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Discente: Mayara Bonfim da Costa

Disciplina: Gerenciamento de Recursos Hídricos

ARTIGO: A GOVERNANÇA DAS ÁGUAS NO BRASIL E OS DESAFIOS PARA


A SUA DEMOCRATIZAÇÃO

O artigo traz a princípio a Lei Federal nº 9.433 que se trata da Política


Nacional De Recursos Hídricos (PNRH), que ficou mais conhecida como Lei
das Águas, e quando foi criada, a qual passou a envolver os usuários na
tomada de decisões, se tornando uma participação democrática e uma tomada
de decisão descentralizada, a água deixa de ser gerida como um recurso
natural ilimitado e se transforma em um bem público.

Após dezesseis anos da incorporação da Gestão Integrada dos


Recursos Hídricos (GIRH) como política pública de águas brasileira, foram
levantados os seguintes questionamentos: será que a mudança na legislação
promoveu transformações efetivas na governança de recursos hídricos? Ou
ainda lidamos com processos de decisão essencialmente centralizados, como
antes da Lei das Águas?

De acordo com Molle (2008), as politicas que dizem respeito de recursos


hídricos têm sido baseadas por conceitos construídos socialmente NIRVANAS,
que seriam interpretações simplificadas de problemas reais e objetivos que
parecem impossíveis de serem alcançados ou definidos claramente, esses
modelos são “importados” e reproduzidos em diferentes contextos com a
expectativa de gerarem resultados semelhantes ao invés de serem adaptados
à realidade de onde estão sendo aplicados.

Durante a transição do regime militar para a democracia, as


preocupações ambientais foram expressas na Constituição de 1988, que
reconhece a importância da preservação dos recursos naturais, e estabelece
limites para a gestão das águas, a Lei Das Águas de 1997 é resultado desta
reforma política, que trata a água como um recurso de valor econômico, desde
1997 a 2012, cerca de 93 projetos que são especificamente sobre Água,
Abastecimento ou Proteção Contra Enchentes, receberam empréstimos do
Banco Mundial.
Um exemplo de desafio para a implantação de mudanças, seria o estado
do Ceará, que adotou o modelo dos comitês de bacias antes de a Lei das
Águas ser aprovada, que trata a implementação de estruturas descentralizadas
e “modernas”, tais como os comitês de bacias, representou para as elites
tradicionais uma possibilidade de perda do poder, ao longo das reuniões,
progressos foram registrados, mas de maneira geral a distribuição do acesso a
abastecimento e saneamento de água, desfavorece áreas menos
“desenvolvidas” para suprir as necessidades das áreas urbanas que tem mais
contribuição econômica.

A Lei Das Águas traz quem deve fazer parte dos comitês reunindo
atores estatais, da sociedade civil, de comunidades indígenas, entre outros,
desta forma o artigo ressalta que a maioria dos membros da sociedade civil
indicou dificuldade em entender a linguagem técnico-científica utilizada,
sentindo-se incapaz de discutir as decisões em pauta, desta forma, o projeto
Manuelzão que se iniciou em 1997, trouxe a discussão sobre a gestão dos
recursos hídricos por enquadrar questões como a qualidade da água em uma
linguagem comum.

O artigo conclui que o processo de descentralização ainda tem muito


para se desenvolver, que a governança das águas ainda permanece sob o
controle do governo central e os especialistas técnico-científicos, e da forma
como tem sido feito no Ceará, onde a maioria dos comitês é formada por
técnicos dos municípios, sem participação efetiva da sociedade civil por não se
sentirem capacitados para participar das discussões técnicas, sabendo que a
sua implementação não pode contar apenas com a reprodução de técnicas,
para que modos eficientes de descentralização e participação pública sejam
promovidos.

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