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Organização e realização,
Associação de Musicoterapia
do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
Abril 2019
1 - AMBIENTAÇÃO
A experiência musical, que cada pessoa tem com a música, de modo
compartilhado no setting é uma das singularidades da musicoterapia. Como os
musicoterapeutas e as pessoas atendidas em musicoterapia constroem as sonoridades
durante os atendimentos, delimitam o entendimento da atuação do Musicoterapeuta
frente aos diversos usos da música na saúde, educação e integração social.
Na complexidade do entendimento e identificação dos aspectos terapêuticos
da música presentes nas experiências musicais, fundamentam-se as construções das
ferramentas de avaliação. Seja para compor os documentos do tratamento, a
avaliação inicial, testificação; seja para o entendimento do andamento do processo.
Estes dois momentos são contemplados com as palavras em inglês assessment e
evaluation respectivamente.
No contexto teórico da musicoterapia brasileira, nascida no século XX nas
décadas de setenta, oitenta, com apoio do Dr Rolando Benenzon e de seu modelo de
musicoterapia, a forma de compreender o complexo som ser humano som por meio da
testificação musical da ficha musicoterapêutica (BENENZON, 1984) foi o primeiro
contato dos musicoterapeutas brasileiros com a necessidade de se compreender o
enquadre do paciente. A ideia de avaliação, como foi construída neste espaço de
tempo até os dias de hoje, busca cada vez mais identificar evidências, ou evidenciar
aspectos cognitivos musicais importantes para o desenvolvimento humano.
O contexto de avaliação está presente em todas as práticas de trabalhos
processuais. Pode ser apresentado por “palavras diferentes de acordo com a
finalidade: resultados, avaliação, medida” (CRIPPS et.al, 2016)1. Avaliar é determinar o
valor de algo, compreender, apreciar, prezar 2. Segundo Chase, 2002; Hanser, 1999;
Schmidt Peters, 2000 (apud SALOKIVI 2012) avaliação é uma parte essencial e
sistemática da prática clínica e ajuda o terapeuta a conhecer as necessidades do
cliente e depois planejar as intervenções influentes. A avaliação revela algo sobre a
natureza dos pontos fortes e fracos do cliente nas áreas musical e não musical. A
avaliação pode envolver testes padronizados ou pode ser baseada em observações ou
a combinação de ambos. O processo de avaliação inclui também outras fontes de
informação, por exemplo, entrevistas e informações de base.
Cripps e colaboradores (2016) trazem o tema da “medida dos resultados” como
“relevantes para avaliar ou comparar o funcionamento, os sintomas ou as
características de uma pessoa quando participam de um tratamento ou terapia”.
Definem uma medida como “uma ferramenta que pode ser usada em três períodos do
tratamento ou processo terapêutico” antes, durante e depois. (Cripps, et al, 2016):
1
https://www.nordoff-robbins.org.uk/sites/default/files/outcome_measures_-_online_version_0.pdf
2
Avaliar – dicionário Priberam https://dicionario.priberam.org/avaliar
no final ou após o término da terapia (muitas vezes referida como
avaliação dos resultados).
Medições durante os dois últimos períodos de tempo são freqüentemente usadas
para detectar mudanças em comparação com a avaliação inicial. As medidas são
muitas vezes referidas como "medidas de avaliação" (por exemplo, Miller, 2014) ou
"medidas de resultados" (por exemplo, MacKeith, Burns & Lindeck, 2011) e as
mesmas medidas podem ser usadas para ambos os fins. (CRIPPS et.al, 2016, p.5)
Bruscia (2000, 2016) apresenta este tema com mais detalhes na terceira edição
ao considerar avaliação diagnóstica e avaliação do tratamento relacionando à
experiência de cada pessoa com a música,
Sendo assim, a avaliação sempre esteve presente nas diferentes maneiras de práticas
da musicoterapia. A seguir estão listadas ferramentas de avaliação seus autores e o ano.
2 - INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
Mecanismo de aplicação
Perfil Saliencia
Submisso Concordante Contributivo Controlador Opressivo
Perfil Tensão
Hiportenso Calmo Cíclico Tenso Hipertenso
Perfil Autonomia
Dependente Seguidor Companheiro Lider Independente
Perfil Variabilidade
Rígido Estável Variável Contratante Aleatório
Perfil Integração
Indiferenciado Fusionado Integrado Diferenciado Super
Diferenciado
Perfil Congruência
Não Congruente Centrado Incongruente Polarizado
comprometido
Esta ferramenta publicada na forma de livro com um software foi composta por
uma equipe de seis musicoterapeutas norte americanos motivados pela diversidade
das demandas das crianças que atendiam pela diversidade das demandas das crianças
que atendiam e a forma de registro de dados quantitativos musicais e não musicais.
Também buscavam uma forma de apresentar os resultados em uma linguagem
terapêutica comum não apenas na área clinica como também para pais e demais
profissionais da saúde.
Para a construção os autores tiveram por base a musicoterapia, fonoaudiologia,
desenvolvimento infantil, terapia ocupacional, Educação Pré-escolar e necessidades
identificadas na prática clinica.
É uma ferramenta específica para aplicação no trabalho musicoterapêutico e
por musicoterapeutas ou estudantes supervisionados que tenham o livro original.
Indicada ao trabalho com crianças e adolescentes é composta por dez (10)
domínios e trezentos e setenta e quatro (374) itens. Cada domínio apresenta uma
3
Para acessar a ferramenta na íntegra
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/61729/000865705.pdf
estrutura de “fundamentos” e “subdomínios”. Nos fundamentos são elencados
aspectos gerais dentro do domínio e nos subdomínios são colocados itens que fazem
referencia ao subdomínio. Os subdomínios podem ser indicados como não avaliados.
Os itens por sua vez só não são preenchidos na totalidade se o subdomínio for
marcado como não avaliado (NA).
Estes dez domínios na forma de tabelas registram diferentes capacidades:
musicalidade, comunicação expressiva, comunicação receptiva/percepção auditiva,
interação social, motricidade ampla, motricidade fina, motricidade oral, cognição,
habilidade emocional e habilidade sensorial. (BAXTER, et al., 2007 apud, SILVA, 2012
p. 19). Essa ferramenta de avaliação específica da Musicoterapia com aplicação por
princípios relacionais e não conducionistas. Os dez (10) domínios não precisam ser
todos preenchidos.
A aplicação da ferramenta inclui nove (9) etapas:
1 - formulário clínico, os responsáveis pela criança atendida respondem um
questionário que envolve nove (9) domínios.
2 - folha de rosto: onde é registrado o resumo do formulário clínico;
3 - Formulário de contorno da sessão;
4 – Coleta de dados: por estimativa (trabalho clínico) ou por pontos (pesquisa)
5 – Cálculo do escore final;
6 – revisão das habilidades de domínios cruzados;
7 – folha de resumo;
8 – metas e objetivos;
9 –gráfico: gerado pelo software
O preenchimento envolve a apreciação do vídeo do atendimento para a
marcação na tabela considerando o sistema NRIC – Nunca, Raramente, Inconsistente e
Consistente. O musicoterapeuta preenche por estimativa ou pontos.
Numeração
vinculada à
complexidade
da tarefa
Total de
Ao final de cada tabela está o resumo do domínio: pontos por
subdomínio
3. REFERENCIAS
CRIPPS, C., TSIRIS, G., & SPIRO, N. (Eds.). Outcome measures in music therapy: A
resource developed by the Nordoff Robbins research team. London: Nordoff Robbins.
2016. Available at: www.nordoff-robbins.org.uk.
http://www.revistademusicoterapia.mus.br/wp-content/uploads/2019/03/2-musicoterapia-
autismo-e-escala-de-comunicabilidade-musical-um-estudo-de-caso.pdf