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Avaliação em Musicoterapia, aspectos

históricos, ferramentas e aplicabilidades

MT. Clara Marcia Piazzetta


CPMT037/94-PR

Organização e realização,
Associação de Musicoterapia
do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro
Abril 2019
1 - AMBIENTAÇÃO
A experiência musical, que cada pessoa tem com a música, de modo
compartilhado no setting é uma das singularidades da musicoterapia. Como os
musicoterapeutas e as pessoas atendidas em musicoterapia constroem as sonoridades
durante os atendimentos, delimitam o entendimento da atuação do Musicoterapeuta
frente aos diversos usos da música na saúde, educação e integração social.
Na complexidade do entendimento e identificação dos aspectos terapêuticos
da música presentes nas experiências musicais, fundamentam-se as construções das
ferramentas de avaliação. Seja para compor os documentos do tratamento, a
avaliação inicial, testificação; seja para o entendimento do andamento do processo.
Estes dois momentos são contemplados com as palavras em inglês assessment e
evaluation respectivamente.
No contexto teórico da musicoterapia brasileira, nascida no século XX nas
décadas de setenta, oitenta, com apoio do Dr Rolando Benenzon e de seu modelo de
musicoterapia, a forma de compreender o complexo som ser humano som por meio da
testificação musical da ficha musicoterapêutica (BENENZON, 1984) foi o primeiro
contato dos musicoterapeutas brasileiros com a necessidade de se compreender o
enquadre do paciente. A ideia de avaliação, como foi construída neste espaço de
tempo até os dias de hoje, busca cada vez mais identificar evidências, ou evidenciar
aspectos cognitivos musicais importantes para o desenvolvimento humano.
O contexto de avaliação está presente em todas as práticas de trabalhos
processuais. Pode ser apresentado por “palavras diferentes de acordo com a
finalidade: resultados, avaliação, medida” (CRIPPS et.al, 2016)1. Avaliar é determinar o
valor de algo, compreender, apreciar, prezar 2. Segundo Chase, 2002; Hanser, 1999;
Schmidt Peters, 2000 (apud SALOKIVI 2012) avaliação é uma parte essencial e
sistemática da prática clínica e ajuda o terapeuta a conhecer as necessidades do
cliente e depois planejar as intervenções influentes. A avaliação revela algo sobre a
natureza dos pontos fortes e fracos do cliente nas áreas musical e não musical. A
avaliação pode envolver testes padronizados ou pode ser baseada em observações ou
a combinação de ambos. O processo de avaliação inclui também outras fontes de
informação, por exemplo, entrevistas e informações de base.
Cripps e colaboradores (2016) trazem o tema da “medida dos resultados” como
“relevantes para avaliar ou comparar o funcionamento, os sintomas ou as
características de uma pessoa quando participam de um tratamento ou terapia”.
Definem uma medida como “uma ferramenta que pode ser usada em três períodos do
tratamento ou processo terapêutico” antes, durante e depois. (Cripps, et al, 2016):

 antes ou no início da terapia (avaliação inicial);


 durante a terapia (após o processo de terapia);

1
https://www.nordoff-robbins.org.uk/sites/default/files/outcome_measures_-_online_version_0.pdf
2
Avaliar – dicionário Priberam https://dicionario.priberam.org/avaliar
 no final ou após o término da terapia (muitas vezes referida como
avaliação dos resultados).
Medições durante os dois últimos períodos de tempo são freqüentemente usadas
para detectar mudanças em comparação com a avaliação inicial. As medidas são
muitas vezes referidas como "medidas de avaliação" (por exemplo, Miller, 2014) ou
"medidas de resultados" (por exemplo, MacKeith, Burns & Lindeck, 2011) e as
mesmas medidas podem ser usadas para ambos os fins. (CRIPPS et.al, 2016, p.5)

Bruscia (2000, 2016) apresenta este tema com mais detalhes na terceira edição
ao considerar avaliação diagnóstica e avaliação do tratamento relacionando à
experiência de cada pessoa com a música,

a musicoterapia descrita como forma empírica de terapia foca e se utiliza


da experiência musical do cliente como sua metodologia primária.
Essencialmente, isso significa que, na musicoterapia, o cliente se submete
aos processos de avaliação diagnóstica, tratamento e avaliação envolvendo-
se em diferentes tipos de experiências musicais ( BRUSCIA, 2016, p. 125).

Os elementos da música, som, ritmo, melodia e harmonia, e também, o


movimento do corpo, a respiração e os sons corporais (CHAGAS, 2015) estão presentes
em pessoas fazendo música. Entender a experiência musical como algo potente ao
ponto de transformar vidas e relações humanas segue por diferentes campos de
conhecimentos. Campos da Psicologia, da Filosofia, da Medicina, da Educação, do
Social. De modo mais concreto, as experiências musicais compartilhadas oportunizam
a escuta e a vivencia de singularidades e autenticidades dos personagens dessa
prática: as pessoas atendidas e o musicoterapeuta. O registro quer sejam da potência
transformadora da experiência musical ou de uma medida de resultado inquietou e
ainda inquieta os profissionais musicoterapeutas.
Deste modo na constituição do corpo teórico da Musicoterapia a avaliação ou
medida de resultados, da experiência da pessoa atendida em musicoterapia, está
vinculada ao método de trabalho proposto e à abordagem ou modelo adotado.

Um método é aqui definido como um tipo particular de experiência musical


usada para avaliação diagnóstica, tratamento e/ou avaliação. Uma vez que
existem quatro tipos principais de experiências musicais (improvisação,
recriação, composição e audição) ( BRUSCIA, 2016, p. 125).

Um modelo é uma abordagem ampla para avaliação diagnóstica,


tratamento e avaliação que inclui princípios teóricos, indicações e contra
indicações clínicas, metas, diretrizes e especificações metodológicas e o uso
característico de certas técnicas e sequências procedurais ( BRUSCIA, 2016,
p. 126).

Bruscia (2016) na terceira edição cita a palavra avaliação mais de quarenta


vezes e abre um tópico específico para discorrer sobre a escolha dos critérios de
avaliação.
Monitorar o progresso do cliente e a efetividade das estratégias utilizadas é
essencial para uma prática ética. Muitas questões são relevantes e devem
ser resolvidas:
 Quais tipos de transformação são mais relevantes para se observar
- exteriores, interiores ou ambas?
 o indivíduo ou no seu contexto individual ou ambiente?
 As transformações esperadas são de curto-prazo, longo-prazo ou
ambos?
 As transformações se manifestarão dentro das sessões, fora, ou em
ambos?
 Quais tipos de evidências das transformações são apropriadas –
musicais, não musicais ou ambos?
 A evidência deve ser de natureza objetiva, subjetiva ou ambos?
 Quem deve decidir sobre as questões acima, o terapeuta, o cliente
ou ambos? (BRUSCIA, 2016, p.232).

Wosch e Wigram (2007) ao abordarem sobre Microanalises em Musicoterapia,


igualmente destacaram fatores para o uso de ferramentas de avaliação “dependem da:
proposta do instrumento, foco principal, população, variável dependente, método de
análise e tipo de coleta de dados (quantidade de avaliações por exemplo)” (apud
GATTINO et al, 2016,p 53).

O contexto de avaliação em Musicoterapia, existente desde as experiências de


terapêutica pela música, mostra-se com características diferenciadas ao se considerar
os critérios expostos acima, a abordagem, a finalidade e a complexidade de
experiências musicais compartilhadas. A avaliação em musicoterapia e as ferramentas
construídas trazem em seus resultados evidências reais da efetividade da experiência
vivida. Favorecem o entendimento dos resultados bem como destacam as ações do
musicoterapeuta. De modo que não se olha apenas para o paciente, mas precisa se
considerar o enquadre do setting da atuação.
A Associação Americana de Musicoterapia (AMTA) contempla o tema da
avaliação como parte do trabalho do musicoterapêutico.

a avaliação da musicoterapia incluirá as categorias gerais de funcionamento


psicológico, cognitivo, comunicativo, social e fisiológico focadas nas
necessidades e pontos fortes do cliente. A avaliação também determinará
as respostas do cliente à música, habilidades musicais e preferências
musicais. Todos os métodos de avaliação de musicoterapia são apropriados
para a idade cronológica do cliente, diagnósticos, nível de funcionamento e
cultura (s). Os métodos podem incluir, mas não precisa limitar-se a,
observação durante a música ou outras situações, entrevistas, intervenções
verbais e não-verbais e testes. (AMTA, 2009, apud SALOKIVI, 2012,p.11).

Neste nosso século também, o Centro Nordoff Robbins de Musicoterapia


organizou um material sobre medida dos resultados em Musicoterapia com a intenção
de fornecer uma visão sistemática. E também motivados por qualquer razão que leve
os profissionais a não utilizar ferramentas de avaliação. Tais como:

 o formato da coleta de dados;


 a natureza das tarefas para avaliação (por exemplo, uma ênfase em
tarefas comportamentais que não parecem estar relacionadas à
relação musical entre clientes e terapeuta) (Loewy, 2000);
 a relação da ferramenta com as perspectivas filosóficas de cada
terapeuta, o grupo de clientes e os requisitos do local de trabalho
(Isenberg-Grzeda, 1988).
 Além disso, a consciência limitada das ferramentas e medidas
existentes pode muitas vezes ser a dificuldade inicial e principal na
identificação e utilização de medidas de resultados. (CRIPPS et.al,
2016 )

Sendo assim, a avaliação sempre esteve presente nas diferentes maneiras de práticas
da musicoterapia. A seguir estão listadas ferramentas de avaliação seus autores e o ano.

2 - INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

Até a primeira década do século XXI pode-se perceber a diversidade de


propostas de instrumentos de avaliação (tabela 1) considerando o levantamento
realizado por Wigram, (2000); Wigram, Nygaard Pedersen, Bonde, (2002); Layman et al
(2002) (apud, SALOKIVI, 2012).

Nordoff & Robbins 1977 Response, relationship and musical


communicativeness
Bruscia 1982 Improvisation Assessment Profiles (IAPs)
1987
Bruscia 1987 Improvised music
Wells 1988 Emotionally disturbed adolescents
(song choice, composition and improvisation)
Goodman 1989 Music Therapy Assessment for Emotionally
Disturbed Children
Rajimaekers 1993 Diagnosis
Grant 1995 Cognitive, perceptual, motor and visual skills
Pavlicevic 1995 Musical interaction
Sikstrom & Skille 1995 Psychological function
Di Franco 1999 Sound-musical profiles
Lowey 2000 Music Psychotherapy Assessment
Layman, Hussey, Laing 2002 Music Therapy Assessment for Severally
Emotionally Disturbed Children
Baxter, Berghofer, Nelson , 2007 The Individualized Music Therapy Assessment
Peters, Roberts, MacEwan Profile [IMTAP] (for pediatric and adolescent
settings)
Tabela 1: Modelos de avaliação em Musicoterapia (Fonte: SALOKIVI, 2012)

As ferramentas encontradas pelos pesquisadores foram organizadas a partir da


finalidade e compreendem nove categorias: nome da ferramenta, abreviatura, fonte
original (autor/ano), clientela, idade indicada, configuração, finalidade, método de
coleta de dados, apresentação de características e comportamentos. (Anexo I)
Para o trabalho com: autistas e deficiências no desenvolvimento e aprendizagem,
quatorze (14); crianças em tratamento de musicoterapia, uma (1); Proteção Infantil:
famílias em risco, uma (1); Desordens da consciência, uma (1); Geriatria e demência,
quatro (4); Hospital Psiquiátrico, uma (1); Hospital, uma (1); Saúde Mental, seis (6);
reabilitação física, uma (1); Necessidades especiais, três (3).
Também cabem destaque, as ferramentas
Karina Ferrrari 2007 ERI Escalas de relações musicais
Juanita Eslava-Mejía 2017 Attention Profile in Music Therapy assessment
tool (APMT)

2 .1 CONSTRUÇÕES BRASILEIRAS OU TRABALHOS DE TRADUÇÃO E


VALIDAÇÃO PARA USO EM LINGUA PORTUGUESA.

Alexandre Mauat da Silva 2012 Tradução para o português brasileiro e


validação da escala Individualized Music
Therapy Assessment Profile (IMTAP) para uso
no Brasil,
Renato Sampaio 2015 Avaliação da sincronia rítmica

Veronica Magalhaes 2015 Desenvolvimento de um instrumento de


avaliação da capacidade atencional em
portadores de esclerose tuberosa através de
princípios de atenção conjunta e de
musicoterapia.
Gustavo Schulz Gattino , 2016 Tradução, adaptação transcultural e
Karina Daniela Ferrari , evidências de validade da escala
Graciane Azevedo, Felipe de improvisation assessment profiles (IAPs)
Souza, Flavia Christine Dal
Pizzol, Daniel da Conceição
Santana
Gustavo Schulz Gattino 2016 Tradução para o português da Individual
Music Centered Assessment Profile for
Neurodevelopmental Disorders (IMCAM-ND)
Aline Moreira André 2017 Tradução e Validação da Escala Nordoff
Robbins de Comunicabilidade Musical
Gustavo Schulz Gattino , 2017 Tradução para o português brasileiro e adaptação
Graciane Azevedo, Felipe de transcultural da escala Music in Everyday Life (MEL)
Souza ;

2.2 IMPROVISATION ASSESSMENT PROFILES (IAPS) PERFIL DE AVALIAÇÃO DE


IMPROVISAÇÃO
Esta ferramenta, construída por Kenneth Bruscia (1982, 1987) foi resultado de
anos de trabalho e atualização para ser aplicada às experiências de improvisação
musical em musicoterapia com distintas populações. Inicialmente teve como bases
orientações da psicanálise, da teoria existência, da Gestalt e programação
nerolinguìstica. No início do século XXI, defendeu as fontes de significados como
fundamentais: “a ordem implícita do próprio universo (fonte primária) e nossos próprios
encontros com a ordem implícita (fonte secundária).” (GATTINO, et al. 2016, p.95).
Foi apresentada à comunidade brasileira pelo próprio autor em um curso
promovido pelo Conservatório Brasileiro de Música na década de 90 com material
traduzido.
Gattino e colaboradores (2016) publicam na Revista brasileira da Musicoterapia o
artigo com a Tradução, adaptação transcultural e evidências de validade da escala
improvisation assessment profiles (IAPs) para uso no Brasil.

Mecanismo de aplicação

Os IAPs podem ser aplicados como uma bateria global de avaliação ou


separadamente conforme a necessidade do paciente. São necessárias 3 etapas para
aplicação
1. Observação clínica da improvisação do paciente em diversas condições,
2. Análise musical da improvisação e;
3. Interpretação da informação.

O paciente deve improvisar por diferentes condições de estimulação: musical e


interpessoal, com e sem referência a uma fantasia ou tema musical específico. Quando
possível, se pede ao paciente que verbalize suas reações após a sua improvisação.
As improvisações musicais estão centradas em 6 perfis e cada um está centrado
num processo musical particular. Cada perfil proporciona critérios específicos para
analisar a improvisação. (GATTINO et.al, 2016)
A descrição dos IAPs pode ser realizada por meio qualitativos (onde os perfis e
as variáveis são descritas através de um relato) ou de formas quantitativas (onde se
analisa a frequência e a duração dos fenômenos discutidos nas variáveis e nos perfis).
A ferramenta pode ser aplicada considerando três demandas:
1. Exploração um novo material: o paciente improvisa de acordo com as
diferentes possibilidades para se obter mais informações a seu respeito;
2.Verificação da confiabilidade: avalia o paciente segundo as mesmas
condições de improvisação para verificar se as tendências observadas
anteriormente estão ligadas a qualquer elemento musical específico. Ela
também avalia alguns elementos que se mantém ou que se modificam ao
longo das improvisações;
3.Verificação da validade: tem o objetivo de olhar se a interpretação de um
determinado construto ou característica está sendo bem realizada. O
paciente improvisa em condições diferentes para avaliar a generalização
dos resultados encontrados para a característica ou construção em estudo.
(GATTINO et al, 2016, p.95).

Para a aplicação, deve-se levar em conta que


O foco da escala é proporcionar ao terapeuta uma percepção do paciente
que facilite o processo terapêutico. A escala também pode auxiliar na
tomada de decisões ou distinções diagnósticas, bem como a compreensão
de fatores etiológicos. Cabe salientar que as interpretações projetivas e as
explicações teóricas sobre o paciente devem ser consideradas como
hipóteses de trabalho pertencentes ao terapeuta, mais do que verdades do
paciente. (GATTINO et al, 2016, p.96).

O terapeuta escolhe o seu instrumento de acordo com o propósito do


exercício da improvisação. Pode-se inclusive pedir ao paciente que escolha
o instrumento musical do terapeuta. É importante que a escolha dos
instrumentos possa ser percebida na gravação auditiva da sessão e
diferencie o paciente do terapeuta. Antes de aplicar os IAPs, o terapeuta
pode coletar informações sobre a história de vida e história clínica do
paciente para saber o que analisar e quais elementos que podem afetar a
improvisação. Cabe salientar que as situações de improvisação devem ser
programadas e as primeiras improvisações devem oferecer situações não
ameaçadoras.
Nas improvisações seguintes, o terapeuta pode oferecer diversas
situações estimulantes e trabalhar com os temas que surgem (GATTINO
et al, 2016, p.96).

Os seis perfis apresentados nos IAPs são:


Saliência: é uma descrição feita sobre quais elementos musicais são predominantes e
influentes sobre os restantes;
Tensão: quanta tensão é criada dentro e através de aspectos variados da música;
Autonomia: relações de papéis que o paciente estabelece ao improvisar com um parceiro
ou em grupo;
Variabilidade: analisa como estão organizados e relacionados os aspectos sequenciais da
música;
Integração: a organização dos aspectos musicais simultâneos;
Congruência: uma descrição composta por estados emocionais simultâneos entre os
vários elementos e partes
Os critérios para a classificação de um perfil são definidos por cinco
parâmetros - organizados por cinco gradientes (níveis) distintos em relação
à qualidade do item avaliado. Bruscia explica que os três gradientes centrais
estão dentro do âmbito normal ou usual da expressão musical. Quanto
mais próximo dos extremos, mais patológica pode ser a forma de utilizar
um determinado elemento (GATTINO et al, 2016, p.98).

Perfil Saliencia
Submisso Concordante Contributivo Controlador Opressivo

Perfil Tensão
Hiportenso Calmo Cíclico Tenso Hipertenso

Perfil Autonomia
Dependente Seguidor Companheiro Lider Independente

Perfil Variabilidade
Rígido Estável Variável Contratante Aleatório

Perfil Integração
Indiferenciado Fusionado Integrado Diferenciado Super
Diferenciado

Perfil Congruência
Não Congruente Centrado Incongruente Polarizado
comprometido

Para a análise construída através da observação são consideras algumas variáveis de


rítmica, tonalidade e textura, volume, timbre e situação.

 As variáveis rítmicas englobam os componentes de pulso, tempo, subdivisões


métricas e de padrões rítmicos e podem ser analisadas de acordo com as relações
de figura-fundo ou parte-todo;
 As variáveis tonais se referem aos componentes da modalidade (escala),
tonalidade, harmonia e melodia e podem ser analisadas de acordo com as relações
figura-fundo e parte-todo;
 As variáveis de textura se referem à textura global da improvisação, registro de
timbre, configuração vocal, papel musical de cada parte e fraseio;
 As variáveis de volume se referem à intensidade ou massa sonora, ou a que
normalmente se denomina “dinâmica”;
 A escala de timbre se refere à qualidade sonora, ao ataque, à ressonância e à
instrumentação;
 A variável física está relacionada com a ação motora e com os diferentes usos
expressivos do corpo;
 A variável situacional está relacionada com as letras, história, o programa, a reação
verbal e a relação interpessoal associada à improvisação. (GATTINO et al, 2016,
p.99, 100).

Os passos para a composição da análise são:


1 - Selecionar o centro da relação: qual tipo de relacionamento intramusical,
intermusical, intrapessoal ou interpessoal;

2 - Impressão geral da improvisação: ouvir a peça em sua totalidade, e obter uma


impressão geral sobre que elementos lhe formam o caráter;

3 - Decidir pela escolha de variáveis ou perfis: é determinar a estrutura geral de


improvisação. A estrutura é importante, pois determina a análise, unidade ou
dimensão mais adequada;

4 - Definir unidades estruturais (estudo da forma e análise musical);

5 - Analisar a improvisação propriamente dita;

6 - Integração dos dados: integrar análise dos dados não musicais da


improvisação. Estes dados consistem em reações verbais do paciente à
improvisação e de notas finais de observação.

A aplicação desta ferramenta oferece resultados consistentes do contexto da


improvisação musical no setting. É uma ferramenta trabalhosa, exigente. É também
flexível e permite a seleção de um perfil dependendo da demanda da pessoa atendida.
A análise do material pode ser detalhada ou direta.

2.3 INDIVIDUALIZED MUSIC THERAPY ASSESSMENT PROFILE (IMTAP) 3


BAXTER et al 2007 (ANEXO II) PERFIL INDIVIDUAL DE AVALIAÇÃO EM
MUSICOTERAPIA

Esta ferramenta publicada na forma de livro com um software foi composta por
uma equipe de seis musicoterapeutas norte americanos motivados pela diversidade
das demandas das crianças que atendiam pela diversidade das demandas das crianças
que atendiam e a forma de registro de dados quantitativos musicais e não musicais.
Também buscavam uma forma de apresentar os resultados em uma linguagem
terapêutica comum não apenas na área clinica como também para pais e demais
profissionais da saúde.
Para a construção os autores tiveram por base a musicoterapia, fonoaudiologia,
desenvolvimento infantil, terapia ocupacional, Educação Pré-escolar e necessidades
identificadas na prática clinica.
É uma ferramenta específica para aplicação no trabalho musicoterapêutico e
por musicoterapeutas ou estudantes supervisionados que tenham o livro original.
Indicada ao trabalho com crianças e adolescentes é composta por dez (10)
domínios e trezentos e setenta e quatro (374) itens. Cada domínio apresenta uma

3
Para acessar a ferramenta na íntegra
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/61729/000865705.pdf
estrutura de “fundamentos” e “subdomínios”. Nos fundamentos são elencados
aspectos gerais dentro do domínio e nos subdomínios são colocados itens que fazem
referencia ao subdomínio. Os subdomínios podem ser indicados como não avaliados.
Os itens por sua vez só não são preenchidos na totalidade se o subdomínio for
marcado como não avaliado (NA).
Estes dez domínios na forma de tabelas registram diferentes capacidades:
musicalidade, comunicação expressiva, comunicação receptiva/percepção auditiva,
interação social, motricidade ampla, motricidade fina, motricidade oral, cognição,
habilidade emocional e habilidade sensorial. (BAXTER, et al., 2007 apud, SILVA, 2012
p. 19). Essa ferramenta de avaliação específica da Musicoterapia com aplicação por
princípios relacionais e não conducionistas. Os dez (10) domínios não precisam ser
todos preenchidos.
A aplicação da ferramenta inclui nove (9) etapas:
1 - formulário clínico, os responsáveis pela criança atendida respondem um
questionário que envolve nove (9) domínios.
2 - folha de rosto: onde é registrado o resumo do formulário clínico;
3 - Formulário de contorno da sessão;
4 – Coleta de dados: por estimativa (trabalho clínico) ou por pontos (pesquisa)
5 – Cálculo do escore final;
6 – revisão das habilidades de domínios cruzados;
7 – folha de resumo;
8 – metas e objetivos;
9 –gráfico: gerado pelo software
O preenchimento envolve a apreciação do vídeo do atendimento para a
marcação na tabela considerando o sistema NRIC – Nunca, Raramente, Inconsistente e
Consistente. O musicoterapeuta preenche por estimativa ou pontos.

Numeração
vinculada à
complexidade
da tarefa
Total de
Ao final de cada tabela está o resumo do domínio: pontos por
subdomínio

A utilização desta ferramenta pode seguir um protocolo de aplicação de modo


que as experiências musicais contemplem todos os itens descritos na tabela.
Das ferramentas de avaliação traduzidas para o português está foi usada em:

 Pesquisa Stricto Sensu de musicoterapeutas (SILVA, 2012 e 2017; ORTEGA, 2015;


ARAUJO, 2015; COVRE,2015) e Iniciação Científica (COSTA, 2017);
 pesquisa de trabalho de conclusão de curso de outros profissionais, e o
musicoterapeuta como parte da equipe (MARIATH, 2013);
 Prática clínica de musicoterapeuta em equipe multiprofissional (SANTANA, et
al.2015)(PIAZZETTA, et al, 2018)

Título Autor(es) Publicação/conte Como usou a IMTAP, Modo de avaliação;


xto domínios.
Tradução para o Alexandre Mauat da Dissertação de  Preenchimento do sistema NRIC por
português e validação da Silva Mestrado pontos;
escala para uso no Brasil UFRGS  Elaboração de protocolo;
Musicoterapeuta 2012  Amostra com crianças típicas e com TEA;
 Analisados domínios musicalidade e
comunicação expressiva
Estudo de associação Luiza Monteavaro TCC apresentado  Avaliação Musical;
entre variantes nos Mariath para conclusão do  A avaliação do IMTAP é feita de maneira
genes AVPR1A, SLC6A4, Lavínia Schüler Bacharelado em objetiva é baseada no número de vezes
ITGB3, COMT, DRD2 e Faccini Biotecnologia que as habilidades descritas acima são
DRD4 e musicalidade em Jaqueline Bohrer UFRGS 2013
exibidas;
uma amostra de Scuch
escolares de Porto  Domínio musicalidade;
Alegre, RS Genética  Um protocolo estruturado de atividades
Saúde da criança musicais;
 Escolares de Porto Alegre.

Os efeitos da Igor Ortega Dissertação de  Usou IMTAP com protocolo específico


musicoterapia através do Rodrigues mestrado de atividades; Modo de avaliação
software Cromotmusic UFRGS quantitativa, apresentou gráficos
em aspectos sensoriais, 2015 com resultados numérico
emocionais e musicais de musicoterapeuta (estimativas).
crianças e jovens surdos:  Os domínios Musicalidade
ensaio controlado (fundamentos, andamento, dinâmica
randomizado e criatividade/desenvolvimento de
ideias musicais),
 Sensorial (fundamentos, tátil,
proprioceptivo, visual e sensorial
geral);
 Emocional (fundamentos,
diferenciação/expressão emocional
total);
 Crianças surdas.
Os efeitos da Gustavo Andrade de Tese de  Modo de avaliação quantitativa,
musicoterapia na Araujo Doutorado apresentou gráficos com resultados
memória não UFRGS numérico (estimativas);
declarativa de 2015  O domínio Cognitivo, em sua
crianças com musicoterapeuta totalidade. Pré e pós tratamento;
síndrome do álcool  Não usaram protocolo;
fetal e com síndrome  Síndrome do álcool fetal e síndrome
de Williams de Williams
Contribuições da Josiane Covre et al. Dissertação de  domínios musicalidade (fundamentos),
Musicoterapia para a Mestrado 2015 comunicação receptiva e comunicação
comunicação de crianças musicoterapeuta expressiva;
com alterações da
 Crianças típicas;
linguagem
 realização de um protocolo de
atendimentos.

A experiência do uso Allana G. M. Santana Revista Brasileira  Organizado um protocolo de


da escala , Fabiane M. Shimoze de Musicoterapia atividades musicais;
individualized music , Clara Y. Ikuta - Ano XVII n° 19  domínios: motricidade ampla,
therapy assessment ANO 2015. comunicação receptiva/percepção
profile (imtap) em musicoterapeutas
pacientes com auditiva, cognição e musicalidade;
paralisia cerebral  Crianças com paralisia cerebral.

A aplicação da escala Gustavo Henrique Artigo em anais  Modo de avaliação quantitativa,


individualized music Costa et al. de evento de apresentou gráficos com resultados
therapy assessment Iniciação numérico (estimativas);
profile (IMTAP) no Estudante de Científica 2017  Domínio musicalidade;
trabalho da musicoterapia  Crianças com TEA;
musicoterapia
reconhecimento da  Sem protocolo de atividades.
musicalidade
Reprodutibilidade e Alexandre Mauat da Tese de  Preenchimento do sistema NRIC por
Validade Discriminante Silva et al. doutorado 2017 estimativa;
dos domínios Social e de  Avaliação de sessões preexistentes;
Comunicação Expressiva musicoterapeuta  domínios social e comunicação
da escala IMTAP aplicada
expressiva;
a crianças e adolescentes
com Transtornos do  Sem protocolo;
Espectro do Autismo e  Crianças com desenvolvimento típico
com desenvolvimento e adolescentes com TEA
típico 
Pesquisa em genética Luiza Monteavaro Genet Mol. Biol.  Avaliação Musical;
musical: associação Mariath et al. vol.40 no.2  A avaliação do IMTAP é feita de maneira
com musicalidade de um Ribeirão Preto objetiva é baseada no número de vezes
polimorfismo no Equipe abril / junho 2017 que as habilidades descritas acima são
gene AVPR1A* multiprofissional Epub 22 de maio
exibidas;
Com de 2017
musicoterapeutas  Domínio musicalidade;
 Um protocolo estruturado de atividades
musicais;
 Escolares de Porto Alegre.
Tabela 2 Aplicação da Ferramenta IMTAP por pesquisadores brasileiros (fonte PIAZZETTA et al
2018)

2.4 INDIVIDUAL MUSIC-CENTERED ASSESSMENT PROFILE FOR


NEURODEVELOMENTAL DISORDERS – IMCAP-ND – Carpente (2013) (ANEXO
III) PERFIL DE AVALIAÇÃO INDIVIDUAL MUSICO-CENTRADA DOS TRANSTORNOS DO
NEURODESENVOLVIMENTO

Diferente das ferramentas anteriores, a IMCAP-ND está vinculada à prática da


Musicoterapia Músico-Centrada e a técnica Floortime TM (GREENSPAN, 1992).“É uma
avaliação sustentada por critérios de interação musical, comunicação, cognição e
percepção, e pela capacidade de respostas dentro do fazer musical para pessoas com
transtornos do neurodesenvolvimento” (CARPENT, 2013, p1)
Diferencia-se das ferramentas criadas por musicoterapeutas ao ter sido
projetada para “fornecer ao musicoterapeuta um método para analisar e avaliar os
recursos musicais, pontos fortes, desafios e a capacidade de respostas geral de um
cliente (preferência, eficiência e auto-regulação, por exemplo)” (CARPENT, 2013, p1).
Deste modo, é um método para observar, ouvir e classificar as respostas
musicais-emocionais, de cognição e percepção, bem como as preferências e a
eficiência. Volta-se para como um cliente percebe, interpreta e cria música com o
terapeuta.
Assim é uma ferramenta que pode ser usada para nortear o processo em
andamento de sessão a sessão.
Para sua administração o terapeuta improvisa experiências musicais para
envolver o cliente em respostas-musicais-alvo que são relevantes para os transtornos
do neurodesenvolvimento.
A ferramenta incLui três escalas:
I – Escala de avaliação musical-emocional -MEARS
II- Escala de Avaliação Musical-Cognitiva/Perceptiva – MCPS
III – Escala de Avaliação da capacidade de resposta musical – RM
O primeiro passo, para aplicação da ferramenta é coletar dados históricos e
relatos dos cuidadores sobre a rotina do cliente. Pode incluir relatórios de outros
terapeutas e educadores.
O foco principal do terapeuta é envolver o cliente em uma grande variedade de
interações musicais, tudo dentro do contexto do jogo musical. Deve levar em conta:
O formato da sessão: trabalhos individuais, duração de até trinta(30) minutos, as
experiências são geralmente lideradas e direcionadas pelo cliente, o que quer dizer
que as experiências musicais oferecidas pelo musicoterapeuta são baseadas em como
o cliente está respondendo e reagindo a essas experiências;
Os meios musicais: instrumentais; vocal; com movimento;
O jogo musical: o jogo musical é o coração da IMCAP-ND oferece ao cliente
oportunidades criativas e relacionais. É definido como uma forma de interação que
envolve dois ou mais participantes envolvidos em fazer música co-ativamente.
John Carpente veio ao Brasil no ano de 2016 para um curso de apresentação da
ferramenta traduzida para o Portugues. Diferente das ferramentas anteriores
traduzidas e validadas para o português, a IMCAP-ND, no processo de tradução, não
passou pela validação psicométrica.

3. REFERENCIAS

CARPENTE, J. Individual Music-Centered Assessment Profile for Neurodevelomental


Disorders – IMCAP-ND Manual de aplicação. Regina Publishers: Horth Baldwin, 2013.
Trad GATTINO, G. (2016)

CRIPPS, C., TSIRIS, G., & SPIRO, N. (Eds.). Outcome measures in music therapy: A
resource developed by the Nordoff Robbins research team. London: Nordoff Robbins.
2016. Available at: www.nordoff-robbins.org.uk.

GATTINO, G. et al. Tradução, adaptação transcultural e evidências de validade da


escala improvisation assessment profiles (IAPs) para uso no Brasil: parte 1. IN REVISTA
BRASILEIRA DE MUSICOTERAPIA - Ano XVIII n° 20 ANO 2016. (p.92-116)

GATTINO, G. et al. Tradução, adaptação transcultural e evidências de validade da


escala improvisation assessment profiles (IAPs) para uso no Brasil: parte 2. IN REVISTA
BRASILEIRA DE MUSICOTERAPIA - Ano XVIII n° 20 ANO 2016. (p.92-116)
GATTINO, G.; AZEVEDO, G. T.; SOUZA, F. Tradução para o português brasileiro e adaptação
transcultural da escala Music in Everyday Life (MEL) para uso no Brasil. In Revista Brasileira de
Musicoterapia - Ano XIX - ED. ESPECIAL - ANO 2017 (p. 165-172)

PIAZZETTA, C.; PISMEL, M.; TOMASELLI, T; MAUAT, A. Aplicação da versão brasileira da


Individualized Music Therapy Assessment Profile - IMTAP. In ANAIS DO XVI SIMPÓSIO
BRASILEIRO DE MUSICOTERAPIA e XVIII ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM
MUSICOTERAPIA. Terezina: 2018

SALOKIVI, M.. The Individualized Music Therapy Assessment Profile as an initial


assessment tool of socialemotional functioning. Department of Music Faculty of
Humanities University of Jyväskylä Finland, 2012 – Disponível em:
<https://jyx.jyu.fi/dspace/bitstream/handle/123456789/40439/URN:NBN:fi:jyu-
201211273079.pdf?sequence=1> Aceso em 24 de abril de 2017.

SILVA, A. M. Tradução Para o Português Brasileiro e Validação da Escala


IndividualizedMusicTherapyAssessmentProfile (IMTAP) Para Uso no Brasil.
DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO DA CRIANÇA E
ADOLESCENTE DA UFRGS, Porto Alegre: 2012.

WOSCH, T; Wigram; WIGRAM Tony. Micro analisis in music therapy Methods.


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http://www.revistademusicoterapia.mus.br/wp-content/uploads/2019/03/2-musicoterapia-
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