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EM CANTO
Dossiê 1º Semestre
Finalidade:
“Lua Branca" é uma das composições mais conhecidas de Chiquinha Gonzaga. Essa música
tem uma história cercada de mistério. Ela foi escrita para a peça burlesca chamada
Forrodobó, que foi apresentada no Teatro São José em junho de 1912. Era uma modinha
cantada pelas personagens Sá Zeferina e Escandanhas, mantendo o tom caricato da peça.
Em 1929, apareceu uma versão romântica com o título "Lua branca", gravada pelo cantor
Gastão Formenti, mas até hoje não se sabe ao certo quem escreveu a letra e deu o novo
título. Entre essas duas versões, houve um "arranjo" em disco intitulado "Lua de fulgores",
pelo cantor R. Ricciardi (pseudônimo do paulista Paraguassu). No entanto, a versão gravada
por Gastão Formenti, acompanhado ao piano pelo professor J. Otaviano, e a edição das
Irmãos Vitale com a harmonização feita pelo pianista se tornaram as mais famosas.
Chiquinha Gonzaga teve que reclamar a autoria da modinha, denunciando o plágio e
obtendo a vitória através da SBAT, entidade fundada por ela. A versão original foi gravada
como cena cômica por Pinto Filho e Maria Vidal em 1930, com o título de "Sá Zeferina".
Além disso, a melodia original com versos de Paulo César Pinheiro, intitulada "Serenata de
uma mulher", foi gravada por Olívia Hime em 1998. A versão canonizada como "Lua branca"
possui inúmeros registros fonográficos por cantores e instrumentistas, incluindo Paulo
Tapajós, Paulo Fortes, Maria Bethânia Rosemary, Vânia Carvalho, Maria Bethânia, Verônica
Sabino, Leila Pinheiro, Joana, Alessandra Maestrini, Antonio Adolfo, Eudóxia de Barros,
Rosária Gatti, Marcus Vianna, Maria Teresa Madeira e Leandro Braga.
"Feitio de Oração" é uma das composições mais emblemáticas da parceria entre Noel Rosa
e Vadico. Lançada em 1933, a música é um exemplo do estilo característico do samba de
partido alto. Com uma melodia envolvente e letras bem-humoradas, a música retrata a vida
boêmia e as relações amorosas do Rio de Janeiro da época. O "feitio de oração"
mencionado na música pode ser interpretado como uma metáfora para a irresistível atração
que uma mulher exerce sobre o protagonista, levando-o a uma devoção apaixonada.
No contexto histórico-social, é importante destacar que a década de 1930 foi marcada por
transformações políticas e sociais no Brasil. O país estava sob o regime de Getúlio Vargas,
que implementava políticas de modernização e centralização do poder. No campo cultural,
havia um intenso movimento de renovação da música popular brasileira, com a valorização
do samba como expressão genuína da identidade nacional.
Com um estilo característico do samba de partido alto, a música se destaca pela melodia
envolvente e letras bem-humoradas. No contexto histórico-social da época, a música refletia
as transformações políticas e sociais do país, ao mesmo tempo em que valorizava a cultura
popular e o samba como expressão da identidade brasileira.
Marambaia/Odeon
Henricão e Rubens Campos / Ernesto Nazareth (Arranjo Luís Leite)
"Só Vendo Que Beleza" é um samba-exaltação lançado em 1952, que reflete o contexto
sociopolítico da época. Com uma melodia alegre e ritmo contagiante, a música exalta as
belezas do Brasil, destacando sua natureza exuberante e diversidade cultural. A década de
1950 foi marcada pelo otimismo e desenvolvimento do país, com o governo de Juscelino
Kubitschek e a "Era Vargas" de industrialização. A canção celebra as virtudes do Brasil e
reflete o momento de euforia nacionalista e progresso econômico.
Já "Odeon", composta por Ernesto Nazareth em 1910, também tem suas raízes
histórico-sociais. O choro, gênero musical característico do Brasil, representava a cultura
popular em meio ao florescimento da Belle Époque no país. Ernesto Nazareth, com sua
composição, contribuiu para a consolidação do choro como um gênero musical
genuinamente brasileiro. O contexto histórico da época foi marcado por uma fase de
prosperidade econômica e transformações culturais.
Em junho de 2019, Mônica Salmaso e Luis Leite realizaram uma apresentação marcante,
resgatando essas composições e levando-as ao público. A interpretação de "Marambaia" e
"Odeon" destacou a riqueza da música brasileira e a habilidade artística de Salmaso e Leite.
O evento aconteceu na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro, e trouxe à tona a
importância histórica e sociopolítica dessas canções, reforçando sua relevância cultural até
os dias atuais.