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Ten Cel Eng ANTONIO PROCÓPIO DE CASTRO GOUVÊA

FORTIFICAÇÕES PORTUGUESAS
NO BRASIL: CONTRIBUIÇÕES PARA
A BASE FÍSICA NACIONAL. UMA
PROPOSTA DE PRESERVAÇÃO

Rio de Janeiro
2003
Ten Cel Eng ANTONIO PROCÓPIO DE CASTRO GOUVÊA

FORTIFICAÇÕES PORTUGUESAS NO BRASIL: CONTRIBUIÇÕES PARA A BASE


FÍSICA NACIONAL. UMA PROPOSTA DE PRESERVAÇÃO

Dissertação apresentada à Escola de


Comando e Estado-Maior do Exército, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Mestre em Ciências Militares.

Orientador: Cel Art FERNANDO ANTÔNIO NOVAES D’ÂMICO

Rio de Janeiro

2003
G 719 Gouvêa, Antonio Procópio de Castro.
Fortificações portuguesas no Brasil: contribuições
para a base física nacional. Uma proposta de
preservação / Antonio Procópio de Castro Gouvêa. –
Rio de Janeiro, 2003.
308 f. : il. ; 30 cm.
Dissertação (Mestrado)– Escola de Comando e
Estado-Maior do Exército, 2003.
Bibliografia: f. 240-245.
1. Fortificações. 2. Defesa Territorial. 3. Fronteiras. 4.
Patrimônio Cultural - Preservação. I. Título.

CDD 355.7
Ten Cel Eng ANTONIO PROCÓPIO DE CASTRO GOUVÊA

FORTIFICAÇÕES PORTUGUESAS NO BRASIL: CONTRIBUIÇÕES PARA A BASE


FÍSICA NACIONAL. UMA PROPOSTA DE PRESERVAÇÃO

Dissertação apresentada à Escola de


Comando e Estado-Maior do Exército, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Mestre em Ciências Militares.

Aprovado em

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________
FERNANDO ANTONIO NOVAES D’ÂMICO – Cel Art – Dr Presidente
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

_________________________________________
MÁRIO LUIZ ROSSI MACHADO – Cel Art – Dr Membro
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

_________________________________________
MARCOS JOSÉ PUPIN – Ten Cel Eng – Dr Membro
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
À minha amada esposa e filhas, uma
justa homenagem pela compreensão
conferida e horas de lazer renunciadas
em favor da efetivação desta dissertação.
AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer, indistintamente, a todas as pessoas físicas ou jurídicas que,


direta ou indiretamente, colaboraram na realização desta pesquisa sobre História
Militar. Deixo, propositadamente, de citar nomes para não incorrer na injustiça de
omissão, porém o meu reconhecimento e gratidão, pelo incentivo desinteressado, pela
amizade e pelo apoio que fui alvo, durante todo o processo de elaboração desta
dissertação.
Glória, somente a Deus!
RESUMO

A formação territorial do Brasil tem uma relação direta com a história das fortificações
portuguesas construídas na América no Período Colonial. A visão geopolítica dos lusitanos
do Século XVI ao Século XIX, a par de visar inicialmente ao comércio das Índias, deixou
aos brasileiros um imenso território, muito maior do que a limitação inicial de Tordesilhas. O
gigantesco trabalho que a Engenharia Militar Portuguesa empreendeu no Brasil, durante o
Período Colonial, revela a grandiosidade e o heroísmo dos seus integrantes, sendo um dos
principais responsáveis pela defesa territorial, construção e destino da Colônia Ultra-
Marinha. Mais de três centenas de estratégicas fortificações foram erigidas e nortearam ao
longo do tempo os limites que, posteriormente foram ratificados por tratados, destacando-
se dentre eles, o Tratado de Madri (1750), base do contorno do continente chamado Brasil
sendo alinhavado sobre a faixa de fortificações portuguesas construídas desde o litoral até
o extremo oeste do Mato Grosso e da Amazônia. Pelo Tratado de Madri, Portugal deixou
como herança ao Brasil, salvo pequenas modificações, como por exemplo, a anexação do
Acre, em 1903, a atual configuração geográfica, constituindo-se no mais importante
instrumento político de reconhecimento à estratégia diplomática expansionista portuguesa.
A relevância de tal acervo, concita a sociedade brasileira a preservar e a conhecer o seu
passado glorioso, por intermédio de seus fortes. A legislação sobre preservação vigente, e
as organizações sistêmicas existentes, amplamente citadas neste trabalho monográfico,
apontam a direção a tomar para deixar às gerações futuras um passado cheio de glórias.
Mas esse futuro depende das ações do presente. Foi com essa preocupação que se
inseriu uma Seção, abordando uma proposta de preservação. Alguns exemplos bem-
sucedidos demonstram a viabilidade de execução de projetos consistentes. Em meio a
tudo isso aparecem sugestões de como incentivar a participação dos vários segmentos da
sociedade nesse processo de preservação cultural. Como extensão da pesquisa procurou-
se evidenciar a Cultura como instrumento transformador dos valores da sociedade. A
parceria indubitavelmente é o caminho para se atingir os objetivos de preservação das
fortificações.

Palavras-chave: Fortificação. Defesa Territorial. Preservação. Patrimônio Cultural.


ABSTRACT

The territorial formation of Brazil has a straight relation with the history of the Portuguese
fortification that was built in the America in the Colonial Period. The geopolitic vision of the
Portuguese of the Century XVI to the Century XIX, up to date with aim at initially to the
commerce of the Indias, left the Brazilians an immense territory, very bigger than the initial
limitation of Tordesilhas. The gigantic work that the Military Engineering Portuguese
enterprisinged in Brazil, during the Colonial Period, reveals the grandeur and the heroism of
his members, being one of the main responsible one by the territorial defense, construction
and fate from the Ultra Marine Colony. More of three hundreds of fortification strategic were
erected and conducted to the long one of the time the limits, that subsequently they were
ratified by treated, detaching themselves among they, the Madrid Treaty (1750), base of the
contour of the continent called Brazil being basted about the streak of Portuguese
fortifications built since the coastline to the extreme West of Mato Grosso and Amazonia. By
the tried Madrid, Portugal left like inheritance to Brazil, save small modifications, as by
example, the annexation of the Acre, in 1903, to present geographical configuration,
constituting itself in the more important recognition politician instrument to the Portuguese
diplomatic strategy of expansion. The relevance of such collection, drives the Brazilian
society to preserve and to know its glorious past, through his fortresses. The legislation
about preservation in force, and the systemic organizations, broadly cited in this
monograph, they aim the direction it take to leave to the future generations a full past of
glories. But that future depends on the actions of the present. Through the worry, that a
Seccion was inserted, approaching a proposal of preservation. Some successful examples
show the execution of consistent projects. Amid everything, the suggestions appear of as
encourage the participation of the several segments from the society in that cultural trial of
preservation. As stretch from the research found show up the Culture as instrument
transformer of the values from the society, the co-owner undoubtedly is the road to himself
reach the objectives of preservation of the fortifications.

Keywords: Fortification. Territorial defense. Preservation. Cultural Patrimony.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Muralha gaulesa construída de pedra, troncos de árvore e


terra ………………………..................................................…... 37
Figura 2 Muralhas de alvenaria ....................…………………………….. 38
Figura 3 Modificações nas muralhas ........................……………………. 39
Figura 4 Perfil de uma fortificação no século XVI .................................. 40
Figura 5 Traçado escalonado ................................................................ 42
Figura 6 Traçado tenalhado ................................................................... 43
Figura 7 Traçado baluartado .................................................................. 43
Figura 8 Capoeira .................................................................................. 44
Figura 9 Corte de contra-escarpa .......................................................... 45
Figura 10 Sistema de Vauban .................................................................. 46
Figura 11 1º e 3º Sistemas de Vauban .................................................... 47
Figura 12 A defesa de Colônia (segundo Montalembert) ........................ 49
Figura 13 Frente poligonal de Montalembert ........................................... 50
Figura 14 Fortaleza de São José do Macapá (AP) .................................. 77
Figura 15 Forte do Presépio restaurado (PA) .......................................... 82
Figura 16 Planta do Forte Príncipe da Beira, 1780 (RO) ......................... 87
Figura 17 Forte Príncipe da Beira (RO) ................................................... 88
Figura 18 Planta do Forte de São Joaquim do Rio Branco (RO) ............. 90
Figura 19 Vista do Forte de São Lourenço em Itaparica (BA) ................. 99
Figura 20 Forte de Mont Serrat (BA) ........................................................ 103
Figura 21 Forte de Santa Maria, Salvador (BA) ....................................... 105
Figura 22 Forte da Barra, Salvador (BA) ................................................. 108
Figura 23 Forte de São Marcelo (BA) ...................................................... 111
Figura 24 Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção (CE) ..................... 117
Figura 25 Forte do Brum (PE) .................................................................. 133
Figura 26 Forte dos Reis Magos (RN) ..................................................... 142
Figura 27 Forte de Coimbra (MS) ............................................................ 151
Figura 28 Forte São Francisco Xavier de Piratininga, Vila Velha (ES) .... 155
Figura 29 Forte de São Mateus, Cabo Frio (RJ) ..................................... 161
Figura 30 Fortaleza de Santa Cruz, Niterói (RJ) ...................................... 163
Figura 31 Fortaleza de São João, Rio de Janeiro (RJ) ............................ 165
Figura 32 Forte Barão do Rio Branco, Niterói (RJ) ................................. 167
Figura 33 Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, Santos (SP) ...... 181
Figura 34 Fortaleza de Vera Cruz de Itapema (SP) ................................. 182
Figura 35 Forte de São Felipe da Bertioga (SP) ...................................... 184
Figura 36 Forte de São João da Bertioga, Forte de São Tiago da 185
Bertioga (SP) ...........................................................................
Figura 37 Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres de Paranaguá (PR) 188
Figura 38 Plano do Forte de São Miguel, atualmente Uruguai ................ 193
Figura 39 Forte Jesus, Maria e José do Rio Grande (RS) ....................... 195
Figura 40 Bateria de São Caetano, (SC) ................................................. 197
Figura 41 Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba (SC) 199
Figura 42 Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim (SC) ....................... 202
Figura 43 Fortaleza de Santo Antonio de Ratones (SC) .......................... 204
Figura 44 Fortaleza de São José da Ponta Grossa (SC) ......................... 206
Figura 45 Forte de Santana (SC) ............................................................. 210
Figura 46 Estrutura Organizacional do Exército Brasileiro ...................... 218
Figura 47 Projeto de Reconhecimento da Fundação da Cidade do Rio de 229
Janeiro .....................................................................................
Figura 48 Fortificações da Ilha de Santa Catarina ................................... 233
LISTA DE MAPAS

Mapa 1 Limites definidos entre a Bula Inter Coetera e o Tratado de


Tordesilhas 53

Mapa 2 A geopolítica de Tordesilhas – controle do Atlântico-Sul pelos


54
portugueses

Mapa 3 Capitanias Hereditárias – estratégia de ocupação com capital


57
particular

Mapa 4 Domínio holandês no nordeste do Brasil entre 1630 e 1654


60

Mapa 5 Entradas e Bandeiras – Principais rotas da estratégia da


61
expansão

Mapa 6 Estratégia de expansão territorial ao Sul – Colônia do


62
Sacramento

Mapa 7 Cinturão de Fortes, balizando as fronteiras


64

Mapa 8 Principais fortificações portuguesas na Região Norte


72

Mapa 9 Principais fortificações portuguesas na Região Nordeste


92

Mapa 10 Complexo do Sistema de Defesa de Salvador (BA)


101

Mapa 11 Principais fortificações portuguesas na Região Centro-Oeste


147

Mapa 12 Principais fortificações portuguesas na Baía da Guanabara


153

Mapa 13 Principais fortificações portuguesas na Região Sul e no Estado


186
de São Paulo

Mapa 14 Fortificações construídas pelos portugueses no Brasil


211
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

AHEx Arquivo Histórico do Exército


abr. Abril
AC Acre
ago. Agosto
AL Alagoas
AM Amazonas
AP Amapá
Art Artilharia
BA Bahia
BIBLIEX Biblioteca do Exército Editora
C Doc Ex Centro de Documentação do Exército
CD-ROOM Disco Compacto
CE Ceará
Cel Coronel
CF Constituição Federal
cm Centímetro (s)
DAC Diretoria de Assuntos Culturais
DAC Diretoria de Assuntos Culturais
DACED Diretoria de Assuntos Culturais, Educação Física e Desportos
DEP Departamento de Ensino e Pesquisa
dez. Dezembro
DPHAN Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Dr Doutor
ECEME Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
EME Estado-Maior do Exército
Eng Engenharia
f. folha
fev. Fevereiro
FICART Fundos de Investimento Cultural e Artístico
Fig. Figura
FLUMITUR Companhia de Turismo do Estado do Rio de Janeiro (atual
RIOTUR)
FNC Fundo Nacional da Cultura
FNC Fundo Nacional de Cultura
FunCEB Fundação Cultural Exército Brasileiro
I GM Primeira Guerra Mundial
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICOMOS Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios
IG Instruções Gerais
II GM Segunda Guerra Mundial
il ilustração
Internet Conjunto de redes de computadores de âmbito mundial
IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
jan. Janeiro
jul. Julho
jun. Junho
Km Kilômetro
m Metro (s)
MA Maranhão
Maj Major
mar. Março
MHEx/FC Museu Histórico do Exército / Forte de Copacabana
Min Ministerial
MNM 2ª GM Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial
nº Número
nov. Novembro
ONG Organizações Não Governamentais
out. Outubro
p. Página
PA Pará
PB Paraíba
PE Pernambuco
PI Piauí
Port Portaria
PR Paraná
Prof Professor (a)
PRONAC Programa Nacional de Apoio à Cultura
QEMA Quadro do Estado-Maior da Ativa
RioLuz Companhia de Energia Elétrica do Estado do Rio de Janeiro
RIOTUR Companhia de Turismo do Estado do Rio de Janeiro
RJ Rio de Janeiro
RN Rio Grande do Norte
RO Rondônia
RR Roraima
RS Rio Grande do Sul
SC Santa Catarina
SE Sergipe
Sec Século
set. Setembro
SPHAN Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
TO Tocantins
UF Unidade Federativa
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
Cultura
Vol Volume
Σ Somatório
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................... 17
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................... 17
1.1.1 Tema .......................................................................................... 17
1.1.2 Problema ................................................................................... 19
1.1.3 Justificativa .............................................................................. 20
1.1.4 Contribuição da Pesquisa ....................................................... 20
1.2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS .................................................. 21
1.3 OBJETIVOS .............................................................................. 23
1.4 QUESTÕES ............................................................................... 23
1.5 PROCEDIMENTOS E METODOLOGIA .................................... 25
2 NOÇÕES BÁSICAS SOBRE DEFESA, FRONTEIRAS E
FORTIFICAÇÕES ...................................................................... 26
2.1 PRINCÍPIOS SOBRE DEFESA PASSIVA ................................. 27
2.2 PRINCIPIOS SOBRE FRONTEIRAS ......................................... 27
2.3 PRINCÍPIOS QUE GOVERNAM A ARTE DA FORTIFICAÇÃO . 29
2.3.1 Relação da fortificação com a arte da guerra ........................ 29
2.3.1.1 Estratégia ................................................................................... 30
2.3.1.2 Tática .......................................................................................... 31
2.3.1.3 Logística militar ........................................................................... 31
2.3.1.4 Fortificação ................................................................................. 31
2.4 CLASSIFICAÇÃO GENÉRICA DE FORTIFICAÇÕES ............... 34
2.4.1 Fortificações de campanha ..................................................... 34
2.41.1 Fortificações improvisadas ......................................................... 35
2.4.1.2 Fortificações preestabelecidas ................................................... 35
2.4.2 Fortificações permanentes ...................................................... 35
2.4.3 Fortificações estratégicas ....................................................... 35
2.4.4 Organização do terreno ........................................................... 35
2.5 HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DAS FORTIFICAÇÕES ATÉ 1815 37
2.5.1 Nos primórdios da Idade Média .............................................. 37
2.5.1.1 Flanqueamento por meio do traçado .......................................... 41
2.5.1.1.1 Traçado escalonado ................................................................... 41
2.5.1.1.2 Traçado tenalhado ...................................................................... 42
2.5.1.1.3 Traçado baluartado .................................................................... 43
2.5.1.2 Flanqueamento por meio de obras especiais ............................ 44
2.5.2 O Período de Vauban (Sec XVII e XVIII) .................................. 45
2.5.3 O Sistema de fortificação de Montalembert ........................... 48
2.5.3.1 Artilharia de grosso calibre e longo alcance ............................... 48
2.5.3.2 Linha de defesa fora do perímetro ............................................. 48
2.5.3.3 Linha de defesa descontínua ..................................................... 49
2.5.3.4 Substituição do traçado .............................................................. 50
3 A ESTRATÉGIA PORTUGUESA NA DEFESA TERRITORIAL
DO BRASIL ............................................................................... 52
3.1 INTRODUÇÃO ........................................................................... 52
3.2 GEOPOLÍTICA DE TORDESILHAS ........................................... 53
3.3 FRONTEIRA POLÍTICA INICIAL ................................................ 55
3.4 A ESTRATÉGIA DE OCUPAÇÃO .............................................. 56
3.4.1 Os Reconhecimentos Gerais ................................................... 56
3.4.2 As Capitanias Hereditárias ...................................................... 57
3.4.3 O Governo Geral ....................................................................... 58
3.5 A ESTRATÉGIA DA EXPANSÃO ............................................... 59
3.5.1 A União Ibérica ......................................................................... 59
3.5.2 As Entradas e Bandeiras ......................................................... 61
3.5.3 A fundação da Colônia de Sacramento .................................. 62
3.5.4 A Administração Pombalina .................................................... 63
3.6 A ESTRATÉGIA DIPLOMÁTICA ................................................ 65
3.6.1 Tratado de Utrecht (1713 – 1715) ............................................ 65
3.6.2 Tratado de Madri (1750) ........................................................... 65
3.6.3 Tratado de El Pardo (1761) ...................................................... 66
3.6.4 Tratado de Santo Ildelfonso (1777) ......................................... 66
3.6.5 Tratado de Badajoz (1801) ....................................................... 67
3.7 A ESTRATÉGIA TERRITORIAL NO BRASIL REINO ................ 68
3.7.1 A ocupação da Guiana Francesa ............................................ 68
3.7.2 A conquista da Cisplatina ........................................................ 68
3.7.3 A unidade política e territorial ................................................. 69
4 FORTIFICAÇÕES PORTUGUESAS CONSTRUÍDAS NO
BRASIL NO PERÍODO COLONIAL ........................................... 70
4.1 INTRODUÇÃO ........................................................................... 70
4.2 FORTIFICAÇÕES PORTUGUESAS NO BRASIL ...................... 71
4.2.1 Na Região Norte ........................................................................ 71
4.2.1.1 Fortificações costeiras ................................................................ 72
4.2.1.2 Fortificações marginais ............................................................... 75
4.2.1.3 Fortificações mistas .................................................................... 92
4.2.2 Na Região Nordeste ................................................................. 92
4.2.2.1 Fortificações costeiras ................................................................ 93
4.2.2.2 Fortificações marginais ............................................................... 145
4.2.2.3 Fortificações mistas .................................................................... 147
4.2.3 Na Região Centro-Oeste .......................................................... 147
4.2.3.1 Fortificações costeiras ................................................................ 148
4.2.3.2 Fortificações marginais ............................................................... 148
4.2.3.3 Fortificações mistas .................................................................... 148
4.2.4 Na Região Sudeste ................................................................... 153
4.2.4.1 Fortificações costeiras ................................................................ 153
4.2.4.2 Fortificações marginais ............................................................... 186
4.2.4.3 Fortificações mistas .................................................................... 186
4.2.5 Na Região Sul ........................................................................... 186
4.2.5.1 Fortificações costeiras ................................................................ 187
4.2.5.2 Fortificações marginais ............................................................... 187
4.2.5.3 Fortificações mistas .................................................................... 187
4.3 CONCLUSÃO PARCIAL ............................................................ 210
5 POR QUE E COMO PRESERVAR ESSE PATRIMÔNIO
CULTURAL? ............................................................................. 213
5.1 INTRODUÇÃO ........................................................................... 213
5.2 PRINCIPAIS ÓRGÃOS DE PRESERVAÇÃO EXISTENTES ..... 215

5.2.1 Ministério da Cultura ....................................................... 215


5.2.2 Secretaria do Patrimônio, Museu e Artes Plásticas .............. 216
5.2.3 Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional ......... 216
5.2.4 Estado-Maior do Exército ........................................................ 217
5.2.5 Departamento de Ensino e Pesquisa ..................................... 217
5.2.6 Diretoria de Assuntos Culturais .............................................. 219
5.2.7 Arquivo Histórico do Exército ................................................. 219
5.2.8 Fundação Cultural Exército Brasileiro ................................... 219
5.3 PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES ..................................................... 220
5.3.1 Carta de Veneza ........................................................................ 221
5.3.2 Constituição da República Federativa do Brasil ................... 221
5.3.3 Decreto Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937 ...................... 223
5.3.4 Lei nº 7.505, de 2 de julho de 1986 .......................................... 223
5.3.5 Lei nº 8.313, de 23 de novembro de 1991 ............................... 223
5.3.6 Programa Nacional de Incentivo à Cultura ............................ 223
5.3.7 Instruções Gerais para a Criação, Organização,
Funcionamento e Extinção de espaços Culturais (IG 20-18).. 224
5.3.8 Normas para a Elaboração, Aprovação e Execução de
Projetos Culturais ..................................................................... 224
5.4 UMA PROPOSTA DE PRESERVAÇÃO .................................... 225
5.5 CONCLUSÃO PARCIAL ............................................................ 233
6 CONCLUSÃO ............................................................................ 235
REFERÊNCIAS .......................................................................... 240
GLOSSÁRIO .............................................................................. 246
APÊNDICE A – ÍNDICE DAS FORTIFICAÇÕES PORTUGUE-
SAS CONSTRUÍDAS NO BRASIL, NO PERÍODO COLONIAL,
APRESENTADAS NESTA DISSERTAÇÃO .............................. 249
APÊNDICE B – RELAÇÃO DE ALGUMAS FORTIFICAÇÕES
TOMBADAS ............................................................................... 257
ANEXO A – CARTA DE VENEZA .............................................. 259
ANEXO B – DECRETO-LEI nº 25, DE 30 DE NOVEMBRO DE
1937 ............................................................................................ 263
ANEXO C – LEI nº 8.313, DE 23 DE DEZEMBRO DE 1991 ..... 273
ANEXO D – INSTRUÇÕES GERAIS PARA A CRIAÇÃO, ORGA
NIZAÇÃO, FUNCIONAMENTO E EXTINÇÃO DE ESPAÇOS
CULTURAIS (IG 20-18) ............................................................. 292
ANEXO E – NORMAS PARA ELABORAÇÃO APROVAÇÃO E
EXECUÇÃO DE PROGRAMAS E PROJETOS CULTURAIS .... 300
17

1 INTRODUÇÃO

A presente dissertação é um dos requisitos para a conclusão de curso na ECEME.

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Ao tratar sobre assunto tão relevante para a História e formação territorial do Brasil, é
justo inicialmente, render uma homenagem aos destemidos descobridores portugueses,
ao homem obstinado que se superou, no tempo e no espaço, para assentar uma nova
civilização no continente americano, e à Engenharia Militar Portuguesa, que sempre
esteve presente e atuante nos três séculos da história colonial brasileira, no trabalho
ingente de demarcar, defender e construir o Brasil.

Ainda hoje, todo aquele que estuda os sítios ocupados pelas fortificações construídas
pelos portugueses no Brasil fica impressionado com a sábia localização dos seus fortes,
quer do ponto de vista tático, quer do estratégico; pela perfeição do trabalho executado;
e pelo esforço ciclópico para erguer alguns deles em locais longínquos e desprovidos
de vias de comunicação.

1.1.1 Tema

A presente dissertação tem por tema "Fortificações Portuguesas no Brasil:


Contribuições para a Base Física Nacional. Uma Proposta de Preservação". A sua
delimitação, que viabilizou a pesquisa, alicerça-se sobre: a análise da relação entre o
processo histórico da defesa territorial do Brasil e as fortificações portuguesas
existentes; os conceitos preliminares de sistema defensivo da época; as principais
fortificações portuguesas construídas no Brasil no período colonial e suas principais
contribuições para a base física do Brasil; e conclui, mostrando a importância desse
acervo cultural no presente e propondo como preservá-lo para as gerações futuras.

O projeto conduz inicialmente, ao estudo das condicionantes históricas dos limites do


Brasil atual. As fronteiras do País foram estabelecidas, basicamente, em duas etapas:
antes do seu Descobrimento, pelo Tratado de Tordesilhas; e depois do seu
Descobrimento, particularmente entre 1580 a 1640, quando os reinos de Portugal e
18

Espanha estiveram unidos, sob a coroa espanhola e a América do Sul tornando-se um


único mundo, totalmente hispânico.

Com a ausência de fronteiras - a Linha de Tordesilhas já não tinha importância - os


luso-brasileiros começaram a penetrar profundamente no vasto interior, ampliando as
fronteiras do futuro Brasil, conquistando a base física e assentando os alicerces da
formação da nossa nacionalidade. Essa penetração pela vastíssima hinterlândia
brasileira ficou conhecida como movimento das “entradas e bandeiras”.

Quando os portugueses se separaram da Espanha, negaram-se a abandonar as terras


que haviam ocupado e colonizado, reclamando o que, desde então, se reconhece no
Direito Internacional como direito do uti possidetis, no qual um território devia pertencer
a quem o tivesse efetivamente colonizado.

A fim de defender esse imenso território, os portugueses, com a sua sabedoria


geoestratégica, procuraram proteger, militar e politicamente, aquele imensurável
espaço. Levantaram, então, fortificações em pontos-chaves da extensa terra brasílica.

É importante ressaltar que, desde os primeiros tempos, as fortificações e povoados


marcharam integrados, formando um binômio indissociável na conquista e ocupação do
território e na fixação das nossas fronteiras.

Muitas das velhas fortalezas ainda se mantêm de pé, como um desafio lançado por
nossos antepassados, nos incitando a defender e preservar o nosso território com o
mesmo esforço, audácia e determinação, com que o fizeram.

Os termos em que era dada a missão de construir as fortificações e manter o terreno,


fazem-nos meditar sobre a elevada compreensão que aqueles homens tinham do
cumprimento do dever. A distância em que se encontravam do centro de decisão e as
enormes dificuldades que enfrentavam durante os trabalhos não se constituíam em
motivos para o não cumprimento das ordens reais.

O gigantesco trabalho que a Engenharia Militar Portuguesa empreendeu no Brasil,


durante o Período Colonial, revela a grandiosidade e o heroísmo dos seus
19

integrantes, sendo um dos principais responsáveis pela defesa, construção e destino da


nossa Pátria.

É naquele trabalho que, de forma exponencial, iremos encontrar os fundamentos e a


compreensão do sentido histórico da grandeza e da integridade de nosso imenso
território e, até mesmo, da harmoniosa integração racial, quiçá, a maior herança da
nação lusíada, de que tanto nos vangloriamos.

Portanto, norteou a presente pesquisa, o estudo dos aspectos do processo histórico da


defesa territorial, correlacionados com as fortificações portuguesas construídas no
Brasil, até o final do Período Colonial, que tiveram importância significativa para a
delimitação das fronteiras do Brasil. Apresentar propostas de como preservar tais
fortificações, à luz da legislação vigente constituiu-se no fecho do tema do presente
trabalho.

1.1.2 Problema

A problemática, enfoque central do presente trabalho, consolida-se na assertiva e nas


questões que se seguem:

- A estratégia portuguesa na defesa territorial do Brasil levou os luso-brasileiros à


construção de fortificações de diversas naturezas, particularmente no período
colonial. Essas fortificações contribuíram significativamente para a definição e
manutenção da atual base física do Brasil.

- Quais as principais fortificações construídas no Brasil, quando colônia, que se


revestiram de importância fundamental na delimitação atual do território
brasileiro?

- Quais as principais contribuições dessas fortificações para a expansão territorial


da então Colônia e para a manutenção desse território?

- Quais as formas possíveis para a preservação das fortificações citadas no


presente trabalho?
20

1.1.3 Justificativa

O problema proposto no projeto de pesquisa justifica-se pela expressiva quantidade de


fortificações construídas no Brasil pelos portugueses e as suas implicações na definição
das fronteiras do país.

Ressalte-se, também, que ao estudar o processo histórico dessas fortificações, tal


projeto, ajuda a resgatar na história um acervo cultural imensurável para a nossa pátria,
estimulando as gerações do presente e do futuro a desenvolver uma mentalidade
nacional na busca da preservação de tão nobre patrimônio.

Durante o processo histórico do Brasil, de quase cinco séculos, ele foi protegido
por um cinturão de cerca de 350 fortificações militares que terminaram por
transformá-lo numa imensa fortaleza, que integrou muralhas artificiais com as
naturais. Elas foram construídas progressivamente, ao longo das grandes
batalhas travadas pelo Brasil para preservar fundamentalmente sua Integridade
e por vezes sua Unidade, Soberania Independência e Democracia, sob
ameaças.
[...]
O cinturão de fortalezas brasileiras foi essencial, durante quase quatro séculos,
na defesa contra índios, piratas, corsários, aventureiros, invasores estrangeiros
e nas guerras internas e externas e pela Independência e, assim, para a
definição e preservação das dimensões continentais do Brasil, até hoje
balizadas em seus extremos por algumas delas (BENTO, 1982, p. 1).

Como podemos observar, os dois textos supracitados, descrevem, com propriedade, a


importância das fortificações para a defesa do território e para a definição dos limites
continentais do Brasil, desde o Período Colonial.

1.1.4 Contribuição da pesquisa

Na presente dissertação procurou-se descrever o processo histórico da estratégia


portuguesa na defesa territorial do Brasil, apresentando alguns conceitos básicos sobre
fronteiras e fortificações, relacionando-as com as principais fortificações portuguesas
construídas no Brasil no período colonial, concluindo sobre suas principais
contribuições para a base física do Brasil, bem como expondo propostas de como
preservá-las.

Certamente, também contribuirá para reverenciar e para homenagear a memória


de nossos antepassados, valorizando nossas tradições e nossos sentimentos
21

patrióticos, bem como, para estimular, na sociedade como um todo, no presente e no


futuro, a criação e a manutenção de projetos de preservação desse rico acervo nacional.

1.2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

O Cel Inf QEMA Manuel Soriano Neto publicou na Revista do Exército Brasileiro, (2001,
p. 69), um artigo intitulado "Fortificações Históricas do Brasil. Ontem, e hoje a
benemérita ação da Força Terrestre". Dentre outras coisas, o autor desse artigo afirma:

Tudo teve início quando os intrépidos lusitanos decidiram defender e guardar o


imenso território brasileiro, por eles galhardamente descoberto e desbravado.
Assim, num trabalho ciclópico, foram erigidas pela engenharia militar
portuguesa inúmeras fortificações, em locais estratégicos, muitas vezes
longínquos e desprovidos de quaisquer meios de subsistência. Luso-brasileiros
ergueram, ao longo de dois séculos e meio, mais de 350 fortificações,
chamadas de fortalezas, fortes, fortins, redutos, redentes, presídios,
hornaveques, vigias, baterias, feitorias, portões, trincheiras, tranqueiras e casas
fortes. A partir da construção desses primeiros baluartes de nossa integridade
territorial, nasceram as principais cidades brasileiras, máxime as localizadas à
beira-mar (SORIANO NETO, 2001, p. 69).

Os portugueses, embora tivessem direito de primazia de parte das terras da América


(Tratado de Tordesilhas), inicialmente, até 1530, não se preocuparam em ocupar e
defender a nova terra.

Suas atenções estavam voltadas mais para o controle e a exploração da rota comercial
das índias e de suas especiarias. Com o aumento das incursões de corsários no litoral
do Brasil, Portugal decidiu iniciar a colonização e a defesa da sua colônia na América.

Foi um empreendimento grandioso. Exigiu de Portugal um enorme esforço para erguer


em locais estrategicamente selecionados, fortificações e povoamentos, visando a
impedir a exploração da sua colônia por franceses, ingleses e holandeses,
particularmente na faixa litorânea e ao longo da bacia do Rio Amazonas.

As notáveis obras realizadas pelo homem, desde a Antiguidade, até mesmo as mais
audaciosas, eram baseadas, quase integralmente, em regras práticas e empíricas e
22

na intuição dos construtores, sem bases teóricas. O início da Engenharia científica


ocorreu quando se procurou justificar, física e matematicamente, tudo o que era feito de
modo empírico, através do estudo e da pesquisa, como fizeram Leonardo da Vinci e
Galileu, nos séculos XV e XVI, escrevendo sobre seus estudos.

A Engenharia moderna nasceu dentro dos exércitos; a descoberta da pólvora e


depois o progresso da Artilharia obrigaram a uma completa modificação nas
obras de fortificação, que, principalmente a partir do século XVII, passaram a
exigir profissionais habilitados para o seu planejamento e execução. As altas
torres e as muralhas retas das fortificações medievais não proporcionavam mais
uma boa defesa na era dos canhões, sendo substituídas por muralhas em
ângulos geometricamente planejados de modo que cada face pudesse ser
protegida. Com isso, a necessidade de realizar obras, que fossem ao mesmo
tempo sólidas e econômicas e, também, estradas, pontes e portos para fins
militares, forçou o surgimento dos Oficiais-Engenheiros e a criação de Corpos
especializados de Engenharia nos exércitos” (TELLES, 1994, p. 2).

Como a Engenharia moderna nasceu dentro dos exércitos, segundo o Prof. Pedro
Carlos da Silva Telles no seu livro “A História da Engenharia no Brasil”, é perfeitamente
compreensível que o seu aprendizado, em bases científicas, tenha também começado,
visando o seu emprego militar. Dessa forma, desde o século XVI eram ministrados
cursos de matemática aplicada à navegação, à artilharia e às fortificações. Em Portugal,
esses cursos eram ministrados em academias conhecidas como “Aulas”, e nelas se
formaram muitos dos Engenheiros Militares que vieram trabalhar no Brasil colonial,
onde também funcionaram algumas “Aulas” até que o ensino regular de Engenharia
fosse estabelecido.

O Exército Brasileiro por meio do Departamento de Ensino e Pesquisa (DEP) a aprovou a Portaria nº
30 de 5 de junho de 2000, que dispõe sobre as Normas para Elaboração, Aprovação e Execução de
Programas de Projetos Culturais, que trata sobre procedimentos relativos á elaboração, aprovação e
execução de Programas e Projetos Culturais do Exército. Consta no Capítulo 3-Introdução que:

A Política Cultural aprovada pela Port. Min nº 068, de 31 de jan. 96, estabelece
os objetivos gerais e particulares a serem perseguidos pela Força Terrestre no
campo da atividade cultural, bem como fixa os princípios operacionais e os
procedimentos gerenciais necessários à conquista e á manutenção de tais objetivos.
Todas as ações dos órgãos do sistema cultural e das organizações militares
que vierem, por qualquer razão, a atuar na área cultural, devem ser planejadas
de forma a obterem-se os melhores resultados com os menores custos. Devem
também ter em mente a importância das parcerias, em particular as que
poderão advir por meio da Fundação Cultural do Exército Brasileiro.
23

O planejamento das ações culturais deve considerar dois instrumentos


fundamentais: os Programas e os Projetos Culturais. (BRASIL, 2000, p. 1).

Verifica-se claramente que, o Exército Brasileiro, ocupando boa parte das fortificações
construídas pelos portugueses, preocupa-se com o aspecto de preservação desses
fortes.

1.3 OBJETIVOS

A presente Dissertação tem como objetivos principais:

- Apresentar algumas noções básicas sobre fronteiras e fortificações;

- Descrever o processo histórico da estratégia portuguesa na defesa territorial do Brasil.

- Enfocar as principais fortificações portuguesas construídas no Brasil no período


colonial.

- Concluir sobre suas principais contribuições para a base física do Brasil.

- Mostrar a importância desse acervo cultural no presente.

- Propor medidas possíveis para preservá-las às gerações futuras.

1.4 QUESTÕES

Por meio de uma pesquisa bibliográfica e documental, as questões investigadas foram


as seguintes:

- O que são fronteiras e quais os tipos?

- O que são fortificações e quais os tipos?


24

- Como foi o processo histórico da estratégia portuguesa na defesa territorial do Brasil


que levou os luso-brasileiros à construção de fortificações de diversas naturezas?

- Quais as principais fortificações portuguesas construídas no período Brasil colônia?

- Quais as principais contribuições das fortificações portuguesas para a definição da


base física do Brasil?

- Por que e como preservar esse patrimônio cultural?

1.5 PROCEDIMENTOS E METODOLOGIA

O presente trabalho desenvolveu-se fundamentado em uma pesquisa


bibliográfica/documental, compreendendo as seguintes técnicas:

- Levantamento da bibliografia de documentos pertinentes;

- Seleção da bibliografia e dos documentos;

- Leitura analítica da bibliografia e dos documentos selecionados;

- Fichamento: ocasião em que foram elaboradas as fichas bibliográficas de citação, de


resumo e analíticas;

- Análise crítica e consolidação das questões de estudo.

A coleta do material foi realizada através da consulta às bibliotecas da Escola de


Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), da Biblioteca do Exército Editora
(BIBLIEX), do Centro de Documentação do Exército (C Doc Ex), da Diretoria de
Assuntos Culturais (DAC), de outros estabelecimentos de ensino de nível superior do
Brasil, além de consultas eletrônicas acessadas via Internet.
25

O presente trabalho teve seu prosseguimento com a elaboração da dissertação onde


constam as respostas às questões, objeto do presente estudo, bem como as
conclusões pertinentes ao que foi proposto.
26

2 NOÇÕES BÁSICAS SOBRE DEFESA, FRONTEIRAS E FORTIFICAÇÕES

A glória das grandes descobertas, que coube a portugueses e espanhóis, os


mais ousados navegadores dos Séculos XV e XVI, não lhes conferiram o direito
que o “Tratado de Tordesilhas” lhes outorgou, quando distribuiu entre ambos o
mundo desconhecido. Esta divisão, ao desagradar outros países, estimulou
excursões de flibusteiros, corsários e frotas de pirataria, instigados pela França,
Inglaterra e Países Baixos, que, em demanda às riquezas do Novo Mundo,
dificultavam o domínio português, criando-lhe obstáculos, que se acresciam à
extensão do litoral, rusticidade do meio e hostilidade dos indígenas (PAULA,
1967, p. 7).

Desta sorte, as riquezas do Brasil foram disputadas por outros povos, cujos navios se
orientavam para o comércio de pirataria o para a tentativa de ocupação, aportando com
freqüência nas praias de mais fácil acesso, onde procuravam estabelecer-se.

Surgiram, assim, nesses pontos, praças fortes portuguesas, com defesa organizada
para enfrentar, navios artilhados, e reprimir hostilidade dos selvagens, possuidores das
terras conquistadas, que forçaram, em regiões agreste e desconhecidas, a ação de
represália e amplas medidas de defesa.

A proteção da terra contra a cobiça estrangeira foi sempre preocupação dos


conquistadores, e a ela não escaparam os portugueses, que fundaram várias cidades
no litoral do Brasil, com luta e derramamento de sangue.

Desdobrou-se a conquista da terra, seguiram-se a expulsão dos invasores e o domínio


sobre selvagens; desenrolaram-se cenas de heroísmo; floresceu o amor à terra
ocupada; ardeu o desejo de defendê-la, mantê-la e engrandecê-la; e todos aqui ficaram
com o espírito de pioneiro, isto é, procuraram fixar-se a terra e adaptar-se ao meio.

Na fortificação se baseava a segurança dos núcleos sociais, das cidades, das vilas e
dos pontos importantes do país, contra as constantes ameaças de invasão. Um porto
era considerado bem defendido quando dispunha de uma boa proteção das defesas
móveis - as forças navais e as tropas de terra; e as defesas fixas - as fortificações.
27

Antes de entrar no mérito do tema central do presente trabalho – fortificações – é


conveniente apresentar algumas noções básicas relacionadas ao assunto,
principalmente, sobre defesa, fronteiras e fortificações.

2.1 PRINCÍPIOS SOBRE DEFESA PASSIVA

Um dos aspectos fundamentais da guerra, ao qual as fortificações estão diretamente


ligadas é o princípio da defesa passiva.

Define-se defesa passiva como a forma de defesa que, utilizando medidas estratégicas
práticas, e isentas do imperativo da ação ofensiva militar, organizada para assegurar o
êxito, visa a impedir o ataque inimigo, por terra, mar e ar (RICE, 1948, p. 1).

O Brasil é um país vasto, de imenso território e com extensas linhas de fronteiras.


Imperam nele certas condições econômicas, e, sobretudo as que mais de perto se
relacionam com recursos em mão-de-obra disponível e materiais, que, combinados a
outras condições semelhantes, impossibilitam a tarefa de se estabelecer uma defesa do
país inteiro com fortificações permanentes e exércitos. Foi o que a história muitas vezes
o demonstrou em seu decurso. Não obstante, isso não infirma o princípio de que
exércitos foram, são e continuarão a ser necessários, até ao soar da hora em que o
mundo ingresse definitivamente no reinado da paz.

2.2 PRINCÍPIOS SOBRE FRONTEIRAS

De acordo com Mattos (1990), fronteira, no entendimento comum das pessoas, é a


linha periférica que contorna o território de um Estado soberano ou de uma jurisdição
regional (província, condado, e outros). O conceito político não é assim tão simples –
distingue fronteira linha de fronteira faixa.

Os estadistas, diplomatas e geógrafos, em sua grande maioria, aceitam as distinções


entre limite e fronteira. Para esse grupo, limite é a linha natural ou artificial que contorna
o extremo do território físico do Estado. Fronteira é a faixa contígua à linha limite;
usualmente os Estados estabelecem a extensão desta faixa.
28

As fronteiras desenham a forma do território dos Estados e revelam o seu tamanho.


Somando-se a esses dois fatores, a posição geodésica e a posição relativa aos
Estados vizinhos, tem-se os fatores de importância política para um Estado.

A finalidade das fronteiras é separar o que é de um e do outro Estado, proteger o


território nacional, isolá-lo, quando necessário, ou facilitar-lhe o intercâmbio, quando
conveniente. Seja como for, existe um aspecto fundamental no estabelecimento de
limites entre Estados: são sempre convencionais, isto é, dependem de um acordo entre
os Estados limítrofes.

Os diferentes tipos de fronteiras foram estudados pelos principais autores sob vários
ângulos, quer estrutural, quer funcional. No que se refere à natureza da linha limite
escolhida tem-se as fronteiras naturais e artificiais. A primeira definida por acidentes
naturais (rios, montanhas, desertos, lagos, mar). A segunda, traçada por linhas
imaginárias, astronômicas, geodésicas, ou matemáticas. Nesta, inclui-se a linha do
Tratado de Tordesilhas que será abordado posteriormente.

Quanto ao seu grau de ocupação podem ser consideradas como fronteiras ocupadas,
quando habitadas, ou como fronteiras vazias, quando desabitadas.

Quanto ao seu estado de evolução são classificadas em esboçadas, quando em áreas


desabitadas ou pouco habitadas ou ainda não se impõe uma demarcação clara; vivas
ou de tensão, quando há confronto entre os interesses das populações vizinhas; e
mortas, onde não existe pressão política ou populacional, em regiões decadentes.

Existe também, a classificação combinando critérios de origens várias: as históricas,


oriundas de tradições seculares; as naturais, quando traçadas, seguindo acidentes de
geografia física; as planejadas ou de construção, com o mesmo conceito das artificiais,
já mencionadas; e as étnicas, lingüísticas, estratégicas ou econômicas, cujo objeto
classificador está no próprio nome.

Considerando sua situação jurídica, são classificadas em fronteira de jure, quando


delimitada de comum entre as partes; fronteira de litígio, quando contestada por uma ou
mais partes, mas em processo de negociação, e fronteira de conflito, quando
29

contestada por uma ou mais partes, em estado de tensão, com a negociação


interrompida.

Existem outros critérios de classificação de fronteiras, ou limites, porém, para a


finalidade do presente trabalho, será interrompido nesse estágio.

2.3 PRINCÍPIOS QUE GOVERNAM A ARTE DA FORTIFICAÇÃO

Serão esboçados em traços sucintos a evolução dos princípios que governaram a arte
da fortificação, e o isso será feito para mostrar como as aplicações desses princípios se
modificaram periodicamente, graças à aquisição de conhecimentos dos princípios da
estratégia, ao aperfeiçoamento introduzido nas organizações táticas e na mobilidade
das tropas; através do desenvolvimento de armas militares ofensivas ou defensivas e
mediante a aplicação à arte da fortificação ao progresso dos conhecimentos humanos.

O velário da história se descerra sobre civilização já bem desenvolvida. Vêem-se


grandes cidades e capitais já existentes ligadas por estradas e rotas aperfeiçoadas,
com pontes nos locais necessários. O comércio já está bem estabelecido por vias
terrestres e marítimas. Desenvolveu-se uma seqüência de grandes impérios que
floresceram e desapareceram. Travaram-se guerras de vulto, algumas causadas pelo
desejo de expansão territorial, outras por rivalidade comercial. Exércitos poderosos e
altamente organizados feriram batalhas. O costume de circundar todas as grandes
cidades, com fortificações, transformou-se numa prática universal, e os assédios a
essas cidades representaram papel importante na condução da guerra.

2.3.1 Relação da fortificação com a arte da guerra

É hora de voltar a atenção por alguns momentos, às relações da fortificação com a arte da guerra.

Segundo Sun Tzu (1996, p. 7), “A arte da guerra é de importância vital para o Estado. É
uma questão de vida ou morte, um caminho tanto para a segurança como para a ruína.
Assim, em nenhuma circunstância deve ser negligenciada”.

A guerra pode ser definida como a luta organizada entre os homens. Esta última é
tão antiga como a própria vida humana. Na verdade desde o começo, a existência
30

humana deve ter sido um combate contínuo contra as forças da natureza, contra outros
animais, e contra os seres humanos. À proporção que o domínio do homem sobre o
mundo animal foi sendo assegurado e seu conhecimento das leis da natureza
aumentou, a luta pela existência tornou-se menos aguda. O homem se tornou capaz de
produzir mais do que consumia e logo aprendeu a vantagem da cooperação com seus
vizinhos em benefício mútuo, ao invés de lutar contra eles (RICE, 1948, p.8). Em outras
palavras o homem aprendeu a conhecer as bênçãos da paz.

Porém, os bens acumulados, cedo se tornaram pomo de discórdia. A história da humanidade foi
sempre uma alternativa entre guerra e paz. O acúmulo das utilidades vitais por parte de uns
despertou a cobiça dos outros; e uma vez mais houve o recurso à força, de um lado para
apresar os bens alheios e, de outro, para conservar o que possuíam. Dados de dezembro de
2002, da Academia Norueguesa de Ciências indicam que, em 5.500 anos de história conhecida,
ocorreram 14.533 conflitos, com cerca de 4 bilhões de mortos, e apenas 292 anos de paz.

A compilação de conhecimentos provados sobre qualquer assunto constitui ciência


desse assunto. A aplicação desse conhecimento aos negócios humanos constitui a arte
correspondente. Assim, pode-se chamar de ciência da guerra à soma e compilação de
todos os conhecimentos humanos relativos à guerra; e de arte da guerra a aplicação
prática desses conhecimentos às necessidades da humanidade.

A arte da guerra pode ser classificada em quatro ramos principais:

2.3.1.1 Estratégia

T É a arte de preparar e aplicar o poder para, superando óbices de toda ordem, alcançar
e manter os objetivos fixados pela política (ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-
MAIOR DO EXÉRCITO, 2002, p. 98). Em outras palavras, é a arte e a ciência de
elaborar planos e usar as forças e equipamentos militares com o fim de conquistar e
conservar vantagens sobre o inimigo em operações de combate.

Inclui a distribuição, o transporte e o emprego de tropas e abastecimentos e, também,


um estudo do campo de batalha e da disposição do inimigo. Em suma, a estratégia
compreende o planejamento em larga escala.
31

2.3.1.2 Tática

É a arte de dispor, movimentar e empregar as forças militares em presença do inimigo


ou durante a batalha (ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO,
2002, p. 232). Ou seja, é a arte e a ciência de planejar executar o movimento das
tropas em combate ou em presença do inimigo, a fim de empregar a força combativa da
maneira mais eficiente possível contra o inimigo, aliada à perícia em utilizar o pessoal,
as armas, e o equipamento por indivíduos ou unidade, para o combate mais eficaz ao
inimigo.

Resumindo, a tática compreende as operações necessárias a executar e consumar as


operações estratégicas.

2.3.1.3 Logística militar

Pode-se definir esse termo de várias formas. É o conjunto de atividades relativas à


previsão de todos os meios necessários à realização de uma guerra (ESCOLA DE
COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO, 2002, p. 144). É a parte da arte da
guerra que trata do planejamento e da sustentação das atividades das forças em
campanha, pela obtenção e provisão de meios de toda a sorte e pela obtenção e
prestação de serviços de natureza administrativa e técnica.

É o conjunto de atividades relativas à provisão e à previsão de recursos, humanos, materiais


e animais, necessários para o funcionamento organizacional de um exército. É a arte e a
ciência de projetar e executar movimentos, evacuação e abastecimentos militares.

2.3.1.4 Fortificação

É a arte e a ciência de modificar o terreno a fim de aumentar o seu valor estratégico, tático ou
logístico. Ela inclui as obras realizadas para aumentar o poder combativo, especialmente a
capacidade de resistência, de um corpo de tropa em uma determinada posição. É um meio
de combate à disposição do comando, tal como o são as tropas e o armamento.

Assim, classificando-se a arte e a ciência da guerra em quatro ramos principais, não é


possível, nem é aconselhável determinar o valor relativo de cada um deles.
32

Encontram-se tão intimamente ligados, que o efeito de um sobre os outros deve ser sempre
tomado em consideração. O sucesso local é impossível sem eficiência tática; o efeito máximo de
um êxito local só pode ser obtido por meio de uma aplicação apropriada dos princípios de guerra.

A formação e distribuição apropriadas das forças militares para assegurar o êxito tático ou
estratégico são possíveis somente mediante aplicação conveniente da logística. Portanto, os
objetivos táticos e estratégicos, os rendimentos logísticos máximos, só podem ser obtidos quando
se fizer o emprego mais eficiente dos princípios de guerra, neles incluída, indiretamente, o que se
pode chamar de a arte da fortificação, pela segurança e economia de forças que proporciona.

Tem-se dito algumas vezes que a Fortificação é meramente a tática escrita no terreno,
e que, por isso, a arte da fortificação deveria ser considerada como um ramo da tática.
Isso se aplicava com mais propriedade, ainda, entre 1500 e 1882.

Por certo o emprego mais extenso da arte da fortificação se situava no campo da tática,
onde seu uso era subordinado às necessidades táticas, embora devesse, até certo ponto,
controlar as disposições táticas. Mas os mesmos princípios de fortificação, ampliados ao
escopo da aplicação, se estendem por além do campo da tática e reaparecem junto com a
estratégia, subordinados a ela, ainda que influindo enormemente nas exigências que a ela
cabem. E não é só isso. Visto que as disposições táticas e estratégicas são bastante
dependentes das condições logísticas, a arte da fortificação, no que afeta a logística, diz
respeito diretamente aos problemas de abastecimentos e manutenção.

É evidente que a arte da fortificação não pode ser considerada como um ramo da tática,
da estratégia, ou da logística – e sim que constitui por si mesma outro ramo da arte e
ciência da guerra para o período considerado neste trabalho dissertativo.

É de esperar que esta sucinta exposição sobre a arte e ciência da guerra e seus ramos principais
deixará claro que um estudo pormenorizado de qualquer ramo da arte e ciência da guerra deveria
incluir um estudo geral de todos, e que nenhum estudo, por mais extenso e minucioso que seja,
pode ser considerado particularmente completo ou especialmente proveitoso a menos que inclua
freqüentes referências aos outros ramos. A modificação do terreno, isto é, a
33

aplicação da arte da fortificação, pode afetar de diversos modos os assuntos militares


(RICE, 1948, p.16).

Tal fato ocorreu no caso das fortificações portuguesas no Brasil.

Primeiro, facilitando o movimento de tropas e víveres, isto é, pela construção dos meios
de comunicação, destinados quer ajudando na ação ofensiva, permitindo a
movimentação rápida e conveniente de tropas e suprimento ou sua concentração em
pontos favoráveis, quer auxiliando na ação defensiva, habilitando as forças o
movimento rápido de um lado para o outro dentro de uma área defensiva.

Segundo, retardando os movimentos militares ou interferindo neles, isto é, ficando de


tal maneira modificado, que formava obstáculos à movimentação de tropas e
suprimentos.

Terceiro, pela construção de obras destinadas a conferir maior proteção ao pessoal e


ao material. Essa ação foi uma medida de cunho exclusivamente passivo e defensivo.

Quarto, modificando o terreno de tal modo que o poder ofensivo das armas
aumentasse.

Em geral, qualquer elemento de obra de fortificação é destinado a cumprir apenas uma


das funções mencionadas; em muitos casos, porém, em acréscimo à sua principal
função, ele servirá também de ajuda às outras. Assim, no mesmo passo em que as
muralhas, de hábito construídas ao redor das cidades nos tempos antigos, se
destinavam principalmente a servir de obstáculo contra um assalto, também ofereciam
guarida ao povo, contra os projéteis arremessados pelo inimigo, e proporcionavam
caminhos para a passagem de tropas de um local de defesa para outro e, ao mesmo
tempo, proporcionavam excelentes acomodações para a montagem de armas pesadas
do defensor.

Além disso, essas muralhas aumentavam muito o moral dos defensores. Assim, pela
sensação de proteção que davam aos mesmos, pelo comando e facilidade de ação
que proporcionavam às armas de defesa e pelo conhecimento de sua eficiência
34

como obstáculos contra ataques de surpresa, elas tornavam os defensores cônscios de


que mesmo que eles pudessem ser numericamente sobrepujados estavam ainda, em
melhores condições do que o inimigo, graças à segurança que lhes prestavam suas
muralhas e outras defesas.

Contudo, somente uma ação ofensiva é decisiva, e a ação defensiva pode apenas
retardar. Por essa razão a fim de que a resistência a um assédio seja producente, é
geralmente necessário que haja uma resistência ativa e que se recorra a surtidas
periódicas, de modo a interferir nos planos inimigos, a danificar suas obras e a
desgastá-lo, conservando-o em constante alerta.

Ensinaram alguns que quanto mais bem projetadas as obras defensivas; quanto maior
a proteção elas conferissem aos defensores, tanto maior dificuldade se teria em
persuadir as tropas a abandonarem a segurança comprovada de suas obras para
enfrentar os riscos ignotos de uma surtida em campo aberto. Acredita-se que isso seja
um erro, porque quanto mais elevado for o moral de uma tropa, mais pronta ela estará
para qualquer ação; e quanto maior a proteção conferida aos defensores por suas
obras defensivas, quanto maior a confiança que tiverem em sua inexpugnabilidade,
tanto mais elevado será o seu moral.

A Fortificação foi um fator poderoso para a economia de forças. Esse aforismo é tirado
de sua própria definição, pois aumentando ela a capacidade de resistência de uma
posição, permite realizar economia do número de seus defensores, permanecendo
constantes os outros fatores.

Assim, pode-se conceituar fortificação como sendo a arte de aumentar por meio de dos
recursos da engenharia, o poder combativo das tropas que ocupam uma posição.

2.4 CLASSIFICAÇÃO GENÉRICA DAS FORTIFICAÇÕES

A classificação genérica das fortificações é a seguinte:

2.4.1 Fortificações de campanha

Compreendem duas grandes categorias:


35

2.4.1.1 Fortificações Improvisadas

São as que se constroem com todo os recursos de engenharia que se pode lançar mão
no campo de batalha para aumentar ou prolongar a capacidade combativa das tropas.
Caracteriza-a, também, o aspecto tático, de ser ela construída em contato com o
inimigo ou sob a ameaça de iminente contato ou mesmo sob o fogo inimigo.

2.4.1.2 Fortificações Preestabelecidas.

São as que se constroem com recursos mais complexos e eficientes, já em meio à


guerra, mas fora do contato com o inimigo, para proteger ou sustentar posições, ou as
que vão sendo aperfeiçoadas gradativamente das fortificações improvisadas, razão
pela qual uma e outra freqüentemente se confundem.

As Fortificações preestabelecidas se constroem com materiais selecionados, muitas vezes


trazidos de certa distância. Nelas são empregados todos os recursos que a engenharia e a
riqueza do país podem fornecer a fim de se obter resistência e durabilidade nas obras.

2.4.2 Fortificações permanentes

São fortificações mais esmeradas, construídas em tempo de paz, e destinadas a


proteger ou sustentar em tempo de guerra uma posição importante.

2.4.3 Fortificações estratégicas

São tanto fortificações preestabelecidas como permanentes, cuja existência influi sobre
os planos estratégicos de uma campanha.

2.3.4 Organização do terreno

Durante a II Guerra Mundial (II GM) o termo “Organização do Terreno” foi usado muitas vezes no
sentido de fortificação. Ele tem acepção mais ampla, porque compreende não somente as obras de
fortificação, como todas as disposições tomadas pelo comando. Organizar o terreno é a arte de
modificar as condições do terreno, ou aproveitar as condições já existentes, de tal forma, que dela
decorra o melhor emprego possível para uma dada missão, quer ofensiva quer defensiva.
36

Não há uma linha divisória, clara e precisa, entre a fortificação permanente e a


fortificação de campanha. Coincidem ambas nos princípios e nos objetivos, diferindo
apenas ambas, uma da outra apenas nos meios de execução.

Uma fortificação para dar por bem cumprida a sua missão deveria satisfazer a algumas
condições. Deveria permitir ao defensor que utilizasse da melhor maneira possível o
armamento e os meios à sua disposição; deveria impedir que o inimigo tomasse cedo,
contato com o defensor dando a esse o tempo necessário para preparar seu dispositivo
para o combate; deveria também, proteger, tão eficazmente quanto possível o defensor,
seu material e suprimentos contra os golpes do inimigo.

O estudo da história da fortificação está intimamente ligado ao estudo das modernas


obras de fortificação. Dada a importância das obras permanentes e de seu custo
relativamente alto, as já construídas não podiam absolutamente ser abandonadas,
quando a evolução do armamento impunha uma mudança do seu traçado. As
fortificações existentes até o início da II GM, eram em grande parte, o produto de
transformações e melhoramentos introduzidos em obras antigas, especialmente
naquelas do período imediatamente precedente. A necessidade de transformações e
melhoramentos contínuos surgiu como decorrência do constante progresso do
armamento, particularmente artilharia e aviação, a cujo fogo e bombardeio, as
estruturas protetoras devem estar aptas a resistir.

As datas importantes da história da fortificação, até o final da II GM, correspondem às


etapas decisivas no progresso do armamento. Algumas delas são: a adoção do projétil
metálico pela artilharia, aproximadamente no século XVI; o aparecimento da artilharia
raiada, mais ou menos em 1855, durante a Guerra da Criméia1 e seu uso pleno na
Guerra da Independência italiana em 1859; o aparecimento da granada explosiva, por
volta de 1885, com pleno emprego em 1905, durante a Guerra Russo-Japonesa e na I
GM; o emprego do avião e do carro de combate como armas na I GM; o aparecimento
da metralhadora moderna, em 1930; bem como o aparecimento de engenhos dirigíveis,
(Bombas V1 e V2), em 1944 e da bomba atômica, em 1945.

1
A Guerra da Criméia ocorreu no período de 1884-1885, entre a Rússia de um lado, e a Turquia, a
França, a Inglaterra e o Piemonte de outro. Terminou com o Tratado de Paris, em 1856.
37

2.5 HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DAS FORTIFICAÇÕES ATÉ 1815

As fortificações sofreram muitas alterações ao longo dos tempos. Serão abordadas a


seguir, aquelas mais significativas, a partir da Idade Média até o ano de1815.

2.5.1 Nos primórdios da Idade Média

Durante muitos anos o objetivo único da fortificação foi proteger habitações ou cidades
de certa importância. As obras antigas eram bem simples. Consistiam normalmente de
um único obstáculo contínuo: muralha ou fosso e algumas vezes a combinação de
ambos (Figura 1).

Figura 1 – Muralha gaulesa construída de pedra, troncos de árvore e pedras


Fonte: Rice (1948, p. 28 a).
38

Durante a Idade Média, época em que o atacante teve à sua disposição engenhos de
guerra rudimentares e de pequeno poder (balista, catapulta, e outros), a fortificação
constava de muralhas de alvenaria, com altura e espessura variáveis, que ligavam as
torres salientes e, às vezes dotadas de um fosso fronteiro (Figura 2).

Figura 2 – Muralhas de Alvenaria


Fonte: Rice (1948, p. 28 b).
39

Depois do aparecimento do projétil metálico, tornou-se necessário amortecer as


vibrações causadas pelo choque do projétil, reforçando-se as muralhas com uma
massa de terra, o parapeito. Servia ele tanto de massa cobridora, como de resguardo
do defensor quando em ação (Figura 3).

Figura 3 – Modificações nas Muralhas


Fonte: Rice (1948, p. 28 c, d).
40

Assim, os elementos que delineavam o perfil da fortificação, eram a muralha, o fosso e


o parapeito, e a obra vinha a estar definitivamente traçada, quando a crista de fogo
passava a figurar na planta. A essa planta do conjunto e dos pormenores da obra, dá-
se o nome de traçado (Figura 4).

Figura 4 – Perfil de uma fortificação no século XVI


Fonte: Rice (1948, p. 28 e).
41

A escolha de um traçado mais conveniente está estreitamente vinculada ao objetivo do


flanqueamento.

Desde a época em que se iniciou o emprego da artilharia, tal escolha foi, em grande
parte, influenciada pelo requisito de flanqueamento dos fossos.

Os homens em trânsito no fundo do fosso não podiam ser vistos nem atingidos pelos
defensores do interior da obra ou da crista de fogo. O fosso se achava em ângulo
morto.

Bastava que o atacante ocupasse o fosso para que lograsse são e salvo, demolir a
muralha de escarpa, abrir uma brecha e galgar o parapeito para o assalto final.

A fim de se obter a eliminação desse ângulo morto impunha-se que os assaltantes


fossem batidos de enfiada, isto quer dizer, desencadeando-se contra eles fogo de
flanco.

A disposição que permitia a realização de tais fogos era chamada de flanqueamento de


fosso. Obtinha-se o flanqueamento por diversos meios, agrupáveis em duas categorias:

2.5.1.1 Flanqueamento por meio do traçado

Também chamado de flanqueamento por meio da crista de fogo, onde os canhões ou


atiradores eram localizados atrás da massa cobridora. Caracterizando o chamado
flanqueamento alto.

Consistia em dispor as cristas principais e os flancos de modo que os fossos fossem


varridos pelo fogo da melhor maneira possível.

Três disposições receberam nomes especiais, que merecem ser abordados:

2.5.1.1.1 Traçado escalonado (Figura 5)

Nesse tipo de traçado as cristas principais e os flancos se sucediam sempre na mesma


direção.
42

Figura 5 – Traçado escalonado


Fonte: Rice (1948, p. 28 f).

2.5.1.1.2 Traçado tenalhado (Figura 6)

No qual os flancos BC e CD se opunham dorso a dorso.


43

Figura 6 – Traçado tenalhado


Fonte: Rice (1948, p. 28 g).

2.5.1.1.3 Traçado Baluartado (Figura 7)

No qual cada flanco se incluía entre duas cristas principais – os dois flancos DE e FG
se contrapunham, proporcionando-se flanqueamento recíproco. A parte compreendida
entre os dois flancos, AB e DE denominava-se baluarte; a parte EF, situada entre os
dois baluartes, cortina.

Figura 7 – Traçado baluartado


Fonte: Rice (1948, p. 28 h).
44

Nos dois primeiros traçados (escalonado e tenalhado) havia sempre nos ângulos
reentrantes um espaço em ângulo morto. No traçado baluartado havia flanqueamento
perfeito, quando as diferentes partes do traçado estivessem localizadas corretamente
uma em relação às outras.

2.5.1.2 Flanqueamento por meio de obras especiais

Os atiradores ou canhões eram localizados no fosso, caracterizando o flanqueamento


baixo. Era obtido mediante localização dessas obras (capoeiras e cofres de contra-
escarpa) na parte inferior do fosso, de modo a obter-se fogo de varrer ao longo dele. A
capoeira era uma estrutura adjacente à muralha de escarpa. Provida de seteiras, ela se
ligava ao interior da fortificação por meio de uma galeria subterrânea que passava
através da escarpa e do parapeito. O cofre da contra-escarpa era uma estrutura
localizada nos ângulos salientes da muralha de contra-escarpa da fortificação (Figuras
8 e 9).

Figura 8 – Capoeira
Fonte: Rice (1948, p. 28 i).
45

Figura 9 – Corte de contra-escarpa


Fonte: Rice (1948, p. 28 j).

2.5.2 O período de Vauban2 (Séc XVII e XVIII)

Do ponto de vista militar, esse período se assinalou pela relativa imobilidade dos
efetivos e pelas armas de pequeno alcance. A artilharia desprovida de qualquer poder
para agir à distância, impotente para produzir o menor efeito sobre a alvenaria
desenfiada do seu tiro de trajetória horizontal.

2
Vauban, Sébastien Le Prestre. Nascido em 15 de maio de 1633, em Saint-Léger-saint-Léger-de-
Foucherest-Foucherest (atual Saint-Léger-Léger Vauban-França). Foi um coordenador militar francês
que revolucionou a arte do ofício de fortificações defensivas. Lutou em todas as guerras da França
durante o reinado de Luís XIV (1643-1715).Disponível em <http: //www.google.com.br> / search =
Vauban. Acesso em: 8 mar. 2003.
46

O efeito dessas características sobre as fortificações foi a construção de um grande


número de pequenas praças fortes que, barrando as vias de penetração forçavam o
invasor a recorrer ao sítio. Essas praças fortes eram circuncidadas por simples linha
fortificada, bastante por si só para proteger o núcleo principal da praça contra os
projeteis. A defesa aproximada assumiu grande importância e exigiu um formidável
obstáculo que surgiu sob a forma de largo fosso. O flanqueamento de fosso constituía a
regra. Caracterizava-se pelo emprego do traçado baluartado e tinha a completá-lo,
obras secundárias denominadas obras externas, destinadas a reforçar um ponto
vulnerável do traçado (Figura 10).

Figura 10 – Sistema de Vauban


Fonte: Rice (1948, p. 30 a).
47

Mais tarde, nos sistemas chamados 2º e 3º sistemas de Vauban, foi aplicado um novo
princípio: o da separação de obras de defesa aproximada das destinadas à defesa à
distância (Figura 11).

Figura 11 – 1º e 3º Sistemas de Vauban


Fonte: Rice (1948, p. 30 b).
48

Cada praça forte era circundada por duas linhas de obras com funções muito bem
diferenciadas: Uma linha protetora destinada ao combate aproximado, formada pela
cortina; e uma linha de combate destinada ao combate à distância e formada pelos
baluartes destacados e obras externas.

A grande resistência das fortificações de Vauban residia principalmente em sua


continuidade. O obstáculo passivo (fosso) era contínuo, como contínuo o obstáculo de
fogo (fogo de flanqueamento). Ambos se combinavam à feição. Por outro lado, sua
debilidade consistia na pequena quantidade de abrigo protetor que proporcionavam.

Os homens e as armas operavam a céu aberto, protegidos, tão somente, pela massa
cobridora do parapeito. Essa causa de debilidade mais se evidenciou com o
aperfeiçoamento da artilharia.

2.5.3 O sistema de fortificação de Montalembert

O emprego do traçado baluartado se circunscreveu quase exclusivamente, às


fortificações levantadas a partir do século XVII até o fim do século XVIII. No último
quartel do século XVIII, entretanto, o sistema oficial de fortificação foi severamente
combatido pelo marquês de Montalembert. Das idéias de Montalembert surgiu, através
de modificações sucessivas, um novo sistema de fortificação, o qual, inspirado na idéia
do papel predominante da artilharia de sítios, se caracterizou pelos seguintes aspectos
distintos:

2.5.3.1 Artilharia de grosso calibre e grande alcance

As praças fortes, para enfrentarem os canhões inimigos, foram dotadas de poderosa


artilharia (grosso calibre e grande alcance), cuja missão era impedir a instalação dos
canhões inimigos em pontos onde pudessem bombardear eficientemente as obras.

2.5.3.2 Linha de defesa fora do perímetro

Para manter a artilharia inimiga à distância, a linha de defesa foi colocada além do
perímetro externo da cidade, o que relegou a linha contínua de Vauban à função de
mera linha de proteção.
49

2.5.3.3 Linha de defesa descontínua

A linha de defesa, de extensão considerável, já não podia mais ser feita contínua.
Passou a constituir-se de pequeno número de pontos de apoio ou de fortes destacados,
destinados a proteger as grandes baterias de artilharia assestadas atrás dos fossos.
Entre esses fortes, simples reminiscências dos antigos baluartes, havia grandes
intervalos livres (Figura 12).

Figura 12 – A defesa de Colônia (segundo Montalembert)


Fonte: Rice (1948, p. 32 a).
50

Para proteger essa artilharia, espinha dorsal da defesa, Montalembert resguardou-a em


casamatas de alvenaria que, gradativamente foram sendo aperfeiçoadas cada vez
mais.

2.5.3.4 Substituição do traçado

No que diz respeito ao traçado, Montalembert substituiu o traçado baluartado pelo


poligonal. No primeiro os flancos do baluarte estavam sujeitos ao enfiamento da
artilharia inimiga. Com o traçado poligonal, o flanqueamento foi assegurado por obras
especiais: capoeiras que se projetavam fosso adentro (Figura 13).

Figura 13 – Frente poligonal de Montalembert


Fonte: Rice (1948, p. 32 b).
51

Recapitulando, à exceção do assunto do traçado, ser-nos-á licito dizer que o sistema de


fortificação de Montalembert se caracterizou por dois pontos capitais: a importância
assumida pela defesa à distância, a custa da defesa aproximada; e a descontinuidade
da barreira contínua, na função de linha principal de defesa. Essa se reduzira a certo
número de pequenas obras, armadas com artilharia e denominadas fortes.

Durante a Revolução Francesa e o Império Napoleônico, a natureza da guerra reduziu


o papel e a importância das praças fortes. Os sítios não constituíam mais o objetivo de
guerra, como no tempo de Vauban, mas passaram a meros incidentes dela. Cabe
lembrar o nome de Carnot como vinculado a esse período. Em 1810, esse especialista,
em tratado escrito por determinação de Napoleão, expôs o que deveria ser a arte da
defesa. De acordo com a sua concepção, devia existir um sistema de defesa externa,
ativa, baseado no emprego de pequenas sortidas freqüentes ou contra-ataques,
apoiados por intensos fogos de morteiros.

Depois de 1815, a maioria das potências européias, desejando por cobro às novas
invasões, construiu ou planejou as praças fortes, segundo a concepção de
Montalembert, quer dizer, circundando-a com uma cinta de fortes. Deram a essa cinta
uma extensão considerável, julgando assim, impedir o assédio. Além disso, era idéia
corrente que um exército, se necessário, poderia refugiar-se nessas amplas áreas
fortificadas para, mais tarde, sair. Isso marca o advento dos campos entrincheirados.
52

3 A ESTRATÉGIA PORTUGUESA NA DEFESA TERRITORIAL DO BRASIL

Serão apresentadas, a seguir, algumas idéias sobre o título desta Seção.

3.1 INTRODUÇÃO

Portugal iniciou sua estratégia expansionista ultramarina em 1385 com o término da Revolução
de Avis1. Durante a guerra, o mestre de Avis, foi aclamado Regedor e Defensor do Reino. Em
1385, com a vitória em Aljubarrota2, foi oficialmente coroado rei, com o nome de D. João I.

A ascensão de D. João I e a implantação da dinastia de Avis tornaram Portugal um


Estado moderno, superando politicamente a crise feudal do século XIV e iniciando uma
era de grande progresso marcado pela centralização política, pela acumulação prévia
de capitais, pela existência de um grupo mercantil forte com influência junto aos
interesses comerciais da realeza e pelo desenvolvimento náutico que impulsionou a
expansão lusa, particularmente a partir de 1415, com a tomada de Ceuta, entreposto
comercial situado no norte da África.

Antes que os portugueses chegassem a Calicute, na costa oriental da Índia, Cristóvão


Colombo, a serviço dos reis católicos da Espanha, descobriu a América em 1492,
pensando ter chegado à Ilha de Cipango, descrita por Marco Polo3.

Iniciando um período de rivalidades entre as cortes católicas de Portugal e de Castela,


por causa dos descobrimentos marítimos, o Vaticano, cuja autoridade muito dependia
dessas duas casas reais, resolveu normalizar os direitos sobre as terras descobertas e
a serem descobertas. Com esse desiderato, o Papa Alexandre VI, de origem hispânica,
editou a Bula Inter Coetera4 (1493) que concedia a posse de todas as ilhas e terras
firmes situadas cem léguas a oeste do meridiano das ilhas dos Açores e Cabo Verde.
Hoje, incluiria como hispânico todo o território brasileiro.
1
A Revolução de Avis foi conseqüência da crise dinástica surgida com a morte de D. Fernando, Rei de
Portugal, que não tinha deixado descendente varão e sua única filha era casada com D. João I, Rei de
Castela, que tencionava anexar o reino português.
2
Aljubarrota foi a batalha final que selou a derrota dos castelanos e deu início à dinastia de Àvis (1385 –
1580).
3
Viajante veneziano que narrou um livro suas viagens pela Ásia e pela Mongólia.
4
Trouxe como novidade o emprego de uma linha astronômica para definir os limites entre os domínios de
dois Estados.
53

Essa divisão, se obedecida por Portugal, teria encerrado o ciclo de seus


descobrimentos. Mas a falta de clareza da linguagem usada na bula e a firmeza de D.
João II, Rei de Portugal, que chegou a ponto de preparar-se para a guerra conduziram
a novas negociações, originando o Tratado de Tordesilhas, assinado em 4 de junho de
1494. Nele o limite das possessões ultramarinas dos reinos ibéricos passaria pelo
meridiano situado a 370 léguas a oeste do arquipélago do Cabo Verde. Observe a
diferença entre as duas divisões (Mapa 1).

Mapa 1 – Limites definidos entre a Bula Inter Coetera e o Tratado de Tordesilhas


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 3).

O Tratado de Tordesilhas foi o instrumento legal para que Portugal expandisse seu
domínio ultramarinho pelas terras do novo continente, dando início à sua estratégia
para as fronteiras brasileiras, desencadeando o processo histórico da defesa territorial
do Brasil, que é o objeto de estudo do presente capítulo desta dissertação.

3.2 GEOPOLÍTICA DE TORDESILHAS

Observando-se o Atlântico e os litorais por ele banhados, nota-se que esse oceano
forma um “S” na direção norte-sul, envolvendo a Europa, África e América no
54

principal cenário das grandes navegações. É nessa configuração, que se refletirá a


geopolítica de Tordesilhas, na divisão de dois mundos: o hispânico e o lusitano.

Rejeitando as 100 léguas da Bula Inter Coetera, os portugueses conseguiram, com as


370 léguas obtidas pelo Tratado de Tordesilhas, controlar em melhores condições o
Atlântico-Sul que, com a viagem de Bartolomeu Dias (1488), dera a Portugal a certeza
do caminho marítimo para as Índias, se dobrado o Cabo da Boa Esperança. Pode-se
assim dizer que na pequena cidade de Tordesilhas foi implantada, na realidade, a
supremacia portuguesa no Atlântico e assegurada para Portugal a verdadeira rota e
posse das Índias Orientais. Apesar de Cristóvão Colombo ter chegado em 1492 na
América em nome dos espanhóis, e antes, de Vasco da Gama em 1498 traçar a rota
marítima para o Oriente e Pedro Álvares Cabral em 1500 vir, oficialmente, a tomar,
posse do Brasil, a geopolítica de Tordesilhas já garantia tudo ao governo português
(Mapa 2).

Mapa 2 – A geopolítica de Tordesilhas – controle do Atlântico-Sul pelos portugueses


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 8).

O objetivo geopolítico, tanto espanhol, quanto português, era o de atingir as Índias a fim
de manter o monopólio do tráfico oriental na rota de especiarias. No entanto, a linha de
Tordesilhas entregava não só o Atlântico-Sul como também o Índico aos portugueses,
deixando na prática, apenas o Pacífico para os espanhóis.
55

Tordesilhas indicava, também, claramente que as diretrizes geopolíticas do governo


português se prendiam a um território-base, na América do Sul, pois se o objetivo fosse
somente as Índias, bastavam as 100 léguas da Bula do Papa Alexandre VI.

3.3 FRONTEIRA POLÍTICA INICIAL

Oficializando a posse da única faixa de fronteira marítima no Atlântico, a linha de


Tordesilhas se constituiu na primeira fronteira política e deliberada afirmação
geopolítica do Estado do Brasil. Ao delimitar o núcleo geopolítico da América
Portuguesa na altura do meridiano de 49º de longitude a Oeste, fixou praticamente a
costa brasileira atual, tendo como pontos extremos Norte e Sul á época, onde hoje são
as cidades de Belém, no Estado do Pará e Laguna, no Estado de Santa Catarina,
respectivamente.

Geopoliticamente separadas as costas do Atlântico e do Pacífico, Tordesilhas implantou


uma América Portuguesa mais próxima da Europa e da África, proporcionando-lhe grande
vantagem de posicionamento de que o Brasil ainda hoje goza no contexto sul-americano.

O posicionamento estratégico do território brasileiro colocou em risco o seu domínio


pelos portugueses. As repetidas tentativas de fixação dos franceses, holandeses e
ingleses, obrigaram os lusitanos a constituírem numerosos fortins, fortes e fortalezas
coloniais ao longo do litoral brasileiro, despendendo grandes recursos.

Repartindo litorais, o Tratado de Tordesilhas traçou uma fronteira esboçada sem o prévio
conhecimento do terreno, seccionando as duas grandes vias de penetração do
subcontinente sul-americano. Ao entregar a foz do rio do Prata aos espanhóis,
proporcionava-lhes maior oportunidade de expansão pelos Pampas e Chaco; concedendo
a embocadura do Amazonas aos portugueses, coincidentemente, o braço Sul, o melhor
para a navegação, permitiu que se apossasse da maior parte da Planície amazônica.

A linha de Tordesilhas amputava uma vasta unidade geográfica e econômica que tinha
seus limites naturais nos rios Madeira e Paraguai. Disso resultaria que, ou os
espanhóis, baixando pelos Andes, pelo Amazonas ou subindo o Paraná,
restabeleceriam essa unidade, expulsando os portugueses da exígua e incompleta
56

faixa territorial que lhes conferiu, ou estes, subindo pelo Amazonas ou baixando pelo
Paraná, buscariam expandir-se até os limites naturais dessa unidade geográfica,
configurando a grande formação insular platino-amazônica.

Ao Tratado de Tordesilhas opunha-se a uma realidade geopolítica que presidiria a


formação territorial do Brasil e acompanharia os trezentos e vinte e dois anos de sua
história colonial.

3.4 A ESTRATÉGIA DE OCUPAÇÃO

O movimento de expansão portuguesa na América do Sul empurrou a linha fronteiriça


do meridiano de Tordesilhas para o oeste, norte e sul. No entanto tal movimento não foi
constante ao longo do período colonial. Inicialmente, para ocupar a parte que cabia aos
portugueses observa-se um certo desinteresse e dificuldade em concentrar esforços
para ao menos garantir a posse do legado de Tordesilhas.

3.4.1 Os Reconhecimentos Gerais

Este período, que vai de 1500 a 1532, caracterizou-se pelo abandono a que foi
relegada a terra descoberta. Aventureiros de outras nações, principalmente franceses,
começaram a afluir em busca das especiarias e do pau-brasil. As expedições
portuguesas que vieram reconhecer a costa, até 1515, pouco ou quase nada fizeram. O
tráfego de navios piratas chegava ao seu desenvolvimento em 1511, quando os
franceses exerciam seu comércio com os Tupinambás, os Tamoios e os Potiguares.

Em 1516, realizou-se a primeira expedição guarda-costa sob o comando de Cristóvão


Jacques que combateu os piratas franceses entre Pernambuco e Bahia e fundou a
feitoria de Itamaracá. Após dez anos, ele retornou ao Brasil e reorganizou essa feitoria,
a qual foi escolhida para base de suas operações e sede da administração colonial.

Em 1530, Martin Afonso de Souza organizou uma expedição, tendo como finalidades
reconhecer e explorar a costa, policiar o litoral, combater a pirataria francesa e fundar
outras povoações. Nesta oportunidade, fez o reconhecimento do litoral, do Rio Gurupi,
ao Norte, até o Rio da Prata, ao Sul.
57

Nesse período os portugueses limitaram-se a reconhecer a nova terra e marcá-la com


os sinais do seu domínio político, fundando as primeiras feitorias, como a do Rio de
Janeiro, e uma povoação estável, a de São Vicente. A necessidade de combater os
franceses, o decréscimo do comércio com as Índias Orientais, e as dificuldades
financeiras do Reino levaram Portugal a pensar seriamente na colonização do Brasil,
recorrendo à iniciativa particular e aos capitais privados. Criar-se-iam, então as
Capitanias Hereditárias.

3.4.2 As Capitanias Hereditárias

Essa foi a solução estratégica encontrada por Portugal para a ocupação e manutenção
das terras descobertas. Eram cedidas grandes extensões de terra a altos funcionários
do reino e a fidalgos da Casa Real. Essas pessoas recebiam alguns direitos régios,
como ministrar justiça, distribuir terras, arrecadar dízimos e fundar povoações. Essas
medidas visavam a povoar o extenso litoral brasileiro e impedir os ataques estrangeiros
aos nossos portos e praias (Mapa 3).

Mapa 3 – Capitanias Hereditárias – estratégia de ocupação com capital particular


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 7).

Algumas regiões não tiveram nem um esboço de povoamento, como foi o caso do
Rio de Janeiro, Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Maranhão. Nesses
58

locais, os franceses, aliados aos indígenas, ofereceram resistência aos portugueses.


Em outras áreas como São Vicente, Espírito Santo, Bahia e Pernambuco, onde foram
fundadas as primeiras vilas, puderam os donatários, eficientemente, contribuir para a
defesa e a expansão do território, justamente quando este estava ameaçado de
fragmentação pela cobiça estrangeira.

Dessa forma, o regime de capitanias não pode ser julgado somente por suas falhas, mas
também pelos benefícios que trouxe ao Brasil nos dois séculos e meio em que vigorou,
até sua total extinção devida à política centralizadora do Marquês de Pombal5. Pode-se
destacar como pontos favoráveis, proporcionados por esse sistema à estratégia territorial
portuguesa no Brasil: a fundação de povoações ao longo do litoral, que se tornaram
irradiadores da conquista do interior, principalmente São Vicente, Bahia e Pernambuco; o
início do cultivo da cana-de-açúcar e da criação de gado, como propulsores econômicos
da ocupação territorial; o estabelecimento das concessões de Sesmarias6, contribuindo
para fixação do homem a terra e para a defesa às investidas estrangeiras.

3.4.3 O Governo Geral

As dificuldades observadas no regime de Capitanias Hereditárias levaram D. João III a


modificar a estratégia descentralizadora para centralizadora, implantando o Governo
Geral destinado a auxiliar as Capitanias em suas dificuldades e não, simplesmente,
substituí-las.

Com sede na Bahia, na cidade de Salvador, 1549, Tomé de Souza, foi o primeiro
governador e teve como principais desafios a edificação da cidade de Salvador, a
pacificação dos indígenas e a regulamentação dos negócios da justiça e da fazenda.
Mem de Sá foi o terceiro governador e eliminou o sonho francês de uma França
Antártica7. Fundou a segunda cidade real no Brasil – São Sebastião do Rio de Janeiro
em 1565.

5
Ministro de Negócios estrangeiros no governo de D. José II (1714-1777)
6
Grande extensão de terras cedida à nobreza, pelo Rei de Portugal, para ocupação e cultivo.
7
Os franceses tinham como objetivo fundar uma colônia de exploração econômica e abrigar os
protestantes perseguidos pelas guerras de cunho religioso.
59

A ocorrência de lutas com os indígenas em diversos pontos do território colonial levou a


Coroa Lusa a dividir o Brasil em dois governos: um de Ilhéus para o norte e o outro de
Porto Seguro para o Sul. Entretanto, novos rumos seriam dados à estratégia
portuguesa para o Brasil em conseqüência da união das monarquias ibéricas a partir de
1580.

3.5 A ESTRATÉGIA DA EXPANSÃO

Em 1578 o trono português fica sem herdeiros, gerando uma luta de bastidores em que
se envolveram as coroas da Inglaterra (Isabel I), da França (Catarina de Médicis) e da
Espanha (Felipe II), cabendo a este, com o apoio da nobreza portuguesa, sujeitar a
Coroa Lusa, tendo como reflexo, inicialmente involuntário, uma nova estratégia
portuguesa para a sua colônia ultramar, a de expansão territorial.

3.5.1 A União Ibérica

Com a aclamação de Felipe II como Rei de Portugal passaram a ser inimigos desse
país todos os que eram adversários da Espanha, destacando-se a França, a Inglaterra
e a Holanda. Estes dois últimos, bons e antigos compradores de mercadorias
portuguesas, inclusive do açúcar brasileiro. Em 1585, Felipe II mandou confiscar navios
holandeses ancorados nos portos ibéricos, além de determinar o fechamento dos
portos do Brasil ao comércio que não fosse português ou espanhol.

A reação contra essas medidas trouxe conseqüências para o Brasil. Ingleses,


holandeses e franceses atacaram o litoral brasileiro, realizando saques e tentando a
fixação em terras na América Portuguesa. Assim, o Brasil passou por investidas de
expedições desses países entre 1583 e 1654, particularmente contra os holandeses,
cujo domínio temporário estendeu-se do Pernambuco ao Rio Grande do Norte (Mapa
4). No entanto, os luso-brasileiros conseguiram resistir ou expulsar os invasores,
contribuindo para a consolidação do domínio português ao longo do litoral nordestino.
Os franceses foram expulsos do Ceará e os portugueses fundaram uma pequena
povoação junto à foz do rio Ceará, dando origem à atual cidade de Fortaleza.
60

Mapa 4 – Domínio holandês no nordeste do Brasil entre 1630 e 1654


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 54).

Em 1615 ocorreu a conquista do Maranhão e sua definitiva incorporação lusitana com o


fim do sonho de uma França Equinocial8.

Entre 1616 e 1649, os luso-brasileiros chegaram às portas da Amazônia, no Grão-Pará,


lançando os fundamentos do Forte do Presépio que, estrategicamente localizado,
visava à defesa contra as incursões dos holandeses e ingleses na região.

A criação da Capitania do Cabo Norte, em 1637 contribuiu para a consolidação da


posse da região ao sul do rio Oiapoque, durante o período da união ibérica.

O Sul da Colônia, em 1580, era um ponto inteiramente isolado do resto do Brasil. Essa
região, pela bacia hidrográfica do Prata tinha maior facilidade de ligação com as
colônias espanholas do que com o restante do Brasil.

Fortes laços comerciais foram consolidados durante o período da União Ibérica entre o
Sul do Brasil e a Região do Prata com reflexos futuros para a consolidação das
fronteiras brasileiras naquela área.
8
Nova tentativa francesa de estabelecer uma colônia na América do Sul. Desta feita invadiram o
Maranhão onde fundaram a França Equinocial e a povoação de São Luis, em homenagem ao Rei Luís
XIII.
61

A união luso-espanhola provocou verdadeira suspensão temporária dos efeitos do


Tratado de Tordesilhas. Paralelamente, surgiram as Entradas e Bandeiras.

3.5.2 As Entradas e Bandeiras

Entradas e Bandeiras foram expedições financiadas pelo Estado ou por particulares


com o objetivo de apresar índios e procurar riquezas minerais. Elas se constituíram num
fator fundamental para a expansão do território brasileiro. São Vicente foi o principal
centro irradiador das Bandeiras em busca das riquezas nos sertões, aproveitando-se
dos grandes rios como o Tietê, o Paraíba do Sul e o Paraná.

De acordo com sua atividade mais importante, as bandeiras são divididas em ciclos. O
do ouro de lavagem processou-se principalmente na zona litorânea e só raramente
penetrou além da Serra do Mar. O ciclo da caça ao índio, para atender a demanda de
mão-de-obra na lavoura estimulou o avanço populacional nas missões jesuíticas na
direção Sul. Mas foi o ciclo do ouro e do diamante que mais reflexo trouxe para a
estratégia da expansão territorial no período da união luso-espanhola. As descobertas
de ouro e diamante nas Minas Gerais transformaram o panorama econômico e social
do Brasil, provocando um rápido deslocamento de grandes contingentes populacionais
para o interior. Em seguida, descobriu-se ouro em Mato Grosso e Goiás, provocando
novos deslocamentos rumo ao Oeste (Mapa 5).

Mapa 5 – Entradas e Bandeiras – Principais rotas da estratégia da expansão


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 18).
62

É lícito atribuir ao bandeirantismo a maior parcela de responsabilidade pelo


alargamento do território brasileiro além dos limites de Tordesilhas. As Entradas, de
cunho oficial, e as Bandeiras, de cunho particular, porém muitas vezes financiadas pelo
governo português, fizeram parte da estratégia portuguesa para as suas pretensões
econômicas e expansionistas além limites de Tordesilhas.

3.5.3 A Fundação da Colônia do Sacramento

Desde o início da colonização do Brasil os portugueses demonstraram a intenção de


expandir o território colonial até a região geo-estratégica da foz do Prata. Essa antiga
idéia começou a efetivar-se na segunda metade do século XVII, quando fundaram a
Colônia do Santíssimo Sacramento, na margem setentrional da foz do Rio da Prata, em
1680. A idéia da “fronteira natural”, caracterizada por um grande rio ou cordilheira,
sempre norteou os portugueses.

Essa estratégia de dilatação das fronteiras para o Sul chocou-se com os interesses
espanhóis, pois nessa região a Espanha desenvolvia uma intensa atividade mercantil.
De Buenos Aires, centro comercial, eram distribuídas mercadorias até para as zonas
mineradoras do Peru. Várias lutas e tratados sucederam-se entre lusos e hispânicos
pela posse da Colônia do Sacramento que esteve ora em poder dos portugueses, ora
em poder dos castelhanos, resultando na posse definitiva pelos espanhóis, pelo
Tratado de Madri de 1750 (Mapa 6)

Mapa 6 – Estratégia de expansão territorial ao Sul – Colônia do Sacramento


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 5).
63

A despeito do domínio final por parte da Espanha, a fundação dessa colônia e as lutas
em torno da mesma apresentaram muitas contribuições para a estratégia expansionista
portuguesa. Possibilitou o povoamento do território brasileiro ao Sul da Ilha de Santa
Catarina; proporcionou a criação da Capitania do Rio Grande de São Pedro,
transformada em base militar para a conquista e a ocupação do atual Rio Grande do
Sul; permitiu a Portugal, por ocasião da assinatura do Tratado de Madri, negociar com
os espanhóis a troca da Colônia de Sacramento pela região dos Sete Povos das
Missões, incorporando-a, definitivamente.

Portugal não conseguiu estender seus domínios até o rio da Prata, porém anexou, ao
Sul, territórios muito afastados da linha inicial de Tordesilhas e de relevância geo-
estratégica, como as Bacias hidrográficas do rio Paraná e do rio Paraguai.

3.5.4 A administração pombalina

O período da administração pombalina (1750-1777) coincidiu com a decadência da mineração no


Brasil. A necessidade de estreitar os laços coloniais apareceu como forma de reafirmar o
mercantilismo na colônia. Em 1763, mudou a capital para o Rio de Janeiro por motivo estratégico-
militar – o Rio de janeiro encontrava-se mais próximos das rivalidades luso-espanholas em torno
da Colônia do Sacramento e dos Sete Povos das Missões – e por razões político-econômicas –
maior proximidade da região mineradora. Essa medida administrativa obedeceu, portanto, a
problemas de estratégia e acarretou uma crescente centralização política-administrativa.

Dentre as medidas adotadas por Pombal, destaca-se a extinção do Sistema de Capitanias


Hereditárias, a expulsão dos Jesuítas do Brasil e a criação das Companhias de Comércio. Contudo,
a maior contribuição dele foi a obra hercúlea de instalação de colônias militares e a construção de
fortins, favorecendo a preservação dos limites territoriais reconhecidos pelo Tratado de Madri (1750).

Essa estratégia de segurança militar da fronteira terrestre baseava-se no instituto do Uti


Possidetis e constituía-se de um cinturão de fortificações na Amazônia, Mato Grosso e Rio
Grande do Sul, destacando-se, dentre outros, os fortes de Macapá, São Joaquim, São
José de Marabitanas, São Gabriel, Tabatinga, Príncipe da Beira, Coimbra, Iguatemi e
Jesus Maria José (Mapa 7).
64

Quem quer que se debruce sobre a estrutura das fronteiras brasileiras ao final do
século XVIII, não poderá conter sua admiração ante ao dispositivo de fortificações
militares plantadas nos confins do território, balizando a linha estratégica que permitia a
Portugal e, depois, ao Brasil erguer os marcos da soberania territorial.

Mapa 7 – Cinturão de Fortes, balizando as fronteiras


Fonte: Mattos (1990, p. 72).
65

3.6 A ESTRATÉGIA DIPLOMÁTICA

Vários dos impulsos expansionistas reportados até aqui, no presente trabalho monográfico, foram
limitados por tratados e negociações posteriores. Entretanto, é mister reconhecer que esses
movimentos criaram um fato consumado de ocupação territorial, que representava o trunfo a favor
da posição de Portugal nas negociações posteriores. Daí enfatizar, dentro deste capítulo a estratégia
diplomática caracterizada ao longo do tempo pelos diversos tratados a seguir comentados.

3.6.1 Tratado de Utrecht (1713 – 1715)

Com o fim da Guerra de Sucessão Espanhola (1700-1714), a França saiu derrotada e


Carlos VI de Habsburgo ascendeu ao trono espanhol. Diante desse cenário europeu foi
assinado o primeiro Tratado de Utrecht, em 1713. Portugal, que participou como aliado
da Inglaterra, reinvidicou acordos com a Espanha e a França, quanto aos limites ao Sul
e ao Norte da América Portuguesa. Nesse primeiro tratado, a Espanha recebia a
Colônia de Sacramento, enquanto os franceses desistiam de qualquer pretensão sobre
a exclusividade de navegação no rio Amazonas.

Essas resoluções não foram definitivas, e novas conversações levaram à elaboração de um


segundo Tratado de Utrecht, em 1715 entre os dois países ibéricos. Desta feita, o governo
espanhol reconheceu o direito português à Colônia de Sacramento. Foi uma grande vitória
da estratégia lusa que levou seus domínios na América, do Rio Oiapoque ao rio da Prata.

3.6.2 Tratado de Madri (1750)

Esse tratado representou uma grande vitória da diplomacia portuguesa. Nas negociações destacou-
se a figura de Alexandre de Gusmão, que habilmente conduziu as discussões com os hispânicos,
conseguindo o reconhecimento e a incorporação para Portugal de todas as terras conquistadas
além dos limites de Tordesilhas, revogando o que estava em vigor desde 1494.

Trouxe como principais conseqüências para os luso-brasileiros a perda da Colônia do


Sacramento para a Espanha em troca da Região dos Sete Povos das Missões;
motivação às Guerras Guaraníticas; instituição na órbita do Direito Público, a
doutrina do Direito Romano relativo ao Uti Possidetis; a posse portuguesa da Bacia
66

Amazônica em contrapartida à posse espanhola da Bacia do Prata; desvinculação dos


negócios coloniais da política européia, de modo a resguardar a paz nas colônias e
assegurar seu maior progresso em benefício das metrópoles; os lusos asseguraram a
posse do Planalto Central Brasileiro, Oeste de Santa Catarina e Paraná, Rio Grande do
Sul e Amazonas.

Pelo Tratado de Madri, Portugal deixou como herança ao Brasil, salvo pequenas
modificações, como por exemplo, a anexação do Acre, em 1903, a atual configuração
geográfica, constituindo-se no mais importante instrumento político de reconhecimento
à estratégia diplomática expansionista portuguesa.

3.6.3 Tratado de El Pardo (1761)

Pelo tratado de Madri, a Espanha cedeu os Sete Povos das Missões a Portugal.
Entretanto, os jesuítas espanhóis não aceitaram a autoridade portuguesa, em função
das próprias cláusulas do acordo – segundo eles, as populações indígenas deveriam
ser transferidas para o Ocidente do Uruguai, o que significaria a ruína e a destruição
dos Sete Povos das Missões.

Deu-se início às Guerras Guaraníticas que duraram até 1767. O Marquês de Pombal, temendo
o aumento do poderio dos jesuítas, decretou em 1759, a expulsão dos jesuítas de Portugal e de
seus domínios coloniais. Daí resultou a assinatura do Tratado de El Pardo, anulando as
disposições do Tratado de Madri. Pombal negou-se a entregar a Colônia do Sacramento,
enquanto a região dos Sete Povos das Missões não fosse ocupada pelos portugueses.

Esse Tratado não teve grandes repercussões nas fronteiras do Brasil, visto que, no ano
seguinte, Portugal e Espanha voltaram à guerra.

3.6.4 Tratado de Santo Ildelfonso (1777)

Desde 1756 estavam em luta, na chamada “Guerra dos Sete Anos”, a Inglaterra e a
França. Portugal aliou-se à Inglaterra, ficando contrário à Espanha, que se aliou à
França. Em conseqüência, a Espanha invadiu Portugal em 1762, enquanto a Colônia
do Sacramento era novamente atacada e o Rio Grande do Sul invadido.
67

Apesar do Tratado de Paz assinado em Paris (1763), pondo fim à guerra na Europa, e
determinando a devolução da Colônia do Sacramento a Portugal, a guerra continuou
acirrada pela disputa do Rio Grande do Sul. A Espanha ocupou a Ilha de Santa Catarina,
prosseguiu para Montevidéo e, em seguida, destruiu a Colônia do Sacramento.

A reação portuguesa não se efetivou, porque logo a seguir foi assinado o Tratado de
Santo Ildelfonso que restituía a Ilha de Santa Catarina para os portugueses, ficando a
Colônia do Sacramento e a Região dos Sete Povos das Missões para os espanhóis.

Esse tratado, ao contrário do pensamento de muitos historiadores, não pode ser


considerado uma derrota diplomática de Portugal. Ainda que tenha ocorrido a perda da
Colônia do Sacramento e dos Sete Povos das Missões, foram restauradas, em linhas
gerais, as disposições do Tratado de Madri, restabelecendo o Uti Possidetis e
garantindo a revogação do Tratado de Tordesilhas e a incorporação da Amazônia, do
Oeste do Paraná e de Santa Catarina, do Mato Grosso e do Rio Grande do Sul.

3.6.5 Tratado de Badajoz (1801)

A vigência do tratado de Santo Ildelfonso foi curta. A Revolução Francesa e a política


expansionista de Napoleão acabaram por quebrar a paz entre Portugal e a Espanha.
Em 1801, a Espanha invadiu Portugal, todavia a guerra durou poucas semanas,
porquanto se firmou o Tratado de Badajoz.

Essa luta trouxe reflexos para a América. Caudilhos riograndenses ocuparam em ato de
guerra, a Região dos Sete Povos das Missões, incorporando-a definitivamente ao
território brasileiro. O tratado pondo fim à guerra não ratificou o de Santo Ildelfonso,
permitindo que Portugal ficasse de posse dos territórios confiscados.

A única perda foi no extremo Norte, onde a fronteira recuou do rio Oiapoque para o rio
Araguari. Entretanto, não foi definitivo, pois Dom João VI, ao chegar ao Brasil, declarou
nulos todos os tratados com a França.

A Convenção de Paris, em 1817, entre Portugal e França, confirmou o limite no rio


Oiapoque.
68

3.7 A ESTRATÉGIA TERRITORIAL NO BRASIL REINO

Em 1808, a Família Real transferiu-se para o Brasil, pressionada por Napoleão. O


governo de Portugal, de 1808 a 1821, funcionou no Brasil. Ações de governo no
período citado não só infra-estruturaram a independência do Brasil, como também
permitiu que fossem expandidos os domínios luso-brasileiros frente às terras coloniais
francesas ao Norte e espanholas ao Sul.

3.7.1 A ocupação da Guiana Francesa

O sonho francês de fixar uma colônia na América do Sul, após os insucessos da França
Antártica (1555) e da França Equinocial (1612), no Rio de Janeiro e Maranhão,
respectivamente, resultou finalmente na fundação de Caiena (futura Guiana Francesa),
em 1626.

Ao longo do século XVII, os franceses ampliaram seu território, tentando estabelecer-se


no atual Estado do Amapá. Reagindo contra tais pretensões, Portugal manteve uma
força de militar na região.

No Período Napoleônico, com a transferência da Corte Portuguesa para o Brasil, surgiu


a oportunidade de eliminar a ameaça francesa, o que constituía, ao mesmo tempo, uma
vingança pela invasão napoleônica em Portugal. Assim, D.João VI, contando com o
apoio da Inglaterra, determinou a ocupação de Caiena em 1809. Durante o Congresso
de Viena (1815), Caiena foi devolvida à França.

3.7.2 A conquista da Cisplatina

Como já mencionado, a Região Platina, foi objeto de intensa disputa entre Portugal e
Espanha, sobretudo no tocante à Colônia do Sacramento, também conhecida como
Banda Oriental. O domínio napoleônico na Península Ibérica desencadeou o
movimento de independência na América Espanhola, do qual resultaram países como a
Argentina, o Paraguai, que se tornaram soberanos em 1810 e 1811, respectivamente.

O temor de ver a Banda Oriental, atual Uruguai, definitivamente anexada pela


Argentina levou D. João VI a mandar invadir Montevidéo. Nascia assim, a Província
69

Cisplatina, concretizando o antigo sonho estratégico português de estender seus


domínios até a Foz do Prata.

Em 1828, a Província Cisplatina tornou-se independente e passou a denominar-se


Uruguai.

3.7.3 A unidade política e territorial

Até o século XIX, o Brasil estava dividido em unidades dispersas, sem vínculos entre si,
cada qual obedecendo diretamente a Lisboa. A unidade política e territorial existia,
quase que exclusivamente, do ponto de vista da administração metropolitana. A
conversão do Brasil em sede da monarquia portuguesa teve o mérito de transferir para
a Colônia, o conceito de unidade de que carecia.

A transferência da Corte Portuguesa para o Brasil conferiu à independência política


brasileira, uma característica singular. Enquanto a América Espanhola obteve a
independência por meio de lutas, a presença da Corte no Brasil favoreceu a ruptura
colonial sem graves convulsões sociais e, também, sem a fragmentação territorial.

Apesar de não manter a posse da Guiana Francesa e da Província Cisplatina, o


governo “Joanino”9 no Brasil semeou condições favoráveis para a manutenção territorial
do Brasil durante a independência, assegurando todas as conquistas territoriais
traçadas pela estratégia expansionista portuguesa para sua Colônia Americana.

9
Período entre 1808 e 1821, no qual o Brasil foi governado por D. João VI.
70

4 FORTIFICAÇÕES PORTUGUESAS CONSTRUÍDAS NO BRASIL NO PERÍODO


COLONIAL

Serão apresentadas muitas das fortalezas construídas no Brasil, entre 1500 e 1822, e
observados alguns dos seus impactos políticos, econômicos e culturais, bem como as
contribuições para a base física do Brasil.

4.1 INTRODUÇÃO

Na Seção anterior foram vistas diversas motivações que levaram os portugueses a


erguer ou reconstruir um número tão elevado de fortificações no Brasil. Motivações do
contexto mundial e local, particularmente as transformações pelas quais passava a
Europa, em especial os países da Península Ibérica, ao tempo da conquista do Novo
Mundo.

Essas construções podem ser apreciadas no seu aspecto tanto geográfico quanto
político-estratégico e defensivo, não desprezando os aspectos econômicos, militares,
religiosos e urbanísticos de tais obras.

A evidência oferecida pela seleção geográfica-estratégica da localização das fortificações


indica sua função de defesa natural de cidades e de pontos vulneráveis. O posicionamento
dessas fortificações, separando os domínios americanos de Portugal e Espanha, aponta
ainda para motivações de defesa de limites e de território recém-penetrado e conquistado,
traduzindo-se numa função expansionista das fortificações brasileiras.

Observadas sob o prisma de ponto de defesa de rotas comerciais e áreas produtoras de


riqueza, as fortificações oferecem, também, indícios de motivações de natureza
econômica.

Além da função protetora e, concomitantemente, de ponto de partida para expedições


de expansão territorial e comercial direcionadas, as fortificações serviram, de marco
humanístico, simbolizando a supremacia do branco europeu sobre o “índio” local.
Tornaram-se núcleos de urbanização, concentrando exércitos, prisões, e abrigando
capelas, sugerindo funções militares, cíveis e religiosas.
71

4.2 FORTIFICAÇÕES PORTUGUESAS NO BRASIL

A seguir serão localizadas e tipificadas as fortificações erguidas no Brasil pelos


portugueses no período considerado, valendo-se de uma classificação, em grupos,
baseada na mais proeminente característica e função da fortaleza.

Segundo Stella (1999, p. 81, 107, 112), as fortificações portuguesas no Brasil podem ser
classificadas em três tipos: fortificação costeira, marginal e mista. Para essa autora,
fortificação costeira é definida como aquela fortificação localizada junto ao litoral, em pontos
estratégicos, visando a posse e a defesa da terra. Por outro lado, define uma fortificação
marginal como sendo a fortificação localizada às margens dos cursos de água, cujas
finalidades principais eram impedir a penetração estrangeira via rotas fluviais, defender a
desembocadura dos rios, permitir e consolidar a fixação das populações. Finalmente,
fortificação mista, é caracterizada como aquela que tinha a finalidade de defender os limites
do Brasil com as possessões espanholas e de resguardar as zonas de riquezas minerais.

Essa classificação valoriza muito mais a finalidade para qual foi construída a
fortificação, do que propriamente a posição geográfica da obra defensiva. Daí a razão
de ter-se nessa concepção, fortificações mistas, somente nas Regiões Centro-Oeste e
Sul; as fortificações marginais estarem concentradas na Região Norte, exceto uma no
Maranhão; e as fortificações costeiras somente nas Regiões Sudeste, Nordeste e Norte,
sendo nessa última, apenas no Pará.

Inicialmente, serão abordadas, dentro de cada região geográfica, as fortificações


costeiras, naturalmente as mais óbvias, e deslocando-se através do espaço e do
tempo, para as fortificações marginais e mistas, defensoras de rios, de entroncamentos
e de fronteiras naturais importantes, com demonstrações de presença ostensiva
internacional.

4.2.1 Na Região Norte

De acordo com a divisão feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,


(IBGE), a Região Norte é formada, atualmente, pelos Estados do Acre (AC), Amapá
(AP), Amazonas (AM), Pará (PA), Rondônia (RO), Roraima (RR) e Tocantins (TO).
72

Na presente monografia serão apresentadas as fortificações dessa região, sintetizadas


no mapa abaixo:

1697 - SANTARÉM

1775 - SÃO JOAQUIM 1697 - ÓBIDOS 1688 - MACAPÁ

1761 - SÃO JOSÉ


DO MARABITANAS

1761 - SÃO GABRIEL


DA CACHOEIRA 1616 - FORTE
DO PRESÉPIO

1776 - SÃO FRANCISCO


XAVIER DE TABATINGA
1669 - SÃO JOÃO DA
1776 - PRÍNCIPE DA BEIRA 1633 -
BARRA DO RIO NEGRO
GURUPÁ

Mapa 8 – Principais fortificações portuguesas na Região Norte


Fonte: Brasil (2003, eslaide 58).

Serão abordadas, a seguir, algumas características das principais fortificações, de cada


Estado, quando for o caso, de acordo com a sua posição geográfica.

4.2.1.1 Fortificações costeiras

Ao todo estão listadas sete fortificações costeiras na Região Norte.

a) Fortaleza de Santo Antonio do Gurupá (PA)

Localizada na Ilha Grande de Gurupá, na confluência do Rio Xingu com o delta do Rio
Amazonas, sobre um rochedo em posição dominante daquele canal de navegação.
73

Levantada sobre os escombros do Forte de Tucujus, erigido por holandeses no primeiro


decênio do século XVII e conquistado em 1623 por Bento Maciel Parente, que o
reconstrói em taipa de pilão, sob a invocação de Santo Antônio. Sofre ataques em 1629
e em 1639, quando sob o comando do Capitão João Pereira Cáceres, afugenta forças
holandesas que para ali retornavam. Em 1647, um novo assalto holandês a esta
posição é tentado. Uma expedição de oito navios penetra a boca do Rio Xingu e erige o
Forte de Mariocaí, entre o Rio Pery e o Rio Acaraí. São batidos pelo Capitão-mór
Sebastião de Lucena, que arrasa essa posição.

Arruinado pelos combates e pela natureza, o Governador Antônio de Albuquerque


Coelho de Carvalho ordena a reconstrução do Forte de Gurupá em 1690, o que se
inicia no ano seguinte dando-lhe a forma poligonal. Será novamente reconstruído pelo
Engenheiro genovês Domingos Sambucetti a partir de 1742, sendo novos reparos
promovidos em 1760, 1771 e 1774, passando a fortificação à função de fiscalizar as
embarcações que transitavam pela região, recolhendo os tributos devidos à Coroa
Real.

Não tendo sobrevivido ao Império e à República, da fortificação restam apenas parte do


muro de alvenaria de pedra e das edificações. O acesso é feito por uma escadaria que
leva a um portão de ferro batido. Pelo lado da água existe um obelisco de construção
posterior. Essas ruínas encontram-se tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN), desde 1963, estando atualmente sob jurisdição do
Ministério da Defesa.

b) Forte de São Pedro de Nolasco ou das Mercês (PA)

Localizado junto ao Convento dos Mercenários, em Belém.

Foi construído em 1665, pelo 3º Governador e capitão-general do Pará, Ruy Siqueira.


Coadjuvava na defesa de Belém com o Forte do Castelo e com o Reduto de São José.

Por Aviso Ministerial de 16 de dezembro de 1841, foi autorizada a sua demolição, que
impunha devido à necessidade de construção do cais, obra iniciada no governo de
Souza Franco.
74

c) Fortaleza da Barra ou de Nossa Senhora das Mercês da Barra (PA)

Localizada na entrada do Porto de Belém, do lado esquerdo de quem fica para o Sul,
caracterizada por uma ilhota de pedra.

Antonio Lameira Franco, capitão da guarnição do Pará, requereu, em 1685, ao


governador Gomes Freire de Andrade, autorização para construir uma fortaleza nessa
ilhota, com a condição de possuir o seu comando vitalício. Foi atendido!

A fortaleza continha duas ordens de baterias: uma em baixo, permitindo atirar ao lume da água,
e outra superior, na plataforma. Essas baterias foram armadas com trinta e cinco canhões.

Verificou-se, então, que era necessário construir outras fortificações para proteger a entrada
na barra, sendo construído um fortim na ilha fronteira à Barra da Ilha das Periquitas, uma
Bateria na Ilha dos Periquitos, o Reduto de Santo Antônio e a Bateria de São José.

Enquanto ativas, as fortificações da Barra funcionavam por meio de códigos de sinais,


instituídos, inicialmente, pelo Governador D. Francisco de Sousa Coutinho em 1791.
Em maio de 1947, deu-se uma explosão, motivada por uma faísca elétrica e a
Fortaleza, que servia de depósito de inflamáveis, ficou destruída. A própria ilhota sofreu
as conseqüências da explosão: ficou quase destruída e em parte submersa.

d) Fortim e Bateria da Ilha dos Periquitos (PA)

Localizado na Ilha da Bacia do Guajará, conforme descrito no item anterior.

Em 1738 foi construído um forte estacado de forma regular, com 20 braças de frente e
armado com cinco peças de artilharia. Essa obra teve pouca duração e foi destruída
pelas marés. Em 1738 foi instalada uma bateria na Ilha dos Periquitos, que fica ao norte
da fortaleza da Barra. Em 1793 foi substituída por um forte. Esse novo forte tinha a
forma de um paralelogramo e estava armado com quatro canhões voltados para o
canal. Posteriormente foi desarmado e abandonado, quase não se vendo hoje vestígios
do mesmo.
75

e) Bateria de Val de Cans (PA)

Localizada em Belém, foi construída, na Ponta de Val de Cans, na segunda metade do século
XVIII, armada com quatro obuses de 6 a 9 libras. Em 1863 foi desarmada e abandonada.

Sobre a origem da expressão “Val de Cans” há controvérsias. Segundo alguns, teve


origem nos cães que os padres capuchinhos tinham no convento que lá existiu: isto é, Vale
de Cães; segundo outros, vem de cabelos brancos dos Frades, isto é Vale das Cans.

f) Reduto de São José (PA)

Localizado em Belém foi construído em 1771 no flanco do Convento dos Capuchinhos


de Santo Antonio e sobre a praia, por ordem do governador da Capitania, Fernando da
Costa Ataíde Teive. O Reduto era circundado por uma paliçada e armado com quatro
canhões de grosso calibre.

g) Bateria de Santo Antônio (PA)

Localizada entre o Reduto de São José e o Forte de São Pedro Nolasco, com os quais
trabalhava, dominando a praia.

Erguida a partir de 1791 pelo governador Francisco de Souza Coutinho, em meados de


1793 foi artilhada com cinco peças de grosso calibre, e outras menores. A partir de
1807 é ligada ao Reduto de São José por um semi-baluarte e uma muralha.

Ao tempo da Regência, em 1832, todo o conjunto se encontrava arruinado, sendo


posteriormente demolido para o alargamento e alinhamento da rua da praia.

4.2.1.2 Fortificações marginais

Ao todo estão listadas vinte e quatro fortificações marginais na Região Norte.

a) Forte do Cabo Norte (AP)

Localizado no rio Araguari, entre os rios Maiacaré e Cassiporé foi construído pelos
holandeses, mas logo abandonado.
76

No mesmo local, dentro do contexto das expedições portuguesas de repressão a


invasores estrangeiros na boca do Rio Amazonas, Pedro da Costa Favela erige em
1660, um fortim de faxina e terra, artilhando-o com três peças de pequeno calibre e
guarnecendo-o com um destacamento de 25 homens. Este forte foi invadido e arrasado
em maio de 1697, por tropas francesas, sob o comando do Marquês de Ferroles,
Governador de Caiena (Guiana), que na mesma ocasião assaltam e ocupam o Forte de
Santo Antônio de Macapá.

b) Forte de Santo Antônio de Macapá (AP)

Localizado numa ponta de terra à margem esquerda do Rio Amazonas, dominando


aquele trecho do canal de navegação, na antiga Província do Tucujus, atual cidade de
Macapá, no Estado do Amapá.

Levantado por ordem do rei D. Pedro II (1667-1705), a partir de 1686 sobre o local onde
foi erguido o Forte de Cumaú, construído pelos ingleses no início do século XVII,
destruído na ofensiva portuguesa e espanhola de 1613. Em alvenaria de pedra e cal,
sua planta foi de autoria do Sargento-mór de Batalha Engenheiro Manuel Augusto
Fortes, tendo sido artilhado com sessenta peças - número impressionante para a época
e para a região.

Em maio de 1697, esta fortificação e o Forte do Araguari são invadidos pelos franceses
comandados pelo Marquês de Ferroles, Governador de Caiena (Guiana), que arrasa o
Forte de Araguari.

O Forte de Santo Antônio de Macapá será reconquistado por forças portuguesas sob o
comando de Francisco de Souza Fundão, após violento combate em junho do mesmo ano.
Em ruínas, em 1738, foi substituído em local próximo pela Fortaleza de São José de Macapá.

c) Forte do Rio Bataboute (AP)

Localizado na foz do rio Bataboute, afluente da margem esquerda do rio Araguari foi
construído, em 1688, em forma de estrela. Pouco tempo depois foi abandonado e
destruído.
77

d) Fortaleza de Macapá ou São José do Macapá (AP)

Em 1761 foi concluída a construção rudimentar dessa fortificação, porém 21 anos


depois foi inaugurada uma nova fortaleza e guarnecida com 62 peças de artilharia,
composta por 4 baluartes pentagonais nos vértices e muralhas de cantaria.

Construído segundo os padrões da fortificação abaluartada (traço italiano), seguiu as


normas elaboradas por Vauban. Foi inaugurado em 1782. A atenção às normas de
Vauban é um fato importante, pois no Brasil as construções defensivas não seguiam as
normas exatas da engenharia militar do período.

O recinto era um quadrado perfeito, onde foram construídos oito edifícios diversos:
paiol, enfermaria, capela, praça de armas, depósitos, todos a prova de bombas,
circundados por um fosso pelo lado sudoeste (Figura 14).

Figura 14 – Fortaleza de São José do Macapá (AP)


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 159).

Na segunda metade do século XX, a fortaleza estava desarmada, porém em ótimo


estado de conservação, dado que o governo do então Território do Amapá promoveu a
sua restauração, adaptando-a para alojar a Guarda Territorial, o Tiro de Guerra nº 130 e
instalar o Museu do Território. Em 1998 foi concluída sua restauração, e aberta ao
público para visitação.
78

e) Vigia do Curiaú (AP)

Localizado no rio Curiaú, deságua no rio Amazonas, um pouco abaixo de Macapá. Na


foz desse rio, em 1761, na margem direita, foi construído pelos portugueses, um forte
de faxina1, com dependências para o Corpo da Guarda e uma Guarita. Essa Vigia teve
pouca duração e foi logo abandonada.

f) Vigia de Bragança (AP)

Localizada na Ilha de Bragança, no curso do rio Amazonas, poucos quilômetros ao


norte da atual cidade de Macapá, Estado do Amapá. Erguida por ordem do Governador
Francisco de Souza Coutinho, em poucos anos seria desarmada e abandonada.

g) Fortaleza de São José da Barra do Rio Negro (AM)

Localizada em posição dominante na margem esquerda da barra do Rio Negro, altura


da sua confluência com o Rio Solimões, atual cidade de Manaus, Estado do Amazonas.

Erguido a partir de 1670 por ordem do Governador do Maranhão e Grão Pará, Antônio
de Albuquerque Coelho de Carvalho, é um dos quatro fortes erguidos por Francisco da
Mota Falcão. Deu origem à cidade de Manaus. Em 1783 foi desarmada.

Situado no núcleo da atual cidade de Manaus, não sobreviveu ao avanço do progresso.


Na década de 50 do Século XX, sobre os vestígios dos seus alicerces, erguia-se a
edificação da Estação de Rádio da 8ª Região Militar.

h) Forte de São José das Marabitanas, ou Forte de Cucuí (AM)

Localizado às margens do alto Rio Negro, afluente da margem esquerda do Rio


Amazonas, na altura de Marabitanas, cerca de 15Km abaixo de Cucuí, no atual Estado
do Amazonas.

1
Forte de faxina é o nome dado a fortes mistos, isto é, construídos de madeira e terra.
79

O curso do Alto Rio Negro foi atingido pelos portugueses desde 1759. O Forte de São
José de Marabitanas foi erguido no contexto das demarcações decorrentes do Tratado
de Madrid (1750), artilhado com algumas peças de ferro.

No início do Século XX restavam algumas dessas peças, nas dependências do quartel


do Pelotão de Fronteiras em Cucuí e do Forte não restam vestígios.

i) Forte de São Gabriel da Cachoeira ou Uaupés (AM)

Localizado na foz do Rio Uaupés, afluente da margem direita do alto Rio Negro, atual
Estado do Amazonas.

Erguido por ordem do Governador da Capitania do Alto Rio Negro, Coronel Gabriel de
Souza Filgueira, que determina guarnecer o curso do Rio Negro, da Cachoeira de
Cajubim para cima. A fortificação é levantada a partir de 1763, sendo artilhada com 16
peças de diversos calibres. Nada mais resta da mesma atualmente.

j) Forte de São Joaquim (AM)

Localizado na margem direita do alto Rio Negro, afluente da margem esquerda do Rio
Amazonas, atual Estado do Amazonas.

Erguido por ordem do Governador da Capitania do Alto Rio Negro, Coronel Gabriel de
Souza guarnecia o curso do rio Negro, da Cachoeira de Cajubim para cima.

A fortificação, com quatro baluartes sob as invocações de São Pedro, São Luiz, São Simão e São
Miguel foi levantada a partir de 1763, sendo artilhada com 19 peças de ferro de diversos calibres.

Três dessas peças eram pedreiros aproveitados do posto militar espanhol de San Juan Baptista,
que lhe era fronteiro, tomado por tropas portuguesas. Nada mais resta da mesma atualmente.

k) Forte de Tabatinga ou São Francisco Xavier de Tabatinga (AM)

Localizada em posição dominante, na margem esquerda do Rio Solimões, na atual


cidade de Tabatinga, Estado do Amazonas marcou o limite ocidental dos domínios da
Coroa portuguesa na Região Amazônica.
80

A fortificação não sobreviveu aos séculos de abandono: dois dos canhões que a
artilhavam encontram-se no Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro, e o restante,
no fundo do Rio Solimões, para onde foi conduzida pela erosão das suas margens.

Para defesa daquele extremo da fronteira, o Governo Imperial mandou levantar, em


1866, algumas fortificações mistas de madeira e terra (faxina), conforme planta
atualmente no Arquivo Histórico do Exército, que pela própria natureza, não duram
muito tempo.

Próximo ao local onde se erguia o antigo forte colonial, estaciona atualmente um


Batalhão de Fronteira do Exército Brasileiro. (Comando de Fronteira Solimões / 8º
Batalhão de Infantaria de Selva).

l) Forte de Caité (PA)

Localizado numa ilha em frente ao litoral de Bragança, na costa do atual Estado do


Pará. Erguido por Francisco Caldeira de Castelo Branco, durante a expedição à foz do
Rio Amazonas, entre dezembro de 1615 e janeiro de 1616. Certamente de faxina e
terra, com alguma artilharia e guarnição, destinava-se à observação daquele litoral.
Atualmente existe um farol instalado no local e do forte não existem mais vestígios.

m) Forte do Presépio, do Castelo do Senhor Cristo, ou do Castelo (PA)

Também denominado Forte do Presépio de Belém, Forte Santo Cristo, Castelo do


Senhor Santo Cristo, Castelo de São Jorge.

Núcleo do povoado de Santa Maria de Belém do Pará, futuramente a cidade de Belém.


Foi erguido na Ponta de Maúri, na confluência do Rio Guamá com a Baia de Guajará,
dominando a entrada do porto e o canal de navegação que costeia a Ilha das Onças.

Levantado a partir de 1615 por Francisco Caldeira Castelo Branco, inicialmente de


madeira coberta com palha, artilhado com doze peças. Batizado de Forte do
Presépio de Belém destinava-se a conter eventuais agressões dos indígenas e
quaisquer ataques dos ingleses e holandeses que freqüentavam a região. Após o
ataque dos Tupinambás em 1619, a primitiva edificação foi substituída por outra
81

mais sólida, de taipa de pilão e esta, por sua vez, em 1621, por uma terceira, agora
com um baluarte artilhado com quatro peças e alojamento para 60 praças. Esta última
foi batizada de Forte Castelo do Senhor Cristo, mais tarde conhecida como Castelo de
São Jorge, e finalmente Forte do Castelo, como até hoje é denominada.

Arruinada pelo tempo e pelo clima, sofre reparos em 1632 e 1712. A Carta Régia de 30
de maio de 1721 autoriza os seus reparos e de outras fortificações da região, sendo
contratado para tal em Lisboa o pedreiro Francisco Martins. Poucos anos mais tarde,
em 1728, o Sargento-mor Carlos Varjão Rolim, engenheiro de fortificações, é trazido de
São Luiz do Maranhão para dirigir os trabalhos de reconstrução do Forte. Novos
reparos são efetuados em 1759 e em 1773.

À época da Independência, o Forte é reedificado, para ser desativado na Regência pelo


Aviso Ministerial de 24 de dezembro de 1832, que extingue os Comandos dos Fortes,
Fortins e pontos fortificados, desarmando-os. Durante a Cabanagem (1835-40), a mais
importante revolta do Período da Regência na região, o Forte foi utilizado como quartel-
general dos revoltosos, sendo quase arruinado na troca de tiros com a armada do
mercenário inglês John Taylor, contratado pela Regência para dar fim à insurreição. Foi
reconstruído e rearmado a partir de 1850, durante o governo de Jerônimo Francisco
Coelho, Presidente da Província do Pará, quando ganha novos quartéis para tropa, casa
do comandante, ponte sobre o fosso, portão e uma muralha de cantaria pelo lado do Rio
Guamá. Em 1868 ainda estavam em progresso obras complementares, estando a praça
artilhada com 27 peças de diferentes calibres, inclusive alguns canhões raiados.

Novamente desarmada pelo Aviso Ministerial de 12 de dezembro de 1876, passa a


abrigar o Arsenal de Guerra. Atualmente sob responsabilidade do Ministério da Defesa,
foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1962. Completamente
descaracterizado, o monumento sofreu diversas intervenções no passado, entre as
quais várias modificações para abrigar a sede social do Círculo Militar de Belém, que
mantém no local um restaurante, um bar, depósitos e um salão de festas.

Em 1978, tentou-se negociar a retirada do Círculo Militar e seu restaurante, para uma
intervenção de restauração no imóvel. Em 1980, com as muralhas parcialmente
82

destruídas, a edificação passou por obras de emergência para garantir a estabilidade


do conjunto remanescente. Finalmente, a partir de 1983, com recursos da Fundação
Pró-Memória, o IPHAN realiza obras de conservação e restauração no Forte, um dos
mais procurados pontos turísticos da cidade, por sua localização privilegiada e seu
sentido histórico, integrando o complexo histórico e religioso da Cidade Velha em
Belém (Figura 15).

Figura 15 – Forte do Presépio restaurado (PA)


Fonte: Kuch (2003).

n) Casa Forte de Guamá (PA)

Localizada às margens do Rio Guamá, no ponto de início do caminho que ia de Guamá


por terra a São Luís do Maranhão.

Erguida em torno de 1740 por Luiz de Moura, às próprias expensas em troca de uma
patente de Capitão de Infantaria com o soldo de soldado (que nunca lhe foram pagos).
Desse estabelecimento originou a Vila e atual cidade de Ourém, no Pará.
83

o) Forte do Desterro (PA)

Localizado às margens do Rio Maicurú, a cerca de 30 Km da sua confluência com


margem esquerda do Rio Amazonas, atual cidade de Monte Alegre, no Pará. Foi
erguido por Bento Maciel Parente, a partir de 1638.

p) Forte do Toheré (PA)

Localizado na confluência do Rio Toheré com o Rio Xingu, afluente da margem direita
do Rio Amazonas. Remonta à primeira metade do Sec. XVII.

q) Fortaleza de Santarém ou dos Tapajós (PA)

Localizada na confluência do Rio Tapajós com a margem direita do Rio Amazonas, em


posição dominante daquele canal de navegação.

Concluído em 1697 por Manoel da Mota Siqueira, filho natural do maranhense Francisco
da Mota Falcão, que havia proposto e iniciado, às próprias expensas, quatro fortificações
em troca do comando vitalício de uma delas, tendo sido a que Manoel da Mota Siqueira
escolheu para comandar face ao falecimento do pai. Sofreu reformas e melhorias em 1740,
em 1782 (quando é reedificado), em 1803, e em 1867. Foi mais tarde desarmada e
desguarnecida, dela nada mais restando atualmente, exceto algumas ruínas.

r) Forte de Óbidos ou Pauxis (PA)

Localizado sobre uma alta ribanceira à margem esquerda do Rio Amazonas,


dominando o Estreito de Óbidos, que naquele ponto se reduz a 1.892m de largura.

Seguindo determinação do Governador do Maranhão e Grão Pará Capitão General


Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, este estreito foi defendido por um forte a
partir de 1698, iniciado por Francisco da Mota Falcão e concluído por seu filho Manoel
da Mota Siqueira, em taipa de pilão, artilhado com quatro peças de pequeno calibre e
guarnecido por um destacamento. Foi denominado como Presídio dos Pauxis, nome da
nação indígena que habitava a área. Tomou denominação de Forte de Óbidos quando
a aldeia é elevada à categoria de Vila com esse nome, em 25 de março de 1758. Além
84

de defesa estratégica, essa estrutura atendeu à fiscalização para cobrança dos dízimos
da Coroa Real, das embarcações que percorriam o grande rio, de ou para as
Capitanias de Mato Grosso ou de São José do Rio Negro.

Já em 1749, sob o comando do Capitão Balthazar Luiz Carneiro, carecia de reparos mais
sérios. Segundo o Relatório do Capitão de Ordenanças José Miguel Ayres acerca do estado
das fortificações mantidas ao longo do Amazonas de 04 de janeiro de 1749: "suposto tenha
só a cortina da parte do mar arruinada e que só desta reedificação careça, e de emboço e
reboco; contudo esta Fortaleza se acha edificada sobre uma alta ribanceira, a qual o tempo
tem demolido, de sorte que dificilmente pode passar qualquer homem entre a beirada da dita
ribanceira e a Fortaleza, e achando-se assim esta no princípio de cair nas primeiras
invernadas, parece que seria mais acerto fazer-se a dita Fortaleza de novo, por se não pôr
no perigo de perder-se o dispêndio, recuando-a para dentro, o que fosse necessário”.

Na ausência de recursos do Governo, o Capitão Ricardo Antônio da Silva Leitão,


comandante da praça, procedeu-lhe reparos, Nessa época, a praça contava apenas
com três canhões, sete balas de artilharia, 2 arrobas e 18 libras de pólvora, 20 libras de
chumbo, 46 libras de balas de mosquetaria, cinco baionetas, reduzindo-se o efetivo ao
capitão comandante, um tenente, um sargento ajudante e seis praças. Uma década
mais tarde, esse efetivo estava reduzido a um soldado e a um sargento, sendo que, à
falta de soldados, a esposa deste já havia dado guarda mais de uma vez.

Apesar de reiteradas recomendações para a sua reconstrução durante o governo colonial


(1749 - 1784), apenas no Segundo Império é que a praça foi recuperada, com a elevação da
vila a cidade, em 02 de outubro de 1854. Nesse ano, o governo imperial iniciou a reconstrução,
sob a orientação do Major de Engenharia Marcos Pereira de Salles, na forma de um reduto
semicircular a barbeta, artilhado com 10 peças de diferentes calibres, entre as quais quatro
canhões Armstrong. Em 1869 é acrescida uma plataforma de cantaria de Lisboa.

Em 1910 um novo conjunto de edificações é levantado na Serra da Escama (Quartel de


Paz e bastiões de concreto), recebendo canhões Krupp de 75mm. A partir de 1930,
os fortes são desativados, tendo os canhões Krupp sido utilizados durante a
Revolução Constitucionalista de 1932 pelos revoltosos para artilhar a embarcação
85

Jaguaribe, abalroada e afundada na Baia Itacoatiara pelo vapor Ingá com forças
legalistas a bordo. Atualmente o Forte dos Pauxis está aberto ao público no centro de
Óbidos, bem como as ruínas do Forte Gurjão na Serra da Escama.

s) Forte do Paru (PA)

Localizado na confluência do Rio Parú com a margem esquerda do Rio Amazonas,


local onde existira um fortim holandês destruído na ofensiva portuguesa e espanhola de
1628, onde se localizava o aldeamento do Parú, atual cidade de Almeirim, no Pará.

Erguido na segunda metade do Sec. XVII por Manoel da Mota Siqueira (um dos quatro
fortes projetados por seu pai Francisco da Mota Falcão), foi reconstruído e ampliado
(1745), sendo o aldeamento do Parú elevado à categoria de Vila com o nome de
Almeirim em 1748. Em ruínas, foi abandonado em 1838.

t) Forte Nossa Senhora de Nazaré de Alcobaça (Tucuruí-PA)

Localizado à margem esquerda do Rio Tocantins, no Pará. Foi erguido a partir de 1780
pelo Major Engenheiro João Vasco Manoel de Brum, conforme instruções do Governador e
Capitão-general do Grão-Pará e Rio Negro João Nápoles Teles de Menezes, que ordenara
a fundação da Vila de Alcobaça, dotando-a de uma fortificação. Esta última será artilhada
com seis peças de pequeno calibre, com a incumbência de repelir as incursões de
indígenas das tribos Apinagés, Carajás, Gaviões, Timbira e outros, de impedir a fuga de
escravos de Cametá, e reprimir o contrabando de ouro por aquela via fluvial. Foi demolido
em 1797 pelo Alferes Joaquim Máximo (vide Forte da Cachoeira de Itaboca).

u) Forte da Cachoeira de Itaboca (Tucuruí-PA)

Localizado na altura da Cachoeira de Itaboca, no curso do Rio Tocantins.

Em 1797, a povoação de Alcobaça e sua fortificação são transferidas, por razões de


segurança, para novo local, mais acima no curso do Rio Tocantins, junto ao Igarapé
Arapari, em frente à Ilha de Tucumanduba. Foi posteriormente reassentado na margem
esquerda do Rio Tocantins entre o Saco do Bacabal e a Praia do Tição, com o nome de
São José do Araguaia.
86

v) Forte de Nossa Senhora da Conceição ou Fortaleza de Bragança (RO)

Localizado no município de Costa Marques, às margens do rio Guaporé.

As instruções de 1748 para o primeiro Governador de Mato Grosso, Capitão General


Antônio Rolim de Moura Tavares, eram para que mantivesse, a qualquer custo, a
ocupação da margem direita do Rio Guaporé, ameaçado pelos espanhóis e indígenas,
oriundos dos povoados à margem esquerda desse rio desde 1743.

Em 1759 é finalmente erguido um forte, na margem direita do Guaporé, a cerca de dois


quilômetros do local onde existira a missão espanhola (Fortim) de Santa Rosa (1754).
Denominado de Presídio de Nossa Senhora da Conceição, certamente de faxina, era
cercado por uma paliçada: em poucos anos se encontrava em ruínas, ante as renovadas
incursões espanholas, entre as quais a de 1762. Na ocasião, forças espanholas, 800 ou
1200 homens segundo as fontes, em 40 canoas, atacaram pelo rio, levando o Governador
Rolim de Moura a retirar-se com a sua tropa, para retornar em seguida com reforços,
desalojando os espanhóis. A estrutura foi reconstruída pelo Governador Luiz Pinto de
Souza Coutinho em 1767, e batizada como Forte de Bragança. Ao tempo do Governador e
Capitão-general da Capitania de Mato Grosso, Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e
Cáceres, ainda incompleta mas já em ruínas, foi substituído pelo Forte Príncipe da Beira.

w) Real Forte Príncipe da Beira (RO)

Localizado na margem direita do Rio Guaporé, atual Guajará-mirim, Município de Costa


Marques, Estado de Rondônia.

A Fortaleza do Príncipe da Beira, ou Real Forte Príncipe da Beira, foi assim nomeada,
em homenagem a D. José, neto de D. João V (1705-1750), e futuro Rei de Portugal.
Teve a sua pedra fundamental lançada em 20 de junho de 1776, sob a orientação do
adjunto de infantaria e engenheiro Domingos Sambuceti.

O plano, na forma de um polígono quadrangular no sistema de Vauban, com 970 m


de perímetro e muralhas de cantaria de 10 metros de altura cercadas por um largo
fosso, compreende quatro baluartes nos vértices, guarnecidos originalmente com 56
87

peças de artilharia. De acordo com o costume da época, os baluartes2 foram


consagrados a Nossa Senhora da Conceição, Santa Bárbara, Santo Antônio de Pádua
e Santo André Avelino. O ingresso se dá por um portão monumental, com cerca de 3m
de largura, que originalmente previa ponte levadiça sobre o fosso seco, e a proteção de
um revelim3. No interior, a fortificação abriga 14 edifícios destinados a Casa de
Comando, Quartéis de Oficiais e de Tropa, Calabouço, bem como Enfermaria, Capela,
armazéns, ferraria, carpintaria e depósitos de víveres e de munições em pedra canga
férrea lavrada e argamassa (Figura 16).

Figura – 16 Planta do Forte Príncipe da Beira, 1780 (RO)


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 43).

As primeiras pedras necessárias à fortificação teriam vindo pelos Rios Amazonas e


Madeira desde Belém. Posteriormente vêm de Albuquerque e Corumbá, em Mato
Grosso, subindo o Rio Paraguai até ao Rio Jaurú, e daí por terra até ao Rio

2
Parte da fortificação que avança e forma ângulo saliente, permitindo vigiar a face externa da muralha e
atirar contra os assaltantes que tentam escalá-la. Também chamada de bastião;
3
Revelim, construção angular, externa e saliente, para defesa de ponte, cortina (muro que liga dois
baluartes) etc.
88

Guaporé, totalizando cerca de 1.500 Km de jornada. Mais de duzentos homens teriam


trabalhado na sua construção, durante a qual falece Sambuceti, substituído pelo
Capitão de Engenheiros Ricardo Franco de Almeida Serra. Este Capitão é o
responsável pela nova fortificação de Coimbra (1797) aonde irá se distinguir resistindo
vitorioso à investida espanhola comandada por D. Lázaro de Ribeira (1801). Uma
planta de sua autoria, datada de 1798, indica as obras efetuadas em outubro desse ano
(AHEx).

Inaugurada ainda incompleta, o seu primeiro comandante foi o Capitão do Regimento


de Cavalaria de Dragões da Capitania de Goiás, José de Mello Castro da Silva e
Vilhena, que havia assistido o lançamento da pedra fundamental seis anos antes, e
que, ao que consta, encontrava-se exilado em Mato Grosso (Figura 17).

Figura 17 – Forte Príncipe da Beira (RO)


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 87).

A partir do final do século XVIII, depois de consolidada a presença portuguesa na


região, a fortaleza perde a importância, cessando as informações a seu respeito.
Abandonada em 1889 quando da Proclamação da República, suas instalações
89

foram saqueadas tanto por brasileiros quanto por bolivianos, tragada pela selva
amazônica, que dela se apoderou.

Rondon redescobre as suas ruínas em 1914, mas seria necessário aguardar até 1930
para que o Exército Brasileiro a voltasse a guarnecer, ali instalando o Contingente
Especial de Fronteira do Forte Príncipe da Beira, que em 1954 teve sua designação
mudada para 7º Pelotão de Fronteira, e em 1977, para 3º Pelotão Especial de Fronteira,
subordinado ao atual 6º Batalhão Infantaria de Selva.

Tombada desde 1950 pelo IPHAN, em 08 de abril de 1983, em solenidade com a


presença do Presidente da República do Brasil João Baptista de Figueiredo e do
embaixador de Portugal Adriano Carvalho, sob salva de 21 tiros de canhão, foi
assinado Termo de Compromisso entre o Ministério da Educação e Cultura, o Ministério
do Exército e o Governo de Rondônia visando à restauração, conservação e utilização
do Forte. Técnicos do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional se responsabilizaram
pela pesquisa arqueológica e pelos levantamentos necessários à elaboração do projeto de
restauração, que contou ainda com a participação de consultores portugueses da Fundação
Calouste Gulbenkian (Prof Viana de Lima), uma vez que todo o material iconográfico de
construção do forte se encontra em Portugal. O Ministério do Exército, através do 3º Pelotão
Especial de Fronteira ficou responsável pelo apoio material ao projeto.

x) Forte de São Joaquim de Rio Branco (RR)

Localizado na margem direita do Rio Tacutú, na sua confluência com o Rio Uraricoera,
onde se forma o Rio Branco, ao norte da atual cidade de Boa Vista, Estado de Roraima.

O rei D. José I (1750-1777), por Carta Régia datada de 14 de novembro de 1752,


determina ao Governador e Capitão do Grão-Pará, Francisco Xavier de Mendonça
Furtado, “a construção imediata de uma fortaleza às margens do Rio Branco”, no
contexto da ameaça das entradas holandesas na região, oriundas do Suriname, via
fluvial, para comércio e apresamento de índios, que se estenderam de 1750 a 1780.

Em que pesem os alertas regulares das autoridades locais sobre a necessidade de


uma fortificação, face às ameaças representadas por aquele comércio na região (os
90

índios Paraviana, por exemplo, foram encontrados com “armas, pólvora e balla”,
conforme o Ouvidor-mór da Capitania do Rio Negro Lourenço Pereira da Costa ao
Governador da Capitania em 1762), por mais de vinte anos nada foi concretizado
(Figura 18).

Figura 18 – Planta do Forte de São Joaquim do Rio Branco (RR)


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 40).

Uma ação efetiva só foi levada a efeito pela Coroa portuguesa, quando em 1775 um
desertor holandês atinge Barcelos, sede da Capitania do Rio Negro, com notícias de
um estabelecimento espanhol no Rio Branco. Esse estabelecimento remontava a
expedições efetuadas nos anos de 1771-1773, em busca da lendária Serra Dourada do
lago Parime, que expedições anteriores, portuguesas já haviam descartado. O dado
mais importante era o de que os espanhóis oficialmente enviados pelo governo da
Guiana espanhola, com o fim declarado de anexação da região, estavam aquartelados
no Rio Uraricoera, tendo já formado no curso do mesmo, dois aldeamentos indígenas, o
de Santa Rosa e o de São João Batista de Caya-Caya.
91

Frente à ameaça concreta de ocupação espanhola da região do alto Rio Branco, que
desarticulava toda a estratégia tático-defensiva portuguesa na bacia amazônica, uma
tropa de guerra é formada e enviada para combatê-los no mesmo ano, com ordens de
expulsá-los e de iniciar a construção de uma fortaleza, bem como de promover o
aldeamento de índios na região. O processo de expulsão das forças espanholas levou
algum tempo, consolidando a presença portuguesa na região. Entre os anos de 1775 e
1776 inicia-se finalmente a construção do Forte de São Joaquim dominando
estrategicamente, do ponto de formação do Rio Branco, o acesso ao Rio Tacutú ao Rio
Uraricoera, afastando definitivamente as ameaças de invasão espanhola ou holandesa
por aquela via.

Empregando a mão de obra de indígenas tomados aos espanhóis como presa de


guerra, e de outros, aldeados para o serviço da fortaleza (eram cinco as aldeias
computadas em 1777), a fortaleza é concluída em 1778, artilhada com dez peças, duas
das quais fundidas em Belém em 1763.

Ironicamente, a utilização desta mão-de-obra nativa, e as duras condições de uma vida


sedentária nos aldeamentos impostos a populações até então nômades, conduz a um
ciclo vicioso de revoltas e repressão durante a década de 1780, que dizima os
aldeamentos e culmina em uma grande revolta em 1790, violentamente reprimida.

Ao se iniciar o século XIX esses aldeamentos ficaram praticamente desertos e o serviço do


Forte mantido com destacamentos de indígenas remetidos mensalmente do Rio Negro.

Ao mesmo tempo, as colônias espanholas obtiveram a sua independência, os ingleses


consolidaram sua presença na Guiana, deu-se a independência brasileira, e pouco a
pouco, esses fatos mergulham a região no esquecimento, de onde saiu por um breve
período no início do século XX com a Questão do Pirara (1904).

Em meados do século XX ainda podiam ser observadas as ruínas deste forte,


encontrando-se a imagem em madeira do seu padroeiro, São Joaquim, abrigada na
Capela da Fazenda São Marcos. Um dos canhões remanescentes da artilharia do forte
ornamentava, na mesma época, a Praça da Bandeira, na capital Boa Vista.
92

4.2.1.3 Fortificações mistas

Segundo o critério de Stella (1990), não foram encontrados registros de fortificações


mistas na atual Região Norte.

4.2.2 Na Região Nordeste

De acordo com a divisão feita pelo IBGE, a Região Nordeste é formada pelos Estados
de: Alagoas (AL), Bahia (BA), Ceará (CE), Maranhão (MA), Paraíba (PB), Pernambuco
(PE), Piauí (PI), Rio Grande do Norte (RN) e Sergipe (SE). Serão abordadas, a seguir,
algumas características das principais fortificações, de cada estado, quando for o caso,
de acordo com a sua posição geográfica.

Na presente dissertação serão apresentadas as fortificações dessa região, que se


concentram nos Estados da Bahia e Pernambuco, sintetizadas no mapa abaixo:

Ilh a d e Ita m a racá

T - 07

Mapa 9 – Principais fortificações portuguesas na Região Nordeste


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 75).
93

4.2.2.1 Fortificações costeiras

Ao todo estão listadas cento e quatro fortificações costeiras na Região Nordeste.

a) Forte ou Fortaleza de Porto Calvo (AL)

Localizada junto à foz do Rio Manguaba, atual Porto Calvo foi a primeira obra de
fortificação construída no território do atual Estado de Alagoas.

Erguida antes de 1634 em faxina e terra, por ordem do Conde de Bagnuolo, no contexto da Guerra
Holandesa (1630-1654), é tomada por tropas holandesas (1634), que a reforçam e a ampliam.

Retomada em 1635 por Matias de Albuquerque, Domingos Fernandes Calabar aí é detido


na ocasião, sendo enforcado e esquartejado. É retomada por Schkoop em julho de 1636 e
posteriormente abandonada.

Novamente ocupada por forças portuguesas e espanholas, em 1638 é retomada pelos holandeses
após um cerco de treze dias. Estes realizam nova ampliação e melhorias. Reconquistada por forças
portuguesas e espanholas em 1645 após 42 dias de cerco é ocupada e posteriormente destruída.

Nada mais resta da mesma atualmente, entretanto o local onde se ergueu ainda é
conhecido como Alto do Forte.

b) Forte de São João (AL)

Localizado na praia em frente à barra de Maceió, Estado de Alagoas.

Erguido a partir de 1819, por Sebastião Francisco de Melo e Póvoas, primeiro


governador da Capitania de Alagoas, esteve artilhado com 14 peças, sendo o seu nome
uma homenagem ao rei D. João VI (1816-1826).

Encontrava-se em ruínas já em 1828, sendo os reparos em que se apoiavam os seus


canhões enviados para o Rio Grande do Norte em 1833.

À época da 1ª Guerra Mundial, acantonou uma Bateria Independente de Artilharia de


Costa. Na década de 1950 abrigava a Guarnição Federal de Maceió.
94

c) Forte de São Pedro (AL)

Localizado no ponto onde atualmente se inicia o Cais de Jaraguá no porto de Maceió,


Estado de Alagoas.

Erguido em época anterior a 1822, por Sebastião Francisco de Melo e Póvoas, primeiro governador
da Capitania de Alagoas, no local onde um contingente de tropa portuguesa e espanhola de 1.500
homens desembarcou na campanha de 1635, foi artilhado com 21 peças de diversos calibres,
sendo o seu nome uma homenagem ao Príncipe Regente, posteriormente Imperador D. Pedro I
(1822-1831). Encontrava-se em ruínas já em 1828. Em 1832 conservava apenas nove peças,
sendo desarmado em 1834. Rearmado em 1837 com quatro peças, conservava-as em 1841, já
quase completamente arruinado. Demolido em 1847, no local onde o antigo Forte se erguia, em
meados do século XX localizava-se a sede da Capitania dos Portos de Alagoas.

d) Forte Príncipe Imperial (AL)

Localizado na cidade de Deodoro, antiga capital do atual Estado de Alagoas. Erguido


em 1827, foi artilhado com cinco peças de bronze e de ferro de diferentes calibres.
Atualmente dele nada mais resta.

e) Casa da Torre, Torre de Garcia D´Ávila, ou Forte Garcia D´Ávila (BA)

Localizado ao Norte de Salvador, sobre uma elevação na Praia do Forte, litoral de


Tatuapara, atual Município de Mata de São João na Bahia.

Espécie de castelo senhorial ainda ao estilo manuelino em uso por Portugal nas suas
possessões ultramarinas no início do século XVI, é erguido por Garcia D'Ávila a partir
de 1551 para sede dos seus domínios, cumprindo o Regimento passado pelo rei D.
João III (1521-1557). Dominado por uma torre que lhe deu o nome, vigiando o mar por
um lado e o sertão pelo outro, em 1587 contava com sólidas defesas, inclusive
baluartes, aos quais foram sendo acrescentadas muralhas de pedra e cal, visando a
resistir aos ataques de corsários que procediam razias4 no litoral.

4
Razias: Invasão predatória em território inimigo; saque, destruição, devastação, assolação.
95

Da “Casa da Torre” partiram as primeiras bandeiras sertanistas que introduziram a


pecuária no Nordeste. Francisco Dias D’Ávila, na segunda metade do século XVI, após
dominar os índios Cariri, amplia as fronteiras deste latifúndio até o Maranhão.

No século XVII participou da resistência portuguesa e espanhola às invasões


holandesas como quartel-general, fornecendo tropas e mantimentos.

No século XIX, quando da independência, serviu de base ao "Exército Libertador" (1823), tendo o
Império recompensado os seus morgados5 pelos importantes serviços prestados como: Joaquim
Pires de Carvalho e Albuquerque, agraciado com o título de Visconde de Pirajá; Francisco Elesbão
Pires de Carvalho e Albuquerque, agraciado com o título de Barão de Jaguaripe; e Antônio Joaquim
Pires de Carvalho e Albuquerque, agraciado com o título de Barão da Torre de Garcia D' Ávila.

Com os recursos reduzidos após a Guerra, e a extinção dos morgadios no Brasil a partir
de 1835, a “Casa da Torre” foi abandonada, transformando-se em ruínas.

Tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a partir de 1938. Na década de


80 o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) elaborou um projeto de
restauração encaminhado à 5ª Diretoria Regional da IPHAN/Pró-Memória.

O imóvel, em mãos da empresa privada, originou a Fundação Garcia D’Ávila, com vistas a proteger
a edificação tombada, restaurando-a e transformando-a em Centro Cultural e Museu Histórico.

f) Fortaleza do Morro de São Paulo, Fortaleza do Tapirando (BA)

Também chamada de Fortaleza de São Paulo do Presídio do Morro. O Morro de São


Paulo, na Ilha de Tinharé, foi o local inicialmente escolhido pelo castelhano Francisco
Romero, representante do Donatário da Capitania de Ilhéus - Jorge de Figueiredo
Correia -, para o seu estabelecimento (1536).

Em pleno território dos índios Aimorés, razões estratégicas levam à transferência da


sede da Capitania para São Jorge de Ilhéus. Os povoados de Vila Velha e
posteriormente de Salvador, que historicamente concentraram os maiores esforços

5
Morgado: Filho primogênito ou herdeiro de possuidor de bens vinculados.
96

colonizadores, diminuíram a importância social e econômica do Morro de São Paulo, que distante
cerca de 64 Km ao Sul de Salvador, em posição privilegiada pelo regime dos ventos e correntes
marítimas, mantiveram-lhe o valor estratégico indiscutível no acesso a Salvador, enquanto
predominou a navegação à vela.

A Vila de Cairú e a povoação (velha) de Boipeba, representaram no século XVII, importante centro
produtor de farinha de mandioca consumida pela cidade de Salvador, a quem salvaram, em 1638,
durante o cerco do Conde Johan Maurits Van Nassau-Siegen6 (1604-1679), tendo chegado a
produzir 1200 alqueires/ano.

Ali se localizavam também as serrarias e feitorias de madeiras nobres para a Coroa


portuguesa, escoadas via marítima pelo Canal do Morro de São Paulo. Esgotados os
recursos naturais, o local entra em decadência a partir de meados do século XVIII.

Durante a União Ibérica (1580-1640), são erguidas na Ilha de Tinharé duas


fortificações, representadas em planta de Paulo Nunes Tinoco, que as atribui às ordens
do Governador e Capitão Geral do Estado do Brasil - Diogo Luiz de Oliveira (1626-35),
dando-as como erguidas nos meses de Setembro a Novembro de 1631.

A estrutura no Morro de São Paulo - Forte de Nossa Senhora da Conceição ou Forte


Velho - contava com seis peças de artilharia, estando representada, no alto da colina, a
Capela de Nossa Senhora da Luz, padroeira da povoação.

A guarnição das fortificações, que se dedicava a reprimir populações indígenas e auxiliar a carga de madeiras
nobres para o reino, montava de 100 a 200 homens, recrutados nas imediações de Cairú e Boipeva (velha),
povoações essas que, em troca do sustento das guarnições, estavam dispensadas do serviço militar.

Apesar de entre 1699 e 1704 existirem registros de trabalhos de reparos no Morro de São Paulo, a
fortificação atual ("forte novo") é obra do 4º. Vice-rei, Vasco Fernandes César Menezes - Conde de
Sabugosa -, Capitão de Mar e Terra do Estado do Brasil (1720-1735).

Com as obras dadas como em fase de conclusão, o Conde de Sabugosa requereu


ao Reino a artilharia necessária para defendê-la, sendo remetidas de Lisboa 24

6
Conde Johan Maurits Van Nassau-Siegen : mais citado no compêndios como Maurício de Nassau.
97

colubrinas de 12, 18 e 24 em 1732. Nesse ínterim, o Capitão Engenheiro João Teixeira,


responsável pelas obras, falece (1732), deixando desamparadas as obras das praças
na Bahia (Forte do Barbalho) e do Morro de São Paulo. As correspondências no
Arquivo Público da Bahia mencionam a existência de obras ainda em 1733.

A nova fortificação (Forte da Ponta), com projeto atribuído ao Engenheiro Miguel


Pereira da Costa, na forma de um polígono aberto com baluartes nos vértices voltados
para o mar, complementava a anterior (o "Forte Velho"), com a qual se ligava por um
trecho de muralhas.

Para guardá-la o monarca autoriza, em 1731, o Governador da Bahia, a que ali


permaneça a Companhia regularmente estacionada, composta de naturais do Morro, a
maior parte casada, com roças e outros exercícios para seu sustento e de suas
famílias.

Os soldados residiam em suas casas fora dos muros, uma vez que o Forte possuía
apenas dois quartéis, um para o capitão e outro para o capelão. Uma planta de João de
Abreu e Carvalho datada de 1759 aponta 51 peças de ferro e bronze, no Morro de São
Paulo.

Em meados de 1797 a estrutura já se encontrava em ruínas, boa parte devido à erosão


do mar sobre as muralhas, abertas por uma forte ressaca desde 1774, apesar dos
reparos provisórios na ocasião. São registrados reparos nos edifícios em 1800 e 1802.

O Príncipe Regente, em 1809, reduz a guarnição aos 30 soldados mais idosos para que
nela passem os últimos dias, sob o comando de um oficial subalterno, até que
finalmente, durante reparos efetuados em 1815, as melhores pedras de cantaria das
muralhas arruinadas, dispersas na Praia do Morro, foram aproveitadas para a
construção do edifício da Associação Comercial de Salvador.

À época da Independência, recebe a esquadra do Almirante Cochrane (1823). Sofre


sucessivos reparos ao final do Império, em 1863, 1876, e 1881-1883. Abandonado em
1915, ali jaziam 52 peças de ferro de alma lisa, deterioradas.
98

O conjunto era integrado no total pela Bateria de Santo Antônio, o Forte de São Paulo
propriamente dito, o Forte do Zimbeiro no alto do morro em posição dominante, e a
meia encosta, o Forte de São Luiz.

Desde 1937, o imóvel se encontrava entre os bens do Ministério da Fazenda, em ruínas


e sem nenhuma aplicação, sendo tombado pelo Patrimônio Histórico no ano seguinte.

Com o povoado descoberto na década de 70 pelo movimento "hyppie"7, atualmente as


ruínas do Forte são atração turística, destacando-se a antiga portada em pedra com
ornatos de cantaria e frontão curvo alusivos ao Império, parte da construção que teria
servido de quartel para a tropa, e uma arcada sobre colunas de composição original.

g) Forte de Santa Cruz do Paraguaçu, Forte da Barra (BA)

Também chamado de Fortinho de Paraguaçu. Localizado à margem direita da foz do rio


Paraguaçú, em Maragogipe, dominando o acesso ao recôncavo baiano.

Sua forma atual data provavelmente do início do século XVIII, erguido sobre uma
estrutura anterior, remontando à primeira metade do século XVII.

Não existe consenso dos estudiosos quanto aos seus construtores, dividindo-se as
opiniões que os atribuem aos holandeses ou aos portugueses e espanhóis.

Fortificação tipicamente de marinha, era flanqueada por água em três dos seus lados.
Desenhada na forma de um polígono hexagonal com um só ângulo reentrante à
barbeta8, foi levantada em alvenaria de pedra com guaritas em tijolos. Estava artilhado
com sete peças.

Em conjunto com o Fortim da Forca, na margem oposta do rio, com quem cruzava
fogos, tinha a função de impedir o acesso de invasores ao sertão do Iguape e seus
engenhos e às Vilas de Maragogipe e Cachoeira.

7
Hippye: Membro de um grupo não-conformista, caracterizado pelo rompimento com a sociedade
tradicional, especialmente no que respeita à aparência pessoal e aos hábitos de vida, e por um enfático
ideal de paz e amor universais.
8
Barbeta: Plataforma de terra, bastante elevada, para que os canhões, nela colocados, possam atirar por
cima do parapeito.
99

Sendo o imóvel de propriedade da União, suas ruínas encontram-se tombadas pelo


Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1938, dele restam atualmente vestígios
do terrapleno9 e de três guaritas, sem utilização.

h) Forte de São Lourenço de Itaparica (BA)

Localizado na Ponta da Baleia, extremo norte da Ilha de Itaparica, dominando o único


porto natural da Ilha e a embocadura do rio Paraguaçú, a sua fortificação mais antiga
remonta a 1631, em desenho atribuído ao arquiteto Paulo Nunes Tinoco.

Os holandeses comandados por Schkoop (1647) reconstroem-na no formato de um


polígono irregular, destruindo-a quando ao se retirar da Baia (1648), evacuam a Ilha.

A atual fortificação remonta a 1711, sob o Governo Geral de D. Lourenço de Almada


(1710-1711), talvez não coincidentemente em homenagem a quem é colocado sob a
invocação de São Lourenço. Seu desenho, no formato de polígono octogonal, possui
seis ângulos salientes e dois reentrantes. O terrapleno, contido por muros de arrimo em
alvenaria de pedra e cal, é acessado por túnel em rampa, e abriga o Quartel da Tropa e
a Prisão, cobertos por abóbadas de berço. É artilhado com 12 peças de ferro de
calibres 8 e 36 (Figura 19).

Figura 19 – Vista do Forte de São Lourenço em Itaparica (BA)


Fonte: Arquivo Histórico do Exército (2002).

9
Terrapleno: Terreno resultante da terraplenagem; aterrado; terreno aplainado.
100

Palco da resistência portuguesa durante a Guerra de Independência, é tomado em


1823 pela população, com o auxílio de tropas fiéis a D. Pedro I (1822-1831). De
propriedade da União, o imóvel encontra-se tombado pelo Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional desde 1938. Atualmente sob jurisdição da Marinha, que ali abrigava
uma Estação de Desmagnetização, encontra-se completamente descaracterizado.

i) Forte do Paraguaçú, Forte do Alemão (BA)

Localizado à margem direita do rio Paraguaçú, de cuja foz dista cerca de 16 Km. Existiu um
outro forte com o nome Forte do Paraguaçu (ou Forte do Alemão). Erguido com tijolos,
constituía-se numa bateria retangular, artilhada com sete peças. Era apoiado por um
entrincheiramento à sua frente, na margem esquerda do rio. Erguido por forças portuguesas e
espanholas à época da invasão holandesa de São Salvador (1624-1625), entrincheiramento
esse que se constituía num parapeito de terra artilhado também com sete peças.

j) Fortim da Forca (BA)

Localizado na margem esquerda da foz do rio Paraguaçú, atual Maragogipe, no Estado


da Bahia.

Construído provavelmente em 1630, cruzava fogos com o Forte de Santa Cruz do


Paraguaçú, na função de impedir o acesso de invasores ao sertão do Iguape e seus
engenhos e às Vilas de Maragogipe e Cachoeira.

k) Fortim, Reduto ou Bateria da Costa (BA)

Com a finalidade de defesa da enseada de Porto Seguro, essa posição era artilhada
com cinco peças de ferro de 5, sob o comando de um capitão. Em meados do século
XX, restavam apenas ruínas, com dois canhões, e um terceiro perto da praia.

l) Complexo de São Salvador (BA)

Fundado pelo Governador Geral Tomé de Souza (1549-1553) em 1549, conforme as


instruções régias recebidas de D. João III (1521-1557) de Portugal, Salvador (mais
tarde São Salvador), é concebida como uma cidadela. O seu construtor, o “Mestre
101

de pedraria” Luiz Dias, chega com o Governador e com o Padre Manuel da Nóbrega em
1549, retornando a Portugal em 1553. Próxima a Vila Velha (Povoação do Pereira),
protegida pela montanha, cercada por pântanos, dominando a Baia de Todos os
Santos, a nova capital imediatamente começou a ser fortificada: protegendo o seu
ancoradouro foram levantados dois baluartes de madeira, um no local da atual Escola
de Aprendizes Marinheiros e outro na atual Praia da Preguiça. Posteriormente a nova
capital é cercada por uma muralha de taipa e barro, com dois baluartes voltados para o
mar e quatro para o interior, artilhados, o suficiente para resistir às armas indígenas.

Progressivamente, essa defesa rudimentar é substituída por pedra e cal, ganhando


baluartes pelo lado do mar e torres nas portas para São Bento e o Carmo. O ataque do
corsário inglês Withrington a Salvador e ao Recôncavo (1587) e outros, levam à
implantação de um sistema de defesa cada vez mais complexo, onde as fortificações se
multiplicam, incorporando trincheiras, baluartes e baterias em lugares estratégicos,
artilhadas e guarnecidas por tropas regulares (Mapa 10).

Mapa 10 – Complexo do Sistema de Defesa de Salvador (BA)


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 135).
102

Desse modo, já no século XVII era respeitada a linha de defesa integrada pelos Forte
de Santo Antônio da Barra, Forte de São Marcelo (ou do Mar), Forte de Santo Alberto,
Forte de Nossa Senhora de Mont Serrat, Forte de Itapagipe e pelas Baterias da Ribeira
das Naus.

Apesar de seu poder de fogo e resistência heróica, essa mesma linha cederá frente ao
ataque holandês de 1624, impotente para conter as 26 naus equipadas com 500
canhões e 1.500 homens em armas.

No ano seguinte, as forças portuguesas e espanholas comandadas por Matias de Albuquerque


(1590-1647) retomam Salvador apoiados pela esquadra do Marquês de Villanueva (52 navios e
12.000 homens), iniciando-se a recuperação e ampliação das fortificações, erguendo-se novas
posições, de tal forma que, a cidade resiste invicta frente aos ataques holandeses de 1630
(dirigido por Van der Bourg), de 1637 (dirigido pelo Conde Johan Maurits Van Nassau-Siegen,
com 40 navios, 1.500 canhões e 3.500 homens), e de 1638 (dirigido pelo Almirante Jacob
Willeken), colocando por terra o mito da invencibilidade holandesa.

Essa mesma estrutura defensiva é que, no século XIX, tornará tão cruenta a Guerra de
Independência, uma vez que as tropas portuguesas de Madeira de Melo ali
entrincheiradas, somente puderam ser vencidas pelo Bloqueio Naval e terrestre que
lhes foi imposto pelas tropas brasileiras, numa autêntica campanha de sítio.

m) Forte de Nossa Senhora de Mont Serrat, Forte de São Felipe (BA)

Localizado em posição dominante na Ponta da Giquitaia, atual Monte Serrat, então


limite Norte de Salvador, sua origem remonta a 1586, durante o Governo Geral de
Manuel Telles Barreto (1583-1587), quando é levantada uma torre cercada de muralhas
franqueadas por bastiões circulares, sob a invocação de São Felipe.

Reconstruído em pedra e cal no Governo Geral de D. Francisco de Souza (1591-1602),


o seu terrapleno dominando o porto de Salvador, durante a Guerra Holandesa é
protagonista de acirrados combates: em 1624 como teatro da emboscada portuguesa e
espanhola contra o governador militar de Salvador Johan Van Dort (1625), que aí
perece, e em 1638, quando é ocupada.
103

É novamente reconstruído no Governo Geral de João de Lencastre (1694-1702), com


planta do Engenheiro florentino Felisgaia. A atual fortificação foi concluída em 1742,
com a forma de um polígono hexagonal irregular, com torreões circulares nos vértices
recobertos por cúpulas e, no terrapleno, Quartel da Tropa, Depósito de Palamenta10 e
Cisterna. Originalmente o seu acesso se dava por uma ponte levadiça entre a rampa e
o terrapleno. Em 1809 encontrava-se artilhada com 9 peças, das quais só conservavam
3 em 1863 (Figura 20).

Figura 20 – Forte de Mont Serrat (BA)


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 96).

Ocupada pelos revoltosos durante a Sabinada (1837), bombardeou quatro lanchas da


Marinha Imperial que desembarcavam uma tropa de 60 fuzileiros na Praia de Boa
Viagem. Em resposta, no dia seguinte, uma fragata, uma corveta, cinco lanchas e um
destacamento por terra, cercaram a praça, que sob o fogo governista, se entregou.

10
Palamenta: Instrumental necessário ao serviço de uma boca-de-fogo, isto é, a uma peça de
artilharia.
104

Sofreu reparos em 1883 e em 1915, bem como restauração no governo Góes Calmon. O sítio
histórico de Monte Serrat / Boa Viagem (Igreja e Forte) é tombado pelo Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional desde 1957. Administrado pelo Exército, e novamente restaurado, desde 1993
abriga o Museu da Armaria, aberto ao público dentro do projeto de revitalização das Fortalezas
Históricas de Salvador, da Secretaria de Cultura e Turismo em parceria com o Exército.

n) Forte do Barbalho de Mont Serrat (BA)

Também conhecido como Forte de Nossa Senhora do Monte Carmelo ou do Carmo, ou


ainda, como Forte de Nossa Senhora do Monte do Carmo, tinha como função defender
o acesso terrestre Norte a Salvador.

Sua construção remonta a 1638, quando o pernambucano Luiz Barbalho Bezerra, mandou
construir trincheiras no local com o objetivo de defender a cidade das investidas holandesas.

Reconstruído no período de 1660 a 1736 no formato de um polígono quadrangular com três


baluartes pentagonais e um circular nos vértices, em alvenaria de pedra e cal, mistura
elementos da escola italiana, a mais antiga, e da escola francesa. Na sua concepção
original, possuía quartéis apenas no terrapleno e um corpo da guarda superposto pela casa
do comandante. Foi artilhado com 15 peças de ferro de diferentes calibres, e guarnecido por
um capitão e três soldados. Sofreu reparos em 1853 e em 1886, quando foram melhoradas
as suas defesas. Em 1912 recebeu um canhão Krupp. Historicamente abrigou a Cadeia
Pública e as enfermarias do Lazareto de São Lázaro. De propriedade da União, o imóvel
encontra-se tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1957,
administrado pelo Governo do Estado da Bahia, que ali abriga um Quartel da Polícia Militar.

o) Forte de Santa Maria (BA)

Localizado à entrada da barra do Porto de Salvador, no Estado da Bahia.

Erguido a partir de 1614 com risco do Engenheiro-mór e dirigente das obras de


fortificação do Brasil Francisco de Frias da Mesquita (1603-1634), entre o Forte de
Santo Antônio da Barra e o Forte de São Diogo, com os quais cruzava fogos na
defesa do porto da Vila Velha, local de desembarque do primeiro donatário da
105

Capitania (Francisco Pereira Coutinho, 1536), do primeiro Governador Geral (Tomé de


Souza, 1549) e da primeira invasão holandesa (comando de Albert Schouten, 1624).
Foi reformada entre 1625-1627. Esse triângulo defensivo rechaçou em 1638 o
desembarque das forças holandesas sob o comando do Conde Johan Maurits Van
Nassau-Siegen (1604-1679).

A estrutura atual remonta a 1696, concluída no Governo Geral de João de Lencastre


(1694-1702). Com desenho de influência da escola italiana, foi construído na forma de
um polígono heptagonal irregular, com quatro ângulos salientes e três reentrantes à
barbeta, em alvenaria de pedra e cal. Sobre o terrapleno ergue-se a casa de comando
e quartel da tropa com dois pavimentos, e abaixo dele, a casa de pólvora recoberta por
abóbada de berço.

Contava à época da sua inauguração com seis peças de ferro de diferentes calibres.
Em 1883 seu número elevava-se a oito peças de 24. Ocupado pelos revoltosos durante
a Sabinada (1837), ao abandoná-lo os rebeldes levaram 12 de suas peças para
combater as tropas imperiais em outras partes de Salvador. Após o conflito, foi
desarmado. De propriedade da União, o imóvel foi tombado como Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional a partir de 1938 (Figura 21).

Figura 21 – Forte de Santa Maria, Salvador (BA)


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 81).
106

Administrado pela Marinha, abrigou o Serviço Hidrográfico daquela arma, sendo


utilizada atualmente como residência oficial do Comandante de Sinalização Náutica do
Leste.

O Brasão Imperial, sobre a entrada, sobreviveu à República, sendo digno de nota, bem
como a fachada Sul da Casa de Comando, recoberta de telhas, tratamento
impermeabilizante da região soteropolitana11 comum à época colonial.

p) Forte de Santo Alberto, Fortim de São Tiago, (BA)

Também conhecido como Forte da Lagartixa Santa Maria. Localizado na cidade de


Salvador, na praia entre a cidade baixa e a Ponta de Monte Serrat, protegendo o
ancoradouro e a aguada das embarcações.

Sua edificação remonta a 1590, com a construção da antiga Torre de São Tiago, cujos
vestígios arqueológicos foram recentemente descobertos. Concluída em 1610, foi
ocupada pelos holandeses nas invasões de 1624 e de 1638. A planta dessa época,
figurada no Mapa da Baía de Todos os Santos de Albernaz (1631), exibe um polígono
quadrangular regular com 30 palmos de lado e dois baluartes circulares nos vértices
pelo lado de terra, artilhado com duas peças.

A atual edificação data de 1694 possui o formato de um polígono hexagonal irregular


artilhado pelo lado do mar, cruzando fogos com o Forte de Santo Antônio Além do Carmo.

Com a vitória brasileira na Guerra da Independência, é o Forte de Santo Alberto quem, em


1823, dá o tiro autorizando o embarque do Governador deposto, Coronel Madeira de Mello,
e sua armada para Portugal. Após a Independência fica conhecido como Forte da Lagartixa,
provavelmente devido a um tipo de canhão assim denominado à época.

Após a Segunda Guerra Mundial, abrigou o Serviço Veterinário do Exército.


Restaurado, está aberto ao público, o projeto de revitalização das Fortalezas Históricas
de Salvador, da Secretaria de Cultura e Turismo em parceria com o Exército.

11
Soteroplolitana: helenização do nome da cidade de Salvador; salvadorenho.
107

q) Forte de Santo Antônio Além do Carmo (BA)

Erguido numa colina, defendendo a entrada norte da cidade de Salvador, no lugar de outra, mais
antiga, de faxina, que remontava ao Governo Geral de Diogo Luís de Oliveira (1626-1635), e que
havia sido reformada em 1659 no de Francisco Barreto de Menezes (1657-1663).

A atual estrutura foi iniciada no Governo Geral de João de Lencastre (1694-1702), e


concluída em 1703 no de D. Rodrigo da Costa (1702-1705). No formato de um polígono
retangular com baluartes nos vértices, cruzava fogos originalmente com o Forte de
Santo Alberto. Foi artilhado com 19 peças de ferro e bronze, de diferentes calibres. No
século XX, abrigou a Casa de Detenção de São Salvador.

r) Forte de Santo Antônio da Barra, Forte Grande, Fortaleza da Barra (BA)

Localiza-se na Ponta do Padrão (posteriormente Cabo de Santo Antônio, atual Farol da


Barra), dominando a entrada da barra de Salvador, ponto em que Américo Vespúcio
teria fundeado, erguendo um padrão de posse (1 de novembro de1501).

A primeira estrutura no alto de Santo Antônio da Barra remonta ao Fortim de pedra e


cal do donatário Francisco Pereira Coutinho em estilo manuelino, artilhado com quatro
peças ("Castelo do Pereira") erguido em 1536 para defesa da Vila Velha, e arrasado
pelos Tupinambá em 1545, forçando os colonos a se refugiar em Porto Seguro.

Uma nova estrutura no local foi erguida durante o Governo Geral de Manuel Telles
Barreto (1583-1587). Provavelmente de faxina e terra, foi reconstruída a partir de 1596
durante o Governo Geral de D. Francisco de Souza (1591-1602) em pedra e cal, com o
formato de um polígono octogonal regular, artilhada com oito peças de bronze e
dezessete de ferro, de diferentes calibres.

Ocupado pelos holandeses na ofensiva de 1624 após uma resistência de três dias,
foi reconquistado por tropas portuguesas e espanholas no ano seguinte, que nele
concentram o foco do contra-ataque para a reconquista da cidade, até à chegada da
esquadra espanhola de D. Fradique de Toledo. Foi ao abrigo do fogo dos canhões
do Forte de Santo Antônio da Barra, que 4.000 homens desembarcam para a
108

retomada de Salvador, de onde expulsaram os invasores. O Mapa da Baía de Todos os


Santos de Albernaz (1631) figura-o artilhado com três peças pelo lado do mar.

O Forte foi reconstruído e melhorado durante o Governo Geral de João de Lencastre


(1694-1702), quando após o trágico naufrágio do Galeão Sacramento (1697), recebeu
um farol alimentado a óleo de baleia, o primeiro do Brasil e o mais antigo do Continente
(1698).

Em 1705 o Senado da Câmara de Salvador solicita ao Governador Geral Rodrigo da


Costa (1702-1705), que Santo Antônio de Lisboa sentasse praça nessa fortificação no
posto de Capitão. Gradualmente o santo foi promovido a Major e a Tenente-Coronel,
sendo as honras e os soldos desses postos revertidos ao Convento de São Francisco
(Figura 22).

Figura 22 – Forte da Barra, Salvador (BA)


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 24).
109

A planta atual, de autoria do Engenheiro João Coutinho, remonta a 1772, quando


recebe o formato de um decágono irregular, adaptado ao terreno, conforme a escola
portuguesa de fins do século XVIII, com seis ângulos salientes e quatro reentrantes à
barbeta. O terrapleno, acessado por um túnel em rampa que termina em escadaria,
abriga Quartéis para a tropa, cozinha, e cisterna abobadada. Em 1809 contava com 16
peças de diferentes calibres.

Durante a Guerra da Independência esteve em mãos portuguesas até à rendição em 1823.


Sofreu reparos em 1875, contando com 9 peças em 1880. A casa de comando, cuja alteração
é do século XIX, apresenta janelas com lenço de pedra sob as guarnições. De propriedade da
União, tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1938, atualmente
administrado pela Marinha, abriga o Museu Hidrográfico de Salvador (Museu Naval), aberto ao
público, dentro do projeto de revitalização das Fortalezas Históricas de Salvador, da Secretaria
de Cultura e Turismo em parceria com o Exército.

s) Forte de São Bartolomeu da Passagem (BA)

Também chamado de Forte da Passagem de Itapagipe, ou de Forte da Passagem de


Cima. Localizado a Norte da cidade de Salvador.

Datado do início do século XVII, colaborava com o Forte de São Filipe na defesa da
Enseada de Itapagipe, onde se localizavam os estaleiros coloniais. Possuía planta no
formato de um polígono octogonal, artilhado com nove peças de diferentes calibres. Em
1841 conservava dois dos antigos canhões, tendo sido demolido em 1900.

Protegido pelo Morro de Santo Antônio, do lado direito da Praia do Porto da Barra, junto à
Santa Casa de Misericórdia, o Forte de São Diogo visava impedir, com o apoio do Forte de
Santa Maria, o desembarque inimigo naquele acesso ao Sul de Salvador, na Cidade Baixa.

Sua construção remonta o período de 1609-1612 com planta do Engenheiro-mór e dirigente


das obras de fortificação do Brasil Francisco de Frias da Mesquita (1603-1634). Foi
reconstruído a partir de 1626 durante o Governo Geral de Diogo Luís de Oliveira (1626-1635),
resistindo ao ataque de 1638 do Conde Johan Maurits Van Nassau-Siegen (1604-1679).
110

Sofre alterações na estrutura e no traçado a partir de 1704, que lhe conferem a atual
estrutura orgânica: um meio reduto circular (o seu terrapleno acompanha a linha da
base do morro, cortado para a sua edificação), abrigando Quartéis para tropas e a Casa
do Comandante pelo lado do mar, sendo inaugurado em 1722, quando passa a abrigar
uma bateria de 7 peças de artilharia.

Em 1863, bem conservado, mantinha cinco peças de 24 a serviço do Império. Passou


por novas reformas, nas canhoneiras e parapeitos, em 1875, 1883 e 1886.

Chave do Projeto da Secretaria de Cultura e Turismo com o Exército para recuperação


das fortalezas históricas de Salvador, restaurado e aberto ao público, foi convertido em
Centro de Lazer com programação cultural e turística regular, eventos e apresentação
de audiovisuais.

t) Forte de São Marcelo, Forte do Mar, Castelo do Mar (BA)

Também conhecido como Forte de Nossa Senhora Del Populo. Localizado sobre uma ilhota
rochosa a cerca de 300m da costa no porto de Salvador, fronteiro ao Centro Histórico.

Também denominado de Forte do Mar, ou de Nossa Senhora del Populo, sua


construção primitiva remonta a 1608 com risco do Engenheiro-mór e dirigente das obras
de fortificação do Brasil Francisco de Frias da Mesquita (1603-1634). Terminada em
1623 no Governo Geral de D. Diogo de Mendonça Furtado (1621-1624), é artilhado
inicialmente com 19 peças de diversos calibres. Durante a invasão holandesa de 1624,
foi a primeira praça ocupada pelos holandeses, que dele dispararam balas incendiárias
que aterrorizaram os moradores de Salvador, facilitando a invasão. Em 1638, durante a
tentativa de invasão do Conde Johan Maurits Van Nassau-Siegen (1604-1679), teve
papel decisivo, afugentando a esquadra holandesa.

Reconstruído a partir de 1650 no Governo Geral de João Rodrigues de Vasconcelos e


Souza (1649-1654), complementou a defesa proporcionada pela Bateria da Ribeira,
também ineficaz ante a ofensiva holandesa de 1624. Decidiu-se assim reforçar a
estrutura, com a função de proteger a entrada do porto de Salvador, cruzando fogos
com o Forte de São Paulo da Gamboa e com o Forte de Santo Antônio Além do Carmo.
111

A nova obra, a cargo do Engenheiro francês Felipe Guiton, posteriormente substituído


pelo seu conterrâneo Pedro Garcin, tem a planta no formato circular, constituindo-se
num torreão central de 15 metros de altura, envolvido por um anel formado pelo
terrapleno perimetral, com a mesma altura. No interior do torreão central localizam-se
os Quartéis da tropa, e no interior do terrapleno perimetral, a Cozinha, as dependências
do Comandante, e o Corpo da Guarda. Estas salas, de formas retangulares, têm
cobertura em abóbada de berço, e exceto as situadas à direita da porta de entrada, não
tem comunicação entre si, apenas o vão da porta que se abre para o corredor circular
separando o anel periférico do terrapleno central (Figura 23).

Figura 23 – Forte de São Marcelo (BA)


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 84).

A construção é em cantaria12 de arenito13 até a linha de água e o restante em alvenaria


de pedra irregular. No seu interior podem ser encontrados bancos embrechados de
conchas.

12
Cantaria: esquadrejamento de pedra para construção, feito com arte, dividindo e cortando com rigor os
materiais de construção.
13
Arenito: rocha constituída predominantemente de grãos de areia consolidados por um cimento.
112

Concluída em 1728, sofreu trabalhos de reparo no Governo do Vice-rei D. Marcos de


Noronha e Brito (1806-1808), quando foi artilhado com 46 peças de bronze e ferro, de
diversos calibres.

Sobre o portal de entrada, o escudo de armas do Império foi mutilado após a proclamação
da República, quando a coroa monárquica foi substituída por uma estrela de cinco pontas.

Durante anos, as baterias do Forte do Mar foram o relógio oficial de Salvador. Nas
primeiras horas da manhã e da noite, as suas salvas de canhão, ouvidas até 80 Km de
distância, anunciavam a hora de levantar e de trancar as portas das casas de família.

O Forte esteve envolvido na maioria dos conflitos em Salvador, e serviu como prisão
política a partir do século XIX, recolhendo o líder farroupilha Bento Gonçalves que após
ter sido vítima de uma tentativa de envenenamento, de lá escapou (1837); os
implicados na Federação dos Guanais (1832-1833); na Insurreição dos Malês (1835), e
o líder da Sabinada (1837), o médico Sabino Vieira (1838), entre os mais ilustres. Em
1863 contava com 30 peças. De 1912 a 1915 foi artilhado com canhões Krupp e
Withworth, guarnecido por um destacamento do 4º Batalhão de Posição.

Cartão postal de Salvador, tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a


partir de 1938, a construção é rara no país, uma vez que a estrutura é completamente
dentro do mar, como o Forte da Laje no Rio de Janeiro.

Após a restauração (1978-1983) efetuada pelo IPHAN, abriga o Museu do Mar, voltado
para o modelismo naval e a arqueologia, com acervo do Serviço de Documentação
Geral da Marinha e o apoio do II Distrito Naval.

u) Forte de São Paulo da Gamboa (BA)

Remonta a uma Bateria erguida a partir de 1646 sobre uma gamboa ou vala, na base
de uma colina, próxima à praia. No primeiro quartel do século XVIII foi reconstruído
dentro do plano de defesa de Salvador, de autoria do francês Brigadeiro Engenheiro
João Massé, que estendia até o mar as obras suplementares do vizinho Forte de São
Pedro.
113

A nova estrutura, no formato de um polígono retangular irregular, em alvenaria de pedra e cal, foi
concluída em 1720, comunicando-se por uma cortina com o Forte de São Pedro. Em conjunto,
fechavam a defesa do setor Sul de Salvador: o Forte de São Pedro pelo lado de terra, e o Forte de
São Paulo da Gamboa, pelo lado de mar, armado com 19 peças de ferro de diferentes calibres.

Em 1875 foi classificada como fortificação de 2ª Classe. Sofreu reparos em 1886 e em 1906. Em
1915 contava 15 peças de alma lisa e um canhão Armstrong de calibre 150. De propriedade da
União, o Forte foi tombado como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a partir de 1938.
Encontrava-se invadido ilegalmente por famílias de baixa renda em maio de 1987, que ali residiam.

v) Forte de São Pedro (BA)

Foi erguido a partir das trincheiras das antigas portas de Vila Velha na Cidade Alta de
Salvador, em local escolhido pelos holandeses desde 1624 para uma fortificação.
Responsável pela defesa do acesso Sul por terra a Salvador, era apoiado pelo Forte de
São Paulo da Gamboa que visava restringir o acesso ao Porto da Barra.

Suas obras foram iniciadas a partir de 1627, no Governo de Diogo Luís de Oliveira (1626-
1635). De faxina e terra, artilhado com 35 peças, a partir de 1646, no Governo Geral de
Antônio Teles da Silva (1642-1647), foi refeito em alvenaria de pedra e cal, na forma de um
polígono quadrangular com baluartes pentagonais nos vértices em estilo Vauban, com sua
artilharia aumentada para 45 peças de ferro e bronze, de diferentes calibres.

No Governo do Vice-rei D. Pedro Antônio de Noronha (1714-1718) foram-lhe


acrescentadas muralhas, fosso e obras exteriores de defesa, sendo concluída em 1723,
no Governo do Vice-rei D. Vasco Fernandes César de Meneses (1720-1735). Sua
portada de acesso é em arco batido, superposto por uma espécie de tribuna. O
terrapleno aloja os edifícios ao abrigo das muralhas e uma cisterna ao centro.

Em 1809 sua artilharia estava reduzida a 13 peças. Sofreu reparos em 1827, e


novamente em 1905, após o que foi desarmado. Em 1912 recebeu canhões Krupp.

Foi no Forte de São Pedro que os militares brasileiros se rebelaram pela primeira
vez contra o governo colonial português em 1822, iniciando a Guerra pela
114

Independência do Brasil. Nele também se abrigaram os revoltosos durante a Sabinada


(1837), que o utilizaram como quartel-general.

Encontra-se tombada como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1957,


abrigando a 6º Depósito de Suprimento do Exército. Com as reformas e ampliações do
século XX, o seu fosso foi aterrado em grande parte, e ocupado por prédios mais
recentes.

Restaurado, está aberto ao público, dentro do projeto de revitalização das Fortalezas


Históricas de Salvador, da Secretaria de Cultura e Turismo em parceria com o Exército.

x) Fortim da Ribeira (BA)

Localizado no Porto da Ribeira de Salvador, foi erguido para defesa dos flancos do
Forte de São Marcelo. Contava com 31 peças de ferro de diferentes calibres, nada mais
restando do mesmo atualmente.

y) Fortim de Pinaúnas (BA)

Localizado próximo ao Fortim de São Fernando, cruzava fogos com a Fortaleza de


Santo Antônio da Barra. Nada mais resta do mesmo atualmente.

z) Fortim de São Felipe, Fortim da Praia Grande (BA)

Também chamado de Fortim de Itapagipe. Localizado próximo ao Fortim da Ribeira,


para o lado de Itapagipe, estava artilhado com 15 peças de diferentes calibres. Nada
mais resta do mesmo atualmente.

aa) Fortim de São Fernando (BA)

Localizado em posição dominante na encosta do Morro de Santo Antônio, próximo à


Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Salvador, no Estado da Bahia.

Erguido a partir de 1797 em faxina e terra, possuía a planta no formato de um polígono


retangular, artilhado com onze peças dos calibres 8 e 12. Cruzava fogos com o Forte de
São Diogo e com o Forte de Santa Maria. Nada mais resta do mesmo atualmente.
115

ab) Fortim de São Tiago e São Felipe (BA)

Localizado na Rua da Praia, na Cidade Baixa, em Salvador. Constava de um simples


baluarte sob a invocação de São Felipe, artilhado com sete peças de ferro de diferentes
calibres. Nada mais resta do mesmo atualmente.

ac) Reduto do Rio Vermelho, Forte do Rio Vermelho (BA)

Também chamado de Forte de São Gonçalo. Destinado à proteção do Porto do Rio


Vermelho (cerca de 6 Km a Norte do centro histórico de Salvador), foi mandado erguer
em 1711, no Governo Geral de D. Lourenço de Almada (1710-1711).

Inicialmente de terra, no formato de um polígono irregular, é mais tarde refeito em


alvenaria de pedra e cal, sob a invocação de São Gonçalo, artilhado com seis peças de
ferro de 6 e uma de 4. Já em 1759 se achava abandonado e em ruínas.

ad) Fortim de São Francisco (BA)

Foi construído antes de 1694, no centro da povoação da marina da cidade de Salvador.


No século XIX esse Fortim apresentava-se sem defesa por estar cercado de edifícios
que lateralmente avançavam para a marina.

ae) Forte de Jequitaia ou São Joaquim (BA)

É anterior a 1777. Construído entre o Forte de Santo Alberto e o Forte de São Filipe de
Monte Serrat, em Salvador. Tinha a forma de um quadrilátero.

af) Reduto de São Luís (BA)

Foi construído na Ilha de Tinharé, em 1730, apresentando a forma de um retângulo. Em


1838, já tinha sido abandonado, nada restando dele, exceto 3 velhos canhões.

ag) Reduto da Água de Meninos (BA)

Foi construído no início do século XVII, próximo ao Forte de Santo Alberto ou Forte
Lagartixa. Em 1637 foi ocupado pelos holandeses e arrasado pelos mesmos.
116

Por volta de 1960, no local onde existiu o Reduto, existia um patronato14.

ah) Forte de São Diogo (BA)

Foi construído entre 1626 e 1635. Localizado próximo da entrada da barra de Salvador,
no sopé da colina de Santo Antônio, junto ao Forte Santa ária.

Em 1638, a guarnição portuguesa desse forte reagiu contra uma tentativa de


desembarque feita por Nassau. Foi reconstruído em 1704 e no local, atualmente, ainda
está situada a Igreja de Santo Antônio da Barra e o Círculo Militar de Salvador.

ai) Fortim de São Lourenço (CE)

Localizado à margem esquerda da foz do rio Jaguaribe, entre os rios Paripuera e São
Lourenço, no local conhecido como Passagem das Pedras, no Siará Grande, no litoral
do atual Estado do Ceará.

Tendo sido o primeiro estabelecimento português na região, foi erguido a partir de 1603 pela
expedição do Capitão-mór Pêro Coelho de Souza de passagem para Ibiapaba, e teve
duração efêmera, constituindo-se provávelmente de um simples entrincheiramento de faxina.

aj) Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção (CE)

Desmoronado o Forte de Nossa Senhora da Assunção (1812), o Governador da


Capitania do Ceará Manoel Inácio de Sampaio deu início no local a uma nova estrutura
para a defesa da Capital.

Com planta de autoria do Tenente Coronel de Engenharia Antônio José da Silva Paulet,
que dirigiu a sua construção, apresentava forma de um quadrado com 90 metros de
lado, com baluartes nos vértices.

As obras complementares de defesa foram concluídas em 1822, estando artilhada com


27 peças de diferentes calibres, aumentadas, em 1829, para 31.

14
Patronato: Instituição de assistência onde se abrigam e educam menores; ou ainda, estabeleci- mento
oficial ou particular, que se destina a proporcionar aos liberados condicionais os meios necessários à
sua readaptação à vida social. Pensionato.
117

Sofreu obras de reparo em 1847, tendo sido classificada como fortificação de 2ª Classe
(1857), que conservou até 1880. Nesta época conservava 26 peças de alma lisa de
calibres diversos e 06 canhões de bronze calibre 12, sistema La Hite.

Novos reparos são efetuados de 1856 a 1886, introduzindo diversas modificações na


planta original da fortaleza. Ainda bem conservada, em 1906 necessitava de pequenos
reparos (Figura 24).

Figura 24 – Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção (CE)


Fonte: Teixeira Neto(1998, eslaide 137).

Foi desarmada em 1910, para ser guarnecida à época da 1ª Guerra pela 1ª Bateria
Independente do 3º Distrito de Artilharia da Costa (1917-1918). Atualmente está aberta
à visitação.

ak) Forte de Nossa Senhora da Assunção, Forte Schoonemborch (CE)

Também conhecido como Forte da Tartaruga. Localizado sobre uma colina à margem
esquerda da foz do atual Rio Pajeú, local denominado pelos indígenas de "Marujaitiba",
atual cidade de Fortaleza, no Estado do Ceará.
118

Erguido no contexto da Guerra Holandesa (1630-1654), pelo holandês Mathias Beck


em 1649, é batizado com o nome de Forte Schoonemborch em homenagem ao
Governador holandês de Pernambuco. Suas obras foram conduzidas pelo Engenheiro
Ricardo Caar, que o levantou inicialmente de madeira (estacas de carnaúba) e terra, na
forma de um polígono pentagonal, cercado com parapeito e paliçada, aproveitando
material e artilharia do abandonado Forte de São Sebastião (1637). De pequenas
dimensões, Mathias Beck determinou posteriormente a sua ampliação e reforço das
obras de defesa, de acordo com a planta do mesmo Engenheiro Caar, o que foi iniciado
em agosto do mesmo ano. Artilhado com 11 peças de ferro, sua guarnição era de 40
homens.

Após a capitulação holandesa em Pernambuco (Campo do Taborda, 1645), assumiu o comando


deste forte no Ceará, o Capitão-mór Álvares de Azevedo Barreto, que batizou o estabelecimento
com o nome de Forte de Nossa Senhora da Assunção, procedendo-lhe reparos e iniciando a
construção de uma Capela sob invocação dessa Santa. Nessa ocasião a praça foi guarnecida com
quatro companhias de soldados regulares, uma de índios e uma de Henriques (negros).

A Carta Régia de 1656 autorizou o Governador do Maranhão André Vidal de Negreiros,


ao qual se subordinava o Ceará, a levantar no lugar deste forte em ruínas, um novo de
pedra e cal ou mesmo de madeira de lei, o que não foi executado, sendo efetuados
apenas pequenos reparos a cada novo comando.

À sua sombra, ergue-se, no começo do século XVIII, a Vila de São José de Ribamar, a
primeira do Ceará, que se transformará na capital, Fortaleza.

Uma planta apresentada pelo Sargento-mor Engenheiro Diogo da Silveira Velloso para nova
edificação do Forte não é aprovada (1708), o mesmo ocorrendo anos mais tarde (1729)
quando uma comissão de Engenheiros, integrada pelo mesmo Diogo da Silveira Velloso se
manifesta contrária à edificação de uma obra de pedra e cal, optando por pequenos reparos
a serem feitos, substituindo a carnaubeira por outra madeira mais resistente.

Em 1799, artilhado com uma peça de bronze e sete de ferro, de diferentes calibres,
todas em mau estado, o Governador da Capitania do Ceará, Bernardo de Manoel de
119

Vasconcelos, reclama do estado de ruína do forte que desmorona em 1812, sendo


Governador Manoel Inácio Sampaio.

al) Forte Real de São Francisco Xavier da Ribeira do Jaguaribe (CE)

Localizado à margem do Rio Jaguaribe, 14 léguas (cerca de 73 Km) acima de sua foz,
atual Estado do Ceará.

Erguido pelo Capitão Pedro Lelou, que por ordem do Governador de Pernambuco
Caetano de Mello Castro, parte do Forte de Nossa Senhora. da Assunção (1695) à
testa de um contingente de 50 homens para estabelecer um Presídio no curso do baixo
Rio Jaguaribe.

Esse estabelecimento, batizado com o nome de Forte Real de São Francisco Xavier da
Ribeira do Jaguaribe, deveria oferecer apoio para a pacificação dos indígenas, sendo
artilhado com duas peças e guarnecido com 20 homens sob o comando do Ajudante
João da Mota, efetivo aumentado para 50 homens em 1697.

Reconstruído, em 1700, por ordem do Tenente Coronel João de Barros Braga, foi
incendiado pelos indígenas revoltados em 1705.

Por Carta Régia de 1707 o Governador de Pernambuco é autorizado a mandar


abandonar o Fortim, determinando que o Cabo Manoel Dias Pinheiro, seu comandante,
seja transferido para o Forte do Pau Amarelo, então em construção.

am) Fortim da Bandeira (CE)

Localizado em posição dominante na Ponta de Mucuripe, no litoral do atual Estado do


Ceará.

Destinado à defesa da Enseada de mesmo nome, encontrava-se artilhado com oito


peças. Aparentemente a função de suas peças era a de rebate, e a bandeira que lhe
dava o nome, quando de cor amarela, avisava os navios em trânsito a fundearem no
porto de Mucuripe para receberem notícias sobre a presença de embarcações inimigas
cruzando a costa ao norte.
120

an) Fortim de Nossa Senhora do Rosário, Fortim de Jeriquaquara (CE)

Também chamado de Fortim de São Lourenço. Localizado na Ponta de Jeriquaquara


(Buraco das Tartarugas), entre a foz do Rio Acaraú e do Rio Camocim, no litoral do
atual Estado do Ceará.

Simples estacada de faxina, erguida em 1613, por Jerônimo de Albuquerque Maranhão


(1548-1618), sua guarnição era de 40 homens armados com mosquetes. Repeliu
ataques de indígenas e em seguida dos corsários franceses de Du Pratt, tendo sido
evacuado e destruído por ordem de seu comandante, Manoel de Souza D’Eça, em
1614.

No contexto da Guerra Holandesa (1630-1654), quando os holandeses ocuparam o


Forte de São Sebastião na foz do Rio Ceará (1637), ocuparam também as ruínas deste
Fortim, que recebeu novas obras de fortificação, levantadas por Jacob Evers. Um
levante de indígenas destruirá esta posição em 1644.

André Vidal de Negreiros mandou construir uma fortificação permanente na Ponta de


Jeriquaquara (1655), a fim de estabelecer e apoiar comunicação permanente por terra
entre o Ceará e o Maranhão. Aparentemente nunca foi concluída.

ao) Fortim de São Luiz, Fortim de São Bernardo (CE)

Localizado na Ponta de Mucuripe, defendendo a Enseada e porto de mesmo nome, no


litoral do atual Estado do Ceará.

Erguido em 1695, constituía-se numa simples estacada de pau-a-pique, com a forma de um


polígono octogonal regular, com vinte palmos de comprimento em cada lado. Os cinco ângulos
voltados para o mar possuíam uma canhoneira cada um e os três pelo lado de terra abrigavam
o Quartel da tropa. Encontrava-se artilhado com três peças de três, duas de bronze e uma de
ferro, todas com os seus ouvidos arruinados, apontadas para a entrada da enseada.

Seus muros eram tão baixos, que do mar podiam se divisar os soldados ali postados.
Dessa estrutura e de outras que lhe foram complementares na defesa do porto, nada
mais resta atualmente.
121

ap) Fortim de São Sebastião, Fortim de Nossa Senhora do Amparo (CE)

Localizado junto à foz na margem direita do Rio Ceará, no litoral do atual Estado do
Ceará.

Face à ameaça francesa no Maranhão, o Governador da Repartição do Brasil D. Diogo


de Meneses (1608-1613) incumbe o Capitão-mor Martins Soares Moreno de fundar na
costa do Ceará uma feitoria, guarnecer pontos estratégicos, fomentar o progresso
econômico e a catequese dos gentios.

Acompanhado de apenas seis soldados e de um religioso, para não hostilizar os


indígenas, retorna à foz do Rio Ceará (1612), erguendo no mesmo lugar do antigo Forte
de São Tiago de Nova Lisboa, com o auxílio do chefe indígena Jacaúna, uma nova
povoação e fortim, sob a invocação do Santo do dia, São Sebastião, com uma Capela
dedicada a Nossa Senhora do Amparo.

Caiçara simples, à moda indígena, possuía formato quadrangular e, em vértices opostos, dois
baluartes também quadrangulares, artilhado com duas peças de ferro. No seu interior abrigava
alojamento “capaz de 200 homens, soldados e moradores”. Ao final do ano encontrava-se
guarnecido com um capitão, um sargento e 16 homens armados de mosquetes.

Posteriormente a guarnição foi aumentada para 33 homens, e a artilharia para cinco


peças de ferro de quatro e uma de duas. Em 1621 foi reconstruído com pedras soltas, e
suas muralhas elevadas para 3,30m de altura.

Apesar da precariedade de recursos materiais, repeliu os piratas franceses de Du Prat


(1614) e naus holandesas (1624 e 1625). Durante a Guerra Holandesa (1630-1654),
caiu em mãos holandesas após resistência em 1637. Seus novos ocupantes reforçam
as defesas com uma paliçada de madeira, e uma guarnição de 45 homens.

Uma revolta dos indígenas (1644), conduz ao assalto da fortificação, e morte de seus
ocupantes, entre os quais Gedeon Morris, Governador holandês do Ceará.

Desmantelado e abandonado, sendo seus canhões e telhas aproveitados para


construção do Forte Schoonemberch (1649).
122

aq) Fortim de São Tiago da Nova Lisboa (CE)

Localizado junto à foz na margem direita do Rio Ceará, no litoral do atual Estado do
Ceará.

Após bater os franceses comandados por Mambille, e os Tabajara da Ibiapaba, a


expedição do Capitão-mór Pêro Coelho de Souza avança até ao rio Parnaíba, de onde
retorna para o rio Ceará. Na sua margem direita, junto à foz, ergue um fortim de taipa
(1604) sob a invocação de São Tiago, para defesa da povoação de Nova Lisboa, que
simultaneamente funda, denominando a região de Nova Lusitânia. Dezoito meses mais
tarde, sem recursos, sob ataque dos indígenas, e sem comunicações com a Paraíba, a
guarnição abandona o forte, retirando-se para o Rio Grande do Norte, recolhendo-se ao
Forte dos Reis Magos (1605).

ar) Fortim do Camocim, Forte do Coreaú (CE)

Localizado na foz do Rio Coreaú, no litoral do atual Estado do Ceará.

Defendia o porto do Pote (atual Camocim), no contexto da Guerra Holandesa (1630-


1654). Apesar da ausência de fontes sobre esta posição, ela provavelmente remonta a
1641, quando o Governador holandês do Ceará, Gedean Morris, viajou pelo Norte da
Capitania a título de exploração. Sua pequena guarnição foi trucidada pelos indígenas
(1644), chefiados pelo líder Ticuna, recompensado mais tarde pela Coroa portuguesa
por serviços prestados (1659). Comunicado do feito pelos próprios indígenas, este
fortim é ocupado por forças portuguesas a mando de Antônio Teixeira de Melo (1644).

Anos mais tarde, em 1656, o Governador do Maranhão, André Vidal de Negreiros, manda
artilhar o Camocim com quatro peças de seis, guarnecendo-o com 25 homens e um
ajudante, com a mesma função do Fortim de Jericoaquara: apoiar e proteger as
comunicações por terra do Ceará com o Maranhão. Em 1687, nada mais restava da praça.

as) Forte de Santa Maria, Forte de Quaxenduba (MA)

Localizado à margem direita da foz do Rio Munim, cerca de 70Km a Leste de São Luís,
atual Vila Icatú.
123

Erguido em 1614 por Jerônimo de Albuquerque Maranhão (1548-1618), com traçado do


Engenheiro-mór do Brasil Francisco de Frias da Mesquita, no contexto da campanha de
conquista do Maranhão aos franceses. Inicialmente uma fortificação de campanha, em
faxina e terra, possuía o formato de um polígono hexagonal perfeito, sendo artilhado
com poucas peças. Nesse mesmo ano repele com sucesso um assalto francês. Nada
mais resta do mesmo atualmente.

at) Forte de Santo Antônio da Barra, Forte da Ponta da Areia, (MA)

Também chamado de Forte da Ponta de João Dias. Localizado na Ponta de João Dias,
atual Ponta da Areia, a Sudoeste de onde se ergueria o Forte de São Marcos,
dominando o canal de acesso ao Porto de São Luís.

Erguido em 1614 pelos franceses, possuía planta de formato circular, e estava artilhado
com 22 peças de diversos calibres.

Reconstruído pelos portugueses em 1619, é batizado como Forte da Ponta de João


Dias. Esta obra, de caráter temporário, sofre reparos em 1691. Sem mão-de-obra nem
material adequados, em 1755 encontrava-se novamente em ruínas.

Ignora-se a data em que o Forte foi reconstruído em alvenaria de pedra e cal. Em 1824,
o Tenente de Artilharia Manuel Joaquim Gomes liderou revolta contra o governo
provincial do Presidente Bruce, formando uma "Junta Temporária", que se instalou na
fortificação. O motim foi imediatamente sufocado pelos fogos da Fortaleza de São Luís
e do Forte de São Marcos, que causaram o incêndio do Paiol afugentando os
revoltosos.

Desarmado à época da Regência, em 1870 encontrava-se cercado por uma muralha de pedra,
com terrapleno calçado de pedra e plataforma de lajes trazidas do reino como lastro de navios.

O Aviso Ministerial de 1871 dispensou o seu comando, ordenando que fosse vigiado
pelo funcionário encarregado do Laboratório Pirotécnico do Exército que ali funcionava.

Atualmente restam apenas vestígios de sua estrutura, que está tombada pelo
Patrimônio Histórico Nacional desde 1975.
124

au) Forte de São Francisco, Fortaleza dos Santos Cosme e Damião (MA)

Localizado na Ponta de São Francisco, próximo à foz do Rio Anil, dominando o


ancoradouro de São Luís, no Maranhão.

Remonta a uma estrutura reformada em 1616 pelo Engenheiro Francisco de Frias da Mesquita.
Reconstruído em 1720. Em 1762 encontrava-se artilhado com 21 peças. Em 1880 ainda eram
visíveis os seus alicerces e parte das suas muralhas. Nada mais resta do mesmo atualmente.

av) Forte de São José de Itaparé, Forte de Itapary (MA)

Localizado em posição dominante numa colina em Tapari (ou Taparé), a Nordeste da


Ilha de São Luís, no Maranhão.

Erguido pelos franceses em 1613, artilhado com duas peças, foi ocupado pela ofensiva
portuguesa e espanhola em 1615. Bento Maciel Parente, que o comandará, procedem-
lhe reparos sob orientação de Francisco de Frias da Mesquita, que integrava a
expedição. Nada mais resta da estrutura atualmente.

aw) Forte de São Luís, Forte de São Filipe (MA)

Localizado a Noroeste da Ilha de São Luiz, sobre uma colina, em posição dominante.

Erguida por colonos franceses, foi assim batizada em homenagem ao seu soberano,
Luís XIII. De faxina e terra, constituía-se de dois semí-círculos ligados por uma cortina,
estando artilhado com doze peças.

Tomado por tropas portuguesas em 1615, é reformado por Francisco de Frias da


Mesquita que integrava a expedição, sendo batizado como Forte de São Filipe, em
homenagem ao soberano português, D. Felipe II da Espanha (1598-1621).

Reconstruído em 1624, sob o comando de Bento Maciel Parente, é conquistado pelos


holandeses (1641), quando da invasão e saque de São Luís pelo Almirante Jon
Cornelizoon, à frente de uma esquadra de 14 embarcações, e 2.000 soldados. A praça
será retomada por tropas luso-espenholas em fevereiro de 1644.
125

Novamente à beira da ruína, é reconstruída uma vez mais em 1829, sendo considerada
fortificação de 2ª Classe em 1850, quando se encontrava artilhada com 28 peças de
diferentes calibres. Desarmada em 1879, será reformada em 1889. Encontra-se
atualmente em ruínas.

ax) Forte de São Marcos (MA)

Localizado na Ponta de São Marcos, a Noroeste da Baia do mesmo nome, em São


Luís, no Maranhão.

Erguido a partir de 1694, em seu interior, a partir de 1831, passou a operar um farol,
ainda hoje em funcionamento. Reparado em 1874, em 1880 suas muralhas
encontravam-se completamente em ruínas, abrigando além do farol, quartel e telégrafo
para anunciar a entrada de navios na barra.

Pelos Avisos Ministeriais de março e julho de 1880, a estrutura passa para a administração do
Ministério da Agricultura, para servir de posto da Repartição dos Telégrafos Elétricos.

O conjunto arquitetônico e paisagístico da cidade de São Luís no Maranhão encontra-


se tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1974.

ay) Forte de São Sebastião, Forte de Alcântara (MA)

Também chamado de Forte do Apóstolo São Matias. Localizado na cidade de


Alcântara, no Maranhão.

Erguido em 1763 por ordem do Governador Joaquim de Melo e Póvoas para defesa daquele
porto e cidade. Ao final do Século XVIII, em precárias condições de conservação é
reconstruído e rebatizado como Forte do Apóstolo São Matias, sendo artilhado com oito peças.
Desarmado em 1880, restam apenas os seus vestígios. A cidade de Alcântara
encontra-se tombada e preservada como Patrimônio Cultural da Humanidade pela
UNESCO15.

15
UNESCO; Organização das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura. Tem como meta elevar
os padrões educacionais do mundo. Seu objetivo principal é reduzir o analfabetismo.
126

az) Forte de Vera Cruz, Forte do Calvário (MA)

Localizado na margem esquerda da foz do rio Itapecurú, no Maranhão. Erguido por


Bento Maciel Parente em 1620, será conquistado por tropas holandesas em 1641, e por
estes reformado e ampliado.

Retomado por forças portuguesas e espanholas (1644), encontrava-se artilhado com


oito peças e guarnecido por um destacamento de 80 homens. Reconstruído em 1682, é
rebatizado como Forte do Santo Cristo. Não existem notícias do mesmo atualmente.

ba) Forte de Cumã (MA)

Localizado na Baía de Cumã, os portugueses construíram, em 1615, dois pequenos


Fortins na costa do Maranhão e Pará, respectivamente, chamados de Forte de Cumã e
forte de Caité. O primeiro, situava-se no Maranhão, próximo da baía de Cumã, em
Guimarães. Nada mais resta atualmente.

bb) Forte Sardinha (MA)

Localizado na Ilha de São Luís, foi construído na mesma época da construção, pelos
franceses, do Forte de Itaporé – 1613 – por ordem de Alexandre de Moura, então
Governador Geral do Brasil. Seu primeiro comandante foi Bento Maciel Parente. Não
existe mais.

bc) Fortim da Baía da Traição, Atalaia16 da Baía da Traição (PB)

Localizada na Baía da Traição, na costa do atual Estado da Paraíba. Mandada levantar


por Carta Régia de 1699, dominando aquele ancoradouro, foi guarnecida com uma
peça e três soldados.

Depois foi transformada em fortim, artilhada com 12 peças, reconstruído em pedra em


cal em 1715. O Mapa das Fortificações de 1847 assinala-a em precárias condições de
conservação, ainda artilhada com 12 peças.

16
Atalaia: vigia, guarda, sentinela, ponto alto de onde se vigia, torre de vigia.
127

bd) Baluartes de Filipéia (PB)

Localizados em Filipéia, na costa do atual Estado da Paraíba. Constituía-se de dois


baluartes de faxina, dominando o ancoradouro, mandados erguer por Carta Régia de
1739. Suas obras ficaram a cargo do Tenente Diogo da Silveira Veloso.

be) Bateria da Baía de Lucena (PB)

Localizada na Baía de Lucena, a Norte do Cabedelo, atual Estado da Paraíba. Erguida em 1583
pelo Almirante Diogo Flores Valdez, protegendo aquele ancoradouro. O Mapa das Fortificações
de 1847 assinala-a em precárias condições de conservação, artilhada com 1 peça.

bf) Forte de Nossa Senhora das Neves, Forte do Varadouro (PB)

Localizado em posição dominante à margem direita cerca de 18 Km acima da foz do rio


Paraíba do Norte, atual João Pessoa, no Estado da Paraíba.

Após a retirada da guarnição do Fortim de São Felipe para a Ilha de Itamaracá em


Pernambuco, o Ouvidor Martins Leitão com novas forças, retoma o empreendimento
com o auxílio dos índios Tabajara, lançando em 1585 os alicerces da povoação de
Filipéia de Nossa Senhora das Neves, atual João Pessoa.

Para defendê-la, inicia a construção de um Forte em alvenaria de pedra e cal pelo


“mestre d’obras d’El Rey” Manoel Fernandes, de acordo com planta de autoria do
Engenheiro alemão Cristóvão Linz.

Na forma de um polígono quadrangular regular de 33 metros de lado, com dois baluartes, foi artilhado
inicialmente com oito peças. O seu primeiro comandante foi o Capitão Francisco de Morales.

bg) Forte de Santa Catarina, Forte do Matos, Forte do Cabedelo (PB)

Também chamado de Castrum Margarida ou de Forte Margarida. Localizado sobre uma


elevação arenosa (Cabedelo = monte de areia, no dialeto indígena, atual Ponta de
Matos, cerca de 18 Km da atual João Pessoa), à margem direita da barra do rio Paraíba
do Norte, na costa do atual Estado da Paraíba.
128

Sua fortificação primitiva remonta a 1586, erguida por iniciativa do Capitão-mor da


Paraíba Frutuoso Barbosa, em taipa17 de pilão18, contava com 18 peças de artilharia,
sendo guarnecida por 220 homens, comandados pelo Capitão João de Matos Cardoso,
o que daria à posição o nome popular de “Forte do Matos”.

Arrasado por um ataque de forças francesas e indígenas (1591), é reconstruído em alvenaria


de pedra e cal pelo “mestre d’obras d’El Rey” Manoel Fernandes, de acordo com planta de
autoria do Engenheiro alemão Cristóvão Linz. Dado como concluído em 1597 sob a invocação
de Santa Catarina (1597), é artilhado com cinco peças e guarnecido com vinte homens. Nesse
ano, uma esquadra de 13 navios franceses desembarca uma força de 350 homens, que
atacam o Forte por terra. Este consegue resistir ao ataque, no qual perece o seu comandante,
reassumindo o comando o Capitão João de Matos Cardoso.

Em 1601 sua guarnição permanecia de 20 mosquetes (homens), artilhado com três


peças de bronze e nove de ferro. As peças de bronze foram refundidas em
Pernambuco (1611), e o seu efetivo aumentado para 300 homens com arcabuzes e 11
peças (1612). É reconstruído em 1618 pelo Engenheiro-mór e dirigente das obras de
fortificação do Brasil Francisco de Frias da Mesquita(1603-1634), e auxiliará na defesa
de terra contra o desembarque holandês comandado pelo Almirante Boudewign
Hendrickszoon na altura da Baía da Traição (1625).

Ainda sob o comando do Capitão João de Matos Cardoso, em 1631, já com a invasão
holandesa em progresso, o forte tem suas defesas reforçadas, resistindo ao ataque de 1631 (16
navios, 1300 homens sob o comando do Coronel Hartmann Gottfried von Stein Callenfels). A
praça estava artilhada na ocasião com 18 peças de 10 libras. Após os ataques holandeses de
1634 (24 navios, 1200 homens sob o comando de Sigismund van Schkoop), sofre melhorias sob
a orientação do Engenheiro Diogo Paes, passando a ser artilhada 06 peças de bronze e 12 de
ferro. Nova frota holandesa sob o comando de Schkoop chega à Paraíba (1634), e no ataque ao
forte perece o Capitão Matos, substituído no comando pelo Capitão Jerônimo Pereira, que
perecendo também, é substituído por Gregório Souto Maior.

17
Taipa: parede feita de barro ou de cal e areia com pedaços de madeira compridos e estreitos; ripas de
madeira;
18
Taipa de pilão. Taipa de cascalho e saibro socados.
129

A 19 de dezembro de 1634, uma frota holandesa vinda de Recife bloqueia a barra do rio Paraíba,
alvejando o Forte de Santa Catarina, sitiado em seguida por tropas de terra. Ao mesmo tempo, em
23 de dezembro, é conquistado o Forte de Santo Antônio que o apoiava cruzando fogos da margem
oposta na foz do rio Paraíba. A praça resiste por quinze dias, mas sem munição e com a artilharia
destruída, a guarnição baixa as armas, rendendo-se com honras militares e entregando João
Pessoa aos holandeses. A luta custara aos defensores 82 mortos e 103 feridos.

Reconstruído e ampliado pelo Conde Johan Maurits Van Nassau-Siegen (1604-1679)


que a visita pessoalmente (1637), é batizado como Forte Margarida (nome da irmã de
Nassau), ganhando um bastião pelo lado de terra e cortinas correndo para o mar. Em
cada lado havia um meio bastião, ligado à fortaleza por uma tenalha19. Os holandeses
perdem o controle da cidade de Frederica (Nossa Senhora das Neves) em 1645,
ficando restritos ao controle do Forte, que quando da capitulação em Recife (1654), é
abandonado e reocupado pelas forças portuguesas e espanholas.

Sua reconstrução é ordenada pelas Cartas Régias de 1689 e de 1697, reiterada por
ordens a esse respeito datadas de 28 de agosto de 1699. A planta inicialmente
desenhada pelo Sargento-mor Pedro Correia Rebello, será mais tarde revisada e
ampliada pelo Engenheiro Luiz Francisco Pimentel.

Possui formato de um polígono irregular, com dois bastiões e quatro pontas. Tem fosso com
entrada pelo mar, dotado de contra-muralha20 até a ponte. A entrada se faz através de
portada em arco pleno e colunas de pedra regular, encimada por brasão.Com as obras ainda
incompletas em 1702, a Carta Régia de 1709 ordena a construção de dois baluartes e de
duas cortinas, com cantaria vinda do reino como lastro de navios. Nesta ocasião a estrutura
conta com Casa do Governador, Casa do Comandante, Casa da Pólvora, Quartéis para a
tropa, Capela e cacimba de água, estando artilhada com 42 peças de ferro e bronze de
diversos calibres. No ano seguinte toma parte na Guerra dos Mascates.

Em 1718 ainda são expedidas ordens reiterando a conclusão das obras iniciadas.
Um relatório completo do Engenheiro José da Silva Paes (1722), relaciona as obras

19
Tenalha: pequena obra com duas faces e um ângulo reentrante para o lado do campo
20
Contra-muralha: muro pequeno, para defesa de outro.
130

necessárias, das quais uma pequena parte é executada em 1731, encontrando-se


pendente a maioria ainda em 1735, e arruinado o restante. Data desse período a
cobertura do Corpo da Guarda e a abóbada do Portão. Um novo relatório, em 1798, do
Governador das Capitania, expõe ao Governo de Pernambuco a ruína do Forte.

Durante a Revolução Liberal de 1817, morto o seu comandante José de Mello Muniz,
que aderira aos revoltosos, é utilizada como presídio político, recebendo entre outros
José Peregrino Xavier de Carvalho. Toma parte na Revolução Republicana (1824). Em
1846, arruinadas as suas dependências conservava em suas muralhas 46 peças.
Recebe a visita do Imperador D. Pedro II (1841-1889), sob festas e regozijo popular
(1859).

O imóvel, de propriedade da União, encontra-se tombado como Patrimônio Histórico e


Artístico Nacional desde 1938. Administrado pelo Governo do Estado da Paraíba,
sofreu intervenção de restauro entre 1974 e 1978, de acordo com a planta do século
XVIII, valorizando suas arcadas.

bh) Forte de Santo Antônio (PB)

Localizado na Ponta de Santo Antônio, à margem esquerda da foz do rio Paraíba, na


costa do atual Estado da Paraíba.

Remonta a um simples Reduto, erguido em 1631 em frente ao Forte do Cabedelo, com quem
cruzava fogos. Comandado pelo Capitão Duarte Gomes da Silveira, em 1633 é transformado
em Forte pelo Engenheiro Diogo Paes, passando a contar com dois baluartes, com os quais
resiste aos ataques holandeses de dezembro desse ano. Ainda incompleto em fevereiro do ano
seguinte, sob ataques holandeses, recebe reforço na artilharia e melhorias na sua defesa,
guarnecido com 60 homens. Capitula sob maciço ataque holandês (1634) sendo ocupado e
mais tarde demolido, em 1637, por ordem do Conde Johan Maurits Van Nassau-Siegen.

bi) Forte de São Felipe, Forte Velho (PB)

Localizado na margem esquerda do rio Paraíba, em frente à Ilha da Conceição (atual


Ilha da Restinga), e próximo à foz do rio da Guia, no atual Estado da Paraíba.
131

Erguido no contexto da expedição do Almirante espanhol Diogo Flores Valdez e do


Capitão-mor da Paraíba Frutuoso Barbosa, para repressão dos corsários franceses e
seus aliados indígenas na região.

A construção do Forte ficou a cargo do Capitão Francisco Castejon, primeiro comandante,


que o dá por concluído em 1584. Guarnecido com 110 homens, foi denominado Forte de
São Felipe, em homenagem ao rei D. Felipe I (1580-1598) e ao Santo do dia.

Face aos repetidos ataques indígenas e de corsários franceses, o forte é evacuado e


incendiado (1585), tendo sua artilharia lançada ao mar e os seus defensores se retirado
para o Forte de Itamaracá. Mesmo incendiada e desarmada, a posição abandonada é
ocupada por franceses e indígenas, logo varridos pela expedição de Martim Leitão
(1585), que reconstrói e guarnece a posição.

Perde importância estratégica para o Forte de Santa Catarina, sendo gradativamente


abandonado. Em 1880, pouco restava desse forte, cujas ruínas encontram-se
tombadas pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1938.

bj) Fortim da Ilha da Conceição, Forte da Restinga, (PB)

Também conhecido como Bateria de São Bento. Localizado na Ilha da Gamboa, mais
tarde denominada Ilha da Conceição (atual Ilha da Restinga), na foz do rio Paraíba, na
costa do atual Estado da Paraíba.

Erguido em 1579 por João Tavares, em madeira e terra, foi atacado e destruída pelos
indígenas (1591). Posteriormente reconstruído e guarnecido, caiu em poder dos
holandeses (1634), que aprisionaram o seu comandante, Capitão Pedro Ferreira de
Barros e a guarnição de quarenta homens que o defendia.

bk) Fortim de Inhobim, Fortim do Rio Verde, Fortim do Rio Azul (PB)

Localizado no lugar de Inhobim, na costa do atual Estado da Paraíba. Erguido em 1591


pelo Capitão-mor da Capitania da Paraíba Feliciano Coelho de Carvalho, era
guarnecido por soldados do Forte do Cabedelo, teve curta existência, sendo arrasado
pelos indígenas.
132

bl) Fortim do Varadouro (PB)

Localizado à margem esquerda do Rio Paraíba, após a foz do Rio da Guia, na costa do atual
Estado da Paraíba. Erguido em 1634, foi desarmado pelos holandeses em dezembro desse ano.

bm) Forte de Santa Cruz (PE)

Erguido em 1630 para proteção do Porto de Tamandaré, teve existência efêmera, nada
mais restando atualmente.

bn) Forte de Santo Inácio, Fortaleza da Barra Grande (PE)

Também chamado de Fortaleza de Itamandaré, ou de Forte de Tamandaré

Erguido em 1645 por João Fernandes Vieira, dominando a Enseada de Tamandaré. No


formato de um polígono quadrangular regular, com baluartes nos vértices, foi artilhado
com 24 peças de ferro e 04 de bronze, de diferentes calibres.

Foi denominado Fortaleza da Barra Grande. Ocupado por forças holandesas sob o
comando do Almirante Lichhardt, que o reforçam. É recuperado por tropas portuguesas
e espanholas em 1646.

Sofreu reparos em 1808 e em 1822. Em 1880 foi considerada fortificação de 2ª Classe,


estando artilhada com 18 peças. Atualmente restam apenas vestígios de suas
muralhas, próximo às quais de erguia o Farol de Tamandaré.

bo) Forte do Brum, Forte de Orange (PE)

Também conhecida como Fortaleza de Itamaracá. Localizada no extremo sul da Ilha de


Itamaracá, sete léguas ao Norte de Olinda, em Pernambuco. Erguida a partir de 1631
pelos holandeses, originalmente de taipa, guarnecido com um destacamento de 366
homens sob o comando do capitão polonês Crestofle d'Artischau Arciszewski, resistiu
ao ataque português e espanhol comandado pelo Conde de Bagnuolo (1632).

Reconstruído em cantaria de pedra e cal a partir de 1649, cairá ante a contra-ofensiva


portuguesa e espanhola de 1654.
133

Novamente reconstruído pelos portugueses na forma de um polígono quadrangular com


baluartes pentagonais nos vértices (sistema Vauban), e quartéis para a tropa, casa de
comando e paióis ao abrigo das muralhas, envolvendo o terrapleno, é artilhado com 25
peças de diferentes calibres e guarnecido com duas Companhias dos Terços de Recife.

Em 1800 foi abandonado; encontrava-se em ruínas. Tombado em 1938, pelo


Patrimônio Histórico, o Ministério do Exército iniciou-lhe reformas no início da década
de 80, passando a sua administração para a Prefeitura Municipal de Itamaracá (Figura
25).

Figura 25 – Forte do Brum (PE)


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 173).

Retomado em 1984, foi repassado ao Ministério da Cultura (1998). Hoje sob a guarda
da Universidade Federal de Pernambuco.
134

bp) Forte do Rio Formoso (PE)

Erguido em 1632 por Matias de Albuquerque (1590-1647) à margem direita a cerca de


2 Km da foz do rio Formoso, entre os povoados da barra do rio Formoso e da Pedra.

Atacado por uma tropa holandesa de 600 homens (1633), o Forte, sob o comando do
Capitão Pedro de Almeida Albuquerque com 20 homens, repeliu quatro assaltos,
sucumbindo quando dezoito dos seus defensores estavam mortos e seu capitão ferido.
Os atacantes computaram 80 baixas. Nada mais resta do mesmo atualmente.

bq) Fortim da Ponta de Catuama (PE)

Localizado na Ponta de Catuama, ao Norte da Ilha de Itamaracá, dominava a entrada


do Canal de Santa Cruz. Erguido por portugueses.

br) Reduto de Tejucupapo (PE)

Localizado em Tejucopapo, atul Goiânia, ao Norte de Olinda, constituiu-se num Reduto


erguido por forças portuguesas e espanholas no contexto da Guerra Holandesa (1630-
1652).

bs) Forte de Nazaré, Forte do Pontal de Nazaré (PE)

Também chamado de Forte Van der Dussen. Localizado no Pontal de Nazaré, extremo Sul do
Cabo de Santo Agostinho (cerca de 28 Km de Recife). Erguido no contexto da Guerra Holandesa
(1630-1654) por forças portuguesas e espanholas sob as ordens do Conde de Bagnuolo, foi
artilhado com cinco peças de bronze e guarnecido por 14 homens (1630). Resistiu com sucesso
ao ataque holandês de 1634, tendo capitulado ante um segundo, após heróica resistência, em
1635. Ocupado pelas tropas holandesas, é batizado como Forte Van der Dussen. Quando
comandado por Hoochstraten, foi retomado por tropas portuguesas e espanholas (1645).

bt) Forte de São Francisco Xavier, Forte de Gaibu (PE)

Localizado no extremo norte do Cabo de Santo Agostinho (cerca de 28 Km de


Recife), dominando a Praia de Gaibu. Erguido em 1630 por forças portuguesas e
135

espanholas no contexto da Guerra Holandesa (1630-1654). Foi restaurado em 1775, e


posteriormente reconstruído e artilhado com 12 peças de diferentes calibres (1797). Em
1880, sua artilharia estava reduzida a seis peças. Atualmente restam apenas as suas
ruínas.

bu) Forte de Nossa Senhora dos Prazeres do Pau Amarelo (PE)

Também chamado de Forte do Pau Amarelo. Localiza-se na Praia do Pau Amarelo,


cerca de 16 Km ao Norte de Olinda (atual Município de Paulista), local onde
desembarcaram os sete mil holandeses (1630), que marchando por terra sob o
comando do General Veerdenburgo, tomaram Olinda.

Erguido por Duarte Sodré de 1729 a 1738, recebeu o formato de um polígono


retangular com duas guaritas nos vértices voltados para o mar. Por não possuir
muralhas defendendo o seu perímetro, técnicamente é considerado apenas uma
bateria. Foi artilhado originalmente com oito peças. Um levantamento posterior atribui-
lhe 03 peças de bronze e 24 de ferro, de diferentes calibres. Em 1880, estava
abandonado, encontrava-se em ruínas, com diversos canhões cobertos pela areia. O
imóvel, de propriedade da Prefeitura do Município de Olinda, foi tombado como
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1938. Administrado pela própria Prefeitura,
foi restaurado em 1980, abrigando um Posto Policial, e encontra-se aberto diariamente
à visitação turística.

bv) Forte de São Francisco de Olinda, Forte Montenegro PE)

Também conhecido como Forte do Queijo. Localizado na atual Praia de São Francisco
em Olinda, sua primitiva fortificação remonta a um reduto de faxina erguido por Matias
de Albuquerque (1590-1647) em 1629. Ocupado no ano seguinte por forças
holandesas, é ampliado recebendo a forma de um polígono retangular, sendo artilhado
com duas peças de bronze.

Foi reconstruído no Governo Provincial de Caetano Pinto de Miranda Montenegro, pelo


que ficou conhecido por Forte Montenegro. Em 1880 encontrava-se em ruínas, com
seus canhões soterrados pela areia, restando apenas vestígios de suas muralhas.
136

Restaurado em 1977 pela Prefeitura de Olinda, encontra-se atualmente em bom estado


de conservação, tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1984.
Sobre elas se ergue o Farol de Olinda.

bw) Forte do Rio Tapado (PE)

Localizado na margem direita do rio Tapado, cerca de 5 Km a Norte de Olinda. Erguido em 1630 por
Matias de Albuquerque (1590-1647) com a finalidade de se opor à marcha dos holandeses
desembarcados na Praia do Pau Amarelo. Sem tempo hábil para o desenvolvimento dos trabalhos,
o Forte não passou de um entrincheiramento, sendo evacuado ante a superioridade dos invasores.

bx) Forte dos Parachis, Forte dos Parregis (PE)

Localizado no istmo que ligava Olinda a Recife, na costa do Estado de Pernambuco.


Não foram localizadas maiores referências à sua existência ou localização.

by) Fortim de Santa Cruz, Guarita de João de Albuquerque (PE)

Aparentemente existiu no local onde se ergue o Mosteiro de São Bento (que remonta a
1582). Teria sido tomado por forças portuguesas e espanholas em 1645.

bz) Casa Forte de Dona Ana Paes, Engenho de Dona Ana Paes (PE)

Localizado na planície de Boa Vista, no continente, em frente a Maurits Stadt (a cidade Maurícia,
atual Recife). Este engenho de açúcar, fortificado em 1630 pelos seus moradores, foi ocupado pelo
remanescente das forças holandesas derrotadas no Monte das Tabocas (1645). No que ficaria
conhecido como Batalha da Casa-forte, foi retomado por forças portuguesas e espanholas (1645),
que derrotaram as forças holandesas, aí sendo aprisionado o General Huss.

ca) Forte de Santo Antônio Novo, Fortim Alternar, Casa da Asseca (PE)

Localizado sobre uma ilha que existia no Rio Capibaribe, próximo à sua confluência com o rio
Biberibe, frente ao Forte de São Jorge (Velho) no istmo que liga Olinda a Recife. Erguido em 1629
por forças portuguesas e espanholas, recebeu o formato de um polígono quadrangular regular,
com baluartes nos vértices. Foi tomado pelos holandeses após a retirada de Diogo Esteves
137

Pinheiro que o comandava (20 de abril de 1648), voltando posteriormente à posse de forças
portuguesas e espanholas (19 de dezembro de 1653). Tanto a fortificação, quanto a Ilha na
qual se situava, desapareceram em virtude de um aterro que a ligou ao continente.

cb) Forte de São Francisco da Barra, “Arx Maritima”, Castelo do Mar (PE)

Também conhecido como Forte da Laje, ou Forte do Picão. Localizado sobre os


arrecifes21 a Nordeste da cidade de Recife, defendendo o canal de acesso ao seu porto,
cruzando fogos com o Forte de São João Batista do Brum.

Erguido a partir de 1608 com risco do Engenheiro-mór e dirigente das obras de


fortificação do Brasil Francisco de Frias da Mesquita (1603-1634). Com a forma de um
polígono hexagonal irregular, foi artilhado originalmente com 6 peças de bronze.

Ocupado pelos holandeses (1630), figura no mapa da Ilha de Antônio Vaz (Recife) de
Franz Post (1612-1680) como “Arx Maritima” (1637). Recebe obras de recuperação em
1638 a cargo dos Engenheiros holandeses Vasser e Castell, para ser reconquistado por
tropas portuguesas e espanholas em 1654.

Em 1817, quase em ruínas, foi reconstruído, passando a abrigar o Farol de Recife


(inaugurado em 1821), também conhecido como Farol da Barra ou do Picão. Foi
classificado em 1880 como fortificação de 2ª Classe. No início do século XX (1906) a
fortificação encontrava-se totalmente descaracterizada, e as reformas de que foi objeto
desde então visaram apenas a consolidar e proteger a base quadrada do Farol, em
formato artístico de um Forte com ameias para recordar a sua origem, no quebra-mar
que atualmente dá acesso ao Porto de Recife.

cc) Forte de São João Batista do Brum, “Ars Brunonis”, Forte Bruyne (PE)

Também chamado de Forte do Brum, Forte Diogo Paes, Forte Perrexil.

Localizado na extremidade Nordeste da antiga vila de Recife, ao Sul do Forte de Santo


Antônio do Buraco, no Istmo que a liga a Olinda.

21
Arrecifes: rochedo ou série de rochedos situados próximos à costa ou a ela diretamente ligados,
submersos ou a pequena altura do nível do mar.
138

Com o nome de Forte Diogo Paes, sua construção iniciou-se a partir de 1629 a cargo do
Sargento-mor Engenheiro Pedro Correia da Gama, na expectativa de uma possível invasão
holandesa, que se concretiza no início do ano seguinte. Ainda em obras, é o primeiro forte tomado
pelos holandeses, que a partir dele, em quinze dias conquistam a cidade de Recife.

Denominado como Forte Bruyne (por corruptela, Brum), em homenagem a Johan


Bruyne, presidente do Conselho de cinco comissários que governou o Brasil holandês,
as suas obras são concluídas, sendo acrescentando-lhe um fosso inundado no exterior,
protegido por um pequeno muro. Estava artilhado com 14 peças.

Reocupado por forças portuguesas e espanholas ao final do conflito (1654), é


restaurado em 1667 com a pedra retirada das ruínas do Forte de São Jorge Novo.

Durante a Revolução Pernambucana (1817), que proclamou a República com o apoio


do clero, dos comerciantes e fazendeiros locais, o Governador Provincial Caetano de
Pinto refugia-se no interior da fortificação, que é assaltada pelos rebeldes, obrigando o
Governador a embarcar para o Rio de Janeiro.

Em 1880 sua artilharia constava de 48 peças de diferentes calibres. Sofreu reparos em


1886, 1889, 1908 e 1909. À época da 1ª Guerra, foi guarnecido pela 2ª Bateria do 4º
Batalhão de Posição da Bahia, sendo desarmado posteriormente.

O imóvel, de propriedade do Governo do Estado de Pernambuco, encontra-se tombado pelo


Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1938. Administrado pelo Exército, restaurado e
aberto ao público, atualmente abriga o Museu Histórico Militarza, que exibe armamento antigo
(com destaque para um carro de combate leve M-3 da 2ª Guerra Mundial) e peças arqueológicas.

cd) Forte de São Jorge Novo, “S. Georgÿ Arx”, Forte Sanct Jori (PE)

Erguido em 1629 por Matias de Albuquerque (1590-1647) às vésperas da invasão


holandesa (1630), em frente ao Forte de São Francisco da Barra. Artilhado com 24
peças de diferentes calibres, cooperava com o Forte de São Francisco da Barra e
com o Forte de São João Batista do Brum na defesa do setor Norte de Recife. Na
sua construção foram utilizados os materiais e a artilharia do Forte de São Jorge
139

Velho. Atacado pelas tropas holandesas, resiste por dez dias, caindo ante a
superioridade do inimigo em 1635, com suas muralhas arrasadas pelo fogo inimigo.
Comandava o Forte o Capitão Antônio de Lima, que capitula com honras militares.
Ocupado, é batizado pelos holandeses de Forte Sanct Joris, figurando no mapa da Ilha
de Antônio Vaz (Recife) de Franz Post (1612-1680) como “S. Georgÿ Arx” (1637).
Abandonado, em seu local foi erguida a Igreja de Nossa Senhora do Pilar.

ce) Forte de São Jorge Velho, Fortim do Bom Jesus (PE)

Erguido em 1590 pelos portugueses no istmo que liga Olinda a Recife, artilhado com
oito peças de ferro. Em ruínas às vésperas da invasão holandesa, foi demolido por
ordem de Matias de Albuquerque (1590-1647) e seu material e armamento
aproveitados para a construção do Forte de São Jorge Novo (1629). No mesmo local os
holandeses ergueram, a partir de 1630 o Forte de Santo Antônio do Buraco.

cf) Forte do Morro do Bom Jesus, Forte do Bom Jesus (PE)

Erguido no Istmo que liga Olinda a Recife, no local conhecido à época como Gargantão,
próximo ao Forte de São João Batista do Brum sobre o Arco do Bom Jesus, acesso
para quem demandava Recife vindo de Olinda. Era artilhado com 12 peças de bronze,
e sua guarnição composta por um Sargento e seis praças.

cg) Reduto de São Tiago, Forte de São Tiago (PE)

Localizado às margens do rio Biberibe, a Norte de Recife. Erguido no contexto da


Guerra Holandesa (1630-1654), não sobreviveu à campanha.

ch) Fortaleza de Nossa Senhora dos Remédios, Forte dos Remédios (PE)

Principal estrutura de defesa da Baía de Santo Antônio, mais importante ancoradouro da Ilha
de Fernando de Noronha, em posição dominante, numa elevação a 45 metros acima do
nível do mar. Erguida a partir de 1737 sobre as ruínas da antiga posição holandesa de 1630,
recebeu a forma de um polígono estrelado com 12 ângulos (dois agudos e 10 obtusos), sob
a direção do Engenheiro Militar Diogo da Silveira e do Tenente Coronel João Lobo de
Lacerda. Foi guarnecida por um Capitão e 32 praças. Recebeu seis peças de artilharia. Sua
140

defesa era complementada pelo Reduto de São José do Morro com quem cruzava
fogos.

Tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1961, vem sofrendo
intervenções de restauro, entre as quais uma nova iluminação patrocinada pela
iniciativa privada.

ci) Reduto de Nossa Senhora da Conceição, Fortim da Conceição (PE)

Integrava a defesa do setor Norte da Ilha de Fernando de Noronha, dominando a Praia


de mesmo nome. Erguido em 1737 também pelo Engenheiro Diogo da Silveira, foi
guarnecida por um Alferes e 32 praças, e artilhada com dez peças de ferro.

cj) Reduto de Santa Cruz do Pico, Fortim do Pico (PE)

Integrava a defesa do setor Norte da Ilha de Fernando de Noronha. Localizado junto à


base do Morro do Pico, destinava-se a evitar o desembarque de inimigos na Praia da
Conceição, apoiando o Reduto de Nossa Senhora da Conceição.

ck) Reduto de Santana, Parque de Santana (PE)

Integrava a defesa da Baía de Santo Antônio, principal ancoradouro da Ilha de Fernando de


Noronha. Esta pequena estrutura era destinada à defesa específica da Praia do Cachorro,
vizinha à Fortaleza de Nossa Senhora dos Remédios. Nada mais resta dele atualmente.

cl)Reduto de Santo Antônio, Fortim de Santo Antônio (PE)

Integrava a defesa da Baía de Santo Antônio, principal ancoradouro da Ilha de Fernando


de Noronha. Erguido a partir de 1737,na Ponta de Santo Antônio, a Nordeste da Ilha, pelo
Engenheiro Diogo da Silveira, que lhe atribui a forma de um polígono quadrangular
irregular. Foi guarnecida por um Capitão e 33 praças, e artilhada com dez peças de ferro.

cm) Reduto de São João, Fortim de São João, Reduto Dois Irmãos (PE)

Integrava a defesa do setor Norte da Ilha de Fernando de Noronha. O Reduto ou


Fortim de São João também chamado de Reduto Dois Irmãos, foi levantado sobre
141

uma colina, a partir de 1757. Com a forma de um polígono trapezoidal com três
baterias, foi guarnecido com um 1º Sargento e 13 praças, e artilhado com seis peças de
ferro. Cruzava fogos com o Reduto de São Pedro do Boldró, na defesa da Praia de
Quixaba.

cn) Reduto de São Joaquim, Fortim de São Joaquim (PE)

Integrava a defesa dos setores Sul e Sudoeste da Ilha de Fernando de


Noronha. Levantado em 1739, sua planta era no formato de um polígono
quadrangular, guarnecido por 1 Sargento e 13 praças, e artilhado com oito
peças de ferro.

co) Reduto de São José do Morro, Fortim de São José do Morro (PE)

Integrava a defesa da Baía de Santo Antônio, principal ancoradouro da Ilha de


Fernando de Noronha. Levantado de 1758 a 1761 sobre uma ilhota rochosa, à frente e
ao Norte da Baía de Santo Antônio, cruzava fogos com a Fortaleza de Nossa Senhora
dos Remédios.

cp) Reduto de São Pedro do Boldró, Fortim Boldró (PE)

Integrava a defesa do setor norte da Ilha, defendendo a Praia de Quixaba. Como o


Reduto de São João com quem cruzava fogos, também foi erguido na forma de um
polígono trapezoidal com três baterias, e presumivelmente guarnecido e artilhado da
mesma forma.

cq) Reduto do Bom Jesus, Fortim do Bom Jesus, Reduto do Leão (PE)

Integrava a defesa do setor Sudoeste da Ilha de Fernando de Noronha. Erguido em


1778, sua planta era no formato de um polígono pentagonal irregular. Cruzava fogos
com o Reduto de São Joaquim na defesa da Praia do Leão. Atualmente restam apenas
os alicerces de suas muralhas.
142

cr) Fortim, ou Reduto do Sudeste (PE)

Integrava a defesa do setor Sul da Ilha de Fernando de Noronha. Artilhado com oito
peças em forma de um quadrado. Foi reparado em 1846. Atualmente está em ruínas.

cs) Forte dos Reis Magos, Fortaleza da Barra do Rio Grande (RN)

Localizada no lado direito da barra do rio Potengi, sobre o costão de pedra dos recifes
encobertos na preamar, atual cidade de Natal, no Estado do Rio Grande do Norte.

A paliçada inicial de estacada e taipa em formato circular, é levantada junto à praia pela
expedição do Capitão-mór da Capitania de Pernambuco Manoel Mascarenhas Homem, nos
primeiros dias de 1598, protegendo o seu acampamento, enquanto se procede à escolha do
local definitivo para a fortificação ordenada pela Coroa: um recife, à entrada da barra, ilhado na
maré alta e que permitia a comunicação com terra firme na vazante. Sua planta, de autoria do
jesuíta Gonçalves de Samperes, arquiteto e engenheiro militar na Espanha e no Brasil,
apresentava a forma clássica do forte marítimo: um polígono estrelado, com o ângulo reentrante
voltado para o Norte, construído em “taypa, estacada e areia solta entulhada” (Figura 26).

Figura 26 – Forte dos Reis Magos (RN)


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 88).
143

O seu primeiro comandante foi João Rodrigues Colaço, e a obra estava em condições de
defesa já no início de 1602, quando foi guarnecida com duzentos homens e artilhada. A
partir de 1614 foi reconstruído em pedra e cal, adquirindo a planta definitiva com a autoria
do Engenheiro-mór e dirigente das obras de fortificação do Brasil Francisco de Frias da
Mesquita (1603-1634). Este reforça-lhe as muralhas, com contrapiso e contrafortes de
reforço pelo lado do mar, bem como as obras internas de habitação, que foram concluídas
em 1628. As grossas muralhas eram formadas por paredes duplas preenchidas com areia,
reforçando a resistência e neutralizando os impactos dos tiros de artilharia. As pedras
utilizadas eram extraídas dos recifes próximos, ligadas com a argamassa de cal, areia e
óleo de baleia. As lajes da cortina eram presas umas às outras por peças de bronze,
furtadas ao longo dos anos no Séc. XX, pelos moradores da vizinhança e vendidas no
ferro-velho do bairro das Rocas em Natal. No terrapleno da fortaleza erguem-se ao abrigo
das muralhas internamente, a Casa de Comando com três pavimentos, a capela, e ao
centro, a Casa de Pólvora, de formato quadrado, apresentando vãos em arco pleno,
escada em dois lances para o compartimento superior, com porta de acesso de verga reta
e cobertura em cúpula piramidal. Nos cantos e na ponta da cúpula há cunhais22, cornija23 e
pináculo24. O acesso ao Forte é feito por uma passarela ou ponte, da praia ao passadiço e,
a partir daí, através da arcada25 à direita, saindo para um corredor. Outra escada dá
acesso ao terrapleno e portão para praça. Nessa altura, a praça foi artilhada com 9 peças
de ferro e guarnecida com 40 homens.

Após uma tentativa frustrada em 1631, em 1633 inicia-se a invasão holandesa: vindos
de Recife com 15 navios, uma tropa de 800 soldados desembarca na Ponta Negra sob
o comando do Tenente-coronel Byma, cercando o forte, numa operação combinada
terrestre e naval. Guarnecido por 85 homens, e artilhado por nove peças de bronze e
22 de ferro, após uma semana de assédio, ferido o comandante da praça, à revelia
deste é negociada a rendição por alguns ocupantes, entre os quais Domingos
Fernandes Calabar (1600-1635).

22
Cunhal: ângulo saliente formado por duas paredes convergentes; esquina;
23
Cornija: ornato que assenta sobre o friso de uma obra. Molduras sobrepostas que formam saliências
na parte superior da parede, porta;
24
Pináculo: o ponto mais alto de um edifício;
25
Arcada: abertura, em parede ou muralha, com forma de arco.
144

Ocupada de 12 de dezembro de 1633 a fevereiro de 1654, com o nome Kasteel Keulen,


homenagem a Natthijs van Ceulen, um dos dirigentes colegiados holandeses do Brasil
de 1633-1634, o Conde Johan Maurits Van Nassau-Siegen manda repará-la (1638).

À época do Império sofrerá reconstrução (1863) e ampliação (1874). Durante a 1ª


Guerra Mundial passa a ser guarnecido por uma Bateria Independente de Artilharia da
Costa. Foi tombado pelo SPHAN desde 1949 e integrado ao patrimônio da Fundação
José Augusto em 1965. Restaurado juntamente com a Igreja de Santo Antônio, a
Catedral, o Museu de Sobradinho e o Palácio do Governo em Natal/RN, integra um
conjunto urbanístico de grande expressão em termos artísticos e histórico-culturais.
Abrigando atualmente um Museu Histórico, é considerado uma das atrações preferidas
pelos turistas, recebidos à entrada pela imagem de Gaspar, Belchior e Baltazar, doada
pelo rei D. José (1750-77), no século XVIII.

ct) Forte da Petitinga (RN)

Localizado na altura do Cabo de São Roque, no atual Estado do Rio Grande do Norte,
nada mais resta dessa estrutura. Sua construção antecede a 1777.

cu) Forte da Ponta Negra (RN)

Localizado na Praia da Ponta Negra, cerca de 10Km a Oeste da Fortaleza da Barra do Rio
Grande, em Natal, Estado do Rio Grande do Norte. Erguido em 1808, no local onde tropas
holandesas haviam desembarcado quando da conquista de Natal (1633). Desarmado durante
o período Regencial, provavelmente em 1831, nada mais resta da estrutura atualmente.

cv) Forte de Cunhaú (RN)

Localizado na barra do rio Cunhaú, na costa do Estado do Rio Grande do Norte.

Remonta a uma fortificação erguida por marinheiros franceses de Duquerque, cuja


embarcação ali encalhou, enquanto construíam outra embarcação. Ocupado por
portugueses, posteriormente, a fortificação tinha muro da altura de dois homens,
guarnecido por um destacamento de 27 homens, sob o comando do Capitão Álvaro
Fragoso, quando foi assaltado por tropas holandesas, no início de abril de 1634.
145

Tendo resistido com sucesso, suas defesas foram reparadas e sua guarnição reforçada,
sendo novamente assaltado no final do mesmo mês, e uma vez mais repelindo os
atacantes. O forte foi finalmente tomado em uma operação naval e terrestre combinada,
sob o comando do capitão polonês Crestofle d'Artischau Arciszewski, na noite de 22
para 23 de outubro de 1634, sendo arrasado.

cw) Forte de Manoel Gonçalves (RN)

Localizado numa pequena ilha na barra do rio Açu, atual Rio Piranhas, próximo à cidade de
Macau, no Estado do Rio Grande do Norte. Existem controvérsias quando à sua real existência.

cx) Forte de Touros (RN)

Localizada junto à foz do Rio Carnaúbinha, atual cidade de Touros, Estado do Rio Grande do Norte.
Erguido no início do século XIX para defesa do ancoradouro e povoação na Baía de Touros, pelo
Tenente-coronel José Francisco de Paula Cavalcante, nada mais resta da estrutura atualmente.

cy) Fortim do Jenipapo (RN)

Localizado em posição dominante entre as barras do rio Potengi e do rio Ceará-mirim,


na costa do Estado do Rio Grande do Norte. Nada mais resta do mesmo atualmente.

cz) Forte de São Cristóvão (RN)

Localizado na margem direita da foz do rio Irapiranga (atual Rio Sergipe).

Erguido em 1590 por Cristóvão de Barros, sob a invocação de São Cristóvão, para
defesa da povoação de mesmo nome, que funda simultâneamente. Simples paliçada
em faxina e terra, é artilhado na ocasião com seis peças de pequeno calibre.

Posteriormente, a povoação e seu forte serão reconstruídas em posição dominante, em


local próximo ao original.

4.2.2.2 Fortificações marginais

Ao todo estão listadas três fortificações marginais na Região Nordeste.


146

a) Forte de Guará ou Casa Forte de Guará (MA)

Localizado na margem do rio Guará, na divisa com o Estado do Piauí.

Foi construído, em 1712, por Antônio da Cunha Souto Maior. Nada mais resta hoje.

b) Fortim do Arraial do Bom Jesus, Forte Real do Bom Jesus (PE)

Erguido numa casa particular em 1630, cerca de 6 Km a Oeste de Recife e Olinda. O


Arraial do Bom Jesus (ou Bom Jesus do Arraial) foi o campo entrincheirado onde Matias
de Albuquerque (1590-1647) se organizou quando da Guerra Holandesa (1630-1654).
Parte integrante da linha de cerco portuguesa e espanhola em torno de Olinda e Recife,
seu objetivo era confinar o invasor holandês ao litoral, dificultando o abastecimento ao
inimigo bem como o seu acesso aos Engenhos de Açúcar, impedindo-o de ocupar o
interior, seu objetivo econômico. Fontes da época indicam que se tratava de obra
rústica, de perímetro irregular, dotada de fossos com a profundidade de uma lança e
meia, e paredes verticais, de modo a evitar que qualquer invasor que neles caísse,
pudesse escapar. Pelo meio do fosso, um passadiço de terra apiloada26, dividia-o em
dois. O perímetro amuralhado contava com muralhas de uma lança e meia de altura,
também verticais, para dificultar o seu assalto.

Apesar de resistir com sucesso ao ataque holandês de 1633 (do qual Calabar participou), cai em 6
de junho de 1635, após um cerco de três meses, ao mesmo tempo em que o Forte de Nazaré,
últimos focos da resistência portuguesa e espanhola em Pernambuco. Todas as estruturas (fossos
e muralhas) foram arrasadas após a rendição, não tendo sido reedificadas. No mesmo local teria
existido o Forte do Quebra-Pratos, de duração efêmera.

c) Fortim do Arraial Novo do Bom Jesus (PE)

Erguido a partir de 1645 sob as ordens de João Fernandes Vieira, numa colina cerca de
8 Km a Oeste de Recife e Olinda. Inaugurado em 1646, estava artilhado com oito peças
vindas de Porto Calvo e de Penedo. Desse Arraial foi coordenado o assédio à atual
cidade do Recife. Foi desativado com o fim da Campanha (1654).

26
Apiloada: terra batida com pilão.
147

No local onde se ergueu este Fortim, foi erigida uma coluna comemorativa em 1872,
restaurada em 1917 por iniciativa do General Joaquim Inácio Batista Cardoso.
Restavam à época vestígios das suas muralhas.

4.2.2.3 Fortificações mistas

Segundo o critério de Stella (1999), não foram encontrados registros de fortificações


mistas na atual Região Nordeste.

4.2.3 Na Região Centro-Oeste

De acordo com a divisão feita pelo IBGE, a Região Centro-Oeste é formada pelos
Estados de Goiás (GO), Mato Grosso (MT) e Mato Grosso do Sul (MS), além do Distrito
Federal (DF) (Mapa 11).

MS

Mapa 11 – Principais fortificações portuguesas na Região Centro-Oeste


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 78).
148

Na presente monografia serão apresentadas as fortificações dessa região, que se


concentram no Estados do Mato Grosso do Sul. Serão abordadas, a seguir, algumas
características das principais fortificações, de cada Estado, quando for o caso, de
acordo com a sua posição geográfica.

4.2.3.1 Fortificações costeiras

Por ser uma região mediterrânea, não há, obviamente, fortificações costeiras a citar.

4.2.3.2 Fortificações marginais

Segundo o critério de Stella (1999), não foram encontrados registros de fortificações


marginais na atual Centro-Oeste.

4.2.3.3 Fortificações mistas

Ao todo estão listadas três fortificações marginais na Região Centro-Oeste.

a) Forte de Coimbra, Presídio de Nova Coimbra (MS)

Também chamado de Forte de Nossa Senhora do Carmo de Nova Coimbra, Forte Novo
de Coimbra, Forte Porto Carrero. Localizado na margem esquerda do rio Paraguai, em
posição dominante sobre o Estreito de São Francisco Xavier, cerca de 100Km ao Sul
da atual cidade de Corumbá, no Estado de Mato Grosso do Sul.

As estruturas que integram o conjunto da atual fortificação remontam ao Presídio (ou Estacada) de Nova
Coimbra. O 4º Governador e Capitão-general da Capitania de Mato Grosso, Luiz de Albuquerque de
Melo Pereira e Cáceres, visando dar suporte à ocupação portuguesa da região ante a crescente
presença espanhola, bem como controlar as razias dos índios Paiguá que interrompiam as
comunicações fluviais com os distritos auríferos, ordena uma fortificação no curso do médio rio Paraguai.

Para esse fim, o capitão Mathias Ribeiro da Costa parte de Cuiabá (1775), à testa de uma expedição de
245 homens, distribuídos em 15 canoas, divididas em três grupamentos, guiada por um índio velho.
Apesar de instruções para se dirigir a um local conhecido como Fecho dos Morros, a 20 dias de canoa
de Cuiabá, próximo à atual cidade de Porto Murtinho, 292 Km ao Sul da atual posição do forte, Ribeiro da
149

Costa erige, no estreito de São Francisco Xavier, à margem esquerda do rio Paraguai, o
Presídio de Nova Coimbra, a partir de 13 de setembro de 1775, incorreção que lhe
custaria o posto, e sobre a qual nasceriam algumas lendas locais: uma delas reza que
São Tomé passou por Fecho-dos-Morros em direção ao Peru, tendo por isso o local
sido considerado como solo consagrado, e lhe vedada qualquer intenção bélica; outra
conta que o Capitão foi inspirado pela santa padroeira do forte, Nossa Senhora do
Carmo, que lhe iluminou o local do Forte.

A estrutura, uma estacada de faxina e terra no formato de um polígono retangular com


cerca de 40 braças pelo lado maior, abrigava sete edificações no seu interior (Casa de
Comando, Casa de Tropa, armazéns, etc). Erigida sob a invocação de Nossa Senhora
do Carmo, incluía quatro pequenos baluartes: São Gonçalo a Norte, São Tiago a Leste,
Sant'Ana a Sul e Nossa Senhora da Conceição a Oeste. Recebeu a sua artilharia por
via fluvial desde Belém, no Pará. O comando inicial foi entregue ao Sargento-mor
Marcelino Rodrigues de Campos.

Após 1791, iniciam-se obras para reconstrução do Forte em pedra e cal (o Forte Novo
de Coimbra). Em 1795 assume o comando o Capitão Francisco Rodrigues do Prado,
substituído pelo Tenente Coronel Ricardo Franco de Almeida Serra, engenheiro e
geógrafo, que prossegue as obras de reconstrução (1797), comandando o forte por dez
anos.

Uma planta, da autoria deste último, mostra a primitiva estacada ao lado da qual é
erguida a nova estrutura, com traçado de um polígono estrelado irregular, adaptado ao
terreno.

As muralhas, de cortinas seteiradas27, envolviam toda a fortificação, acompanhando o


declive da encosta. Comportava duas baterias em plano horizontal, cruzando fogos
sobre o rio, com oito canhoneiras pelo lado do rio e mais oito pelo lado de terra.

A sudoeste, um fosso protegia a fortificação de um assalto pelo lado de terra.


Completava o conjunto, uma Capela, a Casa de Pólvora e Quartéis para a tropa.

27
Seteirado: que tem seteiras, ou aberturas a elas semelhantes.
150

Era Governador e Capitão-general da Capitania de Mato Grosso, Caetano Pinto de


Miranda Montenegro, quando uma expedição de quatro escunas e duas canoas
guarnecidas com 500 homens, sob o comando do Governador do Paraguai, D. Lázaro
de Ribera ataca o Forte Novo de Coimbra (1801) então guarnecido com apenas 42
homens, que resistem a um cerco de quatro dias.

Como represália, Ricardo Franco, comandante do Forte de Coimbra, mandou atacar a


fortaleza espanhola de São José. Tal manobra incorporou no Brasil-Colônia um valioso
território até o rio APA, não reclamado pela Espanha por estar comprometida a cidade
de Olivença, na Península Ibérica, que foi conquistada por Portugal.

Obras de reforma e de ampliação são executadas entre 1855 e 1856. Seis décadas
após o primeiro ataque de tropas paraguaias, a fortaleza entrou novamente em
combate: cinco batalhões de infantaria, dois regimentos de cavalaria a pé, num total de
3.200 homens, doze canhões raiados, uma bateria de foguetes, protegidos por dez
embarcações de guerra sob o comando do Coronel paraguaio Vicente Barrios, intimam
o forte a se render (1864).

Apesar do comando da praça ser do Capitão Benito de Faria, nele se encontrava em


dezembro, em visita de inspeção, o Tenente Coronel Hermenegildo de Albuquerque
Porto Carrero, comandante do corpo de Artilharia de Mato Grosso e do Distrito Militar
do Baixo Paraguai, que assumiu a título eventual o comando do mesmo frente à
ameaça.

Artilhada com onze peças de bronze de alma lisa em bateria, e mais vinte sem reparos,
guarnecido por 125 oficiais e soldados de artilharia a pé, reforçados por cerca de 30
guardas nacionais, alguns guardas de alfândega, meia dúzia de prisioneiros e duas
dezenas de índios mansos. Durante dois dias, os combates foram intensos.

As esposas e familiares de oficiais e praças preparavam cartuchos de pólvora,


ataduras, e atendiam como podiam os feridos. Sem recursos para resistir, e distante de
reforços, o Forte foi evacuado em ordem, na noite de 28 para 29, na canhoneira
Amambaí. Quatro anos mais tarde, foi recuperado pelo Marquês de Caxias.
151

Finda a Guerra do Paraguai (1864-1870), iniciou-se a reconstrução do Forte, cujos


danos sofridos foram consideráveis, quase perdendo as próprias muralhas sob o fogo
da artilharia inimiga. Comandou as obras o Major Lobo d'Eça, por ordem do Governo
Imperial.

Em 1872, o Major Francisco Nunes da Cunha procedeu a obras de ampliação da praça,


que receberia novos melhoramentos, inclusive artilharia em 1907/1908 (Figura 27).

Figura 27 – Forte de Coimbra, (MS)


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 82).

Pelo Decreto-Lei nº 4.027, de 1942, o Forte recebe a denominação de Forte Porto


Carrero, em homenagem ao herói da Guerra do Paraguai.

De propriedade da União, o Forte de Coimbra foi tombado como Patrimônio Histórico e


Artístico Nacional a partir de 1974. Em 1983 concebeu-se a implantação do Projeto
Parque Histórico-Turístico Forte de Coimbra.
152

b) Forte de Nossa Senhora dos Prazeres do Iguatemi (MS)

Localizado na margem esquerda do rio Iguatemi, cerca de 12 Km acima da foz, próximo


à foz do rio das Bagas, atual cidade de Mundo Novo, no Estado de Mato Grosso do Sul.

Erguido por ordem do Governador de São Paulo, Brigadeiro D. Luiz Antônio de Souza Botelho
e Mourão (Morgado de Mateus), de 1765 a 1770, pelo Capitão João Martins de Barros.

Em faxina e terra, no formato de um polígono heptagonal no estilo Vauban.


Compreendia cinco baluartes e dois meio baluartes, sendo artilhada com 14 peças de
diferentes calibres, e guarnecida com 300 homens.

A concepção dessa fortificação origina-se na inteligência geopolítica do plano geral de


restauração da antiga Capitania de São Paulo. Esse plano constituía-se de três pontos
básicos: defesa da costa atlântica; conquista dos sertões do Tibagi (antiga região nos
Campos Gerais de Ponta Grossa / PR); e consolidação das fronteiras ocidentais com o
Paraguai e orientais com Minas Gerais.

Atacada e conquistada em 1777, pelas forças do Governador do Paraguai D. Agostinho


Penido, foi arrasada e abandonada pelos espanhóis. Em 1854 ainda existiam ruínas,
nada mais restando das mesmas atualmente.

Uma planta da “Demonstração do terreno imediato à Praça de Nossa Senhora dos


Prazeres do Rio Iguatemi” existe no Arquivo Histórico do Itamarati.

c) Forte de Ladário (MS)

Localizado na margem esquerda do rio Paraguai, na altura da atual cidade de Ladário,


cerca de 11 Km a Sul de Corumbá, no Estado de Mato Grosso do Sul.

Erguido a partir de 1778 para defesa daquele porto fluvial, por ordem do Governador e
Capitão-general da Capitania de Mato Grosso, Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e
Cáceres, compunha-se de três baterias.
153

Em 1880 sua artilharia compunha-se de 68 peças de diferentes calibres. Em meados do


século XX suas dependências serviam de sede ao 6º Distrito Naval.

4.2.4 Na Região Sudeste

De acordo com a divisão feita pelo IBGE, a Região Sudeste é formada pelos Estados
do Espírito Santo (ES), Minas Gerais (MG) Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP).

Serão abordadas, a seguir, algumas características das principais fortificações, de cada


Estado, quando for o caso, de acordo com a sua posição geográfica. Em destaque, a
Baía da Guanabara, contendo a maioria das fortificações dessa Região (Mapa 12).

T - 09

Mapa 12 – Principais fortificações portuguesas na Baía da Guanabara


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 76).

4.2.4.1 Fortificações costeiras

Ao todo estão listadas cinqüenta fortificações costeiras na Região Sudeste.


154

a) Forte da Rainha (ES)

Situada na Ilha da Trindade, a 1.113 Km da costa brasileira, no mesmo paralelo da


cidade de Vitória no Estado do Espírito Santo, esta ilha vulcânica de relevo montanhoso
e vegetação rala, medindo aproximadamente 6 Km de comprimento por 2 Km de
largura, tem história atribulada.

Descoberta em 1501 por João da Nova, quando a caminho da Índia, a sua posse para a
Coroa portuguesa seria confirmada em 1503 por Afonso de Albuquerque, que fazia a
mesma rota.

A partir de 1700 a Ilha foi ocupada por E. Hellay em nome da Coroa britânica, artilhada
com 20 peças, tendo ali aportado o Capitão James Cook. Um mapa português da Ilha,
sem maiores especificações além da data de 1782, atualmente na mapoteca do
Itamaraty no Rio de Janeiro, aponta duas fortificações: a Fortaleza do Alto e a Fortaleza
da Praia, em extremidades opostas, associando a última a um regimento português. A
partir de 1783, uma expedição colonizadora portuguesa comandada por Mello Brayner,
ocupa a Ilha e reafirma a sua posse como pertencente à Coroa portuguesa. Na época,
as lavouras de colonos açoreanos são mal recebidas pelo solo da Ilha, iniciando um
sério problema de erosão. Com a retirada dos seus ocupantes em 1797 rumo a Santa
Catarina, a Ilha volta a ficar abandonada.

Após a Independência, em 1825 a Corveta Itaparica é enviada para a Ilha com a missão
de ocupá-la em nome do novo Império do Brasil. Outras Corvetas serão remetidas em
1846, 1871 e em 1873, confirmando a soberania brasileira sobre a mesma.

Em 1892, o aventureiro norte-americano Harder Hicky inicia uma tentativa de ocupação


da Ilha, mas ante os protestos brasileiros, desiste da sua empreitada.

Em 1895, os ingleses voltam a ocupar a Ilha sob a alegação de que a mesma se


encontrava desocupada há mais de um século, gerando protestos do governo
brasileiro, que apenas tomou conhecimento do fato com seis meses de atraso. Data
dessa época o chamado Forte da Rainha, uma alusão à soberana inglesa, a Rainha
Vitória. Ao ser informada da ocupação da Ilha por forças inglesas, a população
155

carioca reage depredando o Café Londres, conceituada casa comercial estabelecida na


Rua do Ouvidor. Com a mediação da diplomacia portuguesa, a soberania brasileira
sobre a Ilha é reconhecida e a mesma desocupada, tendo sido o Forte desguarnecido e
desarmado (agosto de 1896).

Em 1915, nada mais restava dessa posição. Tanto na 1ª GM (1914-1918), quanto


durante a 2ª GM (1939-1945), recebeu guarnições da Marinha Brasileira, que desde
1897 ali tem efetuado missões com regularidade, fixando-se permanentemente a partir
de 1957 (POIT - Programa de Ocupação da Ilha de Trindade).

b) Forte de São Francisco Xavier de Piratininga, Forte da Barra (ES)

Localizado em Vila Velha na base do Morro da Penha, para defesa da barra da Baía de
Vila Velha. Erguido a partir de 1702 por ordem do Governador Geral D. Rodrigo da
Costa (1702-1705), foi artilhado com dez peças.

Em 1767 passou por reformas que lhe conferiram forma circular, aumentando-lhe a
artilharia para quinze peças. Em 1857 recebeu a classificação de 3ª Classe, tendo
passado posteriormente para a responsabilidade do Ministério da Marinha, servindo de
Armazém. Desarmada, no século XX abrigou a Escola de Aprendizes Marinheiros do
Estado do Espírito Santo (Figura 28).

Figura 28 – Forte São Francisco Xavier de Piratininga, Vila Velha (ES)


Fonte: Brasil (2003).
156

c) Forte de Nossa Senhora do Monte do Carmo (ES)

Localizado em Vila Velha entre o Cais Grande e a Praia do Peixe. Erguida a partir de
1730, no formato de um polígono estrelado, estava artilhada com quatro peças e quatro
morteiros (ou trabucos). Encontrava-se em ruínas em 1841, nada mais restando da
mesma atualmente.

d) Forte de São João (ES)

Localizado na Ilha de Vitória numa ponta próxima ao atual Clube Náutico Social e
Desportivo Saldanha da Gama na cidade de Vitória.

Erguido a partir de 1726 por ordem do Vice-rei Vasco César Fernandes de Menezes,
Conde de Sabugosa (1720-1735), possuía o formato de polígono heptagonal irregular,
sendo artilhado com 11 peças.

Em 1841, conservava 10 peças de diferentes calibres, aumentadas para 25 no mapa de


1847.

e) Fortim de São Maurício (ES)

Localizado na Ilha de Vitória sobre a praia, próximo ao Reduto de Nossa Senhora da


Vitória. Erguido a partir de 1726 por ordem do Vice-rei Vasco César Fernandes de
Menezes, sofreu reparos em 1764. Abandonado, nada mais restava do mesmo em 1865.

f) Fortim de São Tiago (ES)

Localizado na Ilha de Vitória, nos limites urbanos da Vila de Nossa Senhora da Vitória.
Erguido a partir de 1726 por ordem do Vice-rei Vasco César Fernandes de Menezes,
sofreu reparos em 1764. Abandonado, nada mais restava do mesmo em 1865.

g) Reduto de Nossa Senhora da Vitória, Bateria Elevada (ES)

Localizado na Ilha de Vitória, vizinho ao Forte de São João, cuja defesa


complementava. Em posição dominante sobre uma colina, possuía formato circular e
estava artilhado com duas peças.
157

h) Reduto de Santo Inácio dos Padres da Companhia de Jesus (ES)

Localizado na Ilha de Vitória, na extremidade Sul da Vila de Nossa Senhora da Vitória.


Erguido a partir de 1726 por ordem do Vice-rei Vasco César Fernandes de Menezes, foi
artilhado com duas peças. Nada mais resta dele atualmente.

i) Bateria da Glória (RJ)

Localizada em posição dominante no Outeiro da Glória, que dividia com a Igreja de


Nossa Senhora da Glória, dominando a enseada e a praia de mesmo nome. Figura em
mapa do Rio de Janeiro de 1791, constituindo provavelmente parte do reforço das
defesas da cidade, promovido no final do século XVII.

Atualmente nada mais resta da mesma, a não ser a paisagem descortinada do Adro28
da Igreja.

j) Forte de Caetano Madeira (RJ)

Localizado no alto do Morro das Palmeiras, Freguesia de Inhaúma, a meio quilômetro


do Caminho ou Estrada do Engenho Novo por um lado, e por outro, da Colina do
Jacaré e da Estrada Real de Santa Cruz (atual Avenida Suburbana), uma das principais
vias de comunicação do Rio de Janeiro colonial.

Mandado erguer pelo Vice-rei D. José Luís de Castro (1790-1801) entre 1793 e 1795, em
terras que haviam pertencido aos Jesuítas, (antiga Fazenda das Palmeiras, mais tarde
Colégio dos Padres), é um dos últimos pequenos fortes que foram erguidos no final do
século XVIII no seu governo, para completar a defesa da cidade do Rio de Janeiro por terra.

Voltado para o atual bairro do Riachuelo, acredita-se que serviu de posto de


vigilância militar, dominando o caminho colonial que ia do Engenho Novo até à
Venda Grande (atual Largo do Engenho Novo), e as cercanias, compreendendo a
Estrada Real de Santa Cruz, a Praia Pequena e o Arraial de Benfica. O Forte ou
Fortim de Caetano Madeira, assim chamado provavelmente devido ao nome do seu

28
Adro: terreno em frente e/ou em volta da igreja, plano ou escalonado, aberto ou murado; períbolo, átrio.
158

comandante, juntamente com outros postos de vigilância militar, foi desguarnecido ao


final do seu governo, a partir de 1801.

Da primitiva estrutura fortificada, foram tombados pelo Patrimônio Histórico e Artístico


Nacional em 1938, os vestígios do terrapleno, com altos muros em talude, que formam
dois ângulos fortificados, guarda corpo corrido, tendo nos cunhais guaritas cilíndricas
com cobertura em calota esférica e seteiras, em mau estado de conservação.

Atualmente restam apenas vestígios do muro do antigo terrapleno, sob a guarda do


Colégio Salesiano (Instituto São Francisco de Sales).

k) Forte de Marechal Hermes, Forte de Santo Antônio de Monte Frio (RJ)

Localizado na ponta de terra entre as praias/enseadas de Imbituba e das Conchas em


Macaé, próximo ao local onde no século XVII em tempos coloniais, foi erguido em
pedra e cal o Forte de Santo Antônio de Monte Frio.

Essa primitiva fortificação, erguida por ordem do Capitão-mor da Capitania de Cabo Frio,
Constantino de Menelau, a partir de 1613 na Enseada das Conchas (frente à Ilha de Santana),
foi restaurada e artilhada por ordem do Governador do Rio de Janeiro Francisco de Castro
Morais (1699-1702) com cinco peças de diferentes calibres. Sofreu reparos sob o governo do
Vice-rei D. Antônio Álvares da Cunha (1763-1767), passando a contar com sete peças de calibre
16. Desarmada durante o Segundo Império por determinação ministerial (1859).

Um novo forte será erigido, ao final do século XIX, pela nascente República. No ano de
1900, as obras do novo forte, de formato octogonal, ainda não estavam concluídas,
sendo inauguradas apenas em 15 de abril de 1910. No ano seguinte seria denominado
Forte Marechal Hermes. Foi considerado fora de serviço em 1954.

l) Forte de Nossa Senhora da Glória do Campinho (RJ)

Localizado no Campinho, próximo a Cascadura, no Rio de Janeiro. Em posição


dominante do Desfiladeiro de Irajá, era apoiado por baterias nas elevações
fronteiras, controlando a Estrada da Pavuna e a junção da Estrada de Santa Cruz
com a Estrada de Jacarepaguá, acessos a Guaratiba. Foi erguido a partir de 1822 e
159

artilhado com sete peças, sendo a mais importante das fortificações que protegiam o
acesso por terra a Santa Cruz, onde por vezes residia o novo Imperador. Desarmado a
partir de 1831, em 1852 passa a abrigar o Laboratório Pirotécnico do Exército.

m) Forte de Santa Cruz (RJ)

Esta fortificação existiu entre 1605 e 1632, com a função de defesa do porto do Rio de
Janeiro setecentista. Ante a ruína do forte, a sua guarnição solicita ao Governador
Martim de Sá a construção de uma ermida que servisse de cemitério aos militares.
Ergueu-se desse modo a Capela da Vera Cruz, a cargo da Irmandade da Santa Cruz,
criada em 1623. Ampliada com o risco do Brigadeiro Jose Custódio de Sá e Faria, foi a
sede do Bispado do Rio de 1734 a 1737. A atual Igreja de Santa Cruz dos Militares
guarda como troféus três bandeiras de batalhas tomadas ao inimigo, na Batalha de
Avaí, durante a Guerra do Paraguai.

n) Forte de Santo Inácio (RJ)

A presença francesa em Cabo Frio na barra do Canal Itajurú, acesso à Lagoa de Araruama,
intensifica-se a partir de 1540 pela facilidade de extração de pau-brasil então abundante na
região. Em 1548 registravam-se oito viagens de embarcações francesas no ano, carregando
pau-brasil naquele ancoradouro, capaz de abrigar cinco navios de 200 tonéis. Em 1556.

Durante a União Ibérica (1580-1640), recrudesceu a presença de navios franceses,


holandeses e ingleses, carregando pau-brasil no local. Em resposta, dá início à construção
do Forte de Santo Inácio, guarnecendo-o com 12 soldados e 7 canhões de bronze, e ali
fundando a povoação de Santa Helena do Cabo Frio (1615). Esta fortificação terá efêmera
existência, sendo substituída a partir do ano seguinte, pelo Forte de São Matheus.

o) Forte de São Matheus do Cabo Frio (RJ)

Localizado na extremidade NE da atual Praia do Forte, em Cabo Frio, no Estado do Rio


de Janeiro.

Em 1617, Martim de Sá, que considerava o Forte de Santo Inácio excessivamente


vulnerável, solicita o seu desmantelamento e a construção de um novo forte para
160

proteção de Cabo Frio e da barra do canal da Lagoa de Araruama. Esta edificação


apresenta atualmente cinco compartimentos: Depósito de Munição Alojamento de
Tropa Alojamento do Comandante Cozinha Cisterna (ou cela) em nível inferior.

Em um mapa anônimo de cerca de 1625 da "Terra de Cabo Frio", observa-se o forte


velho localizado junto ao porto da barra do canal da Lagoa de Araruama, e o novo,
próximo à praia, numa ilhota mais elevada a cavaleiro da barra. Presume-se que o
material de construção, o armamento e a guarnição tenham sido remanejados para a
obra, armamento e guarnição do novo Forte de São Matheus.

O Governador do Rio de Janeiro Salvador Correia de Sá e Benevides, em 1648 para


combater os holandeses em Angola, retira os canhões e a guarnição do Forte de São
Matheus, deixando sem defesa os 24 moradores que permaneceram em Santa Helena
do Cabo Frio. Em 1650, Estevão Gomes reergueu-o para defesa da povoação de Cabo
Frio e seus canhões serviram para sinalizar a passagem dos navios que iam para o Rio
de Janeiro.

Em 1841, conservava quatro canhões, sendo instalados mais quatro em uma Bateria na
Praia dos Anjos (Luneta do Sururu) em Arraial do Cabo, como defesa complementar. O
Imperador D. Pedro II (1841-1889), ao visitar a Cidade de Cabo Frio em 1847,
inspeciona o Forte de São Matheus, "onde foi recebido com uma salva imperial de
artilharia" e recepcionado pelo Tenente Francisco José da Silva.

Antes de ser deposto em 1889, o Imperador promoveu o rearmamento das fortalezas


brasileiras, encomendando grande quantidade de peças de artilharia, entre elas, os
cinco canhões de ferro de grosso calibre até hoje existentes no Forte de São Matheus.

De propriedade da União, o imóvel, o penedo em que se ergue, e a ponta da praia num


círculo de 500m de raio do centro do Forte são tombados pelo Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional a partir de 1957, passando a ser administrados pela Prefeitura do
Município de Cabo Frio. Nesse mesmo ano, sofre a primeira intervenção de restauro
(Figura 29).
161

Com o aumento do turismo na região a partir da década seguinte, a FLUMITUR –


Companhia de Turismo do Estado do Rio de Janeiro (atual RIOTUR) promove nova
intervenção de restauro (1972), visando à instalação projetada de um museu.

Figura 29 – Forte de São Mateus, Cabo Frio (RJ)


Fonte: Cabofrionews (15 de abri de 2003).

Entre 1983 e 1992, procedeu-se o tombamento municipal do imóvel, sendo promovidas


melhorias no seu entorno pelo governo do Prefeito Ivo Saldanha. Em 1989, com o apoio
da iniciativa privada, são restaurados os caibros do telhado, portas, janelas, ferrolhos e
chaves, sob a supervisão do SPHAN.

p) Forte Defensor Perpétuo (RJ)

Localizado na margem esquerda da foz do rio Perequê-açú, no Morro de Vila Velha


(atual Morro do Forte), em posição dominante da Praia do Pontal.

A partir de 1703, foram erguidos sete fortes para a proteção do porto e da Vila de
Paraty, onde se concentravam importantes engenhos de açúcar e início do caminho
antigo das Minas Gerais, contra o ataque de corsários. Dessas estruturas restam
apenas o atual Forte e o Quartel da Patitiba, atual Secretaria de Cultura e Turismo.
162

Dos demais, arruinados pelo tempo, restam apenas vestígios na Ilha do Mantimento, na
Ponta Grossa, em Iticupê e na Ilha das Bexigas.

A estrutura do atual Forte remonta à sua reconstrução em 1822, quando recebeu o nome de Defensor
Perpétuo, em homenagem ao então Imperador D. Pedro I (1822-1831). Por não possuir muralhas
defendendo o seu perímetro, tecnicamente é considerado apenas uma bateria. Foi artilhado nessa
época com seis peças de diversos calibres. A estrutura é integrada ainda por uma Casa da Pólvora,
Alojamento de Soldados e Cadeia. Foi desarmado e desguarnecido entre 1828 e 1831.

Tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1957, foi desapropriado
por Utilidade Pública pelo Decreto Presidencial nº 68.481 (6 de abril de 1971) assinado
pelo então Presidente da República, Emílio G. Médici, passando a pertencer à União.
Restaurado, é administrado pela Prefeitura Municipal de Paraty, que abriga o Museu de
Artes e Tradições Populares, conservando alguns canhões.

q) Fortaleza de Santa Cruz da Barra, Fortaleza de Santa Cruz (RJ)

A ocupação do local da atual fortaleza, no lado direito da barra da Baía da Guanabara,


remonta a 1555 quando o francês Villegaignon ali instala duas peças de artilharia em
uma pequena bateria de faxina, para defesa da "França Antártica".

Após a campanha portuguesa de 1567, essa posição é ocupada e melhorada no


Governo Geral de Mem de Sá (1558-1572), e do mesmo modo por seu sobrinho,
Salvador Correia de Sá, quando no Governo do Rio de Janeiro (1568-1572), que a
denomina Bateria de Nossa Senhora da Guia. É nessa função que impede a entrada na
Baía da Guanabara ao corsário holandês Oliver Van North (fevereiro de 1599) cujas
naus afugenta com os tiros de seus canhões, que se elevam a 20 peças em 1612.

Com a construção do Forte de Santa Cruz (Forte da Cruz), que existiu no Rio de
Janeiro entre 1605 e 1632, a Fortaleza passa a ser denominada de Fortaleza de Santa
Cruz da Barra. As suas defesas são reforçadas no final do século XVII.

Conta com 135 peças em 1730 e mais 24 na Bateria da Praia de Fora (ou da Praia
da Vargem), que batiam a costa atlântica e se lhe subordinavam. Por ordem do Vice-
163

rei Antônio Álvares da Cunha (1763-1767) - o seu poder de fogo é ampliado, visando
proteger o embarque do ouro e diamantes de Minas Gerais no porto do Rio de Janeiro.
Novos acréscimos são introduzidos em 1793, conforme planta no Arquivo do Exército.

Após a Independência, durante as repetidas crises das Regências, o seu armamento é


reduzido à metade por razões econômicas. No Segundo Império, com a Questão
Christie (1862-1865), as suas defesas são reforçadas: inicia-se a construção de
casamatas (1863-1870), e recebe armamento estriado (1871), concluindo-se a
modernização da praça em 1877. Após a Proclamação da República, durante a Revolta
da Armada (1893), disparou contra a Esquadra amotinada e contra o Forte de
Villegaignon (Figura 30).

Figura 30 – Fortaleza de Santa Cruz, Niterói (RJ)


Fonte: Niterói [1996].

Passa a ser guarnecida pelo 1º Grupo de Artilharia de Posição (1910), sucedido pelo 1º
Grupo de Artilharia da Costa (1917).
164

Personagem e palco de momentos importantes da História do Brasil, durante a Revolta


Tenentista (1922) dispara contra o Forte de Copacabana, amotinado. Em 1924, atinge o
Encouraçado São Paulo com 33 tiros, sendo o seu último tiro em 1955 em advertência
contra o Cruzador Tamandaré. Foi utilizada como presídio de segurança máxima.

De propriedade do Ministério do Exército, a Fortaleza de Santa Cruz e todo o conjunto


de edificações situadas após o portão contíguo ao canal, foram tombadas pelo
Patrimônio Histórico Nacional em 1939. Pólo turístico de Niterói, administrado pelo
Exército.

r) Fortaleza de São João (RJ)

Também chamada de Fortaleza de São João da Barra do Rio de Janeiro. O sopé do


Morro Cara de Cão é ocupado pelo Governador do Rio de Janeiro Estácio de Sá (1565-
1567), que aí funda a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro (1565), no contexto
da luta para a expulsão dos franceses da Baía da Guanabara.

O Reduto original em faxina e taipa (uma dupla estacada de madeira preenchida com terra
socada) foi erguido defendendo o lado de terra contra os assaltos indígenas, sob a
invocação de São Martinho (1565). Essa defesa foi reforçada no governo de Salvador
Correia de Sá com a adição da Bateria ou Reduto de São Teodósio (1572), sobre a Ponta de
mesmo nome, batendo a entrada da Baía da Guanabara, cruzando fogos com as primitivas
baterias que darão origem ao Forte da Laje e a Fortaleza de Santa Cruz. No segundo
governo de Salvador Correia de Sá foi levantado o Reduto de São José (1578). Com a
conclusão do Reduto de São Diogo (1618), o conjunto entra em serviço oficialmente, com o
nome Fortaleza de São João da Barra do Rio de Janeiro, cruzando fogos com a Fortaleza de
Santa Cruz da Barra e com o Forte da Laje. Contava com 30 peças de artilharia de diversos
calibres, que conservava a época do Governador do Rio de Janeiro Duarte Correia Vasques.

Suas defesas são reforçadas pelo Governador Sebastião de Castro Caldas, que
reaparelhou as fortificações do Rio de Janeiro por temer represálias das suas
instruções às autoridades da Ilha Grande, Ilha de São Sebastião e Vila dos Santos,
negando acolhida a navios franceses na costa ao Sul do Rio de Janeiro. Desse
165

modo, repele com sucesso, com o apoio da Fortaleza de Santa Cruz da Barra, a
esquadra do corsário francês Jean-François Duclerc (1710). Desguarnecida após esse
sucesso, por ordem do Governador Francisco Castro Morais (1710-1711), pouco pode
fazer ante a invasão do corsário francês René Duguay-Trouin (1711). Uma planta da
Fortaleza de São João e das baterias que defendem a barra, datada de 1794, no
Arquivo do Exército, mostra a Fortaleza de São João, a Bateria de São Tadeu e a de
São José, além de assinalar os vestígios de uma tenalha construída em 1777, que
fechava a chamada Praia Brava de São João.

A Figura 31, a seguir, mostra Fortaleza de São João, Rio de Janeiro (RJ), ao fundo com
o Forte de São José à direita, e a Fortaleza de Santa Cruz no lado oposto; tudo visto do
Forte São Luís, em Niterói.

Figura 31 – Fortaleza de São João, Rio de Janeiro (RJ), ao fundo


Fonte: Niterói [1996].
166

À época da independência (1822), seu armamento reduziu-se a 7 peças, estando


guarnecida apenas por alguns soldados. Mais tarde, o Regente Feijó artilhou-a com 55
peças, guarnecendo-a adequadamente (1838).

Ali foi iniciada a instalação da Escola Militar, com o nome de Escola de Aplicação do
Exército (1855), até ser decidida a edificação na Praia Vermelha de um prédio
específico para este fim (1857).

Com a Questão Christie29 (1862-1865), D. Pedro II (1841-1889) ordena a reconstrução


do antigo Reduto de São José, dando lugar a um Paiol de Munição e uma galeria com
17 casamatas, protegidas por muralhas de 1,40m de espessura, equipadas com 15
canhões Whitworth (75mm), além de um obuseiro anticarga (1862-1872). É considerada
como fortificação de 1ª Classe (1863), recebendo às vésperas da República o Corpo de
Aprendizes Artilheiros.

Atirou contra os Cruzadores Aquidabã e Javari durante a Revolta da Armada (1893),


tendo o canhão “Vovô” sido manejado na ocasião por cadetes da Escola Militar da Praia
Vermelha.

É guarnecida a partir de 1920 por vários Grupos de Artilharia até janeiro de 1991,
quando é extinto o 2º Grupo de Artilharia da Costa e criado o Centro de Capacitação
Física do Exército.

Abriga atualmente também, a Escola de Educação Física do Exército, o Instituto de


Pesquisas de Capacitação Física e a Escola Superior de Guerra. O Portão Histórico da
Fortaleza encontra-se tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1938.

s) Forte Barão do Rio Branco ou Forte São Luís (RJ)

Também chamado de Bateria da Praia de Fora, Forte do Rio Branco, Forte do Pico.

A fortificação do Pico remonta a 1567, com o estabelecimento de um posto de


observação no alto do Morro do Pico, padrasto da Bateria de Nossa Senhora da Guia.

29
Questão Christie: navios ingleses bombardeiam o Rio de Janeiro em represália à detenção de dois
marinheiros britânicos.
167

Sob o governo do Vice-rei D. Luís de Almeida Portugal (1769-1779), essa posição será
transformada em bateria quando da construção do Forte de São Luis, a quem se
subordinará.

Em 1913, o Marechal Hermes da Fonseca promove a modernização desta bateria,


construindo nessa parte mais elevada uma nova estrutura escavada parcialmente na
própria rocha, artilhando-a com quatro obuseiros de 280mm, em casamatas.
Inaugurada em 1918, os seus canhões abrem fogo contra os revoltosos do Forte de
Copacabana (1922) e contra o Presidente Washington Luís (1926-1930), apoiando os
revolucionários de Getúlio Vargas (1930).

O conjunto tem acesso pelo Forte Barão do Rio Branco, sucessor da primitiva Bateria
da Praia de Fora (ou da Praia da Vargem), que em 1711 contava com seis peças,
elevadas para vinte e quatro em 1730 (Figura 32).

Figura 32 – Forte Barão do Rio Branco, Niterói (RJ)


Fonte: Niterói [1996].

O Forte de São Luís, remonta a uma fortificação iniciada em 1769-1770, por ordem do
Vice-rei D. Luís de Almeida Portugal (1769-1779). Concluída em 1775, visava defender
o acesso ao Morro do Pico, e o seu comando teve curta existência.
168

Com a Questão Christie (1862-1865), tem a sua estrutura remodelada a partir de 1863,
com a construção de novos quartéis, e Casa de Comando.

Em 1938 o conjunto recebe a designação atual de Forte Barão do Rio Branco Desse
conjunto tem-se uma vista extraordinária do Rio de Janeiro, Niterói, e da Baía de
Guanabara, destacando-se as muralhas, merlões e guaritas bem como o portão de
entrada, remontando ao século XVII, o portão de acesso à Praia de Fora bem como as
ruínas da Casa de Comando e dos Quartéis remontando ao século XIX, consolidadas
por trabalho de limpeza e restauração, e coroando o conjunto a estrutura do Forte de
São Luís, com seus obuseiros, do início do século XX, em harmoniosa convivência.

t) Forte da Laje, Forte Tamandaré (RJ)

Ilha rochosa à entrada da barra da Baía da Guanabara, fortificada por Nicholas Durand
de Villegaignon que ali faz instalar uma pequena bateria denominada “Ratier” (1555),
artilhada com duas peças. A posição logo seria abandonada, devido às tempestades e
às marés que varrendo a ilha, constantemente colocavam em perigo sua guarnição e
armamento.

Por sua posição estratégica, o Governador do Rio de Janeiro Salvador Correia de Sá


(1568-1572) ali erige nova fortificação. Foi reconstruída a partir de 1644 no governo de
Francisco de Souto Maior (1644-1645).

Em 1838 estava artilhada com 20 peças. Foi considerada fortificação de 2ª Classe em


1863, passou por reformas em 1874-1875, e conservava 21 peças em 1881. Novas
reformas são efetuadas em 1889, e recebe canhões Krupp em 1895. A partir de 1896
são iniciadas obras de modernização do forte, terminando-se em 1901 a estrutura
principal e a montagem das cúpulas de aço. Em 1903, são instaladas torres com
canhões de 240mm, 150mm e 75mm.

Obras complementares são efetuadas em 1906, 1907 e 1909. Pelo Decreto Lei nº
34.152 de 1953 o Forte da Laje passa a denominar-se Forte Tamandaré, como
homenagem do Exército à Marinha de Guerra. Esteve em serviço até 1997,
subordinado à Fortaleza de São João, quando foi desativado.
169

u) Forte da Praia Vermelha (RJ)

Erguida na Praia Vermelha anteriormente a 1710, quando repele em agosto uma coluna
de assalto do corsário francês Jean-François Duclerc provinda da Estrada do Desterro
(Santa Teresa), constituía-se num baluarte de pedra voltado para o mar com dois meio
bastiões levantado entre os morros da Babilônia e da Urca. Um muro simples fechava o
seu contorno pelo interior, onde se abrigava quartel para praças e residências para
oficiais. Estava artilhada em 1711 com 12 peças.

Reconstruída no governo do Vice-rei D. Antônio Álvares da Cunha (1763-1767), foi


ampliada no governo do Vice-rei D. Luís de Almeida Portugal (1769-1779). Desarmada,
provavelmente à época da Regência (1831), aquartelou um Depósito de Recrutas.

Recebe a Escola Militar (1857), a partir de quando é grandemente melhorado o seu


quartel. Em 1881 está artilhada com 24 peças de diferentes calibres, sendo posteriormente
desarmada. Após a Rebelião de 1904, a Escola Militar é transferida para o Realengo,
sendo o seu prédio utilizado para a Exposição Nacional de 1908, comemorativa do 1º
Centenário da Abertura dos Portos às Nações Amigas. Esse prédio abriga posteriormente
o 3º Regimento de Infantaria, personagem da Intentona Comunista (Levante de 1935).

Atualmente a sua área é ocupada pela Escola de Comando e Estado Maior do Exército,
pela Escola Técnica do Exército, o Monumento aos Heróis da Retirada da Laguna,
tendo o Exército aberto ao público, na década de 80, a pista Cláudio Coutinho. Da
antiga fortaleza atualmente restam apenas os bastiões com as guaritas vigiando o mar.

v) Forte de Nossa Senhora de Copacabana (RJ)

O projeto para a fortificação da Ponta da Igrejinha de Copacabana remonta à


transferência da capital do Brasil para o Rio de Janeiro: à época do governo do Vice-
rei D. Luís de Almeida Portugal (1769-1779) são iniciadas obras para esse fim,
jamais concluídas. Mais tarde, o rei D. João VI (1816-1826) também determinará
para ali o projeto de uma fortaleza, que só irá se materializar após a consolidação da
170

República Brasileira, quando o Marechal Hermes da Fonseca ocupa a pasta de Ministro


da Guerra no governo do Presidente Afonso Pena (1906-1909).

Situado na praia de Copacabana no Rio de Janeiro, a atual fortificação, iniciada em


1908, foi inaugurada em 1914, sendo considerada à época a mais moderna praça de
guerra da América do Sul, e um marco para a engenharia militar na época.

Construído em forma de casamata, com 12m de espessura em suas paredes externas, o Forte
contava com três canhões alemães Krupp, de 305, 190 e 75 mm alojados em cúpulas
encouraçadas e móveis, e uma bateria de projetores. Dotado de usina elétrica própria, depósitos de
víveres e munição, refeitório, cozinha, alojamentos e enfermaria, serviu como unidade de Artilharia e
foi palco de acontecimentos importantes de nossa história, como o levante dos "Dezoito do Forte"
(1922), tendo os revoltosos ali isolados sofrido o bombardeio da Fortaleza de Santa Cruz.

A partir de 1987 com a extinção das Baterias de Artilharia da Costa, é transformado em


Espaço Cultural, mantendo uma exposição permanente ao ar livre de peças de
Artilharia da Costa, e abrigando o Museu Histórico do Exército.

w) Forte de Nossa Senhora da Boa Viagem, Bateria da Boa Viagem (RJ)

Localizado numa ponta de terra dominando a Praia das Flechas em Niterói, no Estado
do Rio de Janeiro.

A informação a seu respeito é escassa: acredita-se que remonta a uma Bateria


instalada pelo Governador do Rio de Janeiro Sebastião de Castro Caldas (1695-1697).
Essa Bateria, em posição dominante sobre um rochedo, cruzava fogos com a Bateria
de São Domingos, ou de Gragoatá.

Artilhada com 10 peças de ferro e bronze de diferentes calibres e recebe seu batismo
de fogo ante a invasão do Rio de Janeiro pelo corsário francês René Duguay-Trouin
(1711). Capitula após esgotada a munição. Sofre reparos e melhorias durante o
governo do Vice-rei D. Luís de Almeida Portugal (1769-1779).

Desarmado em 1861, é rearmado, conservando 10 peças em 1885, quando é


dado como em condições de abandono. Durante a Revolta da Armada (1893) é
171

duramente bombardeado. Passou à responsabilidade do Ministério da Marinha, e dele


restam apenas vestígios atualmente.

x) Forte do Gragoatá, Bateria de São Domingos (RJ)

Também chamado de Forte do Batalhão Acadêmico. Localizado num promontório


rochoso na extremidade da antiga Praia de São Domingos em Niterói, hoje cortada pelo
progresso, onde o Gragoatá (Cravatá ou Gravatá, designação genérica popular para a
família das bromeliáceas) era a vegetação predominante, o que denominaria a posição.

Remonta a uma Bateria instalada a partir de 1696, pelo Governador do Rio de Janeiro
Sebastião de Castro Caldas (1695-1697). Essa Bateria, em posição dominante sobre um
rochedo, cruzava fogos com a Bateria da Boa Viagem e com a Bateria da Ilha de Villegaignon.

Devido à grave crise econômica atravessada pela primeira regência de Diogo Antônio
Feijó, o Decreto de 1831 manda desarmá-la. Reartilhado mais tarde, conservava oito
peças em Relatório de 1838, com uma guarnição de 70 homens.

No contexto da Questão Christie (1862-1865), a partir de 1863 procedem-se os reparos


exigidos em sua estrutura, sendo ampliado e rearmado. Data dessa época, a cartela em
mármore, no frontispício em cantaria do portão de acesso ao Forte, que informa em
latim: “Sendo Pedro II Imperador Constitucional do Brasil, foi acabada esta fortificação,
no quadragésimo ano da independência da pátria - 1863”.

Quando da proclamação da República (1889), o governo provisório do Presidente


Marechal Deodoro da Fonseca (1889-1891), reartilha e reguarnece as fortificações
brasileiras. O Forte de São Domingos de Gragoatá recebe então artilharia moderna
raiada (canhões Withworth e Krupp de 32 e 75mm).

Durante a Revolta da Armada. O Forte de Gragoatá, ocupado por estudantes em defesa do


governo, mantém fogo sobre os rebeldes, comandado pelo Tenente Edgard Francisconi
Gordilho, à frente de um batalhão de estudantes. Finda a Revolta da Armada (1894), dois
dias após, o Forte de Gragoatá é visitado pelo Presidente Marechal Floriano Peixoto, que em
homenagem muda o seu nome para Forte Batalhão Acadêmico.
172

Com as obras de modernização do Forte da Laje, iniciadas em 1896 para receber


canhões Krupp em cúpulas de aço, Gragoatá recebe o seu material bélico, que mantém
até à transferência do mesmo em 1898 para a Ilha do Boqueirão.

Desarmado no início do século XX, a comunidade local mobilizou-se para utilizar as


instalações do forte como espaço cultural e de lazer. Em 1938, viria o tombamento pelo
Patrimônio Histórico e Artístico Cultural. Por iniciativa do interventor Amaral Peixoto, o
Ministério da Guerra cede o imóvel ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, para que nele
seja abrigado o Monumento e Museu da Fundação da República, criado em 1941. O projeto
do Museu não foi concretizado em função do ingresso do Brasil na II Guerra Mundial.

Em excelente estado de conservação, são dignos de nota a vista dos merlões30 e


guaritas, os antigos canhões e morteiros ingleses do século XIX, a galeria subterrânea
dos paióis e a bateria elevada.

y) Forte Duque de Caxias, Forte do Vigia, Forte do Leme (RJ)

Localizado no alto do Morro do Vigia, atual Morro do Leme, no Rio de Janeiro, aproximadamente
a 100m do nível do mar, o atual Forte Duque de Caxias foi erguido no local do antigo Forte do
Vigia (ou do Espia), do qual conservou o portal de cantaria, no Mirante da Bandeira.

A primitiva estrutura, construída no governo do Vice-rei D. Luís de Almeida Portugal


(1769-1779) quando são ampliadas as obras de defesa do litoral, não era artilhada, e
tinha a função de mirante, prevenindo e alertando as fortificações vizinhas da
aproximação de embarcações.

Após a Independência, o Forte do Vigia, ou do Leme, como também passa a ser


conhecido à época, é artilhado com cinco peças (1823), das quais três se encontram
atualmente na entrada do Forte.

As obras do atual forte, conforme projeto de Augusto Tasso Fragoso de 1913, foram
concluídas em 1919. Ao contrário do Forte de Copacabana, o então Forte do Leme
não recebeu canhões, e sim obuses (canhões de trajetória curva), cujos tiros

30
Merlão: Intervalo dentado nas ameias de uma fortaleza.
173

transpõem as elevadas barreiras constituídas pelos morros da Urca e do Pão de


Açúcar. A partir de 1918, finda a primeira Guerra Mundial, com o auxílio de técnicos
alemães, quatro obuseiros giratórios Krupp de 280 mm (alcance efetivo de 12.000m),
são finalmente instalados em dois poços escavados na rocha, protegidos por
casamatas de concreto.

Em 1922, o Forte do Leme foi atingido por dois tiros de canhão de 305mm, disparados
pelo Forte de Copacabana, quando este último se revoltou. Um dos tiros atingiu o
refeitório dos oficiais, matando quatro praças e ferindo outros quatro. Dois anos mais
tarde, o Forte do Leme dispara contra o Cruzador São Paulo, que, amotinado, tentava
atingir mar alto pela barra da Baia da Guanabara.

Em 1930, participará da interceptação do navio alemão "Baden", que abandona o porto do Rio
de Janeiro sem permissão. Pelo Decreto 305 de 22 de agosto de 1935 recebe de Getúlio
Vargas o nome de Forte Duque de Caxias. Desativado em 1965, abriga hoje o Centro de
Estudos de Pessoal do Exército, tendo seus obuseiros recebido tubos de redução de 105mm.

z) Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição, ou da Conceição (RJ)

Erguida no alto do Morro da Conceição, no local onde o corsário francês René Duguay-
Trouin postara uma Bateria (1711). Suas obras iniciam-se no mesmo ano, sendo
complementadas em 1733.

Ao tempo das Regências é desarmada (1831). Em 1838 está artilhada com 14 peças e
guarnecida por um contingente de 196 praças. Em 1885 abriga oficinas da Fábrica de
Armas, subordinadas ao Arsenal de Guerra. À época da República Velha serviu de prisão.

De propriedade do Ministério do Exército, foi tombada como Patrimônio Histórico e


Artístico Nacional desde 1938. Atualmente abriga a 5ª Divisão de Levantamento do
Serviço Geográfico do Exército, cuja Biblioteca Histórica é aberta ao público.

aa) Fortaleza de São Francisco Xavier de Villegaignon (RJ)

Na mesma ilha em que os franceses de Nicholas Durand de Villegaignon haviam


erigido o Forte Coligny (1555), arrasado pelos portugueses na campanha de 1567,
174

num mapa de 1586, figura o Forte de Vilagalhão, posição defensiva erguida


provavelmente sobre os alicerces da anterior, francesa. Essa estrutura foi reformada em
1695. Sob o fogo da artilharia dos navios do corsário René Duguay-Trouin (1711),
atingido o seu paiol, a explosão resultante destrói a estrutura, que estava à época
artilhada com 20 peças de diferentes calibres.

Uma nova fortificação, de maiores dimensões, é iniciada em 1761 sob a invocação de


São Francisco Xavier. Para comportá-la, foi demolido o Morro das Palmeiras. Novas
obras são propostas para o Forte pelo Brigadeiro Engenheiro Jacques Funck, em 1767.

Contava em 1838 com 34 peças de diferentes calibres. É passada para o Ministério da


Marinha (1863), sendo guarnecida pelo Corpo de Marinheiros Imperiais (1880), quando
sua artilharia era composta de 54 peças. Reformada em 1883, no ano seguinte passa
para o Ministério da Guerra, voltando a se subordinar ao Ministério da Marinha (1885),
que nela aquartelará mais tarde o Corpo de Marinheiros Nacionais. Atualmente abriga a
Escola Naval, erguida sobre os alicerces da antiga fortaleza.

ab) Fortaleza de São José da Ilha das Cobras, Forte Margarida (RJ)

Localizada no interior da Baia da Guanabara, na Ilha de Paranapecu ou Ilha das


Madeiras, que pertenceu aos monges beneditinos, atual Ilha das Cobras.

A primeira estrutura defensiva no local remonta a 1624, por iniciativa do Governador do


Rio de Janeiro Martim de Sá (1623-1632), sob a invocação de Santa Margarida, em
posição dominante. A partir de 1639, o Governador Salvador Correia de Sá e
Benevides (1637-1642) inicia-lhe uma segunda estrutura, sob a invocação de Santo
Antônio, destinada à defesa da parte baixa da Ilha, na direção da barra da baía.
Finalmente, em 1703, no governo de D. Álvaro da Silveira e Albuquerque (1702-1704),
inicia-se uma terceira estrutura, de faxina, ao longo da praia, fechando-lhe a defesa.

Sob o governo de Gomes Freire de Andrade (1733-1763), o Brigadeiro José da


Silva Paes traça novos planos para a modernização da defesa da Ilha (1735), cujos
trabalhos se desenvolverão a partir de 1738. Concluída em 1763, é batizada como
175

Fortaleza de São José, orago31 da capela ali existente. Na Ilha das Cobras foram
recolhidos os inconfidentes (1789).

A fortaleza foi remodelada com a Questão Christie (1862-1865), estando artilhada com
34 canhões (1880), e subordinando-se ao Ministério da Guerra (1894-1895). Durante a
Questão Eclesiástica, os bispos D. Macedo Costa e D. Vital de Oliveira aí foram
detidos, apenas libertados quando o Duque de Caxias exigiu o perdão imperial dos
mesmos como condição para aceitar o Cargo de Presidente do Conselho de Ministros.

Posteriormente desarmada, suas instalações foram absorvidas pelo Arsenal da


Marinha. A Capela da antiga fortaleza hoje anexa ao Hospital Central da Armada
encontra-se tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1952,
destacando-se o seu frontispício em Pedra de Lioz, e a portada em granito da Fortaleza
também tombados desde 1955.

ac) Fortaleza de São Sebastião, Forte do Castelo (RJ)

Localizada em posição dominante no antigo Morro do Descanso, também conhecido


como Morro de São Januário, Alto da Sé, Alto de São Sebastião, ou simplesmente
Morro do Castelo, hoje desaparecido, no Rio de Janeiro.

Sua construção remonta à transferência da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro,


do sopé do Morro Cara de Cão para o alto do Morro do Descanso (1567). O
Governador Mem de Sá faz construir uma muralha para a defesa do núcleo urbano, e
um Reduto sob a invocação de São Januário, dominando o ancoradouro dos Padres da
Companhia de Jesus, no Largo do Paço, atual Praça XV de Novembro.

Essas estruturas primitivas em taipa serão reforçadas ao tempo do governo de Cristóvão de


Barros (1573-1575), dando ao Morro do Descanso a denominação popular de Morro do
Castelo, só sendo concluídas ao tempo do primeiro governo de Martim de Sá (1602-1608).

Durante o segundo governo de Duarte Correia Vasques (1645-1648), é levantada


uma cortina, ligando a Fortaleza de São Sebastião à Bateria de São Tiago, na Ponta

31
Orago: o santo da invocação que dá o nome a uma capela ou templo.
176

de São Tiago, depois Calabouço. Nessa cortina é que serão abertas as Portas da
Cidade, na altura da Rua da Misericórdia.

Sob o governo do Vice-rei D. Luís de Almeida Portugal (1769-1779), a fortificação é


melhorada e ampliada. Desarmada provavelmente ao tempo da Regência em 1831, a
partir de 1895 abriga uma Estação Semafórica, destinada à sinalização, por
bandeirolas, do movimento de embarcações na Baía da Guanabara.

Esta fortificação na forma de um polígono retangular com dois baluartes nos vértices
protegendo o portão de acesso, um pequeno revelim externo defronte desse portão e outro, de
maiores proporções cobrindo a vertente da Praia do Cotovelo (final da Rua da Misericórdia),
desaparece com o desmonte do Morro do Castelo (1920-1922), obra promovida pelo Prefeito
Carlos Sampaio para dar lugar aos pavilhões da Exposição Internacional, que comemorou no
Rio de Janeiro, o Centenário da Proclamação da Independência.

ad) Forte de São Tiago da Misericórdia (RJ)

Também chamado de Forte do Pontal de Santiago, Forte do Calabouço. Localizava-se


no Pontal de São Tiago (depois Calabouço) aos pés do Morro do Descanso (depois
Castelo), mesmo local onde o Governador do Rio de Janeiro Martim de Sá (1602-1608)
havia erguido uma Bateria (1603), com a finalidade de defender a Praia de Santa Luzia
(atual Rua de Santa Luzia, onde se situa a Santa Casa de Misericórdia).

Em 1885 estava artilhado com sete peças, sendo abandonado posteriormente. À época
do desmonte do Morro do Castelo para as comemorações do Centenário (1922), o
conjunto ao qual o Forte pertencia dá lugar ao Palácio das Grandes Indústrias na
Exposição Internacional, sendo os últimos remanescentes de suas muralhas demolidos
em 1939. Um pequeno trecho dessa muralha foi conservado na restauração do edifício
da Casa do Trem, atual Museu Histórico Nacional.

ae) Reduto de São Januário, Forte de São Januário (RJ)

Localizado na vertente de São Januário, ao Sul do Morro do Descanso, depois Castelo,


atualmente inexistente.
177

Erguido em 1710-1711 para complemento da defesa da Fortaleza de São Sebastião


(Fortaleza do Castelo), batendo a Praia de Santa Luzia, artilhado com 11 peças de ferro
e bronze de diferentes calibres.

Durante o governo do Vice-rei D. Luís de Almeida Portugal (1769-1779), as suas


defesas recebem obras de ampliação. Desarmado à época da Regência (1831),seus
vestígios desapareceram com as obras de desmonte do Morro do Castelo (1922).

af) Forte do Morro de São Bento (RJ)

Em 1711, os monges beneditinos construíram um forte no Morro de São Bento, cujo comandante,
na época, foi Gaspar de Ataíde. Esse forte foi bombardeado pelos franceses de Duguay-Trouin a
partir de sua posição na Ilha das Cobras, projetís que os frades ainda em 1958, conservavam.

ag) Fortim de Sernambetiba e Baterias do Pontal ou do Frontal (RJ)

Localizadas na atual Praia dos Bandeirantes foram construídas durante o governo do


Vice-rei Marquês do Lavradio, em 1775, próximo do Portal de Sernambetiba, na praia
do mesmo nome, hoje conhecida como Praia dos Bandeirantes. Tinha como finalidade
à vigilância e defesa das praias vizinhas do rochedo a que se chamava Pontal e
Sernambetiba. Hoje, nada subsiste dessas fortificações.

ah) Forte da Cruz (RJ)

Localizava-se onde se encontra hoje, a Igreja de Santa cruz dos Militares, na Rua 1º de Março. No
governo de Martin Correia de Sá, em 1632 foi considerado obsoleto e nada mais resta atualmente.

ai) Bateria da Foz do Itaguaí (RJ)

Foram construídas duas baterias em 1818, junto à foz do rio Itaguaí. Artilhadas na
época com quatro peças. Hoje nada mais resta.

aj) Forte da Ilha das Bexigas (RJ)

Construído em 1820, próximo à Parati, na Ilha das Bexigas. Foi ampliado em 1822 e
desarmado durante o Governo da Regência. Hoje nada mais resta.
178

aj) Forte da Ponta Grossa (RJ)

Construído na Ilha de Parati, em 1820. Foi melhorado em 1822 e desarmado


posteriormente desarmado. Atualmente nada mais subsiste dessa fortificação.

ak) Forte de Iticopé (RJ)

Construído na Ilha de Parati, em 1820. Foi melhorado em 1822 e armado com duas
peças. Durante o Governo Regencial foi desarmado. Atualmente nada mais resta.

al) Bateria da Praia do Góes (SP)

Localiza-se na Ilha de Santo Amaro, a Sudeste sobre Praia do Góes, dominando a


Barra Grande, canal de acesso ao Porto da Vila dos Santos, atual cidade, no litoral do
Estado de São Paulo.

O Governador da Capitania de São Paulo, Capitão General D. Luiz Antônio de Souza


Botelho Mourão, conhecido como Morgado Mateus32, o restaurador da Capitania de
São Paulo, deu ordem de erguer essa fortificação, com a função de apoio à defesa da

32
Morgado de Mateus: segundo Santos (1998), na implementação desse plano de restauração da antiga
Capitania de São Paulo, Morgado de Mateus valeu-se da rede de estradas bandeiristas e articulou
sobre elas e com as bacias hidrográficas, fundações de freguesias e elevações a vilas das seguintes
localidades e cidades atuais: Campinas (SP), Piracicaba (SP), Atibaia, Botucatu (SP), Guararema (SP),
São José dos Campos (SP), Caraguatatuba (SP), Paraibuna (SP), São Luís do Paraitinga (SP),
Sabaúna (SP), Guaratuba (SP), Araripa (SP) (Cananéia), Apiaí (SP), Itapeva (SP), Itapetininga (SP),
Lages (SC), Lapa (PR), Castro (PR) e Iguatemi (MS).
Morgado de Mateus montou e instalou 19 localidades e cidades a partir do desenho estratégico onde
cada uma delas era uma peça geopoliticamente articulada com as demais.
Um exemplo dessa articulação foi a cidade de Campinas, pela importância nacional que essa cidade
adquiriu, constituindo-se como exemplo da política pombalina, através da ação de Morgado de Mateus,
particularmente na grandeza de sua obra de planejamento de ocupação rural e urbana.
Um fato interessante, dentro desse plano de restauração da antiga Capitania de São Paulo, está
relacionado entre a fundação da cidade de Campinas e o sítio militar histórico da Fortaleza do Iguatemi
(MS). É que as duas vilas tinham a mesma dimensão: duas quadras de 60 ou 80 varas cada uma (vara
= antiga unidade de medida de comprimento, equivalente a cinco palmos, ou seja, 1,10 m), e as ruas
60 palmos de largura.
Esse fato denota no século XVIII, a influência do urbanismo iluminista francês, não só em Portugal, à
época da reconstrução de Lisboa por Pombal, mas, também, no Brasil, através da administração
planejada de Morgado de Mateus.
Do ponto de vista brasileiro, foi essencial a ação de Morgado de Mateus, incidindo exatamente sobre a
Região Centro-Sul do Brasil, mote do desenvolvimento da nação brasileira.
179

Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande. Sua construção foi dirigida pelo Capitão
Fernando Leite, Comandante daquela fortaleza (1766-1768).

A concepção dessa fortificação e de várias outras no litoral paulista, origina-se na


inteligência geopolítica do plano geral de restauração da antiga Capitania de São Paulo
(ver 4º § página 152), citado na apresentação do Forte de Nossa Senhora dos Prazeres do
Iguatemi (MS), mais particularmente no primeiro ponto básico, a defesa da costa atlântica.

A Bateria da Praia do Góes constitui-se de uma cortina de três faces com dois ângulos, parapeitos
e guaritas, originalmente artilhada com 18 peças de ferro e bronze de diversos calibres.

Em 1801 encontrava-se em ruínas, conservando apenas oito peças. Desarmada em


1877, atualmente encontra-se tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
integrando o conjunto arquitetônico da Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande.

am) Bateria de Santa Cruz, Forte de Santa Cruz (SP)

Localizado na Ilha de São Sebastião, no litoral Norte do Estado de São Paulo. Erguido
em 1820, pelo Governador Militar de São Paulo, Major Maximiliano Augusto Penido, foi
artilhado com duas peças de diferentes calibres, cruzando fogos com a Bateria de Vila
Bela. Nada mais resta dessa estrutura atualmente.

an) Bateria de Sepetuba, Forte de Sepetuba (SP)

Localizado ao Norte da Ilha de São Sebastião, no litoral Norte do Estado de São Paulo. Erguido
em 1820 pelo Governador Militar de São Paulo, o Major Maximiliano Augusto Penido foi artilhado
com três peças de diferentes calibres. Nada mais resta dessa estrutura atualmente.

ao) Bateria de Vila Bela, Forte de Vila Bela (SP)

Localizado numa ilhota no Canal da Ilha de São Sebastião, no litoral Norte do Estado
de São Paulo. Erguido em 1820 pelo Governador Militar de São Paulo, Major
Maximiliano Augusto Penido foi artilhado com nove peças de diferentes calibres,
cruzando fogos com a Bateria de Santa Cruz. Nada mais resta dessa estrutura
atualmente.
180

ap) Bateria do Rabo Azêdo, Forte do Rabo Azêdo (SP)

Localizado ao Norte da Ilha de São Sebastião, no litoral Norte do Estado de São Paulo.
Erguido em 1820 pelo Governador Militar de São Paulo, Major Maximiliano Augusto
Penido, foi artilhado com quatro peças de diferentes calibres. Nada mais resta dessa
estrutura atualmente.

aq) Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande (SP)

Também conhecida como Fortaleza da Praia Grande. Localiza-se em posição


dominante, a Sudeste na Ilha de Santo Amaro, entre a Praia do Góes e a Praia de
Santa Cruz dos Navegantes, dominando a Barra Grande, canal de acesso ao Porto da
Vila dos Santos, atual cidade de Santos, no Estado de São Paulo.

Erguida a partir de 1584, após o ataque do corsário inglês Edward Fenton (1583). Rechaçado
por Andrés Higino, sob o comando do Almirante espanhol Diogo Flores Valdez, sua planta
original é atribuída ao italiano Giovanni Batista Antonelli, integrante da armada de Valdez.

Em 1717, o Governador de Santos designa Luiz Antônio de Sá Queiroga para adicionar


à Fortaleza parapeitos, reduto, cortina, casa de pólvora e outras obras. Durante o
governo do Vice-rei Vasco Fernandes César de Menezes (1720-1735), é terminada a
muralha (1721), sendo a praça finalmente artilhada com 22 peças (1723-1725).

Novas reformas serão efetuadas em 1731-1732, e em 1765, esta última sendo


Governador da Capitania de São Paulo o Capitão General D. Luiz Antônio de Souza
Mourão, que mandou reparar e ampliá-lo devido ao seu estado precário.

Cruzando fogos com o Forte da Estacada, para complemento desse sistema defensivo,
manda edificar a Bateria da Praia do Góis, que serve como posto avançado à Fortaleza
de Santo Amaro.

Ao longo da sua história, suas instalações foram utilizadas como presídio político.
Durante a Revolta da Armada (1893), a Fortaleza disparou contra o Cruzador
República. Em 1889, passou à jurisdição do Ministério da Marinha, tendo sido
desarmada em 1905.
181

Foi desativada em 1911 e parte do seu armamento foi transferido para o Forte de Itaipu
em Praia Grande. Convertida em sede do Círculo Militar de Santos (1960), o imóvel de
propriedade da União foi tombado em 1967, passando aos cuidados do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Figura 33).

Figura 33 – Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, Santos (SP)


Fonte: Arquivo Histórico do Exército (2002).

Finalmente, em 1993, foi assinado um Protocolo de Intenções entre o IPHAN, a


Prefeitura Municipal de Guarujá e a Universidade Católica de Santos, visando à
restauração do conjunto.

ar) Fortaleza de Vera Cruz de Itapema (SP)

Construída na Ponta da Ilha de Santo Amaro, em frente a Santos, em 1620. Foi


reconstruída e dotada de artilharia de grande calibre. Em 1770, seu armamento
constituía-se de oito peças. Em 1905, passou à disposição da Alfândega de Santos.
182

O Forte foi edificado sobre a única rocha do lado esquerdo do estuário, dentro de
extensas áreas de várzeas, que hoje é o Distrito de Vicente de Carvalho (Figura 34).

Figura 34 – Fortaleza de Vera Cruz de Itapema (SP)


Fonte: Souza (2003).

O Forte foi levantado em cima das rochas, com blocos grandes de pedras unidas por
óleo de baleia, com o intuito de defender a margem oriental do estuário; de sua muralha
avista-se toda a Vila de Santos, protegendo-a dos invasores.

as) Forte Augusto, Forte da Estacada (SP)

Localizado sobre a Praia do Embaré, ao sul da cidade de Santos na Ilha de São


Vicente, próximo ao atual Instituto de Pesca, no Estado de São Paulo.

Também conhecido como Forte da Estacada por se tratar de uma estacada de madeira
e terra apiloada.

Foi levantado a partir de 1734 por João de Castro Oliveira, cruzando fogos com a Fortaleza
de Santo Amaro da Barra Grande e mais tarde com a Bateria da Praia do Góis.

Em 1770, bastante deteriorado pelo tempo e pelo mar, foi reformado ganhando
estrutura de forma tenalhada com dois flancos em ângulo definido reentrante para o
183

lado de terra, numa extensão de cerca de 40 metros. Estava artilhado à época com
nove canhões.

Em 1837 passou para o Ministério da Marinha. Durante a Revolta da Armada (1893),


suas baterias disparam contra os cruzadores República e Palas.

at) Forte das Canas (SP)

Localizado a Noroeste da Ilha de São Sebastião, no litoral Norte do Estado de São


Paulo. Erguido a partir de 1800, foi abandonado sem estar concluído. Nada mais resta
dessa estrutura atualmente.

au) Forte de Santos, Forte de Nossa Senhora do Monte Serrat (SP)

Localizado junto à Vila dos Santos, atual cidade de Santos na Ilha de São Vicente, no
litoral do Estado de São Paulo.

Também conhecido com Forte de Nossa Senhora do Monte Serrat, foi erguido em 1543
por Brás Cubas para defesa ante as incursões dos índios Tamoios.

Por ordem do Governador de São Paulo, Brigadeiro D. Luís Antônio de Souza Botelho e
Mourão, Morgado de Mateus é reconstruído e ampliado a partir de 1770, com cinco peças
de ferro e quatro de bronze de diversos calibres, em baterias casamatas.Suas ruínas são
demolidas para dar lugar às obras de melhoramento do Porto de Santos, em 1905.

av) Forte de São Felipe da Bertioga (SP)

Também chamado de Fortaleza de São Luiz da Armação. Localizado na Ponta da


Baleia, a Nordeste da Ilha de Santo Amaro, no litoral do Estado de São Paulo.

Remonta a 1552, no local onde existia uma paliçada para defesa dos ataques
indígenas. Erguida ou restaurada pelo fidalgo português Jorge Ferreira, que
acompanhou Estácio de Sá na campanha do Rio de Janeiro (1565-1567), participando
da fundação da cidade (1567), e mais tarde de combates aos franceses no litoral de
Cabo Frio, onde se radicou com a família e escravos.
184

Também conhecida como Fortaleza de São Luiz da Armação, a estrutura atual é


erguida a partir de 1765 sob a invocação de São Felipe, por ordem do Governador da
Capitania de São Paulo, Capitão General D. Luiz Antônio de Souza Mourão, para
defesa da barra do Canal de Bertioga apoiada pelo Forte de São João da Bertioga, com
quem cruza fogos (Figura 35).

Figura 35 – Forte de São Felipe da Bertioga (SP)


Fonte: Guia de pontos turísticos (2002).

Em 1798 é reconstruído e artilhado com seis peças. As ruínas de suas muralhas e do


antigo depósito de Óleo de Baleia estão tombadas pelo Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional desde 1965. O imóvel é de propriedade da União, estando sob a
administração da Fundação Pró-Memória, sem utilização atualmente.

aw) Forte de São João da Bertioga, Forte de São Tiago da Bertioga (SP)

Localizado no extremo Sul da Praia de Bertioga, na Ilha de Santo Amaro, dominando a


barra desse canal de acesso ao porto da Vila dos Santos, via de ataque dos Tamoios
em canoas, oriundos de Ubatuba ("Iperoig") e de São Sebastião.

Remonta a uma paliçada que Martim Afonso de Souza manda erigir sob a invocação
de São Tiago (1532). Essa fortificação sustenta e repele um ataque dos índios
Tamoios apoiado por 70 canoas e mais de um milhar de flecheiros (1547), ante os
185

quais veio a cair em 1554, sendo incendiada e aprisionado o alemão Hans Staden, que
aí servia como artilheiro.

Cativo de Cunhambebe por sete meses, Staden convence os Tamoio de que é francês,
e escapa de ser devorado. Retornando a seu país (1555), publica dois anos mais tarde
a "Descrição Verdadeira de um País de Selvagens Nus, Ferozes e Canibais, Situado no
Novo Mundo América", que se torna um sucesso literário da época.

A posição destruída será recuperada pelos portugueses, que a ampliam e reforçam


(1558). Iniciada sua reconstrução, no final do século XVII, em alvenaria, de pedra e cal,
foi concluída em 1710.

Seu desenho era no formato de um polígono retangular com guaritas nos vértices, e a
partir de 1765, cruzando fogos com o Forte de São Felipe da Bertioga recebe a atual
denominação: São João da Bertioga.

Em 1847 o seu armamento estava reduzido a seis peças, tendo sido posteriormente
desarmada. Em 1908 o conjunto passou para o Ministério da Industria e Comércio,
tendo sido restaurado como Monumento Histórico (1920), e tombado como Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional em 1940 (Figura 36).

Figura 36 - Forte de São João da Bertioga, Forte de São Tiago da Bertioga (SP)
Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 107).
186

De propriedade da União, o imóvel é administrado pelo Instituto Histórico e Geográfico


de Guarujá-Bertioga, que ali mantém o Museu Histórico João Ramalho.

4.2.4.2 Fortificações marginais

Segundo o critério de Stella (1999), não foram encontrados registros de fortificações


marginais na atual Região Sudeste.

4.2.4.3 Fortificações mistas

Segundo o critério de Stella (1999), não foram encontrados registros de fortificações


mistas na atual Região Sudeste.

4.2.5 Na Região Sul

De acordo com a divisão feita pelo IBGE, a Região Sul é formada pelos Estados do
Paraná (PR), Rio Grande do Sul (RS) e Santa Catarina (SC) (Mapa 13).

Ilh a d e
S ta. C a ta rin a

T - 10

Mapa 13 – Principais fortificações portuguesas na Região Sul e no Estado de SP


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 77).

Serão apresentadas, a seguir, algumas características das principais fortificações, de


cada Estado, quando for o caso, de acordo com a sua posição geográfica.
187

4.2.5.1 Fortificações costeiras

Segundo o critério de Stella (1999), não foram encontrados registros de fortificações


costeiras na atual Região Sul.

4.2.5.2 Fortificações marginais

Segundo o critério de Stella (1999), não foram encontrados registros de fortificações


marginais na atual Região Sul.

4.2.5.3 Fortificações mistas

Ao todo estão listadas vinte e sete fortificações mistas na Região Sul.

a) Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres de Paranaguá (PR)

Também chamada de Fortaleza de Paranaguá, Fortaleza da Barra, Fortaleza da Ilha do


Mel. Localizada no sopé do Morro da Baleia, na Ilha do Mel, dominando o canal de
entrada da Baía de Paranaguá, destinava-se à defesa estratégica da Vila de Paranaguá
contra possíveis ataques espanhóis, garantindo a segurança do porto, 15 milhas
adiante, onde era embarcado o ouro, a madeira e, mais tarde, a erva-mate, extraídos
da Região.

Erigida de 1767 a 1769 pelo Tenente-Coronel Afonso Botelho, conforme ordens


recebidas do Marquês de Pombal pelo então governador da Capitania de São Paulo,
Capitão-General D. Luiz Antônio de Souza, a Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres
de Paranaguá insere-se no grupo das fortificações orgânicas, desenhada que foi
adaptando-se às condições topográficas do terreno. No sopé de um morro, sua estrutura
desenvolve-se em cinco lances de muralhas de alvenaria de pedra com 10 metros de
altura, material extraído do próprio local, configurando a praça de guerra. Os espaços
abobadados sobre o terrapleno foram utilizados como casa de guarnição e prisão, tendo
sido levantados os quartéis da tropa ao abrigo da cortina interna da muralha.

O tratamento nobre em cantaria do conjunto da portada a Leste, encimado por


uma grande concha esculpida em um único bloco de pedra, revela a preocupação
188

estética dos construtores. Um grupo de toscas carantonhas e uma placa epigráfica


completam a composição do conjunto, e seu afastamento do alinhamento das
muralhas, imposto por questões de ordem militar à defesa dos flancos, confere especial
destaque a esta fortificação (Figura 37).

Figura 37 – Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres de Paranaguá (PR)


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 115).

Originalmente artilhada com duas peças de calibre 24, duas de 18 e duas de 12, é
mandada desarmar em 1800. Durante o primeiro Império (1822-1831), é rearmada com
doze peças de 18 e devidamente guarnecida em 1825.

Durante a regência, a partir de 1831 é novamente desarmada sendo suas peças de


artilharia enviadas à Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande em Santos, por ordem
do Conde de Sarzedas. Por conseqüência, a fortificação, com seu quartel em ruínas,
caiu em abandono.

Toma parte no "Incidente de Paranaguá", quando enfrenta a fragata inglesa


"Cormoran" (1 de julho de 1850), que aprisionara três navios brasileiros naquele
189

porto, sob a acusação de tráfico negreiro. O então comandante da praça, Capitão


Joaquim Ferreira Barbosa, dando ordem de fogo às baterias, atingiu a fragata,
obrigando-a a procurar refúgio na Enseada das Conchas.

Desguarnecida, no início do Séc. XX sediou um Batalhão de Artilharia (1905), passando


a aquartelar o 4º BIA Independente em 1909. Tombada pelo Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional a partir de 1938, foi posta fora de serviço em 1954. Após ser
desativada, a Fortaleza permaneceu abandonada.

Para piorar, na década de 80 do Século XX, foi palco de uma “caça ao tesouro”,
alimentada pela descoberta de um cofre contendo papéis velhos e moedas de pouco
valor, nas suas dependências.

De propriedade da Fundação Pro-Memória, e administrada em conjunto com o Governo


do Estado do Paraná, entre 1985 e 1995 o imóvel foi totalmente restaurado, abrigando
o Posto local da Polícia Florestal.

b) Bateria da Ilha das Peças (PR)

Localizada na Baía de Paranaguá, na Ilha das Pessas, atual Ilha da Peça.

Ao que parece, em meados do Sec XVII, antes da construção da Fortaleza de Nossa


Senhora dos Prazeres, a Baía de Paranaguá contou para sua defesa, com uma Bateria
na ilha que conservou o seu nome: "Ilha das Pessas" (peça de artilharia), conforme mapa
da Baía de Paranaguá datado de 1631, no Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa.

c) Forte de Itapoã (RS)

Localizado na Ponta de Itapoã, ao Norte da Lagoa dos Patos, na margem esquerda da


foz do rio Guaíba. Erguido por forças portuguesas à época colonial para defesa da
barra do Guaíba, acesso a Porto Alegre, foi artilhado com algumas peças.

Durante a Revolução Farroupilha (1835-1845), foi ocupado pelos revoltosos. Retomado


pelos legalistas (agosto de 1836), foi por estes arrasado, nada mais restando do
mesmo atualmente.
190

d) Forte de Santa Bárbara (RS)

Localizado no Arroio Santa Bárbara, afluente da margem direita do rio Vacacaí, em


frente à cachoeira. Remonta ao período colonial, artilhado com cinco peças e
guarnecido com 500 homens. Nada mais resta do mesmo atualmente.

e) Forte de Santa Tecla (RS)

Localizado às margens do rio Negro, próximo à foz do rio Piraizinho, atual município de
Bagé. No contexto da invasão espanhola de 1763-1776, o Governador da Província de
Buenos Aires, D. Juan José de Vertiz y Salcedo, lidera uma coluna espanhola em 1773
com destino à Coxilha Grande.

No início de 1774, atingem Santa Tecla, posto avançado da estância de São Miguel das
Missões. Nesse local, estratégico para o controle do trânsito das tropas que cruzavam a
região, é ordenado ao Engenheiro Bernardo Lecocq a construção de uma fortificação.

Possuía o formato de um pentágono irregular, compreendendo quatro baluartes: Santo


Agostinho, São Miguel, São João Batista e São Jorge. As muralhas foram levantadas
com leivas de barro socado (taipa) e as construções distribuídas em torno da praça de
armas, feitas de pau-a-pique. O barranco do rio protegia-o naturalmente pelo lado Norte.

É conquistado, em 1776, por forças portuguesas sob o comando do Sargento-mór


Rafael Pinto Bandeira e arrasado. Reconstruído pelos espanhóis em 1778, foi
novamente tomado e destruído pelo Regimento de Cavalaria de Dragões do Rio
Grande do Sul, comandado por Patrício Corrêa da Câmara, em 1801.

Em que pese esse forte ter sido construído pelos espanhóis, julga-se a pertinência de
sua inclusão no acervo desta dissertação, pois o mesmo foi palco de lutas históricas na
chamada “fronteira do vai-e-vem”, e hoje suas marcas encontram-se em território
brasileiro.

Atualmente restam vestígios das antigas fundações em pedra. Está tombado pelo
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1970, em terreno pertencente à
Prefeitura do Município de Bagé.
191

f) Forte de Santa Teresa (RS)

Localizado no litoral ao Sul da Lagoa Mirim, em território do atual Uruguai, na chamada


linha de Castilhos Grandes (Tratado de Madri, 1750), que assinalava o extremo sul do
Brasil. Sua construção tinha por objetivo assegurar a comunicação terrestre ao longo da
costa sul do Brasil até à Colônia do Sacramento.

Fortificação portuguesa, remonta a 1762. Recebeu um acabamento mais acurado


devido à existência no local de pedras de granito. Devido a suas dimensões e
localização, é considerado mais importante que o Forte de São Miguel.

Apresenta planta em polígono pentagonal quase regular (as condições topográficas


provavelmente foram à causa do emprego de uma geometria imperfeita), com bastiões
lanceolados33 nos vértices, segundo os princípios de Vauban.

Sólidas plataformas construídas internamente ao longo das muralhas serviam tanto para
plano de manobras dos canhões como para proteção a um amplo pátio interno. Para o
deslocamento das peças de artilharia, os diversos planos eram ligados por rampas.

Ao redor do pátio interno, ao abrigo das muralhas, estavam distribuídas as várias


edificações: Casa do Comandante, Capela e Quartel dos Oficiais, Casa da Pólvora,
Quartel da Tropa, Cozinha e Depósitos de mantimentos e as diversas oficinas. Entre os
prédios e a muralha haviam espaços reservados à guarda dos cavalos.

Até hoje, ainda não foi descoberto onde estava localizado o poço de água indispensável ao
abastecimento no caso de a fortaleza estar sitiada. Tudo indica que o projeto da fortificação e o
início de sua construção sejam espanhóis. Com a tomada posterior do mesmo por tropas
portuguesas, o encarregado de sua conclusão foi o Cabo-de-esquadra João Gomes de Melo.

Foi conquistado por tropas espanholas sob o comando do Governador de Buenos


Aires, D. Pedro de Zeballos Cortez Y Calderon (abril de 1763). Pelo Tratado de 15 de
maio de 1852, que estabeleceu a demarcação pela embocadura do Arroio Chuí, essa
fortificação permaneceu em território do atual Uruguai.

33
Lanceolado: cujo feitio é semelhante ao da lança.
192

g) Forte de Santana (RS)

Localizava-se na altura do Arroio Chuí. Erguido em 1737 pelo Governador Brigadeiro


José da Silva Paes, nada mais resta da sua estrutura atualmente.

Localizado à margem esquerda do rio Jacuí, na altura da atual Santo Amaro. Erguida a
partir de 1735 pelo Governador Brigadeiro José da Silva Paes, cobria a linha de limites
Taquari – rio Pardo, visando dar suporte à ocupação do sul do Continente,
principalmente às povoações do Rio Grande de São Pedro, no atual Estado do Rio
Grande do Sul e da Colônia do Sacramento, hoje em território do Uruguai. Nada mais
resta do mesmo atualmente.

h) Forte de São Gonçalo (RS)

Localizado à margem esquerda do rio Piratini, a cerca de 10 Km da sua confluência


com o canal de São Gonçalo, na Lagoa Mirim. Erguido a partir de 1763, cruzava fogos
com o Forte São José do Norte e com o Reduto de São Caetano, visando dar suporte à
ocupação do sul do Continente, principalmente às povoações de Rio Grande de São
Pedro e da Colônia do Sacramento. Nada mais resta do mesmo.

i) Forte de São José da Barra (RS)

Também denominado Forte de São José da Barra do Rio Grande de São Pedro.
Apresentava uma planta de um polígono quadrangular irregular, destruído pelos espanhóis
quando os mesmos foram expulsos da Província do Rio Grande em 1776, Até agora não
foi possível fazer a constatação documental do arquiteto responsável pela obra primitiva,
porém as evidências apontam para o Brigadeiro José da Silva Paes, em 1736.

j) Forte de São José do Norte (RS)

Localizado próximo à Vila de São José do Norte, na barra do Rio Grande, na entrada da
Lagoa dos Patos.

Erguido a sudoeste do Reduto de São Caetano, cruzava fogos com o Forte de São
Gonçalo. Juntos, tinham como objetivo dar suporte à ocupação do sul do Continente.
193

k) Forte de São Miguel (RS)

Localizava-se ao Sul da Lagoa Mirim, em território do atual Uruguai, na chamada linha


de Castilhos Grandes (Tratado de Madri, 1750), que assinalava o extremo sul do Brasil.

Fortificação portuguesa, iniciada pelo arquiteto português Manuel Gomes Pereira,


substituído mais tarde pelo capitão Antônio Teixeira Carvalho. Conquistado por tropas
espanholas sob o comando do Governador de Buenos Ayres, D. Pedro de Zeballos
Cortez Y Calderon (abril de 1763), a conclusão das suas obras é atribuída aos
espanhóis (Figura 38).

Figura 38 – Plano do Forte de São Miguel, atualmente Uruguai.


Fonte: Meucci (1999).
194

De menores proporções que o Forte de Santa Teresa, o de São Miguel também recebeu
um acabamento mais acurado devido à existência no local de pedras de granito.

Apresentava planta retangular, sua entrada possivelmente se dando através de uma


ponte levadiça sobre um fosso d'água. No lado oposto ao da entrada ficava a capela. À
sua direita, a cozinha e o alojamento dos soldados. No lado oposto, ficavam o poço, a
casa da pólvora, a casa de comando e o alojamento dos oficiais.

Dadas as suas reduzidas dimensões, não foi possível construir rampas que unissem os planos
superiores, de manobra dos canhões, e o do pátio interno. Em conseqüência, os canhões
devem ter sido transportados por força humana sobre as escadarias para as suas operações.

Pelo Tratado de 1852, que estabeleceu a demarcação pela embocadura do Arroio Chuí,
essa fortificação permaneceu em território Uruguaio.

l) Forte de São José do Tebiquari, Forte do Passo do Rio Tebiquary (RS)

Fortificação portuguesa, localizada em posição dominante às margens do rio Tebiquari,


altura da atual Taquari, no Estado do Rio Grande do Sul.

Remonta a 1763, quando após a tomada de Rio Grande pelos espanhóis, é projetado
pelo Governador Brigadeiro José Custódio de Sá e Faria para defesa da povoação de
Taquari e daquele ponto de travessia ("passo") do rio Tebiquari.

Também conhecido como Forte do Passo do Rio Tebiquari, apresenta planta no


formato de um polígono retangular, edificado em taipa e madeira. Apesar de alguns
autores questionarem a existência desta fortificação, sua construção é creditada ao
Sargento-mor Manuel Vieira Leão. A fortificação de campanha, não sobreviveu até aos
nossos dias, desconhecendo-se inclusive, a sua exata localização.

m) Forte Jesus, Maria e José do Rio Grande (RS)

Localizado na margem direita da barra da Lagoa dos Patos, atual cidade de Rio
Grande.
195

Este forte, erguido pelo Brigadeiro José da Silva Paes em 1737, em área fortificada
provisoriamente pelo Coronel de Ordenanças Cristóvão Pereira de Abreu, que o
aguardava em terra, destinava-se a servir de alojamento à tropa de 1ª Linha da
expedição.

Constituiu o núcleo da Colônia do Rio Grande de São Pedro (Colônia de São Pedro),
consoante as ordens recebidas do Governador do Rio de Janeiro e Minas Gerais
Gomes Freire de Andrade.

A escolha de seu local permitia apoiar as comunicações por terra entre Laguna e a
Colônia do Sacramento, bem como oferecia ancoradouro seguro às comunicações
marítimas naquele trecho da costa, particularmente hostil à navegação.

Com o formato de um polígono irregular de terra apiloada, e paliçada de madeira


retirada da vizinha Ilha do Marinheiro, possuíam fosso seco e revelins externos em
complemento à sua defesa (Figura 39).

Figura 39 – Forte Jesus, Maria e José do Rio Grande (RS)


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 153).
196

Foi conquistado por tropas espanholas sob o comando do Governador de Buenos


Aires, D. Pedro de Zeballos Cortez Y Calderon (abril de 1763), que ocupou, ainda, a
margem esquerda daquele sangradouro, esta última retomada por ordem do
Governador do Rio Grande, Coronel José Custódio de Sá e Faria em 1767.

No século seguinte, abrigou o Regimento de Cavalaria de Dragões do Rio Grande do


Sul. Tragado pelo progresso, o seu perímetro coincidiria aproximadamente com a atual
Praça Sete de Setembro na cidade do Rio Grande.

n) Forte Jesus, Maria e José do Rio Pardo, Forte do Rio Pardo (RS)

Localizado à margem esquerda do Rio Jacuí, na altura da foz do rio Pardo, no local
conhecido como Alto da Fortaleza, na atual cidade de Rio Pardo, limite da região das
Missões jesuíticas.

Em posição dominante na confluência dos rios, a estrutura constituía-se de paliçadas


de madeira calçadas por plataformas de terra apiloada e cercadas por um fosso com
água.

Núcleo da Vila de São José do Rio Pardo, este forte foi construído durante a
demarcação de 1752.

No contexto da Guerra Guaranítica (1753-1756) foi atacado pelos índios Tapes


(indígenas comandados por Sepé Tiarajú, vencido e aprisionado) e rechaçados (1754).

Depois da Campanha de Missões, de 1756 a 1759 (submissão do padre Lourenço


Balda) foi reedificado em terra e pedra.

o) Reduto de São Caetano (RS)

Localizado ao Norte da barra da Lagoa dos Patos, na então Vila de São José do Norte,
defendendo aquele canal. Erguido a partir de 1764 por ordem do Governador Brigadeiro
José Custódio de Sá e Faria, foi levantado em faxina de taipa, e artilhado com nove
peças de ferro. Foi comandado pelo Sargento-mor Pinto Bandeira.
197

p) Bateria de São Caetano (SC)

Localizada no extremo Norte da Ilha de Santa Catarina, na Praia do Jurerê, na Ponta


Grossa (Figura 40).

Figura 40 – Bateria de São Caetano (SC)


Fonte: Universidade Federal de Santa Catarina (1998).

Erguida por Francisco José da Rocha (ou da Rosa) em 1765, por ordem do Governador
Coronel Francisco Antônio Cardoso de Menezes e Souza em complemento à defesa do
flanco leste da Fortaleza de São José da Ponta Grossa. Artilhada à época com seis
peças, nada mais resta da mesma atualmente.

q) Bateria de São João, Forte de São João do Estreito (SC)

Localizada no Continente, no Estreito do Canal da Ilha de Santa Catarina.

Projetada para, do Continente, cruzar fogos com o Forte de Sant'Ana, na Ponta do


Estreito na Ilha de Santa Catarina, só seria levantado em 1793, no Governo do
Tenente-Coronel João Alberto Miranda Ribeiro, pelo Sargento-mor Joaquim Correia
198

da Serra. Artilhada à época com seis peças, foi demolida por volta de 1923 ante as
obras da Ponte Hercílio Luz, que lhe exigiram o local estratégico.

r) Bateria de São Luís, Forte de São Luís (SC)

Localizada no final da Praia de Fora, na Baía Norte da Vila de Nossa Senhora da


Conceição, atual Florianópolis.

Erguida por ordem do Governador Coronel Francisco Antônio Cardoso de Menezes e


Souza (1763?, 1770), destinava-se a complemento da defesa leste do Forte de
Sant'Ana. A estrutura é atribuída ao Sargento-mor Francisco José da Rosa. Artilhada à
época com quatro peças, dela nada mais resta hoje.

s) Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição (SC)

Também chamada de Fortaleza da Barra do Sul, Fortaleza da Conceição da Barra do


Sul, de Araçatuba, dos Naufragados, General Moura ou Forte Marechal Moura.
Localizada na Ilha de Araçatuba, na barra Sul do Canal da Ilha de Santa Catarina.

É a última das quatro fortificações projetadas e construídas pelo Governador Brigadeiro


José da Silva Paes, que escolhe para sua localização uma ilha rochosa dominando a
barra da Baía Sul, entre o Pontal de Araçatuba, no Continente, e a Ponta dos
Naufragados, extremo sul da Ilha de Santa Catarina.

Iniciada em meados 1742 e terminada, segundo se crê, cerca de dois anos mais tarde,
foi dedicada à Conceição da Virgem, e artilhada com dez peças de ferro e bronze,
portuguesas e holandesas, de diversos calibres. Nela se destaca a bateria circular de
canhões, coroando o conjunto.

Em 1760 o Tenente-Coronel José Custódio de Sá e Faria procede-lhe o levantamento


das instalações ("Demonstração da Ilha e Fortaleza da Barra do Sul da Ilha de Santa
Catarina"), apontando precário estado de conservação, o que leva à execução de
pequenos reparos (1761), quando por determinação do Marquês de Pombal deveria
receber reforço na artilharia, o que não se sabe se efetivamente chegou a acontecer.
199

Ante as notícias da invasão espanhola (1777), a sua guarnição desertou, encontrando


os invasores a posição abandonada.

Novo levantamento é feito em 1786 pelo Alferes José Correia Rangel, quando recebe
reforço na artilharia. É mencionada por Saint-Hillaire, no curso de sua viagem à
Província de Santa Catarina (1820) (Figura 41).

Figura 41 – Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba (SC)


Fonte: Universidade Federal de Santa Catarina (1998).

Durante a Revolução Farroupilha (1836-1844), sua guarnição adere aos revoltosos


(1839), sendo dominada pelas forças legalistas do General Soares de Andréa, que
controlavam o litoral.

Utilizada como presídio, principalmente após a República, conservava quinze peças em


precárias condições em 1895. Desativada em 1937, chegou a ser utilizada pela Marinha
como alvo para exercícios de tiro real. Em agosto de 1954, um contingente do 14º
Batalhão de Caçadores guardava-lhe o quartel e o material.

Ainda sob jurisdição do Ministério da Defesa (Marinha), desde 1975 está integrada ao
Parque da Serra do Tabuleiro criado por Decreto Estadual. Tombado em 1980, o
200

conjunto das edificações e seu entorno sofreu trabalhos de consolidação das ruínas,
existindo atualmente estudos visando a restauração.

Das edificações primitivas - Corpo da Guarda, Paiol de Farinha, Casa da Palamenta,


Quartéis e Casa de Pólvora - restam, das duas primeiras as fundações, e das demais
as paredes, o mesmo ocorrendo com uma edificação datada provavelmente do Séc.
XIX.

A muralha em cantaria, que confronta com o canal navegável e que contém o


terrapleno e protege as baterias, de formato poligonal irregular, encontra-se em bom
estado de conservação, o mesmo ocorrendo com a muralha em pedra, de formato
circular, que abrigava a bateria principal, dominando o conjunto.

t) Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim (SC)

Localiza-se na Ilhota de Anhato-mirim ("Toca Pequena do Diabo" em língua Tupi),


dominando a barra norte do canal, e destinava-se a defender o antigo ancoradouro no
Continente, que dava acesso à Ilha de Santa Catarina.

Projetada e construída pelo engenheiro militar e primeiro governador da Capitania da


Ilha de Santa Catarina, Brigadeiro José da Silva Paes, deveria operar em conjunto com
a Fortaleza de São José da Ponta Grossa e a Fortaleza de Santo Antônio de Ratones.

De formato poligonal, sua construção teve início em 1739, empregando a mão de obra
de 150 escravos e de duzentos soldados. Concluída em 1744, foi artilhada com 57
canhões.

Inspecionada em 1760 pelo Tenente-Coronel José Custódio de Sá e Faria do Real


Corpo de Engenheiros, que lhe faz um levantamento completo, foi por ele reparada,
tendo ainda sofrido reforço na artilharia, bem como recebido "carretame, palamenta,
pólvora, balas e petrechos para fazerem uma vigorosa defensa nos casos de surpresas
ou ataques". A falta de manutenção dessa diretriz leva a que quando da invasão
espanhola de 1777, quando foi tomada sem resistência, e eficácia do sistema defensivo
da Ilha entrasse em descrédito.
201

Um novo levantamento da praça é efetuado em 1786 pelo Alferes José Correia Rangel,
que registra as modificações ocorridas no seu desenho, nos legando importante
material iconográfico.

Novas obras ou reparos se sucederão durante o Império brasileiro, em 1835, 1849,


1851 e 1863, quando conta então com 64 peças. Dessas, apenas doze funcionavam
em 1880. Novos reparos são efetuados em 1884, quando passa a ser utilizada como
prisão militar.

Em 1893, durante a Revolução Federalista (1892-1895), foram ali sido fuzilados 185
presos políticos contrários ao Marechal Floriano Peixoto, sob as ordens do Presidente da
Província Coronel Moreira César, entre os quais os nomes ilustres do Marechal de Campo
Manoel de Almeida Gama Lobo D'Eça, Barão de Batovi, que fora Presidente da Província
de Mato Grosso e herói da Guerra do Paraguai, e o Capitão-de-Mar-e-Guerra Frederico
Guilherme de Lorena, que chefiara o Governo Provisório instalado em Santa Catarina.

Em 1907, o conjunto passa ao Ministério da Marinha, guarnecido por fuzileiros e


armado com parte da artilharia do Cruzador Tamandaré à época da 1ª Guerra Mundial,
quando recebe uma estação radiotelegráfica. Volta a ser utilizada como prisão política
no desfecho da Revolução Constitucionalista de 1932.

Desarmada e desativada em 1937, permanece em estado de abandono, sendo


depredada pelas populações vizinhas.

Maior e mais monumental complexo da arquitetura colonial portuguesa existente no Sul


do país, o conjunto é constituído das seguintes estruturas: Quartel do Comandante -
construído no centro da Ilha; Quartel da Tropa - erguido na costa Nordeste da Ilha,
voltado para o mar; Armazém da Pólvora - construído sobre um monte, afastado do
conjunto; Paiol de Farinha - erguido entre o Quartel da Tropa e o do Comandante; Casa
da Palamenta - destinada à guarda de armamento, restam apenas trechos do seu
embasamento; Rampa - passagem subterrânea que liga o Quartel da Tropa ao Norte
da Ilha, sob as canhoneiras da bateria; Entrada - constituída de escadaria e um pórtico
de acesso com muralhas.
202

As construções obedecem a diferentes orientações arquitetônicas, e integram


diferentes estilos, mesmo tendo sido erguidas num mesmo período, o meado do século
XVIII.

Tombada pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (atual IPHAN) desde
1938, somente na década de 70 a Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim sofreu as
primeiras intervenções do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Em 1979, graças a um convênio assinado entre a Universidade Federal de Santa


Catarina (UFSC), o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e o Ministério
da Marinha, com o objetivo de restaurar o patrimônio e utilizá-lo para a realização de
pesquisas oceanográficas (Figura 42).

Figura 42 – Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim (SC)


Fonte: Universidade Federal de Santa Catarina (1998).

Por ele a UFSC assumiu a guarda e tutela da Ilha de Anhatomirim e sua Fortaleza,
acelerando os trabalhos de restauração das ruínas históricas, e desenvolvendo
estudos de infra-estrutura e logística para a Ilha. Previa-se ainda a implantação de
203

Museus de Arqueologia, Oceanografia, Artesanato e um Aquário Marinho, bem como


desenvolvimento de turismo educativo.

Com isso tornou-se possível, já em 1984, a reabertura oficial do conjunto da Ilha ao


público, estando totalmente recuperados o antigo Armazém da Pólvora (abrigando a
Memória da Restauração), o Pórtico, o Quartel do Comandante, o Paiol de Pólvora
(abrigando o Aquário), o Quartel da Tropa, as muralhas, as guaritas, e gramadas as
áreas do terrapleno e adjacências, além de ter sido construído um novo cais, em
taboado. Finalmente, em 1990/1991, no âmbito do "Projeto Fortalezas", Santa Cruz de
Anhatomirim teve os seus últimos edifícios, restaurados.

u) Fortaleza de Santo Antônio de Ratones (SC)

A ilha de Raton Grande - maior das duas ilhas denominadas "Ratones" pelo explorador
espanhol D. Álvar Núñes Cabeza de Vaca (1541) - localiza-se no canal norte da Ilha de
Santa Catarina, entre a Ponta da Gamboa e a do Sambaqui. Dentre as fortalezas
projetadas e erguidas pelo Brigadeiro José da Silva Paes, a de Santo Antônio é a que
menos sofreu modificações posteriores, embora seja também a de mais escassa
documentação.

Sua construção teve início em 1740, tendo sido concluída cerca de quatro anos após.
Guarnecida por soldados do Regimento de Infantaria de Linha da Ilha de Santa
Catarina, como as irmãs, também foi abandonada sem luta quando da invasão
espanhola de 1777, embora se afirme que ela disparou chegou a disparar quatro tiros
de canhão contra a esquadra inimiga.

Foi inspecionada pelo Tenente-Coronel José Custódio de Sá Faria (1760), que dela fez um
levantamento completo, tendo sofrido reparos posteriores e reforço na artilharia, contando
com 12 peças de ferro e duas de bronze de diversos calibres. Em 1786 encontrava-se
praticamente em ruínas, tendo o Governador de Santa Catarina, João Alberto de Miranda
Ribeiro proposto em 1793 a sua reconstrução à Coroa, o que não ocorreu.

Em meados do século XIX, já desarmada e desativada, teve alguns dos seus


edifícios convertidos em enfermarias para tratamento da cólera e outras doenças
204

infecto-contagiosas, funcionando como lazareto até o início do século XX. Em 1894


passou para a jurisdição do Ministério da Marinha.

Em 1938, quando foi tombada como Monumento Histórico e Artístico Nacional, a


fortaleza encontrava-se já completamente abandonada e em ruínas. Apesar de
trabalhos de desmatamento, limpeza e consolidação das estruturas, efetuada nas
décadas de 50, 60 e 80, permaneceu em ruínas até 1990, quando se iniciou novo
projeto de restauração, em cooperação com a UFSC, que desde 1991 gerencia o
conjunto.

Disposta como um polígono em forma de "L", constituía-se de Quartéis de Oficiais e de


Tropa, Casa da Palamenta, Paiol de Farinha, Armazém da Pólvora (em cota mais
elevada) e Calabouço. Uma rampa em curva dá acesso ao interior da Fortaleza, a partir
de um belo portal com verga curva, encimada por frontão triangular. Complementam o
conjunto uma Fonte de Água e um aqueduto. Como atrações regulares, são oferecidas
exposições, trilha ecológica e o Projeto de Criação de Mexilhões da UFSC (Figura 43).

Figura 43 – Fortaleza de Santo Antonio de Ratones (SC)


Fonte: Universidade Federal de Santa Catarina (1998).
205

v) Fortaleza de São José da Ponta Grossa (SC)

A Fortaleza de São José está localizada no alto do Morro da Ponta Grossa, entre as atuais
praias do Forte e de Jurerê, cerca de 25 km de Florianópolis, e defronte da Fortaleza de
Santa Cruz de Anhatomirim, dominando o canal Norte da Ilha de Santa Catarina.

Projetada e construída pelo engenheiro militar e primeiro governador da Capitania da


Ilha de Santa Catarina, Brigadeiro José da Silva Paes, sua construção em forma de
polígono irregular com guaritas nos vértices, teve início ao mesmo tempo em que a
Fortaleza de Santo Antônio em 1740, tendo como concluída, aproximadamente, quatro
anos após.

Visitada pelo Tenente-Coronel José Custódio de Sá e Faria do Real Corpo de


Engenheiros, que dela faz o levantamento em 1760, atendendo às ordens reais, como
as demais fortificações sobre pequenos reparos. Para completar a defesa do seu flanco
leste, é levantada em 1765 a Bateria de São Caetano, artilhada com seis peças, pela
Praia de Jurerê, distante 200 metros da Fortaleza.

Quando da invasão espanhola (fevereiro de 1777), a Fortaleza de São José da Ponta


Grossa e a Bateria de São Caetano que se lhe subordinava, se encontravam sob o
comando do Capitão Simão Rodrigues de Proença, do Regimento de Linha de
Infantaria da Ilha de Santa Catarina, oficial experimentado nas Campanhas do Sul, com
impecável fé de ofício, seguindo ordens do Governador da Ilha de Santa Catarina Pedro
Antônio da Gama Freitas, retirou-se da praça forte ao terceiro dia de cerco, sem
combate. Morreu na prisão, depois de julgado e condenado por esse ato.

Abandonada, no final do século XIX, jornais regionais já denunciavam a apropriação indevida de


pedras, tijolos e outros materiais da Fortaleza para construção de moradias pela população,
gerando um pedido de providências formal do Governo do Estado ao Ministério da Guerra (1898).

Tombada pelo SPAN (1938), a Fortaleza encontrava-se arruinada. A partir de 1976,


por iniciativa do IPHAN, São José da Ponta Grossa começou a sofrer intervenções
de limpeza da vegetação e consolidação das ruínas com vistas a trabalhos de
restauro. Em 1977, foram realizadas obras de consolidação de emergência em
206

alguns trechos de muralhas, na Casa do Comandante, na Portada e restauração parcial


da Capela (Figura 44).

Figura 44 – Fortaleza de São José da Ponta Grossa (SC)


Fonte: Universidade Federal de Santa Catarina (1998).

Em 1987, ao ser cadastrada como sítio arqueológico protegido por lei federal, foram
realizados os primeiros trabalhos de prospecção arqueológica por técnicos do
IPHAN/Fundação Pró-Memória, e que tiveram seqüência em 1990 com a equipe do
Museu Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina.

Finalmente em 1991/1992 no âmbito do "Projeto Fortalezas", São José teve o restante


de seus edifícios restaurados, podendo ser apreciados as muralhas, o Pórtico, a
Capela, e o Quartel da Tropa.

Além das exposições permanentes e temporárias, recomenda-se a visita à oficina de


Renda de Bilro (no Quartel da Tropa), onde além de se poder adquirir esse artesanato
(loja de recordações, no Paiol da Pólvora), é possível observar o trabalho das artesãs.
207

w) Forte de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa, Forte da Lagoa (SC)

Localizado na margem leste da atual Lagoa da Conceição, na Ilha de Santa Catarina.


As informações a seu respeito são escassas: acredita-se ter sido iniciado em 1775 pelo
Marechal Antônio Carlos Furtado de Mendonça.

A estrutura ainda existia em 1786, e integra o levantamento feito na ocasião pelo


Alferes José Correia Rangel para a Coroa portuguesa. Não restam vestígios do mesmo,
cuja localização exata, atualmente, está perdida.

x) Forte de Santa Bárbara, Fortaleza de Santa Bárbara (SC)

Erguida sobre uma formação rochosa, a pouca distância da Praia do Canto com a qual
se comunicava por uma ponte de pedra sobre arcadas, visava à proteção da Vila de
Nossa Senhora do Desterro pelo lado da Baía Sul da Ilha de Santa Catarina.

Desconhece-se o ano de sua construção, bem como o autor do seu projeto, embora
alguns o atribuam ao Tenente-Coronel José Custódio de Sá e Faria, que em seu
levantamento de 1760 apontara as deficiências da defesa do acesso Norte da Vila,
preconizado as estruturas defensivas correspondentes (Forte de Sant'Ana, Bateria de
São Francisco Xavier e Bateria de São Luís). Nesse sentido, a construção de Santa
Bárbara pode ser contemporânea do Forte de Sant'Ana, na segunda metade do século
XVIII. O certo é que a estrutura já existia em 1786, e integra o levantamento feito na
ocasião pelo Alferes José Correia Rangel para a Coroa portuguesa.

Desativada já em 1873, por Aviso do Ministério da Marinha de 29 de abril de 1875 é


determinado "se erga no terreno no qual se situa a Fortaleza de Santa Bárbara, na
Cidade do Desterro, prédio destinado à Capitania dos Portos".

Para esse fim, o local foi descaracterizado com a demolição do Quartel da Tropa e o
acréscimo de um pavimento em parte da edificação restante. Em 1893, durante a
Revolução Federalista, é utilizada como sede do Governo do Estado.

Durante a primeira metade do século XX, novas e profundas intervenções foram


sendo introduzidas no conjunto, que acabou ligado à Ilha, fruto dos aterros da
208

marinha existente entre o centro da cidade e a Praia do Canto. Na década de 50 ainda


eram perceptíveis os arcos da ponte de pedra que ligava a Fortaleza a terra.

Na década de 60, com o fechamento do Porto de Florianópolis à navegação, e a


desativação da Capitania dos Portos, a Fortaleza esteve ameaçada de demolição, para
que seu espaço integrasse a área de lazer da capital e escoasse o tráfego da Ponte
Colombo Sales, que liga a Ilha ao Continente.

Tombada pelo IPHAN desde 1984, e abrigando a Agência da Capitania dos Portos de
Santa Catarina em Florianópolis, a Prefeitura e o Instituto Brasileiro de Pesquisas e
Ciências (IBPC), estudaram projetos objetivando a recuperação, restauro e revitalização
da Fortaleza para atividades culturais (teatro, museu, escola de arte, área de
exposições, com restaurante, bar, parque infantil).

Foi previsto também, o rebaixamento do entorno ao nível do mar, adaptando-se ao


espaço assim recuperado um espelho d'água, restabelecendo a situação original da
praça, cercada de água.

y) Forte de Sant'Ana do Estreito, Fortaleza de Sant'Ana (SC)

Localizado na Ilha de Santa Catarina, defendendo o Estreito do Canal.

Construído segundo planta original do Tenente-Coronel do Real Corpo de Engenheiros


José Custódio de Sá e Faria, entre 1761 e 1763, no Governo do Coronel Francisco
Antônio Cardozo de Menezes e Souza (1761-1765).

Esse oficial foi enviado em 1760 a Santa Catarina pelo Governador do Rio de Janeiro,
Gomes Freire de Andrade, por ordens do Marquês de Pombal para fazer o
levantamento das fortificações da região, dentro do clima de tensão que se agravara
entre Portugal e a Espanha após a assinatura do Tratado de Madri (1750).

Concluiu, após examinar as defesas erguidas pelo Brigadeiro José da Silva Pais, que
se as Fortalezas da barra Norte da Ilha fossem ultrapassadas ou contornadas, a Vila de
Nossa Senhora do Desterro ficaria sem defesa ante o invasor.
209

Propôs desse modo à ereção de dois fortins ou baterias na Praia de Fora, ao Norte da
Vila, e hoje inexistentes - São Francisco Xavier e São Luís -, e de um Forte na ponta da
Ilha mais próxima ao Continente - Sant'Ana do Estreito.

Essa posição, que no século XVIII lhe permitia controlar o acesso das embarcações
que demandavam a Vila de Nossa Senhora do Desterro, passagem entre as baías do
Norte e do Sul da Ilha, foi projetada para cruzar fogos com o Forte ou Bateria de São
João, que lhe seria fronteiro, na margem oposta, no Continente.

Edificação em alvenaria de pedra de um pavimento, com cobertura em quatro águas,


constituía-se originalmente de Quartel do Comandante e Cozinha, formando um só
corpo erguido sobre terrapleno, sustentado por grossa muralha em cantaria, afetando
linha pentagonal irregular, que se ligava aos pontos extremos da edificação, hoje
descaracterizada pelas intervenções sofridas ao longo do tempo.

Seu primeiro comandante conhecido foi o Alferes baiano Rodrigo José Brandão.
Artilhado originalmente com nove peças, conservava dez de diferentes calibres, quando
de levantamento feito em 1786 pelo Alferes José Correia Rangel, seis de ferro e quatro
de bronze, em estado de conservação precário.

Em 1880, estando o forte abandonado, foi ali sediada a Polícia Marítima. Em 1895,
suas muralhas receberam armamento eventual, para em caso de necessidade fazer
frente à Esquadra Revolucionária.

Considerado fora de serviço a partir de 1907, foi subordinado ao Ministério da


Agricultura, que nele instalou uma estação meteorológica. Invadido por intrusos que
nele fizeram residência, foi finalmente tombado em 1938.

Sob a atual Ponte Hercílio Luz, que desde a década de 20 liga a Ilha ao Continente, o
Forte de Sant'Ana de propriedade da União e sob administração do governo estadual, é
restaurado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional na década de 70, quando
passa a abrigar o Museu de Armas Major Lara Ribas, da Polícia Militar do Estado de
Santa Catarina (Figura 45).
210

Figura 45 – Forte de Santana (SC)


Fonte: Universidade Federal de Santa Catarina (1998).

z) Forte de São Francisco (SC)

Localizado na entrada da Barra de São Francisco do Sul, na ponta João Dias.

Foi construído de pau a pique e terra por volta de 1700. À época era armado com duas
peças. Não há vestígios atualmente. Em seu local foi construído o Forte Marechal Luz,
que está desativado e com algumas instalações desmoronadas.

4.3 CONCLUSÃO PARCIAL

Conclui-se parcialmente, ao final dessa descrição minuciosa, que as fortificações


portuguesas no Brasil distribuem-se em especial ao longo da costa, principalmente ao
redor de núcleos populacionais mais importantes do período apresentado –
Florianópolis, Santos, Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Belém.

As fortificações foram edificadas no decorrer de três séculos, ocorrendo um maior


esforço após a Restauração Portuguesa34 e na Época Filipina.

34
Restauração portuguesa: Portugal reassumiu o controle do seu território, após 60 anos de unificação
com a Espanha. A restauração iniciou em 1640, quando ascendeu ao trono luso o primeiro monarca da
Casa de Bragança, com o nome de D. João IV.
211

Uma linha de fortificações mais tardia, durante o reinado de D. José I, foi construída no
interior do Brasil; esse conjunto de fortificações serviu para solidificar as fronteiras do
território a Oeste e garantir a soberania contra os espanhóis a partir dos seus territórios
limítrofes. A bacia do rio Amazonas foi igualmente fortificada com um número
considerável de construções militares (Mapa 14).

T - 04

Mapa 14 – Fortificações construídas pelos portugueses no Brasil


Fonte: Teixeira Neto (1998, eslaide 73).

Excetuando os fortes do litoral, pela sua excepcional importância estratégica merecem


um destaque especial: ao Norte, o Forte de São José do Macapá (AP) e Forte do
Presépio (PA), próximos à foz do rio Amazonas; o Forte de São Gabriel, em São
Gabriel da Cachoeira (AM), São José das Marabitanas, em Cucuí, (AM) o Forte de São
Francisco Xavier em Tabatinga (AM), o Forte Príncipe da Beira (RO), o Forte de São
Joaquim, na margem direita do rio Negro (AM) e o outro Forte de São Joaquim, na
margem esquerda do rio Branco (Boa Vista, RR); a oeste, os Fortes de de Coimbra
(MS), Príncipe da Beira (MS) e Iguatemi (MS) e ainda ao Sul o Forte de Jesus, Maria e
José (RS), conhecido por Alto da Fortaleza.
212

Essas fortificações desempenharam importante papel na fixação das fronteiras do


Brasil, na contenção de numerosas investidas inglês as, francesas e holandesas no
litoral e ainda de invasões espanholas pelo rio Uruguai.
213

5 POR QUE E COMO PRESERVAR ESSE PATRIMÔNIO CULTURAL?

Mostrar a relevância das fortificações portuguesas no Brasil, estimulando na sociedade


como um todo, no presente e no futuro, a criação e a manutenção de projetos de
preservação desse rico acervo nacional é o objetivo da presente Seção desta dissertação.

5.1 INTRODUÇÃO

O inventário realizado na Seção 4, do imenso número de fortificações que do litoral se estendem


para o interior do território brasileiro, testemunha a importância das épocas, o pensamento das
pessoas nesse período e o seu papel na consolidação do território português no Brasil.

Essas edificações defensivas, ao sofrerem ao longo do tempo uma série de


modificações e incorporações baseadas na crescente especialização da arte da guerra,
tornaram-se a um só tempo máquinas de guerra e núcleos precursores das futuras
cidades, marcos do processo civilizador e de urbanização brasileiro, proporcionando
riquezas arquitetônicas, hoje memória e monumento.

Quando se fala em Patrimônio Histórico, muitas vezes se pensa no sentido de


arquitetura histórica. No entanto, este é apenas um dos segmentos que faz parte de um
acervo maior, o chamado Patrimônio Cultural de uma Nação, ou de um povo, que
engloba também, por exemplo, um amplo leque de referências culturais.

A expressão Patrimônio Histórico abrange só uma parcela do Patrimônio Cultural, o


qual pode ser subdividido em três categorias de elementos: os recursos naturais e o
meio ambiente; em segundo lugar, os conhecimentos, as técnicas, o saber e o saber
fazer; e por fim, os chamados bens culturais.

Os recursos naturais e o meio ambiente fornecem condições e elementos para a


produção de materiais.

Os conhecimentos, as técnicas, o saber e o saber fazer são os elementos não tangíveis


do Patrimônio Cultural, e vão desde a perícia das técnicas à capacidade humana de
sobrevivência.
214

Os bens culturais são considerados o grupo de elementos mais importante, englobando


toda a sorte de coisas: objetos (bens móveis), e construções (bens imóveis) obtidas a
partir do meio ambiente e do saber fazer.

Disseminado por todo o espaço territorial brasileiro, o Exército Brasileiro dispõe de um


rico patrimônio histórico e cultural, representado por inúmeros fortes, fortalezas, sítios
históricos, bibliotecas, documentos, museus, armas, equipamentos, e obras de arte.
Esse patrimônio constitui referência de grande importância para a história da sociedade
brasileira.

Embora os exemplos de preservação, a serem citados, estejam mais direcionados para


as fortificações ocupadas pelo Exército Brasileiro, as observações têm obviamente,
aplicação universal, pois importa à sociedade, que todas as obras do patrimônio cultural
brasileiro sejam preservadas.

A preservação cultural deve interessar a todos, cidadãos, instituições públicas e


privadas. Entre outros, a indústria do turismo, considerada a grande indústria moderna,
possuí beneficiários diretos, como a hotelaria, restaurantes, o comércio, empresas de
transportes, agências de viagens.

Mas, não se pode esquecer, que é muito difícil para qualquer manifestação cultural sobreviver
estimulada apenas por esta relação, nem sempre harmônica, entre turismo e cultura.

Educadores e cientistas necessitam de um amplo mostruário que demonstre a evolução


da história, entre outras coisas, para fins didáticos e técnico-científicos. Os
historiadores, arqueólogos, antropólogos, músicos e intelectuais variados procuram
preservar os bens culturais ligados ao seu campo de ação.

A classe social alta, tradicional, quase sempre, tem seu prestígio herdado, e para isso
costuma recuperar as provas materiais de sua origem, como árvore genealógica,
nacionalidade, posses materiais, origem étnica.

Os ecologistas buscam a preservação do meio ambiente, para entender as relações


que devem manter entre si os elementos dentro da natureza. Poucos, no entanto,
215

têm uma visão global do problema constituído pela defesa da memória e de seus bens
representativos.

5.2 PRINCIPAIS ÓRGÃOS DE PRESERVAÇÃO EXISTENTES

A nível internacional, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e


Cultura – UNESCO - propõe-se a promover a identificação, proteção, e preservação do
patrimônio mundial, cultural e natural, considerado de excepcional valor para a
humanidade. Este objetivo está incorporado em um tratado internacional denominado
Convenção sobre a Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural, aprovado em
1972.

Esse compromisso de proteção nacional e internacional atua através de sistema de


cooperação e assistência internacional entre instituições parceiras; assistência
financeira; programas de educação e de informação. No Brasil, as cidades de Ouro
Preto, Olinda, Brasília, Diamantina, entre outras, receberam o título de Patrimônio da
Humanidade.

O Estado Brasileiro tem procurado organizar-se político-administrativamente, visando a


atender aos anseios da sociedade. No tocante à cultura do seu povo, em todas as suas
formas de manifestação e expressão, criou diversos órgãos, nos diferentes níveis do
governo.

A seguir, serão comentados alguns aspectos sumários desses órgãos, especialmente,


aqueles direcionados para a preservação do patrimônio histórico e cultural, comentando
com mais detalhes aquilo que for de maior interesse do Exército Brasileiro sobre o
assunto objeto desta pesquisa.

5.2.1. Ministério da Cultura

O Ministério da Cultura foi criado em 1985, pelo Decreto nº 91.144, de 15 de março


daquele ano. Reconhecia-se, assim, a autonomia e a importância desta área
fundamental, até então tratada em conjunto com a educação.
216

Em 1990, por meio da Lei nº 8.028, de 12 de abril daquele ano, o Ministério da Cultura
foi transformado em Secretaria da Cultura diretamente vinculada à Presidência da
República. Essa situação foi revertida pouco mais de dois anos depois, pela Lei nº
8.490, de 19 de novembro de 1992.

Sua estrutura organizacional apresenta dois órgãos de interesse para a preservação do


patrimônio histórico e cultural: A Secretaria do Patrimônio, Museus e Artes Plásticas e o
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

5.2.2 Secretaria do Patrimônio, Museus e Artes Plásticas

Tem como atribuições principais: coordenar e promover estudos com vistas à


formulação da política cultural das áreas de Patrimônio, Museus e Artes Plásticas, em
conjunto com o IPHAN e demais entidades vinculadas; articular e coordenar a
realização de projetos e programas, em conjunto com o IPHAN e demais entidades
vinculadas; propor diretrizes para a otimização da aplicação de recursos administrativos
pelo Ministério da Cultura e identificar fontes alternativas de apoio a projetos culturais;
acompanhar, avaliar e sugerir alternativas de desenvolvimento e condução da política
cultural, nas áreas de sua competência; coordenar, supervisionar e controlar as ações
voltadas à execução dos projetos e atividades relacionadas ao Fundo Nacional da
Cultura, ao mecenato1 e aos Fundos de Investimento Cultural e Artístico - FICART,
relativos às áreas do Patrimônio, Museus e Artes Plásticas.

5.2.3 Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) foi criado pelo Decreto-
Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937 e é o órgão responsável pela identificação,
documentação, fiscalização, preservação e promoção do patrimônio cultural brasileiro.

O IPHAN trabalha com um universo diversificado de bens culturais, classificados


segundo sua natureza nos quatro livros de Tombo: Livro do Tombo Arqueológico,

1
Mecenato: condição, título ou papel de pessoa patrocinadora generosa, protetora das artes, letras e
ciências, ou dos artistas e sábios.
217

Etnográfico e Paisagístico; Livro do Tombo Histórico; Livro do Tombo das Belas Artes e
Livro das Artes Aplicadas2.

5.2.4 Estado-Maior do Exército

Por não se constituir em sistema de 1ª Ordem do Exército Brasileiro, o Sistema Cultural


do Exército enquadra-se como um subsistema do seu Sistema de Ensino.

O Estado-Maior do Exército figura no topo dessa configuração sistêmica e tem como


atribuições principais assessorar o Comandante do Exército na execução da Política
Cultural da Instituição.

Além disso, elaborar e aprovar os atos normativos essenciais para a implementação do


Sistema Cultural. Cabe Estado-Maior do Exército também, supervisionar, coordenar e
controlar, no nível Direção Geral, todas as atividades identificadas com o
desenvolvimento de programas e projetos culturais, pertinentes ao Sistema Cultural do
Exército.

Seu órgão de 2ª Ordem é o Departamento de Ensino e Pesquisa (Figura 46).

5.2.5 Departamento de Ensino e Pesquisa

A partir da década de 70, o Exército intensificou o processo de valorização da cultura,


com a criação do Departamento de Ensino e Pesquisa (DEP). Uma medida para a
centralização do pensamento cultural, até então disperso por vários órgãos.

Em 1980, foi organizada a Diretoria de Assuntos Culturais, Educação Física e


Desportos (DACED). Uma nova tentativa de centralizar e impulsionar as atividades
culturais no Exército, que ganhou maior importância com o início dos trabalhos de
levantamento do acervo patrimonial, histórico e artístico do Exército, a transferência do
Museu Histórico do Exército da Casa de Deodoro para o Forte de Copacabana e a
mudança de subordinação do Arquivo Histórico do Exército.

2
Livro de Tombo: Registro formal de um bem posto sob a guarda do Estado (ato de tombar,
tombamento), para o conservar e proteger (bem móvel e imóvel cuja conservação e proteção seja do
interesse público, por seu valor histórico, ou artístico, ou arqueológico, ou etnográfico, ou paisagístico
ou bibliográfico).
218

3
Figura 46 – Estrutura Organizacional do Exército Brasileiro
Fonte: Brasil. Disponível em: <http://www.Exercito.gov.br/>.

3
Significado das siglas: MD (Ministério da Defesa); Cmt Ex (Comandante do Exército); ACE (Alto
Comando do Exército); CONSEF (Conselho Superior de Economia e Finanças); FHE (Fundo
Habitacional do Exército); IMBEL (Indústria de Material Bélico do Brasil); Fund Osório (Fundação
Osório); GAB CMT EX (Gabinete do Comandante do Exército); CIE (Centro de Inteligência do
Exército); CCOMSEX (Centro de Comunicação Social do Exército); CJCEX (Consultoria Jurídica do
Comando do Exército); SEGEX (Secretaria Geral do Exército); EME (Estado-Maior do Exército); DGP
(Departamento Geral do Pessoal); DEC (Departamento de Engenharia e Construção); STI (Secretaria
de Tecnologia e Informação), DEP (Departamento de Ensino e Pesquisa); COTER (Comando de
Operações Terrestres); SCT (Secretaria de Ciência e Tecnologia); SEF (Secretaria de Economia e
Finanças); D Log (Departamento Logístico); (DSM) Diretoria de Serviço Militar; D MOV (Diretoria de
Movimentação); DA Prom (Diretoria de Avaliação e Promoções); DIP (Diretoria de Inativos e
Pensionistas); D Sau (Diretoria de Saúde); DAS (Diretoria de Assistência Social); DOM(Diretoria de
Obras Militares); D PATR (Diretoria de Patrimônios); DOC (Diretoria de Obras e Cooperação); CDS
(Centro de Desenvolvimento de Sistemas); CITEX (Centro Integrado de Telemática do Exército);
DMCEI (Diretoria de Material de Comunição e Eletrônica e Informática); DSG (Diretoria Serviço
Geográfico); CIGE (Centro Integrado de Guerra Eletrônica); DFA (Diretoria de Formação e
Aperfeiçoamento); DEE (Diretoria de Especialização e Extenção); DEPA (Diretoria de Ensino
Preparatório e Assistencial); DAC (V); DPEP (Diretoria de Pesquisas e Estudos de Pessoal); CTEx
(Centro Tecnológico do Exército); IME (Instituto Militar de Engenharia); CAEx (Centro de Avaliações do
Exército); IPD (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento); CPrM (Campo de Provas da Marambaia);
DAF (Diretoria de Administração Financeira); D Cont (Diretoria de Contabilidade); D Aud (Diretoria de
Auditoria); CPEx (Centro de Pagamento do Exército); ICEFEx (Inspetoria de Contabilidade e Finanças
do Exército); DS (Diretoria de Suprimento); D Mnt (Diretoria de Manutenção); D Trnp Mob (Diretoria de
Transporte e Mobilização); D MAvEx (Diretoria de Material de Aviação do Exército); DFR (Diretoria de
Fabricação e Recuperação); DFPC (Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados); CMA
(Comando Militar da Amazônia); CMNE (Comando Militar do Nordeste); CMO (Comando Militar do
Oeste); CML (Comando Militar do Leste); CMP (Comando Militar do Planalto); CMSE (Comando Militar
do Sudeste); CMS (Comando Militar do Sul); RM (Região Militar); RM/DE (Região Militar/Divisão de
Exército).
219

5.2.6 Diretoria de Assuntos Culturais

Em 1990, com o objetivo de realçar e priorizar as atividades culturais, o Ministério do


Exército houve por bem criar a Diretoria de Assuntos Culturais (DAC). Preservar as
tradições, a memória, os valores morais, culturais e históricos são os principais
objetivos da Diretoria de Assuntos Culturais, reverenciando os heróis e os Símbolos
Nacionais, cultivando as tradições militares e os valores morais, culturais e históricos do
Soldado Brasileiro.

Atualmente a DAC está estruturada em quatro setores. Todos estão localizados no Rio de
Janeiro: O Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial (MNM 2ª GM), no
Aterro do Flamengo; a Biblioteca do Exército (BIBLIEx), fundada em 1881 e reorganizada
em 1937; o Museu Histórico do Exército, instalado no Forte de Copacabana (MHEx/FC) e o
Arquivo Histórico do Exército (AHEx), instalado no palácio Duque de Caxias.

5.2.7 Arquivo Histórico do Exército

O Arquivo Histórico do Exército tem as suas atividades divididas em duas vertentes:


uma administrativa e outra histórico-cultural. A segunda se dedica à guarda,
conservação e divulgação da memória do Exército Brasileiro e dos documentos
relativos a sua evolução histórica. Apóia, também, atividades culturais do Exército e
mantém o Sítio Arqueológico "Casa dos Pilões", no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

O Arquivo atende solicitações de pesquisas, originárias do Brasil e do Exterior, de


pesquisadores e estudantes, militares ou civis, permitindo o acesso às informações
culturais existentes em seu acervo.

5.2.8 Fundação Cultural Exército Brasileiro

A Fundação Cultural Exército Brasileiro (FunCEB) é uma entidade civil, criada em 2000,
com personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, dispondo de
autonomia administrativa, financeira e patrimonial.

É fruto da iniciativa do empresariado brasileiro e pretende atingir um amplo campo


de atuação, incluindo as atividades de natureza educacional, de preservação
220

ambiental, comunicação e assistência social, oferecendo oportunidade para que se


realizem diversos tipos de parcerias com a iniciativa privada e com o terceiro setor4.

A possibilidade legal de celebração de convênios e outros instrumentos jurídicos entre a


FunCEB e o Exército Brasileiro permite a utilização de espaços, instalações e acervos
históricos sob a administração do Exército, em todo o país, em proveito de diferentes
instituições e da sociedade brasileira em geral.

Dentre as muitas finalidades dessa Fundação, as que estão mais direcionadas para o
assunto em estudo, são as seguintes: recuperar e preservar o patrimônio histórico e
artístico do Exército Brasileiro; e divulgar a história, o patrimônio artístico militar e outros
aspectos da cultura militar brasileira.

5.3 PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES

A preocupação com o patrimônio cultural produziu vários documentos internacionais e


nacionais, contendo recomendações sobre preservação de bens culturais, utilizados
como parâmetro para o desenvolvimento de políticas públicas de preservação e para a
realização das mais diversas ações de intervenção em bens culturais a nível mundial.

Entre estes documentos, os mais conhecidos são: a Carta de Restauro, de Camilo


Boito, que viveu entre 1836 e 1914; a Carta de Atenas, elaborada em 1933, durante a
realização do Quarto Congresso Internacional de Arquitetura Moderna; a Carta de
Veneza, elaborada em 1964, como resultado do Segundo Congresso Internacional de
Arquitetos e de Técnicos de Monumentos Históricos. Esta carta foi, durante anos, o
mais importante documento preservacionista; posteriormente ainda viriam a Carta de
Quito, em 1967; a Carta do Restauro Italiana, em 1972; a Declaração de Amsterdã, em
1975; a Carta de Nairobi, em 1976 e a Carta de Machu Picchu, em 1977.

4
Terceiro setor: qualquer organização que não integra o Estado nem está diretamente ligada ao
Governo, e cujas atividades, de natureza não-empresarial, estão voltadas para a esfera pública,
especialmente a prestação de serviços considerados relevantes para o desenvolvimento social. Pode
ser definida, também, como a designação genérica das entidades jurídicas de caráter privado, sem fins
lucrativos, e voltadas para questões tais como movimentos populares, ecologia, políticas de saúde,
direitos humanos, população de rua, minorias. Seu propósito básico é gerenciar o exercício da
cidadania e da autonomia dos grupos que compõem a sociedade. Geralmente representado pelas
organizações não governamentais (ONG).
221

No Brasil, documentos similares também foram elaborados, como: o Compromisso de


Brasília, em 1970; o Compromisso de Salvador, em 1972; a Carta de São Miguel das
Missões, em 1974 e a Carta de Pelotas, em 1978. Dezenas de cartas mais recentes
não alteraram, em essência, o conteúdo desses documentos.

Procurando atender ao que a sociedade brasileira anela, particularmente, quanto à


cultura, em todas as suas formas de manifestação e expressão, o Estado vem
desenvolvendo ações nos diversos campos do poder. É bastante diversificada a
legislação disponível sobre o assunto, nos diferentes níveis do governo.

A seguir, serão citadas, na íntegra, quando for o caso (ver anexos), ou abordadas
parcialmente, as principais legislações, no âmbito internacional e nacional, pertinentes
ao assunto dessa dissertação.

5.3.1 Carta de Veneza

O Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS5) aprovou em Veneza,


uma Carta Internacional sobre a conservação dos Monumentos e dos Sítios.

Nesse documento, aprovado em maio de 1964, ficou expresso claramente ser essencial
que os princípios que devem presidir à conservação e ao restauro dos monumentos
sejam elaborados em comum e formulados num plano internacional, se bem que se
deixe sempre a cada nação o cuidado de assegurar a sua aplicação dentro do quadro
da sua própria cultura e das suas tradições.

Ao longo de 16 artigos, a referida carta, dividida em seis seções, trata de algumas


definições, conservação, restauro, sítios monumentais, escavações, documentação e
publicação. (Documento na íntegra, no Anexo A).

5.3.2 Constituição da República Federativa do Brasil

A Constituição Federal (CF) foi promulgada em 5 de outubro de 1988, por Assembléia


Nacional Constituinte, sendo José Sarney o Presidente da República.

5
ICOMOS: International Council of the Monuments and Ranches
222

No tocante à cultura e aos bens culturais, nunca antes um texto constitucional brasileiro
lhes dedicou tanto espaço.

Pela primeira vez surge a denominação patrimônio cultural e sua definição.

Logo no início do seu corpo, assim consta a respeito do assunto:

Artigo 5° - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
................................................................................................................................
LXXIII -- qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe,
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
ônus da suculência (BRASIL, 1988, p.7).

Nota-se que, a ação popular tem explicitado, no novo texto, seu papel na defesa do
patrimônio cultural e do meio ambiente.

Segundo a CF, em seu Artigo 23, é de competência comum da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico,
artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos.

Também é dever do Estado, impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de


obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural.

Acrescenta, ainda, no artigo 24, que compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal
legislar concorrentemente sobre: proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico,
turístico e paisagístico; responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

Finalmente, estabelece claramente, em seus artigos 215 e 216, a competência do


Estado em relação à cultura. No Artigo 215 da Carta Magna pode-se ler que o
Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e o acesso às
fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das
223

manifestações culturais. Para maior clareza, a Constituição define o patrimônio cultural


em seu artigo 216.

5.3.3 Decreto Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937

Promulgado por Getúlio Vargas, então Presidente dos Estados Unidos do Brasil, trata sobre a
organização da proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, bem como das regras de
tombamento6 e da criação do SPHAN e suas atribuições. (Decreto na íntegra no Anexo B).

5.3.4 Lei nº 7.505, de 2 de julho de 1986

Trata sobre a criação de um Fundo de Promoção Cultural, que foi denominado de


Fundo Nacional da Cultura - FNC, com o objetivo de captar e destinar recursos para
projetos culturais, nos quais estão inclusos aqueles que visam a contribuir para a
preservação e proteção do patrimônio cultural e histórico brasileiro.

5.3.5 Lei nº 8.313, de 23 de Dezembro de 1991

Também conhecida como Lei Rouanet.

Esta lei restabelece princípios da Lei nº 7.505, de 2 de julho de 1986, institui o


Programa Nacional de Apoio à Cultura – PRONAC, cria incentivos a projetos culturais,
dentre eles, os de preservação e difusão do patrimônio artístico, cultural e histórico e dá
outras providências. (Documento na íntegra, no Anexo C).

5.3.6 Programa Nacional de Incentivo à Cultura

O Programa Nacional de Incentivo à Cultura (PRONAC), apóia, desenvolve e incentiva projetos


culturais por intermédio de recursos oriundos do Fundo Nacional de Cultura (FNC), Fundo de
Investimento Cultural e Artístico (FICART) e o incentivo a projetos culturais - Mecenato.

O investimento privado em cultura contribui no desenvolvimento econômico e social do


país. Os resultados obtidos com as parcerias, da iniciativa privada e o produtor cultural,
apontam um mercado de investimento promissor.

6
Tombamento: ato ou efeito de tombar.
224

Para os interessados em investimento nas diversas áreas culturais é necessário o


preenchimento de formulário próprio, onde é apresentado o projeto a ser apoiado, que
tenha recebido o aval do Ministério da Cultura.

Para beneficiar-se dos incentivos fiscais nas diversas áreas culturais os interessados
devem dirigir-se ao Ministério da Cultura para maiores informações.

5.3.7 Instruções Gerais para a Criação, Organização, Funcionamento e Extin- ção de


Espaços Culturais (IG 20-18)

São objetivos dessas Instruções: orientar as organizações militares quanto aos


procedimentos necessários à criação, ao funcionamento, ou à regularização de
espaços culturais; instruir o cadastramento e o inventário do acervo de museus, salas
de exposição, casas, sítios, parques históricos e monumentos existentes; e estabelecer
procedimentos necessários à extinção de museus e salas de exposição, bem como
definir, neste caso, a destinação de seus acervos.

Veja o documento na íntegra, no Anexo D.

5.3.8 Normas para Elaboração, Aprovação e Execução de Programas e Proje- tos


Culturais

Trata-se da Portaria nº 30 / DEP, 5 de junho de 2000 e tem por finalidade regular os


procedimentos relativos à elaboração, aprovação e execução de programas e projetos
culturais do Exército. Traz como anexo, um modelo de projeto cultural.

Seus objetivos são: regular as ações de natureza mais permanente relacionadas com a
Política Cultural do Exército, por intermédio de programas culturais; normatizar a
elaboração de projetos culturais; regular a sistemática de encaminhamento e as
atribuições de cada órgão envolvido na apreciação desses projetos culturais;
estabelecer a ligação com a FunCEB, para o apoio aos projetos culturais e estabelecer
condições para o acompanhamento e o controle dos programas e projetos culturais.

Veja a referida Norma na íntegra, no Anexo E.


225

5.4 UMA PROPOSTA DE PRESERVAÇÃO

A Política Cultural aprovada pela Port. Min nº 068, de 31 de Jan 96, estabelece
os objetivos gerais e particulares a serem perseguidos pela Força Terrestre no
campo da atividade cultural, bem como fixa os princípios operacionais e os
procedimentos gerenciais necessários à conquista e á manutenção de tais
objetivos.
Todas as ações dos órgãos do sistema cultural e das organizações militares
que vierem, por qualquer razão, a atuar na área cultural, devem ser planejadas
de forma a obterem-se os melhores resultados com os menores custos. Devem
também ter em mente a importância das parcerias, em particular as que
poderão advir por meio da Fundação Cultural do Exército Brasileiro.
O planejamento das ações culturais deve considerar dois instrumentos
fundamentais: os Programas e os Projetos Culturais (BRASIL, 2000, p. 1).

Falar em proposta de preservação é uma tarefa facilitada, diante do rumo apontado


pela legislação já citada nesta Seção. Além disso, verifica-se claramente na Portaria
parcialmente transcrita, que o Exército Brasileiro, ocupando boa parte das fortificações,
ainda existentes, construídas pelos portugueses, preocupa-se em baixar normas
internas e adequar-se às legislações em vigor, para a preservação desses fortes.

O Apêndice “B” contém a maioria dessas fortificações e cita qual instituição está com a
posse dessas áreas.

Em decorrência dessa Portaria foram criados dez Programas Culturais. Dentro dos
Programas Culturais criados, existe o Programa Cultural nº 1, cujo título é “Espaços
Culturais”. Os objetivos principais desse Programa são: restauração de fortes e
fortalezas; preservação de sítios históricos; criação de parques históricos;
aproveitamento turístico de fortes, fortalezas, sítios e parques históricos; abertura ao
público; criação de monumentos e memoriais; revitalização de áreas e a criação de
espaços culturais.

A palavra chave para que os objetivos desse programa cultural sejam atingidos é
“parceria”! Aliás, ela está expressa com clareza no texto citado que abre este tópico. A
importância da parceria não se resume apenas no aspecto econômico. Preservar custa
muito e o Exército, bem como o Estado, carecem de recursos orçamentários para
financiar com exclusividade a preservação do acervo histórico nacional.
226

A importância da parceria envolve outros aspectos relevantes. Acima de tudo,


possibilita à sociedade como um todo, o estímulo ao patriotismo, ao orgulho pela
nacionalidade, ao amor fraterno e à mútua compreensão social. Incentiva os
procedimentos destinados ao enaltecimento dos feitos e dos vultos importantes da vida
nacional.

Além disso, ajuda a projetar a imagem do Exército a partir da preservação das


tradições, da memória e dos seus valores morais culturais e históricos, abrindo um
canal perene e fértil de comunicação do Exército com outros seguimentos da
sociedade.

Tudo o que foi mencionado referente ao Exército como aspecto relevante na


preservação do seu acervo cultural, no caso os fortes, é igualmente válido para o Brasil
em relação ao público interno e à comunidade internacional.

Parceria é um longo e difícil caminho a percorrer. O Exército já tem feito isso, porém de
uma maneira tímida e acanhada. Das poucas experiências colhidas contou e conta
ainda hoje, com a inestimável colaboração de empresas privadas, de órgãos públicos,
de associações comunitárias e de profissionais.

Essas parcerias tornaram possíveis ações renovadas, contínuas e coerentes com a


visão projetada para a recuperação e conservação de parte do imenso acervo cultural
sob a tutela do Exército. Mas como foi dito, não tem sido suficiente para atender a
demanda de preservação.

O terceiro setor é a resposta que o país está encontrando para superar os óbices
orçamentários para por em execução, ou dar continuidade aos programas de governo.
Esse setor pode mobilizar a iniciativa privada para ser parceira do Exército e do Estado.

Só para dar um exemplo dentre muitos, o Ministério da Educação acredita e investe,


desde 1995, em parcerias com o setor privado para a melhoria da escola pública. Ao
longo desses 8 anos incentivou parcerias da sociedade civil com o poder público,
227

como forma de melhorar a qualidade do ensino público no Brasil. O resultado dessa


política é uma imensa relação de parceiros7, quase uma centena.

O Exército é uma das Instituições com maior credibilidade junto à opinião pública. Tem
presença nacional e é permeado por pessoas de todos os seguimentos da sociedade.
Um projeto de divulgação das necessidades e atrativos decorrentes, junto ao 3º setor e
à iniciativa privada, certamente terá retorno em parcerias.

Algumas ações em busca desse incremento de parceria estão em execução, porém são
tímidas, ainda. A criação da FunCEB é um passo rumo a esse objetivo, mas falta um
maior engajamento em toda a cadeia sistêmica cultural do Exército. Empresas públicas
e privadas, entidades filantrópicas, fundações, Organizações Não Governamentais
(ONG), organismos nacionais e internacionais, governos estaduais e municipais, em
parceria com o Exército devem ser convidados a assumir sua parcela de
responsabilidade na recuperação e conservação do patrimônio histórico.

A Lei Federal de Incentivo à Cultura, conhecida como Lei Rouanet, criou incentivos fiscais para
doações e patrocínios a projetos culturais previamente aprovados pelo Ministério da Cultura. As
doações ou patrocínios são limitados a 4% do valor do imposto de renda devido por pessoa jurídica
e a 6% por pessoa física. Existem também, outras legislações já citadas neste trabalho, que se
divulgadas e exploradas com oportunidade, facilitarão a formação de parcerias.

Cabe à cadeia do sistema cultural do Exército, do Estado-Maior até às Organizações Militares,


particularmente aquelas que ocupam as fortificações, explorarem com parcela de seus recursos
humanos, os nichos de parceria, disponíveis, em âmbito regional, nacional e até internacional.

É preciso manusear a legislação, divulgar os incentivos e realizar a propaganda dos


projetos de interesse do Exército. Existem aspectos interessantes na legislação que
passam desapercebidos da atenção dos curiosos de plantão. Um maior domínio da
legislação, uma boa divulgação dos incentivos e a uma exposição séria de projetos,

7
Parceiros do Programa Acorda, Brasil. Está na Hora da Escola! (está disponível para maiores con-
sultas no site http://www.educacao.gov.br/acs/acorda/default.shtm).
228

despertará maior participação de agentes financiadores. Os recursos da propaganda


pela mídia eletrônica são infinitos e não exigem alto valor de investimento.

Em que pese a importância da preservação, a reduzida disponibilidade de recursos


para a execução das atividades da vida vegetativa das organizações militares, faz com
que a preservação tenha baixa prioridade.

A Cultura tem que ser vista como um instrumento transformador dos valores da
sociedade. Destacar os valores que foram defendidos em cada uma das fortificações
construídas no Brasil é algo importantíssimo. Cultura é instrumento de poder. Tem que
haver conscientização de que há uma deficiência na formação do militar. Falta uma
melhor visão holística para a leitura de livros de história militar voltada para valorizar a
cultura de preservação.

Outra sugestão é desenvolver uma política que estimule a sociedade como um todo,
particularmente ao militar, o gosto pela história militar, buscando uma mudança de
comportamento interno e uma nova postura da sociedade quanto assunto preservação.

É oportuno propor-se também, a priorização de ações de tombamento pelo IPHAN.


Nem todas as fortificações estão com os trabalhos de levantamento concluídos. No
Exército, o que se iniciou nos idos de 1980 precisa de continuidade.O bem tombado
não pressupõe desapropriação, mas não pode ser destruído e qualquer intervenção por
que necessite passar, deve ser analisada e autorizada.

O Apêndice “B” apresenta uma fotografia dessa ação de tombamento. Apenas, cerca de
40% das fortificações de posse do Exército são tombadas. Completar esse trabalho de
tombamento contribuirá para melhor conhecer o acervo, além de evidenciar os principais
problemas. Em decorrência disso tudo virão os projetos e as parcerias para a preservação.

Paralelamente, pode-se incrementar as ações voltadas para a elaboração dos projetos.


Com base na farta legislação de apoio existente, toda a cadeia do Sistema Cultural
deve pensar o quê fazer e como fazer para que o patrimônio seja preservado. O normal
é que a ponta da linha desse Sistema dê o passo inicial e que os demais órgãos
participem na busca do produto final – um projeto viável e eficaz.
229

Alguns projetos elaborados dentro dessa ótica estão em execução. Um exemplo é o


Projeto Cultural “Fortificações da Baía da Guanabara”.

Esse Projeto tem como objetivos: proporcionar melhores condições para a abertura das
fortificações dessa área à visitação pública; obter recursos para a restauração e a
conservação dessas fortificações; desenvolver projetos de educação e preservação
ambiental; realizar pesquisas voltadas para a evolução do sistema de defesa da baía,
para a arquitetura e para a armaria das fortificações, bem como, atrair setores
representativos da sociedade civil, particularmente de universidades e associações de
moradores, para a defesa da preservação do patrimônio histórico representado pelas
áreas dos fortes e fortalezas. O Projeto está em execução.

O Projeto de Reconhecimento da Fundação da Cidade do Rio de Janeiro, inserido no


contexto do Projeto Cultural “Fortificações da Baía da Guanabara” tem como objetivo
criar um pólo turístico, cultural e ecológico dentro da Fortaleza de São João, na Urca
(Figura 47).

Figura 47 - Projeto de Reconhecimento da Fundação da Cidade do Rio de Janeiro


Fonte: Mota (2001).
230

A Fortaleza de São João foi palco da fundação da cidade. Tem muralhas e construções
de imenso valor histórico, tombado pelo IPHAN. Nele está localizado o morro Cara de
Cão, considerado pelo IBAMA, uma área de conservação ecológica.

Além disso, a Fortaleza de São João é um centro de excelência da Educação Física no


Brasil, abrigando desde 1929 o Centro de Capacitação Física do Exército, em cujas
instalações treinam rotineiramente diversas equipes olímpicas brasileiras.

Ao lado do Pão de Açúcar, o local abriga ainda o Forte São José, uma das mais antigas
construções da história do Brasil. O Projeto é dividido em várias fases. A primeira é a
construção de uma praça exatamente no local onde Estácio de Sá fundou a cidade de
São Sebastião do Rio de Janeiro em 1565. O piso dessa praça contém o símbolo de
uma Cruz da Ordem de Cristo em fibra ótica.

Um marco comemorativo do ato da fundação foi construído no centro dessa cruz,


alusivo à chegada dos portugueses, de forma que é possível avistar o conjunto todo
dos aviões que manobram para pousar no Aeroporto Santos Dumont, bem como, dos
mirantes do Morro Pão de Açúcar. Essa parte do Projeto já foi realizada, com recursos
do Clube de Regatas Vasco da Gama e com o apoio da Rioluz. Inaugurada em junho
de 2000.

Outra fase do Projeto prevê a construção de um Museu do Desporto. Está localizado no


último andar da Escola de Educação Física do Exército. A fachada do prédio, uma
construção dos anos 30 em estilo “Art Decó”8, foi preservada. O projeto prevê a
instalação de auditório para apresentações multimídia, cafeteria e lojinha. Foi concluída
em 2000. Falta oficializar sua criação e compor o levantamento do acervo.

Uma terceira fase do projeto é a restauração do Forte São José. O Reduto do Forte
São José, por sua localização estratégica, teve um importante papel na defesa da
cidade, quando da Invasão Francesa, guardando a entrada da Baía da Guanabara.

8
Art Deco: O Art Deco constituiu uma das manifestações da "modernidade" na arte da segunda década
do século passado. O empenho na renovação dos símbolos artísticos relacionados com a cultura do
capitalismo industrial e financeiro, então em seu auge, foi uma ambição dos criadores que concorreram
à famosa Exposição de Paris em 1925. Ela marcou um antes e um depois nesta história, e de suas
mostras se derivou uma forma peculiar no desenho: a Arte Decorativa.
231

Foi projetada e construída uma mureta de proteção de 60 cm de altura ao longo do


caminho que leva ao Forte São José. Além disso, determinados trechos, mais
perigosos, têm grades de proteção. Todas as muralhas, pisos e casamatas do Forte
serão limpos, restaurados e consolidados. Ao lado do Forte funcionará uma praça de
convivência, com toda infraestrutura necessária para a abertura do local ao público –
lanchonete com mesinhas, banheiros e outros serviços básicos.

Outra fase do Projeto prevê a recuperação do paiol do Forte São José. Nesse local será
criado o Espaço Cultural da Fundação da Cidade do Rio de Janeiro. Fica no nível
superior do Forte com bela vista para a entrada da Baía da Guanabara. Nele serão
realizadas exposições multimídia sobre a história da cidade.

A Sala de Projeção é outra fase desse projeto. Será um espaço adequado para
palestras, cursos, convenções e outras atividades culturais. Os efeitos de projeção
terão a qualidade de cinema. A especificação dos equipamentos foi selecionada
tanto para projeção como para cursos e palestras, utilizando tecnologia de 1º
mundo, oferecendo assim aproveitamento do local para múltiplas funções
educacionais.

Todas as fases desse Projeto anteriormente descritas foram aprovadas pela Lei Federal
de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura (Lei Rouanet). Isto significa que o
patrocinador pode aplicar parte do seu imposto de renda em projetos culturais, podendo
ainda lançar este investimento como despesa operacional.

O número mensal estimado de visitantes é de 10.000. Atualmente a média de


população circulante no Forte São João é de 1000 pessoas por mês. O projeto conta
com o apoio total da associação de moradores da Urca e do Exército Brasileiro.

O Forte São José foi tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional). Processo de tombamento nº 101-t-38, nº 155-t-38 e nº 827-t-70 - Forte São
José, Reduto São Teodósio e muralhas dos Redutos São Diogo e São Martinho.

No Projeto foram oferecidos como retornos aos patrocinadores a exibição de


logomarca em locais estratégicos; o direito de utilização da imagem do Forte em
232

propaganda institucional durante período determinado; espaço para realização de festa


do patrocinador no local (em acordo com a administração da Fortaleza) e a utilização do
Centro de Capacitação Física de Exército em períodos pré-determinados.

O custo total do Projeto foi orçado em cerca de R$ 1.700.000,00 (um milhão e


setecentos mil Reais). Desse total, o BNDES forneceu R$ 300.000,00 (Trezentos mil
Reais), relativos a parte do projeto de restauração do Forte São José.

Existem outros exemplos bem sucedidos de projetos executados, ou em execução. É


oportuno ressaltar o Projeto Fortalezas Multimídia Anhatomirim realizado pela
Universidade Federal de Santa Catarina.

Tem por objetivo promover o estudo, a divulgação, a valorização e a preservação das


Fortificações Militares em Santa Catarina, no Brasil e no Mundo, utilizando para isso os
recursos computacionais multimídia.

O Projeto concebido em 1995 pelo arquiteto Roberto Tonera, possui atualmente três
eixos de atuação: a manutenção pela Internet de sites9 de informação e estudo sobre
as fortificações; a implantação de quiosques multimídia em forma de terminais de
consultas , a serem instalados nas fortificações e em outros locais públicos e a edição
de uma coleção de CD-ROM sobre fortificações.

As fortificações da Ilha de Santa Catarina são bens imóveis pertencentes à União, sob
a jurisdição do Exército ou da Marinha. Foram tombadas como Patrimônio Histórico
Nacional, em 1938, com exceção da Fortaleza de Araçatuba e do Forte de Santa
Bárbara, tombados, respectivamente, em 1980 e 1984.

Em função do tombamento, estas fortificações estão sob a proteção legal do Instituto do


Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, órgão Federal, com representação
em Santa Catarina, responsável pela política de preservação cultural em nível nacional.

A Partir de 1979, a Universidade Federal de Santa Catarina assumiu a guarda,


manutenção e conservação da Fortaleza de Anhatomirim. Em 1991 e 1992 passou

9
Sites: http://www.fortalezasmultimidia.com.br e http://www.fortalezas.com.br
233

também a se responsabilizar pela guarda da Fortaleza de Ratones e da Fortaleza de


Ponta Grossa, respectivamente, e, em 2000, deu início ao processo de tutela da
Fortaleza de Araçatuba (Figura 48).

Figura 48 – Fortificações da Ilha de Santa Catarina


Fonte: Universidade Federal de Santa Catarina [1998].

Neste período, de forma integrada ao patrimônio ambiental, às manifestações culturais


regionais e ao turismo cultural, o trabalho desenvolvido pela UFSC junto às Fortalezas
vem se consolidando como uma das mais marcantes e felizes iniciativas públicas ligadas
à preservação e valorização do patrimônio cultural em Santa Catarina e no Brasil.

5.5 CONCLUSÃO PARCIAL

Conclui-se parcialmente que a preservação do patrimônio histórico e cultural é uma


preocupação universal. Existem órgãos em todos os níveis (internacional e nacional)
voltados para esse fim, que buscam, em consonância com a vasta legislação
reguladora, formas de preservar todos os tipos de manifestações culturais, inclusive as
fortificações, alvo da presente dissertação.
234

Do que foi exposto nesta Seção, as propostas de medidas possíveis de implementar,


para preservar às gerações futuras, esse patrimônio que são as fortificações
portuguesas no Brasil, podem ser sintetizadas em poucas linhas: inicialmente,
popularizar o manuseio da legislação, divulgando os incentivos e realizando
propaganda dos projetos; priorizar as ações de tombamento pelo IPHAN; incrementar
as ações voltadas para a elaboração de projetos e explorar com parcela dos recursos
humanos do Sistema Cultural do Exército os nichos de parcerias, disponíveis.
235

6 CONCLUSÃO

A presente pesquisa buscou ressaltar o papel fundamental das fortalezas, fortes,


fortins, baterias e outras obras da arquitetura militar erguidas pelos portugueses no
Brasil, entre os Séculos XVI e XIX, na formação, expansão e consolidação dos limites
do território brasileiro.

Como extensão da pesquisa procurou-se evidenciar a Cultura como instrumento


transformador dos valores da sociedade, ressaltando a importância cultural desse
acervo e a necessidade de sua preservação.

A seguir, foram apresentados os recursos, legislação e cadeia sistêmica, para que isso
ocorra, bem como alguns exemplos de projetos bem sucedidos e algumas sugestões
para estimular a preservação dos fortes.

Dentre as mais de 350 fortificações que se estima terem sido construídas no Período
Colonial do Brasil, somente algumas resistiram à ação do tempo, existindo hoje
vestígios de pouco mais de uma centena destas construções defensivas, das quais 43
se encontram tombadas como Patrimônio Histórico Nacional.

As fortificações portuguesas no Brasil atestam grande sabedoria no bem locar, projetar e


construir.

Os seus edifícios foram exemplarmente instalados sobre promontórios rochosos, cabos


e junto à foz dos rios, em locais geograficamente privilegiados, revelando o inteligente
ajuste dos sistemas de fortificações (Vauban e Montalembert) desenvolvidos na
Europa, sobretudo, na Itália e na França, às condições topográficas do Novo Mundo.

Aos portugueses, o justo reconhecimento de que foram versáteis e se adaptaram às


peculiaridades da nova terra. Embora não fossem os mais fortes, improvisaram defesas
baseadas em conceitos pré-definidos e resistiram às investidas das grandes nações da época.

As fortificações exerceram muito mais a função política e administrativa de demarcar


e assegurar a posse do território, do que a função militar, de fato impraticável, de
236

impedir o desembarque de invasores estrangeiros ao longo dos mais de 8 mil Km de


litoral.

Nas questões de limites travadas até o início do Século XX, o argumento da presença de uma
fortificação portuguesa, erguida nas mais remotas regiões do Brasil, foi largamente utilizado na
demarcação dos limites das fronteiras do País, como sinônimo de possessão brasileira.

Entre as fortificações ainda existentes, destacam-se no litoral: o Forte dos Reis Magos, em Natal,
RN; o conjunto de fortificações de Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e da Ilha de Santa
Catarina. No interior, os fortes Príncipe da Beira (RO), Coimbra (MS) e São José de Macapá
(AP), todos tombados pelo IPHAN.

É importante ressaltar, mais uma vez, a estratégica construção das fortificações. Dentro dessa
estratégia destacam três complexos defensivos: o de Salvador, no Nordeste; o da Baía da
Guanabara no Rio de Janeiro e o complexo originado pelo Plano de Restauração da Antiga
Capitania de São Paulo, implementado por Morgado de Mateus.

Morgado de Mateus monta e instala 19 localidades e cidades sobre uma rede de estradas,
articulando terra e águas das bacias hidrográficas do grande rio Paraná e do Prata, com um
objetivo geopolítico estratégico notável dentro do contexto do Governo Iluminista do Marquês de
Pombal.

Seu trabalho produziu significativas conseqüências no período de 1777 a 1808 e culmina com a
transferência da Família Real para o Rio de Janeiro.

Ressalte-se ainda que São Paulo teve um papel de destaque, na época das Bandeiras e das
Monções1, na ampliação das fronteiras do país e na consolidação da unidade nacional.

Muitos dessas fortificações aguardam um projeto adequado de revitalização ou continuam ainda


hoje abandonados, necessitando ser inventariados, estudados, restaurados e reconduzidos ao
cotidiano de vida das nossas cidades.

1
Monções: Qualquer das expedições que desciam e subiam rios das capitanias de SP e MT, nos
séculos. XVIII e XIX, pondo-as em comunicação.
237

Já em outros casos, como nas Fortalezas gerenciadas pela Universidade Federal, de


Santa Catarina, conseguiu-se resgatar o papel histórico daquelas fortificações,
reincorporando-as à vida cultural e turística brasileira. É o que se espera também do
Projeto de Reconhecimento da Fundação da Cidade do Rio de Janeiro.

No presente trabalho foi ressaltada a importância de preservar. Preservar significa


“livrar de algum mal; manter livre da corrupção, perigo ou dano. Livrar, defender e
resguardar”. Um povo que esquece sua história e não sabe nada sobre o seu passado
está fadado a ser espoliado em seus tesouros artísticos mais representativos e ficar não
só privado de obras-primas insubstituíveis, mas também de sua própria memória
coletiva.

Assim, devemos preservar para compreender o processo de evolução, a memória


social, as referências condutoras da vida em sociedade, sem as quais o homem estaria
privado de parte do seu contexto original e alienado das suas raízes.

O termo preservar deve ser aplicado, com toda a amplitude de seu significado, ao
ambiente, aos bens culturais e ao conhecimento (saber fazer). Será mais fácil a
manutenção de nossa identidade cultural se soubermos controlar os processos de evolução,
entendendo a preservação como condição imprescindível para o desenvolvimento e como
indicador de uma boa qualidade de vida, e não como um conceito antagônico ao progresso.

Este controle pode ser feito, por exemplo, através de levantamentos, mapeamentos e
inventários, preservando, por meio destes registros, referências culturais que não têm
garantias de permanência, como os modos de falar, as rezas, as histórias regionais, as
lendas, os bens materiais em desaparecimento, as paisagens e os sítios em
degradação.

Estes registros permitem garantir a compreensão da memória social, preservando o que


for mais significativo. O incentivo às práticas artesanais e às manifestações tradicionais
também é uma forma de prolongar a permanência da identidade cultural, difundindo-a
entre grupos sociais mais jovens e diminuindo o impacto da transição para novas
referências.
238

Destaca-se mais uma vez a necessidade do tombamento. A primeira norma de conduta para
preservar as construções, chamadas bens imóveis, quando ainda não estão descaracterizadas,
é manter o edifício ou conjunto urbano em uso constante e, sempre que possível, satisfazendo a
programas originais.

A preservação de conjuntos arquitetônicos é importante, pois mantém os referenciais culturais,


contribuindo com a perpetuação da memória da cidade e, conseqüentemente, de seu povo.

Políticas adequadas de planejamento urbano também são fundamentais na salvaguarda dessas


construções ou conjuntos e de sua integração à dinâmica urbana, como organismos vivos da
cidade. Em muitos casos, necessita-se de instrumentos legais de proteção, entre os quais o
tombamento é o mais conhecido.

O bem tombado não pressupõe desapropriação, mas não pode ser destruído e qualquer
intervenção por que necessite passar, deve ser analisada e autorizada.

A preservação cultural deve interessar a todos os cidadãos e às instituições públicas e privadas.


Entre outros, a indústria do turismo, considerada a grande indústria moderna, possuí
beneficiários diretos, como a hotelaria, restaurantes, o comércio, empresas de transportes,
agências de viagens.

É necessário um intenso trabalho de mídia para divulgar os projetos e difundir a cultura de


preservação. O desestímulo da participação privada que deseja o retorno imediato pode ser
atenuado com a cessão de maiores espaços para atividades turísticas, ressaltando os ganhos
indiretos pelo patrocínio de uma atividade cultural, no caso a preservação de uma fortificação.

Esta pesquisa, na sua abrangência, não esgota o estudo sobre as fortificações portuguesas no
Brasil e tão pouco finaliza a política cultural de preservação das mesmas.

Pelo nível de complexidade e diversidade dos problemas, pelas necessidades decorrentes da


implementação de uma política cultural eficaz e permanente, o assunto carece de
aprofundamento, de um estudo específico para cada fortificação, de um trabalho de
conscientização em todos os níveis para valorizar os ideais de preservação.
239

Assim, a sua importância sobressai-se com a abertura desse novo e necessário leque de
providências que advirão. É um grande desafio! Com certeza não é maior do que o foi para os
nossos antepassados.

Não se deve esquecer jamais: Os fortes fortalecem os fortes! E vice-versa.

Esta foi uma verdade no passado e também é, no presente, e será no futuro!

__________________________________________________

ANTONIO PROCÓPIO DE CASTRO GOUVÊA – Ten Cel Eng


240

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246

GLOSSÁRIO

Artilhados - Guarnecidos ou fortificados com artilharia.

Baluarte - obra de fortificação avançada com dois flancos e duas faces. O mesmo que
bastião.

Barbacan - muro construído na frente da muralha, além da escarpa do fosso, e mais


baixo do que ela, com frestas ou seteiras, por onde se atira.

Barbeta - plataforma onde se colocam as peças para atirarem por cima do parapeito.

Bastião – o mesmo que baluarte. Obra de fortificação avançada com dois flancos e
duas faces.

Bateria - obra de fortificação menor que um Reduto e, em princípio, isolada. É armada


somente com canhões.

Boca-de-fogo - expressão genericamente aplicada ao canhão ou ao obus. O mesmo


que peça.

Braga - muro ou estacada (pequeno), que guarnece e fecha uma fortificação.

Canhoneira - abertura na muralha, onde se colocam peças para atirarem.

Capoeira - caminho no fosso, que liga a Tenalha à Meia-Lua e, em geral, nele são
instaladas casamatas, devidamente artilhadas para flanquearem duas direções opostas
do fosso.

Casa Forte - habitação transformada, por obras de fortificação, em um pequeno


Reduto.

Casamata - subterrâneo abobadado que serve de abrigo para o material e para os


defensores de uma fortificação.

Contra-escarpa - declive ou talude de um fosso fronteiro à escarpa.


247

Cortina - muro recuado que liga dois Baluartes ou dois Bastiões.

Escarpa - declive ou talude de um fosso junto à muralha.

Esplanada - terreno plano, largo e descoberto na frente da Fortaleza.

Face - lado de uma frente fortificada que tem ação frontal.

Flanco - lado de uma frente fortificada que tem ação de flanqueamento.

Flibusteiro - Pirata dos mares da América nos Sec. XVII e XVIII; aventureiro,
trapaceiro.

Fortaleza - fortificação cujos canhões estão repartidos em duas ou mais baterias de


artilharia, instaladas em obras independentes e, em geral largamente intervaladas.

Forte - fortificação constituída de uma ou mais baterias de artilharia, porém localizadas


em apenas uma parte do prédio.

Fortim - forte pequeno.

Fosso - escavação mais ou menos larga (variando de 5 a 30 metros) e profunda (2 a 10


metros) em torno de uma fortificação.

Légua – medida itinerária, equivalente a 6.600 metros.

Meia-Lua – obra destinada a cobrir a contra-escarpa e o fosso. O mesmo que Reveli

Muralha - muro que guarnece e fecha uma fortificação. A largura da muralha variava de
5 a 20 metros, e sua altura, de 5 a 8 metros ou mais.

Parapeito - a parte superior da muralha, por trás da qual os defensores se abrigam e


podem atirar.

Peça - expressão genericamente aplicada ao canhão ou ao obus. O mesmo que boca-


de-fogo.

Plataforma - local onde se assentam as peças de artilharia.


248

Porta - posto de vigilância com finalidade militar e comercial, instalado nas entradas
principais das cidades, normalmente, protegidas por um fosso com uma ponte levadiça.

Poterna - galeria secreta e subterrânea que dá para o fosso, permitindo a comunicação


do interior com o exterior.

Praça – Forte - fortaleza de grande extensão ou uma cidade fortificada, defendida por
diversas obras ou fortificações.

Presídio - prisão militar. No tempo do Brasil-Colônia foram instaladas em algumas


regiões do Brasil. Originaram dessas repartições ou estabelecimentos alguns fortes,
fortins ou redutos.

Redente - obra de fortificação em forma de ângulo saliente.

Reduto - pequeno forte isolado no exterior, ou no interior de uma fortaleza. É uma obra
fechada de 4 a 5 faces. No Brasil-Colônia eram, normalmente, construídos com terra
apiloada, portanto, bastante frágeis.

Registro - repartição onde se registravam as queixas, faziam-se os pagamentos de


taxas e impostos, etc. No tempo do Brasil-Colônia foram instaladas em algumas regiões
do Brasil. Originaram dessas repartições ou estabelecimentos alguns fortes, fortins ou
redutos.

Reveli – o mesmo que meia-lua. Obra destinada a cobrir a contra-escarpa e o fosso.

Tenalha – parte de uma face do Baluarte ou Bastião que forma um ângulo reentrante
para a parte de fora.

Tranqueiras - postos de vigilância, normalmente, protegidos por trincheiras ou


paliçadas. Foram estabelecidos na época Colonial.
249

APÊNDICE A – ÍNDICE DAS FORTIFICAÇÕES PORTUGUESAS CONSTRUÍDAS NO


BRASIL, NO PERÍODO COLONIAL, APRESENTADAS NESTA DISSERTAÇÃO.
Seção
Fortificação UF Pág. Ilustrações Observações Σ
Alínea fortes

4.2.1 Na Região Norte - 72 M–8 Total = 31 -


4.2.1.1 Fortificações costeiras - 72 - Total = 7 -
a) Fortaleza de Santo Antonio do Gurupá PA 72 - - 1
b) Forte de São Pedro de Nolasco PA 73 - - 2
c) Fortaleza da Barra ou de Nossa PA 74 - - 3
Senhora das Mercês da Barra
d) Fortim e Bateria da Ilha dos Periquitos PA 74 - - 4
e) Bateria de Val de Cans PA 75 - - 5
f) Reduto de São José PA 75 - - 6
g) Bateria de Santo Antônio PA 75 - - 7
4.2.1.2 Fortificações marginais - 75 - Total = 24
a) Forte do Cabo Norte AP 75 - - 8
b) Forte de Santo Antônio de Macapá AP 76 - - 9
c) Forte do Rio Bataboute AP 76 - - 10
d) Fortaleza de Macapá ou São AP 77 - - 11
José do Macapá
e) Vigia do Curiaú AP 78 - - 12
f) Vigia de Bragança AP 78 - - 13
g) Fortaleza de São José da Barra AM 78 - - 14
do Rio Negro
h) Forte de São José das AM 78 - - 15
Marabitanas, ou de Cucuí
i) Forte de São Gabriel da AM 79 - - 16
Cachoeira ou Uaupés
j) Forte de São Joaquim AM 79 - - 17
K) Forte de Tabatinga ou São AM 79 - - 18
Francisco Xavier de Tabatinga
l) Forte de Caité PA 80 - - 19
m) Forte do Presépio, do Castelo do PA 80 Fig. 15 - 20
Senhor Cristo, ou do Castelo
n) Casa Forte de Guamá PA 82 - - 21
o) Forte do Desterro PA 83 - - 22
p) Forte do Toheré PA 83 - - 23
q) Fortaleza de Santarém Tapajós PA 83 - - 24
r) Forte de Óbidos ou Pauxis PA 83 - - 25
s) Forte do Paru PA 85 - - 26
t) Forte Nossa Senhora de Nazaré PA 85 - - 27
de Alcobaça
u) Forte da Cachoeira de Itaboca PA 85 - - 28
v) Forte de Nossa Senhora da RO 86 - - 29
Conceição
250

Seção
Fortificação UF Pág. Ilustrações Observações Σ
Alínea fortes

w) Real Forte Príncipe da Beira RO 86 Fig. 16 - 30


Fig. 17
x) Forte de São Joaquim de Rio Branco RR 89 Fig. 18 - 31
4.2.1.3 Fortificações mistas - 92 - Sem -
citação
4.2.2 Na Região Nordeste - 92 M9 Total = -
106
4.2.2.1 Fortificações costeiras - 93 - Total = -
103
a) Forte de Porto Calvo AL 93 - - 32
b) Forte de São João AL 93 - - 33
c) Forte de São Pedro AL 94 - - 34
d) Forte Príncipe Imperial AL 94 - - 35
e) Casa da Torre, Torre de Garcia BA 94 - - 36
D´Ávila, ou Forte Garcia D´Ávila
f) Fortaleza do Morro de São BA 95 - - 37
Paulo, Fortaleza do Tapirando
g) Forte de Santa Cruz do BA 98 - - 38
Paraguaçu, Forte da Barra
h) Forte de São Lourenço de Itaparica BA 99 Fig. 19 - 39
i) Forte do Paraguaçú, Forte do Alemão BA 100 - - 40
j) Fortim da Forca BA 100 - - 41
K) Fortim, Reduto ou Bateria da Costa BA 100 - - 42
l) Complexo de São Salvador BA 100 M 10 - 43
m) Forte de Nossa Senhora de Mont BA 102 Fig. 20 - 44
Serrat, Forte de São Felipe
n) Forte do Barbalho de Mont Serrat BA 104 - - 45
o) Forte de Santa Maria BA 105 Fig. 21 - 46
p) Forte de Santo Alberto, Fortim de BA 106 - - 47
São Tiago
q) Forte de Santo Antônio Além do Carmo BA 107 - - 48
r) Forte de Santo Antônio da Barra, BA 108 Fig. 22 - 49
Forte Grande, Fortaleza da Barra
s) Forte de São Bartolomeu da Passagem BA 109 - - 50
t) Forte de São Marcelo, Forte do BA 110 Fig. 23 - 51
Mar, Castelo do Mar
u) Forte de São Paulo da Gamboa BA 112 - - 52
v) Forte de São Pedro BA 113 - - 53
x) Fortim da Ribeira BA 114 - - 54
y) Fortim de Pinaúnas BA 114 - - 55
z) Fortim de São Felipe, Fortim de BA 114 - - 56
Itapagipe, da Praia Grande
aa) Fortim de São Fernando BA 114 - - 57
251

Seção
Fortificação UF Pág. Ilustrações Observações Σ
Alínea fortes

ab) Fortim de São Tiago e São Felipe BA 115 - - 58


ac) Reduto do Rio Vermelho, Forte BA 115 - - 59
do Rio Vermelho
ad) Fortim de São Francisco BA 115 - - 60
ae) Forte de Jequitaia ou São BA 115 - - 61
Joaquim
af) Reduto de São Luís BA 115 - - 62
ag) Reduto da Água de Meninos BA 115 - - 63
ah) Fortim de São Diogo BA 116 - - 64
ai) Fortim de São Lourenço CE 116 - - 65
aj) Fortaleza de Nossa Senhora da CE 116 Fig. 24 - 66
Assunção
aK) Forte de Nossa Senhora da CE 117 - - 67
Assunção, Schononemborch
al) Forte Real de São Francisco CE 119 - - 68
Xavier da Ribeira do Jaguaribe
am) Fortim da Bandeira CE 119 - - 69
an) Fortim de Nossa Senhora do CE 120 - - 70
Rosário, Fortim de Jeriquaquara,
de São Lourenço
ao) Fortim de São Luiz, Fortim de CE 120 - - 71
São Bernardo
ap) Fortim de São Sebastião, Fortim CE 121 - - 72
de Nossa Senhora do Amparo
aq) Fortim de São Tiago da Nova Lisboa CE 122 - - 73
ar) Fortim do Camocim, Forte do CE 122 - - 74
Coreaú
as) Forte de Santa Maria, Forte de MA 122 - - 75
Quaxenduba
at) Forte de Santo Antônio da Barra, MA 123 - - 76
da Ponta da Areia, da Ponta de
João Dias
au) Forte de São Francisco, Fortaleza MA 124 - - 77
dos Santos Cosme e Damião
av) Forte de São José de Itaparé, MA 124 - - 78
Forte de Itapary
aw) Forte de São Luís, Forte de São Filipe MA 124 - - 79
ax) Forte de São Marcos MA 125 - - 80
ay) Forte de São Sebastião, Forte de MA 125 - - 81
Alcântara
az) Forte de Vera Cruz, Forte do MA 126 - - 82
Calvário
ba) Forte de Cumã MA 126 - - 83
252

Seção
Fortificação UF Pág. Ilustrações Observações Σ
Alínea fortes

bb) Forte Sardinha MA 126 - - 84


bc) Fortim da Baía da Traição, PB 126 - - 85
Atalaia da Baía da Traição
bd) Baluartes de Filipéia PB 127 - - 86
be) Bateria da Baía de Lucena PB 127 - - 87
bf) Forte de Nossa Senhora das PB 127 - - 88
Neves, Forte do Varadouro
bg) Forte de Santa Catarina, Forte PB 127 - - 89
do Matos, Forte do Cabedelo
bh) Forte de Santo Antônio (PB) PB 130 - - 90
bi) Forte de São Felipe, Forte Velho PB 130 - - 91
bj) Fortim da Ilha da Conceição, PB 131 - - 92
Forte da Restinga
bk) Fortim de Inhobim, Fortim do Rio PB 131 - - 93
Verde, Fortim do Rio Azul
bl) Fortim do Varadouro PB 132 - - 94
bm) Forte de Santa Cruz PE 132 - - 95
bn) Forte de Santo Inácio, Fortaleza PE 132 - - 96
da Barra Grande
bo) Forte do Brum, Forte de Orange PE 132 Fig. 25 - 97
bp) Forte do Rio Formoso PE 134 - - 98
bq) Fortim da Ponta de Catuama PE 134 - - 99
br) Reduto de Tejucupapo PE 134 - - 100
bs) Forte de Nazaré, Forte do Pontal de PE 134 - - 101
Nazaré, Forte Van der Dussen
bt) Forte de São Francisco Xavier, PE 134 - - 102
Forte de Gaibu
bu) Forte de Nossa Senhora dos PE 135 - - 103
Prazeres do Pau Amarelo
bv) Forte de São Francisco de PE 135 - - 104
Olinda, Forte Montenegro
bw) Forte do Rio Tapado PE 136 - - 105
bx) Forte dos Parachis, Forte dos Parregis PE 136 - - 106
by) Fortim de Santa Cruz, Guarita de PE 136 - - 107
João de Albuquerque
bz) Casa Forte de Dona Ana Paes, PE 136 - - 108
Engenho de Dona Ana Paes
ca) Forte de Santo Antônio Novo, PE 136 - - 109
Fortim Alternar, Casa da Asseca
cb) Forte de São Francisco da Barra, PE 137 - - 110
“Arx Maritima”, Castelo do Mar
cc) Forte de São João Batista do PE 137 - - 111
Brum, “Ars Brunonis”
253

Seção
Fortificação UF Pág. Ilustrações Observações Σ
Alínea fortes

cd) Forte de São Jorge Novo, “S. PE 138 - - 112


Georgÿ Arx”, Forte Sanct Jori
ce) Forte de São Jorge Velho PE 139 - - 113
cf) Forte do Morro do Bom Jesus PE 139 - - 114
cg) Reduto ou Forte de São Tiago PE 139 - - 115
ch) Fortaleza de Nossa Senhora dos PE 139 - - 116
Remédios, Forte dos Remédios
ci) Reduto de Nossa Senhora da PE 140 - - 117
Conceição, Fortim da Conceição
cj) Reduto de Santa Cruz do Pico PE 140 - - 118
cK) Reduto, ou Parque de Santana PE 140 - - 119
cl) Reduto ou Fortim de Santo Antônio PE 140 - - 120
cm) Reduto ou Fortim de São João PE 140 - - 121
cn) Reduto de São Joaquim PE 141 - - 122
co) Reduto de São José do Morro, PE 141 - - 123
Fortim de São José do Morro
cp) Reduto de São Pedro do Boldró PE 141 - - 124
cq) Reduto do Bom Jesus, Fortim do PE 141 - - 125
Bom Jesus, Reduto do Leão
cr) Fortim, ou Reduto do Sudeste PE 141 - - 126
cs) Forte dos Reis Magos RN 142 Fig. 26 - 127
ct) Forte da Petitinga RN 144 - - 128
cu) Forte da Ponta Negra RN 144 - - 129
cv) Forte de Cunhaú RN 144 - - 130
cw) Forte de Manoel Gonçalves RN 145 - - 131
cx) Forte de Touros RN 145 - - 132
cy) Fortim do Jenipapo RN 145 - - 133
cz) Forte de São Cristóvão RN 145 - - 134
4.2.2.2 Fortificações marginais - 145 - Total = 3 -
a) Forte ou Casa Forte de Guará MA 146 - - 135
b) Fortim do Arraial do Bom Jesus, PE 146 - - 136
Forte Real do Bom Jesus
c) Fortim do Arraial Novo do Bom Jesus PE 146 - - 137
4.2.2.3 Fortificações mistas - 147 - Sem citação -
4.2.3 Na Região Centro-Oeste - 147 M 11 Total = 3 -
4.2.3.1 Fortificações costeiras - 148 - Sem -
citação
4.2.3.2 Fortificações marginais - 148 - Sem -
citação
4.2.3.3 Fortificações mistas - 148 - Total = 3 -
a) Forte de Coimbra, Presídio de MS 148 Fig. 27 - 138
Nova Coimbra
254

Seção
Fortificação UF Pág. Ilustrações Observações Σ
Alínea fortes

b) Forte Nossa Senhora dos MS 152 - - 139


Prazeres de Iguatemi
c) Forte de Ladário MS 152 - - 140
4.2.4 Na Região Sudeste - 153 M 12 Total = 49 -
4.2.4.1 Fortificações costeiras - 153 - Total = 49 -
a) Forte da Rainha ES 154 - - 141
b) Forte de São Francisco Xavier ES 155 Fig. 28 - 142
de Piratininga, Forte da Barra
c) Forte de Nossa Senhora do ES 156 - - 143
Monte do Carmo
d) Forte de São João ES 156 - - 144
e) Fortim de São Maurício ES 156 - - 145
f) Fortim de São Tiago ES 156 - - 146
g) Reduto de Nossa Senhora da ES 156 - - 147
Vitória, Bateria Elevada
h) Reduto de Santo Inácio dos ES 157 - - 148
Padres da Companhia de Jesus
i) Bateria da Glória RJ 157 - - 149
j) Forte de Caetano Madeira RJ 157 - - 150
K) Forte de Marechal Hermes RJ 158 - - 151
l) Forte de Nossa Senhora da RJ 158 - - 152
Glória do Campinho
m) Forte de Santa Cruz RJ 159 - - 153
n) Forte de Santo Inácio RJ 159 - - 154
o) Forte de São Matheus do Cabo Frio RJ 159 Fig. 29 - 155
p) Forte Defensor Perpétuo RJ 161 - - 156
q) Fortaleza de Santa Cruz RJ 162 Fig. 30 - 157
r) Fortaleza de São João RJ 164 Fig. 31 - 158
s) Forte Barão do Rio Branco RJ 166 Fig. 32 - 159
t) Forte da Laje, Forte Tamandaré RJ 168 - - 160
u) Forte da Praia Vermelha RJ 169 - - 161
v) Forte de Nossa Senhora de RJ 169 - - 162
Copacabana
w) Forte de Nossa Senhora da Boa Viagem RJ 170 - - 163
x) Forte do Gragoatá, Bateria de RJ 171 - - 164
São Domingos
y) Forte Duque de Caxias RJ 172 - - 165
z) Fortaleza de Nossa Senhora da RJ 173 - - 166
Conceição
aa) Fortaleza de São Francisco RJ 173 - - 167
Xavier de Villegaignon
ab) Fortaleza de São José da Ilha RJ 174 - - 168
das Cobras, Forte Margarida
255

Seção
Fortificação UF Pág. Ilustrações Observações Σ
Alínea fortes

ac) Fortaleza de São Sebastião, RJ 175 - - 169


Forte do Castelo
ad) Forte de São Tiago da RJ 176 - - 170
Misericórdia
ae) Reduto, ou Forte de São RJ 176 - - 171
Januário
af) Forte do Morro de São Bento RJ 177 - - 172
ag) Fortim de Sernambetiba e RJ 177 - - 173
Baterias do Pontal ou do Frontal
ah) Forte da Cruz RJ 177 - - 174
ai) Bateria da Foz do Itaguaí RJ 177 - - 175
aj) Forte da Ponta Grossa RJ 178 - - 176
ak) Forte do Iticopé RJ 178 - - 177
al) Bateria da Praia de Góes SP 178 - - 178
am) Bateria, ou Forte de Santa Cruz SP 179 - - 179
an) Bateria, ou Forte de Sepetuba, SP 179 - - 180
ao) Bateria, ou de Vila Bela SP 179 - - 181
ap) Bateria, ou Forte do Rabo Azêdo SP 180 - - 182
aq) Fortaleza de Santo Amaro da SP 180 Fig. 33 - 183
Barra Grande
ar) Fortaleza de Vera Cruz de SP 181 Fig. 34 - 184
Itapema
as) Forte Augusto SP 182 - - 185
at) Forte das Canas SP 183 - - 186
au) Forte de Santos, Forte de Nossa SP 183 - - 187
Senhora do Monte Serrat
av) Forte de São Felipe da Bertioga SP 183 Fig. 35 - 188
aw) Forte de São João da Bertioga, SP 184 Fig. 36 - 189
Forte de São Tiago da Bertioga
Fortificações marginais - 186 - Sem citação -
Fortificações mistas - 186 Sem citação -
4.2.5 Na Região Sul - 186 M 13 Total = 26 -
4.2.5.1 Fortificações costeiras - 187 - Sem citação -
4.2.5.2 Fortificações marginais - 187 - Sem citação -
4.2.5.3 Fortificações mistas - 187 - Total = 26 -
a) Fortaleza de Nossa Senhora dos PR 187 Fig. 37 - 190
Prazeres de Paranaguá
b) Bateria da Ilha das Peças PR 189 - - 191
c) Forte de Itapoá RS 189 - - 192
d) Forte de Santa Bárbara RS 190 - - 193
e) Forte de Santa Tecla RS 190 - - 194
f) Forte de Santa Teresa RS 191 - - 195
g) Forte de Santana RS 192 - - 196
256

Seção
Fortificação UF Pág. Ilustrações Observações Σ
Alínea fortes

i) Forte de São José da Barra RS 192 - - 198


j) Forte de São José do Norte RS 192 - - 199
K) Forte de São Miguel RS 193 Fig. 38 - 200
l) Forte de São José do Tebiquari RS 194 - - 201
m) Forte Jesus, Maria e José do Rio RS 194 Fig. 39 - 202
Grande
n) Forte Jesus, Maria e José do Rio RS 196 - - 203
Pardo, Forte do Rio Pardo
o) Reduto de São Caetano RS 196 - - 204
p) Bateria de São Caetano SC 197 Fig. 40 - 205
q) Bateria de São João, Forte de SC 197 - - 206
São João do Estreito
r) Bateria, ou Forte de São Luís SC 198 - - 207
s) Fortaleza de Nossa Senhora da SC 198 Fig. 41 - 208
Conceição, de Araçatuba
t) Fortaleza de Santa Cruz de SC 200 Fig. 42 - 209
Anhatomirim
u) Fortaleza de Santo Antônio de SC 203 Fig. 43 - 210
Ratones
v) Fortaleza de São José da Ponta SC 205 Fig. 44 - 211
Grossa
w) Forte de Nossa Senhora da SC 207 - - 212
Conceição da Lagoa
x) Forte de Santa Bárbara SC 207 - - 213
y) Forte de Sant'Ana do Estreito, SC 208 Fig. 45 - 214
Fortaleza de Sant'Ana
z) Forte de São Francisco SC 210 - - 215
RESUMO GERAL DAS FORTIFICAÇÕES APRESENTADAS

1 TOTAL DE FORTIFICAÇÕES NA MONOGRAFIA 215

2 TOTAL DE FORTIFICAÇÕES CLASSIFICADAS COMO COSTEIRAS 159

3 TOTAL DE FORTIFICAÇÕES CLASSIFICADAS COMO MARGINAIS 27

4 TOTAL DE FORTIFICAÇÕES CLASSIFICADAS COMO MISTAS 29

5 TOTAL DE FORTIFICAÇÕES CITADAS, EM PERNAMBUCO 34

6 TOTAL DE FORTIFICAÇÕES CITADAS, NA BAHIA 29

7 TOTAL DE FORTIFICAÇÕES CITADAS, NO RIO DE JANEIRO 29


257

APÊNDICE B – RELAÇÃO DE ALGUMAS FORTIFICAÇÕES TOMBADAS

1) de posse do Exército Brasileiro (36), sendo que apenas 16 tombadas:

DENOMINAÇÃO LOCALIDADE UF TOMBO


Forte do Castelo Belém PA S
Forte Santo Antonio do Gurupá Gurupá PA S
Fortaleza Príncipe da Beira Guajará Mirim RO S
Forte São João Maceió AL N
Fortaleza Nossa Senhora da Assunção Fortaleza CE N
Fortaleza São João Batista do Brum Recife PE S
Forte Santo Agostinho Cabo PE N
Forte São Diogo Salvador BA N
Forte Santo Alberto Salvador BA N
Fortaleza Morro de São Paulo Cairu BA S
Fortaleza Monte Serrat Salvador BA S
Fortaleza São Pedro Salvador BA S
Forte São Francisco Xavier da Barra Vila Velha ES N
Forte Coimbra Corumbá MS S
Forte Junqueira Corumbá MS N
Forte dos Andradas Guarujá SP S
Fortaleza de Itaipu Santos SP S
Fortaleza da Conceição Rio de Janeiro RJ S
Forte Gragoatá Niterói RJ S
Fortaleza Santa Cruz Niterói RJ S
Forte Duque de Caxias Rio de Janeiro RJ N
Forte de Copacabana Rio de Janeiro RJ N
Forte Tamandaré (Forte da Laje) Rio de Janeiro RJ N
Forte do Imbuy Niterói RJ N
Forte Rio Branco Niterói RJ N
Forte Marechal Floriano Peixoto Niterói RJ N
Forte São Luiz Niterói RJ N
Forte Marechal Hermes Macaé RJ S
Forte Santo Antonio do Monte Frio Macaé RJ N
Fortificação Nossa Senhora do Campinho Rio de Janeiro RJ N
Portão da Fortaleza de São João Rio de Janeiro RJ S
Bateria São Caetano Florianópolis SC N
Forte São Luiz Florianópolis SC N
Forte São João Florianópolis SC N
Forte Marechal Moura Florianópolis SC S
Forte Marechal Luz Florianópolis SC N

Obs: estão inseridos fortes construídos após o Período Colonial.


258

2) de posse de outras Instituições (32):

DENOMINAÇÃO LOCALIDADE UF POSSE TOMBO


Fortaleza Reis Magos Natal RN IPHAN S
Forte da Barra Grande Santo Amaro SP IPHAN S
Fortaleza Santo Antonio Ponta da Areia MA MARINHA S
Forte Santa Maria Salvador BA MARINHA S
Forte Santo Antônio da Barra Salvador BA MARINHA S
Forte São Paulo da Gamboa Salvador BA MARINHA S
Forte São Lourenço Itaparica BA MARINHA S
Fortaleza Nossa Senhora da Araçatuba SC MARINHA S
Conceição
Fortaleza São José da Ilha das Rio de Janeiro RJ MARINHA S
Cobras
Forte Defensor Perpétuo Taraty RJ PREFEITURA S
Forte São Francisco de Olinda Olinda PE PREFEITURA S
Fortaleza Santa Catarina Cabedelo PB PRO MEMÒRIA S
Fortaleza Santa Cruz - Orange Itamaracá PB PRO MEMÒRIA S
Forte São Felipe Guarujá SP PRO MEMÒRIA S
Fortaleza Nossa Senhora dos Ilha do Mel PR PRO MEMÒRIA S
Prazeres Paranaguá
Forte D. Pedro II Caçapava do Sul RS PRO MEMÒRIA S
Casa da Torre de Garcia D’Ávila Salvador BA PRO MEMÒRIA S
Fortaleza São Marcelo ou do Mar Salvador BA PRÓ MEMÓRIA S
Fortaleza Santa Cruz Anhatomirim SC UFSC S
PRO MEMÒRIA
Fortaleza Santo Antônio Raton Grande SC UFSC / UNIÃO S
Forte de São Marcos São Luís MA UNIÃO S
Fortaleza São José do Macapá Macapá AP UNIÃO S
Forte Velho (ruínas) Cabedelo PB UNIÃO S
Forte Nossa Senhora dos Fernando de PE UNIÃO S
Remédios Noronha
Fortaleza do Pau Amarelo Paulista PB UNIÃO S
Forte São Tiago das Cinco Recife PE UNIÃO S
Pontas PREFEITURA
Fortaleza Barbalho Salvador BA UNIÃO S
ESTADO
Forte Santa Cruz do Paraguaçú Maragogipe BA UNIÃO S
Forte Caetano Madeira Rio de Janeiro RJ UNIÃO S
Forte São Mateus Cabo Frio RJ UNIÃO S
Fortaleza São Tiago Bertioga SP UNIÃO S
Forte Sant’Ana Florianópolis SC UNIÃO S
Forte São José da Ponta Grossa Ponta Grossa SC UNIÃO S
Forte Santa Tecla (fundações) BAGÉ RS UNIÃO S
PREFEITURA
259

Anexo A – CARTA DE VENEZA - Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios.

Carta Internacional sobre a conservação dos Monumentos e dos Sítios, aprovada em


Veneza em maio de 1964.

Definições

Artº 1 - A noção de monumento histórico engloba a criação arquitetônica isolada bem


como o sítio rural ou urbano que testemunhe uma civilização particular, uma evolução
significativa ou um acontecimento histórico. Esta noção estende-se não só às grandes
criações, mas também às obras modestas que adquirem com o tempo um significado
cultural.

Artº 2 - A conservação e o restauro dos monumentos constituem uma disciplina que


apela à colaboração de todas as ciências e de todas as técnicas que possam contribuir
para o estudo e a salvaguarda do patrimônio monumental.

Artº 3 - A conservação e o restauro dos monumentos visam salvaguardar tanto a obra


de arte como o testemunho histórico.

Conservação

Artº 4 - A conservação dos monumentos impõe em primeiro lugar uma manutenção


permanente dos mesmos.

Artº 5 - A conservação dos m onum entos é sem pr e f avorecida pela s ua


adapt ação a um a funç ão út il à s ociedade: esta afet ação é, pois ,
des ej ável, m as não pode nem dev e alterar a dis pos ição e a decoração dos
edifí c ios. É as sim dentr o de estes lim ites que se devem conc eber e que
s e podem autorizar as adapt aç ões tornadas necess árias exigidas pela
ev oluç ão dos us os e dos c ostum es.

Artº 6 - A conservação de um monumento implica na conservação de um


enquadramento à sua escala. Quando ainda exista o enquadramento tradicional, este
260

deverá ser conservado, e qualquer construção nova, qualquer destruição ou qualquer


arranjo, susceptível de alterar as relações de volume e cor, devem ser prescritos.

Artº 7 - 0 monumento é inseparável da história - da qual é testemunho - e também do


meio em que está situado. Por conseguinte, a deslocação de todo ou de uma parte de
um monumento não pode ser tolerada, a não ser no caso em que a salvaguarda do
monumento o exija, ou quando razões de um grande interesse nacional ou internacional
o justifiquem.

Artº 8 - Os elementos de escultura, pintura ou decoração que fazem parte integrante de


um monumento não se podem separar dele senão quando esta seja a única medida
susceptível de lhes assegurar a conservação.

Restauro

Artº 9 - 0 restauro é uma operação que deve ter um caráter excepcional.

Destina-se a conservar e a revelar os valores estéticos e históricos dos monumentos e


baseia-se no respeito pelas substâncias antigas e pelos documentos autênticos (ou
seja, pela antiguidade e pela autenticidade). O restauro deixa de ter significado quando
se levanta a hipótese de reconstituição; numa reconstituição, qualquer trabalho
complementar que se reconheça indispensável a causas estéticas ou técnicas, fica
condicionado a uma conciliação ou harmonia arquitetônica (continuidade) e terá que
acusar a data da intervenção (modernidade). O restauro será sempre precedido e
acompanhado de um estudo arqueológico e histórico do monumento.

Artº 10 - Sempre que as técnicas tradicionais se revelem inadequadas, a consolidação


de um monumento pode ser assegurada com o apoio de todas as técnicas modernas
de conservação e de construção cuja eficácia tenha sido comprovada por dados
científicos e garantida pela experiência.
261

Artº 11 - Os contributos válidos das diferentes épocas referentes à edificação


de um monumento devem ser respeitados, não sendo a unidade de estilo um
objetivo a alcançar no decurso de um restauro. Quando um edifício contiver
vários estilos sobrepostos, a eleição de um desses estilos em detrimento dos
restantes, não se justifica a não ser excepcionalmente na condição de que os
elementos eliminados tenham pouco interesse; que o conjunto de elementos
subjacentes a esse estilo constitua um testemunho de alto valor histórico,
arqueológico ou estético, e que o seu estado de conservação seja aceitável. O
julgamento sobre as eliminações a efetuar não pode depender unicamente da
opinião do autor do projeto.

Artº 12 - Os elementos destinados a ocupar as falhas existentes devem integrar-se


harmoniosamente no contexto, tendo que se fazer distinguir das partes originais, a fim
de que o restauro, não falseie o documento de arte e de história.

Artº 13 - As acumulações não podem ser toleradas a não ser que respeitem todas as
partes interessantes do edifício, o seu quadro tradicional, o equilíbrio da sua
composição e as suas relações com o meio envolvente.

Sítios Monumentais

Artº 14 - Os conjuntos urbanos monumentais devem ser objeto de cuidados especiais a


fim de salvaguardar a sua integridade e assegurar a sua sanidade, a sua organização e
a sua exploração. Os trabalhos de conservação e de restauro que forem efetuados nos
sítios monumentais devem inspirar-se nos princípios enunciados nos artigos
precedentes.

Escavações

Artº 15 - Os trabalhos de escavação devem executar-se em conformidade com


normas científicas e a "Recomendação definidora dos princípios internacionais a
aplicar em matérias de escavações arqueológicas adaptada pela UNESCO em 1956.
O ordenamento das ruínas e as medidas necessárias à conservação e à proteção
permanente dos elementos arquitetônicos e dos objetivos descobertos serão
262

assegurados. Além disso, todas as iniciativas serão tomadas no sentido de facilitar a


compreensão do monumento”a priori", sem nunca desnaturar o significado. Todo o
trabalho de reconstrução deverá, no entanto, ser excluído à partida; somente a
anastilose poderá ser encarada, quer dizer a recomposição das opções existentes mais
desmembradas. Os elementos de integração serão sempre reconhecíveis e
representarão o mínimo necessário para assegurar as condições de conservação do
monumento e restabelecer a continuidade das suas formas.

Documentação e Publicação

Artº 16 - Os trabalhos de conservação, de restauro e de escavações serão sempre


acompanhados pela compilação de uma documentação precisa de desenhos e de
fotografias. Todas as fases de trabalho de seleção, de consolidação, de integração,
assim como os elementos formais e técnicas identificadas no decorrer dos trabalhos
serão anotados. Essa documentação será guardada nos arquivos de um organismo
público, e colocado à disposição das pessoas que o quiserem consultar e a sua
publicação é recomendada.
263

Anexo B – DECRETO LEI nº 025, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1937

Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937

ORGANIZA A PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL.

O Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, usando da atribuição que lhe
confere o art. 180 da Constituição, decreta:

CAPÍTULO I

Do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Artigo 1º - Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens


móveis e imóveis existentes no País e cuja conservação seja de interesse público, quer
por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional
valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.

§ 1º - Os bens a que se refere o presente artigo só serão considerados parte integrante


do patrimônio histórico e artístico nacional depois de inscritos separados ou
agrupadamente num dos quatro Livros do Tombo, de que trata o Art. 4º desta lei.

§ 2º - Equiparam-se aos bens a que se refere o presente artigo e são também sujeitos a
tombamento os monumentos naturais, bem como os sítios e paisagens que importe
conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados pela Natureza
ou agenciados pela indústria humana.

Artigo 2º - A presente lei se aplica às coisas pertencentes às pessoas naturais, bem


como às pessoas jurídicas de direito privado e de direito público interno.

Artigo 3º - Excluem-se do patrimônio histórico e artístico nacional as obras de origem


estrangeira:
264

1º) que pertençam às representações diplomáticas ou consulares acreditadas no País;

2º) que adornem quaisquer veículos pertencentes a empresas estrangeiras, que façam
carreira no País;

3º) que se incluam entre os bens referidos no art. 10 da Introdução ao Código Civil, e
que continuam sujeitas à lei pessoal do proprietário;

4º) que pertençam a casas de comércio de objetos históricos ou artísticos;

5º) que sejam trazidas para exposições comemorativas, educativas ou comerciais;

6º) que sejam importadas por empresas estrangeiras expressamente para adorno dos
respectivos estabelecimentos.

Parágrafo único: As obras mencionadas nas alíneas 4 e 5 terão guia de licença


para livre trânsito, fornecida pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional.

CAPÍTULO II

Do Tombamento

Artigo 4º - O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional possuirá quatro


Livros do Tombo, nos quais serão inscritas as obras a que se refere o art. 1º desta
lei, a saber:

1º) no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, as coisas pertencentes


às categorias de arte arqueológica, etnográfica, ameríndia e popular, e bem assim as
mencionadas no § 2º do citado art. 1º;

2º) no Livro do Tombo Histórico, as coisas de interesse histórico e as obras de arte


histórica;
265

3º) no Livro do Tombo das Belas-Artes, as coisas de arte erudita nacional ou


estrangeira;

4º) no Livro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras que se incluírem na categoria das
artes aplicadas, nacionais ou estrangeiras.

§ 1º - Cada um dos Livros do Tombo poderá ter vários volumes.

§ 2º - Os bens, que se incluem nas categorias enumeradas nas alíneas 1, 2, 3 e 4 do


presente artigo, serão definidos e especificados no regulamento que for expedido para
execução da presente lei.

Artigo 5º - O tombamento dos bens pertencentes à União, aos Estados e aos


Municípios se fará de ofício por ordem do Diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional, mas deverá ser notificado à entidade a quem pertencer, ou sob cuja
guarda estiver a coisa tombada, a fim de produzir os necessários efeitos.

Artigo 6º - O tombamento de coisa pertencente à pessoa natural ou à pessoa jurídica de


direito privado se fará voluntária ou compulsoriamente.

Artigo 7º - Proceder-se-á ao tombamento voluntário sempre que o proprietário o pedir e


a coisa se revestir dos requisitos necessários para constituir parte integrante do
patrimônio histórico e artístico nacional a juízo do Conselho Consultivo do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ou sempre que o mesmo proprietário anuir,
por escrito, à notificação, que se lhe fizer, para inscrição da coisa em qualquer dos
Livros do Tombo.

Artigo 8º - Proceder-se-á ao tombamento compulsório quando o proprietário se recusar


a anuir à inscrição da coisa.

Artigo 9º - O tombamento compulsório se fará de acordo com o seguinte processo:

1º) O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, por seu órgão


competente, notificará o proprietário para anuir ao tombamento, dentro do prazo
266

de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, ou para, se o quiser impugnar,


oferecer dentro do mesmo prazo as razões de sua impugnação;

2º) no caso de não haver impugnação dentro do prazo assinado, que é fatal, o diretor
do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mandará por simples despacho
que proceda à inscrição da coisa no competente Livro do Tombo;

3º) se a impugnação for oferecida dentro do prazo assinado, far-se-á vista da mesma,
dentro de outros quinze dias fatais, ao órgão de que houver emanado a iniciativa do
tombamento, a fim de sustentá-la. Em seguida, independentemente de custas, será o
processo remetido ao Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico Nacional,
que proferirá decisão a respeito, dentro do prazo de sessenta dias, a contar do seu
recebimento. Dessa decisão não caberá recurso.

Artigo 10º - O tombamento dos bens, a que se refere o art. 6º desta lei, será
considerado provisório ou definitivo, conforme esteja o respectivo processo iniciado
pela notificação ou concluído pela inscrição dos referidos bens no competente Livro do
Tombo.

Parágrafo único - Para todos os efeitos, salvo a disposição do art. 13 desta lei, o
tombamento provisório se equipará ao definitivo.

CAPÍTULO III

Dos efeitos do tombamento

Artigo 11 - As coisas tombadas, que pertençam à União, aos Estados ou aos


Municípios, inalienáveis por natureza, só poderão ser transferidas de uma à outra das
referidas entidades.

Parágrafo único. Feita a transferência, dela deve o adquirente dar imediato


conhecimento ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
267

Artigo 12 - A alienabilidade das obras históricas ou artísticas tombadas, de propriedade de


pessoas naturais ou jurídicas de direito privado, sofrerá as restrições constantes da presente lei.

Artigo 13 - O tombamento definitivo dos bens de propriedade particular será, por


iniciativa do órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
transcrito para os devidos efeitos em livro a cargo dos oficiais do registro de imóveis e
averbado ao lado da transcrição do domínio.

§ 1º - No caso de transferência de propriedade dos bens de que trata este artigo,


deverá o adquirente, dentro do prazo de trinta dias, sob pena de multa de dez por
centro sobre o respectivo valor, fazê-la constar do registro, ainda que se trate de
transmissão judicial ou causa mortis.

§ 2º - Na hipótese de deslocação de tais bens, deverá o proprietário, dentro do mesmo


prazo e sob pena da mesma multa, inscrevê-los no registro do lugar para que tiveram
sido deslocados.

§ 3º - A transferência deve ser comunicada pelo adquirente, e a deslocação pelo


proprietário, ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, dentro do mesmo
prazo e sob a mesma pena.

Artigo 14 - A coisa tombada não poderá sair do País, senão por curto prazo, sem
transferência de domínio e para fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho
Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Artigo 15 - Tentada, a não ser no caso previsto no artigo anterior, a exportação para
fora do País, da coisa tombada, será esta seqüestrada pela União ou pelo Estado em
que se encontrar.

§ 1º - Apurada a responsabilidade do proprietário, ser-lhe-á imposta a multa de


cinqüenta por cento do valor da coisa, que permanecerá seqüestrada em garantia do
pagamento, e até que este se faça.

§ 2º - No caso de reincidência, a multa será elevada ao dobro.


268

§ 3º - A pessoa que tentar a exportação de coisa tombada, além de incidir na multa a


que se referem os parágrafos anteriores, incorrerá nas penas cominadas no Código
Penal para o crime de contrabando.

Artigo 16 - No caso de extravio ou furto de qualquer objeto tombado, o respectivo proprietário


deverá dar conhecimento do fato ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
dentro do prazo de cinco dias, sob pena de multa de dez por cento sobre o valor da coisa.

Artigo 17 - As coisas tombadas não poderão, em caso nenhum, ser destruídas,


demolidas ou mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob
pena de multa de cinqüenta por cento do dano causado.

Parágrafo único: Tratando-se de bens pertencentes à União, aos Estados ou aos


Municípios, a autoridade responsável pela infração do presente artigo incorrerá
pessoalmente na multa.

Artigo 18 - Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico


Nacional, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe
impeça ou reduza a visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de
ser mandada destruir a obra ou retirar o objeto, impondo-se neste caso multa de
cinqüenta por cento do valor do mesmo objeto.

Artigo 19º - O proprietário de coisa tombada, que não dispuser de recursos para
proceder às obras de conservação e reparação que a mesma requerer, levará ao
conhecimento do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e necessidade
das mencionadas obras, sob pena de multa correspondente ao dobro da importância
em que for avaliado o dano sofrido pela mesma coisa.

§ 1º - Recebida a comunicação, e consideradas necessárias as obras, o diretor do


Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mandará executá-las, a expensas
da União, devendo as mesmas ser iniciadas dentro do prazo de seis meses, ou
providenciará para que seja feita a desapropriação da coisa.
269

§ 2º - À falta de qualquer das providências previstas no parágrafo anterior, poderá o


proprietário requerer que seja cancelado o tombamento da coisa.

§ 3º - Uma vez que verifique haver urgência na realização de obras e conservação ou


reparação em qualquer coisa tombada, poderá o Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional tomar a iniciativa de projetá-las e executá-las, a expensas da União,
independentemente da comunicação a que alude este artigo, por parte do proprietário.

Artigo 20 - As coisas tombadas ficam sujeitas à vigilância permanente do Serviço do


Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que poderá inspecioná-las sempre que for
julgado conveniente, não podendo, os respectivos proprietários ou responsáveis, criar
obstáculos à inspeção, sob pena de multa de cem mil réis, elevada ao dobro em caso
de reincidência.

Artigo 21 - Os atentados cometidos contra os bens de que trata o art. 1º desta lei são
equiparados aos cometidos contra o patrimônio nacional.

CAPÍTULO IV

Do direito de preferência

Artigo 22 - Em face da alienação, onerosa de bens tombados, pertencentes a pessoas


naturais ou a pessoas jurídicas de direito privado, a União, os Estados e os Municípios
terão, nesta ordem, o direito de preferência.

§ 1º - Tal alienação não será permitida sem que previamente sejam os bens oferecidos,
pelo mesmo preço, à União, bem como ao Estado e ao Município em que se
encontrarem. O proprietário deverá notificar os titulares do direito de preferência a usá-
lo, dentro de trinta dias, sob pena de perdê-lo.

§ 2º - É nula a alienação realizada com violação do disposto no parágrafo anterior,


ficando qualquer dos titulares do direito de preferência habilitado a seqüestrar a
coisa e a impor a multa de vinte por cento do seu valor ao transmitente e ao
adquirente, que serão por ela solidariamente responsáveis. A nulidade será
270

pronunciada, na forma da lei, pelo juiz que conceder o seqüestro, o qual só será
levantada, depois de paga a multa e se qualquer dos titulares do direito de preferência
não tiver adquirido a coisa no prazo de trinta dias.

§ 3º - O direito de preferência não inibe o proprietário de gravar livremente a coisa


tombada, de penhor, anticrese ou hipoteca.

§ 4º - Nenhuma venda judicial de bens tombados se poderá realizar sem que,


previamente, os titulares do direito de preferência sejam disso notificados judicialmente,
não podendo os editais de praça ser expedidos, sob pena de nulidade, antes de feita a
notificação.

§ 5º - Aos titulares do direito de preferência assistirá o direito de remissão, se dela não


lançarem mão, até a assinatura do auto de arrematação ou até a sentença de
adjudicação, as pessoas que, na forma da lei, tiverem a faculdade de remir.

§ 6º - O direito de remissão por parte da União, bem como do Estado e do Município em


que os bens se encontrarem, poderá ser exercido, dentro de cinco dias a partir da
assinatura do auto de arrematação ou da sentença de adjudicação, não se podendo
extrair a carta enquanto não se esgotar este prazo, salvo se o arrematante ou o
adjudicante for qualquer dos titulares do direito de preferência.

CAPÍTULO V

Disposições gerais

Artigo 23 - O Poder Executivo providenciará a realização de acordos entre a União e os


Estados, para melhor coordenação e desenvolvimento das atividades relativas à
proteção do patrimônio histórico e artístico nacional e para a uniformização da
legislação estadual complementar sobre o mesmo assunto.

Artigo 24 - A União manterá, para conservação e exposição de obras históricas e


artísticas de sua propriedade, além do Museu Histórico Nacional e do Museu
Nacional de Belas Artes, tantos outros museus nacionais quantos se tornarem
271

necessários, devendo outrossim providenciar no sentido a favorecer a instituição de


museus estaduais e municipais, com finalidades similares.

Artigo 25 - O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional procurará


entendimentos com as autoridades eclesiásticas, instituições científicas, históricas ou
artísticas e pessoas naturais e jurídicas, com o objetivo de obter a cooperação das
mesmas em benefício do patrimônio histórico e artístico nacional.

Artigo 26 - Os negociantes de antigüidade, de obras de arte de qualquer natureza, de


manuscritos e livros antigos ou raros são obrigados a um registro especial no Serviço
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, cumprindo-lhes outrossim apresentar
semestralmente ao mesmo, relações completas das coisas históricas e artísticas que
possuírem.

Artigo 27 - Sempre que os agentes de leilões tiverem de vender objetos de natureza


idêntica à dos mencionados no artigo anterior, deverão apresentar a respectiva relação
ao órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, sob pena
de incidirem na multa de cinqüenta por cento sobre o valor dos objetos vendidos.

Artigo 28 - Nenhum objeto de natureza idêntica à dos referidos no art. 26 desta lei
poderá ser posto à venda pelos comerciantes ou agentes de leilões, sem que tenha
sido previamente autenticado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
ou por perito em que o mesmo se louvar, sob pena de multa de cinqüenta por cento
sobre o valor atribuído ao objeto.

Parágrafo único: A autenticação do mencionado objeto será feita mediante o


pagamento de uma taxa de peritagem de cinco por cento sobre o valor da coisa, se
este for inferior ou equivalente a um conto de réis, e de mais cinco mil-réis por conto de
réis ou fração que exceder.

Artigo 29 - O titular do direito de preferência goza de privilégio especial sobre o valor


produzido em praça por bens tombados, quanto ao pagamento de multas impostas em
virtude de infrações da presente lei.
272

Parágrafo único - Só terão prioridade sobre o privilégio a que se refere este artigo os
créditos inscritos no registro competente antes do tombamento da coisa pelo Serviço
Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Artigo 30 - Revogam-se as disposições em contrário. Rio de Janeiro, em 30 de


novembro de 1937; 116º da Independência e 49º da República.

Getúlio Vargas Gustavo Capanema


273

Anexo C - LEI nº 8.313, DE 23 DE DEZEMBRO DE 1991

LEI nº 8.313, DE 23 DE DEZEMBRO DE 1991

Restabelece princípios da Lei nº 7.505, de 2 de julho de 1986, institui o Programa


Nacional de Apoio à Cultura - PRONAC e dá outras providências.

O Presidente da República,

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

Disposições Preliminares

Art. 1º Fica instituído o Programa Nacional de Apoio à Cultura - PRONAC, com a


finalidade de captar e canalizar recursos para o setor de modo a:

I - contribuir para facilitar, a todos, os meios para o livre acesso às fontes da cultura e o
pleno exercício dos direitos culturais;

II - promover e estimular a regionalização da produção cultural e artística brasileira, com


valorização de recursos humanos e conteúdos locais;

III - apoiar, valorizar e difundir o conjunto das manifestações culturais e seus respectivos criadores;

IV - proteger as expressões culturais dos grupos formadores da sociedade brasileira e


responsáveis pelo pluralismo da cultura nacional;

V - salvaguardar a sobrevivência e o florescimento dos modos de criar, fazer e viver da


sociedade brasileira;

VI - preservar os bens materiais e imateriais do patrimônio cultural e histórico brasileiro;

VII - desenvolver a consciência internacional e o respeito aos valores culturais de outros


povos ou nações;
274

VIII - estimular a produção e difusão de bens culturais de valor universal formadores e


informadores de conhecimento, cultura e memória;

IX - priorizar o produto cultural originário do País.

Art. 2º O PRONAC será implementado através dos seguintes mecanismos:

I - Fundo Nacional da Cultura - FNC;

II - Fundos de Investimento Cultural e Artístico - FICART;

III - Incentivo a projetos culturais.

Parágrafo Único. Os incentivos criados pela presente Lei somente serão concedidos a
projetos culturais que visem a exibição, utilização e circulação públicas dos bens
culturais deles resultantes, vedada a concessão de incentivo a obras, produtos, eventos
ou outros decorrentes, destinados ou circunscritos a circuitos privados ou a coleções
particulares.

Art. 3º Para cumprimento das finalidades expressas no artigo 1º desta Lei, os projetos
culturais em cujo favor serão captados e canalizados os recursos do PRONAC
atenderão, pelo menos, a um dos seguintes objetivos:

I - Incentivo à formação artística e cultural, mediante:

a) concessão de bolsas de estudo, pesquisa e trabalho, no Brasil ou no exterior, a


autores, artistas e técnicos brasileiros ou estrangeiros residentes no Brasil;

b) concessão de prêmios a criadores, autores, artistas, técnicos e suas obras, filmes,


espetáculos musicais e de artes cênicas em concursos e festivais realizados no Brasil;

c) instalação e manutenção de cursos de caráter cultural ou artístico, destinados à


formação, especialização e aperfeiçoamento de pessoal da área da cultura, em
estabelecimentos de ensino sem fins lucrativos.

II - fomento à produção cultural e artística, mediante:


275

a) produção de discos, vídeos, filmes e outras formas de reprodução fonovideográfica


de caráter cultural;

b) edição de obras relativas às ciências humanas, às letras e às artes;

c) realização de exposições, festivais de arte, espetáculos de artes cênicas, de música


e de folclore;

d) cobertura de despesas com transporte e seguro de objetos de valor cultural


destinados a exposições públicas no País e no exterior;

e) realização de exposições, festivais de arte e espetáculos de artes cênicas ou


congêneres.

III - preservação e difusão do patrimônio artístico, cultural e histórico, mediante:

a) construção, formação, organização, manutenção, ampliação e equipamento de


museus, bibliotecas, arquivos e outras organizações culturais, bem como de suas
coleções e acervos;

b) conservação e restauração de prédios, monumentos, logradouros, sítios e

demais espaços, inclusive naturais, tombados pelos Poderes Públicos;

c) restauração de obras de arte e bens móveis e imóveis de reconhecido valor cultural;

d) proteção do folclore, do artesanato e das tradições populares nacionais.

IV - estímulo ao conhecimento dos bens e valores culturais, mediante:

a) distribuição gratuita e pública de ingressos para espetáculos culturais e

artísticos;

b) levantamentos, estudos e pesquisas na área da cultura e da arte e de seus vários


segmentos;
276

c) fornecimento de recursos para o FNC e para as fundações culturais com fins


específicos ou para museus, bibliotecas, arquivos ou outras entidades de caráter
cultural.

V - apoio a outras atividades culturais e artísticas, mediante:

a) realização de missões culturais no País e no exterior, inclusive através do

fornecimento de passagens;

b) contratação de serviços para elaboração de projetos culturais;

c) ações não previstas nos incisos anteriores e consideradas relevantes pelo Ministro
de Estado da Cultura, consultada a Comissão Nacional de Apoio à Cultura.

CAPÍTULO II

Do Fundo Nacional da Cultura – FNC

Art. 4º Fica ratificado o Fundo de Promoção Cultural, criado pela Lei nº 7.505, de 2 de
julho de 10 1986, que passará a denominar-se Fundo Nacional da Cultura - FNC, com o
objetivo de captar e destinar recursos para projetos culturais compatíveis com as
finalidades do PRONAC e de:

I - estimular a distribuição regional eqüitativa dos recursos a serem aplicados na


execução de projetos culturais e artísticos;

II - favorecer a visão interestadual, estimulando projetos que explorem propostas


culturais conjuntas, de enfoque regional;

III - apoiar projetos dotados de conteúdo cultural que enfatizem o aperfeiçoamento


profissional e artístico dos recursos humanos na área da cultura, a criatividade e a
diversidade cultural brasileira;

IV - contribuir para a preservação e proteção do patrimônio cultural e histórico brasileiro;


277

V - favorecer projetos que atendam às necessidades da produção cultural e aos


interesses da coletividade, aí considerados os níveis qualitativos e quantitativos de
atendimentos às demandas culturais existentes, o caráter multiplicador dos projetos
através de seu aspecto sócio-culturais e a priorização de projetos em áreas artísticas e
culturais com menos possibilidade de desenvolvimento com recursos próprios.

§ 1° O FNC será administrado pelo Ministério da Cultura e gerido por seu titular, para
cumprimento do Programa de Trabalho Anual, segundo os princípios estabelecidos nos
artigos 1º e 3º.

§ 2° Os recursos do FNC somente serão aplicados em projetos culturais após


aprovados, com parecer órgão técnico competente, pelo Ministro de Estado da Cultura.

§ 3º Os projetos aprovados serão acompanhados e avaliados tecnicamente pelas


entidades supervisionadas, cabendo a execução financeira à SEC/PR.

§ 4º Sempre que necessário, as entidades supervisionadas utilizarão peritos para


análise e parecer sobre os projetos, permitida a indenização de despesas com o
deslocamento, quando houver, e respectivo “pró labore” e ajuda de custos, conforme
ficar definido no regulamento.

§ 5º O Secretário da Cultura da Presidência da República designará a unidade da


estrutura básica da SEC/PR que funcionará como secretaria executiva do FNC.

§ 6º Os recursos do FNC não poderão ser utilizados para despesas de manutenção


administrativa do Ministério da Cultura, exceto para a aquisição ou locação de
equipamentos e bens necessários ao cumprimento das finalidades do Fundo.

§ 7º Ao término do projeto, a SEC/PR efetuará uma avaliação final de forma a verificar a


fiel aplicação dos recursos, observando as normas e procedimentos a serem definidos
no regulamento desta Lei, bem como a legislação em vigor.

§ 8º As instituições públicas ou privadas recebedoras de recursos do FNC e


executoras de projetos culturais, cuja avaliação final não for aprovada pela SEC/
278

PR, nos termos do parágrafo anterior, ficarão inabilitadas pelo prazo de três anos ao recebimento de
novos recursos, ou enquanto a SEC/PR não proceder a reavaliação do parecer inicial.

Art. 5º O FNC é um fundo de natureza contábil, com prazo indeterminado de duração, que
funcionará sob as formas de apoio a fundo perdido ou de empréstimos reembolsáveis, conforme
estabelecer o regulamento, e constituído dos seguintes recursos:

I - recursos do Tesouro Nacional;

II - doações, nos termos da legislação vigente;

III - legados;

IV - subvenções e auxílios de entidades de qualquer natureza, inclusive de organismos


internacionais;

V - saldos não utilizados na execução dos projetos a que se referem o Capítulo IV e o


presente Capítulo desta Lei;

VI - devolução de recursos de projetos previstos no Capítulo IV e no presente Capítulo


desta Lei, e não iniciados ou interrompidos, com ou sem justa causa;

VII - um por cento da arrecadação dos Fundos de Investimentos Regionais a que se


refere a Lei nº 8.167, de 16 de janeiro de 1991, obedecida na aplicação a respectiva
origem geográfica regional;

VIII - um por cento da arrecadação bruta dos concursos de prognósticos e loterias


federais e similares cuja realização estiver sujeita a autorização federal, deduzindo-se
este valor do montante destinado aos prêmios;

IX - reembolso das operações de empréstimos realizadas através do Fundo, a título de


financiamento reembolsável, observados os critérios de remuneração que, no mínimo,
lhes preserve o valor real;

X - resultado das aplicações em títulos públicos federais, obedecida a legislação


vigente sobre a matéria;
279

XI - conversão da dívida externa com entidades e órgãos estrangeiros, unicamente


mediante doações, no limite a ser fixado pelo Ministério da Economia, Fazenda e
Planejamento, observadas as normas e procedimentos do Banco Central do Brasil;

XII - saldo de exercícios anteriores;

XIII - recursos de outras fontes.

Art. 6º O FNC financiará até oitenta por cento do custo total de cada projeto, mediante
comprovação, por parte do proponente, ainda que pessoa jurídica de direito público, da
circunstância de dispor do montante remanescente ou estar habilitado à obtenção do
respectivo financiamento, através de outra fonte devidamente identificada, exceto
quanto aos recursos com destinação especificada na origem.

§ 1º (vetado).

§ 2º Poderão ser considerados, para efeito de totalização do valor restante, bens e


serviços oferecidos pelo proponente para implementação do projeto, a serem
devidamente avaliados pela SEC/PR.

Art. 7º A SEC/PR estimulará, através do FNC, a composição, por parte de instituições


financeiras, de carteiras para financiamento de projetos culturais, que levem em conta o
caráter social da iniciativa, mediante critérios, normas, garantias e taxas de juros
especiais a serem aprovados pelo Banco Central do Brasil.

CAPÍTULO III

Dos Fundos de Investimento Cultural e Artístico – FICART

Art. 8º Fica autorizada a constituição de Fundos de Investimento Cultural e Artístico -


FICART, sob a forma de condomínio, sem personalidade jurídica, caracterizando
comunhão de recursos destinados à aplicação em projetos culturais e artísticos.
280

Art. 9° São considerados projetos culturais e artísticos, para fins de aplicação de


recursos do FICART, além de outros que venham a ser declarados pelo Ministério da
Cultura:

I - a produção comercial de instrumentos musicais, bem como de discos, fitas, vídeos,


filmes e outras formas de reprodução fonovideográficas;

II - a produção comercial de espetáculos teatrais, de dança, música, canto, circo e


demais atividades congêneres;

III - a edição comercial de obras relativas às ciências, às letras e às artes, bem como de
obras de referência e outras de cunho cultural;

IV - construção, restauração, reparação ou equipamento de salas e outros ambientes destinados


a atividades com objetivos culturais, de propriedade de entidades com fins lucrativos;

V - outras atividades comerciais ou industriais, de interesse cultural, assim


consideradas pelo Ministério da Cultura.

Art. 10. Compete à Comissão de Valores Mobiliários, ouvida a SEC/PR, disciplinar a


constituição, o funcionamento e a administração dos FICART, observadas as
disposições desta Lei e as normas gerais aplicáveis aos fundos de investimento.

Art. 11. As quotas dos FICART, emitidas sempre sob a forma nominativa ou escritural,
constituem valores mobiliários sujeitos ao regime da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976.

Art. 12. O titular das quotas de FICART:

I - não poderá exercer qualquer direito real sobre os bens e direitos integrantes do
Patrimônio do Fundo;

II - não responde pessoalmente por qualquer obrigação legal ou contratual,


relativamente aos empreendimentos do Fundo ou da instituição administradora, salvo
quanto à obrigação de pagamento do valor integral das quotas subscritas.

Art. 13. À instituição administradora de FICART compete:


281

I - representá-lo ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;

II - responder pessoalmente pela evicção de direito, na eventualidade da liquidação deste.

Art. 14. Os rendimentos e ganhos de capital auferidos pelos FICART ficam isentos do
Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, assim como do Imposto sobre
a Renda e Proventos de Qualquer Natureza.

Art. 15. Os rendimentos e ganhos de capital distribuídos pelos FICART, sob qualquer
forma, sujeitam-se à incidência do Imposto sobre a Renda na fonte à alíquota de vinte e
cinco por cento.

Parágrafo Único. Ficam excluídos da incidência na fonte de que trata este artigo, os
rendimentos distribuídos a beneficiário pessoa jurídica tributada com base no lucro real,
os quais deverão ser computados na declaração anual de rendimentos.

Art. 16. Os ganhos de capital auferidos por pessoas físicas ou jurídicas não tributadas
com base no lucro real, inclusive isentas, decorrentes da alienação ou resgate de
quotas dos FICART, sujeitam-se à incidência do Imposto sobre a Renda, à mesma
alíquota prevista para a tributação de rendimentos obtidos na alienação ou resgate de
quotas de Fundos Mútuos de Ações.

§ 1º Consideram-se ganhos de capital a diferença positiva entre o valor de cessão ou


regaste da quota e o custo médio atualizado da aplicação, observadas as datas de
aplicação, resgate ou cessão, nos termos da legislação pertinente.

§ 2º O ganho de capital será apurado em relação a cada resgate ou cessão, sendo permitida a
compensação do prejuízo havido em uma operação com o lucro obtido em outra, da mesma ou
diferente espécie, desde que de renda variável, dentro do mesmo exercício fiscal.

§ 3º O imposto será pago até o último dia útil da primeira quinzena do mês subseqüente
àquele em que o ganho de capital foi auferido.

§ 4º Os rendimentos e ganhos de capital a que se referem o “caput” deste artigo e o


artigo anterior, quando auferidos por investidores residentes ou domiciliados no exterior,
282

sujeitam-se à tributação pelo Imposto sobre a Renda, nos termos da legislação


aplicável a esta classe de contribuinte.

Art. 17. O tratamento fiscal previsto nos artigos precedentes somente incide sobre os
rendimentos decorrentes de aplicações em FICART que atendam a todos os requisitos
previstos na presente Lei e na respectiva regulamentação a ser baixada pela Comissão de
Valores Mobiliários. Parágrafo Único. Os rendimentos e ganhos de capital auferidos por
FICART, que deixem de atender os requisitos específicos desse tipo de Fundo, sujeitar-se-
ão à tributação prevista no artigo 43 da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988.

CAPÍTULO IV

Do Incentivo a Projetos Culturais

Art. 18. Com o objetivo de incentivar as atividades culturais, a União facultará às


pessoas físicas ou jurídicas a opção pela aplicação de parcelas do Imposto sobre a
Renda, a título de doações ou patrocínios, tanto no apoio direto a projetos culturais
apresentados por pessoas físicas ou por pessoas jurídicas de natureza cultural, como
através de contribuições ao FNC, nos termos do artigo 5° , inciso II desta Lei, desde que
os projetos atendam aos critérios estabelecidos no artigo 1º desta Lei.

§ 1° Os contribuintes poderão deduzir do imposto de renda devido as quantias


efetivamente despendidas nos projetos elencados no § 3° , previamente aprovados pelo
Ministério da Cultura, nos limites e condições estabelecidos na legislação do imposto de
renda vigente, na forma de:

a) doações; e,

b) patrocínios.

§ 2° As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real não poderão deduzir o valor
da doação e/ou do patrocínio como despesa operacional.

§ 3° As doações e os patrocínios na produção cultural, a que se refere o § 1° ,


atenderão exclusivamente os seguintes segmentos:
283

a) artes cênicas;

b) livros de valor artístico, literário ou humanístico;

c) música erudita ou instrumental;

d) circulação de exposições de artes plásticas;

e) doações de acervos para bibliotecas públicas e para museus.

Art. 19. Os projetos culturais previstos nesta Lei serão apresentados ao Ministério da
Cultura, ou a quem este delegar atribuição, acompanhados do orçamento analítico,
para aprovação de seu enquadramento nos objetivos do PRONAC.

§ 1° O proponente será notificado dos motivos da decisão que não tenha aprovado o
projeto, no prazo máximo de cinco dias.

§ 2° Da notificação a que se refere o parágrafo anterior, caberá pedido de consideração


ao Ministro de Estado da Cultura, a ser decidido no prazo de sessenta dias.

§ 3º (vetado).

§ 4º (vetado).

§ 5º (vetado).

§ 6º A aprovação somente terá eficácia após publicação de ato oficial contendo o título
do projeto aprovado e a instituição por ele responsável, o valor autorizado para
obtenção de doação ou patrocínio e o prazo de validade da autorização.

§ 7° O Ministério da Cultura publicará anualmente, até 28 de fevereiro, o montante dos


recursos autorizados pelo Ministério da Fazenda para a renúncia fiscal no exercício
anterior, devidamente discriminados por beneficiário.

§ 8° Para a aprovação dos projetos será observado o princípio da não concentração por
segmento e por beneficiário, a ser aferido pelo montante de recursos, pela quantidade
de projetos, pela respectiva capacidade executiva e pela disponibilidade do valor
absoluto anual de renúncia fiscal.
284

Art. 20. Os projetos aprovados na forma do artigo anterior serão, durante a sua
execução, acompanhados e avaliados pela SEC/PR ou por quem receber a delegação
destas atribuições.

§ 1º A SEC/PR, após o término da execução dos projetos previstos neste artigo,


deverá, no prazo de seis meses, fazer uma avaliação final da aplicação correta dos
recursos recebidos, podendo inabilitar seus responsáveis pelo prazo de até três
anos.

§ 2º Da decisão a que se refere o parágrafo anterior, caberá pedido de reconsideração


ao Ministro do Estado da Cultura, a ser decidido no prazo de sessenta dias.

§ 3º O Tribunal de Contas da União incluirá em seu parecer prévio sobre as contas do


Presidente da República análise relativa à avaliação de que trata este artigo.

Art. 21. As entidades incentivadoras e captadoras de que trata este Capítulo deverão
comunicar, na forma que venha a ser estipulada pelo Ministério da Economia, Fazenda
e Planejamento, e SEC/PR, os aportes financeiros realizados e recebidos, bem como
as entidades captadoras efetuar a comprovação de sua aplicação.

Art. 22. Os projetos enquadrados nos objetivos desta Lei não poderão ser objeto de
apreciação subjetiva quanto ao seu valor artístico ou cultural.

Art. 23. Para os fins desta Lei, considera-se:

I - (vetado).

II - patrocínio: a transferência de numerário, com finalidade promocional ou a


cobertura pelo contribuinte do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer
Natureza, de gastos ou a utilização de bem móvel ou imóvel do seu patrimônio,
sem a transferência de domínio, para a realização, por outra pessoa física ou
jurídica de atividade cultural com ou sem finalidade lucrativa prevista no artigo
3º desta Lei.
285

§ 1º Constitui infração a esta Lei o recebimento pelo patrocinador, de qualquer


vantagem financeira ou material em decorrência do patrocínio que efetuar.

§ 2º As transferências definidas neste artigo não estão sujeitas ao recolhimento do


Imposto sobre a Renda na Fonte.

Art. 24. Para os fins deste Capítulo, equiparam-se a doações, nos termos do
regulamento:

I - distribuições gratuitas de ingressos para eventos de caráter artístico-cultural por


pessoas jurídicas a seus empregados e dependentes legais;

II - despesas efetuadas por pessoas físicas ou jurídicas com o objetivo de conservar,

preservar ou restaurar bens de sua propriedade ou sob sua posse legítima, tombados
pelo Governo Federal, desde que atendidas as seguintes disposições:

a) preliminar definição, pelo Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural - IBPC,

das normas e critérios técnicos que deverão reger os projetos e orçamentos de que
trata este inciso;

b) aprovação prévia, pelo IBPC, dos projetos e respectivos orçamentos de execução


das obras;

c) posterior certificação, pelo referido órgão, das despesas efetivamente realizadas

e das circunstâncias de terem sido as obras executadas de acordo com os projetos


aprovados.

Art. 25. Os projetos a serem apresentados por pessoas físicas ou pessoas jurídicas, de
natureza cultural para fins de incentivo, objetivarão desenvolver as formas de
expressão, os modos de criar e fazer, os processos de preservação e proteção do
patrimônio cultural brasileiro, e os estudos e métodos de interpretação da realidade
cultural, bem como contribuir para propiciar meios, à população em geral, que permitam
o conhecimento dos bens e valores artísticos e culturais,
286

compreendendo entre outros, os seguintes segmentos:

I - teatro, dança, circo, ópera, mímica e congêneres;

II - produção cinematográfica, videográfica, fotográfica, discográfica e congêneres;

III - literatura, inclusive obras de referência;

IV - música;

V - artes plásticas, artes gráficas, gravuras, cartazes, filatelia e outras congêneres;

VI - folclore e artesanato;

VII - patrimônio cultural, inclusive histórico, arquitetônico, arqueológico, bibliotecas,


museus, arquivos e demais acervos;

VIII - humanidades; e

IX - rádio e televisão, educativas e culturais, de caráter não-comercial.

Parágrafo Único. Os projetos culturais relacionados com os segmentos do inciso II deste artigo
deverão beneficiar exclusivamente as produções independentes, bem como as produções
culturais-educativas de caráter não-comercial, realizadas por empresas de rádio e televisão.

Art. 26. O doador ou patrocinador poderá deduzir do imposto devido na declaração do Imposto
sobre a Renda os valores efetivamente contribuídos em favor de projetos culturais aprovados
de acordo com os dispositivos desta Lei, tendo como base os seguintes percentuais:

I - no caso das pessoas físicas, oitenta por cento das doações e sessenta por cento dos
patrocínios;

II - no caso das pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, quarenta por cento
das doações e trinta por cento dos patrocínios.

§ 1º A pessoa jurídica tributada com base no lucro real poderá abater as doações e
patrocínios como despesa operacional.
287

§ 2º O valor máximo das deduções de que trata o “caput” deste artigo será fixado anualmente
pelo Presidente da República, com base em um percentual da renda tributável das pessoas
físicas e do imposto devido por pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real.

§ 3º Os benefícios de que trata este artigo não excluem ou reduzem outros benefícios,
abatimentos e deduções em vigor, em especial as doações a entidades de utilidade
pública efetuadas por pessoas físicas ou jurídicas.

§ 4º (vetado).

§ 5º O Poder Executivo estabelecerá mecanismo de preservação do valor real das


contribuições em favor dos projetos culturais, relativamente a este Capítulo.

Art. 27. A doação ou o patrocínio não poderá ser efetuada a pessoa ou instituição
vinculada ao agente.

§ 1º Consideram-se vinculados ao doador ou patrocinador:

a) a pessoa jurídica da qual o doador ou patrocinador seja titular, administrador,


gerente, acionista ou sócio, na data da operação, ou nos doze meses anteriores;

b) o cônjuge, os parentes até terceiro grau, inclusive os afins, e os dependentes do


doador ou patrocinador ou dos titulares, administradores, acionistas ou sócios de
pessoa jurídica vinculada ao doador ou patrocinador, nos termos da alínea anterior;

c) outra pessoa jurídica da qual o doador ou patrocinador seja sócio.

§ 2° Não se consideram vinculadas as instituições culturais sem fins lucrativos, criadas


pelo doador ou patrocinador, desde que devidamente constituídas e em funcionamento,
na forma da legislação em vigor.

Art. 28. Nenhuma aplicação dos recursos previstos nesta Lei poderá ser feita através de
qualquer tipo de intermediação.

Parágrafo Único. A contratação de serviços necessários à elaboração de projetos


para a obtenção de doação, patrocínio ou investimento, bem como a captação de
288

recursos ou a sua execução por pessoa jurídica de natureza cultural, não configura a
intermediação referida neste artigo.

Art. 29. Os recursos provenientes de doações ou patrocínios deverão ser depositados e


movimentados, em conta bancária específica, em nome do beneficiário, e a respectiva
prestação de contas deverá ser feita nos termos do regulamento da presente Lei.

Parágrafo Único. Não serão consideradas, para fins de comprovação do incentivo, as


contribuições em relação às quais não se observe esta determinação.

Art. 30. As infrações aos dispositivos deste Capítulo, sem prejuízo das sanções penais
cabíveis, sujeitarão o doador ou patrocinador ao pagamento do valor atualizado do
Imposto sobre a Renda devido em relação a cada exercício financeiro, além das
penalidades e demais acréscimos previstos na legislação que rege a espécie.

§ 1° Para os efeitos deste artigo, considera-se solidariamente responsável por


inadimplência ou irregularidade verificada a pessoa física ou jurídica propositora do
projeto.

§ 2° A existência de pendências ou irregularidades na execução de projetos da


proponente junto ao Ministério da Cultura suspenderá a análise ou concessão de novos
incentivos, até a efetiva regularização.

§ 3° Sem prejuízo do parágrafo anterior, aplica-se, no que couber, cumulativamente, o


disposto nos arts. 38 e seguintes desta Lei.

CAPÍTULO V

Das Disposições Gerais e Transitórias

Art. 31. Com a finalidade de garantir a participação comunitária, a representação de


artistas e criadores no trato oficial dos assuntos da cultura e a organização nacional
sistêmica da área, o Governo Federal estimulará a institucionalização de Conselhos de
Cultura no Distrito Federal, nos Estados e nos Municípios.
289

Art. 32. Fica instituída a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura - CNIC, com a
seguinte composição:

I - Secretário da Cultura da Presidência da República;

II - os Presidentes das entidades supervisionadas pela SEC/PR;

III - o Presidente da entidade nacional que congregar os Secretários de Cultura das


Unidades Federadas;

IV - um representante do empresariado brasileiro;

V - seis representantes de entidades associativas dos setores culturais e artísticos de âmbito nacional.

§ 1º A CNIC será presidida pela autoridade referida no inciso I deste artigo que, para
fins de desempate terá voto de qualidade.

§ 2º Os mandatos, a indicação e a escolha dos representantes a que se referem os


incisos IV e V deste artigo, assim como a competência da CNIC, serão estipulados e
definidos pelo regulamento desta Lei.

Art. 33. A SEC/PR, com a finalidade de estimular e valorizar a arte e a cultura, estabelecerá um
sistema de premiação anual que reconheça as contribuições mais significativas para a área:

I - de artistas ou grupos de artistas brasileiros ou residente no Brasil, pelo conjunto de


sua obra ou por obras individuais;

II - de profissionais de área do patrimônio cultural;

III - de estudiosos e autores na interpretação crítica da cultura nacional, através de


ensaios, estudos e pesquisas.

Art. 34. Fica instituída a Ordem do Mérito Cultural, cujo estatuto será aprovado por
decreto do Poder Executivo, sendo que as distinções serão concedidas pelo Presidente
da República, em ato solene, a pessoas que, por sua atuação profissional ou como
incentivadoras das artes e da cultura, mereçam reconhecimento.
290

Art. 35. Os recursos destinados ao então Fundo de Promoção Cultural, nos termos do
artigo 1º,

§ 6º, da Lei nº 7.505, de 2 de julho de 1986, serão recolhidos ao Tesouro Nacional para
aplicação pelo FNC, observada a sua finalidade.

Art. 36. O Departamento da Receita Federal, do Ministério da Economia, Fazenda e


Planejamento, no exercício de suas atribuições específicas, fiscalizará a efetiva
execução desta Lei, no que se refere à aplicação de incentivos fiscais nela previstos.

Art. 37. O Poder Executivo a fim de atender o disposto no artigo 26, § 2º desta Lei,
adequando-o às disposições da Lei de Diretrizes Orçamentárias, enviará, no prazo de
trinta dias, Mensagem ao Congresso Nacional, estabelecendo o total da renúncia fiscal
e correspondente cancelamento de despesas orçamentárias.

Art. 38. Na hipótese de dolo, fraude ou simulação, inclusive no caso de desvio de


objeto, será aplicada, ao doador e ao beneficiário, a multa correspondente a duas vezes
o valor da vantagem recebida indevidamente.

Art. 39. Constitui crime, punível com a reclusão de dois a seis meses e multa de vinte
por cento do valor do projeto, qualquer discriminação de natureza política que atente
contra a liberdade de expressão, de atividade intelectual e artística, de consciência ou
crença, no andamento dos projetos a que se referem esta Lei.

Art. 40. Constitui crime, punível com reclusão de dois a seis meses e multa de vinte por
cento do valor do projeto, obter redução do Imposto sobre a Renda utilizando-se
fraudulentamente de qualquer benefício desta Lei.

§ 1º No caso de pessoa jurídica respondem pelo crime o acionista controlador e os


administradores que para ele tenham concorrido.

§ 2º Na mesma pena incorre aquele que, recebendo recursos, bens ou valores em


função desta Lei, deixe de promover, sem justa causa, atividade cultural objeto do
incentivo.
291

Art. 41. O Poder Executivo, no prazo de sessenta dias, regulamentará a presente Lei.

Art. 42. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 43. Revogam-se as disposições em contrário.

FERNANDO COLLOR

Jarbas Passarinho
292

Anexo D - INSTRUÇÕES GERAIS PARA A CRIAÇÃO, ORGANIZAÇÃO,

FUNCIONAMENTO E EXTINÇÃO DE ESPAÇOS CULTURAIS (IG 20-18)

INSTRUÇÕES GERAIS PARA A CRIAÇÃO, ORGANIZAÇÃO, FUNCIONAMENTO E


EXTINÇÃO DE ESPAÇOS CULTURAIS (IG 20-18)

TITULO 1

DAS GENERALIDADES

CAPÍTULO I

DA FINALIDADE E DOS OBJETIVOS

Art. 1º As presentes Instruções têm por finalidade Estabelecer normas e regular os procedimentos
relativos à oficialização, criação, organização, funcionamento e extinção de espaços culturais;

Art. 2º São objetivos destas Instruções:

I - orientar as organizações militares quanto aos procedimentos necessários à criação,


ao funcionamento, ou à regularização de espaços culturais;

II - instruir o cadastramento e o inventário do acervo de museus, salas de exposição,


casas, sítios, parques históricos e monumentos existentes; e

III - estabelecer procedimentos necessários à extinção de museus e salas de


exposição, bem como definir, neste caso, a destinação de seus acervos.

CAPÍTULO II

DOS CONCEITOS GERAIS

Art. 3º A Política Cultural do Exército estabelece, como seus objetivos, a recuperação,


preservação e divulgação da memória cultural e do patrimônio histórico e artístico do
Exército e o incentivo a procedimentos de preservação dos valores morais e de
enaltecimento aos grandes vultos da vida nacional e seus feitos.
293

Art. 4º Sistema Cultural do Exército foi desenvolvido de forma a permitir a consecução


dos objetivos fixados pela política cultural. Os espaços culturais são partes integrantes
desse sistema e instrumentos de fundamental importância para a preservação das
tradições, da memória e dos valores morais, culturais e históricos do Exército e ideais
para estimular e concretizar o intercâmbio cultural com a sociedade civil brasileira.

Art. 5º Para os efeitos destas Instruções, relaciona-se os seguintes conceitos:

I - Acervo - é o conjunto de bens e documentos de toda natureza que fazem parte do


patrimônio de um espaço cultural;

II - Bem Cultural - é qualquer bem que, por motivos religiosos ou profanos, tenha sido
expressamente designado pelo Estado como de importância para a arqueologia, a
pré-história, a literatura, a arte ou a ciência;

III - Bem Histórico - é todo bem cultural que, pelas suas características, sirva como
fonte para a pesquisa histórica;

IV - Casa Histórica - é a casa onde nasceu ou morou algum vulto importante do


Exército, que abrigou algum órgão da sua estrutura organizacional, ou onde ocorreu
algum acontecimento de destaque ligado ao passado da Instituição;

V - Catalogação - é o registro, em documento adequado, de todas as informações


existente sobre um objeto, que permita a sua identificação e controle;

VI - Coleção - 1 é o conjunto ou a reunião de objetos da mesma natureza ou que


guardam relação entre si;

VII - Conservação é toda medida tomada com o fim de prolongar a vida L ual bem cultural;

VIII - Espaço Cultural - entende-se como sendo os museus, as salas de exposição e de


troféus, os monumentos, as casas, sítios e parques históricos;

IX - Livro de Tombo ou Registro - é o documento onde é registrada a entrada do objeto


no acervo do espaço cultural;
294

X - Memorial - é o espaço destinado à reverência de um fato ou personagem histórico;

XI - Museu Militar - é toda instalação permanente, aberta ou não ao público, criada para
coletar, preservar, pesquisar e expor, para fins de estudo, educação e entretenimento,
objetos de interesse histórico-militar;

XII - Parque Histórico - é o sítio histórico onde são estabelecidos procedimentos


administrativos com vistas a regular à preservação local e a visitação pública. (Ver Sítio
Histórico),

XIII - Preservação - compreende as ações de identificação, registro, tombamento,


conservação, restauração, divulgação e promoção do patrimônio;

XIV - Reserva Técnica - é o local destinado à guarda e preservação do acervo não


exposto de um museu;

XV - Restauração - é a ação destinada a trazer materiais, objetos e edificações o mais


próximo possível de sua aparência original ou de sua aparência em uma determinada
época, por meio da remoção de acréscimos, substituição de partes ou adição de
elementos em falta;

XVI - Sala de Exposição - é um espaço cultural de dimensões reduzidas, onde estão


expostos objetos de interesse histórico-cultural, com a finalidade de preservar a
memória de uma organização militar ou do Exército;

XVII - Sala de Troféus - é um espaço destinado à exposição de troféus que tenham


valor histórico para a OM ou para o Exército; e

XVIII - Sítio Histórico - local onde ocorreu algum fato ligado à história do País ou do
Exército.
295

TÍTULO II

DOS ESPAÇOS CULTURAIS

CAPÍTULO I

DA CRIAÇÃO, DA REGULARIZAÇÃO E DA EXTINÇÃO DE ESPAÇOS CULTURAIS

Art. 6º A organização militar interessada na criação, regularização ou extinção de


espaços culturais deverá encaminhar, pelos trâmites regulamentares de acordo com a
IG 10-42, proposta à Diretoria de Assuntos (DAC), por intermédio do Departamento de
Ensino e Pesquisa (DEP).

Art. 7º A DAC, com base nas propostas de criação de espaços culturais, fará uma avaliação
técnica da solicitação e emitirá um parecer, que será encaminhado à OM solicitante.

Art. 8º A OM, de posse do parecer da DAC, encaminhará ao EME, pelos canais de


comando, solicitação para a criação do espaço cultural, devendo cada comando, no
encaminhamento da proposta, emitir parecer a respeito, a ser anexado ao processo.

Art. 9º 0 Estado-Maior do Exército, com base nos pareceres emitidos pela DAC, e pelos
comandos envolvidos, proporá ao Comando do Exército, após seu estudo e análise, a
criação dê espaços culturais; caso contrário, restituirá o respectivo processo à DAC,
para conhecimento e encaminhamento à OM solicitante.

Art. 10. Na apreciação dos processos de solicitação para criação de espaços culturais
o EME levará em conta, entre outras considerações, a capacidade do empreendimento
gerar recursos financeiros próprios para manutenção do espaço cultural e as parcerias
e intercâmbios com entidades civis públicas e privadas, nacionais ou estrangeiras, que
possam dar-lhe suporte.

Art. 11. As organizações militares que já possuam espaços culturais deverão


regularizar a existência dos mesmos, procedendo de forma semelhante à prevista
para a criação de novos espaços culturais. Juntamente com o Pedido de
296

Regularização de Espaços Culturais, deverá ser remetido à DAC uma relação do


acervo existente nesses locais.

Art. 12. A DAC, a partir da data de publicação destas Instruções, deverá estipular um
prazo para a regularização dos espaços culturais existentes nas OM.

Art. 13. A organização militar interessada na extinção de um museu ou sala de


exposições sob sua responsabilidade deverá preencher o Pedido de Extinção de
Espaço Cultural e encaminhá-lo à DAC, por intermédio do DEP.

Art. 14 A DAC, com base nas informações constantes desse pedido, fará uma avaliação
da proposta e emitirá parecer a respeito, que será encaminhado à OM solicitante.

Art. 15 De posse do parecer da DAC, a OM encaminhará, ao Estado-Maior do Exército,


pelo canal de comando, o pedido de extinção do museu ou sala de exposição, devendo,
cada comando, emitir parecer a respeito, a ser anexado ao processo.

Art. 16 0 Estado-Maior do Exército, com base nos pareceres constantes dos processos
de extinção de museus e/ou salas de exposição, proporá ao Comando do Exército a
extinção do espaço cultural. Caso contrário, restituirá o respectivo processo à DAC,
para conhecimento e encaminhamento à OM solicitante.

Art. 17. Caberá ao DEP, por intermédio da DAC, regular o destino. a ser dado ao
acervo do museu ou sala de exposições extinto.

CAPÍTULO II

DA ORGANIZAÇÃO EM GERAL

Art. 18. Autorizada a criação ou regularizada a existência oficial de um espaço cultural, a organização
e o funcionamento do mesmo ficarão a cargo da OM que deu origem ao respectivo processo.

Art. 19. Todo espaço cultural deverá possuir um quadro com cargos, funções e
responsabilidades bem definidas para todo o pessoal envolvido em sua administração
direta.
297

Art. 20. 0 diretor do espaço cultural será designado pelo Cmt, Ch ou Dir OM a que
estiver vinculado, ou nomeado pelo Comandante do Exército, quando se constituir em
organização militar independente, com ou sem autonomia administrativa.

Art. 21. Os espaços culturais que se constituírem em organizações militares


independentes terão seus quadros de organização aprovados por portaria do
Estado-Maior do Exército. Nos demais casos, o efetivo necessário ao seu
funcionamento será proveniente de ajustes internos na OM e de parcerias, porventura
formadas, com entidades civis ou com trabalhadores voluntários.

CAPÍTULO III

DA ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DE MUSEUS E SALAS DE EXPOSIÇÃO

Art. 22. Os museus e as salas de exposição têm uma grande função educativa e são
extraordinários instrumentos de divulgação do Exército, particularmente junto aos jovens.

Art. 23. A atividade desenvolvida pelos museus e salas de exposição é eminentemente


técnica e, por conseguinte, deve, sempre que possível, ser conduzida por profissionais
formados em museologia, assessorados por historiadores, arquitetos, iluminadores.
decoradores etc. Por essa razão, a organização desses espaços culturais,
considerados os seus objetivos, o público alvo, as dimensões do espaço disponível e o
valor do acervo, deve prever a existência de dois ramos distintos dê atividade: o técnico
e o administrativo.

Art. 24. Sempre que possível, todo museu deverá ter espaço suficiente para abrigar,
pelo menos, as seguintes dependências:

I - estacionamento para veículos dos visitantes;

II - área para recepção dos visitantes;

III - salas para exposições permanentes e temporárias;

IV - instalações para a reserva técnica;


298

V - biblioteca;

VI - auditório e sala de vídeo;

VII - espaço para atividades complementares;

VIII - sanitário, lanchonete ou restaurante, áreas de descanso e telefone público; e

IX - loja para venda de "souvenirs".

Parágrafo único. existência de todas essas instalações dependerá de uma série de


fatores. Entretanto, qualquer que seja o tamanho do museu ou da sala de exposições, é
essencial que, além dos locais destinados às exposições, seja prevista uma
dependência para a reserva técnica.

Art. 25. Os museus e salas de exposição abertos ao público devem ser instalados em
locais adequados à guarda e exposição do acervo. Deve-se evitar a exposição ao ar
livre, particularmente de objetos sensíveis à deterioração provocada por agentes
atmosféricos.

Art. 26. 0 horário de funcionamento deve ser fixado de conformidade com as


características de cada museu e as conveniências da OM a que está vinculado. Esse
horário deve ser amplamente divulgado e rigorosamente respeitado, evitando-se
modificações de última hora em função de eventuais mudanças nas atividades internas
da unidade.

Art. 27. Os militares designados para trabalharem nesses locais, e que estabelecerão
contato com prováveis visitantes, deverão ser relacionados e treinados, de forma a
transmitirem uma imagem positiva da OM e do Exército. Deve ser dedicada especial
atenção à apresentação individual, particularmente em relação aos uniformes.

Art. 28. Nos locais onde estiverem expostas munições, estas devem estar inertes. 0
armamento deve estar exposto em locais seguros, de forma a se evitar furtos ou
quedas que possam causar vítimas. 0 fumo deve ser proibido em todas as
dependências, a fim de diminuir o risco de incêndios.
299

Art. 29. Na exposição de material bélico de maior porte como, por exemplo, canhões,
carros de combate e viaturas, deve ser prevista a possibilidade de acesso e manuseio
dos equipamentos por parte do visitante, desde que assistida por pessoal treinado para
esse fim, adotadas as medidas de segurança necessárias.

CAPÍTULO IV

DA ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DE CASAS, SÍTIOS E

PARQUES HISTÓRICOS E MONUMENTOS

Art. 30. Aplicam-se às casas, sítios e parques históricos e monumentos o disposto nos
capítulos 1 e II do Título 11 destas Instruções, ressalvadas as respectivas
peculiaridades.

TÍTULO III

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 31 A DAC deverá estar em condições de proporcionar o apoio necessário à criação


e instalação dos espaços culturais nas OM do Exército.

Art. 32. Caberá à DAC orientar e supervisionar o funcionamento dos espaços culturais e
às Regiões Militares controlar o patrimônio existente nos mesmos.

Art. 33. A divulgação do museu ou da sala de exposições é importante, particularmente


'junto às escolas e a outras instituições culturais. Entretanto, deve ser avaliada a
capacidade de atendimento à demanda que ela poderá provocar e para a qual o espaço
cultural deverá estar preparado para atender.

Art. 34. A DAC definirá em instruções apropriadas os seguintes modelos de


documentos, entre outros: "Proposta de Criação de Espaço Cultural", "Pedido de
Regularização de Espaço Cultural", "Pedido de Extinção de Espaço Cultural”, "Relação
do Acervo Existente" e "Relação do Acervo a Obter".
300

Anexo E - NORMAS PARA ELABORAÇÃO APROVAÇÃO E EXECUÇÃO DE


PROGRAMAS E PROJETOS CULTURAIS.

(Portaria nº 30 /DEP de 5 Jun 2000)

MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO

DEPARTAMENTO DE ENSINO E PESQUISA

DIRETORIA DE ASSUNTOS CULTURAIS

NORMAS PARA ELABORAÇÃO APROVAÇÃO E EXECUÇÃO DE PROGRAMAS E


PROJETOS CULTURAIS

1 FINALIDADE

Regular os procedimentos relativos à elaboração, aprovação e execução de Programas


e Projetos Culturais do Exército.

2 OBJETIVOS

- Regular as ações de natureza mais permanente relacionadas com a Política Cultural


do Exército, por intermédio de Programas Culturais;

- Normatizar a elaboração de Projetos Culturais;

- Regular a sistemática de encaminhamento e as atribuições de cada órgão envolvido


na apreciação desses Projetos Culturais;

- Estabelecer a ligação com a Fundação Cultural Exército Brasileiro, para o apoio aos
Projetos Culturais;

- Estabelecer condições para o acompanhamento e o controle dos Programas e


Projetos Culturais.
301

3 INTRODUÇÃO

A Política Cultural, aprovada pela Port. Min nº 068, de 31 Jan 96, estabelece objetivos
gerais e particulares a serem perseguidos pela Força Terrestre no campo da atividade
cultural, bem como fixa os princípios operacionais e os procedimentos gerenciais
necessários à conquista e à manutenção de tais objetivos.

Todas as ações dos órgãos do sistema cultural e das organizações militares que
vierem, por qualquer razão, a atuar na área cultural, devem ser planejadas, de forma a
obterem-se os melhores resultados com os menores custos. Devem também ter em
mente a importância das parcerias, em particular as que poderão advir por meio da
Fundação Cultural Exército Brasileiro.

O planejamento das ações culturais deve considerar dois instrumentos fundamentais:


os Programas e os Projetos Culturais.

4 PROGRAMA CULTURAL

O Programa Cultural tem em vista desenvolver um conjunto de ações de natureza mais


permanente, que se refiram às necessidades fundamentais da Política Cultural do Exército.

O Programa, em si, pode consubstanciar um conjunto de Projetos Culturais ou de


Atividades Culturais que não fazem parte de um Projeto Cultural.

Por exemplo, o Programa "História Militar" pode conter um certo número de Projetos
Culturais que objetivem. a análise e a avaliação de determinado tema e, também,
atividades menos complexas de levantamento e de estudos.

O Programa Cultural "Meio Ambiente e Cidadania", do mesmo modo, poderia reunir


Projetos Culturais, bem como atividades específicas, voltadas para a conservação do
meio ambiente.

O Programa Cultural não tem um tempo de duração estabelecido com antecedência. É


iniciado quando se fizer necessária a sua implantação e termina quando se constata
não haver mais necessidade de sua continuação.
302

O Programa Cultural deverá ser descrito em um documento específico, a ser elaborado


pela Diretoria de Assuntos Culturais (DAC), que obedecerá ao formato constante do
Anexo A.

5 PROJETO CULTURAL

É o documento essencial para o planejamento e a execução das principais ações das


organizações militares na área cultural.

Todo Projeto Cultural está vinculado a um Programa Cultural.

Durante sua fase de concepção, deve ser considerado o atendimento aos seguintes
requisitos:

- adequação do mesmo à Política Cultural do Exército;

- capacidade de o tema estimular parcerias e o apoio de outras organizações e


instituições, possibilitando a ocorrência de fontes de financiamento externos ao
Exército;

- suscitar o interesse e contribuir para o bem-estar da comunidade;

- possibilitar que eventuais patrocinadores possam usufruir dos benefícios fiscais


oferecidos pelo Estado;

- conter estimativas de custos.

Os Projetos Culturais deverão ser elaborados conforme o modelo constante do Anexo B.

6 PROPOSTA, APRECIAÇÃO E APROVAÇÃO DE PROJETOS CULTURAIS

Os Projetos Culturais poderão ser propostos por qualquer organização militar e deverão
ser remetidos, pelos canais de comando, para apreciação e aprovação sucessivas da
DAC, do DEP e do Comando do Exército.

Os Projetos Culturais que, em qualquer uma das etapas previstas acima, não obtiverem
parecer favorável, serão restituídos à OM de origem.
303

Caberá à DAC o enquadramento do Projeto Cultural num dos Programas existentes.


Caso isto não seja possível, poderá propor a criação de um novo Programa, no qual
esse Projeto Cultural se enquadre ou determinar o seu arquivamento, dando ciência à
OM.

7 EXECUÇÃO, ACOMPANHAMENTO E CONTROLE

A execução dos Projetos Culturais será conduzida, em princípio, pela organização


militar proponente, com apoio de recursos financeiros captados pela Fundação Cultural
Exército Brasileiro e/ou disponibilizados pelo Sistema Cultural do Exército;

O acompanhamento e o controle de todos os Programas e Projetos Culturais serão


realizados pela DAC, com a supervisão do DEP.

8 ATRIBUIÇÕES

a. DEP

- Encaminhar à DAC, para apreciação, os Projetos Culturais das OM, remetidos por
intermédio dos canais de comando;

- Apreciar e emitir parecer sobre os Projetos Culturais restituídos pela DAC, anexandoo
ao processo;

- Encaminhar ao Comando do Exército, para apreciação e, se for o caso, a aprovação,


os Projetos Culturais com parecer favorável;

- Restituir, à DAC, os Projetos Culturais aprovados ou não pelo Comando do Exército,


bem como os que receberem parecer contrário do Departamento.

- Supervisionar o acompanhamento e o controle dos Programas e Projetos Culturais.

b. DAC

- Apreciar e emitir parecer sobre os Projetos Culturais encaminhados pelo DEP,


anexando-o ao processo;
304

- Encaminhar, ao DEP, os Projetos Culturais com parecer favorável e restituir às OM os


com parecer contrário;

- Enquadrar os Projetos nos Programas Culturais existentes;

- Propor a criação de novos Programas;

- Arquivar os Projetos Culturais que não se enquadrem nos Programas existentes e que
não justifiquem a abertura de novos;

- Acompanhar e controlar os Programas e Projetos Culturais;

- Estabelecer a ligação com a Fundação Cultural do Exército Brasileiro com o objetivo


de viabilizar os Projetos Culturais aprovados pelo Comandante do Exército.

c. Órgãos do canal de comando

- Emitir parecer sobre os Projetos Culturais;

- Encaminhar ao DEP os Projetos Culturais das OM subordinadas.

d. Organizações Militares

- Elaborar o Projeto Cultural de seu interesse segundo o modelo do Anexo B;

- Encaminhar o Projeto Cultural ao DEP, pelos canais de comando;

- Executar, se for o caso, os Projetos Culturais propostos.

9 PRESCRIÇÕES DIVERSAS

a. Os Projetos Culturais aprovados pelo Comando do Exército serão restituídos ao


DEP, para as devidas providências;

b. Os Projetos Culturais que possam vir a contar com o apoio da Fundação Cultural
Exército Brasileiro serão a ela encaminhados pela DAC;
305

e. Caberá, à DAC, desenvolver todas as ligações com a Fundação Cultural do Exército


Brasileiro tendo em vista atender aos Projetos de interesse do Exército;

d. As sugestões de aperfeiçoamento dos Projetos Culturais, apresentadas pela


Fundação Cultural Exército Brasileiro, serão apreciadas pela DAC e submetidas à
aprovação dos escalões superiores;

e. As organizações militares que tiverem Projetos Culturais com recursos já


assegurados mas ainda não iniciados deverão submetê-los às prescrições destas
Normas. No caso de projetos já em andamento, uma cópia do mesmo deverá ser
encaminhado à DAC;

f. Caberá, à DAC, solucionar os casos omissos nas presentes Normas.

Anexos:

A - Modelo de Programa (omitido)

B - Modelo de Projeto Cultural

C - Fluxo dos Projetos Culturais (omitido)


306

NORMAS PARA ELABORAÇÃO, APROVAÇÃO E EXECUÇÃO

DE PROGRAMAS E PROJETOS CULTURAIS

ANEXO B

MODELO DE PROJETO CULTURAL

1. FINALIDADE

(Regular as atividades e as condições relacionadas ao Projeto Cultural)

2. ORGANIZAÇÃO MILITAR RESPONSÁVEL

(Indicar a Organização Militar responsável pela elaboração do Projeto Cultural)

3. OBJETIVOS

(Especificar os objetivos do Projeto Cultural)

4. DESCRIÇÃO GERAL DO PROJETO

(Descrever, de forma sucinta, as linhas gerais do Projeto Cultural)

5. DESENVOLVIMENTO

a. Duração (Indicar, em meses, o tempo de duração do Projeto Cultural)

b. Fases

1ª Fase: ............................................................................

2ª Fase: ...........................................................................

.........................................................................................

(Descrever o nome de cada fase, que deve se referir à principal atividade a ser
desenvolvida);
307

(Descrever as atividades a serem desenvolvidas em cada fase, obedecendo, tanto


quanto possível, ao seu desdobramento cronológico, e os resultados a serem
alcançados);

(Cada fase poderá ser desdobrada em etapas, dependendo da sua complexidade).

c. Recursos Necessários

1) Recursos Humanos

(Deverão ser indicados, por fase, os recursos humanos necessários, especificando a


quantidade e as qualificações)

2) Recursos Materiais

(Descrever, quando for o caso, os equipamentos, o mobiliário e outros recursos


materiais necessários ao Projeto Cultural)

3) Recursos Financeiros

(Fazer a previsão dos recursos financeiros para o Projeto Cultural como um todo e,
quando viável, para cada fase. Deverão ser indicadas, também, as fontes dos recursos
previstos para a realização do Projeto e as naturezas das despesas a serem efetuadas)

d. Cronograma

(Deverá integrar o corpo do Projeto ou a ele ser anexado. Deverá indicar, graficamente,
o tempo necessário à realização de cada fase ou etapa do Projeto Cultural. Quando
houver definição clara da origem do aporte de recursos, o cronograma poderá estar
relacionado a um calendário)

e. Subprojetos e Módulos

(Quando necessário, os Projetos Culturais poderão ser subdivididos em Subprojetos e


Módulos Culturais, cada um deles com a mesma estrutura de um Projeto Cultural)
308

6. AVALIAÇÃO

(Prever, ao final de cada fase, os resultados a serem alcançados, que possibilitarão


avaliar o desenvolvimento do Projeto Cultural e, se for o caso, a correção de rumos)

7. RESPONSÁVEL PELA EXECUÇÃO

(Indicar a quem caberá a responsabilidade pela execução do Projeto Cultural)

8. DIVERSOS

(Nesta parte, poderão ser abordados outros aspectos relacionados ao Projeto Cultural)

Data....................................................................

________________________________________

Assinatura da autoridade militar responsável

Obs: Todas as páginas deverão ser rubricadas pela autoridade.

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