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A grande dificuldade por trás de certas correntes teológicas atuais está no fato de
que muitos teólogos não querem lembrar-se de que pertencem à Igreja. Ora, a
cientificidade da teologia é diretamente proporcional à sua eclesialidade, ou seja:
quanto menos contato a reflexão teológica tiver com o ensinamento da Igreja,
menos científica e mais ideológica ela será. Uma teologia verdadeiramente digna
deste nome tem de lançar raízes no que sente e ensina a Igreja, una, santa,
católica e apostólica.
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73. A Verdade, dom de Deus. — A mesma santa Igreja ensina, por outro lado,
que Deus, impelido por Seu imenso amor aos homens, determinou revelar-Se a
Si mesmo ao gênero humano e manifestar, assim, o mistério de Sua vontade
(cf. Ef 1, 9), pela qual nos ordenou, em Sua infinita bondade, à participação dos
bens divinos, preparados desde todos os séculos para aqueles que O amam
(cf. 1 Cor 2, 9). Esta revelação sobrenatural, com efeito, chegou à plenitude em
Cristo, Verbo feito carne, pelo qual temos, no Espírito Santo, acesso ao Pai e,
participantes da natureza divina, nos associamos à comunhão da aliança e à
promessa que Deus fizera ao Seu Povo (cf. Ef 2, 12-14) [18]. Por isso,
desejando tornar-nos «capazes de responder-Lhe, de conhecê-lO e de amá-lO
bem além» do que seríamos capazes por nós mesmos [19], Deus vem ao nosso
encontro e Se nos dirige como a amigos muito queridos (cf. Ex 33, 11; Jo 15,
14s) e nos convida a entrar em Sua intimidade, a fim de que ali encontremos a
«plena verdade e verdadeira liberdade» [20]. Este projeto benevolente, como
recorda a Congregação para a Doutrina da Fé, Deus o realizou perfeitamente
pelo Filho vencedor da morte (cf. Jo 8, 36) e constantemente o atualiza, durante
a peregrinação terrena da Igreja, pela ação de Seu Espírito, que, fazendo pela
mesma fé um só o Povo de Deus, nos conduz «à verdade plena» (Jo 16, 13)
[21].
Por essa razão, Cristo, tendo completado e promulgado a Boa Nova prometida
pelos Profetas, atribuiu à Igreja a missão de conservar inalterado e transmitir às
gerações futuras, «como fonte de toda verdade salvífica», o Seu Evangelho [22].
Desta verdade evangélica, dom de Deus, todo o povo santo, enquanto «sal da
terra» e «luz do mundo» (cf. Mt 5, 13s), deve dar testemunho, segundo as
vocações e carismas próprios a cada um de seus membros. Aderindo, pois,
fielmente ao sagrado depósito, escrito ou transmitido, que lhe foi entregue, a
«totalidade dos fiéis» ungidos no Espírito (cf. 1Jo 2, 20, 27), tanto da parte dos
Antístites quanto da dos crentes comuns, experimentam, com a assistência do
mesmo Espírito, «uma singular convergência no conservar, praticar e professar a
fé transmitida.» [23] Ora,
O teólogo tem inscrita no interior da vida a Igreja a sua vocação, pela qual é
chamado, segundo os carismas que lhe são próprios, a associar-se à herança
eclesial que é a doutrina católica e a auxiliar os Pastores a manter viva e íntegra
a sagrada fé da Igreja de Cristo.
Referências
3. Id., p. 87.
5. Id., p. 88.
6. Id., ibid.
7. Id., ibid.
8. Id., ibid.
12. Cf. Immanuel Kant, Crítica da Razão Pura. Trad. port. de Manuela P. dos Santos
e Alexandre F. Morujão. 6.ª ed., Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2008, p. 650 (A
DCCCXXII; B DCCCL); v. também, mais à frente, p. 653 (A DCCCXXVII; B
DCCCLV): «[...] a palavra fé diz respeito unicamente à direção que me é dada
por uma ideia e à influência subjetiva que exerce sobre o desenvolvimento dos
atos da minha razão e que me confirma nessa ideia, embora não me encontre
no estado de a justificar do ponto de vista especulativo.»
15. Cf. Concílio Vaticano I, const. dogm. Dei Filius, de 24 abr. 1870, c. 2 (DS 3004).
18. Cf. Id., ibid.; Concílio Vatiano II, const. dogm. Dei Verbum, de 18 nov. 1965, c. 1
(DS 4202); Congregação para a Doutrina da Fé, op. cit., n. 3.
20. Congregação para a Doutrina da Fé, op. cit., n. 2; cf. Cf. Concílio Vaticano
II, op. cit., loc. cit.
25. Cf. Id., const. past. Gaudium et spes, de 7 dez. 1965, n. 62; CIC, 94;
Congregação para a Doutrina da Fé, op. cit., n. 6.
Bibliografia
o KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Trad. port. de Manuela P. dos Santos
e Alexandre F. Morujão. 6.ª ed., Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2008.