e constituído dos seguintes recursos:
III - legados;
Art. 6º O FNC financiará até oitenta por cento do custo total de cada projeto, mediante
comprovação, por parte do proponente, ainda que pessoa jurídica de direito público, da
circunstância de dispor do montante remanescente ou estar habilitado à obtenção do
respectivo financiamento, através de outra fonte devidamente identificada, exceto
quanto aos recursos com destinação especificada na origem.
§ 1º (vetado).
CAPÍTULO III
III - a edição comercial de obras relativas às ciências, às letras e às artes, bem como de
obras de referência e outras de cunho cultural;
Art. 11. As quotas dos FICART, emitidas sempre sob a forma nominativa ou escritural,
constituem valores mobiliários sujeitos ao regime da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976.
I - não poderá exercer qualquer direito real sobre os bens e direitos integrantes do
Patrimônio do Fundo;
Art. 14. Os rendimentos e ganhos de capital auferidos pelos FICART ficam isentos do
Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, assim como do Imposto sobre
a Renda e Proventos de Qualquer Natureza.
Art. 15. Os rendimentos e ganhos de capital distribuídos pelos FICART, sob qualquer
forma, sujeitam-se à incidência do Imposto sobre a Renda na fonte à alíquota de vinte e
cinco por cento.
Parágrafo Único. Ficam excluídos da incidência na fonte de que trata este artigo, os
rendimentos distribuídos a beneficiário pessoa jurídica tributada com base no lucro real,
os quais deverão ser computados na declaração anual de rendimentos.
Art. 16. Os ganhos de capital auferidos por pessoas físicas ou jurídicas não tributadas
com base no lucro real, inclusive isentas, decorrentes da alienação ou resgate de
quotas dos FICART, sujeitam-se à incidência do Imposto sobre a Renda, à mesma
alíquota prevista para a tributação de rendimentos obtidos na alienação ou resgate de
quotas de Fundos Mútuos de Ações.
§ 2º O ganho de capital será apurado em relação a cada resgate ou cessão, sendo permitida a
compensação do prejuízo havido em uma operação com o lucro obtido em outra, da mesma ou
diferente espécie, desde que de renda variável, dentro do mesmo exercício fiscal.
§ 3º O imposto será pago até o último dia útil da primeira quinzena do mês subseqüente
àquele em que o ganho de capital foi auferido.
Art. 17. O tratamento fiscal previsto nos artigos precedentes somente incide sobre os
rendimentos decorrentes de aplicações em FICART que atendam a todos os requisitos
previstos na presente Lei e na respectiva regulamentação a ser baixada pela Comissão de
Valores Mobiliários. Parágrafo Único. Os rendimentos e ganhos de capital auferidos por
FICART, que deixem de atender os requisitos específicos desse tipo de Fundo, sujeitar-se-
ão à tributação prevista no artigo 43 da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988.
CAPÍTULO IV
a) doações; e,
b) patrocínios.
§ 2° As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real não poderão deduzir o valor
da doação e/ou do patrocínio como despesa operacional.
a) artes cênicas;
Art. 19. Os projetos culturais previstos nesta Lei serão apresentados ao Ministério da
Cultura, ou a quem este delegar atribuição, acompanhados do orçamento analítico,
para aprovação de seu enquadramento nos objetivos do PRONAC.
§ 1° O proponente será notificado dos motivos da decisão que não tenha aprovado o
projeto, no prazo máximo de cinco dias.
§ 3º (vetado).
§ 4º (vetado).
§ 5º (vetado).
§ 6º A aprovação somente terá eficácia após publicação de ato oficial contendo o título
do projeto aprovado e a instituição por ele responsável, o valor autorizado para
obtenção de doação ou patrocínio e o prazo de validade da autorização.
§ 8° Para a aprovação dos projetos será observado o princípio da não concentração por
segmento e por beneficiário, a ser aferido pelo montante de recursos, pela quantidade
de projetos, pela respectiva capacidade executiva e pela disponibilidade do valor
absoluto anual de renúncia fiscal.
284
Art. 20. Os projetos aprovados na forma do artigo anterior serão, durante a sua
execução, acompanhados e avaliados pela SEC/PR ou por quem receber a delegação
destas atribuições.
Art. 21. As entidades incentivadoras e captadoras de que trata este Capítulo deverão
comunicar, na forma que venha a ser estipulada pelo Ministério da Economia, Fazenda
e Planejamento, e SEC/PR, os aportes financeiros realizados e recebidos, bem como
as entidades captadoras efetuar a comprovação de sua aplicação.
Art. 22. Os projetos enquadrados nos objetivos desta Lei não poderão ser objeto de
apreciação subjetiva quanto ao seu valor artístico ou cultural.
I - (vetado).
Art. 24. Para os fins deste Capítulo, equiparam-se a doações, nos termos do
regulamento:
preservar ou restaurar bens de sua propriedade ou sob sua posse legítima, tombados
pelo Governo Federal, desde que atendidas as seguintes disposições:
das normas e critérios técnicos que deverão reger os projetos e orçamentos de que
trata este inciso;
Art. 25. Os projetos a serem apresentados por pessoas físicas ou pessoas jurídicas, de
natureza cultural para fins de incentivo, objetivarão desenvolver as formas de
expressão, os modos de criar e fazer, os processos de preservação e proteção do
patrimônio cultural brasileiro, e os estudos e métodos de interpretação da realidade
cultural, bem como contribuir para propiciar meios, à população em geral, que permitam
o conhecimento dos bens e valores artísticos e culturais,
286
IV - música;
VI - folclore e artesanato;
VIII - humanidades; e
Parágrafo Único. Os projetos culturais relacionados com os segmentos do inciso II deste artigo
deverão beneficiar exclusivamente as produções independentes, bem como as produções
culturais-educativas de caráter não-comercial, realizadas por empresas de rádio e televisão.
Art. 26. O doador ou patrocinador poderá deduzir do imposto devido na declaração do Imposto
sobre a Renda os valores efetivamente contribuídos em favor de projetos culturais aprovados
de acordo com os dispositivos desta Lei, tendo como base os seguintes percentuais:
I - no caso das pessoas físicas, oitenta por cento das doações e sessenta por cento dos
patrocínios;
II - no caso das pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, quarenta por cento
das doações e trinta por cento dos patrocínios.
§ 1º A pessoa jurídica tributada com base no lucro real poderá abater as doações e
patrocínios como despesa operacional.
287
§ 2º O valor máximo das deduções de que trata o “caput” deste artigo será fixado anualmente
pelo Presidente da República, com base em um percentual da renda tributável das pessoas
físicas e do imposto devido por pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real.
§ 3º Os benefícios de que trata este artigo não excluem ou reduzem outros benefícios,
abatimentos e deduções em vigor, em especial as doações a entidades de utilidade
pública efetuadas por pessoas físicas ou jurídicas.
§ 4º (vetado).
Art. 27. A doação ou o patrocínio não poderá ser efetuada a pessoa ou instituição
vinculada ao agente.
Art. 28. Nenhuma aplicação dos recursos previstos nesta Lei poderá ser feita através de
qualquer tipo de intermediação.
recursos ou a sua execução por pessoa jurídica de natureza cultural, não configura a
intermediação referida neste artigo.
Art. 30. As infrações aos dispositivos deste Capítulo, sem prejuízo das sanções penais
cabíveis, sujeitarão o doador ou patrocinador ao pagamento do valor atualizado do
Imposto sobre a Renda devido em relação a cada exercício financeiro, além das
penalidades e demais acréscimos previstos na legislação que rege a espécie.
CAPÍTULO V
Art. 32. Fica instituída a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura - CNIC, com a
seguinte composição:
V - seis representantes de entidades associativas dos setores culturais e artísticos de âmbito nacional.
§ 1º A CNIC será presidida pela autoridade referida no inciso I deste artigo que, para
fins de desempate terá voto de qualidade.
Art. 33. A SEC/PR, com a finalidade de estimular e valorizar a arte e a cultura, estabelecerá um
sistema de premiação anual que reconheça as contribuições mais significativas para a área:
Art. 34. Fica instituída a Ordem do Mérito Cultural, cujo estatuto será aprovado por
decreto do Poder Executivo, sendo que as distinções serão concedidas pelo Presidente
da República, em ato solene, a pessoas que, por sua atuação profissional ou como
incentivadoras das artes e da cultura, mereçam reconhecimento.
290
Art. 35. Os recursos destinados ao então Fundo de Promoção Cultural, nos termos do
artigo 1º,
§ 6º, da Lei nº 7.505, de 2 de julho de 1986, serão recolhidos ao Tesouro Nacional para
aplicação pelo FNC, observada a sua finalidade.
Art. 37. O Poder Executivo a fim de atender o disposto no artigo 26, § 2º desta Lei,
adequando-o às disposições da Lei de Diretrizes Orçamentárias, enviará, no prazo de
trinta dias, Mensagem ao Congresso Nacional, estabelecendo o total da renúncia fiscal
e correspondente cancelamento de despesas orçamentárias.
Art. 39. Constitui crime, punível com a reclusão de dois a seis meses e multa de vinte
por cento do valor do projeto, qualquer discriminação de natureza política que atente
contra a liberdade de expressão, de atividade intelectual e artística, de consciência ou
crença, no andamento dos projetos a que se referem esta Lei.
Art. 40. Constitui crime, punível com reclusão de dois a seis meses e multa de vinte por
cento do valor do projeto, obter redução do Imposto sobre a Renda utilizando-se
fraudulentamente de qualquer benefício desta Lei.
Art. 41. O Poder Executivo, no prazo de sessenta dias, regulamentará a presente Lei.
FERNANDO COLLOR
Jarbas Passarinho
292
TITULO 1
DAS GENERALIDADES
CAPÍTULO I
Art. 1º As presentes Instruções têm por finalidade Estabelecer normas e regular os procedimentos
relativos à oficialização, criação, organização, funcionamento e extinção de espaços culturais;
CAPÍTULO II
II - Bem Cultural - é qualquer bem que, por motivos religiosos ou profanos, tenha sido
expressamente designado pelo Estado como de importância para a arqueologia, a
pré-história, a literatura, a arte ou a ciência;
III - Bem Histórico - é todo bem cultural que, pelas suas características, sirva como
fonte para a pesquisa histórica;
VII - Conservação é toda medida tomada com o fim de prolongar a vida L ual bem cultural;
XI - Museu Militar - é toda instalação permanente, aberta ou não ao público, criada para
coletar, preservar, pesquisar e expor, para fins de estudo, educação e entretenimento,
objetos de interesse histórico-militar;
XVIII - Sítio Histórico - local onde ocorreu algum fato ligado à história do País ou do
Exército.
295
TÍTULO II
CAPÍTULO I
Art. 7º A DAC, com base nas propostas de criação de espaços culturais, fará uma avaliação
técnica da solicitação e emitirá um parecer, que será encaminhado à OM solicitante.
Art. 9º 0 Estado-Maior do Exército, com base nos pareceres emitidos pela DAC, e pelos
comandos envolvidos, proporá ao Comando do Exército, após seu estudo e análise, a
criação dê espaços culturais; caso contrário, restituirá o respectivo processo à DAC,
para conhecimento e encaminhamento à OM solicitante.
Art. 10. Na apreciação dos processos de solicitação para criação de espaços culturais
o EME levará em conta, entre outras considerações, a capacidade do empreendimento
gerar recursos financeiros próprios para manutenção do espaço cultural e as parcerias
e intercâmbios com entidades civis públicas e privadas, nacionais ou estrangeiras, que
possam dar-lhe suporte.
Art. 12. A DAC, a partir da data de publicação destas Instruções, deverá estipular um
prazo para a regularização dos espaços culturais existentes nas OM.
Art. 14 A DAC, com base nas informações constantes desse pedido, fará uma avaliação
da proposta e emitirá parecer a respeito, que será encaminhado à OM solicitante.
Art. 16 0 Estado-Maior do Exército, com base nos pareceres constantes dos processos
de extinção de museus e/ou salas de exposição, proporá ao Comando do Exército a
extinção do espaço cultural. Caso contrário, restituirá o respectivo processo à DAC,
para conhecimento e encaminhamento à OM solicitante.
Art. 17. Caberá ao DEP, por intermédio da DAC, regular o destino. a ser dado ao
acervo do museu ou sala de exposições extinto.
CAPÍTULO II
DA ORGANIZAÇÃO EM GERAL
Art. 18. Autorizada a criação ou regularizada a existência oficial de um espaço cultural, a organização
e o funcionamento do mesmo ficarão a cargo da OM que deu origem ao respectivo processo.
Art. 19. Todo espaço cultural deverá possuir um quadro com cargos, funções e
responsabilidades bem definidas para todo o pessoal envolvido em sua administração
direta.
297
Art. 20. 0 diretor do espaço cultural será designado pelo Cmt, Ch ou Dir OM a que
estiver vinculado, ou nomeado pelo Comandante do Exército, quando se constituir em
organização militar independente, com ou sem autonomia administrativa.
CAPÍTULO III
Art. 22. Os museus e as salas de exposição têm uma grande função educativa e são
extraordinários instrumentos de divulgação do Exército, particularmente junto aos jovens.
Art. 24. Sempre que possível, todo museu deverá ter espaço suficiente para abrigar,
pelo menos, as seguintes dependências:
V - biblioteca;
Art. 25. Os museus e salas de exposição abertos ao público devem ser instalados em
locais adequados à guarda e exposição do acervo. Deve-se evitar a exposição ao ar
livre, particularmente de objetos sensíveis à deterioração provocada por agentes
atmosféricos.
Art. 27. Os militares designados para trabalharem nesses locais, e que estabelecerão
contato com prováveis visitantes, deverão ser relacionados e treinados, de forma a
transmitirem uma imagem positiva da OM e do Exército. Deve ser dedicada especial
atenção à apresentação individual, particularmente em relação aos uniformes.
Art. 28. Nos locais onde estiverem expostas munições, estas devem estar inertes. 0
armamento deve estar exposto em locais seguros, de forma a se evitar furtos ou
quedas que possam causar vítimas. 0 fumo deve ser proibido em todas as
dependências, a fim de diminuir o risco de incêndios.
299
Art. 29. Na exposição de material bélico de maior porte como, por exemplo, canhões,
carros de combate e viaturas, deve ser prevista a possibilidade de acesso e manuseio
dos equipamentos por parte do visitante, desde que assistida por pessoal treinado para
esse fim, adotadas as medidas de segurança necessárias.
CAPÍTULO IV
Art. 30. Aplicam-se às casas, sítios e parques históricos e monumentos o disposto nos
capítulos 1 e II do Título 11 destas Instruções, ressalvadas as respectivas
peculiaridades.
TÍTULO III
Art. 32. Caberá à DAC orientar e supervisionar o funcionamento dos espaços culturais e
às Regiões Militares controlar o patrimônio existente nos mesmos.
MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
1 FINALIDADE
2 OBJETIVOS
- Estabelecer a ligação com a Fundação Cultural Exército Brasileiro, para o apoio aos
Projetos Culturais;
3 INTRODUÇÃO
A Política Cultural, aprovada pela Port. Min nº 068, de 31 Jan 96, estabelece objetivos
gerais e particulares a serem perseguidos pela Força Terrestre no campo da atividade
cultural, bem como fixa os princípios operacionais e os procedimentos gerenciais
necessários à conquista e à manutenção de tais objetivos.
Todas as ações dos órgãos do sistema cultural e das organizações militares que
vierem, por qualquer razão, a atuar na área cultural, devem ser planejadas, de forma a
obterem-se os melhores resultados com os menores custos. Devem também ter em
mente a importância das parcerias, em particular as que poderão advir por meio da
Fundação Cultural Exército Brasileiro.
4 PROGRAMA CULTURAL
Por exemplo, o Programa "História Militar" pode conter um certo número de Projetos
Culturais que objetivem. a análise e a avaliação de determinado tema e, também,
atividades menos complexas de levantamento e de estudos.
5 PROJETO CULTURAL
Durante sua fase de concepção, deve ser considerado o atendimento aos seguintes
requisitos:
Os Projetos Culturais poderão ser propostos por qualquer organização militar e deverão
ser remetidos, pelos canais de comando, para apreciação e aprovação sucessivas da
DAC, do DEP e do Comando do Exército.
Os Projetos Culturais que, em qualquer uma das etapas previstas acima, não obtiverem
parecer favorável, serão restituídos à OM de origem.
303
8 ATRIBUIÇÕES
a. DEP
- Encaminhar à DAC, para apreciação, os Projetos Culturais das OM, remetidos por
intermédio dos canais de comando;
- Apreciar e emitir parecer sobre os Projetos Culturais restituídos pela DAC, anexandoo
ao processo;
b. DAC
- Arquivar os Projetos Culturais que não se enquadrem nos Programas existentes e que
não justifiquem a abertura de novos;
d. Organizações Militares
9 PRESCRIÇÕES DIVERSAS
b. Os Projetos Culturais que possam vir a contar com o apoio da Fundação Cultural
Exército Brasileiro serão a ela encaminhados pela DAC;
305
Anexos:
ANEXO B
1. FINALIDADE
3. OBJETIVOS
5. DESENVOLVIMENTO
b. Fases
1ª Fase: ............................................................................
2ª Fase: ...........................................................................
.........................................................................................
(Descrever o nome de cada fase, que deve se referir à principal atividade a ser
desenvolvida);
307
c. Recursos Necessários
1) Recursos Humanos
2) Recursos Materiais
3) Recursos Financeiros
(Fazer a previsão dos recursos financeiros para o Projeto Cultural como um todo e,
quando viável, para cada fase. Deverão ser indicadas, também, as fontes dos recursos
previstos para a realização do Projeto e as naturezas das despesas a serem efetuadas)
d. Cronograma
(Deverá integrar o corpo do Projeto ou a ele ser anexado. Deverá indicar, graficamente,
o tempo necessário à realização de cada fase ou etapa do Projeto Cultural. Quando
houver definição clara da origem do aporte de recursos, o cronograma poderá estar
relacionado a um calendário)
e. Subprojetos e Módulos
6. AVALIAÇÃO
8. DIVERSOS
(Nesta parte, poderão ser abordados outros aspectos relacionados ao Projeto Cultural)
Data....................................................................
________________________________________