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Tema: Análise fonética

0. Introdução
1. Funcionamento do aparelho fonador
2. Vogais e classificação
3. Consoantes e classificação
4. Semivogais e classificação
0. Introdução

Tal como já nos referimos no capítulo da análise fonética, tanto a


Fonética, como a Fonologia têm o mesmo objeto de estudo, os sons. Só
que a base da abordagem é diferente. Enquanto a Fonética estuda os
sons, no seu aspecto concreto e físico, a Fonologia faz o estudo desses
mesmo sons, no seu aspecto abstracto.

A Fonética estuda a forma como os sons são articulados (produzidos),


transmitidos (sinal acústico) e percebidos (altura, intensidade e
duração).
Para conhecermos as propriedades articulatórias dos sons, é necessário
entendermos o funcionamento do aparelho fonador do ser humano.

O aparelho fonador está dentro do sistema respiratório. Assim, conhecer esse


aparelho é o mesmo que conhecer os órgãos que o compõem, como os
pulmões, os brônquios pulmonares, a traqueia, a laringe, as cordas vocais, a
glote, a faringe (oro- e naso-faringe), fossas nasais, o tracto vocal (no “céu da
boca”, temos a partir da oro-faringe, o úvula, véu palatino ou palato mole, palato
duro, alvéolos dentários, arcada dentária (superior e inferior) e os lábios
(superiores e inferiores); no plano da língua, temos a raiz, o dorso, pré-dorso e
a lâmina da língua.
1. Funcionamento do aparelho fonador

A produção do som da fala dá-se com o início de uma massa de ar que é


bombeada pelos brônquios pulmonares, soube pela traqueia e chega até a
laringe. Na laringe, onde começa o processo de fonação (transformação dessa
massa de ar em som da fala), o ar encontra as pregas das cordas vocais. Se
essas pregas estiverem muito fechadas, o ar força-as e causa uma vibração
nas cordas vocais e produz um som vozeado ou sonoro. Se as pregas
vocálicas estiverem abertas, o ar passa livremente, sem, contudo criar
vibração nas cordas vocais e assim, teremos um som não vozeado ou
surdo.
Depois das cordas vocais, o a ar chega até a faringe e se
encontrar a véu palatino baixado, o ar é impedido de entrar no
tracto oral e assim, passa pelas fossas nasais, produzindo som
nasal. Se o véu palatino estiver levantado, o ar passa livremente
pelo tracto oral (vulgo boca) e produz um som oral.
O som produzido pelo aparelho fonador humano pode ser uma vogal, consoante ou
semivogal.

A grande diferença entre a produção de uma vogal e uma consoante é a seguinte:

A vogal é produzida pela passagem livre da massa de ar pelo tracto oral (boca). O que
faz criar vogais com propriedades articulatórias diferentes é movimento que a língua
faz. Durante a produção das vogais, a língua efectua dois tipos de movimento:

- movimento horizontal – posterior (mais recuado) , central e anterior (menos recuado).

- movimento vertical – alto, médio e baixo.


É através desses movimentos (da língua, neste caso) e do formato dos
lábios (formato arredondado ou não arredondado) que as vogais podem
adquirir propriedades articulatórias diferentes, que poderão ser
classificadas por:

1- Quanto à altura da língua, as vogais podem ser:

- ALTAS pico [i]; pente [ɨ]; mudo [u];


- MÉDIAS perto [e]; pata[ɐ]; porto [o];
- BAIXAS belo [ɛ], pata [a]; homem [ɔ];
2 – Quanto ao recuo ou avanço da língua, as vogais podem ser:

- POSTERIORES mudo [u], porto [o], homem [ ɔ]

- CENTRAIS pente [ɨ]; pata[ɐ]; pata [a];

- ANTERIORES pico [i]; perto [e] belo [ɛ]

3- Quanto ao formato dos lábios

- ARREDONDADAS [u, o, ɔ]

- NÃO ARREDONDADAS [i, e, ɛ, ɨ, ɐ, a ]


Consoantes

A consoante é produzida tanto, pelo ponto ou lugar de obstrução


(impedimento) do ar, como pelo modo como esse ar é obstruído no tracto oral.

Assim, a classificação das consoantes faz-se por esses dois aspectos:

1- Quanto ao ponto de articulação

- bilabiais (contacto dos lábios): bala [b], mala [m], pala [p],

- labiodentais (contacto dos lábios com os dentes): vala [v], fala [f],

- dentais (contacto dos dentes): tia [t], dia [d];


- alveolares (aproximação da ponta da língua aos alvéolos dentários)

bar [r], nata [n], lata [l],

- palatais (aproximação do dorso da língua ao palato duro)

China [ʃ], Gina [Ʒ], lenha [ɲ], filha [ʎ]

- velares (recuo do dorso da língua, aproximando-se ao palato mole ou véu palatino)

gata [g], cata [k], mel [ɫ]

- uvular (recuo do dorso da língua à úvula)

terra [R]
2 – Quanto ao modo de articulação, as consoantes podem ser:
- Oclusivas – as que são pronunciadas com a corrente
expiratória momentaneamente interrompida.
[b] belo [g] gato [m] modo
[k] casa [p] pato [n] nada
[d] dedo [t] tela [ɲ] linho
- Fricativas: [ʃ], [f], [Ʒ], [s], [v], [z]: chave, fala, jacto, sala
voto, zona
- Laterais: [l], [ɫ], [ʎ]: pala, parla, palha;
- Vibrantes: [r], [ʀ]: caro, carro.
3- Quanto ao papel das cordas vocais, as consoantes podem ser:

- Surda (Não-vozeadas): quando não são produzidas com a


vibração das cordas vocais:

[p], [t], [k], [s], [ʃ], [f]: pato, toldo, cartas, saltos, enxame,
fila;

- Sonoras (Vozeadas) – quando são produzidas com a vibração das


cordas vocais:

[b], [d], [g], [l], [ɫ], [ʎ], [v], [m], [n], [ɲ] [Ʒ], [z], [r], [ʀ]: bico,
dedo, gago, lanterna, balde, velha, vela, música, nota, ninho, resma,
baliza, areia, roda.
Quanto ao papel das cavidades bucal e nasal, as consoantes podem
ser:

Orais: aquelas cuja produção a corrente expiratória passa apenas


pela cavidade bucal:

[b], [d], [g], [l], [ɫ], [ʎ], [v], [Ʒ], [z], [r], [ʀ].

Nasais: aquelas cuja produção a corrente expiratória ressoa na


cavidade nasal:

[m], [n], [ɲ].


As semivogais

Em português, existem também as semivogais [j] e [w]: têm


características semelhantes às das vogais, mas associam-se a
uma outra vogal e com ela formam ditongo. Uma semivogal
nunca pode receber acento próprio. Entretanto, classificam-se,
tal como as vogais e as consoantes, por orais (cai, mau), e
nasais (mãe, cão).
FIM

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