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Ver Sua Majestade Brigitte, número 96 desta coleção.
— Você... é a agente “Baby” da CIA — gaguejou De
Vries, com os olhos arregalados, como se fossem saltar das
órbitas. — Você é “Baby”?
— Seria tolice, de minha parte, negar a esta altura —
respondeu Brigitte Montfort, com um sorriso gelado. — Isso
deve fazê-lo compreender que está tudo perdido para o
senhor. Logo, diga a seu mastodonte para guardar a pistola e
deixe-me usar o radinho que tenho, para chamar meus
Johnnies. Ao menos, assim, os dois salvarão a vida. Não me
obrigue a complicar as coisas, por favor.
— Insinua que minha casa está vigiada?
— Inteiramente cercada por meus companheiros. Seus
amigos, que se retiraram há pouco, já foram detidos ou estão
para ser. Resta apenas o senhor. Jamais conseguirá escapar
do cerco preparado por meus Johnnies, garanto-lhe.
— Então está tudo perdido para mim?
— Inteiramente perdido. Não poderá escapar. Aconselho-
o a desistir de qualquer atitude de represália contra mim. Se
me causar o mínimo dano, meus Johnnies o farão lamentar
ter nascido. Vamos, seja razoável. Está rindo, senhor De
Vries?
— Estou — exclamou De Vries, com uma risadinha seca.
— Rio da senhorita. Quando mandei construir esta casa, tive
uma inspiração.
— Que Inspiração?
— Do porão parte um corredor que ninguém conhece.
Vai até à margem do Potomac. Isso significa que posso ir
embora, apesar da vigilância de seus amigos. Não acredita?
— Por que não? Isso apenas atrasaria de algumas horas
ou de alguns dias a sua captura.
— Quem prepara essa saída, prepara tudo para poder usá-
la, quando necessário, não acha? Preparei bem minha fuga,
acredite. Não imaginei que precisasse um dia usar esse
corredor, mas chegou a hora e vou usá-lo.
— Não irá muito longe.
— Talvez. A senhorita Montfort, porém, irá menos longe
ainda. Se eu conseguir escapar, saberei vingar-me da pessoa
que causou minha ruína total. Terei a satisfação de matá-la,
antes de me retirar. Deite-se na cama.
— Não gostaria de morrer na cama. Ou pretende algo
mais, antes de acabar comigo?
— Ah, estava demorando! Sua beleza feminina! Imagina
que pretendo violentá-la, antes de matá-la?
— Não?
Jefferson De Vries inclinou a cabeça de lado e revirou os
olhos. Contemplou, durante alguns segundos, a beleza
estranha de Brigitte Montfort. Sorriu, de repente, e
sussurrou:
— Compreendo seu jogo. Deve ter sido útil, em outras
ocasiões, hem? Sim, tenho amigos que me contaram histórias
a seu respeito... a respeito da agente Baby” da CIA. Todos a
admiram. É o gênio capaz de solucionar os problemas da
espionagem mundial. Compreendo. Sob seu aspecto
angelical de Brigitte Montfort, pode viajar pelo mundo
inteiro, meter-se em toda a parte, conseguir amigos, fazer
contatos, obter informações... Quando se vê em apuros, sua
beleza resolve a questão. Julga-se capaz de enfeitiçar
qualquer sujeito, enganar a todos, inclusive, oferecendo seu
corpo. Quando os inimigos estão enfraquecidos pelo prazer
ficam à sua mercê, não é assim?
— O senhor é muito fantasioso. Jamais utilizei minha
beleza em meus trabalhos de espionagem. Disponho de
outras armas. Só lanço mão de meus atrativos físicos quando
os outros querem desfrutá-los.
— Outras armas? Quais?
— Em primeiro lugar, minha inteligência. Vamos, senhor
De Vries, não se engane comigo. Sou formosa, sim, e não
vejo motivo para jogar vitríolo no rosto e deixar de ser
bonita. Nem acho aconselhável cortar os seios ou estragar
qualquer ponto de minha anatomia. Mas não uso a beleza
para conseguir o que desejo. Prefiro usar a inteligência. Se
fosse apenas uma espiã formosa, há muitos anos estaria
morta. Não me confunda com a linda espiã que obtém
segredos do velho e gordo general, deitando-se com ele e
enlouquecendo-o de prazer. Não me insulte com um
julgamento desses, por favor!
— Feito. Mas diga-me: como pode sua inteligência
resolver uma situação como esta? Basta ordenar a Carpenter
para puxar o gatilho e de nada servirá sua inteligência.
— A sua também não serve para grande coisa. Enquanto
estamos conversando, meus Johnnies devem ter invadido a
casa, silenciosamente.
— Não — exclamou De Vries, rindo. — De modo
algum! Seus amigos estão lá fora. Isso talvez seja verdade.
Mas não entrarão, enquanto a senhorita não os autorizar,
utilizando o radinho de bolso. Era o que ia fazer, quando
chegou a este quarto, hem? Mas não o fez. Eles aguardarão
seu chamado. E quando, impacientes, decidirem tomar a
iniciativa e entrar na casa... sabe o que encontrarão?
— Diga.
— O cadáver violentado de sua amada “Baby”. Deite-se
na cama!
— Ah, pretende violar-me, não é mesmo?
— Vai ser uma violação muito especial. Dê-me essa
pistola, Carpenter, e amarre a senhorita Montfort na cama.
Use os cordões das cortinas. Quanto à senhorita, coloque-se
em posição. De barriga para cima, sorridente, com as coxas
espetaculares bem relaxadas.
— Vai abusar de mim, tendo uma pistola na mão? —
perguntou Brigitte surpresa.
— Quem a violentará não serei eu.
Carpenter já havia entregue a pistola a De Vries e
arrancara os cordões das cortinas. Brigitte olhou para o
gigante que, por sua vez, olhou para ela. Voltou-se logo para
o patrão, sem esconder seu espanto. Estava tudo bem claro,
mas foi Brigitte quem traduziu:
— Ele vai me violentar?
— Sua inteligência é admirável — respondeu De Vries,
secamente — Deite-se! Não repetirei a ordem! Coloque-se
em posição!
A espiã internacional pestanejou ligeiramente. Em
seguida, sem hesitar, deitou-se na cama, de barriga para
cima, e relaxou as pernas. Carpenter aproximou-se com os
cordões. Jefferson De Vries colocou-se nos pés da cama e
seu olhar cravou-se no sexo de Brigitte. Um brilho sinistro
iluminava seus olhos frios.
De repente, Brigitte Montfort compreendeu as
verdadeiras intenções de Jefferson De Vries. Não. Carpenter
não ia violentá-la. O próprio De Vries se encarregaria da
tarefa. Mas não de um modo comum e sim com a pistola.
Nos olhos brilhantes de Jefferson de Vries a espiã viu a
verdade. Ele introduziria o cano da arma em seu sexo, e em
seguida puxar o gatilho.
Brigitte sentiu um arrepio. Como se milhões de alfinetes
se enterrassem em seu corpo maravilhoso. Respirou fundo e
percebeu que ela estava agindo com uma docilidade
excessiva, perdendo a oportunidade de aproveitar a
aproximação de Carpenter. Viu o gigante inclinar-se e
segurar-lhe o pulso esquerdo para amarrá-la à cabeceira da
cama. Brigitte deixou Carpenter tocar-lhe o pulso.
Bruscamente, porém, a divina ergueu o joelho direito e com
ele golpeou brutalmente o queixo de Carpenter, jogando-o de
encontro à mesinha de cabeceira.
Em meio ao barulho ecoou o tiro abafado pelo
silenciador. A bala enterrou-se numa das pontas do
travesseiro. No momento exato em que Brigitte girava para a
outra ponta. Quando o corpo ágil e despido da espiã passou
por cima do de Carpenter, num salto ágil, De Vries tornou a
atirar, acompanhando a trajetória da adversária.
O tiro ecoou abafado. A bala partiu um milésimo de
segundo atrasada para poder atingir Brigitte. Mas atingiu a
cabeça de Carpenter, que se levantava, estourando-a de um
modo grotesco e arrepiante. Jefferson De Vries não conteve
uma exclamação de fúria e de surpresa ao mesmo tempo.
Diante de seus olhos arregalados, a cabeça de Carpenter
transformou-se numa massa avermelhada.
O reflexo dourado à direita trouxe-o de volta à realidade.
De Vries gritou ao ver que Brigitte Montfort, com seu corpo
dourado pelo sol, pulava em sua direção, em vez de procurar
um abrigo onde se refugiar dos tiros. Viu os enormes olhos
azuis muito abertos, a cabeleira negra esvoaçante e o corpo
brilhante aproximarem-se velozmente.
Sem hesitar, tornou a puxar o gatilho.
E acertou no alvo.
CAPÍTULO PRIMEIRO
A convalescente
CAPÍTULO TERCEIRO
O ataque
CAPÍTULO QUARTO
O oásis
CAPÍTULO QUINTO
Uma festa das Mil e Uma Noites
CAPÍTULO SEXTO
Clínica de luxo