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Milla deixou de encarar as ruas bem movimentadas de Nova York quando o carro finalmente parou.

Ela lutou para não deixar um bocejo cansado escapar pelos lábios. O sono ainda fazia-se presente
em si. Observou atentamente quando Marccus, o seu motorista saiu do veículo e apareceu ao lado de
sua porta. Ele abriu a mesma como de costume e ela sentiu o ar frio do ar-condicionado fugir.

Amou a sensação do sol das oito queimar sua pele bem cuidada e hidratada.

Ela pegou a bolsa que estava ao seu lado no banco e pois sobre o colo. Tirou lá de dentro um
aparelho celular. O último lançamento da marca amada por quem trabalha com a internet. Ela
precisava sempre estar bem atualizada. Aquilo fazia parte de seu trabalho. Precisava manter uma
boa imagem. Ligou o aparelho e sua atenção foi atraída na mensagem de sua amiga.

"Me ligue assim que puder!!!" O exagero do sinal de exclamação e chamadas não atendidas era o
suficiente para fazer Millane entender que havia algo errado.

Ligeiramente preocupou-se.

Desbloqueou o aparelho, discou para Chloe e no segundo toque, ela atendeu.

— O quê aconteceu? — Questionou com o cenho franzido, e deu um olhar de relance para o seu
motorista. Ele continuava de costas, enquanto segurava a porta para ela.

— O Joseph voltou. — A mulher parecia eufórica e o barulho de seu salto batendo contra o chão
consecutivamente a fez confirmar sua teoria de que sua amigava estava andando de um lado para o
outro.

Milla ficou surpresa com a notícia. — O quê!?

— Imaginei que você não soubesse. Foi uma surpresa para todos. Ele já está aqui na empresa,
chegou a poucos minutos atrás e já quer você na sala dele. Tentei te ligar, mas você não me atendia.
— Suspirou. — Por favor me diga que você já saiu de casa...

— Estou em frente a empresa, já estou subindo.

— Se apresse! Ele não parece de bom humor, Milla.

— Certo.

Millla encerrou a chamada, guardou rapidamente o aparelho na bolsa e desceu do carro. O sol agora
tratou de queimou toda a sua pele descoberta. A saia que subiu enquanto estava sentada foi puxada
para baixo por sua mão livre, e a mulher tratou também de ajustar o óculos escuro na face.

— Tenha um bom dia, senhorita More! — O seu chofer lhe desejou com aquela voz rouca que ela tanto
fantasiava ao ouvir.
Esse não é o momento, Milla! Ela repreendeu a si mesma quando o seu corpo reagiu ao sua mente
fantasiar naquela voz rente a seu ouvido.

— Igualmente, Marccus! — Retribuiu, mas não virou-se para lhe encarar, ao invés disso lançou o olhar
para a grande placa que muito bem conhece.

Lamar corporation.

O sol dificultou um pouco sua visão, mas ela conseguiu ler.

Antes que seu corpo passasse a soar pela alta temperatura, ela apressou os passos para o enorme
prédio espelhado. As portas enormes de vidro se abriram para ela passar e o ar frio do
ar-condicionado voltou a lhe tomar. Seus cabelos que estavam sobre o ombro foram jogados para
trás e ela observou toda a recepção, mas especificamente a ruiva do outro lado do balcão. Milla
sorriu para Emília e a mulher rapidamente fez o mesmo lhe desejando um "bom dia" silêncioso com
os lábios.

Sendo Milla a C.O.O. da empresa, ela não precisava passar por Emília, mas ainda assim sempre
lembrava de comprimetar sua colega. As portas do elevador se fecharam e longos segundos se
passaram até ela abrir novamente. Quando ele finalmente soou e as portas abriram-se a visão de sua
amiga e secretária tomaram os seus olhos.

Chloe correu até ela com uma prancheta em mãos, quando ela se pôs para fora do cubículo de metal.
— Estava esperando por você!

— Bom, eu estou aqui. — Milla lhe deu um sorriso, mas ele logo morreu ao lembrar-se do que
conversaram antes. — Onde ele está agora?

— Continua no mesmo lugar. — Direcionou o olhar para a porta isolada no final do corredor._ Ele está
te esperando na sala dele desde que chegou e não parece estar com um bom humor.

O alerta da mulher deixou Milla intrigada, fazendo assim ela tirar o óculos para avistar melhor sua
amiga.

— Por que diz isso? Ele gritou novamente com a pobre coitada da secretária dele? — O tom de Milla
saiu quase sarcástico ao lembrar do ocorrido.

Joseph conseguia ser um verdadeiro babaca quase vezes.

— Pior que isso, Milla. Ele não abriu a boca para falar com ninguém, além de mim. Tem noção de que
eu quase tive um infarto quando ele veio até mim pessoalmente e disse que me queria em sua sala?
— Ela respirou fundo. — Achei que seria despedida e estou tremendo até agora.

Milla riu quando a mulher lhe mostrou a mão trêmula.

Sua amiga conseguia ser bem dramatica quando queria.


— Acho melhor eu ir vê-lo, então. — Ela encarou a porta, tentando decifrar o que havia de ter se
passado com o homem.

— Faça isso. Você é uma verdadeira guerreira por conseguir domar aquela fera rabugenta.

Milla riu novamente e encarou a amiga. — Te vejo em minha sala?

Chloe balançou a cabeça em concordância antes de responder. — Sim. Irei preparar sua agenda para
hoje. Agora vá! Tenho medo que ele solte um grito a qualquer momento.

— Certo. — Ela sorriu e deu passo, mas parou ao se lembrar de algo importante. — E por favor,
qualquer evento que envolva o velho William, pule. Deixe isso para o Joseph cuidar agora que voltou.
Detesto aquele velho maldito e o Joseph sabe disso.

— Pode deixar! Irei fazer isso agora mesmo. — A mais alta riscou algo em seu prancheta e direcionou
o olhar para Milla. — Prontinho! Sem o velho William por hoje. — Sorriu. — Irei encontrar a Janet e lhe
informar, para assim ela encaixar isso na agenda da fera rabugenta.

— Obrigada, melhor amiga e secretária do mundo! — Acariciei seu ego.

— É meu trabalho. — Piscou, exibida, mas logo riu. — Agora ande, também estou curiosa para saber o
que a fera rabugenta quer.

Milla guardou o óculos na bolsa e voltou a encarar a amiga uma última vez. Notou em seu olhar um
"boa sorte" e se segurou para não rir pela terceira vez, ao invés disso caminhou até a porta de seu
chefe. Deu três batidas com a mão na enorme porta de madeira e a voz conhecida soou dentro lhe
mandando entrar.

Ela fez.

Fechou a porta atrás de si e direcionou seu olhar para o seu velho amigo Joseph sentando na
poltrona atrás de sua mesa. Ela se aproximou e ele só lhe encarou quando ela tomou o seu campo de
visão. Parecia demasiado perdido em pensamentos.

— Eu pensei que o prazo de sua viajem fossem até a próxima semana. Por que não me avisou que
voltaria mais cedo? — Milla questionou enquanto sentava-se em uma das cadeiras de frente para
grande mesa escura.

A bolsa dela foi depositada sobre suas coxas e os longos cabelos ajustados para trás, para assim
não bagunçar em seus costa que estão apoadas confortavelmente na cadeira.

O homem deixou um suspiro cansado sair por suas narinas. — Foi uma surpresa para mim também.

— E como foi lá? Tudo ocorreu bem? — Ela arqueou uma sobrancelha aguardando uma resposta, após
longos segundos de silêncio.
— Sim. — Foi a única resposta que saiu dos lábios do mais velho.

— Fico feliz. — Ela deixou um riso soprado sair pelos seus lábios. Ele definitivamente não queria falar
muito hoje. — Minha secretária falou que você queria me ver. O que aconteceu?

— Quero que viaje.

O cenho de Milla se franziu automaticamente, assim também como a surpresa que lhe tomou. Ela
quase nunca viajava, pelo menos não para resolver assuntos da empresa. Preferia que que Joseph
fizesse isso, pois ele era melhor nessas coisas e também porque achava tedioso ter que ficar
rondando velhos indecisos para assinar papéis.

— Para onde e por quê razão me quer lá?

— Alasca é o país. — Uma careta nasceu na face de Milla. Alasca? — E o motivo é simples, eles irão
possuir algo que me fez definitivamente querer fechar negócios.

— E o que seria essa maldita coisa que te fez querer fechar negócios com os frios? — O homem
deixou um riso soprado e silêncio escapar e então curvou-se sobre a mesa.

— Um cassino vai ser aberto. — Contou em um murmuro, quase como um segredo.

Surpresa e incredulidade tomou a face de Milla. — Um cassino? — Seu tom era igual o seu semblante.

— Exato! — Ele jogou o corpo para trás na poltrona e cruzou os braços sobre o peito coberto pela
terno preto. — Quero investir!

O lábio inferior de Milla foi maltratado por seus dentes. Ela não gostou do que ouviu.

— Não acho que seja uma boa ideia, Joseph. Nós não trabalhamos com esse tipo de coisa. — O
lembrou.

— Agora iremos! — Um sorriso confiante brotou nos lábios finos do homem.

Inacreditável.

Impossível.

A cabeça de Milla girou com a visão que seus olhos estão a capturar. Meu Deus, eu preciso urgente de
uma câmera para fotografar isso, ela pensou, mas balançou a cabeça de um lado para o outro na
esperança de afastar sua surpresa. Precisava focar na ideia maluca de seu chefe e não em fotografar
o evento raro que é ele sorrindo. — Cassinos são uma péssima ideia!
Ela também cruzou os braços sobre o peito, deixando um suspiro escapar. Aquila era uma ideia
inacreditável.

— Eu sabia que você diria isso, por esse motivo quero que você vá até lá. Visite a cidade e tome sua
própria conclusão. Tenho certeza que concordará comigo. Se você não concordar eu abandonarei
essa ideia. Sabe que a sua opinião é muito importante pra mim, Millane.

Milla balançou a cabeça confirmando que entendia o que o homem falou.

As últimas palavras de Joseph havia lhe acertado em cheio. Ele a conhecia bem o suficiente para
saber que palavras bonitas acabavam com ela e agora usava isso a seu favor.

Enquanto examinava inquieta um ponto fixo da sala, Milla se pegou relembrando o passado e em
como conheceu seu chefe.

Ela havia acabado de se mudar para Nova York, deixou o Brasil pois queria novas experiências e uma
vida melhor. Buscou incansavelmente por um emprego assim que pisou os pés na cidade que nunca
dorme, mas acabou por não conseguir, e quando estava prestes a desistir e retornar para o seu país
de origem, ela conheceu Joseph. Um homem nova-iorquino no qual havia acabado de abrir a própria
firma. Milla foi uma de suas primeiras funcionária e a sua alta competência lhe fez hoje está ao lado
do homem no controle da grande empresa.

Além da relação profissional de patrão e funcionária, a relação de ambos era principalmente de uma
boa amizade. Enfrentaram muitas dificuldades e conquistas juntos para hoje confiarem um no outro
com suas próprias vidas.

Milla sabia que quando seu amigo colocava algo na cabeça, ele ia até o fim com a ideia. Joseph
parecia bastante confiante do que queria e estava certo de que ela também concordaria com consigo
depois de conhecer a cidade.

Ela voltou o olhar para o homem quando tomou uma decisão. — Fico lisonjeada pela consideração
que tem por mim! Também tenho muita por você. — Ela sorriu agradecida enquanto Joseph lhe
observava atentamente.

Ele deu aceno breve com a cabeça. — É mínimo que posso fazer, Millane. Você me ajudou a crescer.
— Ela sabia que era pura sinceridade o que ele falou. Sempre fazia questão de lembrá-la o quão
importante era e foi para si. — Então, qual é a sua resposta? Aceitará?

— Tudo bem. — Balançou a cabeça, não desejando está ainda tão incerta. — Eu irei para o Alasca.
Amo o frio, mas em excesso será demais para mim. Não vai ser uma viajem fácil, mas espero que
essa cidade valha apena tanto quanto você diz.

— Ótimo. Fecharemos negócios assim que você confirmar que gostou. — Ele sorriu novamente e
desfaz o cruzamento dos braços. Levantou-se da poltrona e caminhou para algum lugar atrás de Milla
que tinha a face incrédula.

Que espécie de milagre aconteceu com ele?


Ela definitivamente nunca se acostumara em ver Joseph sorrir tanto. Não que o sorriso de seu chefe
fosse algo horrendo, ao contrário disso, era lindo, assim como ele. Mas definitivamente não era o
feitio dele fazer aquilo. Sempre foi um homem sério e em mais de dez anos de amizade e trabalho
foram raras as vezes que ela viu ele abrir a boca e mostrar os dentes perfeitamente alinhados.

Algo com certeza aconteceu com ele, ela pensou. Será que encontrou alguém por quem se interessou
nessa viajem? Ou realmente ele só está feliz porque quer fechar esse negócio com os frios? Ela queria
saber de tudo, mas sabia que se perguntasse ele não iria lhe responder já que não gostava de
compartilhar sobre sua vida pessoal. Por esse motivo apenas seguiu calada enquanto ouvia o
homem despejar bebida em dois copos.

Já iremos comemorar? Isso tá interessante até demais.

— Você está realmente certo de que vou aceitar isso... — A voz de Milla saiu alta o suficiente para
garantir que o homem escutasse.

— Ele irá conseguir lhe convencer assim como fez comigo. — Milla olhou de relance para o homem
que já possuí fios brancos na cabeça. Ele fechou a garrafa cara de whisky e se aproximou dela com
dois copos cheios. — Aceite.

Ela pegou o copo que lhe foi oferecido e deu um pequeno gole na bebida. A doce queimação passou
por sua garganta e ela lambeu os lábios antes de subir o olhar para Joseph que já havia voltado a
sentar em sua poltrona.

— Então, como é essa cidade? — O tom curioso veio acompanhado de um cruzar de perna.

Joseph deu um gole generoso na bebida e encarou Milla. — Pelo o que eu pude avistar por foto, ela é
pequena, mas muito bonita.

A resposta deixou Milla confusa. — Foto? Não conheçeu pessoalmente?

A cabeça do homem balançou de um lado para o outro. — Infelizmente eu não tive tempo de viajar
para o Alasca. Voltei o mais rápido que pude da Rússia pois queria lhe informar sobre essa ideia.

Encontrei com o Presidente Luvier na festa beneficente dos Pattinson's. Ele me apresentou sua ideia
e eu gostei. Ele possuí um bom plano para cidade. É quase... — Seu olhar desceu para a bebida em
seu copo e seus lábios se apertaram formando um linha reta. Ele parecia procurar a palavra certa e
Milla aguardava inquietamente por ela.

O olhar do homem subiu de volta para mulher e ele sorriu. — Encantador.

Encantador? Sério? Ele não está nenhum pouco com o pé atrás com essa ideia maluca?

— Por favor, me diga que esse Sr. Luvier também tem negócios com os Pattinson's? — A voz de Milla
saiu quase como uma súplica.
— Ele possuí, mas não sei te informar quais são. — A mulher sentiu um pouco de alívio e bebeu outro
gole da bebida. — Está desconfiada, não está, Milla?

Ela respirou fundo deixando o copo sobre a mesa. — Você me conhece, Joseph. — Ela sorriu. –
Admito que essa sua ideia não me agrada, mas as confio em você.

— Igualmente, Morekson. — Provocou e Milla se segurou para não revirar os olhos. Ela detestava que
lhe chamassem pelo o seu sobrenome completo. More era melhor e lhe agradava.

Milla levantou-se, colocou a bolsa na curva do cotovelo e ajustou a saia antes de olhar para Joseph.
— Mande sua secretária me enviar por Email todas as informações que recebeu desse tal sr. Luvier.
Quero está ciente de tudo que irei enfrentar antes de viajar.

— Tratarei de fazer isso.

— Se precisar de mim sabe onde me encontrar. — Ela piscou para ele. — Aliás, quando quer que eu
viaje?

— O mais rápido que conseguir.

— Tipo quando? Amanhã? — Brincou e o homem largou o copo sobre a mesa.

— Gosto dessa sugestão. — Ele digitava algo em seu notebook fazendo Milla rir soprado.

— Não foi uma sugestão.

— Mandei preparem o jatinho para amanhã. — Informou e subiu os lumes para mulher. — Que horas
você prefere?

— Espero que esteja brincando. — Ela indignou-se quando homem continuou a espera de uma
resposta. — Irei sair dessa sala antes que eu voe no seu pescoço. — Milla virou e andou até a porta
enquanto o homem continuava a murmurar sobre as horas possíveis.

Ele não estava brincando e ela iria para o Alasca amanhã.

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