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“VISITA AL ZOO”
Tradução de Margarida Gandra
Ilustração de Benicio
Colaboração de
Carlos Natali
® 540918
A memória de Brigitte
Brigitte Montfort e Frankie Minello dirigiam-se ao
Morning News. Acabavam de atravessar o vestíbulo e
estavam em frente ao elevador que os levaria ao andar onde
tinha seu escritório.
Como sempre acontecia, todas as pessoas que se achavam
no saguão do edifício olhavam pasmadas para Brigitte e
Minello, sobretudo para a moça, dona de uma beleza
fascinante. Mas, se a jovem chamava atenção pela formosura
do rosto e pelo corpo escultural que possuía, Frankie Minello
não o fazia por menos dados seu físico atlético e sua
virilidade e simpatia.
Frankie apertou o botão do elevador e, quando este
chegou e eles já se dispunham a entrar, ouviram passos
apressados de alguém que os alcançou e entrou com eles na
cabina. Frankie levantou os olhos como se perguntasse que
mal havia feito para merecer semelhante castigo. Brigitte
compreendeu o gesto do companheiro, riu e beijou as faces
do recém-chegado, que não era outro senão Miky Grogan,
diretor do Morning News e chefe dos dois jovens há muito
tempo.
— Você ainda tem coragem de beijá-lo, apesar do que
apronta contra nós?... — exclamou Minello.
— Do que está falando, idiota? — retrucou Miky, com
desprezo. — Será possível que só abre a boca para dizer
asneiras?
— Vamos, minha gente... Não comecem a brigar a esta
hora. Sim? — pediu Brigitte, rindo divertida. — Estamos
aqui para trabalhar. Por isso, cada um ao seu escritório, com
bom humor e dispostos a dar o melhor de si pelo jornal.
Mike Grogan soltou um bufado, pois captou
perfeitamente a ironia nas palavras de Brigitte Montfort, a
jornalista mais famosa do mundo e a espiã mais perigosa e
implacável, conhecida pelo apelido de “Baby”.
— Você é um amor, querida — disse Minello, soltando
um suspiro. — Agora esse nosso chefe é um osso duro de
roer!... Sabe com quem ele deveria confraternizar? Com
Amenotep e Siskarion, aqueles monstros enlouquecidos que
tivemos de enfrentar no palácio do não menos louco faraó do
Arizona1... Se bem que não me surpreenderia nada se
conseguisse pô-los sob seu comando a golpes de chicote.
— Parece-me que nem mesmo Miky poderia com
Amenotep e Siskarion — comentou Brigitte.
— E, quanto a domá-los, isso me faz lembrar algo que
sucedeu tempos atrás... Foi um caso que me contaram... Uma
coisa horripilante..
O elevador chegara ao andar onde funcionava a redação
do jornal e a jovem abandonou-o seguida dos amigos, que a
fitavam expectantes. Minello sugeriu:
— Que tal nos contar essa história, pequena? — disse,
consultando o relógio.
Depois acrescentou:
— Ainda temos bastante tempo antes do início do
expediente.
— De acordo — assentiu a moça. — Venham ao meu
escritório e, enquanto tomamos um cafezinho, relembrarei a
visita que Clifford Nash, um detetive que passou a colaborar
com a CIA, fez o zoo.
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Ver aventura anterior a esta: A Pirâmide de Oguzeh
CAPÍTULO PRIMEIRO
Boa fé e... morte!
CAPÍTULO TERCEIRO
Visitas aos zoológicos
CAPÍTULO QUARTO
Pânico na manhã
CAPÍTULO QUINTO
O regresso do dobermann
CAPÍTULO SEXTO
Proposta aceita
CAPÍTULO SÉTIMO
Mergulho no desconhecido
FINAL
Quando Brigitte terminou a narrativa, Mike Grogan
perguntou:
— Não poderíamos publicar isso, Brigitte?
— Sem o consentimento de Cliff, não. Se você está
deveras interessado, posso lhe arranjar o número do telefone
dele. Há algum tempo que trabalha para a CIA. O que não
posso é trair a confiança de um amigo. Ele me contou tudo
com detalhes, mas não tenho o direito de publicar sem o seu
consentimento. Não acha?
— Claro — concordou Grogan. — Você possui amigos
bem interessantes, minha querida.
— Isso é verdade — afirmou Minello. — Olhe para
mim... Sou grande amigo de Brigitte. Um tipo bonitão,
elegante, inteligente, culto...
— Ih! Já está embriagado — caçoou Grogan. — E olhe
que só bebeu café! Este maluco cada dia tem miolos mais
fora do lugar!
— É? Você acha? — desafiou Minello. — Pois você é
um sujeito que nem mesmo Amenotep e Siskarien se
interessariam!
— Outra vez com esses indivíduos... Quem são? Alguns
desses colegas desses ginásios asquerosos que você
gerencia?
— Asquerosos? — explicou Minello. — Fique sabendo
que esses ginásios são estabelecimentos modelo, de onde
têm saído os maiores campeões do mundo! E eu não sou
gerente deles. Ouviu bem? Sou patrocinador! Promovo
competições esportivas!
— Bem... Não precisa ficar tão furioso, rapaz —
resmungou Miky.
— Creio que Frankie tem razão — disse Brigitte. — Ele
está dedicando sua vida e todo seu dinheiro a promover o
esporte. Logo só merece elogios.
— Está bem... Está bem... Eu não sabia de nada...
— Não venha agora querendo botar panos quente...
— Ora! Vá... para as goelas de Amenotep e Siskarion!
— Maldito seja! Quem diabos são esses dois? — inquiriu
Grogan. — Esperem: goelas... Você falou em goelas... Logo,
são animais... E têm nomes egípcios! Oh, não! Bendito seja
Deus! Não me diga que você e esse desmiolado estiveram na
pirâmide do tal faraó do Arizona... e que me trouxeram uma
reportagem palpitante que nenhum jornal, exceto o
“Morning” poderia publicar!
— Exato — disse e sorriu Brigitte, divertida. — Frankie e
eu somos os autores desta reportagem que deixará os leitores
do “Morning” de cabelos arrepiados. Verdade, Minello?
— Sim, claro — concordou sorrindo o jornalista. — Nós
nos esforçamos para que o jornal desse sujeitinho noticie
grandes acontecimentos... E veja o que recebemos? Insultos!
Sabe, Brigitte, querida... Ainda continuo pensando que
poderíamos atirá-lo para aqueles crocodilozinhos educados e
amáveis do palácio do faraó do Arizona!
Miky Grogan apanhou um peso de papel e fez gesto de
atirá-lo sobre Minello, que se escondeu atrás de Brigitte, que,
por sua vez, ria alegremente, murmurando:
— Qual... Vocês dois não tomam jeito...