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A Terapia Analítica Comportamental (TAC) é uma abordagem terapêutica

baseada nos princípios filosóficos, metodológicos e conceituais da Análise do


Comportamento (AC), cujo objetivo é promover mudança de comportamento por
meio da modificação das contingências, utilizando como instrumento fundamental a
análise funcional, por meio de um processo individualizado, mediado por um
terapeuta que atua como audiência não punitiva (COSTA, 2011).
Na primeira metade do século XX as terapias comportamentais foram
marcadas majoritariamente por duas formas de atuar no cenário internacional: 1)
aplicação do conhecimento do condicionamento respondente nos consultórios
clínicos para tratar principalmente transtorno de ansiedade, isto é, a terapia
comportamental 2) e a aplicação de princípios operantes em ambientes institucionais
que visavam a alteração de determinados comportamentos, prática conhecida cimo
modificação do comportamento (LEONARDI, 2015). Posteriormente no final da
década de 1960, o otimismo de diversos terapeutas pela objetividade e pelo
embasamento empírico, aliado a insatisfação pela teoria behaviorista propiciou o
nascimento e desenvolvimento das teorias cognitivas, que também utilizavam das
técnicas comportamentais (BARBOSA; BORBA, 2010). No Brasil, contudo, a prática
de uma psicologia externalista sempre foi fomentada baseada na análise
skinneriana, ao contrário do cenário internacional, que resgatou essa prática como
crítica ao internalismo (VANDENBERGHE, 2011).
Devido ao aumento e variação de práticas consideradas comportamentais, e
a adoção da terminologia pela psicologia cognitivista, Tourinho e Cavalcante (2001)
propuseram o uso da terminologia “analítico comportamental” para diferenciar a
prática baseada na análise do comportamento das demais no âmbito clínico. Essa
terminologia foi aderida pelos profissionais que já atuavam com a clínica baseada
nos princípios da AC e perdura até os dias atuais (LEONARDI, 2015). Apesar da
popularidade da TAC, Candido e Ferreira (2022), apontam que não existe um
consenso quanto aos objetivos da abordagem, no entanto, em sua maioria, apontam
para a ampliação do repertório comportamental, promoção de autoconhecimento e
instituição de relações mais reforçadoras. Sendo que a ferramenta de trabalho
utilizada é a análise funcional, a qual é planejada de maneira individual, visto que
cada pessoa é única em sua história e relação com o mundo a sua volta.
O processo clínico analítico-comportamental enfoca a análise de
contingências como a ferramenta teórico-prática central do profissional. A análise de
contingências é uma abordagem que guia a avaliação e intervenção no
comportamento do cliente, enquanto a avaliação funcional é parte dessa prática,
consistindo na coleta de dados, seleção e operacionalização de comportamentos-
alvo, aplicação de intervenções e avaliação contínua. A intervenção é a utilização de
estratégias para alterar o comportamento do cliente, que pode incluir técnicas
conhecidas.
Outro aspecto a ser considerado é a importância da relação entre o cliente e o
terapeuta no processo da terapia analítico-comportamental. Skinner (1978) já
destacava como o terapeuta pode se tornar um reforçador para o cliente ao mostrar
capacidade de modificar seu sofrimento, postulando, então, o estabelecimento de
uma relação reforçadora como fundamental para a efetividade da terapia.
A partir da queixa inicial do cliente, o terapeuta busca favorecer a
permanência do cliente na terapia e reduzir o sofrimento inicial. A coleta de dados é
essencial para compreender as variáveis que influenciam o comportamento do
cliente. O terapeuta compartilha sua visão inicial do caso com o cliente e juntos
definem metas terapêuticas. A seleção e implementação das estratégias
terapêuticas são baseadas nos objetivos estabelecidos.
Em conclusão, A Terapia Analítica Comportamental (TAC) é uma abordagem
terapêutica baseada nos princípios da Análise do Comportamento (AC), visando
promover mudanças de comportamento através da análise funcional e modificação
de contingências. A relação terapeuta-cliente é essencial, criando um ambiente
reforçador e permitindo a livre expressão do cliente. Através da análise de
contingências e da avaliação funcional, o terapeuta guia a intervenção e promove
transformações positivas e duradouras na vida dos clientes. A TAC se destaca como
uma poderosa ferramenta de mudança comportamental.
COSTA, N. O surgimento de diferentes denominações para a Terapia
Comportamental no Brasil. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e
Cognitiva, [S. l.], v. 13, n. 2, p. 46–57, 2011. DOI: 10.31505/rbtcc.v13i2.453. Acesso
em: 26 jul. 2023.
LEONARDI, J. L. O lugar da terapia analítico-comportamental no cenário
internacional das terapias comportamentais: um panorama histórico. Perspectivas
em Análise do Comportamento, [S. l.], v. 6, n. 2, p. 119–131, 2017. DOI:
10.18761/pac.2015.027. Acesso em: 26 jul. 2023.
BARBOSA, J. I. C.; BORBA, A. O surgimento das terapias
cognitivocomportamentais e suas consequências para o desenvolvimento de uma
abordagem clínica analítico-comportamental dos eventos privados. Revista Brasileira
de Terapia Comportamental e Cognitiva, [S. l.], v. 12, n. 1/2, p. 60–79, 2010. DOI:
10.31505/rbtcc.v12i1/2.416. Disponível em:
https://rbtcc.com.br/RBTCC/article/view/416. Acesso em: 26 jul. 2023.
VANDENBERGHE, Luc. Terceira onda e terapia analítico-comportamental:
Um casamento acertado ou companheiros de cama estranhos. Boletim Contexto, v.
34, p. 33-41, 2011.
Tourinho, E. Z. & Cavalcante, S. N. (2001). Por que terapia analítico-
comportamental? ABPMC Contexto, 23, 10.
CÂNDIDO, Gabriel Vieira; DA SILVA FERREIRA, Tiago Alfredo. Terapia
Analítico-Comportamental: reflexões sobre a sistematização de uma prática. Acta
Comportamentalia: Revista Latina de Análisis de Comportamiento, v. 30, n. 1, p.
139-157, 2022.

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