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disso. Sua sorte era o grande óculos escuro que cobrem os lumes
avermelhados e as olheiras. Tudo resultado da noite anterior em que
passou examinando e assinado papeladas. Era um trabalho tedioso, mas
muito importante e necessário.
Amou a sensação do raios de sol das oito queimar sua pele hidratada.
Pegou a bolsa que estava ao seu lado no banco e pôs sobre o colo, logo
tirando lá de dentro um aparelho celular. O último lançamento da marca
amada por todos que trabalham com internet. Quase riu com a irônia de
sua própria mente. Ela não se importava com isso, mas era importante
manter uma boa imagem na área em que atua. O aparelho foi ligado e sua
atenção foi atraída para a notificação da mensagem de sua amiga.
Ligeiramente preocupou-se.
— Imaginei que você não soubesse. Foi uma surpresa para todos. Ele já
está aqui na empresa, chegou a poucos minutos atrás e já quer você na
sala dele. Tentei te ligar assim que aconteceu e estava fazendo isso até
poucos minutos atrás, mas você não me atendia. — Suspirou. — Por favor
me diga que você já saiu de casa...
— Certo.
— Tenha um bom dia, senhorita More! — O seu chofer lhe desejou com
aquela voz rouca que ela tanto fantasiava ao ouvir.
Lamar corporation.
Antes que seu corpo passasse a soar pela alta temperatura, ela apressou
os passos para o enorme prédio espelhado. As portas enormes de vidro se
abriram para ela passar e o ar frio do ar-condicionado voltou a lhe tomar.
Seus cabelos que estavam sobre o ombro foram jogados para trás e ela
observou toda a recepção, mas especificamente a ruiva do outro lado do
balcão. Milla sorriu para Emília e a mulher rapidamente fez o mesmo lhe
desejando um "bom dia" silêncioso com os lábios.
Chloe, a morena alta de cabelos curtos correu até ela com uma prancheta
em mãos, quando ela se pôs para fora do cubículo de metal. — Estava
esperando por você!
— Bom, eu estou aqui. — Milla lhe deu um sorriso, mas ele logo morreu
ao se lembrar do que foi conversado entre elas antes. — Onde ele está
agora?
O alerta da mulher deixou Milla intrigada, fazendo assim ela tirar o óculos
para avistar melhor sua amiga.
— Por que diz isso? Ele gritou novamente com a pobre coitada da
secretária dele? — O tom de Milla saiu quase sarcástico ao lembrar do
ocorrido.
— Pior que isso, Milla. Ele não abriu a boca para falar com ninguém, além
de mim. Tem noção de que eu quase tive um infarto quando ele veio até
mim pessoalmente e disse que me queria em sua sala? — Ela respirou
fundo. — Achei que seria despedida e estou tremendo até agora.
— Faça isso! Você é uma verdadeira guerreira por conseguir domar aquela
espécie de fera... — Fez uma pausa para uma careta enjoada. —
Rabugenta.
Chloe balançou a cabeça para cima e para baixo. — Com certeza. Irei
preparar sua agenda para hoje e estarei lá. Agora vá! Se apresse, pois eu
tenho medo que ele solte um grito a qualquer momento.
— Pode deixar! Irei fazer isso agora mesmo. — A mais alta riscou algo em
seu prancheta e direcionou o olhar para Milla. — Prontinho! Sem o velho
William por hoje. — Sorriu. — Irei encontrar a Janet e lhe informar que é
para encaixar isso na agenda da fera rabugenta.
Fechou a porta atrás de si e direcionou seu olhar para o seu velho amigo
Joseph sentando na poltrona atrás da grande mesa. Ela se aproximou e ele
só lhe encarou quando ela tomou o seu campo de visão. Parecia
demasiado perdido em pensamentos.
— Eu pensei que o prazo de sua viajem fossem até a próxima semana. Por
que não me avisou que voltaria mais cedo? — Milla questionou enquanto
sentava-se em uma das cadeiras de frente para grande mesa escura.
A bolsa dela foi depositada sobre suas coxas e os longos cabelos ajustados
para trás, para assim não bagunçar em seus costa que estão apoadas
confortavelmente na cadeira.
O homem deixou um suspiro cansado sair por suas narinas. — Foi uma
surpresa para mim também.
— E como foi lá? Tudo ocorreu bem? — Ela arqueou uma sobrancelha
aguardando uma resposta, após longos segundos de silêncio.
— Sim. — Foi a única resposta que saiu dos lábios do mais velho.
— Fico feliz. — Ela deixou um riso soprado sair pelos seus lábios. Ele
definitivamente não queria falar muito hoje. — Minha secretária falou que
você queria me ver. O que aconteceu?
— E o que seria essa maldita coisa que te fez querer fechar negócios com
os frios? — O homem deixou um riso soprado e silêncio escapar e então
curvou-se sobre a mesa.
O lábio inferior de Milla foi maltratado por seus dentes. Ela não gostou do
que ouviu.
— Não acho que seja uma boa ideia, Joseph. Nós não trabalhamos com
esse tipo de coisa. — O lembrou.
Inacreditável? Sim.
Impossível? Não.
A cabeça de Milla girou com a visão que seus olhos estão a capturar. Meu
Deus, eu preciso urgente de uma câmera para fotografar isso, ela pensou,
mas balançou a cabeça de um lado para o outro na esperança de afastar
sua surpresa. Precisava focar na ideia maluca de seu chefe e não em
fotografar o evento raro que é ele sorrindo. — Cassinos são uma péssima
ideia!
Ela havia acabado de se mudar para Nova York, deixou o Brasil pois queria
novas experiências e uma vida melhor. Buscou incansavelmente por um
emprego assim que pisou os pés na cidade que nunca dorme, mas acabou
por não conseguir, e quando estava prestes a desistir e retornar para o seu
país de origem, ela conheceu Joseph. Um homem nova-iorquino no qual
havia acabado de abrir a própria firma. Milla foi uma de suas primeiras
funcionária e a sua alta competência lhe fez hoje está ao lado do homem
no controle da grande empresa.
Milla sabia que quando seu amigo colocava algo na cabeça, ele ia até o fim
com a ideia. Joseph parecia bastante confiante do que queria e estava
certo de que ela também concordaria com consigo depois de conhecer a
cidade.
Ela voltou o olhar para o homem quando tomou uma decisão. — Fico
lisonjeada pela consideração que tem por mim! Também tenho muita por
você. — Ela sorriu agradecida enquanto Joseph lhe observava
atentamente.
Ele deu aceno breve com a cabeça. — É mínimo que posso fazer, Millane.
Você me ajudou a crescer. — Ela sabia que era pura sinceridade o que ele
falou. Sempre fazia questão de lembrá-la o quão importante era e foi para
si. — Então, qual é a sua resposta? Aceitará?
— Tudo bem. — Balançou a cabeça, não desejando está ainda tão incerta.
— Eu irei para o Alasca. Amo o frio, mas em excesso será demais para
mim. Não vai ser uma viajem fácil, mas espero que essa cidade valha
apena tanto quanto você diz.
Algo com certeza aconteceu com ele, ela pensou. Será que encontrou
alguém por quem se interessou nessa viajem? Ou realmente ele só está
feliz porque quer fechar esse negócio com os frios? Ela queria saber de
tudo, mas sabia que se perguntasse ele não iria lhe responder já que não
gostava de compartilhar sobre sua vida pessoal. Por esse motivo apenas
seguiu calada enquanto ouvia o homem despejar bebida em dois copos.
— Você está realmente certo de que vou aceitar isso... — A voz de Milla
saiu alta o suficiente para garantir que o homem escutasse.
— Ele irá conseguir lhe convencer assim como fez comigo. — Milla olhou
de relance para o homem que já possuí fios brancos na cabeça. Ele fechou
a garrafa cara de whisky e se aproximou dela com dois copos cheios. —
Aceite.
Ela pegou o copo que lhe foi oferecido e deu um pequeno gole na bebida.
A doce queimação passou por sua garganta e ela lambeu os lábios antes
de subir o olhar para Joseph, que já havia voltado a sentar em sua
poltrona.
Encantador? Sério? Ele não está nenhum pouco com o pé atrás com essa
ideia maluca?
— Por favor, me diga que esse Sr. Luvier também tem negócios com os
Pattinson's? — A voz de Milla saiu quase como uma súplica.
— Ele possuí, mas não sei te informar quais são. — A mulher sentiu um
pouco de alívio e bebeu outro gole da bebida. — Está desconfiada, não
está, Milla?
Ela respirou fundo deixando o copo sobre a mesa. — Você me conhece,
Joseph. — Ela sorriu. – Admito que essa sua ideia não me agrada, mas as
confio em você.