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Revista Brasileira de

ISSN 1517-5545 Terapia Comportamental


2005, Vol. VII, nº 2, 231-245 e Cognitiva

Estabelecendo objetivos na prática clínica:


Quais caminhos seguir?
Establishing objectives in clinical practice: What directions to follow?

João Vicente de Sousa Marçal¹


IBAC - Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento
UniCEUB - Centro Universitário de Brasília

Resumo

Respostas diferentes ou incompatíveis sobre objetivos terapêuticos são encontradas mesmo entre
profissionais da abordagem analítico-comportamental. Alguns fatores contribuem para essas
divergências: a multideterminação do comportamento; a múltipla formação da terapia
comportamental; o surgimento recente da literatura clínica behaviorista radical; a análise a partir
do sujeito único; o fato de que o estabelecimento de objetivos é pouco explorado ou discutido na
literatura. Estabelecer objetivos na clínica exige uma boa interpretação dos processos
comportamentais envolvidos, orienta o terapeuta no processo de intervenção, favorece a
motivação do cliente para mudanças, fornece maior segurança ao terapeuta e cliente, e oferece
melhores parâmetros de avaliação da terapia. Este texto se propõe a estimular reflexões sobre o
direcionamento clínico dentro do referencial analítico-comportamental e apresenta algumas
análises que podem contribuir para minimizar divergências ou incompatibilidades. Casos clínicos
tratados na abordagem comportamental são utilizados para exemplificar diferentes
direcionamentos a partir dos mesmos dados.

Palavras-chave: Terapia comportamental; Behaviorismo; Análise comportamental clínica; Análise


do comportamento.

Abstract

Different or incompatible answers about therapeutic goals are found even among behavior
analysts professionals. Some factors may contribute to divergences: multidetermination of
behavior, multiple origins of behavior therapy, the recent rise of clinical behavior analytical
literature, the analysis of individual subject, the discussion of establishment of therapeutic
objectives is little explored in literature. Establishing objectives requires good interpretation of the
behavior process, gives the therapist directions for, helps client motivation for change, gives more
security to therapist and client and offers better parameters for therapeutic assessment. This work
intends to develop reflections about clinical directions in a behavior-analytic approach and
presents some analyses that can contribute to reduce divergences or incompatibilities. Clinical
cases treated in the behavioral approach are presented to exemplify different directions for the
same data.

Key-words: Behavior Therapy; Behaviorism; Behavior Clinical Analysis; Behavior Analysis.

¹Mestre em Psicologia pela UnB/DF; E-mail : jvmarcal@ibac.com.br

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João Vicente de Sousa Marçal

Pessoas buscam terapia motivadas por sofri- não possam ser bem-vindas. A idéia principal
mentos, insatisfações, sentimentos de inade- é suscitar questionamentos sobre o direciona-
quação, somatizações ou para entenderem mento terapêutico.
mais sobre si mesmas. Essas condições são
apresentadas clinicamente através de queixas Análise comportamental clínica
ou pistas indiretamente fornecidas pelo clien-
te (Kohlenberg & Tsai, 1991/2001). Baseados A Análise Comportamental Clínica2, também
nessas queixas os profissionais buscam obter freqüentemente nomeada como Terapia Ana-
mais informações e, a partir de um referencial lítico-Comportamental3, é um termo usado
teórico, fazem interpretações e estabelecem para se referir às propostas de intervenção clí-
formas de intervenção que julguem ser apro- nica que são baseadas nos princípios prove-
priadas. Este processo, no entanto, dificilmen- nientes da Análise Experimental do Compor-
te deixa de ocorrer sem o surgimento de algu- tamento e do Behaviorismo Radical de B. F.
mas indagações relevantes, comuns no traba- Skinner. Suas estratégias de intervenção estão
lho clínico. Por exemplo, o que seria melhor voltadas para o setting terapêutico, em que há
para o meu cliente? O que deve ocorrer para ênfase na análise operante do comportamento
que a sua vida melhore? Quais estratégias de verbal, na relação terapeuta-cliente e na
intervenção seriam mais eficazes? O que pode análise dos eventos privados sem, no entanto,
servir de parâmetro? Enfim, quais rumos perder o cunho externalista de causalidade.
seguir a partir das queixas? Entre alguns modelos clínicos baseados na
Embora estas questões possam ser pronta- Análise do Comportamento, destacam-se a
mente respondidas por terapeutas com boa Psicoterapia Analítica Funcional - FAP4
experiência clínica (e.g. Beckert, 2001), não se (Kohlenberg & Tsai, 1991/2001), a Terapia por
poderia assegurar que as mesmas seriam Contingências de Reforçamento (Guilhardi,
convergentes ou compatíveis, mesmo consi- 2004), a Terapia de Casal Integrativa IBCT5
derando profissionais da mesma abordagem. (Berns, Jacobson e Christensen, 2000), a Tera-
As divergências podem ocorrer entre terapeu- pia da Aceitação e do Compromisso - ACT6
tas comportamentais e, mais especificamente (Hayes, Strosahl e Wilson, 1999), a Terapia
falando, entre aqueles que trabalham dentro Comportamental Construcional (Vanden-
da Análise do Comportamento. Objetivos berghe, 2003) e a Terapia Comportamental
diferentes muitas vezes implicam em resulta- Dialética (Vandenberghe, 2003).
dos diferentes e, por vezes, incompatíveis. No behaviorismo radical, o comportamento é
Este artigo apresenta alguns aspectos que determinado e definido como interação orga-
contribuem para haver divergências quanto nismo-ambiente, tem função biológica adap-
ao estabelecimento de objetivos na prática tativa, é entendido dentro de um contexto e a
clínica comportamental, especificamente den- partir de relações funcionais - as contingên-
tro de um referencial analítico-comportamen- cias7 - e descreve um modelo selecionista de
tal, e propõe alguns critérios de análise que causalidade, abrangendo a história da espécie,
poderiam minimizá-las. Não se pretende com do indivíduo e da cultura (Baum, 1999; Chie-
isso eliminar a tão necessária variabilidade no sa, 1994; Dougher & Hayes, 2000; Skinner,
raciocínio clínico e nem indicar que diferenças 1981; Todorov, 1981). Esta filosofia também
2Clinical Behavior Analysis. Esta expressão também tem sido traduzida como Análise Clínica do Comportamento (e.g. Vandenberghe,
2001).
3Para saber mais sobre o assunto, sugiro o texto de Tourinho e Cavalcante (2001) intitulado Por que a terapia Analítico-Comportamental?
4Functional Analytic Psychoterapy
.
5Integrative Behavioral Couple Therapy.
6Acceptance and Commitment Therapy. Embora com alguns pressupostos que difiram do modelo skinneriano, como no caso da definição

do que é comportamento verbal, a ACT desenvolveu-se a partir dos princípios da Análise Experimental do Comportamento,
compatíveis com o Behaviorismo Radical.
7Este termo, em psicologia, ressalta como a probabilidade de um evento pode ser afetada ou causada por outros eventos (Catania, 1998)
.

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está dentro de uma perspectiva monista natu- Definindo objetivos clínicos


ralista e é antimentalista por enfatizar o con-
trole externo do comportamento (Abib, 2004; O estabelecimento de objetivos clínicos é um
O'Donahue & Ferguson, 2001). Desta forma, o elemento indispensável no processo tera-
analista do comportamento considera senti- pêutico. Exige uma boa interpretação dos pro-
mentos, somatizações, atitudes, emoções, cessos comportamentais envolvidos, orienta o
valores e pensamentos de um indivíduo como terapeuta no processo de intervenção, favo-
variáveis dependentes8, resultantes deste pro- rece a motivação do cliente para mudanças,
cesso interativo denominado de contin- fornece maior segurança ao terapeuta e ao
gências. cliente e oferece melhores parâmetros de
A busca por terapia em geral ocorre quando as avaliação da terapia. A definição dos objetivos
pessoas estão sob efeitos de contingências pode ser reavaliada e modificada no decorrer
aversivas (Skinner, 1953/1993). Para que estas das sessões.
condições mudem, é necessário interferir Alguns fatores podem contribuir para o
nestas contingências, caso contrário, o quadro surgimento de dificuldades e divergências no
permanecerá o mesmo. Por exemplo, embora estabelecimento de objetivos clínicos a partir
o ambiente terapêutico seja predominante- de uma visão analítico-comportamental, entre
mente verbal, um cliente pode falar sobre um os quais podem ser citados: a multideter-
sentimento desagradável por um longo tempo minação do comportamento; a múltipla for-
(muitas sessões), e isto não produzir o menor mação da terapia comportamental; o surgi-
efeito, pelo fato de não ter levado a mudanças mento ainda recente da literatura clínica de
nas contingências determinantes. base behaviorista radical; a análise a partir do
Saber que as contingências são o foco de inter- sujeito único, desfavorecendo a criação de
venção implicaria em interpretações e inter- pacotes de tratamento; o fato de que o esta-
venções convergentes por parte de terapeutas belecimento de objetivos é pouco explorado
analítico-comportamentais? Poderiam estes ou discutido na literatura.
estabelecer objetivos semelhantes a partir de
um mesmo conjunto de dados ou queixas? A Multideterminação do comportamento -
ênfase das análises estaria sobre comporta- Skinner (1953/1993), ao fazer a análise de
mentos específicos ou em amplos padrões casos complexos, descreve os efeitos múlti-
comportamentais? Na história de vida (desde plos que uma única variável pode ter no
a infância) ou nas condições atuais e recentes comportamento ao mesmo tempo, assim
vividas pelo cliente? Baseada na queixa inicial como as múltiplas causas de um único com-
ou em outros aspectos relacionados às quei- portamento. Pode-se analisar o exemplo de
xas? uma baixa freqüência no responder, comu-
Embora a literatura clínica analítico-compor- mente encontrada na depressão. Isto pode
tamental descreva interpretações como expla- resultar de experiências em um único am-
nações de comportamento postuladas com biente ou de vários; de situações passadas
base em princípios comportamentais estabele- e/ou atuais; decorrer da ausência ou remoção
cidos, há uma tremenda variabilidade na for- de reforçamento social, da presença de even-
ma, foco e escopo dessas interpretações (Per- tos aversivos incontroláveis ou do refor-
kins, Hackbert e Dougher, 2000). Não seria çamento diferencial para o não agir (Ferster,
surpresa se, nesta variação, fossem encon- 1973). Follette, Naugle e Linnerooth (2000)
trados resultados não apenas diferentes, mas citam o exemplo da ocorrência do choro na
incompatíveis. sessão. Este pode ser eliciado por lembranças
8
É a variável que muda em função da mudança em uma outra variável, chamada de independente, que é manipulada pelo
experimentador (Mc Guigan, 1976). Embora os comportamentos privados possam entrar no controle de comportamentos públicos, eles
também são comportamentos a serem explicados e dependem das suas relações com variáveis externas.
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de eventos dolorosos, ser relacionado à tris- los formadores do comportamentalismo. O


teza atual (ausência ou perda de reforça- efeito comparativo comumente encontrado
dores), significar alívio (remoção de estímulos era entre a terapia comportamental e terapias
aversivos presentes ou sinalizados), ter fun- não comportamentais. Discussões de cunho
ção de esquiva (a postura do terapeuta ou o epistemológico dentro da abordagem beha-
conteúdo investigado estão sendo aversivos) viorista eram pouco exploradas.
ou estar sob controle discriminativo de proba-
bilidade de afeto ou simpatia (cliente tem O surgimento recente da literatura clínica de
história de reforçamento por demonstrar dor e base behaviorista radical - A literatura clínica
sofrimento). Inúmeras interpretações podem de base behaviorista radical aplicada ao
levar a variadas intervenções. setting terapêutico é recente quando com-
parada a outros modelos clínicos de psico-
Múltipla formação da terapia comportamen- terapia e também dentro de uma perspectiva
tal - Vandenberghe (2001) apresenta diferen- histórica de desenvolvimento da Análise do
tes eixos formadores do que é chamado Comportamento (Vandenberghe, 2001; Mi-
Terapia Comportamental, entre eles desta- cheleto, 2001). Com isto, a difusão e imple-
cam-se: a) a Terapia Comportamental Clás- mentação de modelos e técnicas comporta-
sica - que tem como objetivos terapêuticos mentais variadas influenciaram a postura clí-
promover mudanças em mecanismos inter- nica de muitos profissionais adeptos do com-
nos do cliente, a partir do condicionamento portamentalismo. Ainda é comum a imagem
pavloviano; b) a Análise Comportamental do terapeuta comportamental estar associada
Aplicada ou Modificação do Comportamento a um mero aplicador de técnicas relacionadas
- que tem por objetivo manipular contingên- a problemas específicos, algo que não com-
cias específicas relacionadas a mudanças em bina com a atual Análise Comportamental
comportamentos-alvo, não considerando Clínica.
eventos privados; c) a Terapia Cognitiva
Comportamental - cujos objetivos estão rela- A análise a partir do sujeito único - A varia-
cionados a mudanças em crenças distorcidas bilidade também pode ocorrer em função do
ou irracionais e d) a Análise Clínica do Com- método indutivo praticado na análise experi-
portamento9 - que tem como objetivo promo- mental do comportamento, privilegiando os
ver mudanças nas contingências a partir da dados obtidos a partir da história de contin-
relação terapêutica em um setting clínico. gências de um único sujeito (Chiesa, 1994).
Como pode ser observado, estes modelos Dougher e Hayes (2000), por exemplo,
apresentam objetivos e propostas de mudan- distinguem o modelo idiográfico11, adotado
ças diferentes e muitas vezes incompatíveis10. pela Análise do Comportamento, do modelo
No entanto, muitos terapeutas comporta- nomotético12, comum em abordagens basea-
mentais com formação clínica pautada em das em modelos diagnósticos estatísticos13.
manuais das décadas de 70 e 80 (e.g. Rimm & Isto significa que, apesar de os princípios de
Masters, 1983), receberam forte influência de análise do comportamento estarem dentro
estratégias clínicas variadas que incluíam, das regularidades buscadas pela ciência, co-
dentro de uma mesma ótica comportamental, mo afirma Chiesa (1994), a análise funcional
técnicas pertencentes a estes diferentes mode- dos comportamentos de cada cliente sempre
9
No presente artigo é denominada de Análise Comportamental Aplicada.
10
Ver também Costa (2002) para uma análise comparativa entre terapia analítico-comportamental e terapia cognitivo-comportamental
11
Idiográfico: método de conhecimento científico que trata de fatos considerados individualmente.
12
Nomotético: estatisticamente significativo, que trata de leis gerais. É o caso de enquadrar as características de uma pessoa dentro de
um critério diagnóstico padrão. Surge em oposição ao idiográfico, que trata de fatos considerados individualmente.
13
Por exemplo, o DSM - Manual Diagnóstico e Estatístico dos transtornos mentais (1995), publicado pela Associação Psiquiátrica
Americana, no qual parâmetros diagnósticos são oferecidos para a classificação das patologias.

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será peculiar, devido à sua história única. Isto palmente, o desenvolvimento de pesquisas no
abre inúmeras possibilidades interpretativas setor, permitirão a construção de parâmetros
e desfavorece pacotes generalizados de trata- mais fidedignos sobre a eficácia do método
mento. Duas pessoas, com o mesmo quadro empregado e facilitarão congruências no
clínico podem necessitar de intervenções con- raciocínio clínico. Os modelos já desenvol-
tingenciais bem diferenciadas. Como afirmou vidos são um grande passo neste sentido.
Dougher e Hayes (2000), o que é reforçador ou A seguir, serão analisadas algumas sugestões
punidor varia de pessoa para pessoa, e ao de aspectos básicos a serem considerados, a
longo do tempo para a mesma pessoa. partir do que é apresentado pelo cliente na
sessão. Estes tópicos buscam favorecer a
Estabelecimento de objetivos é pouco explo- definição de objetivos na terapia, são compa-
rado ou discutido na literatura - Estas múl- tíveis com o que já foi apresentado por outros
tiplas possibilidades interpretativas podem autores (e.g Berns, Jacobson e Cristensen,
ter contribuído para que o estabelecimento de 2000; Guilhardi, 2004; Hayes, Strosahl e
objetivos na análise comportamental clínica Wilson, 1999; Kohlenberg e Tsai, 1991/2001) e
fosse tratado de uma forma mais geral (mudar em conformidade com os princípios da análise
as contingências mantenedoras do quadro), experimental do comportamento e a filosofia
ou apenas dentro de um modelo de raciocínio, behaviorista radical. Buscam identificar: a)
como no caso da FAP (que busca criar condi- temas relacionados a condições aversivas com
ções dentro da sessão para que o terapeuta base nas queixas, sentimentos do cliente; b)
possa reforçar imediatamente, e de forma na- padrões comportamentais generalizados; c)
tural, os comportamentos apropriados do contextos históricos que favoreceram o
cliente que são pouco freqüentes - e também desenvolvimento desses padrões; d) efeitos
enfraquecer os chamados comportamentos- que os comportamentos do cliente trazem
problema, considerados não adaptativos) e da para a sua vida e; e) variáveis motivacionais
ACT (que busca quebrar o controle verbal que para a mudança.
impede o cliente de buscar novas experiências Todas estas questões são aqui consideradas
e assim produzir as mudanças comportamen- importantes para o estabelecimento de obje-
tais necessárias ao seu bem-estar e adaptabili- tivos. Não cabe à proposta deste trabalho, dis-
dade). Não é comum se encontrarem estudos cutir modelos ou formas de intervenção.
clínicos que explorem uma discussão genera-
lizada acerca dos possíveis objetivos terapêu- ! Identificação de temas gerais relacionados
ticos a serem tomados em cada caso e quais os às condições aversivas presentes na vida do
prováveis resultados. cliente.
Temas gerais relacionados aos sentimentos
Desenvolvendo objetivos na Análise Com- do cliente podem ser identificados pelo tera-
portamental Clínica peuta, tais como: insatisfação no relaciona-
mento familiar, sentimentos de rejeição em
Existe a possibilidade de, no futuro, tera- contatos interpessoais, sentimentos de an-
peutas analítico-comportamentais apresenta- gústia e incapacidade diante da vida, sofri-
rem objetivos clínicos convergentes ou mes- mento por perda, ansiedade diante de
mo semelhantes a partir dos dados de um desafios, insatisfação com o modo de agir,
mesmo caso? Esta é uma questão difícil de desânimo generalizado, medo de críticas,
responder, em função das razões já descritas. elevada tensão emocional, frustrações amo-
A área está em pleno desenvolvimento. De rosas, etc. Berns, Jacobson e Christensen
qualquer forma, a estruturação de modelos (2000) utilizam um recurso semelhante
em análise comportamental clínica e, princi- aplicado à terapia de casal e enfatizam as

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vantagens da definição de classes de respos- com outras pessoas? Isto acontece apenas
tas em termos funcionais, favorecendo a que em relações mais próximas?
uma mudança num comportamento resulte Neste caso, alguns padrões comportamen-
na mudança em outros. A similaridade fun- tais mais amplos poderão estar relacionados
cional também é enfatizada por Kohlenberg e a essa queixa e deverão ser investigados, tais
Tsai (1991/2001). Portanto, trabalhar com como saber o nível de exigência dos outros e
temas permite uma visão molar dos compor- de si, a resistência geral à frustração, se há
tamentos do cliente, evita a necessidade de características de impulsividade, se apre-
descrição e análise de cada e de todas as senta baixo autocontrole em outras situa-
situações e também permite trabalhar com ções, se há “egocentrismo”, se há o hábito de
vários comportamentos simultaneamente. culpar os outros pelas coisas que não dão
Follette, Naugle e Linnerooth (2000) também certo e assim por diante. A identificação
consideram importante colocar os temas em desses padrões deverá ser feita junto à clien-
ordem hierárquica de importância clínica. te, num ambiente de não-julgamento14. Esta
Junto à identificação dos temas devem ocorrer é uma etapa inicial de autoconhecimento:
a análise das contingências aversivas rela- saber que, onde e como se comporta. As outras
cionadas a estes, as situações gerais em que etapas incluem o saber por que se comporta
ocorrem, o início e as características dos pro- e quais os efeitos do seu comportamento no
cessos comportamentais relacionados ao mundo. Outros padrões não relacionados
tema, etc. diretamente às queixas iniciais podem ser
identificados no decorrer das sessões. O
!I d e n t i f i c a ç ã o d e p a d r õ e s terapeuta também pode formular hipóteses
comportamentais sobre prováveis comportamentos carac-
Os comportamentos do cliente relacionados terísticos do cliente e averiguar junto a este a
à queixa indicam um padrão (e.g. ocorre sua pertinência. Por exemplo, ao ouvir os
comumente em outros contextos) ou são relatos de um cliente dizendo que é
exclusivos de uma dada situação? Identi- acomodado em várias situações, o terapeuta
ficar padrões comportamentais amplia o pode questionar se este também tem dificul-
conhecimento sobre o cliente, favorece a dades em tomar decisões importantes, de ter
investigação histórica e possibilita maior iniciativa, de sempre esperar as coisas acon-
segurança quanto ao que pode e o que tecerem, de não ter persistência, ser depen-
precisa ser mudado. Pode-se exemplificar dente dos outros, ter baixa autoconfiança,
com o caso de uma mulher que reclama da etc. Isto pode indicar um “tronco” comum
sua relação com o marido, relatando agir de experiências, tais como ter sido acostu-
agressivamente com ele, quando este se mado a receber muitas coisas na vida sem
comporta diferentemente do que ela que tivesse que se esforçar para isso, como
gostaria. O clínico necessitaria saber mais ocorre nos esquemas em tempo15.
sobre a questão antes de propor formas de Além da forma de agir, poderão ser identi-
resolução do conflito. Por exemplo, isto ficados padrões relacionados a sentimentos,
ocorre em qualquer frustração ou somente processos emocionais, regras e reforçadores
em situações específicas? Ela age agressi- característicos. Esta visão mais ampla de pa-
vamente apenas com ele ou também o faz drões comportamentais exige uma análise
14
O não julgamento por parte do terapeuta favorece a correspondência verbal-não verbal (Beckert, 2001). Costumo dizer aos clientes que
não existem comportamentos certos ou errados, bons ou maus, feios ou bonitos; o que existem são comportamentos, seus determinantes
(ambiente histórico e atual) e os efeitos que estes trazem para a pessoa. Como será abordado a seguir, a análise dos efeitos pode deixar o
cliente em melhores condições de avaliar funcionalmente seus comportamentos e atribuir valores mais adequados aos mesmos. No
Behaviorismo Radical, a avaliação do certo e errado se baseia numa análise ampla das conseqüências do comportamento. Para se
aprofundar um pouco mais no assunto, sugiro Baum (1999, cap. 12) e Kohlenberg e Tsai (1991/2001, cap. 8).
15
Nos esquemas em tempo, a conseqüência ocorre independentemente da resposta.

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as mudanças atinjam efetivamente diversos inadequadas, dependendo dos objetivos do


contextos na vida do indivíduo e não apenas tratamento e, no mínimo, deixariam inex-
situações específicas. Isto evitaria a comen- plicáveis como as contingências atuais pas-
tada substituição de sintomas, comum quan- saram a exercer controle. Conforme esses
do são feitas análises restritas de contin- autores, o modelo causal de variação e sele-
gências na vida do cliente16. Carrara (1998, ção, característico do behaviorismo radical,
p.232 - 233) discute esta questão: está atento aos efeitos da experiência pas-
Skinner recomenda que a análise funcional deve sada no comportamento atual, o que não
abranger todas (na acepção da palavra, isso é in-
viável) as contingências possíveis que têm algu- ocorre em modelos de causalidade contígua.
ma função determinadora sobre o comporta- Também ressaltam que interpretações
mento. Todavia, por comodidade ou negligência,
ou mesmo por deficiência na formação ético-pro-
históricas do comportamento do cliente po-
fissional, alguns psicólogos têm tornado essa dem ter efeitos salutares como a redução na
análise funcional muito restrita aos eventos rela- culpa ou vergonha de como se comporta,
tados pelo cliente e mais ainda restrita a contin-
gências que o terapeuta suspeita terem efeito servir como operações estabelecedoras para
sobre o comportamento. Assim, a Análise Apli- funções comportamentais ou efeitos de
cada do Comportamento precisa, valendo-se de eventos relevantes, e podem também dar
sua crítica interna e mesmo da crítica externa que
pensa ser essa superficialidade decorrência de assistência à formulação de intervenções
pressupostos da ciência do comportamento, for- efetivas.
talecer através dos cursos oferecidos a idéia de Entre os níveis mais elevados de autoconhe-
ampliação da análise de contingências. (Carrara,
1998, p. 232). cimento adquiridos no processo terapêutico
está o saber por que “eu sou do jeito que eu
O problema fundamental desse tipo de enfoque
está numa análise incompleta das relações fun-
sou.” Normalmente, os clientes que estão
cionais entre comportamento e ambiente, que dentro de uma cultura internalista têm ex-
leva a resultados fictícios, aparentemente corre- plicações mentalistas para seu modo de ser
tos, mas que em bom número de casos podem ser
considerados próteses, correções provisórias e (Oliveira, 2001). Nesta visão, as ações
específicas de alguns padrões comportamentais. humanas são governadas e iniciadas por
Portanto, se se pretende ... produzir mudanças agentes internos, sejam eles fictícios ou não.
duradouras, permanentes e generalizadas nos
padrões do comportamento mudado, é de se su- Contribui para este raciocínio o fato de que
por que, se não todas, pelo menos a maior parte as pessoas estão acostumadas a ver o
das variáveis relevantes deve ser investigada o resultado e não o processo. E o processo é
que não se deve confundir com investigação de
causas 'profundas' ou 'remotas' dos atuais com- histórico.
portamentos em foco. ... (Carrara, 1998, p. 233) Relações familiares, sociais, conjugais, vida
acadêmica e profissional, entre outras, ne-
!Contextos históricos que favoreceram o cessitam ser investigadas. Quanto mais
desenvolvimento destes padrões. tempo uma pessoa viver em um contexto
A partir do momento em que o cliente iden- (e.g. experimentar certas contingências),
tifica sua forma de se comportar na vida, é mais este influenciará no seu modo de ser.
fundamental saber por que este se comporta Observa-se o exemplo de uma bailarina que
assim. A visão skinneriana de causalidade passa muito tempo da vida treinando e
descarta modelos internalistas para explicar dançando sob certas exigências. Ela adquire
as ações, pensamentos e sentimentos huma- posturas e jeito de andar característicos, que
nos. A forma como alguém se apresenta está vão ocorrer mesmo quando ela não estiver
relacionada à sua história de vida, mais nesse ambiente, e talvez até muitos anos
precisamente à história de contingências. após deixar de ser bailarina. Sua maneira de
Perkins, Hackbert e Dougher (2000) afir- se expressar, seus valores relacionados à
mam que interpretações baseadas apenas aparência e outros hábitos também poderão
em contingências imediatas podem ser ser especificamente modelados. Isto ocorre
16
Isto não impede que o analista clínico focalize contingências específicas quando necessário.
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João Vicente de Sousa Marçal

analogamente com todas as pessoas, envol- raciocinar em termos de contingências17,


vendo outros comportamentos e ambientes. uma condição fundamental para que se pos-
Quanto maior o contato com uma contin- sa atuar efetivamente sobre as mesmas e um
gência, maior a probabilidade de influência dos objetivos básicos na Análise Compor-
desta sobre os comportamentos. Daí o papel tamental Clínica.
preponderante que as relações familiares
têm na formação de uma pessoa, pois, em ! Identificação dos efeitos que os comporta-
geral, poucos ambientes estão tão presentes mentos trazem para a vida do cliente
na vida de alguém. Esta análise também é feita junto ao cliente,
Em relação ao exemplo da mulher agressiva possibilitando-lhe saber quais os efeitos do
com o marido, suponha-se que tenha sido seu agir imediatamente e quais os efeitos ao
identificado que a mesma apresenta com longo do tempo, em quais situações suas
freqüência os seguintes padrões comporta- atitudes e regras são efetivas, e em quais são
mentais: muito exigente com os outros, bai- prejudiciais, quais reforçadores (positivos e
xa resistência à frustração nas relações mais negativos) são adquiridos, e quais removi-
próximas, quer que as coisas sejam sempre dos. Voltando ao exemplo anterior, a agres-
do seu jeito, culpa os outros quando as coisas sividade da esposa pode produzir reforça-
não dão certo, etc. Qual seria então a relação mento imediato (marido faz o que ela quer) e
entre estas formas de se comportar e sua punição em longo prazo (reduz o senti-
história de vida? Seguindo um raciocínio mento de amor do marido, relação fica cada
básico, observa-se, de imediato, que a cliente vez mais desgastada); pode ser efetiva em
parece não ter sido exposta a frustrações nas situações em que “ser cordial” não funciona
relações mais próximas e também ter sido (algumas formas de reivindicação) e pode
muito reforçada nas suas exigências. Isto ser contraproducente em outros contextos
significa que pode ter passado muito tempo (reclamar com o seu chefe); pode remover
em ambientes em que detinha muito poder, coisas aversivas (marido deixa de fazer o
com muitas pessoas preocupadas em agra- que a incomoda), mas também remover coi-
dá-la e poucas conseqüências sociais puni- sas boas (carinho, afeto, compreensão dos
tivas. A partir destas suposições, o terapeuta outros), pode gerar respeito e obediência,
poderá, de forma não-julgadora, investigar mas também produzir respostas de contra-
relações históricas da sua cliente, como por controle.
exemplo, pedir para que descreva como Entender estas funções comportamentais
foram as relações familiares, se houve con- pode interferir na motivação da cliente em
tribuição dessas na sua forma de ser atual, adotar uma nova postura, mesmo quando as
etc. Poderá, também, em situações perti- contingências aversivas ainda não estive-
nentes, fazer questionamentos precisos rem exercendo seu papel como operações
baseados em suas interpretações, do tipo estabelecedoras18. Esta análise também
“você acha que foi acostumada a ter as coisas permite entender em que situações, quando
sempre ou quase sempre do seu jeito, quan- e de que maneira a mudança deve ocorrer,
do junto à sua família?”. algo normalmente não vislumbrado pelo
Quanto mais a cliente entender a função dos cliente, que tem concepções mais rígidas em
ambientes históricos na determinação do relação a mudanças de atitude e ao conceito
seu jeito de ser atual, mais ela passará a de personalidade (Marçal, 2001).

17
Este raciocínio não precisa (e geralmente não deve) ocorrer na terminologia específica da análise do comportamento. A linguagem
precisa ser acessível ao cliente.
18
São operações que alteram momentaneamente a efetividade reforçadora ou punidora de um evento e têm efeito evocativo ou
supressivo de respostas que foram conseqüenciadas com reforçadores ou punidores (Michael, 1993).

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Estabelecendo objetivos na prática clínica

!Análise das variáveis motivacionais de como é comum terapeutas comporta-


Um terapeuta mais experiente sabe que mentais apresentarem propostas diferentes
quando um cliente se queixa de algo no seu trabalho clínico. A idéia não é apresen-
aversivo em sua vida, não significa que haja tar um modelo como sendo mais adequado
motivação suficiente para mudar essa que o outro, mas suscitar discussões sobre os
condição. Uma pessoa pode se queixar de rumos que uma terapia comportamental pode
que gostaria de trabalhar e ser indepen- tomar. Serão citados quatro casos clínicos
dente, mas não se dar conta de que o preço atendidos pelo autor, provenientes de outros
que teria de pagar (em esforço) para isto é tratamentos comportamentais. É importante
muito alto em função dos reforçadores ressaltar a influência de modelos clínicos
envolvidos (que podem ser adquiridos de analítico-comportamentais como a ACT,
outra maneira e com muito menos custo) e IBCT, FAP, etc, no raciocínio desenvolvido
da sua pouca experiência em conseguir pelo autor.
coisas (especificamente dinheiro e conforto)
em longo prazo e com muito empenho. Caso clínico 1
Conselhos, dicas ou soluções por parte do
terapeuta podem apenas gerar concor- “Ausência de controle alimentar”
dância nas sessões ou até algumas mudan- - Dados: FS, sexo feminino, 29 anos, casada há
ças, mas estas seriam apenas temporárias. É 6 anos, 11 anos de relacionamento, tem uma
como se a terapia começasse a patinar. filha de 2 anos e meio.
A análise motivacional é, portanto, essencial - Queixas iniciais : ausência de controle
para estabelecer os rumos da terapia. No alimentar, “falta de determinação” para
caso anterior, o que seria mais importante: emagrecer, desgaste com marido e família
tentar levar o cliente a trabalhar ou fazê-lo dele por isto. Tenta emagrecer há anos. Não
entender sua real motivação? Caso se apresenta obesidade excessiva e não corre
mostre necessária a mudança, como poderia risco de saúde. O comer excessivo está mais
o campo motivacional ser afetado? A partir relacionado à ingestão de doces entre as
de instruções, por meio de técnicas de refeições. Já houve quadro depressivo.
autocontrole, por inserções em contextos - Objetivos em terapias anteriores: uso de téc-
que afetem o valor reforçador do trabalho e nicas de autocontrole para não comer os
desenvolvam naturalmente repertórios doces, isto é, registros de estímulos ante-
mais efetivos ou de outras formas? cedentes e respostas, remoção gradativa do
Alguns aspectos são comumente importan- estímulo, tentativas de substituição de even-
tes para a avaliação do campo motivacional tos reforçadores, etc. Resultados terapêu-
do cliente, como a identificação do nível de ticos temporários e/ou insatisfatórios.
acesso a reforçadores na vida atual e pre-
gressa, a relação custo-benefício para a Terapia atual
mudança, a presença de contingências que
reforcem comportamentos concorrentes, o !Temas Gerais/Condições aversivas: pressão fa-
nível de desenvolvimento do repertório miliar para emagrecer, insatisfação com a
requerido para a mudança, o nível de refor- aparência e por não conseguir emagrecer.
çamento envolvido nas opções ficar e Sensações de desânimo.
mudar, etc. !Características comportamentais: apresenta-
ção de bom nível de autocontrole e discipli-
Divergências de objetivos na prática clínica na em outros contextos como o trabalho e
responsabilidades em casa. Forte preocupa-
A seguir serão apresentados alguns exemplos ção em ser polida (discreta).

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João Vicente de Sousa Marçal

!História de vida: bom treino em ganhos de - Recursos utilizados: estratégias de exposição


longo prazo, abrindo mão de reforçamento in vivo, dessensibilização siste-mática
imediato (autocontrole). Foi bailarina du- 'encoberta', ensaio comportamental,
rante muitos anos, num ambiente onde a relaxamento, “reestruturação cognitiva”,
obesidade era condenada. Foi criada pela etc. Os resultados terapêuticos foram tem-
mãe e principalmente por uma tia que a porários ou insatisfatórios.
considerava como filha. A tia era exigente e
tinha elevado nível sócio-econômico. Terapia atual
!Efeitos dos seus comportamentos: comer fora
de hora a mantinha acima do peso e, como !Temas gerais/Condições aversivas: extrema an-
con-seqüência, recebia algumas cobranças, siedade em dias que antecediam o falar em
que não eram freqüentes (incluindo as do público. Pavor de falhar diante das pessoas
ma-rido). Na realidade, estar acima do peso ou de que outros soubessem das suas limi-
não comprometia o seu resultado tações.
profissional, não afetava a vida sexual !Padrões comportamentais: muito autoexigen-
(pouco freqüente), não a impedia de ser te, controladora nas relações pessoais, esqui-
querida pelas pessoas, inclusive por va-se de situações sociais que ponham em
familiares do marido. No enta-nto, comer risco sua eficiência, age socialmente em
fora de hora dava-lhe um prazer enorme. função de uma imagem de super compe-
!Variáveis motivacionais: considerava o traba- tente, fica mais calada diante de várias pes-
lho monótono, não havia lazer durante a soas, forte preocupação com a aparência,
semana. O final de semana era sempre o controladora nas relações próximas e centra-
mesmo há anos, tendo uma interação repe- lizadora de tarefas.
titiva com o marido. O que havia de praze- !História de vida: filha mais velha e primeira
roso na vida? Os poucos contatos com filha neta, destaque e modelo (comportamentos,
e... os doces que comia fora de hora! aparência, estilo, etc) de toda a família, sem-
pre gerando fortes expectativas sobre ela.
Objetivos Clínicos estabelecidos Teve alguns insucessos acadêmicos que fo-
ram ocultados aos outros. Acostumada a
Conhecer suas características e processos his- exercer liderança em casa, na escola, com
tóricos formadores, identificar variáveis moti- amigas, etc.
vacionais atuais e todos os fatores que a !Efeitos decorrentes de suas características: ser
levaram a esse baixo nível de reforçadores e muito auto-exigente produzia eficiência e
aumentar o nível de condições reforçadoras respeito. Também produzia tensão cons-
na vida! tante, problemas intestinais (prisão de
ventre). A esquiva de exposição social man-
Caso clínico 2 tinha o status histórico, mas a impedia de ter
acesso a determinados reforçadores e desen-
“Pavor de falar em público” volver certas habilidades. As regras sobre si
- Dados: M.A.B., sexo feminino, 20 anos, (supercompetente) eram funcionais em cer-
universitária. tos contextos, mas não eram em outros.
- Queixa básica: pavor de falar em público (e.g. !Muitas contingências aversivas presentes
seminários na faculdade). em sua vida decorrentes desse processo. Boa
- Objetivos em terapias anteriores: controle da motivação para a mudança.
ansiedade, desenvolver habilidades para
falar em público.

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Estabelecendo objetivos na prática clínica

Objetivos clínicos estabelecidos. temporário do quadro clínico. As condições


1. Levar a cliente a identificar os processos his- gerais não foram modificadas.
tóricos e correntes que a têm levado às con-
dições comportamentais atuais, incluindo Terapia atual
regras e sentimentos.
2. Aceitar as condições emocionais (ansieda- !Temas gerais/condições aversivas: Sensação de
de) como inevitáveis em função da história pânico quando se encontra em qualquer
de contingências. situação de ameaça ou livre de proteção.
3. Entender que a dificuldade básica não é Insegurança para resolver problemas; desâ-
especificamente falar em público, mas vi- nimo.
venciar um insucesso, uma frustração so- !Padrões comportamentais : dependência
cial. generalizada da mãe, namorado e amigas;
4. Entender as funções da esquiva, quando é e dificuldade em tomar decisões e ter inicia-
quando não é útil. Quais resultados futuros tiva; conta tudo o que ocorre em sua vida
deste processo. para a mãe; costuma não dar seguimento a
5. Objetivo principal: reduzir alta expectativa e muitas atividades que inicia; considera-se
cobrança sobre si em diversos contextos. acomodada; faz faculdade, mas não sabe o
6. Recursos: vivenciar situações em que pode que quer da vida; sente-se insegura em
errar19, aprender gradativamente a assumir muitos contextos; acha-se incapaz; espera as
dificuldades, limitações, incertezas. Rejei- coisas acontecerem. Seu controle sobre o
tar responsabilidades desnecessárias, au- mundo é muito baseado nas queixas e
mentar condições de lazer, expor-se quan- manifestações de sofrimento e incapacida-
do convier, não tentar controlar ansiedade. de. Entende o seu problema como decor-
rente de uma doença.
Caso clínico 3 !Análise histórica: forte história de super-
proteção. Seus pais, especialmente a mãe,
“Um caso crônico de transtorno do pânico” sempre muito preocupados e acostumados a
- Dados: AJK, sexo feminino, 20 anos, apre- fazer, tomar decisões, resolver por ela. Vive
senta, há nove anos, ataques periódicos de com o irmão e a mãe, que é separada do pai e
pânico e dois episódios de convulsão, sendo sempre viveu em função dos filhos, tendo a
um mais recente. Apresenta pouca auto- filha como a grande companheira. A mãe
confiança e insegurança generalizada. estava sem trabalhar havia anos, esperando
- Fato recente: amiga próxima sofreu um gra- ser chamada em concurso para o qual tinha
ve acidente e ficou na UTI algum tempo. sido aprovada. Ambas passavam muito
AJK acompanhou-a no hospital durante esse tempo juntas em casa. Pai, e família do
tempo. mesmo, também tinham características
- Objetivos em terapias anteriores: controle do superprotetoras. Uma irmã de AJK, nascida
pânico. Recursos: estratégias de expo-sição antes dela, morreu aos seis meses de idade,
in vivo, dessensibilização sistemática enco- após uma gripe que virou pneumonia. AJK
berta, “reestruturação cognitiva”, etc. foi filha única até os sete anos. É como se ti-
- Tratamento psiquiátrico: fazia uso de medi- vesse sido criada em uma “bolha”, pro-
camentos desde os primeiros ataques de tegida por todos.
pânico. Neste momento, usava fluoxetina !Efeitos dos seus comportamentos: AJK está
(antidepressivo), trileptal (anticonvul- num círculo vicioso. Sua história favoreceu
sivante) e Apraz (ansiolítico). o de-senvolvimento de características que
- Esses tratamentos produziram controle levam as pessoas a cuidarem dela, a

19
Poder errar não significa provocar o erro.
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João Vicente de Sousa Marçal

e que, como resultado, a mantêm nessas frustrados, relação ambígua com a mãe
condições. Estar na “bolha” não deixa de ser adotiva (tia) não consegue dizer não a esta,
bastante reforçador às vezes; no entanto, passado com vivências traumáticas, sensa-
produz efeitos colaterais adversos: não tem ção de abandono, dificuldade nas relações
autonomia para escolher onde quer estar, muito próximas, vontade de morrer.
sensações desagradáveis de pânico e ansie- - Objetivos terapêuticos anteriores: desenvolver
dade, sentimento de incapacidade diante da assertividade com a mãe adotiva, refazer
vida, poucas opções de escolha, dúvidas e regras sobre si (autovalorização), ser asser-
incertezas constantes, etc. tiva com namorados e amigos, técnicas para
!Aspectos motivacionais: há uma condição controle da impulsividade nas relações afe-
con-flitante. Existem condições reforçadoras tivas.
e aversivas para a sua estrutura de vida. Isto
pode implicar em algumas mudanças de um Terapia Atual
lado e permanência do quadro em outro
(e.g. é difícil abrir mão de privilégios apenas !Temas gerais/condições aversivas: sentimento
por seguimento de regras “idealizadas”). de desvalorização e incompetência nas
Ainda assim, as fortes condições aversivas relações afetivas (baixa auto-estima),
presentes valorizam processos de mudança. vontade de morrer, passado traumático.
!Padrões comportamentais: produtiva e auto-
Objetivos clínicos estabelecidos confiante profissionalmente e em relações
sociais superficiais, muito prestativa com os
1. Levar a cliente a identificar os processos his- outros, competitiva (relações de inveja e
tóricos e atuais que foram/são responsá- disputa), acostumada a conquistar a apre-
veis pelas condições atuais. ciação das pessoas (menos em namoros),
2. Entender que estas condições são inevitá- apresenta atitudes obsessivas genera-
veis como decorrência dos contextos os lizadas, é impulsiva nas relações amorosas,
quais viveu, e que AJK não é doente. tende a “sufocar” os namorados com exces-
3. Entender as variáveis motivacionais em so de dedicação, conquista-os como loba e
questão (ficar na bolha é bom algumas ve- depois “quer colo”, agressiva quando frus-
zes). trada, sente-se em débito com a mãe ado-
4. Avaliar os motivos pelos quais sua mãe age tiva, é muito carente de afeto, acostumada a
assim (não envolvendo julgamento) e as cobrar dos outros. Inassertiva com a mãe
dificuldades em quebrar essa relação prote- adotiva.
tora. !Análise histórica: abusos sexuais na infância,
5. Fazer uma análise motivacional para a pouca atenção da mãe biológica, criada pela
mudança. tia desde os 12 anos de idade (ajudou a cui-
6. Objetivo principal: promover a autonomia dar dos primos menores), ótima história
em diversos contextos! acadêmica e profissional, acostumada a
7. Recursos: inserção gradativa em contextos conquistar as coisas (sucesso, reconheci-
que favorecem uma autonomia. mento), suas relações amorosas são desfei-
tas pelo outro, perdeu o pai adotivo com
Caso clínico 4 quem tinha bom relacionamento (provável
suicídio), perdeu a filha um ano após (aci-
“Sou importante?” dente) quando esta tinha um ano, atritos em
- Dados: B.M.N, sexo feminino, solteira, 35 relações profissionais. Forte história de a-
anos, gerente de marketing. preço condicional e pouquíssimo amor in-
- Queixas iniciais: relacionamentos amorosos condicional.

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Estabelecendo objetivos na prática clínica

!Efeitos dos seus comportamentos: sua produ- únicas formas de abordar estes casos.
tividade, determinação, presteza e obsessi- Conforme foi discutido neste texto, as pos-
vidade sempre lhe trouxeram muitos ga- sibilidades são variadas. Também não seria
nhos acadêmicos e sociais, tornando-a auto- pertinente afirmar que as formas diferen-
confiante nesses contextos. Esses êxitos ciadas de atuação nos casos citados estejam
constantes deixaram-na com baixa resis- especificamente relacionadas a orientações
tência à frustração em condições semelhan- teóricofilosóficas distintas. O uso de deter-
tes. Nos namoros, a dedicação intensa favo- minada metodologia clínica por parte de um
receu o desgaste e afastamento da pessoa terapeuta comportamental não implica que
amada. A não-correspondência produzia este o faça sempre a partir de uma orientação
atitudes de cobrança, que aumentavam a filosófica compatível, ou até mesmo que o faça
rejeição por parte do outro e contribuía para dentro de algum aprofundamento teórico.
sentir-se menos valiosa. B.M.N. apenas vi- Conforme citado na introdução, a divulgação
venciou afetos conquistados, sentia-se inse- de técnicas comportamentais ocorreu inde-
gura se não fizesse muito pelos outros. Isto pendentemente de estas terem sido acom-
mantinha sua baixa auto-estima. panhadas ou não de análises filosóficas ou
!Análise motivacional: baixo nível de reforça- epistemológicas. Por razões históricas, sabe-
dores afetivos na intimidade, muitas condi- se que a múltipla formação da terapia
ções aversivas em relações profissionais, comportamental também contribuiu para
levando-a a muito sofrimento. uma múltipla forma de atuação, tal como
foram apresentadas em livros que englo-
Objetivos clínicos estabelecidos: bavam as mais variadas das chamadas técni-
cas comportamentais. Assim, não é difícil
- Identificar características atuais e processos encontrar terapeutas que utilizem estratégias
históricos formadores. comportamentais variadas, englobando
- Entender dificuldades e comportamentos referenciais teóricos por vezes incompatíveis.
de esquiva das relações de intimidade (na- No entanto, observa-se que a influência de
moro ou amizade) em que não faz muito diferentes referenciais teóricos é apenas um
pelos outros. dos fatores que contribuem para divergências
- Vivenciar relações de afeto que não fossem no estabelecimento de objetivos na clínica.
“compradas” pela disponibilidade exces- Muitos são os fatores que contribuem para
siva, produzindo efeitos reais sobre sua au- que isto ocorra. De qualquer modo, o que se
to-estima, possibilitando-lhe o não depen- observa é que o direcionamento clínico ainda
der afetivamente da mãe adotiva e tornando é um aspecto muito dependente da análise
as relações menos ansiosas e dependentes. que cada clínico faz de um caso em particular,
o que leva a infinitas variações. Avaliar os
Conclusão prós e os contras deste aspecto, pode muito
contribuir para o aprimoramento da eficácia
Todos os quatro casos citados foram apresen- clínica. Outro fator a ser considerado é que
tados com dois conjuntos de objetivos tera- não se sabe, na prática, até que ponto os
pêuticos: o conjunto de objetivos anteriores e o terapeutas têm o hábito de se questionar
conjunto de objetivos atual, nesta ordem, e acerca de onde querem chegar na terapia ou
obtiveram êxito terapêutico a partir dos por que escolheram determinados caminhos.
objetivos traçados no segundo modelo Talvez esses tópicos mereçam uma
apresentado. Isto não significa que estas abordagem direta mais freqüente na litera-
interpretações e direcionamentos sejam os tura.
melhores ou, muito menos, que sejam as O objetivo básico deste trabalho foi questionar

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João Vicente de Sousa Marçal

se há caminhos terapêuticos mais eficazes do de uma discussão com base na Análise


que outros. As respostas a este questionamen- Comportamental Clínica é que esta se baseia
to sempre serão mais bem encontradas por fortemente em princípios derivados da
meio de pesquisas. O que se tem observado, análise experimental do comportamento, uma
nos últimos anos, é um crescente movimento área com décadas de pesquisa e avanços
em busca da sistematização de modelos consideráveis. Isto oferece uma boa margem
clínicos coerentes com os princípios da análise de segurança para as interpretações feitas na
do comportamento e a filosofia behaviorista clínica. No entanto, a estruturação de modelos
radical. Quanto maior o desenvolvimento e a metodologia de pesquisa na área clínica
neste setor, mais se saberá sobre os rumos a estão em pleno desenvolvimento e ainda têm
serem tomados na terapia. Um ponto a favor muito a oferecer (Kerbauy, 1997).

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Recebido em: 07/10/2005


Primeira decisão editorial em: 06/12/2005
Versão final em: 08/12/2005
Aceito em: 10/12/2005

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