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Levei minha mão até o outro lado da cama, em busca do meu bebê, e quando percebi que
ele não estava ali, o meu coração disparou, assutado.
Levantei da cama as pressas, desesperada e quase cai. Saí do quarto correndo, mas parei
repentinamente ao avistar o Ben sentando no chão da sala, brincando com sua chupeta.
Suspirei aliviada, logo indo na direção do pequeno que nem se quer havia notado a minha
presença.
-Filho?_ O chamei, avistando o mesmo me olhar._ O quê você tá fazendo aqui sozinho,
amor? E como desceu da cama? _ Agachei e logo o peguei em meus braços.
Avisto o garotinho balançar a cabeça em confirmação à minha pergunta e sorrio. Ele está
cada dia mais esperto. Caminho até a cozinha e limpo a chupeta dele na pia, logo
entregando de volta ao dono, que é rápido em colocá-la na boca.
Aproveitando que já estávamos na cozinha, andei até o banheiro e fiz minha higiene e a do
Benjamin. Assim que saímos do cômodo eu coloquei a criança no chão, pronta para
preparar o nosso café da manhã, mas acabei sendo interrompida antes mesmo de começar,
por batidas na porta.
Fui rápida em indiretar a minha postura, atenta e pensativa. Será ele? Caminhei sem pressa
até a porta, mordendo o lábio inferior, apreensiva. Desde o acontecido aquela noite ele não
veio mais aqui. Será que peguei pesado em alguma coisa que falei?
De qualquer forma não me importa. Respirei fundo. Ele não merece a minha preocupação.
Abri a porta da casa de uma vez, preparada pra encarar quem quer quê estivesse ali fora.
-Bom dia! Cadê o meu neném?_ Luana adentrou a casa, à preocura do Ben.
Fechei a porta a minha frente e segui novamente para a cozinha, avistando a loira já ali com
a criança nos braços, enquanto beijava repetidamente as bochechas do meu menino.
-Que felicidade toda é essa?_ Pergunto.
-Folga?_ Questionei irônica e peguei as frutas que estão sobre a pia, as lavando ali mesmo.
-Sim. Folga, ué. Tá fazendo o que? Café da manhã?_ Questionou curiosa e eu concordei
com a cabeça.
-Acabei de acordar. Vou fazer salada de frutas com aveia e suco natural de laranja. Incluve,
já que você está aqui poderia ir fazendo o suco pra gente.
-Espertinha você, né?_ Fez uma careta e colocou a criança no chão, me fazendo rir.
A loira se aproximou, e eu lhe entreguei uma faca, juntamente com algumas laranjas.
Observei a mesma caminhar até a mesa e sentar-se ali, logo começando a descascar as
frutas.
-Quem bom.
-Você deveria ter me perguntado exatamente assim "Que horas será esse baile, minha
prima linda e maravilhosa?"
-Como assim não irá? Claro que vai!_ Afirmou, me fazendo suspirar antes de falar.
-Não vou deixar o Ben com a tia Carla, não quero abusar. E outra, até terminar o salão eu
não pretendo ter uma folga tão cedo.
-Você sabe que a mãe não ligaria de ficar com o Ben, Malia. Ela aceitou de boa o meu
namoro com o Xande, tá quase voltando com o pai e não te julgou quando soube que o Ben
era filho do Jacaré. Ela só ficou muito surpresa.
-O Xande me contou que vão invadir o morro vizinho. O outro lado não tá sendo comandado
pelo Jacaré.
-Isso vai ser perigoso?_ Franzi o cenho, atenta pra sua resposta.
-Invadir um morro?_ Perguntou e eu concordei com a cabeça._ Sim, é bem perigoso. Muitos
morrem e nem voltam. Tô real com medo, Lia._ Abaixou a cabeça, soltando um suspiro.
Aquelas últimas palavras de alguma forma me deixaram inquieta e pensativa. Odiei sentir
uma ponta de preocupação dentro de mim.
-Sim._ Concordei avistando ela comemorar jogando os braços pra cima._ Não tá mentindo
sobre ser um baile de despedida, né?_ Desconfio.
-Claro que não, Malia. Pode pergutar pra qualquer um, o baile é de despedida. Mas agora
me responde uma coisinha... O que te fez mudar de ideia tão rápido?_ Me deu um olhar
sugestivo, assim como o seu tom era.
-Para com isso, Luana! Claro que não tem nada a ver com aquele homem. Eu vou porque
eu quero e fiquei com dó de você._ Neguei com a cabeça, voltando à cortar minhas frutas.
-Claro, claro. Eu acredito._ Disse, mas eu não senti firmeza alguma em seu tom.
-Pode ficar tranquila que eu não vou!_ Afirmou._ Da última vez que eu fiz isso você
engravidou.
-Não foi bem assim que aconteceu._ Faleu com uma careta no rosto.
-Se você diz._ Ela riu.
[...]
Se tinha uma coisa que eu odiava em mim mesma era o fato de que eu sempre deixava as
coisas para última hora. No "só mais alguns minutinhos" que eu pedia a mim mesma, se
acabou passaram quase duas hora. Estou com o coração apertado e um pouco angustiada.
O Luan já veio aqui pegar o Ben. Meu bebê certamente a essa hora deve está na casa da
tia Carla. Precisava urgentemente saber como meu filho está, mas até a Luana chegar aqui
eu sei que não terei notícias dele. Odeio o fato de que aqui não tem Internet.
Por incrível que pareça eu já havia acabado de arrumar. Em poucos minutos deu
perfeitamente pra mim fazer tudo. Eu estou agora apenas a esperando a loira,
ansiosamente.
Falando nela...
-Ótimo, ué. A mãe acabou de alimentar ele com a comida que você mandou._ Me olhou de
cima a baixo._ Tá gata, em...
-Você também tá._ Sorri, mas logo voltei as minhas preocupações._ Ele chorou?
-Não.
Apesar de já ter deixado o Ben com outras pessoas antes, normalmente com o pessoal da
creche, eu nunca vou me acostumar em deixá-lo com outras pessoas. Sempre irei ficar
apreensiva.
-Sim, Malia._ Suspirou, cansada._ Não se preocupa, a mãe vai cuidar bem dele. Você sabe
disso.
-É coisa de mãe, eu sei._ Disse puxando o celular do bolso e logo conferindo algo no
mesmo._ Vamos?
-Mas já?
-Quanto tempo já faz que você não foi a uma festa, Malia?_ Franziu as sobrancelhas.
-A última pessoa que eu peguei foi filho da puta do Jacaré._ Levei meu olhar ao chão, um
pouco envergonhada.
Não por não pegar ninguém, mas por ter pegado um cara casado.
-Pois hoje isso vai mudar, meu amor._ Entrelaçou o braço no meu._ Hoje a gente não tem
hora pra chegar, e eu já deixei avisado pra Dona Carla.
-Eu te conheço...
A malia vai pro baile e vai encontrar o Jacaré lá com a mulher e também vai encontrar o
Gabrirel e vai ficar com ele. Ela também vai voltar a falar com a Mari.