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Cartilha para

Evangelização
de Adolescentes
Ministério para Crianças e Adolescentes de São Paulo

São Paulo SpirituS


e d i to r a
Bruna Lourenço Rhein Duart
(Organizadora)

Cartilha para
Evangelização
de Adolescentes
Ministério para Crianças e Adolescentes de São Paulo

São Paulo SpirituS


e d i to r a
Ficha Técnica
Organização: Bruna Lourenço Rhein Duart
Colaboração: Cíntia Cristina Botelho e Maria Paula Sierra
Revisão: Ana Alice Lopes Toniati e Mariane Andreza Paiffer Teofilo de Lima
Editores: Ariana Ayres Moroni Caetano e Marcelo Marangon (in memorian)
Projeto Gráfico: Fábio Henrique Silveira

Páginas: 36
ISBN: 978-65-997557-5-0
1ª Edição - 2022

SpirituS
e d i to r a

©2022 by Editora Spiritus.


Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser
reproduzida ou transmitida no Brasil por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e
gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Editora.
Renovação Carismática Católica do Estado de São Paulo

PRESIDENTE DA RCC SÃO PAULO - MARCELO MARANGON


CONSELHEIROS
DIOCESES NOME
AMPARO MÁRCIA OLYMPIO
APARECIDA JORGE CORREA QUEIROZ
ARAÇATUBA HELENA CRISTINA SARGI DE SOUSA
ASSIS LEILA CRISTINA DE PAIVA
BARRETOS PAULO ROBERTO MORAES
BAURU ANDRÉ RIBEIRO DE LIMA KUCHAM
BOTUCATU MARCELA SOUSA DE OLIVEIRA
BRAGANÇA PAULISTA JOSÉ ANTONIO GARCIA (BÁH)
CAMPINAS LEANDRO NUNES DE SOUZA
CAMPO LIMPO PENHA DONIZETTI DE OLIVEIRA (DETTY)
CARAGUATATUBA TATIANE DE SOUZA MARCELO
CATANDUVA THIAGO FERNANDO DE SOUZA OLIVEIRA
FRANCA RENAN SINVAL AMORIM
GUARULHOS FRANCISCO RONILDO DOMINGUES DE OLIVEIRA
ITAPETININGA EDMILSON DONIZETE DE CAMARGO
ITAPEVA MARLON CLEIDSON DE ARAÚJO
JABOTICABAL JOSÉ LUÍS ALVARENGA
JALES LUIZ CARLOS TONDINI (CARLÃO)
JUNDIAÍ LEANDRO PINTO DOS SANTOS
LIMEIRA BRUNA LOURENÇO RHEIN DUART
LINS ALLISSON HENRIQUE GUARIZO
LORENA TIAGO REIS SILVA
MARÍLIA DAMIANA DE CASSIA BERNARDO SILVÉRIO
MOGI DAS CRUZES JULIO CESAR DE ELIAS
OSASCO ALISSON MENDES DA SILVA
OURINHOS MÁRCIA BARBOSA DIAS
PIRACICABA ISABEL CRISTINA PIMENTA DA SILVA
PRESIDENTE PRUDENTE ANDRÉ CENTOMA VIEIRA
REGISTRO BRUNO MALHONI
RIBEIRÃO PRETO DILMA APARECIDA SELLANI BIN
SANTO AMARO MINA SOLANGE GENEROSO SILVA
SANTO ANDRÉ VILMA MARCELINO SILVA
SANTOS VANILDA DOS SANTOS MOREIRA SILVA
SÃO CARLOS GABRIEL JERÔNIMO ROSA
SÃO JOÃO DA BOA VISTA MÔNICA GAVAZANI PEREIRA
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO JAQUELINE ANGÉLICA BONIE CAVALLARI DOS SANTOS
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS PAULO RICARDO CARDOSO DE AQUINO
SÃO MIGUEL PAULISTA LEANDRO RICARD BALDINO
SÃO PAULO MARIA HELENA SORIANO
SOROCABA MARCOS PAULO PATROCINIO
TAUBATÉ FRANCISCO CARLOS DE ARAÚJO (THESCO)
VOTUPORANGA JUNIOR CESAR SCHIAVETO

SECRETÁRIO GERAL LUIZ GUSTAVO DO PRADO


SECRETÁRIA DO CONSELHO ARIANA AYRES MORONI CAETANO
TESOUREIRO RENAN DA SILVA ARAÚJO
Apresentação
Caro(a) leitor(a), é com muita alegria que apresento a “Cartilha para Evangeli-
zação de Adolescentes”. Esperamos que este subsídio seja um auxílio na evangelização
de Adolescentes dentro de um Grupo de Oração. Saiba que é possível e não há mais
tempo para esperarmos, pois é urgente! Basta você começar! Esta cartilha é este grande
impulso.

Com a experiência à frente da Assessoria Estadual para Adolescentes (2019-


2020) e logo após, da Coordenação Estadual do Ministério para evangelização de Crian-
ças (2021) e Adolescentes de São Paulo, pude construir este material mediante obser-
vação atenta, com a troca de experiências com evangelizadores e a prática semanal na
realização dos grupinhos de oração para adolescentes. E para que o Adolescente faça
uma verdadeira experiência com Deus, se faz necessário que nós, evangelizadores, te-
nhamos um olhar amoroso para conhecê-lo e acolhê-lo em sua totalidade e, só assim,
conseguiremos uma evangelização eficaz.

“Evangelizadores com espírito, quer dizer, evangelizadores que se abrem sem


medo à Ação do Espírito Santo. Jesus quer evangelizadores que anunciem a Boa Nova,
não só com a Palavra mas sobretudo com uma vida transfigurada pela presença de
Deus” (Papa Francisco, Exortação Apostólica Evangelli Gaudium, n. 259, p. 203)

Que assim seja! Que desça sobre nós o Espírito Santo de Deus e nos dê ousadia
para evangelizar sem medo!

BRUNA LOURENÇO RHEIN DUART


Prefácio
Marcelo Marangon, nosso eterno coordenador estadual, sempre sinalizou para nós
a importância de cuidar da futura geração de líderes carismáticos. Com carinho e con-
vicção zelou pelo Ministério para Crianças e Adolescentes, apontando a necessidade de
evangelizar os pequenos com parresia, para levá-los a verdadeira experiência do Batismo
no Espírito Santo!
As crianças e adolescentes podem – e devem – fazer sua experiência do Amor
de Deus. Temos muitos santos e beatos jovenzinhos, além de outros tantos que estão a
caminho dos altares. E nós, como RCC São Paulo, não podemos nos furtar de olhar para
aqueles que darão continuidade a missão evangelizadora de nosso movimento eclesial.
Por isso, essa singela cartilha chega até as mãos dos evangelizadores infantis e de
toda RCC São Paulo trazendo pistas que nos levam a refletir e reavaliar nosso modo de
tratar a evangelização infantil.
Afinal, em tempos de excesso de informações a que nossas crianças e adolescentes
estão expostos, cabe a nós buscar uma preparação eficiente e formação constante, sem-
pre sob a luz divina, única forma de cuidar dos nossos pequenos e prepara-los para viver
suas vidas sob o Senhorio de Jesus.
Que a leitura dessa cartilha vos impulsione a buscar ainda mais a originalidade da
ação evangelizadora da RCC e ser auxílio eficaz na condução das novas gerações a esco-
lher o caminho que leva à Jerusalém eterna!
Tenho certeza que esse era o sentimento e o desejo do Marcelo Marangon quando
incentivou o MCA a desenvolver essa cartilha.

“Quem é você se não levanta e se põe de pé para defender o que acredita? Viva
Cristo Rei!” São José Sanchez Del Rio – mártir aos 14 anos

Luiz Gustavo do Prado


Secretário Geral RCC São Paulo
Sumário

Introdução........................................................................ 13

O que é a Adolescência?.................................................... 15

Desenvolvimento Espiritual................................................. 19

Aos Pais e familiares.......................................................... 21

Como iniciar o grupinho de oração para Adolescentes?.......... 23

Estrutura de um grupinho de oração para Adolescentes......... 25

Estrutura de retiro para Adolescentes................................... 27

Grupo de Partilha.............................................................. 31
Introdução

Este material de apoio foi construído com oração, escuta em Deus, partilha com
evangelizadores e estudo. O desejo é que esta cartilha o ajude a levar o Cristo vivo e res-
suscitado a cada adolescente. Que os adolescentes tenham uma experiência com Jesus e
passem a segui-Lo como verdadeiro discípulo.
Este material nasceu diante de uma grande necessidade de evangelização dos ado-
lescentes da atualidade. Visto a escassez de material para evangelização dos adolescentes
dentro dos grupos de oração, surge esta cartilha.
Convidamos o leitor a olhar os adolescentes sob uma ótica diferente, não só como
se a adolescência fosse uma simples fase que vai passar, mas olhar para ele e a adoles-
cência com o auxílio da Virgem Maria. Que nossa Mãe nos ajude a vermos os adolescentes
como Ela viu Jesus na adolescência. E que tenhamos seu auxílio para educá-los com o
amor com que Ela educou Jesus.

Para uma nova geração, uma nova Evangelização!
O que é a
adolescência?
Nos tempos passados, a adolescência seria definida como uma sala de espera do
mundo adulto: os adolescentes brincavam de boneca, carrinhos, soltavam pipa... Hoje, as
atividades oferecidas são muitas e bem diferentes, por isso é preciso estar atentos à nova
geração. É necessário entender que se está em um mundo moderno e tecnológico, pois do
contrário não se consegue alcançar os adolescentes.
Adolescência vem do latim “adolescentia”, que significa período de crescer, de de-
senvolver-se. Trata-se de um período de muitos conflitos interiores e exteriores, uma fase
de muitas crises por conta das constantes mudanças; é como um segundo nascimento
psicológico.
Já a palavra “puberdade” é usada para indicar o início da Adolescência; deriva do
latim “pubertate”, isto é, idade viril; também significa cobrir-se de pelos na região púbica.
Embora a puberdade seja uma experiência basicamente biológica, tem efeitos a outros
níveis: psicológico, intelectual, social e espiritual.
Esta fase, conforme Griffa e Moreno (2012)1 é, inevitavelmente, acompanhada por
sentimentos que influenciam o modo como o adolescente vê a si próprio e como responde
aos outros. Ela não pode ser definida como uma mera fase de adaptação, mas sim como
um período muito importante e decisivo do ciclo vital, em que a pessoa atinge a maturi-
dade e independência psicológica para inserir-se no mundo social sem a interferência da
família. Veremos a seguir o que cada nível contempla.

As transformações físicas na adolescência

As transformações biológicas (físicas) correlacionadas com as psíquicas levam a


uma nova relação com a família, com o mundo e consigo mesmo. O indivíduo sofre passi-
vamente uma série de transformações que se operam em seu corpo e sua personalidade.
Por volta dos 12 anos de idade, ocorrem modificações fisiológicas (hormonais), e biológi-
cas do corpo como:
Ombros tornam-se mais largos;
Pernas ficam compridas;
Altura espichada;
Aumento da força (capacidade física);
Crescimento de pelos;
Formato do corpo se altera;
Crescimento e desenvolvimento dos órgãos genitais;
Aumento da sudorese, contribuindo para desenvolvimento de acnes.
1 GRIFFA, M. C.; MORENO, J.E. Chaves para a Psicologia do Desenvolvimento: adolescência, vida adulta, velhice. São Paulo: Pau-
linas, 2012.

15
Tais mudanças representam uma verdadeira metamorfose, capaz de amedrontar
o adolescente, que teme o novo. Nessa fase fica visível a perda do corpo infantil, pois as
mudanças são bruscas, o que pode provocar perda de confiança no próprio corpo, no do-
mínio de suas funções e estranheza.
De acordo com Nelsen (2015)2, apesar da visível mudança corporal, o mesmo não
acontece com sua personalidade, ou seja, o adolescente tem um corpo adulto, porém sua
personalidade ainda está sendo construída, quer dizer, a mudança do corpo faz com que
o adolescente deixe sua identidade infantil e busque uma maturidade que ele mesmo não
sabe bem qual é. Veremos, a seguir, o reflexo dessa busca.

Mudanças emocionais e comportamentais na adolescência

Estas se definem como nítida busca do “eu”, descoberta de quem eu sou e quem
eu não sou, ou seja, a construção da identidade e personalidade, o que obviamente gera
grandes conflitos interiores e afetivos, confusão e descontrole. Todas essas buscas e mu-
danças resultam num recorrer ao uso de defesas e comportamentos extremos. Os sinto-
mas naturais dessas alterações emocionais são:

Procura de si mesmo;
Tendência grupal;
Rebeldia juvenil;
Tendência à ação;
Separação progressiva dos pais;
Flutuação de humor e estado de ânimo;
Necessidade de fantasiar e intelectualizar;
Crise religiosa, preocupação metafísica e ética;
Evolução do autoerotismo para a heterossexualidade3
Desorientação temporal: as urgências são enormes e os adiamentos irra-
cionais;

Para Griffa e Moreno (2012), quando criança, o indivíduo interpreta ser no mundo
por aquilo que lhe é dado, não tanto pelo que é apropriado. Já na adolescência ele precisa
descobrir o seu novo lugar no mundo para desenvolver-se como pessoa. É uma fase de
ambivalências, vacilações e contradições.
A tendência a questionar as autoridades, desconfiar das relações é algo natural,
mas ao mesmo tempo o adolescente tem a necessidade de BUSCAR respostas, e tentar
encontrar o sentido de tudo. Só o ser humano é capaz de questionar sobre seu próprio ser
e o sentido do viver. Questionar-se é essencial para que se possa dar passos em direção
do seu DEVER como pessoa4.

2 NELSEN, J. Disciplina Positiva. Barueri, SP: Manole, 2015.


3 GRIFFA, M. C.; MORENO, J.E. Chaves para a Psicologia do Desenvolvimento: adolescência, vida adulta, velhice. São Paulo: Pau-
linas, 2012, p. 13-14.
4 FRANKL, V. Psicoterapia e Sentido da Vida. São Paulo: Quadrante, 2016.

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O adolescente se percebe como diferente dos demais e por isso acaba focando
em si mesmo. É típico expressões como: “se eu estou bem, não importa o outro”; “se eu
gosto tem que ser desse jeito”; “não importa o que os meus pais falam”. Quando ele não
consegue olhar para nada além de si mesmo (egoísmo intenso) e quando não é bem dire-
cionada, essa tendência de voltar-se para si, pode afastá-lo dos valores e do real sentido,
e é quando o adolescente pode se encontrar em um verdadeiro vazio existencial.
Não só isso pode ser a causa deste sentimento, mas existe uma tendência maior,
por conta dos questionamentos e posicionamentos desta fase. É necessário prestar aten-
ção para os sintomas de ansiedade elevada, depressão, grande isolamento, ataques de
raiva, dentre outros comportamentos, porque podem ser sinais de que o adolescente pre-
cise de um auxílio maior para lidar com esses questionamentos.
A vida se torna plena de sentido, quando a pessoa consegue compreender seu
caráter de missão de vida. “Quando se tem na vida algum por quê, qualquer “como” se
pode suportar” (Nietzche)5. Mas para isso o adolescente precisa ir além de si mesmo, para
buscar as respostas dos questionamentos do seu ser e conseguir tomar as decisões com
autonomia.

O adolescente na sociedade6

Em seu cenário sociocultural, o adolescente precisa organizar seu plano de vida,


que significa elaborar com base do que já é (situação particular atual) para poder alcançar
o que quer ser (plenitude ou amadurecimento), o que faz presumir que ele busque traje-
tórias, passos para se formar e se aperfeiçoar. Ele se dá conta que a vida é uma escolha
contínua entre muitas possibilidades e que escolher algo significa sacrificar outra coisa.
A sociedade precisa apresentar um lugar aos adolescentes, como uma maneira em
que eles possam criar seu próprio mundo, no qual todas as relações (a família, a escola, os
meios de comunicação etc.) tenham o papel de orientar, respeitando e acolhendo a liber-
dade e a fase de transição que eles estão passando. Muitas vezes, os agentes educacionais
e os adultos que o rodeiam, esquecem-se de que estão diante de um ser humano, que
além disso é adolescente, e oprimem-no com seu poder, até mesmo pelo “preconceito”
que se existe dessa fase, em que é necessário impor tudo para ter o respeito deles.
O raciocínio do adolescente é alimentado por crenças, que não, necessariamente,
são bem fundamentadas. Na maioria das vezes ele pode afirmar, sem ter verificado, e
acabar aderindo atitudes delimitadas pelos seus grupos pares. O debate e a expressão da
ideia tendem a causar mais efeito e mais impacto, do que evidenciar as suas hipóteses.
Eles têm a necessidade de se rebelar para deixar de serem considerados como
crianças e poder fazer a separação do que é dos pais e do que é deles. Essa rebeldia não
significa necessariamente agressividade e a separação não significa necessariamente de
ruptura total e definitiva, mesmo que muitas vezes o adolescente acabe expressando des-

5 apud Frankl, V. Psicoterapia e Sentido da Vida. São Paulo, Quadrante, 2016, p. 123)
6 Com base em GRIFFA, M. C.; MORENO, J.E. Chaves para a Psicologia do Desenvolvimento: adolescência, vida adulta, velhice.
São Paulo: Paulinas, 2012.

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sa forma. Quando o processo é elaborado de forma saudável acontece uma experiência
de reencontro.
Sendo assim, o que eles precisam é que a compreensão seja o primeiro passo para
que o adulto possa respeitar e acolher esses conflitos internos, que muitas vezes, nem eles
sabem lidar. Mesmo que eles tenham a tendência de buscar admiração por aqueles que
estão de fora (amigos, famosos), é importante manter a relação de acolhimento, para que
ao se questionarem consigam sentir admiração por aqueles que também estão próximos
(pais, família, educadores e evangelizadores).

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Desenvolvimento
espiritual
A fé católica é fundamental para a vida de todos, mas se destaca que na fase da
adolescência, na busca da construção da identidade e personalidade, ela faz total diferen-
ça, pois é uma fase de busca de sentido da vida, de descoberta de valores e de preocu-
pação ética!
Em Gênesis 1,27 a Palavra diz: “Deus criou o homem a sua imagem; criou-o à
imagem de Deus, criou o homem e a mulher”, ou seja, aqui está nossa identidade. Deus
criou então os homens e as mulheres. Tanto o homem quanto a mulher, cada um deles
exatamente como criados, são imagem e semelhança de Deus. A partir dessa verdade
(que é biológica também) se entende que quanto mais se conhece Deus, mais se conhece
e se descobre a si mesmo. O mesmo acontece com o adolescente: quanto mais o levar a
conhecer a Deus, mais se dá condições a ele de formar sua identidade e personalidade
aos moldes de Cristo.
Sendo assim se tem uma grande missão, fazer com que os adolescentes, sejam
discípulos de Jesus, através da evangelização. “Ide, portanto, e fazei que todas as nações
se tornem discípulos, ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei.” (Mateus 28,19-
20). A seguir serão apresentadas algumas situações e ferramentas que auxiliam nesse
caminho de evangelização diante da realidade que se vê dos adolescentes.

Muitos dos adolescentes nem sempre conseguem se concentrar; quando


se encontram de fato com o Senhor, rezam com verdade e intensidade.
Então, como podemos ajudá-los?
Ferramenta: Rezar junto com eles usando: oração por escrito, falar para
eles repetirem, utilizar a própria palavra de Deus com Salmos etc.

Eles gostam de estar envolvidos em atividades, seja ajudando ou fazendo


algo.
Ferramenta: pode-se usar dessa energia os colocando para participar de
uma dança, fazer teatro, ajudar no grupinho, aproveitar para exercitar o
auxílio ao próximo; fazer visitas; ações sociais como: campanha de aga-
salho, alimentos, brinquedos, gincanas e outros.

Conversas sem limites também são atitudes de autoafirmação de suas


opiniões e ideias. Não se pode deixar com que isso tire o foco da evan-
gelização do momento.
Ferramenta: em ocasião propícia, escute-os, pois também será uma for-

19
ma de evangelizar, orientando-os sobre suas próprias atitudes, levando
-os a uma reflexão.
Ferramenta: promover roda de conversa (meninos; meninas; os dois
juntos); com profissionais; escritores; oficina de cinema sobre vida de
santos; visitas a seminários, casas religiosas, despertando o vocacional;
promover dia de desapego; dia de bondade.

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Aos pais e familiares

Invariavelmente conclui-se que a rebeldia encontrada no adolescente é exclusiva


de seus conflitos, busca de independência e necessidade de autoafirmação. Com isso, em
especial os pais, correm o risco de tratar os adolescentes como eternamente incapazes,
agindo por eles e colocando-os como reféns de uma infância que não deveria existir mais.
Aceitar o crescimento dos filhos e cooperar adequadamente em cada uma das fases de
seu desenvolvimento é seguir o caminho da vida, abraçando as metas que o Senhor pro-
põe para cada tempo. Algumas dicas7 são importantes, para auxiliá-los da melhor forma e
para que os pais também compreendam melhor essa fase do adolescente:

Pausa Positiva: no momento de emoções muito intensas, tanto dos pais,


quanto do adolescente é importante encontrar um lugar ou uma pausa
“segura” para se sentir melhor, acessar sua consciência racional. No mo-
mento em que a emoção está muito intensa é muito difícil agir de forma
racional, por exemplo: no momento da raiva eu grito e coloco meu filho
de castigo sem dar oportunidade de conversar; depois vêm o arrependi-
mento de tentar escutar o que ele tinha para falar. Não é eficiente focar
em soluções até que todos tenham se acalmado o suficiente para pensar
da melhor forma. Sair ou fazer uma pausa, uma atividade prazerosa, uma
leitura, ouvir música, um banho, descansar, tudo pode ajudar com que a
pessoa se sinta melhor.

Compreensão: não fazer suposições de coisas sem saber realmente o que


está acontecendo com o adolescente e principalmente compreender qual
é a fase que ele esta vivendo. Muitos pais querem prolongar a infância
dos seus filhos, não aceitando o crescimento deles. Isso pode causar uma
rebeldia agressiva ou até crises, em que o adolescente não quer crescer
prolongando os seus conflitos.

Ensinar que são livres e responsáveis: algo que é próprio do ser humano
como essência. É uma fase em que eles precisam ter consciência das
suas obrigações e responsabilidades, mas ao mesmo tempo são livres
para escolherem quais são os caminhos que querem seguir. Toda escolha
possui uma consequência e não necessariamente é punitiva, mas sim
com a visão de que por um caminho ele irá intensificar a melhor versão

7 Baeadas em NELSEN, J. Disciplina Positiva. Barueri, SP: Manole, 2015.

21
de si mesmo e por outro pode ter a direção contrária disso. É muito im-
portante que os pais tragam essas reflexões para que a partir daí o ado-
lescente desenvolva a autonomia para refletir por conta própria.

Humildade dos pais: de sempre reconhecerem quando erram, até porque


se o pai eleva a voz, por exemplo, o adolescente também passa a elevar
tendo o argumento que o pai agiu assim. Já, se ele reconhece esta falha
e pede perdão, ensina ao filho a atitude de humildade e de que seres
humanos erram. Ser sincero em relação ao que sente, demonstrar pre-
ocupação e não esconder as coisas do adolescente quando questionam
também é essencial.

Ser gentil e firme, sem ser passivo e nem autoritário: gentileza é impor-
tante para demonstrar respeito por eles e a firmeza para mostrar respeito
pelos pais. À medida que os filhos crescem é necessário esclarecer quais
são os motivos daquelas exigências e atividades, transmitindo o amor, ca-
rinho, através da fala, mas também o cuidado com a firmeza necessária
em muitos momentos. Explicar tudo é ESSENCIAL. Frases como: “Porque
eu sou seu pai (ou mãe)”, para justificar as ordens trazem mais conflito
e raiva no adolescente.

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Como iniciar o grupinho de
oração para adolescentes?
Ressalta-se que o grupo de oração para Adolescentes nasce de um grupo de oração
para adultos. Os evangelizadores de crianças e adolescentes estão a serviço de Deus den-
tro do Grupo de Oração; sendo assim, o Grupinho de Oração para Adolescentes funciona
da mesma forma que o grupinho de oração para as crianças, porém com a linguagem
voltada para suas especificidades.
Enfatiza-se que em ambos os grupinhos, para crianças e para adolescentes, quem
conduz é o evangelizador do Ministério para as Crianças e Adolescentes, pois este conhe-
ce as particularidades da evangelização para cada faixa de idade. Abaixo destacam-se as
principais orientações para a criação de um Grupinho de Oração para Adolescentes:

A equipe de evangelizadores deve ser de servos do próprio Grupo de Ora-


ção para adultos do qual este se origina;
Nada deve ser organizado sem ciência e colaboração da coordenação do
Grupo de Oração para adultos ao qual está vinculado;
Deve-se manter contato com o representante do Ministério para Crianças,
para fins de divulgação e cadastro;
Deve-se preparar a equipe (servos) com orientações específicas sobre a
evangelização de Adolescentes;
Deve-se selecionar músicas e dinâmicas próprias para atender a especi-
ficidade necessária;
Os evangelizadores de crianças e adolescentes devem buscar sempre o
bom conhecimento, bem como estar inseridos na Formação Permanente
da RCC, uma vez que serão confrontados com anseios e perguntas sobre
a Palavra, a RCC e a Igreja.

Outros detalhes que fazem a diferença na vida dos evangelizadores:

Ter uma vida de oração diária;


Escutar o que Deus quer para o Grupinho;
Obediência ao seu coordenador de Grupo de Oração;
Usar roupa e detalhes próprios da linguagem dos adolescentes, demons-
trando que é possível ser jovem e ser santo;
Utilizar uma linguagem adequada para essa faixa etária, uma vez que
não são crianças;
Muito cuidado com o quê e como falar: estude, pesquise antes de formálos.

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24
Estrutura de um grupinho de
oração para adolescentes

Apesar de ser um Grupinho para Adolescentes, os elementos a serem contempla-


dos dentro dele são os mesmos de um Grupo de Oração: Louvor, Pregação e Batismo no
Espírito Santo. Lembrando que é preciso deixar que o Espírito de Deus aja, contribuindo
assim para que os adolescentes venham a fazer uma verdadeira experiência com Deus.
As dinâmicas ajudam muito os adolescentes a interiorizar na vida de oração, com-
preender melhor a Palavra de Deus, e por vezes até vivenciá-las dentro do próprio grupi-
nho. Para que isso aconteça é preciso servos abertos à ação do Espírito Santo, pedindo
criatividade e sabedoria para não só fazer dinâmicas, mas conduzir todo o Grupinho de
Oração. O tema a ser trabalhado no Grupinho deve ser o mesmo do Grupo de Oração, uma
vez já discernido pelo núcleo.

Acolhida - Precisa ser espontânea e verdadeira. Acolhê-los de forma que


não se sintam forçados a fazer algo que não queiram. Nessa hora o sor-
riso no rosto, um abraço, faz toda diferença.
Louvor – É um dos elementos essenciais no Grupinho, e aqui não se re-
sume em músicas animadas, mas essencialmente na própria oração de
louvor.
Pregação – Precisa ser querigmática. O grupinho de oração é um lugar
de encontro pessoal com Jesus, e a pregação é uma das vias que levará
os adolescentes até Deus. Mais uma vez use sua criatividade, utilize de
teatros, histórias, meios que os levem a compreender e desejar viver a
Palavra de Deus.
Batismo no Espírito Santo – Sendo o Batismo no Espírito Santo um dos
elementos essenciais no Grupinho de Oração, não pode deixar de aconte-
cer! Afinal, é o próprio Espírito Santo que dará condições a nós e aos ado-
lescentes para viver o Evangelho e assim nos tornarmos novas criaturas.
Encerramento – Esse momento também é muito importante, pois é a
hora que, pelo pastoreio, se saberá quem veio pela primeira vez, aniver-
sariantes ou até mesmo ouvir algum testemunho.

25
26
Estrutura de retiro
para adolescentes
Atenção! O Encontro para Adolescentes só deverá ser realizado se for possível
manter um efetivo pastoreio pós-encontro. Do contrário será apenas mais um encontro na
vida deles. Nossa missão não é viver de encontros, mas criar oportunidades para que eles
mantenham viva sua experiência com Deus. Por isso a grande importância dos Grupinhos
de Oração e Grupos de partilha para os Adolescentes.

Passos

1º Passo – ORAÇÃO - Tudo precisa nascer do coração de Deus!

Apesar de ser um grande desejo que os adolescentes sejam evangelizados, não


basta força de vontade. Faz-se necessário o zelo pelas coisas de Deus! O princípio de tudo
deve ser aos pés de Jesus, pois deve ser Ele a conduzir cada passo. Se assim não for,
corre-se o risco de fazer as coisas conforme a vontade humana.
Para evitar isso, aconselha-se:

Reunião com os servos que irão ajudar no encontro;


Oração em conjunto;
Adoração;
Esforçar-se para escutar o que Deus quer;
Discernir o tema do encontro a partir da escuta.

2º Passo – ESTRUTURA - A estrutura faz toda diferença para o


encontro!

A Estrutura do encontro não se resume somente ao local em que acontecerá o en-


contro. Tratando-se de um encontro para adolescentes, algumas coisas são necessárias,
tais como:

Espaço apropriado para dormir;


Refeitório;
Área interna para as pregações e orações;
Área externa para atividades;

27
O local precisa ter capacidade para acolher a quantidade de adolescentes, lem-
brando que a quantidade máxima é de 100 adolescentes.

3º Passo – ORGANIZAÇÃO DAS EQUIPES

As equipes de trabalho são de suma importância: são elas que tornarão o encontro
possível segundo a vontade de Deus. Portanto são fundamentais o empenho e dedicação
de todos antes, durante e pós-encontro. Lembrando que toda organização é de total res-
ponsabilidade do Ministério para as Crianças e Adolescentes, de acordo com sua instân-
cia, podendo contar com a ajuda dos outros ministérios.

Equipe dos Adolescentes formadas dentro do retiro:

Cada equipe deve conter no máximo 10 adolescentes;


Para cada 10 adolescentes se faz necessário no mínimo 2 evangelizadores ou ser-
vos, pois do contrário o aumento de adolescentes nas equipes ou a diminuição na quanti-
dade de evangelizadores, comprometerá o desenvolvimento do encontro;
A divisão das equipes não deve ser feita na hora, pois os evangelizadores deverão
saber com antecedência quem será sua equipe, evitando também a formação de paneli-
nhas entres os adolescentes;
Cada Equipe deverá conter um nome, também escolhido antecipadamente pela
equipe de organização, lembrando que esse nome precisa fazer sentido (como os perso-
nagens bíblicos, etc.).

Equipe dos evangelizadores:

São evangelizadores que vão dirigir o encontro e que não estarão nas equipes dos
adolescentes.

Equipes de serviço

Equipe de cozinha e limpeza;


Equipe de intercessão;
Equipe de música;
Equipe de decoração;
Missa;
Adoração;
Dinâmicas durante o dia;
Pregações;
Momentos de oração;
Flashmob ou teatro;
Outros.

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OBS: A participação de servos de outros ministérios dispostos a servir e viver a
unidade é fundamental.

4º Passo – OTIMIZAR CUSTOS

A maioria dos adolescentes não trabalha e quem paga a sua inscrição para o en-
contro são os pais. Visando a participação do maior número de adolescentes, caso seja
necessário, sugere-se algumas ações que podem ajudar a diminuir o valor da inscrição e
não acarretam prejuízo financeiro.

Bazar da pechincha;
Manhãs de venda de sobremesas;
Venda de sorvetes, água, entre outros.

O valor levantado tem a finalidade de suprir ou diminuir as despesas com alimen-


tação, dormitório e transporte dos adolescentes.

29
30
Grupo de partilha

Objetivo

O grupo de partilha tem como objetivo proporcionar aos adolescentes um espaço


onde eles possam expressar suas ideias, opiniões, dúvidas, conflitos e amadurecer em sua
vida espiritual, porém dentro da sua realidade.

Objetivo específico

Levar os adolescentes ao encontro pessoal com Jesus Cristo, por meio da Palavra
de Deus, oração, dinâmica, brincadeiras, roda de conversa, e outras ferramentas, e que
desperte neles o desejo de santidade a ponto de experimentar que é possível ser santo nos
dias atuais.

Onde realizar

Orienta-se que o Grupo de Partilha aconteça em um local previamente determi-


nado, podendo ser em uma sala da igreja, ser na casa do próprio evangelizador etc. É
importante que o número de adolescentes não exceda 20 pessoas para facilitar a partici-
pação e pastoreio. É importante que o ambiente seja favorável e propício aos momentos
que irão acontecer, partilha, oração, dinâmicas, para que todos os participantes se sintam
à vontade nesse ambiente.

Quem pode participar

Somente adolescentes que já frequentam o Grupinho de Oração e evangelizadores


que conduzirão. Orienta-se que pais e familiares não estejam juntos, pois as presenças
deles por vezes inibem os adolescentes.

Algumas considerações

É essencial que os participantes mantenham a frequência durante os encontros,


pois a reflexão dos temas é fundamental para compreensão e experiência com Deus.

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Temas a serem trabalhados

Os temas para cada encontro precisam estar fundamentados no querigma, que tem
por finalidade levar o adolescente ao encontro pessoal com Jesus Cristo e dar condições
para que ele viva a santidade no seu dia a dia.

Estrutura do encontro

Acolhida, cantos e orações iniciais

O evangelizador faz a acolhida a todos os adolescentes, e dirige os momentos de


oração inicial e cantos. A função do evangelizador também é preparar os adolescentes
para a experiência de Deus daquele encontro por meio das orações e dos cantos.
É importante que tudo seja feito para a linguagem dos adolescentes, precisa ficar
claro que não são crianças, jovens e nem adultos, portanto oração, música, enfim, todo
encontro precisa ser na linguagem deles. O tempo de duração desta primeira parte não
deve exceder a 10 minutos.

Desenvolvimento

Para o Grupo de Partilha, a escolha da forma a ser utilizada para trabalhar o


tema discernido, fica a critério do evangelizador. Ele pode utilizar de filmes, dinâmicas,
histórias, teatros, porém não esquecendo o objetivo desse grupo, levar o adolescente ao
encontro com Jesus Cristo e despertar o desejo de vida de santidade. O tempo de duração
do desenvolvimento do tema discernido não deve exceder a 30 minutos, exceto quando a
forma utilizada para trabalhar o tema for filme.

Partilha

A partilha é uma oportunidade que os adolescentes terão para falarem sobre o


tema desenvolvido naquele dia, e tirar dúvidas. Esse é um momento propício para o
evangelizador orientá-los e testemunhar suas experiências com Jesus. Por isso também é
importante que antes o evangelizador tenha rezado e estudado sobre o assunto, para que
nas dúvidas dos adolescentes as orientações sejam corretas.

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Referências

ERIKSON, E.H. Infância e Sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 1974.

FRANKL, V. Psicoterapia e Sentido da vida. São Paulo: Quadrante, 2016.

GOMIDE P. I. C. Pais Presentes Pais Ausentes regras e limites. Rio de Janeiro: Vozes,
2004.

GRIFFA, M. C.; MORENO, J.E. Chaves para a Psicologia do Desenvolvimento: adolescên-


cia, vida adulta, velhice. São Paulo: Paulinas, 2012.

NELSEN, J. Disciplina Positiva. Barueri, SP: Manole, 2015

ROSSINI M. A. S. Pedagogia Afetiva. Rio de Janeiro: Vozes, 2001

VIDAL M. Psicologia do Sentido Moral. São Paulo: Santuário, 2008

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