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Escola de Música
Belo Horizonte – MG
2023
Frederico Gonçalves Pedrosa
Belo Horizonte
Escola de Música da UFMG
À Ester Gonçalves, Maria Pedrosa e Maíra Campos
AGRADECIMENTOS
Agradeço a professora Cybelle Loureiro pelo aceite do projeto, pela escuta e olhar
atentos, pelo acolhimento nas horas difíceis durante o processo de escrita e pela força que lhe
é característica: aprendi muito contigo e sou muito grato pela convivência! Agradeço também
a coorientação do professor Frederico Garcia, sempre apontado para as melhores práticas!
Agradeço imensamente aos professores membros da banca de qualificação e da banca
final pela leitura atenta, pelos comentários pertinentes e pelos retornos, mesmo fora do
contexto de avaliação: Dra. Karen Szupszynski, Dr. Gustavo Gattino, Dr. Maurício Loureiro,
Dr. Cristiano Gomes, Dra. Verônica Magalhães Rosário e Dr. Valdir Campos. Sou grato
também aos professores do PPG Música e do PPG PsiCogCom, e, em especial, ao apoio do
Dr. Davi Mota.
Sou grato aos professores musicoterapeutas da UFMG, que, além de exemplos
profissionais, foram grandes parceiros nesta caminhada, contribuindo nesta pesquisa de
diversas formas: desde conversas aprofundadas sobre as epistemologias da avaliação em
musicoterapia até com o ombro amigo. Obrigado Renato Sampaio, Verônica Magalhães,
Marina Freire, Igor Ortega e Fernanda Ortins.
Agradeço à Prefeitura Municipal de Belo Horizonte por permitir que a pesquisa seja
feita em seus aparelhos. Sobretudo, sou grato à gerente Kelly Nilo pela acolhida do projeto no
Centro de Referência em Saúde mental Álcool e Drogas Pampulha Noroeste.
Aos meus pais, irmãos, tios, primos e especialmente à minha filha, pelo incentivo e
por compreender as ausências durante o período desta pesquisa.
Aos amigos/irmãos Guilherme Andrade, Ruth Bueno, Pedro Manoel, Henrique
Ribeiro e Danda Saraiva: tem muito de vocês nestas páginas. Além do mais, o progresso
destes últimos anos não seria possível se não fosse a presença, ainda que distante, de vocês
em minha vida. Muito obrigado!
Sou eternamente grato à Maíra Campos, por me acompanhar com carinho, atenção,
cuidado e humor, se alegrando com minhas conquistas, entre “mísseis” e “érres”. Meu amor
por você e seu amor por mim são um tantão de saúde, “um descanso na loucura”.
RESUMO
A Musicoterapia (MT), no contexto internacional, se insere nos cuidados em saúde mental desde sua
criação. No Brasil, mesmo antes da primeira formação se estabelecer, já existiam profissionais
contratadas como musicoterapeutas. No que pesem estes dados, a maioria das pesquisas em MT na
saúde mental são exploratórias e qualitativas, não fornecendo comprovação de sua eficácia. Uma das
formas de demonstrar a eficácia de tratamentos terapêuticos é a partir de instrumentos de avaliação
que ajuízam a valia de intervenções. A dependência química (DQ) é uma das psicopatologias
atendidas no contexto dos cuidados em saúde mental, e pode ser definida como um transtorno mental
que afeta o usuário em nível cognitivo, social e neurológico, causado pelo abuso de qualquer
substância não produzida pelo organismo que tenha propriedades capazes de atuar sobre um ou mais
de seus sistemas. Desta forma, esta pesquisa tem por objetivo desenvolver uma Escala de Avaliação
dos Efeitos da Musicoterapia em Grupo na Dependência Química (MTDQ). Para tanto, usamos os
caminhos metodológicos para a construção de Instrumentos de Avaliação Psicológica desenvolvido
por Luiz Pasquali (2010) como marco teórico. Esta teoria indica 3 polos, o Teórico, o Empírico e o
Analítico. Realizamos os procedimentos teóricos a partir de 2 estudos. No primeiro artigo, realizamos
uma Revisão Integrativa de literatura, por meio dos descritores Mesh “music therapy” e “drug abuse”,
em busca de literatura científica que evidencie quais desfechos podem ser avaliados através do uso de
testes, em abordagens sistematizadas em MT, no contexto da DQ. Foram identificados 22 textos que
apontaram falta de padronização dos desfechos avaliados pelos estudos, limitando sua
comparabilidade. Ainda assim, puderam-se concluir alguns pontos sobre a ação da musicoterapia em
aspectos psicológicos de pacientes acometidos por uma dependência química. Em um segundo estudo,
apresentamos uma abordagem para tratamentos musicoterapêuticos voltados à população que possui
dependência química, a partir de uma discussão teórica apoiada no Modelo Científico Racional de
Mediação (Rational Scientific Mediating Model – R-SMM) em interface com o Modelo Transteórico
de Mudança (MTM). Assim, discutimos as bases neurofisiológicas do processamento musical bem
como das drogas de abuso, apontamos as técnicas musicoterapêuticas eficientes ao tratamento
musicoterapêutico com tal população, apresentamos o MTM e, por fim, apontamos quais técnicas
podem ser indicadas com mais eficiência para as diferentes fases do tratamento. Posteriormente, no
terceiro artigo, realizamos uma pesquisa metodológica e de desenvolvimento da construção da MTDQ
e buscamos evidências de validade do conteúdo deste instrumento de medida. Para tanto, utilizamos os
procedimentos, chamados Análise Semântica e Análise de Juízes. A MTDQ foi avaliada como
pertinente e adequada à população a que se destina, os itens se conectam teoricamente aos domínios e
todos os domínios e itens a ela ligados são pertinentes para a avaliação de MT em DQ. No quarto
artigo, realizamos estudos de validade estrutural e confiabilidade da MTDQ através da análise fatorial
confirmatória de itens. A amostra por conveniência foi composta por 202 participantes, sendo 154
homens (77,37%) e 45 mulheres, com idade média de 44,7 anos (DP = 12,7, mínimo = 18 e máximo =
69). Testamos 3 modelos, unidimensional, com dois fatores correlacionados e bifatorial. Os
resultados indicam melhor adequação da estrutura bifatorial (CFI = 0,988; RMSEA = 0,048),
composta por dois fatores específicos (processos cognitivos e processos comportamentais) e um fator
geral. Esta tese traz evidências iniciais de que a MTDQ é um instrumento apropriado para medir três
benefícios percebidos pelos pacientes com dependência química sobre a musicoterapia em seus
processos de mudança.
Keywords: Music Therapy. Assessment Scale for Group Music Therapy in Chemical Dependence.
Chemical Dependency. Psychometry.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................11
2. OBJETIVO GERAL...........................................................................................................25
2. Objetivos específicos...........................................................................................................25
2. REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................................26
3.1. Artigo 1: Musicoterapia na Dependência Química: Uma Revisão Integrativa..........26
4. DISCUSSÃO TEÓRICA....................................................................................................59
4.1. Artigo 2: Abordagem de tratamento musicoterapêutico em Dependência Química
baseado no Modelo Transteórico de Mudança.....................................................................59
5. METODOLOGIA..............................................................................................................79
6. RESULTADOS.................................................................................................................83
6.1. Artigo 3: Desenvolvimento da Escala de Avaliação dos Efeitos da Musicoterapia em
Grupo na Dependência Química: Análise teórica e semântica...........................................83
6.2. Artigo 4: Estudos de validade e confiabilidade da Escala de Avaliação dos Efeitos da
Musicoterapia em Grupo na Dependência Química..........................................................108
7. CONSIDERAÇÕES GERAIS..........................................................................................121
8. REFERÊNCIAS GERAIS................................................................................................122
APÊNDICES..........................................................................................................................128
Apêndice A: Manual do Protocolo de Avaliação na Terapia de Grupo em Musicoterapia na
Dependência Química para a análise de juízes.......................................................................128
Apêndice B: Manual da Escala de Avaliação dos Efeitos da Musicoterapia em Grupo na
Dependência Química.............................................................................................................145
Apêndice C: Termo de Consentimento Livre Esclarecido.....................................................160
Apêndice D: Sintaxe...............................................................................................................161
11
1. INTRODUÇÃO
passos dos Alcoólicos Anônimos, além de uso de técnicas do Guided Imagery and
Music (GIM).
Borling (2012) faz um inventário das técnicas e/ou estratégias mais utilizadas em
cada um dos níveis. No estágio biofísico, o autor aponta que as técnicas utilizadas são
Gerenciamento de Stress, Movimentos Físicos e uso de percussão. No nível
psicossocial, as técnicas são Discussão Lírica; Composição de Canção e Trabalho de
Imagens Estruturadas. Por fim, no último estágio, relata experiências com uso de
técnicas oriundas do GIM, voltadas para o contato com o Poder Maior – expressão
recorrente nos tratamentos do AA.
Em recente Revisão Cochrane, Ghetti et al. (2022) buscaram comparar o efeito
da MT somada ao tratamento padrão versus o tratamento padrão isolado, ou ao
tratamento padrão mais uma intervenção de controle ativo, sobre sintomas psicológicos,
desejo de substância, motivação para tratamento e motivação para ficar limpo/sóbrio.
Os resultados sugerem que a MT como tratamento “adicional” ao tratamento
padrão pode levar a reduções moderadas no desejo por substâncias e pode aumentar a
motivação para tratamento/mudança para pessoas com DQ, recebendo tratamento em
ambientes de desintoxicação e reabilitação de curto prazo. A maior redução no desejo
está associada a MT com duração maior do que apenas uma sessão. No entanto, indicam
confiança moderada a baixa nos achados, já que os estudos incluídos foram rebaixados
em certeza devido à imprecisão e a maioria dos estudos incluídos foi conduzida pelo
mesmo pesquisador na mesma unidade de desintoxicação, afetando consideravelmente a
qualidade dos resultados.
Não pretendemos, aqui, fazer um levantamento aprofundado sobre as pesquisas
em Musicoterapia, ou ainda indicar a miríade de escritos acadêmicos sinalizando a
necessidade de pesquisas que evidenciem a eficácia dos tratamentos musicoterapêuticos
– ainda que isso fosse possível e preciso, como apontam Gold et al (2013), Hohmann et
al (2017), Zmitrowicz e Moura (2018) e Gattino (2020). Queremos, por outro lado,
sinalizar a relevância e a necessidade de estudos robustos, tanto na área de MT de uma
forma geral, como quando direcionada à DQ.
Como o próprio nome da tese sugere, queremos aqui desenvolver um
instrumento de medida que consiga avaliar desfechos padronizados dentro dos cuidados
de MT em grupo em DQ, no contexto brasileiro. Destarte, esta introdução seguirá
realizando um levantamento de um breve panorama sobre os estudos
16
X2 =26,95
G1=10
α ≤ 0,05
enfrentar os sintomas da abstinência, bem como o desejo pelo uso da droga (Teixeira,
2019).
Interessante notar que muitas pesquisas brasileiras em saúde mental e DQ
adotam 2.000 como ano de base. Isto se deve, em grande medida, pelo fato da política
de cuidados ter se transformado a partir da Reforma Psiquiátrica. Trataremos sobre este
tema no próximo subitem.
ainda que uma participação assídua possa indicar um bom vínculo do usuário
com a instituição e com o musicoterapeuta, sendo considerado um aspecto
positivo daquele sujeito, sua escolha e forma de explorar o espaço e o que é
ofertado, a redução do número de participações nas sessões podem
representar uma melhora considerável no estado de saúde destes indivíduos
que com isto são encaminhados para centros de saúde ou de convivência para
darem continuidade aos seus projetos existenciais pós-crise.
Desta maneira há um paradoxo entre usuários considerados assíduos
aos atendimentos de MT deste trabalho e que estavam em crise no período de
dois anos e vários outros usuários que frequentaram poucas sessões e que
tiveram melhora da crise, alta e encaminhamento, ou em alguns casos
evadiram do serviço. O ideal seria frequentar as sessões de MT por pouco
21
tempo, a fim de estimular esses sujeitos a ter uma vida ativa na comunidade,
objetivando a cidadania. A constância de alguns usuários nas sessões pode
ser caracterizada por aquele usuário que apresenta dificuldades em assumir
grandes responsabilidades sociais naquele momento, fazendo necessário (sic)
sua permanência prolongada na urgência psiquiátrica (Moriá, 2021, p. 66).
A partir desta definição o referido autor pontua quatro etapas básicas para se
avaliar em MT, a saber: 1) preparação; 2) coleta de dados; 3) análise e interpretação de
dados; e 4) documentação e comunicação dos dados ou resultados de uma avaliação.
Importante salientar que a avaliação se direciona ao processo musicoterapêutico por
completo, ou seja: usuário, musicoterapeuta e técnicas musicoterapêuticas (Gatino,
2021).
Na etapa de coleta de dados, Waldon e Gattino (2018) comentam que qualquer
dispositivo usado para coletar informações sobre o usuário podem ser chamados de
ferramentas de avaliação. Em MT, estes aparatos podem ser divididos entre: 1)
ferramentas de observação: testes – tais como escalas, questionários ou checklists; 2)
ferramentas de análise musical; e 3) formulários usados para entrevistas, muitas vezes
nominados questionários.
22
Luiz Pasquali (2010), chamados Análise Semântica e Análise de Juízes. A MTDQ foi
desenvolvida como um instrumento de autorrelato, composto por 20 itens que avaliam a
percepção do paciente sobre os benefícios da musicoterapia em sua mudança pessoal .
Teoricamente, os itens se agruparam em dois fatores provenientes da MTM, Processos
Cognitivos e Processos Comportamentais. A MTDQ foi avaliada como pertinente e
adequada à população a que se destina, que os itens se conectam teoricamente aos
domínios e que todos os domínios e itens a eles ligados são pertinentes para a avaliação
de MT em DQ.
No quarto artigo “Estudos de validade e confiabilidade da Escala de Avaliação
dos Efeitos da Musicoterapia em Grupo na Dependência Química”, enviado para a
Revista Per Musi (Qualis B1), realizamos estudos de validade interna e confiabilidade
de variáveis latentes da MTDQ a partir de uma amostra composta por 202 participantes,
sendo 154 homens (77,37%) e 45 mulheres (destas, uma mulher trans), com idade
média de 44,7 anos (DP = 12,7, mínimo = 18 e máximo = 69). Testamos 3 modelos:
unidimensional; com dois fatores correlacionados; e bifatorial. O modelo bifatorial
apresentou melhores índices de ajuste e boa consistência interna.
A pesquisa foi submetida à Plataforma Brasil onde foi avaliada pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da UFMG, CAAE 30939720.1.0000.5149 e da Secretaria Municipal
de Saúde de Belo Horizonte, CAAE 30939720.1.3001.5140. Além disso, recebeu
auxílio pelo Programa Institucional de Auxílio à Pesquisa de Docentes Recém-
Contratados pela UFMG - Edital PRPq 07/2020.
25
2. OBJETIVO GERAL
3. REVISÃO DE LITERATURA
1. Introdução
2. Metodologia
Figura 1 – Revistas acessadas para a revisão integrativa. Fonte: Elaborada pelos autores.
3. Resultados
Figura 2 – Fluxograma dos artigos identificados, filtrados, elegidos e incluídos a partir dos critérios de inclusão e
exclusão
1
Na terceira edição do Definindo Musicoterapia, Bruscia (2016) comenta que as técnicas
recriativas, ou recriacionais, dizem respeito a quando o cliente aprende, canta, toca ou executa música
composta previamente e/ou reproduz tipos de formas musicais. Também se incluem sob esse nome as
atividades ou jogos musicais.
35
verbal. Além disso, o autor avaliou as diferenças entre os grupos em relação a duas
músicas contrastantes usadas nas sessões. Os participantes foram agrupados
aleatoriamente em um grupo experimental de análise lírica ou grupo-controle de lista de
espera. As canções analisadas foram “Hurt” e “How to Save a Life”. Usaram-se escalas
para medir aspectos da motivação do tratamento, reconhecimento de problemas, desejo
de ajuda, prontidão para o tratamento, pressões para o tratamento e total motivação.
Houve diferenças significativas entre os grupos nas medidas de reconhecimento de
problemas, desejo de ajuda, prontidão para o tratamento e motivação total (p < 0,1 para
todos os construtos), com os participantes do grupo experimental apresentando
maiores níveis de motivação para o tratamento do que os participantes do controle.
Não houve diferença entre as duas intervenções de análise lírica, indicando que o teor
da letra da canção não altera os resultados terapêuticos.
Gardstrom, Bartkowski, Willenbrink e Diestelkamp (2013) exploraram o
impacto da musicoterapia em grupo nos níveis de afeto negativo autorrelatado entre
homens e mulheres em uma unidade residencial de um programa integrado de
tratamento para dependência química com diagnóstico duplo (n = 89). Os pesquisadores
pretenderam determinar se, e em que grau, o envolvimento nas experiências
musicoterapêuticas de composição, escuta, recriação, execução e improvisação
resultariam em diminuição da intensidade dos níveis de afeto negativo autorrelatados.
Foram usadas três adaptações da escala PANAS – X (Positive Affect Negative Affect
Schedule Expanded), com posterior análise de seus resultados. Um terço dos
participantes envolvidos nos grupos de tratamento (n = 49) relatou diminuição na
ansiedade, tristeza e raiva combinadas (p < 0,001). A generalização dos achados é
limitada principalmente pelo uso de instrumento não padronizado (PANAS).
Silverman (2011) pesquisou o efeito de uma intervenção musicoterapêutica
chamada de "rockumentário" na prontidão para mudar e na fissura em pacientes em uma
unidade de desintoxicação utilizando instrumentos psicométricos. Em um design
aleatório, os pacientes (n = 141) foram randomizados por grupo para um
"rockumentário" de musicoterapia, terapia verbal ou musicoterapia recriativa. A
contemplação (p < 0,001) e ação (p < 0,027) foram os constructos mais bem acionados
pelo "rockumentário" e pela musicoterapia recriativa, alcançando melhores escores do
que na terapia verbal. As duas experiências musicoterapêuticas não apresentaram
diferenças estatísticas para alterar as variáveis.
39
partir da técnica de composição (n = 13) ou de análise lírica (n = 13). Uma escala visual
analógica de humor contendo 11 variáveis emocionais foi aplicada antes e
imediatamente após as sessões. Não houve diferença significativa sobre as técnicas
utilizadas nos grupos, tanto no pré-teste como no pós-teste (F(1,264) = 1,08; p > 0,05),
mas, sim, sobre as variáveis emocionais em cada uma (F(10, 264) = 3,52; p < 0,05). A
musicoterapia aumentou significativamente sentimentos positivos, como aceitação,
alegria e prazer e reduziu sentimentos negativos, como medo e distração.
Doak (2003) relacionou preferências musicais, preferências de drogas e
diagnósticos de adolescentes, de ambos os sexos, em tratamento por abuso de
substâncias. Os participantes (n = 58) responderam questionários sobre preferências
musicais e de drogas. Buscou-se o coeficiente de contingência para as relações entre
preferências musicais, preferências de drogas e os diagnósticos dos pesquisados. A
análise dos dados indicou correlações significativas entre música preferida e o
diagnóstico (p < 0,01), preferência de drogas e diagnóstico (p < 0,002) e diagnóstico e
razão para o uso de drogas. No entanto, os indicativos são questionáveis, já que o
pesquisador não usou instrumento testado e validado.
Gallagher e Steele (2002) descreveram um modelo de implementação de
musicoterapia como componente integrante do tratamento recebido pelos clientes em
um programa de atendimentos grupais de pessoas que fazem abuso de substâncias. A
partir da análise de questionários, concluiu-se que 82% dos clientes expressaram seus
pensamentos e sentimentos em sessões através de interação com colegas, respostas às
perguntas ou tocando instrumentos e cantando.
James (1988) documentou a influência das atividades de esclarecimento dos
valores da musicoterapia nos níveis de “lócus de controle”. O autor realizou dois
estudos quase-experimentais com adolescentes de ambos os sexos (n = 60) em uma
clínica focada na reabilitação em dependência química. Os grupos experimentais
participaram de sessões de discussão em musicoterapia de uma hora, estruturados de
acordo com a abordagem do “Lócus de Controle”. Os grupos-controle participaram de
outras atividades da instituição. Encontrou-se que o uso de atividades de musicoterapia,
através da análise de letras com foco no esclarecimento de valores, permitiu que clientes
adolescentes desenvolvessem atitudes positivas e saudáveis em relação a si mesmos e
sobre a recuperação da dependência química [t(18) = 1,87, p < 0,05].
41
Tabela 1- Dados extraídos para análise da revisão bibliográfica que contém autor, data, objetivo, metodologia, protocolos de avaliação e resultados.
Silverman (2019a) Determinar os efeitos deOs participantes foram Perceived Stigma of As análises de variância não
uma única intervenção randomizados em grupo Addiction Scale (PSAS), indicaram diferença significativa
de musicoterapia a partir
experimental e grupo-controle. O Multidimensional Scale of entre os grupos sobre estigma ou no
da técnica degrupo experimental recebeu uma Perceived Social Support suporte social percebidos (p > 0,1).
composição musicalintervenção usando composição (MSPSS). No entanto, em todas as variáveis, a
sobre a percepção da de blues altamente estruturada, condição de composição terapêutica
estigmatização dana qual os participantes experimental apresentou escores
patologia e do suporte escreveram letras descrevendo o menores sobre o estigma e maiores
social de adultosestigma contra o vício como um no que se refere ao suporte social
dependentes químicos constructo social inadequado e percebido em relação à condição
em uma unidade de falso no primeiro verso e controle.
desintoxicação. enfrentando o estigma usando
apoios sociais no segundo verso.
O grupo-controle recebeu como
tarefa um jogo musical.
Taets et al (2019) Avaliar o efeito da Estudo quase experimental Coletor de saliva Após 60 minutos da intervenção
musicoterapia sobre o realizado com 18 dependentes Salivette. A dosagem de musicoterapêutica, houve redução
estresse de dependentes químicos em tratamento. O cortisol nas amostras foi estatisticamente significante nas
químicos. cortisol salivar foi coletado antes, realizada através de médias dos níveis de cortisol
60 e 120 minutos após única imunoensaio por salivar (p < 0,001). Após 120
intervenção musicoterapêutica em eletroquimioluminescência. minutos, também houve redução,
grupo. Foram realizados testes mas sem significância estatística (p =
não paramétricos de Wilcoxon e 0,139).
de Kruskal-Wallis.
42
Silverman (2019b) Explorar a regulação Estudo transversal por meio de Brief Music in Mood Há inúmeras relações sobre as
emocional a partir do análises correlacionais e de Regulation Scale (B- variáveis, entre elas a de que o
uso saudável e não regressão múltipla de escalas MMR), Healthy-Unhealthy uso saudável da música ajuda no
saudável da música e as preenchidas por 194 participantes Music Scale (HUMS), Brief enfrentamento (p = 0,007) e o humor
estratégias de para determinar quais fatores de COPE Inventory. (p = 0,035), enquanto o uso nocivo
enfrentamento em regulação da emoção baseados da música prevê negação (p <
adultos dependentes na música estavam relacionados à 0,001), desengajamento
químicos em uma regulação emocional e ao coping. comportamental (p < 0,001) e a
unidade de autoculpa (p < 0,005). Indica que a
desintoxicação. música é um bom regulador
emocional entre esta população.
Silverman (2019c) Determinar os efeitos de Os participantes foram State Shame and Guilt Não houve diferença significativa
uma única intervenção randomizados para condição de Scale (SSGS). entre os grupos sobre vergonha ou
musicoterapêutica de grupo de composição de canções ou culpa (p > 0,05), com pontuações
composição sobre controle. Neste estudo de sessão médias mais baixas na condição
vergonha, culpa e única, os participantes experimental. Houve uma diferença
orgulho em adultos experimentais receberam um significativa entre os grupos sobre o
dependentes químicos protocolo de composição de blues orgulho (p = 0,012), quando os
em uma unidade de em grupo, tratando de vergonha, participantes experimentais
desintoxicação. culpa e orgulho e, em seguida, apresentaram escores médios mais
preencheram o questionário. Os altos do que os participantes do
participantes do controle controle.
preencheram o questionário após
intervenção de musicoterapia
recriativa.
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Gutiérrez (2017) Identificar o impacto do Descrição de atendimentos e uso de Teste de variáveis O grupo tinha predileção por
trabalho de escalas para avaliar a efetividade do preditoras de tratamento atividades rítmicas e a descrição das
musicoterapia na adesão tratamento de musicoterapia com o para adições (VPA) e Teste atividades permitiu reflexões sobre o
ao tratamento dos objetivo de adesão de pacientes de interações musicais porquê do abandono de quatro dos
pacientes diagnosticados dependentes químicos. (CIM). pacientes.
com dependência
crônica e descrever a
interação musical e as
mudanças no grupo de
intervenção durante o
processo.
Silverman (2017) Medir os efeitos de uma Os participantes foram The Alcohol Craving Houve diferença significativa (p =
única intervenção grupal randomizados em grupos para uma Questionnaire-Short Form 0,033) relacionada à fissura entre os
musicoterapêutica a das três condições: composição (ACQ-SF-R). grupos de composição e controle.
partir da técnica de musical visando prevenção e Embora nenhuma outra diferença
composição educacional recuperação de recaídas, tenha atingido significância
sobre a fissura de musicoterapia recriativa visando estatística, os participantes da
pacientes dependentes ganhos sociais e afetivos e grupo- composição tiveram escores médios
químicos em uma controle que participou de um de fissura mais baixos do que os
unidade de grupo de “sessão de bingo de Rock participantes nas condições de
desintoxicação. ‘n’ Roll”. Todos os participantes controle e recriação.
responderam a questionários após
as intervenções.
44
Silverman (2016a) Medir os efeitos das Os participantes foram Adjective Rating Scale for Embora os participantes na condição
intervenções randomizados em grupos para Withdrawal (ARSW), Brief experimental tivessem menores
musicoterapêuticas de condições experimentais (somente Substance Craving Scale médias de abstinência e fissura do
análise lírica em grupo pós-teste) ou controle de lista de (BSCS). que os participantes na condição de
de sessão única sobre os espera. controle, essas diferenças não foram
sintomas de abstinência significativas tanto em abstinência (p
(withdrawal) e fissura = 0,055) quanto em fissura (p =
(craving) em pacientes 0,085). A familiaridade da música na
de uma unidade de análise da letra não estava
desintoxicação. relacionada à abstinência
Também se quis (withdrawal) ou fissura (craving).
determinar se existiam
relações entre os efeitos
do tratamento e a
familiaridade dos
participantes com a
música.
Stamou et al Verificar se duas Estudo de intervenção com 24 Symptoms Checklist-90-R O resultado foi positivo, sendo que a
(2016) modalidades musicais pacientes divididos Derogatis(SCL-90-R), música executada ao vivo apresentou
diferentes, ao vivo e pré randomicamente em três grupos, Craving Reactivity Scale mais eficiência em redução de
gravada, combinadas sendo um destes o grupo controle. (CRS), Permissive sintomas depressivos e respostas à
com a técnica de Thoughts Questionnaire abstinência em relação ao grupo
dessensibilização (ICT), Participation controle (p < 0,001).
sistemática, podem evaluation questionnaire
contra condicionar os (PEQ).
sinais relacionados às
drogas e reduzir as
respostas implícitas ao
desejo.
45
Silverman (2016b) Diferenciar as Os participantes foram Working Alliance Não houve diferença estatisticamente
intervenções de aleatoriamente agrupados em um Inventory—Short Form significativa entre os grupos em
musicoterapia ao vivo único projeto pós-teste para uma (WAI-S), Wake Forest nenhuma das medidas (p > 0,05).
das gravadas, bem como das quatro condições: Physician Trust Scale.
as educacionais em musicoterapia educacional ao vivo,
oposição às musicoterapia educacional gravada,
recriacionais, através de educação sem música ou
medidas de aliança de musicoterapia recriativa. As
trabalho e confiança, medidas incluíram aliança de
com pacientes de uma trabalho e confiança no terapeuta.
unidade de Intervenções educacionais em
desintoxicação. musicoterapia foram realizadas a
partir de um roteiro de análises
líricas.
Silverman; Baker; Determinar se a fluidez Pesquisa que contém dois estudos, Short State Flow Scale Houve correlação positiva e
MacDonald (flow) e a significância no primeiro os participantes com (SSF), Meaningfulness of
(2016) do processo de transtornos mentais agudos foram Songwriting Scale (MoSS), significativa entre fluidez e
composição em distribuídos randomicamente em State Hope Scale (SHS), significado das composições e
musicoterapia estavam três grupos: composição, análise Readiness to Change
relacionados e lírica e grupo de espera. No Questionnaire – Treatment resultados. O primeiro estudo
funcionavam como segundo estudo, participantes Version (RTCQ-TV). indicou fortes relações entre o
preditores de resultado dependentes químicos foram
terapêutico nas divididos em dois grupos: fluxo, a significância do processo
intervenções de composição e grupo de espera. de composição, o produto da
composição com Após as sessões os participantes
pacientes adultos preencheram escalas sobre fluidez e composição e os resultados
internados em uma significância da composição. Os clínicos (todas p ≤ 0,016). O
unidade psiquiátrica de dados passaram por Análises
tratamento agudo e em correlacionais e de regressão segundo indicou que o fluxo era
uma unidade de múltipla. o único preditor terapêutico
desintoxicação.
significativo, em detrimento ao
46
processo e produto da
composição.
Baker; Silverman; Avaliar Testes de validação do conteúdo e MSS e Short State Flow Os resultados indicaram que a
MacDonald (2015) psicometricamente a de construto, consistência interna, Scale. MSS possui boa validade de
Escala de Significância confiabilidade teste-reteste, erro de conteúdo, forte consistência interna
da Composição (MSS) medição. A MSS e a escala Short (α = 0,98, no grupo psiquiátrico
como uma medida de State Flow foram preenchidas logo agudo e α = 0,96, para grupo
significado de um após o atendimento e depois de 6 desintoxicação), confiabilidade
processo horas. aceitável de teste-reteste CCI (2,1)
musicoterapêutico de = 0,93, no grupo psiquiátrico agudo e
composição. CCI (2,1) = 0,89 para o grupo de
desintoxicação) e validade de
construto (o grupo agudo foi r = 0,68,
p < 0,001, e o grupo de
desintoxicação foi r = 0,56, p <
0,001). O erro de medida foi maior
no grupo de desintoxicação (– 1.63 ±
6.33).
Short; Dingle Pesquisar se os Experimento no qual os Alcohol Urge Houve diferenças significativas entre
(2015) indivíduos em participantes responderam Questionnaire adaptado, os grupos. Em particular, os
tratamento de questionários, depois de ouvir uma Geneva Emotions in Music participantes dependentes químicos
transtornos por uso de música selecionada e relacionada, Scale (GEMS), Valência mostraram uma resposta atenuada à
substâncias mostram por eles, ao uso de substâncias, e ao emocional e Excitação música feliz (p < 0,001). A música
respostas emocionais estado abstêmio. Fez-se relações emocional foram avaliadas pode atuar como uma sugestão
diferentes à música em sobre preferências musicais, por uma pergunta auditiva moderada para emoções e
comparação a um grupo sintomas de abstinência e emoções respondida em escala fissura em adultos com dependência
controle e se a escuta ligadas às músicas. Likert. química.
pode aumentar ou
reduzir o desejo de usar
substâncias em
47
dependentes químicos.
Silverman, (2015) Determinar o efeito de Os participantes foram agrupados Texas Christian University Houve diferenças significativas entre
intervenções aleatoriamente em grupo Treatment Motivation Scale os grupos nas medidas de
musicoterapêuticas de experimental de análise lírica ou - Client Evaluation of Self reconhecimento de problemas, desejo
análise lírica na grupo controle de lista de espera. at Intake (CESI). de ajuda, prontidão para o tratamento
motivação para o As canções analisadas foram e motivação total (p < 0,01 para
tratamento em pacientes “Hurt” e “How to Save a Life”. todos os construtos), com os
de uma unidade de Usaram-se escalas para medir participantes do grupo experimental
desintoxicação e avaliar aspectos da motivação do tendo maiores motivações para o
as diferenças entre tratamento, reconhecimento de tratamento do que os participantes do
grupo experimental e problemas, desejo de ajuda, controle. Não houve diferença entre
controle em relação a prontidão para o tratamento, as duas intervenções de análise lírica.
duas músicas pressões para o tratamento e total
contrastantes usadas nas motivação.
sessões.
Gardstrom; Explorar o impacto da Determinar se, e em que grau, o Três adaptações do PANAS Um terço dos participantes
Willenbrink; musicoterapia em grupo envolvimento nas experiências – X (Positive Affect envolvidos nos grupos de tratamento
Diestelkamp sobre o afeto negativo musicoterapêuticas de composição, Negative Affect Schedule relataram diminuição na ansiedade,
(2013). auto relatado (NA) entre escuta, recriação, execução e Expanded). tristeza e raiva combinadas (p <
homens e mulheres em improvisação resulta em 0,001). A generalização dos achados
uma unidade residencial diminuição da intensidade dos é limitada principalmente pelo uso de
de um programa níveis de afeto negativo auto um instrumento não padronizado.
integrado de tratamento relatados.
para diagnóstico duplo.
48
Silverman (2011) Determinar o efeito de Um design aleatório onde 141 Readiness to Change Contemplação (p < 0,001), e ação (p
uma intervenção pacientes foram randomizados por Questionnaire-Treatment < 0,027) foram os constructos mais
musicoterapêutica grupo para um "rockumentário" de Version (RTCQ-TV), Brief bem acionados no “rockumentário” e
chamada musicoterapia, terapia verbal ou Substance Craving Scale na musicoterapia recriativa do que na
"rockumentário" sobre a musicoterapia recriativa. (BSCS), questionários de terapia verbal. As duas ações
prontidão para mudar e avaliação e de pós-teste musicoterapêuticas não apresentaram
a fissura de pacientes de contendo escalas Likert. diferenças estatísticas para alterar as
uma unidade de variáveis.
desintoxicação
utilizando instrumentos
psicométricos.
Lesiuk (2010) Descrever como a Descrição de um modelo baseado Sound Training for Atividades musicais voltadas à
reabilitação cognitiva em estudos de cognição para o Attention and Memory reabilitação cognitiva podem ajudar
baseada na música pode cuidado de pessoas com protocol (STAM). os clientes a fortalecer as habilidades
resolver com êxito os dependência química a fim de cognitivas necessárias para lidar com
déficits da função prevenir recaídas. os gatilhos situacionais.
executiva em indivíduos
dependentes de drogas,
reduzindo, assim, a
probabilidade de
recaída.
49
Silverman (2009) Avaliar os efeitos de Ensaio clínico randomizado Stages of Change A musicoterapia pode ser tão eficaz
uma única sessão de controlado em que pacientes em Readiness and Treatment quanto à terapia verbal em medidas
musicoterapia em desintoxicação participaram de uma Eagerness Scale psicométricas de prontidão para
clientes de uma unidade intervenção realizada por um (SOCRATES), Helping mudança para o tratamento e para a
de desintoxicação musicoterapeuta. O grupo Alliance Questionnaire aliança de trabalho (p < 0,001).
usando instrumentos experimental participou de uma (HAQ-II).
psicométricos que intervenção de análise lírica em
medem a prontidão para grupo com foco na prevenção de
mudar e a aliança recaídas, enquanto o grupo controle
terapêutica. participou de uma sessão de terapia
verbal em grupo com o mesmo
tema.
Cevasco; Kennedy; Investigar os efeitos de Aplicaram-se testes para medição Inventário de Ansiedade A medida ANOVA não indicou
Generally (2005) três tipos diferentes de dos níveis de raiva, ansiedade, Traço-Estado (IDATE – diferenças significativas para os três
intervenções de estresse e depressão em mulheres State Trait Anxiety tipos de intervenções de
musicoterapia sobre participantes de atendimentos Inventory) e Novaco Anger musicoterapia, no entanto, as
depressão, estresse, ambulatoriais de musicoterapia em Inventory Short Form. pacientes relataram diminuição na
ansiedade e raiva de reabilitação de abuso de depressão, estresse, ansiedade e raiva
clientes do sexo substâncias. Fizeram-se duas (p < 0,001) imediatamente após as
feminino em semanas de atividades de sessões de musicoterapia e não houve
reabilitação de abuso de movimento com música, duas diferença no que tange a efetividade
substâncias. semanas com atividades de ritmo e das intervenções.
mais duas semanas de jogos
competitivos.
50
Jones (2005) Determinar qual técnica Os participantes se engajaram em Uma escala visual Não houve diferença significativa
de musicoterapia foi uma sessão grupal de musicoterapia analógica de humor sobre as duas técnicas utilizadas nos
mais eficaz em a partir da técnica de composição (n (VAMS), adaptada pelo grupos, no pré teste como assim
promover mudanças = 13) ou de análise lírica (n = 13). pesquisador, como uma como no pré teste (F(1,264) = 1,08;
emocionais com pessoas Uma escala visual analógica de medida dependente e p > 0,05), mas sim sobre as variáveis
que são quimicamente humor contendo 11 variáveis Significant Moments in emocionais em cada uma (F(10, 264)
dependentes durante emocionais foi aplicada antes e Treatment Questionnaire. = 3,52; p < 0,05). A musicoterapia
uma única sessão. imediatamente após as sessões. aumentou significativamente
sentimentos positivos, como
aceitação, alegria e prazer e reduziu
sentimentos negativos, como medo e
distração.
Doak (2003) Investigar as relações Cinquenta e oito adolescentes Questionário desenvolvido A análise dos dados indicou
entre preferências responderam questionários sobre pelo pesquisador para esta correlações significativas entre
musicais, preferências preferências musicais e de drogas. pesquisa, baseado em suas música preferida e diagnóstico (p <
de drogas e diagnósticos Buscou-se o coeficiente de fichas de avaliação inicial. 0,01), droga de preferência e
de adolescentes em contingência para as relações entre diagnóstico (p < 0,002) e diagnóstico
tratamento por abuso de preferências musicais, preferências e razão para o uso de drogas (p <
substâncias. de drogas e diagnósticos. 0,02). No entanto, o instrumento de
avaliação psicológica usado não foi
testado e validado.
51
Gallagher (2002) Descrever um modelo Texto descritivo. CMSS group data chart e A participação ativa (interagindo
de implementação de Happy/Sad Faces com colegas, comentando,
musicoterapia como Assessment Tool. respondendo a perguntas,
componente integrante contribuindo para a atividade,
do tratamento recebido tocando instrumentos, cantando,
pelos clientes em um escrevendo letras de músicas etc.)
programa de abuso de nas sessões teve uma média de 91% e
substâncias e doenças 82% dos clientes expressou seus
mentais. Técnicas de pensamentos e sentimentos em
avaliação também são sessões.
descritas.
James (1988) Documentar a influência Dois estudos quase-experimentais Abbreviated Internal O uso de atividades de
das atividades de com 60 adolescentes em uma External Locus of Control musicoterapia, através da análise de
esclarecimento dos clínica focada na reabilitação em Scale. letras, com foco no esclarecimento de
valores em dependência química. Os grupos valores permitiu que clientes
musicoterapia nos níveis experimentais participaram de adolescentes desenvolvessem
avaliados de “Lócus de sessões de discussão em atitudes positivas e saudáveis em
Controle”. musicoterapia de uma hora, relação a si mesmos e sobre a
estruturados de acordo com a recuperação da dependência química
abordagem do "Lócus de Controle". [t(18) = 1.87, p < 0,05].
O Grupo controle participou de
outras atividades da instituição.
52
4. Conclusões
5. Referências
Hohmann, L.; Bradt, J.; Stegemann, T.; Zhang, Q. (2017). Effects of music therapy and
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2020.
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https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1679-
45082010000100102&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 3 dez. 2020.
4. DISCUSSÃO TEÓRICA
Resumo: O Modelo Transteórico de Mudança (MTM) foi criado por Prochaska e DiClemente,
em 1982, e sustenta trabalhos clínicos em Dependência Química desde sua origem, a partir dos
Estágios de Mudança. O presente texto apresenta uma abordagem para tratamentos
musicoterapêuticos voltados à população que possui dependência química, apoiado no Modelo
Científico Racional de Mediação (Rational Scientific Mediating Model – R-SMM) em interface
com o MTM. Assim, discutimos as bases neurofisiológicas do processamento musical bem
como das drogas de abuso, apontamos as técnicas musicoterapêuticas já comprovadamente
eficientes no tratamento musicoterapêutico com tal população, apresentamos o MTM e, por fim,
apontamos quais técnicas possuem mais eficiência para as diferentes fases do tratamento. Esta
pesquisa servirá de sustentação para a criação de um instrumento de avaliação que informe se o
processo musicoterapêutico auxilia na evolução de pacientes dependentes químicos.
Abstract: The Transtheoretical Model of Change (TMC) was created by Prochaska and
DiClemente in (1982), and has supported clinical work on Chemical Dependence since its
origins from Stages of Change. This text presents a rationale for music therapy treatment in
chemical dependency supported by the Rational Scientific Model of Mediation in interfaces
with the TMC. Thus, we discuss the neurophysiological bases of music processing as well as
drugs abuse, we point out as already proven effective music therapy techniques for music
therapy treatment with such a population, we present the TMC and, finally, we point out which
techniques are more efficient for the different phases of treatment. This research will support the
creation of an assessment instrument that informs whether the music therapy process helps in
the evolution of chemically dependent patients.
1. Introdução
Figura 1 – (A) Áreas corticais e subcorticais envolvidas na sensação musical e (B) áreas do córtex auditivo em
relação a outras estruturas participantes da recepção cerebral perante o estímulo musical (Retirado de Douglas [2002,
p. 185] e modificado pelos autores).
64
atividade do sistema nervoso simpático, apontando uma ligação entre índices objetivos
de excitação e sentimentos subjetivos de prazer.
Em um segundo momento, se voltaram para os mecanismos pelos quais as
emoções e a excitação podem se tornar gratificantes. Partiram da hipótese de que, se as
respostas emocionais à música são alvo da atividade dopaminérgica nos circuitos de
reforço do cérebro, deve haver um mecanismo através do qual essas respostas são
consideradas gratificantes. Demonstrou-se que o estriado ventral (striatum) e outras
regiões do cérebro associadas à emoção foram operacionalizadas em resposta às
músicas de preferência. Essa descoberta identificou, assim, que o sistema de
recompensa mesolímbico poderia ser recrutado por um estímulo estético abstrato.
Demonstrou-se, por fim, através da comparação entre a liberação de dopamina
em resposta a música agradável versus música neutra, que fortes emoções em resposta à
música levaram à liberação de dopamina no sistema mesolímbico estriado, que pode
ajudar a explicar por que a música é considerada recompensadora2, vinculando-a
diretamente a outros estímulos biologicamente recompensadores, como sexo, drogas e
comida (Zatorre; Salimpoor, 2013; Zatorre, 2019).
Assim, apoiados em Zatorre e Salimpoor (2013), Rocha e Boggio (2013) e
Zatorre (2019), dizemos que a percepção do som envolve uma série de estruturas
cerebrais, tais como córtex pré-frontal, córtex pré-motor, córtex motor, córtex
somatossensorial, lobos temporais, córtex parietal, córtex occipital, cerebelo, áreas do
sistema límbico, incluindo a amígdala, tálamo e estriado bem como a liberação de
dopamina. A seguir, discutiremos como se dá o processamento das drogas de abuso de
forma geral no cérebro humano a fim de apontar possibilidades de modelos mediadores.
humano, podemos dizer que, na dependência química, existe uma forte atuação dessas
drogas no sistema de recompensa ou via mesocorticolímbica. A estimulação constante
deste sistema conduz a uma sensação de bem‑estar e euforia, levando a um aumento do
desejo de repetir tais sensações; o que faz com que o sistema de recompensa
desempenhe um papel central no desenvolvimento da patologia (Garcia; Alkimin, 2013;
Senad, 2019).
O sistema límbico é composto por projeções dopaminérgicas que iniciam na
Área Tegmentar Ventral e chegam, principalmente, ao núcleo accumbens. A Área
Tegmentar Ventral é onde se localizam os corpos neuronais dopaminérgicos e é
responsável também pelas projeções desses neurônios para as demais estruturas do
sistema de recompensa. Já o núcleo accumbens é responsável pelo aprendizado e pela
motivação, bem como pela valorização de cada estímulo (Garcia; Alkimin, 2013; Senad,
2019).
Outras estruturas cerebrais também recebem projeções dopaminérgicas, como o
hipocampo, estrutura associada com a aprendizagem e memória; e a amígdala, estrutura
responsável pelo processamento do conteúdo emocional de estímulos ambientais. O
sistema mesolímbico está relacionado ao mecanismo de condicionamento ao uso da
substância, bem como à fissura, à memória e às emoções ligadas ao uso (Senad, 2019).
Amplamente associada à via mesolímbica e também compondo o sistema de
recompensa, o sistema mesocortical é responsável pela memória, motivação e resposta
emocional, também acionado pelo uso das drogas de abuso. Fazem parte deste sistema o
córtex pré-frontal, responsável pelas funções cognitivas superiores e pelo controle do
sequenciamento de ações; o giro do cíngulo, que tem conexões com diversas estruturas
do sistema límbico com as seguintes funções: atenção, memória, regulação da atividade
cognitiva e emocional; o córtex orbitofrontal, responsável pelo controle do impulso e da
tomada de decisão (Senad, 2019).
Almeida, Bressan e Lacerda (2011) indicam que todo o sistema dopaminérgico é
potencialmente envolvido nos mecanismos que desempenham papel central nas
síndromes de dependência química. Assim, os autores supracitados postulam que estes
circuitos são: 1) o sistema de recompensa cerebral, localizado no nucleus accumbens; 2)
a região envolvida com a motivação, localizada no córtex orbitofrontal; 3) o circuito
responsável pela memória e aprendizagem, localizado na amígdala e no hipocampo; e 4)
67
importante, pois, mesmo que a Musicoterapia não interfira diretamente na doença, ela é
capaz de melhorar o humor, a percepção de bem-estar e a qualidade de vida dos
pacientes em tratamento (Pedrosa; Garcia; Loureiro, 2021).
As principais experiências musicoterapêuticas utilizadas nos estudos revisados
foram: 1. A recriação, a partir de análise lírica, dos jogos rítmicos e da confecção de
“rockumentário3”; 2. A composição de canções, 3. A escuta musical e 4. As atividades
voltadas para a reabilitação cognitiva.
As experiências de recriação a partir da análise lírica conseguiram melhores
escores4 em relação ao esclarecimento de valores, aumento de sentimentos positivos,
reconhecimento de problemas, desejo de ajuda, prontidão para o tratamento e
motivação. Os participantes apresentaram diminuição significativa de estresse logo
após a atividade, funcionando como um bom regulador emocional e atuando,
principalmente, no humor e no enfrentamento (coping). Já as atividades de jogos
rítmicos proporcionaram diminuição de sintomas depressivos, ansiedade, raiva e
fissura. O rockumentário melhorou os escores sobre contemplação e ação, atributos da
prontidão para a mudança e diminuiu sintomas de fissura.
As experiências de composição aumentaram a autoestima (orgulho) e
conseguiram bons escores para diminuição da fissura. É interessante notar que o fluxo
(flow) do processo de composição se mostrou mais importante do que o significado da
letra e que as experiências composicionais não alteraram significativamente as variáveis
de culpa, vergonha, estigma e suporte social dos pacientes dependentes químicos.
As experiências de escuta musical ao vivo apresentaram mais eficácia do que as
experiências envolvendo músicas gravadas, porém, ambas indicaram bons escores sobre
redução de probabilidade de recaída, dessensibilização sistemática e a relação de música
considerada saudável pelo paciente sobre a possibilidade de uso em seu tratamento.
Nota-se que as pesquisas apontaram divergências sobre o que é considerada música
“saudável” ou “nociva”5. Entretanto, de maneira geral, as músicas saudáveis
3
Rockumentary, que traduzimos como rockumentário, é uma técnica criada por Silverman (2011 p.512) e
é definida como “análise lírica juntamente com uma história detalhada da banda e seu abuso de
substâncias”.
4
Como os estudos têm análises quantitativas de escalas de avaliação psicológica, o termo escore se refere
a qual construto psicológico as técnicas musicoterapêuticas conseguiram mobilizar.
5
Saarikalio, Gold e McFerran (2015) ao desenvolverem a escala de avaliação psicológica Healthy-
Unhealthy Music Scale (HUMS) associam a escuta da música a ações mais positivas, tais como coping e
regulação de humor ou mais negativos, tais como ruminação e alienação social. As escutas positivas
denominam-se saudáveis e as negativas, nocivas.
69
Associação estímulo- - aprendizado de estratégias para lidar com Vincular estímulos sonoros específicos com
movimento. situações de gatilho situacionais; movimentos corporais específicos.
Reação a estímulos - prevenção de recaídas.
acústicos.
Mudança de atenção (1)
Mudança de atenção (2)
Repetição ordenada e
invertida.
Um dos modelos de terapia usado nos textos revisados por Pedrosa, Garcia e
Loureiro (2021) e amplamente utilizado nos tratamentos em dependência química se
71
Escalas foram construídas para avaliar os constructos dessa teoria desde sua
origem. Entre elas estão a University of Rhode Island Change Assesment Scale
(URICA) que avalia os Estágios de Mudança; a Escala de Autoeficácia (Abstinence
Self-efficacy Scale); a Escala de Tentação para uso da droga (Temptation to Use Scale);
e a Escala de Prós e Contras que avalia a Balança Decisional (Decisional Balance
Scale); e a Escala de Processos de Mudança (Processes of Change Questionnaire) todas
traduzidas para o português brasileiro e validadas, exceção à Escala de Prós e Contras
(Oliveira et al, 2017).
No quadro abaixo, baseado em Szupszynski (2012), relacionamos os Processos
de Mudança acionados nas articulações dos Estágios de Mudança.
74
6. Considerações Finais
7. Referências
Almeida, Priscila P.; Bressan, Rodrigo A.; Lacerda, Acioly L. (2017). Neurobiologia e
neuroimagem dos comportamentos relacionados ao uso de substâncias psicoativas. In:
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In: https://www.youtube.com/watch?v=KVX8j5s53Os. Acesso 12/07/2021.
79
5. METODOLOGIA
5.1. Amostra
5.3. Instrumento
normalidade multivariada dos itens da escala por meio do pacote MVN v. 5.9 (Korkmaz
et al, 2014). Essa análise tem a finalidade de embasar a seleção do estimador adequado.
Como o dado não apresentou normalidade, o método de estimação utilizado foi o
Robust Weighted Least Square (WLSMV) (Li, 2016).
A análise fatorial confirmatória dos itens foi utilizada para testar a estrutura
fatorial da MTDQ, utilizando o pacote lavaan v. 0.6.12 (Rosseel et al, 2022), e a
confiabilidade foi examinada com o pacote semTools v. 0.5.6 (Jorgensen et al, 2021).
Foram testados os modelos: unidimensional, com dois fatores correlacionados, e o
bifatorial. A qualidade do ajuste dos modelos foi avaliada por meio do índice de ajuste
comparativo (comparative fit index, CFI) e do erro médio quadrado de aproximação
(root mean square error of approximation, RMSEA). Os modelos seriam rejeitados
caso apresentassem CFI < 0,90 ou RMSEA > 0,10 (Thakkar, 2020).
O teste de diferença do χ2 escalonado de Satorra (2000) foi utilizado para
comparar os modelos, caso eles não sejam rejeitados.
83
6. RESULTADOS
Resumo
Abstract
This text discusses a methodological and developmental research on the Assessment Scale of
the Effects of Group Music Therapy on Chemical Dependence (MTDQ). To do so, we used the
theoretical procedures for the construction of Psychological Assessment Instruments outlined by
Luiz Pasquali, namely Semantic Analysis and Judges Analysis. We found that the MTDQ was
evaluated as relevant and appropriate to the population for which it is intended, that the items
are theoretically connected to their respective domains, and that all domains are pertinent for the
evaluation of MT in CD. Finally, we indicate that further studies will be conducted to verify the
structural validity as well as the reliability of the constructed test.
1. Introdução
têm sido nominados instrumentos de avaliação (Wilson, 2005; Cripps; Tsiris; Spiro,
2016; Zmitrowicz; Moura, 2018; Gattino, 2021). Zmitrowicz e Moura (2018) comentam
que instrumentos bem construídos e com evidências de validade, permitem uma
avaliação com base científica em meio à subjetividade da música e das emoções.
Validade diz respeito ao grau em que as interpretações propostas para os escores de um
teste encontram respaldo em evidências científicas sólidas. A validade de um teste é um
parâmetro contínuo que depende da quantidade e da qualidade das evidências que a
suportam. Os referidos Standards (AERA, APA, NCME, 2014) enumeram que as
evidências de validade podem se basear: 1) no conteúdo do teste; 2) em processos de
resposta, 3) na estrutura interna; e 4) em relações com outras variáveis. A evidência
baseadas conteúdo no conteúdo do teste dizem respeito aos temas, redação e formato
dos itens, tarefas ou perguntas que compõe um teste; podem incluir análises lógicas ou
empíricas da adequação com que o conteúdo do teste representa o domínio do conteúdo
e da relevância do domínio do conteúdo para a interpretação proposta das pontuações do
teste; e pode vir de julgamentos de especialistas sobre a relação entre as partes do teste e
o construto (AERA, APA, NCME, 2014).
Cripps, Tsiris e Spiro (2016) realizaram um levantamento dos instrumentos de
medida feitos por musicoterapeutas disponíveis na literatura e informam que metade
destes não passou por estudos de validade e confiabilidade. Apontam, ainda,
inexistência de um instrumento de medida que avalie especificamente resultados do
tratamento musicoterapêutico na DQ. Tal déficit na literatura musicoterapêutica também
foi percebido na revisão sistemática de Ghetti et al (2022) e na revisão integrativa de
Pedrosa, Garcia e Loureiro (2022a).
Desta forma, esta pesquisa objetivou desenvolver uma Escala de Avaliação dos
Efeitos da Musicoterapia em Grupo na Dependência Química e realizar estudo de sua
validade baseada no conteúdo, a partir da avaliação de juízes e da análise semântica
(AERA, APA, NCME, 2014; Pasquali, 2010). Abaixo apresentaremos os procedimentos
metodológicos que envolveram o desenvolvimento da escala e as análises supracitadas.
2. Metodologia
DQ. Polit e Beck (2011) conceituam a pesquisa metodológica como aquela que
investiga, organiza e analisa dados para construir, validar e avaliar instrumentos e
técnicas de pesquisa, centrada no desenvolvimento de ferramentas específicas de coleta
de dados com vistas a melhorar a confiabilidade e a validade desses instrumentos.
Para tal intento a pesquisa foi submetida à Plataforma Brasil onde foi avaliada
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG, CAAE 30939720.1.0000.5149 e da
Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, CAAE 30939720.1.3001.5140. Além
disto, esta pesquisa recebeu auxílio do Programa Institucional de Auxílio à Pesquisa de
Docentes Recém-Contratados pela UFMG - Edital PRPq 07/2020.
Borsa e Seize (2017), comentam não haver consenso na literatura sobre as etapas
da construção de instrumentos de medida. Assim, para a construção deste teste,
seguimos o referencial teórico de Pasquali (2010), para o qual o processo é dividido em
três momentos: 1) teórico; 2) empírico; e 3) analítico. Para os fins deste trabalho usamos
apenas os procedimentos teóricos, apresentados no seguinte quadro.
Quadro 3: Procedimentos teóricos para construção de Instrumentos de Avaliação Psicológica (Pasquali, 2010, p.
167).
apresentam garantias de validade. Tal análise é divida entre análise semântica e análise
por juízes. A análise semântica verifica a compreensão dos itens pelo próprio público.
É importante, neste ponto, observar se os itens são compreensíveis para toda a
população (Pasquali, 2010). Nesta etapa realizamos três grupos abertos de MT, em um
Centro de Referência em Saúde Mental – Álcool e Drogas (CERSAM AD). Nestes
aparelhos públicos da Rede de Saúde Mental da capital mineira, propusemos
atendimentos musicoterapêuticos em grupo, conduzidos pelo primeiro autor e um
estudante de MT da UFMG. Os usuários foram convidados verbalmente pelo
pesquisador e aluno voluntário nas dependências da instituição. A estrutura da sessão
foi: 1) recepção dos usuários e de suas musicalidades; 2) discussão sobre os itens da
escala: de 1 a 6 na primeira sessão, de 7 a 12 na segunda sessão e de 13 a 20 na terceira;
3) finalização do atendimento a partir uma canção importante para o grupo. Todos os
participantes preencheram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
exposto no Apêndice C.
A análise de juízes examina a pertinência dos itens ao construto que
representame. Compõem o grupo de juízes peritos na área, já que sua tarefa consiste em
avaliar se os itens estão se referindo ou não às dimensões do objeto psicológico em
questão (Pasquali, 2010). Neste trabalho o grupo de juízes é composto 20
musicoterapeutas com experiência de trabalho em DQ e/ou instrumentos de avaliação,
os quais receberam o questionário enviado, por e-mail, contendo um link de Google
Forms com um questionário, exposto a seguir, no qual foram inquiridos sobre a
pertinência do instrumento de avaliação, dos itens que o compõe, das dimensões que
explicam estes itens e o manual para aplicação da escala (Apêndice A). Os
procedimentos relacionados à análise de juízes foram baseados na metodologia
articulada por André (2021).
Para a análise estatística bem como a confecção dos gráficos usamos o R v. 4.2.0
(Core Team, 2022a) a partir do seus pacotes stats v. 4.3.0 (Core Team, 2022b), graphics
v. 4.2.0 (Core Team, 2022c) e psych v. 2.1.6 (Revelle, 2020). Os resultados da
construção do teste de avaliação e das análises serão apresentados a seguir.
3. Resultados
88
6
É comum considerar como aceitáveis valores do ponto de corte dos coeficientes de confiabilidade entre
0,6 e 0,7 (Bagozzi; Yi,1988; Hair et al, 2009; Valentini; Damásio, 2016)
91
Quadro 1: Versão piloto da Escala de Avaliação dos Efeitos da Musicoterapia de Grupo na Dependência Química.
1) Eu uso música para me recompensar quando eu não cedo ao meu desejo de usar drogas.
2) O grupo de musicoterapia me ajuda a me expressar sobre os meus problemas com drogas.
3) O grupo de musicoterapia me faz pensar sobre as possíveis doenças causadas pelo consumo de drogas.
4) O grupo de musicoterapia me faz perceber que as pessoas à minha volta seriam melhores comigo se eu
não tivesse problemas com drogas.
5) Li notícias de que a música pode me ajudar a parar de usar drogas.
6) A música me ajuda a pensar em outras coisas quando eu começo a pensar em usar drogas.
7) Acho que a sociedade está criando alternativas terapêuticas que facilitam a superação do meu problema
com drogas, como a musicoterapia.
8) O grupo de musicoterapia me faz perceber como eu fico decepcionado comigo mesmo quando dependo
de drogas.
9) Eu procuro no grupo de musicoterapia informações relacionadas ao meu problema com as drogas.
10) As músicas e a musicoterapia são lembretes de ajuda sobre o meu problema com drogas.
11) Encontro no grupo de musicoterapia pessoas com as quais eu posso contar para me ajudar quando eu
estou tendo problemas com drogas.
12) Músicas sobre drogas e seus efeitos me incomodam.
13) Nas minhas composições musicais eu falo para mim mesmo que se eu tentar com empenho, posso
92
Utilizamos a versão piloto composta pelos itens acima para a análise semântica e
de juízes. Enviamos a escala juntamente com um manual (Apêndice A) para os juízes e,
além disso, realizamos a análise semântica em grupos com usuários do referido
CERSAM AD. Apresentaremos, a seguir, os resultados das análises da versão piloto do
instrumento de avaliação.
6.1 - O item "O grupo de musicoterapia me faz sentir mais competente na decisão de
não usar drogas" é pertinente ao domínio Autorreavaliação?
6.2 - O item "O grupo de musicoterapia me faz perceber como eu fico decepcionado
comigo mesmo quando dependo de drogas" é pertinente ao domínio Autorreavaliação?
7 - Como você avalia o domínio Autodeliberação?
7.1 - O item "Nas minhas composições musicais eu falo para mim mesmo que se eu
tentar com empenho, posso deixar de usar drogas" é pertinente ao domínio
Autodeliberação?
7.2 - O item "O grupo de musicoterapia me ajuda a me comprometer comigo mesmo a
não usar drogas" é pertinente ao domínio Autodeliberação?
8 - Como você avalia o domínio Contracondicionamento?
8.1 - O item "A música me ajuda a pensar em outras coisas quando eu começo a pensar
em usar drogas" é pertinente ao domínio Contracondicionamento?
8.2 - O item "Eu acho que escutar ou fazer música é um bom substituto para o uso de
drogas" é pertinente ao domínio Contracondicionamento?
9 - Como você avalia o domínio Controle de Estímulos?
9.1 - O item "O grupo de musicoterapia me ajuda a distanciar dos locais que geralmente
estão associados ao meu uso das drogas" é pertinente ao domínio Controle de
estímulos?
9.2 - O item "As músicas e a musicoterapia são lembretes de ajuda sobre o meu
problema com drogas" é pertinente ao domínio Controle de Estímulos?
10 - Como você avalia o domínio Gerenciamento de Reforço?
10.1 - O item "Eu uso música para me recompensar quando eu não cedo ao meu desejo
de usar drogas" é pertinente ao domínio Gerenciamento de Reforço?
10.2 - O item "Eu participo do grupo de musicoterapia e me sinto recompensado por
não usar drogas." é pertinente ao domínio Gerenciamento de reforço?
11 - Como você avalia o domínio Relações de Ajuda?
11.1 - O item "O grupo de musicoterapia me ajuda a me expressar sobre os meus
problemas com drogas" é pertinente ao domínio Relações de Ajuda?
11.2 - O item "Encontro no grupo de musicoterapia pessoas com as quais eu posso
contar para me ajudar quando eu estou tendo problemas com drogas." é pertinente ao
domínio Relações de Ajuda?
12 - Como você avalia a linguagem do manual da “Escala de Avaliação para
96
Segundo Pasquali (2010) uma concordância de, pelo menos, 80% entre os juízes
pode servir de critério de decisão sobre a pertinência do item ao domínio a que se refere
teoricamente. As questões de 1 a 13, possuíam 3 possibilidades de resposta “totalmente
pertinente”, “parcialmente pertinente”, “não pertinente”. As subquestões de 2.1 a 11.2
tinham apenas as opções “sim” e “não”. As questões de 1 a 11 receberam respostas com
100% de concordância, informando que as dimensões eram relevantes para o trabalho
da MT na DQ. As subquestões de 2.1 a 11.2 obtiveram concordância entre 80% a 100%
dos juízes. A seguir, na Figura 2, vermos um gráfico que tabula a porcentagem média de
concordância dos juízes sobre todas as questões objetivas, à exceção das questões 12 e
97
13, que foram representadas na figura 3, dado que as respostas de suas categorias não
foi unânime.
Figura 2: Média das respostas das questões objetivas, à exceção das questões 12 e 13.
Por fim, a questão 22, que tratava de um espaço aberto destinado a comentários
dos juízes, reuniu algumas indicações relacionadas abaixo:
(ou acabar) com o meu desejo incontrolável de usar drogas”; b) alterar o item 2
para “o grupo de musicoterapia me ajuda a expressar sobre os meus problemas
relacionados com drogas”; c) deixar os itens 10 e 12 mais claros; d) alterar o
item 14 para “o grupo de musicoterapia me ajuda a refletir sobre o quanto as
pessoas que estão a minha volta sofrem com o meu uso de drogas”; e) alterar o
item 15 para “o grupo de musicoterapia me faz sentir mais forte e competente
para decidir abandonar as drogas; e f) alterar o item 19 para “O grupo de
musicoterapia me ajuda a me comprometer comigo mesmo a parar de usar
drogas”.
4. Considerações finais
confiabilidade.
Questionário 1: Versão 1 da Escala de Avaliação dos Efeitos da Musicoterapia de Grupo na Dependência Química.
Escala de Avaliação dos Efeitos da Musicoterapia em Grupo na Dependência Química (Versão 1) 103
INSTRUÇÕES
Por favor, leia cada afirmação abaixo e marque um X na coluna a direita que indique com qual frequência você se enquadra nessas situações.
Lembre que estas descrições se referem a atitudes ou pensamentos que você pode ter passado nos últimos dias.
Nome: ________________________________________
1) Eu uso música para me recompensar quando eu abro mão do meu desejo de usar drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
2) O grupo de musicoterapia me ajuda a me expressar sobre os meus problemas relacionados com drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
3) O grupo de musicoterapia me faz pensar sobre as possíveis doenças causadas pelo consumo de drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
4) O grupo de musicoterapia me faz perceber que as pessoas à minha volta seriam melhores comigo se eu não tivesse Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
problemas com drogas?
5) Ouvi falar que a música pode me ajudar a parar de usar drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
6) A música me ajuda a pensar em outras coisas quando eu começo a pensar em usar drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
7) Acho que a sociedade está criando alternativas terapêuticas que facilitam a superação do meu problema com drogas, como a Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
musicoterapia?
8) O grupo de musicoterapia me faz perceber como eu fico decepcionado comigo mesmo quando dependo de drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
9) Eu procuro no grupo de musicoterapia informações relacionadas ao meu problema com as drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
10) Algumas músicas me ajudam a lembrar de não usar drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
11) Encontro no grupo de musicoterapia pessoas com as quais eu posso contar para me ajudar quando eu estou tendo Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
problemas com drogas?
12) Músicas sobre drogas e seus efeitos me incomodam? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
13) Nas minhas composições musicais eu falo para mim mesmo que se eu tentar com empenho, posso deixar de usar drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
14) O grupo de musicoterapia me ajuda a pensar sobre o quanto as pessoas que estão a minha volta sofrem com meu uso de Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
drogas?
15) O grupo de musicoterapia me faz sentir mais forte e competente para decidir abandonar as drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
16) O grupo de musicoterapia me ajuda a distanciar dos locais que geralmente estão associados ao meu uso das drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
17) Eu acho que escutar ou fazer música é um bom substituto para o uso de drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
18) Eu participo do grupo de musicoterapia e me sinto recompensado por não usar drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
19) O grupo de musicoterapia me ajuda a fazer um compromisso comigo mesmo de parar de usar drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
20) Discutimos no grupo de musicoterapia como a sociedade tenta ajudar as pessoas a não usar drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
104
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Resumo
A Escala de Avaliação dos Efeitos da Musicoterapia em Grupo na Dependência
Química (MTDQ) é um teste de autorrelato composto por 20 itens que avaliam os
benefícios percebidos por pacientes adultos com dependência química sobre os efeitos
da musicoterapia em grupo em seus processos de mudança. A MTDQ possui evidências
de validade de conteúdo, mas carece de análises sobre outros aspectos da validade de
um teste. Este estudo objetivou avaliar a validade estrutural e a confiabilidade da
MTDQ. Através da análise fatorial confirmatória de itens, três modelos foram testados:
unidimensional, dois fatores correlacionados e bifatorial. A amostra possui 202 adultos
(44,7±12,7; 23,37%, mulheres) com dependência química que participaram de grupos
de musicoterapia e responderam a MTDQ em um Centro de Referência de Saúde mental
Álcool e Drogas na cidade de Belo Horizonte/MG. Os resultados indicam adequação da
estrutura bifatorial, composta por dois fatores específicos (processos cognitivos e
processos comportamentais) e um fator geral. Este estudo traz evidências iniciais de
que a MTDQ é um instrumento apropriado para medir três benefícios percebidos pelos
pacientes com dependência química sobre a musicoterapia em seus processos de
mudança.
Abstract
The Assessment Scale for the Effects of Group Music Therapy on Chemical
Dependence (MTDQ) is a self-report test, consisting of 20 items that assess the benefits
perceived by adult patients with chemical dependency participating in group music
therapy sessions and has evidence of content validity. This study aimed to evaluate the
internal structure and reliability of the MTDQ. Through confirmatory factor analysis,
three models were tested: unidimensional, two correlated factors and bifactorial. The
sample has 202 adults (44.7±12.7; 23.37%, women) with chemical dependence who
participated in music therapy groups and answered the MTDQ in a Reference Center for
Mental Health, Alcohol and Drugs in the city of Belo Horizonte/MG. The results
demonstrate the adequacy of the bifactorial structure, composed of two specific factors
(cognitive processes and behavioral processes) and a general factor. Evidence of the
structural validity of this study provides initial evidence that the MTDQ is an
appropriate instrument to measure aspects of the benefits perceived by patients with
chemical dependence on music therapy.
1. Introdução
em si, buscando verificar qual seria mais apropriado para representar a medida do
MTDQ
Cada um dos modelos testados indica que o teste mede benefícios percebidos
distintos. O modelo com um fator pressupõe que a MTDQ apenas mede a percepção dos
pacientes adultos com dependência química sobre os benefícios da musicoterapia em
seu processo geral de mudança. O modelo com dois fatores correlacionados baseia-se
no modelo transteórico de mudança. Esse modelo assume que a MTDQ mede uma
percepção do paciente sobre os benefícios da musicoterapia em seus processos
cognitivos e em seus processos comportamentais de mudança, cada um desses
processos representando os dois fatores do modelo e explicando, respectivamente 10
itens do instrumento. Por fim, o modelo bifatorial corresponde a junção dos dois
modelos. Ele assume que a MTDQ mede tanto um fator geral como dois fatores
específicos. O fator geral representa a percepção do paciente sobre os benefícios da
musicoterapia em sua mudança pessoal geral e os fatores específicos representam a
percepção do paciente sobre os benefícios da musicoterapia em seus processos
cognitivos e comportamentais de mudança pessoal
Assim, este estudo tem o intuito de levantar evidências de validade estrutural da
MTDQ, bem como analisar a confiabilidade deste instrumento de avaliação. A seguir,
descrevemos as escolhas metodológicas, bem como apresentamos e discutimos os
resultados de nossas análises.
2. Metodologia
Este é um estudo que faz parte de uma pesquisa doutoral do primeiro autor. A
pesquisa foi submetida à Plataforma Brasil onde foi avaliada pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da UFMG, CAAE 30939720.1.0000.5149 e da Secretaria Municipal de Saúde
de Belo Horizonte, CAAE 30939720.1.3001.5140. Além disto, esta pesquisa recebeu
auxílio do Programa Institucional de Auxílio à Pesquisa de Docentes Recém-
Contratados pela UFMG - Edital PRPq 07/2020.
Seis estagiários (dois homens e quatro mulheres) de musicoterapia, atuantes na
área de DQ, receberam treinamento e supervisão do primeiro autor sobre as técnicas que
apresentaram melhor eficácia para este tratamento (Pedrosa; Garcia; Loureiro, 2022a),
sobre a abordagem criada a partir da aproximação destas técnicas musicotrapêuticas
112
2.1. Amostra
Uma amostra de conveniência foi constituída por 202 participantes, sendo 154
homens (77,37%) e 45 mulheres (destas, uma mulher trans), com idade média de 44,7
anos (DP = 12,7, mínimo = 18 e máximo = 69). Porém, devido aos dados faltantes
(missing values), as análises foram realizadas com 141 participantes. Todos os
participantes preencheram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
exposto no Apêndice B.
2.2. Instrumento
7
A sintaxe está disponível no Apêndice D.
113
pacote MVN versão 5.9 (Korkmaz et al, 2014). Essa análise foi realizada com a
finalidade de embasar a seleção do estimador adequado para a análise fatorial
confirmatória de itens. Caso a hipótese da normalidade multivariada fosse rejeitada, o
método de estimação Robust Weighted Least Square Mean and Variance (WLSMV)
seria utilizado (Li, 2016).
A análise fatorial confirmatória dos itens foi aplicada via o pacote lavaan v.
0.6.12 (Rosseel et al, 2022) e a confiabilidade foi examinada com o pacote semTools v.
0.5.6 (Jorgensen et al, 2021). Os modelos testados foram: modelo unidimensional,
com um fator geral carregando os itens 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 ,10, 11, 12, 13, 14, 15, 16,
17, 18, 19, 20; modelo com dois fatores correlacionados, com processos cognitivos
carregando os itens 3, 4, 5, 7, 8, 9, 12, 14, 15, 20 e processos comportamentais
carregando os itens 1, 2, 6, 10, 11, 13, 16, 17, 18 e 19; e modelo bifatorial, contendo
processos cognitivos, processos comportamentais e o fator geral, todos ortogonalizados
entre si.
A qualidade do ajuste dos modelos foi avaliada por meio do índice de ajuste
comparativo (comparative fit index, CFI) e do erro médio quadrado de aproximação
(root mean square error of approximation, RMSEA). Os modelos seriam rejeitados
caso apresentassem CFI < 0,90 ou RMSEA > 0,10 (Thakkar, 2020).
O teste de diferença do χ2 escalonado de Satorra (2000) foi utilizado para
comparar os modelos, caso eles não fossem rejeitados.
3. Resultados
RMSEA
Modelo χ²[df] CFI RMSEA
[IC 90%]
Unidimensional 283,290[170] 0,968 0,073 [0,058; 0,087]
Dois fatores correlacionados 267,859[169] 0,972 0,068 [0,052; 0,083]
Bifatorial 188,811[150] 0,989 0,045 [0,020; 0,064]
114
As cargas fatoriais tendem a ser mais elevadas no fator geral quando comparadas
às cargas fatoriais nos fatores específicos. Contudo algumas exceções foram observadas
nos itens 4, 8, 12, 13, 17. Destacamos em negrito na Tabela 2 o fato dos itens 2, 9 e 15
não apresentarem carga fatorial igual ou superior a 0,1 no respectivo fator específico,
115
apresentando boas cargas fatoriais no fator geral. O item 12, por outro lado, apresenta
boa carga fatorial no item específico, mas com um valor abaixo de 0,1 no fator geral. O
item 5 foi o único apresentou carga fatorial negativa no fator específico (- 0,280) com
um valor expressivo (> 0,1).
A carga negativa nos itens 2, 5 e 12 indica que o fator geral ou o fator específico
explicou toda a sua variância comum desses itens, levando em consideração que no
modelo bifatorial os fatores são ortogonalizados e a variância explicada dos itens sofre
uma competição entre o fator geral e o fator específico. Isso é comum de ocorrer em
modelos bifatoriais e, em função disso, deve-se constrangir essas cargas negativas para
o valor zero para se ter uma estimativa adequada da confiabilidade dos fatores do
modelo. Um novo modelo bifatorial foi rodado, constrangindo à zero todas as cargas
negativas. Esse modelo foi denominado modelo bifatorial de cargas negativas
constrangidas e apresentou bom ajuste aos dados, χ²[df] = 199.079[155]; CFI = 0,988;
RMSEA = 0,048; RMSEA [IC 90%] = [0.025; 0.066].
A Tabela 3 apresenta a média das cargas fatoriais, bem como a confiabilidade
das variáveis latentes do modelo bifatorial de cargas negativas constrangidas, medida
por alpha de Cronbach, alpha ordinal, ômega de McDonald e confiabilidade composta.
Os dois fatores específicos do modelo bifatorial tiveram médias de cargas fatoriais
consideravelmente mais baixas, o que provavelmente se dá pelo fato dos mesmos itens
serem mais explicados pelo fator geral.
min
Modelo Variável latente α
M (DP) αord Ω cc
max
Processos 0,24 0,00
0,63 0,69 0,33 0,48
cognitivos (0,22) 0,60
Processos 0,30 0,00
Bifatorial 0,81 0,86 0,22 0,62
comportamentais (0,19) 0,67
0,52 0,00
Fator geral 0,87 0,90 0,80 0,90
(0,19) 0,78
Nota. M = média, DP = desvio-padrão, min = mínimo, max = máximo, α = alfa de
Cronbach, αord = alfa ordinal, Ω = ômega de McDonald, cc = confiabilidade composta
3,52. A média das médias dos itens relacionados ao fator geral é de 3,85 e o desvio
padrão de 1,14. A média das médias dos itens explicados pelo fator específico processos
cognitivos foi de 3,8 e o desvio padrão de 1,17, enquanto a média das médias dos itens
explicados pelo fator específico processos comportamentais foi de 3,9 e o desvio padrão
de 1,11. Podemos concluir que tanto os itens explicados pelo fator geral quanto os
explicado pelos fatores específicos apresentam distribuição bastante similar.
Ainda que não haja um consenso sobre o valor do ponto de corte dos
coeficientes de confiabilidade é comum considerar valores entre 0,6 e 0,7 como
aceitáveis (Bagozzi; Yi,1988; Hair et al, 2009; Valentini; Damásio, 2016). No entanto,
esses valores de corte não são adequados para modelos bifatoriais em que o fator geral é
ortogonal aos fatores específicos. Modelos com essa característica tendem a tornar as
cargas fatoriais dos fatores específicos muito mais baixas já que sofrem a concorrência
do fator geral para a explicação da variância comum dos itens. Nesse sentido, é
apropriado considerar um valor de corte de 0,40 para os índices omega ou
confiabilidade composta. Considerando que todos os fatores apresentaram adequado
valor de corte no alfa, alfa ordinal e confiabilidade composta, concluimos que todos eles
apresentam confiabilidade adequada. No entanto, é relevante melhorar a confiabilidade
dos fatores específicos, já que esses processos específicos de mudança são relevantes
para a prática da musicoterapia. Uma maneira de melhorar essa confiabilidade envolve
comprender melhor quais são as características dos itens que melhor carregaram esses
fatores no modelo bifatorial e elaborar novos itens tomando essas características como
referência.
4. Considerações Finais
al, 1988).
Nesta pesquisa o fator geral representa a percepção do paciente sobre os
benefícios da musicoterapia em sua mudança pessoal geral. Como o MTM não indicou
teoricamente, ainda, um fator geral, teorizamos que, se os pacientes percebem os
benefícios da musicoterapia como relevantes para sua mudança, eles tendem a se
envolver mais ativamente no tratamento, a seguir as recomendações e a trabalhar mais
para alcançar seus objetivos terapêuticos. Por outro lado, se os pacientes não percebem
os benefícios da musicoterapia ou os percebem como irrelevantes, eles podem
desmotivar-se ou perder o interesse no tratamento, prejudicando o seu sucesso
terapêutico. Esta discussão se comunica com o MTM (Prochaska et al, 1988; Prochaska,
2014), dado que os Processos de Mudança indicam que a percepção dos próprios
processos cognitivos relativos à mudança, podem levar a mudanças comportamentais.
Futuras pesquisas, com uma amostra consideralvemente maior, devem avaliar a
pertinência dos itens 2, 5, 9 e 15 aos seus respectivos fatores específicos, bem como a
pertinência do item 12 para o fator geral. Novas pesquisas se fazem necessárias, a fim
de estabelecer normas de interpretação dos escores brutos da escala, imputando assim
significado aos resultados obtidos através da aplicação da MTDQ. Estudos futuros
deverão investigar evidências de validade desta escala, baseadas em processos de
resposta aos itens, em relações com outras variáveis, e/ou na consequência da testagem
(AERA, APA, & NCME, 2014). Por fim, é importante continuar a avaliação do
desempenho do instrumento com amostras clínicas e mais diversificadas regionalmente.
Em suma, concluimos que o instrumento apresentou boas propriedades psicométricas de
validade estrutural com a amostra pesquisada, mostrando-se promissor para o uso
profissional.
7. Referências
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7. CONSIDERAÇÕES GERAIS
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Apêndice A
Belo Horizonte
2021
129
1. Introdução
2005). Reconhece que as pessoas são diferentes, estão em fases diferentes e que as
intervenções apropriadas devem ser desenvolvidas de acordo com essas diferenças
(Szupszynski, 2012). Os Estágios de Mudança são divididos em cinco:
1. Pré-contemplação: a pessoa não percebe os benefícios da mudança e, portanto,
não está disposta a mudar. Mostra-se resistente e não colaborativa.
2. Contemplação: a pessoa percebe alguns benefícios da mudança, mas os custos
associados à mudança superam os benefícios. Os contempladores mostram
ambivalência.
3. Determinação (ou preparação): uma pessoa percebe mais benefícios na
mudança do que os custos associados à mudança, mas não mudou ativamente
nenhum comportamento. Nesse estágio, a pessoa planeja sua mudança.
4. Ação: uma pessoa está realmente se comportando de maneiras diferentes,
congruentes com a mudança. É o estágio no qual o cliente faz algumas
mudanças.
5. Manutenção: a pessoa trabalha a prevenção à recaída e a consolidação dos
ganhos obtidos durante a ação.
6. A recaída é considerada como um evento que marca o final do estágio de ação
ou manutenção, e deve ser encarada como um estado de transição. É o modo
como a pessoa apreende e recomeça de uma forma mais consciente.
As Escalas foram construídas para avaliar os constructos dessa teoria desde sua
origem. Entre elas estão a University of Rhode Island Change Assesment Scale
(URICA) que avalia os Estágios de Mudança; a Escala de Autoeficácia (Abstinence
Self-efficacy Scale); a Escala de Tentação para uso da droga (Temptation to Use Scale);
e a Escala de Prós e Contras que avalia a Balança Decisional (Decisional Balance
Scale); e a Escala de Processos de Mudança (Processes of Change Questionnaire) todas
traduzidas para o português brasileiro e validadas, com exceção a Escala de Prós e
Contras (Oliveira et al., 2017).
3. Técnicas Musicoterapêuticas
Associação estímulo- - aprendizado de estratégias para lidar com Vincular estímulos sonoros específicos com
movimento. situações de gatilho situacionais; movimentos corporais específicos.
Reação a estímulos - prevenção de recaídas.
acústicos.
Mudança de atenção (1)
Mudança de atenção (2)
Repetição ordenada e
invertida.
Para que a escala de avaliação proposta neste trabalho tenha eficácia é preciso
que se faça um planejamento de sessão que contemple as técnicas musicoterapêuticas e
musicais utilizadas como disparadores para os itens. Os grupos de Musicoterapia, desta
forma, precisam ser estruturados em sessões que perpassem por técnicas de Escuta
Musical, Análise Lírica e Composição.
Desta forma, baseando-nos em Moriá e Cordeiro (2017, p.70), apresentamos um
modelo de planejamento que informa a necessidade de uso destas técnicas. No entanto,
a ordem destas (sublinhadas no quadro abaixo) pode intercambiar a cada sessão, de
acordo com as colocações dos participantes. Além disto, é importante que as ações
planejadas encorajem: 1) o uso de música na rotina diária; 2) estimulem a manifestação
de opinião sobre a sociedade e dos próprios sentimentos e 3) direcionem reflexão e
discussões sobre temas tratados nas músicas utilizadas.
Ao final, apresentamos um formato de relatório sucinto que possibilita registros
mais qualitativos das do grupo bem como o registro da fundamentação teórica que
embasaram as intervenções musicoterapêuticas.
Condutor: Apoio:
Data:
Participantes:
Objetivo da Sessão:
Materiais:
Aquecimento
Escuta Musical
Análise Lírica
Composição Musical
139
Finalização
Relatório
Observações
Fundamentação teórica
Referências Bibliográfica
Nome Completo:
Data de Nascimento: Idade:
Cidade: Estado:
Escolaridade:
Possui alguma religião? Sim ( ) Não ( ) Qual?
Participa ou já participou de outras Quais?
terapias?
Já participou da MT antes? Sim ( ) Não ( Quanto tempo?
)
Músicas da infância que recorda:
Cantores(as)/grupos/bandas preferidas:
Músicas preferidas:
Constituição Familiar:
Observações:
INSTRUÇÕES
Por favor, leia cada afirmação e marque o número à direita que indique qual a frequência em que você se enquadra nessas situações.
As situações referem-se a atitudes ou pensamentos que ajudam você a não usar drogas.
1) Eu uso música para me recompensar quando eu não cedo ao meu desejo de usar drogas. 1 2 3 4 5
2) O grupo de musicoterapia me ajuda a me expressar sobre os meus problemas com drogas. 1 2 3 4 5
3) O grupo de musicoterapia me faz pensar sobre as possíveis doenças causadas pelo consumo de drogas. 1 2 3 4 5
4) O grupo de musicoterapia me faz perceber que as pessoas à minha volta seriam melhores comigo se eu não tivesse problemas com drogas. 1 2 3 4 5
5) Li notícias de que a música pode me ajudar a parar de usar drogas. 1 2 3 4 5
6) A música me ajuda a pensar em outras coisas quando eu começo a pensar em usar drogas. 1 2 3 4 5
7) Acho que a sociedade está criando alternativas terapêuticas que facilitam a superação do meu problema com drogas, como a musicoterapia. 1 2 3 4 5
8) O grupo de musicoterapia me faz perceber como eu fico decepcionado comigo mesmo quando dependo de drogas. 1 2 3 4 5
9) Eu procuro no grupo de musicoterapia informações relacionadas ao meu problema com as drogas. 1 2 3 4 5
10) As músicas são lembretes de ajuda sobre o meu problema com drogas. 1 2 3 4 5
11) Encontro no grupo de musicoterapia pessoas com as quais eu posso contar para me ajudar quando eu estou tendo problemas com drogas. 1 2 3 4 5
12) Músicas sobre drogas e seus efeitos me incomodam. 1 2 3 4 5
13) Nas minhas composições musicais eu falo para mim mesmo que se eu tentar com empenho, posso deixar de usar drogas. 1 2 3 4 5
14) O grupo de musicoterapia me ajuda a pensar em como o meu uso de drogas está magoando as pessoas à minha volta. 1 2 3 4 5
15) O grupo de musicoterapia me faz sentir mais competente na decisão de não usar drogas. 1 2 3 4 5
16) O grupo de musicoterapia me ajuda a distanciar dos locais que geralmente estão associados ao meu uso das drogas. 1 2 3 4 5
17) Eu acho que escutar ou fazer música é um bom substituto para o uso de drogas. 1 2 3 4 5
18) Eu participo do grupo de musicoterapia e me sinto recompensado por não usar drogas. 1 2 3 4 5
19) O grupo de musicoterapia me ajuda a me comprometer comigo mesmo a não usar drogas. 1 2 3 4 5
20) Discutimos no grupo de musicoterapia como a sociedade tenta ajudar as pessoas a não usar drogas. 1 2 3 4 5
142
6. Referências bibliográficas
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Velasquez, M.; Maurer, G.; Crouch, C.; Diclemente, C. (2001). Group treatment for
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145
Apêndice B
Belo Horizonte
2023
146
1. Introdução
As Escalas foram construídas para avaliar os constructos dessa teoria desde sua
origem. Entre elas estão a University of Rhode Island Change Assesment Scale
(URICA) que avalia os Estágios de Mudança; a Escala de Autoeficácia (Abstinence
Self-efficacy Scale); a Escala de Tentação para uso da droga (Temptation to Use Scale);
e a Escala de Prós e Contras que avalia a Balança Decisional (Decisional Balance
Scale); e a Escala de Processos de Mudança (Processes of Change Questionnaire) todas
traduzidas para o português brasileiro e validadas, com exceção a Escala de Prós e
Contras (Oliveira et al, 2017).
8
Rockumentário é uma técnica de análise de letras de canções em conjunto com a história detalhada da
banda e seu abuso de substâncias (Silverman, 2011).
151
Associação estímulo- - aprendizado de estratégias para lidar com Vincular estímulos sonoros específicos com
movimento. situações de gatilho situacionais; movimentos corporais específicos.
Reação a estímulos - prevenção de recaídas.
acústicos.
Mudança de atenção (1)
Mudança de atenção (2)
Repetição ordenada e
invertida.
Participantes:
Objetivo da Sessão:
Materiais:
Aquecimento
Escuta Musical
155
Análise Lírica
Composição Musical
Finalização
Relatório
Observações
Fundamentação teórica
Referências Bibliográfica
Nome: ________________________________________
1) Eu uso música para me recompensar quando eu abro mão do meu desejo de usar drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
2) O grupo de musicoterapia me ajuda a me expressar sobre os meus problemas relacionados com drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
3) O grupo de musicoterapia me faz pensar sobre as possíveis doenças causadas pelo consumo de drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
4) O grupo de musicoterapia me faz perceber que as pessoas à minha volta seriam melhores comigo se eu não tivesse Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
problemas com drogas?
5) Ouvi falar que a música pode me ajudar a parar de usar drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
6) A música me ajuda a pensar em outras coisas quando eu começo a pensar em usar drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
7) Acho que a sociedade está criando alternativas terapêuticas que facilitam a superação do meu problema com drogas, como a Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
musicoterapia?
8) O grupo de musicoterapia me faz perceber como eu fico decepcionado comigo mesmo quando dependo de drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
9) Eu procuro no grupo de musicoterapia informações relacionadas ao meu problema com as drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
10) Algumas músicas me ajudam a lembrar de não usar drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
11) Encontro no grupo de musicoterapia pessoas com as quais eu posso contar para me ajudar quando eu estou tendo Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
problemas com drogas?
12) Músicas sobre drogas e seus efeitos me incomodam? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
13) Nas minhas composições musicais eu falo para mim mesmo que se eu tentar com empenho, posso deixar de usar drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
14) O grupo de musicoterapia me ajuda a pensar sobre o quanto as pessoas que estão a minha volta sofrem com meu uso de Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
drogas?
15) O grupo de musicoterapia me faz sentir mais forte e competente para decidir abandonar as drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
16) O grupo de musicoterapia me ajuda a distanciar dos locais que geralmente estão associados ao meu uso das drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
17) Eu acho que escutar ou fazer música é um bom substituto para o uso de drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
18) Eu participo do grupo de musicoterapia e me sinto recompensado por não usar drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
19) O grupo de musicoterapia me ajuda a fazer um compromisso comigo mesmo de parar de usar drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
20) Discutimos no grupo de musicoterapia como a sociedade tenta ajudar as pessoas a não usar drogas? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
157
7. Referências bibliográficas
DiClemente, C.C. (2005). Conceptual Models and Applied Research: The Ongoing
Contribution of the Transtheoretical Model. Journal of Addictions Nursing, 16, 5-12.
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music use predict coping strategies in adults with substance use disorder: A cross-sectional
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03/12/2020.
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with Substance Use Disorder on a Detoxification Unit: A Cluster-Randomized Study.
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03/12/2020
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Velasquez, M.; Maurer, G.; Crouch, C.; Diclemente, C. (2001). Group treatment for
substance abuse: a stages-of- change therapy manual. New York: The Guilford Press.
160
Apêndice C
Prezado(a) Senhor(a),
O(a) Sr(a). está sendo convidado a participar da pesquisa: “Protocolo de Avaliação na Terapia de Grupo em
Musicoterapia na Dependência Química” que tem por objetivo construir um instrumento de avaliação de grupos de
Musicoterapia nos tratamentos de Dependência Química.
Essa pesquisa será realizada com pessoas adultas de ambos sexos (com identificação de qualquer gênero),
diagnosticados com dependência química, maiores de idade, frequentadores dos grupos de musicoterapia ofertados
em atendimentos da rede de saúde mental de Belo Horizonte/MG . Não participarão da pesquisa pessoas que não se
enquadram no referido diagnóstico ou que, a qualquer momento e por qualquer motivo, não queiram participar da
pesquisa.
Sua participação no estudo se dará em grupos de atendimentos musicoterapêuticos e ao responder algumas
questões sobre tais atendimentos. Os grupos terão duração de, mais ou menos, 50 minutos. Os riscos com essa
pesquisa são mínimos, sendo que o sr. pode se sentir desconfortável em responder alguma pergunta ou com a
participação nos grupos de musicoterapia, mas o(a) sr(a). tem a liberdade de não responder ou interromper a
entrevista e/ou participação em qualquer momento, sem nenhum prejuízo para seu atendimento. É garantido o
direito a indenização diante de eventuais danos decorrentes da pesquisa, pelo pesquisador. Sua participação no
estudo não implicará em custos adicionais, não terá qualquer despesa com a realização dos procedimentos previstos
neste estudo. Também não haverá nenhuma forma de pagamento pela sua participação.
O(a) Sr(a). tem a liberdade de não participar da pesquisa ou retirar seu consentimento a qualquer momento,
mesmo após o início da entrevista ou dos grupos de musicoterapia, sem qualquer prejuízo. Está assegurada a garantia
do sigilo das suas informações. O(a) Sr(a). não terá nenhuma despesa e não há compensação financeira relacionada à
sua participação na pesquisa.
Caso tenha alguma dúvida sobre a pesquisa o(a) sr(a). poderá entrar em contato com o coordenador
responsável pelo estudo: Frederico Gonçalves Pedrosa, que pode ser localizado no Escola de Música da UFMG (31-
3409-4700) das 14 às 22h ou pelo e-mail frederico.musicoterapia@gmail.com.
Em caso de dúvidas éticas, o participante pode se dirigir ao COEP/UFMG localizado à Av. Presidente Antônio
Carlos, 6627, Pampulha - Belo Horizonte - MG - CEP 31270-901, Unidade Administrativa II - 2º Andar - Sala: 2005,
acessar através do e-mail coep@prpq.ufmg.br ou telefone (31) 3409-4592. Também poderá acessar o CEP/SMSA,
localizado à Rua Frederico Bracher Junior, 103 – 3º andar/sala 2 – Padre Eustáquio – CEP: 30.720-000, com o horário
de funcionamento: 9h às 15h - (31) 3277-5309, através do e-mail coep@pbh.gov.br ou pelo site
https://prefeitura.pbh.gov.br/saude/informacoes/educacao-em-saude/comite-de-etica-em-saude.
Sua participação é importante e voluntária e vai gerar informações que serão úteis para indicar melhores
tratamentos musicoterapêuticos para tratar das dependências químicas.
Este termo será assinado em duas vias, pelo senhor e pelo responsável pela pesquisa, ficando uma via em seu
poder.
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito do que li ou foi lido para mim, sobre a pesquisa:
"Protocolo de Avaliação na Terapia de Grupo em Musicoterapia na Dependência Química". Discuti com o
pesquisador Frederico Gonçalves Pedrosa ou com seu substituto, responsável pela pesquisa, sobre minha decisão
em participar do estudo. Ficaram claros para mim os propósitos do estudo, os procedimentos, garantias de sigilo, de
esclarecimentos permanentes e isenção de despesas. Concordo voluntariamente em participar deste estudo.
_____________________________ __/__/____
Assinatura do entrevistado
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido deste
entrevistado para a sua participação neste estudo.
________________________________ __/____/____
Assinatura do responsável pelo estudo.
161
Apêndice D: Sintaxe
# Participantes -----------------------------
nrow(dado)
library(psych)
describe(dado$idade)
# Media = 44.7, DP = 12.7, min = 18 e max = 69. Obs: 12 missings nesta variavel
describe(dado$genero)
#77% homens
# Confiabilidade
round(reliability(fit_modelo_uni), 2)
source("comp_reliability.R")
comp_reliability(fit_modelo_uni)
# Plot do modelo
library(semPlot)
png("plot_modelo1.png", height = 12, width = 15, units = 'cm', res=600)
par(mfrow=c(1,1))
semplot_modelo <-
semPaths(fit_modelo_uni,"std",layout="circle",residuals=F,sizeLat=14,sizeLat2=14,edge.co
162
lor="black",edge.label.cex=1.4,
mar=c(2.0, 2.0, 2.0, 2.0),esize=7,curvePivot = F,
intercepts=F,thresholds = F,
nCharNodes=0,sizeMan=8, edge.label.position=0.5,
nodeLabels = c("1" , "2", "3", "4", "5","6","7", "8", "9",
"10",
"11", "12", "13", "14", "15", "16", "17",
"18",
"19", "20", "geral"))
dev.off()
# Confiabilidade
round(reliability(fit_modelo_2f), 2)
source("comp_reliability.R")
comp_reliability(fit_modelo_2f)
# Plot do modelo
library(semPlot)
png("plot_modelo2.png", height = 12, width = 15, units = 'cm', res=600)
par(mfrow=c(1,1))
semplot_modelo <-
semPaths(fit_modelo_2f,"std",layout="circle",residuals=F,sizeLat=14,sizeLat2=14,edge.col
or="black",edge.label.cex=1.4,
mar=c(2.5, 2.5, 2.5, 2.5),esize=7,curvePivot = T,
intercepts=F,thresholds = F,
nCharNodes=0,sizeMan=8, edge.label.position=0.5,
nodeLabels = c("3", "4", "5", "7", "8",
"9","12","14","15","20",
"1", "2","6","10", "11", "13", "16", "17",
"18", "19",
"COG", "COM"))
dev.off()
geral =~ i1 + i2 + i3 + i4 + i5 + i6 + i7 + i8 + i9 + i10 +
i11 + i12 + i13 + i14 + i15 + i16 + i17 + i18 + i19 + i20
'
# Plot do modelo
library(semPlot)
png("plot_modelo_bifatorial.png", height = 12, width = 15, units = 'cm', res=600)
par(mfrow=c(1,1))
semplot_modelo <-
semPaths(fit_modelo_bifatorial,"std",layout="tree2",residuals=F,sizeLat=10,sizeLat2=10,e
dge.color="black",edge.label.cex=0.8,
mar=c(2, 2, 2, 2),esize=4,curvePivot = F,
intercepts=F,thresholds = F,
nCharNodes=0,sizeMan=3.5, edge.label.position=0.85, bifactor
= "geral",)
dev.off()
######### correcao das cargas fatoriais negativas para zero no modelo bifatorial########
########################################################################################
i11 + 0*i12 + i13 + i14 + i15 + i16 + i17 + i18 + i19 + i20
'
# Plot do modelo
library(semPlot)
png("plot_modelo_bifatorial.png", height = 12, width = 15, units = 'cm', res=600)
par(mfrow=c(1,1))
semplot_modelo <-
semPaths(fit_modelo_bifatorial,"std",layout="tree2",residuals=F,sizeLat=10,sizeLat2=10,e
dge.color="black",edge.label.cex=0.8,
mar=c(2, 2, 2, 2),esize=4,curvePivot = F,
intercepts=F,thresholds = F,
nCharNodes=0,sizeMan=3.5, edge.label.position=0.85, bifactor
= "geral",)
dev.off()