Você está na página 1de 306

Sumário

Capa
Ficha Técnica
Dedicatória
Agradecimentos
Capítulo 1 - Mania de Batalha Espiritual
Reféns Espirituais
Despojando os Principados e as Potestades
Um Comportamento Ridículo e Antibíblico
Por Que Tanta Preocupação com a Batalha Espiritual?
Não é Nenhuma Novidade
E Quanto aos Feiticeiros?
A Batalha Espiritual Bíblica
Como a Verdadeira Batalha Espiritual Tem Início
Lidando com o Vento e as Ondas em Sua Vida
Batalha Espiritual: Um Estado Mental
Uma Advertência Sobre Batalha Espiritual
Capítulo 2 - Armas Carnais VERSUS Armas Espirituais
Homens de Guerra com Sede de Sangue, Ousados e Comprometidos
Armas e Estratégias Espirituais
A Futilidade da Carne
As Fracas e Tolas Armas da Carne
O Que a Bíblia Diz Sobre o Propósito das Línguas?
Não Toque, Não Prove, Não Manuseie
Capítulo 3 - Descansando na Nossa Redenção
O Mercado de Escravos de Satanás
Dominados pela “Maldição deste Mundo”
Quem Está Trabalhando nos Bastidores?
Usados por Demônios
Comprados “do” Cativeiro
Pagando o Preço Exigido
Restaurados à Condição Plena
Transportados para Fora do Reino de Satanás
Capítulo 4 - Por que a Batalha Ainda Está Sendo Travada?
Batalha Espiritual e Renovação da Mente
Um Compromisso para Toda a Vida
Capítulo 5 - Uma Ameaça do Céu
Um Momento Oportuno para o Diabo Atacar
Ataques Demoníacos Que Não Prosperam!
Uma Porta Fechada Não Significa Fracasso
Se Você Tem Conquistado Novos Territórios, Prepare-se para Ser
Desafiado!
Ataques Contra Igrejas e Ministérios
Um Padrão de Contenda e Discórdia
Matadores Treinados e Fortemente Armados
Capítulo 6 - Uma Mensagem Importante a Lembrar
Cristãos Espiritualmente Desequilibrados
Companheiros de Luta
Soldados Que São Dignos de se Associar a Você
Capítulo 7 - Fortaleça-se no Senhor
Poder Sobre-humano para uma Tarefa Sobre-humana
Onde Encontrar Esse Poder
Está à Sua Disposição
A Evidência do Poder do Espírito Santo
O Poder Kratos
O Braço Forte de Deus!
Capítulo 8 - As Ciladas, os Desígnios e o Engano do Diabo
Roupas Novas
Como Revestir-se de Toda a Armadura de Deus?
Mantendo uma Posição Estratégica no Campo de Batalha de Sua Vida e
de Sua Mente
Um Confronto Olho no Olho!
Posicionando-se Contra as Ciladas do Diabo
Os Desígnios do Diabo
O Engano do Diabo
Um Exemplo de Intimidação Demoníaca
Fatos Incontestáveis sobre a Batalha Espiritual
A Carne para Nada Presta
Indo Além da Carne
Prevalecendo Sobre os Filisteus em Sua Vida
O Modo de Ação do Diabo
Capítulo 9 - Lutando Contra Principados e Potestades
A Sobrevivência dos Mais Fortes
Principados e Potestades
As Forças Militares do Diabo
Revelando Nomes, Símbolos e Tipos do Diabo na Bíblia
A Tendência Destrutiva de Satanás
A Natureza Pervertida de Satanás
O Desejo Controlador de Satanás
Satanás, o Manipulador da Mente
Um Pré-requisito para a Batalha Espiritual
Capítulo 10 - O Cinturão da Verdade
A Versão Expandida de Paulo da Armadura Espiritual
Para Revisão
A Arma Mais Importante
Uma Peça Visível da Armadura
A Diferença Entre Logos e Rhema
A Única Maneira de Vencer Espiritualmente
Como Andar em Justiça
Como Andar em Paz
Como Andar em uma Fé Forte
O Capacete e a Espada
Vencer ou Perder É Escolha Sua
A Capacidade Reprodutora de Deus
O Maior Erro Que os Cristãos Cometem
O Salmista Que Entendia a Centralidade da Palavra
A Chave para a Vitória e o Sucesso
O Melhor Conselho do Mundo
O Caminho para Vencer
Capítulo 11 - A Couraça da Justiça
A Beleza da Couraça
Alguém Quer Ferir Você
A Atitude Correta para a Batalha
Passagens Bíblicas sobre Justiça
Uma Nova Fonte de Confiança
Religião Sem Poder VERSUS Religião Poderosa
Justiça: Uma Arma de Defesa
Justiça: Uma Arma de Ataque
Capítulo 12 - As Sandálias da Paz
Dois Tipos de Paz
A Paz Dominante
Paz: Uma Arma de Defesa
Como a Paz Protege Você
Proteção Contra os Ataques do Diabo
Como Montar Guarda ao Redor do Seu Coração
Estacas para Ficar Firme
Como Ter uma Fé Inabalável
Paz: Uma Arma de Ataque
É Hora de Andar um Pouco!
O Que Significa “Em Breve”?
Capítulo 13 - O Escudo da Fé
O Escudo da Fé
Como Cuidar do Seu Escudo da Fé
O Que Significa “Acima de Tudo”?
O Propósito do Escudo da Fé
Os Dardos Inflamados do Maligno
Um Fogo que Inflama as Paixões Mais Vis
Quem É Responsável pelo Fracasso?
Fé Que Apaga, Extingue e Ricocheteia
Fé Coletiva na Igreja Local
Há Rachaduras em Seu Escudo?
Se Sua Fé Precisa de Uma Unção
Conclusão
Capítulo 14 - O Capacete da Salvação
O Capacete da Salvação
O Maior Dom de Deus
Armado e Perigoso
Jogando Jogos Mentais com o Diabo
O Que é uma Fortaleza?
Dois Tipos de Fortalezas
O Que é Opressão?
A Salvação Protege Sua Mente
O Que é uma Mente Moderada?
O Que Significa a Palavra “Salvação”?
Uma Mente Transformada
Capítulo 15 - A Espada do Espírito
As Espadas do Soldado Romano
O Que é uma Palavra Rhema?
A Espada e o Cinturão
O Que é uma Espada de Dois Gumes?
Meditação e Confissão
Como Ouvir de Deus
Quando Jesus Precisou de uma Espada
Uma Garantia de Vitória!
Capítulo 16 - A Lança da Oração e da Súplica
Vários Tipos de Lanças
Vários Tipos de Oração
Com que Frequência Devemos Orar?
Seis Tipos de Oração para o Cristão
Uma Palavra Final
Referências
Rhema Brasil Publicações
Rua Izabel Silveira Guimarães, 172
58.410-841 - Campina Grande - PB
Fone: 83.3065 4506

www.rhemabrasilpublicacoes.org.br
editora@rhemabrasilpublicacoes.org.br

Publicado no Brasil por Rhema Brasil Publicações com a devida autorização


de Teach All Nations, P.O. Box 702040, Tulsa, OK, uma divisão do Rick
Renner Ministries.

Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Rhema Brasil


Publicações.

Direção: Samir Ferreira de Souza


Supervisão: Ministério Verbo da Vida
Tradução: Claudio Chagas
Revisão: Idiomas & Cia
Capa: Bárbara Giselle
Diagramação versão digital: DIAG Editorial

Copyright © 1991 por Rick Renner.


© 2019 Rhema Brasil Publicações

Esta é uma tradução da 1a edição do título original e a 1a edição em língua


portuguesa.
Título original: In Dressed to Kill.

As citações bíblicas, exceto quando indicadas em contrário, são extraídas da


Bíblia Sagrada Nova Versão Internacional (NVI), 2000, Editora Vida. Outras
versões utilizadas: AA (Almeida Atualizada, SBB), ABV (A Bíblia Viva,
Mundo Cristão), ACF (Almeida Corrigida Fiel, Sociedade Bíblia Trinitariana
do Brasil) e ARA (Almeida Revista e Atualizada, SBB). Todos os grifos,
sejam em itálico ou caixa alta, são do próprio autor.

Proibida a reprodução, de quaisquer formas ou meios, eletrônicos ou


mecânicos, sem a permissão da editora, salvo em breve citações, com
indicação da fonte.

1a Edição
DEDICATÓRIA

Dedico esta nova versão de Armado para o Combate aos pastores, igrejas,
organizações, homens e mulheres de negócios, bem como aos parceiros em
todas as áreas que dão apoio financeiro ao nosso ministério. Denise e eu,
juntamente com nossa família e com nossa equipe chamada por Deus, fomos
convocados para fazer a obra do ministério nas fronteiras do campo
missionário. Mas é a graça de Deus e o apoio financeiro fiel de todos os
nossos parceiros que nos capacitam a permanecer aqui e cumprir a missão
que recebemos do céu, de transformar uma nação. Amamos a cada um e
agradecemos a Deus por nos unir a vocês na obra do Reino!

Rick Renner
AGRADECIMENTOS

Gostaria de expressar minha profunda gratidão ao saudoso Rev. Kenneth


E. Hagin por seu apoio público a este livro e por me encorajar na obra do
Senhor. No Seminário Bíblico de Inverno, em 1991, o irmão Hagin usou este
livro e fez referência a ele muitas vezes enquanto ensinava sobre a batalha
espiritual bíblica. Isso foi um grande incentivo para mim. Não existem
palavras suficientes para expressar minha gratidão por suas palavras de apoio
e pelas muitas verdades transmitidas à minha vida por intermédio de seu
ministério.
Também quero agradecer a Tony Cooke por ser usado por Deus para
passar o manuscrito original deste livro ao irmão Hagin. Sou muito grato,
Tony. Você é um amigo querido e um companheiro de lutas. Agradeço a
Deus por termos sido amigos por todos esses anos. Tenho-o em grande
estima.
Também gostaria de agradecer a Cindy Hansen por seu trabalho de reeditar
esta nova edição de Armado para o Combate. Você está entre as melhores
editoras que conheço. O que a torna mais valiosa como editora não são
apenas suas habilidades editoriais, mas também suas percepções e
comentários espirituais, aos quais dou grande valor.
E, mais importante que tudo, quero agradecer à minha preciosa esposa
Denise, por acreditar em mim e no meu ministério e por liberar fielmente a
doce fragrância de Jesus Cristo em nosso lar e em nossas vidas. Você é um
grande tesouro em minha vida. Obrigado por ser o exemplo de esposa, mãe e
avó temente a Deus que você é. Eu a amo profundamente, Denise. Meu
coração bate com gratidão por Jesus ter chamado você para ser minha esposa.

Rick Renner
CAPÍTULO 1

De tempos em tempos, o assunto da batalha espiritual torna-se um foco


popular, quase uma obsessão para o Corpo de Cristo. Quando isso acontece,
ela é ensinada com tamanho entusiasmo que um recém-chegado a Cristo
poderia supor que a batalha espiritual é uma revelação totalmente nova,
embora não seja assim. Houve muitos momentos na História em que este
assunto se tornou a paixão do setor carismático do Corpo de Cristo. Qualquer
pessoa que esteve em contato com a história da Igreja concordaria
rapidamente que, às vezes, o Corpo de Cristo passa pelo que chamamos de
uma “mania de batalha espiritual”.
Essa ênfase na batalha espiritual é boa no sentido em que nos torna mais
familiarizados com nosso adversário — o diabo — e com a maneira como ele
age. A partir do momento em que entendemos seu modo de ação, podemos
então frustrar seus ataques contra nós. Esse é exatamente o motivo pelo qual
Paulo disse aos coríntios com relação ao diabo e ao seu modo de operação:
“... não ignoramos as suas [de Satanás] intenções” (2 Coríntios 2:11).
No entanto, uma ênfase exagerada na batalha espiritual tem o potencial de
exercer um efeito muito negativo sobre a Igreja. Se a batalha espiritual não
for ensinada da maneira adequada, ela pode ser devastadora, pois esse
assunto tem um modo peculiar de cativar a atenção das pessoas tão
completamente que elas acabam por não pensar em mais nada, exceto em
guerra espiritual. Esse é um dos artifícios favoritos do diabo para levar os
cristãos a exaltarem o poder dele, colocando o diabo em um nível mais alto
do que ele merece. Quando essa armadilha funciona, esses crentes
desequilibrados e com a mente voltada para o inimigo começam a imaginar
que o diabo está por trás de tudo o que acontece, ficando assim paralisados e
incapazes de atuar normalmente em qualquer área da vida. Com essa
estratégia, o inimigo elimina a futura utilidade dessas pessoas no Reino de
Deus. Infelizmente, esse foi o resultado na vida de muitas pessoas que deram
um foco exagerado ao tema da batalha espiritual no passado.
Não entenda mal o que estou dizendo: eu não me oponho à batalha
espiritual. A batalha espiritual é real! Temos ordens na Bíblia de lidar com
as forças invisíveis que se organizam contra nós. Temos ordens para
“expulsar demônios” (Marcos 16:17) e “destruir as fortalezas” da mente (2
Coríntios 10:3-5). Isso faz parte da nossa responsabilidade cristã para com os
perdidos, os oprimidos e os endemoninhados.
Em meu próprio ministério, tive de lidar com manifestações demoníacas
em algumas ocasiões. Por exemplo, lembro-me de uma vez anos atrás em que
um jovem adolescente satanista aproximou-se de mim no fim de uma de
minhas reuniões em uma grande igreja. Durante a reunião, ele percebeu que
os poderes de Satanás tinham tornado sua mente cativa, então ele foi à frente
para receber oração.
Enquanto eu continuava orando pelas pessoas que estavam em fila, pude
perceber claramente, mesmo à distância, que aquele jovem evidenciava sinais
espirituais de uma presença maligna muito forte. Quando me aproximei dele,
senti que ele esteve envolvido em algum tipo de atividade ocultista.
Quando finalmente cheguei até o jovem, ele olhou para cima com olhos
muito apertados, como pequenas fendas em sua cabeça. Olhei-o nos olhos, e
foi como se um demônio estivesse olhando para mim por trás do rosto dele.
Quando vi isso, soube que aquele jovem falava sério quando pediu ajuda. Foi
preciso muita determinação para ele lutar contra aquela força manipuladora e
abrir caminho até a frente do auditório da igreja.
Quando impus minhas mãos sobre o jovem naquela noite, seu corpo
começou a reagir violentamente ao poder de Deus. Tremendo sob o peso do
poder de Deus, ele desabou ao chão, caindo junto aos meus pés. Deitado ali,
envolvido no poder eletrizante de Deus que percorria seu corpo de cima a
baixo, o jovem gemeu baixinho: “Tenho medo de deixá-los [o grupo satânico
com o qual ele estava envolvido]. Eles disseram que me matariam se eu
saísse do grupo!”.
Debrucei-me para orar por ele pela segunda vez, e quando fiz isso, a
influência demoníaca terrível que mantinha sua mente cativa imediatamente
soltou-o e deixou a cena. Ah, sim, eu definitivamente creio na batalha
espiritual genuína!

REFÉNS ESPIRITUAIS
Há multidões no mundo hoje sendo mantidas reféns pelo diabo em suas
mentes. A Primeira Epístola de João 3:8 diz: “... para isso o Filho de Deus se
manifestou: para destruir as obras do Diabo”.
A palavra “destruir” foi extraída da palavra grega luo, e se refere ao ato de
amarrar ou desamarrar alguma coisa. É a palavra exata que usamos para
retratar uma pessoa que está desamarrando os sapatos. Na verdade, a palavra
luo é usada dessa maneira exata em Lucas 3:16, quando João Batista diz:
“Mas virá alguém mais poderoso do que eu... tanto que não sou digno nem de
desamarrar...”.
Assim, Jesus Cristo veio ao mundo para desamarrar e desatar os poderes
de direito que Satanás tinha sobre nós. Na cruz, Jesus desatou o poder de
Satanás até que Sua obra redentora foi finalmente concluída e nossa liberdade
plenamente comprada.
Além do mais, Pedro disse à família de Cornélio: “Como Deus ungiu a
Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, e como ele andou por toda
parte fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo Diabo, porque Deus
estava com ele” (Atos 10:38).
Sabemos a partir dos dois versículos citados que libertar as pessoas do
poder de Satanás é uma preocupação primordial de Jesus Cristo. E se essa é a
preocupação dele, também deve ser a nossa.
Para libertar as pessoas da opressão demoníaca, precisamos aprender a
reconhecer a obra do inimigo e a vencer os ataques dele contra a mente, pois
a mente é a principal área que ele procura atacar. O objetivo de Satanás é
plantar uma fortaleza de engano em alguma área da mente de um indivíduo.
Se ele tiver êxito, poderá então começar a controlar e a manipular a pessoa a
partir dessa posição de supremacia.
O Espírito Santo está nos transmitindo claramente uma mensagem forte
sobre a batalha espiritual nestes dias. Os líderes cristãos e as igrejas em toda a
nação estão despertando para essa realidade. Diante desse fato, precisamos
dar ouvidos ao que o Espírito está dizendo à Igreja e seguir em frente, tendo a
Palavra de Deus como nosso guia e fundamento.
À medida que procuramos nos envolver na batalha espiritual, precisamos
tomar muito cuidado para ter equilíbrio. Primeiro, precisamos entender que
esse assunto envolve mais do que apenas lidar com o diabo. Outros elementos
importantes da batalha espiritual têm a ver com assumir o controle da nossa
mente e crucificar a carne. Não devemos esquecer que esses últimos
elementos da batalha espiritual são tão vitais quanto o primeiro.
A verdade é que os ataques do diabo contra a nossa vida não funcionariam
se a nossa carne não cooperasse. Se estivéssemos realmente mortificando a
carne diariamente (ver Colossenses 3:5), vivendo vidas que estão “mortas
para o pecado” (ver Romanos 6:2) como a Bíblia nos ordena fazer, não
aceitaríamos as sugestões demoníacas e não cederíamos à tentação da carne.
Homens mortos são incapazes de reagir a qualquer coisa. Esse é o poder de
uma vida crucificada!
Viver uma vida crucificada é uma parte crucial da batalha espiritual. Se
eu escrevesse um livro sobre batalha espiritual sem mencionar essa verdade,
cometeria uma grande injustiça contra os meus fiéis leitores, dando a eles
uma visão pouco realista do assunto.
Uma pessoa pode gritar com o diabo o dia inteiro, mas se ela permitiu
voluntariamente que alguma área de sua mente ficasse sem ser verificada e
protegida — se ela está ciente de uma área de pecado, mas não se dispôs a
lidar com ela — ela abriu a porta para um ataque sobre si mesma. Nesse caso,
todas as suas orações contra o diabo de nada valerão, porque o verdadeiro
inimigo dela não é o diabo. Ao contrário, são a sua própria mente carnal e a
sua carne que precisam se submeter ao controle do Espírito Santo a fim de
erradicar esses ataques.
O ponto principal é este: se as pessoas focarem apenas no diabo ao se
dedicarem ao tema da batalha espiritual e deixarem de considerar outras áreas
igualmente importantes, essa ênfase na batalha espiritual pode ser e será
muito prejudicial a elas.

DESPOJANDO OS PRINCIPADOS E AS POTESTADES


Embora a batalha espiritual seja real e não possamos ignorá-la, precisamos
tomar cuidado para lembrar que a verdadeira batalha contra Satanás foi
vencida na cruz e na ressurreição. Agora, esse mesmo Cristo vitorioso que
sozinho derrotou o diabo vive em nós, na Pessoa do Espírito Santo! É por
isso que o apóstolo João nos diz: “... Aquele que está em vocês é maior do
que aquele que está no mundo” (1 João 4:4).
Nossa visão da batalha espiritual deve começar com a compreensão básica
de que Jesus já alcançou a vitória sobre Satanás. Se esse não for o nosso
fundamento, eventualmente seremos levados a tirar conclusões espirituais
totalmente ridículas. A vitória já foi conquistada; não há nada que possamos
acrescentar à obra que Jesus realizou destruindo o domínio de Satanás
quando Ele ressuscitou dos mortos.
Em Colossenses 2:15, Paulo retrata a vitória de Jesus e a derrota de
Satanás de forma clara. Ele diz: “E, tendo despojado os poderes e as
autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz”.
Observe especialmente a palavra “despojado”. Essa palavra foi extraída da
palavra grega apekdusamenos, e se refere ao ato de retirar as vestes de
alguém a ponto de deixá-lo totalmente nu.
Ao usar a palavra “despojado”, o Espírito Santo nos diz que quando Jesus
ressuscitou dos mortos, Ele saqueou completamente o inimigo. Ele
literalmente “despojou os principados e potestades”. Uma tradução ainda
melhor poderia ser: “Ele despiu completamente os principados e potestades e
deixou-os completamente nus, sem nada à disposição para retaliarem”.
Além do mais, Paulo continua nos dizendo que Jesus não parou quando
Sua missão foi realizada e o saque e o despojo dos poderes do inferno foram
concluídos. Em vez disso, Jesus esfregou essa derrota na cara do diabo,
dando a maior festa que o universo já viu!
Colossenses 2:15 continua: “... e, despojando os principados e as
potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz”. A
palavra “expôs” foi extraída da palavra deigmatidzo, e significa literalmente
exibir ou apresentar alguma coisa. Ela era usada nos escritos gregos clássicos
para falar da exibição de prisioneiros, armamentos e troféus apreendidos
durante as guerras travadas em solo estrangeiro.
Quando a guerra terminava e a batalha era vencida, o imperador dominante
voltava para casa e exibia e expunha vitoriosamente os tesouros, troféus,
armamentos e prisioneiros que apreendera durante sua conquista militar. Esse
era um grande momento de celebração para o vencedor — e uma experiência
muito humilhante para o inimigo derrotado!
Ora, o Espírito Santo escolheu cuidadosamente usar essa mesma palavra
(deigmatidzo) para que soubéssemos o que Jesus fez depois de ter terminado
de saquear o inimigo. Quando Sua ressurreição estava concluída e o inimigo
foi despojado completamente, Jesus então passou a exibir e expor
publicamente esse inimigo espiritual e todos os seus armamentos defeituosos
aos exércitos do Céu!
Mas espere — ainda há mais em Colossenses 2:15 que precisamos
entender. Paulo prossegue dizendo que “... publicamente os expôs ao
desprezo...”.
Preste atenção especialmente na palavra “publicamente”. A palavra
“publicamente” foi extraída da palavra parresia, que é usada ao longo dos
livros do Novo Testamento para denotar ousadia ou confiança.
Usando a palavra parresia, Paulo declara que quando essa festa celestial de
celebração da vitória de Jesus começou, ela não foi nada silenciosa. Muito ao
contrário! Jesus expôs e exibiu ousadamente, confiantemente e em alta voz
esse inimigo agora vencido aos exércitos do céu!
Não se engane! Quando Jesus “publicamente os expôs ao desprezo”, esse
não foi um momento de silêncio no céu. Jesus fez uma exibição desses
inimigos derrotados e de seus armamentos abertamente, ousadamente,
confiantemente — e sim, em alta voz! Em outras palavras, foi um show e
tanto!
Então o versículo continua: “... publicamente os expôs ao desprezo,
triunfando deles na cruz”. A palavra “triunfando” foi extraída da palavra
grega triambeuo, que é uma palavra técnica usada para descrever um general
ou um imperador que voltava para casa após uma grande vitória em
território inimigo. A palavra “triunfo” (triambeuo) era uma palavra usada
para descrever especificamente o desfile triunfal do imperador quando ele
voltava para casa. (Para saber mais sobre isso, veja o capítulo 9 de meu livro
Living in the Combat Zone [Vivendo na Zona de Combate]).
Colossenses 2:15 ensina explicitamente que quando a obra de Jesus na cruz
estava terminada, Ele desceu aos lugares mais inferiores a fim de despojar o
inimigo pedaço por pedaço. Jesus “despojou os principados e potestades”
completamente por meio de Sua morte e ressurreição. Eles foram saqueados
tão completamente que foram “despidos até a nudez completa” e deixados
sem nada na mão para retaliar!
Se nosso entendimento da batalha espiritual não começar com esse
fundamento, eventualmente passaremos a esferas de ensino e experiências
que não são saudáveis do ponto de vista doutrinário. Portanto, precisamos
abordar a guerra espiritual a partir dessa perspectiva.

UM COMPORTAMENTO RIDÍCULO E ANTIBÍBLICO


A expressão “batalha espiritual” gera toda espécie de imagens em nossas
mentes. Com razão ela nos faz pensar corretamente sobre o nosso constante
conflito com os poderes demoníacos invisíveis, pois é realmente disso que se
trata a batalha espiritual. Como Efésios 6:12 nos diz, “porque a nossa luta não
é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra
os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal,
nas regiões celestes”.
Mas a mente também tem a capacidade de inventar algumas ideias
fabulosas, infundadas e antibíblicas sobre o diabo e a nossa guerra contra ele.
Se não tivermos um entendimento sólido e bíblico do diabo, da nossa
autoridade sobre ele conferida por Cristo e dos nossos armamentos
divinamente revestidos de poder a serem usados contra ele, ficaremos
totalmente abertos a toda espécie de pensamento errado, imaginação vã,
temores e métodos infundados de oposição ao nosso inimigo.
Essa é exatamente a razão pela qual afirmei que a ênfase na batalha
espiritual é tanto boa quanto má. Ela é boa porque nos ensina como o nosso
adversário opera.
De modo algum pretendo transmitir a ideia de que todos os ensinamentos
sobre batalha espiritual são maus; na verdade, alguns são excepcionalmente
bons! Mas quando abordamos esse tópico, precisamos nos proteger contra as
prescrições caseiras e supersticiosas a respeito da batalha espiritual. É nossa
responsabilidade alicerçar firmemente nossos ensinamentos e atos no que a
Palavra de Deus tem a dizer, em vez de fundamentá-los “no exagero”
empolgante que desperta emoções ou imaginações desenfreadas que
temporariamente agitam uma multidão frenética de novos crentes.
Por exemplo, há alguns anos, alguns supostos especialistas em batalha
espiritual ensinavam que pelo fato de os espíritos demoníacos viverem nas
“regiões celestiais” no Antigo Testamento e Satanás ser chamado de
“príncipe da potestade do ar” (Efésios 2:2), os cristãos deveriam encontrar
uma maneira de subir o mais alto possível a fim de causar sérios danos ao
diabo. Alguns desses “especialistas” em guerra espiritual chegaram a sugerir
que o quadragésimo, o quinquagésimo ou sexagésimo andares dos altos
arranha-céus eram os melhores lugares para se fazer reuniões de oração e
travar a batalha espiritual!
Caso alguém não tivesse vitória mesmo depois de haver subido a esses
“lugares altos” específicos para lutar contra o inimigo, esses mesmos
“especialistas” costumavam oferecer uma sugestão adicional: talvez essa
pessoa precisasse alugar um avião ou um helicóptero para subir ainda mais
alto — direto até os “lugares altos” onde os demônios habitam — para que
pudesse travar a batalha espiritual com maior eficácia!
Quando ouvi esse ensinamento, anos atrás, fiquei perplexo com a estupidez
do mesmo. Eu queria perguntar a esses supostos especialistas como o Senhor
Jesus Cristo conseguiu assumir a autoridade sobre as forças malignas. Afinal,
Ele não tinha prédios de 60 andares para fazer as Suas reuniões, nem aviões
ou helicópteros estavam disponíveis para Ele subir alto o bastante para fazer
dano ao inimigo. Mas, de algum modo, de alguma forma milagrosa, Jesus
ainda foi capaz de executar plenamente Seu ministério terreno de acordo
com a vontade de Seu Pai!
Esse tipo de ensinamento empolga um grande número de pessoas e vende
livros, mas ele não se fundamenta na Bíblia. A ignorância da Palavra de Deus
sempre deixa o Corpo de Cristo em uma posição vulnerável. É por isso que
Oséias 4:6 diz: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o
conhecimento...”. Onde há ignorância desenfreada com relação à Palavra —
principalmente com relação ao diabo e à nossa autoridade sobre ele — a
superstição quase sempre prevalece. Isso resulta em todo tipo de
“abracadabra espiritual” a fim de enxotar o diabo.
Infelizmente, muito do que é chamado de batalha espiritual geralmente se
encaixa nessa categoria constrangedora de comportamento ridículo e
antibíblico. No entanto, a batalha espiritual é real, e não devemos ignorar essa
verdade. Em vez disso, devemos avançar no estudo desse tema, sempre tendo
a Palavra de Deus como nosso guia.

POR QUE TANTA PREOCUPAÇÃO COM A BATALHA


ESPIRITUAL?
Alguém me escreveu recentemente e perguntou: “Por que parece que as
pessoas de tempos em tempos ficam tão preocupadas com o assunto da
batalha espiritual? Por que, periodicamente, ele se torna o tema da moda,
sobre o qual todos comentam?”.
Em resposta a essa pergunta, comecei a fazer algumas pesquisas. Falei com
muitos líderes cristãos nacionais acerca do assunto da batalha espiritual,
perguntando a eles especificamente: “Por que você acredita que a batalha
espiritual muitas vezes se torna uma questão de interesse comum?”.
As respostas que recebi se encaixam em três categorias diferentes. O
primeiro grupo de líderes com quem falei sugeriu que Satanás está desatando
novas hordas de espíritos demoníacos contra a Igreja nestes últimos dias —
talvez mais espíritos demoníacos do que nunca. Portanto, eles acreditam que
esse ímpeto sobre a guerra espiritual é a forma de Deus nos ensinar a vencer
essa quantidade inumerável de perturbações não convidadas que foram
liberadas para destruir a Igreja nestes últimos dias.
O segundo grupo de líderes sugeriu que tem havido uma nova infiltração
de demônios na Igreja nestes últimos dias. Esses demônios foram designados
especificamente para destruir igrejas e ministérios individuais de dentro para
fora. Na verdade, alguns líderes expressaram sua firme convicção de que esse
foi o motivo pelo qual tantos ministros fracassaram moralmente e caíram na
imoralidade ultimamente.
Esses líderes cristãos acreditam que os espíritos demoníacos estão
trabalhando o tempo todo para gerar o caos dentro da liderança da Igreja de
uma maneira geral, por isso afirmam que precisamos aprender agora mesmo
— neste exato momento extremamente crucial — a combater essas criaturas
asquerosas das trevas que vieram para planejar cuidadosamente a destruição
de grandes homens e mulheres de Deus.
O terceiro grupo de líderes acredita que o motivo para essa nova ênfase na
batalha espiritual é que os feiticeiros e satanistas estão se unindo em oração
satânica para lançar maldições sobre a Igreja de Jesus Cristo. Esses líderes
acreditam que, para combater essas maldições, o Espírito Santo está trazendo
ao Corpo de Cristo uma nova consciência sobre a necessidade da guerra
espiritual.
Independentemente de qualquer desses três cenários estarem certos ou
errados, ainda é verdade que a batalha espiritual recentemente tem ocupado a
vanguarda do Corpo de Cristo. Não importa o motivo pelo qual essa forte
ênfase tem ocorrido, pois, seja ele qual for, permanece o fato de que
precisamos saber o que a Palavra de Deus tem a dizer sobre essas questões de
batalha espiritual e da armadura de Deus.

NÃO É NENHUMA NOVIDADE


Está claro, com base na História, que inumeráveis massas de espíritos
demoníacos foram liberadas para atacar e vitimar a Igreja de Jesus Cristo
desde o seu nascimento, durante o primeiro, o segundo e o terceiro século.
Pelo fato de que vivemos nos tempos contemporâneos, é natural pensarmos
que o nosso problema é muito pior que o de qualquer geração anterior. Mas
mesmo com todos esses problemas atuais e as dificuldades que ainda estão
por vir, os problemas que enfrentamos hoje realmente não são maiores que os
das gerações de cristãos que nos precederam.
Quando a Igreja de Jesus Cristo entrou em cena no Dia de Pentecostes, ela
nasceu em um mundo muito semelhante ao nosso. As nações estavam em
revolta; as fronteiras nacionais estavam desaparecendo; a violência como
entretenimento era muito popular; e a moral relacionada a Deus era
praticamente inexistente no mundo romano.
O exército romano estava rapidamente conquistando todo o mundo
civilizado daqueles dias. As terras eram tomadas, saqueadas e ocupadas por
esse exército invasor da Itália. O mundo estava sendo unido tanto política
quanto economicamente pelo governo romano em ascensão. Enquanto isso, o
paganismo ocultista daquela época era muito pior do que qualquer historiador
poderia afirmar.
Satanás usou todos esses fatores como parte de seu plano de destruir a
Igreja de Jesus Cristo antes que ela pudesse destruí-lo. Não obstante, seu
plano de destruir a Igreja fracassou miseravelmente, pois Deus tinha outro
plano! Em vez de ser destruída, a Igreja Primitiva levantou-se no poder do
Espírito para enfrentar o desafio — assim como nós nos levantaremos em
nossos dias para enfrentar qualquer desafio que o inimigo tente colocar diante
de nós!
Equipados com “toda a armadura de Deus” (Efésios 6:10-18), esses
primeiros crentes viviam vitoriosamente para o Senhor em meio às piores
dificuldades — dificuldades muito piores que qualquer pessoa que está lendo
este livro jamais conheceu. Satanás açoitou a Igreja Primitiva com torturas e
perseguições externas inimagináveis, mas ele não conseguiu destruí-la!
“Toda a armadura de Deus” que funcionou de modo tão eficaz para
aqueles primeiros cristãos é exatamente o mesmo conjunto de elementos que
compõem a armadura espiritual usada pela Igreja de Jesus Cristo hoje. Assim
como aqueles primeiros cristãos estavam plenamente equipados com toda a
armadura de Deus para os problemas do seu tempo, nós também temos toda a
armadura de Deus para vivermos vitoriosamente para Jesus Cristo em nossos
dias. E essa armadura ainda funciona tão eficazmente quanto funcionava
naquela época!
Cada elemento da armadura espiritual de Deus — o cinturão da verdade, a
couraça da justiça, as sandálias da paz, o escudo da fé, o capacete da
salvação, a espada do Espírito e a lança da oração e da súplica — ainda
constitui um conjunto de armas cruciais, eficazes e poderosas para o Corpo
de Cristo hoje.
Em 2 Coríntios 10:4, a Bíblia fala sobre essas armas espirituais: “As armas
com as quais lutamos não são humanas; ao contrário, são poderosas em Deus
para destruir fortalezas”. Com essas “armas com as quais lutamos” nas mãos,
somos mais do que capazes de derrotar qualquer inimigo ou fortaleza
demoníaca que desafie a nossa fé!
As “fortalezas” que esses primeiros cristãos enfrentaram eram muito reais.
Eles realmente sabiam o que significavam as fortalezas! Os cristãos da Igreja
Primitiva viviam em um ambiente de paganismo, demonismo e adoração a
ídolos em uma medida que não podemos imaginar. Eles eram forçados a
conviver com a oposição religiosa, social e até política.
A oposição da sociedade romana pagã era tão furiosa que os cristãos eram
regularmente e fisicamente atacados por feiticeiros, astrólogos e médiuns. Na
verdade, foi nesse tipo de circunstância que Timóteo, discípulo de Paulo e
pastor da igreja de Éfeso, foi brutalmente assassinado.
Um ódio intenso contra os cristãos cresceu rapidamente sob o reinado de
Nero. Eles eram queimados até a morte no Circus Maximus em Roma; eram
comidos vivos por feras selvagens no Coliseu; e eram mutilados
publicamente por gladiadores nos anfiteatros até morrerem diante da plateia.
Na verdade, a morte terrível, atroz e grotesca dos cristãos oferecia aos
romanos a forma mais popular de entretenimento daquela época.
As mortes violentas dos cristãos se tornaram tão populares entre os
romanos que a capacidade de assentos do Coliseu foi ampliada. Essa
expansão foi necessária a fim de acomodar as enormes multidões que se
reuniam para assistir a uma tarde inteira de martírio de cristãos. Animais
selvagens eram liberados em uma série de passagens semelhantes a túneis.
Então os cristãos eram colocados nessas mesmas passagens para serem
caçados por animais selvagens ferozes. Eles eram perseguidos por essas feras
famintas até serem apanhados; então eram comidos vivos diante de dezenas
de milhares de pessoas que aplaudiam e gritavam.
Em princípio, esses eventos sanguinários só ocorriam uma vez ao ano,
geralmente durante o mês de janeiro, como dedicação aos deuses. Entretanto,
durante o terrível reinado de Nero, o número dessas tardes de entretenimento
no Coliseu aumentou enormemente.
Nero usava praticamente todas as desculpas que podia inventar para ver
mais cristãos serem mortos no Coliseu: por ocasião de seu aniversário, o
aniversário da data de sua posse como imperador, o aniversário do
nascimento de seus antecessores, o aniversário de sua mãe, um dia religioso
especial ou simplesmente um feriado romano normal. Qualquer dessas datas
era razão suficiente para Nero encher o Coliseu ao limite máximo com
espectadores que se sentavam na beira de seus assentos para presenciarem os
cristãos sendo mortos.
Os cristãos eram considerados de tão pouco valor no mundo romano que
quando a construção da Via Ápia (uma estrada que ia de Roma ao sul da
Itália) necessitou de trabalhadores para trabalhar à noite, os corpos mortos
dos cristãos martirizados foram pendurados em postes ao longo da estrada e
incendiados para servirem como enormes “lanternas”, que permitiam que os
trabalhadores continuassem trabalhando e construindo!
A atividade demoníaca em Roma era avassaladora! Todos os imperadores
romanos daquele período consultavam os astrólogos e os sacerdotes ocultistas
para tomarem decisões importantes. Esses médiuns de alto escalão eram
considerados tão vitais para a realização dos assuntos governamentais que
ocupavam posições oficiais na administração e eram altamente considerados
pelo imperador governante.
Além desses espiritualistas ocultistas de alto escalão que detinham
posições de proeminência especial no governo, centenas de outros sacerdotes
ocultistas de classe inferior estavam na folha de pagamento de Roma e
serviam como sacerdotes da religião oficial de Roma. Não há dúvida de que
esses feiticeiros, astrólogos, adivinhos e médiuns oficiais do governo devem
ter influenciado os sentimentos de Nero acerca dos crentes tementes a Deus.
Também havia outras espécies de religião além da religião oficial de
Roma. A cidade de Pérgamo, a mais famosa de todas as cidades da Ásia e
sede oficial do procônsul de Roma, era uma cidade cheia de idolatria e
paganismo.
No alto de uma montanha acima da cidade de Pérgamo, havia um grande
altar à deusa Atena. Diretamente diante desse templo dedicado a Atena, havia
ainda outra estátua idólatra. Um enorme altar de mármore polido construído
na forma de um trono gigante, que sobressaía em uma prateleira visível a
toda a cidade embaixo e brilhava sob a luz do sol todas as tardes. Esse era o
altar de Zeus.
De cada lugar de Pérgamo, os cidadãos poderiam olhar para cima e ver a
fumaça do incenso queimado subindo do altar demoníaco em direção ao céu.
Essa é a razão pela qual Jesus disse aos cristãos de Pérgamo: “Você tem
perseverado e suportado sofrimentos por causa do meu nome, e não tem
desfalecido” (Apocalipse 2:13).
Mas espere — ainda há mais! Além dessa adoração idólatra a Atena e a
Zeus, a cidade de Pérgamo também era a fortaleza do culto de Asclépio, um
espírito demoníaco que assumia a forma externa de uma grande serpente.
Esse culto em particular se gabava de que Asclépio, o espírito da serpente,
tinha o poder de curar os enfermos. As manifestações sobrenaturais desse
espírito da serpente finalmente se tornaram tão conhecidas que as pessoas
viajavam de todo o mundo para se consultarem com os sacerdotes de
Asclépio e serem curadas. Enormes altares a Asclépio foram erguidos em
toda a cidade. Literalmente, centenas de médiuns foram empregados como
sacerdotes desse culto tenebroso e demoníaco.
Quanto à moralidade de Roma — não havia nenhuma! Até os historiadores
e estudiosos não cristãos concordam que Nero mantinha um relacionamento
homossexual ativo com muitos dos homens que eram próximos ao trono
imperial. A bissexualidade era completamente aceitável pelos padrões da
época. Nero era, ele próprio, um homem casado quando estava se
relacionando com homens.
Assim como a indústria do entretenimento atual, o teatro era
grosseiramente sensual e sexual, cheio de vulgaridades e grosserias. Era até
comum haver cenas sexuais sendo totalmente encenadas no palco diante de
uma audiência romana carnal. As mulheres cristãs que caíam nas mãos do
governo de Nero e se recusavam a renunciar à sua fé em Jesus Cristo muitas
vezes eram forçadas a trabalhar nas comédias burlescas pervertidas de Roma
como uma forma de perseguição mental e espiritual.
Satanás tentou destruir a Igreja de Jesus Cristo desde sua concepção — e é
certo que ele tentará atacar e vitimar a Igreja à medida que nos aproximamos
da vinda do Senhor. O diabo sabe que se ele quiser danificar o plano de Deus,
esta é sua última oportunidade e ele precisa fazer o seu trabalho depressa.
Está enfaticamente claro que a Igreja Primitiva, assim como a Igreja atual,
teve de contender contra muitos ataques demoníacos. Mas, assim como a
Igreja Primitiva se levantou no poder do Espírito para enfrentar o desafio, nós
também venceremos o mundo que nos cerca, à medida que prosseguirmos,
equipados com toda a armadura de Deus, para vivermos vitoriosamente para
Jesus Cristo nestes últimos dias. Como o apóstolo João nos disse: “O que é
nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a
nossa fé” (1 João 5:4).
O estado espiritual do mundo não pode ficar pior do que era naquele
tempo. Algum de seus amigos foi queimado em um poste recentemente?
Você viu algum de seus amigos cristãos ser comido vivo por animais
selvagens famintos? Você foi aprisionado pela sua fé?
Embora a oposição espiritual seja tão real hoje quanto era durante os dias
da Igreja Primitiva, ela definitivamente não está pior. Este é o mesmo mundo
perdido que sempre foi; o sistema deste mundo ainda é governado pelo
mesmo “príncipe da potestade do ar”, que sempre procurou dominá-lo; e as
nossas batalhas são as mesmas batalhas que a Igreja tem lutado desde os seus
primeiros anos. Satanás sempre procurou destruir a Igreja por meio do seu
exército de espíritos corruptos, invisíveis e malignos. Esse absolutamente não
é um fenômeno novo!
Pelo fato de que o diabo fez isso no passado, não deve ser nenhuma grande
surpresa que ele tente fazer o mesmo novamente nestes últimos dias. Mas
lembre-se de que o primeiro ataque dele sobre a Igreja fracassou
miseravelmente. Quanto mais o diabo atacava a Igreja Primitiva, mais
depressa a Igreja de Jesus Cristo crescia e se multiplicava. Se o diabo
realmente enviar um novo exército de inumeráveis espíritos malignos contra
a Igreja nestes últimos dias, como alguns sugeriram, a Igreja mais uma vez
crescerá, florescerá, se multiplicará e vencerá!

E QUANTO AOS FEITICEIROS?


A ideia dos feiticeiros e satanistas unindo-se coletivamente para lançar
maldições sobre o povo de Deus também não é uma ideia nova. Em 1 Reis
18:17-40, a Bíblia nos diz que quatrocentos profetas de Baal se reuniram
coletivamente para liberar seu poder demoníaco contra o profeta Elias.
Embora Elias estivesse fisicamente só no Monte Carmelo naquele dia, ele
confrontou os profetas de Baal com o poder de Deus e testemunhou a
destruição total dos mesmos. Aqueles adoradores de Baal do Antigo
Testamento eram o equivalente aos feiticeiros e satanistas de hoje. No
entanto, aqueles adoradores do diabo do Antigo Testamento, que possuíam
genuinamente fortes poderes satânicos, não prevaleceram contra o poder de
Deus.
Com base nesse fato, podemos declarar alegremente que o resultado seria o
mesmo se os feiticeiros e satanistas dos dias atuais tentassem repetir esse
mesmo cenário novamente. Independentemente de quantos deles
aparecessem para lançar maldições sobre uma igreja local específica, um
ministério específico ou sobre o Corpo de Cristo de um modo geral, eles
fracassariam miseravelmente, assim como os profetas de Baal do Antigo
Testamento fracassaram.
Mesmo com todos os esquemas e planos dos homens maus — até com a
ajuda diabólica incontestável de Satanás — nenhuma força maligna jamais
prevaleceu contra o poder de Deus ou o povo de Deus, e nenhuma jamais o
fará! Todo líder mundial que tentou destruir a Igreja de Jesus Cristo foi
destruído. Todo período de trevas dos últimos dois mil anos da História
finalmente sucumbiu e deu lugar à luz avassaladora e vencedora de Jesus
Cristo e de Sua Igreja.
Satanás tem rugido alto como um animal feroz em muitas ocasiões, mas
ele nunca devorou a Igreja — e de acordo com o Senhor Jesus Cristo, ele
nunca o fará. Em Mateus 16:18, Jesus disse com relação à Igreja: “... e as
portas do Hades não poderão vencê-la”.
Com relação ao lançamento de maldições sobre os crentes, Provérbios 26:2
declara: “Como o pardal que voa em fuga, e a andorinha que esvoaça veloz,
assim a maldição sem motivo justo não pega”. O que significa esse versículo?
Assim como um pardal pode voar, mas não encontrar um lugar para construir
um ninho, assim uma maldição pode se agitar em torno de um cristão, mas
não encontrará um lugar de descanso na vida dessa pessoa. E assim como a
andorinha migra para outro lugar quando a estação muda, assim a maldição
finalmente voltará para aqueles que a enviaram.
Os feiticeiros e satanistas podem lançar maldições, usar poções e recitar
encantamentos e feitiços mágicos até ficarem roxos. Mas independentemente
de quanto eles tentem, o poder deles jamais prevalecerá contra o povo ou o
poder de Deus!

A BATALHA ESPIRITUAL BÍBLICA


O Antigo Testamento está repleto de ilustrações de batalha espiritual,
como a batalha de Jericó, Josafá e seus cantores, e Davi e Golias. Ainda
assim, as palavras “guerra” ou “batalha” só ocorrem cinco vezes em todo o
Novo Testamento. Isso nos chama bastante a atenção quando consideramos o
quanto se fala hoje sobre batalha espiritual.
Essas histórias verídicas do Antigo Testamento que nos dizem como Israel,
o exército de Deus, derrotou os adversários tanto naturais quanto espirituais,
foram escritas para a nossa instrução e advertência. Esta é a mensagem de
Paulo em 1 Coríntios 10:11: “Essas coisas aconteceram a eles como
exemplos e foram escritas como advertência para nós, sobre quem tem
chegado o fim dos tempos”.
Certamente é verdade que estudando as batalhas da Israel do Antigo
Testamento, podemos ter uma revelação muito necessária sobre como
conquistar os inimigos invisíveis que atacam e tentam destruir a Igreja de
Jesus Cristo. Entretanto, considerando que os termos “combater” e “combate”
são usados com tanta frequência hoje no Corpo de Cristo, é imperativo
construirmos um entendimento doutrinário sobre como essas palavras eram
usadas no Novo Testamento.
É importante observar que entre as cinco vezes em que as palavras
“militar” e “milícia” (na versão ARA) (extraídas da palavra grega stratos) são
usadas no Novo Testamento, elas nem uma vez são usadas com relação ao
diabo. Por exemplo, ambas as palavras são usadas em 2 Coríntios 10:3-5 para
denotar cativeiros mentais que precisam ser “destruídos”.
É verdade que esses cativeiros e fortalezas na mente podem ter
primeiramente se ligado a nós no passado quando ainda estávamos sob o
controle de Satanás. Entretanto, precisamos manter esses versículos no seu
contexto próprio. No contexto, esses versículos estão se referindo a uma
pessoa que toma a decisão imutável de assumir o controle da sua mente e de
levar os pensamentos de sua mente cativos!
A palavra “combate” é usada em 1 Timóteo 1:18 com relação a um
pronunciamento profético que foi feito sobre a vida de Timóteo. Paulo
ordenou que Timóteo se lembrasse das profecias que foram proferidas sobre
ele para que por meio dessas profecias, ele “combata o bom combate”.
Usando as palavras “combata” e “combate” nesse versículo, Paulo
pretendia advertir Timóteo a permanecer no combate da fé e a ser fiel ao
chamado de Deus sobre sua vida. Mais uma vez, as palavras “combata” e
“combate” neste versículo não têm nada a ver com o diabo!
Em 2 Timóteo 2:4, Paulo usa a palavra “milita” mais uma vez, dizendo:
“Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar
àquele que o alistou para a guerra” (ACF).
A palavra “milita” nesse versículo não tem nada a ver com o diabo
também! Em vez disso, Paulo está exortando Timóteo a manter sua vida livre
de entulhos; a ser determinado e a permanecer comprometido com o
chamado de Deus sobre sua vida, independentemente do preço.
Então, em Tiago 4:1, a palavra “guerras” é usada novamente — desta vez
para descrever a carne, e não o diabo. De acordo com Tiago, a “guerra
espiritual” diz respeito primordialmente a lutar contra os desejos da carne que
vêm para destruir o crescimento e o desenvolvimento espiritual.
Pedro usa o verbo guerrear da mesma forma para descrever claramente “os
desejos carnais que guerreiam contra a alma” (1 Pedro 2:11). Mais uma vez a
forma verbal “guerreiam” é usada não para descrever a atividade do diabo,
mas sim para descrever a tentativa da carne de conquistar e subjugar a
mente.
Diante disso, está abundantemente claro que o uso das palavras “guerrear”
e “guerra” no Novo Testamento tem a ver primordialmente com vencer a
carne e assumir o controle da nossa mente. Sim, o diabo pode atacar a mente,
e ele pode tentar dar poder à carne para trabalhar contra nós. Entretanto, se
mantivermos a nossa mente e a nossa carne sob o controle do Espírito Santo,
grande parte da batalha espiritual que encontraremos na vida já terá sido
decidida!

COMO A VERDADEIRA BATALHA ESPIRITUAL TEM INÍCIO


A maioria dos cristãos que caíram em tempos recentes não teria caído se
não tivesse dado ao diabo alguma espécie de ponto de apoio em suas mentes.
Essas pessoas seriam as primeiras a lhe dizer que deixaram a porta aberta
para o ataque demoníaco em algum ponto do caminho por não lidarem com
alguma área invisível e particular de suas vidas.
Os espíritos demoníacos absolutamente não têm poder para gerar
destruição a não ser que eles possam encontrar uma porta aberta na mente
de uma pessoa. Mas se eles conseguirem localizar essa entrada para a mente,
eles podem então, a partir dessa posição elevada, começar a introduzir
influências malignas e lançar os seus ataques sobre o indivíduo.
O Espírito Santo é fiel para nos convencer de quaisquer áreas em nossas
vidas que nos deixem vulneráveis ao ataque. Ele nos estimulará a nos
arrependermos e a mudarmos antes que o diabo construa fortalezas em nosso
pensamento. Entretanto, ainda cabe a nós garantir que essas portas abertas
sejam fechadas com força e de uma vez por todas.
Mas o que acontece se ignorarmos os apelos do Espírito Santo? E se
permitirmos que o pecado, a tentação permitida voluntariamente ou as
atitudes erradas persistam em nossas vidas, sem serem confessadas e
transformadas? Nesse caso, estamos deixando brechas totalmente abertas por
meio das quais o inimigo tentará nos sabotar. A verdade é que grande parte
da destruição espiritual é evitável, mas somente se quisermos ouvir
reverentemente aos apelos do Espírito Santo e obedecermos às Suas
advertências.
Mais uma vez, os espíritos demoníacos não podem destruir sem que haja
uma porta aberta para a alma de uma pessoa — e essa entrada só pode ser
dada com a nossa permissão.
As forças malignas tentam nos esmurrar e nos impedir, como tentaram
esmurrar e impedir o apóstolo Paulo (2 Coríntios 12:7; 1 Tessalonicenses
2:18), mas elas não podem destruir você ou a mim a não ser que já haja algo
errado em nós ao qual elas possam se agarrar e usar para a nossa destruição.
A tendência da carne sempre foi colocar a culpa do fracasso pessoal em
outra pessoa ou em alguma circunstância externa que está além do nosso
controle. Na verdade, pôr a culpa em outro é algo tão antigo quanto o Jardim
do Éden. Lembre-se de que foi Adão (o pai natural de todos nós) que colocou
a culpa do seu próprio fracasso moral em Eva. Em vez de reconhecer que ele
havia cometido pecado quando comeu livremente do fruto proibido no
Jardim, Adão disse a Deus: “... foi a mulher que me deste por companheira
que me deu do fruto da árvore, e eu comi” (Gênesis 3:12).
Do mesmo modo, um cristão está colocando no diabo a culpa que lhe
pertence por direito quando diz: “O diabo me fez fazer isso”, ou “Eu falhei
porque os feiticeiros estão orando contra mim”. Independentemente de
quantos espíritos demoníacos tenham sido designados para destruir um
crente, ele precisa cooperar com as sugestões do inimigo antes que a tentação
possa dominá-lo e arruinar seu testemunho.
Isso significa que, no fim das contas, você é responsável pelo seu próprio
fracasso ou sucesso em obedecer a Deus nesta vida. Você não pode colocar
em outro a culpa pelo seu fracasso contra o ataque demoníaco. Para que esse
ataque demoníaco tenha sucesso, você teve de cooperar de alguma forma,
seja pela ignorância, seja pela cooperação deliberada ou pela negligência ao
recusar-se a lidar com alguma área invisível e particular de sua vida. Por
exemplo:

•Você pode gritar que o diabo está atrás do seu dinheiro até ficar roxo.
Mas se deixou de controlar seu talão de cheques ou foi irresponsável no
pagamento das suas contas, você abriu a porta para esse ataque
financeiro.
•Você pode declarar que o inimigo está tentando afligir você com
doenças. Mas se você abusa do seu corpo comendo mal, trabalhando
demais e levando seu corpo além de sua capacidade, você abriu a porta
para que seu corpo seja atacado.
•Você pode gritar que seu casamento está debaixo de ataque. Mas se
você costuma falar de forma áspera com seu cônjuge, nunca passa
tempo nenhum com ele/ela ou não fez do seu casamento uma prioridade
em sua vida, você escancarou a porta para que o inimigo entre e destrua
seu casamento.
E a lista continua incessantemente.
Com certeza, há ataques-surpresa genuínos da esfera demoníaca que
pegam os cristãos inadvertidamente. Às vezes, o diabo realmente ataca as
finanças deles — principalmente se eles estiverem usando as suas finanças
para o Reino de Deus. É absolutamente verdade que, às vezes, o inimigo vem
para roubar, matar e destruir a saúde de uma pessoa. E também é verdade que
o inimigo pode tentar orquestrar o fracasso em um casamento.
Em meu próprio ministério, o inimigo tem atacado cruelmente de tempos
em tempos para destruí-lo. Conheço a realidade de um ataque demoníaco
genuíno. Esses ataques geralmente ocorreram em pontos críticos do nosso
ministério quando estávamos prestes a fazer alguma coisa importante no
Reino de Deus. Cada um deles foi uma tentativa clara de frustrar o plano de
Deus.
Há muitos anos, quando meu livro Living in the Combat Zone (Vivendo na
Zona de Combate) estava prestes a ser publicado, meu próprio ministério foi
lançado em uma zona de combate financeiro. Por algum estranho motivo que
não conseguíamos explicar, não entrava nenhuma oferta para o ministério, e
nossos parceiros pararam de escrever. Em questão de dias, toda a nossa renda
secou.
O inimigo sabia que Deus iria usar aquele livro de uma maneira grandiosa.
Portanto, ele quis impedi-lo antes mesmo que pudesse chegar às mãos dos
nossos leitores. Obviamente, o ataque do diabo fracassou e o poder da Cruz
prevaleceu!

LIDANDO COM O VENTO E AS ONDAS EM SUA VIDA


Toda vez que você estiver na frente de uma batalha fazendo algo
significativo para o Reino de Deus, os ataques do inimigo contra sua vida
aumentarão. Até Jesus ficou sob esse ataque quando estava preparando-se
para expulsar uma legião de demônios do endemoninhado de Gadara (Marcos
4:35-41).
Ventos violentos e destrutivos pareciam vir do nada para virar o barco de
Jesus e afogá-lo e aos Seus discípulos no meio do lago. O versículo 37 diz:
“Levantou-se um forte vendaval, e as ondas se lançavam sobre o barco, de
forma que este ia se enchendo de água”.
Observe que o versículo diz: “Levantou-se...”. A expressão “levantou-se”
foi extraída da palavra grega ginomai. A palavra ginomai é usada mais de
duzentas vezes no Novo Testamento; por conseguinte, seu significado
principal está bem documentado. A palavra ginomai normalmente descreve
algo que acontece inesperadamente ou algo que nos pega de surpresa.
Por exemplo, a palavra ginomai é usada em Atos 10:9, 10 para descrever
como Pedro recebeu sua visão revelando que a salvação se tornara disponível
aos gentios.

No dia seguinte, por volta do meio-dia, enquanto eles viajavam e se


aproximavam da cidade, Pedro subiu ao terraço para orar. Tendo fome,
queria comer; enquanto a refeição estava sendo preparada, CAIU EM
êxtase.

Observe especialmente as palavras “caiu em”. Essa expressão é derivada


da palavra grega ginomai. Pelo fato de Lucas usar a palavra ginomai,
sabemos que Pedro não esperava que aquela visitação ocorresse naquela
tarde. Ele estava esperando para jantar quando de repente, inesperadamente,
“caiu em” um êxtase. Aquele foi um encontro com Deus que o pegou de
surpresa.
Quando João nos diz como ele recebeu o livro de Apocalipse em
Apocalipse 1:10, ele também usa a palavra ginomai: “No dia do Senhor
achei-me no Espírito...”. A expressão “achei-me” também foi extraída da
palavra ginomai. Portanto, sabemos, a partir do uso dessa palavra, que João
não estava esperando ter uma visitação naquele dia. A visão veio
inesperadamente, pegando-o completamente desprevenido quando ele olhou
para cima e se encontrou na dimensão do Espírito.
Ora, essa mesma palavra, que contém um elemento de surpresa, é usada
em Marcos 4:37 para nos dizer claramente que Jesus e Seus discípulos não
esperavam ter mau tempo naquela noite. Aqueles ventos os atacaram
inesperadamente.
Muitos dos discípulos de Jesus eram pescadores antes de serem chamados
ao ministério, de modo que eles conheciam o tempo do mar. Se uma
tempestade natural estivesse se formando naquela noite, aqueles homens
jamais teriam levado seu pequeno barco para o meio daquele mar. Portanto,
você pode ter certeza de que quando eles iniciaram sua jornada naquela noite,
aquela era uma noite perfeita para velejar.
Mas de repente e inesperadamente, “levantou-se” uma grande tempestade
de vento. Observe que Marcos nos diz que era “uma grande tempestade de
vento”. A palavra “grande” foi extraída da palavra mega, que denota algo de
proporções magníficas. É de onde obtemos a ideia de “megalópole”,
“megalomaníaco” e “megafone”. Por usarmos essa palavra, sabemos que
aquela foi uma megatempestade!
E observe que tipo de tempestade era aquela. Marcos não diz que era um
temporal com trovões ou uma pancada de chuva; ele nos diz que era uma
“grande tempestade de vento”.
A palavra “vento” foi extraída da palavra lalaipsi, e descreve uma
turbulência ou um vento terrivelmente violento. Portanto, a tempestade que
atacou Jesus naquela noite era uma tempestade invisível. Uma pessoa não
podia ver essa tempestade, mas podia sentir os efeitos dela.
Essa foi uma tentativa do inimigo de destruir Jesus e Sua tripulação antes
que eles chegassem ao outro lado. Do outro lado, na terra dos gadarenos,
Satanás tinha um bem de valor: o endemoninhado de Gadara. O diabo sabia
que se o barco de Jesus chegasse ao outro lado, ele perderia seu bem valioso
e Jesus realizaria um dos maiores milagres de Seu ministério.
Assim, quando Jesus estava no limiar da remoção de uma barreira, esse
ataque inesperado de uma turbulência violenta e destrutiva veio sobre Ele e
os Seus discípulos para matar e destruir. O diabo não queria que Jesus
chegasse à terra dos gadarenos. Esse foi um golpe preventivo do diabo para
desfazer a obra de Deus.
Essa também foi uma grande oportunidade para os discípulos aprenderem
que Jesus Cristo é o Senhor do vento e das ondas! Depois que Ele exerceu a
autoridade sobre essa turbulência invisível e falou às ondas do mar, a Palavra
diz que “... O vento se aquietou, e fez-se completa bonança” (Marcos 4:39).
O fato de o ataque ter ocorrido exatamente quando Jesus estava no limiar
de um grande milagre não é raro. Na verdade, esse é normalmente o
momento em que os ataques demoníacos genuínos ocorrem. Se esses ataques
se levantaram contra Jesus, podemos ter certeza de que o inimigo tentará
fazer o mesmo conosco também. Portanto, precisamos nos preparar mental e
espiritualmente para lidar com os ataques demoníacos. Precisamos vestir
“toda a armadura de Deus” e assumir a autoridade sobre o vento e as ondas
que se levantarem contra as nossas vidas, as nossas famílias, os nossos
negócios e os nossos corpos — assim como Jesus assumiu a autoridade sobre
o vento e as ondas que se levantaram contra Ele.
Então, o que fazer se você estiver sob um ataque demoníaco?
Primeiramente, certifique-se de ser diligente para avaliar todas as suas bases
obedecendo aos apelos do Espírito Santo nas diversas áreas da sua vida.
Certifique-se também, da melhor maneira possível, de que você não deixou
nenhuma porta aberta para o ataque. Então, exatamente como o Senhor Jesus
Cristo, você precisa se levantar para assumir a autoridade sobre o vento e as
ondas. Esta é a sua oportunidade de ouro de ver uma demonstração do poder
de Deus em sua vida!
Deixe-me também enfatizar outro ponto importante: quando o vento e as
ondas cessaram naquela noite, a Palavra diz que “... fez-se completa
bonança” (v. 39). O versículo 37 anteriormente nos disse que essa tempestade
havia sido uma grande tempestade. Assim, quando tudo se resolveu, Jesus
equiparou uma grande tempestade com uma grande calmaria!
Se o inimigo criou um grande problema financeiro na sua vida, Jesus
Cristo quer equipará-lo com uma grande bênção financeira. Se o adversário
criou uma grande enfermidade no seu corpo, Jesus Cristo quer equipará-la
com uma grande cura. Se o diabo criou um terrível caos matrimonial na sua
vida, o Senhor Jesus Cristo quer equiparar essa crise matrimonial com uma
grande bênção matrimonial. O que quer que o diabo faça, Jesus Cristo quer
equiparar esse ataque com uma bênção ainda maior em sua vida!
Entretanto, precisamos ser honestos com nós mesmos no que se refere a
esses ataques. A maioria das batalhas que lutamos na vida não se encaixa
nesta categoria de “ataques surpresa”. A maioria das batalhas que lutamos
acontece porque fomos infiéis em dar ouvidos às advertências do Espírito
Santo para lidarmos com algumas áreas das nossas vidas antes que elas
saíssem do controle.

BATALHA ESPIRITUAL: UM ESTADO MENTAL


A batalha espiritual não é uma rajada de emoção momentânea para
afugentar o diabo temporariamente. Muito pelo contrário! A verdadeira
batalha espiritual é um estado específico da mente que envolve um
compromisso para toda a vida. É muito mais uma atitude determinada e
comprometida da mente do que uma ação propriamente dita.
O apóstolo Paulo entendia essa verdade sobre a batalha espiritual. Depois
de ser exteriormente esbofeteado pelas forças demoníacas que haviam se
levantado contra seu ministério, Paulo orou três vezes e pediu ao Senhor que
removesse o mensageiro de Satanás que fora enviado para “esbofeteá-lo” (2
Coríntios 12:7) e para impedi-lo de ter acesso a níveis mais altos de
revelação.
Mas esse mensageiro nunca foi removido. Em resposta ao pedido de Paulo
de que Deus o livrasse desse tormento, o Senhor respondeu: “... Minha graça
é suficiente para você...” (2 Coríntios 12:9).
Por que Deus respondeu a Paulo desse modo? Porque Paulo fez um pedido
que não era realista. Enquanto Paulo estivesse sendo eficaz para Deus,
enquanto ele estivesse causando danos à dimensão das trevas, ele sofreria
oposição das forças demoníacas. Em vez de oferecer a Paulo falsas
promessas de que ele poderia alcançar uma vida livre de oposição, o Senhor
prometeu em vez disso dar a ele a graça e o poder de que ele precisava para
vencer cada um desses ataques quando eles viessem.
As circunstâncias externas de Paulo eram um desafio constante. A
oposição espiritual invisível atiçava um terrível ódio na comunidade contra
ele em todo lugar aonde ele ia. O governo da época se colocava no seu
caminho e procurava bloquear a mensagem do Evangelho. Mas apesar de
toda a oposição que ele suportou, Paulo nunca era destruído por nenhum
desses ataques externos. Como ele próprio disse em 2 Coríntios 4:8- 9: “De
todos os lados somos pressionados, mas não desanimados; ficamos perplexos,
mas não desesperados; somos perseguidos, mas não abandonados; abatidos,
mas não destruídos”.
De acordo com o testemunho pessoal do próprio Paulo, em 2 Coríntios
11:24-28, sabemos que essa oposição externa era extremamente intensa. Por
exemplo, no versículo 24, ele nos diz: “Cinco vezes recebi dos judeus trinta e
nove açoites”.
Como se isso não bastasse para Paulo suportar, ele continua no versículo
25: “Três vezes fui golpeado com varas, uma vez apedrejado, três vezes sofri
naufrágio, passei uma noite e um dia exposto à fúria do mar”.
Sem entrar em maiores detalhes sobre todos os métodos de perseguição
que Paulo sofreu, podemos resumir rapidamente o que a Palavra nos diz.
Sabemos que seus pés foram espancados com varas em três ocasiões
diferentes; sua cabeça foi esmagada pelo menos uma vez; ele suportou três
naufrágios diferentes; e em algum momento do seu ministério, ele passou
uma noite e um dia no mar — 24 horas inteiras pisando na água para
permanecer vivo! (Para maiores detalhes sobre os métodos de perseguição e
as aflições que Paulo sofreu, veja as páginas 60 a 95 de meu livro If You
Were God, Would You Choose You? [Se Você Fosse Deus, Escolheria
Você?]).
Depois de mencionar essas aflições extremamente duras, Paulo continua
falando de maneira mais geral sobre outras aflições menores que ele
suportou.

Estive continuamente viajando de uma parte a outra, enfrentei perigos


nos rios, perigos de assaltantes, perigos dos meus compatriotas, perigos
dos gentios; perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, e
perigos dos falsos irmãos. Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei
sem dormir, passei fome e sede, e muitas vezes fiquei em jejum; suportei
frio e nudez.
— 2 Coríntios 11:26-27

No entanto, mesmo com todos esses desafios e formas de oposição — e


com toda sua fadiga mental e exaustão física — Paulo nunca caiu em nenhum
tipo de imoralidade ou em nenhum tipo de falha moral. Ele nunca
racionalizou o fracasso dizendo:

•“Fracassei porque demônios foram designados para me destruir.”


•“Falhei porque feiticeiros estavam se reunindo em congressos de
bruxos e lançando maldições sobre mim.”
•“O diabo me armou uma armadilha e me fez fazer isto!”

É verdade que a maioria dos ataques demoníacos e tragédias ocorrem por


causa de alguma omissão por parte do cristão. Por exemplo, muitas tragédias
ocorrem nas vidas dos cristãos por causa de portas que são deixadas abertas
para o inimigo por meio da ira, da amargura, do ódio ou da preguiça. Ainda
assim, também é verdade que o diabo pode atingir um crente que está
andando em fé e no Espírito. Esses “ataques sorrateiros” são reais.
Como afirmei, enquanto um cristão procura fazer a vontade de Deus e
obedecer à Sua Palavra, o diabo tentará frustrar o plano que Deus deseja
realizar por intermédio daquele cristão. Entretanto, os ataques surpresa da
esfera demoníaca não terão sucesso se o escudo da fé do cristão estiver no
lugar para protegê-lo e para fazer com que esses ataques ricocheteiem de
volta para o lugar de onde se originaram. Os espíritos demoníacos não podem
destruir uma pessoa exceto que já haja uma área de pecado na vida dela à
qual eles possam se apegar e usar para destruí-la.
Não havia tais áreas vulneráveis na vida de Paulo — nada que o diabo
pudesse usar para destruí-lo. Portanto, a consagração pessoal de Paulo ao
Senhor era sua maior defesa contra o inimigo.
Embora Paulo fosse esbofeteado exteriormente, ele nunca foi atacado a
ponto de sofrer um fracasso pessoal. Ele viveu uma vida crucificada e assim
estava morto para o pecado. Nada nele cooperava com os artifícios e
tentações do diabo. Assim, a santidade pessoal de Paulo paralisava a
capacidade do diabo de fazê-lo cair moralmente.
Assim podemos concluir a partir de um estudo da vida de Paulo que é
muito difícil, se não inteiramente impossível, o diabo destruir completamente
uma pessoa que vive uma vida santificada e consagrada. A maioria dos
ataques seriam totalmente evitados se o pecado e as atitudes erradas não
tivessem lugar na vida do crente.

UMA ADVERTÊNCIA SOBRE BATALHA ESPIRITUAL


Por causa da abordagem antibíblica à batalha espiritual que algumas
pessoas adotaram no passado, muitos líderes cristãos maduros, respeitados e
cheios do Espírito se sentiram compelidos a incentivar o Corpo de Cristo a
voltar a um equilíbrio adequado no tocante a esse assunto de batalha
espiritual. Esses são homens e mulheres de Deus que entendem que existe um
adversário espiritual real que precisa ser confrontado com armas espirituais
genuínas.
A batalha espiritual é definitivamente uma realidade que todos precisamos
aprender a enfrentar em algum ponto de nossas vidas. Entretanto, também
devemos entender que o diabo, ele próprio um estrategista muito perspicaz,
adoraria nos desviar e nos impedir de lhe causar qualquer dano real. Uma
maneira pela qual ele tenta fazer isso é nos colocando fora do caminho ao nos
levar a usar táticas espirituais tolas: fazer barulhos estranhos, gritar
violentamente com o diabo ou nos envolver em outras tolices extremamente
infundadas e antibíblicas da suposta “batalha espiritual”.
As pessoas tendem a procurar soluções que resolvam todos os problemas
de uma vez e que não as façam olhar para suas próprias falhas ou lidar com
sua própria carne. Essa geralmente é a razão pela qual elas se aglomeram em
busca de ensinamentos e métodos que oferecem soluções relativamente
simples para problemas difíceis de toda uma vida. Agarrar-se firme à Palavra
de Deus e aplicar os seus princípios às suas vidas parece demorar demais e
ser mais difícil de fazer. Afinal, a Palavra de Deus exige que a pessoa viva
uma vida crucificada. Ela exige que haja arrependimento de uma vida mental
errada. E insiste que ela procure se conformar à imagem de Jesus Cristo.
Portanto, a ideia de uma cura instantânea é muito atraente para os não
comprometidos e para os espiritualmente imaturos, que estão em busca de um
paliativo para transformar os seus problemas profundamente arraigados,
habituais e muitas vezes provocados por eles mesmos.
Mais uma vez, ninguém — inclusive este autor — duvidará da realidade da
batalha espiritual genuína. Todos nós já ficamos face a face com o inimigo
em algum momento de nossas vidas, e podemos estar certos de que o
enfrentaremos novamente em algum momento no futuro. Na época da
impressão deste livro, vivo em uma parte do mundo que geralmente é muito
hostil à obra do Evangelho. Sei, por experiência própria, que a batalha
espiritual é uma força muito real que com frequência ataca o povo de Deus!
O fato é que enquanto procurarmos viver dentro da vontade de Deus e
obedecer à Sua Palavra para as nossas vidas — enquanto quisermos expulsar
as forças das trevas e fazer resplandecer a luz do Evangelho onde ela não
resplandeceu antes — o diabo fará tudo o que puder para se opor e frustrar o
plano que Deus deseja realizar por intermédio de nós. É por essa causa que
Deus nos deu um conjunto completo de elementos de uma armadura
espiritual. (Nos capítulos 10 a 16, estudaremos o que a Bíblia diz sobre essa
armadura espiritual, versículo por versículo e palavra por palavra).
Quando o poderoso conjunto de peças dessa armadura invisível estiver em
posição em nossas vidas, estaremos prontos para a luta. Com esse armamento
à nossa disposição, estamos ARMADOS PARA O COMBATE!
PERGUNTAS PARA CRESCIMENTO PESSOAL OU DEBATE EM
GRUPO

1.De que maneiras a ênfase na batalha espiritual pode ser tanto boa
quanto má para a Igreja? O que você pode fazer para evitar as ciladas
que alguns cristãos sofreram ao estudar o tema da batalha espiritual?
2.Qual é o alvo principal do inimigo quando ele planeja atacar alguém?
Como esse conhecimento ajuda você a lidar com os ataques do diabo em
sua própria vida?
3.Por que crucificar a carne é uma parte tão crucial da verdadeira batalha
espiritual? O que acontece se você não der esse passo vital ao tentar
vencer as estratégias do inimigo contra a sua vida?
4.Qual é o ponto de partida fundamental para desenvolver uma visão
correta da batalha espiritual?
5.O que podemos aprender estudando a reação dos primeiros cristãos à
intensa perseguição e aos ataques demoníacos? Como podemos aplicar
essas lições à nossa caminhada diária com Deus?
CAPÍTULO 2

Deixe-me dizer desde o início que algumas pessoas adorarão este capítulo e
outras o desprezarão. Mas por causa dos vários tipos de ensinamentos sobre
batalha espiritual que circulam periodicamente pela comunidade cristã, sou
compelido pelo Espírito Santo a incluir este capítulo neste livro.
Em vez de magnificar a obra vitoriosa de Jesus Cristo sobre Satanás e a
nossa libertação do poder dele, muito do que é ensinado hoje sugere que a
obra da cruz está inacabada — que o sangue de Jesus nos salvou, mas na
verdade não nos libertou completamente do poder de Satanás. Embora essa
talvez não seja a intenção de alguns daqueles que ensinam a respeito de
batalha espiritual, em geral essa é a mensagem transmitida.
O fruto desse ensinamento é uma nova forma de legalismo espiritualizado.
Em outras palavras, o que Jesus Cristo fez não foi suficiente; portanto, você
agora precisa fazer algumas coisas “a mais” a fim de adquirir a libertação
adicional do controle do diabo. Na verdade, isso é o equivalente a trocar uma
forma de cativeiro por outra — e o segundo cativeiro é muito mais perigoso.
Ele vem na aparência de espiritualidade e, pelo menos em princípio, é muito
difícil de discernir.
Com relação a essas armas carnais e técnicas carnais feitas pelo homem,
Paulo tinha o seguinte a dizer: “Porque, embora andando na carne, não
militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais,
e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas” (2 Coríntios 10:3-4,
ARA).
Observe como Paulo começa: “Pois embora andando na carne...”. A
palavra “andar” foi extraída da palavra peripateo e é um composto de duas
palavras peri e pateo. A palavra peri significa ao redor e a palavra pateo
significa andar. Quando as duas palavras são unidas (peripateo) a nova
palavra significa andar por aí ou viver habitualmente e continuar em uma
vizinhança geral.
Usando a palavra peripateo, Paulo está transmitindo uma mensagem muito
forte sobre a sua humanidade. A palavra transmite esta ideia: “Praticamente
tudo o que faço, faço nesta dimensão da carne; como na carne; divirto-me na
carne; durmo na carne; penso na carne; estudo na carne. Minha vida
consiste principalmente nesta dimensão terrena”.
Na verdade, o tempo grego aqui usado é a esfera de influência locativa.
Isso é extremamente importante! Em um sentido literal, significava que Paulo
sabia que ele estava “trancado” no seu corpo carnal e não podia sair dele,
nem podia trocá-lo por outro! Ele estava “preso ao corpo”. Esse estado de
estar “preso ao corpo” não mudaria até a morte, quando esse corpo carnal e
natural seria gloriosamente transformado em um corpo espiritual.
O próprio fato de Paulo dizer: “... não militamos segundo a carne [ou de
acordo com a carne]” nos diz que ele estava ciente da fraqueza e futilidade do
seu próprio homem natural. Paulo sabia que não havia esperança de realizar
nada de bom por intermédio do seu homem carnal; portanto, ele se voltou
para a dimensão do espírito onde a ajuda sobrenatural estava disponível.

HOMENS DE GUERRA COM SEDE DE SANGUE, OUSADOS E


COMPROMETIDOS
Paulo continua nos dizendo que há uma coisa que ele não faz com seu
corpo carnal e natural: “... não militamos segundo a carne”. A palavra
“militar” foi extraída da palavra strateomenos, e se refere à atitude militante
de um soldado treinado. Ela era usada particularmente para denotar a atitude
comprometida de um soldado romano pesadamente armado, treinado para
matar.
Não há dúvida de que os soldados romanos eram as melhores máquinas
militares de seu tempo e estavam entre os soldados mais habilidosos da
história do mundo. Aqueles homens eram matadores treinados. Na verdade,
eles eram tão completamente treinados nas artes do assassinato e da
mutilação que esses atos de guerra haviam se tornado instintivos para eles.
Profissionais nas armas de guerra, os soldados romanos sabiam como usar
essas armas contra os adversários com muita eficácia. Poderia se dizer que
esses soldados em particular tinham sede de sangue.
Além do mais, especialmente os bons soldados pediam para ser colocados
na frente de batalha. Seu desejo insaciável de tirar sangue dos adversários
estava tão impregnado na disposição deles que eles não se contentavam em
guerrear atrás das linhas, onde apenas uma ação mínima estava ocorrendo.
Esses soldados pediam para ser colocados na frente de batalha para que
pudessem ver o inimigo primeiro e ter a primeira oportunidade de atacar.
Além disso, os soldados extremamente audazes com frequência se
ofereciam como voluntários para partirem em missões perigosas que outros
não queriam empreender. A ideia de penetrar em um campo inimigo e invadir
solo estrangeiro perigoso eram possibilidades eletrizantes para esse tipo
especial de soldado. Eles eram homens de guerra ousados, comprometidos e
com sede de sangue.
Todas essas imagens gráficas são transmitidas na palavra “militamos”, que
Paulo agora usa em 2 Coríntios 10:3. Portanto, quando Paulo diz: “... não
militamos segundo a carne”, ele está fazendo várias afirmações poderosas à
Igreja.
Primeiramente, Paulo nos diz que, espiritualmente falando, a sua própria
atitude mental é muito semelhante a de um soldado romano: ele está tão
comprometido em ter vitória que quer tirar sangue do inimigo ele mesmo.
Além do mais, ele quer ser colocado na frente de batalha para ter a
oportunidade de atacar primeiro. E ele é tão corajoso espiritualmente que está
disposto a ir aonde nenhum outro soldado quer ir!
Essa era a atitude mental de Paulo, e essa foi uma das razões pelas quais
ele declarou que queria “... anunciar o evangelho para além das vossas
fronteiras...” (2 Coríntios 10:16). O desejo de Paulo era ir e ministrar em
lugares onde nenhum outro homem queria ir! Esse é o motivo pelo qual ele
estava disposto a ir a cidades como Éfeso e Corinto, que eram fortalezas de
sensualidade e de atividade demoníaca. Paulo era um soldado da linha de
frente do Senhor!
Mas Paulo nos diz outra coisa que também é muito importante neste
versículo. Além de possuir essa atitude mental comprometida e determinada,
ele diz: “... não militamos segundo a carne”.
Lembre-se de que Paulo era um homem instruído e influente, naturalmente
falando. Mas no que se referia a dar um golpe no inimigo, ele sabia que sua
inteligência e instrução não contavam. A carne de Paulo, independentemente
do quanto ela parecia impressionante ou do quanto ela pudesse rugir alto,
não seria páreo para um inimigo espiritual. As armas carnais simplesmente
não estão aptas a combater adversários espirituais, e nunca estarão!

ARMAS E ESTRATÉGIAS ESPIRITUAIS


Paulo continua no versículo 4: “Porque as armas da nossa milícia não são
carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas”. Preste atenção
especial às palavras “armas”, “milícia” e “carnais”, nesse versículo
importante sobre batalha espiritual.
Em primeiro lugar, Paulo nos diz que temos armas à nossa disposição —
mas elas são armas espirituais. Essas armas, tanto ofensivas quanto
defensivas, podem ser encontradas em Efésios 6:13-18. (Abordaremos essas
armas amplamente nos capítulos 10 a 16.)
Em segundo lugar, observe que Paulo continua dizendo: “Porque as armas
da nossa milícia...”. A palavra “milícia” oferece outra chave importante para
derrotar os ataques do inimigo. Ela foi extraída da palavra stratos, e é de
onde retiramos a palavra “estratégia”. Ao escolher usar essa palavra, o
Espírito Santo nos diz algumas coisas muito importantes sobre batalha
espiritual.
Em primeiro lugar, a palavra stratos nos diz que para as armas espirituais
funcionarem com eficácia, elas precisam estar acompanhadas de uma
estratégia divina sobre como usá-las. Se tivermos armas, mas não tivermos
um plano de batalha, nossa derrota será certa.
Essa, na verdade, é a principal razão pela qual a maioria dos cristãos não
tem vitória em sua vida pessoal. Não é que lhes falte o armamento adequado
— Deus lhes deu tudo o que eles precisam! Entretanto, eles não têm uma
estratégia que lhes diga como atacar. Por conseguinte, as armas deles de nada
adiantam.
Armas sem uma estratégia sempre se traduz em fracasso. Imagine um
exército que está plenamente equipado com armas de guerra, mas não tem
estratégia para usar essas armas contra o inimigo! Mesmo com todas essas
armas e artilharia à disposição, esse tipo de exército fracassará
completamente.
Do mesmo modo, muitos crentes se gabam de ter “toda a armadura de
Deus”, mas não fazem ideia de como essa armadura espiritual deveria ser
usada na prática nas experiências de suas vidas. Até que Deus dê a esses
crentes uma direção clara e um plano de batalha seja concebido em seus
corações, essas armas pouco farão para repelir as forças do inferno que se
levantam contra eles.
Assim como Deus graciosamente o vestiu com uma armadura espiritual
quando você nasceu de novo, Ele agora quer graciosamente lhe dar uma
estratégia de como destruir as mentiras e enganos do diabo que têm
dominado a sua mente para que eles não possam mais controlá-lo.
Para receber essa estratégia divina, você precisa ouvir o Espírito de Deus.
Isso requer que você passe tempo orando no Espírito, lendo a Palavra e
buscando a mente de Deus. Por si mesmo, você nunca conceberá um plano
que o liberte.
Quando as fortalezas se tornam profundamente arraigadas na mente,
somente o Espírito Santo pode lhe dar uma estratégia de como destruí-las. Ele
lhe mostrará como usar as armas que Deus lhe deu, e Ele o instruirá sobre
quando e o que atacar!

A FUTILIDADE DA CARNE
Agora chegamos ao ponto seguinte desse versículo. Paulo continua:
“Porque as armas da nossa milícia não são carnais...”.
A palavra “carnal” foi extraída da palavra sarkos, que é a palavra grega
para “carne”. Escolhendo usar essa palavra, Paulo nos diz que as verdadeiras
armas espirituais não vêm da esfera da carne. Na verdade, Paulo toma uma
posição difícil neste assunto. Ele declara enfaticamente que as armas
espirituais não têm absolutamente nada a ver com a carne ou com a
atividade da carne.
Embora Paulo vivesse, agisse e andasse na carne, assim como nós o
fazemos hoje, ele não dependia da carne ou das técnicas carnais para derrotar
adversários espirituais. Para reforçar a vitória que Jesus alcançou por meio da
Cruz e da ressurreição, Paulo tinha de usar armas espirituais. A carne pode
combater a carne, mas a carne não é páreo para a dimensão espiritual.
Embora Paulo fosse extremamente instruído:

•Nem a sua instrução nem a sua mente maravilhosamente genial eram


páreo para o diabo.
•Sua notoriedade como líder cristão famoso não assustava nem
impressionava o diabo.
•Sua maneira de falar e seu estilo vocal de pregar não eram incríveis o
bastante para livrá-lo dos ataques do diabo.

Não importa quão boa seja a aparência da carne ou o barulho que ela
faça ao rugir, ela nunca se destinou a combater um inimigo espiritual.
Esse é o motivo pelo qual Deus nos deu em Sua graça armas espirituais,
como “o cinturão da verdade”, “a couraça da justiça”, “os calçados da paz”,
“o escudo da fé”, “o capacete da salvação”, “a espada do Espírito” e a “lança
da intercessão”. Sem essas armas, ficamos nus e indefesos diante do
adversário!

AS FRACAS E TOLAS ARMAS DA CARNE


Não obstante, muitos crentes buscam usar técnicas externas, físicas e
carnais na tentativa de derrotar a obra do adversário em suas vidas e para
travar a suposta “batalha espiritual”. Em vez de descansar na obra redentora
de Jesus Cristo e usar as armas que são fornecidas na Bíblia (Efésios 6:13-
18), esses crentes passam a seguir uma forma de “batalha espiritual” que é
totalmente estranha a qualquer ensinamento do Novo Testamento, onde eles
precisam fazer “coisas” adicionais a fim de se libertarem do controle do
diabo.
Mas não é de técnicas externas, físicas e carnais que os crentes que estão
com dificuldades precisam! Esses métodos não apenas são ineficazes — eles
eventualmente se tornarão uma nova forma de legalismo nas vidas das
pessoas que confiam neles para guerrear contra o diabo. Assim, além de lutar
contra as verdadeiras fortalezas que o diabo semeou em suas mentes, esses
crentes também terão de lutar contra os sentimentos de condenação por não
alcançarem a vitória por meio das supostas “técnicas de batalha espiritual”
que lhes foram ensinadas!
Esse legalismo de fazer supostas “coisas espirituais” a fim de obter
libertação passou a ocupar dolorosamente a vanguarda de muitos grupos ao
longo dos anos. Sinto a dor dessa tragédia profundamente em meu coração,
pois sou chamado por Deus para ministrar às pessoas. Portanto, quando vejo
pessoas sinceras envolvidas pelas obras da carne que, na verdade, não
acrescentam nada à sua liberdade, isso me entristece profundamente.
Não posso evitar lamentar pelos cristãos que constante e habitualmente
querem se libertar da possessão demoníaca quando Jesus Cristo já os libertou.
Por exemplo, lamento muito pelo grupo de cristãos que começaram a ensinar
há vários anos que os cristãos precisam se libertar do controle da opressão
demoníaca deliberadamente se obrigando a vomitar, dia após dia, semana
após semana — como se vomitar por si só de algum modo removesse os
poderes demoníacos! Eles viam essa forma de purificação como prova de que
os poderes demoníacos tinham saído do corpo das pessoas.
Nas últimas décadas, também tive a infelicidade de ver muitos cristãos
abusando fisicamente de seus corpos e ferindo as suas gargantas com um
ensinamento chamado de “línguas guerreiras” — um ensino que cresceu em
popularidade há algum tempo. As pessoas que aderiram a esse ensinamento
acreditavam que gritando, berrando e orando violentamente com orações
barulhentas que chegavam a ferir suas gargantas, elas podiam exercer mais
poder contra o diabo.
Algumas dessas pessoas até ensinam que se você orar baixinho, é melhor
que encontre algo mais útil para fazer com seu tempo. Na visão distorcida
delas, a oração não exerce poder espiritual, exceto se for feita em voz alta em
um volume ensurdecedor. De algum modo elas acreditam que a autoridade
espiritual esteja ligada ao volume de sua voz!
Mas quando você está lidando com o diabo, o problema não é o nível do
som ou o volume da sua voz. O diabo não tem medo de barulho. Lembre-se
de que ele criou toda espécie de música horrenda, barulhenta e gritante nos
tempos modernos. O barulho obviamente não incomoda o diabo.
Um policial não grita nem berra para impedir um crime; ele simplesmente
puxa a sua arma e a empunha diante do ofensor. O policial não precisa gritar
ou berrar. Toda a gritaria do mundo não pararia o ofensor! Por outro lado, a
arma do policial tem grande autoridade. Com a arma em punho, ele pode
sussurrar para o ofensor, e o ofensor obedecerá de bom grado.
Do mesmo modo, é a autoridade que reside no seu espírito que faz com
que o diabo obedeça. Se você sabe que está em Jesus Cristo e como usar essa
autoridade transmitida por Cristo contra o diabo, pode sussurrar baixinho que
ele fugirá. A questão não é o nível do volume da sua voz; é a autoridade
contida no seu espírito.
Toda a ideia que está por trás da gritaria violenta em línguas é que as
regiões celestiais estão cheias de poderes demoníacos e os cristãos estão
fisicamente sob essa nuvem tenebrosa e demoníaca. Portanto, eles precisam
tentar rasgar as regiões celestiais com os seus barulhos altos e gritantes na
tentativa de abrir caminho por meio dessa suposta barreira infernal. Assim,
irmãos e irmãs sinceros são levados a crer que precisam gritar violentamente
com o diabo por horas sem fim, dia após dia e semana após semana, para
alcançarem a libertação em suas vidas pessoais.
Após ouvir sobre essas reuniões, eu pessoalmente participei de uma, anos
atrás. Ao ouvir a mensagem naquela noite, eu mal podia acreditar nos meus
ouvidos. Durante uma hora inteira, o palestrante instruiu as pessoas sobre
como gritar, berrar, “começar a chorar” (forçar o choro), e “fazer purificação”
(forçar o vômito). Meu coração doeu ao ver o que os cristãos sinceros
estavam fazendo em nome do Espírito Santo e ao ouvir o que eles pensavam
ser a genuína batalha espiritual.
Não tenho dúvidas quanto à sinceridade desses irmãos, nem duvido do seu
verdadeiro desejo de derrotar a obra do diabo em suas vidas pessoais e nas
vidas de outros. O zelo deles é admirável, mas seus atos não têm base bíblica
nem “se baseiam no conhecimento” (Romanos 10:2).
De qualquer modo, a Bíblia não ensina que devemos gritar
incessantemente contra o diabo — e as Escrituras devem ser, absolutamente,
o fundamento de tudo o que cremos, ensinamos e fazemos.

O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE O PROPÓSITO DAS LÍNGUAS?


Pelo fato de alguns terem deduzido no passado que orar em línguas é a
maior ferramenta que devemos usar contra o diabo, é importante sabermos o
que a Bíblia diz sobre orar em línguas e o propósito de Deus para elas. Essa é
a única maneira de podermos compreender exatamente qual é a finalidade das
línguas em nossas vidas.
Em 1 Coríntios 14:2, o apóstolo Paulo fala a respeito de orar em línguas.
Ele diz: “Pois quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus...”.
Observe que quando Paulo escreve sobre orar em línguas, ele não faz menção
em absoluto ao diabo. Na verdade, 1 Coríntios 14:2 diz que o propósito de
orarmos em línguas não é falar ao diabo, mas ao contrário, é falar mistérios
com Deus!
Paulo continua dizendo: “O que fala em outra língua a si mesmo se
edifica...” (1 Coríntios 14:4). Assim, vemos que o resultado final de orar em
línguas é a edificação pessoal e a edificação da fé.
Orando no Espírito, nossa fé é edificada para nos ajudar a resistir aos
esquemas do diabo quando necessário. Mas orar em línguas nunca pretendeu
ser algo que usássemos para “falar com o diabo”, como muitos na
comunidade cristã têm afirmado de tempos em tempos.
Não existe uma passagem bíblica que fundamente essa afirmação.
Portanto, esse ensino popular não tem base bíblica, e aqueles que o ensinam
estão errados.
Se optarmos por orar em voz alta, vamos esclarecer por que estamos
fazendo isso. Não é porque estamos “guerreando” contra o diabo. Ao
contrário, estamos guerreando contra a carne, tentando romper os fortes
desejos e apelos da carne para que Deus possa abrir caminho e falar ao nosso
espírito, trazendo-nos revelação divina.
Devo admitir que houve momentos em minha própria vida em que orei
muito alto. Entretanto, não fiz isso para derrotar o diabo, mas sim para me
erguer acima dos clamores da minha própria carne quando ela tentava
guerrear ferozmente contra a minha alma.
Os ensinamentos errados acerca desse assunto vêm de uma tentativa
deliberada do adversário de escravizar os cristãos em um besteirol espiritual e
arrastá-los para o legalismo — onde eles nunca poderão fazer o bastante para
satisfazer seu sentimento de culpa ou encontrar a libertação que desejam. É
apenas uma questão de tempo antes que eles tenham de fazer alguma coisa a
mais a fim de adquirir mais liberdade — e então eles terão de fazer outra
coisa a mais. O legalismo leva as pessoas a um caminho que nunca tem fim.
Um irmão amado a quem conheci pessoalmente tornou-se vítima desse
tipo de erro doutrinário. Ele se envolveu com um grupo de “batalha
espiritual” equivocado que exigia coisas que eram obras da carne para
combater o diabo. Ele foi atraído a esses cristãos por causa do grande zelo
deles — mas não demorou muito até que ele tivesse trocado a alegria da
salvação por uma vida de cativeiro espiritual.
Não importava o quanto aquele homem fizesse — nunca era o suficiente.
Se ele orasse por quatro horas seguidas, não era o bastante. Se ele gritasse
como os outros faziam, até perder a voz, ele não gritava por tempo suficiente.
Se ele provocasse o vômito para se livrar dos espíritos demoníacos como os
outros do grupo o faziam, parecia que ele nunca se livrava de todos os
demônios. Sempre havia algo mais a ser feito. Para o legalismo, o bastante
nunca é o bastante.
No fim, o homem caiu em profundo desespero e se tornou um homem
arrasado e destruído, convencido de que jamais poderia fazer o suficiente
para alcançar a libertação completa em Jesus Cristo.
Todas essas são meramente doutrinas de homens que não estão alicerçadas
na Bíblia Sagrada. Cada um desses ensinos tenta acrescentar algo à obra
redentora de Jesus Cristo que já foi completada, como se a obra de Cristo não
fosse suficiente. Como Paulo perguntou de forma tão correta aos cristãos
gálatas: “Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais,
agora, vos aperfeiçoando na carne?” (Gálatas 3:3).

NÃO TOQUE, NÃO PROVE, NÃO MANUSEIE


O legalismo — acrescentar suas próprias obras à obra perfeita de Cristo
que já foi completada — estava tentando se ligar à igreja na região da
Galácia. Paulo sabia que o legalismo é um assassino que eventualmente suga
a alegria e a força espiritual das pessoas. Então ele ordenou aos gálatas: “Para
a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos
submetais, de novo, a jugo de escravidão” (Gálatas 5:1).
Os gálatas estavam sendo tentados a voltar à Lei do Antigo Testamento.
Depois de ter recebido Jesus Cristo e a promessa do Espírito Santo
gratuitamente, um ensinamento errôneo estava agora procurando atraí-los de
volta às regras e regulamentos do Antigo Testamento das quais eles tinham
sido libertos.
O pensamento dos gálatas era: Sim, recebemos Jesus Cristo gratuitamente.
Mas para manter esta salvação que recebemos gratuitamente, precisamos
fazer a nossa parte para “manter” a nossa salvação. Assim, precisamos nos
colocar novamente debaixo da Lei do Antigo Testamento para cumprirmos
suas regras e regulamentos.
Pelos mesmos motivos, Paulo escreveu à igreja de Colossos e disse:

Portanto, não permitam que ninguém os julgue pelo que vocês comem
ou bebem, ou com relação a alguma festividade religiosa ou à
celebração das luas novas ou dos dias de sábado...
... Já que vocês morreram com Cristo para os princípios elementares
deste mundo, por que, como se ainda pertencessem a ele, vocês se
submetem a regras: “Não manuseie!”, “Não prove!”, “Não toque!”?
Todas essas coisas estão destinadas a perecer pelo uso, pois se baseiam
em mandamentos e ensinos humanos.
— Colossenses 2:16, 20-22

Então Paulo continuou: “Essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria,


com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo,
mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne” (Colossenses
2:23).
Essas coisas externas realmente possuem uma demonstração externa de
humilhação, e de rigor com relação à carne. A natureza religiosa do homem
adora essa demonstração externa! A pessoa religiosa quer acreditar que, pela
sua própria obra e mérito, ela pode de alguma forma atingir uma perfeição
que a torna aceitável a Deus.
É exatamente por isso que as religiões do Extremo Oriente, como o
budismo e o hinduísmo, exigem que seus adeptos vivam uma vida de
abnegação e humilhação. É um orgulho da carne disfarçado que diz: “Posso
fazer isto sozinho” ou “Obrigado pela Tua ajuda, Deus, mas eu também
preciso ajudar com isto”.
Essa mesma natureza religiosa também tenta se apegar aos cristãos com
relação ao tema da batalha espiritual. A velha natureza carnal diz:

•“Deixe-me fazer algo para merecer a minha libertação!”


•“A obra de Cristo sozinha com certeza não pode ser o suficiente!”
•“Deixe-me gritar pela minha libertação!”
•“Deixe-me purificar-me dos espíritos demoníacos!”

A todas essas afirmações, precisamos responder: “Não por causa de atos de


justiça por nós praticados, mas devido à sua misericórdia, ele nos salvou...”
(Tito 3:5)!
Não podemos acrescentar absolutamente nada ao que Jesus fez na cruz do
Calvário. Foi uma obra total, perfeita e completa! E nessa gloriosa obra de
redenção (que abordaremos no capítulo 3), Jesus também comprou a nossa
libertação total e completa dos poderes do maligno!
Em Hebreus 2:3, o escritor de Hebreus declara que a nossa salvação é uma
“grande salvação”. Mas quão “grande” é essa salvação se o poder de Satanás
ainda nos controla? Quão “grande” é essa salvação se ainda estamos sob a
sua pesada mão e precisamos abrir caminho lutando para sair do seu jugo dia
após dia? Quão “grande” é essa salvação se precisamos gritar, berrar ou
vomitar a fim de manter a nossa liberdade? Espero que você possa perceber o
quanto a obra da carne realmente é totalmente ridícula!
Se é verdade que precisamos fazer todas essas coisas externas, carnais e
físicas, então parece que a morte e a ressurreição de Jesus não efetuaram
realmente uma mudança permanente na dimensão espiritual e que a nossa
salvação não é tão “grande” afinal. Quão “grande” pode ser uma salvação que
não liberta completa e totalmente?
Mas temos boas-novas! A nossa salvação É uma “grande salvação!”.
Pela Sua obra na cruz e Sua ressurreição vitoriosa entre os mortos, Jesus
Cristo quebrou completamente o domínio de Satanás e o cativeiro do pecado
sobre nós. Então, no novo nascimento, Ele liberou todos os seus poderes em
nós quando passamos da esfera da morte para a esfera da vida (1 João 3:14)!
Nosso objetivo na vida agora não é lutar pela nossa libertação; em vez
disso, é aceitar gratuitamente a libertação que já foi alcançada para nós. Na
verdade, a Bíblia nos ordena que cessemos com as nossas próprias obras e
entremos “... nesse descanso...” (Hebreus 4:11), onde podemos desfrutar a
maravilhosa provisão que Deus tornou disponível em nosso favor. Entrar
nesse “descanso” — isto é, aprender a aceitar e descansar na obra redentora
de Jesus — é nisso que se resume a caminhada da fé!
Para nos capacitar a desfrutar a nossa salvação e os seus benefícios (cura,
mente equilibrada, preservação da mente e libertação dos cativeiros), Deus
nos concedeu graciosamente a fé para crer. Mas Ele não parou aí. Também
nos deu Sua Palavra para nos iluminar até a nossa herança por causa da cruz.
Sim, Satanás tentará guerrear contra nós depois que tivermos
experimentado o novo nascimento. Ele tentará nos afligir com os cativeiros
do passado, com aflições ou com pobreza. Ele usará toda espécie de arma
demoníaca que puder para nos colocar de novo debaixo do seu controle. Mas
recebemos armas divinamente revestidas de poder para resistir aos ataques do
inimigo e manter as bênçãos da nossa salvação.
Essas armas espirituais não são as armas carnais que muitos querem usar
para vencer os ataques do diabo. Ao contrário, as armas que Deus nos
entregou são feitas de uma substância espiritual — e de acordo com o
apóstolo Paulo, elas são “... poderosas em Deus para destruir fortalezas” (2
Coríntios 10:4)!
PERGUNTAS PARA CRESCIMENTO PESSOAL OU DEBATE EM
GRUPO

1.Por que é impossível vencer quando “guerreamos segundo a carne” ao


lidarmos com o diabo?
2.O que deve ser combinado com as armas espirituais que Deus proveu
para nós a fim de termos vitória em qualquer situação?
3.Como você pode discernir a diferença entre as técnicas infrutíferas e
carnais usadas para combater o diabo e a verdadeira batalha espiritual?
4.O que é legalismo? Como uma atitude legalista lhe impede de receber
os benefícios da libertação de todo o poder do inimigo?
5.Quais são alguns exemplos de métodos legalistas que alguns crentes
têm usado para guerrear contra o diabo?
CAPÍTULO 3

Antes de iniciarmos o estudo acerca do que a Bíblia tem a dizer a respeito de


armadura espiritual em Efésios 6:10-18, precisamos primeiramente voltar por
um instante e observar o que a Bíblia tem a dizer sobre a redenção. Uma
visão correta da redenção esclarecerá muitas ideias erradas sobre o diabo e a
batalha espiritual.
Existem quatro palavras diferentes usadas para denotar “redenção” no
Novo Testamento grego: agoridzo, exagoridzo, lutroo e apolutrosis. É
importante que compreendamos todas essas quatro palavras ao abordarmos
essa questão da batalha espiritual.
Agoridzo, a primeira das quatro, era um termo técnico usado para
descrever o mercado. Era empregado com mais frequência para descrever
especificamente o mercado de escravos.
O mercado de escravos era um lugar terrível e deplorável. Esses lugares
nunca deveriam ter sido permitidos. Seres humanos eram levados em desfile
diante dos potenciais compradores e depois eram colocados em um palanque
para troca, onde eram leiloados como animais, como móveis velhos ou coisas
indesejadas.
O valor do escravo era determinado principalmente pelo estado dos seus
dentes. Se tivesse bons dentes, ele provavelmente estaria em boa forma e,
portanto, seria mais caro. Se tivesse dentes podres, provavelmente podia ser
comprado por um preço bem menor.
Assim, antes do processo nauseante de compra, venda e comércio de restos
humanos ter início, os potenciais compradores tinham permissão para
verificar a “mercadoria”. As cabeças dos escravos eram sacudidas de um lado
para o outro; sua boca era aberta à força e seus dentes eram inspecionados
para ver se estavam podres ou em bom estado.
Como se isso não fosse suficientemente desumano e degradante, os
clientes que iam comprar escravos também eram incentivados a chutar e bater
na “mercadoria” para determinar o nível de resistência física do escravo.
Para descobrir o temperamento do escravo, os compradores os
esbofeteavam, xingavam e cuspiam em seus rostos. Se um escravo
conseguisse engolir o orgulho, cerrar os dentes e segurar seu temperamento
durante esse abuso humilhante, o comprador presumia que ele poderia ser
usado a ponto de sofrer abusos sem causar ao seu proprietário nenhum tipo de
problema.
Em suma, os escravos não tinham qualquer valor pessoal. Eles eram vistos
como não sendo melhores do que os animais. De acordo com a mentalidade
daquela época, eles eram apenas mais uma espécie de cavalo de trabalho e
não tinham nenhum valor humano real. O único propósito deles no mundo
era servir às exigências que seus atuais donos exigiam deles.
Tendo tudo isso em mente, podemos perceber que o Espírito Santo nos
disse algo extremamente importante ao usar a palavra agoridzo para
descrever “redenção”.

O MERCADO DE ESCRAVOS DE SATANÁS


Quando Jesus Cristo veio ao mundo, ele havia se tornado um lugar
totalmente deplorável.
O belo paraíso que Deus criou no Éden se fora; nem mesmo um resquício
dele permaneceu. Em seu lugar, o mundo se tornara um “mercado de
escravos” global, onde Satanás capturara o coração dos homens e enchera a
natureza deles de violência e destruição. A cada geração sucessiva depois de
Adão, a morte espiritual levou as pessoas de todas as nações, tribos e grupos
étnicos a mergulharem mais e mais profundamente no cativeiro e na
depravação total.
Assim, o mundo em que Jesus Cristo nasceu há aproximadamente dois mil
anos era um mundo de cativeiro completo. Por meio da desobediência de
Adão, a morte espiritual capturou a natureza de toda a humanidade. Como
Paulo disse: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no
mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os
homens, porque todos pecaram” (Romanos 5:12).
Usando a palavra agoridzo, sabemos sem dúvida alguma que quando Jesus
Cristo veio à terra pela primeira vez, Ele entrou em um mercado de escravos
espiritual repugnante e nauseante, onde os seres humanos viviam toda a sua
vida nesta terra como escravos de Satanás e dos efeitos negativos do pecado.
Nosso cativeiro naquele tempo era tão completo que Paulo declara que
éramos “vendidos à escravidão do pecado” (Romanos 7:14). A palavra
“vendidos” vem da palavra grega piprasko, que descreve literalmente uma
transferência de propriedade. Ao usar essa palavra, Paulo nos diz claramente
que a humanidade fora transferida das mãos de Deus às mãos de um novo
proprietário. Essa, claro, é a imagem da total propriedade de Satanás sobre
nós antes de Jesus Cristo entrar em nossas vidas.
Como escravos no mercado de escravos, estávamos indefesos diante do
diabo enquanto ele esbofeteava nossas vidas de um lado para outro —
batendo, chutando, cuspindo em nós e abusando de nós de todas as maneiras
possíveis. O nosso “dono” tentou danificar a nossa autoimagem, matar os
nossos corpos com vários tipos de pecados e vícios, e nos desfigurar
emocionalmente. Quando terminava de usar uma forma de cativeiro e morte
em nós, ele nos colocava de volta no palanque de troca para sermos leiloados
novamente. Logo outra forma de cativeiro nos dominava e começava a deixar
a sua marca destruidora em nossas vidas.
Assim, passávamos de um cativeiro para o seguinte em um ciclo
interminável de derrota. A cada dia que vivíamos, quer estivéssemos cientes
disso quer não, esse proprietário infernal nos levava cada vez mais para baixo
e nos afundava mais profundamente no cativeiro do pecado e na depravação
total — na pior forma possível, de dentro para fora, do princípio ao fim, cada
centímetro, da cabeça aos pés, pela frente e por trás, até o limite máximo.
A Bíblia diz que esse era o nosso estado antes que a graça de Deus
alcançasse as nossas vidas. Esse é o motivo pelo qual Paulo nos diz
repetidamente na Bíblia que éramos “escravos do pecado” (Romanos 6:17,
20).
A palavra “escravo” foi extraída da palavra doulos, que é o termo mais
abjeto para um escravo na língua grega. Um expositor explicou que a palavra
doulos descreve alguém cuja vontade está completamente absorvida pela
vontade de outro.
Isso significa que, antes da experiência da nossa salvação, estávamos
“absorvidos” pela vontade de Satanás. Intelectualmente, pensávamos que
estávamos no comando de nossas vidas e que éramos nós que dávamos as
cartas. Mas, na verdade, éramos escravos abjetos do pecado e nossos destinos
estavam sendo orquestrados por um espírito diabólico invisível que queria
nos destruir.
Nosso cativeiro anterior ao diabo era tão arraigado que a nossa natureza se
mesclara intrinsecamente com a semente da rebelião, que está no próprio
centro da natureza de Satanás. A rebelião contra Deus percorria
profundamente o nosso sangue e se tornou enraizada em nossa disposição
humana. Finalmente, o abismo entre Deus e nós era tão vasto que a Bíblia
declara que nós nos tornamos “estranhos e inimigos” na nossa mente por
meio das obras malignas (Colossenses 1:21).

DOMINADOS PELA “MALDIÇÃO DESTE MUNDO”


Essa presença demoníaca impregnada em nossas vidas e no mundo que nos
cerca era absoluta e suprema. Paulo descreve isso assim: “Nos quais andastes
outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar,
do espírito que agora atua nos filhos da desobediência” (Efésios 2:2).
Observe que Paulo disse: “Nos quais andastes outrora, segundo o curso
deste mundo...”. A expressão “segundo” foi extraída da palavra kata. A
palavra kata significa enfaticamente que éramos completamente dominados,
manipulados e controlados por ele!
A palavra “curso” foi extraída da palavra grega aiona. Essa é uma palavra
simples que descreve um período específico, designado, como uma era
específica, ou uma geração. Por exemplo, cada década de um século (p.ex.:
os anos 50, 60, 70, 80, 90, 2000 e assim por diante) é tecnicamente um aiona
— um período específico, designado. Poderíamos dizer que essa palavra
denota a influência de uma geração específica ou um período curto de vida.
Mas ainda há mais! A palavra aiona significa não apenas um período de
tempo, mas também o espírito desse período. Por exemplo, o espírito dos
anos 20 era tipificado como os “extravagantes anos 20”. Com o advento do
rock-and-roll, os anos 50 foram tipificados como “anos rebeldes”. O espírito
dos anos 60 e 70, por causa das drogas e da guerra, foi tipificado como um
tempo de “experimentação e questionamento da ordem estabelecida”. Cada
uma dessas décadas individuais (aiona) teve uma característica própria que
era única no seu tempo específico e no seu lugar na História.
Assim, quando Paulo declara que nós andávamos “... outrora, segundo o
curso deste mundo...”, a palavra “curso” transmite a ideia de estar dominado
pelo pensamento popular do nosso próprio tempo e geração específicos.
Paulo está dizendo que quando ainda estávamos perdidos e sem Deus neste
mundo, não tínhamos perspectiva eterna nem um padrão bíblico constante
segundo o qual viver. Como resultado, éramos dominados inteiramente por
essas filosofias e ideias flutuantes que vão e vêm muito rapidamente.
A palavra “mundo” vem da palavra grega kosmos, e Paulo usa a palavra
kosmos para transmitir as ideias de ordem e organização. Os cientistas usam
kosmos para descrever o universo porque, embora imenso, diverso e sempre
em expansão, o universo é um sistema perfeitamente organizado e ordenado.
A palavra kosmos também era usada durante o período grego antigo para
descrever a sociedade. Pelo menos em certa medida, a sociedade é um
sistema que possui ordem e organização. Quando a palavra kosmos é usada
para retratá-la, também leva consigo as ideias de moda e sofisticação. Essa é
exatamente a ideia que Paulo apresenta em Efésios 2:2.
Antes de conhecermos o Senhor, éramos tão curtos de visão e tão voltados
para as coisas temporais que a Bíblia diz que éramos totalmente dominados,
manipulados e governados pela sociedade e o tempo em que vivíamos.
Podíamos parafrasear esse versículo assim: ... Vocês andavam
completamente dominados pelos caprichos dos tempos... Ou poderíamos
traduzi-lo desta forma: ... Vocês andavam por aí controlados pela moda da
época e pelo pensamento de seu tempo...

QUEM ESTÁ TRABALHANDO NOS BASTIDORES?


Paulo ainda não terminou! Agora ele vai nos dizer quem está manipulando
o sistema deste mundo perdido que está dominando e controlando os homens
e mulheres perdidos! Além de sermos controlados pela sociedade e o mundo
em que vivemos, Paulo acrescenta que também costumávamos andar “...
segundo o príncipe da potestade do ar...” (Efésios 2:2).
A expressão “segundo” mais uma vez foi extraída da palavra kata, a
mesma palavra grega que já foi usada nesse versículo para transmitir as ideias
de domínio, manipulação e controle.
Assim, na mesma medida em que nossas vidas eram controladas pelos
lançadores de tendências do mundo (Hollywood, a moda, a indústria musical,
o sistema educacional, etc.), Paulo diz que também éramos dominados pelo
“príncipe da potestade do ar”.
A Bíblia nos diz três coisas sobre Satanás nesse versículo:

1.Ele é um príncipe.
2.Ele tem autoridade genuína.
3.Seu poder se fundamenta nas regiões inferiores do ar.

Vamos analisar cada um desses pontos individualmente.

Primeiramente, o versículo nos diz que Satanás é um “príncipe”.


A palavra “príncipe” foi extraída da palavra archonta, e se refere a alguém
que está em primeiro lugar ou alguém que está em posição de governo.
Descreve um potentado, governante, chefe ou príncipe.
Isso não deveria nos surpreender! Em Mateus 9:34, a Bíblia nos diz que
Satanás é o “príncipe dos demônios”, e até atribui um reino real a ele
chamado “o império das trevas” (Colossenses 1:13). Em João 12:31, Jesus
chama Satanás de “o príncipe deste mundo”.
Em 2 Coríntios 4:4, o apóstolo Paulo afirma especificamente que Satanás é
o “deus deste mundo”. Paulo continua nesse versículo nos dizendo que o
“deus deste século”, Satanás “... cegou o entendimento dos incrédulos...”,
para que eles não possam ver a verdade.
Além desses versículos conhecidos que identificam Satanás como um
“príncipe”, Efésios 6:12 também fala de um sistema demoníaco inteiro
organizado que está sob o domínio de Satanás. O próprio Satanás é senhor
dessas hostes demoníacas.
Portanto, Satanás é um príncipe real sobre espíritos demoníacos e exerce
autoridade real sobre os assuntos dos homens e mulheres perdidos a quem ele
cegou.

Em segundo lugar, o versículo nos diz que Satanás tem “poder”.


Paulo descreve Satanás como o “príncipe da potestade do ar”. A palavra
“potestade” é derivada da palavra exousia. A palavra exousia seria traduzida
com mais exatidão como “autoridade”. Uma vez que Satanás é um príncipe
real sobre um reino real, não deveríamos nos surpreender com o fato de que
seu reino tenebroso possui uma autoridade real para dar suporte ao seu
reinado maligno.
Durante a tentação de 40 dias de Jesus no deserto, a Bíblia diz: “E,
elevando-o, mostrou-lhe, num momento, todos os reinos do mundo. Disse-lhe
o diabo: Dar-te-ei todo este poder [exousia, que significa autoridade] e a
glória destes reinos, porque ela me foi entregue, e a dou a quem eu quiser”
(Lucas 4:5-6).
Por favor, preste atenção ao fato de que o Senhor Jesus nunca discutiu
sobre a afirmação de Satanás possuir autoridade. É óbvio, com base nessa
passagem, que Jesus não discutiu as afirmações do diabo. Ele sabia que
Satanás realmente possuía certa medida de autoridade sobre o sistema deste
mundo em deterioração, como também sobre a humanidade perdida.
Louvado seja Deus, porque a autoridade do diabo sobre os cristãos foi
eternamente quebrada por meio da morte e da ressurreição de Jesus!
Entretanto, a humanidade perdida ainda está sendo dominada pelo “príncipe
da potestade do ar”.

Em terceiro lugar, a base do poder de Satanás está localizada no “ar”.


A palavra “ar” foi extraída da palavra aer, e era usada pelos autores
clássicos gregos para descrever as regiões inferiores e mais densas da
atmosfera da terra — em oposição à palavra aither, que era usada para
descrever o ar mais puro e mais limpo que residia muito acima do topo das
montanhas.
Por que isso é importante? Porque nos diz explicitamente que a base do
poder de Satanás não está “nas alturas” como alguns sugeriram nos seus
ensinamentos sobre batalha espiritual de tempos em tempos. Muito ao
contrário! O ar que está acima do topo das montanhas representa a atmosfera
mais limpa e mais pura que conhecemos.
Você não precisa ir ao espaço sideral para localizar a base do poder de
Satanás. A base do poder de Satanás localiza-se no ambiente inferior e mais
denso que envolve a terra. Ele não está interessado em controlar planetas
inabitados e as extensões do universo que estão destituídas de seres humanos.
Ele quer possuir, controlar, dominar e manipular o homem!
Esse é o motivo pelo qual Satanás é chamado de “o príncipe deste mundo”
(João 12:31) e o “deus deste mundo” (2 Coríntios 4:4). Ele não quer a lua.
Ele não quer Marte ou Júpiter. Ele não quer Vênus, Netuno ou Plutão. O
diabo quer ser o “deus deste mundo”!

USADOS POR DEMÔNIOS


Paulo continua nos dizendo que Satanás é “... o espírito que agora atua nos
filhos da desobediência” (Efésios 2:2).
Que descoberta chocante — descobrir que antes da nossa vida em Jesus
Cristo, éramos usados por demônios pelo poder do próprio Satanás. No
entanto, é exatamente isso que a Bíblia ensina!
O versículo diz que Satanás é “o espírito que agora atua”. A palavra “atua”
vem da palavra energeo, e denota um poder operativo ou energizante. É de
onde obtemos a palavra “energia”.
Portanto, nesse versículo, o Espírito Santo retrata claramente como a nossa
condição espiritual era destituída antes de nascermos de novo. Este versículo
declara que antes da nossa salvação, éramos “energizados” por espíritos
demoníacos. O próprio diabo estava em operação em nós, dando-nos energia
e operando por meio de nós para realizar a sua vontade destrutiva em nossas
vidas. Esse era o nosso estado antes de Jesus Cristo nos tocar e nos libertar
totalmente!
Foi a este mundo inferior, deteriorado, decadente, permeado pela morte e
energizado por demônios, onde toda a humanidade estava sendo leiloada pelo
diabo em vários tipos de cativeiro e escravidão, que Jesus Cristo veio, há dois
mil anos. E Deus enviou Seu Filho ao “mercado de escravos” do inimigo com
um propósito em mente: para que Jesus pudesse garantir a libertação do
homem do cativeiro de Satanás de uma vez por todas!
Agoridzo, traduzido como “redenção” no Novo Testamento, denota essa
escravidão terrível, deplorável e abjeta no mercado de escravos de Satanás
onde costumávamos viver. Mas, graças a Deus, não vivemos mais ali!
A palavra agoridzo, totalmente compreendida no contexto da “redenção”,
significa que Jesus veio para nos redimir deste estado miserável de cativeiro.
Como Paulo disse aos coríntios, “Pois fostes comprados por preço...” (1
Coríntios 6:20). A palavra “comprados” nesse versículo é a palavra agoridzo.
Com relação a essa mesma obra redentora de Jesus, Paulo disse novamente
mais tarde: “Por preço fostes comprados; não vos torneis escravos de
homens” (1 Coríntios 7:23).
A palavra “comprados” é mais uma vez derivada da palavra agoridzo. A
advertência de Paulo poderia ser parafraseada deste modo: Considerando que
Jesus pagou o preço para libertar vocês do cativeiro e da escravidão a
Satanás, não retrocedam agora e não se tornem escravos das pessoas!
Quando os 24 anciãos se prostram diante do trono de Deus e começam a
adorar, eles cantam um cântico sobre a obra de Jesus de nos redimir do
mercado de escravos de Satanás: “E entoavam novo cântico, dizendo: Digno
és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu
sangue compraste [agoridzo] para Deus os que procedem de toda tribo,
língua, povo e nação” (Apocalipse 5:9).
É imperativo que entendamos a palavra agoridzo. Essa palavra importante
retrata adequadamente a nossa condição de falência espiritual no “mercado de
escravos” do mundo antes que Jesus Cristo nos libertasse, assim como a obra
redentora de Jesus para nos remover desse lugar terrível.
Isso nos leva à segunda palavra para “redenção” que é usada no Novo
Testamento.

COMPRADOS “DO” CATIVEIRO


A segunda palavra grega para “redenção” é derivada da palavra
exagoridzo. A palavra exagoridzo é um composto das palavras ex e agoridzo.
A palavra ex é uma preposição que significa fora e, como já discutimos, a
palavra agoridzo descrevia um mercado de escravos. Quando ex e agoridzo
são combinadas, elas formam a palavra exagoridzo, que retrata alguém que
veio para comprar um escravo tirando-o para FORA do mercado de
escravos.
Exagoridzo transmite a ideia de remoção. Portanto, ela significa a compra
de um escravo a fim de LIBERTAR aquele escravo permanentemente daquele
lugar terrível, para nunca mais ser colocado no palanque de troca do
cativeiro novamente. A palavra exagoridzo retrata um escravo que foi liberto
daquele mercado de escravos detestável, nauseante, terrível, depravado e
amaldiçoado para sempre!
Esta palavra exagoridzo é usada diversas vezes nas epístolas de Paulo para
retratar uma imagem da obra redentora de Jesus para nos remover do
cativeiro. Um exemplo perfeito dessa palavra no Novo Testamento encontra-
se em Gálatas 3:13, onde Paulo diz: “Cristo nos resgatou da maldição da
lei...”.
Usando a palavra exagoridzo com relação a Jesus nos redimindo da
maldição da Lei, Paulo está nos dizendo claramente que a morte sacrificial de
Jesus não apenas pagou a pena pelo nosso pecado, como Sua morte também
nos removeu de uma vida sob a maldição dali em diante!
Paulo continua nos dizendo que foi para esta obra de redenção que Jesus
veio ao mundo: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho,
nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei,
a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gálatas 4:4-5).
É isto que precisamos entender sobre o plano de Deus da redenção: Seu
propósito em enviar Seu Filho não foi apenas para inspecionar o nosso estado
de escravidão e nos localizar na nossa depravação. Seu plano definitivo, que
Ele realizou na morte e ressurreição de Jesus Cristo, foi nos comprar daquela
condição miserável e nos tornar Seus próprios filhos e filhas — para sempre
removidos de debaixo da maldição do pecado e da Lei.
Entretanto, os escravos não eram baratos. Se o leiloeiro sabia que o
comprador realmente queria um escravo específico, ele podia exigir preços
incrivelmente altos. Portanto, precisamos perguntar: “Que preço Jesus pagou
pela nossa libertação do poder de Satanás?”.
Isso nos leva à terceira palavra para “redenção” que é usada no Novo
Testamento.
PAGANDO O PREÇO EXIGIDO
A terceira palavra grega usada para descrever “redenção” no Novo
Testamento foi extraída da palavra lutroo.
A palavra lutroo significa libertar um cativo por meio do pagamento de
um resgate. Para um comprador garantir o escravo de sua escolha, um preço
muito alto tinha de ser pago. Se ele desejasse muito determinado escravo, o
leiloeiro podia exigir resgates extremamente altos.
Ao usar a palavra lutroo para denotar a obra redentora de Jesus Cristo em
nosso favor, Paulo nos lembra de que a nossa libertação não foi realmente
gratuita. Muito ao contrário! Nossa libertação do poder de Satanás foi
extremamente cara.
Na verdade, o preço que Jesus pagou por nós foi o preço mais alto que
jamais foi pago por um escravo na história da humanidade.
Qual foi o resgate que Jesus pagou a fim de adquirir a nossa libertação da
propriedade de Satanás? Seu próprio sangue!

•Efésios 1:7 diz: “... no qual temos a redenção, pelo seu sangue...”.
•Colossenses 1:14 diz: “... no qual temos a redenção, a remissão dos
pecados”.
•Colossenses 1:20 diz: “... e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua
cruz...”.
•Hebreus 9:12 diz: “... mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos
Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção”.
•1 Pedro 1:18, 19 diz: “... sabendo que não foi mediante coisas
corruptíveis, como prata ou ouro... mas pelo precioso sangue... de
Cristo”.

Foi o derramamento do próprio sangue de Jesus que garantiu nossa


libertação e liberdade permanente dos poderes demoníacos que nos
mantinham cativos. A palavra lutroo significa inconfundivelmente que Jesus
pagou o resgate que libertou você e eu! Ele nos comprou com Seu próprio
sangue!
Tito 2:14 declara que Jesus Se entregou como o resgate para nos libertar:
“O qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e
purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas
obras”. A palavra “remir” usada nesse versículo foi extraída da palavra
lutroo. De acordo com Tito 2:14, um preço tinha de ser pago, e Jesus o pagou
com Sua própria vida e com o Seu próprio sangue na Cruz.
Mas espere! Ainda há uma quarta palavra que descreve a obra da
“redenção” de Jesus.

RESTAURADOS À CONDIÇÃO PLENA


A quarta palavra para “redenção” que é usada no Novo Testamento foi
extraída da palavra apolutrosis.
A palavra apo significa longe, e geralmente transmite a ideia de um
retorno. Neste caso específico, apo seria melhor traduzida como “voltar”,
como no caso de algo que está sendo devolvido. A segunda parte de
apolutrosis foi extraída da palavra lutroo, que acabamos de abordar. A
palavra lutroo significa libertar um escravo pelo pagamento de um resgate.
Essa quarta palavra para “redenção” nos fala qual o propósito definitivo de
Deus em nos redimir do mercado de escravos de Satanás. A palavra
apolutrosis (“redenção”) sem dúvida nenhuma significa que Jesus pagou o
resgate a fim de nos devolver ao estado em que estávamos antes do nosso
cativeiro ter início. Na linguagem mais simples, significa que Jesus pagou o
preço para nos libertar permanentemente e para nos restaurar à plena
condição de filhos!
Paulo usa a palavra apolutrosis desse mesmo modo em Efésios 1:7 quando
diz: “no qual [Cristo] temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos
pecados, segundo a riqueza da sua graça”.
Escolhendo usar a palavra apolutrosis (“redenção”), Paulo declara que
fomos libertos para sempre do poder de Satanás — fomos removidos para
sempre daquele lugar tenebroso — e agora fomos totalmente restaurados
pelo sangue de Jesus Cristo e colocados de volta em uma posição reta diante
de Deus. Fomos plenamente restaurados e completamente libertos do antigo
poder de Satanás sobre nós!
É por isso que Gálatas 4:7 declara: “De sorte que já não és escravo, porém
filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus”. Romanos 8:17 proclama
que fomos tão completamente restaurados através do sangue de Jesus que
agora nos tornamos “coerdeiros” com o próprio Jesus Cristo!
•A primeira palavra para “redenção” (agoridzo) nos diz que Jesus Cristo
veio à terra para nos localizar em nossa depravação e para inspecionar
pessoalmente a nossa escravidão a Satanás.
•A segunda palavra para “redenção” (exagoridzo) declara que Jesus veio
não apenas para inspecionar o nosso estado, mas para nos remover
permanentemente do poder de Satanás.
•A terceira palavra para “redenção” (lutroo) nos diz que Jesus foi tão
dedicado a nos libertar do domínio de Satanás que Ele estava disposto a
pagar o preço do resgate do Seu próprio sangue a fim de quebrar a
posse do diabo sobre nós.
•A quarta palavra para “redenção” (apolutrosis) nos diz que, além de
nos libertar permanentemente do poder de Satanás, Jesus também nos
restaurou à posição de “filhos de Deus”. Agora somos totalmente
restaurados e feitos coerdeiros com o próprio Jesus Cristo (Romanos
8:17).

É nisso que se resume a redenção!

TRANSPORTADOS PARA FORA DO REINO DE SATANÁS


O que essas quatro palavras para “redenção” têm a ver com batalha
espiritual e armadura espiritual? Tudo!
Essas verdades nos dizem explicitamente que o verdadeiro propósito da
batalha espiritual não é lutar pela libertação do controle de Satanás sobre nós.
Isso já foi realizado pela morte de Jesus cristo na cruz e pela Sua ressurreição
triunfante dos mortos. Já somos livres!
Efésios 2:6 afirma que não estamos sob o poder de Satanás, mas estamos
muito acima dele: “E, juntamente com Ele, [Cristo] nos ressuscitou, e nos fez
assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Efésios 2:6).
De acordo com isso, Colossenses 1:13 ensina que não precisamos nos
libertar do domínio terrível de Satanás sobre nós porque já fomos
transportados para fora dele: “Ele nos libertou do império das trevas e nos
transportou para o reino do Filho do seu amor”.
Por causa da obra redentora de Jesus, estamos assentados com Jesus Cristo
nos lugares celestiais e fomos elevados muito “acima de todo principado, e
potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no
presente século, mas também no vindouro” (Efésios 1:21).
Portanto, Satanás não tem direito legal de nos controlar, de controlar o
nosso corpo, a nossa família, os nossos negócios ou nosso o dinheiro. Embora
um dia tenhamos pertencido a ele genuinamente (Efésios 2:2), não somos
mais dele para que ele possa nos manipular ou dominar. Por meio do sangue
de Jesus, fomos completamente e totalmente libertos do controle de Satanás!
PERGUNTAS PARA CRESCIMENTO PESSOAL OU DEBATE EM
GRUPO

1.Por que um entendimento maior do que significa a redenção nos ajuda


na nossa posição contra as estratégias de Satanás em nossas vidas?
2.O que a palavra grega agoridzo, traduzida como “redenção”, nos diz
sobre o nosso estado espiritual antes que a graça de Deus tocasse as
nossas vidas?
3.Como uma revelação da nossa completa falência espiritual antes de
recebermos Jesus como o nosso Salvador ajuda na compreensão da
verdadeira batalha espiritual?
4.O que o nome de Satanás de “príncipe da potestade do ar” nos ensina
sobre o nosso inimigo? Como esse conhecimento nos ajuda quando
somos confrontados com um ataque demoníaco em nossas próprias
vidas?
5.Por que o preço do resgate pela nossa redenção é uma chave tão
crucial para a nossa vitória sobre o inimigo em todas as situações?
CAPÍTULO 4

Alguém talvez pergunte: “Se a morte e a ressurreição de Jesus realmente


quebraram a autoridade do diabo sobre as nossas vidas, por que a batalha
ainda está sendo travada?”.
“Se formos verdadeiramente transportados do reino de Satanás, por que
esse reino ainda parece exercer influência em nossas vidas?”
“Se Jesus genuinamente despojou os principados e as potestades como
Colossenses 2:15 declara, por que tantos cristãos ainda têm de lidar com
fortalezas terríveis nas suas mentes?”
Há vários anos, a polícia telefonou para um amigo meu no meio da noite,
informando-lhe que um de seus animais, uma cabra, havia saído da sua
propriedade e tinha sido atingido por um carro, sendo morta. Meu amigo
colocou sua jaqueta rapidamente e correu para o local onde a cabra morta
deveria estar caída.
Entretanto, quando ele chegou à cena, descobriu que a cabra não estava
morta. Alguém havia furtado a cabra, amarrado as suas patas com cordas para
que ela não se movesse, e depois largado a cabra ao lado da estrada.
Meu amigo desamarrou a corda que mantinha a cabra cativa e depois bateu
em seu lombo dizendo: “Levante-se!”. Mas a cabra ficou parada ali como se
ainda estivesse amarrada e incapaz de se mover. Mais uma vez, ele bateu no
lombo da cabra e disse: “Levante-se!”. Mas a cabra continuou deitada de
lado, como se fosse incapaz de se mover.
O homem começou a examinar o animal, procurando algum ferimento que
pudesse estar impedindo-o de se levantar. Então ele percebeu que as patas da
cabra ainda estavam agarradas firmemente umas às outras, como se elas ainda
estivessem amarradas com cordas. O problema então ficou claro: a cabra
pensava que ainda estava presa!
Então, o meu amigo se inclinou e pegou a cabra, colocou-a em pé e bateu
em seu lombo novamente, dizendo: “Levante-se!”. Finalmente, a cabra
percebeu que suas patas não estavam mais amarradas e começou a saltar e a
pular em sua recém-descoberta liberdade.
A maioria de nós é como a cabra dessa história. Estávamos amarrados pelo
poder destrutivo de Satanás. Ele nos prendeu em total escravidão e depois nos
jogou fora, esperando que a destruição nos arruinasse completamente.
Então, quando ouvimos a mensagem do Evangelho e nascemos de novo,
Jesus Cristo veio para “desamarrar” as cordas de Satanás de nossas vidas! Por
meio da obra redentora na cruz, Ele legalmente removeu as amarras que nos
mantinham cativos, inclusive todas as fortalezas que nos mantinham reféns
em nossas mentes. Entretanto, apesar dessa obra de libertação já ter sido
realizada, muitas vezes não percebemos plenamente que já fomos libertos.
Jesus olha para nós e diz: “Levante-se!”. Mas ficamos deitados de lado,
amarrados pelas nossas cicatrizes, nossas dores e nossos problemas mentais,
sem perceber que realmente fomos libertos. E mesmo quando alguém
finalmente aparece e nos aponta a nossa liberdade, ainda temos de manter a
nossa liberdade comprada por Cristo, transmitida por Cristo, renovando as
nossas mentes. A liberdade se torna um modo de vida somente quando
substituímos o nosso pensamento errado e as nossas convicções erradas pelo
que a Palavra de Deus declara relativo ao nosso novo estado.
Qualquer pastor sabe que as pessoas que acabaram de ser salvas precisam
trabalhar para superar as cicatrizes mentais e emocionais que receberam
quando ainda estavam no mundo sob o controle do diabo. Embora o homem
interior tenha nascido de novo e tenha sido renovado, a mente e o corpo ainda
precisam conformar-se com a imagem do homem interior.
Esses indivíduos recentemente salvos receberam muito abuso enquanto
eram membros do “mercado de escravos” de Satanás, e eram mantidos
cativos pelas consequências negativas do pecado. Talvez tenham tido
dificuldades com um casamento problemático, com um problema com
drogas, com uma perversão sexual, com um espírito mentiroso, com um
problema mental ou com algum tipo de cicatriz que foi infligido às suas
almas antes de conhecerem o Senhor.
Se essas “áreas residuais” do passado não forem removidas pela renovação
da mente pela Palavra de Deus, essas fortalezas podem e ainda continuarão a
exercer poder na vida de um cristão. Além do mais, se essas “áreas residuais”
não forem tratadas de acordo com a Palavra, serão exatamente essas as áreas
que Satanás usará para travar uma guerra contra a nova vida dessa pessoa.
Quando o adversário localiza uma área em nossas vidas que nunca se
rendeu à obra de santificação do Espírito Santo, ele tenta agarrar essa área
não rendida em nossas mentes ou em nossas emoções e lhe dar poder —
enchendo-a com uma vitalidade totalmente nova. Então o inimigo começará a
usar essa fortaleza para trabalhar contra o crescimento e o desenvolvimento
da nossa nova liberdade em Jesus Cristo. É por isso que a nossa recusa em
lidar com áreas específicas de pecado em nossas vidas é de onde vem a
maior parte da batalha espiritual!
Satanás sabe exatamente onde procurar a fim de encontrar áreas de
fragilidade em nossas vidas e usá-las contra nós enquanto tenta nos roubar a
liberdade legítima que agora possuímos em Jesus Cristo. Eis algumas das
“portas abertas” mais comuns que ele procura para ter acesso às nossas vidas:

•Pensamentos errados.
•Crenças erradas.
•Lembranças de experiências terríveis que aconteceram antes de
conhecermos o Senhor, que ainda permitimos que dominem as nossas
emoções.
•Medos que foram transferidos a nós por nossos pais, membros da
família ou amigos.
•Anos de doutrina incorreta que nos foi ensinada em nossas antigas
igrejas, que agora precisamos “desaprender” e superar.

Observe que com todas essas coisas, a mente é o centro estratégico onde a
batalha espiritual com o “deus deste mundo” acontece.

BATALHA ESPIRITUAL E RENOVAÇÃO DA MENTE


O inimigo sabe muito bem a importância da mente. Ele sabe que a sua
mente é a chave para controlar a sua vida.
Satanás sabe que se puder controlar uma pequena área da sua mente,
poderá então começar a se expandir para outras áreas de fragilidade que
precisam ser fortalecidas pelo Espírito Santo e pela Palavra de Deus.
Envenenando sua mente com as fortalezas da incredulidade e da mentira, o
diabo pode manipular sua mente, suas emoções e seu corpo. Além do mais,
ele pode usar você para derramar o mesmo tipo de fortalezas da incredulidade
e da mentira nas mentes de outros que o cercam.
Não há dúvida quanto a isto: a mente é o centro estratégico para a
batalha espiritual.
Por natureza, o estado da mente é hostil a Deus e tem tendência à
destruição. Todos nós nascemos com uma mente rebelde inata e com uma
natureza rebelde contrária a Deus. É por isso que:

•Romanos 8:7 diz: “... o pendor da carne [a mente natural] é inimizade


contra Deus...”.
•Colossenses 1:21 diz que antes da experiência da sua salvação, vocês
eram “... estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras
malignas...”.
•Efésios 4:17, 18 diz que os incrédulos andam “... na vaidade dos seus
próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de
Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu
coração”.
•2 Coríntios 4:4 diz: “... O deus deste mundo cegou o entendimento dos
incrédulos...”.
•E em Romanos 1:28, a Bíblia ensina que a mente natural é tão
completamente contrária a Deus que ela pode se tornar reprovável.

Por conseguinte, nascemos inicialmente neste mundo com uma natureza


que tendia à autoaniquilação e que era plenamente capaz de desenvolver
fortalezas por si mesma. A mente natural é contrária a Deus e sempre
procurou realizar os desejos destrutivos da carne. Foi por isso que Paulo
disse: “Entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as
inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e
éramos, por natureza, filhos da ira...” (Efésios 2:3).
Se você não procurar renovar a sua mente, a sua vontade e as suas emoções
de acordo com a verdade da Palavra de Deus, a ilusão do cativeiro continuará
a dominar a sua vida. Com frequência, é por meio dessas áreas não renovadas
de pensamento que o diabo continua a exercer a sua influência perniciosa
sobre você. Ele sabe que se a sua mente for renovada pela verdade, ele não
poderá guerrear contra você ou contra a sua família com êxito!
Esse é o motivo pelo qual os autores das epístolas do Novo Testamento nos
apelam ardentemente para que prestemos séria atenção ao estado da nossa
mente. Ao longo das epístolas, nos é ordenado que renovemos a nossa mente
segundo a verdade da Palavra de Deus:

•“... Transformai-vos, pela renovação da vossa mente...” (Romanos


12:2).
•“... E vos renoveis no espírito do vosso entendimento...” (Efésios 4:23).
•“... E vos revistais do novo homem...” (Efésios 4:24).
•“... e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno
conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Colossenses
3:10).
•“Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo...” (Colossenses 3:16).
•“Por isso, cingindo o vosso entendimento...” (1 Pedro 1:13, 14).

Observe especialmente a advertência de Pedro para “cingirmos o nosso


entendimento”. A imagem que Pedro coloca diante de nós é a de um corredor
cujas vestes caíram e se emaranharam em suas pernas. Ele estava correndo a
boa corrida e seu passo estava acelerando, até que as roupas penduradas e
soltas impediram os seus passos.
Do mesmo modo, devemos “cingir o nosso entendimento”, procurando
renovar o nosso pensamento com a Palavra de Deus. A renovação consistente
da nossa mente com a Palavra erradicará os pensamentos errados, as crenças
erradas, as cicatrizes do passado e as lembranças emocionais dolorosas, que
querem exercer sua influência em nossa nova vida em Cristo. Do contrário,
essas áreas soltas, penduradas, não rendidas e não renovadas da nossa
mente serão usadas pelo diabo para guerrear contra nós.
A renovação da nossa mente não acrescenta nada à obra já completada de
Jesus Cristo. Ela simplesmente nos coloca em um estado mental que nos
capacita a usar melhor a nossa fé para podermos desfrutar os benefícios da
obra redentora que Jesus realizou por nós!
Tome cuidado! Permitir deliberadamente que os pensamentos e crenças
errados continuem em sua mente prejudicará a sua capacidade de desfrutar a
sua redenção. Equivale a um corredor que permite deliberadamente que seu
traje fique pendurado, de modo que ele se embarace nas suas pernas. Embora
ainda esteja na corrida, o corredor certamente não terá vitória, nem terá muita
alegria ao correr.
Portanto, Pedro adverte a “cingir os lombos de sua mente”. Você deve
apertar aquelas áreas que o diabo pode tentar agarrar e usar contra você!

UM COMPROMISSO PARA TODA A VIDA


Esse é o motivo pelo qual enfatizo que a batalha espiritual é um
compromisso para toda a vida, não apenas um surto de emoção que afugenta
o diabo por algum tempo. A verdadeira batalha espiritual demorará muito
mais que isso, porque além de assumir autoridade sobre os poderes
demoníacos, a verdadeira batalha espiritual também exige que você assuma
autoridade sobre a sua mente.
A Bíblia declara enfaticamente que os seguintes elementos são essenciais
para a genuína batalha espiritual:

•Renovar a sua mente.


•Meditar na Palavra de Deus até que ela penetre no seu coração e na sua
alma.
•Aprender a viver uma vida santa.
•Procurar conformar-se à imagem de Jesus Cristo a cada dia.
•Aprender a andar segundo o Espírito.

A verdadeira batalha espiritual exige uma vida de compromisso, pureza e


consagração. Qualquer visão de batalha espiritual que deixe de incluir essas
exigências está desequilibrada e não atende ao padrão bíblico.
PERGUNTAS PARA CRESCIMENTO PESSOAL OU DEBATE EM
GRUPO

1.Por que tantos crentes ainda têm dificuldades com fortalezas em suas
mentes, embora Jesus já os tenha libertado?
2.Qual é a principal chave para livrar-se de áreas residuais de cativeiro
do passado depois que uma pessoa nasce de novo?
3.Qual é a consequência de não se livrar dessas áreas residuais?
4.O que significa “cingir o seu entendimento”? Quais serão os resultados
na sua vida diária quando você torna a obediência a essa ordem divina
uma prática?
5.O que torna a verdadeira batalha espiritual um compromisso para toda
a vida em vez de um ato periódico de assumir autoridade sobre o diabo?
CAPÍTULO 5

Você pode ter certeza de que Satanás estava observando com grande
preocupação enquanto o poder do Espírito Santo vinha sobre os cristãos
reunidos no Cenáculo, no Dia de Pentecostes. Com o surgimento da Igreja
sobrenatural de Jesus Cristo em Jerusalém, o diabo soube — sem sombra de
dúvida — que seu domínio terreno não estava mais seguro. Se Jesus pôde
derrotá-lo sozinho tão completamente, como ele poderia agora resistir a
multidões de pessoas cheias do mesmo Espírito que ressuscitou Jesus de entre
os mortos?
Imbuídos de poder sobrenatural do Alto, os cristãos em Jerusalém foram
milagrosamente transformados em um exército divino, equipado com
armamentos sobrenaturais para executar a vitória que Jesus já havia
alcançado sobre esse inimigo sobrenatural. O pior pesadelo de Satanás se
tornara realidade. Seu reino tenebroso, demente e diabólico que estivera
seguro por milhares de anos antes do nascimento de Jesus fora invadido —
primeiro por Jesus, e agora pela Igreja.
Do ponto de vista do diabo, uma ameaça celestial entrou em seu domínio a
fim de executar a vitória que Jesus Cristo conquistou sobre ele na Cruz e no
túmulo e para expor a sua derrota. O exército de Deus, a Igreja, tinha sido
enviado a partir do quartel-general do céu para retirar o domínio de Satanás e
devolvê-lo ao povo de Deus!
O Reino de Deus havia chegado! A Igreja começou a pregar, a ensinar, a
curar os enfermos, a ressuscitar os mortos, a expulsar demônios e a repelir as
forças do inferno um passo de cada vez. A segurança de Satanás se fora para
sempre. A Igreja chegara para exercer o juízo sobre ele e suas hostes
pervertidas.
Satanás estava desesperado para evitar o colapso total de poder do sistema
deste mundo perdido. Portanto, ele liberou toda a sua fúria em um esforço
para destruir essa ameaça celestial antes que ela pudesse executar plenamente
o julgamento já declarado sobre ele.

UM MOMENTO OPORTUNO PARA O DIABO ATACAR


Quando Paulo escreveu o livro de Efésios, no ano 64 d.C., a estratégia de
Satanás para destruir a Igreja já estava a pleno vapor.
Paulo — um pai e general poderoso e fiel da fé cristã — foi aprisionado na
cidade imperial de Roma, acusado de supostamente ter ajudado a planejar o
enorme incêndio que havia queimado 12 seções de Roma no ano anterior. Na
verdade, foi Nero, o imperador governante na época, que planejara esse
incêndio.
Nero, na verdade, acreditava em sua própria divindade — um engano que
era encorajado por sua mãe influenciada por demônios, Agripina. Assim, no
ano 63 d.C., Nero compareceu diante do Senado Romano e solicitou a
reconstrução de uma grande parte de Roma — o que, naturalmente, incluía
construir ídolos à sua própria imagem, posicionados por toda a cidade.
Assim, ele argumentava, os bons cidadãos romanos poderiam adorá-lo em
qualquer ponto da cidade em qualquer dia da semana.
Quando o Senador se recusou a conceder o pedido de Nero, ele voltou para
casa. Diz a tradição que ele então colocou tochas nas mãos dos seus servos e
ordenou que eles queimassem a cidade imperial até o chão. O pensamento
demente de Nero era: Se eles não me deixam derrubá-la, vou queimá-la!
Depois de examinarem a cidade de Roma quando o incêndio finalmente foi
extinto, ficou óbvio para os membros do Senado que Nero havia planejado
aquele incêndio. A única parte de Roma que não queimou foi o distrito onde
Nero estava trabalhando na construção de seu novo e famoso palácio. Ao
descobrir essa convincente evidência, os membros do Senado perceberam
que Nero estava por trás do incêndio devastador que queimou gravemente sua
amada cidade e imediatamente começaram a planejar o julgamento e a
execução do imperador.
Foi então que Nero, capacitado e inspirado pelo próprio diabo, começou a
alegar publicamente que os cristãos incendiaram a cidade imperial (para saber
mais sobre isso, veja o capítulo 1 do meu livro Living in the Combat Zone
[Vivendo na Zona de Combate]). Por causa da notoriedade de Paulo como
líder cristão, ele foi capturado e aprisionado por sua suposta participação no
incêndio que Nero havia orquestrado. Essa não era a primeira vez que Paulo
era aprisionado, mas desta vez ele passaria o restante de sua vida acorrentado
a um soldado romano fortemente armado em uma cela de prisão em Roma.
Esse ataque contra a Igreja era parte do plano de Satanás para frustrar o
plano de Deus. Naquela época, a Igreja estava crescendo em uma velocidade
sem precedentes. Ela estava crescendo numericamente; ela estava crescendo
doutrinariamente; e ela estava crescendo espiritualmente. Portanto, antes que
todo o império pudesse sair das mãos de Satanás e passar ao controle do
exército vitorioso de Deus, a Igreja, o inimigo atacou cruel e rapidamente
para abortar a obra de Deus.
Como sempre acontece, esse ataque demoníaco, que se destinava a destruir
a Igreja, não teve êxito no fim das contas. Porém, ele na verdade ajudou a
promover o avanço do Evangelho.

ATAQUES DEMONÍACOS QUE NÃO PROSPERAM!


Nenhuma das estratégias de Satanás para destruir a Igreja jamais teve
êxito. Estudando a história da Igreja, fica evidente muito depressa que cada
ataque que o inimigo lançou contra a Igreja, no fim, ajudou a promover a
causa de Jesus Cristo. Dois mil anos de experiência nos dizem enfaticamente
que o diabo absolutamente não tem nenhuma estratégia vitoriosa. Ele
simplesmente não sabe como vencer!
Ao fazer Paulo ser aprisionado por sua fé, o diabo pensou que poderia
destruir o ministério do apóstolo. Mas essa absolutamente não foi uma
estratégia vitoriosa para o diabo. Aprisionando Paulo, o diabo cometeu o
terrível erro de colocá-lo em uma situação em que ele não tinha nada para
fazer, exceto ouvir o Espírito Santo. Essa estratégia de Satanás fracassou
completamente!
Durante seus vários confinamentos na prisão, Paulo recebeu algumas das
mais incríveis revelações de todo o Novo Testamento: os livros de Gálatas,
Efésios, Filipenses, Colossenses, 2 Timóteo e Filemon. Todas as revelações
contidas nessas epístolas são o resultado do tempo que Paulo passou na
prisão! Assim, vemos o motivo pelo qual Paulo disse: “Pelo qual estou
sofrendo até algemas, como malfeitor; contudo, a palavra de Deus não está
algemada” (2 Timóteo 2:9).
Se Paulo nunca tivesse estado algemado na prisão, talvez não tivesse
escrito esses livros vitais do Novo Testamento. Você pode imaginar como
teria sido agitado o ministério dele fora daqueles muros da prisão? Seu
ministério talvez fosse mais exigente do que qualquer ministério da História!
Como apóstolo, Paulo fora consumido pela ideia de estabelecer novas
igrejas, discipular novos líderes e ajudar a corrigir os problemas da igreja
local. Fora daqueles muros da prisão, seu ministério era extremamente eficaz
e prejudicial ao domínio das trevas. Prendendo Paulo em cadeias e o
lançando no cárcere, o diabo calculou que essa eficácia seria destruída. Mas o
diabo estava errado — a eficácia de Paulo aumentou!
A História está cheia de cálculos errados do diabo. Outro exemplo
encontra-se na história do apóstolo João.
O diabo inspirou Domiciano, imperador romano, a aprisionar João na ilha
de Patmos. Colocando João nessa pequena ilha no meio do mar
Mediterrâneo, Satanás pensou que pudesse destruir a eficácia de João no
ministério. Esse foi mais um terrível erro! Isolando João na ilha de Patmos, o
diabo ajudou a posicionar João para receber o Livro de Apocalipse!
E quanto ao erro de cálculo que o diabo fez com relação a Áquila e
Priscila? Essa é outra ilustração extremamente dramática de como as
estratégias de Satanás sempre dão errado!
Os relatos da Igreja Primitiva revelam que Áquila e Priscila fundaram a
Igreja de Roma. De fato, a Igreja em Roma, na verdade, se reunia na casa
deles quando foi estabelecida em princípio. Então, a grande perseguição
contra os judeus começou durante o reinado do imperador Claudio. Como
muitos outros cristãos que viviam nas colônias judias de Roma, Áquila e
Priscila foram expulsos da cidade.
Imagine como deve ter sido desolador para esse casal deixar a família da
igreja para trás! Eles tinham fundado a Igreja em Roma e levaram muitas
daquelas pessoas ao Senhor. Eles ajudaram as pessoas a serem cheias com o
Espírito Santo e lhes ensinaram, discipularam e as viram crescer em seu
relacionamento com o Senhor. A família da Igreja de Roma era preciosa e
querida aos corações de Áquila e Priscila. Mas, agora, contra sua vontade,
eles estavam sendo obrigados a deixar tudo para trás.
Você pode ter certeza de que, em sua natureza humana, Áquila e Priscila
pensaram que tudo estava acabado para eles quando foram expulsos de
Roma. Pense no quanto o coração deles deve ter ficado arrasado enquanto
faziam as malas e diziam adeus à família da igreja que permanecia em Roma.
Com certeza, eles pensaram que seu ministério terminara.
No entanto, o maior ministério desse casal começou depois que eles
partiram de Roma! Uma vez expulsos de Roma, Áquila e Priscila viajaram
para o leste e se estabeleceram na cidade de Corinto, onde entraram para o
comércio de construção de tendas, e mais tarde conheceram Paulo. Na
viagem subsequente de Paulo a Éfeso, ele levou Áquila e Priscila com ele.
Ali o casal conheceu Apolo, um judeu da Alexandria extremamente influente
e instruído que fora visitar Éfeso. Foi durante a visita de Apolo a essa cidade
que Áquila e Priscila “... lhe expuseram o caminho de Deus mais
perfeitamente” (ver Atos 18:24-26).
Apolo eventualmente se tornou o pastor da Igreja de Corinto. Se Áquila e
Priscila tivessem tido permissão de permanecer em Roma, talvez nunca
conhecessem Apolo e o conduzissem ao Senhor. Esse ataque que veio para
destruir o ministério deles, na verdade, os posicionou para ajudar a promover
ainda mais o Evangelho de Jesus Cristo.
Do mesmo modo, se Áquila e Priscila permanecessem em Roma, talvez
nunca tivessem conhecido o apóstolo Paulo. Foi apenas depois de serem
expulsos de Roma que eles o encontraram e se uniram a ele como alguns de
seus associados. Essa equipe apostólica ministrou às igrejas por toda a Grécia
e Ásia Menor por anos e anos dali em diante.
Assim, embora o diabo pensasse que estava destruindo para sempre o
poderoso ministério de Áquila e Priscila expulsando-os de Roma, ele na
verdade os estava posicionando para subirem a um nível mais alto no
ministério que eles jamais haviam experimentado! Se o diabo nunca os
tivesse atacado e expulsado de sua obra em Roma, talvez eles nunca tivessem
saído de Roma e entrado nesse campo missionário maior.

UMA PORTA FECHADA NÃO SIGNIFICA FRACASSO


Não importa o que o diabo tente fazer a você, à sua família, à sua igreja ou
ao seu ministério, você precisa continuar a resistir firme na fé. Ao fazer isso,
Deus reverterá o ataque do inimigo para que ele coopere para o avanço do
Seu Reino!
Mesmo que suas finanças sejam atacadas e o plano de Deus pareça parado
em sua vida, Deus é capaz de usar esses estratagemas malignos e transformá-
los para que eles cooperem para o seu bem. Como Paulo disse: “Sabemos que
todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles
que são chamados segundo o seu propósito” (Romanos 8:28).
Uma porta fechada não significa fracasso! Se uma porta se fecha no seu
rosto e parece que tudo está acabado, aguente firme e não julgue
apressadamente a situação. O que o diabo fez para ferir você, Deus usará para
abençoá-lo! Deus pode estar preparando-se para abrir a maior e mais eficaz
porta de oportunidade que jamais foi disponibilizada a você!
Paulo sofreu muitos golpes do inimigo, os quais, naturalmente falando,
deveriam tê-lo ferido mortalmente. No entanto, no fim das contas, ele ainda
estava vivo e florescendo no ministério. Tendo visto a fidelidade de Deus em
tantas ocasiões, Paulo olhava os problemas de frente com confiança e
declarou: “Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por
meio daquele que nos amou” (Romanos 8:37).
Observe que Paulo nos chama de “mais que vencedores”. A expressão
“mais que vencedores” foi extraída da palavra grega hupernikos, que é um
composto de duas palavras: huper e nikos. Parece que essa é a primeira vez
que a palavra hupernikos era usada na literatura grega; ela foi cunhada pelo
próprio Paulo.
Por que é importante saber isso? Porque nos diz que não havia palavras
suficientes no idioma grego para expressar o que Paulo queria dizer. Portanto,
ele inventou a sua própria palavra! Unindo as palavras huper e nikos em uma
só palavra, Paulo fez uma declaração fabulosa, completa e cheia de poder!
A expressão “mais que” (huper) significa literalmente “mais, acima e
além”. Ela retrata algo que está muito além da medida. Derivamos a palavra
“super” da palavra huper. Como usada nessa passagem, ela transmite a ideia
de superioridade. Significa maior; superior; mais alto; melhor; nitidamente
superior; máximo; supremo; ou principal. Também significa ser de primeira
linha, primeira classe, excelente, insuperável, inigualável, incomparável por
qualquer pessoa ou coisa!
Agora Paulo usa essa palavra para denotar que espécie de vencedores nós
somos em Jesus Cristo. Somos huper-vencedores! A palavra huper dramatiza
a nossa vitória. Significa que somos vencedores maiores, vencedores
superiores e melhores. Nenhum adversário ou qualquer inimigo é páreo para
nós. Somos vencedores por excelência, vencedores supremos, vencedores de
primeira linha, de primeira classe, vencedores principais, vencedores
insuperáveis, vencedores inigualáveis, vencedores incomparáveis! Tudo isso
é o que a expressão “mais que” significa!
A palavra “vencedor” vem da palavra nikos. Ela descreve um
conquistador, campeão, vitorioso ou senhor. É a imagem de uma força
avassaladora que prevalece. A palavra nikos é uma palavra dramática que
retrata alguém que é completamente vitorioso. Entretanto, nikos sozinho não
era forte o bastante para defender o ponto de vista de Paulo, então ele uniu as
palavras huper e nikos para defender ainda melhor seu argumento!
Chamando-nos de “mais que vencedores”, Paulo nos diz que em Cristo
Jesus somos vencedores avassaladores, vencedores por excelência ou
tremendos vencedores. Essa palavra é tão cheia de poder que uma pessoa
poderia traduzi-la por uma força vencedora fenomenal e arrasadora!
A partir de toda essa explicação, podemos perceber melhor o que Paulo
queria dizer quando afirmou: “Mas, em todas estas coisas somos mais que
vencedores, por meio daquele que nos amou”. Ele não está se referindo a uma
vitória pequena; ao contrário, ele declara que somos vencedores poderosos!
Somos uma “força de conquista fenomenal e poderosa”.
Com o poder de Jesus Cristo à nossa disposição, podemos ter certeza de
que “... nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as
potestades, nem as coisas do presente, nem as coisas do porvir, nem altura,
nem profundidade, nem qualquer outra criatura, poderá nos separar do amor
de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 8:38-39).
Não importa o que o diabo tentou fazer com você no passado —
independentemente dos ataques que vieram contra você, contra sua família,
seus negócios ou seu ministério — no fim esses ataques fracassarão
completamente! Embora o diabo possa tentar abortar o plano de Deus para a
sua vida, a Bíblia promete que “nenhuma arma forjada contra ti prosperará...”
(Isaías 54:17). Cada ataque que cruzar seu caminho finalmente cooperará
para o seu bem, porque você ama a Deus e foi chamado segundo o Seu
propósito (Romanos 8:28).
Ao longo dos séculos, o plano de Satanás não mudou. Ele ainda odeia a
Igreja de Jesus Cristo; ele ainda despreza a pregação e o ensino da Palavra de
Deus. Ele ainda está tentando impedir que a Igreja exponha a vitória de Jesus
sobre ele e execute o julgamento que a Palavra de Deus declarou sobre ele.
Satanás ainda procura ativamente nos destruir. A Igreja ainda é uma
ameaça ao seu domínio à qual ele procura se opor com todas as suas forças.

SE VOCÊ TEM CONQUISTADO NOVOS TERRITÓRIOS,


PREPARE-SE PARA SER DESAFIADO!
À medida que você cresce na sua caminhada espiritual, precisa saber que
os ataques sobre a sua vida poderão começar a aumentar. A boa notícia é que
seu novo crescimento e seu conhecimento da Palavra de Deus o ajudarão a
superar cada ataque como um vencedor!
O adversário não quer que você cresça. O crescimento espiritual em sua
vida é igual a problemas reais para ele e o seu reino tenebroso. Ele preferiria
muito mais que você permanecesse infantil na sua vida espiritual para que
não causasse nenhum dano grave a ele.
Satanás está muito ciente de que seu crescimento no conhecimento da
Palavra de Deus e no poder do Espírito Santo constitui uma grave ameaça ao
seu domínio. Portanto, ele tentará efetuar um golpe preventivo contra você
para desacelerar seu crescimento. Não se surpreenda com esses golpes
preventivos!
Paulo disse: “Não vos adveio tentação que não fosse humana...” (1
Coríntios 10:13). Com relação a esses ataques do diabo, Pedro disse:
“Resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se
cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo” (1 Pedro 5:9).
O diabo pode tentar seduzir a sua carne e as suas emoções para que você
creia que ninguém nunca sofreu como você está sofrendo. Ele pode sussurrar
na sua mente que ninguém mais passou pelas dificuldades que você está
passando nesse instante. Mas você precisa entender que este é um ardil para
fazer com que você fixe seus solhos em si mesmo. Se permitir que essa
estratégia demoníaca tenha sucesso em sua vida, ela finalmente o seduzirá a
um labirinto de egocentrismo, onde tudo na vida gira em torno de você —
seus problemas, suas dificuldades, seus medos, e assim por diante.
Tenha certeza de que à medida que você crescer e seu entendimento acerca
da Palavra de Deus começar a aumentar, você provavelmente terá muitas
oportunidades de usar a sua fé e de resistir ao diabo. Eu não poderia sequer
começar a contar as vezes em que alguém me disse: “Eu não tinha nenhum
problema de saúde até ter a revelação de que Jesus levou todas as minhas
enfermidades! Depois que comecei a crer e a confessar que a cura estava na
Expiação, parece que fui atingido com toda espécie de enfermidades!”.
Outras disseram: “Eu não tinha nenhum problema financeiro até passar a
acreditar no que a Palavra de Deus tem a dizer sobre dízimos e ofertas. Tudo
estava bem financeiramente até que comecei a agir com base na Palavra de
Deus. Quando comecei a dar dízimos e ofertas ao Senhor, tudo pareceu
desmoronar!”.
Essas são tentativas do adversário de expulsar você da terra da promessa.
Ele não quer que você obedeça à Palavra de Deus e seja abençoado. Foi
exatamente por isso que o escritor de Hebreus disse aos seus leitores:
“Lembrai-vos, porém, dos dias anteriores, em que, depois de iluminados,
sustentastes grande luta e sofrimentos” (Hebreus 10:32).
Uma luta quase sempre segue a revelação. (Para maiores informações
sobre isso, veja o capítulo 9 de Living in the Combat Zone [Vivendo na Zona
de Combate].) Quando você recebe revelação com respeito a alguma área da
Palavra de Deus, o inimigo o ataca quase imediatamente, tentando roubar a
Palavra que você acaba de receber. Satanás quer fazer você duvidar dessa
Palavra para que você não possa resistir confiantemente firme na fé.
É por isso que é tão importante entender que:

•Um ataque contra as suas finanças não é único.


•Um ataque contra o seu corpo não é inusitado.
•Um golpe contra a sua igreja não é algo anormal.

É exatamente assim que o inimigo opera.


Satanás vem para desafiar você quando você está conquistando novos
territórios. Ele espera até que o crescimento comece; então ele ataca com uma
força irredutível para levá-lo ao desespero espiritual. Ele quer que você recue
e se retire das frentes de batalha!
Sabendo antecipadamente como o inimigo opera, você estará mentalmente
preparado para lidar com esses desafios. Seu conhecimento sobre como e
quando Satanás ataca o equipará para lidar com esses ataques de forma
mais inteligente.
Com relação a esses momentos de ataque espiritual, Tiago disse: “Meus
irmãos, tende por motivo de toda alegria quando passardes por várias
provações” (Tiago 1:2). Observe que Tiago não diz para considerarmos
motivo de toda alegria se passarmos por várias provações. Ele diz quando
passarmos por várias provações.
A palavra “quando” sugere que esses ataques virão. O tempo grego aqui
usado sugere que:

•Esses ataques normalmente vêm quando você menos espera.


•Eles geralmente vêm de uma direção com a qual você jamais teria
sonhado nem em um milhão de anos.
•Eles se destinam especificamente a pegar você desprevenido e a vir
sobre você de surpresa.

De tempos em tempos, todos são atacados de algum modo. Não importa se


o ataque do inimigo tem origem na dimensão real ou na dimensão do espírito,
o importante é que você saiba como reagir quando esses ataques contra você
começarem.
Tiago não nos adverte quanto a isso para nos amedrontar. Em vez disso,
ele nos adverte com antecedência quanto a essa realidade para que, quando os
ataques vierem, não fiquemos chocados nem sejamos apanhados de surpresa
e assim lançados em um estado de confusão e desânimo. Devemos prever
esses ataques.
O diabo não quer que você progrida espiritualmente em sua vida, e ele
tentará detê-lo! No mínimo, esses ataques provam que você está avançando
na sua vida espiritual e está se tornando uma ameaça para a segurança do
império das trevas. Caso contrário, esses inimigos invisíveis o deixariam em
paz.
Assim, uma grande parte da batalha espiritual é a preparação mental. Se
você estiver mentalmente preparado e alerta para a maneira como o inimigo
opera e para o potencial do ataque, já eliminou metade da batalha.
A preparação mental constante é a principal chave para lidar com os
potenciais ataques da esfera demoníaca. Se estivermos mentalmente alertas
para essa possibilidade, e se entendermos que esses ataques ocorrem quando
estamos ficando mais iluminados com relação à Palavra e ao nosso lugar em
Cristo, estaremos melhor posicionados para nos protegermos contra esses
ataques e para vencê-los.
A preparação mental elimina o elemento surpresa. Isso sempre lhe dará
vantagem contra o inimigo.

ATAQUES CONTRA IGREJAS E MINISTÉRIOS


Reflita sobre estas perguntas por um instante:

•Quantas igrejas locais e ministérios independentes foram atingidos pela


destruição exatamente quando estavam prestes a realizar algo
significativo para Deus?
•Quantos pastores voltaram para casa depois de um período de férias e
relaxamento, apenas para descobrir que houve uma sabotagem na
liderança da igreja enquanto eles estavam fora?
•Quantas igrejas locais estavam no meio de um programa de construção
quando, de repente, a família da igreja se dividiu devido a um
comportamento que absolutamente não correspondia àquele corpo de
crentes?
•Quantos ministros e igrejas avançaram com fé para o cumprimento da
visão que Deus lhes deu, apenas para verem as finanças do ministério
chegarem ao fundo do poço sem qualquer aviso?

Eis aqui o que precisamos entender: enquanto não fazemos nada para
Deus, podemos confiar que não enfrentaremos desafios por parte do inimigo.
Entretanto, quando começamos a fazer o que Deus nos chamou para fazer e
começamos a ter certa dose de sucesso, precisamos ficar mentalmente alertas
e conscientes! Inúmeras igrejas foram divididas e destruídas exatamente
quando estavam prestes a realizar sua visão e a executar algo importante para
o Reino de Deus.
O diabo espera o momento oportuno para atacar!
Foi por isso que Lucas nos disse que quando a tentação de Jesus no deserto
terminou “... apartou-se dele o diabo, até momento oportuno” (Lucas 4:13,
ARA). A implicação é que o diabo voltaria para atacar novamente — mas ele
esperaria pelo momento em que um ataque atendesse melhor aos seus
propósitos.
Lembre-se de que os ventos violentos que sopraram para destruir Jesus e
os Seus discípulos ocorreram no exato momento em que o barco de Jesus se
dirigia ao país dos gadarenos (ver Marcos 4:35-41). Quando Jesus chegasse
às praias de Gadara, Ele iria expulsar uma legião de demônios do
endemoninhado. Esse seria um dos maiores milagres de Seu ministério
terreno. Satanás sabia que Jesus ia realizar esse milagre, e ele sabia que
estava prestes a perder um bem valioso — o endemoninhado. Portanto, o
inimigo atacou com toda a sua fúria para sabotar o poder milagroso de Deus.
Da mesma forma, o diabo ama atingir igrejas locais e ministérios quando
eles estão prestes a chegar às margens da sua própria “Gadara”, onde o poder
milagroso de Deus será liberado nas vidas das pessoas envolvidas. Satanás
não quer que nenhum ministério ou igreja entre nas bênçãos de Deus!
Cuidado, portanto, quando sua visão finalmente estiver ao seu alcance.
Nunca baixe a sua guarda, porque esse pode ser o “momento oportuno” em
que o diabo poderá provocar uma ferida mortal em sua igreja ou ministério.
Entretanto, confie nisto: independentemente de que ataque o diabo lance
contra você — quer ele ataque a liderança da igreja, quer ataque as finanças
da igreja ou gere contenda e discórdia entre os membros — Deus é poderoso
para fazer todos esses ardis devastadores cooperarem para o seu bem.
Por exemplo, o diabo pode incitar uma sabotagem espiritual entre a
liderança da igreja enquanto o pastor está fora. Mas, no fim, o diabo na
verdade posicionou o pastor para descobrir em quem ele pode e não pode
confiar. É bom que isso tenha ocorrido agora e não mais tarde, quando os
danos poderiam ter sido muito mais devastadores. Assim, agindo para
destruir e dividir, o diabo estragou a sua própria chance de sucesso!
Do mesmo modo, o inimigo pode ter atacado seu ministério com uma crise
financeira, fazendo com que você colocasse os seus planos de crescimento e
expansão em suspenso. Mas até esse ardil maligno reverterá em seu favor!
Enquanto as coisas estão em suspenso, Deus pode revelar uma maneira muito
mais benéfica para cumprir a sua visão. Ele pode lhe mostrar um método e
um plano que serão mais fáceis para você — e que lhe custarão menos
dinheiro no final. Você descobrirá que, mais uma vez, o diabo estragou a sua
própria chance de sucesso!
Satanás odeia a Igreja de Jesus Cristo! Na visão dele, somos uma ameaça
do céu que invadiu um território que um dia estava assegurado pelo domínio
das trevas. Para nos desanimar e nos impedir de fazer maiores conquistas
nesta esfera terrena, o diabo envidará todos os esforços para atacar e destruir
a Igreja.
Mas independentemente do que o diabo faça nas suas tentativas de ferir a
obra de Deus, fomos chamados para permanecer fiéis e para continuar
lutando “o bom combate da fé”. Se fizermos isso, nenhum ataque do inimigo
terá sucesso para frustrar o plano de Deus. Deus é poderoso para fazer tudo
cooperar para o nosso bem — até as armas que o diabo tenta usar contra
nós!

UM PADRÃO DE CONTENDA E DISCÓRDIA


Ataques de contenda e discórdia na igreja local são uma estratégia que o
inimigo tem usado universalmente na comunidade cristã. Com relação a esses
tipos de ataques demoníacos, Tiago diz: “Pois, onde há inveja e sentimento
faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins” (Tiago 3:16, ARA).
Em primeiro lugar, observe que Tiago menciona a “inveja”. A palavra
“inveja” vem da palavra grega zelos, e denota um desejo atroz de promover
as suas próprias ideias e convicções em detrimento das ideias de todos os
demais.
A fim de interromper o fluxo pacífico na igreja local, o inimigo pode
convencer alguém na igreja local de que ele tem uma visão que precisa ser
reconhecida e aplicada pela liderança da igreja. Muitas vezes esse “desejo
atroz de promover as suas próprias ideias e convicções em detrimento das
ideias de todos os demais” torna-se tão forte que a pessoa não desiste até que
o pastor sucumba e concorde com seu ponto de vista.
Se essa carnalidade persistir, isso naturalmente levará ao passo seguinte
dessa terrível sequência de eventos. Tiago diz: “Pois onde há inveja e
sentimento faccioso...”. De acordo com Tiago, esse “desejo atroz de
promover as suas próprias ideias e convicções em detrimento das ideias de
todos os demais” naturalmente levará a um “sentimento faccioso”.
A palavra “facção” (ou contenda) foi extraída da palavra eritheia. Ela era
usada pelos gregos antigos para denotar um partido político que havia se
tornado totalmente faccionado. Essa “divisão” finalmente se tornava tão
perniciosa que o partido político não podia mais funcionar como um todo.
Em resultado dessa contenda, discórdia e divisão interna, esses partidos
políticos divididos geralmente eram abandonados. Assim, a palavra eritheia é
muitas vezes traduzida como um espírito de divisão.
Por que é importante entender isso? Porque o uso dessa palavra nos diz que
se esse ataque espiritual de “facção” não for tratado severamente e depressa,
será apenas uma questão de tempo até que a família da igreja seja
terrivelmente dividida e separada por problemas internos.
Ignorando o fato de que o pastor é o líder da igreja local apontado por
Deus, a pessoa que causa a divisão (não percebendo que está atuando sob a
influência externa de um espírito maligno) começa a reunir pessoas ao seu
redor que estão dispostas a aceitar a sua visão das coisas. Esse é o começo de
um “espírito de divisão” dentro da igreja local.
Um grupo de pessoas começa a tomar partido com relação a um ponto de
vista de uma pessoa, enquanto outro grupo toma o partido do ponto de vista
de outra. Finalmente, a igreja fica “dividida” em tantos pontos de vista
diferentes que, no fim das contas, esse corpo local específico não é mais
capaz de adorar em conjunto.
Isso, então, leva ao passo seguinte dessa sequência de eventos. Tiago
continua: “Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão...”.
A palavra “confusão” foi extraída da palavra akatastasia. Ela era usada nos
tempos do Novo Testamento para descrever a desobediência civil, a
desordem e a anarquia em uma cidade, Estado ou governo.
Ao escolher usar essa palavra, Tiago nos diz explicitamente o que acontece
quando se permite que situações de contenda e discórdia persistam na igreja
local. Quando as pessoas começam a ignorar ou a usurpar a autoridade
legítima que Deus deu ao seu pastor, elas entram em um tipo perigoso de
ilegalidade onde a anarquia, a desobediência civil e a desordem começam a
destruir a igreja local.
Para nos certificarmos de que entendemos onde esse tipo de
comportamento finalmente nos levará, Tiago continua dizendo: “Pois, onde
há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas
ruins” (Tiago 3:16).
A palavra “ruim” vem da palavra phaulos. A palavra phaulos descreve
algo que é terrivelmente mau ou extremamente vil. Quando os cristãos
cooperam com esse tipo de comportamento de divisão, ele sempre gera uma
situação “ruim” na igreja local.
Além do mais, se existe alguma dúvida na sua mente quanto a saber de
onde esse tipo de comportamento se origina, Tiago esclarece as coisas para
nós! Ele diz: “Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; antes, é terrena,
animal e demoníaca” (Tiago 3:15, ARA).
Mas Deus nos equipou para derrotar com êxito esses ataques demoníacos,
quer eles se voltem contra nós individualmente ou contra o corpo da igreja
local. Ele nos deu armas sobrenaturais — tudo o que precisamos para vencer
todas as batalhas! Como Paulo declarou: “As armas com as quais lutamos
não são humanas; ao contrário, são poderosas em Deus para destruir
fortalezas” (2 Coríntios 10:4).

MATADORES TREINADOS E FORTEMENTE ARMADOS


Roma, a cidade onde Paulo foi mantido cativo, era a sede política mais
poderosa do mundo naquela época. Ela também era o quartel-general da
máquina militar mais altamente desenvolvida e evoluída do mundo — o
exército romano. Por meio dessa base militar que conquistou o mundo, todo
o mundo civilizado tinha caído nas mãos do Império Romano.
Uma vez que Paulo estava cercado por essa imensa máquina militar e
preso a um soldado romano fortemente armado, era lógico, portanto, que os
seus pensamentos se voltassem para a questão da batalha espiritual e da
armadura de Deus. O ambiente era perfeito para o Espírito Santo começar a
falar a Paulo nesses termos. Ali, ao lado de Paulo, estava um soldado
fortemente armado e perfeitamente vestido que fora treinado nas habilidades
da guerra. O soldado estava literalmente “vestido para matar”!
Com essa imagem formidável constantemente ao seu lado dia e noite,
Paulo começou a receber percepções espirituais excepcionais do Espírito
Santo com relação às nossas próprias armas espirituais. Ele nos relata essa
revelação em Efésios 6:10-18. No entanto, essa passagem de Efésios não foi
a primeira vez em que Paulo registrou seus pensamentos sobre o assunto da
armadura espiritual.
Cerca de dez anos antes, quando Paulo estava escrevendo sua primeira
epístola aos Tessalonicenses, por volta do ano 54 d.C., ele também escreveu a
respeito da armadura espiritual. Entretanto, naquela época do começo do seu
ministério, seu entendimento sobre a armadura espiritual estava claramente
subdesenvolvido. Na época em que Paulo escreveu 1 Tessalonicenses, ele só
mencionou duas peças da armadura espiritual: “Nós, porém, que somos do
dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e do amor e tomando
como capacete a esperança da salvação” (1 Tessalonicenses 5:8).
Está claro que, ao longo dos dez anos seguintes, o Espírito Santo continuou
a expandir essas ideias no coração de Paulo e a transmitir novas revelações
com relação às “armas da nossa milícia” (2 Coríntios 10:4).
Durante suas inúmeras prisões, Paulo ficava com frequência preso a um
soldado romano que mantinha vigilância constante sobre ele. Hora após hora,
dia após dia e semana após semana, Paulo vivia lado a lado com esse matador
fortemente vestido e treinado.
Enquanto Paulo estava sentado observando o cinturão durável do soldado
romano, o Espírito Santo deve ter começado a falar com ele sobre o “cinturão
da verdade”. Enquanto seus olhos se moviam para a couraça de bronze
brilhante e apertada, o Espírito começou a iluminar seu entendimento com
relação à “couraça da justiça”.
Quando os olhos de Paulo se voltaram para as sandálias perigosamente
ornadas de pontas afiadas do soldado romano e para as caneleiras de bronze,
o Espírito começou a abrir os seus olhos com relação às “sandálias da paz”. O
apóstolo então teve um vislumbre do imenso escudo retangular feito de pele
de animais pousado ali ao lado do soldado, e o Espírito Santo começou a
transmitir a Paulo as ideias sobre o “escudo da fé”.
Enquanto Paulo olhava para cima e contemplava o capacete decorativo na
cabeça do soldado, o Espírito de Deus começou a lhe transmitir a revelação
com relação ao “capacete da salvação”. Então, voltando sua atenção para o
outro lado do soldado romano, Paulo observou a larga espada maciça e
pesada, e o Espírito Santo começou a falar-lhe sobre a “espada do Espírito”.
Durante aquele período de dez anos entre 54 d.C. e 64 d.C., a percepção de
Paulo com relação à armadura espiritual havia se desenvolvido
tremendamente e agora abrangia em um sistema inteiro de armamento
espiritual. Agora, em Efésios 6, ele nos diz que, em vez de termos apenas
duas peças de armadura para usar na nossa luta contra o adversário, temos
seis peças de armamento, e talvez até uma sétima, já que há a possibilidade
de uma arma adicional oculta que se encontra em Efésios 6:18.
Por causa de seus períodos de aprisionamento em Roma, Paulo começara a
estar intimamente familiarizado com a natureza do soldado romano, que era
um matador da pior espécie. Quando os soldados romanos se aposentavam do
exército e voltavam à vida civil, não era raro eles continuarem a matar. O
assassinato e a violência estavam enraizados naqueles homens e se tornara
parte integral da sua natureza. Agora Paulo usa esse exemplo muito vívido,
perigoso e homicida para nos mostrar o que as armas espirituais que Deus nos
dá podem fazer a um inimigo espiritual.
Com respeito a um soldado romano de tamanho médio, essas peças de
armadura (o cinturão, a couraça, as sandálias com caneleiras, o escudo, o
capacete, a espada e possivelmente a lança) pesavam aproximadamente 45
quilos. O peso exato da armadura de um soldado variava de acordo com a
estatura física dele. Se ele fosse um homem grande, sua armadura era maior e
mais pesada. Se ele fosse de estatura menor, sua armadura era
proporcionalmente menor e, portanto, mais leve. Mas independentemente do
tamanho físico deles, todos os soldados romanos levavam uma armadura
pesada.
Que espécie de homem tinha de usar esse tipo de armamento? Um homem
forte! Nenhum fracote seria capaz de ficar em pé, andar, correr ou se mover
em qualquer área com esse tipo de armadura pesada. Para usar esse
armamento e guerrear com êxito com ele, o usuário teria de ser extremamente
forte e fisicamente apto!
Portanto, veremos que, antes de entrar em detalhes sobre as armas
espirituais, Paulo primeiro nos informa que Deus nos deu Seu poder
sobrenatural para que possamos usar com eficácia as armas da nossa milícia
na luta contra os poderes demoníacos invisíveis. Esse poder tremendo dá ao
nosso homem interior a força que precisamos para reforçar a vitória de Jesus
e demonstrar a derrota de Satanás em todas as situações da vida!
PERGUNTAS PARA CRESCIMENTO PESSOAL OU DEBATE EM
GRUPO

1.Qual é o papel principal da Igreja que faz dela o pior pesadelo do


diabo?
2.Você consegue pensar em outros exemplos na História (além dos
dados neste capítulo) onde a estratégia de Satanás de frustrar os
propósitos de Deus na vida de uma pessoa deu errado? Existe um
exemplo disso em sua própria vida que chame a sua atenção?
3.Qual é o curso de ação mais sábio a adotar quando você está fazendo
seu melhor para seguir a vontade de Deus e uma porta se fecha
abruptamente diante de você?
4.Como Paulo reagia quando o diabo tentava infligir uma ferida mortal à
sua vida ou ministério? O que você pode fazer na próxima vez que
enfrentar um obstáculo aparentemente intransponível para seguir o
exemplo de Paulo?
5.Você consegue pensar em um momento em sua vida em que o diabo
usou a contenda para gerar confusão e “toda espécie de coisas ruins” na
situação? Como você pode se preparar agora para frustrar ataques
similares no futuro?
CAPÍTULO 6

Antes de Paulo entrar em sua explicação detalhada sobre a armadura


espiritual, ele nos suplica: “Finalmente, fortalecei-vos no Senhor e na força
do seu poder” (Efésios 6:10, AA).
Observe que Paulo inicia essa porção das Escrituras sobre a batalha
espiritual e a armadura de Deus dizendo: “Finalmente...”. A palavra
“finalmente” é uma das palavras mais importantes dessa passagem. Ela foi
extraída da expressão grega tou loipou, e seria melhor traduzida por quanto
ao mais; em conclusão; ou em suma.
A expressão tou loipou é usada em outros manuscritos gregos seculares
daquele mesmo período para retratar algo tão extremamente importante que é
mantido até o final da carta. Assim, o leitor será capaz de se lembrar disso
caso não se recorde de nada mais do que foi escrito.
À luz disso, a palavra “finalmente” em Efésios 6:10 traz consigo esta ideia:
“Em conclusão, guardei a questão mais importante desta epístola para o fim.
Assim, caso vocês não se lembrem de nada mais do que eu disse, vocês se
lembrarão disto. Quero que isto se destaque na sua mente!”.
Essa é uma declaração notável! O livro de Efésios contém algumas das
verdades mais importantes e algumas das instruções mais práticas dadas em
todo o Novo Testamento. As verdades que Paulo escreve à igreja de Éfeso
são poderosas, profundas, detalhadas e fundamentais para a nossa visão de
Jesus Cristo, da Igreja, de nós mesmos e da posição de derrota do diabo. É
uma epístola que requer nossa máxima atenção!
Por exemplo, no capítulo 1, Paulo aborda alguns dos conceitos teológicos
mais profundos e de mais difícil compreensão do Cristianismo, tais como:

•A eleição (1:4).
•A predestinação (1:5).
•A adoção (1:5).
•O selo do Espírito (1:13).
•O penhor do Espírito (1:14).
•A nossa redenção total, glorificada (1:7, 14).

E isso apenas no capítulo 1!


Então, temos o capítulo 2. Nessa poderosa seção da Bíblia, Paulo aborda:

•A realidade da morte espiritual e seu fruto (2:2-3).


•A intervenção da rica misericórdia de Deus (2:4).
•A doutrina da graça versus as obras do homem (2:8-9).
•A obra redentora da Cruz (2:11-18).
•O fundamento dos apóstolos e dos profetas na Igreja do Novo
Testamento (2:19-22).

Nos capítulos 3, 4 e 5 Paulo trata de assuntos muito profundos, como:

•O mistério do Cristo revelado (3:1-9).


•O plano eterno de Deus (3:10-11).
•A unidade de um Espírito, um Senhor, uma fé, um batismo (4:4-5).
•Os dons ministeriais dos apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e
mestres e seu propósito definitivo (4:11-13).
•Renovar a mente e se revestir do novo homem (4:23-24).
•Entristecer o Espírito Santo (4:30).
•Ser continuamente cheio do Espírito (5:18).
•O plano de Deus para os maridos e esposas e o exemplo correspondente
de Cristo e Sua Igreja (5:22-33).

No entanto, quando chegamos ao fim dessa grandiosa epístola que é tão


cheia de todas essas maravilhosas verdades, Paulo diz: Finalmente...! Ele está
nos dizendo que, independentemente do que já lemos, é melhor prestarmos
atenção ao que vem em seguida nessa carta!

CRISTÃOS ESPIRITUALMENTE DESEQUILIBRADOS


Considerando o conteúdo poderoso dos cinco primeiros capítulos de
Efésios, você pode com certeza ver por que eu disse que é tão notável Paulo
dizer “finalmente” em Efésios 6:10. Essa palavra indica que ele considerava a
armadura espiritual o assunto mais importante discutido nessa epístola à
igreja de Éfeso!
Em princípio, esse fato me deixou totalmente perplexo. Perguntei a mim
mesmo:

Como a questão da armadura espiritual poderia ser mais importante


que a doutrina da eleição?
Como a questão da batalha espiritual poderia ser mais importante que a
doutrina da predestinação?
Como é possível que ela seja mais importante que a doutrina da
adoção?
Será possível que entender o assunto da batalha espiritual seja mais
importante que entender o plano eterno de Deus?
Por que Paulo deixaria essa parte sobre a batalha espiritual e a
armadura espiritual por último, para a última parte de sua poderosa
epístola, e depois concluiria que esse assunto é mais importante que
essas outras verdades? POR QUÊ?

Mais tarde, passei a entender por que Paulo fez essa declaração incrível
sobre a batalha espiritual e a armadura espiritual. Falando de um modo geral,
essas questões não poderiam ser mais importantes que as outras doutrinas
bíblicas que Paulo aborda no livro de Efésios. É extremamente importante
conhecermos e entendermos essas doutrinas bíblicas; elas são fundamentais a
tudo o que cremos sobre a obra da Cruz.
Entretanto, nesse momento específico e para os leitores específicos a quem
Paulo estava escrevendo, a batalha espiritual e a armadura espiritual eram
temporariamente mais importantes por uma razão muito prática.
Como muitos no mundo da Igreja hoje, os cristãos a quem Paulo estava
escrevendo tinham acumulado um grande conhecimento espiritual, que
constava de fatos e informações. No entanto, mesmo com tudo isso à
disposição, eles ainda estavam espiritualmente derrotados em suas vidas
pessoais. Embora pudessem responder a praticamente todas as perguntas
sobre a Bíblia que se colocasse diante deles, suas vidas pessoais estavam
desmoronando.
Efésios 4:25-31 identifica alguns dos problemas que estavam afligindo os
leitores de Paulo. Mencionarei apenas alguns.
Paulo ordenou aos cristãos de Éfeso:

•“... Deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo”


(4:25).
•“... Não se ponha o sol sobre a vossa ira” (4:26).
•“... Nem deis lugar ao diabo...” (4:27).
•“... Aquele que furtava não furte mais” (4:28).
•“... Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe...” (4:29).
•“... E não entristeçais o Espírito de Deus...” (4:30).
•“Longe de vós toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e
bem assim toda malícia” (4:31).

Parece que Paulo estava falando a pessoas vitoriosas?


Pessoas vitoriosas precisam que se lhes diga para parar de mentir?
Pessoas vitoriosas dão lugar ao diabo em suas vidas e relacionamentos?
Pessoas vitoriosas permitem que palavras corruptas tenham lugar em suas
conversas?
Pessoas vitoriosas entristecem continuamente o Espírito Santo com
atitudes negativas como amargura, ira, gritaria e malícia?
Naturalmente falando, as igrejas que se situavam no Vale do Rio Lico
(uma das quais era a igreja de Éfeso), eram mais instruídas com relação à
verdade e a doutrina do Novo Testamento que qualquer região durante o
primeiro século. Sabemos que o apóstolo Paulo fundou a igreja de Éfeso
(Atos 19:1-20) e que, depois disso, ele passou três anos de sua vida
levantando presbíteros naquela cidade (Atos 20:31). Além do mais, em algum
momento depois da partida de Paulo de Éfeso, Timóteo entrou em cena para
servir como pastor dessa igreja (1 Timóteo 1:3).
Se parássemos aqui, apenas isso teria tornado a igreja de Éfeso a igreja
local mais singular da história da Igreja. Mas ainda há mais!
Além dos papéis de Paulo e Timóteo na igreja de Éfeso, o apóstolo João
também era membro dessa igreja. Também, quando João mudou a base do
seu ministério de Israel para a cidade de Éfeso, ele levou Maria — a mãe de
Jesus — para a cidade com ele, onde cuidou dela até sua morte. A mãe de
Jesus era um membro da igreja de Éfeso!
Creio que você pode perceber a partir disso o quanto a igreja de Éfeso era
realmente incomum! Você também pode ter certeza de que outros grandes
homens e mulheres de Deus iam ministrar ali, uma vez que essa era a maior
igreja existente durante aqueles dias. Pedro, Apolo, Áquila e Priscila, com
certeza, ministraram nessa igreja em algum momento.
Não obstante, mesmo com essa abundância de ministérios excelentes e da
disponibilidade de percepção e conhecimento espiritual, os cristãos de Éfeso
não estavam vivendo a vida vitoriosa e abundante que Jesus Cristo veio
oferecer. Ao contrário, suas vidas pessoais estavam em ruínas!
Embora a Bíblia não diga especificamente por que os cristãos de Éfeso
estavam passando por confusão e derrota em suas vidas pessoais, o fato de
Paulo ter reservado esse texto sobre batalha espiritual e armadura espiritual
para o fim de sua epístola sugere a razão. Parece que os destinatários dessa
carta estavam espiritualmente desequilibrados. Eles eram maduros na esfera
da doutrina, mas haviam deixado de desenvolver-se em outras áreas
crucialmente vitais.
A grande maioria do tempo e das energias desses crentes foi empregada
para desenvolver a doutrina e educar as suas mentes com as grandes e
necessárias verdades teológicas. Não havia nada de errado com isso. Por se
tratar do início da Igreja Primitiva, nesse momento, foi muito importante
ensinar e analisar a sã doutrina.
Na verdade, estudar a Palavra era uma necessidade absoluta para aqueles
cristãos! À medida que começavam a registrar a doutrina naqueles primeiros
tempos, era imperativo que sondassem e estudassem intensamente as
Escrituras. (Qualquer pessoa familiarizada comigo ou com o meu ministério
sabe que dou o valor máximo ao estudo da Palavra de Deus!)
Entretanto, embora os cristãos de Éfeso estivessem crescendo no
entendimento intelectual da Palavra, eles precisavam simultaneamente
crescer no seu entendimento da armadura espiritual e do conflito espiritual.
Eles viviam em um mundo muito semelhante ao nosso hoje — um mundo
cheio de conflitos, violência e revoltas. Então, ao mesmo tempo em que os
líderes da Igreja Primitiva desenvolviam, analisavam e ensinavam a sã
doutrina dentro da Igreja de um modo geral, também precisavam equipar os
santos para lidarem com o ambiente hostil fora da Igreja.
Esses primeiros cristãos precisavam começar a agir com base no
conhecimento que haviam obtido.

•Eles tinham de aprender a pegar seu entendimento intelectual da


Palavra de Deus e transformá-lo em uma “espada do Espírito”.
•Eles precisavam desesperadamente tomar posse da fé que possuíam
intelectualmente e transformá-la em um “escudo da fé”.
•O conhecimento deles sobre a salvação tinha de ser forjado em um
“capacete da salvação”.
•O entendimento deles sobre a maravilhosa graça de Deus ainda
precisava ser transformado em uma “couraça de justiça”.

Esse era o pano de fundo do contexto em que Paulo escreveu sua carta à
igreja de Éfeso. É por isso que Paulo começa seu texto sobre batalha
espiritual e armadura espiritual dizendo, na essência: “Guardei a parte mais
importante desta epístola para o fim, para que, se vocês não se lembrarem de
mais nada, vocês se lembrem disto!”.

COMPANHEIROS DE LUTA
À medida que Paulo avança em Efésios 6:10, ele diz: “No demais, irmãos
meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder” (ACF).
Agora chegamos à palavra “irmãos”. Essa é outra palavra muito
significativa do Novo Testamento que é negligenciada e mal compreendida.
A palavra “irmãos” é de tremenda importância para o tema armadura
espiritual e batalha espiritual – tanto que devemos nos curvar por um
momento e estudar essa palavra antes de prosseguirmos em Efésios, capítulo
6.
A palavra “irmãos” foi extraída da palavra grega adelphos, uma das
palavras mais antigas do Novo Testamento. Em seu uso mais frequente,
adelphos significa simplesmente irmão. Entretanto, adelphos tem um
significado muito mais profundo.
Em seu sentido muito antigo, a palavra adelphos era usada pelos médicos
no mundo da medicina para descrever duas pessoas que nasciam do mesmo
ventre. Assim, quando os antigos gregos se dirigiam uns aos outros como
adelphos, eles queriam transmitir esta ideia: Você e eu somos
verdadeiramente irmãos! Saímos do mesmo ventre humano. Temos os
mesmos sentimentos; temos emoções similares e lidamos com os mesmos
problemas na vida.
Pelo menos em parte, esse era o pensamento de Paulo quando ele se dirigiu
aos seus leitores como “irmãos”. Usando essa palavra, ele estava se
colocando no mesmo nível de seus leitores, identificando-se tanto com as
lutas quanto com as vitórias pessoais deles.
Mas isso não é tudo que existe para a palavra “irmãos”. Preste muita
atenção, porque a discussão seguinte trará importante luz no sentido completo
dessa palavra.
A palavra “irmão” (adelphos) não era usada em um sentido popular, como
a empregamos hoje no Corpo de Cristo, até o tempo de Alexandre o Grande.
Durante esse período, a palavra “irmão” começou a adquirir um novo sentido
militarista em seu significado. Dado o fato de que Efésios 6:10-18 é um texto
sobre batalha espiritual e armadura espiritual, não há dúvida de que Paulo
também tinha essa ideia militarista em mente quando se dirigiu aos seus
leitores como “irmãos”.
Alexandre, o Grande, foi irrefutavelmente o melhor soldado que o mundo
já conheceu. Aos dezoito anos, ele já havia conquistado todo o império
oriental. Quando tinha trinta e três anos, o império ocidental também havia
caído em suas mãos. Alexandre, o Grande, conquistou praticamente todo o
mundo civilizado de seu tempo — desde a Europa à extremidade norte da
África, alcançando até a Grécia, a Turquia e a Ásia, até a fronteira ocidental
da Índia. Em um único golpe militar contra os persas, Alexandre venceu 40
mil agressores persas, perdendo apenas 110 de seus soldados.
A fama e a notoriedade desse jovem e poderoso homem de guerra eram tão
extensas e reverenciadas que soldados de todas as partes de seu império
remoto desejavam ter alguma espécie de relacionamento pessoal com ele.
Conhecer Alexandre pessoalmente e ganhar seu reconhecimento era a maior
honra que um militar poderia receber.
Portanto, em ocasiões muito especiais, Alexandre realizava cerimônias.
Durante essas cerimônias, ele convocava soldados especialmente corajosos,
que trabalhavam arduamente, a subirem a uma plataforma gigantesca para
ficar ao seu lado. Então Alexandre fazia reconhecimento público de forma
cerimoniosa a esses soldados especiais, que haviam lutado tão bravamente e
que tinham andado a segunda milha na batalha.
Diante de uma grande audiência de militares que o adoravam, Alexandre
colocava seu braço ao redor dos guerreiros fiéis um de cada vez e declarava
publicamente: “Que todo o império saiba que Alexandre se orgulha de ser
irmão deste soldado”. Assim, a palavra “irmão”, como usada no tempo de
Alexandre, também transmitia a ideia de companheiro ou irmão de armas.
Tendo isso em mente, sabemos que a palavra “irmão” retrata a imagem de
dois soldados que estão lutando a mesma luta e que compartilham
sentimentos, desejos e medos similares, assim como dois irmãos nascidos do
mesmo ventre. No entanto, esses soldados irmãos aprenderam a vencer suas
emoções e a alcançar a vitória em meio aos ataques e confrontos difíceis.
Se esses homens chamassem alguém de “irmão”, isso significava que ele
era um verdadeiro companheiro. Em meio a tudo isso, esses soldados
permaneciam juntos, unidos no calor da luta. Por conseguinte, eles atingiam
um nível especial de “irmandade” que somente os soldados conheciam.
Podemos ver, então, que Paulo estava transmitindo uma mensagem
poderosa aos seus leitores quando se dirigiu a eles como “meus irmãos”. Ele
estava dizendo: “Saímos todos do mesmo ventre da humanidade, e
compartilhamos sentimentos, lutas e emoções semelhantes na vida. Ainda
assim, não fomos vencidos por essas coisas. Assim como eu, vocês ainda
estão na luta e estão dando o seu melhor. Portanto, tenho orgulho de estar
ligado a pessoas como vocês. Somos irmãos!”.
SOLDADOS QUE SÃO DIGNOS DE SE ASSOCIAR A VOCÊ
Embora os cristãos de Éfeso obviamente estivessem tendo dificuldades em
suas vidas pessoais quando Paulo lhes escreveu, eles não haviam desistido da
luta! Eles ainda estavam ali, reunindo suas forças e avançando
vagarosamente, um passo de cada vez.
Esse tipo de comprometimento progressivo de permanecer na batalha é
uma característica-chave de crentes que vale a pena conhecer e com quem
vale a pena se associar. Independentemente do quanto esses crentes estejam
indo bem ou mal em meio à sua luta, pelo menos eles ainda continuam
lutando! Outros podem ter desistido, mas eles não. De acordo com Paulo,
esse é o tipo de pessoas a quem deveríamos ver como companheiros de luta!
Essa é particularmente uma boa notícia para você, se você estiver passando
por um momento difícil agora. O adversário pode tentar acusá-lo de ser um
fracasso espiritual porque você ainda não atingiu a vitória total em sua vida.
Mas enquanto permanecer fiel à luta e se recusar a abandonar sua posição de
fé contra o inimigo, você ainda é um soldado excepcionalmente bom! Você é
exatamente o tipo de soldado que qualquer cristão deveria estar feliz em
conhecer e em se associar!
Então, eis o ponto principal com relação à palavra “irmãos” usada por
Paulo em sua parte final e crucial dessa carta aos Efésios: não é o fato de
lutarmos bem ou mal que realmente conta na vida. O que realmente conta é
que continuemos lutando. Esse tipo de atitude de “nunca desistir” finalmente
produzirá a vitória para nós, sempre!
PERGUNTAS PARA CRESCIMENTO PESSOAL OU DEBATE EM
GRUPO

1.Quais são algumas das características comuns entre o mundo dos


primeiros cristãos e o nosso mundo moderno? O que essas semelhanças
nos dizem sobre a prioridade que deveríamos estabelecer na
compreensão da natureza da verdadeira batalha espiritual?
2.De que maneira os cristãos de Éfeso estavam desequilibrados
espiritualmente? Você consegue pensar em um exemplo desse mesmo
estado espiritual na Igreja moderna ou na sua própria experiência
espiritual?
3.Por que é tão importante desenvolvermos um senso de unidade, nos
sentirmos companheiros e irmãos nessa batalha da fé?
4.Que característica-chave os cristãos devem possuir se quisermos nos
associar com eles intimamente?
5.Você consegue pensar em exemplos na sua própria vida que
demonstram a presença dessa característica-chave?
CAPÍTULO 7

Antes de Paulo iniciar a sua mensagem sobre a nossa armadura espiritual, ele
primeiro nos incentiva a recebermos poder espiritual! Continuando em
Efésios, 6:10, ele diz: “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor...”.
Neste capítulo, vamos ver o que Paulo tem a dizer sobre esse poder
sobrenatural que Deus disponibilizou para nós.
Então, o que significa exatamente fortalecer-se no Senhor?
Primeiramente, a palavra “fortalecer” foi extraída da palavra endunamoo,
que é um composto das palavras gregas en e dunamis. A palavra en significa
em e a palavra dunamis significa força, capacidade ou poder explosivo. A
palavra dunamis é de onde tiramos a palavra “dinamite”.
Quando essas duas palavras são unidas, a nova palavra endunamoo
descreve um revestimento de poder ou um fortalecimento interior. Ela
transmite a ideia de receber a infusão de uma dose excessiva de força e
capacitação interior dinâmica.
Pelo fato de que a primeira parte de endunamoo significa em ou para
dentro e a segunda parte retrata um poder explosivo, é fácil concluir que essa
palavra retrata um poder que está sendo depositado em alguma coisa, como
um recipiente, um vaso ou outra forma de receptáculo.
A própria natureza dessa palavra significa enfaticamente que deve haver
necessariamente alguma espécie de receptor dentro do qual esse poder seja
depositado. É aí que nós entramos em cena!
Fomos designados especialmente por Deus para sermos os receptáculos do
Seu divino poder. Esse é o motivo pelo qual Paulo nos incentiva: “No
demais, irmãos meus, fortalecei-vos...”. Suas palavras transmitem a ideia:
“Recebam um fortalecimento sobrenatural, um depósito interno de poder no
seu homem interior”. Deus é o Doador desse poder explosivo e, de acordo
com Efésios 6:10, nós somos os receptáculos nos quais esse poder deve ser
depositado.
O tempo grego usado em Efésios 6:10 é o presente passivo imperativo.
Isso significa que Paulo não estava simplesmente sugerindo que eles
recebessem esse poder; ele estava ordenando a eles que o recebessem e, além
do mais, que o recebessem assim que possível.
Não há dúvidas quanto às intenções de Paulo nesse versículo. O uso do
tempo presente imperativo significa que ele os estava incentivando com as
palavras mais fortes; ele estava ordenando que eles abrissem os seus corações
para receber um toque completamente novo do poder de Deus em suas vidas.
Além do tempo presente imperativo, Paulo também usa o tempo passivo
em sua ordem para “nos fortalecermos”. O tempo passivo descreve o efeito
progressivo e duradouro desse poder sobre a vida de um crente. Esse tempo
nos diz que, embora haja um efeito fortalecedor imediato quando o poder
endunamoo especial de Deus é liberado na vida do crente, ele é mais que uma
experiência única. Ele é um poder sobrenatural que continua a fortalecer esse
crente por muito, muito tempo depois disso.
Paulo sabia que há uma experiência progressiva com o poder de Deus que
está disponível a todos os crentes. O apóstolo também sabia que precisamos
desesperadamente desse toque especial do poder sobrenatural a fim de
combatermos com êxito os ataques que o inimigo levanta contra nós nesta
vida.
Diante dessas verdades, Paulo nos incentiva a nos abrirmos para Deus —
em espírito, alma e corpo — para podermos receber Sua força sobrenatural.
Na verdade, o desejo de Paulo de que recebamos esse poder é tão ardente que
ele usa o tempo presente passivo imperativo. Mais uma vez, ele não está
sugerindo que recebamos esse poder, ele está ordenando que nós o
recebamos, e que o recebamos tão depressa quanto possível.
Com um tom de voz muito forte e autoritário, Paulo ordena a todos os
cristãos em todo lugar:

•“Sejam infundidos com força e capacidade sobrenatural.”


•“Sejam revestidos desse toque especial da força de Deus.”
•“Vocês precisam receber esse fortalecimento interior!”

Por que Paulo foi tão enfático nesse ponto? Porque ele sabia que
precisamos receber esse poder antes que a nossa luta contra as forças
invisíveis comece. Sem o poder sobrenatural do Espírito Santo operando em
nós, nenhum de nós é páreo para os esquemas e artifícios astutos de Satanás,
ou pode resistir aos espíritos demoníacos que guerreiam contra as nossas
almas.
Satanás é inteligente, perspicaz, brilhante, sagaz, rápido, esperto e astuto.
Ele é forte, capaz, poderoso, influenciador e determinado. Ele é um
estrategista sábio, que planeja e arranja de forma ordenada ataques
sistemáticos contra a humanidade. Ele é a epítome de um oportunista, que
sabe exatamente quando atacar com seu poder destruidor.
Naturalmente falando, nossa força física nem de longe pode se comparar à
força do diabo. Nossa inteligência nem de longe alcança seu brilhantismo.
Nosso momento mais genial é completamente deficiente se comparado com
os métodos astutos de pensar e atuar do inimigo.
Satanás era um anjo poderoso e brilhante antes de cair em seu estado atual
de perversão. E embora caído, ele ainda reteve muito de sua antiga
inteligência que lhe foi dada originalmente por Deus.
É verdade que Jesus despojou Satanás de sua autoridade legal sobre nós;
não obstante, sua inteligência permanece intacta. E é essa mente perspicaz,
brilhante, sagaz, esperta e astuta que o diabo usa contra nós hoje. O poder de
Satanás não é páreo para o poder inigualável do Espírito Santo, e ele sabe
disso. Portanto, ele procura passar a perna em nossa mente natural com
estratégias malignas que inventou com a sua mente incrivelmente inteligente.
Para impedir essas estratégias satânicas, precisamos receber o revestimento
de poder especial de Deus do Alto. Quando a força sobrenatural do Espírito
Santo é liberada dentro de nós, somos capacitados a lidar vitoriosamente com
esse arqui-inimigo da fé. Foi por isso que Paulo ordenou à Igreja Primitiva
que recebesse esse poder especial — e agora a Palavra de Deus nos dá a
mesma ordem específica e urgente: “Finalmente, meus irmãos, fortalecei-
vos...”.
Lembre-se, essa não é uma sugestão da parte de Paulo; é uma ordem
direta.

PODER SOBRE-HUMANO PARA UMA TAREFA SOBRE-


HUMANA
A palavra endunamoo (“forte”) era usada com frequência pelos escritores
clássicos gregos para descrever indivíduos que haviam sido escolhidos muito
cuidadosamente pelos deuses para realizar tarefas extremamente especiais e
sobre-humanas.
Por exemplo, os escritores do período grego clássico teriam dito que a
força sobre-humana do personagem lendário, Hércules, era o resultado dos
deuses pagãos gregos terem depositado nele o poder endunamoo. Endunamoo
se encaixava perfeitamente para ilustrar o tipo de força sobrenatural que
Hércules supostamente possuía. Diz a lenda que com esse dom dos deuses
gregos pagãos, Hércules realizou muitos feitos sobre-humanos extremamente
especiais.
O apóstolo Paulo era um homem excepcionalmente brilhante e instruído.
Devido aos seus estudos do grego clássico, ele sem dúvida conhecia esse uso
histórico da palavra endunamoo. Assim, ao falar do poder sobrenatural que o
Espírito Santo nos dá para resistirmos à obra do adversário, Paulo escolheu
deliberadamente essa palavra de conotações inconfundíveis — denotando um
poder que transforma meros homens em campeões que possuem força sobre-
humana e sobrenatural.
Além do mais, endunamoo é um poder que é concedido a um indivíduo
quando ele é chamado para realizar uma tarefa especial que está além das
suas habilidades naturais e que requer força sobre-humana.
Por que Paulo iniciou o texto sobre batalha espiritual e armadura espiritual
com essa ordem para recebermos a força endunamoo? O motivo é claro:
Paulo com certeza acreditava que a nossa única esperança de consolidarmos a
vitória de Jesus e de expormos a derrota de Satanás era recebendo o auxílio
desse poder especial e sobrenatural.
Paulo sabia enfaticamente — sem qualquer sombra de dúvida — que
quando o poder de Deus é liberado com força total na vida de um cristão, Seu
fluxo sobrenatural de poder transformará aquele cristão normal em um
gigante espiritual! Portanto, Paulo ordena a todo cristão, nos termos mais
fortes possíveis:

“Revistam-se de poder!”
“Recebam este fortalecimento interior!”
“Sejam infundidos com a força e a capacidade sobrenatural de Deus!”

ONDE ENCONTRAR ESSE PODER


Paulo continua: “Finalmente, meus irmãos, fortalecei-vos no Senhor...”.
A expressão “no Senhor” gramaticalmente é chamada de tempo locativo.
Em suma, significa que esse poder especial (endunamoo) pode ser encontrado
somente em um lugar — e é no Senhor.
O fato de Paulo ter escrito no tempo locativo nos diz que esse poder está
“trancado” na Pessoa de Jesus Cristo e que ele não pode ser encontrado em
outro lugar. Não podemos obter esse poder especial e sobrenatural lendo
livros e ouvindo mensagens de ensino, mas somente por meio de um
relacionamento pessoal com o Senhor Jesus Cristo. Esse poder está trancado
no Senhor.
O primeiro capítulo de Efésios também usa o tempo locativo. De fato, esse
mesmo tempo locativo é usado sete vezes em Efésios 1 para ensinar que
estamos “em Cristo” (1:3, 4, 6, 7, 11, 13). Doutrinariamente, isso significa
que uma vez que somos redimidos por Jesus Cristo, estamos “trancados” na
Pessoa de Jesus para sempre! Como Paulo disse aos coríntios: “Mas aquele
que se une ao Senhor é um espírito com ele” (1 Coríntios 6:17). Ou como
Paulo disse à sua audiência no Areópago: “Pois nele vivemos, nos movemos
e existimos” (Atos 17:28).
Esse maravilhoso tempo locativo é usado sete vezes em Efésios 1 para
declarar que estamos perpetuamente, eternamente e infinitamente “trancados”
na Pessoa de Jesus Cristo. Ele se tornou a nossa esfera de existência e
habitação. Por toda a eternidade, estamos “Nele”.
Agora conseguimos compreender por que esse poder endunamoo especial
de Deus é tão acessível a você e a mim. Assim como esse poder divino —
esse fortalecimento interior sobrenatural que transforma pessoas normais em
gigantes espirituais — está gloriosamente “trancado” na Pessoa de Jesus
Cristo, assim também estamos nós! Como cristãos, estamos “trancados no
Senhor” com Seu poder divino especial!
Embora nem sempre estejamos mentalmente conscientes disso, estamos
constantemente tendo contato com esse poder divino diariamente, a cada hora
e a cada minuto. O próprio fato de que nós — e também esse poder especial
— estamos trancados “no Senhor” significa que uma nova explosão de poder
sobre-humano dentro do nosso espírito humano está à nossa disposição. Na
verdade, uma nova liberação do poder de Deus dentro de nós está tão
acessível quanto o nosso próximo suspiro!

ESTÁ À SUA DISPOSIÇÃO


Há vários anos em uma grande igreja no Centro-Oeste, eu estava pregando
sobre o fluxo divino de poder e a sua disponibilidade ao cristão. No fim do
culto da manhã, fiz um convite às pessoas que nunca haviam sido cheias do
Espírito Santo, e muitas pessoas foram à frente para receber oração.
Quando me aproximei do altar para orar por aqueles que haviam ido à
frente, o pastor voltou-se para mim e disse: “Esta manhã quero que você
observe a maneira como oramos pelas pessoas para que elas sejam cheias do
Espírito Santo. Observando a maneira como isso é feito na nossa igreja, você
poderá fluir melhor com o treinamento que os nossos obreiros do altar
receberam sobre como orar para que as pessoas recebam o enchimento do
Espírito”.
Obedecendo ao pedido do pastor, recuei para observar enquanto os seus
obreiros começavam a orar pelas pessoas para que elas fossem cheias do
Espírito Santo. Um após o outro os obreiros andavam atrás das pessoas que
estavam de joelhos junto ao altar, dando tapinhas nas costas delas e dizendo
coisas do tipo:
“Você precisa orar mais do que está orando.”
“Você não está orando suficientemente alto.”
“Você precisa gritar e suplicar para receber de Deus.”
“Você precisa se demorar aqui um pouco mais.”

Fiquei com o coração partido enquanto observava o que estava


acontecendo. Aquelas pessoas preciosas, espiritualmente famintas, foram à
frente para receber liberalmente de Deus, mas o que poderia ter sido uma
linda experiência se transformara em um pesadelo. Aquelas pessoas sinceras,
mas incorretamente instruídas, começaram a se chicotear espiritualmente a
fim de se sentirem “boas o bastante” para receber de Deus e serem cheias do
Espírito.
Que visão deplorável esta foi para mim! Ver o enchimento do Espírito
Santo reduzido a uma obra da carne foi repugnante — principalmente porque
eu sabia que o ser cheio do Espírito Santo é uma obra da graça e não do
esforço humano. Essa foi uma das visões mais espiritualmente ofensivas que
já observei em uma igreja.
Deus sabia que Ele teria de tornar as coisas simples para que recebêssemos
Seu poder; do contrário, a maioria de nós jamais o receberia. Sabendo disso a
nosso respeito, Deus “trancou” permanentemente Seu poder dentro da Pessoa
de Jesus Cristo, e então Ele “nos trancou” em Cristo também! Fazendo isso
por nós, Deus nos colocou em uma posição onde tivéssemos contato com Seu
poder divino continuamente. Ele graciosamente organizou as coisas para que
fosse muito difícil não recebermos livremente essa transferência de força
sobre-humana e sobrenatural para o combate.
Para experimentar o poder sempre acessível e sempre disponível de Deus,
você precisa abrir seu coração a ele e pedir que ele seja liberado na sua vida.
Pela fé você precisa estender a mão para abraçar esse poder divino especial,
pois devido à sua posição “no Senhor” você está cercado por ele neste
instante. Neste exato momento, você está imerso no poder sobrenatural de
Deus. Ele está à sua disposição!
O único pré-requisito para receber esse poder é que você esteja “no
Senhor”. Se você está “Nele”, como o primeiro capítulo de Efésios fala por
sete vezes, você está na posição — agora mesmo — para receber um novo
toque do poder fortalecedor de Deus em sua vida!
A EVIDÊNCIA DO PODER DO ESPÍRITO SANTO
Mas como podemos saber quando a força sobrenatural de Deus está
operando em nossas vidas? Paulo nos responde em Efésios 6:10, quando diz:
“Finalmente, meus irmãos, fortalecei-vos no Senhor, e na força do Seu
poder”.
Tendo crescido como um batista do Sul, ouvi muitas discussões a respeito
do Espírito Santo em minha igreja local — discussões sobre o que
acreditávamos e o que não acreditávamos com relação ao Espírito Santo.
Como batistas do Sul, opúnhamo-nos duramente à visão pentecostal de que
falar em línguas era a evidência inicial do revestimento de poder do Espírito
Santo.
A partir do nosso ponto de vista teológico, os pentecostais não tinham base
bíblica. Embora eles tivessem muitas passagens bíblicas para provar que falar
em línguas era a evidência do revestimento de poder do Espírito,
acreditávamos que podíamos facilmente explicar esses versículos em apenas
alguns instantes.
Acreditávamos que falar em línguas era um fenômeno destinado apenas ao
período mencionado no livro de Atos — um “período de transição” especial,
que nunca se repetiria, e que durou apenas o tempo suficiente para ajudar a
Igreja a ter início. De acordo com a nossa visão, as curas, os milagres e as
línguas foram dados apenas para esse “período de transição” e nunca
pretenderam durar indefinidamente, ou se repetir novamente.
Em vez de acreditar no que pensávamos que eram pronunciamentos
ridículos completamente anti-intelectuais, ininteligíveis, dominados pela
emoção, chamados de “línguas”, tínhamos a nossa própria evidência de ser
revestido pelo poder do Espírito Santo. E assim como os pentecostais,
também possuíamos passagens bíblicas para dar suporte ao nosso ponto de
vista teológico.
Declarávamos que a evidência real do poder do Espírito Santo na vida de
um crente era a capacidade de ser uma “testemunha” de Jesus Cristo. O texto
que provava isso era Atos 1:8, que diz: “Mas receberão poder quando o
Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém,
em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra”.
Assim, por um lado, os pentecostais diziam que a evidência inicial da
habitação do poder do Espírito era a capacidade de falar em línguas. Por
outro lado, minha antiga denominação ensinava que a evidência do poder do
Espírito Santo era a capacidade de ser uma testemunha de Jesus Cristo.
Para ser absolutamente justo com os pentecostais e com os batistas do Sul,
quero enfatizar que, em certa medida, os dois estão corretos em suas visões.
Os dois sinais externos são evidências da habitação do poder do Espírito na
vida de um crente.
Falar em línguas é definitivamente a evidência inicial da presença fresca
do poder do Espírito Santo enchendo a vida de um crente. O livro de Atos
revela o nosso padrão para essa verdade. Deus nunca pretendeu que esse livro
da Bíblia simplesmente relatasse os eventos de um “período de transição” que
durou até a Igreja se estabelecer. Não existe absolutamente nenhuma
passagem bíblica que dê suporte a esse suposto “período de transição”
fictício, criado pelo homem. Qualquer teólogo honesto admitiria isso. Essa
doutrina (que é adotada por muitas denominações) destinou-se a desculpar a
Igreja pela sua falta de poder e do sobrenatural.
Entretanto, também é verdade que se tornar uma testemunha de Jesus
Cristo é uma prova subsequente, e de boa-fé, da presença progressiva e
capacitadora do Espírito. O próprio Jesus afirmou isso em Atos 1:8. Esse
versículo é tão claro que ninguém pode discutir a verdade de que o poder do
Espírito Santo sempre gera fortes testemunhas.
Mas se tornar uma testemunha eficaz de Jesus não é a evidência inicial de
que uma pessoa foi cheia do Espírito Santo. De acordo com o padrão do
Novo Testamento registrado no Livro de Atos, a evidência inicial é falar em
línguas.
A capacidade de testemunhar é uma das muitas evidências subsequentes
que se seguem depois que somos inicialmente cheios do Espírito Santo. Essa
mesma categoria de evidências subsequentes também inclui o fruto do
Espírito, os dons do Espírito, etc.

O PODER KRATOS
Mas em Efésios 6:10, Paulo dá outra evidência subsequente muito
importante da obra de revestimento de poder do Espírito em nossas vidas! Ele
diz: “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu
poder” (ACF).
Deixe-me primeiro lembrar a você que Efésios 6:10 é um versículo sobre o
poder sobrenatural que Deus disponibilizou para a nossa luta com os poderes
demoníacos invisíveis que vêm guerrear contra a alma. Como discutimos, a
palavra “forte” em Efésios 6:10 foi extraída da palavra endunamoo, que
descreve um poder destinado a infundir em um crente uma dose excessiva de
força interior. Esse tipo específico de poder endunamoo é tão forte que pode
resistir a qualquer ataque e pode se opor com êxito a qualquer espécie de
força.
Vimos que a natureza sobrenatural deste mundo pode ser historicamente
provada, como era usual pelos antigos escritores dos períodos clássicos
gregos para denotar indivíduos especiais, como Hércules, que foi escolhido
pelos deuses e eram investidos sobrenaturalmente de força sobre-humana a
fim de realizar uma tarefa sobre-humana.
Esse é o tipo de “força” que Deus disponibilizou para nós!
Mas agora vamos ver o que mais Paulo tem a dizer sobre esse poder. Ele
continua dizendo no versículo 10: “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos
no Senhor e na força do Seu poder” (ACF).
Observe especialmente as palavras “força” e “poder”. Essas duas palavras
são extremamente importantes e você deve compreendê-las à medida que
avança em seu entendimento da batalha espiritual e da armadura espiritual.
A palavra “poder” foi extraída da palavra grega kratos, e descreve o que
passei a chamar de poder demonstrado. Em outras palavras, o poder kratos
não é um poder ao qual você meramente adere e no qual acredita
intelectualmente. Em vez disso, o poder kratos é um poder que é
demonstrativo, eruptivo e palpável. Ele quase sempre vem com algum tipo de
manifestação externa que uma pessoa pode realmente ver com os seus
próprios olhos. Isso significa que o poder kratos não é um poder hipotético.
Ao contrário, esse poder é muito real.
Efésios 1:19-20 declara que quando Deus ressuscitou Jesus de entre os
mortos, Ele usou esse mesmo poder kratos: “... e qual a suprema grandeza do
seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder;
o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos...”. A
estrutura da frase da versão King James é um pouco inversa ao grego
original. O grego diz “... de acordo com a operação da força do seu
poder...”.
Por que isso é tão significativo? Porque “a força do seu poder” é a
expressão idêntica usada em Efésios 6:10 para denotar o poder que está
operando por trás dos bastidores para nos dar forças para o nosso combate
contra os poderes malignos invisíveis. Pense nisso! O tipo de poder que Deus
usou quando Ele ressuscitou Jesus de entre os mortos é o mesmo poder,
exato, idêntico, que agora está em operação em nós! Temos o poder da
ressurreição!
O poder kratos se refere ao fluxo de poder mais forte que existe em todo o
universo. Na verdade, esse poder é tão supremo que, na Bíblia, ele é usado
apenas com referência ao poder de Deus. O homem não possui esse tipo de
poder — exceto que ele tenha sido dado a ele por Deus!
O poder kratos é tão avassalador que os poderosos soldados romanos que
estavam guardando o túmulo de Jesus na manhã da ressurreição desmaiaram
e caíram no chão sob o peso esmagador dessa força sobrenatural. Ali eles
ficaram, prostrados no chão, paralisados e incapazes de se mover, até que a
ressurreição de Jesus estivesse concluída!
Considere o quanto esse poder kratos era indomável, vencedor e
irresistível quando ele inundou o túmulo onde o corpo de Jesus jazia. O poder
da ressurreição de Deus literalmente permeou cada célula morta e cada fibra
do corpo de Jesus com vida divina — até que se tornou impossível para a
morte detê-lo!
Se você estivesse presente na ressurreição de Jesus, teria sentido o chão
tremer quando a força eletrizante — esse poder kratos avassalador — entrou
no túmulo onde o corpo de Jesus jazia. Então você teria observado enquanto
esse poder kratos ressuscitava Jesus de entre os mortos! Era um poder
eruptivo, um poder demonstrado e exteriormente visível. Era o tipo de poder
mais forte conhecido por Deus ou pelo homem!
E agora Paulo usa essa mesma palavra para descrever o poder que está
disponível ao nosso uso! Na verdade, Paulo nos diz enfaticamente que se
tivermos a experiência de ser cheios do Espírito Santo, esse poder kratos será
outra evidência da obra de revestimento de poder do Espírito em nossas
vidas.
É por isso que Paulo diz: “Finalmente, meus irmãos, fortalecei-vos no
Senhor e no kratos...”. A operação desse poder kratos na vida de um cristão é
evidência de que ele foi revestido de poder sobrenaturalmente pelo Espírito
de Deus. Somente pessoas divinamente revestidas de poder possuem esse
poder.
Quando a presença capacitadora do Espírito Santo opera em nossas vidas,
ela libera em nós o mesmo poder que fisicamente ressuscitou Jesus Cristo de
entre os mortos. Esse poder kratos é um tipo de poder eruptivo,
demonstrativo, externamente visível e manifesto — o tipo que podemos ver e
que vamos experimentar.
Isso nos diz que tão logo esse poder kratos comece a operar em nós, ele
imediatamente procura um caminho para ser liberado de modo que possa ser
demonstrado. Em outras palavras, Deus não nos dá kratos para ficarmos
sentados ociosamente sem fazer nada na vida. Esse poder vem para nos
capacitar a realizar algum tipo de tarefa sobre-humana.
Paulo sabia que, antes que ele pudesse sequer começar a discutir a respeito
de batalha espiritual contra as forças invisíveis ou sobre a armadura de Deus,
ele primeiro teria de abordar o assunto do poder. Por quê? Porque sem esse
poder operando em nossas vidas espirituais, não podemos nos envolver na
batalha contra o inimigo. Não podemos resistir contra os atos das trevas na
nossa própria força — isso é impossível. Além do mais, não temos a força em
nós mesmos para carregar a pesada armadura de Deus que necessitamos tão
desesperadamente na nossa campanha contra as manobras do diabo.
Portanto, Paulo pega as prioridades e inicia o texto sobre a armadura
primeiro tratando do poder kratos de Deus.
Sem esse poder, não somos páreo para o adversário e não podemos operar
com a armadura de Deus. No entanto, quando o temos à nossa disposição, o
diabo não é páreo para nós. Somos totalmente capazes de vencer as
estratégias dele com a armadura que Deus nos concedeu!

O BRAÇO FORTE DE DEUS!


Paulo continua: “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na
força do Seu poder” (ACF).
A palavra “força” foi extraída da palavra ischuos, e transmite a imagem de
um homem extremamente forte, como um fisiculturista; um homem que é
poderoso; um homem que é capaz; ou um homem com grande capacidade
muscular.
Agora Paulo aplica essa imagem de um homem forte e musculoso — não a
si mesmo, mas a Deus! Ele retrata Deus como Alguém que é capaz, poderoso
e musculoso. Então, reflita sobre estas perguntas:

•Existe alguém mais poderoso do que Deus?


•Existe alguém mais capaz do que Deus?
•Existe alguma força no universo igual à capacidade muscular de
Deus?

Com um golpe de Sua mão, o poderoso braço do Senhor liberou tanto


poder criativo que todo o universo começou a existir.
Com um golpe de Sua mão, o poderoso braço de Deus desatou tanto poder
que Ninrode e todas as suas coortes malignas na Torre de Babel foram
espalhados pela face da terra.
Com um golpe de Sua mão, o poderoso braço de Deus descarregou uma
força tão poderosa que o mundo civilizado dos dias de Noé foi inundado, e
todo um período da civilização foi eliminado.
Com um golpe do braço poderoso de Deus, um poder tão avassalador foi
liberado que as cidades de Sodoma e Gomorra foram varridas para sempre da
face da terra pelo fogo e enxofre.
Com um golpe do braço poderoso de Deus, a rebelião do Egito contra
Deus foi esmagada de uma forma nunca conhecida e os filhos de Israel foram
libertos.
Com um golpe do braço poderoso de Deus, os poderes malignos das
regiões celestiais foram colocados de lado à força e, embora fosse fisicamente
e medicamente impossível, Jesus foi concebido e milagrosamente nasceu do
ventre de uma virgem.
Com um golpe do braço poderoso de Deus, Seu poder explodiu nas
cavernas do próprio inferno e arrancou Jesus das dores da morte, despojando
os principados e as potestades e fazendo uma exibição pública de sua derrota
constrangedora.
Quando o poderoso braço de Deus se moveu no Dia de Pentecostes, o
Espírito Santo veio como um “vento impetuoso” e encheu o Cenáculo com
Seu tremendo poder, revestindo os discípulos sobrenaturalmente de poder
para pregarem a Palavra acompanhados por sinais e maravilhas.
Hoje, esse mesmo braço poderoso de Deus ainda está operando por toda a
Terra. Onde Sua poderosa capacidade muscular está operando hoje? Em você
e em mim! As palavras de Paulo ainda se aplicam diretamente a nós quando
ele diz: “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do Seu
poder”.
O motivo pelo qual o poder kratos é tão poderoso e demonstrativo (como
na ressurreição de Jesus de entre os mortos) é porque os músculos (ischuos)
de Deus estão dando suporte a ele! Assim, um expositor da Bíblia traduz com
precisão Efésios 6:10 deste modo: “... Fortaleçam-se no Senhor e na
capacidade poderosa e demonstrada exteriormente que opera em vocês em
resultado da grande capacidade muscular de Deus”.
Tudo o que Deus é — todo o poder que Ele possui e toda a energia da Sua
capacidade muscular poderosa — energiza o poder kratos que agora está em
operação nos cristãos que foram revestidos de poder pelo Espírito Santo. E
esse é o poder que está em operação dentro de você e de mim!
PERGUNTAS PARA CRESCIMENTO PESSOAL OU DEBATE EM
GRUPO

1.Qual é o resultado final de qualquer situação na qual queremos cuidar


dos nossos problemas usando a nossa própria força e raciocínio natural?
2.Por que as três últimas palavras da ordem de Paulo para nós nos
“fortalecermos no Senhor” são tão significativas para a sua caminhada
com Deus?
3.Descreva a doutrina do “período de transição” que alguns sustentam e
por que essa crença impede a capacidade de um cristão de andar no
poder sobrenatural de Deus.
4.Quais são as qualidades do poder kratos que o tornam diferente de
qualquer espécie de poder do universo?
5.Você consegue pensar em um tempo em sua vida ou na vida de
alguém que você conhece quando a operação do braço poderoso de Deus
trouxe livramento de um forte ataque do inimigo?
CAPÍTULO 8

Com o poder kratos sobrenatural e poderoso de Deus à nossa disposição,


agora estamos prontos para a batalha. Podemos iniciar o nosso confronto
bem-sucedido contra os espíritos demoníacos invisíveis que vêm guerrear
contra a carne e a alma!
Por esse motivo, Paulo prossegue nos dizendo: “Vistam toda a armadura
de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas do diabo” (Efésios
6:11).
Mais tarde, discutiremos em maiores detalhes as ciladas, os desígnios e o
engano do diabo. Primeiro, porém, vamos falar sobre a expressão “toda a
armadura”. Essa expressão é extraída da palavra grega panoplia, e se refere a
um soldado romano que está totalmente vestido com a sua armadura da
cabeça aos pés. Considerando que esse é o exemplo que Paulo coloca diante
de nós, precisamos analisar a vestimenta completa, a panoplia do soldado
romano.
Devido às muitas prisões de Paulo, essa era uma ilustração fácil para ele
usar. Ficando ao lado desses soldados de aparência impressionante durante os
seus períodos na prisão, Paulo podia ver o cinturão do soldado romano, sua
enorme couraça, suas sandálias brutais onde havia espetos afixados; seu
escudo enorme e da sua altura, seu capacete intrincado; sua espada afiada e
sua lança longa, especialmente talhada, e que podia ser arremessada a uma
tremenda distância para atingir o inimigo de longe.
O soldado romano dos dias do Novo Testamento usava todas as sete peças
dessa armadura. Essas peças de armamento, que incluem armas tanto
ofensivas quanto defensivas, ainda podem ser encontradas em nossos museus
hoje.
Em primeiro lugar, o soldado romano usava um cinturão. Embora fosse a
peça menos impressionante e mais comum do armamento que o soldado
romano vestia, ele era a peça central da armadura que mantinha todas as
outras partes unidas. Por exemplo, o cinturão segurava a couraça no lugar; o
escudo repousava sobre um suporte de um lado do cinturão; e do outro lado
havia outro suporte no qual o soldado romano pendurava a sua enorme
espada quando ela não estava sendo usada.
Essa primeira peça da armadura era tão comum que nenhum soldado teria
escrito para contar à sua família sobre seu novo cinturão. Mas o cinturão era a
peça mais importante do armamento que o soldado romano possuía por causa
de sua importância para as outras peças da armadura. Sem ele, as outras peças
do armamento cairiam do soldado! (Abordaremos mais sobre o cinturão da
verdade no capítulo 10.)
O soldado romano também usava uma segunda arma — uma magnífica e
bela couraça. A couraça do soldado romano era feita de duas folhas largas de
metal. Uma peça cobria a frente do soldado, e a outra peça cobria as suas
costas; então essas suas folhas de metal eram ligadas no topo dos ombros do
soldado por grandes anéis de metal. Muitas vezes, essas placas de metal eram
formadas de peças de metal menores, como escamas, tornando a superfície da
couraça muito semelhante às escamas de um peixe. Mais tarde, a couraça
passou a ser mencionada com mais frequência como uma “couraça de
escamas”.
Essa peça pesada do armamento começava no início do pescoço e se
estendia até depois da cintura até os joelhos. Da cintura até os joelhos, ela
assumia a semelhança de uma saia. A couraça era de longe a peça mais
pesada do equipamento que o soldado romano possuía. Dependendo da
estatura física do soldado, essa peça do equipamento podia pesar mais de 18
quilos! Em 1 Samuel 17:5, nos é dito que a couraça de Golias pesava “cinco
mil siclos de bronze” — ou o equivalente a 56 quilos! (Essa “couraça da
justiça” é o tema do capítulo 11.)
Além dessa linda couraça de escamas, o soldado romano também usava
uma terceira arma — um par de calçados muito perigosos. Esses calçados
não eram como as sandálias romanas que as pessoas usam hoje, que são
meramente uma pequena peça frágil de corda envolvendo o calcanhar e o
dedão. As sandálias que o soldado romano usava eram principalmente feitas
de duas peças de metal.
A primeira peça do calçado romano era um tipo de protetor para as pernas.
Era uma peça de bronze ou metal que envolvia a parte inferior das pernas do
soldado. Começando bem acima do joelho, ela se estendia até a panturrilha
da perna e descansava em cima do pé. Por essa peça de metal semelhante a
um tubo cobrir a parte inferior da perna do soldado, as sandálias do soldado
romano pareciam botas feitas de aço!
Além disso, o topo, os lados e a parte de baixo do pé eram cobertos por
uma peça muito grossa de metal pesado. Embaixo, as sandálias do soldado
romano eram afixadas com espetos extremamente perigosos. Os espetos que
ficavam embaixo do calçado de um soldado tinham aproximadamente dois
centímetros e meio de comprimento. Entretanto, se o soldado estivesse
envolvido em um combate ativo, os espetos embaixo de suas sandálias
podiam ter entre dois centímetros e meio e sete centímetros e meio de
comprimento! Esses calçados, que Paulo chama surpreendentemente de
“sandálias da paz”, em Efésios 6:15, eram feitos para ser “sandálias
assassinas”. (Essas “sandálias da paz” serão abordadas totalmente no capítulo
12.)
O soldado romano também carregava uma quarta arma importante — um
escudo longo e retangular. Esse escudo enorme era feito de inúmeras
camadas de pele de animal entrelaçadas muito apertadas e depois
emolduradas ao longo das bordas com uma forte peça de metal ou madeira.
(Abordaremos o “escudo da fé” no capítulo 13.)
A quinta arma que o soldado romano usava era seu capacete. Essa peça
importante da armadura, que protegia o soldado de receber um golpe fatal na
cabeça, às vezes pesava sete quilos ou mais.
Embora a couraça fosse a peça mais bela do armamento do soldado
romano, o capacete era a mais notável. Seria muito difícil passar por um
soldado romano sem perceber seu capacete! (Aprenderemos mais sobre este
“capacete da salvação” no capítulo 14.)
A sexta arma do soldado romano era a sua espada. Embora houvesse
muitos tipos de espadas durante aquela época da história, a espada que o
soldado romano carregava era uma espada muito pesada, larga e maciça,
projetada especificamente para golpear e matar um adversário ou inimigo. (A
“espada do Espírito” será o tema do Capítulo 15.)
Finalmente, o soldado romano também carregava uma sétima arma — uma
lança especialmente modelada destinada a atingir o inimigo a distância.
A maioria das pessoas não reconhece a presença da lança em Efésios 6:10-
18 porque ela não está descrita de forma específica. Mas a lança precisa estar
presente no texto, porque nos é dito para “nos revestirmos de toda a armadura
de Deus...”.
Não há dúvida de que a lança era parte do conjunto da armadura do
soldado romano. Para Paulo seguir em frente com essa ilustração de “toda a
armadura de Deus”, seria absolutamente necessário que ele incluísse a lança
nesse texto.
Nos capítulos que se seguem, você verá que a lança realmente é uma parte
muito importante de “toda a armadura de Deus”. (A lança será abordada no
capítulo 16.)

ROUPAS NOVAS
Essas armas são claramente tiradas da imagem mental que Paulo tem a
respeito do soldado romano que vestia a armadura completa: um soldado que
estava armado para o combate! Após colocar esse exemplo diante de nós,
Paulo agora nos dá uma palavra poderosa de instrução. Ele diz: “Revesti-vos
de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do
diabo” (Efésios 6:11, ARA).
Observe principalmente que Paulo diz: “Revesti-vos...”. A expressão
“revesti-vos” é extraída da palavra grega enduo. (Nota: embora enduo seja
semelhante na aparência à palavra endunamoo, que estudamos no capítulo 7,
essas duas palavras não são similares em seu significado.)
A Palavra enduo é empregada com frequência ao longo do Novo
Testamento. Na verdade, é a mesma palavra que Lucas usou quando relatou
que Jesus disse: “... Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai;
permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos (enduo) de
poder” (Lucas 24:49, ARA).
A palavra enduo se refere ao ato de colocar uma nova muda de roupas. À
luz desse fato, um expositor traduziu adequadamente Lucas 24:49 do seguinte
modo: “... permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais vestidos (enduo)
com o poder”.
Paulo usou a palavra enduo nos seus escritos para retratar simbolicamente
o “revestimento” do novo homem. Tanto em Efésios 4:24 quanto em
Colossenses 3:10, ele nos incentiva a “nos revestirmos do novo homem”.
Usando a palavra enduo nessas duas passagens em particular, Paulo nos diz
que podemos nos “revestir” do fruto da nossa nova vida em Cristo da mesma
maneira que podemos colocar uma nova muda de roupa.
Agora Paulo usa a palavra enduo em Efésios 6:11 da mesma maneira — a
fim de denotar o ato de colocar uma nova muda de roupa. Entretanto, dessa
vez ele emprega essa palavra com relação à armadura espiritual. Ele nos
instrui: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus...”.
Além do mais, Paulo usa o tempo imperativo nesse texto. Significa que ele
não está fazendo uma sugestão; em vez disso, ele está dando o tipo de ordem
mais forte que pode ser dado. No tom de voz mais forte possível, Paulo está
nos ordenando com grande urgência a tomarmos um tipo específico de ação
imediata. Essa ação é tão importante que, quando Paulo fala conosco, ele fala
no tempo imperativo — ordenando que nos revistamos de toda a armadura
de Deus.
Podemos rejeitar a ordem de Paulo — ou podemos aceitá-la. Mas se
optarmos por aceitar a sua ordem, precisamos então aprender como nos
revestirmos da armadura espiritual que Deus colocou à nossa disposição.

COMO REVESTIR-SE DE TODA A ARMADURA DE DEUS?


Paulo descreve esse armamento como “toda a armadura de Deus”. Observe
especialmente a expressão “de Deus”. Essa pequena expressão foi extraída da
expressão grega tou theo, e está escrita no caso genitivo.
Em suma, significa que o nosso conjunto sobrenatural de armamentos vem
diretamente de Deus. O próprio Deus é a Fonte de origem dessa armadura.
Assim, o versículo poderia ser traduzido com exatidão como: “Revesti-vos de
toda a armadura que vem de Deus...”.
Pelo fato desse armamento ter sua origem em Deus, é vital permanecermos
em um relacionamento ininterrupto com Ele a fim de desfrutarmos
continuamente dos benefícios da nossa armadura espiritual. Se quebrarmos o
relacionamento com o Senhor, nos afastamos da nossa tão importante Fonte
de Poder. Mas, enquanto a nossa comunhão com o Senhor não for
interrompida, a Fonte de Poder para o nosso armamento espiritual também
permanecerá intacta.
Fico impressionado com as pessoas que ignoram suas vidas espirituais e
deixam de andar no poder de Deus — e depois reclamam porque parece que
todo tipo de problema está assolando as suas vidas! Elas costumam procurar
motivos profundos e obscuros para os problemas que surgem em suas vidas
— quando a explicação para esse surto de confusão na verdade é muito
simples. A armadura espiritual tem sua fonte em Deus. Assim, quando um
cristão deixa de andar em comunhão com Deus e no poder dele
temporariamente, está optando por se afastar temporariamente da Fonte de
onde vem a sua armadura!
Assim como extraímos nossa vida, nossa nova natureza e nosso poder
espiritual de Deus, essa armadura espiritual também vem de Deus.
O que acontece com a sua vida espiritual quando você deixa de andar
temporariamente em comunhão com o Senhor? Nesse estado, você desfruta
da vida abundante como desfrutou um dia? É claro que não!
Embora a vida abundante ainda pertença a você, esse estado de estagnação
arrancará a fonte de energia da sua caminhada espiritual, permitindo que a
vida abundante que um dia desfrutou se escoe, até que você por fim se sinta
vazio interiormente. Por que isso acontece? Porque a vida abundante tem a
sua fonte no Senhor! Quando você deixa de andar temporariamente em
comunhão com Deus, está escolhendo afastar-se temporariamente do Seu
fluxo divino de vida abundante.
O que acontece com o poder do Espírito Santo na vida de um cristão
quando ele desenvolve uma atitude de “quem se importa?” com relação ao
seu desenvolvimento espiritual? Esse cristão continua a desfrutar a operação
do poder de Deus em sua vida? É certo que não!
Embora o poder de Deus ainda esteja disponível, a atitude do cristão de
“quem se importa?” temporariamente tira a tomada da Fonte. Isso acontece
porque o poder espiritual tem origem no Senhor! Portanto, quando para de
andar em comunhão com o Senhor, o cristão decide parar o fluxo de poder
divino em sua vida.
Considere também o que acontece com a capacidade do cristão de andar
em sua armadura espiritual quando sua comunhão com o Senhor cessa. O
cristão continua a desfrutar os benefícios dessa armadura? É claro que não!
Sim, a armadura espiritual desse cristão ainda está disponível para ser
usada e desfrutada por ele. Mas pelo fato de ter suspendido sua comunhão
com o Senhor, ele também está optando por suspender temporariamente a sua
capacidade de andar na armadura de Deus — a mesma armadura que Deus
deu para protegê-lo e defendê-lo. Por que isso acontece? Porque a armadura
espiritual tem a sua origem no Senhor!
Toda vez que você coloca a sua vida espiritual temporariamente “em
compasso de espera”, está optando por deixar de lado a sua armadura
espiritual. E você só será capaz de pegá-la novamente quando se arrepender e
começar a andar em comunhão com o Senhor mais uma vez.
Muitos cristãos iniciam cada novo dia fingindo vestir toda a armadura de
Deus. Assim que eles saem da cama pela manhã, a primeira coisa que fazem
é agir como se realmente estivessem vestindo cada peça desse armamento.
Uma pessoa que faz isso estende as mãos até a cintura e finge estar
realmente ajustando o cinturão da verdade em seu corpo. Depois ela coloca as
mãos no peito como se estivesse realmente colocando uma couraça de justiça
em torno do seu peito, inclina-se e age como se estivesse calçando as
sandálias da paz. Ela finge colocar o capacete da salvação e depois estende a
mão e “pega” o escudo da fé para levar consigo ao longo do dia. Finalmente,
ela simula os movimentos de alguém que está colocando uma espada na
bainha.
Não há nada de errado com essa rotina diária de fingir colocar a armadura
espiritual. Na verdade, isso pode ajudar algumas pessoas a focar melhor sua
caminhada espiritual (principalmente as crianças). Entretanto, essa simulação
diária de vestir uma armadura na verdade não coloca “toda a armadura de
Deus” em ninguém.
A armadura de Deus é nossa em virtude do nosso relacionamento com
Deus!
Esse é o móvito pelo qual Paulo escreveu no caso genitivo. Ele queria que
nós soubéssemos que a armadura tem origem em Deus e é concedida
gratuitamente àqueles que continuamente extraem sua vida e existência de
Deus.
Sua comunhão ininterrupta e contínua com Deus é a sua garantia absoluta
de que você está continuamente e constantemente revestido de toda a
armadura dele.
Observe também que em Efésios 6:11 Paulo diz: “Revesti-vos de toda a
armadura de Deus...”. Deus providenciou um conjunto completo de
armamentos para nós, e não parcial. Ele nos deu toda Sua armadura.
Lembre-se de que a expressão “toda a armadura” foi extraída da palavra
panoplia e retrata um soldado romano que está totalmente vestido com a sua
armadura da cabeça aos pés. Tudo que o soldado precisava para combater
com êxito seu adversário estava à sua disposição. Do mesmo modo, Deus nos
proporcionou tudo o que precisamos para combater com êxito as forças
espirituais que se opõem a nós! Nada está faltando!
É uma infelicidade que algumas denominações e organizações carismáticas
tenham se especializado apenas em certas partes da armadura de Deus.
Alguns ensinam incessantemente sobre o “escudo da fé” e a “espada do
espírito”, enquanto negligenciam as outras peças da armadura que Deus deu
aos crentes. Outros grupos e denominações parecem não pregar e ensinar
sobre nada exceto o “capacete da salvação”, semana após semana. Eles estão
com os seus capacetes colocados — mas, fora isso, estão completamente nus!
Temos ordens de nos revestirmos de TODA a armadura de Deus.

•Graças a Deus pelo nosso cinturão da verdade, mas Ele nos deu mais
que um cinturão.
•Graças a Deus pela nossa couraça da justiça, mas Ele nos deu mais que
uma couraça.
•Graças a Deus pelos nossos calçados da paz, mas Ele nos deu mais que
sandálias.
•Graças a Deus pelo nosso escudo da fé, mas Ele nos deu mais que um
escudo.
•Graças a Deus pelo nosso capacete da salvação, mas Ele nos deu mais
que um capacete.
•Graças a Deus pela nossa espada do Espírito, mas Ele nos deu mais que
uma espada!

Recebemos toda a armadura de Deus — e é esse conjunto completo de


armamento espiritual que Paulo nos ordena a pegarmos e a usarmos
continuamente ao longo da nossa vida cristã!

MANTENDO UMA POSIÇÃO ESTRATÉGICA NO CAMPO DE


BATALHA DE SUA VIDA E DE SUA MENTE
À medida que Paulo prossegue, ele nos diz por que precisamos dessa
armadura. Ele diz: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes
ficar firmes contra as ciladas do diabo”.
Observe especialmente a expressão “... para poderdes ficar firmes...”. “Para
poderdes” significa “para serdes capaz”. A palavra “capaz” deriva da palavra
dunamis, e descreve capacidade explosiva e força ou poder dinâmico. Essa
expressão grega poderia ser traduzida com mais exatidão como: “... para que
vocês possam ter um poder dinâmico explosivo incrível...”. Usando essa
palavra, Paulo declara que quando estamos equipados com toda a armadura
de Deus, temos um poder dinâmico explosivo à nossa disposição!
O poder dunamis é tão forte que ele nos equipa, pela primeira vez em
nossas vidas, para confrontarmos e perseguirmos o inimigo em vez de sermos
perseguidos por ele. Por causa desse poder dunamis que está à nossa
disposição quando andamos em toda a armadura de Deus, nós nos tornamos
os agressores! É por isso que Paulo continua dizendo: “... para poderdes ficar
firmes contra...”.
A palavra “resistir” foi extraída da palavra stenai, e significa literalmente
ficar em pé. Nesse versículo, Paulo usa a palavra stenai para retratar um
soldado romano que está em pé, ereto, com os ombros para trás e a cabeça
erguida. Essa é a imagem de um soldado orgulhoso e confiante, não de
alguém que está abatido, derrotado e desanimado.
A palavra stenai retrata como é a nossa aparência na dimensão do espírito
quando estamos andando em toda a armadura de Deus. Essa armadura nos
coloca em uma posição vencedora!
Não há motivo para vivermos abatidos e derrotados. Fomos equipados
para dar uma surra em qualquer inimigo que ouse nos atacar. Por
conseguinte, podemos andar com ousadia e confiança — com os nossos
ombros para trás e a cabeça erguida — porque estamos revestidos de toda a
armadura de Deus!
Há algo mais que é importante sobre a palavra stenai que deve ser dito.
Essa palavra era usada em um sentido militar, significando manter uma
posição crucial e estratégica sobre um campo de batalha. Por que isso é tão
importante? Porque esse significado de stenai sugere que temos a
responsabilidade de montar guarda sobre o campo de batalha de nossas
próprias vidas!
Se Deus o chamou para cumprir uma missão específica no Corpo de
Cristo, você precisa montar guarda e manter uma posição crucial sobre essa
missão até que ela esteja concluída. O diabo não quer que você cumpra o
chamado de Deus sobre a sua vida, por isso ele tentará atacar esse chamado
divino e transformá-lo em um campo de batalha. Portanto, até que a obra
esteja concluída e a batalha seja vencida, você precisa montar guarda sobre a
vontade de Deus para a sua vida. Você precisa decidir que não dará ao
inimigo um centímetro sequer. Essa é a sua responsabilidade!
Lembre-se de que o campo de batalha mais importante da sua vida é a sua
mente!
Como foi dito neste livro, a batalha espiritual é antes de tudo uma questão
da mente. Enquanto a mente estiver sendo guardada e renovada pela Palavra
de Deus a um pensamento correto, a maioria dos ataques espirituais
fracassará. Entretanto, quando a mente é deixada aberta e desprotegida, ela se
torna o principal campo de batalha que Satanás usa para destruir vidas,
finanças, negócios, casamentos, emoções, e assim por diante.
É por isso que uma de suas responsabilidades mais importantes é montar
guarda sobre a sua mente. Ao fazer isso, você está na verdade montando
guarda ao redor de todos os demais campos de batalha de sua vida!

UM CONFRONTO OLHO NO OLHO!


Observe a palavra seguinte desse versículo! Paulo continua dizendo: “...
para poderdes ficar firmes contra...”. A palavra “contra” é derivada da
palavra pros, e denota uma posição de avanço ou um encontro face a face.
Empregando a palavra pros nesse versículo, Paulo está retratando um
soldado que está olhando seu inimigo diretamente no rosto, olho no olho! É
um soldado que está em posição ereta. Seus ombros estão para trás e sua
cabeça está erguida. Ele é tão ousado, corajoso e audaz que está olhando
destemidamente bem nos olhos de seu adversário. Esse é o confronto olho no
olho que a palavra pros sem dúvida retrata!
Isso demonstra claramente que, com a força poderosa de Deus e Sua
armadura ao nosso lado, somos mais do que páreo para o inimigo. Na
verdade, somos uma ameaça terrível e temível para o domínio de Satanás!
Nunca deveríamos tremer diante da ideia do que o diabo pode nos fazer,
porque a armadura espiritual nos coloca em uma posição poderosa que faz o
diabo estremecer e tremer diante da ideia do que nós podemos fazer a ele!
Com a armadura de Deus à mão, somos tão poderosos em Jesus Cristo que
o diabo e suas forças não têm chance. Quando estamos vestidos com as
vestes da armadura, nos tornamos guerreiros espirituais poderosos que estão
armados para o combate!

POSICIONANDO-SE CONTRA AS CILADAS DO DIABO


Por que precisamos dessa armadura? O que devemos fazer para “ficar
firmes” nesse conflito? Paulo nos diz: “Revesti-vos de toda a armadura de
Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo” (Efésios 6:11).
Mas quais são as “ciladas do diabo”?
A palavra “ciladas” é uma de três palavras-chave que você precisa
conhecer e entender ao estudar o tema da batalha espiritual. As duas outras
palavras são desígnios e engano. É impossível ter uma visão correta e
equilibrada da batalha espiritual sem ter um entendimento dessas três
palavras fundamentais.
A palavra “ciladas” é extraída da palavra grega methodos. Ela é um
composto das palavras meta e odos. A palavra meta é uma preposição que
significa simplesmente com. A palavra odos é a palavra grega para estrada.
Juntas, elas formam a palavra methodos. Traduzida literalmente, a palavra
grega methodos significa com uma estrada.
É da palavra methodos que derivamos a palavra “método”. Entretanto, a
palavra “método” não é realmente forte o bastante para transmitir o pleno
significado de methodos. Essa palavra grega foi cuidadosamente selecionada
pelo Espírito Santo porque ela nos diz exatamente como o diabo opera e
como ele ataca a mente do crente.
A palavra “ciladas” (methodos), em geral, é traduzida para transmitir a
ideia de algo que é perspicaz, astuto, sutil, ou cheio de trapaças. Entretanto,
a tradução mais básica dessa palavra é seu significado literal, com uma
estrada.
Ao escolher usar essa palavra, Paulo mostra como o diabo coloca seu plano
em ação. A palavra “ciladas” revela claramente que o diabo opera com uma
estrada ou em uma estrada.
O que isso significa?
Significa que, ao contrário do que a maioria das pessoas costuma acreditar,
o diabo não tem tantos truques quanto ele gostaria que nós acreditássemos. A
palavra “ciladas” (methodos) significa simplesmente que o inimigo viaja em
uma estrada, uma rua ou uma avenida. Em outras palavras, ele tem
essencialmente apenas um truque — e ele obviamente aprendeu a usar esse
único truque muito bem!
Qual é o truque que o diabo usa contra as pessoas? Ou talvez o mais
correto fosse perguntar: “Se o diabo opera em uma única avenida, qual é o
destino para o qual essa estrada diabólica conduz?” Essa pergunta nos leva à
segunda palavra importante a entender quando estudamos a batalha espiritual:
a palavra desígnios.

OS DESÍGNIOS DO DIABO
Em 2 Coríntios 2:11, Paulo nos dá uma pista de para onde essa estrada na
qual o diabo está viajando leva. Paulo diz: “... não lhe ignoramos os desígnios
[de Satanás]”.
A palavra “desígnios” é extraída da palavra noemata, que é derivada da
palavra nous. A palavra nous é a palavra grega para mente ou intelecto.
Entretanto, a forma noemata, como usada por Paulo em 2 Coríntios 2:11, traz
consigo a ideia de uma mente enganada. Especificamente, a palavra noemata
denota a trama insidiosa e malévola de Satanás para encher a mente humana
de confusão.
A palavra “desígnios” (noemata) realmente retrata as tramas insidiosas e
os esquemas malignos de Satanás para atacar e vitimar a mente humana. Um
expositor até afirmou que a palavra “desígnios” traz consigo a noção de jogos
mentais. Tendo isso em mente, você poderia traduzir o versículo como: “...
Não ignoramos os jogos mentais que Satanás tenta nos armar”.
Paulo usou a palavra “desígnios” para descrever os ataques aos quais ele
havia resistido pessoalmente, para que soubéssemos que até ele tinha de lidar
com os ataques mentais do adversário de tempos em tempos. Paulo sabia por
experiência própria sobre os jogos mentais que o diabo tenta armar para as
pessoas!
Foi por esse exato motivo que Paulo disse: “... anulando nós sofismas, e
toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo
todo pensamento à obediência de Cristo” (2 Coríntios 10:4-5, ARA).
O diabo adora fazer um playground na mente das pessoas! Ele tem prazer
em encher as emoções e os sentidos delas com ilusões que cativam as suas
mentes e acabam por destruí-las. Ele é mestre no que se refere a jogos
mentais.
Como Paulo, precisamos tomar a decisão mental de assumir o controle da
nossa mente, “... levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo”.
Precisamos parar de ouvir a nós mesmos e começar a falar com a nossa
própria mente! O diabo sempre tenta manipular as nossas emoções e os
nossos sentidos físicos a fim de armar seu jogo mental contra nós. Portanto,
precisamos falar às nossas emoções e sentidos, dizendo-lhes exatamente em
que eles devem crer!
Considerando as palavras “ciladas” e “desígnios”, agora vimos duas coisas
crucialmente importantes que precisamos saber sobre a estratégia do diabo
para atacar e vitimar a mente humana.
Primeiramente, a palavra “ciladas” (methodos) nos diz explicitamente que
o diabo viaja com uma estrada ou em uma estrada. Essa estrada onde o diabo
está viajando obviamente leva a algum lugar.
Para onde vai essa estrada? A palavra “ciladas” demonstra claramente que
essa estrada do diabo vai para a mente.
Quem quer que controle a mente de uma pessoa também controla a saúde e
as emoções dessa pessoa. O inimigo sabe disso! Portanto, ele procura
penetrar o intelecto de uma pessoa — o centro de controle mental da pessoa
— para que ele possa inundá-lo com engano e falsidade. Depois que faz isso,
o diabo pode então começar a manipular o corpo e as emoções dessa pessoa a
partir de uma posição de controle.
Quando Satanás tem êxito em penetrar e em pavimentar uma estrada até a
mente e as emoções de uma pessoa, o processo de cativeiro mental e
espiritual na vida dessa pessoa está em estado avançado. O que vem a seguir
cabe ao indivíduo que está sob ataque. Ele pode abortar esse processo
diabólico renovando a sua mente com a Palavra e permitindo que o poder de
Deus faça uma obra dentro dele. Mas se essa pessoa não optar por renovar a
sua mente e se render à obra do Espírito Santo, será apenas uma questão de
tempo até que uma sólida fortaleza de engano comece a dominar e
manipular a sua autoimagem, seu status emocional e seu pensamento de um
modo geral.
Isso nos leva à terceira palavra que precisamos entender quando falamos
de batalha espiritual: a palavra engano.

O ENGANO DO DIABO
O engano ocorre quando uma pessoa acredita nas mentiras que o inimigo
diz. No instante em que alguém começa a aceitar as mentiras de Satanás
como verdade é o exato momento em que esses pensamentos e jogos mentais
malignos começam a produzir a realidade do diabo em sua vida.
Por exemplo, o diabo pode atacar a sua mente lhe dizendo repetidamente
que você é um fracasso. Entretanto, enquanto resistir a essas alegações
demoníacas, elas não exercerão absolutamente nenhum poder sobre a sua
vida.
Mas e se você começar a dar crédito a essas mentiras e encará-las
mentalmente como a verdade? Essas mentiras então começarão a controlá-lo
e a dominar as suas emoções e seu pensamento. No fim, sua fé nessas
mentiras lhes dará poder e fará com que elas criem uma realidade genuína em
sua vida — e você se tornará um fracasso. Essa é uma manifestação
completa do engano.
Muitos casamentos fracassam por causa de falsas alegações que o inimigo
tenta plantar nas mentes de cada um dos cônjuges. Enquanto o casal repete
essas alegações, as mentiras do diabo não exercem qualquer poder sobre esse
casamento. Entretanto, quando um dos cônjuges começa a prestar atenção
nessas mentiras e a permanecer nelas, ele ou ela deu o primeiro passo fatal
rumo ao engano.
Veja, por exemplo, o caso de um casamento que está em excelente forma,
até que um dos cônjuges começa a cismar com dúvidas e suspeitas não
justificadas sobre o outro. Isso é claramente obra do inimigo para deteriorar a
confiança do casal em seu casamento.
Em princípio, esse cônjuge sabe com certeza que essas suspeitas são
mentiras absolutas do diabo. Na verdade, ele ou ela pensa: nosso casamento
nunca esteve melhor!
Mas o inimigo continua a triturar a mente desse cônjuge:

•“Seu marido (ou esposa) não está feliz com você.”


•“Seu casamento está com problemas.”
•“Este relacionamento não pode durar.”
•“Isto é bom demais para ser verdade.”

Infelizmente, enquanto esse querido cristão prestar atenção a essas


insinuações mentirosas, a porta permanecerá aberta para o diabo continuar
triturando a mente dessa pessoa e oprimindo as suas emoções. Depois de
algum tempo, a mente da pessoa — esmagada e cansada de se preocupar —
começa a acreditar nessas falsas alegações. A fé do cônjuge nessas emoções e
suspeitas mentirosas pode então capacitar as mentiras a se tornarem realidade
em seu casamento.
Abraçando mentalmente essas falsas insinuações, o cônjuge abre a porta
para o inimigo penetrar em sua mente. Assim, o processo da confusão é
implementado; os jogos mentais são colocados em funcionamento; e a
percepção desse crente das coisas fica distorcida e torta. Se esse processo de
sedução e engano não for paralisado nesse ponto, provavelmente será apenas
uma questão de tempo até que o crente com a mente esgotada comece a
abraçar essas mentiras mentais como se elas fossem realmente verdade.
Qual é o resultado final do engano do diabo? Quando um crente acredita
falsamente que seu casamento está falindo, que ele morrerá de uma doença
terminal ou que ele não tem esperança para o futuro, esse crente abre a porta
para o inimigo levar essas sugestões mentirosas da esfera do pensamento para
a esfera natural, onde elas se tornam uma realidade genuína. As falsas
percepções desse crente dão poder às mentiras, e o diabo usa essas falsas
convicções para criar SUA PRÓPRIA realidade na dimensão natural!
Talvez o inimigo tenha bombardeado a sua mente constantemente com
doenças. Talvez as alegações mentirosas dele tenham lhe dito repetidamente
que você vai contrair uma doença terrível e ter uma morte prematura. Quando
essas mentiras atacaram a sua mente, você resistiu a elas e se recusou a crer
no que estava ouvindo. Agora, porém, você começou a se perguntar se esses
pensamentos podem ter alguma validade.
Se não interromper esse processo, será apenas uma questão de tempo até
que você comece realmente a se sentir fisicamente doente em seu corpo. Não
dê crédito a essas insinuações mentirosas! Quando abraça os jogos mentais
do diabo e os encara como verdade, você dá poder a eles!
Se você não assumir o comando da sua mente e começar a declarar a
verdade de Deus a si mesmo para combater as mentiras do diabo, o processo
completo do engano continuará operando em sua vida. Finalmente, esse
processo estará completo, e os seus temores se tornarão realidade. Quando
isso ocorrer, você será enganado nessa área da sua vida.
Você pode perceber agora por que é extremamente importante
entendermos estas três palavras — as ciladas, os desígnios e o engano do
diabo — principalmente quando estudamos o assunto da batalha espiritual.
Vamos fazer uma revisão: primeiramente, a palavra “ciladas” (methodos)
nos diz que o diabo opera com uma estrada, ou principalmente com uma via
de ataque.
Em segundo lugar, a palavra “desígnios” (noemata) revela para onde vai
essa estrada: ela se dirige para a mente. Quando essa estrada está
pavimentada dentro da mente de uma pessoa, o inimigo começa a viajar
regularmente para dentro e para fora da mente e das emoções dessa pessoa
para confundir e misturar os pensamentos delas com pensamentos errados,
convicções erradas e percepções falsas.
Em terceiro lugar, o “engano” ocorre quando uma pessoa abraça a mentira
que o diabo lhe diz. A percepção falsa que essa pessoa abraçou dá poder a
essa mentira para se tornar uma realidade concreta em sua vida. Esse é o
engano completo.

UM EXEMPLO DE INTIMIDAÇÃO DEMONÍACA


Talvez o melhor exemplo bíblico das ciladas, desígnios e enganos do
diabo possa ser encontrado na história de Davi e Golias.
Estudando a verdadeira história da vida de Davi e Golias, você verá todas
essas três forças negativas em ação.
Em 1 Samuel 17, observamos como o diabo usou as alegações mentirosas
de Golias para intimidar e confundir os exércitos de Israel. As declarações
estranhas, arrogantes, prepotentes e orgulhosas de Golias acerca da morte dos
israelitas foram tão eficazes que nenhum soldado do acampamento hebreu
estava disposto a enfrentar esse agressor. O exército israelita ficou paralisado
por quarenta dias — até que um homem corajoso chamado Davi apareceu
com o poder de Deus para desafiar essas mentiras!

Os filisteus ocuparam uma colina e os israelitas outra, estando o vale


entre eles. Um guerreiro chamado Golias, que era de Gate, veio do
acampamento filisteu. TINHA DOIS METROS E NOVENTA
CENTÍMETROS DE ALTURA.
— 1 Samuel 17:3-4

Não é de admirar que os israelitas tenham ficado intimidados com Golias!


Apenas a aparência desse gigante seria intelectualmente e emocionalmente
avassaladora. Golias media “dois metros e noventa centímetros” de altura!

Ele usava um capacete de bronze e vestia uma couraça de escamas de


bronze que pesava sessenta quilos; nas pernas usava caneleiras de
bronze e tinha um dardo de bronze pendurado nas costas. A haste de
sua lança era parecida com uma lançadeira de tecelão, e sua ponta de
ferro pesava sete quilos e duzentos gramas. Seu escudeiro ia à frente
dele.
— 1 Samuel 17:5-7

Golias estava armado ao máximo! Observe que a “couraça de escamas”


que ele usava pesava “sessenta quilos”!
Além do capacete de Golias e da sua couraça que pesava sessenta quilos,
ele também tinha caneleiras de bronze e uma lança de bronze pendurada entre
seus ombros! A vara da sua lança era como o eixo de um tecelão — o que
significa que a longa haste de sua lança pesava pelo menos oito quilos. Além
disso, a Bíblia diz especificamente que a ponta da lança pesava seiscentos
siclos de ferro — o que equivale a sete quilos.
Um erudito especulou que o peso de todas essas peças de armamento
juntas — o capacete, a couraça, as caneleiras, a haste de bronze, a ponta da
lança e o escudo — podiam pesar mais de 320 quilos!
Em todos os aspectos imaginários, Golias era uma visão aterradora! Como
você se sentiria se fosse desafiado por um inimigo que medisse quase três
metros e usasse mais de trezentos quilos em armamentos? E se Golias usava
armamentos que pesavam tanto, imagine quanto o próprio gigante pesava!
No entanto, não foi o tamanho de Golias ou seu armamento que fez os
israelitas se encolherem de medo. O que fez os israelitas temerem? As
constantes ameaças e o bombardeio mental com os quais Golias os atacava
todos os dias. Esse assédio mental aleijou os soldados hebreus de modo que
eles perderam a visão da tremenda capacidade de Deus.
Com relação a essas ameaças contínuas de Golias, a Bíblia diz:

Golias parou e gritou às tropas de Israel: Por que vocês estão se


posicionando para a batalha? Não sou eu um filisteu, e vocês os servos
de Saul? Escolham um homem para lutar comigo. Se ele puder lutar e
vencer-me, nós seremos seus escravos; todavia, se eu o vencer e o puser
fora de combate, vocês serão nossos escravos e nos servirão. E
acrescentou: “Eu desafio hoje as tropas de Israel! Mandem-me um
homem para lutar sozinho comigo”.
— 1 Samuel 17:8-10

As ameaças do enorme e ameaçador Golias foram tão emocionalmente


avassaladoras que o versículo seguinte declara: “Ao ouvirem as palavras do
filisteu, Saul e todos os israelitas ficaram atônitos e apavorados” (v. 11).
Golias imobilizou mentalmente e emocionalmente os exércitos de Israel
sem sequer usar uma espada ou lança! Apenas com palavras, ele incapacitou,
neutralizou, impressionou, amorteceu e desarmou os israelitas. A distorção
flagrante e absurda da sua própria grandeza era tão exorbitante que suas
palavras enfeitiçaram o exército israelita até que eles ficaram aprisionados
pelo feitiço desse controle verbal.
De fato, Golias disse a eles:

“Quem vocês pensam que são para lutar comigo?”


“Vamos lá, tentem me ferir, e vocês descobrirão o que eu farei com
vocês!”
“O que está acontecendo? Vocês estão com medo de me enfrentar e de
me encarar?”

Onde você acha que Golias aprendeu esse tipo de comportamento vil?
Com o diabo! O diabo é um caluniador e um acusador! Hoje o diabo ainda
procura incapacitar, neutralizar, impressionar, amortecer e desarmar os
crentes da mesma maneira que paralisou o exército israelita usando Golias.
As alegações gritantes e absurdas são tão exorbitantes que elas costumam
enfeitiçar os crentes que as ouvem, até que eles ficam aprisionados por esse
feitiço e mantidos sob seu controle.
Essa conduta ultrajante ainda é a ferramenta mental que o diabo usa para
atacar a mente dos crentes. Ele as bombardeia com pensamentos
ameaçadores, como:

“Vocês se acham tão durões, mas eu vou lhes mostrar quem é o durão
aqui!”
“Vou usar esta situação negativa para acabar com vocês!”
“Vou abater vocês com tanta força e tão depressa, que vocês nem vão
saber o que os atingiu!”

Ameaças mentirosas e falsas acusações são as tentativas do inimigo de


abrir um buraco em sua mente e emoções para que você não possa pensar
racionalmente. Ele vem para abrir uma estrada de medo na sua mente; então
ele joga os seus jogos mentais, tentando encher a sua mente de medo e
confusão a ponto de você finalmente perder a coragem que precisa para se
levantar pela fé e obedecer ao chamado de Deus sobre a sua vida.
Lançando uma acusação caluniadora após outra em sua mente, o diabo fará
tudo que puder para caluniar e depreciar você. Ele difamará, maldirá,
insultará e caluniará a sua fé a fim de lançar você de volta na vala da
autopreservação, onde você nunca fará nada de significativo para o Reino de
Deus.
Se você meditar nas ameaças do diabo por tempo suficiente, vai “se
espantar e temer muito”, assim como os filhos de Israel que ouviram as
palavras de Golias e ficaram paralisados pelo medo por quarenta dias. Você
se descobrirá vivendo do lado inferior da vitória — recusando-se a encarar
qualquer novo desafio por medo de fracassar, por medo do que os outros
possam dizer, por medo de uma potencial catástrofe, etc.
O diabo quer levar você cativo e destruí-lo com as mesmas ferramentas
que Golias usou contra os israelitas. Satanás quer arruinar a sua eficácia
com sugestões enganosas e alegações mentirosas!

FATOS INCONTESTÁVEIS SOBRE A BATALHA ESPIRITUAL


Em meio a todas as mentiras de Golias, o gigante faz uma declaração
verdadeira no versículo 9. Ele diz: “Se ele puder lutar e vencer-me, nós
seremos seus escravos; todavia, se eu o vencer e o puser fora de combate,
VOCÊS serão nossos escravos e NOS servirão”.
Essas regras de batalha que Golias estabeleceu eram os fatos incontestáveis
da batalha durante os dias de Davi. Aquele que vencesse a batalha era o
campeão — quer fosse ele o agressor ou aquele que havia aceitado o desafio.
Aquele que caísse derrotado serviria o outro para sempre como escravo.
Esses fatos incontestáveis da batalha ainda são as regras da batalha espiritual
hoje.
Se você vencer todas as emoções mentirosas, as acusações caluniadoras e
as sugestões enganosas que o diabo tenta usar na sua tentativa de neutralizá-
lo, será capaz de manter o inimigo em uma posição de subordinação pelo
restante da sua vida. Quando você paralisar as ameaças e as mentiras
intimidadoras de Satanás, ele não será mais capaz de manter a sua mente
cativa.
No entanto, se você não aprender a levar os seus pensamentos cativos, a
sua mente e as suas emoções serão usadas como ferramentas de Satanás para
dominar seu processo mental pelo restante da sua vida. Se você não assumir o
comando da sua mente — aprendendo como DECLARAR a verdade de Deus
a si mesmo em lugar de OUVIR as mentiras do inimigo — o diabo continuará
a usar emoções mentirosas e ilusões para manipular, dominar e controlar
você pelo restante da sua vida.
Observe que Golias disse: “... eu desafio hoje as tropas de Israel...” (v. 10).
Atualmente, o diabo está fazendo o mesmo tipo de afirmação blasfema e
aterrorizante contra o povo de Deus:

“Desafio você a tentar andar em saúde divina!”


“Desafio você a acreditar que a sua situação financeira vai mudar!”
“Desafio você a ter êxito no ministério!”

Embora os maus filisteus nunca tenham levantado uma espada,


arremessado uma lança ou se movido de seu acampamento, eles venceram o
povo de Deus com ataques mentais e verbais de intimidação. Os israelitas
erraram ao considerar e meditar nas ameaças de Golias, permitindo que essas
ameaças os inundassem de medo. Como resultado, eles foram neutralizados
sem que uma guerra em campo ocorresse!
Com que frequência Golias vinha fazer essas ameaças? A Palavra diz:
“Durante quarenta dias o filisteu aproximou-se, de manhã e de tarde, e tomou
posição” (v. 16). Dia e noite, pela manhã e pela tarde, Golias neutralizava
mentalmente o povo de Deus.
Isso, é claro, é como o inimigo ainda ataca a mente e as emoções das
pessoas. Ele não ataca uma vez e depois volta uma semana depois para atacar
de novo. Em vez disso, ele ataca depressa a repetidamente — vez após vez
após vez. De manhã e de tarde o diabo ataca, decidido em seu objetivo de
prejudicar irreparavelmente a fé e a confiança do povo.

A CARNE PARA NADA PRESTA


Vamos ler em 1 Samuel 17 o que aconteceu em seguida:

Davi era filho de Jessé, o efrateu de Belém de Judá. Jessé tinha oito
filhos e já era idoso na época de Saul... Davi era o caçula. Os três mais
velhos seguiram Saul, mas Davi ia ao acampamento de Saul e voltava
para apascentar as ovelhas de seu pai, em Belém...
Levantando-se de madrugada, Davi deixou o rebanho com outro pastor,
pegou a carga e partiu, conforme Jessé lhe havia ordenado [para levar
comida aos seus irmãos]. Chegou ao acampamento... Enquanto
conversava com eles [seus irmãos], Golias, o guerreiro filisteu de Gate,
avançou e lançou seu desafio habitual; e Davi o ouviu.
— 1 Samuel 17:12, 14, 15, 20, 23

Observe que o versículo 23 diz: “... e Davi o ouviu”. Esse era o primeiro
encontro de Davi com o gigante agourento, e algo nas palavras de Golias
incitou a ira na alma de Davi. Que choque para aquele jovem pastor ouvir um
filisteu pagão insultar o Deus de Israel e perceber que ninguém estava
fazendo nada a respeito! Na verdade, os israelitas não estavam apenas
sentados ali sem fazer nada a respeito de Golias. O versículo 24 diz que na
verdade eles fugiram aterrorizados: “Quando os israelitas viram o homem,
todos fugiram cheios de medo”.
Mas o jovem Davi não teve medo do gigante filisteu, ao contrário, ele
ficou irritado com a arrogância verbal de Golias!
Davi perguntou aos soldados que estavam ao seu lado: “O que receberá
o homem que matar esse filisteu e salvar a honra de Israel? Quem é
esse filisteu incircunciso para desafiar os exércitos do Deus vivo?”
— 1 Samuel 17:26

Imediatamente, o irmão mais velho de Davi ofendeu-se com a confiança de


Davi e repreendeu seu irmão mais novo por agir com ousadia demais.

Quando Eliabe, o irmão mais velho, ouviu Davi falando com os


soldados, ficou muito irritado com ele e perguntou: “Por que você veio
até aqui? Com quem deixou aquelas poucas ovelhas no deserto? Sei que
você é presunçoso e que o seu coração é mau; você veio só para ver a
batalha”.
— 1 Samuel 17:28

Com frequência, quando os jovens se levantam para desafiar o inimigo,


eles são acusados de agir com ousadia demais. Seus líderes mais velhos
podem estar corretos ao apontar a grande diferença entre a ousadia espiritual
deles e a arrogância rude. Não obstante, há uma verdadeira ousadia que o
Espírito Santo concede aos vasos rendidos a Ele.
Davi era um desses vasos rendidos ao Senhor. Ele era tão rendido ao poder
de Deus que operava por intermédio dele que uma confiança inspirada pelo
Espírito Santo se levantou dentro dele. A essa altura, Davi simplesmente não
conseguia mais conter sua ira justa!
Davi ficou perplexo com a reação hostil de seu irmão mais velho e com o
medo que tomou conta dos enormes soldados israelitas que o cercavam. “E
disse Davi: ‘O que fiz agora? Será que não posso nem mesmo conversar?’
Ele então se virou para outro e perguntou a mesma coisa, e os homens
responderam-lhe como antes” (vv. 29-30).
Na essência, Davi estava perguntando: “Não existe uma causa aqui pela
qual valha a pena lutar? Não existe um soldado neste acampamento que seja
homem o bastante para enfrentar este incircunciso filisteu? Por que não
estamos lutando?”.
Davi aparentemente começou a ir de um soldado a outro, perguntando: “E
você? Você vai lutar contra Golias?”. Logo ficou claro para ele que ninguém
tinha a fé ou a coragem para acreditar que aquele gigante vil podia ser morto.
A notícia da confiança e ousadia de Davi imediatamente se espalhou pelo
acampamento israelita como fogo. Do mesmo modo, você pode ter certeza
que quando você tomar a decisão de se mover no poder de Deus e derrubar as
fortalezas da sua vida, isso será notícia! Todos os que o cercam estarão
falando sobre a sua ousadia. Alguns podem até tentar convencer você a não
fazer isso!
Observe o que a Bíblia diz em seguida:

As palavras de Davi chegaram aos ouvidos de Saul, que o mandou


chamar. Davi disse a Saul: “Ninguém deve ficar com o coração abatido
por causa desse filisteu; teu servo irá e lutará com ele”.
— 1 Samuel 17:31-32

No coração de Davi havia uma disposição de ser usado por Deus e um


desejo ardente de ver o inimigo morto. Saul ficou tão impressionado com a
coragem sobrenatural do jovem que disse a Davi: “Você não tem condições
de lutar contra esse filisteu; você é apenas um rapaz, e ele é um guerreiro
desde a mocidade” (v. 33).
Naturalmente falando, Davi era jovem demais e destreinado nas armas
naturais de guerra para pelejar contra esse gigante. O rei Saul sabia disso.
Portanto, olhando as coisas a partir de uma perspectiva carnal e mundana,
Saul sabia que Davi, naturalmente falando, não era páreo para Golias!
Entretanto, Davi tinha a perspectiva do céu. Ele sabia que o homem
exterior — a carne — para nada prestava no que se referia a se mover no
poder sobrenatural de Deus! Assim, Davi respondeu às dúvidas de Saul com
palavras de fé: “Teu servo toma conta das ovelhas de seu pai. Quando
aparece um leão ou um urso e leva uma ovelha do rebanho, eu vou atrás dele,
dou-lhe golpes e livro a ovelha de sua boca. Quando se vira contra mim, eu o
pego pela juba e lhe dou golpes até matá-lo” (vv. 34-35).
Golias não era o primeiro inimigo que Davi havia enfrentado na vida —
ele já tivera confrontos olho no olho com um leão e um urso! Como pastor,
Davi decidira que aqueles devoradores não roubariam nada dele — nem
mesmo uma única ovelha. Essa era a atitude vencedora de Davi necessária
para derrotar o seu inimigo todas as vezes que o seu inimigo atacasse.
Precisamos ter essa mesma atitude quando o diabo vier manipular as
nossas mentes e nossas emoções, atacar os membros de nossa família com
doenças, devorar nossas finanças ou destruir internamente nossa igreja ou
ministério. Nossa atitude deve ser a mesma atitude de Davi. Temos de
declarar com ousadia para o inimigo:

“Satanás, este ministério não lhe pertence!”


“Diabo, você não tem poder sobre as nossas finanças!”
“Você não pode matar os membros da nossa família com doenças ou
enfermidades!”
“Você não pode, não pode, NÃO PODE!”

Se o diabo não soltar voluntariamente aquilo que é nosso quando nós


dissermos a ele para fazer isso, teremos de reagir como Davi fez quando o
leão e o urso atacaram suas ovelhas. Davi disse a Saul: “... eu vou atrás dele,
dou-lhe golpes e livro a ovelha de sua boca. Quando se vira contra mim, eu o
pego pela juba e lhe dou golpes até matá-lo. Teu servo pôde matar um leão e
um urso...” (vv. 35-36).
Davi já havia experimentado tanto do poder e da vitória de Deus em sua
vida que aquele filisteu não era ameaça para ele. Ele já enfrentara um leão
feroz — e experimentara a fidelidade de Deus quando foi revestido de poder
para matar o leão. Davi já enfrentara um urso — e experimentara a
fidelidade de Deus quando foi revestido de poder para matar o urso.
Da mesma forma, nós temos de “sair atrás” do diabo na autoridade que
Jesus nos deu e obrigá-lo a soltar o que quer que ele tenha tirado de nós
contra a nossa vontade!

INDO ALÉM DA CARNE


Quando Davi olhou para trás, para as suas experiências passadas, e refletiu
na bondade de Deus que já havia sido concedida em sua vida, ele pôde olhar
bem de frente esse conflito com Golias e declarar ao rei Saul:

Teu servo pôde matar um leão e um urso; esse filisteu incircunciso será
como um deles, pois desafiou os exércitos do Deus vivo. O SENHOR
que me livrou das garras do leão e das garras do urso me livrará das
mãos desse filisteu. Diante disso Saul disse a Davi: “Vá, e que o
SENHOR esteja com você”.
— 1 Samuel 17:36- 37

Observe a reação de Saul ao desejo de Davi de ser usado por Deus:

Saul vestiu a Davi da sua armadura, e lhe pôs sobre a cabeça um


capacete de bronze, e o vestiu de uma couraça. Davi cingiu a espada...
— 1 Samuel 17:38-39, ARA

Davi já havia matado o leão e o urso sem o uso de qualquer armadura ou


armamento natural. Entretanto, por causa do tamanho do gigante filisteu
ameaçador, Saul pensou que Davi precisasse de mais do que fidelidade!
Foi como se Saul estivesse dizendo ao jovem que estava diante dele:
“Davi, esta luta com Golias vai ser muito mais intensa que seu conflito com o
leão e o urso, portanto deixe-me ajudá-lo! Deixe-me colocar o meu capacete
na sua cabeça e vesti-lo com a minha couraça de escamas. E, tome, Davi,
leve a minha espada com você também, e use-a como se fosse sua!”.
Você pode imaginar o quanto o jovem Davi deve ter parecido tolo com
aquela armadura enorme de Saul? Você pode ter certeza de que as intenções
de Saul eram as melhores. Ele queria que Davi estivesse seguro e
adequadamente equipado com uma armadura igual à armadura de Golias.
Entretanto, o conselho de Saul era extremamente ineficiente. Davi nunca
usara uma armadura assim antes. Se ele tivesse ido à batalha vestido com a
armadura pesada do rei, ele ficaria tão pesado que teria sido incapaz de
guerrear com êxito.
Esse é o motivo pelo qual o versículo 39 continua dizendo: “... Davi cingiu
a espada sobre a armadura e experimentou andar, pois jamais a havia usado;
então, disse Davi a Saul: Não posso andar com isto, pois nunca o usei. E Davi
tirou aquilo de sobre si” (ARA).
Antes disso, Davi havia derrotado seus inimigos sem armas carnais.
Sabendo que não estava acostumado com esse tipo de armas naturais e que,
portanto, elas não lhe serviriam de nada, Davi tirou a armadura de Saul e “...
tomou o seu cajado na mão, e escolheu para si cinco pedras lisas do ribeiro, e
as pôs no alforje de pastor, que trazia, a saber, no surrão; e, lançando mão da
sua funda, foi-se chegando ao filisteu” (v. 40, ARA).
Observe que a Palavra diz que Davi “... foi-se chegando ao filisteu”. Davi,
um jovem em seus anos de adolescência, atacou um gigante com 320 quilos
de armamentos — sem ter nada em suas mãos para matá-lo além de uma
funda e cinco pedras!
De acordo com a dimensão natural, Davi não estava equipado para
enfrentar esse tipo de inimigo. Mas de acordo com a dimensão espiritual,
Davi estava revestido com a armadura de Deus e capacitado pelo poder de
Deus. Golias não podia ver essas armas espirituais com os seus olhos físicos.
Portanto, ele não fazia ideia de que Davi estava “armado para o combate”!

Enquanto isso, o filisteu, com seu escudeiro à frente, vinha se


aproximando de Davi. Olhou para Davi com desprezo, viu que era só
um rapaz, ruivo e de boa aparência, e fez pouco caso dele. Disse ele a
Davi: “Por acaso sou um cão, para que você venha contra mim com
pedaços de pau?” E o filisteu amaldiçoou Davi, invocando seus deuses.
— 1 Samuel 17:41-43

Golias estava esperando mais! Ele pensou que os israelitas finalmente


haviam encontrado um soldado páreo para ele. Esse é o motivo pelo qual o
seu escudeiro ia adiante do gigante; esse escudeiro devia proteger Golias dos
golpes do seu desafiador. Mas quando Golias olhou em volta e viu apenas o
pequeno e jovem Davi, ele ficou chocado. Imediatamente o gigante filisteu
começou a ridicularizar Davi e o seu Deus!
Golias começou a usar as suas ferramentas de assédio mental e verbal,
assim como o diabo faz hoje. Tentando intimidar Davi e paralisá-lo pelo
medo, “... disse mais o filisteu a Davi: Vem a mim, e darei a tua carne às aves
do céu e às bestas-feras do campo” (v. 44, ARA). Assim como todo o
exército de Israel havia sido imobilizado por quarenta dias pelas acusações
ultrajantes de Golias, agora o gigante filisteu usava a mesma estratégia
novamente na tentativa de imobilizar e paralisar Davi com vanglórias
inflamadas e absurdas e alegações mentirosas!
Se Davi tivesse tirado os olhos do Senhor e parado de meditar na Sua
fidelidade, ele teria começado a considerar o que Golias tinha a dizer. Logo
essas ameaças teriam imobilizado Davi, assim como imobilizaram os
exércitos de Israel.
Mas antes que as ameaças do gigante tivessem a oportunidade de criar
raízes em sua alma e de produzir um medo paralisante, Davi pronunciou a
sua declaração de guerra contra o inimigo:

Tu vens contra mim com espada, e com lança, e com escudo; eu, porém,
vou contra ti em nome do SENHOR dos Exércitos, o Deus dos exércitos
de Israel, a quem tens afrontado.
Hoje mesmo, o SENHOR te entregará nas minhas mãos; ferir-te-ei,
tirar-te-ei a cabeça e os cadáveres do arraial dos filisteus darei, hoje
mesmo, às aves dos céus e às bestas-feras da terra; e toda a terra
saberá que há Deus em Israel. Saberá toda esta multidão que o
SENHOR salva, não com espada, nem com lança; porque do SENHOR é
a guerra, e ele vos entregará nas nossas mãos.
— 1 Samuel 17:45-47, ARA

PREVALECENDO SOBRE OS FILISTEUS EM SUA VIDA


Depois de fazer sua declaração de guerra, Davi não perdeu tempo. O
versículo 48 diz: “Sucedeu que, dispondo-se o filisteu a encontrar-se com
Davi, este se apressou...”.
Isso deve ter chocado Golias! A maioria dos desafiadores fugia dele, mas
Davi “se apressou”. Em outras palavras, quando o momento de conflito
finalmente veio e Davi viu Golias vindo, ele pegou a sua funda e as suas
cinco pedras e CORREU para o gigante. Foi como se o jovem estivesse
dizendo a si mesmo com prazer: “Agora a ação vai começar!”.
A Palavra continua: “Tirando uma pedra de seu alforje, arremessou-a com
a atiradeira e atingiu o filisteu na testa, de tal modo que ela ficou encravada, e
ele caiu, dando com o rosto no chão. Assim Davi venceu o filisteu com uma
atiradeira e uma pedra; sem espada na mão, derrubou o filisteu...” (vv. 49-
50).
Mas espere, Davi ainda não havia terminado! Enquanto Golias estava
deitado com o rosto voltado para o chão, perplexo pela pequena pedra que
fora atirada da funda de seu jovem oponente, Davi agarrou a oportunidade
para garantir que o trabalho fosse concluído!

... sem espada na mão, derrubou o filisteu e o matou. Davi correu, pôs
os pés sobre ele, e, desembainhando a espada do filisteu, acabou de
matá-lo, cortando-lhe a cabeça com ela. Quando os filisteus viram que
seu guerreiro estava morto, recuaram e fugiram.
— 1 Samuel 17:50-51

E quanto a você? Está cansado dos filisteus em sua vida? Você está
cansado de ser mentalmente assediado e emocionalmente atormentado pelas
insinuações mentirosas e as acusações caluniadoras do adversário? Você
gostaria de atirar uma pedra na cabeça desses pensamentos de acusação e
atirá-los perplexos ao chão — e depois cortar a cabeça deles para que eles
nunca mais possam assediá-lo?
É exatamente por esse motivo que Paulo nos incentiva: “Revesti-vos de
toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do
diabo” (Efésios 6:11)!
Treinamento e instrução natural são coisas boas, e todos nós precisamos
receber tanto disso quanto possível. Entretanto, todos nós devemos
finalmente descobrir que as armas naturais e a instrução natural não nos
ajudarão em nossa luta contra os inimigos espirituais invisíveis.
Nesses momentos, precisamos nos mover além da esfera dos nossos meios
carnais de defesa e entrar na esfera da armadura espiritual. Essa armadura
revestirá cada um de nós com poder para “... ficarmos firmes contra as ciladas
do diabo”.

O MODO DE AÇÃO DO DIABO


Seria uma grande injustiça concluir este capítulo sem explicar o que o
nome “diabo” significa. Quando você tiver um entendimento acerca desse
nome, saberá que era a natureza do próprio diabo que estava operando por
meio de Golias para intimidar os exércitos de Israel.
O nome “diabo” é extraído da palavra grega diabolos e é um composto das
palavras dia e ballo. A palavra dia traz consigo a ideia de penetração, e a
palavra ballo significa atirar alguma coisa, como uma bola ou uma pedra.
Literalmente, a palavra diabolos descreve a ação repetitiva de atingir
alguma coisa vez após vez — até que por fim a parede ou membrana esteja
tão enfraquecida que possa ser completa e inteiramente penetrada.
Assim, o nome “diabo” (diabolos) não é apenas um nome próprio para esse
arqui-inimigo da fé, mas ele também denota seu modo de operação. O diabo é
alguém que ataca repetidamente, vez após vez, até que finalmente ele quebra
a resistência mental de uma pessoa. Quando a resistência mental dessa
pessoa é rompida, o inimigo então ataca com toda a sua fúria para penetrar
e tornar cativas a mente e as emoções dessa pessoa.
É assim que o inimigo opera! Ele tentará repetidamente atingi-lo com
mentiras, sugestões, acusações e alegações, bombardeando você com um
ataque caluniador após o outro. Desse modo, o diabo tenta esgotá-lo —
procurando uma oportunidade para fazer a sua jogada e tornar você cativo em
um dos seus momentos de maior fraqueza.
Se o inimigo conseguir encontrar você com a guarda abaixada, ele tentará
então abrir caminho até a sua mente (methodos) para que possa confundir as
suas emoções com “jogos mentais” (noemata). O objetivo dele é enganá-lo a
ponto de você realmente começar a acreditar nas ameaças dele. Se ele tiver
êxito, suas falsas percepções darão poder às mentiras dele para que elas se
tornem realidade em sua vida.
Agora você pode entender melhor o senso de urgência por trás da ordem de
Paulo em Efésios 6:11. Se quiser viver livre das mentiras e acusações
atormentadoras do inimigo, é absolutamente imperativo que você “se revista
com toda a panóplia — o cinturão, a couraça, as sandálias e caneleiras, o
escudo, o capacete, a espada e a lança — que vem de Deus, para que você
possa ter poder explosivo e dinâmico para resistir orgulhoso e ereto, face a
face e olho no olho, contra as estradas que o acusador quer tentar abrir até
a sua mente!”.
PERGUNTAS PARA CRESCIMENTO PESSOAL OU DEBATE EM
GRUPO

1.Qual é a principal coisa que você precisa fazer a fim de “se revestir”
de toda a armadura de Deus? Que mudanças você deve fazer em sua
rotina diária para cumprir esse requisito?
2.Quais são as ações específicas que você precisa tomar a fim de montar
guarda sobre a missão que Deus lhe deu para cumprir?
3.Qual é o único método que o diabo usa nas suas estratégias contra as
pessoas? Como esse conhecimento pode ajudar você a permanecer alerta
aos ataques específicos do inimigo contra a sua própria vida?
4.Qual será o resultado final da sua vida se você meditar nas mentiras do
diabo e der crédito aos jogos mentais que ele planeja contra você?
5.Você consegue pensar em uma mentira específica do inimigo que você
costumava aceitar como verdade? Que consequências você
experimentou por ter acreditado nessa mentira, e o que mudou quando
você começou a abraçar a verdade?
CAPÍTULO 9

À medida que Paulo continua em Efésios capítulo 6, ele revela a chave


seguinte para entendermos a verdadeira batalha espiritual: a identidade
daquele contra quem é a nossa batalha. Ele diz: “Porque a nossa luta não é
contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os
dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas
regiões celestes” (Efésios 6:12, ARA).
Observe especialmente como Paulo inicia esse versículo. Ele diz: “Porque
a nossa luta...”. Desde o início do versículo, Paulo faz uma declaração muito
forte, direta e dramática!
A palavra “luta” é extraída da palavra grega pale, e se refere a brigar,
combater ou lutar corpo a corpo. Entretanto, a palavra pale também é a
palavra grega de onde os gregos derivaram o nome para a Palaestra, uma
famosa casa de esportes de luta.
A Palaestra era uma enorme construção que externamente parecia um
palácio. Mas era um lugar de esportes de combate, dedicado ao cultivo de
habilidades atléticas. Todas as manhãs, tardes e noites, os atletas mais
comprometidos, determinados e ousados daquela época podiam ser
encontrados ali, exercitando-se e treinando nessa edificação fabulosa.
Três tipos de atletas principalmente se exercitavam na Palaestra:
1
boxeadores, lutadores e pankratistas. Esses eram esportes extremamente
perigosos e bárbaros. Por quê? Citando o capítulo 7 de meu livro Living in
the Combat Zone (Vivendo na Zona de Combate):

Em primeiro lugar, os boxeadores deles não eram como os nossos hoje.


Os deles eram extremamente violentos — tão violentos que não tinham
permissão de boxear sem usar capacetes. Sem a proteção dos capacetes,
as cabeças deles seriam esmagadas.
Poucos boxeadores no mundo antigo viveram para se aposentar de sua
profissão. A maioria deles morria no ringue. De todos os esportes, os
antigos viam o boxe como o mais arriscado e mortal.
Na verdade, esses boxeadores eram tão brutais e bárbaros que usavam
luvas guarnecidas com aço e encravadas com pregos! Às vezes, o aço
que envolvia suas luvas era serrilhado, como uma faça de caça, a fim de
fazer cortes profundos na pele de um oponente. E à medida que o tempo
passou, os boxeadores começaram a usar luvas que eram mais pesadas e
causavam dano muito maior.
Se você estudar as obras de arte dos tempos dos antigos gregos, é muito
comum ver boxeadores cujos rostos, orelhas e narizes eram totalmente
deformados por causa dessas luvas perigosas. Você também verá com
frequência pinturas de boxeadores com sangue jorrando de seus narizes
e com profundas lacerações em seus rostos em resultado do metal
serrilhado e dos pregos encravados nas luvas. Além disso, não era raro
um boxeador atingir seu oponente no rosto com tanta força, com seu
polegar estendido em direção aos olhos, que tirava o olho do oponente
de dentro da órbita!
Acredite você ou não, embora esse esporte fosse tão combativo e
violento, não havia regras — exceto que um boxeador não podia apertar
o pulso do seu oponente. Essa era a única regra do jogo! Não havia
“rounds” como existem no boxe hoje. A luta simplesmente prosseguia
sem parar até que um dos dois se rendesse ou morresse no ringue...
Uma inscrição daquele primeiro século dizia sobre o boxe: “A vitória de
um boxeador é obtida por meio do sangue”. Esse era um esporte
completamente violento...
Os lutadores de luta greco-romana, também, com frequência lutavam até
a morte. Na verdade, uma tática favorita naqueles dias era agarrar um
oponente pela cintura e pelas costas, atirá-lo ao ar, e quebrar
rapidamente a sua espinha dorsal por trás! A fim de fazer o oponente se
render, era muito normal estrangulá-lo, fazendo-o submeter-se. A asfixia
era outra prática aceitável. Obviamente, a luta romana era outro esporte
extremamente violento.
Os lutadores eram tolerantes com toda espécie de tática imaginável:
quebrar dedos, quebrar costelas com uma chave de cintura, espremer o
rosto, arrancar os olhos, e assim por diante. Embora menos danoso que
os outros esportes de combate, a luta ainda era uma batalha amarga até o
fim... A luta greco-romana era um esporte muito, muito sangrento...
Depois havia os pankratistas. Os pankratistas eram uma combinação de
todos esses citados. A palavra “pankratista” vem de duas raízes gregas,
as palavras pan e kratos. Pan significa todos, e kratos é uma palavra para
poder exibido. As duas palavras juntas descrevem alguém com uma
quantidade maciça de poder. Poder sobre todos; ou mais poder do que
qualquer outro.
Esse, realmente, era o propósito do Pankration. Seus competidores
estavam prontos para provar que não podiam ser vencidos e que eram
mais duros do que qualquer outro! A fim de provar isso, eles tinham
permissão de chutar, esmurrar, morder, sufocar, bater, quebrar dedos,
quebrar pernas, e fazer qualquer coisa terrível que você possa imaginar...
Não havia uma parte do corpo que não fosse permitido acertar. Eles
podiam fazer qualquer coisa em qualquer parte do corpo do seu
competidor, pois basicamente não havia regras.
Uma antiga inscrição diz isto sobre o Pankration: “Se você ouvir que seu
filho morreu, acredite, mas se você ouvir que ele foi derrotado e se
aposentou, não acredite”. Por quê? Porque mais pessoas morriam nesse
esporte do que se rendiam ou eram derrotadas. Como os outros esportes
de combate, esse era extremamente violento.

A SOBREVIVÊNCIA DOS MAIS FORTES


Agora Paulo usa essa mesma ilustração para descrever o nosso conflito
com os poderes demoníacos invisíveis que se organizaram contra nós para a
nossa destruição. Ele diz: “Porque a nossa luta não é contra o sangue e a
carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste
mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes”
(Efésios 6:12, ARA).
Usando a palavra “luta”, a antiga palavra grega pale, Paulo transmite a
ideia de um combate amargo e de um conflito intenso. Em outras palavras,
ele está descrevendo a nossa batalha contra as forças demoníacas como um
esporte de combate semelhante aos lutados na antiga Palaestra!
Isso significa que quando você está lutando contra as forças demoníacas,
não existem regras! Vale tudo! Todos os métodos de ataque são legais, e não
existe um árbitro para gritar “falta” quando o adversário tentar quebrá-lo,
asfixiá-lo ou estrangulá-lo.
No seu confronto com o inimigo, aquele que lutar com mais afinco e
resistir por mais tempo é o vencedor. Portanto, é melhor você estar equipado,
alerta e preparado antes da luta começar. (Para saber mais sobre como se
preparar para esse conflito, leia todo o capítulo 7 do meu livro Living in the
Combat Zone.)
Observe que Paulo continua dizendo: “Porque a nossa luta não é contra o
sangue e a carne...”. Em princípio, essa declaração de Paulo pode parecer
estar em conflito com o que dissemos neste livro. Anteriormente, afirmei que
a maioria da guerra espiritual é com a carne e a mente.
Existe algum conflito entre a afirmação do apóstolo Paulo e o que eu estou
dizendo? Absolutamente não! Na verdade, os nossos verdadeiros adversários
são uma hoste invisível de espíritos malignos que operam por trás dos
bastidores. Essas são as forças asquerosas das trevas que trabalham
veladamente por trás de cada desastre deplorável e de cada fracasso moral.
Entretanto, eles não podem fazer nada a não ser que a nossa carne coopere
com eles! É por isso que eles vêm tentar, seduzir, enganar e atacar a nossa
carne e a nossa mente.
Esse é o motivo pelo qual precisamos lidar com a carne antes de
tentarmos lidar com o diabo! Vivendo uma vida crucificada, santificada
continuamente, somos capazes de neutralizar qualquer ataque que o inimigo
tente lançar contra a nossa carne. Por que é assim? Porque homens e
mulheres mortos não têm a capacidade de reagir! Você pode chutar uma
pessoa morta; cuspir em uma pessoa morta; amaldiçoar uma pessoa morta; ou
tentar enganar e seduzir uma pessoa morta — mas independentemente do que
você faça, ela não reage!
Do mesmo modo, a maioria dos ataques demoníacos contra nós nunca
produzirá nada que tenha consequências graves se estivermos vivendo uma
vida crucificada e nos considerando pessoas que estão “mortas para o
pecado” diariamente (ver Romanos 6:6-7, 11).

PRINCIPADOS E POTESTADES
Quais são essas forças malignas que estão trabalhando constantemente por
trás dos bastidores para seduzir, enganar, controlar e manipular a carne e a
mente? Paulo responde a essa pergunta ao prosseguir: “Porque a nossa luta
não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades,
contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais
do mal, nas regiões celestes”.
Paulo nos diz que existem quatro classificações de espíritos demoníacos:

1.Principados
2.Potestades
3.Dominadores deste mundo tenebroso
4.Forças espirituais do mal nas regiões celestes

Antes de abordarmos cada um deles individualmente, algo mais precisa ser


considerado. Observe que Paulo menciona a palavra “contra” em Efésios
6:12 quatro vezes com relação ao diabo! Por que isso é importante? Porque,
gramaticalmente, ele poderia ter usado a palavra “contra” uma vez com
relação a todos os quatro níveis de espíritos demoníacos. Mas em lugar de
fazer isso, Paulo optou por repetir a palavra “contra” vez após vez, por quatro
vezes!
Quando uma verdade é repetida na Bíblia desse modo, é sempre com o
objetivo de dar ênfase. Por exemplo, em João capítulos 14, 15 e 16, Jesus se
refere ao Espírito Santo como o “Consolador” por quatro vezes diferentes.
Isso significa claramente que o Senhor Jesus Cristo está procurando conduzir
ao nosso coração uma verdade muito importante sobre o Espírito Santo.
Do mesmo modo, nesses mesmos capítulos de João, Jesus se refere ao
Espírito Santo como o “Espírito da Verdade” por três vezes diferentes. Mais
uma vez, Jesus se repete para enfatizar uma verdade importante.
Também observamos na Bíblia que, toda vez que Deus chama personagens
bíblicos notáveis, Ele os chama pelo nome não uma vez, mas duas ou três
vezes. Por exemplo, quando Deus chamou Moisés, Ele disse “... Moisés,
Moisés...” (Êxodo 3:4). Quando Deus chamou Saulo de Tarso, Ele disse: “...
Saulo, Saulo...” (Atos 9:4). E Samuel era tão importante para o plano de Deus
que Deus o chamou pelo nome não uma vez, nem duas, mas três vezes. No
meio da noite, Deus chamou: “... Samuel... Samuel... Samuel...” (ver 1
Samuel 3:4-8).
Assim, quando Deus está tratando com uma verdade que é de importância
fundamental, ou quando Deus chama um personagem bíblico extremamente
importante, Ele sempre se repete. Isso, é claro, nos leva de volta a Efésios
6:12, onde o Espírito Santo repete a palavra “contra” quatro vezes dentro do
contexto de um versículo! Significa que o Espírito Santo está nos dizendo
algo muito, muito importante.
A palavra “contra” que é usada quatro vezes nesse versículo é extraída da
palavra grega pros. A palavra pros sempre retrata uma posição de avanço ou
um encontro face a face. Na verdade, essa mesma palavra é usada em João
1:1 para descrever o relacionamento entre o Pai e Jesus antes da encarnação.
João diz: “No princípio era o Verbo, e o Verbo era com Deus...”.
A palavra “com” nesse versículo é extraída da palavra pros. Uma tradução
mais exata de João 1:1 seria: “No princípio era o Verbo [Jesus], e o Verbo
[Jesus] estava face a face com Deus...”.
Essa palavra pros revela claramente a intimidade e o relacionamento
íntimo que existe entre os Membros da Divindade. Ela nos dá uma imagem
do Pai e de Jesus em um relacionamento tão próximo e íntimo que o Pai
quase pode sentir a respiração do Filho em Seu rosto! Agora essa mesma
palavra de intimidade, essa palavra que é usada para denotar um
relacionamento face a face entre o Pai e o Filho, é empregada para descrever
um encontro face a face com os espíritos demoníacos invisíveis que vêm nos
atacar.
Isso significa que em algum momento da nossa experiência cristã,
entraremos em contato direto com as forças malignas. Efésios 6:12 poderia
ser traduzido assim: “Não lutamos contra carne e sangue, mas face a face
com principados, olho no olho com potestades, diretamente com os
dominadores deste mundo, de ombro a ombro com a maldade espiritual nas
regiões celestes”.

AS FORÇAS MILITARES DO DIABO


Todos os eruditos sérios concordam que a linguagem de Efésios 6:12 é
militar por natureza. Parece evidente que Paulo recebeu uma revelação de
como o reino de Satanás era alinhado militarmente.
Bem no início do domínio tenebroso de Satanás, há um grupo de espíritos
demoníacos que Paulo chama de “principados”. A palavra “principado” é
extraída da palavra archas, uma palavra antiga que é usada simbolicamente
para denotar antigo, tempos antigos. Além do mais, ela também é usada para
retratar indivíduos que detêm as posições mais elevadas e mais eminentes em
nível de autoridade.
Usando a palavra archas, Paulo nos diz enfaticamente que bem no topo do
domínio de Satanás existe um grupo de espíritos demoníacos que mantiveram
suas posições eminentes de poder e autoridade desde os tempos antigos —
provavelmente desde a queda de Lúcifer.
Então Paulo continua mencionando as “potestades”, como as forças
malignas que vêm em segundo lugar no comando do domínio tenebroso de
Satanás.
A palavra “potestades” é extraída da palavra exousia, e denota autoridade
delegada. Isso nos diz que existe um grupo de espíritos demoníacos de nível
inferior que receberam autoridade delegada de Satanás para fazer o que
quiserem, onde quer que desejem. Assim, os espíritos demoníacos desse
segundo grupo usam a sua autoridade delegada para executar toda espécie de
males e maldades.
Em seguida, Paulo menciona “os dominadores deste mundo tenebroso”.
Que palavra impressionante! Ela é extraída da palavra kosmokrateros e é um
composto das palavras kosmos e kratos. A palavra kosmos denota ordem ou
organização, e a palavra kratos tem a ver com poder bruto.
Quando essas duas palavras são unidas na palavra kosmokrateros, a nova
palavra retrata poder bruto que foi canalizado e colocado em alguma espécie
de ordem.
Essa palavra era usada tecnicamente pelos antigos gregos para descrever
certos aspectos militares. A área militar era cheia de jovens que tinham muita
habilidade natural — poder bruto, por assim dizer. Para que esse poder bruto
fosse eficaz, ele tinha de ser canalizado e organizado (kosmos).
Assim, os jovens soldados com energia abundante eram ensinados a ser
submissos, disciplinados, organizados e perfeitamente ordenados. Essa é a
imagem dos soldados rasos. No final, todos esses homens, com toda essa
habilidade bruta, eram transformados em uma força maciça.
Agora Paulo usa essa mesma ideia em Efésios 6:12. Usando a expressão
“dominadores deste mundo tenebroso”, Paulo nos diz que o diabo lida com as
suas legiões tenebrosas de espíritos demoníacos como se elas fossem tropas
militares. Satanás organiza os seus espíritos demoníacos em soldados rasos,
dá-lhes ordens e missões, e depois os envia como tropas comprometidas em
matar.
É uma realidade espiritual o fato de que temos mais autoridade que o
diabo; temos mais poder que o diabo; e temos Aquele que é Maior vivendo
dentro de nós. Certo dia, ao meditar nessas verdades, perguntei ao Senhor:
“Se temos mais autoridade, se temos mais poder e se temos Aquele que é
Maior vivendo dentro de nós, por que parece que a Igreja está vivendo em
derrota?”.
Nunca esquecerei o que o Espírito Santo sussurrou ao meu coração. Ele
disse: “O motivo pelo qual a Igreja está vivendo em tanta derrota é porque o
diabo tem algo que a Igreja não tem!”.
Depressa, perguntei: “Senhor, o que é?”.
Foi então que o Senhor despertou ao meu entendimento a palavra de
Efésios 6:12. A palavra kosmokrateros tomou vida em meu coração, e então
eu entendi!
A palavra kosmokrateros (“dominadores deste mundo tenebroso”) é um
termo militar que tem a ver com disciplina, organização e compromisso. O
diabo leva tão a sério causar danos à humanidade que ele lida com os seus
espíritos demoníacos como se eles fossem tropas! Ele os coloca em ordem
militar e os organiza em todos os aspectos. Enquanto isso, o crente comum
cheio do Espírito em geral não permanece em uma igreja por mais de um
ano seguido!
Sim, temos mais autoridade que o diabo; temos mais poder que o diabo; e
temos Aquele que é Maior vivendo em nós. A Igreja de Jesus Cristo está
carregada de montanhas e mais montanhas de poder bruto. Mas neste
momento específico, esse poder está desconectado e desarticulado por um
Corpo ao qual falta disciplina, organização e compromisso!
Como cristãos, não temos racionamento de poder, nem nos falta a
autoridade dada por Deus. Simplesmente temos uma grande falta de
disciplina, organização e compromisso. Para mudar isso, precisamos nos
dedicar com todo vigor ao trabalho na igreja local, e começar a ver a nós
mesmos como as tropas do Senhor! Uma vez que tenhamos alcançado a
disciplina, a organização e o comprometimento que o inimigo possui em seu
campo, começaremos a nos mover em direção a uma tremenda demonstração
do poder de Deus!
Finalmente, Paulo menciona as “forças espirituais do mal nas regiões
celestes”. A palavra “mal” é extraída da palavra poneros e é usada para
retratar algo que é mau, vil, malévolo, cruel, ímpio ou maligno.
É significativo que Paulo deixe essa palavra grega para o final do
versículo. Fazendo isso, ele nos revela o objetivo definitivo do domínio
tenebroso de Satanás: esses espíritos demoníacos são enviados da dimensão
espiritual para afligir a humanidade de toda espécie de formas más, vis,
malévolas, cruéis, ímpias e malignas.

REVELANDO NOMES, SÍMBOLOS E TIPOS DO DIABO NA


BÍBLIA
Praticamente todos os estudiosos famosos da Igreja, do passado e do
presente, concordam que temos um adversário que odeia o Evangelho,
detesta a presença da Igreja, e trabalha ininterruptamente para desacreditar a
mensagem de Jesus Cristo.
A entrada do diabo na vida de um crente é permitida, principalmente, pela
negligência desse crente. Ele se esgueira para dentro dele por meio de uma
área descomprometida e não renovada da mente — uma brecha — e depois
começa a guerrear contra a mente e a carne desse indivíduo.
Em lugar de nos escondermos do inimigo, precisamos voltar os nossos
olhos para as Escrituras para ver o que Deus tem a dizer sobre ele. Existem
muitos nomes, símbolos e tipos para o diabo ao longo do Antigo e do Novo
Testamentos, cada um deles revelando um aspecto diferente da natureza
distorcida e pervertida do diabo e seu modo de operação.
Nosso inimigo é conhecido como:

•Abadom (Apocalipse 9:11)


•Acusador (Apocalipse 12:10)
•Adversário (1 Pedro 5:8)
•Anjo de luz (2 Coríntios 11:14)
•Apoliom (Apocalipse 9:11)
•Belzebu (Mateus 10:25; 12:24)
•Belial (2 Coríntios 6:15)
•Diabo (Efésios 6:11; 1 Pedro 5:8; Apocalipse 12:9)
•Dragão (Apocalipse 12:9)
•Maligno (Mateus 6:13)
•Homicida (João 8:44)
•Príncipe deste mundo (João 12:31)
•Príncipe dos demônios (Mateus 9:34, NVI)
•Príncipe da potestade do ar (Efésios 2:2)
•Leão que ruge (1 Pedro 5:8)
•Satanás (Lucas 10:18)
•Serpente (Apocalipse 12:9)

Esses nomes, símbolos e tipos de Satanás podem ser divididos em quatro


categorias:

1.A inclinação destrutiva de Satanás.


2.A natureza pervertida de Satanás.
3.O desejo controlador de Satanás.
4.Satanás, o manipulador de mentes.

A TENDÊNCIA DESTRUTIVA DE SATANÁS


Dos 17 nomes, símbolos e tipos apresentados, dois são dedicados ao desejo
insaciável de Satanás de destruir.
Os nomes Abadom e Apoliom são usados para descrever o diabo em
Apocalipse 9:11. O nome Abadom é o equivalente hebraico para o nome
grego Apoliom. Os dois nomes significam destruidor.
Com referência a Satanás, Apocalipse 9:11 diz: “Tinham um rei sobre eles,
o anjo do Abismo, cujo nome, em hebraico, é Abadom e, em grego,
Apoliom”.
Você pode ter certeza de que os espíritos demoníacos, sobre os quais
Satanás governa como rei, possuem a mesma natureza destrutiva do seu
senhor. Eles também operam de acordo com as instruções que Satanás lhes dá
quando os envia para destruir.

A NATUREZA PERVERTIDA DE SATANÁS


Dos títulos dados na lista, cinco deles têm a ver com a natureza distorcida e
pervertida do diabo. Esses cinco encontram-se nos seguintes nomes, símbolos
e tipos: “Belzebu”, “Belial”, “dragão”, “maligno” e “homicida”.

Belzebu
O nome “Belzebu” foi usado inicialmente pelos filisteus do Antigo
Testamento para descrever o deus de Ekron. Ele significava literalmente
senhor das moscas (2 Reis 1:2-6). Originalmente ele se pronunciava
“Baalzebub”. À medida que o tempo passou, os judeus alteraram Baalzebub
para Belzebu, que acrescentava uma ideia ainda mais obscura a esse nome
específico do diabo. Esse novo nome “Belzebu” agora significava senhor do
esterco ou senhor do estrume.
Duas imagens poderosas e importantes de Satanás são apresentadas nesses
dois nomes. Primeiramente, ele é apresentado como “Baalzebub”, o senhor
das moscas. Essa é claramente a imagem de Satanás disfarçando-se como o
senhor dos espíritos demoníacos. Obviamente, os filisteus viam os espíritos
demoníacos da mesma maneira que uma pessoa vê as moscas perniciosas e
imundas que mordem, atormentam e irritam.
Em segundo lugar, ele é apresentado como “Belzebu”, o senhor do esterco.
Acrescentando uma mudança a esse nome específico de Satanás, os judeus
revelaram uma característica mais importante do diabo. Assim como as
moscas perniciosas e imundas voam, o diabo e seus espíritos malignos são
atraídos aos “montes de esterco”, ou a ambientes impregnados de carnalidade
podre e malcheirosa.
Belial
O nome “Belial”, de origem grega, significa inútil. Esse nome é sempre
usado com relação a imundície e maldade. Sempre que ele é empregado, seja
no Antigo Testamento ou no Novo Testamento, é usado para retratar homens
extremamente maus. Por exemplo, 1 Samuel 2:12 nos diz que os filhos de Eli
eram “filhos de Belial”.
Que exemplo os filhos de Eli eram dessa palavra “Belial”! Eles eram
fornicários e ladrões, cheios de idolatria e rebelião. Essas características
terríveis estavam enraizadas no caráter deles a tal ponto que o juízo de Deus
veio sobre eles, e eles foram retirados de cena em um dia. Pelo fato de 1
Samuel 2:12 chamá-los de “filhos de Belial”, sabemos que eles obtiveram
esse comportamento horrendo de Satanás, ele próprio a origem do nome
“Belial”.

Dragão
A palavra “dragão” também é usada em Apocalipse 12:9 para retratar o
diabo. Ali diz: “O grande dragão foi lançado fora. Ele é a antiga serpente
chamada Diabo ou Satanás, que engana o mundo todo. Ele e os seus anjos
foram lançados à terra”.
Está claro, a partir desse versículo, que as expressões “dragão” e
“serpente” são usadas alternadamente com relação à natureza distorcida,
demente e pervertida de Satanás. Empregando essas duas imagens, a Bíblia
apresenta o diabo como uma criatura mortal e venenosa, pronta para atacar e
matar.

Maligno
O exemplo bíblico seguinte do diabo pode ser encontrado no que é
chamado tradicionalmente de “A Oração do Pai Nosso”. Em Mateus 6:13, o
Senhor Jesus orou: “e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do
mal...”. O idioma grego diz com mais precisão: “... mas livra-nos do
maligno”.
A partir desse uso, sabemos que Jesus via o diabo como o “maligno”.
Ninguém estava mais familiarizado com Satanás do que Jesus; por
conseguinte, é importante sabermos que Jesus, conhecendo o diabo tão bem,
o rotulou desse modo.
Homicida
Foi também o Senhor Jesus quem nos disse que Satanás é um “homicida”.
Em João 8:44, Jesus disse aos escribas e fariseus: “Vós sois do diabo, que é
vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o
princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade...”
(ARA).
A natureza homicida de Satanás manifestou-se primeiro em Gênesis 4:8,
quando ele inspirou Caim a matar seu irmão Abel. Também foi a natureza
homicida de Satanás que inspirou Herodes a matar todos os bebês em Belém-
Efrata. Continuamos a ver a natureza homicida do diabo nas mortes de
milhões de mártires cristãos primitivos e ainda hoje onde quer que a injustiça
assassina prevaleça na terra. O assassinato faz parte da natureza insana de
Satanás.

O DESEJO CONTROLADOR DE SATANÁS


O forte desejo de Satanás de controlar a esfera do espírito, o mundo, todo
governo e instituição humanos do sistema deste mundo é evidenciado pelo
fato de que a Bíblia o chama de “o príncipe deste mundo”, “o príncipe dos
demônios” e “o príncipe da potestade do ar”.

O príncipe deste mundo


Chamando Satanás de “o príncipe deste mundo”, até Jesus reconheceu seu
controle temporário sobre certas coisas nesta esfera terrena.
Você deve se lembrar de que o próprio Satanás pessoalmente ofereceu a
Jesus os “reinos deste mundo” durante os quarenta dias e noites de teste de
Jesus no deserto. Jesus foi confrontado por esse “príncipe do mundo” durante
quarenta dias e resistiu ao poder do diabo até que Seu adversário fugiu. Jesus
falou por experiência própria quando se referiu a essa reivindicação
temporária de Satanás.

Príncipe dos demônios


Em Mateus 9:34, Satanás também é chamado de “o príncipe dos
demônios”. A palavra “príncipe” é extraída da palavra grega archontas, e se
refere a alguém que detém o primeiro lugar ou alguém que tem o mais
elevado trono de poder.
O título “príncipe dos demônios” com certeza revela que Satanás detém o
trono de mais alta posição entre uma hoste de espíritos diabólicos. A palavra
“príncipe” denota que há uma força militar e uma espécie de organização no
sistema de Satanás governar seu reino. Já vimos isso em Efésios 6:12.

Príncipe da potestade do ar
O apóstolo Paulo chamou Satanás de “o príncipe da potestade do ar”
(Efésios 2:2). Mais uma vez, a palavra “príncipe” é extraída da palavra grega
archontas, que significa alguém que detém o mais alto trono de poder.
Isso está em total concordância com Efésios 6:12, que afirma que sob o
controle de Satanás existem vários níveis de poder espiritual maligno:
principados, potestades, dominadores deste mundo tenebroso e forças
espirituais do mal nas regiões celestes.

SATANÁS, O MANIPULADOR DA MENTE


Finalmente, chegamos à última e maior categoria dos nomes, símbolos e
tipos de Satanás na Bíblia. Na última categoria, descobrimos que Satanás
verdadeiramente é o senhor dos jogos mentais.
Vamos ver cinco nomes, símbolos e tipos do nosso inimigo que
especificamente têm a ver com a sua capacidade de distorcer, enganar e
mentir à mente das pessoas. Ele é chamado “adversário”, “leão que ruge”,
“anjo de luz”, “diabo” e “Satanás”.

Adversário
O nome “adversário” é extremamente importante ao procurarmos entender
o modo de operação do diabo. Ele é extraído da palavra grega antidikos, que
é um composto das palavras gregas anti e dikos.
A palavra anti significa simplesmente contra. Entretanto, no idioma grego
mais antigo e mais clássico, ela era usada para denotar o estado mental de um
homem ou mulher que estava à beira da insanidade. Essa, na verdade, era
uma pessoa terrivelmente perigosa que faria um grande mal a alguém se não
fosse impedida. Portanto, a palavra anti é uma palavra bastante negativa.
A segunda parte da palavra “adversário” é extraída da palavra grega dikos.
Dikos é a raiz da palavra grega que significa justiça. Ela se refere a justiça,
retidão, lealdade e honradez.
Quando as duas palavras são unidas, elas retratam alguém que se opõe
terminantemente à justiça. Pelo fato de a palavra anti trazer consigo a ideia
de hostilidade, isso nos diz que o diabo é alguém que é hostil com relação à
justiça ou que deseja destruir a justiça e eliminá-la.
Significa que o diabo não se opõe apenas passivamente à presença da
justiça ou das pessoas justas. Ele as persegue ativamente e faz tudo que está
dentro do seu poder para aniquilá-las! Ele odeia a justiça!
De uma forma ou de outra, Satanás tenta mentalmente nos devorar com
tentações presentes ou com lembranças passadas. Ele faz tudo isso a fim de
atacar o nosso senso de retidão. Seu objetivo definitivo é nos fazer sentir
abandonados, sem nenhuma confiança diante de Deus, do diabo ou do
homem.
Foi exatamente por isso que Pedro disse: “Estejam alertas e vigiem. O
diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a
quem possa devorar” (1 Pedro 5:8).

Um leão que ruge


Isso nos leva ao título seguinte de Satanás. Pedro diz que ele é como “um
leão que ruge”. Que assombro e temor o poderoso rugido de um leão gera no
coração do homem frágil!
Entretanto, no caso do diabo, seu rugido é muito mais temível que sua
mordida.
Colossenses 2:15 declara vitoriosamente: “E, despojando os principados e
as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz”
(ARA).
Por meio da Cruz e da ressurreição, Jesus Cristo despojou essas potestades
demoníacas da autoridade que elas um dia possuíram. A vitória de Jesus
sobre elas foi tão completa que Ele até “os expôs ao desprezo”. (Para ter uma
descrição mais detalhada dessa expressão, veja o capítulo 9 de Vivendo na
Zona de Combate.)
Entretanto, isso não impediu que o diabo tentasse soar assustador. Por
meio da disputa contínua pelos nossos pensamentos, das insinuações dele
sobre o nosso fracasso, da sua invenção de medos irreais em nossas almas e
dos seus ataques constantes contra a nossa mente, Satanás tenta nos levar à
derrota. Esses “rugidos” constantes em nossas almas são apenas outra
tentativa do adversário de nos cansar, de nos desgastar e depois de nos
dominar pela autocomiseração.
Observe que o objetivo do adversário é procurar aqueles a quem possa
“devorar” (1 Pedro 5:8). A palavra “procurar” sugere que nem todos serão
vítimas dessas táticas.
Satanás não está procurando apenas qualquer um para devorar; ele está
procurando aqueles a quem ele possa devorar. Em outras palavras, o inimigo
está procurando aqueles que são fracos na fé, ignorantes da Palavra de
Deus, que estão isolados em si mesmos e não são maduros o suficiente para
resistir diante de suas constantes alegações contenciosas.
Esses são os indivíduos que o “leão que ruge” está procurando, e seu
objetivo é devorá-los. A palavra “devorar” vem da palavra grega katapino,
que significa literalmente engolir completamente.

Anjo de luz
Satanás também é chamado de “anjo de luz”. Ao lidar com o problema dos
falsos profetas, falsos mestres, falsos apóstolos e enganadores que estavam
tentando penetrar na igreja de Corinto, Paulo diz em 2 Coríntios 11:14: “Isto
não é de admirar, pois o próprio Satanás se disfarça de anjo de luz”.
Essa é outra imagem clara desse mestre manipulador de mentes. Satanás se
disfarça para ser algo que ele realmente não é! Mais uma vez, esse tipo de
ataque normalmente vem contra a mente de uma pessoa. O retrato de Satanás
como um “anjo de luz” é um exemplo claro de seu poder enganoso de torcer
o pensamento das pessoas.

Diabo
Naturalmente, Satanás também é chamado “diabo”. Na verdade, o Novo
Testamento se refere a ele desse modo mais de 40 vezes!
O nome “diabo” é extraído da palavra grega diabolos. Ela é um composto
das palavras dia e balos. Dia significa através e traz consigo a ideia de
penetração. A palavra balos é extraída da palavra ballo, que significa eu
atiro, como no caso de se atirar uma bola ou uma pedra. Quando as duas
palavras são unidas, a nova palavra retrata o ato de se atirar repetidamente
uma bola ou pedra contra algo até que ela penetre essa barreira e saia do
outro lado.
Portanto, no nome “diabo” não nos é dado apenas o nome próprio desse
arqui-inimigo, mas também seu modo de operação. O seu nome significa que
ele é alguém que ataca continuamente e sem parar, vez após vez — batendo
contra as muralhas da mente das pessoas incessantemente — até que,
finalmente, ele rompe as defesas e penetra no processo mental delas.

Satanás
Esse inimigo tanto de Deus quanto do homem é chamado Satanás, que é
extraído da palavra hebraica shatana e significa odiar e acusar. Essa palavra
é usada mais de cinquenta vezes no Antigo e no Novo Testamento, e também
traz consigo as ideias de difamação e falsa acusação.

UM PRÉ-REQUISITO PARA A BATALHA ESPIRITUAL


Foi por causa desse arqui-inimigo que Paulo escreveu à igreja de Éfeso e
os incentivou a se revestirem “de toda a armadura de Deus...” (Efésios 6:11).
Entretanto, tenha em mente o que Paulo disse aos cristãos de Éfeso que
fizessem antes que ele lhes dissesse para se revestirem de toda a armadura de
Deus! Paulo os incentivou deste modo:

•Deixem a mentira (4:25).


•Fale cada um a verdade com o seu próximo (4:25).
•Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira (4:26).
•Não deis lugar ao diabo (4:27).
•Aquele que furtava não furte mais (4:28).
•Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe (4:29).
•Não entristeçais o Espírito de Deus (4:30).
•Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e
bem assim toda malícia (4:31).

Não devemos esquecer que uma vida consagrada é um pré-requisito para a


verdadeira batalha espiritual. Se essas áreas de nossas vidas forem deixadas
sem atenção, sem estarem comprometidas e rendidas, deixamos brechas
através das quais Satanás é capaz de continuar a executar os seus ardis
infernais em nossas vidas.
Berrar, bradar, uivar, bater os pés e gritar com o diabo não terá resultado
algum se tivermos permitido deliberadamente, ou simplesmente por
negligência, que “os lombos da nossa mente” deixem de ser verificados e
cingidos. A nossa falta de compromisso e os lugares secretos das nossas vidas
que nunca foram rendidos nos impedirão sempre que tentarmos lidar com os
ataques do diabo.
No entanto, quando escolhemos viver vidas santas e rendidas —
guardando cuidadosamente nossas mentes e preparando-nos com toda a
armadura de Deus — nós nos tornamos armas TREMENDAS nas mãos de
um Deus Todo-Poderoso!
PERGUNTAS PARA CRESCIMENTO PESSOAL OU DEBATE EM
GRUPO

1.Qual é a maneira número 1 de neutralizar qualquer ataque que o diabo


poderia realizar contra a sua carne?
2.Quais são as três características do reino do diabo que são qualidades
que o Corpo de Cristo precisa ter também? Como a falta dessas
qualidades dentro da Igreja dá vantagem ao inimigo?
3.Como o inimigo tem acesso à vida de um cristão? Que passos você
pode dar para garantir que nunca permitirá que o diabo tenha acesso à
sua vida?
4.Que táticas o diabo usa para atacar o seu senso de justiça? Qual é o
objetivo final que ele está tentando alcançar, e como você pode impedi-
lo de ter êxito?
5.O que o diabo busca quando ele procura alguém a quem possa
“devorar”? Que características um cristão precisa ter antes que o inimigo
possa conseguir esse tipo de acesso à sua vida?
1 Nome dado aos praticantes da arte marcial da Grécia clássica. (N. do T.)
CAPÍTULO 10

Deus não nos deixou nus perante o inimigo; Ele nos deu um armamento
espiritual que tem a capacidade de contra-atacar e derrotar qualquer cilada
que o diabo tente usar contra nós. Deus sabe que para que possamos
combater com êxito os poderes invisíveis que foram organizados contra nós,
precisamos ter Seu poder sobrenatural especial que Ele forneceu para esse
combate.
Vimos que em Efésios 6:10-18, Paulo trata com elementos-chave da
batalha espiritual que precisamos conhecer e dos quais necessitamos nos
apropriar em nossas vidas pessoais. Neste capítulo, começaremos a examinar
as peças específicas da armadura que Deus entregou à Igreja.
Em Efésios 6:14-18 (ARA), Paulo diz:

Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da


couraça da justiça. Calçai os pés com a preparação do evangelho da
paz; embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar
todos os dardos inflamados do Maligno. Tomai também o capacete da
salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; com toda
oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito...

Como foi dito, Efésios 6 não é a primeira vez em que Paulo menciona a
armadura espiritual na Bíblia. No livro de 1 Tessalonicenses, o livro mais
antigo do Novo Testamento, Paulo também dá uma lista mais breve da
armadura espiritual.
Em 1 Tessalonicenses, 5:8, Paulo diz: “Nós, porém, que somos do dia,
sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e do amor e tomando como
capacete a esperança da salvação” (ARA).
A primeira versão é claramente uma visão muito limitada da armadura, se
comparada à lista que encontramos em Efésios 6. A primeira visão de Paulo
estava tão pouco desenvolvida que se refere apenas à couraça da fé e do
amor. A única outra peça da armadura que ele menciona em seu texto prévio,
além da couraça, é o capacete da salvação.

A VERSÃO EXPANDIDA DE PAULO DA ARMADURA


ESPIRITUAL
Em 1 Tessalonicenses, a lista da armadura de Paulo é breve. Mas em
Efésios, ele dá uma lista exaustiva do armamento espiritual. O que aconteceu
entre esses dois textos?
Ao longo dos anos, o Espírito Santo começou a falar com Paulo, assim
como Ele fala conosco. Quando Paulo começou a meditar na pequena
quantidade de conhecimento que ele tinha sobre a armadura espiritual, o
Espírito Santo abriu esse assunto para ele com uma revelação nova. À medida
que os anos passaram, esse processo continuou até que o Espírito Santo
desenvolveu totalmente o conhecimento de Paulo acerca da armadura
espiritual.
Assim, quando Paulo escreve Efésios 6, ele não tem mais uma visão
incompleta das armas espirituais. Agora ele consegue ver o quadro completo:
a revelação do Espírito Santo da armadura de Deus dada ao cristão. Com a
revelação completa em mente, Paulo prontamente começa a escrever sobre
toda a armadura de Deus.
Observe que Paulo começa seu texto em Efésios 6:14, dizendo: “Estai,
pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da
justiça”. A palavra grega para “firmes” é a palavra stenai, que significa ficar
em pé, ereto. É a imagem de alguém que é tão confiante que está em pé com
a cabeça erguida e os ombros para trás. Paulo obviamente tem a imagem de
um soldado romano em mente — o tipo de guerreiro que é muito orgulhoso
de ser um soldado.
Essa é exatamente a imagem que o Espírito Santo está pintando para nós
nesse versículo. Quando você se revestiu de toda a armadura de Deus, passou
a ter todos os motivos para ficar em pé, e se sentir confiante em Deus!
Observe a seguinte declaração: “Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a
verdade...”. Agora chegamos à primeira peça de armamento que Paulo
relaciona nessa versão expandida da armadura espiritual: o cinturão romano.

PARA REVISÃO
No topo da cabeça, o soldado romano usava um enorme capacete. Era uma
peça de armamento decorativa muito elaborada, enfeitada, intrincada em
todas as suas partes e interessante de se ver. Esse é um dos motivos pelos
quais o Espírito Santo chama a nossa salvação de “capacete da salvação”,
pois ela é a coisa mais elaborada, ornamental, intrincada que Deus já fez por
nós!
Além disso, o soldado romano usava uma couraça que começava no topo
do seu pescoço e se estendia até os seus quadris, passando dos quadris como
uma saia até os seus joelhos. A couraça era feita de duas peças de bronze ou
metal. Uma folha de metal cobria a frente do soldado, e a outra cobria as suas
costas. Essas folhas de metal eram ligadas por anéis de bronze sólidos em
cima e dos lados. A superfície da couraça parecia as escamas de um peixe, e
em geral era chamada de “couraça de escamas”.
Como se isso não bastasse, o soldado romano usava caneleiras nas pernas
e sandálias perigosamente encravadas com espetos em seus pés.
É importante observar que o soldado romano estava completamente
coberto pela sua armadura. Ele tinha um capacete na cabeça, uma couraça
no peito e na parte central do corpo, e estava coberto de metal desde a parte
superior dos joelhos até a parte inferior das pernas.
As caneleiras do soldado eram muito decorativas e belas. Elas eram feitas
de uma peça de metal, normalmente bronze ou latão, que envolvia a tíbia ou a
panturrilha da perna e se estendia do calcanhar ao pé. Uma pesada peça de
metal cobria o topo do pé, e fortes faixas de pele de animal cobriam os lados.
Na parte inferior do pé havia espetos de 3 a 7 centímetros de comprimento.
Observe quanto metal esse homem carregava! Ele estava vestido com um
capacete de metal; sua couraça era de metal; suas caneleiras e sandálias eram
de metal; e preso ao seu cinturão havia uma pequena presilha onde ele podia
descansar o seu escudo, que também era parcialmente feito de metal.
Além de todo esse armamento, o soldado romano também carregava uma
lança ou arpão que descansava ao longo do sulco das suas costas e repousava
em uma bolsa especialmente projetada presa ao cinturão.

A ARMA MAIS IMPORTANTE


Agora vamos dedicar algum tempo para examinar cada peça da nossa
armadura espiritual em mais detalhes. Paulo inicia sua descrição da armadura
de Deus dizendo: “Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade...”.
Inicialmente eu pensava que o cinturão deveria ser uma linda arma, como
as outras relacionadas nesse texto. Mas o cinturão era a peça da armadura
menos atraente, menos notável e mais entediante que o soldado romano
usava!
Quando um soldado romano estava usando sua bela couraça de metal,
quem notaria o seu cinturão? Se você fosse descrever as roupas de um
homem, começaria pelo cinto? Você mal consegue vê-lo. Você
provavelmente iniciaria descrevendo seu paletó; depois você passaria para
sua camisa, sua gravata e depois seus sapatos. Mas você não começaria com
seu cinto, não é mesmo?
O cinto parece uma coisinha insignificante — até que você o retire! Então
você descobre o quanto importante aquele cinto é! Retire-o, e suas calças
podem começar a cair. E quando as suas calças caem, sua camisa pode sair
do lugar. E se você perder as calças e sua camisa sair do lugar, sua aparência
fica um desastre!
É fácil ficar desarrumado quando você está sem seu cinto. Você passará a
maior parte do tempo procurando manter as calças no lugar certo. Você não
se sentirá muito confiante, e com certeza não irá querer fazer nenhum
movimento rápido!
É exatamente isso que o cinturão fazia pelo soldado romano — ele
mantinha todas as peças da armadura juntas. Ele podia estar usando todo o
seu tremendo armamento, mas se o cinturão não estivesse no lugar, tudo o
mais desmoronaria. Assim, foi dito que o cinturão era a parte mais crucial de
todo o armamento que o soldado romano usava.
Por exemplo, o escudo do soldado romano era preso ao cinturão, Se ele
não tivesse um cinturão, ele não teria um lugar para descansar aquele enorme
escudo. Se ele não tivesse um cinturão, ele não teria um lugar para pendurar a
espada. Se ele não tivesse um cinturão, não haveria nada para a sua lança
descansar. Se ele não tivesse um cinturão, não haveria nada para impedir a
sua couraça de balançar com o vento. O cinturão mantinha tudo isso unido!
A armadura do soldado teria literalmente desabado, peça por peça, se ele
não tivesse o cinturão firme no lugar ao redor da cintura. É por isso que o
cinturão era tão crucial para o soldado romano. Sem ele, ele não tinha
absolutamente nenhuma confiança na luta. Com ele, ele tinha certeza de que
todas as peças de seu equipamento ficariam no lugar para que ele pudesse se
mover depressa e lutar com grande fúria.
Assim, Paulo diz: “Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade...”
(Efésios 6:14).

UMA PEÇA VISÍVEL DA ARMADURA


A maior parte da sua armadura espiritual é invisível. Por exemplo, você
não pode ver fisicamente a couraça da justiça. Você não pode ver fisicamente
as suas sandálias da paz, o seu escudo da fé, o seu capacete da salvação, a sua
espada do Espírito ou a sua lança da intercessão. Essas são armas invisíveis.
Mas você pode ver uma arma. Na verdade, só existe uma arma espiritual
que é visível aos olhos: o cinturão da verdade.
O cinturão da verdade é a Palavra de Deus escrita! Essa é a única arma
espiritual que assumiu uma forma física e natural e passou palpavelmente da
dimensão espiritual para as nossas mãos! Ela é a peça mais importante do
armamento que possuímos.
Se você visse um soldado romano, começaria a descrever a sua roupa pelo
seu cinto? Não, você provavelmente diria: “Ah, olhe aquele capacete! Veja
aquelas sandálias e aquela couraça! Puxa, olhe aquele escudo, aquela espada
e aquela lança! Ah, quase me esqueci, ele está usando um cinto também”.
Essa, porém, não foi a abordagem do Espírito Santo quando Ele inspirou
Paulo a escrever sobre a nossa armadura espiritual. Ele foi direto ao meio do
soldado e começou a descrever a armadura de Deus mencionando o cinturão
do soldado.
Deus está provando um ponto de vista aqui: Ele está dizendo que a peça da
armadura que está no meio do homem é a arma mais importante para ele. Se
você tirar essa arma, o homem desmoronará.
Do mesmo modo, quando ignora a Palavra de Deus e deixa de aplicá-la à
sua vida diariamente, você escolheu deliberadamente permitir que toda a sua
vida espiritual se desfaça!

A DIFERENÇA ENTRE LOGOS E RHEMA


É importante indicar que existem dois tipos de palavras de Deus. Há a
palavra logos, que é a Palavra de Deus escrita, e há a palavra rhema, que é
uma palavra fresca, especialmente avivada e revelada da parte de Deus.
É sensato reconhecer que você nem sempre receberá uma palavra rhema
todas as vezes que gostaria. Mas você pode sempre receber da palavra logos
— a palavra escrita, a Bíblia. Quando tudo o mais falhar, a sua Bíblia ainda
estará ao alcance do seu braço!
Isso pode não parecer tão empolgante quanto receber uma palavra
sobrenatural do Senhor. Mas tenha em mente que Paulo assemelha a Palavra
de Deus ao cinturão de um soldado romano. O cinturão não era bonito; ele
parecia um tanto sem graça e era extremamente comum. Todo soldado tinha
uma dessas “coisas velhas”!
É assim que algumas pessoas veem a Bíblia. Elas têm tantas Bíblias pela
casa que perderam o seu apreço por elas. Elas as jogam de lado com a atitude
de Não vou mais estudar isto. Estudei sem parar, e agora estou cansado
disso. Não há nada mais para eu tirar daqui.
Mas se você deixar de lado a sua Bíblia (o seu “cinturão da verdade”), com
o tempo você começará a perder o seu senso de justiça. Deixe de lado esse
cinturão da verdade, e você sentirá a alegria da sua salvação começar a se
esgotar. Se você tirar esse cinturão da verdade da sua vida, logo você
começará a perder a sua capacidade de crer em Deus e de andar em fé.
Você absolutamente não pode funcionar como um crente sem a Palavra de
Deus exercer um papel ativo e central na sua vida. Você pode andar com um
pouco da gasolina do passado por algum tempo, mas você não chegará muito
longe.
Se você retirar o cinturão — a Palavra de Deus — será apenas uma questão
de tempo para que você comece a desmoronar espiritualmente. Os ataques
demoníacos romperão aquela barreira invisível que costumava protegê-lo, e o
caos assumirá o controle da sua vida.

A ÚNICA MANEIRA DE VENCER ESPIRITUALMENTE


Deus me permitiu ministrar em milhares de cultos de igrejas ao longo dos
anos. Ao viajarmos, fizemos diversas observações.
Alguns ministros tentaram edificar suas igrejas no louvor e na adoração. O
louvor e a adoração são maravilhosos, mas uma pessoa não pode edificar uma
igreja apenas sobre isso. O louvor e a adoração não são o cinturão!
Outros tentaram edificar igrejas em reuniões sociais. Momentos de alegria
e comunhão são bons e necessários na igreja local, mas uma pessoa não pode
edificar uma igreja sobre o fundamento das reuniões sociais. As reuniões
sociais e a comunhão na igreja NÃO são o cinturão!
Outros tentaram edificar suas igrejas inteiramente na oração. É claro que a
oração é vital. Precisamos desesperadamente de uma nova ênfase na oração
nos nossos dias, mas a oração não é o cinturão! Somente o cinturão manterá
todas as coisas juntas para nós, tanto como crentes individuais quanto como o
Corpo de Cristo coletivo.
A Bíblia é a única peça da armadura espiritual que é palpável e visível aos
olhos. Era tão importante que tivéssemos a Palavra de Deus em nossa posse
que Deus permitiu que essa Palavra divina passasse da dimensão do espírito
para o nosso mundo para que pudéssemos segurá-la em nossas mãos. Essa é
a peça mais importante da armadura que Deus nos deu. Pense nisto:
podemos realmente “segurar” essa arma?
Paulo declara que esse “cinturão da verdade” é tão poderoso e crucial que
ele pode tomar uma pessoa comum e fazer com que ela “... seja perfeita e
perfeitamente habilitada para toda boa obra” (2 Timóteo 3:17).
Qual é o seu objetivo? Você quer ter êxito espiritualmente? Você quer
derrotar os filisteus que se levantam contra a sua vida continuamente? Você
quer estar espiritualmente equipado?
Se você quer andar revestido de sua armadura espiritual, precisa começar a
pegar a Palavra de Deus e afixá-la permanentemente à sua vida. Você precisa
dar a ela um lugar central e um papel dominante, permitindo que ela seja o
“cinturão” que segura o restante do seu armamento no lugar. A Bíblia precisa
ser o governante, a lei, o regente e a “palavra final” em sua vida.
A Palavra escrita tem o poder de “... habilitar você perfeitamente para toda
boa obra”. A palavra “habilitar” é extraída da palavra grega exartidzo, que
significa vestir completamente ou fornecer totalmente. Ela era usada para
retratar vagões ou navios que estavam completamente equipados com
mecanismos.
Ao usar essa palavra, Paulo nos diz que a Palavra de Deus inspirada nos
equipará com os “mecanismos” que precisamos a fim de andar no poder de
Deus e de manter a nossa posição vitoriosa sobre o diabo.

COMO ANDAR EM JUSTIÇA


Quando você fixa o cinturão da verdade no centro da sua vida e garante
fielmente que ele permaneça no lugar, tudo o mais virá junto. Por exemplo,
você quer aprender a desfrutar a justiça que Deus lhe deu?
O autor de Hebreus diz: “Embora a esta altura já devessem ser mestres,
vocês precisam de alguém que lhes ensine novamente os princípios
elementares da palavra de Deus. Estão precisando de leite, e não de
alimento sólido! Quem se alimenta de leite ainda é criança, e não tem
experiência no ensino da justiça” (Hebreus 5:12-13).
De acordo com esse versículo, você escolhe deliberadamente não
desenvolver seu entendimento sobre a justiça quando ignora a Palavra de
Deus. No entanto, você pode reverter isso passando tempo com a Palavra de
Deus — meditando nela, orando sobre ela e a estudando. À medida que fizer
isso, você descobrirá que um maravilhoso e preponderante senso de justiça se
tornará parte da sua vida intelectual!
Para os cristãos que negligenciam a Palavra de Deus, é apenas uma questão
de tempo antes que eles se sintam condenados em praticamente todas as áreas
de suas vidas. Embora declarados justos por Deus quando foram salvos, esses
cristãos não estão conscientes da justiça que Deus lhes deu porque não
fizeram da Palavra uma prioridade em suas vidas.
Portanto, se você quer andar pela vida revestido com a couraça da justiça,
precisa primeiro colocar o cinturão da verdade, fazendo da Palavra de Deus
escrita a prioridade máxima em sua vida. A Palavra suprirá você de justiça.

COMO ANDAR EM PAZ


Você gostaria de experimentar mais paz em sua vida? Paulo nos fala como
fazer disso uma realidade quando diz: “E deixem que a paz de Cristo governe
em vosso coração...” (Colossenses 3:15, ARA).
Naturalmente falando, poucos cristãos experimentam essa paz de Deus
“governando” em seus corações. Por causa dos seus horários caóticos e do
ritmo apressado desta era moderna, a grande maioria dos cristãos
experimenta confusão interior, frustração e toda uma série de emoções
instáveis.
Mas você não pode depender das emoções para conduzi-lo e guiá-lo,
porque as emoções podem enganar você. É por isso que você precisa permitir
que a paz de Deus governe o seu coração.
A palavra “governe”, como usada nesse versículo, é extraída da palavra
brabeuo. Ela era empregada para retratar um árbitro ou alguém que decidia
um jogo público. Esse árbitro era o governador do jogo, aquele que decidia
quem era o vencedor! Assim, empregando essa palavra, Paulo na verdade
está dizendo: “Seja a paz de Cristo o árbitro que decide as coisas em sua
vida...”.
Como você chega a esse ponto onde a paz é tão dominante em sua vida?
Como você chega a um ponto em que a sua mente, as suas emoções, os seus
medos e as frustrações deixam de controlá-lo?
Paulo nos diz isso no versículo seguinte: “Habite, ricamente, em vós a
palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a
sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais...”
(Colossenses 3:16, ARA).
Observe especialmente a ordem: “Habite ricamente em vós a palavra de
Cristo...”. Há duas palavras-chave nessa frase: “habite” e “ricamente”.
A palavra “habitar” é extraída da palavra enoikeo, que é a palavra grega
que significa fixar residência. É a ideia de se instalar em uma casa ou de
fazer alguém sentir-se em casa.
A palavra “ricamente” vem da palavra plousious. Ela traz consigo a ideia
de extrema extravagância e vida luxuosa.
Portanto, quando Paulo diz: “Habite, ricamente, em vós a palavra de
Cristo...”, ele na verdade está dizendo: “Deixem que a Palavra de Cristo fixe
residência em sua vida e passe a se sentir completamente em casa em vocês.
Deem a ela a recepção mais calorosa, mais extravagante e luxuosa
possível...”.
O que acontece quando você dá à Palavra de Deus esse tipo de prioridade
em sua vida? A paz de Deus começará a governar, como árbitro, e decidirá
as coisas em sua vida diária.

COMO ANDAR EM UMA FÉ FORTE


Como você pode andar em uma fé forte e cheia de convicção? Como o
“escudo da fé” se torna uma realidade diária na sua vida? Em Romanos
10:17, Paulo nos dá a resposta: “E, assim, a fé vem pela pregação, e a
pregação, pela palavra de Cristo” (ARA).
Você quer andar em fé? Então entre na Palavra de Deus e fique ali. Dê a
ela o lugar mais importante de prioridade na sua vida! Somente a Palavra de
Deus pode produzir fé consistente e progressiva.
Espero que agora você possa entender por que o Espírito Santo inicia esse
texto sobre a armadura espiritual com o cinturão. Se você não tem o cinturão
da verdade firmemente posicionado em sua vida, não será capaz de andar,
com base na experiência, com as outras peças de armamento que Deus lhe
deu.

O CAPACETE E A ESPADA
Agora chegamos ao “capacete da salvação”! A palavra “salvação” é
extraída da raiz sodzo, que transmite a ideia de libertação, segurança,
preservação, equilíbrio mental e cura.
Você gostaria de andar habitualmente na libertação, na segurança, no
equilíbrio mental e na cura que Cristo comprou para você? Você gostaria
disso? Então precisa colocar o seu capacete!
Em 1 Tessalonicenses 5:8, você é informado que a salvação é um
“capacete”. Depois em Efésios 6:17, lhe é dito para “tomar o capacete da
salvação”. Então, qual é a relação entre os conceitos de salvação e a mente?
Como você coloca o capacete da salvação?
Paulo disse a Timóteo: “Porque desde criança você conhece as Sagradas
Letras, que são capazes de torná-lo sábio para a salvação...” (2 Timóteo
3:15). O poder da Palavra de Deus tem a capacidade especial de nos tornar
mentalmente alertas e sábios para a salvação. À medida que entregamos a
nossa mente à Palavra de Deus, a própria Palavra começa a construir uma
medida de libertação, segurança, preservação, equilíbrio mental e cura em
nossas vidas em todos os níveis.
Então, significa que a Bíblia coloca um capacete na sua cabeça! À medida
que você renova a sua mente com a Palavra de Deus, a verdade contida nessa
Palavra se torna o seu capacete espiritual.
Além de você usar a salvação como um capacete, Efésios 6 também lhe
informa que você tem uma espada poderosa chamada de “a espada do
Espírito”. Você gostaria de brandir essa “espada do Espírito” em sua vida de
forma mais consistente? Como isso pode ser desenvolvido? Onde você pode
encontrar essa espada?
Onde o soldado romano encontrava sua espada quando precisava dela? Ela
estava pendurada na bainha ao seu lado, presa a um suporte pendurado no seu
cinturão! Portanto, ele tinha de manter esse cinturão firme para manter a
espada ao seu alcance!
O que o cinturão representa em Efésios 6? A Palavra de Deus escrita.
Portanto, isso nos diz que na maior parte do tempo a “palavra do Senhor” que
precisamos virá diretamente da Bíblia — assim como a espada do soldado
romano vinha diretamente de uma bainha pendurada em seu cinturão. O
cinturão e a espada estavam ligados.
Hoje, muitos cristãos oram: “Senhor, preciso de uma palavra! Deus,
preciso que Tu fales comigo de uma maneira especial! Estou enfrentando
uma crise e preciso de uma palavra da Tua parte sobre isto, Senhor!”. Essas
pessoas passam todo o seu tempo esperando ter um sonho ou uma visão de
Deus ou querendo encontrar alguém que profetize a resposta para elas.
Quando vão à igreja, estão sempre esperando que alguém lhes dê uma
resposta especial que as direcione no caminho que elas devem seguir.
Louvo a Deus pelos sonhos, visões, profecia, palavras de conhecimento e
palavras de sabedoria. Entretanto, há algo mais confiável que uma palavra de
conhecimento, uma palavra de sabedoria, ou uma mensagem profética. Como
Pedro disse: “Temos, assim, uma palavra profética mais segura...” (2 Pedro
1:19, KJV).
Então, você precisa de uma palavra especial da parte do Senhor? Você
precisa de uma palavra rhema, uma “espada do Espírito”? É assim que você a
recebe: adote como prioridade ler e estudar a Palavra de Deus, e a sua palavra
rhema muito provavelmente será despertada no seu espírito à medida que
você andar na Palavra.
Como disse o autor de Hebreus: “Porque a palavra de Deus é viva, e
eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até
ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir
os pensamentos e propósitos do coração” (Hebreus 4:12, ARA). Quando você
anda na Palavra de Deus, está na posição para que a Palavra penetre “até ao
ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas...” e possa discernir os
pensamentos e os propósitos do seu coração.
O que acontece se você optar por ignorar o cinturão — a Palavra de Deus
— e tentar a sua sorte com outra abordagem? Muitos santos tentaram isso.
Eles retiraram tolamente o seu cinturão e deixaram a Bíblia de lado. A atitude
deles é: Experimentei a Bíblia, e estou cansado dela. Posso andar com poder
e autoridade sem dedicar tempo à Palavra de Deus.
Pensando desse modo, a pessoa desata o seu cinturão e o deixa de lado. Ela
pode andar assim por algum tempo, mas logo as coisas começam a ficar
soltas. Logo ela começa a ouvir alguma coisa batendo, balançando — e
então, surpresa! Sua couraça cai do seu corpo! Sua espada cai por terra! Sua
lança desaba no chão!
O que aconteceu? A pessoa retirou o seu cinturão; então, ela não tinha
nada para manter sua vida espiritual no lugar. Agora, sem proteção, ela se
colocou em uma posição perigosa onde o inimigo pode vir atacá-la com
aflições e problemas.
Nunca se esqueça: a Palavra de Deus escrita sustenta tudo o mais na sua
caminhada com Deus!

VENCER OU PERDER É ESCOLHA SUA


Quero que você entenda que se não estiver andando diariamente no poder
da Palavra de Deus, também não estará andando com a armadura espiritual
que Deus lhe deu. Sem a Palavra de Deus agindo em sua vida, você não tem
suporte para as outras peças da armadura espiritual. Para você, não há luta. A
sua batalha está terminada antes mesmo de começar. Você perdeu a sua
vitória ao rejeitar a peça mais importante do armamento de todas: a Palavra
de Deus.
A Palavra mantém o seu senso de justiça no lugar — e você precisa do seu
senso de justiça. Essa Palavra mantém a sua paz no lugar — e você precisa da
sua paz, porque a paz é uma arma importante, tanto de defesa quanto de
ataque. E sem o seu capacete da salvação para proteger a sua mente, ela
começará a nadar na incredulidade e na dúvida quando o inimigo vier
brandindo o seu machado de guerra para roubar a sua libertação, o seu
equilíbrio mental e a sua cura.
Algumas pessoas se sentam em um quarto escuro, esperando obter uma
palavra rhema de Deus. Mas é mais provável que elas recebam a palavra
rhema se acenderem a luz, pegarem a sua Bíblia e começarem a meditar na
Palavra de Deus. Um desses versículos poderia de repente saltar da página e
se tornar uma poderosa espada em sua mão e em sua boca!

A CAPACIDADE REPRODUTORA DE DEUS


Observe, também, que o cinturão cobria os lombos do soldado romano. Por
que o soldado tinha seus lombos protegidos tão pesadamente? Porque ele
queria preservar a sua capacidade reprodutora.
Pelo fato de que o cinturão representa a Palavra de Deus e historicamente
era uma proteção para a capacidade reprodutora do homem, isso nos diz
alguma coisa muito importante. Isso nos mostra claramente que a nossa
capacidade de produzir para Deus está diretamente ligada ao nosso
relacionamento com a Palavra de Deus.
Você se torna espiritualmente estéril se não tiver a Palavra de Deus
operando ativamente em sua vida. Você não faz nada; você não produz nada;
você não demonstra nenhuma unção ou poder de cura. Quando sai da Palavra
de Deus, você é reduzido a um estado de esterilidade espiritual.
Até o próprio Deus cria, produz e reproduz pela Sua Palavra. Hebreus 11:3
diz: “Pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus...”.
Deus criou os mundos por meio da Sua Palavra!
Você sabe o que aconteceu com você quando foi salvo? 1 João 3:9 diz:
“Todo aquele que é nascido de Deus não pratica o pecado, porque a semente
de Deus permanece nele; ele não pode estar no pecado, porque é nascido de
Deus”.
A palavra “semente” é extraída da palavra grega spermata. É de onde
deriva a palavra “esperma”.
Aqui temos a imagem de um novo nascimento! Assim como uma mulher
fica grávida pela semente de um homem e concebe um filho em seu ventre, o
apóstolo João diz que quando nascemos de novo, Deus injeta a sua própria
“semente” divina em nossos espíritos humanos. Quando essa semente é
colocada dentro de nós, essa divina semente então começa imediatamente a
produzir a vida e o caráter de Jesus dentro de nós.
Essa divina “semente” (spermata) é a razão pela qual não podemos
continuar vivendo da maneira que vivíamos antes de encontrarmos o Senhor.
A vida, o caráter, a natureza, e os atributos de Deus estão nessa “semente”,
semelhante à maneira como a cor dos olhos, a cor dos cabelos e o
temperamento de um pai estão na sua semente. Quando a natureza de Deus é
plantada dentro de nós, essa vida divina anula para sempre o poder do pecado
— e a vida de Deus começa a governar e a reinar em nossas vidas!
Como é a “semente” de Deus? O que é a “semente” de Deus? Pedro nos
diz: “Vocês foram regenerados, não de uma semente perecível, mas
imperecível, por meio da palavra de Deus, viva e permanente” (1 Pedro
1:23).
Deus criou os mundos com a Palavra de Deus, e Ele recriou você com Sua
divina “semente”. Tudo o que Deus produz, Ele produz por meio da
instrumentalidade da Sua Palavra.

O MAIOR ERRO QUE OS CRISTÃOS COMETEM


É possível que você esteja perguntando ao Senhor: “Por que a minha vida
está neste caos?”. Ou talvez você esteja perguntando: “Onde foi parar a
minha paz? Onde está a vitória que eu costumava ter?”.
Creio que o Senhor está fazendo algumas perguntas a você em troca. Ele
está lhe perguntando: “Onde está aquele cinturão que Eu lhe dei? Por que
você não tem se dedicado à Minha Palavra? Quem retirou o seu cinturão?”.
Portanto, o meu conselho solene a você é este: se você quer entrar no
combate espiritual, não entre nesse tipo de luta sem o seu cinturão. Se fizer
isso, bastará um golpe do inimigo, e toda a sua armadura despencará!
Outros cristãos cometem o erro de pensar: Sei que eu deveria passar algum
tempo com a Palavra hoje, mas realmente não tenho tempo. Vou esperar até
a próxima vez que eu for à igreja. O nosso pastor é um mestre tão bom! Vou
esperar até lá. Sei que ele vai me alimentar bem.
Finalmente, o tão esperado culto da igreja chega. Então esses cristãos vão
para casa e no dia seguinte eles percebem que deveriam passar algum tempo
com a Palavra. Mas agora eles dizem: “Bem, vou simplesmente esperar até o
próximo culto da igreja. O último culto foi tão bom! Sei que o próximo será
ainda melhor”.
Deixe-me fazer-lhe esta pergunta: você ainda pede à sua mãe para lhe
vestir? O que a sua mãe pensaria se você pedisse a ela: “Mãe, você poderia
me vestir hoje, por favor?”. Ela diria: “O que você quer dizer com isso? Você
quer realmente que eu coloque as suas roupas em você? Você não é mais um
bebê. Vá se vestir!”.
Mas é exatamente isso que muitos cristãos fazem! Quando vão à igreja no
domingo ou no culto no meio da semana, sabendo que não se dedicaram à
Palavra durante toda a semana, eles estão dizendo: “Pregador, você poderia
colocar a minha armadura em mim? Você poderia colocar em mim o meu
cinturão?”.
Entenda isto: o ensino da Palavra vindo do púlpito deveria apenas
confirmar o que você já ouviu Deus dizer pessoalmente a você por meio da
Sua Palavra durante a semana.
A pregação do seu pastor não deve ser a única Palavra que você recebe. A
intenção do Espírito Santo com ela é apertar um pouco mais o cinturão que já
está em você.
Quando os indivíduos no Corpo de Cristo se envolvem com a Palavra de
Deus todos os dias e vão à igreja para ouvir o ensino da Palavra que é
transmitido, os atos deles apertam mais o seu cinturão. A justiça deles se
encaixa ainda melhor. A sensação de paz deles é apertada com segurança
ainda maior.
Quando os cristãos têm esses dois elementos do estudo bíblico fluindo
juntos em suas vidas, o Corpo de Cristo realmente passa a estar vestido!
Agora podemos ver mais claramente por que o Espírito Santo começou
com o cinturão quando descreveu o nosso armamento em Efésios 6. Ele
queria enfatizar a importância absoluta do cinturão da verdade. É por isso
que, por intermédio de Paulo, o Espírito Santo disse: “Estai, pois, firmes,
cingindo-vos com a verdade...”.
O SALMISTA QUE ENTENDIA A CENTRALIDADE DA PALAVRA
Quando você lê o Salmo 119, pode ouvir claramente o profundo amor do
salmista pela Palavra de Deus:

Como são felizes os que andam em caminhos irrepreensíveis, que vivem


conforme a lei do SENHOR! Como são felizes os que obedecem aos
seus estatutos e de todo o coração o buscam! Não praticam o mal e
andam nos caminhos do SENHOR.
Tu mesmo ordenaste os teus preceitos para que sejam fielmente
obedecidos. Quem dera fossem firmados os meus caminhos na
obediência aos teus decretos. Então não ficaria decepcionado ao
considerar todos os teus mandamentos. Eu te louvarei de coração sincero
quando aprender as tuas justas ordenanças. Obedecerei aos teus
decretos; nunca me abandones.
Como pode o jovem manter pura a sua conduta? Vivendo de acordo com
a tua palavra. Eu te busco de todo o coração; não permitas que eu me
desvie dos teus mandamentos.
Guardei no coração a tua palavra para não pecar contra ti. Bendito
sejas, SENHOR! Ensina-me os teus decretos. Com os lábios repito todas
as leis que promulgaste. Regozijo-me em seguir os teus testemunhos
como o que se regozija com grandes riquezas. Meditarei nos teus
preceitos e darei atenção às tuas veredas.
Tenho prazer nos teus decretos; não me esqueço da tua palavra. Trata
com bondade o teu servo para que eu viva e obedeça à tua palavra.
Abre os meus olhos para que eu veja as maravilhas da tua lei. Sou
peregrino na terra; não escondas de mim os teus mandamentos.
— Salmos 119:1-19

É óbvio que a Palavra ocupava um lugar central para o salmista. Você


percebe o quanto ele amava e precisava do “cinturão da verdade” em sua
vida? Ele disse: “Eu tenho de ter a Palavra de Deus! Eu medito nela. Eu não
fujo dela. Senhor, por favor, não a esconda de mim. Revele-a a mim. Eu
prometo que andarei nela. Eu pensarei nela. Eu a guardarei”.

A CHAVE PARA A VITÓRIA E O SUCESSO


O salmista entendia que a Palavra de Deus era a chave para a vitória
completa e o sucesso pleno na vida. Nos versículos 20 a 24, ele implora:

A minha alma consome-se de perene desejo das tuas ordenanças. Tu


repreendes os arrogantes; malditos os que se desviam dos teus
mandamentos! Tira de mim a afronta e o desprezo, pois obedeço aos
teus estatutos.
Mesmo que os poderosos se reúnam para conspirar contra mim, ainda
assim o teu servo meditará nos teus decretos. Sim, os teus testemunhos
são o meu prazer; eles são os meus conselheiros.

Quando entrar em um conflito espiritual, você pode ter certeza de que as


forças malignas — como aquelas que se opunham a esse homem — se
levantarão contra você. Mas a Palavra diz que quando você meditar nos
estatutos de Deus, Ele removerá o opróbrio e o desprezo. Em outras palavras,
o “cinturão da verdade” equipará você para remover essas forças vis e
impedir que elas causem mal à sua vida.
Nos versículos 57 a 59, o salmista diz:

Tu és a minha herança, SENHOR; prometi obedecer às tuas palavras. De


todo o coração suplico a tua graça; tem misericórdia de mim, conforme a
tua promessa. Refleti em meus caminhos e voltei os meus passos para os
teus testemunhos.

O escritor desse salmo está dizendo: “Senhor, a Tua Palavra será a


primeiríssima coisa em minha vida!”. Ele continua nos versículos 60 a 63:

Eu me apressarei e não hesitarei em obedecer aos teus mandamentos.


Embora as cordas dos ímpios queiram prender-me, eu não me esqueço
da tua lei.
À meia-noite me levanto para dar-te graças pelas tuas justas
ordenanças. Sou amigo de todos os que te temem e obedecem aos teus
preceitos.

O MELHOR CONSELHO DO MUNDO


Aqui no versículo 63 está o melhor conselho que você pode receber em
toda a sua vida! O salmista diz: “Sou amigo de todos os que te temem e
obedecem aos teus preceitos”.
O meu conselho a você, e o conselho da Palavra a você, é que os seus
amigos sejam pessoas que andem na Palavra. Você precisa de pessoas ao seu
redor que entendam a centralidade da Palavra tanto quanto você.
O salmista está dizendo: “Os meus amigos amam a Tua Palavra tanto
quanto eu a amo”. É crucial que você tome cuidado para escolher seus
amigos com sabedoria. Ande com pessoas que andem com o Senhor e na Sua
Palavra tão seriamente quanto você.
Nos versículos 129 e 130, o salmista continua dizendo:

Os teus testemunhos são maravilhosos; por isso lhes obedeço. A


explicação das tuas palavras ilumina e dá discernimento aos
inexperientes.

Mais uma vez, o escritor está proclamando: “Senhor, a Tua Palavra é


central em minha vida!”. Nos versículos 131 a 134 ele continua:

Abro a boca e suspiro, ansiando por teus mandamentos. Volta-te para


mim e tem misericórdia de mim, como sempre fazes aos que amam o teu
nome.
Dirige os meus passos, conforme a tua palavra; não permitas que
nenhum pecado me domine. Resgata-me da opressão dos homens, para
que eu obedeça aos teus preceitos.

Observe o quanto o salmista necessita da Palavra: ele está na verdade


ansiando por ela! Ele está dizendo que porque guarda os preceitos de Deus,
ele sabe que Deus o livrará. Então, nos versículos 135 e 136, ele diz isto:

Faze o teu rosto resplandecer sobre o teu servo, e ensina-me os teus


decretos. Rios de lágrimas correm dos meus olhos, porque a tua lei não
é obedecida.

Esse homem está dizendo: “Estou tão entristecido porque vejo pessoas que
não ouvem a Tua Palavra, e isso as está destruindo. Elas não guardam a Tua
lei, e estão sendo mortas. Elas estão sendo arruinadas. A iniquidade e o
pecado as estão dominando!”.
Por que o salmista disse isso? Porque ele sabia que manter a Palavra de
Deus em um lugar central em nossas vidas nos salva da destruição. Então,
nos versículos 153 a 157, ele continua dizendo:

Olha para o meu sofrimento e livra-me, pois não me esqueço da tua lei.
Defende a minha causa e resgata-me; preserva a minha vida conforme a
tua promessa. A salvação está longe dos ímpios, pois eles não buscam
os teus decretos.
Grande é a tua compaixão, SENHOR; preserva a minha vida conforme
as tuas leis. Muitos são os meus adversários e os meus perseguidores,
mas eu não me desvio dos teus estatutos.

Em outras palavras, as pessoas que não buscam a Palavra de Deus não


experimentam as bênçãos da sua salvação (v. 155). É quase como se o
salmista estivesse dizendo: “Apesar daqueles que se recusam a buscar a Tua
verdade, eu me refugio na Tua Palavra”.
Nos versículos 158 a 160, ele continua:

Com grande desgosto vejo os infiéis, que não obedecem à tua palavra.
Vê como amo os teus preceitos! Dá-me vida, SENHOR, conforme o teu
amor leal. A verdade é a essência da tua palavra, e todas as tuas justas
ordenanças são eternas.

O escritor está dizendo: “Não me desviarei da Palavra de Deus. Ela está


sempre certa. Ela é central em minha vida. Ela me livra, me preserva e me
guarda”. Ao longo do Salmo 119, o tema do salmista é a centralidade da
Palavra de Deus em sua vida. Não há dúvida acerca disto: essa pessoa tinha
sobre si o “cinturão da verdade”!
Muitos cristãos citam Apocalipse 12:11, que diz: “Eles, pois, o venceram
por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que
deram...”. Mas de que palavra do nosso testemunho ele está falando? A
Palavra de Deus. Esse é o único testemunho que temos!

O CAMINHO PARA VENCER


Mais uma vez, Efésios 6:14 inicia dizendo: “Estai, pois, firmes, cingindo-
vos com a verdade...”. Quando você coloca o cinturão da Palavra e decide
fazer dela uma prioridade em sua vida, está prestes a vencer as suas batalhas
na vida!
Depois que você se reveste da Palavra de Deus, pode não se sentir justo em
princípio. Mas simplesmente continue andando na Palavra, e um profundo
senso de justiça brotará em sua vida!
Talvez você também não sinta nenhuma paz, em princípio. Mas a Bíblia
promete: “Tu, SENHOR, conservarás em perfeita paz aquele cuja mente está
firmada em Ti...” (Isaías 26:3, ARA). Como você mantém a sua mente
firmada no Senhor? Andando na Palavra e permitindo que a Palavra de Cristo
habite ricamente em você. Então a paz de Deus governará no seu coração!
Você diz que precisa de uma espada — uma palavra rhema especial da
parte do Senhor? Bem, a Palavra de Deus é rápida, ativa e operativa, mais
afiada do que espada de dois gumes.
Você diz que precisa de um escudo da fé? Romanos 10:17 diz: “E, assim, a
fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (ARA). Entre na
Palavra de Deus. Ouça a Palavra de Deus. Medite na Palavra de Deus. Ela
colocará um escudo em sua mão!
Se você pretende desafiar os ataques do adversário contra o seu corpo,
mente, família, amigos, dinheiro ou negócios, meu conselho solene a você
diretamente da Palavra de Deus é este: pegue este cinturão e vista-o, porque
sem ele, você está com sérios problemas!
Mas quando está com o seu cinturão da verdade firmemente afixado em
sua vida espiritual, você está bem posicionado para vestir todas as outras
peças da armadura. Com o cinturão da verdade firmemente no lugar, você
tem a certeza de que nada se soltará ou despencará. Você pode se mover
rapidamente, furiosamente e vitoriosamente contra todos os ataques do
inimigo!
PERGUNTAS PARA CRESCIMENTO PESSOAL OU DEBATE EM
GRUPO

1.Por que o cinturão é a peça central da armadura espiritual que mantém


todos os demais aspectos de sua caminhada espiritual juntos?
2.O que aconteceria com o seu senso de justiça se você parasse de se
alimentar da Palavra de Deus escrita?
3.Como você chega a um ponto em sua caminhada com Deus onde a paz
governa como um árbitro os seus pensamentos e emoções em todas as
situações? Ao examinar a sua própria caminhada espiritual, você pode
dizer honestamente que você está progredindo firmemente em direção a
esse alvo?
4.O que você precisa fazer para se preparar para receber uma palavra
específica do Senhor para determinada situação?
5.Quando você dá uma olhada honesta em sua própria vida, você pode
ver áreas que estão começando a desmoronar porque você negligenciou
a Palavra de Deus? Que mudanças práticas você pode fazer para
restaurar a ordem divina nessas áreas específicas de sua vida?
CAPÍTULO 11

Paulo continua sua descrição em Efésios 6, revelando a peça seguinte da


nossa armadura espiritual. Ele diz: “Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a
verdade e vestindo-vos da couraça da justiça” (Efésios 6:14, ARA).
A justiça é uma arma — ela é a nossa couraça! Talvez você pergunte:
“Como a justiça pode ser uma arma? Por que Paulo a chamaria de uma
couraça? De que maneira ela funciona como uma arma para nós?”.
Sabemos que a justiça faz parte do nosso arsenal espiritual porque Paulo a
chama de arma no capítulo 6 de Efésios. Ele a menciona no mesmo contexto
com o “cinturão da verdade”, o “escudo da fé”, o “capacete da salvação”, a
“espada do Espírito” e a “lança” da intercessão. Em 2 Coríntios 6:7, Paulo se
refere novamente à justiça como uma arma. Ele diz: pelas armas da justiça...
Aqui a justiça é chamada claramente de “arma”. Outra referência onde a
justiça é chamada de arma é Isaías 59:17, onde diz: “Vestiu-se de justiça,
como de uma couraça...”.
A fim de entender por que Paulo chama a justiça de uma couraça em sua
lista do armamento espiritual, você precisa primeiro compreender o que o
apóstolo tinha em mente quando pensou na couraça do soldado romano.
A couraça era a peça mais brilhante, mais bela e mais glamorosa do
armamento que o soldado romano possuía. Quando as pessoas andavam na
direção de um soldado romano, elas com certeza não percebiam o seu
cinturão em primeiro lugar. Elas nem sequer percebiam as suas sandálias ou a
sua espada. E por mais evidente que o capacete do soldado fosse, a peça da
armadura que imediatamente chamava a atenção dos observadores não era o
seu capacete, mas a sua grande, brilhante e vistosa couraça.
A primeira coisa que uma pessoa observaria quando olhasse para um
soldado romano era a sua bela couraça. A couraça começava no início do seu
pescoço e ia até os joelhos. Ela era composta de duas peças diferentes de
metal. Uma peça de metal descia pela frente, e a outra descia pelas costas.
Essas duas peças de metal eram unidas por anéis de bronze sólidos em cima
dos ombros. Com frequência essas folhas de metal mais largas que cobriam a
frente e as costas do soldado eram compostas de peças de metal menores,
semelhantes a escamas, como as escamas de um peixe.
Essa era a peça mais pesada do armamento que o soldado romano usava.
Às vezes, ela pesava mais de dezoito quilos. E lembre-se de que a couraça de
Golias pesava aproximadamente sessenta quilos!

A BELEZA DA COURAÇA
A couraça era extremamente elaborada e bela. Ela era feita ou de bronze ou
de latão — geralmente de latão. E quanto mais os soldados romanos usavam
as suas couraças enquanto andavam e marchavam, algo incrível começava a
acontecer.
Quando você esfrega duas peças de metal brilhantes uma contra a outra por
muito tempo, elas começam a lustrar uma à outra. Essas peças de metal
podiam ter começado brilhando, mas esse novo lustre as faz brilhar ainda
mais.
Era exatamente isso que acontecia quando o soldado romano andava com a
sua couraça. Essas peças de metal menores, semelhantes a escamas, batiam
umas nas outras, fazendo com que cada peça desenvolvesse um belo brilho.
Além disso, o latão tem uma cor dourada que brilha e cintila quando está ao
sol, principalmente se for uma boa peça de latão. Portanto, quando o soldado
totalmente armado saía em um dia de sol, os raios do sol refletiam em sua
couraça e criavam um espetáculo deslumbrante.
Assim, vemos que a beleza da couraça do soldado romano era aumentada
pelo uso quando ele andava vestido com ela. Se a couraça ficasse em um
quarto escuro e nunca fosse usada, ela seria bela simplesmente porque era
feita de latão. Mas à medida que o soldado usava a sua couraça, ela se
tornava cada vez mais bela com o tempo.
Você já dirigiu seu carro quando de repente o sol refletiu em uma peça
externa de metal, atingindo os seus olhos com um clarão tão grande que você
mal podia ver a estrada? Nesse caso, você pode imaginar como seria passar
por um soldado romano vestido com a sua couraça de latão com todo aquele
brilho! Quando um soldado romano saía ao sol da tarde, ele deveria parecer
um arco-íris, lançando raios de luz por onde passasse!
Como você acha que era quando toda uma legião de soldados romanos
andava ao sol? Todas as colinas e vales onde eles marchavam começavam a
brilhar enquanto eles avançavam com as suas couraças brilhantes e
resplandecentes!
Agora aplique essas características da couraça romana à sua justiça.
Quanto mais você usa a sua couraça da justiça, andando pela vida plenamente
consciente da sua justiça em Cristo, mais você brilha como a luz em um
mundo tenebroso de pecado. E à medida que anda com a sua couraça
firmemente ajustada, você aprenderá que a sua justiça não é apenas uma
arma de defesa para protegê-lo dos golpes do inimigo, mas também é uma
arma de ataque para ajudá-lo quando você atacar o inimigo e recuperar o
território perdido!

ALGUÉM QUER FERIR VOCÊ


Se você não estivesse envolvido na batalha, não precisaria usar esse tipo de
armamento. Mas você precisa usá-lo porque alguém lá fora quer ferir você
gravemente!
Em Efésios 6:11, vimos que quando estamos revestidos de “toda a
armadura de Deus”, “somos capazes” de “ficar firmes contra as ciladas do
diabo”. O diabo quer nos atacar. Ele quer nos dizer que não somos justos e
que não temos valor algum para Deus ou para o homem. É por isso que o
Espírito Santo nos diz que temos a justiça como uma “couraça” para nos
proteger.
Lembre-se de que a palavra “diabo” é extraída da palavra grega diabolos,
que descreve uma pessoa que ataca repetidamente, vez após vez, até que,
finalmente, ela penetra na mente com acusações caluniadoras. Pelo fato de
que o diabo deseja penetrar e imobilizar a mente e as emoções de uma
pessoa, ele tem prazer especialmente em encontrar cristãos que não sabem
que são justos. Eles são uma presa fácil!
O diabo zomba enquanto sussurra à sua mente: “Você é o pior crente que
já viveu. Você acha que Deus vai fazer alguma coisa com você? Deus não
pode usá-lo, seu estúpido!”.
Se você não estiver com a sua “couraça da justiça” firmemente fixada no
seu lugar, essas acusações caluniadoras muito provavelmente penetrarão em
sua mente e emoções. Se isso acontecer, o diabo então poderá desferir um
golpe eficaz que irá ferir intensamente a sua caminhada espiritual.
Os cristãos que não sabem que foram justificados em Cristo tendem a
andar habitualmente debaixo de condenação. Por quê? Porque o diabo nunca
perde uma chance de inserir um pensamento de condenação na mente deles.
As pessoas que não sabem que foram justificadas também andam
continuamente em culpa pelo mesmo motivo. O inimigo adora bombardeá-las
com acusações mentirosas que penetram em suas mentes e as fazem se sentir
um fracasso.
No entanto, quando você sabe que Deus justificou você — quando está
com a sua couraça da justiça firmemente colocada no lugar — não importa
quantas setas o inimigo lance contra você, porque nenhuma penetrará.
Nenhuma palavra de condenação, nenhuma falsa alegação e nenhum
pensamento de culpa penetrará no seu coração nem se alojará na sua mente
quando você estiver andando com a sua couraça da justiça.
Infelizmente, parece que cerca de 90% do Corpo de Cristo está andando
em condenação, com os ombros caídos e a cabeça baixa. O inimigo vitimou
muitos a ponto de não poderem mais orar com confiança. Ele convenceu
outros de que eles nunca serão bons o bastante para serem usados por Deus.
No entanto, a Palavra diz aos crentes claramente no versículo 14 do nosso
texto: “Resistam, coloquem os ombros para trás, mantenham a cabeça
erguida e caminhem eretos e confiantes, como os soldados orgulhosos e
vitoriosos andam!”.
Quando você entende que Deus transferiu gratuitamente justiça a você e
que essa justiça dada por Deus agora lhe serve como uma couraça gloriosa,
isso afetará a sua atitude de modo muito positivo e profundo. Você descobrirá
que o seu nível de confiança se elevará drasticamente, porque uma atitude de
justiça transmite confiança e grande autoridade.
Com essa confiança em operação, você avançará para fazer todo o tipo de
proezas para Deus. Algumas vezes você se tornará tão ousado e confiante na
justiça que Deus lhe deu que aqueles que não o conhecem talvez não
entendam. Eles podem interpretar a sua justiça recém-descoberta de forma
errada e acusá-lo de ser egocêntrico ou arrogante. Eles não entenderão que
você é simplesmente um cristão que recentemente aprendeu que você é a
“justiça de Deus em Cristo” (ver 2 Coríntios 5:21).
Você aprendeu que Deus o revestiu com uma peça de armamento gloriosa,
bela, brilhante e resplandecente chamada “a couraça da justiça”. Você acaba
de descobrir que não tem mais de aceitar as ameaças mentirosas do diabo
porque você está armado para o combate!

A ATITUDE CORRETA PARA A BATALHA


Quando os soldados romanos saíam para lutar, o oficial de comando lhes
dizia: “Seria melhor vocês morrerem no campo de batalha do que voltarem
aqui e nos dizer que o inimigo venceu, portanto, não voltem ao acampamento
até que o inimigo tenha sido aniquilado. Certifiquem-se de voltarem para casa
como vencedores, ou de não voltarem para casa”.
Você pode ter certeza de que esse tipo de declaração afetava a atitude
daqueles soldados! Eles imediatamente começavam a se preparar
mentalmente para a luta. Passavam por semanas e meses de preparação.
Faziam tudo o que podiam para preparar suas mentes e suas atitudes.
Como você pode ver, a atitude mental tem tudo a ver com o seu
desempenho na luta. Se você estiver mental e emocionalmente derrotado
antes de entrar em um combate, não deve ir lutar. Por quê? Porque a sua
atitude negativa já determinou o resultado dessa batalha! Você será
derrotado. Mas desenvolvendo uma atitude de justiça em sua vida e
aprendendo a se ver através da obra da Cruz, você receberá uma transferência
de confiança e ousadia divina que o colocará sempre do lado vencedor!
Você precisa estar mentalmente preparado. Foi por isso que o apóstolo
Pedro disse: “Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai
inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus
Cristo” (1 Pedro 1:13, ARA).
Essa é a imagem de um corredor grego. Para correr mais depressa e
melhor, ele pega a sua túnica e a enfia debaixo do seu cinto. Ao fazer isso, ele
“cinge” a sua túnica, liberando suas pernas para que elas não fiquem presas
nela quando ele correr.
Do mesmo modo, Pedro nos ordena que recolhamos todas as pontas soltas
da nossa mente — que as levantemos e as enfiemos debaixo do nosso cinto
(falando de forma figurada), e depois corramos a nossa corrida livres de
embaraços. Em outras palavras, se quisermos correr com êxito a nossa
corrida espiritual e combater esse combate da fé, precisamos nos preparar
tanto emocional quanto intelectualmente.
Entretanto, a fim de fazer essa obra vital de preparação emocional e
mental, você precisa saber que é justificado em Cristo. Esse conhecimento
afetará positivamente a sua atitude enquanto prepara o seu coração e a sua
mente para a batalha. E quando tiver a sua couraça da justiça firmemente
colocada no lugar, você será capaz de combater qualquer inimigo e enfrentar
qualquer adversário!
É da máxima importância que você faça desse conhecimento uma parte
vital da sua composição mental, porque mesmo quando estiver plenamente
convencido da sua posição reta diante de Deus, o diabo ainda tentará lhe
dizer que você não é justo. É por isso que você precisa saber que Deus o
justificou em Cristo!

PASSAGENS BÍBLICAS SOBRE JUSTIÇA


Para estabelecer o fato da justificação que Deus lhe deu, veremos diversos
versículos sobre esse assunto.
Em 2 Coríntios 5:21, Paulo diz: “Deus tornou pecado por nós aquele que
não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus”.
Você é justo! Quando começar a meditar nessa verdade e ela realmente
começar a penetrar em sua mente e pensamento, sua atitude mudará. Você
desenvolverá uma consciência da sua justiça. Você não dirá mais que quer ser
justo; em vez disso, você entenderá que é justo. É essa percepção que lhe
dará um novo senso de segurança e confiança para correr a sua corrida e
derrotar o inimigo em cada volta.
Outro versículo importante sobre justiça encontra-se em Romanos 3:21-22.
Essa passagem diz: “Mas agora se manifestou uma justiça que provém de
Deus, independente da Lei, da qual testemunham a Lei e os Profetas, justiça
de Deus mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que creem...”.
De acordo com esses versículos, a justiça dada por Deus pertence por
direito “... para todos os que creem...”. Que afirmação mais forte pode ser
feita para provar que todos os crentes estão revestidos de justiça?
Em Romanos 5:17, Paulo diz: “Se, pela ofensa de um e por meio de um só,
reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom
da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo”
(ARA).
Esse versículo afirma que quando um crente finalmente toma posse da
verdade que diz que Deus em Sua graça transferiu justiça a ele, esse
conhecimento o transforma. Ele não se vê mais como um crente pequeno,
sem importância e derrotado. Ele é tão afetado que começa a passar com
segurança de uma vida de derrota a uma vida onde ele reina como um rei!
Talvez você pergunte: “Se todos os crentes foram justificados e devem
reinar em vida como reis, por que tantos crentes vivem vidas derrotadas?”.
Porque a mente deles não foi renovada pela Palavra de Deus para ter esse
pensamento correto! Eles pensam que são indignos e não têm valor,
comportando-se como se fossem indignos e não tivessem valor. Por pensarem
que são indignos, passam pela vida agindo como se fossem assim.
No entanto, quando você recebe a revelação de que é justo, você coloca os
ombros para trás e enfrenta confiantemente as situações da vida com a atitude
de “Olhem para mim! Eu tenho uma couraça de justiça em minha vida! Eu
sou a justiça de Deus em Cristo Jesus!”.
Não há dúvida acerca disto: quando esse conhecimento é plantado
profundamente no seu coração, ele TRANSFORMA você!

UMA NOVA FONTE DE CONFIANÇA


Como foi dito, quando você começa a andar com a sua couraça da justiça,
esse novo senso de justiça transmitirá uma confiança incrível à sua vida
espiritual.
Em 1 João 5:13-14, o apóstolo João diz: “Estas coisas vos escrevi, a fim de
saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do
Filho de Deus. E esta é a confiança...” (ARA).
A palavra “confiança” é extraída da palavra grega parresia e foi traduzida
em outros lugares como ousadia ou franqueza. Essa palavra retrata a imagem
de uma pessoa que é excessivamente aberta e ousada na maneira como
aborda as situações — tão aberta e ousada que quase parece arrogante.
João continua dizendo: “E esta é a confiança [grego: grande ousadia] que
temos para com Ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade,
Ele nos ouve. E, se sabemos que Ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos,
estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito” (1 João 5:14-
15, ARA).
Uma atitude de justiça afetará profundamente a sua vida de oração! Se
você não sabe que tem uma posição reta diante de Deus, não pode orar com
confiança. Se não está ciente de que recebeu a justiça como uma couraça,
você não será capaz de fazer nada com confiança.
Muitos cristãos fazem orações derrotadas porque não sabem que são justos.
Na verdade, você pode perceber quando alguém não está andando com a sua
“couraça da justiça” ouvindo a maneira como essa pessoa ora. As orações
dela são cheias de derrota.
No entanto, quando os crentes andam com a sua “couraça da justiça”, eles
oram com poder e autoridade. Eles sabem que, por causa dessa couraça,
podem ir diretamente à presença de Deus e orar com grande ousadia.

RELIGIÃO SEM PODER VERSUS RELIGIÃO PODEROSA


Em Atos 3, Pedro e João estavam indo ao Templo na hora da oração
quando, de repente, eles viram um homem aleijado havia muitos anos.

Certo dia Pedro e João estavam subindo ao templo na hora da oração,


às três horas da tarde. Estava sendo levado para a porta do templo
chamada Formosa um aleijado de nascença, que ali era colocado todos
os dias para pedir esmolas aos que entravam no templo.
— Atos 3:1-2
Observe que esse homem era colocado diariamente na porta do templo
chamada “Formosa”. “Formosa” não era o verdadeiro nome dessa porta; essa
era uma expressão para descrever como ela era. Aquela era uma área
absolutamente vistosa do templo, de modo que era chamada a porta formosa
pelo povo. Era decorada com toda espécie de colunas maravilhosas e ornadas
e com uma abundância de outros detalhes arquitetônicos.
No entanto, por mais bela que fosse essa porta do templo, aquele homem
nunca encontrara cura ali. Aquela porta estava situada diante de um lugar de
adoração com belos prédios formais — um lugar onde era necessária
tranquilidade absoluta por temor de ser “irreverente” ou “pouco religioso”.
Mas com toda a formalidade e temor ao Deus daquele lugar, as necessidades
desse homem nunca foram atendidas. Essa é uma imagem do que a religião
tem a oferecer: uma forma de piedade, mas nenhum poder.
A Bíblia continua nos dizendo o que o homem aleijado fez quando viu
Pedro e João. Ela diz: “O qual, vendo a Pedro e a João que iam entrando no
templo, pediu que lhe dessem uma esmola. E Pedro, com João, fitando os
olhos nele, disse: Olha para nós” (Atos 3:3-4, ACF).
A Bíblia diz que Pedro fitou os olhos nele. A palavra “nele” é extraída da
palavra grega eis, que significa dentro. Então, quando a Bíblia diz que Pedro
colocou os olhos nele, ela está na verdade nos dizendo que Pedro andou até
aquele pobre aleijado e olhou direto dentro dos seus olhos. Quando tinha a
atenção total do homem, Pedro declarou: “Olhe para mim!”
Por que Pedro disse isso? Porque ele sabia que tinha alguma coisa
transformadora para oferecer àquele homem aleijado.
Quando você perceber que recebeu uma couraça de justiça, andará pela
vida querendo dizer a todos para olharem para você. Como Pedro, você
saberá que você tem algo a oferecer às pessoas que elas precisam! Assim, o
conhecimento da sua justiça afeta a maneira como você lida com as pessoas.
O versículo seguinte diz: “E olhou para eles, esperando receber deles
alguma coisa. E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso
te dou...” (Atos 3:5-6, ACF).
Traduzir essa palavra como “o que” é uma tradução realmente muito
imperfeita. Ela deveria ter sido traduzida como “... mas aquele que tenho eu
te dou...”. Pedro não estava dando àquele homem um “o que”; ele estava
dando àquele homem um “alguém”: Jesus Cristo! Pedro e João então
liberaram o poder de Deus no corpo daquele homem coxo, e o homem foi
curado!
Pedro e João podiam se mover com tal confiança porque sabiam que eram
justos. A justiça afetará você da mesma maneira. Ela mudará a sua atitude a
respeito de si mesmo e acerca das pessoas e situações que o cercam. Quando
você tiver sido influenciado positivamente pelo entendimento da justiça, isso
lhe dará a certeza de que você precisa para se levantar e fazer a obra de Deus
com ousadia.
Portanto, antes que você corra para se envolver na guerra contra o inimigo,
tenha certeza de que você tem esse tipo de certeza. O inimigo tentará difamar
e acusar você. Ele tentará lhe dizer que você não presta para nada. Ele tentará
convencê-lo de que Deus não o usará e que ninguém o ouvirá.
Por isso é tão crucial que você saiba que Deus lhe deu uma couraça de
justiça. E quando você anda pela vida usando essa couraça, tudo muda para
melhor.

JUSTIÇA: UMA ARMA DE DEFESA


A justiça serve como uma arma de defesa. Com relação a esse aspecto da
justiça, Isaías diz: “É grande o meu prazer no SENHOR! Regozija-se a minha
alma em meu Deus! Pois ele me vestiu com as vestes da salvação e sobre
mim pôs o manto da justiça...” (Isaías 61:10).
Observe que esse manto cobre e protege você da cabeça aos pés. Usando
essa expressão, Isaías lhe diz que a justiça agirá como uma defesa para você.
Em Isaías 51:7-8, Isaías anuncia: “Ouvi-me, vós que conheceis a justiça,
vós, povo em cujo coração está a minha lei; não temais o opróbrio dos
homens, nem vos turbeis por causa das suas injúrias. Porque a traça os roerá
como a um vestido, e o bicho os comerá como à lã; mas a minha justiça
durará para sempre, e a minha salvação, para todas as gerações” (ARA).
Quando você está vestido de justiça, não precisa temer o que o homem ou
o diabo podem lhe fazer. Sua justiça o protegerá e o sustentará, enquanto seus
inimigos serão comidos como uma traça come uma roupa ou como um verme
come a lã. O dom de Deus da justiça em sua vida é permanente; ele durará de
geração em geração e para sempre!
Quando você anda em justiça, usa uma arma de defesa contra as
acusações difamadoras do inimigo e suas estratégias insidiosas.
Os justos nunca são permanentemente afetados pelas aflições. O Salmo
37:17 diz: “pois o braço forte dos ímpios será quebrado, mas o SENHOR
sustém os justos”.
Os justos sempre sobrevivem a qualquer ataque que se levante contra eles.
O inimigo pode vir para remover a influência dos justos, mas Provérbios
10:30 declara: “O justo jamais será abalado...”.
Qual é a importância de andar na sua justiça? É absolutamente crucial se
você não quiser ser “removido”! Você precisa estar com a sua couraça de
justiça firmemente colocada no lugar quando iniciar o seu confronto com o
adversário, ou ele fará tudo que estiver dentro do seu poder para remover a
sua vitória e eliminar a sua influência piedosa na vida das outras pessoas!

JUSTIÇA: UMA ARMA DE ATAQUE


A couraça que o soldado romano usava era bela de se olhar e protegia
efetivamente o soldado dos ataques. Mas a couraça fazia outra coisa que era
muito importante também.
Tenha em mente que a couraça do soldado romano era feita de um latão
dourado especialmente brilhante e resplandecente. Quando esse soldado
jogava os ombros para trás e o sol da tarde atingia aquele metal, lançava um
brilho que cegava os olhos de todos os que estavam olhando.
O brilho da couraça do soldado cegava os olhos dos seus oponentes tão
completamente que eles não podiam ver nem lutar. Quando a couraça era
usada dessa forma, ela servia como uma arma de ataque.
Do mesmo modo, quando você realmente começa a andar em justiça, tudo
que tem a fazer é entrar em uma situação obscura, e essa escuridão começará
a fugir de você. As forças malignas sempre fogem da justiça porque elas não
podem suportar a luz radiante que a justiça reflete em seus olhos!
A justiça equipará você não apenas de uma forma espiritual, mas o afetará
na esfera natural também. A justiça tornará você notável. Quando está vestido
de justiça, você na verdade está vestido do Senhor Jesus Cristo. Você é tão
brilhante e poderoso quanto o próprio Jesus quando está usando essa couraça!
Com sua couraça de justiça fixada firmemente no lugar, a glória de Deus
irradia de sua vida para todos os que o cercam.
Todo soldado romano possuía uma bela couraça de latão. Entretanto, para
essa couraça ser útil para o soldado, ele tinha de vesti-la. Como já foi dito,
quanto mais ele andasse com aquela couraça, mais bela ela se tornava na
medida em que as peças menores individuais de metal semelhante a escamas
começavam a lustrar umas às outras.
É exatamente isso que acontece quando você começa a andar na sua
justiça. À medida que faz isso, você experimenta o que o soldado romano
experimentava: sua couraça começa a ficar cada vez mais bela com o tempo.
Portanto, jogue os ombros para trás e seja ousado! Você é a justiça de Deus
em Cristo Jesus! Você está vestido com uma couraça de justiça. Continue
caminhando; continue marchando; continue avançando — e não permita que
o inimigo o convença a deixar de desfrutar os benefícios da sua posição de
justiça diante de Deus!
À medida que você andar com a sua “couraça de justiça”, uma consciência
de justiça começará a se desenvolver, dominando as suas falsas emoções de
indignidade e condenação. E a cada passo que der em justiça, você se
tornará cada vez mais glorioso aos olhos de Deus — e cada vez mais você
cegará os olhos do inimigo!
PERGUNTAS PARA CRESCIMENTO PESSOAL OU DEBATE EM
GRUPO

1.Por que um cristão a quem falta o entendimento sobre a sua justiça é


uma presa tão fácil para o inimigo?
2.De que maneira(s) a couraça da justiça funciona como uma arma de
ataque para destruir os ataques do inimigo contra você?
3.Você já entrou em uma situação desafiadora com a atitude mental de
alguém que já havia perdido a batalha? Compare o resultado dessa
situação específica com uma vez em que você fez a coisa certa e
combateu o inimigo com a confiança ousada de alguém que entende a
sua justiça!
4.Considere a sua atual vida de oração. Você ora com ousadia e
confiança, ou suas orações são fracas e hesitantes? Você vê a
necessidade de meditar mais no que significa ser justo aos olhos de
Deus?
5.Como uma maior compreensão da sua justiça em Cristo poderia afetar
a maneira como você lida com suas questões diárias e o modo como se
relaciona com as outras pessoas?
CAPÍTULO 12

No capítulo 6 de Efésios, Paulo continua esclarecendo sobre toda a armadura


de Deus. Ele diz: “Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz”
(Efésios 6:15).
As sandálias do soldado romano não eram comuns. Em primeiro lugar,
eram feitas de bronze ou latão — geralmente de latão — e eram
principalmente compostas de duas partes: 1) a caneleira, e 2) a sandália em si.
Essas sandálias eram excepcionalmente perigosas para qualquer inimigo.
A caneleira era uma peça de bronze ou latão semelhante a um tubo que
começava em cima do joelho e se estendia até depois da perna inferior,
finalmente descansando sobre a parte superior do pé. Era feita com uma folha
entortada de metal lindamente modelada que havia sido formada
especificamente para encaixar ao redor da panturrilha da perna do soldado
romano. Como foi dito, essa peça de metal semelhante a um tubo fazia com
que as sandálias do soldado romano parecessem botas feitas de latão.
A sandália em si era feita de duas peças de metal. Em cima e embaixo, o
pé ficava coberto com belas peças de latão. As laterais eram unidas por
inúmeras peças de couro durável. Em cima, essas sandálias eram equipadas
com espetos extremamente perigosos que tinham dois centímetros e meio ou
mais de comprimento. Se um soldado estivesse envolvido em um combate
ativo, os espetos podiam ter cerca de 7 centímetros de comprimento.
Acredite-me, essas sandálias eram assassinas!
Paulo tinha exatamente essas sandálias em mente quando disse: “Calçai os
pés com a preparação do evangelho da paz” (Efésios 6:15). Quando você
percebe como eram essas sandálias e o quanto esses espetos afiados podiam
ser perigosos, começa a entender por que é tão impressionante que Paulo
usasse essa ilustração para descrever “paz”!
De acordo com Paulo, a “paz” é uma arma tremenda, tanto de defesa
quanto de ataque. A paz não apenas protege você, como também lhe fornece
uma arma brutal para usar contra o inimigo quando ele atacar. Se você usar a
arma da paz corretamente, ela manterá os inimigos espirituais no lugar deles:
debaixo dos seus pés! Um bom chute, e as estratégias do inimigo contra você
serão esmagadas!
Observe que Paulo diz: “calçai os pés...”. A palavra “calçar” deriva da
palavra hupodeomai. É um composto das palavras hupo e deo. A palavra
hupo significa debaixo e deo significa atar. Unidas como uma só palavra
(hupodeomaz), essa palavra transmite a ideia de atar alguma coisa com muita
força debaixo do pé de alguém.
Portanto, essa não é a imagem de uma sandália folgada. É a imagem de
uma sandália que foi amarrada debaixo do pé com muita força.
Agora Paulo usa essa mesma palavra para nos dizer que precisamos atar
firmemente a paz em torno das nossas vidas. Se dermos à paz apenas uma
posição que se encaixa folgadamente em nossas vidas, os negócios desta vida
facilmente tirarão a nossa paz. Por conseguinte, precisamos colocar a paz
firmemente em seu lugar, “amarrando-a” ao redor da nossa mente e das
nossas emoções da mesma maneira que os soldados romanos certificavam-se
de “amarrar” suas sandálias bem apertadas aos seus pés.
Quando a paz tem essa posição firme em nossas vidas, então estamos
prontos para a ação! Assim, Paulo continua: “Calçai os pés com a
preparação...”. A palavra “preparação” vem da palavra etoimasin e transmite
a ideia de prontidão ou preparação.
Entretanto, a palavra etoimasin, quando usada com relação aos soldados
romanos, retratava homens de guerra que tinham suas sandálias amarradas
com muita força e, por conseguinte, tinham uma pisada forte. Com a certeza
de que suas sandálias iriam ficar firmes no lugar, eles estavam prontos para
marchar para o campo de batalha e confrontar o inimigo.
Portanto, a palavra “preparação” (etoimasin) transmite a ideia de solidez,
firmeza ou fundamento sólido. Ao escolher cuidadosamente essa palavra para
denotar a ação da paz em nossas vidas, Paulo nos diz claramente que quando
a paz é um elemento fundamental em nossas vidas, temos uma pisada firme.
A paz nos dá um fundamento tão seguro que podemos nos levantar com
uma fé confiante sem sermos abalados pelo que vemos ou ouvimos. Essa paz
agressiva também nos coloca na posição de olharmos diretamente na face do
adversário ou de um desafio sem medo ou intimidação.
Paulo continua: “Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz”. A
palavra “paz” é extraída da palavra grega eirene, uma palavra antiga que
transmite a ideia de uma paz que prevalece ou de uma paz vencedora.
Quando usada nas saudações, como Paulo a usa em suas epístolas, a palavra
significa bênçãos e prosperidade em todas as áreas da vida de alguém.
Ao usar essa palavra, Paulo declara que quando uma pessoa recebe a
verdade da mensagem do Evangelho em seu coração, essa verdade traz
bênçãos e prosperidade. Na verdade, a palavra “paz” (eirene) sugere que essa
força vencedora será tão forte e eficaz, que todo o caos experimentado por
aquele indivíduo será substituído por uma paz que prevalece em todas as
áreas de sua vida.
Se essa paz sobrenatural estiver sendo perturbada em sua vida e o caos
tentar recuperar o seu antigo lugar, você precisa reconhecer que está sendo
sitiado.
Entretanto, a presença do caos e a ausência de paz não significam
necessariamente que o inimigo atacou você. Pode ser um sinal de que você
violou algum princípio da Bíblia ou que você desobedeceu à vontade de Deus
para a sua vida. Portanto, antes que você corra para lutar contra o diabo e tirá-
lo das suas costas, olhe no espelho! O diabo nem sempre é a fonte dos seus
problemas. Seja honesto consigo mesmo e com Deus. Examine a sua vida
para ver se você causou essa falta de paz em sua vida.
Antes de colocar a culpa por um fracasso pessoal de sua vida em outra
pessoa, ou antes que você afirme que o diabo está atrás da sua paz, dedique
um instante para examinar a si mesmo. Veja se você deixou uma brecha
aberta em algum lugar ao longo do caminho que possa estar causando seu
atual dilema.
O plano perfeito de Deus é que essa paz vencedora e que prevalece domine
a sua vida. Quando esse tipo de paz está firmemente atado na sua mente e
emoções, há pouco que o diabo possa fazer para abalá-lo. Essa paz lhe dá
uma pisada firme. Independentemente do quanto o inimigo ou os assuntos
diários da vida possam tê-lo atingido, essa paz que prevalece e que é
vencedora o manterá firme em seu lugar

DOIS TIPOS DE PAZ


Existem dois diferentes tipos de paz que um cristão pode experimentar.
Primeiramente, há a paz com Deus. A paz com Deus é o que uma pessoa
sente quando ela vai ao Senhor para ser salva. Quando o arrependimento se
completa e a hostilidade do velho homem se vai, uma nova paz com Deus
passa a existir.
Como Paulo disse: “... estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na
cruz... vocês, eram inimigos por causa do mau procedimento de vocês. Mas
agora ele os reconciliou...” (Colossenses 1:20-22).
A paz com Deus é um estado espiritual que pertence a todos os cristãos. É
o estado que passa a existir quando a barreira entre Deus e o homem se
dissolve e a mente alienada entra em harmonia com Deus. Isso, é claro, é no
que se resume a verdadeira conversão.
Além da paz com Deus que é o direito de todos os cristãos, também há a
paz de Deus. É possível ter paz com Deus sem ter a experiência de conhecer a
paz de Deus, porque elas são duas coisas muito diferentes.
Muitas pessoas estão em paz com Deus em virtude de sua experiência de
conversão, mas não estão andando na paz de Deus. Em vez de serem
dominadas por essa paz vencedora e predominante que ultrapassa o
entendimento natural, essas pessoas andam em constante nervosismo e
ansiedade, e em todo tipo de outros sentimentos confusos.
Esse é o motivo pelo qual essa paz nos foi dada como uma arma. A paz de
Deus é uma paz protetora. Ela protege você do nervosismo, da ansiedade, da
preocupação e de tudo o mais que o diabo poderia tentar usar para impedi-lo
de desfrutar a vida abundante.

A PAZ DOMINANTE
Embora já tenhamos abordado isso uma vez, deixe-me repetir novamente
para dar ênfase. Paulo diz: “Que a paz de Cristo governe em vosso coração...”
(Colossenses 3:15). Nesse versículo, Paulo nos ordena que deixemos “que a
paz de Cristo governe em nossos corações...”. A palavra “governar” é uma
chave para entendermos a paz de Deus sobrenatural, vencedora e dominante.
A palavra “governar” é extraída da palavra grega brabeuo. Essa palavra era
usada para retratar o árbitro ou juiz que julgava os jogos atléticos no mundo
antigo. Por que Paulo usou essa palavra para ilustrar a paz de Deus
governando em nossos corações?
Escolhendo usar essa ilustração, Paulo nos diz que há um lugar no qual a
paz de Deus — em vez do nervosismo, da ansiedade e da preocupação —
pode começar a tomar todas as decisões e a dar as cartas em sua vida. Você
poderia traduzir esse versículo assim:

“Que a paz de Deus dê as cartas em sua vida...”.


“Que a paz de Deus seja o árbitro em sua vida e suas ações...”.
“Que a paz de Deus julgue as suas emoções e decisões...”.

O diabo obtém vantagem das áreas não renovadas da sua mente, tentando
transformá-las em montanhas-russas emocionais que constantemente fazem
você se sentir para cima um dia e para baixo no dia seguinte. Além do mais,
mesmo que não houvesse um diabo para atacá-lo, os assuntos instáveis da
vida por si só seriam o bastante para manter você continuamente jogado de
um lado para o outro em sua mente e emoções.
É por isso que precisamos aprender a deixar que a paz de Deus “governe”
em nossos corações — principalmente nesses dias difíceis em que vivemos!
Quando essa paz sobrenatural governa o seu coração — julgando a sua
vida e servindo como árbitro das suas emoções e das suas decisões — o diabo
não tem acesso à base de apoio em sua vida que ele deseja ter. Satanás não
pode jogar com as suas emoções ou a sua mente quando elas estão sendo
governadas pela paz!
Você está vendo por que Paulo incluiu a paz nessa seção da Bíblia sobre
armamento espiritual? Quando você está andando na paz de Deus, os ataques
do inimigo perdem o seu poder de lhe fazer mal. Esses ataques simplesmente
não são eficazes contra você quando você está andando na avassaladora,
vencedora e predominante paz de Deus!

PAZ: UMA ARMA DE DEFESA


Para entendermos melhor por que Paulo usou a ilustração das sandálias de
um soldado romano para retratar a “paz”, precisamos considerar
cuidadosamente como a sandália do soldado era feita e o que ela
perigosamente guarnecia com espetos para o soldado.
A caneleira começava no topo do joelho e se estendia até depois da parte
inferior da perna, até a parte superior do pé. Por que você acha que a parte
superior do calçado do soldado romano cobria toda a metade inferior de suas
pernas? E por que essa caneleira era feita de bronze ou latão sólido?
Essa peça específica da armadura era muito importante! Afinal, ela era a
caneleira que protegia as pernas do soldado de serem feridas, laceradas ou
quebradas em batalha.
Uma perna ferida, lacerada ou quebrada podia rapidamente significar
desastre para um soldado. Uma perna ferida significava que ele
provavelmente ficaria prejudicado em sua luta e capacidade de reagir
rapidamente a um ataque. Uma perna lacerada significava a possibilidade de
perder grandes quantidades de sangue e ficar fraco demais para lutar. Uma
perna quebrada significava que ele não poderia ficar em pé para se defender.
E, nessa posição humilhante, era muito mais fácil para o inimigo de um
soldado arrancar a sua cabeça!
Por causa desses perigos em potencial, o soldado romano tinha de estar
seguro de que suas pernas estavam protegidas. Uma perna danificada com
certeza significava que a luta seria mais intensa e potencialmente fatal.
Além disso, os oficiais que estavam no comando davam ordens que
exigiam que os soldados romanos executassem missões difíceis. Às vezes,
essas missões perigosas exigiam que os soldados passassem por lugares
pedregosos e escalassem barreiras difíceis.
Sem uma proteção na parte inferior de suas pernas, as pernas dos soldados
ficariam gravemente feridas e contundidas ao passarem por pedras ásperas e
pontiagudas. Entretanto, por terem caneleiras de latão presas firmemente ao
redor de suas pernas, esses soldados podiam andar pelos lugares mais
pedregosos e ásperos sem ter um arranhão ou uma contusão! As caneleiras
protegiam os soldados do perigo e lhes davam a segurança que eles
precisavam para prosseguir com a missão que lhes havia sido dada.
Do mesmo modo, Deus pode ter dado a você uma missão na vida que o
leva a passar por alguns lugares desafiadores. Se você não tiver a paz
protetora de Deus em operação em sua vida, é altamente provável que seja
mental e emocionalmente ferido e espancado por relacionamentos pedregosos
e situações ásperas.
No entanto, quando a paz de Deus está governando em seu coração, na sua
mente e nas suas emoções, você pode abrir caminho pela mais pedregosa das
situações e nunca ter um arranhão ou contusão. Portanto, é a paz de Deus que
permite que você cumpra com êxito qualquer missão que Ele lhe dê nesta
vida!
Os soldados romanos não apenas andavam por lugares pedregosos, como
também eram chamados para andar por lugares espinhosos. Se você já foi
obrigado a andar por um grande caminho de espinhos, sabe o quanto esses
espinhos podem ser perigosos! Se você ficar preso neles, eles podem rasgar
as suas pernas em pedaços!
Mas os soldados romanos raramente sofriam um arranhão. Suas pernas não
sangravam, nunca se arranhavam nem se feriam gravemente com esses
espinhos terríveis. Elas estavam completamente cobertas e cuidadosamente
protegidas pelas caneleiras de latão que as envolviam para protegê-los
contra ferimentos.
Do mesmo modo, se você conseguir passar pelos lugares pedregosos da
vida e se dirigir para a vitória, o inimigo poderá tentar abortar a sua vitória
forçando-o a passar por um caminho espinhoso. Seu caminho espinhoso pode
ser uma situação financeira difícil, um casamento ruim, um corpo doente ou
um desafio contra o seu ministério ou contra o seu emprego.
Mas quando a paz de Deus está operando em sua vida, você também
passará por essas situações desagradáveis assim como conseguiu passar com
êxito pelos lugares pedregosos. A paz vencedora e predominante de Deus
governará a tal ponto que você poderá passar por esses lugares espinhosos da
vida sem receber um ferimento venenoso em sua mente e emoções!
Havia outro motivo pelo qual os soldados romanos usavam aquelas
caneleiras de latão. Uma tática favorita do inimigo era chegar de improviso
junto ao seu oponente e chutá-lo com tanta força na canela que ele quebrava a
perna. Quando o soldado estava caído ao chão onde não podia se defender, o
inimigo desembainhava a espada e o decapitava.
As caneleiras de latão do soldado romano o protegiam desse tipo de
ataque. Seria muito difícil, se não inteiramente impossível, um oponente
chutar uma caneleira com tanta força a ponto de quebrar a perna do soldado.
Essas caneleiras de latão eram projetadas especificamente para proteger as
pernas dos soldados contra esses ataques. Enquanto os soldados romanos
andassem com as suas caneleiras firmemente colocadas no lugar, eles podiam
ter certeza de que nenhum inimigo jamais seria capaz de quebrar as pernas
deles e depois arrancar a cabeça deles de cima dos seus ombros.
Essas caneleiras de latão permitiam que o soldado andasse pelos lugares
mais pedregosos e nunca se ferisse. Elas permitiam que o soldado andasse
por caminhos terrivelmente espinhosos e nunca se arranhasse. E por causa
dessas caneleiras protetoras, o inimigo podia chutar repetidamente as canelas
dos soldados romanos, e suas pernas nunca seriam quebradas.

COMO A PAZ PROTEGE VOCÊ


Você consegue entender por que Paulo via a paz como uma arma de
defesa? Quando está andando na paz de Deus, essa paz protege você de
cortes, arranhões, contusões e ferimentos. É como uma caneleira protetora,
guardando a sua mente e as suas emoções de ferimentos e medos que
poderiam prejudicar sua vida de fé.
Com a paz de Deus em sua vida, você pode andar em meio às situações
mais pedregosas e mais difíceis imagináveis e nunca se ferir nem se
machucar gravemente.
Quando a paz de Deus está governando em sua vida, você pode passar por
essas situações espinhosas que o inimigo planeja para destruir você, sua
família, seu trabalho ou sua igreja. Durante esses momentos, você acordará e
perceberá: “Estou passando por tempos extremamente difíceis, e nunca tive
mais alegria que agora! Por que não tenho me incomodado com todos estes
problemas? Por que não tenho sido ferido por esta situação? Parece que
tenho completa paz!”.
Enquanto andar na paz de Deus, essa paz sobrenatural continuará a lhe dar
a proteção que você necessita. Você pode passar por situações terrivelmente
desagradáveis e nunca se ferir quando está andando na paz divina!
Você talvez tenha conhecido pessoas que, naturalmente falando, estavam
passando por momentos muito difíceis em suas vidas pessoais e, no entanto,
continuavam a demonstrar alegria em suas vidas e semblante. Você talvez
tenha se perguntado: Como elas estão conseguindo passar por esse momento
em suas vidas sem perder a cabeça? Como elas fazem isto?
Só existe uma resposta: a paz de Deus. Quando você anda na paz de Deus,
geralmente nem sequer percebe o quanto a situação que enfrenta é difícil!
Talvez você nem sequer esteja ciente de que o inimigo está tentando feri-lo
fatalmente (embora todos os demais ao seu redor estejam cientes disso!)
quando você está isolado pela paz sobrenatural de Deus.
Como é possível passar por todos esses perigos em potencial sem perceber
ou sem se ferir? Porque a paz de Deus, como a caneleira de um soldado
romano, está protegendo você tão completamente que você pode seguir em
frente na vida sem ser perturbado por esses acontecimentos.

PROTEÇÃO CONTRA OS ATAQUES DO DIABO


Você precisa saber disto: o diabo tentará chutar você na canela e fazer com
que você caia com a cara no chão na sua caminhada espiritual. Eu garanto
isso!
Procure crer em Deus para uma cura — e veja se o diabo fica sentado
observando sem fazer nada! Satanás não quer que você seja curado. Portanto,
para impedir que você receba a sua cura, ele tentará toda espécie de truques
para fazer com que você duvide e foque nos seus sintomas em vez de nas
promessas de Deus.
Acredite em Deus para ter prosperidade — e veja se o diabo fica sentado
observando passivamente enquanto as bênçãos de Deus começam a ser
derramadas liberalmente sobre a sua vida. Não! O diabo não quer que você
tenha o melhor de Deus! Quando você começa a crescer e a avançar para um
crescimento de bênçãos materiais, o inimigo virá contra você com toda a
fúria possível. Ele tentará espancar você e levá-lo à derrota. Poderíamos dizer
que ele tentará chutar você na canela, quebrar suas pernas e depois arrancar a
sua cabeça!
O que protegerá você contra esse tipo de “chute nas canelas”? O que
protegerá a sua mente e as suas emoções desse tipo de ataque? A paz de Deus
é a arma que o defenderá e o manterá seguro em meio a circunstâncias tão
difíceis.
Essa paz sobrenatural acaba com a eficácia do diabo. Se ele não conseguir
perturbar a sua paz, ele não poderá perturbar você! Ele pode tentar, mas essa
paz paralisará os seus esforços. Ele não tem poder para atacá-lo com êxito
nesses casos porque você está imerso na paz de Deus. Essa paz é uma das
peças mais importantes do armamento espiritual que você possui!
Talvez você esteja pensando: a minha vida está desmoronando! Neste
instante, posso sentir cada um dos chutes do diabo — e eles DOEM! E no
passado quando passei por essas situações pedregosas e espinhosas, fiquei
com todo tipo de arranhões, cortes e ferimentos que ainda me incomoda. Até
este momento, cada ferimento que recebi durante aqueles tempos difíceis
ainda causa sofrimento à minha mente e às minhas emoções.
Se é realmente isso que acontece em sua vida, então você precisa ser
revestido com a paz de Deus. Ela irá proteger você e levá-lo a atravessar os
momentos que são difíceis e duros de suportar.
Portanto, permaneça alerta para esta verdade: à medida que você cresce na
sua caminhada com Deus, confrontos espirituais irão desafiar o seu novo
crescimento. Portanto, você precisa andar na paz vencedora de Deus que
prevalece; do contrário, o inimigo o lançará em um estado de irracionalidade
mental e emocional que destruirá a sua eficácia para o Reino de Deus.

COMO MONTAR GUARDA AO REDOR DO SEU CORAÇÃO


Seguindo essa mesma linha de pensamento, Paulo disse: “E a paz de Deus,
que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa
mente...” (Filipenses 4:7).
A palavra “guardar” é extraída da palavra tereo, e significa manter,
guardar, proteger, ou guarnecer. É a imagem de um grupo de soldados
romanos que montam guarda sobre algo que precisa de proteção.
Ao usar essa palavra, Paulo nos diz que a paz de Deus guardará e protegerá
o seu coração e a sua mente! A paz cercará o seu coração e a sua mente,
assim como um grupo de soldados romanos cercava os dignitários
importantes e os lugares de importância especial para protegê-los de algum
possível mal.
Do mesmo modo que esses soldados impediam que perturbações externas
atacassem as pessoas importantes ou invadissem lugares especiais, também a
paz impede que o nervosismo, a ansiedade, a preocupação e todas as demais
seduções do diabo invadam a sua vida. Quando a paz de Deus está ativa em
sua vida, ela ultrapassa todo entendimento natural em sua capacidade de
proteger, guardar, manter e defender você dos ataques do inimigo.
Como Isaías 26:3 disse: “Tu, SENHOR, conservarás [isto é, ‘o guarnecerá
como um soldado, protegendo, guardando e defendendo-o’] em perfeita paz
aquele cujo propósito é firme...”.

ESTACAS PARA FICAR FIRME


Você já sentiu o diabo tentando desviá-lo da vontade de Deus para sua
vida?
Deus já falou com você e lhe disse para se firmar em determinada
promessa da Bíblia — apenas para ouvir o diabo lhe dizer que isso nunca
acontecerá e que você fracassará? Você já foi mentalmente atacado pelo
inimigo desse modo?
Talvez você esteja acreditando que Deus fará um milagre na sua vida, e o
diabo esteja tentando destruir a sua fé e impedir que você entre na terra da
sua promessa. Se isso descreve a sua situação, certifique-se duplamente de ter
colocado as suas sandálias da paz, porque quando você tem a paz debaixo dos
seus pés, uma manada de elefantes não consegue abalar você nem derrubá-
lo!
No topo das sandálias de um soldado romano havia espetos extremamente
perigosos que tinham de dois a sete centímetros de comprimento. Eles
serviam ao soldado de duas maneiras importantes.
Primeiramente, esses espetos ajudavam a manter os pés do soldado firmes
no lugar. Quando um soldado tinha espetos de sete centímetros embaixo de
seus pés e esses espetos estavam plantados firmemente na terra, esse soldado
se tornava alguém muito difícil de ser derrubado ou empurrado!
Deus nos dá paz sobrenatural para plantar firmemente os nossos pés no
chão. A paz de Deus permite que digamos: “Independentemente do que vejo
ou ouço, não vou me abalar! Não me importa o quanto as coisas fiquem
difíceis, a paz de Deus me mantém aqui, e não vou me mover até que a obra
de Deus nesta área da minha vida esteja terminada”.
Em outras palavras, a paz de Deus lhe dá um fundamento firme! O diabo
pode atacar sem parar, mas quando você tem a paz de Deus em sua vida,
nunca será abalado. Essa paz o manterá firme no lugar!
Uma pessoa que tem a paz de Deus ativamente atuando em sua vida é
como uma palmeira soprada furiosamente pelos ventos de um furacão. Os
ventos atrozes podem inclinar a árvore, mas quando a tempestade passa, a
palmeira volta novamente à posição anterior. Embora a tempestade tenha sido
grave, as raízes dessa árvore a mantiveram no lugar.
Em Efésios 6:14, o Espírito Santo disse por meio de Paulo: “Estai, pois,
firmes...”. Em 1 Coríntios 16:13, Paulo nos incentiva: “Sede vigilantes,
permanecei firmes na fé...”. Então, em 2 Coríntios 1:24, Paulo diz: “...
Porquanto, pela fé, já estais firmados”.
Você já tentou ficar firme na fé? Você já tentou ficar firme crendo em um
milagre? Já tentou ficar firme para ver uma situação financeira sofrer uma
reviravolta? Ou já tentou ficar firme na fé para ver um relacionamento ser
curado? Há muito mais na expressão “ficar firme” do que aparenta!
É interessante observar que a maioria dos versículos no Novo Testamento
que tem a ver com ficar firme também tem a ver com fé. Quando você fica
firme na fé, o inimigo tenta eliminar a sua fé, sabendo que eliminando a sua
fé ele o levará à derrota. O inimigo não quer que você mantenha a sua
posição de fé!
O que o manterá no lugar enquanto você procura ficar firme na fé? O que
permitirá que você mantenha a sua posição quando os ventos cruéis da
oposição vierem na sua direção? A paz sobrenatural de Deus. Assim como as
raízes seguram a árvore no lugar quando os fortes ventos vêm contra ela, a
paz de Deus, firmemente fixada à parte interior dos seus pés, o manterá
também na sua posição de fé.
Talvez você tenha um parente que esteja com uma doença terminal, e o
médico tenha dito que ele tem apenas pouco tempo de vida. Os amigos lhe
dizem para “aceitar” isso e trabalhar as emoções da perda de um ente querido.
O diabo sussurra em seu ouvido e lhe diz que o seu parente não vai se
recuperar.
Nesse momento específico — quando você está decidindo se vai
permanecer firme na fé ou não — toda oportunidade possível aparecerá para
tirar você desse lugar de confiança em Deus. Mas você precisa plantar os
seus pés firmemente no solo da Sua Palavra e declarar: “Não me importa o
que os diagnósticos médicos dizem ou o que o diabo tenta sussurrar em meu
ouvido, Deus vai se mover na vida do meu parente e não vou me mover até
que Ele faça isso! Vou manter essa posição de fé!”.
Somente a paz de Deus o manterá nesse lugar de confiança. Por quê?
Porque qualquer afirmação que você ouça tentará persuadi-lo a recuar da
promessa da Palavra de Deus!
Talvez você esteja enfrentando uma crise financeira. Talvez tenha
acreditado em Deus para ver um milagre transformar sua situação, e o diabo
esteja dizendo à sua mente:
“Você vai à falência. Você vai perder o seu testemunho na comunidade. A
cidade inteira vai falar de você. Deus não vai fazer esse milagre pelo qual
você tem orado e que está crendo que vai receber. Sei que você semeou
ofertas na igreja, mas deveria ter ficado com aquele dinheiro. Agora você
realmente precisa dele! Se você não tivesse dado aquele dinheiro, você não
estaria neste caos agora!”
Quando o diabo vier acusar a sua mente e as suas emoções desse modo, o
que o manterá no centro da vontade de Deus? O que o manterá nesse lugar de
fé? O que vai permitir que você continue firmado em fé na Palavra? A paz de
Deus!

COMO TER UMA FÉ INABALÁVEL


Quando a paz de Deus está em operação em sua vida, ela coloca espetos
debaixo dos seus pés que o manterão firme no lugar. A paz sobrenatural de
Deus torna você inabalável.
O motivo pelo qual tantos crentes não recebem de Deus é porque eles não
andam na paz de Deus. Na primeira vez que eles são atingidos por um desafio
ou na primeira vez que o diabo os atinge com um pensamento caluniador,
eles cedem às suas emoções e jogam a toalha.
As palavras e os atos cheios de dúvida desses crentes dizem ao diabo:
“Tudo bem, você pode ficar com o território que eu estava tentando tomar
pela fé. Pode ficar com ele. Tudo bem, diabo, o meu parente nunca vai ser
curado. Tudo bem, diabo, eu vou à falência. Vou desistir agora. Acho que
você tem razão; eu não deveria ter obedecido à Palavra de Deus e dado meus
dízimos e ofertas ao Senhor”.
Você precisa entender simplesmente este fato: o diabo sempre tentará
convencê-lo de que você está com problemas financeiros porque você deu
dinheiro ao Senhor. Satanás sempre lembrará você dos dez dólares que você
deu — como se aqueles dez dólares fossem suficientes para mudar a sua
situação financeira!
Haverá muitas oportunidades para você ouvir as acusações caluniosas do
inimigo durante o curso da sua vida cristã. Portanto, você precisa aprender a
plantar os seus pés firmemente na terra da Palavra de Deus e depois, pela fé,
permanecer bem onde você está — sem se mover e sem ser impedido pelas
ameaças e mentiras do diabo.
A paz é uma arma divina que o isolará desses ataques cruéis. A paz de
Deus guardará você quando Satanás tentar lançar a dúvida em sua mente. A
paz de Deus protegerá o seu coração e a sua mente, mesmo quando Satanás
estiver fazendo tudo que puder para fazer você perder a cabeça. A paz de
Deus é uma paz PROTETORA!

PAZ: UMA ARMA DE ATAQUE


Até este ponto, lidamos principalmente com a natureza defensiva da paz e
vimos que a paz é protetora. Agora veremos que a paz também é uma peça
do armamento destinada ao ataque.
Em Romanos 16:20, Paulo disse: “Em breve o Deus da paz esmagará
Satanás debaixo dos pés de vocês...”.
Observe primeiramente a palavra “esmagará”. Ela é extraída da palavra
grega suntribo, e era usada historicamente para descrever o ato de espremer e
esmagar completamente as uvas em uma vinha. Você já pisou por acidente
em uma uva e sentiu ela soltar aquele jato de líquido debaixo do seu
calcanhar ou dos seus dedos dos pés? Faz uma sujeira, não é mesmo? É
exatamente essa a ideia da palavra “esmagar”.
A palavra “esmagar” (suntribo) era usada para denotar o ato de partir,
quebrar e esmagar ossos. Na verdade, essa é a imagem de se quebrar ossos de
forma tão terrível que eles nunca mais podem ser curados ou consertados.
Esses são ossos que foram totalmente esmagados e espremidos a ponto de
ficarem irreconhecíveis.
Tendo isso em mente, Romanos 16:20 nos ensina que a única posição de
direito de Satanás é debaixo dos nossos pés, completamente subjugado. Na
verdade, o diabo foi tão subjugado que, figuradamente falando, ele foi
espremido como uvas esmagadas e os ossos dele foram quebrados e feitos em
pedaços!
É importante indicar que esse “esmagamento” e essa “trituração” de
Satanás são feitas em cooperação com Deus. Sozinho, você não é páreo para
esse arqui-inimigo. Lembre-se de que ele é um anjo caído. Mesmo em seu
estado caído, ele reteve muito da sua inteligência original. Ele é muito esperto
e ardiloso, também é extremamente forte.
Esse é o motivo pelo qual Paulo diz: “Em breve o Deus da paz esmagará
Satanás debaixo dos pés de vocês...”. Em outras palavras, essa é uma parceria
entre você e o próprio Deus. Por si mesmo, você jamais poderia manter
Satanás subjugado. Mas com Deus como seu Parceiro, o diabo não tem
chance de sair de debaixo do seu calcanhar!
Jesus destruiu completamente o poder de Satanás sobre você por meio da
Sua morte e ressurreição. Satanás foi completamente esmagado, espremido e
triturado pela ressurreição vitoriosa de Jesus de entre os mortos. Agora a
missão que Deus lhe deu é de reforçar a vitória já conquistada e demonstrar o
quanto Satanás já está miseravelmente derrotado!
O inimigo pode tentar comportar-se como seu senhor e exercer a sua
influência asquerosa em sua vida. Entretanto, a maioria dos ataques dele são
meramente ameaças vazias e ilusões que ele usa para alimentar o medo em
sua mente. Se Satanás conseguir fazer você acreditar nas suas fábulas
infernais, a sua fé definhará, a sua posição de força vacilará, e ele realmente
começará a adquirir uma posição sobre você que não lhe pertence. Mas o
único lugar que pertence ao diabo por direito é o pequeno espaço de chão
que fica bem debaixo dos seus pés!
A vitória já é sua! A sua cura, o seu milagre, a sua bênção financeira —
todas essas coisas já são suas! Jesus realizou uma obra total, completa e
perfeita na cruz do Calvário e na Sua ressurreição de entre os mortos!

É HORA DE ANDAR UM POUCO!


Deixe-me lembrar-lhe de uma coisa extremamente importante. Em Josué 1,
Deus entregou gratuitamente aos filhos de Israel a Terra Prometida.
Entretanto, para que eles possuíssem e desfrutassem esse privilégio, tinham
de entrar e colocar os pés no chão que Deus havia lhes dado gratuitamente.
Deus disse a Josué: “Como prometi a Moisés, todo lugar onde puserem os
pés eu darei a vocês” (Josué 1:3).
No entanto, a terra que Deus havia prometido ao Seu povo estava infestada
de gigantes e de oposição. Para possuir a promessa de Deus a eles, os
israelitas tiveram de andar e lutar. Eles tiveram de lutar pelo reino de Ai, pela
cidade de Jericó, e assim por diante. Esses inimigos que estavam na terra não
iriam desistir facilmente da sua propriedade e se render ao povo de Deus.
Mas com o tempo o reino de Ai foi destruído, as muralhas de Jericó
desmoronaram, e o povo de Deus prevaleceu porque Deus estava do lado
deles!
Talvez existam áreas de pecado em sua vida que parecem permanecer e
derrotar você. Pode haver hábitos que o têm detido por muito, muito tempo,
ou problemas pessoais que parecem impossíveis de vencer. Mas na cruz de
Jesus Cristo, cada um desses impedimentos foi resolvido. O poder deles sobre
a sua vida foi completamente quebrado.
Agora é hora de você andar um pouco! Assim como os israelitas do
passado, a liberdade é sua. Agora você precisa ir e possuir a terra!
Se o diabo for tolo o bastante para pensar que ele pode ficar no seu
caminho, lembre-se simplesmente de que Deus está bem ali com você! Essa é
uma parceria entre você e Deus! Portanto, marche avante e reivindique o que
é seu. E se o diabo se recusar a se mover, interprete isso como uma
oportunidade de “espremê-lo como uva” e de “esmagá-lo” a ponto de deixá-
lo irreconhecível. Essa é a sua chance de exibir a derrota de Satanás!
Com “o Deus de paz” ao seu lado, você é muito maior que o diabo!
Portanto, coloque os ombros para trás, mantenha a cabeça erguida e finque os
seus calcanhares o mais fundo que puder. Não dê ouvidos às acusações e
ameaças infernais de Satanás. Em vez disso, quando ele sussurrar as suas
mentiras em sua mente e emoções, finque seu calcanhar ainda mais fundo na
terra para lembrá-lo que ele não vai sair de debaixo dos seus pés!

O QUE SIGNIFICA “EM BREVE”?


Paulo continua dizendo: “E o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo
dos vossos pés a Satanás...”.
Observe que Paulo coloca nessa afirmação poderosa a expressão “em
breve”. Ela é extraída da palavra grega tachos e retrata a imagem de um
grande grupo de soldados romanos marchando por uma rua. A expressão
“em breve” retrata a maneira como eles marchavam.
Esses homens de guerra antigos eram ensinados a dar passos muito fortes,
curtos e pesados quando marchavam em formação. Portanto, quando um
grande grupo de soldados romanos vinha marchando pela cidade, o barulho
deles podia ser ouvido em todo lugar quando eles pisavam com força no
pavimento de mármore e de pedra das ruas.
O bater das sandálias dos soldados sobre aquele pavimento servia como
uma advertência à comunidade. Ora, aqueles eram soldados romanos. Eles
eram muito orgulhosos e foram ensinados a não parar para ninguém! Se uma
velhinha caísse no chão na frente deles, era problema dela, não deles! Ela
teria de saber fazer a coisa certa e não ficar na frente de soldados romanos.
Nesses casos, eles eram instruídos a continuar marchando, marchando,
marchando... O tempo todo pisando com força e batendo com os seus pés
pesados e com os seus espetos no pavimento. Imagine como teria ficado
aquela velhinha depois de um grupo inteiro de soldados marchando com
espetos na sola dos pés passar sobre ela!
E Paulo usa essa mesma ilustração para retratar a nossa posição vitoriosa
em Jesus Cristo. Usando a palavra “em breve”, que retrata a pisada forte e os
passos curtos e pesados dos soldados romanos, Paulo nos dá uma imagem
extremamente forte!
Se o diabo quiser ficar na sua frente e tentar se opor a você e à obra de
Deus em sua vida, não pare e peça a ele para sair! Apenas continue
marchando! Continue batendo os pés e pisando forte enquanto avança para
obedecer ao plano de Deus para a sua vida — e à medida que você avançar
em fé, cause tanto dano quanto possível ao inimigo!
Faça das palavras de Paulo em Romanos 16:20 a sua declaração de fé: “E o
Deus da paz, em breve, esmagará a Satanás debaixo dos meus pés!”. Não há
dúvida acerca disso! A paz de Deus é uma tremenda e poderosa arma de
guerra!
PERGUNTAS PARA CRESCIMENTO PESSOAL OU DEBATE EM
GRUPO

1.De que maneira a paz lhe dá um fundamento firme quando você


encontra situações difíceis e pedregosas na vida?
2.Qual é o primeiro passo a ser dado quando você reconhece que está
sendo sitiado e que o caos está tentando sobrepujar a paz em sua vida?
3.Explique como é possível estar em paz com Deus e ainda não andar na
paz de Deus.
4.Quando a sua mente e as suas emoções são governadas pela paz, como
a paz o ajuda a reagir a um ataque repentino de circunstâncias difíceis?
5.Pense em como você reagiu a situações difíceis no passado. O que
você pode fazer para se certificar de reagir com paz na próxima vez que
enfrentar um desafio repentino?
CAPÍTULO 13

Depois de mencionar a arma da paz, Paulo imediatamente prossegue para a


nossa peça da armadura espiritual seguinte: o “escudo da fé”. Ele diz:
“Embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os
dardos inflamados do Maligno” (Efésios 6:16, ARA).
Ao iniciarmos a discussão sobre o escudo da fé, é fundamental recordar
que o escudo e o cinturão estavam inseparavelmente ligados um ao outro.
Quando não estava em uso, o enorme escudo do soldado romano descansava
em um pequeno suporte anexado ao seu cinturão.
Como já vimos no capítulo 10, o cinturão representa a Palavra de Deus
escrita, a Bíblia. Preso a esse “cinturão da verdade” está o escudo, que
representa a fé. A conclusão é simples, mas extremamente importante: sua fé
está ligada à Palavra de Deus!
Se você deixar de dar à Palavra de Deus um lugar de prioridade máxima
em sua vida, é apenas uma questão de tempo até que sua fé comece a
enfraquecer e a se diluir — porque a presença ou a ausência de fé é
determinada pela presença ou a ausência da Palavra de Deus. A fé e a Palavra
de Deus são inseparáveis.
Foi por isso que Paulo disse: “E, assim, a fé vem pela pregação, e a
pregação, pela palavra de Cristo” (Romanos 10:17, ARA). A fé e a Palavra
de Deus estão tão singularmente ligadas que onde não há a Palavra, não
existe fé. Do mesmo modo, se a fé está ausente na vida de uma pessoa, você
descobrirá que a Palavra de Deus está ausente também.
Como dissemos, Paulo iniciou esse texto sobre a armadura espiritual
relacionando o cinturão da verdade em primeiro lugar. Paulo olhou para um
soldado romano usando um grande capacete na cabeça, uma couraça
brilhante e resplandecente, caneleiras de latão, uma lança especialmente
modelada, uma espada de dois gumes e um escudo grande e ovalado. No
entanto, depois de ver todas essas peças mais impressionantes da armadura,
Paulo iniciou a sua descrição apontando para o cinturão que envolvia a
cintura do homem!
Por que Paulo fez isso? Porque o Espírito Santo queria nos dizer algo
muito importante: a Palavra de Deus é central e primordial antes de tudo o
mais que temos em Deus.
Sua capacidade de andar no conhecimento de que você é justo em Cristo
depende inteiramente da centralidade da Palavra de Deus em sua vida. Deixe
a Palavra de lado, e é apenas uma questão de tempo antes que você comece a
perder esse maravilhoso senso de justiça.
Sua capacidade de andar em paz é decidida pelo fato de você estar ou não
dando à Palavra de Deus um lugar de proeminência em sua vida. Quando a
Palavra de Deus ocupa a posição principal, a paz de Deus então é liberada
para tomar as decisões e para proteger o seu coração e a sua mente. Mas se
você deixar a Palavra, é apenas uma questão de tempo antes que essa
sensação de paz interior seja substituída pelos cuidados ansiosos desta vida.
Do mesmo modo, sua capacidade de andar em uma fé forte também é
determinada pela presença ou ausência da Palavra de Deus em sua vida. Mais
uma vez, Paulo disse: “E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela
palavra de Cristo” (Romanos 10:17, ARA). A fé é o resultado da
transferência da Palavra de Deus para o coração humano. Assim, se a
Palavra de Deus não ocupar um lugar importante em sua agenda, será
impossível para você crescer na fé.
O desenvolvimento prático da sua salvação é afetado em grande medida
pela renovação da sua mente por meio da Palavra de Deus. Embora nascido
de novo e destinado ao céu, você não será capaz de desfrutar os benefícios da
sua salvação agora — nesta vida — exceto se permitir que o poder da Palavra
de Deus trabalhe continuamente para transformar a sua mente.
Além disso, não haverá espada do Espírito à sua disposição se o cinturão
da verdade não tiver lugar em sua vida. A espada do soldado romano
descansava em uma bainha que ficava pendurada no cinturão. Essa é outra
imagem da necessidade da Palavra de Deus em nossas vidas. A palavra
rhema que você necessita desesperadamente provavelmente virá diretamente
da Bíblia quando o Espírito Santo vivificar um versículo em seu coração.
Graças a Deus por esses momentos especiais quando o Espírito fala uma
palavra ao nosso coração! Que alegria elas trazem quando essas palavras da
parte do Senhor vêm ao nosso coração! Mas você não deve fundamentar a
sua vida cristã inteiramente nessas palavras rhema de Deus. Talvez nem
sempre você receba uma “palavra pessoal da parte do Senhor”, mas sempre
terá a Palavra de Deus que é confiável e sempre presente — o cinturão da
verdade — sobre a qual poderá edificar a sua vida e buscar direção.
Essa peça da armadura espiritual está sempre disponível e acessível. Você
pode até tocá-la! E se você tiver essa arma mais importante em mãos, com o
tempo você terá tudo o mais que precisa para viver uma vida cristã vitoriosa.

O ESCUDO DA FÉ
Agora vamos passar a falar do escudo da fé, a arma seguinte do nosso
arsenal espiritual. Mais uma vez, Efésios 6:16 diz: “Acima de tudo,
embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os
dardos inflamados do Maligno” (ARA).
Os soldados romanos possuíam dois tipos de escudo. Eles usavam um nos
desfiles e cerimônias públicos e o outro em batalha.
O primeiro escudo era denotado pela palavra grega aspis. O escudo aspis
era um escudo pequeno e redondo, principalmente uma peça decorativa de
equipamento para ser usado em cerimônias e desfiles públicos.
Esse escudo em particular era absolutamente deslumbrante! Ele era
decorado com toda espécie de entalhes, gravações e marcações intrincados na
frente. Além disso, a parte do meio e da frente desse pequeno escudo em
geral retratava a interpretação de um artista de uma campanha militar
vitoriosa. O escudo aspis era lindo, mas era pequeno demais para ser usado
em um confronto militar real.
O segundo tipo de escudo usado pelo soldado romano era aquele ao qual
Paulo faz referência em Efésios 6:16, ao falar do escudo da fé. Essa palavra
específica para “escudo” é extraída da palavra grega thureos, empregada
pelos gregos para se referir a uma porta larga em sua largura e comprida em
seu comprimento. Os romanos usavam essa palavra para os escudos que
levavam para as batalhas porque eles tinham a forma de uma porta. Em
outras palavras, eles eram amplos na largura e longos no comprimento, assim
como a porta de uma casa.
O grande escudo de batalha era exatamente o oposto do primeiro escudo,
que era muito pequeno para proteger um soldado das fundas e flechas do
adversário. O escudo aspis nunca cobriria um soldado no meio da luta.
Embora fosse muito bonito de se ver nas cerimônias e desfiles públicos, uma
peça de armadura tão pequena deixaria o soldado aberto aos golpes mortais.
No entanto, o segundo escudo cobria o homem completamente!
Portanto, é muito significativo que o Espírito Santo tenha selecionado esse
segundo escudo (thureos) como a ilustração da fé em vez do primeiro escudo
(aspis). Ele está nos dizendo que Deus nos concedeu fé suficiente para
garantir que estejamos completamente cobertos — assim como um escudo de
batalha cobria completamente um soldado romano!
Romanos 12:3 diz: “... de acordo com a medida da fé que Deus lhe
concedeu”. Quanta fé Deus lhe deu? Ele lhe deu fé suficiente para garantir
que você esteja coberto nesta vida!
Não se preocupe nem se angustie por Deus ter dado mais fé a outros do
que deu a você. Permaneça seguro no fato de que Ele transferiu fé suficiente
para você a fim de garantir que você esteja coberto da cabeça aos pés! Como
um escudo largo e comprido, a fé que Deus lhe deu é adequada para cobrir
toda necessidade que possa surgir em sua vida.
Na maioria dos casos, o escudo do soldado romano era composto de
múltiplas camadas — geralmente seis — de couro grosso de animal
entrelaçado bem apertado. Essas camadas de couro de animais eram
especialmente tingidas e depois entrelaçadas tão apertadas que ficavam quase
tão fortes como o aço!
Uma peça de couro é forte, mas imagine o quanto eram fortes e duráveis
essas seis camadas de couro! Por ser feito de todas essas camadas de couro de
animal, o escudo do soldado romano era extremamente forte e
excepcionalmente durável e resistente.
Semelhantemente, sua fé é extremamente forte e excepcionalmente durável
— muito mais do que você jamais imaginou! Não importa quão intenso e
persistente seja o ataque do inimigo à sua fé, ela pode resistir ao ataque. O
escudo que Deus lhe deu é uma fé forte, durável e resistente.

COMO CUIDAR DO SEU ESCUDO DA FÉ


Pelo fato de o escudo do soldado romano ser feito de couro, era importante
para o soldado cuidar bem dele.
Embora as seis camadas de couro de animal tornassem o escudo
extremamente forte e durável, aquele couro grosso e duro podia se tornar
rígido com o tempo e se partir, se não fosse cuidado adequadamente.
Portanto, era necessário que os soldados romanos soubessem cuidar de seus
escudos.
Um soldado tinha um horário diário destinado a manter seu escudo em
excelente estado. Todas as manhãs, quando acordava, ele pegava o escudo e
um pequeno frasco de óleo. Depois de embeber um pedaço de pano com esse
unguento denso, ele esfregava completamente o óleo no couro do escudo para
mantê-lo macio, flexível e suave. Para um soldado, ignorar essa aplicação
diária de óleo e permitir que seu escudo ficasse sem esse tipo de cuidado
necessário era o equivalente a convidar a morte certa a entrar.
Por ser feito de couro, esse escudo protetor poderia ficar rígido, duro e
quebradiço se não recebesse o cuidado necessário. Se não fosse cuidado
corretamente, com o tempo o couro endureceria até que, quando fosse
colocado sob pressão, racharia e se partiria em vários pedaços. É por isso que
o resultado final da falha de um soldado em cuidar de seu escudo era a morte
no campo de batalha.
Se o soldado romano quisesse viver uma vida longa, era imperativo que
ele pegasse aquele frasco e aplicasse o óleo em seu escudo todos os dias de
sua vida militar.
O escudo representa a nossa fé, portanto, essa analogia nos diz que a nossa
fé requer a unção fresca diária do Espírito Santo.
Sem um toque fresco do poder do Espírito Santo em sua vida, a sua fé se
tornará dura, rígida e quebradiça. Se você ignorar a sua fé e permitir que ela
fique subdesenvolvida, nunca buscando que uma nova unção do espírito de
Deus venha sobre a sua vida, sua fé não será macia, leve e flexível o bastante
para resistir aos ataques quando um desafio cruzar o seu caminho. A fé que é
ignorada quase sempre se parte e desmorona em pedaços durante um
confronto com o inimigo.
Muitos crentes cometem o erro incrivelmente trágico de pensar que podem
continuar seguindo em frente na caminhada cristã fazendo uso da lembrança
das experiências passadas com o Senhor. Graças a Deus por essas
experiências passadas, mas nenhum crente pode descansar nos louros do
passado!
Independentemente do quanto as suas experiências e vitórias passadas
sejam grandes, se você parar de desenvolver a sua fé ou deixar de mantê-la
ungida de forma renovada pela presença do Espírito Santo, o seu escudo da fé
está em uma posição arriscada. Portanto, nunca presuma que a sua fé esteja
em excelente estado. Em vez disso, presuma que a sua fé precisa sempre de
uma unção fresca. Usando essa abordagem, você sempre procurará fazer o
que é necessário para manter a sua fé viva, ativa e bem!
Havia outro motivo pelo qual o escudo do soldado romano era feito de
couro de animal. Antes de o soldado sair para o combate, ele colocava o seu
escudo em uma banheira de água; então ele o deixava ali mergulhado até que
seu escudo estivesse completamente encharcado.
Por que os soldados romanos encharcavam seus escudos com água? Por
que os inimigos deles usavam flechas que continham fogo! No instante em
que aquelas setas incendiárias perigosas atingiam o alvo, a superfície
molhada dos escudos as apagava com o impacto! Esses escudos encharcados
de água davam ao soldado a vantagem em batalha apagando o fogo inimigo.
Do mesmo modo, quando mantemos a nossa fé completamente encharcada
com “a lavagem da água pela palavra” (Efésios 5:26), os nossos escudos
“encharcados d’água” têm o poder de extinguir todos os dardos inflamados
do adversário (ver Efésios 6:16).
Então vemos que para os soldados romanos manterem seus escudos em
excelente estado, era preciso que eles passassem por aplicações diárias de
óleo e água.
Do mesmo modo, para mantermos o nosso escudo da fé em excelente
estado, precisamos dar a máxima atenção ao estado da nossa fé. Precisamos
nos certificar de que estamos permitindo a unção do Espírito Santo em nossas
vidas diariamente enquanto encharcamos a nossa fé com a água da Palavra. A
fé cheia da Palavra sempre extinguirá os ataques do diabo!

O QUE SIGNIFICA “ACIMA DE TUDO”?


Alguns pensaram erroneamente que a fé é mais importante que qualquer
peça do armamento espiritual. Não pode ser! O cinturão da verdade — a
Bíblia, a Palavra de Deus escrita — é a peça mais importante do armamento
que possuímos.
Como sabemos que a Palavra de Deus é mais importante que a fé? A fé
vem pela Palavra de Deus. Como, então, o escudo da fé poderia ser mais
importante que o cinturão da verdade, a Palavra de Deus? Não vamos colocar
a carroça na frente dos bois!
Não obstante, Paulo diz: “Acima de tudo, embraçando sempre o escudo da
fé...”. O que a expressão “acima de tudo” significa?
Essa expressão é extraída da expressão grega epi pasin. A palavra epi
significa acima. A palavra pasin significa tudo ou todos. Em vez de se referir
a ser mais importante que as outras peças da armadura, a expressão epi pasin
descreve a posição sobre as outras peças da armadura. Ela poderia ser mais
bem traduzida como na frente de tudo ou cobrindo tudo.
Isso lhe diz que a sua fé deve estar na frente, onde ela possa cobrir tudo. A
fé nunca se destinou a ser mantida ao seu lado ou a estar timidamente
mantida nas suas costas. A fé destina-se a estar na frente, onde ela pode
cobri-lo completamente em todas as situações da vida!
Tenha em mente que a expressão “acima de tudo” descreve posição, e não
importância. Portanto, essa expressão nos diz enfaticamente que o escudo da
fé destina-se a nos cobrir completamente e a nos proteger do mal —
principalmente quando estamos marchando e avançando para tomar um novo
território para o Reino de Deus. Ele é uma arma defensiva que está na frente
de todas as outras peças da armadura.
Quando o nosso escudo da fé está na posição adequada, na frente e como
cobertura, ele pode fazer o que Deus pretendeu que fizesse! É por isso que
Paulo continua dizendo: “Acima de tudo, embraçando sempre o escudo da fé,
com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno”.
Observe que Paulo diz: “... embraçando o escudo da fé...”. A palavra
“embraçar” vem da palavra analambano, que é um composto das palavras
gregas ana e lambano.
A palavra ana significa para cima, novamente ou de volta. E a palavra
lambano significa levantar ou segurar. Quando unidas em uma só palavra,
significa levantar com a mão ou pegar alguma coisa de volta.
Isso significa claramente que o nosso escudo da fé pode ser levantado ou
pode ser abaixado. A escolha é nossa. Além do mais, isso nos garante que se
abaixamos o nosso escudo da fé em algum momento ao longo do caminho —
se ficamos desanimados e deixamos de crer em Deus para operar em nossas
vidas — não é tarde demais para “levantarmos” o nosso escudo e andarmos
novamente em fé!
Nenhum soldado romano bem treinado iria para a batalha sem o seu
escudo. Essa peça de armamento não era opcional! O escudo era a garantia do
soldado de que ele estaria protegido contra os bombardeios mortais. Sem esse
escudo de proteção diante dele, não haveria nada entre ele e o seu oponente.
Portanto, o soldado entendia que estaria se dirigindo a uma destruição
imposta por si mesmo se fosse à batalha sem um escudo.
Infelizmente, muitos cristãos têm falta desse mesmo entendimento no que
se refere a enfrentar o inimigo sem o seu escudo da fé. Eles pensam
erroneamente que podem viver com o sucesso a sua vida cristã sem dar
atenção ao desenvolvimento da sua própria fé. Mas esse tipo de pensamento é
loucura total! Foi por isso que Paulo disse a Timóteo: “... combate... o bom
combate, mantendo fé e boa consciência, porquanto alguns, tendo rejeitado a
boa consciência, vieram a naufragar na fé” (1 Timóteo 1:18-19).
Quando um cristão “rejeita” a sua fé, isso sempre leva ao naufrágio
espiritual. Em outras palavras, ignorando e desconsiderando a importância da
sua fé, alguns de nossos irmãos e irmãs no Senhor optaram por uma rota
espiritual que os levará no fim à exposição total aos ataques do inimigo.
Nos últimos anos, alguns irmãos acusaram outros cristãos de enfatizar
excessivamente a importância da fé se comparada a outros aspectos da vida
cristã. Mas quando começamos a entender a natureza crucial da fé e suas
ramificações em nossas vidas, tanto física quanto espiritualmente, passamos a
entender que é impossível enfatizar excessivamente a necessidade de uma
vida de fé.

O PROPÓSITO DO ESCUDO DA FÉ
Paulo continua em Efésios 6:16: “Acima de tudo, embraçando sempre o
escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do
Maligno”.
A expressão “com o qual” seria mais bem traduzida como “pelo qual”. A
palavra “podereis” é extraída da palavra dunamis, que denota poder explosivo
ou poder dinâmico. É de onde tiramos a palavra “dinamite”.
Essa expressão seria então melhor traduzida deste modo: “... Pelo uso
deste escudo, vocês terão poder explosivo e dinâmico...”.
O que, então, essa parte do versículo está dizendo? Quando segura o seu
escudo da fé diante de você — e quando esse escudo da fé está ungido pelo
Espírito Santo e encharcado com a Palavra de Deus — a fé posiciona você
para avançar no poder explosivo e dinâmico de Deus!
O apóstolo Pedro declara que nós somos “... guardados pelo poder de
Deus, mediante a fé...” (1 Pedro 1:5). Há uma conexão invisível entre o poder
de Deus e a operação da fé em sua vida. Quando essas duas forças estão
trabalhando de mãos dadas, elas constroem uma muralha poderosa de defesa
impenetrável contra as táticas do inimigo.
Em outras palavras, quando a fé forte ativa o poder de Deus em sua vida,
essas duas forças se combinam para formar um escudo protetor poderoso
entre você e todo ataque demoníaco que possa se levantar contra a sua vida.
Em outras palavras, o poder e a fé trabalhando juntos em sua vida o
equiparão espiritualmente para manter uma posição blindada contra o inimigo
sem que nenhum golpe grave possa atingir você. A combinação desses dois
elementos fará com que você esteja fortificado, invulnerável e armado até os
dentes!
Quando o poder de Deus e a fé estão operantes em sua vida, você é como
um enorme tanque do exército, com a capacidade de avançar sem sofrer
nenhuma perda!
Isso não significa que o diabo não tentará paralisá-lo, porque ele o fará! É
por isso que Paulo diz: “... com o qual podereis apagar todos os dardos
inflamados do Maligno”.
OS DARDOS INFLAMADOS DO MALIGNO
Você talvez pergunte: “O que são os dardos inflamados do maligno?”.
A palavra grega usada para descrever esses “dardos” é uma palavra muito
específica e histórica usada na guerra. Tucídides, antigo escritor grego, usou
uma expressão idêntica para retratar setas especialmente terríveis equipadas
para transportar fogo.
Os militares no tempo do Novo Testamento usavam três tipos de flechas.
Primeiramente, havia as flechas comuns, semelhantes às flechas que uma
pessoa lançaria com um arco hoje em dia. Em segundo lugar, havia as flechas
que eram mergulhadas em piche, incendiadas e depois lançadas em chamas.
Em terceiro lugar, havia flechas contendo fluidos combustíveis que
explodiam em chamas com o impacto.
As flechas em Efésios 6:16 são chamadas “dardos inflamados”. Pelo uso
da palavra por parte de Paulo ser idêntico ao de Tucídides, sabemos
exatamente que tipo de flecha Paulo tem em mente.
Paulo está pensando nas flechas que transportam fogo! Ele está se
referindo especificamente ao terceiro tipo de flecha: aquelas que eram feitas
de longos e finos pedaços de cana e cheios de fluidos combustíveis que
explodiam com o impacto.
Essas flechas em particular eram um dos maiores terrores daquele tempo.
Para o olho natural, elas pareciam minimamente perigosas. Mas o olho
natural não podia ver que essas flechas tinham sido enchidas de fluidos
combustíveis. Apenas após o impacto — quando um grande incêndio tinha
início — era possível saber ao certo que aquelas flechas eram equipadas com
o potencial de chamas explosivas e desastre.
Essas flechas cheias de fluido não eram usadas em situações de combate
normal. As flechas comuns eram suficientes para esse tipo de confronto. As
setas que transportavam fogo eram reservadas para causar danos a um lugar
fortificado ou a um acampamento.
Se o exército romano tivesse fortificado a sua posição de forma que o
inimigo não pudesse invadi-la facilmente para destruí-la, as forças oponentes
então reverteriam a situação, usando essas setas mortais incendiárias. Os
soldados do inimigo seguravam essas longas peças de cana finas em posição
reta e derramavam fluido explosivo dentro delas. Após enchê-las ao máximo
com o líquido mortal, eles fechavam e disfarçavam as flechas para que elas
parecessem flechas normais, minimamente perigosas.
Já que o inimigo não podia invadir fisicamente o acampamento e destruir
pessoalmente o exército entrincheirado, eles atiravam essas flechas
incendiárias sobre as muralhas da posição fortificada do exército. As setas
eram disfarçadas para parecerem inofensivas; como resultado, os que estavam
dentro do acampamento em geral cometiam o erro fatal de ignorá-las — pelo
menos até que a primeira atingisse o alvo.
As tropas ficavam chocadas e eram pegas de surpresa quando essas flechas
atingiam as muralhas da fortaleza e irrompiam em chamas intensas.
(Poderíamos dizer que essas flechas eram as bombas do mundo antigo.)
Então, depois do incêndio inicial, o inimigo continuava a atirar mais dessas
flechas, uma após a outra, dentro do acampamento, cada uma equipada com
as mesmas capacidades mortais.
É exatamente esse quadro que Paulo tem em mente quando diz: “Acima de
tudo, embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos
os dardos inflamados do Maligno”.

UM FOGO QUE INFLAMA AS PAIXÕES MAIS VIS


Esse é o tipo de seta que o inimigo quer enviar na sua direção. Quando
Satanás não tem fácil acesso à sua vida, ele tentará outra forma mais velada
de vir contra você — atirando uma seta incendiária nas suas emoções. Ele
lança dardos inflamados bem no meio dos lugares fracos da sua mente e
coração porque quer garantir que seus dardos tenham o maior potencial de
atiçar as piores e mais vis emoções em você!
Quando uma seta incendiária do inimigo atinge o alvo — suas emoções —
ela pode lançar essas emoções em um estado de fúria, ira, ansiedade,
incredulidade, preocupação e assim por diante. Essas setas incendiárias
destinam-se a fazer algo destrutivo e horrendo em sua mente e emoções. Elas
se destinam não apenas a atingir você, mas também a inflamá-lo como um
incêndio que arderá irreversivelmente e descontroladamente.
Muitos cristãos são atingidos pelas setas incendiárias do inimigo todos os
dias porque não estão andando com o escudo da fé seguro diante deles, onde
é o seu lugar. Não apenas isso, mas eles negligenciam o seu escudo da fé,
deixando de mantê-lo ungido pelo Espírito e encharcado com a água da
Palavra. Se tão somente eles fizessem o que deveriam para manter e
fortalecer a sua fé, esse escudo invisível impediria que essas setas infernais
conseguissem atravessar o escudo e feri-los!
QUEM É RESPONSÁVEL PELO FRACASSO?
O diabo e suas hostes nunca são o seu verdadeiro problema. O Senhor
Jesus Cristo os despojou completamente em Sua morte e ressurreição (ver
Colossenses 2:15)! Se você continuar a ser controlado por problemas
habituais e a lutar contra as mesmas inconveniências e distúrbios emocionais,
seu principal problema pode ser que você ainda não tenha tomado a decisão
de submeter sua carne e sua mente à obra santificadora do Espírito Santo.
Se o seu escudo da fé estivesse adequadamente ungido pelo Espírito Santo e
encharcado com a Palavra de Deus, essas flechas seriam apagadas com o
impacto!
Se as setas incendiárias do diabo têm sido eficazes em lançar você em um
estado de fúria, ira, ansiedade, incredulidade ou preocupação, é evidente que
há uma rachadura em seu escudo da fé. Independentemente de como a
rachadura aconteceu, é sua responsabilidade fazer alguma coisa a respeito.
Muitas vezes, as pessoas têm escudos rachados devido a atitudes e
pensamentos errados em suas mentes. Essas rachaduras fornecem uma porta
aberta por meio da qual as setas do diabo podem passar.
Se você vive na presença de Deus diariamente, a unção do Espírito Santo
vem sobre a sua fé. Mas se você não vive, a ausência do “óleo” do Espírito
Santo faz com que a sua fé fique endurecida, rígida e quebradiça. Às vezes, o
motivo pelo qual as setas incendiárias atravessam o seu escudo da fé é porque
você não faz o que é necessário para manter a sua fé flexível, dobrável e
durável. No entanto, se você der à Palavra de Deus um lugar de prioridade na
sua agenda diária, seu escudo da fé ficará tão saturado com a água da Palavra
que ele apagará esses dardos inflamados!
Como afirmei, a natureza humana ama colocar a culpa do fracasso em
outra pessoa. Mas a verdade é que Deus nos proporcionou tudo o que
precisamos para resistirmos às ciladas do diabo. Se temos sido feridos pelos
dardos inflamados, precisamos assumir a responsabilidade por repararmos as
rachaduras em nosso escudo da fé e parar de colocar a culpa em outra pessoa.
É muito importante que você viva uma vida crucificada na presença de
Deus e dê à Palavra de Deus um lugar de primazia em sua agenda diária.
Mantendo o seu escudo da fé ungido com o óleo do Espírito e encharcado
com a água da Palavra, você garantirá que todos os dardos inflamados
lançados pelo inimigo contra você fracassarão miseravelmente.
Lidando com as áreas invisíveis da sua vida e da sua mente (que podem ser
conhecidas apenas por você, por Deus e pelo diabo), você estará garantindo
que não haja portas abertas através das quais as setas do inimigo possam
atravessar as suas emoções e lançá-lo em um ataque de carnalidade furiosa!
Deus proveu uma maneira para evitarmos ser atingidos por esses dardos
inflamados. Ele proveu uma maneira de escaparmos de seu impacto
destrutivo.
Paulo disse: “Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos
homens. E Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam tentados além do
que podem suportar. Mas, quando forem tentados, ele mesmo lhes
providenciará um escape, para que o possam suportar” (1 Coríntios 10:13).
O escudo da fé é o seu “escape” dos dardos inflamados do adversário.
Quando a sua fé está na frente cobrindo tudo, ela apaga toda tentação e seta
incendiaria que o inimigo tenta enviar ao seu encontro.
Quando você carrega o seu escudo da fé bem cuidado, essas setas mortais
perdem o poder e caem ao chão. Assim, você escapa, e as estratégias do
inimigo contra você são frustradas!

FÉ QUE APAGA, EXTINGUE E RICOCHETEIA


O objetivo do inimigo é lançar uma seta de incredulidade contra a sua
mente, que finalmente venha a destruí-lo. Talvez essa seta seja um
pensamento que diz: “Você vai morrer de câncer!” ou “O seu casamento vai
fracassar!”. Talvez a seta que tenha se alojado em sua mente diga: “Você vai
naufragar financeiramente!”. Se uma das setas do diabo se alojar em sua
mente e você começar a acreditar nessa mentira, sua convicção nessa
falsidade provavelmente dará a ela poder para se tornar realidade em sua
vida!
Por exemplo, se uma seta de incredulidade se alojar em sua mente e lhe
disser que você vai ficar sem dinheiro, você pode realmente ficar sem
dinheiro se não se livrar dessa mentira.
Se uma seta de incredulidade se alojar em sua mente e convencê-lo de que
não há esperança para o seu casamento, ele pode realmente começar a se
deteriorar à medida que a sua fé negativa der poder a essa acusação
demoníaca para se tornar realidade.
O escudo da fé permite que apaguemos e extingamos todos os dardos
inflamados do inimigo. É por isso que a Palavra de Deus nos ordena que
expulsemos “... sofismas, e toda altivez que se levante contra o conhecimento
de Deus” (2 Coríntios 10:5).
Quanto dano os dardos inflamados de Satanás podem lhe causar se você os
expulsar imediatamente pela fé? Essas setas não podem feri-lo se estiverem
caídas no chão ao redor dos seus pés. É isso que o escudo da fé faz por você.
Ele extingue o fogo das acusações infernais do diabo e as derruba por terra,
onde os seus poderes enganosos deixam de influenciar você.
À medida que você andar por fé, haverá tempos em que verá uma seta do
diabo vindo na sua direção. Mas quando você mantém o seu escudo da fé
erguido na frente e cobrindo tudo, essa seta baterá nele e cairá!
Pelo fato de que o soldado romano ungia o seu escudo regularmente com
óleo, ele também ficava escorregadio. Assim, quando ele andava com o seu
escudo erguido, as setas incendiárias que batiam contra o seu escudo
geralmente escorregavam. Outras vezes a seta que atingia o escudo do
soldado ricocheteava, voltando para o rosto do inimigo e explodindo em seu
próprio rosto!
Do mesmo modo, quando você está andando na fé ungida pelo poder do
Espírito Santo, sua fé o defenderá. A fé apagará, frustrará e extinguirá
qualquer coisa que o diabo lance na sua direção para ferir e destruir!
Talvez você pergunte: “O quanto eu poderia ser prejudicado se os dardos
inflamados do maligno tivessem êxito em me atingir?”. Efésios 6:16 nos dá
uma pista quando diz: “... com o qual podereis apagar todos os dardos
inflamados do Maligno”.
A palavra “maligno” é extraída da palavra poneros. Essa palavra significa
tristeza, dor, mal, maligno, malicioso, ruim ou cruel.
Isso nos diz explicitamente que essas são setas cruéis, malignas. Essas são
setas que potencialmente carregam uma tristeza e dor inimaginável em si —
setas que estão envolvidas ativamente em espalhar a chama e o fogo da
maldade, do mal e do sofrimento.
Espero que você possa ver por que é tão importante que a sua fé esteja na
frente, onde é o seu lugar! Se você ignorar a sua fé e permitir que ela fique
subdesenvolvida, logo descobrirá por si mesmo que as setas do diabo têm a
capacidade de produzir grande tristeza e dor. Quando elas atingem, são
maliciosas.
Além do mais, as mentiras que o diabo lança em sua mente não se
destinam a meramente ferir você; elas se destinam a atingir e depois explodir
em sua vida com toda a sua força destruidora.
O objetivo do diabo é capturar a sua mente, paralisá-la pelo medo e depois
inundá-la com alegações que não são verdadeiras. Se Satanás conseguir
cativar os seus processos de pensamento e raciocínio e depois convencê-lo de
que você acredita que as suas alegações mentirosas são verdadeiras, seus
dardos inflamados poderão então liberar a sua destruição condenável em sua
vida e em sua mente.
Por exemplo, há alguns anos estávamos ministrando em uma igreja onde
uma mulher conhecida morrera de câncer. A morte dela realmente abalou a fé
daquela congregação em particular. Como resultado, toda a congregação
concluiu: “A cura não é para nós hoje!”.
O inimigo atirou uma flecha de câncer e sofrimento no corpo daquela
mulher. A partir dela, o fogo mortal começou a se espalhar por todo o corpo
da igreja. Pelo fato de que o escudo da fé da congregação não estava na
frente, onde era o seu lugar, protegendo e cobrindo-os, as pessoas daquela
igreja foram feridas mortalmente. Quando aquela seta atingiu, ela liberou os
seus poderes destrutivos. Ela não veio apenas para matar uma mulher; ela
veio para matar uma igreja inteira!

FÉ COLETIVA NA IGREJA LOCAL


Embora um soldado romano pudesse carregar um escudo para lutar contra
soldados inimigos individuais sozinho, ele e o seu escudo não eram grandes o
bastante para enfrentar um exército inteiro. Ele poderia se defender por algum
tempo e talvez até fazer um pequeno progresso, mas o que é um homem
contra um exército inteiro?
Portanto, quando os soldados romanos eram ameaçados por um enorme
exército inimigo, eles andavam muito próximos uns dos outros em uma longa
fila, lado a lado.
Nas laterais de seus enormes escudos havia pequenas dobradiças. Um de
cada vez, cada soldado começava a fixar o seu escudo ao escudo do próximo
soldado, que então fixava o seu ao escudo do soldado seguinte, e assim por
diante, por toda a longa fileira de soldados.
Depois que todos os escudos dos soldados estavam seguramente fixados
um ao outro, eles começavam a marchar em uníssono em direção às forças
oponentes. Para o inimigo, o exército romano parecia uma enorme muralha
de armadura movendo-se pelo campo de batalha para encontrar-se com eles!
Assim, com um escudo preso ao outro, esses soldados tinham uma enorme
muralha de proteção diante deles. Quando os soldados marchavam juntos
com seus escudos ligados, eles estavam posicionados para marchar até as
linhas inimigas e combatê-las sem perder nenhum dos seus.
Semelhantemente, quando nós como cristãos aprendemos a andar uns com
os outros em uníssono, nós nos posicionamos para fazer avanços e invasões
no território inimigo que nunca fizemos antes!
Graças a Deus, a nossa fé trabalhará para nós pessoalmente. Mas também
precisamos agradecer a Deus porque quando unimos a nossa fé à de outros,
nós nos posicionamos para ter conquistas significativas para o Corpo de
Cristo coletivo!
Os cristãos foram chamados para marchar juntos lado a lado, segurando
seus escudos da fé firmemente ligados diante deles, assim como os soldados
romanos faziam quando estavam a caminho para encontrar o exército
inimigo. Quando existe esse tipo de unidade entre cristãos que andam em fé,
não importa quantas forças demoníacas estão pretendendo se opor a eles.
Esses crentes unificados serão capazes de avançar firme e agressivamente,
pressionando fortemente o inimigo e frustrando todas as suas estratégias
com o poder da fé coletiva unificada!

HÁ RACHADURAS EM SEU ESCUDO?


Se você negligenciar o seu escudo da fé — nunca recebendo uma nova
unção da presença do Espírito sobre ele e nunca mergulhando a sua fé na
Palavra de Deus — é melhor não tentar assumir nenhum grande desafio. O
seu escudo não estará no melhor estado!
A fé que é ignorada torna-se endurecida, rígida e quebradiça. Se você sair
para desafiar o adversário com uma fé endurecida, rígida e quebradiça, ela
rachará no meio do conflito. Se você brandir um escudo rachado diante do
inimigo, acabará tendo muitos problemas!
Se, porém, a sua fé estiver intacta — se a presença do Espírito de Deus
estiver ativa sobre a sua fé e ela estiver encharcada da Palavra de Deus —
então você pode brandir a sua fé como um escudo diante do inimigo, e todos
os dardos que ele tentar usar contra você cairão por terra.
SE SUA FÉ PRECISA DE UMA UNÇÃO
Sua fé precisa de uma unção fresca? Nesse caso, você precisa se apresentar
perante Aquele que Unge e permitir que Ele lhe dê uma unção fresca do
Espírito Santo.
Era exatamente a isso que Davi estava se referindo quando disse: “...
derramas sobre mim o óleo fresco” (Salmos 92:10, ARA).
A palavra “ungir” vem da palavra grega chrio. Era originalmente um termo
médico. Quando um paciente com músculos doloridos ia ao médico, este
derramava óleo em suas mãos e depois começava a esfregar esse óleo nos
músculos doloridos do paciente.
Tecnicamente, então, a palavra “ungir” tem a ver com esfregar ou espalhar
óleo em alguém. Chamo a unção de uma situação que envolve a participação
das mãos!
Assim, quando falamos de uma pessoa que é ungida, estamos dizendo que
a mão de Deus está sobre aquela pessoa e que Deus está esfregando a forte
presença do Espírito Santo na vida ou no ministério daquele homem ou
mulher. Se o sermão de uma pessoa é ungido, ele é ungido porque a mão de
Deus está sobre ele. Se uma pessoa canta uma canção ungida, a canção é
ungida porque a mão de Deus está sobre ela.
A unção é o resultado da mão de Deus transferindo pessoalmente a forte
presença do Espírito Santo para alguma coisa. Portanto, se você precisa de
uma unção fresca do Espírito Santo sobre a sua fé, precisa apresentar-se
perante Aquele que Unge! Somente Ele pode lhe dar o que você necessita.
Abra o seu coração ao Espírito de Deus, e permita que Ele imponha Sua mão
sobre a sua vida e a sua fé de uma maneira nova e fresca. Ao fazer isso, uma
forte unção virá sobre você — isso é garantido!

CONCLUSÃO
Quando você anda com o seu escudo da fé erguido diante de você cobrindo
tudo, você está na posição para atacar as mentiras e alegações do inimigo sem
medo de se ferir.
Talvez você tenha tentado agir com fé no passado e se decepcionou com os
resultados. Talvez tenha crido em Deus para receber a sua cura, mas, em vez
disso, começou a se sentir pior, e isso o desanimou e o fez pensar que a sua fé
não gera resultados. Por causa de experiências como essas, você talvez tenha
medo de se levantar para crer em Deus outra vez.
Mas talvez você tenha sentido o golpe das setas malignas do inimigo no
passado porque sua fé não estava na frente, que é o seu lugar. Essas setas
malignas podem ter trazido tristeza, dor, sofrimento ou agonia mental. Elas
podem ter atacado a esfera da sua alma, atingindo a sua mente e as suas
emoções.
Lembre-se de que o diabo sabe que a mente é o centro de controle
estratégico da sua vida. Se ele conseguir capturá-la, poderá então começar a
guerrear contra as outras partes do seu ser.
Para impedir que a sua mente seja atingida no futuro por esses dardos
inflamados cruéis que vêm enganar e destruir, é imperativo que você pegue o
seu escudo da fé mais uma vez. Mas você não pode parar por aí. Precisa
manter a sua fé forte mergulhando diariamente na presença do Espírito Santo
e na água da Palavra. Então deve erguer o seu escudo diante de você
continuamente, a fim de que ele cubra e proteja todas as áreas da sua vida.
Ao fazer essas coisas e começar a andar em uma fé forte, você pode ter
certeza disto: Você não será afetado mental, emocional ou fisicamente pelos
dardos inflamados do inimigo!
PERGUNTAS PARA CRESCIMENTO PESSOAL OU DEBATE EM
GRUPO

1.Quais são as duas coisas que você precisa aplicar diariamente em seu
escudo da fé a fim de manter a sua fé forte e pronta para qualquer
desafio?
2.Por que alguns cristãos deixam de lado o seu escudo da fé, e o que
acontece com a caminhada espiritual deles quando fazem isso?
3.Que exemplo você pode dar de um dardo inflamado que Satanás
lançou no seu caminho no passado? Você permitiu que esse dardo
inflamasse suas emoções, ou o seu escudo da fé estava cobrindo-o da
cabeça aos pés, protegendo você do ataque do diabo?
4.O que você precisa fazer se encontrar uma rachadura em seu escudo da
fé, quer ela tenha sido causada por sua própria atitude errada ou pelos
atos errados de outra pessoa?
5.Você deixou de lado o seu escudo da fé porque estava decepcionado
com a falta de resultados das orações passadas? O que precisa fazer para
voltar à luta e se preparar para futuros desafios à sua fé?
CAPÍTULO 14

Antes de dar início à abordagem de cada peça da nossa armadura espiritual,


quero dedicar um instante para considerar o equilíbrio perfeito que existe na
armadura de Deus. O Senhor nos deu três armas de ataque, três armas de
defesa e uma arma neutra.
A couraça, o escudo e o capacete são armas de defesa. São elas que
protegem você e lhe dão confiança e segurança para avançar em seu
crescimento espiritual.
As três armas de ataque são as sandálias, a espada e a lança. São armas que
capacitam você a reforçar e a demonstrar a derrota já assegurada de Satanás.
A arma neutra é o cinturão, que representa a Palavra de Deus. Ele é a peça
central do armamento que mantém todas essas outras peças unidas. Sem essa
peça central da armadura espiritual, a Palavra escrita, as outras peças da
armadura não podem funcionar adequadamente em sua vida.
Deixe-me lembrar-lhe de que todas essas peças do armamento vêm de
Deus. Andar nelas e vê-las operando em sua vida pessoal exige que você viva
na presença dele.
Assim como você extrai o seu poder e a sua natureza de Deus, também
precisa extrair o seu armamento espiritual dele. Ele é a fonte de origem de
tudo que você tem, incluindo a sua armadura espiritual.

O CAPACETE DA SALVAÇÃO
Em Efésios 6:17, Paulo continuou com a sua lista de armamentos
espirituais dizendo: “Tomai também o capacete da salvação...” (ARA).
O capacete do soldado romano era uma parte bela e fascinante de sua
armadura. Era uma peça de armamento extravagante, muito enfeitada e
intrincada. Na verdade, parecia mais uma obra de arte do que um capacete!
Em vez de ser uma simples peça de metal formada para encaixar em sua
cabeça, o capacete do soldado romano era altamente decorado com toda
espécie de gravações e entalhes.
Não era raro cenas campestres pastorais com animais serem retratadas nos
capacetes de um soldado romano. Com frequência, todo o capacete do
soldado romano era adaptado para parecer a cabeça de um elefante, de um
cavalo ou de outro animal. Outros capacetes tinham gravações decoradas e
entalhes de frutas em toda a superfície.
Pense em como esses capacetes deviam ser estranhos de se ver. O capacete
do soldado romano em geral parecia mais uma peça de escultura do que uma
peça de armadura!
Além do mais, como se essas fabulosas gravações e entalhes não
bastassem, uma enorme pluma de penas de cores berrantes ou de crina de
cavalo erguia-se no topo do capacete. Se fosse do modelo de capacete para
ser usado em uma cerimônia ou desfile público, essa pluma de cores
berrantes podia ser muito longa — longa o suficiente para ficar pendurada até
as costas do soldado.
O capacete era feito de bronze e equipado com peças de armadura que
eram especificamente projetadas para proteger as faces e o maxilar. Ele era
extremamente pesado; portanto, o seu interior era alinhado com um material
esponjoso a fim de amaciar o seu peso sobre a cabeça do soldado. Essa peça
da armadura era tão forte, tão enorme e tão pesada que nada podia penetrá-la
— nem mesmo um martelo ou um machado de guerra.
Seria muito difícil passar por um desses soldados sem o perceber. Você
definitivamente perceberia um homem que tivesse uma peça de escultura em
sua cabeça! E com certeza os seus olhos seguiriam um homem que tivesse
uma pluma de cor berrante erguendo-se no topo de seu capacete. Esses
capacetes sem dúvida tornavam o soldado romano notável.

O MAIOR DOM DE DEUS


Por que o Espírito Santo compararia uma peça de armamento como essa à
salvação? Porque a sua salvação é o presente mais glorioso, mais
sofisticado, mais elaborado e mais adornado que Deus lhe concedeu!
Paulo chama esse maravilhoso presente de “o capacete da salvação”. Além
do mais, ele usou o exemplo do capacete de um soldado romano para provar
o seu ponto de vista. Ele comparou a salvação ao capacete extravagante que
era usado na cabeça de um soldado, onde todos o perceberiam. E só para ter
certeza de que todos o veriam, o soldado tinha uma pluma de penas ou de
crina de cavalo que se erguia no topo do capacete!
Usando esse exemplo, Paulo está nos dizendo algo muito importante.
Quando uma pessoa confia em sua salvação — e quando ela está andando na
poderosa realidade de tudo o que essa salvação significa para ela — essa
pessoa é notável!
A palavra “capacete” é extraída da palavra grega perikephalaia. A palavra
peri significa em torno de, e a palavra kephalaia é a palavra grega para a
cabeça. Quando essas duas palavras são unidas, a nova palavra perikephalaia
denota uma peça de armadura que se encaixa na cabeça de forma muito
apertada.
Por que um soldado romano precisava de um capacete? Porque o seu
oponente carregava um machado de cabo curto chamado machado de guerra
— e quando os machados de guerra eram usados, cabeças rolavam! Se o
soldado romano não tivesse o seu capacete colocado quando fosse lutar, ele
podia estar absolutamente certo de que perderia a cabeça. Assim, o capacete
romano não era meramente uma bela peça de armamento; era algo que se
destinava a salvar a cabeça de um homem!
É exatamente isso que a salvação faz por você, quando você a usa como
um capacete de proteção sobre a sua cabeça. No entanto, se você não andar
firmado na sua salvação e em tudo o que ela lhe confere por herança, poderá
sentir o peso do machado de guerra do inimigo vindo atacar a sua mente e
roubar a sua vitória.
Se a sua salvação — como um capacete — não for usada bem apertada ao
redor da sua mente, o inimigo virá para decepar os inúmeros benefícios e
bênçãos da salvação, cortando-os diretamente do seu sistema de crenças. Ele
golpeará o seu fundamento espiritual, tentando lhe dizer que cura, libertação,
preservação mental e equilíbrio não fazem realmente parte da obra redentora
de Jesus na cruz. Quando o inimigo terminar de atacar a sua mente, a única
coisa que ele deixará para você será o céu!
Expondo a sua mente desprotegida às insinuações mentirosas do diabo,
você está se colocando na posição de ser enganado. Na verdade, enfrentar o
adversário sem o seu capacete da salvação equivale a um suicídio espiritual!
Muitos cristãos querem fazer a obra de Deus sem ter o objetivo pessoal de
andar no pleno conhecimento da sua salvação — como resultado, eles são
aniquilados espiritualmente. Um cristão precisa ter o seu capacete da
salvação colocado se quiser ser útil para o Reino de Deus.
Como o inimigo vai atacá-lo? Como ele vai tentar guerrear contra você?
Como ele vai tentar esgotar você? O diabo vem atacar a mente.
Satanás sabe que a sua mente é o centro de controle da sua vida. Ele sabe
que se puder controlar a sua vida mental, poderá então começar a estender
sua influência para outras áreas. A partir dessa posição de controle, ele
tentará manipular as suas emoções, enviar doenças e enfermidades para
atacar o seu corpo, e assim por diante.
Para nos proteger desses ataques, Deus nos concedeu o capacete da
salvação. O fato de Paulo assemelhar a salvação a um capacete significa que
precisamos aprender sobre a nossa salvação e descobrir tudo o que ela inclui,
dentro e fora.

•Precisamos passar tempo estudando o que a Bíblia tem a dizer sobre


cura.
•Precisamos passar tempo estudando o que a Bíblia tem a dizer sobre
libertação de poderes malignos.
•Precisamos passar tempo estudando sobre a redenção e suas
consequências benéficas em nossas vidas.

O entendimento e a compreensão intelectual da salvação e de tudo o que


ela abrange deve estar impregnado em nossas mentes. Quando as nossas
mentes estão convencidas dessas realidades — quando são treinadas e
ensinadas a pensar corretamente sobre a nossa salvação — esse
conhecimento torna-se um capacete de proteção em nossas vidas!
Quando o conhecimento da nossa salvação e de tudo o que ela é se torna
uma parte de nós, não importa o quanto o diabo tente nos atingir e nos
golpear. Saberemos — sem sombra de dúvida — o que a morte e a
ressurreição de Jesus compraram para nós. Nesse momento, o inimigo não
será mais capaz de atacar as nossas mentes como o fazia no passado, porque
ele não poderá passar pelo nosso impenetrável capacete da salvação.

ARMADO E PERIGOSO
Lembre-se de que a ordem de Paulo é: “Revesti-vos de toda a armadura de
Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo” (Efésios 6:11).
Quando Deus envia você para reforçar a vitória de Jesus Cristo sobre
Satanás em diversas áreas de sua vida, Ele não o envia despido e indefeso.
Ele lhe dá uma armadura! Especificamente falando do tema que abordamos
neste capítulo, Ele lhe dá o capacete da salvação. Sem esse capacete, você
estará aberto ao ataque das “ciladas do diabo” (ver Efésios 6:11).
Por ser tão importante entender como as ciladas do diabo trabalham contra
nós, precisamos rever rapidamente as palavras “ciladas”, “desígnios” e
“engano”. (Para saber mais sobre esse assunto, veja o capítulo 8.) Essas três
palavras são fundamentais para a nossa compreensão de como o diabo tem
êxito em derrotar os cristãos.
Lembre-se de que a palavra “ciladas” é extraída da palavra methodos. Essa
palavra é um composto da palavra meta, que significa com, e da palavra odos,
a palavra para um caminho. A palavra odos é de onde tiramos a palavra
hodômetro, que é o instrumento em seu carro que mede quantos quilômetros
você já dirigiu. Usada como uma só palavra, methodos significa literalmente
com um caminho.
O que a Palavra de Deus está dizendo? Ela está dizendo que quando o
diabo trabalha contra um cristão, ele faz isso por um caminho.
Em outras palavras, não há criatividade ou variedade. Ele usa apenas um
caminho, uma avenida ou uma estrada de ataque na vida de um cristão. O
inimigo só tem uma maneira de trabalhar e ele sempre ataca os cristãos da
mesma maneira.
Entretanto, sabemos que todos os caminhos levam a algum lugar. Então,
para onde você acha que o “caminho” do diabo vai?

JOGANDO JOGOS MENTAIS COM O DIABO


Essa pergunta nos leva à segunda palavra que tem a ver com a maneira
como o diabo trabalha na vida e na mente de um cristão: a palavra
“desígnios”. Paulo disse: “... pois não lhe ignoramos os desígnios [de
Satanás]” (2 Coríntios 2:11, ARA).
O que é um “desígnio”? A palavra “desígnio” vem da palavra grega
noemata, que vem da raiz nous, a palavra para mente. Entretanto, a forma
noemata poderia ser traduzida como uma maquinação da mente.
Uma tradução atual desse versículo poderia ser: Não ignoramos os jogos
mentais que o diabo tenta armar sobre nós. Você já foi atacado com um dos
jogos mentais do diabo?
Quando colocamos essas duas palavras juntas, vemos que a diabo trabalha
com uma “cilada”, ou ele trabalha com um caminho. Para onde vai esse
caminho? Ele se dirige para a sua mente! E se o diabo conseguir ter uma base
de apoio em sua mente, ele vai armar um “desígnio” contra você e começar a
brincar com os seus pensamentos!
Agora, chegamos à terceira palavra que tem a ver com a maneira como o
diabo trabalha na vida e na mente de um cristão. É a palavra “engano”, que é
extraída da palavra dolios. A palavra dolios não significa enganar
acidentalmente ou por acaso; significa enganar com um propósito. Essa
palavra pode ser encontrada ao longo do Novo Testamento em versículos que
estão ligados às habilidades enganadoras do diabo.
Em seu sentido mais literal, a palavra dolios significa fisgar alguém, como
se fisga um peixe. Ao colocar essas três palavras juntas, vemos exatamente
como o diabo trabalha na vida e na mente de um cristão. Mais uma vez, o
inimigo vem com uma “artimanha”, que significa com um caminho. Esse
caminho diabólico leva até a mente.
Se o diabo conseguir abater a resistência de um cristão, ele então poderá
começar a guerrear na mente da pessoa com um “desígnio” ou um jogo
mental.
Quando os jogos mentais estão em plena ação, Satanás então atrai o
cristão com iscas de acusações mentirosas e alegações difamadoras. Se o
cristão encara essas mentiras como verdadeiras e morde a isca, o processo do
“engano” é plenamente aplicado em sua vida.

O QUE É UMA FORTALEZA?


Foi por isso que Paulo disse: “Porque as armas da nossa milícia não são
carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós
sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e
levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2 Coríntios 10:4-5,
ARA).
Observe especialmente que Paulo diz que as armas espirituais são eficazes
para destruir “fortalezas”. Há muita conversa hoje em dia no Corpo de Cristo
sobre fortalezas. À luz disso, precisamos perguntar: “O que é uma
fortaleza?”.
A palavra “fortaleza” vem da palavra grega ochuroma. É uma das palavras
mais antigas do Novo Testamento e era usada originalmente para descrever
uma fortificação. Nos tempos do Novo Testamento, essa mesma palavra
retratava uma prisão.
Uma tradução mais exata da palavra ochuroma seria “... para destruir
fortificações”. Ou poderíamos traduzir deste modo: “... para destruir
prisões”. Ambas as formas são corretas e nos transmitem duas mensagens
poderosas sobre as fortalezas.
Isso nos diz que uma fortaleza é como uma fortificação, um lugar
fortificado — como uma cidadela, um forte ou um castelo. As fortalezas têm
muralhas excepcionalmente grossas, impenetráveis, para impedir que os
intrusos as invadam. A fim de garantir que os intrusos não escalassem os
muros e as invadissem, as pessoas construíam as muralhas de suas fortalezas
muito altas. Essas muralhas altas destinavam-se a um propósito primordial:
manter os intrusos do lado de fora.
A palavra “fortaleza” mais tarde foi traduzida pela palavra “prisão”.
Considerando que uma fortaleza impede que os que estão fora entrem, uma
prisão impede que os que estão dentro saiam!
As prisões são lugares de detenção, como masmorras ou cadeias. Como as
fortalezas, as prisões também têm muralhas fortificadas. Além do mais, as
prisões possuem barras de ferro para manter os prisioneiros cativos.
O fato de a palavra “fortaleza” poder ser traduzida tanto pela palavra
“fortificação” quanto pela palavra “prisão”, nos diz algumas coisas
importantes sobre as fortalezas.
Portanto, significa enfaticamente que quando uma pessoa tem uma
“fortaleza” mental ou emocional em sua vida, ela tem muralhas ao seu redor
que são tão grossas, que os outros não conseguem ultrapassar essa barreira
para ajudá-la. Essas muralhas invisíveis impedem os que estão fora de
entrar!
Como muralhas intransponíveis e invisíveis, as fortalezas estão enraizadas
na mente e nas emoções para impedir que outros se aproximem demais delas.
Esse é um truque do diabo para manter as pessoas isoladas e muito distantes
daquelas que poderiam ajudar a trazer liberdade às suas vidas e mentes.
Por favor, entenda que essas fortalezas não aparecem de repente na vida de
uma pessoa da noite para o dia. Você pode ter certeza de que quando o
adversário começa a atacar a mente de um cristão e a enchê-la de um medo
paralisante, o Espírito Santo tenta advertir essa pessoa acerca disso.
Mas suponhamos que essa pessoa permita que essas mentiras fiquem sem
oposição em sua mente. Suponhamos que ela permita que os pensamentos
errados e as crenças erradas não sejam desafiados hora após hora e dia após
dia. O diabo começará a usar essas mentiras, insinuações e medos irreais para
construir muralhas grossas e impenetráveis ao redor dela. Finalmente, a
pessoa ficará sitiada e será levada cativa mental e emocionalmente pelas
alegações mentirosas do inimigo.
Como esse tipo de fortaleza destrutiva afeta sua vida?

•O medo irreal da rejeição impedirá você de desenvolver


relacionamentos saudáveis em sua vida.
•O medo irreal sobre o futuro do seu casamento impedirá que você atue
em seu relacionamento matrimonial como Deus pretendia.
•O medo irreal sobre o fracasso em potencial impedirá que você se
levante para obedecer a Deus e fazer alguma coisa que valha a pena com
sua vida.
Nesses casos, você precisa ordenar ao diabo em nome de Jesus que libere
sua reivindicação sobre a sua mente e as suas emoções. Entretanto, existe
outro passo que você precisa dar antes. O primeiro passo para erradicar as
fortalezas de sua vida é reconhecer a SUA responsabilidade na questão.
Você permitiu que a sua mente e emoções ficassem nesse caos! Portanto, o
arrependimento por permitir que as fortalezas mentais e emocionais se
desenvolvessem em sua vida é absolutamente essencial — antes de qualquer
coisa! Até que você tenha dado esse passo inicial, nenhum progresso
ocorrerá. Mas a partir do momento em que se arrepender, o poder de Deus
cooperará com você à medida que você procurar renovar a sua mente
diariamente para pensar corretamente e crer corretamente com a Palavra de
Deus.
Uma fortaleza atua não apenas como uma fortificação, mas também como
uma prisão. Em outras palavras, essas mesmas muralhas que impedem que
outras pessoas entrem também impedem que a pessoa saia e se torne tudo
que Deus pretendeu que ela fosse. Como as barras de ferro de uma prisão,
essas fortalezas mentais mantêm a pessoa cativa, fazendo com que ela
acredite na mentira de que fracassará, que ninguém a quer, que ela não vale
nada, e assim por diante.
Os indivíduos que possuem esse tipo de fortalezas em suas vidas estão
cativos tanto mental quanto emocionalmente. Em algum momento do
passado, o inimigo localizou uma porta aberta em sua vida. Depois de passar
por essa entrada que dava para a mente deles, o diabo deu início ao processo
de levar o pensamento deles cativo com suas mentiras. O resultado é sempre
o mesmo: são construídas fortalezas que atuam como uma prisão, impedindo
que esses indivíduos se libertem para cumprir o propósito que Deus ordenou
para eles nesta terra.

DOIS TIPOS DE FORTALEZAS


Existem dois tipos de fortalezas: racionais e irracionais. As fortalezas
racionais são as mais difíceis de lidar porque geralmente fazem sentido!
Paulo se refere a essas fortalezas racionais quando diz: “anulando nós
sofismas...”. A palavra “sofismas” é extraída da palavra ilogismos. É de onde
tiramos a palavra “lógica”, como em pensamento lógico.
Graças a Deus por uma mente boa e equilibrada — mas até uma mente boa
e equilibrada precisa ser submetida à obra santificadora do Espírito Santo.
Caso contrário, essa mente começará a ditar a sua vida a partir de uma
fortaleza da razão natural.
Pergunto-me quantas pessoas foram chamadas por Deus para o ministério,
mas depois não avançaram porque racionalizaram e assim rejeitaram o
chamado divino. Preocupa-me quantos podem ter sido bombardeados por
pensamentos do tipo: Você não pode entrar para o ministério! Você tem uma
esposa, três filhos e pagamentos mensais da casa e do carro para fazer. Você
não pode obedecer a Deus!
As pessoas que chamam a si mesmas de “racionais” tendem a ser presa
dessas fortalezas racionais. Por serem pensadoras racionais, elas são
naturalmente inclinadas a permitir que suas mentes as dominem e vençam a
sua fé.
A mente lógica, embora seja necessária e maravilhosa, trabalhará contra a
sua vida espiritual se não for submetida ao controle do Espírito Santo. A
mente racional insubmissa sempre tentará convencer você a não fazer as
coisas do jeito de Deus. Isso significa que se você não assumir o comando da
sua mente, ela começará a dominar e a controlar completamente a sua
vontade de obedecer a Deus!
Além das fortalezas racionais, existem fortalezas irracionais. Todos nós já
fomos vítimas dessas fortalezas irracionais em algum momento.
As fortalezas irracionais têm a ver com medos e preocupações que são
completamente irreais. Eles incluem fortalezas como medo de doenças, medo
de morrer prematuramente, medo anormal da rejeição, medo do colapso
financeiro, e assim por diante.
Essas fortalezas irracionais na mente, nas emoções e na imaginação muitas
vezes chegam, cumprem o seu papel e por fim se dissipam. Depois de algum
tempo, fica aparente que esses medos são ridículos e infundados, até mesmo
para aqueles que eram dominados por eles. Com frequência, esses
pensamentos ridículos, porém cativantes, perdem o seu poder assim que a
pessoa conta a um amigo ou ao cônjuge o que estava pensando.
As fortalezas irracionais são tão ridículas que você finalmente desperta
para o entendimento de que elas são um truque do inimigo para escravizá-lo e
impedi-lo de agir normalmente. Mas se esses pensamentos assediadores
persistirem em sua mente, insistindo em controlá-lo mental e
emocionalmente, você precisa obedecer à Palavra de Deus e lidar com eles de
forma direta.
É por isso que Paulo diz: “... levando cativo todo pensamento à obediência
de Cristo” (2 Coríntios 10:5). Observe que Paulo não diz nada sobre o diabo
nesse versículo! Paulo não diz “e levando o diabo cativo...”. Em vez disso,
ele diz: “... levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo”.
A verdade é que se você não levar os seus pensamentos cativos, os seus
pensamentos levarão você cativo!
Deixe-me chamar a sua atenção por um instante para a expressão “levando
cativo”. Essa expressão é extraída da palavra grega aichmalotidzo. É uma
palavra brutal que significa levar uma pessoa cativa com uma lança
apontada para as suas costas.
Ao escolher usar essa palavra, Paulo nos faz saber que os nossos
pensamentos não vão ser levados cativos com facilidade. Precisamos decidir
levá-los cativos, independentemente da oposição que enfrentarmos.
Precisamos ser brutais com nós mesmos e tomar o controle de nossas mentes
à força. Se nossa mente e emoções tentarem fugir de nós, precisamos capturá-
las e forçá-las a submeter-se!
Além disso, a palavra “pensamento” nesse versículo é extraída da palavra
noema, que tem o mesmo significado da palavra “desígnios” (noemata) que
vimos em 2 Coríntios 2:11. Paulo está falando novamente de jogos mentais!
Paulo continua nos dizendo que esses jogos mentais precisam ser levados
“à obediência de Cristo”. A palavra “obediência” vem da palavra hupakoe,
que é um composto das palavras hupo e akouo.
A palavra hupo significa abaixo e a palavra akouo significa eu ouço ou eu
escuto. A palavra akouo é de onde tiramos a palavra acústica. Essa é a
imagem de obrigar alguém a ficar em uma posição de subordinação e depois
fazer com que ela escute você.
Lembre-se de que Paulo está falando sobre fortalezas mentais e jogos
mentais que o diabo usa para tentar manipular e controlar você. Em vez de
ouvir essas emoções mentirosas e acusações caluniosas, você precisa tomar
posse da sua mente e dizer a ela para submeter-se e ouvir o que a Palavra de
Deus tem a dizer!
Quando você opta por fazer isso, esse é o exato momento em que a
renovação da mente começa a fazer maravilhas em sua vida. É aí que a
verdadeira renovação mental começa!

O QUE É OPRESSÃO?
No entanto, se escolhermos permitir que a nossa mente e emoções
continuem a nos dominar e controlar, inevitavelmente ficaremos oprimidos.
O que é opressão? A palavra “opressão” encontra-se em Atos 10:38. No
sermão de Pedro à família de Cornélio, ele diz: “Como Deus ungiu a Jesus de
Nazaré com o Espírito Santo e poder, e como ele andou por toda parte
fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo Diabo, porque Deus estava
com ele”.
A palavra “opressão” é extraída da palavra grega katadunasteuo, que é um
composto das palavras kata e dunamis. Kata denota algo que é dominador ou
manipulador. Dunamis se refere a um poder que é explosivo.
A opressão, portanto, é uma força que vem para dominar e manipular
poderosamente. Era usada tecnicamente para retratar um tirano maligno ou
um rei mau que impunha a sua vontade sobre os seus súditos à força. O tirano
dizia ao povo o que podia comer, onde iria viver e que tipo de dinheiro eles
iam ganhar. Ele impunha a sua vontade contra a vontade deles.
Portanto, quando uma pessoa é oprimida, a sua mente e as suas emoções
são manipuladas e dominadas por uma fonte externa. O diabo, como um
tirano maligno, vem para oprimir a pessoa dizendo a ela como o seu futuro
será ou não será, qual é a sua autoimagem, e se ela tem alguma esperança de
progresso na vida ou não.
Quando uma fortaleza na mente permanece sem ser desafiada, ela acaba
transformando-se em um caso grave de opressão. E, quando a opressão se
instala, o resultado final é o desespero.

A SALVAÇÃO PROTEGE SUA MENTE


Quando o capacete da salvação envolve a sua mente com força, as
estratégias do diabo de levá-lo cativo não podem funcionar! É por isso que a
salvação é retratada em Efésios 6 como uma arma de defesa. Ela é uma arma
que protege a sua mente desses ataques infernais.
Quando um forte conhecimento da salvação envolve a sua mente, você
nunca mais cai vítima das táticas enganosas do diabo. Com o capacete da
salvação colocado firmemente no lugar, a sua mente está sob vigilância. Você
está protegido.
Lembre-se de que o diabo sabe que, se quiser atacá-lo, ele precisa começar
o ataque em sua mente, já que ela é o centro de controle estratégico de todo o
seu ser. Se o inimigo conseguir ter uma base de apoio em sua mente, ele
poderá ter uma base de apoio em seu corpo. Mas se não tiver autoridade em
sua mente, então ele não terá autoridade em seu corpo, em sua família ou em
suas finanças. Por isso, sua mente é extremamente importante!
Deus lhe deu um cérebro, mas não lhe deu para que você lhe desse um
lugar de segunda prioridade. Deus quer que você o use. É por isso que 1
Pedro 1:13 lhe diz para “cingir o seu entendimento”. Deus está dizendo:
“Recolha as pontas soltas da sua mente e coloque-as em boa forma!”.
Se o diabo conseguir esgotá-lo mentalmente, você ficará em desvantagem
em longo prazo. Se ele plantar uma semente de incredulidade em sua mente e
você permitir que ela cresça, acabará em péssimo estado. Sua mente é
crucialmente importante, e Deus não a deixou desprotegida. Ele lhe deu um
capacete, e chamou de salvação a essa peça gloriosa, elaborada, adornada e
sofisticada arma de defesa.
Seu capacete da salvação lhe provê todo tipo de atributos e benefícios
dados por Deus. Ele lhe dá libertação do pecado, salvação do inferno,
proteção divina, preservação, cura, santidade e equilíbrio mental completo.
Em outras palavras, Deus lhe deu tudo o que você precisa para resistir a todos
os ataques do grande enganador, o próprio Satanás!

O QUE É UMA MENTE MODERADA?


A principal ênfase desse capítulo é aquilo que o capacete da salvação faz
por nós. Em 2 Timóteo 1:7, a Palavra de Deus diz: “Porque Deus não nos tem
dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação” (ARA).
O que é uma mente moderada? Uma tradução diz: “pensamento sensato”.
A palavra para “moderação” ou “pensamento sensato” é extraída da palavra
grega sophroneo. É um composto da palavra sodzo, que significa salvo ou
liberto, e da palavra phroneo, que se refere a pensamento inteligente.
Junte as duas palavras, e a nova palavra significa ter uma mente salva ou
uma mente liberta. Em outras palavras, descreve uma mente que foi liberta e
está pensando corretamente. Poderíamos dizer que é uma imagem de cérebros
salvos!
Quando a sua mente está protegida e renovada pela Palavra de Deus, você
tem pensamentos salvos. Quando tem uma mente renovada, parece
perfeitamente racional andar pela fé. Quando você pensa com uma mente
renovada, parece perfeitamente lógico obedecer a Deus com o seu dinheiro.
É como se Paulo estivesse dizendo: “Timóteo, por que você está
permitindo que o medo controle a sua mente e as suas emoções? Deus não
lhe deu esse espírito de medo, mas de amor e poder — e Ele lhe deu uma
mente que foi liberta!”.

•Quando está andando no pleno conhecimento da sua salvação, você


pensa e fala como alguém salvo.
•Quando a sua mente é renovada pela Palavra de Deus com relação a
todas as bênçãos contidas na sua salvação, você pensa e fala como
alguém salvo.
•Quando a sua mente está cheia da bondade de Deus porque a salvação a
envolve firmemente, você pensa e fala como alguém salvo.

Algumas pessoas estão salvas há anos, mas elas não pensam ou falam
como pessoas salvas. Alguns cristãos têm mais incredulidade no que pensam
que Deus não pode fazer do que têm fé no que Ele pode fazer. É isso que
acontece quando pessoas salvas não andam no conhecimento da sua salvação.
No entanto, quando um cristão medita na Palavra de Deus e começa a
compreender a abundância de bênçãos contidas na salvação, tudo o que ele
consegue pensar ou falar é sobre o que Deus pode fazer!
Você pensa diferente quando usa o capacete da salvação. Por que isso é
importante? Porque quando começar a viver uma vida de fé — quando você
estender a mão para fazer o impossível — o inimigo procurará atacá-lo
mental e emocionalmente na tentativa de impedir o seu progresso.
O diabo pode falar à sua mente e dizer: “Você não pode fazer isto! Você
não pode fazer aquilo! Isto não faz sentido! Você não sabe que precisa pagar
a prestação do carro? O que a sua família e os seus amigos vão pensar
disto?”. Ele pode tentar abrir um caminho para dentro da sua mente, para que
ele possa praticar jogos mentais com a sua cabeça e finalmente ter êxito em
enganar você.
É por isso que é tão importante certificar-se de que você está crescendo no
conhecimento da sua salvação. Tome o cuidado de proteger a sua mente com
a Palavra de Deus, e use o seu capacete da salvação enchendo a sua mente
com a Palavra de Deus. Quando você “anda” com o seu capacete da salvação,
você pensa como Deus pensa, raciocina como Deus raciocina, acredita como
Deus acredita e age como Deus age!
Em Romanos 8:6, Paulo diz: “Porque o pendor da carne dá para a
morte...”. Em Tito 1:15, ele reitera isso quando diz: “Para os impuros e
descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência deles estão
corrompidas”. Embora esses versículos sejam sobre a mente de um homem
perdido, existem muitos crentes por aí que ainda andam sendo controlados
por suas mentes naturais e carnais.
Não importa há quantos anos você foi salvo. Se tirar o seu capacete da
salvação e parar de andar no conhecimento dela, você acabará com uma
mente contaminada e corrompida.
Não subestime a importância de encher a sua mente com o entendimento e
o conhecimento adequados da salvação. Ela é uma peça de armamento
poderosa. Se a salvação funcionar corretamente na sua vida, ela defenderá a
sua mente de todos os ataques mentais que o inimigo possa tramar contra
você!
Entretanto, no instante em que você retirar o seu capacete da salvação, o
diabo irá começar a atingir a sua mente e as suas emoções e a jogar você de lá
para cá. E se você não colocar esse capacete de volta, finalmente começará a
vacilar habitualmente — crendo em Deus em um instante e duvidando dele
no outro!
Em um sentido muito real, você ficará espiritualmente deformado se não
passar pela vida usando o seu capacete da salvação. Você quer viver
espiritualmente deformado? Se não quiser, é melhor colocar o seu capacete
da salvação bem firme ao redor da sua mente e garantir que ele permaneça
ali!

O QUE SIGNIFICA A PALAVRA “SALVAÇÃO”?


Agora vamos ver a palavra “salvação”. Essa palavra significa literalmente
salvo ou liberto. No sentido mais amplo, significa ser levado para um lugar
seguro. Ela é extraída da palavra grega soterios, que significa ser salvo, ser
liberto do perigo e ser levado para um lugar seguro.
Então vemos que quando uma pessoa é “salva”, ela é liberta do perigo e
levada para um lugar seguro. Ela é resgatada de um lugar de perigo.
Estar espiritualmente perdido é um estado perigoso, pois uma pessoa
perdida está sob o domínio de Satanás. Mas quando ela é salva, é tirada desse
lugar perigoso e levada para um lugar seguro. E o conhecimento da
mensagem do Evangelho liberta a sua mente!
UMA MENTE TRANSFORMADA
É muito pertinente que Paulo visse a sua salvação como um capacete sobre
a sua mente. Afinal, quando você foi salvo, Deus o resgatou — não apenas
espiritualmente, mas também mentalmente.
Antes da nossa salvação, éramos membros do mercado de escravos de
Satanás e nossas mentes estavam acostumadas a pensar exatamente como o
restante do mundo. (Para saber mais sobre o mercado de escravos de Satanás,
veja o capítulo 3.) A Bíblia diz que todos nós “éramos, por natureza, filhos da
ira” (Efésios 2:3). A palavra “ira” significa que éramos desproporcionais,
desfigurados. Em que terrível situação estávamos!
O que o diabo fez foi terrível. Ele deixou as suas marcas e cicatrizes em
nossa mente e emoções durante o tempo em que estávamos sob o seu
controle. Mas agora que Deus “... nos libertou do império das trevas e nos
transportou para o reino do Filho do seu amor” (Colossenses 1:3), precisamos
permitir que Seu poder opere em nossas mentes e as renove a um pensamento
correto — um pensamento salvo.
Deus não quer que uma área sequer da sua mente pense como o mundo —
da maneira que ela costumava pensar. Deus não quer que uma célula do seu
cérebro tenha incredulidade nela. Essa não é a vontade dele. Em vez disso,
Deus pretende que todas as células da sua mente sejam dominadas pelo seu
novo nascimento. Ele deseja que a sua mente pense como uma mente que é
controlada pelo Espírito Santo!
Você pode perguntar: “Como faço para levar a minha mente a esse tipo de
estado?”.
Primeiramente, entre em contato com o poder de Deus. Esse é o pré-
requisito para andar na sua armadura espiritual. Efésios 6:10 diz: “Fortalecei-
vos no Senhor”. Quando essa força vier até você, ela o revestirá com a
armadura espiritual.
Mas existe uma segunda coisa que você precisa fazer. Em Efésios 6:17,
Paulo diz: “Tomai também o capacete da salvação...”. A palavra “tomar” é
traduzida pela palavra “receber” quarenta vezes no Novo Testamento. Assim,
o versículo seria mais bem traduzido como: “Recebei também o capacete da
salvação”.
Deus não vai impor a você uma mente renovada; você precisa receber esse
capacete da salvação. Isso significa que você tem um papel a exercer na
salvação da sua mente.
Como você pode fazer isso? Você se veste da salvação. Você coloca o
capacete da salvação em sua cabeça estudando o que a Bíblia tem a dizer
acerca da salvação. Saiba o que a Bíblia ensina sobre a obra redentora de
Jesus para libertar, curar, preservar e dar a você uma mente moderada. Nunca
pare de meditar nessas verdades, mesmo depois que você souber tudo o que a
sua salvação inclui, dentro e fora!
Envolva o seu cérebro com esse conhecimento da salvação e deixe que ele
proteja a sua mente. Ao fazer isso, você começará a ser transformado.

•Você não pensará nem falará mais como um indivíduo que está
constantemente doente.
•Você não pensará nem falará mais como um indivíduo que é pobre.
•Você não passará mais pela vida como um indivíduo que é
continuamente derrotado.

O que fará a diferença? Sua mente será cheia com o conhecimento da


salvação, e esse novo conhecimento começará a transformar não apenas sua
maneira de pensar e falar, mas também a maneira como você experimenta a
vida!
O diabo quer roubar todas as bênçãos que Deus preparou para você.
Satanás quer tirar de você todas as coisas boas que ele puder. Portanto, cabe a
você encher a sua mente com tudo o que Deus fez por você. Deixe que esse
conhecimento da salvação e todos os seus benefícios tornem-se como um
capacete de bronze em sua cabeça para proteger a sua mente do “machado de
guerra” do inimigo.
À medida que você meditar fielmente na Palavra de Deus e permitir que
ela trabalhe em sua vida mental, sua mente será renovada. A salvação se
tornará tão real para você — você ficará convencido da sua salvação e de
todos os seus benefícios — que sua mente será capaz de descansar segura em
Deus, não sendo mais penetrada pela dúvida e pela incredulidade.
Essas áreas questionáveis de sua mente que o inimigo usava para atacar
regularmente não serão mais atacáveis! Com o capacete da salvação
firmemente colocado, você estará completamente cercado — tanto mental
quanto emocionalmente — pela verdade irrefutável de tudo o que é seu em
Jesus Cristo.
PERGUNTAS PARA CRESCIMENTO PESSOAL OU DEBATE EM
GRUPO

1.Como um conhecimento sólido de tudo o que a sua salvação provê


para você age como um capacete protetor ao redor da sua mente? De que
esse capacete o protege, e como isso afeta a sua maneira de pensar?
2.Como uma área de engano torna-se uma fortaleza em sua mente?
Como você pode impedir que esse processo volte a ocorrer em sua vida?
3.De que maneira uma fortaleza mental age tanto como uma fortaleza
quanto como uma prisão em sua vida?
4.Você já foi mantido cativo por uma fortaleza irracional, como o medo
de voar ou o medo do fracasso? Nesse caso, como essa fortaleza
irracional afetou a sua caminhada de fé e a sua comunhão com Deus?
5.Qual é o primeiro passo para escapar da prisão criada por uma
fortaleza? O que você precisa fazer depois de dar esse primeiro passo?
CAPÍTULO 15

As batalhas espirituais são exatamente como as batalhas naturais. As nações


não se envolvem constantemente em guerras; elas lutam quando um
problema ocorre. Depois, seus soldados voltam para casa, passam por um
tempo de paz e refrigério e não lutam novamente até que haja um motivo.
O mesmo acontece com a batalha espiritual bíblica. As batalhas virão, mas
elas não acontecem todos os dias. Deus nos concedeu armamentos espirituais
para que, quando as batalhas vierem, estejamos preparados para manter a
nossa posição vitoriosa sobre Satanás.
Este livro foi escrito tendo esse princípio em mente. O ensino contido
dentro destas páginas não se destina a fazer você ficar correndo de um lado
para o outro, procurando o diabo atrás de cada porta. Em vez disso, seu
objetivo é ajudar a equipar você a fim de que, quando as batalhas vierem,
você esteja preparado para resistir a elas.
Neste capítulo, vamos ver uma das armas mais agressivas e ofensivas que
Deus entregou ao Corpo de Cristo: a “espada do Espírito”. Nosso texto é
Efésios 6:17, que diz: “Tomai também o capacete da salvação e a espada do
Espírito, que é a palavra de Deus” (ARA).

AS ESPADAS DO SOLDADO ROMANO


Dos cinco diferentes tipos de espadas que os soldados romanos usavam em
seus confrontos com as forças inimigas, o Espírito Santo selecionou
cuidadosamente uma delas para ilustrar a nossa “espada do Espírito”. Vamos
ver cada uma dessas espadas individualmente.
A primeira espada do soldado romano era chamada de gladius. Era uma
espada extremamente pesada e larga, com uma lâmina muito longa. De todas
as espadas usadas pelos romanos, a gladius era a mais bonita. Entretanto, por
causa do seu peso, ela também era a mais inconveniente e desajeitada para se
usar.
Essa espada enorme era mencionada como uma espada de duas mãos. Em
outras palavras, ela era tão pesada que o soldado tinha de usar as duas mãos e
manejá-la com toda a sua força a fim de brandi-la contra o inimigo.
Além disso, essa primeira espada era afiada somente de um lado. O outro
lado da espada era cego e sem corte. Depois de sofrer uma terrível derrota nas
mãos dos cartagineses, os romanos abandonaram essas espadas largas,
adotando outra versão semelhante às que os cartagineses usaram para derrotá-
los.
A segunda espada era mais curta e estreita. Com aproximadamente 43
centímetros de comprimento e 4 centímetros de largura, era mais leve que as
outras espadas dos soldados romanos. Essa versão mais nova cresceu
rapidamente em popularidade em todo o império porque era muito mais fácil
de carregar e manejar.
A terceira espada usada pelo exército romano era ainda mais curta que a
segunda. Na verdade, ela era tão curta que parecia mais uma adaga do que
uma espada. Essa espada tipo adaga era carregada em uma bainha pequena,
oculta por baixo da capa externa do soldado e era usada para infligir uma
ferida mortal no coração de um inimigo ou agressor.
A quarta espada que os soldados romanos usavam era uma espada longa e
muito mais fina. Essa espada era utilizada principalmente pela cavalaria, em
oposição às espadas mais duráveis carregadas pela infantaria. Além disso,
essa espada longa e mais fina era usada em um esporte semelhante à esgrima
dos dias atuais. Nenhum soldado iria querer entrar em combate com essa
espada, pois ela não era uma espada eficaz em batalha.
A quinta espada era o tipo de espada que Paulo tinha em mente quando
escreveu sobre essa peça da armadura espiritual em Efésios 6:17, dizendo: “...
e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus”.
A palavra para “espada”, como usada nesse texto, é extraída da palavra
grega machaira. Essa arma brutal de assassinato tinha aproximadamente 48
centímetros de comprimento. Ambos os lados de sua lâmina eram muito
afiados, tornando-a muito mais perigosa que as outras quatro. Além disso, a
ponta da espada era voltada para cima, tornando-a extremamente afiada e
mortal.
Essa lâmina de dois gumes fazia um ferimento muito pior que as outras
espadas. Antes de um soldado romano retirar essa espada específica das
entranhas do inimigo, ele a segurava com muita força com as duas mãos e a
girava violentamente dentro do estômago do inimigo. Isso fazia as entranhas
do oponente esguicharem para fora quando o soldado retirava a espada do
corpo dele.
De todas as espadas disponíveis, essa espada machaira era a mais perigosa
de todas. Embora as outras espadas fossem mortais, essa era um terror para a
imaginação! Ela não se destinava apenas a matar, mas a rasgar
completamente em pedaços as entranhas de um inimigo. Era uma arma de
mutilação!

O QUE É UMA PALAVRA RHEMA?


Pelo fato de Paulo usar a palavra machaira em Efésios 6:17 ao descrever a
nossa “espada do Espírito”, ele declara que Deus entregou à Igreja uma arma
que é tão brutal contra o nosso inimigo quanto essa espada! Essa arma,
chamada de “a espada do Espírito”, tem o potencial para rasgar o nosso
inimigo em pedaços!
Paulo continua a nos dar mais informações sobre essa espada. Ele diz: “... e
a espada do Espírito, que é a palavra de Deus”. A expressão “palavra” é
extraída da palavra grega rhema, que é uma das palavras gregas mais
familiares usadas no Novo Testamento. Ela descreve algo que é dito
claramente; pronunciado vividamente; falado em linguagem inegável; ou
falado em termos inconfundíveis, inquestionáveis, certos e definidos.
No Novo Testamento, a palavra rhema carrega consigo a ideia de uma
palavra avivada, como uma palavra da Bíblia ou uma “palavra do Senhor”
que o Espírito Santo coloca sobrenaturalmente na mente de um crente,
fazendo assim com que ela tome vida sobrenaturalmente e transmita um
poder ou direção especial àquele crente.
As palavras rhema são poderosas. Quando o Espírito Santo aviva
sobrenaturalmente tal palavra ou versículo bíblico no coração e na mente de
um crente, esse crente sabe que ouviu do Senhor! Não há dúvida sobre isso!
Jesus se referiu a essa obra vivificadora do Espírito Santo em João 14:26,
quando disse: “Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em
meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que
vos tenho dito” (ARA).
O Espírito Santo pode trazer uma palavra rhema ao nosso coração, fazer
nos recordarmos sobrenaturalmente de uma passagem da Bíblia ou nos
lembrar de uma promessa bíblica. Quando isso acontece, essa palavra,
versículo ou promessa inunda todo o nosso ser de fé porque o Espírito Santo
falou conosco de uma maneira clara, inconfundível, inegável, inquestionável,
certa e definida.
Assim, uma palavra rhema é uma palavra ou mensagem específica que o
Espírito Santo aviva em nossos corações e mentes em um momento
específico e com um propósito específico. Quando Paulo diz: “... a espada do
Espírito, que é a Palavra de Deus”, ele está se referindo à capacidade do
Espírito Santo de fazer que essa “palavra” divina tome vida de forma clara
em nossos corações e mentes em um momento de necessidade.
Um tradutor traduziu esse versículo deste modo: “... a espada que o
Espírito maneja quando Ele extrai uma palavra especial de Deus”. Esse tipo
de palavra do Senhor lhe dá o “poder de uma espada” na dimensão espiritual.

A ESPADA E O CINTURÃO
Do mesmo modo que as outras peças da armadura que Deus nos deu, a
espada e o cinturão são inseparáveis.
Assim como o escudo repousava sobre uma presilha do lado direito do
cinturão, a espada ficava pendurava em uma presilha do lado esquerdo do
cinturão. O cinturão servia tanto como suporte para o escudo quanto como
um lugar de descanso para a espada do soldado.
Como vimos, o cinturão representa a Palavra de Deus escrita, a Bíblia.
Essa Palavra de Deus escrita é a fonte principal para uma palavra rhema de
Deus.
Uma palavra rhema genuína — uma palavra ou versículo que o Espírito
Santo aviva em seu coração em um momento específico e com um propósito
específico na sua vida — é tão forte e poderosa que é como se Deus tivesse
colocado uma espada sobrenatural em sua mão. Com essa espada na mão,
você tem uma arma poderosa com a qual pode repelir os ataques de Satanás.
As palavras rhema são dadas pelo Espírito Santo e revestidas de poder por
Ele para capacitar você a resistir aos ataques espirituais mentais, emocionais
e físicos do adversário. Elas são a reação poderosa do Espírito Santo à
tentativa do diabo de penetrar em sua mente com mentiras e acusações
caluniadoras!
Você já experimentou a “espada do Espírito”?
Quando enfrentou uma situação difícil, o Espírito Santo já buscou naquele
reservatório de versículos que você armazenou no seu coração por meio do
estudo, da oração e da meditação e avivou um versículo na sua mente que o
ajudou no momento de necessidade?
Você já foi revestido de poder por um versículo da Bíblia que pareceu cair
do nada de dentro da sua mente exatamente na hora certa? Você não estava
sequer pensando nesse versículo, no entanto, parece que ele brotou em sua
mente de repente. Naquele instante, aquele versículo foi avivado para você;
você simplesmente soube interiormente que tudo iria ficar bem.
Um versículo que salta das páginas da Bíblia para o seu coração transmite
uma medida especial de poder para a sua vida. É como se Deus estivesse
falando somente com você por meio dessas palavras transformadoras.
Poderíamos dizer que a Palavra escrita, a Bíblia, é como a espada gladius
de um soldado romano: uma lâmina larga e extremamente pesada. Essa
lâmina enorme é capaz de desferir um golpe abrangente no inimigo. Quando
necessário, porém, precisamos de uma palavra rhema específica — uma
espada menor, de dois gumes — para desferir no inimigo um golpe fatal!
Você precisa apunhalar o inimigo! Isso exigirá uma palavra rhema, ou
uma “palavra especificamente avivada” da Bíblia que o Espírito Santo
colocou no seu coração. Com uma palavra rhema de Deus como essa
colocada no seu coração e na sua mão, você terá o poder mortal de uma
espada para empunhar contra o diabo quando ele o atacar!
Vegécio, famoso historiador romano do século IV, disse: “... Um golpe
com os lados da espada, feito com muita força, raramente mata, uma vez que
as partes vitais do corpo são defendidas tanto pelos ossos quanto pela
armadura. Ao contrário, uma punhalada, embora penetre apenas 5
2
centímetros, geralmente é fatal”. (Para saber mais sobre a descrição
histórica dos soldados romanos feita por Vegécio, veja o capítulo 6 do meu
livro Vivendo na Zona de Combate.)
Não é a ação abrangente de uma espada que mata. Ao contrário, é a ação
de apunhalar que fere mortalmente um inimigo. Vegécio nos diz que uma
punhalada que penetra 5 centímetros é tudo o que é necessário para matar um
adversário.
Muitas pessoas erroneamente pensam que precisam memorizar toda a
Bíblia antes que Deus possa usá-las ou falar com elas. Certamente a
memorização da Bíblia é boa, e os crentes deveriam memorizar tantos
versículos quanto possível. Entretanto, não é necessário uma pessoa conhecer
toda a Bíblia para ter a “espada do Espírito” à sua disposição.
Por favor, entenda este ponto: não é necessário receber uma profecia de
dez páginas para ter a “espada do Espírito” em sua mão! Recebi inúmeras
supostas “palavras do Senhor” das pessoas ao longo dos anos. Jamais me
esquecerei de um homem que me escreveu e me pediu para verificar se a sua
“palavra do Senhor” para a sua vida pessoal era verdadeira.
Quando verifiquei essa “palavra”, vi que ela possuía aproximadamente
vinte páginas de comprimento! Isso foi tão sem propósito que me perguntei
como alguém poderia convencer a si mesmo a crer que aquilo fosse realmente
uma palavra válida do Espírito de Deus!
Uma palavra rhema específica do Senhor não precisa ser longa e
complicada para ser válida. Encontro muitas pessoas que possuem páginas e
páginas de profecias e “palavras do Senhor” com relação aos seus
ministérios, negócios ou famílias. A maioria dessas profecias prolongadas é
tão complexa e difícil de acompanhar que essas pessoas não seriam capazes
de obedecer a elas se tentassem. Na maior parte do tempo, elas não
conseguem sequer entender o que as “palavras” significam!
É verdade que o Espírito de Deus pode transmitir uma palavra pessoal
extensa aos nossos corações com relação à nossa vida. Entretanto, isso é uma
exceção e não a regra. Ao contrário, quando você estuda a História, fica claro
que a maioria dos grandes homens e mulheres de Deus, que conquistaram um
lugar nas páginas da História, o fez obedecendo a uma única e simples
palavra de Deus.
Considere estes exemplos da Bíblia:
Noé recebeu uma palavra relativamente curta de Deus que o salvou assim
como à sua família da destruição (ver Gênesis 6:13-7:4). Considerando as
consequências do dilúvio e as consequências históricas da obediência de Noé,
a Palavra do Senhor para ele foi bastante breve e simples. Essa palavra
salvadora e histórica do Senhor provavelmente não durou mais de dez
minutos!
Do mesmo modo, quando Deus chamou Abraão para sair da Mesopotâmia
e iniciar a sua caminhada de fé, a sua palavra de instrução da parte do Senhor
restringiu-se a três versículos e a apenas 75 palavras (ver Gênesis 12:1-3)!
Essa palavra extremamente breve da parte de Deus levou ao estabelecimento
do povo judeu e, finalmente, à caminhada de fé que agora desfrutamos.
José recebeu uma palavra de Deus sobre a sua vida pessoal por meio de
dois sonhos curtos. Por esses sonhos, o Espírito Santo falou claramente a José
e revelou a ele o seu futuro (ver Gênesis 37:6-9). Esses dois encontros com
Deus finalmente colocaram José na posição de cuidar de sua família e de toda
a nação de Israel.
Enquanto Moisés apascentava ovelhas no Monte Horebe, o anjo do Senhor
lhe apareceu em uma sarça ardente, revelando inconfundivelmente que
Moisés fora escolhido por Deus para conduzir Israel para fora do cativeiro
egípcio (ver Êxodo capítulos 3 e 4). Obedecendo a essa palavra relativamente
curta do Senhor, o cativeiro em Israel foi revertido e Moisés tornou-se um
dos maiores profetas de todos os tempos.
Maria, a mãe de Jesus, recebeu uma palavra de Deus que ainda está
operando maravilhas no mundo hoje. O anjo Gabriel entregou uma palavra
muito breve, porém que transformou a vida de Maria. Essa palavra
supremamente importante do Senhor teve apenas oito versículos de
comprimento (ver Lucas 1:28, 30-33, 35-37)! Pelo fato de o coração de Maria
estar receptivo a essa palavra de Deus, ela foi escolhida para dar à luz o Filho
de Deus.
O ministério do apóstolo Paulo era constantemente influenciado por
palavras sobrenaturais do Senhor.

•Uma palavra de Deus foi dita a Paulo no momento de sua conversão


(Atos 9:4-6).
•Uma palavra especial de Deus foi dada a Ananias com respeito à
salvação de Paulo (Atos 9:10-16).
•Outra palavra foi dita a Paulo pelo Espírito Santo no momento em que
ele foi “enviado” ao ministério público (Atos 13:2).
•Uma palavra do Senhor foi dada a Paulo com o intuito de prepará-lo
para um período de perseguição que ele sofreria em Jerusalém (Atos
21:11).
•Do mesmo modo, Paulo recebeu uma palavra do Espírito Santo com
relação ao seu ministério na cidade de Roma (Atos 23:11).

Se eu procurasse citar os homens e mulheres dos nossos dias cuja


obediência a uma palavra simples e sucinta do Espírito Santo afetou
multidões para o Reino de Deus, a lista seria longa demais para caber neste
livro. Basta dizer que, obedecendo a essas palavras simples do Senhor, esses
homens e mulheres de Deus alteraram a História. Na verdade, o motivo pelo
qual desfrutamos de muitas das nossas bênçãos espirituais hoje é o fato de
que homens e mulheres de Deus obedeceram às palavras rhema simples,
pronunciadas de forma especial, que eles receberam do Senhor.
Sem exceção, essas figuras históricas receberam palavras do Senhor que
eram de simples compreensão e que iam direto ao ponto. Essas palavras de
Deus inconfundíveis, inegáveis, ditas de forma especial e dadas claramente,
mudaram a História da humanidade!
Poderíamos dizer que esses homens e mulheres apunhalaram de forma letal
o domínio das trevas ao responderem a uma palavra rhema que ouviram de
Deus com relação ao propósito de suas vidas. Embora essas palavras do
Senhor tenham sido breves e diretas, elas causaram grande dano ao reino
tenebroso de Satanás, ferindo mortalmente a estratégia do inimigo de impedir
que esses indivíduos cumprissem o destino de Deus para as suas vidas.
Lembre-se de que uma penetração de 5 centímetros feita por uma espada é
tudo o que é necessário para ferir fatalmente um inimigo. Quando o Espírito
Santo coloca uma espada —uma palavra rhema — em nossas mãos, ela
provavelmente será curta, concisa e sucinta. O Senhor sabe que uma palavra
longa seria confusa para a maioria de nós. Portanto, Ele nos diz palavras
claras, vívidas, inconfundíveis, inegáveis, certas, definidas e de fácil
compreensão.
Na maioria dos casos, a palavra rhema que você precisa desesperadamente
virá direto da Bíblia, quando o Espírito Santo fizer um versículo saltar
sobrenaturalmente das páginas da Palavra escrita para o seu coração. Quando
você reagir por fé a essa palavra rhema do Espírito Santo, dada e dita a você
de forma viva, ela agirá como uma lâmina em sua mão, liberando uma força
poderosa de poder divino capaz de destruir a obra do diabo em sua vida.

O QUE É UMA ESPADA DE DOIS GUMES?


As espadas de dois gumes, como a espada a que Paulo se refere quando
escreve sobre a “espada do Espírito” em Efésios 6:17, são mencionadas ao
longo do Novo Testamento. Por exemplo, quando o apóstolo João recebeu a
visão de Jesus na ilha de Patmos, ele disse: “Tinha em sua mão direita sete
estrelas, e da sua boca saía uma espada afiada de dois gumes...” (Apocalipse
1:16).
Uma “espada de dois gumes” saía da boca de Jesus!
A expressão “de dois gumes” foi extraída da palavra grega distomos, e é
inquestionavelmente uma das palavras mais antigas de todo o Novo
Testamento.
Por que a expressão “de dois gumes” é tão antiga? Porque ela é um
composto da palavra di, que significa dois, e stomos, que é a palavra grega
para a boca de uma pessoa. Assim, quando essas duas palavras são unidas na
palavra distomos, a nova palavra descreve algo que tem duas bocas.
João está nos dizendo que essa era uma espada que tinha “duas bocas”!
Portanto, você poderia traduzir com precisão Apocalipse 1:16 deste modo:
“... e da sua boca saía uma espada afiada com duas bocas...”.
Uma afirmação semelhante encontra-se em Apocalipse 2:12, que diz: “Ao
anjo da igreja em Pérgamo escreve: Estas coisas diz aquele que tem a espada
afiada de dois gumes”.
A expressão “de dois gumes” é extraída mais uma vez da palavra grega
distomos. Como antes, a palavra distomos seria mais bem traduzida por “duas
bocas”. Assim, Apocalipse 2:12 poderia ser traduzido assim: “... uma espada
afiada com duas bocas”.
A expressão idêntica também encontra-se em Hebreus 4:12, um versículo
que é muito crucial para esse capítulo sobre a “espada do Espírito”. O autor
de Hebreus disse: “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante
do que qualquer espada [machaira, a mesma palavra que Paulo usa em
Efésios 6:17 para descrever a “espada do Espírito”] de dois gumes
[distomos]...”.
Por que a Palavra de Deus é mencionada repetidamente como uma “espada
de dois gumes”? Ou, ainda mais corretamente, por que o texto grego original
na verdade diz que a Palavra de Deus é uma “espada de duas bocas”?
Tenha em mente que os romanos haviam usado uma espada muito larga
que era afiada somente de um lado. O outro lado da lâmina era cego e sem
corte. Para usar essa espada gladius com eficácia, o soldado tinha de manejá-
la perfeitamente, empunhando-a do lado correto da lâmina exposta em
direção ao seu inimigo. Se o soldado atingisse o seu inimigo com o lado cego
da lâmina, o golpe com certeza deixaria uma contusão no seu oponente, mas
não o mataria. Assim, esse tipo de espada não era totalmente eficaz em
batalha.
A espada machaira, porém, era afiada dos dois lados de sua lâmina
assassina. E pelo fato de a lâmina dessa espada especial ser afiada de ambos
os lados, ela fazia cortes e ferimentos mais profundos que a espada gladius.
Ela também era terrivelmente afiada e pontiaguda. Portanto, se o soldado
torcesse a lâmina dentro do estômago do oponente, ela arrancaria as
entranhas do homem de seu corpo quando a espada fosse retirada.
Quando um soldado usava essa espada mortal de dois gumes corretamente,
ela sempre deixava o inimigo caído no chão em uma poça do seu próprio
sangue — uma posição que garantia que ele nunca mais incomodaria o
soldado outra vez! Agora o Espírito Santo nos diz que a Palavra de Deus é
exatamente assim! Ela é como uma espada que tem dois gumes, que corta de
ambos os lados e causa terríveis danos a um agressor.
Um lado afiado dessa espada veio a existir quando a Palavra de Deus
inicialmente procedeu da boca de Deus. O outro lado dessa espada é
acrescentado quando a Palavra de Deus procede da sua boca! Esse é o motivo
pelo qual o texto original chama a Palavra de Deus de espada de duas bocas!
Quando Deus falou primeiramente Sua Palavra e inspirou os escritores da
Bíblia a registrá-la, ela era uma espada de uma boca. Em outras palavras, ela
só havia saído de uma boca naquele momento. Sim, ela era a Palavra de Deus
e, sim, era uma espada poderosa. Entretanto, uma vez que ela só saíra da boca
de Deus naquele tempo, ela era somente uma espada de uma boca.
Poderíamos dizer que a Palavra de Deus escrita é como uma espada
gladius — afiada em um dos gumes, mas cega no outro. Entretanto, quando
você planta deliberadamente essa Palavra em seu espírito, meditando nela e
dando a ela um lugar de prioridade máxima em sua vida, você dá o primeiro
passo necessário para dar à Palavra de Deus em sua vida um corte afiado
também no outro gume.
Esse passo deixa você preparado para a vez seguinte que for confrontado
por um desafio da esfera demoníaca. O Espírito Santo poderá buscar naquele
reservatório da Palavra de Deus que você armazenou em seu interior e retirar
um desses versículos do seu homem interior. Então, à medida que esse
versículo ou promessa divina começar a encher a sua mente e sair pela sua
boca, torna-se uma espada de duas bocas!
Primeiro, essa Palavra poderosa passou pela boca de Deus, dando a ela um
gume afiado. Segundo, essa mesma Palavra cheia de poder ergueu-se dentro
do seu espírito, invadiu o seu entendimento e depois saiu pela sua boca.
Quando essa Palavra rhema saiu da sua boca, um segundo gume foi
acrescentado à “espada”, tornando-a uma arma letal a ser empunhada contra o
inimigo!

MEDITAÇÃO E CONFISSÃO
Espero que agora você possa ver por que é tão importante meditar na
Palavra de Deus e por que é vital confessar a Palavra com a sua boca!
Meditando na Palavra de Deus, você permite que a Palavra faça a sua obra
maravilhosa em você. Hebreus 4:12 continua dizendo: “Pois a palavra de
Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela
penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os
pensamentos e intenções do coração”.
Quando a Palavra de Deus começa a sua obra dentro de você, ela atravessa
o tremedal de lama da sua mente e das suas emoções e vai direto ao cerne da
questão. Em outras palavras, ela divide a alma do espírito para discernir os
seus pensamentos, atitudes, desejos e motivos mais íntimos.
Poderíamos dizer, de modo figurado, que a Palavra de Deus tem olhos!
Ela vê o que o olho humano não pode ver; ela sabe o que nenhum ser humano
sabe. E uma vez recebida no coração, a Palavra começa imediatamente a
trabalhar para renovar essas áreas da sua mente, da sua vontade e das suas
emoções que estão fora dos limites e desajustadas.
Essa é precisamente a razão pela qual o autor de Hebreus continua
dizendo: “Nada, em toda a criação, está oculto aos olhos de Deus. Tudo está
descoberto e exposto diante dos olhos daquele a quem havemos de prestar
contas” (Hebreus 4:13).
Ignorar a Palavra de Deus permitirá que os velhos padrões de pensamento
errado e os cativeiros do nosso passado continuem a exercer autoridade sobre
nós. No entanto, meditar na Palavra de Deus libera a sua obra de divisão e
discernimento dentro de nós.
Quando levamos voluntariamente a Palavra de Deus para dentro de nossas
vidas e permitimos que ela faça a sua obra sobrenatural em nós, essa Palavra
atua como uma lâmina divina, cortando direto até o cerne da questão. Ela
faz o que nenhum cônjuge, amigo, pastor, mestre, psicólogo ou psiquiatra
jamais poderia fazer: dividir a alma e o espírito e discernir corretamente os
pensamentos e as intenções do coração.
Quando a Palavra realiza essa obra extraordinária em nós, somos
transformados interiormente. Além do mais, ficamos cheios de fé quando
permitimos que a Palavra de Deus opere em nossas vidas. Por quê? Porque “a
fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Romanos 10:17).
Quando a Palavra criar raízes no seu coração, quando a sua mente e
emoções forem transformadas pelo seu poder, você então estará na posição
de declarar a Palavra de Deus vindo do mais profundo do seu ser. Finalmente,
a sua mente renovada cooperará com a sua fé, e você poderá declarar a
Palavra de Deus com ousadia e sem qualquer dúvida!
Uma razão pela qual as pessoas não experimentam resultados quando
confessam a Palavra de Deus é porque elas falam antes que a Palavra tenha
feito a sua obra pessoal e transformadora dentro delas. Elas começam
apressadamente a imitar o que outra pessoa confessou ou o que outra pessoa
fez, antes mesmo que a Palavra tenha tido tempo de criar raízes no coração
delas e de renovar a sua mente. Mas devido ao fato de a Palavra de Deus
ainda não ter se tornado uma revelação pessoal para elas, ela não gera
resultados duradouros.
Não subestime a importância de estudar, meditar e orar sobre a Palavra de
Deus. A obra vital de estudar, meditar e orar libera a Palavra para tornar-se
parte do seu próprio ser interior. Quando a verdade da Palavra de Deus cria
raízes no seu coração e começa a liberar o seu poder transformador em sua
mente, você então está na posição de confessar a Palavra de Deus de uma
maneira que liberará quantidades tremendas de poder espiritual. Esse tipo de
confissão é verdadeiramente o equivalente a enterrar uma espada de dois
gumes no coração do seu adversário!
Quando o Espírito Santo acessa aquele reservatório de versículos dentro de
você e aviva um deles na sua memória, você está pronto para empunhá-lo
como uma poderosa espada enquanto ele se ergue do seu homem interior para
a sua mente e então é pronunciado pela sua boca! À medida que ele sai da sua
boca, um segundo gume mortal é acrescentado a ele milagrosamente! Nesse
exato momento, essa Palavra torna-se uma espada de dois gumes ou uma
espada de duas bocas!
Alguns já disseram: “Eu tenho a Palavra em meu espírito. Não há
necessidade de confessá-la com a minha boca. Vou apenas guardar a Palavra
para mim mesmo”.
Mas deixar de confessar o impedirá de alcançar a vitória que você deseja.
É bom meditar na Palavra — é assim que a sua mente é renovada. Você
deve meditar na Palavra de Deus tanto quanto possível, pois a Palavra o
tornará rico interiormente! Entretanto, se apenas meditar, você terá somente
uma espada de um gume, e não uma espada de dois gumes. Pelo fato de a
Palavra ter passado apenas da boca de Deus para dentro do seu coração e
ainda não ter saído pela sua boca, ela será como uma lâmina que tem somente
um gume afiado.
Não tenha dúvida de que essa Palavra trabalhará em você pessoalmente.
Entretanto, ela nunca liberará todo o seu poder até que saia pela sua boca (a
segunda boca), acrescentando assim um segundo gume fatal a essa espada.
É interessante observar que a Bíblia descreve Jesus, que é a Palavra de
Deus, como tendo uma espada de dois gumes saindo de Sua boca. Observe
que a espada não está na mão de Jesus, mas em Sua boca!
Do mesmo modo, quando a Palavra que Deus avivou no seu espírito se
ergue até a sua mente e você a declara, você está empunhando uma poderosa
espada com dois gumes. Essa espada pôde gerar fé em você. Por conseguinte,
quando você declara essa palavra especial do Senhor, ela sai da sua boca com
força!
COMO OUVIR DE DEUS
A espada do soldado romano ficava pendurada no cinturão, em uma bela
bainha que era feita de couro ou de metal especialmente talhado. A espada
dependia totalmente do cinturão do soldado.
Do mesmo modo, a sua palavra rhema — essa palavra que você necessita
da parte de Deus hoje — depende inteiramente da presença ou da ausência da
Palavra de Deus escrita em sua vida. Em outras palavras, você receberá a
palavra rhema que necessita de Deus porque tem a Palavra escrita à sua
disposição.
Algumas pessoas saem e se sentam em uma pedra, esperando que Deus
fale com elas. Alguns ficam sentados nessa pedra por anos e anos,
perguntando-se por que nunca ouviram de Deus!
Mas Deus fala por intermédio da Sua Palavra! A espada do Espírito fica
pendurada no cinturão! Assim, se você quer uma espada do Espírito,
mergulhe na Palavra de Deus. Enquanto não tiver plantado a Palavra em seu
coração e em sua mente, não haverá espada do Espírito disponível para você.
Deixe-me repetir isso novamente para dar maior ênfase: a espada e o
cinturão são inseparáveis.
Se você está na Palavra — se está andando com o cinturão da verdade
firmemente fixado em sua vida — você está na posição de ouvir de Deus.
Não importa que problema está enfrentando, o Espírito de Deus lhe dará
exatamente o que você necessita, exatamente na hora em que você precisa!
A palavra rhema sairá diretamente da Palavra que você tem estudado,
meditado e orado. Depois de meditar em uma porção da Palavra e permitir
que ela se torne parte de você, o Espírito Santo poderá usar esses versículos
como uma espada poderosa contra o inimigo. Mas você não receberá uma
espada afiada de dois gumes que coloca o diabo em fuga simplesmente
sentando-se em uma pedra, esperando que Deus fale com você
misteriosamente!
O Salmo 119:130 diz: “A revelação das tuas palavras dá luz...”. Isaías 8:20
tem mais a dizer sobre esse assunto: “... Se eles não falarem de acordo com
esta palavra, é porque neles não há luz”. Esses dois versículos ensinam
explicitamente que quando as pessoas não têm a Palavra de Deus, elas não
têm luz e se sentam em trevas. Por quê? Porque é o receber a Palavra de
Deus que dá luz.
Quando a Palavra de Deus entra no seu coração e na sua mente, começa a
transmitir luz e direção a você. Ela se ergue do seu interior como uma espada,
uma palavra específica de orientação divina. Não importa o quanto a situação
que você está enfrentando seja tenebrosa, quando essa espada do Espírito
erguer-se do SEU espírito, ela lhe mostrará o caminho a seguir.
O diabo pode tentar usar todo tipo de mentiras, acusações e alegações
contra você. Mas quando a luz divina da Palavra está operando no seu
espírito e na sua mente, a luz brilha como uma poderosa lâmina saindo da sua
boca, dando-lhe exatamente as palavras e a direção que você necessita para
vencer os ataques do diabo naquele exato momento.
A capacidade do cristão de andar nesse tipo de direção e revelação
sobrenatural é totalmente determinada pela quantidade de Palavra que ele
tem dentro de si. As pessoas que recebem palavras rhema frequentes do
Senhor são aquelas que fizeram da palavra logos, a Palavra escrita, uma parte
central de sua vida.

QUANDO JESUS PRECISOU DE UMA ESPADA


Em Mateus 4, encontramos a história da tentação de Jesus no deserto. Por
40 dias e 40 noites Jesus foi intensamente testado por Satanás. Por esse teste
do diabo ser tão extremo e intenso, o Senhor Jesus Cristo precisou de uma
palavra rhema, uma “espada do Espírito”, para resistir a esses ataques do
maligno.

Então Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo
diabo. Depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome. O
tentador aproximou-se dele e disse: “Se és o Filho de Deus, manda que
estas pedras se transformem em pães”.
— Mateus 4:1-3

Jesus enfrentou o inimigo da mesma maneira que nós o enfrentamos em


nossa vida. Nesse trecho da Bíblia, o diabo estava dizendo a Jesus: “Se você é
quem diz que é, mostre-me!”.
Como Jesus respondeu a Satanás? O versículo 4 diz: “Jesus respondeu:
ESTÁ ESCRITO...”. O Espírito Santo, em todo Seu poder e força, trouxe um
versículo no momento certo! Ele retirou um versículo do espírito de Jesus,
que então o declarou com grande poder e autoridade. Jesus empunhou essa
palavra rhema como uma poderosa lâmina, e o inimigo não pôde resistir a
ela!
Por que o Espírito Santo foi capaz de retirar uma espada do homem interior
de Jesus? Porque o Senhor Jesus Cristo havia passado tempo estudando,
meditando e orando sobre a Palavra de Deus! Quando criança, Ele havia sido
criado na sinagoga e ouvira a Palavra de Deus semana após semana. Ao
longo de um período, Jesus, na Sua humanidade, colocara a Palavra
profundamente dentro da Sua alma.
Assim, quando Jesus precisou de uma “espada do Espírito”, o Espírito
Santo acessou diretamente aquele reservatório de versículos armazenados
dentro de Jesus e avivou um deles em Sua mente. Quando essa Palavra
passou pela memória de Jesus e saiu de Sua boca, ela se tornou uma espada
de dois gumes, uma espada de duas bocas à qual o inimigo não pôde resistir,
por mais que tentasse!
Observe que Jesus disse: “... Está escrito...”. Que versículo Jesus estava
citando? Ele citou Deuteronômio 8:3, um versículo que Ele obviamente
memorizara em algum momento anterior de Sua vida! Esse versículo já fazia
parte de Jesus, portanto o Espírito de Deus pôde simplesmente trazer essa
Palavra à Sua mente quando Ele precisou daquela palavra específica de dois
gumes para repelir o ataque do adversário.
Observe, no versículo 6, o que aconteceu em seguida. O diabo tentou fazer
um jogo psicológico com Jesus, assim como o inimigo procura fazer jogos
psicológicos com você! O diabo disse: “... Se és o Filho de Deus, joga-te
daqui para baixo. Pois está escrito...”.
Tenha em mente que Jesus acabara de apunhalar o inimigo com a Espada
de Deus! Jesus havia acabado de dizer: “Está escrito...”. Como o diabo reagiu
ao golpe dessa espada do Espírito? Ele lançou a Palavra de Deus de volta no
rosto de Jesus, dizendo “Está escrito...”.
Isso é que é jogo psicológico! O diabo começou a citar a Bíblia! Ele disse:
“Pois está escrito: ‘Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, e com as mãos
eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra’” (v. 6).
Mas Jesus sabia exatamente o que fazer com o jogo psicológico do diabo.
O versículo 7 diz: “Jesus lhe respondeu: TAMBÉM está escrito...”.
Jesus certamente conhecia a Palavra de Deus, do contrário Ele teria sido
enganado por essa tática enganosa. Afinal, o diabo pode citar a Bíblia melhor
do que qualquer cristão na face da terra! Mas Jesus conhecia a Palavra
escrita, e o seu poder de discernimento estava continuamente em operação
nele. Esse é o segredo que manteve Jesus no controle quando Ele lidou com
as tentações do diabo.
Do mesmo modo, é melhor que a Palavra de Deus esteja em você: viva,
ativa e poderosa! E é melhor que ela seja mais do que mero conhecimento
mental. Se tudo o que você tem é conhecimento mental da Palavra de Deus, o
diabo poderá confundir você e finalmente levá-lo à derrota.
Satanás sabe como usar a Bíblia! Ele é um mestre da Bíblia muito ardiloso.
Ele sabe como ensiná-la a você exatamente como ele quer que você a
conheça: cheia de erros e de mal-entendidos que roubarão de você as bênçãos
de Deus. O diabo lhe dirá tudo que não está na Bíblia; então ele enviará
alguém para “provar biblicamente” cada uma das suas mentiras!
Não se deixe enganar! O diabo pode muito bem declarar: “Está escrito...”.
É por isso que você precisa permitir que a Palavra de Deus crie raízes
profundas em seu interior. Plante a Palavra profundamente em seu coração e
renove a sua mente com essa Palavra. Então você poderá discernir as
mentiras e os jogos mentais que o diabo tentará usar contra você, porque a
Palavra de Deus discerne os pensamentos e intenções do coração!
O diabo tentou fazer um jogo psicológico com Jesus, citando a Bíblia
incorretamente. Mas Jesus sabia que aqueles versículos foram ditos
incorretamente, por isso disse: “TAMBÉM está escrito...”. Foi como se Jesus
dissesse: “Agora ouça você o que a Palavra de Deus realmente diz, Satanás!”.
Jesus disse ao diabo: “... Também está escrito, não tentarás o Senhor teu
Deus” (Mateus 4:7, ARA). Como Jesus soube citar esse versículo de
Deuteronômio 6:16? Esse era claramente outro versículo que Ele memorizou
em algum momento de Sua vida. Porque Deuteronômio 6:16 estava
armazenado dentro de Jesus, o Espírito de Deus pôde retirar essa palavra de
dentro dele como uma lâmina mortal!
A história continua: “Depois, o Diabo o levou a um monte muito alto e
mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor” (v. 8).
O evangelho de Lucas relata esse mesmo cenário, dando-nos mais detalhes
com relação ao que o diabo disse a Jesus: “... Dar-te-ei toda esta autoridade e
a glória destes reinos, porque ela me foi entregue, e a dou a quem eu quiser”
(Lucas 4:6, ARA).
Que convite! O diabo fez a Jesus o apelo mais convidativo que alguém já
fez! Satanás ofereceu a Jesus a glória e a autoridade da terra: tudo que lhe
havia sido entregue por Adão!
É por isso que o diabo disse que tudo isso lhe havia sido “entregue”. A
palavra “entregue” foi extraída da palavra paradidomi. Ela descreve o ato de
entregar alguma coisa a alguém. Desobedecendo a Deus, Adão transferiu a
Satanás a autoridade desta terra que Deus delegara a Adão.
Agora Jesus havia vindo para tomar o controle da terra e da humanidade
das mãos de Satanás. O apóstolo João se refere a isso em 1 João 3:8: “... Para
isto se manifestou o Filho de Deus, para destruir as obras do diabo” (ARA).
O Senhor Jesus Cristo sabia que iria enfrentar a cruz. Sabia que ia levar o
pecado e a enfermidade sobre Si e morrer uma morte de sacrifício. No
esforço de apaziguar a carne de Jesus, o diabo disse: “Ei, Jesus! Você pode
deixar de lado cada parte disso, e eu lhe darei todo este lugar, se tão somente
você me adorar. Eu lhe darei autoridade sobre esta terra sem que você tenha
de ser crucificado! Eu a darei a você sem que você tenha de ir para o túmulo!
Eu a darei a você sem que você jamais saiba o que é o pecado!”.
Isso é que é jogo mental! Esse seria um convite difícil de recusar! Mas
como Jesus reagiu à tentação sedutora de Satanás? Ele disse: “... Para trás de
mim, Satanás...” (Lucas 4:8).
O que revestiu Jesus de poder para resistir a essa profunda tentação? A
Palavra de Deus! Jesus continuou dizendo: “... Está escrito: Ao Senhor, teu
Deus, adorarás e só a ele darás culto”. Mais uma vez, Jesus disse ao diabo:
“... Está escrito...”. O Espírito de Deus concedeu a Jesus outra espada mortal
para empunhar em resposta à oferta maligna do diabo.
Finalmente, o diabo terminou com as suas tentações. O Espírito de Deus
havia continuamente acessado o reservatório de versículos que estiveram
armazenados em Jesus, fazendo com que essas palavras rhema tomassem
vida e erguessem a Palavra como uma espada terrivelmente perigosa. E o
diabo, admitindo a derrota, “apartou-se dele até momento oportuno” (v. 13).

UMA GARANTIA DE VITÓRIA!


Você pode se preparar para o seu próprio “teste no deserto”, porque
quando começar a conquistar novos territórios para o Reino de Deus, o diabo
tentará parar você! Assim que começar a crescer no seu conhecimento da
Palavra de Deus e a progredir espiritualmente, Satanás tentará desacelerar
você. O inimigo não quer que você progrida em sua vida espiritual!
A maioria dos cristãos apenas fica sentada passivamente e deixa o diabo
espancá-los até ficarem em pedaços. Eles esquecem que não têm apenas uma
armadura defensiva à sua disposição. Eles também têm armas de ataque para
destruir toda estratégia que o inimigo lançar contra eles!
Portanto, lembre-se de que, como o soldado romano do passado, a sua
“espada do Espírito” depende da presença ou da ausência da Palavra de Deus
em sua vida. Deus lhe entregou uma espada, mas ela não irá trabalhar para
você até que tenha dado o primeiro passo para plantar a Palavra de Deus
escrita em seu coração.
Se você permitir que a Palavra escrita tenha um papel dominante em sua
vida hoje, estará preparado quando enfrentar as ciladas do inimigo no futuro.
O Espírito de Deus terá um vasto reservatório bíblico dentro de você de onde
extrair a “espada” exata que você precisa para repelir todos os ataques.
Portanto, a fim de garantir que você tenha uma “espada do Espírito” em
sua mão para reagir aos ataques mentais do diabo, comece hoje a prender
firmemente o “cinturão da verdade” em sua vida. Estude a Palavra escrita,
orando sobre ela e meditando nela continuamente, porque ela é a fonte de
onde a sua espada será tirada.
Recuse-se a permitir que o diabo continue derrotando você com as
mentiras e acusações dele. Em vez disso, permita que o Espírito Santo
empunhe uma poderosa palavra rhema — como a lâmina de uma poderosa
espada de dois gumes — por meio das palavras cheias de fé da sua boca.
Então o inimigo será aquele que sairá de cena derrotado e desmoralizado,
enquanto você continua seguindo em frente, andando vitoriosamente na luz
da Palavra de Deus!
PERGUNTAS PARA CRESCIMENTO PESSOAL OU DEBATE EM
GRUPO

1.O que é uma palavra rhema? Como você sabe quando você recebe
uma palavra rhema de Deus?
2.O que torna uma palavra rhema inseparável de uma palavra logos?
3.Quando você recebe uma palavra rhema de Deus, o que deve fazer
para empunhá-la como uma espada contra os ataques do inimigo?
4.Pense em um momento em que você recebeu uma palavra rhema
muito definida de Deus. Qual foi o resultado dessa palavra específica,
seja por causa de sua obediência ou desobediência?
5.O que Jesus fez quando o inimigo o tentou no deserto? Como você
pode seguir Seu exemplo na próxima vez em que se deparar com a
tentação, a dúvida, o medo, etc.?
2 Flávio Vegécio Renato, The Military Institutions of the Romans, traduzido
por Lt. John Clarke. (Texto escrito em 390 d.C. Tradução em inglês
publicada em 1767. Copyright expirados.) Versão do E-texto por Mads
Brevik, 2001:
http://www.pvv.ntnu.no/~madsb/home/war/vegetius/dere03.php#10.
CAPÍTULO 16

Até este ponto, abordamos o “cinturão da verdade”, a “couraça da justiça”,


as “sandálias da paz”, o “escudo da fé”, o “capacete da salvação” e a “espada
do Espírito”. Agora vamos à última peça de armamento que Paulo relaciona
em Efésios 6.
Paulo termina a sua apresentação sobre a armadura espiritual no versículo
18, quando diz: “Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no
Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os
santos”.
Quando estudei esses versículos a respeito da armadura espiritual, fiquei
perplexo quando cheguei ao final desse texto. Fiquei particularmente
surpreso pelo que a maioria dos comentaristas e expositores tinha a dizer.
Embora todos eles concordassem que o soldado romano tinha sete peças de
armamento em sua armadura, todos eles diziam que a lista da armadura de
Paulo estava incompleta, deixando de mencionar mais uma arma: a lança do
soldado romano.
Fiquei perplexo com a ausência da lança porque Paulo nos ordena:
“Revesti-vos de toda a armadura de Deus...”. Pensei: Se é verdade que a
lança não faz parte da nossa armadura como esses comentaristas e
expositores afirmam, então não é possível nos revestirmos de toda a
armadura de Deus, porque a lança era uma parte estratégica do armamento
de um soldado romano!
Concluí que embora a lança não seja mencionada especificamente pelo
nome nesses versículos, ela deveria estar nesse texto; do contrário, não
teríamos toda a armadura de Deus. Então, cheguei à conclusão que a lança
está incluída como parte desse conjunto de equipamento espiritual. Ela se
encontra em Efésios 6:18: “Com toda oração e súplica, orando em todo
tempo no Espírito...”. Chamo essa última arma de “a lança da oração e da
súplica”.
Quando você empunha a “lança da oração e da súplica”, essa ferramenta da
oração poderosa é empurrada adiante na dimensão do espírito, contra as obras
malévolas do adversário. Arremessando com força esse instrumento divino
na face do inimigo, você exerce o poder que Deus lhe deu de impedir que
obstáculos importantes desenvolvam-se em sua vida pessoal.

VÁRIOS TIPOS DE LANÇAS


Quando Paulo chegou à conclusão desse texto sobre a armadura espiritual,
ele tinha em mente a imagem de lanças e arpões romanos. É bem possível
que Paulo pudesse olhar para o outro lado de sua cela na prisão e ver onde o
guarda romano havia apoiado contra a parede diversos tipos de lanças e
arpões de vários tamanhos.
As lanças usadas pelo grande e diversificado exército romano variavam
grandemente em tamanho, forma e comprimento. Ao longo de muitos
séculos, essas diversas lanças foram modificadas substancialmente, de modo
que o soldado romano tinha todo tipo de lanças à sua disposição.
As antigas lanças gregas, usadas durante o tempo de Homero, eram
normalmente feitas de madeira de freixo e tinham cerca de dois metros de
comprimento com uma ponta de lança sólida de ferro no final. Como a lança
em si, a ponta de ferro da lança variava muito em sua forma. Em geral, ela se
assemelhava a uma folha, a um papiro, a uma farpa afiada, ou simplesmente a
uma ponta dentada, como as pontas de lança usadas nos arpões atuais.
Algumas lanças eram pequenas; outras eram extremamente longas. As
lanças menores e mais curtas eram usadas para ferir um inimigo de perto, ao
passo que as lanças mais longas eram utilizadas para serem lançadas em um
inimigo à distância.
A maioria dos soldados romanos carregava ambas as lanças, a curta e a
longa. Com a lança mais curta, eles podiam atingir o corpo dos soldados
inimigos a curta distância — e que morte mórbida era essa! Com a lança mais
longa, eles atingiam o seu adversário com um golpe mortal de longe. Depois
de atingir com êxito um inimigo com a lança mais longa, o soldado romano
desembainhava sua espada e corria para eliminar o oponente, cortando sua
cabeça enquanto ele estava ferido no chão.
Além dessas, havia muitas outras espécies de lanças. Por exemplo, durante
o tempo do historiador grego Xenofonte, as forças armadas carregavam uma
enorme miríade de lanças: lanças curtas, lanças longas, lanças estreitas,
lanças largas, lanças pontiagudas, lanças cegas, lanças denteadas, lanças de
múltiplas lâminas, e assim por diante. O soldado comum da infantaria
carregava cinco lanças curtas e uma lança longa.
De todas as lanças do mundo antigo, os macedônios usavam a mais longa.
A lança que eles usavam em batalha tinha cerca de sete metros de
comprimento, ou a altura de um poste telefônico! Imagine como devia ser
estranho usar uma arma de guerra tão comprida. Essa lança exigia que o seu
portador fosse incrivelmente forte! Entretanto, essa não era a única lança que
os macedônios utilizavam. A cavalaria macedônia usava outras lanças, que
eram muito mais curtas.
O exército romano usava uma lança chamada de pilum, utilizada
principalmente para lançar em um inimigo à distância. Essas lanças pilum
eram empregadas quando uma força oponente vinha atacar a posição
fortificada ou o acampamento dos romanos. Em vez de esperar que o inimigo
viesse sobre eles antes de iniciar a batalha e assim causar muitas perdas, os
soldados romanos lançavam essas lanças extremamente pesadas ao ar na
direção de seus inimigos. Ao fazer isso, os romanos podiam atingir muitos
dos soldados inimigos e lançá-los ao chão antes que eles pudessem penetrar
em seu acampamento.
O comprimento da lança pilum no tempo do Novo Testamento era de cerca
de dois metros de comprimento, com a ponta de lança de ferro no topo da
lança e a seta de ferro embaixo, medindo cada uma aproximadamente
noventa centímetros de comprimento. Isso significa que a totalidade dessas
lanças pilum era feita de ferro sólido! Muitas dessas lanças podem ser vistas
ainda hoje nos museus de antiguidades em todo o mundo.
Vegécio, historiador romano que escreveu sobre as instituições militares
dos antigos romanos, falou sobre outra lança que o soldado romano usava.
Essa lança, diz Vegécio, tinha cerca de um metro e meio de comprimento
com uma ponta de lança de três pontas que tinha cerca de trinta centímetros
de comprimento. Mais tarde, ela foi modificada para ter um metro de
comprimento, com uma ponta de lança de doze centímetros de comprimento.
Se o soldado desejasse causar um ferimento enorme e terrível em seu
inimigo, ele se certificava de carregar a ponta de sua lança com uma maior
quantidade de ferro. Quanto mais pesado fosse o instrumento, mais mortal era
a ferida. Além do mais, esse peso de ferro mais pesado ajudava a transportar
a lança para mais longe quando o soldado tinha de arremessá-la a uma grande
distância.
Havia muitos tipos diferentes de lanças e muitas variações de cada uma
delas. Na verdade, existiam tantas formas, tamanhos e comprimentos de
lanças durante aquele tempo da História que eu poderia continuar escrevendo
a respeito desse assunto por muitas páginas ainda!

VÁRIOS TIPOS DE ORAÇÃO


O que tudo isso tem a ver com a armadura espiritual? Por que estou
dedicando tempo para enfatizar as diversas formas, tamanhos e
comprimentos de lanças?
Eis o ponto: Paulo está imaginando toda a série de lanças e arpões quando
ele chega à questão da oração. Agora, por revelação, ele começa a comparar
essas diversas lanças com os diferentes tipos de oração que Deus
disponibilizou para nós. É por isso que Paulo disse: “Com toda [espécie de]
oração e súplica...”.
Observe especialmente a parte inicial desse versículo, onde Paulo diz: Com
toda oração. A expressão “toda oração” foi extraída da expressão grega dia
pases proseuches, e seria melhor traduzida como com todos os tipos de
oração.
Assim, quando Paulo se aproxima do fim desse texto sobre o armamento
espiritual, ele nos incentiva a pegarmos a nossa última arma — a oração — e
utiliza a imagem desses tipos diferentes de lanças para retratar diferentes
tipos de oração. Visto que os soldados romanos usavam todos os tipos
distintos de lanças na batalha, Paulo agora começa a nos iluminar para o fato
de que Deus disponibilizou muitos tipos de oração a nós, a fim de atender a
propósitos diferentes em nosso combate da fé. Agora Paulo nos instrui a usar
cada uma dessas formas de oração conforme necessário. (Falaremos dessas
diversas formas de oração bíblica posteriormente.)
Assim como o soldado romano tinha uma lança curta para arremessar no
inimigo a curta distância, nada pode comparar-se à oração de fé de um crente
que é cheio de autoridade! Uma oração dessas é totalmente capaz de provocar
uma ferida mortal em um inimigo invisível que se aproximou demais,
colocando-se dentro da esfera de alcance.
Semelhantemente, assim como o soldado romano tinha uma lança longa
para arremessar em direção ao seu oponente à distância, nós temos a arma da
intercessão que nos permite frustrar um ataque inimigo em nossas vidas ou na
vida de outra pessoa antes mesmo que ele ocorra. Como uma lança carregada
de peso mortal, a intercessão pode infligir uma ferida tão fatal no domínio
das trevas que impede que os artifícios do diabo se tornem realidade na vida
de outros ou em nossas próprias vidas, famílias, negócios, igrejas e
ministérios.
Os espíritos invisíveis procuram continuamente bombardear a carne e
assediar a mente dos crentes. Esses espíritos malignos odeiam a presença de
Jesus Cristo e de Sua Igreja na terra, o que torna a oração uma arma de ataque
indispensável para os crentes usarem a fim de impedir os ataques do inimigo.
Sim, é verdade que a nossa vitória já foi conquistada por meio da morte e
da ressurreição de Jesus. Mas independentemente do quanto pensemos que
somos habilidosos, ousados e corajosos no que se refere à questão do conflito
espiritual, simplesmente não podemos manter uma posição vitoriosa sem
termos uma vida de oração. Na verdade, sem essa arma espiritual vital,
podemos estar certos da derrota absoluta e total! No entanto, à medida que
buscamos a Deus em oração para receber Sua direção e Seu poder para a
nossa vida diária, nós nos colocamos na posição para reforçarmos a vitória
triunfante de Jesus Cristo sobre Satanás e demonstrar gloriosamente sua
miserável derrota.
Para nos ajudar a manter essa posição vitoriosa, Deus concedeu à Igreja
vários tipos de oração poderosa. É por isso que a frase de Efésios 6:18 pode
ser traduzida deste modo:

“Orando com toda espécie de oração.”


“Orando com todos os tipos de oração.”
“Orando com todos os tipos de oração disponíveis a você.”

Não há dúvidas acerca disso. Quando Paulo escreve sobre os diferentes


tipos de oração, ele vê uma imagem mental dos vários tipos de lanças
disponíveis ao soldado romano. Com os olhos de sua mente, Paulo vê lanças
longas, lanças curtas, lanças largas, lanças estreitas, lanças pontiagudas,
lanças cegas, lanças de múltiplas lâminas, e assim por diante. Então, ele nos
diz: “Orando com todos os tipos de orações que estão disponíveis para vocês
usarem...”.
Isso significa que nenhum tipo de oração é melhor que outro. Em vez
disso, cada uma serve a um propósito diferente e é necessária para a vida de
fé.

COM QUE FREQUÊNCIA DEVEMOS ORAR?


Antes de entrar em uma discussão a respeito da grande variedade de
orações que nos foram disponibilizadas, precisamos primeiramente recuar por
um instante e perguntar: “Com que frequência devemos orar?”.
Observe como Paulo começa no início de Efésios 6:18. Ele diz: “Orando
em todo o tempo...”.
A frase “em todo o tempo” foi extraída da expressão grega en panti kairo.
A palavra en seria mais bem traduzida por em. A palavra panti significa todo
e qualquer. Essa é uma palavra abrangente que inclui tudo, inclusive os
menores e mínimos detalhes. A palavra kairo é a palavra grega para tempos
ou estações.
Quando todas essas três palavras são usadas em conjunto em uma frase (en
panti kairo), como Paulo as usa em Efésios 6:18, elas seriam traduzidas com
maior exatidão por “em toda e qualquer ocasião”. Essa frase também poderia
ser traduzida por em todas as oportunidades, todas as vezes que tiverem
chance, em cada instante ou em todo e qualquer momento possível.
A ideia que Paulo está querendo nos transmitir é esta: “A qualquer
momento em que tiver a chance, independentemente de onde você estiver ou
do que estiver fazendo, em toda oportunidade, em todo instante e em todos os
momentos possíveis, AGARREM essa oportunidade para orar!”.
Isso nos diz claramente que a oração não é opcional para o cristão que leva
a sério a sua vida espiritual. Infelizmente, porém, a oração é a peça de
armamento mais ignorada pelo Corpo de Cristo hoje. As pessoas acham mais
empolgante falar sobre o escudo da fé, a espada do Espírito ou a couraça da
justiça, do que falar sobre oração.
Porém, a lança da oração e da súplica é igual em importância a essas outras
peças da armadura. A oração faz parte do nosso equipamento espiritual. Na
verdade, essa peça de armamento é tão crucial que Paulo nos incentiva a usá-
la continuamente e habitualmente, em todos os momentos possíveis.

SEIS TIPOS DE ORAÇÃO PARA O CRISTÃO


Paulo diz: “Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no
Espírito...”. O Novo Testamento usa seis palavras gregas diferentes para falar
de oração, que estão disponíveis ao nosso uso. Algumas fontes podem
enumerar mais que estas seis; entretanto, estas palavras adicionais têm a ver
principalmente com adoração ou são palavras de oração que eram usadas
somente pelo Senhor Jesus Cristo. Deus concedeu seis tipos específicos de
oração que pertencem a nós como cristãos.
Cada uma dessas seis formas de oração é diferente das outras, bem como
os múltiplos tipos de lanças romanas variavam uns dos outros. Cada forma de
oração também está continuamente à nossa disposição para ser usada em
nosso combate da fé.
Os tipos básicos de oração encontrados no Novo Testamento podem ser
classificados como segue:

1.Oração de Consagração
2.Oração de Petição
3.Oração de Autoridade (ou a Oração da Fé)
4.Oração de Ações de Graças
5.Oração de Súplica
6.Oração de Intercessão

Vamos ver em maior profundidade cada uma dessas diferentes formas de


oração.

Oração de Consagração
A palavra mais comum para “oração” no Novo Testamento foi extraída da
palavra grega proseuche. Essa palavra específica em suas diversas formas é
usada aproximadamente 127 vezes no Novo Testamento. É exatamente essa
palavra que Paulo utiliza em Efésios 6:18, quando diz: “com toda oração e
súplica, orando em todo tempo...”. Em ambos os casos, a palavra “oração”
foi extraída da palavra grega proseuche.
A palavra proseuche é um composto das palavras pros e euche. A palavra
pros é uma preposição que significa face a face. Já vimos essa palavra,
empregada em João 1:1 para retratar o relacionamento íntimo que existe entre
os Membros da Divindade.
Este versículo diz: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com
Deus...”. A palavra “com” foi extraída da palavra pros. Usando essa palavra
para descrever o relacionamento entre o Pai e o Filho, o Espírito Santo está
nos dizendo que o relacionamento deles é um relacionamento íntimo. Um
tradutor o traduziu assim: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava face a
face com Deus...”.
A palavra pros também é usada em Efésios 6:12 para retratar o nosso
contato próximo com os espíritos demoníacos invisíveis que se organizaram
contra nós. Quase em todo lugar onde é utilizada no Novo Testamento, a
palavra pros traz em si a ideia de um contato próximo, direto e íntimo com
outra pessoa.
A segunda parte da palavra proseuche foi extraída da palavra euche. A
palavra euche é uma palavra grega antiga que descreve um desejo, oração ou
voto.
A palavra euche era usada originalmente para retratar uma pessoa que fez
algum tipo de voto a Deus por causa de uma necessidade ou desejo em sua
vida. Esse indivíduo fazia um voto para dar algo de grande valor a Deus em
troca de uma resposta favorável à sua oração.
Um exemplo perfeito disso pode ser encontrado na história de Ana, a mãe
de Samuel. Ana desejava profundamente um filho, mas não conseguia
engravidar. Com grande desespero e angústia de espírito, ela orou e fez um
voto solene ao Senhor.

E fez um voto, dizendo: “Ó SENHOR dos Exércitos, se tu deres atenção


à humilhação de tua serva, te lembrares de mim e não te esqueceres de
tua serva, mas lhe deres um filho, então eu o dedicarei ao SENHOR por
todos os dias de sua vida, e o seu cabelo e a sua barba nunca serão
cortados...”.
Na manhã seguinte, eles [Ana e seu marido, Elcana] se levantaram e
adoraram o SENHOR; então voltaram para casa, em Ramá. Elcana teve
relações com sua mulher Ana, e o SENHOR se lembrou dela. Assim Ana
engravidou e, no devido tempo, deu à luz um filho...
— 1 Samuel 1:11, 19-20

Em troca por receber o precioso presente que era esse filho, Ana fez um
voto de que seu jovem menino seria dedicado à obra do ministério.
Tecnicamente, esse era um euche, pois assumindo esse compromisso, Ana
deu o seu bem mais valioso e precioso a Deus em resposta à sua oração ter
sido atendida.
Com muita frequência, as pessoas que buscam uma resposta à oração
ofereceriam a Deus um presente de ações de graças antecipado. Essa era a
maneira de liberarem sua fé na bondade de Deus e de agradecer a Ele pela
Sua resposta favorável aos seus pedidos de oração.
Antes que uma pessoa verbalizasse a sua oração, ela levantaria um altar de
comemoração e ofereceria um sacrifício de ações de graças nesse altar. Essas
ofertas de louvor e ações de graças eram chamadas “ofertas votivas”
(derivadas da palavra “voto”). Essa oferta votiva era semelhante a uma
promessa, pois foi prometido por essa pessoa que se sua oração fosse
atendida, ela voltaria para dar novas ações de graças a Deus.
Toda essa informação estabelece o pano de fundo para a palavra
proseuche, usada mais do que qualquer palavra para “oração” no Novo
Testamento. Tenha em mente que a maioria dos leitores de Paulo era de
origem grega; por conseguinte, eles entendiam todas as ramificações dessa
palavra.
Que retrato da oração nós temos aqui! Com certeza, ele nos diz diversas
coisas importantes sobre o assunto. Primeiramente, a palavra proseuche nos
diz que a oração deveria nos colocar face a face com Deus e olho no olho
com Ele em um relacionamento íntimo. A oração é mais do que um ato
mecânico ou uma fórmula a ser seguida. É um veículo que nos ergue a um
lugar no Espírito onde podemos desfrutar de um relacionamento íntimo e
próximo com Deus!
A ideia de sacrifício também está associada a essa palavra para “oração”.
Ela retratava um indivíduo que desejava tão desesperadamente ver o seu
pedido de oração atendido que estava disposto a entregar tudo o que possuía
em troca de sua oração atendida. Isso descreve claramente um altar de
sacrifício e consagração em oração, onde a vida de uma pessoa é inteiramente
rendida a Deus.
Embora o Espírito Santo possa convencer o nosso coração de áreas que
necessitam ser rendidas ao Seu poder santificador, Ele nunca tomará essas
coisas de nós à força. Assim, essa palavra específica para a oração aponta
para um lugar de decisão e consagração, um altar onde votamos livremente
entregar nossas vidas a Deus em troca da Sua vida.
Pelo fato de que a palavra proseuche tem a ver com esses conceitos de
entrega e sacrifício, isso nos diz que Deus obviamente deseja fazer mais do
que meramente nos abençoar. Ele quer nos transformar!
As ações de graças também eram parte vital dessa palavra comum para a
oração. Portanto, sabemos que quando oferecemos uma oração genuína com
fé, nunca devemos deixar de agradecer a Deus antecipadamente por ouvir e
atender às nossas orações.
Logo, a palavra grega proseuche se refere a muito mais do que a fazer um
simples pedido de oração. Ela é também o ato de entrega, consagração e
ações de graças.
Essa forma de oração é a primeira “lança da súplica e da oração” que Deus
colocou em nossas mãos. Ao aprender a usar essa poderosa ferramenta de
oração, colocamos nossas vidas em Suas mãos em um ato de consagração.
A ideia por trás de proseuche é esta: Fique face a face com Deus e
entregue a sua vida em troca da dele, consagrando a sua vida
progressivamente. E certifique-se de dar graças a Ele antecipadamente por
se mover em sua vida!
As possíveis referências para a palavra proseuche são muitas para
enumerar aqui. Sugiro que você estude muitas das 127 ocorrências dessa
palavra no Novo Testamento.

Oração de Petição
A segunda palavra usada com mais frequência para “oração” no Novo
Testamento foi extraída da palavra deesis. A palavra deesis e suas diversas
formas são traduzidas como “oração e petição” mais de 40 vezes no Novo
Testamento.
Paulo usa essa palavra em Efésios 6:18, quando diz: “Com toda oração e
súplica, orando em todo tempo...”. Nesse versículo, a palavra deesis é
traduzida pela palavra “súplica”.
Deesis foi extraída do verbo deomai, que descreve mais literalmente uma
necessidade ou um desejo. É a imagem de uma pessoa com alguma espécie
de necessidade ou desejo em sua vida pessoal.
À medida que o tempo passou, a palavra “necessidade” começou a assumir
o significado de oração — o tipo de oração que expressa as necessidades e
desejos básicos a Deus. Essa palavra, porém, tem a ver com necessidades
muito básicas, não com desejos de coisas palpáveis como casas maiores,
carros mais caros, etc. A palavra deesis tem a ver com as necessidades
básicas que precisam ser atendidas para que uma pessoa continue com a sua
existência.
Portanto, poderíamos dizer que uma deesis é uma petição ou um clamor
pela ajuda de Deus que expõe a insuficiência de uma pessoa para suprir as
próprias necessidades.
Vemos que Jesus orou dessa maneira em Hebreus 5:7: “Ele, Jesus, nos dias
da Sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e
súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da Sua
piedade”.
A palavra “orações” nesse versículo foi extraída da palavra deesis. Isso nos
diz claramente que o Senhor Jesus Cristo estava muito ciente da fraqueza da
Sua humanidade. Reconhecendo Sua necessidade e a capacidade do Pai de
supri-lo de força, Jesus orou profundamente com Seu coração e Sua alma,
pedindo ao Pai para suprir a ajuda divina para Sua humanidade.
Jesus estava tão ciente da própria necessidade que Ele orou (deesis) com
“forte clamor e lágrimas”. Alguns procuraram usar essa expressão “forte
clamor e lágrimas” como base bíblica para um novo método de oração;
depois, eles tentaram ensinar esse “novo método” como doutrina a outros.
Esse versículo, porém, não oferece uma nova fórmula de oração. Foi apenas o
clamor do coração de Jesus ao Pai, clamando para que Deus o revestisse de
poder e suprisse as Suas necessidades mais básicas de força e poder.
A palavra deesis é usada novamente em Tiago 5:17, onde diz: “Elias era
homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com
instância...”. A expressão “orou com instância” também foi extraída da
palavra deesis. Significa que embora Elias fosse um grande e poderoso
homem de Deus, ele reconhecia a sua própria incapacidade de fazer qualquer
coisa significativa para Deus. Em seu profundo senso de necessidade, ele
orou com instância (deesis), pedindo a Deus para intervir em seu favor.
Esse tipo de oração vem de alguém que é muito consciente da sua própria
necessidade na vida. A palavra deesis quase sempre retrata um grito de
socorro. Uma pessoa que faz esse tipo de oração apela para Deus de uma
posição de humildade enquanto pede a Ele para conceder-lhe algum tipo de
petição especial, como um pedido de poder espiritual para ministrar, de força
para resistir à tentação ou para ser sustentado em uma crise, entre outras
coisas.
Considerando que a palavra proseuche tem a ver principalmente com
entrega e consagração, a palavra deesis tem a ver com humildade. Mais uma
vez, essa palavra retrata a imagem de um cristão que reconhece a sua total
dependência de Deus e, portanto, a sua incapacidade de suprir a própria
necessidade. Contando completamente com a capacidade de Deus de suprir a
sua necessidade, seja ela espiritual, seja mental ou emocional, essa pessoa ora
com instância e sinceramente, suplicando a Deus do fundo do seu espírito e
alma que Ele se mova graciosamente em seu favor.
Agora, vemos que a palavra deesis é usada em Efésios 6:18 e traduzida
como “súplica”. A versão King James diz: “Orai no Espírito em todas as
circunstâncias, com toda petição e humilde insistência [deesis]...”. Uma
tradução melhor seria: Orando sempre com toda oração e com toda petição
sincera, ardente e profunda...
Essa forma intensa de oração vem da consciência de uma pessoa de sua
própria fragilidade humana. A oração de petição é, portanto, a oração que
expõe a insuficiência de uma pessoa e a sua necessidade contínua de Deus.
(Para ver outros exemplos de deesis, ver 2 Coríntios 8:4 e 1 Tessalonicenses
3:10.)
Oração de Autoridade (ou a Oração da Fé)
A terceira forma de oração usada no Novo Testamento é extraída da
palavra aiteo. A palavra aiteo é usada aproximadamente 80 vezes no Novo
Testamento, o que faz dela a terceira palavra mais comum para oração.
A palavra aiteo significa eu peço ou eu exijo. À primeira vista, essa palavra
grega parece uma palavra estranha para oração, porque não se refere a
alguém que pede algo humildemente a Deus. Em vez disso, aiteo descreve
alguém que ora com autoridade, quase exigindo algo de Deus! Essa pessoa
sabe o que necessita, e não tem medo de pedir com ousadia!
Diferente da palavra deesis, que tem mais a ver com necessidades e desejos
espirituais, a palavra aiteo tem a ver principalmente com necessidades
palpáveis, como alimento, abrigo, dinheiro, e assim por diante.
Mas como uma pessoa pode se aproximar de Deus com tal franqueza,
ordenando e exigindo que as suas necessidades sejam supridas por Ele? Jesus
nos deu a chave para entendermos a palavra aiteo em João 15:7. Ele disse:
“Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós,
pedireis o que quiserdes e vos será feito”.
A palavra “pedir” nesse versículo foi extraída da palavra aiteo. Essa frase
poderia, portanto, ser traduzida como “... exigireis o que quiserdes...”.
Algumas pessoas perturbam-se com a noção de “exigir” algo de Deus.
Entretanto, ela não é tão perturbadora quando você a avalia no contexto
completo do versículo. No início do versículo, o Senhor Jesus disse: “Se
permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós...”.
Observe que a palavra “permanecer” é usada duas vezes nesse versículo. Em
ambos os casos, “permanecer” é extraída da palavra meno, que significa ficar,
permanecer, residir, habitar, continuar, permanecer em união constante
com, ou fixar residência permanente.
À luz dessa definição, poderíamos traduzir o versículo deste modo: Se
vocês habitarem, permanecerem, ficarem, residirem, continuarem
permanentemente em Mim, e se as Minhas palavras habitarem,
permanecerem, ficarem, residirem, continuarem permanentemente em vocês,
poderão pedir com força tudo o que desejarem e isso lhes será feito.
O Senhor Jesus sabia que se as palavras dele fixassem residência
permanente no nosso coração e na nossa mente, nunca pediríamos alguma
coisa que não estivesse alinhada com Sua vontade para as nossas vidas. Por
conseguinte, quando permitimos que a Palavra de Deus se aloje permanente e
habitualmente em nossos corações, essa Palavra transforma de tal forma as
nossas mentes que, quando oramos, fazemos isso de acordo com a vontade de
Deus.
Quando você sabe que está orando de acordo com a vontade de Deus, não
precisa pronunciar seus pedidos medrosamente. Em vez disso, você pode
afirmar a sua fé com ousadia e esperar que Deus se mova em seu favor!
Como diz o autor de Hebreus: “Assim, aproximemo-nos do trono da graça
com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça
que nos ajude no momento da necessidade” (Hebreus 4:16).
A palavra aiteo também se encontra em 1 João 5:14-15. Nesses versículos,
João diz: “Esta é a confiança que temos ao nos aproximarmos de Deus: se
pedirmos alguma coisa de acordo com a vontade de Deus, ele nos ouvirá. E
se sabemos que ele nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que temos o
que dele pedimos”.
Observe a primeira parte do versículo 14, onde João diz: “Esta é a
confiança...”. A palavra “confiança” é derivada da palavra parresia, e sempre
retrata alguém que é extremamente ousado ou corajoso. É como se João
dissesse: “Se você quer saber por que somos tão ousados, corajosos e diretos
quando oramos, eis o motivo...”.
O versículo continua dizendo: “... se pedirmos alguma coisa de acordo
com a vontade de Deus, ele nos ouvirá. E se sabemos que ele nos ouve em
tudo o que pedimos, sabemos que temos o que dele pedimos”.
Veja especialmente que João diz: “... se pedirmos alguma coisa de acordo
com a vontade de Deus...”. A palavra “pedirmos” é mais uma vez extraída da
palavra aiteo. Devemos enfatizar que essa palavra é mais uma vez usada em
conexão com conhecer a vontade de Deus para a sua vida. Logo, esse
versículo poderia ser parafraseado deste modo: “... Se pedirmos com
veemência alguma coisa que esteja de acordo com Seu desejo para as nossas
vidas...”.
Usando as mesmas palavras de Jesus em João 15:7, João faz uma
afirmação semelhante: se a Palavra de Deus habitar permanentemente em
nós, e se orarmos de acordo com essa Palavra que habita no nosso interior,
podemos entrar na presença de Deus e fazer os nossos pedidos conhecidos
com grande ousadia, coragem e confiança.
Deus claramente não se ofende com esse tipo de oração direta.
João continua: “E, se sabemos que Ele nos ouve quanto ao que lhe
pedimos, estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito”.
Essa palavra “pedir” é extraída mais uma vez da palavra aiteo.
Se a Palavra de Deus habita em você — se a Palavra se alojou no seu
coração e na sua mente e fixou residência em sua vida — então você não fará
orações que não estejam alinhadas com o plano de Deus. Portanto, quando
você orar, as suas orações serão precisas e alinhadas com o plano
predeterminado do Pai para a sua vida. Você estará orando a vontade de
Deus!
Quando você acumulou em seu coração um firme fundamento de
conhecimento baseado na Palavra de Deus, você pode ser muito ousado e
corajoso em sua vida de oração, que é exatamente o que Deus quer que você
faça. O desejo dele é que você avance com ousadia e coragem em oração, a
fim de tomar posse da vontade dele para a sua vida e fazer com que ela se
manifeste!
Permitindo que a Palavra de Deus assuma um papel de autoridade no seu
coração e na sua mente, você está dando a essa Palavra a liberdade para
transformar o seu pensamento. E quanto mais a sua mente for renovada pela
Palavra de Deus, mais as suas orações estarão de acordo com o plano dele
para a sua vida.
Quando você está nessa posição, está pronto para experimentar esse tipo
aiteo de oração. Com a “lança da súplica e da oração” à sua disposição, você
pode se mover com ousadia, coragem e confiança a novas dimensões de
oração para obter a petição que você deseja de Deus! (Para outros exemplos
da palavra aiteo, veja Efésios 3:20; Tiago 1:5, 6 e 1 João 3:22.)

Oração de Ações de Graças


A quarta forma mais comum de oração no Novo Testamento é extraída da
palavra eucharistia. A palavra eucharistia e suas diversas formas são usadas
15 vezes ao longo do Novo Testamento.
Eucharistia é um composto das palavras eu e charistia. A palavra eu
descreve algo que é bom ou bem. Denota uma boa disposição geral ou
sentimento com relação a alguma coisa. A palavra charistia vem da palavra
charis, a palavra para graça.
Quando unidas em uma só palavra, a nova palavra eucharistia se refere a
sentimentos maravilhosos e bons sentimentos que fluem livremente do
coração como reação a alguma coisa. Ela é usada principalmente nas
epístolas de Paulo, quando ele agradece a Deus alegremente por alguma coisa
ou um grupo de pessoas.
Por exemplo, quando Paulo escreveu à igreja de Éfeso, ele estava tão
tomado pela graça de Deus no meio deles que falou livremente do fundo do
coração, dizendo: “... não cesso de dar graças por vós, fazendo menção de
vós nas minhas orações” (Efésios 1:16, ARA). Essa é a ideia transmitida
nestas palavras: “Os meus sentimentos com relação a vocês não podem ser
contidos. Não posso deixar de agradecer a Deus por vocês!”.
Em Colossenses 1:3, Paulo ora da mesma forma pela igreja de Colossos,
dizendo: “Damos sempre graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,
quando oramos por vós” (ARA).
Paulo orou de maneira semelhante pelos cristãos de Tessalônica. Ele disse:
“Damos, sempre, graças a Deus por todos vós, mencionando-vos em nossas
orações e, sem cessar” (1 Tessalonicenses 1:2). Do mesmo modo, mais tarde
ele orou: “Irmãos, cumpre-nos dar sempre graças a Deus...” (2
Tessalonicenses 1:3).
Além do mais, Paulo usou a palavra eucharistia em 1 Tessalonicenses
5:18, quando nos diz: “Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus
em Cristo Jesus para convosco”.
De acordo com esse versículo, é a vontade de Deus que usemos a oração
de ações de graças em todos os aspectos de nossas vidas. Paulo diz: “Em
tudo...”. O grego poderia ser melhor traduzido deste modo: Em todas as
ocasiões e de todas as maneiras possíveis... Isso significa claramente que um
espírito de ações de graças deveria exercer um papel dominante em nossas
vidas.
Principalmente quando você está orando pelos outros, deveria parar por um
instante e refletir a respeito de tudo que Deus fez na vida dessas pessoas.
Você provavelmente perceberá que, embora elas ainda possam ter falhas que
perturbem você, elas progrediram muito em comparação ao que costumavam
ser. Enquanto você se lembra do que a graça de Deus já realizou nas pessoas
pelas quais está orando e o quanto elas mudaram, poderá agradecer a Deus
livremente, alegremente e sem reservas pela Sua obra transformadora na vida
delas.
Essa “lança da súplica e da oração” em particular é extremamente
importante em nossa vida espiritual. Embora a maioria das pessoas prefira
falar sobre súplica, intercessão e outras formas de oração, a oração de ações
de graças também é uma parte vital do nosso armamento espiritual. (Para
outros exemplos da palavra eucharistia, veja 2 Coríntios 4:15, 9:11-12;
Filipenses 4:6; Colossenses 2:7; 4:2; 1 Timóteo 4:3-4 e Apocalipse 7:12.)

Oração de Súplica
A quinta forma de oração usada no Novo Testamento é extraída da palavra
enteuxis. A palavra enteuxis e suas diversas formas são utilizadas apenas
cinco vezes no Novo Testamento.
Enteuxis é extraída da raiz entugchano, que é um composto das palavras en
e tugchano. A palavra en significa em ou dentro. A palavra tugchano
significa deparar com. Quando essas duas palavras são unidas em uma, a
palavra resultante significa cair nas mãos de uma situação ou deparar com
uma circunstância com outra pessoa.
A palavra enteuxis e suas diversas formas (como entugchano) em geral são
traduzidas como a palavra “intercessão” no Novo Testamento. Entretanto,
enteuxis não se refere necessariamente a intercessão como pensa a maioria
das pessoas (isto é, oração por outras pessoas). A palavra enteuxis carrega
consigo a ideia de alguém que vai a Deus com uma fé simples, como a de
uma criança, para desfrutar livremente de comunhão na presença do Senhor.
Um expositor disse que essa é a oração na sua forma mais individual e
simples.
Significa literalmente deparar com ou cair nas mãos de. A ideia é ser
capturado pela presença do Senhor ou entrar em um relacionamento
maravilhoso em oração. Em alguns lugares, ela foi traduzida como a palavra
“súplica”.
Na verdade, essa é a ideia refletida na palavra enteuxis: suplicar ao Senhor.
Essa palavra era usada em alguns escritos clássicos para retratar um
relacionamento amoroso entre dois amantes — dois indivíduos que foram
capturados um pelo outro — que encontraram ou descobriram um ao outro e
agora estavam compartilhando suas vidas.
A palavra enteuxis denota uma forma maravilhosa e íntima de oração por
meio da qual aprendemos a entrar na presença de Deus com uma fé de
criança, para nos expressarmos livremente, para expressarmos nossos desejos
livremente e para desfrutar sem reservas da Sua maravilhosa presença. Além
disso, a oração de súplica se refere àqueles momentos especiais em oração
quando Deus, por intermédio do Seu Espírito, derrama sobre nós Seu amor e
nos enche do conhecimento da Sua aceitação transformadora.
Graças a Deus pelo glorioso privilégio que Ele nos concedeu de
desfrutarmos esse tipo de comunhão íntima com Ele! (Para outros exemplos
da palavra enteuxis, ver Romanos 11:2; 1 Timóteo 2:1; 4:5.)

Oração de Intercessão
A sexta palavra para oração usada no Novo Testamento é extraída da
palavra huperentugchano. Essa palavra grega aparece apenas uma vez em
todo o Novo Testamento, o que a torna uma das palavras mais raras que
denotam diferentes formas de oração.
O único uso de huperentugchano no Novo Testamento está em Romanos
8:26. Entretanto, ela não é usada com relação aos cristãos; em vez disso, é
usada com relação ao Espírito Santo. Romanos 8:26 diz: “Também o
Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não
sabemos orar como convém, mas o mesmo [o próprio] Espírito intercede por
nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis” (ARA).
Você percebeu quem estava fazendo essa obra específica de intercessão? O
Espírito Santo! Paulo diz: “... mas o mesmo [o próprio] Espírito intercede...”.
Portanto, a palavra para intercessão huperentugchano não é uma obra
intercessória que nós fazemos, mas uma obra que o Espírito Santo faz em
nosso favor.
A palavra “intercessão” (huperentugchano) é uma palavra antiga que
significa descer em favor de outra pessoa. É o que chamaríamos de resgate.
Por exemplo, se alguém caísse no fundo de uma caverna, você teria de descer
para dentro daquela caverna junto com essa pessoa a fim de tirá-la e resgatá-
la.
É exatamente essa a ideia por trás dessa palavra para “intercessão”.
Usando-a, Paulo nos diz que essa é uma obra especial de intercessão, feita
pelo próprio Espírito Santo. Ela fala daqueles momentos em que o Espírito de
Deus se une a nós sobrenaturalmente em nossas circunstâncias, compartilha
as nossas emoções e frustrações, e depois começa a desenvolver um plano
que finalmente nos tirará do caos!
O verdadeiro ministério de intercessão do Espírito Santo ocorre quando
você não tem palavras e não sabe como orar. De repente, e
sobrenaturalmente, o Espírito Santo desce até esse lugar de incapacidade e se
une a você no ritmo da oração.
Com todos os Seus maravilhosos atributos e características de
personalidade, o Espírito Santo ainda sente tudo o que você sente. Ele se
compadece dos seus sentimentos de total inadequação. Ele entende as
batalhas que você está enfrentando. Ele desce voluntariamente até cada
circunstância difícil com você, sentindo as suas emoções de medo, ira ou
frustração. Então Ele dá início a um plano de resgate!
Portanto, embora a palavra “intercessão” signifique descer com outra
pessoa, o propósito não é ter Alguém com quem você possa compartilhar sua
experiência de estar no fundo do poço. Em vez disso, o propósito da
intercessão é resgatá-lo, renová-lo e livrá-lo da situação difícil que você está
enfrentando. É exatamente disso que se trata o ministério de intercessão do
Espírito Santo.
Quem experimenta esse tipo de intercessão e intervenção divina
sobrenatural? Romanos 8:26 começa dizendo: “Também o Espírito,
semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza...”. Preste atenção
especialmente à palavra “fraqueza”. Um grande expositor disse que esse
versículo poderia ser traduzido como: Semelhantemente, o Espírito ajuda
aqueles que sabem que são fracos e enfermos... Era exatamente essa a ideia
que Paulo tinha em mente!
Em outras palavras, é quando finalmente reconhecemos a nossa própria
fraqueza humana que começamos a abrir o nosso coração e a nossa alma para
esse ministério de intercessão do Espírito Santo. Até admitirmos a nossa total
necessidade da Sua obra em nós, o Espírito Santo está limitado em Sua
capacidade de se mover livremente em nossas vidas.
Entretanto, no instante em que lidamos com a nossa necessidade de ajuda
sobrenatural — no momento em que abrimos nossos corações para o Espírito
Santo e clamamos por Sua ajuda — nós permitimos que Ele libere Seu poder
dentro de nós. É então que o Espírito de Deus pode dar início ao Seu
ministério sobrenatural de intercessão em nossas vidas, lançando Sua lança
mortal no coração das estratégias do inimigo para destruí-las antes mesmo
que elas possam manifestar-se em nossas vidas!

UMA PALAVRA FINAL


Neste livro, pesquisamos amplamente os textos bíblicos para captar uma
compreensão maior do armamento espiritual. Estudamos a Palavra de Deus
para ver o que ela tem a dizer a respeito da nossa posição vitoriosa sobre
Satanás.
Agora que você terminou de lê-lo, pode decidir passá-lo para outra pessoa
ler. Mas não se permita esquecer os princípios básicos contidos dentro destas
páginas. Lembre-se especialmente destas duas verdades e nunca deixe de
aplicá-las à sua vida:

•A verdadeira guerra espiritual tem a ver com assumir autoridade sobre a


sua mente e a sua carne, assim como assumir autoridade sobre as obras
das trevas.
•Se você está vivendo uma vida santa e consagrada, a maior parte da
batalha espiritual em sua vida já se instalou. Para lidar com os outros
ataques que o inimigo levanta contra você, é preciso aprender a aplicar a
Palavra de Deus diariamente nas circunstâncias que o desafiam.

Não importa qual seja o desafio a enfrentar, a sua vitória final depende de
você usar ou não as armas espirituais que Deus lhe concedeu. Portanto, se
quer viver como mais que vencedor nesta vida, as palavras de Paulo em
Efésios 6:13 devem definir a maneira como você enfrenta cada situação:
“Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia
mau e, depois de terdes vencido tudo, PERMANECER INABALÁVEIS!”.
PERGUNTAS PARA CRESCIMENTO PESSOAL OU DEBATE EM
GRUPO

1.O que significa “orar sem cessar”? Como você pode obedecer a essa
ordem em sua vida diária?
2.Quais são as características da oração de consagração? Você consegue
pensar em um momento marcante de sua caminhada espiritual em que
fez esse tipo específico de oração ao Pai? Como sua vida mudou em
resultado dessa oração?
3.Qual é o elemento principal da oração de petição? Em que tipo de
circunstâncias uma pessoa poderia fazer esse tipo de oração?
4.Qual é o pré-requisito vital que você precisa cumprir antes de poder
fazer a oração de autoridade?
5.Por que é tão importante obedecer à ordem bíblica de dar graças em
tudo por meio da oração de ações de graças?
REFERÊNCIAS

Bingham, Jane, Fiona Chandler, Jane Chisholm, Gill Harvey, Lisa Miles,
Struan Reid, e Sam Taplin. The Usborne Internet-Linked Encyclopedia of the
Ancient World. Londres: Usborne House, 2003.
Bunson, Margaret. Dictionary of the Roman Empire. Nova Iorque: Oxford
UP, 1991.
Clayton, Peter. Treasures of Ancient Rome. Nova Iorque: Crescent Books,
1995.
Collins, Michael, e Matthew A. Price. The Story of Christianity. Nova
Iorque: DK, 1999.
Connolly, Peter. Greece and Rome At War. Londres: Greenhill Books,
1998.
Conti, Flavio. A Profile of Ancient Rome. Los Angeles: Getty Publications,
2003.
Cornell, Tim, e John Matthews. Atlas of the Roman World. Nova Iorque:
Checkmark Books, 1982.
Gabucci, Ada. Ancient Rome: Art, Architecture and History. Great Britain:
The British Museum P, 2002.
Goldsworthy, Adrian. The Complete Roman Army. Londres: Thames and
Hudson Ltd., 2003.
Guhl, E., e W. Koner. Everyday Life of the Greeks and Romans. Nova
Iorque: Crescent Books, 1989.
Klucina, Petr. Armor From Ancient to Modern Times. Nova Iorque: Barnes
& Noble Books, 1997.
Liberati, Anna Maria, e Fabio Bourbon. Ancient Rome: History of a
Civilization That Ruled the World. Nova Iorque: Barnes & Noble Books,
2000.
Matyszak, Philip. Chronicle of the Roman Republic: The Rulers of Ancient
Rome From Romulus to Augustus. Londres: Thames and Hudson Ltd., 2003.
Scarre, Chris. Chronicle of the Roman Empires: The Reign-by Reign
Record of the Rulers of Imperial Rome. Londres: Thames and Hudson Ltd.,
1995.
Stambaugh, John E. The Ancient Roman City. Baltimore: The John’s
Hopkins UP, 1988.
Stephens, William H. The New Testament World in Pictures. Nashville:
Broadman P, 1987.
Table of Contents
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
CAPÍTULO 1
REFÉNS ESPIRITUAIS
DESPOJANDO OS PRINCIPADOS E AS POTESTADES
UM COMPORTAMENTO RIDÍCULO E ANTIBÍBLICO
POR QUE TANTA PREOCUPAÇÃO COM A BATALHA
ESPIRITUAL?
NÃO É NENHUMA NOVIDADE
E QUANTO AOS FEITICEIROS?
A BATALHA ESPIRITUAL BÍBLICA
COMO A VERDADEIRA BATALHA ESPIRITUAL TEM INÍCIO
LIDANDO COM O VENTO E AS ONDAS EM SUA VIDA
BATALHA ESPIRITUAL: UM ESTADO MENTAL
UMA ADVERTÊNCIA SOBRE BATALHA ESPIRITUAL
CAPÍTULO 2
HOMENS DE GUERRA COM SEDE DE SANGUE, OUSADOS E
COMPROMETIDOS
ARMAS E ESTRATÉGIAS ESPIRITUAIS
A FUTILIDADE DA CARNE
AS FRACAS E TOLAS ARMAS DA CARNE
O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE O PROPÓSITO DAS LÍNGUAS?
NÃO TOQUE, NÃO PROVE, NÃO MANUSEIE
CAPÍTULO 3
O MERCADO DE ESCRAVOS DE SATANÁS
DOMINADOS PELA “MALDIÇÃO DESTE MUNDO”
QUEM ESTÁ TRABALHANDO NOS BASTIDORES?
USADOS POR DEMÔNIOS
COMPRADOS “DO” CATIVEIRO
PAGANDO O PREÇO EXIGIDO
RESTAURADOS À CONDIÇÃO PLENA
TRANSPORTADOS PARA FORA DO REINO DE SATANÁS
CAPÍTULO 4
BATALHA ESPIRITUAL E RENOVAÇÃO DA MENTE
UM COMPROMISSO PARA TODA A VIDA
CAPÍTULO 5
UM MOMENTO OPORTUNO PARA O DIABO ATACAR
ATAQUES DEMONÍACOS QUE NÃO PROSPERAM!
UMA PORTA FECHADA NÃO SIGNIFICA FRACASSO
SE VOCÊ TEM CONQUISTADO NOVOS TERRITÓRIOS,
PREPARE-SE PARA SER DESAFIADO!
ATAQUES CONTRA IGREJAS E MINISTÉRIOS
UM PADRÃO DE CONTENDA E DISCÓRDIA
MATADORES TREINADOS E FORTEMENTE ARMADOS
CAPÍTULO 6
CRISTÃOS ESPIRITUALMENTE DESEQUILIBRADOS
COMPANHEIROS DE LUTA
SOLDADOS QUE SÃO DIGNOS DE SE ASSOCIAR A VOCÊ
CAPÍTULO 7
PODER SOBRE-HUMANO PARA UMA TAREFA SOBRE-
HUMANA
ONDE ENCONTRAR ESSE PODER
ESTÁ À SUA DISPOSIÇÃO
A EVIDÊNCIA DO PODER DO ESPÍRITO SANTO
O PODER KRATOS
O BRAÇO FORTE DE DEUS!
CAPÍTULO 8
ROUPAS NOVAS
COMO REVESTIR-SE DE TODA A ARMADURA DE DEUS?
MANTENDO UMA POSIÇÃO ESTRATÉGICA NO CAMPO DE
BATALHA DE SUA VIDA E DE SUA MENTE
UM CONFRONTO OLHO NO OLHO!
POSICIONANDO-SE CONTRA AS CILADAS DO DIABO
OS DESÍGNIOS DO DIABO
O ENGANO DO DIABO
UM EXEMPLO DE INTIMIDAÇÃO DEMONÍACA
FATOS INCONTESTÁVEIS SOBRE A BATALHA ESPIRITUAL
A CARNE PARA NADA PRESTA
INDO ALÉM DA CARNE
PREVALECENDO SOBRE OS FILISTEUS EM SUA VIDA
O MODO DE AÇÃO DO DIABO
CAPÍTULO 9
A SOBREVIVÊNCIA DOS MAIS FORTES
PRINCIPADOS E POTESTADES
AS FORÇAS MILITARES DO DIABO
REVELANDO NOMES, SÍMBOLOS E TIPOS DO DIABO NA
BÍBLIA
A TENDÊNCIA DESTRUTIVA DE SATANÁS
A NATUREZA PERVERTIDA DE SATANÁS
O DESEJO CONTROLADOR DE SATANÁS
SATANÁS, O MANIPULADOR DA MENTE
UM PRÉ-REQUISITO PARA A BATALHA ESPIRITUAL
CAPÍTULO 10
A VERSÃO EXPANDIDA DE PAULO DA ARMADURA
ESPIRITUAL
PARA REVISÃO
A ARMA MAIS IMPORTANTE
UMA PEÇA VISÍVEL DA ARMADURA
A DIFERENÇA ENTRE LOGOS E RHEMA
A ÚNICA MANEIRA DE VENCER ESPIRITUALMENTE
COMO ANDAR EM JUSTIÇA
COMO ANDAR EM PAZ
COMO ANDAR EM UMA FÉ FORTE
O CAPACETE E A ESPADA
VENCER OU PERDER É ESCOLHA SUA
A CAPACIDADE REPRODUTORA DE DEUS
O MAIOR ERRO QUE OS CRISTÃOS COMETEM
O SALMISTA QUE ENTENDIA A CENTRALIDADE DA PALAVRA
A CHAVE PARA A VITÓRIA E O SUCESSO
O MELHOR CONSELHO DO MUNDO
O CAMINHO PARA VENCER
CAPÍTULO 11
A BELEZA DA COURAÇA
ALGUÉM QUER FERIR VOCÊ
A ATITUDE CORRETA PARA A BATALHA
PASSAGENS BÍBLICAS SOBRE JUSTIÇA
UMA NOVA FONTE DE CONFIANÇA
RELIGIÃO SEM PODER VERSUS RELIGIÃO PODEROSA
JUSTIÇA: UMA ARMA DE DEFESA
JUSTIÇA: UMA ARMA DE ATAQUE
CAPÍTULO 12
DOIS TIPOS DE PAZ
A PAZ DOMINANTE
PAZ: UMA ARMA DE DEFESA
COMO A PAZ PROTEGE VOCÊ
PROTEÇÃO CONTRA OS ATAQUES DO DIABO
COMO MONTAR GUARDA AO REDOR DO SEU CORAÇÃO
ESTACAS PARA FICAR FIRME
COMO TER UMA FÉ INABALÁVEL
PAZ: UMA ARMA DE ATAQUE
É HORA DE ANDAR UM POUCO!
O QUE SIGNIFICA “EM BREVE”?
CAPÍTULO 13
O ESCUDO DA FÉ
COMO CUIDAR DO SEU ESCUDO DA FÉ
O QUE SIGNIFICA “ACIMA DE TUDO”?
O PROPÓSITO DO ESCUDO DA FÉ
OS DARDOS INFLAMADOS DO MALIGNO
UM FOGO QUE INFLAMA AS PAIXÕES MAIS VIS
QUEM É RESPONSÁVEL PELO FRACASSO?
FÉ QUE APAGA, EXTINGUE E RICOCHETEIA
FÉ COLETIVA NA IGREJA LOCAL
HÁ RACHADURAS EM SEU ESCUDO?
SE SUA FÉ PRECISA DE UMA UNÇÃO
CONCLUSÃO
CAPÍTULO 14
O CAPACETE DA SALVAÇÃO
O MAIOR DOM DE DEUS
ARMADO E PERIGOSO
JOGANDO JOGOS MENTAIS COM O DIABO
O QUE É UMA FORTALEZA?
DOIS TIPOS DE FORTALEZAS
O QUE É OPRESSÃO?
A SALVAÇÃO PROTEGE SUA MENTE
O QUE É UMA MENTE MODERADA?
O QUE SIGNIFICA A PALAVRA “SALVAÇÃO”?
UMA MENTE TRANSFORMADA
CAPÍTULO 15
AS ESPADAS DO SOLDADO ROMANO
O QUE É UMA PALAVRA RHEMA?
A ESPADA E O CINTURÃO
O QUE É UMA ESPADA DE DOIS GUMES?
MEDITAÇÃO E CONFISSÃO
COMO OUVIR DE DEUS
QUANDO JESUS PRECISOU DE UMA ESPADA
UMA GARANTIA DE VITÓRIA!
CAPÍTULO 16
VÁRIOS TIPOS DE LANÇAS
VÁRIOS TIPOS DE ORAÇÃO
COM QUE FREQUÊNCIA DEVEMOS ORAR?
SEIS TIPOS DE ORAÇÃO PARA O CRISTÃO
UMA PALAVRA FINAL
REFERÊNCIAS

Você também pode gostar